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Prévia do material em texto

Autor: Prof. Vanderlei da Silva
Colaboradores: Profa. Amarilis Tudella
 Profa. Tânia Sandroni
Política Setorial – Educação
Professor conteudista: Vanderlei da Silva
É especialista em EaD (UNIP, 2017), doutor em Educação (Uniso, 2013), mestre em Educação (Uniso, 2009), 
especialista em Direito do Terceiro Setor (FGV-SP, 2005) e advogado (Uniso, 2004). 
Atua como professor do curso de graduação em Serviço Social presencial e EaD na UNIP e de pós-graduação em 
Gestão de Políticas Públicas EaD na mesma instituição. É também professor do curso de especialização MBA em Gestão 
Ambiental e Sustentabilidade na UFSCar.
Também atua como gerente administrativo e financeiro do serviço de obras sociais na SOS Sorocaba, diretor de 
projetos do Lar Escola Monteiro Lobato, conselheiro fiscal da Fundação Ubaldino do Amaral (FUA), da Vila dos Velhinhos 
de Sorocaba e da Associação Protetora dos Insanos, e é sócio do Escritório de Advogados Ranuzzi & Silva, Vieira. 
É autor dos livros A participação da Loja Maçônica Perseverança III na educação escolar em Sorocaba e O terceiro 
setor e a escola. 
Foi participante convidado do Social Innovation and Global Ethics Forum (Sigef) 2014 e 2015, realizados em 
Genebra, na Suíça; do Sigef 2016, em Marrakesh, no Marrocos; e do Premios Latinoamérica Verde 2016, em Guayaquil, 
no Equador. 
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
S586p Silva, Vanderlei da.
Política Setorial – Educação / Vanderlei da Silva. – São Paulo: 
Editora Sol, 2020.
144 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230.
1. Política educacional. 2. Política social. 3. Educação. I. Título.
CDU 37,01
U508.43 – 20
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcello Vannini
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Deise Alcantara Carreiro – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Lucas Ricardi
 Ingrid Lourenço
Sumário
Política Setorial - Educação
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7
Unidade I
1 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO: CONJUNTURA, ESTRUTURA E PERSPECTIVAS .................................. 11
1.1 A política de educação como direito ............................................................................................ 12
1.2 Educação no contexto das transformações da sociedade contemporânea ................. 16
2 POLÍTICAS EDUCACIONAIS: ASPECTOS SOCIOPOLÍTICOS E HISTÓRICOS .................................. 21
2.1 As reformas educacionais e os planos de educação .............................................................. 32
3 A POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO NO BRASIL............................................................................ 42
3.1 Conhecendo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) – 
Lei n. 9.394/1996 ......................................................................................................................................... 43
3.2 Política social, educação e cidadania ........................................................................................... 48
4 ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DO ENSINO BRASILEIRO: ASPECTOS LEGAIS 
E ORGANIZACIONAIS ......................................................................................................................................... 50
4.1 Organização administrativa, pedagógica e curricular do sistema de ensino .............. 52
4.2 Níveis e modalidades de educação e de ensino ....................................................................... 56
4.3 Programas do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação)................... 68
Unidade II
5 SERVIÇO SOCIAL, QUESTÃO SOCIAL E EDUCAÇÃO ............................................................................ 77
5.1 A função social da escola e sua integração com a comunidade ...................................... 78
5.2 Escola, desigualdade social e políticas de inclusão ................................................................ 83
6 CIDADANIA, EMANCIPAÇÃO E O LUGAR DA ESCOLA PÚBLICA .................................................... 90
6.1 Assistência social e educação como políticas sociais ............................................................ 92
6.2 Educação e neoliberalismo ............................................................................................................... 99
Unidade III
7 A EDUCAÇÃO COMO ELEMENTO DO DESENVOLVIMENTO HUMANO ......................................111
7.1 Papéis e atribuições do assistente social na educação .......................................................113
8 A POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO PERMANENTE DO SUAS (PNEP/SUAS) ....................118
8.1 Produções acadêmicas e demais publicações do assistente social 
na área de educação .................................................................................................................................121
7
APRESENTAÇÃO
Neste livro-texto, estudaremos o serviço social e a política de educação com aproximações e 
fundamentos teórico-metodológicos. Abordaremos a função social da escola, a construção profissional 
do assistente social na educação, o perfil profissional nessa política social e as dimensões pedagógica 
e socioeducativa do assistente social, realizando um debate contemporâneo da inserção do assistente 
social como profissional na escola.
Temos como objetivos criar condições para que os alunos compreendam as condições históricas 
que envolvem a formulação das políticas setoriais brasileiras, conheçam as peculiaridades das 
políticas sociais na conjuntura brasileira e entendam a natureza das políticas sociais de educação 
no Brasil. Além disso, buscamos formar profissionais capazes de responder às demandas sociais na 
perspectiva de assegurar direitos e democratizar o acesso do cidadão às políticas sociais, por meio 
da instauração de práticas profissionais competentes, com potencial de produzir conhecimentos 
e propor alternativas para a transformação da realidade social. Procuramos também desenvolver 
no aluno conhecimentos e habilidades que possibilitem o bom exercício profissional e a devida 
informação ao cidadão usuário dos serviços sociais.
INTRODUÇÃO
Pesquisadores que analisam a questão do desenvolvimento do Brasil destacam que o país apresenta 
três problemas graves que impedem o seu crescimento e, principalmente, uma mudança social 
transformadora. Os problemas que precisam ser enfrentados são:
• a imensa desigualdade social;
• a violência existente na sociedade de uma forma geral;
• a falta de confiança entre os indivíduos e entre as instituições do Estado.
Essas questões precisam ser enfrentadas por todas as políticas públicas implementadas pelo Estado, 
pois trata-se de uma questão que transpassa todas elas.
O que vamos apresentar neste livro-texto são possíveis formas de superaçãodesse cenário negativo 
a partir da educação e da participação do serviço social. Especificamente no âmbito educacional, o que 
veremos a seguir é que o Brasil ainda não encontrou o modelo ideal de educação que consiga superar 
um sistema pensado para atender determinados setores da sociedade e que agora tem sido cobrado 
para estender uma educação de qualidade para todos os segmentos da população.
Também veremos que é necessário superar um modelo educacional que tem por finalidade principal 
a inclusão do indivíduo no mercado de trabalho, sendo que o emprego está diminuindo cada vez mais e 
que os que restam exigem um tipo de educação qualificada e abrangente.
8
Assim, torna-se primordial pensar numa educação que forme cidadãos políticos, preparados para 
uma nova sociedade que emerge do processo de globalização, em que novas habilidades e exigências 
são apresentadas ao público escolar.
Nesse sentido, vamos refletir sobre vários aspectos da educação, que ainda é um processo em 
construção no qual vamos encontrar as marcas profundas da exclusão social, econômica e cultural de 
uma classe menos favorecida. Trata-se de uma educação sem investimentos e oportunidades a essa 
parcela da população e sob o domínio de organismos nacionais e internacionais, os quais direcionam os 
rumos da educação brasileira para uma ação mercantilista.
Por esses motivos, é fundamental pensar no desenvolvimento de uma educação diferenciada, 
participativa e de qualidade. Educação que deve ser construída com o compromisso ético, com a paixão 
em socializar conhecimentos, a criatividade e a dinamicidade na construção do conhecimento pelos 
educadores. E para que isso seja, de fato, alcançado, é necessário pensar em estratégias que permitam a 
articulação da educação com outras disciplinas, especialmente com o serviço social, visando proporcionar 
uma educação de qualidade e inclusiva como forma de transformação social.
Inúmeras pesquisas nacionais e internacionais apresentam dados que demonstram o que deve ser 
feito para que as escolas e os sistemas de ensino funcionem a contento e promovam o aprendizado e 
o desenvolvimento dos alunos. O problema é que os resultados positivos dependem de muitos fatores 
que precisam ser manejados e gerenciados ao mesmo tempo para que as melhorias aconteçam e os 
resultados sejam significativos.
Quando discutimos as questões relacionadas com os avanços que precisam ser alcançados no âmbito 
da educação, é preciso considerar que as escolas têm cada vez mais dificuldades para ensinar e promover o 
desenvolvimento integral de crianças e adolescentes, especialmente aqueles que vivem em comunidades 
e famílias vulneráveis que convivem com variadas formas de violência. Essas situações representam 
os fatores de risco que podem impor limitações à trajetória escolar de crianças e adolescentes e que 
estão presentes em um número cada vez mais amplo de territórios e espaços urbanos e rurais, e não 
apenas naqueles tipicamente considerados como regiões críticas. Para que esses obstáculos possam ser 
ultrapassados, torna-se fundamental a existência de relações de cooperação entre as políticas setoriais.
A atual situação da educação no Brasil deixa evidente que o trabalho das escolas precisa ser 
apoiado por ações de outras políticas setoriais, tais como assistência social, saúde, cultura, esportes, 
trabalho e renda, segurança etc., pois somente com esse apoio é que a educação conseguirá ter mais 
chances de sucesso. Tal proposta não é nenhuma novidade, pois o princípio da articulação intersetorial 
já foi reconhecido em vários marcos legais e planos governamentais e vem sendo reafirmado em 
documentos recentes. 
É o que aponta o Plano Nacional de Educação (PNE) estabelecido para o período 2014-2024, que foi 
instituído pela Lei n. 13.005, de 25 de junho de 2014. Nesse documento está disposto que o alcance das 
metas de melhoria do acesso, da permanência e do aproveitamento das crianças e adolescentes na escola 
depende, entre outros fatores, da existência de ações conjuntas entre as áreas da assistência social, da 
saúde e da educação. O Plano também indica que uma boa integração entre essas áreas pode favorecer 
9
a redução de problemas que limitam a trajetória escolar da população infantojuvenil, especialmente 
aquela parcela pertencente aos segmentos mais vulneráveis da população, que são beneficiários dos 
programas de transferência de renda.
Outro desafio que se torna cada mais evidente para a melhoria da educação brasileira é a redução 
da tendência à evasão escolar entre a população de 15 a 17 anos, que é significativamente maior que 
a registrada em outras faixas etárias, fato que tem sido constatado pelas pesquisas divulgadas pelo 
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Trata-se de um problema grave e cujo enfrentamento 
depende da existência de uma adequada articulação entre políticas setoriais.
Assim, o principal objetivo deste livro-texto é apresentar os principais aspectos históricos da 
educação no Brasil e dos desafios que ela ainda enfrenta após a promulgação da Lei n. 9.394/1996 (LDB). 
A partir dos nossos estudos, vamos compreender que é necessário articular esforços que 
efetivamente promovam avanços no âmbito educacional. Os objetivos somente serão alcançados se 
houver o aprimoramento dos mecanismos de gestão das políticas setoriais, que deverão ser repensadas 
e reorganizadas para atuar de forma colaborativa.
11
POLÍTICA SETORIAL – EDUCAÇÃO
Unidade I
1 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO: CONJUNTURA, ESTRUTURA E PERSPECTIVAS
Para o Estado brasileiro, a educação, nos últimos tempos, ocupou lugar de destaque nas esferas 
econômica, política e cultural, pois estamos no processo de construção de uma sociedade marcada 
pela tensão social e pelas disputas dos projetos societários de diferentes grupos e segmentos sociais, 
especialmente para conquistar-se a hegemonia política e cultural na sociedade.
 Observação
Hegemonia cultural é um conceito formulado por Antonio Gramsci 
para descrever o tipo de dominação ideológica de uma classe social sobre 
outra, particularmente da burguesia sobre o proletariado.
Nessa perspectiva, a Constituição Federal e as legislações vigentes têm como fundamento a defesa 
de uma educação que permita o acesso a todo cidadão, com qualidade e como propósito de inserção 
no mercado profissional e no mundo do trabalho. Porém, na prática, nem todos os discursos e nem 
todas as propostas legais se tornam realidade, pois milhares de crianças, adolescentes e jovens, mesmo 
matriculados em uma escola, permanecem excluídos de uma educação participativa, democrática, 
conscientizadora, dialógica, autônoma e afetiva. Existem sérios problemas na educação básica, que 
não consegue alfabetizar de maneira correta, fato que leva os jovens ao Ensino Médio sem a devida 
preparação e se torna motivo causador de uma alta taxa de evasão escolar.
É preciso reconhecer a necessidade de se pensar em novas formas de relação entre escola, alunos 
e sociedade, uma relação mais integradora, em que o público interessado tenha espaço para uma 
maior participação nas decisões tomadas e que impactam todo o processo educacional. Nesse sentido, 
a participação do serviço social se coloca como um importante fator de colaboração na implementação 
das mudanças que são necessárias para transformar o ambiente escolar para que a escola consiga dar 
respostas mais significativas ao seu público, tornando-se um espaço de interlocução no qual os problemas 
são debatidos e as respostas são encontradas de forma conjunta entre todos os atores envolvidos no 
processo de educar. 
Em junho de 2019, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os dados da 
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua para a educação (PNAD..., 2019). Segundo essas 
estatísticas, 40% da população de 25 anos ou mais nem sequer concluíram o Ensino Fundamental, o 
que representa cerca de 53,4 milhões de pessoas. Essa taxa é importante para compor um cenário mais 
amplono qual se constata que mais da metade dessa população (52,6%) não completou a educação 
básica, ou seja, não chegou a se formar no Ensino Médio, o que corresponde a 70,3 milhões de pessoas.
12
Unidade I
A mesma pesquisa demonstra que o Brasil ainda tem 11,3 milhões de analfabetos entre a população 
de 15 anos ou mais, número que corresponde a 6,8% dessa população. O dado diz respeito ao cenário 
identificado em 2018 e apresentou queda de 0,1 ponto percentual em relação a 2017, o que significa 
121 mil analfabetos a menos, quando o país tinha 6,9% de pessoas nessa situação. 
As informações produzidas pela pesquisa são referentes ao ano de 2018 e, embora ainda mostrem um 
cenário negativo, apresentam evolução em relação ao alcançado em 2017, quando 40,9% da população 
não tinham o fundamental. Já o índice de pessoas que não terminaram a educação básica chegava a 
53,8%. Também é importante observar na pesquisa que o Nordeste tem uma taxa de analfabetismo 
quatro vezes maior (13,9%) que a do Sudeste (3,5%).
Diante desses dados, é possível concluir que, quatro anos depois do prazo estabelecido, o Brasil ainda 
não bateu a meta de alfabetização proposta nos planos educacionais do país, a qual deveria já ter sido 
alcançada em 2015. Assim, torna-se nítido para todos que o Brasil precisa avançar muito no campo 
educacional se, de fato, quiser cumprir com o projeto de país previsto em sua Constituição Federal, 
sendo que isso justifica a introdução de novas práticas educativas e novas formas de atuação, como a 
participação efetiva do serviço social nas escolas.
 Saiba mais
Sobre o tema, leia a matéria a seguir:
PNAD Contínua 2018: educação avança no país, mas desigualdades 
raciais e por região persistem. Agência IBGE, 19 jun. 2019. Disponível em: 
https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-
agencia-de-noticias/releases/24857-pnad-continua-2018-educacao-
avanca-no-pais-mas-desigualdades-raciais-e-por-regiao-persistem. 
Acesso em: 20 jun. 2019.
1.1 A política de educação como direito
A perspectiva política e a natureza pública da educação são realçadas na Constituição Federal de 
1988, não só pela expressa definição de seus objetivos, como também pela própria estruturação de todo 
o sistema educacional. 
A nossa Constituição (BRASIL, 1988) enuncia o direito à educação como um direito social no 
artigo 6º e especifica a competência legislativa nos artigos 22, XXIV e 24, IX. Além disso, dedica toda uma 
parte do título da Ordem Social para responsabilizar o Estado e a família, tratar do acesso e da qualidade, 
organizar o sistema educacional, vincular o financiamento e distribuir encargos e competências para os 
entes da federação.
Porém, para que a política de educação seja garantida como um direito de todos, não basta apenas 
a sua inserção no texto constitucional, pois é preciso tratar das relações entre os problemas de acesso, 
13
POLÍTICA SETORIAL – EDUCAÇÃO
permanência e qualidade e a configuração histórica do Estado brasileiro, e, consequentemente, da 
política educacional que foi traçada a partir dessa configuração.
Também é de fundamental importância entender as profundas desigualdades sociais e regionais 
e o correlato processo excludente quanto ao direito à educação no Brasil, tanto do ponto de vista 
normativo-político quanto do ponto de vista das dinâmicas intraescolares. 
Ao tratarmos da política de educação como um direito, é preciso recordar que enquanto em outros 
países, já no século XIX, os sistemas nacionais de educação começavam a se articular e a generalização 
da instrução elementar passava a ser entendida como uma tarefa precípua do Estado nacional, ainda 
não temos, no Brasil do século XXI, um sistema de educação que possa ser denominado nacional, dadas 
as profundas disparidades entre redes e sistemas de ensino entre estados e regiões. Essas disparidades 
impactam de forma negativa o sistema de ensino brasileiro, dificultando de uma forma sistemática que 
o direito à educação seja garantido a todos os brasileiros de forma igualitária, conforme o que está 
previsto na Constituição Federal.
Apesar dessa consideração, não podemos negar que a legislação, ainda que insuficiente para mudar essa 
realidade, é importante para indicar os caminhos e orientar o cidadão e a sociedade sobre os seus direitos, 
proporcionando, consequentemente, condições para que possam exigir o que está contido nas leis.
Nesse sentido, podemos considerar que o direito educacional como um conjunto de normas, princípios, 
leis e regulamentos que versam sobre as relações de alunos, professores, administradores, especialistas 
e técnicos, enquanto envolvidos, mediata ou imediatamente, no processo ensino-aprendizagem, possui 
um propósito bem definido, ou seja, de proporcionar uma educação de qualidade a todos os segmentos 
da população brasileira. Porém, a dificuldade se encontra em como conseguir superar os obstáculos 
políticos, sociais e econômicos para que isso se torne uma realidade entre nós.
É necessário considerar, ainda, que nesse arcabouço jurídico está contido todo o conjunto de normas, 
de todas as hierarquias: leis federais, estaduais e municipais, portarias e regimentos que disciplinam 
as relações entre os envolvidos no processo ensino-aprendizagem. Isso também é um problema a 
ser considerado, pois num país de proporções continentais como o nosso existem também enormes 
diferenças regionais que precisam ser consideradas pelo sistema educacional.
Por esse motivo, é muito importante tratar também dos princípios reguladores do ensino no Brasil, 
e com essa finalidade iremos a seguir tratar de cada um deles.
Dignidade da pessoa humana
Quando tratamos dos princípios que regem a educação no Brasil, não podemos deixar de abordar 
um dos princípios que é considerado basilar do estado democrático de direito, ou seja, o princípio da 
dignidade da pessoa humana. Assim, é importante tratar da dignidade da pessoa humana como um 
princípio norteador de todos os outros princípios que norteiam o direito à educação.
Quando a Constituição brasileira, seguindo as convenções internacionais, determinou que todo ser 
humano é sujeito de direito e deveres, que vivendo em comunidade possui o direito de uma subsistência 
14
Unidade I
digna, o Brasil assumiu o dever de garantir o mínimo indispensável à subsistência humana. Nesse sentido, 
o direito à educação integra essa parcela mínima indispensável à sobrevivência do homem.
Igualdade de condições para o acesso e permanência escolar
Esse princípio está tipificado no preâmbulo da Carta Magna e nos art. 3º, incisos I e IV e 5º, caput e 
também no inciso I do art. 206, tendo como premissa maior que a educação como dever do Estado deve 
ser fornecida a todos, e não a uma parcela da sociedade. 
 Observação
O preâmbulo tem por finalidade retratar os principais objetivos do texto 
constitucional, enunciando os princípios constitucionais mais valiosos, assim 
como as ideias essenciais que alimentaram o processo de criação da Constituição.
Dessa forma, o texto constitucional determina que as condições de acesso à escola, bem como a 
permanência, devem ser igualitárias, sem qualquer discriminação, seja ela de cor, raça, sexo, idade ou 
condições financeira ou religiosa.
Liberdades de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar pensamentos, a arte e o saber
Tal princípio está diretamente relacionado com os direitos fundamentais e individuais, previstos 
no art. 5º da Constituição Federal, que estabelece a liberdade geral como um de seus valores básicos. 
Assim, também ficou estabelecido o direito à inviolabilidade, à livre manifestação de pensamento, 
à liberdade de consciência, à vedação ao anonimato e à liberdade de expressão intelectual, artística, 
científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença. 
Dessa forma, quando a Constituição trouxe no inciso I do art. 206 a liberdade de aprender, ensinar, 
pesquisar e divulgar pensamentos, a arte e o saber, ratificou os valores básicos de um estado democráticode direito.
Pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas e coexistência de instituições públicas e 
privadas de ensino
Esse princípio tem sido muito discutido atualmente, quando se trata do que a escola deve ensinar, 
e encontra-se alicerçado na diversidade. É importante destacar que tal princípio está relacionado com 
a previsão do pluralismo político, descrito na Constituição Federal em seu art. 1º, inciso I. Tal princípio 
também é um dos fundamentos do estado democrático de direito, pois significa que não cabe ao Estado 
impor um único modelo a ser aplicado no processo de ensino.
Principalmente no Brasil, com suas proporções continentais, não é possível a existência de uma 
única forma, preestabelecida, do processo de aprendizagem. Dessa forma, o modo de ensinar deve 
15
POLÍTICA SETORIAL – EDUCAÇÃO
obedecer a realidades regionais e ideológicas de cada escola, a qual buscará a forma mais adequada de 
ministrar as aulas tendo como foco o aluno, procurando sempre integrar a família e a comunidade nesse 
processo contínuo de aprendizagem.
Gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais
Essa determinação legal trata da inclusão do princípio da gratuidade da educação no rol dos princípios 
constitucionais, vedando qualquer possibilidade de que um projeto de lei venha a estipular que o ensino público 
deva ser pago. Nesse contexto encontram-se inclusos os Ensinos Fundamental, Médio e Superior.
Valorização dos profissionais de educação escolar
Visando dar condições para que a educação conte com a participação de profissionais motivados 
com a sua carreira pedagógica, a valorização do professor foi definida como princípio constitucional. 
Esse princípio também tem o objetivo de garantir que o magistério público se organize em plano de 
carreira, o que impossibilita que o quadro seja composto de forma isolada.
O respeito a esse princípio garante a existência de mecanismos que possam fornecer ao profissional 
de educação maior empenho e melhor produção do ensino, através de melhorias salariais e de incentivos 
na continuidade da carreira do magistério. Nessa mesma linha, podemos destacar também a instituição 
do piso nacional de salário para o professor.
Gestão democrática do ensino público
É um princípio que também tem a sua origem nos princípios do estado democrático de direito, no 
art. 1º da Constituição Federal, tais como soberania popular, cidadania e pluralismo político.
Como a educação é um dever constitucional do Estado brasileiro, deve estar centrada na democracia, 
ou seja, deve ser uma gestão escolar que envolva a comunidade escolar, não somente no processo de 
escolha dos seus dirigentes através de eleição, mas em toda administração, financeira e pedagógica. 
Pelo respeito a esse princípio, o processo educacional não pode ser imposto sem que se ouça a 
opinião das partes interessadas, uma vez que esse processo somente se concretiza com a participação 
de todos os entes envolvidos, participando efetivamente da gestão escolar.
Dessa forma, podemos dizer que esse princípio tem dois sentidos objetivos: o de integrar e trazer 
para a escola a população, pois assim todos poderão usufruir, direta ou indiretamente, desse direito; e o 
de exercer o controle social da atividade, na sua qualidade, gestão e finalidades.
 Observação
Controle social é uma forma de compartilhamento de poder de decisão 
entre Estado e sociedade sobre as políticas, um instrumento e uma expressão da 
democracia e da cidadania.
16
Unidade I
Garantia de padrão de qualidade
O legislador constitucional já havia percebido que não seria suficiente prescrever a educação como 
um direito de todos e ao mesmo tempo dever do Estado sem a garantia de que fosse assegurado um 
padrão de qualidade. 
Em todos os aspectos das políticas educacionais, será sempre a qualidade que garantirá que os 
objetivos da educação serão alcançados, possibilitando o pleno desenvolvimento da pessoa humana e 
viabilizando a sua inserção no mercado de trabalho e, acima de tudo, o pleno exercício da cidadania.
Piso salarial para os profissionais da educação escolar pública
Quando uma Constituição Federal é elaborada, não é possível prever todas as questões que ela 
precisa tratar. Por esse motivo é que existe a possibilidade de ampliar o seu alcance por meio das 
Emendas Constitucionais.
Esse princípio foi introduzido na Constituição Federal pela EC n. 53/2006 e definiu que a 
regulamentação ficava a cargo de lei federal, cabendo ao Poder Executivo Federal a iniciativa legislativa. 
Porém, a devida regulamentação dessa Emenda somente ocorreu com a promulgação da Lei n. 11.738/08, 
de forma parcial. A Lei prescreve o piso inicial para o profissional federal, com carga horária de 40h 
mensais com formação em nível médio. Trata-se de um importante avanço no que se refere à valorização 
dos profissionais da educação e, consequentemente, melhor qualidade de ensino, constituindo este o 
objetivo do princípio.
1.2 Educação no contexto das transformações da sociedade contemporânea
É sempre importante destacar que as políticas de educação no Brasil pós-Constituição de 1988 têm 
sido adotadas a partir dos parâmetros ditados pelo contexto da ideologia neoliberal, ou seja, são políticas 
sociais, porém vistas por viés econômico, como formação do capital humano. Dessa forma, a educação 
tem sido orientada como um modelo de formação, de sujeitos produtivos para o mercado, modelo 
que se tornou hegemônico e que está constituído pelas competências necessárias à empregabilidade. 
Porém, é necessário considerar que existe outra função da educação e que na maioria das vezes não tem 
sido devidamente observada: a construção de um modelo de educação que atenda às necessidades da 
população excluída dos direitos básicos da existência humana e dos princípios da formação de sujeitos 
críticos, conscientes e construtores de sua história.
Pensando a educação nessa perspectiva, é fundamental recordar o legado deixado pelo educador 
Paulo Freire, que sempre procurou mostrar a importância de se ter uma educação a partir do conhecimento 
do povo e com o povo provocando uma leitura da realidade na ótica do oprimido, que ultrapasse as 
fronteiras das letras e se constitua nas relações históricas e sociais. É fundamental pensar a educação 
por essa perspectiva, pois a cada dia a sociedade contemporânea passa por significativas transformações 
econômicas, políticas, sociais e culturais que mudam a forma como os sujeitos se relacionam entre si e 
com a sociedade. 
17
POLÍTICA SETORIAL – EDUCAÇÃO
Os caracteres mais salientes e visíveis do mundo moderno são a 
necessidade de agitação incessante e de mudança contínua; a dispersão 
numa multiplicidade não mais unificada; a análise levada ao extremo; a 
fragmentação indefinida; a desagregação de todas as atividades humanas; 
a não aptidão à síntese e a impossibilidade de qualquer concentração 
(ROSSI, 1992, p. 20).
Tais transformações são acarretadas, principalmente, em função dos avanços tecnológicos que 
passam a ocorrer numa velocidade espantosa a partir do início do século XXI. Nesse novo projeto de 
mundo tecnológico e conectado, a escola vem sendo cada vez mais questionada a respeito do seu papel 
numa sociedade que exige um novo tipo de trabalhador, mais flexível e polivalente, capaz de pensar e 
aprender constantemente e que atenda às demandas dinâmicas que se diversificam em quantidade e 
qualidade. Além disso, cobra-se da escola a capacidade de conseguir também desenvolver nos alunos 
conhecimentos, capacidades e qualidades para o exercício autônomo, consciente e crítico da cidadania. 
Para conseguir cumprir com essa gama de objetivos que estão sendo colocados como finalidade 
da educação, a escola deve articular o saber para o mundo do trabalho e o saber para o mundo das 
relações sociais. Porém, conforme os ensinamentos de Frigotto, nem sempre foi essa a expectativa que 
a sociedade colocava para a educação.
Na perspectiva das classes dominantes, historicamente, a educação dos 
diferentesgrupos sociais de trabalhadores deve dar-se a fim de habilitá-los 
técnica, social e ideologicamente para o trabalho. Trata-se de subordinar a 
função social da educação de forma controlada para responder às demandas 
do capital (FRIGOTTO, 1999, p. 26).
No entanto, a sociedade globalizada coloca outras responsabilidades para uma escola que encontra 
dificuldades em acompanhar todas as mudanças que estão ocorrendo no mundo, principalmente nas 
escolas públicas, onde a burocracia do Estado dificulta a implementação de mudanças para mudar os 
paradigmas existentes.
Esses novos paradigmas, em seu âmbito mais amplo, são questões que buscam apreender a função 
social dos diversos processos educativos na produção e reprodução das relações sociais. Já num plano 
mais específico, tratam das relações entre a estrutura econômico-social, ou seja, o próprio processo de 
produção, as mudanças tecnológicas, o processo e a divisão do trabalho, a produção e a reprodução da 
força de trabalho e os processos educativos ou de formação humana.
É necessário que a escola consiga absorver tudo isso, pois vivemos uma nova realidade mundial, a 
qual é denominada “sociedade do conhecimento”. Hoje em dia, os métodos de aprendizado já não são 
baseados na divisão entre o pensamento e a ação, na fragmentação de conteúdos e na memorização, em 
que o livro didático era responsável pela qualidade do trabalho escolar. Agora, é possível aprender na rua, 
no smartphone, no computador e em qualquer outro lugar. Assim, houve uma significativa ampliação 
dos espaços educativos, o que não significa o fim da escola, mas que esta deve se reestruturar de forma 
a atender as demandas das transformações do mundo do trabalho e seus impactos sobre a vida social. 
18
Unidade I
Essas mudanças têm suas origens principalmente nas transformações técnico-científicas ocorridas 
no âmbito da economia e da política, como o fenômeno da globalização mundial com suas repercussões 
nos meios de produção, precarização e flexibilização do trabalho e o desemprego causado pela 
automatização da produção. Os avanços tecnológicos fizeram com que a escola precisasse desenvolver 
um novo método de qualificação do sujeito, tendo como responsabilidade a formação de indivíduo flexível 
e adaptativo para atender as necessidades do mercado. Assim, o ambiente de formação escolar passa 
a ter a função de setor de produção e de agente de transformação. Porém, todas essas transformações 
também possuem um aspecto negativo, que de certa forma também se reverbera na escola: o aumento 
do desemprego e da exclusão social, pois a maior parte das benesses resultantes das transformações 
sociais é usufruída por apenas uma pequena parcela da sociedade. 
 Saiba mais
Leia o texto a seguir:
MEDEIROS, M. O mundo é o lugar mais desigual do mundo. Piauí, jun. 
2016. Disponível em: https://piaui.folha.uol.com.br/materia/o-mundo-e-o-
lugar-mais-desigual-do-mundo/. Acesso em: 23 jun. 2019. 
Outro aspecto importante a ser destacado quando se procura entender a educação no contexto das 
transformações da sociedade contemporânea é a obrigação imposta ao ser humano de ter que estudar 
durante toda a vida se quiser manter-se atualizado e participante da sociedade do conhecimento. 
Estudar se tornou algo para fazer durante toda a vida, pois a sociedade do conhecimento requer que 
o profissional adquira novas habilidades o tempo todo para se manter produtivo e capaz de entender o 
mundo em que vive. Nesse sentido, qualquer tipo de profissional tem de seguir estudando e aprendendo 
novas habilidades ao longo da vida, não bastando apenas cursar o ensino tradicional, uma vez que 
vivemos em uma sociedade baseada na inovação e na qual, por isso, há a necessidade de se renovar e 
aprender coisas novas o tempo todo.
A síntese dessa nova proposta de educação foi desenvolvida por Jacques Lucien Jean Delors, 
economista e político francês, que de 1992 a 1996 presidiu a Comissão Internacional sobre Educação 
para o século XXI, da Unesco. 
 Observação
A Representação da Unesco no Brasil foi estabelecida em 1964 tendo 
como prioridades a defesa de uma educação de qualidade para todos e a 
promoção do desenvolvimento humano e social.
Durante o período em que esteve à frente da Unesco, Delors (2010) foi o autor do relatório “Educação: 
um tesouro a descobrir”, em que se exploram os quatro pilares da educação. Esse relatório apontou 
como principal consequência da sociedade do conhecimento a necessidade de uma aprendizagem ao 
19
POLÍTICA SETORIAL – EDUCAÇÃO
longo de toda a vida, fundamentada em quatro pilares, que são, concomitantemente, do conhecimento 
e da formação continuada. 
Como veremos a seguir, tais pilares e os saberes e competências a se adquirir são apresentados, 
aparentemente, divididos. Essas quatro vias não podem, no entanto, dissociar-se por estarem interligadas, 
constituindo interação com o fim único de uma formação holística do indivíduo. Como afirma Delors (2010), 
“À educação cabe fornecer, de algum modo, os mapas de um mundo complexo e constantemente 
agitado e, ao mesmo tempo, a bússola que permite navegar através dele”. 
Quadro 1 – Os quatro pilares da educação do século XXI
Aprender a conhecer
Essa aprendizagem se refere à aquisição dos ”instrumentos do conhecimento”, 
desenvolvendo nos alunos o raciocínio lógico, a capacidade de compreensão, o 
pensamento dedutivo e intuitivo e a memória. O importante é não apenas despertar 
nos estudantes esses instrumentos, como motivá-los a desenvolver sua vontade de 
aprender e querer saber mais e melhor.
Aprender a fazer
Essa aprendizagem confere ao aluno uma formação em que aplicará na prática seus 
conhecimentos teóricos. É essencial que cada indivíduo saiba se comunicar através 
de diferentes linguagens, assim como interpretar e selecionar quais informações são 
essenciais e quais podem ajudar a refazer opiniões e serem aplicadas na maneira de 
se viver e de redescobrir o tempo e o mundo.
Aprender a conviver
Esse domínio da aprendizagem atua no campo das atitudes e dos valores e envolve 
uma consciência e ações contra o preconceito e as rivalidades diárias que se 
apresentam no desafio de viver.
Aprender a ser
Essa aprendizagem depende das outras três, e dessa forma a educação deve propor 
como uma de suas finalidades essenciais o desenvolvimento do indivíduo, espírito e 
corpo, sensibilidade, sentido estético, responsabilidade pessoal e espiritualidade.
Fonte: Fundação Telefônica (s.d.).
 Saiba mais
Sobre o tema, leia o texto a seguir:
DELORS, J. Educação: um tesouro a descobrir. Brasília, 2010. Disponível 
em: https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000109590_por. Acesso 
em: 29 jul. 2019.
A partir da compreensão do que estudamos a respeito da educação no contexto das transformações 
da sociedade contemporânea, podemos ver que a sociedade do conhecimento necessita também do 
conhecimento de processos, que em raras exceções as escolas tentam ensinar. Além disso, nessa nova 
realidade os sujeitos precisam aprender como aprender, sendo que nessa perspectiva as matérias podem 
ser menos importantes que a capacidade dos alunos de continuarem aprendendo e que a sua motivação 
para fazê-lo.
A educação deve representar a consolidação de espaços que sejam utilizados como formas de 
participação e, principalmente, de inserção das famílias nos espaços escolares, pois o compartilhamento 
20
Unidade I
e o acesso às informações, assim como a valoração das realidades locais, deve ser aproveitado no 
processo de construção do Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola. 
O PPP é um instrumento que reflete a proposta educacional da escola. É através dele que a 
comunidade escolar pode desenvolver um trabalho coletivo, cujas responsabilidades pessoais e 
coletivas são assumidas para execução dos objetivos estabelecidos. Nessa perspectiva, a escola deve 
estar preparada para romper com todo o processo histórico que representou a sua construção como 
uma importante organização social, uma vez que o futuro lhe apresentanovos desafios. Para que a 
escola consiga atender às novas expectativas que a sociedade coloca para a educação, é fundamental 
que os atores escolares estejam preparados para a utilização das novas tecnologias da informação e 
da comunicação, pois são ferramentas que podem contribuir de forma significativa para as práticas 
escolares em todos os níveis do ensino.
É importante considerar que boa parte dos alunos que frequentam as escolas já possui o conhecimento 
necessário para utilizar essas tecnologias, pois já o fazem no seu dia a dia. Porém, os atores escolares 
ainda têm dificuldades em conseguir fazer a junção entre o conhecimento que precisa ser transmitido 
e a capacidade dos alunos em aprender com a utilização de novas tecnologias, considerados por eles 
como muito mais interessantes que os métodos tradicionais.
 Saiba mais
Colocando os desafios da escola em perspectiva, Leandro Petarnella, por 
meio dos indícios juntados no cotidiano escolar, propõe uma tarefa arriscada: 
constituir vetores ativos, num cenário precário de passagens, que promovam 
a reflexão sobre a “escola analógica” e cabeças digitais. Acesse o texto em:
PETARNELLA, L. Escola analógica e cabeças digitais: o cotidiano escolar 
frente às tecnologias midiáticas e digitais de informação e comunicação. 
QUAESTIO, Sorocaba, v. 10, n. 1/2, p. 323-327, maio/nov. 2008. Disponível em: 
http://periodicos.uniso.br/ojs/index.php/quaestio/article/download/76/76/. 
Acesso em: 20 jun. 2019.
Como podemos observar diante da realidade que se apresenta em nosso cotidiano, vivemos 
numa nova sociedade onde as mudanças ocorridas nas formas de comunicação e intercâmbio de 
conhecimentos, resultantes principalmente do uso generalizado das tecnologias digitais, exigem uma 
grande reformulação das relações de ensino e aprendizagem, no que diz respeito tanto ao que é feito 
nas escolas quanto a como é feito. 
Por esses motivos, os atores escolares precisam começar a discutir de que forma a utilização das 
novas tecnologias, especialmente da internet, podem ser utilizadas no processo educativo. Porém, 
antes é fundamental compreender quais são as suas especificidades técnicas e qual é o seu real 
potencial pedagógico.
21
POLÍTICA SETORIAL – EDUCAÇÃO
 Saiba mais
Leia a obra a seguir:
TEDESCO, J. C. O novo pacto educativo: educação, competitividade e 
cidadania na sociedade moderna. São Paulo: Ática, 1998.
2 POLÍTICAS EDUCACIONAIS: ASPECTOS SOCIOPOLÍTICOS E HISTÓRICOS
Para que possamos entender os aspectos mais relevantes das nossas políticas educacionais, 
precisamos primeiro compreender o processo de construção histórica da educação no Brasil. Nessa 
seara, para entender o presente é necessário conhecer o passado, uma vez que existe uma correlação 
direta entre as políticas educacionais pensadas para o país durante toda a sua história e a prática escolar 
existente na atualidade.
Pela leitura da obra de Freitag (1986, p. 46), Escola, estado e sociedade, podemos classificar a 
história da educação no Brasil em três períodos, fazendo uma interface dos modelos educacionais aos 
ciclos econômicos vivenciados no país: o ciclo da agroexportação, o de substituição das importações e, 
finalmente, o de internacionalização do mercado interno.
Segundo o autor, para compreender melhor essa classificação, podemos utilizar a seguinte divisão 
cronológica:
• 1º período: de 1500 a 1930, abrangendo a Colônia, o Império e a Primeira República.
• 2º período: de 1930 a 1960, aproximadamente.
• 3º período: de 1960 em diante.
A partir dessa divisão histórica, podemos iniciar uma breve apresentação dos processos pelos quais 
passou a educação escolar no Brasil. 
Por aproximadamente dois séculos, os padres jesuítas foram os educadores, quase que exclusivos, no Brasil. 
Essa era uma forma de a Igreja Católica divulgar os preceitos cristãos e os princípios da cultura europeia nos 
colégios e seminários dos jesuítas, contribuindo com os objetivos da colonização portuguesa.
A História da Educação no Brasil inicia com a chegada dos padres jesuítas, 
responsáveis pelas bases de um vasto sistema educacional, ocorrendo por 
esse intermédio o desenvolvimento de um sistema educacional que seria 
o marco da educação brasileira, que evoluiu, progressivamente, com a 
expansão territorial da colônia, ou seja, como predomínio da Igreja Católica 
na definição do sistema educacional (PIANA, 2009, p. 59).
22
Unidade I
Em 1554, com a intenção de ensinar e catequizar os indígenas que viviam no planalto de Piratininga, 
os jesuítas construíram a primeira escola, feita de pau a pique (técnica de construção com barro, 
bambu e palha).
Nesse período, a economia do Brasil era baseada no modelo agroexportador, que foi implantado 
na maior parte das colônias portuguesas. Esse modelo tinha por finalidade oferecer lucro à metrópole, 
sendo que esse objetivo era atingido por meio da produção de produtos primários como açúcar, ouro, 
café e borracha.
No Brasil Colônia, a estrutura social era formada basicamente por escravos, incluindo os 
trabalhadores, os senhores de engenho, os grandes latifundiários e os funcionários da Coroa. Nesse 
tipo de formação da estrutura social inexistia o que hoje denominamos política educacional de caráter 
estatal. O que tínhamos nesse período era um sistema educacional de elite, e não havia interesse em 
ampliar a escolarização para atingir a classe subalterna. Assim, o entendimento da gênese do modelo 
educacional brasileiro já nos leva a perceber que, desde a sua colonização, o país sempre valorizou um 
sistema educacional organizado e estruturado de forma excludente e seletiva.
No ano de 1808, Portugal foi invadido pelas tropas francesas de Napoleão Bonaparte, e a família real 
e a corte transferem-se para o Brasil. Com a vinda da corte portuguesa para a colônia, foram introduzidas 
modificações no plano econômico, político e social. Tais mudanças também tiveram influências no âmbito 
da educação, adotada pelo governo português para o Brasil. Nesse sentido, foram inauguradas diversas 
instituições educativas e culturais e surgiram os primeiros cursos superiores de Direito, Medicina e 
Engenharia, mas não universidades.
 Observação
Uma universidade é uma instituição de Ensino Superior pluridisciplinar 
e de formação de quadros profissionais de nível superior, de investigação, 
de extensão e de domínio e cultivo do saber humano.
É importante destacar que a introdução de cursos superiores no Brasil somente ocorreu 
aproximadamente cem anos depois da criação de cursos superiores nos Estados Unidos, sendo essa uma 
possível explicação para a diferença no nível de desenvolvimento dos dois países.
Além dessas mudanças, houve a necessidade da formação de novos quadros técnicos e 
administrativos para atender à demanda dos serviços criados em função das inovações introduzidas 
por D. João VI. 
Fundaram-se escolas técnicas e academias, para atender à demanda, pois 
com a abertura dos portos, intensificou-se o contato com outros países e 
outras culturas. Nesse período, foram criadas: a Academia Real da Marinha, 
a Academia Militar, o curso de cirurgia, anatomia e, depois, o curso de 
Medicina. E ainda, foram criados os cursos de Economia, Agricultura, 
23
POLÍTICA SETORIAL – EDUCAÇÃO
Botânica, Química Industrial, Geologia e Mineralogia, e outros. Mas, cabe 
ressaltar, a maioria dos cursos eram rudimentares em sua organização, pois 
focavam somente a profissionalização (FREITAG, 1986, p. 48).
Novas mudanças educacionais serão promovidas no país a partir de 1822, com a proclamação da 
Independência do Brasil. Os novos ideais foram discutidos pela Assembleia Constituinte, que defendia a 
importância da educação popular.
Nesse sentido, em 1827 foi determinada na legislação que deveriam ser criadas escolas primárias em 
todas as cidades e vilas mais populosas. Porém, iniciava-se aí um dos grandes problemas que dificultam 
a evolução da educação no país, pois muitas das propostas previstas nas legislações acabaram por não 
serem implementadasde fato. E foi o que ocorreu na época, uma vez que em 1834 a responsabilidade 
pela educação primária foi transferida para a responsabilidade das províncias. 
 Lembrete
As províncias foram subdivisões do território brasileiro, criadas no Reino 
do Brasil e herdadas pelo Império do Brasil. 
Outra questão que demonstra a falta de interesse do Império pelas questões educacionais foi que a 
lei de 15 de outubro de 1827 vigorou até 1946 como a única lei geral para o ensino elementar, ou seja, 
não houve nenhum interesse político em modificar a situação que estava posta para a educação.
No período de 1860 a 1890, a iniciativa particular no sistema educacional cresceu em oposição à 
situação de total abandono pelo Estado. Porém, mesmo assim, a Constituição de 1891 adotou em parte 
a mesma forma de administração do sistema escolar do Império.
A expansão do ensino foi lenta e irregular, por falta de uma formulação 
da política educacional e mesmo com a proclamação da República, em 
1889, quase não alterou esse cenário, mas houve somente investimento e 
expansão no Ensino Superior, por meio da criação de muitas escolas para a 
formação de profissionais liberais, em atenção aos interesses de uma classe 
dominante para a permanência no poder (PIANA, 2009, p. 63).
No ano de 1890, foi criado o Ministério de Educação, Correios e Telégrafos, o qual teve curta duração, 
sendo passados os assuntos educacionais para o Ministério da Justiça.
Um significativo avanço no âmbito educacional brasileiro foi registrado entre os anos de 
1889 a 1930, quando foram fundadas algumas escolas superiores e construídas muitas escolas 
primárias e secundárias, mas substancialmente pouco se alterou o quadro do sistema educacional. 
Ocorre que, nesse período, o Estado apenas procurou garantir a manutenção dos estabelecimentos 
considerados como padrão para as demais escolas secundárias do país, mas não conseguiu atender 
aos anseios republicanos de ampliação das oportunidades educacionais, permanecendo ainda um 
24
Unidade I
sistema elitista, excludente e seletivo. Por esse motivo, foi a iniciativa particular que assumiu a 
responsabilidade sobre o ensino secundário, pois havia uma completa ausência do Estado nesse 
nível educacional.
Porém, novas transformações ocorridas no setor econômico, político e social durante a Primeira 
República introduziram mudanças no setor cultural, pois a ideia de que a escolarização deve responder 
aos anseios das transformações sociais do século XX levou a um entusiasmo pela educação e a um 
otimismo pedagógico. Nesse sentido, a preocupação com a ampliação da escola primária, na década de 
1920, foi o ponto principal das reflexões e das discussões dos educadores e políticos.
Com a criação, em 1924, da Associação Brasileira de Educação (ABE) pelos educadores, intelectuais, 
políticos e figuras de expressão da sociedade brasileira, foi possível impulsionar as discussões em torno 
dos problemas educacionais, por meio desta organização, sendo promovidos cursos, palestras, semanas 
da educação e conferências, principalmente as Conferências Nacionais de Educação. No período de 
1927 a 1929, foram realizadas três grandes Conferências Nacionais de Educação, ocorridas em Curitiba, 
Belo Horizonte e São Paulo.
Foi por meio das Conferências Nacionais de Educação que surgiu, em 1932, o Manifesto dos Pioneiros 
da Escola Nova, contendo uma nova proposta pedagógica e trazendo em seu bojo uma proposta de 
reconstrução do sistema educacional brasileiro, visando a uma política educacional do Estado. 
Assim, a política educacional começa a modificar-se após a Primeira Guerra 
Mundial, quando surge uma geração de grandes educadores, em destaque 
Anísio Teixeira; ocorrem, nesse período, várias reformas do ensino nos Estados. 
Na década de 1930, surgem as primeiras universidades brasileiras e amplas 
reformas do ensino nos demais níveis, consideradas importantes, embora 
decorrentes da implementação de um regime autoritário (GHIRALDELLI 
JUNIOR, 2003, p. 21).
O Manifesto dos Pioneiros da Educação, ou Movimento Escolanovista, apresentou os aspectos 
centrais para uma ampla reforma nacional que influiu fundamentalmente nas mudanças posteriores 
e denunciou o atraso do sistema de educação no Brasil e a não inclusão da população a um amplo 
processo de educação escolarizada.
Todos esses movimentos promoveram grandes mudanças no campo educacional brasileiro, tendo 
início um período importante para a educação, pois aí se desenhou uma certa democratização no 
ensino, principalmente, em virtude de alguns fatores, entre eles a discussão em torno da “escola ativa” 
de Dewey, tendo como seguidores, no Brasil, Anísio Teixeira, Lourenço Filho, Fernando de Azevedo e 
Francisco Campos.
John Dewey é o principal representante da corrente filosófica que ficou conhecida como pragmatismo, 
embora Dewey desse o nome de instrumentalismo, pois para esse filósofo as ideias somente têm 
importância quando servem de instrumento para a resolução de problemas reais. 
25
POLÍTICA SETORIAL – EDUCAÇÃO
No campo específico da pedagogia, a teoria de Dewey se inscreve na chamada educação 
progressiva. Um de seus principais objetivos é educar a criança como um todo. Nesse sentido, 
essa forma de educação parte do princípio que os alunos aprendem melhor realizando tarefas 
associadas aos conteúdos ensinados. Por esse motivo, as atividades manuais e criativas ganharam 
destaque no currículo.
Além desses conceitos ligados diretamente ao processo pedagógico, Dewey também defendia a 
democracia não só no campo institucional, mas também no interior das escolas.
85 anos do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova 
“Na hierarquia dos problemas nacionais, nenhum sobreleva em importância e gravidade 
o da educação. Nem mesmo os de caráter econômico lhe podem disputar a primazia nos 
planos de reconstrução nacional”. É com essa frase que o educador Fernando de Azevedo 
(1894-1974) abre o “Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova”, documento lançado em 
1932 e reconhecido como um dos grandes marcos da educação brasileira.
Em 2019, completaram-se 87 anos do lançamento desse importante manifesto e estamos 
novamente discutindo a importância da educação para o desenvolvimento do país. 
Assim, é fundamental conhecermos melhor as propostas apresentadas pelos Pioneiros 
da Educação Nova e confrontarmos com a nossa realidade, para verificarmos os nossos 
avanços e retrocessos no âmbito das políticas educacionais.
Fonte: Fundação Telefônica (2017).
Quadro 2 – Principais reformas educacionais que ocorreram 
no Brasil entre os anos de 1827 e 1959
Ano Reforma promovida
1827 Lei Geral do Ensino do Brasil. Estabeleceu as primeiras diretrizes para o ensino público no país.
1834 Ato adicional que delegou às províncias a organização de seus sistemas organizacionais.
1924 É fundada a Associação Brasileira de Educação.
1930 Ocorre a instalação da Nova República e a criação do Ministério da Educação (MEC), pelo então Presidente da República, Getúlio Vargas.
1931 A Associação Brasileira de Educação organiza a IV Conferência Nacional de Educação.
1931 Em 30 de abril de 1931, por meio de um decreto, é instituído o ensino religioso facultativo nas escolas públicas do país.
1932 Em 24 de fevereiro de 1932, as mulheres conquistam o direito ao voto feminino.
1932 Em 19 de março de 1932 ocorre, nos principais jornais do país, a publicação do “Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova”.
1932 Ocorre a Revolução Constitucionalista de 1932.
1959 Em 1º de julho de 1959 ocorre o lançamento de novo manifesto com o título “Mais uma vez convocados”.
Adaptado de: Fundação Telefônica (2017).
26
Unidade I
A criação do Ministério da Educação e Saúde, em 1930, foi a medida educacional mais importante 
surgida nesse período, pois tinha como papel fundamental orientar e coordenar, como órgão central, as 
reformas educacionais que seriam incluídas na Constituição de 1934, tendo como seu titular Francisco 
Campos. Por esse motivo, essas reformas levaram o nomede Reforma Francisco Campos e, de fato, 
contaram com elementos importantes, como a integração entre as escolas primária, secundária e 
superior e, ainda, a elaboração do estatuto da universidade brasileira. Nesse período, também foram 
introduzidos o ensino primário gratuito e obrigatório e o ensino religioso facultativo.
Como um processo histórico construído pela própria sociedade possui um movimento inercial 
difícil de ser freado, a Constituição de 1937 absorveu parte das propostas educacionais já existentes na 
legislação vigente e introduziu ainda o ensino profissionalizante. 
Referente à profissionalização dos trabalhadores, esse tipo de formação tornou-se obrigatória para 
as indústrias e sindicatos, que tiveram que iniciar um processo visando à criação de escolas na esfera de 
sua especialidade para os filhos de seus operários ou associados.
Como o foco educacional nesse período era basicamente preparar os filhos dos operários para 
trabalhar nas indústrias, em 1942 foi criado o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), 
e em 1946, o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac). Assim, o ensino industrial passou 
a assumir um papel relevante na formação da mão de obra brasileira, principalmente no contexto da 
industrialização do país, ocorrida a partir de 1930. 
Tal foi sua importância que verificamos, a partir de 1942, tanto o Estado como a Confederação 
Nacional das Indústrias patrocinando esse ensino. Havia, pois, dois tipos de ensino industrial: um que 
compreendia a aprendizagem sob o controle patronal, ligado ao Senai, e outro sob a responsabilidade 
direta do Ministério da Educação e Saúde, constituído pelo ensino industrial básico.
Também no ano de 1942 foi decretada a Reforma Capanema, relativa ao ensino secundário.
A chamada “redemocratização” do Brasil, no pós-Segunda Guerra Mundial, 
em 1945, com a promulgação da Constituição de 1946 e o surgimento do 
Estado populista desenvolvimentista, trouxe novas reformas, um longo 
período de reivindicações, surgindo um movimento em prol da escola 
pública, universal e gratuita, que repercutiu diretamente no Congresso 
Nacional e culminou com a promulgação, em 1961, da Lei de Diretrizes e 
Bases da Educação Nacional. As discussões em torno dessa Lei contribuíram 
para conscientizar o poder político sobre os problemas educacionais (PIANA, 
2009, p. 66).
27
POLÍTICA SETORIAL – EDUCAÇÃO
 Saiba mais
Reforma Capanema foi o nome dado às transformações projetadas 
no sistema educacional brasileiro em 1942, durante a Era Vargas, liderada 
pelo então ministro da Educação e Saúde, Gustavo Capanema, que ficou 
conhecido pelas grandes reformas que promoveu, entre elas, a do ensino 
secundário e o grande projeto da reforma universitária, que resultou na 
criação da Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro.
GUSTAVO Capanema. Brasil: TV Escola, 2011. 25 minutos. Disponível em: 
https://tvescola.org.br/videos/educadores-gustavo-capanema. Acesso em: 
12 dez. 2019.
Dentro de todo esse cenário que se formou durante a chamada Era Vagas, foram se criando as bases 
para que houvesse a elaboração e a aprovação da primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 
(LDB), Lei n. 4.024/61. A promulgação da lei ocorreu em meio a uma ampla discussão teórica sobre 
as mudanças necessárias para que a educação brasileira se modernizasse. No entanto, as prescrições 
referentes ao currículo escolar apareceram de forma pouco elaborada no texto legal, impedindo que a 
oportunidade de haver uma ampla renovação educacional se consumasse.
A Lei n. 4.024/61, que fixou as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, estabeleceu que o 
ensino no Brasil de nível primário poderia ser ministrado pelo setor público e privado, extinguindo a 
obrigatoriedade do ensino gratuito nesses anos escolares. Permitiu também ao Estado subvencionar os 
estabelecimentos de ensino particulares, por meio de bolsas de estudo e empréstimos, e a construção, 
as reformas e a infraestrutura da escola.
Nesse sentido, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional passou a ser compreendida como a 
medida mais importante assumida pelo Estado em relação à política educacional.
Porém, a partir do ano de 1964, o Brasil passou a ser governado pelo Regime Militar e houve uma 
significativa diminuição do debate popular sobre a educação. Por outro lado, é necessário reconhecer 
que houve uma ampliação do sistema de ensino por parte do Estado durante esse período, inclusive 
no âmbito do Ensino Superior. Foi também nessa época que ocorreu a criação de agências de apoio 
à pesquisa e à pós-graduação. O ensino obrigatório foi ampliado de quatro para oito anos e foram 
promulgadas várias leis que introduziram reformas importantes nos diferentes níveis de ensino.
Sobre esse período, também é importante destacar o papel do educador Paulo Freire, reconhecido 
internacionalmente como o criador de um novo método pedagógico de alfabetização e educação de base. 
O método educacional proposto por Paulo Freire visava a um processo de conscientização e de 
participação política por meio da aprendizagem das técnicas da leitura e da escrita.
28
Unidade I
Dessa forma, o pensamento de Freire exerceu profunda influência nos 
profissionais da educação, pois seu método fundamentava-se na prática 
pedagógica não diretiva, que consistia em passar o homem da condição de 
“objeto” para a de “sujeito” (PIANA, 2009, p. 67).
Apesar de todas as questões políticas e sociais que envolviam as relações do Regime Militar com 
a Sociedade Civil, a legislação brasileira evoluiu na direção da garantia do direito à educação, até sua 
consagração como direito público subjetivo, na Constituição Federal de 1988. Assim, os anos que se 
seguiram ao fim do regime militar foram marcados por grande entusiasmo democrático, pois, 
após longo período de restrições às liberdades civis e políticas, iniciava-se uma nova fase histórica 
no Brasil, cujo traço essencial seria, conforme sentimento bastante difundido entre as elites 
intelectuais e políticas, a de uma participação mais ativa dos cidadãos e da sociedade na condução 
dos rumos do país.
Esse movimento também impactou no âmbito das políticas educacionais e na forma como a 
educação foi tratada pelo Legislador Constituinte. Seguindo esse movimento, a partir da promulgação 
da Constituição Federal de 1988, as propostas educacionais no âmbito do Estado e da sociedade civil 
passam a fazer parte dos direitos constitucionais. 
Inicialmente garantida apenas para o Ensino Fundamental, a universalização do atendimento e 
a gratuidade foram sendo aos poucos expandidas para as outras etapas do ensino básico. Exemplo 
dessa expansão foi a Emenda Constitucional n. 59, de 2009, que determinou a universalização dos 
Ensinos Infantil e Médio, garantindo acesso à escola para todos os jovens, dos quatro aos dezessete 
anos de idade. 
Porém, é nítido que as tendências vigentes nesse período levavam a um projeto hegemônico 
de política educacional para o Brasil contemporâneo, representado pelos ideários neoliberais e de 
privatização do sistema, principalmente no que se refere ao Ensino Superior.
Também é importante destacar que a Lei de Diretrizes e Bases para a Educação Brasileira, de 1996, 
foi a primeira lei geral da educação promulgada desde 1961, tendo uma ampla repercussão sobre o 
sistema escolar. 
A partir dessas legislações, a União assume a definição da política educacional como tarefa de sua 
competência, descentralizando sua execução para Estado e municípios. Visando melhorar a qualidade 
do ensino, o controle do sistema escolar passa a ser exercido por meio de uma política de avaliação para 
todos os níveis de ensino. 
Para podermos conhecer de forma um pouco mais aprofundada a questão da avaliação escolar, 
trataremos a seguir dos exames de larga escala aplicados para cada etapa da educação básica. Essas 
avaliações têm por objetivo dar condições para que os governantes consigam ter um panorama do 
quanto as crianças e jovensespalhados pelas escolas de todo o território nacional estão de fato 
aprendendo. O Brasil faz isso por meio dos chamados exames padronizados, também chamados de 
exames de larga escala e avaliações externas, que são aplicados pelo Instituto Nacional de Estudos e 
29
POLÍTICA SETORIAL – EDUCAÇÃO
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). A partir dos diagnósticos produzidos por essas provas, é 
possível aos técnicos da educação traçarem estratégias para melhorar a qualidade da educação do país 
inteiro, de uma região ou de uma escola específica. 
A seguir, vamos tratar das principais avaliações em larga escala aplicadas na educação básica do 
Brasil, de acordo com cada etapa de ensino.
Educação Infantil
Em 2019, foi implantada uma avaliação dos insumos ofertados nas escolas de Educação Infantil: o 
Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica) de Educação Infantil. Tal iniciativa já estava prevista 
desde 2010 nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. 
A avaliação também está prevista no Plano Nacional de Educação (PNE), e deveria ter sido 
implantada em 2016.
Anos iniciais do Ensino Fundamental
Durante os anos de 2013, 2014 e 2016, o Governo Federal utilizou a Avaliação Nacional da Alfabetização 
(ANA) como uma forma de verificação externa que objetivava aferir os níveis de alfabetização e letramento 
em Língua Portuguesa (leitura e escrita) e Matemática dos estudantes do 3º ano do Ensino Fundamental das 
escolas públicas. As provas aplicadas aos alunos forneceram três importantes resultados: desempenho em 
leitura, desempenho em matemática e desempenho em escrita.
Porém, em 2019 o ministro da Educação informou que os testes do Saeb de Ciências da Natureza 
e Ciências Humanas para estudantes do 9º ano e a avaliação da alfabetização do 2º ano do Ensino 
Fundamental serão feitos por amostragem, e não de forma universal, como ocorria até 2016. 
 Saiba mais
Leia a portaria a seguir, a qual estabelece as diretrizes para a nova 
forma de avaliação:
BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Portaria n. 366, de 29 de abril 
de 2019. Estabelece as diretrizes de realização do Sistema de Avaliação da 
Educação Básica (Saeb) no ano de 2019. Brasília, 2019b. Disponível em: 
http://www.in.gov.br/web/dou/-/portaria-n%C2%BA-366-de-29-de-abril-
de-2019-86232542. Acesso em: 19 ago. 2019.
Anos finais do Ensino Fundamental
Em 2019 também foram apresentadas novas diretrizes para a realização da avaliação por meio do 
Saeb, o qual conta desde então com aplicações censitárias e amostrais. 
30
Unidade I
A aplicação censitária ocorre em todas as escolas públicas localizadas em zonas urbanas e rurais que 
tenham dez ou mais estudantes matriculados nos 5º e 9º anos do Ensino Fundamental e nas 3ª e 4ª séries 
do Ensino Médio (tradicional e integrado).
No recorte amostral do Saeb, são avaliadas escolas privadas que tenham dez ou mais estudantes 
matriculados em turmas de 5º e 9º anos do Ensino Fundamental e de 3ª e 4ª séries do Ensino Médio 
(tradicional e integrado). Também há amostra de escolas públicas e privadas que tenham dez ou mais 
estudantes matriculados em turmas do 9º ano do Ensino Fundamental para aplicação dos testes de 
Ciências da Natureza e Ciências Humanas e de escolas públicas e privadas que tenham dez ou mais 
estudantes matriculados em turmas de 2º ano do Ensino Fundamental para aplicação dos testes de 
Língua Portuguesa e Matemática.
Uma amostra de instituições públicas ou conveniadas com o setor público que tenham turmas de 
creche ou pré-escola da etapa da Educação Infantil participará ainda da aplicação de questionários. 
 Saiba mais
Leia o detalhamento da população e os resultados do Saeb 2019 no link 
a seguir:
BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Saeb. [s.d.]. Disponível em: 
http://portal.inep.gov.br/web/guest/educacao-basica/saeb. Acesso em: 20 
ago. 2019.
Ensino Médio
Assim como os alunos de 5º e 9º anos do Fundamental, os estudantes do 3º ano do Ensino Médio da 
rede pública também prestam o Saeb, respondendo a itens de português e matemática e também a um 
questionário socioeconômico. 
Até 2015, a prova era amostral, isto é, só avaliava um pequeno grupo de jovens que representavam 
toda a nação; a partir de 2017, no entanto, o exame se tornou censitário, ou seja, todos os alunos 
prestam. Essa prova, contudo, não fornece resultados individuais.
É importante destacar que essa etapa de ensino tem outra avaliação, que é o Exame Nacional do 
Ensino Médio (Enem). O Enem foi criado em 1998 com o objetivo de avaliar os sistemas de ensino, mas 
se tornou peça-chave nos vestibulares, a partir de sua incorporação aos programas de seleção para a 
universidade do Governo Federal, pois o desempenho por aluno se tornou critério para preencher vagas 
em faculdades privadas e públicas. 
O primeiro programa a incorporar os resultados do exame foi o Programa Universidade para Todos 
(ProUni), em 2004, como um dos requisitos para conseguir bolsas de estudo em universidades privadas. 
31
POLÍTICA SETORIAL – EDUCAÇÃO
No entanto, o caráter de vestibular foi intensificado a partir de 2010, quando a nota passou a ser utilizada 
como único critério de seleção via Sistema de Seleção Unificada (Sisu). A partir de 2014, agora com o 
propósito de assegurar financiamento para o custo das instituições superiores privadas, os resultados 
passaram a integrar o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). 
Diferentemente do Saeb, o Enem é opcional, ou seja, os estudantes que desejam fazer a prova 
precisam se inscrever.
Ensino Superior
O Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes) analisa as instituições, os cursos e 
o desempenho dos estudantes. O processo de avaliação leva em consideração aspectos como ensino, 
pesquisa, extensão, responsabilidade social, gestão da instituição e corpo docente. 
O Sinaes reúne informações do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) e das 
avaliações institucionais e dos cursos, e o Enade avalia o rendimento dos concluintes dos cursos 
de graduação, em relação aos conteúdos programáticos, habilidades e competências adquiridas 
em sua formação. 
O exame é obrigatório e a situação de regularidade do estudante no exame deve constar em seu 
histórico escolar. 
A primeira aplicação do Enade ocorreu em 2004, e a periodicidade máxima da avaliação é trienal 
para cada área do conhecimento.
As informações obtidas são utilizadas para orientação institucional de estabelecimentos de Ensino 
Superior e para embasar políticas públicas. Os dados também são úteis para a sociedade, especialmente 
aos estudantes, como referência quanto às condições de cursos e instituições.
Os processos avaliativos do Sinaes são coordenados e supervisionados pela Comissão Nacional de 
Avaliação da Educação Superior (Conaes). A operacionalização é de responsabilidade do Inep.
Diante do exposto, podemos notar que o processo de construção de um projeto de educação para o Brasil 
é fruto de discussões em vários setores da sociedade. Também é importante destacar que apesar dos apelos 
neoliberais em relação ao projeto educacional, muitos avanços foram conquistados, como o acesso à educação. 
Assim, não podemos negar que hoje a escola tem um caráter mais universal, o que não ocorria no passado, mas 
também é preciso aceitar que a qualidade do ensino tem deixado muito a desejar.
É necessário continuar o aperfeiçoamento do nosso sistema educacional, pensando sempre que 
educação é uma política pública prevista na Constituição Federal como dever do Estado e direito do 
cidadão, que deve ser prestada como qualidade para todos.
32
Unidade I
2.1 As reformas educacionais e os planos de educação
Ao tratarmos da questão das reformas educacionais no Brasil, precisamos observar que elas sempre 
ocorreram em momentos de crises nacionais e internacionais do sistema capitalista. Posto isso, é possível 
perceber que poucas vezes houve a intenção real de democratizar o ensino e, consequentemente, 
torná-lo acessível aos mais desfavorecidoseconomicamente. 
Outra questão que precisa ser levantada é que nunca foi uma prioridade nacional investir na melhoria 
da qualidade do ensino. Tal fato se torna evidente quando percebemos a falta de preocupação dos 
governantes com o acesso de todos a um sistema educacional de qualidade. De um modo geral, podemos 
considerar que isso tem a ver com a questão ideológica, pois é notório que a educação sempre foi colocada 
a serviço de um modelo econômico de natureza concentradora de rendas e socialmente excludente.
Para que possamos compreender melhor a questão ideológica da educação, apresentamos uma 
definição de ideologia.
Ideologia. Conjunto de ideias ou crenças que refletem as necessidades e 
aspirações sociais de um indivíduo, grupo, classe ou cultura particular: 
Já anunciaram diversas vezes o fim das ideologias, mas o homem não 
precisa só de pão, precisa também de sonhos (Edgar Morin, filósofo 
francês) (IDEOLOGIA, 2010).
Outra questão importante sobre as prioridades do Estado brasileiro é que tal processo não ocorreu 
somente no âmbito da educação, mas em todas as políticas sociais do Brasil. Ou seja, a implementação 
dessas políticas possui uma relação direta com as condições vigentes no país em nível econômico, 
político e social. Diante dessa realidade, o Estado somente intervém nas questões sociais por meio de 
medidas pontuais, com o objetivo, em primeiro lugar, de manter a ordem social.
A política social brasileira compõe-se e recompõe-se, conservando em sua 
execução o caráter fragmentário, setorial e emergencial, sempre sustentada 
pela imperiosa necessidade de dar legitimidade aos governos que buscam 
bases sociais para manter-se e aceitam seletivamente as reivindicações e até 
as pressões da sociedade (VIEIRA, 1995, p. 68).
O que observamos no Brasil é o desenvolvimento de políticas sociais focalizadas na perspectiva 
neoliberal, pois as políticas sociais focalizadas são consideradas as mais eficientes e adequadas 
para a concepção da política econômica neoliberal por terem como alvo as famílias e os indivíduos 
mais pobres.
Porém, a focalização de políticas sociais divide os trabalhadores em diferentes categorias (miseráveis, 
pobres) e estimula a disputa no âmbito interno da classe trabalhadora para a entrada nos programas 
de transferência de renda. As políticas sociais focalizadas também transformam o cidadão portador 
de direitos em cidadãos carentes, pobres e tutelados, por meio da transferência direta de renda cujos 
critérios de elegibilidade de seus beneficiários baseiam-se na carência. 
33
POLÍTICA SETORIAL – EDUCAÇÃO
Ocorre que, com a promulgação da nova Constituição Federal em 1988, nascida após amplo 
movimento de redemocratização do país, ampliam-se as responsabilidades do Poder Público e 
da sociedade em geral para com a educação, ou seja, mesmo que os governos tenham adotado 
uma postura neoliberal de distanciamento do Estado das questões sociais, existe uma obrigação 
constitucional para que sejam adotadas políticas públicas que propiciem a inclusão social.
Cabe destacar que a Constituição Federal de 1988 foi a que trouxe o mais longo capítulo sobre a 
educação de todas as constituições brasileiras. Ela apresenta dez artigos específicos (art. 205 a 214) que 
detalham a matéria, a qual também figura em quatro artigos do texto constitucional (art. 22, XXIV; 23, 
V; 30, VI e 60-61 das disposições transitórias). 
 Saiba mais
Para que possamos compreender melhor como a Constituição Federal de 1988 
tratou das questões ligadas à educação, é fundamental a leitura dos artigos 205 
ao 214, pois são esses os artigos constitucionais que tratam de modo específico 
da educação no Brasil. Se não tivermos um conhecimento aprimorado desses 
artigos, dificilmente vamos conseguir compreender as reformas educacionais e 
os planos de educação que foram sendo criados a partir dos novos parâmetros 
constitucionais, e o motivo disso é que esses artigos conferem ao direito à 
educação um espaço normativo mais preciso e delimitado.
Acesse:
BRASIL. Constituição (1988). Brasília, 1988. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 26 ago. 2019.
Se por um lado o direito social à educação previsto no artigo 6º, que apresentaremos a seguir, não 
se confunde ou não se limita às imposições constitucionais dos artigos 205 a 214, por outro não há 
como negar a conexão óbvia entre esses dispositivos constitucionais que, em última análise, são capazes 
de determinar o mínimo de atuação estatal necessária para que se implemente o direito à educação. De 
certa maneira, a Constituição delimita o núcleo essencial do direito à educação, colocando-o como um 
dos direitos sociais.
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, 
o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e 
à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. (Redação 
dada pela Emenda Constitucional n. 90, de 2015) (BRASIL, 1988).
Porém, a efetividade do direito à educação depende da existência de toda uma estrutura que permita 
a organização do sistema educacional. Assim, especificamente no que se refere às políticas educacionais, 
mesmo que se tenha respondido com algumas reformas legais aos direitos da população infantojuvenil, 
depois da Reforma Constitucional de 1988, por meio do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei 
34
Unidade I
Federal n. 8.069/90, e da Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional (LDB), Lei Federal n. 9.394/96, 
sempre nos deparamos com uma enfraquecida política educacional, e os programas existentes não 
superam a demanda e tampouco garantem o efetivo direito à educação previsto nas leis brasileiras. 
Podemos afirmar isso pelo fato de que as pesquisas realizadas para avaliar a educação no Brasil 
apresentam dados que demonstram que ainda estamos distantes de alcançar as metas estipuladas pela 
Emenda Constitucional n. 59, de 2009, que são: 
• erradicação do analfabetismo;
• universalização do atendimento escolar;
• melhoria da qualidade do ensino; 
• formação para o trabalho e promoção humanística, científica e tecnológica do país.
Por outro lado, reconhecemos que o cumprimento enfocado pela Constituição Federal deu-se 
principalmente a partir da LDB, criada em 1996, que foi influenciada por várias lutas sindicais, políticas, 
sociais e econômicas. 
Logo em seu primeiro artigo, a LDB apresenta uma importante proposta para a educação brasileira:
Art. 1º A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem 
na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de 
ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil 
e nas manifestações culturais.
§ 1º Esta Lei disciplina a educação escolar, que se desenvolve, 
predominantemente, por meio do ensino, em instituições próprias.
§ 2º A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática 
social (BRASIL, 1996).
Por esse motivo é que, com embasamento na LDB, se definiu o Plano Nacional da Educação, com 
o objetivo de se fazer uma regulamentação global de como deve ser estruturada a educação básica no 
Brasil, cumprindo assim uma determinação que já estava expressa no artigo 87 da LDB, como segue:
Art. 87. É instituída a Década da Educação, a iniciar-se um ano a partir da 
publicação desta Lei.
§ 1º A União, no prazo de um ano a partir da publicação desta Lei, 
encaminhará, ao Congresso Nacional, o Plano Nacional de Educação, com 
diretrizes e metas para os dez anos seguintes, em sintonia com a Declaração 
Mundial sobre Educação para Todos (BRASIL, 1996).
Cumprindo a determinação expressa nesse artigo da LDB, a partir do Plano Nacional da Educação 
o governo elaborou os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN). É necessário ressaltar aqui que os 
35
POLÍTICA SETORIAL – EDUCAÇÃO
parâmetros foram elaborados sem a participação da sociedade, mas com o importante apoio de 
especialistas do ramo da educação. OsPCN servem para orientar o ensino brasileiro de acordo com 
a realidade de cada região das escolas brasileiras. Segundo o Ministério da Educação, o Parâmetro 
Curricular Nacional é considerado pelo governo como referencial de qualidade para a educação básica.
Nesse mesmo sentido, em cumprimento ao que determinava a Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
(LDB), criou-se o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização 
dos Profissionais da Educação (Fundeb), que enviava recursos financeiros para valorizar o salário dos 
professores, assim como para serem utilizados na educação básica. 
Ainda, segundo informações do Ministério da Educação, o Fundeb atende toda a educação básica, da 
creche ao Ensino Médio. Substituto do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental 
e de Valorização do Magistério (Fundef), que vigorou de 1997 a 2006, o Fundeb está em vigor desde 
janeiro de 2007 e se estenderá até 2020.
Visando também cumprir o que foi afirmado na Declaração de Jomtien em 1990, o Brasil criou o 
Plano Plurianual, definido pelo artigo 165 da Constituição Federal, com uma duração de quatro anos, 
formado por um conjunto de programas do Governo Federal com o objetivo de abranger diversas áreas 
sociais para promover o acesso à educação em qualquer nível. 
Atualmente está em vigência o PPA 2016-2019, que mantém a estrutura do PPA 2012-2015 e incorpora 
correções relativas a questões identificadas durante a gestão do plano anterior, como a aproximação entre a 
orientação estratégica e os programas temáticos, facilitando a compreensão de como a estratégia geral do 
governo se conecta com os objetivos e metas expostos na sua dimensão programática.
É papel do PPA, além de declarar as escolhas do governo e da sociedade, indicar os meios para 
a implementação das políticas públicas, bem como orientar taticamente a ação do Estado para a 
consecução dos objetivos pretendidos. Nesse sentido, ele se estrutura nas seguintes dimensões:
• Dimensão estratégica: precede e orienta a elaboração dos programas temáticos. É composta por 
uma visão de futuro, eixos e diretrizes estratégicas.
• Dimensão tática: define caminhos exequíveis para as transformações da realidade que estão 
anunciadas nas diretrizes estratégicas, considerando as variáveis inerentes à política pública e 
reforçando a apropriação, pelo PPA, das principais agendas de governo e dos planos setoriais 
para os próximos quatro anos. A dimensão tática do PPA 2016-2019 é expressa nos programas 
temáticos e nos programas de gestão, manutenção e serviços ao Estado. Essa dimensão aborda as 
entregas de bens e serviços pelo Estado à sociedade.
• Dimensão operacional: relaciona-se com a otimização na aplicação dos recursos disponíveis e a 
qualidade dos produtos entregues, sendo especialmente tratada no orçamento.
36
Unidade I
 Saiba mais
Leia a declaração a seguir:
UNICEF. Declaração Mundial sobre Educação para Todos. Jomtien, 1990. 
Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/declaracao-mundial-sobre-
educacao-para-todos-conferencia-de-jomtien-1990. Acesso em: 20 jul. 2019.
Como já vimos, também foi criado o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), que existe 
desde 1995 e a cada dois anos é realizado para verificar a educação básica no país. O responsável pela 
quantificação dos dados é o Inep. Segundo o Ministério da Educação, o Saeb, conforme estabelece 
a Portaria n. 931, de 21 de março de 2005, é composto por dois processos: a Avaliação Nacional da 
Educação Básica (Aneb) e a Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (Anresc).
No ano de 2007, o Brasil também implantou o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), que 
apresenta formas de enfrentar os problemas de rendimento, frequência e permanência do aluno na 
escola. O PDE ajuda a estabelecer metas e avaliar e cobrar resultados em todas as escolas de zona urbana 
do país que apresentem mais de vinte alunos por sala. 
Em tal realização, o PDE pede apoio da família e da comunidade para auxiliar os professores, diretores 
e alunos para juntos fazerem uma educação de qualidade. São enviados verbas e recursos técnicos pelo 
Governo Federal para auxiliar a sanar os resultados negativos de aprendizagem dos alunos. Porém, a 
busca por uma educação de qualidade e igualdade continua sendo desafio crucial a ser enfrentado pelo 
Brasil, inclusive pelo que é cobrado ao país para o cumprimento das exigências do Movimento Todos 
pela Educação. 
 Saiba mais
O Todos pela Educação é uma organização da sociedade civil, sem 
fins lucrativos, plural e suprapartidária, com o propósito de melhorar 
o Brasil, impulsionando a qualidade e a equidade da educação básica 
no país. Com uma atuação focada em contribuir para o avanço das 
políticas públicas educacionais, busca criar senso de urgência para a 
necessidade de mudanças.
Acesse o site da organização:
https://www.todospelaeducacao.org.br/ 
No ano de 2014, o Congresso Federal sancionou o Plano Nacional de Educação (PNE), com 
validade de dez anos e com a finalidade de direcionar esforços e investimentos para a melhoria 
37
POLÍTICA SETORIAL – EDUCAÇÃO
da qualidade da educação no país. Esse plano estabelece diretrizes, metas e estratégias que devem 
reger as iniciativas na área da educação. Por isso, todos os estados e municípios devem elaborar 
planejamentos específicos para fundamentar o alcance dos objetivos previstos considerando a 
situação, as demandas e as necessidades locais.
Com força de lei, o PNE estabelece vinte metas a serem atingidas nos próximos dez anos:
Quadro 3 – As 20 metas do Plano Nacional de Educação
Metas do PNE Objetivo 
1 Educação Infantil
2 Ensino Fundamental
3 Ensino Médio
4 Educação Inclusiva
5 Alfabetização
6 Educação integral
7 Aprendizado adequado na idade certa
8 Escolaridade média
9 Alfabetização e alfabetismo de jovens e adultos
10 EJA integrada à educação profissional
11 Educação profissional
12 Educação superior
13 Titulação de professores da educação superior
14 Pós-graduação
15 Formação de professores
16 Formação continuada e pós-graduação de professores
17 Valorização do professor
18 Plano de carreira docente
19 Gestão democrática
20 Financiamento da educação
Adaptado de: Brasil (2014c).
 Saiba mais
O Plano Nacional de Educação (PNE) determina diretrizes, metas e 
estratégias para a política educacional no período de 2014 a 2024. 
Acesse:
http://pne.mec.gov.br/
38
Unidade I
O Plano Nacional de Educação desenvolve um diagnóstico da situação educacional no país e, a 
partir dele, determina princípios, diretrizes, estratégias de ação e metas a fim de guiar as políticas 
públicas educacionais e combater os problemas do sistema de educação brasileiro em todas as esferas 
de governo. Em outras palavras, o PNE aponta para onde queremos que a educação no Brasil chegue e 
qual é o caminho que ela deverá percorrer para chegar até lá.
Ao todo, o plano apresenta 254 estratégias e 20 metas a serem cumpridas ao longo de dez anos, que 
buscam garantir o direito à educação básica de qualidade, a universalização do ensino obrigatório, a 
redução das desigualdades, a valorização da diversidade, a valorização dos profissionais da educação e o 
aumento das oportunidades educacionais. São diretrizes que mobilizam todas as esferas administrativas 
e, por isso, estados e municípios também foram obrigados a elaborar seu próprio plano estadual ou 
municipal de educação, seguindo os princípios do plano nacional, mas adaptados à sua realidade.
O plano é, portanto, uma ferramenta para planejar e articular as ações de todas as esferas do governo 
em função de objetivos em comum, a fim de otimizar suas ações e evitar problemas causados pelas 
lacunas entre União, estados e municípios, como descontinuidade de programas e de políticas públicas 
e insuficiência de recursos.
 Saiba mais
O Observatório do PNE (OPNE) foi construído para que você possa 
encontrar indicadores de monitoramento das 20 metas e 254 estratégias 
do Plano. No OPNE, além de análises,está disponível um extenso acervo 
de estudos, vídeos e informações sobre políticas públicas educacionais. 
A plataforma funciona como um instrumento de controle social, para que 
qualquer cidadão brasileiro possa acompanhar o cumprimento das metas 
estabelecidas e também apoiar gestores públicos, educadores e pesquisadores.
Nesse sentido, é importante visitar o site do observatório e verificar 
como anda o cumprimento das metas no nosso município.
http://www.observatoriodopne.org.br/
Os principais desafios do plano estão relacionados à evolução dos indicadores de alfabetização 
e inclusão, à formação continuada dos professores e à expansão do ensino profissionalizante para 
adolescentes e adultos. Atualmente, o Brasil é chamado pela sociedade a dar respostas para melhorar 
a educação, e tais ações são essenciais para atender às necessidades da construção de uma sociedade 
de conhecimento.
No Brasil, grande parcela dos alunos de diferentes níveis educacionais apresenta deficiências em 
disciplinas críticas, sendo que as baixas absorções de conceitos científicos prejudicam a inclusão desses 
indivíduos na sociedade moderna. 
39
POLÍTICA SETORIAL – EDUCAÇÃO
A educação de qualidade é um desafio persistente, visto que o sistema educacional brasileiro nem 
sempre é capaz de desenvolver habilidades cognitivas de importância essencial para a vida cotidiana e 
evidencia debilidades no fomento à formação de valores que capacitem os cidadãos a uma participação 
ativa na sociedade e também na promoção do desenvolvimento humano sustentável.
É importante tratarmos também dos objetivos de desenvolvimento do milênio, que são as oito metas 
estabelecidas pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2000, com o apoio de 191 nações, inclusive 
do Brasil, as quais ficaram conhecidas como Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM). São elas:
• Acabar com a fome e a miséria.
• Oferecer educação básica de qualidade para todos.
• Promover a igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres.
• Reduzir a mortalidade infantil.
• Melhorar a saúde das gestantes.
• Combater a aids, a malária e outras doenças.
• Garantir qualidade de vida e respeito ao meio ambiente.
• Estabelecer parcerias para o desenvolvimento.
1
Acabar com a fome 
e a miséria
Educação básica de 
qualidade para todos
Igualdade entre 
sexos e valorização 
da mulher
Reduzir a 
mortalidade infantil
Melhorar a saúde 
das gestantes
Combater as AIDS, 
a malária e outras 
doenças
Qualidade de vida 
e respeito ao meio 
ambiente
Todo mundo 
trabalhando pelo 
desenvolvimento
2 3 4
5 6 7 8
Figura 1 
Conforme pudemos observar, a segunda meta trata da educação básica de qualidade para todos. 
É importante destacar que os objetivos do milênio não foram estabelecidos arbitrariamente, mas a 
partir de uma série de debates no âmbito das conferências internacionais dos anos 1990. Assim, em 
40
Unidade I
setembro de 2000, eles foram sintetizados na chamada Declaração do Milênio, um pacto assinado por 
192 países-membros da ONU para serem cumpridos até 2015. 
Os chamados 8 jeitos de mudar o mundo surgiram a partir do Projeto do Milênio, elaborado 
pela ONU no sentido de melhor operacionalizar e divulgar os ODM em um plano de ação concreta. 
A participação do Brasil no cumprimento desses objetivos foi bastante significativa, pois segundo os 
dados disponibilizados no site da ODM Brasil (s.d.), nos últimos anos houve avanços importantes em 
termos de acesso e rendimento escolar de crianças e jovens no Brasil. Esses avanços ocorreram mesmo 
com o país convivendo com uma baixa taxa de conclusão escolar, que pode ser explicada pelos elevados 
índices de repetência e de evasão.
Ainda com o propósito de serem criadas metas internacionais para o desenvolvimento dos países, em 
setembro de 2015 líderes mundiais reuniram-se na sede da ONU, em Nova York, e decidiram mais um 
plano de ação para erradicar a pobreza, proteger o planeta e garantir que as pessoas alcancem a paz e 
a prosperidade. Nesse encontro ficou estabelecida a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, 
a qual contém o conjunto de 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Figura 2 
A Agenda 2030 e os ODS afirmam que para pôr o mundo em um caminho sustentável é urgentemente 
necessário tomar medidas ousadas e transformadoras. Assim, os ODS constituem uma ambiciosa lista 
de tarefas para todas as pessoas, em todas as partes, a serem cumpridas até 2030. Se cumprirmos suas 
metas, seremos a primeira geração a erradicar a pobreza extrema e iremos poupar as gerações futuras 
dos piores efeitos adversos da mudança do clima.
41
POLÍTICA SETORIAL – EDUCAÇÃO
 Saiba mais
Para ler a respeito dos 17 objetivos de desenvolvimento sustentável, acesse:
UNDP. Objetivos de desenvolvimento sustentável. [s.d.]. Disponível em: 
http://www.br.undp.org/content/brazil/pt/home/sustainable-development-
goals.html. Acesso em: 20 ago. 2019.
Como o objeto de estudo deste livro-texto é a educação, vamos tratar a seguir do objetivo 4, 
como segue:
Quadro 4 – Objetivo 4: assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e 
promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todas e todos
4.1
Até 2030, garantir que todas as meninas e meninos completem o ensino primário e 
secundário livre, equitativo e de qualidade, que conduza a resultados de aprendizagem 
relevantes e eficazes.
4.2
Até 2030, garantir que todos as meninas e meninos tenham acesso a um desenvolvimento 
de qualidade na primeira infância, cuidados e educação pré-escolar, de modo que eles 
estejam prontos para o ensino primário.
4.3 Até 2030, assegurar a igualdade de acesso para todos os homens e mulheres à educação técnica, profissional e superior de qualidade, a preços acessíveis, incluindo universidade.
4.4
Até 2030, aumentar substancialmente o número de jovens e adultos que tenham 
habilidades relevantes, inclusive competências técnicas e profissionais, para emprego, 
trabalho decente e empreendedorismo.
4.5
Até 2030, eliminar as disparidades de gênero na educação e garantir a igualdade de acesso 
a todos os níveis de educação e formação profissional para os mais vulneráveis, incluindo as 
pessoas com deficiência, povos indígenas e as crianças em situação de vulnerabilidade.
4.6
Até 2030, garantir que todos os jovens e uma substancial proporção dos adultos, homens e 
mulheres estejam alfabetizados e tenham adquirido o conhecimento básico 
de matemática.
4.7
Até 2030, garantir que todos os alunos adquiram conhecimentos e habilidades 
necessárias para promover o desenvolvimento sustentável, inclusive, entre outros, por 
meio da educação para o desenvolvimento sustentável e estilos de vida sustentáveis, 
direitos humanos, igualdade de gênero, promoção de uma cultura de paz e não 
violência, cidadania global e valorização da diversidade cultural e da contribuição da 
cultura para o desenvolvimento sustentável.
4.a
Construir e melhorar instalações físicas para educação, apropriadas para crianças e sensíveis 
às deficiências e ao gênero, e que proporcionem ambientes de aprendizagem seguros e não 
violentos, inclusivos e eficazes para todos.
4.b
Até 2020, substancialmente ampliar globalmente o número de bolsas de estudo para 
os países em desenvolvimento, em particular os países menos desenvolvidos, pequenos 
Estados insulares em desenvolvimento e os países africanos, para o Ensino Superior, 
incluindo programas de formação profissional, de tecnologia da informação e da 
comunicação, técnicos, de engenharia e programas científicos em países desenvolvidos e 
outros países em desenvolvimento.
4.c
Até 2030, substancialmente aumentar o contingente de professores qualificados, inclusive 
por meio da cooperação internacional para a formação de professores, nos países em 
desenvolvimento, especialmente os países menos desenvolvidos e pequenos Estados 
insulares em desenvolvimento.
Fonte: Nações Unidas Brasil (s.d.).
42
Unidade I
Trouxemos essas informações sobre os ODM e ODS por entendermos queé muito importante 
conhecermos essas metas, pactuadas pela maior parte dos países com a ONU, pois elas impulsionam as 
iniciativas nacionais, principalmente no que se refere à educação.
As metas estipuladas, principalmente pelo objetivo 4 dos ODS, refletem o papel importante da 
educação, pois essa política pública está diretamente relacionada com os objetivos relacionados a saúde, 
crescimento e emprego, consumo e produção sustentáveis, entre outros.
 Lembrete
Desenvolvimento sustentável é aquele capaz de suprir as necessidades 
da geração atual sem comprometer o atendimento às necessidades das 
futuras gerações. 
3 A POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO NO BRASIL
A educação no Brasil é um direito social de todos, assegurado pela Constituição Federal e de 
competência comum da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios. Por esse motivo, a 
política educacional pertence ao grupo de políticas públicas sociais do país, ou seja, trata-se de uma 
política que é de responsabilidade do Estado. 
As políticas públicas envolvem todos os grupos de necessidades da sociedade civil, que são as 
políticas sociais, sendo que estas determinam o padrão de proteção social implementado pelo Estado, 
voltadas, em princípio, à redistribuição dos benefícios sociais, entre eles o direito à educação. Para que 
esse direito seja garantido com qualidade e de forma universal, é implementada a política educacional.
A educação, junto com a saúde e a segurança pública, é um dos deveres mais importantes de todas 
as esferas governamentais e, por isso, possui uma ampla legislação que visa garantir não somente que os 
governos cumpram suas obrigações, mas também que a educação cumpra sua função social. Nesse sentido, 
foi criado o Conselho Nacional de Educação (CNE), que tem por missão a busca democrática de alternativas e 
mecanismos institucionais que possibilitem, no âmbito de sua esfera de competência, assegurar a participação 
da sociedade no desenvolvimento, aprimoramento e consolidação da educação nacional de qualidade.
As atribuições do Conselho são normativas, deliberativas e de assessoramento ao ministro de 
Estado da Educação, no desempenho das funções e atribuições do Poder Público federal em matéria 
de educação, cabendo-lhe formular e avaliar a Política Nacional de Educação, zelar pela qualidade do 
ensino, velar pelo cumprimento da legislação educacional e assegurar a participação da sociedade no 
aprimoramento da educação brasileira.
Os compromissos do CNE são:
• Consolidar a identidade do Conselho Nacional de Educação como órgão de Estado, identidade 
esta afirmada e construída na prática cotidiana, nas ações, intervenções e interações com os 
demais sistemas de ensino.
43
POLÍTICA SETORIAL – EDUCAÇÃO
• Participar do esforço nacional comprometido com a qualidade social da educação brasileira, 
cujo foco incide na escola da diversidade, na e para a diversidade, tendo o PNE e o PDE como 
instrumentos de conquista dessa prioridade.
• Articular e integrar, num diálogo permanente, as câmaras de educação básica e de educação 
superior, correspondendo às exigências de um Sistema Nacional de Educação que ultrapasse 
barreiras burocráticas, mediante prática orgânica e unitária. 
• Consolidar a estrutura e diversificar o funcionamento do CNE, para que ele não responda apenas 
às demandas, mas que se constitua em espaço de fortalecimento de suas relações com os demais 
sistemas de ensino e com os segmentos sociais, espaço de estudos para as comissões bicamerais, 
audiências públicas, fóruns de debates, sempre cuidando da dotação de infraestrutura material 
necessária e do quadro de pessoal próprio.
• Instaurar um diálogo efetivo, articulado e solidário, com todos os sistemas de ensino (em nível 
federal, estadual e municipal), em compromisso com a Política Nacional de Educação, em regime 
de colaboração e de cooperação. Talvez este se constitua no desafio maior para o CNE.
Ainda objetivando que a política de educação consiga cumprir a sua função social, a Constituição 
Federal determina que os municípios apliquem ao menos 25% de sua receita resultante de impostos e 
transferências na manutenção e no desenvolvimento da educação. A lei é a mesma para os estados e, 
no caso da União, o percentual mínimo era de 18% até 2017. Porém, a Emenda Constitucional n. 95, 
conhecida como Lei do Teto, estipulou que, desde 2018, a União devia investir o mesmo valor de 2017 
mais o acréscimo da inflação do ano anterior medida pelo IPCA. Isso significa que o investimento em 
educação não vai acompanhar o crescimento do PIB.
Para que os estados, os municípios e a União cumpram as suas obrigações constitucionais no âmbito 
da educação, a seção I do capítulo III da Constituição de 1988, intitulada “Da Educação”, define os pontos 
mais cruciais da educação em relação aos sistemas de ensino, aos deveres do Estado, aos recursos públicos 
destinados à área e aos seus objetivos, que de acordo com art. 205 são o “pleno desenvolvimento da 
pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Entre as definições 
mais importantes dessa seção estão os princípios com base nos quais o ensino deve ser ministrado 
(art. 206) e as responsabilidades que o Estado deve exercer em vista de assegurar a efetivação do seu 
compromisso com a educação (art. 208).
Tais artigos constitucionais precisavam ser devidamente regulamentados para produzir os efeitos 
esperados. Por esse motivo, a LDB trouxe toda uma base orientada pelos princípios, diretrizes e normas 
estabelecidos na Constituição de 1988, que define e regula o sistema brasileiro de educação.
3.1 Conhecendo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) – 
Lei n. 9.394/1996
A LDB foi criada para garantir o direito de toda população a ter acesso à educação gratuita e de 
qualidade, para valorizar os profissionais da educação e estabelecer o dever da União, dos estados e dos 
municípios com a educação pública.
44
Unidade I
A competência legislativa em matéria educacional na Constituição Federal se encontra na previsão 
do artigo 22, XXIV, que consagra competência legislativa privativa da União para legislar sobre diretrizes 
e bases da educação nacional e na competência concorrente da União, dos estados e do Distrito Federal 
para legislar sobre educação, cultura, ensino e desporto, prevista no artigo 24, IX.
Apesar de estarmos tratando da educação, é importante irmos um pouco para a área do direito, 
visando entender o que é a competência legislativa privativa, a concorrente e a suplementar.
• Privativa: é a competência plena, direta e exclusiva de legislar.
• Concorrente: é a competência comum.
• Suplementar: é uma subespécie da competência concorrente, aquela que preenche os vazios 
da norma geral. Para alguns, ela é “complementar”. Exemplo: aos estados, cabe complementar as 
normas gerais.
A LDB é a principal legislação educacional brasileira, considerada a Carta Magna da educação. 
Ela organiza e regulamenta a estrutura e o funcionamento do sistema educacional público e privado 
em todo o Brasil com base nos princípios e direitos presentes na Constituição Federal de 1988. 
Na LDB encontramos as diretrizes que regem a educação nacional em todas suas modalidades, 
do ensino básico ao superior. Por isso, é fundamental que todos que atuam na área da educação 
tenham conhecimento da LDB, já que nela podemos encontrar tanto os direitos quanto os deveres dos 
profissionais da educação e também de seus governantes.
A primeira LDB foi criada em 1961, tendo sido reformulada em 1971 e 1996. Apesar de a versão de 
1996 ainda estar em vigor (Lei n. 9.394), ela já sofreu diversas alterações ao longo dos anos, a última 
delas em 2017.
Antes de continuarmos a tratar dos aspectos gerais da LDB, vamos nos aprofundar um pouco nas 
alterações promovidas na Lei a partir de 2017, por se tratarem das mais recentes.
• Lei n. 13.415, de 16 de fevereiro de 2017: altera as Leis n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, 
que estabelece as diretrizese bases da educação nacional, e 11.494, de 20 de junho de 2007, que 
regulamenta o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos 
Profissionais da Educação, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei 
n. 5.452, de 1º de maio de 1943, e o Decreto-Lei n. 236, de 28 de fevereiro de 1967; revoga a 
Lei n. 11.161, de 5 de agosto de 2005; e institui a Política de Fomento à Implementação de Escolas 
de Ensino Médio em Tempo Integral.
• Lei n. 13.632, de 6 de março de 2018: altera a Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de 
Diretrizes e Bases da Educação Nacional), para dispor sobre educação e aprendizagem ao longo 
da vida.
45
POLÍTICA SETORIAL – EDUCAÇÃO
• Lei n. 13.796, de 3 de janeiro de 2019: altera a Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de 
Diretrizes e Bases da Educação Nacional), para fixar, em virtude de escusa de consciência, prestações 
alternativas à aplicação de provas e à frequência a aulas realizadas em dia de guarda religiosa.
 Saiba mais
Conheça na íntegra essas três leis nos links a seguir:
BRASIL. Lei n. 13.415, de 16 de fevereiro de 2017. Brasília, 2017a. 
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/
Lei/L13415.htm. Acesso em: 27 ago. 2019.
BRASIL. Lei n. 13.632, de 6 de março de 2018. Brasília, 2018. Disponível 
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13632.
htm. Acesso em: 27 ago. 2019.
BRASIL. Lei n. 13.796, de 3 de janeiro de 2019. Brasília, 2019a. Disponível 
em: http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13796.
htm. Acesso em: 27 ago. 2019.
Entendemos ser importante apresentar de forma detalhada as alterações promovidas na LDB a partir 
de 2017, pois os temas tratados nessas mudanças dizem respeito a questões da contemporaneidade e 
que modificam a forma como conhecemos e vivenciamos a educação. Nesse sentido, é fundamental 
destacar que o novo texto trata de assuntos que dizem respeito à sociedade atual mediada por novos 
conceitos e pela informação. 
Para uma maior compreensão da importância dessas mudanças, vamos elencar a seguir os principais 
temas inseridos na LDB a partir de 2017:
• carga horária mínima anual;
• temas transversais;
• linguagens e suas tecnologias;
• matemática e suas tecnologias;
• ciências da natureza e suas tecnologias;
• ciências humanas e sociais aplicadas;
• padrões de desempenho esperados para o Ensino Médio;
46
Unidade I
• construção de projeto de vida e formação nos aspectos físicos, cognitivos e socioemocionais;
• projetos e atividades on-line;
• domínio dos princípios científicos e tecnológicos que presidem a produção moderna;
• conhecimento das formas contemporâneas de linguagem;
• itinerários formativos;
• formação técnica e profissional;
• ênfase técnica e profissional;
• concessão de certificados intermediários de qualificação para o trabalho;
• cursos realizados por meio de educação a distância ou educação presencial mediada por tecnologias;
• garantia do direito à educação e à aprendizagem ao longo da vida;
• medidas de conscientização, de prevenção e de combate a todos os tipos de violência;
• ações destinadas a promover a cultura de paz nas escolas;
• educação alimentar e nutricional incluída entre os temas transversais;
• exercício da liberdade de consciência e de crença;
• notificação ao Conselho Tutelar do Município a relação dos alunos que apresentem quantidade de 
faltas acima de 30%.
Entre os temas elencados, cabe um estudo um pouco mais detalhado sobre os temas transversais, que 
caracterizam-se por um conjunto de assuntos que aparecem transversalizados em áreas determinadas 
do currículo e se constituem na necessidade de um trabalho mais significativo e expressivo de temáticas 
sociais na escola.
Alguns critérios utilizados para a sua constituição se relacionam à urgência social, à abrangência 
nacional e à possibilidade de ensino e aprendizagem na educação básica e no favorecimento à 
compreensão do ensino/aprendizagem, assim como da realidade e da participação social. 
Os temas transversais são constituídos pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e compreendem 
seis áreas: 
47
POLÍTICA SETORIAL – EDUCAÇÃO
Quadro 5 
Ética Respeito mútuo, justiça, diálogo, solidariedade.
Orientação sexual Corpo: matriz da sexualidade, relações de gênero, prevenções das doenças sexualmente transmissíveis.
Meio ambiente Os ciclos da natureza, sociedade e meio ambiente, manejo e conservação ambiental.
Saúde Autocuidado, vida coletiva.
Pluralidade 
cultural
Pluralidade cultural e a vida das crianças no Brasil, constituição da pluralidade cultural 
no Brasil, o ser humano como agente social e produtor de cultura, pluralidade cultural 
e cidadania.
Trabalho e 
consumo
Relações de trabalho; trabalho, consumo, meio ambiente e saúde; consumo, meios de 
comunicação de massas, publicidade e vendas; direitos humanos e cidadania.
Podem ser trabalhados também temas locais, como trabalho, orientação para o trânsito etc.
Agora que já obtivemos um amplo conhecimento sobre as alterações recentes promovidas na 
LDB, podemos voltar a tratar dos seus aspectos gerais.
Assim como a Constituição, a LDB também define os princípios, fins, direitos e deveres referentes 
à educação nacional. Além disso, ela estabelece e aprofunda outros pontos relacionados ao sistema 
educacional, como:
• Organização da educação nacional: determina quais são as responsabilidades e obrigações de 
cada esfera administrativa (União, estado, Distrito Federal e município), das instituições de ensino 
e dos professores e a composição dos diferentes sistemas de ensino (federal, estadual – inclui o 
Distrito Federal – e municipal).
• Níveis e modalidades de educação e ensino: delibera sobre as finalidades e o modo de 
organização dos níveis e modalidades da educação. Os níveis são divididos em educação 
básica (composta por Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio – que pode ser 
profissionalizante ou não) e Ensino Superior. Já as modalidades incluem educação de jovens e 
adultos – conhecido popularmente como supletivo –, educação especial, educação profissional e 
tecnológica, educação a distância e educação indígena.
• Profissionais da educação: indica os títulos e experiências necessárias aos profissionais da 
educação e estabelece as obrigações dos órgãos administrativos em vista da valorização deles.
Entre os avanços e novidades da atual LDB estão a implementação do conceito de educação básica, 
nível de ensino que corresponde aos primeiros anos de educação escolar, e a introdução, em 2013, 
da Educação Infantil como primeira etapa desse nível, que também inclui o Ensino Fundamental e o 
Ensino Médio. 
Como a educação básica é obrigatória, a Educação Infantil também passou a ser e, portanto, os pais 
ficaram obrigados a matricular seus filhos na escola a partir dos 4 anos. 
48
Unidade I
A LDB também determinou que os currículos da Educação Infantil, Fundamental e Média tenham 
uma base nacional comum; porém, respeitando as diversidades de cada região, dividiu melhor as 
competências entre as esferas governamentais, pôs fim à obrigatoriedade do vestibular como única 
forma de ingresso à universidade, trouxe as creches para o sistema educacional, estimulou novas 
modalidades como a educação a distância e determinou a elaboração de um novo Plano Nacional de 
Educação. Seu conteúdo é preciso, apontando para a ideia de “fundamento, organização, condições de 
exequibilidade”, pois é ela que traça a estrutura da educação nacional.
Diante do que estudamos sobre a LDB, podemos verificar que o problema da educação do Brasil não 
é a falta de leis que garantam os direitos dos alunos e dos professores a uma educação de qualidade, 
pois a LDB tem nos seus artigos o suficiente para isso.
Talvez um dos problemas seja que boa parte dos professores e dos alunos não tem conhecimento 
e/ou não exige o cumprimento da lei. Muitos governantes não fazem a menor questão de proporcionaràs crianças e adolescentes do Brasil uma educação básica de qualidade.
3.2 Política social, educação e cidadania
O efeito das políticas sociais públicas afeta a vida de grande parte da população brasileira, 
principalmente daqueles que se encontram em processo de exclusão social por falta de efetividade 
dessas políticas. 
 Lembrete
A exclusão social designa um processo de afastamento e privação de 
determinados indivíduos ou de grupos sociais em diversos âmbitos da 
estrutura da sociedade.
Por esse motivo, antes de abordar a questão da política social, educação e cidadania, é importante tratar 
do próprio significado de políticas sociais. A partir da leitura de vários autores, podemos definir que as políticas 
sociais se referem a ações que determinam o padrão de proteção social implementado pelo Estado, voltadas, 
em princípio, para a redistribuição dos benefícios sociais visando à diminuição das desigualdades estruturais 
produzidas pelo modelo de desenvolvimento socioeconômico implementado no país.
A partir dessa definição, vamos entender que uma política social deve buscar reduzir as desigualdades 
entre os indivíduos produzidas pelo próprio sistema capitalista. Nesse sentido, é importante trazer a 
opinião de Pedro Demo (1994, p. 14), quando ele escreve que “política social pode ser contextualizada, 
[...] do ponto de vista do Estado, como proposta planejada de enfrentamento das desigualdades sociais”. 
Assim, para o autor, as políticas sociais não são meramente casuais, elas são organizadas e projetadas, 
podem interferir no processo histórico e não permitir que o mesmo ocorra ao acaso. Existe, assim, a 
possibilidade de construir uma sociedade que seja menos desigual.
49
POLÍTICA SETORIAL – EDUCAÇÃO
O pesquisador faz questão de ressaltar que a política social deve ser preventiva, no sentido de tocar 
a origem do problema como forma de evitar que ele se processe. Deve redistribuir e desconcentrar renda 
e poder, precisa ser equalizadora de oportunidades e, por fim, necessita ser, dentro das possibilidades, 
emancipatória, agregando autonomia econômica, orientada para a autossustentação, e autonomia 
política, enraizada na cidadania.
No processo de construção da cidadania é que surge a oportunidade para a formação do sujeito 
social, consciente e organizado, capaz de definir seu destino e de compreender a desigualdade como 
injustiça social. Por outro lado, uma sociedade que fragiliza a cidadania é caracterizada pela pobreza 
política. Nesse sentido, o acesso à educação para todos, dever do Estado, é uma das formas cruciais para 
a contribuição no processo de formação da cidadania, pois a cidadania precisa ser apreendida por meio 
de uma prática cotidiana que deve ser exercida em todos os aspectos da vida do sujeito, ou seja, deve 
fazer parte do cotidiano dos indivíduos.
A cidadania possui uma amplitude em vários setores da sociedade, pois abrange os direitos políticos, 
sociais e civis considerados fundamentais para as condições da vida em sociedade. 
Nessa mesma linha, também podemos considerar que a educação é um dos mais importantes direitos 
sociais, pois é a partir dele que o cidadão terá condições de ampliar o seu acesso aos demais direitos, conhecendo 
e exigindo o que lhe é devido pelo Estado. Nesse sentido, Demo (1994) aponta que as políticas educacionais 
também contribuem para o enfrentamento da pobreza política das pessoas. 
 Saiba mais
Leia mais sobre o assunto em:
DEMO, P. Educação e cidadania. Brasília: UnB, 2006. Disponível em: 
https://docs.google.com/document/d/1cNpuxnJTdiEUOG9eQQ5iqZj3ve3ikI
eHsM05uHVJo5k/pub. Acesso em: 27 ago. 2019.
Em alguns momentos da história, a educação resumia a própria política social, pois era identificada 
como a possibilidade de ascensão social. Dessa forma, era o investimento social mais importante, indicador 
privilegiado de desenvolvimento de uma nação. Porém, essa concepção mudou significativamente, pois 
hoje se percebe que as políticas sociais devem ser inter-relacionadas para produzir os efeitos delas 
esperados. No caso deste livro-texto, estamos tratando especificamente da inter-relação da educação 
com a assistência social, porém, essa interface se estende às demais políticas.
Vista de outra forma, a educação pode ser um importante meio pelo qual se promove a participação 
política. Com isso, temos uma valorização ainda maior da educação, pois ela passa a ser considerada 
como elemento fundamental na criação das participações nos espaços democráticos do país, onde 
existe a condição ideal para se discutir um projeto de redução das desigualdades. A educação deve ser 
capaz de transmitir a consciência dos direitos e dos deveres da cidadania política, contribuindo para que 
50
Unidade I
o cidadão possa, a partir de articulação, associação e cooperação, sentir-se como agente importante 
para a construção de uma sociedade com mais igualdade e mais justiça social.
4 ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DO ENSINO BRASILEIRO: ASPECTOS LEGAIS 
E ORGANIZACIONAIS
No Brasil, o sistema escolar é formado por uma rede de escolas e estrutura de sustentação. A 
rede de escolas está classificada pelos graus e pelas modalidades de ensino. Os graus de ensino foram 
estruturados para atender ao crescimento biológico e psicológico dos alunos. É o que, pela legislação 
atual, foi denominado como Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio e Ensino Superior. Já 
as modalidades de ensino visam atender a aspectos psicológicos e sociais, tais como o ensino técnico e 
profissionalizante. A estrutura de sustentação para o sistema escolar é formada pela parte administrativa, 
que contém os elementos que passamos a descrever a seguir:
Quadro 6 – Estrutura de sustentação do sistema 
escolar em conformidade com a LDB/96
Elementos não 
materiais
Normas (disposições legais, constituição, leis, decretos).
Disposições regulamentares (regimes, portarias, instruções).
Disposições consuetudinárias (ética, costumes, praxe).
Metodologias do ensino.
Conteúdos do ensino (currículos e programas).
Entidades 
mantenedoras
Poder Público (federal, estadual e municipal).
Entidades particulares (leigas e confessionais).
Entidades mistas (autarquias).
Administração
Organismos que têm por finalidade a gestão do sistema escolar 
(Secretarias Municipais, Departamento de Educação, Diretoria 
Regional/Estadual etc.).
Da mesma forma, a política de educação é composta por níveis e modalidades de ensino, 
sendo que cada um deles possui particularidades no tocante à dinâmica dos espaços ocupacionais, 
legislações e prerrogativa dos entes governamentais, profissionais e públicos. 
De acordo com o artigo 8° da LBD/96, que regulamenta o artigo 211 da Constituição Federal, fica 
estabelecido que a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios devem organizar, em regime de 
colaboração, os respectivos sistemas de ensino. A redação do artigo 211 apresenta as seguintes regras:
Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão 
em regime de colaboração seus sistemas de ensino.
§ 1º A União organizará o sistema federal de ensino e o dos Territórios, 
financiará as instituições de ensino públicas federais e exercerá, em matéria 
educacional, função redistributiva e supletiva, de forma a garantir equalização 
de oportunidades educacionais e padrão mínimo de qualidade do ensino 
mediante assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos 
Municípios; (Redação dada pela Emenda Constitucional n. 14, de 1996)
51
POLÍTICA SETORIAL – EDUCAÇÃO
§ 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no Ensino Fundamental e na 
Educação Infantil. (Redação dada pela Emenda Constitucional n. 14, de 1996)
§ 3º Os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente no Ensino 
Fundamental e médio. (Incluído pela Emenda Constitucional n. 14, de 1996)
§ 4º Na organização de seus sistemas de ensino, a União, os Estados, o Distrito 
Federal e os Municípios definirão formas de colaboração, de modo a assegurar a 
universalização do ensinoobrigatório. (Redação dada pela Emenda Constitucional 
n. 59, de 2009)
§ 5º A educação básica pública atenderá prioritariamente ao ensino regular. 
(Incluído pela Emenda Constitucional n. 53, de 2006) (BRASIL, 1988).
A LDB é uma legislação que, de modo geral, normatiza a estrutura da organização educacional 
brasileira e também traz as normas que regem o seu funcionamento.
Do artigo 8º ao artigo 20 dessa lei estão estabelecidas disposições que tratam da organização 
da educação nacional. O art. 8º afirma que a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios 
organizarão, em regime de colaboração, os respectivos sistemas de ensino. Todavia, o § 1º atribui à União 
a responsabilidade pela coordenação da política nacional de educação, devendo articular os diferentes 
níveis e sistemas, exercendo função normativa, redistributiva e supletiva em relação às demais instâncias 
educacionais. O parágrafo 2º do mesmo artigo estabelece que “os sistemas de ensino terão liberdade de 
organização nos termos desta lei”. Porém, nenhuma liberdade é absoluta ou sem restrições; há sempre 
limites a serem observados. A liberdade existe, desde que observados os preceitos constitucionais e o que 
está contido nos princípios gerais da própria LDB. Por sua vez, o art. 9º estabelece as competências da 
União em matéria de educação. São incumbências que reforçam o papel de coordenação que a União 
deve exercer em relação à política nacional de educação. Entre as várias incumbências, cabe destacar 
aquela que afirma ser responsabilidade desse ente federativo “elaborar o Plano Nacional de Educação, 
em colaboração com os estados, o Distrito Federal e os municípios”. Já o art. 10 trata das incumbências 
dos estados em matéria educacional. Nesse caso, cabe destacar duas incumbências, entre outras, a saber: 
“V – baixar normas complementares para o seu sistema de ensino; VI – assegurar o Ensino Fundamental 
e oferecer, com prioridade, o Ensino Médio”.
 Saiba mais
Leia na íntegra a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional no link 
a seguir:
BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes 
e bases da educação nacional. Brasília, 1996. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em: 26 ago. 2019.
52
Unidade I
Nesse mesmo sentido, o Plano Nacional de Educação (PNE), Lei n. 10.172, de 9 de janeiro de 2001, 
também compõe o sistema legal formador da política de educação brasileira e que foi projetado para 
oferecer novos rumos à educação. O PNE tem a sua previsão legal no artigo 214 da Constituição Federal:
Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de duração 
decenal, com o objetivo de articular o sistema nacional de educação em 
regime de colaboração e definir diretrizes, objetivos, metas e estratégias de 
implementação para assegurar a manutenção e desenvolvimento do ensino 
em seus diversos níveis, etapas e modalidades por meio de ações integradas 
dos poderes públicos das diferentes esferas federativas que conduzam a: 
(Redação dada pela Emenda Constitucional n. 59, de 2009)
I – erradicação do analfabetismo;
II – universalização do atendimento escolar;
III – melhoria da qualidade do ensino;
IV – formação para o trabalho;
V – promoção humanística, científica e tecnológica do País.
VI – estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em 
educação como proporção do produto interno bruto. (Incluído pela Emenda 
Constitucional n. 59, de 2009) (BRASIL, 1988).
Porém, precisamos compreender que a legislação por si só não assegura que as modificações sejam 
incorporadas ao sistema educacional. Para que isso, de fato, venha a ocorrer, é fundamental que exista o 
investimento do Poder Público na política de educação. Esses investimentos são algumas das obrigações 
do Estado e precisam ser exigidos por parte da sociedade. Além disso, é imprescindível que a Política 
Nacional de Educação, implementada pelo Governo Federal por meio do ministério responsável, tenha 
como princípio norteador de suas ações a inclusão de todos nas políticas públicas.
4.1 Organização administrativa, pedagógica e curricular do sistema de ensino
O termo “organização” refere-se ao modo pelo qual se ordena e se constitui um sistema. A educação 
escolar no Brasil está organizada em três esferas administrativas: União, estados e Distrito Federal e 
municípios, cada um abrigando um sistema de ensino, conforme segue:
• a União abriga o sistema federal de ensino, com as instituições de Ensino Médio técnico e de nível 
superior (públicas e privadas);
• os estados e o Distrito Federal abrigam o sistema estadual de ensino, com as instituições de todos 
os níveis (públicas e privadas);
53
POLÍTICA SETORIAL – EDUCAÇÃO
• os municípios abrigam o sistema municipal de ensino, com instituições de Educação Infantil, 
incluindo creches, e de Educação Fundamental.
 Lembrete
As políticas educacionais são de responsabilidade do Estado, e sua 
implementação e manutenção ocorrem a partir de um processo de tomada 
de decisões que envolvem órgãos públicos e diferentes organismos e 
agentes da sociedade relacionados à educação.
O modelo de organização da educação escolar nacional distribui responsabilidades para União, 
estados e Distrito Federal e municípios, seguindo a previsão legal existente nos artigos da LDB transcritos 
a seguir:
Quadro 7 – Os sistemas de ensino na LDB
Artigo 14
Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino 
público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os 
seguintes princípios:
Inciso I Participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola;
Inciso II Participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes.
Artigo 15
Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de educação 
básica que os integram progressivos graus de autonomia pedagógica e 
administrativa e de gestão financeira, observadas as normas gerais de direito 
financeiro público.
Artigo 16 O sistema federal de ensino compreende: (Regulamento)
Inciso I As instituições de ensino mantidas pela União;
Inciso II As instituições de educação superior criadas e mantidas pela iniciativa privada;
Inciso III Os órgãos federais de educação.
Artigo 17 Os sistemas de ensino dos Estados e do Distrito Federal compreendem:
Inciso I As instituições de ensino mantidas, respectivamente, pelo Poder Público estadual e pelo Distrito Federal;
Inciso II As instituições de educação superior mantidas pelo Poder Público municipal;
Inciso III As instituições de Ensino Fundamental e médio criadas e mantidas pela iniciativa privada;
Inciso IV Os órgãos de educação estaduais e do Distrito Federal, respectivamente.
Parágrafo
único
No Distrito Federal, as instituições de Educação Infantil, criadas e mantidas pela iniciativa 
privada, integram seu sistema de ensino.
Artigo 18 Os sistemas municipais de ensino compreendem:
Inciso I As instituições do Ensino Fundamental, Médio e de Educação Infantil mantidas pelo Poder Público municipal;
Inciso II As instituições de Educação Infantil criadas e mantidas pela iniciativa privada;
Inciso III Os órgãos municipais de educação.
Adaptado de: Brasil (1996).
54
Unidade I
Antes de continuarmos a tratar desse tema, é importante fazer uma definição do que vem a ser 
o sistema de educação, pois, segundo Godinho (2014), as expressões “sistema de educação”, “sistema 
de ensino” e “sistema escolar” têm sido, muitas vezes, empregadas indistintamente. Porém, a autora 
considera que devemos distinguir essas três expressões da seguinte forma:
Sistema de educação: é a expressão que tem o sentido mais amplo de 
abrangência, pois se confunde com a própria sociedade. Em última análise, é 
a sociedade que educa, através de todos os agentes sociais: pessoas, famílias, 
grupos informais, escolas, igrejas, clubes, empresas etc.
Sistema de ensino: é a expressão de abrangência intermediária. Além das 
escolas, inclui instituições e pessoasque se dedicam sistematicamente ao 
ensino: cursos ministrados de vez em quando, conferências, organizações 
não governamentais, catequistas, professores particulares etc.
Sistema escolar: é a expressão que tem abrangência mais limitada, pois 
compreende a rede de escolas e sua estrutura de sustentação. As escolas 
e sua estrutura podem ser consideradas um sistema, na medida em que 
formam um conjunto de elementos interdependentes, como um todo 
organizado (GODINHO, 2014, p. 13, grifos nossos).
A premissa maior sobre a organização do sistema de ensino parte da Constituição Federal, que 
determina a competência da União para estabelecer as normas e diretrizes para que a educação se 
organize e estruture, isto é, para que os sistemas públicos e particulares possam funcionar. Essa premissa 
legal está prevista no artigo 22 da CF: “Compete privativamente à União legislar sobre: XXIV – diretrizes 
e bases da educação nacional” (BRASIL, 1988).
Dentro do arcabouço jurídico que forma o sistema de ensino no Brasil, cabe ao Ministério da 
Educação ser o órgão líder e executor do sistema federal de educação. O Ministério da Educação conta 
com o apoio de um órgão colegiado, que é o Conselho Nacional de Educação (CNE), o qual tem por 
missão a busca democrática de alternativas e mecanismos institucionais que possibilitem, no âmbito de 
sua esfera de competência, assegurar a participação da sociedade no desenvolvimento, aprimoramento 
e consolidação da educação nacional de qualidade.
As atribuições do Conselho são normativas, deliberativas e de assessoramento ao ministro de 
Estado da Educação, no desempenho das funções e atribuições do Poder Público federal em matéria 
de educação, cabendo-lhe formular e avaliar a Política Nacional de Educação, zelar pela qualidade do 
ensino, velar pelo cumprimento da legislação educacional e assegurar a participação da sociedade no 
aprimoramento da educação brasileira.
55
POLÍTICA SETORIAL – EDUCAÇÃO
Ministério da 
Educação
Gabinete do 
ministro
Instituto Nacional de 
Educação de Surdos
Hospital de clínicas de 
Porto Alegre
Empresa Brasileira de 
Serviços Hospitalares
Instituto Benjamim 
Constant
Setec Semesp Sealf Seres SesuSEB
Consultoria 
jurídica
Fundação 
Joaquim Nabuco CapesFNDEInep
Subsecretaria 
de assuntos 
administrativos
Institutos Federais de 
Educação Profissional 
e Tecnologia
Centros Federais 
de Educação 
Tecnológica
Universidades 
FederaisColégio Pedro II
Subsecretaria de 
planejamento e 
orçamento
Diretoria de 
tecnologia da 
informação
Secretaria 
executiva
Conselho Nacional 
de Educação
Conaes
Administração indireta
Administração direta
Subordinação
Vinculação
Figura 3 – Estrutura organizacional do Ministério da Educação
Já no âmbito dos estados, temos o Sistema Estadual de Educação, representado pelo conjunto 
de organismos que integram a rede de ensino, reunindo escolas e seus departamentos, Secretarias de 
Estado e seus órgãos (executivos) e os Conselhos de Educação, em esfera estadual, que têm função 
consultiva e legislativa.
Como já descrevemos anteriormente, conforme a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), de 
1996, os sistemas de ensino dos estados e do Distrito Federal compreendem:
• as instituições de ensino mantidas, respectivamente, pelo Poder Público estadual e pelo Distrito Federal; 
• as instituições de educação superior mantidas pelo Poder Público municipal; 
• as instituições de Ensino Fundamental e Médio criadas e mantidas pela iniciativa privada; 
• os órgãos de educação estaduais e do Distrito Federal, respectivamente. De acordo com a LDB, 
no Distrito Federal as instituições de Educação Infantil, criadas e mantidas pela iniciativa privada, 
também integram seu sistema de ensino.
E nos municípios temos o Sistema Municipal de Educação, formado pelo conjunto de organismos 
que integram uma rede de ensino, reunindo escolas e seus departamentos, Secretarias de Estado e seus 
órgãos (executivos) e os Conselhos de Educação, em esfera municipal, que têm função consultiva 
e legislativa.
56
Unidade I
Da mesma forma que o Sistema Estadual, segundo a LDB, os Sistemas Municipais de Ensino compreendem: 
• as instituições do Ensino Fundamental, Médio e de Educação Infantil mantidas pelo Poder 
Público municipal; 
• as instituições de Educação Infantil criadas e mantidas pela iniciativa privada; 
• os órgãos municipais de educação.
4.2 Níveis e modalidades de educação e de ensino
O sistema educacional brasileiro apresenta uma divisão em níveis, etapas, fases, cursos e modalidades. 
Inicialmente, a educação escolar é dividida em dois níveis, segundo a LDB, em seu artigo 21: educação 
básica e educação superior. 
A educação básica apresenta três etapas: Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio, e 
ainda temos as fases da Educação Infantil e do Ensino Fundamental, conforme as Diretrizes Curriculares 
Nacionais (DCN) para a Educação Básica. 
A Educação Infantil compreende a creche e a pré-escola. Já o Ensino Fundamental engloba os 
anos iniciais e os anos finais. Por sua vez, o Ensino Superior se dividiu em cursos e programas: cursos 
sequenciais, graduação, pós-graduação e de extensão. 
Art. 21. A educação escolar compõe-se de:
I – Educação básica, formada pela Educação Infantil, Ensino Fundamental e 
Ensino Médio;
II – Educação superior (BRASIL, 1996, LDB)
Educação básica
– Educação Infantil
– Ensino Fundamental
– Ensino Médio
Educação escolar
– Educação Infantil
– Ensino Fundamental
– Ensino Médio
– Ensino Superior
Modalidades de ensino
– Educação a distância
– Educação especial
– Educação profissional e tecnológica
– Educação de jovens e adultos
Figura 4 – Níveis e modalidades de educação e de ensino
57
POLÍTICA SETORIAL – EDUCAÇÃO
A partir dessa introdução a respeito dos níveis e modalidades de educação e de ensino, passaremos 
a uma explicação mais detalhada sobre os tipos de educação e, em seguida, trataremos das modalidades 
de ensino. 
 Saiba mais
Tais informações estão disponíveis, de forma completa, no site do 
Ministério da Educação. Acesse: 
http://portal.mec.gov.br/
Educação Infantil
A Educação Infantil é a primeira etapa da educação básica. É a única que está vinculada a uma idade 
própria: atende crianças de zero a três anos na creche e de quatro e cinco anos na pré-escola.
Tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança em seus aspectos físico, psicológico, 
intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade, conforme a LDB, em seu 
Art. 29.
Art. 29. A Educação Infantil, primeira etapa da educação básica, tem como 
finalidade o desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco) anos, em 
seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a 
ação da família e da comunidade. (Redação dada pela Lei n. 12.796, de 2013) 
(BRASIL, 1996).
A Educação Infantil, como dever do Estado, é ofertada em instituições próprias, ou seja, em creches 
para crianças de até 3 anos e nas pré-escolas para crianças de 4 e 5 anos, podendo ser realizada em 
jornada diurna de tempo parcial ou integral, por meio de práticas pedagógicas cotidianas. 
A Educação Infantil é um direito humano e social de todas as crianças até 6 anos de idade, sem 
distinção decorrente de origem geográfica, caracteres do fenótipo (cor da pele, traços de rosto e cabelo), 
etnia, nacionalidade, sexo, deficiência física ou mental, nível socioeconômico ou classe social. Também 
não está atrelada à situação trabalhista dos pais nem ao nível de instrução, religião, opinião política ou 
orientação sexual.
Ensino Fundamental
O Ensino Fundamental com 9 anos de duração, de matrícula obrigatória para as crianças a partir 
dos 6 anos de idade, tem duas fases sequentes com características próprias, chamadas de anos iniciais, 
com 5 anos de duração, em regra para estudantes de 6 a 10 anos de idade; e anos finais, com 4 anos de 
duração, para os de 11 a 14 anos.
58
Unidade I
Os objetivos desse nível de ensino intensificam-se, gradativamente, no processoeducativo, mediante 
o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da 
escrita e do cálculo, e a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da economia, 
da tecnologia, das artes, da cultura e dos valores em que se fundamenta a sociedade, entre outros.
Os sistemas estaduais e municipais devem estabelecer especial forma de colaboração visando à oferta 
do Ensino Fundamental e à articulação sequente entre a primeira fase, no geral assumida pelo município, 
e a segunda, pelo estado, garantindo a organicidade e a totalidade do processo formativo escolar.
O objetivo do Ensino Fundamental por um período de 9 anos é o de assegurar a todas as crianças 
um tempo mais longo no convívio escolar, tendo assim mais oportunidades de aprender. O que se espera 
com essa proposta é fazer com que aos 6 anos de idade a criança esteja no primeiro ano do Ensino 
Fundamental e termine esta etapa de escolarização aos 14 anos. 
Ensino Médio
Implementado no país em 1996, o Ensino Médio corresponde ao que no passado foi denominado 
como ensino de Segundo Grau. 
O Ensino Médio é etapa final do processo formativo da educação básica, sendo orientado por 
princípios e finalidades que preveem:
• a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no Ensino Fundamental, 
possibilitando o prosseguimento de estudos;
• a preparação básica para a cidadania e o trabalho, tomado este como princípio educativo, 
para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de enfrentar novas condições de ocupação e 
aperfeiçoamento posteriores;
• o desenvolvimento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e estética e o 
desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico;
• a compreensão dos fundamentos científicos e tecnológicos presentes na sociedade contemporânea, 
relacionando a teoria com a prática.
O Ensino Médio deve ter uma base unitária sobre a qual podem se assentar possibilidades diversas, 
como preparação geral para o trabalho ou, facultativamente, para profissões técnicas; na ciência e na 
tecnologia, como iniciação científica e tecnológica; e na cultura, como ampliação da formação cultural.
Porém, garantir que os adolescentes brasileiros permaneçam na escola nos anos finais do Ensino 
Médio é o principal desafio para que o Brasil consiga universalizar o acesso à educação básica. Isso 
ocorre porque, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
(IBGE), a evasão escolar continua a afetar, sobretudo, jovens na faixa etária de 15 a 17 (SALAS, 2019).
59
POLÍTICA SETORIAL – EDUCAÇÃO
 Saiba mais
Leia a matéria a seguir:
CARNEIRO, J. D. O desafio de manter jovens no Ensino Médio, principal 
obstáculo à universalização da educação. BBC News, 20 jun. 2019. Disponível em: 
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-48696313. Acesso em: 20 jun. 2019.
Com a sanção presidencial da Medida Provisória n. 748/2016, em fevereiro de 2017, o Ensino 
Médio passou por significativas mudanças. A reforma promoveu exclusões de disciplinas, abertura para 
profissionais sem licenciatura dar aulas e implementação geral do ensino integral. 
A seguir, apresentaremos como ficou o Novo Ensino Médio após as mudanças determinadas pela 
nova lei:
• Formato e disciplinas
— Divisão: a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) fará parte de 60% das matérias estudadas 
em sala de aula. O restante ficará reservado para uma das áreas específicas.
— Flexibilidade: os estudantes poderão escolher em que área se aprofundarão já no início do 
Ensino Médio. As opções são: linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas/
sociais e formação técnica/profissional.
— Disciplinas obrigatórias: as disciplinas de matemática, português e inglês, preservando o 
direito à língua materna (no caso de indígenas), serão obrigatórias em todo o Ensino Médio.
— Manutenção de disciplinas: apesar de excluídas do texto inicial da MP, as disciplinas de 
Educação Física, Artes, Filosofia e Sociologia serão obrigatórias na BNCC.
— BNCC: será formada pelos conteúdos das disciplinas obrigatórias e das disciplinas tradicionais 
do Ensino Médio, como história, geografia, biologia, física, química e literatura. 
• Carga horária
— Aumento da carga horária: antes da MP virar lei, a carga horária do Ensino Médio era definida 
em 800 horas anuais. Com a sanção, as escolas terão cinco anos para ampliar essa carga para 
mil horas anualmente, divididas em 200 dias letivos.
— Ensino em tempo integral: de maneira progressiva, todas as escolas de Ensino Médio passarão 
para tempo integral, tendo seu horário ampliado para 1.400 horas, o equivalente a sete horas 
60
Unidade I
diárias. Isso será possível com a Política de Fomento à Implementação de Escolas de Ensino 
Médio em Tempo Integral do Governo Federal, a qual prevê o repasse de R$ 1,5 bilhão, ao longo 
de dois anos, para a conclusão da implementação. Esse auxílio será de dez anos.
— Carga horária BNCC: o conteúdo da BNCC não poderá exceder 1.800 horas do total da carga 
horária do Ensino Médio.
• Professores: os profissionais com “notório saber” poderão dar aula no Ensino Médio sem 
diploma de licenciatura, mas apenas para os alunos que escolherem a área de formação técnica 
e profissional. Um engenheiro poderá dar aula no curso de Edificações, por exemplo. Além disso, 
esses profissionais poderão fazer complementação pedagógica para dar aulas no Ensino Médio.
• Sistema de créditos
— Módulo: o Ensino Médio poderá ser organizado em módulos, adotando o sistema de créditos.
— Aproveitamento de disciplinas: os créditos poderão ser usados para o aproveitamento de 
disciplinas no Ensino Superior, estimulando a continuidade dos estudos.
Segundo as informações que constam no site do Ministério da Educação, com esse novo modelo 
de Ensino Médio haverá direitos iguais de aprendizagem para todos, conforme o que está previsto na 
legislação educacional. Assim, o objetivo é que todos os estudantes tenham o direito de aprender o 
que é essencial para seguir seu caminho depois da escola, não importando onde eles estão estudando. 
É importante destacar que essa proposta está em consonância com o que determina a BNCC, que 
garante aprendizagens comuns e obrigatórias, conectadas a competências que preparam os jovens 
para a vida. 
Outra questão destacada pelo Ministério da Educação é que os estudantes poderão escolher em 
quais conhecimentos irão se aprofundar além das aprendizagens comuns e obrigatórias, definidas pela 
Base Nacional Comum Curricular.
Com a implantação efetiva do novo Ensino Médio, os estudantes poderão escolher se aprofundar 
naquilo que mais relaciona com seus interesses e talentos. São os chamados itinerários formativos, 
relacionados às áreas do conhecimento (matemática, linguagens, ciências humanas e ciências da 
natureza) e com a formação técnica e profissional.
Finalmente, é destacado que o novo Ensino Médio contará com mais horas de estudo, pois os 
professores e estudantes passarão mais tempo desenvolvendo as aprendizagens necessárias. Isso será 
possível pelo fato de que no Novo Ensino Médio, a carga horária de todas as escolas será ampliada de 
2.400 para 3.000 horas. Além disso, o Governo Federal investirá até R$ 1,5 bilhão para atender cerca 
de 500 mil novas matrículas em escolas de tempo integral, nas quais os estudantes passam pelo menos 
7 horas por dia.
61
POLÍTICA SETORIAL – EDUCAÇÃO
 Saiba mais
Conheça o Novo Ensino Médio no vídeo a seguir:
NOVO Ensino Médio. Brasil: Ministério da Educação e Cultura, 2019. 
2 minutos. Disponível em: http://novoensinomedio.mec.gov.br/resources/
videos/video-1.mp4. Acesso em: 20 jun. 2019.
Ensino Superior
A educação superior no Brasil não pode ser estudada sem que se tenha presente o cenário e o 
contexto em que ela surge, ou seja, deve-se ter presente o tempo e o espaço em que ela está inserida, 
analisando desde o momento de seu surgimento até a realidade atual da educação, tanto no panorama 
local e regionalcomo no mundial.
As primeiras escolas de Ensino Superior foram fundadas no Brasil em 1808, com a chegada da família 
real portuguesa ao país. Até a Proclamação da República, em 1889, o Ensino Superior desenvolveu-se 
muito lentamente, pois seguia o modelo de formação dos profissionais liberais em faculdades isoladas 
e visava assegurar um diploma profissional com direito a ocupar postos privilegiados em um mercado 
de trabalho restrito, além de garantir prestígio social. Mesmo com a independência política do Brasil, 
em 1822, não houve mudanças no formato do sistema de ensino, nem sua ampliação ou diversificação. 
Somente depois de 1850 é que se observou uma discreta expansão do número de instituições 
educacionais com consolidação de alguns centros científicos. O motivo era que a ampliação do Ensino 
Superior, limitado às profissões liberais em poucas instituições públicas, era contida pela capacidade de 
investimentos do governo central e dependia de sua vontade política.
Já na década de 1920, o debate sobre a criação de universidades não se restringia mais a questões 
estritamente políticas como no passado, mas ao conceito de universidade e suas funções na sociedade. 
As funções definidas foram as de abrigar a ciência e os cientistas e promover a pesquisa. Foi com 
base nesses debates que o governo provisório de Getúlio Vargas promoveu, em 1931, ampla reforma 
educacional, que ficou conhecida como Reforma Francisco Campos, primeiro ministro da Educação do 
país. Com essa reforma foi autorizado e regulamentado o funcionamento das universidades, inclusive 
com a cobrança de anuidade, uma vez que o ensino público não era gratuito. A universidade deveria se 
organizar em torno de um núcleo constituído por uma escola de Filosofia, Ciência e Letras. 
O período de 1931 a 1945 caracterizou-se por intensa disputa entre lideranças laicas e católicas pelo 
controle da educação. Já o período de 1945 a 1968 assistiu à luta do movimento estudantil e de jovens 
professores na defesa do ensino público e do modelo de universidade em oposição às escolas isoladas 
e na reivindicação da eliminação do setor privado por absorção pública. Estava em pauta a discussão 
sobre a reforma de todo o sistema de ensino, mas em especial da universidade. Esse debate permeou a 
discussão da LDB, aprovada pelo Congresso em 1961, que de maneira diversa da reforma de 1931 não 
insistia que o Ensino Superior deveria organizar-se preferencialmente em universidades. 
62
Unidade I
A reforma de 1968, a despeito de ocorrer em clima de deterioração dos direitos civis, inspirou-se 
em muitas das ideias do movimento estudantil e da intelectualidade das décadas anteriores. A partir 
de 1970, a política governamental para a área foi estimular a pós-graduação e a capacitação docente.
Na atualidade, para que se possa analisar o sistema de Ensino Superior brasileiro, tem que 
se entender as divisões e classificações que lhe são atribuídas. O Ministério de Educação do 
Brasil define, para efeito de registros estatísticos, que as instituições de Ensino Superior estão 
classificadas da seguinte maneira:
• públicas (federais, estaduais e municipais);
• privadas (comunitárias, confessionais, filantrópicas e particulares).
Basicamente, o sistema de Ensino Superior público é mantido pelo Poder Público, em nível federal, 
estadual ou municipal.
Em se tratando do sistema de Ensino Superior privado, as fontes de financiamento provêm do 
pagamento das mensalidades por parte dos próprios alunos, tanto para os cursos de graduação como 
para os cursos de pós-graduação.
Mesmo sendo todas consideradas de caráter privado, as instituições dessa categoria se subdividem 
em comunitárias, confessionais, filantrópicas e particulares.
As instituições de caráter comunitário podem ser laicas ou confessionais. As instituições 
comunitárias laicas não possuem fins lucrativos e são financiadas por membros da comunidade 
onde estão inseridas, além dos recursos provenientes da mensalidade dos alunos. Elas diferem das 
instituições comunitárias confessionais, uma vez que estas estão ligadas a uma congregação de ordem 
religiosa específica, na maioria das vezes católica, ou ligadas a alguma orientação ideológica que 
as conduzem.
O que distingue o sistema de instituições confessionais, comunitárias e filantrópicas são as isenções 
fiscais de que usufruem, por se caracterizarem como instituições sem fins lucrativos. Isso significa que 
os resultados positivos de suas atividades devem ser reinvestidos nelas mesmas, não podendo haver 
distribuição de lucros.
Quanto ao setor privado, onde também estão as instituições de caráter particular, elas se definem 
basicamente como instituições com fins lucrativos. Muitas delas são fundadas por proprietários ou 
mantenedores que não são oriundos do meio educacional, mas, ao contrário, têm suas origens e 
formação no campo empresarial ou político. 
No que se refere às modalidades de ensino, apresentaremos a seguir uma síntese dos seus 
principais aspectos.
63
POLÍTICA SETORIAL – EDUCAÇÃO
Educação a distância
É a modalidade educacional na qual alunos e professores estão separados física ou temporalmente 
e, por isso, faz-se necessária a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação. Essa 
modalidade é regulada por uma legislação específica e pode ser implantada na educação básica 
(educação de jovens e adultos, educação profissional técnica de nível médio) e na educação superior. 
A modalidade educação a distância caracteriza-se pela mediação didático-pedagógica nos processos de 
ensino e aprendizagem que ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, 
com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos.
Para podermos compreender melhor a educação a distância, vamos apresentar a definição de alguns 
conceitos que são fundamentais para entender esse importante processo educativo, tais como:
• EaD: sigla de educação a distância, aqui entendida como a modalidade educacional em que as 
atividades de ensino-aprendizagem são desenvolvidas majoritariamente (e, em bom número de casos, 
exclusivamente) sem que alunos e professores estejam presentes no mesmo lugar, na mesma hora.
• Curso EaD: todo curso completo ou parcialmente oferecido na modalidade a distância 
(semipresencial, blended ou híbrido).
• Disciplina a distância: disciplina de um curso presencial autorizado/reconhecido que deve ser 
realizada pelos alunos na modalidade a distância.
• Instituição formadora: instituição formal ou não formal que oferece cursos para o público interessado.
Os primórdios da educação a distância no Brasil remontam às primeiras décadas do século passado, 
quando algumas experiências foram desenvolvidas nesse sentido, utilizando-se para isso os materiais 
disponíveis na época, ou seja, material impresso e o rádio.
Nesse sentido, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, fundada em 1923 e posteriormente incorporada 
ao Ministério da Educação, desenvolveu as primeiras atividades de EaD noticiadas no Brasil. Outros 
exemplos de educação a distância são o Instituto Monitor, criado em 1939, e o Instituto Universal 
Brasileiro, que foi fundado em 1941. É importante ressaltar que esses dois institutos continuam em 
plena atividade, oferecendo um grande número de cursos profissionalizantes a distância. 
O tema da educação a distância no Ensino Superior surge na pauta educacional brasileira apenas 
na década de 1970. Até então, as pesquisas acerca do tema registravam as iniciativas e a discussão 
sobre os modelos de ensino por correspondência que desde 1904 ofereciam educação aberta de caráter 
profissionalizante ou de caráter supletivo à escolarização formal dos primeiros ciclos. 
O primeiro registro de um curso de graduação a distância no Brasil ocorreu em 1994, quando a 
Universidade Federal de Mato Grosso abriu inscrições para o vestibular de um curso a distância de 
licenciatura em educação básica para formar professores para as séries iniciais do EnsinoFundamental. 
Dois anos depois, em 1996, a Universidade Federal de Santa Catarina, utilizando as metodologias 
64
Unidade I
desenvolvidas pelo Laboratório de Ensino a Distância (LED), lançou o primeiro curso de mestrado por 
educação a distância, em parceria com a empresa Siemens, para atender, a partir de Florianópolis, 
no estado de Santa Catarina, e com uso de videoconferência e internet, a um grupo de engenheiros 
que trabalhava na planta industrial da empresa na região metropolitana de Curitiba, no estado do 
Paraná e, em 1997, um curso de especialização a distância via internet, com uso de ambiente virtual de 
aprendizagem e de metodologia desenvolvidos no próprio laboratório. 
No ano de 2005 foi criada a UAB (Universidade Aberta do Brasil), numa parceria entre o 
MEC, estados, municípios e universidades públicas de Ensino Superior. Com a criação da UAB, 
foi possível a integração de cursos, pesquisas e programas de educação superior a distância. Sua 
criação teve como foco principal ampliar as vagas da educação superior para a sociedade, bem 
como promover a formação inicial e continuada para os profissionais de magistério e para os 
profissionais da administração pública. 
A seguir, vamos apresentar informações que mostram os dados referentes à metodologia utilizada 
nas ações educativas a distância. Entendemos que essas informações são fundamentais para a 
compreensão do real significado da educação a distância no atual processo de formação educacional 
dos brasileiros.
Quadro 8 – Principais metodologias em EaD utilizadas no Brasil
Questão Aspectos considerados
Forma de estudo
– Autoinstrucional (sem apoio de educadores e sem contato com colegas)
– Com interação educador/educando e educando/educando
Esquema operacional
– Correspondência (somente com textos impressos; com textos impressos e 
vídeos; com textos impressos, vídeos e kits de prática)
– Internet (on-line)
– TV com aulas gravadas
– Teleconferência com aulas ao vivo
– Blended ou semipresencial
– Diferentes combinações de recursos midiáticos
Matrícula dos educandos
– A qualquer tempo, não depende de formação de turma
– Depende da formação de turmas
Oferta ao público interessado
– Uma turma por semestre
– Mais de uma turma por semestre
Elaboração
– Apenas por especialista em conteúdo (da própria empresa)
– Por equipe EaD da própria empresa sem participação de especialista em 
conteúdo
– Por equipe EaD da própria empresa com a colaboração de um especialista 
no conteúdo
– Por profissionais terceirizados
Validação
– Cursos testados por meio de aplicação de curso piloto
– Cursos não testados, aplicados diretamente ao público interessado
65
POLÍTICA SETORIAL – EDUCAÇÃO
Questão Aspectos considerados
Duração
– A mesma de cursos presenciais
– Definição considera apenas as horas necessárias para o estudo dos 
conteúdos previstos, contando com fins de semana
– Definição considera as horas necessárias para realização do estudo, acrescidas 
da previsão de possíveis dificuldades no cumprimento das atividades
– Definição considera apenas as horas necessárias para o estudo dos 
conteúdos previstos, sem contar com fins de semanas
Interface de navegação
– Padronizada para todos os cursos, por meio do uso de templates
– Parte padronizada e parte variando conforme o conteúdo do curso
– Variada, obedecendo a restrições técnicas do LMS (Sistemas de Gestão de 
Aprendizagem)
– Variada, sendo que cada curso recebe nova configuração
Pressupostos de aprendizagem
A aprendizagem é resultado:
– da aquisição de informações transmitidas, por meio de exercícios práticos e 
memorização
– de processo de investigação, seleção, processamento, organização e 
memorização da informação apresentada
– de reorganização do conteúdo pela atividade mental do educando, de suas 
capacidades cognitivas básicas, conhecimentos prévios, diferentes estilos e 
estratégias, motivações, metas e interesses
Arquitetura pedagógica
– Com metáfora que simula uma dada realidade
– Com foco na teoria e prática presencial
– Com exercícios e atividades presentes durante todo o curso
– Sem exercícios e com apenas avaliação final de aprendizagem
Estrutura do conteúdo
– Hierárquica
– Hipertextual
– Mista
Natureza do conteúdo
– Exatamente o mesmo de cursos presenciais
– Apenas parte do conteúdo tem o formato abordado nos cursos presenciais
– Conteúdos totalmente reformulados para oferta a distância
– Conteúdos originalmente formatados para oferta a distância
Organização do conteúdo
– Ementas
– Competências
– Conteúdos
Decisão sobre o conteúdo
Dependendo de:
– necessidades detectadas junto ao público a que se destina
– pesquisa de demanda
– profissionais disponíveis para sua elaboração
– atendimento a políticas específicas da instituição
Mediação educacional
Papel no processo:
– Responder questões e apoiar o educando em todas as suas necessidades
– Atender educandos e preparar outros recursos necessários
– Atender educandos e estimulá-los a não desistirem dos cursos
66
Unidade I
Questão Aspectos considerados
Papel do docente e do tutor/mediador 
em chats e fóruns
– Comentar atividades dos educandos
– Sintetizar as contribuições dadas pelos educandos
– Resolver dúvidas apresentadas
– Nos chats, simular uma aula teórica e/ou prática
– Acompanhar o desempenho do mediador pedagógico (tutor, monitor etc.)
Acesso do educando 
ao conteúdo
– Completo a todo o conteúdo do primeiro ao último dia do curso
– Apenas às unidades/disciplinas que estão estudando, prosseguindo em 
sequência quando aprovado
– Dependente da agenda do curso (abertura em datas prefixadas)
– Dependente de liberação docente
– Dependente de pagamento referente à unidade/disciplina
Participação do educando
– Somente leitura de textos e respostas a questões a eles referentes
– Estudo de casos e resolução de situações-problema de aplicação 
do conteúdo
– Elaboração de projetos sob orientação docente
– Estudo por meios de recursos variados e avaliação de processo
Atividades do educando
– Individuais
– Individuais e em grupo
– Em grupo
Interação do educando com
educadores e dos educandos 
entre si
Recursos utilizados: fórum, chat, Skype, telefone, e-mail, blog, microblog, 
carta, fax etc.
Papel da avaliação 
da aprendizagem
– Comparar desempenho do educando com critérios preestabelecidos visando 
à melhoria da aprendizagem
– Identificar os educandos que serão aprovados e reprovados no curso
Avaliação da aprendizagem
Características:
– Somente ao final do curso/unidade/disciplina ou ao longo de sua realização
– Presencial ou a distância
– Para aprovação/reprovação ou para encaminhamento de recuperação
– Prevê autoavaliação, avaliação por colegas ou avaliação apenas por 
docentes
Tipos de avaliação 
de aprendizagem
Características:
– On-line com questões objetivas corrigidas pelo sistema
– On-line com questões dissertativas corrigidas pelo docente
– Presencialmente por meio de questões objetivas e/ou dissertativas
– A distância com entrega de trabalho de pesquisa, de relatório de atividade 
prática ou de portfólio
Certificação do educando
Elementos considerados para emissão de certificados:
– Número de acessos ao curso e de participação nas atividades propostas
– Obtenção de determinada percentagem de acertos em avaliação final e/ou 
em todas as unidades/disciplinas
– Conceito ou nota obtida em trabalho final ou em portfólio etc.
67
POLÍTICA SETORIAL – EDUCAÇÃO
Questão Aspectos considerados
Avaliação do curso
Finalidade:
– Reformular ou aperfeiçoar curso/unidade/disciplina
– Orientar elaboração de novos cursos
– Verificar satisfação do cliente
– Acompanhar o trabalho dos profissionais envolvidos para efeitos de apoio 
ou controle
– Definir horários de plantão
Educação especial
Seu conceito está disposto no artigo 58 da LDB, sendo uma modalidade de educação escolar 
oferecida preferencialmente na rede regular de ensino. Sua caracterização é encontrada nos artigos 
59 e 60 da LDB, bem como nas inúmeras legislaçõesque foram necessárias para que o processo de 
inclusão pudesse acontecer.
Em síntese, os sistemas de ensino devem matricular os estudantes com deficiência, transtornos 
globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação nas classes comuns do ensino regular 
e no Atendimento Educacional Especializado (AEE), complementar ou suplementar à escolarização, 
ofertado em salas de recursos multifuncionais ou em centros de AEE da rede pública ou de 
instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos.
Educação profissional e tecnológica
Trata-se de um ensino que, no cumprimento dos objetivos da educação nacional, integra-se 
aos diferentes níveis e modalidades de educação e às dimensões do trabalho, da ciência e da 
tecnologia, e articula-se com o ensino regular e com outras modalidades educacionais: educação 
de jovens e adultos, educação especial e educação a distância. 
Como modalidade da educação básica, a educação profissional e tecnológica ocorre na oferta de 
cursos de formação inicial e continuada ou qualificação profissional e nos de Educação Profissional 
Técnica de nível médio.
Educação de jovens e adultos (EJA)
Essa é uma das modalidades mais conhecidas na educação brasileira. Sua origem advém da 
necessidade de escolarização de pessoas excluídas do processo. 
A EJA está disciplinada na LDB, em especial nos artigos 37 e 38, e possui DCN própria para sua oferta.
Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não 
tiveram acesso ou continuidade de estudos nos ensinos fundamental 
e médio na idade própria e constituirá instrumento para a educação e a 
aprendizagem ao longo da vida. (Redação dada pela Lei n. 13.632, de 2018)
68
Unidade I
§ 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos 
adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades 
educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus 
interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames.
§ 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a permanência do 
trabalhador na escola, mediante ações integradas e complementares entre si.
§ 3º A educação de jovens e adultos deverá articular-se, preferencialmente, 
com a educação profissional, na forma do regulamento. (Incluído pela Lei n. 
11.741, de 2008)
Art. 38. Os sistemas de ensino manterão cursos e exames supletivos, que 
compreenderão a base nacional comum do currículo, habilitando ao 
prosseguimento de estudos em caráter regular.
§ 1º Os exames a que se refere este artigo realizar-se-ão:
I – no nível de conclusão do Ensino Fundamental, para os maiores de quinze anos;
II – no nível de conclusão do Ensino Médio, para os maiores de dezoito anos.
§ 2º Os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos educandos por meios 
informais serão aferidos e reconhecidos mediante exames (BRASIL, 1996).
A necessidade de mão de obra minimamente qualificada para atuar na indústria e a diminuição dos 
números do analfabetismo foram os iniciadores do processo para que o Estado oferecesse tal modalidade. 
Anteriormente conhecida como supletivo, a atual EJA traz consigo a concepção de inclusão social e 
oferta para aqueles que não tiveram oportunidades na idade própria. 
4.3 Programas do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação)
O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), autarquia federal criada pela Lei n. 5.537, 
de 21 de novembro de 1968, e alterada pelo Decreto-Lei n. 872, de 15 de setembro de 1969, é responsável 
pela execução de políticas educacionais do Ministério da Educação.
A principal finalidade do FNDE é transferir recursos financeiros e prestar assistência técnica aos 
estados, municípios e ao Distrito Federal, para garantir uma educação de qualidade a todos. Os repasses 
de dinheiro são divididos em constitucionais, automáticos e voluntários (convênios).
Além de inovar o modelo de compras governamentais, os diversos projetos e programas em execução, 
com atuação forte e abrangente, fazem do FNDE uma instituição de referência e o principal órgão de 
execução de políticas educacionais.
69
POLÍTICA SETORIAL – EDUCAÇÃO
Sua principal função é prover recursos e executar ações para o desenvolvimento da educação. 
Seus recursos são direcionados aos estados, ao Distrito Federal, aos municípios e organizações não 
governamentais para atendimento às escolas públicas de educação básica.
Outro objetivo do FNDE é o de captar recursos e realizar ações para o desenvolvimento da educação 
através de vários programas que envolvem a educação básica, visando garantir um ensino de qualidade 
no Brasil.
A seguir, apresentamos os programas que são financiados pelo FNDE.
Caminho da Escola
O programa Caminho da Escola objetiva renovar, padronizar e ampliar a frota de veículos 
escolares das redes municipal, do DF e estadual de educação básica pública. Voltado a estudantes 
residentes, prioritariamente, em áreas rurais e ribeirinhas, o programa oferece ônibus, lanchas e 
bicicletas fabricados especialmente para o tráfego nessas regiões, sempre visando à segurança e à 
qualidade do transporte.
Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae)
Trata-se de um programa que oferece alimentação escolar e ações de educação alimentar e 
nutricional a estudantes de todas as etapas da educação básica pública. O Governo Federal repassa, 
a estados, municípios e escolas federais, valores financeiros de caráter suplementar efetuados em 10 
parcelas mensais (de fevereiro a novembro) para a cobertura de 200 dias letivos, conforme o número de 
matriculados em cada rede de ensino. O repasse é feito diretamente aos estados e municípios, com base 
no Censo Escolar realizado no ano anterior ao do atendimento. 
São atendidos pelo programa os alunos de toda a educação básica (Educação Infantil, Ensino 
Fundamental, Ensino Médio e EJA) matriculados em escolas públicas, filantrópicas e em entidades 
comunitárias (conveniadas com o Poder Público). 
É importante observar que o cardápio escolar deve ser elaborado por nutricionista, respeitando os 
hábitos alimentares locais e culturais, atendendo às necessidades nutricionais específicas, conforme 
percentuais mínimos estabelecidos no artigo 14 da Resolução n. 26 (BRASIL, 2013a).
Programa Nacional de Reestruturação e Aquisição de Equipamentos para a Rede Escolar 
Pública de Educação Infantil (Proinfância)
Instituído pela Resolução n. 6, de 24 de abril de 2007, é uma das ações do Plano de Desenvolvimento 
da Educação (PDE) do Ministério da Educação, visando garantir o acesso de crianças a creches e escolas, 
bem como a melhoria da infraestrutura física da rede de Educação Infantil. 
O programa se destina a municípios e ao Distrito Federal e atua sobre dois eixos principais, 
indispensáveis à melhoria da qualidade da educação:
70
Unidade I
• Construção de creches e pré-escolas, por meio de assistência técnica e financeira do FNDE, 
com projetos padronizados que são fornecidos pelo FNDE ou projetos próprios elaborados 
pelos proponentes.
• Aquisição de mobiliário e equipamentos adequados ao funcionamento da rede física escolar da 
Educação Infantil, tais como mesas, cadeiras, berços, geladeiras, fogões e bebedouros.
Programa Brasil Alfabetizado
Colabora para universalizar o Ensino Fundamental, promovendo o apoio à alfabetização de jovens 
com 15 anos ou mais, adultos e idosos.
Seus recursos são destinados à capacitação de alfabetizadores por meio de parcerias com estados, 
municípios, universidades, empresas privadas, organizações não governamentais e da sociedade civil de 
interesse público.
Programa Nacional do Livro Didático (PNLD)
O seu objetivo é proporcionar um material didático de qualidade gratuitamente às escolas das redes 
federal, estadual e municipal e às entidades parceiras do programa Brasil Alfabetizado. Ele abrange todo 
o Ensino Fundamental público, inclusive a alfabetização.
Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE)
Seus recursos são destinados a: 
• promover a aquisiçãode material permanente, de manutenção e de consumo necessários para 
manter o funcionamento da escola; 
• capacitar e aperfeiçoar os profissionais da educação; 
• avaliar a aprendizagem; 
• implementar o projeto pedagógico; 
• desenvolver atividades educacionais.
O valor que cada escola recebe está baseado no número de alunos matriculados no Ensino 
Fundamental ou na educação especial apontados pelo Censo Escolar no ano anterior.
Apoio ao Atendimento à Educação de Jovens e Adultos (Peja)
É um meio de assistência suplementar utilizado para aquisição de livro didático, contratação 
temporária de professores, formação continuada de docentes e aquisição de gêneros alimentícios.
71
POLÍTICA SETORIAL – EDUCAÇÃO
Programa Nacional Biblioteca na Escola (PNBE)
Procura incentivar a leitura e o acesso à cultura a alunos, a professores e à comunidade em geral. 
Através desse programa, são distribuídos livros de literatura brasileira e estrangeira, infantojuvenil, 
clássica, de pesquisa, de referência e outros materiais de apoio.
Programa Nacional de Saúde do Escolar (PNSE)
Concede apoio financeiro aos municípios para a aquisição e distribuição de óculos aos alunos 
matriculados na 1ª série do Ensino Fundamental das escolas públicas municipais e estaduais que estão 
com problemas de visão.
 Resumo
Nesta unidade, aprendemos que as políticas educacionais fazem parte 
do grupo de políticas públicas sociais do Brasil. Dessa forma, constituem 
um elemento de normatização do Estado, guiado pela sociedade civil, 
que visa garantir o direito universal à educação de qualidade e o pleno 
desenvolvimento do educando.
Nesse sentido, as políticas públicas de educação são programas ou ações, 
criadas pelos governos para colocar em prática medidas que garantam o 
acesso à educação para todos os cidadãos. Além de garantir a educação 
para todos, também é função das políticas públicas avaliar e ajudar a 
melhorar a qualidade do ensino do país. Dessa forma, as políticas públicas 
educacionais são ligadas a todas as medidas e decisões que são tomadas 
pelo governo em relação ao ensino e à educação no país.
As políticas de educação são garantidas pela Constituição Federal e 
por outras leis, como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 
(Lei n. 9.394/96), sendo que o direito de os cidadãos terem acesso à 
educação é garantido pela Constituição Federal no artigo 205. Porém, é 
a Lei de Diretrizes e Bases que estabelece as principais regras que devem 
ser seguidas pelo sistema educacional do país, sendo aplicada tanto para a 
rede pública de ensino como para a rede privada.
Na LDB estão definidos os princípios que devem ser a base do sistema 
de educação, quais são as obrigações do governo no oferecimento da 
educação aos seus cidadãos, idade adequada para cada nível de estudo, 
desde a Educação Infantil básica até o Ensino Superior universitário e os 
tipos de programas educacionais que devem ser oferecidos, como educação 
básica, especial, a distância, profissionalizante e de jovens e adultos.
72
Unidade I
Assim, as políticas educacionais devem promover o engajamento escolar 
visando garantir, a todo cidadão brasileiro, o direito ao acesso à educação em 
seu estado, município e Distrito Federal. Nesse sentido, todos os governantes 
precisam criar e manter espaços adequados e suficientes para o número de 
alunos, assim como ampliar e reorganizar o transporte escolar.
Iniciativas como o Programa Caminho da Escola, do Governo Federal, 
além de outros projetos estaduais e municipais, auxiliam os estudantes que 
residem longe dos ambientes educacionais, em áreas rurais e ribeirinhas, 
por exemplo, fornecendo transporte gratuito para assegurar que cheguem 
até as escolas.
Outra solução é a criação de políticas de educação a distância, pois essa 
modalidade facilita, entre outras coisas, o acesso à educação de jovens e 
adultos que precisam conciliar trabalho e estudo. 
Além disso, é dever do Estado garantir o acesso à educação aos alunos 
impossibilitados de se locomover até a escola, como aqueles alocados 
em hospitais e centros de detenção, e proporcionar um ambiente escolar 
inclusivo para crianças e jovens com necessidades especiais. 
Porém, não basta apenas oferecer espaços para crianças, jovens e 
adultos aprenderem, é necessária uma educação de qualidade. Portanto, 
as escolas precisam aperfeiçoar os serviços oferecidos, criar estratégias 
diferenciadas para atrair a atenção de alunos e estimular a participação 
em sala de aula.
Dessa forma, considerando a importância da educação como um direito 
social, garantido pela Constituição Federal, podemos dizer que as políticas 
educacionais fazem parte do processo de crescimento e desenvolvimento 
do nosso país, contribuindo, inclusive, para mudar o Brasil que conhecemos.
A sociedade também deve participar ativamente da criação de programas 
e ações voltados para a educação, levando ao Poder Público suas sugestões 
e demandas e exigindo dos governantes a qualidade de ensino assegurada 
pela legislação, especialmente pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional, pois, para serem efetivas, as políticas educacionais devem levar 
em consideração diversos aspectos relacionados à atual realidade da 
educação brasileira, inclusive a situação de vulnerabilidade social em que 
se encontram diversos alunos.
73
POLÍTICA SETORIAL – EDUCAÇÃO
 Exercícios
Questão 1. Veja a charge a seguir. 
Figura 5 
Agora, analise as afirmativas:
I – A charge exalta o papel do docente no ajustamento dos pensamentos inadequados dos alunos, 
atitude importante para a construção da cidadania.
II – A charge é uma crítica ao modelo de educação que não estimula o pensamento autônomo e crítico.
III – A charge é uma crítica à persistência dos índices de analfabetismo no Brasil, mostrando que a 
ação docente é necessária desde cedo.
É correto o que se afirma em:
A) I, II e III.
B) I e II, apenas.
C) I e III, apenas.
D) I, apenas.
E) II, apenas.
Resposta correta: alternativa E.
74
Unidade I
Análise da questão
A charge mostra a professora moldando o pensamento das crianças de acordo com o seu, impedindo 
o pensamento autônomo e crítico. Não há qualquer referência a taxas de analfabetismo.
Questão 2. Leia a charge e o texto: 
Figura 6 
Brasil é o país que menos valoriza professores, diz estudo; China lidera
Pesquisa da ONG Varkey Foundation em 35 nações mede importância que cada sociedade dá 
aos educadores
RIO - Um estudo conduzido em 35 países para avaliar o status dos professores na sociedade mostrou 
que o Brasil é o que menos os valoriza, enquanto a China lidera no reconhecimento aos educadores.
Intitulada Global Teacher Status Index 2018 (ou índice global de status do professor, em tradução 
livre), a pesquisa foi realizada pela Varkey Foundation, ONG fundada pelo indiano Sunny Varkey em 
2010, com o objetivo de melhorar os padrões de educação para crianças carentes.
Os pesquisadores entrevistaram mil pessoas em cada um dos 35 países para identificar como o 
emprego de um professor dos ensinos primário e secundário era comparado a outras profissões, em 
termos de valor para a sociedade. Numa lista de 14 ocupações, a de professor ficou em sétimo lugar, na 
média de todos os países.
China, Malásia, Taiwan, Rússia e Indonésia formam o top 5 da valorização dos educadores. Nos dois 
primeiros, assim como na Rússia, a importância do professor é equiparada à dos médicos.
75
POLÍTICA SETORIAL – EDUCAÇÃO
Os cinco piores colocados são Argentina (31º), Gana (32º), Itália (33º), Israel (34º) e Brasil (35º). Por aqui, 
os professores foram comparados aos bibliotecários, em termos de status social.
Os entrevistados foram questionados, ainda, sobre como avaliavam o respeito dos alunos por 
seus mestres. Nesse quesito, novamente o Brasil teve o pior desempenho: menos de 10% das pessoas 
acreditavam que os alunos respeitavam seus professores; na China, 80% dos entrevistados afirmavam 
que havia respeito.
Desempenho ruim também no Pisa
O estudo tambémtraça uma correlação direta entre o status dos professores e o resultado dos países 
no Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes). O Brasil, último colocado na valorização 
dos educadores, é o penúltimo no Pisa entre os 35, estando à frente apenas do Peru. 
— Esse índice finalmente traz evidências acadêmicas para algo que sempre soubemos instintivamente: 
há uma conexão entre o status dos professores na sociedade e o desempenho das crianças na escola. 
Agora podemos dizer sem sombra de dúvida que respeitar os professores não é apenas um dever moral 
importante, é essencial para o desempenho educacional de um país — afirmou Varkey, no texto de 
apresentação do trabalho.
Esta é a segunda edição do Global Teacher Status Index. A primeira, em 2013, foi feita com 21 
países, entre eles o Brasil, que já havia ficado em último lugar então — e foi uma das sete nações onde 
a valorização dos professores caiu no período entre as duas pesquisas.
Em suas conclusões, o relatório da ONG afirma que melhor remuneração e status social para os 
professores são necessários para alcançar melhores resultados acadêmicos. Também afirma haver uma 
“forte correlação” entre remuneração e status, ou seja, quanto mais valorizados socialmente, mais bem 
pagos os profissionais tendem a ser. Por fim, quanto maior o respeito da sociedade pelos professores, 
mais os pais tendem a encorajar seus filhos a seguir na profissão.
Fonte: Brasil... (2018).
Agora, analise as afirmativas:
I – Charge e reportagem revelam a má remuneração dos professores no Brasil.
II – De acordo com o texto, há relação direta entre a valorização do professor e o aprendizado 
dos alunos.
III – O Brasil ocupa, entre todos os países do mundo, a pior posição no quesito da remuneração e da 
valorização social dos professores, segundo a pesquisa.
É correto o que se afirma em:
76
Unidade I
A) I, II e III.
B) II e III, apenas.
C) I e II, apenas.
D) I e III, apenas.
E) I, apenas.
Resposta correta: alternativa C.
Análise da questão
Os dois textos denunciam os baixos salários do professor no Brasil. A charge faz referência à 
remuneração, comparando-a com a do político. O texto aborda também o status social. O Brasil, na 
pesquisa, ficou em último lugar dos 35 países estudados, no quesito valorização do professor.

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