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20
Resumão de Direitos Reais!
Mario Antonio
2014
Introdução ao Estudo dos Direitos Reais
1. Introdução e função social da propriedade
	A expressão Direitos Reais foi tratada por Savigny. Há outros autores, como Bevilacqua, que falam em Direitos das Coisas. Bem é gênero e coisa é espécie.
	Segundo Bevilacqua, Direito das Coisas é o complexo das normas reguladoras das relações jurídicas referentes aos bens suscetíveis de apropriação pelo homem, sejam móveis ou imóveis.
	Os bens comuns não podem ser objeto de apropriação exclusiva pelo homem, além disso, há restrições à circulação de alguns bens.
	O Direito das Coisas tem uma marcante presença da supremacia do interesse privado sobre o público. No Direito Romano, o homem podia usar e dispor doses bens como quisesse, havia uma intangibilidade da propriedade, uma concepção egoísta e individualista dos Direitos Reais, não havia limitação aos proprietários que tinham poderes imensuráveis.
	Hoje, com a CF, em seu artigo 176, CF, há uma restrição de determinados bens como as jazidas que são bens da União. A propriedade pode até ser tridimensional, uma propriedade para a superfície, outra para o ar, outra para o bem propriamente dito. Há uma restrição aos poderes do proprietário que deve exercer seu direito de acordo com a função social.
	Na CF há diversas referências à propriedade. Artigo 5, inciso XXIII: função social da propriedade, tal princípio também é mencionado no artigo 170, III, 182 parágrafo segundo (Plano Diretor das Cidades) e artigo 186 (matéria de propriedade rural).
	Em todas as constituições brasileiras há referência à propriedade no que diz respeito a sua função na ordem econômica. Como inovação, a Constituição de Weimar já pincela a ideia da Função Social. No caso brasileiro, em 1988 a propriedade passa a ser Direito Fundamental.
	No CC também aparece uma referência à Função Social no artigo 1228, Parágrafo Primeiro. A função social integra a substância do direito. 
	A propriedade tem toda uma relação com a doutrina católica. A ideia da propriedade privada que foi desenvolvida pela Igreja Católica, foi usada para justificar suas grandes propriedades. Essa mesma ideia foi também trabalhada por autores como Locke que entendia que esse instituto era anterior ao Estado, os homens se uniam para protegê-la. Era um direito natural para o homem. Rerum Novarum: a propriedade é um direito cujo exercício não é só permitido, como também é necessário. Frederico Viegas: a igreja católica criou a função social em sua doutrina e a utilizava de maneira ambígua: para garantir a preservação daquilo que já era seu e para justificar a intervenção em outras áreas.
	A Constituição de Weimar (1919), ou mesmo a Constituição Mexicana falam muito sobre a Função Social da Propriedade.
	Função remete a funcionamento, fisiologia. Função é diferente de estrutura, mas devem ser vistos de forma conjunta. Estrutura é o aspecto estático de um conjunto, o que ele é, suas características, natureza jurídica, como atua. Função diz respeito a um aspecto mais dinâmico, para que serve o instituto, o que ele presta para a sociedade, como pode ser operado, sendo que esta função é mutável. Precisamos adequar a teoria geral do direito às necessidades da sociedade contemporânea. A análise meramente estrutural não é mais suficiente para explicar os fenômenos atuais, há uma função promocional do direito atualmente.
	A Função Social para Perlingieri é a causa de legitimação ou justificação das intervenções legislativas que devem ser submetidas a um controle de conformidade judicial. Direito Público e Direito Privado possuem uma divisão muito tênue, a intervenção do âmbito público é muito forte nos Direitos Reais. A propriedade será garantida desde que cumpra sua função social, desde que exerça os direitos fundamentais. A especulação imobiliária, por exemplo, pode ser restrita e limitada pela Função Social.
	Sobre quais bens a função social deve recair? Há uma visão conservadora que diz que apenas os bens de produção devem ter incidência da função social porque nelas há um conflito entre trabalho e propriedade. Guilherme não concorda com essa posição, e acredita que a função social deve incidir sobre todas as espécies de bem, tanto os de produção, quanto os de consumo, sendo que estes se esgotam apenas na simples fruição. "Ao contrário dos bens de produção, o bem de consumo exerce a sua função social pela simples apropriação e utilização e segundo José Afonso da Silva, os bens de consumo cumprem a sua função social na aplicação direta e imediata na satisfação das necessidades humanas primárias, o que justifica até a intervenção do Estado na sua distribuição. Já os bens de produção, por se destinarem a produção de riquezas sofrem uma maior eficácia da função social." Temos aqui uma questão de grau e intensidade, a função social nos bens de produção é mais forte, mas os bens de consumo também a possuem. Podemos ver, inclusive, como exemplo, o Direito do Consumidor para garanti-lo. Exemplo: Mate-Leão.
	Pensamos mais no impacto de nossas ações individuais na coletividade, o Princípio da Solidariedade Social, artigo 3, inciso I, CF fala muito sobre isso. 
	Documentário: Casas Marcadas.
	O Princípio da Dignidade Humana prevalece muito mais sobre o Direito de Propriedade.
Aula 02 - 08/04/2016 - sexta-feira
	Um dos casos mais recentes da Jurisprudência Brasileira, infeliz com relação ao que entendemos de propriedade, foi o caso Pinheirinho. Em 2004, em São José dos Campos, cidade com alto IDH, iniciou-se uma ocupação em um imóvel vazio pertencente a uma empresa do homem que destruiu a Bolsa do Rio de Janeiro (Naji Narras). Esse terreno, que era enorme, foi ocupado por algumas famílias e no mesmo ano, a massa falida da empresa entrou com uma liminar. Tanto em Primeira Instância quanto no STJ a empresa perdeu, mas uma juíza nova assumiu o processo no final de 2010 e passou por cima de uma decisão do STJ que havia negado a liminar e mandou desocupar. Havia 1577 famílias e até hoje a moradia dessas pessoas permanece sem solução.
	"Não existe juiz imparcial, todos eles trazem com eles a bagagem familiar." Muitos enxergavam essa comunidade como uma espécie de sujeira que precisava ser jogada para debaixo da parede. Devemos ver se é uma ocupação recente (no caso, ela já tinha mais de seis anos), se ela tem utilidade, etc.
	Proprietário liberal: posso fazer tudo o que quiser; proprietário atual: posso fazer tudo que também possa contribuir com a sociedade. A Função Social é um mandado de otimização, um ponto de partida para que a propriedade se realize da melhor forma possível. A técnica utilizada na função social é a das cláusulas gerais, a norma foi criada de forma aberta e é bastante flexível para que possa sempre ser atualizada. Há um concepção positiva do direito, o Estado intervém mais para garantir os direitos sociais, o que também se dá através da função social que atua na propriedade para desenvolver os valores do ordenamento. 
	Devemos entender a diferença entre função social e a limitação ao direito de propriedade. Função integra um conteúdo do direito, não podemos imaginar uma propriedade que não cumpra sua função social, porque ela integra a substância do Direito. O limite é diferente. "A função social não surge da Constituição como mero limite ao exercício do direito de propriedade, mas como princípio básico que incide sobre o conteúdo do direito não se podendo falar em propriedade sem função social. A diferença é a que o limite tem uma noção apenas negativa, normalmente apenas restringindo os poderes do titular do direito, mas nunca promovendo os valores fundamentais do ordenamento que é a missão primeira da Função Social."
	A função social tem um papel promocional e os limites atingem apenas o exercício do Direito, mas não a sua substância, ao contrário da função social que incide no seu conteúdo, na sua substância.
	A função social está no plano da existência, enquanto que os limites encontram-se no plano da eficácia. 
	No choque entre a posse que dáFunção Social e a propriedade que não dá, há a prevalência da posse.
	Gabarito no Leblon: 7 andares, isso é limite ao Direito de Propriedade. Função Social: devo respeitar os Direitos Trabalhistas, Ambientais, Sociais, Fundamentais, etc.
2. As dimensões da propriedade
	A propriedade pode ser definida em três dimensões, Orlando Gomes fala muito nisso referendo-se a Windscheid: conceito sintético, analítico e descritivo:
Conceito sintético: corresponde a submissão de uma coisa em relação a uma pessoa;
Conceito analítico: é o direito de usar, fruir e dispor de uma coisa e de reavê-la em face de quem injustamente a possua - artigo 1228, CC;
Conceito descritivo: é o direito complexo, absoluto, perpétuo e exclusivo pelo qual uma coisa fica submetida à vontade de uma pessoa.
	O CC adota o conceito analítico, que aparece no artigo 1228, reduzindo a propriedade aos seus elementos de acordo com os poderes do titular. Características:
Direitos complexos: consistem num feixe de direitos consubstanciados nas faculdades de usar, gozar, dispor e reivindicar a coisa;
É um direito absoluto porque se exerce contra todos, erga omnes, ao contrário dos Direitos Pessoais que têm sujeitos determinados ou determináveis. Direitos da Personalidade e os Direitos Reais são absolutos nesse sentido da oponibilidade. Sujeitos indeterminados;
São direitos perpétuos no sentido de que não se extinguem pela ausência de uso, mas apenas pela vontade do dono ou por disposição de lei. Alguns autores ao invés de perpétuos, falam em direitos duráveis (Silvio Venosa), eles têm uma permanência maior no tempo, mas nem sempre são perpétuos;
Direito exclusivo: exclusividade, "só pode haver um", a regra é a de que é exclusivo porque, salvo a exceção do condomínio, uma coisa não pode pertencer simultaneamente a duas ou mais pessoas sendo que o titular pode afastar terceiros da utilização da coisa conforme lhe permite o artigo 1231, CC. A propriedade se pressupõe plena e exclusiva.
	Os poderes do proprietário estão no artigo 1228, CC. 
	Servidão: direito real sobre coisa alheia. O proprietário serviente vai ter alguma limitação do seu exercício: "sempre que sobre um bem incide, além do direito de propriedade um outro direito real, diz-se que a propriedade está limitada." Há a propriedade plena e a propriedade limitada. Propriedade com servidões são limitadas. O titular do imóvel serviente se sujeitará a algo que limitará seu exercício. Propriedade Plena e Limitada: San Thiago Dantas.
	Temos os poderes de usar, fruir, dispor e reivindicar. Podemos pegar esses poderes de usar e fruir e atribuir ao usufrutuário, isso é muito comum em herança, um pai doa a propriedade de um imóvel ao filho, mas aquele continua usufruindo do imóvel até falecer. O filho será proprietário, mas será uma propriedade limitada. A propriedade é plena quando os poderes de usar, fruir, reivindicar e dispor estão concentrados na mesma pessoa. Mas pode ocorrer o desmembramento transferindo-se a outra pessoa algum daqueles poderes, por exemplo, nos Direitos Reais de usufruto, uso ou habitação em que o proprietário não deixa de sê-lo, embora, a utilização ou fruição da coisa passe ao conteúdo patrimonial de outra pessoa. Há uma convivência do proprietário com o usufrutuário.
3. Características dos direitos reais
	Características Fundamentais dos Direitos Reais (Ambulatoriedade, Sequela, Publicidade, Especialidade, Preferência e Tipicidade):
Ambulatoriedade: decorre diretamente da aderência do vínculo à coisa, sendo que o dever jurídico correspondente ao direito real caminha com a relação jurídica e é por isso mesmo ambulante ou ambulatória. Por exemplo qualquer que seja o destino do imóvel dado em hipoteca, mudando de propriedade, esse gravame vai se vincular aos novos proprietários (estará na Certidão de Ônus Reais);
Sequela: é o poder do titular de perseguir a coisa sobre a qual exerce seu direito das mãos de quem quer que a possua. Numa situação de furto, o proprietário pode perseguir aquele bem. Sequela é a prerrogativa dada ao titular do Direito Real de colocar em movimento o exercício de seu direito sobre a coisa a ele vinculada contra todo aquele que a possui injustamente, representando a oponibilidade do Direito Real. A sequela existe em todo Direito Real e pode, até mesmo, se voltar contra o proprietário que, por exemplo, viole o Direito Real do usufrutuário;
Publicidade: os Direitos Reais, principalmente os Direitos de Propriedades de imóveis se transferem por registro. Publicidade decorre do imperativo de segurança visando conferir aos Direitos Reais oponibilidade erga omnes. Segundo Tepedino, significa que devem ser divulgados todos os atos relativos à constituição e a transferência dos Direitos Reais de modo que todos possam conhecer a relação jurídica que deverão respeitar. Publicidade está ligada à divulgação, sobretudo no RGI. O registro é condição para a oponibilidade, além disso, ele dá mais segurança à tradição de certos bens. Exemplo, os bens móveis se transferem pela tradição e não há a necessidade de publicidade, o registro não é obrigatório. Mas em alguns casos, como em veículos, utiliza-se a publicidade para dar mais segurança;
Especialidade: é a necessidade de que o objeto do Direito Real recaia sobre coisa certa e determinada. Até para que se possa garantir a sequela, é necessário que a coisa seja determinada. Ao contrário do que ocorre na Obrigação Alternativa em que o devedor pode dar uma coisa ou outra, ou ainda, em Obrigação Sobre Coisa Incerta, na qual qualquer coisa pode ser dada não há muita necessidade de especialidade, entretanto, no Direito Real tem que cair sobre coisa certa e determinada. 
	Para interligar essa situação, pensemos no artigo 1345, CC: demonstra muito a especialidade porque o débito de condomínio persegue o proprietário. A dívida de condomínio não é Direito Real, mas ela persegue o bem, inclusive com multa e juros moratório, isso demonstra a Ambulatoriedade.
Aula 03 - 13/04/2016 - quarta-feira
Preferência: tem dois aspectos, o aspecto espacial e o temporal. Preferência juntamente com a sequela traduz a grande superioridade dos Direitos Reais sobre os Direitos de Crédito. A Preferência espacial é a prevalência do direito real em relação aos demais direitos de crédito, ou seja, é característica específica dos direitos reais de garantia pela qual o credor deve ser em primeiro lugar satisfeito, ficando os demais sujeitos à rateio pelo remanescente. Penhor: bens móveis; Hipoteca: bens imóveis, com exceção dos navios e aeronaves; Anticrese: específica, recai apenas sobre os frutos de um bem móvel. Preferência espacial significa que especialmente em situações como falência, na qual terá concurso universal de credores, o titular de um direito real de garantia tem preferência para receber e os quirografários ficarão com o remanescente. Preferência temporal é a prioridade no tempo de um direito real colidente sobre outro de modo que entre dois direitos reais contrapostos prevalece aquele que tiver sido levado a registro em primeiro lugar (First Come, First Serve - Prius in Tempore, Potiur In Jure). Almeida Costa diz que o direito real através do aspecto temporal supera as situações incompatíveis posteriormente constituídas;
Tipicidade: lembrar da autonomia da vontade nos direitos obrigacionais já que é possível escolher com quem contratar, o conteúdo do contrato, é possível criar, inclusive, contratos atípicos, de acordo com o artigo 425, CC. Será que essa autonomia pode ocorrer nos direitos reais? Não, até pela insegurança jurídica que isso traria. Tepedino: "a taxatividade normativa está ligada à ordem pública sendo que ao contrário dos direitos de crédito, os direitos reais devem ter sua existência prevista em lei, até mesmo para justificar sua oponibilidade erga omnes." Numerus Clausus - não existe direito real sem previsão de lei. A qualificação jurídica de cada direito real tem que estar prevista em lei. Existe uma diferença entre Numerus Clausus e Tipicidade: Numerus Clausus se refere a fonte dodireito real, havendo uma reserva legal para sua criação, já a tipicidade, se refere ao conteúdo estrutural do direito real e ao seu exercício, em se tratando de uma técnica de regulamentação contrária às cláusulas gerais, de forma semelhante ao que ocorre no Direito Penal. Há um catálogo, uma tipologia dos direitos reais e os particulares não podem criar outros além daqueles previstos pelo artigo 1225, CC (há outros também como a Propriedade Fiduciária, na qual um bem é dado em garantia, a propriedade é dada em garantia; no penhor a posse é dada em garantia). Primeira corrente, majoritária: Direito Alemão, Italiano, Francês, Caio Mário, Orlando Gomes, Serpa Lopes e Silvio Rodrigues prevalecerá sempre a Tipicidade e o Numerus Clausus. Segunda corrente, minoritária: Direito Espanhol, Washington de Barros e Filadélfia Azevedo, para eles a numeração do artigo 1225, CC não é taxativa, podendo outros direitos reais serem criados pelas partes desde que não contrariem a ordem pública. Na Espanha é possível haver servidão sobre bens móveis, aqui, somente sobre bens imóveis. Segundo Caio Mário: "como os Direitos Reais tem a prerrogativa de restringir o uso dos bens a certos sujeitos, é conveniente que somente o legislador possa criá-los pelas implicações sociais, pois, dever geral de abstenção dirigido a terceiros não pode resultar apenas da vontade do credor.
	Há dois artigos importantes para a forma de aquisição dos Direitos Reais. Artigo 1226 e 1227, CC. Os contratos não transferem a propriedade, para os bens móveis é necessária a tradição ou a entrega, já os bens imóveis necessitam do registro de imóveis do referido título, salvo os casos expressos no próprio CC. 
4. Distinções Entre Direitos Reais e Direitos Pessoais
a. Direitos Reais: oponíveis erga omnes; Direito Pessoal: relativo;
	O Direito Real é Absoluto, o Direito Pessoal é relativo. 
b. Objeto do Direito Real: determinado; Objeto do Direito Obrigacional: determinável
	O Direito Real exige também a existência atual da coisa. Em contra posição ao Direito Pessoal que é compatível com a sua futuridade. 
c. Direito Real: exclusivo
	Ou seja, não pode haver mais de um sujeito com iguais direitos reais ou nas palavras de Silvio Rodrigues: "não se pode conceber dois direitos reais de igual conteúdo sobre a mesma coisa, pois, se sobre esta recaírem dois Direitos Reais ou não serão da mesma espécie, ou não serão integrais. Exemplo: usufruto e servidão, eles podem conviver pois seu conteúdo é variado, sendo que enquanto o usufrutuário tem direito ao uso e aos frutos, o titular do prédio dominante apenas extrai uma vantagem em relação ao prédio serviente como, por exemplo, vista ou passagem. Segundo Arruda Alvim, em regra, duas pessoas não ocupam o mesmo espaço destinado com exclusividade ao titular do direito real. 
d. Direito Real: se adquire pela usucapião, o que não ocorre nos Direitos de Crédito. 
	Mas isso é apenas em relação à propriedade e aos direitos reais de gozo ou fruição, por exemplo, na situação da súmula 193, STJ: o direito de uso da linha telefônica pode ser adquirido pela usucapião. 
	Os Direitos Reais de Gozo e Fruição permitem o uso da coisa como se fosse o proprietário, superfície, servidão, eles são semelhantes. Já os Direitos Reais de Garantia existem apenas para assegurar a obrigação, esses direitos nascem de um registro.
e. Direito Real é dotado de sequela e preferência. 
	Os Direitos Reais têm a prerrogativa de acompanhar a coisa em poder de quem quer que ela se encontre. Segundo Orlando Gomes, citando "Uti Lepra Cuti" para expressá-la em toda sua intensidade, costuma-se dizer que o Direito Real adere à coisa como a Lepra à pessoa.
f. Direito Real: limitado (dado pela lei); Direito Pessoal: ilimitado (vontade das partes);
g. Direito Real: exercido diretamente sobre a coisa; Direito Pessoal: É exercido através de uma cooperação, havendo a necessidade do sujeito passivo e da prestação;
h. Direito Real: caráter permanente; Direito Pessoal: temporário.
	Na doutrina, muito se critica essa distinção absoluta entre Direito Real e Pessoal, hoje se fala mais em uma distinção de Direito Patrimonial e Direitos Existenciais. A inerência do Direito ao seu objeto é tão essencial que a mesma sempre acompanhará a coisa seja não só na propriedade como em todos os Direitos Reais, sejam eles de gozo, fruição ou de garantia. 
Aula 04 - 15/04/2016 - sexta-feira
	No conceito de Direitos Reais existem três correntes:
5. Teorias Realista, Personalista, Mista
Teoria Realista: defendida por Orlando Gomes, Silvio Rodrigues e significa que Direito Real é o poder da pessoa sobre a coisa, numa relação direta e sem intermediário, enquanto que o Direito de Crédito requer a interposição de um sujeito passivo, devedor de uma prestação de dar, fazer ou não-fazer. O Direito Real é exercido diretamente. Há uma relação direta entre a pessoa e a coisa, ela explica os poderes da pessoa sobre a coisa;
Teoria Personalista: Caio Mário defende essa teoria. Vem da ideia kantiana de que não poderia haver uma relação direta entre a pessoa e a coisa, porque toda relação jurídica é entre sujeitos, sendo que o Direito Real é exercido em face de um sujeito passivo indeterminado, universal que corresponde a toda a coletividade (consequência do efeito erga omnes). Já no Direito de Crédito existe um sujeito passivo determinado ou determinável;
Teoria Eclética, Mista: o Direito Real é encarado em dois aspectos: interno e externo. O aspecto interno é o poder jurídico do seu titular sobre o bem procedendo ao seu aproveitamento jurídico econômico. O aspecto externo, por sua vez, é a relação jurídica entre o titular do Direito Real e os terceiros em geral para que estes se abstenham de perturbar-lo no exercício e gozo do seu direito. É adotada por Serpa Lopes.
6. Teorias Unitária e Dualista
A teoria dualista se baseia na contraposição entre os conceitos de Direito Pessoal e de Direito Real que se apresentam de forma completamente distinta não podendo ser confundidos entre si. Há duas relações completamente opostas;
Teses Unitárias: procuram integrar ambos os grupos de normas no mesmo sistema, tendo em vista o critério patrimônio que gera a unificação dos Direitos Reais e Pessoais. Essas teorias unitárias são defendidas por Pietro Perlingieri, há um movimento de despatrimonialização do direito privado, havendo um movimento funcional, que liga a esfera existencial, à contribuição que o direito real dá para a sociedade.
	
7. Figuras Híbridas: Propter Rem, Ônus Reais e Obrigações com Eficácia Real
	Essa divisão entre Direitos Reais e Obrigacionais não explica muita coisa como as obrigações Propter Rem (pagar condomínio, não perturbar os vizinhos). Ela é uma obrigação, mas nasce da titularidade de um Direito Real. Segundo Orlando Gomes essa obrigação nasce de um Direito Real do devedor sobre determinada coisa a que aderem. São também chamadas de obrigações mistas e possuem como características a origem e transmissibilidade do Direito Real, a transmissão é automática, não há manifestação expressa de vontade. Se eu compro um imóvel com dívidas, sou obrigado a assumir essas dívidas. Características do Propter Rem:
Referem-se a um titular do Direito Real, inclusive são dotadas de sequela;
O devedor se libera da obrigação diante do abandono da coisa, abdicando do Direito Real;
A obrigação é uma acessoriedade especial, dotada de Ambulatoriedade, o que faz com que a obrigação se transmita automaticamente com a transferência da titularidade da coisa. É o caso dos tributos reais como IPTU, IPVA, ITR. Artigo 1280, CC: ação de dano infecto;
Seria preciso publicidade para gerar uma Obrigação Propter Rem? Há uma parte da doutrina que entende que sim, para o STJ e Rosenvald a obrigação Propter Rem não se prende necessariamente ao registro, pois esse apenas se torna imprescindível para a constituição de Direitos Reais, o que decorre do artigo 1345, CC. STJ, Resp 243969, somente quando recebeu as chaves e passado a ter a disponibilidade da posse é queo comprador do imóvel passa a responder pelos encargos condominiais mesmo que ainda não tenha ocorrido o registro da promessa de compra e venda;
Luciano Penteado: é possível ter uma obrigação Propter Rem atípica? Para esse autor não, para ele não basta a autonomia privada para criar a obrigação Propter Rem por dois motivos: a obrigação atingirá os futuros adquirentes do bem, sendo caso de ineficácia criar uma obrigação Propter Rem a um terceiro que não tivesse a possibilidade de conhecê-lo; o segundo motivo é o fato de por estarem conectadas ao Direito Real, devem obedecer a taxatividade destes. 
	Teoria do Risco Integral: não admite nenhuma excludente de responsabilidade. Caso do seguro DPVAT. 
	Ônus Real é um gravame que corresponde a figura dos Direitos Reais de Garantia (penhor, hipoteca e anticrese) pelo qual uma coisa fica umbilicalmente ligada ao cumprimento de obrigação. Então, o Ônus Real normalmente tem sua responsabilidade restrita ao bem onerado e é o contrário a obrigação Propter Rem. É um direito real que se origina de uma obrigação. Se extingue com o perecimento da coisa, enquanto que na Propter Rem a obrigação pode subsistir. A função dela é garantir o pagamento da coisa, eles limitam a fruição e disposição da propriedade.
	A última figura híbrida são as Obrigações Com Eficácia Real. Trata-se de uma obrigação que não pressupõe um Direito Real, mas apenas de uma obrigação comum que gera efeitos tipicamente reais. Artigos 8 e 30, lei 8245/91, quando um imóvel é vendido e há nele uma locação, a regra é que a venda rompe a locação, a não ser que haja uma cláusula averbada de que a venda não romperá a locação haveria, neste caso, um efeito erga omnes dessa cláusula.
	Essa distinção entre Direito Real e Obrigacional não funciona mais, é melhor dividir entre Direitos Patrimoniais e Existenciais.
Aula 05 - 20/04/2016 - quarta-feira
Posse
	Esse tema possui grande relevância social, tendo em vista a efetivação dos direitos fundamentais. Há uma preponderância da dignidade da pessoa humana
	O CC define possuidor de acordo com os poderes do proprietário que são: usar, gozar ou fruir, dispor e reivindicar. O conceito de possuidor está no artigo 1196, CC.
	Segundo Caio Mário, trata-se de uma situação de fato em que uma pessoa independentemente de ser ou não proprietária, exerce sobre uma coisa poderes ostensivos conservando-a e defendendo-a. Estando sempre presente uma coisa e uma vontade em que o direito tutela a aparência. 
	Sempre haverá uma coisa e uma vontade, todas as teorias que conceituam posse falam nessa relação de aparência, de exterioridade, a pessoa parece ser proprietária. 
	A posse existe independentemente da propriedade, ela é um fato social que independe da propriedade, ela é um fato autônomo. 
Teorias Sobre a Posse
a. Teoria Subjetivista - Savigny
	Dois elementos devem estar presentes: a coisa e a vontade. A coisa é um fato presente, um corpus; a vontade seria um fator psicológico, um animus.
	Savigny aos 24 anos escreveu um tratado sobre a posse, separando institutos romanos para os interesses da época. Para Savigny há o corpus e o animus, aquele é o poder físico da pessoa sobre a coisa, o fato exterior, o que determina a relação de apreensão, já o animus consiste na intenção de ter a coisa como sua. Se falta a vontade interior, a intenção de ser proprietário, haverá a simples detenção, mas não posse. Savigny vincula o animus ao animus domini que é a vontade de ter a coisa como dono, só que isso leva a um extremismo porque a posse fica assim difícil de ser provada e para o autor, situações que hoje são consideradas possessórias, não seriam posse como no caso do mútuo, comodato, penhor, etc.
	Para Orlando Gomes, a falha de Savigny reside no fato de que esta não comporta o desdobramento da relação possessória porque não se admite a posse por outra pessoa que não o proprietário ou aquele que quer sê-lo.
	Somente na Usucapião se admite a teoria de Savigny que fala que há o animus domini, ou seja, há a vontade de ser proprietário na Usucapião.
 b. Teoria Objetivista - Rudolf Von Ihering
	Também trabalha os elementos:
Corpus: relação exterior que há entre o proprietário e a coisa, ou a aparência de propriedade;
Animus: Affectio tenendi. Vontade de proceder como procede o proprietário.
	O que importa para esse autor não é tanto o poder de fato sobre a coisa, mas sim a destinação econômica desta. Para que se caracterize a posse, basta atentar para um procedimento externo independentemente da pesquisa da intenção. Para ele, possuidor é aquele que procede com a aparência de dono, posse é a visibilidade do domínio. Substitui-se a ideia de controle material, da teoria anterior (Savigny), pela ideia da posse como exercício da propriedade. A doutrina nos dá como exemplos: se um pescador lança uma rede ao mar e vai para a casa dormir, se a rede pega um peixe mesmo ele não estando lá o tempo todo, ela cumpriu sua função econômica, ele tem a posse dessa rede. 
	Ponto fraco dessa teoria: esse autor tem uma ideia de total sujeição da posse à propriedade que é considerada como fundamento de toda tutela possessória a qual caberia apenas aperfeiçoar, facilitar e completar a posição de propriedade. No entanto, a posse protege também os não proprietários que a possuem. A posse hoje é autônoma.
	Crítica Tepedino: "Embora a tradição brasileira atribua proteção possessória pela mera exteriorização da propriedade, os fundamentos da posse e da sua defesa encontram autonomia no direito brasileiro, logo, a posse independe do título dominial sendo que a identificação entre a proteção da posse e da propriedade decorre de uma análise meramente estrutural dos institutos."
	É claro que a Teoria de Von Ihering tem vantagens com relação a de Savigny porque o animus domini passa por um subjetivismo muito grande nesta teoria. Ao definir a posse pela visibilidade do domínio, é possível até que terceiros respeitem essa posse. Para Von Ihering, para saber se existe ou não posse, basta indagar como o proprietário costuma proceder com suas coisas. Para Von Ihering, o locatário, o comodatário são possuidores.
	É possível haver a composse, a posse conjunta sobre o bem, assim como existe o Condomínio.
2. Detenção
	É a degradação da posse. Guilherme alinha-se com José Carlos Moreira Alves (posições retrógradas, concordava com a prisão civil para o depositário infiel). O detentor é aquele que mantém contato físico com a coisa sem autonomia, apenas conservando a posse de outra pessoa, havendo aí um poder que se exerce sobre o bem, estando porém, desprovido da proteção dada à posse (Ações Possessórias e Desforço Imediato). O detentor também é chamado de fâmulo da posse, não haveria aqui possuidor. O motorista de ônibus em relação ao ônibus, o caixa de supermercado em relação aos valores que ali circulam. Há algumas fórmulas de detenção:
Dependente ou subordinada: prevista no artigo 1998, CC. Conserva-se aqui a posse em função de ordens de outros. Essa situação admite prova em contrário. O detentor é uma longa manus ou instrumento de posse para o proprietário, devendo observar as instruções deste. Há uma relação de autoridade e subordinação que pode ser entre detentor e proprietário, detentor e possuidor. O detentor é uma pessoa que aqui está cumprindo ordens e a característica é a de que se ele perde essa característica de cumprir ordens, ele vai perder a detenção do bem. Caseiro, zelador;
Resultante de atos meramente permitidos ou tolerados: artigo 1208, CC. A permissão decorre de um consentimento expresso e a tolerância se caracteriza pela espontaneidade, a diferença está no ato de vontade. Na permissão a vontade é expressa, na tolerância há uma inação, ela é espontânea, é tácita. Se eu deixo alguém passar no meu terreno para pegar água por um tempo, se há uma tolerância minha, há a detenção. A detenção não pode se transformar em Usucapião porque este pressupõe posse;
Detenção independente: para Guilherme isso é posse. Há aqui a utilização de atos violentos ou clandestinos. ParaMoreira Alves, será posse injusta após o fim dos atos violentos. Guilherme alinha-se com Caio Mário e afirma que a posse é injusta (posse justa: aquela que não é violenta, clandestina ou precária) desde o início;
Bens fora do comércio também podem ser objeto de detenção, que são os bens públicos ou aqueles que por sua natureza não podem ser objeto da propriedade privada. Guilherme critica: há três espécies de bens públicos, bens de uso comum ou do povo: todos podem utilizá-lo e há muitas restrições a sua apropriação, sendo esta impossível, não há restrição ao uso público; bens de uso especial (afetados a uma finalidade pública, quartel, escola); bens dominicais ou dominiais que apenas integram o patrimônio da pessoa jurídica de direito público, mas sem nenhuma finalidade específica. Com relação a estes últimos bens, os dominicais, pode sim haver posse, mesmo existindo a ideia da não possibilidade de usucapião em bens públicos, a doutrina caminha, interpretando com a dignidade humana, para a possibilidade de posse destes bens.
	Enunciado 301, Jornada de Direito Civil: conversão da detenção em posse se rompida a subordinação e há a hipótese de exercício em nome próprio dos atos possessórios. É possível sim que um detentor se transforme em possuidor. Ocorreria quando um empregado de uma fábrica que faliu, continua na casa que ele morava antes e que era derivada da sua relação de subordinação e ele paga as contas de luz, água, gás, ele passará a ter autonomia, a presunção é claro a de que ele é detentor, mas essa presunção é relativa que pode sim ser afastada. Interversio possessionis: a intervenção da posse
	
3. Objetos da Posse
	Posse do Direito de Cátedra, ditadura militar, professores da USP que foram retirados de seu cargo.
	É possível a posse sobre direitos? Rui Barbosa escreveu um livro sobre isso, inclusive. Segundo Caio Mário: "a posse abrange tanto as coisas como os direitos, estando superada a visão romanista de que a posse consistia apenas no contato físico com a coisa. Propriedade é mais amplo e abrange tanto os bens corpóreos quanto os incorpóreos, e domínio é um termo mais mais restrito e abrange apenas os bens corpóreos." Mas sobre quais direitos é possível exercer a posse? Sobre qualquer direito. 
	Segundo Caio Mário: "a partir do surgimento do mandado de segurança, para proteger direito líquido e certo não amparado por Habeas Corpus, os direitos suscetíveis de posse são apenas aqueles sobre os quais é possível exercer os poderes da propriedade, por exemplo: Uso, Usufruto, Servidão ou Penhor e não é o caso dos direitos pessoais, que devem procurar medidas judiciais adequadas à sua proteção." Há certas situações jurídicas que devemos conferir mais segurança que, em nosso direito só existia para a posse, mas, hoje com o mandado de segurança, não existe mais a tutela da posse para direitos pessoais. Reintegração de posse de quotas em sociedade por quotas: não cabe esse tipo de ação. Ação possessória para direitos de família não existe! Súmula 228, STJ: é inadmissível o interdito proibitório para a proteção de direito autoral. Empresa que perde a concessão de um determinado serviço.
4. Diferença Entre o Jus Possidendi X Jus Possessionis
Jus Possidendi: há algum direito real envolvido, é a posse conferida a um outro direito real, como o usufruto, propriedade, servidão. Direito de Posse, direito de conferir ao titulardes possuir o que é seu;
Jus Possessionis: posse por si só, independente de qualquer Direito Real pré existente. Direito à Posse. Relação de fato que é desacompanhada de um direito anterior ou pré-existente.
	A importância prática dessa diferenciação consiste no fato de que a finalidade das Ações Possessórias é, em regra, o Jus Possessionis, não podendo o réu alegar em defesa o Jus Possidendi, artigo 1210, parágrafo segundo, CC. 
	Caio Mário cita também que em certos casos, presentes os requisitos da usucapião, a lei converte o Jus Possessionis em propriedade, que, por sua vez, gera Jus Possidendi sobre a mesma coisa. Na usucapião, a posse (Jus Possessionis) se transforma em propriedade e, por isso, há outro direito real envolvido, por isso falamos em Jus Possidendi.
Aula 06 - 27/04/2016 - quarta-feira
5. Classificações da Posse
Posse Direta e Posse Indireta
	Há duas categorias que podem colocar simultaneamente dois possuidores. Isso está previsto no artigo 1.197, CC. Há o possuidor direto, que tem a posse temporariamente, e o indireto.
	Há uma bipartição, uma separação, um desdobramento. Na Locação, o locatário tem a posse direta e o locador tem a posse indireta. 
	Tepedino: a posse indireta permanece em favor de quem autoriza a apreensão por outrem, demonstrando um poder sobre o destino da coisa. Já a posse direta é atribuída ao possuidor que mantém o contato com a coisa exercendo as faculdades do domínio, sendo esta temporária e em algum momento a coisa deverá ser restituída ao possuidor indireto. 
	Tito Fulgêncio: a posse do possuidor indireto é originária, enquanto que a do possuidor direto é derivada. Essas duas posses coexistem, cada um defende a posse como direito seu, independentemente do direito do outro.
	San Thiago Dantas: posse direta e posse indireta perante terceiros não tem muita relevância, qualquer um deles poderá defender a totalidade da coisa. Esse desdobramento é válido mais entre eles mesmos.
	Enunciado 76, I Jornada de Direito Civil, CJF: O possuidor direto tem o direito de defender a sua posse contra o indireto e este contra aquele. 
	O artigo 1197, CC fala muito na transitoriedade de direito, em algum momento o possuidor direto terá que devolver a coisa.
b. Posse Justa e Injusta
	A lei define o que é a posse justa (artigo 1.200, CC) e daí se extrai o contrário, é um conceito dado por negação. 
	A posse é justa quando não é violenta, clandestina ou precária. Violenta é quando é adquirida por um ato de força, física ou moral. Coação aqui se aplica, a violência deve ser inicial, no ato de aquisição da posse. Agora, imagine que fui celebrar um contrato com alguém e o coagi, o contrato aqui é inválido, mas a posse não porque a coisa foi entregue de forma espontânea.
	Posse Clandestina: aquela que se adquire por um processo de ocultamento, em contraposição àquela que é tomada e exercida abertamente. Segundo Caio Mário, é defeito relativo, ocultando-se da pessoa que tem interesse em recuperar a coisa. Exemplo: mão leve, aquele que furta e tira a coisa com sutileza; invasão de um imóvel quando o titular não está presente; alteração das divisas entre terrenos que não seja facilmente perceptível. Quem detinha não percebe.
	Posse precária é daquele que recebe a coisa com a obrigação de restituir e arroga-se à qualidade de possuidor, abusando da confiança ou deixando de devolvê-la ao proprietário ou legítimo possuidor. Haveria aqui um abuso de confiança. Um inquilino que tinha um prazo para devolver e não devolve. É possível o convalescimento da posse injusta? Para Silvio Rodrigues não porque segundo ele o convalescimento (que está no artigo 1208, CC - a posse que começou injusta, pode tornar-se justa, quando alguém que está na posse de um terreno vem a comprá-lo posteriormente) somente pode ocorrer nos casos de violência e clandestinidade, mas não ocorre na posse precária, tendo em vista da precariedade não cessar nunca, além da quebra de confiança. Esse dever do comodatário, do depositário de devolver a coisa não se extingue nunca, e se ele não devolve, isso jamais ganharia juridicidade. Hoje, entende-se que a precariedade pode convalescer sim, se o locador, o comodante desaparecer e o locatário, comodatário passarem a alterar o título da posse, exercendo o poder sobre o bem não mais em virtude do contrato que originou a relação jurídica. Ver Enunciado 237, CJF: é cabível a modificação da posse quando o possuidor indireto modificar sua situação. O locador desaparece sem deixar notícias, não sei para quem pagar o aluguel e vou mantendo o bem sozinho, isso é a chamada Interverssio Possessionis.
	A justiça ou injustiça da possedetermina-se com base em critérios objetivos, diversamente da Posse de Boa ou Má-Fé que se baseia em critérios subjetivos, que decorrência da convicção do possuidor. Posse Justa e Injusta, critérios objetivos, sendo violenta, clandestina ou precária será Injusta.
c. Posse de Boa-Fé ou Má-Fé 
	O que vale aqui é a Boa-Fé Subjetiva, a do estado psicológico.
	Segundo Caio Mário, considera-se de má-fé aquele que possui consciência da ilegitimidade do seu direito. Da mesma forma, age de boa-fé aquele que tem a convicção de que procede na conformidade das normas.
	Posse de Má-Fé ou Boa-Fé: verifica-se a intenção. 
	Primeira Corrente - Pontes de Miranda: o possuidor está na convicção inabalável de que a coisa realmente lhe pertence ou desconhece os vícios daquela posse. Segunda Corrente - Orlando Gomes: a boa-fé é concebida de modo negativo como ignorância e não como convicção. Código Civil se guiou pela segunda corrente. Alguém que recebe uma coisa furtada mas desconhece esse fato, está de boa-fé.
	É uma posição psicológica, se há ciência, conhecimento do vício ou ilegitimidade da posse injusta, há má-fé. Se ele ignora, a posse é de boa-fé.
	Esse erro, ignorância contudo, deve ser escusável, não se poderia compreender o que estava fazendo para que haja a boa-fé e isso decorre muito das condições sociais, educacionais.
	É possível sim uma posse ser injusta e de boa-fé. Caso: autor da herança (falecido), adquiriu uma propriedade e recebe o imóvel que tinha sido adquirido de maneira violenta. Nesse caso, o herdeiro está de boa-fé, houve um regular inventário, mas a posse nasceu injusta. Esse caso é diferente do possuidor que chega e invade um terreno porque desconhecia o proprietário. Os efeitos são diferentes quando a posse é de boa-fé ou má-fé, na questão das benfeitorias, dos frutos.
	Artigo 1201, parágrafo único, CC: o possuidor com justo título, tem a presunção de boa-fé, salvo quando provado em contrário ou quando a lei não admite essa presunção. O interessado no vício é que tem que provar, na dúvida, se interpreta contra quem tem o dever de provar (é quase uma inversão no ônus da prova). Se a posse é violenta, clandestina ou precária que deverá provar. 
	Quem tem justo título tem a presunção relativa de boa-fé a seu favor, o que é dado em favor dessa pessoa. O justo título seria hábil a transferir a coisa se emanasse do verdadeiro dono ou possuidor legítimo, é um título idôneo para transferir a posse. Justo Título, Marco Aurélio Bezerra de Melo trazem duas definições: 
Título com aptidão genérica para transferir a propriedade mas que não o realizou por um defeito intrínseco ou extrínseco (imóvel que teria sido transferido por instrumento particular, genericamente poderia transferir, mas não o fez);
Ideia ligada à função social da posse, à causa do negócio jurídico, quando o possuidor demonstra por qualquer meio jurídico uma relação jurídica que suporte a sua posse. 
	Pode haver boa-fé sem justo título ou justo título sem boa-fé. No primeiro caso visualizamos uma hipótese de um possuidor que acredita ter recebido a coisa por doação, mas na verdade a recebeu por comodato. No segundo caso, temos a hipótese do possuidor ter recebido a coisa mediante doação, mesmo sabendo que a coisa não pertencia ao doador.
	Em caso de falecimento, o CC prevê a habitação para o cônjuge sobrevivente, mas não o faz expressamente para o companheiro (mas existe a ideia da interpretação conforme à constituição que dá suporte a essa ideia). Mesmo sem um documento escrito há essa ideia. O Justo Título induz toda uma ideia de aparência. CJF, enunciado 303: não há necessidade de documento, uma situação como União Estável já serve, embora não haja previsão legal em caso de morte de um dos companheiros ao direito de habitação. 
	CJF, enunciado 302: imaginemos um tipo de usucapião que é o ordinário, que é o tabular, no artigo 1242, parágrafo único, CC. Havia uma escritura, que cheguei a registrar, mas ela foi anulada. Caso: imóvel em condomínio em São Conrado que foi levado a execução por não pagamento das taxas condominiais. Alguém arrematou e cedeu para outra pessoa que está lá há 20 anos. O executado lá atrás conseguiu anular essa execução porque ele não foi intimado da cobrança. Há aí um conflito entre a atual moradora, que tem o justo título, a cessão de direitos e o executado, que era herdeiro inicial do imóvel. Ela tem o Justo Título da Cessão de Direitos, a posse dela não é precária. Eu tenho uma escritura, morava em um lugar, mas essa escritura foi anulada.
	Segundo Tito Fulgêncio, o Justo Título pressupõe:
Um vício, um obstáculo, a aquisição da posse sem estorvo, óbice ou mácula;
Ignorar o possuidor a ocorrência do elemento material que impede a aquisição da posse.
	Ocorre, segundo Bevilacqua, a aquisição da posse através de um título, que embora inválido, se mostra conceitualmente idôneo para transmissão da posse, gerando a presunção de boa-fé do possuidor. Exemplo: contratos de compra e venda, doação ou o apoderamento de coisa móvel (ocupação). 
	Artigo 1202, CC: a posse de boa-fé só perde esse caráter no caso e desde o momento em que as circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora que possui indevidamente. A posse de boa-fé desaparece quando o possuidor não ignora que possui indevidamente. A existência de uma ação judicial, segundo Tepedino, é uma boa forma de mostrar a definição do momento da inversão da boa-fé em má-fé. Para Carvalho de Santos, Washington de Barros: na contestação já é o marco da conversão da posse. Silvio Rodrigues, Fábio Ulhoa: a citação já mostra o conhecimento da modificação da posse, ela torna litigiosa a coisa.
	
	Efeitos da posse de boa-fé e de má-fé: artigos 1202; 1219 e 1220 (benfeitorias); 1217 e 1218 (perda ou deterioração da coisa); 1216 (frutos); 1214, CC. 
6. Continuidade do Caráter da Posse - artigo 1203, CC
	A posse que nasce injusta, assim ela será e se for transmitida continuará de má-fé. Ninguém pode alterar a posse apenas pela sua vontade (Nemo Si Ipsam Causam Possessionis Mutare Potest). O detentor não pode virar possuidor apenas por um ato de vontade, a intervenção da posse depende de provas de circunstâncias de fato.
	Pontes de Miranda: a posse, tal qual se iniciou e se prova, presume-se continuar não somente quanto à causa, mas também quanto às qualidades e vícios. 
	Se a posse começou de má-fé ou de boa-fé, direta, indireta, justa, injusta, assim ela continuará, a não ser que o possuidor comprove a mudança da situação de fato, por exemplo, através de uma compra ou se um locatário provar que o locador sumiu (enunciado 237, III Jornada de Direito Civil, CJF). É cabível a modificação da posse, verificando-se o animus domini.
	Accessio Possessionis: ocorre por Título Singular, por um contrato, um legado, pode optar ou não pela soma das posses. Successio Possessionis: Título Universal, é o caso do herdeiro que recebe a totalidade ou quota-parte do bem, ele continuará com a posse do bem porque o objeto é a herança, herdando todos os vícios, máculas, óbices, etc.
	Enunciado 236, III Jornada de Direito Civil: uma coletividade pode ser considerada possuidora (Usucapião Coletivo, Estatuto das Cidades), mesmo que desprovida de personalidade jurídica. Usucapião: forma de prescrição aquisitiva, o tempo não socorre quem dorme. A usucapião serve para punir o titular que tem um descaso com o bem.
7. Natureza Jurídica da Posse
	Há várias correntes:
Silvio Rodrigues, Windscheid, Pontes de Miranda: mera relação de fato. A posse é uma mera relação de fato que a lei protege em atenção à propriedade de que ela é manifestação exterior. Esse argumento é legalista com base na taxatividade e tipicidade determinando que como a posse não está no artigo 1225, CC, ela não seria um direito real;
Savigny: direito e fato. Considerada em si mesmo, a posse é um fato, porém, considerando os efeitos que gera, apresenta-se como um direito. Direito pessoal ou obrigacional; 
Caio Mário, Orlando Gomes, Von Ihering, Teixeira de Freitas (consolidação das Leis Civise Proclamação de um CC que não passou por conta do império, mas influenciou o antigo CC Argentino): Von Ihering parte da ideia de direito subjetivo, falando que é um interesse juridicamente protegido. Von Ihering: direito real. Ana Rita Albuquerque: "mais do que uma simples relação de fato, a posse cria uma relação jurídica entre o possuidor e a coisa possuída, em se tratando de forma de aproveitamento do solo e produção da riqueza, não só para o possuidor, mas também para toda a sociedade." Artigo 1207, CC: a posse se transmite hereditariamente como direito. Caio Mário fala que o caráter jurídico da posse é dado ao possuidor atrás de diversas formas de se defender, como esbulho. Orlando Gomes: o que caracteriza a posse como direito real é o fato dela ser exercida sem intermediário, então, a sujeição da coisa à pessoa é imediata e isso demonstra a preferência pela Teoria Realista por parte desse autor. 
	A posse não pode ser vista somente como uma vassalagem ao Direito de Propriedade.
	Minha Casa, Minha Vida: legitimação da posse, que pode ser convertida em propriedade. 
	O simples fato de a posse não estar no artigo 1225, CC não diz muita coisa. Ela possui sequela, preferência, e é sim um Direito Real. É um atraso não considera-lá um Direito Real.
	Luciano Penteado: posse era relação de fato. 
Aula 07 - 29/04/2016 - sexta-feira
	Há uma classificação que divide a Posse em Posse Civil e Posse Natural. Devemos ver se de fato existe um poder físico ou uma posse que decorre da lei. 
	Posse Natural é considerada como o poder físico sobre a coisa, como uma exteriorização do domínio, devemos ver se há a possibilidade de utilização da coisa, há exercício dos poderes da posse. 
	A Posse Civil é aquela que decorre da lei sem que o possuidor pratique qualquer comportamento ou adote qualquer conduta para tanto, por exemplo: sucessão hereditária (artigo 1784, CC: Regra Saisine - Le Mort Saisit Le Vit - Os mortos sucedem os vivos. Abrir a sucessão significa o fato da morte). 
8. Composse
	Está no artigo 1199, CC. Assim como a propriedade, a posse é, em regra, exclusiva. Contudo, assim como o condomínio em todos os casos em que ele ocorre, seja por contrato, por lei, ou por natureza da coisa, haverá também a composse, duas pessoas possuem a mesma coisa ao mesmo tempo. Ou seja, nas relações com terceiros os co-possuidores vão agir como se fossem um único sujeito. Haverá mais de uma pessoa exercendo posse sobre o bem. Por isso, esses co-possuidores devem agir civilizadamente, o problema é disciplinar o convívio entre eles. A composse é exceção.
	Na composse, todos podem usar a coisa. A diferença entre a Composse e o desdobramento (ou desmembramento da posse): nesta os graus da posse são diversos, pois, um dos possuidores fica privado da utilização imediata da coisa. Na Composse, todos podem utilizá-la diretamente desde que uns não excluam os outros, na composse todos podem fazer tudo, mas deve haver um acordo entre eles para que um respeite o direito do outro. 
	O condomínio não é, tecnicamente, uma PJ, ele é considerado uma pessoa formal. Exemplo de Composse: marido e mulher em comunhão de bens. Entre os companheiros durante a união estável e entre os co-herdeiros antes da partilha. Onde há condomínio, há composse. 
	Alguns autores entendem que necessariamente o objeto da composse tem que ser uma coisa indivisível:
Primeira Corrente - Caio Mário: o objeto da composse deve ser coisa indivisível, justamente porque os co-possuidores não podem exercer a posse em parte determinada do bem. Mesmo que ela seja divisível, a coisa tem que estar em caso de indivisão;
Segunda Corrente - Orlando Gomes: é possível que haja atos possessórios localizados, havendo uma divisão entre os co-possuidores. Para Orlando Gomes é possível que a composse envolva partes localizadas sobre determinadas partes do bem:
Composse Pro Indiviso: quando todos exercem sobre a totalidade da coisa os poderes de fato, ao mesmo tempo. A posse será tanto de direito quanto de fato. Há simples direito ao uso, exemplo: vaga do condomínio que não é previamente demarcada;
Composse Pro Diviso: há uma divisão de fato para o exercício do direito de cada um, cada um exerce poderes sobre uma parte específica da coisa, há uma posse de direito, mas não de fato. Embora, haja uma posse sobre tudo, ela se divide sobre si. Mas, perante terceiros, é como se não houvesse divisão, pode ser oposta. Exemplo: grupo de ocupantes numa casa antiga em que cada um fica em seu próprio quarto.
	Condomínio gerado pela Usucapião Coletiva: Estatuto da Cidade, artigo 10.
	Como são as relações internas na Composse? Caio Mário: nas relações internas, a lei reconhece a todos os co-possuidores igual atributo cabendo a todos a utilização da coisa comum desde que não interfiram no exercício por parte dos outros de iguais faculdades. Ou seja, cada um vai ter a posse por fração ideal e se um deles perturbar o desenvolvimento da composse, poderá o outro se valer das ações possessórias. Exemplo de atos de interferência: um co-possuidor ergue uma cerca ou muro na parte comum ou edifica, ou derruba árvores, sem o consentimento dos demais. Cabe Ação Possessória no caso da composse se um possuidor faz uma cerca em uma área em comum.
	A característica da composse é a temporariedade, assim como o condomínio. Elas são anormalidades e muitas vezes geram conflitos. A composse é temporária e pode desaparecer por fatores como a divisão (amigável ou judicial) da coisa comum ou pela posse exclusiva de um dos condôminos que isole com a concordância dos demais uma parte dela, passando a possuí-las de maneira exclusiva. No entanto, no condomínio edilício, no edifício de apartamentos, a posse nunca poderia ser extinta e segundo Caio Mário, a composse sobre as partes de uso comum do edifício de apartamentos é perpétua, ou seja, não se extinguirá enquanto existir o prédio com entidade econômica ou conjunto útil. 
	No condomínio cada apartamento corresponde a uma fração do terreno.
	Garagem (quando demarcada previamente, não haverá condomínio naquela vaga), piscina, portaria, play, jardim são composses. 
	O NCPC trata do Litisconsórcio, porque se o réu é casado não haverá litisconsórcio passivo obrigatório entre os cônjuges na ação possessória. O único caso em que se exige a participação do outro cônjuge nas ações possessórias é a composse. Exemplo: ação possessória em que se discute se o casal estava invadindo a posse alheia.
	
9. Aquisição da Posse
	A aquisição da posse está em uma regra genérica no artigo 1204, CC (define o momento, instante em que se conquista a posse). Pela Teoria de Von Ihering, se a posse é a exteriorização do domínio, se ela se dá quando se tem o exercício de algum dos poderes da propriedade (artigo 1196, CC), sua aquisição ocorre no momento em que se possibilita o exercício em nome próprio daqueles poderes. Se alguém adquire em nome próprio os poderes de usar, gozar, usufruir, dispor ou reaver a coisa, essa pessoa é possuidora. Mas se ela adquire esses poderes em nome alheio, é detenção.
	Modos Originários Para Adquirir a Posse: os modos originários são aqueles que traduzem um assenhoramento ao dono, sem a participação da vontade de outro possuidor antecedente, ou seja, não existe uma relação causal entre a posse atual e a posse anterior, há um apossamento através do controle material da coisa por parte de uma pessoa, o ato do agente é unilateral. Já os modos derivados pressupõem a existência de uma posse anterior que é transmitida ou transferida ao adquirente, ou seja, incidem sobre uma coisa que passa a sujeição de outra pessoa por força de um título jurídico, não há assenhoramento da coisa.
	Na prática, qual a diferença entre a Posse Originária ou Derivada? Se recebo a posse (posse derivada) de alguém e ela possui um vício, ela é injusta, por exemplo, se eu transmiti essa posse para outra pessoa, essa posse continuará com esse vício, continuará sendo injusta, não há a possibilidade de se transferir mais direitos do que aqueles que se titulariza. NaPosse Originária, por não haver nenhuma relação jurídica entre o novo e o antecedente possuidor, não se pode falar em vícios anteriores que maculam essa posse, rompe-se qualquer laço com o passado.
	Não existe um formalismo para a posse, até mesmo um terceiro sem mandato pode adquirir a posse que será ratificada posteriormente, o que representaria uma Gestão de Negócios, inclusive.
	
a. As duas formas mais comuns de aquisição originária da coisa seriam: a apreensão da coisa ou pelo exercício do direito:
A apreensão da coisa normalmente traduz o contato físico, sendo a apropriação dela por ato unilateral do adquirente cuja conduta deve corresponder ao que seria o comportamento normal do proprietário. É o caso da res nullius (coisa sem dono) e da res dellicta (coisa abandonada). Pode ser feita pela própria pessoa, seu representante (que a doutrina interpreta de forma ampla, como sendo o preposto, empregado) ou por terceiro sem mandato (Gestão de Negócios);
Exercício do Direito: ocorre quando o sujeito se comporta como o titular do direito adquirido, desde que se trate de um Direito Real, por exemplo usufruto ou servidão. Detentor quando a fábrica entra em falência e locatário quando o locador desaparece. A pessoa passa a exercer a posse independentemente do proprietário. Exemplo da lei: artigo 1379, CC, posse sobre servidão de aqueduto. 
b. Formas de Aquisição Derivada
Tradição: é um ato material de entrega da coisa, ou seja, sua transferência de mão a mão passando assim do antigo ao novo proprietário sem que haja uma manifestação expressa de vontade e bastando a intenção de ambos para o mesmo fim A Tradição pode ser Real ou Efetiva, que ocorre quando há uma remoção do bem, ou Ficta, sendo que esta pode ser:
Simbólica - apreensão material não da própria coisa, mas de algo que a represente, por exemplo, a entrega das chaves do imóvel ou do carro, de modo que se considere transmitida a posse daquele bem; 
Longa Manu é oriunda do direito romano, bastando que a coisa seja exibida ou colocada à disposição do seu titular, por exemplo, numa fazenda de grande extensão que não precisa ser toda percorrida para que o possuidor ingresse na posse, basta que o bem seja colocado a sua disposição; 
Brevi Manu (não precisa esticar as mãos) é o contrário do Constituto Possessório e ocorre quando o detentor se converte em possuidor, ou seja, a pessoa que tem o contato com o bem e exerce a posse em nome alheio passa a possuí-lo em nome próprio e neste caso não precisa devolvê-la ao dono para que este novamente lhe faça a entrega. Exemplo, alguém era detentor de um bem e vai e compra o bem, ele passará a ser possuidor;
Constituto Possessório: é o contrário da Traditio Brevi Manu, ocorre quando o possuidor transfere a posse da coisa a alguém, mas por força de uma cláusula do contrato de alienação, conserva a coisa em seu poder e deixa de possuir em nome próprio e passa a possuir em nome do adquirente. Não há previsão legal para o Constituto Possessório, mas há o Enunciado 77 que fala sobre ele, ele não se presume e deve haver cláusula expressa, o alienante que possuía a coisa em nome próprio passa a ser mero detentor. Essa cláusula não se confunde com a Cláusula Constituti. Constituto Possessório: alienante se torna detentor, adquirente se torna possuidor. Cláusula Constituti: não é uma questão apenas de detenção, mas há mais do que uma mera detenção, mas sim um desdobramento da posse direta/indireta por ato de vontade do novo possuidor. Nesta, o alienante fica com a posse direta e o adquirente fica com a posse indireta, é um desdobramento da posse. Em outras palavras, a Cláusula Constituti autoriza contratualmente novo apossamento pelo vendedor, que se torna possuidor direto com autorização contratual para o uso da coisa vendida seja como locatário, comodatário ou outra espécie contratual, o que pode ser por prazo determinado ou indeterminado, o ex-proprietário, alienante, fica com a posse direta. O Constituto Possessório não gera o desmembramento da posse, enquanto que a Cláusula Constituti gera. Ambos devem ser previstos expressamente;
Direito Hereditário: existe um diálogo entre o 1784 e 1206, ambos do CC. Tudo se transimite aos herdeiros, tanto a posse, com os mesmos caracteres (artigo 1206, CC) quanto a propriedade e a renúncia tem que ser expressa. A abertura da herança começa com a morte.
04/05/2016 - quarta-feira - Monitoria
Aula 08 - 06/05/2016 - sexta-feira
	Artigo 1205, I, CC: Em relação a pessoa que terá a posse, a doutrina é tranquila dizendo que o reconhecimento da posse independe da capacidade, basta que haja a Capacidade Natural, ou seja, a capacidade para entender o que se está fazendo, um incapaz pode adquirir bens tendo em vista um discernimento parcial, basta haver atos compatíveis com o discernimento dele. O incapaz pode ser possuidor, basta a consciência de ter a coisa para si. Não é tão necessário o representante.
	Artigo 1205, II, CC: terceiro sem mandato, pode ser qualquer forma de representação, não precisa nem de mandato, a outra pessoa pode depois ratificar a contrato, essa doutrina se assemelha à Gestão de Negócios. Alguém sem poderes de representação assume os atos pela pessoa inicial, dependendo somente de ratificação posterior, os efeitos retroagem à data de início da cessão. 
	Já mencionamos o artigo 1206, CC é uma regra da continuidade da posse, que é transmitida aos herdeiros ou legatários com os mesmos vícios, qualidades (sucessio Possessionis).
	O artigo 1209, CC estabelece que a posse do imóvel faz presumir a posse das coisas móveis que estão dentro dela (o acessório segue o principal - Princípio da Gravitação Jurídica). Ocorre que as pertenças não costumam acompanhar o bem principal, a não ser que isso resulte da lei, da vontade das partes ou ainda dá circunstâncias do caso (artigo 94, CC). Mas nesse artigo 1209, CC as pertenças acompanham por uma manifestação legal, a menos que haja prova em contrário, o que nos mostra uma presunção relativa, se alguém quiser provar a posse das pertenças deverá fazer isso em uma ação.
Perda Da Posse
	Inicia-se nos artigos 1223 e 1224, CC. Aquisição e perda são dois fenômenos paralelos e indissociáveis.
	Se alguém não se mantém como proprietário perde a posse (pela Teoria de Von Ihering) quando cessa o poder do 1196, CC, ou seja, quando cessa a conduta de exteriorização do domínio, perde-se a posse. Essa perda pode atingir ou o corpus ou o animus, ou ambos. Perde-se a posse quando cessa o poder sobre o bem. Quem não mais se comporta como o dono perde a posse. Enquanto se mantém aquele comportamento de exteriorização do domínio, mantém-se a posse, ou melhor, enquanto se comporta como proprietário.
	Esse conceito é bastante amplo, utilizou-se uma Cláusula Geral e pode ocorrer por um abandono, por uma tradição, pela posse de outrem, destruição, perda da coisa, Constituto Possessório. O abandono é um ato voluntário pelo qual o possuidor se desfaz da coisa. Tradição: se alguém adquire a posse, outra perde, mas deve ser a entrega da coisa com a intenção de transferir.
	Artigo 1224, CC: pressupõe uma espécie de benefício para o possuidor, se houver um esbulho possessório sem a sua presença. Estabelece-se, então, que se alguém não presenciou o esbulho, mas ela ainda é ativa, ela não perdeu a posse. Enquanto não estiver totalmente perdido, enquanto o proprietário se opõe e busca recuperar a posse, enquanto ele é diligente, não há perda da posse. Crimes Contra o Patrimônio: consumam-se com a posse pacífica da coisa (exceção: furto).
	A posse é um direito exclusivo e se alguém toma a posse, isso acarreta na perda da posse pelo possuidor anterior.
	A destruição ou perda da coisa também fazem com que ocorra a perda da posse. Perecendo o objeto, extingue-se o direito seja quando desaparece na sua substância (morte do animal, incêndio da casa) ou quando perde suas qualidades essenciais (trecho de praia que antes era construído que é submerso permanentemente).
	Qual o tempo necessário para impedir a posse de outrem?:
Washingtonde Barros e Serpa Lopes: isso ocorre no prazo de 1 ano e 1 dia para a Ação Possessória (artigo 558, NCPC; artigo 924, CPC/73). Guilherme não considera essa a melhor opção;
Marco Aurélio Bezerra de Mello e José Assir: aquele prazo se refere apenas a possibilidade de liminar na ação possessória. Na verdade, o tempo competente é aquele no qual o possuidor pode se valer da auto defesa da posse - Artigo 1210, parágrafo primeiro, CC. Sendo que este prazo não é fixo e depende das circunstâncias do caso, ou seja, o tempo necessário para o possuidor buscar ajuda e instrumentos necessários para a sua reação, o tempo necessário é aquele que o possuidor pode lançar mão da autodefesa da posse.
Efeitos da Posse
1. O primeiro efeito da posse são os chamados interditos, ou seja, estou mencionando genericamente todos as ações possessórias. Existem três diferentes planos de ofensa da posse:
Ameaça: Interdito Proibitório. A pessoa não chega a ser agredida propriamente;
Turbação: Ação de Manutenção de Posse. Chega a ser agredida, mas não chega a ser retirada.
Perda da Posse: Reintegração de Posse. Esbulho, a pessoa chega a ser retirada da posse.
	Artigo 1210, CC: previsão das Ações Possessórias.
	A expressão interdito, que é romana, dava a ideia de uma medida defensiva que paralisava a penetração de terceiro na esfera jurídica do possuidor. Ela ainda é uma expressão usada, mas o mais utilizado é Ações Possessórias. 
2. Usucapião
	É uma forma de aquisição originária da propriedade pela posse prolongada e qualificada pela boa-fé, decurso de tempo, além de ser pacífica e com animus domini. 
3. Presunção da Propriedade
	A posse é um estado de aparência. Como a posse é a visibilidade do domínio, o possuidor tem a presunção de ser dono, salvo prova em sentido contrário. 
4. Percepção dos Frutos
	Artigo 1214, CC. Enquanto o possuidor estiver de boa-fé, ele terá direito aos frutos, como exceção a regra pela qual estes caberiam ao proprietário, o que está no artigo 1232, CC. 
	Mas isso ocorre enquanto o possuidor estiver de boa-fé. Quando deixa-se de ter boa-fé, perde-se o direito aos frutos. Com a citação no processo judicial, desaparece-se a boa-fé e consequentemente o direito à percepção dos frutos.
	Segundo Orlando Gomes, não basta a boa-fé inicial, devendo ela existir em cada ato de percepção. O possuidor de má-fé sabe que a coisa não lhe pertence, ele não tem direito aos frutos e tem que devolver tudo. Mas sempre teremos a prevalência do possuidor de boa-fé, acórdão do RS: imóvel que está na posse do terceiro de boa-fé que alugou esse imóvel, não caberia uma penhora sobre o aluguel desse imóvel.
	Artigo 1214, parágrafo único, CC: frutos pendentes são aqueles unidos à coisa, no caso dos frutos naturais ou industriais ou ainda não vencidos, no caso dos frutos civis. Os frutos pendentes, acabando a boa-fé, eles têm que ser devolvidos, depois de deduzidas algumas despesas. 
	Há uma classificação que divide os frutos, de acordo com essa classificação se define o momento em que os frutos são percebidos:
Frutos Naturais: são gerados sem intervenção humana, embora sejam empregados métodos de melhoria quantitativa ou qualitativa. Exemplo: erva mate;
Frutos Industriais: são aqueles que decorrem do trabalho humano, por exemplo trigo e cereais;
Frutos Civis: são rendimentos e benefícios pecuniários provenientes da utilização econômica da coisa, como juros e aluguéis.
	Os frutos naturais e industriais são colhidos e percebidos logo que são separados. O fruto civil, artigo 1215, CC, são percebidos dia a dia, o que depende do momento do vencimento.
	Possuidor de má-fé responde por todos os frutos que deixaram de ser percebidos por sua culpa, é uma espécie de lucros Cessantes (a coisa poderia produzir mais, mas ele por descuido não deixou, se deixou de cobrar aluguéis, também responderá) desde o momento que se constitui a má-fé, ele terá direito apenas às despesas de produção e custeio, até para evitar um enriquecimento sem causa.
	Frutos Colhidos Por Antecipação são retirados antes de atingirem o amadurecimento ou antes do vencimento e mesmo o possuidor de boa-fé tem o dever de restitui-los. Pelo fato deles serem colhidos, negociados antes do tempo (vou negociar um conjunto de eucaliptos que ainda não foi derrubado), mas o motivo pelo qual o possuidor de boa-fé tem que restituir os bens colhidos por antecipação é porque se ele tivesse a boa-fé de devolver, eles pertenceriam ao proprietário, já que a boa-fé cessou antes mesmo o momento do amadurecimento ou vencimento.
Aula 09 - 11/05/2016 - quarta-feira
5. Direito de Retenção 
	Outro efeito da posse é o Direito de Retenção. Reter é segurar algo, eu sou credor de algo e o devedor não me paga, eu posso reter a coisa comigo até reter o meu crédito, mas isso tem alguns requisitos, não pode ser arbitrário, aleatório. 
	Conceito de Silvio Rodrigues: é a prerrogativa concedida pela lei ao credor de conservar a coisa alheia além do momento em que a deveria restituir em garantia de um crédito que tenha contra o devedor e decorrente de despesas feitas ou perdas sofridas em razão da coisa. 
	Mas isso tem alguns requisitos, Arnoldo Medeiro da Fonseca sustenta ainda que o Direito de Retenção é um Direito Real (Guilherme não concorda com isso). Requisitos de acordo com esse autor:
Posse legítima da coisa que se tenha obrigação de restituir;
Um crédito exigível do retentor;
Relação de conexidade entre ambos;
A ausência de vedação convencional ou legal.
	A previsão do direito de retenção em matéria de posse está no artigo 1219, CC que é o mesmo artigo que fala do possuidor de boa-fé. "Poderá exercer o direito de retenção pelas benfeitorias necessárias e úteis."
	No artigo 35 da Lei do Inquilinato também há uma disposição sobre as benfeitorias que permitem a indenização destas.
	Então uma pessoa que tem que devolver a coisa alheia, enquanto o proprietário não pagar o valor da benfeitoria feita, o bem não precisa ser devolvido. Posso me opor à devolução até ser pago. Havia no CPC/73 os Embargos de Retenção que foi revogado pela lei 11382/06, mas ainda é possível através do Direito de Ação exercer esse direito de retenção, uma Ação de Conhecimento visando uma obrigação de entregar, pagar.
	O artigo 1219, CC prevê as benfeitorias, mas não previa as acessões, mas o enunciado 81 do CJF equiparou as benfeitorias às acessões, aplicando aquele artigo a elas também. Houve uma analogia. (Benfeitoria: pressupõe um acréscimo ou melhoramento de uma coisa já existente, acessão tem caráter de novidade, ou seja, instala-se onde antes nada havia um jardim, uma piscina, uma churrasqueira).
	Artigo 1221, CC: é uma hipótese de compensação legal porque a lei dá direito à indenização pelas benfeitorias (o que depende da espécie da benfeitoria e da boa-fé do possuidor), mas o possuidor também responde pela compensação da coisa. O que ele tinha que receber de indenização é compensado pelo valor dos danos causados à coisa. A compensação é uma forma de extinção das obrigações, há duas pessoas que são reciprocamente devedoras e credoras uma das outras. Há uma redução da indenização pelos danos causados à coisa, é uma compensação autorizada pela lei. O possuidor que causou prejuízo ao bem (entregou imóvel em péssimo estado de conservação, realizou desmatamento que desvalorizou a área, etc), ele deve abrir mão do ressarcimento de suas benfeitorias necessárias para compensa-lo, ou então abater do preço do ressarcimento o dano.
	Artigo 1222, CC: são soluções diferenciadas de acordo com a boa-fé ou má-fé do possuidor. Há uma diferença nesse artigo em relação ao possuidor de boa e má-fé. Em relação ao possuidor de má-fé, o proprietário tem direito a optar pelo valor atual ou de custo. Imagine que sou locador e fiz uma construção e cinco anos depois vou falar sobre a indenização dessa construção e por isso espera-se que ela esteja valendo mais. Contudo, com o possuidor de boa-fé deve-se indenizar pelo valor atual, não há possibilidade de escolha. Segundo Tepedino, "em relação ao possuidorde má-fé prevalece o interessante do reivindicante a quem se confere o direito de optar por indenizar o valor atual da benfeitoria ou o seu custo. Contudo, a possuidor de boa-fé, sempre se indenizará pelo valor atual que representa o efetivo benefício percebido pelo reivindicante."
6. Auto-defesa 
	É uma espécie de legítima defesa, é uma consequência da sequela. 
	Fora de uma ação judicial ou antes dela, posso reagir contra um atentado contra a posse mantendo-a ou me reintegrando nela por minha própria força. No Direito Civil está no artigo 188, CC, no Direito Penal podemos falar em Excludente de Ilicitude. 
	Artigo 1210, parágrafo primeiro, CC.
	A pessoa reage contra uma ameaça à sua posse. Não importa se a posse é justa, injusta, de boa ou má-fé, basta considerar a posse sem classificar sua natureza ou caráter. 
	Locador que manda cortar energia para forçar que o locatário saia do imóvel.
	Requisitos: 
Imediatismo: "contanto que faça logo" do artigo 1210, parágrafo primeiro, CC, ou seja, a repulsa à violência deve ocorrer sem retardamento, sem demora e antes que o invasor ou turbador consolide sua posição, não se pode permitir que flua tempo depois do seu início. Se existe um intervalo, uma demora, a vítima poderia procurar o poder competente, a autoridade judicial, uma ação tardia dá uma ideia de vingança. Turbação difere de Esbulho: naquela isso significa que enquanto durar a mesma, o possuidor poderá se valer da legítima defesa da posse, já no esbulho, é importante que não fique caracterizado a desídia do esbulhado, pois, enquanto estiver diligenciando no sentido de manter o bem, poderá se valer da auto-defesa, mas caso se deixe vencer pelo desânimo, parando de agir para recuperar o bem, não poderá mais dela se valer, cabendo apenas entrar com a Ação Possessória. Se falta o imediatismo, o agente pode até incorrer no crime do artigo 345, CP (Exercício Arbitrário das Próprias Razões). O possuidor pode agir por uma força própria que envolve força de terceiros, inclusive;
Uso moderado das próprias razões: é a proporcionalidade entre a agressão e a reação que deve se conter no limite indispensável à repeli-la. Essa ideia envolve o Princípio da Proporcionalidade. A moderação envolve também a ideia de proporcionalidade para evitar que sejam atingidos outros interesses merecedores de tutela, sendo que os interesses existenciais prevalecerão sobre os patrimoniais, ou seja, na defesa do patrimônio, não se pode sacrificar a vida ou integridade física de terceiros. Não se pode sacrificar a vida ou integridade física de uma pessoa.
	A doutrina entende que tanto o possuidor direto quanto o indireto podem se valer da legítima defesa da posse. 
	A auto-defesa também é chamada de Desforço Possessório.
	E o detentor? Ele pode se valer da posse? A legítima defesa pode ser exercida pelo detentor? A doutrina mais tradicional não, mas hoje em dia, já entende-se que até pelo falo do detentor defender a posse, pelo fato dele ser uma longa manus, é necessário ele exercer a auto-defesa. Primeira Corrente:
Primeira Corrente - Washington de Barros e Tito Fulgêncio: esse direito cabe apenas ao possuidor, não importando se a posse é justa, injusta, de boa ou má-fé;
Segunda Corrente - Caio Mário: o detentor pode exercê-la em nome e em benefício do possuidor ou representado, pois do contrario, o caseiro, por exemplo, estaria de mãos atadas para cumprir a principal função para qual foi contratado.
7. Ações Possessórias
	Matéria processual que aparece até no NCPC, mas aparece também no CC, que desde 1916 fazia referência a essas ações. Até 1939 os Códigos de Processos eram estaduais (em decorrência da Constituição de 37, vem o CPC/39, que é nacional) e, por isso, matérias importantes do ponto de vista do interesse público vinham no CC para evitar arbitrariedades.
	Quando estamos em uma ação possessória, não se discute propriedade. Há três Ações Possessórias (Manutenção de Posse, Reintegração de Posse e Interdito Proibitório.
	Caio Mário: "A existência dessas ações com caráter próprio e rito especial tem por objetivo resolver rapidamente a questão do rompimento anti-jurídico da posse sem a necessidade de se debater a fundo o domínio, ou seja, o que se discute é apenas o ius Possessionis. Cada Ação Possessória tem um efeito especial.
	Manutenção de Posse tem por objetivo sanar a turbação da posse que consiste, segundo Bevillacqua em todo ato praticado contra a vontade do possuidor que lhe estorve o gozo da coisa possuída, sem dela o excluir completamente. Pode ser uma conduta negativa quando impede o possuidor de agir dentro de seu terreno. Turbação é qualquer ato que moleste a posse, impedindo que o possuidor a exerça em sua plenitude, exemplo: o turbador bloqueia a garagem do vizinho ou impede que este entre, ou então, corte indevido de árvores ou modificação de marcos divisórios. Pressupõe uma turbação atual, se for uma passada, ensejara apenas perdas e danos. Pode ser feita tanto pelo possuidor direito quanto pelo indireto, podendo, inclusive, uma ser proposta contra o outro.
	Esbulho dá lugar à Ação de Reintegração de Posse. O possuidor chega aqui a perder a posse, é a mais grave das ofensas.
	No campo da ameaça, cabe o Interdito Proibitório, que possui o caráter preventivo, artigo 567, NCPC, antigo 923, CPC/73. Há o justo receio de ameaça à posse ou violência iminente. O interdito só pode ocorrer com a ameaça, se já há a consolidação da turbação, o instrumento será outro. O STJ já decidiu um caso de um banco que entrou com uma Ação de Interdito Proibitório porque os grevistas de um banco impediram o acesso à agência.
	Exemplo: cabível interdito proibitório por comunidade de moradores que foi notificada pelo município para desocupar suas casas que seriam demolidas.
	TJ/RJ: acórdão a favor do condomínio para impedir que a garagem do edifício seja usada pelo condômino que não tem direito à vaga e não há espaço que o acomode.
	Artigo 1211, CC: a pessoa que estiver com a posse da coisa terá uma condição processual favorável.
8. Proibição da Exceção do Domínio
	Posse e domínio não se confundem, pois a posse tem sua importância independentemente da propriedade e desapareceria toda a razão de ser da proteção possessória se fosse viável a alegação de domínio pois, o Possessório e o peditório (tudo que diz respeito à domínio e propriedade) não se confundem, do contrário, a posse seria metamorfoseada em mera sucursal da propriedade se na ação comporta-se indagações sobre domínio. 
	O artigo 932, CPC/73 (artigo 557, NCPC) tinha um dispositivo que gerava muitos equívocos. Esse artigo dizia que na pendência de processo possessório era defeso ao autor e ao réu intentar uma ação visando o reconhecimento do domínio. Mas, uma segunda parte que foi suprimida por uma lei dizia que não obstava, contudo, a manutenção ou reintegração de posse a alegação de domínio ou direito sobre a coisa, caso em que a posse será julgada em favor de quem evidentemente pertencer o domínio. Essa parte final era uma atrocidade, mas no próprio CC/16 (artigo 505, CC/16) também havia um resquício disso, não se devia julgar a posse em favor de quem não pertenceu o domínio. Em caso de dúvida, havendo controvérsia, confusão, o critério de desempate seria a propriedade, Guilherme diz que isso contaminava a posse com a propriedade. Artigo 1210, parágrafo segundo, CC: matou essa matéria.
	Súmula do STF, 487, alinhada à uma doutrina mais antiga. Será deferida a posse a quem evidentemente tiver o domínio, se com base neste for disputada. Mas há dois enunciados que superaram essa questão, da Jornada de Direito Civil de 2002, Enunciado 78 e Enunciado 79. Se não houver prova suficiente, só com base no ius possessionis (a posse por si mesma) a posse é indeferida. Enunciado 79: bem taxativa, há total separação entre o juízo possessório e o peditório, mesmo havendo dúvida, temos que ver qual a melhor posse e não o domínio.
Aula 10 - 13/05/2016 - sexta-feira
	São três as principais características das Ações Possessórias:
Fungibilidade: apropositura de uma Ação Possessória ao invés de outra não impede o juiz de conhecer da medida adequada à situação concreta. Isso está no artigo 554, NCPC. As Ações Possessórias são fungíveis entre si, se o autor entra com uma Reintegração de Posse quando deveria ter entrado com uma Manutenção de Posse, o juiz pode modificar a ação. É muito difícil o autor detectar qual o tipo de embaraço que sua posse está sofrendo, existe uma possibilidade de haver uma rápida mutabilidade da situação de fato ou a dificuldade de se precisar no caso concreto qual a espécie de agressão que a vítima efetivamente sofreu. Essa regra da Fungibilidade, contudo, é excepcional e só pode ocorrer entre as três ações possessórias, não podemos convertê-la em uma Ação Peditória, de Reivindicação do domínio. Isso evita uma emenda na inicial, extinção sem resolução do mérito, etc;
Caráter Dúplice: o réu de uma ação possessória se entender que sua posse é que está sofrendo alguma moléstia provocada pelo autor pode demandar a tutela possessória na própria contestação, sendo desnecessária a propositura de reconvenção, isso está no artigo 556, NCPC. A demanda pode ser decidida tanto a favor do autor quanto do réu. O caráter dúplice parte da ideia de que as pretensões dos interessados são convergentes e não divergentes, sendo que nenhum deles tem interesse, nenhum deles tendo interesse na manutenção ad eternum da situação duvidosa que pode ser resolvida tanto a favor de um como a favor de outro;
Possibilidade de Cumulação de Pedidos: artigo 555, NCPC. Admite a condenação em perdas e danos, cominação de pena para nova turbação ou esbulho ou então o desfazimento da construção ou plantação erguida em detrimento da posse. Essa indenização não é automática, depende da prova do prejuízo, ela não se presume, exemplo: comodatário que se recusa a entregar o bem, o comodante pode exigir o valor daquele tempo que o bem ficou em excedente com aquele.
	A manutenção de posse tem por objetivo sanar a turbação que deve ser atual, não pode ser uma passada, esta apenas dá ensejo à perdas e danos. A Ação de Manutenção de Posse cabe do possuidor contra o proprietário, possuidores entre si, cabe do possuidor direto com o indireto contra um terceiro. Independe também de boa ou má-fé, da posse justa ou injusta. 
	Como fica a contagem do prazo no caso de atos múltiplos de turbação da posse praticados pela mesma pessoa? Segundo Caio Mário, se ocorre a privação da posse dai contará o prazo. Se houver vários atos distintos sem nenhuma relação de causalidade, cada um constitui turbação autônoma para efeitos de contagem, mas se forem ligados entre si pela mesma causa toda cadeia forma uma só moléstia e o prazo se conta do fim desta.
	Artigo 1211, CC: prestigia a Teoria da Aparência. A pessoa que está com a coisa tem uma posição processual mais favorável e será mantida na posse em caso de disputa, a prova da injustiça da posse caberá à parte contrária. 
	Artigo 1212, CC: visa reprimir a má-fé do terceiro. Há um enunciado do CJF sobre esse artigo, enunciado 80. É inadmissível o direcionamento de demanda possessória ou ressarcitória contra terceiro possuidor de boa-fé por ser parte passiva ilegítima diante do disposto diante do disposto no artigo 1212, CC. O terceiro de boa-fé é protegido em face da Teoria da Aparência. Não caberia contra o terceiro de boa-fé uma Ação Possessória, mas apenas uma Ação visando o domínio, tendo em vista este.
	Existem outros remédios processuais que não são tipicamente possessórios, mas que podem servir para tutelar a posse, mas também são remédios que não servem só para isso. Exemplos: 
Embargos de Terceiros (artigo 674, NCPC), uma pessoa que não é parte, mas que sofre uma medida de constrição, ocorrem quando temos um esbulho ou turbação que decorrem de um ato judicial, sendo uma penhora, busca e apreensão, arresto, um ato "lícito". Pressupõe uma pessoa que não é parte no processo, mas que tem seu bem apreendido. Na evolução da compreensão da posse, os Embargos de Terceiro tiveram muita importância, a súmula 621, STF negava qualquer defesa ao promitente comprador que não tivesse o registro, para ele se defender por Embargos, ele deveria ter a promessa de compra e venda registrada. Hoje, no entanto, prevalece a compreensão da súmula 84, STJ, ou seja, a promessa de compra e venda mesmo que não registrada dá direito de defesa. Eu sou possuidor, adquiri um bem por promessa de compra e venda particular, aí recebo uma intimação do credor do proprietário visando me desapossar, mas a dívida não é minha, é do proprietário, a defesa típica aqui são os embargos de terceiro, a posse se dá independente de registro;
Não tem mais previsão nos CPC desde 1939: Ação de Imissão na Posse, era prevista no rol dos Interditos Possessórios que era uma ação para quem nunca teve a posse. É muito comum uma pessoa que comprou o bem, mas nunca nele entrou e há um possuidor lá, a ação que devemos propor caso eu queira ter a posse de volta é a Ação de Imissão de Posse. STJ tem vários precedentes reconhecendo essa ação que não tem caráter possessório, mas peditório. "Segundo Marco Aurélio Bezerra imitir-se na posse significa tomar um bem que nunca se teve." É muito comum em ações que adquirimos um bem e a pessoa que está nele não quer ceder o bem;
Nunciação de Obra Nova: a ofensa à posse significa uma construção, apesar de não ter previsão legal, pode sim ser manejada. Ocorre quando a ofensa à posse consiste numa construção que o vizinho levanta ou então atos como demolição, colheita, corte de madeiras, extração de minérios que sejam ofensivos à posse, sendo que o pressuposto é tratar-se de prédios vizinhos ou contíguos. Regra do artigo 1301, CC: não podemos erguer varanda, janela a menos de 1,5 metro do vizinho. Obra Nova: "é todo e qualquer modificação introduzida no prédio em relação ao seu estado anterior por meio de trabalhos materiais do homem. Essa obra tem que estar em vias de construção;
Aula 11 - 18/05/2016 - quarta-feira
Legitimação da Posse
	Lei 11977/2009: Lei do Minha Casa, Minha Vida. A partir da legitimação da posse, esta pode ser registrada, o que dá mais força a ideia da posse como direito. A posse pode ser registrada para fins de habitação.
	A Legitimação da Posse era originalmente possível com os bens públicos, contudo, a Lei 11.977/2009 amplia essa possibilidade.
	O conceito de Legitimação da Posse está no artigo 47, IV, Lei 11977/2009. Há uma ideia de democratização. Segundo o autor Melhim Chaloub, "legitimação da Posse ou procedimento extrajudicial regulamentado pela lei 11977/2009 pela qual o poder público outorga título de posse conversível em direito de propriedade a moradores de comunidades de interesse social que preencham os requisitos da usucapião."
	É dado um título às pessoas que permanecem naquele local por mais de cinco anos e que converte a posse em propriedade.
	Requisitos: artigo 59, parágrafo único, I a VI, Lei 11977/2009.
	Essa lei prevê, inclusive, uma possibilidade de usucapião administrativo, amplia-se o acesso da população de rua à moradia, até mesmo para a concretização dos seus Direitos Fundamentais. Tudo é extremamente legalizada, com outorga no RGI.
	Enunciado 563, VI Jornada de Direito Civil, qualquer posse concedida antes dessa lei 11977/2009 constitui título possessório. 
	Os ocupantes de comunidades consideradas como favela, mocambo, maloca ou palafita são contemplados pela nova lei desde que sujeitos aos requisitos do cadastro e do auto de demarcação urbanística dando-se lhes a possibilidade após 5 anos da usucapião administrativa ou extrajudicial. 
Propriedade
	A propriedade é o instituto que confere ao seu titular a faculdade de usar, gozar, dispor e reaver a coisa dos que injustamente a detém. Contudo, com uma visão social que foi muito amparada pela CF/88 devemos ter em conta também a Função Social, ou seja, a propriedade só existirá desde que ela cumpra sua Função Social, estamos no plano da existência. A ideia da propriedade contemplando apenas o proprietário, de uma forma absolutae ilimitada, intangível, não é amparada pela nossa CF.
	Existe um amplo tratamento da CF sobre este instituto, inclusive, ele se encontra no artigo 5, XXII e XXIII. Já era em outras constituições um instituto da ordem econômica, mas agora é também um direito e garantia fundamental.
	Tepedino: "A propriedade não é mais vista como uma situação de poder abstratamente considerada por si só, mas como uma situação jurídica típica e complexa necessariamente em conflito ou coligada com outras e encontra sua legitimidade na concreta relação jurídica na qual se insere." 
	Como diz Marcos Alcino, tanto a propriedade como a posse podem existir isoladamente, só que a propriedade sem a posse é um recipiente oco e vazio tendo função econômica e social limitada. 
	Posse e propriedade são fenômenos paralelos. Nenhum desses é menos do que o outro, existem paralelamente e podem ser convertidos um no outro, de acordo com alguns requisitos.
	A propriedade possui os poderes de usar, gozar, reivindicar e dispor, o que está no caput do artigo 1228, CC, aspecto estático. O parágrafo primeiro, por sua vez, prevê o aspecto dinâmico deste instituto.
	O proprietário tem o direito de usar seu bem, ou seja, colocar a coisa a seu serviço, contudo, o abuso do direito está no artigo 187, CC, o que é ditado pela ideia da responsabilidade objetiva (sem análise da culpa), não se pode prejudicar, ser nocivo a outras pessoas. Intenção de prejudicar outrem: hoje a ideia de prejudicar outrem independe dessa intenção, desse subjetivismo de prejudicar outrem, não há análise da culpa. Também encontramos essa ideia no artigo 1228, parágrafo segundo, CC.
	Gozar: realiza-se, essencialmente, com a percepção dos frutos.
	Dispor: pode alienar, consumir, transformar, alterar.
	Reivindicar: buscar a coisa nas mãos alheias.
	Outra norma relevante dentro do artigo 1228 está nos parágrafos 4 e 5. Há aqui uma espécie de expropriação privada, não é usucapião porque há indenização e nunca haverá esta no usucapião. Considerável número de pessoas: deve ser analisado a densidade demográfica da região em que se encontra a propriedade. Não se trata nem de usucapião ou desapropriação, mas uma exceção (defesa) à perda de bem imóvel (um titular ausente há muito tempo entra com uma ação reivindicatória) com o pagamento de uma indenização.
	Não temos aqui uma perda da propriedade feita pelo poder público, mas sim uma desapropriação privada.
	Esse tema é extremamente polêmico e sobre ele há muitos enunciados: 
Enunciado 83: quando fosse o poder público, não caberia alegação dos parágrafos 4 e 5 acima vistos;
Enunciado 304, IV Jornada de Direito Civil: se for um bem público dominical são aplicáveis às disposições dos parágrafos 4 e 5 nas ações reivindicatórias.
	Quem deveria pagar essa indenização, contudo? A princípio (enunciado 84 - I Jornada de Direito Civil) seria paga pelos réus da ação, aqueles que ficaram com a propriedade. O enunciado 308, no entanto, reviu a possibilidade de o Poder Público, da sua Administração pagar se tratar-se de possuidores de baixa renda e desde que tenha havido intervenção da própria administração.
	Enunciado 241. Se adquire a propriedade pelo registro, mas para que a propriedade neste caso seja registrada, ou seja, sua sentença seja registrada, a indenização tem que estar paga.
	Enunciado 309, IV Jornada: maior flexibilização da posse de boa-fé. Tartuce: considerar a boa-fé objetiva, Guilherme: flexibilizar a boa-fé subjetiva.
	Artigo 1229, CC: a propriedade do solo abrange do espaço aéreo e subsolo. Critério aqui é o da propriedade-utilidade, enquanto estes forem úteis ao exercício do direito de propriedade, o solo e o subsolo estarão nele abrangidos. No entanto, é necessário não só considerar o interesse do proprietário, como também dos terceiros que cercam essa propriedade (Urca e Santos Dumont: há uma restrição no horário de funcionamento do aeroporto, mas jamais os moradores poderiam dele reclamar). Marco Aurélio Viana: o critério de utilidade é um parâmetro da ação do proprietário pois, nada justifica que o titular do domínio se oponha a que terceiros exerçam atividades a uma altura ou profundidade que em nada prejudica o exercício do seu direito. Há aqui uma necessidade de convivência, de coexistência guiada também pela Função Social da Propriedade. Jazidas: artigo 176, CF, o proprietário tem direito a uma indenização. Recursos Hídricos: o proprietário não tem direito a indenização.
 Aquisição da Propriedade Imóvel
	Normalmente, segundo Caio Mário, a aquisição trata-se de verificar por quais meios a propriedade como direito adere ao proprietário como sujeito e minudenciar os fatos que geram para alguém essa titularidade. No direito brasileiro a propriedade não se transfere pelo consenso, mas deve haver um ato posterior, o que diante dos bens móveis se dá pela tradição e nos imóveis, pelo registro (o contrato é real e não consensual, o contrato se aperfeiçoa com a entrega da coisa e não com a manifestação de vontade). No Direito Francês, o próprio contrato transfere a propriedade, aqui no Brasil é necessário um ato posterior. 
	Os modos originários não tem por suporte uma relação jurídica anterior: usucapião, ocupação, achado de tesouro, especificação, ascessão, confusão, etc.
	Modos derivados: o direito do adquirente é a consequência lógica e exata da relação anterior que lhe dá suporte e estrutura. Registro.
Registro
	Modo derivado de transmissão da propriedade, enquanto não se registrar o título translatício, continuará o alienante a ser o proprietário do imóvel. O registro é o momento aquisitivo. O título confere segurança jurídica, ele dá também a publicidade e permite que ocorra os efeitos erga omnes. 
	Artigo 1245, CC: o registro no Direito Brasileiro tem natureza causal (a causa do registro está no título translatício, o registro é vinculado ao título, depende dele para operar a transmissão da propriedade) pois, se vincula ao título translatício originário e somente transfere a propriedade dentro das forças e sob a condição da validade formal e material do título. O sistema alemão, por sua vez, é baseado num cadastro nacional de toda propriedade imóvel do país com livros rigorosamente escriturados, efetuado o registro na Alemanha, mediante rito próprio que afasta quaisquer vícios e defeitos do ato, a inscrição se torna um negócio jurídico abstrato, ou seja, vale por si mesma, independentemente de um negócio causal anterior. No Direito Alemão, se há algum vício, é possível ser pego, por isso, há uma presunção absoluta. A presunção da validade da propriedade aqui no Brasil é relativa, o que se extrai até mesmo do artigo 1245, parágrafo segundo, CC, valemos-nós do Princípio da Fé Pública.
	Quando apresentamos um título para registrar, ele será pré-notado, ou seja, é feito um apontamento prévio que inclusive vai fixar quando do registro a data do título, para efeitos de preferência.
	Se em um Contrato de Compra e Venda, o adquirente passa a ocupar o imóvel antes do registro do título, ele será considerado como possuidor direto. 
b. Usucapião
	Forma de aquisição originária e vem da posse prolongada. Usus Capere: tomar pelo uso. É uma hipótese de prescrição aquisitiva, mas não para extinguir, e sim para adquirir o direito. Abrange tanto os bens imóveis quanto móveis, contudo é mais comum nos bens imóveis.
	A Usucapião está assentada no Princípio da Utilidade Social, na conveniência de dar segurança e estabilidade à propriedade, bem como de consolidar as aquisições e facilitar a prova do domínio.
	É uma forma de aquisição originária, pois, o usucapiente constitui seu direito independentemente de qualquer relação jurídica com anterior proprietário, ela apaga qualquer laço, vício, qualidade anterior e não há voluntariedade, o que é típico da aquisição originária. Caio Mário, neste caso, teve posições doutrinárias minoritárias e afirmava ser uma forma de aquisição derivada: "Seria uma forma de aquisição derivada, levando em conta a circunstância de ser a aquisição por usucapião relacionadacom outra pessoa que já era proprietária da mesma coisa e que perde a titularidade da relação negocial em favor do adquirente." Mas, o próprio autor reconhece que não existe a possibilidade de transmissão voluntária, o que é próprio da aquisição derivada.
	Através da usucapião a posse se transforma em propriedade por conta de certos requisitos.
Aula 12 - 20/05/2016 - sexta-feira
	Esse termo pode ser usado tanto no masculino quanto no feminino, mas o CC o trata no feminino.
	É uma forma de aquisição originária, salvo a posição de Caio Mário.
	É uma forma de premiar o bem para aquele que lhe dá Função Social, forma de aquisição prescritiva. Causas que interrompem ou suspendem a prescrição também se aplicam à Usucapião.
	Não é imprescindível que a Usucapiente exerça por si mesmo os atos de posse, como cultivo do imóvel, presença, conservação da coisa, defesa contra terceiros, esses atos podem ser exercidos por prepostos, por exemplo. Se eu estou Usucapindo e alugo esse imóvel, estou exercendo a posse? Sim, posse indireta. Sim, o usucapiente pode exercer os atos possessórios, como conservação, pagamento de tributos, defesa contra terceiros, mas também terceiros os podem, etc.
Requisito Subjetivo: animus domini, vontade de ter a coisa como dono, está demonstrado no comportamento externo (de acordo com a Teoria de Von Ihering,) do possuidor de ter a coisa como sua. É o psicológico, o que entendemos como a união entre as ideias de Savigny e Von Ihering. A teoria de Savigny e seu animus domini só ocorre na Usucapião (vontade de ter a coisa como sua, vontade de ser dono);
Requisitos Objetivos: tranquilidade (não pode haver contestação) e continuidade (não pode haver interrupção - Bevilacqua). A posse não pode ser contestada, a posse deve ter percorrido todo decurso de tempo sem contestação, não pode haver uma intermitência. O prazo (que tem várias modalidades) deve ser computado antes da propositura da ação, até sob pena de extinção do processo sem resolução do mérito, não se pode computar prazo posterior à propositura da ação. A posse deve ter percorrido todo o tempo sem contestação, fazendo-se entender que não há direito contrário, no entanto, mas uma ação possessória manifestamente improcedente não a prejudica.
	Marco Aurélio Bezerra de Melo - Características
Não há a incidência da ITBI (imposto sobre a transmissão de bens imóveis) pois o fato gerador desse imposto previsto no artigo 135, do Código Tributário Nacional envolve a transmissão de direitos reais sobre imóveis, o que não existe na Usucapião;
É possível usucapir um imóvel que jamais foi registrado ou a porção menor de uma área maior registrada porque a aquisição é originária e a sentença de procedência é um instrumento hábil para a nova matrícula do imóvel, a sentença é quem cria a matrícula para o novo imóvel.
	Não é possível usucapir Direito Pessoal ou Direito Real de Garantia. Mas, podem ser usucapidos os Direitos Reais. Exemplos: linha telefônica, direito de superfície. Coisas comuns e inexauríveis também jamais serão usucapidos.
	Pode também ser usucapido um bem gravado pela cláusula de inalienabilidade porque estamos no campo de forma de aquisição originária. Normalmente ocorre aqui a Usucapião Extraordinária.
	Usucapião sobre bens públicos: CF (artigo 183, parágrafo terceiro, artigo 191) e CC (artigo 102) dizem que não é possível usucapir bens públicos (Súmula 340, STF). Os bens dominicais como os demais bens públicos não podem ser adquiridos por Usucapião, de acordo com essa teoria. Mas há uma parte da doutrina, mais progressiva (Rosenvald, Marco Aurélio Bezerra), que diz que devemos fazer a distinção conforme o bem público, o bem dominial pode ser alienado se estiver desafetado, então por que não poderia usucapido? Há a necessidade de uma visão mais atual, se for um bem de marinha (normalmente é um bem sobre enfiteuse), será possível a usucapião apenas do domínio útil, não se violaria aqui a ideia de que o bem público não pode ser usucapido porque há um direito real que tem uma grande expressão econômica, que é a enfiteuse que tem o domínio útil e a propriedade que no caso de terreno de marinha é da União. Enfiteuse é muito comum em Petrópolis, que é até uma fonte de renda para a família real, ela foi extinta pela CF que garantiu as que já existiam a proteção através do CC/16. Voltando ao Usucapião de Bem Público, devemos superar essa visão mais formalista, não devemos nos ater à divisão da personalidade jurídica do titular do bem para determinar sua natureza, mas devemos nos ater à afetação que tem esse bem, a destinação dele. Não importa a sua titularidade, mas devemos verificar se há finalidade pública. Se o bem é pertencente à União, Estados, Municípios, Autarquias, Fundações Públicas, Empresas Públicas mas não tem finalidade pública, ele poderá sim ser usucapido. Contudo, se o bem for direcionado a uma atividade que serve à atividade de interesse público, não será possível a Usucapião, mesmo que ele pertença à Pessoa Jurídica (Sociedade de Economia Mista ou Empresa Pública) de Direito Privado. O critério não é a titularidade, é a finalidade. Isto está ligado à Função Social, temos que levar em conta o conteúdo. Contudo, o STF ainda entende que os bens dominiais não são passíveis de Usucapião.
	Pietro Perlingieri: se reconhece a propriedade quando há Função Social. Havia uma ideia de imprescribilidade das Ações Reivindicatórias da Posse, o que era uma solução legislativa imediata, admitida há muito tempo, mas há nela uma grave suspeita de inconstitucionalidade, há um contraste aqui com o aspecto dinâmico da propriedade.
	Questão: Terras Devolutas. São terras que são bens da União que após todo o processo de Capitanias Hereditárias foram devolvidas porque os titulares não conseguiram mantê-las, são terras que não se integram ao patrimônio do particular, o termo devoluta diz que essa terra tem que ser devolvida ao Estado e para saber de quem é o real domínio, o Estado propõe o que chamamos de Ações Discriminatórias. A ausência de transcrição no RGI não induz a ideia de que estas terras encontram-se no rol das Terras Devolutas, o Estado deve provar essa alegação, a União deve provar o domínio. 
Modalidades da Usucapião
Usucapião Extraordinária: 
	Artigo 1238, CC. Prazo Reduzido no parágrafo único, que é ligado à moradia ou trabalho, possuidor ou transforma em moradia, trabalho ou fonte de riqueza. É independente de Justo Título e Boa-Fé. No CC/16 tinha o prazo de 20 anos. Correntes com relação ao Justo Título e Boa-Fé:
	Primeira Corrente Maria Helena Diniz e Silvio Rodrigues: ocorre uma presunção absoluta de justo título e boa-fé em decorrência de lei. 
	Segunda Corrente Caio Mário e José Carlos de Moraes Salles: não se trata de uma presunção mas na verdade, de uma dispensa. 
	Marco Aurélio Viana: para ele, na verdade se essa modalidade do parágrafo único se funda na moradia habitual, é necessário que durante todo esse prazo de 10 anos lá resida, mas não há obstáculo se o usucapiente seja proprietário de outros imóveis (ao contrário dos prazos reduzidos da CF).
Usucapião Ordinária (artigo 1242, CC):
	Nesse caso, o prazo cai para 10 anos, mas sujeito aos requisitos do Justo Título e da Boa-Fé.
	Boa-Fé segundo Caio Mário é a integração ética do Justo Título residindo na convicção de que aquele fenômeno jurídico gerou a transferência da propriedade. Mas o que é justo título? É o título que em tese seria hábil para transferir a propriedade, mas que não o fez por padecer de um defeito ou lhe faltar alguma qualidade específica. 
	O que poderia ser considerado como Justo Título? Muitas vezes um vício formal ou intrínseco, venda sem outorga do outro cônjuge, erro no modo de aquisição (adquirir por instrumento particular um bem que somente poderia ser objeto de negócio por escritura pública).
	O Justo Título precisa, em regra, ser registrado? Alguns autores (Bevilacqua, Pontes de Miranda) entendiam, tradicionalmente, que sim. Hoje prevalece a concepção que está no Enunciado 86, I Jornada de Direito Civil(abrange todo ato jurídico hábil a transferir a propriedade independentemente de registro), porque se não fosse assim, haveria quase uma impossibilidade prática de utilização de Justo Título para a Usucapião Ordinária. 
Usucapião Tabular
	Artigo 1242, parágrafo único, CC: tabula é registro. 5 anos é o prazo se o imóvel tiver sido adquirido onerosamente com base no registro constante do registro cartório, mas cancelado posteriormente, desde que os possuidores tenham exercido nele a sua moradia ou realizado investimentos de interesse social e econômico.
	Eu adquiri, onerosamente, registrei o título, mas o título foi cancelado e eu continuei morando lá. Requisitos: aquisição onerosa + título registrado e depois cancelado + moradia ou investimentos. 
	Caso: condomínio em São Conrado de senhora que adquiriu um imóvel que foi arrematado por falta de pagamento do condomínio, o arrematante cedeu esse imóvel para a senhora, mas o antigo proprietário conseguiu anular a rematação e toda a execução de cobrança de condomínio porque ele não foi intimado. Senhora -> ação de usucapião em face do primeiro proprietário. O título dela chegou a ser registrado, mas foi anulado.
	
	CC, artigo 2028, situações intermediárias. Não é possível reduzir os prazos, NCPC reduziu mais ainda no caso da Usucapião Administrativa. A regra é a seguinte, se os prazos foram reduzidos, mas já transcorreu mais da metade do tempo, será o da lei anterior os prazos.
	Artigo 2029, CC: ao invés de aplicar os 10 anos previstos no parágrafo único no artigo 1238, CC (Usucapião Extraordinária), será o prazo contado de 12 anos, qualquer que seja o tempo transcorrido na lei anterior. Se era uma posse iniciada até dois anos depois, será acrescido esse prazo de 2 anos. 
	Enunciado 564: justificativa para isso. O CC quando estabeleceu regra de transmissão com esse acréscimo de 2 anos, ele ocupou-se apenas dos casos dos artigos 1238 e 1242, em seus parágrafos únicos, afastou-se assim o disposto no artigo 2028. Desse modo, inexistindo norma de transmissão específica, os prazos do caput incidem diretamente e há analogia ao impedimento consubstanciado na Súmula 445, STF. O proprietário possuía apenas a vacatio legis para defender seu interesse.
	Súmula 445, STF: a lei 2437/55 que reduz prazo prescricional é aplicada às prescrições em curso na data da sua vigência, salvo quanto aos processos então pendentes.
Usucapião Especial Rural
	Criada na CF/34, mantida na CF/46 (envolvendo também o Estatuto da Terra, Lei 4504/64). Tem forte caráter social. Já foi regulada também em outras leis, como a Lei 6.969, era possível usucapir tanto terras particulares, quanto terras devolutas (o critério da finalidade é melhor que o critério da titularidade) 5 anos, sem oposição, área de até 25 hectares.
	Está no artigo 1239, CC que repete o artigo 191, CF. Requisitos para Usucapir: não ter nenhuma outra propriedade + posse de terra de até 50 hectares + localização, necessariamente em área rural (critério da localização é o que vale - Locação Rural: critério da finalidade, se houver uma área situada em uma área rural, mas para uma finalidade que não seja ligada ao uso da terra, ela poderá ser considerada urbana) + 5 anos interruptos sem oposição + moradia e trabalho. Não há exigência de Justo-Título ou Boa-Fé, são dispensáveis.
	PJ não pode requerer esse tipo de Usucapião pois não há família 
	Família: sentido amplo, pessoa que mora sozinha, família homoafetiva. 
	Lei 10.267: Cadastro Nacional de Imóveis Rurais. Precisar a existência física do imóvel. Falava qual seria, realmente, a disponibilidade de terras públicas.
	Enunciado 312: módulo rural é um padrão para a dimensão máxima necessária que caracterizando a propriedade familiar torna possível a comparação das dimensões de imóveis rurais em função das suas várias dimensões em vários lugares do país. Há o alqueire paulista, o alqueire mineiro, o módulo rural é o critério que deve, então, ser utilizado. 
	Enunciado 594: é possível adquirir a propriedade de área menor do que o módulo rural estabelecido para a região por meio do Usucapião Especial Rural. 
	Mas e se acontece de uma área maior que 50 hectares? Tepedino diz que se o possuidor ocupa imóvel com extensão maior do que a permitida em lei e o torna produtivo, usucapirá os 50 hectares em 5 anos sendo que o restante do imóvel ficará sujeito aos prazos da Usucapião Extraordinária. No enunciado 313, contudo, entende-se que se a área for superior a 50 hectares, não poderá ser possível ocorrer a usucapião especial rural. 
Usucapião Especial Urbana
	Artigo 1240, CC, parecido como artigo 9, Estatuto das Cidades.
	É conhecida também como Pro Moradia, Pro Habitatio ou Pro Morare.
	Limite: 250 metros quadrados, mas posso dentro dessa área fazer uma moradia de três andares que terá mais do que esses 250 metros quadrados. Não importa a dimensão da construção, importa a metragem do terreno.
	Enunciado 85: para efeitos do artigo 1240, caput, CC área urbana é o imóvel edificado ou não, inclusive, unidades autônomas vinculadas à Condomínios Edilícios. É possível usucapir um apartamento, respeitado esse limite de 250 metros quadrados.
	Enunciado 314: para os efeitos do artigo 1240 não se computa para fins de metragem máxima a extensão correspondente a fração ideal do imóvel da área comum. 
	Enunciado 213: quando a posse corre sobre área superior aos limites legais, não é possível adquirir pela Usucapião Especial.
	Podemos ter, muitas vezes, uma área abaixo daquilo que se considera como lote mínimo na cidade (há uma metragem mínima para registro). O município muitas vezes alega isso, mas não há esse requisito para a Usucapião, isso é um requisito urbanístico para saber se vai aproveitar como lote ou não. Mas é perfeitamente possível usucapir um imóvel de tamanho inferior ao lote, não há nenhuma ilegalidade nisso. A CF fala em área máxima, não em área mínima.
	Caso proposto por Guilherme: imóvel com cláusula de inalienabilidade, doador que doa imóvel que não pode ser alienado, incomunicabilidade (não pode se transmitir ao cônjuge) ele poderá ser Usucapido? Claro que pode porque é uma forma de Aquisição Originária. Mas há uma restrição, José Carlos Moraes Salles: se eu tenho um bem clausurado, a forma de aquisição será pela modalidade extraordinária, se há essa cláusula e ela foi levada a registro, muito dificilmente haverá Justo Título ou Boa-Fé.
Aula 13 - 25/05/2016 - quarta-feira
	Súmula 263, STF: o possuidor tem que ser citado pessoalmente para a Ação de Usucapião. 
	Súmula 391, STF: o confinante também deve ser citado para a Ação de Usucapião.
	Temos previsão em alguns diplomas legais como a Lei 6.969/81 e no Estatuto das Cidades sobre a viabilidade dessa sentença que reconheceu a Usucapião como matéria de defesa ser levada a registro. Usucapião em matéria de defesa é o seguinte: eu tenho uma Ação Possessória ou então um Ação Petitória e para me defender eu alego a Usucapião. Eu estou lá com posse mansa e pacífica, com animus domini. Mas imagine que o juiz reconhece meu pedido, eu posso levar essa sentença à registro? Em alguns casos há previsão legal expressa: 
• Estatuto da Cidade, artigo 13, Lei 10.257/01;
• Artigo 7, Lei 6.969/81.
	Para alguém usucapir judicialmente um bem, são ações demoradas, há juízes que dizem que nunca deram uma sentença de Usucapião, porque há muitas formalidades.
	O CPC/73 era muito específico sobre o rito da usucapião. CPC/15 fala muito sobre a Usucapião Extrajudicial. Há muitas fases no processo: citar confinantes, citar Fazenda da União, Estados, Municípios, é obrigatório a citação do proprietário. Mas imagine o sujeito que cumpre todas essas fases como autor e o réu que mesmo amparado pelo Contraditório, será que ele poderá também ter a sentença que reconhece a Usucapião e esta ser um título registrável? No caso da lei sim, não estando na lei, depende do tipo de Usucapião. O réu pode levar ao registro de imóveis sendo a sentença o título que negou a pretensão do autor? E se for uma sentença de improcedênciaque negou a pretensão do autor e reconheceu a Usucapião como matéria de defesa? O Enunciado 315 admite que a Usucapião como matéria de defesa seja levado a registro no caso do artigo 1241, CC, há uma interpretação mais ampla desse artigo.
	Súmula 237, STF que possibilita a alegação da usucapião como matéria de defesa. Isso possui previsão legal. 
	Há outro enunciado, contudo, 569. Artigo 1242, parágrafo único, CC usucapião que é matéria de defesa e é dispensado que a pessoa entre com uma Ação de Usucapião porque na modalidade Tabular a pessoa já tinha o título registrado, estava lá morando, ficou lá morando e exercendo sua moradia ou trabalho, mas o título foi cancelado posteriormente (exemplo da senhora em São Conrado). Neste artigo 1242, parágrafo único, CC, a Usucapião independe do ajuizamento da usucapião como matéria de defesa porque a pessoa já era o titular do registro.
	Artigo 1243, CC há uma inovação sobre a soma das posses desde que todas sejam contínuas, com justo título e boa-fé. É exigida uma homogeneidade das posses que devem ser contínuas, pacíficas. Na Usucapião Ordinária deve ser provada a boa-fé e o justo título, isso, no entanto, deve ser contínuo. Se havia um único possuidor de má-fé, isso contamina os demais. Independentemente do título de posse, elas devem ser pacíficas e contínuas. Tepedino: “Neste caso, com o mecanismo da acessão ou soma das posses, permite-se que a posse de titulares diversos seja considerada única para efeitos da Usucapião.” Mas há algumas restrições quanto à soma, principalmente quando estamos no campo da Usucapião de Prazo Reduzido já que isso poderia gerar especulação imobiliária, Rosenvald defende isso. Enunciado 317 não haveria Acessio Possessionis para completar os cinco anos de posse nessas modalidades constitucionais dos artigos 1239 e 1240, CC. 5 anos: posse pessoal e a admitir a acessão de posse nesse período curto de 5 anos sacrificaria as entidades familiares e levaria à prática comercial de especulação de posse para fins de Usucapião. Como o prazo é muito curto, não se pode falar em soma dos prazos. Mas é diferente na Sucessio Possessionis, nesta pode, para efeitos hereditários é claro que é possível somar as posses, o que não pode é entre vivos.
	Estatuto das Cidades: pequena nuance em relação ao CC. Artigo 9, §3º, Estatuto: o herdeiro legítimo continua a posse do seu antecessor, mas haverá o requisito de que ele já deveria residir no imóvel no momento do falecimento, da abertura da sucessão (crítica: muito restritivo em um Diploma como o Estatuto das Cidades que é muito generoso). Mesmo que ele seja herdeiro, deveria estar morando lá? E o direito à herança (legítima, artigo 5º, XXX, CF – direito fundamenta) que é garantido na CF? Para somar as posses deveríamos estar lá? É claramente inconstitucional.
	Artigo 1244, CC: soma das posses. Todas as causas que obstavam, suspendem ou interrompem a prescrição aqui se aplicam. A usucapião é uma forma de prescrição aquisitiva. Artigo 198, CC: causas obstativas e também suspensivas. Quando se interrompe, “zera” a prescrição, quando se suspende, abre-se um parênteses e volta a ocorrer do mesmo ponto. Causa obstativa: mesmas causas que suspenderiam, mas impedem que o prazo comece a correr (duas pessoas casadas: nem começa a correr a prescrição).
1) NCPC e a Usucapião
	Artigo 243, §3º, CPC/15: confinantes citados pessoalmente. Havia três correntes na Jurisprudência sobre usucapião de apartamento:
• Todos os ocupantes do edifício deveriam ser citados;
• Não precisaria citar os confinantes porque não haveria questão demarcatória, bastaria citar o síndico;
• Corrente Adotada pelo MPE/RJ: Usucapião de apartamento fica dispensada a citação dos confinantes. É uma visão simplificada. “Toda cautela é pouca.” “Há muita fraude com a Usucapião.” 
	Guilherme citou um caso de Usucapião de um terreno quando na verdade era somente de uma casa que nele havia, sendo que era um total de 4 casas. Os outros entraram com uma Ação Rescisória (Bia: Ação Demarcatória ou ainda os 4 deveriam ingressar juntos na Via Judicial, como litisconsortes).
a) Usucapião Extrajudicial
	Mesmos prazos do CC, o que muda é a forma da apresentação que agora depende de uma Ata Notarial, inclusive um provimento da Corregedoria que diz como deverá ser essa Ata Notarial (Provimento 26/2016).
	Artigo 1071, NCPC, requisitos para que ocorra a Ação: 
• Essa Ata Notarial atesta o tempo de posse;
• Há a necessidade de uma planta que deverá ser assinada por profissional habilitado (arquiteto ou engenheiro registrados no CREA), pelos confinantes também, como uma forma de simplificar a citação. Guilherme diz que isso é bom, mas tem receio das fraudes e dos conflitos. Ao invés dos confinantes serem citados, eles deverão assinar a planta, o que pode ser difícil pois há casos em que os vizinhos nem se falam;
• Certidões de vários cartórios. 5º e 6º para verificar se existe algum outro imóvel registrado, o que impediria a Usucapião Constitucional. 9º: ver se há execução nas Fazendas ;
• Justo Título que demonstrem a natureza, termo de prazo, etc;
• Se algum interessado não assinar a planta, ele será intimado (com AR) para se manifestar em 15 dias e se não se manifestar, o silêncio será dado como revelia;
	Guilherme comparou a “desjudicialização” da Usucapião com o que foi feito no divórcio, inventário. Disse que isso é bom e apenas em casos de conflito, voltará para o judiciário.
	Se há a dúvida prevista no artigo 1071, §7º, NCPC, poderá se suscitar o posicionamento do Juiz da Vara de Registros Públicos. 
	Guilherme diz que na Usucapião Extrajudicial é certo que o MP não atuará mais. Na Usucapião Judicial, o NCPC não prevê, mas Guilherme acredita que por se tratar de um direito indisponível e por conta do interesse público, continuará a haver intervenção do MP. Artigo 178, I, NCPC: interpretação sistemática para que o MP atue. 
	O professor disse ainda que alguns promotores só atuam em causas que não tem registro. Quando o imóvel não é registrado, eles atuam, quando o primeiro registro dar-se-á com aquela sentença, eles atuam. Ele diz que atua em todos.
1) Usucapião Especial Urbana
	Ver Estatuto das Cidades. Essa modalidade praticamente reproduz o artigo 1240, CC e o artigo 183, CF. Artigo 9, Estatuto das Cidades.
	Artigo 10, Estatuto das Cidades: Usucapião Coletiva. Houve na doutrina quem criticasse dizendo que era inconstitucional porque iria além do teto constitucional de 250 m². Guilherme diz entender que não seria inconstitucional e que alguns casos foram ajuizadas com sucesso, mas o grande inconveniente seria o Condomínio Necessário que é criado pela lei. Há uma situação de invisibilidade, o que é de difícil solução, tudo fica em nome de todos. Conciliou-se, entendendo que a área pode ser até superior a 250 m², mas para cada possuidor ou família, haveria um limite de 250 m². Guilherme conta que na década de 1990, Dallari já defendia a Usucapião Coletiva com base na Composse, a ideia é socialmente muito boa, mas há o entrave do condomínio. Outro problema que existe é o fato de nem todos possuírem todos os requisitos exigidos. No artigo 10, §3º fica claro o estabelecimento de frações ideais para todos, a não ser que haja um acordo.
	Condomínio Especial só é passível de extinção, se houver o consentimento de 2/3 dos condôminos e se houver urbanização (abertura de ruas, praças), há o pressuposto de que a urbanização valoriza o condomínio. 
	Artigo 11, Lei 10.251/01: suspende-se qualquer ação.
	Artigo 12, Lei 10.251/01: na ação de Usucapião Especial Urbana é obrigatória a intervenção do MP. 
	Artigo 14, Lei 10.251/01: rito sumário.
2) Usucapião Familiar
	Artigo 1240-A. Acrescentado pela Lei do Minha Casa, Minha Vida (Lei 11.977/99) com alterações da Lei 11.424/2011.
	Essa Usucapião tem um prazo de somente dois anos. Há o pressuposto de que havia um casal morando no imóvel, um deles deixa o imóvel e o outro fica lá, o imóvel que tinha um condomínio, o cônjuge que abandona o lar pode sofrer Usucapião do outro, isso ocorreráem 2 anos.
	Essa usucapião visa a proteção do cônjuge que foi abandonado, que está lá sustentando a moradia e fica no imóvel, por esse motivo ele adquire por Usucapião e até se altera o regime de bens, como é possível perceber.
	Enunciados 498, 499 (critério para interpretar o que é abandono do lar) e 500 (esse enunciado vale mais por conta do Estatuto da Família, movimento da bancada evangélica contra a família homoafetiva).
	Pergunta Thamires (interessante): “o imóvel tem que estar registrado anteriormente? Não pode ser um caso em que os dois moravam há cinco anos, não pode ser uma posse? ” Não, porque aí a pessoa que ficou irá usucapir tudo, aqui na Usucapião Familiar a ideia é que um dos cônjuges já tinha parte do domínio e a outra parte vai usucapir tudo. Eu já era proprietário de 50% e vou usucapir os outros 50%. Se for posse, posso até usucapir tudo, mas será pelas outras modalidades de usucapião.
3) Usucapião Indígena
	Prevista no artigo 33, Lei 6.001/73. É de rara aplicação prática.
	STJ: se tivermos um imóvel com reserva legal, o Tribunal entendeu que o registro da sentença de Usucapião está condicionado à averbação da reserva ambiental que é a área que deve ter sua vegetação nativa preservada. Se tivermos um imóvel com essa restrição da reserva legal, é requisito que antes de registrar a sentença de Usucapião, averbemos no RGI essa reserva legal porque essa averbação será condição para o registro de qualquer ato de desmembramento, transmissão, etc. Mesmo sendo a Usucapião de imóvel sem matrícula há uma regra “in dubio pro natura”, há uma proteção do Direito Fundamental do Meio Ambiente, por isso, existe a exceção.
Aula 14 - 03/06/2016 - sexta-feira
	Vamos falar das outras formas de aquisição da Propriedade.
3. Acessão 
	Forma de incorporação da propriedade imóvel que resulta de processo de incorporação de determinado bem ao solo. Exige o concurso de dois requisitos:
A conjugação de duas coisas que estavam, até então, separadas;
O caráter acessório de uma dessas coisas, em confronto com a outra. Há a ideia de que o acessório segue o principal (Princípio da Gravitação Jurídica).
	Tudo que estende o direito do proprietário, tudo que ao bem se incorpora inseparavelmente, significa um aumento na coisa objeto de domínio. Segundo Caio Mário, dependendo do caso, pode ser uma forma de aquisição originária ou derivada. O problema ocorre quando tivermos um acréscimo de uma coisa pertencente a outro proprietário, há a necessidade de fazer a distinção entre o bem principal e o acessório, sendo que tal distinção não é feita sempre pelo critério econômico, nem sempre o valor econômico prepondera, é possível que uma construção seja mais valiosa que o solo, mas este é que prevalece. 
	Existem algumas acessões dispostas no CC como formação de ilhas, aluvião, avulsão, abandono de álveo.
 Acessão de Móvel a Imóvel
	Ocorre nas plantações e construções em terreno alheio.
a.1. Acessão de Imóvel a Móvel
	Ocorre apenas nas atividades fluviais, que ocorrem nas quatro possibilidades que veremos abaixo: 
a.2. Acessão com Formação de Ilhas - Ver caderno - artigo 1249, CC
	Imagine que se forma uma ilha no meio do rio, sendo que em cada margem há proprietários diversos. O que informa o que será de cada um deles é uma linha imaginária que divide o rio ao meio, determinando a porção correspondente de cada um.
	O que informa a aquisição das ilhas é a situação em relação às margens e a linha mediana do rio (linha imaginária).
	As ilhas aqui formadas são em territórios de particulares, não navegáveis já que, as ilhas formadas em rios navegáveis são de propriedade da União.
c. Aluvião - artigo 1250, CC
	É o aumento lento, gradual e imperceptível de terras ao longo das margens de correntes ou pelo desvio de suas águas. Decorre de atividade fluvial, como o fenômeno do assoreamento.
	Há um aumento do terreno pelos sedimentos trazidos por um rio, decorre da natureza. O depósito tem que ser natural, não pode ser artificial, feito pelo homem (aterramento). O aluvião pertencerá a quem foi acrescido, sem indenização. É o caso de depósito e aterros naturais.
	José Carlos Moreira Alves: decorre da ação paulatina da natureza pela qual as águas de um rio sem que se perceba vão se depositando no imóvel situado nas suas margens a partir de terra retirada de outros imóveis por onde passa o rio. 
	É um acréscimo imperceptível, é o contrário da avulsão. É um fenômeno natural, que por se dar de uma forma imperceptível não possui indenização justamente por não haver nexo de causalidade.
d. Avulsão - artigo 1251, CC
	É o aumento decorrente de uma força natural violenta, a qual permite que uma porção de terra se destaque de um prédio e se junte a outro. Imagine uma corrente volumosa que pela força súbita vai arrancar a parte de um imóvel volumosa e reconhecível (ao contrário do aluvião), que vai parar em outro. Não pode decorrer da atividade humana, sob pena de esbulho. A lei prevê uma Obrigação Facultativa (obrigação com faculdade de substituição, ela é de diferente da Obrigação Alternativa), ou seja, o dono da pessoa que recebeu a terra tem que indenizar, ou terá que fazer uma remoção, ele deve a indenização mas, não podendo esta ser feita, será feita a remoção. A primeira opção é a indenização, ou ainda, ele pode concordar com a remoção da terra para que ela volte de onde veio. Prazo decadencial de 1 ano. 
	Estamos no campo da Responsabilidade Objetiva por ato lícito, oriunda de um fato da natureza. 
	Thamires perguntou: já que causa prejuízo por que haveria a possibilidade de indenização? Guilherme diz que a remoção será paga pelo proprietário original. Esse dispositivo tem que ser interpretado de forma ampla, porque pode ser que aquele que recebeu a terra seja prejudicado, poderíamos pensar em uma compensação de danos, desta forma.
	Silvio Venosa diz que sendo a aluvião a causa de um prejuízo, não haveria indenização. Esse dever de indenizar decorre de um dispositivo legal, apenas.
	Guilherme: normas desatualizadas, caberia novas interpretações juntamente com o Direito Ambiental.
e. Álveo Abandonado - artigo 1252, CC
	Álveo abandonado é o leito do rio que secou, é aquela superfície que as águas cobriam mas, deixam de abranger porque as águas abriram novo curso, não há direito de indenização. Pressupõe-se que estamos falando de rios particulares, atravessando somente terrenos particulares.
	Neste caso, o leito exposto passa a pertencer aos proprietários ribeirinhos das duas margens, na proporção das margens, até a linha mediana do rio.
f. Construções e Plantações - Acessões Industriais ou Artificiais - artigo 1253, CC
	Decorrem da conduta humana. 
	Regra que é aplicada: vem do direito romano: Superficie solo cedit. A superfície cede ao solo, tudo que é construído pertencerá, normalmente, ao proprietário do solo. Toda construção presume-se feita pelo proprietário, até que se prove o contrário (presunção relativa).
	Exceções: Direito Real de Superfície (artigo 1369), direito real autônomo, ele implica em uma propriedade distinta da do solo, uma coisa é o titular do Direito Real sobre a Acessão Artificial Construída.
	Artigo 1254, CC: veremos o domínio da coisa principal. Plantação ou construção em terreno próprio com sementes ou materiais alheios: proprietário do terreno adquire a construção/plantação, mas fica obrigado a pagar o valor da coisa utilizada, estando de má-fé, paga-se ainda Perdas e Danos. Princípio da Gravitação Jurídica: o acessório segue o principal. Má-fé aqui é critério subjetivo.
	O terceiro que diz ser proprietário das sementes, plantas ou materiais deve provar que são deles, o valor da indenização será no momento da apropriação (comparei com o que foi estudado para a P1, não deveria ser o valor acima, caso houve valorização?, Guilherme disse que naquele caso havia previsão, aqui não).
	Artigo 1255, CC: Construção em terreno alheio, a pessoa que construiu vai perder seu bem, mas terá direito a indenização. Artigo 1255, parágrafo único, CC: o que era acessório, nestecaso torna-se principal, a obra prevalecerá, vamos homenagear a Função Social da Propriedade, Orlando Gomes diz que esse caso é uma expropriação privada. Caio Mário: há uma inversão, quem plantou ou edificou garante a propriedade do terreno.
	Artigo 1256, CC: A má-fé de ambos é tratada como boa-fé, pois nenhum deles terá motivo de queixa contra o outro, segundo Bevilacqua. Tepedino: ambas as partes têm ciência do vício possessório e segundo Caio Mário, a má-fé do dono do terreno neutraliza a má-fé do proprietário das sementes, plantas e construções. Como seria essa má-fé? Está no artigo 1256, parágrafo único, CC, foi feita na presença do proprietário e ele não reclamou. Mas se o proprietário manifesta que não está de acordo, esta regra não se aplica. 
	Parágrafo Único, artigo 1257, CC: prevê três relações, a pessoa que planta em terreno não-próprio usando sementes alheias. Entre o proprietário do solo, o construtor e o plantador: proprietário adquire a propriedade, mas deve indenizar. Mas a obrigação direta de indenizar o dono do material é do plantador ou construtor, a responsabilidade do dono do terreno é subsidiária. 
	Artigo 1258, CC: construção que invade o terreno alheio, critério do 1/20. Eu que construí terei direito à indenização? Se há boa-fé, adquire-se a propriedade do terreno desde que a construção seja de até 1/20 do terreno invadido e aquela é mais valorizada que esta (pensando na quota-parte), contudo, haverá indenização que será o valor da área perdida mais o valor da área desvalorizada remanescente. 
	Artigo 1258, parágrafo único, CC: adquire a propriedade também, se for respeitado esse limite de 1/20, mas há outros requisitos para o invasor de má-fé como pagar o décuplo das perdas e danos, além do fato da demolição prejudicar o imóvel invadido (há uma prioridade para a demolição). A lei é mais rígida com o invasor de má-fé (Grave prejuízo, noção mais ampla. Tepedino: segundo o autor, a noção de grave risco não se restringe apenas ao risco de comprometimento físico do prédio, mas se refere também a sua expressão econômico social, ou seja, preservar a obra do invasor é um mal menor do que seria a sua demolição com prejuízo para o número considerável de pessoas).
	Artigo 1259, CC: mas e se a invasão for superior a 1/20 do imóvel? Estando de boa-fé pode sim adquirir a parte invadida, mediante perdas e danos que abranjam o valor que a invasão acrescer e a desvalorização da área remanescente, as perdas e danos serão maiores do que no artigo anterior porque aqui ela é orientada tanto pela área perdida quando ao acréscimo obtido pelo invasor. De má-fé não poderá em caso nenhum adquirir aquele extra, ainda terá que demolir e pagar perdas e danos em dobro.
Aula 15 - 10/06/2016 - sexta-feira
Aquisição da Propriedade Móvel 
	Também pode ser Originária (ocupação) ou Derivada (tradição).
Usucapião
	Prevista nos artigos 1260 até 1262, CC. Tudo dito na Usucapião para propriedade imóvel vale aqui.
	Artigo 1260, CC: Ordinária, prazo de 3 anos, exige justo-título e boa-fé.
	Artigo 1261, CC: Extraordinária, independente de justo título e boa-fé, 5 anos.
Ocupação
	Artigo 1263, CC. Pressupõe uma coisa sem dono ou abandonada. Essa ocupação não pode ser defesa em lei.
	Pressupõe a res nullius ou a res derelicta. 
	A ocupação é a tomada de posse de coisa sem dono com a intenção de lhe adquirir o domínio. Res Nullius: caça e pesca, pegar uma concha no mar, rocha abandonada. Res Derelicta: coisa abandonada.
	A própria valorização dos bens móveis e o crescimento da população tornaram mais difícil essa forma de aquisição da propriedade.
Achado de Coisa Perdida e Achado de Tesouro
	Instituto da Invenção e Descoberta.
	Artigo 1233, CC.
	Achado de coisa perdida: não pressupõe a perda da propriedade. O inventor é aquele que encontra a coisa perdida e que tem a obrigação de restitui-la. O inventor tem direito à recompensa (achádego). 
	Artigo 1234, CC: referência à indenização, mesmo sendo um agente garantidor tem direito à recompensa que não pode ser inferior a 5% do valor, além dos gastos com transporte se o dono não preferir abandonar a coisa. 
	Inventor: detentor longa manus. 
	Artigo 1235, CC: responde pelos prejuízos causados à coisa quando agiu com dolo.
	Inventor: expede edital para publicar a coisa.
	Não aparecendo ninguém: será colocado o bem em hasta pública e deduzidas as despesas e à recompensa do inventor, o remanescente ficará para o Estado.
	Tesouro: coisa de valor encontrado, mas não se sabe quem é o dono, se divide entre o dono do terreno e aquele que o achou se isso ocorreu de forma casual. Se foi algo programado, será do dono do terreno. É o depósito antigo de coisas preciosas, enterrado ou oculto, cujo dono não se há memória.
	Requisitos do tesouro - estamos falando de terrenos particulares: 
Deve ser um depósito de coisas móveis de certo valor decorrendo de ato humano, não podendo ser o caso de acidente ou fenômeno natural como em um rio um depósito aluvional de pedras trazidas pela erosão. Deve existir um ato de mão humana, voluntário;
A coisa encontrada deve estar enterrada ou oculta;
Titularidade: ancianidade, deve ser tão antigo que não exista notícia da sua origem, posse ou propriedade. 
	No CP, artigo 169, inciso I, CP: Apropriação Indébita. Apropriação indevida da quota do tesouro achado em determinado prédio.
	Artigo 1266, CC: terreno enfiteuse, achado um tesouro no terreno pelo enfiteuta tudo será dele.
	Artigo 1265, CC: o tesouro pertencerá por inteiro se for achado por ele ou se foi achado por alguém que não tinha autorização. Achado por condômino: terá direito a sua quota-parte. 
Tradição
	Tudo que foi dito (Ficta, real, Constituto possessório) vale aqui também. Transformamos a declaração translatícia em Direito Real.
	É uma forma de aquisição derivada da propriedade. 
	Artigo 1268, CC: Teoria da Aparência, o direito resguarda os terceiros de boa-fé.
	Tradição feita por quem não é dono: não tem efeitos, exceto se for transferida em uma hipótese em que o adquirente esteja de boa-fé o alienante pareça ser o dono.
	Artigo 1268, parágrafo primeiro, CC: adquirente e alienante estão de boa-fé, é como se desde o início aquela tradição estivesse realizada.
	
Especificação - artigo 1269, CC
	Coureiro, artífice, é fundamental que haja o trabalho humano e uma espécie nova. Há a transformação definitiva da matéria-prima em espécie nova, mediante o trabalho ou indústria do especificador não sendo possível retornar à espécie anterior.
	Coisa nova: é aquela substancialmente diferente daquela que existia antes. 
	Relevância jurídica: surge do fato de a matéria-prima ser alheia no todo ou em parte, sendo que a especificação decorre necessariamente do trabalho humano e não será considerada a transformação meramente acidental ou que se ligue a forma antiga (uma simples encadernação, pelo fato de alguém encadernar já adquire esse bem alheio? Claro que não).
	Artigo 1270, CC: prevê a hipótese de ser toda a matéria-prima alheia. Matéria-prima toda alheia e é impossível voltar ao que era antes, estando o especificador de boa-fé será dele. 
	Artigo 1270, parágrafo primeiro, CC: se a redução é praticável voltará para o dono da matéria-prima a propriedade. Se impraticável: volta para o dono da matéria-prima, por conta da má-fé prevista neste dispositivo. Mas, de acordo com o parágrafo segundo, se o valor do trabalho ultrapassar muito o da matéria-prima será do especificador, o que era acessório passa a ser principal por conta do trabalho humano.
	Artigo 1271, CC: quem perde a propriedade da matéria-prima terá direito à indenização, com exceção do especificador de má-fé. 
Confusão, Comistão e Adjunção
	Espécie de mistura ou amálgama. Em regra, é voluntária ou fortuita de matérias pertencentes a diferentes proprietários.
	Qual seria a diferença entre elas? Confusão é uma mistura entre líquidos; mistura entre coisas secas é um Comistão ou mistura; a adjunção é a justaposição de uma coisa à outra sendo elas impossíveis de serem destacadas. 
	Nessescasos há um condomínio, a coisa é considerada comum.
	Artigo 1272, parágrafo primeiro, CC: se for possível separar, será de cada um o que é seu, não podendo, haverá um condomínio cada um tendo sua quota-parte. Quando uma das coisas é considerada principal em relação à outra, neste caso o bem pertence ao dono do principal que indenizará pelo acessório (minerais preciosos agarradas numa rocha), critério para saber se uma coisa é considerada principal é o seu valor, mas se esse critério falhar, prevalecerá a que tem maior volume.
	Regra geral: condomínio entre particulares.
	Confusão: gasolina aditivada, mistura de vinho. Comistão: solda de peças de um carro.
	Artigo 1273, CC: mistura de má-fé, há uma opção para a parte de boa-fé entre ficar com a coisa mediante o abatimento do preço ou pode rejeitar o bem mediante ação redibitória.
Direitos de Vizinhança
	O Direito de Vizinhança é um complexo de regras que visa regular e evitar conflitos entre os proprietários de prédios contíguos. São regras intimamente relacionadas com a Função Social da Propriedade pois, estabelecem parâmetros de coexistência social pacíficas, inspiradas na lealdade e boa-fé. Os direitos de vizinhança são obrigações Propter Rem, porque vinculam o confinante, acompanhando a coisa (Ambulatoriedade).
	A noção de propriedade é essencialmente relativa porque o dono pode exercer os poderes do domínio desde que observe o direito da coletividade. Há limitações necessárias ao convívio social, temos muito a ideia da harmonia social, de conciliação dos interesses.	
	Silvio Rodrigues, conceito de Direito de Vizinhança: regras que ordenam não apenas a abstenção na prática de certos atos, como em outros casos a sujeição do proprietário a sua esfera dominial. São relações que ocorrem na lei, independentemente do contrato ou do Registro do Imóvel.
	Artigo 1277, CC: proíbe o mal uso da propriedade.
	Em alguns casos há uma sujeição (artigo 1288, CC), em outros há uma abstenção.
	Estudos no impacto da vizinhança: objetivo de evitar que uma obra prejudique a qualidade de vida do seu entorno tendo em vista fatores como ventilação, trânsito, demanda por transporte público e valorização imobiliária. É muito necessário uma conciliação entre os interesses envolvidos.
	Trinômio: sossego, saúde e segurança. Princípio Dominante: Conciliação de Interesses.
	Principal obra de Direito de Vizinhança: San Thiago Dantas.
	O conflito de vizinhança é um conflito de fato, segundo San Thiago Dantas, pois ocorre justamente entre prédios cujos proprietários não estão ligados naquela matéria em conflito por nenhuma relação jurídica. 
	Há limitações ao Direito de Propriedade que tem base no Direito Público, mas há as de Direito Privado que visam conciliar o direito do proprietário com outros particulares.
	Qual a diferença entre Direito de Vizinhança e Servidão? Essa confusão começa com o Código Napoleônico que chama Direito de Vizinhança de Servidões Legais, mas há uma diferença na Alemanha. O Direito de Vizinhança fala em restrições recíprocas, afetando igualmente todos os vizinhos não havendo um prédio dominante e outro serviente como na servidão, há uma ideia de coexistência de direitos, é uma relação bilateral, há conciliação de interesses. Na Servidão existe uma deliberada desigualdade entre os prédios:	Comment by Patrícia Abreu: 	Comment by Patrícia Abreu: 
Direito de Vizinhança: tem como fonte a lei, enquanto que a servidão decorre da vontade das partes e excepcionalmente da Usucapião;
Direito de Vizinhança: reciprocidade entre vizinhos, ocorre em favor de ambos. Servidão: direito real sobre propriedade alheia;
Servidão: só se transmite por ato entre vivos após o registro. Direito de Vizinhança: dispensa o registro.
	Critério do uso normal: padrão ou critério de avaliação da conduta do vizinho. Se for um incômodo normal, a solução é mandar tolerar, mas se for um incômodo excessivo mandar cessar. Mas, em certos casos, esse incômodo poderá até mesmo acarretar uma indenização. 
	Artigo 1277, CC: trinômio sossego, saúde e segurança. O critério da tolerância varia de local para local. Como será feito para verificar o uso normal?
Incômodo Normal: tolerância;
Incômodo Excessivo: mandar cessar;
Ponderação de Interesses: entre o imóvel prejudicado e o interesse público. Às vezes, o interferente pode ter que pagar uma indenização ao interferido.
Aula 16 - 17/06/2016 - quarta-feira
	Direito de Vizinhança decorre da lei, Servidão decorre da vontade das partes.
	San Thiago Dantas cria certos padrões, standarts, critérios de avaliações da seguinte forma, há três possíveis formas:
Se o incômodo for normal: vamos mandar tolerar;
Se o incômodo for excessivo: vamos mandar cessar, mas havendo uma ponderação de interesses entre a função social do imóvel prejudicado e o interesse público. Em certos casos, o interferente pode ter que pagar uma indenização;
	Presença de Animais em apartamentos: sempre foi um tema polêmico. Artigo 1277, CC. Há muitos condomínios que proíbem animais em apartamentos e as pessoas os têm mesmo sem essa permissão. Jurisprudência permite ter esses animais desde que eles sejam compatíveis com aquela habitação (fezes, tamanho, deve ser proporcional ao imóvel habitado). Tribunal do Rio: admitiu o animal de pequeno porte desde que ele não incomode, de um lado a convenção do condomínio proibia, mas se o cão só incomoda levemente e não causa prejuízo à saúde ou ao sossego, ele deve ser permitido. O Direito de Propriedade não pode ser manipulado por questões de condomínio.
	Artigo 1277, CC: trinômio saúde, segurança e sossego.
	Artigo 1277, parágrafo único, CC: critérios para determinação do uso anormal. 
	Claro que um ato lícito pode atingir os Direitos de Vizinhança, que são reconhecidos, em sua maioria. Se há interesse público: costuma-se tolerar. Ato abusivo não se enquadra nos Direitos de Vizinhança, como no artigo 187, CC.
	Possuidor, detentor são partes legítimas, são considerados vizinhos e podem impedir o uso anormal.
	Vizinhança é mais do que ser confinante. Caio Mário: a acepção jurídica do termo vizinhança é mais ampla do que na linguagem comum, pois, não revela apenas a aproximação dos prédios, mas se prende a ideia de propagação dos fatos ocorridos em prédios próximos ou que com estes tenham relações jurídicas. 
	Show na Praia: larga extensão do barulho. Vizinhança vai até onde o ato praticado em prédio possa alcançar o outro. Para que haja conflito de vizinhança, deve haver interferência do imóvel vizinho.
	Se o prejuízo já ocorreu, a solução é apenas a indenização. Se não houve prejuízo: cabe um remédio processual visando obrigação de fazer ou não fazer.
	Hoje: responsabilidade civil da vizinhança é caso de Responsabilidade Objetiva, independente de culpa. 
	Segundo Orlando Gomes, o conceito de uso nocivo da propriedade determina-se relativamente, mas não se condiciona a intenção do ato praticado pelo proprietário, ou seja, pode haver mal uso da propriedade, mas pode não existir a intenção de prejudicar.
Segurança pessoal e de bens: atos que podem comprometer a estabilidade do prédio, Incolumidade dos habitantes (escavações muito profundas, explosivos ou inflamáveis, tramitações excessivas, árvores que ameaçam cair);
Sossego: barulho exagerado que perturba moradores, discoteca, danceteria, passagem de caminhão, horários que devem ser cumpridos (respeito à lei do silêncio: entre 06:00 e 22:00);
Saúde: radiação, gases tóxicos, poluição das águas e do ar, antenas de telefonia (Guilherme diz que elas são cancerígenas, causam impactos à saúde humana).
	Igreja e sino: proibido. Apiário em zona urbana: proibido.
	TJ/RS: uso nocivo da propriedade ter animal Silvestre em zona urbana.
	TJ/RJ: clínica veterinária que teve que fazer isolamento acústico.
	Temos que saber se o Direito de Vizinhança é gratuito ou oneroso: classificação de Orlando Gomes. Serão gratuitos ou onerosos, conforme resultem ou não do pagamento de indenização ou outras formas de compensação pelo causador da interferência.
	Se há um limiteimposto que resulta da coexistência de mais de uma propriedade: quando o limite imposto à propriedade vizinha resulta da necessária coexistência de mais de uma propriedade é gratuito se prescinde de contra-prestação, cabendo apenas indenização se o exercício do Direito, acarreta em prejuízo ao prédio vizinho. Então, teremos que combinar dois critérios: normalidade e interesse público, segundo San Thiago Dantas. 
	Se temos uma vizinhança comum e uma vizinhança industrial, a aplicação deste direito dar-se-á de forma diferenciada, deve-se levar em conta o critério do admissível e do normal, se a vizinhança é industrial, prevalecerá o interesse público e mesmo que nociva e anormal, a atividade deve ser preservada pelo interesse público (artigo 1278, CC - exceção ao artigo 1277, CC este não prevalecerá se as intervenções forem justificadas pelo interesse público).
	Artigo 1313, CC: Direito de Penetração. Um gato, uma bola cai em outra propriedade, obra que invade outra, terei o direito de "invadir" essa propriedade desde que haja aviso prévio. Este artigo está no capítulo do Direito de Construir. Mas, depois de retirados os pertences, o vizinho não poderá mais entrar e se o exercício desse direito causar dano, caberá indenização, Responsabilidade Objetiva, deve-se voltar ao status anterior.
	Critérios para resolução de conflitos de vizinhança e para aferir uso anormal:
Localização: saber se é comercial ou residencial;
Grau de tolerabilidade dos moradores;
Interesse Público:
Pré-ocupação: critério criado por autor francês, o fato de termos uma atividade que se instalou em primeiro lugar, deve haver uma tolerância com relação a ela? Indústria que se instalou em lugar ermo, deve haver tolerância a ela. Silvio Rodrigues: a pessoa que ocupa primeiramente certo lugar fixa de certo modo a destinação e todos os que se instalarem mais tarde nessa mesma vizinhança, cientes dos inconvenientes que as ameaçariam, nada poderão reclamar. Guilherme disse que esse, jamais poderia ser o único critério. San Thiago Dantas: não há como fazer da anterioridade um título fundado no qual o proprietário impõe aos ocupantes posteriores a sua atividade prejudicial. Caio Mário conclui que a anterioridade da ocupação não paralisa toda a propriedade nova, sujeitando o que chega depois a se conformar com o status quo anterior. Este é só um critério, dentre outros. Mas mesmo em casos assim, há o mínimo de respeito que deve ser adotado (caso dos prédios em Copacabana que pode ter um prostítulos, o mínimo deve ser evitado aos moradores);
Relatividade do uso anormal, artigos 1277 e 1278, CC: se houver interesse público, a atividade pode prevalecer mediante indenização (Direito de Vizinhança oneroso). Caio Mário, artigo 1278, CC: ocorre a regra da relatividade na repressão do uso anormal, de modo que em razão da sua relevância social, certas atividades não podem ser paralisadas pois, o direito do particular ao sossego não é absoluto e pode colidir com direitos de igual estatura. CSN: mesmo ela poluindo, não podemos restringir essa atividade, mas o vizinho pode exigir uma diminuição da interferência, se a tecnologia evolui e há um filtro melhor, os vizinhos podem exigi-lo.
	A natureza jurídica do Direito de Vizinhança é Obrigação Propter Rem, vincula-se ao prédio, independentemente de quem seja possuidor ou proprietário. Assume-os quem está na posse do imóvel, a principal característica é a determinação indireta dos sujeitos.
	Artigo 1280, CC: tratamos de Dano Infecto. 
	Artigo 1281, CC: artigo 1313, CC quando alguém tem o direito de penetração no imóvel do outro, poderei também exigir qualquer garantia contra prejuízo eventual.
	
Seção II - Árvores Limítrofes - Ver Desenhos no Caderno
	Há três possíveis situações.
	O fato de plantar árvores pode ser considerado como uso abusivo da propriedade.
	Se plantamos uma árvore de grande porte se há uma lavoura no imóvel vizinho, por exemplo, essa árvore pode gerar um menor rendimento dessa lavoura porque retira nutrientes do solo e porque faz sombra.
	São três situações:
Árvore Meia, artigo 1282, CC: cada proprietário, cada vizinho vai ter metade da árvore, há uma presunção relativa de condomínio. Se houver despesa ou lucro, deverá ser rateado entre os condôminos. Podem ser árvores plantadas ou as que nascem espontaneamente. Só podem ser derrubadas de comum acordo;
Árvore que fica somente de um lado, artigo 1284, CC: os frutos caídos da árvore do terreno vizinho pertencem a propriedade de quem eles caírem. Se o fruto cai no imóvel do vizinho (ele não pode provocar a queda do fruto), há uma exceção à regra do acessório que segue o principal, é uma espécie de autotutela (fruto que cai suja, atrai insetos, causa prejuízos);
Ramo ou raiz que ultrapassa linha divisória - artigo 1283, CC: pode ser cortado até o plano vertical divisório invadido, basta ele provar que a árvore ramificou nos limites do prédio. O dono da árvore não tem direito a nenhuma indenização, é um direito imprescritível, inclusive, qualquer possuidor poderá exercer esse direito.
	Conflito: moradores do alto Leblon em que um afetou, com o plantio de árvores, a vista que outros tinham para a Lagoa, haveria um conflito de vizinhança e aquele plantio de árvores ofenderia o direito do vizinho. A preservação da vista deveria ser garantida e as árvores foram derrubadas.
Seção III - Passagem Forcada
	Pode haver uma situação em que exista em um Imóvel Encravado, que é aquele sem acesso a via pública, é um prédio isolado da rua, de um porto, nascente. Hoje em dia é muito difícil.
	Haverá uma passagem fixada pelo juiz, fundamento da Solidariedade Social, o proprietário de um imóvel não pode ficar impedido de lhe dar utilização econômica por conta desse isolamento.
	Mas será que o Encravamento deve ser absoluto? Corrente mais tradicional: sim, ele não pode ter nenhuma saída para nascente, rua ou Porto. Corrente mais liberal: não precisa que não haja nenhuma saída, se houver uma que seja muito perigosa, deficiente (que dá para uma comunidade ou para um rio violento) já caberia a incidência da Passagem Forçada.
	Conflito entre dois vizinhos por encravamento de um imóvel, solucionado por acesso à alternativa do acesso ao imóvel. Muro não foi demolido, colocou-se um portão e a chave foi compartilhada entre os dois. 
	Diferença entre passagem forçada e servidão. Passagem forçada é uma forma de solução dos Direitos de Vizinhança, Servidão costuma decorrer de um negócio jurídico.
	VER DESENHOS NO CADERNO - artigo 1285, CC.
	Artigo 1285, parágrafo segundo, CC: uma das casas é obrigada a dar passagem para outra.
	Artigo 1285, parágrafo terceiro, CC: a casa 1 já deu a passagem para a casa 2. Se o imóvel 2 se desmembrar em 2, o dono da casa 1 não terá que dar duas passagens, mais o da casa 2 terá que dar uma passagem em seu terreno.
	A passagem Forçada pode se extinguir quando desaparece a finalidade, se ocorre um desmembramento de vias públicas, ela tem a natureza de direito potestativo, é um poder de alterar o direito de outrem, independentemente da vontade deste.
Aula 17 - 22/06/2016 - quarta-feira
Seção IV - Da Passagem de Cabos e Tubulações 
	A matéria de Direito de Vizinhança que foi introduzida nos artigos 1286 e 1287, CC, ensina Caio Mário que a situação, a mesma que vimos na Passagem Forçada pode haver também nos condutos, cabos que de preferência são subterrâneos.
	Artigo 1286, CC fala em Serviços de Utilidade Pública. A lei fala em indenização, que vai atender a desvalorização que se deu.
	Artigo 1286, parágrafo único, CC: direito do proprietário de que a instalação seja feita de modo menos gravoso.
	Artigo 1287, CC: Caio Mário crítica esse artigo porque não deveria ser somente em casos de GRAVE RISCO, mas também em casos apenas de risco, até pelo Princípio da Precaução. 
	Seção V - Das Águas 
	O CC homenageou muito o Código de Águas (Decreto-Lei 24.643/34). A importância que se dá é até por conta da escassez da água, tendo em vista a má ação do homem.
	Qualquer visão sobre as águas deve-seguiar pela essencialidade, a água é um bem essencial. Além disso, há uma necessidade crescente de garantia das reservas hídricas naturais do país. Isso deve ser visto a luz do meio ambiente que tem muita proteção dada pela nossa CF.
	Águas reguladas no CC: águas particulares.
	Na CF há o artigo 20, II e VIII: águas que são bens da União.
	Artigo 26, I, CF: águas que são bens dos estados.
	Artigo 21, XIX, CF: competência da União para gerenciamento das águas.
	Tem vários diplomas legais que são importantes como a Lei 9433/97 que é a lei que institui a política nacional de recursos hídricos para disciplinar o uso das águas. Para resolver o litígio de águas compartilhadas, existe a ANA (Agência Nacional das Águas) criada pela Lei 9984/2000 e que faz parte do Ministério do Meio Ambiente.
	Pela lei 9433/97 a água é caracterizada como bem de domínio público, de recurso natural limitado e dotado de valor econômico cuja gestão visa garantir a multiplicidade do seu uso. Domínio público é diferente de bem público. Segundo Hely Lopes, domínio público se refere ao poder de soberania interno e alcança tanto os bens públicos, como também os bens particulares de interesse coletivo. Bens públicos designam uma relação especial do Estado sobre certos bens que estão a sua disposição para atender direta ou potencialmente à finalidades públicas. 
	Tudo que falaremos aqui dirá respeito ao Direito ao Meio Ambiente que integra a propriedade por conta de sua Função Social. 
	Artigo 1288, CC: estabelece uma regra que decorre da Lei da Gravidade, se refere, é claro, apenas às águas que decorrem de cima para baixo. Washington de Barros diz que esse dispositivo apenas sanciona a Lei da Gravidade, mas apenas estamos falando de águas que decorrem por força da natureza. Há uma obrigação do prédio superior de que não pode fazer uma barragem para impedir o fluxo natural da agua, pois, do contrário pode haver uma calamidade, como uma falta de escoamento. Água de piscina, fábrica, usina, levadas artificialmente, aplicaremos outro artigo. Se o prédio inferior experimenta algum tipo de prejuízo por força da água e não é possível imputar nenhuma culpa ao prédio superior, é caso fortuito e não há indenização.
	Ainda no artigo 1288, CC, Tepedino faz uma citação de Orlando Gomes que estabelece duas obrigações complementares:
Veda que o proprietário do imóvel inferior obste o fluxo das águas que fluem do imóvel superior, cabendo-lhe suporta-las;
Proíbe que o dono ou possuidor do prédio superior agrave a situação daquele que tolera as águas como quando reúne todas as águas num só curso, aumentando seu ímpeto. Há obrigações para ambos.
	Os proprietários têm que observar o curso natural do terreno, caso desejem fazer alguma obra.
	Artigo 1289, CC: águas deslocadas artificialmente. Neste caso, o dono do prédio inferior não é obrigado a suportar essas águas. O dono do prédio inferior pode exigir um desvio ou indenização. Mas, se ele tem um benefício, este será deduzido da indenização.
	Artigo 1290, CC: estabelece uma medida em relação às águas supérfluas, que sobrarem. O proprietário de uma nascente deve usar o que ele precisa, não podendo desviar o restante, o supérfluo dos imóveis inferiores. O objetivo aqui é destinar o melhor uso possível da água para os prédios inferiores. Além disso, o prédio superior não pode poluir a água, os inferiores tem que receber essa água limpa (artigo 1291, CC).
	Artigo 1291, CC: não pode poluir as águas indispensáveis para as primeiras necessidades da vida. Paulo Afonso Machado - primeira necessidade da vida: inclui a água para comer, para beber para higiene. 
	Artigo 1291, CC - Enunciado 244: interpretação ampla, conforme a CF, não é facultada a poluição de águas essenciais ou não às necessidades da vida. Poluição Legítima - Tepedino: "essa noção decorre da utilização associada às necessidades de consumo e deve ser determinada conforme a evolução legislativa e cultural da sociedade. Para o autor, por poluição autorizada de águas deve-se entender a interferência no manancial hídrico decorrente de uso regular e permitido dentro dos padrões de normalidade estabelecido pela legislação especial. Não se trata de um direito de poluir ou de sujar sem justificativa nenhuma, mas a norma não pode ser interpretada de modo a inviabilizar a utilidade econômica da água pelo proprietário, podendo haver interferências normais, por exemplo, dar o que beber aos seus animais, desde que esse uso seja compatível com a preservação do manancial."
	Artigo 1292, CC: direito de represamento. Direito de construir barragens, açudes, outras obras. Esse direito, é claro na pode causar danos, se invadir terreno alheio será devida indenização.
	Artigo 1293, CC: direito de construir canais através de prédios alheios. Esse direito de canalização do aqueduto deve ser exercido com a menor interferência possível em relação as propriedades alheias. É parecido com a Passagem de Cabos e Tubulações, não pode causar prejuízo à agricultura ou indústria, etc. A água recebida deve ser para as primeiras necessidades da vida.
	Enunciado 245, Jornada de Direito Civil. Imóvel sem acesso à água, o juiz pode fixar um caminho, havendo conflito vai para o Judiciário.
	Artigo 1293, parágrafo primeiro, CC: estabelece como serão os danos.
	Artigo 1293, parágrafo segundo, CC: há preferência da canalização subterrânea.
	Artigo 1293, parágrafo terceiro, CC.
	Artigo 1294, CC: direito de aqueduto nos artigos 1286 e 1287, CC.
	Artigo 1295, CC: possibilidade de edificação, os proprietários dos imóveis podem cercar e edificar sobre o aqueduto, desde que não haja prejuízo para sua segurança e conservação.
	Artigo 1296, CC: se tiver água sobrando, outros poderão canaliza-las mediante indenização. A ideia é sempre propiciar o melhor aproveitamento possível das águas. Se há um aqueduto passando, haverá uma preferência para os proprietários do imóveis atravessados pelos aquedutos. 
Seção VI - Dos Limites Entre Prédios e do Direito de Tapagem
	Ideia muito ligada à privacidade, evitando que a vida seja devassada e fazendo com que os limites entre prédios sejam conhecidos. Caio Mario: "a demarcação nasceu com a propriedade, ou seja, os marcos e cercas, além de trazerem estímulo aos interesses privados eram garantia da paz pública."
	Artigo 1297, CC: o pressuposto deste direito é a condição de confrontantes. Além de vizinhos, devem ser confrontantes, os prédios devem ser limítrofes. O texto legal fala em proprietário, mas devemos interpretar extensivamente como possuidor, detentor, etc.
	O pressuposto dessa questão da demarcação é a confusão de limites. Se os limites são certos e determinados, não há necessidade da Ação Demarcatória, o pressuposto da Ação Demarcatória é a ausência de marcos, ou a confusão de limites. Normalmente, há um interesse comum para a divisão demarcatória, por isso, há uma divisão dos custos. 
	Artigo 1297, parágrafo primeiro, CC: tapumes comuns, há uma presunção de condomínio, presunção esta, relativa. Ambos tem interesse de fazer uma linha divisória, por isso, há uma divisão dos cursos.
	Direito de Tapagem, Marco Aurélio Bezerra: partindo da premissa de que a propriedade é exclusiva, o proprietário tem o direito de vedar sua propriedade da do confiante e usar o tapume dentro dos limites permissivos do Direito de Propriedade. O que é um tapume? Hely Lopes diz que é todo meio de vedação da propriedade urbana e rural permitido pelas normas administrativas, é necessário saber os limites. 
	Ação demarcatória: artigos 569, I, NCPC.
	Existe uma diferença entre o tapume comum e o tapume especial:
Tapumes Comuns: visam impedir a passagem de animais de grande porte (gado bovino e equino) - artigo 1297, Parágrafo Primeiro, pertencem e devem ser custeados pelos proprietários dos terrenos limítrofes;
Tapumes Especiais: visam impedir a passagem de animais de pequeno porte, como animais domésticos e é obrigação do proprietário dos animais. É feito por quem provocou a necessidade, artigo 1297, parágrafo terceiro, CC. 
	E se houverum conflito da confusão entre limites? Artigo 1298, CC. Como será resolvida a confusão entre os limites?
Títulos (Certidão do RGI, escrituras, plantas ou outros documentos) - na falta do registro veremos se há uma escritura, um instrumento particular entre os confrontantes;
Na falta de documento, veremos a posse justa (aquela que não é clandestina, precária ou violenta); 
Critério salomônico que o legislador se baseia: a área será dividida em partes iguais, ou não sendo possível, vamos atribuir a um deles mediante compensação ao outro.
	Vamos levar os documentos que instruem a inicial, só vamos recorrer à posse (item 2) se os documentos forem insuficientes.
	Há certos casos em que não é possível dividir em partes iguais, por exemplo, temos uma parte do terreno que já era um açude explorado somente por um dos confinantes, são vizinhos e há uma área no meio que ambos estão disputando. No caso do açude, se somente um explora, não sendo possível dividir, ficará o açude com aquele que explora, mediante indenização para o outro. 
	Há um critério decorrente de confusão de limites: primeiro consideramos todos os documentos; depois, posse justa; por fim, atribuiremos a divisão.
	EMERJ - Caso Concreto: Na Comarca de Miguel Pereira foi proposta ação de Demarcação de Terras pelo usufrutuário do Sítio Nova Esperança em face do legítimo proprietário do Sítio Rio Feliz, tendo em vista o conflito acerca do real limite divisório das terras possuídas pelo autor e pelo réu. O réu alega que o autor é parte ilegítima por não ser o proprietário, na forma prevista do artigo 1297, CC. Decida a questão.
	Claro que até o possuidor, enfiteuta, usufrutuário podem propor esse tipo de ação, apesar da interpretação literal só falar no proprietário. Esse entendimento dos proprietários serem os únicos que podem propor a ação demarcatória é um entendimento antigo. 
	Artigo 1298, CC: é ultrapassado porque fala na posse de uma forma secundária, mas com a legitimação da posse pela lei do Minha Casa, Minha Vida, há uma grande mudança desse entendimento. A posse não é mais entendida como um instituto secundário.
	Caso: Emília propõe ação demarcatória e demolitória em face de Sabrina, sustenta que a ré construiu uma casa de quatro pavimentos, violando normas administrativas, e ainda murou o terreno de forma abusiva pois adentrou em sua propriedade. Pleiteia pelo respeito aos marcos divisórios e demolição da casa. Em contestação, afirma a ré que a obra em questão não atinge a autora pois a construção situa-se distante das linhas divisórias dos terrenos, quanto ao muro sustenta a falta de interesse de agir pelo artigo 267, IV, CPC.
	Há um acórdão do STJ associado a esse gabarito: mesmo havendo marco no terreno, permite-se uma lide demarcatória para fixar-se os limites se existe divergência de área entre a realidade dos institutos dominiais, gerada entre as partes.
	Em lugar de ser a obra demolida, se fala em reparos para eliminar aquilo que viola o regulamento administrativo de normas de segurança. 
	Devemos interferir da menor forma possível.
Seção VII - Direito de Construir 
	Vamos ver questões como saber se existe uma distância mínima entre prédios para construir (distância de 1,5 m em relação aos confinantes).
	O que seria construção? Ricardo Lira: "é toda intervenção humana sobre o imóvel abrangendo edificação, reforma, demolição, levantamento de muro, escavação, aterro, etc.
	Muitas vezes vamos dialogar com o Direto de Vizinhança (saúde, sossego e segurança), mas muito também com as Limitações Administrativas que podem ser de índole urbanística, ambiental, sanitária, de segurança, dentre outras, visando evitar o exercício desordenado do direito de construir. Daí, a importância do plano diretor do município que é a diretriz do planejamento urbano municipal, é previsto no artigo 40 do Estatuto das Cidades (10.257/2001). Plano Diretor é o instrumento básico da política de desenvolvimento e expansão urbana. 
	Através do plano diretor, a administração controla o que é a zona urbana e rural e como se desenvolvem; ordenamento do solo urbano; controle das construções; adensamento das cidades. A medida mais comum é a demolição e embargo da obra, mas pode haver indenização também. 
Aula 18 - 24/06/2016 - sexta-feira
	Artigo 1300, CC: norma que proíbe o chamado Extilicídio, essas normas foram muito inspiradas no Código de Águas com exceção a esse artigo 1300, CC, qualquer tipo de água está incluída (até aquela aguinha do ar condicionado). 
	Artigo 1301, CC: norma mais famosa do Direito de Vizinhança que proíbe janela, telhado, varanda a menos de 1,5 m do terreno vizinho, isso evita a falta de privacidade com relação ao vizinho, etc. Súmula 120, STF: paredes de tijolos de vidro translúcido podem ser levantadas a menos de 1,5 do prédio vizinho não importando servidão sobre ele.
	Se for uma parede de vidro translúcido pode fazer a qualquer distância porque ele não permite a visão da propriedade vizinha. A jurisprudência antiga proibia qualquer tipo de janela a menos de 1,5 mesmo que a visão fosse oblíqua, hoje, a súmula 414 foi superada: não se distingue a visão direta da oblíqua na proibição de abrir janela, fazer terraço, eirado ou varanda a menos de 1,5 m do terreno de outrem. Essa súmula não distinguia entre visão direta e oblíqua, hoje, o CC distingue, o que está no artigo 1301, parágrafo único, dá uma distância de 75 cm.
	Artigo 1301, parágrafo segundo, CC: abertura para luz ou ventilação são permitidas desde que não maiores que 10x20 cm, em uma altura de 2 metros.
	Nessas normas do 1301 e 1302 não precisamos provar a violação da privacidade, basta a construção que não respeite esses limites de distância, isso já presume a ofensa. 
	Artigo 1302, CC: prazo decadencial (1 ano e 1 dia) para desfazimento de obra, polêmica sobre esse artigo porque alguns autores entendem que depois do decurso do prazo haveria uma servidão de janela, quem construiu não poderia mais ser perturbado. Em que momento se verifica a conclusão da obra, que é o falado no artigo 1302? É o momento a partir da propositura da ação, não importa se por ocasião da sentença, aquela obra já está concluída.
	Servidão de janela - correntes:
Orlando Gomes e Washington de Barros: decorrido o prazo de 1 ano e 1 dia, sem oposição, haveria uma servidão de janela em favor do construtor irregular, ou seja, um direito real de respeitar a distância legal entre a janela e as novas construções lindeiras. Isso impediria que o prejudicado edificasse contra-muro em detrimento da distância legal vedando a luminosidade do prédio vizinho. Pode ser até mesmo uma forma de evitar uma vingança, o vizinho faria um muro bem alto só para fechar a janela do outro. O direito não socorre quem dorme;
Fachin, prevalece no STJ: o decurso do prazo impede apenas a pretenção de desfazimento da obra, sem constituir servidão de luz a favor do construtor irregular, de modo que o vizinho lesado pode a qualquer tempo levantar casa ou muro, ainda que vedando a claridade do prédio limítrofe. Guilherme está nessa corrente, ele diz que servidão de luz seria uma forma de premiar alguém que fez uma construção irregular;
	Artigo 1303, CC: construções na zona rural. Distância de 3 metros mínimo entre as construções.
	Artigo 1304, CC: direito de madeiramento. Esse artigo só se aplica nas cidades, deve haver um plano municipal de alinhamento de que os imóveis devem respeitar a mesma distância mínima da rua. O proprietário tem o direito de construir quando temos prédios geminados, usando a parede do prédio do lado, desde que este suporte. Zona Sul: prédio comprado para ser demolido, não é possível usar explosivos, tudo foi feito com picaretas, guindastes, somente meios mecânicos etc.
	Artigo 1305 e seu parágrafo único, CC: continuação do artigo 1304. Se temos uma parede que pertence a um dos vizinhos, ela pode ser construída até metade do terreno contíguo, desde que o prédio vizinho suporte essa construção.
	Diferente entre muro e parede - Hely Lopes: muro é apenas um elemento de vedaçãoregido pelas normas que disciplinam os tapumes. Paredes é um elemento não somente de vedação, mas também de sustentação.
	Artigo 1306, CC: parede-meia, condomínio da parede divisória, cada condômino pode usá-la até o meio da espessura. 
	Artigo 1307, CC; alteamento, elevação da parede divisória, ou seja, possibilidade de aumentar a altura da parede divisória, quem quiser aumentar vai arcar com os custos, a não ser que o outro também resolva fazê-lo havendo, assim, divisão, rateio dos custos. 
	Artigo 1308, CC: apenas leitura. Guilherme comparou com a chaminé de uma pizzaria ou padaria.
	Artigo 1309, 1310 e 1311, CC: leitura do artigo.
	Artigo 1312, CC: consequência de quem descumpre as normas da seção, fala-se em indenização e demolição. Princípio da Reparação Integral, princípio cardeal da Responsabilidade Civil, colocar a pessoa no estado anterior que ela estava. 
	Artigo 1313, CC: direito de penetrar no imóvel vizinho para fazer obra ou recuperar algo que lhe pertence. 
Condomínio 
	Mais de uma pessoa é proprietária de uma coisa, um imóvel, um cavalo, etc. 
	Há uma diferença entre Condomínio e comunhão: comunhão é gênero e condomínio é espécie. Existe comunhão de direitos quando várias pessoas possuem direito idêntico sobre a mesma coisa ou conjunto de bens, o que pressupõe direitos de idêntica graduação, harmônicos e compatíveis, que deverão ser exercidos a partir da ideia de interesse comum, exemplo: no direito de família está na comunhão de bens, no direito das obrigações nas obrigações solidárias e indivisíveis, no direito das sucessões está na ideia da universalidade de bens aos herdeiros e, por fim, nos direitos reais está no condomínio. 
	Caio Mário: condomínio geral ocorre quando a mesma coisa pertence a mais de uma pessoa, cabendo a cada qual delas, igual direito idealmente sobre o todo e cada uma de suas partes. 
	Cada um terá uma fração ideal sobre o todo.
	Condomínio, conceito de autores franceses: uma coisa pertencente a diversos proprietários que fica na indivisão e o direito de cada proprietário recai sobre o conjunto e não sobre uma porção determinada da coisa em comum.
	Como conciliar o condomínio com o caráter exclusivo do Direito de Propriedade? O fato é que segundo Bevilacqua, condomínio é o estado anormal da propriedade porque sendo a propriedade um direito por natureza exclusivo, a existência de uma co-titularidade, implica em uma anomalia de sua estrutura.
	O condomínio é uma fonte natural de discórdia, por isso que o CC fala em seu artigo 1320, CC que é muito difícil a conciliação de interesses, pode até haver um prazo de cinco anos para a indivisibilidade, mas depois disso, podem sair quando quiserem os condôminos.
	Existem duas teorias que buscam fundamentar o Condomínio.
Teoria da Propriedade Integral ou Total: existe no condomínio um único direito indistintamente outorgado a todos os condôminos, mas cujo exercício é limitado pelo exercício dos demais. Um único direito para todos;
Teoria das Propriedades Pluri, mas Parciais: Subsiste o condomínio para cada integrante uma propriedade plena da parte ideal da coisa comum ou diversas propriedades intelectualmente parciais, sendo que a reunião das partes ideias forma o condomínio. Nessa segunda corrente, cada condômino teria direito a uma fração da coisa, um direito independente a toda coisa, haveria várias somas, mas de direitos independentes;
Washington de Barros Monteiro: o CC aceitou a teoria que é intermediária da subsistência de cada condômino da propriedade sobre toda a coisa, delimitada pelos iguais direitos dos demais consortes.
	
	Existe uma diferença entre a Comunhão Pro Diviso e a Comunhão Pro Indiviso. Pro Diviso: registro em nome de todos, mas eles se localizam em partes específicas, mas há áreas comuns como cozinha, lavanderia, área de lazer, banheiro, mas no registro tudo está em nome de todos, há uma mera aparência de condomínio, há uma divisão de direito, mas não de fato. Comunhão Pro Indiviso: haveria uma comunhão tanto de direito quanto de fato, neste caso, a propriedade é exercida em comum, mas com uma divisão meramente intelectual, que corresponde a ideia da cota ideal.
	Prestação de contas: no condomínio pro Indiviso, os condôminos estão de fato no direito da divisão; na pro diviso há uma divisão provisória. Comunhão que não havia a possibilidade de administração da coisa comum pois cada um exerce sua atividade econômica individualmente e sem a anuência dos outros. Na pro diviso não se deve contas, é cada um por si, não temos que falar em prestação de contas.
Condomínio Voluntário ou Legal
Voluntário: é aquele que resulta de negócio jurídico, seja este entre vivos ou causa mortis;
Legal: decorre de norma jurídica;
Forçado ou Necessário: é o caso da comunhão de paredes e cercas no Direito de Vizinhança, é o caso do compasco e também da comunhão resultante de fenômenos como a formação de ilhas e a Comistão, confusão e adjunção;
Incidental ou Fortuito: ocorre na sucessão hereditária e legítima quando o bem ingressa no patrimônio de mais de um herdeiro.
	O condomínio voluntário e o necessário são tratados em seções diferentes, primeiro veremos as regras do condomínio voluntário.
	Esse direito de sair a qualquer tempo ocorre só no condomínio voluntário, o caráter temporário é do condomínio voluntário. O condomínio necessário tem uma perenidade maior.
	O condômino pode usucapir? Pode haver usucapião entre condôminos? A maioria da doutrina entende que sim: o condômino pode usucapir:
Caio Mário: não pode usucapir, pois, a condição condominial é incompatível com esta modalidade aquisitiva;
Venosa e José Carlos Moraes e Sales: sim, desde que a posse do condômino seja exclusiva sobre o bem usucapiendo e neste caso, o condomínio deixa de existir pela posse exclusiva exteriorizada por um dos possuidores sobre todo o imóvel com animus domini de modo a impedir a composse dos demais. Neste caso, a comunhão de direito cede ante a situação de fato e seria justo ele exercer a usucapião.
	Direitos dos Condôminos no Condomínio Voluntário: artigo 1314, CC. Este sintético artigo fala de todos os direitos dos condôminos no Condomínio Voluntário. É necessário consentimento de todos para alterar a destinação da coisa, dar posse a estranho, para alienar. Posso vender a minha coisa, mas sempre respeitando o direito de preferência. 
Deveres dos Condôminos
	Artigo 1315, CC: contribuir para as despesas. O condômino tem um dever de concorrer para as despesas comuns na proporção de sua fração ideal. Mas, há no parágrafo único deste artigo uma presunção de partes iguais, na ausência do título há essa presunção de igualdade.
	E se algum dos condôminos não pode ou não quer pagar? Há a possibilidade de um deles liberar-se renunciando (renúncia liberatória) a sua parte e os outros poderão comprar sua parte ao assumirem suas dívidas e despesas, adquirirão uma fração ideal de acordo com a parte que assumirem. Mas, se ninguém suportar o encargo, a solução é extinguir o condomínio e dividir a coisa (artigo 1316, CC).
Aula 19 - 29/06/2016 - quarta-feira
	No Condomínio Geral: a coisa se subordina por inteiro ao regime do condomínio do ponto de vista da co-titularidade. O Condomínio Especial se rege por disciplina mista, compreendendo a propriedade individual de áreas privativas e a co-titularidade das áreas comuns. 
	
Deveres dos Condôminos - Continuação 
	Artigo 1317, CC: dívida contraída por todos, cada um pagará proporcionalmente a fração ideal de cada condômino. Neste caso, há uma dívida contraída por todos os condôminos em razão do interesse comum, sem que tenha sido discriminada a participação de cada um e estabelecida a solidariedade (a vontade das partes aqui seria a única hipótese de solidariedade).
	Artigo 1318, CC: parecido com a gestão de negócios. Se alguém assume uma dívida em proveito de todos, sem autorização, essa pessoa terá Ação Regressiva se demonstrar que essa dívida foi em benefício de todos. Seria um caso de benfeitoria necessária, posteriormente haverá rateio. E sefor benfeitoria útil ou voluptuária (apenas estética)? Este artigo não se aplica. Para caber ação regressiva na benfeitoria útil ou voluptuária deverá haver concordância prévia dos demais.
	Artigo 1319, CC: condômino que deixa de colher um fruto natural e causa prejuízos por este motivo. Se um dos condôminos responde pelos frutos percebidos é por isso a cobrança do aluguel se há mais de um condômino e apenas um deles ocupa o bem, mas esse aluguel é proporcional, será reduzida a fração ideal do condômino.
	Artigo 1314, parágrafo único, CC: nenhum dos condôminos pode alterar a destinação da coisa comum ou emprestar, doar, sem o consentimento dos outros.
	
Artigo 1323, CC e seguintes: administração do condomínio
	Muitas vezes, coloca-se um estranho ao condomínio para que lhe administre. Em qualquer momento, qualquer um deles pode pedir para desfazer o condomínio.
	Administrador: mandatário comum de todos os condôminos e obriga os representados, representa o condomínio em juízo ou fora dele, deve prestar contas, a prestação pode ser gratuita ou onerosa também.
	Pode haver uma situação que é a seguinte: condômino que administra sem oposição dos outros presume-se representante comum (isso ocorre muito em casos de urgência). Atos de administração ordinária para esses casos em que não há procuração expressa, é um mandato tácito.
	Artigo 1325, CC: a maioria será calculada pelo valor dos quinhões. Leitura dos parágrafos: maioria absoluta, ou seja, metade mais um dos quinhões levará a vontade absoluta.
	Artigo 1322, CC: venda da Coisa Comum. Essa venda pressupõe uma indivisibilidade da coisa (artigo 87, CC - conceito de bem indivisível), o segundo critério é a impossibilidade de adjudicação a um dos condôminos porque os outros não querem. Neste caso, o bem será vendido em hasta pública, haverá um leilão.
	Preferências:
Condômino ao estranho
Condômino com Benfeitorias mais valiosas;
Condômino com quinhão maior
	Artigo 1322, parágrafo único, CC: se todos os critérios do caput falham, vamos para esse artigo. Primeiro leilão: quem der o maior lance entra. Segundo leilão interno: entre os condôminos internos para ver se alguém supera o lance do estranho. Há o primeiro leilão entre os estranhos e depois há um leilão entre os condôminos para que alguém se iguale ao lance do estranho.
Condomínio Necessário
 	Artigo 1327 e seguintes, CC.
	Condomínio necessário - Tepedino: caracteriza-se pelo caráter permanente da comunhão, incompatível com a divisão da coisa comum, pois esta não atenderia aos seus fins se houvesse divisão.
	O condomínio por meação de paredes, cercas, muros e valas regula-se pelo disposto no CC - artigo 1327. Marcos divisórios pertencem em comum aos dois confinantes.
	Artigo 1328, CC: estabelece a comunhão dos marcos divisórios. Existe por um lado o direito potestativo do proprietário de estabelecer limites, mas também existe o direito do vizinho de adquirir a meação, embolsando do custo que houve com aquela obra pela metade. Caio Mário: na verdade, não vamos levar em conta nesse reembolso apenas o preço de custo, mas aquilo que a coisa valer no momento em que o confrontante exercer seu direito.
	Artigo 1329, CC: arbitramento pelo perito do custo da coisa, caso não haja acordo entre as partes. 
	Artigo 1330, CC: Qualquer que seja o valor da meação, enquanto aquele que pretender a divisão não o pagar ou depositar, nem o uso poderá fazer da parede, muro, vala, cerca ou qualquer outra obra divisória. Marco Aurélio Viana: o direito de meação é como uma expropriação privada. O vizinho aqui, enquanto não pagar o preço não poderá usar. Alienação Cogente: espécie de expropriação privada.
Condomínio Edilício	
	Condomínio do edifício de apartamentos. É também denominado por propriedade horizontal, em planos horizontais, condomínio por andares, condomínio sui generis.	
	Decreto 5.481/1928, sendo melhor detalhado na Lei 4591/64.
	Haverá três seções no CC sobre esse instituto: Disposições Gerais, Administração do Condomínio e Extinção.
	Caio Mário: ocorre verdadeira duplicidade de Direitos Reais. Em relação à unidade autônoma, o direito de usar, fruir, dispõe e reivindicar é o mais amplo possível, como na propriedade em geral, sofrendo apenas restrições de vizinhança impostas pela convivência em planos horizontais. Já as partes comuns formam, efetivamente um condomínio no tocante à fração ideal do terreno e as partes de uso comum. Trata-se de duas modalidades de propriedade que se complementam e se interprenetram. Artigo 1331, CC: pode haver partes exclusivas e outras que são de uso comum, compondo um conjunto indissolúvel e indivisível com a unidade de propriedade exclusiva. As partes comuns vinculadas às especiais podem ser alienadas e gravadas livremente pelo seu proprietário, não havendo direito de preferência para a sua aquisição. Esse é um dos pontos mais característicos da distinção entre o condomínio especial e o condomínio geral ou tradicional.
	Washington de Barros: existe uma simbiose orgânica e indissolúvel da propriedade exclusiva sobre a unidade com a co-propriedade sobre as partes e coisas comuns que não podem ser alienadas separadamente ou divididas.
	O CC perdeu uma oportunidade de dar personalidade jurídica ao Condomínio, este não é PJ. Enunciado 90 e 264, CJF: já deve ser reconhecida a personalidade jurídica do condomínio. Ele tem empregados, celebra contratos, recolhe tributos, presta serviços. Maria Helena Diniz: sempre sustentou que o condomínio deveria ser PJ com base no Artigo 63, parágrafo terceiro, lei 4591/64 (Essa lei só está em vigor na parte de corporações). Maria Helena Diniz fez uma espécie de indução, saiu do particular para o geral.
	Condomínio edilício: cada unidade representa um voto. STJ recentemente mudou de opinião e diz que agora as quotas condominiais devem ser iguais para todas as unidades, independentemente de ser cobertura ou não.
Aula 20 - 06/07/2016 - quarta-feira
	Além do 1331 que fala dessa simbiose, pode haver partes exclusivas e partes comuns aos condôminos.
	Artigo 1331, parágrafo primeiro, CC: unidades de propriedades exclusivas que podem ser alienadas e gravadas livremente pelos proprietários, fala do que é de uso exclusivo.
	Artigo 1331, parágrafo segundo, CC: áreas que são de uso comum. Ideia da unidade reforçada também pelo artigo 1339, CC. Cada unidade vai ter associada a si uma fração ideal que vai representar as partes comuns ao terreno. 
	Artigo 1331, parágrafo quarto, CC: requisito para que uma unidade seja considerada autônoma, acesso a via pública que pode ser direto (saída para a rua) ou indireto (escadas, corredores). 
	Artigo 1331, parágrafo quinto, CC: artigo inspirado no que previa a lei de condomínio. Até os anos 60, os terraços de cobertura eram área comum, hoje, as construtoras se deram conta do valor de uma cobertura e o condômino que a adquirir ficará encarregado da conservação. 
	Artigo 1332, CC: passos para a criação do condomínio. Inciso I: discriminação e individualização das áreas autônomas. Inciso II: determinação da fração ideal. Inciso III: fim a que as unidades se destinam. Primeiro momento: instituição por ato entre vivos ou testamento. Segundo momento: convenção de condomínio, lei básica do condomínio, lei prevê uma forma escrita, mas que não precisa ser pública, necessitando de aprovação por 2/3 dos condôminos. Natureza jurídica da convenção: ato regra, segundo Caio Mário: "a convenção de condomínio é um ato regra impondo a normação de conduta para uma determinada coletividade, assegurando direitos e obrigações. Seu fundamento não se aproxima tanto do contrato, pois, tem caráter normativo e se aplica coercitivamente para todo o grupo social, inclusiva para aqueles que discordaram da sua elaboração ou redação." Para ser oponível a terceiros, entretanto,de vê ser registrada no cadastro do RGI, tornada pública e enquanto não registrada, produzirá efeitos? Súmula 260 STJ diz que sim. 
	O condômino tem que respeitar a finalidade do seu imóvel. 
	Artigo 1334, CC: requisitos da convençãode condomínio. Promitente comprador, cessionário de direitos e para Guilherme o possuidor são equiparados aos proprietários.
	O regulamento está para a convenção assim como esta está para a lei, tudo que não for de caráter essencial deve ser deixado para a convenção Havendo conflito entre o regulamento e convenção, está prevalece. Convenção: mais genérica, Regulamento (questões específicas - horário de funcionamento da piscina, da portaria).
	Sarmento: equação entre autonomia e igualdade, quando não há aquela não é possível haver essa. (Direito do Trabalho e Consumidor: não há igualdade). Condomínio: deve haver um campo maior para a autonomia privada porque estamos tratando de partes iguais.
	Condomínios que tem regra proibindo que o entregador suba; exigência de cadastro e veículos; proibição de estacionamento - tudo isso é permitido pelo condomínio.
	Qual o limite normativo da convenção e do regimento interno em relação à cláusulas que não estão proibidas pela lei, mas que restringem direitos? São dois os critérios: 
Ficam permitidas todas as normas restritivas que visem a harmonização da vida condominial e não ofendam diretamente o direito de propriedade e sua função social, somente podendo ser impostas restrições que visem tutelar o bem da coletividade e a tranquilidade interna em benefício da harmonia do todo;
Fica proibida qualquer restrição que ofenda DFs garantidos pela CF, exemplo: ocupação por pessoas de certo credo religioso.
	Enunciado 89: os artigos 1331 até 1358, CC se aplicam em situações em que não há formalmente o condomínio, mas é reconhecida a aplicabilidade dessas regras. 
	Jurisprudência: muita atuação com relação às associações de moradores.
	Decreto Municipal: 11/06 - Prefeito César Maia, é possível a instalação de guaritas ou basculantes. STJ chegou a mudar de posição sobre isso, já teve precedentes no cabimento desse pagamento com base na ideia do enriquecimento ilícito (quem pagasse estaria prejudicado ao pagar para os outros), hoje prevalece a ideia da liberdade de associação (artigo 5, XX, CF: ninguém é obrigado a fazer nada se não em virtude de lei) e, por isso, não se precisa pagar obrigatoriamente. Súmula 260 que não exige o registro da convenção para criar obrigações é usado para essa questão da cobrança, para que ela seja feita. Direito Real e Direito Obrigacional: divisão não é estanque.
	Artigo 1340, CC: despesas a partes comuns incumbe a quem delas se serve. 
	Multipropriedade Imobiliária - Time Sharing: traduz a ideia de várias pessoas que usam um imóvel durante o ano. Alguns durante o verão, outros durante o inverno. França, Alemanha e EUA: tem regras sobre isso. No Brasil só se regula pelo Direito Obrigacional.
	Artigo 1345, CC: risco de se comprar um imóvel que não sabemos o que espera. 
	Artigo 1343, CC: nesse caso o quorum é de unanimidade, trata-se de alteração da fração ideal, por isso, exige-se a unanimidade. 
Deveres dos Condôminos
	Artigo 1336, CC: prevê como serão os deveres do condômino. Primeiro dever: contribuir para as despesas na proporção das frações ideais. Inciso III: Segundo Caio Mário: "a fachada é bem comum a todos os co-proprietários, sendo vedada qualquer obra que rompa com a unidade arquitetônica." Fachada com vidraça, no Rio é uma polêmica: só é possível fazer se o condomínio autorizar, deve-se preservar a harmonia. 
	Artigo 1336, parágrafo primeiro, CC: multa de 2%. Critica: multa idêntica à do CPC, antes poderia ser entre 10 a 20%, sendo que cada convenção poderia determinar como elas seriam, muitos condôminos com essa multa baixa praticam a inadimplência. 
	Artigo 1337, CC: situação do condômino que é reiteradamente impontual, o condomínio pode arbitrar uma multa de até 5 vezes o valor atribuído para a contribuição das despesas condominiais.
	Artigo 1337, parágrafo único, CC: pagamento do décuplo do valor atribuído à contribuição das despesas para aquele que não tem condições mínimas de viver em sociedade. Há a possibilidade de proibir a circulação por áreas comuns. Pode-se até proibir de entrar na própria unidade autônoma em casos muito extremos (assassino), o ideal é que haja determinação judicial para tal. 
	Artigo 1341, CC: voluptuária 2/3. Benfeitoria Necessária: síndico pode realizar independentemente de autorização. Benfeitoria Útil: maioria dos condôminos.
Direitos dos Condôminos
	Artigo 1335, CC: pode usar, fruir, dispor desde que respeite a convenção do condomínio. Marco Aurélio Viana: o que se passa no interior da unidade autônoma não é de interesse do condomínio, a não ser que haja perturbação com relação aos terceiros. 
	Deve-se pensar nos Direitos de Vizinhança, na gritaria, no auto-falante. Artigo 1335, Inciso II, CC: a utilização das partes comuns deve ser de acordo com a destinação do edifício. Um único condômino também não pode usar uma área comum exclusivamente.
	Requisito para voar: estar quite, estar em dia com suas obrigações 
	Inquilino a rigor não tem direito de voto, mas ele pode assistir à assembleia, pode comparecer como representante do moradores, votando se tiver procuração.
	Parágrafo segundo, artigo 1334, CC: promitente comprador ou cessionário de direitos. 
Aula 21 - 13/07/2016 - quarta-feira
	Como todos sabemos, as cotas condominiais são obrigações Propter Rem, mas as dívidas de condomínio justificam a impenhorabilidade do bem de família. 
	Artigo 1338, CC: aluguel de vaga de garagem, há um direito de preferência para os condôminos, preferir-se-a os condôminos a estranhos. Deve-se publicizar a oferta também. Enunciado 91, I Jornada de Direito Civil: a convenção ou assembleia pode proibir o aluguel de vaga de garagem a estranhos para evitar que pessoas estranhas entrem no condomínio.
Administração do Condomínio Edilício
	A assembleia é o órgão deliberativo do condomínio e o único órgão competente para conhecer e exprimir a vontade coletiva, dentro do quorum, nenhum órgão está acima da Assembleia, ela está acima de todos. O síndico, que pode ser um estranho ou condômino, é escolhido pela Assembleia que não fica mais do que 2 anos. O síndico é o órgão executivo do condomínio cabendo-lhe a administração geral da edificação, a polícia interna do condomínio, o cumprimento das disposições legais, convencionais ou regulamentares e a administração financeira da comunidade.
	Artigo 1348, CC: atribuições para o síndico. Há polêmicas: para alguns há um rol taxativo, mas para outros é um rol meramente exemplificativo e pode haver outros deveres (Caio Mário e Marco Aurélio Bezerra de Melo). Síndico representa o condomínio ativa e passivamente em juízo para defender os interesses comuns, mas se for interesse particular do condomínio cada um deve agir por iniciativa própria. O mandato do síndico é de poderes gerais, mas se for algo específico, o condômino deve ingressar com a ação. O síndico tem Poder de Polícia internamente, uma festa que ultrapassa o horário, ele pode agir em função disso. Ele deve prestar contas a qualquer momento que for solicitado ou quando deixar seu cargo. Parágrafo Primeiro: desdobramento de poderes do síndico quando se pretende uma administração mais profissional no condomínio. Parágrafo Segundo: o síndico pode transferir até mesmo seus poderes de representação. 
	Artigo 1349, CC: a assembleia poderá retirar o síndico que praticar irregulares, não prestar contas ou administrar de forma inconveniente. Não prestação de contas independe de má-fé ou prejuízo. Quorum de maioria absoluta.
	Artigo 1351, CC: hipóteses de quorum de 2/3 da assembleia geral para alterar a convenção e unanimidade para mudar a destinação dele.
Extinção do Condomínio
	Artigo 1357, CC em diante. 
	Se for caso de reconstrução há a hipótese de renúncia deliberatória, ele não precisa assumir os valores da reconstrução, mas se não quiser, terá que renunciar o bem.
	Artigo 1358, CC: caso de desapropriação, indenização é repartida de acordo com os valores dos bens.

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