Prévia do material em texto
10 Casos Clínicos Discursivas apresentados no MAAV Ciclo 38 CASO CLÍNICO 1 Ana, 10 anos, foi levada à USF por sua tia Glória. Glória diz que a menina não está bem que deve ser alguma coisa grave. -Doutor, estou muito preocupada! Aninha não quer comer nada, está fraca há 7 dias e tem diarreia. Hoje disse que também tem dor na barriga. Não se anima nem de ir nadar no lago que ela gosta tanto. Exame físico: paciente em bom estado geral, afebril no momento, anictérica. Abdome: distendido e doloroso, fígado palpável, sem sinais de alarme. Prova do laço negativa. Sinais vitais sem alterações. a) Qual é a sua principal hipótese diagnóstica? Esquistossomose. b) Como confirmar sua hipótese? Pesquisa de ovos Schistosoma nas fezes (Kato-Katz). c) Quais são os hospedeiros? Homem e caramujo. d) Qual é a sua conduta em caso de confirmação do diagnóstico? Tratar com Praziquantel/ Notificação Compulsória e) Quais serão as suas orientações a esta paciente? • Orientar a população de área endêmica sobre sinais e sintomas da doença - Cuidados individuais / coletivos - Atividades de promoção à saúde • Saneamento domiciliar e ambiental • Evitar banhos em lago com caramujo Notificação compulsória. CASO CLÍNICO 2 João Pedro, 21 anos, vem a consulta com queixa de dor para urinar há 4 dias, e notou hoje saída de secreção do pênis. Conta que tem uma namorada, Larissa, que tem 14 anos, e estão muito preocupados pois a menstruação dela está com atraso de 2 meses. Refere que teve relações sexuais com outras pessoas e algumas vezes não usou camisinha pois estava muito embriagado. Além do consumo de álcool conta que gosta de fumar maconha e experimentou Crack há 3 semanas e desde então usou quase todos os dias. Ao exame: Saída de secreção amarelada à ordenha da uretra. Sem outras alterações. a) Qual a hipótese diagnóstica? Corrimento uretral ou uretrite. Uso de substância psicoativas. b) Qual o tratamento? Abordagem sindrômica para gonorréia e clamídia. Ciprofloxacino + Azitromicina ou Ceftriaxone + Azitromicina. c) Quais as orientações de prevenção e com relação as parcerias? Orientar comunicação e tratar parcerias (últimos 2 meses) Orientar uso de preservativo Convidar namorada para consulta médica (gravidez?) Indicar vacina de Hepatite B Abordagem na anamnese sobre abuso de SPA. Falar sobre redução de danos. d) Quais exames você solicitaria? Rastreamento para ISTs: HIV, Sífilis, Hepatite B E C. Aconselhamento pré-teste e pós-teste. CASO CLÍNICO 3 Cauã Mendes das Chagas, 01 ano e 6 meses, é trazido pela sua avó à Unidade de Saúde com uma história de coriza, febre não aferida e tosse há 5 dias. A avó conta que desde ontem está com mais tosse e com a respiração “mais cansada”. Foi levado à UPA antes de ir à USF, onde fez uso de broncodilatador, apresentando melhora parcial do quadro. Antecedentes pessoais: Parto Normal, Apgar 9 e 9, sem intercorrências. Vacinações em dia. Antecedentes Familiares: Pai portador de Asma, mãe tabagista. Exame físico: FC 110bpm FR 44rpm Sat O2 99% Tax 38ºC AR: Murmúrio vesicular diminuído em base esquerda, com discretos estertores crepitantes, sem sibilos. Sem estridor, sem tiragem subcostal. a) Qual a hipótese diagnóstica? Pneumonia. b) Quais os exames a serem solicitados? Nenhum. Não solicitar Rx torax – a maioria dos casos não terá alteração sensível para confirmar diagnóstico. Não precisa de hemograma no primeiro momento. c) Qual a conduta? Amoxacilina 50mg/kg/dia de 8/8h por 7 a 10 dias. Tratamento domiciliar Orientar sinais de alarme Retorno em 48 horas ou antes em caso de sinais alarme ou piora clínica. A realização de radiografia de tórax para confirmação do diagnóstico não é rotineiramente necessária em crianças com quadro leve de pneumonia, sem complicações e que serão tratadas ambulatorialmente. • A escolha da antibioticoterapia é empírica – a amoxicilina é droga de primeira escolha. • Se uso recente de amoxicilina (nos últimos 3 meses), associar com clavulanato. • Macrolídeos (azitromicina) podem ser utilizados nas crianças maiores de 5 anos (etiologia) ou suspeita de germe atípico. • Gravidade = hospitalização: tiragem, sonolência excessiva, desnutrição, comorbidades crônicas e baixa idade (Vaginal Lacerações Queimaduras (luva, meia, limites bem definidos) Lesões físicas, fraturas, equimoses, hematomas (relação temporal, história incoerente e estágios diferentes de evolução) Alteração no comportamento da criança Valorizar qualquer suspeita do cuidador Quem faz o cuidado? O papel da ESF: • Estar atento e Identificar casos de violência • Acolher as demandas • Procurar o apoio da rede, trabalhar de forma intersetorial e co-responsável • Pactuar as ações em conjunto com a família • Preencher a Ficha de Notificação Individual de Violência do MS (Esse instrumento não caracteriza denúncia) • Importância do Agente comunitário de saúde e sua ação dentro do território. CASO CLÍNICO 6 Kidson, 15 anos, comparece sozinho à Unidade Básica de Saúde para consulta médica. Gostaria de fazer exames de rotina pois está preocupado com sua saúde. Conta que seus pais se separaram recentemente e ele está morando com o pai no bairro, mas sua mãe vai quase todos os dias em casa para lhe ajudar com o preparo da comida e tarefas escolares. Quando volta da escola fica a maior parte do tempo usando a internet pelo celular. Diz que agora que a mãe foi embora, pode sair mais vezes a noite. Ao exame: bom estado geral, eupneico, envergonhado. Ausculta pulmonar e cardíaca normais, abdome plano, flácido, indolor e sem visceromegalias. a) Quais perguntas você faria na anamnese? Consulta com adolescente Anamnese: método clínico centrado na pessoa O que te deixa preocupado? Há alguma doença que você pensa que possa ter? Faz ou fez uso de substâncias? Tem relações sexuais? Uso de preservativo? b) Quais exames complementares? Oferecer rastreamento de IST (aconselhamento pré e pós teste) c) O que você aconselharia para este adolescente? Conduta: Aconselhar sobre IST/sexualidade Uso de substâncias e hábitos saudáveis O adolescente tem direito à: Privacidade: O direito de ser atendido sozinho, em espaço privado de consulta. Confidencialidade: As informações discutidas na consulta, não podem ser passadas aos seus pais e ou responsáveis sem a permissão expressa do adolescente. Sigilo médico: é um direito garantido e reconhecido pelo artigo 103 do Código de Ética Médica. Os adolescentes de ambos os sexos têm direito a educação sexual, ao sigilo sobre sua atividade sexual A orientação deve incidir sobre todos os métodos contraceptivos (gratuitos), com ênfase na dupla proteção, sem juízo de valor CASO CLÍNICO 7 Larissa, namorada de João Pedro vem a consulta para avaliação e tratamento para Clamídia e Gonorreia, você receitou Ceftriaxona e Azitromicina. Teste de urina para gravidez, positivo. Avaliação da idade gestacional de 9 semanas pela DUM. Teste rápido de sífilis de Larissa e de João Pedro positivos. Teste de HIV e Hepatite negativos. a) Qual a hipótese diagnóstica? Gravidez na adolescência e Sífilis na gestação b) Qual o tratamento e conduta em relação ao teste rápido positivo? Intervenção imediata Notificação Compulsória Penicilina Benzatina 2400 000 UI semanal IM por 3 semanas Se alergia à penicilina, encaminhar para centro especializado para dessensibilização c) Qual a conduta em relação ao parceiro? Teste positivo = Tratamento igual da gestante. Penicilina Benzatina 2400000UI semanal IM por 3 semanas. d) Como é feito o seguimento com exames? • Solicitar exames do primeiro trimestre • VDRL mensal até o término da gestação • VDRL de 3/3 meses por 1 ano após parto • Depois de 6/6 meses até estabilização • Os títulos devem cair progressivamente, permanecendo negativos ou inferiores a 1:8. • Se os títulos se mantiverem baixos e estáveis em duas oportunidades, após 1 ano, pode ser dada a alta! e) Qual a conduta em relação a gravidez? • Confirmação do diagnóstico de gravidez • Cadastramento no SISPRENATAL • Registro dos dados no prontuário e no cartão da gestante • Classificação do risco gestacional (encaminhamento, quando necessário, ao pré-natal de alto risco ou urgência/emergência obstétrica) • Vinculação da gestante com a maternidade de referência. Pré-Natal – Exames do 1º Trimestre • Hemograma • Tipagem sanguínea e Fator Rh • Coombs indireto (se Rh negativo) • Glicemia de jejum • Teste rápido de Sífilis e HIV (VDRL ou Anti-HIV) • Toxoplasmose IgM e IgG • Sorologia Hepatite B (HbsAg) • Urocultura e Urina tipo 1 • Ultrassonografia obstétrica Pré-Natal – Condutas Gerais • Prescrição profilática de ácido fólico (5mg / dia via oral, nos 3 primeiros meses de gestação); • Prescrição profilática de sulfato ferroso: 40 mg de ferro elementar/dia (200mg de sulfato ferroso). • Iniciar na concepção e manter no pós-parto e no pós- aborto por 3 meses; • Encaminhar para consulta odontológica. Imunização: recomendações de rotina no pré-natal Sífilis É uma doença de notificação compulsória Tratar parceiro Se parceria(s) com teste negativo: Fazer dose profilática Penicilina Benzatina 2.400.000 UI dose única IM – Se teste positivo, tratar como Sífilis latente Penicilina Benzatina 2.400.000 UI, IM1 vez por semana por 3 semanas Se alergia à Penicilina, encaminhar para dessensibilização. CASO CLÍNICO 8 Manuel da Rosa, masculino, 52 anos, pescador. Veio à consulta de retorno trazendo exames. Nega histórico de doença ou uso de medicação. É tabagista há 25 anos (1,5 maço/dia). Nega etilismo. Faz 3 refeições diárias (café da manhã: pão de trigo com manteiga e café com açúcar ou rapadura; almoço e jantar: arroz com peixe frito e pirão). Não costuma comer frutas ou salada. Um “docinho” sempre cai bem antes de dormir. Dona Catarina, sua esposa conta que Seu Manuel tem bebido mais água que anteriormente. Ao exame: IMC 30,5 kg/m2. PA: 130x85 mmHg. Exame físico: sem alterações. Exames complementares: Glicemia de jejum – 140 e 145 mg/dl Hemoglobina Glicada 6,9%. Creatinina 1,1 ECG normal. a) Qual o diagnóstico? DM II Obesidade Tabagismo b) Qual tratamento? Paciente com IMC > 30, se benificiará do uso de Metformina 500-850mg/dia, junto à mudança de estilo de vida. FLUXOGRAMA MANEJO TERAPÊUTICO * Introduzir metformina ao diagnóstico para pessoas com sobrepeso e obesos. **Quando há o diagnóstico, nessa situação, a insulinoterapia deve ser plena e pode ser temporária. AMGC – automonitorização da glicemia capilar. c) Quais orientações e cuidados com a saúde? • Orientar sobre a doença • Orientar sobre alimentação (preferir alimentos frescos à alimentos em relação aos processados, fracionar refeições, aumentar ingesta de fibras, reduzir gorduras – pactuar um diário alimentar) • Tabagismo: abstinência x redução de danos. • Atividade física: quantificar atividade física no trabalho. • Redução de peso • Orientar sobre cuidados com os pés • Orientar sobre sinais de hipoglicemia d) Quais exames de seguimento? Glicemia de jejum Hemoglobina glicada Urina tipo 1 e microalbuminúria Creatinina Lipidograma Fundoscopia e) Quando retornar para a consulta? Retornar em 3 meses CASO CLÍNICO 9 Isaura, 45 anos, cozinheira, procura a UBS após um acidente no trabalho, em que se queimou no braço direito, mas não sentiu dor. A enfermeira que a acolheu realizou o curativo da queimadura e identificou cicatrizes de lesões anteriores. Além disso, notou a presença de duas lesões hipocrômicas em antebraço direito e uma no dorso. Dona Isaura refere ter essas manchas há mais de 1 ano e já fez tratamento com várias pomadas sem resultado. Isaura tem cinco filhos e mora com eles e o marido. a) Qual a hipótese diagnóstica?Hanseníase b) Qual a abordagem inicial? Anamnese: contato com portadores de Hanseníase, sintomas neurológicos, déficits motores e visuais, etc. Exame físico: Realizar exame dermatoneurológico completo: Teste de sensibilidade tátil, térmica e dolorosa das lesões, Avaliação da função neural, Avaliação do grau de incapacidade física: mãos, pés e olhos. c) Você pediria algum exame, qual? Solicitar baciloscopia de esfregaço intradérmico, se disponível. d) Qual o tratamento baseado na clínica? Poliquimioterapia à depender da classificação em Paucibacilar ou Multibacilar e) O que mais você faria? Orientar sobre o tratamento e a evolução da doença, formas de contágio Realizar a busca ativa de contactantes na família e vacinar com BCG conforme estado vacinal Realizar notificação (doença de notificação compulsória) Realizar curativos diários da queimadura na USF Atestado médico se for necessário CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho) O diagnóstico é essencialmente clínico! • Testar sensibilidade térmica, que é a primeira a ser alterada, com tubo com água quente e fria. • Testar sensibilidade tátil com chumaço de algodão. • Testar sensibilidade à dor com cabeça de um alfinete. Paucibacilar (PB) - casos com até cinco lesões de pele Multibacilar (MB) - casos com mais de cinco lesões de pele A baciloscopia de pele (esfregaço intradérmico), sempre que disponível, deve ser utilizada como exame complementar para a classificação dos casos como PB ou MB A baciloscopia positiva classifica o caso como MB, independentemente do número de lesões. Observe-se que o resultado negativo da baciloscopia não exclui o diagnóstico de hanseníase. Quando diagnosticada lesão neural, o paciente já será diagnosticado como multibacilar (MB). Esquema padrão paucibacilar (PB): Dose supervisionada: • 2X 300 mg de rifampicina • 100 mg de dapsona Dose auto-administrada: • 100 mg de dapsona Tratamento completo: • 6 cartelas (6 meses) • Doses supervisionadas: 28/28 dias ou 4/4 semanas Esquema padrão multibacilar (MB): Dose supervisionada: • 2X 300 mg de rifampicina • 3X 100 mg de clofazimina • 100 mg de dapsona Dose auto-administrada: • 100 mg de dapsona • 50 mg de clofazimina Tratamento completo: • 12 cartelas (12 meses) • Doses supervisionadas: 28/28 dias ou 4/4 semanas CASO CLÍNICO 10 Dona Maria Tereza, 72 anos, tem diabetes e osteoartrose, Mora na casa de sua filha Terezinha, que tem 51 anos. Faz uso de glibenclamida 5mg 2x/dia e Metformina 850mg 3x/dia. Durante uma visita domiciliar para controle do diabetes, Mª Tereza queixa-se de muito esquecimento. Não se lembra se já comeu ou não. E também conta que esquece constantemente o nome de netos e bisnetos. Reclama que os filhos não vão visita-la, fala que já viveu muitos anos e gostaria que a sua vida acabasse logo. Chora durante a consulta. Quase não sai de casa e diz que as vezes não tem ânimo nem para tomar banho. Exames complementares recentes: Glicemia de jejum: 306mg/Dl, TSH: normal Hemoglobina glicosilada 9,8% Paciente emagrecida, corada, hidratada, afebril e eupneica. PA: 110x80mmHg FC: 62 bpm Ausculta pulmonar e cardíaca sem alterações. MMII sem alterações. a) Qual a hipótese diagnóstica? Idosa com depressão, DM tipo II descompensada. b) O que você perguntaria na anamnese? Avaliar adesão ao tratamento da dm. Avaliar funcionalidade sente-se triste ou desanimado frequentemente? Perda de peso? Insônia/sonolência? Psicose? Ideação suicida; plano ou tentativa? c) Qual a conduta frente ao caso? Teste: escala geríatrica de depressão + mini-mental Humor: ▪ Perguntar ao paciente se ele se sente triste ou desanimado frequentemente. ▪ Se positivo, aplicar escala de depressão geriátrica (GDS-15) Escala de depressão 1. Está satisfeito (a) com sua vida? (não =1) (sim = 0) 2. Diminuiu a maior parte de suas atividades e interesses? (sim = 1) 3. Sente que a vida está vazia? (sim=1) (não = 0) 4. Aborrece-se com freqüência? (sim=1) (não = 0) 5. Sente-se de bem com a vida na maior parte do tempo? (não=1) 6. Teme que algo ruim possa lhe acontecer? (sim=1) (não=0) 7. Sente-se feliz a maior parte do tempo? (não=1) (sim = 0) 8. Sente-se frequentemente desamparado (a)? (sim=1) (não =0) Conduta saúde mental: Avaliar antidepressivo / psicoterapia Conduta para DM • Iniciar Insulina NPH 10 U a noite. • Suspender Glibenclamida • Orientação da aplicação da insulina e orientação sobre armazenamento e dispensa dos insumos (pode ser consulta de enfermagem) • Orientar sobre sinais de hipoglicemia e como proceder • Exames de seguimento • Agendamento de retorno