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INSTITUTO POLITÉCNICO DE VISEU ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA E GESTÃO DE LAMEGO Lamego, Junho de 2010 . INSTITUTO POLITÉCNICO DE VISEU ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA E GESTÃO DE LAMEGO Trabalho de grupo, realizado no âmbito da unidade curricular de Psicossociologia das Organizações, no 1.º Ano/2.º Semestre do Curso de Serviço Social (pós‐laboral), sob a orientação da Professora Sílvia Machado. Discentes: Isabel Maria Martins de Sousa, n.º 1933 Pedro Miguel Engenheiro Silva, n.º 1723 Lamego, Junho de 2010 . PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 3 Índice 0. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................ 5 1. ‐ TAYLOR ................................................................................................................................................... 6 1.1 ‐ Contextualização ............................................................................................................................. 6 1.1.1. – Revolução industrial ............................................................................................................... 6 1.2. – Frederick Winslow Taylor .............................................................................................................. 7 1.3. ‐ Organização racional do trabalho ................................................................................................... 8 1.4. ‐ Princípios da Administração Cientifica de Taylor ......................................................................... 14 1.5. ‐ Vantagens do Taylorismo ............................................................................................................. 15 1.6. ‐ Desvantagens do Taylorismo ........................................................................................................ 16 1.7. ‐ Responsabilidade nos vários níveis da hierarquia ....................................................................... 18 1.8 ‐ RESUMO TAYLOR ........................................................................................................................... 19 2. – FAYOL ................................................................................................................................................... 20 2.1. ‐ CONCEITO DE ADMINISTRAÇÃO ................................................................................................... 20 2.2. – A diferença entre administração e organização .......................................................................... 21 2.3. – A abordagem clássica da administração ...................................................................................... 22 2.4 – Teoria da Administração ............................................................................................................... 24 2.5 – Origem da teoria clássica da administração ................................................................................. 26 2.6 – A obra de fayol .............................................................................................................................. 27 2.7. – Teoria clássica da administração ................................................................................................. 28 2.7.1. – As funções básicas da Empresa ............................................................................................ 28 2.8. – Proporcionalidade das funções administrativas .......................................................................... 32 2.9 – Princípios gerais de administração para fayol .............................................................................. 33 2.10. Resumo Faylor .............................................................................................................................. 35 3. ‐ MAYO ................................................................................................................................................... 37 3.1. Contextualização histórica da escola humanística da administração ou teoria das relações humanas ................................................................................................................................................ 37 3.2. Origens da teoria das relações humanas ........................................................................................ 37 3.3. ‐ Breve abordagem biográfica de elton mayo ................................................................................ 38 3.4. ‐ Princípios da escola das relações humanas .................................................................................. 38 3.5. ‐ A experiência de Hawthorne ........................................................................................................ 39 3.5.1. Conclusões da experiência de Hawthorne .............................................................................. 40 3.5.2. A Teoria Clássica versus a Teoria das Relações ............................................................................ 42 3.6. Consequências da experiência de hawthorne ................................................................................ 43 3.6.1. Motivação ............................................................................................................................... 43 3.6.2. Liderança ................................................................................................................................. 44 3.6.3. ‐ Comunicação ........................................................................................................................ 46 3.7. ‐ Organização formal e informal ..................................................................................................... 47 3.8. ‐ Dinâmica de grupo ........................................................................................................................ 47 3.9. ‐ Críticas à teoria das relações das humanas .................................................................................. 48 3.10. Resumo Mayo ............................................................................................................................... 49 4. MAX WEBER ........................................................................................................................................... 50 4.1. Enquadramento teórico .................................................................................................................. 50 4.1.1. A vida de Max Weber .............................................................................................................. 50 4.1.2 Algumas considerações ........................................................................................................... 51 4.1.3 A Teoria Burocrática ............................................................................................................... 52 4.2. O Modelo da Teoria Burocrática de Max Weber ............................................................................ 53 4.2.1 Como surge ............................................................................................................................. 53 4.2.2 – Características da teoria segundo Max Weber ..................................................................... 55 4.2.3. Vantagens da teoria ................................................................................................................ 59 4.2.4 – Falhas da teoria .................................................................................................................... 61 PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo –Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 4 4.3.Outros estudiosos ............................................................................................................................ 62 4.3.1 – O caso de Robert Merton ...................................................................................................... 62 4.3.1 – O Problema das Consequências da Teoria Weberiana ......................................................... 63 4.4. Resumo Max Weber ....................................................................................................................... 66 5. TEORIA DOS SISTEMAS ........................................................................................................................... 67 5.1 Introdução à teoria dos sistemas ..................................................................................................... 67 5.2. Historia da Teoria dos Sistemas ...................................................................................................... 67 5.3 Principais Conceitos da Teoria dos Sistemas ................................................................................... 69 5.4 Classificação dos Sistemas ............................................................................................................... 70 5.5 Propriedades dos sistemas .............................................................................................................. 72 5.6. Constituintes de um sistema ......................................................................................................... 72 5.7 Acções dos sistemas ........................................................................................................................ 76 5.8. Abordagem Sistémica da Administração ........................................................................................ 79 5.9. Outros elementos presentes na acção sistemática ........................................................................ 81 5.10 Esquema de um sistema relacionado com as actividades profissionais ........................................ 87 5.11 Resumo Teoria dos Sistemas ........................................................................................................ 88 6. TEORIA NEOCLÁSSICA ............................................................................................................................. 89 6.1 Abordagem Neoclássica ................................................................................................................... 89 6.2. A Teoria ........................................................................................................................................... 89 6.3. A Centralização ............................................................................................................................... 92 6.4. A funções do administrador ........................................................................................................... 92 6.5. Resumo da Teoria Neoclássica ....................................................................................................... 93 7. TEORIA COMPORTAMENTAL .................................................................................................................. 94 7.1. Génese ............................................................................................................................................ 94 7.2. A motivação humana ...................................................................................................................... 95 7.3 Hierarquia das Necessidades de Maslow ....................................................................................... 96 7.4 Teoria dos dois factores de Herzberg ............................................................................................. 97 7.5 Factores motivacionais .................................................................................................................... 97 7.6 Estilos de Administração ................................................................................................................. 98 7.7. Teoria X e Teoria Y .......................................................................................................................... 98 7.8. Sistemas de administração ........................................................................................................... 101 7.9. Organização como Um Sistema Social Cooperativo ..................................................................... 101 7.10 Teoria das Decisões .................................................................................................................... 101 7.12 Teoria do Equilíbrio Organizacional ............................................................................................. 104 7.13 Resumo da Teoria Comportamental ............................................................................................ 105 8. TEORIA DA CONTIGÊNCIA ..................................................................................................................... 107 8.1 Origens ........................................................................................................................................... 107 8.2 Fundamentos da abordagem contingencial .................................................................................. 108 8.3 Pesquisas ....................................................................................................................................... 109 8.4 Ambiente e Tecnologia .................................................................................................................. 112 8.5. Organizações por equipas ............................................................................................................. 116 8.6. Níveis organizacionais ................................................................................................................... 117 8.7 Resumo Teoria da Contingência .................................................................................................... 120 9. QUAIS OS CONTRIBUTOS DAS TEORIAS PARA A ORGANIZAÇÃO DOS NOSSOS DIAS ........................... 121 BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................................................... 129 PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 5 0. INTRODUÇÃO Este trabalho foi realizado no âmbito da disciplina de Psicossociologia das Organizações, do 1º ano/2.º Semestre, do Serviço Social (pós‐laboral), sob a orientação da professora Sílvia Machado. O tema do trabalho é a Teorias Organizacionais – Quais os contributos das teorias para a organização dos nossos dias?. O principal objectivo deste trabalho é conhecer as teorias leccionadas, e perceber como é que influenciaram as organizações até aos nossos dias. Abordaremos cada uma das teorias, enumerando as vantagens e desvantagens das mesmas. Na conclusão, tentaremos dar resposta à nossa pergunta de partida. Todos os conteúdos deste trabalho foram obtidos através de uma análise bibliográfica e de informação computorizada. Em suma, este tema é muito importante, uma vez que revolucionou o método de trabalho nas organizações. . PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 6 1. ‐ TAYLOR 1.1 ‐ Contextualização 1.1.1. – Revolução industrial A Revolução Industrial surge‐nos na Inglaterra na segunda metade do século XVIII e estende‐se a quase todos os países da Europa e América do Norte, no decorrer do século seguinte. Esta revolução traduz‐se num conjunto de transformações que mudaram a mentalidadedo mundo ocidental a vários níveis, tanto a nível económico, como social e mental. Toda esta revolução trouxe grandes descobertas técnicas suportadas pelas novas fontes de energia, e o conceito de manufactura deu lugar a maquinofactura. O fabrico em grande escala passou a ser designado por indústria, e a percentagem de mão‐de‐obra e riqueza do sector secundário passaram a diferenciar os países industrializados. A Revolução Industrial não se cingiu a uma só operação, tal como os países não foram afectados todos na mesma altura. Sendo assim, há que distinguir a primeira revolução da segunda. A primeira ocorreu entre 1780 a 1840‐50, e foi a revolução do carvão, ferro, algodão e da máquina a vapor. Houve o desenvolvimento do Capitalismo Industrial. A segunda Revolução Industrial dá‐se em meados do século XIX e é a revolução do aço, petróleo, do motor de explosão, da electricidade e da química. É nesta fase que se dá a diáspora da revolução pela Europa, América do Norte e Japão. É nesta altura que o Capitalismo Financeiro atinge o seu apogeu. Concluindo, pode‐se afirmar que a Revolução Industrial trouxe um conjunto de modificações a vários níveis que fortaleceram a economia, dando um grande desenvolvimento das empresas, em que os métodos tradicionais e artesanais de produção foram substituídos pelo método desenvolvido por Taylor – Organização Científica do Trabalho. PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 7 1.2. – Frederick Winslow Taylor Frederick Winslow Taylor nasceu em Filadélfia, em 1856, viveu na Europa durante três anos, tendo trabalhado como aprendiz na Hydraulic Works, fabricante de bombas a vapor, aos dezoito anos de idade. Inicialmente, Taylor foi técnico em mecânica e operário, vindo a formar‐se Engenheiro Mecânico, no Stevens Institute of Tecnology, estudando à noite. Entretanto, Frederick Winslow Taylor foi promovido para Engenheiro‐Chefe de Midvale Steel Company, chegando a exercer funções de director‐geral da Manufacturing Investment Company. No ano de 1893, Taylor volta aos Estados Unidos, trabalhando como consultor de Engenharia, em Nova York. É considerado o “Pai da Administração Científica” por propor a utilização de métodos científicos cartesianos na administração de empresas, ou seja, desenvolveu uma análise temporal das tarefas individuais, o que possibilitava melhorar a produtividade dos trabalhadores. Assim, após a identificação de todos os procedimentos necessários para a realização de uma tarefa, Taylor estipulava qual seria a duração ideal para a realização de cada tarefa específica, de forma mecânica. Actualmente, apesar do Taylorismo ser considerado como uma teoria redutora do homem, face às suas condições de trabalho, a sua contribuição foi extremamente importante, uma vez que demonstra aos gestores uma perspectiva de trabalho eficaz e lucrativa, tendo em conta a conciliação produtiva entre funcionários e recursos. Frederick Winslow Taylor era o centro da eficiência e eficácia operacional na administração industrial. A sua orientação cartesiana extrema é, ao mesmo tempo, a sua força e fraqueza. Porém, o seu controlo inflexível e mecanicista, elevou enormemente o desempenho das indústrias em que actuou. Todavia, igualmente gerou demissões, insatisfação e stress de parte de funcionários e sindicalistas. PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 8 1.3. ‐ Organização racional do trabalho Perante uma sociedade social emergente, na América dos anos 90, em que as possibilidades de mecanização permitem o progresso, as populações imigrantes dispõem‐se a tudo para alcançar alguma estabilidade material e o crescimento económico gera ganhos crescentes com a produtividade, Taylor imaginou um método científico, em que os elementos económicos e materiais/ técnicos coincidem racionalmente pela via de uma organização mais racional das tarefas. O seu sistema assenta numa base em que os tempos, os gestos e as pausas são racionalizados, medidos ou estandardizados e em troca de uma recompensa salarial por peça ou hora, que seja estimulante, procura atingir‐se o máximo de produtividade do operário. Reunidas estas condições crê‐se estar perante um melhor modo operativo, o “The Best Way”, que se traduz em sequências de operações a realizar progressivamente num tempo minutado para cada uma delas, para que o ciclo operatório seja bem previsível. Esta análise científica dos métodos operativos decompõe uma tarefa em várias operações simples, o que proporciona uma melhor adaptação do trabalhador bem como a sua especialização. Só que esta simplificação das tarefas requer uma série de peritos a estudar os tempos, isto é capatazes a vigiar a aplicação das regras, controladores para apreciar os resultados, ou seja, ao lado dos operários têm de estar outros trabalhadores, cujas funções exigem outras competências. Assim, esta divisão do trabalho em função das competências, em que uns realizam e outros pensam, conduz ao princípio da selecção rigorosa e cientifica, isto é, através de testes de habilidade psicomotora e de conceitos técnicos dos indivíduos, pretende colocar‐se o homem certo no lugar certo, num lugar que se adapte às suas competências e aptidões. Desta forma, elimina‐se o descontentamento, uma vez que, pela selecção rigorosa, cada trabalhador ocupa o lugar que melhor se ajusta a si. Consequentemente, surgem PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 9 novos princípios, entre os quais, as remunerações têm de ser reavaliadas e aplicadas de acordo com a complexidade das tarefas e a qualificação que cada posto exige, ou seja, como o sistema de organização científica exige postos de especialização funcional, os operários apoiam‐se na regra para gerir o seu próprio envolvimento, deixando assim, de estar sobre o comando dos mais velhos e dos mais fortes ou chefes. (Sainsaulieu, 2001) Após várias observações, Taylor verificou que os trabalhadores aprendiam a realizar as suas tarefas, através da observação do trabalho dos outros. Verificou, também, que isto originava diferentes formas para realizar a mesma tarefa, bem como uma variedade de instrumentos e ferramentas diferentes em cada operação. Para Taylor, os trabalhadores não têm capacidade, nem formação, nem meios para estudar cientificamente o seu trabalho, nem estabelecer racionalmente qual o melhor método. Assim, verifica‐se sempre uma melhor e mais rápida forma, (the one best way) que pode ser alcançada através de uma análise científica e um detalhado estudo de tempos e movimentos. Deste modo, a Administração Científica exige uma distribuição das responsabilidades em que: ‐ A gerência fica com o planeamento e a supervisão, em que o primeiro consiste numa análise do trabalho e a definição de um método de trabalho, e o segundo, numa ajuda contínua ao operário durante a realização da tarefa; ‐ Ao trabalhador compete‐lhe unicamente a execução da tarefa; Em suma, a direcção pensa e os trabalhadores fazem. Este esforço em substituir métodos empíricos por métodos científicos ganhou o nome de Organização Racional do Trabalho (ORT). PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 10 Fluxograma de ORT na Administração Científica de Taylor Fonte: http://www.fte.com.br/pca/elemento.htm A Organização Racional do Trabalho tem como base:‐ Analisar o trabalho e estudar os tempos e movimentos (motion‐time‐study): de forma a racionalizar o trabalho dos operários, conseguindo assim, um trabalho melhor realizado e económico através da divisão de todos os movimentos essenciais à realização de cada operação de uma tarefa. Através desta análise toda das tarefas, tempos e movimentos, chegou‐se a uma padronização do método de trabalho e o tempo preciso à sua realização. Desta forma, consegue‐se uma maior eficiência, que se traduz numa correcta utilização dos recursos disponíveis. A Organização Racional do Trabalho procura o melhor método, a melhor maneira de realizar uma tarefa, pois quanto maior for a eficiência, maior será a produtividade. ‐ Estudo da fadiga humana: que tem por base o estudo do corpo humano. Assim, a fadiga provoca efeitos na produtividade, pois leva o trabalhador a diminuir a produção e qualidade do trabalho, também a perda de tempo, maior rotatividade de pessoal, acidentes de trabalho, entre outras consequências negativas. Visto que a fadiga se traduz numa diminuição PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 11 da eficiência, foram propostos alguns princípios de forma a reduzir movimentos relativos ao corpo humanos, através de um melhor arranjo material do local de trabalho e de equipamentos. ‐ Divisão do trabalho e especialização do operário: que foram consequência do estudo dos tempos e movimentos, de forma a aumentar a produção. Assim, cada operário passou a ser especializado na realização de uma só tarefa, levando à linha de montagem em que o método de trabalho passou a ser automático e repetitivo durante todo o dia. Em suma, quanto maior fosse a especialização do operário maior será a eficiência na realização das tarefas. ‐ Desenho de cargos e tarefas: foi uma tentativa pioneira da Administração Cientifica de Taylor. Quanto aos cargos consiste em definir as tarefas a realizar, o método para a sua realização e as relações entre outros cargos. Visto que a Administração Cientifica dá ênfase às tarefas, estas passaram a ser simplificadas de modo a conseguir uma maior especialização por parte do trabalhador. Esta simplificação traduziu‐se num conjunto de vantagens entre as quais, diminuição dos erros de execução, aumento da eficiência do trabalhador, favorecendo uma maior produção, entre outros. ‐ Incentivos salariais e prémios de produção: de modo a conseguir uma maior prestação do operário. Desta forma, a remuneração passou a ter como base a produção de cada operário, em que se o operário produzir pouco ganha também pouco e se produzir muito o seu ganho será maior. Também de forma que os operários ultrapassassem o tempo estabelecido em média para a realização de uma tarefa recorreu‐se aos prémios de produção, que consistem numa maior eficiência do operário. PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 12 Este sistema de incentivos salariais teve interesse para ambas as partes, para a empresa a produzir mais e a obter o lucro e os trabalhadores a conseguirem um salário mais elevado. . ‐ Conceito de Homo Economicus: ou homem económico, em que o trabalhador é unicamente influenciado por recompensas salariais. Desta forma, o ser humano tem que trabalhar porque precisa de dinheiro para viver e tendo esta teoria organizacional como base o salário na produção, leva a que o trabalhador produza em grandes quantidades de forma a obter um maior ganho. Aqui se da uma visão limitada do ser humano, unicamente virado para motivos salariais. ‐ Condições de trabalho: para além do método de trabalho e dos incentivos salariais, também as condições de trabalho que favoreçam o bem‐estar físico do trabalhador e a redução da fadiga humana são fundamentais para obter a eficiência. Elementos como a iluminação, ventilação, ruído, entre outros, passaram a ser essenciais não tanto para bem‐estar dos trabalhadores mas para a obtenção de uma maior eficiência ‐ Padronização: consiste em padronizar os métodos de trabalho, as máquinas, ferramentas, as matérias‐primas, entre outros, de forma a diminuir a diversidade do sistema produtivo e também baixar o desperdício e aumentar a eficiência. Constituindo um conjunto de normas, de modo a conseguir uma uniformidade e também redução de custos, a padronização é fundamental para conseguir uma maior eficiência. PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 13 ‐ Supervisão funcional: segundo Taylor, para além da especialização dos trabalhadores era também muito importante a especialização dos supervisores. Esta supervisão funcional consiste na existência de vários supervisores cada um especializado na sua área tendo autoridade sobre os seus subordinados somente relativa à sua especialidade. (www.Wikipédia.pt) Fonte: http://www.fte.com.br/pca/elemento.htm PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 14 1.4. ‐ Princípios da Administração Cientifica de Taylor Segundo Taylor, a administração deve seguir certos princípios, que se traduzem numa visão antecipada do que deverá ser feito quando ocorrer uma determinada situação. Desta forma, os princípios da Administração Científica são quatro entre os quais: ‐ Princípio de planejamento: consiste na substituição do individualismo do operário, o empirismo e a improvisação por métodos que se baseiam em processos científicos, isto é, métodos testados e planejados. ‐ Principio da preparação dos trabalhadores: tem como base a selecção científica dos trabalhadores tendo em conta as suas capacidades preparando‐os e treiná‐los de forma que haja mais e melhor produção, em concordância com o método estabelecido. Pressupõe também, o estudo dos tempos e movimentos e da fadiga humana. ‐ Princípio do controle: visa supervisionar o trabalho de modo a verificar se está a ser bem realizado tendo em conta os métodos e planos de produção definidos. ‐ Princípio da separação entre a concepção e a execução do trabalho: ideia‐chave da teoria de Taylor. Assim, quanto à concepção compete à empresa e aos seus especialistas (engenheiros…), estes ocupam‐se do trabalho intelectual necessário às operações de estudo, planeamento e organização. Relativamente à execução do trabalho, compete aos trabalhadores manuais, que não têm capacidade nem interesse em se ocuparem com tarefas de concepção. (Sainsaulieu, 2001) PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 15 1.5. ‐ Vantagens do Taylorismo ‐ Cooperação entre supervisão e trabalhador: existe uma maior proximidade entre ambas as partes, pois existe uma melhor comunicação e a resolução de problemas torna‐se mais rápida. ‐ Diminuição dos custos de treino dos trabalhadores: este é um princípio de racionalização pois como o trabalho é tão simples não precisa de treino. ‐ Redução da possibilidade de erro na realização das tarefas: pois o trabalhador está tão habituado àquela tarefa que é difícil errar. ‐ Diminuição de fugas e perdas: como, por exemplo, a perda de tempo por parte dos trabalhadores, visto que estes são vigiados por capatazes. ‐ Aumento da eficiência do trabalhador: pois a tarefa que realiza é tão simples e o trabalhador conhece‐a bem, tornando‐se mais rápido e eficaz na execução. ‐ Facilidade de supervisionar os trabalhadores:porque existe um supervisor especializado para cada tarefa (Campos, 1999). PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 16 1.6. ‐ Desvantagens do Taylorismo ‐ Mecanicismo: para Taylor os trabalhadores deviam ter a mesma prontidão e regularidade das máquinas. Este vê a organização como uma máquina e o homem como mais uma peça dessa máquina, o facto é que grande parte dos processos produtivos não é compatível com tanto mecanicismo do ser humano. ‐ Superespecialização do operário: traduz‐se numa série de tarefas exageradamente repetitivas, tratando as pessoas como máquinas que são programadas para determinados gestos realizados a uma certa velocidade, o que causa o tédio e também problemas de nível motor e psicológico. ‐ Empirismo: o sucesso dos princípios da teoria de Taylor só se verificam na prática, quanto à teoria não houve nenhum modelo que explicasse por abstracção expandir os achados de Taylor para as organizações. ‐ Abordagem parcial da organização: para Taylor só interessavam as tarefas a nível organizacional, desprezando completamente outros aspectos essenciais da organização como por exemplo o caso da sua estrutura e tecnologia. ‐ Abordagem prescritiva: segundo Taylor as causas de uma má eficiência não são identificadas declaradamente, somente cria a solução para os problemas. PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 17 ‐ Ausência de comprovação científica: não se baseia em experiências diferentes, mas só de laboratório; ‐ Empresa como sistema fechado: para Taylor factores como o ambiente externo bem como, as variáveis económicas, culturais e sociais que influenciam directamente o bom desempenho de uma organização, são de alcance muito limitado. Em suma, esta teoria não conta com as influências do meio ambiente. ‐ Visão microscópica do ser humano: a comunicação entre os trabalhadores e outros membros da empresa é fundamental para o bom desempenho de uma tarefa, visto que o homem é um ser social. A teoria de Taylor não tinha em consideração este aspecto tão importante, para esta teoria o homem é uma peça que só pensa em dinheiro. (Campos, 1999) PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 18 1.7. ‐ Responsabilidade nos vários níveis da hierarquia Segundo esta teoria organizacional, os trabalhadores estão dependentes de vários supervisores, em que cada supervisor está limitado a um conhecimento muito restrito da tarefa a realizar. Assim, as responsabilidades dos diferentes níveis da organização segundo a teoria de Taylor são: Administração – tem como principal responsabilidade proceder ao estudo rigoroso do trabalho e determinar o melhor método; Supervisão – tem como principal responsabilidade dar assistência contínua ao trabalhador durante a tarefa; Trabalhador – tem a responsabilidade de realizar a sua tarefa dentro do tempo previsto. (Campos, 2001) PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 19 1.8 ‐ RESUMO TAYLOR Após a realização do trabalho referente ao Taylorismo, foi‐nos possível conhecer melhor esta teoria organizacional, fundada por Frederick W. Taylor. Desta forma, esta teoria apareceu numa época de grande impulso económico, dado o surgimento da Revolução Industrial, em que passou a existir uma maior mecanização dos métodos de trabalho. A Organização Cientifica do Trabalho baseia‐se sobretudo no estudo dos tempos, movimentos e pausas, em toca de uma recompensa salarial, de forma a obter uma maior produtividade. Esta também assenta em vários princípios entre os quais: o princípio do planejamento, principio de controlo, principio da preparação dos trabalhadores e principio da separação entre a concepção e execução do trabalho. Como qualquer teoria organizacional, o Taylorismo possui vantagens e desvantagens. Deste modo, como exemplo de algumas desvantagens temos a superespecialização do operário, o elevado mecanicismo, o empirismo, entre outras. Relativamente às vantagens, existe uma grande cooperação entre supervisor e trabalhador, diminuição de perdas e fugas, aumento da eficiência do trabalhador, entre outros. Por último, no que se refere à responsabilidade nos vários níveis da hierarquia, segundo esta teoria, os trabalhadores estão dependentes de vários supervisores especializados. PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 20 2. – FAYOL 2.1. ‐ CONCEITO DE ADMINISTRAÇÃO A Teoria Clássica parte do todo de uma organização e da sua estrutura para garantir a sua eficiência por todas as partes envolvidas, sejam elas órgãos( secções, departamentos etc.) ou pessoas. A abordagem exaustiva e ao mínimo pormenor, a nível individual de cada operário com relação à tarefa é ampliada ao nível da organização como um todo em relação à sua estrutura organizacional. 1 De forma a explicitar melhor as funções administrativas, Fayol define o acto de administrar em cinco pontos: ‐ Prever: visualizar o futuro e traçar o programa de acção; unidade, continuidade, flexibilidade e precisão são os aspectos de um bom plano de acção. ‐ Organizar: constituir um duplo organismo material e social da empresa. ‐ Comandar: dirigir e orientar o pessoal, ou seja, leva a organização a funcionar. ‐Coordenar: ligar, unir, harmonizar todos os actos e todos os esforços colectivos; este ponto sincroniza as coisas e as acções em proporções certas e adapta os meios aos fins. ‐Controlar: verificar que tudo aconteça de acordo com as regras estabelecidas e as ordens dadas, ou seja, o objectivo é localizar as fraquezas no sentido de rectificá‐los e de prevenir a recorrência. Os elementos da Administração que constituem o chamado processo administrativo estão localizados em qualquer trabalho do administrador em qualquer nível ou área de actividade da empresa. No entanto, cada qual no seu nível desempenha actividades de previsão, organização, comando, coordenação e controle, como actividade administrativas essenciais. 1 Fonte: CHIAVENATO, I., (2001). “Teoria Geral da Administração”. Editora Campus, vol. I, pp 93, 94 PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 21 2.2. – A diferença entre administração e organização A palavra administração relaciona‐se muitas vezes com a palavra propriamente dita organização, proporcionando uma certa semelhança entre elas, porém, Fayol faz uma profunda distinção entre ambas as palavras; constata que a administração é todo um e que a organização é uma das partes. Administração corresponde a um conjunto de processos ordenados e unificados, onde abrange aspectos que a organização por si só não envolveria tais como os da previsão, comando e controlo. Organização abrange somente o estabelecimento da estrutura e da forma sendo estática e limitada. A palavra, segundo Fayol, é vista de duas maneiras diferentes; é vista a organização como uma unidade ou entidade social, no qual as pessoas têm um certo contacto e relacionamento para adquirir uma finalidade específica. Neste sentido, a palavra organização corresponde a quaisquer empreendimentos humanos criados intencionalmente para atingir determinadosobjectivos. No entanto, as empresas constituem um exemplo de organização social. Neste ponto de vista, a organização pode, ainda, ser visualizada sob dois aspectos: o da organização formal, isto é, uma organização baseada numa divisão do trabalho racional, na diferenciação e integração dos participantes de acordo com algum critério estabelecido por aqueles que detêm o processo decisório. É geralmente aprovado pela Direcção e comunicada a todos os manuais de organização, de descrições de cargos, de organogramas, de regras e regulamentos. O outro aspecto é o da Organização Informal, ou seja, organização que nasce espontaneamente e naturalmente entre as pessoas que ocupam posição formal e a partir dos PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 22 relacionamentos como ocupantes de cargos. No entanto, emerge a partir das relações de amizade e do grupo informais que não aparecem no organograma ou em qualquer outro documento formal. A outra forma de organização vista por Fayol é a organização como função administrativa que corresponde à parte do processo administrativo (como a previsão, o comando, a coordenação e o controle). Neste sentido, a organização significa o acto de organizar, estruturar, integrar os recursos e os órgãos incumbidos da sua administração e estabelecer relações entre eles e atribuições a cada um deles. 2.3. – A abordagem clássica da administração A Abordagem Clássica da Administração surgiu no séc. XX, é aquela que se desdobra em duas orientações distintas, de certo ponto opostas entre si, e que se completam mutuamente, com relativa coerência. 2A primeira abordagem dá pelo nome de Administração Cientifica. Esta surgiu nos Estados Unidos com Taylor. A preocupação era aumentar a eficiência no nível operacional, mais concretamente no nível dos operários, consequentemente, a ênfase na análise e na divisão do trabalho do operário, pelo facto de que, as tarefas do cargo e do ocupante constituem a unidade essencial da organização. A abordagem da Administração Científica é uma abordagem de baixo para cima (do operário para gerente) e das partes (operários e seus cargos) para todo (organização da fábrica). Prevalecia a atenção para o método de trabalho, para os movimentos essenciais à execução de uma tarefa, para o tempo padrão determinado para a sua realização. O cuidado 2 Fonte: CHIAVENATO, I., (2001). “Teoria Geral da Administração”. Editora Campus, vol. I, p. 53 PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 23 analítico e detalhista permitia a especialização do operário e o reagrupamento de operações, tarefas, cargos, designando‐se por organização racional do trabalho (ORT) A ênfase nas tarefas é a principal característica da Administração Científica. 3A segunda abordagem diz respeito à Teoria Clássica da Administração que foi desenvolvida em França por Henri Fayol. A preocupação era aumentar a eficiência da empresa por meio da forma e disposição dos órgãos componentes da organização (departamentos) e as suas inter‐relações estruturais, daí a ênfase na anatomia (estrutura) e fisiologia (funcionamento) da organização. Neste sentido, a abordagem da Teoria Clássica é de cima para baixo (da direcção para execução) e do todo (organização) para as suas partes componentes (departamentos). Prevalecia a atenção para a estrutura organizacional e com os elementos da Administração, com os princípios gerais da Administração e com a departamentalização. A síntese e a visão global possibilitavam o melhor modo de subdividir a empresa sob a centralização de um chefe principal. A sua característica principal corresponde à ênfase na estrutura. 3 Fonte: CHIAVENATO, I., (2001). “Teoria Geral da Administração”. Editora Campus, vol. I, pp. 53, 54 PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 24 2.4 – Teoria da Administração 4Os autores clássicos aspiraram em criar uma teoria da administração baseada numa divisão de trabalho, especialização, coordenação e actividade de linha staff. São elas: ‐ Administração como ciência que consiste em substituir o empirismo e a improvisação por técnicas científicas, portanto, Fayol consta que é necessário um ensino organizado e metódico da administração para formar administradores competentes. ‐ Teoria da Administração, ou seja, a estrutura deve ser vista como órgãos e cargos com uma forma e disposições das partes e com um forte inter‐relacionamento entre essas partes. A estrutura organizacional constitui uma cadeia de comando, pelo qual, estabelece uma linha de autoridade que interliga as posições da organização e define quem subordina a quem, na medida em que cada empregado deve se reportar a um superior. ‐ Divisão do trabalho e da especialização, isto é, a organização caracteriza‐se por ser uma divisão de trabalho claramente definida. A divisão do trabalho faz com que haja uma especialização e diferenciação das tarefas. Afins de tornar a organização mais eficiente do que aqueles que possuíam uma pouca divisão do trabalho. A teoria Clássica afirma que a divisão do trabalho pode ser consumado em duas direcções; verticalmente, isto é, seguindo os níveis de autoridade e responsabilidade, ou seja, segundo o principio escalar. Esta aumenta na medida que se ascende na hierarquia da organização; e horizontalmente, ou seja, a divisão é feita segundo as diferentes tarefas desempenhadas na organização. A divisão é feita por cada departamento ou secção (a partir da especialização ou no princípio de homogeneidade). 4 Fonte: CHIAVENATO, I., (2001). “Teoria Geral da Administração”. Editora Campus, vol. I pp 96, 98 PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 25 5‐ Coordenação, tal, para Fayol, a coordenação é a reunião, a unificação e a harmonização de toda a actividade e esforço. A coordenação deve ser baseada numa real comunhão de interesse, crente de que há um alvo ou objectivo a alcançar. ‐ Linha e de Staff, onde, a Teoria Clássica cria uma mera organização linear, constituindo um tipo simples de organização. Porém, A organização baseia‐se nos seguintes princípios: Unidade de Comando ou Supervisão Única, onde cada pessoa tem apenas um único e exclusivo chefe; Unidade de Direcção, na qual, todos os planos devem entregar‐se a planos maiores que conduzam aos objectivos da organização; Centralização da Autoridade, onde, toda a autoridade máxima de uma organização deve estar concentrada no seu topo; Cadeia Escalar, na qual, a autoridade deve estar em hierarquia, isto é, em escalões hierárquicos, de modo que os níveis mais baixos sejam subordinados por níveis hierárquicos superiores; Em suma, os autores Clássicos determinam dois tipos de autoridade: Linha, ou seja, a autoridade de linha é a forma de autoridade que os gerentes têm o poder formal de dirigir e controlar os subordinados imediatos. Staff, isto é, a autoridade de Staff consiste na autoridade atribuída aos especialistas de staff em suas áreas de actuação e de prestação de serviços. A autoridade de staff é mais estreita e inclui o direito de aconselhar, recomendar e orientar. Os especialistas de staff aconselhamos gerentes nas suas áreas de especialidade. 5 Fonte: CHIAVENATO, I., (2001). “Teoria Geral da Administração”. Editora Campus, vol. I pp 98, 99 PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 26 2.5 – Origem da teoria clássica da administração 6A administração remonta aos primórdios da civilização, mas foi com a 1ª Revolução Industrial que a administração se foi desenvolvendo na medida em que as grandes fábricas surgem e em que os governos se organizam. Assim, a Teoria Clássica da Administração surge com especial importância no início do século XX, no quadro da 2ª Revolução Industrial. Esta Teoria surgiu, mais precisamente, em França no ano de 1916, idealizada por Henri Fayol. Caracterizando‐se pela ênfase na estrutura que a organização deve possuir para ser eficiente. A 1ª Revolução Industrial inicia‐se na Inglaterra em 1769 coma mecanização da indústria têxtil e ganha maior vigor com a descoberta da máquina a vapor em 1776, o que vai produzir um enorme desenvolvimento nos transportes terrestres e marítimos e uma verdadeira mudança nas fábricas, substituindo a mão‐de‐obra por máquinas fabris; assim com esta revolução, multiplicaram‐se o número das fábricas como também o seu tamanho e ainda a quantidade dos produtos. Com a 2ª Revolução Industrial surge a energia eléctrica e o uso de combustíveis de petróleo, o que permitiu a criação e o funcionamento de grandes organizações empresariais. 6 Fonte: CHIAVENATO, I., (2001). “Teoria Geral da Administração”. Editora Campus, vol. I, pp 54, 55 PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 27 2.6 – A obra de fayol 7Henri Fayol (1841‐1955), fundador da Teoria Clássica, nasceu em Constantinopla e faleceu em Paris, vivendo a Revolução Industrial e mais tarde a I Guerra Mundial. Henri Fayol formou‐se em engenharia de minas aos 19 anos e entrou para uma empresa metalúrgica e carbonífera onde desenvolveu toda a sua carreira. Aos 25 anos foi nomeado gerente das minas e aos 47 anos assumiu a gerência geral da “Compagnie Commantry Fourchambault et Decazeville”, que então se achava em situação difícil. Em 1918 transmitiu a empresa ao seu sucessor, dentro de uma situação de notável estabilidade. Fayol expôs a sua Teoria de Administração através do seu famoso livro “ Administration Industrielle et Généralle”, publicado em Paris em 1916, traduzido em 1926 em inglês e alemão por iniciativa do “International Management Institute” de Genebra; e para português em 1950 pela Editora Atlas de São Paulo. Os trabalhos de Fayol empregaram nos seus últimos anos de vida a tarefa de demonstrar que, com a previsão científica e os métodos adequados de gerência, os resultados satisfatórios eram inevitáveis. Assim como nos Estados Unidos, a Taylor Society foi fundada para divulgação e desenvolvimento da obra de Taylor; na França o ensino e o desenvolvimento da obra de Fayol deram motivo à fundação do Centro de Estudos Administrativos. A administração era uma competência que podia ser ensinada, daí ter considerado como prioritário a formulação de uma teoria de administração. Assim, vai procurar criar uma ciência de administração, que orientasse a actividade do gestor. 7 Fonte: MONTEIRO, M., QUEIRÓS, I. “Psicossociologia” Porto Editora. p 56 PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 28 2.7. – Teoria clássica da administração 8A Teoria Clássica da Administração surgiu em França no ano de 1916, idealizada por Henri Fayol. Caracterizando‐se pela ênfase na estrutura que a organização deve possuir para ser eficiente. A Teoria Clássica parte do todo de uma organização e da sua estrutura para garantir a sua eficiência por todas as partes envolvidas, sejam elas órgãos( secções, departamentos etc.) ou pessoas. A abordagem exaustiva e ao mínimo pormenor, a nível individual de cada operário com relação à tarefa é ampliada ao nível da organização como um todo em relação à sua estrutura organizacional. Henri Fayol, fundador da Teoria Clássica da Administração, partiu de uma abordagem sintética, global e universal da empresa, inaugurando uma abordagem adaptada e estrutural que rapidamente ultrapassou a abordagem analítica e concreta de Taylor (individualista). 2.7.1. – As funções básicas da Empresa 9A partir da análise do funcionamento de várias empresas que Fayol procurou identificar as suas principais características funcionais. Recai a sua atenção sobre a estrutura das empresas, as suas componentes. Segundo Fayol, numa empresa poder‐se‐iam distinguir seis funções; estas seriam necessárias para o funcionamento da empresa em questão, embora com características específicas, desenvolvendo‐se de forma integrada. As funções são: 8 Fonte: CHIAVENATO, I., (2001). “Teoria Geral da Administração”. Editora Campus, vol. I, pp 91, 92 9 Fonte: MONTEIRO, M., QUEIRÓS, I. “Psicossociologia” Porto Editora. p 56 PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 29 ‐ Funções técnicas, relacionadas com a produção de bens ou de serviços da empresa. O peso destas funções numa empresa depende da sua área de actividade; ‐ Funções comerciais, relacionadas com a compra, venda e permutação. São as funções comerciais que estão na base da compra de matérias‐primas, de matérias necessárias para a produção, da venda dos bens transformados produzidos pela empresa; ‐ Funções financeiras, relacionadas com a obtenção e aplicação de capitais. As empresas para assegurarem o seu funcionamento têm que gerir os seus investimentos, créditos e outras actividades financeiras; estas funções estão, normalmente, nas mãos de especialistas; ‐ Funções de segurança, relacionadas com a protecção e preservação dos bens e das pessoas. Incêndios, roubos, catástrofes naturais são situações que podem ocorrer e para as quais é necessário assegurar formas de proteger bens e pessoas; ‐ Funções contabilísticas, relacionadas com os inventários, registos, balanços, custos e estatísticas. Estas funções exigem a intervenção de técnicos especializados que devem assegurar uma informação e orientação adequadas para que os gestores possam tomar decisões; ‐ Funções administrativas, relacionadas com a integração das outras cinco funções. As funções administrativas coordenam e sincronizam as restantes funções da empresa, permanecendo sempre acima delas. Fayol vai dar uma grande importância a esta actividade até então menos valorizada. As áreas de acção que definem as funções básicas da administração10 são: Previsão: implica uma avaliação do futuro que permita o estabelecimento de uma orientação da acção da empresa no sentido de se atingirem os objectivos. Na função de 10 Fonte: MONTEIRO, M., QUEIRÓS, I. “Psicossociologia” Porto Editora. p 59 PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 30 previsão são envolvidas as diferentes dimensões da empresa como a técnica, comercial, financeira. Organização: visa mobilizar os recursos materiais e humanos para a consecução dos planos e objectivos da empresa. A organização funda‐se na estrutura que define a linha de comando, a hierarquia, em que as responsabilidades estão claramente definidas. Comando: visa a direcção dos trabalhadores. Definida a estrutura da organização cabe a cada chefe de sector, de unidade de produção, exercer o comando junto dos trabalhadores que dele dependem. Coordenação: deve‐se por em ordem todos os meios e actos da empresa, significa assegurar que os recursos e actividades da organização são os mais adequados para atingir os objectivos definidos. Controlo: consiste em fazer o acompanhamento da concretização dos planos, identificando os erros para os poder rectificar. O controlo implica verificar se o programa adoptado pela empresa está a ser concretizado, se a cadeia de comando é respeitada e se há coordenação. Nenhuma das seis funções essências da empresa possui o encargo de formular o programa de acção geral da empresa, de constituir o seu corpo social, de coordenar os esforços e de harmonizar os actos. No entanto, essas atribuições não fazem parte da função técnica, nem comercial, ou da financeira, da segurança, nem de contabilidade. Portanto, Fayol alega que elas constituem uma outra função, chamada habitualmente pelo nome de Administração. PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 31 AS OPERAÇÕES DE UMA EMPRESA Actividades Técnicas Actividades Comerciais Actividades Financeiras Actividades Contabilísticas Actividades Contabilísticas Actividades Administrativas Previsão Organização Comando Coordenação Controlo PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 32 2.8. – Proporcionalidade das funções administrativas 11A função administrativa não se concentra exclusivamente no topo da empresa, nem é um privilégio dos directores, porém é distribuído proporcionalmente entre todos os níveis hierárquicos. A medida que se desce na escala hierárquica, mais aumenta a extensão e volume das funções administrativas. Portanto, existe uma proporcionalidade da função administrativa que se deve repartir por todos os níveis hierárquicos. Em qualquer empresa, a capacidade essencial das pessoas situa‐nos nos níveis mais baixos da hierarquia vertical, isto é, a capacidade proporcional característica da empresa; e a capacidade essencial dos grandes chefes consiste, essencialmente, na capacidade administrativa de uma organização. Fayol constata as seguintes conclusões a cerca da administração: ‐ A capacidade principal de um operário é a capacidade Técnica; ‐ A capacidade administrativa aumenta a medida que se ascenda na escala hierárquica, enquanto que a da capacidade técnica diminui; ‐ A capacidade principal do director é a capacidade administrativa. Quanto mais elevado for o nível hierárquico do director, mais será a capacidade dominante. ‐ A capacidade comercial, financeira, de segurança e contabilidade têm máxima importância para os agentes do grau mais alto na hierarquia organizacional. À importância relativa dessas capacidades, no valor de cada categoria de agentes, diminui e tende a nivelar‐ se; 11 Fonte: MONTEIRO, M., QUEIRÓS, I. “Psicossociologia” Porto Editora. 11 proporcionalidade da função Administrativa nos diferentes níveis hierárquicos da empresa. PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 33 ‐ A partir do 4º ou 5º grau hierárquico, o coeficiente aumenta à custa das outras funções que diminuem. Níveis hierárquicos Mais alta Mais baixos 2.9 – Princípios gerais de administração para fayol Segundo Fayol, a Administração deve ser baseada em leis ou em princípios, como qualquer ciência é inadmissível sem o seu método, a Administração corresponde a uma ciência. Porém, Fayol, concedeu‐lhe um método e designou de “Princípios Gerais”, afastando dela qualquer ideia de rigidez, aferindo que deve ser maleáveis e adapta a qualquer circunstância, tempo ou lugar. Segundo Fayol, a Administração divide‐se em 14 Princípios Gerais12: ‐ Divisão do Trabalho: as tarefas devem ser divididas e os funcionários devem especializar‐se num número limitado de tarefas. ‐ Autoridade e Responsabilidade: é importante o direito de dar ordens e o poder de esperar a obediência, a responsabilidade é uma consequência natural da autoridade e significa 12 Fonte: CHIAVENATO, I., (2001). “Teoria Geral da Administração”. Editora Campus, vol. I pp 95, 96 Funções Administrativas: ‐ Preservar ‐ Organizar Outras Funções ‐ Comandar ‐ Coordenar Não‐Administrativas ‐ Controlar PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 34 o dever de prestar contas. A autoridade deve ser acompanhada da responsabilidade correspondente. ‐ Disciplina: é essencial para que a organização funciona bem, dependa da obediência, aplicação, energia, comportamento e respeito aos acordos estabelecidos. ‐ Unidade de Comando: cada pessoa deve receber ordens de um único superior. É o princípio da autoridade única. ‐ Unidade de Direcção: toda actividade deve ser direccionada para um único objectivo pois devem ser coordenadas por um único plano e por um único responsável. ‐ Subordinação dos Interesses Individuais aos Gerais: os interesses gerais da empresa devem sobrepor‐se aos interesses individuais das pessoas. ‐ Remuneração do pessoal: dever haver uma garantida satisfação dos empregados e para a organização em termos de retribuição. ‐ Centralização: concentração da autoridade no topo da hierarquia da organização. ‐ Cadeia escolar: a comunicação deve circular seguindo a linha de autoridade que vai do topo para a base da organização. Deve, também, existir uma comunicação lateral entre os que ocupam posições equivalentes em vários departamentos para que os superiores se mantenham informados. ‐ Ordem: um lugar adequado para cada coisa e cada coisa em seu lugar. É a ordem material e humana. ‐ Equidade: amabilidade e justiça para alcançar a lealdade do pessoal. ‐ Estabilidade do Pessoal: a rotatividade do pessoal é prejudicial para a eficiência da organização. Quanto mais tempo uma pessoa permanecer no cargo, tanto melhor para a empresa. ‐ Iniciativa: todas as pessoas devem ser estimuladas a ter iniciativa dentro dos limites impostos pela necessidade de autoridade e disciplina. ‐ Espírito: a harmonia e união entre as pessoas devem ser incentivadas para impedir discórdias e divergências. PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 35 2.10. Resumo Faylor O modelo de administração proposto por Fayol serviu de modelo para as organizações durante décadas. Porém, várias críticas13 se apontaram à Teoria Clássica da Administração. Tais como, a inexistência de fundamentação científica das concepções, pois não existem fundamentos experimentais, nem dos seus métodos nem das suas técnicas, pois os princípios que Fayol apresenta necessitam de investigação e não possuem aplicação prática. Outra das críticas apontadas à Teoria Clássica da Administração, é a sua concepção limitada da organização, pois a Teoria Clássica encara a organização apenas no seu aspecto formal, na sua estrutura, em que, os comportamentos dos indivíduos, relaçõesinterpessoais e conflitos existentes em todas as organizações não são objecto de uma abordagem por parte de Fayol e seus seguidores, pois a organização é reduzida a um esquema lógico, guiado por um conjunto de normas e princípios a serem seguidos pelos administradores em qualquer empresa. A Organização é vista como sistema fechado, sem ter em conta as relações que se estabelece com o exterior e que determinam, por vezes, a sua vida interna. Pois a organização não é uma máquina cujo funcionamento possa ser rigorosamente previsto. Henri Fayol foi o fundador da Teoria Clássica da Administração e expôs a sua Teoria de Administração através do seu famoso livro “ Administration Industrielle et Généralle”. A Teoria Clássica parte do todo de uma organização e da sua estrutura para garantir a sua eficiência por todas as partes envolvidas, sejam elas órgãos( secções, departamentos etc.) ou pessoas. 13 Fonte: MONTEIRO, M., QUEIRÓS, I. “Psicossociologia” Porto Editora p 71 PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 36 Fayol procurou identificar as suas principais características funcionais. Recai a sua atenção sobre a estrutura das empresas, as suas componentes. A função administrativa não se concentra exclusivamente no topo da empresa, nem é um privilégio dos directores, porém é distribuído proporcionalmente entre todos os níveis hierárquicos. Segundo Fayol, a Administração deve ser baseada em leis ou em princípios, como qualquer ciência é inadmissível sem o seu método, a Administração corresponde a uma ciência. O modelo de administração proposto por Fayol serviu de modelo para as organizações durante décadas. Porém, várias críticas se apontaram à Teoria Clássica da Administração. PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 37 3. ‐ MAYO 3.1. Contextualização histórica da escola humanística da administração ou teoria das relações humanas A Escola das Relações Humanas foi posterior a uma outra escola – a Escola Clássica – e, para uma melhor compreensão acerca dos parâmetros da Escola das Relações Humanas é importante verificar alguns aspectos da sua antecessora. Segundo o autor Tragtenberg, a Escola Clássica surgiu graças á combinação entre a racionalização do trabalho na empresa com as estruturas administrativas. Esta teoria tinha uma certa particularidade, pois pretendia que os funcionários trabalhassem num ambiente “pesado”, ou seja, estes eram submetidos a mecanismos de punição para deste modo não se verificarem atritos no local de trabalho. Os “pais” da Escola Clássica pretendiam criar um capitalismo monopolista, daí necessitarem da força dos seus trabalhadores mais do que nunca. (Os empregados faziam parte integrante da máquina). Dada a situação de exploração da força dos laboriosos, estes deram início a muitas rebeliões/manifestações para mostrarem o seu desagrado para com e entidade patronal. Devido a isso, por volta dos anos 20 surge nos Estados Unidos da América a Escola das Relações Humanas que pretendia o enquadramento dos instintos humanos, através da socialização, daí centrar – se na concepção do “homo social”. 3.2. Origens da teoria das relações humanas A Teoria das Relações Humanas surgiu devido a quatro factores: Necessidade de humanizar e democratizar a Administração – Deixou – se a Teoria Clássica para deste modo os trabalhadores adoptarem novos padrões de vida; Desenvolvimento das Ciências Humanas – Estas ciências provocaram mudanças intelectuais nas pessoas; PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 38 3.3. ‐ Breve abordagem biográfica de elton mayo Para uma melhor compreensão acerca do que foi a Escola das Relações Humanas, é importante ter conhecimento de alguns aspectos biográficos do seu criador – Elton Mayo. Elton Mayo nasceu em 1880 na Austrália, vindo – se a formar em Antropologia e Medicina; mais tarde leccionou na Universidade de Harvard. Fez inúmeras pesquisas, contudo o tema em que mais se centrou foi a maneira como os trabalhadores se relacionavam entre si e como a satisfação dos laboriosos se reflectia na produtividade. Este estudioso considerava que inovação tecnológica e industrial do século XIX não causou grandes modificações no âmbito laboral. Após tanto estudo, investigação e trabalho faleceu no ano de 1948. 3.4. ‐ Princípios da escola das relações humanas Segundo alguns autores os princípios da escola criada por Elton Mayo eram os seguintes: “ Tentando reagir ao tradicionalismo da organização científica do trabalho, que considerava o homem de um ponto de vista atomístico e simplista, como apêndice da máquina ou mero ocupante de um cargo na hierarquia, surgiu, nos anos 20, a partir das experiências de Elton Mayo, a escola das relações humanas. A nova teoria deu ênfase ao homem e ao clima psicológico de trabalho, enfatizando a necessidade do trabalhador pertencer a um grupo. Considerou principalmente as expectativas dos trabalhadores, a organização e a liderança informais e a rede não convencional de comunicações”. (Chiavenato apud Proença, 1993) “A Escola das Relações Humanas desenvolve uma abordagem mecanista, a exemplo de Taylor que considerava o homem uma engrenagem da organização. Mas com ela, é o grupo que torna – se a engrenagem essencial do funcionamento dos sistemas. É possível conhecer cientificamente seus mecanismos para agir em um sentido favorável á produção. Considerava o individuo e o grupo como um PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 39 elemento de um conjunto, que precisaria ser conhecido, mas ao qual não era conferido nenhum tipo de decisão:” (Proença, 1993) Deste modo depreende – se que a Escola das Relações Humanas colocava na motivação a possibilidade do homem trabalhar pela organização, por isso era necessário que ele conhecesse o objectivo da organização para a qual trabalhava e o melhor era que podia participar na tomada de decisões, contudo a participação tinha limitações. Para esta escola os problemas organizacionais não são causados socialmente, mas sim, são provocados pelos desajustes das estruturas individuais. Os atritos não são reconhecidos, por isso não se verificam interesses contrapostos, o resultado seria deste modo uma diminuição do poder hierárquico incompatível com a burocracia administrativa. Em suma, poderá afirmar – se que a Escola das Relações Humanas pretendia: Um movimento de oposição á desumanização do trabalho; O indivíduo passa a ser considerado um todo, deixa de ser visto como parte integrante da máquina; Á escola das relações humanas importa a satisfação humana para se assegurar a produtividade; Visão organizacional informal. 3.5. ‐ A experiência de Hawthorne No ano de 1927 iniciou – se uma experiência na fábrica Wester Electric Company, no bairro de Hawthorne em Chicago coordenada por Elton Mayo. Este estudo visava verificar qual a relação entre a iluminação e a eficiência dos laboriosos, medida por meio da produção. A empresa pretendia conhecer mais profundamente os seus empregados e não estava interessada em aumentar a produção. PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 40 Numa fase inicial investigou – se como o efeitoda iluminação influenciava os rendimentos dos operários. Através desta investigação um facto que surgiu foi o factor psicológico, ou seja, os trabalhadores pensavam que eram obrigados a produzir mais quando a intensidade da luz era maior, e por sua vez, quando a intensidade era menor pressupunham uma menos produção. Desse modo depreendeu – se que a eficiência dos operários era afectada por condições psicológicas. Numa segunda fase foram escolhidas seis operárias que constituíram o grupo de observação. Neste grupo estava também explícito o factor psicológico, pois havia um ambiente agradável de trabalho (já que era permitido falar entre as operárias); não havia medo do supervisor; criaram –se laços de amizade entre elas, o que deu origem a uma equipa e por fim verificou – se que as operárias estabeleceram objectivos comuns com o intuito de aumentar a produção. Após o estudo realizado com as funcionárias, os investigadores pensaram em centrar o seu estudo nas relações humanas no trabalho Mais tarde deu – se início a um programa de entrevistas do qual ressaltaria que a empresa era uma organização informal. 3.5.1. Conclusões da experiência de Hawthorne Através da investigação que foi efectuada na fábrica de Hawthorne chegou – se ás seguintes conclusões: a) O nível de produção é ocasionado pela integração social e não pela capacidade física dos operários; b) O empregado não reage como indivíduo isolado, mas sim como elemento de um grupo social; c) A empresa passou a ser vista como um conjunto de grupos informais, contudo a sua estrutura poderá não coincidir com a organização formal; d) As emoções e até mesmo os actos irracionais passam a receber uma maior atenção; e) Os empregados são motivados pela necessidade de reconhecimento, de aprovação social e de participação nas actividades dos grupos sociais. PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 41 As conclusões apresentadas por Elton Mayo (no livro: “The Human problems of na industrial civilization”, publicado em 1933): “ Em essência Mayo diz que o desempenho das pessoas depende muito menos dos métodos de trabalho, segundo a visão da administração científica, dos que dos factores emocionais ou comportamentais. Destes, os mais poderosos são aqueles decorrentes da participação do trabalhador em grupos sociais. A fábrica deveria ser vista como um sistema social, não apenas económico ou industrial, para a melhor compreensão do seu funcionamento e de sua eficácia.” (MAXIMIANO, 2002,p. 238) Assim sendo, a organização industrial passou a considerar duas funções básicas: a função económica e a função social. A Administração passou a utilizar novas palavras e a dar importância aos seus significados: motivação, liderança, comunicações, organização informal e dinâmica de grupo. ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL Função económica: produção de bens e serviços Função social: distribuição de satisfações entre os participantes Equilíbrio interno Equilíbrio externo Funções básicas da organização segundo Roethlisberger e Dickson (Fonte: CHIAVENATO, 1983, p. 109) PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 42 3.5.2. A Teoria Clássica versus a Teoria das Relações Seguidamente irão confrontar‐se as características da Escola Clássica (Teoria Clássica) com as características da Escola das Relações Humanas (Teoria das Relações), a saber: TEORIA CLÁSSICA TEORIA DAS RELAÇÕES Trata a organização como uma máquina Trata a organização como um grupo de pessoas Enfatiza as tarefas ou a tecnologia Enfatiza as pessoas Inspirada em sistemas de engenharia Inspirada em sistemas de psicologia Autoridade centralizada Delegação plena de autoridade Linhas clara de autoridade Autonomia do empregado Especialização e competência técnica Confiança e abertura Acentuada divisão do trabalho Ênfase nas relações humanas entre as pessoas Confiança nas regras e nos regulamentos Confiança nas pessoas Clara separação entre linha e o staff Dinâmica grupal e interpessoal (Fonte:http://www.professorcezar.adm.br/Textos/Escola%20das%20Relacoes%20Humanas.doc) PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 43 3.6. Consequências da experiência de hawthorne Após o estudo levado a cabo pela Escola das Relações Humanas, surgem novos termos na organização, tais como: Motivação, Liderança, Comunicação, Organização Informal e Dinâmica de Grupo, bem como se assiste a muitas alterações na estrutura organizativa pois o técnico e o engenheiro são substituídos pelo psicólogo ou pelo sociólogo e a felicidade/bem‐ estar do operário passa a ser uma constante nesta nova “filosofia laboral”. 3.6.1. Motivação É a pressão que leva o indivíduo a alguma forma de comportamento visando a satisfação de uma ou mais necessidades. A compreensão da motivação do comportamento humano exige o conhecimento das necessidades humanas fundamentais, deste modo as necessidades humanas fundamentais são: 1. Necessidades fisiológicas – estas necessidades são vitais, pois correspondem à alimentação, sono, actividade física, satisfação sexual e à segurança. 2. Necessidades psicológicas – são exclusivamente humanas; são apreendidas ao longo da vida e representam um padrão mais complexo de necessidades; são raramente satisfeitas. 3. Necessidade de auto – realização – são o resultado da educação e cultura adquiridas, são raramente satisfeitas na sua plenitude, pois o ser humano procura maiores satisfações e estabelece metas para concretizar os seus desejos. É o impulso de cada um realizar o seu próprio potencial, de estar em contínuo auto desenvolvimento no sentido mais elevado do termo. A experiência de Hawthorne veio demonstrar que o pagamento, ou recompensa salarial, não é o único factor decisivo na satisfação do trabalhador. O operário é motivado por recompensas sociais ou simbólicas e não materiais. PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 44 Lider Lider Subord. Subord. 3.6.2. Liderança Conduzir as pessoas rumo ao objectivo, utilizando a comunicação e as questões motivadoras. O administrador precisa conhecer a motivação humana e saber conduzir as pessoas, isto é, liderar. 3.6.2.1 Tipologias de liderança Na liderança autocrática o líder é quem define e impõe; por sua vez, na liderança democrática o grupo é quem decide; finalmente na liderança de índole liberal chega‐se a um consenso grupal sem ou com um mínimo de participação do líder. Na Experiência de Hawthorne, verificou‐se a existência de líderes informais que pretendiam o cumprimento das normas bem como pretendiam que os objectivos fossem levados a cabo, o que sem sombra de dúvidas ajudaria os operários a actuarem como um grupo social e coeso. AUTOCRÁTICA DEMOCRÁTICA LIBERAL Ênfase no líder Ênfase no líder e no subordinado Ênfase nos subordinados Lider Subord. PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 45 3.6.2.2. teorias da liderança As teorias acerca da liderança podem ser classificadas em três grupos: Teoria de traços de personalidade; Teoria sobre estilos de liderança; Teoria situacional da liderança. Teoria de traços de personalidade – Segundo esta teoria, o líder é aquele que possui alguns traços específicos de personalidade que o distinguem das outras pessoas. O líderapresenta características marcantes de personalidade através dos quais pode influenciar o comportamento das demais pessoas. Os traços mais comuns são: 1. Traços físicos: energia, aparência e peso. 2. Traços intelectuais: adaptabilidade, agressividade, entusiasmo e autoconfiança. 3. Traços sociais: cooperação, habilidades interpessoais e habilidade administrativa 4. Traços relacionados com a tarefa: impulso de realização, persistência e iniciativa. Teoria sobre estilos de liderança – esta teoria estuda os estilos de comportamento do líder em relação aos seus subordinados, ou seja, estuda aquilo que o líder faz, qual o seu estilo de comportamento para liderar. Teoria situacional da liderança – esta teoria tem como finalidade explicar a liderança dentro de um contexto. Segundo esta tipologia, não há um único estilo de liderança, pois cada tipo de situação exige uma liderança distinta para se atingir a eficácia dos subordinados. PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 46 3.6.3. ‐ Comunicação Comunicar é oferecer a informação e a compreensão necessárias para a realização das tarefas, visando a obtenção da cooperação e motivação. Os subordinados devem receber continuamente dos superiores um fluxo de comunicações capaz de suprir‐lhes as necessidades. Por outro lado, os superiores devem receber dos subordinados um fluxo de comunicações capaz de lhes oferecer uma ideia adequada do que está a acontecer. No que toca à Comunicação, esta criou uma pressão sensível sobre a Administração no sentido de modificar as habituais maneiras de dirigir as organizações. O enfoque das relações humanas adquiriu certa imagem popular cujo efeito levou os administradores a: Assegurar a participação dos escalões inferiores na solução dos problemas da empresa. Incentivar a confiança entre os indivíduos e os grupos nas empresas. 3.6.3.1. Funcionalidades da comunicação A comunicação tem dois objectivos: Proporcionar informação e compreensão necessárias para que as pessoas se possam conduzir nas suas tarefas. Proporcionar as atitudes necessárias que promovam motivação, cooperação e satisfação no cargo. Sem sombra de dúvidas que a comunicação é a componente mais importante da Teoria das Relações Humanas, pois sem a comunicação não se chega a lugar algum. 3.6.2.3. Redes de comunicação A rede de comunicação visa esclarecer quem supostamente fala com quem. Funciona como uma constelação de canais de comunicação através dos quais a informação flúi num grupo ou numa organização. PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 47 3.7. ‐ Organização formal e informal Organização formal a empresa com os seus cargos, tarefas, hierarquia, relações funcionais e departamentos. Organização informal origina‐se da necessidade dos indivíduos de conviverem com outros seres humanos, o que ocorre naturalmente, através de identificação de interesses entre os participantes. Encontramos amizades e antagonismos, indivíduos que se identificam com outros, grupos que se afastam de outros e uma grande variedade de relações no trabalho ou fora dele e que constituem a chamada organização informal. 3.8. ‐ Dinâmica de grupo Escola fundada por Kurt Lewin que desenvolveu uma proposição geral de que o comportamento, as atitudes, as crenças e os valores do individuo se baseiam nos grupos aos quais pertence. Dinâmica de grupo é a soma de interesses dos componentes do grupo, que pode ser activada através de estímulos e motivações, no sentido de maior harmonia e aumento do relacionamento. As relações existentes entre os membros de um grupo recebem o nome de relações intrínsecas. O chefe deve estar atento às relações entre os componentes do grupo, deve procurar desenvolver o sentido de equipa, estimulando os seus elementos ao respeito e à estima recíprocos. As reuniões periódicas, as palestras, as conversas informais com os componentes do grupo colaboram para que estes resultados sejam alcançados. PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 48 Segundo esta escola, os grupos podem participar no processo de mudança em pelo menos três perspectivas diferentes: 1. O grupo como instrumento de mudança, nesta perspectiva, o grupo aparece como fonte de influência sobre seus membros. Os esforços para mudar o comportamento podem encontrar apoio ou resistência do grupo sobre os seus membros. 2. O grupo como meta de mudança, nesta perspectiva, para mudar o comportamento dos indivíduos, pode‐se tornar necessário mudar os padrões do grupo, o seu estilo de liderança, o seu ambiente emotivo etc. Muito embora a finalidade possa ser a mudança do comportamento de indivíduos, o grupo torna‐se a meta da mudança. 3. O grupo como agente de mudança. Certas mudanças de comportamento podem ser provocadas somente através de esforços organizacionais de grupos que actuam com agentes de mudança. (Fonte:http://www.professorcezar.adm.br/Textos/Escola%20das%20Relacoes%20Humanas.doc) Deste modo e segundo a teoria de Campo de Kurt Lewin depreende‐se que o comportamento de uma pessoa não depende somente de suas experiências passadas ou do futuro mas também do campo dinâmico : “o espaço de vida que contém a pessoa e o seu ambiente psicológico”. 3.9. ‐ Críticas à teoria das relações das humanas Após ter permanecido algum tempo na vida de muitas empresas, a teoria das relações humanas foi perdendo consistência ao longo do anos, por isso foi de certo modo criticada por alguns autores: Oposição cerrada à Teoria Clássica; Inadequada visualização dos problemas das relações industriais; Concepção ingénua e romântica do operário; Limitação do campo experimental; Parcialidade das conclusões; PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 49 Ênfase nos grupos informais; Enfoque manipulativo das relações humanas. 3.10. Resumo Mayo Conclui‐se que as relações humanas são muito importantes numa organização. Para a Teoria das Relações Humanas o factor humano e os factores sociais ocupam um lugar central numa organização, sendo assim muito importantes para o crescimento desta. O comportamento do indivíduo depende, fundamentalmente do grupo onde se encontra integrado e a sua integração social e a teia de relações desenvolvidas são elementos fundamentais o para a produtividade da empresa Com as conclusões iniciais tomadas a partir da Experiência de Hawthorne, conclui‐se que a integração social e comportamento social dos empregados, as necessidades psicológicas e sociais e a atenção para novas formas de recompensa e sanções não‐materiais, o estudo de grupos informais e da chamada organização formal, o despertar para as relações humanas dentro das organizações, a ênfase nos aspectos emocionais e não‐racionais do comportamento das pessoas, a importância do conteúdo dos cargos e tarefas para as pessoas são variáveis que as empresas cada vez mais inserem no seu trabalho diário para que com o bem‐estar e motivação de todos se possa unir num só objectivo em torno do desenvolvimento e maior produtividade da empresa. PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 50 4. MAX WEBER 4.1. Enquadramento teórico 4.1.1. A vida de Max Weber14 Max Weber foi um intelectual e sociólogo alemão. Era o filho mais velho dos sete de Max Weber e sua mulher Helene Fallenstein.O seu pai era protestante com uma figura autocrata. A sua mãe Helene era uma calvinista e tinha sido uma confederada francesa, cuja família fugira da perseguição na França. Weber foi um dos modernos fundadores da Sociologia. Nasceu a 21 de Abril de 1864 em Erfurt na Alemanha. De 1882 a 1886 possui habilitações a nível de Estudos de Direito, Economia Nacional, Filosofia e História; Em 1889 tira o Doutoramento em Direito; Em 1892 adquire habilitações em direito canónico romano e direito comercial; Em 1893 obteve uma posição temporária de livre‐docente na Universidade de Berlim; Em 1894 foi procurado pela Universidade de Freiburg im Breisgau para ser professor da cadeira de Economia Nacional; Em 1897 foi professor de Economia Nacional na Universidade de Heidelberg; Em 1898 abandona o trabalho académico devido a um colapso nervoso, sendo internado periodicamente até 1903; Em 1904 volta à actividade profissional, tendo como actividade redactorial num jornal alemão que se tornou líder da ciência social alemã. Em 1905 faz uma viagem aos EUA onde pronuncia conferências e recolhe material para a continuação de “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”; Em 1907 fica livre de quaisquer preocupação financeira pois recebe uma herança; Em 1909 é co‐fundador da Sociedade Alemã de Sociologia; Em 1914 inscreveu‐se como voluntário no exército; em 1915 muda de ideias tornando‐se pacifista; Em 1918 é co‐fundador do partido democrático alemão; Em 1919 é convocado como conselheiro para a delegação alemã na conferência do Tratado de 14 Chiavenato, Idalberto (2001) “Manual de Psicossociologia das Organizações” Editora Mc Graw Hill, Volume 2, 5ª edição, p.19 PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 51 Versalhes, sendo neste ano também convocado para a Universidade de Munique como professor de economia nacional; Com elevada importância surge‐nos a obra que Weber escreveu, “Ética protestante e o Espírito do Capitalismo”, sendo esta complexa e profunda, constitui um momento da compreensão dos fenómenos históricos e sociais caracterizando‐se o pensamento de Weber pela crítica ao materialismo histórico que dogmatiza as formas de produção e de trabalho. Esta obra é um ensaio fundamental sobre as religiões e uma grande afluência para os seus seguidores (Ernest Gellner e David Landes). Subjacente está também a realidade económica da Alemanha do princípio do século XX, assim como, o ensaio de Weber sobre a política como vocação, Weber decreta ali a definição de Estado que se tornou essencial no pensamento da sociedade ocidental. Sendo este também conhecido pelo seu estudo da burocratização da sociedade. No seu trabalho, Weber delineia a famosa descrição da burocratização como uma mudança da organização baseada em valores e acção (a chamada autoridade tradicional) para uma organização orientada para os objectivos e acção. Max Weber faleceu de pneumonia em Munique, Alemanha, a 14 de Junho de 1920. 4.1.2 Algumas considerações Para uma melhor compreensão do assunto abordado neste trabalho e o surgimento de uma nova teoria em substituição a outras, existe a necessidade de serem referidas as seguintes definições: Entende‐se por Teoria Burocrática uma forma de organização humana que se baseia na racionalidade, isto é, na adequação dos meios aos objectivos (fins) pretendidos, a fim de garantir a máxima eficiência possível no alcance desses objectivos. A administração designa‐se pelo desempenho de tarefas de direcção dos assuntos de um grupo. Tem como objectivos / funções planear, gerir, controlar supervisionar e dirigir organizações a fim de criar maior produtividade e lucros. A Teoria Clássica caracteriza‐se pelo ênfase na estrutura organizacional, pela visão do homem económico e pela busca da máxima eficiência; Por sua vez, a Teoria das Relações PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 52 Humanas: corrente administrativa que enfatizava as pessoas, os grupos e a organização informal em contraposição aos pressupostos formais da Teoria Clássica. 4.1.3 A Teoria Burocrática 15 A partir da década de 40 surgiu a necessidade de criar uma teoria organizacional que fosse sólida e abrangente, neste sentido alguns estudiosos buscaram obras de um economicista e sociólogo, sendo este o estudioso Max Weber. Surge‐nos assim a Teoria da Burocracia na administração. Esta Teoria tem necessidade de aparecer devido à fragilidade e parcialidade tanto da Teoria Clássica como da Teoria das Relações Humanas, pois ambas têm pontos de vista extremistas e incompletos sobre as organizações, quer a nível estrutural, quer a nível dos participantes da organização. Também a necessidade de um modelo de organização racional levou à busca de uma nova Teoria, capaz de caracterizar todas as variáveis envolvidas, este modelo não se aplica somente ás unidades fabris mas também a todas as organizações humanas. O crescente tamanho e complexidade das empresas foi outro factor que contribuiu para a necessidade de adoptar esta Teoria, que passa a exigir modelos organizacionais mais definidos, deste modo todos os operários devem executar as suas tarefas específicas sendo dirigidos e controlados. Tanto a Teoria Clássica como a Teoria das relações Humanas se mostraram insuficientes para responder ás novas necessidades que se tornavam bem mais complexas. Assim por último ressurge‐nos a sociologia da Burocracia, a partir da descoberta dos trabalhos de Max Weber, que foi o seu criador, segundo esta Teoria o Homem era pago para agir e se comportar de certa maneira preestabelecida. O problema da Burocracia é a dicotomia, entre a política e a administração, neste contexto o governo contemporâneo juntamente com as suas formas engendradas na sua operação falham no desenvolvimento dos recursos organizacionais e institucionais de inserção e regulamentação política. 15 Ferreira, J.M. Carvalho, Neves, José, Caetano, António (1999) “Teoria Geral da Administração”, Editora Campus, volume 2,Cap.13, 5ª edição, p. 5 PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 53 4.2. O Modelo da Teoria Burocrática de Max Weber 4.2.1 Como surge16 A Burocracia é uma forma de organização humana que assenta na racionalidade, teve sua origem nas mudanças religiosas verificadas após o Renascimento. Max Weber realça o fato de que o sistema moderno de produção, altamente racional e capitalista, não se determinou das mudanças tecnológicas, nem das relações de propriedade, como afirmava Karl Max, mas sim de um novo conjunto de normas morais, às quais designou “ética protestante”, em suma um trabalho duro e árduo como dádiva de Deus, uma poupança que causa uma reaplicação das rendas em excesso em vez do seu gasto e consumo de materiais supérfluas de vaidade e de prestígio. Averiguou que o capitalismo, a burocracia (como forma de organização) e a ciência moderna são três formas de racionalidade que apareceram a partir dessas mudanças religiosas que ocorreram inicialmente nos pais protestantes como a Inglaterra e a Holanda, e não em país católicos. Weber não ponderou a burocracia como um sistema social, mas essencialmente como um tipo de poder. Para melhor perceber a burocracia, Weber analisou os tipos de sociedade e os tipos de autoridade. Max Weber distingue três tipos de sociedade, a sociedadetradicional que prevalecem características patriarcais e patrimoniais por exemplo a família, a Sociedade carismática que predominam características místicas, arbitrárias e personalistas como por exemplo nos partidos políticos, a sociedade legal, racional ou burocrática prevalecem normas impessoais e uma racionalidade na escolha dos meios e dos fins como por exemplo nas grandes empresas, nos exércitos. “Autoridade significa a probabilidade de que um comando ou ordem específica seja obedecido” Max Weber. Para ele, cada tipo de sociedade equivale um tipo de autoridade. 16 Ferreira, J.M. Carvalho, Neves, José, Caetano, António (1999) “Teoria Geral da Administração”, Editora Campus, volume 2,Cap.13, 5ª edição, pp. 5,32 PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 54 Segundo Max Weber existe três tipos de autoridade legítima, a autoridade tradicional, a autoridade carismática, a autoridade legal, racional ou burocrática. A autoridade tradicional é quando os subordinados recebem as ordens dos superiores como aprovadas, é porque essa foi sempre a maneira pela qual as coisas foram feitas. O poder não é racional, pode ser transmitido por herança e é excessivamente conservador. A autoridade carismática é quando aceitam as ordens do superior como justificadas, por causa da influência da personalidade e da liderança do superior com o qual se identificam. Não é um poder racional, é instável e facilmente adquire características revolucionárias. Não pode ser delegado nem recebido como herança. A autoridade legal, racional ou burocrática é quando os subordinados aceitam as ordens do superior como justificadas, porque concordam com um conjunto de normas que consideram legais e dos quais decorre o comando. É um género de autoridade técnica, meritocrática e administrada. Esta autoridade baseia‐se na promulgação, as leis podem ser promulgadas e regulamentadas por procedimentos formais e correctos, baseiam‐se também em normas legais racionalmente definidas e impostos a todos. O povo obedece ás leis porque elas são decretadas por um procedimento escolhido tanto pelos governados como pelos governantes. Max Weber reconhece três factores que realça o desenvolvimento da moderna burocracia. O desenvolvimento de uma economia monetária pois a moeda não apenas facilita mas racionaliza as transacções económicas. A moeda assume o lugar da remuneração para os funcionários. O crescimento quantitativo e qualificativo das tarefas administrativas do Estado Moderno e a superioridade técnica do tipo burocrático de administração. O modelo concebido com grande antecipação por Max Weber tem muita parecença com as organizações modernas como “General Motors”, “a Ford”etc. .2.2 – Características da teoria segundo Max Weber17 17 Ferreira, J.M. Carvalho, Neves, José, Caetano, António (1999) “Teoria Geral da Administração”, Editora Campus, volume 2,Cap.13, 5ª edição, pp. 15,22 PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 55 4.2.2 – Características da teoria segundo Max Weber18 4.2.2 – Características da teoria segundo Max Weber19 Regra geral o conceito de burocracia é vista como uma empresa ou organização onde se multiplicam e avolumam os papelórios que evitam as soluções rápidas e eficientes. No entanto Weber considera o contrário, pois a burocracia começa por ser uma organização que seja realmente eficiente, ou seja, é necessário delinear com antecedência e exactidão os respectivos processos pelos quais se deve guiar uma organização. Max Weber considera como principais características da burocracia os seguintes itens: 1‐ Carácter Legal das Normas e Regulamentos. 2‐ Carácter Formal das Comunicações. 3‐ Carácter Racional e Divisão do Trabalho. 4‐ Impessoalidade nas Relações. 5‐ Hierarquia da Autoridade. 6‐ Rotinas e Procedimentos Estandardizados. 7‐ Competência Técnica e Meritocracia. 8‐ Especialização da Administração que é separada da propriedade. 9‐ Profissionalização dos Participantes. 10‐ Completa Previsibilidade do Funcionamento. Analisemos individualmente cada um dos aspectos referidos: 1. Carácter Legal das Normas e Regulamentos A burocracia é uma organização que está ligada através de normas e regulamentos previamente estabelecidos, ou seja é uma organização que está assente num género de legislação própria que define o funcionamento dessa mesma organização. 18 Ferreira, J.M. Carvalho, Neves, José, Caetano, António (1999) “Teoria Geral da Administração”, Editora Campus, volume 2,Cap.13, 5ª edição, pp. 15,22 19 Ferreira, J.M. Carvalho, Neves, José, Caetano, António (1999) “Teoria Geral da Administração”, Editora Campus, volume 2,Cap.13, 5ª edição, pp. 15,22 PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 56 Estas normas e regulamentos são rigorosos uma vez que cobrem todas as áreas que pertencem a uma organização e são racionais porque são coerentes com os objectivos apontados. As normas e os regulamentos são legais porque conferem ás autoridades um poder de repressão sobre os subordinados capaz de conseguir impor a disciplina. As normas e os regulamentos são escritos para garantir uma interpretação ordenada e unívoca. Desta forma se conseguem poupar esforços e possibilitam a padronização na organização. 2. Carácter Formal das Comunicações A burocracia está directamente ligada ás comunicações escritas, uma vez que as decisões e as acções administrativas são registadas por escrito pois desta forma consegue‐se assegurar a comprovação e interpretação da documentação adequada. 3. Carácter Racional e Divisão do Trabalho A burocracia é uma organização que se caracteriza pela divisão do trabalho. Daí a divisão do trabalho estar alienada a uma racionalidade que está adequada ao objectivo pretendido. Há uma divisão do trabalho, do direito e do poder. Cada trabalhador passa a ter uma função especifica ao mesmo tempo que toma conhecimento das capacidades de comando que tem sobre os outros, assim como passa a reconhecer os limites da sua tarefa de modo a não ultrapassar esses mesmos limites para não prejudicar a estrutura da organização. Como tal, as tarefas administrativas são diferenciadas e as actividades que são distribuídas estão de acordo com os objectivos que devem ser atingidos. 4. Impessoalidade nas Relações A distribuição de actividades é feita de acordo com os cargos e funções obstante das pessoas envolvidas, por isso a burocracia apresenta um carácter impessoal. A administração da burocracia não considera as pessoas como simples pessoas mas sim como pessoas que têm que desempenhar determinadas funções. A obediência que é prestada aos superiores nada tem a ver com a pessoa em questão mas sim com o cargo que desempenha. 5. Hierarquia da Autoridade PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 57 A burocracia é uma organização que estabelece os seus cargos com base numa hierarquia. Nenhum cargo está imune ao controlo de uma supervisão, pois cada cargo inferior está sob ordem de um outro cargo superior. E é precisamente por isso que existe a necessidade de uma hierarquia da autoridade que fixe a chefia dos diversos escalões. A hierarquia estabelece uma ordem de subordinação ás diferentes categorias dos funcionários, como tal todos os cargos estão apresentados segundo uma graduaçãohierárquica que origina uma série de privilégios e obrigações. 6. Rotinas e Procedimentos Estandardizados A burocracia de uma organização determina as regras e as normas técnicas para o desempenho de cada cargo, ou seja um simples funcionário não pode fazer o que mais lhe convém, tem de desempenhar precisamente o que lhe foi estipulado ou atribuído. Pois o principal objectivo das regras e das normas técnicas é regular as tarefas de cada trabalhador, de modo a que cada um entre na rotina que está fixada. Por isso se pode afirmar que, toda e qualquer actividade são efectuadas com base num padrão já definido, o que vai facilitar o julgamento do desempenho de cada trabalhador. 7. Competência Técnica e Meritocracia A burocracia de uma organização depende da escolha das pessoas com base no mérito e competências de cada um, pois não julga o trabalhador de acordo com os seus gostos pessoais. Por isso a transferência e a promoção do trabalhador fundamenta‐se nos critérios válidos para toda a organização, critérios esses que seguem à risca um plano de avaliação e classificação arbitrários. Acerca, ainda, dos critérios pode‐se dizer que são universais e que têm em consideração o valor, a capacidade e a habilidade de cada trabalhador. O que torna lógico a existência de exames, testes e outras avaliações que testem a capacidade da pessoa para assumir o desempenho de determinado cargo. 8. Especialização da Administração A burocracia é uma organização que se baseia na separação entre o que é bem sucedido e a administração. Os diversos elementos da administração devem estar separados de tudo o que está ligado aos meios de produção, uma vez que estes não são sua propriedade, ou seja, um funcionário não pode vender ou comprar o seu cargo, pois os PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 58 membros da administração não são os detentores da organização. No entanto podem ser um profissional com valores específicos na administração. Com a burocracia aparece o profissional que se especializa na gestão da organização e nasce, também, o afastamento gradual do capitalista da gestão dos negócios, que passa a ter liberdade no investimento dos seus capitais noutras aplicações financeiras. 9. Profissionalização dos Participantes A burocracia de uma organização apresenta como uma das suas principais características a profissionalização dos seus colaboradores, como tal , cada funcionário da organização é um profissional se: a) For um especialista, logo tem que apresentar uma especialização no cargo que desempenha. A especialização varia consoante o posto que se ocupa, ou seja, quanto mais elevada for a posição mais generalista se torna o cargo, quanto mais inferior for o escalão mais especialista este se torna. b) For assalariado, os trabalhadores da organização colaboram com ela e são remunerados de acordo com o lugar que tomam. Obviamente quanto mais elevado for o cargo maior é a remuneração e automaticamente o poder. O trabalho na burocracia deve ser a única forma de rendimento do assalariado, pois este não deve receber qualquer outra recompensa que não o seu salário. c) For ocupante de um cargo, o seu cargo na organização deve ser a sua única e principal actividade dispensando‐lhe todo seu tempo, pois é este o seu sustento. d) For nomeado para superior hierárquico, é porque esse funcionário é um profissional que foi seleccionado pela sua competência e eficácia. Este superior hierárquico passa a ter autoridade sobre os seus subordinados, e é ele quem dita as decisões que estão relacionadas com os seus subordinados. e) O seu mandato for por tempo indeterminado, quer dizer que este cargo não é vitalício mas que existe uma regra que determina o tempo de permanência de um profissional quer seja no seu cargo, quer seja na organização. f) Seguir carreira, é porque este profissional deu provas da sua eficácia e da qualidade do seu trabalho, o que o pode levar a atingir um cargo superior. g) Possuir propriedade nos meios de produção, uma vez que o funcionário necessita de maquinas para trabalhar, maquinas essas que são fornecidas pela própria organização. Tendo PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 59 em conta a evolução tecnológica da maquinaria nem todas as empresas têm capacidade para as adquirir, logo só as grandes empresas têm condições financeiras para as adquiri. h) For fiel ao cargo e se identificar com os objectivos da empresa o funcionário defende os interesses da empresa e consequentemente do seu cargo. 10. Previsibilidade do Funcionamento A Previsibilidade do comportamento dos seus funcionários é uma conseqüência desejada pela burocracia, ou seja, parte‐se do principio que o comportamento dos membros de uma organização é previsível, ou seja, os trabalhadores comportam‐se e acordo com as normas e regulamentos estabelecidos pela organização com o objectivo de alcançar o máximo de rendimento. Mas segundo Weber não se previa nenhuma alteração no comportamento dos trabalhadores na organização, pois o comportamento devia basear‐se numa perspectiva padronizada do comportamento humano. 4.2.3. Vantagens da teoria20 Segundo Max Weber são 11 as vantagens da burocracia na sua aplicação a outras formas de associação. Essas vantagens são: 1ª ‐ A racionalidade, existe em relação ao alcance dos objectivos da organização, ou seja, a adequação dos meios para atingir os fins. Para Weber a racionalidade é atingida pela elaboração de regras que servem para dirigir todo o comportamento com eficiência. A racionalidade pode‐se referir à adequação dos meios aos racionais e a sua adequação aos fins, como também à visão racional do mundo com base em conceitos cada vez mais precisos, isentos de valores religiosos ou tradicionais. 20 Ferreira, J.M. Carvalho, Neves, José, Caetano, António (1999) “Teoria Geral da Administração”, Editora Campus, volume 2,Cap.13, 5ª edição, pp. 23,24 PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 60 2ª ‐ A precisão, no que diz respeito à na definição do cargo e da operação, ou seja o conhecimento dos seus deveres. 3ª ‐ A rapidez nas decisões, pois cada um ao conhecer o que deve ser feito e por quem, e as ordens são transmitidas pelos canais preestabelecidos. 4ª ‐ Univocidade de interpretação, que é garantida pela regulamentação especifica e escrita. E por outro lado, a informação é discreta, pois é restrita a quem a deve receber. 5ª ‐ A uniformidade de rotinas e procedimentos que favorece a padronização, a redução de custos e de erros, visto que os procedimentos estão definidos por escrito. 6ª ‐A continuidade da organização através da substituição do pessoal, sendo importante a posição e não o ocupante, sendo por isso os indivíduos substituídos por outros pelo critério de capacidade e competência técnica, sem que a eficiência da organização seja prejudicada. 7ª ‐ Redução do atrito entre as pessoas, pois cada funcionário conhece as suas funções, o que lhe é exigido e quais as suas limitações, em relação às dos outros. 8ª ‐ A constância, pois devem ser tomadas o mesmo tipo de decisões nas mesmas situações. 9ª ‐ Subordinação dos mais novos aos mais antigos, com base em uma forma escrita e bem conhecida, de modo que o superior possa tomar decisões que afectam o nível mais baixo. 10ª ‐ Confiabilidade, pois o negócio éconduzido de acordo com regras conhecidas, e um grande número de casos similares é metodicamente tratado da mesma maneira sistemática. As decisões são previsíveis e o processo decisório, por ser despersonalizado no sentido de excluir sentimentos irracionais, elimina também a discriminação pessoal. PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 61 11ª ‐ Benefícios no que diz respeito às pessoas na organização, visto que a hierarquia é formalizada, o trabalho é dividido de maneira ordenada, as pessoas são treinadas para se tornarem especialistas nos seus campos particulares, no sentido de obterem o seu mérito pessoal e competências técnicas. 4.2.4 – Falhas da teoria 21 Apesar de tantas vantagens, o próprio Max Weber denotou algumas fragilidades na sua teoria. No entanto eram previstas, ou seja, ela já as esperava. nO facto de serem pessoas a gerirem e a fazerem a empresa faz com que existam sempre desvios de comportamento e de opiniões, daí surgem as falhas da burocracia. A administração da organização sofre constantes pressões de forças exteriores para encorajar o burocrata a seguir outras normas diferentes das da organização e, por outro lado, existe o compromisso dos subordinados com as regras burocráticas que tende a se enfraquecer gradualmente. Segundo Weber a organização para ser eficiente deve ser dirigida com disciplina, orientada por regras e com racionalidade. Deve, por tanto ser grande a capacidade de aceitação de regras e ordens à renúncia da vontade própria, o que é bastante complicado de realizar. É por isso complicada a longevidade da burocracia na organização, sem que esta seja protegida das pressões exteriores. Para Weber, existem os burocratas que são pessoas que formam o corpo administrativo da hierarquia e estrutura da organização, que seguem as regras impostas e servem aos objetivos da organização. No entanto, segundo o mesmo, existem chefes não‐ burocraticos, ou seja, superiores que indicam e nomeiam os subordinados, que estabelecem as regras, que resolvem os objectivos que deverão ser atingidos e geralmente são eleitos ou herdam sua posição. 21 Ferreira, J.M. Carvalho, Neves, José, Caetano, António (1999) “Teoria Geral da Administração”, Editora Campus, volume 2,Cap.13, 5ª edição, p. 26 PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 62 Este segundo tipo de chefes desempenha na mesma um papel significativamente importante, pois estimulam a ligação racional e emocional dos sujeitos, a sua identificação com o chefe, sendo por tanto mais fácil cativar a sua lealdade para com a organização. A falta de um chefe leva por tanto também à instabilidade da organização. A burocracia existe tendo por base normas e regras que devem ser impostas e seguidas para que continue na organização, alcançando os seus objectivos com eficiência. 4.3.Outros estudiosos 4.3.1 – O caso de Robert Merton Robert King Merton (4 de Julho de 1910 – 23 de Fevereiro de 2003), foi um sociólogo americano, importante como teórico da burocracia, da sociologia da ciência e da comunicação em massa. Em sociologia da ciência ficou famoso ao fazer uma análise weberiana do nascimento da ciência na Inglaterra do séc. XVII, onde a ética protestante e a tecnologia desempenharam papéis importantes no nascimento da ciência, principalmente na Royal Society. Desenvolveu também os quatro imperativos institucionais que compõem o ethos científico: comunismo, universalismo, desinteresse e cepticismo organizado. Merton estudou as consequências imprevistas na teoria burocrática de Max Weber que a levaram à ineficiência e imperfeição. A essas consequências imprevistas, Merton deu o nome de disfunções da burocracia. Para Merton, não existe uma organização completamente racional e o formalismo não tem a profundidade descrita por Weber. (Editora Campus, “Teoria Geral da Administração”, volume 2,Cap.13, 5ª edição, 1999, cit., pp. 34) Segundo Merton, o homem quando participada burocracia, faz a previsibilidade do comportamento, que deveria ser a maior consequência da organização, escapar ao modelo PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 63 preestabelecido. Daqui surgem as anomalias e imperfeições do funcionamento da burocracia. Cada anomalia resulta de algum desvio em cada uma das características do modelo burocrático explicado por Weber. Merton procura representar a burocracia através das relações estabelecidas entre um grande número de variáveis. O modelo de Merton baseia‐se nas consequências não previstas, isto é, nas disfunções da burocracia, de organizar de acordo com os princípios da máquina. Em suma, para Merton, a burocracia é uma estrutura grupal secundária, que se destina a efectuar aquilo que uma estrutura grupal primária não consegue. Para ele a burocracia não é tão eficiente como realça Weber pois apresenta na prática, uma série de disfunções que prejudicam o seu funcionamento e a levam à ineficiência. 4.3.1 – O Problema das Consequências da Teoria Weberiana22 As disfunções da burocracia weberiana estudadas por Robert K. Merton são: a) Internacionalização das regras e apego aos regulamentos; As directivas da burocracia derivadas das normas e regulamentos, para atingir os objectivos da organização, tendem a adquirir um valor próprio. As normas passam de meios a objectivos e tornam‐se absolutos e prioritários. Os regulamentos, de meios, passam a ser os principais objectivos do burocrata e é em função deles que agem. b) Excesso de formalismo e papelório; A necessidade de documentar e de formalizar todas as comunicações na burocracia conduz ao excesso de formalismo, de documentação logo aumento de papelada. Este constitui uma das maiores disfunções da burocracia. c) Resistência às mudanças; As normas e regulamentos da burocracia são uma rotina à qual os membros da organização se habituam, quando surge uma mudança na organização, ela tende a ser interpretada como algo desconhecido que pode trazer perigo. Por isso, a mudança 22 Ferreira, J.M. Carvalho, Neves, José, Caetano, António (1999) “Teoria Geral da Administração”, Editora Campus, volume 2,Cap.13, 5ª edição, pp. 27, 32 PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 64 passa a ser indesejável e pode muitas das vezes haver resistência à mudança que tanto pode ser feita de forma passiva como de forma activa como são exemplo as reclamações, tumultos e greves. d) Despersonalização dos relacionamentos; A burocracia tem como característica a impessoalidade no relacionamento entre os membros da organização pois ela enfatiza os cargos e não as pessoas que os ocupam o que leva a uma diminuição de relações personalizadas entre os membros da organização. Estes conhecem‐se não pelos nomes pessoais mas sim pelos títulos dos cargos que ocupam. e) Categorização como base do processo decisório; A burocracia assenta‐se uma rígida hierarquização da autoridade. Quem tem a mais elevada classe hierárquica é aquele que toma sempre as decisões mesmo que não tenha conhecimento sobre o assunto. f) Superconformidade às rotinas e procedimentos; A burocracia baseia‐se em rotinas, normas e procedimentos para garantir que as pessoas façam exactamente aquilo que se espera delas. Estasrotinas e normas tornam‐se sagradas para os funcionários pois eles agem em função das mesmas o que faz com que elas fiquem limitadas e não consigam compreender o objectivo das suas tarefas. Isto significa que os funcionários trabalham em função de rotinas e regulamentos e não em função dos objectivos organizacionais, fazem por ter um desempenho mínimo. g) Exibição de sinais de autoridade; Como a burocracia se assenta na hierarquia de autoridade existe a necessidade de utilização de sinais ou símbolos que façam a diferenciação hierárquica dos membros da organização. A localização da empresa, do banheiro, do refeitório e a utilização de uniformes. Este último constitui um dos principais sinais de autoridade. h) Dificuldades no atendimento a clientes e conflitos com o público. Como os funcionários agem de acordo com as normas e procedimentos estabelecidos pela organização o atendimento aos clientes é todo efectuado da mesma forma, sem PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 65 distinção, de forma padronizada. Isto leva a que os clientes entrem em conflito com os funcionários pois querem um atendimento personalizado e leva também a que os funcionários sintam ameaçada a sua própria segurança. Daí a tendência à defesa contra pressões externas à burocracia. Todas estas disfunções levam a que a organização se feche ao seu objectivo, ou seja, se feche aos clientes e que impeçam a criatividade e inovação da organização. A principal causa destas disfunções residem no facto de que a burocracia não leva em consideração o factor humano na organização, as diferenças individuais existentes entre as pessoas. É em face da exigência de controlo que rege toda a actividade organizacional que surgem as consequências imprevistas da burocracia. PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 66 4.4. Resumo Max Weber Max Weber foi o criador ou impulsionador da teoria burocrática, uma vez que segundo ele as teorias existentes não eram suficientemente capazes de responder aos problemas existentes nas organizações. A teoria burocrática weberiana, apesar de criticada, é um dos marcos mais importantes nas teorias organizacionais. Duas grandes razões conferem‐lhe tal importância: Primeiro, ela trouxe riqueza sociológica para o campo das teorias organizacionais, dominado até então, pelo pensamento árido de técnicos e administradores emergidos de dentro das organizações. Segundo, a teoria burocrática é, em sua origem, essencialmente cognitiva, e rompe com o prescritivismo das teorias organizacionais até então (sobretudo da escola clássica e científica). O desenvolvimento posterior da teoria burocrática, porém, por teóricos organizacionais profissionais, é que lhe confere contornos crescentemente normativos e prescritivos. Talvez a perca destas duas dimensões tão importantes da teoria burocrática weberiana sejam os seus reais pontos críticos: no seu desenvolvimento ela crescentemente divorciou‐se da teoria social da qual fazia parte e perdeu o sentido de tipo ideal explicativo; ao mesmo tempo, tal desenvolvimento transformou este modelo, que era um tipo ideal, em princípio prescritivo, empobrecendo‐lhe o conteúdo e invertendo‐lhe o propósito. Assim, muitas das críticas, desta forma, podem ser conferidas mais ao que se fez com a teoria burocrática weberiana, do que a ela mesma. PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 67 5. TEORIA DOS SISTEMAS 5.1 Introdução à teoria dos sistemas Para podermos entender em que é que consiste a teoria dos Sistemas, é necessário entender o significado de cada uma das palavras que compõem está ideologia: Teoria O vocábulo “teoria” é usado, a maior parte das vezes em oposição a prática, significando neste caso, o conhecimento puro, a pura consideração contemplativa; ao passo que prática designa qualquer espécie de actividade fora do conhecimento, especialmente a actividade dirigida ao exterior. Sistemas Um sistema é uma junção de elementos interrelacionados formando um todo único. Vindo do grego o termo "sistema" significa "combinar", "ajustar", "formar um conjunto". Um sub‐sistema é um sistema que faz parte de um outro sistema. Juntando estás duas palavras podemos dizer de forma resumida que a teoria dos sistemas, é um tipo de conhecimento ou analise que confirma o facto de que elementos que tenham algum ponto em comum possam formar um elemento único. 5.2. Historia da Teoria dos Sistemas A história da teoria de sistemas remonta aos Sumérios na Mesopotâmia, anterior a 2500 A.C., e vai até aos dias actuais nas diferentes propostas para elaboração e aperfeiçoamento de software. Em todo esse percurso de quase 5.000 anos é possível identificar‐se o mesmo propósito perseguido, resumindo os objectivos da teoria de sistemas: O esforço humano para prever o futuro. PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 68 Para os Sumérios o primeiro passo para a previsão do futuro foi dominar o tempo, criando um calendário. Isto foi possível quando eles destacaram uma regularidade na apresentação dos astros. O futuro podia então ser previsto com exactidão porque havia uma relação entre as regularidades observadas nos astros e nas cheias dos rios. Com esse ponto de partida foi criada tanto a astrologia como os sistemas de numeração decimal e hexadecimal. Criou‐se tanto os números com significados simbólicos como os dias sagrados (1,7,15,21,28) em que o trabalho era proibido (domingos). Os Sumérios criaram o ano de 12 meses, conforme as fases da lua, trazendo às coisas do mundo uma correspondência de ordem, lógica e previsível, ou seja, um sistema. A noção de sistema foi sempre usada intuitivamente. Mesmo o homem selvagem depende da noção de sistema quando cria referenciais de ordenamento para compor seus mitos ou para estabelecer a ocupação de seus espaços. O pensamento moderno e contemporâneo fez uso continuado desse conceito, como mostrou na medicina Claude Bernard (1813‐1878), ao distinguir o “ambiente externo e interno” do corpo. Mas a formalização rigorosa de uma teoria de sistemas deu‐se a partir dos anos 40, com a participação dos EUA na guerra mundial. Para viabilizar tamanho esforço de guerra em dois oceanos houve a necessidade de se formalizar previamente os procedimentos, ordenados conforme conceitos, funções, estruturas e processos. Para tanto, a “previsão do futuro” passou a advir, como não poderia deixar de ser, de um procedimento matemático. Mas ao contrário dos antigos, os procedimentos passaram a contar com o tratamento probabilístico. Nessa condição universal, um sistema, tal como uma equação matemática, poderia descrever tanto o funcionamento de uma fábrica, como da bolsa de valores ou de um organismo vivo. Esse esforço teve continuidade principalmente nos anos 60, com o surgimento da guerra‐fria, de forma que a partir dos anos 70 qualquer abordagem moderna se dizia “sistemática”. Mas a teoria dita de “sistemas” foi proposta em meados de 1950 pelo biólogo Ludwig von Bertalanffy. Em 1956 Ross Ashby introduziu o conceito na ciência cibernética. A pesquisa de von Bertalanffy foi baseada numa visão diferente do reducionismo científico até então aplicado pela ciência convencional. Dizemalguns que foi uma reacção contra o reducionismo e uma tentativa para criar a unificação científica. PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 69 5.3 Principais Conceitos da Teoria dos Sistemas Sistema é, portanto, uma forma lógica de apreensão da realidade. Ao se formular sistemas, não se busca um “reflexo” do mundo real, mas sim a descrição ou destaque daqueles “traços” da realidade, cujo conjunto permite a percepção de uma condição de ordem e a proposição de uma forma operativa voltada para um dado objectivo. Nestes termos, pode‐se definir sistema como uma "colecção de entidades" ou coisas, relacionadas ou conectadas de tal modo que "formam uma unidade ou um todo", ou que "propiciem a consecução de algum fim lógico a partir dessas interacções conjuntas". Cada componente se relaciona pelo menos com alguns outros, directa ou indirectamente, de modo mais ou menos estável, dentro de um determinado período de tempo, formando uma rede causal. As entidades podem ser tanto pessoas, máquinas, objectos, informações ou mesmo outro sistema, no caso, subsistema. Essas mesmas podem ser inerentes (internas) ao sistema ou transitantes (em movimento) a ele. O sistema estabelece uma fronteira (fig. 1) e tudo que é externo a ele é chamado de meio ambiente do sistema. O quadro 1 lista os principais constituintes de um sistema. Esses constituintes estão representados na fig. 1, na forma de um modelo de sistema. As entidades, ou subsistemas, ligam‐se para formar uma estrutura. Essas ligações estabelecem interfaces, cujo padrão de conexão pode ser mais ou menos rígido, dependendo da natureza do acoplamento. Sistemas em que as entidades ou subsistemas estejam fortemente acoplados compartilham um espaço comum de acoplamento (fig. 2) e são muito frágeis, ao contrário dos sistemas fracamente acoplados, que se mantém mesmo que uma parte da estrutura seja destruída. Sistemas se organizam de forma hierárquica, sem implicar em escala de importância. A fig. 3 mostra um exemplo de hierarquia de sistemas na organização do trabalho. Graças ao conceito de hierarquia é possível destacar da realidade complexa vários conjuntos de relações estruturais. Um sistema pode ser do tipo: fechado e aberto. Uma distinção importante para a teoria da organização é a classificação das organizações em sistemas fechados ou abertos. Um sistema fechado é aquele que não realiza intercâmbio com o seu meio externo, tendendo necessariamente para um progressivo caos interno, desintegração e morte. Nas primeiras teorias da administração, a organização era considerada suficientemente independente para que seus problemas fossem analisados em torno da estrutura, tarefas e relações internas formais, sem referência alguma ao ambiente externo, pois as atenções estavam concentradas PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 70 apenas nas operações internas da organização, implicando, para isso, enfoques racionalistas. Um sistema aberto é aquele que troca matéria e energia com o seu meio externo. E, como diz Bertelanffy, a organização é um sistema aberto, isto é, um sistema mantido em importação e exportação, em construção e destruição de componentes materiais, em contraste com os sistemas fechados de física convencional, sem intercâmbio de matéria com o meio. Considerando a perspectiva de sistema aberto, podemos dizer que um sistema consiste em quatro elemento básicos: a) Objectivos: são partes ou elementos do conjunto. Dependendo da natureza do sistema, os objectivos podem ser físicos ou abstractos. b) Atributos: são qualidades ou propriedades do sistema e de seus objectos. c) Relações de interdependência: um sistema deve possuir relações internas com seus objectos. Essa é uma qualidade definidora crucial dos sistemas. Uma relação entre objectos implica um efeito mútuo ou interdependência. d) Meio ambiente: os sistemas não existem no vácuo; são afectados pelo seu meio circundante. 5.4 Classificação dos Sistemas Além da condição decorrente da forma de acoplamento (figura 2), os sistemas classificam‐se também conforme géneros. Pode‐se pressupor duas condições extremas, os sistemas naturais (relativos à natureza) e os sistemas sintéticos (relativos ao homem). Para os primeiros pode perguntar se a natureza realmente constitui um sistema. Enquanto que para os segundos a dúvida é se existe realmente um sistema absolutamente sintético, já que o homem é natural e faz uso da natureza. A resposta a essas questões deve levar em conta que a teoria de sistemas não compreende objectivo na representação. Assume‐se que o tratamento é arbitrário, como por exemplo, interpretar a natureza como um sistema. Pode‐se presumir sistemas sintéticos absolutos quando se considera a geometria, as equações matemáticas ou um software. Os sistemas sintéticos são plenos de finalidade, ao contrário dos sistemas naturais, pois, a rigor, “no real não falta nada”. A natureza é o que é. Mas quando o homem interage com a natureza, ele impõe à esta uma finalidade antes não PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 71 presente. Coerente com uma condição de um “ser de necessidades”, “faltas” ou “excessos” vão sendo estabelecidos por ele em pertinência ao um fim presumido. Mas como o homem também é um “ser de acção”, ele se vê coagido a lidar com a natureza nessa pertinência, ou seja, o homem trabalha. Os sistemas, em relação à sua interacção com o meio ambiente, têm sido classificados como fechados ou abertos, embora na realidade nenhum deles se apresente sob essas formas extremas. A viabilização do sistema em cada condição distinta de fronteira decorre das possibilidades dadas pelo processo. Nos sistemas fechados (ou estáveis, ou mecânicos) há pouca ou quase nenhuma interacção com o meio, ao contrário dos sistemas abertos (ou adaptativos, ou orgânicos). Os sistemas compreendidos como "mecânicos" buscam minimizar a organização (equilíbrio), enquanto que os sistemas "orgânicos" buscam a preservação de uma estrutura geneticamente dada dentro de certos limites (homeostase). O sistema cibernético é um tipo particular de sistema aberto. Sua principal característica é a complexidade e a morfogênese (recriação de estruturas). Ou seja, ao contrário dos demais, os sistemas cibernéticos têm características adaptativas, onde a criação, a elaboração e a modificação das estruturas são tidas como pré‐requisito para permanecerem viáveis como sistemas operantes. Sistemas em que as entidades ou subsistemas estejam fortemente acoplados compartilham um espaço comum de acoplamento (fig. 2) e são muito frágeis, ao contrário PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 72 dos sistemas fracamente acoplados, que se mantém mesmo que uma parte da estrutura seja destruída. Sistemas se organizam de forma hierárquica, sem implicar em escala de importância. 5.5 Propriedades dos sistemas A perspectiva geral de sistemas pressupõe não o mero raciocínio por analogia, mas o discernimento de semelhanças fundamentais de estrutura.14 Assim, é prática comum que uma análise de sistema procure identificar os componentes básicos, mais ou menos comuns a todos os sistemas. Além das entidades e do meio ambiente, já mencionados, os sistemas dispõe de uma organização própria, compreendendo relações em uma estrutura, além de um processo subjacente a esta,propriedades que têm sido falsamente confundidas com sistema em si.15 O sistema admite uma representação, o modelo, reunindo essas propriedades identificadas, cujo contorno estabelece (por exclusão) o meio ambiente e as entradas/saídas. O modelo refere‐se sempre a um estado, ou condição assumida pelo sistema em dado instante, fruto de um controle. A figura 1 exemplifica a representação geral desses conceitos. O arranjo sistémico define algumas características aos seus constituintes e estes estabelecem propriedades particulares ao conjunto de relações (o sistema), conforme apresentado esquematicamente no quadro 3 e detalhadas a seguir. 5.6. Constituintes de um sistema a) Hierarquias Todas as coisas apresentam certo grau de sistematização. O que vai distinguir a formação de um sistema, ou não, é a organização. Portanto, um sistema não é apenas uma PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 73 colecção de entidades. Graças à organização, aquele agregado assume propriedades que não podem ser encontradas nas entidades isoladas, ou mesmo na mera reunião destas. Num sistema socio‐cultural, por exemplo, um indivíduo dentro de uma sociedade não pode ser compreendido como um ente solitário em sua biologia. O indivíduo que age como pessoa psicológica, é uma organização que se desenvolve mantendo continuamente intercâmbio simbólico com os demais pessoas. Todos os sistemas compõem‐se de sistemas de ordem inferior, que, por sua vez, fazem parte de um sistema de ordem superior. Desse modo, há uma hierarquia entre os componentes do sistema. A noção de hierarquia não está apenas relacionada com os níveis de subsistemas, fundamentando‐se na necessidade de um abarcamento mais amplo ou de um conjunto de subsistemas que componha um sistema mais amplo, visando à coordenação das actividades e processos. A fig. 3 mostra um exemplo de hierarquia de sistemas na organização do trabalho. Graças ao conceito de hierarquia é possível destacar da realidade complexa vários conjuntos de relações estruturais. PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 74 b) Fronteiras Qualquer sistema possui fronteira, sejam elas espaciais ou dinâmicas. As fronteiras espaciais existem apenas em uma observação simplista. Assim, todas as fronteiras são, em última análise, dinâmicas. As fronteiras estabelecem uma separação entre o sistema e o meio ambiente e fixam o domínio em que devem ocorrer as actividades dos subsistemas. Isso significa que toda organização possui fronteira, isto é, uma determinação de seu campo de acção. Desse modo, uma organização só pode ser eficaz à medida que conhece suas fronteiras, seu limite organizacional. Pensar em fronteiras leva‐ nos a pensar em diversos aspectos da análise sistémica: o grau da abertura do sistema, sua maior ou menor receptividade das organizações quanto a informações e as suas possibilidades de crescimento e desenvolvimento. Figura 1 c) Inputs e outputs Como os sistemas lidam com as descontinuidades? Uma das formas foi dada por pesquisadores da cibernética, que formularam o chamado princípio da “caixa preta”. Suponhamos que num sistema organizacional, seus membros sabem colectar informações ou inumeros entram e saem, mas ignoram ou não têm condições de levantar dados sobre o que ocorre dentro do sistema. É o fenómeno denominado em matemática de “transformação”, algo que transforma um determinado tipo de entrada (input) em determinado tipo de saída (output). Como a organização não tem condições de momento para saber o que está ocorrendo na “caixa preta”, ela procura introduzir o input certo e PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 75 obter o output desejado. Daqui percebe a importância do controle, tanto em sistemas quanto em actividades. O quadro 1 lista os principais constituintes de um sistema. Esses constituintes estão representados na fig. 1, na forma de um modelo de sistema. As entidades, ou subsistemas, ligam‐se para formar uma estrutura. Essas ligações estabelecem interfaces, cujo padrão de conexão pode ser mais ou menos rígido, dependendo da natureza do acoplamento. Quadro 1 PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 76 5.7 Acções dos sistemas a) Entropia Os sistemas fechados devem, de acordo com o segundo princípio da termodinâmica, eventualmente alcançar um estado de equilíbrio em que o sistema permanece constante no tempo e os processos param. O estado de equilíbrio eventualmente alcançado nos sistemas fechados é determinado pelas condições iniciais. Isso significa que a característica principal do sistema fechado é a tendência inerente à movimentação para um equilíbrio estático e à entropia. A entropia, um conceito emprestado da termodinâmica, diz respeito à tendência que todos os sistemas fechados apresentam de passar a um estado caótico ou aleatório, em que não há mais potencial para a transformação de energia ou trabalho. Assim, a organização como sistema fechado tende a aumentar a entropia com o passar do tempo, caminhando para a desordem e consequente declínio. Equifinalidade Os sistemas abertos, por sua vez, podem, uma vez pressupostas algumas condições, alcançar um estado constante de equilíbrio, de modo que os processos e o sistema como um todo não cheguem a um repouso estático. Ou seja: se em um sistema aberto é alcançado um estado constante independentemente do tempo, esse estado é independente das condições iniciais e depende apenas das condições actuais do sistema. Essa propriedade é denominada de Equifinalidade. Desse modo, a equifinalidade do sistema significa que um certo estado final pode ser atingido de muitas maneiras e de vários pontos de partida diferentes. Mecanismo de feedback Os sistemas abertos são regulados, procuram atingir metas e, portanto, são intencionais, possuindo uma finalidade objectiva. Desse modo, a organização, mesmo sem estímulos externos, não é um sistema passivo, mas um sistema intrinsecamente activo. E como uma organização naturalmente se mantém em desequilíbrio, chamado de estado constante de um sistema aberto, e; é capaz de liberar potenciais ou tensões existentes em PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 77 resposta a estímulos libertadores. Um estímulo, isto é, uma alteração nas condições externas, não causa um processo em um sistema autonomamente activo. Os mecanismos de feedback correspondem a respostas a uma perturbação externa. Partindo das saídas do sistema, o feedback remete às suas entradas, de forma a controlar o funcionamento do sistema, para manter um estado desejado ou orientá‐lo para uma meta específica. Os mecanismos de feedback podem Ter graus de complexidade diferenciada. A regulação do feedback dá‐se por causalidade linear e unidireccional, enquanto a regulação do sistema aberto se dá por meio de interacção multi‐variável. As regulações do primeiro tipo são baseadas em arranjos ou estruturas preestabelecidas, e as do segundo tipo, em interacção dinâmica. Os arranjos ou estruturas de feedback são sistemas fechados com relação à energia e à matéria, embora sejam abertos com relação à informação. Geralmente, os circuitos de feedback são super postos a regulações primárias, como mecanismos secundários de regulação, e se desenvolvem a partir delas. Basicamente,o feedback pode ser classificado como positivo ou negativo, dependendo do modo que o sistema lhe responde. O feedback ocorre quando há um desvio em relação a um padrão e o sistema ajusta‐se reduzindo ou neutralizando esse desvio. Esse tipo de feedback é o mecanismo mais importante para a homeostase. Por outro lado, diante do desvio, o sistema pode também responder ampliando ou mantendo esse desvio. A isso se dá o nome de feedback positivo. Esse tipo de mecanismo é importante no desenvolvimento do sistema. O processo denominada “relação circular de causa e efeito” é um exemplo de feedback positivo, ou seja, o feedback aumenta ou acelera se houver desvios do sistema, podendo criar descontinuidade e culminar na destruição desse sistema. Isso significa que muitas vezes a circularidade pode levar o sistema à descontinuidade. As relações circulares de causa e efeito precisam ser rompidas antes que rompam o sistema. Daí se introduz o feedback negativo. Homeostase O funcionamento autónomo do sistema e seu impulso para realizar certos movimentos representa o princípio da homeostase, que focaliza exclusivamente uma tendência para o PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 78 equilíbrio. Em geral, o conceito de homeostase não é aplicável a actividades espontâneas; a processos cuja meta é a criação de tensões e não a redução; aos processos de crescimento, desenvolvimento, e criação; e às leis dinâmicas, isto é, não baseadas em mecanismos fixos, mas inerentes a um sistema que funciona como um todo. Uma das tarefas primárias dos muitos subsistemas inter actuantes é a manutenção do equilíbrio no sistema. A homeostase é, essencialmente, um conceito sincrónico, isto é, referente á manutenção da constância durante um certo lapso de tempo. Diferenciação Inversamente ao conceito sincrónico, existem conceitos desenvolvimentistas ou diacrónicos, que são regras empíricas que estabelecem que os sistemas vivos tendem a uma crescente diferenciação e organização. Como existe um meio ambiente circundante em constante mudança, o sistema deve ser adaptável e capaz de ele próprio, efectuar mudanças e reordenar‐se na base de pressões ambientais. Assim, padrões difusos e globais são substituídos por funções mais especializadas. Um tipo de crescimento diferenciado nos sistemas é o que Bertalanffy qualificou como mecanização progressiva. Segundo suas palavras: “o princípio da mecanização progressiva exprime a transição da inteireza indiferenciada para função mais alta, possibilitada pela especialização e divisão do trabalho, importa também, em perda de potencialidade nos componentes e de regulabilidade no todo”. A mecanização frequentemente conduz ao estabelecimento de partes principais ou centros do sistema, isto é, componentes que dominaram o seu comportamento e podem exercer uma causalidade desencadeadora. Por meio desse processo, uma pequena alteração em uma parte principal pode, por mecanismos de ampliação, causar grandes mudanças no sistema total. Por esse motivo deve ser estabelecida uma ordem hierárquica das partes ou processos. PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 79 5.8. Abordagem Sistémica da Administração A curiosidade e a necessidade de se verificar a maneira pela qual eram estruturadas as organizações trouxeram contribuições significativas para a busca da eficiência. A fim de avaliar de que maneira os sistemas organizacionais e administrativos eram estruturados e quais mecanismos eram necessários para que funcionassem como o previsto, matemáticos e sociólogos encontraram um ponto comum na investigação de como as organizações funcionavam como sistemas. O primeiro autor a desenvolver essas ideias foi Norbert Wiener (1864‐ 1964). Wiener foi o matemático, pesquisador do Instituto de Tecnologia de Massachusetts e trabalhou na criação de mísseis dirigidos. A partir deste trabalho, aprofundou seu interesse pela manipulação de informações, no seu livro relata o resultado de seu estudo sobre controle e comunicação no animal e na máquina, além de detectar uma analogia entre máquinas e o cérebro e sistema nervoso do homem. Os trabalhos iniciais de Wiener sobre computadores e neurologia levaram‐no a estudar padrões de comportamento de controlo que ele acreditava serem significativos. Em seu livro ele define a cibernética como o estudo da regulação e controle em sistemas, com ênfase sobre a natureza do feedback. Além disso, a cibernética trata dos métodos pelos quais os sistemas e seus subsistemas utilizam o seu próprio output para aferir o efeito e realizar os ajustamentos necessários. O processo fundamental de output, feedback e ajustamento é o tema central da cibernética. Mas é Anthony Stafford Beer, um inglês excêntrico, nascido 1926, quem transforma a cibernética em instrumento prático da Administração. Ele definiu a cibernética como a ciência da organização eficaz, sua tese fundamental postula que as organizações são como pessoas; têm um “cérebro” e um sistema nervoso central. Segundo o autor, muitos dos problemas empresariais repousam na incompreensão clara de como seus sistemas funcionam. Assim, a raiz do problema está na maneira pela qual os sistemas se criam dentro das organizações. PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 80 E a melhor forma de entender como uma organização funciona é ignorar o “organograma oficial”, que apenas diz teoricamente o que deveria acontecer, “programando” como cada parte da organização realmente reage em face das acções das outras partes. Desse modo, acredita o autor, os efeitos de quaisquer mudanças no sistema podem ser previstos de antemão e corrigidos. Suponhamos que uma organização se empenhe em formular determinados conceitos sobre suas actividades concretas, para poder generalizá‐los e aplicá‐los futuramente. A organização, ao aplicar esses conceitos, pode confirmá‐los ou não. Caso não sejam confirmados, a organização inicia todo o processo – observação, análise, formulação de conceitos, generalização e experimentação futura. Esse processo é reiterado e circular, e enquanto a organização existir o processo não cessará. A circularidade torna‐se, então, um hábito. No encadeamento das actividades organizacionais, o processo também não é linear, ocorrendo sempre a circularidade do feedback. De acordo com Jay Forrester (1918), professor da Sloam School of Management do Instituto de Tecnologia de Massachussetts, todos falam de sistemas, mas poucos se apercebem de quão difusos são os sistemas na criação de dificuldades que nos perturbam, e de como o termo sistema abrange uma vasta amplitude do nosso universo, desde o físico até o organizacional. Kenneth Bouding fez uma classificação dos sistemas presentes em nosso universo, distribuindo‐os em uma hierarquia de nove níveis: 1. O primeiro nível é o da estrutura estática. Poderia ser chamado o nível das estruturas; 2. O segundo nível é o do sistema dinâmico simples, com movimentos predeterminados e necessários. Poderia ser chamado o nível do determinismo; 3. O terceiro nível é o dos sistemas dos mecanismos de controlo ou cibernético, que poderia receber o nome de nível do termóstato, pois é auto regulável na manutenção do equilíbrio; 4. O quarto nível é o da estrutura do sistema aberto ou da estrutura que se mantém sozinha. É o nível em que a vida começa a se diferenciarda não vida e poderia ser chamado o nível da célula; 5. O quinto nível é o genérico‐social, exemplificado pela planta e que domina o mundo empírico dos botânicos; PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 81 6. O sexto é o nível animal, que se caracteriza pela mobilidade; 7. O sétimo é o nível humano, isto é, aquele que vê o ser humano; individualmente considerado, como um sistema provido de auto consciência e capaz de utilizar a linguagem e o simbolismo. 8. O oitavo nível é o do sistema social, que tem por base uma organização humana, onde se tomam em consideração o conteúdo e o sentido das mensagens, a natureza e as dimensões dos sistemas de valores, a transmutação das imagens em registros históricos, os simbolismos da arte, da música e da poesia e a complexa gama das emoções humanas. 9. Por último, os sistemas transcendentais, que são os sistemas supremos e absolutos, desconhecidos, aos quais não é possível escapar, mas que também apresentariam estrutura e relacionamento sistemático. 5.9. Outros elementos presentes na acção sistemática a) Relações As entidades num sistema estabelecem relações entre si. Estas podem ser mútuas ou unidireccionais, lineares ou não, contínuas ou intermitentes, e variar em graus de eficácia e prioridade causal. Sistemas complexos, em particular, admitem funções escalares (step functions), precipitantes, além de mecanismos amortecedores e interacções complexas de retro alimentação nas relações. A informação é uma típica relação entre conjunto de variáveis, de forma que a natureza da relação pode ser tanto energia predominante em sistemas mecânicos, como informação, predominante nos sistemas cibernéticos, ou ainda uma combinação de ambas, como nos sistemas orgânicos. As relações têm sido objecto de teorias interpretativas, definindo algumas perspectivas teóricas. São possíveis ainda diferentes compreensões dos processos subjacentes na mesma perspectiva, de acordo com os diferentes referenciais meta teóricos assumidos. Por exemplo, em ciências sociais são mais conhecidas a teoria da troca e a teoria dos jogos para explicar a condição dinâmica de um sistema. Admite‐se, na primeira, que as PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 82 relações sociais não decorrem de um consenso automático ou transcendental, como se todos os actores estivessem em convergência num determinismo normativo. Mas ao pressupor que os indivíduos são seres pensantes, com capacidade de escolha e de transformação das próprias estruturas normativas, a teoria da troca não exclui divergências em como aplicá‐la. Essa teoria admite concepções sob modelos tanto estruturais como processuais, de consenso ou de conflito, de persistência ou de mudança, por um estrutura de categorização ou de dedução. A teoria do jogos, por sua vez, também tem sido usada, muito embora seus princípios de "soma nula", de exclusão da convergência de interesses e da preferência por resultados conforme uma dada escala de valor acabem por atribuir uma natureza por demais estática ao sistema. b) Estrutura e processo de informação A disposição das relações estabelecendo uma estrutura não implica em revelação do processo pelo qual a elas se chega. Há processos decorrentes da natureza das entidades, dos fins do sistema e da forma de intercâmbio com o meio. Particularmente nos sistemas cibernéticos, onde as estruturas estão em plena transformação, referindo‐se a um dado estado, o conhecimento do processo pode ser mais relevante que o da estrutura. Nesses casos, é comum que a estrutura se torne tão fluida que acabe por se confundir com o processo (de comunicação). As entidades estão frouxamente estruturadas, mas também permeadas por "informação", capaz de deflagrar a liberação de grandes aportes de energia nos subsistemas ou entidades conectadas. Esse é o caso, por exemplo, em que um trabalhador (subsistema) percebe um perigo (pela informação) de uma máquina (subsistema) e reage de forma inesperada ou imprevista (liberta energia). A informação, portanto, não é uma entidade, mas uma relação. Cada condição de processo, ou arquétipo, decorre de um entendimento guiado por pressupostos. Isto porque, como a realidade pode ser entendida como um sistema, sem o ser necessariamente, a atribuição deste ou daquele processo deriva de diferentes interpretações. A interpretação, obviamente, não decorre apenas daquilo que se apresenta, mas também daquilo que se busca, ou seja, daquilo que se pressupõe que a realidade deva ter. PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 83 c) Controlo A condição de ordem impõe ao sistema algum género de controlo e, tradicionalmente, a teoria dos sistemas pressupõe que todo sistema viabiliza‐se a partir de alguma interacção controlada com o meio, caso contrário, ele fenece. O controle preserva o sistema por um processo retro alimentador (feedback). Seu propósito é garantir a "adaptação inteligente" do sistema às mudanças externas e internas que ocorrem. O controle depende do confronto da condição real com a condição desejada e dos meios necessários à percepção dessas condições e à actuação corretora. A condição estrutural do controle, como uma entidade à parte ou não, depende do modelo assumido. A condição de controlo concebido como algo externo, como representado na fig. 1 (acima representado), é menos frequente, pois a maior parte dos controles observados são auto‐controles, presentes nas próprias entidades. O processo de retro alimentação ou re alimentação pode ser tanto compreendido como um subsistema comparativo, como inerente ao próprio processo das relações. No que diz respeito ao controle, os sistemas adaptativos complexos, como é o socio‐cultural, caracterizam‐se pela intencionalidade, corporizada nesse processo de retro alimentação. Nesses termos, o conceito de retro alimentação redefine a causa teleológica ou "final" em "causas eficientes", pois aquilo que traduz as metas, os acontecimentos futuros, fica explicado em termos de causas "eficientes" que operam no espaço e tempo presente. Parece claro que a retro alimentação não é uma mera interacção recíproca, mas é um instrumento de operacionalização de variáveis de critério. Num sistema mecânico, as contingências devem estar todas previamente antecipadas (o lubrificante antecipa o atrito que a máquina lubrificada ainda não apresenta), mas num sistema cibernético, as novas condições do ambiente ou das entidades prestam‐se como informações para serem usadas contra elas mesmas, em conformidade com essas variáveis de critério. Ou seja, enquanto o equilíbrio restringe o sistema mecânico às condições constantes, a retro alimentação inclui as mudanças, ou diferentes estados, como um aspecto inerente e necessário aos sistemas complexos. PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 84 d) Interface A comunicação entre um sistema e outro ou entre subsistemas pressupõe uma interface. Para que haja conexão, a interface deve ser uma interface operacional, pressupondo um padrão de conexão, (quadro 1 Acima representado). Assume‐se que, quanto mais rígido for o padrão, mais conveniente será a interface. Como a rigidez absoluta é muito difícil, as interfaces submetem‐sea "técnicas de adaptação", como "tradução" e "recursos de folga". Por outro lado, a flexibilidade da interface pode ser compreendida como necessária quando se tem em mente que a contingência é a natureza de todo sistema aberto e de toda organização. Nas palavras de Wiener: "...não se pode obter ideia significativa de organização num mundo em que tudo é necessário e nada é contingente." Para o próprio Wiener, um dos percursores da concepção sistemática aplicada a modelos cibernéticos, mesmo as interdependências internas não são completas, havendo um certo grau de variação entre uma e outra, ou seja, um certo nível maior ou menor de coerção. Coerção e contingência operam‐se inversamente, tanto no sistema como nos subsistemas ou entidades. Pois, para que um sistema complexo possa controlar ou adaptar‐ se ao meio, ele precisa ter pelo menos tanta variedade quanto a existente no meio controlado. Entendendo‐se variedade como "entropia" ou "liberdade" de escolha de alternativas. e) Modelo e estado O sistema admite um estado, definido como uma colecção de variáveis que descrevem o sistema em dado instante do tempo. Nesse sentido, os sistemas podem ser classificados como discretos ou contínuos, dependendo do comportamento dessas variáveis no curso do tempo considerado. Para verificação desse estado presta‐se o uso de um modelo. O modelo permite alguma compreensão do comportamento do sistema. Basicamente, o modelo consiste de entradas e saídas e do sistema ou subsistemas que o compõe, além das entidades e das suas respectivas inter‐relações, figura 1 (acima representado). O modelo não se confunde com a realidade. O modelo é o resultado de pressupostos ou do conjunto de conjecturas assumidas para se compreender o funcionamento do sistema. Cabe ao modelo, portanto, não a representação do que ocorre de fato, mas sim prestar‐se ao fim de fornecer alguma compreensão do comportamento pesquisado. Daí se deduz que PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 85 há sempre simplificações, omissões e escolhas que o analista faz em conformidade com os seus propósitos. Quando estes são analíticos, há ainda outras considerações como as possibilidades computacionais. Em qualquer circunstância, entretanto, o modelo deve corresponder ao sistema concebido, cabendo ao analista perceber como o sistema em estudo aproxima‐se ou afasta‐se de algum arquétipo (mecânico, orgânico, cibernético), conforme quadro 2 (mais acima). f) Conceito de abordagem sistemática A abordagem sistemática de um problema é mais que o simples uso de uma técnica, embora não possa ser dispensada. Uma boa definição foi formulada por K. Boulding nos anos 50: "A abordagem sistemática é a maneira como pensar sobre o trabalho de gerenciar. Ela fornece uma estrutura para visualizar factores ambientais internos e externos como um todo integrado. (...) Os conceitos sistémicos criam uma maneira de pensar a qual, de um lado, ajuda o gerente a reconhecer a natureza de problemas complexos e, por isso, ajuda a operar dentro do meio ambiente percebido. (...) Mas é importante reconhecer que os sistemas empresariais são uma parte de sistemas maiores (...) (e) estão num constante estado de mudança ‐ eles são criados, operados, revisados e, frequentemente, eliminados." Fica claro que abordagem sistemática é antes de mais nada, "uma maneira de pensar", assumindo com isso as suas implicações. Sua pretensão é compreender o mundo empírico sob uma "estrutura teórica sistemática", agindo em conformidade com esses pressupostos e com essa compreensão particular. Consequentemente, relacionam‐se mutuamente a filosofia de sistemas (a forma de pensar), a análise de sistemas (o método ou técnica de análise) e a gerência de sistemas (o estilo de acção). Como ponto de partida, a abordagem sistemática pode tentar isolar os sistemas, subsistemas ou entidades para melhor estudá‐las (reducionismo). Mas o analista de sistemas deve estar sempre ciente que as interacções podem ser tão ou mais importantes que esses elementos. Ou seja, sob essa abordagem, um sistema não é apenas a soma de suas partes. Tratando‐se de condições complexas, cuja complexidade deve ser preservada, compete ao analista, a partir da definição de objectivos e critérios do sistema, estabelecer claramente: PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 86 O que vai ser incluído ou excluído na análise (processo de inclusão); Como vai ser estruturado os atributos (processo de estruturação). O processo de inclusão e estruturação são concomitantes. Para este último, o analista procura as relações‐chave entre as entidades escolhidas, prestando‐se o uso de técnicas específicas como teoria das filas, programação matemática e teoria dos jogos. Mas para o processo de inclusão só interfere a criatividade, capaz de ultrapassar o óbvio na busca de entidades significativas ao sistema. Tem sido denunciado que, em geral, têm havido muito esforço no processo de estruturação, em detrimento do processo de inclusão. Além disso, constitui desafio a todo analista caracterizar a dimensão do tempo, se os sistemas são compreendidos como dinâmicos. PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 87 5.10 Esquema de um sistema relacionado com as actividades profissionais PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 88 5.11 Resumo Teoria dos Sistemas Em suma podemos dizer que uma teoria de sistemas implica a ligação ou interligação de várias pessoas ou elementos, em volta de um domínio ou objectivo comum. A ligação pode ser feita através de um elo de ligação que poderá ser uma simples informação ou até pessoas que oficializem a ligação existente. Sabemos agora que a teoria de sistemas estas presente em qualquer actividade do nosso dia à dia, e também ficamos a saber que já existem teorias estruturadas sobre temas como: ‐ Actividade profissional; ‐ Preservação ambiental; ‐ Trabalho e cultura; ‐ Inovações tecnológicas; ‐ Condições de trabalho, etc. Através deste capítulo conseguimos ter uma pequena amostra das dificuldades estruturais e relacionais que por vezes os sistemas podem ter. Podemos dizer que que todos os factos e ou situações tem uma lógica que nós chamariamos de sistemática, pois um factor implica o outro e essa é mesmo a fundamentação da teoria de sistemas. PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 89 6. TEORIA NEOCLÁSSICA 6.1 Abordagem Neoclássica Todas as teorias administrativas assentaram‐se na Teoria Clássica, seja, como ponto de partida, seja como crítica para tentar uma posição diferente, mas a ela relacionada intimamente. A abordagem neoclássica nada mais é do que a redenção da Teoria Clássica devidamente atualizada e redimensionada aos problemas administrativos atuais e ao tamanho das organizações de hoje. Em outros termos, a Teoria Neoclássica é exatamente a Teoria Clássica colocada no figurino das empresas de hoje, dentro de um ecletismo que aproveita a contribuição de todas as demais teorias administrativas. Hoje em dia é moda menosprezar Taylor, mas ele foi o primeiro homem de que se tem noticia que não aceitou o trabalho como favas contadas, mas o examinou e o estudou a fundo. 6.2. A Teoria Principais Vultos: Peter F. Drucker, WillianNewman, Ernest Dale, Ralph C. Davis, Louis Allen e George Terry. É também chamada de Escola Operacional, Escola do Processo Administrativo ou ainda Abordagem Universalista da Administração. As principais características básicas da Teoria Neoclássica são as seguintes: A Ênfase na prática da Administração. A Teoria Neoclássica caracteriza‐se por uma forte ênfase nos aspectos práticos da Administração, pelo pragmatismo e pela busca de resultados concretos e palpáveis, muito embora não se tenha descurado dos conceitos teóricos da Administração. PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 90 A Teoria Neoclássica é quase como uma reação à enorme influência da ciência do comportamento no campo da Administração que ocorreu em detrimento dos aspectos econômicos e concretos que envolvem as organizações . Os neoclássicos pretendem colocar as coisas nos seus devidos lugares. E, para tanto, retomam grande parte do material desenvolvido pela Teoria Clássica, redimensionando‐o e reestruturando‐o de acordo com as circunstâncias da época atual, dando‐lhe uma configuração mais ampla e flexível. Os neoclássicos preocupam‐se em estabelecer normas de comportamento administrativo. Os princípios da Administração que os clássicos utilizam como “leis” científicas são retomados pelos neoclássicos como critérios mais ou menos elásticos para a busca de soluções administrativas práticas. Os administradores são essenciais a qualquer empresa dinâmica e bem‐sucedida. São homens que devem planejar, dirigir e controlar as operações do negócio. A Teoria Neoclássica coloca grande ênfase nos objetivos e nos resultados, pois para ela as organizações existem para alcançar objetivos e produzir resultados, e é em função dos objetivos e resultados que a organização deve ser dimensionada, estruturada e orientada. Assim, a Teoria Neoclássica considera os meios na busca da eficiência, mas enfatiza fortemente os fins e resultados, na busca da eficiência. Embora se baseiam profundamente na Teoria Clássica, os autores neoclássicos são amplamente ecléticos, absorvendo conteúdo de quase todas as outras teorias administrativas. Administração como Técnica Social Para os autores neoclássicos, a Administração consiste em orientar, dirigir e controlar os esforços de um grupo de indivíduos para um objetivo comum. E o bom administrador é, naturalmente, aquele que possibilita ao grupo alcançar seus objetivos com o mínimo dispêndio de recursos e de esforço e com menos atritos com outras atividades úteis. A Administração é uma atividade generalizada essencial a todo esforço humano coletivo, seja na empresa industrial, na empresa de serviços, no exército, nos hospitais, na igreja etc. O homem cada vez mais necessita cooperação é basicamente a coordenação de atividade grupais. PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 91 Aspectos Administrativos Comuns às Organizações. No fundo, toda as instituições e empresas são organizações e, consequentemente, têm uma dimensão administrativa comum. De acordo com a Teoria Neoclássica há três aspectos principais nas organizações: Quanto aos objetivos: as organizações não vivem para si próprias, mas são meios, são órgãos sociais que visam à realização de uma tarefa social. Quanto à administração: todas as grandes organizações são diferentes em seus objetivos, seus propósitos, mas são essencialmente semelhante na área administrativa. Quanto ao desempenho individual: é o campo em que há menor diferença entre as organizações. O desempenho individual é a eficácia do pessoal que trabalha dentro das organizações. São os indivíduos que fazem, decidem e planejam. Cada empresa deve ser considerada sob o ponto de vista de eficácia e de eficiência, simultaneamente. Eficácia é uma medida normativa do alcance de resultados, enquanto eficiência é uma medida normativa de utilização dos recursos nesse processo. Eficiência Eficácia Ênfase nos meios Fazer corretamente as coisas Resolver problemas Salvaguardar os recursos Cumprir tarefas e obrigações Treinar os subordinados Manter as máquinas Presença nos templos Rezar Jogar futebol com arte Ênfase nos resultados Fazer as coisas corretas Atingir objetivos Otimizar a utilização dos recursos Obter resultados Proporcionar habilidades aos subordinados Máquinas disponíveis Prática dos valores religiosos Ganhar o céu Ganhar a partida PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 92 6.3. A Centralização Vantagens da Centralização Desvantagens da Centralização As decisões são tomadas por administradores que possuem uma visão global da empresa. Tomadores de decisão situados no topo são geralmente mais bem treinados do que os que estão nos níveis mais baixos. As decisões são mais consistentes com os objetivos empresariais globais. Elimina esforços duplicados e reduz custos operacionais com a descentralização. Certas funções – como compras – promovem maior especialização e aumento de habilidades com a centralização. As decisões são tomadas por administradores que estão distanciados dos factos. Tomadores de decisão situados no topo raramente têm contato com as pessoas e situações envolvidas. Administradores nos níveis inferiores estão distanciados dos objetivos globais. As linhas de comunicação mais distanciadas provocam demoras e maior custo operacional. Pelo envolvimento de muitas pessoas, cresce a possibilidade de distorções e erros pessoais no processo. A centralização ocorre quando a autoridade é retida e circunscrita nas mãos do executivo máximo da organização. Vantagens da Descentralização Desvantagens da Descentralização As decisões são tomadas mais rapidamente pelos próprios executores da acção. Tomadores de decisão são os que tem mais informações sobre a situação. Maior participação no processo decisorial promove motivação e moral elevado entre os administradores médios. Proporciona excelente treinamento para os administradores médios. Pode ocorrer falta de informação e coordenação entre os departamentos envolvidos. Maior custo pela exigência de melhor seleção e treinamento dos administradores médios. Riscos da subobjetivação: os administradores podem defender mais objetivos departamentais do que os empresariais. As políticas podem variar por departamento. 6.4. A funções do administrador Na Teoria Neoclássica, as funções do administrador recebeu roupagem nova e atualizada aos elementos da administração defendidos por Fayol (Prever, organizar, comandar, coordenar e controlar). As funções do administrador são: Planejamento, organização, direção e controle. O desempenho dessas quatro funções básicas forma o chamado processos administrativo. PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 93 6.5. Resumo da Teoria Neoclássica 1‐ A Teoria Neoclássica surgiu da necessidade de se utilizarem os conceitos válidos e relevantes da Teoria Clássica, expurgando‐os dos exageros e distorções típicos de qualquer teoria pioneira e condensado‐os com outros conceitos igualmente válidos e relevantes oferecidos por outras teorias administrativas ao longo das três últimas décadas. 2‐ A Teoria Neoclássica pode ser identificada através de algumas características marcantes: a ênfase na parte prática da Administração,a reafirmação relativa (e não absoluta) dos postulados clássicos, a ênfase nos primeiros clássicos de Administração, a ênfase nos resultados e objetivos e, sobretudo, o ecletismo aberto e receptivo. 3‐ O ponto fundamental da Teoria Neoclássica é o de ser a Administração uma técnica social básica. Isto leva à necessidade de o administrador conhecer, além dos aspectos técnicos e específicos de seu trabalho, também os aspectos relacionados com a direcção de pessoas dentro das organizações. 4‐ A Teoria Neoclássica surgiu com o crescimento exagerado das organizações. Uma das respostas que procurou dar foi a respeito do dilema centralização versus descentralização. Boa parte do trabalho dos neoclássicos está voltada para fatores que levam à decisão de descentralização, bem como às vantagens e desvantagens que a descentralização proporciona. 5‐ A Teoria Neoclássica enfatiza as funções do administrador: O planeamento, a organização, a direcção e o controle. No seu conjunto, essas funções administrativas formam o processo administrativo. PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 94 7. TEORIA COMPORTAMENTAL 7.1. Génese A Teoria Comportamental (ou Teoria Behaviorista) da Administração trouxe uma nova direção e um enfoque dentro da teoria administrativa: a abordagem das ciências do comportamento (behavioral sciences approach), o abandono das posições normativas e prescritas das teorias anteriores (Teoria Clássica, Teoria das Relações Humanas e Teoria Burocrática) e a adoção de posições explicativas e descritivas. A ênfase permanece nas pessoas, mas dentro do contexto organizacional mais amplo. As origens da Teoria Comportamental da Administração são as seguintes: A oposição ferrenha e definitiva da Teoria das Relações Humanas (com sua profunda ênfase nas pessoas) em relação à Teoria Clássica (com sua profunda ênfase nas tarefas e na estrutura organizacional) caminhou lentamente para um segundo estágio: a Teoria Comportamental. A Teoria Comportamental representa um desdobramento da Teoria das Relações Humanas, rejeitando concepções ingênuas e românticas da Teoria das Relações Humanas. A Teoria Comportamental critica a Teoria Clássica, havendo autores que vêem no beheviorismo uma verdadeira antítese à teoria da organização formal, aos princípios gerais da administração, ao conceito de autoridade formal e à posição rígida e macanística dos autores clássicos. Com a Teoria Comportamental deu‐se a incorporação da Sociologia da Burocracia, aplicando o campo da teoria administrativa.Também com relação à Teoria Burocrática, mostra‐se muito crítica, principalmente no que se refere ao " modelo de máquina" que aquela adota para representar a organização. Em 1947 surge um livro que marca o início da Teoria Comportamental na administração: O Comportamento Administrativo, de Herbert ª Simon. É um ataque aos princípios da Teoria Clássica e a aceitação – com os devidos reparos e correções ‐ das principais idéias da Teoria das Relações Humanas. É o início da Teoria das Decisões. A Teoria Comportamental surge no final da década de 1940 com uma redefinição total dos conceitos administrativos: ao criticar as teorias anteriores, o behaviorsmo na PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 95 Administração não somente reescalona as abordagens, mas amplia o seu conteúdo e diversifica a sua natureza. Para esta teoria foi fundamental o contributo da: ‐Teoria dos Sistemas de Decisão Herbert Simon; ‐Teoria das Necessidades de Maslow; ‐Teoria dos dois factores de Hertzberg; ‐Teoria X e Y de McGregor; 7.2. A motivação humana Para explicar o comportamento organizacional, a Teoria Comportamental fundamenta‐ se no comportamento individual das pessoas. Para explicar como as pessoas se comportam, estuda‐se a motivação humana. Os autores behavioristas verificaram que o administrador precisa conhecer as necessidades humanas para melhor compreender o comportamento humano e utilizar a motivação humana como poderoso meio para melhorar a qualidade de vida dentro das organizações. Assim, a motivação humana, nesta teoria: O comportamento individual das pessoas ‐‐‐> o estudo da motivação humana; O Homem é um animal complexo, dotado de necessidades; Processo contínuo de satisfação de substituição das necessidades; O administador deve conhecer as necessidades humanas ‐‐‐> Compreensão do comportamento humano; O administador deve saber utilizar a motivação humana como uma arma; A motivação humana enquanto meio para alcançar uma melhor qualidade de vida, dentro das organizações; PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 96 7.3 Hierarquia das Necessidades de Maslow Maslow apresentou uma teoria da motivação segundo a qual as necessidades humanas estão organizadas e dispostas em níveis, numa hierarquia de importância e de influenciação, temos 5 níveis,são eles: 1‐ Necessidades de auto‐realização: trabalho criativo e desafiante; diversidade e autonomia; participação nas decisões; 2‐ Necessidade de estima: responsabilidade por resultados; orgulho e reconhecimento; promoções; 3‐ Necessidades sociais: amizade e colegas; interação com clientes; gerente amigável; 4‐ Necessidades de segurança: condições seguras de trabalho; remuneração e benefícios; estabilidade no emprego; 5‐ Necessidades fisiológicas: intervalos de descanso; conforto físico; horário de trabalho razoável; Somente quando um nível inferior de necessidades está satisfeito é que o nível imediatamente mais elevado surge no comportamento da pessoa. Em outros termos, quando uma necessidade é satisfeita, ela deixa de ser motivadora de comportamento, dando oportunidade para que um nível mais elevado de necessidade possa se manifestar. Nem todas as pessoas conseguem chegar ao 1° nível. Quando as necessidades mais baixas estão satisfeitas, as necessidades localizadas nos primeiros níveis passam a dominar o comportamento. PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 97 7.4 Teoria dos dois factores de Herzberg Frederick Herzberg formulou a teoria dos dois factores para explicar o comportamento das pessoas em situação de trabalho. Para ele existem dois factores que contribuem para o comportamento das pessoas: factores higiénicos e factores motivacionais. Esses dois factores são independentes e na se vinculam entre si. Os factores responsáveis pela satisfação profissional das pessoas são totalmente desligados e distintos dos factores responsáveis pela insatisfação profissional. O oposto da satisfação profissional não é a insatisfação, mas ausência de satisfação profissional. A teoria dos dois factores de Herzberg pressupõe os seguintes aspectos: ‐ A satisfação no cargo depende dos fatores motivacionais ou satisfacientes: o conteúdo ou atividades desafiantes e estimulantes do cargo desempenhado pala pessoa. ‐ A insatisfação no cargo depende dos fatores higiénicos ou insatisfacientes: o ambiente de trabalho, salário, benefícios recebidos, supervisão, colegas e contexto geral que envolve o cargo ocupado. 7.5 Factores motivacionais Para proporcionar continuamente motivação no trabalho, Herzberg propõe o "enriquecimento das tarefas" ou "enriquecimento do cargo": consiste emsubstituir as tarefas simples e elementares do cargo por tarefas mais complexas. O enriquecimento de tarefas depende do desenvolvimento de cada indivíduo e deve adequar‐se às suas características individuais em mudança. O enriquecimento de tarefas pode ser vertical (eliminação de tarefas mais simples e acréscimo de tarefas mais complexas) ou horizontal (eliminação de tarefas relacionadas com PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 98 certas atividades e acréscimo de outras tarefas diferentes, mas no mesmo nível de dificuldade). O enriquecimento de tarefas provoca efeitos desejáveis, como o aumento da motivação, aumento da produtividade, redução do absenteísmo (faltas e atrasos ao serviço) e redução da rotatividade do pessoal. Contudo, pode gerar efeitos indesejáveis, como o aumento de ansiedade face a tarefas novas e diferentes quando não são bem sucedidas nas primeiras experiências, aumento do conflito entre as expectativas pessoais e os resultados do trabalho nas novas tarefas enriquecidas, sentimentos de exploração quando a empresa não acompanha o enriquecimento de tarefas com o enriquecimento da remuneração, redução das relações interpessoais devido à maior concentração nas tarefas enriquecidas 7.6 Estilos de Administração As organizações são projetadas e administradas de acordo com certas teorias administrativas. Cada teoria administrativa baseia‐se em convicções sobre a maneira pela qual as pessoas se comportam dentro das organizações. 7.7. Teoria X e Teoria Y McGregor compara dois estilos opostos e antagônicos de administrar: de um lado, um estilo baseado na teoria tradicional, mecanicista e pragmática (a que deu o nome de Teoria X), e, de outro, um estilo baseado nas concepções modernas a respeito do comportamento humano (Teoria Y). Teoria X PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 99 É a concepção tradicional de administração e baseia‐se em convicções errôneas e incorretas sobre o comportamento humano, a saber: O homem é indolente e preguiçoso por natureza; Falta‐lhe ambição; O homem é egocêntrico e seus objetivos pessoais opõem‐se, em geral, aos objetivos da organização; Resiste às mudanças; A sua dependência torna‐o incapaz de autocontrole e autodisciplina. A Teoria X reflete um estilo de administração duro, rígido e autocrático. As pessoas são visualizadas como meros recursos ou meios de produção. Para a Teoria X, a administração caracteriza‐se pelos seguintes aspectos: A administração promove a organização dos recursos da empresa no interesse exclusivo de seus objetivos econômicos; A administração é um processo de dirigir os esforços das pessoas, incentiva‐ las, controlar suas ações e modificar o seu comportamento para atender às necessidades da empresa; As pessoas devem se persuadidas, recompensadas, punidas, coagidas e controladas: as suas atividades devem ser padronizadas e dirigidas em função dos objetivos da empresa; A remuneração é um meio de recompensa para o bom trabalhador, e a punição para o empregado que não se dedique suficientemente à realização de sua tarefa. A Teoria X representa o típico estilo de administração da Administração Cientifica de Taylor, da Teoria Clássica de Fayol e da Teoria da Burocracia de Weber em diferentes estágios da teoria administrativa: bitolamento da iniciativa individual, aprisionamento da criatividade, estreitamento da atividade profissional através do método e da rotina de trabalho. A Teoria das Relações Humanas, em seu caráter demagógico e manipulativo, também é uma forma suave, macia e enganosa de se fazer Teoria X. PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 100 Teoria Y É a moderna concepção de administração de acordo coma Teoria Comportamental. A Teoria Y baseia‐se em concepções e premissas atuais e sem preconceitos a respeito da natureza humana, a saber: As pessoas não têm desprazer inerente de trabalhar; As pessoas não são passivas ou resistentes às necessidades da empresa; As pessoas têm motivação, potencial de desenvolvimento, padrões de comportamento adequados e capacidade para assumir responsabilidades; O homem médio aprende sob certas condições a aceitar, mas também a procurar responsabilidade. A Teoria Y desenvolve um estilo de administração aberto, dinâmico e democrático, através do qual administrar torna‐se um processo de criar oportunidades, liberar potenciais, remover obstáculos, encorajar o crescimento individual e proporcionar orientação quanto a objetivos. A administração segundo a Teoria Y caracteriza‐se pelos seguintes aspectos: A motivação, potencial de desenvolvimento, capacidade de assumir responsabilidade, de dirigir o comportamento para os objetivos da empresa, todos estes fatores estão presentes nas pessoas; A tarefa essencial da administração é criar condições organizacionais e métodos de operação através dos quais as pessoas possam atingir melhor os objetivos pessoais. A Teoria Y propõe um estilo de administração participativo e baseado nos valores humanos e sociais. Enquanto a Teoria X é a administração através de controles externos impostos às pessoas, a Teoria Y é a administração por objetivos que realça a iniciativa individual. As duas teorias são opostas entre si. Segundo McGregor a Teoria Y é aplicada nas empresas através de um estilo de direção baseado em medidas inovadoras e humanistas, a saber: a) Descentralização das decisões e delegação de responsabilidades; b) Ampliação do cargo para maior significado do trabalho; c) Participação nas decisões e administração consultiva; d) Auto‐avaliação do desempenho. PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 101 7.8. Sistemas de administração Likert propõe uma classificação de sistemas de administração, definindo quatro perfis organizacionais. Sistema 1 : Mão de obra intensiva e tecnologia rudimentar; Pessoal de pouca qualificação e educação (Empresas de construção civil ou industrial). Sistema 2 : Tecnologia mais apurada e mão de obra mais especializada; coerção para manter o controle sobre o comportamento das pessoas (Áreas de produção e montagens de empresas industriais, escritórios de fábricas etc...). Sistema 3 : Áreas administrativas mais organizadas e avançadas em termos de relações com empregados (bancos e financeiras). Sistema 4 : Sofisticada tecnologia e pessoal altamente especializado (empresas de serviços de propagando, consultoria em engenharia e em administração). 7.9. Organização como Um Sistema Social Cooperativo Uma organização somente existe quando ocorrem conjuntamente três condições: a) Interação entre duas ou mais pessoas. b) Desejo e disposição para a cooperação. c) Finalidade de alcançar um objetivo comum. 7.10 Teoria das Decisões Decisão é o processo de análise e escolha entre as alternativas disponíveis de cursos de ação que a pessoa deverá seguir. A decisão envolve seis elementos, a saber: Tomador de decisão Objectivos Preferências PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 102 Estratégia Situação Resultado Etapas do Processo Decisorial 1‐ Percepção da situação que envolve algum problema 2‐ Análise e definição do problema 3‐ Definição dos objetivos 4‐ Procura de alternativasde solução ou de cursos de ação 5‐ Escolha (seleção)da alternativa mais adequada ao alcance dos objetivos 6‐ Avaliação e comparação das alternativas 7‐ Implementação da alternativa escolhida Decorrências da Teoria das Decisões O processo decisorial permite solucionar problemas ou defrontar‐se com situações. A subjetividade nas decisões individuais é enorme. Simon dá alguns recados: a) Racionalidade limitada b) Imperfeição nas decisões c) Relatividade das decisões d) Hierarquização das decisões e) Racionalidade administrativa f) Influência organizacional Homem Administrativo O processo decisorial típico do homem administrativo é assim exemplificado: 1‐ O tomador de decisões evita a incerteza e segue as regras padronizadas da organização para tomar suas decisões. 2‐ Ele mantém inalteradas as regras e as define somente quando sob pressão ou crise. Quando o ambiente muda subitamente e novas situações afloram ao processo decisório, a organização é lenta no ajustamento. Ela tenta utilizar o seu modelo atual para lidar com as condições modificadas. PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 103 7.11. Comportamento Organizacional Comportamento organizacional é o estudo da dinâmica das organizações e como os grupos e indivíduos se comportam dentro delas. É uma ciência interdisciplinar. Por ser sistema cooperativo racional, a organização somente pode alcançar seus objetivos se as pessoas que a compõem coordenarem seus esforços a fim de alcançar algo que individualmente jamais conseguiriam. Por essa razão, a organização caracteriza‐se por uma racional divisão do trabalho e hierarquia. Da mesma forma que uma organização tem expectativas acerca de seus participantes, quanto às suas atividades, talentos e potencial de desenvolvimento, também os participantes têm suas expectativas em relação à organização. As pessoas ingressam e fazem parte da organização para obter satisfação de suas necessidades pessoais através de sua participação nela. Para obter essas satisfações, as pessoas estão dispostas a fazer investimentos pessoais na organização ou a incorrer em certos custos. Por outro lado, a organização recruta pessoas na expectativa de que elas trabalhem e desempenhem suas tarefas. Assim, surge uma interação entre pessoas e organização, a que se dá o nome de processo de reciprocidade: a organização espera que as pessoas realizem suas tarefas e oferece‐lhes incentivos e recompensas, enquanto as pessoas oferecem suas atividades e trabalho esperando obter certas satisfações pessoais. As pessoas estão dispostas a cooperar desde que suas atividades na organização contribuam diretamente para o alcance de seus próprios objetivos pessoais. PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 104 7.12 Teoria do Equilíbrio Organizacional Ao estudar os motivos pelos quais as pessoas cooperam, os behavioristas visualizam a organização como um sistema que recebe contribuições sob a forma de dedicação ou trabalho e em troca oferece incentivos. Os conceitos básicos desta teoria são: a) Incentivos: "pagamentos" feitos pela organização aos seus participantes (salários, oportunidades de crescimento etc). b) Utilidade dos incentivos: cada incentivo possui um valor de utilidade que varia de indivíduo para indivíduo. c) Contribuições: são os "pagamentos" que cada participante efetua à sua organização (trabalho, dedicação, esforço etc). d) Utilidade das contribuições: é o valor que o esforço que um indivíduo tem para a organização, a fim de que esta alcance seus objetivos. PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 105 7.13 Resumo da Teoria Comportamental A Teoria Comportamental marca a mais profunda influência das ciências do comportamento na administração. Para muitos, representa a aplicação da Psicologia Organizacional à Administração. Surgiu em 1957, com o livro O Comportamento Administrativo, de Herbert Alexander Simon que dá início da Teoria das Decisões e críticas às Teorias Clássica e das Relações Humanas ‐ iniciando a Teoria Comportamental. Esta teoria se assenta em novas proposições acerca da motivação humana, notadamente as contribuições de McGregor, Maslow e Herzberg. O administrador precisa conhecer os mecanismos motivacionais para poder dirigir adequadamente as pessoas. Um dos assuntos prediletos dos behavioristas é o que trata dos estilos da administração. McGregor traça dois extremos: a teoria X e a Teoria Y. Outro aspecto importante da Teoria Comportamental é o Processo Decisorial. Todo indivíduo é um tomador de decisão, baseando‐se nas informações que recebe do seu ambiente, processando‐as de acordo com suas convicções e assumindo atitudes, opiniões e pontos de vista em todas as circunstâncias. A organização neste sentido é vista como um sistema de decisões. A idéia de um tomador de decisões, dentro de uma racionalidade limitada pela escassez de informações que pode obter e se processar, conduz ao conceito do homem administrativo, que se comporta buscando soluções satisfatórias e não soluções óptimas. Nas organizações existem sempre conflitos entre os objetivos individuais e os objetivos organizacionais. Na medida em que as organizações pressionam para alcançar os seus objetivos, elas privam os indivíduos da satisfação de seus objetivos pessoais, e vice‐versa. O comportamento organizacional é o tema preferido pelos behavioristas na teoria administrativa. A reciprocidade entre os indivíduos e organizações e suas relações de intercâmbio são importantes para o estudo das organizações. O administrador precisa conhecer os mecanismos motivacionais para poder dirigir adequadamente as pessoas. Maslow apresentou a teoria da motivação, segundo a qual as necessidades humanas estao organizadas e dispostas em níveis, numa hierarquia de importância e de influência: PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 106 Necessidades Fisiológicos Necessidades de Segurança Necessidades Sociais (afeto) Necessidades de Estima (status) Necessidades de Auto‐realização Por fim, uma extensa apreciação crítica a respeito da Teoria Comportamental na Administração como uma tentativa de balanço de suas contribuições e suas limitações mostra a sua profunda influência na teoria administrativa. PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 107 8. TEORIA DA CONTIGÊNCIA 8.1 Origens O principal pilar da teoria da Contingência é o de não haver nada absoluto nas empresas: tudo é relativo e depende de vários factores. A relação funcional existente não é aquela conhecida de “causa e efeito” mas sim aquela de “se‐então”. A teoria da contingência enfatiza a natureza multivariada das organizações e tenta compreender como as organizações operam sob condições variáveis e circunstâncias específicas. Dirige‐se, acima de tudo, para a recomendação de desenhos organizacionais e sistemas gerenciais para situações específicas. Nesta teoria, não existe nada de abstracto nas organizaçõese defende que existe uma relação funcional entre as condições do ambiente e as técnicas administrativas apropriadas para se alcançarem os objectivos da organização. A palavra contingência significa eventualidade, algo incertoque pode ou não acontecer. Por sua vez, considera que todas as organizações dependem do ambiente (todo o universo que envolve a organização) e da tecnologia (Know‐How), existindo assim, uma relação funcionalentre ambos com as características organizacionais, ou seja, a organização é função do ambiente e da tecnologia. A teoria da contingência surgiu após a abordagem sistémica das organizações. Esta teoria demonstra que não existe nada de absoluto nas organizações, tudo é relativo, tudo depende de vários factores. Nesta teoria existe uma ligação funcional entre as condições do ambiente e as condições técnico‐administrativas, com o intuito de alcançar eficazmente os objectivos da organização. Quanto às variáveis ambientais, estas são independentes, ao ponto que as técnico‐ administrativas são variáveis independentes. Não existe uma relação directa entre as variáveis dependentes e independentes, pois no ambiente não são geradas técnicas PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 108 administrativas. Existe uma relação funcional entre as variáveis independentes e dependentes, essa relação pode levar ao alcance eficaz dos objectivos organizacionais. Esta relação não implica uma analogia de causa‐efeito, pois a administração é activa e não dependente, procurando ligações funcionais entre o ambiente independente e as técnicas administrativas que melhorem a eficácia da administração contingencial. As relações funcionais entre as condições ambientais e as praticas administrativas devem ser constantemente ajustadas e identificadas. As organizações devem, dar importância as inovações e a flexibilidade, para se poderem ajustar as rápidas mudanças do meio envolvente. Esta abordagem surge como resposta as necessidades da segunda metade do século XX. A teoria da contingência não defende uma única maneira de administrar, esta reconhece que as organizações sendo influenciadas pelos ambientes em que estão inseridas, vão procurar identificar o modelo mais adequado a sua realidade. Ela reconhece que a eficácia não se atinge seguindo um único modelo organizacional. A palavra contingência significa eventualidade, algo que pode acontecer ou não, algo inserto, relativo ou duvidoso. A visão contingencial da organização e de sua administração sugere que uma organização é um sistema composto de subsistemas e delineado por limites identificáveis em relação ao seu supra‐sistema ambiental. 8.2 Fundamentos da abordagem contingencial Esta teoria considera que as organizações dependem do ambiente e da tecnologia existindo uma relação funcional entre estes duas características (variáveis independentes) e as características organizacionais (variáveis dependentes). Os defensores da teoria da contingência põem em destaque a ideia de que o que os gestores fazem, na prática, depende do conjunto de circunstâncias que caracterizam a situação. Tom Burns e George Stalker puseram em confronto a estrutura da organização e as características do ambiente. Com isto obtiveram dois tipos de gestão radicalmente PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 109 diferentes: o sistema mecanicista, caracterizado por uma estrutura rígida com destaque para a linha hierárquica, e o sistema orgânico, muito mais flexível, menos estruturado, permitindo uma maior influencia dos trabalhadores na tomada de decisões. Por outro lado, Joan Woodward, defende que a escolha do tipo de estrutura que melhor se adapta a uma determinada empresa é influenciada pela tecnologia que ela usa, esta define que a variedade tecnológica é a variável do ambiente externa que determina as características estruturais e o modelo de funcionamento da organização. (Fonte:Adaptado de http://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_da_Conting%C3%AAncia) 8.3 Pesquisas Pesquisas associadas ao nascimento da teoria da contingência A teoria de contingência nasceu de uma série de pesquisas tais como: Pesquisa de Chandler Pesquisa de Burns e Stalker Pesquisa de Lawrence e Lorsch Pesquisa de Joan Woodward Pesquisa de Chandler Em 1962, Chandler efectuou uma pesquisa onde procurou relacionar as mudanças estruturais das organizações à estratégia de negócios utilizada por cada empresa, chegando à conclusão de que a estrutura organizacional da empresa era determinada pela estratégia do mercado. Esta determinação passou por quatro fases distintas: 1‐ Acumulação de recursos: ampliação das instalações de produção e preocupação com matéria prima; 2‐ Racionalização do uso dos recursos: contenção dos custos e ênfase no planeamento; PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 110 3‐ Continuação do crescimento: aumento da eficiência de vendas, compras, produção e distribuição, grande competitividade, diversificação; 4‐ Racionalização do uso dos recursos de expansão: ênfase na estratégia mercadológica, início da estrutura multidepartamentalizada, preocupação com o planeamento a longo prazo. Chegou‐se à conclusão que diferentes ambientes levam as empresas a adoptar novas estratégias que, por sua vez exigem diferentes estruturas organizacionais. Pesquisa de Burns e Stalker Tom Burns e George Stalker descrevem dois tipos de gestão muito diferentes: o sistema mecanicista, caracterizado por uma estrutura rígida com destaque para a linha hierárquica e o sistema orgânico, mais flexível, menos estruturado, permitindo uma maior influência dos trabalhadores na tomada de decisões. As organizações mecanísticas apresentam as seguintes características principais: Estrutura burocrática assentada em minuciosa divisão do trabalho; Cargos ocupados por especialistas com atribuições perfeitamente definidas; Altamente centralizadas, as decisões são tomadas nos níveis superiores da empresa; Hierarquia rígida, baseada no comando; Sistema simples de controle; Predomínio da interação vertical entre superior‐subordinado; Amplitude de controle do superior mais estreita; Maior confiança nas regras e procedimentos formais; Ênfase nos princípios da TEORIA CLÁSSICA; As organizações orgânicas apresentam as seguintes características principais: Estruturas flexíveis com pouca divisão de trabalho: Amplitude de controle do supervisor mais ampla; Maior confiança nas comunicações; Ênfase nos princípios da TEORIA DAS RELAÇÕES HUMANAS. PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 111 Pesquisa de Lawrence e Lorsch. Lawrence e Lorsch realizaram uma pesquisa em 1972, sobre o confronto entre organização e ambiente que marca o aparecimento da Teoria da Contingência. A pesquisa compara dez empresas em três diferentes meios industriais‐plásticos, alimentos empacotados e recipientes, os autores concluíram que os problemas organizacionais são a diferenciação e a integração. Pesquisa de Joan Woodward Joan Woodward defende que a escolha do tipo de estrutura que melhor se adapta a uma determinada empresa é influenciada pela tecnologia que usa. Assim, sugere que uma empresa caracterizada por tecnologia correspondente à produção em massa pode perfeitamente adoptar uma estrutura mecanicista, enquanto para uma empresa de produção contínua a estrutura orgânica é a mais aconselhável. Contudo, organizou uma investigação para saber se os princípios de administração propostos pelas váriasteorias administrativas se correlacionavam com o êxito do negócio quando postos em prática. Esta pesquisa envolveu uma amostra em 100 empresas de diferentes tipos de negócios, sendo assim classificadas em três grupos de tecnologia de produção. 1‐ Produção Unitária – caracteriza‐se por ser uma produção baseada essencialmente nos pedidos dos clientes e por ser uma produção de pequenas quantidades. Utiliza mão‐ de‐ obra qualificada, onde o saber dos seus funcionários é importante. A estrutura organizacional para permitir uma boa decisão deverá ser descentralizada, com poucos nivéis hieraquicos. Exemplo: confecção de roupa por medida. 2‐ Produção em Massa – esta ao contrário do primeiro exemplo, é uma produção de grandes quantidades de produtos fabricados em série.Utiliza máquinas e ferramentas colocados em locais fixos de uma linha de montagem, os trabalhadores são pouco qualificados e realizam tarefas rotineiras. Aqui, o processo de decisão é muito cntralizado, logo exige uma estrutura organizacional com elevado grau de formalização. PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 112 Exemplo: cadeia de montagem automóvel 3‐ Produção em Processo Contínuo – esta produção utiliza máquinas e ferramentas parcialmente automatizadas, onde um pequeno número de trabalhadores altamante qualificados controlam todo o processo produtivo. Sendo em processo complexo, exige então, uma estrutura organizacional descentralizada, com muitos nivéis hierarquicos de autoridade. Exemplo: indústrias químicas Da pesquisa que elaborou, Joan Woodward retirou as seguintes conclusões: O desenho organizacional é profundamente afectado pela tecnologia utilizada na organização; O modelo organizacional a adoptar deve ser escolhido em função da complexidade técnologica do processo produtivo; As empresas mais eficientes e com maior capacidade de concorrência do mercado devem adoptar uma estrutura semelhante à do padrão médio do sistema produtivo a que pertencem. 8.4 Ambiente e Tecnologia As características das organizações são variáveis dependentes do ambiente e da tecnologia e seu sucesso dependente do ajuste entre ambos. Ambiente Ambiente é tudo aquilo que envolve externamente uma organização. Ao redor de uma organização pode ser analisado em dois segmentos: ambiente de tarefas e ambiente geral. Ambiente geral é constituído por um conjunto de condições, que afetam direta ou indiretamente as organizações, as principais são: Condições tecnológicas: as organizações precisam adaptar‐se a tecnologia para não perderem a sua competitividade. PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 113 Condições legais: leis de caráter comercial, trabalhista, fiscal, civil, etc. que constituem elementos normativos para a vida das organizações. Condições políticas: são decisões e definições políticas tomadas em nível federal, estadual, municipal que influenciam as organizações. Condições económicas: a inflação, a balança de pagamentos do país, a distribuição de renda interna, que não passam despercebidos pelas organizações. Condições demográficas: população, raça, religião, distribuição geográfica, determinam as características do mercado atual e futuro das organizações. Condições ecológicas: poluição, clima, transportes, comunicações, intercâmbio entre seres vivos e seu meio ambiente. Condições culturais: a própria cultura de um povo penetra nas organizações. Ambiente de tarefa é o mais próximo de cada organização, no qual extrai a suas entradas e depositam as suas saídas.Também dividido em segmentos: Fornecedores de entradas: de todos os tipos de recursos que uma organização necessita para trabalhar, recursos materiais, financeiros, humanos, etc. Clientes ou utilizadores: consumidores das saídas da organização. Concorrente: disputa com outras organizações. Entidades reguladoras: Sindicatos, associações de classe, órgãos regulamentares do governo, órgãos protetores do consumidor. Tipologia de ambientes determina características do ambiente de tarefa classificando‐ as: Homogêneo: quando é composto de fornecedores, clientes e concorrentes semelhantes. Heterogêneo: quando ocorre muita diferenciação entre os mesmos. Estável: pouca ou nenhuma mudança, lentas e perfeitamente previsíveis. Instável: muitas mudanças provocam incerteza para organização. PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 114 Tecnologia Tecnologia ao lado do ambiente influência poderosamente as características organizacionais, é imprescindível o uso para executar operações e realizar suas tarefas, e alcançar seus objetivos. O homem moderno utiliza no seu cotidiano e quase sem perceber uma imensa lista de contribuições da tecnologia: o automóvel, o relógio, o telefone, o fax, a internet, etc. Pode ser considerada, ao mesmo tempo, sob dois aspectos diferentes: Como variável ambiental, e organizacional. Do ponto de vista de sua administração, a tecnologia pode ser abordada e analisada sob vários ângulos e perspectivas, tal a sua complexidade. Assim a necessidade de classificações e tipologias de tecnologia para facilitar sua administração. Tipologia de Thompson Thompson propõe tipologia de tecnologias: Tecnologia de elos em sequência ‐ é o caso da linha de produção em massa, onde Y depende de X e X depende de Z. Esta tecnologia aproxima‐se da perfeição instrumental quando produz um único tipo de produto padrão, repetitivamente e a uma taxa constante; Tecnologia Intensiva – representa a focalização de uma ampla variedade de habilidades e especializações sobre um único cliente, a mesma requer uma aplicação de parte ou de toda a disponibilidade das aptidões potencialmente necessárias, dependendo da correcta combinação conforme exigida pelo caso ou pelo projecto individual; Tecnologia Flexível – refere‐se à extensão em que as máquinas, o conhecimento técnico e as matérias‐primas podem ser usados para outros produtos ou serviços; Tecnologia Fixa – é aquela que não permite utilização em outros produtos ou serviços; Tecnologia Fixa de produto concreto – as mudanças são muito difíceis e ao mesmo tempo quase impossíveis. Um exemplo típico é a empresa de automóveis; PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 115 Tecnologia Fixa de produto abstracto ‐ a organização é capaz de mudar, embora dentro dos limites impostos pela tecnologia fixa ou inflexível; Tecnologia flexível e produto abstracto – encontrada em organizações com grande adaptabilidade ao meio ambiente. A estratégia global enfatiza a obtenção do consenso externo em relação ao produto ou serviço a ser oferecido pelo mercado. Impacto da Tecnologia Podemos dizer que a tecnologia tem a propriedade de determinar a natureza das estruturas organizacional e do comportamento organizacional das empresas. Isto é a racionalidade técnica, tornou‐se um sinônimo de eficiência. As organizações e seus níveis: Nível institucional ou estratégico, o nível que mantém a interface com o ambiente. Lida com a incerteza, exatamente pelo fato de não ter poder ou controle algum sobre os eventos ambientais presentes e muitos menos capacidade de prever com precisão os eventos ambientais futuros. NívelIntermediário é geralmente composto na média administração da empresa, isto são as pessoas ou órgãos que transformam as estratégias elaboradas para atingir os objetivos empresariais em programa de ação. Nível Operacional é o nível localizado nas áreas inferiores da empresa, no qual as tarefas são executadas e as operações realizadas. Em resumo podemos dizer que (Solange Juvella): A tecnologia tem a propriedade de determinar a natureza organizacional e do comportamento organizacional das empresas. A racionalidade técnica virou sinônimo de eficiência; A tecnologia cria incentivo para a melhoria da eficácia. O arranjo organizacional, as organizações são, de um lado, sistemas abertos, sua eficácia reside na tomada de decisões capazes de permitir que a organização se antecipe as oportunidades, se defendam das coações e se ajuste as contingências do ambiente. Por outro lado, as organizações são sistemas fechados, tendo em vista que o nível operacional funciona em termos de certeza e de previsibilidade, operando a tecnologia de PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 116 acordo com eficiência reside nas operações executadas dentro de programas, rotinas e procedimentos cíclicos, repetitivos, e moldes da melhor maneira. Novas abordagens ao desenho organizacional, a teoria da contingência preocupa‐se com o desenho organizacional retrata a configuração estrutural da organização implica no sentido de aumentar a eficiência e a eficácia organizacional. Estrutura matricial, a essência da organização matricial é combinar as duas formas de departamentalização funcional e de produto ou projeto na mesma estrutura organizacional. Trata‐se de estrutura mista, ou melhor, híbrida o que significa que cada departamento passa a Ter uma dupla subordinação: segue orientações dos gerentes funcionais, e dos gerentes de produto/projeto simultâneo. Limitações na estrutura matricial, embora muita utilizada pelas grandes organizações, no meio de trazer a inovação e a flexibilidade, a estrutura em matriz vida a unidade de comando e introduz conflitos inevitáveis de duplicidade e supervisão, enfraquecendo a cadeia de comandos e a coordenação vertical, enquanto tenta melhorar a coordenação lateral. Aplicação da estrutura matricial, a necessidade de lidar com complexidade é uma das razoes para sua utilização, pois ela utiliza equipes cruzadas como resposta à mudança e inovação. Dentro destas várias alternativas escolhas do desenho organizacional depende do ambiente e da tecnologia. 8.5. Organizações por equipas A mais recente tendência tem sido o esforço das organizações em implementar os conceitos de equipa.A cadeia vertical de comando constitui um poderoso meio de controle, mas seu ponto frágil é jogar a responsabilidade para o topo.A partir da década de 1990 as organizações começaram a desenvolver meios para delegar autoridade e dispersar a responsabilidade em todos os níveis através da criação de equipas participativas para alcançar o comprometimento das pessoas A abordagem de equipes torna as organizações mais flexíveis e ágeis ao ambiente global e competitivo. PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 117 Existem dois tipos de equipas: a funcional e a permanente. Equipa funcional: cruzada: é composta de pessoas de vários departamentos funcionais que resolvem problemas mútuos. Equipa permanente: são constituídas como se fossem departamentos formais na organização. 8.6. Níveis organizacionais A Teoria Contingencial sublinha que a eficácia organizacional não se atinge seguindo um único modelo administrativo, ou seja, não existe uma única maneira de gerir e organizar, como já foi referido anteriormente tudo depende das características ambientais. Então, as organizações estruturam‐se em três níveis que se distinguem quer quanto à sua relação com o ambiente, quer quanto ao tipo de decisões que são tomadas em cada um deles. Nível institucional – é o nível mais elevado da organização, formado pelos directores ou altos executivos. Neste, são tomadas as decisões estratégicas e definidos os principais objectivos da própria organização; Nível intermédio – fica situado entre os níveis institucional e operacional. É composto por pessoas ou órgãos que transformam as estratégias em programas de acção, isto, adequa as decisões tomadas no topo às operações realizadas na base. Deve ser flexível e capaz de diminuir o impacto das pressões externas e da incerteza trazida do ambiente pelo nível institucional. Nível operacional – é neste que as tarefas são realizadas. Desenvolve todo o trabalho necessário à produção dos bens e serviços que a organização produz. O Homem Complexo “Homem Complexo”: o homem como um sistema complexo de valores, percepções, características pessoais e necessidade. PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 118 Na realidade, o homem não é somente complexo, mas variável, tem muitas motivações, que se encontram dispostas em uma certa hierarquia e sujeita a mudanças de situação para situação e de momento para momento. Modelo Contingencial de Motivação Baseado em uma estrutura uniforme, hierárquica e universal de necessidades por teorias que rejeitam idéias preconcebidas e reconhecem tanto diferenças individuais quanto diferentes situações em que podem ocorrer. Expectativas: são os objetivos individuais. Recompensas: é a relação percebida entre produtividade e alcance dos objetivos individuais. Relações entre expectativas e recompensa: é a capacidade percebida de aumentar a produtividade para satisfazer suas expectativas com recompensas. Consenso dos autores quanto ao relativismo em administração: A visão contingencial requer habilidades de diagnóstico situacional não somente habilidades de aplicar ferramentas ou esquemas de trabalho.Administração não é somente indicar o que fazer, mas principalmente analisar por que fazer as coisas. Bipolaridade Contínua Os conceitos dinâmicos podem ser abordados em diferentes situações e circunstâncias e, sobretudo, em diferentes graus de variação. A Teoria Contingencial põe a mais forte ênfase no ambiente Focaliza a organização de fora para dentro.Desloca o eixo de atenção para fora da organização.A abordagem contingencial reflete a influência ambiental na estrutura e no comportamento das organizações. A Teoria Contingencial põe a mais forte ênfase na tecnologia Meios de se utilizar adequadamente da tecnologia que proporciona os produtos/serviços da organização. PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 119 Teoria da Contingência integra e compatibiliza as abordagens de sistemas fechado e de sistema aberto A Teoria da Contingência mostrou que as abordagens mecanísticas se preocuparam com os aspectos internos e íntimos da organização, enquanto as abordagens orgânicas voltaram‐se para os aspectos da periferia organizacional e dos níveis organizacionais e dos níveis organizacionais mais elevados. PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 120 8.7 Resumo Teoria da Contingência A teoria contingencial não defende um modelo único de administrar as suas organizações. É às organizações que cabe a decisão de optar pelo modelo mais adequado de gerir, tendo em atenção o meio onde se encontra.Para isso torna‐se necessário conhecer as relações entre o ambiente, de tarefa ou geral, a tecnologias a as suas caracteristicas organizacionais. Face às caracteristicas ambientais e também à tecnologia utilizada as organizações tentam estruturar‐se em diferentes nivéis como o instituicional, intermédio e operacional. Sendo assim, esta abordagem corresponde a uma concepção que integra os conceitos de outras correntes, apresentando‐se muito mais flexivel. Para Joan Woodward a variável externa explicativa do funcionamento interno das organização é a tecnologia. Para Tom Burns e G. M. Stalker, Paul Lawrence e J. W. Lorsh é através das características estáveis e instáveis, certeza e incerteza, simplicidade e complexidade, turbulência e não turbulência do ambiente externo, que podemos obter os modelos organizacionais mais eficientes. Para James Thompson é a tecnologia que valoriza as estratégias e os objectivos que influenciam o processo de decisão. Não existe um modelo de organização que seja o melhor para a eficiência das organizações. O melhor face ao ambiente é o que consegue melhor adaptação e ajustamento ás pressões e oportunidades. Não há um método ou técnica geralmente válido, óptimo ou ideal para todas as situações: o que existe é uma variedade de alternativas de métodos e técnicas proporcionados pelas diversas teorias administrativas que poderá ser o mais apropriado para determinada situação. PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 121 9. QUAIS OS CONTRIBUTOS DAS TEORIAS PARA A ORGANIZAÇÃO DOS NOSSOS DIAS A primeira teoria organizacional a surgir foi a Teoria da Administraçao Científica. Esta teoria baseia o seu estudo na observação. Através da observação que Taylor realizava aos operários, ele foi criando um novo sistema de trabalho, o trabalho em cadeia. A observaçao consistia em eliminar os movimentos desnecessários aperfeiçoando a técnica através da observação. Taylor identifica o tempo gasta para a realização de cada tarefa. Quanto mais simples a tarefa melhor, mais eficiente é o operário. Taylor trouxepara a organização o conceito de homem económico, descrito como um ser preguiçoso, que só travalhava para ganhar a vida. Preocupa‐se também em definir os seguintes principios: da administração; do planeamento; da preparação dos trabalhadores; do controlo e da execução. O princípio do planeamento consistia em substituir o improviso do trabalho pelo planeado cientificamente. O principio da preparação dos trabalhadores consistia na selecção científica dos operários. O principio do controlo tem como objectivo assegurar que as tarefas são desempenhadas em qualidade e de acordo com as normas estabelecidas. O principio da execução, assegura a distribuição das funções e responsabilidades,demodo a não surgirem conflitos entre operários e empregadores. PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 122 Criticas a teoria da Administração de Taylor: Concepção mecanicista da administração => Esta teoria é considerada a teoria da máquina, estuda os tempos e os movimentos, a especificação das tarefas e cargos, ao aumento da produtividade, esquecendo‐se do elemento humano. Excessiva especialização do trabalho => Os artesãos qualificados são transformados em simples peças de uma máquina, ao reduzir o número de atribuições de cada operário nega‐ lhes a oportunidade de conhecer o processo produtivo como um todo. Concepção atomista do ser humano => Taylor considerou o operário isolado do grupo, trabalhando como um apêndice da máquina, ignorando‐o como ser humano e social. Não considera as relações dos operários, esqueceu a importância dos grupos informais na organização. Ausência de comprovação => Taylor constata evidências, observando comportamentos relativos às tarefas dos operários, a sua análise é uma abordagem empírica. Abordagem de sistema fechado => Taylor visualiza apenas o que se passa dentro da empresa como se ela fosse um sistema fechado, não tem em conta o ambiente em que a organização esta inserida. A Teoria Clássica da administração científica de Fayol trouxe à organização, de novo, a importância da estrutura das empresas, as suas componentes. O contributo deste autor foi identificar e distinguir as práticas administrativas das outras actividades no interior daorganização. É a este autor que se devem as bases da teoria da administração – importância da organização; objctivos; principios da teoria. Criticas a teoria Clássica da Administração de Fayol: A inexistência de fundamentação científica das concepções => Não existe fundamentação experimental dos métodos e técnicas estudados por Fayol, os princípios que este apresenta carecem de uma efectiva investigação, não resistindo ao teste de aplicação prática. Concepção limitada da organização => Esta teoria encara a organização só no seu aspecto formal. Os comportamentos dos indivíduos e os conflitos que existem em todas as PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 123 organizações não são objecto de uma abordagem sistemática, por Fayol. A organização é reduzida a um esquema lógico, regulado por um conjunto de normas que devem de ser seguidas. Os princípios da administração aparecem como um guia a ser seguido pelos administradores em qualquer empresa. Organização como um sistema fechado => A organização é vista como um sistema fechado, sem ter em conta as relações que se estabelece no exterior e que determinam a sua vida interna. A Teoria das Relações Humanas contribuiu com uma nova visãosobre a organização. Mayo encara a empresa como um sistema social, dizendo que a produtividade depende das relações que o indíviduo estabelece,no contexto dos grupos informais a que pertence. Um novo conceito: Homem – o homem social – no qual considera que o homem é motivado pelas necessidades de reconhecimentoe aprovação social. Mayo dá uma grande importância aos sentimentos e emoções nas relações de trabalho. A Teoria das Relações Humanas detêm de um importante papel na concepção moderna de trabalho. Criticas a teoria das Relações Humanas de Mayo: Limitação do campo experimental => Foram colocadas algumas reservas à forma como a experiência foi conduzida e às conclusões a que chegou: O campo de investigação ficou reduzido às fábricas O facto da investigação ter decorrido num empresa pode ter comprometido a imparcialidade do estudo. Não foi conseguida uma situação experimental rigorosa. Mayo valorizou a observação e recolha de dados Uma visão inadequada dos problemas das relações industriais => Esta teoria manipulava os trabalhadores, impondo‐lhes atitudes e comportamentos, sem que eles tivessem consciência, o que o administrador pretende é não defender os reais interesses dos operários. Os aspectos materiais eram desvalorizados a administração consegue evitar as reivindicações salariais e os conflitos de interesses entre superiores e subordinados. PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 124 Sobrevalorização da organização informal => Segundo estudos recentes a relação entre o aumento da produtividade e a coesão do grupo nem sempre se verifica, pode acontecer que o grupo não esteja motivado para atingir os objectivos da empresa ou se volte contra a direcção.A Teoria Burocrática, trouxe a formalização e racionalidade às organizações. Veio retirar a criatividade do trabalhador. A burocracia éconsiderada, ainda hoje, uma forma organizacional eficaz. Vantagens da burocracia: Racionalidade => Os objectivos da organização são atingidos através da escolha dos meios mais adequados. Rapidez nas decisões => A organização burocrática tem os cargos bem definidos então os canais de comunicação são facilmente escolhidos para circular rapidamente a informação. Uniformidade de rotinas e procedimentos => A organização funciona de acordo com regras escritas que permitem estabelecer padrões de actuação Continuidade da organização => As pessoas entram e saem da organização mas o cargo permanece. Redução dos conflitos entre as pessoas => As responsabilidades estão bem delimitadas, o que diminui a possibilidade de conflito. Confiança nos negócios => As decisões são tomadas de acordo com regras conhecidas, sendo previsíveis e casos semelhantes são tratados da mesma maneira Vantagens para as pessoas que trabalham na organização => As vantagens da divisão técnica do trabalho são a especialização em tarefas determinadas, hierarquia formalizada e ascensão em funções de competência e mérito. PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 125 Disfunções da burocracia: Excesso de formalidade => Verifica‐se um excesso de papeis que pode muitas vezes conduzir à ineficiência. Resistência a mudança => Os funcionários tendem a resistir a mudança pois vêem‐na como ameaça ao seu posto de trabalho. Despersonalização do relacionamento => O carácter impessoal da burocracia tem como consequência um relacionamento despersonalizado entre os funcionários. As pessoas não se tratam pelos nomes mas pelos cargos quem ocupam. Rigidez nos comportamentos => Os funcionários limitam‐se a cumprir o que esta estabelecido nas normas esquecendo‐se dos objectivos globais da organização, perdendo a iniciativa e a capacidade de criar. Exibição de símbolos de estatuto social => A necessidade de exibir a sua posição hierárquica dos funcionários leva por vezes a utilização de símbolos, como o uniforme. Criticas à teoria da burocracia de Max Weber: A organização burocrática é demasiado racional, não estimula a criatividade dos trabalhadores, que cumprem rotinas e regulamentos e não se sentem identificados com os objectivos da organização. Weber, Taylor e Fayol consideraram a organização como uma máquina destinada a desempenhar tarefas, esquecendo que nela trabalham pessoas com sentimentos e motivações. Pressupõe o funcionamento das organizações como se fossem sistemas fechados, como se elas não estivessem integradas num determinado contexto externo que influencia as suas actividades. PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 126 A Abordagem Sistémica traz um novo conceito às organizações, um sistema aberto, onde importa o meio onde está inserida. O novo conceito de homem – o homem funcional – o que cria expectativas relativamente aos autores baseados nos papéis que eles desempenham. Nova visão sobre a organização como um sistema composto por dois subsistemas – o sistema técnico e o social. Podemos dizer que a noção de sistema aberto sociotécnico tem em conta simultaneamente o ambiente da empresa, os elementos técnicos e sociais. Incide sobre o carácter relativo da situação da organização, visto que uma evolução na tecnologia, no ambiente, ou nos valores sociais dos empregados pode provocar alterações que impliquem processos de mudança e novas formas de organização do trabalho. Criticas a teoria da Abordagem sistémica Podemos apontar como principal vantagem da abordagem sistémica o dar relevo às relações da organização com o seu meio Ambiente. Alguns autores criticam esta perspectiva considerando‐a demasiado abstracta, na medida em que não apresenta aplicação prática para o funcionamento das organizações, não há receitas que sirvam para todas as organizações. A Teoria Neoclássica contribuiu para a administração de uma organização. Surge como uma técnica social básica. O ênfase da teoria consiste nos seguintes pontos: Reafirmação dos princípios gerais da administração. Ênfase nos objectivos e resultados. Abordagem universalista Abandono da concepção da empresa como um sistema fechado, passando esta a ter que se adaptar á evolução do mercado: PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 127 • Inovação: capacidade de detectar oportunidades no mercado e ser capaz de as aproveitar activamente • Óptica de produção (eficiência interna) substituída pela óptica de marketing (produzir o que o mercado quer de forma a que a empresa seja rentável) • Optimização do sistema interno sujeita às restri ções impostas pelo mercado, sendo este considerado determinante Administração por objectivos: 1. Obtenção dos objectivos globais da empresa; 2. Rendibilidade de cada área funcional, para os objectivos globais; 3. Avaliação dos indivíduos segundos metas preestabelecidas; 4. Implementação de uma gestão planeada; 5. Autocontrolo efectuado por cada indivíduo na organização A Teoria Comportamental trouxe um novo conceito de homem. O homem que é dotado de características próprias, orientado para um objectivo. Um novo conceito de poder, a cooperação, colaboração e participação do individuo.Um novo conceito de valores no interior da organização, os valores democráticos, que respeitam o individuo. Surge um novo conceito de homem, o Homem é dotado de características próprias com capacidade para aprender e adaptar os seus comportamentos a fins elevados e eficazes. Surge um novo conceito de poder, o homem, não age mais eficazmente se for controlado. Os valores democráticos substituem os anteriores sistemas. Alguns autores põem em causa as teorias da motivação de Maslow e Hezberg, considerando que não estão validas cientificamente. É dada demasiada importância às motivações pessoais no contexto da situação de trabalho. Na teoria da decisão, de Simon consideram que são esquecidas as inter‐relações pessoais implícitas no acto de decidir. PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – Isabel Sousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 128 A Teoria da Contigência contribui com a tecnologia e a preocupação do meio ambiente externo. Ao nível das organizações, desenvolveram‐se estruturas organizacionais que tornam as empresas mais eficientes. Criticas a teoria da contingência: É uma abordagem essencialmente ecléctica (que escolhe o que lhe parece melhor) e integrativa, porque absorve conceitos das diferentes teorias administrativas, mostrando que nada é absoluto (independente) Considera que não há um método ideal valido para todas as situações, mas uma variedade de alternativas, sendo uma a mais apropriada para determinada situação. Para as organizações existentes nos dias de hoje, pode afirmar‐se que todas as teorias organizacionais influênciam a organização. Se por um lado trouxeram benefícios às empresas, também é certo que contribuiram para uma melhor compreensão do ser humano, encarando o operário de uma forma mais positiva, pois esta acaba por assumir um papel fundamental na produção da empresa e na qualidade do produto. PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES | Grupo – IsabelSousa, n.º 1933, Pedro Silva,n.º 1723 129 BIBLIOGRAFIA CAMPOS, A. et al. (1999): Técnicas de Organização Empresarial. Lisboa: Plátano Editora. CHIAVENATO, I., (2001). “Teoria Geral da Administração”. Editora Campus, vol. I FREIRE, João (1993): Sociologia do Trabalho – Uma Introdução. Porto: Edição Afrontamento. MACHADO, Sílvia (2009). Introdução à Psicossociologia das Organizações. Lamego: ESTGL MONTEIRO, M., QUEIRÓS, I. “Psicossociologia” Porto Editora SAINSAULIEU, Renaud (2001): Sociologia da Empresa. Organização, Cultura e Desenvolvimento. Lisboa: Instituto Piaget (Pp. 44 – 48) Documentos electrónicos ‐ http://maxpages_com‐elias‐A_Escola_Classica.htm ‐ http://mulbecom.unimelb.eu.au/net/Taylor/sciman.htm#ch1 ‐ http://www.univ‐ab.pt ‐ http://www.wikipedia.pt .