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OSCE - Exame Físico da Próstata - Dr. Marcel Colnago Relembrando: Aspectos Anatômicos e Fisiológicos da Próstata - Robbins No adulto normal, a próstata pesa aproximadamente 20g. A próstata é um órgão retroperitoneal que envolve o colo da bexiga e a uretra e não possui uma cápsula distinta. No adulto, o parênquima prostático pode ser dividido em quatro zonas ou regiões biológica e anatomicamente distintas: zonas periférica, central, transicional e periuretral. Os tipos de lesões proliferativas são diferentes em cada região. Por exemplo, a maioria das hiperplasias surge na zona de transição, enquanto a maioria dos carcinomas é originada na zona periférica. Exame da Próstata - Porto (Semiologia Médica) As características semiológicas a analisar são o tamanho, a consistência, a superfície, os contornos, o sulco mediano e a mobilidade da próstata. A próstata normal é palpável na parede anterior do reto como uma estrutura em formato de coração (pirâmide invertida, maçã, pera), com a base voltada para cima e o vértice para baixo. Seus lobos laterais são separados por um sulco mediano (encaixe, septo vertical ou sulco interlobular). Em condições normais, a próstata tem o tamanho de uma noz grande, é regular, simétrica, depressível, apresenta superfície lisa, consistência elástica, lembrando borracha, contornos precisos e é discretamente móvel. As vesículas seminais não costumam ser acessíveis ao exame palpatório. Para avaliá-las, deve-se recorrer ao método de Picker. Vitória Vital - T4 Toque Retal - Freitas Tendo sido no passado a modalidade básica de busca de endurações prostáticas a sugerirem a presença do câncer, o toque retal persiste hoje como importante método propedêutico, por sua simplicidade, baixo custo e ausência de complicações. Deverá ser realizado por profissional habilitado, médico internista, geriatra ou urologista, com o paciente em posição genupeitoral ou decúbito lateral, conforme habilidades individuais e limitações físicas do paciente. Estudos recentes avaliando mais de 6.000 pacientes em programas de rastreamento concluíram ser o toque retal capaz de detectar o câncer de próstata em apenas 55% dos casos (USPSTF 2008). Outra limitação do toque retal é a alta incidência de lesões falso-positivas, em torno de 33%, referentes a nódulos de hiperplasia prostática benigna, calcificações prostáticas, prostatites, bem como áreas de fibrose e infarto prostático. Ainda assim, no toque retal positivo, a presença de doença disseminada gira ao redor de 60 a 70% dos casos (Schroder et al., 2009). Toque Retal - Porto Por condicionamento sociocultural, ainda existe uma espécie de inibição ou vergonha quando se fala em exame anorretal. Contudo, se for explicado ao paciente com clareza a importância e a necessidade do exame, as barreiras se desfazem. A exploração digital do reto constitui, isoladamente, um dos mais valiosos recursos propedêuticos de que dispõe o médico. Um exame físico só pode ser considerado completo quando dele consta um toque retal. O posicionamento correto do paciente, lubrificação abundante e introdução digital suave são as condições fundamentais para o toque retal. As posições do paciente para este exame são as seguintes: ➔ Posição de Sims ou lateral esquerda, mantendo-se o membro inferior em semiextensão e o superior flexionado ➔ Posição genupeitoral: é a mais adequada, preferida pela maioria dos examinadores Vitória Vital - T4 ➔ Posição de decúbito supino, na qual o paciente fica semi-sentado com as pernas flexionadas. O examinador passa o antebraço por baixo da coxa do paciente; esta posição é indicada em especial nos enfermos em condições gerais precárias. Deve-se usar luva descartável e gel lubrificante. Antes do exame, solicita-se ao paciente urinar, esvaziando a bexiga o máximo que puder. Se possível, o médico observa o jato urinário. Logo em seguida, palpa-se e percute-se a bexiga para verificar se existe urina residual aumentada. Antes de realizar o toque retal, é necessário inspecionar cuidadosamente a região anoperineal, examinando-se a pele em volta do ânus em busca de sinais inflamatórios, alterações provocadas pelo ato de coçar, fissuras, pertuitos fistulosos, condilomas e abscessos. A inspeção do orifício anal pode revelar a presença de mamilos hemorroidários. O paciente deve ser devidamente esclarecido sobre o que será feito, devendo-se dizer a ele que, durante o exame, poderá ter a sensação de estar evacuando. O médico coloca-se ao seu lado e pede-lhe que relaxe o máximo possível. Expõe-se o ânus com o dedo indicador e polegar da mão esquerda, coloca-se a polpa do indicador direito sobre a margem anal e faz-se uma compressão continuada e firme para baixo, com o intuito de relaxar o esfíncter externo. Em seguida, introduz-se o dedo, lenta e suavemente, por meio de movimentos rotatórios. A introdução digital tem que ser feita com delicadeza e suavidade para que não haja dor. Quando não se consegue introduzir o dedo devido a dor intensa ou espasticidade esfincteriana, é necessário considerar a possibilidade de criptite ou fissura anal. Observa-se o tônus esfincteriano anal. Um esfíncter anal relaxado, principalmente quando associado a redundância e relaxamento retal, é encontrado nas enfermidades do sistema nervoso central com disfunção neurológica da bexiga. As estruturas a serem examinadas durante o toque retal são: ➔ Parede anterior, pela qual se avaliam a próstata, as vesículas seminais e o fundo de saco vesicorretal ➔ Parede lateral esquerda ➔ Parede lateral direita ➔ Parede posterior (sacro e cóccix) ➔ Para cima (até onde alcançar o dedo). As seguintes afecções podem ser diagnosticadas pelo toque retal: fissura anal, fístula anorretal, cisto e fístula pilonidal, hemorroidas internas, relaxamento esfincteriano (senilidade, tabes dorsalis, lesões medulares), estenoses retais (congênita, linfogranulomatosa, inguinal, senil), abscesso anorretal, pólipos, neoplasias benignas, neoplasias malignas, ânus imperfurado, extensão de neoplasias malignas da uretra bulbomembranosa, enfermidades prostáticas, enfermidades das vesículas seminais e enfermidades das glândulas de Cowper. Vitória Vital - T4