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DIREITO CIVIL - REAIS
Professor: Raymundo Cano
24/02/2025
Os direitos pessoais têm início a partir de uma escolha e neles é possível identificar um vínculo entre um
sujeito ativo e um sujeito passivo determinados. Pode-se afirmar inclusive que habitualmente é possível
observar em uma mesma relação jurídica que uma pessoa é ao mesmo tempo sujeito ativo e passivo da
obrigação. No direito pessoal o sujeito passivo assume o dever jurídico de entregar uma prestação que se
traduz em uma obrigação de dar, fazer ou não fazer. O direito real, por sua vez, habitualmente tem início a
partir de um direito pessoal, porém, uma vez estabelecido importa em estabelecer um vínculo do sujeito
ativo com a própria coisa que passa a ser o objeto daquele direito real. Qualquer que seja o direito dessa
espécie, o sujeito passivo será sempre a coletividade que assume uma obrigação de não fazer qual seja de não praticar qualquer conduta que viole o direito alheio. A propriedade imobiliária, por exemplo, é
adquirida com o registro e a partir de tal momento estabelece um vínculo do proprietário com a coisa no
qual todos assumem o dever jurídico de respeitar.
Características dos Direitos Reais
1- Oponibilidade erga omnes
Oponibilidade erga omnes é reconhecer que é a todos imposto o dever de respeitar o direito real alheio.
2- Taxatividade
A taxatividade vai conduzir a ideia de que só existem os direitos reais expressamente previstos em lei
estando a maioria deles previstos no art.
1225, CC.
3- Aderência
Pela aderência, uma vez instituído o direito real em relação à coisa cria-se o vínculo inafastável entre o
direito e a coisa de maneira que não é mais possível conceber um sem o outro.
4-Ambulatoriedade
A ambulatoriedade pode ser definida sob dois aspectos. Inicialmente, para caracterizar que o afastamento
físico do titular do direito e da coisa não importa na extinção do direito real. Da mesma forma que a
modificação de titularidade do direito real não importa em sua extinção.
5- Sequela: A sequela significa que o titular desse direito poderá reaver a coisa onde quer e com quem quer que ela se encontre desde que injustamente. Uma vez estabelecida a propriedade estabelece-se o vínculo com a coisa. O proprietário pela ambulatoriedade não precisa estar a todo tempo em contato físico com a coisa e se esta vem a ser invadida poderá exercer o seu direito de sequela.
6- Perpetuidade
Pela perpetuidade os direitos reais são estabelecidos sem que exista um prazo determinado, específico.
Trata-se de característica que não se aplica a todas as modalidades uma vez que alguns direitos reais são
essencialmente temporários, como o penhor.
7- Elasticidade (Específica da propriedade)
A elasticidade está relacionada às quatro faculdades ou poderes inerentes à propriedade previstos no art.
1228, CC.
7.1 Usar Está relacionado à morar, levar consigo, praticar assim atos da vida cotidiana.
7.2 Fruir
O poder de fruir envolve a possibilidade de obter os rendimentos alugando, arrendando entre outras
posturas.
7.3 Dispor
O poder de dispor significa que o proprietário pode alienar a título oneroso ou gratuito e ainda oferecer a
coisa em garantia revelando às três faculdades o aspecto interno da propriedade.
7.4 Reivindicar
O poder de reivindicar é conhecido como aspecto externo na medida em que terceiro deve estar
molestando o direito real alheio para que se vislumbre essa faculdade. O ideal é que o proprietário
concentre com ele os quatro poderes ou faculdades da propriedade. Toda vez que ele sofre uma limitação
ou mesmo a perda de uma ou mais dessas faculdades diz-se que foi estabelecido direito real sobre coisa
alheia e o proprietário que até então era pleno passa a ser limitado diante da restrição.
Obrigação propter rem
As obrigações propter rem são definidas como obrigações de caráter misto no qual o indivíduo deve
cumprir um comportamento em razão de ser titular de um direito real pré-existente. Não pode ser
entendida como genuíno direito pessoal por não ser contraída em razão da pessoa, mas sim em razão da
coisa. Da mesma forma, não se trata de direito real típico na medida em que seu objeto não é a própria
coisa mas sim a obrigação dela proveniente. São exemplos o condomínio, o IPTU, o IPVA, a construção
do muro divisório, dentre outros. As despesas com prestadora de serviço público são despesas de
consumo e que, por consequência, não se enquadram no conceito de obrigação propter rem.
Muito embora os direitos reais sejam compreendidos como direitos absolutos sofrem duas grandes
condicionantes que podem importar ora na extinção do direito real ora na sua limitação, tais princípios são
o interesse público e o interesse social. Como exemplo de influência do interesse público temos a
desapropriação e as normas relativas ao tombamento. O interesse da sociedade tem como exemplo os
direitos de vizinhança, a acessão invertida tratada no art. 1255, parágrafo único, CC, o usucapião, entre
outros.
10/03/25
Posse
A posse está relacionada ao exercício de uma ou mais de uma das faculdades inerentes à propriedade
estando portanto interligada à prática de condutas, de atos que revelam à coletividade algum dos poderes
inerentes ao domínio. Habitualmente, o titular de um direito real fica autorizado a possuir, muito embora a
posse exija o efetivo exercício. Por outro lado, é recorrente o indivíduo que se qualifica como possuidor
sem estar amparado em um direito real prévio, bastando para tanto imaginar a hipótese do portador de
promessa de compra e venda por documento particular que resida no imóvel exercendo assim o poder de
usar sem que esteja amparado em direito real antecedente.
A teoria subjetiva da posse idealizada pelo professor Savigny compreende como possuidor o indivíduo
que reúne o corpus aliado ao animus domini qual seja a coisa móvel ou imóvel aliada à prática de um
conjunto de atos materiais que revelam poder físico sobre ela e ainda o animus domini que é associado à
intenção de adquirir a propriedade do bem. Por esse conceito, não pode se enquadrar como possuidor o
locatário, o comodatário justamente porque os contratos que os vinculam impedem a caracterização do
indivíduo como possuidor. No Brasil, a teoria subjetiva é adotada para quase todas as espécies de
usucapião como se extrai do art. 1238, CC ao usar da expressão “possuir como seu”.
Para a teoria objetiva da posse idealizada pelo professor Ihering pouco importa corpus e animus sendo
considerado possuidor aquele indivíduo que ostenta a chamada visibilidade de domínio, exterioridade de
domínio, ou seja, é preciso averiguar no caso concreto se o indivíduo se comporta em relação à coisa
como se dono dela fosse adotando comportamentos que o proprietário teria naquela circunstância. A
coletividade observando a conduta daquele indivíduo pode afirmar se estar diante do proprietário pouco
importando se ele tem ou não a intenção de adquirir a propriedade. Trata-se de um conceito mais
abrangente de posse acolhido pelo art. 1196, CC.
Para a teoria objetiva da posse será considerado detentor aquele indivíduo a quem a lei retirar a qualidade
de possuidor. Trata-se da posse degradada, inferiorizada pela norma. A hipótese mais recorrente de
detenção é a do famulo ou servo da posse prevista no art. 1198, CC na qual se enquadra a figura do
caseiro e institutos afins. O caseiro poderia ser considerado possuidor e só não é porque a lei retira do
mesmo esta qualidade. Por não possuir posse, aquele que se enquadrar no art. 1198, CC não pode
promover medidas possessórias nem mesmo ser réu em ações dessa natureza. Podem, porém, promover
atos de defesa da posse fazendo uso da força física sem intervenção do judiciário para repelir agressão à
posse daquele que o legitimou a estar com a coisa.
A doutrina aponta a existência de duas modalidades de detenção: a interessada e a desinteressada. Na
primeira, o indivíduo tem a coisa sob seu poder por possuir algum interesse jurídico sobre ela, como
acontece, por exemplo, com os ocupantes de bens públicos. Na segunda, o indivíduo não possui qualquer
interesse sobrea coisa que está sobre seu contato imediato tal como se vê em relação ao fâmulo da posse
que tem o bem consigo mas seu interesse é no pagamento e não na coisa em si.
A teoria sociológica da posse não tem por objetivo superar a teoria objetiva e tem o intuito de promover o
fortalecimento da posse diante da titularidade dos direitos reais, em especial a propriedade. Como
exemplo da influência dessa teoria em nosso ordenamento é possível apontar a redução dos prazos de
usucapião, a consagração da acessão invertida prevista no art. 1255, CC bem como o art. 1258 dentre
outras possibilidades.
Classificação de posse
Diz-se possuidor pleno aquele indivíduo que exerce com autonomia todos os direitos à propriedade,
podendo inclusive promover o desmembramento dessa posse em direta e indireta. Diz-se possuidor direto
aquele indivíduo que tem o contato físico, imediato com a coisa sabedor do que devem devolver o bem a
outra pessoa. É conhecido como possuidor indireto aquele que permite o contato imediato por outrem
assumindo, porém, a possibilidade de retomada da coisa em momento futuro. O possuidor indireto
transfere esse contato por direito real ou pessoal. Como principais efeitos tanto o possuidor direto como o
indireto podem defender a posse diante de terceiros bem como isto pode acontecer entre um e outro. Se na constância de locação válido o locador começa a adotar comportamentos tentando promover a retomada do bem antes do prazo ajustado será possível ao locatário promover a medida possessória pertinente.
A posse jus possessionis é aquela em que o indivíduo tem a posse assegurada pela própra situação fática
da posse. O invasor que eventualmente se torna possuidor tem direito a fazer com que a coletividade
respeite a sua situação de possuidor. A posse jus possidendi é aquela em que o indivíduo atua amparado
em uma relação jurídica anterior de direito real ou pessoal que lhe autoriza a possuir como proprietário,
locatário e etc..
O fenômeno da composse implica em reconhecer que determinada coisa móvel ou imóvel que não possui
divisão de direito nem de fato tem a posse exercida em concomitância por duas ou mais pessoas.
Habitualmente, a composse é proveniente da situação de co-propriedade, porém, nada impede que
advenha da própria situação fática da posse. Como regra, qualquer um dos copossuidores pode, sozinho,
defender a posse do todo sem a necessidade de todos os demais participarem da demanda. Como exceção, em se tratando de composse de cônjuges deverá a ação ser proposta por ambos ou por um deles com autorização do outro. Se o bem é ocupado por apenas um dos copossuidores, os demais, privados da posse direta poderão exigir aluguel proporcional pela ocupação indevida. O art. 1199, CC não se aplica às hipóteses de pose pro diviso nas quais não há divisão jurídica da coisa mas há divisão fática, o que significa que cada um só fica autorizado a defender a parte que ocupava e não o todo.
17/03/25
Posse justa e injusta - Art. 1200, CC
Violência
A posse injusta é aquela que é obtida através da prática de um ou mais vícios objetivos da posse. Estará
presente a violência quando o indivíduo faz uso da força ou da coação moral para obter posse da coisa
móvel ou imóvel. Enquanto o legítimo possuidor estiver oferecendo resistência à agressão praticada,
promovendo atos de legítima defesa da posse ou propondo de imediato a respectiva ação possessória não
há que se falar em posse do invasor que possui apenas mera detenção interessada da coisa. Obtendo-se a
posse através do uso da violência, o indivíduo será considerado possuidor injusto na medida em que a
posse for emitida dessa forma e ostentará essa posição até que fato superveniente e eventual legitime esta
posse como aconteceria, por exemplo com o advento do usucapião ou da celebração de um contrato de
comodato entre os envolvidos. A legítima defesa da posse é admitida presentes dois requisitos
cumulativos: a proporcionalidade e a atitude ser tomada tão logo a agressão seja realizada.
Clandestinidade
A posse obtida através da clandestinidade é aquela em que o indivíduo confere a ocupação a seu bem de
início às escondidas e a posse terá início a partir do momento em que o indivíduo conferir a sua ocupação
publicidade já que até aquele momento ostentava apenas a qualidade de detentor interessado. Tal como
acontece na violência, o indivíduo manterá a qualidade de possuidor injusto até que fato possível e futuro
a legitime. Em ambos os vícios, é a prática da conduta que permite a obtenção da posse.
Precariedade
Enquanto na violência e na clandestinidade o vício praticado oportuniza a aquisição da posse, na
precariedade, o indivíduo já possuía e o cometimento do vício se dá em momento posterior. Na
precariedade, a pessoa tem o contato imediato com a coisa como possuidor direto ou detentor e ao ser
solicitada a devolução, o indivíduo se nega a fazê-lo ou começa a adotar comportamentos objetivos que
revelam que não tem intenção em devolver, construindo, plantando, murando e etc.. Serve de exemplo a
hipótese de um indivíduo que extingue o contrato de comodato de um bem e o comodatário apesar de
saber da intenção do comodante, começa a dar à sua ocupação uma outra feição: fazendo reformas dentre
outras posturas. Muito embora o art. 1208,CC não trate do convalescimento da precariedade, por certo
que a prolongada situação de contato físico com a coisa não pode ser considerada como de detenção
interessada. Dessa forma, diante da precariedade o indivíduo será considerado possuidor a partir do
momento em que fique inequívoca a sua intenção em não devolver a coisa, o que habitualmente se revela
através da prática de atos objetivos como construir, plantar, cercar, iniciando-se a partir daí a chamada
posse injusta pela precariedade.
A precariedade exemplifica porém não exaure o fenômeno conhecido como inversão ou interversão no
título da posse. Trata-se de qualquer hipótese em que o indivíduo altera as qualidades, os atributos de sua
posse ganhando outra classificação a partir de um ato de natureza material ou de natureza jurídica; no
primeiro, o indivíduo sozinho, unilateralmente alterar os atributos da sua posse como aconteceria, por
exemplo, no caso da locação em que o locatário por deixar de ser procurado pelo locador começa a se
comportar de forma diversa em relação ao bem. A inversão motivada por atos de natureza jurídica
acontece através da prática de um negócio jurídico como se daria quando o invasor celebra contrato de
comodato com o legítimo proprietário, hipótese em que o indivíduo como invasor era possuidor injusto e
com a celebração do contrato passa a ser possuidor justo invertendo-se assim o título da posse.
Posse de boa fé e má fé
O legislador não define o que é um possuidor de boa ou de má-fé limitando-se pela leitura do art. 1201,
CC a deixar claro que a presunção é de boa fé devendo o autor da ação que pretende a retomada da coisa
fazer prova em sentido contrário. Em princípio, a citação válida em processo judicial confirmada pela
sentença de procedência tem por consequência inverter o título da posse que passa a ser de má-fé. Nada
impede que circunstância anterior à citação permita a constatação dessa má-fé como acontece, por
exemplo na notificação ao comodatário concedendo-lhe prazo para a desocupação findo o qual o
comodatário será considerado como de má-fé se obter êxito na ação em que se pretende a retomada da
coisa.
O principal efeito da constatação de ser o possuidor de boa fé ou de má-fé é a disciplina relativa às
benfeitorias. Quais sejam obras ou despesas realizadas com intuito de conservar, melhorar ou embelezar a
coisa. Na eventualidade do possuidor estar de boa fé deverá em sua defesa requerer o direito de retenção,
ou seja, fato impeditivo do direito do autor e o de indenização pelas benfeitorias necessárias e úteis que
tenha realizado. Se a hipótese é de possuidor de má-fé só terá direito à indenização evitando-se com isso o
enriquecimento sem causa na medida em que o retomante obteve de volta a coisa por conduta atribuível
ao possuidor de má-fé.As benfeitorias devem existir ao tempo do oferecimento da resposta sendo certo
que o retomante da coisa poderá postular valor pelo uso exclusivo do bem hipótese em que tais valores
serão compensados no valor a se pagar a título de benfeitoria.
Acessão
Na eventualidade de ter sido realizada um acessão especificamente uma plantação ou construção esta
última, diferente da benfeitoria por possuir valor autônomo, também será possível arguir o direito de
indenização e a depender da hipótese, a acessão invertida prevista no parágrafo único do art. 1255, CC.
Quanto ao direito de retenção, apesar da norma não prevê-la expressamente, é entendimento pacífico que
se aplica por analogia o art. 1219, CC
Imaginando que João seja portador de documento particular de compra e venda de uma casa e que pouco
antes de ser citado a casa seja destruída por uma queda de barreira. Como até aquele momento João estava
de boa-fé, não terá qualquer responsabilidade em indenizar pelo valor da causa. Aplica-se a hipótese o art.
1217, CC. Diferente seria se o bem viesse a perecer em poder do réu após ter sido citado, hipótese em que
mesmo diante do evento da natureza o réu indenizará salvo se provar que o mesmo aconteceria se
estivesse em poder do retomanrte de que é praticamente impossível. Em relação aos frutos entendidos
como tais, os rendimentos que a coisa possa oferecer bem como os frutos naturais até a citação válida
salvo se existir circunstância anterior, os frutos são percebidos pelo possuidor de boa fé e após a
caracterização da posse de má-fé aquele que eventualmente tenha recebido a coisa ficará obrigado a
devolvê-la.
24/03/25
Posse com justo título - art. 1201, CC
O possuidor com justo título é mais do que o possuidor justo e mais ainda do que o possuidor munido de
documento que lhe autoriza a possuir. Trata-se da posse acompanhada de documento que cria em seu
portador a legítima expectativa de que com ele se tornará proprietário. Como portador de promessa de
compra e venda aquele que tem escritura pública realizada por quem não é dono e etc.. Trata-se de portar
documento que é hábil a, em tese, abstratamente, lhe conferir a qualidade de proprietário. Como
principais efeitos está a presunção relativa de boa-fé e ainda a redução dos prazos de usucapião.
Posse originária e posse derivada - art. 1243, CC
Sendo a derivada:
- Óbito
- Cessão de posse
A posse originária é aquela obtida sem que tenha havido o fenômeno da transmissão adquirindo o
indivíduo a posse por sua própria força. Na posse derivada opera-se o fenômeno da transmissão através do
qual o indivíduo recebe a posse das mãos do sucessor. A posse derivada pode se dar em virtude do óbito
bem como por um ato voluntário como a cessão de posse. Em ambas as hipóteses, a posse é transferida
com as mesmas características que possuía em relação ao antecessor, ou seja, se a posse anterior era de
boa-fé, a do sucessor também será, além do mais, o art. 1243, CC deixa claro que a posse do sucessor será
somada à do antecessor para efeito de usucapião na forma do art. 1243, CC.
Posse Natural e Civil (Jurídica) - Constituto possessório
A posse natural é aquela obtida através do efetivo contato físico com a coisa, confundindo-se assim com a
posse direta difere-se assim da posse civil ou jurídica que vem a ser aquela obtida através de lei ou
contrato na qual independente do efetivo contato físico, opera-se a entrega da posse. Em caso de óbito, os
herdeiros recebem a posse mesmo que não estejam no contato com a coisa ocupada pelo falecido já que a
posse deriva da lei. No constituto possessório, o indivíduo ao alienar bem de sua propriedade a título
oneroso ou gratuito transfere a posse em favor do adquirente. Trata-se de aquisição ficta da posse que
permite ao adquirente, desde que a cláusula seja expressa, se voltar contra o alienante para exigir a
entrega da coisa através da utilização das ações possessórias.
Na clausula constituti evidencia-se mais uma hipótese clara de desmembramento da posse, porque o
alienante que pretendia permanecer com a coisa era possuidor pleno e agora passa a ser possuidor direto.
Trata-se de evidente hipótese de inversão do título da posse na medida em que o indivíduo tinha posse de
coisa própria e passa a ter posse sobre coisa alheia tal como acontece na alienação fiduciária em garantia
de bem móvel na qual o consumidor transfere a propriedade e a posse plena por conta do contrato
celebrado ao banco, reservando para si a qualidade de possuidor direto.
Traditio Brevi Manu - Art. 1209, CC
A Traditio Bravi Manu é fenômeno oposto ao constituto possessório já que nele o indivíduo que era mero
detentor ou possuidor direto da coisa adquire a sua propriedade e em virtude disso a sua posse plena tal
como o inquilino que compra a propriedade do imóvel locado ou ainda do caseiro que recebe em
retribuição o bem que cuidava por seu patrão. Trata-se de concentração da posse em mais um exemplo de
inversão do título da posse no qual o indivíduo tinha posse de coisa alheia e passa a ter posse sobre coisa
própria.
Ações Possessórias Típicas
A ações possessórias típicas, também chamadas de interditos possessórios típicos são aqueles que
admitem como causa de pedir única a alegação de posse. Na eventualidade de serem réus na ação marido
e mulher, ambos deverão figurar obrigatoriamente como réus na demanda em hipótese de litisconsórcio
passivo necessário. Em se tratando de bem imóvel é obrigatório que a ação seja proposta no foro de
situação do imóvel senfdo hipótese de competência territorial absoluta. Trata-se de questão processual que
deve ser conhecida de ofício a medida em que não necessita o magistrado aguardar pronunciamento de
qualquer das partes.
a) Reintegração de Posse - Esbulho
A ação de reintegração de posse pressupões inicialmente que o autor comprove que em algum momento
ele ou o seu antecessor exerceu a posse direta sobre o bem e ainda que aquele que tem o contato físico
pratica ato de esbulho, ou seja, priva o legítimo possuidor de forma ilegítima no exercício da sua posse. O
exemplo mais recorrente é a hipótese do comodatário que em comodato verbal após ser notificado para
desocupação do bem se nega a deixá-lo levando o comodante ao ajuizar ação de reintegração de posse
objetivando recuperar a posse que já teve ao investir o comodatário no contato direto com a coisa. Se o
autor confessa que o vínculo é de locação a ação a ser proposta é a ação de despejo na forma do art.5º da
lei de locações dndo certo que o autor propuser a ação de reintegração de posse a consequência será a
extinção do processo sem análise do mérito. pela falta de interesse de agir. Na eventualidade do autor não
ter como provar que exerceu a posse direta do bem, e ainda se estiver amparado pela titularidade desse
direito como de propriedade deverá ser ajuizada a ação reivindicatória, não se admitindo assim a ação de
reintegração de posse que exige para sua propositura provas em que algum momento exerceu a posse
direta sobre a coisa.
b) Manutenção - Turbação de Posse
Na hipótese de resolução do negócio jurídico cumulada por reintegração de posse, o pedido inicial
formulado pelo autor é o de desfazimento do negócio jurídico tento como causa de pedir o
inadimplemento sendo a posse pedido sucessivo ao de extinção do contrato. Diferentemente do que
acontece em uma ação possessória típica, o objetivo do autor da ação é desfazer o negócio e por
consequência obter de volta a posse diferentemente do que ocorre em uma ação de reintegração de posse
em que o indivíduo pretende de imediato obter a sua posse que foi esbulhada. A ação de manutenção de
posse tem cabimento quando o indivíduo ainda na posse tiver a mesma incomodada, atrapalhada ou até
mesmo privada parcialmente.
c) Interdito Proibitório
A ação de interdito proibitório tem lugar quando se está diante da ameaça de um ato de turbação ou
esbulho.
O princípio da fungibilidade das açõe possessórias vem previsto no art. 554, CPC e através dele na
eventualidade de ser proposta demanda incorreta, o magistrado ao invés de extinguir o processosem
exame do mérito receberá a ação erradamente proposta como se a correta fosse. A justificativa para o
referido princípio reside no fato de que todas as ações possessórias se prestam à defesa de uma mesma
causa de pedira: a posse, e ainda reside no fato de que as lesões possesssórias estão em constante
modificação e o que hoje é esbulho amanhã pode deixar de ser. O art. 556, CPC prevê o caráeter dúplice
dessas ações admitindo que o réu formule pedido contra o autor na própria contestação naquilo que se
chama pedido contraposto possessório.
Além do pedido possessório típico, pode o autor formular os pedidos expressos tratados no art. 555, CPC.
Em se tratando de situação de comodato verbal tratado através de notificação findo o prazo concedido
para desocupação voluntária o autor ao formular pedido possessório típico poderá ainda deduzir pedido de
aluguel sanção, pena pels continuidade da posse em poder do comodatário. Poderá ainda ser requerido a
fixação de astrentes, ou seja, multa a ser devida na eventual prática de novo ato de turbação ou esbulho
fixada com a finalidade de dar maior efetividade às decisões judiciais proferidas.
31/03/25
Liminar na ação possessória típica - 562, CPC força nova
Em matéria de ação possessória típica e na forma do art. 562, CPC é possível que se conceda a liminar
possessória pretendida bastando para tanto que o autor comprove os requisitos genéricos da ação
possessória bem como que a lesão praticada é inferior a um ano e um dia. A liminar possessória tem
natureza de tutela de urgência porém sem que seja necessário obedecer os requisitos genéricos mas apenas
a data da lesão. A decisão conferida é suscetível de ser recorrida por agravo de instrumento e o
magistrado em sendo a ação possessória de força nova deferirá medida se a petição inicial e os
documentos que a instruem forem capaz de convencê-lo dos requisitos para sua concessão. Se é celebrado
um comodato escrito com data para se finalizar e o comodante ajuíza ação de reintegração de posse dentro
de um ano e dia do término do contrato esta será de força nova e o autor poderá requerer a concessão da
liminar. Não tem lugar na ação reivindicatória por não se tratar de uma ação possessória típica.
Em se tratando de ação possessória de força nova em que o juiz tenha dúvida em relação a conceder ou
não a liminar pretendida pelo autor deverá designar audiência conhecida como de justificação permitindo
ao autor provar a sua posse direta, a lesão praticada pelo réu e a sua data com a oitiva de testemunhas
intimando-se o réu para comparecer ao ato. Finda a audiência o magistrado deverá decidir a liminar
saindo o réu intimado para oferecer contestação.
Usucapião
Fato jurídico strictu sensu
Trata-se de forma de aquisição originária da propriedade na qual o indivíduo a adquire por sua própria
força funcionando como exceção às formas de aquisição da propriedade imóvel que se obtém pelo
registro e da propriedade móvel que se obtém pela tradição. Na estrutura do fato jurídico pode ser
compreendida como fato jurídico stricto sensu na medida em que em sua caracterização o mais importante
é o decurso de prazo do exercício da posse importando na aquisição da propriedade. De acordo com a
doutrina a sentença de usucapião é declaratória, ou seja, tão logo preenchidos os requisitos necessários a
usucapião será obtida a propriedade limitando-se a sentença a reconhecer uma certeza jurídica a de que o
indivíduo obteve a propriedade. A sentença que não confere domínio é apta a transferir o bem junto ao
registro de imóveis concedendo aquela propriedade eficácia erga omnes. A aquisição pela usucapião
acontece de forma gratuita, não tendo o possuidor que pagar para obter a propriedade em seu nome.
A doutrina coloca requisitos como comuns a todas as realidades de usucapião. Inicialmente, é necessário
que o indivíduo exerça a posse qualificada pela intenção de obter a propriedade. Necessário ainda que
essa posse seja exercida por um lapso temporal expressamente previsto em lei que variará de dois a
quinze anos. É inafastável ainda que o bem objeto da posse possa ser objeto de usucapião. São exemplos
de bens que não podem ser usucapidos: os bens públicos, os pertencentes a absolutamente incapazes, as
áreas comuns de edifícios e ainda o proprietário que pretender a usucapião diante dos demais
co-proprietários. Durante o lapso temporal previsto em lei. aquele que pretender a usucapião não pode se
afastar consideravelmente da coisa sob pena de se reiniciar a contagem do prazo para a usucapião. Não
descaracteriza a continuidade da posse a norma prevista no art. 1243, CC e dessa forma admite-se a soma
de posses por ato intervivos ou em virtude do óbito para o efeito de obter a propriedade do bem.
Imaginando usucapião com prazo de 10 anos em que o pai tenha ficado 6 anos e na sequência falecido
deixando filhos. Estes só precisarão ficar mais 4 anos para obter a propriedade pelo usucapião. O legítimo
proprietário ou legítimo possuidor durante a contagem do prazo de usucapião poderá se beneficiar de uma
ou mais das causas suspensivas e interruptivas da prescrição expressamente previstas em lei. Como a
usucapião é hipótese de prescrição aquisitiva a ele se aplicam as hipóteses tratadas nos artigos 197 ao art.
200 do CC em especial o art. 198. Imaginando que o indivíduo exerça a posse de um imóvel por 7 anos
em um usucapião de 10 e que o proprietário venha a óbito no sétimo ano deixando 3 filhos, um deles com
apenas 10 anos. Na data em que o filho completar 16 anos, o prazo do usucapião voltará a correr por mais
três anos aproveitando-se assim o prazo que já havia transcorrido antes da morte do proprietário
primitivo.
As causas interruptivas da prescrição exigem uma postura positiva por parte do interessado no sentido de
fazer cessar o prazo de prescrição que se reiniciará todo novamente. A melhor forma de se interromper a
prescrição é a propositura da ação correta visando a obtenção da posse que é exercida pelo opositor com
animus domini. A ação a ser ajuizada é a ação reivindicatória na medida em que o indivíduo se encontra
na posse do bem de forma prolongada. O legítimo proprietário pode fazer uso das hipóteses traçadas na
forma do art. 202, V e VI, CC. O legítimo proprietário que fizer uso de uma dessas medidas só poderá
fazê-lo uma única vez sendo necessário na próxima oportunidade a propositura da ação reivindicatória na
medida em que a interrupção da prescrição só pode acontecer uma única vez.
A ação de usucapião de coisa imóvel deve ser proposta obrigatoriamente no foro de situação do imóvel
sendo a competência territorial e absoluta. São réus da referida demanda o proprietário registral bem
como os confrontantes do imóvel em verdadeira hipótese de litisconsórcio necessário e não unitário. Os
confrontantes devem obrigatoriamente ser réus na demanda para que tenham a oportunidade de questionar
eventual limite que venha a lhe prejudicar muito embora a decisão não precise ser a mesma para todos os
envolvidos.
Após instaurado o contraditório efetiva ou fictamente, serão as fazendas públicas intimadas a dizer se
possuem interesse no processo já que se o bem é público, não se admite a usucapião. O MP será intimado
a manifestar sua atuação no processo já que o pedido da usucapião importará na modificação registral o
que é matéria de interesse público. Logo em seguida, o magistrado possivelmente colherá a prova oral
necessária à caracterização dos requisitos do usucapião e caso venha a acolhê-lo a sentença será levada
registro junto ao RGI adquirindo sua propriedade eficácia erga omnes.
14/04/2025
Usucapião:
Extraordinário: art, 1238 e 1238, pár. único
A Usucapião Extraordinário já existia na vigência do código revogado, com o prazo maior de 20 anos e
passou a existir no atual diploma, dispensando em seu Caput, a presença de requisitos específicos para sua
configuração.
Essa modalidade pode ser obtida por pessoa física ou jurídica, não exige que o indivíduo não seja
proprietário de outro imóvel, podendo ser proprietário prévio de vários bens e ainda,dispensa a prova da
posse direta sobre o referido bem. Trata-se de modalidade utilizada em situações em que se pretende a
Usucapião de vaga de garagem, sendo certo que no que diz respeito ao parágrafo único de maior
aplicação prática, exige-se a prova da posse direta qualificada pela moradia habitual do indivíduo,
reduzindo-se o prazo para 10 anos.
pegar com alguém
Ordinário: art.1272 e pár. único.
A usucapião ordinária reproduzida no código atual permite as mesmas considerações gerais feitas em
relação à usucapião anterior, ou seja, pode ser postulado por pessoa física, jurídica, independe da posse
direta e, ainda, pode ser requerido por quem já é proprietário de outros bens. Exige como requisito
específico a constatação do justo título entendido como tal ter documento que crie no portador a legítima
expectativa de que com ele se tornará proprietário do bem. A usucapião do parágrafo reduz o prazo,
porém mediante a observância ter requisitos específicos tais como ter adquirido onerosamente registrado e
este registro ser cancelado posteriormente. Imaginando a hipótese de João vender o bem para Maria e
depois Maria ser surpreendida por ação ajuizada por Ana argumentando que é casada com João e por não
ter sido observado seu necessário consentimento a transação é anulável bem como o registro
requerendo-se a reivindicatória. Passados 6 anos da venda realizada, será possível a Maria solicitar a
usucapião na eventualidade do juiz entender que a transação efetivada é inválida.
Urbano-pro moradia: 1240, caput
A usucapião urbano prevista no art. 1240-A foi criada pela CF/88 e por tal razão não tinha previsão no
Código revogado. Trata de norma que prevê uma série de requisitos específicos para a obtenção da
usucapião. Destaca-se a impossibilidade do indivíduo ser proprietário de outro bem a qualquer título até
que se complete os cinco anos a que se refere a norma. A doutrina sempre discutiu a possibilidade da
chamada acessio possessionis que seria a soma ou união de posses por ato inter vivos para efeito de
usucapião. A maioria da doutrina entende pela impossibilidade ao argumento de que esta modalidade de
usucapião foi idealizada em favor daquele que não é proprietário de qualquer bem, o que não se adequa
com a possibilidade de cessão dessa posse a título oneroso, o que implicaria em tráfico comercial
envolvendo essa posse. No que diz respeito a sucessio possessionis essa é perfeitamente admissível
ficando admitida a soma de posses em virtude do óbito para essa espécie bem como para qualquer outra
devido a falta de voluntariedade nessa forma de aquisição de posse.
Rural - pro labore - art. 1239, CC
A usucapião rural também conhecida como pro labore foi idealizada pela CF e por tal razão não existia no
código anterior. As mesmas considerações feitas em relação a urbano a ele se aplicam com a única
diferença que para que o indivíduo dele se beneficie necessário se faz que o indivíduo explore
economicamente a terra que ocupa sob pena de não conseguir obter a usucapião em tal modalidade.
Pro família - art.1240-A, CC
A usucapião pro familia foi acrescentada ao código em 2011, momento em que passou a valer. Da leitura
do art, 1240-A é possível extrair duas considerações:inicialmente só pode se beneficiar desse dispositivo
aquele indivíduo, cônjuge ou companheiro que já era previamente proprietário de metade do bem e
pretende pela usucapião obter a propriedade da outra metade. Quanto ao requisito do abandono de lar é
necessário comprovar que aquele que deixou o lar conjugal não presta assistência material e/ou moral em
favor daquele que permaneceu e de seu núcleo familiar.
Qualquer das modalidades de usucapião tratadas poderá ser alegada como matéria de defesa em ação de
reintegração de posse ou reivindicação ajuizada e caso seja acolhida a alegação a consequência será a
improcedência do pedido considerando a presença de fato extintivo do direito do autor podendo o réu
inclusive argumentar mais de uma modalidade de usucapião em defesa. É possível ainda oferecer pedido
reconvencional passando a integrar a reconvenção não só o autor da ação como também os confrontantes
sendo certo que se o pedido reconvencional for acolhido aquele que adquirir a propriedade pelo usucapião
poderá proceder o registro do bem em seu nome sem a necessidade de se propor nova demanda com esta
finalidade.
Direitos Reais em Espécie
Habitação - 1414 a 1416
Trata-se de genuíno direito real imobiliário no qual o indivíduo é titular de direito de gozo e fruição sobre
coisa alheia. O titular do direito dessa espécie pode apenas morar no imóvel e por conta disso deve fazer
frente às chamadas obrigações propter rem sob pena do titular da coisa pretender o reconhecimento
judicial da perda desse direito real. A habitação pode ser instituída em virtude de lei ou de testamento. Na
eventualidade de ser criada em favor de duas ou mais pessoas, se apenas um dos indivíduos exercer a
posse direta sobre o bem imóvel, aquele que está privado da posse direta não poderá exigir qualquer valor
já que não se admite qualquer lucro pelo não exercício da posse direta. Ao privado da posse resta a
possibilidade de ação de reintegração de posse ou reivindicatória em face daquele que ocupa com
exclusividade jamais se admitindo qualquer lucro pelo não uso da posse.
Art. 1831, CC - cônjuge sobrevivente
A hipótese mais recorrente desse direito real é a habitação sucessória tratada no art. 1831 que tem como
objetivo manter o mesmo padrão de vida do cônjuge ou companheiro sobrevivente que não seria possível
se pudesse ser obrigado a alienar o bem recebendo a sua quota parte relativa ao imóvel. Trata-se de direito
real vitalício e proveniente da própria lei e justamente por tal fato não exige registro junto ao RGI e será
mantido de forma vitalícia ou até que o cônjuge não honre com as despesas decorrentes da sua posse
direta.
A jurisprudência admite que o titular de direito dessa espécie alugue o imóvel e com o valor do aluguel
pague locação em outra localidade, desde que isso não represente lucro para o titular do direito. Da
mesma forma, o direito real de habitação só é oponível em relação a pessoas que participem daquela
relação sucessória, ou seja, é fundamental que o indivíduo exerça o direito real de habitação sobre imóvel
pertencente ao falecido ou ao falecido e ao cônjuge sobrevivente. Não é possível sujeitar pessoas que não
participam daquela relação sucessória ao direito real de habitação. Na hipótese, se três pessoas são
proprietários do imóvel e uma delas reside com seu cônjuge entende-se que foi contemplada com o ato de
mera permissão pelos demais proprietários o que não confere ao cônjuge sobrevivente que resida no
imóvel sem ser herdeiro o direito real de habitação sobre o referido bem devendo o mesmo desocupar o
imóvel sem prejuízo de eventual direito sucessório sobre o bem.
Usufruto
O direito real de usufruto pode ser instituído tanto em relação a bem móvel como a bem imóvel e tem
como partes o usufrutuário e o nu proprietário, este último assim conhecido justamente por estar privado
dos poderes que revelam a coletividade quem seria a pessoa do proprietário. O usufruto além das
características dos direitos reais possui três que são específicas. Inicialmente o usufruto é sempre
temporário mesmo quando instituído em favor de PJ como se extrai do art. 1410, III. Quando criado em
favor de pessoa física sem qualquer limitação temporal entende-se que o mesmo é vitalício.
28/04/25
Art. 1393. CC
Além da temporalidade, o usufruto foi criado com o objetivo de conferir à pessoa do usufrutuário a sua
dignidade e por tal razão é essencialmente instituído de forma graciosa, não onerosa. Trata-se de direito
real personalíssimo concluindo-se que a morte do usufrutuário sempre põe fim ao usufruto mesmo que
não seja essa a condição ou termo de seu fim. Não existe herança de usufruto que se ele eventualmente for estipulado por quinze anos, por exemplo, e o usufrutuário falecer no décimo ano a consequência será a
extinção do usufruto que não se transmite aos herdeiros dousufrutuário. O usufruto é ainda inalienável,
ou seja, não é possível a transferência da sua titularidade a título oneroso ou gratuito vendendo o usufruto,
trocando ou doando o direito real. Ao usufrutuário, só lhe assiste a possibilidade de abrir mão da sua
qualidade, hipótese em que o proprietário limitado se torna pleno.
(1410, CC - extinção do usufruto)
O nu proprietário enquanto pender o usufruto tem a possibilidade de vender ou dar em garantia o seu
imóvel o que não implica em qualquer consequência em relação ao usufruto que permanece intacto
quanto à pessoa do usufrutuário até a sua morte ou outro termo já que há um vínculo em relação à coisa.
O mesmo se dá em relação à morte do nu proprietário que tem por consequência a transferência desse
direito ao seus herdeiros que ficam obrigados a respeitar o usufruto até o seu término.
A norma prevê quatro formas de se estabelecer o usufruto inicialmente por ato inter vivos com destaque
para a doação com reserva de usufruto feita de pais a filhos com o objetivo de evitar o futuro inventário e
ainda de resguardar os pais em relação a uma eventual má-fé do filho beneficiado. É possível ainda que
determinada pessoa doe imóvel de sua propriedade para outra pessoa em usufruto de uma terceira. O
usufruto pode ainda ser instituído por lei ou por testamento como na hipótese do testador deixar imóvel de
sua propriedade para alguém por ocasião de seu óbito ficando ainda assegurado o usufruto em favor de
um terceiro.
O usufruto por usucapião decorre da leitura do art. 1391, CC e ele pode ser exemplificado com a hipótese
do indivíduo que é usufrutuário de determinado bem há muitos anos e passado longo período é
surpreendido com ação ajuizada por terceiro postulando reconhecimento da invalidade daquele título com
pedido de nulidade do registro. Mesmo na eventualidade do argumento ser procedente ainda assim o
usufrutuário poderá a seu favor argumentar a usucapião de seu direito real já que não há sentido em se
requerer o usucapião da propriedade por ter conhecimento desde o início do seu usufruto que a coisa
pertence a terceiro. O usufrutuário pode, com autonomia, e sem interferência do nu proprietário usar e
fruir do bem da maneira que melhor interessar. Dessa forma delibera sozinho se deve alugar, emprestar ou até mesmo deixar fechado. Por se tratar o usufruto de um direito real instituído com o objetivo de conferir
dignidade ao usufrutuário não é possível penhorá-lo nem mesmo os rendimentos obtidos com o usufruto
que até prova em contrário possui natureza alimentar.
Deveres do usufrutuário
O usufrutuário tem o ônus de arcar com as despesas ordinárias de conservação da coisa como detetização,
limpeza de caixa d´água bem como com as obrigações propter rem como IPTU e condomínio. Tais
despesas se não forem pagas deverá o nu proprietário fazê-lo considerando ser o maior prejudicado com a
perda do bem podendo no futuro ajuizar demanda regressiva em face do usufrutuário sem prejuízo da
possibilidade de se requerer a declaração judicial da perda do direito real de usufruto. O usufrutuário,
salvo na doação na reserva de usufruto poderá ser obrigado a prestar caução ao nu proprietário na medida
em que tira proveito econômico sobre coisa que não lhe pertence e, por conta disso, deverá oferecer bens
ou seu patrimônio em garantia de eventual uso abusivo da coisa por parte do usufrutuário. A ideia é de
que os bens do usufrutuário eventualmente sejam utilizados para a recomposição do bem. Na
eventualidade do usufrutuário não possuir bens para oferecer em garantia, a administração do usufruto
passa ao nu proprietário que deverá entregar aluguel ou outro valor estipulado ao usufrutuário já que mero
administrador.
O usufrutuário deve arcar com o seguro envolvendo bem e na eventualidade da coisa perecer o
proprietário terá o direito de receber o valor da indenização assegurando ao usufrutuário valor
proporcional ao tempo de usufruto estimadamente faltante. Muito embora o usufrutuário não precise da
anuência do nu proprietário para alugar o imóvel, recomenda-se a sua anuência considerando que se o
usufrutuário falecer, o nu proprietário agora pleno não está obrigado a respeitar a locação até seu término.
O usufruto sucessivo não é admitido no direito brasileiro e tem lugar quando seu instituidor estabelece
uma cadeia de usufrutuários podendo cada um a seu tempo usar e fruir do bem como aconteceria se José
fosse usufrutuário por quinze anos passando o usufruto para Matheus de caráter vitalício e assim
sucessivamente. Trata-se de disposição que viola o caráter personalíssimo temporário do instituto
inviabilizando que o nu proprietário em algum momento se torne proprietário pleno do bem.
O usufruto conjuntivo é aquele em que duas ou mais pessoas ao mesmo tempo podem usar e fruir da coisa
sendo prática admitida em nosso ordenamento. A grande questão que se coloca está relacionada à morte
ou renúncia de um dos co-usufrutuários. Duas possibilidades se colocam com diferentes consequências. É
possível identificar a extinção gradativa desse direito o que importa em que o nu proprietário possa exigir
aluguel proporcional à parte do usufrutuário faltante ou como segunda hipótese o aumento da participação
no usufruto pelos usufrutuários remanescentes naquilo que se chama direito de acrescer. Nesse último
caso, só quando o óbito ou renúncia do último usufrutuário é que o nu proprietário assumirá de uma só ve
a propriedade plena.
A solução ao caso concreto passa pela forma que o direito real foi constituído. Se a sua instituição
aconteceu por ato inter vivos, habitualmente por doação, a solução é a extinção pouco a pouco do direito
real salvo se o título que o criou estipular em sentido contrário. O que confere a um proprietário a
possibilidade de exigir aluguel proporcional. Se o usufruto conjuntivo foi instituído por testamento a
solução da norma é exatamente a oposta conferindo-se o direito de acrescer aos usufrutuários
remanescentes sem a possibilidade de exigir valor proporcional pelo nu proprietário.
O usufrutuário pode lançar mão da ação possessória típica caso pretenda abrir mão da titularidade do seu
direito real invocando ter em algum momento exercido a posse direta sobre o bem. Por outro lado, se
jamais teve a posse direta poderá, invocando a titularidade do seu direito real a ajuizar a ação
reivindicatória.
O art. 1410, CC trata das hipóteses de extinção do usufruto lembrando que a morte do usufrutuário
sempre extingue o direito real. Os motivos são as circunstâncias de ordem pessoal, subjetivas que levaram a criação do direito como se criar o usufruto para que o usufrutuário cuide de uma pessoa enferma. Os motivos não se presumem e precisam ser expressos para poderem autorizar a extinção do direito real.
A consolidação vem a ser fenômeno excepcional através do qual o usufrutuário se torna proprietário pleno
do bem, fenômeno este que não representa uma consequência natural. Por outro lado, se o usufrutuário
não usa o bem, é possível que o nu proprietário comprovando essa circunstância requeira judicialmente o
reconhecimento do direito real.
05/05/2025
AQUISIÇÃO (art. 1417 e 1418):
O portador de promessa de compra e venda ao celebrá-la deve tomar o cuidado de verificar quem realmente é o proprietário do bem providenciando a certidão atualizada de propriedade imobiliária. A promessa não precisa conter a forma pública para ser válida e possui tão logo celebrada eficácia Inter partes. Habitualmente se faz uso da promessa ora porque o promitente comprador não tem como saldar o preço ora porque o proprietário não possui meios de entregar naquele momento a propriedade do bem. A promessa registrada atribui ao negócio jurídico eficácia erga homines e na eventualidade do proprietário vender ou tentar vender este bem a um terceiro, este último não poderá alegar o desconhecimento da promessa devida ao seu registro podendo apenas diante da má fé do vendedor cobrá-lo por perdas e danos sem poder ter assegurado qualquer direito sobre o bem.
Para que o promitente comprador tenha o direito realde aquisição além do registro, será necessário constatar que a promessa de compra e venda não possui cláusula de arrependimento na medida em que se estiver presente o a arrependimento o vendedor pode preferir pagar eventual multa ao invés de entregar a escritura definitiva. Se o vendedor insistir em não celebrar a escritura definitiva poderá o promitente comprador ajuizar ação de adjudicação compulsória. A ação deve necessariamente ser precedida da prévia constituição de promitente vendedor em mora o que é feito através de sua notificação extrajudicial concedendo-lhe prazo para comparecimento junto ao cartório de notas por ele indicado em prazo razoável devendo a inicial ser instruída com aprova dessa notificação sob pena de faltar ao autor interesse de agir. A eventual procedência da ação de adjudicação tem por consequência substituir a escritura pública podendo ser levada a registro junto ao RGI competente.
O portador de promessa de compra e venda pode se valer da ação possessória típica se pretender se valer como causa de pedir o exercício de algum momento da posse direta se pretender a posse com base na titularidade o seu direito real poderá ajuizar a ação reivindicatória. O portador de promessa de compra e venda exerce a posse pela teoria subjetiva na medida em que mais do que ninguém tem a intenção de adquirir a propriedade. Por fim, pode ainda se valer da redução dos prazos de usucapião na forma do art. 1242 CC em seu parágrafo que tratam do usucapião ordinário
12/05/2025
SERVIDÃO:
· Objetivo é maior comodidade 
· Art. 1378
· As servidões são genuínas direitos reais imobiliários partindo da ideia de conferir maior comodidade a um imóvel em detrimento de outro. A maneira mais coerente em sua constituição aconteceria com a celebração de escritura pública assinada pelo atual proprietário do imóvel dominante e do imóvel serviente delimitando as características da servidão como metragem e sua localização averbando à escritura junto a matrícula do imóvel dominante que se beneficia da servidão e do imóvel serviente que sofre a restrição pela criação da servidão. É exemplo de servidão a servidão de passagem/trânsito, a servidão de cabos e tubulações, de vista para o mar, de luz solar, de passagem de animais, etc. O imóvel serviente passa a ter uma restrição em seu poder de usar na medida em que permanece proprietário porem tem o dever de respeitar a servidão. Por se tratar de direito real transmite-se aos novos proprietários em havendo mudança de titularidade ou óbito do titular de ambos os imóveis. 
· As servidões não podem ser confundidas com aquilo que se convencionou chamar de servidão administrativa que não possuem característica de servidão. Estas últimas não são constituídas em favor de um bem específico e determinado se aplicando assim em favor de toda a coletividade. O mesmo se aplica aos direitos de vizinhança tratados nos art. 1285 e 1286. Em ambas as hipóteses estamos diante de uma necessidade que se sujeita por força de lei a recomposição financeira do imóvel que sofre a restrição. 
· Além das características gerais dos direitos reais com destaque a perpetuidade uma vez que são estabelecidas sem possuir um tempo pré definido de existência as servidões pressupõem a existência de imóveis pertencentes à proprietários diversos. São também direitos reais acessórios na medida em que não possuem existência autônoma estando sempre relacionado a um outro direito real que lhe possibilite fazer uso da servidão. São direitos reais inalienáveis de maneira que não podem ser transferidas isoladamente. Por fim, e na forma do art. 1386, as servidões não se dividem, fracionam mesmo havendo a divisão da coisa principal. 
· As servidões podem ser criadas por ato inter vivos, por testamento e até mesmo por sentença judicial. A depender da modalidade ainda podem ser instituídas pelo usucapião. A doutrina aponta 3 classificações mais importantes nas servidões. Inicialmente as servidões podem ser aparentes ou não aparentes. As servidões aparentes são aquelas que deixam sinais, vestígios de sua existência e justamente por isso permitem a coletividade tomar conhecimento dessa situação induzindo posse e permitindo a usucapião. Especificamente no que diz respeito as servidões de trânsito a súmula 415 do STF deixa claro que é necessário deixar marcas e vestígios realizando obras como escadas e muros. As servidões não aparentes não deixam marcas de sua existência e por consequência não induzem a posse. O art. 1213 porém ressalva a possibilidade do uso das ações possessórias desde que por certo esteja averbada junto a matrícula do imóvel na medida em que jamais se admite a usucapião dessas servidões.
· As servidões contínuas são aquelas que dispensam a prática de atos humanos reiterados para serem evidenciadas considerando que possuem obras que revelam a sua existência tais como as servidões de cabos e tubulações. As servidões descontínuas exigem a prática de atos humanos reiterados para que fiquem evidente que estão configuradas com a servidão de vista e a de passagem sem obra. As servidões positivas são aquelas que conferem ao imóvel dominante o direito de praticar uma conduta sobre o imóvel serviente com a de cabos e a de passagem. As servidões negativas são aquelas que conferem ao imóvel serviente o dever de abstenção tal como ocorre nas servidões de vista e qualquer outra compreendida como negativa. 
19/05/2025
· O custeio das obras destinadas a viabilizar e a manter na servidão correm por conta do imóvel dominante em regra já que se beneficia da instituição do direito real a seu favor. Nada impede, porém que o documento que cria a servidão estipule em sentido contrário imputando ao imóvel serviente está obrigação. Na eventualidade de se pretender o deslocamento de uma servidão, ficará a cargo do imóvel serviente a despesa, sendo certo que só será possível a mudança de localidade coma anuência do imóvel dominante. Em se tratando de servidão aparente o titular poderá fazer uso das ações possessória típicas, bastando para tanto que faça prova de que em Algum momento exerceu a posse. Em se tratando de servidão não aparente o uso da ações possessória é admitido por disposição expressa prevista no artigo 1213 CC e desde que esteja devidamente registrada junto a matrícula do imóvel já que não pode ser objeto de usucapião. 
· Muito embora a servidão seja criada sem possuir tempo pré-estabelecido, os art. 1388 e 1389, tratam nas formas pelas quais a servidão pode vir a ser extinta. Se os imóveis vierem a pertencer ao mesmo dono a consequência será a extinção do direito real. Se o imóvel serviente comprovar judicialmente que o imóvel dominante não faz uso daquela servidão será possível por fim ao referido direito real já que não se presta a conferir comodidade ao imóvel dominante pode a qualquer tempo abrir mão de seu direito real a sim procedendo por escritura pública devidamente averbada junto a matrícula do imóvel. Por fim, o imóvel serviente pode por seu atual titular comprar de volta a titularidade plena negociando-a com o atual proprietário do imóvel dominante que aceitando negociar celebrará escritura pública com estes termos. 
 
ENFITEUSE
· A enfiteuse é genuíno direito real imobiliário através do qual o dono de um imóvel ao invés de transferir propriedade promove a alienação da chamada titularidade do domínio útil em favor daquele a passa a se intitular xx exercendo com autonomia a titularidade dos 4 poderes ou faculdades inerentes à propriedade sem precisar contar com anuência do senhorio direto enfiteuticador. O foreiro não pode ser considerado como proprietário pleno na medida em que tem duas obrigações a serem cumpridas diante do senhorio direto. Inicialmente, deve realizar o pagamento pontual do foro que se trata de valor anual sobre o valor de solo que possui natureza de obrigação propter rem. Para o senhorio direto possui natureza de verdadeiro fruto civil considerando se tratar de um rendimento pelo uso da coisa por parte do foreiro.
· Além do pagamento do foro é cabível ainda o chamado laudêmioque vem a ser a quantia paga pelo titular do domínio útil a cada vez que vier a vender ou dar em pagamento a propriedade pelo não exercício do direito de preferência por pare do senhorio direto também incidente sobre o valor do terreno. O titular do domínio útil não deve laudêmio caso pretenda doar nem mesmo pela sucessão causa mortes. 
· O titular do domínio [útil pode oferecer o imóvel como garantia conceder em usufruto bem como ajuizar todas as ações reais envolvendo o bem. É perfeitamente possível a usucapião da titularidade do domínio útil quando o senhorio direto for pessoa jurídica de direito público interno contra quem não seja possível requerer a usucapião da propriedade.
SUPERFICIÁRIO
· Direito real imobiliário
· Art. 1369 a 1377
· O direito real de superfície é também genuíno direito real imobiliário através do qual o proprietário de um imóvel por não ter condição de explorá-lo economicamente resolve por bem por direito real devidamente constituído transferir a outrem o direito de construir ou plantar sobre o terreno que continua lhe pertencendo. Trata-se de direito real temporário constituído a título oneroso ou gratuito sendo certo que ao término do prazo estabelecido o fundeiro se tornará proprietário de todas as construções ou plantações nele edificadas. O prazo e a finalidade da superfície devem estar perfeitamente delineadas no momento de sua instituição pensando-se que o superficiário deve estimar o tempo da superfície considerando os gastos realizados e um futuro lucro razoável.
· O direito real de superfície não é personalíssimo, ou seja, a morte de superficiário não põe fim ao referido direito real que continua produzindo direitos regulares diante dos herdeiros do superficiário. Tanto o superficiário quanto o fundeiro podem alienar os seus respectivos direito reais concedendo reciprocamente o direito de preferência. A desobediência à preferência confere ao prejudicado a possibilidade de ajuizar demanda de consignação e pagamento cumulada com o pedido de adjudicação compulsória. Ao término da superfície o superficiário em regra não possui qualquer direito de ressarcimento por aquilo que construiu ou plantou, salvo se expressamente previu nesse sentido. A norma prevê ainda de forma expressa a impossibilidade de cobrança de qualquer valor pelo não exercício do direito de preferência o que conduziria a uma equiparação a efiteuse o que é vedado 
· Muito embora a norma preveja a criação da superfície como algo eventual, a doutrina admite que seja estabelecida pelo fenômeno da cisão hipótese em que as construções ou plantações já preexistem. Ao término se o superficiário não devolver, a medida a ser proposta dependerá da maneira pela qual a superfície foi criada. Se foi criada pelo fenômeno da cisão, perfeitamente cabível a reintegração de posse. Por outro lado, se foi estabelecida como direito eventual a ação a ser proposta é a demanda reivindicatória considerando que o fundeiro jamais teve a posse sobre as construções ou plantações 
26/05
DIERITOS REIAS DE GARANTIA: 
· No momento da concessão de determinado crédito como acontece com os bancos e com as operadoras de crédito, o credor ao conceder o crédito não exige bem específico e determinado do devedor como garantia ao pagamento da dívida e diante de uma inadimplência deverá buscar, através do judiciário, bens do devedor que possibilitem o pagamento da dívida. Com instituição de um direito real de garantia o devedor oferece bem específico e determinado de sua propriedade que ficará a disposição do pagamento daquela dívida e diante do inadimplemento do devedor bastará utilizar daquele bem como forma de pagamento procedendo a sua alienação para que haja a quitação. A hipoteca, anticrese e o penhor são direitos reais de garantia sob coisa alheia na medida em que o bem móvel ou imóvel continuará pertencendo ao devedor. Na propriedade fiduciária que tem cabimento tanto para bem móvel quanto para imóvel a propriedade da coisa fica em poder do credor o que diante de uma inadimplência facilita o recebimento da dívida. 
· A característica da preferência é inerente a essa espécie de direito real e significa que se a coisa móvel ou imóvel precisar ser alienada para o pagamento da dívida o saldo apurado será revertido em favor do credor com garantia em detrimento do credor quirografário entendido como tal a que credor sem qualquer garantia. A preferência do titular de um crédito dessa espécie não é contanto absoluta na forma do Art. 83 da lei 11101/05ª créditos que são pagos com preferência maior podendo-se afirmar que a preferência que se coloca é erga aliquos, ou seja, contra algum credores, mas não erga homines na medida em que não se sobrepõe para todos.
· Muito embora a norma não trate do débito condominial a questão é pacificada diante da sumula 478 do STJ que estabelece a preferência do condomínio sobre o crédito com garantia real. Trata-se de obrigação propter rem e não pagamento do condomínio importará em que todos os demais condôminos sejam obrigados a suportar o débito condominial não pago e ainda a falta de conservação da coisa comum importará em diminuição do valor do bem em particular o que acaba por prejudicar ao próprio credor já que o bem será alienado por valor inferior ao que seria justo.
· Qualquer que seja o direito real de garantia é estabelecido contratualmente em caráter acessório por estrara serviço de um outro negócio jurídico normalmente no contrato de empréstimo a juros. Resgatado o empréstimo o direito real imediatamente se extinguirá não possuindo assim um vínculo em si mesmo. A constituição válida de um direito real constitui uma limitação ao poder de dispor da coisa. Criado o direito real a coisa móvel ou imóvel encontra-se gravada e a cada vez que pretender alienar validamente o bem necessitará contar com a anuência do credor como garantia. Na eventualidade da alienação ser feita sem a sua participação a consequência que se coloca é de que a alienação não produzirá qualquer efeito em relação aquele credor que não está obrigado a respeita-la e ainda assim por possuir vínculo com a coisa poderá promover a retomada do bem onde quer e com quer que ele se encontre. 
· A característica da excussão confere ao titular do direito real a possibilidade de ajuizar medida extrajudicial e ou judicial visando a alienação do bem para o pagamento total ou parcial da dívida. O art. 1428 que também se estende a propriedade fiduciária impede que o credor fique com a propriedade do bem quando do inadimplemento. A finalidade da norma ao proibir o pacto comissório está em evitar que o credor que fica com o bem possa atribuir a coisa móvel ou imóvel o valor que bem entender colocando o credor em situação mais vantajosa já que possivelmente o devedor terá maior valor a pagar.
· O art. 1421 e 1429 tratam da característica da indivisibilidade do direito real de garantia. Na eventualidade de serem oferecidos dois ou mais bens em garantia do pagamento da dívida, o pagamento parcial e proporcional dos valores apresentados não autoriza a que o devedor pouco a pouco vá resgatando os bens oferecidos em garantia, salvo previsão expressa nesse sentido. O mesmo se diz em relação a um herdeiro do devedor que pretender por fim ao direito real proporcional a sua dívida o que igualmente não poderá ser feito, ou seja, ou devedor paga tudo ou não pode pagar a sua parte na medida em que assumiu um direito real indivisível.
· No penhor como regra estamos diante de um desdobramento da posse na medida em que como regra o devedor permanece como proprietário e possuidor indireto da coisa transferindo a posse direta para o credor pignoratício que exercerá a função de mero depositário do bem ou seja não tem a possibilidade de fazer uso da coisa tirando o benefício com essa utilização devendo nesse contexto apenas promover a guarda dos bens. Muito embora a propriedade permaneça com o devedor incide a regra de que a responsabilidade pela perda não culposa do bem correrá por conta do credor na medida em que tem a coisa sob seu poder objetivando comisso desenvolver atividade econômica fazendo parte dos riscos da atividade desenvolvida a perda não culposa da coisa em seu poder. O penhor é estabelecido contratualmente, mas para possuir eficácia erga homines deverá ser levado a registro junto ao cartório de títulos e documentos. O art. 1431 parágrafo único prevê exceção à regra a medida que o devedor permanecerá com a posse do bem justamente para obter rendimento com a sua produção rural e com isso pagar ao empréstimo que tem como garantia o próprio bem. 
· Em se tratando de produtor, averba-se junto à matrícula do imóvel e a partir desse negócio jurídico que pode inclusive prever bens imóveis é possível ser extraído título de crédito pelo devedor em favor do credor como forma de representar o valor da dívida. 
· Em se tratando de propriedade resolúvel e fiduciária de coisa móvel o proprietário será o credor que através do constituo possessório recebe a posse indireta do devedor que permanece como mero possuidor direto da coisa até que pague a integralidade da dívida e venha a se tornar proprietário pleno. 
02/06/2025
CONDOMÍNIO:
· O condomínio voluntário poderá incidir sobre coisa indivisível ou divisível como um terreno urbano com grande metragem ou um apartamento. Na eventualidade de todos os condôminos contratarem a execução de um serviço cada um só poderá ser responsabilizado pela sua cota parte salvo se estiver sido estabelecida expressamente a solidariedade hipótese em que qualquer um dos envolvidos poderá ser exigido pela totalidade com ação regressiva contra os demais. 
· Se apenas um de três condôminos tiver contratado a execução de um serviço relativo ao imóvel apenas ele poderá ser cobrado pela dívida. Uma vez paga a dívida este poderá se voltar contra os demais desde que comprove que a dívida é contraída em função do imóvel como a realização de uma benfeitoria necessária na forma do art. 1318 CC.
· A indivisibilidade da coisa pode ser natural, estabelecida por lei ou voluntariamente estabelecida o que significa que o imóvel poderia ser dividido porém por mera opção deixou de sê-lo por iniciativa dos proprietários ou do doador ou do testador que deixou o bem impondo a indivisibilidade que neste caso não poderá ultrapassar os 5 anos. Em se tratando de uma indivisibilidade física qualquer um dos envolvidos poderá em não havendo consenso promover a alienação forçada da coisa através de ação de extinção de condomínio. Imaginando que um apartamento pertença a três proprietário e dois resistam a venda e outro não. Aquele que não quer vender poderá ajuizar ação de extinção de condomínio com prioridade na compra sendo o valor estabelecido judicialmente. Caso não seja possível ao condômino a aquisição do bem será o mesmo alienado judicialmente em favor de estranho. Paralelamente a isso se um dos condôminos exercer com exclusividade a posse direta do bem poderá ser compelido a pagar aluguel proporcional através de ação de arbitramento de aluguel 
· Os condomínios edilício são criados a partir da ideia de que aquele que pertence ao condomínio é proprietário de áreas comuns e de áreas exclusivas. Todo condômino tem esta dupla propriedade sendo certo que a relativa às áreas comuns são inalienáveis de forma separada das áreas privadas. Prazo prescricional para cobrança de cota condominial é segunda a jurisprudência quinquenal na forma do art. 206, parágrafo quinto, inciso 1. Trata-se de uma entidade sem personalidade jurídica por que é constituída sem ter o objetivo de contrair direitos e obrigações como o mundo exterior. Muito embora desprovida de personalidade possui a chamada capacidade postulatória podendo figurar como autor ou réu em demanda judicial como a de cobrança de cota condominial que figura como autor contra o condômino que não paga. 
· A instituição de um condomínio é registrada junto ao RGI e num primeiro momento deve-se destinar a finalidade para qual foi criada e fração ideal que cada um dos condôminos possui em relação ao solo. Sem prejuízo de outras disposições a convenção de condomínio deverá conter as disposições tratadas no art. 1334 devendo estabelecer como se dá na cobrança do valor do condomínio a participação em assembleias a forma de convocação, as sanções impostas aos condôminos bem como o regimento interno. 
· As associações de moradores não se equiparam a condomínio, pois a primeira é voluntária e a segunda compulsória. A jurisprudência reconhece, porém que é possível impor a cobrança dos valor associativos toda vez que fique provado que aquela associação desempenha função direta e específica em relação a um grupo direto de pessoas que se beneficial de sua atuação. Coleta de lixo, cancela, manobra de águas, capinas.
Os artigos 1335 e 1336 tratam dos direitos e deveres dos condôminos merecendo destaque o que determina 1336 IV. Quanto a existência de animais em unidade residenciais o entendimento pacificado é no sentido que mesmo existindo vedação e convenção é possível que o condômino tenha um animal desde que fique comprovado não representa prejuízo ao sossego e segurança dos demais. Quanto ao uso do airbnib é permitida a vedação em convenção com o condomínio desde que se trate de imóvel exclusivamente residencial. Quanto a vaga de garagem para que seja alienada ou alugada a terceiros estranhos ao condomínio é necessário que haja expressa autorização na convenção para que seja viável a alienação. 
· O art. 1336 prevê a possibilidade de cobrança de juros e multa que não pode exceder o valor de 2 por cento do valor do débito. Se o condômino pratica conduta de pintar a sua fachada de cor diversa do condomínio a ele poderá ser imposto a multa no paragrafo segundo do mesmo art. A conduta repetitiva seja relativa ao não pagamento das cotas condominial.
09/06/2025
O art. 1228 parágrafo 4 e 5 não existiam na vigência do CC revogado e é conhecido pela doutrina como desapropriação judicial a medida em que é conferido pelo poder judiciário e não por iniciativa do poder executivo como acontece na desapropriação tradicional. Trata-se de mais uma aplicação em nosso código do princípio da função social a posse e permite que aquele grupo que s e enquadrar na hipótese do parágrafo 4 possa ao ser réu em demanda reivindicatória ajuizar reconvenção requerendo entrega da propriedade em favor dos réus mediante o pagamento de indenização a ser paga preferencialmente pelos próprios réus e não sendo isso possível pelo ente que desapropriou comprovada a hipossuficiência daquele grupo. A transferência da propriedade em favor dos réus exige um prévio pagamento dos valores não se tratando o instituto de usucapião dada a sua onerosidade. Como se trata de aquisição onerosa da propriedade há quem defenda a possibilidade de aplicação do instituto aos bens públicos diante da ausência de vedação expressa pela norma entendida pela doutrina como proposital justamente para puder abarcar os bens públicos.

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