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GESTÃO DAS ORGANIZAÇÕES AMBIENTAIS CAPÍTULO 1 - A DICOTOMIA PRÉ E PÓS REVOLUÇÃO INDUSTRIAL. AS MUDANÇAS ORGANIZACIONAIS ESTÃO EM DECLÍNIO OU EM ASCENSÃO? Fernanda de Souza Sezerino INICIAR Introdução Nos últimos dois séculos, o mundo passou por profundas mudanças, algumas até mesmo irreversíveis, tanto nos ambientes naturais, como nas relações sociais. Estes processos de transformações foram visivelmente intensificados a partir da Revolução Industrial, da homogeneização do sistema econômico capitalista e, mais recentemente, pela globalização mundial. Neste contexto, temos as organizações presentes na sociedade há muito tempo. Você sabe o que são organizações? Quais delas você conhece ou se insere? As organizações podem ser definidas como um coletivo que se une com objetivos ou propósitos que não seriam possíveis de se realizar individualmente. As mais antigas são a família e as tribos, mas escolas, hospitais, empresas, são exemplos também. Agora vamos refletir: sem as organizações seriam possíveis as grandes transformações que ocorreram no mundo: a ascensão do Império Romano, a disseminação do cristianismo e do capitalismo? Hall (2004, p. 2) relata que todos estes momentos históricos em diversas partes do mundo só foram possíveis por meio das organizações, sejam elas religiosas, econômicas, entre outras. Mas será que as organizações têm o mesmo nível de importância ao longo da história? Bresser-Pereira (2004, p. 1) ressalta que, indiscutivelmente, elas ganham maior importância na era industrial, pois enquanto antigamente elas eram exceção, atualmente é o tipo social predominante da sociedade industrial, cada vez maiores e mais organizadas. E as organizações contemporâneas, possuem as mesmas características das antigas organizações? Os diferentes tipos e características das organizações ao longo da história refletem a sociedade em que elas se situam, suas formas de cooperação e relações de trabalho. Enquanto houver evolução dos sistemas de cooperação, haverá mudanças nas organizações, ou seja, a organização é uma construção histórica (SILVA, 1986, p. 41). Neste capítulo iremos conhecer o histórico da evolução das organizações, tendo como marco a Revolução Industrial. a partir disto, vamos compreender os conceitos e definições das organizações, com foco nas organizações contemporâneas, quais são os seus princípios, os tipos e suas características. Também vamos conhecer as teorias das organizações e refletir se elas estão em processo de declínio ou ascensão, a partir da análise histórica. Por fim, iremos entender como a temática ambiental foi inserida nas organizações modernas, especialmente nas relacionadas com o trabalho, e como isso reflete no contexto socioambiental atual, no Brasil e o no mundo. Bons estudos! 1.1 Evolução e tendências históricas na revolução das organizações As organizações não são uma criação da era industrial. Pelo contrário, já existiam há muito tempo, embora com estruturas e objetivos diferenciados. Da mesma forma, as organizações modernas diferem daquelas criadas durante a Revolução Industrial, como veremos neste tópico. Vamos compreender o histórico das organizações no mundo e como elas foram evoluindo, conforme as mudanças das relações sociais e dos meios de produção. A compreensão desta evolução histórica dos formatos e gestão das organizações é fundamental para entendermos como a temática ambiental é introduzida neste contexto, promovendo a inovação das organizações modernas. 1.1.1 A gestão orgânica e artesanal, pré-Revolução Industrial A história das organizações é intrínseca à história humana. Embora, atualmente, estejam ligadas, principalmente, aos processos de trabalho, podemos observar que os seres humanos têm como característica a organização, a fim de conseguir realizar atividades que não seriam possíveis individualmente. Dessa forma, é praticamente impossível não estar inserido nas diversas organizações existentes, como a família, uma organização que passamos a fazer parte logo que nascemos. Bresser-Pereira (2004, p. 1) explica que, antigamente, a sociedade era constituída de pequenos sistemas sociais desorganizados que passaram a se organizar ao longo do tempo, como exemplo o autor cita a família, a tribo, o feudo, a pequena empresa familiar artesanal, e assim sucessivamente. Antes da Revolução Industrial, os sistemas de produção e cooperativas de trabalho eram muito simples, pois trabalhavam de forma artesanal, orgânica e rústica, com poucos instrumentos e ferramentas. No entanto, é errôneo afirmar que elas nascem junto com as indústrias, pois consideramos como organizações, as tribos, escolas, hospitais, que existem muito antes da Revolução Industrial. Como ressalta Hall (2004, p. 1) nossa vida tem a constante presença das organizações, “nascemos nelas e, normalmente, morremos nelas”. O professor Reinaldo da Silva apresenta com maiores detalhes, no capítulo três do seu livro Teorias da Administração (SILVA, 2008), como era a administração das organizações pelas antigas civilizações. Posteriormente, apresenta a contribuição dos militares e a influência da Igreja Católica, até o surgimento do sistema fabril. Veremos a seguir como as organizações passam a ser criadas e estruturadas com o advento da Revolução Industrial. VOCÊ QUER LER? 1.1.2 As organizações pós Revolução Industrial A Revolução Industrial promoveu intensas mudanças no mundo todo, seja do ponto de vista ambiental, econômico, social e cultural. Não foi diferente com as organizações. Com o avanço da industrialização e do sistema econômico capitalista, as organizações de trabalho ganharam uma importância cada vez maior da vida das pessoas, especialmente porque passaram a ser o meio para a sobrevivência e de atendimento das necessidades humanas, por meio das relações de troca entre o trabalho (físico ou intelectual) por uma remuneração em dinheiro, que, consequentemente, é trocado pelos trabalhadores por bens e serviços, gerando um ciclo sem fim. Para Campos e Headley (2014, p. 16) a grande proliferação das organizações no mundo moderno se deve ao fato de que “só por meio da sinergia que envolve a estrutura organizacional podem ser satisfeitas a maioria das aspirações naturais e, muitas vezes, inconscientes do ser humano”. Atualmente, é raro o ser humano que trabalha, se diverte ou defende seus direitos, por exemplo, de forma isolada. A maioria está inserida em organizações que coordenam seu modo de vida: seu trabalho, seus estudos, seu lazer, suas reivindicações. Estas organizações econômicas, políticas, culturais, religiosas, culturais, entre tantas outras, se justapõem, se interpenetram, se entrecruzam umas nas outras, formando relações de cooperação, mas também de conflito, assim como de dependência e interdependência. Entretanto, elas têm tamanhos, missão, valores, estrutura, objetivos e finalidades distintas, sendo diferentes umas das outras (BRESSER-PEREIRA, 2004; CAMPOS; HEADLEY, 2014). Os cientistas passaram a estudar as organizações quando observaram que os avanços obtidos pela Revolução Industrial não foram suficientes para promover o desenvolvimento para todos, ao contrário, novos problemas sociais surgiram e os existentes se agravaram, como as desigualdades e a pobreza. Desta forma, os cientistas sociais passaram a se interessar pelas organizações e investigá-las, a fim de compreender os problemas da sociedade industrial. A Sociologia buscava a compreensão da estrutura social como um todo e cada sistema social em particular; a Psicologia investigou o comportamento de cada indivíduo, enquanto a Psicologia Social estudava os pequenos grupos, e ambas Figura 1 - As organizações formam relações de cooperação que se justapõe, se entrecruzam e se interpenetram, e são dependentes e interdependentes ao mesmo tempo. Fonte: Lightspring, Shutterstock, 2018. precisaram abordar o problema das organizações; a Economia se dedicava aos estudos sobre a teoria dos preços, os tipos de mercado e, consequentemente, dos problemas do pleno emprego e do desenvolvimento, voltandosua atenção para as organizações econômicas, para as empresas e para o Estado; e a Administração, com o estudo geral das organizações (BRESSER-PEREIRA, 2004, p.4-5). As relações de trabalho sempre estiveram estritamente relacionadas com as organizações, contudo, o capitalismo se apropriou destas estruturas para se expandir pelo mundo e passou a ser visto como o único meio para o desenvolvimento econômico, político e social. As organizações passaram a ser o principal instrumento para o desenvolvimento (BRESSER-PEREIRA, 2004, p. 3). Com o aumento das tecnologias e da complexidade, elas foram sofrendo inúmeras transformações, se tornando mais técnicas e eficientes, ajustando-se a industrialização e a monopolização do comércio, chamadas de organizações burocráticas, como veremos a seguir. Ocorre que, com isso, o desenvolvimento das forças produtivas, o progresso da ciência e a organização da produção passaram a ser subordinadas apenas às necessidades do capital e não mais às necessidades humanas (SILVA, 1986, p. 42). Além disso, a divisão do trabalho e a especialização das áreas de atuação dentro das organizações transformaram o trabalho em algo rotineiro, repetitivo e lento, e as pessoas cada vez mais alienadas aos meios de produção, como ressalta Hall (2004, p. 5). Ou seja, os trabalhadores não precisam conhecer e participar de toda a cadeia produtiva no sistema capitalista industrial, como é no trabalho artesão, apenas desenvolvem tarefas específicas, deixando o trabalho complexo para as máquinas e equipamentos. Bernardino Ramazzini, nascido em 1633 em Carpi, na Itália, foi um médico que deu início aos estudos que, mais tarde, ficaram conhecidos como medicina do trabalho, ou medicina ocupacional. Ele foi pioneiro em mostrar as relações de algumas enfermidades com as atividades exercidas pelos trabalhadores. Uma das suas principais obras é o livro “As doenças dos trabalhadores”, em português (RAMAZZINI, 2016), originalmente publicado em 1700, cujos escritos e ensinamentos continuam atuais. VOCÊ O CONHECE? No entanto, as organizações contemporâneas estão em constantes transformações, e numa velocidade cada vez maior, na tentativa de se adaptar aos contextos políticos, econômicos e ambientais nas diferentes escalas de atuação. Além disso, por conta da globalização, do aumento da competitividade, foi necessário inovar para se destacar no mercado e manter vivas as organizações, como veremos a seguir. 1.1.3 A preocupação ambiental e as inovações das organizações modernas As organizações produzem impactos que podem ser positivos ou negativos. Assim como podem disseminar o ódio, provocar guerras, pode também salvar vidas e trazer a paz (HALL, 2004, p. 3). Por isso, são objeto de estudo de diferentes áreas da ciência. Neste contexto, somadas à crise ambiental global atual, novas preocupações foram incorporadas às organizações do trabalho, sejam elas relacionadas à humanização do processo de trabalho, por meio de novos arranjos estruturais, mas também com a escassez de recursos, poluição, desmatamento e tantos outros problemas ambientais. A emergência da questão ambiental em nível internacional ocorreu após graves desastres ambientais identificados em várias regiões do mundo, como foi o caso do mal de Minamata no Japão, na década de 1950, quando milhares de pessoas morreram envenenadas com mercúrio. O Clube de Roma foi um grupo de pesquisadores, empresários e políticos, criado em 1968, com o objetivo de analisar os efeitos do modelo de desenvolvimento capitalista (MEADOWS et al., 1978). Já a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento da ONU, conhecida como Comissão Brundtland, recebeu o sobrenome da médica Gro Harlem Brundtland, que coordenou a elaboração do relatório que cunhou o conceito de desenvolvimento sustentável pela primeira vez (BRUNDTLAND, 1991). A partir desse contexto, diversos informes científicos e relatórios técnicos, sobre os impactos negativos do capitalismo, passam a ser publicados. O livro Primavera Silenciosa de Rachel Carson, publicado em 1962, foi muito importante nesse VOCÊ O CONHECE? contexto ao denunciar os efeitos do uso abusivo de pesticidas, em especial o DDT, utilizado em larga escala desde a Segunda Guerra Mundial, e da poluição causada pelo avanço da agricultura mecanizada industrial e da indústria química dos agrotóxicos. Também foram publicações de impacto o relatório Limites do Crescimento do Clube de Roma publicado também em 1972 (MEADOWS et al., 1978); e o documento Nosso Futuro Comum, conhecido como Relatório Brundtland, publicado originalmente em 1987 (BRUNDTLAND, 1991), que conceituou o termo desenvolvimento sustentável. Neste período também foram realizadas importantes conferências internacionais, como a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, conhecida como Conferência de Estocolmo, realizada em 1972, que abordou as relações entre humanos e natureza. Além disso, os desastres socioambientais se tornaram mais graves e recorrentes. A década de 1980 foi marcada pelas ocorrências mais graves, como o desastre químico de Bophal em 1984, na Índia; o vazamento químico em Cubatão, São Paulo, em 1984, que era considerada, na época, a cidade mais poluída do mundo; a explosão da usina nuclear de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986; a contaminação por césio-137, em Goiânia, em 1987; o derramamento de petróleo do navio no Alasca em 1989, entre tantos outros (RODRIGUES, 2016). VOCÊ SABIA? De acordo com o Conselho Nacional do Meio Ambiente, gestão ambiental pode ser definida como: condução, direção e controle do uso dos recursos naturais, dos riscos ambientais e das emissões para o meio ambiente, por intermédio da implementação do sistema de gestão ambiental (BRASIL, 2002). Este contexto motivou a criação de diversas legislações e a elaboração de uma agenda ambiental global, especialmente voltada à gestão ambiental das grandes organizações de trabalho, pautadas em um ciclo de melhoria contínua. No Brasil, foi instituída a Política Nacional do Meio Ambiente (BRASIL, 1981), a lei ambiental mais importante do país, que estabelece os instrumentos para a gestão ambiental. Os Sistemas de Gestão Ambiental passam a ser necessários às diversas organizações, pautados no cumprimento das leis e na melhoria contínua do desempenho ambiental da organização, diminuindo seus impactos ambientais e até gerando economia financeira, na medida em que melhora a eficiência no uso dos recursos naturais. Figura 2 - Linha do tempo com os principais acontecimentos na área ambiental: legislações, conferências, publicações e desastres ambientais. Fonte: Elaborado pela autora, 2018. A implantação dos SGA evidencia a evolução das organizações, que passam a se preocupar com os impactos ambientais das suas atividades e a desenvolver novas tecnologias menos poluentes e de melhor aproveitamento energético e dos recursos naturais. A partir do momento que são implantados, geram inúmeros benefícios para as organizações do trabalho, como melhorar a imagem institucional e oferecer vantagem competitiva e financeira (ABNT, 2015, p. 4), já que a implantação de SGA passa a ser critério de seleção de fornecedores e de parceiros institucionais, por exemplo. Vamos entender um pouco mais sobre os aspectos mais específicos das organizações no próximo tópico. Figura 3 - O Sistema de Gestão Ambiental deve seguir um ciclo de melhoria contínua, voltando à revisão da política ambiental e ao planejamento, sempre que necessário. Fonte: Elaborado pela autora a partir de ABNT (2015). 1.2 Organizações: conceitos, características e dimensões de análise A partir do histórico e evolução que estudamos no tópico anterior, vamos conhecer agora quais são os conceitos, princípios e definições para o termo “organização”, com foco nas organizações modernas. Você também irá identificar quais os tipos de organizações contemporâneas e as suas principais características, além de conhecer as dimensões de análise. As organizações podem ser classificadas de diversas maneiras, conformeseus objetivos, suas finalidades, seu tipo de produto ou serviço, dentre outras. Cada um dos tipos possui características específicas, que auxiliam na diferenciação entre eles, mesmo que haja interdependência ou justaposição de organizações, como veremos a seguir. 1.2.1 Conceito, definições e princípios das organizações Como vimos anteriormente, as organizações são entidades complexas e dinâmicas, por isso possuem vários conceitos e definições por diferentes autores. Veremos algumas delas: uma coletividade formada por pessoas que tem a função de produzir bens e prestar serviços à sociedade, bem como atender as necessidades de seus participantes, e possui uma estrutura formada por indivíduos que se relacionam, colaborando e dividindo o trabalho para transformar insumos em bens e serviços (BERNARDES; MARCONDES, 2006, p. 14 apud CAMPOS; HEADLEY, 2014, p. 4). Para Maximiano (2000) uma organização é um sistema de recursos (humanos, materiais, financeiros, de informação) que procura realizar objetivos ou um conjunto de objetivos. Além dos objetivos e recursos, o autor ressalta que as organizações contam também com dois outros componentes: o processo de transformação das ideias e a divisão do trabalho, que resultam na produção de bens e serviços, como mostra a figura a seguir. A definição mais simples é a de um grupo de pessoas que se une para atingir objetivos comuns, impossíveis de serem realizados individualmente. Para conhecer outros conceitos e definições de organização, consulte a primeira unidade do livro Introdução à gestão de organizações, de Glauco Schultz (2016). Na página 17, o autor apresenta um quadro reunindo as definições dadas por diferentes autores. O livro completo está disponível em: . Como podemos observar, as organizações são feitas de pessoas, e isso explica a sua complexidade, devido à diversidade de seres humanos e das suas relações sociais. Silva (2008, p. 41) ressalta que, quando muitas pessoas trabalham juntas, é Figura 4 - Uma organização é um sistema que transforma recursos (materiais, financeiros, humanos, entre outros) em produtos e serviços, conforme seu foco e seus objetivos. Fonte: Elaborada pela autora, adaptado de MAXIMIANO, 2000, p. 92. VOCÊ QUER LER? http://www.ufrgs.br/cursopgdr/downloadsSerie/derad103.pdf http://www.ufrgs.br/cursopgdr/downloadsSerie/derad103.pdf necessário dividir as tarefas e coordená-las para que todos trabalhem a favor das metas da organização, por isso é preciso procurar pessoas com conhecimento e habilidades, ou seja, procurar especialistas. VOCÊ SABIA? Recursos: são itens necessários para a concretização de um determinado processo. Processo de transformação: são diversos processos de trabalho organizados com o objetivo de transformar os recursos disponíveis em resultados, conforme as metas e objetivos existentes. Divisão do trabalho: se refere à organização e divisão do trabalho para que as atividades sejam realizadas de forma eficiente (CAMPOS; HEADLEY 2014, p. 7). Ao estudar o histórico das organizações, entendemos como elas estão evoluindo e se transformando. Veremos a seguir como elas podem ser classificadas e quais são as principais características das organizações contemporâneas. 1.2.2 Tipos de organizações, suas características e princípios As organizações podem ser classificadas de diferentes maneiras: quanto à formalidade, finalidade, entre outras. Em relação à formalidade, elas podem ser: formais ou informais. As organizações informais são aquelas formadas por grupos sociais primários, ou seja, família, amigos, colegas profissionais, onde as pessoas ingressam ou saem voluntariamente (MAXIMIANO, 2000, p. 94). Já as organizações formais são mais estruturadas e planejadas, regidas por normas, regulamentos e com objetivos bem definidos. Todas as organizações formais são burocracias, ou organizações burocráticas (MAXIMIANO, 2000, p. 94). Os maiores exemplos são o Estado e as empresas. VOCÊ SABIA? A burocracia pode ser considerada sinônimo de organização, mas aqui, no sentido de "estar arrumada". Diferentemente do sentido popular, que utiliza o termo burocracia para se referir à papelada, número excessivo de tramitações, apego às normas e regulamentos e até à ineficiência (BRESSER-PEREIRA, 2004, p. 6). Campos e Headley (2014, p. 7) relatam que a organização formal ou burocrática se destaca pelos organogramas (departamentos, divisões, seções), divisão do trabalho, especialização, hierarquias e os manuais de conduta. Estas características podem ser divididas em três grupos: formalidade, impessoalidade e profissionalismo, como mostra o quadro a seguir. Quanto à finalidade, as organizações ainda são divididas em produtoras de bens (produtos concretos, como alimentos, móveis, eletrodomésticos) ou prestadoras de serviços (por exemplo: serviços de saúde pelos hospitais, ou de educação pelas escolas). Essa produção de bens e serviços pode ser com ou sem fins lucrativos, que é outra forma de classificá-las quanto à finalidade. Quadro 1 - A formalidade, a impessoalidade e o profissionalismo são as principais características das organizações burocráticas. Fonte: Elaborado pela autora, adaptado de BRESSER-PEREIRA, 2004; MAXIMIANO, 2000. As organizações com fins lucrativos são denominadas como empresas, ou seja, uma pessoa jurídica com o objetivo de exercer atividades (particular, pública, ou de economia mista), com o intuito de produzir e oferecer bens e/ou serviços que atendam as necessidades humanas, mas que gerem lucro para a organização. O lucro é visto pelas empresas privadas como uma consequência dos arranjos produtivos eficientes (CAMPOS; HEADLEY, 2014, p. 11). Já as organizações sem fins lucrativos são aquelas que produzem bens ou prestam serviços, mas sem o objetivo de gerar lucro para os integrantes da entidade. Neste caso, todos os excedentes entre as receitas e despesas são reinvestidos na própria organização, como é o caso das igrejas, das Organizações Não Governamentais (ONGs), entre outras. É importante ressaltar que todas as organizações são sistemas (um todo complexo e organizado), mas nem todos os sistemas são organizações (CAMPOS; HEADLEY, 2014). Por exemplo: uma multidão, uma nação, uma religião são sistemas sociais pouco organizados; já a família, a tribo, uma empresa familiar são semiorganizados, enquanto o Estado, uma grande empresa, uma igreja, um partido político, entre outras, são organizados. Para se aprofundar sobre as organizações burocráticas, leia o capítulo um do livro Introdução à Organização Burocrática de Luiz Carlos Bresser-Pereira (2004), disponível em: . Neste capítulo o autor aborda o histórico das organizações burocráticas e também apresenta as suas características e princípios. O princípio fundamental que rege a vida das organizações é o da eficiência e produtividade (BRESSER-PEREIRA, 2004, p. 3). Esta é a condição para a existência das organizações burocráticas modernas, pois sem eficiência não há crescimento do lucro. Neste sentido, a implantação de sistemas de gestão ambiental é essencial para a economia e melhor aproveitamento dos recursos, além de minimizar os impactos negativos das atividades organizacionais. VOCÊ QUER LER? http://www.bresserpereira.org.br/papers/2004/04.a_organizacao_burocratica.pdf http://www.bresserpereira.org.br/papers/2004/04.a_organizacao_burocratica.pdf VOCÊ SABIA? Eficiência, eficácia e efetividade são termos muito utilizados na administração. Veja quais são as diferenças entre elas, segundo Campos e Headley (2014, p. 17): eficiência: significa fazer as coisas bem e corretamente; eficácia: é a realização dos objetivos propostos; efetividade: fazer o que tem que ser feito, conseguindo atingir os objetivos e utilizando os recursos de forma eficiente. Para finalizareste tópico, veremos a seguir quais são as dimensões de análise das organizações. 1.2.3 As dimensões de análise das organizações As organizações podem ser analisadas basicamente a partir de duas dimensões: a dimensão interna e a dimensão externa. Schultz (2016) explica que a dimensão interna contempla a estrutura organizacional, ou seja, as tecnologias, as pessoas e as tarefas. A partir da inter-relação desses componentes e das posições que cada um ocupa se definem o fluxo de informações, as funções e a tomada de decisão, conforme o desenho institucional está estruturado (internamente). Cabe ressaltar, conforme o autor relata, que “as organizações refletem internamente a realidade externa a que estão expostas” (SCHULTZ, 2016, p. 7). Nesta dimensão de análise, os grupos de pessoas tem prioridade nas investigações dos problemas organizacionais, ao invés de uma análise de cada indivíduo, pois estas pessoas estão condicionadas a uma estrutura organizacional que sofre influências externas. A dimensão externa se refere ao ambiente organizacional, ou seja, tudo aquilo que está fora do ambiente interno, mas que interfere nas organizações, visto que muitas vezes, como já estudamos, elas se inter-relacionam e se justapõem. Como exemplo, Schultz (2016, p. 56-57) cita as informações sobre novas tecnologias, novos concorrentes, produtos substitutos e/ou complementares, as restrições legais, as mudanças nos arranjos interorganizacionais, a disponibilidade de matérias primas e recursos naturais, os canais de comercialização, entre outros. No último tópico estudaremos com maior detalhamento os ambientes organizacionais, mas antes disso, vamos entender as teorias que nos ajuda a definir as organizações. 1.3 Teorias das organizações e da administração: concepções Este tópico apresentará as principais concepções sobre as teorias da organização e da administração, contextualizando-as aos referentes períodos históricos e evidenciando a evolução dos pensamentos após a Revolução Industrial. É importante em qualquer estudo ou atividade, apontar qual é o embasamento teórico, pois ele pode trazer diferentes interpretações e modos de agir. Entretanto, além das teorias apresentadas aqui, existem outras defendidas por diferentes autores. O objetivo deste tópico é apresentar as principais teorias e suas características gerais, sem esgotar os estudos sobre cada uma delas. 1.3.1 Teoria da administração científica e clássica As primeiras teorias da administração surgiram a partir da Revolução Industrial, especialmente no século XX. Desde então, elas vêm se complementando e sofrendo algumas mudanças de percepções e enfoques. A Teoria da Administração Científica, de Frederick Winslow Taylor (1856-1915), também conhecida como “taylorismo”, é considerada pioneira neste histórico cronológico. Taylor foi um engenheiro americano, educado nos princípios de devoção ao trabalho e desenvolveu os estudos sobre a administração científica dentro de uma siderúrgica nos EUA, que apresentava inúmeros problemas gerenciais e tinha a preocupação em aumentar a eficiência do setor industrial por meio da racionalização do trabalho (CAMPOS; HEADLEY, 2014). A ênfase de Taylor era nas tarefas, propondo métodos para controlar os desperdícios (de tempo e de recursos), como por exemplo: medir o tempo de execução das tarefas, avaliar e padronizar os movimentos e reduzir a fadiga com o trabalho realizado. Ele também defendia que o objetivo da administração devia ser empregar meios para assegurar o máximo de prosperidade ao proprietário e aos empregados (SCHULTZ, 2016). Um dos empreendedores que buscou colocar em prática o taylorismo foi Henri Ford (1863-1947), fundador da Ford Motor Company do ramo automobilístico. Ele utilizou o processo de linha de montagem, o que possibilitou a produção em série, em pouco tempo e a baixo custo, conhecido, mais tarde, como fordismo, contribuindo para a expansão industrial no mundo. O filme Tempos Modernos (CHAPLIN, 1936), produzido e estrelado por Charles Chaplin em 1936, faz uma forte crítica ao capitalismo, e, especialmente, ao sistema de produção em série. Ele mostra de forma lúdica e humorada, o dia a dia dos operários das indústrias, que eram submetidos a métodos de produção incompatíveis com as condições físicas e psicológicas humanas, além de destacar a alienação ao trabalho. O filme está disponível em: . A Teoria da Administração Clássica, desenvolvida pelo engenheiro francês Henri Fayol (1841-1925), ao contrário do taylorismo, tinha como foco principal a estrutura, ou seja, buscava métodos para aumentar a eficiência por meio da organização dos processos de trabalho. Ele trabalhava na corporação mineradora e metalúrgica francesa Comanbault e quando foi promovido a diretor geral, a empresa enfrentava inúmeros problemas, foi então que ele tomou medidas que foram consideradas como os princípios da teoria clássica, como o fechamento de unidades que davam prejuízo, lançamento de novos produtos e aquisição de novas minas de carvão (CAMPOS; HEADLEY, 2014). Silva (2008) relata quais eram as funções que compõem o processo administrativo na visão de Fayol (e ainda utilizadas atualmente): previsão: tentativa de avaliar o futuro por meio do planejamento; organização: mobilização dos recursos para transformar o plano em ação; comando: estabelecimento de orientações para os envolvidos no processo; coordenação: obtenção da unificação e harmonia de todas as atividades e esforços; VOCÊ QUER VER? https://www.youtube.com/watch?v=fCkFjlR7-JQ https://www.youtube.com/watch?v=fCkFjlR7-JQ controle: verificação das atividades em conformidade com as regras estabelecidas pelo comando. Além disso, o autor também cita os 14 princípios da administração de Fayol: divisão do trabalho; autoridade e responsabilidade; disciplina; unidade de comando; unidade de direção; subordinação dos interesses individuais aos gerais; remuneração do pessoal; centralização; cadeia escolar (linha de autoridade); ordem; equidade; estabilidade do pessoal no cargo; iniciativa; e espírito de equipe. 1.3.2 Teoria das Relações Humanas e o Behaviorismo A Teoria das Relações Humanas, que teve dentre seus precursores Mary Parker Follett e Elton Mayo, surge entre as décadas de 1930 e 1940 como uma reação às teorias anteriores, na tentativa de melhorar o ambiente de trabalho, tendo o foco nas pessoas, na análise do comportamento, atitudes e sentimentos dos trabalhadores (CAMPOS; HEADLEY, 2014). Essa nova concepção buscou completar as lacunas das teorias anteriores, que estavam restritas aos benefícios econômicos e também mudou a percepção do ser humano como “homo economicus” para “homo social”. É a partir de então que a cultura e o clima organizacional, a liderança e a motivação no trabalho começam a ser pensadas e observadas. Para Campos e Headley (2014, p. 67) o ponto alto do pensamento humanístico se dá quando a ideia de participação dos funcionários, independente da sua posição hierárquica, na tomada de decisão passa a ser propagada. Embora esta teoria tenha sido bastante difundida, ela também sofreu diversas críticas, e é nesse cenário que surgem correntes ideológicas contrárias à filosofia mecanicista da Teoria Clássica, mas também ao romantismo da Teoria das Relações Humanas, como é o caso da Teoria da Burocracia e da Teoria Estruturalista (CAMPOS; HEADLEY, 2014), como veremos a seguir. Os filósofos pioneiros em pesquisar e propor uma psicologia baseada no comportamento foram os russos Vladimir Bechterev e Ivan Pavlov, sendo este último o precursor do modelo de condicionamento reflexo. Porém, foi John Watson que usou o termo behaviorismo (behavior = comportamento, em inglês) para se referir aos estudos do comportamento, com foco na sua previsão e controle. Campos e Headley (2014, p. 77) destacam que os behavioristas se dedicaram ao estudo das interações e ações entre o sujeito e o ambiente. Ele também é utilizado em outras áreas, como no sistemaeducacional, na gestão de pessoas, nos treinamentos empresariais, na publicidade, nas clínicas de psicologia, entre outros. 1.3.3 Teoria Estruturalista e da burocracia A Teoria Estruturalista ganhou impulso pela atualização dos fundamentos da Teoria Clássica, além de se utilizar dos conceitos e princípios da Teoria das Relações Humanas, da Comportamental, da Burocrática, da Estruturalista, da Matemática e da Teoria Geral dos Sistemas, em um rearranjo para a formação do “administrador prático”, como explicam Campos e Headley (2014, p. 85). Os estruturalistas também se basearam nos pensamentos de diversos sociólogos, como Max Weber, que se destacou com a teoria da burocracia, como veremos a diante. Schultz (2016, p. 107) analisa que a principal reflexão dos estruturalistas se refere ao entendimento de que os humanos são produtos do meio no qual convivem, ou seja, “nossas atitudes dependem mais do contexto em que estamos inseridos do que da nossa natureza humana”. O autor ainda conclui que esta abordagem busca compreender o comportamento das organizações a partir das inter-relações entre: grupos e estruturas informais, grupos e estruturas formais e com o ambiente organizacional. Max Weber (1864-1920), sociólogo alemão, se propôs a desenvolver a teoria das estruturas e descreveu a atividade organizacional e a interação com os tipos de autoridade, conceito definido por ele. No entanto, o trabalho de Weber teve destaque ao refletir e idealizar um tipo de organização, nomeado como burocracia (CAMPOS; HEADLEY, 2014). Na concepção weberiana, a Teoria da burocracia tem como características: caráter legal das normas e regulamentos; caráter formal das comunicações; caráter racional e divisão do trabalho; impessoalidade nas relações; hierarquia da autoridade; rotinas e procedimentos padronizados; competência técnica e meritocracia; especialização da administração; profissionalização dos participantes, e completa previsibilidade do funcionamento (MAXIMIANO, 2011, p. 100-101 apud CAMPOS; HEADLEY, 2014, p. 87). O modelo burocrático foi e é utilizado por inúmeras organizações modernas, entretanto, já existem algumas concepções contemporâneas, como será apresentado a seguir. 1.3.4 Outras concepções e as novas abordagens contemporâneas Assim como em outras áreas da ciência, a administração também passa por diversas mudanças e atualizações das teorias já desenvolvidas, especialmente pelo avanço tecnológico e pela globalização. Como exemplo, temos a abordagem sistêmica e a Teoria contingencial, na década de 1970, que passaram a ver as organizações de forma mais complexa, comparadas com as teorias anteriores que eram mais limitadas aos ambientes internos. Na abordagem contingencial não há nada absoluto nas organizações, pois ela deve sempre ser ajustada às condições ambientais e tecnológicas, ou seja, “parte da premissa de que a técnica administrativa que melhor contribui para o alcance dos objetivos organizacionais pode variar de acordo com as situações ou circunstâncias pelas quais passa a empresa” (CAMPOS; HEADLEY, 2014, p. 112). Cabe ressaltar, que diversas teorias organizacionais ainda estão em desenvolvimento, a partir das percepções contemporâneas da administração, se adaptando aos novos contextos e buscando preencher as lacunas deixadas pelas teorias anteriores. 1.4 Ambiente organizacional As organizações podem ser analisadas a partir da dimensão interna ou externa, como já estudamos. O ambiente organizacional trata da dimensão externa, ou seja, são as relações que a organização estabelece com o ambiente. Schultz (2016) relata que a literatura sobre esta temática é produzida a partir da década de 1950, embora pesquisadores de diversas áreas já tivessem indicado a importância das análises do ambiente organizacional há muito tempo, ainda no início do século XX. Neste tópico iremos conhecer os tipos de ambientes organizacionais e a importância da análise dos fatores externos, sejam eles positivos (oportunidades) ou negativos (ameaças), para a gestão das organizações. Em tempos de uma economia globalizada e de impactos ambientais globais, como é o caso das mudanças climáticas, conhecer as externalidades envolvidas no contexto das organizações é fundamental para a sua sobrevivência. 1.4.1 Definição e tipos de ambientes organizacionais As organizações são diferentes umas das outras e isso pode ser analisado pelas diferentes compreensões das condições externas e a forma com que cada uma enfrenta as dificuldades e escassez de recursos (materiais, humanos, naturais, entre outros) (SCHULTZ, 2016). É importante considerar que o ambiente organizacional é complexo e incerto, o que demanda que as organizações estejam capacitadas para as diferentes situações e consigam adaptar a sua estrutura organizacional (interna) aos fatores externos, como por exemplo, criando ou extinguindo novos setores ou cargos, usando matérias primas mais baratas, adotando tecnologias mais eficientes e menos poluentes, entre outras. Silva (2008) explica que a complexidade ambiental se refere à quantidade e relatividade dos elementos que afetam a organização, positiva ou negativamente, o que sugere que os administradores obtenham o máximo de informações possíveis para prever todos os cenários. Figura 5 - As organizações são formadas pelas dimensões interna (estrutura organizacional) e externa (ambiente organizacional). Fonte: Elaborada pela autora, adaptado de SCHULTZ, 2016, p. 7. O ambiente organizacional é composto por vários elementos, divididos em ambiente geral, ou macroambiente, o ambiente das tarefas, também conhecido como o ambiente da cadeia produtiva, e o ambiente interno da organização, ou microambiente, como mostra o quadro a seguir. Essa classificação foi adotada por Silva (2008), considerando: que as organizações são sistemas abertos, ou seja, interagem com o ambiente externo; que os sistemas estão interligados uns com os outros; e que cada sistema é formado por diversos subsistemas. Para saber mais sobre o ambiente geral, das tarefas e o interno, recomendamos a leitura do capítulo dois do livro Teorias da administração de Reinaldo da Silva (2008). O autor apresenta detalhadamente todos os elementos de cada um dos tipos de ambientes de uma organização (geral, das tarefas e interno). Os tipos de ambientes organizacionais são inúmeros e podem ser classificados de acordo com duas dimensões: pelo grau de mudança e pelo grau de homogeneidade do ambiente, como mostra a figura a seguir. O grau de mudança representa quanto o ambiente é relativamente estável ou dinâmico, enquanto o grau de homogeneidade significa quanto o ambiente é relativamente simples (com poucos elementos e Quadro 2 - Elementos que compõem o ambiente organizacional, dividido em ambiente geral, ambiente das tarefas e o ambiente interno. Fonte: Elaborada pela autora, adaptado de SCHULTZ, 2016, p. 72. VOCÊ QUER LER? pequena segmentação em subsistemas) ou, relativamente complexo (muitos elementos e grande segmentação). São essas duas dimensões que irão determinar o nível de complexidade e incerteza enfrentado pela organização (SILVA, 2008, p. 57). Para compreender melhor, reflita sobre as organizações que você faz parte ou conhece. Quais são os elementos do ambiente organizacional que podem afetar sua estrutura? Qual é o grau de incerteza envolvido? A organização já precisou se adaptar a situações externas? Agora vejamos como essas externalidades provocaram mudanças nas estruturas organizacionais ao longo da história e como as organizações modernas estão se estruturando para reduzir os efeitos negativos dos eventos incertos, dinâmicos e complexos. Figura 6 - Nível de incertezas envolvidas no ambiente organizacional de acordo com o grau de mudança e o grau de homogeneidade. Fonte: Elaborada pela autora, adaptado de SILVA (2008). 1.4.2 Externalidades e as mudanças das estruturas das organizações contemporâneas As externalidades podem ser positivas ou negativas. Podem ser oportunidades: os novos mercados, recursos e tecnologias; enquantoos competidores, a escassez de recursos, os desastres naturais, as alterações legais, as crises econômicas e políticas podem ser ameaças. No entanto, estes fatores são afetam de forma igual e na mesma intensidade todas as organizações, como vimos anteriormente. CASO A Printi é uma gráfica brasileira, criada por empreendedores alemães. Os empreendedores viram uma oportunidade na crise econômica que afetou o orçamento dos clientes, diminuindo as vendas e prestação de serviços pelas gráficas tradicionais. A partir deste cenário, eles desenvolveram um negócio online, utilizando-se das tecnologias digitais, que se destaca pela praticidade e baixo custo. Como estratégia, a gráfica diminuiu a quantidade de produtos ofertados e otimizou o seu processo de produção. A empresa também comprou a Gráfica Aquarela, que apresenta um histórico de qualidade e inovação no país. Para conhecer outras empresas que cresceram em meio à crise no Brasil, acesse a matéria do Sebrae (2017): . O filme Downsizing (PAYNE; TAYLOR, 2017) ou, na tradução, Pequena Grande Vida, com direção de Alexandre Payner, apresenta a possibilidade de as pessoas encolherem e mudarem seu padrão de vida para um modo muito mais econômico, tanto do ponto de vista financeiro quanto ambiental. O diretor buscou, por meio do humor, comparar a diminuição das pessoas com o das organizações, tal como significa o termo downsizing na administração. O filme pode ajudar a compreender este conceito, a partir da sua visão crítica. VOCÊ QUER VER? http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/10-negocios-que-crescem-ate-na-crise,535f1951b837f510VgnVCM1000004c00210aRCRD http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/10-negocios-que-crescem-ate-na-crise,535f1951b837f510VgnVCM1000004c00210aRCRD http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/10-negocios-que-crescem-ate-na-crise,535f1951b837f510VgnVCM1000004c00210aRCRD http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/10-negocios-que-crescem-ate-na-crise,535f1951b837f510VgnVCM1000004c00210aRCRD Este movimento é bastante observado em contextos de crise econômica, onde as empresas precisam se adaptar às novas realidades. Estas pequenas organizações geralmente são bastante criativas e incubadoras de ideias, especialmente nos países em desenvolvimento. Nesse sentido, Silva (2008, p. 58-59) apresenta seis modos pelos quais as organizações podem (re)agir de acordo com suas competências e disponibilidade, mediante o ambiente organizacional. Vamos ver a seguir. 1. Informação administrativa: ou seja, entender, analisar e monitorar, continuamente, seu ambiente externo, a partir de sistemas de informações; 2. Mudança estratégica: se refere à alteração das estratégias de mercado para o crescimento organizacional, com mudanças nos preços, nos ramos e segmentos dos bens e serviços prestados, centralização em apenas um negócio, entre outros. 3. Fusão, aquisição ou aliança: conquiste em se unir a outras organizações, ou na fusão de duas ou mais empresas para formar uma nova, ou ainda adquirir uma empresa que irá se extinguir e fazer parte de outra companhia. 4. Projeto Organizacional: consiste em ter regulamentos, procedimentos, padrões de operação e projetos com maior flexibilidade, possibilitando adaptações às externalidades. 5. Influência direta: trata da influência nos relacionamentos com fornecedores, nas decisões sobre a produção dos bens ou prestação dos serviços, entre outras, que afetam os concorrentes, influenciam os consumidores a novos usos dos produtos, alcance novos clientes, além do poder de influência nas regulamentações e legislações, por meio de lobbying, barganhas e/ou pelos sindicatos. 6. Responsabilidade social: trata do compromisso com a ética administrativa, o que pode garantir a permanência das relações com os clientes, fornecedores e consumidores. Podemos compreender que a análise, acompanhamento e previsão do ambiente organizacional é fundamental para a sobrevivência das organizações. A partir da maior atenção aos fatores externos, as organizações foram sofrendo algumas mudanças, transformações e alterações das suas estruturas internas para se adaptar aos novos contextos e conseguir enfrentar as diversas ameaças atuais: crises econômicas e ambientais, concorrentes, monopolização do mercado, entre outros. Esperamos que você tenha feito uma boa leitura e ampliado os seus conhecimentos sobre as organizações. Síntese Chegamos ao fim do capítulo. Compreendemos o que são as organizações, suas características, princípios, seu histórico de evolução, o que nos permite analisar os processos de declínio ou ascensão. Vimos que as organizações estão em constantes processos de mudanças, devido à influência dos períodos históricos e das externalidades em cada contexto. Neste sentido, identificamos que as organizações contemporâneas adotaram a implantação de sistemas de gestão ambiental, como uma estratégia para alcançar novos mercados, parceiros e consumidores, além de aumentar a eficiência do uso dos recursos naturais e energéticos. Neste capítulo, você teve a oportunidade de: conhecer o histórico das organizações no mundo; compreender o impacto da Revolução Industrial nas organizações; identificar os conceitos e definições de organização por diversos autores; conhecer os princípios e as características das organizações; identificar as diferenças entre as organizações informais e as burocráticas; conhecer as diversas classificações dos tipos de organizações; aprender quais são as dimensões de análise das organizações; compreender as teorias da organização e da administração; entender o que é o ambiente organizacional e como ele influencia as estruturas internas da organização; refletir sobre como as questões ambientais influenciam no ambiente organizacional e como são incorporadas nas estruturas administrativas. Referências bibliográficas ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. Introdução à ABNT NBR ISO 14000: 2015. Disponível em . Acesso em: 05/01/2018. BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. 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