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LABORATÓRIO DE PRÁTICAS 
PEDAGÓGICAS III - AULA 05 
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CURRÍCULO 
ESCOLAR E 
PLANEJAMENTO 
EDUCACIONAL
Olá!
O currículo é central na organização do trabalho pedagógico e contribui para que as 
instituições possam garantir a efetiva aprendizagem e desenvolvimento dos alunos. Da 
mesma forma, é fundamental que os currículos sejam construídos de acordo com a realidade 
em que a escola está inserida, considerando as necessidades, limitações e aprendizados dos 
educandos, bem como a intencionalidade educativa que norteia a proposta pedagógica das 
escolas. 
Neste capítulo, você estudará acerca da concepção de currículo escolar e a importância de 
construí-lo e implementá-lo de maneira integrada e articulada, fundamentada nos princípios 
da interdisciplinaridade e transdisciplinaridade. Além disso, este texto pretende trazer alguns 
apontamentos legais acerca do currículo e sua relação com o planejamento educacional e o 
planejamento pedagógico desenvolvidos no cotidiano da sala de aula. 
Bons estudos! 
5. CURRÍCULO ESCOLAR E PLANEJAMENTO EDUCACIONAL
Para entender o conceito e a função do currículo escolar é preciso ter uma 
compreensão sobre sua definição e o sobre o que ele representa. Vários são os 
sentidos atribuídos a este conceito e, a partir das ideias de diferentes autores, 
podemos ter maiores esclarecimentos sobre seu significado. Vasconcellos (2009, p. 
133) apresenta que o termo “[...] vem do latim curriculum (do verbo currere = correr).
Refere-se tanto à proposta feita pela instituição quanto ao caminho, ao trajeto que o
discente percorre no período de sua formação escolar [...]”. Para Pacheco (2007, p.
48), o currículo refere-se “[...] a um curso a ser seguido, a um conteúdo a ser
estudado”. Reflete, assim, “uma sequência de conteúdos definidos socialmente, com
base em sequências definidas para o processo de aprendizagem [...]”. Já, para Veiga
(1998, p. 8), “[...] currículo é um importante elemento constitutivo da organização
escolar. Currículo implica, necessariamente, a interação entre sujeitos que têm um
mesmo objetivo e a opção por um referencial teórico que o sustente [...]”. De acordo
com Silva (1996, p. 23), é “[...] no currículo que se condensam relações de poder que
são cruciais para o processo de formação de subjetividades sociais. Em suma,
currículo, poder e identidades sociais estão mutuamente implicados. O currículo
corporifica relações sociais [...]”.
Partindo destas diferentes concepções, Cavalcanti (2011) afirma que o 
currículo está envolvido em questões teóricas e práticas e está relacionado ao 
processo de ensino-aprendizagem, ao conhecimento escolar e à vivência da 
escolarização, sendo um projeto cujo processo de construção e desenvolvimento é 
interativo. 
O currículo, neste sentido, é o percurso que leva à aprendizagem e é a 
distribuição do que os estudantes aprenderão durante todo o seu percurso educativo. 
De acordo com Veiga (1998, p. 8), currículo: 
[...] é uma construção social do conhecimento, pressupondo a 
sistematização dos meios para que esta construção se efetive; a 
transmissão dos conhecimentos historicamente produzidos e as formas de 
assimilá-los. Portanto, produção, transmissão e assimilação são 
processos que compõem uma metodologia de construção coletiva do 
conhecimento escolar, ou seja, o currículo propriamente dito. Neste 
sentido, o currículo refere-se à organização do conhecimento escolar. 
Para isso, é fundamental que as instituições escolares construam seu currículo 
de acordo com a realidade em que estão inseridas, considerando as necessidades, 
limitações e aprendizados dos educandos, pois “[...] a forma de se organizar o trabalho 
está estreitamente vinculada à intencionalidade educativa [...]” (VASCONCELLOS, 
2009, p. 134), visto que as escolas estão numa constante busca pela melhor forma de 
organizar suas experiências educacionais. 
Além disso, fazendo uma breve retomada acerca da legislação educacional 
brasileira, é possível levantar algumas questões importantes referentes ao currículo 
escolar. Começamos pela Constituição Federal de 1988. Ela assegura a educação 
como um direito fundamental e prevê no artigo 210 que “[...] serão fixados conteúdos 
mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum 
e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais [...]” (BRASIL, 2016, 
documento on-line). Esta medida, mesmo citando apenas o ensino fundamental, visa 
garantir que todos os estudantes do Brasil tenham acesso a uma série de conteúdos 
fixos, que são considerados mínimos para a formação básica. 
Depois da Constituição Federal, a Lei nº. 9.394/96, que estabelece as Diretrizes 
e Bases da Educação Nacional, garante em seu artigo 9º, inciso IV que: 
A União incumbir-se-á de estabelecer, em colaboração com os Estados, o 
Distrito Federal e os Municípios, competências e diretrizes para a 
educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio, que nortearão 
os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a assegurar formação 
básica comum [...]. 
Para atender e contemplar este objetivo, são criados os Parâmetros 
Curriculares Nacionais, que visam consolidar a organização curricular, garantindo a 
flexibilidade dos componentes curriculares e a complementação de uma parte 
diversificada em cada sistema de ensino. 
Em 2014, o Plano Nacional de Educação (PNE), a partir da Lei nº. 13.005/2014, 
colocou como uma das metas a elaboração de uma Base Nacional Comum Curricular 
(BNCC) para todo o Brasil, com o objetivo de elevar os padrões de ensino em todas 
as regiões e reduzir a desigualdade no desempenho dos alunos em exames de cunho 
nacional. A BNCC, proposta pelo PNE, contou com amplos debates e consultas à 
comunidade, num processo de democratização do ensino no país, com vistas a 
aumentar a participação dos diferentes segmentos escolares nas decisões 
envolvendo a educação. 
De acordo com a BNCC (BRASIL, 2018, documento on-line): 
[...] os sistemas e redes de ensino devem construir currículos, e as escolas 
precisam elaborar propostas pedagógicas que considerem as 
necessidades, as possibilidades e os interesses dos estudantes, assim 
como suas identidades linguísticas, étnicas e culturais [...]. 
Desta forma, é preciso pensar no currículo, integrado e flexível, como um 
instrumento de formação humana, onde o professor, através de situações que Currículo 
escolar e planejamento educacional problematizem conhecimentos, possa planejar, 
propor e coordenar atividades significativas e desafiadoras. É importante, contudo, que 
haja objetivos claros do que se deseja alcançar com o trabalho, a fim de ampliar as 
experiências e práticas sociais, culturais e pedagógicas. 
Os currículos não consistem em simples conteúdos a serem transmitidos aos 
alunos, mas sim na construção e seleção de conhecimentos e práticas originados em 
contextos específicos e influenciados por dinâmicas sociais, políticas, culturais, 
intelectuais e pedagógicas. Esses conhecimentos e práticas são expostos a novas 
dinâmicas e reinterpretados em cada contexto histórico. A compreensão de que os 
currículos são moldados pela dinâmica da sociedade levanta questões que desafiam os 
profissionais da educação a encontrar respostas (BRASIL, 2007, p. 9). 
Vasconcellos (2009, p. 133) complementa afirmando que o currículo é essencial 
para atribuir sentido às diversas atividades realizadas dentro da escola. Enquanto 
isoladas, essas atividades poderiam parecer aleatórias, mas quando vistas em relação ao 
todo e à intencionalidade educativa, ganham significado. 
Troquez (2018, p. 10) apresenta alguns apontamentos baseados nas ideias de 
Gimeno Sacristán (2002) em que traz a “[...] equidade e justiça na defesa de um currículo 
comum pluralista que valorize a diversidade e aponte para a formação do indivíduo 
enquanto cidadão de direitos, cosmopolita, capaz de ir além, intervir na ordem das coisas 
[...]”. A autora complementacom a ideia defendida por Raymond Williams em que propõe 
a possibilidade de que todos os indivíduos tenham acesso à cultura comum, o que 
presume a apresentação de um currículo comum que proporcione a inserção dos bens 
culturais a todos, sem distinção de classe social ou grupo específico. Neste sentido, a 
abordagem de Williams “[...] persegue a ideia de construção de currículos que objetivem 
contribuir para a emancipação cultural dos indivíduos, que esteja a serviço de mudanças 
sociais: um currículo comum [...]” (TROQUEZ, 2018, p. 10). 
Em contrapartida, Caldas e Vaz (2016) trazem algumas considerações de Michael 
Apple acerca da adoção de um currículo comum. Segundo eles: 
Embora Apple seja um defensor das decisões tomadas 
democraticamente, ele considera perigosa a adoção de um currículo 
de base nacional [comum], porque, a depender do contexto 
histórico, a legitimação de um currículo Currículo escolar e 
planejamento educacional nacional leva a implantação de um 
sistema de avaliação nacional (CALDAS; VAZ, 2016, p. 155). 
Além disso, os autores apresentam que, entre as contribuições de Apple, está a 
investigação de um currículo oculto, cujos interesses sociais, advindos dos contextos 
históricos, se transformam em ideias e são incorporados aos currículos oficiais. O que se 
percebe, a partir das ideias apresentadas por estes autores, é que são amplas as 
discussões acerca dos benefícios e dos malefícios de um currículo padrão, de uma base 
comum que norteie os currículos escolares. 
Outra questão a ser abordada diz respeito ao currículo escolar e sua organização. 
Jesus (2018) relata que, a partir da década de 1960, surgiram alguns estudos que 
destacam a existência de níveis de currículo. São eles: o formal, o real e o oculto. 
O currículo formal, de acordo com Libâneo (2001, p. 99), “[...] refere-se àquele 
que é estabelecido pelos sistemas de ensino ou instituição educacional [...]”; é o currículo 
pensado fora das especificidades da sala de aula. Entre eles podemos citar, por exemplo, 
os objetivos estabelecidos pelas diretrizes curriculares, sejam elas nacionais, estaduais 
ou municipais, onde se estabelece uma série de conhecimentos que os estudantes 
precisam aprofundar ao longo da sua trajetória escolar. 
O currículo real é o que acontece no interior da sala de aula, nas relações 
estabelecidas entre professores e alunos e nas vivências do cotidiano. A partir dele, são 
feitas todas as adaptações necessárias para que os conhecimentos desenvolvidos sejam 
significativos para o estudante, por meio de estratégias que contribuam para a 
aproximação entre a temática trabalhada em aula com a vivência e a realidade da turma. 
Por fim, o currículo oculto é caracterizado pelas aprendizagens que não estão 
nem explícitas, nem propostas nos projetos educacionais ou pelas influências externas à 
escola. Neste tipo de currículo os saberes que não estão descritos nas diretrizes são 
incorporados no planejamento pedagógico. 
Cabe destacar, que “[...] todo o processo de educação escolar, por ser intencional 
e sistemático, implica a elaboração e realização de um programa de experiências 
pedagógicas a serem vivenciadas em sala de aula e na escola [...]” (VASCONCELLOS, 
2009, p. 133). Neste sentido, é de extrema importância que haja empenho na construção 
de um novo currículo, de maneira que sejam criadas “[...] condições para a concretização 
da educação como prática de liberdade, autêntica emancipação humana [...]” 
(VASCONCELLOS, 2009, p. 146). 
5.1 A relação entre currículo escolar e planejamento educacional 
 O currículo escolar, em linhas gerais, define o que será aprendido pelos alunos em 
cada etapa da sua formação, definindo os conteúdos e as atividades a serem executadas 
pelo estudante durante seu percurso educativo. No entanto, é necessário que as 
instituições elaborem e adotem seus currículos com base no que rege a legislação e o 
planejamento educacional no seu sentido mais amplo. 
 Neste texto será aprofundada, especificamente, a relação entre o planejamento 
educacional no âmbito dos sistemas e redes de ensino, aqui representados pelo 
documento que norteia os rumos da educação no país, o PNE, e o currículo escolar 
implementado pelas instituições de acordo com as diretrizes educacionais que emanam 
a necessidade de uma organização escolar que proporcione a humanização dos sujeitos 
e a diminuição da desigualdade cultural. 
importante revisitar alguns pressupostos legais. Primeiro, o que fundamenta o 
planejamento educacional, a Constituição Federal, em seu artigo 214, a partir da Emenda 
Constitucional nº. 59/2009, prevê o PNE, de duração decenal, como uma exigência para 
garantir uma política de Estado que ofereça o direito à educação básica de qualidade, 
cujo objetivo é articular o sistema nacional de educação em regime de colaboração e 
definir diretrizes, objetivos, metas e estratégias de implementação para assegurar a 
manutenção e o desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis, etapas e 
modalidades por meio de ações integradas dos poderes públicos das diferentes esferas 
federativas (BRASIL, 2016). 
 De acordo com informações que norteiam os estudos acerca do PNE, ele se 
caracteriza como: “[…] um instrumento de planejamento do nosso Estado democrático de 
direito que orienta a execução e o aprimoramento de políticas públicas do setor [...]” 
(BRASIL, 2014, documento on-line). 
 O documento que apresenta o PNE destaca que o “[...] planejamento envolve um 
esforço metódico e consciente ao selecionar e orientar os meios e as estratégias para 
atingir os fins previamente definidos, com o objetivo de aproximar a realidade do ideal 
expresso pelo modelo [...]” (BRASIL, 2014, documento on-line). Além disso, o documento 
destaca que são estabelecidos prioridades e procedimentos de ação voltados à promoção 
da interação entre os diversos setores para um processo de intervenção da realidade, a 
partir da criação de 20 metas nacionais para garantir a qualidade da educação no país. 
 O PNE, por intermédio destas 20 metas propostas, deve servir de base para a 
elaboração dos planos estaduais e municipais. Partindo deste pressuposto, as instituições 
escolares também devem estar adequadas, trabalhando em consonância com este plano 
maior e buscando atender e garantir uma educação pautada nos princípios propostos pelo 
PNE. 
 A partir da elaboração e implementação das 20 metas apresentadas pelo PNE, 
voltamos ao segundo pressuposto legal, agora fundamentando os currículos escolares, a 
BNCC, representada como uma importante estratégia para alcançar algumas metas 
apresentadas pelo PNE. Entre elas, destacam-se as metas um, dois, três e sete, que 
tratam sobre a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio, bem como sobre 
a melhoria da qualidade da educação em todas as etapas e modalidades da educação 
básica, com o objetivo de atingir as médias nacionais para o Índice de Desenvolvimento 
da Educação Básica (IDEB), e elevar os padrões de ensino em todas as regiões do Brasil. 
De acordo, com a Lei nº. 13.005/2014, que aprova o PNE, e apresentado no documento 
que regulamenta a BNCC, é fundamental reiterar a necessidade de estabelecer e 
 Para iniciar a discussão sobre a relação existente entre currículo e planejamento é 
implantar, mediante pactuação interfederativa, ou seja, entre União, estados, Distrito 
Federal e municípios, diretrizes pedagógicas para a educação básica e a base nacional 
comum dos currículos, com direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento dos 
alunos para cada ano do ensino fundamental e médio, respeitadas as diversidades 
regional, estadual e local (BRASIL, 2014). 
 A BNCC é um documento criado de forma articulada e integrada e contou com a 
participação de profissionais do ensino e da sociedade civil, visando definir: 
[...] o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagensessenciais que 
todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades 
da educação básica, de modo a que tenham assegurados seus direitos de 
aprendizagem e desenvolvimento, em conformidade com o que preceitua 
o Plano Nacional de Educação (PNE) (BRASIL, 2018, documento on-line).
 Neste sentido, a Base servirá de instrumento para alinhar os conhecimentos 
essenciais aos quais todos os estudantes brasileiros deverão ter acesso e se apropriar. 
As instituições, por sua vez, estão em fase de implementação da BNCC. O documento 
foi aprovado em dezembro de 2017 e as redes de ensino têm até 2019 para implementar 
e adequar seus currículos, revisar materiais didáticos e rever as competências 
trabalhadas e os processos avaliativos. Segundo o documento elaborado, o principal 
objetivo da BNCC é promover o desenvolvimento integral dos estudantes em suas 
dimensões cognitiva, social, emocional, cultural e física. Por esse motivo, é possível 
afirmar que a BNCC está fundamentada no artigo 205 da Constituição Federal, quando 
diz: 
A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será 
promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando 
ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício 
da cidadania e sua qualificação para o trabalho [...] (BRASIL, 2018, 
documento on-line). 
 Com isso, a BNCC estabelece 10 competências gerais que se inter-relacionam 
nas três etapas da educação básica e articulam-se na construção dos conhecimentos, no 
desenvolvimento de habilidades e na formação de atitudes e valores, propostos pela Lei 
de Diretrizes e Bases. A seguir, estão descritas estas 10 competências gerais 
(EDUCADOR 360, 2017): 
1. Valorização e utilização de conhecimentos historicamente construídos sobre o
mundo físico, social e cultural;
2. Exercício de curiosidade intelectual e uso de abordagem própria das ciências para
investigar e elaborar hipóteses;
3. Desenvolvimento de senso estético para reconhecer e valorizar as diversas
manifestações artísticas e culturais;
4. Utilização de conhecimento das linguagens verbal, multimodal, artística,
matemática, científica, tecnológica e digital;
5. Utilização de tecnologias digitais de comunicação e informação de forma crítica,
significativa, reflexiva e ética;
6. Compreensão das relações do mundo do trabalho e tomada de decisões
7. Alinhadas ao projeto de vida pessoal, profissional e social;
8. Argumentação com base em fatos, dados e informações confiáveis para formular,
negociar e defender ideias e pontos de vista;
9. Autoconhecimento e reconhecimento de suas emoções e dos outros com
capacidade de lidar com elas e com a pressão do grupo;
10. Exercício da empatia, diálogo, resolução de conflitos e cooperação, fazendo-se
respeitar e promover respeito ao outro;
11. Ação pessoal e coletiva com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência
e determinação.
 Estas competências essenciais visam, além do desenvolvimento integral do sujeito, 
a formação de cidadãos mais críticos, com capacidade para resolver problemas, trabalhar 
em equipe, respeitar as diversidades, tomar decisões com autonomia, argumentar, 
dialogar e defender seu ponto de vista. De acordo com a Base, competência é definida 
como a: 
[...] mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), 
habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores 
para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício 
da cidadania e do mundo do trabalho [...] (BRASIL, 2018, documento on-
line). 
 Ao observar as 10 competências presentes na BNCC e relacionando à nova 
proposta de currículo, algumas questões importantes podem ser levantadas. 
 A primeira, a importância de incluir o aprendizado de habilidades socioemocionais 
como disciplina obrigatória das instituições, visto que estão presentes na maioria das 
competências básicas apresentadas. A segunda, no que diz respeito à educação integral 
dos sujeitos. Segundo o documento da Base, isso significa: 
[...] assumir uma visão plural, singular e integral da criança, do 
adolescente, do jovem e do adulto – considerando-os como sujeitos de 
aprendizagem – e promover uma educação voltada ao seu acolhimento, 
reconhecimento e desenvolvimento pleno, nas suas singularidades e 
diversidades [...] (BRASIL, 2018, documento on-line). 
 Mas, afinal, como será a construção dos currículos a partir da BNCC? O Ministério 
da Educação aposta na adequação dos currículos sob a perspectiva do trabalho 
colaborativo, em que estados e municípios possam potencializar boas práticas e 
minimizar as desigualdades a partir da construção autônoma e conjunta, contando com a 
participação dos educadores e gestores, que poderão trazer suas experiências e servirão 
como referência para todas as etapas e modalidades de ensino. Com base nas 
constatações levantadas até aqui acerca da relação entre currículo e planejamento 
educacional, entre BNCC e PNE, é possível afirmar que ambas são fruto de uma gestão 
compartilhada e construídas de forma colaborativa, contando com a participação da 
sociedade neste processo. Além disso, uma questão que se torna fundamental é que as 
instituições construam seu currículo, respeitando e se adequando à realidade na qual 
está inserida. Vasconcellos (2009, p. 134) destaca: 
É da maior importância que a escola se fortaleça, resista, e elabore o seu 
currículo, dialogando criticamente com as orientações e cobranças, tendo 
como referência básica a realidade concreta em que se encontra, fazendo 
suas opções e assumindo seus compromissos. O movimento de conquista 
da autonomia da escola deve se efetivar também no campo curricular [...]. 
 Neste sentido, o processo de elaboração do currículo, a partir da BNCC, visa garantir 
o ensino de conteúdos considerados essenciais nas escolas de todo o Brasil, sem,
contudo, deixar de dar autonomia às instituições para que tragam inovações e conteúdos
diferenciados a seus currículos.
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	5. CURRÍCULO ESCOLAR E PLANEJAMENTO EDUCACIONAL
	5.1 A relação entre currículo escolar e planejamento educacional
	REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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	V7 - 011 - 01 - 15203 - O inicio da escolarização no Brasil e a educação jesuítica.pdf
	máscara pronta.pdf

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