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<p>SUMÁRIO</p><p>1 INTRODUÇÃO................................................................................................ 3</p><p>2 CONCEITUAÇÃO E PRINCÍPIOS BÁSICOS ................................................. 4</p><p>2.1 Natureza dos riscos empresariais: riscos puros e riscos especulativos ......... 5</p><p>3 A EMPRESA COMO SISTEMA ...................................................................... 7</p><p>4 IDENTIFICAÇÃO DE RISCOS: INSPEÇÃO DE SEGURANÇA,</p><p>INVESTIGAÇÃO E ANÁLISE DE ACIDENTES ............................................ 15</p><p>5 TÉCNICA DE INCIDENTES CRÍTICOS ....................................................... 18</p><p>6 FUNDAMENTOS MATEMÁTICOS: CONFIABILIDADE E ÁLGEBRA</p><p>BOOLEANA .................................................................................................. 21</p><p>7 MÉTODOS DE ANÁLISE DE RISCOS ......................................................... 31</p><p>7.1 Análise de árvores de falhas (AAF) .............................................................. 36</p><p>8 AVALIAÇÃO DE RISCOS ............................................................................. 37</p><p>8.1 Avaliação das perdas de um sistema ........................................................... 38</p><p>9 CUSTO DE ACIDENTES .............................................................................. 40</p><p>10 PREVISÃO E CONTROLE DE PERDAS ..................................................... 41</p><p>10.1 Planos de emergência .................................................................................. 49</p><p>10.2 Retenção e transferência de riscos .............................................................. 50</p><p>11 NOÇÕES BÁSICAS DE SEGURO ............................................................... 51</p><p>12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................. 53</p><p>12.1 Referência complementar ............................................................................. 54</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>Prezado aluno,</p><p>O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante</p><p>ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um</p><p>aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma</p><p>pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é</p><p>que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a</p><p>resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas</p><p>poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em</p><p>tempo hábil.</p><p>Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa</p><p>disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das</p><p>avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora</p><p>que lhe convier para isso.</p><p>A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser</p><p>seguida e prazos definidos para as atividades.</p><p>Bons estudos!</p><p>4</p><p>2 CONCEITUAÇÃO E PRINCÍPIOS BÁSICOS</p><p>A gerência de riscos pode ser entendida como uma ciência, arte, que tem a</p><p>função de proteger os recursos humanos, materiais e financeiros de uma empresa,</p><p>por meio de financiamento de riscos remanescentes, de acordo com o que é viável</p><p>economicamente.</p><p>Historicamente, seu início se deu após a Segunda Guerra Mundial, em</p><p>consequência da rápida expansão das indústrias e o aumento significante dos riscos</p><p>incorporados, sendo fundamental garantir a proteção da empresa diante dos riscos de</p><p>acidentes. Além de ser necessário realizar a avaliação das possibilidades de perdas,</p><p>existia a necessidade de determinar quais riscos eram inevitáveis e quais poderiam</p><p>ser reduzidos, passando-se a calcular o custo benefício das medidas de proteção a</p><p>serem adotadas, levando-se em consideração a situação financeira da empresa, para</p><p>só então escolher o grau adequado de proteção, tornando evidente que para atingir</p><p>esses objetivos, era necessária uma análise detalhada das situações de risco.</p><p>De uma forma geral, o desenvolvimento dos processos básicos no</p><p>gerenciamento de riscos, podem ser resumidos conforme Figura 1 a seguir:</p><p>Figura 1 - Processos básicos na Gerência de Riscos.</p><p>Fonte: segurancanotrabalho.eng.br</p><p>5</p><p>2.1 Natureza dos riscos empresariais: riscos puros e riscos especulativos</p><p>Fonte: br.freepik.com</p><p>A natureza dos riscos empresariais é dividida em dois tipos, sendo eles os</p><p>riscos especulativos, também conhecidos como riscos dinâmicos e os riscos puros ou</p><p>riscos estáticos. A principal diferença entre estes riscos é que o risco especulativo é</p><p>ligado a probabilidade de ganho ou de uma perda, enquanto o risco puro relaciona-se</p><p>a chance de perda, não havendo a chance de ganho ou lucro.</p><p>Riscos especulativos</p><p>Os riscos especulativos, podem se subdividir em outros três tipos de riscos:</p><p>administrativos, políticos e de inovação. Os riscos administrativos estão relacionados</p><p>ao processo de tomada de decisões gerenciais. Quando se toma uma decisão errada,</p><p>por exemplo, a mesma pode acarretar em perdas consideráveis, assim como uma</p><p>tomada de decisão certa, leva a empresa a aumentar seus lucros. Entretanto, o maior</p><p>problema neste caso é conseguir prever com certeza, o resultado que será obtido a</p><p>partir da decisão tomada, sendo essa incerteza, o próprio risco.</p><p>Além disso, os riscos administrativos também tem três subdivisões: riscos de</p><p>mercado, riscos financeiros e riscos de produção.</p><p>6</p><p>• Riscos de mercado: são as causas que fazem a venda de um determinado</p><p>produto ou serviço ser incerta, mesmo com preço suficiente para gerar resultados</p><p>satisfatórios acerca do capital investido;</p><p>• Riscos financeiros: relacionam-se com a incerteza associada às decisões</p><p>tomadas referente as políticas econômicas e financeiras da organização;</p><p>• Riscos de produção: corresponde as incertezas acerca do processo de</p><p>produção, o que envolve os materiais, equipamentos, mão de obra e a tecnologia</p><p>utilizada na fabricação dos produtos ou fornecimento de serviços especializados.</p><p>A segunda subdivisão dos riscos especulativos, denominada de riscos políticos,</p><p>possui relação direta com as leis, decretos, portarias resoluções, dentre outras</p><p>determinações vindas do Governo, seja ele Federal, Estadual ou Municipal, podendo</p><p>essas determinações vir a ameaçar os interesses e objetivos da organização.</p><p>Por último, mas, não menos importante, temos os riscos de inovação, que</p><p>dizem respeito as incertezas decorrentes da oferta, ou, pode-se dizer, da introdução</p><p>de novos produtos ou serviços no mercado e da aceitação destes produtos ou</p><p>serviços, por parte dos consumidores, no caso, a procura que este terá.</p><p>Riscos puros</p><p>Os riscos puros, correspondem às situações em que existem apenas chances</p><p>de perda, ou seja, não são previstos ganhos ou lucros. São exemplos desse tipo de</p><p>situação, incêndios, roubos, alagamentos, entre outros tipos de perdas consideradas</p><p>acidentais, os quais podem ainda se dar de forma direta ou indireta, como resultado</p><p>da materialização dos riscos puros e podendo ser agrupados em:</p><p>• Consequentes da morte ou de invalidez de colaboradores;</p><p>• Danos ocasionados à propriedade e aos bens em geral;</p><p>• Decorrentes de atos fraudulosos ou criminosos;</p><p>• Danos ocasionados a terceiros, como por exemplo, a poluição ao meio</p><p>ambiente, a qualidade e segurança do serviço/produto prestado, entre outros.</p><p>Geralmente a gerência de riscos volta-se apenas para a prevenção e</p><p>financiamento de riscos puros, entretanto, é importante ressaltar que diversas técnicas</p><p>também podem ser aplicadas de forma igual aos riscos especulativos.</p><p>7</p><p>Mediante identificação, análise, avaliação e classificação dos riscos, é possível</p><p>se ter um conhecimento referente a vulnerabilidade da organização, viabilizando</p><p>assim, a determinação do tratamento ideal para cada risco definido. Portanto, as</p><p>possíveis formas de se tratar um risco são:</p><p>• evitar</p><p>e simples. Não existe um padrão de</p><p>registro dos danos, este deve ser desenvolvido conforme a demanda dos</p><p>procedimentos realizados na empresa.</p><p>Exame analítico: Neste passo é necessário esclarecer que não há método ou</p><p>sistema que seja 100% eficiente. Ao ser implantado, é normal que nos primeiros</p><p>estágios do programa, seja preciso realizar uma revisão nas ordens de serviço, com</p><p>o intuito de se ter certeza que todos os danos resultantes de acidentes sejam</p><p>identificados da forma correta. Nesta fase se tem a oportunidade de comunicação e</p><p>educação no que envolve o conceito de controle de danos.</p><p>Chegado aqui, cabe o seguinte questionamento: “Qual acidente deve ser</p><p>investigado? Qualquer um ou somente os que causam maiores custos?”</p><p>De acordo com Bird, nos primeiros estágios do programa de Controle de</p><p>Danos, os acidentes a serem investigados deveriam ser somente aqueles de</p><p>maior monta, e à medida que o mesmo fosse se desenvolvendo, progredisse</p><p>analisando também os menores (FIGUEIREDO-JUNIOR, 2009, p. 39).</p><p>Controle total de perdas</p><p>Seguindo o princípio de que acidentes que causam danos nas instalações,</p><p>equipamentos e nos materiais, possuem as mesmas causas básicas que os acidentes</p><p>que causam lesões, John Fletcher propôs no ano de 1970 que os princípios de Bird</p><p>45</p><p>fossem aplicados em todos os acidentes, sejam eles com máquinas, materiais,</p><p>instalações, enfim, todos os acidentes, sem se esquecer das ações de prevenção de</p><p>lesões (FIGUEIREDO-JUNIOR, 2009).</p><p>O objetivo dessa teoria de Fletcher era eliminar os acidentes que viessem a</p><p>interferir ou até mesmo parar o sistema, sendo a sua filosofia a mais próxima dos</p><p>modernos programas de segurança. A diferença entre as teorias de Bird e de Fletcher,</p><p>é que a de Bird diz respeito aos acidentes que levavam a lesões pessoais ou a danos</p><p>à propriedade, enquanto a de Fletcher, além de envolver os acidentes com lesões</p><p>pessoais e os danos à propriedade, também engloba perdas ocasionadas por</p><p>acidentes em relação a explosões, incêndios, poluição ambiental, dentre outros.</p><p>Em termos gerais, o controle total de perdas envolve:</p><p>• Prevenção de lesões;</p><p>• Controle total de acidentes;</p><p>• Prevenção de incêndios;</p><p>• Segurança industrial;</p><p>• Higiene e saúde industrial;</p><p>• Controle da contaminação do ar, água e solo;</p><p>• Responsabilidade pelo produto.</p><p>Para implantação do programa de controle total de perdas é preciso ir desde a</p><p>prevenção até o controle total de acidentes. Para isso, Fletcher estabeleceu que são</p><p>necessários três passos: o primeiro é estabelecer o perfil dos programas de prevenção</p><p>existentes na empresa, o segundo determinar prioridades e o terceiro elaborar planos</p><p>de ação para controle das perdas reais e potenciais do sistema.</p><p>Perfil dos programas de prevenção existentes</p><p>Antes de se implantar quaisquer novos métodos ou programas, o primeiro</p><p>passo é buscar sobre o que está sendo feito e para isso, é necessário realizar uma</p><p>pesquisa voltada as necessidades reais da empresa. No caso de já se ter um</p><p>programa em andamento, é necessário averiguar se este está sendo executado</p><p>corretamente e se está sendo eficaz, o que torna necessário estabelecer os perfis dos</p><p>programas de prevenção existentes.</p><p>46</p><p>Para que um perfil apresente as informações de maneira adequada, ele deve</p><p>ser dividido em seções com diversos itens ou pontos que possam ser envolvidos pelo</p><p>programa de prevenção, e para estes itens, se formulam questões que ao serem</p><p>respondidas, possibilitam a determinação do grau de execução ou de implantação do</p><p>programa que está sob análise.</p><p>Sendo assim, torna-se necessária a adoção de uma escala de avaliação, que</p><p>possibilite a determinação de qual grau o item foi implantado e sua efetividade. A</p><p>seguir será apresentado o Quadro 2, com a escala sugerida por Fletcher.</p><p>Quadro 2 - Escala de avaliação de Fletcher.</p><p>Fonte: FIGUEIREDO-JUNIOR (2009).</p><p>Ao se estabelecer a escala é possível determinar a pontuação obtida para cada</p><p>seção analisada, a qual irá representar a situação da empresa, em termos de</p><p>desempenho.</p><p>Determinação das prioridades</p><p>Refere-se a definição das prioridades que devem ser aderidas ao programa</p><p>geral de controle total de perdas. Mediante a definição do perfil a ser usado neste</p><p>programa, se determina as prioridades de acordo com cada situação, e com a</p><p>execução correta do programa é possível combater cada situação estabelecida no</p><p>Quadro 2.</p><p>Com o confronto entre a situação ideal e a situação atual, se obtém a deficiência</p><p>do programa que está sendo executado, que uma vez determinada, possibilita a</p><p>priorização das seções que precisam de maiores esforços.</p><p>47</p><p>Elaboração dos planos de ação</p><p>Realizado o passo anterior, é preciso a elaboração do plano de ação de cada</p><p>uma das seções prioritárias, para que se previna e controle as reais perdas e as</p><p>perdas potenciais provenientes de acidentes.</p><p>Os planos de ação devem ser formulados de forma clara e objetiva,</p><p>apresentando o objetivo geral ao qual se destina, os objetivos específicos em curto,</p><p>médio e em longo prazo, os recursos humanos e os materiais necessários em sua</p><p>implantação e execução, o custo considerado da implantação do plano, a estimativa</p><p>das possíveis perdas e das perdas atuais e as datas de início e de previsão da</p><p>finalização do mesmo (FIGUEIREDO-JÚNIOR, 2009).</p><p>Programas de prevenção e controle de perdas</p><p>Para melhor visualização dos programas de prevenção que estão em</p><p>andamento dentro das empresas, visando conhecer realmente o que está sendo</p><p>realizado, se está correto ou não e verificar as necessidades da empresa, é preciso</p><p>que se elabore um perfil desses programas. A seguir, na tabela 8 é apresentado um</p><p>exemplo da montagem de um perfil de programa de prevenção.</p><p>Tabela 8 - Exemplo de perfil de programa de prevenção.</p><p>Perfil de Programa de Prevenção (exemplo)</p><p>Seção 1 – Política de segurança da empresa</p><p>1. A empresa possui uma política declarada de segurança?</p><p>2. Se possui, consta na declaração a assinatura de um membro da alta direção?</p><p>3. Se não há uma política escrita, existe uma verbal?</p><p>4. A política de Segurança é de conhecimento de todo o corpo administrativo?</p><p>5. A política de Segurança é de conhecimento de todos os colaboradores?</p><p>6. Qual o nível de credibilidade, respeitabilidade e cumprimento que a política possui</p><p>na empresa?</p><p>Fonte: Elaborado pelo autor.</p><p>48</p><p>Após a elaboração do perfil do programa, recorre-se a escala de avaliação, que</p><p>foi apresentada anteriormente e exemplificada no Quadro 2. Na sequência, deve-se</p><p>preencher o quadro de avaliação, apresentado a seguir. (Tabela 9).</p><p>Tabela 9 - Controle total de perdas.</p><p>Controle total de perdas</p><p>Quadro de avaliação</p><p>Avaliação Máxima Situação atual Deficiência</p><p>Seção 1</p><p>Seção 2</p><p>Seção 3</p><p>Fonte: Elaborado pelo autor.</p><p>Para o preenchimento da Tabela 9, se transfere a avaliação obtida de cada</p><p>seção, para coluna “situação atual”. Já na coluna “avaliação máxima”, se indica o</p><p>número total de pontos que podem ser atingidos em cada seção, caso o programa</p><p>seja completo. Descobrindo a diferença entre as colunas, tem-se a “deficiência” do</p><p>programa que está sendo avaliado. Na Tabela 10, é exemplificado uma avaliação.</p><p>Tabela 10 - Perfil do programa.</p><p>Perfil do programa</p><p>Exemplo de avaliação:</p><p>Seção 5 – Treinamento</p><p>• Total de pontos para o programa completo = 65</p><p>• Situação atual = 32</p><p>• Deficiência = 33</p><p>Fonte: Elaborado pelo autor.</p><p>Sendo determinadas as deficiências de cada seção do perfil, as prioridades do</p><p>programa geral devem ser estabelecidas para que o programa seja desenvolvido na</p><p>empresa. Cada uma das seções prioritárias deve ter um plano de ação como na</p><p>Tabela 11, com o objetivo principal de prevenir e controlar as perdas reais e potenciais.</p><p>49</p><p>Tabela 11 - Plano de ação.</p><p>Plano de ação</p><p>Itens Básicos:</p><p>• Objetivo geral do plano;</p><p>• Objetivos específicos;</p><p>- A curto prazo;</p><p>- A médio e longo prazos;</p><p>• Recursos humanos e materiais necessários;</p><p>• Custo estimado da implantação do plano;</p><p>• Estimativa das perdas atuais e das potenciais perdas futuras;</p><p>• Data do início do plano;</p><p>• Data estimada para o término do plano.</p><p>Fonte: Elaborado pelo autor.</p><p>No geral, se utiliza uma metodologia para introduzir uma cultura preventiva aos</p><p>trabalhadores por meio de treinamento em técnicas específicas. Sendo assim, o</p><p>programa é dividido em diversos módulos, como:</p><p>• Investigação de acidentes e incidentes;</p><p>• Inspeções planejadas;</p><p>• Análise de procedimentos de trabalho;</p><p>• Higiene industrial e saúde ocupacional;</p><p>10.1 Planos de emergência</p><p>A análise de riscos identifica um conjunto de eventos perigosos que requerem</p><p>ações de controle para não evoluírem para eventos danosos ou, caso estes tenham</p><p>ocorrido, para um agravamento. O conjunto de ações é o Plano de Ação em</p><p>Emergência (PAE), e cada evento perigoso associado a determinadas condições de</p><p>momento e local é uma hipótese emergencial. O PAE deve conter as hipóteses</p><p>emergenciais, os recursos disponíveis e os procedimentos de controle. Estes devem</p><p>ser simples e objetivos para possibilitar aplicação automática. Treinamentos e</p><p>exercícios simulados devem tornar a organização habilitada a atuar em situação de</p><p>50</p><p>emergência aplicando o estabelecido no plano. A aplicação do PAE requer</p><p>primeiramente a mobilização da organização. A figura 7 abaixo, apresenta um</p><p>diagrama de desdobramento da Função Mobilizar Organização.</p><p>Figura 7 - Diagrama de desdobramento da Função Mobilizar Organização.</p><p>Fonte: Cardelha (2016).</p><p>10.2 Retenção e transferência de riscos</p><p>A retenção do risco é a decisão de reter ou aceitar o risco sem ações</p><p>subsequentes. Deve-se, no entanto, evitar o uso do termo aceitar o risco, para evitar</p><p>confusão com a fase de aceitação do risco, a qual envolve aceitar o plano de</p><p>tratamento do risco.</p><p>Para retenção do risco, deve-se considerar que, se os níveis de risco são</p><p>compatíveis com os critérios de aceitação do risco, não há necessidade de</p><p>implementar mais controles. Neste caso, o risco deve ser retido, uma vez que o</p><p>registro do risco retido permite o seu monitoramento futuro, considerando que</p><p>mudanças no ambiente organizacional podem modificar o perfil do risco.</p><p>Se o custo do atacante é menor que o ganho que ele pode ter, e,</p><p>adicionalmente, se a perda estimada é maior que um limite de tolerância indicado,</p><p>então o risco é inaceitável, caso contrário, o risco é retido (aceito). Na ação de evitar</p><p>o risco, a atividade, condição, ação ou processo que permite a existência do risco,</p><p>deve ser evitada.</p><p>A decisão de evitar o risco completamente, pode ser tomada quando os riscos</p><p>são excessivamente elevados ou os custos de implementação de outras opções</p><p>excedem os benefícios. Neste caso, a organização se recusa a executar atividades</p><p>planejadas ou existentes, ou muda as condições sobre as quais a atividade é</p><p>executada. Por exemplo, para riscos de causas naturais, o mais efetivo pode ser</p><p>mudar-se para um local onde o risco não existe ou está sob controle.</p><p>51</p><p>Por sua vez, a transferência do risco se trata do compartilhamento do risco com</p><p>outra entidade do ônus da perda ou do benefício do ganho associado a um risco.</p><p>Neste processo de transferência, os riscos são passados para outro parceiro, que é</p><p>mais efetivo em controlar esse tipo particular de risco. A transferência de riscos</p><p>envolve a decisão de compartilhar certos riscos com parceiros externos, o que pode</p><p>levar a novos riscos ou modificar os já existentes e (ou) identifica-los e, dessa forma,</p><p>pode ser necessário tratar de riscos adicionais.</p><p>A transferência pode ser feita por meio da contratação de seguros ou</p><p>subcontratação de um parceiro especializado em monitorar o sistema e adotar ações</p><p>para parar um ataque antes que ele alcance níveis de danos elevados.</p><p>Usualmente, a responsabilidade gerencial pelo risco é transferida, mas, a</p><p>responsabilidade jurídica ou contratual pelos impactos, permanece com a empresa,</p><p>entretanto, o cliente possivelmente vai continuar a atribuir à organização a culpa pelas</p><p>falhas e pelos adversos impactos.</p><p>11 NOÇÕES BÁSICAS DE SEGURO</p><p>Geralmente as indústrias buscam analisar a segurança industrial de forma</p><p>individual, mas cometem um grande erro, separando a segurança dos pontos de vista</p><p>administrativos, econômicos e financeiros. Infelizmente, muitos executivos não</p><p>possuem compreensão acerca do custo dos acidentes e demais acontecimentos que</p><p>levam as perdas, comprometendo a imagem da empresa e até mesmo a</p><p>sobrevivência da mesma.</p><p>O pensamento tradicional na área de segurança do trabalho, leva os executivos</p><p>a verem somente os custos de investimento em salários dos profissionais que</p><p>trabalham na área, dos tratamentos médicos, no caso de serem custeados pela</p><p>empresa e os gastos oriundos da ausência do trabalhador acidentado, passando a ter</p><p>esses gastos como algo inevitável, como algo que faz parte “do negócio”, ou passam</p><p>os custos para companhia de seguro. Assim, a minoria dentre os executivos entende</p><p>que os fatores que levam aos acidentes causam perdas de eficiência, problemas de</p><p>qualidade, custos e prejuízos a imagem da empresa.</p><p>52</p><p>Nenhuma ocorrência de acidente acontece do nada, já que se analisar um</p><p>acidente se constata que em alguns casos, o ambiente de trabalho não havia aderido</p><p>nenhum serviço de segurança adequado para atuar, corrigir e levar medidas de</p><p>prevenção para empresa, diante dos pequenos acidentes e incidentes registrados,</p><p>estando estes ligados à existência de controles administrativos e gerenciais, os quais</p><p>são capazes de atuar com antecipação para evitar os ocorridos.</p><p>Em alguns ambientes ocupacionais o pensamento de que os acidentes são</p><p>ocasionados por descuido por parte do trabalhador ainda existem. Com isso, mediante</p><p>as ocorrências, os superiores optam por um “castigo” ou a realização de programas</p><p>de incentivo, para que as pessoas tenham mais cuidado no trabalho, o que ao invés</p><p>de resolver a questão dos acidentes, acaba por ocultar os acontecimentos.</p><p>Quando os executivos entendem os acidentes como algo “anormal”, eles</p><p>buscam se proteger com uma maior cobertura de seguro, que infelizmente, como se</p><p>descobre posteriormente, não cobrem todas as perdas que se constata, e dessa</p><p>forma, a segurança não é levada a sério como deveria.</p><p>Estamos convencidos de que, a forma como as atividades preventivas são</p><p>realizadas na empresa e a abordagem tradicional de um número significativo de</p><p>técnicos e engenheiros nesta área, são as principais visões do problema. O mesmo</p><p>vale para a maioria dos proprietários de Pequenas e Médias Empresas (PMEs)</p><p>brasileiras, e um pequeno número de proprietários de grandes empresas de várias</p><p>nacionalidades que insistem em utilizar procedimentos de gestão incorretos para</p><p>implementar medidas de segurança industrial.</p><p>O número de acidentes que ocorrem a cada ano no Brasil não é mais aceitável.</p><p>Também não podemos admitir que as empresas hesitem em adotar políticas e</p><p>práticas de precaução. O comportamento das pessoas precisa passar de reativo para</p><p>proativo, assim como as contramedidas precisam ser positivas e não mais corretivas.</p><p>Atualmente é esperado que as empresas sejam competitivas, ágeis, mas acima de</p><p>tudo, que elas sejam seguras para seus colaboradores e toda comunidade ao redor</p><p>de sua localização.</p><p>53</p><p>12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS</p><p>ARANTES, N. Sistemas de Gestão Empresarial. São Paulo: Atlas, 1994.</p><p>ARAÚJO, B N. et al. Sistemas Empresariais. Brasil, 2014.</p><p>ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 31000 – Gestão de</p><p>Riscos. Brasil. 2018.</p><p>BARSANO, P. R.; BARBOSA, R. P.; SOARES, S. P. S. Equipamentos de</p><p>Segurança. São Paulo: Editora Saraiva, 2014.</p><p>BIO, S. R. Sistemas de informação: um enfoque empresarial. São Paulo:</p><p>Atlas,</p><p>1998.</p><p>CARDELLA, B. Segurança no Trabalho e Prevenção de Acidentes, 2. ed. Brasil:</p><p>Grupo GEN, 2016.</p><p>CASSARO, A. C. Sistemas de informações para tomada de decisões. São Paulo:</p><p>Editora Pioneira, 1988.</p><p>CHIAVENATO, I. Teoria Geral da Administração. São Paulo: ed. Mcgraw-Hill do</p><p>Brasil, 1979.</p><p>CICCO, F. Da reparação de danos aos sistemas de gestão. Brasil: QSQ, 1997.</p><p>DA LIMA, E. R. D. et al. Desenho técnico aplicado à segurança do trabalho. 1. ed.</p><p>São Paulo: Editora Saraiva, 2017.</p><p>FIGUEIREDO JÚNIOR, J. V. Prevenção e controle de perdas: abordagem integrada</p><p>Natal: IFRN Editora, 2009.</p><p>GÁRIOS, M. G. Gerência de Riscos. Brasil, 2009.</p><p>GONÇAVES, F. C. Uma abordagem multistakeholder para análise de árvore de</p><p>falhas no setor terciário. 2018. Dissertação (Pós-graduação em Engenharia</p><p>Industrial) Escola Politécnica, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2018.</p><p>GRATÃO, Â. D.; BARROS, E. F. Visão Sistêmica da empresa e seus subsistemas.</p><p>Belo Horizonte, 1997.</p><p>GUERREIRO, R. Modelo conceitual de sistema de informação de gestão</p><p>econômica: uma contribuição à teoria da comunicação da contabilidade. 1989,</p><p>Tese (Doutorado) – Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária</p><p>/ USP. São Paulo, 1989.</p><p>GUNTZEL, J. L.; NASCIMENTO, F. A. Introdução dos Sistemas Digitais. Brasil,</p><p>2001.</p><p>54</p><p>PINHEIRO, C. D. P. S. et al. Análise preliminar de riscos (APR) aplicada as atividades</p><p>desenvolvidas por trabalhadores do Complexo do Ver-O-Peso, Belém/PA. Em Pauta:</p><p>Research, Society and Development, [S. l.], v. 10, n. 2, 2021.</p><p>REZENDE, D. A.; ABREU, A. F. Tecnologia da informação aplicada a sistemas de</p><p>informação empresariais: o papel estratégico da informação e dos sistemas de</p><p>informação nas empresas. São Paulo: Atlas, 2000.</p><p>SILVA, A. P.; SANTOS, J. C.; KONRAD, M. R. Teoria geral dos sistemas: Diferencial</p><p>organizacional que viabiliza o pleno entendimento da empresa. Brasil: REGS, 2017.</p><p>SISTEMA In.: Dicio, Dicionário Online de Português. Porto: 7 Graus, 2022.</p><p>Disponível em: https://www.dicio.com.br/sistema/.</p><p>The Institute of Internal Auditors. Declaração de Posicionamento do IIA: As Três</p><p>Linhas de Defesa no gerenciamento eficaz de riscos e controles. Flórida, 2013.</p><p>Tradução: Instituto dos Auditores Internos do Brasil. São Paulo, 2013.</p><p>12.1 Referência complementar</p><p>CASTRO, Bruno Albuquerque D. Segurança do trabalho em eletricidade 1ª edição.</p><p>Editora Saraiva, 2019.</p><p>FILHO, Antônio Nunes B. Segurança do Trabalho na Agropecuária e na</p><p>Agroindústria. Grupo GEN, 2016.</p><p>FILHO, Antônio Nunes B. Segurança do Trabalho na Construção Civil. Grupo GEN,</p><p>2015.</p><p>LIMA, Edson Roberto D.; STOCO, Fernando; TROMBETA, Heloisa H.; MELLO, Paulo.</p><p>Segurança do trabalho portuário. 1ª edição. Editora Saraiva, 2019.</p><p>a efetivação do risco;</p><p>• diminuir a probabilidade de acontecimentos do risco;</p><p>• reconhecer o risco por auto adoção;</p><p>• reconhecer o risco por auto seguro;</p><p>• transferir o risco a terceiros;</p><p>• contratar seguros.</p><p>No momento, por exemplo, em que uma empresa opta por correr riscos, sem</p><p>constituir um fundo ou uma provisão para se assegurar de uma perda que possa vir a</p><p>ocorrer, essa empresa está assumindo um risco por auto adoção. Mas, quando a</p><p>empresa decide correr riscos e constitui um fundo com valores equivalente às parcelas</p><p>de prêmio, o suficiente para contratar um seguro, a empresa está assumindo um risco</p><p>por auto seguro. Há uma questão fiscal aqui, isso significa que essa provisão não é</p><p>reconhecida como despesa dedutível de acordo com a Lei do Imposto de Renda.</p><p>3 A EMPRESA COMO SISTEMA</p><p>De acordo com o dicionário um sistema é a “reunião dos elementos, que,</p><p>concretos ou abstratos, se interligam de modo a formar um todo organizado” (DICIO</p><p>ONLINE, 2022). Este conceito, revela que a conexão entre os elementos individuais</p><p>ou partes, ao se relacionarem e interligarem, formam um conjunto maior, que se torna</p><p>superior à individualidade de suas partes, sendo este o aspecto mais importante do</p><p>sistema. De maneira resumida, o sistema diz respeito a um conjunto de componentes</p><p>interagentes e interdependentes, que trabalham simultaneamente para alcançar</p><p>objetivos em comum.</p><p>Para exemplificar um sistema em geral, pode-se mencionar o caso de uma</p><p>pessoa retirando água em um poço, utilizando um balde e uma corda. Este conjunto</p><p>é um sistema que possui um objetivo em comum e seus componentes são a água, o</p><p>8</p><p>balde, a pessoa, a corda e as regras. Até mesmo uma porta pode ser considerada</p><p>como um sistema, a qual permite ou não a passagem por ela, sendo seus</p><p>componentes, a folha da porta, batente, as dobradiças, a fechadura, dentre outras</p><p>especificações que ela possa ter.</p><p>Em outras palavras, tudo pode ser considerado um sistema desde que os</p><p>componentes trabalhem juntos para atingir um objetivo comum. Exemplos de</p><p>subsistemas corporativos, são os subsistemas relacionados à tecnologia da</p><p>informação, incluindo hardware, software, redes e pessoas que trabalham nestes</p><p>sistemas.</p><p>O sistema de negócios consiste em muitos subsistemas, como vendas,</p><p>compras, estoque, contas a pagar, contas a receber, relações públicas, recursos</p><p>humanos e gerenciamento. Em geral, um sistema é afetado por processos como a</p><p>entropia que respondem à degradação do sistema, além de componentes que são</p><p>subsistemas do sistema principal (SILVA; SANTOS; KONRAD, 2017).</p><p>Inevitavelmente, um sistema possui duas características básicas: propósito ou</p><p>meta e totalidade ou globalidade. O propósito é definido pela colocação de uma parte,</p><p>mas, o todo refere-se ao fato de que cada estímulo dado a um dos componentes do</p><p>sistema é refletido por todo o sistema. De acordo com Rezende e Abreu (2000), os</p><p>sistemas geralmente atuam como:</p><p>• Ferramentas para exercer o funcionamento das empresas e de sua intrincada</p><p>abrangência e complexidade;</p><p>• Instrumentos que possibilitam uma avaliação analítica e, quando necessário,</p><p>sintética das empresas;</p><p>• Facilitadores dos processos internos e externos, com suas respectivas</p><p>intensidades e relações;</p><p>• Meios para suportar a qualidade, produtividade e inovação tecnológica</p><p>organizacional;</p><p>• Geradores de modelos de informações para auxiliar os processos decisórios</p><p>empresariais;</p><p>• Produtores de informações oportunas e geradores de conhecimento;</p><p>• Valores agregados e complementares ao que é moderno, contínuo, que traz</p><p>lucro e leva a competitividade empresarial.</p><p>9</p><p>As muitas formas do sistema atuar, possibilita as empresas se auto</p><p>conhecerem. Dessa forma, as mesmas conseguem visualizar melhor seu potencial</p><p>interno e se preparam para atuar no meio externo, visando sobreviver aos ataques</p><p>constantes do mercado competitivo. Cassarro (1998), menciona que</p><p>empresarialmente, o sistema é o conjunto de funções estruturadas logicamente, com</p><p>o intuito de atender os objetivos estabelecidos. Bio (2008), por sua vez, destaca que</p><p>uma das implicações críticas no conceito de sistema no meio administrativo é a</p><p>concepção da empresa como um sistema aberto, pois, essa visão evidencia que, o</p><p>ambiente em que a empresa está instalada é essencialmente dinâmico, o que leva ao</p><p>sistema organizacional a responder rapidamente às pressões em decorrência das</p><p>contínuas e rápidas alterações do ambiente, para que este sobreviva.</p><p>Uma empresa é considerada um sistema aberto por interagir com a sociedade</p><p>e o ambiente em que atua. Essa interação ocasiona uma influência nas pessoas,</p><p>aumentando os padrões de vida e o desenvolvimento da sociedade. Conforme a</p><p>Figura 2 abaixo, um sistema aberto, é um sistema de informação (SI) eficaz que</p><p>permite uma organização receber continuamente informações de seu ambiente, de</p><p>forma a gerenciar, processar e transformar estes dados em conhecimento</p><p>organizacional, ao capturar os elementos que são interpretados, processados,</p><p>direcionados, redimensionado e notificados para subsidiar o processo decisório, bem</p><p>como a geração de ações.</p><p>10</p><p>Figura 2 - A empresa como um sistema aberto.</p><p>Fonte: Bio, 2008.</p><p>Sistemas e subsistemas</p><p>Sistema é um arranjo ordenado de componentes que estão inter-</p><p>relacionados e que atuam e interatuam com outros sistemas, para cumprir</p><p>uma tarefa ou função, num determinado ambiente. Já o subsistema pode-</p><p>se deduzir que é um subconjunto de um sistema que desempenha</p><p>determinadas funções a contribuir com uma série de funções na busca de</p><p>cumprimento da tarefa ou objetivo, o qual o sistema matriz está ordenado</p><p>(SILVIA; SANTOS; KONRAD, 2017).</p><p>Para que fique claro esses conceitos, vamos utilizar uma empresa como</p><p>exemplo. Ela é considerada um sistema que se divide em vários subsistemas, mas,</p><p>por estar instalada em uma comunidade, também é considerada um subsistema dessa</p><p>comunidade.</p><p>No geral, os sistemas podem ser classificados como abertos ou fechados,</p><p>estáticos, dinâmicos ou homeostáticos.</p><p>Sistemas abertos: estão em constante interação com o ambiente, realizando</p><p>trocas de recursos, construindo interdependências, dentre outras ações. Este sistema</p><p>11</p><p>pode ser considerado um conjunto de partes com interações constantes, as quais se</p><p>formam em uma mesma direção e determinação, sendo sempre interdependentes ao</p><p>ambiente externo. Em outras palavras, é um sistema que influencia e é influenciado</p><p>pelo ambiente externo.</p><p>Sistemas fechados: não interagem com o ambiente externo, ou seja, são</p><p>isolados. Mas, cabe ressaltar que não existe um sistema que seja completamente</p><p>fechado, já que sua relação com o ambiente por meio de entradas e saídas, é algo</p><p>finito e previsível, sendo de causa e efeito perceptíveis. Além disso, as ações impostas</p><p>pelo ambiente, são consideradas fatores limitantes do sistema, caso, sejam</p><p>importantes para este objetivo, mas, quanto mais o comportamento do ambiente for</p><p>influenciado pelo sistema, maior é o raio deste comportamento.</p><p>Sistemas estáticos: neste sistema, não se observam mudanças estruturais,</p><p>entretanto, podem ocorrer alterações ao longo do tempo, considerando que nada</p><p>permanece da mesma forma que possuía em seu estágio inicial.</p><p>Sistemas dinâmicos: são sistemas que periodicamente sofrem alterações em</p><p>suas partes, o que geram modificações em sua estrutura.</p><p>Sistemas homeostáticos: são os sistemas que mesmo ao longo do tempo não</p><p>perdem suas principais características. Mas, conforme o ambiente impõe inovações,</p><p>ele se adapta à nova realidade, buscando sempre manter seu equilíbrio original</p><p>interno. Além disso, decorre do constante fluxo de informações entre o sistema e o</p><p>ambiente.</p><p>A visão sistêmica de uma empresa, é baseada na filosofia de que, a melhor</p><p>forma para se compreendê-la, é estudar a organização</p><p>como um todo, dessa forma,</p><p>a empresa é considerada como um sistema de variáveis de condição bilateral. A</p><p>interação entre empresa e ambiente, acontece por meio da troca dos recursos, mas,</p><p>essa interação possui consequências, como o impacto do crescimento de uma</p><p>empresa, mediante o aumento de um estoque de ativos, mediante a retroação, ou</p><p>quando essa interação atinge o patrimônio líquido da empresa de forma negativa.</p><p>Segundo Chiavenato (1993), as organizações erguem-se da necessidade de</p><p>cooperação, e os motivos que as constituem podem ser sintetizadas da seguinte</p><p>forma:</p><p>12</p><p>Razões sociais: parte da teoria de que as pessoas vivem em sociedade e que</p><p>precisam relacionar entre si, e muitas de suas satisfações sociais são atendidas pelas</p><p>organizações.</p><p>Razões materiais: são as razões que levam as pessoas a conquistarem algo</p><p>material. Geralmente elas se organizam para alcançarem três principais</p><p>características que isoladamente, seria muito mais difícil: o aumento de habilidades,</p><p>compressão de tempo, acumulação de conhecimento.</p><p>Efeito sinergístico: as organizações têm um efeito multiplicativo nas</p><p>atividades de seus membros. A sinergia neste meio ocorre quando duas ou mais</p><p>causas agem juntas para produzir um impacto maior que a soma de seus efeitos</p><p>separados.</p><p>Seguindo essa visão sistêmica, a abordagem empresarial, previamente supõe</p><p>subdivisões coordenadas e mutuamente dependentes, as quais denominamos de</p><p>subsistemas empresariais.</p><p>O sistema empresa é considerado um dos mais complicados, cuja divisão em</p><p>subsistemas possui diversos focos, inclusive em áreas distintas, como: institucional,</p><p>gestão, informação, entre outras. Na Figura 3 está disposta uma reprodução</p><p>esquemática de uma empresa e seus subsistemas.</p><p>Figura 3 - Subsistemas empresariais.</p><p>Fonte: Adaptado de Guerreiro (1989).</p><p>13</p><p>Em uma visão operacional, essa divisão em subsistemas ocorre em</p><p>consequência dos resultados de avaliações e do desempenho apresentado pela</p><p>equipe. É por meio dessas avaliações que os gestores tomam conhecimento dos</p><p>resultados alcançados nas atividades desenvolvidas por todas as áreas da empresa.</p><p>Essa avaliação é necessária, primeiramente, porque o resultado econômico é dos</p><p>próprios gestores, afinal, são eles que geraram as atividades de acordo com o que</p><p>lhes é permitido. Com a identificação e acumulação dos resultados das atividades</p><p>realizadas é que os gestores determinam as próximas ações a serem desenvolvidas,</p><p>cada um com sua área de responsabilidade, sendo o único objetivo, atingir melhores</p><p>resultados.</p><p>Assim, cada empresa deve ter um sistema apropriado às suas necessidades,</p><p>viabilizando a melhor maneira de fornecer as informações para avaliação de</p><p>desempenho. Para isso, não há apenas uma representação, sendo assim, o</p><p>dinamismo e a mutabilidade que existem nos sistemas, implica a não rigidez das</p><p>limitações e das divisões em um sistema em específico. Porém, é possível por meio</p><p>de uma ampla abordagem, apontar seus respectivos subsistemas.</p><p>Anteriormente, foram apresentados exemplos de subsistemas em uma</p><p>empresa e a seguir serão descritos alguns tipos de subsistemas empresariais.</p><p>Subsistema institucional: considera a empresa como um investimento de</p><p>seus fundadores, onde se busca alcançar todas as expectativas e os objetivos</p><p>traçados. Este subsistema representa o conjunto de crenças e valores que intervêm</p><p>na empresa, possuindo a função de propiciar instrumentos que possibilitem a</p><p>conversão dos motivos, necessidades, crenças, valores e até mesmo dos</p><p>empreendedores, nas definições que constituem de maneira clara, a razão de ser da</p><p>empresa.</p><p>Subsistema social: é constituído por influências, seja de uma ou mais pessoas</p><p>dentro da empresa, incluindo suas qualidades morais e culturais. Também é nomeado</p><p>por alguns autores como subsistema humano-comportamental, por incluir</p><p>instrumentos necessários à administração para mobilização das pessoas que fazem</p><p>parte da empresa, e dessa forma, alcançar a direção correta para atingir bons</p><p>resultados.</p><p>14</p><p>Subsistema organizacional: é um subsistema voltado à estruturação</p><p>organizacional da empresa, levando em consideração a forma que a empresa utiliza</p><p>para agrupar suas atividades nos departamentos, seja de amplitude administrativa,</p><p>pelo grau da descentralização desejável, problemas de autoridade e responsabilidade,</p><p>entre outros aspectos. Para Arantes (1994), este é um subsistema que tem a função</p><p>de dotar a administração de instrumentos, determinando responsabilidades através</p><p>da especificação das funções e as agrupando em segmentos organizacionais, como</p><p>departamentos e setores, além de estabelecer relações de autoridade entre os</p><p>segmentos e a nomeação das pessoas responsáveis pelos mesmos. Isso é feito com</p><p>o intuito de facilitar a distribuição das tarefas empresariais, levando à resultados</p><p>eficientes, otimizando os recursos, o tempo e principalmente os custos, de maneira</p><p>ordenada.</p><p>Subsistema de gestão: responsável por estabelecer o processo administrativo</p><p>da empresa, podendo ser responsável pelo planejamento, execução e o controle das</p><p>atividades realizadas, tem uma referência fundamental no processo de tomada de</p><p>decisões, sempre com o objetivo de alcançar os propósitos da empresa. Quando se</p><p>tem o apoio do subsistema de informação, este subsistema apresenta um resultado</p><p>ainda mais eficaz.</p><p>Subsistema de informação: diz respeito ao conjunto dos elementos que têm</p><p>intuito de gerar informações para auxiliar a realização das atividades operacionais,</p><p>assim como acontece nas fases de planejamento e de controle do subsistema de</p><p>gestão. São vários os subsistemas de informação em uma mesma organização, os</p><p>quais podem assumir funções de coleta e processamentos dos dados, para então</p><p>fornecer as devidas informações. O seu principal propósito é o de nutrir</p><p>informativamente o sistema gerencial e o sistema operacional, sendo assim, eles</p><p>devem estar sempre articulados.</p><p>Subsistema físico: está relacionado com a parte materializada do</p><p>empreendimento, aquilo que já foi realizado, sendo em termos técnicos, um</p><p>subsistema formado pela maioria dos ativos imobilizados da entidade.</p><p>Diante das especificações, pode-se concluir que, através da interação dos</p><p>subsistemas, as funções empresariais são realizadas, e assim a empresa cumpre sua</p><p>missão.</p><p>15</p><p>Segurança de sistemas</p><p>Um programa de gerenciamento de riscos e de segurança que seja eficiente,</p><p>constante e integrado, nasce primeiramente com o foco no resultado compatível com</p><p>o custo e as exigências do programa. Este programa é de responsabilidade da alta</p><p>direção da empresa e adicionalmente não é tolerável que essa particular atividade</p><p>técnica, deixe de contar com elementos tão ou mais capacitados, quanto qualquer</p><p>outra atividade técnico-científica, dentro da organização.</p><p>Entretanto, não só a alta direção e os profissionais de segurança são</p><p>responsáveis pelo sucesso do programa, uma vez que, todas as áreas da organização</p><p>devem se envolver e se responsabilizar adequadamente, cada uma em seu tempo e</p><p>lugar.</p><p>A primeira e mais importante medida da alta direção é a definição de uma</p><p>política de segurança que todos os membros da organização conheçam e entendam,</p><p>delineando claramente as responsabilidades e assegurando os recursos adequados.</p><p>Sendo assim, a alta direção deve assegurar que gerentes e supervisores de</p><p>todos os níveis compreendam a necessidade de um programa de segurança, bem</p><p>como, o papel de cada um na consecução deste. Além disso, possui a</p><p>responsabilidade de manter o padrão e o nível de exigência do programa, sem</p><p>tolerância a desvios ou práticas de concessão ou qualquer outro motivo.</p><p>4 IDENTIFICAÇÃO DE RISCOS: INSPEÇÃO DE SEGURANÇA, INVESTIGAÇÃO</p><p>E ANÁLISE DE ACIDENTES</p><p>16</p><p>Fonte: br.freepik.com/</p><p>Assim como em todos os procedimentos que envolvem tomada de decisões, o</p><p>processo de</p><p>gerenciamento de riscos se inicia com a identificação e a análise de um</p><p>determinado problema, que neste caso, consiste em conhecer e analisar os riscos de</p><p>perda acidental que venham a ameaçar a organização.</p><p>A fase de identificação dos riscos é com toda certeza a fase mais importante</p><p>dentre as responsabilidades de um gerente de riscos, pois, é através deste processo</p><p>que potenciais situações de risco acidental podem ser identificadas. Na realidade não</p><p>existe um método perfeito para identificação, assim, no exercício da atividade, a</p><p>melhor estratégia para o gerente de riscos é combinar os métodos existentes, para</p><p>que se possa obter o maior número de informações possíveis sobre os riscos da</p><p>empresa, impedindo assim, que a empresa mesmo que de forma inconsciente, sofra</p><p>perdas acidentais.</p><p>Até aqui, foi exposta a importância de se identificar os riscos, mas na prática,</p><p>até qual ponto é possível conhecer a empresa? Sua operação, bens patrimoniais,</p><p>pessoas envolvidas direta ou indiretamente, suas responsabilidades reais, seus</p><p>direitos e obrigações, sua organização efetiva, sua finalidade, seus processos</p><p>administrativos, operacionais e de produção bem como sua estrutura econômico-</p><p>financeira, inclusive envolvendo as operações financeiras que equilibram a empresa?</p><p>Percebe-se a partir disso, que o gestor precisa tomar conhecimento de várias áreas</p><p>da empresa e para isso, é necessária a elaboração de um cronograma, para evitar</p><p>que ocorram falhas em seu trabalho.</p><p>A seguir serão ressaltados três pontos importantes, os quais devem fazer parte</p><p>de um cronograma da gerência de riscos:</p><p>Checklists: também conhecido como questionário, é uma das formas mais</p><p>utilizadas na identificação de riscos, assim como, roteiros e outras ferramentas do</p><p>gênero. Estes questionários podem ser alcançados de diversas formas, como por</p><p>meio de publicações especializadas sobre engenharia de segurança e seguros, junto</p><p>a corretoras, seguradoras, dentre outras empresas do ramo.</p><p>É de extrema importância deixar claro, que por mais que estes questionários</p><p>sejam precisos e extensos, existe uma grande possibilidade de que sejam omitidas</p><p>situações de riscos até mesmo vitais em uma empresa. Sendo assim, para que o</p><p>17</p><p>problema seja de fato minimizado, o gestor de riscos precisa adaptar os instrumentos</p><p>às características e peculiaridades específicas da organização.</p><p>Inspeção de segurança: conhecida como inspeção de risco, se trata de uma</p><p>vistoria técnica feita nos locais de trabalho, para identificação de possíveis situações</p><p>perigosas, sejam elas de natureza ambiental ou ocupacional. Além disso, aqui são</p><p>determinadas as medidas de controle tanto corretivas quanto preventivas, necessárias</p><p>para evitar acidentes e agravos à saúde do trabalhador.</p><p>Conhecer a teoria facilita na prevenção dos acidentes, visto que as possíveis</p><p>soluções já foram estudadas e sua eficácia comprovada através de uma extensa</p><p>bibliografia. Na Figura 4 a seguir, são apresentados riscos comuns constatados em</p><p>uma inspeção de segurança.</p><p>Figura 4 - Levantamento de riscos comuns durante uma inspeção.</p><p>Fonte: Elaborado pelo autor.</p><p>Dependendo do grau de profundidade das inspeções de segurança, todo o</p><p>corpo de funcionários é envolvido na inspeção. Assim, para que os objetivos traçados</p><p>sejam alcançados, torna-se necessário organizar um programa bem definido para as</p><p>inspeções. Dentre os itens que devem ser estabelecidos estão:</p><p>• O que será analisado;</p><p>• A periodicidade da inspeção;</p><p>• Os responsáveis pela análise;</p><p>18</p><p>• As informações que vão ser exploradas;</p><p>Formulários especiais podem ser preparados para futuros estudos e para o</p><p>controle estatístico e de qualidade, sendo estes adaptados para cada tipo de inspeção</p><p>e nível de profundidade desejado.</p><p>Para melhor compreensão da inspeção, suponhamos que um equipamento é</p><p>inspecionado por um operário diariamente, no início e no fim de seu turno. Todas as</p><p>observações realizadas devem ser registradas em uma ficha de inspeção, onde</p><p>devem estar listados em ordem cronológica, todos os pontos a serem observados pelo</p><p>mesmo, devendo a ficha, ser simples e de fácil preenchimento. Dessa forma, o</p><p>engenheiro ou o supervisor responsável pela segurança durante uma inspeção de</p><p>rotina, pode utilizar o formulário como um roteiro.</p><p>Assim, uma vez preenchido, no caso de se observar irregularidades, torna-se</p><p>necessária a elaboração de um relatório de inspeção, onde são registrados os pontos</p><p>negativos constatados e as medidas de solução sugeridas.</p><p>Investigação de acidentes: As particularidades específicas de cada indústria</p><p>como seu espaço físico, os produtos fabricados, o processo realizado, os tipos de</p><p>máquinas e equipamentos, assim como a característica socioeconômica da região em</p><p>que a indústria esteja localizada, podem gerar riscos de acidentes de difícil detecção.</p><p>Entretanto, em alguns casos, uma única investigação, desde que feita de forma</p><p>cuidadosa, pode possibilitar a descoberta dos riscos envolvidos. Entende-se então,</p><p>que a mesma foi realizada com base em conhecimentos teóricos, somados a</p><p>capacidade de dedução do técnico responsável pela investigação.</p><p>Assim, mediante a descrição do acidente, das informações obtidas junto ao</p><p>responsável da área, do estudo sobre o local do acidente e da vida antecedente do</p><p>acidentado, torna-se possível determinar as causas do acidente e propor as medidas</p><p>necessárias para que outros sejam evitados.</p><p>5 TÉCNICA DE INCIDENTES CRÍTICOS</p><p>Atualmente, a maior parte dos esforços em segurança do trabalho, volta-se</p><p>para as avaliações realizadas após um acidente. Assim, as tentativas realizadas com</p><p>19</p><p>o intuito de controlar os acidentes e suas consequências, podem ser descritas como</p><p>“tentativa e erro”, principalmente pelo fato de que não existe um padrão fixo de</p><p>medidas de eficiência. O controle então, deve iniciar-se com medidas eficazes, uma</p><p>vez que, o alcance controlável depende da adequação das medidas utilizadas para</p><p>identificar a natureza e a extensão do problema causador de lesão, que esteja dentro</p><p>do alcance de ação.</p><p>Os responsáveis pela segurança do trabalho, precisam entender o quanto é</p><p>necessária a modificação e atualização dos métodos de avaliação de problemas</p><p>relacionados aos acidentes, buscando sempre por novas medidas que possibilitem a</p><p>identificação e controle dos problemas. Entende-se que é preciso focar mais nos</p><p>problemas do que em suas consequências, pois, mediante a descoberta da causa do</p><p>problema, o processo de distribuição de recursos na prevenção de acidentes se torna</p><p>mais prático e, como consequência, se tem um melhor retorno diante de todos os</p><p>esforços.</p><p>Inicialmente, não se possui conhecimento sobre o efeito de uma combinação</p><p>de esforços de prevenção, diante de um sistema em que se tem interesse em</p><p>controlar. A questão é encontrar um critério de eficiência de segurança e alguma forma</p><p>de mediá-lo, já que a princípio, o especialista em segurança fica diante apenas da sua</p><p>noção intuitiva de eficiência de diversos métodos de prevenção de acidentes, e</p><p>somente depois é que se dá início a todo o processo necessário, o qual já foi</p><p>mencionado anteriormente.</p><p>Em especial, é importante reconhecer que a principal função de uma medida</p><p>de desempenho de segurança é comunicar qual o nível de segurança em um sistema,</p><p>assim, a argumentação quanto aos acidentes com lesões, são as próprias medidas</p><p>de segurança adotadas, que neste caso, não são medidas eficazes, o que leva a uma</p><p>série de discussões.</p><p>No cotidiano, os acidentes com lesões, geralmente, são consequências do</p><p>comportamento do próprio trabalhador diante das condições de um sistema, mas, tal</p><p>situação não fornece informações precisas quanto ao comportamento do trabalhador</p><p>antes da ocorrência, o mau funcionamento dos equipamentos e do ambiente, os quais</p><p>podem ser importantes contribuintes para ocorrência de acidentes</p><p>atuais ou futuros.</p><p>20</p><p>As medidas de desempenho de segurança devem auxiliar na prevenção de</p><p>acidentes e não favorecer essas ocorrências, para isso, deve ser realizada uma</p><p>análise constante no ambiente laboral, para que, mediante a constatação de um</p><p>possível problema, as informações sejam passadas antecipadamente, assim, as</p><p>devidas medidas de correção são realizadas.</p><p>Mediante análise dos registros de acidentes, é importante que não haja</p><p>equívocos ao implantar medidas de segurança, visto que estes registros não definem</p><p>realmente o nível de segurança na organização, pois, como dito anteriormente, o</p><p>acidente pode também ser decorrente de falha do próprio trabalhador. Geralmente,</p><p>mediante a aplicação de várias técnicas de avaliação de desempenho, se detecta a</p><p>ausência de segurança, mas não a presença dela. Assim, se torna necessário</p><p>implementar as avaliações com novas técnicas, para se obter melhores resultados</p><p>nas avaliações.</p><p>A escolha de uma técnica deve ser bem analisada, para que esta seja</p><p>adequada a uma situação específica, visando o custo que isso envolve, a criticidade</p><p>do componente ou o sistema em estudo, o rendimento que se deseja, a</p><p>compatibilidade dela com as demais atividades programadas e pelo seu significado</p><p>para direção da empresa e aos que vão usá-la.</p><p>A técnica de identificação de fatores que ocasionam os acidentes, é importante</p><p>não apenas para identificação daqueles que não causam lesão, mas, também para</p><p>identificar os que ocasionam. Além disso, a inserção dos acidentes sem lesões, no</p><p>campo de ação de um sistema de avaliação de desempenho de segurança, impede</p><p>diversas dificuldades relacionadas com as técnicas de medida atuais.</p><p>Considerando que acidentes sem lesões, acontecem com maior frequência</p><p>comparados aos acidentes com lesões incapacitantes ou com danos a propriedade, a</p><p>coleta de amostras representativas dos danos pode ser feita em um curto espaço de</p><p>tempo. Além do mais, estudos evidenciam que as pessoas preferem relatar sobre os</p><p>incidentes, já que nestes casos não lhes são atribuídas culpas.</p><p>Até aqui, pode-se constatar que os acidentes possuem uma importância, na</p><p>identificação de situações que podem levar a futuras lesões ou danos. Com isso, se</p><p>aceitarmos o fato de que, as consequências dos acidentes são graves, sejam em</p><p>eventos aleatórios ou acidentais, se constata a necessidade de técnicas para</p><p>21</p><p>identificação da alta frequência dos acidentes sem lesões, suas possíveis perdas no</p><p>período “sem perdas”, em outras palavras, a detecção de lesões ou danos que</p><p>poderiam ocorrer. Dessa maneira, se torna mais fácil, conter ou até mesmo eliminar</p><p>os possíveis problemas com antecedência.</p><p>6 FUNDAMENTOS MATEMÁTICOS: CONFIABILIDADE E ÁLGEBRA</p><p>BOOLEANA</p><p>Álgebra Booleana</p><p>Criada pelo matemático George Boole, para auxílio nos estudos de lógica, as</p><p>regras e expressões através de símbolos matemáticos, possibilitam a clareza e a</p><p>simplificação de problemas complicados. Basicamente, a álgebra booleana se trata</p><p>de um sistema composto por operadores, regras, postulados e teoremas, utilizando</p><p>de funções e variáveis, assim como, na álgebra convencional, que podem assumir</p><p>apenas um valor dentre dois (GÜUNTZEL; NASCIMENTO, 2001).</p><p>É uma área da matemática muito usada por cientistas da computação,</p><p>eletrônica, profissionais da área de segurança, dentre outras áreas, como uma fonte</p><p>de informação para tomadas de decisões. Na área de segurança do trabalho, essa</p><p>ferramenta é utilizada na investigação e análise das causas de acidentes e incidentes.</p><p>A álgebra booleana é considerada uma variável da álgebra ordinária, a</p><p>diferença está nos valores que as incógnitas assumem, no caso da álgebra ordinária,</p><p>os valores podem ser no intervalo, −∞; +∞, enquanto na booleana, os valores</p><p>assumidos devem ser um número finito de valores. Particularmente, na álgebra</p><p>booleana, de dois valores, cada variável pode assumir um dentre dois possíveis</p><p>valores, que podem ser denotados por [F, V] (falso ou verdadeiro), [H, L] (high and</p><p>low) ou [0, 1]. Na área da computação, a notação mais utilizada é a [0,1].</p><p>Como o número de valores que cada variável pode assumir é pequeno, o</p><p>número de estados que uma função booleana pode adotar também será pequeno.</p><p>Isso quer dizer, que é possível descrever completamente as funções booleanas</p><p>usando tabelas, sendo assim, uma tabela que descreve uma função booleana é</p><p>denominada de tabela verdade e nela são listadas as combinações de valores que as</p><p>22</p><p>variáveis de entrada podem assumir, bem como os correspondentes valores da</p><p>função, chamados de saída.</p><p>Na conhecida matemática moderna, é definido que um conjunto pode ser uma</p><p>coleção de elementos, condições, eventos, símbolos, ideias ou identidades</p><p>matemáticas. Aqui, a totalidade de um determinado conjunto é expressa pelo número</p><p>1, já um conjunto vazio é expresso por 0. Neste caso, estes números não são tratados</p><p>como números, portanto, a soma de 1+1 não é igual à 2. Também não se tem valores</p><p>intermediários entre os números, já que todos os números são considerados símbolos.</p><p>As identidades dos conjuntos são representadas pelos diagramas de Venn,</p><p>conforme a Figura 5 a seguir, a qual representa um conjunto de elementos que</p><p>possuem uma característica em comum indefinida.</p><p>Figura 5 - Conjunto com característica A.</p><p>Fonte: Elaborado pelo autor.</p><p>Um subconjunto que seja de característica “A”, mas, apresenta demais</p><p>elementos sem a mesma característica, é considerado como, “não de A” ou Ā. Assim,</p><p>dizemos que Ā é o complemento de A, que se pronuncia, “complementar de A”, e vice-</p><p>versa, sendo que A e Ā são o total dos elementos do universo U. Dessa forma, se</p><p>conclui que A + Ā = 1 ou A U Ā. Importante mencionar que o “+” pronuncia-se como</p><p>OU.</p><p>23</p><p>A álgebra booleana possui três funções básicas: a operação “OU”, “E” e a</p><p>“complementação”. Sendo assim, todas as funções booleanas, podem ser</p><p>representadas a partir destas operações básicas.</p><p>Operação OU</p><p>Essa operação também possui a denominação “adição lógica”, definida como</p><p>uma operação que resulta “1” se ao menos uma das variáveis de entrada valer “1”.</p><p>Lembrando que uma variável booleana vale “1” ou “0”, o resultado de uma operação</p><p>qualquer pode ser encarado como uma variável, ou atribuído a uma variável booleana,</p><p>basta que definamos quando a operação vale 1, assim, automaticamente a operação</p><p>resulta em 0 nos demais casos. Dessa forma, é possível afirmar que a operação “OU”</p><p>resulta “0” apenas quando as variáveis de entrada valem “0”.</p><p>Um símbolo possível para representar a operação OU é “+”, tal como o símbolo</p><p>da adição algébrica (dos reais). Porém, como estamos trabalhando com variáveis</p><p>Booleanas, sabemos que não se trata da adição algébrica, mas sim da adição lógica.</p><p>Outro símbolo também encontrado na bibliografia para representação do OU é “∨”.</p><p>Listando as possibilidades de combinações entre dois valores Booleanos e os</p><p>respectivos resultados para operação “OU”, se tem:</p><p>Observe que a operação “OU” só pode ser definida se tiver ao menos duas</p><p>variáveis envolvidas, ou seja, não é possível realizar a operação sobre somente uma</p><p>variável. Devido a isso, o operador “+” (OU) é dito binário.</p><p>Nas equações, não se costuma escrever todas as possibilidades de valores,</p><p>apenas se adota uma letra, ou um índice, para designar uma variável Booleana, com</p><p>isso, já se tem conhecimento que aquela variável pode assumir ou o valor 0 ou o valor</p><p>1. Então, suponha que queiramos demonstrar o comportamento da equação A+B (se</p><p>lê A ou B), poderíamos fazê-lo usando uma tabela verdade, como é apresentado na</p><p>Tabela 1, a seguir:</p><p>24</p><p>Tabela 1 - Tabela verdade.</p><p>Fonte: Güntzel e Nascimento (2001).</p><p>Da mesma forma, é possível mostrar o comportamento da equação A+B+C (se</p><p>lê A ou B ou C) através de uma tabela verdade. Como na equação há somente um</p><p>símbolo “+”, se</p><p>trata da operação “OU” sobre três variáveis. Logo se pode aplicar</p><p>diretamente a definição da operação “OU”: o resultado será 1 se ao menos uma das</p><p>variáveis de entrada valer 1, conforme apresentado na Tabela 2.</p><p>Tabela 2 - Tabela verdade.</p><p>Fonte: Güntzel e Nascimento (2001).</p><p>Note que, devido ao fato de ter apenas um operador na equação, pode-se</p><p>também avaliar a equação decompondo-a em pares, como por exemplo, é possível</p><p>primeiramente encontrar o resultado de A+B, para depois operar os valores</p><p>resultantes com seus respectivos valores de C, sendo esta propriedade, conhecida</p><p>como associativa. A ordem em que são avaliadas as variáveis A, B e C é irrelevante,</p><p>considerada uma propriedade comutativa.</p><p>Essas propriedades são ilustradas pela Tabela 3, onde os parênteses indicam</p><p>subexpressões já avaliadas em coluna imediatamente à esquerda. Observe que os</p><p>valores das colunas referentes às expressões A+B+C, (A+B) + C e (B+C) + A são os</p><p>mesmos, na mesma ordem.</p><p>25</p><p>Tabela 3 - Tabela verdade.</p><p>Fonte: Güntzel e Nascimento (2001).</p><p>Operação E</p><p>Também chamada de multiplicação lógica, essa operação resulta em 0 se ao</p><p>menos uma das variáveis de entrada valer 0. Assim pode-se deduzir que o resultado</p><p>da operação “E” será 1, somente se, todas as entradas valerem 1.</p><p>O símbolo usualmente utilizado na operação “E” é “.”, mas, outra notação</p><p>possível é o " ∧ ". Também podemos listar as possibilidades de combinações entre</p><p>dois valores Booleanos e os respectivos resultados, para operação E:</p><p>Dessa forma, assim como na operação “OU”, a operação “E” só pode ser</p><p>definida entre ao menos duas variáveis, ou seja, o operador “.” (E) é considerado</p><p>binário. Para demonstrar o comportamento da equação A . B (se lê, A e B), se escreve</p><p>uma tabela verdade conforme a Tabela 4, a seguir:</p><p>Tabela 4 - Tabela verdade.</p><p>Fonte: Güntzel e Nascimento (2001).</p><p>26</p><p>Um modo parecido para se determinar o resultado da equação A . B . C (se lê</p><p>A e B e C), usando diretamente a definição da operação E: o resultado será 0 se ao</p><p>menos uma das variáveis de entrada valer 0, como na Tabela 5:</p><p>Tabela 5 - Tabela verdade.</p><p>Fonte: Güntzel e Nascimento (2001).</p><p>As propriedades associativa e comutativa também são válidas para operação</p><p>E, sendo assim, a equação A . B . C pode ser avaliada tomando-se as variáveis aos</p><p>pares, em qualquer ordem. Observe a tabela 6 abaixo, e faça uma comparação dos</p><p>resultados.</p><p>Tabela 6 - Tabela verdade.</p><p>Fonte: Güntzel e Nascimento (2001)</p><p>Complementação (ou Negação, ou Inversão)</p><p>Essa operação dispensa uma definição, já que basicamente, é a operação em</p><p>que o resultado é o valor complementar ao que a variável apresenta. O fato de uma</p><p>variável Booleana poder assumir um entre apenas dois valores, faz com que o valor</p><p>complementar seja 1, caso a variável tenha o valor de 0, e seja 0 se a variável valer</p><p>1.</p><p>27</p><p>Os símbolos usados para a representação da operação de complementação</p><p>sobre uma variável Booleana A são: �̅�, ~A e A’, as quais se pronunciam da mesma</p><p>maneira: “A negado”, sendo utilizada neste material, a primeira expressão. O resultado</p><p>de uma operação complementação pode ser listado da seguinte forma:</p><p>Diferencialmente das operações OU e E, a complementação apenas é definida</p><p>sobre uma variável, ou sobre o resultado de uma expressão. Melhor dizendo, o</p><p>operador complementação é dito unitário, e a tabela verdade para �̅� é representada</p><p>como na Tabela 7:</p><p>Tabela 7 - Tabela verdade.</p><p>Fonte: Güntzel e Nascimento (2001).</p><p>Confiabilidade</p><p>A confiabilidade está relacionada a probabilidade de que um equipamento ou</p><p>um sistema, possa desempenhar de modo satisfatório suas funções, por um</p><p>determinado tempo, diante de um determinado conjunto de condições de operação. A</p><p>confiabilidade é uma medida da qualidade dependente do tempo, mas, pode ser</p><p>considerada como um controle de qualidade de maior tempo, com as seguintes</p><p>características:</p><p>• é probabilístico por natureza;</p><p>• depende do critério de sucesso considerado;</p><p>• apresenta dependência temporal;</p><p>• tem variação em função das condições de operação.</p><p>A probabilidade de falha, representada pela letra “Q”, até determinada data,</p><p>que é representada por (t), é denominada “não confiabilidade” e é o comportamento</p><p>de R (expresso por um numeral decimal). Matematicamente, isto é:</p><p>28</p><p>𝑄 = 1 − 𝑅</p><p>A periodicidade em que acontecem as falhas é considerada como taxa de falha,</p><p>sendo representada por 𝜆. Essa taxa é determinada pelo número de falhas para cada</p><p>hora de operação ou pelo número de operações do sistema. Como exemplo, pode-se</p><p>dizer que, quatro falhas em 1.000 horas de operação, equivalem a uma taxa de falha</p><p>de 0,004 por hora. O correspondente da taxa de falha, ou seja, 1/𝜆, é chamado de</p><p>Tempo Médio Entre Falhas (TMEF). Dessa forma, considerando o exemplo anterior,</p><p>o TMEF = 250 horas.</p><p>Podem acorrer três tipos de falhas em equipamentos e sistemas, as quais são:</p><p>• Falhas prematuras: São as falhas que acontecem no período de depuração</p><p>ou de queima, em decorrência de montagens ruins, ou componentes com qualidade</p><p>abaixo do padrão, que apresentam falhas ao serem utilizados e consequentemente,</p><p>estes componentes são substituídos gradualmente, analisando a taxa de falha</p><p>prematura até que a taxa de falha total atinja um nível constante, o qual é atribuído às</p><p>falhas casuais.</p><p>• Falhas casuais: São as falhas resultantes de causas complexas,</p><p>incontroláveis, as quais pode-se constatar até mesmo como causas desconhecidas.</p><p>O tempo decorrente dessas falhas, geralmente está ligado com a vida útil do</p><p>componente ou do sistema.</p><p>• Falhas por desgaste: Inicia quando o componente atinge o fim de sua vida útil.</p><p>A taxa de falhas aumenta rapidamente devido ao tempo e algumas falhas aleatórias.</p><p>A seguir, no Gráfico 1, é apresento o traçado da curva da taxa de falha em</p><p>função do tempo, de um número grande de componentes similares, sendo essa curva</p><p>denominada de curva da banheira.</p><p>29</p><p>Gráfico 1- Curva da banheira.</p><p>Fonte: segurancanotrabalho.eng.br</p><p>Normalmente, na análise de confiabilidade, não se consideram falhas</p><p>prematuras, pois é admitido que o equipamento foi “depurado”, e que as peças que</p><p>até então estavam defeituosas passaram por troca. Em geral, para equipamentos,</p><p>independentemente de sua complexidade, se consideram como período seguro, o</p><p>tempo de 200 horas, para que se tenha depuração. Já as falhas casuais, são</p><p>distribuídas exponencialmente, enquanto a taxa de falha e troca são constantes. Por</p><p>fim, as falhas de desgaste são geralmente distribuídas, e além disso, a taxa de falhas</p><p>aumenta durante este período.</p><p>Cálculo da confiabilidade</p><p>Poucas funções são suficientes para determinar a confiabilidade, sendo as</p><p>mais aplicadas, a taxa de falha crescente e de falha constante. Neste tópico será</p><p>tratado somente sobre a distribuição exponencial, pois ela pode ser aplicada tanto em</p><p>sistemas e equipamentos complexos, como em sistemas onde há reposição dos</p><p>componentes que falharam. Apesar desta distribuição ser de aplicação universal, ela</p><p>não pode ser aplicada em todos os casos, assim, mediante dúvida, aconselha-se que</p><p>opte por processos padrões de estatística.</p><p>Ao se ter um grande número de componentes similares, de acordo com o</p><p>conceito da taxa de falha constante, no período de vida útil destes componentes, eles</p><p>30</p><p>apresentarão o mesmo número de falhas, em intervalos iguais, mediante troca</p><p>contínua das peças que apresentam falhas.</p><p>A fórmula matemática que indica a confiabilidade em que os componentes</p><p>operarão em um sistema de taxa de falha constante até determinada data (t), sem</p><p>falhas, é chamada de Lei Exponencial de Confiabilidade, e é dada por:</p><p>𝑅 = 𝑒−𝜆𝑡 = 𝑒−𝑡/𝑇</p><p>Em que:</p><p>𝑒 = 2,718</p><p>𝜆 = taxa de falha</p><p>t = tempo de operação</p><p>T = tempo médio entre falhas (TMEF)</p><p>A proporção 𝑡/𝑇 é de grande</p><p>importância quando: 𝑡 = 𝑇, seja para 1 minuto,</p><p>como para 1.000 horas, a confiabilidade será: 𝑅 = 𝑒−1 = 0,368 (36,8%). Para que a</p><p>confiabilidade aumente, é preciso que a proporção 𝑡/𝑇 diminua. Quando o tempo</p><p>médio entre falhas aumentar, consequentemente, a taxa de falha será reduzida.</p><p>31</p><p>7 MÉTODOS DE ANÁLISE DE RISCOS</p><p>Para a realização da análise de riscos pode-se utilizar diferentes métodos, entre</p><p>os quais estão os métodos qualitativos gerais, como a análise preliminar de riscos,</p><p>bem como métodos mais detalhados, como a análise de modos de falha e efeito, os</p><p>métodos de árvores, no qual enquadra-se a análise de árvore de falhas, dentre outros.</p><p>Sendo assim, serão apresentados a seguir, alguns desses métodos.</p><p>Análise preliminar de riscos</p><p>A análise preliminar de riscos (APR) ou análise preliminar de perigos (APP), é</p><p>uma análise simplificada, utilizada na identificação das fontes de perigo, suas</p><p>consequências e nas medidas corretivas simples, sem a necessidade de uma</p><p>investigação técnica. Nesta análise é elaborada uma tabela de fácil leitura.</p><p>O método consiste na realização do estudo na fase de concepção ou de</p><p>desenvolvimento prematuro de um novo sistema, com o objetivo de determinar</p><p>possíveis riscos na fase operacional do mesmo. A realização deste procedimento é</p><p>importante em sistemas com baixa similaridade com os demais existentes, seja pela</p><p>inovação ou pelo pioneirismo.</p><p>Na APR são realizados levantamentos a respeito das inúmeras causas que</p><p>podem promover a ocorrência de determinados eventos, assim como suas</p><p>respectivas consequências para a segurança e saúde do trabalhador, sendo</p><p>então realizada uma avaliação qualitativa da frequência de ocorrência dos</p><p>cenários descritos, do grau de severidade e o nível de risco de cada cenário</p><p>identificado na análise (PINHEIRO et al. 2021. p. 2)</p><p>Pelo fato de que neste método não é realizada uma investigação técnica,</p><p>podem existir poucos detalhes finais de projeto, sendo ainda maior a carência de</p><p>informações quanto aos procedimentos.</p><p>Para cada perigo analisado, a APR busca determinar:</p><p>• os eventos acidentais a ele associados;</p><p>• as consequências da ocorrência destes eventos;</p><p>• as causas básicas e os eventos intermediários;</p><p>• os modos de prevenção das causas básicas e eventos intermediários;</p><p>32</p><p>• os modos de proteção e controle, dada a ocorrência das causas básicas e</p><p>eventos intermediários.</p><p>Além do mais, precede-se a uma estimativa qualitativa preliminar do risco</p><p>associado a cada sequência de eventos, a partir da estimativa da frequência e da</p><p>severidade da sua ocorrência. Assim, são determinadas etapas básicas na APR:</p><p>• Analisar problemas conhecidos;</p><p>• Analisar a experiência obtida em sistemas similares ou análogos, para se</p><p>determinar os riscos que possivelmente possam estar presentas no sistema</p><p>desenvolvido;</p><p>• Revisar a missão;</p><p>• Ter atenção aos objetivos, exigências de desempenho, as principais funções</p><p>e procedimentos e aos ambientes onde as operações serão realizadas;</p><p>• Determinar os principais riscos;</p><p>• Determinar os principais riscos com potencialidade para causar lesões direta</p><p>e indiretamente, perda da função, danos aos equipamentos ou perda de material;</p><p>• Determinar os riscos iniciais e contribuintes;</p><p>• Elaborar as séries de riscos, com os riscos iniciais e contribuintes</p><p>determinados, para cada risco principal detectado;</p><p>• Revisar os meios de eliminação ou controle dos riscos;</p><p>• Elaborar uma revisão dos meios possíveis, procurando as melhores opções</p><p>compatíveis com as exigências do sistema;</p><p>• Analisar os métodos de restrição de danos;</p><p>• Considerar os métodos possivelmente mais eficientes na restrição geral de</p><p>danos, no caso de perda de controle sobre os riscos;</p><p>• Indicar quem levará a cabo as ações corretivas;</p><p>• Indicar claramente os responsáveis pelas ações corretivas, designando as</p><p>atividades que cada unidade deverá desenvolver.</p><p>Após a realização da análise preliminar de riscos, análises detalhadas devem</p><p>ser realizadas assim que possível, lembrando que, para os sistemas mais conhecidos,</p><p>os quais se tem grande experiência acumulada em riscos, a APR pouco adiciona,</p><p>sendo indicado para estes casos, iniciar imediatamente outras técnicas.</p><p>33</p><p>Análise de modos de falha e efeito</p><p>Neste método são realizadas análises de como as falhas dos componentes</p><p>específicos de um equipamento ou de um subsistema do processo são distribuídas</p><p>por todo o sistema. Isso é entendido como um arranjo ordenado de componentes</p><p>interconectados, sendo as probabilidades de falha estimadas quantitativamente</p><p>usando técnicas de árvore de falhas.</p><p>A análise de modos de falha e efeito (AMFE), refere-se a uma técnica que</p><p>possibilita analisar a forma como os componentes de um determinado equipamento</p><p>ou sistema podem apresentar falhas, fazer estimativas das taxas de falhas, determinar</p><p>efeitos que podem surgir e consequentemente, estabelecer mudanças que devem ser</p><p>realizadas com o intuito de aumentar a probabilidade de que o sistema ou o</p><p>equipamento funcione corretamente, apresentando assim, um aumento na</p><p>confiabilidade.</p><p>O método tem como principais objetivos:</p><p>• Revisar sistematicamente os modos de falha de um componente, para garantir</p><p>danos mínimos ao sistema;</p><p>• Determinar os efeitos que tais falhas terão em outros componentes do</p><p>sistema;</p><p>• Determinar os componentes cujas falhas teriam efeito crítico na operação do</p><p>sistema (Falhas de efeitos Críticos);</p><p>• Calcular a probabilidade de falhas de montagem, subsistemas e sistemas, a</p><p>partir das probabilidades individuais de falha de seus componentes;</p><p>• Determinar como podem ser reduzidas as probabilidades de falha de</p><p>componentes, montagens e subsistemas, através do uso de componentes com</p><p>confiabilidade alta, redundância no projeto, ou ambos.</p><p>Em geral, primeiramente, a análise de modos de falhas e efeitos é realizada de</p><p>modo qualitativo. Os efeitos decorrentes de falhas humanas no sistema, normalmente</p><p>não são levados em consideração nessa análise, sendo então, inclusos no campo da</p><p>ergonomia. Em uma próxima etapa, é possível aplicar os dados quantitativos com o</p><p>intuito de estabelecer uma confiabilidade ou uma probabilidade de falha do sistema</p><p>ou do subsistema.</p><p>34</p><p>Série de riscos</p><p>Dentre as diversas técnicas de análise de riscos que existem, a série de riscos,</p><p>é de simples aplicação, referindo-se a uma técnica que resulta na investigação e na</p><p>análise de acidentes. Importante ressaltar, que existem diversos tipos de riscos e</p><p>dentre eles cabe destacar:</p><p>• Inicial - Aquele que deu início à série.</p><p>• Contribuinte - É o risco que, direta ou indiretamente, dá sequência à série,</p><p>após o risco inicial.</p><p>• Principal - É aquele considerado como o evento diretamente causador dos</p><p>eventos catastróficos.</p><p>• Eventos Catastróficos - São eventos com consequências indesejáveis em</p><p>termos de danos a pessoas, equipamentos e/ou ambiente.</p><p>Considerando que existem vários riscos, no momento da elaboração de uma</p><p>série de riscos, a qual apresenta-se na forma de um passo a passo, deve-se ter como</p><p>ponto de partida um ou mais riscos iniciais. A partir deste risco inicial, outros irão</p><p>surgindo, causando inclusive impactos à série, servindo como desencadeadores do</p><p>risco principal e seus possíveis danos.</p><p>O inter-relacionamento dos riscos na série é feito de sequências simples pelo</p><p>uso de comportas lógicas “E” ou “OU”. Uma vez obtida a série, cada risco é analisado</p><p>a partir das inibições que podem ser aplicadas a cada passo, desde o risco inicial até</p><p>a inibição dos danos.</p><p>Consideremos um tanque pneumático de alta pressão, de aço carbono comum,</p><p>não revestido. A umidade pode causar corrosão, reduzindo a resistência do aço, que</p><p>debilitado poderá romper-se e fragmentar-se sob o efeito da pressão. Os fragmentos</p><p>poderão atingir e lesionar pessoas e danificar os equipamentos vizinhos.</p><p>Entendendo</p><p>como riscos a umidade, a corrosão, a debilitação do material ou a pressão, como</p><p>saber qual deles causou a falha?</p><p>Nesta série de eventos, a umidade desencadeou o processo de degradação,</p><p>que finalmente resultou na ruptura do tanque. A ruptura do tanque, causadora de lesão</p><p>e outros danos, pode ser considerada como o risco principal ou fundamental da série.</p><p>35</p><p>A umidade que iniciou a série pode ser chamada de risco inicial, a corrosão, a perda</p><p>de resistência e a pressão interna são chamadas de riscos contribuintes. O risco</p><p>principal é muitas vezes denominado catástrofe, evento catastrófico, evento critico,</p><p>risco crítico ou falha singular.</p><p>Pode-se deduzir, então, que o risco principal é aquele que pode, direta e</p><p>imediatamente, causar:</p><p>• Lesão;</p><p>• Morte;</p><p>• Perda de capacidades funcionais (serviços e utilidades);</p><p>• Danos a equipamentos, veículos, estruturas;</p><p>• Perda de matérias-primas e/ou produtos acabados;</p><p>• Outras perdas materiais.</p><p>Observe cuidadosamente, a série mostrada a seguir, a qual se refere ao</p><p>exemplo citado acima, apresentando o inter-relacionamento entre os riscos e as</p><p>respectivas inibições propostas. (Quadro 1).</p><p>Quadro 1 - Inter-relacionamento entre os riscos e as inibições propostas.</p><p>Fonte: Elaborado pelo autor.</p><p>36</p><p>7.1 Análise de árvores de falhas (AAF)</p><p>Se trata de uma técnica de identificação de perigos e análise de riscos que</p><p>parte de um evento topo escolhido para estudo e estabelece combinações de falhas</p><p>e condições que poderiam causar a ocorrência desse evento. As falhas podem ser</p><p>aleatórias de componentes, de causa comum, humanas ou da indisponibilidade de</p><p>equipamentos.</p><p>A técnica da AAF é considerada dedutiva, podendo esta ser qualitativa ou</p><p>quantitativa. Seu objetivo são os sistemas, sendo seu foco, o evento topo e as</p><p>sequências de eventos que o produzem. A técnica possibilita o cálculo da frequência</p><p>de ocorrência do evento topo, a partir dos dados de frequência e da probabilidade de</p><p>ocorrência dos eventos básicos, ou seja, eventos cuja frequência é conhecida e</p><p>geralmente obtida através de banco de dados ou outro registro.</p><p>Formulário</p><p>Na AAF utiliza-se uma simbologia específica. A Figura 6 a seguir, apresenta</p><p>um exemplo de um evento topo denominado “superaquecimento de um motor”. Os</p><p>dados utilizados nesse exemplo não foram retirados de bancos de dados e devem ser</p><p>encarados apenas como recurso para explicar a aplicação do método.</p><p>37</p><p>Figura 6 - Árvore de falhas aplicada ao evento superaquecimento de um motor</p><p>elétrico.</p><p>Fonte: Cardelha (2016).</p><p>No exemplo, supondo que a frequência de falha na tensão elétrica seja de</p><p>1/ano e a do circuito 0,5 /ano, a frequência de ocorrência de corrente excessiva no</p><p>circuito será de 1,5/ano. Se o fusível estiver no estado falho em 5% (cinco por cento)</p><p>do tempo, que corresponde a uma fração de tempo morto de 0,05, a corrente</p><p>excessiva no motor ocorrerá com frequência de (1,5 /ano) x (0,05) = 0,075/ano. Se a</p><p>falha primária do motor ocorrer com frequência de 0,01 /ano, o motor superaquece</p><p>0,075 + 0,01 = 0,085 /ano ou uma vez a cada 11,8 anos.</p><p>8 AVALIAÇÃO DE RISCOS</p><p>A avaliação de riscos, tem como finalidade, auxiliar na tomada de decisões com</p><p>base nos resultados obtidos na análise de riscos, indicando quais riscos necessitam</p><p>de tratamento e a prioridade para implementação do tratamento. Abrange a</p><p>38</p><p>comparação do nível de risco, a partir dos critérios que são estabelecidos ao se</p><p>considerar o contexto, para que o risco e/ou sua magnitude sejam determinados como</p><p>aceito ou tolerável, ou até mesmo se é exigido algum tratamento (ABNT, 2018).</p><p>Portanto, se utiliza da compreensão e do nível de riscos alcançados na análise</p><p>para que as devidas decisões sejam tomadas, especialmente se:</p><p>• Um determinado risco necessitar de tratamento e prioridade;</p><p>• Se for necessário que uma determinada atividade seja realizada ou</p><p>descontinuada;</p><p>• Se for preciso implementar controles internos, ou no caso de existirem, se</p><p>houver necessidade de modifica-los, mantê-los ou eliminá-los.</p><p>Importante ressaltar, que o estabelecimento de critérios auxilia no processo da</p><p>avaliação de riscos, pois, é por meio deles que se detecta o nível de prioridade dos</p><p>riscos, considerando o nível recomendado de atenção, o tempo de resposta requerido,</p><p>quem deve ser comunicado, entre outros detalhes.</p><p>Segundo a ABNT:NBR ISO 13000, a avaliação de risco se trata de um processo</p><p>global de identificação de riscos, análise e avaliação. Além disso, a norma</p><p>complementa que este processo deve ser conduzido de forma sistemática, iterativa e</p><p>colaborativa, baseada no conhecimento e nos pontos de vista das partes</p><p>interessadas. O ideal é utilizar da melhor informação disponível, em complemento com</p><p>uma investigação adicional, conforme for necessário.</p><p>8.1 Avaliação das perdas de um sistema</p><p>Uma expressão certa para medição da incidência de perdas em um processo,</p><p>é basicamente a menor produção no período de observação, devidos aos fatos</p><p>negativos que paralisam ou distorcem o processo, que denominaremos aqui de</p><p>acidentes, uma vez que não haviam sido previstos e se traduzem em danos pessoais</p><p>(lesões), danos materiais ou em perda de tempo.</p><p>Assim, em geral, temos para Fator de Eficiência na Produção:</p><p>39</p><p>A expressão de cálculo pode variar conforme a causa de origem da perda.</p><p>Como exemplo, podemos citar os casos de ausência do trabalhador quando o mesmo</p><p>é solicitado ao trabalho. Nessa situação, se utilizar o “fator de utilização pessoal”, que</p><p>se trata da relação entre o tempo efetivamente trabalhado e o tempo disponível para</p><p>execução do que foi programado, ou seja:</p><p>É um fator que representa a fração de recursos humanos programados, que</p><p>participou da produção fixada. Já a fração em que este não participou, foi a causa de</p><p>não se ter alcançado a produção programada, resultando assim em uma produção</p><p>menor.</p><p>Produção alcançada = Produção programada x FUP</p><p>PA = PP x FUP</p><p>Em função do exposto, a equação da perda de produção pela ausência do</p><p>trabalho, pode ser expressa da seguinte forma:</p><p>Perda de produção por fator humano:</p><p>PFH = PP (1-FUP)</p><p>Além dessa perda por fator humano, temos a perda por controle de qualidade,</p><p>onde se considera x% a recusa por controle de qualidade. Assim tem-se que a perda</p><p>será:</p><p>Quando ocorre uma perda proveniente de uma paralisação do equipamento a</p><p>ser utilizado a expressão é:</p><p>Onde:</p><p>PP = produção programada</p><p>t = tempo de duração da falha</p><p>T = período de execução da tarefa</p><p>N = número de equipamentos usados na linha.</p><p>40</p><p>Nos casos em que se tem várias linhas de equipamentos em série, é diminuída</p><p>a perda ocorrida na linha anterior, daquela que estiver sendo calculada.</p><p>Por fim, nos casos de perdas totais, se utiliza:</p><p>PT = PFH + PCQ + PPF</p><p>9 CUSTO DE ACIDENTES</p><p>Em decorrência da competição cada vez mais acirrada, promovida pela</p><p>globalização da economia mundial, empresários querem evitar as possibilidades de</p><p>perder dinheiro, seja pelo aumento de custos ou pela redução da produção. Tendo</p><p>consciência disso, ele tentará evitar que as perdas aconteçam, embora devido aos</p><p>problemas administrados diariamente nas empresas, seja difícil evidenciar de maneira</p><p>individual essas possibilidades. Em geral, as empresas gastam bilhões por ano,</p><p>apenas com acidentes de trabalho e com as doenças profissionais, os quais podem</p><p>ser evitados. De acordo com Figueiredo-Júnior (2009), estudos realizados por</p><p>Heinrich, Simond, Bird-Germain, chegaram à conclusão de que o custo total dos</p><p>acidentes de trabalho para as empresas, é a soma das seguintes parcelas:</p><p>• Custo direto e indireto dos acidentes com afastamento superior a um dia.</p><p>• Custo direto e indireto de acidentes com afastamento inferior a um dia.</p><p>• Custo indireto, dos acidentes sem lesão, com dano sobre o equipamento,</p><p>ou</p><p>simples paralisação do serviço.</p><p>• Risco investido em acidentes de baixa frequência e alta gravidade.</p><p>Mas, além desses, temos outros tipos de abordagens que podem ser</p><p>constatadas como consequência dos acidentes, mas que não acarretam custos</p><p>quantificáveis, porém, ocasionam danos psicológicos aos presentes e até mesmo aos</p><p>que tomam ciência do ocorrido.</p><p>Geralmente, grandes empresas contam com um contrato de seguro que visa</p><p>assegurar a empresa quanto aos gastos referentes aos acidentes de trabalho. Tais</p><p>seguros normalmente cobrem: despesas médicas, hospitalares e farmacêuticas, o</p><p>pagamento de diárias e benefícios e o transporte do acidentado do local de trabalho</p><p>41</p><p>ao local de atendimento. Somado a estes custos, existem as muitas despesas que</p><p>não são atribuídas aos acidentes, mas que se manifestam como consequência</p><p>imediata dos mesmos, ficando os ônus sob responsabilidade do empregador.</p><p>Custo direto e indireto dos acidentes com perda de tempo</p><p>O custo direto dos acidentes com perda de tempo, diz respeito ao custo com o</p><p>tratamento médico mais a compensação salarial dos acidentes com afastamento</p><p>superior a um dia. Inicialmente, somente estes custos eram levados em consideração,</p><p>mas, com o tempo foi observado que haviam custos indiretos que interviam nos custos</p><p>totais dos acidentes. Estes custos indiretos podem ser causados por muitos fatores,</p><p>como a perda de tempo dos colaboradores na execução dos trabalhos e até mesmo</p><p>dos chefes, bem como as perdas e danos ocasionados aos materiais, os danos</p><p>causados sobre os equipamentos e as máquinas, o tempo que os equipamentos ficam</p><p>parados, os atrasos na prestação dos serviços ocasionando multas contratuais, dentro</p><p>outros.</p><p>Custo direto ou indireto dos acidentes sem perda de tempo</p><p>Este tipo de custo diz respeito aos custos com acidentes que culminam em</p><p>lesões, com afastamento inferior a um dia e acidentes que não ocasionam lesões,</p><p>mas com danos sobre os equipamentos. De acordo com Gários (2009), estudos</p><p>realizados por Bird e Germain, chamaram a atenção devido à grande quantidade de</p><p>acidentes deste tipo e o alto custo decorrente dele e ao comparar os estudos destes,</p><p>com os estudos de Heinrich, é notório que o custo total de acidentes sejam eles com</p><p>ou sem lesão, chega a ser dez vezes maior que o custo direto dos acidentes com</p><p>perda de tempo.</p><p>10 PREVISÃO E CONTROLE DE PERDAS</p><p>Os programas de prevenção de perdas (PPP), são procedimentos</p><p>administrativos e operacionais com base na otimização contínua na empresa, para</p><p>que um sistema de controle total de perdas seja implantado, e assim, o gerenciamento</p><p>42</p><p>dos custos operacionais seja mais efetivo. Além disso, o programa salva/guarda o</p><p>patrimônio físico e humano preservando então, a imagem da empresa.</p><p>Todos os eventos que afetem de maneira contrária ao patrimônio, a produção,</p><p>ao ser humano, a qualidade, aos produtos, insumos, matéria prima e ao meio</p><p>ambiente, são considerados como perdas. Importante mencionar, que conforme o</p><p>dicionário, entende-se perda como “ato ou efeito de perder, ou ser privado de algo que</p><p>possuía” (DICIO, DICIONÁRIO, 2022).</p><p>Por se tratar de ocorrências inoportunas, as perdas devem ser controladas</p><p>constantemente, pois podem gerar grandes custos de forma direta, os quais afetam</p><p>sobremaneira o lucro da empresa, podendo estes, serem até 50 vezes maiores que</p><p>os custos diretos.</p><p>O controle de perdas é um trabalho interativo, o qual envolve todos os níveis</p><p>da empresa, promovendo uma interação integral entre a produção e os programas de</p><p>qualidade, abrangendo do corpo administrativo aos níveis operacionais. Assim, por</p><p>meio de uma política voltada ao programa, autorizada mediante assinatura da</p><p>autoridade superior da empresa é que se delega a responsabilidade e garante-se o</p><p>respaldo em sua implantação. A diretoria, a gerência e os supervisores, têm suas</p><p>funções divididas, sendo:</p><p>• A diretoria, responsável por apoiar de maneira integral todas as ações do</p><p>programa;</p><p>• A gerência, responsável por coordenar o programa nos setores de sua</p><p>competência;</p><p>• A supervisão fica com a responsabilidade de operacionalizar o programa.</p><p>Controle de danos</p><p>No ano de 1966, o norte-americano Frank Bird Jr, levantou um debate sobre</p><p>questões de segurança e saúde, afirmando que as empresas deveriam dar atenção</p><p>não somente aos danos ocorridos com os trabalhadores, mas também, aos danos nas</p><p>instalações, nos equipamentos e nos bens da empresa em geral, surgindo assim, o</p><p>controle de danos, que por ele era chamado de Loss Control.</p><p>De acordo com Figueiredo-Júnior (2009), ao desenvolver sua teoria,</p><p>denominada de teoria de Bird, o mesmo baseou-se em uma análise realizada com</p><p>43</p><p>90.000 acidentes que aconteceram na Luckens Steel, uma empresa siderúrgica na</p><p>Filadélfia, em um período superior a 7 anos. Neste tempo foi observado que dentre os</p><p>acidentes, 145 foram incapacitantes, 15.000 com lesão e 75.000 acidentes</p><p>ocasionaram danos à propriedade.</p><p>Assim, o controle de danos, surgiu com a visão de que os acidentes possuíam</p><p>as mesmas causas básicas, o que atualmente pode ser confirmado, já que acidentes</p><p>com ou sem lesão, frequentemente são de mesma origem humana ou material</p><p>(CICCO, 1997). Sendo assim, um programa de controle de danos, para Bird, requer a</p><p>identificação, o registro e a investigação de todos os acidentes com danos à</p><p>propriedade, bem como, a determinação de seu custo para empresa, devendo ainda,</p><p>apresentar ações preventivas para cada medida (FIGUEIREDO-JÚNIOR, 2009).</p><p>Ao implantar um programa de controle de danos, um dos primeiros passos a</p><p>serem dados é a revisão das regras convencionais de segurança, as quais são:</p><p>• Regra convencional: Quando acontece com você ou com o equipamento em</p><p>que você mesmo opera, quaisquer acidentes com lesão pessoal, mesmo que seja</p><p>uma lesão pequena, o ocorrido deve ser comunicado de modo imediato ao seu</p><p>superior.</p><p>• Regra alterada: Quando acontece com você ou com o equipamento em que</p><p>você mesmo opera quaisquer acidentes que ocasione lesão pessoal ou danos a</p><p>propriedade, mesmo que seja uma lesão pequena, seu superior deve ser comunicado</p><p>de imediato.</p><p>Mediante qualquer alteração de regras já conhecidas, sejam essas alterações</p><p>básicas ou não, todas as pessoas envolvidas devem ser comunicadas, passando a</p><p>ter conhecimento da alteração e o motivo a que se deu. Mas, para que o programa de</p><p>controle de danos seja bem-sucedido, é necessário que todas as pessoas envolvidas</p><p>tenham conhecimento de que é necessário planejar e ter uma excelente comunicação,</p><p>estando conscientes do quão grave é não repassar as devidas informações aos</p><p>demais acerca de quaisquer acidentes, mesmo que não ocorram danos à propriedade.</p><p>Existem três passos básicos para a introdução do controle de danos na</p><p>empresa: verificações iniciais, informações dos centros de controle e exame analítico.</p><p>44</p><p>Verificações iniciais: Se dão com a visita realizada ao setor de manutenção</p><p>da empresa, onde há uma conversa com o responsável para levantar algumas</p><p>informações sobre o serviço realizado. É recomendável que antecipadamente se</p><p>discuta o programa de controle de danos com o responsável do setor, pois assim, os</p><p>colaboradores do setor irão cooperar de modo espontâneo, por estarem incluídos na</p><p>fase de planejamento. Além disso, é indispensável que os gastos envolvidos não</p><p>sejam calculados de forma detalhada, é preferível que seja realizado uma estimativa</p><p>de custos de reposição ou reparos realizados em manutenção. Com isso, após um</p><p>determinado período, será nítida a existência dos problemas em um número suficiente</p><p>de áreas que esclareça a aplicação do programa, economicamente e humanamente</p><p>dizendo.</p><p>Informações dos centros de controle: Aqui é preciso desenvolver um</p><p>sistema, em que os responsáveis pela manutenção, deixem registrado todos os danos</p><p>ocorridos à propriedade, de modo objetivo</p>