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Compreendemos por exame físico o uso de instrumentos 
e técnicas propedêuticas com a intenção de realizar o le-
vantamento das condições globais do paciente, tanto físi-
cas como psicológicas, no sentido de buscar informações 
significativas para a enfermagem, capazes de subsidiar a 
assistência a ser prestada ao paciente. Em conjunto com a 
entrevista, o exame físico, compõe a coleta de dados, parte 
fundamental do processo de enfermagem.
A execução do exame físico em geral frequentemente re-
presenta o primeiro momento de contato físico com o pa-
ciente. As preocupações do aluno/enfermeiro em relação à 
sua competência, bem como a manifestação de sentimen-
tos como medo, ansiedade e insegurança, podem interfe-
rir diretamente na sua execução, ocasionando frustrações 
e receios diante do paciente. Por essa razão, tais questões 
devem ser consideradas.
6
 
 
 Exame 
físico geral
Rosali Isabel Barduchi Ohl // Jeanne Liliane Marlene Michel // 
Rita Simone Lopes Moreira // Alba Lucia Bottura Leite 
de Barros // Juliana de Lima Lopes
116 Anamnese e Exame Físico
FIGURA 6.1 Æ Material necessário para a execução do exame físico geral.
Torna-se fundamental, também, despertar no enfermeiro a percepção da im-
portância da execução do exame físico diário, como forma de proporcionar 
informações básicas sobre as respostas humanas e capacidades funcionais 
do paciente frente à situação por ele apresentada. Esses dados deverão ser 
utilizados para a identificação dos diagnósticos de enfermagem, a fim de de-
terminar as intervenções a serem realizadas e a evolução de seu estado de 
saúde. O exame físico, além de ser im-
prescindível para avaliar a efetividade 
dos cuidados prestados, permite, des-
sa forma, a individualização da assis-
tência de enfermagem. Para realizar o 
exame físico, é necessário que o exa-
minador possua conhecimentos pré-
vios de anatomia, fisiologia, fisiopato-
logia e outras ciências afins, bem como conhecimentos acerca da terminolo-
gia adequada para as evoluções e anotações de enfermagem, dos passos pro-
pedêuticos para sua execução e do relacionamento interpessoal a ser estabe-
lecido entre enfermeiro e paciente. Como descrito no Capítulo 2, os passos 
propedêuticos fundamentais a serem empregados no exame físico são inspe-
ção, palpação, percussão e ausculta, os quais devem ser realizados a partir da 
utilização dos sentidos de visão, audição, tato e olfato. Esses sentidos podem 
ser ampliados ao se utilizar instrumentos específicos, como o estetoscópio, o 
oftalmoscópio, a fita métrica, o termômetro, as espátulas, etc. (FIGURA 6.1), 
Para realizar o exame físico, é 
necessário que o examinador 
possua conhecimentos prévios 
de anatomia, fisiologia, fisiopa-
tologia e outras ciências afins.
117//Exame físico geral
permitindo uma melhor identificação dos sinais apresentados pelo paciente. 
A obtenção dos dados relevantes para a enfermagem dependerá tanto das 
habilidades do profissional na realização desses passos quanto de sua com-
petência para discriminar e interpretar o significado do que está sendo perce-
bido.
Durante o exame físico, o examinador deve ter ciência do fato de que está li-
dando com uma pessoa com sentimentos, vulnerável por estar fisicamente 
 exposta ou mesmo ansiosa em relação ao que possa ser identificado durante o 
procedimento. Nesse sentido, o profis-
sional/estudante de enfermagem deve 
demonstrar autoconfiança, paciência, 
con sideração e delicadeza, explicando 
todos os procedimentos para minimizar 
a tensão ou mesmo a inibição do pa-
ciente.
Outra recomendação a ser observada é a de procurar executar o exame físico 
de modo objetivo, rápido e exato, a fim de evitar o cansaço, o desinteresse e 
a falta de cooperação por parte do paciente. O examinador também deve-
rá sentir-se confortável para que possa utilizar suas habilidades de forma in-
tegral, pois posicionamentos inadequados poderão afetar seu desempenho 
quanto à percepção. Dessa forma, o leito deverá estar ajustado a uma altura 
conveniente, e o paciente deverá ser posicionado de acordo com suas neces-
sidades ou possibilidades. É importante, também, que haja uma boa ilumi-
nação e um ambiente tranquilo. A privacidade deve ser respeitada o máximo 
possível, utilizando-se, para tanto, biombos ao redor do leito e mantendo-se 
a porta fechada.
A execução do exame físico geralmente obedece um sentido cefalocaudal, con-
siderando, em todo o seu desenvolvimento, a impressão geral que o examinado 
transmite ao examinador, a simetria, a integridade e a funcionalidade dos seg-
mentos examinados. Deve-se empregar a terminologia da técnica específica na 
descrição dos dados encontrados no exame físico, registrando-os de forma ob-
jetiva, clara e completa, pois são imprescindíveis para o desenvolvimento de 
uma correta comunicação entre os diversos membros da equipe.
Para que seja feito de maneira sistemá-
tica, o exame físico é desenvolvido em 
dois momentos: exame físico geral e 
exame específico dos sistemas. Neste 
capítulo, discutiremos o exame físico 
geral. O exame específico dos sistemas 
será discutido nos capítulos subse-
quentes.
O profissional/estudante de en-
fermagem deve demonstrar au-
toconfiança, paciência, conside-
ração e delicadeza, explicando 
todos os procedimentos.
Para que seja feito de maneira 
sistemática, o exame físico é de-
senvolvido em dois momentos: 
exame físico geral e exame espe-
cífico dos sistemas.
118 Anamnese e Exame Físico
 Exame físico geral
O exame físico geral consiste no exame externo do paciente, incluindo as condi-
ções globais, como estado geral, estado mental, tipo morfológico, dados antro-
pométricos, postura, locomoção, expressão facial (fácies), sinais vitais, pele, mu-
cosas e anexos. Existe uma grande variação desses aspectos entre a população 
em geral, que pode ser determinada tanto pelas condições socioeconômicas e 
nutricionais como pelas características genéticas e pela presença de patologias 
existentes nessa população. Como exemplo, podemos citar o aumento da esta-
tura da população mais jovem em relação a seus antepassados, relacionada às 
alterações genéticas evolutivas.
A primeira avaliação do paciente é seu estado geral, uma avaliação subjetiva, ba-
seada no conjunto de dados exibidos pelo paciente e interpretados de acordo 
com a experiência de cada um. É realizada por meio da inspeção geral, na qual 
deve ser avaliada a repercussão da resposta do indivíduo à doença/processos 
de vida, verificando-se a existência de perda de força muscular, perda de peso 
e estado psíquico do paciente. Em geral, faz-se uma classificação entre bom, 
regular e mau estado geral.
A avaliação do nível de consciência e do estado mental implica principalmente na 
avaliação neurológica e tem como finalidade o fornecimento de dados acerca 
do estado cognitivo do paciente, de modo que seja identificada qualquer alte-
ração. Como essas alterações podem estar associadas a distúrbios do sistema 
nervoso central, utiliza-se uma variedade de questionamentos, com o intuito 
de identificar uma área específica de disfunção. Dessa forma, o exame do nível 
de consciência e do estado mental deve avaliar, principalmente, a consciência, 
a orientação, a memória, a habilidade em cumprir tarefas e a linguagem do pa-
ciente. Para tanto, podem ser utilizadas as seguintes questões:
ÆÆ Consciência: O paciente está acordado e alerta? Parece compreender e res-
ponder ao que se pergunta?
ÆÆ Orientação: Qual a data, o dia da semana, o nome da instituição, o número 
de telefone?
ÆÆ Memória: Qual é sua idade, data de nascimento, nome de solteira da mãe ou 
de seus filhos?
ÆÆ Cálculo: Contar de trás para a frente, de 3 em 3, começando do número 30.
Para a avaliação da linguagem, devemos observar a qualidade, o volume e a 
velocidade da fala. As alterações da fala encontradas com mais frequência são: 
disfonia ou afonia (dificuldade na emissão vocal que impede a produção natural 
da voz), dislalia (dificuldade em articular as palavras), disartria (dificuldade naexpressão verbal causada por uma alteração no controle muscular dos meca-
119//Exame físico geral
nismos da fala, falta de coordenação cerebral ou perda do controle piramidal) e 
disfasia (alteração da coordenação da fala e incapacidade de dispor as palavras 
de modo compreensível).
Em seguida, deve ser observado o tipo morfológico (FIGURA 6.2), pois muitas 
doenças estão associadas ao biotipo do paciente. Classificamos o indivíduo 
como brevilíneo, normolíneo e longilíneo, colocando-o preferencialmente em 
pé, para que se faça a relação de proporcionalidade entre o pescoço, os braços, 
os ossos frontais, as mãos e os dedos. O paciente brevilíneo apresenta o pescoço 
curto e grosso, os membros são curtos em relação ao tórax, este é alargado e 
volumoso, a musculatura é bem desenvolvida e a estatura é baixa (característico 
de nanismo). Os indivíduos normolíneos caracterizam-se por apresentarem o 
desenvolvimento harmônico da musculatura e a proporção equilibrada entre 
o tronco e os membros. Os longilíneos apresentam pescoço longo e delgado, 
membros alongados e desproporcionais em relação ao tronco, tórax afilado e 
chato, musculatura pouco desenvolvida e estatura, elevada (característico de 
pacientes com síndrome de Marfan).
FIGURA 6.2 Æ Tipos 
morfológicos. A – Brevilíneo; B – 
Normolíneo; C – Longilíneo.
Fonte: Adaptada de Porto.1
A B C
Nesse sentido, também devem ser avaliados os dados antropométricos, por meio 
da verificação principalmente do peso e da altura (FIGURA 6.3). Outros dados 
específicos também podem ser medidos em determinadas situações, confor-
me discutido no Capítulo 15. A altura modifica-se conforme o crescimento e o 
desenvolvimento do indivíduo no ciclo vital, de acordo com sexo, raça e tipo 
familiar. Com o passar do tempo, as pessoas têm sua estatura diminuída, devido 
ao fato de que a postura pode se tornar ligeiramente mais curva. No Capítulo 
15, você encontrará uma orientação detalhada para proceder a essa avaliação.
120 Anamnese e Exame Físico
Em relação à avaliação da postura e da capacidade de locomoção, é importante 
observar o posicionamento preferencial adotado pelo paciente no leito, bem 
como o ritmo, a amplitude e a natureza dos movimentos. A atitude do pacien-
te caracteriza seu comportamento, que pode ser classificado como ativo ou 
passivo. O decúbito assumido pelo paciente pode ser ventral, lateral, dorsal ou 
supino, sendo de caráter obrigatório ou opcional. Em algumas patologias, tais 
como insuficiência cardíaca esquerda, o paciente tem preferência pela posição 
sentada, enquanto, na doença pulmonar obstrutiva crônica, pode adotar essa 
mesma posição, porém inclinando-se para a frente, com os braços apoiados. O 
indivíduo portador de hipertireoidismo costuma apresentar movimentos fre-
quentes e rápidos, enquanto aquele em depressão pode assumir uma postura 
desleixada, acompanhada de movimentos lentos.
Também é importante avaliar o tipo de marcha, verificando se o paciente cami-
nha sem dificuldades, com um bom equilíbrio ou se apresenta algum descon-
forto ao caminhar, como claudicação, perda do equilíbrio ou outras alterações 
no funcionamento motor. Os tipos de marcha associados às patologias existen-
tes no sistema musculoesquelético serão discutidos no Capítulo 14.
A avaliação da expressão facial (fácies) (FIGURA 6.4) engloba o conjunto de as-
pectos exibidos na face do paciente, sendo de fundamental importância, pois o 
formato do rosto e a fisionomia expressa pelo paciente podem ser sinais indica-
tivos de algumas patologias ou do uso de alguns medicamentos. A face deve ser 
observada em vários momentos no decorrer do exame físico, seja com o pacien-
FIGURA 6.3 Æ Balança 
antropométrica.
121//Exame físico geral
te em repouso, durante a conversa sobre assuntos específicos ou na interação 
com outras pessoas. Como exemplos de fácies relacionadas a algumas patolo-
gias, podemos citar: a face imóvel do indivíduo portador de Parkinson (fácies 
parkinsoniana); o olhar fixo e a presença de olhos salientes e brilhantes do por-
tador de hipertireoidismo (fácies basedowiana); o edema palpebral e a palidez 
cutânea do portador de síndrome nefrótica (fácies renal); a face arredondada e 
avermelhada, com aumento da quantidade de pelos e de acne do indivíduo que 
faz uso de corticoide (fácies cushingoide); o rosto arredondado, com nariz e lá-
bios grossos e os cabelos fracos e sem brilho do portador de hipotireoidismo 
(fácies mixedematosa); o rosto com aspecto de cara de leão com a pele espessa, 
nariz alargado, lábios grossos e proeminentes e as bochechas e o mento que se 
deformam pelo aparecimento de nódulos, característico do paciente com Han-
seníase (fácies leonina); e o aumento das proeminências ósseas do crânio no 
portador de acromegalia (fácies acromegálica).
Em relação à avaliação dos sinais vitais, 
devem ser verificados e anotados o pul-
so e a frequência cardíaca, a frequência 
respiratória, a temperatura corporal e 
a pressão arterial. Essa avaliação pode-
rá ser realizada no início do exame ou 
mesmo de forma integrada, quando 
Em relação à avaliação dos sinais 
vitais, devem ser verificados e 
anotados o pulso e a frequência 
cardíaca, a frequência respirató-
ria, a temperatura corporal e a 
pressão arterial.
FIGURA 6.4 Æ Figuras de 
várias fácies. A, B – Duas imagens 
da mesma pessoa – fácies mixede-
matosa e fácies normal. C – Fácies 
hipocrática. D – Fácies basedowiana. 
E – Fácies cushingoide ou de lua 
cheia.
Fonte: Porto.1
A B
D
C
E
122 Anamnese e Exame Físico
realizados os exames cardiovascular e to-
rácico.
O pulso é verificado utilizando-se a polpa 
dos dedos indicador e médio, por meio 
da palpação de uma artéria, geralmente 
a artéria radial, contando-se durante um 
minuto o número de batimentos e verifi-
cando-se suas características: intensidade 
(pode ser cheio ou filiforme), ritmicidade 
(pode ser regular ou irregular) e simetria 
(iguais em ambos os membros). A frequ-
ência cardíaca pode diferenciar-se do pul-
so devido a arritmias cardíacas. A frequên-
cia cardíaca pode ser verificada por meio 
da ausculta do pulso apical, encontrado 
no quinto espaço intercostal esquerdo na 
linha hemiclavicular, ou da visualização do 
monitor/cardioscópio, caso o paciente es-
teja monitorado (FIGURA 6.5).
Em relação à frequência respiratória, é im-
portante observar que a contagem dos 
movimentos respiratórios deve ser reali-
zada sem que o paciente tenha consciên-
cia desse procedimento, uma vez que a 
respiração pode assumir um padrão alte-
rado quando ele sabe que alguém o está 
observando. Também deve ser verificada 
durante um minuto, o que permite avaliar 
características como ritmo e profundida-
de, além da presença de desconforto res-
piratório. Dados sobre o padrão respirató-
rio, assim como sobre as condições de oxi-
genação do paciente (se em ar ambiente, 
em oxigenoterapia ou em ventilação me-
cânica), também devem ser registrados.
Quanto à pressão arterial, deve ser veri-
ficada, de preferência, nos membros su-
periores, pelo uso de um estetoscópio e 
de um esfigmomanômetro de tamanho 
apropriado. Em um adulto pequeno com a 
circunferência do braço entre 20 a 26 cm, 
deve-se utilizar um manguito com a bolsa 
FIGURA 6.5 Æ Pulsos.
Fonte: Adaptada de Schull.2
LOCAIS PARA 
AVALIAÇÃO 
DOS PULSOS
Você pode avaliar os pulsos 
de seu paciente em diversos 
locais, incluindo os abaixo.
Pulso poplíteo
Pulso tibial posterior
Pulso pedioso
Pulso braquial
Pulso radial
Pulso femoral
Pulso 
carotídeo
123//Exame físico geral
de borracha de 10 cm de largura e 17 cm de comprimento; no adulto de porte 
médio, com 27 a 34 cm de circunferência do braço, utiliza-se um manguito com 
a bolsa de 12 cm de largura e 23 cm de comprimento; e nos adultos grandes 
(35 a 45 cm de circunferência do braço), deve-se utilizar o manguito com bol-
sa de borracha de 16 cm de largura e 32 cm de comprimento (FIGURAS 6.6 e 
6.7). Se a pressão arterial estiver fora dos padrões basais do indivíduo ou das 
recomendaçõesdas diretrizes, deverá ser mensurada novamente, em uma fase 
subsequente do exame. Outros cuidados para a aferição da pressão arterial são 
descritos no QUADRO 6.1, seguindo as recomendações das VI Diretrizes Brasilei-
ras de Hipertensão Arterial.3
FIGURA 6.6 Æ Tamanho do manguito.
Adulto 
obeso
Adulto 
normal
Neonatal
Pediátricos
FIGURA 6.7 Æ Localização para mensuração da pressão arterial.
124 Anamnese e Exame Físico
QUADRO 6.1 Cuidados para a aferição da pressão arterial
PREPARO DO PACIENTE PARA A MEDIDA DA PRESSÃO ARTERIAL
1 Explicar o procedimento ao paciente.
2 Repouso de pelo menos 5 minutos em ambiente calmo.
3 Evitar bexiga cheia.
4 Não praticar exercícios físicos há pelo menos 60 minutos.
5 Não ingerir bebidas alcoólicas, café ou alimentos e não fumar 30 minutos antes.
6 Manter pernas descruzadas, pés apoiados no chão, dorso recostado na cadeira e re-
laxado.
7 Remover roupas do braço no qual será colocado o manguito.
8 Posicionar o braço na altura do coração (nível do ponto do esterno ou quarto espaço 
intercostal), apoiado, com a palma da mão voltada para cima e o cotovelo ligeira-
mente fletido.
9 Solicitar para que não fale durante a medida.
PROCEDIMENTO DE MEDIDA DA PRESSÃO ARTERIAL
1 Medir a circunferência do braço do paciente.
2 Selecionar o manguito de tamanho adequado ao braço.
3 Colocar o manguito sem deixar folgas acima da fossa cubital, cerca de 2 a 3 cm.
4 Centralizar o meio da parte compressiva do manguito sobre a artéria braquial.
5 Estimar o nível da pressão sistólica pela palpação do pulso radial. Palpar o pulso radial 
e inflar o manguito até seu desaparecimento, desinflar; o seu reaparecimento corres-
ponderá à pressão arterial sistólica.
6 Palpar a artéria braquial na fossa cubital e colocar a campânula do estetoscópio sem 
compressão excessiva.
7 Inflar rapidamente até ultrapassar 20 a 30 mmHg do nível estimado da pressão sistó-
lica, obtido pela palpação.
8 Proceder à deflação lentamente (velocidade de 2 a 4 mmHg por segundo).
9 Determinar a pressão sistólica na ausculta do primeiro som (fase I de Korotkoff), que 
é um som fraco seguido de batidas regulares, e, em seguida, aumentar ligeiramente 
a velocidade de deflação.
10 Determinar a pressão diastólica no desaparecimento do som (fase V de Korotkoff).
11 Auscultar cerca de 20 a 30 mmHg abaixo do nível do som, para confirmar seu 
desaparecimento e, depois, proceder à deflação rápida e completa.
12 Se os batimentos persistirem até o nível zero, determinar a pressão diastólica no 
abafamento dos sons (fase IV de Korotkoff) e anotar valores da sistólica/diastólica/zero.
13 Esperar em torno de 1 minuto antes de novas medidas.
14 Informar os valores de pressão arterial obtidos para o paciente.
15 Registrar os valores sem “arredondamentos” e o membro no qual foi aferida a pressão 
arterial.
125//Exame físico geral
A avaliação da temperatura corporal é feita com o auxílio de um termômetro, 
podendo ser verificada na cavidade oral, retal, axilar ou no pavilhão auricular. 
Para a verificação da temperatura oral, deve-se introduzir o termômetro abaixo 
da língua, instruindo o paciente para que feche os lábios e que espere 3 a 5 
minutos. Caso esse período não seja suficiente, deve ser introduzido novamen-
te, até que a leitura permaneça estável. Para a verificação da temperatura retal, 
utiliza-se um termômetro específico para esse fim (com a ponta curta e grossa), 
lubrificado e introduzido cerca de 3 a 4 cm no ânus, com o paciente em decúbito 
lateral. Ele é removido após cerca de três minutos, para a realização da leitu-
ra. Na verificação da temperatura axilar, é preciso tomar cuidado para que essa 
região esteja isenta da umidade do suor, pois o resultado da leitura pode ser 
alterado. Por ser uma região mais externa do corpo, o termômetro deve perma-
necer por um período mais longo (5 a 7 minutos). A medida da temperatura no 
pavilhão auricular é um recurso mais utilizado em unidades de terapia intensiva, 
pois exige um recurso tecnológico especial.
Para realizar a avaliação de pele, mucosas e anexos, é necessário considerar uma 
série de fatores, como, por exemplo, a questão da etnia. Em pessoas de pele es-
cura, a melanina poderá mascarar outros pigmentos, dificultando a identificação 
de palidez, vermelhidão incomum ou cianose. Nesse sentido, devemos observar a 
cor, a umidade, a temperatura, a textura, o turgor e a presença de lesões e edemas.
A avaliação da coloração da pele deve ser realizada em um ambiente claro, de 
preferência à luz do dia. A cor normal depende, principalmente, de quatro pig-
mentos: a melanina, o caroteno, a oxiemoglobina e a desoxiemoglobina. A quan-
tidade de melanina é determinada geneticamente, sendo aumentada por meio 
da exposição à luz solar. O caroteno é um pigmento dourado, que existe na gordu-
ra subcutânea e nas regiões queratinizadas do corpo, como as regiões palmar e 
plantar. A oxiemoglobina é um pigmento vermelho, predominante em artérias e 
capilares, que causa vermelhidão na pele quando em excesso e palidez quando 
escasso. Caso a oxiemoglobina perca parte de seu oxigênio para os tecidos, trans-
forma-se em desoxiemoglobina, que é um pigmento mais escuro, menos averme-
lhado e mais azulado. Quando ocorrem grandes concentrações desse pigmento 
nos vasos sanguíneos da pele, tornando-
-a de coloração azulada, há um quadro 
denominado cianose, que pode ser um 
sinal indicativo de má perfusão sanguí-
nea periférica ou, em casos mais graves, 
central. A cianose é avaliada observan-
do-se os lábios, a mucosa bucal e a lín-
gua e também pela verificação do enchimento capilar das extremidades, apertan-
do-se a polpa digital e observando o tempo de retorno da circulação nesse local.
A coloração amarelada da pele é denominada de icterícia e pode estar associada 
à presença excessiva de caroteno ou a distúrbios hepáticos ou hemólise de he-
A cianose é avaliada observan-
do-se os lábios, a mucosa bucal 
e a língua e também pela verifi-
cação do enchimento capilar das 
extremidades.
126 Anamnese e Exame Físico
FIGURA 6.8 Æ Edemas. A – Edema gereneralizado ou anasarca (síndrome nefrótica). 
B – Edema facial muito acentuado nas regiões periorbitárias. C – Edema localizado em uma 
das regiões orbitárias (caso agudo de doença de Chagas com sinal de Romaña) (Rassi).
Fonte: Porto.1
mácias. Para a verificação da icterícia, devem ser observadas as escleróticas, as 
conjuntivas palpebrais, os lábios, o palato duro e embaixo da língua.
Em relação à umidade da pele, deve ser observada a presença de ressecamen-
tos, oleosidades e sudorese. Quanto à temperatura, utiliza-se o dorso dos dedos 
para a identificação de calor ou frio generalizados da pele ou de quaisquer áreas 
que estejam avermelhadas, com sinais de inflamação.
A avaliação da textura da pele é importante, pois pode estar relacionada a al-
guma doença, como no caso de apresentar aspereza no hipotireoidismo. Já o 
turgor pode estar associado a estados de desidratação, sendo avaliada por meio 
da formação de uma prega cutânea, verificando-se a facilidade com que ela é 
deslocada e a velocidade de seu retorno.
Na pele, deve-se observar também a presença de lesões. Muitas doenças cutâ-
neas apresentam lesões distribuídas de forma característica, como, por exem-
plo, as infecções causadas por fungos nas regiões interdigitais. Por essa razão, 
devem ser consideradas as localizações anatômicas das lesões, sua distribuição 
corporal e o tipo das lesões.
Bickley4 classifica as lesões de pele em: primárias (que podem surgir em pele 
previamente normal), secundárias (resultantes de alterações das lesões primá-
rias) e diversas, como descrito no Capítulo 20.
Podemos, ainda, avaliar na pele a presença de edema (FIGURA 6.8), que poderá 
apresentar variações em sua localização e distribuição (localizado ou generali-
127//Exame físico geral
zado), intensidade, consistência (mole ou duro), duração e horário de apareci-
mento, dependendo de sua origem, que pode estar relacionada principalmente 
aossistemas cardiovascular e/ou renal. A pesquisa do edema é feita por meio 
da inspeção e da palpação. Na inspeção, observamos o aumento do volume da-
quela área, o desaparecimento das proeminências ósseas e marcas de corren-
tes, roupas ou calçados. Na palpação, realizamos a compressão digital de uma 
superfície óssea, que implica uma depressão na região comprimida, o chamado 
sinal de Godet.
As mucosas devem ser inspecionadas com bastante rigor, verificando-se sua co-
loração (a normal é róseo-avermelhada) e hidratação. A presença de icterícia e 
descoramento é evidenciada na mucosa ocular, e a cianose apresenta-se fre-
quentemente nos lábios e na língua.
Em relação aos anexos, é fundamental a avaliação por meio da inspeção da dis-
tribuição, quantidade e cor dos pelos, que podem variar com a maturidade se-
xual, a idade, o sexo e a raça. Alterações nos pelos podem estar relacionadas a 
algumas doenças ou ao uso de alguns medicamentos. A hipertricose (aumento 
da quantidade de pelos) aparece quando há aumento dos hormônios androgê-
nicos, produzidos por adenomas ou tumores da suprarrenal ou da hipófise ante-
rior ou, ainda, pelo uso de corticoides. Mulheres, em especial, podem apresentar 
um aumento de quantidade de pelos em locais usuais ao homem, como queixo, 
buço, abdome inferior, ao redor de mamilos, entre os seios, glúteos e parte in-
terna das coxas, o que denominamos de hirsutismo. O hirsutismo, embora raro, 
costuma afetar as mulheres durante os anos de fertilidade e logo após a meno-
pausa, e pode estar associado a alterações hormonais, irregularidade menstrual 
e infertilidade.
Já a hipotricose (diminuição dos pelos) pode aparecer por exemplo, no hipoti-
reoidismo. A alopecia, por sua vez, é a ausência generalizada ou localizada de 
pelos, característica de pacientes que fazem quimioterapia.
As unhas também são avaliadas por 
meio da inspeção, devendo-se verifi-
car a cor, o formato e a presença de le-
sões. Em geral, devem ser róseas, lisas 
e convexas. Algumas doenças podem 
deformar as unhas, como nos casos de 
pneumopatias crônicas, cardiopatias 
congênitas ou mesmo no caso de infecções (micoses).
Mais informações a respeito da avaliação da pele e anexos poderão ser obtidas 
no Capítulo 20.
Algumas patologias podem de-
formar as unhas, como nos casos 
de pneumopatias crônicas, car-
diopatias congênitas ou mesmo 
no caso de infecções (micoses).
	Capítulo 6. Exame físico geral

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