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<p>MODJEIRO</p><p>· A expressão modjeiro é usada no mundo do “chapa 100” e deriva do termo (gírico) modja, que pode ser entendido como promotor ou angariador de passageiros. Logo, modjeiro é um termo utilizado para denominar um indivíduo que trabalha como ajudante do cobrador do transporte semi-colectivo de passageiros.</p><p>· Diante da escassez de transporte, os residentes urbanos enfrentam longas esperas, especialmente durante os horários de pico, ou a necessidade de fazer várias conexões de transporte para chegar ao seu destino desejado. Nessa situação, é comum encontrar no terminal rodoviário o papel do modjeiro, que se autodeclara responsável pela organização das filas.</p><p>· De acordo com as pesquisas realizadas, ainda se sabe pouco sobre a actividade do modjeiro, pois esta é uma prática recente que surge como uma estratégia de sobrevivência para alguns jovens. Estes se dirigem ao Terminal Rodoviário nas primeiras horas do dia para actuarem como cobradores informais.</p><p>· Não existem estimativas certas de quantos indivíduos exercem esta função na capital, tendo sido constatado que, é uma actividade predominantimente exercida por indivíduos do sexo masculino e são cobrados aos motoristas 10mt após o término do trabalho.</p><p>· Por falta de maior fiscalização neste tipo de actividade, de facto os chapeiros exercem autoridade e impõem algumas regras aos passageiros, que contrariam a postura urbana. Aliás, para além destas entidades (motorista e cobrador), aparece a figura do modjeiro. Este fixa-se nas terminais e intervém (auxiliando o cobrador) na obtenção de passageiros. A sua missão termina logo que a viatura estiver lotada ou quando os protagonistas, (cobradores e motoristas), entender avançar para outras paragens. No entanto, no decurso da sua actividade, o modjeiro também exerce algum poder em relação aos passageiros que se encontram na fila a espera do semi-colectivo.</p><p>· A prática da actividade do modjeiro tem sido algo existente em todos os terminais rodoviários, da cidade de Maputo, onde no exercício dessa acção podemos encontrar grupos de jovens que buscam mecanismos de sobrevivência. No entanto, essa actividade não é reconhecida pelas estruturas municipais, diferente das actividades exercidas pelos angariadores de passageiros.</p><p>· E os modjas são jovens que ficam nos terminais de transportes semi-colectivos, com anuência de cobradores chamam passageiros, organizam e controlam a fila de passageiros e de automóveis, em trocas de 10.00 mts. Estes não têm uma associação, pois, não são reconhecidos pelo Município.</p><p>· É nas últimas actividades que o passageiro se sente refém do modjeiro, na medida em que não são raras as vezes que se vê obrigado a pagar 5.00 mts, de modo a garantir o transporte semi-colectivo. Logo, interessa-nos questionar o seguinte: De que forma o modjeiro constrói a sua identidade, tendo em conta as práticas colectivas que norteiam a actividade?</p><p>· A aproximação aos modjeiros é muito difícil porque eles temem que o trabalho seja de caráter investigativo na área criminal. Eles nos associam ao SERNIC, pois somos conotados como membros desse órgão, e eles são frequentemente associados ao mundo do crime, especialmente ao roubo de telemóveis e carteiras. Superar essa dificuldade é bastante desafiador, uma vez que esses jovens não têm uma associação a quem possamos contatar para informar a finalidade da pesquisa. No entanto, acabamos por superar essa barreira devido à nossa persistência.</p><p>· Ao analisarmos a idade dos modjeiros, observamos que a maioria está na faixa etária de 30 a 35 anos. De um total de 10 modjeiros, sete (07) estão nessa faixa etária, enquanto dois (2) estão na faixa de 25 a 30 anos, e apenas um (1) tem 25 anos de idade ou menos. Esses dados indicam que a maioria dos modjeiros está na faixa dos 30 a 35 anos, sugerindo uma tendência de ingresso nessa actividade por parte de jovens em idade produtiva.</p><p>· No que se refere à naturalidade, constata-se que a maior parte dos modjeiros não são naturais de Maputo, pois, quatro (04) são da província de Gaza, dois (02) de Inhambane, três (03) da cidade de Maputo e apenas um (01) da província de Maputo.</p><p>· Outro elemento sócio-demográfico diz respeito ao estado civil modjeiros. Aqui foi possível constatar que maior parte deles não são casados. Este dado revela que as dificuldades do quotidiano às vezes impede aos jovens constituir uma família. As dificuldades aqui mencionadas são decorrentes da falta de emprego e do custo de vida actual, de tal forma que para alguns entrevistados, desempenhar essa actividade não é rentável para ter sustentar outra pessoa.</p><p>· Por via disso, percebe-se que há no seio dos jovens modjeiros, o sentido de responsabilidade, pois, estão cientes de que uma relação conjugal, precisa numa primeira instância, de abraçar uma actividade rentável, depois possuir um abrigo para colocar a família que advier dessa relação.</p><p>· Quanto ao nível de escolaridade, foi possível constatar que há dentre os modjeiros aqueles que completaram o 1° ciclo do ensino secundário completo (10ª classe), outros interromperam por vários motivos. Ainda outros possuem o 1°grau do ensino primário (7ª classe).</p><p>· Por outro lado, foi possível constatar um que frequentou apenas o ensino primário do primeiro grau, isto é, a 5ª classe. Alguns não têm consciência do motivo que os retirou da escola, no entanto, outros apontam para factores socioeconómicos, conforme se pode ler abaixo:</p><p>“Eu quando perdi meus pais lá em Gaza, meu tio veio me levar para Maputo para viver comigo, só que ele trabalhava na África do Sul e eu ficava com minha tia e ela não dava nada para comer, tive que deixar de estudar para fazer biscatos nas barracas para sobreviver.” (Guito, 32 anos de idade, 7ª classe)</p><p>“Eu parei de estudar porque minha mãe andava muito doente e meu pai está na África do sul desde 1988 nunca mais voltou, sendo filho mais velho tinha que conseguir dinheiro para ajudar minha, comecei a cobrar “chapa”, mas agora o meu patrão caiu e ainda não consegui outro patrão, por isso estou a modjar, para ter qualquer coisa.” (Salimo, 33 anos de idade, 10ª classe).</p><p>· Com essas declarações, verifica-se que os modjeiros são, na sua maioria, provenientes de famílias de situação socioeconómica precária, é por isso uns abandonaram a escola para ganharem a vida no Terminal Rodoviário.</p><p>· quotidiano dos modjeiros é feito dentro do Terminal Rodoviário, é neste espaço social onde passam a maior parte do tempo, convivendo e interagindo com os “outros”. Procuram integrar-se e constroem a sua identidade, moldando-a de acordo com a realidade social na qual se encontram inseridos diariamente. Este espaço social possui diferentes significados para os modjeiros e tais significados reflectem-se nas suas atitudes e no seu comportamento.</p><p>· Estas atitudes e comportamentos formam-se principalmente na classificação do Terminal Rodoviário como um lugar bastante perigoso, sobretudo no período nocturno, pois, considera-se um lugar de assaltos e vários tipos de agressões. Portanto, essas acções são atribuídas aos modjeiros.</p><p>· A actividade de modjeiro é uma profissão marginalizada, não reconhecida segundo os entrevistados, e na maioria das vezes, não considerada por muitos, ou seja, em algumas situações não chega a ser vista a pessoa que comente essas atrocidades, no entanto, atribuem-se aos modjeiros, dada a sua condição social:</p><p>“Ser modjeiro é um divertimento. Para ser modjeiro é preciso não ter vergonha, para poder aguentar com aquilo que as pessoas pensam de nós. Outros pensam que somos ladrões, mas não somos todos”. (Gogote, 30 anos, 8ª classe)</p><p>· Percebe-se deste modo, que a actividade de modjeiro faz-se no meio de muitas desconfianças por parte dos utentes do Terminal Rodoviário. Os modjeiros passam a maior parte do tempo neste espaço. Nas horas de ponta organizam a fila de passageiros, cobrando 5 mts para quem pretende tomar o transporte com facilidade e nas horas que o Terminal não tem muita procura de transporte, eles interpelam pessoas da forma como lhes convém. Portanto, em ambas as actividades eles não</p><p>criam simpatia com os utentes.</p><p>· Depois das actividades no Terminal Rodoviário ou no dia em que estes jovens não se fazem a este local, alguns deles têm uma vida igual a dos outros, como se pode ver a seguir:</p><p>“Não são todas as atitudes que tenho aqui no Xikhelene e lá fora também, temos que enquadrar nos próprios sítios. O modjeiro tem que estar um pouco tocado para não ter vergonha, mas lá em casa tenho que me comportar bem como outros jovens do bairro.” (Lito, 35 anos de idade, 7ª classe).</p><p>“Nas horas que estou em casa, como por exemplo no domingo que não estou aqui no Xikhelene, fico em casa com minha família. Às vezes vou ao campo lá na zona para jogar, depois volto a casa para dormir cedo e logo segunda-feira de novo estou aqui a modjar” (Mandinho, 25 anos de idade, 9ª classe).</p><p>· Destas afirmações, nota-se que o quotidiano dos modjeiro não faz apenas no Terminal Rodoviário, pois, é possível notar que para além das actividades que exercem no local do trabalho, também tem um tempo de diversão. Para além disso, eles se revestem de uma outra imagem, de forma a superar a natureza do seu trabalho.</p><p>· Para o caso dos modjeiros, eles sentem-se descriminados, pois, sofrem preconceitos e estereótipos devido a vários pronunciamentos por parte dos utentes do Terminal Rodoviário, conforme anunciam:</p><p>“Eu só trabalho aqui porque não tenho aonde ir. As pessoas chamavam-nos de nomes. Tipo somos molwenes, ladrões e acusavam-nos de roubar coisas tipo telefones e carteiras. Mas não somos modjeiros que rouba. São outras pessoas” (Gogote, 30 anos de idade, 8ª classe).</p><p>Outro ainda diz o seguinte:</p><p>“Eu quando comecei a trabalhar como modjeiro, sempre as pessoas me desprezaram e sempre tiveram medo de mim e diziam que eu sou molwene. Diziam que eu roubo carteiras e telefones. Mas eu nunca roubei celulares nem carteiras de verdade, as pessoas sempre diziam que eu sou modjeiro-ladrão.” (Samussoni, 29 anos de idade, 10ª classe)</p><p>· Um exemplo de um estereótipo bem patente no discurso acima é o facto de o modjeiro ser conotado a partir de uma imagem negativa: de ladrão, de inculto, etc. A imagem dos modjeiros é vista como resultante do sistema de valores dos indivíduos que usam o local e que constituindo uma ordem significante da realidade que vivem (a perca de bens neste local), lhes permite orientar-se e atribuir estas qualidades aos jovens modjeiros.</p><p>· As imagens negativas construídas à volta dos modjeiros são patentes no seu quotidiano e sentidas por eles no exercício de sua actividade, acabando-se por se tornar numa situação “normal” dentro deste espaço social, visto que estes se encontram de certa forma preparados para lidar com situações do género, durante o seu trabalho, ou seja, eles assumem as atribuições que lhes são feitas como algo que faz parte da realidade social na qual se encontram inseridos.</p><p>· A actividade dos modjeiros é uma acção clandestina para as autoridades que tutelam o Terminal Rodoviário, apenas exercem as actividades com a autorização dos “chapeiros”, pois, estes auxiliam o cobrador do “chapa 100”, na angariação de passageiros. Face a isso, eles não têm uma associação capaz de criar instrumentos legais que orientem a actividade.</p><p>· As práticas da actividade dos modjeiros também foram sintetizadas de acordo com os seguintes aspectos: associação ao crime, prestação de serviço ilegal, cobranças ilícitas aos passageiros na hora da ponta, etc.</p><p>· Assim, esta prática está negativamente relacionada com os valores morais e éticos (consciência individual) que muitos referiram ter sido os principais factores a influenciar a prática da actividade dos modjeiros. A existência de práticas desviantes face às normas estabelecidas pelas instituições do Estado parece estar positivamente relacionada com a percepção de que os agentes do sector informal dos transportes têm sobre a fraqueza das políticas e das práticas de nepotismo que atravessam a Policia Municipal.</p><p>· Quando se fala de modjeiro, estamos perante à algumas pessoas que praticam uma determinada função de agilidade, rapidez ou seja, que permite a um individuo transformar sua identidade e comportamento no seio do trabalho.</p><p>· Segundo Macuácua (2005), o exercício da profissão de Modjeiros exige por parte destas qualidades e habilidades peculiares como o ser activo, dinâmico, informal e, sobretudo, flexível, uma vez que a sua actividade é marcada por uma forte concorrência e competição desregrada entre os transportadores, e como tal, para se produzir as receitas do dia e com recurso a estas características mostra-se capacitado para o trabalho.</p><p>· No entanto, é com recurso a estas habilidades que o cobrador aparece como epicentro do ambiente que procura um auxiliador o “modjeiro” para o efeito do trabalho de movimentação de carga e passageiro. Deste modo, as condutas do modjeiros têm sido discutidas a vários níveis por se considerar um “transgressor” de determinadas regras e padrões sociais considerados aceites na sociedade.</p><p>· Por falta da fiscalização neste tipo de actividade, de facto os modjeiros exercem as suas actividades e impõe algumas regras aos passageiros que contrariam a postura urbana. Os modjeiros fixam-se nos Terminais (auxiliando o cobrador) na obtenção de passageiros onde a sua missão termina quando o chapa enche e retira-se do terminal. Neste âmbito Mausse (2017) frisa dizendo que enquanto modjar ser acto persuasivo através do qual alguém atrai as pessoas a aderirem o seu serviço existe uma reciprocidade afectivo de relação.</p><p>· Os modjeiros são na sua maioria, provenientes de famílias de situação socioeconómica precária, uns abandonaram a escola para ganharem a vida e outros por motivos da pandemia viral da Covid-193 , outros abandonaram antigos empregos por lhes parecerem menos rentáveis no caso daqueles que as suas famílias encontram-se fora da Província de Maputo, e outros ainda, simplesmente estão nos Terminais Rodoviárias pela primeira vez pela influência dos amigos. Estes comunicam entre si, comummente através de gíria ou de palavras obscenas, agredindo moralmente estes espaços públicos. E desde momento que ele aceita o desafio de se modjeiro atribui-se um poder autoritária onde eles determinam quem deve subir no chapa, a partir das mercadorias que o passageiro carrega consigo ou mesmo os conhecidos.</p><p>· É um facto, que a presença dos modjeiros junto dos alpendres, e principalmente, nos Terminais de Transportes Públicos e semi-colectivos de passageiros, trouxe certos e visíveis benefícios juntos daqueles lugares, desde aos transportadores e até aos passageiros, em termos de organização no acto da tomada do transporte.</p><p>· Compara-se e enquadra-se a participação dos modjeiros da mesma forma, as acções de um indivíduo são generalizadas e partilhadas por todos sem distinções. Associa-se o comportamento de uns ao todo, não há diferenciações nas suas atitudes, equipara-se a um modo de ser, estar, agir único e igual entre todos os modjeiros.</p><p>· Por sua vez, existem situações em que e difícil identificar o modjeiro pela forma como alguns aparecem trajados o que faz com que, por vezes, eles seja confundidos no meio dos passageiros sendo que, habitualmente, se identifica o modjeiro como sendo um individuo que se apresenta com roupas encardidas, “sujo” e com um aspecto diferente das outras pessoas.</p><p>· Na prespectiva dos entrevistados eles reconhecem que são distribuídos uma identidade social falsa o que tornam a sua participação quotidiana sendo um desafio. Suas acções negativas equiparada a uma anomalia, tendo em conta que eles não são vistos como indivíduos normais, mas sim diferentes no sentido de serem classificados como outros agressivos e com falta de respeito daquilo que considera se padrões normativos desenhados para a sociedade.</p><p>“Há modjeiros que são “mal-educados” reconheço sim, logo, qualquer passageiro quando nos vê afirma que somos todos modjeiros “molwene”, não diferencia dos outros. Talvez dizer que nós só calamos as vezes e ajudarmos a eles, porque cada dia é outro dia. Outra coisa sabemos disso que eles nos dão nomes sempre que nos vê aqui.”</p><p>(Samussoni, de 29 anos de idade, 10ª classe).</p><p>· Os modjeiros passam a maior parte do tempo dentro da praça, gerindo este espaço da forma como lhes convém, a porta da entrada do “chapa 100” confere-lhes uma autonomia sobre aquele espaço, a vida atrás da porta.</p><p>· Segundo os modjeiros para exercer este tipo de trabalho é necessário que o individuo possua algumas características que são essenciais neste tipo de actividade, para que se crie um ambiente de trabalho estável e bom. A maioria dos modjeiros afirma que a higiene pessoal, o respeito entre eles e passageiros, a paciência e a forca de vontade constituem requisitos básicos para este tipo de actividades.</p><p>“Ser modjeiro e ser guia dos passageiros, e ser homem da recoleção das receitas, ajudar os idosos e orientar as pessoas ser educado, forte e flexível, pois é com a flexibilidade que se faz dinheiro. A importância de um modjeiro e de recolher a receita, mas isso sem conversa não pode se fazer.” (Guito, de 32 anos de idade, 7ª classe).</p><p>“Sabe essa cena de modjeiro é complicado, nós somos diferentes, cada um vem da sua província com suas coisas. Mas não deixamos de conversar entre nós, aqui somos todos amigos porque aprendemos do outro cada um com sua cultura. No alpendre7 de Manhiça são de Gaza todos ali, aqui no Museu-Baixa somos daqui de Maputo no momento de almoço nos juntamos e batemos papo afinal somos irmão.” (Salimo, de 30 anos de idade, 10ª classe)</p><p>· Nas relações os conflitos entre os modjeiros, cobradores e os passageiros, estas surgem através dos discursões que ocorrem devido aos interesses manifestas pelos modjeiros no decorrer das suas actividades laboral, ou, por outra, de acordo com as prioridades que os modjeiros têm no exercício do seu trabalho.</p><p>“A relação com os utentes depende, há quem trata mal e há quem trata bem. Criticam e falam mal dos modjeiros (são mal criados, analfabetos, não foram à escola, burros, não tomam banho) dizem os passageiros. Os passageiros são sempre agressivos com os modjeiros por isso os modjeiros também devem ser agressivos. Ser agressivo ajuda no trabalho para poder ceder espaço para os outros entrarem e permitir que o chapa enche.” (Salimo, de 33 anos de idade, 10ª classe)</p><p>“Tenho amigos sim. E temos discutidos quase todos dias aqui mesmo não tem como boss somos muitos. Você sabe esse nosso trabalho muito complicado somos muitos a fazer mesma coisa, outros nos odiamos aqui mesmo. Mas mesmo assim depois concertamos essas discussões para que o trabalho possa andar e todos nos sairmos enquanto ganhamos alguma coisa para casa.” (Gogote, de 30 anos de idade, 8ª classe)</p><p>· No que refere ao ambiente do trabalho não se pode misturar profissão e a irmandade, pois a profissão ela esta relacionada à área de actividade em que um determinado individuo adquire expertise. Desse modo, para conferir seu profissional foi preciso ter determinados pré-requisitos de reconhecimento de individuo e o próprio individuo atender a exigências em relação às competências que o tornam um especialista que pode le dar com os passageiros.</p><p>· No caso dos modjeiros os responsáveis da associação optam tanto pelo recrutamento de seus irmãos e amigos desde momento que eles conhecem a pessoa e acreditam na capacidade de saber relacionar-se com os outros.</p><p>”É assim, um amigo é um irmão, sempre compartilham mesma coisas, onde se um esta em problema o outro esta para ajudar. Então quando eu chego aqui quero ver coisas na linha o bom comportamento porque aqui estamos no trabalho com passageiros educados, podemos ser irmãos eu e tu, mas quando estivermos aqui dentro não me coloco como teu irmão porque o trabalho não vai andar. Vai fazer brincadeiras porque é irmão de chefe.” (Mandinho, de 25 anos de idade, 9ª classe)</p><p>Em contrapartida:</p><p>“Mano, antigamente essa profissão as pessoas desprezavam, mas quero te dizer agora não é qualquer um que entra aqui e trabalha porque outros traziam seus irmãos e faziam confusão porque não podem ser expulsos. Mas agora já estamos a trabalhar bem porque olham para pessoa, se você vir aqui grosso estas a voltar não funciona isso de meu amigo é chefe.” (Lito, de 35 anos de idade, 7ª classe)</p><p>· Contudo, a participação quotidiana dos modjeiro é feita a partir de desafios que cada um tem desenhado antes de deslocar-se para o local do trabalho. Portanto, os modjeiros fazem a sua vida dentro de terminal de transporte do Zimpeto e é neste espaço público onde passam a maior parte do tempo, convivendo, interagindo com outros que fazem parte da sua actividade e certos utentes que só estão de passagem.</p><p>· Eles ficam aos montes nas terminais dos chapas, e quando chega um, põe-se a gritar a torto e a direito chamando passageiros para ocuparem os assentos e paralelamente metem a mão no bolso ou na carteira de passageiros distraídos. Na verdade essa é a verdadeira fonte de rendimento dos modjeiros. Eles geralmente roubam celulares e jóias de forma muito discreta e vendem logo que podem.</p><p>· Outro assunto em que os modjeiros tem alguma perícia é a confusão, não é muito raro ver Modjeiro discutindo ou mesmo lutando com um colega, com cobradores, com motoristas e passageiros.</p><p>· Os modjeiros costumam ser os ‘donos’ das paragens onde ficam e é obrigatório que os motoristas dos chapas aceitem e paguem pelos seus serviços sob o risco de serem sabotados.</p><p>· Existem mais algumas dezenas de características que os modjeiros partilham entre si. A mais conhecida é a molwenice, sim, este é um daqueles casos que eu posso afirmar sem medo de errar que todos os modjeiros são molwenes.</p><p>· Esta actividade é de forma similar observada no distrito da Beira, província de Sofala. Onde se foi registado que, semelhantemente à Maputo, eles são tratados por Modjeiros. Os principais pontos em que eles se encontram são: baixa da cidade, shoprite, maquinino. Com uma remuneração de 10mt por trabalho em cada carro.</p><p>CARACTERIZAÇÃO DO MODJEIROS</p><p>Nome Fictício</p><p>Idade</p><p>Escolaridade</p><p>Naturalidade</p><p>Carros por Dia</p><p>Renda Diária (Meticais)</p><p>Renda Mensal (Meticais)</p><p>Ida de de Início de Actividade</p><p>Terminal Rodoviário</p><p>Guito</p><p>32</p><p>5ª classe</p><p>Gaza</p><p>30</p><p>300</p><p>6,000</p><p>23</p><p>Malhampsene</p><p>Gogote</p><p>30</p><p>8ª classe</p><p>Inhambane</p><p>25</p><p>250</p><p>5,000</p><p>25</p><p>João Mateus</p><p>Lito</p><p>35</p><p>7ª classe</p><p>Inhambane</p><p>35</p><p>350</p><p>7,000</p><p>22</p><p>Xikhelene</p><p>Salimo</p><p>33</p><p>10ª classe</p><p>Maputo Cidade</p><p>28</p><p>280</p><p>5,600</p><p>24</p><p>Malhampsene</p><p>Samussoni</p><p>29</p><p>10ª classe</p><p>Gaza</p><p>32</p><p>320</p><p>6,400</p><p>20</p><p>João Mateus</p><p>Mandinho</p><p>25</p><p>9ª classe</p><p>Maputo Cidade</p><p>29</p><p>290</p><p>5,800</p><p>21</p><p>Xikhelene</p><p>É de se frisar que, todos eles afirmam não ter outras fontes de renda e os pontos por eles escolhidos para o exercício dessa actividade é feito pelo nível de proximidade às suas residências.</p><p>2</p><p>Denilton Machavane</p>

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