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ACADEMIA ESTADUAL DE SEGURANÇA PÚBLICA DO
CEARÁ – AESP/CE
CURSO DE APERFEIÇOAMENTO PARA INSPETOR DE 3ª CLASSE
FORTALEZA – CEARÁ
 
Sumário
Introdução.............................................................................................................................................1
1. Criminalística....................................................................................................................................2
1.1. Breve Histórico............................................................................................................................2
 1.2. Conceito de Criminalística...........................................................................................................4
1.3. Objetivos da Criminalística..........................................................................................................5
 1.4. Postulados da Criminalística........................................................................................................5
 1.5. Princípios da Criminalística.........................................................................................................5
 1.5.1 Princípio da Observação.....................................................................................................6
 1.5.2 Princípio da Análise............................................................................................................6
 1.5.3 Princípio da Interpretação...................................................................................................6
 1.5.4 Princípio da Descrição........................................................................................................6
 1.5.2 Princípio da Documentação................................................................................................6
2. Perito Criminal.................................................................................................................................8
3. Provas – Vestígios, Evidências e Indícios......................................................................................10
3.1. Provas........................................................................................................................................10
3.1.1 Prova Objetiva...................................................................................................................10
 3.2. Vestígios....................................................................................................................................10
3.2.1 Vestígios Propositais..........................................................................................................12
3.2.1 Vestígios Acidentais...........................................................................................................12
3.2.1 Vestígios Perceptíveis........................................................................................................12
3.2.1 Vestígios Latentes..............................................................................................................12
3.2.1 Vestígios Perenes...............................................................................................................13
3.2.1 Vestígios Persistentes.........................................................................................................13
3.2.1 Vestígios Fugazes..............................................................................................................13
3.3. Evidências................................................................................................................................13
3.4. Indícios.....................................................................................................................................14
4. Corpo de Delito...............................................................................................................................15
5. Local de Crime................................................................................................................................17
5.1. Conceito de Local de Crime.....................................................................................................17
5.2. Classificação do Local de Crime..............................................................................................18
5.2.1 Classificação Quanto à Região da Ocorrência...................................................................19
5.2.1.1 Internos ou Fechados............................................................................................19
5.2.1.2 Externos ou Abertos.............................................................................................19
5.2.1.3 Locais Relacionados.............................................................................................20
5.2.2 Classificação Quanto a Natureza da Ocorrência................................................................20
5.2.3 Classificação Quanto a Preservação do Local....................................................................21
5.2.3.1 Preservados, Idôneos ou Não Violados.................................................................21
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CEARÁ – AESP/CE
CURSO DE APERFEIÇOAMENTO PARA INSPETOR DE 3ª CLASSE
FORTALEZA – CEARÁ
 
5.2.3.2 Não Preservados, Inidôneos ou Violados..............................................................21
6. Rotina de Atendimento aos Locais de Crime................................................................................22
6.1. Como o Policial Deverá Proceder?...........................................................................................22
6.2. Responsabilidade da Autoridade Policial no Local de Crime...................................................23
6.3. Resumo dos Procedimentos Padrão..........................................................................................24
6.4. Isolamento do Local de Crime..................................................................................................25
6.4.1 Local de Crime Contra a Pessoa........................................................................................26
6.4.2 Local de Acidente de Trânsito...........................................................................................27
6.4.3 Local de Crime Contra o Patrimônio.................................................................................27
6.4.4 Outras Funções do Isolamento Necessárias ao Trabalho Policial.......................................28
6.4.4.1 Garantir a Segurança Física do Perito...................................................................28
6.4.4.2 Controlar o Acesso às Informações Obtidas no Trabalho Pericial........................28
6.4.4.3 Preservar a Integridade da Imagem da(s) Vítima(s)..............................................29
6.4.4.4 Permitir o Bom Andamento dos Trabalhos Periciais.............................................29
6.4.5 Obstáculos à Sua Preservação............................................................................................29
7. O Trabalho do Perito......................................................................................................................31
7.1. Levantamento Pericial..............................................................................................................31
7.1.1 O Desenho – Croqui – da Cena do Crime..........................................................................31
7.1.2 Fotografias da Cena do Crime...........................................................................................32
8. Cadeia de Custódia.........................................................................................................................349. Referências....................................................................................................................................... 36
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DO CEARÁ – AESP/CE
CURSO DE APERFEIÇOAMENTO PARA INSPETOR DE 3ª CLASSE
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INTRODUÇÃO
O presente trabalho pretende contribuir de forma clara sobre a importância da
Criminalística dentro do Sistema de Segurança Pública que tem como papel fundamental
o fornecimento de informações e meios de prova necessários para subsidiar a Justiça.
Entendendo que para o sucesso da Investigação Criminal as Instituições que
compõe a Segurança Pública precisam trabalhar em conjunto, respeitando a competência
de atuação de cada uma, buscando sempre resultados robustos e elucidativos quanto ao
julgamento dos crimes.
A capacitação profissional é o mecanismo pelo qual temos a oportunidade de
ultrapassar barreiras impostas pela falta de conhecimento, trazendo a realidade diária do
profissional, a técnica, o aprimoramento de suas habilidades para bem desempenhar suas
funções, valorizando-o para melhor servir a sociedade que espera um atendimento
humano justo e solidário.
Nossa intenção foi abordar de maneira objetiva e eficiente conceitos e
procedimentos oriundos da Criminalística indispensáveis àqueles que lidam com questões
forenses, procedendo eficazmente à investigação criminal focada no conhecimento
técnico- científico.
Assim apresentamos esse estudo como resultado de pesquisas em obras de
peritos renomados que tratam do assunto, bem assim de trabalhos disponíveis na Internet.
Pretendemos, neste contexto, explanar sobre a Criminalística, o trabalho da Polícia
Judiciária e do Perito Criminal, as responsabilidades da Autoridade Policial e seus
Agentes no Isolamento e Preservação do Local de Crime bem como mostrar os cuidados
necessários na coleta e manutenção de vestígios e evidências.
 
1. .
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CRIMINALÍSTICA
1.1. BREVE HISTÓRICO
Sabe-se que a preocupação com a busca da prova material ocorreu a partir da
segunda metade do século XIX, com o aparecimento do Manual Prático de Instrução
Judiciária, embora, como refere o professor Gilberto Porto, em sua obra Manual de
Criminalística, 1969:
Já na velha Roma, César aplicara o método do exame de local, segundo nos
informa Tácito. É que Plantius Silvanus, tendo jogado de uma janela sua
mulher, Aprônia, foi levado à presença de César, que foi examinar o seu quarto
de dormir e nele encontrou sinais certos de violência.
Este comparecimento de César a um suposto local de crime pode ser,
seguramente o primeiro exame direto de um local de crime, visando a tomar
conhecimento do ali efetivamente, ocorrido e, em resumo, a coleta de provas para a
formalização da convicção. Considerando que um dos aspectos mais importantes da
Criminalística é o exame do local do delito, este ato de César foi, talvez a aplicação
primeira do método do exame direto de um local de crime, para a constatação do ali
ocorrido. (DOREA, 2012, p. 58).
Nos primórdios da fase técnico-científica, a partir do século XIX, cabia à
medicina legal, além dos exames de integridade física do corpo humano, toda a pesquisa
e demonstração de outros elementos relacionados com a materialidade do fato penal,
como o exame dos instrumentos do crime e demais evidências extrínsecas ao corpo
humano.
Com o advento de novos conhecimentos e o desenvolvimento das áreas
técnicas, como física, química, biologia, matemática, toxicologia, etc., tornou-se
necessidade real a criação de uma nova disciplina para pesquisa, análise e interpretação
dos vestígios materias encontrados em locais de crime, tornando-se, assim, fonte
imperiosa de apoio à Polícia e à Justiça. Surge, destarte, a Criminalística como uma
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disciplina independente em sua ação, como as demais que a constituem. (DOREA, 2012,
p. 1)
O nome, Criminalística, foi utilizado por Hans Gross, considerado o pai da
Criminalística, juiz de instrução e professor de direito Penal, em 1893, em Gratz, na
Alemanha, ao publicar seu livro como sistema de Criminalística, Manual do Juiz de
Instrução.(DOREA, 2012, p. 1)
Se destaca ainda, na história da Criminalística o nome do Dr. de Edmond
Locard, nascido em Saint-Chamond a 13 de dezembro de 1877, foi um dos pioneiros da
Criminalística na França. Seus métodos são universalmente reconhecidos e lhe valeram a
alcunha de “Pai da Moderna Criminologia”. Apaixonado não só pelos assuntos
relacionados à Medicina Legal, mas também pelos problemas dos criminosos habituais e
dos indícios deixados pelos delinquentes nos locais de crime, Locard passou a estudar
inúmeras obras de Criminologia e fez contato com peritos renomados na época. Viajou
por diversos países europeus, à busca de novas técnicas de investigação criminal, as
quais, desde logo, divulgou através de conferências e publicações.1
No Brasil, a partir de 1903, no Rio de Janeiro, foi fundado o Gabinete de
Identificação e palmares como complemento da identificação datiloscópica. Em 1925,
fundou-se a Delegacia de Técnica Policial em São Paulo, a qual foi transformada no ano
seguinte em Laboratório de Polícia Técnica.
Em janeiro de 1933, o Gabinete de Identificação do Rio de Janeiro, foi
transformado num verdadeiro Instituto, ocasião em que também foi criado o Laboratório
de Polícia Técnica e Antropologia Criminal, inaugurado no dia 20 de junho daquele ano.
Hoje em dia, um dos vários axiomas de Edmond Locar sugere que o “ideal
seria que os profissionais do Direito, depois de terem passado pelas Faculdades onde se
aprende a falar, passassem também por aquelas onde se aprende a observar”. Ora,
observar é a arte indispensável à Criminalística. Mas é fato comprovado que “só vemos o
1
 BRUNE, Arlindo. Perito Criminal. Histórico de Criminalística. Disponível em 
<http://www.ic.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=5>. Acesso em 10 set. de 2013.
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que observamos e só observamos o que já conhecemos”. (DOREA, 2003, p. 13 a 15)
Em última instância, a Criminalística trabalha como parte importantíssima do
segmento da estrutura social, para uma melhor e mais correta aplicação da Justiça, o que
só será possível com Inquéritos Policiais mais bem elaborados e com provas materiais ro-
bustas. Como, de resto, estes inquéritos servirão a Delegados de Polícia, Juízes e Promo-
tores, Defensores Públicos, Advogados Criminais e profissionais especializados no Direto
Penal, tanto para a formação de culpa, quanto para se evitar que um inocente venha a ser
injustamente condenado. (DOREA, 2003, p. 13 a 15)
A Criminalística, no conceito de Eraldo Rabelo (DOREA, 2003, p. 13 a 15), é
uma “disciplina técnico científica por natureza e jurídico-penal por destinação, a qual
concorre para a elucidação e a prova das infrações penais e da identidade dos autores res-
pectivos, através da pesquisa, do adequado exame e da interpretação correta dos vestígios
materiais dessas infrações” (Curso de Criminalística, Sagra- Luzzatto, 1996). Exemplos
como os da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, onde as disciplinas Criminalísti-
ca e Medicina Legal I e II são oferecidas no Curso de Direito, fato que se repete na Uni-versidade de Caxias do Sul, também naquele estado, devem ser imitados.
1.2. CONCEITO DE CRIMINALÍSTICA
A Criminalística, segundo o mestre Gilberto Porto, não se constitui em uma
ciência, mas em uma disciplina transformada e elevada para um sistema aplicando dados
fornecidos por diversas ciências, artes e outras disciplinas, utilizando os próprios métodos
inerentes a essas ciências. O próprio Hans Gross, em 1898, a intitulou de Sistema de Cri-
minalística.
Definição Brasileira de Criminalística, produzida em 1947, no 1º Congresso
Nacional de Polícia Técnica:
Disciplina que tem por objetivo o reconhecimento e interpretação dos indícios
materiais extrínsecos relativos ao crime ou à identidade do criminoso. Os exa-
mes dos vestígios intrínsecos (na pessoa) são da alçada da medicina legal.
( DOREA, 2012, p. 16)
O renomado mestre e perito criminalístico do Rio Grande do Sul, Eraldo Ra-
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bello, conceitua Criminalística como:
Disciplina autônoma, integrada pelos diferentes ramos do conhecimento téc-
nico-científico, auxiliar e informática das atividades policiais e judiciárias de
investigação criminal, tendo por objetivo o estudo dos vestígios materiais ex-
trínsecos à pessoa física, no que tiver de útil à elucidação e à prova das infra-
ções penais e, ainda, à identificação dos autores respectivos. (DOREA, 2012.
p. 18)
Segundo José Del Picchia Filho, quando abordada como disciplina, deve ser
entendido “Criminalística é a disciplina que tem por objetivo o reconhecimento e a
interpretação dos indícios materiais extrínsecos, relativos ao crime ou à identidade do
criminoso”.
Já para Leonardo Rodrigues, que faz uma moderna concepção do termo:
“Criminalística é o uso de métodos científicos de observações e análises para descobrir
e interpretar evidências”. (FILHO, 1976. p. 26). 
1.3. OBJETIVOS DA CRIMINALÍSTICA
a) Dar a materialidade do fato típico, constatando a ocorrência do ilícito penal; 
b) Verificar os meios e os modos como foi praticado um delito, visando fornecer a
dinâmica do fenômeno;
c) Indicar a autoria do delito, quando possível;
d) Elaborar a prova técnica, através da indiciologia material.
1.4. POSTULADOS DA CRIMINALÍSTICA
a) O conteúdo de um Laudo Pericial Criminalístico é invariante com relação ao Perito Criminal que
o produziu: como os resultados de uma perícia criminalística são invariavelmente baseados em leis
científicas, com teorias e experiências consagradas, seja qual for o perito que recorrer a estas leis para
analisar um fenômeno criminalístico, o resultado não poderá depender dele, indivíduo;
b) As conclusões de uma perícia criminalística são independentes dos meios utilizados para
alcança-las: Utilizando-se os meios adequados para se concluir a respeito do fenômeno
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criminalístico, esta conclusão, quando forem reproduzidos os exames, será constante, independente
de se haver utilizados meios mais rápidos, mais precisos, mais modernos ou não;
c) A Perícia Criminalística é independente do tempo: Principalmente sabendo-se que a verdade é
imutável em relação ao tempo decorrido. (DOREA, 2012, p. 9)
1.5. PRINCÍPIOS DA CRIMINALÍSTICA
Os princípios fundamentais referem-se à observação, à análise, à interpretação, à descrição e
à documentação da prova.
1.5.1. PRINCÍPIO DA OBSERVAÇÃO: “ Todo contato deixa uma
marca” (Edmond Locard)
É praticamente impossível existirem ações em que não resultem marcas de provas,
sabendo-se, ainda, que é notória a evolução e pesquisa do instrumento científico capaz de detectar esses
vestígios, ou mesmo, microvestígios.
1.5.2. PRINCÍPIO DA ANÁLISE: “ A análise pericial dever sempre seguir o
método científico.”
A perícia científica visa a definir como o fato ocorreu (teoria), através de uma criteriosa
coleta de dados (vestígios e indícios), 2 que permitem estabelecer conjecturas sobre como se desenvolveu
o fato, formulando-se hipóteses coerentes sobre eles. É esse método científico que baseiam as condutas
periciais.
1.5.3. PRINCÍPIO DA INTERPRETAÇÃO: “Dois objetos podem ser
indistinguíveis, mas nunca idênticos.”
2
 Estudaremos o conceito e definição de vestígios, indícios e evidências no decorrer deste curso.
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Este princípio, também chamado de “Princípio da Individualidade”, preconiza que a
identificação deve ser sempre enquadrada em três graus, ou sejam: a identificação genética, a específica e
a individual, sendo que os exames periciais deverão sempre alcançar este último grau.
1.5.4. PRINCÍPIO DA DESCRIÇÃO: “ O resultado de um exame pericial é
constante com relação ao tempo e deve ser exposto em linguagem ética e
juridicamente perfeita.”
Os resultados dos exames periciais sempre baseados em princípios científicos, não podem
variar pela passagem do tempo; e, ainda, considerando que qualquer teoria científica deve gozar da
propriedade da refutabilidade, os resultados da perícia, quando expostos através do Laudo, devem ser de
uma forma bem clara, racionalmente dispostas e bem fundamentadas.
1.5.5. PRINCÍPIO DA DOCUMENTAÇÃO: “Toda amostra deve ser
documentada, desde seu nascimento no local do crime até sua análise e
descrição final, de forma a se estabelecer um histórico completo e fiel de sua
origem.”
Este princípio, baseado na Cadeia de Custódia3 da prova material, visa a proteger,
seguramente, a fidelidade da prova material, evitando a consideração de provas forjadas, incluídas no
conjunto das demais, para provocar a incriminação ou a inocência de alguém.
3
 Estudaremos o conceito e definição de Cadeia de Custódia, no decorrer deste curso.
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2. PERITO CRIMINAL
É um profissional capacitado em
determinada área, responsável pela
constatação e análises dos vestígios
encontrados em local de crime, que serão consubstanciados como prova técnica,
relacionada ao delito questionado, servindo de elemento comprobatório na incriminação
do indiciado pelo sistema judiciário. 
É necessário possuir diversificada quantidade de virtudes entre as quais:
honestidade, caráter, personalidade, imparcialidade, equilíbrio emocional, independência,
autonomia funcional e principalmente, obediência irrestrita e incondicional aos princípios
da ética e da moral.
O cargo de Perito Criminal é dotado de fé pública, ou seja, o que é constatado
no laudo pericial é tido como verdade, significando que o perito deve ser uma pessoa
idônea e imparcial.
Devemos entender que:
 A fé pública não abriga apenas o significado de representação exata e correta
da realidade, de certeza ideológica, mas também de um sentido altamente
jurídico, ou seja, fornece evidência e força probante atribuída pelo
ordenamento, quanto à intervenção do oficial público em determinados atos ou
documentos. O valor jurídico e a certeza implicam que a fé pública pressupõe a
correspondência da realidade, cuja firmeza é tutelada pelo Direito4.
Cabe ao Perito Criminal efetuar o levantamento e estudo do local do crime
apurando como o mesmo ocorreu e em quais circunstâncias, informando quais os meios e
4
 REZENDE, A. C. F. Sobre a Fé Pública.Disponível em: < 
http://www.irib.org.br/html/biblioteca/biblioteca-detalhe.php?obr=198.> Acesso em 10 set. 2013.
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equipamentos utilizados na pratica do crime.
Para a realização deste trabalho pericial é fundamental a correta preservação
do local do crime, que não pode em hipótese alguma5 ser violado, sob pena de destruição
das provas e vestígios deixados pelos criminosos. 
Os Peritos Criminais ao chegarem em locais de crimes, devem encontrá-los
isolados e guarnecidos por equipe de policiais que tenham chegado inicialmente ao local,
essa atitude auxiliará com bons resultados quando da realização dos levantamentos.
Ao iniciar os exames, o perito deve se situar diante dos fatos colhidos no
local com informações coletadas por policiais que chegaram antes. Tais informações não
necessariamente servirão como base estrutural para o trabalho pericial, mas, poderão ser,
em determinadas ocasiões, importantíssimas quando o responsável pelos exames for unir
os elementos concretos, ou prova pericial, dos vestígios colhidos durante os exames.
Após acionados para um local de crime, somente os peritos podem liberar tais
locais. Os peritos só devem liberar o local quando tiverem plena convicção de que todas
as peças foram coletadas. Como consequência, um laudo pericial bem fundamentado
pelos vestígios colhidos durante os exames, deixará a autoridade policial convicta de
como direcionar as investigações aplicadas à realização do inquérito.
A responsabilidade do perito no exercício da sua função deve ser dividida em
duas partes distintas. Aquela do ponto de vista legal, onde lhe são exigidas algumas
formalidades e parâmetros para a sua atuação como perito; e as de ordem técnica,
necessárias para desenvolver satisfatoriamente os exames técnico-científicos que lhe são
inerentes. Na parte legal da atuação do perito, podemos dizer que, além dos aspectos
processuais penais, também o perito está sujeito às responsabilidades penais,
administrativas e cíveis. (DOREA, 2012, p. 19 a 33).
5
 Somente nas seguintes situações pode o local ser violado: socorro à vítima, para conhecimento do fato 
(forçamento de janelas e portas), Para evitar mal maior (ocorrência de trânsito - Lei 5.970/73), trabalho 
dos bombeiros no salvamento e na extinção do fogo (prioridades inadiáveis nos casos de incêndio).
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3. PROVAS - VESTÍGIOS, EVIDÊNCIAS E INDÍCIOS.
3.1. PROVAS
A palavra origina-se do latim probatio, podendo ser traduzida como
experimentação, verificação, exame, confirmação, reconhecimento, confronto dando
origem ao verbo probare.
No ambiente jurídico representa aos atos e os meios usados pelas partes e
reconhecidos pelo juiz como sendo a verdade dos fatos alegados. Assim entendemos que
a Prova, representa o meio utilizado pelo homem para, através da percepção, demonstrar
uma verdade.
Assim conceituamos prova como sendo o conjunto de meios idôneos, visando
à afirmação da existência positiva ou negativa de um fato, destinado à fornecer
ao Juiz o conhecimento da verdade dos fatos deduzidos em Juízo. (DOREA,
2012, p. 19 a 33).
 
3.1.1. PROVA OBJETIVA
A prova objetiva é todo e qualquer elemento físico coletado na cena do
crime, no corpo da vítima e/ou do agressor e no local relacionado ao crime, que seja
possível de ser demonstrado, coletado e/ou analisado. É constituída por todos os
objetos vivos ou inanimados, sólidos, líquidos ou gasosos relacionados com o fato.6
3.2. VESTÍGIOS
Vestígios, evidências e indícios são termos comumente utilizados como
sinônimos. Embora, no conceito criminalístico, exista uma diferenciação importante em
6
 OBSERVAÇÃO: O Código de Processo Penal
 
possui um título específico que trata da
prova, o qual se inicia no artigo 155 e estende-se até o artigo 250.
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suas semânticas formais. Tais conceitos podem gerar equívocos interpretativos caso
deixem de ser bem delineados.
 Os peritos criminais, ao examinarem um local de crime, procuram todos os
tipos de objetos, marcas ou sinais sensíveis que possam ter relação com o fato
investigado. Todos estes elementos, individualmente, são chamados de vestígios.
O vestígio é o material bruto que o perito constata no local do crime ou faz
parte do conjunto de um exame pericial qualquer. Porém, somente após examiná-lo ade-
quadamente é que se pode saber se aquele vestígio está ou não relacionado ao evento pe-
riciado. (ESPINDULA, 2009, p.5).
De acordo com o Dicionário on line de português Vestígio vem do latim
Vestigiu, significando:
Sinal deixado pela pisada ou passagem, tanto do homem como de qualquer
outro animal; pegada, rasto. Indício ou sinal de coisa que sucedeu da pessoa
que passou (…). (Ferreira – Novo Dicionário da Língua Portuguesa)
Todos os vestígios encontrados em um local de crime, num primeiro momento,
são importantes e necessários para elucidar os fatos, ou seja, na prática, o vestígio é assim
chamado, para definir qualquer informação concreta que possa ter, ou não, alguma
relação com o crime.
Segundo Opilhar (2006) os vestígios podem ser caracterizados como
Verdadeiros; ilusórios e forjados. Entendidos como: 
• Vestígio Verdadeiro – São aqueles produzidos diretamente pelos atores da infra-
ção e que sejam produtos diretos das ações do cometimento do delito em si;
• Vestígio Ilusório – Todo elemento encontrado no local do crime que não esteja
relacionado às ações dos atores da infração. e desde que sua produção não tenha
ocorrido de maneira intencional; 
• Vestígio Forjado – Todo elemento encontrado no local de crime, cujo autor teve
a intenção de produzi-lo, com o objetivo de modificar o conjunto dos elementos
originais produzidos pelos atores da infração. Poderá ser produzido por qualquer
pessoa que tenha interesse em modificar a cena de um crime. (OPILHAR, 2006,
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p. 26)
Para que o vestígio exista é necessário a presença de três elementos:
- Agente Provocador – É o que produziu o vestígio – ou contribuiu para tal;
- Suporte – É o local onde fora produzido tal vestígio, quando se fala de algo material;
- Vestígio em Si – O produto da ação do agente provocador.
Em outras palavras vestígio é tudo o que é encontrado no local de crime, após
estudado e interpretado pelos peritos, pode se transformar em elemento de prova,
individualmente ou associado a outros. Porém, antes de se transformar em uma prova,
passará pela fase da evidência.7
Os Vestígios quanto à sua natureza podem ser:
3.2.1. VESTÍGIOS PROPOSITAIS
São produzidos com o objetivo de indicar uma qualidade, uma condição, um
aviso, uma advertência. Como exemplos têm-se marca de indústria, distintivo de sócio,
figura de um crânio humano com duas tíbias cruzadas como sinal de perigo, as placas e
sinais de trânsito. 
Para Eraldo Rabelo a finalidade precípua de um vestígio proposital não é de
provar um fato, mas apenas a de indicar determinada qualidade ou condição, de maneira a
torná-las conhecidas de pano, por intermédio da identificação do símbolo característico. 
3.2.2. VESTÍGIOS ACIDENTAIS
São produzidos involuntariamente pelo agente. São exemplos as impressões
digitais, as manchas de material orgânico, pêlos, cinzas, fibras,sinais de luta, a posição
do corpo. 
7
 No local de crime, não será possível aos peritos procederem a uma análise individual de todos os 
vestígios para saber da sua importância, ou se estão relacionados com o crime, somente durante as 
análises na PEFOCE, é que os pertos podem determinar quais os vestígios estão relacionados com o ato 
criminoso.
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3.2.3. VESTÍGIOS PERCEPTÍVEIS
São aqueles que podem ser diretamente captados pelos sentidos humanos sem
a utilização de qualquer artifício ou aparelho, como manchas de sangue, sinais de
arrastamento, armas eventualmente deixadas no local. 
3.2.4. VESTÍGIOS LATENTES
Necessitam da utilização de técnicas ou aparelhos especiais para serem
observados, como manchas, esperma, resíduos provenientes de disparos de arma de fogo,
impressões digitais, etc. 
3.2.5. VESTÍGIOS PERENES
São aqueles que não desaparecem com o tempo, sendo destruídos somente
por evento natural incomum e de grandes proporções. Como exemplos, as ossadas, os
danos decorrentes de acidentes automobilísticos, mossas, projéteis. 
3.2.6. VESTÍGIOS PERSISTENTES
Permanecem indeléveis por um longo tempo, permitindo sua análise
posteriormente. Como exemplos, manchas de sangue em tecidos, pêlos, fibras, etc. 
3.2.7. VESTÍGIOS FUGAZES
São aqueles que desaparecem facilmente, exigindo que sua coleta e análise
sejam rápidas. Como exemplos, marcas de frenagens em vias públicas, substâncias
voláteis, manchas de sangue em local público.8 
8
 PAULA, Washington X. Apostila de Noções de Criminalística. Disponível em 
<http://www.sesol.com.br/ava/download/perito_criminalistica_apostila_pdf.pdf,> Acesso em 
09.10.2013.
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3.3. EVIDÊNCIA9
“os vestígios dão origem às evidências” (GILBERTO, 1960, p.55)
Sempre partindo de conceituações amplas, temos que Evidência é a “qualida-
de daquilo que é evidente, que é incontestável, que todos veem ou podem ver e verificar,
certeza manifesta.” (Dicionário On Line De Português, 2012)
Para a criminalística a palavra ou termo evidência representa o vestígio após
a análise dos peritos, uma vez que esteja diretamente ligado ao vestígio de um delito.
“As evidências, por decorrerem dos vestígios, são elementos exclusivamente materiais e,
por conseguinte, de natureza puramente objetiva.” (OPILHAR, 2006, p. 27).
Assim, evidência é o vestígio analisado e depurado, tornando-se um elemento
de prova por si só ou em conjunto, para ser utilizado no esclarecimento dos fatos.
As evidências podem ser divididas da seguinte forma:
• Evidências próximas: São as diretamente relacionadas com o crime. Exemplo
Cédula de identidade e documentos outros encontrados no local da ocorrência,
presumivelmente caídos quando da luta corporal ou da prática do crime.
(DOREA, 2012, p. 77)
• Evidências Manifestas: São as que resultam da própria natureza do crime.
• Evidências Distantes: São as que possuem uma relação com o crime meramente
aceitável. Exemplo: características físicas ou sinais peculiares do(s) acusado(s)
indicados por testemunhas. (DOREA, 2012, p. 77)
3.4. INDÍCIOS
O Código Penal Brasileiro traz uma definição sobre indício, encontra-se defi-
9
 Alguns autores, entre eles Luis Eduardo Dorea e Victor Quintela, utilizam o termo INDÍCIOS, para 
tratar deste tópico EVIENCIA.
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nido no artigo 239 do Código de Processo Penal:
Art. 239 (CPP) – A circunstância conhecida e provada que, tendo relação com
o fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras cir-
cunstâncias. (DOREA, 2012, p. 75 e 76)
Num primeiro momento, o termo definido pelo art. 239 do CPP parece sinô-
nimo do conceito de evidência. Todavia, a expressão indício foi definida para a fase pro-
cessual, ou seja, para um momento pós-perícia, significando dizer que a nomenclatura
“indício” engloba, além dos elementos materiais tratados pela perícia, outros de natureza
subjetiva, próprios da esfera da polícia judiciária.
No contexto geral, podemos dizer que cabe aos peritos a capacidade de trans-
formar vestígios em evidências, enquanto aos policiais reserva-se a tarefa de, agre-
gando-se às evidências informações subjetivas, apresentar o indiciado à Justiça.
Assim, podemos concluir sucintamente que:
 Vestígio é todo objeto ou material bruto constatado e/ou recolhido em um local de
crime para análise posterior.
 Evidência é o vestígio depois de feitas as análises, onde se constata técnica e
cientificamente a sua relação com o crime.
 Indício é uma expressão, utilizada no meio jurídico, que significa cada uma das
informações (periciais ou não) relacionadas com o crime.10
10
 ESPINDULA, Alberí, A Idoneidade do Vestígio, disponível em 
<http://www.espindula.com.br/conteudo.php?id=10>. Acesso em 10 set. 2013.
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4. CORPO DE DELITO
O Artigo 158 do CPP diz: “Quando a infração deixar vestígios, será
indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a
confissão do acusado.”
Originalmente, como aparece no Código de Processo Penal, decreto Lei nº
3.689 de 3 de outubro de 1941, a expressão referia-se apenas ao ser humano. Todavia, do
ponto de vista técnico pericial atual, entende-se corpo de delito como qualquer ente
material relacionado a um crime e no qual é possível efetuar um exame pericial. “É o
delito em sua corporação física.” 
Galdino Siqueira (DOREA, 2012) diz que: “ Corpo de delito é o conjunto de
elementos exteriores ou a materialidade de uma infração.”
Para Pimenta Bueno (DOREA, 2012): "Corpo de delito é o conjunto de
elementos que constaram a existência do crime". 
Para João Mendes (DOREA, 2012): “Corpo de delito é o conjunto de
elementos sensíveis do fato criminoso".
Para Farinácio: "Corpo de delito é o conjunto de vestígios materiais deixados
pelo crime" (DOREA, 2012, p. 62)
O corpo de delito é o elemento principal de um local de crime, em torno
do qual gravitam os vestígios e para o qual convergem as evidências. É o elemento
desencadeador da perícia e o motivo e razão última de sua implementação.
Exemplos: Em um local em que ocorreu um atropelamento, o corpo de delito
será, naturalmente, o cadáver da vítima. Casos em que o veículo fugiu do local do delito
de tráfego e que, posteriormente, é efetuada uma perícia em um automóvel suspeito para
verificar a sua participação, ou não, naquela ocorrência, tem por corpo de delito o
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veículo.
Todos os crimes materiais deixam vestígios, pois nestes delitos existe a
necessidade de um resultado externo à ação, sendo relevante o resultado material para
que os mesmos existam. Ao conjunto de todos esses vestígios materiais dá-se o nome de
Corpo de Delito. 
Objetivamente corpo de delito pode ser entendido como o conjunto de
todos os vestígios materiais diretamente relacionados com o fato delituoso, e seu exame
compreende o próprio levantamento do local de crime, a perinecroscopia, a necropsia
médico-legal, correspondente à pesquisa, à constatação, ao registro e à interpretação das
circunstâncias. (DOREA, 2012, p. 62)
Resumindo,o corpo de delito é aquele objeto que, removido da cena do
crime, descaracterizaria por completo a ocorrência, tornando-a até, em alguns casos,
inexistente.
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5. LOCAL DE CRIME
5.1. CONCEITO DE LOCAL DE CRIME
O professor Eraldo Rabello define local do crime como sendo:
A porção do espaço compreendida num raio que, tendo por origem o ponto no
qual é constatado o fato, se entenda de modo a abranger todos os lugar e sem
que, aparente, necessária ou presumidamente, hajam sido praticados, pelo
criminoso, ou criminosos, os atos materiais, preliminares ou posteriores à
consumação do delito, e com este diretamente relacionado. (RABELLO, 1996,
p. 15)
O Professor Carlos Kehdy define local de crime como: “toda área onde tenha
ocorrido um fato que reclame as providências da polícia.” (KEHDY, 1963, p. 11)
O processualista Edilson Mougenot Bonfim, em sua Obra Curso de Processo
Penal, pág. 317, não fornece conceito de local do crime, mas entende que a finalidade da
diligência “é a preservação dos elementos presentes no local do delito que possam servir
de prova para a apuração futura do fato”.
Percebe-se que local do crime pode assumir conteúdo variado, como, por
exemplo, nos crimes contra a pessoa, onde pode aparecer o homicídio, induzimento ou
instigação ao suicídio, aborto, infanticídio, crimes contra o patrimônio, nos casos de furto
qualificado, latrocínio dano, extorsão mediante sequestro, nos crimes ambientais, como
incêndio em florestas, destruição de vegetação de preservação permanente, conspurcação
em patrimônio público, poluição sonora, nos crimes de trânsito, como homicídio e
lesão corporal, geralmente culposo, além de um sem números de possibilidades.11
11
 BOTELHO, Jeferson. A Necessidade de Preservar o Local de Crime à Luz da Moderna Investigação e 
seus Reflexos no CPP. Disponível em <http://pt.scribd.com/doc/58316563/A-NECESSIDADE-DE-SE-
PRESERVAR-O-LOCAL-DO-CRIME-A-LUZ-DA-MODERNA-INVESTIGACAO-E-SEUS-
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Portanto podemos concluir que o local do
crime não se constituiu apenas da região onde
o fato foi constatado, mas em todo e em
qualquer local onde existem vestígios
relacionados com o evento, que sejam capazes
de indicar uma premeditação do fato ou uma
ação posterior para ocultar provas, que seriam
circunstâncias qualificadas do crime em investigação. 
O Código de Processo Penal, em seu artigo 6º, I, estatui que logo que tiver
conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá dirigir-se
se ao local, providenciando que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a
chegada dos peritos criminais. Assim, facilmente percebe-se que a lei processual não traz
um conceito de local do crime, ficando a cargo da doutrina a sua definição.
 A fim de ressaltar a sensibilidade que um local de crime representa para a perícia e à
investigação policial, fazemos incluir uma sábia metáfora do mestre Eraldo Rabelo, um
dos mais notáveis peritos do Brasil: “O Local de crime constitui um livro extremamente
frágil e delicado, cujas páginas por terem a consistência de poeira, desfazem-se, não raro,
ao simples toque de mão imprudentes, inábeis ou negligentes, perdendo-se desse modo
para sempre, os dados preciosos que ocultavam da argúria dos peritos.” (ESPINDULA,
1998, p. 07)
 Ainda dentro deste aspecto sobre a importância do Local de crime, veja a
seguir um trecho de um artigo escrito pelo perito Dwayne S. Hildebrand da Scottdale Po-
lice Crime Lab, da Cidade de Phoenix, Eua, onde ele descreve a importância dos vestígi-
os deixados no local, pelo autor do crime, permitindo ao perito criminal e policiais refleti-
rem sobre o que buscar na cena do crime:
Onde quer que ele (autor) ande, o que quer que ele toque ou deixe, até mesmo
inconscientemente, servirá como testemunho silencioso contra ele. Não
impressões papilares e de calçados somente, mas, seus cabelos, as fibras das
suas roupas, os vidros que ele quebre, as marcar de ferramentais que ele
REFLEXOS-NO-CPP>. Acesso em 10set 2013.
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produza, o sangue ou sêmen que ele deposite. Todos estes e outros transforma-
se em testemunhas contra ele. Isto porque evidências físicas não podem estar
equivocadas, não perjuram contra si mesma. (ESPINDULA, 2009, p. 5)
5.2. CLASSIFICAÇÃO DO LOCAL DE CRIME
Quaisquer que sejam as características de um local de crime estarão eles
enquadrados dentro da seguinte classificação geral:
• Ermos
• Concorridos
• Abertos
• Mistos
• Fechados
• Móveis
• Imóveis
• Isolados
• Contíguos
5.2.1. CLASSIFICAÇÃO QUANTO À REGIÃO DA
OCORRÊNCIA
5.2.1.1. INTERNOS OU FECHADOS: 
Que são caracterizados quando o fato ocorreu em um ambiente fechado,
circunscrito por paredes ou outras formas de fechamento como residências, fábricas,
interiores de veículos, prédios, dentre outros, que também, divide em: 
• Área Mediata Interna: são consideradas as vias de acesso ao ambiente onde
ocorrer o fato delituoso, como corredores, os ambientes ao redor do cômodo, os
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jardins e demais área vizinhas; 
• Área Imediata Interna: consiste no espaço físico onde ocorreu o fato delituoso,
como um quarto ou outro cômodo qualquer. (DOREA, 2012, p. 57)
5.2.1.2. EXTERNOS OU ABERTOS
É determinado quando o crime ocorre em ambiente aberto, não limitado por
edificações, como estradas, matagal, beira de rios e outros que também são subdivididos: 
• Área Mediata Externa: São consideradas as áreas de acesso para onde ocorreu o
crime, como estradas, picadas e ainda as imediações; 
• Área Imediata Externa: consiste no local propriamente dito, onde ocorreu o
crime. 
OBS. O que diferencia os locais em internos e externos é a existência ou não de
delimitação física do espaço. Todavia a classificação do local interno ou externo não
acarreta consequência relevante, a não ser quanto ao aspecto de sua preservação.
5.2.1.3. LOCAIS RELACIONADOS
São aqueles locais que, apesar de diversos daqueles relacionados
anteriormente, apresentam relações com um único fato delituoso. Esses locais de crimes
são de interesse puramente teórico, porém quanto à situação tem por finalidade
determinar a dinâmica do fato ocorrido. 
São aqueles que se referem a uma mesma ocorrência, isto é quando duas ou
mais áreas diferentes se associam ou se completam na configuração do delito. É o que
ocorre, por exemplo, na falsificação, num local se prepara o material falsificado e em
outro ele é negociado. (OPILHAR, 2006, p. 43)
Como exemplo há a situação de um homicídio que é perpetrado no interior de
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uma casa, onde os autores executam a vítima, embalam o corpo e o transportam no
interior de um veículo para uma via pública distante da residência. Neste contexto, o local
imediato será o veículo, o local mediato, o trecho da via pública onde o mesmo se
encontra, e o local relacionado será a residência onde se perpetrou o homicídio.12
5.2.2. CLASSIFICAÇÃO QUANTO A NATUREZA DA OCORRÊNCIA 
• Local de crime de Homicídio,
• Local de crime deSuicídio, 
• Local de crime de Incêndio, 
• Local de crime de Furto, 
• Local de crime de Roubo, 
• Local de crime de Latrocínio, 
• Local de crime de Aborto,
• Local de crime de Trânsito.
5.2.3. CLASSIFICAÇÃO QUANTO A PRESERVAÇÃO DO LOCAL
5.2.3.1. PRESERVADOS, IDÔNEOS OU NÃO
VIOLADOS
É aquele em que a cena do crime e os demais vestígios não foram alterados
em absolutamente nenhum dos seus aspectos. É um local de difícil ocorrência, vez que o
simples acesso do primeiro policial ao mesmo, seja para verificar as condições de
segurança do mesmo, seja para verificar o estado da vítima ou prestar socorro à mesma,
12
 PAULA, Washington X. Apostila de Noções de Criminalística. Disponível em 
<http://www.sesol.com.br/ava/download/perito_criminalistica_apostila_pdf.pdf, > Acesso em 10 de jul 
de 2013.
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já descaracteriza o local, por deixar vestígios da passagem do mesmo.13
 
5.2.3.2. NÃO PRESERVADOS, INIDÔNEOS OU
VIOLADOS
São aqueles em que após a prática de uma infração penal e antes da chegada e
assunção dos peritos no local, apresentam-se alterados, quer nas posições originais dos
vestígios, quer na subtração ou acréscimos destes, modificado de qualquer forma o estado
das coisas. Portanto, pode haver adição e subtração de evidências, prejudicando, portanto,
a interpretação dos vestígios. (ESPINDULA, 2009, p. 146)
13
 PAULA, Washington X. Apostila de Noções de Criminalística. Disponível em 
<http://www.sesol.com.br/ava/download/perito_criminalistica_apostila_pdf.pdf, > Acesso em 10 de jul 
de 2013.
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6. ROTINA DE ATENDIMENTO AOS LOCAIS DE CRIME
14
Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de
delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. (CPP,
Art. 158)
6.1. COMO O POLICIAL DEVERÁ PROCEDER?
O primeiro policial a chegar ao local deve averiguar se de fato existe a
ocorrência que lhe foi comunicada. Para tanto, deve o policial penetrar no local do crime
e dirigir-se até o corpo de delito. Ele terá que observar uma rotina de procedimentos, a
fim de não prejudicar as investigações futuras. Os procedimentos levam em conta se
existem vítimas no local ou se se trata apenas de um delito sem vítimas a serem
socorridas.
Num local onde existam vítimas, a primeira preocupação do policial deverá
ser a de providenciar o respectivo socorro, a fim de encaminhá-la ao hospital para o
atendimento de emergência, outra situação no local ocorre quando há vítimas
aparentemente morta, neste caso o policial deve dirimir qualquer dúvida (mesmo por
14
 A construção do capítulo 7 foi transcrita em partes do trabalho elaborado por Décio de Moura Mallmith
– Perito Criminalístico de Porto Alegre/RS, agosto de 2007, disponível no Portal segurança com
Cidadania – Artigo: Local de Crime. Como também de artigos publicados no seguinte site:
<http://ead.senasp.gov.br/modulos/educacional/material_apoio/LocalCrime_VA.pdf> Acesso em 10 de
julho de 2013.
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excesso de zelo), verificando se a vítima realmente já esta morta. Falamos isto porque já
ocorreram casos em que os policiai não fizeram tal averiguação e, somente quando os
peritos chegaram ao local, é que constataram que a vítima ainda estava viva. Tomadas as
providências de socorro, o policial deve isolar o local. (ESPINDULA, 2009, p. 155)
 A entrada ao local imediato/mediato ao corpo de delito deve ser feita pelo
ponto acessível mais próximo a este, de tal forma que a trajetória até o mesmo seja uma
reta. Constatado o delito, o policial deverá retornar para a periferia do local do crime,
percorrendo a mesma trajetória que o levou até o corpo de delito no sentido inverso. 
O percurso deverá ser memorizado pelo policial, visto que posteriormente
deverá ser comunicado aos peritos. Toda a movimentação dos policiais para averiguar o
ocorrido deve ser meticulosa e absolutamente nada deve ser removido das posições que
ocupavam quando da configuração final do crime. OBS. Constatada a existência da
ocorrência deverá o policial comunicá-la à autoridade competente para o devido
encaminhamento. 
O primeiro policial que chegar ao local do crime deverá tomar as primeiras
providências para o isolamento do local de crime com a finalidade de preservar os
vestígios lá existentes. Portanto, não permitirá que ninguém adentre ao local da cena do
crime e aguardará até a chegada de outros policiais que o substituam nesta tarefa. A
responsabilidade dos policiais pela preservação dos vestígios existentes no local estende-
se até a chegada da Autoridade Policial.
6.2. RESPONSABILIDADE DA AUTORIDADE POLICIAL NO LOCAL
DE CRIME
Tais procedimentos, também, estão consignados como uma exigência legal no
Código de Processo Penal (e modificações introduzidas pela Lei 8862/94), conforme
artigo 6º, incisos I e II:
Art. 6º. - Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a
autoridade policial deverá:
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e
conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais;
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II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos
peritos criminais.
Portanto, a Autoridade Policial (leia-se Delegado de Polícia), constatada a
existência do fato criminoso, nada mais fará a não ser isolar a área e preservar os
vestígios do local do crime, a fim de que os peritos possam examinar todo o conjunto de
vestígios ali dispostos.
Em muitos casos a autoridade policial não poderá se deslocar até a área onde
ocorreu o delito, porém, nessas situações, deve tomar providências e determinar que um
agente seu compareça e realize aquelas tarefas em seu nome. Portanto, o fato de - mesmo
justificadamente - não puder comparecer ao local do crime, não o exime da
responsabilidade legal.
Caso não ocorram estes procedimentos por parte dos policiais, os peritos
deverão dar cumprimento ao artigo 169 do CPP e seu parágrafo único, sob pena de serem
responsabilizados posteriormente pela autoridade judiciária.
Art. 169 - Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a
infração, a autoridade providenciará imediatamente para que não se altere o
estado das coisas até a chegada dos peritos, que poderão instruir seus laudos
com fotografias, desenhos ou esquemas elucidativos.
Parágrafo Único - Os peritos registrarão, no laudo, as alterações do estado das
coisas e discutirão, no relatório, as consequências dessas alterações na
dinâmica dos fatos. 
Os peritos, ao cumprirem essa determinação legal, não a fazem sob a
conotação de fiscalização do trabalho policial, pois não é este o espírito do dispositivo
legal. Deve haver coerência e bom senso por parte dos peritos, em simplesmente
relatarem tais condições, caso tenha de fato ocorrido prejuízo para a realização da perícia.
Mas Dorea (2012) faz uma ressalva de grande importância, como segue:
É comum, e já está se tornando uma praxe, por sinal condenável sob
todos os aspectos técnicos, quando do comparecimento, para a execução dos
respectivos levantamentos, a negativa da atuaçãopor parte de técnicos, de
levantamento naqueles locais em que haja ocorrido alguma alteração de
vestígios, como, por exemplo, remoção de veículos em locais onde tenha
ocorrido algum evento de trânsito, ou remoção da arma num local de morte,
etc.
Estas alterações, de maneira nenhuma poderão se transformar em
motivo para não atuação pericial, mesmo porque, se alguns vestígios forem
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alterados, ainda restará no local uma gama enorme de outros, cuja análise,
percepção, poderão ser, ainda, de capital importância e de elevado valor sinal
ético de prova. (DOREA, 2012, p. 62)
A presença dos peritos no local do delito, todavia, não substituí as ações da
autoridade policial, a qual caberá, além dos procedimentos para isolar a cena do crime e
impedir o acesso de qualquer elemento alheio à equipe da perícia, ações que possibilitem
a segurança dos peritos e sua equipe, viabilizando deste modo à conclusão do trabalho
pericial.
Os trabalhos periciais no local de uma ocorrência findam quando o perito
esgotar todas as possibilidades de exames e se der por satisfeito com os mesmos,
momento em que ele autorizará à Autoridade Policial a remover a interdição do sítio do
delito. A Autoridade Policial, entretanto, poderá optar por manter o local isolado, quando
a interdição mostrar-se imprescindível para os trabalhos preliminares de investigação.
6.3. RESUMO DOS PROCEDIMENTOS PADRÃO
• Primeiro policial – Verificar a existência da ocorrência; isolar o local do crime;
• Demais policiais - Isolar e preservar o local do crime;
• Autoridade Policial – Comparecer ao local; solicitar a perícia a ser realizada;
garantir a segurança dos peritos e sua equipe; apreender os objetos relacionados
com o fato, após serem liberados pelos peritos;
• Peritos - atender à solicitação da autoridade policial, realizar a perícia e consignar
em documento todas as informações relativas ao trabalho desenvolvido.
O procedimento padrão, embora definido em lei, na prática é de difícil
implementação, haja vista as carências de toda ordem existentes nos diversos órgãos de
segurança. Assim, o conceito de autoridade policial é por vezes estendido aos demais
policiais, que são ditos “agentes da autoridade”. 
Deste modo, o primeiro policial a chegar ao sítio da ocorrência, após verificar
a existência do delito criminoso, comunicará o fato, no caso do Estado do Ceará a CIOPS
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(Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança Pública) e tomará as primeiras
providências no sentido de preservar o local do crime. Os procedimentos seguintes
dependerão do tipo de ocorrência.
6.4. ISOLAMENTO DO LOCAL DE CRIME
Um dos requisitos essenciais para que os peritos possam realizar um exame
pericial de maneira satisfatória é que o local esteja adequadamente isolado e preservado,
a fim de não se perder qualquer vestígio que tenha sido produzido pelos atores da cena do
crime. (ESPINDULA, 2009, p. 147)
Qualquer alteração, por mínima que seja, deve ser evitada, porque a priori
não se pode saber qual delas pode prejudicar (ou impedir) que os peritos cheguem a uma
conclusão sobre o que ocorreu no local.
Entre alguns procedimentos que ocorrem com certa frequência, alguns
devem ser abolidos: jamais mexer em armas em local de crime, em nenhuma
circunstância, para nenhuma finalidade, como abrir o tambor para verificar o
municiamento, desmuniciá-la, guardá-la em “local seguro”, etc. 
Com relação à sua abrangência, deve-se tentar isolar a maior área possível
em torno do evento. Por exemplo: em um local de homicídio, com uma vítima caída no
chão de um dormitório, não basta isolar apenas o quarto. O “local do crime” deve ser
considerado como a casa inteira, já que não se sabe em que locais serão encontrados
vestígios relativos ao homicídio. Desse modo, ainda que seja difícil, na prática impedir
totalmente o acesso de familiares ao interior da casa ou retirá-los para algum ponto mais
afastado do centro da cena do crime, não devem ser poupados esforços nesse sentido.
Lembramos, por fim, que o isolamento do local, mesmo após a perícia,
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poderá ser mantido, a pedido do perito, caso ele julgue necessários exames
complementares no sítio da ocorrência com equipamentos especiais ou indisponíveis no
momento, ou ainda, por razões como falta de luminosidade, difícil acesso, etc..15
Importante: A Alteração do Local de Crime é Previsto como Infração Penal
Art. 166 Código Penal - Alterar, sem licença da autoridade competente, o as-
pecto de local especialmente protegido por lei:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
O Código Brasileiro de Trânsito, no artigo 312 - Lei nº 9.503 de 23 de Setembro
de 1997, também tipificou como crime a alteração de local de acidente de trânsito:
Art. 312. Inovar artificiosamente, em caso de acidente automobilístico com ví-
tima, na pendência do respectivo procedimento policial preparatório, inquérito
policial ou processo penal, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, a fim de
induzir a erro o agente policial, o perito, ou juiz:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste artigo, ainda que não iniciados,
quando da inovação, o procedimento preparatório, o inquérito ou o processo
aos quais se refere.
Por Que Isolar o Local de Crime?
• Analisar os vestígios que qualificam uma infração penal;
• Preservar os vestígios que auxiliem na identificação do criminoso;
• Perpetuação e legalização das provas materiais;
• Descartar uma falsa comunicação de ocorrência.
6.4.1. LOCAL DE CRIME CONTRA A PESSOA
A área a ser isolada nos casos de crimes contra a pessoa compreenderá, a
partir do ponto onde esteja o cadáver ou de maior concentração dos vestígios, até além do
15
 MALLMITH, Décio de Moura, Secretaria Da Segurança Pública Instituto-Geral De Perícias 
Departamento De Criminalística do Estado Do Rio Grande Do Sul, disponível em
<http://ead.senasp.gov.br/modulos/educacional/material_apoio/LocalCrime_VA.pdf,> Acesso em 10 de
setembro de 2013.
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limite onde se encontre o ultimo vestígio que seja visualizado numa primeira observação.
Provavelmente esta área terá formato irregular, pois dependerá da disposição dos
vestígios e também não se poderão estabelecer tamanhos ou espaços. Nesses locais de
morte violenta, a visualização de alguns vestígios, em determinados casos, não é tarefa
fácil, dadas as variedades e sutilezas desses elementos presentes numa cena de crime.
(ESPINDULA, 2009, p. 150)
6.4.2. LOCAL DE ACIDENTE DE TRANSITO
Para esses tipos de locais, já há uma dificuldade natural no que diz respeito
ao fluxo do sistema de trânsito, em que vários riscos são verificados no dia a dia,
chegando a situações em que os locais são desfeitos por estarem prejudicando o fluxo
do tráfego ou estarem oferecendo risco de ocorrências de outros acidentes. Para tais
situações, existe a Lei nº 5.970/73, que autoriza a descaracterização do local, como
segue:
Art. 1º: Em caso de acidente de trânsito, a autoridade ou agente policial que
primeiro tomar conhecimento do fato poderá autorizar, independente de exame
do local, a imediata remoção das pessoas que tenhamsofrido lesão, bem como
dos veículos nele envolvidos, se estiverem no leito da via pública e
prejudicarem o tráfego.
Parágrafo Único: Para autorizar a remoção, a autoridade ou agente policial
lavrará boletim da ocorrência, nele consignando o fato, as testemunhas que o
presenciaram e todas as demais circunstâncias necessárias ao esclarecimento da
verdade.
Este dispositivo tem prejudicado sobremaneira os exames periciais em locais
de acidente de tráfico, uma vez que a exceção virou regra, e inúmeras situações que não
justificam tal medida acabam tendo os locais desfeitos. (ESPINDULA, 2009, p. 151)
 É importantíssimo preservar as marcas no leito da via, especialmente as
marcas de arrasto e de frenagem. As marcas de frenagem podem dar uma idéia
aproximada da velocidade em que os veículos trafegavam durante o evento. Desta forma,
a área de isolamento a considerar pode ser extensa. É aconselhável dispor de
sinalizadores adequados para preservar todos os vestígios da ocorrência e até, se for o
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caso, a interrupção completa do trânsito pela via. A partir daquele ponto na pista até o
repouso final dos veículos, tudo deve ser devidamente preservado para o competente
exame pericial. (ESPINDULA, 2009, p. 152)
6.4.3. LOCAL DE CRIME CONTRA O PATRIMÔNIO
Esse tipo de ocorrência é muito diversificada, assim relacionaremos as mais
conhecidas:
• Veículos: Quando forem produtos de furto ou roubo, devem ser devidamente
preservados como foram encontrados. Deve-se evitar ao máximo uma tendência
quase natural dos próprios policiais em abrir o veículo ou entrar em seu interior,
pois esse tipo de ação estará produzindo outros vestígios, que no caso serão
ilusórios.
• Roubos (assaltos): Normalmente, quando em ambientes fechados, encontramos
móveis e objetos em completo desalinho, causado pela movimentação de procura
de bens a serem subtraídos. Nesses casos, toda essa disposição deve ser mantida
para que os peritos possam fazer os exames de toda a situação.
• Furtos com Arrombamentos: São aqueles com maior incidência dentro dessa
classificação de crimes. Nesses locais os policiais deverão orientar as vítimas a
não tocarem em nada, a fim de evitar a adulteração ou destruição dos vestígios, se
possível seria importante que as vítimas sequer entrem no recinto até que os
peritos tenham realizado a respectiva perícia. (ESPINDULA, 2009, p. 152)
6.4.4. OUTRAS FUNÇÕES DO ISOLAMENTO NECESSÁRIAS AO
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TRABALHO POLICIAL16:
6.4.4.1. GARANTIR A SEGURANÇA FÍSICA DO
PERITO
Muitas vezes o perito pode correr risco de vida ao realizar o trabalho pericial
em um local mal isolado. Exemplo levantamentos de locais de acidentes de trânsito em
rodovias movimentadas; outro caso é quando o local se situa em área de alta
criminalidade, tais como favelas dominadas pelas quadrilhas de tráfico de drogas. A
indispensabilidade do exame de corpo de delito justifica que um aparato de segurança
seja estabelecido pelas forças policiais de maneira a permitir que o perito possa
desempenhar o seu trabalho.
6.4.4.2. CONTROLAR O ACESSO ÀS INFORMAÇÕES OB-
TIDAS NO TRABALHO PERICIAL
Em um primeiro momento, somente os policiais relacionados à
investigação policial devem ter acesso às informações obtidas nos levantamentos
periciais. Somente a autoridade policial titular da investigação pode determinar quais
informações devem ser transmitidas aos familiares da vítima ou à mídia.
6.4.4.3. PRESERVAR A INTEGRIDADE DA IMAGEM DA(S)
VÍTIMA(S)
Durante os levantamentos periciais, principalmente em locais de crimes
contra a vida, faz-se necessário despir o cadáver na busca de vestígios relacionados à
ação delituosa. Quando a vítima está na via pública ou em locais de fácil acesso.
16
 Conteúdo do Curso da Rede EAD SEANASP - Relatório de Local de Crime.
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6.4.4.4. PERMITIR O BOM ANDAMENTO DOS TRABA-
LHOS PERICIAIS
Para realizar um bom trabalho, o perito deve ter tranquilidade para
raciocinar e fazer as coletas e fotografias necessárias ao laudo pericial. Em um local
tumultuado, com grande aglomeração de pessoas, ação de repórteres, invasão da área
de isolamento ou existência de risco ao perito, a tranquilidade necessária simplesmente
não existe.
6.4.5. OSBTÁCULOS À SUA PRESERVAÇÃO
17
Uma pesquisa monográfica realizada por Hélder Taborelli Sêmpio entregue A
Faculdade de Administração, Economia e Ciências Contábeis da Universidade Federal de
Mato Grosso em dezembro de 2003, relata sobre a atuação do Policial militar em locais
de crime, onde a classificação das áreas, quanto à atuação do militar no local de crime fi-
cará condicionada ao espaço físico, amplitude do fato e necessidade de estabelecimento
das mesmas: a variação, limitação e delimitação, e é condicionado à estrutura física do lo-
cal. 
O Autor ressalta que preservar é manter “a coisa” livre de qualquer mal, peri-
go ou dano. O ato de preservar é bem mais amplo e abrangente, ou seja, é a medida toma-
da para proteger alguma coisa de causas que a possam deteriorar. Logo, o conceito é: “o
ato de mantê-lo rigorosamente no estado em que o criminoso o deixou, até a chegada da
autoridade policial competente para tomar conhecimento do fato”. 
17
 A construção do ponto 6.4.5. foi transcrita em partes do trabalho elaborado por Hélder Taborelli 
Sêmpio, Local de Crime Obstáculos à sua Preservação, in: A Polícia Militar na Preservação do Local de 
Crime. Pg 10
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Os obstáculos que o militar encontra no local de crime são vários, porém, é
necessário ter em mente o que deve ser preservado e, ainda, como deve ser preservado. O
principal a ser preservado são todos os vestígios e a providência essencial a ser tomada é
a interdição rigorosa do local.
O mecanismo utilizado na preservação de locais de crime, é a interdição; a in-
terdição consiste, idealmente, em delimitar o perímetro do local e as duas vias de acesso,
impedindo a entrada, de qualquer pessoa, animal ou coisa. Em locais abertos, a interdição
se torna mais difícil, pois o acesso geralmente é fácil, sendo necessária a utilização de fi-
tas e/ou cordas de isolamento. O isolamento necessitará de uma vigilância efetiva sobre
todo o perímetro, principalmente nas vias de acessos normais. Tratando-se de locais fe-
chados, as próprias características tornam mais fáceis o isolamento, onde normalmente o
acesso se dá pelas aberturas, portas e janelas, destinadas a essa finalidade, bastando inter-
ditá-las. 
Em algumas situações, faz-se necessário à ação da autoridade policial e/ou
dos seus agentes no local de crime o que, em tese, poderia constituir numa não
preservação do estado das coisas como foram encontradas. Essas situações obrigam a
entrada da autoridade policial e seus agentes no local, com vistas a: 
• Fazer cessar o fato; 
• Prestar socorro a vítima; 
• Fazer a evacuação do local; 
• Conhecer o fato ( Forçamento de janelas e portas)
• Evitar mal maior (ocorrência de trânsito - Lei 5970/73).
• O trabalho dos bombeiros no salvamento e na extinção do fogo (prioridades inadi-
áveis nos casos de incêndio). 
Esse conflito se agrava quando familiares insistem em ver de perto o corpo do
filho, marido ou alguémda família. Contudo, o militar deverá ser paciente e dedicado,
tratando-os com a atenção e respeito, mas com apuração e atenção para que se evite a
adulteração do local. 
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7. O TRABALHO DO PERITO
Trata-se, em síntese, de uma descrição do local do crime e dos vestígios e
evidências lá constatadas, ilustradas com fotografias e, se necessários, desenhos e
esquemas que facilitem a compreensão do trabalho.
Algo que é sempre importante ressaltarmos é o fato de que não existem dois
exames de local de morte violenta iguais. Evidentemente que esse princípio se aplica a
qualquer outro tipo de perícia.
A partir do levantamento pericial o Perito poderá, quando os vestígios e
evidências verificados no local assim o permitirem, inferir e discorrer sobre a dinâmica
do evento e determinar ou excluir alguma circunstância, hipótese ou particularidade
associada ao local examinado ou à ação que ali teria ocorrido. (ESPINDULA, 2009, p.
178)
7.1. LEVANTAMENTO PERICIAL
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O levantamento pericial é o trabalho pericial realizado nos locais de crime.
Depois de concluído, o levantamento pericial dá origem ao laudo de exame de
levantamento de local.
Segundo Garcia, uma perícia completa de levantamento de local necessita de várias fases,
a saber:
Isolamento, observações prévias ou exame do local, fotografia,
desenho ou croqui, coleta e embalagem de evidências, transporte
de evidências, exame das evidências em laboratório, avaliação e
interpretação, e redação de laudo. (GILBERTO, 1960, p.58)
7.1.1. O DESENHO - CROQUI - DA CENA DO CRIME
O desenho criminalístico é uma ferramenta indispensável não só do perito,
mas de todos esses profissionais, uma vez que os ajuda na sua tarefa tanto de examinar
um dado local e expressar esse exame de maneira que outros também possam
compreendê-lo, como também interpretar os dados contidos neste documento, ou seja, o
que se quer transmitir. O desenho criminalístico “Croqui” é usado para ilustrar os mais
diversos tipos de laudos.
Como lembra Albani Reis (2003):
Ser usado a título de ilustração nos laudos de exames de locais, sejam estes
quais forem, mas também para ilustrar exames de materias, peças, veículos,
projéteis, armas, como para reconstruir quaisquer eventos, tais como acidentes
de tráfico, de morte violenta, inclusive situações que a fotografia não pode
lustrar. Deve também ser usado para confeccionar gráficos, tabelas,
organogramas e outros meios comunicativos, os quais enriquecerão
grandemente o laudo pericial. (REIS, 2003, p. 9)
Entre suas finalidades destacam-se:
a) A facilidade de localizar, com precisão, os indícios e vestígios encontrados;
b) O recurso de apontar determinados vestígios e suprimir outros de maneira a
facilitar a compreensão de determinados fatos ou afirmações;
c) A opção de retratar a dinâmica de um fato sem o auxílio de filme;
d) A possibilidade de representar diferentes versões de um mesmo fato, de modo a
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permitir a comparação entre elas.
Os esboços no local do crime desempenham um papel vital na investigação.
O esboço acabado fornece um registro preciso e permanente dos fatos encontrados no
local do crime. Uma fotografia não fornece informações precisas no que diz respeito à
distância entre objetos que estão presentes no local e não pode ser claramente entendida a
menos que as distâncias tomadas entre estes pontos sejam conhecidas. 
7.1.2. FOTOGRAFIAS DA CENA DO CRIME
As fotografias, internas e externas, são imprescindíveis para a elaboração do
laudo de exame de levantamento de local. Com a tecnologia atual de foto digital, deve-se
realizar uma vasta quantidade de fotos a fim de evitar que quaisquer fatos passem
despercebidos.
Segundo Carlos Kehdy (1963, p. 48), a fotografia “é a reconstituição
permanente do caso, permitindo futuras consultas”. Inúmeras dúvidas, surgidas no
decorrer do processo, somente puderam ser sanadas porque o perito teve o cuidado de
documentar suas afirmações com fotografias do local.18
Entre suas finalidades destacam-se:
a) A fixação do estado do local do fato e dos vestígios e indícios materiais
encontrados;
b) A ilustração de ângulos técnicos de interesse, de maneira a completar a descrição,
orientar a conclusão e firmar a convicção da autoridade policial, do promotor de
justiça e do magistrado sobre o caso.
O Código de Processo Penal trata da fotografia judiciária nos arts. 164, 165,
169 e 170, determinando a sua obrigatoriedade apenas se houver corpo no local (art,
18
 No famoso “caso da Rua Cuba”, por exemplo, uma das afirmações surgidas, depois do fato, foi a de 
que o ladrilho da borda da sacada do quarto em que foram encontrados os corpos das vítimas havia sido 
quebrado. Essa afirmação foi logo colocada por terra, pois o perito teve o cuidado de fotografar a 
aludida sacada, no dia imediatamente posterior ao evento.
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164). O Código de Processo Civil trata da matéria no art. 429:
CPP Art. 164. Os cadáveres serão sempre fotografados na posição em que
forem encontrados, vem como, na medida possível, todas as lesões externas e
vestígios deixados no local do crime.
Art. 165. Para representar as lesões encontradas no cadáver, os peritos, quando
possível, juntarão ao laudo do exame provas fotográficas, esquemas ou
desenhos, devidamente rubricados.
Art. 169. Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a
infração, a autoridade providenciará imediatamente para que não se altere o
estado das coisas até a chegada dos peritos, que poderão instruir seus laudos
com fotografias, desenhos ou esquemas elucidativos.
Parágrafo Único. Os peritos registrarão, no laudo, as alterações do estado das
coisas e discutirão, no relatório, as consequências dessas alterações na
dinâmica dos fatos.
CPC Art. 429. Para o desenvolvimento de sua função, podem o perito e os
assistentes técnicos utilizar-se de todos os meios necessários, ouvindo
testemunhas, obtendo informações, solicitando documentos que estejam em
poder da parte ou em repartições públicas, bem como instruir o laudo com
plantas, desenhos, fotografias e outras quaisquer peças. 
A boa técnica recomenda que as fotografias sejam tiradas sempre do geral
para o particular, procurando situar e individualizar todos os elementos de importância
para a perícia.
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8. CADEIA DE CUSTÓDIA
Podemos conceituar a Cadeia de Custódia como sendo a sequência de
proteção ou guarda dos elementos materiais encontrados durante uma investigação e que
devem manter resguardadas as suas características originais e informações sem qualquer
dúvida sobre a sua origem e manuseio. Pressupões o formalismo de todos os
procedimentos por intermédio do registro do rastreamento cronológico de toda a
movimentação de alguma evidência. (ESPINDULA, 2009, p. 163)
Todo procedimento realizado entre a comunicação do fato para a autoridade
competente e a requisição do exame deve obedecer a um rigoroso sistema de controle
denominado Cadeia de Custódia, NormaBonaccorso, nos da a seguinte definição: “o
conjunto de procedimentos administrativos que certificam a preservação e integridade da
amostra durante todos os passos (coleta, recebimento e análise), de maneira a garantir a
confiabilidade e a confidencialidade dos resultados.”19
19
 BONACCORSO, Norma; PERIOLI, Celso. Centro de Custódia. Perito Criminal. Disponível em: 
www.peritocriminal.net/artigo/custodia.htm. Acesso em: 10 jan. 2013.
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Segundo CHASIN, a cadeia de custódia se divide em externa e interna: a fase
externa seria o transporte do local de coleta até a chegada ao laboratório. A interna refere-
se ao procedimento interno no laboratório, até o descarte das amostras. 
WATSON (2009) descreve a cadeia de custódia como o processo pelo qual as
provas estão sempre sob o cuidado de um indivíduo conhecido e acompanhado de um do-
cumento assinado pelo seu responsável, naquele momento. (WATSON, 2009, p. 25)
A cadeia de custódia deve ser respeitada pelos peritos a fim de garantir a vali-
dade de seus exames. Todo procedimento deve ser documentado contribuindo para o re-
gistro cronológico das evidências.
O artigo 170 do CPP cita que:
Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão material suficiente para a
eventualidade de nova perícia. Sempre que conveniente, os laudos serão ilus-
trados com provas fotográficas, ou microfotográficas, desenhos ou esquemas. 
O fato de a Lei exigir a guarda de amostra do material analisado garante ao inves-
tigado a possibilidade de contestação e defesa.
Durante o curso do processo judicial é permitido às partes, quanto à perícia:
Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por pe-
rito oficial, portador de diploma de curso superior.
Parágrafo 1º Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pes-
soas idôneas, portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na
área específica, dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada com a na-
tureza do exame.
 Parágrafo 2º Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fiel-
mente desempenhar o encargo.
 Parágrafo 3º Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de acusação,
ao ofendido, ao querelante e ao acusado a formulação de quesitos e indicação
de assistente técnico. 
Parágrafo 4º O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo juiz e
após a conclusão dos exames e elaboração do laudo pelos peritos oficiais, sen-
do as partes intimadas desta decisão.
Parágrafo 5º Durante o curso do processo judicial, é permitido às partes, quanto
à perícia:
 
I – requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou para responderem
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a quesitos, desde que o mandado de intimação e os quesitos ou questões a se-
rem esclarecidas sejam encaminhados com antecedência mínima de 10 (dez)
dias, podendo apresentar as respostas em laudo complementar;
II – indicar assistentes técnicos que poderão apresentar pareceres em prazo a
ser fixado pelo juiz ou ser inquiridos em audiência.
Parágrafo 6º Havendo requerimento das partes, o material probatório que ser-
viu de base à perícia será disponibilizado no ambiente do órgão oficial, que
manterá sempre sua guarda, e na presença de perito oficial, para exame pelos
assistentes, salvo se for impossível a sua conservação.
Parágrafo 7º Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma área de
conhecimento especializado, poder-se-á designar a atuação de mais de um peri-
to oficial, e a parte indicar mais de um assistente técnico.
9. REFERÊNCIAS:
BONACCORSO, Norma; PERIOLI, Celso. Centro de Custódia. Perito Criminal. 
Disponível em: www.peritocriminal.net/artigo/custodia.htm. Acesso em: 10 jan. 2013.
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<http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/Decreto-Lei/Del2848.htm>. Acesso em 10 set.
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CHASIN, Alice Aparecida da Matta. Parâmetros de confiança analítica e irrefutabilida-
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WATSON, James D, DNA Recombinante: Genes e Genomas. Artmed Editora. 3ª Edição.
2009: 
	7.1.1. O DESENHO - CROQUI - DA CENA DO CRIME
	7.1.2. FOTOGRAFIAS DA CENA DO CRIME
	9. REFERÊNCIAS:

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