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cap 1 organizações ambientais

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GESTÃO DAS ORGANIZAÇÕES
AMBIENTAIS
CAPÍTULO 1 - A DICOTOMIA PRÉ E PÓS
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL. AS
MUDANÇAS ORGANIZACIONAIS ESTÃO
EM DECLÍNIO OU EM ASCENSÃO?
Fernanda de Souza Sezerino
INICIAR
Introdução
Nos últimos dois séculos, o mundo passou por profundas mudanças, algumas até
mesmo irreversíveis, tanto nos ambientes naturais, como nas relações sociais. Estes
processos de transformações foram visivelmente intensificados a partir da
Revolução Industrial, da homogeneização do sistema econômico capitalista e, mais
recentemente, pela globalização mundial. Neste contexto, temos as organizações
presentes na sociedade há muito tempo. Você sabe o que são organizações? Quais
delas você conhece ou se insere? As organizações podem ser definidas como um
coletivo que se une com objetivos ou propósitos que não seriam possíveis de se
realizar individualmente. As mais antigas são a família e as tribos, mas escolas,
hospitais, empresas, são exemplos também. Agora vamos refletir: sem as
organizações seriam possíveis as grandes transformações que ocorreram no mundo:
a ascensão do Império Romano, a disseminação do cristianismo e do capitalismo?
Hall (2004, p. 2) relata que todos estes momentos históricos em diversas partes do
mundo só foram possíveis por meio das organizações, sejam elas religiosas,
econômicas, entre outras. Mas será que as organizações têm o mesmo nível de
importância ao longo da história? Bresser-Pereira (2004, p. 1) ressalta que,
indiscutivelmente, elas ganham maior importância na era industrial, pois enquanto
antigamente elas eram exceção, atualmente é o tipo social predominante da
sociedade industrial, cada vez maiores e mais organizadas. E as organizações
contemporâneas, possuem as mesmas características das antigas organizações? Os
diferentes tipos e características das organizações ao longo da história refletem a
sociedade em que elas se situam, suas formas de cooperação e relações de trabalho.
Enquanto houver evolução dos sistemas de cooperação, haverá mudanças nas
organizações, ou seja, a organização é uma construção histórica (SILVA, 1986, p. 41).
Neste capítulo iremos conhecer o histórico da evolução das organizações, tendo
como marco a Revolução Industrial. a partir disto, vamos compreender os conceitos
e definições das organizações, com foco nas organizações contemporâneas, quais
são os seus princípios, os tipos e suas características. Também vamos conhecer as
teorias das organizações e refletir se elas estão em processo de declínio ou
ascensão, a partir da análise histórica. Por fim, iremos entender como a temática
ambiental foi inserida nas organizações modernas, especialmente nas relacionadas
com o trabalho, e como isso reflete no contexto socioambiental atual, no Brasil e o
no mundo. Bons estudos!
1.1 Evolução e tendências históricas na
revolução das organizações 
As organizações não são uma criação da era industrial. Pelo contrário, já existiam há
muito tempo, embora com estruturas e objetivos diferenciados. Da mesma forma, as
organizações modernas diferem daquelas criadas durante a Revolução Industrial,
como veremos neste tópico. Vamos compreender o histórico das organizações no
mundo e como elas foram evoluindo, conforme as mudanças das relações sociais e
dos meios de produção.
A compreensão desta evolução histórica dos formatos e gestão das organizações é
fundamental para entendermos como a temática ambiental é introduzida neste
contexto, promovendo a inovação das organizações modernas. 
1.1.1 A gestão orgânica e artesanal, pré-Revolução Industrial
A história das organizações é intrínseca à história humana. Embora, atualmente,
estejam ligadas, principalmente, aos processos de trabalho, podemos observar que
os seres humanos têm como característica a organização, a fim de conseguir realizar
atividades que não seriam possíveis individualmente. Dessa forma, é praticamente
impossível não estar inserido nas diversas organizações existentes, como a família,
uma organização que passamos a fazer parte logo que nascemos.
Bresser-Pereira (2004, p. 1) explica que, antigamente, a sociedade era constituída de
pequenos sistemas sociais desorganizados que passaram a se organizar ao longo do
tempo, como exemplo o autor cita a família, a tribo, o feudo, a pequena empresa
familiar artesanal, e assim sucessivamente. 
Antes da Revolução Industrial, os sistemas de produção e cooperativas de trabalho
eram muito simples, pois trabalhavam de forma artesanal, orgânica e rústica, com
poucos instrumentos e ferramentas. No entanto, é errôneo afirmar que elas nascem
junto com as indústrias, pois consideramos como organizações, as tribos, escolas,
hospitais, que existem muito antes da Revolução Industrial. Como ressalta Hall
(2004, p. 1) nossa vida tem a constante presença das organizações, “nascemos nelas
e, normalmente, morremos nelas”.
O professor Reinaldo da Silva apresenta com maiores detalhes, no capítulo três do seu livro Teorias da
Administração (SILVA, 2008), como era a administração das organizações pelas antigas civilizações.
Posteriormente, apresenta a contribuição dos militares e a influência da Igreja Católica, até o surgimento
do sistema fabril. 
Veremos a seguir como as organizações passam a ser criadas e estruturadas com o
advento da Revolução Industrial.
VOCÊ QUER LER?
1.1.2 As organizações pós Revolução Industrial
A Revolução Industrial promoveu intensas mudanças no mundo todo, seja do ponto
de vista ambiental, econômico, social e cultural. Não foi diferente com as
organizações. Com o avanço da industrialização e do sistema econômico capitalista,
as organizações de trabalho ganharam uma importância cada vez maior da vida das
pessoas, especialmente porque passaram a ser o meio para a sobrevivência e de
atendimento das necessidades humanas, por meio das relações de troca entre o
trabalho (físico ou intelectual) por uma remuneração em dinheiro, que,
consequentemente, é trocado pelos trabalhadores por bens e serviços, gerando um
ciclo sem fim.
Para Campos e Headley (2014, p. 16) a grande proliferação das organizações no
mundo moderno se deve ao fato de que “só por meio da sinergia que envolve a
estrutura organizacional podem ser satisfeitas a maioria das aspirações naturais e,
muitas vezes, inconscientes do ser humano”.
Atualmente, é raro o ser humano que trabalha, se diverte ou defende seus direitos,
por exemplo, de forma isolada. A maioria está inserida em organizações que
coordenam seu modo de vida: seu trabalho, seus estudos, seu lazer, suas
reivindicações. Estas organizações econômicas, políticas, culturais, religiosas,
culturais, entre tantas outras, se justapõem, se interpenetram, se entrecruzam umas
nas outras, formando relações de cooperação, mas também de conflito, assim como
de dependência e interdependência. Entretanto, elas têm tamanhos, missão,
valores, estrutura, objetivos e finalidades distintas, sendo diferentes umas das
outras (BRESSER-PEREIRA, 2004; CAMPOS; HEADLEY, 2014).
Os cientistas passaram a estudar as organizações quando observaram que os
avanços obtidos pela Revolução Industrial não foram suficientes para promover o
desenvolvimento para todos, ao contrário, novos problemas sociais surgiram e os
existentes se agravaram, como as desigualdades e a pobreza. Desta forma, os
cientistas sociais passaram a se interessar pelas organizações e investigá-las, a fim
de compreender os problemas da sociedade industrial. 
A Sociologia buscava a compreensão da estrutura social como um todo e cada
sistema social em particular; a Psicologia investigou o comportamento de cada
indivíduo, enquanto a Psicologia Social estudava os pequenos grupos, e ambas
Figura 1 - As organizações formam relações de cooperação que se justapõe, se entrecruzam e se
interpenetram, e são dependentes e interdependentes ao mesmo tempo. Fonte: Lightspring,
Shutterstock, 2018.
precisaram abordar o problema das organizações; a Economia se dedicava aos
estudos sobre a teoria dos preços, os tipos de mercado e, consequentemente, dos
problemas do pleno emprego e do desenvolvimento, voltandosua atenção para as
organizações econômicas, para as empresas e para o Estado; e a Administração, com
o estudo geral das organizações (BRESSER-PEREIRA, 2004, p.4-5).
As relações de trabalho sempre estiveram estritamente relacionadas com as
organizações, contudo, o capitalismo se apropriou destas estruturas para se
expandir pelo mundo e passou a ser visto como o único meio para o
desenvolvimento econômico, político e social.
As organizações passaram a ser o principal instrumento para o desenvolvimento
(BRESSER-PEREIRA, 2004, p. 3). Com o aumento das tecnologias e da complexidade,
elas foram sofrendo inúmeras transformações, se tornando mais técnicas e
eficientes, ajustando-se a industrialização e a monopolização do comércio,
chamadas de organizações burocráticas, como veremos a seguir.
Ocorre que, com isso, o desenvolvimento das forças produtivas, o progresso da
ciência e a organização da produção passaram a ser subordinadas apenas às
necessidades do capital e não mais às necessidades humanas (SILVA, 1986, p. 42).
Além disso, a divisão do trabalho e a especialização das áreas de atuação dentro das
organizações transformaram o trabalho em algo rotineiro, repetitivo e lento, e as
pessoas cada vez mais alienadas aos meios de produção, como ressalta Hall (2004,
p. 5). Ou seja, os trabalhadores não precisam conhecer e participar de toda a cadeia
produtiva no sistema capitalista industrial, como é no trabalho artesão, apenas
desenvolvem tarefas específicas, deixando o trabalho complexo para as máquinas e
equipamentos.
Bernardino Ramazzini, nascido em 1633 em Carpi, na Itália, foi um médico que deu início aos estudos
que, mais tarde, ficaram conhecidos como medicina do trabalho, ou medicina ocupacional. Ele foi
pioneiro em mostrar as relações de algumas enfermidades com as atividades exercidas pelos
trabalhadores. Uma das suas principais obras é o livro “As doenças dos trabalhadores”, em português
(RAMAZZINI, 2016), originalmente publicado em 1700, cujos escritos e ensinamentos continuam atuais.
VOCÊ O CONHECE?
No entanto, as organizações contemporâneas estão em constantes transformações,
e numa velocidade cada vez maior, na tentativa de se adaptar aos contextos
políticos, econômicos e ambientais nas diferentes escalas de atuação. Além disso,
por conta da globalização, do aumento da competitividade, foi necessário inovar
para se destacar no mercado e manter vivas as organizações, como veremos a seguir.
1.1.3 A preocupação ambiental e as inovações das organizações
modernas
As organizações produzem impactos que podem ser positivos ou negativos. Assim
como podem disseminar o ódio, provocar guerras, pode também salvar vidas e
trazer a paz (HALL, 2004, p. 3). Por isso, são objeto de estudo de diferentes áreas da
ciência. 
Neste contexto, somadas à crise ambiental global atual, novas preocupações foram
incorporadas às organizações do trabalho, sejam elas relacionadas à humanização
do processo de trabalho, por meio de novos arranjos estruturais, mas também com a
escassez de recursos, poluição, desmatamento e tantos outros problemas
ambientais.
A emergência da questão ambiental em nível internacional ocorreu após graves
desastres ambientais identificados em várias regiões do mundo, como foi o caso do
mal de Minamata no Japão, na década de 1950, quando milhares de pessoas
morreram envenenadas com mercúrio.
O Clube de Roma foi um grupo de pesquisadores, empresários e políticos, criado em 1968, com o objetivo
de analisar os efeitos do modelo de desenvolvimento capitalista (MEADOWS et al., 1978). Já a Comissão
Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento da ONU, conhecida como Comissão Brundtland,
recebeu o sobrenome da médica Gro Harlem Brundtland, que coordenou a elaboração do relatório que
cunhou o conceito de desenvolvimento sustentável pela primeira vez (BRUNDTLAND, 1991).
A partir desse contexto, diversos informes científicos e relatórios técnicos, sobre os
impactos negativos do capitalismo, passam a ser publicados. O livro Primavera
Silenciosa de Rachel Carson, publicado em 1962, foi muito importante nesse
VOCÊ O CONHECE?
contexto ao denunciar os efeitos do uso abusivo de pesticidas, em especial o DDT,
utilizado em larga escala desde a Segunda Guerra Mundial, e da poluição causada
pelo avanço da agricultura mecanizada industrial e da indústria química dos
agrotóxicos. Também foram publicações de impacto o relatório Limites do
Crescimento do Clube de Roma publicado também em 1972 (MEADOWS et al., 1978);
e o documento Nosso Futuro Comum, conhecido como Relatório Brundtland,
publicado originalmente em 1987 (BRUNDTLAND, 1991), que conceituou o termo
desenvolvimento sustentável.
Neste período também foram realizadas importantes conferências internacionais,
como a   Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, conhecida
como Conferência de Estocolmo, realizada em 1972, que abordou as relações entre
humanos e natureza. 
Além disso, os desastres socioambientais se tornaram mais graves e recorrentes. A
década de 1980 foi marcada pelas ocorrências mais graves, como o desastre químico
de Bophal em 1984, na Índia; o vazamento químico em Cubatão, São Paulo, em 1984,
que era considerada, na época, a cidade mais poluída do mundo; a explosão da
usina nuclear de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986; a contaminação por césio-137, em
Goiânia, em 1987; o derramamento de petróleo do navio no Alasca em 1989, entre
tantos outros (RODRIGUES, 2016).
VOCÊ SABIA?
De acordo com o Conselho Nacional do Meio Ambiente, gestão ambiental pode ser definida como:
condução, direção e controle do uso dos recursos naturais, dos riscos ambientais e das emissões
para o meio ambiente, por intermédio da implementação do sistema de gestão ambiental (BRASIL,
2002).
Este contexto motivou a criação de diversas legislações e a elaboração de uma
agenda ambiental global, especialmente voltada à gestão ambiental das grandes
organizações de trabalho, pautadas em um ciclo de melhoria contínua. No Brasil, foi
instituída a Política Nacional do Meio Ambiente (BRASIL, 1981), a lei ambiental mais
importante do país, que estabelece os instrumentos para a gestão ambiental.
Os Sistemas de Gestão Ambiental passam a ser necessários às diversas organizações,
pautados no cumprimento das leis e na melhoria contínua do desempenho
ambiental da organização, diminuindo seus impactos ambientais e até gerando
economia financeira, na medida em que melhora a eficiência no uso dos recursos
naturais. 
Figura 2 - Linha do tempo com os principais acontecimentos na área ambiental: legislações,
conferências, publicações e desastres ambientais. Fonte: Elaborado pela autora, 2018.
A implantação dos SGA evidencia a evolução das organizações, que passam a se
preocupar com os impactos ambientais das suas atividades e a desenvolver novas
tecnologias menos poluentes e de melhor aproveitamento energético e dos recursos
naturais. A partir do momento que são implantados, geram inúmeros benefícios
para as organizações do trabalho, como melhorar a imagem institucional e oferecer
vantagem competitiva e financeira (ABNT, 2015, p. 4), já que a implantação de SGA
passa a ser critério de seleção de fornecedores e de parceiros institucionais, por
exemplo. 
Vamos entender um pouco mais sobre os aspectos mais específicos das
organizações no próximo tópico. 
Figura 3 - O Sistema de Gestão Ambiental deve seguir um ciclo de melhoria contínua, voltando à revisão
da política ambiental e ao planejamento, sempre que necessário. Fonte: Elaborado pela autora a partir
de ABNT (2015).
1.2 Organizações: conceitos,
características e dimensões de análise
A partir do histórico e evolução que estudamos no tópico anterior, vamos conhecer
agora quais são os conceitos, princípios e definições para o termo “organização”,
com foco nas organizações modernas. Você também irá identificar quais os tipos de
organizações contemporâneas e as suas principais características, além de conhecer
as dimensões de análise. 
As organizações podem ser classificadas de diversas maneiras, conformeseus
objetivos, suas finalidades, seu tipo de produto ou serviço, dentre outras. Cada um
dos tipos possui características específicas, que auxiliam na diferenciação entre eles,
mesmo que haja interdependência ou justaposição de organizações, como veremos
a seguir.
1.2.1 Conceito, definições e princípios das organizações
Como vimos anteriormente, as organizações são entidades complexas e dinâmicas,
por isso possuem vários conceitos e definições por diferentes autores. Veremos
algumas delas:
uma coletividade formada por pessoas que tem a função de produzir bens e
prestar serviços à sociedade, bem como atender as necessidades de seus
participantes, e possui uma estrutura formada por indivíduos que se
relacionam, colaborando e dividindo o trabalho para transformar insumos em
bens e serviços (BERNARDES; MARCONDES, 2006, p. 14 apud CAMPOS;
HEADLEY, 2014, p. 4).
Para Maximiano (2000) uma organização é um sistema de recursos (humanos,
materiais, financeiros, de informação) que procura realizar objetivos ou um conjunto
de objetivos. Além dos objetivos e recursos, o autor ressalta que as organizações
contam também com dois outros componentes: o processo de transformação das
ideias e a divisão do trabalho, que resultam na produção de bens e serviços, como
mostra a figura a seguir.
A definição mais simples é a de um grupo de pessoas que se une para atingir
objetivos comuns, impossíveis de serem realizados individualmente. 
Para conhecer outros conceitos e definições de organização, consulte a primeira unidade do livro
Introdução à gestão de organizações, de Glauco Schultz (2016). Na página 17, o autor apresenta um
quadro reunindo as definições dadas por diferentes autores. O livro completo está disponível em:
.
Como podemos observar, as organizações são feitas de pessoas, e isso explica a sua
complexidade, devido à diversidade de seres humanos e das suas relações sociais.
Silva (2008, p. 41) ressalta que, quando muitas pessoas trabalham juntas, é
Figura 4 - Uma organização é um sistema que transforma recursos (materiais, financeiros, humanos,
entre outros) em produtos e serviços, conforme seu foco e seus objetivos. Fonte: Elaborada pela autora,
adaptado de MAXIMIANO, 2000, p. 92.
VOCÊ QUER LER?
http://www.ufrgs.br/cursopgdr/downloadsSerie/derad103.pdf
http://www.ufrgs.br/cursopgdr/downloadsSerie/derad103.pdf
necessário dividir as tarefas e coordená-las para que todos trabalhem a favor das
metas da organização, por isso é preciso procurar pessoas com conhecimento e
habilidades, ou seja, procurar especialistas.
VOCÊ SABIA?
Recursos: são itens necessários para a concretização de um determinado processo.
Processo de transformação: são diversos processos de trabalho organizados com o objetivo de
transformar os recursos disponíveis em resultados, conforme as metas e objetivos existentes.
Divisão do trabalho: se refere à organização e divisão do trabalho para que as atividades sejam
realizadas de forma eficiente (CAMPOS; HEADLEY 2014, p. 7).
Ao estudar o histórico das organizações, entendemos como elas estão evoluindo e se
transformando. Veremos a seguir como elas podem ser classificadas e quais são as
principais características das organizações contemporâneas.
1.2.2 Tipos de organizações, suas características e princípios
As organizações podem ser classificadas de diferentes maneiras: quanto à
formalidade, finalidade, entre outras.
Em relação à formalidade, elas podem ser: formais ou informais. As organizações
informais são aquelas formadas por grupos sociais primários, ou seja, família,
amigos, colegas profissionais, onde as pessoas ingressam ou saem voluntariamente
(MAXIMIANO, 2000, p. 94). Já as organizações formais são mais estruturadas e
planejadas, regidas por normas, regulamentos e com objetivos bem definidos.
Todas as organizações formais são burocracias, ou organizações burocráticas
(MAXIMIANO, 2000, p. 94). Os maiores exemplos são o Estado e as empresas.
VOCÊ SABIA?
A burocracia pode ser considerada sinônimo de organização, mas aqui, no sentido de "estar
arrumada". Diferentemente do sentido popular, que utiliza o termo burocracia para se referir à
papelada, número excessivo de tramitações, apego às normas e regulamentos e até à ineficiência
(BRESSER-PEREIRA, 2004, p. 6).
Campos e Headley (2014, p. 7) relatam que a organização formal ou burocrática se
destaca pelos organogramas (departamentos, divisões, seções), divisão do trabalho,
especialização, hierarquias e os manuais de conduta. Estas características podem
ser divididas em três grupos: formalidade, impessoalidade e profissionalismo, como
mostra o quadro a seguir.
Quanto à finalidade, as organizações ainda são divididas em produtoras de bens
(produtos concretos, como alimentos, móveis, eletrodomésticos) ou prestadoras de
serviços (por exemplo: serviços de saúde pelos hospitais, ou de educação pelas
escolas). Essa produção de bens e serviços pode ser com ou sem fins lucrativos, que
é outra forma de classificá-las quanto à finalidade.
Quadro 1 - A formalidade, a impessoalidade e o profissionalismo são as principais características das
organizações burocráticas. Fonte: Elaborado pela autora, adaptado de BRESSER-PEREIRA, 2004;
MAXIMIANO, 2000.
As organizações com fins lucrativos são denominadas como empresas, ou seja,
uma pessoa jurídica com o objetivo de exercer atividades (particular, pública, ou de
economia mista), com o intuito de produzir e oferecer bens e/ou serviços que
atendam as necessidades humanas, mas que gerem lucro para a organização. O
lucro é visto pelas empresas privadas como uma consequência dos arranjos
produtivos eficientes (CAMPOS; HEADLEY, 2014, p. 11).
Já as organizações sem fins lucrativos são aquelas que produzem bens ou prestam
serviços, mas sem o objetivo de gerar lucro para os integrantes da entidade. Neste
caso, todos os excedentes entre as receitas e despesas são reinvestidos na própria
organização, como é o caso das igrejas, das Organizações Não Governamentais
(ONGs), entre outras.
É importante ressaltar que todas as organizações são sistemas (um todo complexo e
organizado), mas nem todos os sistemas são organizações (CAMPOS; HEADLEY,
2014). Por exemplo: uma multidão, uma nação, uma religião são sistemas sociais
pouco organizados; já a família, a tribo, uma empresa familiar são semiorganizados,
enquanto o Estado, uma grande empresa, uma igreja, um partido político, entre
outras, são organizados.
Para se aprofundar sobre as organizações burocráticas, leia o capítulo um do livro Introdução à
Organização Burocrática de Luiz Carlos Bresser-Pereira (2004), disponível em:
. Neste capítulo o
autor aborda o histórico das organizações burocráticas e também apresenta as suas características e
princípios.
O princípio fundamental que rege a vida das organizações é o da eficiência e
produtividade (BRESSER-PEREIRA, 2004, p. 3). Esta é a condição para a existência
das organizações burocráticas modernas, pois sem eficiência não há crescimento do
lucro. Neste sentido, a implantação de sistemas de gestão ambiental é essencial
para a economia e melhor aproveitamento dos recursos, além de minimizar os
impactos negativos das atividades organizacionais.
VOCÊ QUER LER?
http://www.bresserpereira.org.br/papers/2004/04.a_organizacao_burocratica.pdf
http://www.bresserpereira.org.br/papers/2004/04.a_organizacao_burocratica.pdf
VOCÊ SABIA?
Eficiência, eficácia e efetividade são termos muito utilizados na administração. Veja quais são as
diferenças entre elas, segundo Campos e Headley (2014, p. 17):
eficiência: significa fazer as coisas bem e corretamente;
eficácia: é a realização dos objetivos propostos;
efetividade: fazer o que tem que ser feito, conseguindo atingir os objetivos e utilizando os recursos
de forma eficiente.
Para finalizareste tópico, veremos a seguir quais são as dimensões de análise das
organizações. 
1.2.3 As dimensões de análise das organizações
As organizações podem ser analisadas basicamente a partir de duas dimensões: a
dimensão interna e a dimensão externa.
Schultz (2016) explica que a dimensão interna contempla a estrutura organizacional,
ou seja, as tecnologias, as pessoas e as tarefas. A partir da inter-relação desses
componentes e das posições que cada um ocupa se definem o fluxo de informações,
as funções e a tomada de decisão, conforme o desenho institucional está
estruturado (internamente). Cabe ressaltar, conforme o autor relata, que “as
organizações refletem internamente a realidade externa a que estão expostas”
(SCHULTZ, 2016, p. 7). Nesta dimensão de análise, os grupos de pessoas tem
prioridade nas investigações dos problemas organizacionais, ao invés de uma
análise de cada indivíduo, pois estas pessoas estão condicionadas a uma estrutura
organizacional que sofre influências externas.
A dimensão externa se refere ao ambiente organizacional, ou seja, tudo aquilo que
está fora do ambiente interno, mas que interfere nas organizações, visto que muitas
vezes, como já estudamos, elas se inter-relacionam e se justapõem. Como exemplo,
Schultz (2016, p. 56-57) cita as informações sobre novas tecnologias, novos
concorrentes, produtos substitutos e/ou complementares, as restrições legais, as
mudanças nos arranjos interorganizacionais, a disponibilidade de matérias primas e
recursos naturais, os canais de comercialização, entre outros. 
No último tópico estudaremos com maior detalhamento os ambientes
organizacionais, mas antes disso, vamos entender as teorias que nos ajuda a definir
as organizações. 
1.3 Teorias das organizações e da
administração: concepções
Este tópico apresentará as principais concepções sobre as teorias da organização e
da administração, contextualizando-as aos referentes períodos históricos e
evidenciando a evolução dos pensamentos após a Revolução Industrial. É
importante em qualquer estudo ou atividade, apontar qual é o embasamento
teórico, pois ele pode trazer diferentes interpretações e modos de agir. 
Entretanto, além das teorias apresentadas aqui, existem outras defendidas por
diferentes autores. O objetivo deste tópico é apresentar as principais teorias e suas
características gerais, sem esgotar os estudos sobre cada uma delas.
1.3.1 Teoria da administração científica e clássica
As primeiras teorias da administração surgiram a partir da Revolução Industrial,
especialmente no século XX. Desde então, elas vêm se complementando e sofrendo
algumas mudanças de percepções e enfoques.
A Teoria da Administração Científica, de Frederick Winslow Taylor (1856-1915),
também conhecida como “taylorismo”, é considerada pioneira neste histórico
cronológico. Taylor foi um engenheiro americano, educado nos princípios de
devoção ao trabalho e desenvolveu os estudos sobre a administração científica
dentro de uma siderúrgica nos EUA, que apresentava inúmeros problemas
gerenciais e tinha a preocupação em aumentar a eficiência do setor industrial por
meio da racionalização do trabalho (CAMPOS; HEADLEY, 2014). 
A ênfase de Taylor era nas tarefas, propondo métodos para controlar os desperdícios
(de tempo e de recursos), como por exemplo: medir o tempo de execução das
tarefas, avaliar e padronizar os movimentos e reduzir a fadiga com o trabalho
realizado. Ele também defendia que o objetivo da administração devia ser empregar
meios para assegurar o máximo de prosperidade ao proprietário e aos empregados
(SCHULTZ, 2016).
Um dos empreendedores que buscou colocar em prática o taylorismo foi Henri Ford
(1863-1947), fundador da Ford Motor Company do ramo automobilístico. Ele utilizou o
processo de linha de montagem, o que possibilitou a produção em série, em pouco
tempo e a baixo custo, conhecido, mais tarde, como fordismo, contribuindo para a
expansão industrial no mundo. 
O filme Tempos Modernos (CHAPLIN, 1936), produzido e estrelado por Charles Chaplin em 1936, faz uma
forte crítica ao capitalismo, e, especialmente, ao sistema de produção em série. Ele mostra de forma
lúdica e humorada, o dia a dia dos operários das indústrias, que eram submetidos a métodos de
produção incompatíveis com as condições físicas e psicológicas humanas, além de destacar a alienação
ao trabalho. O filme está disponível em: .
A Teoria da Administração Clássica, desenvolvida pelo engenheiro francês Henri
Fayol (1841-1925), ao contrário do taylorismo, tinha como foco principal a estrutura,
ou seja, buscava métodos para aumentar a eficiência por meio da organização dos
processos de trabalho. Ele trabalhava na corporação mineradora e metalúrgica
francesa Comanbault e quando foi promovido a diretor geral, a empresa enfrentava
inúmeros problemas, foi então que ele tomou medidas que foram consideradas
como os princípios da teoria clássica, como o fechamento de unidades que davam
prejuízo, lançamento de novos produtos e aquisição de novas minas de carvão
(CAMPOS; HEADLEY, 2014). 
Silva (2008) relata quais eram as funções que compõem o processo administrativo
na visão de Fayol (e ainda utilizadas atualmente):
previsão: tentativa de avaliar o futuro por meio do planejamento;
organização: mobilização dos recursos para transformar o plano em ação;
comando: estabelecimento de orientações para os envolvidos no processo;
coordenação: obtenção da unificação e harmonia de todas as atividades e
esforços;
VOCÊ QUER VER?
https://www.youtube.com/watch?v=fCkFjlR7-JQ
https://www.youtube.com/watch?v=fCkFjlR7-JQ
controle: verificação das atividades em conformidade com as regras
estabelecidas pelo comando.
Além disso, o autor também cita os 14 princípios da administração de Fayol: divisão
do trabalho; autoridade e responsabilidade; disciplina; unidade de comando;
unidade de direção; subordinação dos interesses individuais aos gerais;
remuneração do pessoal; centralização; cadeia escolar (linha de autoridade); ordem;
equidade; estabilidade do pessoal no cargo; iniciativa; e espírito de equipe.
1.3.2 Teoria das Relações Humanas e o Behaviorismo
A Teoria das Relações Humanas, que teve dentre seus precursores Mary Parker
Follett e Elton Mayo, surge entre as décadas de 1930 e 1940 como uma reação às
teorias anteriores, na tentativa de melhorar o ambiente de trabalho, tendo o foco
nas pessoas, na análise do comportamento, atitudes e sentimentos dos
trabalhadores (CAMPOS; HEADLEY, 2014). Essa nova concepção buscou completar as
lacunas das teorias anteriores, que estavam restritas aos benefícios econômicos e
também mudou a percepção do ser humano como “homo economicus” para “homo
social”. É a partir de então que a cultura e o clima organizacional, a liderança e a
motivação no trabalho começam a ser pensadas e observadas. Para Campos e
Headley (2014, p. 67) o ponto alto do pensamento humanístico se dá quando a ideia
de participação dos funcionários, independente da sua posição hierárquica, na
tomada de decisão passa a ser propagada.
Embora esta teoria tenha sido bastante difundida, ela também sofreu diversas
críticas, e é nesse cenário que surgem correntes ideológicas contrárias à filosofia
mecanicista da Teoria Clássica, mas também ao romantismo da Teoria das Relações
Humanas, como é o caso da Teoria da Burocracia e da Teoria Estruturalista
(CAMPOS; HEADLEY, 2014), como veremos a seguir. 
Os filósofos pioneiros em pesquisar e propor uma psicologia baseada no
comportamento foram os russos Vladimir Bechterev e Ivan Pavlov, sendo este último
o precursor do modelo de condicionamento reflexo. Porém, foi John Watson que
usou o termo behaviorismo (behavior = comportamento, em inglês) para se referir
aos estudos do comportamento, com foco na sua previsão e controle. Campos e
Headley (2014, p. 77) destacam que os behavioristas se dedicaram ao estudo das
interações e ações entre o sujeito e o ambiente. Ele também é utilizado em outras
áreas, como no sistemaeducacional, na gestão de pessoas, nos treinamentos
empresariais, na publicidade, nas clínicas de psicologia, entre outros.
1.3.3 Teoria Estruturalista e da burocracia
A Teoria Estruturalista ganhou impulso pela atualização dos fundamentos da
Teoria Clássica, além de se utilizar dos conceitos e princípios da Teoria das Relações
Humanas, da Comportamental, da Burocrática, da Estruturalista, da Matemática e
da Teoria Geral dos Sistemas, em um rearranjo para a formação do “administrador
prático”, como explicam Campos e Headley (2014, p. 85). Os estruturalistas também
se basearam nos pensamentos de diversos sociólogos, como Max Weber, que se
destacou com a teoria da burocracia, como veremos a diante.
Schultz (2016, p. 107) analisa que a principal reflexão dos estruturalistas se refere ao
entendimento de que os humanos são produtos do meio no qual convivem, ou seja,
“nossas atitudes dependem mais do contexto em que estamos inseridos do que da
nossa natureza humana”. O autor ainda conclui que esta abordagem busca
compreender o comportamento das organizações a partir das inter-relações entre:
grupos e estruturas informais, grupos e estruturas formais e com o ambiente
organizacional.
Max Weber (1864-1920), sociólogo alemão, se propôs a desenvolver a teoria das
estruturas e descreveu a atividade organizacional e a interação com os tipos de
autoridade, conceito definido por ele. No entanto, o trabalho de Weber teve
destaque ao refletir e idealizar um tipo de organização, nomeado como burocracia
(CAMPOS; HEADLEY, 2014). Na concepção weberiana, a Teoria da burocracia tem
como características:
caráter legal das normas e regulamentos; caráter formal das comunicações;
caráter racional e divisão do trabalho; impessoalidade nas relações;
hierarquia da autoridade; rotinas e procedimentos padronizados;
competência técnica e meritocracia; especialização da administração;
profissionalização dos participantes, e completa previsibilidade do
funcionamento (MAXIMIANO, 2011, p. 100-101 apud CAMPOS; HEADLEY, 2014,
p. 87).
O modelo burocrático foi e é utilizado por inúmeras organizações modernas,
entretanto, já existem algumas concepções contemporâneas, como será
apresentado a seguir.
1.3.4 Outras concepções e as novas abordagens contemporâneas
Assim como em outras áreas da ciência, a administração também passa por diversas
mudanças e atualizações das teorias já desenvolvidas, especialmente pelo avanço
tecnológico e pela globalização. 
Como exemplo, temos a abordagem sistêmica e a Teoria contingencial, na década
de 1970, que passaram a ver as organizações de forma mais complexa, comparadas
com as teorias anteriores que eram mais limitadas aos ambientes internos. Na
abordagem contingencial não há nada absoluto nas organizações, pois ela deve
sempre ser ajustada às condições ambientais e tecnológicas, ou seja, “parte da
premissa de que a técnica administrativa que melhor contribui para o alcance dos
objetivos organizacionais pode variar de acordo com as situações ou circunstâncias
pelas quais passa a empresa” (CAMPOS; HEADLEY, 2014, p. 112).
Cabe ressaltar, que diversas teorias organizacionais ainda estão em
desenvolvimento, a partir das percepções contemporâneas da administração, se
adaptando aos novos contextos e buscando preencher as lacunas deixadas pelas
teorias anteriores.
1.4 Ambiente organizacional
As organizações podem ser analisadas a partir da dimensão interna ou externa,
como já estudamos. O ambiente organizacional trata da dimensão externa, ou seja,
são as relações que a organização estabelece com o ambiente. Schultz (2016) relata
que a literatura sobre esta temática é produzida a partir da década de 1950, embora
pesquisadores de diversas áreas já tivessem indicado a importância das análises do
ambiente organizacional há muito tempo, ainda no início do século XX.
Neste tópico iremos conhecer os tipos de ambientes organizacionais e a importância
da análise dos fatores externos, sejam eles positivos (oportunidades) ou negativos
(ameaças), para a gestão das organizações. Em tempos de uma economia
globalizada e de impactos ambientais globais, como é o caso das mudanças
climáticas, conhecer as externalidades envolvidas no contexto das organizações é
fundamental para a sua sobrevivência.
1.4.1 Definição e tipos de ambientes organizacionais
As organizações são diferentes umas das outras e isso pode ser analisado pelas
diferentes compreensões das condições externas e a forma com que cada uma
enfrenta as dificuldades e escassez de recursos (materiais, humanos, naturais, entre
outros) (SCHULTZ, 2016). 
É importante considerar que o ambiente organizacional é complexo e incerto, o que
demanda que as organizações estejam capacitadas para as diferentes situações e
consigam adaptar a sua estrutura organizacional (interna) aos fatores externos,
como por exemplo, criando ou extinguindo novos setores ou cargos, usando
matérias primas mais baratas, adotando tecnologias mais eficientes e menos
poluentes, entre outras. 
Silva (2008) explica que a complexidade ambiental se refere à quantidade e
relatividade dos elementos que afetam a organização, positiva ou negativamente, o
que sugere que os administradores obtenham o máximo de informações possíveis
para prever todos os cenários. 
Figura 5 - As organizações são formadas pelas dimensões interna (estrutura organizacional) e externa
(ambiente organizacional). Fonte: Elaborada pela autora, adaptado de SCHULTZ, 2016, p. 7.
O ambiente organizacional é composto por vários elementos, divididos em ambiente
geral, ou macroambiente, o ambiente das tarefas, também conhecido como o
ambiente da cadeia produtiva, e o ambiente interno da organização, ou
microambiente, como mostra o quadro a seguir. 
Essa classificação foi adotada por Silva (2008), considerando: que as organizações
são sistemas abertos, ou seja, interagem com o ambiente externo; que os sistemas
estão interligados uns com os outros; e que cada sistema é formado por diversos
subsistemas.
Para saber mais sobre o ambiente geral, das tarefas e o interno, recomendamos a leitura do capítulo dois
do livro Teorias da administração de Reinaldo da Silva (2008). O autor apresenta detalhadamente todos os
elementos de cada um dos tipos de ambientes de uma organização (geral, das tarefas e interno).
Os tipos de ambientes organizacionais são inúmeros e podem ser classificados de
acordo com duas dimensões: pelo grau de mudança e pelo grau de homogeneidade
do ambiente, como mostra a figura a seguir. O grau de mudança representa quanto o
ambiente é relativamente estável ou dinâmico, enquanto o grau de homogeneidade
significa quanto o ambiente é relativamente simples (com poucos elementos e
Quadro 2 - Elementos que compõem o ambiente organizacional, dividido em ambiente geral, ambiente
das tarefas e o ambiente interno. Fonte: Elaborada pela autora, adaptado de SCHULTZ, 2016, p. 72.
VOCÊ QUER LER?
pequena segmentação em subsistemas) ou, relativamente complexo (muitos
elementos e grande segmentação). São essas duas dimensões que irão determinar o
nível de complexidade e incerteza enfrentado pela organização (SILVA, 2008, p. 57).
Para compreender melhor, reflita sobre as organizações que você faz parte ou
conhece. Quais são os elementos do ambiente organizacional que podem afetar sua
estrutura? Qual é o grau de incerteza envolvido? A organização já precisou se
adaptar a situações externas?
Agora vejamos como essas externalidades provocaram mudanças nas estruturas
organizacionais ao longo da história e como as organizações modernas estão se
estruturando para reduzir os efeitos negativos dos eventos incertos, dinâmicos e
complexos.
Figura 6 - Nível de incertezas envolvidas no ambiente organizacional de acordo com o grau de mudança
e o grau de homogeneidade. Fonte: Elaborada pela autora, adaptado de SILVA (2008).
1.4.2 Externalidades e as mudanças das estruturas das organizações
contemporâneas
As externalidades podem ser positivas ou negativas. Podem ser oportunidades: os
novos mercados, recursos e tecnologias; enquantoos competidores, a escassez de
recursos, os desastres naturais, as alterações legais, as crises econômicas e políticas
podem ser ameaças. No entanto, estes fatores são afetam de forma igual e na
mesma intensidade todas as organizações, como vimos anteriormente.
CASO
A Printi é uma gráfica brasileira, criada por empreendedores alemães. Os empreendedores viram
uma oportunidade na crise econômica que afetou o orçamento dos clientes, diminuindo as vendas e
prestação de serviços pelas gráficas tradicionais. A partir deste cenário, eles desenvolveram um
negócio online, utilizando-se das tecnologias digitais, que se destaca pela praticidade e baixo custo.
Como estratégia, a gráfica diminuiu a quantidade de produtos ofertados e otimizou o seu processo
de produção. A empresa também comprou a Gráfica Aquarela, que apresenta um histórico de
qualidade e inovação no país. Para conhecer outras empresas que cresceram em meio à crise no
Brasil, acesse a  matéria do Sebrae (2017):
.  
O filme Downsizing (PAYNE; TAYLOR, 2017) ou, na tradução, Pequena Grande Vida, com direção de
Alexandre Payner, apresenta a possibilidade de as pessoas encolherem e mudarem seu padrão de vida
para um modo muito mais econômico, tanto do ponto de vista financeiro quanto ambiental. O diretor
buscou, por meio do humor, comparar a diminuição das pessoas com o das organizações, tal como
significa o termo downsizing na administração. O filme pode ajudar a compreender este conceito, a partir
da sua visão crítica.
VOCÊ QUER VER?
http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/10-negocios-que-crescem-ate-na-crise,535f1951b837f510VgnVCM1000004c00210aRCRD
http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/10-negocios-que-crescem-ate-na-crise,535f1951b837f510VgnVCM1000004c00210aRCRD
http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/10-negocios-que-crescem-ate-na-crise,535f1951b837f510VgnVCM1000004c00210aRCRD
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Este movimento é bastante observado em contextos de crise econômica, onde as
empresas precisam se adaptar às novas realidades. Estas pequenas organizações
geralmente são bastante criativas e incubadoras de ideias, especialmente nos países
em desenvolvimento.
Nesse sentido, Silva (2008, p. 58-59) apresenta seis modos pelos quais as
organizações podem (re)agir de acordo com suas competências e disponibilidade,
mediante o ambiente organizacional. Vamos ver a seguir.
1. Informação administrativa: ou seja, entender, analisar e monitorar,
continuamente, seu ambiente externo, a partir de sistemas de informações;
2. Mudança estratégica: se refere à alteração das estratégias de mercado para o
crescimento organizacional, com mudanças nos preços, nos ramos e segmentos dos
bens e serviços prestados, centralização em apenas um negócio, entre outros.
3. Fusão, aquisição ou aliança: conquiste em se unir a outras organizações, ou na
fusão de duas ou mais empresas para formar uma nova, ou ainda adquirir uma
empresa que irá se extinguir e fazer parte de outra companhia.
4. Projeto Organizacional: consiste em ter regulamentos, procedimentos, padrões
de operação e projetos com maior flexibilidade, possibilitando adaptações às
externalidades.
5. Influência direta: trata da influência nos relacionamentos com fornecedores, nas
decisões sobre a produção dos bens ou prestação dos serviços, entre outras, que
afetam os concorrentes, influenciam os consumidores a novos usos dos produtos,
alcance novos clientes, além do poder de influência nas regulamentações e
legislações, por meio de lobbying, barganhas e/ou pelos sindicatos.
6. Responsabilidade social: trata do compromisso com a ética administrativa, o que
pode garantir a permanência das relações com os clientes, fornecedores e
consumidores.
 
Podemos compreender que a análise, acompanhamento e previsão do ambiente
organizacional é fundamental para a sobrevivência das organizações. A partir da
maior atenção aos fatores externos, as organizações foram sofrendo algumas
mudanças, transformações e alterações das suas estruturas internas para se adaptar
aos novos contextos e conseguir enfrentar as diversas ameaças atuais: crises
econômicas e ambientais, concorrentes, monopolização do mercado, entre outros.
Esperamos que você tenha feito uma boa leitura e ampliado os seus conhecimentos
sobre as organizações. 
Síntese
Chegamos ao fim do capítulo. Compreendemos o que são as organizações, suas
características, princípios, seu histórico de evolução, o que nos permite analisar os
processos de declínio ou ascensão. Vimos que as organizações estão em constantes
processos de mudanças, devido à influência dos períodos históricos e das
externalidades em cada contexto. Neste sentido, identificamos que as organizações
contemporâneas adotaram a implantação de sistemas de gestão ambiental, como
uma estratégia para alcançar novos mercados, parceiros e consumidores, além de
aumentar a eficiência do uso dos recursos naturais e energéticos. 
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
conhecer o histórico das organizações no mundo;
compreender o impacto da Revolução Industrial nas organizações;
identificar os conceitos e definições de organização por diversos autores;
conhecer os princípios e as características das organizações;
identificar as diferenças entre as organizações informais e as burocráticas;
conhecer as diversas classificações dos tipos de organizações;
aprender quais são as dimensões de análise das organizações;
compreender as teorias da organização e da administração;
entender o que é o ambiente organizacional e como ele influencia as
estruturas internas da organização;
refletir sobre como as questões ambientais influenciam no ambiente
organizacional e como são incorporadas nas estruturas administrativas.
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