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Autores: Prof. Alexandre Laurindo Fernandes Prof. Joaquim Ribeiro Colaboradores: Prof. Santiago Valverde Profa. Ana Paula de Andrade Trubbianelli Prof. Livaldo dos Santos Gerenciamento de Pessoas Professores conteudistas: Alexandre Laurindo Fernandes/Joaquim Ribeiro Prof. Me. Joaquim Ribeiro O Prof. Me. Joaquim Ribeiro tem ampla experiência em treinamento em programas realizados nas mais diversas empresas do Brasil e no exterior. Possui mestrado em Tecnologia Nuclear na USP; pós-graduação lato sensu em Gestão Estratégica na Unopec; pós-graduação lato sensu em Administração de Marketing na Universidade São Judas Tadeu e pós-graduação lato sensu em Qualidade & Produtividade na FEI. Possui experiência industrial envolvendo processos de usinagem e implantação de sistemas de qualidade, além de experiência na gestão de marketing com foco no desenvolvimento de produtos. Desenvolve pesquisas de clima organizacional, satisfação em treinamento, pesquisas de audiência televisiva e pesquisas de intenção de voto, fornecendo mais de 100 treinamentos in company em conceituadas empresas, entre elas: Sew Eurodrive, Abbot, Budai, Lumen Química, Madis Rodbel, Pilkington Blindex, General Motors, Macaferri. Possui ainda mais de 80 turmas treinadas no Master Mind e no Dale Carnegie Training. Além disso, já proferiu mais de cem palestras motivacionais. Ministra aulas para várias turmas no MBA do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) da USP e no MBA das Faculdades Oswaldo Cruz e Unimódulo. Possui diversas turmas divididas em várias faculdades e universidades, no ensino presencial e EaD, com foco principalmente nas disciplinas ligadas à negócios, marketing, logística, e gerenciamento de pessoas. Prof. Alexandre L. Fernandes Alexandre Laurindo Fernandes é natural de São Paulo – SP. É graduado em Administração de Empresas com habilitação em Comércio Exterior pela Unibero, com MBA em Marketing pela Universidade Anhembi Morumbi e Gestão Empresarial pela FIA – Fundação Instituto de Administração. Trabalhou em empresas de grande porte na área de Gestão Empresarial, Marketing, Análise Financeira e Tecnologia. Atualmente, é consultor de empresas em uma grande instituição e professor da Universidade Paulista – UNIP. Também leciona e ministra palestras em outras instituições de ensino. © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) F363g Fernandes, Alexandre Laurindo Gerenciamento de pessoas / Alexandre Laurindo Fernandes; Joaquim Ribeiro. – São Paulo, 2012. 136 p. il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XVII, n. 2-046/12, ISSN 1517-9230. 1. Gerenciamento de pessoas. 2. Recursos Humanos. 3. Motivação e produtividade I. Título. CDU 658.3 Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades Universitárias Prof. Dr. Yugo Okida Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez Vice-Reitora de Graduação Unip Interativa – EaD Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcelo Souza Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Prof. Ivan Daliberto Frugoli Material Didático – EaD Comissão editorial: Dra. Angélica L. Carlini (UNIP) Dra. Divane Alves da Silva (UNIP) Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR) Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT) Dra. Valéria de Carvalho (UNIP) Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto Revisão: Janandréa do Espírito Santo Sumário Gerenciamento de Pessoas APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................8 Unidade I 1 O HOMEM INTEGRADO AO TRABALHO ...................................................................................................11 1.1 Motivação: necessidades humanas e teorias motivacionais .............................................. 14 1.1.1 Maslow: teoria de hierarquia das necessidades ......................................................................... 15 1.1.2 Hezberg: teoria de higiene .................................................................................................................. 17 1.1.3 McClelland: teoria das necessidades adquiridas ........................................................................ 18 1.1.4 McGregor: teoria da participação .................................................................................................... 19 1.1.5 Vroom: teoria da expectativa ........................................................................................................... 20 1.1.6 Stacy Adams: teoria da equidade .................................................................................................... 21 1.1.7 Edwin Locke: teoria do estabelecimento de objetivos ............................................................. 21 1.1.8 Teoria do reforço ..................................................................................................................................... 22 1.2 Ciclo motivacional ............................................................................................................................... 22 1.3 Barreiras para a motivação .............................................................................................................. 24 1.4 Fatores nocivos da frustração ......................................................................................................... 27 2 COMPETÊNCIA, COMPROMETIMENTO E IDENTIFICAÇÃO DAS ATIVIDADES NO TRABALHO ...................................................................................................................................................... 29 2.1 Desempenho individual e metas organizacionais ................................................................... 32 Unidade II 3 MOTIVAÇÃO E PRODUTIVIDADE ................................................................................................................ 39 3.1 Como aumentar a produtividade pela motivação .................................................................. 41 3.2 O salário motiva .................................................................................................................................... 43 3.3 O papel do líder na motivação das pessoas .............................................................................. 46 3.4 O trabalho em equipe ......................................................................................................................... 49 4 TOMADA DE DECISÃO, DELEGAÇÃO E NEGOCIAÇÃO ........................................................................ 57 4.1 Delegação ................................................................................................................................................ 57 4.2 Negociação ............................................................................................................................................. 57 4.2.1 Separar os indivíduos do problema ................................................................................................. 59 4.2.2 Focar os interesses ..................................................................................................................................59 4.2.3 Buscar formas de ganho mútuo ....................................................................................................... 59 4.2.4 Buscar critérios objetivos .................................................................................................................... 60 Unidade III 5 FATORES E DIMENSÕES DO CLIMA ORGANIZACIONAL ................................................................... 66 5.1 Metodologia ........................................................................................................................................... 67 5.1.1 Objetivos de uma pesquisa de clima organizacional ............................................................... 70 5.2 Análise dos resultados quantitativos ............................................................................................71 5.3 Análise dos resultados qualitativos ............................................................................................... 73 5.4 Conclusão e plano de ação .............................................................................................................. 74 5.5 Eficácia do processo ............................................................................................................................ 78 5.6 Implementação e manutenção dos planos de melhoria ...................................................... 79 6 RELAÇÃO ENTRE O CLIMA ORGANIZACIONAL E O DESEMPENHO INDIVIDUAL E ORGANIZACIONAL .............................................................................................................................................. 81 Unidade IV 7 SISTEMAS DA ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS .......................................................... 86 7.1 Subsistema de provisão de recursos humanos......................................................................... 87 7.1.1 Processo de recrutamento .................................................................................................................. 88 7.1.2 Processo de seleção ............................................................................................................................... 91 7.1.3 Coleta de informações sobre o cargo ............................................................................................. 92 7.1.4 Etapas da seleção .................................................................................................................................... 93 7.2 Subsistema de aplicação de recursos humanos....................................................................... 94 7.2.1 Para promover a socialização ............................................................................................................ 95 7.2.2 Integração e a socialização ao ambiente de trabalho ............................................................. 96 7.2.3 Administração de cargos ..................................................................................................................... 98 7.2.4 Benefícios da avaliação de cargos ................................................................................................... 98 7.2.5 Avaliação de desempenho .................................................................................................................. 99 7.2.6 Metodologias ..........................................................................................................................................101 7.2.7 Tendências para avaliações de desempenho .............................................................................101 7.2.8 Etapas de uma avaliação de desempenho .................................................................................102 7.2.9 Métodos de avaliação de desempenho .......................................................................................103 7.3 Subsistema de desenvolvimento de recursos humanos .....................................................104 7.3.1 Objetivos do treinamento ..................................................................................................................106 7.3.2 Métodos de treinamento e desenvolvimento ...........................................................................106 7.3.3 Etapas de um programa de treinamento e desenvolvimento ............................................107 7.4 Subsistema de manutenção de recursos humanos ..............................................................109 7.4.1 Tendência da remuneração salarial ................................................................................................111 7.4.2 Benefícios sociais ..................................................................................................................................112 7.4.3 Segurança, saúde e qualidade de vida no trabalho ................................................................ 113 7.5 Subsistema de monitoração de recursos humanos .............................................................. 114 7.5.1 Sistemas de informações ...................................................................................................................114 8 DIFICULDADES BÁSICAS NA ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS ........................... 117 8.1 Função de Staff da ARH .................................................................................................................. 118 8.2 Centralização e descentralização da ARH ................................................................................ 119 7 APRESENTAÇÃO Uma das disciplinas de grande importância no mundo empresarial, Gerenciamento de Pessoas, possibilita, na formação do profissional, a compreensão dos aspectos conceituais e práticos da gestão de pessoas, mostrando a importância desse gerenciamento para a efetividade organizacional/empresarial. O Gerenciamento de Pessoas é uma área diretamente relacionada à política da empresa, portanto, podemos dizer que ela sofre influência da cultura que existe na empresa, da estrutura organizacional, do negócio da empresa, dos processos internos, entre outros, ou seja, é uma área sensível ao que acontece externa e, principalmente, internamente na empresa. Assim, precisamos compreender que as pessoas são parceiras da organização e assim devemos tratá- las. Parceiros não são somente os clientes e fornecedores, mas também os acionistas/investidores e os seus trabalhadores. Optamos por utilizar o termo trabalhador por ser uma classificação mais abrangente, visto que envolve tanto as pessoas que possuem vínculo empregatício com a organização como as que não possuem, além de abranger todos os níveis hierárquicos. Vale lembrar que algumas organizações preferem outras terminologias, como: funcionários, empregados, parceiros, colaboradores, associados, entre outros. Entretanto, acreditamos que a terminologia adotada não representa, na maioria dos casos, a forma como as organizações tratam seus trabalhadores. Nas empresas tradicionais – estamos nos referindo às empresas que não se adaptaram às mudanças – a área de Gerenciamento de Pessoas é vista como uma área que só dá despesas, sem muita influência na gestão da organização. Entretanto, as empresas modernas, preocupadas com sua sobrevivência no mercado e seu aperfeiçoamento contínuo, veem a área de Gerenciamento de Pessoas como uma importante aliada, adotando estratégias de atuação compartilhada. Por exemplo, se é necessário fazer uma mudança na disposição dos equipamentos e móveis do escritório visando a aperfeiçoar o espaço e reduzir gastos com energia, não se vislumbra apenas a redução de despesas, mas o impacto que isso gerará no comportamento das pessoas que serão submetidas a tal mudança. Para tratar desses conceitos, a disciplina de Gerenciamento de Pessoas tem como objetivos: • identificar os fatores determinantes das relações entre a organização e seus colaboradores, utilizando aspectos facilitadoresnessa interação; • estabelecer quais são os subsistemas que compõem a administração de recursos humanos e sua importância para o gerenciamento de pessoas. Para atingir esses objetivos, o presente livro-texto divide-se da seguinte maneira: • Unidade I: O homem integrado ao trabalho. • Unidade II: Motivação e produtividade. 8 • Unidade III: Fatores e dimensões do clima organizacional. • Unidade IV: Sistemas da Administração de Recursos Humanos. Bom estudo! INTRODUÇÃO Certamente você já ouviu muito falar em mudança de paradigmas e globalização. Pois bem, esses processos fazem parte de nossas vidas e a eles não podemos fechar os olhos. Primeiro, vamos definir o que é paradigma: trata-se de uma ideia que adotamos como um ponto de apoio, a qual, muitas vezes, não estamos muito receptivos a mudar. Por exemplo: fazer sempre o mesmo caminho de casa ao trabalho e vice-versa. Entretanto, mudar paradigmas é preciso. Continuemos com nosso exemplo: com os perigos que a vida urbana nos trouxe no final do século XX e no início de século XXI, sabemos que esse paradigma (percorrer sempre o mesmo caminho de casa ao trabalho e vice-versa) pode nos expor a riscos, como sermos observados por pessoas mal-intencionadas; portanto, os especialistas em segurança alertam: “Mudem sempre de caminho!” E nós complementamos: mudar alguns paradigmas é necessário. Diante disso, você consegue lembrar alguma mudança de paradigma necessária para sua segurança ou crescimento profissional? Lembre-se: paradigma não é necessariamente algo negativo, todos nós temos, apenas não podemos nos “fechar” para as possibilidades de mudança. Sabe aquele ditado: “Em time que está ganhando não se mexe?”, pois bem, esqueça. Nas modernas organizações, inovar é preciso, mesmo que tudo esteja indo bem. Se você ainda tem resistências às mudanças, lembre-se da significativa letra de música do cantor e compositor Raul Seixas: “Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”. Globalização: o que você entende por esse termo tão utilizado na mídia, nas organizações e em nossa vida? Muitas vezes, parece algo que surge de repente, pega-nos de surpresa e do qual temos que “corremos atrás” para não sermos atropelados. Já teve essa sensação? A globalização nada mais é do que um processo que visa a amenizar as barreiras econômicas e protecionistas dos países, objetivando, com isso, facilitar o acesso a produtos, bens e serviços. Entretanto, não podemos nos esquecer de que a globalização também influencia os aspectos sociais e culturais, por exemplo, em nossos hábitos de vestimenta e alimentação. Ademais, que relação podemos estabelecer entre mudança de paradigmas, globalização, organização e gerenciamento de pessoas? Muitas, pois é preciso compreender a organização como um sistema integrado, que sofre influência e é influenciado. Dessa forma, entendemos que o gerenciamento de pessoas (GP) faz parte de um complexo sistema que influencia e é influenciado, tanto pelo meio interno (a própria organização), como pelo meio externo (o mercado de trabalho, o mercado financeiro, os processos de globalização, as mudanças de paradigmas e toda a sociedade). 9 Gerenciamento de Pessoas (GP), Gestão de Pessoas, Administração de Recursos Humanos, Desenvolvimento Humano, Gestão do Capital Humano e Relações Humanas, são algumas das terminologias utilizadas para definir a área que foca a relação entre as pessoas e a organização. Claro que em todos os ambientes da organização encontraremos essa relação, entretanto, a área de Gerenciamento de Pessoas é o segmento organizacional especializado em tornar essa relação mais produtiva, eficiente e gratificante para todos os envolvidos. Caso atue em parceria com a área de Gerenciamento de Pessoas, a organização tomará essa decisão – fazer modificações na área do escritório – somente se tal mudança for avaliada como positiva para os envolvidos. Nas empresas modernas, a área de Gerenciamento de Pessoas é compreendida como um centro de lucro cujos indicadores, como: absenteísmo (ausência no trabalho), rotatividade (entrada e saída de pessoas nos cargos), horas de treinamentos, entre outros, representam importantes aliados da gestão empresarial, pois darão um direcionamento de como a empresa deve ou não atuar. Ao retomar o tema inicial – sobre paradigmas –, você sabia que o novo paradigma das organizações na maneira de gerenciar pessoas é privilegiar a busca pelo bem-estar? Os aspectos enfatizados são: praticidade, ética, prazer intelectual e autoconhecimento. As organizações que primam por esses aspectos conseguem reter e manter motivados os seus trabalhadores. Portanto, o moderno Gerenciamento de Pessoas envolve: • melhorias na competitividade da organização; • atuação focada nas estratégias organizacionais; • alinhamento dos objetivos organizacionais com os objetivos individuais, com satisfação para ambas as partes. 10 11 Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 GERENCIAMENTO DE PESSOAS Unidade I 1 O HOMEM INTEGRADO AO TRABALHO Figura 1 – Homem integrado ao trabalho A melhor maneira de nos prepararmos para o futuro é concentrar toda a nossa imaginação e entusiasmo na execução perfeita do trabalho de hoje. Dale Carnegie Você já se deu conta de que o trabalho só existe para financiar nosso tempo livre? Que se não precisássemos de dinheiro para passeios, comida, casa, remédios, médicos etc., poucos de nós ainda assim buscariam trabalho? Acontece que, sem nos darmos conta, o que era para ser uma ocupação secundária acaba se tornando o elemento central na vida de muitas pessoas. Algumas nem sequer aposentam-se para desfrutar dos benefícios que buscaram no trabalho. O que torna esta reflexão ainda mais grave é a conclusão de que pouquíssimos gozam de satisfação em seu labor e, por isso, tornam seu trabalho um verdadeiro e interminável martírio. Exemplo de aplicação Pergunte aos seus amigos e familiares a respeito de sua satisfação no trabalho, a nova escolha que faria se tivessem outra chance de recomeçar e, ainda, se pretendem que seus filhos sigam seus passos na mesma profissão. 12 Unidade I Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 O homem que coloca toda sua motivação a favor de seu trabalho encontra o melhor de si nas tarefas a que se dedica. Essa é, no entanto, uma missão quase impossível de se manter por todo o tempo e em todas as circunstâncias. É comum ouvir que “a faculdade quem faz é o aluno”, isso por quem considera que a faculdade nada poderá fazer por alguém que nada, ou muito pouco esteja disposto a fazer por si. Esse exemplo muito simples remete também à questão do trabalho. O pensamento que abre este capítulo trata da concentração naquilo que se faz hoje, com toda a nossa imaginação e o nosso entusiasmo, afinal, só no tempo presente é que podemos nos empenhar. Homem e trabalho estão, no entanto, destinados à interação, já que precisam conviver uma grande porção do tempo um com o outro. Sem as pessoas, não haveria organizações. Sem organizações, não haveria empregos em número suficiente para o mundo contemporâneo. Duas ou mais pessoas que se juntam para um trabalho cooperativo e compartilham os mesmos objetivos já caracterizam uma organização. As organizações podem e costumam ser estudadas para que se tornem mais prósperas e integradas ao homem e justamente pelo homem é que a função recursos humanos se justifica. Observação Exemplos de organização: comércio, indústria, creches, escolas, polícia, sindicatos, igrejas, hospitais, clubes etc. Toledo (apud Jacques, 1988) nos diz que o trabalho não se converte em trabalho propriamente humano a não ser quando começaa servir para a satisfação não só das necessidades físicas, circunscritas à vida animal, como também do ser social, que tende a conquistar e realizar plenamente a sua liberdade. Já de acordo com Zavattaro (1999), o trabalho é essencialmente uma ação própria do homem, mediante a qual transforma e melhora os bens da natureza, com a qual vive historicamente em insubstituível relação. O primeiro fundamento do valor do trabalho é o próprio homem, o trabalho está em função do homem e não o homem em função do trabalho. O valor do trabalho não reside no fato de que se façam coisas, mas em que coisas são feitas pelo homem e, portanto, as fontes de dignidade do trabalho devem ser buscadas, principalmente, não em sua dimensão objetiva, mas em sua dimensão subjetiva. A nova relação entre o homem e o trabalho determina que esse homem possua uma identidade e que responda por ela, que essa identidade leve-o a almejar e a responder às suas necessidades, principalmente em relação ao trabalho. O fato de o homem dedicar a maior parte do seu dia útil ao trabalho denota a força que essa relação apresenta, o trabalho chega a ser mais importante que a família, pois o fracasso no trabalho acarreta em fracasso familiar. A identidade serve como um mediador que permite ao homem se ajustar a cada fase – trabalho, família – evidenciando as múltiplas identidades e a necessidade de saber usá-las, de saber renová-las e mantê-las. 13 Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 GERENCIAMENTO DE PESSOAS A empresa moderna [...] precisa mobilizar todas as energias do sujeito – intelectuais, físicas, espirituais, afetivas, morais – [...] no interior desse tipo organizacional é um estranho casamento de várias contradições, levando o indivíduo a uma procura incessante de um parco (baixo) equilíbrio psicológico (FREITAS, 1999, p. 77). Observe a importância e a dimensão que o trabalho passa a exercer sobre o homem. É necessário que o indivíduo mobilize todas as suas energias para que possa manter o vínculo com o trabalho, alcançar o equilíbrio, a estabilidade, viver a sua identidade, para que possa se ver como ele verdadeiramente é. O trabalho é um ponto de conexão entre o homem e sua identidade, entre o homem e o eu. Lembrete A melhor maneira de nos prepararmos para o futuro é concentrar toda a nossa imaginação e entusiasmo na execução perfeita do trabalho de hoje. Segundo Bom Sucesso (2002, p. 12), a história de vida, as características pessoais, os valores, os anseios e expectativas configuram no nível individual uma forma de viver e de sentir, definindo fatores básicos para a satisfação. Mais que o trabalho em si, as expectativas individuais e as situações de vida específicas determinam a percepção sobre o trabalho. Freitas (1999, p. 80) destaca ainda que a empregabilidade é a capacidade de tornar-se necessário ou de possuir o conhecimento raro e reciclável de que as empresas hoje necessitam. Mais que a profissão, valoriza-se um elenco de repertórios variados que habilitem o indivíduo a lidar com esse mundo complexo e mutável. Essa é a relação entre a identidade e o homem no trabalho: a identidade dá ao indivíduo as armas para se impor, para se igualar, para se diferenciar e para assumir o seu papel no trabalho, na família, na sociedade, na vida. A identidade é o conjunto de predicados, de significados que permite ao homem ver-se como homem e que permite que os outros também assim o vejam. A identidade é o diferencial que permite a ascensão ou a queda na vida do homem, seja no trabalho ou em qualquer outro aspecto. É o que permite ao homem mudar os compromissos, mudar suas características, renovar e buscar novas soluções, novas identidades para sobreviver a esta sociedade em constante evolução. Saiba mais Leia a revista Liderança (editora Quantum). Lançada em maio de 2004, começou como newsletter, depois se tornou revista em junho de 2008 e, a partir de janeiro de 2010, incorporou a revista Motivação, passando a focar no tripé: gestão, pessoas e atitudes. Segundo Chiavenato (2002), para que se estabeleça um processo de interação entre pessoas e organização, devemos ver: 14 Unidade I Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 • As pessoas como seres humanos – dotadas de personalidade própria, com uma história particular e diferenciada, possuidoras de conhecimentos, habilidades e capacidades para a adequada gestão dos recursos organizacionais. • As pessoas como ativadoras inteligentes de recursos organizacionais – as pessoas como fonte de impulso próprio que dinamiza a organização e não como meros recursos da organização. • As pessoas como parceiras da organização – capazes de conduzi-la à excelência e ao sucesso. Saiba mais Assista ao filme Avatar, 2009, direção de James Cameron. De acordo com a história, Jaze é ex-fuzileiro naval paraplégico enviado a um planeta chamado Pandora. Lá, além da riqueza em biodiversidade, existe também a raça humanoide Návi, com sua própria língua e cultura. O que evidentemente entra em choque com os humanos da Terra. Observe-o com atenção sob a ótica de quem emprega mais de si ao encontrar-se com uma causa, ao descobrir a motivação. 1.1 Motivação: necessidades humanas e teorias motivacionais Figura 2 – Motivação Motivação é a arte de fazer as pessoas fazerem o que você quer que elas façam porque elas o querem fazer. Dwight Eisenhower Você já parou para observar as pessoas em um ambiente de trabalho muito amplo, onde há muitas pessoas? Note que há pessoas que estão sorrindo, como se estivessem à beira da praia numa roda 15 Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 GERENCIAMENTO DE PESSOAS de amigos. Há outras compenetradas, envolvidas naquilo que fazem com total concentração (será trabalho?). Cada uma tem um nível diferente de entrega para o seu labor... E o seu? Quanto é que você dá de si para o trabalho, os estudos e a família? Para tornar-se merecedora da contribuição total de seus membros, uma organização precisa entendê-los e, nesse caso, ambas as partes desfrutam do benefício de se conhecerem. Caso fosse uma tarefa fácil, isso tudo nem precisaria ser objeto de nosso estudo. Acontece que a complexidade é maior a cada dia, pois as organizações assumem novas características que trazem consigo novas variáveis. As teorias sobre motivação resultam de estudos consagrados, entendidos e aceitos por diferentes culturas. No âmbito organizacional e segundo Kwasnicka (1995), são as citadas a seguir. Lembrete Motivação é a arte de fazer as pessoas fazerem o que você quer que elas façam porque elas o querem fazer. 1.1.1 Maslow: teoria de hierarquia das necessidades Autor- realização Desafios mais complexos, trabalho criativo, autonomia, participação nas decisões Ser gostado, reconhecido, promoções, responsabilidade por resultados Bom clima, respeito, aceitação, interação com colegas, superiores e clientes etc. Amparo legal, orientação precisa, segurança no trabalho, estabilidade, remuneração Alimentação, moradia, conforto físico, descanso, lazer etc. Autoestima Afetivo-Social Segurança Fisiológicas Figura 3 – Maslow: teoria de hierarquia das necessidades Maslow estudou a motivação e considerou que a todo momento alguém está motivado. No entanto, uma motivação mais sublime só se manifestará quando motivações mais básicas estiverem satisfeitas, confirme descreve a figura. Assim, é necessário que uma pessoa pense primeiramente em alimentação, moradia, conforto físico, descanso, lazer etc., para que possa pensar no nível de cima, a segurança, compreendendo amparo legal, orientação precisa, segurançano trabalho, estabilidade, remuneração etc. Só com tais necessidades satisfeitas é que uma pessoa pode motivar-se por questões afetivas, de autoestima e, por fim, ligadas à sua autorrealização. Para o autor, ainda, há certos pontos básicos que caracterizam essa hierarquia: — As necessidades superiores têm um desenvolvimento gradativo posterior. 16 Unidade I Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 — Quanto mais elevada for a necessidade, menor influência ou pressão na sobrevivência do indivíduo. — A vida ao nível das necessidades superiores significa maior rendimento biológico, menos doenças, melhor qualidade do sono etc. — As necessidades superiores, subjetivamente consideradas, são menos urgentes. — A busca e a satisfação de necessidades superiores representam uma tendência altamente positiva. — As necessidades superiores exigem melhores condições externas (econômicas, educativas etc.) para torná-las possíveis. • Necessidades fisiológicas Segundo Hersey e Blanchard (1986), as necessidades fisiológicas são consideradas básicas e referem- se à sobrevivência do homem, ou seja, alimento, sono, sexo. Para Maslow, se essas necessidades não forem satisfeitas, as outras oferecerão pouca motivação. Por exemplo, uma pessoa com fome ou sono não consegue produzir direito, aprender, porque a necessidade básica está “falando” mais alto. Nas organizações, podemos atender a essas necessidades por meio de melhor salário, intervalos para descanso (DSR), férias, cafezinho etc. • Necessidade de segurança Maslow nos diz que, quando a necessidade fisiológica é atendida, surge a necessidade de segurança. Necessidade de estar livre do medo do perigo físico e da privação das necessidades básicas. Se essa necessidade não for satisfeita, não surgirão outras. Nas organizações, essas necessidades estão relacionadas à segurança dos colaboradores, tanto física quanto psicológica, tais como: equipamentos de segurança, prevenção de acidentes e estabilidade no emprego. • Necessidades sociais Uma vez satisfeitas as necessidades fisiológicas e de segurança, surgem as necessidades sociais, ou seja, tendo alimento, descanso, condições para suprir as necessidades básicas e de segurança, a pessoa quer pertencer a um grupo ou a vários grupos. As organizações atendem a essas necessidades nos processos de integração, nos grêmios, nas confraternizações etc. • Necessidade de estima A partir do momento em que a pessoa pertence a um grupo, ela deseja ser reconhecida por esse grupo ou ser estimada. O atendimento dessa necessidade faz com que a pessoa sinta-se confiante, útil, com poder e prestígio. Quando um colaborador recebe um elogio, é promovido ou reconhecido pelo seu trabalho, ele experimenta esses sentimentos. 17 Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 GERENCIAMENTO DE PESSOAS • Necessidade de autorrealização Depois de satisfeita a necessidade de estima, surge a necessidade de autorrealização. Segundo Hersey e Blanchard (1986), Maslow afirmou que essa necessidade está ligada ao desejo de nos tornarmos aquilo que somos capazes de ser, quando ele diz: “o que um homem pode ser deve sê-lo”. Para ele, essa é a necessidade mais difícil de ser suprida, uma vez que ela se manifesta de formas diferentes. A organização tenta atender a essas necessidades ao oferecer bolsas de estudo, incentivos aos colaboradores naquilo que eles são capazes. Devemos entender a hierarquia das necessidades como algo cíclico, na qual as necessidades se revezam continuamente, pois, à medida que uma necessidade não é satisfeita, ela prevalecerá em detrimento de outra. Exemplo de aplicação Questione as pessoas que você conhece a respeito daquilo que as motiva no que fazem: academia, cursos, artesanato, cuidados com os filhos, família. Ouça com atenção e avalie suas motivações para aquilo que você faz. 1.1.2 Hezberg: teoria de higiene Autor- realização Fatores motivacionais Fatores higiênicos Estima Associação Segurança Fisiológicas Figura 4 – Hezberg: teoria de higiene Baseado nos estudos de Maslow, Herzberg realizou seu trabalho focado na motivação. O pesquisador considera que a motivação vai além da busca por atender às necessidades básicas, ela busca o alcance de metas positivas. Hezberg chamou os dois primeiros níveis de “fatores higiênicos”, de acordo com a figura e, somente aos níveis superiores ele creditou a motivação. Segundo o autor, os fatores higiênicos não são capazes de motivar, mas, pelo contrário, possuem extrema capacidade desmotivadora caso não se processem minimamente. 18 Unidade I Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 Segundo Robbins (2004), Herzberg partiu da ideia de que a relação de uma pessoa com o seu trabalho é básica e que essa atitude pode muito bem determinar o sucesso ou o fracasso. Para isso, investigou com a seguinte questão: “O que as pessoas desejam do seu trabalho?” Ele pediu para que as pessoas descrevessem com detalhes situações nas quais se sentiriam excepcionalmente bem ou mal a respeito de seu trabalho. Assim, Herzberg identificou que algumas características tendiam a estar relacionadas com a satisfação do trabalho e outras, com a insatisfação. A figura anterior (figura 4) mostra-nos os fatores intrínsecos que parecem estar ligados à satisfação denominados fatores motivacionais, e os fatores extrínsecos, ligados à insatisfação e denominados fatores higiênicos. Com base nos dados coletados, Herzberg nos diz que o oposto de satisfação não é a insatisfação. A eliminação de características de insatisfação não levaria necessariamente à satisfação. Observou que, quando as pessoas sentiam-se insatisfeitas com o seu trabalho, estavam preocupadas com o ambiente em que trabalhavam. Por outro lado, quando se sentiam bem no trabalho, tratava-se do trabalho em si. Para os fatores que descrevem o ambiente (extrínsecos), Herzberg chamou de fatores de manutenção ou de higiene, por serem fatores primários, com a função de prevenir a insatisfação no trabalho, portanto, a presença desses fatores não leva à satisfação, mas a sua ausência leva à insatisfação. Assim, a organização deve cuidar deles, mantendo o que está bom para que não gere insatisfação. Os fatores motivacionais (intrínsecos) estão associados ao trabalho em si ou aos resultados derivados dele. Herzberg propõe que as organizações trabalhem com uma estratégia que chamou de enriquecimento do cargo, ou seja, as organizações devem oferecer incentivos e tornar o trabalho mais desafiador, no qual a pessoa possa dar um sentido a ele, mas, ao mesmo tempo, devem cuidar dos fatores higiênicos para não gerar insatisfação. 1.1.3 McClelland: teoria das necessidades adquiridas Segundo Vecchio (2008), McClelland utilizou-se de “Testes de A percepção Temática” (TAT), que consistiam na narração de histórias para revelar as próprias necessidades, as necessidades predominantes, e encontrou um conjunto de necessidades específico: a necessidade de realização, a de associação e a de poder. • Necessidade de realização: ainda segundo Vecchio (2008), as pessoas com elevada necessidade de realização geralmente tendem a preferir situações que envolvem risco moderado e responsabilidade pessoal pelo sucesso, desejam ainda feedback específico sobre o desempenho. Essa necessidade oferece uma explicação importante para o sucesso e o fracasso de uma pessoa. • Necessidade de associação: as pessoas com esse tipo de necessidade tendem a ser acolhedoras e simpáticas em seus relacionamentos, valorizam a amizade e gostam do contato permanente com as pessoas. Sentem-se motivadas ao participarem decomemorações e 19 Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 GERENCIAMENTO DE PESSOAS reuniões informais. Se essa necessidade não estiver associada à de realização e à de poder, existe a possibilidade de ser vista como ineficaz, em razão do receio da ruptura social ao atuar de modo direto e agressivo. • Necessidade de poder: segundo Soto (2002), a motivação de poder é o desejo de um indivíduo de influenciar no controle e no ambiente social e manifesta-se de duas maneiras: como poder pessoal e poder social. — Poder pessoal: a influência e o controle têm como único propósito confirmar seu domínio sobre eles. — Poder social: as pessoas fazem uso desse poder para resolver os problemas organizacionais. 1.1.4 McGregor: teoria da participação Há uma leitura muito predominante, segundo McGregor, de que as pessoas entendem a outra parte como se o seu sistema de comunicação e de valores fosse idêntico. Segundo o pesquisador, ao pé da letra, uma pessoa tenderia a utilizar morangos e chocolate como isca e pensar que os peixes adorariam essa oferta, uma vez que é isso que ele mais gosta em detrimento das horrorosas “minhocas” que costumam atrair os peixes... Kwasnicka (1995) descreve ainda que McGregor divide em dois pontos de vista as pessoas e seus comportamentos: • Teoria X – Concepção tradicional: o ser humano médio ou padrão tem aversão pelo trabalho e o evitaria, se pudesse. Por isso, a maioria das pessoas deve ser obrigada, controlada, dirigida ou intimidada com punição para ser levada a empregar esforço adequado na realização dos objetivos organizacionais. O ser humano médio prefere ser dirigido, evita responsabilidade, tem relativamente pouca ambição e deseja segurança acima de tudo. • Teoria Y – A integração dos objetivos: é característica pouco explorada das pessoas a capacidade de exercer a imaginação, talento, espírito criador, na solução de problemas organizacionais. O empenho em alcançar objetivos é função das recompensas associadas à sua realização. O homem exercerá autodireção e autocontrole para alcançar os objetivos organizacionais, pois emprega no trabalho o mesmo nível de energia que emprega em atividades recreativas ou de repouso. De acordo com Robbins (2004), McGregor, após observar a maneira como o executivo tratava seus funcionários, descobriu premissas para suas teorias. Na teoria X, as quatro premissas dos executivos são: • O homem, por natureza, não gosta de trabalhar e, sempre que puder, vai evitar o trabalho. • Como não gosta de trabalhar, ele precisa ser coagido, controlado ou ameaçado com punições para que cumpra as metas. 20 Unidade I Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 • Os trabalhadores evitam as responsabilidades e buscam orientação formal sempre que possível. • A maioria dos trabalhadores coloca a segurança acima de todos os fatores associados ao trabalho e mostra pouca ambição. A teoria Y apresenta também quatro premissas opostas às da teoria X. • Os trabalhadores podem considerar o trabalho tão natural quanto descansar ou divertir-se. • As pessoas demonstram auto-orientação e autocontrole se estiverem comprometidas com os objetivos. • Na média, as pessoas podem aprender, aceitar e até buscar responsabilidades. • A inovação e a criatividade estão distribuídas por toda a população. Ainda segundo Robbins (2004), McGregor considerava as premissas da teoria Y mais válidas do que as da teoria X, e propôs ideias como processo decisório participativo, tarefas desafiadoras etc. Não existem evidências de que a aceitação da teoria Y e a alteração do comportamento individual de acordo com elas resultem em um trabalhador mais motivado. 1.1.5 Vroom: teoria da expectativa Segundo Maximiano (2000), a teoria da expectativa procura explicar como as crenças e expectativas das pessoas combinam-se com os estímulos para produzir algum tipo de força motivacional. A teoria estabelece que: • o desempenho que se alcança é proporcional ao esforço que se faz; • o esforço que se faz é proporcional ao valor que se dá à recompensa; • se a recompensa for atraente, a motivação para o esforço será grande. Ainda segundo o mesmo autor, a teoria da expectativa procura explicar a cadeia de causas e efeitos que vai desde o esforço inicial até a recompensa final. Chiavenato (1997) afirma que a motivação está diretamente ligada a três fatores: • Expectativa: esse fator está relacionado aos objetivos individuais e à força do desejo de atingir tais objetivos, bem como à percepção de que poderá atingi-los, e isso dependerá das possibilidades individuais e das condições externas. Esses objetivos têm valoração diferente para as pessoas. • Valência: refere-se ao grau de importância que tem o objetivo para o indivíduo. • Instrumentalidade: possibilidade da ação de se atingir o objetivo ser recompensadora. 21 Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 GERENCIAMENTO DE PESSOAS Com o objetivo de esclarecer os conceitos, podemos dizer que o indivíduo se pergunta: “Consigo atingir esse objetivo? Ao atingi-lo, serei recompensado? A recompensa vale o esforço despendido?” Se achar que é capaz e que a recompensa vale a pena, ele se mobilizará. 1.1.6 Stacy Adams: teoria da equidade De acordo com Robbins (2004), a teoria da equidade diz que os trabalhadores avaliam o esforço que dedicaram a uma atividade (entrada) e o que obtiveram com isso (resultado). E então, comparam sua proporção de entrada e o resultado com a proporção de outros funcionários que consideram relevantes. Ao fazer a comparação, se as proporções são iguais, diz-se que existe um estado de equidade, ou seja, a pessoa entende como justa a situação. Quando essas proporções são desiguais, tem-se a sensação de iniquidade ou injustiça. Robbins (2004) ainda nos diz que o indivíduo pode se utilizar de três categorias para estabelecer o seu processo de comparação: o outro, o sistema e ele próprio. Na primeira categoria, o indivíduo se compara com outros em empregos similares e estabelece a comparação entre a sua remuneração com a dos outros. Na segunda categoria, considera o sistema de remuneração da empresa e atribui se ela é justa ou não. Na terceira, é influenciado por critérios como experiências profissionais ou compromissos familiares. Podemos dizer que o indivíduo vai se comparar e, se ele considerar injusta a sua remuneração – seja porque considera que trabalha mais que outros e ganha menos, seja porque a política de remuneração da empresa não é justa ou porque ao assumir muitos compromissos financeiros sua remuneração não é suficiente – ele poderá produzir menos, aumentar o absenteísmo, reduzir a qualidade etc. 1.1.7 Edwin Locke: teoria do estabelecimento de objetivos De acordo com Robbins (2004), as intenções expressas como metas podem ser fonte de motivação para o trabalho. Objetivos específicos aprimoram o desempenho e objetivos difíceis, quando aceitos, acarretam melhor desempenho do que as metas mais fáceis de serem alcançadas. Nessa teoria, não podemos concluir que a participação dos funcionários no estabelecimento dos objetivos seja sempre desejável, ela será preferível quando articuladas em termos de objetivos específicos e difíceis, tornando-se uma poderosa fonte motivacional. Observação Contribuições atuais dos estudos de motivação estão voltadas a: evolução do comportamento na organização, cultura organizacional, planejamento de carreira, cargos, salários, treinamento, dinâmicas das relações, administração de conflitos, recrutamento, seleção etc. 22 Unidade I Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr amaç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 1.1.8 Teoria do reforço Abordagem comportamentalista em que o comportamento do indivíduo pode ser controlado por meio do reforço, ou seja, quando o indivíduo dá uma resposta adequada, essa resposta deve ser reforçada para que ela se repita. Embora não possa ser considerada uma teoria motivacional, Robbins (2004) sustenta que inúmeras pesquisas indicam que as pessoas empenham-se mais em tarefas que recebem reforços do que nas demais. Saiba mais Assista ao filme 1492: a conquista do paraíso – Colombo, direção de Ridley Scott. O filme narra a história do navegador Cristovão Colombo, suas viagens, as dificuldades em provar suas teorias e o clima das Grandes Navegações. Foi produzido em 1992, em comemoração aos 500 anos do descobrimento da América. Observe-o com atenção, perceba que Colombo foi um líder questionável que mal soube cuidar dos seus recursos humanos e suas necessidades. 1.2 Ciclo motivacional Figura 5 – Diversão e motivação Prefiro divertir as pessoas na esperança de que elas aprendam em vez de ensinar as pessoas na esperança de que elas se divirtam. Walt Disney Você já notou que há pessoas que parecem estar ligadas em 220 volts? Que estão a todo tempo motivadas, espalhando energia e puxando as pessoas consigo? Pois bem, de onde vem essa energia que não acaba? O que move essas pessoas? Você já é uma dessas pessoas ou começou a pensar nisso agora? Que bom que ainda há tempo, pois essas pessoas é que aceleram a evolução de todos nós e você está se tornando uma delas... 23 Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 GERENCIAMENTO DE PESSOAS Chiavenato (2004) descreve o ciclo motivacional como um círculo virtuoso que se origina em uma necessidade, uma força dinâmica e persistente que estimula o comportamento. Ela rompe o estado de equilíbrio de um organismo tirando-o de sua rota, estabelecendo nova dinâmica. A figura demonstra que haverá um estado de tensão a partir da necessidade e o organismo só retornará ao estado de equilíbrio quando a necessidades for satisfeita. Equilíbrio Tensão EstímuloSatisfação NecessidadeComportamento Figura 6 – Ciclo motivacional Observação A tensão represada no organismo procura um meio indireto de saída, seja por via psicológica (agressividade, descontentamento, tensão emocional, apatia, indiferença etc.), ou fisiológica (tensão nervosa, insônia, repercussões cardíacas ou digestivas etc.); Por meio desse ciclo entende-se que, sem novas necessidades, uma pessoa poderia viver muito bem e em estado de equilíbrio, situação utópica. A chave para o equilíbrio reside, desta forma, na habilidade, na prontidão que uma pessoa é capaz de manter para a satisfação de suas necessidades. Para Silva (2002), o ciclo da motivação é uma sequência de eventos que se inicia com necessidades insatisfeitas e termina depois que o indivíduo analisa as consequências da tentativa de satisfazer aquelas necessidades e se constitui de seis estágios: 1. Existe uma necessidade ou um objetivo não satisfeito de uma pessoa. 2. A pessoa procura alternativas por meio de um comportamento dirigido que poderiam satisfazer a determinada necessidade. 3. A pessoa escolhe a “melhor” maneira de alcançar a satisfação da necessidade. 4. A pessoa é motivada a tomar uma ação para obter os elementos que podem satisfazer essa necessidade. 24 Unidade I Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 5. A pessoa reexamina a situação, observando o que está ocorrendo. 6. Dependendo dos resultados destes esforços, a pessoa pode ou não ser motivada de novo pelo mesmo tipo de necessidade ou satisfação da necessidade. Saiba mais Há dias em que você sente mais motivado(a) do que outros, não há? Ou algumas horas do dia... O que é que o(a) faz sentir-se assim, de maneiras tão distintas sem razões mais significativas? Quais são as razões que iniciam este processo em você? Quando a capacidade de dormir é alterada ou o sono se intromete nas atividades diárias normais de uma pessoa, as causas devem ser investigadas. Com mais de 70 possíveis distúrbios já conhecidos, a Medicina do Sono utiliza- se de várias estratégias e princípios organizados para diagnosticá-los e tratá-los corretamente. Em 1990, foi publicada a International Classification of Sleep Disorders (ICSD) uma classificação dos distúrbios do sono. Será que o seu estado de motivação tem alguma relação com algum destes distúrbios? Saiba mais no endereço: <http://www.virtual.epm.br/material/tis/curr-bio/trab2003/g3/ disturbios.html>. 1.3 Barreiras para a motivação Ainda não se levantaram as barreiras que digam ao gênio: daqui não passarás. Ludwig Van Beethoven Você já percebeu que há pessoas, clubes de futebol, empresas, organizações não governamentais, partidos políticos e outras organizações que passam por imensas dificuldades e tornam-se, depois dessas, ainda mais fortes do que antes? O que será que alimenta essas pessoas e empresas? Será que a derrota pode fortalecer alguém? Observação O entusiasmo é diferente da motivação na origem, pois a fonte da energia, neste caso, não vem de fora, mas de dentro da própria pessoa. 25 Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 GERENCIAMENTO DE PESSOAS As etapas do ciclo motivacional, com frustação ou compensação quando há impossibilidade de satisfação da necessidade Equilíbrio interno Estímulo ou incentivo Necessidade Tensão Barreira Outro comportamento derivativo Figura 7 – Etapas do ciclo motivacional Uma vez que nem sempre a necessidade pode resultar em satisfação, há três obstáculos que podem substituir negativamente a satisfação, de acordo com Maximiano (2000): • Frustração: ser derrotado por um adversário numa competição, esquecer as respostas das questões de uma prova, não ter habilidades e conhecimentos necessários para ser aprovado num teste, perder a hora. • Conflito provocado por comportamentos simultâneos incompatíveis: decisões conflitantes, como a escolha entre família e trabalho, ou entre trabalho e estudo. • Ansiedade resultante da ameaça ao bem estar ou tranquilidade pessoal: em geral, resultante de competição, pressão exercida pelo próprio trabalho, pelos chefes, ou más condições, como baixo salário. A barreira é o caminho para a frustração e a satisfação poderá ser obtida por outro comportamento derivativo que substitua o interesse primário e reduza ou suprima a tensão. Exemplo de aplicação Converse com algumas pessoas que já estão no mercado de trabalho há mais de 20 anos e procure saber se elas perderam boas oportunidades profissionais. Em caso afirmativo, procure explorar as razões e investigue quais foram as barreiras. Procure entender se foram barreiras que se relacionavam à sua motivação. A figura a seguir exprime os fatores que podem levantar-se como barreiras para que uma necessidade possa ser atendida e que colocam em risco, portanto, a satisfação de alguém. 26 Unidade I Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 Pressões do superior Indivíduo na empresa Influência dos colegas Estados de energia Mudanças na tecnologia Programas de treinamento e desenvolvimento Sistemas pessoais Condições ambientais Demandas da família Figura 8 – Barreiras contra a satisfação de necessidades Um indivíduo irá se deparar com um grande número de situações em que barreiras naturais trabalharão contra a satisfação de suas necessidades. Vejamos caso a caso, tomando como exemplo a motivaçãopara assumir um cargo de liderança e os exemplos de barreiras em cada caso. • Sistemas pessoais Crenças de que é melhor trabalhar como empregado, desejo de tempo livre junto aos familiares e amigos, receio de assumir responsabilidades, tendência a deixar as coisas como sempre estiveram etc. • Mudanças na tecnologia Falta de adaptação a sistemas computadorizados, dificuldade para lidar com aparelhos portáteis, qualidade das apresentações utilizando os computadores, sistemas de busca, sistemas de localização, sistemas de segurança, inteligência etc. • Demandas na família Necessidade de manter a atenção na educação de crianças, atendimento a um familiar enfermo, envolvimento religioso ou de lazer, oposição por causa de sistemas pessoais de familiares contrários etc. • Programas de treinamento e desenvolvimento Principalmente os treinamentos que não aconteceram em tempo, treinamentos cujo investimento de tempo e/ou dinheiro não é possível no momento, treinamentos que capacitaram demais para a atual função e dão tranquilidade etc. • Condições ambientais Situação geral de desemprego, péssimo momento para correr riscos, empresa em dificuldades financeiras, ameaça de concorrentes de peso, ameaças de mudanças na legislação etc. 27 Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 GERENCIAMENTO DE PESSOAS • Estado de energia interna Má disposição por problemas de saúde, perda recente de pessoa ou bem de valor pessoal ou financeiro, desilusão pessoal, ameaça de perda em processo na justiça, falta de dinheiro etc. • Pressões do superior A organização tem dado mostras de extrema pressão em relação às lideranças, o superior imediato é alguém que não dá apoio, há casos recentes de assédio moral na estrutura etc. • Influências dos colegas Colegas que cobiçam a mesma posição, que dizem coisas contrárias à promoção, que maldizem a estrutura ou os superiores, que solicitam a manutenção do colega junto a eles no mesmo nível e com os mesmos programas etc. Saiba mais Assista ao filme De porta em porta (Door to Door), 2002, direção de Steven Schachter. Conta a história (baseada em fatos reais) de um homem que sofre de paralisia cerebral e tenta vencer suas limitações trabalhando como vendedor. Observe-o com atenção sob a ótica de quem encontra motivos a todo momento para manter-se motivado, mesmo em condições muito adversas. 1.4 Fatores nocivos da frustração Exige muito de ti e espera pouco dos outros. Assim, evitarás muitos aborrecimentos. Confúcio Quando você se depara com uma desilusão, com uma meta que tenha sido frustrada, você já reparou que outros problemas parecem ter feito um acordo para chegarem ao mesmo tempo? E mais, que atolamos o pé de tal forma nesta hora e que sair dali parece ser alguma coisa quase impossível de se fazer sem ajuda? Esta seção trata deste assunto. 28 Unidade I Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 Figura 9 – Frustração Chiavenato (2004) aponta que a satisfação de certas necessidades é temporal e passageira, ou seja, a motivação humana é cíclica: o comportamento é um processo contínuo de resolução de problemas e satisfação de necessidades à medida que vão surgindo. Pensando assim, é fácil imaginar que a frustração também é cíclica, pois novas necessidades surgem a cada momento aumentando o número de oportunidades de nos frustrarmos. As organizações precisam estar atentas ao estabelecer seus objetivos, pois, se os mesmos forem facilmente alcançáveis, não mobilizarão as pessoas ou, por outro lado, o bloqueio ou impedimento de alcançar um objetivo faz com que a pessoa se frustre. Ao se frustrarem, as pessoas apresentam alguns mecanismos de defesa, como os listados a seguir. • Agressão: a frustração pode crescer até o ponto em que a pessoa se torne agressiva por não ter conseguido atingir seus objetivos. • Racionalização: a pessoa não consegue atingir seu objetivo e inventa desculpas, responsabilizando outras pessoas por isso ou questionando a realidade do objetivo. • Regressão: adota comportamentos imaturos, não apropriados para sua idade. • Fixação: continua a apresentar o mesmo padrão de comportamento, embora as experiências tenham mostrado sua inutilidade. • Resignação: ocorre quando a pessoa perde a esperança de atingir o objetivo, apatia. Lembrete As fontes da frustração podem ser internas ou externas. As fontes internas envolvem deficiências pessoais como falta de confiança ou medo de situações sociais que impedem uma pessoa de alcançar uma meta; causas externas, por outro lado, envolvem condições fora do controle da pessoa, tais como uma estrada bloqueada ou falta de dinheiro, por exemplo. 29 Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 GERENCIAMENTO DE PESSOAS Saiba mais Assista ao filme Sociedade dos poetas mortos, 1989, direção de Peter Weir. Quando o carismático professor de inglês John Keating (Robin Williams) chega para lecionar num colégio para rapazes, seus métodos de ensino pouco convencionais transformam a rotina do currículo tradicional e arcaico. Com humor e sabedoria, Keating inspira seus alunos a seguirem seus próprios sonhos e a viverem vidas extraordinárias. O filme apresenta consequências trágicas da frustração e vai sensibilizar você para o tema desta seção. 2 COMPETÊNCIA, COMPROMETIMENTO E IDENTIFICAÇÃO DAS ATIVIDADES NO TRABALHO Todos os homens são bons, mas não para todas as coisas. Victor Hugo Você se considera uma pessoa competente naquilo que faz? Na vida pessoal e no trabalho? Você está comprometido com os resultados que sua organização precisa alcançar? E mais, como você avalia sua identidade com as atividades que realiza ou precisa realizar no trabalho? Etimologicamente, competência vem do verbo latino competere, que indica uma ação de aproximar- se, de encontrar-se, que resulta em ”responder a, corresponder”, que dá lugar ao adjetivo competensentris, que vem a ser “competente, convincente”, e ao substantivo competio-onis, com o sentido de “rival” (Tejada Fernández, 1999, p. 3). As definições de competência enfocam a condição de aplicação adequada de conhecimentos, habilidades e destrezas com atitudes e compromissos, bem como com a capacidade integral de exercer uma atividade. Essa definição se contrapõe à aplicação do conceito em um campo restrito da educação, em que se considera competência como o desenvolvimento de múltiplas capacidades (Irigon, 1998). Uma pessoa competente em seu trabalho deve adquirir conhecimento e desenvolver habilidades variadas para a tomada de decisão, a solução de problemas e conflitos e para negociar. Trabalhar com competência é ter conhecimentos, habilidades e atitudes em lugar do antigo esquema de conhecimento e de destrezas (Irigon, 1996, p. 3). No âmbito organizacional, a definição de competência recebe noções de autoridade, capacitação e qualificação. José Tejada Fernández considera que “a competência se refere a funções, tarefas e atuação de um profissional – incumbência – para desenvolver, adequada e idoneamente, suas funções de trabalho – suficiência –, que é resultado e objeto de um processo de capacitação e qualificação” (TEJADA FERNÁNDEZ, 1999, p. 3). 30 Unidade I Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 Hoje, muito se ouve: “você precisa adquirir novas competências”, “o processo de seleção da empresa é por competência”, “gestão por competência”. Esse conceito pode ser atribuído a diferentes elementos, como pessoas – com um conjunto de competências – e organizações – que também apresentam um conjunto decompetências. Faz-se necessária a definição de competências da empresa e das pessoas que nela trabalham para que ambas possam atingir resultados satisfatórios. Estamos vivendo uma época de profundas transformações, e as últimas décadas foram marcadas por mudanças substanciais nas relações capital–trabalho, patrão–funcionário, organização, sociedade. As mudanças decorrentes e intensificadas pela emergência de novas tecnologias estão provocando impactos sobre os diversos segmentos da sociedade. A economia está se tornando cada vez mais complexa e as informações rapidamente tornam-se obsoletas. O progresso e a criação de riqueza dependem do uso da informação e do conhecimento. Com o aumento do número de organizações e, consequentemente, com o aumento da competitividade, não serão as máquinas que definirão a organização que mais se destacará, pois os concorrentes também as possuem. A vantagem competitiva residirá na organização que possuir os melhores profissionais, pois são as pessoas que possuem a capacidade de gerar e buscar informações, de antecipar-se às necessidades, de decidir, de criar, de inovar, de aprender e de liderar. A soma de todo o conhecimento existente na organização – talentos, eficácia do sistema gerencial e teor de relacionamento com os clientes – pode ser usada como vantagem competitiva e, para isso, as pessoas precisam desenvolver competências que permitam atender às novas demandas. Um conceito de competência pode ser apresentado como o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes demonstrados pela pessoa na realização de uma tarefa. Dizemos que somos competentes numa atividade quando esse conjunto de comportamentos apresentados resulta no sucesso para a realização daquela atividade. Do ponto de vista empresarial, é a prática que interessa: é o conhecimento aplicado que gera capacidade de produzir resultados, ou seja, competência. Segundo Fleury e Fleury (2000), cada indivíduo, cada equipe, cada área precisa ser competente de modo a agregar valor econômico para a organização e valor social para o indivíduo. O indivíduo deve ser competente, isto é, deve atender às expectativas da organização e a organização deve valorizar essa competência. Nesse sentido, podem existir pessoas competentes em uma empresa incompetente, mas não pode haver uma empresa competente sem pessoas competentes. Os líderes têm importância vital na construção e no desenvolvimento das competências requeridas em uma organização. Eles devem possuir a capacidade de articular diferentes competências individuais, transformando-as em competências coletivas, segundo Quinn et al. (2004). Para esses autores, os líderes desempenham muitas vezes papéis antagônicos nas organizações. Para estabelecer os papéis dos líderes, os autores tomaram como base quatro grandes modelos de gestão (metas racionais, processos internos, relações humanas e sistemas abertos), entendendo que o surgimento de um novo modelo não exclui os anteriores. 31 Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 GERENCIAMENTO DE PESSOAS Pode-se observar que os modelos de processos internos e de relações humanas possuem foco interno, em contraste com os modelos de metas racionais e de sistemas abertos que possuem foco externo. Os modelos de relações humanas e sistemas abertos definem-se pela flexibilidade, enquanto os modelos de processos internos e metas racionais compartilham o controle. Os autores, por entenderem que as organizações devam ser tanto adaptáveis e flexíveis quanto estáveis e controladas e, portanto, precisem ter um foco interno e um externo, não consideram que esses modelos sejam mutuamente excludentes. Entre as abordagens citadas por Dutra (1996), salientaram-se duas. Uma é aquela defendida na década de 1990 por Lê Bortef, Zarifian e Elliot Jacques: competência é colocar em prática o que sabemos em determinado contexto, contexto esse geralmente marcado por relações de trabalho, cultura da empresa, imprevistos, limitações de tempo, de recursos etc. Portanto, podemos falar de competência nessa abordagem apenas quando há competência em ação, o que se traduz em saber ser e saber mobilizar conhecimentos em diferentes contextos. Na segunda abordagem, associa-se competência com a atuação da pessoa em áreas de conforto profissional, em que são usados seus pontos fortes e, portanto, têm maior possibilidade de realização e felicidade. Zarifian (2001, p. 68) propõe uma “definição que integre várias dimensões, assim, a competência é ‘o tomar iniciativa’ e ‘o assumir responsabilidade’ do indivíduo diante de situações profissionais com as quais se depara”. Assim, entende-se que as mudanças fundamentais do trabalho nas organizações são a abertura de espaço para a autonomia e a automobilização do indivíduo, de forma que a competência ”seja assumida”, resultante de um procedimento pessoal do indivíduo, que aceita assumir seu trabalho e ser responsável por ele. Segundo Santos (2001), competência é o elo entre conhecimento e estratégia, é a capacidade de gerar resultados observáveis. Ela está relacionada à prática, ou seja, a colocar em prática aquilo que se sabe em um determinado contexto. Portanto, a competência está associada às realizações das pessoas, àquilo que elas produzem e/ou entregam. A competência não é um estado ou um conhecimento que se tem e nem é resultado de treinamento. Há competência apenas quando há competência de ação. É o saber (conhecimento), saber fazer (habilidade), querer fazer (atitude) e, principalmente, saber fazer acontecer. Assim como não é adquirida como algo acabado, a competência deve ser mantida em constante construção, por meio da aprendizagem profissional e pessoal. Por esse motivo, a competência configura-se como um processo de evolução do saber necessário ao trabalho, não sendo possível afirmar que uma pessoa atingiu o nível máximo de competência definitivamente. A aprendizagem é um processo pelo qual as pessoas adquirem um conhecimento derivado de uma experiência, treino ou prática, que conduz a um comportamento repetitivo (Ortega, 1998, p. 62). Do ponto de vista empresarial, é a prática que interessa: é o conhecimento aplicado que gera capacidade de produzir resultados, ou seja, competência. Adotaremos, então, como definição de competência: capacidade de transformar conhecimentos, habilidade e atitudes em resultados. 32 Unidade I Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 Observação No Banco do Brasil, o conceito de competência utilizado é de “combinação sinérgica de conhecimentos, habilidades e atitudes expressas no contexto do trabalho”. Bastos (1993) considera o vínculo organizacional sob cinco aspectos: 1. Sociológico: expresso pelo interesse do trabalhador em permanecer no emprego e, dessa forma, procura desempenhar o papel que lhes cabe a fim de manterem-se na estrutura. 2. Normativo: absorção das regras que a estrutura estabelece. 3. Afetivo: vinculado aos sentimentos desenvolvidos pela organização que pode, por exemplo, desempenhar um papel social e de sustentabilidade que ele gosta de associar à sua imagem. 4. Calculativo ou instrumental: relaciona-se ao soldo que o recompensa por manter-se membro, aos benefícios associados ao seu bem-estar. 5. Comportamental: algo que mantém o colaborador vinculado por seus atos que se afinizam com as ações da organização. Algo como tomar uma atitude e desejar permanecer para colher os frutos de sua iniciativa. Saiba mais Assista ao filme O gladiador, 2000, direção de Ridley Scott. Ele narra a história de um general de guerra que é favorito para a sucessão do trono romano, mas o herdeiro biológico mata o pai e condena o rival a se tornar escravo gladiador. Em nosso contexto, observe a competênciado general para a liderança de seus novos amigos, em condições de extrema tensão e evidente desvantagem. Note como ele foi capaz de obter o comprometimento de cada um deles para o êxito em suas batalhas. 2.1 Desempenho individual e metas organizacionais Os talentos atingem metas que ninguém mais pode atingir; os gênios atingem metas que ninguém jamais consegue ver. Arthur Schopenhauer 33 Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 GERENCIAMENTO DE PESSOAS Pense bem: se todas as pessoas em sua organização passassem a ter um desempenho idêntico ao seu, sua empresa seria bem melhor ou bem pior do que é hoje? Como você avalia as metas em sua empresa: fáceis, difíceis? Você tem conhecimento daquilo que a empresa espera de você? Cada pessoa se comporta de uma maneira nas organizações. Segundo Bergamini (1990), as variáveis individuais e ambientais estão entre as que afetam o comportamento dos indivíduos na organização. A infância, a adolescência e a fase adulta de cada um são as variáveis individuais. Das ambientais, fazem parte grupos sociais, cultura, fatores do ambiente físico etc. As diferenças de desempenho no trabalho resultam de dois fatores principais: das diferenças de uma pessoa para outra e das diferentes experiências de vida que cada um tem. Ou seja, de como as pessoas são e de como foram criadas resulta a personalidade. O homem não só muda o seu mundo externo como simultaneamente transforma-se de maneira autoconsciente pelo seu trabalho. No nível individual, ao optar pela sobrevivência, opta pelo trabalho. No nível de espécie, o homem se fez homem ao transformar o mundo pelo seu trabalho. De acordo com Freitas (1999), o controle exterior passa para o próprio sujeito; ele é quem define suas metas e se compromete a atingi-las, o processo decisório se dá de maneira mais participativa. Essa é uma exigência da nova sociedade e das organizações em geral. Exigência de que o indivíduo tenha um papel participativo no caminho a ser seguido, nas decisões que pretende assumir e nas consequências que estas acarretam, o que confirma a necessidade de uma identidade maleável, mas estável. Freitas (1999) acrescenta que, se antes era a figura do superego, como instância da crítica e do medo do castigo, que compelia o indivíduo a trabalhar mais, agora é o ideal de ego, daquele que almeja realizar um projeto e receber os aplausos e as gratificações indispensáveis aos seus anseios narcisísticos. Observação Um acompanhamento constante é fator primordial para uma avaliação de desempenho bem feita. A obediência passiva dá lugar ao ativo investimento amoroso, o corpo dócil dá lugar ao coração ativo e cativo. O medo de fracassar se alia ao desejo de ser reconhecido, e quanto mais o indivíduo acredita que ele e a empresa são partes do mesmo projeto nobre, mas essa aliança tende a se fortalecer. O indivíduo inventa, cria e recria a sua própria realidade no momento em que se percebe um ser social com o poder de transformar. Chanlat (1992) diz que, em todo sistema social, o ser humano dispõe de uma autonomia relativa. Marcado pelos seus desejos, suas aspirações e suas possibilidades, o indivíduo dispõe de um grau de liberdade, sabe o que pode atingir e que preço está disposto a pagar para consegui- lo no plano social. 34 Unidade I Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 Saiba mais Assista ao filme Monstros S.A., 2001, direção de Pete Docter, David Silverman, Lee Unkrich. O filme mostra uma sociedade de monstros que tira sua energia do grito de crianças, mas têm medo delas. Veem-se em pânico quando uma garotinha corajosa invade seu mundo. A organização em que vivem parece perfeita, mas tudo começa a ruir e os paradigmas de alta produção são revistos por força das circunstâncias. Resumo Homem e trabalho precisam conviver porque um depende do outro. Essa relação pode ser de prazer e entrega ou motivo de interminável sofrimento. Quando há satisfação, o rendimento gera produtividade que atende aos interesses da organização e aumenta o prazer do recurso humano. O homem precisa estar integrado ao trabalho como extensão de sua vida pessoal. Assim, dará muito mais de si àquilo que faz. Dessa forma, homem e trabalho estão destinados à interação, já que precisam conviver uma grande porção do tempo um com o outro. Sem as pessoas, não haveria organizações. Sem organizações, não haveria empregos em número suficiente para o mundo contemporâneo. O fato de o homem dedicar a maior parte do seu dia útil ao trabalho denota a força que essa relação apresenta, o trabalho chega a ser mais importante que a família, pois o fracasso no trabalho acarreta em fracasso familiar. Muitas são as teorias motivacionais, que procuram explicar como as pessoas motivam-se e o porquê. Entre elas, podemos citar: Maslow (teoria de hierarquia das necessidades), Hezberg (teoria de higiene), McClelland (teoria das necessidades adquiridas), McGregor (teoria da participação), Vroom (teoria da expectativa), Stacy Adams (teoria da equidade), Edwin Locke (teoria do estabelecimento de objetivos), além da Teoria do reforço. A motivação inicia-se com algum estímulo que tira as pessoas de seu equilíbrio, num sentido muito positivo e, ao desejarem retornar ao equilíbrio, motivam-se. Há, no entanto, barreiras para a motivação que podem conduzir à frustração e seus fatores nocivos. Para Silva (2002) o ciclo da motivação é uma sequência de eventos que inicia com necessidades insatisfeitas e termina depois que o indivíduo analisa as consequências da tentativa de satisfazer aquelas necessidades e se constitui de seis estágios: 35 Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 GERENCIAMENTO DE PESSOAS 1. Existe uma necessidade ou um objetivo não satisfeito, de uma pessoa. 2. A pessoa procura alternativas, por meio de um comportamento dirigido, que poderiam satisfazer a determinada necessidade. 3. A pessoa escolhe a “melhor” maneira de alcançar a satisfação da necessidade. 4. A pessoa é motivada a tomar uma ação para obter os elementos que podem satisfazer esta necessidade. 5. A pessoa reexamina a situação, observando o que está ocorrendo. 6. Dependendo dos resultados destes esforços, a pessoa pode ou não ser motivada de novo pelo mesmo tipo de necessidade ou satisfação da necessidade. Deseja-se que cada colaborador seja competente e cada vez mais comprometido com a organização para que seja capaz de alcançar suas metas e as da empresa. No âmbito organizacional, a definição de competência recebe noções de autoridade, capacitação e qualificação. Tejada Fernández (1999) considera que a competência refere-se a funções, tarefas e atuação de um profissional para desenvolver, adequada e idoneamente, suas funções de trabalho, que é resultado e objeto de um processo de capacitação e qualificação. Com o aumento do número de organizações e, consequentemente, com o aumento da competitividade, não serão as máquinas que definirão a organização que mais se destacará, pois os concorrentes também as possuem. A vantagem competitiva residirá na organização que possuir os melhores profissionais, pois são as pessoas que possuem a capacidade de gerar e buscar informações, de antecipar-se às necessidades, de decidir, de criar, de inovar, de aprender e de liderar. Exercícios Questão 1. Antônio José é o novo gerente de Recursos Humanos (RH) da empresa Enetec Ltda. Ao implantar um programa de avaliação organizacional na Enetec Ltda., Antônio José decidiu aplicar um questionário que pudesse identificar itens que deveriam ser implementados na empresa com a intenção de melhorar a motivação dos seusfuncionários. Na formulação do referido questionário, Antônio José considerou como necessidades básicas: sociais, salariais, de segurança, de desenvolvimento, de status, de autorrealização e de autoavaliação. 36 Unidade I Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 Segundo a Pirâmide Hierárquica de Necessidades de A. Maslow, psicólogo norte-americano que viveu entre 1908 e 1970, para uma boa avaliação comportamental, Antônio José deveria elaborar o questionário apenas os seguintes níveis de necessidades humanas: A) Sociais, salariais, de desenvolvimento, de autorrealização e de autoavaliação. B) Sociais, salariais, de segurança, de status e de autorrealização. C) Básicas, salariais, de segurança, de desenvolvimento e de autoavaliação. D) Básicas, sociais, de desenvolvimento, de status e de autoavaliação. E) Básicas, sociais, de segurança, de status e de autorrealização. Resposta correta: alternativa E. Análise das alternativas: A) Alternativa incorreta. Justificativa: entre os níveis hierárquicos de necessidades apresentados na pirâmide de Maslow não constam os níveis denominados salariais, de desenvolvimento ou de autoavaliação. Os níveis sociais e de autorrealização são contemplados na pirâmide, conforme detalhamento na justificativa da alternativa “E”, a seguir apresentada. B) Alternativa incorreta. Justificativa: entre os níveis hierárquicos de necessidades apresentados na pirâmide de Maslow não constam os níveis denominados salariais. Os níveis sociais, segurança, status e de autorrealização são contemplados na pirâmide, conforme detalhamento na justificativa da alternativa “E”, a seguir apresentada. C) Alternativa incorreta. Justificativa: entre os níveis hierárquicos de necessidades apresentados na pirâmide de Maslow não constam os níveis denominados salariais, de desenvolvimento e de autoavaliação. Os níveis básicos e de segurança são contemplados na pirâmide, conforme detalhamento na justificativa da alternativa “E”, a seguir apresentada. D) Alternativa incorreta. Justificativa: entre os níveis hierárquicos de necessidades apresentados na pirâmide de Maslow não constam os níveis denominados de desenvolvimento e de autoavaliação. Os níveis básicos, sociais e de status são contemplados na pirâmide, conforme detalhamento na justificativa da alternativa “E”, a seguir apresentada. 37 Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 GERENCIAMENTO DE PESSOAS E) Afirmativa correta. Justificativa: conforme consta na figura, a Pirâmide de Necessidades de Maslow contempla os níveis de necessidades fisiológicas ou básicas; as de segurança; as afetivo-sociais; autoestima ou de status e de autorrealização ou simplesmente realização. Os níveis de necessidades humanas da pirâmide são abrangentes e não focam um único aspecto, mas sim um grupo de necessidades, niveladas pelo grau na escala de evolução do indivíduo. Autor- realização Desafios mais complexos, trabalho criativo, autonomia, participação nas decisões Ser gostado, reconhecido, promoções, responsabilidade por resultados Bom clima, respeito, aceitação, interação com colegas, superiores e clientes etc. Amparo legal, orientação precisa, segurança no trabalho, estabilidade, remuneração Alimentação, moradia, conforto físico, descanso, lazer etc. Autoestima Afetivo-Social Segurança Fisiológicas Figura 10 – Pirâmide de Maslow Questão 2. Leia o texto: Especialistas reforçam que, se a empresa investir no funcionário, pode se surpreender com o resultado. Há muitas histórias que justificam isso. Certa vez, em uma loja de departamento, uma cliente queria seu dinheiro de volta porque os pneus comprados apresentaram defeito depois de 8.000 quilômetros. Como era uma ótima cliente, o vendedor devolveu o dinheiro. Mas a questão é que a loja não vende pneus. Mesmo assim, o presidente da empresa ficou orgulhoso do vendedor, que tornou a cliente mais leal. Analise as afirmativas que ajudam a entender os fatos relatados na história acima. I. Nenhuma empresa treina os seus empregados para isso, mas a atitude do funcionário mostra o nível de comprometimento dele com o seu trabalho. II. Se um colaborador tem como importante objetivo aumentar seu salário e se é remunerado por produção, terá uma forte motivação para produzir sempre mais, segundo Vroom (apud Chiavenato, 2000). III. Segundo Maslow (apud Chiavenato, 2000), à medida que o indivíduo controla as necessidades básicas (fisiológicas) e de segurança, surgem gradativamente necessidades mais elevadas. IV. A satisfação de necessidades é temporal e passageira, sendo o comportamento humano um processo contínuo de resolução de problemas e de satisfação de necessidades à medida que vão surgindo. 38 Unidade I Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 Assinale a alternativa correta: A) As afirmativas I e III são verdadeiras. B) As afirmativas I, II e IV são verdadeiras. C) As afirmativas II e III são verdadeiras. D) As afirmativas I e IV são verdadeiras. E) As afirmativas I, II, III e IV são verdadeiras. Resolução da questão na Plataforma. 39 Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 GERENCIAMENTO DE PESSOAS Unidade II 3 MOTIVAÇÃO E PRODUTIVIDADE Figura 11 – Motivação e produtividade Nem todos aqueles a quem se transmite uma ideia muito sugestiva se tornam produtivos. Com mais facilidade acontece lembrarem-se de coisas por demais conhecidas. É preciso ter presente que há muitas pessoas que, sem serem produtivas, têm vontade de dizer alguma coisa de importante. É fantástico o que se ouve em tais situações. Johann Wolfgang Von Goethe Olhe para dentro de si e enxergue a sua motivação... Você se considera uma pessoa motivada? Você dá tudo de si ao trabalho que desenvolve? Como você acredita que seria a produtividade de outras pessoas ao fazerem aquilo que você faz? Você conhece alguma forma de fazer mais com menos esforço em seu trabalho? Por que não coloca em prática? Motivação é um tema extremamente discutido, complexo e tem sido uma grande preocupação no mundo empresarial. Muitos são os pesquisadores que vêm buscando alternativas para as questões motivacionais. De acordo com Maximiano (2000), há dois grupos de motivos que influenciam o desempenho, que são: • Motivos internos: são aqueles que surgem das próprias pessoas, como aptidões, interesses, valores e habilidades. São os impulsos interiores, de natureza fisiológica e psicológica, afetados por fatores sociológicos, como os grupos ou a comunidade de que a pessoa faz parte. • Motivos externos: são aqueles criados pela situação ou ambiente em que a pessoa se encontra. São estímulos ou incentivos que o ambiente oferece ou objetivos que a pessoa persegue porque 40 Unidade II Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 satisfazem a necessidades, despertam um sentimento de interesse ou representam a recompensa a ser alcançada. Podemos dizer que a motivação é intrínseca, mas as organizações podem fornecer estímulos ou incentivos, com o objetivo de despertar o interesse ou a necessidade das pessoas. Segundo Robbins (2004), a motivação consistiria na disposição para fazer alguma coisa e seria condicionada pela capacidade de essa ação satisfazer a uma necessidade do indivíduo. Segundo Chiavenato (1997), podemos entender a motivação como: • Fatores que provocam, canalizam e sustentam o comportamento do indivíduo. • Forças internas do indivíduo que respondempelo nível, rumo e persistência do esforço despendido no trabalho. • Estado interno que pode resultar de uma necessidade. É descrito como ativador ou despertador de comportamento geralmente dirigido para a satisfação da necessidade. Hersey e Blanchard (1986) afirmam que o comportamento humano é orientado para a consecução do objetivo ou pelo desejo de alcançá-lo. A unidade básica do comportamento é a atividade, e todo comportamento é composto de uma série de atividades. Como seres humanos, estamos sempre fazendo alguma coisa: comendo, andando, dormindo, trabalhando etc. Em muitos casos, realizamos mais de uma atividade simultaneamente como conversar e dirigir o automóvel. A qualquer momento podemos decidir passar de uma atividade ou conjunto de atividades para outra. Isso leva a questões interessantes: • Por que as pessoas se envolvem em certas atividades e não em outras? • Por que mudam de atividades? Uma pessoa está com fome. Qual a sua necessidade? Comer, certo? Essa pessoa desenvolverá todo um comportamento voltado à satisfação dessa necessidade. Ela poderá parar num restaurante, cantina etc. e atender à sua necessidade; dizemos que ela desenvolveu uma atividade no objetivo. Se, em vez de parar e comer, ela for ao supermercado comprar alguma coisa, levar para casa e preparar, dizemos que ela desenvolveu uma atividade para o objetivo. Lembrete A atividade no objetivo realiza-o rapidamente, ao passo que a atividade para o objetivo inclui algumas etapas para atingi-lo. As organizações precisam estar atentas ao estabelecer seus objetivos, pois, se os mesmos forem facilmente alcançáveis, não mobilizarão as pessoas e, por outro lado, o bloqueio ou impedimento de alcançar um objetivo faz com que a pessoa se frustre. 41 Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 GERENCIAMENTO DE PESSOAS Saiba mais Assista ao filme Náufrago, 2001, direção de Robert Zemeckis. O filme conta a história de um executivo da Fedex que sofre um acidente e passa 4 anos em uma ilha deserta, onde precisa aprender a sobreviver. Observe-o sob o ponto de vista da motivação do executivo em circunstâncias bem adversas e o rendimento de seus esforços solitários. 3.1 Como aumentar a produtividade pela motivação Eu só me sinto produtivo quando não tenho tempo para respirar. Dalton Vigh Antes de qualquer coisa, você acredita que alguma pessoa pode, conscientemente, ser capaz de produzir mais e ainda assim não produzir? Será que a motivação pode realmente ser capaz de estimular maior produção? De que forma isso poderia acontecer, em sua opinião? Segundo Robbins (1999), os valores representam convicções básicas que contêm um elemento de julgamento, baseado naquilo que a pessoa acredita ser correto, bom ou desejável. Os valores possuem dois tipos de atributos: de conteúdo – determina que um modo de conduta seja importante; e de intensidade – determina o quanto é importante. Observação Produtividade é a relação entre os produtos obtidos e os fatores de produção empregados na sua obtenção. Quando entramos em uma organização, trazemos nossos valores e isso influenciará na forma de vermos e lidarmos com as situações. A cultura tem uma forte influência sobre nossos valores e é preciso entender que os valores variam de cultura para cultura. As nossas atitudes estão diretamente relacionadas aos nossos valores e, de acordo com Robbins (2008), as atitudes são afirmações avaliadoras favoráveis ou desfavoráveis e possuem três componentes: cognição, afeto e comportamento. Algumas de nossas atitudes são aprendidas por meio de nossas famílias, nossa cultura, mas, na grande maioria, elas são desenvolvidas por meio de experiências vividas e observações. Ainda segundo o mesmo autor, a convicção de que “discriminar é errado” é uma afirmação avaliadora. Essa opinião é o componente cognitivo de uma atitude, ou seja, a crença e o conhecimento sobre um 42 Unidade II Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 estímulo e a avaliação que faço dele. O componente afetivo refere-se ao sentimento e às emoções, e o sentimento pode provocar resultados no comportamento, ou seja, a tendência a se comportar de uma determinada maneira. Nossas atitudes são adquiridas por meio de diversos processos, entre eles: nossa experiência, nossos preconceitos, pela observação de situações ou pessoas. Se nossas atitudes não estiverem muito arraigadas em nós, será possível uma mudança de atitude por meio de treinamento, educação e comunicação. Importante ressaltar que, apesar de a atitude levar a uma intenção de se comportar, pode ocorrer de uma atitude não passar da intenção, pois irá depender da situação ou circunstância. Robbins (2008) coloca que as pessoas buscam consistência em suas atitudes e seus comportamentos, de maneira que ambos pareçam racionais e coerentes. Quando surge uma inconsistência, desencadeiam-se forças que levam o indivíduo de volta ao estado de equilíbrio, para que as atitudes e o comportamento voltem a ser coerentes. Observação A tecnologia agropecuária permitiu ao país se equiparar aos maiores produtores do mundo, concorrendo no mercado globalizado. A balança comercial do setor é altamente superavitária, da ordem de US$ 18 bilhões. Sem o vigor da agropecuária, comprova o IBGE, o crescimento do PIB nacional estaria negativo. Os dados da economia agrária são conhecidos se elogiados. Saiba mais Assista ao filme Tempos Modernos, 1936, direção de Charles Chaplin, reconhecidamente uma das obras-primas do cinema. É, ao mesmo tempo, uma comédia, um drama e até uma espécie de ficção científica (pelo menos para a época em que foi feito). Trata-se de uma história sobre o homem contra a máquina e, nesse sentido, o filme é uma dura crítica ao desenvolvimento desenfreado. Chaplin fala do homem comum substituído pela máquina, engolido pelas engrenagens do capital e perseguido por suas escolhas. 43 Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 GERENCIAMENTO DE PESSOAS 3.2 O salário motiva Figura 12 – Salário motiva Está bem pago quem está satisfeito. William Shakespeare Quanto você ganha por mês? E por ano? E por dia? E por hora? Mês... Você considera justo aquilo que você recebe em função daquilo que produz? Você considera justo aquilo que recebe em relação a outras ocupações? Caso você fosse desafiado a produzir mais e ter, em compensação, maior salário, você produziria mais? Atualmente, vivemos e trabalhamos em organizações que são estruturadas de pessoas, por pessoas e para pessoas. O ser humano é o elemento primordial no processo de crescimento organizacional. A empresa tem como objetivo essencial gerar riqueza e essa riqueza é repassada para os seus diversos parceiros, tais como: • fornecedores: que oferecem a matéria-prima, a mercadoria, os serviços; • investidores: que viabilizam a entrada de recursos financeiros na organização; • proprietários: que contribuem com a criação de novos empregos; • colaboradores: que contribuem com suas competências e habilidades para o bom andamento dos fluxos e processos na empresa; • clientes: que contribuem com as suas críticas e sugestões para o crescimento dos negócios. Enfim, todos que, direta ou indiretamente, interferem no desempenho organizacional. Segundo afirma Chiavenato, “o parceiro mais próximo da organização é o empregado, pois boa parte da riqueza gerada pela organização passa aos empregados sob forma de salários, benefícios sociais e demais encargos deles decorrentes” (CHIAVENATO, 2004, p. 294). Devemos compreender que o colaborador possui os seus objetivos individuais como: melhores salários,melhores benefícios, segurança no trabalho, oportunidades de crescimento, liberdade para 44 Unidade II Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 trabalhar, satisfação no trabalho, liderança liberal, orgulho da organização, consideração e respeito, estabilidade no emprego etc., e que a organização possui os seus objetivos organizacionais, tais como: qualidade no seu produto/serviço, fidelidade do cliente, desempenho, crescimento sustentado, sobrevivência, novos mercados e clientes, redução de custos, lucratividade, imagem no mercado, competitividade etc. O grande desafio é fazer com que os objetivos individuais andem paralelamente com os objetivos organizacionais, isto é, que as pessoas vistam a sua própria camisa e não a camisa da empresa. Toda empresa precisa construir e formalizar sua missão, ou seja, sua razão de ser, sua visão de negócio, seus valores, sua filosofia, suas políticas, isto é, suas regras e normas institucionais, considerando sua política mais importante a de salários, que tem como objetivo formalizar o seu relacionamento com o mercado de trabalho e o colaborador. O colaborador fornece tempo, esforço, competência, habilidades em troca de dinheiro. Conforme Gil, “o trabalho não é mais o conjunto de tarefas associadas descritivamente ao cargo, mas se torna o prolongamento direto da competência que o indivíduo mobiliza em face de uma situação profissional cada vez mais mutável e complexa” (GIL, 2001, p. 27). Em função de o mercado ser extremamente acirrado, os profissionais necessitam cada vez mais unir eficientemente a sua competência e habilidades com o objetivo de aumentar a sua produtividade. Alguns autores da área de Administração de Cargos e Salários conceituam salário de várias maneiras, tais como: • A medida de valor de uma pessoa: a função de cada colaborador é mensurada para a futura análise salarial. • A colocação de uma hierarquia na organização: o colaborador tem uma função e essa função está alocada em determinado nível da pirâmide organizacional. • O pagamento de um trabalho: dependendo das responsabilidades desempenhadas pelo colaborador, este será ressarcido pelo tempo e esforço disponibilizado. Observação O principal astro do Real Madrid, Cristiano Ronaldo, é o jogador mais bem pago do futebol mundial em 2011. A lista dos 100 jogadores que mais ganham ao redor do mundo foi divulgada pelo site Football Finance. Contratado em 2009, o português recebe cerca de R$ 2,29 milhões, quase a R$ 27,5 milhões por ano. O valor do contrato do clube merengue para levar Cristiano foi cerca de R$ 257 milhões, o que representou a transferência mais cara de toda a história do futebol. Conforme Idalberto Chiavenato, ”o salário é uma contraprestação pelo trabalho de uma pessoa na organização, que empenha parte de si mesma, de seu esforço e de sua vida, 45 Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 GERENCIAMENTO DE PESSOAS comprometendo-se a uma atividade cotidiana e a um padrão de desempenho na organização” (CHIAVENATO, 2004, p. 260). Podemos compreender que ocorre em todo processo de negociação uma troca de atividades e interesses que devem atingir satisfatoriamente os objetivos de ambos: os proprietários e os colaboradores, pois os mesmos possuem direitos e deveres que precisam ser sinalizados na empresa. Pela fragilidade que algumas empresas têm em função da sua política de cargos e salários, pesquisas recentes mostram que o custo da folha de pagamento está cada vez mais elevado e o colaborador continua insatisfeito com o seu salário, em função de uma má descrição, análise e avaliação do cargo exercido por ele. Afirma Zimpeck: ”o grande objetivo consiste em obter e manter uma coexistência salutar que favoreça a ambos os partidos aparentemente contraditórios: empregado x empregador” (ZIMPECK, 1999, p. 13). Graças à atual administração, é oferecida uma diversidade de ferramentas e técnicas que efetivamente reafirmam e motivam os melhores relacionamentos entre o empregador e seus colaboradores. Para a organização, muitas vezes, o salário representa mais um custo do que um investimento. Custo, porque, ainda, infelizmente, existe o estigma de que o funcionário é muito “caro”, só dá prejuízo, isto é, a empresa o visualiza como um centro de custo e não de lucro. Observamos que o investimento do indivíduo em sua formação educacional possibilita uma maior valorização para a organização e a obtenção de melhores resultados financeiros e operacionais, o que tem permitido ao investidor compreender a necessidade de utilizar o profissional mais qualificado de mercado. Segundo Benedito Pontes, “a empresa deve ver o salário como função agregada de motivação e procurar utilizá-lo como um instrumento a mais na compatibilização dos objetivos organizacionais e pessoais” (PONTES, 2000, p. 29). Todos nós sabemos que, se o colaborador estiver satisfeito, motivado, com certeza sua produtividade aumentará e, consequentemente, aumentará o desempenho da organização. Saiba mais Assista ao filme Wall Street: poder e cobiça, 1987, direção de Oliver Stone. Jovem e ambicioso corretor de ações torna-se amigo de milionário experiente nos segredos da Bolsa de Valores. A princípio mestre e aluno, eles serão perigosos rivais no mercado de ações e na disputa pela mesma mulher. Assista-o considerando o que motivava o jovem em sua escalada corporativa, as medidas de desempenho consideradas e o papel do salário. 46 Unidade II Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 3.3 O papel do líder na motivação das pessoas Quando o líder efetivo dá o seu trabalho por terminado, as pessoas dizem que tudo aconteceu naturalmente. Lao-Tsé Você acredita que alguém precisa mesmo de outra pessoa para se motivar? Outras pessoas são mais frequentemente responsáveis por nossa motivação ou por nos desmotivar? Será que aquele que nos lidera ocupa um destes dois papéis? Você acredita que ele tem alguma obrigação neste sentido? Ao longo do tempo, a definição de liderança vem sofrendo diversas modificações na tentativa de melhor se adaptar ao modelo de gestão do contexto. Muitos são os estudos que tentam explicar esse fenômeno tão positivo para as organizações, bem como a sua evolução. Em alguns pontos todos concordam: os líderes são alegres, motivadores, criativos e acima de tudo carismáticos. Antigamente, o carisma era uma característica ligada a dons divinos, hoje, sabemos que seu significado nada mais é do que um poder de persuasão que podemos exercer sobre outras pessoas. Apesar de algumas pessoas já nascerem com essa característica, não significa que ela não esteja ao alcance de todos, neste caso será necessário um empenho para desenvolvê-la. Considerada como essencial no interior de qualquer grupo, a liderança assume dentro dos grupos de trabalho um papel importante no desenvolvimento das tarefas da equipe. Porém, uma diferenciação é importante que se faça neste momento inicial de nosso estudo: liderança e gerência representam dois diferentes estilos ou posturas organizacionais. Enquanto os gerentes estão preocupados em fazer com que seu grupo cumpra prazos e normas estabelecidos pela empresa, os líderes desenvolvem ações que: • possam ajudar o grupo a atingir suas metas ou objetivos; • possibilitem a mediação de possíveis conflitos que possam surgir; • possam impulsionar o início das tarefas; • transformem em ponte entre objetivos organizacionais e os objetivos individuais de seus liderados. Importante observarmos que todas essas ações indicadas acima são bem mais facilmente desenvolvidas quando o líder é escolhido por seu próprio grupo para representá-loe não quando o mesmo é indicado. Segundo Abraham Zaleznik, os líderes diferenciam-se dos gerentes em motivação, história de vida e quanto aos seus modos de pensar e agir (Zaleznik apud Robbins, 1999). Contudo, não podemos deixar de lado o valor da presença do gerente, principalmente quanto às suas atividades de desenvolvimento de planejamentos formais, desenhos organizacionais fixos ou mesmo sua rigidez no monitoramento dos resultados a serem alcançados pela equipe. Assim, tanto uma liderança forte quanto uma gerência sólida são necessárias para uma organizacional excelente. 47 Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 GERENCIAMENTO DE PESSOAS Qualquer pessoa poderá se tornar formalmente um líder, assim a empresa para qual ela trabalha lhe ofereça esta incumbência. Porém, a liderança formal ou imposta não é garantia de sucesso para nenhuma organização. Ao contrário, o líder que surge naturalmente encontrará muito mais facilidade em influenciar na motivação de seu grupo organizacional, promovendo assim uma liderança mais eficaz. É uma espécie de liderança natural. O coach como representante de uma determinada organização pauta sua atuação de acordo com os objetivos, missão e visão desta organização. Logo após, sua tarefa será a de compartilhar isso com seus aprendizes, de modo que sintam nele uma convicção acerca do que está sendo passado. Geralmente é uma pessoa muito entusiasmada e de astral contagiante. Evita ser explícito demais quando está expondo suas ideias, preferindo utilizar-se de perguntas inteligentemente elaboradas para forçar que as pessoas tirem suas próprias conclusões. Assim, ele evita ser muito persuasivo, ao mesmo tempo em que dá oportunidade para que os outros reflitam melhor. Outra característica muito marcante reside em seu modo de liderar pelo exemplo, ou seja, ele é o primeiro a iniciar uma tarefa que foi solicitada, conseguindo, dessa forma, a ajuda e o comprometimento dos demais. A liderança orientada para as pessoas é um modelo de liderança burocrático e que tem como característica principal a empatia, a capacidade de se colocar no lugar do outro. Fruto da teoria da gestão das relações humanas, é um estilo de liderança que procura ao máximo diferenciar o homem da máquina. Assim, procura sempre estar atento às pessoas vendo-as de forma individual, cada uma com suas capacidades e limitações. Para o líder orientado para as pessoas, cada liderado é único e possuidor de características que lhes são peculiares; desta forma, seu tratamento também é diferenciado, ou seja, é um líder não adepto da liderança massificada. Está sempre compartilhando com seu grupo as novas ideias que lhe surgem, não retendo para si os créditos delas. Compartilha também seus conhecimento e saberes, fazendo do ambiente organizacional um campo de troca de aprendizagens constante. O líder orientado para as pessoas utiliza-se da estimulação e da aceitação de sua equipe como um combustível para dar continuidade ao seu trabalho. Sua satisfação está muito mais voltada para a construção de agradáveis e sinceros relacionamentos com seus liderados do que no próprio alcance de resultados. Sua comunicação (outra variável importante no processo de liderança) – clara, aberta e sincera – faz com que suas solicitações sejam atendidas prontamente e de forma correta. Somente a comunicação possibilita que as tarefas distribuídas entre várias pessoas integrantes da empresa sejam realizadas corretamente e estejam dirigidas aos mesmos objetivos (Arantes, 1998). Observação Embora tenha pregado apenas em regiões próximas de onde nasceu, na província romana da Judeia, a influência de Jesus difundiu-se enormemente ao longo dos séculos após a sua morte, ajudando a delinear o rumo da civilização ocidental o que faz dele um dos maiores ou o maior líder de todos os tempos. 48 Unidade II Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 O líder orientado para as pessoas: • percebe a organização formada por um grupo de pessoas; • enfatiza prioritariamente as pessoas; • inspira-se em correntes psicológicas; • delega tarefas e autoridades com total confiança; • oferece plena autonomia aos seus liderados; • enfatiza as relações humanas interpessoais e intergrupais; • estabelece uma relação saudável e de confiança mútua com seus liderados; • mantém uma comunicação constantemente aberta com seu grupo; • compartilha saberes e ideias; • atua em constante dinâmica interpessoal e grupal. O impacto que uma liderança orientada para as pessoas causa no interior dos grupos tende a ser sempre positivo, e várias são as razões para que isso ocorra. A seguir, citamos os principais pontos desse estilo de liderança. • Maior satisfação por parte dos liderados As pessoas ou grupos de pessoas que são liderados por esse estilo tendem a demonstrar uma maior satisfação no trabalho. As tarefas são desenvolvidas com maior rapidez e o nível de qualidade é sempre satisfatório. A quase inexistência de absenteísmo é outro ponto positivo que merece destaque. • Maior união do grupo A cooperação é outro fator de destaque nesse tipo de liderança. As pessoas passam a ajudar umas as outras de forma consciente, certas de que os benefícios serão em prol de todos. Toda essa união evita o surgimento de algum tipo de conflito. • Aumento gradual e indireto da produtividade da equipe O trabalho realizado com satisfação e união gera como consequência natural uma excelente produtividade. Isso acontece sem nenhum tipo de exigência ou pressão por parte do líder. 49 Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 GERENCIAMENTO DE PESSOAS Saiba mais Assista ao filme Troia, 2004, direção de Wolfgang Petersen. Em 1193 a.C., um triângulo amoroso entre o príncipe de Troia, Páris, a bela Helena e o príncipe de Esparta, Menelau, coloca as duas nações em uma guerra sangrenta. O filme destaca eventos de intensidade nas relações humanas e na liderança, com batalhas ganhas por ambas as partes, mas com as perdas por enfrentamentos. 3.4 O trabalho em equipe Pode ser capaz de ganhar uma partida, mas não o campeonato. Bernardo Rocha de Rezende Você gosta mais de trabalhar sozinho ou prefere ter pessoas ao lado? Como você costuma interagir e o que acontece com sua produtividade quando o trabalho é desenvolvido em grupo? Como o interesse maior da visão contábil está no resultado, não importa muito que ele tenha sido obtido de forma individual ou por meio do esforço conjunto de um grupo de colaboradores; isso não faz diferença. Apesar disso, o líder orientado através de uma visão contábil está sempre “vigilante” quanto às tarefas de seu grupo e sabe perfeitamente quem não está se esforçando e colaborando o suficiente. Por isso, acompanha cada passo dos seus colaboradores. Neste caso, ele não hesita em dispensar o membro que não coopera sem investigar as causas do comportamento do liderado o substitui, pois acha que não vale a pena se preocupar com quem não apresenta o perfil desejado. No que se refere à distribuição das tarefas, o líder prefere delegar poderes até certo ponto, ficando em seu poder as informações mais sigilosas. Evita faltar ao trabalho para não ter a necessidade de ser substituído por outro colaborador, mesmo que por um pequeno período de tempo. Esse comportamento é bem típico de pessoas inseguras, sabem da deficiência de sua gestão, porém não sabem ou não querem modificar seu estilo. A maioria dos estilos de liderança que são orientados para as tarefas e não para as pessoas tem como uma de suas características o deficiente relacionamento entre líderes e liderados, bem como entre os próprioscolegas de trabalho. Isso acontece pelo nível de pressão que impera no ambiente, tornando o clima organizacional impróprio ao desenvolvimento de novos relacionamentos. Outro fator que merece destaque é o nível de concorrência entre os liderados. O líder, na tentativa de “motivar” os seus liderados para um melhor desempenho de seus trabalhos, investe em incentivos e premiações, gerando com isso uma corrida por seu alcance. Nos trabalhos interdependentes, ou seja, que necessitam do auxílio do outro para ser desenvolvido, esse tipo de concorrência pode chegar ao nível da deslealdade, tornando o ambiente bastante difícil. O líder orientado para as pessoas abomina e não acredita na eficácia de um trabalho desenvolvido de forma isolada, ao contrário, é um defensor fervoroso do compartilhamento de tarefas. A importância do 50 Unidade II Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 grupo para ele é tão grande que chega muitas vezes a sacrificar seus planos pessoais ou familiares em prol da equipe. A paciência é uma das características desse tipo de líder, que não se importa de investir tempo e esforço na construção de laços de amizade com seus liderados. Ele acredita que a eficácia de sua liderança reside no grau de confiança que é depositado por seus liderados. Ao delegar as tarefas a serem desenvolvidas pelo grupo, procura distribuí-las conforme as características de cada membro do grupo, por isso ele sempre procura conhecer a cada um antes do início de qualquer tarefa. Esse comportamento visa, entre outras coisas, evitar que o liderado seja solicitado a fazer algo que está além de suas possibilidades. Também evita o contrário, ou seja, que a tarefa seja muito simples para a capacidade do liderado, correndo o risco de deixá-lo com o sentimento de subutilização. Ninguém vive isolado e não se pode compreender o comportamento do indivíduo sem considerar a influência de outro. Estabelecemos relações onde há, naturalmente, uma intenção particular de cada uma das pessoas envolvidas. Isso significa entrar em entendimento para que algum objetivo seja alcançado. A chegada ao objetivo depende, necessariamente, desse relacionamento. Todos nós vivemos e pertencemos a diferentes grupos: grupos de família, de trabalho, de clube, de futebol, entre outros. Segundo Schutz (apud Bergamini, 1982), todo o indivíduo tem três necessidades interpessoais: inclusão, controle e afeição e, ao associar-se a um grupo, cada pessoa passará por diferentes formas de atendimento de suas necessidades. Bergamini (1982) distingue dois tipos de pequenos grupos: o sociogrupo – aquele que se organiza e se orienta em função da execução ou cumprimento de uma tarefa; e o psicogrupo – estruturado em função da polarização dos seus próprios membros. Kurt Lewin (apud Bergamini, 1982) considera que a dinâmica do grupo é determinada pelo conjunto de interações existentes no interior de um espaço psicossocial. O comportamento dos indivíduos é em função dessa dinâmica grupal, independente das vontades individuais. Portanto, são elaborados quatro pressupostos: • A interação do indivíduo no grupo depende de uma clara definição de sua participação no seu espaço vital. • O indivíduo utiliza-se do grupo para satisfazer às suas necessidades próprias. • Nenhum membro de um grupo deixa de sofrer o impacto do grupo e não escapa à sua totalidade. • O grupo é considerado como um dos elementos do espaço vital do indivíduo. Numa época de mudanças organizacionais na qual se verifica uma intensa busca por produtividade, rapidez, flexibilidade e comprometimento com os resultados, fazem-se necessária, cada vez mais, a potencialização do trabalho em equipe. A compreensão do funcionamento e das manifestações dos grupos dentro das organizações passa a ser uma tarefa decisiva, pois, por meio do grupo, é possível a satisfação de necessidades sociais, permitir que cada um estabeleça seu autoconceito, conseguir apoio para a consecução dos objetivos e reconhecer a capacidade de modificar comportamentos. Assim sendo, será apresentada a conceituação de grupo e equipe, os fatores básicos para a existência de uma equipe, a formação dos grupos, tipos de equipes de trabalho, critérios para uma definição de 51 Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 GERENCIAMENTO DE PESSOAS uma equipe, bem como os estágios de seu desenvolvimento. Trataremos ainda do papel emocional, vantagens do trabalho em equipe, condições externas que afetam o seu funcionamento, os possíveis aspectos negativos do trabalho em equipe e a liderança e o trabalho em equipe. Segundo Spector (2002), um grupo de trabalho é a união de duas ou mais pessoas que interagem umas com as outras e dividem algumas tarefas, visando a objetivos inter-relacionados. Já Sherif (apud Aguiar, 1997) propõe algumas características que distinguem um grupo de uma coleção de pessoas: interação entre os membros, objetivo e conjunto de normas comuns, conjunto de papéis e uma rede de atração interpessoal. Para Wagner III e Hollenbeck (apud Fiorelli, 2000), grupo é um conjunto de duas ou mais pessoas que interagem entre si de tal forma que cada uma influencia e é influenciada pela outra. Para eles, equipe é um tipo especial de grupo em que, entre outros atributos, evidencia-se elevada interdependência na execução das atividades. Vergara (apud Fiorelli, 2000) complementa, pois para que um conjunto de pessoas se torne uma equipe, é preciso que haja um elemento de identidade, elemento de natureza simbólica, que una as pessoas, estando elas fisicamente próximas ou não. Nesse sentido, Fiorelli (2000) sugere um conceito de equipe que procura integrar o funcionamento com o vínculo emocional, no qual uma equipe é um conjunto de pessoas: • com um senso de identidade, manifestado em comportamentos desenvolvidos e mantidos para o bem comum; • em busca de resultados de interesse comum a todos os seus integrantes, decorrentes da necessidade mútua de atingir objetivos e metas específicas. Segundo esse autor, quando o vínculo emocional ou a interdependência deixam de existir, a equipe transforma-se em grupo, ou um grupo pode se tornar uma equipe com o surgimento desses dois aspectos. Fatores básicos para a existência de uma equipe: • a existência de objetivos comuns e interdependência para atingi-los (conteúdo); • certa divisão de papéis ou tarefas (estrutura); • o sentimento de pertencer e a existência de vínculo emocional (processo). Segundo Wagner III e Hollenbeck (1999), em geral, as pessoas, enquanto membros do grupo: • definem a si mesmas como membros; • são definidas pelas outras como membros; • identificam-se umas com as outras; • envolvem-se em interação frequente; • participam de um sistema de papéis interdependentes; • compartilham normas comuns; 52 Unidade II Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 • buscam metas comuns, interdependentes; • sentem que sua filiação ao grupo é compensadora; • possuem uma percepção coletiva da unidade; • unem-se com outros grupos ou indivíduos. Tudo isso faz com que o grupo estabeleça suas fronteiras e sua permanência, além de ser o que dará identidade ao grupo e o diferenciará de outros grupos. Como vimos anteriormente, Maslow, em sua teoria motivacional, estabeleceu uma hierarquia de necessidades humanas na qual não é possível atender a uma necessidade mais elevada se as necessidades primárias não estiverem satisfeitas. As principais razões para a formação de grupos são, em primeiro lugar, a necessidade, logo depois o desejo de proximidade e, finalmente, os desafios. O desejo da proximidade física está ligado à atração que as pessoasexercem umas sobre as outras e à possibilidade que elas têm de confirmar suas crenças e valores. A interação social atende à necessidade de reconhecimento, estruturação do tempo e a outras carências humanas. Desafios fazem com que pessoas se reúnam para tentar superar coletivamente as dificuldades e são uma poderosa razão para a formação de equipes de trabalho. Nos campeonatos esportivos, podemos observar inúmeros exemplos de grupos de alta competência movidos quase que exclusivamente pelos desafios. E não só os atletas estão em busca da superação de seus recordes desportivos como os organizadores e patrocinadores atrás de seus recordes econômicos. O público em geral assiste, torce e participa movido pelo desejo de proximidade (os que vão aos estádios) e o de “pertencer” e expressar-se emocionalmente, mesmo assistindo pela TV. Segundo Minicucci (1995), há diversas razões pelas quais os indivíduos passam a pertencer a vários grupos, tais como: • Companheirismo: uma das necessidades básicas do homem é a necessidade social. O homem necessita estabelecer relações interpessoais. Todos nós sentimos necessidade de um companheiro. • Identificação: identificar significa ser semelhante, parecer. Buscamos no grupo o processo de identificação. • Compreensão: nossas relações causam tensões, frustrações. Às vezes, buscamos o grupo para sermos compreendidos. • Orientação: o grupo coeso funciona como um guia para o comportamento mais adequado. A palavra orientação, de oriente, rumo, significa, dá origem. • Apoio: o grupo oferece apoio ao indivíduo em suas atividades. • Proteção: se as pressões externas são muito fortes, o grupo protege o indivíduo. Portanto, as pessoas precisam do companheirismo dos elementos do grupo, identificando-se com eles para que sejam compreendidos, dando-lhes orientação, apoio e proteção. 53 Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 GERENCIAMENTO DE PESSOAS Na maioria das organizações, os grupos são formados de acordo com similaridades naquilo que as pessoas fazem ou produzem. Podem ser agrupadas de acordo com as tarefas que executam – agrupamento por função –, ou de acordo com o fluxo de trabalho desde o início até a conclusão – agrupamento por fluxo de trabalho. Além disso, os grupos podem ser formais ou informais. • Formais: designados pela organização. Criados para executar tarefas consideradas essenciais à realização dos objetivos organizacionais. • Informais: não são criados oficialmente para atender aos objetivos organizacionais. Emergem a partir das relações “naturais” entre as pessoas. Grupos informais podem ter um impacto positivo no desempenho do trabalho, podem ajudar a satisfazer às necessidades pessoais de seus membros. DuBrin (2006) relaciona cinco tipos representativos de equipes: autogeridas, multifuncionais, de alta gerência, grupos de afinidades e equipes virtuais. • Equipes autogeridas São grupos de trabalho cujos membros têm poder para desempenhar muitos deveres atribuídos anteriormente ao supervisor. As responsabilidades da autogestão incluem: planejamento e cronograma de trabalho; treinamento dos membros; compartilhamento de tarefas; cumprimento de metas de desempenho; garantia de alta qualidade e resolução de problemas no dia a dia. Normalmente, é eleito um líder de equipe, desempenhando um papel de ligação entre a equipe e o nível mais alto da gerência. • Equipes multifuncionais Equipe formada por trabalhadores de diferentes especialidades, mas com aproximadamente o mesmo nível organizacional, que se reúnem para realizar uma tarefa. DuBrin (2006) acrescenta que o propósito dessas equipes é juntar o talento de trabalhadores para desempenhar uma tarefa que necessite dessa combinação. Normalmente, essas equipes são formadas para o desenvolvimento de novos produtos, melhoria da qualidade e redução de custos. Existem ainda três tipos de equipes semelhantes às equipes multifuncionais e importantes na organização. Equipes de projetos, comitês e força-tarefa, que agregam pessoas fora de suas atribuições diárias, possuem fins específicos e são lideradas por alguém designado. • Equipes de alta gerência Formadas pelo grupo de executivos das organizações. São consideradas equipes, tendo em vista que as principais decisões são tomadas em colaboração, incluindo todos os membros da alta gerência. • Grupos de afinidade São diferentes tipos de equipes, um grupo de envolvimento de empregados composto de trabalhadores que se reúnem regularmente fora de seus grupos funcionais, com o objetivo de aplicar 54 Unidade II Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 seus conhecimentos e sua atenção a importantes questões do local de trabalho (círculos de qualidade, grupos de solução de problemas etc.). • Equipes virtuais Pessoas que trabalham juntas e resolvem problemas por intermédio de computadores e não com a interação cara a cara. Fazem reuniões eletrônicas guiadas por um software especial e usando, às vezes, facilitadores de grupos. Segundo Scholtes (1992), uma equipe passa por estágios razoavelmente previsíveis: Estágio 1 – Formação ou iniciação Fase em que se inicia a formação da equipe, em que seus membros pesquisam as fronteiras do comportamento adequado ao grupo. Estágio da transição da condição de indivíduo para membro. Estágio 2 – Turbulência ou diferenciação Fase em que os membros da equipe começam a perceber a quantidade de trabalho que têm à frente e é comum entrarem em estado de pânico. É o estágio mais difícil para a equipe. Estágio 3 – Normas ou integração Fase do restabelecimento do propósito central da equipe. À medida que os membros da equipe se acostumam a trabalhar em conjunto, sua resistência inicial vai desaparecendo. Estágio 4 – Atuação ou maturidade Neste estágio, a equipe já definiu seu relacionamento e suas expectativas. Segundo Fiorelli (2000), equipes constituem um espaço psicológico para compartilhar emoções. Esse papel emocional compreende vários aspectos e manifesta-se de várias maneiras. — Racionalização: a equipe adota determinado comportamento porque “todo mundo faz assim”. Este mecanismo tem eficácia na redução da ansiedade que acompanha a decisão, tanto para correr maiores riscos como para furtar-se a eles. — Modelação: os integrantes chegam a imitar o eventual líder em notável processo de identificação. O comportamento não chega a ser só copiado, mas reproduzido na qualidade de modelo. — Negação da realidade: esse mecanismo pode emergir da necessidade inconsciente da manutenção da equipe. A relutância dos integrantes em utilizar novas tecnologias pode ser a negação da realidade de que a especialização que os unia está ultrapassada. — Derivativo para carências afetivas: transferência para a equipe da demanda por afeto que supervisores (e familiares) não conseguem suprir. 55 Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 GERENCIAMENTO DE PESSOAS — Preservação da coesão: a manifestação de sentimentos de coesão significa que as pessoas têm condições de encontrar e liberar energia para superar as dificuldades. — Espaço para representar: equipes constituem o palco no qual o indivíduo possui importante espaço para representar, em que ele tem oportunidade de dar vazão a suas fantasias, a seu lado lúdico. — Espaço para catarse: em situação de crise, equipes se tornam verdadeiros muros de lamentação, um espaço para manifestações emocionais em autêntica catarse coletiva ou individual. — Útero protetor: o trabalho em equipe proporciona a oportunidade de isolamento, representada por espaço e tempo exclusivos. Um abrigo contra tempestades, gerando conforto emocional.Fiorelli (2000) apresenta as seguintes vantagens do trabalho em equipe: • Melhor tratamento das informações: as equipes favorecem a franqueza, a confiança e o respeito, reduzindo assim interpretações subjetivas. Possibilita ainda o debate de pontos de vistas diferentes, muitas vezes complementares ou opostos. • Redução da ansiedade nas situações de incerteza: favorecem o apoio mútuo, certificam-se de que outras pessoas possuem as mesmas ansiedades e experimentam novos comportamentos. • Aumento na geração de ideias. • Interpretação menos rígida dos fatos e situações. • Maior probabilidade de evitar erros de julgamento. • Simplificação da supervisão. • Simplificação das comunicações interpessoais. • Fidelidade às decisões tomadas. • Maior aceitação das diferenças individuais. • Melhor aproveitamento das potencialidades individuais. • Maior chance de sucesso para ações complexas. Segundo Fiorelli (2000), o culto às virtudes do trabalho em equipe tem contribuído para entronizá-las como remédio para todos os males e situações e isso favorece o uso de técnicas inadequadas. Quando malconduzidas, as equipes podem revelar-se contraproducentes. O autor aponta para algumas situações que podem ser negativas no trabalho em equipe, dentre elas: • Criação da cultura do consenso obrigatório. • Redução excessiva da supervisão: supervisores que adquirem demasiada confiança em suas equipes acabam por se distanciar dos acontecimentos, comprometendo suas percepções e seu conhecimento do cotidiano organizacional. 56 Unidade II Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 • Radicalização em torno das decisões tomadas. • Sentimento de identidade excessivo: esse sentimento pode dificultar a aceitação de novos integrantes, percebidos como perigo à estabilidade do grupo. • Redução da ousadia em tomadas de decisão. Schein (apud Fiorelli, 2000) alerta para duas linhas de pensamento quando se trata de decisões que envolvem riscos. Grupos tenderiam a ser mais conservadores do que indivíduos isolados, perde-se a responsabilidade sobre a decisão. Peter Drucker (apud Fiorelli, 2000) alerta para o fato de que a equipe certa não garante a produtividade, mas a errada a destrói. Segundo Fiorelli (2000), existem várias causas que contribuem para falhas no funcionamento de uma equipe: • liderança despreparada ou sem perfil para a tarefa; • escolha dos participantes sem preocupação com o perfil, com a tarefa e com a disponibilidade de tempo; • falta de preocupação em fixar missão a perseguir e objetivos a alcançar; • supervisão inadequada ou inexistente. O Brasil no voleibol O voleibol era um esporte de pouca valorização no Brasil até os anos 80, além de carregar a conotação de que se tratava de um esporte “para meninas”, enquanto o futebol seria a prática “dos meninos”. Observando-se os movimentos técnicos desse esporte, logo se conclui que eles pouco se aproximam de gestos femininos. Porém, essa marca do voleibol não surgiu aleatoriamente: ela nasceu como consequência de uma manifestação de pouco profissionalismo por parte dos professores de Educação Física: ao invés de estruturar uma aula e trabalhar de modo sério com seus alunos, ainda hoje é bastante comum que os professores deem uma bola de voleibol para as meninas e uma de futebol para os meninos. Esse fato não apenas reporta a disciplina a momentos em que a educação formal era dividida entre os sexos, mas também contribui para o preconceito em relação às atividades físicas. No entanto, esse perfil teve considerável mudança quando, nos jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984, a seleção masculina de voleibol brasileira conquistou o segundo lugar na competição. O time, que tinha Bebeto de Freitas como técnico, era composto por: William, Xandó, Renan, Badalhoca, Montanaro, Bernardinho, Amauri e Bernard, jogador que criou o estilo de saque conhecido como “Jornada nas Estrelas”. A medalha de prata permitiu ao voleibol uma visibilidade nunca antes vista no Brasil. Nesse momento, muitas pessoas, de ambos os sexos, voltaram-se para a prática do voleibol, refletindo em muitas conquistas das seleções feminina e masculina. Rondinelli, s/d (adaptado). 57 Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 GERENCIAMENTO DE PESSOAS Saiba mais Assista ao filme O último samurai, 2003, direção de Edward Zwick. Ele narra a história de um militar da guerra civil americana que vai para o Japão feudal e auxilia imperador a deter os últimos samurais renegados, mas acaba se apaixonando pela cultura dos guerreiros. Note como a tecnologia pode substituir os processos rudimentares. Observe o desenvolvimento de um samurai como um bom trabalho de liderança e o comprometimento que ela foi capaz de gerar. 4 TOMADA DE DECISÃO, DELEGAÇÃO E NEGOCIAÇÃO Estar no poder é como ser uma dama. Se tiver que lembrar às pessoas que você é, você não é. Margaret Thatcher Tomar decisões é uma obrigação desde os nossos primeiros dias de vida e até o final. Você faz isso o tempo todo. Mas, pergunte-se: você gosta de tomar decisões? Prefere que outras pessoas tomem essas decisões por você? Como você faz quando precisa envolver outras pessoas nas decisões e elas fornecem alguma objeção? 4.1 Delegação Maximiano (2000) associa a delegação aos líderes liberais, pois transferem a autoridade para os liderados conferindo-lhes o poder de tomar decisões. Assim, quanto mais o líder delegar decisões para os liderados, mais liberal é seu comportamento. Este estilo consiste em dar pouca atenção tanto à tarefa quanto ao relacionamento, ajustando-se a pessoas que tenham as condições ideais para assumir responsabilidades – competência e motivação. O processo de delegação desenvolve-se em quatro etapas: 1. Quem vai delegar, faz primeiro e bem feito, diante daquele que assumirá. 2. Explica para o outro o que fez. 3. Faz juntamente com o outro. 4. Deixa-o fazer, observa e apoia. 4.2 Negociação Uma característica bem marcante do coach reside na sua capacidade de não centralizar em si poderes. Ele é descentralizador ao ponto de deixar que seus liderados busquem, sozinhos, alternativas para resolver os possíveis problemas. As tarefas também são delegadas, sejam elas cotidianas ou tarefas de cunho mais 58 Unidade II Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 específico, ou seja, ele confia na capacidade de seus liderados. Importante esclarecer que, ao delegar as tarefas a serem cumpridas, o coach esclarece-as para que não haja a necessidade de acompanhá-las durante sua execução, evitando assim que o liderado sinta-se pressionado para desenvolvê-la. O assunto negociação vem sendo discutido nos últimos anos, passando por um efetivo desenvolvimento. É tratado como uma prática importante na vida das pessoas, e em especial no mundo empresarial. Vejamos algumas definições sobre negociação. De acordo com Nierenberg (1991, p. 3), “Negociação é um negócio que pode afetar profundamente qualquer tipo de relacionamento humano e produzir benefícios duradouros para todos os participantes”. Essa é uma das primeiras definições de negociação, em que o autor fundou uma nova etapa, visto que a palavra aderiu ao conceito de relações e não ao de adversidade, como antes era conhecida. Afirma Cohen (1980, p. 13), “Negociação é o uso da informação e do poder, com o fim de influenciar o comportamento dentro de uma rede de tensão”. Nesse conceito, já podemos enxergar a comunicação como aspecto fundamental dentro da negociação, assumindo uma participação preponderante no sucesso desse processo. Outro ponto a ser abordado é o poder, que é dividido em: • pessoal: ligadoàs pessoas; • circunstancial: ligado a algum cargo ou função. Conforme Miranda (1999, p. 8), “Negociação é um processo social básico, utilizado para resolver conflitos toda vez que não existam regras, tradições, fórmulas ou poder de uma autoridade superior”. Podemos entender que, quando os indivíduos optam pela negociação, dois fatores devem ser evitados no processo. São eles: a ruptura dos relacionamentos e a guerra. Afirmam Fischer e Ury (1985, p. 30), “Negociação como sendo um processo de comunicação bilateral, com o objetivo de se chegar a uma decisão conjunta”. Um fator relevante nesse processo é a bilateralidade, ou seja, a satisfação dos lados envolvidos no processo, mostrando a preocupação em atingir as necessidades e os desejos para se chegar a uma tomada de decisão conjunta. De acordo com Matos (1989, p. 240), “Negociação importa em acordo e, assim, pressupõe a existência de afinidades, uma base comum de interesses que aproxime e leve as pessoas a conversarem”. Podemos elencar alguns requisitos que devem ser sinalizados no processo de negociação: • diálogo; • relacionamento mútuo; • interesses comuns; • troca de opiniões e experiências; • confiança etc. 59 Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 GERENCIAMENTO DE PESSOAS Alguns estudiosos da área afirmam que, em qualquer processo de negociação, deve existir a estratégia na análise dessa ação, sendo abordadas questões como: • objetivos tangíveis/materiais; • objetivos simbólicos e emocionais; • resultados desejados; • impactos esperados nos relacionamentos. Podemos entender que os negociadores estratégicos têm um diferencial em relação aos negociadores convencionais, pois eles dispensam algum tempo para planejar a sua ação, definindo qual estratégia empregar para o sucesso da negociação. De acordo com Martinelli (2006, p. 21), “O primeiro ponto básico a ser definido ao deparar com uma questão de negociação é identificar claramente qual é o problema a ser resolvido, ou seja, identificar o objetivo da negociação ou aquilo que se pretende efetivamente solucionar”. Podemos entender que, para uma negociação obter resultados favoráveis, é necessário que existam planejamento e execução através de quatro procedimentos, listados a seguir. 4.2.1 Separar os indivíduos do problema A concentração da negociação tem que ser no objetivo e não no problema existente. Em qualquer processo de negociação, não se deve colocar questões de âmbito pessoal como objeto do processo, ou seja, quando existem emoções misturadas, é difícil avaliar os verdadeiros focos da situação. 4.2.2 Focar os interesses Um ponto primordial na negociação é analisar os interesses de todos os envolvidos, verificando se são conflituosos ou não, independentemente da posição adquirida dos indivíduos. Conforme Martinelli (2006, p. 21), “Estabelecer compromissos entre as posições não tende a produzir acordos que atendam efetivamente às necessidades humanas que levaram as pessoas a adotarem aquelas posições”. Rotineiramente, no processo de negociação, os indivíduos iniciam sua comunicação através de uma posição rígida e inflexível, dificultando o processo, pois não se conhece exatamente o que os negociadores pretendem atingir. Ocorre um bloqueio mútuo na negociação, levando as pessoas a interromperem toda a comunicação existente. 4.2.3 Buscar formas de ganho mútuo Os indivíduos pensam que existe apenas uma maneira de resolver o problema, embora essa solução não seja totalmente voltada para o contentamento de todos os envolvidos. Esse fato, muitas vezes, ocorre por alguns fatores como: 60 Unidade II Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 • falta de criatividade; • ausência de habilidade na busca por diferentes soluções; • receio na busca pelo “novo”; • acomodação; • medo de procurar diferentes alternativas etc. Não podemos esquecer que o ganho mútuo ocorre quando os envolvidos buscam resolver o problema procurando o maior número de possibilidades e alternativas para a situação. 4.2.4 Buscar critérios objetivos Segundo Martinelli (2006, p. 22), “A busca do melhor acordo possível deve passar pela mais vasta gama de soluções possíveis, sempre com a preocupação de procurar interesses comuns que conciliem, de maneira criativa, os interesses divergentes das partes”. A grande questão é a seguinte: como nós devemos encontrar a opção mais adequada dentro de uma enorme lista que se consegue visualizar? O primeiro ponto a ser observado é a padronização, ou seja, é primordial que se estabeleça um padrão razoável que seja interessante e flexível para as partes envolvidas. Na negociação, nenhum dos lados envolvidos cede ao outro, e sim acata a melhor solução a partir de situações discutidas e aceitas. Podemos concluir que todos devem e precisam negociar a todo momento, pois, desde quando choramos, negociamos com nossos pais, irmãos, enfim, com toda a família. Não existe problema, por mais simples ou grave, que não possamos solucionar através de uma boa e adequada negociação. Segundo Miranda (1999, p. 9), “Todos somos negociadores, queiramos ou não”. Para sermos eficientes negociadores, devemos ser flexíveis, humanos, comunicativos, ouvintes, criativos, dentre outras características comportamentais. Até 1914, o modelo T, da Ford, foi fabricado em uma série de cores de acordo com a preferência dos consumidores. Em 1915, para cortar custos, o T passou a ser produzido exclusivamente na cor preta, situação que perdurou até 1926. Desta época, ficou célebre uma das muitas controvertidas frases de Henry Ford: “O carro é disponível em qualquer cor, contanto que seja preto”. O objetivo de Henry Ford era um carro que qualquer um pudesse comprar, o seu preço era baixo, fator que aumentou a demanda. Enquanto isso, no departamento de pintura da Ford não havia lugar para a secagem de tantos automóveis fabricados, a solução foi adotar a cor preta por possuir uma secagem mais rápida. Uma decisão histórica. O ARQUIVO, 2009 (adaptado). 61 Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 GERENCIAMENTO DE PESSOAS Saiba mais Assista ao filme Mauá: o imperador e o rei, 1999, direção de Sergio Rezende. O filme conta a história de Irineu Evangelista de Souza. Graças a sua impressionante capacidade para os negócios, ganha o reconhecimento do escocês Richard Carruthers, que o ‘’educa’’ segundo as inovadoras regras do liberalismo. Poucos anos depois, Carruthers volta para a Inglaterra deixando Irineu no comando dos seus negócios. Observe o filme com atenção para as negociações conduzidas pelo Barão e toda ética envolvida, suas decisões e as pessoas que ele envolvia. Resumo Motivação é um tema extremamente discutido, complexo e tem sido uma grande preocupação no mundo empresarial. Podemos dizer que a motivação é intrínseca, mas as organizações podem fornecer estímulos ou incentivos, com o objetivo de despertar o interesse ou a necessidade das pessoas. Segundo Robbins (2004), a motivação consistiria na disposição para fazer alguma coisa e seria condicionada pela capacidade de essa ação satisfazer a uma necessidade do indivíduo. As organizações precisam estar atentas ao estabelecer seus objetivos, pois, se os mesmos forem facilmente alcançáveis, não mobilizarão as pessoas e, por outro lado, o bloqueio ou impedimento de alcançar um objetivo faz com que a pessoa se frustre. Devemos compreender que o colaborador possui os seus objetivos individuais como: melhores salários, melhores benefícios, segurança no trabalho, oportunidades de crescimento, liberdade para trabalhar, satisfação no trabalho, liderança liberal,orgulho da organização, consideração e respeito, estabilidade no emprego etc., e que a organização possui os seus objetivos organizacionais, tais como: qualidade no seu produto/serviço, fidelidade do cliente, desempenho, crescimento sustentado, sobrevivência, novos mercados e clientes, redução de custos, lucratividade, imagem no mercado, competitividade etc. Há evidências de que pessoas mais motivadas são mais produtivas e é por isso que as organizações procuram motivar seus colaboradores. 62 Unidade II Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 O salário motiva, mas não a todo momento e a qualquer pessoa. O líder é o responsável pela identificação dos fatores que podem motivar os membros de sua equipe. Há trabalhos que podem ser feitos com maior eficácia quando em equipe. Considerada como essencial no interior de qualquer grupo, a liderança assume dentro dos grupos de trabalho um papel importante no desenvolvimento das tarefas da equipe. Porém, uma diferenciação é importante que se faça neste momento inicial de nosso estudo: liderança e gerência representam dois diferentes estilos ou posturas organizacionais. Enquanto os gerentes estão preocupados em fazer com que seu grupo cumpra prazos e normas estabelecidos pela empresa, os líderes desenvolvem ações que possam ajudar o grupo a atingir suas metas ou objetivos; possibilitem a mediação de possíveis conflitos que possam surgir; possam impulsionar o início das tarefas e transformem em ponte entre objetivos organizacionais e os objetivos individuais de seus liderados. Importante observarmos que todas essas ações são bem mais facilmente desenvolvidas quando o líder é escolhido por seu próprio grupo para representá-lo e não quando o mesmo é indicado. A compreensão do funcionamento e das manifestações dos grupos dentro das organizações passa a ser uma tarefa decisiva, pois, por meio do grupo, é possível a satisfação de necessidades sociais, permitir que cada um estabeleça seu autoconceito, conseguir apoio para a consecução dos objetivos e reconhecer a capacidade de modificar comportamentos. Quando malconduzidas, as equipes podem revelar-se contraproducentes. Uma característica bem marcante do coach reside na sua capacidade de não centralizar em si poderes. Ele é descentralizador ao ponto de deixar que seus liderados busquem, sozinhos, alternativas para resolver os possíveis problemas. As tarefas também são delegadas, sejam elas cotidianas ou tarefas de cunho mais específico, ou seja, ele confia na capacidade de seus liderados. Importante esclarecer que ao delegar as tarefas a serem cumpridas o coach esclarece-as para que não haja a necessidade de acompanhá-las durante sua execução, evitando assim, que o liderado se sinta pressionado para desenvolvê-la. 63 Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 GERENCIAMENTO DE PESSOAS Exercícios Questão 1. Leia o texto: O Gerente administra - O Líder inova. O Gerente conserva - O Líder desenvolve. O Gerente se apoia em sistemas - O Líder em pessoas. O Gerente conta com controles - O Líder em confiança. O Gerente faz certo as coisas - O Líder faz a coisa certa. Porque De acordo com as definições anteriores, enquanto o gerente conduz a sua equipe a estar motivada e ser eficaz, o líder tende a ser mais estruturador e eficiente. A respeito dessas duas afirmações, é correto afirmar que: A) As duas afirmações são verdadeiras, e a segunda não justifica a primeira. B) As duas afirmações são verdadeiras, e a segunda justifica a primeira. C) A primeira afirmação é verdadeira, e a segunda é falsa. D) A primeira afirmação é falsa, e a segunda é verdadeira. E) As duas afirmações são falsas. Resposta correta: alternativa C. Justificativa: Verifica-se que a afirmativa “O gerente administra e o líder inova; o gerente conserva e o líder desenvolve; o gerente se apoia em sistemas e o líder em pessoas; o gerente conta com controles, enquanto o líder em confiança; o gerente faz certo as coisas e o líder faz a coisa certa” é verdadeira, pois a gerência imposta não é garantia de sucesso para nenhuma organização. Ao contrário, o líder que surge naturalmente encontrará muito mais facilidade em influenciar na motivação de seu grupo organizacional, promovendo assim uma liderança mais eficaz, conforme se pode verificar no livro-texto. 64 Unidade II Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 Quanto ao fato da primeira situação ocorrer porque “enquanto o gerente conduz a sua equipe a estar motivada e ser eficaz, o líder tende a ser mais estruturador e eficiente”, não se confirma. A última afirmativa é falsa, pois inverte o raciocínio e conceitos apresentados na primeira afirmação. O gerente tende a buscar a eficiência e que o trabalho seja realizado da forma correta, utilizando-se dos melhores métodos e processos. Já o líder imprime esforços para gerar motivação nos seus colaboradores, para comprometê-los com melhores desempenhos e resultados. A liderança não produz inevitavelmente resultados, mas esses nunca podem acontecer sem a centelha da liderança, segundo Bertero (2007). Os administradores devem ser encorajados a entender e a praticar a liderança. O reconhecimento de que há indivíduos mais propensos e mais aptos a liderar não implica que a liderança não possa ser desenvolvida. Administradores e líderes são ambos igualmente necessários e imprescindíveis para que se atinja a excelência. De preferência que estejam unificados na mesma pessoa. Questão 2. Leia o texto a seguir: Figura 13 – Lute! Uma pesquisa de uma empresa de consultoria que ouviu mais de 540 empresas mostra que responsabilidade, ética e comprometimento com resultados são características que mais pesam na escolha do novo funcionário e expressam o desejo dos recrutadores para formar uma boa equipe. Numa análise do comportamento dos colaboradores, comprometimento com resultados, objetividade e proatividade são os três fatores que os recrutadores consideram mais importantes para serem aprimorados entre eles. Segundo Abrileri, presidente da consultoria: “Pode-se perceber que a responsabilidade com as metas estipuladas é o mais desejado e, muitas vezes, o que mais precisa ser desenvolvido pelos profissionais. O engajamento é essencial. O colaborador precisa entender claramente a importância de se atingir as metas para a saúde de toda a empresa, bem como saber o quanto ele é importante para o todo.” Analisando a figura e relacionando com o texto, pode-se afirmar que: I. As atitudes não são adquiridas; são, antes de tudo, fruto da personalidade e características inatas. Ter garra ou se acovardar diante de uma situação depende dos traços herdados de uma pessoa. II. A atitude está arraigada à personalidade do indivíduo e determina o comportamento, independente da situação, conforme se pode obervar na atitude do sapinho, no exemplo apresentado na figura. 65 Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 GERENCIAMENTO DE PESSOAS III. Os valores representados pela atitude adotada pelo sapinho determinam o modo e a intensidade de sua conduta em busca do resultado com o qual está comprometido, com a sua sobrevivência. Assinale a alternativa correta: A) Apenas a afirmativa I é verdadeira. B) Apenas a afirmativa II é verdadeira. C) Apenas a afirmativa III é verdadeira. D) As afirmativas I e III são verdadeiras. E) As afirmativas I, II e III são verdadeiras. Resolução da questão na Plataforma. 66 Unidade III Re vi sã o: J an an drea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 Unidade III 5 FATORES E DIMENSÕES DO CLIMA ORGANIZACIONAL Homens e mulheres desejam fazer um bom trabalho. Se lhes for dado o ambiente adequado, eles o farão. Bill Hewlett Você já trabalhou em algum lugar onde havia um ambiente de tensão e encrenca? Por outro lado, você já trabalhou em outro ambiente onde havia cooperação, amizade, interesse e amor? Como você se sentiu em cada um deles? Onde você acredita que a produção melhor se desenvolve? O conceito de clima organizacional está relacionado com o ambiente interno que permeia os membros da organização, estando intimamente ligado ao grau de motivação de seus membros. O clima torna-se favorável ao proporcionar satisfação das necessidades pessoais e elevação do moral. Ele influencia o estado motivacional das pessoas e sofre suas influências. Ele se relaciona com a qualidade de vida no trabalho, com o bem-estar na empresa e reflete na produtividade dos envolvidos. Chiavenato (1997) aponta que o clima é único em cada organização e tem um forte impacto em como as pessoas se sentem, comportam-se no andamento de seu trabalho cotidiano, extrapolando o âmbito da própria organização, haja vista que afeta a vida do ser humano, pois o homem moderno passa mais tempo de sua vida no trabalho do que em casa. Um ambiente sadio e prazeroso é necessário para o desenvolvimento produtivo das atividades laborais. O clima organizacional é uma referência às crenças de se avaliar até que ponto as expectativas de seus membros são atendidas. Muitas dimensões podem ser descobertas ao se pesquisar o clima organizacional: • baixa motivação dos colaboradores e suas causas; • insatisfação com salários; • oportunidades de carreira inadequadas; • bloqueios em canais de comunicação; • práticas de promoção impróprias; • clareza das metas organizacionais. O conceito de clima organizacional está relacionado com o ambiente interno que permeia os membros da organização, estando intimamente ligado ao grau de motivação de seus participantes. 67 Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 GERENCIAMENTO DE PESSOAS O clima de uma organização torna-se favorável quando proporciona satisfação das necessidades pessoais dos participantes e elevação do moral e torna-se desfavorável quando proporciona a frustração de tais necessidades. Portanto, o clima organizacional influencia o estado motivacional das pessoas e é por ele influenciado. Ao adentrar o aspecto motivacional, relaciona-se automaticamente com qualidade de vida no trabalho, com o bem-estar na empresa, ainda atua diretamente na produção diária de cada membro, afirma Oliveira (1995). Clima organizacional refere-se a crenças. É um meio para se avaliar até que ponto estão sendo atendidas as expectativas das pessoas acerca de como trabalhar numa dada organização. Avaliações de clima podem ser muito úteis para identificar a baixa motivação dos trabalhadores e suas causas, como: insatisfação com a remuneração, oportunidade de progresso inadequado, canais de comunicação bloqueados, práticas distorcidas de promoção ou metas organizacionais pouco claras. Ações que sejam dirigidas para essas fontes de insatisfação tenderão a melhorar a motivação, e, maior motivação, deverá resultar em melhor desempenho individual e organizacional. Por tal relevância no âmbito organizacional, faz-se necessário uma Pesquisa de Clima Organizacional. Os benefícios advindos de uma pesquisa desse nível são inúmeros, pois possibilita a organização, um melhor conhecimento das expectativas, interesses, desejos, dúvidas e questionamentos, que permeiam seu corpo funcional, permitindo, assim, que se planejem ações estratégicas, com vistas à saúde global da organização e seu consequente progresso no mundo globalizado. Saiba mais Assista ao filme O sucesso a qualquer preço, 1992, direção de James Foley. Conta a história de um escritório imobiliário de Chicago onde são oferecidos prêmios para aqueles que se destacam nas vendas. O filme funciona como uma denúncia de como o dinheiro, a competição e a falta de ética corrompem tudo em seu caminho. Observe como o clima organizacional e o trabalho em equipe podem ser facilmente prejudicados com o surgimento de disputas internas. 5.1 Metodologia O verdadeiro método, quando se tem homens sob as nossas ordens, consiste em utilizar o avaro e o tolo, o sábio e o corajoso, e em dar a cada um a responsabilidade adequada. Sun Tzu Você investiga os problemas no ambiente organizacional utilizando algum método? Você é metódico para as investigações? Acredita que ser metódico pode garantir alguma vantagem? Ou você prefere lidar com as informações da forma que elas preferirem chegar? 68 Unidade III Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 A pesquisa do Clima Organizacional é a maneira de se aferir um clima organizacional, um trabalho que busca detectar os desafios da relação entre os colaboradores e a organização. Ela revela o instante, aquilo que ocorre de acordo com as percepções dos colaboradores envolvendo tantos aspectos quanto a empresa queira investigar. Ela pode detectar fatos ou emoções capazes de orientar o aprimoramento de recursos humanos, pois fornece palanque para o colaborador expressar-se mais livre e anonimamente. Quando a empresa é pequena, o clima pode ser percebido mais facilmente mesmo sem a pesquisa, mas, principalmente quando o número de colaboradores é grande, os gestores precisam dela para orientar as estratégias junto ao seu pessoal. O principal mecanismo para a realização da pesquisa é o questionário que se distribui de forma a garantir o sigilo das informações apresentadas. Nele, os colaboradores devem apontar suas opiniões sem serem forçados a escrever, o que lhes aumenta a sensação de que o sigilo será levado a sério. Maximiano (2000, p. 261) apresenta um exemplo de Indicadores de Clima Organizacional em que o colaborador, ao preencher, deve apontar com “X” a coluna que se refere à satisfação ou a outra, insatisfação. É facultativo responder ou não as questões ou parte delas: • clareza na definição de objetivos; • clareza na definição das atribuições; • igualdade na distribuição da carga de trabalho; • colaboração entre as unidades da organização; • prestação de serviços ao cliente interno; • distribuição do espaço físico e outros recursos; • ritmo de trabalho; • conduta dos chefes quanto à aceitação de opiniões, ideias e sugestões dos colaboradores; • idem, quanto à transmissão de informações para a equipe; • administração de reuniões; • estruturação do processo decisório; • processo de análise e avaliação dos resultados; • disponibilidade de informações para controle; • utilização das informações de controle para aprimoramento do desempenho; • qualidade das relações humanas; • colaboração da equipe em relação ao chefe; • sentido de pertencer à organização; 69 Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 GERENCIAMENTO DE PESSOAS • interesses dos colegas pelo desempenho da empresa; • conhecimento dos produtos e serviços da empresa; • compatibilidade entre meu cargo e meus interesses e aptidões; • oportunidades de aprender; • imagem externa da empresa; • planos de carreira; • treinamento e desenvolvimento; • pontualidade no pagamento de salários; • competitividade dos salários e benefícios; • premiação do desempenho. Além da pesquisa, o clima organizacional pode se sentir por meio de outros instrumentos: entrevistas de desligamento, caixas de sugestões, reuniões sistematizadas e conversas informais.O conhecimento da opinião dos funcionários em relação à empresa é um aspecto fundamental a ser trabalhado, pois permite detectar e diagnosticar as reais necessidades dentro da organização, com vistas às melhorias na sua eficácia. Uma Pesquisa de Clima Organizacional é um diagnóstico que possibilita uma visão consciente e crítica a respeito das principais temáticas vivenciadas no dia a dia de uma organização. Ela deve ser feita de maneira periódica, contínua, metódica, com clareza, fundamentada em base científica e, principalmente, tentando minimizar as expectativas dos trabalhadores, para que inexista insatisfação. Alguns procedimentos são fundamentais, como: • informar todos da realização da pesquisa e seus objetivos; • utilizar amostras aleatórias; • obter o comprometimento dos líderes da empresa; • elaborar um plano de ação factível; • executar e comunicar o que foi feito para todos; • garantir credibilidade ao processo, sigilo e confiança. A Pesquisa de Clima deve vir em sintonia com o planejamento estratégico da organização, podendo contemplar questões de diferentes variáveis organizacionais, como: • o trabalho em si; • integração Setorial e Interpessoal; 70 Unidade III Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 • salário; • estilo gerencial; • comunicação; • desenvolvimento profissional; • imagem da empresa; • processo decisório; • benefícios sociais; • condições físicas do trabalho; • trabalho em equipe; • orientação para resultados. 5.1.1 Objetivos de uma pesquisa de clima organizacional A seguir, apresentamos uma lista de possíveis objetivos a serem alcançados por intermédio de uma pesquisa de clima organizacional: • identificar quais os fatores que afetam (negativa e positivamente) o clima organizacional/ motivação, das pessoas que integram a empresa; • investigar quais são as variáveis organizacionais que interferem no clima organizacional; • avaliar a relação dos trabalhadores com os objetivos da organização; • avaliar o grau de eficácia dos sistemas de recompensas (salários e benefícios); • avaliar a eficácia dos canais de comunicação; • avaliar o grau de aceitação dos estilos de liderança; • avaliar o nível de cooperação entre as relações de trabalho; • investigar a satisfação quanto às condições de trabalho. O objetivo principal da pesquisa de clima organizacional é maximizar suas relações com os trabalhadores oferecendo-lhes condições de trabalho adequadas, proporcionar oportunidades de desenvolvimento e estabelecer um adequado ambiente de trabalho, funcionando, assim, como um elemento motivador. Lembramos que outros objetivos podem ser incorporados, dependendo da cultura organizacional e daquilo que se pretende diagnosticar. As principais contribuições são: • alinhamento da cultura com as ações praticadas na empresa; 71 Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 GERENCIAMENTO DE PESSOAS • aumentar a produtividade; • integrar os processos e as áreas; • aperfeiçoar a comunicação; • aperfeiçoar as estratégias de atuação dos líderes; • diminuir o índice de absenteísmo e rotatividade; • estimular o crescimento e desenvolvimento dos colaboradores; • identificar necessidades de aperfeiçoamento profissional; • enfocar o cliente interno e externo, aumentando sua motivação e satisfação. 5.2 Análise dos resultados quantitativos Você já deve ter ouvido falar que em determinada região metropolitana uma pessoa é assaltada a cada 30 minutos? Ou que o número de acidentes foi maior em 20% em relação ao último Carnaval? Você deve ter ouvido falar que o índice de mortalidade infantil é menor em uma determinada cidade? Bem, você já deve ter achado alguma destas informações um pouco estranhas, mas, no fundo, ela comunicou alguma coisa relevante para alguém. A tabulação é o processo de contagem das respostas que deverá ser feito de maneira precisa a não gerar dúvidas. Os números deverão ser convertidos em percentuais para impedir que o número de respondentes mascarem a interpretação dos resultados. A apresentação em tabela fornecerá clareza e a perspectiva da utilização dos números para novos cálculos, simulações e comparações. Exemplo: Tabela 1: Satisfação dos colaboradores Respostas Total Percentual Satisfeitos Insatisfeitos Não responderam 151 26 4 83,4 14,4 2,2 Total 181 100 A apresentação em gráficos fornece uma visão mais rápida e dá uma ideia de proporcionalidade, coisa que a tabela só permite ver às pessoas mais ligadas ao tema. Exemplo de um gráfico de colunas: 72 Unidade III Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 Respostas Satisfeitos Insatisfeitos Não responderam [%] 100,0 80,0 60,0 40,0 20,0 0,0 Satisfação dos colaboradores Figura 14 – Exemplo de tabulação em gráfico Exemplo de um gráfico de setores: 2,2 14,4 83,4 Satisfeitos Insatisfeitos Não responderam Satisfação dos colaboradores Figura 15 – Exemplo de tabulação em gráfico de setores Lembrete A estatística utiliza-se das teorias probabilísticas para explicar a frequência da ocorrência de eventos, tanto em estudos observacionais quanto em experimento modelar a aleatoriedade e a incerteza de forma a estimar ou possibilitar a previsão de fenômenos futuros, conforme o caso. Saiba mais Visite o site <www.ibge.gov.br> e surpreenda-se com o volume de informações. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, mais conhecido por sua sigla IBGE, é uma fundação pública da administração federal brasileira criada em 1934 e tem atribuições ligadas às geociências e estatísticas sociais, demográficas e econômicas, o que inclui realizar e organizar as informações dos censos, por exemplo. 73 Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 GERENCIAMENTO DE PESSOAS 5.3 Análise dos resultados qualitativos Figura 16 – Análise dos resultados Ah!, se todas as pessoas e situações pudessem ser reduzidas a números... Haveria aspectos positivos, mas alguns muito negativos... Você já pensou em atribuir um conceito para cada qualidade de um paquera e classificá-los para definir a melhor pessoa para viver com você? Deu para ter uma ideia que nem tudo pode se resumir a números? Há quem considere a possibilidade de se permitir aos colaboradores a anotação de questões relacionadas ao clima na pesquisa. Uma vez que ela permitirá a identificação da letra, desconfia-se daquilo que alguém escreve ali ou mesmo que deixa de escrever. Entretanto, uma dissertação a respeito de assédio moral em relação a um chefe pode explicar, por exemplo, o clima ruim em um setor ou unidade de negócios. Lembrete Uma pesquisa é um processo sistemático de construção do conhecimento que tem como metas principais gerar novos conhecimentos e/ou corroborar ou refutar algum conhecimento preexistente. É basicamente um processo de aprendizagem tanto do indivíduo que a realiza quanto da sociedade na qual esta se desenvolve. É mais comum obter informações qualitativas por meio de entrevistas de desligamento, caixas de sugestões, reuniões sistematizadas e conversas informais. • Entrevistas de desligamento: o cuidado com elas é que o momento é de forte emoção para o colaborador que está saindo e ele pode exagerar ou omitir informações relevantes. Sua condição de alguém que não tem mais compromisso formal com a empresa também poderá distorcer o que será dito. Ela costuma ser, no entanto, extremamente valiosa para se descobrir verdades que 74 Unidade III Re vi sã o: Jan an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 o funcionário não tinha coragem para dizer, como: “estou saindo porque não me corrompo como os outros”; • Reuniões sistematizadas: dependem muito da sistematização adotada. Elas podem ou não incluir alguma liderança formal e isso fará toda a diferença. Há que se considerar também qual o histórico de ocorrências que a empresa tem em relação a essas reuniões: mudanças positivas que ocorreram, funcionários promovidos a partir delas, demissões que decorreram destas reuniões etc. Suas contribuições poderão ser mais ou menos valiosas de acordo com a entrega das pessoas à sua missão. • Conversas informais: o principal cuidado nestas reuniões são as fofocas e a não representatividade daquilo que uma pessoa manifesta. Seu descontentamento pode ser uma emoção localizada, pessoal e sem representação, mas que o superior pode acreditar que ela é a voz de toda a sua equipe. Ou o contrário, um funcionário é consultado sobre suas emoções em relação à empresa e todas são positivas quando, na verdade, há muitos insatisfeitos na empresa. Este sistema funciona bem quando o número de funcionários é pequeno. Saiba mais Visite o site <http://www.institutodaqualidade.com.br/> e confira mais sobre as pesquisas qualitativas: pesquisas, diagnósticos, palestras, treinamentos, assessorias, consultoria, artigos. 5.4 Conclusão e plano de ação É mais importante adotar a estratégia correta do que buscar o lucro imediato. Philip Kotler Você participa de reuniões em sua organização? Você já foi a alguma reunião que fosse realmente muito ruim? Tentou se perguntar por que a reunião foi tão ruim? Provavelmente uma das razões foi o fato que tudo foi discutido, mas nada foi resolvido... Muitas reuniões não passam para o plano das ações porque lhes falta um plano de ações, um plano de melhorias... A elaboração do relatório final tem como objetivo principal apresentar, sinteticamente, as principais constatações da pesquisa, permitindo assim que a empresa tenha um panorama geral de sua realidade. Nesse documento, incorpora-se uma proposta de Plano de Ação que deverá abordar as ameaças e oportunidades da organização. Dessa forma, a alta direção poderá ter uma visão ampla dos resultados da pesquisa e analisar a viabilidade de execução das propostas sugeridas. 75 Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 GERENCIAMENTO DE PESSOAS Observação A grande maioria das empresas utiliza-se de questionários que devem contemplar itens específicos por segmento. Por meio de análise quantitativa e qualitativa, elabora-se um relatório de sugestões práticas, proporcionando, assim, um clima satisfatório para o pleno desenvolvimento organizacional e individual. A conclusão de uma pesquisa de clima deve levar em conta as pesquisas anteriores para revelar a evolução dos índices, por exemplo: 2009/jan 2009/ago 2010/jan 2010/jul 2011/jan 86 84 82 80 78 76 74 72 70 68 66 Clima organizacional dos funcionários Satisfeitos Figura 17 – Exemplo de pesquisa Cada questão deve ser alvo de uma análise específica para ser comparada com as demais, pois tem contribuições diferentes para o clima, positiva ou negativamente. Veja exemplo: Quadro 1 – Resultado geral da pesquisa sem a indexação Questão Percentual 1. Clareza na definição de objetivos; 45 2. Clareza na definição de atribuições; 56 3. Igualdade na distribuição da carga de trabalho; 87 4. Colaboração entre as unidades da organização; 90 5. Prestação de serviços ao cliente interno; 67 6. Distribuição do espaço físico e outros recursos; 78 7. Ritmo de trabalho; 80 8. Conduta dos chefes quanto à aceitação de opiniões, ideias e sugestões dos colaboradores; 70 9. Idem, quanto a transmissão de informações para a equipe; 73 10. Administração de reuniões; 85 76 Unidade III Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 11. Estruturação do processo decisório; 89 12. Processo de análise e avaliação dos resultados; 92 13. Disponibilidade de informações para controle; 90 14. Utilização das informações de controle para aprimoramento do desempenho; 94 15. Qualidade das relações humanas; 91 16. Colaboração da equipe em relação ao chefe; 90 17. Sentido de pertencer a organização; 92 18. Interesse dos colegas pelo desempenho das empresas; 91 19. Conhecimento dos produtos e serviços da empresa; 94 20. Compatibilidade entre meu cargo e meus interesses e aptidões; 98 21. Oportunidade de aprender; 95 22. Imagem externa da empresa; 90 23. Planos de carreira; 84 24. Treinamento e desenvolvimento; 82 25. Pontualidade no pagamento de salários; 86 26. Competividdade dos salários e benefícios; 80 27. Premiação do desempenho. 88 Média 84 Em seguida, o plano de ações começa a se desenhar a partir da indexação das respostas, o que vai definir quais são as questões que sustentam o clima organizacional e aquelas que o puxam para números muito baixos. Veja exemplo: Quadro 2 – Resultado geral da pesquisa indexados Questão Percentual 20. Compatibilidade entre meu cargo e meus interesses e aptidões; 98 21. Oportunidade de aprender; 95 14. Utilização das informações de controle para aprimoramento do desempenho; 94 19. Conhecimento dos produtos e serviços da empresa; 94 12. Processo de análise e avaliação dos resultados; 92 17. Sentido de pertencer a organização; 92 15. Qualidade das relações humanas; 91 18. Interesse dos colegas pelo desempenho das empresas; 91 4. Colaboração entre as unidades da organização; 90 13. Disponibilidade de informações para controle; 90 16. Colaboração da equipe em relação ao chefe; 90 22. Imagem externa da empresa; 90 11. Estruturação do processo decisório; 89 27. Premiação do desempenho; 88 3. Igualdade na distribuição da carga de trabalho; 87 25. Pontualidade no pagamento de salários; 86 77 Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 GERENCIAMENTO DE PESSOAS 10. Administração de reuniões; 85 23. Planos de carreira; 84 24. Treinamento e desenvolvimento; 82 7. Ritmo de trabalho; 80 26. Competividdade dos salários e benefícios; 80 6. Distribuição do espaço físico e outros recursos; 78 9. Idem, quanto a transmissão de informações para a equipe; 73 8. Conduta dos chefes quanto à aceitação de opiniões, ideias e sugestões dos colaboradores; 70 5. Prestação de serviços ao cliente interno; 67 2. Clareza na definição de atribuições; 56 1. Clareza na definição de objetivos. 45 Média 84 Por meio da organização dos dados nesta tabela, a empresa deve focar naqueles que apareceram nas últimas posições para que figurem entre as primeiras na pesquisa seguinte. Neste caso, tornam-se prioridade: • clareza na definição dos objetivos; • clareza na definição das atribuições; • prestação de serviços ao cliente interno; • conduta dos chefes quanto à aceitação de opiniões, ideias e sugestões dos colaboradores. A manutenção das primeiras posições torna-se também estratégica e digna da nomeação de guardiões, de compensação em benefícios ou mesmo salário para os responsáveis: • compatibilidade entre meu cargo e meus interesses e aptidões; • oportunidades de aprender; • utilização das informações de controle para aprimoramento do desempenho. Saiba mais Leia o artigo “Como elaborar um plano de ação”, de Gerisval Alves Pessoa, e descubra, passo a passo, como elaborar um plano de ação. Para melhorar os resultados, os sistemas de gestão com base na filosofia da qualidade total (TQC) sugerem o PDCA de melhorias composto por oito etapasa serem seguidas. 78 Unidade III Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 5.5 Eficácia do processo Quaisquer meios são mortos se não forem ativamente postos em ação por vivos e fortes instrumentos aptos para operar. Antônio Vieira Você gostaria que uma pessoa dissesse que você é uma pessoa eficaz? Ou preferiria que a pessoa o chamasse de eficiente? Existe mesmo alguma diferença? Bem, ao ser destacado para tornar-se responsável por um processo, você se contentaria se ele passasse então a ser considerado um processo eficaz? Diferente das muitas iniciativas de recursos humanos em que os resultados são prejudicados pela análise mais subjetiva que se pode fazer de suas conquistas, o processo de avaliação do clima organizacional fornece elementos mais focados nos possíveis progressos e sua aferição é feita na pesquisa seguinte. A eficácia do processo depende da estratégia e do cumprimento dos prazos. Uma vez que os indicativos são fornecidos, a equipe gerencial deve ser envolvida nos esforços de progresso, pois é uma responsabilidade de toda a empresa. Lembrete Segundo Peter Drucker (1996), a eficiência consiste em fazer certo as coisas e a eficácia em fazer as coisas certas. Embora o clima possa ter sido identificado por setores ou unidades de negócio, uma organização tem colaboradores que almoçam juntos, igualmente vão às mesmas festas ou moram no mesmo bairro. Isto significa que não é aceitável pensar que todo o clima bom ou ruim é responsabilidade de um único setor. E mais, onde estava bom pode ficar ruim muito rapidamente, como um órgão do corpo humano que passa a comprometer os demais. A regularidade das pesquisas é que poderá se tornar o principal instrumento para detectar a eficácia do processo embora ele possa ainda ser notado por meio de outros sinais: longevidade do emprego, redução das faltas, redução de acidentes, doenças ocupacionais e afastamentos etc. Saiba mais A editora Referência, por meio da Revista Marketing e a Madia Marketing School, instituíram, em 2002, o “Prêmio Marketing Best Responsabilidade Social”, que no ano de 2010 passou a denominar-se “Prêmio Marketing Best Sustentabilidade”, ampliando ainda mais a consciência do dever indeclinável da sustentabilidade. Visite o site e conheça muitos casos de eficácia em processos que deram certo. <www.marketingbest.com.br>. 79 Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 GERENCIAMENTO DE PESSOAS 5.6 Implementação e manutenção dos planos de melhoria Figura 18 – Planos de melhoria Até prova em contrário, todas as coisas são possíveis – e mesmo o impossível talvez o seja apenas nesse momento. Pearl Buck Já pensou que, se um dia você for para a política, isto poderia ser bom para todos nós? Provavelmente você faria alguns planos e eles seriam, para nós, algumas promessas? Você seria um daqueles políticos que tiram os projetos do papel e os transforma em realidade ou você ficaria só no âmbito das promessas? Chiavenato (2004) descreve um número amplo de planos, planejamentos e políticas que devem ser feitos para RH e por RH. Todos eles podem ser balizados pela pesquisa de clima: • Planejamentos — de análise cargos; — de recursos humanos (pessoal); — de recrutamento; — de treinamento. • Planos — assistenciais; — de benefícios; — de benefícios sociais; — de carreiras; — de incentivos; — de segurança; 80 Unidade III Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 — recreativos; — supletivos. • Políticas — autocrática; — de aplicação de recursos humanos; — de controle de recursos humanos; — de demissão; — de desenvolvimento de recursos humanos; — de manutenção de recursos humanos; — de monitoração de RH; — de reciprocidade; — de recrutamento e seleção; — de recursos humanos; — de relações trabalhistas; — de suprimento de recursos humanos; — paternalista; — salarial. Quando a pesquisa chega ao final e os dados são apresentados, devem-se organizar uma série de reuniões individuais para feedback e grupais para a escolha de caminhos que façam o índice evoluir. Deve-se identificar quais são as responsabilidades individuais e aquelas que são de toda a equipe para a divisão das responsabilidades, a criação de um plano de ações com datas e comprometimento geral. O melhor gestor para todo este processo é o de RH, que deverá cobrar as ações dos responsáveis e organizar as reuniões de acompanhamento para estabelecimento de novas metas ou ajuste das atuais, quando de seu não cumprimento. Saiba mais A Fundação Nacional de Qualidade (FNQ) realiza, anualmente, o ciclo de avaliação do Prêmio Nacional da Qualidade® (PNQ), que reconhece as organizações que praticam a Excelência em Gestão no Brasil. O PNQ representa um momento singular para o empresariado brasileiro, quando as empresas líderes em qualidade, produtividade, competitividade e gestão são devidamente reconhecidas. Conheça-o em: <http://www.fnq.org.br/site/397/default.aspx>. 81 Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 GERENCIAMENTO DE PESSOAS 6 RELAÇÃO ENTRE O CLIMA ORGANIZACIONAL E O DESEMPENHO INDIVIDUAL E ORGANIZACIONAL Você já participou de algum trabalho voluntário, daqueles que mobilizam pessoas para a prática do bem? Como você se sentiu? Você voltou a fazer? Você faria tudo aquilo se estivesse sozinho? Uma vez que a pesquisa organizacional revela o retrato da empresa, mostrando suas percepções e suas emoções ali demonstradas, o que se apura nela é um retrato, um conjunto de características que naquele momento predominam. Assim, é algo como dizer que há uma correlação positiva e direta ao clima e ao desempenho organizacional. 20 30 40 50 60 50 40 30 20 10 0 Desempenho organizacional Cl im a or ga ni za ci on al Figura 19 – Desempenho e clima organizacional Não necessariamente a influência de um clima organizacional mais positivo terá o mesmo reflexo em nível individual. Há pessoas competentes que trabalham em empresas incompetentes, mas empresas competentes também mantêm em sua estrutura pessoas incompetentes, com baixo desempenho. Só não se pode imaginar que empresas cujos desempenhos sejam insatisfatórios tenham apenas em seu quadro pessoas incompetentes. Isso seria mera obra do acaso, situação quase impossível. A melhoria no clima organizacional tende a fazer uma seleção natural das pessoas mais comprometidas, que trabalham o desenvolvimento pessoal. As demais não conseguirão ambiente, com o tempo, e desejarão estruturas menos prósperas. Saiba mais Visite <www.suapesquisa.com.br> e saiba muito mais a respeito das pesquisas: clima organizacional, satisfação, opinião, mercado, eventos, TCC, teses, formulários inteligentes, avaliações, simulados, provas, bancos de dados etc. 82 Unidade III Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 Resumo O clima organizacional é o conjunto das emoções dos colaboradores em relação aos assuntos organizacionais. Pode ser mensurado por meio de um bom método de investigação chamado pesquisa de clima organizacional envolvendo análises quantitativas, qualitativas ou ambas. Segue-se a uma pesquisa de clima um plano de ações que, bem implementado, pode melhorar a produtividade e muitos outros índices de satisfação dos funcionários. O conceito de clima organizacional está relacionado com o ambiente interno que permeia os membros da organização,estando intimamente ligado ao grau de motivação de seus membros. O clima torna-se favorável ao proporcionar satisfação das necessidades pessoais e elevação do moral. Influencia o estado motivacional das pessoas, sofre suas influências e relaciona-se com a qualidade de vida no trabalho, com o bem-estar na empresa e reflete na produtividade dos envolvidos. O principal mecanismo para a realização da pesquisa é o questionário que se distribui de forma a garantir o sigilo das informações apresentadas. Nele, os colaboradores devem apontar suas opiniões sem serem forçados a escrever, o que lhes aumenta a sensação de que o sigilo será levado a sério. O conhecimento da opinião dos funcionários em relação à empresa é um aspecto fundamental a ser trabalhado, pois permite detectar e diagnosticar as reais necessidades dentro da organização, com vistas às melhorias na sua eficácia. Uma Pesquisa de Clima Organizacional é um diagnóstico que possibilita uma visão consciente e crítica a respeito das principais temáticas vivenciadas no dia a dia de uma organização e deve ser feita de maneira periódica, contínua, metódica, com clareza, fundamentada em base científica e, principalmente, tentando minimizar as expectativas dos trabalhadores, para que inexista insatisfação. A elaboração do relatório final tem como objetivo apresentar, sinteticamente, as principais constatações da pesquisa, permitindo que a empresa tenha um panorama geral de sua realidade. Nesse documento, incorpora-se uma proposta de Plano de Ação que deverá abordar as ameaças e oportunidades da organização. Dessa forma, a alta direção poderá ter uma visão ampla dos resultados da pesquisa e analisar a viabilidade de execução das propostas sugeridas. Quando a pesquisa chega ao final e os dados são apresentados, devem-se organizar uma série de reuniões individuais para feedback e grupais para a 83 Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 GERENCIAMENTO DE PESSOAS escolha de caminhos que façam o índice evoluir. Deve-se identificar quais são as responsabilidades individuais e aquelas que são de toda a equipe para a divisão das responsabilidades, a criação de um plano de ações com datas e comprometimento geral. O melhor gestor para todo este processo é o de RH, que deverá cobrar as ações dos responsáveis e organizar as reuniões de acompanhamento para estabelecimento de novas metas ou ajuste das atuais, quando de seu não cumprimento. A melhoria no clima organizacional tende a fazer uma seleção natural das pessoas mais comprometidas, que trabalham o desenvolvimento pessoal. As demais não conseguirão ambiente, com o tempo, e desejarão estruturas menos prósperas. Exercícios Questão 1. Criar canais de comunicação que mantenham a diretoria das empresas informadas sobre conflitos no ambiente de trabalho é um objetivo cada vez mais generalizado nas organizações modernas. Na unidade de São Bernardo do Campo da Ford Brasil – onde foi constituída uma comissão de fábrica com participação direta do sindicato – diversos contatos de relações trabalhistas percorrem os pavilhões identificando problemas e negociando soluções (Chiavenato, 2000). Com base na situação relatada, pode-se afirmar que: I. Esta intervenção melhora o clima organizacional ao evitar frustrações e barreiras à satisfação das necessidades dos colaboradores da fábrica. II. Mudanças no ambiente percebidas pelos colaboradores não resultarão em mudanças no padrão de motivação nem causarão provocações com base em suas próprias necessidades básicas. III. No processo de comunicação da Ford, o sindicato funciona como um ruído, captando as informações dos colaboradores e retransmitindo-as para a empresa e vice-versa. Assinale a alternativa correta: A) Apenas a afirmativa III é verdadeira. B) As afirmativas I e II são verdadeiras. C) Apenas a afirmativa II é verdadeira. D) Apenas a afirmativa I é verdadeira. E) As afirmativas I, II e III são verdadeiras. Resposta correta: alternativa D. 84 Unidade III Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 Análise das afirmativas: I. Afirmativa correta. Justificativa: clima organizacional é atribuído ao ambiente interno existente entre os membros da organização. O clima organizacional está diretamente ligado ao grau de motivação de seus participantes, que se eleva em relações de satisfação, de animação, interesses e colaboração. II. Afirmativa incorreta. Justificativa: os indivíduos têm motivos ou necessidades básicas que representam comportamentos potenciais, que influenciam o comportamento somente quando provocados. As mudanças no ambiente percebido resultarão em mudanças no padrão da motivação provocada. III. Afirmativa incorreta. Justificativa: o sindicato, enquanto participante das comissões de fábrica, funciona como mais um canal no processo de comunicação entre os colaboradores e a Ford, visando à melhoria da comunicação e à negociação de interesses e não como um ruído, uma perturbação indesejada, visando à deturpação e distorção da comunicação entre as partes. Questão 2. Saiu o resultado da pesquisa de clima organizacional da BomTempo S.A. Entretanto, os resultados relativos ao item Responsabilidade e Motivação com o Trabalho são os que mais preocupam Jorge, o diretor de Recursos Humanos. Estes são os resultados da pesquisa: Quadro 3 – Clima Organizacional Responsabilidade e motivação com o trabalho Índice de 1 a 5* Grau de importância** 1. Satisfação com o conteúdo e a variedade do trabalho 2,2 Muito importante 2. Satisfação com o nível de responsabilidade sobre o trabalho 2,1 Importante 3. Satisfação com a autonomia para realizar o trabalho 4,5 Muito importante 4. Satisfação com a influência na tomada de decisão para realizar o trabalho 4,2 Importante 5. Satisfação com o feedback no trabalho e nos seus resultados 4,0 Muito importante * Índice de 1 a 5, sendo 5 muito bom; 4 bom; 3 regular; 2 ruim; 1 muito ruim ** Escala de 4 opções: muito importante; importante; pouco importante; não importante Alguns funcionários relataram, no campo do questionário reservado para comentários adicionais, que as atividades não utilizavam plenamente o seu potencial. Com base nas informações e nos dados apresentados, Jorge solicitou à sua equipe preparar algumas opções de planos voltados para gerar motivação com o trabalho e reverter essa situação junto aos funcionários. 85 Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 GERENCIAMENTO DE PESSOAS Por qual das alternativas Jorge deverá optar? A) Abertura dos canais de comunicação e feedback. B) Aumento do trabalho em grupo. C) Enriquecimento de cargo. D) Participação dos funcionários no processo decisório. E) Simplificação das atividades. Resolução da questão na Plataforma. 86 Unidade IV Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 Unidade IV 7 SISTEMAS DA ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS A administração é uma questão de habilidades, e não depende da técnica ou experiência. Mas é preciso antes de tudo saber o que se quer. Sócrates Você já empreendeu algum negócio que tenha crescido, ganhado proporções inimagináveis? Imagine então que isto tenha ocorrido e procure dar-se conta de como é que você faria para controlar um negócio que envolvesse, muito rapidamente, quarenta vezes o tamanho inicial! Solucionar problemas organizacionais requer enfoque para sistemas, o que significa olhar as questões obtendo delas uma visão mais ampla. Oliveira (2008) define um sistema como sendo um conjunto de partes integrantes einterdependentes que, conjuntamente, formam um todo unitário com determinado objetivo e efetuam determinada função. Para o mesmo autor, a administração é o sistema estruturado e intuitivo que consolida um conjunto de princípios, processos e funções para alavancar, harmonicamente, o processo de planejamento de situações futuras desejadas e seu posterior controle e avaliação de eficiência, eficácia e efetividade, bem como a organização – estruturação – e a direção dos recursos das organizações para os resultados esperados com a minimização dos conflitos pessoais. Assim, entenderemos que o sistema de administração de recursos humanos representa um olhar para a área como um conjunto de subsistemas, mas que precisam de convivência harmônica para o cumprimento de seus principais objetivos que não ficam dissociados para fins de avaliação de desempenho. Observação O tecnólogo em Gestão de Recursos Humanos desenvolve e gerencia planos de carreira nas empresas, analisa estratégias institucionais, elabora planos táticos e operacionais de recrutamento, seleção, avaliação e treinamento de pessoal. Para isso, o gestor em RH precisa dominar as técnicas de gerenciamento de pessoas (Guia do Estudante, 2012). 87 Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 GERENCIAMENTO DE PESSOAS 7.1 Subsistema de provisão de recursos humanos Ainda é fácil de resgatar em suas lembranças seus primeiros momentos à frente das empresas realizando suas entrevistas? Você se lembra de como ia sua ansiedade, como você acreditava (ou não) naquilo tudo que se apresentava diante de seus olhos? Lembra-se da esperança? Chiavenato (2004) descreve os sistemas de provisão como os responsáveis pelo ingresso de pessoas na organização. Envolve: pesquisa de mercado, recrutamento, seleção bem como a integração de pessoas à organização. A eficácia é encontrada por meio da identificação, atração e retenção do talento visado. Encontrar talentos no mercado significa explorar o ambiente organizacional em termos de: espaço, tempo e lei da oferta e procura. O autor descreve ainda que o comportamento da organização é orientado de acordo com o mercado de trabalho, que pode apresentar-se com peculiaridades em relação à oferta e à procura: • Situação de oferta — Excessiva quantidade de ofertas de vagas; — competição entre empresas para obter candidatos; — intensificação dos investimentos em recrutamento; — redução das exigências aos candidatos e abrandamento do processo seletivo; — intensificação dos investimentos em treinamento; — ênfase no recrutamento interno; — desenvolvimento de políticas de fixação do pessoal (retenção do capital humano); — orientação para as pessoas e para seu bem-estar; — intensificação dos investimentos em benefícios sociais. • Situação de procura — Insuficiente quantidade de ofertas de vagas; — falta de competição entre as empresas; — redução nos investimentos em recrutamento; — aumento das exigências aos candidatos e maior rigor no processo seletivo; — redução nos investimentos em treinamento; — ênfase no recrutamento externo; — desenvolvimento de políticas de substituição do pessoal (melhoria do capital humano); — orientação para o trabalho e para a eficiência; — redução ou congelamento dos investimentos em benefícios sociais. 88 Unidade IV Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 Novas expectativas e tendências no âmbito social e da educação e novas tendências tecnológicas, políticas e internacionais são algumas razões para as mudanças que estão ocorrendo no âmbito do mercado de trabalho, segundo Bates e Bloch (1997). Os autores descrevem fatos observados nas empresas, como: a imprevisibilidade e a mudança contínua, organizações menos hierárquicas, trabalhos concentrados em torno de processos, projetos e equipes, desvinculados de funções e/ou hierarquia, foco na organização central, declínio de carreiras lineares, necessidade de aprendizado contínuo, diversidade de qualificações, pessoas, estilos de vida e expectativas. Esse é o cenário que vivenciamos e devemos observar no desenrolar das atividades de gerenciamento de pessoas, visto que tais mudanças afetam diretamente as práticas de uma organização. Diante dessas novas possibilidades, a seleção de candidatos busca “investigar” características primordiais ao cargo que atendam a esse novo perfil, procurando diversificar e realizar simulações, para que possam ser avaliadas a conduta e postura do candidato frente às situações postas à análise. O principal desafio é atrair e reter talentos para sobrevivência e crescimento da empresa. O novo paradigma do mundo do trabalho é aquele em que a empresa deve tornar-se um lugar de desejo para o profissional de talento. Assim, a área de recrutamento e seleção (R&S) é percebida como estratégica. O recrutador e selecionador precisarão ter amplos conhecimentos do ambiente e da cultura da empresa, lembrando que a escolha é mútua. Buscam profissionais que saibam fazer muito, mas também saibam ser. Saiba mais “A Administração de Recursos Humanos é uma base para a criação das políticas sociais da empresa. Está voltada ao fator principal que garante o funcionamento de qualquer organização: as pessoas”. Leia este artigo de Thais Fátima L. Oliveira e muitos outros no site <http:// www.artigos.com/artigos/sociais/administracao/recursos-humanos/ administracao-de-recursos-humanos-1283/artigo/>. Conhecida como um dos principais processos da gestão de pessoas, o R&S deve ser trabalhado como uma área estratégica, pois tem como objetivo básico aperfeiçoar, ou, no mínimo, manter o capital intelectual de uma organização. Pode-se afirmar que se trata de um cartão de visita de uma organização, haja vista que é por meio desse setor que o candidato obtém o primeiro contato oficial com ela. Portanto, deve ser uma área na qual os gestores devem deter especial atenção. 7.1.1 Processo de recrutamento Podemos definir recrutamento como uma atividade de convocação de candidatos, com potencial para uma determinada vaga, portanto, trata-se de uma atividade convidativa e de atração. O recrutamento pode ser de três tipos básicos: externo, interno ou misto. O primeiro trata da busca de candidatos no mercado de trabalho. O segundo refere-se à busca de atração de candidatos na 89 Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 GERENCIAMENTO DE PESSOAS própria empresa, ou seja, é permitido aos colaboradores ascender a cargos mais elevados. O terceiro é a combinação dos dois primeiros tipos: a mescla de candidatos que provém do mercado de trabalho e da própria empresa. As fontes de recrutamento podem ser: jornal, internet, anúncio em revistas especializadas, indicação de outras empresas e agências de recrutamento – para o recrutamento externo. No caso do recrutamento interno, as fontes podem ser: cartazes nas dependências da empresa, intranet, indicação de gestores, entre outros. Para o caso do recrutamento misto, utiliza-se a combinação de várias fontes. Vale ressaltar que a escolha da fonte de recrutamento é um elemento primordial, pois dela dependerá o sucesso ou fracasso do processo, haja vista que devemos analisar o cargo para o qual estamos recrutando e a partir disso decidir qual fonte utilizar. Observação De acordo com o Guia do Estudante (2012), há grande demanda por formados na área de RH. A porta de entrada para o recém-formado é o trabalho operacional ligado à contabilidade, como as folhas de pagamento. No entanto, ultimamente, essa área tem tomado uma função próxima ao apoio à gerência de cada empresa, demandando mais qualificação do profissional. Recrutamento externoVamos nos deter com mais detalhes nesse tipo de recrutamento, por ser o mais utilizado pela maioria das empresas, uma vez que tem maiores implicações no cotidiano das organizações. O recrutamento externo é o preenchimento das vagas ofertadas pela captação de candidatos qualificados no mercado. É utilizado por empresas que desejam “injetar sangue novo” na organização. • Vantagens — Entrada de pessoas com experiências, posturas e ideias novas, possibilitando, assim, uma nova forma de ver e analisar as dificuldades da organização, com novas formas de resolvê-las. — Possibilita a renovação e o enriquecimento dos recursos humanos da empresa, com a entrada de pessoas qualificadas. — Os investimentos em aperfeiçoamento e desenvolvimento, feitos por outras empresas ou pelo próprio candidato, são aproveitados, minimizando, assim, possíveis gastos com treinamento e desenvolvimento pelo menos em curto prazo. • Desvantagens — É um processo, geralmente, mais demorado e caro do que o recrutamento interno. A escolha dos recursos a serem utilizados, das técnicas, de processos, como: entrevistas, aplicação de testes, exames médicos, liberação do candidato de outro emprego e/ou de compromissos, levam bastante tempo. 90 Unidade IV Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 — É um processo que custa caro, pois são necessários investimentos em diversas técnicas de recrutamento. — A priori, é um processo que não oferece muita garantia à empresa quanto à procedência do candidato, como também à qualidade dos seus serviços e de sua origem profissional, visto que a empresa não possui absoluta certeza dos dados coletados. — O recrutamento interno, utilizado como única fonte de recrutar pessoas, pode gerar na empresa sérios conflitos e desmotivação, sendo visto como um ato desleal por parte da empresa, que não valoriza os seus trabalhadores. — Quando a oferta e a procura de recursos humanos estão em desequilíbrio, a política salarial da empresa é afetada, o que, por sua vez, influencia as faixas salariais internas, podendo gerar um desequilíbrio nesse setor. As principais técnicas utilizadas num processo de recrutamento externo são: — Consulta aos arquivos de candidatos: espécie de banco de dados, que deve ser organizado de forma a facilitar o seu acesso a qualquer pessoa. É interessante que a empresa mantenha esse banco sempre atualizado e receba possíveis candidatos sempre, mesmo sem disponibilidade de vagas no momento. Esse é um dos meios mais rápidos de recrutamento. — Apresentação de candidatos por parte dos trabalhadores da própria empresa. É um meio rápido e de baixo custo, que estimula os funcionários a recomendarem candidatos às vagas na empresa, possibilitando, assim, um rápido fluxo de informações a respeito do cargo e da empresa. — Cartazes ou anúncios na portaria da empresa. Esta coloca anúncios na portaria solicitando candidatos para determinada vaga e especificando suas necessidades. É um recurso barato, no entanto essa rapidez vai depender de vários fatores, dentre elas: a localização da empresa, o tamanho do anúncio, a movimentação no local onde o anúncio está afixado. — Contato com sindicatos e associações de classe. — Contatos com universidades e escolas, agremiações estaduais, diretórios acadêmicos e centros de integração empresa-escola. — Conferências e palestras em universidade e escolas. É um recurso que visa promover a organização, gerando, assim, uma atitude favorável em relação a esta. São expostos de maneira atrativa os objetivos, sua estrutura e as oportunidades de trabalho. — Contato com outras empresas que atuam no mesmo mercado. Trata-se de uma cooperação mútua, em que há troca de informações a respeito de possíveis candidatos. — Viagens de recrutamento em outras localidades. É um recurso dispendioso, utilizado quando o mercado de recursos humanos local já está saturado, ou quando não existe mão de obra qualificada. — Anúncios em jornais e revistas. É um recurso amplamente utilizado e dispendioso. Atinge um amplo contingente de pessoas e deve ser bem formulado para ter o efeito esperado. 91 Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 GERENCIAMENTO DE PESSOAS — Agências de recrutamento. É um dos mais dispendiosos meios, apesar de ser eficiente e ter tempo reduzido. Fatores como custo e tempo são importantíssimos nesse tipo de processo, dependendo em muitos casos da continuidade deste. A técnica a ser utilizada, geralmente, envolve uma relação custo-benefício, uma boa saída à utilização de mais de uma técnica. Recrutamento interno Realizado dentro da própria organização, pode ser uma transferência, promoção, programa de desenvolvimento ou plano de carreira. • Vantagens — Proximidade; — economia; — rapidez; — conhecimento; — promoção; — aumento do moral de trabalho. • Desvantagens — Insuficiência de pessoas para cobrir as vagas; — impedimentos de liberação do selecionado; — os não selecionados podem ficar desmotivados; — pode-se transformar em carreirismo. • Meios — Quadro de avisos; — comunicação interna; — consulta ao banco de talentos; — periódicos da empresa e indicações. 7.1.2 Processo de seleção O processo de seleção é uma atividade de avaliação, verificação do perfil dos candidatos recrutados em relação ao perfil do cargo. Nada mais é do que as características básicas que um ocupante de um 92 Unidade IV Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 cargo deve ter para desempenhar um bom trabalho na função. Tem como principal tarefa a escolha entre os candidatos recrutados daqueles que tenham maiores probabilidades de ajustar-se ao cargo vago. Os procedimentos básicos do processo seletivo são: descrição e análise do cargo (na descrição são analisados o que o ocupante faz, quando, como e por que faz; na análise são analisados os requisitos mentais e físicos, as responsabilidades envolvidas e as condições de trabalho), as técnicas de seleção (entrevista, testes de conhecimentos ou de capacidades, testes psicométricos, testes de personalidade, dinâmicas de grupo e grafologia) avaliação e pareceres finais, controle da seleção (adaptação do novo empregado à empresa e vice-versa, análise, acompanhamento e avaliação do período probatório). Assim, a seleção de pessoal não é, ou não deve ser: um mero preenchimento de vaga, apenas a tarefa de recrutar pessoas, a simples aplicação e correção de provas práticas e técnicas psicológicas, a restrita ação de entrevistar pessoas, uma ação em curto prazo, um instrumento para colocar em prática os itens restritivos a candidatos e que envolvem discriminação de pessoas. A seleção pode ser de três tipos: externa, interna ou mista. A seleção externa é composta de candidatos do mercado de trabalho. A seleção interna é composta de candidatos da própria empresa, ou seja, que já fazem parte do seu quadro de colaboradores. A seleção mista é a combinação de candidatos captados tanto no mercado de trabalho como na própria empresa. Vale lembrar que a opção por recrutamento externo implica seleção externa; a opção por recrutamento interno implica seleção interna, já que se trata de processos complementares. 7.1.3 Coleta de informações sobre o cargo A coleta de informações a respeito do cargo que se pretende preencher pode ser realizada de cinco maneiras diferentes: • Descrição e análise do cargo: consiste no levantamento de características intrínsecas (conteúdo do cargo) e extrínsecas (requisitos necessários que o cargo exige de seu ocupante) do cargo. Na verdade, o importante para a seleção são as informações a respeito dos requisitos e dascaracterísticas que um possível ocupante do cargo deverá ter. • Aplicação da técnica dos incidentes críticos: consiste numa espécie de observação e anotação, pelo superior direto, dos principais fatos e comportamentos dos ocupantes de determinado cargo, sendo tal observação fruto do contato cotidiano com pessoas que tiveram bom e mau êxito nessas funções. • Requisição de empregado: consiste na análise dos dados apresentados na requisição do empregado, feito pelo superior imediato, que especifica os requisitos e as características fundamentais que um candidato deverá possuir para ocupar determinado cargo. Esse é um dos mais utilizados meios em empresas, em que não existe um sistema de descrição e análise de cargos. 93 Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 GERENCIAMENTO DE PESSOAS • Análise do cargo no mercado: trata-se de um meio utilizado quando a empresa ainda não possui o cargo. Faz-se uma pesquisa no mercado em empresas similares, analisando-se as características necessárias ao candidato, o conteúdo do cargo, os requisitos do candidato, entre outros aspectos. • Hipótese de trabalho: trata-se do levantamento aproximado do conteúdo do cargo e suas exigências em relação ao seu ocupante (requisitos e características necessárias). Com esses dados em mãos, o órgão selecionador tem como identificar candidatos potenciais ao cargo. Em muitos casos, esse órgão codifica os dados obtidos numa ficha profissiográfica, que, por sua vez, contém todos os aspectos considerados importantes ao ocupante do cargo. As principais vantagens da ficha profissiográfica são: descrição resumida e atualizada das aptidões, habilidades e traços da personalidade do ocupante do cargo, ser uma lista das principais características sociais necessárias para o pleno exercício das funções e responsabilidades inerentes ao cargo a ser preenchido. De posse de tais dados, o selecionador pode escolher os meios mais adequados para a seleção. 7.1.4 Etapas da seleção A seleção pode ser composta por diversas etapas, dentre elas: entrevista (individual ou de grupo), dinâmica de grupo, provas práticas e situacionais, aplicação de testes psicológicos, entre outras. O mais importante é que as técnicas escolhidas façam parte de um processo compreendido no todo, ou seja, cada etapa seja complementar à outra. • Entrevista: método que enfatiza a obtenção e o registro de dados e informações. Configura-se como a técnica de seleção que mais influencia a decisão final acerca do aproveitamento ou não de um candidato a emprego. Tem como objetivos estabelecer se o candidato tem como assumir o cargo proposto e promover uma imagem clara e objetiva da ocupação ao candidato. • Testes de capacidade ou de conhecimentos: atividades estruturadas que colocam o candidato diante de situações problemas, reais ou fictícias. Seu objetivo principal é avaliar o grau de noções, conhecimentos e habilidades adquiridas por meio do estudo, da prática ou do exercício. • Testes psicométricos: é uma definição objetiva e estandardizada de amostra do comportamento. Referem-se a aptidões, interesses ou características do comportamento humano. Seu objetivo é oferecer um diagnóstico e prognóstico do potencial de desenvolvimento das aptidões encontradas. Somente podem ser realizados por psicólogos(as). • Testes de personalidade: instrumentos de pesquisa e investigação psicológica que visam avaliar interesses, atitudes, valores e traços de personalidade, assim como sua dinâmica de funcionamento. Somente podem ser aplicados por psicólogos(as). • Dinâmicas de grupo ou técnicas de simulação: vivência grupal, lúdica, que têm por objetivo reconhecer as potencialidades e dificuldades dos candidatos, de forma mais espontânea e criativa. 94 Unidade IV Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 • Grafologia: é o estudo da grafia, que reflete a disposição fisiológica, estética e emocional da pessoa, objetivando conhecer seu potencial latente ou desenvolvido. Uma caneta e uma folha em branco são suficientes para sua aplicação. O candidato deve redigir um texto e acrescentar sua assinatura, não sendo necessário a presença dele no local da seleção. • Seleção 360 graus: é uma novidade em seleção, em que todas as interfaces de um trabalho participam do processo. O candidato é entrevistado por seus futuros superiores de diversos níveis hierárquicos, seus colegas, fornecedores e clientes, tomando assim contato com todas as áreas nas quais irá atuar. A vantagem, segundo os especialistas, é que se cria uma corresponsabilidade de todos sobre o sucesso ou fracasso do profissional aprovado. • Softwares de R&S: estão sendo bem-aceitos. Alguns programas permitem um exercício de conhecimento de si mesmo e dos demais membros das equipes de trabalho, visualizando a situação ideal de equipes e estabelecendo planos de carreiras e programas de desenvolvimento. As atividades de recrutar e selecionar podem vir a cargo da área de gerenciamento de pessoas, de consultorias especializadas e/ou dos próprios requisitantes (líderes de área). Entretanto, lembre-se de que essas atividades devem ser compartilhadas com os líderes; sempre que possível, envolva-os no processo. Recrutar e selecionar são processos de extrema relevância nas organizações de alto desempenho, pois neles estão inseridas as expectativas de crescimento tanto por parte da organização como das pessoas envolvidas. Portanto, dar atenção a esses processos implica boas perspectivas para todos. Saiba mais Leia a íntegra da entrevista “A seleção vai além da captação de talentos” concedida ao RH.com.br pela consultora Elizenda Orlickas. Nesta entrevista, ela pontua fatores que podem comprometer o êxito de uma seleção e que o processo requer muito profissionalismo de quem o conduz. Disponível em: <http://www.rh.com.br/Portal/Recrutamento_Selecao/Capa/>. 7.2 Subsistema de aplicação de recursos humanos Pegue o seu salário atual e divida pelo seu primeiro salário. Veja quantas vezes você já multiplicou seus ganhos? Você está contente ou acha que deveria ter ido bem mais longe? Sabia que há pessoas que torcem, juntamente com você, para que esses ganhos se tornem muito maiores? O processo de aplicação dos recursos humanos envolve: sua socialização na organização, a análise de cargos, o desenho de cargos e a avaliação do desempenho humano, conforme descreve Chiavenato (2004). Vimos que é desafiante encontrar os talentos certos, mas é ainda mais desafiante mantê-los satisfeitos e produtivos na organização. 95 Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 GERENCIAMENTO DE PESSOAS 7.2.1 Para promover a socialização Em faculdades e grupos militares é tradição realizar-se um trote. O objetivo dele é semelhante ao que se busca fazer ao socializar uma pessoa na empresa, ou seja, integrá-la no menor tempo possível afim de que ela já se sinta parte do grupo. Chiavenato (2004) sugere muitas medidas socializantes para essa integração: • fornecer informações da empresa ao candidato ainda em seleção; • entrega simulada das tarefas que o novo funcionário terá de executar; • nomeação de um tutor para acompanhá-lo; • nomeação de um grupo de trabalho para integração; • programas específicos incluindo: visitação, experimentação de produtos, de serviços. Tudo o que se pretende é que o novo colaborador tenha acesso à cultura organizacional no menor prazo possível, de tal sorte que ele possa incorporá-la e que o desajuste com ela não seja um desafio extra à sua estabilidade no novo cargo. • Principais itens de um programa de integração — A missão e os objetivos da organização; — as políticas,isto é, os meios preferidos através dos quais os objetivos deverão ser alcançados; — como a organização está estruturada – o que cada departamento faz; — arranjo físico das áreas de utilização do novo membro; — os principais produtos e serviços realizados pela organização; — regras e regulamentos internos; — horário de trabalho, de descanso e de refeições; — dias de pagamento e de adiantamento de salários; — benefícios sociais oferecidos; — apresentação aos colegas e superiores; — responsabilidades básicas confiadas ao novo participante; — tarefas do cargo; — objetivos do cargo; — visão geral do cargo. 96 Unidade IV Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 7.2.2 Integração e a socialização ao ambiente de trabalho Após vencer a “maratona” do recrutamento e a seleção, o selecionado tem pela frente a tarefa de se integrar no contexto organizacional que o aguarda. Para algumas pessoas, pode ser um momento de ansiedade, dúvidas e incertezas, por isso a organização deve cercar-se de cuidados para torná-lo proveitoso para os envolvidos. Os novos trabalhadores devem ser integrados na missão, visão, objetivos organizacionais e cultura organizacional. A maneira como a organização realiza a socialização de seus trabalhadores é de fundamental importância, pois ressalta a relevância daquela pessoa/cargo para o alcance de seus objetivos, também serve para situar o novo trabalhador no cenário daquela organização. É um processo feito a quatro mãos, pois a organização influenciará no comportamento do trabalhador e vice-versa. A adaptação é mútua, visto que a pessoa se adaptará às normas e rotinas da organização e esta se adaptará à forma de trabalhar dessa pessoa. Esse período é crucial para o desenrolar das atividades, visto que nele a pessoa pode sentir-se insegura, observando mais do que executando, avaliando a postura da organização, por isso é importante que ela se sinta num ambiente seguro e acolhedor. Nesse momento, a expectativa de ambas as partes é intensa; portanto, faz-se necessário que a organização esclareça todos os pontos possíveis, como o cargo em si, salários e benefícios, jornada laboral, local de execução das atividades e expectativa em relação ao novo trabalhador. Também é importante que o trabalhador esclareça possíveis dúvidas que não tenham sido explicadas no processo seletivo e ainda persistam nesse momento inicial. Muitas organizações preparam um programa de integração, que pode ser feito individual ou coletivamente, no qual o trabalhador tem oportunidade de conhecer vários pontos importantes na empresa, como: ambientes de trabalho, função de cada área, normas de segurança, políticas da empresa, entre outros. Segundo Chiavenato (2004), um programa de socialização deve abordar os pontos listados a seguir. • Assuntos organizacionais: missão, objetivos, políticas e diretrizes, estrutura organizacional, produtos e serviços, regras e procedimentos internos e segurança no trabalho. • Benefícios sociais: jornada laboral e sistema de folgas, formas e datas de pagamentos e programa de benefícios sociais disponível. • Relacionamento: apresentação à equipe de trabalho. • Deveres do trabalhador: responsabilidades, visão do cargo, tarefas e objetivos do cargo, metas e resultados a alcançar. Para esse autor, as principais vantagens do programa de socialização são as elencadas abaixo. • Reduzir a ansiedade das pessoas. • Reduzir a rotatividade, uma vez que muitas pessoas saem da empresa logo no momento inicial. 97 Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 GERENCIAMENTO DE PESSOAS • Economizar tempo, já que, conhecendo melhor a organização, o trabalhador perde menos tempo buscando informações. • Desenvolver expectativas realísticas, pois o trabalhador fica sabendo o que se espera dele. Saiba mais Leia o artigo de Ricardo Gomes Filho intitulado “Trote universitário: quando perdemos nossos filhos?” disponível em: <http://colunas.cbn. globoradio.globo.com/platb/miltonjung/2009/02/13/trote-universitario- quando-perdemos-nossos-filhos/>. Resende (1991) afirma que, por intermédio do cargo, sabe-se o que a pessoa faz na empresa, quais as suas responsabilidades, a sua importância, o nível hierárquico que ocupa. Segundo Chiavenato (1997), o cargo é a composição de todas as atividades desempenhadas por seus ocupantes, os quais fazem parte de um todo e ocupam uma posição na estrutura organizacional. Robbins (1999) considera que os cargos representam, para a organização, a base da aplicação das pessoas nas tarefas organizacionais. Para elas, constituem-se em uma das maiores fontes de expectativas e motivação na organização. A seguir faremos um breve retrospecto das concepções de cargo ao longo das teorias administrativas. De acordo com Chiavenato (1997), Frederick Taylor, por meio de um processo empírico e vivencial, defendia as seguintes ideias que, posteriormente, foram denominadas como Administração Científica: aumento da eficiência operacional, racionalização do trabalho, análise e divisão do trabalho operário, preocupação com o método de trabalho, ênfase nas tarefas e conceito de “homo economicus”. Outra teoria de fundamental importância para compreensão do comportamento do homem no ambiente de trabalho foi a Teoria Clássica desenvolvida por Henri Fayol, que tinha como princípios básicos: conhecer, prever, organizar, comandar, coordenar e controlar. Já a Escola das Relações Humanas, idealizada por Elton Mayo, teve como fundamentação básica: a necessidade de humanizar e democratizar a administração, o desenvolvimento das Ciências Humanas, com ênfase aos aspectos emocionais e ao comportamento social dos trabalhadores. Após o advento da Administração Científica e com o movimento das Relações Humanas, surgem, a partir de 1960, novos modelos de desenhos de cargos. Antes desse período, existiam modelos, como o modelo clássico ou tradicional, o modelo humanístico, entre outros. O modelo clássico ou tradicional procurava uma separação entre pensamento (gerência) e execução da atividade (operariado); os cargos eram projetados segundo modelo de fazer, e não de pensar. Dentro da perspectiva do modelo da Administração Científica, os cargos são projetados dentro dos seguintes princípios: redução de custos, padronização das atividades, ênfase na tarefa e na tecnologia, 98 Unidade IV Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 fundamentado na estrutura organizacional, busca eficiência pela racionalização do trabalho, baseado em ordens e imposições, e as recompensas devem ser salariais e materiais. Chiavenato (2000) aponta como principais desvantagens e limitações desse modelo os seguintes pontos: a existência de cargos simples e repetitivos, tornando as atividades monótonas; desmotivação pelo trabalho, trabalho individualizado e isolado, monopólio da chefia e centralização das decisões. Segundo Robbins (1999), os cargos estão sendo ajustados e adequados ao crescimento profissional das pessoas, transformando-se em atividades de equipes com elevado teor social, influenciando, assim, na satisfação das pessoas e no rendimento das tarefas que desempenham, o que impacta diretamente nos procedimentos organizacionais e permite a adaptação do cargo ao potencial de desenvolvimento pessoal do ocupante. Como afirma Chiavenato (1997), para funcionar nas organizações precisam existir pessoas em seus postos de trabalho que sejam capazes de desempenhar adequadamente os papéis para que foram selecionadas, admitidas e treinadas. 7.2.3 Administração de cargos Seu objetivo principal é descrever e analisar os cargos, com o intuito de especificarcaracterísticas, habilidades e conhecimentos que uma pessoa precisa ter para ocupar tal cargo e, assim, a organização tem como melhor os administrar. A avaliação de cargos é uma técnica que propicia a disposição hierárquica de todos os cargos de uma organização. Os principais métodos de avaliação de cargos são: • Método do escalonamento: hierarquização dos cargos baseada num breve sumário sobre eles mesmos. Primeiro, faz-se uma análise de cada cargo e, em seguida, estabelece-se quem é o mais importante e assim consecutivamente. É o método mais primitivo. • Método das categorias predeterminadas: os cargos são comparados, em termos gerais, com base numa escala de valores previamente definida, com o objetivo de medir suas diferenças. • Método da comparação de fatores: técnica analítica, na qual os cargos são comparados detalhadamente com os fatores de avaliação que foram determinados pela organização. • Método de avaliação por pontos: é um dos mais utilizados. É uma técnica analítica (comparação dos cargos pelos fatores de avaliação em suas partes componentes) e quantitativa (atribuem-se pontos para cada aspecto do cargo e um valor total é obtido pela soma dos pontos). Baseia-se num trabalho anterior de análise dos cargos. 7.2.4 Benefícios da avaliação de cargos • Possibilita a definição dos diferentes níveis de competência, atribuições e responsabilidades de cada cargo. • Facilita na definição de critérios relativos nos processos de recrutamento, seleção, treinamento e avaliação de desempenho. 99 Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 GERENCIAMENTO DE PESSOAS • Permite definir critérios e estruturar o sistema salarial. • Poderá auxiliar na motivação dos trabalhadores. A grande contribuição da administração de cargos para a política de recursos humanos consiste em possibilitar a classificação dos cargos, de forma que sejam analisados e avaliados, constantemente, para que se tenha sempre o quadro de cargos atualizados, proporcionando menos distorções possíveis. Os métodos de análise de cargos são: observação, entrevista e questionário, podendo também ser utilizada a combinação de dois ou mais métodos. A análise de cargos pressupõe três fases: planejamento, preparação e execução. A administração de cargos consiste na base de todos os processos da área de Gerenciamento de Pessoas, visto que alimentam, com importantes informações, os processos de recrutamento e seleção, administração salarial, treinamento, avaliação de desempenho, higiene e segurança do trabalho. Também informa ao gestor imediato o conteúdo e as especificações dos cargos de sua equipe, pois descrição e análise de cargos é uma responsabilidade de linha e uma função de staff, ou seja, esse subsistema de Gerenciamento de Pessoas necessita da constante participação dos gestores de área, pois, sem eles, o processo ficará distorcido, já que estão intimamente relacionados com os cargos com que lidam cotidianamente. 7.2.5 Avaliação de desempenho A avaliação faz parte de nossas vidas, mesmo antes de nascermos: ainda no ventre materno, é feita uma avaliação de nossas medidas físicas e comparadas ao padrão previsto para tal momento da evolução do bebê. Quando nascemos, os médicos verificam novamente todas as medidas e fazem uma avaliação mais apurada. Isso ocorre durante toda a vida e até a morte, pois geralmente se faz algum tipo de avaliação para verificar sua causa. Assim, a avaliação é corriqueira em nossas vidas, mas existe uma indagação: por que a maioria das pessoas teme ser avaliada? Na escola, o grande temor dos estudantes é o dia da avaliação e, quando profissionais, muitos temem em saber que vão ser submetidos ao processo de avaliação de desempenho. É interessante porque, mesmo em empresas sem esse processo formalizado, existe, de maneira implícita, a temida avaliação! Nesse caso, ela poderá tornar-se injusta, já que não está baseada em critérios definidos pela organização, estando, muitas vezes, associados à percepção de cada gestor, sobre o que é ou não considerado um bom desempenho. A avaliação de desempenho é uma técnica muito antiga, mas ainda pouco utilizada nas organizações. Muitos podem ser os motivos, mas é fato que se trata de um processo extremamente benéfico para a organização e os trabalhadores, pois torna o processo mais transparente e idôneo, facilitando inclusive o planejamento de carreiras e os relacionamentos. Define-se, pois, a avaliação de desempenho como um procedimento sistemático que aprecia não só o desempenho de cada pessoa no cargo, como também seu potencial de desenvolvimento. As empresas devem definir, com clareza, os indicadores que pretende avaliar. Essa definição poderá ser feita pela 100 Unidade IV Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 direção, pela área de gerenciamento de pessoas e/ou por uma comissão. Atualmente, as empresas não adotam uma postura centralizadora, em que apenas a direção define os indicadores, mas, sim, uma comissão. Os indicadores são específicos de cada empresa, pois correspondem à sua expectativa para com seus trabalhadores e está em sintonia com sua política, missão e objetivos. Podemos citar como exemplo de indicadores: trabalho em equipe, assiduidade e produtividade. Lembrete A empresa deve definir, explicitamente, o que ela considera trabalho em equipe, assiduidade, produtividade e todos os demais critérios que julga importante para a avaliação de desempenho de seus trabalhadores. A seguir, algumas recomendações importantes sobre os indicadores. Os indicadores devem ser sistêmicos, visualizando a empresa em um conjunto homogêneo e integrado que privilegia seus aspectos relevantes. • Devem também ser escolhidos em conjunto para evitar distorções e não desalinhar outros critérios de avaliação. • Devem ser: — indicadores financeiros; — indicadores ligados ao cliente; — indicadores internos; — indicadores de inovação. • Devem basear-se em índices objetivos de referências, como: — indicadores de desempenho global (mercado e empresa); — indicadores de desempenho grupal (equipe); — indicadores de desempenho individual (de cada trabalhador). • Devem levar em conta o contexto geral (índices internos e externos à empresa): — índices de ordem econômica; — aspectos importantes do mesmo ramo de negócio. • Deve ser um elemento integrador das práticas de gerenciamento de pessoas: — provisão (recrutar e selecionar); 101 Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 GERENCIAMENTO DE PESSOAS — recompensa (remuneração e benefícios sociais); — desenvolvimento (treinamento); — manutenção (segurança, higiene, qualidade de vida no trabalho e relações sindicais); — monitoração (banco de dados e sistema de informação gerencial). A avaliação de desempenho deve atuar como forma de retroação às pessoas, abrangendo a competência pessoal, a competência tecnológica, a competência metodológica e a competência social. Cada empresa deverá definir a metodologia mais apropriada, estando essa definição muito relacionada à sua forma de gestão. Por exemplo: uma empresa centralizadora adotará metodologia centralizadora, assim como a avaliação feita somente pelo superior imediato ou por uma comissão. Algumas empresas tornam esse processo mais democrático e utilizam metodologias mais participativas, nas quais o próprio trabalhador avalia o seu desempenho. 7.2.6 Metodologias • Autoavaliação: avaliação feita pelo trabalhador, com base nos critérios, previamente, definidos pela organização, com o auxílio de seu superior. • Avaliação feita pelo superior imediato: avaliação feita pelo superior imediato,conta com o auxílio da área de Gerenciamento de Pessoas para realizar o planejamento e acompanhamento de melhorias. • Avaliação feita pelo trabalhador e seu superior: avaliação feita pelos envolvidos diretamente no desempenho de cada pessoa, ou seja, pelo próprio trabalhador e pelo seu superior, num processo de troca e complementação. Muito utilizada nas empresas. • Avaliação feita pela equipe de trabalho: a equipe de trabalho realiza a avaliação de cada um de seus membros e planeja estratégias de melhorias. • Avaliação para cima: a equipe avalia seu superior e proporciona-lhe um feedback sobre seu desempenho e deste sobre o desempenho da equipe. 7.2.7 Tendências para avaliações de desempenho Os novos métodos caracterizam-se por uma colocação totalmente inovadora, focada na autoavaliação e autodireção das pessoas, numa participação maior do trabalhador no planejamento de desenvolvimento pessoal e focada no futuro e na melhoria contínua do desempenho. a. Avaliação Participativa por Objetivos (APO) É um sistema democrático, participativo, envolvente e motivador, que proporciona retornos tanto para a organização como para as pessoas envolvidas, baseando-se na formulação de 102 Unidade IV Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 objetivos consensuais. Prima pelo comprometimento pessoal quanto ao alcance dos objetivos conjuntamente formulados e pela negociação sobre a alocação dos recursos e meios necessários para o alcance dos objetivos. O desempenho é entendido como o comportamento do avaliado no sentido de efetivar o alcance dos objetivos formulados. Dessa forma, busca a constante monitoração dos resultados e comparação com os objetivos formulados, num processo de retroação intensiva e contínua avaliação conjunta. b. Avaliação dialógica É um processo amplo de interação em que avaliador e avaliado aprendem e crescem com autonomia, responsabilidade e competência. Compreende as seguintes etapas: identificação do que vai ser avaliado (constituição, negociação e estabelecimento de padrões); construção dos instrumentos de medida e avaliação; procedimento de medida e avaliação; análise dos resultados e tomada de decisão quanto aos passos seguintes. c. Feedback 360 graus É um conjunto de dimensões diferentes de avaliação, na qual se realizam os seguintes tipos de avaliação de um mesmo trabalhador: avaliação superior, avaliação invertida (avalia o próprio superior), autoavaliação e avaliação dos pares (colegas de função similar). Parte do princípio de que o feedback é um processo de mudança de comportamento pela comunicação a uma pessoa ou grupo, no sentido de fornecer-lhe informações sobre como sua atuação está afetando outras pessoas. Esses tipos de avaliação de desempenho são focadas no desempenho futuro, acreditando que é necessário um forte mecanismo de motivação por recompensas materiais e simbólicas. Têm como objetivo maior assegurar um desempenho conforme as necessidades da organização e os objetivos de carreira do avaliado. Primam pelo contrato de desempenho, que é um acordo negociado entre o avaliado e o avaliador quanto às responsabilidades de ambos, durante o período considerado, e as metas e objetivos que devem ser alcançados. 7.2.8 Etapas de uma avaliação de desempenho 1ª fase: treinamento em avaliação de desempenho (conscientização); 2ª fase: elaboração de métodos de avaliação de desempenho; 3ª fase: entrevistas de avaliação de desempenho; 4ª fase: apuração e tabulação de dados; 5ª fase: relatório final. 103 Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 GERENCIAMENTO DE PESSOAS 7.2.9 Métodos de avaliação de desempenho • Escalas Gráficas: método bastante utilizado e divulgado, considerado o mais simples. Realiza a avaliação por fatores predefinidos e graduados. • Método da Escolha Forçada: faz a avaliação por frases descritivas de alternativas de tipos de desempenho individual. O avaliador deve escolher, entre as frases apresentadas, qual se aplica ao desempenho do avaliado. • Método de Pesquisa de Campo: método pelo qual um especialista em avaliação de desempenho realiza entrevista com o superior do avaliado, buscando conhecer causas, origens e motivos do desempenho. • Método dos Incidentes Críticos: baseia-se em extremos (comportamento desejável ou indesejável), não considera o meio termo. Nesse método, o avaliador descreve os comportamentos positivos e negativos apresentados pelo avaliado. • Método de Comparação aos Pares: é realizada uma comparação entre os comportamentos dos trabalhadores (de dois em dois). • Método de Frases Descritas: o avaliador escolhe, numa lista previamente preparada, as frases que correspondem ao desempenho do avaliado e aquelas que estão relacionadas ao comportamento que ele não apresenta. O guru de administração, Tom Peters (2000), acredita que os seguintes itens podem contribuir para a avaliação de desempenho: • deve ser constante; • demanda tempo; • poucas categorias de avaliação; • redução da complexidade dos procedimentos e formulários de avaliação formal; • objetivos claros e específicos; • decisões de retribuição salarial devem sem conhecidas por todos; • o bom desempenho deve ser publicamente comemorado. Vale lembrar que a avaliação de desempenho pode ser um instrumento riquíssimo para a gestão dos recursos humanos na organização, caso não seja usada como “caça às bruxas” e forma de retaliação. Portanto, ao adotar esse subsistema de aplicação de pessoas, procure utilizar um método interessante para sua empresa e de um tipo de avaliação que agregue valor à organização e aos seus trabalhadores. 104 Unidade IV Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 Saiba mais Acesse o site <www.catho.com.br> e faça uma pesquisa salarial on-line. Veja em <http://www.rhportal.com.br/artigos/wmview.php?idc_cad=asc 7qeatk> um modelo de norma para cargos e salários. 7.3 Subsistema de desenvolvimento de recursos humanos Você acredita que uma pessoa pode ser feliz, de verdade, trabalhando na mesma coisa desde seu primeiro dia trabalho até o último em sua vida útil? Você gostaria de ser esta pessoa? Isto não lhe pareceria uma condenação? Ou uma consequência da pessoa ter mantido apenas suas capacidades iniciais sem nada incorporar? O subsistema de desenvolver pessoas é uma das áreas estratégicas do Gerenciamento de Pessoas; entretanto, em algumas organizações, ela não vem recebendo a devida atenção. Como está essa área na organização em que você trabalha? Você já observou por que algumas organizações, quando têm que reduzir custos, esse é um dos segmentos mais afetados? Algumas empresas não percebem o quão relevante é investir em qualificação profissional, além de não perceberem que treinamento não é custo, mas sim, investimento. Quantas empresas não têm onerosos prejuízos com profissionais não habilitados a exercer alguma atividade ou manusear um equipamento? Por exemplo, numa grande indústria do segmento têxtil, um equipamento de alto custo foi quebrado várias vezes por profissionais que não sabiam manuseá-lo. Um simples treinamento resolveu esse obstáculo, e os trabalhadores passaram a sentir-se mais seguros e confiantes no exercício de suas atividades. É necessário refletir sobre a situação, visto que o preparo do profissional para essa nova realidade do mercado laboral, em que aprendizado contínuo e treinamento integrado aos negócios são elementos primordiais, tanto para o profissional como para a organização. É um processo de mão dupla, pois ambos saem ganhando: a organização, porque tem um profissional qualificado, e o trabalhador, porque agrega maisvalor à sua empregabilidade. No que diz respeito à empregabilidade, podemos refletir sobre a estabilidade no emprego, que foi bruscamente rompida até mesmo no setor público, e sobre o profissional que precisa investir em planos de gestão de carreira e constantemente aperfeiçoar-se, sem perder de vista sua área de atuação. O profissional precisa fazer diferença, ser essencial para aumentar sua empregabilidade e contribuir de forma significativa para o seu crescimento e o da empresa na qual trabalha. Vale ressaltar que existe uma pequena diferença entre treinamento e desenvolvimento de pessoas. Treinamento é focado no presente, busca melhorar habilidades e capacidades relacionadas ao 105 Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 GERENCIAMENTO DE PESSOAS desempenho do cargo atual; já desenvolvimento de pessoas está mais voltado para o futuro, buscando o desenvolvimento de habilidades e capacidades para o desempenho de cargos futuros. Na verdade, são processos complementares, nos quais a organização deve focar sua atenção. Desenvolver os recursos é uma atividade estratégica que algumas poucas organizações fazem com primazia enfocando: treinamento, desenvolvimento de pessoal e desenvolvimento operacional. Representam os investimentos que a empresa faz para que seus colaboradores tornem-se melhores. Chiavenato (2004) desenvolve toda sua teoria pautado nas premissas: pessoas têm enorme capacidade para aprender novas habilidades, captar informações, adquirir novos conhecimentos, modificar atitudes e comportamentos, bem como desenvolver conceitos e abstrações. O treinamento é a principal ferramenta para o desenvolvimento organizacional, porque ele lida com o prazer que as pessoas manifestam ao encontrarem a oportunidade para serem mais do que são. É um processo educacional que evoluiu muito nos últimos anos. Para levantar as necessidades de treinamento, pode-se lançar mão de diferentes meios: • avaliação de desempenho; • observação; • questionários; • solicitações dos supervisores e gerentes; • entrevistas com supervisores e gerentes; • reuniões interdepartamentais; • exame de empregado; • modificações no trabalho; • entrevistas de desligamento; • análises de cargo; • relatórios periódicos; • benchmarking. Chiavenato (2004) descreve que a programação do treinamento é fundamental para seu êxito, mas que, para alcançá-la, alguns pontos devem ser considerados com extrema atenção: • abordagem de uma necessidade específica de cada vez; • definição clara do objetivo do treinamento; • divisão do trabalho a ser desenvolvido em módulos, pacotes ou ciclos; • determinação do conteúdo do treinamento; 106 Unidade IV Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 • escolha dos métodos de treinamento e da tecnologia disponível; • definição dos recursos necessários para a implementação do treinamento, como tipo de treinador, ou instrutor, recursos audiovisuais, máquinas, equipamentos ou ferramentas necessárias, materiais, manuais etc.; • definição do público-alvo: número de pessoas, disponibilidade de tempo, grau de habilidade, conhecimentos e tipos de atitude, características pessoais e de comportamento; • local onde será efetuado o treinamento, considerando as alternativas: no cargo, fora do cargo, mas na empresa e fora da empresa; • época ou periodicidade do treinamento, horário ou ocasião propícia; • cálculo da relação custo-benefício do programa; • controle a avaliação dos resultados para verificação de pontos críticos que demandem ajustes e modificações no programa para melhorar sua eficácia. 7.3.1 Objetivos do treinamento Os principais objetivos do treinamento são: • captação de recursos humanos para a execução imediata de várias atividades próprias da organização; • oferecer oportunidades para a qualificação das pessoas, não somente visando a sua atual função, mas também possíveis funções que possam a vir exercer futuramente; • facilitar o processo de mudança de atitude das pessoas, com vistas a criar um clima mais satisfatório entre os trabalhadores; • aumentar a motivação dos trabalhadores e torná-los mais abertos e receptivos às técnicas de supervisão e gerência. Os objetivos do treinamento podem ser mensuráveis (horas de treinamento, por exemplo) ou não quantificados; no entanto, o que realmente importa, para sua plena e eficaz efetivação, é que ele encaminhe as ações elaboradas no plano de formação dos trabalhadores, estando sempre em coerência com a missão, a filosofia e os objetivos da organização. De uma forma geral, os objetivos de capacitação refletem as mudanças sociais, econômicas e tecnológicas por que o mercado, onde a empresa atua, passa, exigindo assim a efetivação de planos de formação e aperfeiçoamento profissional flexíveis, dinâmicos e atualizados. 7.3.2 Métodos de treinamento e desenvolvimento Vale ressaltar que treinar implica desenvolver dentro do moderno gerenciamento de pessoas; portanto, está intimamente relacionado com educação. Alguns métodos podem ser utilizados nesse processo, como: 107 Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 GERENCIAMENTO DE PESSOAS • rotação de cargos: espécie de rodízio entre cargos variados; • posições de assessoria: o trabalhador dá assessoria em algumas áreas, o que permite a troca de aprendizado; • aprendizagem prática: o trabalhador é colocado diretamente no novo posto de trabalho e aprende com a prática; • participação em cursos e seminários externos: aquisição de novos conhecimentos teóricos de forma pontual; • exercícios de simulação: são criadas situações hipotéticas para serem resolvidas na prática como forma de aprendizado; • treinamento fora da empresa: aquisição de novos conhecimentos teóricos de forma mais continuada do que cursos e seminários; • estudo de casos: são criadas situações hipotéticas para serem resolvidas como forma de aprendizado; • jogos de empresa: situações lúdicas, das quais emergem aprendizado para o dia a dia da organização; • centros de desenvolvimento internos: ambientes de aprendizado continuado, específico para determinada organização. 7.3.3 Etapas de um programa de treinamento e desenvolvimento Executar um programa de treinamento e desenvolvimento requer cuidados específicos, pois, geralmente, envolve grande dispêndio de recursos financeiros e materiais. Portanto, o planejamento de um programa de treinamento é indispensável. Envolve as seguintes etapas: 1. Identificar o cliente. Caso o programa esteja sendo realizado por uma consultoria externa, verifique se ela realmente é especializada na temática em que deseja trabalhar e solicite que o programa seja adequado à realidade de sua organização. 2. Levantamento de Necessidades de Treinamento (LNT): trata-se do levantamento das reais necessidades de treinamento de cada área da organização. Para tal procedimento, a descrição de cargos é extremamente importante, pois poderá ser utilizada como um referencial para confrontar as reais necessidades do cargo e as habilidades que seu ocupante possui; ao se constatarem déficits, deve-se investir em treinamento. Esse levantamento geralmente é feito pelo gestor de cada área com assessoria da área de gerenciamento de pessoas. Sua periodicidade é semestral ou anual, dependendo de cada organização. 3. Diagnosticar o entrave: verificar em quais áreas, segmentos e/ou funções há maior necessidade de qualificação. 108 Unidade IV Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 4. Elaborar um programa de treinamento: a) Público-alvo:é necessário que se defina com clareza quem serão as pessoas a serem treinadas e que sejam adequadas à linguagem e metodologia do treinamento. b) Objetivos: devem ser claramente explicitados para todos os envolvidos (organização, instrutores e treinandos). c) Definição dos temas: está relacionada aos objetivos do treinamento e é um desdobramento desses. d) Metodologia: forma como será transmitido um treinamento. De fundamental importância, pois será crucial no nível de aprendizado. e) Processos e técnicas: são recursos utilizados para dinamizar o treinamento e facilitar o aprendizado, como as dinâmicas de grupo. g) Tempo e custo: deverá ser estimado com precisão o tempo necessário para realizar um determinado treinamento, levando em conta os seus objetivos. O custo é fundamental para dar clareza à organização do valor a ser dispendido. É importante que se faça uma análise do custo e benefícios que a organização terá. 5. Convocação dos treinandos: é necessário que cada treinando saiba por que está sendo convidado a realizar o treinamento, pois daí dependerá sua abertura para o aprendizado. 6. Os instrutores: a escolha dos instrutores é de extrema relevância, pois um instrutor inapto poderá comprometer todo o aprendizado. 7. Executando um programa de treinamento: trata-se dos procedimentos práticos para a realização do próprio treinamento, como a organização de sala e de recursos materiais. 8. Avaliação os resultados: muitas vezes esquecida ou ignorada, essa etapa é fundamental para verificar a eficácia do treinamento, também para rever possíveis entraves transcorridos no processo e evitá-los futuramente. Para Dutra (1996), a carreira pode ser definida como sequências de posições ocupadas e trabalhos realizados durante a vida de uma pessoa, envolvendo vários estágios de transição diretamente relacionados com necessidades, motivos, aspirações individuais, expectativas e imposições da organização e da sociedade. De acordo com Bateman (1998), a gestão de carreiras passou por mudanças significativas com o fim da relação estável e o alto grau de diversidade de carreiras na sociedade do conhecimento, influenciando sobremaneira os cargos. Como afirma Dutra (1996), gerenciar a carreira passou a ser um ponto de controvérsia entre a organização e o indivíduo. No entanto, esse autor acredita que o termo gerenciar carreira é identificar traços, valores e perspectivas individuais, estabelecer metas de realização e metas 109 Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 GERENCIAMENTO DE PESSOAS de desenvolvimento, que assegurem um desenvolvimento adequado a cada etapa da vida. Afirma, ainda, que é preciso planejar cada etapa de acordo com suas características específicas, considerando a preservação da saúde, da capacidade física e mental, a vida familiar e as demandas financeiras. Saiba mais Leia a revista T&D Inteligência Corporativa, publicação oficial do ASTD Global Network – Brazil e capítulo brasileiro da American Society for Training and Development – ASTD. Essa publicação é pensada e editada para ajudar os gestores na tomada de decisões e nas suas ações do dia a dia em busca de resultados que contribuam para a competitividade e a inovação empresarial. 7.4 Subsistema de manutenção de recursos humanos Já pensou em treinar alguém e esta pessoa ir embora da empresa logo em seguida? Mas, em contrapartida, já pensou se você não treinar a pessoa e ela resolver ficar na empresa? Todo o esforço por recrutar, selecionar, treinar e outros, envolvidos com o talento que a organização incorpora ao seu quadro, pode se perder muito facilmente e ocorre a cada dia, deixando perplexos aqueles que investiram suas expectativas nele. O subsistema de manutenção é aquele que trabalha mais focado na retenção dos talentos, pois abrange: remuneração, benefícios sociais, higiene e segurança do trabalho e relações sindicais, de acordo com Chiavenato (2004). Recompensas são oferecidas para: • aumentar a responsabilidade e a consciência do indivíduo e do grupo; • ampliar a interdependência para com terceiros e para com o todo; • ajudar a consolidar o controle que o todo exerce sobre seu próprio destino; O dinheiro pode ser efetivo instrumento motivador desde que seja percebido pelo colaborador como justo e equitativo em relação aos seus esforços. O salário, geralmente, é definido de acordo com a lei da oferta e da procura, ou seja: quanto mais escassa uma função é no mercado, mais valorizada ela é e vice-versa. A disponibilidade financeira da empresa pode vir a influenciar a forma como ela negocia os salários que disponibiliza, além da política adotada pela empresa para remunerar seu corpo funcional, por exemplo: se adota remuneração fixa ou variável. As empresas procuram definir uma remuneração justa para seus trabalhadores. Mas o que seria justo dentro de um sistema de produção capitalista, cuja maior valia é ponto de sobrevivência para as empresas? A grande maioria dos trabalhadores não está satisfeita com o salário que recebem e 110 Unidade IV Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 fazem um julgamento de que a empresa poderia melhorar a condição deles. Caso tenha alguma dúvida, faça uma pequena enquete com cinco trabalhadores do seu local de trabalho e pergunte a eles o que acham do salário que recebem. Além disso, há uma grande diferença entre “salário justo” e “salário compensador”. O primeiro é dimensionado em razão do esforço físico e intelectual empreendido pelo ocupante de determinado cargo para desempenhar suas atividades rotineiras. Já o segundo é o que vem a mais em relação ao “salário justo” e motiva a uma produtividade e comprometimento maior por parte do trabalhador. Para equilibrar essa relação entre salário como elemento de “justiça” e “motivação”, é necessário um amplo conhecimento de todos os cargos da organização, por isso, a administração de cargos auxiliará na composição da determinação salarial. Portanto, a organização deve considerar, na administração de salários, tanto seu equilíbrio interno como o externo. Nesse caso, a organização deverá definir qual a sua política: se pagará abaixo, acima ou na média de mercado. A representatividade do salário para o trabalhador está diretamente relacionada ao padrão de vida que levará. Para a organização, o salário representa tanto um custo – pois se reflete no custo final de seu produto ou serviço – como um investimento, aplicação financeira em trabalho que pressupõe um retorno maior pelo lucro. A seguir, algumas breves definições para elucidar conceitos: • salário: valor pago ao trabalhador pelo trabalho desenvolvido na organização; • remuneração: é o valor atribuído ao cargo (aqui incluído tanto o salário direto como o indireto); • salário direto: é o que o trabalhador recebe em dinheiro ao final do mês; • salário indireto: são os benefícios sociais recebidos pelo trabalhador e que se tornam um complemento, como: planos de saúde, tíquete-alimentação, entre outros; • salário nominal: é o salário bruto, sem descontos; • salário real: é o valor efetivamente recebido pelo trabalhador, já incluídos os descontos, tanto os previstos em lei como os específicos de cada organização, que devem ser acordados entre ela e seus trabalhadores. Assim, a remuneração é algo a mais do que o próprio salário, mas nem sempre os trabalhadores percebem isso ou a organização realiza um endomarketing (marketing interno) eficaz. Quanto a esse último ponto, afirma-se que algumas organizações deixam de utilizar-se dos benefícios sociais que disponibilizam como elemento motivador, perdendo, desse modo, um precioso espaço. Na determinação da política salarial, a organização e o trabalhador ganhamnos seguintes aspectos: • transparência na definição do salário a ser pago a cada trabalhador; • clareza quanto a sua posição perante a oferta de mercado; • equidade salarial; • equilíbrio entre custo e investimento; 111 Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 GERENCIAMENTO DE PESSOAS • influência positiva no clima organizacional; • transparência na política salarial. Lembrete A participação ativa do trabalhador nas decisões caracteriza a empresa adepta da gestão participativa, que deve acompanhar o sistema de remuneração variável, dotando os seus membros de influência tanto nas decisões quanto nos resultados. 7.4.1 Tendência da remuneração salarial Uma grande tendência na remuneração salarial é a remuneração variável. Seu objetivo pode ser definido como o alinhamento e a convergência de esforços para melhorar o desempenho da empresa. Esta deseja gerar a atitude da busca sempre contínua de melhorias, pelo vínculo entre desempenho e recompensa, e envolver o comprometimento do trabalhador nos momentos de risco e lucro da empresa. A remuneração por resultados consiste na fixação de uma meta e uma bonificação a ser recebida quando atendida essa meta, que é previamente negociada entre a empresa e seus trabalhadores, explica Zimpeck (1990). Para sua eficácia, é importante que seja claro o modelo matemático utilizado para a medição dos resultados, o que, consequentemente, justificará o pagamento da bonificação. O sistema não produzirá efeitos na motivação dos trabalhadores ou da equipe se as metas estabelecidas estiverem fora de seu alcance. Por esse motivo, é importante a sua participação tanto no estabelecimento das metas de desempenho quanto no estabelecimento da bonificação, que deve assumir um valor capaz de realmente recompensar os resultados considerados bons. A remuneração por resultados tem como objetivos: reforçar o espírito de equipe, trazer aos trabalhadores uma visão mais ampla do negócio, tornando-os mais influentes no processo de mudanças, pois está sempre pronto a criar novas soluções e alternativas de sucesso, defende Paschoal (1998). Já a participação nos lucros implica a divisão dos lucros da empresa com os trabalhadores, baseando-se numa determinada fórmula, sem que essa divisão seja resultado do atendimento de metas prefixadas. Na realidade, não existem metas de desempenho a serem alcançadas nesse modelo, consequentemente, não requer uma cultura de gestão participativa, explica Zimpeck (1990). Portanto, não fica explícita a ligação direta entre desempenho pessoal e o resultado alcançado pela empresa. A participação acionária oferece ao trabalhador copropriedade da empresa, possibilitando maior comprometimento, divisão de lucros e riscos e, consequentemente, uma visão maior do negócio. Os interesses do trabalhador e dos donos da empresa tornam-se similares, e seu foco direciona-se para a convergência de esforços na busca pelos mesmos resultados. 112 Unidade IV Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 7.4.2 Benefícios sociais Numa sociedade como a brasileira, que sofre de carências básicas como alimentação e saúde, os benefícios sociais oferecidos pelas organizações tornam-se elementos não só de recompensar pessoas, mas também de atração e manutenção no ambiente de trabalho. Os benefícios sociais podem ser classificados de várias maneiras. • Quanto à sua exigibilidade — Benefícios legais: exigidos pela legislação trabalhista ou previdenciária, ou ainda por convenção coletiva. Exemplos: 13º salário e férias. — Benefícios espontâneos: concedidos por deliberação da organização. Exemplos: gratificações e bônus. • Quanto à sua natureza — Benefícios monetários: concedidos em dinheiro pela folha de pagamento, geralmente, e que geram encargos sociais. Exemplos: férias e 13º salário. — Benefícios não monetários: benefícios não financeiros oferecidos pela prestação de serviços, vantagens ou facilidades aos trabalhadores que deles usufruem. Exemplos: refeitório e transporte. • Quanto aos seus objetivos — Benefícios assistenciais: têm como objetivo prover o trabalhador e, em alguns casos, sua família, de condições de segurança e previdência para imprevistos e/ou emergência. Exemplos: assistência médico-hospitalar e funerária. — Benefícios recreativos: visam proporcionar condições físicas e psicológicas de repouso, lazer e diversão. Exemplos: grêmio e áreas de lazer no intervalo do trabalho. — Planos supletivos: visam proporcionar facilidades, conveniências e utilidades para melhorar a qualidade de vida. Exemplos: horário flexível de trabalho, convênios com supermercados e outros. Muitas empresas adotam plano de benefícios sociais fixos, ou seja, já existe um plano previamente definido, e cabe ao trabalhador usufruir ou não dele. Já outras empresas vêm adotando uma metodologia inovadora e mais eficaz: é um plano de benefícios sociais, em que o trabalhador tem a opção de escolher o que mais se adequar à sua necessidade. Por exemplo: se um trabalhador já tem plano de saúde, ele pode optar pelo plano odontológico. Claro que são estabelecidos parâmetros de equivalência entre os benefícios para que, assim, um trabalhador não seja mais beneficiado do que o outro. Claro que o plano de benefícios tem a tendência de satisfazer às necessidades sociais, de autoestima e autorrealização. Mas, deve ter os seguintes princípios: retorno do investimento (devem trazer retorno à 113 Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 GERENCIAMENTO DE PESSOAS organização) e mútua responsabilidade (custeio compartilhado entre trabalhador e organização, pois, se não houver nenhum tipo de custeio por parte do trabalhador, pode vir a ser considerado, pela legislação trabalhista, como salário indireto e gerar complicações para a organização). Um plano de benefícios deve contemplar as seguintes etapas: estabelecimento de objetivos e estratégias de benefícios, envolvimento de todos os participantes, inclusive do sindicato, comunicação dos benefícios e monitoramento dos custos. O salário é importante, sim, mas um bom plano de benefícios sociais pode auxiliar muito na motivação e no comprometimento do trabalhador na organização. Nesse aspecto, cabe à área de gerenciamento de pessoas coordenar essa atividade, pesquisando tanto interna como externamente estratégias eficazes. 7.4.3 Segurança, saúde e qualidade de vida no trabalho Segurança, saúde e qualidade de vida no trabalho são fatores preponderantes para o trabalhador e a organização, pois visam criar condições físicas e psicológicas saudáveis para o pleno exercício das atividades laborais, também atender a responsabilidades legais e morais que a organização tem, assegurando um local de trabalho seguro. As atividades de segurança e saúde no trabalho são desenvolvidas, geralmente, por profissionais especializados e devidamente qualificados, como: técnico de segurança no trabalho, médico do trabalho, enfermeiro e/ou auxiliar de enfermagem do trabalho. Seguem uma legislação específica (Normas Regulamentadoras – NR), devendo o profissional de gerenciamento de pessoas ter noções sobre o assunto. No que diz respeito às questões relacionadas à qualidade de vida, são atividades e, na verdade, um estilo de gestão, que visa melhorar o ambiente de trabalho, as quais devem ser desenvolvidas por profissionais com foco em pessoas. Não devem ser uma atividade centralizada na área de gerenciamento de pessoas, que pode até ficar responsável por desenvolver estratégias de ação, mas sua aplicabilidade, e se possível até o seu planejamento, deve ser executada em parceria com os gestores de linha.Lembre-se de que criar um ambiente seguro tanto no aspecto físico como mental pode gerar alto custo, mas, com certeza, terá retorno garantido em forma de maior produtividade, qualidade, comprometimento e envolvimento. Assim, o subsistema de manutenção de pessoas tem como objetivo maior manter as pessoas no trabalho de maneira positiva tanto para o trabalhador como para a organização. Saiba mais O anuário de acidentes de trabalho é produzido sob um rigoroso controle técnico, com a participação de profissionais do Ministério da Previdência Social (MPS), do Ministério do Trabalho e Emprego e da Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social (Dataprev), podendo ser obtido na forma impressa ou eletrônica. 114 Unidade IV Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 Navegue pelo site <www.segurancaetrabalho.com.br>, o portal temático para segurança do trabalho, com informações técnicas e conteúdo eletrônico: biblioteca, enciclopédia da OIT e muito mais. 7.5 Subsistema de monitoração de recursos humanos Você já usou um carro cujo marcador de velocidade não estivesse funcionando? Já se sentiu mais quente que o normal sem um termômetro por perto que pudesse indicar qual a temperatura do corpo? Como são tomadas as decisões em situações como essa? Quais os riscos? Não se pode conduzir um equipamento complexo como um avião sem instrumentos que indiquem altitude, temperatura, velocidade, que não possua um bom rádio, radar e outros equipamentos indispensáveis. Assim é numa organização de grandes proporções. Um gestor de RH não poderá balizar suas iniciativas nem tampouco avaliar sua eficácia se não possui indicadores de desempenho. O subsistema de monitoração é composto por banco de dados e sistema de informações e auditoria de recursos humanos. Para Chiavenato (2004) o processo de controle é simples e permite ao gestor agir de forma equilibrada: • estabelecimento de padrões desejados; • monitoração de desempenho; • comparação do desempenho com os padrões desejados; • ação corretiva, se necessário. Observação Há um projeto de lei que proíbe os empregadores de monitorar seus empregados por meio de equipamentos de filmagem. O texto abre apenas duas exceções: por motivos de segurança patrimonial ou para estudo da segurança e saúde do trabalhador. Mesmo nesses casos, o monitoramento seria provisório e a divulgação das imagens proibida, salvo em investigações de órgãos públicos. 7.5.1 Sistemas de informações As comunicações internas são a mola mestra para a monitoração das pessoas, pois facilita os relacionamentos e dinamiza os processos, tornando-os mais eficientes e eficazes. Aos gestores de linha, cabe a missão de fomentar esse processo, pois, além de ser um elemento fundamental na execução das atividades organizacionais, é um instrumento básico para auxiliar na satisfação das necessidades humanas dos trabalhadores. 115 Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 GERENCIAMENTO DE PESSOAS Lembre-se de que, para o gestor de pessoas, o sucesso ou fracasso de um programa de gerenciamento de pessoas está diretamente relacionado à forma como o sistema de informação é planejado e desenhado. O sistema de informação de gerenciamento de pessoas é utilizado para coletar, registrar, armazenar, processar, analisar e dinamizar o acesso de seus dados. É disponibilizado por meios eletrônicos. Os principais objetivos do sistema de informação de gerenciamento de pessoas são: redução de tempo e custo no processamento da informação e dar suporte à tomada de decisão. Vale ressaltar que, atualmente, o sistema de informação de gerenciamento de pessoas não é mais restrito ao gestor dessa área, sendo, geralmente, disponibilizado para a alta direção, os gerentes de linha, e os trabalhadores de uma forma geral. As organizações monitoram pessoas, processos e máquinas, num seguimento cíclico e repetitivo, composto de quatro etapas: • estabelecimento de padrões desejados: a organização estabelece o padrão que ela tem como expectativa alcançar; • monitoração do desempenho: a organização acompanha o desempenho, tendo como balizador o padrão estabelecido previamente; • comparação do desempenho com os padrões desejados; • ação corretiva, caso haja necessidade. O sistema de informação de gerenciamento de pessoas poderá contemplar os seguintes pontos: • planejamento estratégico da área de gerenciamento de pessoas; • formulação de objetivos e planos de ação da área; • registros e controles de pessoal (terá como finalidade a elaboração da folha de pagamento e administração de benefícios); • emissão de relatórios variados sobre: remuneração, treinamentos, área médica e plano de carreiras; • emissão de relatórios sobre cargos e seções. Trata-se de um sistema integrado que contempla informações variadas, alimentadas por todos os demais subsistemas de gerenciamento de pessoas. O acesso a essas informações dependerá do nível de abertura da organização e de sua forma de gestão. • Sistema de informação gerencial Tem como objetivo básico facilitar a tomada de decisão pelo gestor de linha, haja vista que é planejado para colher, processar, armazenar e disseminar a informação. 116 Unidade IV Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 • Sistema de informação aos trabalhadores Informações disponibilizadas aos próprios trabalhadores a seu respeito, sobre o seu trabalho, cargo, departamento e da organização em que trabalham. • Sistema de monitoração de pessoas Vale ressaltar que, na maioria das organizações, atualmente, o controle das pessoas está deixando de ser basicamente externo, feito por punições, e baseando-se no conhecimento do trabalhador e na informação que ele tem como retroação de seu trabalho e contribuições à organização. É importante ressaltar que o monitoramento de pessoas nas organizações deve ser compreendido como uma forma de seguir, acompanhar, orientar e manter o comportamento dos trabalhadores dentro dos limites aceitáveis. Vamos deter-nos um pouco mais no que diz respeito à jornada de trabalho, ponto de extrema divergência e possível fonte de conflitos na organização. A jornada de trabalho é a determinação das horas que o trabalhador deve cumprir, devendo essa quantidade ser estabelecida no contrato individual de trabalho, atender à convenção coletiva e à legislação trabalhista. Na jornada devem ser contempladas as horas de entrada e saída (com limites de tolerância) e os intervalos para refeição e descanso. O cumprimento dessa jornada está diretamente relacionado com a produtividade, por isso o seu monitoramento é acompanhado de forma muito próxima pelos gestores. Com o objetivo de adequar a jornada de trabalho às suas necessidades e às conveniências de seus trabalhadores, algumas organizações adotam algumas medidas, como: criação de um calendário anual de trabalho, o estabelecimento de férias coletivas, semana de trabalho reduzida, horário flexível de trabalho, trabalho compartilhado (trabalho compartilhado entre duas ou mais pessoas), trabalho remoto (realizado em casa, mas conhecido como home office) e trabalho em tempo parcial. • Balanço social Documento que lista os investimentos realizados em benefícios para os trabalhadores da organização e a comunidade. Divulga a responsabilidade social (compromisso da organização para com a sociedade em geral) da organização. Pode ou não ser divulgado, depende da filosofia da organização. Geralmente, contempla indicadores laborais, indicadores sociais, indicadores do quadro funcional, projetos de educação e projetos relacionados à qualidade de vida. Contudo, o principalativo de uma organização é o capital intelectual, ou seja, é tudo o que você sabe. Assim, afirma-se que o subsistema de monitoramento de pessoas é alimentado pelos demais subsistemas de gerenciamento de pessoas e deve ser utilizado como um aliado dos trabalhadores, e não como uma forma de controle. 117 Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 GERENCIAMENTO DE PESSOAS Saiba mais Leia o artigo de Alessandri Campos Vilanova e Silva intitulado “Processos de gestão de pessoas”. Disponível em: <http://www.administradores.com.br/informe-se/artigos/processos- de-gestao-de-pessoas/33239/> 8 DIFICULDADES BÁSICAS NA ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS Se tens dificuldade em cumprir um intento, não penses logo que seja impossível para o homem; pensa quanto é possível e natural para ele, e que também pode ser alcançado por ti. Marco Aurélio Você cursa Gestão de Recursos Humanos e uma hora vai assumir o RH de alguma empresa. Você já pensou nisso? Tem ideia de quais serão seus primeiros desafios? Quais serão seus maiores desafios? Não é simples gerenciar pessoas. Há quem diga que basta gostar de pessoas para bem fazê-lo. Mas lidar com as pessoas é muito desafiante, pois começa com o desafio de lidar internamente com cada um de nós. Kwasnicka (1995) aponta que os fatores de diferenciação na política de pessoal agravam a complexidade da gestão: • diferenças entre ambientes empresariais; • diferenças entre objetivos empresariais; • diferenças entre tecnologias empregadas; • diferenças de mercado de mão de obra. Caso todas as empresas fossem iguais, RH poderia ser uma ciência e, desta forma, os processos que se reproduzissem também reproduziriam os mesmo resultados. Mas, conforme descreve a autor, há ambientes empresariais em que reina a competitividade, em que há cultura para os dribles às questões trabalhistas e outras peculiaridades. Há empresas que mergulham seu pessoal em uma aventura pela escalda ao topo da participação de mercado. Ela pode ser extremamente saudável, mas, seja como for, exigirá do RH esforços sem limite para atrair, reter e desenvolver talentos nessa perspectiva. Empresas altamente modernizadas, como a Petrobras, precisam de uma força de trabalho que não está disponível ao ritmo de crescimento da companhia e os profissionais de RH. Em situações como essa, precisa se desdobrar para manter o quadro completo. 118 Unidade IV Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 Outro enorme desafio é iniciar operações em locais muito diferentes um do outro, como as regiões Sul e Norte do Brasil, onde as características para a força de trabalho são muito diferentes. Cada planta terá particularidades que tornarão quase impossível a aplicação de uma prática comum a ambas. Lembrete Ao enfrentar dificuldades para atingir um objetivo, não pense logo que ele seja impossível; pense que, se for possível para o ser humano, você também pode alcançá-lo. 8.1 Função de Staff da ARH Todas as operações de negócios podem ser resumidas em três fatores: pessoas, produtos e lucros. As pessoas vêm em primeiro lugar. Se você não tiver uma boa equipe não poderá fazer muito com o resto. Lee Iacocca Há quem professe que por trás de um grande homem há sempre uma grande mulher. Você acredita nisso? As pessoas precisam de outras, como suporte, para que suas ações se sustentem? Qual o valor daquela pessoa nos bastidores? Staff significa apoio. É comum se destacar a área de Recursos Humanos para que funcione como apoio às demais até por sua natureza. Tudo continuaria sempre assim não fosse a vantagem competitiva das organizações passar a residir mais constantemente nas mãos das pessoas. Em empresas de serviços em que essa ocorrência é mais comum, ao invés de significar “apoio”, a área de RH é a principal, a base da estratégia. Quando reunimos pessoas formamos um grupo. Somente um trabalho estruturado, consciente e muito profissional pode transformar este grupo em uma equipe, com metas comuns, todos numa mesma direção otimizando assim seus esforços. A característica individualista que está presente neste modelo de liderança faz do trabalho uma tarefa solitária. Não há cooperação, cada um realiza seu trabalho de forma solitária sem nenhum tipo de interação com o grupo. O espírito de trabalho em equipe é substituído por uma acentuada divisão de tarefas, muitas vezes independentes, o que causa um distanciamento natural entre os membros do grupo. Outro ponto negativo e que não poderemos deixar de citar é quanto à separação clara entre os níveis hierárquicos dos funcionários, privilegiando aos que são de “linha”, em detrimento aos funcionários de staff. De acordo com a teoria clássica de administração (Fayol, 1994), na organização linear os órgãos de linha, ou seja, os órgãos que compõem a organização, seguem rigidamente o princípio escalar (autoridade 119 Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 GERENCIAMENTO DE PESSOAS de comando). Porém, para que os órgãos de linha possam executar suas atividades especializadas, tornam-se necessários órgãos prestadores de serviço especializados, como assessoria, recomendações, conselhos, e outros. Esses não obedecem ao conceito de princípio escalar nem possuem autoridade de comando. Tais serviços e assessorias não podem ser impostos obrigatoriamente aos órgãos de linha, mas simplesmente oferecidos. Sua autoridade – chamada de autoridade de staff – é simplesmente autoridade de especialista e não autoridade de comando. 8.2 Centralização e descentralização da ARH Quem manda mais em sua casa? Tudo se concentra em você para que seja decidido ou você compartilha as decisões com outras pessoas? Em quais outros lugares você toma decisões? Como elas são tomadas? Atualmente, as empresas mais modernas e com visão estratégica estão revendo seus posicionamentos e descentralizando as atividades de gerenciamento de pessoas. No início, isso gerou certo mal-estar entre os profissionais da área de Gerenciamento de Pessoas, pois se vislumbrava que ela estaria em extinção e seus representantes estariam perdendo campo de trabalho. Qual o profissional dessa área que nunca se assustou ao ler um artigo sobre o fim da área de RH? A tomada de decisões está descentralizada e não existe mais o monopólio do Gerenciamento de Pessoas sobre as estratégias de ação com relação aos trabalhadores. O importante agora é compartilhar decisões. O Gerenciamento de Pessoas atua mais como uma consultoria interna, dando suporte às demais áreas da organização. Nesse novo cenário, os gestores de pessoal são os próprios gerentes de linha. Você pode perguntar: e a área de Gerenciamento de Pessoas vai acabar? Isso vai depender muito da sua forma de conduzir as coisas! Claro que espaço há e muito. Ainda continuaremos a ter os especialistas de Gerenciamento de Pessoas, profissionais qualificados para dar suporte aos gestores de linha, haja vista que estes são os responsáveis diretos pelo desempenho de sua equipe. Ocorre que, muitas vezes, pode existir um conflito entre o especialista de Gerenciamento de Pessoas e o gestor de linha. Às vezes, podem discordar sobre pontos de vista, formas de disciplina e forma de conduzir um problema, entretanto ambos devem compreender que fazem parte de um conjunto e precisam somar esforços para solucionar possíveis impasses. Além disso, vale lembrar que nas organizações de pequeno porte, e em algumas de médio porte, não existe a especialidade de Gerenciamento de Pessoas, cabendo aos gestores de linha, exclusivamente, a execução das atividades relacionadas às pessoas. À medida que a organização vai crescendo, aumentaa demanda por uma abordagem mais complexa nas atividades de Gerenciamento de Pessoas, sendo delegadas a especialistas, que devem assessorar e dar consultoria interna às demais áreas, conforme mencionamos anteriormente. O movimento de centralização e descentralização é cíclico, com aspectos regionais e setoriais. Este movimento pode representar, em primeira análise, a perda de poder e controle por parte do gestor interno. Dependendo da orientação da empresa em função dos elementos mais fortes no ambiente, sua orientação mais produtiva ou a escassez de mão de obra poderão orientar sua opção. 120 Unidade IV Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 Centralizar é a opção de muitas empresas, especialmente as mais novas e apresenta as seguintes vantagens e desvantagens: • Vantagens — especialistas reunidos em um só órgão; — a especialização é estimulada; — dentro do departamento, manifesta-se elevada integração; — delimita-se a área de gerenciamento de pessoas; — dá-se ênfase à funções, tarefas e atividades da área; — ideal para empresas de pequeno porte. • Desvantagens — concentração de decisões no staff da área; — monopólio e exclusividade das decisões e execução no staff da área; — práticas muito homogêneas e padronizadas – burocráticas; — o status quo é mantido e conservado; — o foco da ação é distante; — administração autoritária e autocrática. De acordo com o exposto, fica explícito que a descentralização é bem mais vantajosa tanto para os especialistas da área de Gerenciamento de Pessoas, como para os gestores de linha. Não precisa haver esse temor de que a área vai acabar e perderemos nosso campo de atuação! Basta desenvolvermos um trabalho atuante, participativo, criativo e em sintonia com a missão e política da organização. Vejamos a história abaixo e reflitamos sobre o assunto: Conta uma velha história popular que um especialista em grandes construções prediais, em visita a uma cidade, deparou-se com uma imponente construção. Curioso por conhecer as minúcias do trabalho, aproximou-se e perguntou ao primeiro trabalhador à vista o que ele estava fazendo. Cansado, abatido e muito suado, o trabalhador respondeu-lhe, sem sequer lhe dirigir o olhar, que estava quebrando uma pedra maldita. Insatisfeito com a resposta, o especialista aproximou-se de outro trabalhador e repetiu a pergunta. Deste obteve a resposta de que estava preparando pedras para uma construção, mas não entrou em detalhes. Ainda insatisfeito com as respostas obtidas, o especialista procurou o terceiro trabalhador que encontrou. Este estava cantarolando uma melodia, parecia alegre e respondeu-lhe com entusiasmo e orgulho que estava ajudando a construir a catedral da cidade, o que se tratava de um grande empreendimento para o país. 121 Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 GERENCIAMENTO DE PESSOAS Interessante, não é? Todos os três trabalhadores executavam a mesma atividade, mas tinham uma percepção diferente sobre o que faziam. É exatamente nessa percepção mais ampla, na motivação, no comprometimento e no envolvimento do trabalhador, que, tanto a área de Gerenciamento de Pessoas como os gestores de linha devem somar esforços para que possam contribuir efetivamente com a construção de um ambiente de trabalho mais prazeroso e alinhem os objetivos individuais aos organizacionais e vice-versa. Quando a opção é pela contratação de terceiros, as decisões passam a ser mais compartilhadas e o Gerenciamento de Pessoas atua mais como uma consultoria interna dando suporte às demais áreas da organização. • Vantagens — ações e decisões compartilhadas e tomadas pelos gestores de linha; — não há monopólio das decisões relacionadas às pessoas; — adequação das práticas às necessidades individuais; — foco no cliente interno, a área de gerenciamento de pessoas atua com consultoria interna; — favorece a administração compartilhada e participativa. • Desvantagens — pode haver uma perda de fronteiras e limites da área de gerenciamento de pessoas; — pode haver uma dispersão dos especialistas da área de gerenciamento de pessoas; — a terceirização de algumas atividades burocráticas é necessária. Lembrete O movimento de centralização e descentralização é cíclico, com aspectos regionais e setoriais. Resumo Chiavenato (2004) descreve os sistemas de provisão como os responsáveis pelo ingresso de pessoas na organização. Envolve: pesquisa de mercado, recrutamento, seleção bem como a integração de pessoas à organização. A eficácia é encontrada por meio da identificação, atração e retenção do talento visado. Encontrar talentos no mercado significa explorar o ambiente organizacional em termos de: espaço, tempo e lei da oferta e procura. 122 Unidade IV Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 O recrutamento pode ser de três tipos básicos: externo, interno ou misto. O primeiro trata da busca de candidatos no mercado de trabalho. O segundo refere-se à busca de atração de candidatos na própria empresa, ou seja, é permitido aos colaboradores ascender a cargos mais elevados. O terceiro é a combinação dos dois primeiros tipos: a mescla de candidatos que provém do mercado de trabalho e da própria empresa. Os procedimentos básicos do processo seletivo são: descrição e análise do cargo (na descrição são analisados o que o ocupante faz, quando, como e por que faz; na análise são vistos os requisitos mentais e físicos, as responsabilidades envolvidas e as condições de trabalho), as técnicas de seleção (entrevista, testes de conhecimentos ou de capacidades, testes psicométricos, testes de personalidade, dinâmicas de grupo e grafologia), avaliação e pareceres finais, controle da seleção (adaptação do novo empregado à empresa e vice-versa, análise, acompanhamento e avaliação do período probatório). O objetivo principal da Administração de Cargos é descrever e analisar os cargos, com o intuito de especificar características, habilidades e conhecimentos que uma pessoa precisa ter para ocupar tal cargo e, assim, a organização tem como melhor os administrar. Os novos métodos para avaliações de desempenho caracterizam- se por uma colocação totalmente inovadora, focada na autoavaliação e autodireção das pessoas, numa participação maior do trabalhador no planejamento de desenvolvimento pessoal e focada no futuro e na melhoria contínua do desempenho. Todo o esforço por recrutar, selecionar e treinar pode perder-se muito facilmente. O subsistema de manutenção é aquele que trabalha mais focado na retenção dos talentos pois abrange: remuneração, benefícios sociais, higiene e segurança do trabalho e relações sindicais. Exercícios Questão 1. Leia o texto: A empresa Monsanto utiliza um programa que pode ser classificado como remuneração variável, pois os seus 660 funcionários participam de um jogo desafiador. Grupos de 10 a 12 trabalhadores de diversas áreas e níveis hierárquicos reúnem-se para definir as metas de cada uma das unidades. Batizadas de design teams, essas equipes decidem tudo, da forma de pagamento até os participantes do programa. Só há uma regra predefinida: sem lucro, não há prêmio. 123 Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 GERENCIAMENTO DE PESSOAS Porque A política de remuneração salarial variável visa ao alinhamento e à convergência de esforços para melhorar o desempenho da empresa, que deseja gerar atitude de busca contínua de melhorias pelo vínculo entre desempenho e recompensa. A respeito dessas duas afirmações, é correto afirmarque: A) As duas afirmações são verdadeiras, e a segunda não justifica a primeira. B) As duas afirmações são verdadeiras, e a segunda justifica a primeira. C) A primeira afirmação é verdadeira, e a segunda é falsa. D) A primeira afirmação é falsa, e a segunda é verdadeira. E) As duas afirmações são falsas. Resposta correta: alternativa B. Justificativa: Verifica-se que a afirmativa “A empresa Monsanto utiliza um programa que pode ser classificado como remuneração variável, pois os seus 660 funcionários participam de um jogo desafiador. Grupos de 10 a 12 trabalhadores de diversas áreas e níveis hierárquicos reúnem-se para definir as metas de cada uma das unidades. Batizadas de design teams, essas equipes decidem tudo, da forma de pagamento até os participantes do programa. Só há uma regra predefinida: sem lucro, não há prêmio.” é verdadeira, pois a remuneração por resultados, praticada pela Monsanto, é uma das modalidades da remuneração variável e, conforme se pode analisar no livro-texto, consiste na fixação de uma meta e uma bonificação a ser recebida quando atendida essa meta, previamente negociada entre a empresa e seus trabalhadores, conforme explica Zimpeck (1990). Para sua eficácia, é importante que seja claro o modelo matemático utilizado para a medição dos resultados, o que, consequentemente, justificará o pagamento da bonificação. O sistema não produzirá efeitos na motivação dos trabalhadores ou da equipe se as metas estabelecidas estiverem fora de seu alcance. Por esse motivo, é importante a sua participação tanto no estabelecimento das metas de desempenho quanto no estabelecimento da bonificação, que deve assumir um valor capaz de realmente recompensar os resultados considerados bons. Quanto ao fato da primeira situação ocorrer porque “A política de remuneração salarial variável visa ao alinhamento e à convergência de esforços para melhorar o desempenho da empresa, que deseja gerar atitude de busca contínua de melhorias pelo vínculo entre desempenho e recompensa.” também é verdadeira, pois a política de remuneração variável reforça o espírito de equipe, propiciando aos trabalhadores uma visão mais ampla do negócio, tornando-os mais influentes no processo de mudanças, à medida que está sempre pronto a criar novas soluções e alternativas de sucesso do negócio, vitalizando o processo de melhorias contínuas. Esse processo direciona todos os colaboradores para a busca de melhores resultados, o que lhes proporcionará mais satisfação, além de maior remuneração. 124 Unidade IV Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 Questão 2. Entre os pilotos que compõem o quadro da Cia. Aérea Lunar, alguns têm demonstrado desempenho acima da média. Para esses, o departamento de Recursos Humanos (RH) resolveu estabelecer um plano de recompensas diferenciado daquele utilizado para o restante da Companhia. Celso, analista de RH, fez um levantamento das diferentes estratégias para recompensar esse grupo de pilotos. Quais das estratégias de recompensa relacionadas abaixo são mais indicadas para esse caso? A) Aquelas que estão diretamente vinculadas ao critério dos objetivos de realização empresarial, aliadas ao tempo de serviço no cargo. B) Aquelas que atingem indivíduos de desempenho acima do esperado, sem que o tempo de serviço seja levado em conta. C) Aquelas que contemplam resultados globais, perceptíveis, porém impossíveis de serem quantificados. D) Aquelas que contemplam resultados setoriais, perceptíveis, porém impossíveis de serem quantificados. E) Aquelas que se referem aos indivíduos de desempenho acima do esperado e que trabalham há mais tempo na empresa. Resolução da questão na Plataforma. 125 Re vi sã o: J an an dr ea - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 4/ 06 /1 2 GERENCIAMENTO DE PESSOAS FIGURAS E ILUSTRAÇÕES Figura 1 DSCF3853.JPG. Disponível em: <http://mrg.bz/e51OCk>. Acesso em: 2 fev. 2012. Figura 2 LOOKINGTOWARDHEAVEN.JPG. Disponível em: <http://mrg.bz/ke0xcp>. Acesso em: 2 fev. 2012. Figura 5 HANABI060716DYSN133.JPG. Disponível em: <http://mrg.bz/0owBf4>. Acesso em: 2 fev. 2012. Figura 6 CHIAVENATO, I. Recursos humanos: o capital humano nas organizações. 8ª. Ed. São Paulo: Atlas, 2004, p. 303 (adaptada). Figura 7 CHIAVENATO, I. Recursos humanos: o capital humano nas organizações. 8ª. Ed. 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