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<p>Insuficiência venosa crônica (IVC) é um conjunto</p><p>de manifestações clínicas causadas pela</p><p>anormalidade do sistema venoso (superficial,</p><p>profundo ou ambos) por uma incompetência</p><p>valvular, associada ou não à obstrução do fluxo</p><p>venoso, podendo afetar o sistema venoso</p><p>superficial, o sistema venoso profundo ou ambos.</p><p>Existem três apresentações comuns da doença:</p><p>. Telangiectasia: vênulas dilatadas (1 mm) na</p><p>porção intradermal da pele que aparecem em</p><p>tons avermelhados ou azulados;</p><p>. Microvarizes (veias reticulares): veias do</p><p>subcutâneos dilatadas (1-3 mm) que</p><p>aparecem em tons de vermelho, verde ou</p><p>roxo;</p><p>. Varizes (veias tronculares): veias superficiais</p><p>dilatadas e tortuosas (> 3 mm).</p><p>Ocorre insuficiência venosa crônica quando</p><p>obstrução venosa (p. ex., na trombose venosa</p><p>profunda ), insuficiência valvar venosa ou</p><p>diminuição da contração dos músculos que</p><p>circundam as veias (p. ex., decorrente de</p><p>imobilização) diminuem o fluxo sanguíneo</p><p>anterógrado e aumentam a pressão venosa</p><p>(hipertensão venosa). O acúmulo de líquido nos</p><p>membros inferiores também pode contribuir,</p><p>causando hipertensão venosa.</p><p>A etiologia da insuficiência venosa crônica</p><p>também pode ser classificada como primária ou</p><p>secundária à trombose venosa profunda (TVP).</p><p>A insuficiência venosa crônica primária refere-</p><p>se à apresentação sintomática sem um evento</p><p>precipitante e é decorrente de defeitos</p><p>congênitos ou alterações na bioquímica da</p><p>parede venosa. Estudos identificaram conteúdo</p><p>reduzido de elastina, aumento da remodelação</p><p>da matriz extracelular e infiltrado inflamatório.</p><p>A insuficiência venosa crônica secundária ocorre</p><p>em resposta a uma TVP que desencadeia uma</p><p>ETIOLOGIA</p><p>https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/doen%C3%A7as-cardiovasculares/doen%C3%A7as-venosas-perif%C3%A9ricas/trombose-venosa-profunda-tvp</p><p>https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/doen%C3%A7as-cardiovasculares/doen%C3%A7as-venosas-perif%C3%A9ricas/trombose-venosa-profunda-tvp</p><p>Os fatores de risco mais frequentes são:</p><p>. Trombose venosa profunda;</p><p>. Avanço da idade;</p><p>. Sexo feminino;</p><p>. Trauma;</p><p>. Obesidade;</p><p>. Gestação;</p><p>. Sentado ou em pé por longos</p><p>períodos;</p><p>. Histórico familiar.</p><p>resposta inflamatória subsequentemente</p><p>lesando a parede da veia.</p><p> TROMBOSE VENOSA PROFUNDA</p><p>A trombose de grandes veias nos membros</p><p>inferiores dificulta o retorno de sangue de forma</p><p>temporária ou permanente.</p><p>Além disso, tais veias podem sofrer um processo</p><p>de degeneração das válvulas contidas em seu</p><p>interior.</p><p>A alteração destas válvulas sobrecarrega as</p><p>veias mais abaixo, o que aumenta a chance de</p><p>desenvolver varizes no curto prazo e IVC no</p><p>longo prazo.</p><p>A fisiopatologia da insuficiência venosa crônica</p><p>é devida ao refluxo (fluxo reverso) ou à</p><p>obstrução do fluxo sanguíneo venoso.</p><p>A insuficiência venosa crônica pode se</p><p>desenvolver a partir da incompetência valvar</p><p>prolongada das veias superficiais, profundas ou</p><p>perfurantes que as conectam. Em todos os casos,</p><p>o resultado é hipertensão venosa das</p><p>extremidades inferiores.</p><p>A incompetência superficial é geralmente</p><p>causada por válvulas enfraquecidas ou de</p><p>formato anormal ou diâmetro venoso alargado</p><p>que impede a congruência valvar normal.</p><p>A disfunção das veias profundas é geralmente</p><p>devida à TVP anterior, que resulta em</p><p>inflamação, cicatrização e adesão da válvula e</p><p>estreitamento luminal.</p><p>A inversão do fluxo e dos shunts veno-venosos,</p><p>não só alteram a estrutura dessas veias, mas</p><p>também alteram a função de drenagem.</p><p>As toxinas que geralmente são eliminadas pelo</p><p>sistema venoso estagnam e causam inflamação,</p><p>causando dor e prurido. À medida que o tempo</p><p>passa, o ambiente tecidual nas regiões mais</p><p>acometidas começa a se tornar deletério às</p><p>próprias células e paralelamente a isso o</p><p>progressivo aumento da pressão no interstício</p><p>passa a causar a diminuição de fluxo na</p><p>microcirculação com consequente diminuição de</p><p>oxigenação e trocas metabólicas, produzindo</p><p>dores nas pernas, cãibras noturnas, inchaço dos</p><p>tornozelos, edema e úlceras da pele e outros</p><p>problemas.</p><p>Os indivíduos podem desenvolver, também,</p><p>hiperpigmentação permanente da pele devido à</p><p>deposição de hemossiderina à medida que os</p><p>glóbulos vermelhos extravasam para o tecido</p><p>circundante. Muitos desses pacientes também</p><p>terão lipodermatosclerose, que é o espessamento</p><p>da pele por fibrose da gordura subcutânea.</p><p>FATORES DE RISCO</p><p>FISIOPATOLOGIA</p><p>À medida que a doença progride, a</p><p>microcirculação perturbada e o</p><p>enfraquecimento dérmico podem resultar na</p><p>formação de úlceras.</p><p>A insuficiência venosa crônica clinicamente</p><p>evidente pode não provocar nenhum sintoma,</p><p>mas sempre desencadeia sinais.</p><p>Os sintomas incluem sensação de plenitude, peso,</p><p>dor, cólicas, fadiga e parestesias nas pernas;</p><p>esses sintomas pioram com a posição ortostática</p><p>ou com a deambulação e são aliviados por</p><p>repouso e elevação das pernas. O prurido pode</p><p>acompanhar as alterações cutâneas.</p><p>A dermatite de estase venosa consiste em</p><p>hiperpigmentação, induração, ectasia venosa,</p><p>lipodermatosclerose (paniculite subcutânea</p><p>fibrosante) e úlceras de estase venosa.</p><p>Úlceras por estase venosa podem se desenvolver</p><p>espontaneamente ou depois de escoriação ou</p><p>lesão da pele afetada. Classicamente, ocorrem</p><p>em torno do maléolo medial, tendem a ser rasas</p><p>e úmidas e podem ser fétidas ou dolorosas.</p><p> AVALIAÇÃO CLÍNICA</p><p>Anamnese</p><p>. Dor em peso, queimação ou desconforto</p><p>nos membros inferiores (principalmente</p><p>no final do dia) e pode estar associado a</p><p>pruridos e câimbras;</p><p>. Fator de piora: calor e períodos</p><p>prologados em ortostatismo ou sentado;</p><p>. Fator de melhora: repouso e elevação do</p><p>membro inferior.</p><p>Exame físico</p><p>. Presença de veias varicosas. Normalmente</p><p>o local inicial anatômico das veias</p><p>varicosas é nas distribuições safenas</p><p>QUADRO CLÍNICO</p><p>DIAGNÓSTICO</p><p>magnas e parvas e suas tributárias no</p><p>sistema superficial;</p><p>. Edema perimaleolar: maior na perna</p><p>sintomática.</p><p>Testes</p><p> ULTRASSONOGRAFIA</p><p>Detecta refluxo em junção safeno-femoral ou</p><p>safeno-poplítea e determina a morfologia das</p><p>alterações.</p><p> FLEBOGRAFIA</p><p>A flebografia é o padrão ouro, mas é indicada</p><p>somente quando os métodos não-invasivos não</p><p>forem decisivos para esclarecimento diagnóstico</p><p>e/ou orientação de tratamento nas</p><p>angiodisplasias venosas e na possibilidade de</p><p>cirurgia do sistema venoso profundo.</p><p> DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS</p><p>. Linfedema;</p><p>. Celulite;</p><p>. Dermatite de estase;</p><p>. Veias varicosas.</p><p>O tratamento depende da gravidade da doença</p><p>e inclui</p><p>. Elevação do membro inferior;</p><p>. Compressão usando bandagens, meias e</p><p>dispositivos pneumáticos;</p><p>. Cuidados tópicos das feridas;</p><p>. Cirurgia.</p><p>A elevação do membro inferior acima do nível do</p><p>átrio direito diminui a hipertensão venosa e o</p><p>edema, sendo apropriada para todos os</p><p>pacientes e deve ser efetuada no mínimo 3</p><p>vezes/dia, durante ≥ 30 minutos.</p><p>A compressão é efetiva para tratamento e</p><p>prevenção, sendo indicada para todos os</p><p>pacientes. As bandagens elásticas são usadas</p><p>inicialmente até melhora do edema e úlceras e o</p><p>tamanho do membro inferior se estabilize e, em</p><p>seguida, são usadas meias de compressão</p><p>comerciais.</p><p>TRATAMENTO</p><p>. Tromboflebite superficial;</p><p>. Trombose venosa profunda;</p><p>. Dermatite ocre;</p><p>. Lipodermatoesclerose;</p><p>. Úlceras de estase: ao redor no maléolo</p><p>medial, bordos irregulares, rasas, com</p><p>base vermelha e exsudato serohemático</p><p>ou seropurulento e pigmentação ao redor.</p><p>DE BARROS JÚNIOR, Newton. Insuficiência venosa crônica.</p><p>2003.</p><p>DO PROJETO DIRETRIZES, Calógero Presti-Responsável et</p><p>al. INSUFICIÊNCIA VENOSA CRÔNICA DIAGNÓSTICO E</p><p>TRATAMENTO.</p><p>EKLÖF, Bo et al. Revision</p><p>of the CEAP classification for</p><p>chronic venous disorders: A consensus statement. Vasa-</p><p>Journal of Vascular Diseases, v. 34, n. 3, p. 157-161, 2005.</p><p>FRANÇA, Luís Henrique Gil; TAVARES, Viviane. Insuficiência</p><p>venosa crônica. Uma atualização. Jornal Vascular</p><p>Brasileiro, v. 2, n. 4, p. 318-328, 2020.</p><p>Moore, Keith L. Anatomia orientada para a clínica / Keith</p><p>L. Moore, Arthur F. Dalley, Anne M. R. Agur; tradução</p><p>Claudia Lúcia Caetano de Araújo. – 8. ed. – Rio de Janeiro:</p><p>Guanabara Koogan, 2019.</p><p>PATEL, Shivik K.; SUROWIEC, Scott M. Venous insufficiency.</p><p>2017.</p><p>RABE, E. et al. Treatment of chronic venous disease with</p><p>flavonoids: recommendations for treatment and further</p><p>studies. Phlebology, v. 28, n. 6, p. 308-319, 2013.</p><p>COMPLICAÇÕES</p>