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DISTÚRBIO HIDROELETROLÍTICO AUTOR: PEDRO V.F. MEDRADO INTRODUÇÃO - A respeito do sódio: · É o íon mais importante do espaço extracular, responsável pela manutenção do volume do LEC · Possui uma estreita relação entre a água e o sódio · Valor normal – Na+ 135 a 145 mEq/L - O equilíbrio hidroeletrolítico pode ser feito pelo sistema endócrino, principalmente por dois parâmetros: · Regulação de volume pelo SRAA · Osmolaridade mediada pelo ADH Entendendo o papel do ADH - A vasopressina ou hormônio anti-diurético (ADH) é um hormônio hipotalâmico secretado pela neuro-hipófise com ação de reabsorção de água nas porções finais do néfron. - Quais os estímulos que liberam ADH? · Aumento da osmolaridade plasmática – regulação osmótica · Hipovolemia e Hipertensão – regulação não osmótica - O ADH age em 3 tipos de receptores são V1a, V1b e V2 · V1a expresso no fígado, células endoteliais e vários outros tecidos periféricos, sendo o mais comum no cérebro · V1b expresso em células corticotróficas pituitárias anterior, cérebro, rim, timo, coração, pulmão, baço e útero · V2 expressão renal – é a mais importante, estando acoplada a uma proteína G o que estimula a produção de AMPc - Função primordial nos receptores V2, com efeito antidiurético por promover reabsorção de H20 livre nos túbulos distal e túbulos coletores do rim. Entendendo o papel do SRAA - Renina – cliva o angiotensinogênio em angiotensina I · Controlada pela: · Pressão sanguínea renal · Concentração de sódio do fluido tubular · Hemorragia, desidratação e hipocalemia aumentam os níveis de Renina. · Aumento do consumo de sal, vasoconstrição periférica e hipercalemia diminui os níveis de Renina. Aldosterona - É um hormônio secretado na zona glomerulosa da glândula adrenal derivado do colesterol. - Secreção regulada · Próprio SRAA · Potássio – aumenta diretamente a secreção da aldosterona pelo córtex da adrenal. Por sua vez a aldosterona aumenta a excreção renal de K, o que reduz os níveis de K sérico. - A aldosterona é crucial para conservação de sódio no rim e glândulas salivares – transporte ativo de Na+ e excreção de K+. · Aumento de canais ativos de Na+ · Aumenta a ação e número de bombas de Na+/K+ - Indiretamente essas ações, a aldosterona aumenta a reabsorção de água, o que auxilia no controle da volemia. O papel aqui da relação entre a aldosterona e os distúrbios ácido-base, residem no seu papel indireto, e mais diretamente dos níveis de Na+ sérico no trocador Na+/H+. - Hiperaldosteronismo – hipernatremia, hipocalemia · Por exemplo – Síndrome de Conn (tumor de glândula adrenal). - Hipoaldosteronismo – hiponatremia, hipercalemia · Por exemplo – Doença de Addison Diuréticos - Furosemida – inibe os canais de Na+/K+/Cl- · Intoxicação por furosemida – HipoNa, HipoK e alcalose · Síndrome de Bartter – hipovolemia, hipoK + hiperaldo, hipoNa, hipoCa (hipercalciúria) e hipoMg. - Tiazídicos – inibe a bomba de Na+/Cl- · Intoxicação por tiazídicos – HipoNa, HipoK e alcalose · Síndrome de Gitelman HIPONATREMIA - É o distúrbio HE mais comum em pacientes internados, tendo como perfil aquele paciente: mulher idosa em polifarmácia. - Conceitualmente – Na+<135mEq/L - Fatores de risco · Idade >75 anos · Mulheres · Uso de múltiplos medicamentos · Múltiplas comorbidades · Insuficiência renal - Nada mais é do que um déficit de sódio em relação à água corporal, em outras palavras os líquidos corporais estão diluídos e as células intumescidas devido a menor osmolaridade do LEC. - Ocorrem por: · Perda excessiva de sódio – dieta com baixo teor de sódio, vômito, diarreia, drenagem nasogástrica, sudorese excessiva, terapia diurética prolongada, queimaduras nefropatia · Hiponatremia dilucional – administração excessiva, ingestão compulsiva, hiperglicemia, aldosterona reduzida e SIADH - A hiponatremia é o DHA mais comum em pacientes hospitalizados incidência de 15-30% - Associados a desfechos desfavoráveis – necessidade de internamento em UTI, hospitalização prolongada e de maior custo, transferência para abrigos e mortalidade. - Taxa de mortalidade em pacientes com hiponatremia é 17,9% maior - Causalidade direta ou marcador de gravidade de doença de base?! · Associado como marcador de desfecho, mas não implica numa causalidade de desfecho. - Classificação · Leve – Na+ 130 a 135 mEq/L · Moderada – Na+ 121 a 129 mEq/L · Grave – Na+ sérico de 120 mEq/L ou menos - Sintomas ausentes – pacientes são frequentemente assintomáticos, particularmente se a hiponatremia é crônica e de gravidade leve ou moderada (Na>120mEq/L) · Na grande maioria não requer reposição aqueles assintomáticos · Agudo costuma causar mais sintomas - Desfechos adversos associado com leve a moderada hiponatremia crônica – não implica numa associação de causa-efeito, apenas uma associação · Declínio e prejuízo cognitivo · Quedas · Fraturas e osteoporose · Instabilidade postural · Mortalidade · Calcium-foming Kidney stones Quadro clínico - Assintomático – na maioria das vezes (até a concentração de 120-125mEq/L) - Sinais e sintomas nos casos graves, são: · Inespecíficos · Primariamente neurológicos · Relacionados à rapidez na mudança da concentração plasmática do sódio - Sintomas mais relacionados a quadros neurológicos – letargia, apatia, desorientação, câimbras musculares, anorexia, náuseas e agitação · Mais grave - Sinais – sensório anormal, reflexos profundos deprimidos, respiração de Cheyne-Stokes, hipotermia, reflexos patológicos, paralisia pseudobulbar e convulsões Diagnóstico diferencial - Pseudo Hiponatremia – hipertrigliceridemia, mieloma múltiplo · Sódio corporal normal, apenas alterou o intravascular por conta de lipídios e/ou proteínas - Medicamentos · Diuréticos tiazídicos (hidroclorotiazida) · Antipsicóticos (clássicos e atípicos) e benzodiazepínicos · Antidepressivos tricíclicos, tetracíclicos e atípicos, IRS (fluoxetina) · Estabilizadores do humor e convulsivantes (lítio, carbamazepina, ácido valproico, gabapentina e etc) · Opioides · Clorpormazina · Clofibrato - Estados edematosos – IC, IH, síndrome nefrótica · Paciente crepitando, estado dilucional - Irrigação vesical com água destilada - Diarreia com desidratação - Síndrome cerebral perdedora de sal - Hipotiroidismo - Epilepsia, tumor cerebral e AVC Exames complementares - Sódio sérico e urinário, função renal, glicemia, medida de osmolaridade plasmática, colesterol total e frações, eletroforese de proteínas (se suspeita de mieloma), raio x de tórax e TC de crânio (tumor produtor de ADH). Osmolaridade - A osmolaridade sérica é calculada = 2x[Na+] (mEq/L) + Glicose (mg/dL)/18 + Ureia (mg/dL)/6 - A hiponatremia verdadeira tende a ser hipotônica com hipoosmolaridade (osmolaridade reduzida) - A hiponatremia é hiposmolar/hipotônica, as exceções são: · Elevação da glicemia – hiperosmolar (hipertônica) · Elevação de lipídios/proteínas – isosmolar (isotônica) · Pseudo-hiponatremia · Neste caso ocorre uma leitura errada por parte do aparelho - Regra – Todo paciente com Hiponatremia (<135) avalie a osmolaridade, e todo aquele com Hiponatremia hipotônica (verdadeiro) avalie a volemia. - Aqueles hipoNa hipotônico e hipovolêmico tem uma perda de Na+, e a partir do sódio urinário vamos saber se a perda é extra-renal (<10) ou renal (>20). - Na prática o hipervolêmico é mais comum, e se for euvolêmico pensar em medicamentos/drogas e SIADH. Volemia - Hipovolêmico · Perda extrarrenal – sangramento, perda GI, urinária; · Perda renal – diuréticos, nefropatia perdedora de sal, alcalose metabólica; - Tratamento da hipovolemia SF 0,9% - Normovolemia – SIADH, causas endócrinas (hipotiroidismo, insuficiência adrenal), polidipsia primária - Tratamento da normovolemia – tratar a doença de base · Restrição hídrica (800-1000 média) · Furosemida – transforma a medula renal de hipertônica para isotônica, prejudicando a reabsorção de água por ação do ADH no Túbulo Coletor. · +/- Vaptanos (antagonistas ADH) - Hipervolemia – aumento da água por aumento do ADH ou incapacidade de excretar água (ICC, cirrose e insuficiência renal) - Tratamento da hipervolemia · Manuseioda condição de base – compensação de ICC · Restrição hídrica (800-1000ml/24h) · Furosemida Conduta terapêutica - Suporte clínico e tratar a causa base - Aumentar o sódio sérico com muita cautela, mediante fórmula de correção de sódio · Restrição hídrica associada ou não a diuréticos de alça – causas edematosas · Soro fisiológico – pacientes desidratados - Correção rápida tem risco de complicações, por isso deve-se evitar complicações como a Síndrome de Desmielinização Osmótica. - Quando corrigir a HipoNa (repor sódio)? Quando tiver sintomas - Antes de corrigir o sódio, é preciso saber a água corporal do paciente: · Homem < 65 anos – Peso (kg) x 0,6 · Homem >65 anos – Peso (kg) x 0,5 · Mulher <65 anos – Peso (kg) x 0,5 · Mulher >65 anos – Peso (kg) x 0,45 - A variação máxima de sódio (Na+) é de 0,5 a 1 mEq/L/hora. O ideal é até 8 mEq/24h - Para esse cálculo, é necessário saber o Na infundido (Na+ mEq/l) para cada solução · NaCl 5% - 855 mEq/l · NaCl 3% - 513 mEq/l · NaCl 0,9% - 154 mEq/l · Solução Ringer Lactato – 130 mEq/l · NaCl 0,45% - 77 mEq/l · NaCl 0,2% em glicose a 5% - 34 mEq/l · Água destilada – 0 mEq/l · Soro Glicosado 5% - 0 mEq/l - Modelo de prescrição – paciente, feminina, 64 anos, sem comorbidades, apresenta rebaixamento do nível de consciência e sódio de 112 mEq/l. Peso = 69kg · Água corporal = 69x0,5 = 34,5 · Quantidade de Na+ na solução de NaCl 3% = 513 · Aplica-se a fórmula · Variação estimada de Na+ com 1 litro de solução de NaCl 3% = 513-112/34,5+1 = 11,29 mEq de Na+ · Então, aplica-se uma regra de 3 · Se em 1l de NaCl 3% ------ eu atingo 11,29 mEq de NaCl · Quantos litros eu preciso para atingir ------ 8 mEq de NaCl 3% em 24 horas · Preciso de 0,708 l ou 708,59 ml em 24 horas para variar 8 mEq de NaCl 3% · Como preparar a solução de NaCl 3% · 1: NaCl 20% + 9: NaCl 0,9% · Como vou prescrever? · Reposição de sódio para 24 horas de infusão, solução de 100 ml de NaCl 20% + 900 ml de SF 0,9%. · NaCl 3%, 708,59 ml, IV, BIC, 29,52ml/h. - Não é obrigatório atingir os níveis normais de Na+ até 135, o obrigatório é tirar o paciente da urgência e melhorar os sintomas do doente. Hiponatremia aguda – conduta imediata - Aquele paciente com hiponatremia sintomática, chega com rebaixamento de consciência no plantão, pode ser feito um: · Bolus de 100 mL de NaCl 3% -> aumenta rapidamente o Na+ (1 a 2 mEq/L) · “Paciente rebaixado fazendo crise convulsiva com Na+ de 105, faz o bolus de 100 mL NaCl 3%, podendo ser repetido até 2 duas vezes, para melhorar/reverter um quadro neurológico grave” - Com até duas doses adicionais de 100 mL (para uma dose total de 300 mL) ao longo de 30 minutos - Ideal para melhorar o edema cerebral, sem incorrer nos riscos de uma correção exagerada. Complicações da correção rápida - Mielinose pontina central – isquemia/cremação a nível de ponte por uma desidratação da ponte. · Tetraparesia como resultado · Cuidado com – paciente alcoolista, hepatopatia, cirrose, doença hepática. Tais possuem uma maior propensão à complicar desse modo. HIPERNATREMIA - É menos frequente do que a hiponatremia - É mais comum em pacientes: · Muito jovens ou muito idosos · Muito doentes, que não tem condição de ingerir líquido em resposta ao aumento de osmolaridade, o que provoca sede, devido a sua incapacidade física - Reposição inadequada de Na+ ou NaHCO3 - Conceito – Na+ plasmático> 145mEq/l - Principais causas · Medicamentos – Furosemida, lítio, anfotericina-B · Alterações eletrolíticas – elevação Ca2+ ou baixo K+ · Diurese osmótica por hiperglicemia · Doença renal intrínseca, fase poliúrica da NTA · Vômitos, diarreia, fístulas, SNG em aspiração · Perdas insensíveis – grandes queimados Quadro clínico - Neurológico – agitação, letargia e irritação, espasmos musculares, hiperreflexia, tremores e ataxia · Fraqueza muscular e cãibras são comuns · Memória alterada, confusão e alucinações podem estar presentes - A hiponatremia aguda é mais grave do que a crônica Diagnóstico diferencial - Doença neurológica – inviabilizando ingesta de água em resposta ao reflexo de sede - Doença atual grave – sepse, pneumonia, hipercalcemia e hiperglicemia - Doença neurológica ativa (AVC, encefalites) - Diabetes insípidos · Central – redução do ADH · Nefrogênico – incapacidade de concentrar urina · Em resumo, vai resultar numa urina mais diluída e uma hipernatremia às custas de uma redução da água corporal. Logo, uma desidratação hipotônica. Exames complementares - Vão ser solicitados a depender da suspeita · Sódio sérico · Outros exames solicitados de acordo com a suspeita clínica – osmolaridade sérica e urinária, função renal, glicemia, K+ e Ca2+ séricos e TC de crânio. Conduta terapêutica - Tratar a causa base (doença primária) - Objetivos básicos · Hidratação do paciente – pesar o doente · Manutenção da volemia · Correção de instabilidades hemodinâmicas - Não permitir redução rápida/brusca do Na+ - Paciente com hiperNa e hipovolêmico – hidratação do paciente - Após a estabilização hemodinâmica · Hidratação com NaCl 0,45% · Água potável por sonda nasogástrica - Como preparar 500 ml dessa solução · SF 0,9% 250ml + AD 250ml; OU · NaCl 20% 10ml + AD 450ml (0,40%) - Exemplo – paciente, feminina, 64 anos, sem comorbidades, apresenta rebaixamento do nível de consciência e sódio de 168 mEq/L. Peso = 68kg · Se for fornecida uma solução de NaCl 0,45%, o cálculo ficaria -> 77-168/34,5+1 = - 2,56 mEq/l. Ou seja, se for fornecido 1 l de solução salina NaCl 0,45% seria reduzido 2,56 mEq de Na+. · Então, se eu precisar de uma correção de 10 mEq em 24h, eu precisaria de 3,906 litros de solução NaCl 0,45% · A prescrição: · Água potável, 150ml por SNG, de 3/3h · NaCl 0,45%, 3906ml, IV, BIC, 162ml/h - A correção rápida pode resultar em edema cerebral HIPOCALEMIA - É o principal cátion intracelular, os níveis séricos normais de potássio oscilam entre 3,5 a 5 mEq/l - É necessário para: formação do glicogênio, síntese proteica, correção do desequilíbrio ácido-básico, condução do impulso nervoso e contração muscular. - Grande parte do potássio é excretado pela urina, e 8% pelas fezes. - É encontrado em várias substâncias - A hipo e a hipercalemia estão associados a aumento de morbidade e mortalidade, a faixa entre 3,5-5 é considerado a normocalemia. · A medida que os níveis séricos de K+ se desviam dos níveis normais, as taxas de morbidade (incluindo MACE) e mortalidade aumentam. - A hipocalemia – K+<3,5 - Causas · Baixa oferta; · Aumento da captação celular de K – alcalose metabólica, hipotermia e aumento de insulina; · Perda por diálise; · Excreção de K aumentada – diarreia, vômitos, uso de sonda gástrica ou enteral, uso de furosemida, tiazídicos, diuréticos osmóticos, anfotericina B, aminoglicosídeos e corticosteroides, hiperglicemia, hipercalcemia, hipomagnesemia, uropatia obstrutiva, estenose da artéria renal. · Hipertensão + hipocalemia – excluindo medicamentos, pensar em hipoaldosteronismo primário. - Diante de uma hipocalemia, investigar o K+ urinário · Se >30mEq/dia – é uma perda urinária de K+, por isso investigar a PA: · Se normotenso, alcalose e cloro urinário <20 mEq/L – perda do TGI alto e uso de diuréticos · Se normotenso, alcalose e cloro urinário >20mEq/L – diuréticos, Bartter (Na+/K+/2Cl-) e Gitelman (Na+/Cl-) · Sd de Bartter – “intoxicação por furosemida” · Sd de Gitelman – “intoxicação por tiazídicos” · Se normotenso e acidose – cetoacidose ou ATR tipo I e II · Se hipertenso – hiperaldosteronismo primário, hipertensão renovascular. · Se <25mEq/dia e excluída a hipótese de influxo de K+ - perdas gastrointestinais, tais como: · Diarreia persistente · Laxativos · Adenoma viloso · Preparado de colonoscopia Quadro clínico - Neuromusculares – fraqueza muscular e parestesias - Renais – concentração prejudicada, poliúria (diabetes insipido nefrogênico) · Alcalose metabólica – movimentação de H+ para dentro das células - Gastrointestinais – náuseas, íleo adinâmico - SNC – irritabilidade, letargia e coma - Cardíacos – arritmias, bigeminismo e/ou trigeminismo, onda U ao ECG. · Achados no Eletro: · Onda T achatadaou invertida; · Segmento ST deprimido; · Onda U; · Intervalo QT prolongado. Abordagem da hipocalemia - Via de escolha para reposição – oral · Xarope de KCl 6% - 15ml tem 12 mEq de potássio · Dose – 10 a 20 ml após refeições 3-4x/dia - Porém, usa IV se: · Intolerância GI; · K+<3; · ECG alterado - Concentração máxima · Em veia periférica – 40 mEq/L (não mais que 16 ml de KCl 19,1% em cada litro de soro) · Em veia central – 60 mEq/L (não mais que 24 ml de KCl 19,1% em cada litro de soro) - Velocidade · Ideal de reposição – 5 a 10 mEq/h · Máxima para reposição – 20-30 mEq/h - Dose IV · 1g KCl – 13 mEq de K+ · 1 ampola de KCl 19,1% - 25 mEq · 2 ampola de KCl 10% ou 1 ampola KCl 19,1% / Soro fisiológico 500mL - Evitar usar SG 5%, pois estimula a liberação de insulina, funcionando como polarizante, o que pode piorar a hipocalemia. - Soluções com KCl acima dos níveis recomendados podem causar flebite - HipoK+ refratária – pensar em hipomagnessemia HIPERCALEMIA - Definição – K+>5,0-5,5 mEq/l · Leve – 5-6 · Moderada – 6-6,5 · Grave · Maior ou igual a 6,5; OU · Alterações ECG + K>=5,5; OU · Sintomas de hipercalemia e K>=5,5. - Causas · IRA/Acidose · Doença de Addison · Transfusões e hemólise · Lesões por esmagamento de membros e outras causas de degradação de proteínas · Grande ingestão de K+ · Insuficiência Renal Aguda ou Crônica avançada (ClCr <15) · Medicamentos – AINES, IECA, BRA, espironolactona, suplementos de potássio, intoxicação digitálicos, succinilcolina, heparina, trimetoprim, ciclosporina e pentamidina. - Fatores de risco independentes para hipercalemia: · Diabetes; · Clearance de creatinina <40 mL/minuto; · Uso de espironolactona; · Uso de IECA. - A hipercalemia é prevalente em populações específicas de pacientes, como DRC e insuficiência cardíaca (grande parte das drogas). - Achados no Eletro: · Achatamento da onda P (aplanamento) · Prolongamento do intervalo PR · Prolongamento do complexo QRS · Encurtamento do tempo de repolarização: · Depressão do segmento ST-T · Ondas T apiculadas (em tenda) · Redução do intervalo QT - Quadro clínico · Fraqueza muscular/paralisia – semelhante à paralisia flácida da Guillain-Barré, com uma fraqueza muscular ascendente progressiva que inicia em MMII e progride para tronco e braços. · Alterações cardíacas – alterações no eletro que não se correlacionam precisamente com os níveis séricos de K+ Conduta terapêutica - Antagonismo direto sobre os efeitos do K+ na membrana celular: · Se ECG alterado – Gluconato de cálcio a 10% - 1 ampola (1000mg) em 100ml de SF 0,9%, EV, em 30 minutos - Redistribuição do potássio · Glicoinsulinoterapia – 10UI de insulina regular + 100ml de glicose a 50% correr em 40 minutos. Repetir o K+ e HGT · Aumenta a atividade da bomba Na/K/ATPase carreando potássio para dentro das células. · Beta-2-agonista – 10 gotas de fenoterol em 5 ml SF 0,9% em 4/4h · Aumenta a atividade da bomba Na/K/ATPase translocando K para o meio intracelular · Bicarbonato de sódio 8,4% - 1-2 mEq/kg EV em 30-60 minutos · Ocasiona a elevação do pH sérico e liberação de íons H+ pelo sistema tampão, assim o K é transferido para o meio intracelular para manter a eletroneutralidade. - Eliminação do potássio · Perda renal/digestiva: · Furosemida 1-2 mg/kg · Sorcal® (Poliestirenossulfato de cálcio) – ½ a 1 envelope 30g diluído em manitol a 20% 6/6h – risco de isquemia mesentérica em pacientes constipados. · Casos refratários – diálise (disfunção renal grave) - Veltassa e Lokelma – são drogas para reduzir potássio em pacientes que eu não posso retirar certos medicamentos hipercalêmicos como IECA/BRA