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Cuidados Paliativos: Dicas práticas na abordagem e controle da dor Carolina Neiva • Em Cuidados Paliativos, a dor é um dos sintomas mais incidentes, principalmente a dor crônica, portanto não economize na analgesia. • Em pacientes acamados, sem história de dor crônica, considere prescrever analgésico simples regular (ex.: dipirona 1 g de 6/6 horas). • Sempre pondere o uso de opioide forte (ex.: morfina) para dores de intensidade moderada (4 em 10) à severa (7 em 10). • Avalie a associação de adjuvantes à terapia analgésica (ex.: antidepressivos, anticonvulsivantes, corticoides, neurolépticos, entre outros). • O objetivo do controle da dor é intensidade menor que 3 em 10. Controle da dor Escada analgésica da oms • Evite o uso de tramadol, pois é mais nauseante e reduz limiar convulsivo. • Se for usar, prefira a via oral ou a subcutânea (ampola diluída em 20 mL de SF0,9% em bolus ou infusão diluído em 100 mL de SF 0,9%), respeitando o intervalo regular de 6/6 horas. • Não cometa o erro de associar tramadol com ondansetrona! Tramadol atua inibindo a recaptação pré-sináptica de serotonina e noradrenalina. A ondansetrona, por sua vez, bloqueia a ação da serotonina nos receptores 5HT3 pré-sinápticos dos neurônios nociceptivos, reduzindo o efeito analgésico. Há risco de aumento da náusea pela necessidade de maiores doses para obter efeito analgésico. Tramadol • Prefira opioide forte em dose baixa no controle de dor moderada. • A equivalência do tramadol para morfina, por exemplo, é de 1:10. Um paciente que esteja em uso de 400 mg de tramadol/dia equivale à 40 mg/dia de morfina. • Em pacientes virgens de opioide com dor moderada, prescreva morfina ½ comprimido de 10 mg de 4/4 horas, via oral. • Lembrar de dobrar a dose noturna para evitar que o paciente acorde de madrugada para tomar. Ex.: ½ cp às 7h, 11h, 15h, 19h e 1cp às 23h (dobra-se a última dose, permitindo melhor comodidade posológica). Dor moderada • A morfina é um dos medicamentos essenciais da lista da OMS. É segura, de baixo custo e efetiva. Não há dose máxima preconizada. • O uso da morfina de ação curta permite a titulação diária até remissão da dor ou efeito adverso proibitivo. Sua equivalência da formulação oral para parenteral é de 3:1. • Vale lembrar que a morfina de longa duração (Dimorf LC®) em cápsula não pode ser administrada por sondas (SNE, gastrostomia). • Na utilização via parenteral, sempre administrá-la via subcutânea, incluindo na dose resgate que deve corresponder a 10-15% da dose total diária. • Deve-se restringir o uso da via endovenosa apenas para infusões em 24h, nunca para doses em bolus sob risco de maior efeito adverso e menor tempo de ação analgésica. Morfina Farmacocinética dos opioides • Atentar para o uso da morfina na insuficiência renal! Nesse caso reduzir a dose ou evitar. • Sempre que prescrever opioide nunca esquecer de prescrever conjuntamente um laxativo de preferência irritativo (ex.: bisacodil 10mg/noite, via oral). • Para todos os outros efeitos adversos (ex.: náuseas, sonolência) existe tolerância e desaparecem ao longo dos três primeiros dias de uso, o único que permanece é a constipação. Importante lembrar!