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DIREITO CIVIL
Introdução ao Direito Civil
Livro Eletrônico
Presidente: Gabriel Granjeiro
Vice-Presidente: Rodrigo Calado
Diretor Pedagógico: Erico Teixeira
Diretora de Produção Educacional: Vivian Higashi
Gerente de Produção Digital: Bárbara Guerra
Coordenadora Pedagógica: Élica Lopes
Todo o material desta apostila (incluídos textos e imagens) está protegido por direitos autorais 
do Gran. Será proibida toda forma de plágio, cópia, reprodução ou qualquer outra forma de 
uso, não autorizada expressamente, seja ela onerosa ou não, sujeitando-se o transgressor às 
penalidades previstas civil e criminalmente.
CÓDIGO:
250513077405
ROBERTA QUEIROZ
Mestre em Direito pela Universidade Católica de Brasília, com dissertação na área 
de Direito Processual Civil – Negócios Jurídicos Processais. Especialista em Direito 
Processual Civil, pela Universidade do Sul de Santa Catarina, em novembro de 2009. 
Graduada em Direito, pela Universidade Católica de Brasília, em dezembro de 2005. 
Foi professora universitária do curso de Direito da Universidade Católica de Brasília. 
Docente nas disciplinas de Direito Civil e Direito Processual Civil desde 2007 para 
pós-graduação, preparatório de Exame de Ordem e concursos das carreiras jurídicas. 
Professora de cursos de aperfeiçoamento na advocacia em Direito Civil e Processo 
Civil na Escola Superior da Advocacia de Brasília – ESA/DF. Coordenadora do curso 
preparatório para Exame de Ordem do Gran Cursos Online. Advogada inscrita na 
OAB-DF.
 
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Introdução ao Direito Civil 
Roberta Queiroz
SUMÁRIO
Introdução ao Direito Civil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1. Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
2. Terminologias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
 
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Introdução ao Direito Civil 
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INTRODUÇÃO AO DIREITO CIVILINTRODUÇÃO AO DIREITO CIVIL
1 . INtroDUÇÃo1 . INtroDUÇÃo
Oi meus amores, tudo bem com vocês?
Vamos iniciar nossa aula? Estou muito muito feliz de estarmos juntos aqui...
Quero começar hoje com uma introdução breve; conversando sobre alguns pontos iniciais 
que irão facilitar a compreensão de temas que serão abordados futuramente.
Bom, para iniciar, vocês lembram que o Código Civil que vamos estudar entrou em 
vigência no ano de 2003?
Pois é, o Código Civil anterior era de 1916, o qual chamo carinhosamente 
de Código de Bebé, pois foi idealizado por Clóvis Bevilaqua, vou colocar a 
foto dele aqui do lado para você lembrar sempre dele e, na nota de rodapé 
vou colocar algumas curiosidades sobre ele (leia somente se quiser saber 
mais sobre esse nobre jurista)1
Esse Código, revogado, era composto por um sistema extremamente 
cuidadoso com questões patrimoniais.
1 Clóvis Beviláqua, jurista, magistrado, jornalista, professor, historiador e crítico, nasceu em Viçosa, CE, em 4 de outubro 
de 1859, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 26 de julho de 1944.
 Iniciou a carreira de magistrado, em 1883, ao ser nomeado promotor público de Alcântara, no Maranhão. No jornalismo, 
fez campanha pela República e, após a proclamação, foi eleito deputado à Assembleia Constituinte pelo Ceará. Foi a pri-
meira e a última vez que ocupou uma posição política. Com a República foi nomeado professor de legislação comparada 
da Faculdade de Direito do Recife.
 Em 1884, prestou concurso para professor de Filosofia da Faculdade de Direito do Recife. Iniciou, então, a série de obras 
jurídicas que o credenciariam perante o país para desincumbir-se da missão que lhe foi atribuída pelo Presidente Campos 
Sales, em 1899, convidando-o a elaborar o anteprojeto do Código Civil Brasileiro. Veio para o Rio de Janeiro em março de 
1900 e, em outubro do mesmo ano, terminava a sua obra.
 Em 1906, o Barão do Rio Branco nomeava-o consultor jurídico do Ministério das Relações Exteriores, onde se manteve até 1934. 
Em 1920 foi convidado a fazer parte do Comitê dos Juristas no Conselho da Sociedade das Nações. Não podendo se ausentar 
do país, enviou um projeto de organização da Corte de Justiça Internacional, colaborando, assim, no importante convênio. 
Continua publicando outros livros de literatura e direito, sobretudo os Comentários ao Código Civil, em seis volumes. Em obras 
especiais estuda diversas partes do Código: Direito da Família, Direito das Obrigações, Direito das Cousas.
 Em 1889 foi convidado por Epitácio Pessoa, Ministro da Justiça do Presidente Campos Salles, para elaborar o Ante-Projeto 
do Código Civil Brasileiro. Ainda pouco conhecido, veio para o Rio de Janeiro em março de 1900 e em outubro do mesmo 
ano fez entrega da obra.
 A matéria teve longa tramitação no Congresso Nacional durante a qual Rui Barbosa apresentou parecer criticando a linguagem 
do projeto, que foi rebatido pelo filólogo Carneiro Ribeiro. Clóvis Beviláqua, em várias ocasiões, defendeu os princípios de seu 
ante-projeto. As alterações feitas no ante-projeto durante a tramitação parlamentar, em muitos casos, o modificava.
 Após dezesseis anos de discussão, o Código Civil Brasileiro entrou em vigor em 1º de janeiro de 1917. (https://www.aca-
demia.org.br/academicos/clovis-bevilaqua/biografia)
 
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Algumas figuras específicas eram a “preocupação” desse diploma, dentre elas:
a) o homem – que tomava as decisões nas relações familiares, fixava domicílio conjugal, 
autorizava a esposa a trabalhar, administrando-lhe o salário, detinha o pátrio poder (isso 
mesmo, pátrio poder!) sob os filhos, entre outros...;
b) o testador – que nas relações sucessórias poderia dispor livremente e da forma que 
melhor lhe aprouvesse os seus bens;
c) os contratantes – que poderiam contratar da forma que melhor lhe conviessem e 
sem possibilidade de revisão contratual (salvo a questão do fortuito ou força maior, não 
existia teoria da imprevisão);
d) os proprietários – que poderiam utilizar a propriedade da maneira que pretendia sem 
preocupação com viés social.
Hoje tais figuras ainda existem, mas estão alinhadas com ditames constitucionais, mais 
precisamente a Dignidade da Pessoa Humana.
Mas, professora, como isso aconteceu?Mas, professora, como isso aconteceu?
Talvez, por essa nossa conversa, você pense que foi uma transição rápida. Porém, foi 
algo paulatino, bem devagar, que acompanhou todo o movimento histórico e político do 
país e do mundo.
Não foi algo tão simples, decorreu de muitos movimentos que aconteceram ainda na 
vigência do “Código de Bebé” (1916 a 2003).
Resumindo: durante uma boa parte desse momento tínhamos uma 
relação entre o direito público e direito privado marcada por uma verdadeira 
dicotomia, ou seja, um não se relacionava com o outro.
O direito público era pensado para reger as relações, tão somente, 
de direito público,ou seja, as relações do Estado. Estavam em sentido 
totalmente opostos e não se comunicavam.
Por sua vez, o direito privado, para reger as relações privadas, dos 
particulares, somente.
Tal dicotomia refere-se à chamada SUMMA DIVISIO CLÁSSICA.
Hoje, decorrente dos movimentos de preocupação com a pessoa humana 
e não mais com o patrimônio, é que, atualmente, verifica-se a existência 
de uma SUMMA DIVISIO CONSTITUCIONALIZADA que se expressa na 
aproximação do direito público com o direito privado, ambos estão voltados 
para o mesmo lado, seguem juntos.
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Em tempo, é importante que você saiba que nosso Código Civil vigente não é tão novo assim. 
Sua redação começou na década de 70 e lembre-se que o Brasil vivia, à época, a ditadura militar.
Neste mesmo período, iniciou-se a elaboração do projeto do Código Civil de 2002, ou 
seja, nosso atual sistema foi pensado, redigido e elaborado em regime militar. Nas palavras 
do professor Flávio Taruce “a atual codificação civil teve uma longa tramitação no Congresso 
Nacional, com seu embrião, no ano de 1975, ocasião em que o então Presidente da República, 
Ernesto Geisel, submeteu à apreciação da Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 634-D, 
com base em trabalho elaborado por uma Comissão de sete membros, coordenada por 
Miguel Reale. Como se nota, portanto, o projeto legislativo surgiu no “ápice” da ditadura 
militar que imperava no Brasil.”2
Esse projeto tramitou no legislativo e, após emendas, foi promulgado e publicado em 2002.
Foram várias mãos escrevendo o Código Civil, pessoas de vários lugares do Brasil, 
professores, advogados e magistrados, todos liderados pelo mestre Miguel Reale, são eles:
• José Carlos Moreira Alves (SP) – relator da Parte Geral;
• Agostinho Alvim (SP) – relator do livro que trata do Direito das Obrigações; • Silvio 
Marcondes (SP) – relator do livro de Direito de Empresa;
• Erbert Chamoun (RJ) – responsável pelo Direito das Coisas;
• Clóvis do Couto e Silva (RS) – responsável pelo livro de Direito de Família;
• Torquato Castro (PE) – relator do livro do Direito das Sucessões.
O nosso Código Civil, como mencionei, teve a redação liderada por um pensamento único, 
embora escrito por várias pessoas. Na exposição de motivos do CC, Miguel Reale destaca 
as diretrizes básicas3, vejamos:
a) Preservação do Código vigente sempre que possível, não só pelos seus méritos intrínsecos, 
mas também pelo acervo de doutrina e de jurisprudência que em razão dele se constituiu.
b) Impossibilidade de nos atermos à mera revisão do Código Beviláqua, dada a sua 
falta de correlação com a sociedade contemporânea e as mais significativas conquistas 
da Ciência do Direito.
c) Alteração geral do Código atual no que se refere a certos valores considerados 
essenciais, tais como o de eticidade, de socialidade e de operabilidade.
d) Aproveitamento dos trabalhos de reforma da Lei Civil, nas duas meritórias tentativas 
feitas, anteriormente, por ilustres jurisconsultos, primeiro por Hahneman Guimarães, 
Orozimbo Nonato e Philadelpho de Azevedo, com o anteprojeto do “Código das Obrigações”; 
e, depois, por Orlando Gomes e Caio Mario da Silva Pereira, com a proposta de elaboração 
separada de um Código Civil e de um Código das Obrigações, contando com a colaboração, 
neste caso, de Silvio Marcondes, Theóphilo de Azevedo Santos e Nehemias Gueiros.
2 Manual de direito civil: volume único / Flávio Tartuce. – 10. ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2020.
3 https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/70327/C%C3%B3digo%20Civil%202%20ed.pdf
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e) Firmar a orientação de somente inserir no Código matéria já consolidada ou com 
relevante grau de experiência crítica, transferindo-se para a legislação especial aditiva o 
regramento de questões ainda em processo de estudo, ou que, por sua natureza complexa, 
envolvem problemas e soluções que extrapolam do Código Civil.
f) Dar nova estrutura ao Código, mantendo-se a Parte Geral – conquista preciosa do 
Direito brasileiro, desde Teixeira de Freitas – mas com nova ordenação da matéria, a exemplo 
das mais recentes codificações.
g) Não realizar, propriamente, a unificação do Direito Privado, mas sim do Direito das 
Obrigações – de resto já uma realidade operacional no País – em virtude do obsoletismo do 
Código Comercial de 1850 – com a consequente inclusão de mais um Livro na Parte Especial, 
que, de início, se denominou “Atividades Negociais” e, posteriormente, “Direito de Empresa”.
Observe que houve uma valorização de um sistema baseado em cláusulas gerais, que dão 
certa margem de interpretação ao julgador e essa pode ser tida como a principal diferença 
de pensamento entre o Código Civil de 2002 e o de Bevilaqua.
Então, você já sabe que o Código Civil de 2002 não é de 2002. Na verdade, esse Código 
já nasceu idoso, velho, e, até mesmo, um pouco desatualizado.
Por conta disso, é que, hoje, nos deparamos com alguns dispositivos que não estão de 
acordo com a nossa realidade e, em breve, teremos uma “reforma” deste Código.
A exemplo disso, podemos mencionar a declaração do STF sobre a inconstitucionalidade 
artigo 1.790 do Código Civil que tratava a sucessão do companheiro de maneira detrimentosa 
em relação à sucessão do cônjuge, tradada pelo artigo 1.829 do mesmo Código.4 Mas isso 
é só para ilustrar, vamos estudar mais profundamente na parte de sucessões.
Professora, como assim década de 70? demorou muito . . .Professora, como assim década de 70? demorou muito . . .
Pois é, eu também achei bastante demorado, mas desde o período dos anos 70, até 
chegarmos efetivamente na publicação do nosso Código Civil de 2002, o qual teve o período 
de vacatio legis de um ano, houve diversas alterações, reformas e emendas nas Casas 
Legislativas até sua aprovação.
O NCC passou então a ter vigência em 2003, olha só esse print do do finalzinho da lei:
4 Vide Recurso Extraordinário n. 646.721 e Recurso Extraordinário n. 878.694.
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Assim, hoje, a preocupação do momento é a dignidade da pessoa humana – essa é a 
responsável pela forma de estrutura do atual sistema civil.
É a responsável pela aproximação do direito público e do direito privado.
No “mundo privado”, verifica-se, portanto, uma humanização do Direito Civil, uma 
constitucionalização do Direito Civil.
Segundo o professor Cristiano Chaves de Farias5, temos uma consciência das transformações 
do direito, que evolui a cada dia, concomitantemente, à evolução da sociedade.
Verifica-se, além da releitura dos institutos já mencionados, a partir da dignidade 
humana, o compromisso ético que conduz à uma sociedade justa e digna.
HUMANIZAÇÃO DO DIREITO CIVIL
consciência das transformações + releitura dos institutos + compromisso ético
=
SOCIEDADE MAIS JUSTA E DIGNA
fundamentos e princípios básicos da república saem do papel
Assim, observe que, embora o nosso Código Civil realmente tenha sido um Códigoque já nasceu velho e desatualizado em muitas passagens, de repente até inadequado ao 
momento em que nós vivemos, já é um rompimento muito grande no sentido de que nós 
temos institutos novos que configuram uma nova jornada no Direito Civil.
É essa jornada que eu convido vocês a percorrerem comigo a partir de agora, dentro 
do Direito Civil que vamos estudar, sempre com o pensamento voltado ao moderno, às 
evoluções sociais... tantas coisas podemos pensar hoje... imagine a rede social de alguém 
que faleceu – o que fazemos? Mantemos ou apagamos? Imagine um famoso que tem sua 
imagem reconstruída com inteligência artificial para ser “ressuscitado” em uma propaganda 
ou um show...
Na década de 70 não havia como prever tais questões... assim como hoje, talvez, não 
conseguimos prever questões que ocorrerão daqui 20 anos...
Onde a sua leitura encontrar um instituto inadequado ao momento, eu peço a você que 
releia já de acordo com o ordenamento jurídico que a gente tem hoje, sempre observando 
a dignidade da pessoa humana, que é o pilar, o baldrame de sustentação do Direito Civil 
moderno, constitucionalizado.
Peço licença a você para citar mais um trecho do Professor Cristiano Chaves sobre um 
texto que ele escreveu quando da entrada do Código Civil:
5 Chaves de Farias, Cristiano. Rosenvald, Nelson. Curso de Direito Civil – Parte Geral e LINDB. 18ª ed. rev. atual. amp. Editora 
JusPodivm. 2020
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[...] Advirta-se, todavia, não se tratar de uma simples adequação, mera adaptação, do Direito Civil 
clássico à norma constitucional, dando-lhe nova roupagem. É preciso o rompimento definitivo 
com o sistema tradicional, que o concebia pelo prisma individual e patrimonialista. Impõe-se 
uma nova visão do Direito Civil, a partir das premissas e garantias constitucionais. Como salienta 
LUIZ EDSON FACHIN, “não se trata de uma reciclagem funcional dos parâmetros do Direito Civil, 
mas sim de uma recomposição do vínculo e da dedicação a partir de um redimensionamento dos 
afazeres didáticos e de pesquisa” (Teoria Crítica do Direito Civil, Rio: Renovar, 2000, p.5).
Não se imagine, porém, que o novo(?) Código Civil, talhado no auge da ditadura militar e fundado, 
por conseguinte, em valores pertencentes a paragens distantes, perdidas em passado remoto e 
pouco saudoso ( juridicamente, pelo menos), colabore para essa mudança. Ao revés. O Código Civil 
de 2002 nasceu velho e, descompromissado com o seu tempo, desconhece as relações jurídicas 
mais atuais do homem. Tome-se como exemplo o Livro do Direito de Família que desconhece 
o DNA e suas importantes influências na determinação da filiação, a pluralidade dos modelos 
familiares e o avanço da biotecnologia, dentre outros graves equívocos e omissões.
[...]
Outrossim, “é demagógico porque, engenheiro de obras feitas, pretende consagrar direitos que, 
na verdade, estão tutelados em nossa cultura jurídica pelo menos desde o pacto político de 
outubro de 1988”, como desfecha com maestria o genial GUSTAVO TEPEDINO (RTDC – Revista 
Trimestral de Direito Civil 7:VI). Vale o exemplo da anulação de casamento suscitada pelo marido, 
alegando o anterior defloramento da mulher – logicamente, ignorado por ele – que já não tinha 
qualquer cabimento desde a CF/88 e tão invocado pelos defensores do NCCB como sua grande 
e exuberante novidade…
O ambiente jurídico, portanto, exige um comportamento crítico do operador do direito, não 
apenas voltado para apontar defeitos ou imperfeições, mas, sobretudo, para a formação de 
uma nova visão do fenômeno civilista, em compasso com o mundo contemporâneo. Um Direito 
Civil eficaz e apto a defender e proteger a vida humana em sua integralidade, contemporâneo 
com a sociedade que lhe incumbe pacificar.
Exige-se do jurista do novo tempo um compromisso ainda mais sólido com os ideais constitucionais 
de uma sociedade mais justa e solidária. É preciso que se promova com o Código Civil de 2002 
uma interpretação de seus institutos o mais próximo possível da legalidade constitucional. 
Família, contrato, propriedade, responsabilidade civil, sucessões… Enfim, o Direito Civil deve 
estar conectado aos valores sociais e humanitários preconizados pela norma maior. Até porque 
o Direito é feito pelo homem e para o homem. Exemplo eloquente foi emprestado pela Súmula 
301 do STJ que, interpretando o art. 232 do Código Civil, afirmou que se presume a prova que 
se pretendia produzir quando alguém se recusa a submeter-se ao exame DNA.
Nessa linha de intelecção, reconheça-se que o conceito de cidadania é, efetivamente, o motor de 
impulsão que projeta a dimensão da pessoa humana em seus valores e direitos fundamentais. 
Não mais, porém, compreendida como simples sujeito de direito virtuais, porém como titular de 
um patrimônio pessoal mínimo que lhe permita exercer uma vida digna, a partir da solidariedade 
social e da isonomia substancial.
Bem-vindos ao novo Direito Civil, construído a partir do fenômeno constitucional, cujo olhar 
se volta para a proteção do desenvolvimento da personalidade humana e não mais para o seu 
patrimônio. Seus mares estão à espera de descobertas e conquistas. Sobreleva, no entanto, 
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importante aviso aos navegantes: o caminho que se descortina, nascido da colisão inevitável 
entre a realidade viva e os velhos ideais do novo(?) Código Civil – inspirado em categorias 
jurídicas ultrapassadas – não tem rota predeterminada. Precisa ser descoberto. E suas pontes 
e portos serão construídos, a partir do reconhecimento do modelo de vida plural e aberto 
que vivemos, buscando sempre a garantia do desenvolvimento da personalidade humana.
Velhos institutos (propriedade, contrato, responsabilidade civil, casamento, sucessão) 
cedem espaço para novos valores, trazidos pela brisa segura e agradável do modelo social 
estabelecido pela Lex Mater: a propriedade e o contrato têm de exercer uma função social, 
a autonomia da vontade resta mitigada, a família torna-se desmatrimonializada e foge 
da previsão numerus clausus etc. Enfim, o Direito Civil mudou, e para muito melhor, sendo 
mister navegar por seus mares, revisitando seus institutos fundamentais.
Amplia-se a importância do Direito Civil na proteção do homem e mister se faz uma adaptação 
dogmática a esse novo tempo. A mudança de paradigmas conduz à releitura dos estatutos 
básicos. O papel da Academia ressalta-se. O tratamento da matéria deve ser mais específico, 
considerados os influxos constitucionais, criando operadores aptos a promover a dignidade 
humana acima de tudo e consentâneos com o seu tempo.
Veja-se, aliás, que esse novo Direito Civil não está localizado, necessariamente, no novo (?) Código 
Civil. Ao revés, advém das exigências sociais e dos contornos e paradigmas arquitetados pela 
Constituição Federal.
essa a travessia que se inicia, afirmando uma nova era de respeito ao homem e estímulo à 
cidadania. o céu é “de brigadeiro” (apesar de nuvens antigas com aparência de nova, que 
não resistirão ao “astro-rei” constitucional). boa viagem a todos nós.6
Professora, você citou sobre Professora, você citou sobre baldrame de sustentação do Direito Civil moderno . então . . . de sustentação do Direito Civil moderno . então . . . 
quais são?quais são?
Ah, sim...Então, são princípios implícitos, automáticos, no ordenamento jurídico civilista, previstos 
no Direito Civil, de ponta a ponta.
Decorrem, inclusive, da aplicação dos direitos fundamentais nas relações privadas.
Lembra da Dignidade da Pessoa Humana?
Então, dentro do Direito Civil, um grande mandamento é a dignidade da pessoa humana, 
que é a verdadeira essência do que nós temos hoje de Direito Civil constitucionalizado, certo?
Nós temos, assim, três princípios que regem o nosso Direito Civil moderno, contemporâneo, 
constitucionalizado, humanizado...
6 http://www.editorajc.com.br/redescobrindo-as-fronteiras-do-direito-civil-uma-viagem-na-protecao-da-dignidade-
-humana/
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PRINCÍPIO DA ETICIDADE
O princípio da eticidade impõe a ética, a probidade nas relações privadas, a boa-fé. Engana-se quem pensa 
que probidade é tema exclusivo do Direito Administrativo. Não! Probidade é tema do Direito Civil também! 
E, assim, a eticidade está a impor a boa-fé objetiva em todo o direito civil.
Ah, Roberta, mas, na parte de contratos, ela está lá, expressa no Código Civil!
Sim! Mas, mesmo não expressa em áreas como a de alimentos, regime de bens, obrigações, posse, propriedade, 
direitos reais, vizinhança, sucessão... está, implicitamente, presente em tudo, porque a principiologia civilista 
impõe, hoje, a boa-fé objetiva em tudo!
Ué, temos duas formas de boa-fé?
Sim, sim.
Temos dois tipos de boa-fé: a subjetiva e a objetiva.
A subjetiva tem a ver com a intenção, com o que está interiorizado na mente do sujeito.
A objetiva, por sua vez, é aquele padrão comportamental ético exigido nas condutas dos sujeitos.
Então, principiologia relacionada à boa-fé é a boa-fé objetiva.
Ah, Roberta, isso quer dizer que a boa-fé subjetiva não é levada em consideração?
É levada em consideração sim, mas em situações bem pontuais. Um exemplo no qual você pode levar em 
consideração a boa-fé subjetiva é no campo da posse, por exemplo.
O que é possuidor de boa-fé?
É aquele que ignora o vício ou tem justo título, que faz presumir a boa-fé, não é? Então, lá, quando você leva 
em consideração que a pessoa ignora o vício, está tratando da boa-fé em sua vertente subjetiva.
Mas quando falo em padrão comportamental, principiologia, estou me referindo à boa-fé objetiva.
Aliás, o rompimento da boa-fé objetiva, quando você está exercendo um direito seu, é causa de abuso do direito 
e o artigo 187 do CC, enquanto aplicador da teoria do abuso do direito, enseja uma responsabilidade civil objetiva.
Mas caaalma, não se preocupe, pois vamos falar desse artigo com calma mais adiante.
Nesse sentido, Miguel Reale, em sua exposição de motivos, lá na década de 70, mencionou que “A Eticidade – Procurou-
se superar o apego do Código atual ao formalismo jurídico, fruto, a um só tempo, da influência recebida a cavaleiro 
dos séculos XIX e XX, do Direito tradicional português e da Escola germânica dos pandectistas, aquele decorrente do 
trabalho empírico dos glosadores; está dominada pelo tecnicismo institucional, haurido na admirável experiência do 
Direito Romano. Não obstante os méritos desses valores técnicos, não era possível deixar de reconhecer, em nossos 
dias, a indeclinável participação dos valores éticos no ordenamento jurídico, sem abandono, é claro, das conquistas 
da técnica jurídica, que com aqueles deve se compatibilizar. Daí a opção, muitas vezes, por normas genéricas ou 
cláusulas gerais, sem a preocupação de excessivo rigorismo conceitual, a fim de possibilitar a criação de modelos 
jurídicos hermenêuticos, quer pelos advogados, quer pelos juízes, para contínua atualização dos preceitos legais. 
Nesse sentido temos, em primeiro lugar, o art. 113, na Parte Geral, segundo o qual “os negócios jurídicos devem 
ser interpretados conforme a boafé e os usos do lugar de sua celebração.” E mais este: “Art. 187. Comete ato ilícito 
o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou 
social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.” Lembro como outro exemplo o Artigo no 422 que dispõe quase como 
um prolegômeno a toda a teoria dos contratos, a saber: “Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim 
na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé.” Frequente é no Projeto 
a referência à probidade e a boa-fé, assim como à correção (corretezza) ao contrário do que ocorre no Código 
vigente, demasiado parcimonioso nessa matéria, como se tudo pudesse ser regido por determinações de caráter 
estritamente jurídicas” (não necessariamente os números dos artigos citados são os mesmos ainda hoje).
PRINCÍPIO DA SOCIALIDADE
Por meio desse princípio, nós temos uma transcendência do egoísmo, da preocupação individualizada, para 
uma preocupação com o coletivo.
O princípio da socialidade não impõe socialismo, não tem nada a ver com isso.
Na verdade, esse princípio impõe uma preocupação com o coletivo. A gente sai daquela esfera de egoísmo, 
de preocupação com patrimônio, de “eu posso fazer o que eu quiser enquanto eu sou proprietário”, “eu sou 
contratante e posso usar do contrato como forma de esmagamento social”... a ideia não é mais essa! Já foi 
(lá no Código de Bebé)!
Na verdade, a socialidade tem a ver com a função social. E nós falamos em “função social” de uma maneira 
geral! É inerente ao Direito Civil falar em função social da propriedade, função social do contrato...
Ok prof., mas o que vem a ser a função social da propriedade?
Ah, sim, significa dar à propriedade uma destinação, sem ficar sobressaindo o seu interesse individual. Então, 
no âmbito urbano, por exemplo, dar a função social à propriedade significa cumprimento do plano diretor.
Tanto é verdade isso, que ocorre punição pelo descumprimento da função social, por meio do fenômeno da 
desapropriação, que, além de estar na própria Constituição Federal, é previsto no art. 1.228 do Código Civil.
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Introdução ao Direito Civil 
Roberta Queiroz
A função social do contrato também é de enorme relevância no ordenamento jurídico, porque, muitas vezes, 
é o ponto central para uma revisão contratual. Só que é muito fácil falar de função social da propriedade e 
do contrato, mas função social não está restrita somente a esses institutos.
A gente tem função social das famílias, função social da posse – que é muito considerada para a usucapião 
coletiva, lá no artigo 1.228 do CC, função social do recibo (lá, nas obrigações), entre outros...
E, para deixar um pouco o “jurídico” de lado, existe um texto que é de um viés bem social mesmo, que se 
chama “função social do(a) amante”. Coloca lá no Google, que é bastante interessante a leitura, embora não 
tenha um aspecto propriamente jurídico.
Então, com tudo isso exposto, a gente tem um rompimento do individualismo para uma preocupação com 
o coletivo em vários institutos outrora “egoístas”.
Para deixar tudo bem completo, novamente cito que, Miguel Reale, em sua exposição de motivos, lá na 
década de 70, referiu que “A Socialidade – É constante o objetivo do novo Código no sentido de superar o 
manifesto caráter individualista da Lei vigente, feita para um País ainda eminentemente agrícola, com cerca 
de 80% da população no campo. Hoje em dia, vive o povo brasileiro nas cidades, na mesma proporção de 
80%, o que representa uma alteração de 180 graus na mentalidadereinante, inclusive em razão dos meios de 
comunicação, como o rádio e a televisão. Daí o predomínio do social sobre o individual. Alguns dos exemplos 
dados já consagram, além da exigência ética, o imperativo da socialidade, como quando se declara a função 
social do contrato na seguinte forma: “Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites 
da função social do contrato.” Por essa razão, em se tratando de contrato de adesão, estatui o Art. 423 o 
seguinte: “Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á 
adotar a interpretação mais favorável ao aderente.” No caso de posse, superando as disposições até agora 
universalmente seguidas, que distinguem apenas entre a posse de boa e a de má-fé, o Código leva em conta 
a natureza social da posse da coisa para reduzir o prazo de usucapião, o que constitui novidade relevante 
na tela do Direito Civil. Assim é que, conforme o Art. 1.238, é fixado o prazo de 15 anos para a aquisição da 
propriedade imóvel, independentemente de título e boa-fé, sendo esse prazo reduzido a dez anos “se o 
possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter 
produtivo”. Por outro lado, pelo Art. 1.239, bastam cinco anos ininterruptos para o possuidor, que não seja 
proprietário de imóvel rural ou urbano, adquirir o domínio de área em zona rural não superior a cinquenta 
hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nele sua moradia. Para tanto basta 
que não tenha havido oposição. O mesmo sentido social caracteriza o Art. 1.240, segundo o qual, se alguém 
“possuir”, como sua, “área urbana de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos ininterruptos, 
e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á a domínio, desde que não 
seja proprietário de outro imóvel”. Um magnífico exemplo da preponderância do princípio de socialidade 
é dado pelo Art. 1.242, segundo o qual “adquire também a propriedade do imóvel aquele que, contínua e 
incontestavelmente, com justo título e boa-fé, o possuir por dez anos”. Esse prazo é, porém, reduzido a cinco 
anos: “se o imóvel houver sido adquirido, onerosamente, com base em transcrição constante do registro 
próprio, cancelada posteriormente, desde que os possuidores nele tiverem estabelecido sua moradia, ou 
realizado investimento de interesse social e econômico.” Não vacilo em dizer que tem caráter revolucionário o 
disposto nos parágrafos 4º e 5º do Art. 1.228, determinando o seguinte: “§ 4º – O proprietário também pode 
ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, 
por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas, e estas nela tiverem realizado, em conjunto ou 
separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante.” “§ 5º – No 
caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago o preço, valerá 
a sentença como título para a transcrição do imóvel em nome dos possuidores.” Como se vê, é conferido ao 
juiz poder expropriatório, o que não é consagrado em nenhuma legislação.” (não necessariamente os números 
dos artigos citados são os mesmos ainda hoje)
PRINCÍPIO DA OPERABILIDADE OU CONCRETUDE
Por esse princípio temos a ideia de cláusulas gerais, de conceitos abertos, de expressões que se encaixam 
em qualquer situação, posto que sujeitas a uma interpretação momentânea.
Observando isso, o Direito foi pensado para ser concretizado, para ser aplicado.
Então, você não pode ter a elaboração de uma norma com expressões restritas e restritas à época de criação 
da lei, porque, assim, ocorre um engessamento do ordenamento jurídico.
Prof., você tem um exemplo?
Yes, baby: O artigo 5º do Código Civil trata da emancipação e estabelece essa possibilidade para os casos em 
que o menor com 16 anos que tenha “economia própria” seja emancipado pela lei.
Em 2002, o que era “economia própria”?
É só pensar quanto era o salário-mínimo nesse ano: 200 reais? 250 reais? (não me recordo, mas era por aí, rsrsrs)
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Se você coloca 250 reais na lei – é só um exemplo esdrúxulo, para você entender –, hoje, poderíamos considerar 
esse valor como sendo “economia própria”?
Claro que não! Então, na verdade, você tem, aí, a interpretação do instituto considerando o que a gente tem 
hoje. É uma expressão que se ajusta ao tempo e isso é exatamente o que chamamos de cláusulas gerais, 
conceitos abertos.
Aliás, boa-fé objetiva e função social são expressões cláusulas gerais.
Por fim, para deixar tudo bem completo, novamente cito que, Miguel Reale, em sua exposição de motivos, lá na 
década de 70, referiu que “A Operabilidade – Muito importante foi a decisão tomada no sentido de estabelecer 
soluções normativas de modo a facilitar sua interpretação e aplicação pelo operador do Direito. Nessa ordem de 
ideias, o primeiro cuidado foi eliminar as dúvidas que haviam persistido durante a aplicação do Código anterior. 
Exemplo disso é o relativo à distinção entre prescrição e decadência, tendo sido baldados os esforços no sentido 
de verificar quais eram os casos de uma ou de outra, com graves consequências de ordem prática. Para evitar esse 
inconveniente, resolveu-se enumerar, na Parte Geral, os casos de prescrição, em numerus clausus, sendo as hipóteses 
de decadência previstas em imediata conexão com a disposição normativa que a estabelece. Assim, por exemplo, 
após o artigo declarar qual a responsabilidade do construtor de edifícios pela higidez da obra, é estabelecido o 
prazo de decadência para ela ser exigida. Por outro lado, pôs-se termo a sinonímias que possam dar lugar a dúvidas, 
fazendo-se, por exemplo distinção entre associação e sociedade, destinando-se aquela para indicar as entidades de 
fins não econômicos, e esta para designar as de objetivos econômicos. Não menos relevante é a resolução de lançar 
mão, sempre que necessário, de cláusulas gerais, como acontece nos casos em que se exige probidade, boa-fé ou 
correção (corretezza) por parte do titular de direito, ou quando é impossível determinar com precisão o alcance da 
norma jurídica. É o que se dá, por exemplo, na hipótese de fixação de aluguel manifestamente excessivo, arbitrado 
pelo locador e a ser pago pelo locatário que, findo o prazo de locação, deixar de restituir a coisa, podendo o juiz, a 
seu critério, reduzi-lo, ou verbis: Art. 575. parágrafo único – “Se o aluguel arbitrado for manifestamente excessivo, 
poderá o juiz reduzi-lo, mas tendo sempre em conta o seu caráter de penalidade”. São previstos, em suma, as 
hipóteses, por assim dizer, de “indeterminação do preceito”, cuja aplicação in concreto caberá ao juiz decidir, em 
cada caso ocorrente, à luz das circunstâncias ocorrentes, tal como se dá por exemplo, quando for indeterminado o 
prazo de duração do contrato de agência, e uma das partes decidir resolvê-lo mediante aviso prévio de noventa dias, 
fixando tempo de duração incompatível com a natureza e o vulto do investimento exigido do contratante, cabendo 
ao juiz decidir sobre sua razoabilidade e o valor devido, em havendo divergência entre as partes, consoante dispõe 
o Art. 720 e seu parágrafo único. Somente assim se realiza o direito em sua concretude, sendo oportuno lembrar 
que a teoria do Direito concreto, e não puramente abstrato, encontra apoio de jurisconsultos do porte de Engisch, 
Betti, Larenz, Esser e muitos outros, implicando maior participação decisória conferida aos magistrados. Como 
se vê, o que se objetiva alcançar é o Direito em sua concreção, ou seja, em razãodos elementos de fato e de valor 
que devem ser sempre levados em conta na enunciação e na aplicação da norma. Nessa ordem de ideias, merece 
atenção o § 1º do Art. 1.240, o qual estatui que, no caso de usucapião de terreno urbano, “o título de domínio e 
a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil”. 
Atende-se, assim, à existência da união estável, considerada nova entidade familiar. Observo, finalmente, que a 
Comissão optou por uma linguagem precisa e atual, menos apegada a modelos clássicos superados, mas fiel aos 
valores de correção e de beleza que distinguem o Código Civil vigente.” (não necessariamente os números dos 
artigos citados são os mesmos ainda hoje)7
Então essas são as regras iniciais principiológicas, o nosso BALDRAME AXIOLÓGICO 
DO DIREITO CIVIL.
2 . terMINoloGIAS2 . terMINoloGIAS
Outros pontos interessantes que precisamos abordar são algumas terminologias...
Vamos continuar...
Ainda nesse encontro, eu quero que você saiba os conceitos de direito subjetivo e objetivo
7 https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/70327/C%C3%B3digo%20Civil%202%20ed.pdf
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O direito objetivo são as normas que regulam as relações no “viver” em sociedade.
Trata-se de um o conjunto de normas que o Estado ordena que devem ser seguidas e que 
obrigam as pessoas a terem comportamentos condizentes com a ordem social estabelecida.
O direito objetivo é exatamente o que está previsto nas leis, como por exemplo, tudo 
que está no Código Civil, Código Penal, etc.
É o direito positivado!
O direito subjetivo, por sua vez, é o direito que o sujeito tem de exercer uma determinada 
conduta autorizada por lei; revelam-se como “poder-dever”. A exemplo disso podemos citar 
um credor que ajuíza uma ação contra seu devedor para cobrança de seu crédito.
Esses direitos subjetivos estão intimamente ligados a prazos prescricionais. Não esquece 
disso! Mais adiante você vai entender melhor
“Assim, enquanto a expressão direito objetivo exprime o conjunto das regras normativas 
que disciplinam um determinado ordenamento, o direito subjetivo, por seu turno, diz 
respeito ao poder de exigir ou de pretender de alguém um comportamento específico.”8
Prof ., o que é direito potestativo?Prof ., o que é direito potestativo?
Ah, sim, o direito potestativo é um direito que pode ser exercido pelo seu titular 
independentemente da “oposição” de um terceiro; é o direito que pode ser implementado 
mesmo contra vontade de alguém. É o caso, por exemplo, do direito de revogar uma 
procuração dada, cabendo ao mandatário apenas aceitar tal condição.
É uma prerrogativa jurídica de impor a outrem, unilateralmente, a sujeição ao seu 
exercício; é um ato unilateral.
Arrematando, importa lembrar que, se a norma jurídica prevê um prazo para que o titular 
venha a realizar determinado direito potestativo, através de sua declaração de vontade, o 
seu não exercício importa decadência (também dita caducidade). Não havendo prazo em lei 
para o exercício de direito potestativo, este não estará sujeito a prazo extintivo, podendo 
ser exercido a qualquer tempo.9
Podemos até já mencionar aqui que nem todo direito potestativo tem prazo, a exemplo 
do divórcio, mas quando houver prazo, esse será decadencial.
Prof ., agora sim eu entendi . Maravilha .Prof ., agora sim eu entendi . Maravilha .
8 Chaves de Farias, Cristiano. Rosenvald, Nelson. Curso de Direito Civil – Parte Geral e LINDB. 18ª ed. rev. atual. amp. Editora 
JusPodivm. 2020
9 Chaves de Farias, Cristiano. Rosenvald, Nelson. Curso de Direito Civil – Parte Geral e LINDB. 18ª ed. rev. atual. amp. Editora 
JusPodivm. 2020
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Uaau, agora sim, você está pront@ para conversar sobre Direito Civil...
Então, vamos entender a estrutura do Código Civil?
Bom... Vamos estudar esse Código que é representado pela lei 10.406, de 10 de janeiro 
de 2002 e, como falamos anteriormente, passou a ter vigência em 12 de janeiro de 2003.
Professora, já me falaram que o Código é como um livro . . . é verdade?Professora, já me falaram que o Código é como um livro . . . é verdade?
Sem dúvida nenhuma, é um grande “livro da vida” dividido em Livros, Títulos, Capítulos 
e Seções, cuida da vida das pessoas do momento em que nascem até a morte.
Mas não esqueça que Código Civil não é sinônimo de Direito Civil. Na verdade, o Direito 
Civil é composto pelo CC e outras normas civilistas, como ECA, CDC, Estatuto do Idoso, 
Alimentos Gravídicos, entre outras tantas que falaremos ao longo do estudo do Código Civil.
Mas voltando, olha só que estrutura bacana tem nosso CC (precisei dividir o quadro em 
dois – parte 1 e parte 2):
Parte 1
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Parte 2
Assim, observe que temos, no Código Civil, uma estrutura didática e que norteará 
nossos estudos...
Sigamos?
Boa viagem a todos nós...
Vamos juntos!
Fé, doutores, em breve estarão nos Tribunais da vida rachando de ganhar dinheiro com 
uma advocacia justa e honesta!
“Explica... e com o carimbo positivo da ciência que aprova e classifica. O que é que a 
ciência tem? Tem lápis de calcular. Que mais que a ciência tem? Borracha pra depois apagar. 
Você já foi ao espelho? Não? Então vá!”
(Raul Seixas, Todo mundo explica, de Raul Seixas)
Bj bj da profa.
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	Sumário
	Introdução ao Direito Civil
	1. Introdução
	2. Terminologias

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