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GESTÃO DE PROCESSOS E SERVIÇOS Prof. ESP. LINDOLFO ALVES DOS SANTOS JÚNIOR 004 Aula 01: 016 Aula 02: 035 Aula 03: 054 Aula 04: 064 Aula 05: 080 Aula 06: 093 Aula 07: 105 Aula 08: 119 Aula 09: 134 Aula 10: 144 Aula 11: 160 Aula 12: 173 Aula 13: 184 Aula 14: 196 Aula 15: 207 Aula 16: O que são Serviços? Os Tipos de Serviços Serviços e seus Componentes Comuns Estruturas da Prestação de Serviços Comunicação de Marketing para Serviços A Percepção da Prestação de Serviços pelo Consumidor O Universo dos Serviços Os Serviços e sua Importância na Economia Brasileira As Especificidades da Prestação de Serviços Sistemas de Apoio à Prestação de Serviço A Busca pela Melhoria da Qualidade nos Serviços Avaliação da Qualidade dos Serviços Estruturando o Ciclo de Serviço Análise, Desenvolvimento e Implementação de Processos de Serviços A Ética na Prestação dos Serviços O Mundo Virtual e a Prestação de Serviços Introdução Olá, estudante! Vamos embarcar no universo dos serviços. O objetivo aqui é que ao �nal você seja capaz de compreender como prestar um serviço, como desenhar este serviço, como avaliar se o serviço desenhado é o que o cliente espera e se a equipe o presta como você compreende ser o melhor e como seu cliente esperava. Vamos começar conceituando e dialogando sobre o que efetivamente é um serviço, seus principais tipos (não categorias, conceitos) e como os produtos se misturam aos serviços. Como visão gerencial dos serviços, vamos trabalhar os conceitos das estruturas básicas dos serviços e como a comunicação em serviços sempre será complexa se bem feita, e dependerá do conhecimento de um ponto central e de elevada importância: a percepção do consumidor. Assim, no decorrer das unidades, vamos dialogar sobre como os serviços devem ser projetados tendo em mente qual o consumidor, o público alvo deste serviço e como esse consumidor percebe qualidade, valor agregado e benefícios. Falaremos também do tamanho do mercado de serviços e sua participação majoritária na economia brasileira, sem deixar de lado o empreendedor brasileiro e seus criativos serviços e de como o setor é democrático neste sentido. Vamos agregar temas como o uso de sistemas de apoio como arcabouço para a busca pela qualidade da prestação desses serviços e como essa qualidade precisa de metodologia para ser avaliada de forma �dedigna. Também resgataremos a percepção do consumidor de serviços como elemento considerável no desenvolvimento e implementação de serviços, bem como nas de�nições de seu ciclo, �nalizando com uma breve passagem pela ética deste importante setor. Para �nalizar, entraremos no mundo do comércio eletrônico e como o setor de serviços tem inovado e se apoiado, oferecendo novos serviços e convertendo produtos em serviços. Bons estudos! 3 01 O que são Serviços? 4 Estudante, nesta unidade introdutória, vamos dialogar sobre o que vem a ser um serviço e a diferença entre serviços e produtos. Vale ressaltar que a propaganda tem feito muitos produtos parecerem serviços e muitos serviços oferecidos como produtos. Então vamos clarear essa mistura para que você perceba melhor este vasto e lucrativo mundo. Já pensou nos serviços mais utilizados diariamente? Podemos citar alguns em que o uso está tão bem inserido na vida das pessoas que passam despercebidos, tais como eletricidade, esgoto e até o tratamento da água. Podemos citar outros serviços como telefonia, TV a cabo, escolas e cursos em geral! A imagem a seguir ilustra um serviço bancário sendo tratado como produto. Existem os serviços que saem do mundo do intangível, intocável, para o mundo tangível, físico e tocável, mesmo que simbólico: uma caixa, um livreto, algo que o cliente pode pegar, tocar, – o que amplia a confusão produto/serviço e também a experiência do usuário/cliente. Sem somar a confusão pela qual muitos passam ao definir produtos e serviços, vamos tratar, nesta unidade, de como produtos e serviços são ligados e codependentes em muitos casos, bem como os serviços puros e que, embora utilizem produtos, entregam apenas serviços. 5 O que é um Serviço? A prestação de serviços é parte importante da economia mundial e motiva muitos empreendedores, pois muitos serviços não exigem grande habilidade e especialização. De acordo com Krumheuer (2016, online) serviço pode ser definido como: Serviço é a realização de uma ou mais atividades para atender demandas sem envolver mercadorias, como transporte, educação, refeições, serviços de telefonia etc. O termo tem origem na ideia de servir, atender à necessidade de outra pessoa executando uma tarefa ou ação pontual. Em sua essência, os serviços são desprovidos de massa (falando de forma mais científica). Sim, serviços podem até ser referidos como produtos intangíveis (certo: que não tem massa) e com isso não podem ser tocados ou estocados. Os serviços são importantes porque nos permitem ter acesso a benfeitorias que, por falta de tempo, habilidade e até interesse, necessitamos contratar. Serviços têm forte peso na tal da conveniência, em que são inúmeros os casos que serviços são contratados mesmo que o contratante saiba fazer e fazer bem, mas para tal teria que se munir de ferramentas, acessórios e insumos que tornariam impraticável a realização de algo eventual ou em dose única. 6 Acesse o link: Disponível aqui A profissão mais antiga da humanidade é um serviço! Além de uma informação, o que desejo lhes apresentar é uma reflexão que o fará ver serviços com um olhar mais aprofundado: a profissão mais antiga do mundo é a de cozinheiro! Para refletir, quero que pense no que faz um cozinheiro, não no restaurante, o cozinheiro mesmo. Como este personagem desenvolve seu trabalho pensando na experiência do cliente, como lida com qualidade, como faz a apresentação, e vai ver a essência do que é um serviço e que efeitos deve provocar, se bem feito claro. 7 https://super.abril.com.br/mundo-estranho/qual-e-a-profissao-mais-antiga-do-mundo/ Médicos prestam serviços, advogados, professores, mecânicos, arquitetos, designers, enfim, a lista é longa, e creio que você já entendeu o espírito da coisa. Espero que tenha entendido também, observando alguns dos profissionais da lista, a importância do setor de serviços e porque muitos desses setores necessitam de tamanha regulação, como a prestação de serviços de Saúde, por exemplo. Muitas vezes, os serviços realizados são acrescidos de valor agregado de tal forma que se tornam destaque e superam – e muito – atividades que poderíamos fazer por nós mesmos e, com isso, passamos a contratar tais serviços. De acordo com Correa e Caon (2012, p.79), na visão coorporativa, os serviços devem trazer a visão de entrega de valor da empresa: O conceito de serviço pretende, portanto, carregar uma mensagem clara a todas as partes e grupos interessados: O que e como pretendemos fazer para gerar e entregar o pacote de valor resultante de nossa operação? Esse pacote de valor oferecido tem, então, que ser explicitado pelos gestores da operação para que ele possa de fato se realizar. Analisar esse pacote de valor do serviço pode ajudar neste sentido. Nesta questão de agregar valor ao serviço, posso citar um exemplo que vivo frequentemente: pago ou não pago para ter o carro lavado? Sim, os lava a jato, locais que prestam o fantástico serviço de deixar nosso possante automóvel bem limpo e brilhando. 8 A dinâmica da pergunta que fiz é simples e vem em forma de outra pergunta: consigo lavar meu carro tão bem quanto no lava a jato? Ou, consigo uma forma de fazer isso sem me cansar, se molhar, gastar tempo e produtos caros de limpeza automotiva, e sem se machucar? A entrega de valor agregado de quem lava seu carro é tremenda e visível: usam produtos profissionais (viu, falei que ia misturar produtos e serviços...), aspiradores industriais, vão ao extremo em lugares que muitos não teriam a paciência de buscar e ainda por cima buscam seu carro e o devolvem para você limpo e cheiroso. Ainda na entrega do lava a jato, podemosafirmar sem medo que todo e qualquer serviço feito tem profissionais que vão executar com elevada qualidade e os que vão fazer sem grandes enfeites e cuidados. O mundo dos serviços é cruel, as recomendações de se usar ou evitar cada serviço são mais comunicadas que as dos produtos. 9 Vamos tratar de um caso prático de serviço levado ao extremo: o Personal Car! Personal Car é um profissional que surgiu nos grandes centros brasileiros e que presa um serviço muito interessante: Ele cuida da manutenção de seu carro. Sim, da manutenção do seu automóvel, mas atenção ele não é mecânico, talvez entenda um pouco da mecânica básica ao nível do motorista comum, como saber trocar óleo, pneus, etc. O que este profissional tem de grande habilidade é a capacidade de atender à falta de tempo que muitos profissionais tem e do fato de que cuidar do automóvel toma tempo e em grandes cidades é somado ao tempo dos congestionamentos, entre outros percalços. Ele se encarrega de encaminhar o seu automóvel para a realização de todo e qualquer serviço, tirando este ônus de você. São serviços de revisão, troca de óleo e filtros, manutenções diversas, lavagem, enceramento (e outros embelezamentos), enfim, tudo o que o carro precisa, o Personal Car se encarrega de solicitar e acompanhar a realização. Claro que o serviço do Personal Car vai além de dirigir o carro do cliente para dentro e fora da oficina, ele acompanha seus clientes mantendo uma agenda de quando os próximos serviços periódicos são previstos e também periodicamente entra em contato para saber da necessidade de algo esporádico como um upgrade do som do carro, ou até novas rodas, etc. Seu trabalho aqui, estudante, será refletir sobre isso: o nível de serviço que alguns consumidores estão solicitando, criando por si só um novo nicho de mercado e como outras empresas estão inovando e, assim como o Personal Car, criam novos serviços que antes eram inimagináveis. Qual novo serviço você criaria? 10 É muito mais fácil vocalizar a alguém que um serviço lhe foi bem ou mal prestado. Pense em quantas vezes você comprou algo e apresentou defeito e você decidiu que um prego ou um pouco de fita lhe ajudariam a evitar um retorno a loja, ao passo que se solicitar um serviço, como o de entrega de comida, e ao receber errado, provavelmente e mais avidamente, vai buscar reparação imediata. Por fim, volto ao argumento inicial de que os produtos são intangíveis e não podem ser estocados, ou você já viu um estoque de instalações de ar condicionado, por exemplo? Mas serviços são feitos de pessoas, conhecimento, tecnologia e insumos. Dentro do mundo dos serviços é preciso uma série de insumos, produtos para que sejam realizados. O instalador de ar condicionado utiliza diversos produtos, além do aparelho, para realizar a instalação, portanto a disponibilidade de seu serviço é condicionada a existência de estoque destes insumos. Claro que a medicina clínica, por exemplo, pode ser um bom exemplo de serviço em que nenhum produto, nada tangível é utilizado no processo. Não vale dizer: mas e a receita? E os atestados e comprovantes? Sim, esses são bem tangíveis, mas não são tão relevantes ao que se tem como objetivo. Em uma consulta médica, por exemplo, você apresenta seus sintomas e o médico os analisa, faz algumas perguntas e ao final lhe entrega uma receita contendo nomes de medicamentos, dosagem e período de uso. Se todo paciente fosse munido de boa memória, bastava comunicar quais remédios seriam precisos que este se encarregaria de passar a informação ao farmacêutico. Mas dada a natureza dos serviços, o receituário médico entra como elemento regulatório das ações do médico e um dispositivo de segurança para que o farmacêutico não dependa da existência de uma memória fotográfica de seu cliente. A Diferença Entre Produto e Serviço Bem, já estamos cientes de que serviços usam produtos e produtos usam serviços para serem produzidos (aprimoraremos este conceito logo mais!), mas vamos diferenciar produto de serviço, em seus estados puros, para que seja possível entender melhor as suas misturas. 11 Vamos então reforçar o conceito de serviço apresentando também o conceito básico de produto, de acordo com Krumheuer (2016, online): Frequentemente se diz que produtos são tangíveis, podem ser tocados, enquanto serviços são intangíveis, não podem ser tocados. Como ambos são resultado de processos de trabalho, a ideia de que produtos são bens materiais que podem ser tocados, criados a partir de matérias-primas, pode ajudar a entender a distinção, embora nem sempre haja algo concreto envolvido. O serviço, por sua vez, não transforma objetos em bens, mas é consumido enquanto é prestado. Enquanto produtos podem ser guardados e armazenados em estoque, esgotando-se e perdendo prazo de validade, o serviço tem limitações de disponibilidade associadas a recursos humanos e materiais, e dependem da participação ou presença do cliente para acontecerem. Existe muita dificuldade em diferenciar produto e serviço pelo fato de que a grande maioria dos serviços é executada em produtos, com produtos e para produtos. Pense na instalação de uma peça de carro, vamos dizer aqui um filtro de ar. Eis que você chega ao mecânico com seu carro recém-lavado e solicita um novo filtro de ar. O seu mecânico provavelmente vai lhe dizer: “Senhor, o filtro custa R$79,00 reais, R$100,00 reais colocado.” Preciso ressaltar que os valores são hipotéticos, usados apenas para construir a situação. Mas o que o mecânico fez foi o seguinte: destrinchou o produto do serviço na primeira proposta e os uniu na segunda. Se o cliente sabe e deseja fazer a troca, paga R$ 79,00, agora se desejar o serviço de troca de seu filtro de ar com mão de obra, vai arcar com os R$ 100,00. 12 Fiz este exemplo porque provavelmente você já deve ter observado lojas de peças automotivas que anunciam alguns produtos já com o serviço de instalação, uma boa mistura dos dois que os transforma no tal “Filtro de ar por R$ 100,00 instalado”. O marketing por traz disso diz que você provavelmente não vai querer ter o trabalho de se sujar fazendo o serviço se tiver alguém que faça por você no ato da compra. Claro que grande parte da oferta do serviço ao produto, comumente visto no ramo automotivo e até mesmo no serviço de garantia, existe por uma razão simples: ao deixar o cliente realizar a instalação de algo, corre-se o risco de que ele faça algo de errado e danifique o que está instalando. Quando a empresa garante a execução de um serviço de instalação, está atacando e aumentando a qualidade da experiência do cliente com o produto e garantindo que sua instalação foi realizada por profissional treinado e em ambiente controlado, conforme defende Krumheuer (2016, online): Acontece que muitos produtos incluem serviços em sua oferta e vice- versa. A garantia, oferecida a produtos como carros, eletrodomésticos, eletrônicos e outros bens de consumo duráveis. Por vezes, a garantia é do próprio fabricante, em outros casos, é assegurada por terceiros, sem alterar a característica de serviço. Por outro lado, ao contratar o serviço de manutenção de seu carro, não há dúvidas sobre a característica do que foi adquirido: um 13 serviço. Porém, se for necessário substituir uma peça, os produtos envolvidos serão cobrados de você. Veja que serviços e produtos serão sempre elementos separados na oferta, até mesmo em termos de garantia estes dois amigos são dissociados. Mas produtos usam serviços e serviços dependem de produtos na maioria dos casos. Como tratamos nesta unidade, produtos e serviços estão muitas vezes unificados, ao menos na oferta. O marketing abusa muito da soma como forma de agregar valor, então vamos frisar neste momento o quanto um serviço pode agregar valor a um produto. Pense nas películas dos smartphones que compramos. Eu mesmo já perdi uma ao tentar colocar no telefone da forma errada. Nas lojas de acessórios de telefones celulares, dos smartphones, ao comprar a película, um funcionário treinado e experiente se encarrega de colocaro produto e, se algo der errado, vai colocar outro sem qualquer custo adicional ao cliente. Adicionar serviço a um produto está ficando cada vez mais comum em muitos setores, e isso significa que os clientes estão ficando cada vez mais exigentes! Serviços Internos e na Produção Sei que nos esforçamos para eliminar a dúvida sobre o que é produto e o que é serviço, mas temos que trabalhar os casos em que serviços são prestados a quem produz algo físico. Sim, muito serviço é prestado até que algo saía de uma linha de produção – podemos até dizer que cada colaborador da linha de produção executa um serviço: o de manufatura. 14 Existem os serviços que são prestados dentro da empresa. Podemos dizer que cada departamento presta um serviço, tem suas metas e objetivos, mesmo que guiados pelo objetivo comum geral, trabalhando em seu universo para a construção coletiva. Podemos dizer que se trata de uma forma de se enxergar as operações dentro de uma empresa e ajuda e muito nas questões como avaliações de desempenho e até mesmo em projetos de expansão ou reestruturação. Estamos falando aqui do atendimento ao cliente interno. Correa e Caon (2012, p. 28) contemplam bem essa visão interna de serviços: Diversas subdivisões funcionais (e. g., gerências, departamentos ou seções), em empresas de manufatura ou serviços, executam atividades de apoio que podem ser consideradas serviços, caracterizando uma relação cliente-fornecedor interno. A boa gestão dessa relação pode contribuir com a quebra das barreiras organizacionais, gerando a integração das diversas funções da empresa e concorrendo para o atingimento de seus objetivos estratégicos (Gianesi e Corrêa, 1994). O setor de Recursos Humanos, por exemplo, executa serviços de recruta- mento, seleção e treinamento de novos funcionários, atendendo às solicitações de diversos outros setores dentro da empresa, que são seus clientes internos. Pensar em serviço para o cliente interno cabe em todos os demais setores da empresa, do setor de almoxarifado até o setor de marketing, e empregar essa visão eleva a competitividade da empresa, pois emprega em cada setor a elevação de sua qualidade, de seu serviço. Esta visão de serviço faz total sentido em um mundo de empresas que buscam desesperadamente agregar valor ao cliente como forma de competir em mercados cada vez mais agressivos e onde a competição não mede esforço. 15 02 Os Tipos de Serviços 16 Estudante, nesta unidade, vamos conhecer os tipos de serviço e, desta forma, melhorar nossa visão sobre cada um deles e sobre o porquê a sociedade em geral utiliza tantos serviços. Partiremos da ideia da sinergia eterna entre serviços e produtos, que se origina no nível do chão de fábrica. Faremos a diferenciação dos tipos de serviços como os profissionais e de massa e sua mistura, suas variações para mostrar a você, aluno, qual a perspectiva de cada tipo e com isso perceberemos a razão de existir de cada um. Por fim, acrescentaremos o serviço público e faremos uma argumentação especial na ideia de impacto que cada serviço oferecido pelo governo tem no resultado das empresas, reforçando a importância deste setor produtivo. 17 produtos estão misturados. Vamos resgatar, nas palavras de Corrêa (2012, p. 52) o que são produtos e serviços: serviços teriam de ser produzidos e consumidos simultaneamente e produtos não; serviços precisariam da presença do cliente para serem produzidos e produtos não; serviços seriam intangíveis e produtos seriam tangíveis. Vamos nos ater a esta questão da tangibilidade por um momento. Os serviços não são algo físico, seu resultado ou os recursos que utilizam, sim, são físicos ou tangíveis, tocáveis. Pense na pessoa que solicita a instalação de um aparelho de ar- condicionado em seu quarto e dissocie o que ocorre neste caso. Primeiro, temos o aparelho que vai ser instalado, algo físico, tangível. Depois temos o técnico que vai se encarregar de executar a instalação deste aparelho, e neste caso pense nas ações que ele vai realizar e se pergunte: é possível tocar os cálculos mentais que ele fez para decidir a posição do evaporador ou do motor? É possível tocar quantas voltas ele deu quando conectou os fios que ligam o aparelho? Portanto, no serviço de instalação, o que não podemos tocar é todo e qualquer procedimento que levou o aparelho a ser propriamente instalado e deixado em estado de funcionamento. E, mais uma vez, temos a constatação que serviços usam produtos e vamos ver como produtos usam serviços. Para reforçar, vamos à visão de Castro (2016, online) para os conceitos que nos permitem separar produtos de serviços: Serviço ou Produto Na primeira unidade, você conseguiu compreender o que são os serviços em comparação com produtos físicos, agora vamos elevar este grau de diferenciação fazendo algo até contraditório: falaremos um pouco mais do quanto serviços e 18 Quadro 1: 4 conceitos de produtos e serviços | Fonte: Adaptado de Corrêa (2016, online). 1. Tangibilidade A tangibilidade é a facilidade para mensurar claramente por qual coisa o cliente está pagando e, para o empresário, quanto custou para produzi-la. O produto tem uma tangibilidade maior, enquanto no serviço é mais difícil de mensurar o esforço despendido para a sua prestação. 2. Propriedade Quanto à propriedade, trata-se daquilo que falamos anteriormente. O produto muda de propriedade, da empresa que o fabricou para o cliente que o comprou. Já em um serviço, mesmo quando envolve um produto, não há troca de propriedade. Como no aluguel de um carro, por exemplo. 3. Perecibilidade A perecibilidade é a duração de um produto, que pode estragar ou perder a sua validade, quando ainda está em estoque ou quando está de posse do cliente. Com o serviço, isso não é um problema - o máximo que pode acontecer é um serviço mal feito, que precisará ser refeito. 4. Inseparabilidade A inseparabilidade, por fim, é uma característica dos serviços que são prestados na presença do cliente, diferentemente dos produtos, que são produzidos em etapas diferentes. Por conta disso, um prestador de serviços tem uma maior preocupação com a satisfação imediata do cliente. Voltando ao aparelho de ar-condicionado, em sua manufatura o aparelho passou por vários processos até ir parar dentro de uma caixa de papelão protegido por uma moldura de isopor. Em todo processo fabril diversos serviços são realizados direta ou indiretamente e cujo efeito final é um bem material, o ar condicionado montado e pronto para uso. Quando falamos de processos de serviços diretamente empregados nos produtos, estamos nos referindo à montagem deste produto. Você não pode estocar montagens, pois são processos, serviços, intangíveis, mas pode estocar os produtos que foram montados. 19 Fato é que serviços e produtos caminham juntos e em sinergia, onde um agrega valor ao outro, se complementam. Existem momentos que o serviço existe puro, sem qualquer produto, como, por exemplo, a realização de um atendimento feito por um psicólogo, onde costumeiramente não se utiliza nenhum produto, nada tangível é aplicado. Mas na esmagadora maioria das vezes veremos a dualidade produto + serviço em ação. A mistura de produto e serviço é inevitável em casos onde o resultado esperado é tangível. O serviço de um psicólogo pode ser tido como um serviço puro (sem produtos), pois seu resultado será intangível, embora a melhora do paciente possa ser observada, não é algo que podemos necessariamente tocar. A mistura de produto e serviço é, por via de regra, benéfica, mas, carece de boa gestão, o que significa que funciona como uma balança: produto excelente e serviço ruim não geram satisfação e vice e versa. Agora vamos expandir este pensamento da balança: o preço costuma ser indicativo da qualidade do que estamos adquirindo, seja serviço ou produto correto? O gestor precisa de sintonia fina na balança para não oferecer nem extremos nem medianos no sentido de não ter produto bom com serviço péssimo e muito menos produto bom com serviço excelente. Bem, vamos concordar que naprática não se respeita muito a balança produto + serviço, e costumamos ignorar o status de um dos dois dependendo da situação. Quando você vai a um restaurante, é a boa comida ou o bom serviço e atendimento que mais lhe agrada? O gestor deve atuar na excelência dos dois, pois cada consumidor tem suas preferências. Sobre esta balança que estamos trabalhando, Las Casas (2019, p. 12) completa afirmando que nos restaurantes: [...] o cliente fica exposto a uma combinação de prestação de serviços de atendimento (intangível) e de refeições (tangível). Não adianta apenas servir boa comida ou dar bom atendimento. Os dois devem ser considerados sempre nessas interações. O mesmo acontece nos bancos. De que vale o envio de um cartão atrasado a um cliente que precisa viajar ao exterior para cumprimento de agenda em datas específicas? 20 Seja um “Marido de Aluguel” Antes de qualquer coisa, não estamos vendendo nenhuma franquia aqui, mas o título do tópico dá o tom do que vamos tratar: das franquias de prestação de serviços residenciais carinhosamente nomeadas de Maridos de Aluguel. O nome obviamente vem da ideia de que muitos maridos costumam realizar toda sorte de serviços em suas residências, dos mais simples como trocar uma lâmpada, até os mais complexos como o reparo de um vazamento hidráulico. O universo das franquias é cada dia maior e mais variado e conta com diversas opções que ajudam o franqueado a oferecer serviços como aqueles feitos pelos maridos e esposas. O que mais gosto disso é a redundância: um serviço que lhe ajuda a oferecer outro serviço! Cada franqueado recebe treinamento completo, desde o que se refere à prestação do serviço em si até a orientação sobre atendimento. De acordo com Alves (2012, online), o atendimento é um dos pontos primordiais. Todos os funcionários, ao chegarem à casa do cliente, colocam luvas nos calçados, sempre levam a máquina do cartão de crédito e oferecem vistorias gratuitas, por exemplo. 21 Acesse o link: Disponível aqui Se você gosta de prestar pequenos serviços de manutenção e conservação doméstica e deseja lucrar com isso, uma franquia pode ser o caminho! Serviços indiretos também são numerosos em processos fabris e vão desde processos administrativos e gerenciamento até alimentação dos funcionários, limpeza da fábrica e manutenção das máquinas. São processos indiretos, pois não entram na linha de montagem do produto e não provocam nenhuma alteração ou efeito, mas cuja inexistência culmina em falhas de qualidade eventualmente. Perceba como fábricas produzem utilizando serviços, e em muitos casos os serviços são executados por empresas terceiras, externas à organização. Quando a atividade a ser realizada não é estratégica ao produto, é comum ver a sua terceirização. Um caso comum de terceirização está nos serviços de limpeza, que na maioria das atividades industriais não é tida como algo estratégico ou que cause impacto no produto final, desde que exista, claro. Do ponto de vista gerencial, a existência de serviços nos produtos e vice-versa é ao mesmo tempo sinérgica e complexa, e muitas organizações fazem da mistura serviço/produto algo atraente ao consumidor, agregando valor e construindo algo muito maior, mais relevante e fidelizador. Conforme afirma Corrêa (2012, p. 51): O fato de a maioria das empresas oferecer um pacote de valor que inclui serviços e produtos físicos implica que o gestor de suas operações não pode esquivar-se de gerenciar tanto as operações que geram a parte “serviço” como as operações que geram a parte “produto físico”. Entretanto, cremos que essa dicotomia entre serviços e produtos físicos pode ser falaciosa e levar a decisões e encaminhamentos equivocados. 22 https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2012/02/27/com-r-175-mil-e-possivel-abrir-empresa-que-oferece-servico-de-marido-de-aluguel.htm Bancos oferecem produtos. Claro que estamos falando da apresentação de seus serviços e não da entrega de algo físico de grande importância. O que pode ocorrer neste caso (e já falamos sobre isso) é do banco criar algo, uma caixa com alguns itens que simbolizem o serviço que chama de produto, assim, o cliente terá algo físico, mesmo vindo de um banco conhecido pelos serviços financeiros. No próximo item vamos entender os tipos de serviço e com isso melhorar nossa visão gerencial em relação a eles para que seja possível desenhar melhores e mais eficazes e com isso fidelizar mais e mais consumidores. Tipos de Serviços Serviços são como grãos de areia: seu número é tão vasto que a contagem é praticamente impossível. Com a era da internet, realidade aumentada, serviços como iFood, Uber, empresas como a Amazon, o número de serviços tem crescido ainda mais. Fato é que podemos terceirizar quase tudo na vida, do simples como lavar roupas até algo complexo como ter um filho. Se existe algo que outra pessoa pode fazer por você, pode ter certeza que alguém faz isso comercialmente, por um valor. Mas existem tipos de serviços que serão acionados por milhões ou bilhões de pessoas, enquanto outros serão solicitados por uma dúzia de indivíduos ou menos. De acordo com Las Casas (2019, p. 12): Há diferentes tipos de serviço a serem comercializados. Um consultor de empresas, por exemplo, quando comercializa seus serviços, tem como enfoque seu conhecimento. Ele pode usar componentes materiais de comercialização como relatórios, propostas, ou outro qualquer. No entanto, o que ele comercializa realmente é seu conhecimento. É como um advogado, um professor ou algum outro profissional liberal. O objeto de comercialização principal desses profissionais é intangível. Além dessa categoria, há serviços que são consumidos junto com bens; nesse caso, o objeto de comercialização inclui ambos, produtos tangíveis e intangíveis. Vamos detalhar alguns modelos de serviços, alguns tipos, para que seja possível e facilitada a busca pela qualidade total, pela melhor oferta, mais adequada e otimizada destes serviços. 23 Serviços de Massa Existem produtos que são de massa, ou seja, são vendidos a um grande número de pessoas sem qualquer variação, como os grãos que compramos nos mercados. Mas assim como muitos dos produtos dos mercados são padronizados, muitos serviços também são. Pense na internet que está utilizando agora para acessar esta aula e reflita: quantas pessoas estão utilizando internet neste momento no mundo? Pense em algo menor agora: quantas pessoas estão acessando internet com o mesmo pacote (velocidade e limite de download) que você? Assim como a internet, os serviços básicos são padronizados: ninguém recebe energia melhor, água melhor ou tem melhor esgoto: para todos, o serviço é o mesmo, o que difere é a quantidade utilizada. Corrêa (2012, p. 72) amplia a definição de serviço de massa afirmando que se trada de um serviço [...] em que grande número de clientes é atendido por dia numa unidade típica, de forma padronizada, visando a ganhos de escala: os transportes de massa, por exemplo, como o metrô, têm roteiros absolutamente fixos; não se pode customizar praticamente nada. O 24 contato que se tem é praticamente só com a tecnologia, com as instalações. Até mesmo o condutor está sendo eliminado das linhas mais modernas de metrô. A grande ênfase está nas atividades de controle, feitas em back office. Serviços em massa são oferecidos por empresas de grande porte e, nos casos dos essenciais, por autarquias e departamentos públicos. Claro que este enorme volume de serviços prestados implica a não customização. Não seria nada prático ou lucrativo ter serviços de água diferenciados, até mesmo porque as necessidades de uso desses serviços são bastante homogêneas dentre os consumidores. Desta forma, podemos listar como exemplo os seguintes serviços de massa: fornecimento de energia elétrica, água, gás, serviços financeiros e de entretenimento. Serviços Profissionais Os serviços profissionais são um pouco mais fáceis de reconhecer do que os serviços em massa, talvez pelo fato de que os serviços em massa estejam tão enraizados na vida modernaou por sua extrema customização. De qualquer maneira, serviços profissionais movimentam muito o brasileiro empreendedor e autônomo e têm por principal característica atender a necessidade individual do cliente. Para Corrêa (2012, p. 73), os serviços profissionais são [...] prestados de forma completamente customizada, personalizando o atendimento e o pacote de serviço às necessidades e desejos de cada cliente em particular, sendo para isso forçados a atender a um número limitado de clientes por dia. São exemplos a medicina e as cirurgias especializadas, os serviços pessoais, como salões sofisticados de beleza, consultoria especializada, serviços jurídicos especiais, quiropraxia, alguns hotéis de altíssimo grau de sofisticação, entre outros. Perceba que tanto nos serviços em massa quanto nos profissionais a questão de ser no primeiro homogêneos e no segundo altamente customizados, está muito mais relacionado a uma questão prática do que qualquer questão de marketing. Em 25 serviços profissionais, a grande customização significa que não se consegue prestar certos serviços sem algum tipo de modificação que se adapte às necessidades do consumidor que o contratou. Serviços de Massa Customizados A modernidade aumentou a existência de serviços que misturam as características de serviço de massa e customizado simultaneamente. Portanto, serviços de massa customizados são ofertados em grande volume, mas possuem diferentes níveis de acordo com as preferências dos consumidores. Conforme apresenta Corrêa (2012, p. 73): Serviços que se encontram numa posição próxima à posição de volume correspondente à dos serviços de massa, mas que, fazendo uso de tecnologias, principalmente as mais avançadas tecnologias de informação, criam no cliente, de forma automatizada, uma sensação de serviço customizado. Com inteligência artificial, empresas como Facebook, Google e outras conseguem entregar serviços de massa, mas com tamanha customização que se assemelha a algo tailor made, ou seja, feito sob medida. Essas empresas do mundo digital coletam informações diversas sobre seus clientes e com isso lhes apresentam recursos, anúncios de produtos e serviços que se encaixam perfeitamente nas preferências destes consumidores. 26 Momento de reflexão: customizar em massa é possível? Podemos ser categóricos ao afirmar que prestar serviço é produzir satisfação no consumidor e que para se ter sucesso neste objetivo, é preciso conhecer bem o consumidor e não somente dominar a execução do serviço. Mas como fica o caso das compras pela internet, em que o consumidor não fala, não verbaliza o que realmente deseja nos sites que navega, nas pesquisas de produtos? Se você for uma ou duas vezes por semana em uma loja de sapatos e nas suas visitas observar um tipo específico de sapato em algum momento, o vendedor que sempre lhe observa vai oferecer algum sapato de características semelhantes às dos sapatos que você costuma observar. E por que fazem isso? Ao observar seu comportamento, o vendedor tenta entender o que você gosta e com isso oferecer algo semelhante, acreditando que reconhece as características que você tem como ideais no produto. A internet consegue fazer essa avaliação muito mais rapidamente, em segundos, apenas observando os produtos que você clica, quanto tempo fica com o ponteiro do mouse parado em cima de alguma imagem e até os nomes dos itens que escreve quando pesquisa algo. Estamos falando da customização dos serviços online. 27 Bilhões de pessoas navegam na internet e buscam itens para comprar, então estamos falando de serviços de massa, mas mesmo assim, com o poder de processamento e da inteligência artificial, é possível enviar a cada cliente uma lista de ofertas bem calibrada, ao gosto individual desse consumidor. Reflita: não é porque é serviço em massa que não se pode customizar! O efeito da customização de um serviço de massa é severo na percepção do consumidor perante a empresa que presta este serviço, o que significa que a origem de tal customização é um mercado muito competitivo somado a um consumidor cada vez mais exigente. Quem não deseja tratamento melhor, mais próximo da empresa da qual consome produtos? Você se sente melhor quando percebe que é tratado por seu nome nos contatos com a empresa, correto? Você se sente melhor ainda quando descobre que esta empresa que lhe chama pelo nome tem centenas de milhares clientes, não é mesmo? Corrêa (2012, p. 73) apresenta a customização de serviço em massa como algo que usa da tecnologia: Um exemplo é a maior livraria virtual do mundo, a <www.amazon.com>. Uma vez que o cliente se torna um cliente repetido, o sistema da empresa, baseado em seu endereço eletrônico (e-mail), já o saúda de forma personalizada. Oferece-lhe, então, sugestões de livros que possam interessar. Saber o que o cliente gosta e como ele quer o serviço é o que torna tão atrativos os serviços de massa customizados. É um processo complexo e oneroso este de descobrir o que o cliente gosta e como transformar isso em produto viável sem destruir a economia de escala obtida com os serviços em massa, pois todos sabem que a palavra customização vem geralmente acompanhada de um preço elevado. 28 Serviços Profissionais de Massa Serviços como os oferecidos pela saúde são considerados profissionais e customizados, pois cada paciente exige uma abordagem única para sua condição ou enfermidade. Mas, em alguns momentos, até serviços como os da saúde podem ser classificados como profissionais e também de massa. Corrêa (2012, p. 74) afirma que: Correspondentemente à anterior, há uma região do contínuo de volumes, próxima à região de serviços profissionais, que, embora tratando de serviços que por sua própria natureza requerem personalização, procura aumentar seus ganhos de escala a fim de atender a um número maior de clientes por dia em suas unidades de operação. Exemplo é um hospital canadense chamado Shouldice Hospital <www.shouldice.com> altamente especializado no tratamento de hérnias inguinais (e só!) para pacientes de quadro geral saudável. Controlando o insumo “pacientes” (um tipo só de problema e boa saúde geral), reduz tremendamente a variabilidade de suas operações, podendo com isso padronizá-las e conseguindo índices de produtividade altíssimos de seus recursos. A busca por ganhos em escala é o principal fator que converte serviços apenas profissionais em serviços profissionais de massa. Tal transformação envolve muito planejamento e preparação, pois ao se massificar algo, existe sempre o risco de perder em qualidade ou até mesmo em customização. O Serviço Público Você tem total clareza do que são os principais serviços públicos aos quais tem acesso? Não vamos nos prender a serviços que são oferecidos pelo nosso governo, pois existem serviços que são tidos como públicos, mas ofertados por autarquias, concessionárias. Sem nos adiantar, falaremos disso em seguida. 29 De acordo com Abiko (2011, p. 3), o que se entende por serviço público é que: [...] varia conforme as características da sociedade, da sua organização política e do seu grau de desenvolvimento. O conceito de serviço público está relacionado aos conceitos de serviço, assim como aos conceitos de público. De forma genérica, entende-se que o serviço público deva atender às necessidades coletivas. E estas necessidades coletivas variam consideravelmente entre os diversos países, entre as diversas realidades sociais, entre os vários períodos históricos. Podemos fazer boa conexão entre o serviço público e os produtos com a seguinte pergunta: é possível produzir algo sem nenhum serviço público, mesmo que indiretamente? Para entender e gabaritar a resposta desta pergunta, vamos a um quadro que mostrará os principais serviços públicos brasileiros: 30 Quadro 2: Serviços Públicos | Fonte: Adaptado de Abiko (2011, 14 – 21). # Serviço Descrição 1 Pavimentação A pavimentação do leito carroçável das vias públicas é de responsabilidade das Prefeituras, assim como a sua manutenção. O custo desta manutenção é cobradopor meio de taxa, lançado em conjunto com o IPTU, Imposto Predial e Territorial Urbano 2 Água e esgoto sanitário [...] o Poder Público competente para prestar o serviço, exercer a regulação e o controle dos serviços não é apenas uma dessas três esferas, mas todas elas. No entanto, na prática os serviços de distribuição de água potável e a coleta de esgotos têm sido considerados de atribuição municipal. 3 Coleta de lixo e limpeza de vias e de logradouros públicos A coleta de lixo e a limpeza de vias e de logradouros públicos é serviço de interesse local e, portanto, de responsabilidade do Município. Cada vez mais se constata a contratação de empresas especializadas para executar o serviço de coleta e de transporte do lixo e de varrição, assim como de desentupimento de bueiros e limpeza de canais. 4 Iluminação pública A iluminação pública é de responsabilidade do Município, obtendo a energia elétrica da empresa que detiver a concessão, permissão ou autorização para seu fornecimento. A iluminação pública é custeada através de recursos obtidos com os impostos, pois o Município não pode cobrar taxa de iluminação pública dos imóveis lindeiros, por não se tratar de serviço específico e divisível. 5 Energia elétrica A geração, transmissão e distribuição de energia elétrica são de competência da União, podendo ser concedidas para empresas públicas ou privadas. 31 É fácil encontrar grandes multinacionais que, em sua estrutura, realizam muitos dos serviços que para o consumidor são tidos como de oferta pública. Existem fábricas que produzem sua própria energia, filtram e purificam sua própria água (seja para uso ou antes do descarte), fábricas que reciclam. Mas mesmo com toda essa autossuficiência, ainda existirão diversos outros serviços que a empresa não poderá prover por questões administrativas, de custo ou até jurídicas (como a oferta de sistemas de esgoto). Assim, temos grande ligação entre os serviços públicos e a manufatura, conforme defende Abiko (2011, p. 3): Os serviços públicos têm fundamental importância na produção e reprodução do capital, assim como na reprodução da força de trabalho; isto significa que uma boa qualidade de serviços públicos é fundamental para o desenvolvimento social e econômico de uma sociedade. Pode-se citar como exemplo os serviços de educação pública, que são a base de qualquer desenvolvimento econômico e social. A crise por que passa este ensino no Brasil, principalmente o básico, pode ser considerada como uma das principais causas do estágio atual de desenvolvimento do país. Pense bem: quais serviços públicos não influenciam as empresas? Agora que você reconhece as características essenciais dos serviços e de suas principais categorias, que tal refletir sobre a influência dos serviços públicos e a produção industrial, por exemplo? Asfalto, iluminação, coleta de lixo, policiamento são serviços públicos, e não é muito fácil entender diretamente o efeito de cada um deles no resultado de uma fábrica, por exemplo. 32 Uma iluminação viária deficiente pode fazer um pacote de bolachas recheadas ser menos saboroso se comparado com um pacote produzido em uma região de ruas bem iluminada? Normalmente, não enxergamos o ambiente externo da empresa desta forma, mas as empresas fazem, sim, chegando ao ponto de mudarem de cidade para ter condições melhores de implementação. O portal Conube traz o artigo de José Carlos R. Júnior sobre a migração de empresas das capitais para o interior e vamos nos apoiar neste artigo para entender a influência dos serviços públicos nas empresas. De acordo com o autor (2012, online), As capitais estão cada vez mais congestionadas com um trânsito pesado, que encarece o transporte e aumenta o tempo das entregas, dificultando, assim, o escoamento das mercadorias produzidas. A solução estratégica encontrada pela maioria dos empreendedores têm sido a de migrar as empresas para os municípios mais distantes da capital, onde o trânsito tenha um menor fluxo de veículos. Entendeu porque empresas mudam de cidade? O governo sabe das necessidades das empresas e deseja as vagas de trabalho que podem ofertar, e por isso tentam oferecer o melhor serviço público. A empresa que escolhe uma cidade do interior para se instalar acredita no impacto de alguns serviços públicos em sua produção e com isso decide agir. 33 Agora reflita: quais outros serviços que, quando bem prestados, podem auxiliar na produção industrial? Os serviços públicos fazem a diferença na vida das pessoas e impactam no resultado das empresas, são importantes mesmo que muitas vezes negligenciados. Ruas servem pessoas e empresas, e na falta de ruas bem asfaltadas, as empresas, bem mais que as pessoas, vão decidir se buscam melhor região para instalar suas atividades. 34 03 Serviços e seus Componentes Comuns 35 Esta unidade trata dos componentes gerais e comuns dos serviços para que você, estudante, tenha uma melhor concepção do que é um serviço. Embora a maioria das pessoas já deve ter contratado algum serviço, muitos desconhecem o que existe por trás, o que existe em termos de desenvolvimento, como o serviço é pensado no cliente e no prestador, por exemplo. Para uma visão melhor do que contém um serviço sem partir para um seguimento em particular, vamos abordar aqui os 4 Ps de serviços: o primeiro P é o Perfil, que trata da comunicação do serviço e se encarrega de desenhar a forma com que se apresenta o ambiente de prestação de serviço em relação a quem tem interesse por tal serviço. Outro P que será apresentado é o de Processo, no qual os serviços devem ser desenhados com um fluxo lógico em mente para que o serviço não só seja realizado no menor tempo possível, mas também utilize a menor quantidade de recursos materiais e pessoal e que possa ser replicado. Procedimento é mais um dos 4 Os, que a forma facilitada com a qual o serviço será realizado e, neste caso, podemos dizer que é o P mais visto quando se trata de serviços de maior nível técnico ou precisão. Por fim, temos o P de Pessoa – e este P é muito importante, pois trata tanto da pessoa que vai receber o serviço quanto a pessoa que vai prestar tal serviço. É preciso um perfeito casamento do serviço com o cliente caso contrário não existe a venda. Também é preciso um excelente casamento entre o prestador e o serviço. Nem Todo Serviço é Igual Percepção de qualidade de cliente e empresa é algo extremamente variado, não é mesmo? Estamos falando do que a empresa considera como um serviço de qualidade e do que o cliente espera receber pelo que paga pelo serviço. No final das contas, é um jogo de percepções que ganha quem entende mais o outro. Nesta brincadeira de percepção, as empresas mais conscientes buscam entender o que o consumidor entende como serviço de qualidade e decidem o quão próximo vão estar ao entregar o produto, e até mesmo quais artimanhas vão se fazer valer para 36 que consigam mexer com a percepção do cliente e, por fim, fazer com que este considere receber serviço muito melhor pelo valor que despendeu. Embora vamos ter à frente um capítulo somente sobre a qualidade nos serviços, é importante criar uma base nesta temática a fim de fazer melhor compreensão dos componentes dos serviços, pois, afinal, a existência ou não e a qualidade da entrega de cada componente é que vai desenhar a percepção que o consumidor do serviço vai ter após a sua entrega. De acordo com Bastiani e Martins (2012, online), podemos listar os seguintes aspectos de qualidade que nortearão a percepção do lado do cliente e servem de base para a própria construção do serviço pela empresa: 37 Tabela 1: Elementos de qualidade em serviços | Fonte: Bastiani e Martins (2012, online). Confiabilidade Prestar um serviço confiável ao cliente, por exemplo, quando contratar um prazo de entrega, esse terá que ser respeitado para que o serviço seja considerado confiável. Cortesia Ser gentil e paciente com o cliente, procurando entender suas necessidades. Comunicação Usar uma linguagem clara e acessível, simplificando a prestaçãodo serviço. Capacidade para entender as necessidades dos clientes Colocar-se no lugar do cliente e procurar entender o que realmente ele precisa para atendimento de suas necessidades. Credibilidade Fazer com que o cliente acredite naquilo que está lhe oferecendo. Competência Apresentar competência, mostrando ser conhecedor do serviço prestado. Segurança Transmitir segurança ao cliente na prestação do serviço. Rapidez na resposta Sanar todas as dúvidas do cliente no momento em que for solicitado. Aspectos visíveis Percepção do serviço prestado, envolvendo vários aspectos que vão desde a aparência do vendedor e do local onde o serviço é prestado, até os aspectos sentidos pelo cliente na prestação do serviço. 38 É muito importante conhecer o que se percebe de qualidade em serviço, assim como conhecer o que o cliente percebe desta qualidade, pois a insatisfação quanto a serviços é, na maioria dos casos, manifestada de imediato, enquanto os produtos têm fatores como a logística e o comportamento de uso (se é algo que se usa diariamente ou esporadicamente), costumam atrasar a resposta sobre o nível de contentamento de seu usuário. Acesse o link: Disponível aqui Assim como os produtos são desenhados de acordo com o perfil cliente, existem serviços que foram desenhados para clientes tão exclusivos que o custo vai às alturas. Quando o assunto é lavar o carro, todos sabem que pode ser algo divertido e até prazeroso de fazer em casa, mas muitos buscam o serviço de algum profissional. No Brasil, é possível ter o seu carro de passeio limpo e brilhante por valores na casa dos R$30,00 até R$200,00 – ou mais se o serviço incluir enceramento, por exemplo. Na Inglaterra, o empreendedor Gurcharn Sahota criou o lava a jato mais caro do mundo, com valores que podem chegar a R$22.000,00, o que representa mais de 733 lavagens tradicionais no Brasil. Não estamos falando de um serviço semelhante ao do lava a jato que cobra os tais R$30,00, mas um serviço tão detalhado que o carro pode passar até 30 dias com o Mr. Sahota. Quer saber mais sobre este luxuoso serviço? Acesse o artigo da Época Negócios Online. A seguir, vamos aprofundar os conceitos sobre os 4 Ps de serviços, que faz alusão aos 4 Ps de Marketing. Com isso, você poderá compreender o que realmente significa um serviço e ficará mais fácil agir nos pontos onde um serviço pode se destacar e provocar reações positivas dos clientes. A fidelidade vem em consequência disso. 39 http://epocanegocios.globo.com/Revista/Common/0,,EMI156234-18055,00-LAVARAPIDO+MAIS+CARO+DO+MUNDO+CUSTA+MAIS+DE+R+MIL.html Os 4 Ps dos Serviços O Marketing faz uso dos 4 Ps para conceituar os principais pontos que precisam ser desenvolvidos quando o objetivo é vender algo a alguém, seja produto ou serviço. Mas o universo dos serviços tem peculiaridades que obrigam uma abordagem diferenciada. Fatores como a intangibilidade e a impossibilidade de estoque, que são tão vitais à descrição dos serviços e de sua diferenciação em relação aos produtos, vão mexer com a apresentação dos tais 4 Ps e, por isso, faz mais sentido a abordagem dos 4 Ps específicos de serviços como vamos ver a seguir: Perfil Podemos dizer que Perfil equivale ao P de Marketing Promoção, e que em serviços está relativo à forma com que o prestador se apresenta ao cliente. De acordo com Las Casas e Las Casas (2019, online): O perfil é um componente de comunicação de muita importância. Em razão da intangibilidade do serviço, um cliente, ao entrar em um escritório de um prestador de serviços, busca evidências para apoiar sua decisão. Se seu serviço é do setor alimentício, por exemplo, o cliente poderá buscar evidências de higiene; se por acaso for de alguma atividade que envolva organização, como contabilidade, corretora de seguros ou outra nessa linha, a arrumação e a organização do escritório serão uma evidência de muita importância. Portanto, cabe ao administrador cuidar para que suas evidências estejam de acordo com as expectativas do público-alvo visado. Vamos a um exemplo que não dissocia produto de serviço, mas que para mim, seu professor, faz todo sentido: comprar um lanche na rua (lanches são tangíveis, portanto, vamos falar do serviço de oferecer lanches). Você já comprou cachorro- quente na rua? O que você considera, percebe quando compra algo para comer? 40 Quando o cliente chega a uma lanchonete ou até mesmo a um food truck, ele vai ser bombardeado de sensações, todos os sentidos vão trabalhar: o visual da lanchonete, a limpeza do local, a organização, número de frequentadores, cheiro do alimento sendo preparado, etc. Enfim, essa série de sensações vai formar um relatório na mente do cliente que decidirá o que esperar quando o prato solicitado chegar à mesa. Eu, seu professor, quando penso nessas sensações, costumo já decidir se vou comer ou não no local, pois tais indicativos revelam o que está por vir. Portanto, o perfil do serviço será determinado por esse pacote de sensações que será construído pelo cliente e em seguia percebido pelos consumidores servidos por tal serviço. Processos Os serviços cujo resultado que mais causa sensação de qualidade é estético, ou algo que se vê, são tidos como obra de mãos talentosas e habilidosas, mas mesmo o prestador mais habilidoso tem dificuldade de ganhar a confiança de um novo cliente se não mostrar que tem métodos de trabalho claros e coerentes. Assim como na manufatura, os serviços possuem um fluxo de trabalho a ser projetado, esquematizado e por fim respeitado. São diversos os serviços cujo fluxo de trabalho foge de uma simples normatização e simplesmente não podem ser concluídos em qualquer ordem ou com qualquer ferramenta. Os demais, ao fazer uso de um método claro e coerente, otimizam tempo e uso de recursos e empregam qualidade maior e replicável. Serviços e procedimentos da área da saúde possuem exemplos claros de métodos de trabalho cuja ordem de procedimentos deve ser parte de um processo desenhado com cuidado e em que nenhum desvio é recomendado, pois pode representar risco à saúde do cliente, assim como do prestador. De acordo com Las Casas e Las Casas (2019, online): Um prestador de serviços deve desenhar um fluxograma e pensar nas etapas da prestação de serviços, objetivando satisfazer seus 41 clientes de forma racional e lucrativa. Um fabricante de produtos tangíveis tem, nos processos de fabricação, uma busca de maior racionalização e eficiência. O produto transita pela fábrica de maneira fluida e sem complicações. Esse deve ser, também, o objetivo de uma prestação de serviços com os vários pontos de contato com seus clientes. Método de trabalho demonstra cuidado, preparo e profissionalismo por parte do prestador, o que ajuda muito a sempre entregar resultados de qualidade e a conseguir imprimir confiança na relação com o cliente. Procedimentos Bons procedimentos na execução de um serviço não significam que o prestador é algum artista talentoso ou que possua habilidades especiais. Procedimentos são parte do trabalho feito na construção dos processos pelo prestador de serviço e representam aspectos como agilidade, efetividade, eficiência, eficácia e até mesmo estratégia. Procedimentos levam à qualidade na maioria dos casos, ou melhor ainda, procedimentos levam à qualidade quando são bons procedimentos. Mas como reconhecer isso? Como saber se o procedimento adotado para resolver o meu problema, realizar o serviço que solicitei, é o melhor procedimento e vai entregar qualidade? Neste caso, voltemos à relação de confiança que o prestador deve buscar com seu cliente. O procedimento, quando muito estranho ao consumidor, é explicado de forma que no final o próprio consumidor recomenda sua realização. Este processo de aprendizado é muito comum principalmente no estágio da venda do serviço, pelo simples fato que muitos serviços possuem diversas formas de serem realizados com resultados finais semelhantes. De acordo com Las Casas e Las Casas (2019, online): O processo é desenvolvido para facilitar a prestação de serviços. Osvários pontos de contato, como vimos, são planejados visando a uma fluidez e eficiência que permitam a prestação de serviços sem 42 atrapalhações, complicações ou impedimentos do processo, e de forma lucrativa. No entanto, a qualidade do contato dos funcionários com os clientes é fundamental. Um bom processo só é completo se o nível de contato com os clientes for satisfatório. Os procedimentos referem-se ao atendimento, ou ao “momento da verdade’’. É nesse momento que se realiza tudo aquilo que foi ensinado e praticado no treinamento, no planejamento etc. Os clientes percebem uma boa ou má prestação de serviços, em grande parte, pela qualidade do contato pessoal com os funcionários de uma empresa. É possível dizer que bons procedimentos ajudam o consumidor a se manter paciente enquanto aguarda a realização do serviço que solicitou, uma vez que compreende e aceita cada etapa de sua realização. Procedimentos e processos bem alinhados economizam recursos, diminuem o desgaste de equipamentos e promovem níveis maiores de qualidade, que por fim são traduzidos em fidelidade e indicações pelo cliente. 43 Acesse o link: Disponível aqui Vamos mudar de perspectiva e tratar procedimentos e processos do ponto de vista do cliente. O cliente de serviços pode ser especializado ao ponto de ter seu próprio processo de prestação de serviços. Em ambientes como os hospitalares, que são cercados de cuidados, normativas e regras sanitárias rígidas, existe um maior controle sobre a prestação de serviços, portanto neste caso a metodologia de trabalho vem do cliente. A área médica possui, dentre outras regulamentações, a forma de descarte de seu lixo e ao contratar serviço de coleta e descarte de lixo hospitalar a respectiva unidade médica precisa ter total certeza que a empresa terceirizada conduzirá o processo respeitando totalmente as normas, pois mesmo ao sair de suas dependências, não deixa de ser responsável pelo destino de seu lixo. Portanto, hospitais costumam ter manuais e normas para a contratação de serviços, e as empresas que os servem costumam se basear nessas informações para ajustar a forma com que prestam serviço. Leia mais sobre isso no “Manual de Normas e Procedimentos de Contratação” do HCP – Hospital de Câncer de Pernambuco. 44 http://hcp.org.br/images/publicacoes-oficiais/HCP/manuais/Manual_CONTRATACAO_DE_SERVICOS_HCP.pdf Pessoas Tudo o que for ofertado a um cliente, seja um produto ou serviço, é a soma de diversos componentes tangíveis ou não. Cada um dos elementos que o cliente recebe provocará uma sensação em nível diferente: o que você repara mais? O que você considera mais como sinal de qualidade no que consome? Claro que pensando nisso, chegamos ao P de pessoas, pois embora estejamos vivendo na era da inteligência artificial, a grande maioria dos serviços é realizada por seres humanos, mesmo que tal serviço seja online. De acordo com Las Casas e Las Casas (2019, online): A maior parte dos investimentos na área de serviços é na mão de obra. As empresas que prestam serviços necessitam comercializar atos, ações, desempenho, conforme foi mencionado anteriormente. Para comercializar “desempenho’’ é necessário treinar os vendedores, gerentes e demais funcionários. Entretanto, para treinar também há necessidade de se contratar as pessoas certas. O pessoal de uma organização é muito importante para a qualidade da prestação de serviços. Além disso, as pessoas contratadas ajudam a formar uma imagem. Indivíduos de boa aparência e bem treinados comunicam uma preocupação da administração em atender bem seus clientes. O encarregado de realizar um serviço pode estar muito bem assessorado pela empresa, treinado pelas melhores técnicas, mas precisa ser a pessoa certa para o trabalho, precisa ser capaz de agir conforme o que sabe como procedimento de qualidade, e isso se consegue pela somatória de contratação e capacitação. Ambos os elementos – contratação e capacitação – devem ser bem dimensionados, pois não é só o perfil do cliente que tem efeito na percepção do serviço: o perfil do prestador impacta severamente. Mais uma pergunta: você já contratou alguém para realizar algum serviço de manutenção ou pequena reforma em sua residência? Esse exemplo reforça como a mudança no perfil do prestador de serviços e do próprio mercado, mudou a percepção de qualidade por parte dos prestadores e dos clientes. 45 Dezenas de anos atrás, a prestação de serviços como uma reforma de um cômodo, como uma cozinha, exigia mais conhecimento do cliente sobre o que e como pretendia que o serviço fosse realizado. Mas hoje, com tantas franquias do tipo “Marido de Aluguel”, com seguradoras ofertando serviços semelhantes e até mesmo o número de cursos profissionalizantes na área, o setor passou por uma tremenda especialização. Podemos contar que até o nível de escolaridade do prestador de serviços mudou positivamente neste sentido, e com isso o setor passou a ter melhor desempenho e consegue ofertar cada vez mais serviços de alta qualidade por valores de varejo. A Entrega do Serviço Se existir uma lista dos pecados capitais do setor de serviços, um deles, sem dúvidas, deve ser não ofertar mais do que possa atender! O consumidor aceita esperar o que foi acordado como prazo, após tal prazo o que fica, mesmo que o serviço seja feito com excelência, é a sensação de falta de organização, cuidado com o cliente. A famosa série de Ficção Científica Star Trek, Jornada nas Estrelas, em sua primeira versão apresentou o engenheiro Montgomery Scotch, que fazia algo peculiar com seu serviço a bordo da nave Enterprise: sempre que lhe solicitavam o prazo de algum reparo, ele relatava um tempo estimado duas vezes maior que o real e, com isso, ao terminar o trabalho na metade do tempo combinado, ficava com a imagem de miracle worker, ou trabalhador milagroso. O serviço de logística é a forma mais prática de se observar onde a entrega do serviço entra como balança de qualidade. Se o cliente compra algo e no processo é informado que vai esperar 30 dias, mas o produto chega em 25 dias, esse ganho costuma gerar satisfação, ao passo de que se o produto demorar cinxo dias além do prazo muitos clientes já vão começar a ligar aos seus advogados, tamanha é a frustração que esta quebra pode gerar. É importante que o empreendedor conheça sua capacidade de atendimento e que não tenha medo de dar prazos honestos aos seus clientes. Em ações comerciais ou promoções, o conhecimento da capacidade atual de produção deve ser avaliado sob o olhar da demanda que tal ação ou promoção vai provocar. 46 Embora muitos acreditem que uma interminável fila de clientes em frente a um estabelecimento deve ser visto como algo extraordinário, pode ser indício de uma oferta que excedeu e muito a capacidade de entrega, e a fila tem em sua imensa maioria clientes frustrados que podem não ser atendidos. Pode ser complexo balancear a oferta de um serviço, mas é preciso. Se a balança de oferta tiver que pender para um lado, que não seja para o lado da falta, do atraso ou do cancelamento, pois nesses casos a comunicação do erro que o cliente faz é ligeira e extremamente danosa à imagem da empresa. De acordo com Nóbrega (2013, pg. 187) Na definição da capacidade de atendimento, a médio e longo prazos. Isso é estabelecido antes de o serviço iniciar a operação, quando algumas questões precisarão ser definidas de forma mais cuidadosa, e mais estática. Aqui está se falando mais em termos de capacidade instalada. A posteriori, no dia a dia da operação, envolvendo agenda de trabalho e programação dos serviços. Aqui está se falando mais em termos de adequação da capacidade a flutuações de demanda, dentro dos limites de capacidade instalada. O objetivo principal é evitar problemas como: deterioração da qualidade, espera, filas. 47 Frustração é um veneno no mundo dos serviços e pode destruir a carteira de clientes de uma empresa. Graças à tecnologia atual existem diversas formas de se manter o cliente em espera de forma que ele não só tolere a espera, mas quea aproveite. Para estes mimos, temos televisão a cabo, internet wi-fi, revistas (algo clássico, mas que ainda tem seu público), máquinas de café expresso e muito mais. Não existem limites para a criatividade na hora de se prover algo que mantenha tranquilo o cliente em espera, e as empresas que desejam sobreviver precisam acompanhar isso como tendência, pois correm o risco de serem preteridas. Sobre esses mimos de sala de espera, Nóbrega (2013, pg. 187) afirma que: [...] aparelhos de TV colocados em sala de espera de hospitais, clínicas e outras organizações, e comenta que estudo e pesquisa sobre os fenômenos dos serviços constitui uma área muito importante da gestão de operações, e confessa ser uma apaixonado pela gestão de serviços, pois se pode aprender todos os dias, com clientes e prestadores. E tudo pode ser avaliado a partir da operação dos serviços, de modo a ser incorporado na próxima operação. Estudo de Caso A montadora de automóveis Toyota possui em suas concessionárias um processo na sua prestação de serviços de manutenção e revisão de dar inveja a muitos por ai. O processo consiste em 10 etapas que vão da recepção do veículo até sua entrega, após manutenção ou revisão. Nosso foco aqui é o último passo: a entrega do carro ao cliente. No passo 10, o funcionário encarregado entrega o carro ao cliente e dele aguarda um posicionamento se o serviço foi concluído a contento ou se algo ainda está de errado. Para a direção da Toyota, o serviço não termina se o cliente não atestar seu completo contentamento com o resultado. Sem a aprovação do cliente, o concessionário não encerra o protocolo de atendimento e passa a ser avaliado pela empresa, não com o concessionário. 48 Este décimo passo do sistema de atendimento Toyota pode ser considerado mais complexo que os passos nos quais o serviço é efetivamente feito (os passos nos quais o reparo é realizado), pois possui o agravante de depender da honestidade do cliente. Basta o proprietário de um Toyota afirmar que algo ainda está errado com o carro que o tal passo 10 não encerra, e o carro deve passar por nova vistoria, avaliação de mecânico, novo reparo e novo passo 10. Vamos ao caso: certa vez, o consumidor de um modelo Toyota respondeu que seu carro estava em condições de uso e que o defeito inicialmente relatado tinha sido reparado, o que fez encerrar seu passo 10. Mas dias depois o cliente divulga um vídeo na internet se queixando do serviço da concessionária Toyota demonstrando um irritante e estridente barulho nos freios dianteiros. Rapidamente o gerente de serviços Toyota chamou o consumidor para uma avaliação para descobrir que as pastilhas de freio tinham sido substituídas por marca paralela pelo próprio consumidor e em estabelecimento questionável e fora da rede de concessionárias Toyota. O cliente teve então o carro retornado a uma condição de fábrica com pastilhas originais instaladas e ficou satisfeito, embora tenha feito propaganda negativa e inverídica sobre os serviços da Toyota. 49 Se você fosse o gestor, o que faria? Revelaria a verdade da mesma forma que o cliente revelou a mentira? No mundo dos serviços, muitas vezes o prestador vai passar por situações como esta e deverá escolher com cautela o caminho a ser seguido. Retribuir na mesma moeda poderia provocar imenso mal estar para a empresa e a extensão disso seria, com certeza, jurídica, o que tornaria ainda mais desgastante todo o processo. A entrega do serviço é a cereja do bolo, mas empresas preparadas têm acesso a bolos enormes e cheios de cerejas. O contentamento do cliente depende do nível de exigência que seu perfil exige e não deve ser encarado como desafio, até mesmo porque a empresa é quem escolhe com qual consumidor e com qual perfil vai trabalhar. Ao buscar o mercado de luxo, o empresário vai ter que desenvolver um serviço de luxo condizente e se prontificará a atender as mais altas demandas e expectativas de seu público. No mesmo passo em que o empresário que escolhe prover um serviço de massa vai buscar por um modelo mais padronizado, de varejo para sua proposta e vai evitar elevar seus custos com itens que custem muito caro. A entrega é o momento em que o gestor comprova que compreende seu cliente! O Pós-Venda dos Serviços Já ouviu falar do cliente oculto? Não me refiro a algum cliente que entre na loja e fica escondido dos funcionários, ou que faz compras online sem dar seu nome verdadeiro. Estou me referindo a um funcionário da empresa ou contratado de empresa terceirizada que tem por objetivo comprar produtos ou contratar um serviço, receber o serviço e por fim, sem o conhecimento de quem o atendeu, realizar um relatório da experiência de compra. Hoje, existem muitas empresas que realizam ações com o cliente oculto e outras tantas que oferecem esse serviço, pois em um mundo de elevada competição, as empresas precisam saber se lá na ponta, na loja, está tudo acontecendo como foi desenhado em seu planejamento. O cliente oculto passa por todo o processo, todo mesmo! Não é uma simulação, já que ele chega a pagar e a receber o serviço. Um dos pontos principais do uso desse artifício é checar se o cliente recebe promessas que são cumpridas. Existe 50 subjetividade no marketing de muitos produtos, e isso torna a frustração relativa na maioria das vezes, mas com produtos as promessas não cumpridas são frustrações imediatas, e isso deve ser evitado a todo custo. Las Casas (2019, p. 144) completa a questão das promessas com sua descrição de serviço: [...] prestação de serviços inicia com o fechamento do pedido ou assinatura de um contrato. Nesse momento é que todas as promessas começam a ser cumpridas. Se as expectativas do cliente não forem atingidas, haverá insatisfação e perda de credibilidade. Isso exige um acompanhamento constante da “administração dos relacionamentos” A empresa deve avaliar tudo o que faz, desde o chão de fábrica até o café servido. O uso do cliente oculto promove um relatório bem preciso de como a equipe que atende os clientes está se saindo, mas no caso dos serviços, são muitos os pontos que podem ser avaliados: 51 Tabela 2: “Diferentes tipos e enfoques de avaliação de serviços” | Fonte: Nóbrega (2013, p. 189). Tipo de avaliação Operacional Gerencial Interna (Empresa) Conduzida por equipe interna, de operação ou supervisão. Faz uso de indicadores, padrões internos da empresa, medições, observações. Tem foco na operação, podendo ser realizada durante o serviço ou imediatamente após concluído. Conduzida por supervisão ou gerência. Faz uso de indicadores, relatórios e análises. Tem foco na gestão ao longo de um período no mínimo mensal. Serve para tomada de decisão e ações táticas e/ou estratégicas. Externa (Cliente) Conduzida por equipe interna ou externa (consultoria independente). Pesquisas com clientes, detectando opiniões, impressões gerais, grupos focais, ou auditoria (cliente misterioso). Tem foco na operação, embora seus resultados levem um certo tempo para processamento, análise e decisão. Serve para tomada de decisão e ações táticas (gerenciais). Conduzida por gerência ou consultoria externa. Faz uso de pesquisa abrangente, grupos focais, auditoria, cliente misterioso. Tem foco na gestão ao longo de um período no mínimo trimestral. Serve para tomada de decisão e ações eminentemente estratégicas. 52 Seja um produto ou um serviço, o elemento humano cliente será sempre complexo, até previsível, mas influenciável. Já no caso dos serviços, o outro humano, o prestador, traz maior complexidade às relações daquilo que pode ser visto numa manufatura, por exemplo. Treinamento, incentivo e acompanhamento são ações que devem ser permanentes nas equipes que atendem ao público. Seu trabalho precisa ser acompanhado de todo e qualquer método de avaliação e sempre referenciando as ações realizadas com um modelo criado, ideal e funcional. 53 04 Estruturas da Prestação de Serviços 54 Cada serviço segue um ritual, uma sequência de etapas, de burocracia e de procedimentos que são desenhados com algunsobjetivos em mente. Em parte, os serviços são desenhados para a satisfação do cliente, mas outra parte nos indica que existem também serviços que são desenhados para serem fáceis e baratos ao empresário. Nesta unidade, vamos percorrer pontos-chave da estrutura da prestação de serviços e como cada elemento mexe com a sua dinâmica, a começar pelo sistema de fornecimento, em que se define o maior ou menor envolvimento do consumidor nos procedimentos. Ao tratar do design da instalação, vamos compreender como promover a dinâmica da prestação do serviço fazendo literalmente o cliente se mexer. No item localização, vamos abordar as mudanças que ocorrem com o formato do serviço dependendo de onde está localizado o estabelecimento. Outro ponto importante que vamos abordar diz respeito ao planejamento da capacidade e sua metodologia de uso, que vai determinar se é preciso agendamento, ou o tamanho do impacto da necessidade do consumidor no tempo de realização de cada serviço, sem se esquecer da importância do prestador bem treinado. Por fim, vamos falar do que se faz em termos de serviço em um shopping center e porque este é um ambiente feito para servir, muito mais do que para vender coisas. Elementos Estruturais A satisfação do cliente é o que vai dar o tom de qual metodologia é mais efetiva: a de se pensar serviço só com o cliente em mente ou a de pensar apenas na facilidade do processo. De qualquer forma, precisamos conhecer os aspectos mais estruturais dos serviços, pois são neles que as mudanças são mais visíveis. Dentre os aspectos que vamos listar aqui, temos: sistema de fornecimento, design da instalação, localização e planejamento da capacidade, e veremos mais a fundo cada um desses elementos a seguir: 55 Sistema de Fornecimento Envolver ou não o cliente no serviço prestado vai depender da sensibilidade da percepção de qualidade envolvida. Muitos são os serviços cujo resultado são altamente padronizados, e para estes o sistema de fornecimento pode ser o mais simplificado possível. Pense nos serviços de entrega, por exemplo. Não são feitos para envolver o cliente em nenhuma etapa do processo, e seu fornecimento é totalmente distanciado do cliente até o momento da entrega em si. Segundo Fitzsimmons e Fitzsimmons (2014, pg. 87), “uma marca da abordagem do Shouldice é a participação do paciente em todos os aspectos do processo. Por exemplo, os próprios pacientes depilam-se antes da operação e caminham da sala de operação até a área de recuperação.” Os serviços que apresentam maior envolvimento do consumidor possuem conotação de intimidade, como no caso mencionado por Fitzsimmons e Fitzsimmons envolvendo clínicas de saúde, e pode ser aplicado sempre que existir o elemento medo. A presença do pai no momento do parto demonstra como em muitos serviços a participação do cliente tem conotação de intimidade. Pense: a mãe está cercada de profissionais altamente capacitados para a tarefa de fazer o parto, mas a presença do pai promove tranquilidade e confiança. Design da Instalação É fato que o empreendedor inteligente educa seus consumidores. Ao educar o consumidor, o empreendedor consegue impor certos hábitos de consumo e moldar a oferta do serviço mais de acordo com sua vontade do que com o que pensa o mercado. Ao se desenhar a prestação de serviços, existe uma abordagem que vai levar tudo ao cliente com alta comodidade; outra em que o cliente tem acesso a todos os serviços, mas precisa ir até eles e uma em que os dois aspectos se misturam. Tudo vai depender do que se trata seu serviço. 56 Um resort, hotel com amplas instalações que além de dormitórios e alimentação fornece diversas opções de entretenimento, é um bom exemplo de forma híbrida de design de instalação. Existem nos resorts os serviços que vão até o cliente, como serviços de quarto, e outros serviços em que o cliente deve se deslocar para realizar, como atividades recreativas, usar a piscina, etc. Veja o exemplo da área da saúde apresentado por Fitzsimmons e Fitzsimmons (2014, pg. 87): As instalações são intencionalmente projetadas para incentivar os exercícios e a recuperação rápida em quatro dias, permitindo que o paciente retorne às atividades cotidianas na metade do tempo em relação aos hospitais tradicionais. Os quartos são desprovidos de comodidades como telefone e televisão, e os pacientes devem caminhar até os salões, os chuveiros ou a cafeteria. A ampla área dos jardins do hospital foi projetada para incentivar os passeios, e o interior é acarpetado e decorado para evitar quaisquer “associações” comuns a hospitais. Seu serviço precisa movimentar o cliente? Ou o cliente pode aguardar sentado? Já lavou o carro com aquelas máquinas de postos de combustível que possuem diversos rolos e você só precisa estacionar o carro num local específico? Esse serviço de lavagem apresenta extrema conveniência ao cliente que precisa apenas parar o carro corretamente e esperar que o serviço ocorra. Agora se você contratar um personal trainer para lhe acompanhar nos exercícios nas ruas de sua vizinhança, vai ter que se movimentar e muito para que o serviço seja realizado. Localização O local onde se presta o serviço ajuda a determinar seu nível de padronização. Aqueles serviços que atendem a um público mais regional com o tempo podem ir perdendo elementos que não são solicitados. Outro ponto a se considerar sobre a localização do serviço é que vai limitar ou ampliar a possibilidade da oferta. 57 Serviços localizados em um shopping center, por exemplo, precisam de maior nível de atenção aos detalhes, pois nestes centros de compras a diversidade do público que o frequenta não permite que o gestor tenha seu foco apenas na população que o circunda. Assim, para Fitzsimmons e Fitzsimmons (2014, pg. 87), O fato de estar localizado em uma grande metrópole com excelente serviço aéreo dá ao Shouldice acesso ao mercado mundial. A grande população local também permite que os pacientes possam marcar a cirurgia com pouco tempo de antecedência a fim de preencher reservas canceladas. Podem existir momentos em que o local determina o serviço. Quais serviços de saúde podem ser realizados em uma farmácia? Bem, claro que estamos falando de serviços de saúde que são passíveis de complexa legislação e com isso não se pode simplesmente realizar quaisquer serviços, mas alguns serviços podem, sim, ser realizados, como a aferição de pressão arterial e glicemia, dentre outros. Os serviços de aferição de glicemia e pressão arterial têm potencial de serem realizados em farmácia devido ao curso tempo que se necessita pra tal procedimento. Agora você compreendeu aonde quero chegar: existem serviços que consomem mais 58 ou menos tempo, e dependendo de quanto tempo o consumidor está disposto a passar no local, vai determinar qual serviço tem potencial de ser solicitado. O que você acha de se colocar máquinas de jogos, os chamados fliperamas, nas salas de espera de oficinas mecânicas? Bem, a julgar pelo tempo que alguns reparos levam para ser concluídos parece, sim, uma boa ideia. Mas se estamos falando de um local próximo à catraca de uma estação de trem provavelmente o público que a frequenta não vai ter tempo para parar e usar os fliperamas. Já passei por uma situação intrigante. Há alguns anos, quando poucos tinham internet, fui contratado temporariamente para vender acesso à internet dentro de um banco. O que se passou era que eu tinha que explicar o serviço e o valor a um público que só queria correr para o caixa e pagar suas contas para sair do banco tão rápido quanto entraram. Bem, você deve estar imaginando que não vendi muito, e está certo. O erro deste local estava na dinâmica do comportamento do público dos bancos. Planejamento da Capacidade A forma mais prática de se desenvolver bom uso da capacidade é com agendamentos. Durante 5 anos, tive o prazer de viver em Londres, Reino Unido, e certo dia fui com um amigo ao dentista e lá descobri algo interessante: o governo impõe que o dentista ocupe toda sua agenda com atendimentos aos usuáriosda saúde pública. Em resumo: se o dentista dispõe de 20 horários de atendimento por dia deverá ter 20 agendamentos! Este uso do serviço significa que está sendo utilizado de forma completa, sem desperdício e ociosidade, o que é ótimo para o prestador de serviços. Complementando com Fitzsimmons e Fitzsimmons (2014, pg. 87), “como as operações de hérnia são procedimentos facultativos, os pacientes podem ser programados em lotes para preencher o tempo operacional disponível;” Agora, se o gestor não tem agendamentos, se ele atende assim que um cliente adentra o estabelecimento, não haverá problema – desde que não cheguem dois ou mais clientes ao mesmo tempo, pois a situação fica agravada se cada atendimento levar tempo demais. 59 Como avaliar a capacidade produtiva nos serviços? Acompanhe a tabela a seguir e compreenda os aspectos que determinam, dentre outros fatores, o tempo necessário para se realizar um serviço, e com isso quantos serviços podem ser realizados por experiente, por máquina ou por operador. 1. Produção por tempo O primeiro passo é quantificar quantas unidades saem da linha de produção em determinado período. Produtos pequenos e de rápida produção, como copos plásticos, podem ser calculados em minutos, enquanto outros maiores podem ser medidos por hora. Essa será a base para os cálculos de capacidade produtiva, [...] 2. Tempo produtivo Com o primeiro item concluído, você agora deve multiplicá-lo pelo tempo de trabalho. O ideal é considerar um dia completo de produção, que costuma durar 8 horas em média. Se a sua produção é de 100 unidades por hora, por exemplo, então sua produção disponível diária será de 800 unidades. 3. Interrupções de produção Conforme já visto, as interrupções para limpeza e organização do ambiente de trabalho também devem ser contabilizadas no processo produtivo, pois dificilmente será possível manter um dia inteiro de trabalho a pleno vapor. Por isso, é importante medir o quanto do tempo de trabalho diário não é traduzido em produtividade. 4. Calculando a eficiência Por fim, o que você realmente precisa é saber o quão eficiente é a sua produção. Se o máximo de unidades é gerada com base nos recursos disponíveis. Para chegar a um resultado, você deve dividir a produtividade realizada pela efetiva, sendo o resultado a sua taxa de eficiência. Fonte: Gomes (2017, online). 60 Estes quatro itens representam bem a importância de se ter em mente quem são as pessoas do serviço: clientes e prestadores. Do lado do cliente, o impacto no tempo vem sempre do nível de exigência, da necessidade de atenção do cliente e do tamanho do envolvimento dele nos processos. Do lado da pessoa que presta o serviço, o número de atendimentos que serão ofertados dependerá do número de processos pelos quais o serviço percorre e qual o grau de treinamento que o prestador possui (um prestador bem treinado não perde tempo, não comete erros com frequência). O Cliente Participa do Serviço A customização do serviço pode incluir a participação do consumidor e tem por resultado a criação de fabulosas experiências de consumo. Existem lanchonetes de fast food que optam por deixar que o cliente se atenda. Ok, sei que lanchonete vende lanches e lanches são tangíveis, produtos que você pode tocar e devorar, mas existe muito serviço envolvido. Munidos de computadores e imensas telas de toque, esses estabelecimentos apresentam ao cliente uma série de menus e opções, e com isso a lanchonete não precisa se preocupar em pré-determinar seu cardápio, pois vai servir sempre aquilo que o cliente desejar. Sobre o grau de envolvimento do cliente, Fitzsimmons e Fitzsimmons (2014, pg. 96) afirmam que: Dependendo do grau de envolvimento do cliente, é possível desenvolver um amplo espectro de sistemas de prestação de serviço, que vai desde o autoatendimento até a dependência completa em relação a um provedor. Consideremos, por exemplo, um agente imobiliário. O proprietário de uma casa pode optar por vender pessoalmente sua casa ou distanciar-se de qualquer envolvimento direto ao contratar um agente imobiliário, que receberá uma comissão significativa. Uma alternativa intermediária é a abordagem da “galeria de casas”. Mediante o pagamento de uma taxa (p. ex., 500 dólares), o proprietário inclui sua casa em uma “galeria de casas à venda”. 61 Você pode contratar alguém para instalar um ventilador de teto em sua casa e, às vezes, o que o motiva a solicitar o serviço é o simples fato de que você não possui as ferramentas necessárias. Muitos brasileiros gostam de ser independentes quando o assunto são pequenos reparos e instalações residenciais, mas e se fulano não tem as ferramentas, o que fazer? Bem, existe um serviço de locação de ferramentas que vai atender a esta e outras pequenas demandas do cliente mais ávido por trabalhos manuais. Lembra-se de quando falamos dos casos em que o cliente não confia nos serviços de determinada empresa ou até mesmo em determinada classe de prestação de serviços? Imagina que você não confia nos instaladores de ventilador, você então deseja fazer por conta própria a instalação e, para isso, aluga uma furadeira, uma escada e algumas chaves e alicates. Pronto, agora você mesmo pode fazer. Sua tarefa agora é pensar quais outros serviços tais como o de locação de ferramentas existem por aí. E qual você sugere que seja oferecido? Para responder, pense que o serviço precisa promover comodidade e facilidade, para o consumidor. Shopping Centers e a União de Serviços Quando se fala de shopping center, é comum associá-lo apenas a um amplo local onde estão dispostas diversas lojas vendendo uma grande variedade de produtos. Mas o shopping é, na verdade, uma central de prestação de serviços. 62 Ao oferecer local seguro e confortável para estacionar o carro dos clientes, ao oferecer banheiro com fraldário, banheiro de família, enfermaria, sala de espera, local de descanso, praça de alimentação, central de serviços com chaveiro e câmbio, os criadores dos shopping centers estão promovendo uma central de prestação de serviços. Portanto, ele sintetiza – e muito – o que falamos sobre localização na prestação de serviços. Se você considera divertido ir a um shopping Center, então compreende quando digo que é local de prestação de serviços. Existe uma grande magia, uma atmosfera criada para injetar felicidade nas pessoas e facilitar a compra de produtos. Mas existe também muita facilidade e serviços para tornar um shopping center realidade e atrativo às pessoas. Embora nos Estados Unidos os shopping centers estejam passando um momento de desapego pelo público, no Brasil ainda existe muita lenha a ser queimada e com isso ainda encontramos dezenas desses belos estabelecimentos, alguns com centenas de metros quadrados de lojas e diversão. Acesse o link: Disponível aqui Quer saber quais são os shopping centers preferidos dos brasileiros? Leia o artigo completo da revista Exame intitulado “Os 30 shopping centers mais amados pelos brasileiros”. Agora tenho certeza que você, estudante, vai olhar para os shopping centers com um olhar diferente, e tem mais: com a perspectiva da prestação de serviços, pois você vai compará-los com o comércio de rua e ver como são gritantes as diferenças: já viu ruas com ar-condicionado ou com segurança particular? 63 https://exame.abril.com.br/marketing/os-30-shopping-centers-mais-amados-pelos-brasileiros/ 05 Comunicação de Marketing para Serviços 64 Nesta unidade, vamos dialogar sobre a importância do marketing de serviços na divulgação de vantagens. A necessidade de se fazer isso parte por conta da própria intangibilidade e parte devido à necessidade que muitos serviços têm de precisar fazer sentido na vida do cliente para que sejam consumidos. Trataremos das evidências como diferenciação do marketing de serviços e outras formas de marketing e como estão baseadas na qualidade total, sem se esquecer de que qualidade tem custo, e é preciso ter a viabilidade sempre como lembrete de onde se pode chegar com a qualidade. São heterogêneasas expectativas dos clientes de serviços devido à sua característica de intangibilidade, em que o consumidor desenvolve uma série de expectativas sobre os serviços, e há a necessidade de desenvolver soluções que tenham esta prerrogativa em mente. 65 A Importância do Marketing de Serviços Vamos começar este tópico estabelecendo uma base interessante aqui: o termo marketing é um daqueles que constantemente têm seu significado distorcido ou deveras simplificado. Tanto Paladini e Bridi (2013, pg. 2) quanto este professor que vos apresenta o conteúdo acreditamos que “é importante lembrar que não se deve confundir marketing com vendas. O esforço de vendas é somente uma parte, pois o marketing deve começar muito antes de o produto estar pronto.” O marketing de serviços tende a ser muito mais direto que outras formas de marketing, e você, aluno deve ter bons exemplos disso em sua vida e na sua rotina diária, principalmente se mora ou trabalha em grandes centros. Nas grandes cidades, em avenidas comerciais é fácil esbarrar em alguém oferecendo algum serviço e o fazendo com imensa criatividade. Eles cantam, dançam, usam megafone, caixas de som e luzes com o objetivo de cativar sua atenção. São artistas que muitas vezes encantam antes mesmo de prestar qualquer serviço. 66 De acordo com Barboni (2019, online), o marketing de serviços representa uma série de: [...] métodos para divulgar as vantagens e os impactos de uma oferta para a vida do cliente. Para isso, ele usa de táticas de comunicação baseadas no relacionamento com o público-alvo que vão desde a publicação de conteúdo informativo até o envio de comunicação com SMS e a veiculação de propagandas em mídias de massa. Portanto, quando você encontrar alguém com um colete de cor florescente e letras gigantescas anunciando que compra ouro com pagamento imediato, está diante disso: uma comunicação de um serviço com uma vantagem explícita. São muitos os casos em que a comunicação do serviço e suas vantagens revertem na imediata conquista de clientes, mas também são muitos os casos em que pessoas comunicam vantagens e efeitos de seus serviços que ao final se provam equivocados ou superestimados. Use toda a criatividade para comunicar um serviço, mas comunique apenas a verdade, o eticamente correto, e evite trabalhar na sombra do concorrente imitando- o ou insultando-o. Seja empreendedor, portanto, inovador! Os 7 Ps do Marketing de Serviços Afirmar que o que for comunicado pelo marketing representa contrato jurídico, em outras palavras, o que a propaganda diz deve ser entregue quando o cliente comprar o produto ou serviço, pode até ser exagerado embora verdadeiro, mas quando nos apegamos apenas aos serviços, isso representa compromisso moral. Se você se convencer a contratar algum serviço pelo que a propaganda lhe informou, vai desejar ter as expectativas dela originadas cumpridas e até excedidas positivamente. Com isso em mente, podemos dizer que o marketing de serviços vai expor aos clientes em potencial todos os benefícios e vantagens oferecidas e porque determinado serviço é melhor que os outros do mercado, mas quando o cliente 67 contratar deverá receber toda esta promessa e mais. De acordo com Moraes (2018), Marketing de serviços é um conjunto de táticas que ajudam a explicar o valor do serviço e convencer o cliente a escolher uma empresa específica. Por meio dessa estratégia de marketing, é possível garantir o máximo da satisfação dos consumidores e usuários. A empresa que desenvolve um serviço de qualidade, com processos e procedimentos coerentes, de qualidade e vanguarda, ao promover isso em seu marketing e entregar tudo isso, ao final vai ter a total satisfação do cliente. Para compreender melhor os componentes desenvolvidos para um serviço de qualidade, Morais (2018, online) apresenta os 7 Ps do Marketing de Serviços: 68 1. Produto Tudo bem… Estamos falando de serviços, e o 1º item é produto? Parece estranho, mas a verdade é que todo serviço contém um produto, ou seja, um resultado que vai gerar valor para o cliente. É fundamental que você tenha bem em mente qual é o produto que o seu negócio vende. 2. Preço Acertar o preço é um desafio, e no caso de serviços mais ainda, pois alguns fatores subjetivos entram em cena e, dependendo do ramo de atividades, tarefas similares podem ter valores completamente diferentes. 3. Praça A praça se refere ao local usado para realizar o trabalho. Será em um local próprio ou na casa dos clientes? Pode ser feito a distância ou precisa ser pessoalmente? 4. Promoção A promoção diz respeito a tudo que se faz em termos de comunicação com o público para divulgar os serviços oferecidos. Isso envolve desde a mensagem utilizada em anúncios até a linguagem adotada para se comunicar com os seguidores nas redes sociais. 5. Processos Para ser contratado de novo pelo cliente, não basta finalizar o serviço. É necessário atender as expectativas ou superá-las, sempre que possível. Desenvolver processos de trabalho eficientes é uma das formas de garantir que isso sempre aconteça. 6. Pessoas A qualificação do pessoal que trabalha com você é de imenso valor, pois, se não forem bem treinados (e tratados), os profissionais vão falhar em satisfazer os clientes e manter o padrão de qualidade. 7. Palpabilidade A palpabilidade se refere às evidências físicas do serviço que deve ser divulgado. Por se tratar de algo intangível, é preciso dar pequenas pistas visuais que ajudem o cliente a visualizar o valor da oferta. Quadro 1: Os 7 Ps do Marketing de Serviços | Fonte: Adaptado de Moraes (2018, online). 69 Seja lá qual for o serviço oferecido, uma coisa é universal: o foco de todo o processo, do projeto ao marketing, é a pessoa, seja o cliente, a pessoa que vai receber o serviço ou a equipe que vai realizá-lo. Assim, é importante ter uma equipe afiada na execução do serviço e sempre com foco na qualidade total. Acesse o link: Disponível aqui Veja o artigo completo sobre os 7 Ps do Marketing de Serviços. Inovar é sempre recomendado, mas se você está iniciando em prestação de serviços, não existe mal nenhum em ver como a concorrência pratica sua comunicação e seguir o ritual. Claro que o bom gestor não pode copiar cegamente, tendo em vista que empresas de diversos tamanhos, com diversas filosofias, diversas táticas de mercado e diversos custos operacionais oferecem serviços semelhantes. Fazer o marketing de serviços funcionar não é necessariamente tão complexo quanto se colocar em órbita um satélite, mas vai exigir estudo de mercado da pessoa que vai receber, realizar e comunicar. É um ciclo que nunca pode ser menosprezado. 70 https://rockcontent.com/blog/marketing-de-servicos/ O Marketing de Serviços e suas Diferenças para Outras Formas de Marketing Vamos direto ao ponto: enquanto boa parte dos benefícios de um produto fica listada nas especificações técnicas, mesmo que dispostas de forma elegante e criativa nas embalagens, não se compara ao que se faz no marketing de serviços. A comunicação de serviços tende a ser mais acirrada e objetiva em deixar claro as suas vantagens e qualidades. Claro que a tangibilidade do produto facilita, pois você vê, toca, cheira e até degusta para confirmar o que lhe foi apresentado na propaganda, ao passo que um serviço, que se abstém de tangibilidade, vai precisar comunicar tudo isso, o que se mostra grande desafio ao marketing, assim como defende Las Casas (2019, pg. 10) Há autores que defendem que a principal diferença está no aspecto da imagem e da administração de evidência. Os serviços profissionais dependem desses fatores para se desenvolverem, uma vez que não possuem uma parte mais tangível para ser apresentada aos clientes. As maiores diferenças podem ser observadas nas características dos serviços que impõem desafios para os administradores de marketing. A palavra evidência, no sentido quase investigativo da coisa, é deveras importante ao universo dos serviços. Basta buscar pelos testemunhos de quem usou o serviço que perceberá que, ligeiramentediferente do mundo dos produtos, os testemunhos de serviços são peça fundamental para a decisão de compra, principalmente se estivermos falando de algo novo, inovador e até inédito. Serviços são recheados de experiências, e as empresas usam das boas experiências de seus clientes como forma direta de se comunicar a qualidade e assertividade de um produto. Agradar o cliente é o objetivo da oferta de produtos e serviços. Muitos poderiam dizer que o objetivo das empresas é o lucro, mas você não lucra nada se seu cliente estiver insatisfeito, pois o descontentamento espalha mais que a felicidade, neste 71 caso. Portanto, o provedor de serviço sabe que seus concorrentes estão a todo o momento buscando formas de inovar, de oferecer mais aos consumidores com menos custo, menos tempo de espera, mais vantagens, enfim, em serviços, ser bom nem sempre é o suficiente – tem que ser o melhor. Diferenciação é a palavra de Las Casas (2019, pg. 170): Como se pode diferenciar um serviço tornando-o único e competitivo? Há uma série de etapas para alcançar esse objetivo. [...], abordamos a qualidade total como um diferencial no Marketing de Serviços. Além disso, as relações entre qualidade total e qualidade essencial são citadas, bem como a viabilidade da qualidade total na sua empresa. Sim, o distanciamento para com os concorrentes deve vir pela qualidade do serviço. Tempo de realização, de espera, uso de recursos, atendimento e pós-venda são elementos da qualidade do serviço, e o distanciamento aqui está no nível de excelência deste conjunto, não de um ou outro componente. 72 As Expectativas do Cliente de Serviços Para que a empresa consiga atingir e até superar as expectativas dos clientes, primeiro ela precisa conhecê-los. Embora existam casos de serviços nos quais, independentemente de aspectos como limpeza, organização da empresa e atendimento do prestador, o cliente tenha um nível de expectativa maior. Na maioria das ocorrências, o que vale mesmo é o que dizemos como “what you see is what you get”, que em português significa “você vai receber aquilo que compra”, direto, honesto, sem extras, sem bônus, só o que você vê e nada mais. Claro que os gênios por trás do marketing de algumas empresas adoram promover surpresas, pois sabem que ao exceder as expectativas do cliente criam memórias duradouras que facilitam a proliferação de seus serviços (o bom e velho marketing boca a boca) e também a tão sonhada fidelização deste cliente. Estudo de Caso Veja a imagem a seguir: 73 Ok, água não é serviço, é produto. Mas você vai concordar comigo quando digo que os estabelecimentos que vendem e entregam galões de água tem seu foco principal no serviço da entrega do que naquilo que entregam, correto? E sim, eu entendo que você está pensando: o que pode ter de especial em um serviço de entrega de água? Bem, na grande maioria, nada mesmo, mas a entrega de água é, sim, um importante case para os que buscam entender como é possível se diferenciar e vender muito mais que os concorrentes. Antes de continuar lendo, estudante, conte até 10 e neste tempo, pense: o que podemos fazer para ter o mais inovador, fabuloso e fantástico serviço de entrega de água do sistema Solar? 1 ... 2 ... 3 ... 4 ... 5 ... 6 ... 7 ... 8 ... 9 ... 10 Diga, seu exercício lhe trouxe alguma solução mirabolante? Bem, vou fazer agora um relato verídico que lhe apresentará uma forma de se tratar com inovação (ao menos para o ramo de entrega de água) com baixo custo e elevada taxa de satisfação. Um gestor despreparado vendeu hoje e não sabe se venderá amanhã. Já um gestor modesto vendeu hoje e provavelmente venderá amanhã, mas para pessoas diferentes, agora o gestor inovador, motivado e empreendedor vende hoje, amanhã e depois, para clientes novos, clientes recorrentes e até para clientes do concorrente. Mas qual o segredo aqui? O gestor empreendedor pensa no cliente! Vamos ao relato: Certa vez, um colega me contou o quanto tinha ficado positivamente surpreso com um pedido de garrafão d’água. Em seu relato disse que ligou uma vez para pedir água e o atendente foi cortês e atencioso, mas pediu alguns dados cadastrais normalmente não solicitados. 74 Faço uma pausa aqui para dizer que a esmagadora maioria dos serviços de entrega de água lhe perguntarão apenas o endereço e forma de pagamento! Voltando ao relato, este meu amigo disse que estranhou as informações solicitadas, mas as forneceu, motivado em grande parte pela educação do atendente. A entrega da água foi realizada a contento, com o entregador limpo e bem trajado para a função, e aparentemente a relação comercial se encerrou por ai. Um belo dia, vendo seu garrafão quase vazio, ligou novamente ao estabelecimento e quase deu um salto em sua cadeira quando o atendente lhe chamou pelo nome. Sim, é assustador o quanto esse acontecimento provoca satisfação. Além da saudação personalizada, o atendente se antecipou a ele falando se desejava outro garrafão e se o endereço de entrega era o mesmo. Quando o meu amigo respondeu duplamente sim aos questionamentos, o atendente dispara a cartada final oferecendo outros itens. A conversa e o consequente cadastro inicial feito deram ao estabelecimento um bom retrato deste consumidor e, com isso, o atendente conseguiu encaixar outros produtos com enorme aceitação para o perfil de consumidor de meu amigo – um show de atendimento. Enfim, o que eu, seu professor, quero aqui é que você reflita no seguinte: O que a empresa fez é Difícil? Caro? Complicado? Algo que só serve em empresas distribuidoras de água? Apenas por tentar responder a essas perguntas você já ganha maior sensibilidade sobre o que pode fazer para oferecer um serviço de alto impacto e qualidade, pense nisso! 75 Em muitos momentos da vida, porém, comprometemos nossas escolhas por questões como falta de tempo, de dinheiro, etc., e isso é um complicado processo de aceitação e redução de expectativas. Em termos práticos, estamos falando do jovem que, sem muito dinheiro, opta por cortar seu cabelo em um salão escola. O corte nos salões das escolas são mais baratos que o praticado no mercado, pois a execução do corte fica a cargo de um estudante que está estagiando, aprendendo, o que significa que podem ocorrer erros com maior frequência que em salões tradicionais. O jovem que adentra o salão escola fez a escolha em economizar sabendo da possível entrega de um serviço imperfeito. Ele ajustou seu nível de expectativa, o que não significa que também neste caso não possa ser surpreendido positivamente. Paladini e Bridi (2013, pg. 124), As expectativas dos consumidores de serviços são mais heterogêneas do que as dos consumidores de bens tangíveis, visto que o consumidor de serviços pode formular mentalmente uma série de atributos intangíveis, dificultando a atividade do profissional de marketing em constatar e mensurar esses atributos. 76 Embora seja possível classificar e segmentar clientes, não são poucos os casos nos quais o cliente diverge sua expectativa daquilo que lhe é classificado como expectativa padrão. Fato é que o gestor tem que avaliar as pessoas, principalmente as pessoas que vão receber o serviço, pois não existe um mercado consumidor que não tenha competição, e em cada mercado existem diversas empresas de tamanhos diferentes que estudam profundamente as pessoas. De acordo com Las Casas (2019, pg. 62), Uma forma de conhecer os clientes é por meio de uma investigação direta para avaliar suas expectativas a respeito de determinados serviços. Estas devem ser observadas e incluídas nas práticas empresariais. São várias as formas para se identificar quais são as exigências dos clientes a respeito de determinados serviços. São diversas as técnicas usadas para se conhecer melhor os clientes, as pessoas que compram os serviços, e o importante aqui é fazer sempre uma atualização independente da técnica usada em ordem de se detectar mudanças de comportamento de consumo. Uma das técnicas usadas é a dos grupos focais, em que se reúnem gruposde pessoas que tenham um perfil semelhante e lhes é apresentado um produto ou serviço com posterior avaliação. As expectativas são criadas por uma série de fatores, tais como as compras passadas, a indicação de amigos ou os estímulos de marketing normalmente advindos da promoção. 77 O bom de aplicar técnicas como a dos grupos focais é que elas permitem que a empresa valide ou modifique o formato de produto ou serviço que desenhou. Neste momento, o gestor tem acesso a questões como: será que o cliente vai valorizar este detalhe do serviço ou ignorar? Se o cliente ignora certo aspecto do serviço, este aspecto pode ser executado com excelência que não agregará em nada, positivamente ou negativamente, a experiência do consumidor, sendo apenas um custo que pode ser poupado. Sobre os grupos focais Las Casas (2019, pg. 62) apresenta: A técnica de grupo de foco, por exemplo, atende a essas necessidades. Neste caso, um grupo de consumidores é reunido em determinado local e o facilitador formula as perguntas para atender exigências quanto a “o quê” os consumidores consideram um bom serviço, o “porquê”, a fim de identificar as verdadeiras causas, e o “como”. Na realidade, grande parte dos assuntos de interesse da administração pode ser tratada em grupos de focos. As técnicas de pesquisa que visam traçar perfis de consumidor trazem diversas vantagens tais como a possibilidade de se regionalizar o serviço prestado. De norte a sul do Brasil, existem consumidores que se enquadram em um mesmo perfil, mas que devido à cultura de sua região, vão exigir peculiaridades nos serviços prestados. 78 Um exemplo disso está em algo que presenciei quando trabalhei em uma loja de operadora de telefonia móvel: nas lojas localizadas no Rio Grande do Sul, os bebedouros possuíam a opção da água quente, que era utilizada para a cultura do consumo do chimarrão, tradicional bebida quente gaúcha. Acesse o link: Disponível aqui O Sebrae é conhecido em território nacional por sua atuação em apoio ao empreendedor. Em sua atuação, o Sebrae oferece orientação, consultoria e até formação profissional que pode ser presencial com cursos e palestras e também online com diversos cursos e artigos. Para entender melhor o consumidor é necessário fazer muita pesquisa, ouvir este consumidor, e segundo Sebrae (201~, online): Entender o comportamento dos seus consumidores pode fazer toda a diferença na hora de colocar suas estratégias de negócios em prática. Para isso, é fundamental compreender como eles se relacionam com produtos, serviços, marcas e, principalmente, como fazem suas escolhas. Este artigo é bem objetivo e apresenta uma série de fatores como cultural, pessoal, social e psicológico, e você pode lê-lo por completo acessando abaixo. Tenho certeza de que se você frequentou lojas de uma mesma rede em diferentes estados. Este exemplo de regionalização está pipocando em sua mente e, sim, é uma prática comum. O importante é que isso demonstra que a empresa se importa com o cliente e mantém viva uma de suas tradições para que a experiência de atendimento seja sempre algo prazeroso ao consumidor. 79 https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/entenda-o-comportamento-dos-consumidores,4c73ce6326c0a410VgnVCM1000003b74010aRCRD 06 A Percepção da Prestação de Serviços pelo Consumidor 80 Nesta unidade, vamos tratar dos princípios que orientam a percepção do consumidor de serviços. O consumidor de serviços apresenta a mesma vasta segmentação que o consumidor de produtos, mas o que os vai diferenciar e vai diferenciar o comportamento de um consumidor quando compra serviço e quando compra produto são alguns princípios. No princípio da similaridade de experiências, vamos ter o impacto de um relato de experiência de consumo sendo visto como padrão de comportamento do profissional de todo o setor em questão. No caso do princípio da proximidade de serviços e empresas, temos situação próxima do princípio da similaridade de experiências, mas desta vez o impacto da impressão e da experiência fica limitado à empresa. Se um consumidor tiver uma experiência ruim com um serviço da empresa, ele passa a pensar que todo e qualquer serviço apresentará as mesmas falhas. Para o princípio da continuidade, temos a impressão de que comunicação da empresa é feita de tal forma que o consumidor passa a ecoar seus argumentos. Lembram-se do slogan “Tomou Doril, a dor sumiu”? Provavelmente o cliente sempre complementa mentalmente não só o slogan, mas o que ele representa. Por fim, teremos a avaliação da percepção do cliente em relação à qualidade usando a diferença entre um terno feito por um alfaiate e um terno oferecido em uma loja de departamentos. O terno é um produto, mas ao cair nas mãos de um alfaiate, transforma-se enormemente. O Princípio da Similaridade de Experiências É comum que as pessoas tenham pré-conceitos sobre produtos e serviços. Na década de 1990, com a popularização da venda dos produtos made in China (feito na China), nasceu também o estigma de que se determinado produto tivesse origem neste país, tinha pouca qualidade e não durava muito. 81 Toda vez que o tal made in China aparecia em um produto, a expectativa do consumidor era de que pagaria muito menos do que pagaria por seu similar nacional, mas que teria problemas de durabilidade, defeitos de fabricação, etc. O mesmo valia para o local onde esses produtos eram vendidos. “Camelódromos” e barracas eram os locais de venda comum desses produtos, portanto, quem os frequentava sabia o que esperar. Estamos falando aqui da similaridade de experiências, e conforme apresenta Las Casas (2019, pg. 8), Se algum corretor de seguros proporciona um mau atendimento a um número razoável de clientes, a clientela tende a generalizar sua experiência. Elas passam a achar que outros corretores também serão ruins. Por isso, é importante que as classes profissionais respeitem certos códigos de ética, pois as ações de alguns podem prejudicar todo o setor, devido a esta característica da percepção. Quando alguém busca referências sobre determinado produto ou serviço, geralmente as pede para alguém de confiança, correto? Agora, o que acontece em casos de uma experiência ruim é a generalização. Uma pessoa que teve problemas com um prestador de determinado serviço vai dizer que tal serviço pode apresentar problemas, independentemente do provedor, o que não é algo preciso, mas o solicitante da indicação tende a aceitar como fato. De acordo com Las Casas (2019, pg. 8) Quando um setor de atividades fica com a imagem prejudicada em decorrência das práticas indevidas de certos prestadores de serviços, fica mais difícil para os comerciantes honestos obterem credibilidade a curto prazo. As empresas de propaganda, por exemplo, reconheceram este problema e criaram um órgão controlador, o CONAR, que controla a honestidade dos anúncios e comerciais, interferindo quando necessário, visando preservar a imagem dos anunciantes e de suas agências. Frequentemente, entidades de classes diversas fazem campanhas de marketing buscando explicar ao consumidor quais são as formas de se contratar o serviço que oferecem de forma correta, com garantias, com os profissionais corretos, 82 credenciados e preparados. Tais ações têm o claro objetivo de se livrar de estigmas gerados pela ação de maus profissionais. O exemplo a seguir é bem relevante para quem tem ou já teve cachorro de estimação: o estigma fictício que diz que todo serviço de banho e tosa transporta os cãezinhos em motos pulando pela cidade e traumatizando os pobres bichinhos. Repare que estou lançando uma generalização fictícia, e a generalização não representa um todo, e por ser fictícia não retrata exemplo real, mas tem apenas efeito de apresentação de um cenário. O mercado pet no Brasil é gigantesco e cresce mais a cada ano, o que faz surgirem inúmeros estabelecimentos que oferecem o serviço de banho e tosa. Esse serviço não conta somente com o processo de dar banho e aparar os pelos do cachorro, mas inclui geralmente buscar e entregaro bichinho ao seu tutor. O calcanhar de Aquiles está no leva e traz que é feito geralmente em motos e, segundo alguns tutores, trata-se de uma forma agressiva e desconfortável de transportar os animais. Não demora muito para uma experiência ruim com o transporte dos pets virar um exemplo de prática global desse serviço e assim temos a generalização. 83 Escapar do estigma da generalização é custoso, mas acaba por se tornar fonte de diferenciação dos serviços e agregação de valor, e produz inúmeros cases de sucesso. No exemplo do serviço de leva e traz dos pet shops, casos de sucesso são encontrados em estabelecimentos que passaram a usar veículos utilitários para o serviço, trazendo maior conforto e segurança aos amados cachorrinhos. Estudo de Caso Vamos alongar o papo sobre o serviço de banho e tosa para algo mais delicado: as ocorrências de morte de alguns cachorros que passaram por procedimento de banho e tosa. A atividade de banho e tosa não é regulamentada, e com isso está suscetível a ser praticada por pessoas sem formação profissional ou sem qualquer conhecimento que lhe ofereça base para conduzir um cachorro durante o processo. Isso tem levado a alguns casos de maus tratos que resultaram em ferimentos e até a morte de animais. Para dar mais segurança e confiabilidade aos tutores de cachorros, a medida tomada por muitos proprietários de pet shop foi a de colocar paredes de vidro na área de banho, de forma a mostrar todo o procedimento. Podemos até dizer que foi dado um toque de transparência ao processo, mas isso seria um terrível trocadilho (risos). A nova transparência do processo tranquilizou muitos tutores e teve grande efeito positivo: hoje, muitos tutores que antes não considerariam contratar banho e tosa já acham ser uma opção, pois o vidro no ambiente de banho lhes proporciona segurança. Sua tarefa aqui é a de pensar quais serviços se beneficiariam com medidas como a adotada pelos pet shops com o objetivo de mudar um estigma ou um preconceito que foi gerado por maus profissionais. 84 O Princípio da Proximidade dos Serviços e Empresas Atualmente, os serviços de transporte de pessoas por aplicativos tais como UBER e 99 Taxi, dentre outros, passam por relativa tranquilidade e já estão inseridos na sociedade brasileira. Mas as notícias de casos de abuso que teriam ocorrido dentro de veículos que estavam operando com tais aplicativos provocou medo principalmente na clientela feminina. Embora não seja algo generalizado, muitos possíveis usuários optaram por não mais utilizar os aplicativos de transporte e buscaram formas mais convencionais no lugar. Este efeito de não usar o serviço de uma empresa por causa de acontecimentos adversos é o que chamamos de princípio da proximidade dos serviços e da empresa. De acordo com Las Casas (2019, pg. 8), Este princípio da proximidade pode ser aplicado na prática para a formação da imagem de uma empresa. Conforme Bennet, em Nova Iorque, um homem morreu de botulismo por ter comido uma lata de vichyssoise da Bon Vivant. Os consumidores acharam que todos os produtos da mesma marca eram “culpados” por associação e a firma foi à falência. Em outra experiência minha, lembro-me de ouvir em um treinamento quando trabalhava em uma operadora de telefonia celular que um dos motivos de ser tão importante o bom atendimento era que o cliente costuma associar o erro à empresa e não ao funcionário que o provocou. Se alguém vai a uma loja e é mal atendido pelo vendedor, existe uma grande chance de que esta pessoa, quando for relatar o ocorrido, falará que o erro foi da empresa e não do funcionário específico. Em muitos casos, o cliente decepcionado nem lembra o nome da pessoa e sim da empresa. 85 Digital influencer X Empresas Vamos amarrar o conceito de proximidade serviço X empresa com o caso dos digital influencers. Em linhas gerais, o digital influencer é uma personalidade do mundo digital (vloggers, youtubers, etc.) que costuma dar sua opinião sobre produtos e serviços. O interessante aqui é que a opinião deste personagem, como seu nome indica, influencia o que seus seguidores pensam, e em caso de descontentamento, a divulgação da opinião negativa pode comprometer muito a empresa em questão. Antes da existência do digital influencer, esse fluxo de comunicação e opiniões existia, mas se espalhava mais lentamente, e quem influenciava eram grandes empresários, líderes de comunidade, políticos, artistas, etc. Hoje em dia, a atuação dos DI tem sido largamente impulsionada pelas próprias empresas, ávidas por novos consumidores e maiores vendas, mas ainda existem as avaliações feitas de maneira independente. O que o DI faz é receber um produto ou serviço, experimentar e fazer um ou vários vídeos relatando sua experiência, boa ou ruim. Esses vídeos são vistos por seguidores do DI e outras pessoas que desejam saber mais se tal produto ou serviço é recomendado. 86 Agora, vamos a uma questão complicada: e se a empresa contrata o influencer e este tem uma experiência ruim com o produto ou serviço, e por ser uma pessoa ética e íntegra decide ser totalmente transparente sobre o que experimentou? Neste caso, mesmo parecendo que está tudo perdido e que foi um erro, a boa empresa pode usar isso para dar a volta por cima e fazer modificações no produto ou serviço. De qualquer forma, usar um DI é tarefa estratégica e cautelosa, e tende a ser positiva se bem utilizada, conforme traz Sebrae (2019, online): Ao selecionar um profissional influenciador digital é ver se ele tem o nome ligado a alguém influente na sua cidade (pelo menos). Desta forma ficará mais fácil transformar sua marca ou produto mais conhecida e ter maior credibilidade, pois, eles dão um novo status a sua marca, consequentemente, “tudo que a maioria dos consumidores gosta”. O DI sintetiza bem o que apresentamos como efeito proximidade serviço X empresa, pois sua fala pesa bastante no comportamento de compra dos seguidores. Mas o DI faz muito mais que isso e não faz apenas quando fala, o comportamento social do DI tende a impactar nas empresas que representa, seja positiva ou negativamente. Se um DI comete um crime, os anunciantes que o mantém passam a ter um alvo nas costas, uma vez que a sociedade passa a aguardar resposta imediata da empresa sob o risco de que seu público passe a considerar que a empresa aceita eventuais desvios de comportamento do seu DI. Acesse o link: Disponível aqui Leia na íntegra o artigo sobre os digital influencers. 87 https://m.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ufs/ap/artigos/a-importancia-dos-influenciadores-digitais-para-sua-empresa,c9d9c51b14713610VgnVCM1000004c00210aRCRD Na perspectiva da proximidade, um bom serviço vai dar a impressão de boa empresa, assim como um mau serviço apresenta uma empresa ruim. Esta generalização deve ser constantemente estudada pelo gestor a fim de corrigir os problemas e ampliar as qualidades. O Princípio da Continuidade Em uma cidade do interior do Paraná, um importante apresentador de televisão tinha diversos anunciantes fazendo propaganda e, em alguns casos, esses anunciantes usavam sua imagem em suas propagandas. Um dos anunciantes mantinha uma pequena rede de consultórios de dentista chamada Dentistas Populares, e a imagem do apresentador reforçava este aspecto popular. O apresentador era visto como pessoa querida de todos, carismático, preocupado com questões sociais, engajado com sua comunidade, e por este motivo os anunciantes eram geralmente produtos e serviços adequados ao perfil dos seus telespectadores. Neste caso do apresentador, o princípio da continuidade promovia o seguinte pensamento: se ele diz que é bom, é bom pra mim! Na história da humanidade, foram muitas as personalidades que precederam os digital influencers ao levar consumidores a consumir certos produtos ou serviços. E com alguns perfis de consumidor, tal estratégia tem rendido bons resultados. De acordo com Las Casas (2019, p. 9-10), Quando o comercial na TV diz “Tomou Doril...” o leitor automaticamente continua com o complemento “... ador sumiu”. 88 Depois de um certo tempo, não há necessidade de apresentar a frase completa. O próprio cliente o faz. Os anunciantes acreditam que as vendas podem ser aumentadas se os consumidores internamente elaboram a marca da empresa e o benefício principal do produto oferecido. Isto sugere a importância da qualidade na formação da imagem de uma prestadora de serviços. Ao citar o nome ou marca de uma empresa, automaticamente os clientes a associam aos conceitos formados. Há alguns anos, ouvi um termo muito estranho: o “efeito Ana Maria Braga”, que nada mais era que o efeito que a apresentadora de televisão causava quando usava algo específico em suas receitas. Vamos supor que a Ana Maria Braga fizesse uma receita com banana da terra. O efeito disso no buscador do Google poderia representar um salto na busca de até 3 mil pontos percentuais, e o efeito em muitos estabelecimentos comerciais seria a falta de estoque depois de um ou dois dias de transmitido o programa. Falamos aqui que o trabalho realizado por um alfaiate é geralmente visto como de extrema qualidade e precisão, mas não podemos esquecer que todo e qualquer mercado é dominado por grandes empresas, multinacionais e transnacionais, e seu marketing somado ao volume de vendas deixa pouca margem a qualquer outro competidor. 89 Porém, a padronização necessária para uma produção em massa, somada à eterna necessidade do ser humano por exclusividade, dá grande sobrevida aos customizadores e, dentre eles, incluímos os alfaiates. De acordo com Castro e Freitas (2019, online): Em tempos de produção industrial e expansão do fast fashion — padrão que preza pela rapidez de consumo e pelo descarte quase imediato —, ter uma peça personalizada, com qualidade superior e acabamento especializado é a definição do luxo. O artesanal dialoga com os pilares da alta-costura e promove qualificação e excelência nas peças produzidas sob medida — características primordiais da produção dos alfaiates. Os alfaiates existiam muito antes da revolução industrial e ainda existem hoje em grande parte graças à sua constante busca por se reinventar, acompanhar as tendências e desejos dos clientes, e conforme completa Castro e Freitas (2019, online): Com a experiência, os alfaiates têm um olhar peculiar e treinado para compreender as proporções do corpo humano, garantindo, assim, um sucesso ainda maior com a confecção das peças. A sustentabilidade também é uma pauta desses artesãos, pois um terno bem-feito e de qualidade tem uma vida útil bem maior. Conheça a história de alguns desses profissionais, que exercem o ofício há décadas. Acesse o link: Disponível aqui Quer saber mais sobre como estão se reinventando os alfaiates? Leia na íntegra o artigo do Correio Brasiliense intitulado “Perfeição na medida: alfaiates estão se reinventando na era da informação”. 90 https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/revista/2019/07/28/interna_revista_correio,773772/perfeicao-na-medida-alfaiates-estao-se-reinventando-na-era-da-informa.shtml Veja como é intenso este princípio e como um marketing bem planejado pode fazer a diferença ao fundir na mente dos clientes um comportamento de compra e uma imagem corporativa. A Satisfação do Cliente e sua Percepção de Qualidade Quando o assunto é serviço e juntamos o termo qualidade e satisfação do cliente, pronto! Temos a receita de uma verdadeira bomba, que pode ser positiva ou negativa dependendo da percepção do cliente. Neste universo, o peso da opinião do consumidor é muito maior que a de quem compra um produto. Vamos a alguns porquês. Primeiro que em serviços os resultados são algo esperado com maior antecipação e, neste caso, podemos citar as cirurgias plásticas, onde o resultado final esperado vai além da perfeição, qualquer desvio tem efeito catastrófico no cliente e na empresa. Segundo porque a tendência de aderência dos serviços é muito maior que a dos produtos, o que significa que você não pede uma cirurgia plástica em local aleatório e sim em algo do corpo que lhe incomoda. O resultado da cirurgia deve aliviar totalmente o incômodo, caso contrário não se teve sucesso. Já um produto pode atender parcialmente a uma necessidade, pois provavelmente se trata de produto de massa e não vai conseguir atender a eventuais necessidades específicas do consumidor. O serviço tende a ser mais específico, executado de acordo com as circunstâncias e peculiaridades do cliente e assim sendo podemos novamente usar o exemplo das cirurgias plásticas. O cliente do produto de massa aceita que certos aspectos do produto não foram concebidos de acordo com suas necessidades ao passo de que o cliente do serviço vai querer que o resultado seja o mais customizado possível e isso torna a percepção de qualidade muito mais refinada. 91 Grandes marcas de produtos de varejo invariavelmente possuem linhas de produtos que aceitam variáveis níveis de customização e como exemplo podemos citar a Nike e a Adidas, que possuem em seu site um customizador para que o cliente escolha vários detalhes do calçado e até mesmo possa colocar seu nome. Esta estratégia é algo inerente aos serviços. Veja da seguinte forma: você compra um terno em uma loja de roupas, mas quando precisa de um terno feito especialmente para seu corpo solicita o SERVIÇO de um alfaiate. No final dos dois casos, você paga e leva para casa um terno, correto? Então por que o alfaiate é visto como serviço? O terno que o alfaiate produz serve em quantas pessoas? Provavelmente serve corretamente apenas na pessoa cujas medidas serviram de base para sua composição. O resultado é um terno de caimento perfeito, ao passo que os ternos de lojas de departamento são feitos em formatos que possam ter caimento aceitável a um enorme número de pessoas. Qual dos ternos tem maior aspecto de qualidade? O da loja de departamento ou o do alfaiate? Bem, a maioria vai dizer que não existe terno melhor que o feito por um alfaiate, não importa qual alfaiate seja. Podemos concluir que satisfação e qualidade, no caso dos serviços, é coisa única, inseparável. Não creio que você, estudante, vai encontrar por aí alguém satisfeito com um serviço sem qualidade. 92 07 O Universo dos Serviços 93 Nesta unidade, vamos tratar da conveniência dos serviços: até onde os serviços foram se aprimorando para serem mais convenientes e até onde os clientes vão na busca por esta conveniência. Vamos refletir porque o cliente escolhe um serviço que ele tem habilidade de realizar com um custo final menor e quanto a tecnologia tem feito surgir serviços hoje muito procurados, mas que anteriormente não havia nem mercado para tal. Ainda tratando de tecnologia, de internet e de inteligência artificial, vamos abordar como todos esses avanços levaram ao surgimento de novos serviços, ao aprimoramento de muitos e reinvenção outros, e o que podemos esperar do futuro próximo. Falaremos como a servitização vai tornar obsoletos muitos produtos obrigando as empresas a se reinventarem para continuar no mercado e como isso vai tornar acessível produtos que antes estavam distantes de muitos mercados consumidores. A Conveniência é a Chave do Sucesso Geralmente as pessoas gostam de contratar serviços porque trazem grande conforto e praticidade. É uma forma de dizer: que bom que não vou ter que fazer isso! Claro que existem serviços que não provocam tanta felicidade no cliente, como alguns serviços fiscais prestados pelo próprio governo (dificilmente um contribuinte fica feliz ao pagar impostos embora a grande maioria sente satisfação por cumprir com suas responsabilidades fiscais). Ter alguém que o cliente pode pagar para executar algum trabalho – e, na maioria dos casos, com maior grau de profissionalismo e qualidade – é algo fantástico da prestação de serviços. Farei mais um relato aqui, mas apenas para mostrar o quanto pode diferir algo feito domesticamente de algo feito profissionalmente. Certa vez meu carro apresentou defeito no farol direito, estava queimado. Como sabia do custo de uma nova lâmpada, corri no supermercadoe fiz a compra. Acreditando que tinha tanto as ferramentas quanto a habilidade necessária, parti para tentar a substituição da lâmpada queimada. 94 Para quem não costuma se aventurar muito no cofre do motor de um carro, posso afirmar que são locais cheios de peças, cabos e conexões, e o meu carro não era diferente. Para encurtar a história, a falta de experiência e de espaço no local me fez quebrar uma peça importante, e o resultado disso foi uma conta de oficina que saiu de R$50,00 (serviço e lâmpada) para R$350,00. A internet oferece conhecimento irrestrito, então é comum ver as pessoas tentando fazer coisas que antes eram mais restritas a profissionais. São vídeos, blogs informativos, receitas e dicas que fazem o cidadão comum se sentir confiante e realizar tarefas que antes jamais teria capacidade. Claro que toda esta confiança tem ocasionado situações até de perda da vida, pois muitos dos procedimentos ensinados usam técnicas ou produtos que oferecem risco e acabam por serem manipulados sem a presença de equipamentos de proteção ou seguindo o protocolo de segurança necessário. De acordo com Mercado & Consumo (2015, online) A tecnologia que a cada dia nos facilita a vida encurtou a distância, o tempo e o acesso ao conhecimento. Já nos tornamos seres com hábitos onde procuramos a facilidade do mundo digital em todos os lugares. As pessoas já não têm mais tempo nem paciência para 95 serviços pessoais lentos e ineficientes. O resultado deste novo hábito tem uma resposta: conveniência. A tecnologia nos trouxe conveniência e os clientes passaram a exigir rapidez e agilidade em serviços que utilizam em qualquer relação de consumo, seja online ou em uma experiência em loja física. Com a conveniência ao seu alcance, os consumidores economizam dinheiro, ganham tempo e facilitam a sua rotina. A existência da conveniência dos serviços e da conveniência dos vídeos e páginas de tutoriais mostra que existem diversos tipos de usuários de serviço: aqueles que se puderem pagam para que outros supram toda e qualquer necessidade que possa ser contratada, e dentre essas necessidades podemos citar fazer sua comida, limpar sua casa, lavar e passar sua roupa, levar ao trabalho, levar os filhos para passear no shopping center, passear com o cachorro, encontrar namorado(a), encontrar emprego, vender algo, comprar algo, entregar comida... a lista segue longa e difícil de ser concluída. Por outro lado, existem os consumidores que adoram fazer tudo por conta própria desde que tenham um vídeo tutorial que os ensine. Muitos acham prazeroso fazer trabalhos manuais ou fazer em casa algum produto que custe muito mais se comprado em um supermercado, por exemplo. 96 A conveniência das lojas de conveniência: mais um exemplo de como produtos e serviços são simbióticos! O que se encontra em uma loja de conveniência? Bem, se você frequentou lojas de conveniência que ficam localizadas nos postos de combustível em diferentes cidades ou estados, deve ter percebido diferentes níveis de conveniência. Em termos práticos, estamos falando que em certas lojas a conveniência se resume a alguns refrigerantes e bebidas alcoólicas, ao passo que em outras é possível encontrar um misto de supermercado, padaria, lanchonete e até loja de presentes. Pense na loja de conveniência e lembre que lá os preços costumam ser elevados se comparados a supermercados, padarias, etc. Agora reflita por que essas lojas são tão convenientes. Por que vendem tanto se é tudo tão caro? Será que o serviço que as lojas de conveniência prestam às pessoas é tão relevante que as faz ignorar o valor dos produtos? Reflita! A Criatividade no Desenvolvimento de Novos Serviços É fácil perceber o quanto a internet mudou a vida de todo o planeta. Poderíamos trocar o termo internet por tecnologia, mas a internet especificamente promoveu profundas mudanças no comportamento das pessoas, fechou empresas e mercados e criou novos produtos, serviços e novas formas de relacionamento. 97 A própria educação superior não seria a mesma sem o estágio atual de desenvolvimento da internet e da tecnologia na qual ela habita e circula: estamos falando dos computadores, tablets, smartphones, etc. Toda essa revolução deu margem a uma quantidade enorme de novos produtos e serviços, e hoje a educação a distância tem forte raiz na sociedade moderna ao se tornar uma modalidade de ensino que democratizou o acesso à educação de nível superior e promoveu a evolução do ensino como um todo. De acordo com Tigre e Pinheiro (2019, p. 20) Mudanças tecnológicas disruptivas vêm abrindo oportunidades para empresas capazes de promover inovações em modelos de negócios e desenvolver novos produtos e serviços virtuais, gerando, ao mesmo tempo, grandes desafios para a sobrevivência de empresas que continuam operando de forma tradicional. [...] as tecnologias da informação evoluíram e se recombinaram para promover uma revolução dos serviços. Além do fortalecimento do tripé digital, ou seja, da capacidade de processamento, armazenamento e transmissão da informação, observa-se a operacionalização de tecnologias que vinham sendo desenvolvidas há vários anos de forma mais independente, mas que puderam ser integradas com a rápida difusão da internet. O interessante da internet é como os serviços que foram desenvolvidos nela se integram e se misturam com o mundo real, físico. Vamos usar empresas como o Magazine Luiza para exemplificar isso: suas operações nas lojas físicas sofreram grande redução quando o comércio eletrônico passou a ser mais popular no Brasil, o que fez com que a empresa não só entrasse no mercado das lojas digitais, mas passasse a repensar suas lojas físicas, transformando-as em ambientes de compra digital onde o consumidor pode comprar algo dentro da loja, porém por meio do portal na web. Outra medida que demonstra a total integração dos mundos digital e físico pelo Magazine Luiza foi tornar as lojas pontos de coleta das compras feitas no ambiente online. As novas tecnologias podem inspirar o empreendedor a criar novos serviços ou fazer a releitura de serviços tradicionais. No quadro a seguir, vamos abordar cinco fontes de inspiração para inovar em serviços: 98 Quadro 1: Cinco inspirações para a inovação em serviços | Fonte: Tigre e Pinheiro (2019, p. 16). 1. Velocidade da prestação A redução do tempo necessário para completar um processo ou serviço permite transformar custos fixos elevados em baixos custos unitários. Na área de serviços, a rapidez de atendimento ao cliente e o aumento da produtividade são os principais benefícios buscados. 2. Aumento da flexibilidade A ampliação das opções de serviços pode ser alcançada por meio da combinação de diferentes módulos de acordo com necessidades específicas de cada cliente. Serviços personalizados são tipicamente artesanais e, portanto, caros e instáveis. 3. Redução de custos Diminuir os custos de prestação por meio da automação ou transferência de determinadas etapas do serviço ao usuário constitui um objetivo fundamental para o crescimento da oferta de serviços. As tecnologias associadas ao big data e à inteligência artificial vêm reforçando a tendência de automação do atendimento a clientes, transformando a interação humana em autosserviço. 4. Atender exigências legais Adequar o serviço aos padrões de qualidade e confiabilidade estabelecidos por agências reguladoras e entidades de defesa do consumidor constitui outra trajetória importante das inovações em serviços. 5. Maior interação e disponibilidade Inovações para a melhoria da interação com o usuário incluem a personalização dos serviços, a expansão do atendimento virtual e o atendimento multicanal, permitindo que clientes utilizem diferentes mídias e plataformas de comunicações. A agitada vida moderna é frequentemente usada como argumento para a criação de novos serviços. Antigamente as pessoas que desejavam algo dos supermercados tinham que se deslocar até o local e percorrer o estabelecimento, o que evoluiu para 99 uma opção que era a de fazer uma chamadatelefônica, passar a lista do que se desejava e receber em casa. A tecnologia, mais especificamente a internet, mudou mais uma vez este serviço, e hoje o cliente do supermercado escolhe os produtos pela internet, escolhendo inclusive o horário específico da entrega. Podemos dizer que a tecnologia e a criatividade estão promovendo ainda mais conforto e conveniência com esses serviços. Já ouviu falar da geladeira que possui um computador que pode ser programado para acompanhar o consumo de diversos itens e automaticamente fazer pedidos ao supermercado quando o estoque mínimo desses itens for alcançado? Quer maior conveniência que uma geladeira que gerencia o estoque de sua dispensa? Os Serviços da Próxima Década Se um questionário for feito sobre o que as pessoas esperam dos serviços a partir de 2030, muitos vão dizer que serão baseados na internet, na inteligência artificial e em drones de entrega, mas isso tudo pode ocorrer ainda na década atual. O que devemos pensar sobre os serviços da próxima década é se vão isolar ainda mais as pessoas em suas casas. Outro ponto a se considerar sobre os serviços da próxima década é algo que já acontece, mas que será cada vez mais intensificado: produtos virando serviços. De acordo com Tigre e Pinheiro (2019, p. 10) o futuro, e em alguns casos o presente dos serviços, está na servitização de produtos: A transformação de produtos em serviços e a agregação de mais serviços aos produtos representam importantes áreas de oportunidade para startups, empresas industriais e de serviços. A servitização muitas vezes tem como premissa a suposição de que os clientes estão mais interessados no uso do produto do que na sua posse. Uma vez que essa necessidade é atendida, o produto perde o valor em si para o cliente. 100 Alguns anos atrás, o fundador da Microsoft Bill Gates afirmou que o futuro dos computadores pessoais tornaria o hardware, a parte física, irrelevante, pois o processamento computacional passaria para a nuvem, realizado por servidores remotos, e o usuário apenas contrataria esse serviço. Softwares terão maior relevância em um mundo que vai ser cada vez mais governado por tecnologia, e se pararmos para pensar nos softwares como produto ou serviço, temos algo interessante: são vendidos como produtos e mesmo que digitalmente sejam tangíveis (softwares existem como bits e bytes, representados numericamente por zeros e uns no código binário), mas seu uso os coloca como serviços – e essa classificação tende a ser intensificada no futuro. De acordo com Tigre e Pinheiro (2019, p. 10), Na área de software, o processo de substituição de pacotes vendidos isoladamente por soluções de serviços (SaaS) já se encontra bastante avançado. Os programas rodam de forma remota pela internet, dispensando a necessidade de instalar software nas dependências dos clientes e reduzindo substancialmente custos de pessoal, manutenção e consumo de energia. A computação remota, chamada de computação de nuvem, é onde fica mais fácil ver os softwares como serviço, basta que você pense da seguinte forma: você pode comprar um servidor ou contratar um serviço de servidor na nuvem. Portanto, a opção é entre um produto e um serviço. 101 O futuro ainda não foi escrito, e existe muita incerteza sobre o que será quente e o que desaparecerá nesta década que inicia. Estar à frente do que pode virar a grande sacada em termos de serviços é tarefa reservada aos mais antenados, a quem tem aquele sentimento e consegue ler bem o cenário em que o mundo se encontra. O portal Terra faz uma interessante leitura do relatório do Business Insider que em 2013 tinha uma lista de 12 serviços que, segundo eles, seriam quentes nesta década atual. Vamos à lista: 1 - Serviços de apoio vocacional: Segundo o site, com um futuro incerto sobre o mercado de trabalho será cada vez mais necessário profissionais que orientem as pessoas sobre mudanças em suas carreiras. 2 - Profissionais que prestam serviços em escritórios: Carreiras como de professores que dão aulas no escritório dos alunos ou prestadores de serviços de saúde e beleza que atuam também dentro de empresas terão demanda maior. 102 3 - Aluguel de maquinário industrial e de comércio: Segundo o site, embora a mecanização tenha extinguido empregos, empresas que alugam esses equipamentos vão tirar proveito desse cenário. 4 - Setor de construção: Profissionais que atuam nessa indústria serão beneficiados com a recuperação após uma queda nas vendas e produção desde o final da última década. 5 - Desenvolvedores de software: Não só profissionais que criam programas de computador, mas aqueles que prestam suporte para esses aplicativos serão demandados nos próximos 10 anos. 6 - Profissionais de saúde: O envelhecimento da população criará demanda maior para médicos, dentistas e profissionais de saúde em geral. 7 - Profissionais de laboratórios de análises clínicas: Desenvolvimento e maior acesso a serviços de diagnóstico são um cenário para procura de profissionais que trabalhem em laboratórios. 8 - Indústria de cimento e concreto: Outro setor que será beneficiado com a recuperação da construção civil. 9 - Indústria de marcenaria: Também puxada pelo crescimento do setor de construção, empresas que trabalham com produção de objetos em madeira serão demandadas. 10 - Consultores de gestão, técnicos e científicos: Para o site, uma economia global cada vez mais complexa será terreno fértil para esses profissionais. 11 - Prestação de serviços em edifícios: Porteiros, seguranças particulares e recepcionistas serão necessários com a prevista retomada do crescimento da economia na próxima década. 12 - Prestação de serviços de saúde em casa: Outra profissão que crescerá sua procura por conta do envelhecimento da população. Acesse o link: Disponível aqui Depois de ler a lista acima, reflita: em 2020, quais desses setores não estão quente? E em 2030, como vai ser? 103 https://www.terra.com.br/economia/confira-12-setores-que-irao-gerar-mais-empregos-na-proxima-decada,3c38a6834cc90410VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html As assinaturas são uma boa forma de se compreender o tamanho do mercado de serviços e o que se tem feito de inovação, mas não somente inovação baseada em tecnologia. Na década de 1990, assinatura de revistas e jornais era algo extremamente popular, mas hoje você pode assinar até mesmo frutas e carros. Sim, é possível assinar um serviço de entrega de frutas, o que no norte do Paraná é conhecido como Amigo da Fruta. Neste serviço, o assinante recebe em sua casa ou local de trabalho diariamente uma porção de fruta, cortada, sem casca e pronta para consumo. É um serviço relativamente barato (claro que o custo é maior do que comprar a fruta e prepará-la para consumo em casa), e a comodidade oferecida causa imensa satisfação ao cliente. Todos sabem que um Porsche é um carro de alto valor devido à sua categoria de superesportivo, motor potente e materiais de montagem e acabamento de alto valor, portanto, ter recursos para comprar um é para poucos. A Porsche fez um serviço que não vai facilitar a compra de seus carros, mas sim ampliar a experiência do seu cliente: o serviço de assinatura Passaporte Porsche que, por um valor mensal, permite ao cliente escolher dentre 22 modelos diferentes e ter o carro escolhido entregue no horário e local desejados. Se antes as (poucas) pessoas compravam Porsches, hoje elas podem assinar um Porsche! Já imaginou as experiências que o usuário do serviço pode ter? 104 08 Os Serviços e sua Importância na Economia Brasileira 105 Nesta unidade, vamos compreender como o setor de serviços brasileiro causa impacto no desenvolvimento nacional partindo de um percentual relevante: 75% do PIB (Produto Interno Bruto, que representa a soma de bens e serviços produzidos pelo país) nacional tem origem na prestação de serviços. Trataremos também do empreendedorismo e dos serviços que reforçam a realidade do que representam esses 75% de parcela do PIB e de como ideias empreendedoras, como os serviços de chef particular, “segurança”de bebês, professor orientador, organizador profissional, técnico de computadores, técnico de piscinas, cuidador de casa, decorador de casa, dentre outros, estão ajudando os brasileiros a saírem do desemprego, reforçando suas próprias economias e a economia do país. Por fim, vamos compreender como as políticas públicas são importantes para que o governo possa oferecer um mercado de serviços viável aos seus participantes e, com isso, fomentar um ambiente econômico adequado ao investimento e ao crescimento, oferecendo também toda infraestrutura, seja fiscal ou física. 106 O Impacto no Desenvolvimento Nacional Praticamente toda habilidade do homem pode ser convertida em serviço. Uma forma simples de compreender isso está em nossas casas: a limpeza da casa é geralmente executada por algum de seus moradores, e é comum ver pessoas serem pagas para realizar tal. O mesmo vale para outras tarefas tais como cozinhar alimentos, lavar e passar roupa, passear com o cachorro, enfim, muito do que se faz na vida pode ser e deve estar sendo explorado como serviço. Isso não significa que não é preciso habilidade para se realizar um serviço, claro que precisa, e já falamos sobre isso. Para se realizar um serviço de forma eficiente e com qualidade, é preciso que exista, além da habilidade, um procedimento e processos bem construídos. Mas o fato de ser tão fácil oferecer um serviço mostra a sua potência nos números da economia de nosso país e do planeta como um todo. Podemos dizer que a economia gira por existência dos serviços. Veja o panorama desenhado por Lima (2019, online): As empresas dos setores de alimentação, vestuário, artigos de limpeza e higiene pessoal devem ser especificamente beneficiadas por essa melhora no mercado de trabalho - aliada a uma manutenção do poder de compra dos salários maior e melhora do nível de investimentos das empresas. Outro fator que pesa para essas Micro e Pequenas Empresas (MPE) é a inflação estável, que fechou 2018 abaixo da meta central (4,5%), e deve afetar diretamente no preço de produtos que compõe a cesta básica. Já as MPEs fornecedoras de insumos e implementos agrícolas, assim como o pequeno comércio varejista próximo aos principais polos de produção agrícola do País, devem se beneficiar da safra 2019/2020. A expectativa é que a produção fique próxima do recorde histórico de 238 milhões de toneladas de grãos – marca alcançada na safra 2016/2017. 107 Figura 1 - Números do setor de serviços em 2017 Fonte: IBGE (2017, online). A oferta de serviços é também extremamente democrática, uma vez que muitos trabalhadores desempregados partem para trabalhos autônomos com a oferta de serviços realizando aquilo que sabem, que aprenderam nas empresas onde trabalharam. De acordo com Moreira (2017), o setor de serviços representava em 2017 mais de 75% do PIB, o que mostra sua relevância e impacto no desenvolvimento da economia nacional. 108 Já viu em algum filme algum jovem engraxando sapatos nas ruas de uma grande cidade? Esta cena, que hoje não é mais tão fácil de ver na vida real, mostra a simplicidade de uma prestação de serviços que cabe bem nas condições de quem pouco tem, e que mesmo sendo pouco remunerada, acabava por ofertar renda, pois ajudava esses engraxates. Ainda existem engraxates por aí, e um dos fatores é que ainda existem muitos clientes da época em que eles eram mais comuns e numerosos. O que podemos apresentar como motivos que causaram a drástica redução desses profissionais foi o surgimento de produtos cuja aplicação ganhou enorme simplicidade e agilidade, as tais ceras líquidas de secagem rápida. A ideia deste momento prático é entender que serviços vêm e vão. Quando eu tinha 10 anos, meus pais alugavam filmes em VHS, e hoje? Como alugamos vídeos? Quando eu era pequeno, minha mãe costumava fazer meus bolos de aniversário, mas hoje ela adora comprar o bolo pronto. O que mudou em 20 anos? O que está mudando hoje em dia? Quais serviços vão surgir e quais vão deixar de existir nos próximos anos? Perceba que 75% do que se produz no país é serviço, e isso é algo bastante relevante, pois demonstra a imensa capacidade do brasileiro de oferecer sua mão de obra, seja a uma manufatura ou diretamente ao mercado. O número demonstra também que o mercado é muito bom em absorver novos serviços, o que sempre incentiva a inovação no setor. Segundo Paladini e Bridi (2013, p. 2) Em 2012, o setor de serviços contribui com 70% para o PIB total do país, enquanto o setor industrial tem contribuição de 29% e, para o setor agrícola, essa participação oscila em torno de 1% (IMF, 2012A). Esses números pouco variam no caso da Inglaterra, berço da revolução industrial. De fato, em 2012, o setor de serviços perfaz 78% 109 do PIB inglês, enquanto o setor industrial entra com 21% (IMF, 2012B). Essa tendência é a mesma no resto do mundo. Na Índia, por exemplo, o setor de serviços responde por quase 60% do PIB (DATT; SUNDHARAM, 2009) e por 69% na Coreia do Sul (KIM, 2012); nos Estados Unidos, por 79,6% (CIA, 2011) e na União Europeia por 70,5% (IMF, 2012C). Os números mundiais do setor de serviços mostram que o Brasil não é diferenciado neste sentido, mas que está em ótima situação. Os números também mostram que existe demanda mundial por serviços e que muitos brasileiros se aproveitam disso e prestam serviços a empresas fora do país, a exemplo dos profissionais de comércio exterior, que conectam o Brasil com o resto do mundo com suas consultorias. O Empreendedorismo dos Serviços O universo das franquias sempre esteve repleto de opções para os empreendedores de serviços, e atualmente os investimentos são cada vez menores. Claro que o empreendedor pode sair para o mercado por conta própria, mas muitos têm receio de não estarem munidos de todo o conhecimento para o negócio, principalmente de todos os aspectos que fogem de sua habilidade. O que estamos dizendo aqui é que nem sempre um encanador tem o que é preciso para ser proprietário de uma empresa que preste o serviço nesta área, pois existem questões financeiras, administrativas, de pessoal, estratégicas e de marketing a considerar e que vão fazer a diferença em seu empreendimento. Mas é fato que o brasileiro empreende muito, e muitos dos empreendimentos são de prestação de serviço. São muitas ideias de trabalhos cujo ponto de partida, o investimento inicial, embora recomendado, praticamente não existe, e isso não impede o sucesso do negócio. No passado, atuei como supervisor de limpeza em um edifício no centro de Londres, Reino Unido, e neste período aprendi a realizar limpeza profissional de escritórios e áreas comuns. Isso, somado à minha formação 110 acadêmica, me ajudou a ter toda a base para a oferta do serviço aqui no Brasil. Esta bagagem é importante ao empreendedor, embora às vezes a pura coragem tem movido montanhas neste sentido. É possível ver em nossas comunidades quantos empreendedores prestam serviços e estão crescendo. Se a economia melhora, gera um circulo vicioso onde as pessoas passam a contratar mais serviços para fazer atividades que não mais tem tempo de realizar por estarem trabalhando mais devido a uma melhora na economia, e assim vai. O empreendedorismo de serviços brasileiro é extremamente criativo, basta lembrar da ideia do serviço que foi batizado de personal car, em que o prestador cuida de seu carro levando-o para realizar manutenções pontuais, serviços de revisão, troca de óleo, enfim, todo serviço que seu carro precisar e que na correria você não tem tempo de fazer. Todo este papo de empreendedorismo, do percentual no PIB, da criatividade, das possibilidades quase infinitas deve ter deixado você com vontade de empreender e prestar algum serviço, não é? Bem, quem sou eu para apagar esta chama! Vou deixar abaixo uma lista de ideias de serviços que estão dando muito sucesso aos que se aventuram – mas vale a pena sempre checar como está o mercado em que você deseja atuar, ok? A lista foi cuidadosamente compilada pelo prestador de serviços WIX, um portal web que ajuda empreendedorescom serviços tais como hospedagem e criação de sites, compra de domínios (endereços web) e muito mais. Vamos à lista? 111 Chef Particular Cozinhar uma deliciosa refeição gourmet não acontece apenas em restaurantes. Há muita gente que adoraria fazer uma refeição gourmet no conforto da sua própria casa. Famílias muito ocupadas ou aquelas pessoas que querem ter um extra para uma ocasião especial vão chegar voando até você. “Segurança” de Bebês Você é especialmente cauteloso? Consegue reconhecer um possível acidente antes de acontecer? O negócio perfeito para você pode ser fazer sumir da casa de pais “grávidos” tudo o que é um perigo em potencial para um bebê. Professor Orientador Enquanto houver alguma coisa para se aprender, um bom professor orientador vai ser sempre uma “mercadoria” muito procurada. Se você é um gênio da matemática ou por acaso é fluente em Chinês e ainda tem habilidade para ensinar, este pode ser o negócio para você. Organizador Profissional Para muitas pessoas, tirar um tempo para organizar a sua própria casa não é algo que consigam fazer naturalmente e, pior ainda, é algo que as faz sofrer. Por isso, se você tem talento para conseguir organizar uma bagunça, esta pode ser a sua mina de ouro. Consertar Computadores O mundo de hoje mal funcionaria sem computadores. As pessoas são tão dependentes de seus dispositivos pessoais que com toda a certeza ficariam extremamente satisfeitas de ter na discagem rápida o número de telefone de uma pessoa com talento para esta área. Técnico de Piscinas Este é um negócio que tem um custo inicial baixíssimo, além de ser fácil de aprender e de dominar. É necessário algum esforço físico, mas se você estiver disposto a ir trabalhar com um sorriso no rosto, o resto virá com facilidade! Cuidador de Casa Este é um nicho totalmente baseado na confiança. Cuidar da casa de uma pessoa e manter tudo funcionando sem 112 problemas é uma grande parte do trabalho, mas poucas pessoas vão entregar as chaves da própria casa para uma pessoa que não tenha boas referências. Certifique-se de incluir depoimentos em seu site para manter uma boa reputação. Decorador de Casa Trocar cores, tecidos, almofadas! Se você tem um olho talentoso para decoração de interiores, isto pode traduzir se em ganhos razoáveis e tudo fazendo algo que você adora. Personal Shopper Para aquelas pessoas que adoram fazer compras, isto pode parecer chocante: há muitas pessoas que adorariam pagar a alguém para comprar suas próprias roupas. Aquele sentido aguçado para a moda e habilidade para se vestir podem ser muito úteis neste caso. Mecânico Móvel Se viermos a pensar, a hora que as pessoas mais precisam de um mecânico é quando estão encalhadas em algum lugar. Se você tem talento para mecânica de automóveis, você só precisa alcançar seus clientes. Seu negócio não passará despercebido. Detetive Particular Já sabemos o que está pensando… "Minha vida não é um filme de mistério!” Mas hoje em dia, ser um Investigador Particular é profissão para valer, e há por aí muitos clientes que estão mais do que dispostos a usar seus serviços de detetive. Designer Gráfico Testada e comprovada, esta carreira está bombando no momento! Com cada vez mais e mais ênfase da presença de empresas e profissionais freelance no mundo virtual, há muito trabalho neste campo. Guru da Mudança Fazer uma mudança é sempre muito cansativo. Que tal ajudar as pessoas a diminuir o peso da mudança e entrar para ajudar com seu fantástico talento para empacotar? Especialista em Ajudantes Encontrar a pessoa certa para ajudar nas diversas tarefas em casa é sempre um assunto delicado e nada fácil para a 113 Tabela 1: Ideias criativas para serviços | Fonte: Adaptado de WixBlog (2015). Disponível aqui para Casa maioria das pessoas. Ajudar as pessoas a preencher as diversas vagas é um nicho de mercado que está crescendo e que também precisa ser preenchido. Motorista de Limusine Com um carro todo incrementado e um bom seguro, você pode literalmente sentar no banco do motorista do seu próprio negócio. Comece devagar e aumente sua frota com outros motoristas confiáveis e talentosos como você. Tradutor É aqui que você vai aproveitar aquele semestre que passou no exterior. Se você é fluente em outra língua, porque não oferecer suas habilidades como tradutor para pessoas interessadas? Manutenção de Plantas Já reparou que vários escritórios bonitos têm muitas plantas no interior? Se você tem mão boa para plantas e alguns apetrechos básicos (e baratos), você pode cuidar e fazer a manutenção de plantas e rechear sua conta no banco com aquelas notinhas verdes. Lavador de Janelas É um negócio que lida com sujeira (e altura), e é por isso que muita gente prefere pagar para que alguém o faça. Esse alguém é você? Cobrador de Dívidas Tem atitude de cobrador? Está seguro de que não aceita um “não” como resposta? Junte todas estas características, faça bom uso delas e vá cobrar dívidas de pagadores inadimplentes. Planejador de Festas Numa festa, sempre há aquela pessoa que comenta como certas coisas podiam ter sido feitas de forma diferente e melhor. Se essa pessoa é você, quem sabe encontrou seu caminho. Planeje e prepare aquela festa perfeita para seus clientes muitas e muitas vezes. 114 https://pt.wix.com/blog/2015/02/20-ideias-criativas-para-a-prestacao-de-servicos Existem casos em que o empreendedorismo de serviços cria formas de subsistência de empresas, e pude observar de perto isso quanto trabalhei em um distribuidor de cosméticos. Uma das empresas de logística que atendia a distribuidora era antigamente apenas o serviço de entregas da filial da Editora Abril da cidade, que devido à redução da circulação de revistas, foi obrigada a absorver entregas de outras empresas para sobreviver. Outro caso de empreendedorismo inovando em serviços ocorreu com o próprio escritório de contabilidade desta mesma distribuidora: certo mês, tiveram desligar a pessoa encarregada de buscar e entregar documentos, o motoboy, e isso emergencialmente passou a usar o serviço de um pequeno empreendedor que se juntou a alguns amigos para realizar entregas de motocicleta para empresas. Resultado: este empreendedor agradou tanto com o custo, agilidade e confiabilidade de seu trabalho que fechou contrato com o escritório. Políticas Públicas Mesmo sendo gigantesco, o setor de serviços é acompanhado de perto pelo Governo em todas as esferas. Podemos citar que as principais funções do governo em relação ao setor de serviços estão na regulamentação, fiscalização, fomento e investimento em seu desenvolvimento. Quando falamos de regulamentação de serviços, podemos usar como exemplo a saúde. No caso da saúde, a regulamentação torna a atividade mais efetiva e segura tanto para quem precisa dos seus serviços quanto para os profissionais que os realizam e apoiam. São procedimentos obrigatórios de higiene, regras rígidas de descarte de lixo hospitalar e até mesmo protocolos em momentos de epidemia. No aspecto da fiscalização, o governo institui normativas que, por exemplo, visam trazer maior segurança em obras com o uso de EPIs, os equipamentos de proteção individual. Embora possa parecer lógica a importância do uso dos EPIs, não são raras as situações nas quais empresas são multadas por falta do uso ou da oferta. Claro que o governo também oferece serviços, na verdade desempenha papel fundamental neste caso. Vem do governo o saneamento básico que torna as cidades e grandes centros habitáveis, e tantos outros apoiam toda a atividade econômica do país, De acordo com Lozada (2016, p. 144): 115 A administração pública (que corresponde a um importante agente econômico) possui a função de viabilizar a estabilidade do ambiente econômico, tornando-o mais apropriado ao investimento e crescimento. É responsável por oferecer a infraestrutura (serviços básicos) necessária para a sobrevivência e prosperidade da economia e da população. Estes serviços representam o lastro fundamental sobre o qual se apoia a economia, e, quando associadosaos demais serviços, formam a rede capaz de distribuir a produção, conectando-os ao consumidor final [...]. Cabe então ao governo o desenvolvimento, manutenção e fomento do ecossistema de serviços, e com isso esperam-se ações que protejam tanto o prestador de serviços quanto o cliente. Mas um caso que ainda gera certo desconforto é a regulamentação do serviço de transporte de passageiros por aplicativos. Uma vez que no país já existia um serviço remunerado de transporte de passageiros (não estamos aqui falando de transporte público por ônibus) – os táxis –, o surgimento de um suposto novo serviço (serviços como o Uber foram inicialmente anunciados como algo diferente do que faz um táxi) levou tempo para ser reconhecido como um elemento que modificaria as relações de consumo, e com isso a necessidade de se regulamentar também levou tempo. Não se pode afirmar com clareza se existe boa coexistência entre o tradicional serviço de táxi e os serviços de transporte por aplicativo, mas é fato que sempre foi necessária a intervenção e regulamentação da atividade para proteger o cliente, o mercado e até mesmo interesses governamentais. 116 Sim, o governo não só presta como usa muitos serviços. Existem dezenas de tipos de serviços que o governo pode terceirizar, de acordo com o Decreto nº 9.507/2018, que vão desde alimentação e armazenamento até vigilância patrimonial. A lista dos permitidos mostra que são de caráter não essencial, por isso podem ser executados por terceiros. O interessante aqui é observar os serviços que não podem ser terceirizados, pois possuem caráter mais estratégico, sensível e que precisam de maior controle do gestor público. Veja a lista dos vedados de terceirização, de acordo com Cavallini (2019, online): • envolvam a tomada de decisão ou posicionamento institucional nas áreas de planejamento, coordenação, supervisão e controle; • sejam considerados estratégicos para o órgão ou a entidade, cuja terceirização possa colocar em risco o controle de processos e de conhecimentos e tecnologias; • estejam relacionados ao poder de polícia, de regulação, de outorga de serviços públicos e de aplicação de sanção; • sejam inerentes às categorias funcionais abrangidas pelo plano de cargos do órgão ou da entidade, exceto disposição legal em contrário ou quando se tratar de cargo extinto, total ou parcialmente, no âmbito do quadro geral de pessoal. Existe ainda o caso das pessoas e empresas que prestam serviços ao governo. Pense que se o governo brasileiro é o maior comprador, existe muita demanda dele por serviços variados. Ainda usando o exemplo da saúde, existem empresas que prestam 117 serviços de diagnóstico laboratorial, um trabalho externo, mas existem empresas que operam seu serviço dentro das unidades de saúde, a exemplo dos que realizam exames de raio-X. Existe um ecossistema no Brasil que é extremamente propício à oferta de serviços, e obviamente o governo tem muito interesse em fomentar isso não somente pelos 75% do PIB, mas porque movimenta uma grande parcela da população que não é absorvida pelas empresas para mão de obra. Com isso, vê-se a necessidade de ofertar por conta própria. 118 09 As Especificidades da Prestação de Serviços 119 Existem pormenores da prestação de serviço em relação aos produtos, e nesta unidade vamos ressaltar alguns dos pontos mais importantes desses pormenores que, se bem ajustados, elevam o nível de satisfação dos clientes. Quando falarmos de qualidade trataremos de discutir como muitas empresas enxergam qualidade de forma distinta de seus próprios clientes e o quanto essa distorção pode prejudicar no cumprimento das expectativas. Muitos dos fatores que discutiremos aqui são de cunho gerencial, resultado de uma distorção da visão organizacional, que não é o fim da linha embora a ausência de ação nesses pormenores tenda a causar enormes perdas. Neste sentido, trataremos de como os gestores podem perder perspectiva e com suas próprias expectativas ignorar e descumprir as expectativas de seus clientes provocando insatisfação. Outro ponto que vamos dialogar bastante está relacionado a uma enorme especificidade dos serviços: a comunicação. O ponto que faremos aqui, e via de regra, onde residem os problemas, está na pesquisa de marketing, que, dentre outras informações, se feita corretamente, a gestão traz detalhes de quais são as expectativas dos clientes e de como são configuradas suas percepções em relação ao serviço. Quando falarmos sobre a discrepância entre o serviço que o cliente recebe e o que lhe fora comunicado, veremos que tais ocorrências (das discrepâncias) rivalizam com a pesquisa de marketing inexistente ou malfeita em termos de agravamento da insatisfação dos clientes. 120 As Especificações de Qualidade Quando falamos de qualidade dentro de uma indústria vamos nos pautar em especificações, números, pesos, medidas, etc., neste caso, é uma constatação precisa e não está passível de interpretação. Se um produto foi produzido de acordo com as especificações do projeto no qual se baseia, claro que vai ser declarado como um produto de qualidade. Mas quando a qualidade é originada dos conceitos e pré-conceitos das pessoas, clientes, possíveis clientes, etc., temos, neste caso, uma tremenda variação do que é algo de qualidade. Um produto pode ser aprovado pelo departamento de qualidade de uma empresa e mesmo assim receber opiniões ruins de alguns de seus clientes. Agora, se usamos o serviço como ponto de argumentação da qualidade vamos perceber que a variação da percepção de qualidade é ainda maior. Existem diferentes pontos de vista, e o da perspectiva do cliente de serviços é o mais complexo. A grande sacada aqui é ter no gestor a compreensão que existem vários aspectos da qualidade e que ele vai ter que nutrir diversos destes aspectos, caso queira o sucesso do serviço dentre os consumidores. De acordo com Zeithaml (2014, p. 100), as empresas pensam em qualidade de diversas formas: Muitas empresas acreditam que estão comprometidas com a qualidade dos serviços que prestam, mas seu compromisso é com a qualidade pela perspectiva técnica interna da própria empresa. Enquanto algumas entendem que qualidade em serviços é atender padrões de eficiência ou de produtividade definidos pela própria empresa, muitos dos quais os clientes não percebem nem desejam, outras definem a qualidade em termos de tecnologia avançada, ou seja, de padrões necessários para acompanhar os concorrentes em coisas que os clientes não querem e pelas quais não pagarão. O foco do serviço é muito mais satisfazer o cliente do que o objetivo da contratação em si. Em outras palavras, podemos dizer que o serviço pode ter sido concluído com sucesso e gerar o resultado esperado, mas mesmo assim não agradar ao consumidor. 121 Claro que se estivermos falando de cliente interno ou cliente pessoa jurídica vamos encontrar muitos que ficarão imensamente satisfeitos com a eficiência técnica de uma entrega de serviço bem executado, mas o consumidor final é carente desta objetividade e valoriza muito mais que algo bem-feito, assim como defende Zeithaml (2014, p. 100): [...] o comprometimento com a qualidade do serviço vai além de satisfazer os padrões definidos pela empresa ou pela concorrência, significando prestar serviços que o cliente perceba como de alta qualidade. Portanto, conhecer quem recebe o serviço é muito mais importante para o sucesso da empresa que dominar a prestação em si. O cliente já espera que o prestador tenha capacidade técnica para realizar o que promete, portanto ele espera muito mais que isso. Em termos práticos podemos afirmar que de nada adianta um mestre de obras entregar paredes perfeitamente alinhadas, se durante a obra tiver mantido relacionamento truculento, ríspido com seu cliente. Outra forma de perceber isso é que na prestação de serviço, muitas vezes o serviço não é o elemento principal. 122 Existem dois prestadores de serviço, um deles limpa tudo quando termina e o outro não, quem será mais valorizado pelo cliente? Dependendodo serviço realizado, do perfil do cliente, ambos podem gerar satisfação suficiente ou ambos podem deixar o cliente insatisfeito, o importante é que o empresário busque saber o que agrada ao cliente. O que Pode Dar Errado em um Serviço A própria visão da empresa sobre a qualidade do que entrega ao consumidor representa problema potencial, pois pode gerar discrepâncias entre o que se oferece e o que deveria ser oferecido (claro que isso se o objetivo do serviço for de agradar ao cliente). Muitos serviços como os da saúde são condicionados por diversas normativas e regras das agências reguladoras o que limita e muito a adoção de uma visão de serviço diferenciada ou uma entrega diferenciada por parte do prestador, mas muitos outros setores, menos regulados, podem produzir extrema criatividade na entrega de seus serviços. Ter visão estratégica neste caso implica entregar as especificações corretas e ao mesmo tempo entregar algo diferenciado, inovador, novo, que desperte no cliente satisfação e encantamento. Se um mestre de obras entrega uma parede ele pode ter feito tal parede perfeitamente reta e resistente, mas se o cliente valorizar a organização do local de trabalho e este mestre de obras deixar ferramentas espalhadas ou restos de material pelo local, vai desagradar ao cliente mesmo tendo entregue a parede de engenharia perfeita. De acordo com Zeithaml (2014, p. 52), Quando executivos com autoridade e responsabilidade para estabelecer prioridades não compreendem plenamente as expectativas de serviço dos clientes, eles podem desencadear uma série de decisões erradas e de alocações improdutivas de recursos, que culminam em percepções de má qualidade do serviço. 123 Existem centenas de hospitais Brasil afora e cada um deles vai apresentar semelhanças e diferenças. Um exemplo clássico de visão de qualidade distorcida está em um hospital optar por organizar seu atendimento de forma que o possível paciente tenha que passar pela burocracia antes de qualquer avaliação médica ou classificação de risco. Vamos fazer as unhas! Você está investindo em um salão especializado em unhas. Está tudo certo: local, loja adaptada e equipada e profissionais treinados. O que falta fazer é dar um ajuste fino em como você vai organizar a realização do serviço, pois tem um problema: pouco espaço lhe permitiu ter apenas 3 estações de trabalho, o que significa que apenas 3 clientes podem ser atendidas simultaneamente. Com poucas posições de atendimento você vai ter que desenvolver um fluxo da prestação de serviço semelhante ao que faz as redes de fast food: os clientes terão que ser atendidos rápido e eficientemente. Vamos a uma situação: Você treinou as funcionárias para atender rápido, com técnicas precisas e uso eficiente dos recursos e no dia da inauguração tem 50 mulheres agendadas. Durante o experiente a velocidade constante e atendimentos precisos fazem a fila de mulheres sumir ao ponto de ter atendido 60, 10 mulheres a mais do que o previsto pelos agendamentos. Nos dias que se seguem você percebe que o movimento se estabiliza, mas em um número pequeno com diversos momentos de ociosidade e decide fazer uma pesquisa com as poucas clientes que surgem. Pensando no que sabemos ser cultural do brasileiro que frequenta salão de beleza e na forma com que o serviço foi realizado, o que você acha que vai conter nos feedbacks das clientes sobre o salão? 124 O que acontece neste caso é que o hospital deseja identificar o paciente do ponto de vista administrativo/financeiro para decidir se deve admitir ou não, deixado com prioridade menor a sua classificação de risco. O hospital em questão apresenta com frequência, reclamações de pacientes que se irritam ao ter que esperar para assinar guias e contratos ao invés de receber a classificação da equipe de enfermaria. Este exemplo ilustra bem a falta de conexão entre o que o gestor compreende como o melhor procedimento e o que o cliente deseja e espera em um momento de enfermidade. De acordo com Zeithaml (2014, p. 52): Um exemplo de prioridades mal estabelecidas derivado de um entendimento impreciso das expectativas dos clientes é gastar dinheiro demais para refinar a aparência das instalações físicas da empresa quando os clientes podem estar muito mais interessados em conveniência, conforto e funcionalidade do local. Se o desejo do prestador é satisfazer ao cliente ele deve projetar o serviço pensando nisso, ele deve realizar o serviço pensando nisso, afinal, clientes descontentes tendem a espalhar o descontentamento muito mais rápido a mais pessoas do que o cliente contente. De nada adianta também capacitar a equipe ainda pensando exclusivamente nos aspectos técnicos do serviço, que são importantes, e deixar de lado as capacitações e simulações que demonstração o impacto do serviço ao cliente. De acordo com Zeithaml (2014, p. 52), Outro exemplo: colocar o pessoal de atendimento a clientes em um treinamento quase exclusivamente voltado para os aspectos internos de suas funções, como preenchimento de formulários e obediência às regras e diretrizes da empresa, com pouca ou nenhuma ênfase em aspectos que interessam mais aos clientes, como prestar informações e explicar o serviço com paciência e segurança. Para o consumidor comum, consumidor final, é possível estar insatisfeito com um serviço prestado à perfeição, tecnicamente. O consumidor está ávido por experiência, por encantamento, e ao receber apenas o básico, o que chamamos de arroz com feijão, não fica feliz mesmo compreendendo que o serviço foi entregue como deveria. 125 O básico jamais será o suficiente nos serviços. Pense em um cabeleireiro e o serviço que realiza: ele pode deixar um cabelo mais curto e também pode deixar um cabelo fabuloso. O encantamento que o cabeleireiro entrega vem na forma de talento praticamente artístico que vai muito além de simplesmente cortar o cabelo. O que queremos dizer com este exemplo é: deixar cabelos curtos não é algo que produzirá encantamento, ficando no arroz com feijão. Muitos homens usam cabelo curto do tipo que pode até ser cortado em casa, para eles um corte arroz com feijão gera moderada satisfação por ser prático. É isso que o cliente quer, é algo básico, despretensioso, que não requer nenhuma inovação, talento ou técnica. Com estas argumentações o que se espera não é ver gestores usando de criatividade em detrimento de precisão ou técnica. O que se espera é consciência de que o projeto da prestação de um serviço vai ter uma forte base técnica que garantirá a entrega do proposto que estará complementada com recursos que provocarão os sentidos do cliente lhe entregando uma experiência única que vai gerar encantamento. Pensar em técnica sem encantamento será tão danoso quanto pensar em encantamento sem técnica, é preciso desenvolver algo completo, pensando no cliente. 126 O que os Clientes Esperam de um Serviço Quem for se aventurar a prestar serviço vai ter que compreender que em serviços erra-se muito ao não saber o que o cliente espera em geral: em relação ao que será realizado no serviço, sua real função, as reais vantagens e até mesmo o nível de qualidade esperado. Mas como você, estudante, já deve ter percebido com esta unidade, o gestor vai ter que se ligar em perceber muito mais do que qualidade para deixar seu cliente feliz. Plataformas de vídeos como Youtube contêm diversos vídeos sobre street food, a comida de rua, de diversos países e o que mais me impressiona é a simplicidade quase insalubre de alguns dos cozinheiros. Em um vídeo de alguma cidade da Índia é possível ver diversas pessoas em volta de um homem cozinhando legumes e especiarias em uma chama arredondada. Em pouco tempo este homem termina de adicionar ingredientes e mexer bem tudo que está na chapa e começa a preparar para servir aos clientes. Ele esfrega pães achatados no preparado de legumes, coloca alguns pães e uma boa colherada da mistura numa bandeja descartável e entrega ao cliente mais próximo coletando o dinheiro com sua mão livre. Tudo isso em uma calçada deuma rua movimentada. Fiz esta descrição para ambientar você e aguçar sua percepção. Agora com o que está em sua mente imagine: será que o gosto do prato é bom? Será que ele usou vegetais frescos? Será que a manipulação dos alimentos é higiênica? Se você for um morador local vai se sentir confortável com o serviço prestado, com o produto entregue, vai se satisfazer com o que receber e não vai se preocupar com qualquer questão sanitária ou coisa do tipo. Agora, se você é um empresário e em uma viagem achou o stand legal, a comida sensacional e decide levar uma réplica disso para a Avenida Paulista, no centro de São Paulo, será que a percepção dos transeuntes será a mesma dos indianos? É necessário que o gestor faça muita pesquisa antes de decidir o que vai entregar ao cliente. Claro que se esta fosse uma disciplina de marketing estaríamos dizendo que tudo isso é o básico: pesquisa é o fundamento para todo projeto de produto ou serviço. De acordo com Zeithaml (2014, p. 72): 127 Dado que pesquisa de marketing é um veículo fundamental para o entendimento das expectativas e percepções dos clientes, nada mais natural que, quando uma empresa não coleta essas informações, suas chances de ter um grande gap 1 [não saber o que os clientes esperam] aumentam. Outro aspecto em que o gestor precisa investir é na profundidade de sua pesquisa no sentido de perceber que cada perfil de consumidor necessita de seu nível específico de profundidade, detalhamento, a pesquisa deve acompanhar este aspecto, caso contrário não vai fornecer dados suficientes que permitam o serviço ser encantador. O gestor que presta serviço de troca de óleo em veículos de passeio tem uma profundidade de seus clientes em termos de relacionamento, formas de tratamento e expectativas, ao passo que o gestor de uma concessionária que venda os veículos de passeio novos vai ter uma profundidade totalmente diferente, sem falar na forma de tratamento (mimos e conforto) e das expectativas mais altas. Sobre a profundidade do cliente e como é importante obter isso na pesquisa, Zeithaml (2014, p. 72), afirma que: 128 E mesmo a empresa que faz pesquisas de marketing, se estas não focarem a questão das expectativas dos clientes, as chances de essa empresa ter um gap 1 significativo também são grandes. Para fechar esse gap, a pesquisa de marketing deve focar questões relacionadas à qualidade dos serviços, como quais características são mais importantes para os clientes, que aspectos dessas características eles esperam e o que acham que a empresa pode e deve fazer quando ocorrem problemas na entrega do serviço. Você já saiu de um serviço com a seguinte pergunta? - Nossa, faltou apenas eles fazerem isso para me deixar realmente satisfeito. Claro que muitos consumidores esperam mais do que deveriam pelo serviço, como se esperassem algo gratuito e não incluso para expressar seu contentamento, mas muitos outros clientes estão, sim, buscando encantamento. Com o aumento do poder aquisitivo generalizado na última década, as pessoas passaram a aumentar suas expectativas e os prestadores de serviço precisam acompanhar. 129 As principais razões que fazem com que uma empresa não entenda as expectativas de seus clientes é simplesmente por não conhecer bem seu cliente e vão até mesmo do foco irrestrito à importância para questões técnicas que muitos clientes não valorizam. De acordo com Zeithaml (2014, p. 70-71), existem 3 motivos principais pelos quais uma empresa não atende às expectativas dos seus clientes: 1. falta de orientação para pesquisa de marketing, evidenciada por pesquisa de marketing insuficiente, uso inadequado dos resultados da pesquisa e falta de interação entre a gerência e os clientes; 2. comunicação vertical inadequada, ou seja, aquela entre funcionários de contato com os clientes e a gerência; 3. número excessivo de níveis de gerência separando o pessoal de contato com os clientes da alta gerência. Existem pessoas que são ótimas para escolher presentes de aniversário, seja de membros da família, colegas de trabalho ou amigos. Uma coisa é certa: não se trata de mágica, estas pessoas simplesmente buscam conhecer a pessoa que vai ser presenteada e ao traçar seu perfil conseguem escolher algo que sabem que vai lhe agradar. Uma empresa faz o dever de casa quando estuda o perfil do seu cliente e usa esta informação para aprimorar a prestação de serviço. Vale ressaltar que a avaliação do perfil do cliente não é algo que se faz apenas uma vez! Como a sociedade é viva e está em constante evolução, mudança, de tempos em tempos a empresa vai ter que reavaliar o perfil do seu consumidor e com isso promover novos ajustes na oferta de seus serviços. 130 Promessas em Serviços, Cuidado! Já falamos que a verbalização, a comunicação do que o serviço promete realizar é algo que diferencia o marketing de serviços do marketing de produtos, e o motivo disso é que existe em cada serviço uma promessa, quase que um milagre a acontecer, o fim dos problemas, a solução de uma vida, portanto a empresa deve tomar grande cuidado com o que promete. De acordo com Zeithaml (2014, p. 164): Discrepâncias entre a entrega do serviço e as comunicações externas, seja na forma de promessas exageradas, seja na de ausência de informações sobre aspectos da prestação do serviço destinados a servir bem os clientes, podem afetar fortemente a percepção deles sobre a qualidade dos serviços. A empresa hipotética anuncia agressivamente seu serviço de massagem dizendo em seus alto-falantes que é capaz de eliminar em apenas 15 minutos de secção qualquer dor que o cliente possa ter. O poder desta comunicação é tremendo, tendo em vista que dor é algo que todo ser humano deseja evitar ou eliminar se tiver, e com isso, qualquer cidadão que tenha em si alguma dor vai se sentir motivado a buscar o serviço. 131 Acesse o link: Disponível aqui De acordo com Worcman (2016, on-line), em seu artigo intitulado “Como entender e lidar com as expectativas dos clientes torna seu negócio mais lucrativo”: As expectativas dos clientes definem sua satisfação, o que também influencia a fidelização e novas compras realizadas por ele. Se o cliente sentir que você não entregou o que ele esperava, possivelmente não voltará a fazer negócios com você. Por outro lado, se ele tiver sua expectativa satisfeita ou superada, não só comprará novamente, como também dividirá a experiência positiva com outras pessoas. Se a empresa contabiliza R$ 50,00 de gastos para captar um cliente, se este cliente fizer uma compra de R$ 200,00 tem-se um resultado que pode ser positivo, mas se este consumidor for fidelizado e comprar constantemente, mensalmente, temos um lucro cada vez maior, pois não mais se tem a necessidade de captá-lo, portanto, satisfazer o cliente gera lucro! Não vamos entrar na área da Saúde, nem precisamos, para dizer que existem dores crônicas que necessitam de medicamentos, terapias variadas, fisioterapia e muito mais, e que não vão sumir com o toque preciso do massagista. Esta comunicação ampla de que o serviço acaba com qualquer dor, sem exceções, pode gerar muito descontentamento nos portadores de condições crônicas. Mas a criatividade do homem é elevada e criou artifício capaz de aliviar a tensão dos que não sairão livres de dor (e dos outros serviços que não fornecem resultado efetivo), para isso o marketing criou o slogan “Satisfação garantida ou seu dinheiro de volta”. 132 https://www.onyou.com.br/experiencia-do-cliente/como-entender-e-lidar-com-as-expectativas-dos-clientes-torna-seu-negocio-mais-lucrativo/ Esta é uma frase poderosa, pois alivia a tensão dos que não estão certos de que o serviço vai lhes ser efetivo e reforça a confiança geral, pois muitos vão pensar: empresas odeiam devolver dinheiro, eles não vão querer devolver o dinheiro, então, vão realizar o melhor serviço de suas vidas. Estamos falando aqui do gerenciamento da frustração, que começa na definição precisa e profunda do perfil do consumidor e vai para a modelagem da comunicação do serviço quedeve estar em sincronia com o serviço em si. Uma das formas de se assegurar a menor frustração possível do cliente pode ser definida por Zeithaml (2014, p. 167) como sendo: Nem todas as organizações fazem propaganda, mas todas precisam de coordenação ou de integração entre os departamentos, como comunicação horizontal entre vendedores e prestadores de serviços, por exemplo, para poderem prestar serviços de qualidade. Com isso fica claro que todos os processos relativos à prestação do serviço que pretende ser percebido como de qualidade devem ser minuciosamente organizados, avaliados e sempre executados com o cliente em perspectiva. 133 10 Sistemas de Apoio à Prestação de Serviço 134 Nesta unidade vamos falar de um recurso muito importante, mas cuja adesão no universo dos serviços ainda sofre, seja devido a impressões erradas sobre seu custo, sobre seus benefícios ou simplesmente pela simplicidade e até ignorância de muitos gestores: falaremos sobre os sistemas de informação gerencial. Esses sistemas são importantes aliados dos gestores e cruciais para o eficiente gerenciamento das atividades das empresas prestadoras de serviço. Nesta unidade, trataremos também do uso dos sistemas como o ERP ou Enterprise Resource Planning que permite uma condução eficiente dos negócios ao gerenciar de forma rápida e automatizada as informações e controle dos processos. Por fim, traremos para a mesa o CRM, ou Customer Relationship Management, amplamente utilizado pela indústria, mas que possui enorme relevância para o setor de serviços ao permitir um melhor gerenciamento da qualidade com o acompanhamento em tempo real das expectativas e percepções dos clientes. 135 Sistemas de Informação Gerencial Embora existam pessoas muito talentosas em nosso planeta posso afirmar com segurança que nenhuma delas pode desempenhar suas funções e profissões melhor que alguém bem treinado e que use um software de apoio. Claro que por muitas décadas as pessoas se viravam bem com cadernetas e até mesmo, mais recentemente, com planilhas eletrônicas, mas a velocidade das mudanças, das inovações e lançamentos dificulta muito que o sucesso chegue aos que não partem para soluções mais robustas como os sistemas de gestão. Não necessariamente o serviço de determinada empresa foi projetado dentro de um sistema, as decisões que foram sendo tomadas na fase de desenvolvimento vão culminar na formatação do serviço, uma espécie de planta, projeto ou até mesmo manual que deve ser seguido. Mas se já durante o processo de desenvolvimento do serviço existem mudanças que precisam ser feitas, decisões que precisam ser tomadas, imagine durante o funcionamento da empresa! E tem mais! Imagine o gestor que tanto tempo se dedicou planejando todo o fluxo do serviço, será que ele vai deixar que a execução desse serviço seja feita sem acompanhamento, sem monitoramento, sem medição que demonstre se está sendo efetivo, se está entregando o especificado, sem um sistema? De acordo com Gonçalves (2017, p. 44): Os sistemas de informações gerenciais (SIG) são cruciais para o gerenciamento dentro das organizações, pois auxiliam os gestores na tomada de decisão buscando sempre alcançar os objetivos e as metas traçadas para a permanência no mercado. Para que sejam feitos ajustes no percurso da prestação de serviços é preciso que o gestor tenha uma base sólida e fidedigna de informações que vão auxiliar em seu processo de tomada de decisão. O gestor que tiver pouca ou nenhuma informação não será capaz de perceber o que está entregando ao consumidor e este consumidor pode demorar muito a lhe oferecer, involuntariamente, um feedback relevante. 136 Quanto tempo demora entre o feedback e a ação? Vamos refletir sobre a necessidade dos sistemas gerenciais na prestação de serviços avaliando um caso interessante: A empresa e franquia hipotética Salão de Beleza acaba de lançar um novo produto: o alisamento de cabelos Express que usa uma nova técnica acompanhada de um produto inovador que contém uma elevada quantidade de formol, mas acompanhado de um segundo produto que, segundo o fabricante, foi desenvolvido para tornar segura a alta quantidade de formol. Com mais de 50 unidades, a empresa já deveria ter um sistema unificado de gestão, mas seus 2 anos de operação, aparentemente, ainda não convenceram os diretores a adotar tal medida. Os produtos e instruções estão nos 50 salões e as primeiras clientes já estão sendo atendidas. Não levou nem 3 dias para as primeiras queixas de problemas de saúde serem registradas nos salões, algumas brandas como náuseas e outras graves como internamentos por intoxicação com formol. Devido à ausência de sistema de CRM ou qualquer outro sistema de gestão, a franqueadora levou 30 dias e até 3 mortes para compreender o tamanho do problema e buscar uma ação. Com 45 dias somente, que o novo serviço foi suspenso e uma investigação detectou que o problema estava na má qualidade do agente protetor que deveria bloquear os efeitos nocivos do excesso de formol, mas que não estava surtindo efeito. Qual sua análise da situação? Dizer que eles deveriam ter sistema é fácil, na prática observamos empresas que apresentam diversas razões de não terem sistemas de gestão, mas o que pesa aqui não é o sistema e, sim, o procedimento, ou falta de, para a comunicação, seja de um problema ou de qualquer outra informação relevante ao negócio. O que você faria? 137 Antes, comentamos que toda empresa deveria ter sistemas e saímos argumentando em defesa disso, dizendo que o sistema é preciso para que seja mantida a qualidade do que se oferece, mas vai muito além disso. Estar operando com a base organizacional em um sistema informatizado não só dá a oportunidade de monitoração, acompanhamento, mas também permite a gestão completa da operação, conforme Gonçalves (2017, p. 44): Sua atuação está diretamente ligada à busca por reduções em custos operacionais, melhoria nos canais de comunicação, melhoria nos produtos e serviços ofertados pelas organizações, melhoria na tomada de decisão, melhor interface com os públicos relacionados à empresa, melhoria na estrutura organizacional, enfim, melhora em todos os processos de decisão e relacionamento da empresa com o mercado. Em mercados competitivos a empresa que fica operando na base do papel e caneta logo sente o peso dos concorrentes e seus sistemas. Muitos com planilhas eletrônicas, mas em tempos de necessidades imediatas de informação, de pareceres, ficar lapidando dados de uma planilha soa como grande perda de tempo sendo que existem sistemas com custo baixo que podem ser contratados e utilizados via internet. 138 Acesse o link: Disponível aqui Sistemas e sua importância na prestação de serviços. Fica muito complicado buscar qualidade, excelência na prestação de serviços sem um sistema que apoie a gestão. De acordo com o portal GestãoClick (2019, on-line) a gestão dos serviços utiliza ferramentas como os ERPs: Para gerir serviços é preciso ter as ferramentas adequadas, pois mesmo com profissionais capacitados, o trabalho se torna muito mais eficiente quando os dados são informatizados, setores conectados e os processos automatizados. E o software ERP ajuda em tudo isso. Ao informatizar os dados, permite que haja um cadastro de serviços, clientes e fornecedores, controle de estoque, orçamentos e ordens de serviço, além de controle financeiro completo... tudo bem organizado e atualizado em tempo real com acesso de qualquer lugar. Conectando todos os setores a fim de evitar retrabalhos. Sistemas CRM Existe um software que gerencia as relações da empresa com seus clientes e facilita enormemente a satisfação e fidelização da clientela. Estamos falando dos sistemas comumente conhecidos por sua sigla em inglês CRM que significa Customer Relationship Management, ou em português, Gerenciamento do Relacionamento com o Cliente. 139 https://gestaoclick.com.br/blog/gestao-de-servicos Claro que qualquer empresa engajada com seu cliente pode produzir enorme satisfação e com isso conquistara tão sonhada fidelização, mas todo o processo de cuidar bem do cliente envolve muita informação a ser colhida, classificada, armazenada e resgatada, de acordo com a ação a ser realizada e esses processos são brutalmente difíceis de serem feitos manualmente ou sem o apoio de um CRM responsivo. Vamos ao significado da sigla e em seguida o que esses sistemas representam para o setor de serviços com a conceituação de Gabriel (2019, on-line): O nome CRM vem do inglês “Customer Relationship Management”, que em português pode ser traduzido como “Gestão do relacionamento com o cliente”. O nome não poderia ser mais claro em definir a função do sistema, que é melhorar a relação entre a empresa e os clientes. Há muitos recursos que permitem chegar a esse resultado, como a organização das informações no mesmo lugar. Na prática, o CRM tem impacto direto nas estratégias de marketing, vendas, suporte e vários outros setores do negócio, já que todos são afetados pela relação com os clientes. Cuidar do cliente significa também ficar de olho nele, mas o que olhar? O que a empresa deve buscar de informação que seja ao mesmo tempo relevante e fácil de ser colhida? Um bom sistema de CRM não só facilita o olhar para o cliente como agiliza a coleta e processamento das informações, que serão posteriormente utilizadas pelos gestores na construção das estratégias de fidelização, de abertura de novos nichos de mercado e até de recuperação da confiança do cliente. Segundo Madruga (2018, p. 277), O CRM possui facilidades para ajudar organizações no aprimoramento da qualidade de seus produtos, procedimentos operacionais, serviços e atendimento a Clientes. Atualmente, um dos maiores problemas das pesquisas de satisfação é a demora para os resultados chegarem às mãos dos decisores. Com o recurso de pesquisas em tempo real, por exemplo, o gerente responsável pode tomar medidas para evitar a perda de Clientes e, ao mesmo tempo, investigar as razões que levaram à não conformidade. Vamos apresentar agora os recursos para controle e aprimoramento da qualidade. 140 Pense no CRM como o grande amigo do serviço, capaz de conter tanto a visão de serviço da empresa quanto à percepção gerada no cliente. Com ambas as visões fica fácil detectar as discrepâncias que possam estar ocorrendo e até mesmo obter possíveis saídas para tais problemas com o uso da inteligência artificial. Todo sistema empresarial, seja de apoio à decisão ou apenas gerencial, promove aumento na agilidade dos processos, se for bem empregado, com o CRM não muda! Sua incrível capacidade de lidar com informações relativas à experiência do cliente em tempo real permitem ações rápidas de correção de métodos e procedimentos e com isso é possível evitar a grande escalada de uma não conformidade, por exemplo. De acordo com Madruga (2018, p. 277), Possibilita em tempo real a gestão das diversas fases da prestação do serviço ao Cliente, subsidiando a tomada de decisão quanto a eventos críticos. Os serviços podem ser acompanhados pelos gerentes, que têm condições de identificar as anomalias cometidas. O CRM atua também na otimização de serviços ao Cliente, gerenciando o grau de satisfação, status da requisição de serviços e tempo de resolução de requerimentos. 141 Por fim, o grande efeito do CRM está em contribuir também para o ajuste da qualidade de produtos, uma vez que o CRM indica quais foram os produtos que mais necessitaram de reparo, o seu custo e o tipo de reparo mais frequente. O CRM e o Fortalecimento da Marca Podemos fazer um interessante paralelo entre um remédio qualquer e o CRM. Via de regra, os medicamentos são desenvolvidos para curar enfermidades e os efeitos deles são geralmente muito positivos em termos de bem-estar e qualidade de vida, certo? O mesmo ocorre com o CRM, em que a aplicação de sistemas de relacionamento com o consumidor coloca a empresa estrategicamente mais próxima do cliente, e com isso uma série de ações podem ser desenvolvidas reforçando e ampliando a visão que o cliente tem sobre a empresa. Um dos pontos importantes do trabalho do CRM é contribuir para a efetivação do posicionamento da empresa. Este posicionamento é fruto de uma análise técnica e minuciosa sobre o perfil deste cliente e que origina e condiciona como a empresa deve se organizar para estar em sintonia com este cliente. De acordo com Gabriel (2019, on-line), o fortalecimento pelo CRM começa pelo posicionamento da marca: Trata-se do posicionamento de marca, ou seja, como a marca é vista e encarada no mercado, tanto por clientes quanto por parceiros, concorrentes e observadores atentos. E o fortalecimento da marca é uma espécie de efeito indireto que o CRM pode provocar, o que é muito positivo. Mas como isso acontece, afinal? O CRM vai ajudar a sua empresa a converter mais clientes, certo? Depois disso, por meio do acompanhamento dos clientes, vai ajudá- los a ter bons resultados com o produto. Com toda esta argumentação sobre CRM fica até difícil compreender como muitas empresas de porte considerável conseguem provocar tanto desagrado em sua clientela e lentamente deixam de ser relevantes até sumirem por completo. 142 Imagine que soma imbatível: um software de gestão e um CRM! À primeira vista você, estudante, deve estar pensando que, embora seja ideal usar ambos os sistemas, o custo de aquisição deve ser elevado. Bem, pode ser, sim, muito caro ter os melhores sistemas, mas existem soluções na nuvem, baseadas na internet, que custam muito pouco e de qualquer maneira, o lucro que um cliente satisfeito pode trazer para a empresa certamente compensa qualquer investimento. 143 11 A Busca pela Melhoria da Qualidade nos Serviços 144 Bem, devido ao fato de que qualidade pode ser percebida de forma distinta de pessoa para pessoa, o setor de serviços precisa estar preparado para cada nível de qualidade que sua clientela comum possa ter. Nesta unidade, vamos trabalhar a qualidade como uma busca pela satisfação do cliente. O primeiro aspecto a considerar está em uma atividade essencial para a efetivação da qualidade e de sua importância: a avaliação. Na avaliação da qualidade temos um processo que jamais pode ser interrompido enquanto a empresa estiver em funcionamento e cabe ao gestor compreender que precisa avaliar, observar e acompanhar, de alguma forma, todo atendimento feito como forma de estabelecer o melhor olhar possível ao processo e com isso ter subsídio de informação para a tomada de decisão em ações de aprimoramento ou correção de processos. Somente se obtém qualidade quem a conhece, e no caso de serviços conhecer qualidade significa compreender cada uma das suas dimensões. A primeira das dimensões é a da confiabilidade representada por uma prestação de serviço com pontualidade, homogeneidade e livre de problemas. A dimensão da receptividade trabalha com a prontidão e presteza na prestação do serviço e implica na construção de processos e procedimentos que evitem fazer o cliente esperar desnecessariamente. 145 Quando se fala em segurança como dimensão da qualidade estamos falando do nível de conhecimento e cortesia do prestador de serviço, qualquer falha em um destes aspectos faz com que o cliente tema que a prestação não lhe será benéfica e ele perde a confiança. Um prestador que demonstra interesse e atenção ao cliente está agindo de acordo com o que a qualidade nos serviços define como a dimensão da empatia. Neste aspecto, fica clara a necessidade de se compreender as necessidades do cliente, de se conhecer este cliente. Por fim, temos a dimensão que trata dos aspectos tangíveis da prestação de serviços e com isto temos os cuidados acerca das instalações físicas, equipamentos, pessoal e material de comunicação. Atender um cliente em um ambiente descuidado, sujo e mal iluminado, por exemplo, demonstra claramente o desapego à qualidade e são estas evidências físicas que o consumidor usará para formar em sua mente as impressões e expectativas sobre o serviço. Qualidade em Serviços Todo ser humano tem seu nível de qualidade para tudo,até para coisas desconhecidas. Claro que o padrão de qualidade pessoal pode variar dependendo do momento em que se analisa e das condições impostas à situação. Quando estamos com pouca fome costumamos levar certo tempo para escolher onde e o que comer, ao passo que quando estamos com muita fome, é possível que deixemos de lado algumas restrições e padrões de qualidade para assegurar algo de comer. O padrão de qualidade de cada pessoa pode também ser influenciado pelas experiências de quem esta pessoa confia e serão confirmados após a prestação do serviço. Cabe ao gestor, inevitavelmente, ter uma metodologia de acompanhamento, de feedback da experiência de seus clientes, conforme defende Fitzsimmons e Fitzsimmons (2014, p. 129): A avaliação da qualidade é realizada ao longo do processo de prestação do serviço. Cada contato com um cliente é referido como o momento da verdade, uma oportunidade de satisfazer ou não ao 146 cliente. A satisfação do cliente com a qualidade do serviço é definida ao comparar a percepção do serviço prestado com as expectativas do serviço desejado. Quando se excedem as expectativas, o serviço é percebido como de qualidade excepcional e, também, como uma agradável surpresa. É importante que se tenha claro que qualidade não tem uma única faceta, pelo menos no que diz respeito à percepção do consumidor. Qualidade pode ser algo sendo feito corretamente e, ao mesmo tempo, qualidade pode ser algo sendo muito bem-feito. Muitos dizem que algo inesperadamente bom é algo de qualidade, quer saber minha opinião? Para seu professor, qualidade é o arroz e feijão bem-feito! Para mim, qualidade não é exceder o esperado, muito menos fazer o que a própria especificação do serviço indica, pois o mínimo que se espera de um serviço é que siga seus próprios parâmetros. Uma forma de se garantir qualidade é usar de processos e procedimentos claros para que cada atendimento siga um ritual pré-estabelecido. De acordo com Lilla, existem 5 passos que devem ser seguidos para se obter a excelência em um atendimento, indo além da prestação do serviço em si: 147 1. Treinar a equipe Na Apple, o treinamento da equipe que vai atender os clientes nas lojas realmente recebe a prioridade que merece. Ninguém entra em campo sem passar por uma preparação guiada em encantar os clientes. 2. Seguir cinco passos no atendimento 1. Abordar o cliente com boas-vindas personalizadas e acolhedoras; 2. Questionar, com perguntas fechadas e abertas, para entender as necessidades do cliente; 3. Apresentar uma solução; 4. Ouvir as questões e preocupações do cliente, respondendo a cada uma delas; 5. Terminar com uma despedida afetuosa e um convite para retornar. 3. Dar feedback sem medo O feedback do cliente é muito importante, mas o feedback da própria equipe de atendimento também tem um grande valor – e a Apple sabe disso. Portanto, os “Gênios” das lojas da Apple devem ser capazes de dar feedback sem medo aos seus gestores e aos seus colegas, para promover a melhora do serviço. 4. Fazer o cliente feliz Colaboradores que atuam no atendimento ao cliente das lojas Apple são treinados desde o primeiro dia para fazer o que for necessário para deixar o cliente feliz. Simples assim! 5. Demonstrar empatia Mesmo que o objetivo principal do atendimento seja fazer o cliente feliz, os funcionários das lojas da Apple não recebem apenas clientes contentes; eles também precisam lidar com sua cota de consumidores preocupados, frustrados ou nervosos mesmo. Para isso, eles são treinados para demonstrar empatia por meio da técnica dos 3 F’s: Feel, Felt e Found. Uma tradução livre em português seria “você sente”, “eu acho” e “eu acredito”. Tabela 1 – 5 passos da excelência em serviços | Fonte: Lilla (2018, on-line). 148 A dica do professor: gaste bom tempo, planejamento e recursos na etapa 1, trabalhando muito com a formação da equipe, da cultura organizacional, e verá que o restante lhe custará menos. O grande desafio é compreender o que o consumidor do serviço percebe como sendo um serviço de qualidade. O que vai encantar o cliente? O que vai fazer com que ele se emocione com o serviço? Certa vez, ainda em Londres, Reino Unido, um colega de trabalho da cozinha de um desses restaurantes italianos onde trabalhei, comentou com o proprietário que tinha levado a comida à mesa do cliente (algo que deveria ser feito apenas e prontamente pelo garçom), e para a surpresa dele o proprietário disse: - O que você quer por isso? Uma medalha? O que o meu amigo chef deve ter aprendido com isso é que existe na qualidade um ponto onde tudo acima dele é encantamento e tudo abaixo, arroz com feijão. Levar a comida ao cliente não poderia ser considerado evento especial, pois é de se esperar que a comida chegue ao cliente de alguma forma. Do ponto de vista do cliente fica mais fácil compreender o porquê meu amigo não merece uma medalha, pois este cliente fez um pedido, a lógica indica que em algum momento a comida que ele pediu chegará à mesa e ele não vai dar um feedback melhor se a entrega for feita pelo chef. Fitzsimmons e Fitzsimmons (2014, p. 129): Quando, no entanto, não se atende às expectativas, a qualidade do serviço passa a ser vista como inaceitável. Quando se confirmam as expectativas no serviço percebido, a qualidade é satisfatória. Um cliente de restaurante bem servido promove a satisfação e não necessariamente assegura a fidelidade, apenas permite que outras ações sejam feitas para melhorar a percepção de qualidade no cliente. Levar a comida ao cliente torna a experiência apenas satisfatória. 149 Dimensões da Qualidade em Serviços Nesse ponto você já percebeu que qualidade possui facetas que vamos chamar aqui de dimensões. Dimensões que os consumidores usam para avaliar a qualidade dos serviços são diversas, vamos abordar as mais gerais e que definem bem o que é qualidade na prestação de serviço. Confiabilidade Existe uma frase que diz que “promessa é dívida” e no setor de serviços é até contratual. Quando se anuncia que um serviço de massagem, por exemplo, vai acabar com toda e qualquer dor que o cliente possa ter, a menor das expectativas é de que ao final do procedimento o cliente deva estar livre de qualquer dor, física pelo menos. Portanto, o que se promete deve ser realizado sob a pena de perder a confiança do cliente. Claro que confiança, assim como qualidade, depende muito da percepção do cliente, mas é algo que deve ser pensado no desenvolvimento do serviço. Vamos partir do pressuposto de que algum massagista por aí, possa realmente eliminar (mesmo que momentaneamente) toda e qualquer dor que possa afetar o ser humano. O que este prestador de serviço precisa para ter um serviço confiável é conhecer toda e qualquer técnica que seja aplicável a dores humanas, o que é facilmente visto como algo pouco provável de se acontecer. Segundo Fitzsimmons e Fitzsimmons (2014, p. 129) confiança é: A prestação confiável de um serviço é uma expectativa do cliente e significa um serviço cumprido no prazo, da mesma maneira e sem erros. Por exemplo, receber a correspondência aproximadamente na mesma hora todos os dias é importante para a maioria das pessoas. A confiabilidade também vale para as atividades de retaguarda, das quais se espera exatidão na elaboração de contas e na manutenção de registros. 150 Em unidade anterior falamos sobre a composição do fluxo de trabalho, do desenvolvimento dos processos e procedimentos que farão a composição do serviço e aqui podemos dizer que ao praticar tudo isso, diariamente, repetidamente, e de forma homogênea, o prestador de serviço está garantindo que será visto como alguém de confiança, alguém confiável em seu campo de atuação, uma referência. Acesse o link: Disponível aqui Passei alguns anos da minha vida em Londres, Reino Unido, e lá pude me tornar cliente da Apple e quando meu iPhone 4 apresentou defeito usei o aplicativo deles para agendar um horário e a experiência foi mágica, com direito a check-in, escolha da localização na loja e uma cordialidadeque beirava ao ridículo. O artigo de Lilla (2018, on-line) intitulado “O segredo da Apple para um atendimento excelente” vai lhe fazer compreender o porquê e como os serviços deles são tão impactantes e satisfatórios. De acordo com Lilla (2018, on-line): “A Apple é conhecida por oferecer um atendimento excelente, o melhor em seu segmento. Descubra quais são os segredos e alcance excelência no atendimento.” Se por um lado conquistar a imagem de prestador de serviço de confiança é uma tarefa árdua, perder a confiança é extremamente fácil e rápido. Até parece injusto, mas a percepção da falha é sempre mais aguçada que a do acerto. E novamente devemos dizer que no marketing o cliente fala de uma experiência ruim para muito mais pessoas que falaria de uma boa experiência. 151 https://blog.octadesk.com/apple-atendimento-excelente/ Figura 1 – Percepção da qualidade em serviços Fonte: Fitzsimmons e Fitzsimmons (2014, p. 129). Quando as coisas dão errado, na perspectiva do cliente, quando não aconteceu a satisfação, ele perde a confiança no prestador de serviço e pode espalhar o seu descontentamento a pessoas em número suficiente, causando assim, a perda de confiança generalizada. Analise a imagem, a seguir, e com isso vamos compreender melhor como o cliente costuma lidar com seus níveis de satisfação: Se o cliente optou por contratar determinado serviço, ele mentalmente gerou uma expectativa sobre o que vai acontecer e tal expectativa vem das informações que obteve com quem lhe vendeu o serviço, vem também das percepções do local, do layout, da apresentação do serviço. Agora, a coisa fica complexa, pois do outro lado da operação temos um prestador de serviço que pode ou não entregar o que foi combinado. De acordo com a imagem, fica claro que (e você pode muito bem já ter passado por situações que se enquadram em cada uma das combinações), se já não é garantido um bom feedback ao entregar o suficiente, imagina quando se entrega menos do que o cliente espera? A receita do fracasso ocorre sempre que o consumidor sai insatisfeito por uma entrega de serviço incompleta. Ainda, de acordo com a imagem, é possível compreender que buscar superar as expectativas do cliente é sempre o melhor caminho. Portanto, se a entrega do esperado gera confiança, superar a expectativa a consolida. 152 Receptividade Entenda que receptividade não representa somente recepção, o atendimento inicial, cordial e educado, aqui estamos tratando receptividade quase como empatia, como uma filosofia de atenção máxima ao cliente, que algumas empresas prestadoras de serviço fazem tão bem. O que você sente quando aguarda por algo num estabelecimento e em sua opinião os colaboradores não parecem tão ocupados ao ponto de precisar fazer você esperar? Por outro lado, o que você sente quando chega em algum estabelecimento e é atendido prontamente e mesmo que tenha que esperar, percebe que a espera realmente faz parte do fluxo do serviço, que é inevitável devido a procedimentos que precisam ser feitos ou pelo número de pessoas que estão sendo atendidas? A disposição para auxiliar os clientes e fornecer o serviço prontamente. Deixar o cliente esperando, ainda mais sem motivo aparente, cria percepções negativas desnecessárias. Se ocorrer uma falha no serviço, a capacidade de se recuperar com rapidez e profissionalismo gera percepções muito positivas da qualidade. Por exemplo, servir bebidas como cortesia durante a espera de um voo atrasado pode transformar a má experiência do cliente em algo a ser lembrado favoravelmente. (FITZSIMMONS E FITZSIMMONS, 2014, p. 129). Fica claro que receptividade nada mais é do que a capacidade de o prestador de serviço atender o cliente no serviço desejado, com agilidade e dedicação, valorizando o tempo que o cliente está lhe ofertando para que seja feito o serviço contratado. 153 Segurança Existem alguns prestadores de serviço que costumam aparecer na televisão ou em vídeos da internet demonstrando extremo talento em sua profissão. Ser atendido por um destes artistas gera maravilhosas experiências e também gera a confiança no cliente. O prestador de serviço talentoso, recomendado e valorizado impõe grande confiança o que facilita e muito a percepção positiva de seu serviço ao passo que um prestador de serviço inexperiente precisará do acompanhamento próximo de seu mentor para dar a mínima sensação de segurança ao seu cliente. Está relacionada ao conhecimento e à cortesia dos funcionários, bem como à sua capacidade de transmitir confiança. A dimensão da segurança inclui as seguintes características: competência para realizar o serviço, cortesia e respeito, comunicação efetiva e a ideia de que o funcionário está realmente interessado no melhor para o cliente. (FITZSIMMONS E FITZSIMMONS, 2014, p. 129). 154 Embora a competência para se realizar o serviço faça parte do que temos como segurança e pode ser reconhecida como o aspecto que sobressai diante dos demais, tem impacto maior na sensação de satisfação do cliente. Imagine que você está na seguinte situação: comprou um equipamento caro para sua empresa e precisa de contratar alguém para fazer a sua instalação. Durante o processo de instalação o prestador se apresenta nervoso, tenso, descuidado e, por fim, acaba danificando o equipamento. A empresa em que esse profissional presta serviço se prontificou a pagar por um novo aparelho, enviou um instalador diferente e ofereceu um voucher de uma famosa loja de artigos esportivos. Agora reflita com as seguintes questões: Diante do acontecido, qual sua percepção da empresa? Para você, qual foi o objetivo das ações da empresa após o incidente? A segurança na prestação de serviço também pode ser vista como a segurança com a qual o prestador realiza o seu trabalho. Existem casos em que a menor interação do cliente parece atrapalhar o andamento do serviço, mas em serviços como o de um cabeleireiro, o intenso diálogo entre cliente e prestador enriquece a experiência, é algo culturalmente comum no processo desse serviço. Empatia A cada unidade você, estudante, percebe que para que a prestação do serviço termine em uma experiência positiva ao cliente é preciso que o prestador se conecte com este cliente. Existem muitos exemplos diariamente em que o prestador de serviço faz seu 155 trabalho sem ao menos olhar no rosto do cliente, proferindo poucas palavras e até mesmo sendo grosseiro ou rude, com isso, mesmo que o serviço entregue seja de qualidade, esta qualidade será ofuscada pela percepção de insatisfação do cliente. Esta dimensão da qualidade pode ser tratada como uma das mais difíceis de se conseguir, pois vai depender das pessoas que prestam o serviço, não depende tanto do treinamento oferecido ou do fluxo de trabalho projetado. Demonstrar interesse e atenção personalizada aos clientes. A empatia inclui as seguintes características: acessibilidade, sensibilidade e esforço para entender as necessidades dos clientes. Um exemplo de empatia é a capacidade de um funcionário de uma companhia aérea de encontrar uma solução para um cliente que perdeu sua conexão, tratando o problema como se fosse seu (FITZSIMMONS E FITZSIMMONS, 2014, p. 129). A empatia faz suavizar qualquer tensão de uma prestação de serviço complexa e pode ser usada como elemento de destaque cujo uso frequente do atributo promove e muito a divulgação boa a boca. Não se trata de bate-papo, de cercar o cliente de conforto em detrimento de qualquer capacidade técnica, é o mesmo que humanizar, dar ao consumidor o que ele precisa em termos de serviço e complementar com tudo o que faz o consumidor único, específico. Ter empatia significa que o prestador não vai na casa X consertar um ar condicionado, significa que ele vai na casa do Pereira (hipotético) fazer ele ter ar fresco novamente e com isso não passar mal devido ao calor. Empatia neste caso é compreender a importância do serviço para o cliente. Um serviço feito com empatia pode ser exemplificado como todo e qualquer serviço em que o cliente lembra facilmente o nome do prestador!156 Aspectos Tangíveis Para falar de aspectos tangíveis, devo recorrer novamente a uma de minhas experiências (a frequência da aparição destas experiências reforça a ideia de que estamos cercados por serviços o tempo todo): trata-se de quando solicitei um reparo na casa onde morava, uma casa alugada. Fiz a solicitação por telefone e via mensagem de aplicativo descobri que o prestador chegaria na minha casa, naquele dia, às 15 horas. O problema tinha relação com o telhado da casa, então estranhei quando o prestador chegou em uma moto pequena. Pensei: onde está a escada? Por que ele está de chinelos? Ele não usa crachá, uniforme ou qualquer identificação? Embora o prestador tenha realizado o que precisei a contento, confesso que minha visão sobre ele nunca foi espetacular, foi apenas arroz com feijão. Na prestação de serviços deve-se sempre empenhar em construir uma imagem positiva no consumidor, e de acordo com Fitzsimmons e Fitzsimmons, isso pode ser feito da seguinte maneira: 157 Aparência das instalações físicas, equipamentos, pessoal e materiais de comunicação. A condição do ambiente (p. ex., limpeza) é uma evidência tangível do cuidado e da atenção aos detalhes exibidos pelo fornecedor do serviço. Essa dimensão de avaliação também se estende à conduta de outros clientes que estejam utilizando o serviço (p. ex., o barulho de um hóspede no quarto ao lado em um hotel) (FITZSIMMONS E FITZSIMMONS, 2014, p. 129). Quando se usa um serviço mais de uma vez em locais diferentes fica fácil captar o que representam os aspectos tangíveis. Uso óculos desde muito jovem e já troquei de armação e lentes dezenas de vezes, vou comparar aqui como foram as experiências em Londres, Reino Unido, e em Marília, São Paulo. Em Londres, as óticas têm autorização para conduzir o exame que revela o problema no olho e o grau necessário para a correção, claro que o mesmo acontece em Marília, com a diferença de que, no Brasil, o exame não é dentro da ótica. 158 fato de o exame ser realizado fora do estabelecimento da ótica me causou certa apreensão e isso impactou na minha sensação de segurança também. O local em Marília possuía pouca decoração, utilizava aquelas divisórias antigas e não tinha ali alguém que fizesse algum atendimento, exceto pelo optometrista (profissional capacitado para avaliar o grau dos óculos). A tensão e a situação se dissiparam completamente quando o exame foi realizado. O recado importante deste relato é que são muitos os elementos, as dimensões que vão impactar na percepção de qualidade do consumidor. Cabe ao gestor compreender o que o cliente espera e fazer o possível para ofertar. Onde me senti melhor? Em Londres, pois o local era mais organizado, máquinas mais bem cuidadas, com aparência de novas, profissional muito bem uniformizada e cordial. Embora a experiência em Marília tenha sido apenas marginalmente inferior, o 159 12 Avaliação da Qualidade dos Serviços 160 Tão complexo quanto oferecer qualidade é avaliar a qualidade e se continuar no argumento, temos que só se consegue avaliar qualidade se o prestador compreender a qualidade. O processo de avaliação da qualidade é extremamente importante não só para confirmar planejamentos, mas primordial em situações de resolução de problemas. Nesta unidade, vamos compreender o que está por trás e dar significado, importância à avaliação da qualidade nos serviços e, primeiro vamos compreender que é preciso ir aonde se tem o melhor contato com o cliente, no setor da empresa mais capaz de compreender o que se passa na prestação do serviço: as equipes de venda e relacionamento com o cliente. Assim como uma prestação de serviços de qualidade precisa de metodologia, processos e procedimentos bem desenhados, a sua avaliação deverá ser tão rigorosa quanto, por isso vamos falar sobre o SERVQUAL e como esta metodologia avalia de forma customizada os serviços prestados. A busca pela qualidade pode ser utilizada como método para a recuperação de um serviço que vem sofrendo com problemas e reclamações. Além de se identificar as falhas, o gestor precisa de se aproximar dos clientes que sofreram com falhas para que se possa compreender o cenário a ser corrigido. 161 A Avaliação da Qualidade em Serviços Já vamos começar deixando claro que avaliar um serviço pode até começar por analisar pesos e medidas, especificações, mas vai muito além disso, passando pela performance do prestador, eficiência no uso dos recursos, adesão aos métodos descritos no procedimento e, por fim, no nível de satisfação gerado no cliente. Pensando nesse pacote de aspectos que o gestor deve analisar para conseguir classificar se o serviço está sendo realizado com a qualidade esperada, vamos novamente nos pautar pela experiência do cliente como sendo a cereja deste bolo. Você já viu, em outra unidade, que é equivocado o gestor que julga a qualidade do serviço apenas pelo cumprimento das especificações contratadas, pois este aspecto é algo que o cliente entende por ser garantido. A experiência, por outro lado, é algo que impacta muito mais a percepção do cliente e sua definição de qualidade. Podemos afirmar que, assim como o gestor precisa compreender o que o consumidor deseja, em ordem de lhe prestar o serviço adequado, este gestor deve conhecer como o consumidor enxerga o serviço, pois é deste ponto que virá o feedback de sua experiência. 162 Figura 1 – Avaliação de serviços Fonte: Corrêa e Gianesi (2019, p. 91). Analisando a imagem acima, é possível compreender como tudo está ligado na percepção e expectativa que o cliente faz com o serviço que contrata. O gestor deve compreender que cada perfil de cliente terá sua própria percepção e expectativa e deve levar isso em conta quando definir quais são seus níveis de qualidade, o que ele considera aceitável, satisfatório e insatisfatório. Novamente, vamos comparar produtos e serviços, pois muitos estabelecimentos misturam os dois na oferta ou na execução. Compreender que a tangibilidade dos produtos orienta mais rapidamente a percepção é fundamental na avaliação da qualidade, pois vários serviços são feitos com produtos, para produtos ou em produtos. A mistura de produtos e serviços tende a condicionar a avaliação da qualidade e por este motivo o processo deve levar em conta as opiniões em relação ao produto, mas dar a este aspecto peso menor no resultado final. De acordo com Corrêa e Gianesi (2019, p. 91): Quando um consumidor vê um produto tangível, a imagem real é a principal responsável pela formação das expectativas do consumidor. Se um fabricante anuncia na mídia uma mala de viagem, enfatizando seu espaço interno e dizendo “nesta mala você 163 vai poder acomodar todas as suas roupas!”, dificilmente um consumidor que adquira o produto sentir-se-á frustrado por não conseguir acomodar efetivamente “todas” as suas roupas na mala. A imagem do produto tangível pesa mais na formação das expectativas do consumidor do que qualquer afirmativa exagerada do anunciante. O consumidor terá sempre algo físico como base de sua percepção, portanto, os serviços que possuem produtos devem ter sua avaliação mais intensificada e focada na experiência como um todo. Claro que o bom gestor pode aproveitar o momento de avaliação de qualidade para investir na experiência de seus clientes e com isso elevar, em geral, os níveis de qualidade da empresa. Quem e como se mede a qualidade do serviço? Escolher a pessoa certa para a prestação de serviços é primordial, e estamos aqui falando de qualquer um dos atores deste processo: do prestador ao cliente. O profissional que vai aferir a qualidade do serviço também precisa ser escolhido de forma coerente e passar por todo e qualquer treinamento necessário para que seja efetivo em extrair depoimentos honestos, feedbacks fidedignos que serão instrumentais para a melhoria da qualidade dos serviços. Geralmente, o feedback chega de forma quase informal e cai direto em quem está na linha de frente: vendedores e atendentes. Claro que o contato para a avaliação da qualidade podeser feito, não precisa ser espontâneo, apenas. Neste caso, a equipe precisa ser muito bem treinada de forma a engajar o cliente a contribuir com o processo. De acordo com Okino (2016, on-line), também é preciso definir um fluxo para a medição da qualidade, pois ela se configura como um serviço à parte no processo, um serviço em um serviço: 164 As equipes de venda e relacionamento com o cliente geralmente têm a melhor noção do que os seus fregueses pensam sobre a empresa. Por isso, o primeiro passo é reunir-se com os responsáveis pelo setor e discutir um fluxo de trabalho que colete mais e melhores avaliações em contatos de venda e pós-venda. Além disso, é importante planejar como eles podem ser aproveitados. Depois, você deve dedicar-se a pesquisas de satisfação, que podem ser feitas por e-mail ou telefone. Esse método para medir a qualidade na prestação de serviços funciona muito melhor quando as perguntas são bem elaboradas. Via de regra, o consumidor gosta muito de ser ouvido, principalmente quando algo de errado acontece. As pesquisas de qualidade dão ao consumidor a chance de melhorar o que recebe de serviço e com isso fazer melhor enquadramento entre sua expectativa e a entrega feita. SERVQUAL – Método de Avaliação da Qualidade Cada tipo de serviço, cada nicho de mercado vai apresentar suas peculiaridades e isso pode ser impeditivo na formação de um modelo que possa orientar e coordenar os processos contínuos de avaliação da qualidade, e com o Servqual é possível atender em geral qualquer tipo de prestação de serviço e fornecer bom nível de detalhamento sobre a experiência e status da clientela de diferentes tipos de serviço. A necessidade de se utilizar um modelo pode ser justificada pela grande dificuldade que o consumidor pode ter em se expressar corretamente. O modelo Servqual entra para dar ao cliente, e não só à empresa, uma orientação de como expressar sua experiência, conforme defende Ramos (2017, on-line): 165 Talvez a insatisfação do cliente não possa ser apontada como se faz com o produto. Às vezes, o cliente gosta ou não do serviço, mas não consegue expressar de forma exata seu sentimento. Isso que prejudica a tomada de decisões e dificulta tomar atitudes para melhorar o serviço. Mas fica claro que conhecer bem o cliente faz a diferença, pois no método Servqual virá do cliente a base da metodologia, os fatores que este cliente, este perfil valoriza na prestação do serviço. De acordo com Ramos (2017, on-line), A metodologia busca saber quais fatores o cliente considera mais importantes na prestação de um serviço. Dividido em duas etapas, o método consiste em 2 entrevistas que devem ser realizadas com vários clientes, focando em 22 perguntas preestabelecidas em cada uma. Em ambas as entrevistas, o cliente deve atribuir uma pontuação relativa à qualidade dos serviços nas organizações. A pontuação pode ser estabelecida por você, mas geralmente são utilizadas notas entre 0 e 6 pontos. A primeira entrevista questiona o cliente em relação ao que ele acha ideal ou mais importante para que uma empresa realize o serviço avaliado. Já a segunda visa entender o que o cliente acha de uma empresa específica. Quando você aplicar o SERVQUAL na sua empresa, a segunda entrevista será direcionada ao que ele pensa da sua organização. O Servqual é importante ferramenta de validação do planejamento pré-serviço em que a empresa identifica se fez ou não boa pesquisa de marketing, de mercado e se compreende bem o que seu cliente deseja adquirir e como espera que seja atendido. De acordo com Ramos (2017, on-line), são avaliados os seguintes aspectos do serviço: Confiabilidade (Reliability); Garantia (Assurance); Tangíveis (Tangibles); Empatia (Empathy); Capacidade de resposta (Responsiveness). 166 Como já falamos destes aspectos em outra unidade, o que fica claro aqui é que a avaliação de qualidade segue o perfil do consumidor na forma da abordagem e até mesmo na forma de se formular as perguntas. Percebeu como todo o desenvolvimento de produtos e serviços é pensado no cliente? Partindo deste pressuposto a avaliação do serviço deve considerar quem recebe o serviço. Desta forma, vamos a uma situação hipotética: O dono de uma oficina mecânica para automóveis de passeio entendeu que precisava melhorar o atendimento em geral para fidelizar seus clientes e como não sabia por onde começar foi orientado a fazer um questionário. Com o questionário pronto ele passou a aplicar a todos os clientes, mas com o próprio questionário começaram a surgir os problemas: Muito longo: o questionário era formado por 50 questões; Muitas dúvidas: clientes não compreendiam a linguagem rebuscada; Muito vago: clientes questionaram excesso de perguntas sobre sala de espera e nada de pergunta sobre os veículos. Embora tenha enfrentado estes problemas o proprietário da oficina obteve 100 formulários completos. A análise dos formulários deu início a uma série de mudanças na oficina, você, estudante, acredita que as mudanças tendem a ser bem recebidas ou rejeitadas pelos clientes? Por quê? 167 A Recuperação de um Serviço Assim como o plano de negócio pode ser feito para empresas que nunca fizeram um, que nunca fizeram sequer algum planejamento, a avaliação que detecta e corrige problemas na prestação de serviços pode e deve ser feita até mesmo na empresa que nem ao menos fez o desenvolvimento do serviço. Existem muitos estudos de caso sobre problemas com produtos e serviços e existe uma imensa variedade de abordagens das empresas na forma de tratar destas crises. Longe de entrar no mérito de certo ou errado, uma coisa é comum nestes casos: existem muitos casos em que a empresa prefere uma relação do tipo “de quem é a culpa” em detrimento de uma abordagem do tipo “cometi um erro, vamos tentar fazer correto e melhor desta vez”. Não pense que se trata de uma escolha, erra e muito a empresa que decide precisar escolher um lado, ela deve sempre pender para o lado do cliente e buscar transformar o problema em uma chance de encantar, de exceder as expectativas. Como cada empresa, serviço e cliente apresentam peculiaridades, não existe um modelo fechado de como resolver um problema de prestação de serviço, mas nada impede que a empresa comece com alguns passos. De acordo com Mello (2010, p. 175), a empresa que necessita reparar algo errado com seu cliente deve começar com os seguintes passos: a) Identificar as falhas do serviço. b) Identificar e contatar os clientes que experimentaram a falha no serviço. c) Admitir a falha sem ficar na defensiva, pois pode sugerir que a organização reluta em investigar detalhadamente a situação. d) Dar mostras de que a organização compreende o problema do ponto de vista do cliente, evitando tirar conclusões precipitadas a partir de interpretações pessoais do prestador do serviço. e) Não discutir com os clientes, uma vez que isso atrapalha o processo de ouvir e raramente dissolve a raiva, e respeitar as suas opiniões. 168 Praticamente, todo cliente de serviço já sofreu com algum problema uma vez em sua vida, e em muitos casos sofreu dobrado, pois deu de cara com uma empresa acusadora, intransigente que o acusou de negligente, negou culpas a ela não atribuídas, enfim, muitos já sofreram nas mãos dos que não compreenderam seu papel: o de satisfazer o cliente. Gosto muito de carros elétricos e ao assistir a um destes vídeos de fãs destes carros, me deparei com uma história curiosa: o proprietário de um veículo elétrico descobriu que estava com problema na porta de conexão do cabo de carregamento do veículo. Ao chamar por assistência técnica encontrou um serviço eficiente, um atendente atencioso e preocupado com a situação e muito prestativo. Tudo transcorreu corretamente até que alguns dias depois, e antes do fim do prazo de reparo acordado, decidiu se conectar no sistema da montadora e sondar em que pé estava o reparo. Nesse momento, ele percebeu que a empresa não sabia da existência do carro em seu armazém. Rapidamente o gerente de serviços da unidade entrou em ação, localizouo veículo. O operador do reboque deixara o veículo no estacionamento comum sem notificar a empresa. Por fim, o gerente agilizou o reparo, pediu desculpas pelo transtorno e ofereceu cortesias em um belo hotel para o proprietário. 169 Existem milhões de relatos diferentes deste, em que ocorrem acusações, muito desencontro e jogo de empurra-empurra, mas este é sublime. A empresa que deseja se destacar em seu mercado não pode se fechar na defensiva e acreditar ser um bom caminho se esquivar dos problemas. A seguir, temos a continuação dos passos que a empresa deve seguir, em ordem, para resolver qualquer problema que venha a ocorrer em seus serviços: f) Esclarecer os passos necessários para solucionar o problema, principalmente quando não for possível uma solução imediata. As empresas certificadas pela norma NBR ISO 9001, por exemplo, saem na frente neste aspecto, pois o modelo do sistema de gestão da qualidade proposto por essa norma requer que a empresa empregue uma metodologia documentada para a implementação de ações corretivas e preventivas. g) Manter os clientes informados sobre o andamento da ação de recuperação da falha no serviço. h) Treinar e dar autonomia aos funcionários de linha de frente e àqueles responsáveis para tratar das reclamações dos clientes. i) Encorajar a reclamação dos clientes através de canais apropriados para tal, uma vez que, conforme Hart, Heskett e Sasser (1990) afirmam, os clientes que têm experiências ruins com os serviços contam o fato para aproximadamente onze pessoas, enquanto os que tiveram boas experiências contam para apenas seis. Johnston e Clark (2002) sugerem a utilização de questionários de sugestões e reclamações e a disponibilização de linhas telefônicas gratuitas (do tipo 0800). j) Considerar a compensação, no caso de os clientes terem perdido tempo ou dinheiro devido a uma falha no serviço. Lovelock e Wright (2001) sugerem que a compensação pode ser feita através do pagamento de um valor monetário ou de um serviço equivalente em espécie. Spreng, Harrell e Mackoy (1995) afirmam que os hotéis da rede Embassy oferecem uma estada gratuita se o cliente não estiver 100% satisfeito com o serviço. k) Registrar os dados das falhas e usá-los para melhorar a qualidade do serviço como um todo, inclusive do processo de desenvolvimento de serviços (MELLO, 2010, p. 175). 170 Todo problema reportado nas ordens de serviço das concessionárias vira pauta de reuniões de melhoria semanais, o que demonstra que existem muitas empresas que sabem se valer de qualquer fonte de informação para se aprimorar. O importante é compreender que o aprimoramento do serviço é preciso e que a melhor forma de se obter feedbacks honestos é se conectar com a clientela. Avaliar a qualidade: sua importância e como melhorar? Como dito nesta unidade, avaliar a qualidade está muito ligado a avaliar a satisfação do cliente com o serviço. Já ouviu falar do sistema de 10 passos da Toyota? Nesse sistema, que acompanha toda a prestação de serviço de revisões e reparos dos veículos da marca, no 10º passo o cliente é questionado se está tudo certo e se ele está satisfeito. O que ocorre se o cliente diz que não está satisfeito? Volta para o passo 1, o veículo é reavaliado pela nova queixa e segue até que no 10º o cliente afirme que está satisfeito. E não é só: na negativa do 10º passo, o problema relatado passa para a reunião de melhoria contínua da semana seguinte para que seja encontrada a causa do problema de forma a não mais ocorrer. De acordo com GestãoClick (2020, on-line), a satisfação do cliente pode ser medida de diversas formas: 1.. Faça reuniões com a equipe de vendas e com a equipe relacionamento com o cliente (se houver) a fim de obter avaliações honestas dos serviços oferecidos. 2. Elabore pesquisas de satisfação com perguntas objetivas — é preferível que o cliente possa dar uma nota (de 0 a 10) ao serviço ao qual teve acesso, listar a periodicidade que o utiliza e fazer críticas e sugestões. 3. Monitore as redes sociais de sua empresa a fim de entender qual é a pontuação atribuída a ela (como no Facebook ou no Google Meu Negócio) e analisar os comentários. 171 Fonte: Disponível aqui 4. Avalie reclamações e faça uma pesquisa rápida sobre a satisfação do cliente logo após o atendimento e a resolução do problema. 5. Adote o sistema de KPI (Key Performance Indicator ou Indicador-chave de Performance) para mensurar resultados — indicadores de qualidade que podem ser usados: taxa de reclamação dos clientes, de conversão de vendas, de fidelização e de produtividade. 6. Utilize a metodologia NPS (Net Promoter Score) para mensurar se os clientes estão recomendando ou não o seu negócio. Ela consiste na pergunta “Em uma escala de 0 a 10, qual é a probabilidade de você recomendar a nossa empresa para alguém?” 172 https://gestaoclick.com.br/blog/qualidade-prestacao-de-servico 13 Estruturando o Ciclo de Serviço 173 Caro estudante, nesta unidade vamos tratar de refinamento, de como 3 palavras podem fazer a diferença na prestação de serviço em algo que é mais conhecido por sua aplicação em produtos e suas linhas de produção: falaremos sobre o planejamento, programação e controle de serviços. De forma geral, o uso do PPCS surte grande efeito ao melhorar e refinar os resultados das composições como projeções de venda e do consumo de recursos, e com isso o processo de busca pela qualidade é facilitado. Dentro do espectro de ação do PPCS temos elementos como a capacidade, uma grande preocupação do gestor, pois para prestar um serviço é preciso ter a capacidade de atendimento. Já o fluxo de clientes, embora tenha forte ligação com a capacidade, trata-se da busca pela redução das filas que embora demonstrem saúde à empresa, são boa fonte de descontentamento por parte dos clientes. Não é só no PPCP da produção que a gestão de materiais é estratégica, no mundo dos serviços também. Para o gestor de serviços, gerir materiais o auxilia a garantir a parte técnica da percepção do serviço pelo cliente e de elevar o nível de valor agregado imposto pelo projeto. 174 Planejamento, Programação e Controle de Serviços A agressividade de cada mercado define o nível de refinamento de seus participantes e isso significa que enquanto alguns prestadores de serviço estão na era do lápis e papel outros estarão projetando seus PPCPs. O PPCP (Planejamento, Programação e Controle da Produção) tão comum na indústria tem seu irmão no setor de serviços, o PPCS, que significa Planejamento, Programação e Controle dos Serviços e funciona como recurso importante no refinamento das atividades, otimização do uso de recursos e até mesmo na melhor composição dos cenários usados para a previsão de demanda. Segundo Corrêa e Gianesi (2019, p. 197), A adoção dessa nova forma de gestão da demanda partiu da necessidade da empresa de melhorar a precisão das suas previsões de venda e de consumo dos seus recursos. A empresa percebeu que as imprecisões nas previsões custavam caro em função da alocação de mais recursos que o necessário, em alguns casos, ou menos que o necessário em outros. Vamos refletir: para um cliente de salão de beleza, satisfeito, não faz muita diferença se seu cabelo foi lavado com 1 litro ou com mil litros de água, o que importa é a qualidade do serviço finalizado, portanto são muitos os recursos que podem ter seu uso ajustado de forma que torne mais lucrativa a prestação de serviços. Se refletirmos também na dinâmica da logística de entrega de muitos insumos, podemos concluir que realmente o caminho do sucesso, do lucro, do menor custo, está em ajustar as operações para que seu consumo de recursos seja reduzido a um número otimizado. Neste aspecto o PPCP e o PPCS entram com força e promovem resultados incríveis. Para Jahn (2018, on-line, apud Chiavenato, 1991), o PPCP tem a função de: [...] planejar e programar a produção e as operações da empresa, bem como controlá-la adequadamente, objetivando o aumento da eficiência e a eficácia através da administração da produção. Para que o setorde PPCP possa ser eficaz em suas tarefas, é necessário 175 que ele administre informações vindas de várias áreas da empresa, o que nem sempre é uma tarefa fácil, conciliar os interesses de todos os setores, além disto, a interpretação dos dados advindos de fontes diversas podem gerar dúvidas se não houver uma padronização dos mesmos. Chegamos a um ponto no qual não mais podemos sequer considerar operar um serviço sem ter por base um sistema gerencial. As implicações do uso do PPCS são enormes e levam a empresa a total reestruturação devido à sua necessidade de informações ofertadas com prontidão e autenticidade. Capacidade e Demanda Na década passada, sites de compras coletivas se tornaram muito populares. Nestes sites as pessoas poderiam comprar produtos e serviços com desconto desde que um certo número de pessoas fizesse a compra. A atrativa economia de escala movimentou e muito as empresas participantes, mas também colocou no holofote as empresas que não se preocuparam com uma dupla perigosa e complicada (se ignorada, claro): a capacidade de atendimento e a demanda esperada. Quando a empresa não existe, está ainda nas páginas de seu plano de negócios, tanto a capacidade quanto a demanda são definidos, projetados, e o objetivo disso é saber, dentre outras informações, a necessidade do tamanho do local que poderá abrigar a empresa e permitir uma operação tranquila e ordeira. Segundo Corrêa e Gianesi (2019, p. 199), são várias as razões que o gestor tem para precisar definir sua capacidade: Primeiro, porque é necessário ter capacidade suficiente para atender clientes quando necessário. Depois, porque questões de capacidade afetam o desempenho dos custos (tanto em investimento como em manutenção de instalações) dos sistemas de operações, afetam a maior ou menor facilidade de programar a produção de serviços e, também, o desempenho em termos de tempos (velocidade da prestação do serviço e capacidade de cumprir prazos) que o sistema apresenta. 176 Segundo Corrêa e Gianesi (2019, p. 199), a tomada de decisão sobre capacidade leva em conta as seguintes atividades: • avaliação da capacidade existente; • previsão de necessidades futuras de capacidade; • identificação de diferentes formas de alterar a capacidade no curto, médio e longo prazo; • identificação de diferentes formas de alterar a demanda; • avaliação do impacto da decisão a respeito de capacidade sobre a qualidade do serviço prestado; • avaliação econômica, operacional e tecnológica de alternativas em incrementar capacidade; • seleção de alternativas para a obtenção de capacidade adicional. Qual o tamanho da sala de espera? Nesta abordagem prática vamos trabalhar com a capacidade e a demanda! Vamos ao relato de uma experiência fictícia: uma empresa de avaliações médicas que faz, dentre outros serviços, exames de admissão e demissão está localizada em um ponto central da cidade, com fácil acesso pelo transporte urbano e em sua estrutura física possui diversas salas de atendimento para os médicos e ampla sala de espera. Por realizar um bom trabalho e manter preço ligeiramente abaixo dos concorrentes, a empresa vem conquistando diversos clientes e com isso o movimento é intenso. Seu atendimento de exames de admissão e demissão funciona das 08:00 às 11:30 mais de 90% do fluxo de clientes comparecem na empresa dentre esses horários. 177 A tomada de decisão tem por base indicadores que podem ter maior complexidade de aquisição no mundo dos serviços. Frequentemente é difícil medir com precisão a capacidade de sistemas de serviço, principalmente quando ela é limitada pela mão de obra, que é um recurso que apresenta problemas de absenteísmo, rotatividade e variação em termos de produtividade. Não é fácil, por exemplo, estimar quantos carros por dia uma oficina mecânica vai ser capaz de consertar, pois além de os diversos consertos demandarem quantidades variáveis de mão de obra, as variações intrínsecas do trabalho humano fazem com que diferenças de produtividade causem variações, por vezes substanciais, na capacidade de atender clientes (CORRÊA E GIANESI, 2019, p. 200). Neste momento é que você, estudante, percebe o quanto todos os temas anteriores a este estão aqui amarrados, relacionados. Falo isso ao relembrar que já dialogamos sobre o desenvolvimento do serviço e de como é importante definir processos e procedimentos. Portanto, quanto mais bem definidos os processos, maior será a facilidade em se compreender a capacidade da prestação do serviço, pois sofrerá pouca ou nenhuma variação no que diz respeito ao prestador. 178 OVERBOOKING O termo overbooking se traduzido diretamente significa “reservar demais”! Na prática representa um recurso muito comum nas companhias aéreas que reservam mais passageiros que a capacidade do avião permite. Isso não significa que, no caso dos aviões, a empresa possa optar por qual passageiro levar. De acordo com Corrêa e Gianesi, o overbooking pode ser visto como sendo: [...] a prática que alguns prestadores de serviço têm de permitir que clientes reservem certo número de lugares a mais do que a capacidade do prestador de serviço pode atender. A ideia é que alguns clientes não honram suas reservas e o número de reservas adicionais tentam compensar os no-shows (número de clientes que não honram suas reservas) (CORRÊA E GIANESI, 2019, p. 200). 179 Fluxo de Clientes Embora a empresa afirme que ama seus clientes, a prestadora de serviços vai desejar que os clientes entrem e saiam o mais rápido possível para que outros clientes possam ser atendidos. Quanto melhor o fluxo de clientes melhores são os ganhos em escala que a empresa terá. Segundo Corrêa e Gianesi (2019, p. 217), Fica, então, claro que, se quer reduzir as filas em um sistema em que existe variabilidade no processo de chegada de clientes e no processo de atendimento, só resta manter uma taxa média de atendimento maior que a taxa média de chegada de clientes. O fluxo de clientes também mexe muito com as percepções do cliente sobre o serviço que lhe será prestado. O serviço pode até ser rápido, mas se o cliente tiver que esperar (mesmo na cadeira mais confortável do mundo) uma quantidade de tempo exacerbada ou várias vezes maior que a quantidade de tempo da execução do serviço, vai sentir extremo descontentamento. Segundo Corrêa e Gianesi (2019, p. 217), Estudos mostram que, para o cliente, a sensação de espera é mais importante na sua percepção sobre o serviço que o tempo real gasto esperando. Essa é uma constatação com implicações gerenciais importantes, pois faz com que o gerente que é forçado por restrições de recursos a conviver com filas em seu sistema de serviços, pense em meios de atenuar a sensação de espera do cliente. Isso pode ser feito tentando distrair o cliente de alguma forma. A música e as revistas em consultórios médicos e dentários são uma tentativa de atenuar a sensação de espera dos clientes. Os bares nos salões de espera de restaurantes, idem (CORRÊA E GIANESI, 2019, p. 217). Agora, deixa eu lhe contar uma experiência para ilustrar: 180 Figura 1 – Restaurante Madalosso Curitiba, PR Fonte: Disponível aqui Restaurantes e o fluxo de clientes Vamos falar sobre fluxo de clientes com algumas experiências minhas e com o case do Restaurante ítalo-curitibano Madalosso. Em meus 5 anos de Londres, vivenciei muito a rotina dos restaurantes italianos que tinham em comum o pequeno espaço de serviço somado a uma cozinha apaixonada, o que significava boa comida, mas pouco tempo para comer. É comum restaurantes de fast food usarem certos artifícios como cores e até design das mesas para indiretamente estimularem os clientes a comerem logo e saírem dando lugar a novos clientes. Desta forma, o estabelecimento com tamanho reduzido pode acomodar e atender com qualidade um número várias vezes maior que a capacidade indicada pelo número de cadeiras. Em um restaurante onde trabalhei como Starter Chef (chef das saladas e entradas) o local tinha apenas 40 cadeiras, portanto você deve pensar que atendia apenas ou no máximo40 clientes por dia, certo? Bem, na verdade o 181 https://ricmais.com.br/noticias/maior-restaurante-da-america-latina-madalosso-fecha-as-portas-contra-o-novo-coronavirus/ Acesse o link: Disponível aqui número total de clientes atendidos em dias de bom movimento passava de 120 pessoas. Claro que esta é uma das formas de se enxergar fluxo de clientes: com as entradas e saídas, restaurantes pequenos vão depender deste fluxo ser rápido para conseguirem oferecer pratos a preços competitivos. Mas vamos falar de fluxo: como ocorre o fluxo de clientes? Podemos dizer que é um serviço executado pelo corpo de garçons e gerente do restaurante em atender com agilidade cada cliente, evitar erros, e até mesmo orientar os clientes a saírem em momentos de grande movimento. Claro que o garçom, por mais rápido que seja, depende da competência da cozinha em entregar os pratos com rapidez, por isso que usamos tanto o termo serviço quando falamos de restaurantes. Veja o Madalosso, famoso restaurante de culinária italiana de Curitiba, no Paraná, com a possibilidade de atender até 4600 pessoas ao mesmo tempo. Só faz isso com qualidade, pois conta com 70 cozinheiras e 160 garçons, portanto para entregar a qualidade que sai da cozinha é preciso investir em serviço. Se sua empresa presta serviços que usam materiais e procedimentos de alta qualidade, vai precisar de um número correto de prestadores de serviço para que a clientela seja bem-servida. De que adianta ter a melhor comida se os clientes não conseguem se sentar para saborear? 182 https://destemperados.clicrbs.com.br/experiencias/madalosso-o-maior-das-americas Gestão de Materiais Embora existam diversos serviços que não utilizam diretamente nenhum material, em tantos outros o serviço é feito com produtos, para produtos ou em produtos se faz necessário trazer para nossa discussão a questão da Gestão de materiais. Segundo Corrêa e Gianesi (2019, p. 235). A gestão de materiais pode ser bastante importante para empresas de prestação de serviço, principalmente para aquelas cujos bens facilitadores representam porcentagem considerável do valor agregado do pacote bens/serviços oferecido ao cliente. Exemplos típicos são supermercados, atacadistas, restaurantes, oficinas mecânicas, consultórios dentários, entre outros. Também aqueles serviços que não oferecem bens, explicitamente como parte do pacote oferecido, mas que usam materiais consumíveis durante o processo de prestação de serviço, beneficiar-se-ão de uma gestão mais adequada de materiais. Exemplos são laboratórios de análises clínicas, centros cirúrgicos, “lava rápido” de veículos, entre muitos outros. Uma gestão de materiais mais precisa significa que o gestor tem à sua disposição um melhor nível de informações que lhe permitem o melhor desenho de cenários que lhe auxiliarão a prever melhor o consumo desses materiais. Segundo Corrêa e Gianesi (2019, p. 235), Essencial para uma boa gestão de materiais é ter informações apropriadas quanto ao consumo futuro dos diversos itens de estoque, para que seja possível garantir com razoável certeza que, por um lado, os materiais certos não vão faltar quando necessários ao processo de prestação do serviço; e, por outro, que isso não ocorra à custa da manutenção de um nível exagerado de estoques e seus custos associados. O estoque de um insumo não pode terminar no meio de uma secção, da mesma forma que o estoque do insumo não pode estar em excesso, é preciso equalizar tudo de forma a otimizar a utilização dos materiais e promover economia ao mesmo tempo. 183 14 Análise, Desenvolvimento e Implementação de Processos de Serviços 184 Saber o que fazer, conhecer os insumos e técnicas não necessariamente significa que o prestador de serviço vai ter sucesso. Para isso é preciso desenvolver o projeto do serviço e pensar sempre de forma estratégica, lógica, sistemática e procedimental. Dentro do projeto, o gestor deve partir para uma minuciosa análise de quais são os critérios de seu serviço e dentre eles, quais são competitivos e quais são menos importantes e com isso investir mais onde é preciso, onde reside a expectativa do cliente. Os critérios competitivos serão divididos em 3, sendo o de maior impacto nos resultados e nas decisões nomeado Ganhador de Pedidos. Este critério representa o que existe de destaque no serviço pela ótica do cliente. Já o critério qualificador representa uma espécie de pré-requisito no qual o cliente nem cogita contratar em caso de ausência, não representa grande necessidade de investimento e se destacar neste item não costuma provocar qualquer reação na clientela, embora sua ausência a afaste. Como o nome indica, os critérios pouco relevantes devem, sim, estar presentes no serviço, mas são meros coadjuvantes e causam pouco impacto. A preparação para o serviço, assim como sua implementação são momentos cruciais em que apenas um projeto sólido e completo trará uma base de sucesso, nada garantido, mas desta forma apenas, o gestor terá uma real possibilidade de sucesso. 185 Estratégias para Serviços Quando um empreendedor deseja vender algum produto ele deve trabalhar em seu plano de negócios e pesquisar muito até bater o martelo em questões, como, o local onde a loja vai ser instalada, quais as necessidades de adaptação do local, pois sabe que ali vai ter clientes que compram o que deseja vender. Em serviços existem mais fatores a serem analisados e incluem saber o formato da prestação de serviço e seus níveis de qualidade. Estes dois parâmetros possuem imenso peso no desenvolvimento da estratégia de formulação de um novo serviço, seu estudo deve ser minucioso e detalhista. Como na venda de produtos toma-se por base o que a concorrência faz, mas o gestor deve buscar compreender se o que vê em prática no mercado está dentro do que compreende como correto, eficiente e até ético. Sobre a formulação da estratégia Gianesi e Corrêa (1994, apud Mello (2010, p. 103) afirmam que: [...] a formulação da estratégia necessita de um processo lógico, procedimental e prático, para que essa tarefa possa tornar-se sistemática, permitindo a formulação e reformulação de estratégias que garantam o poder de competitividade da organização. Ou seja, ela precisa ser procedimental para assegurar que as organizações, independentemente de sua tipologia (serviços profissionais, lojas de serviços ou serviços de massa), tenham um roteiro padronizado para seguir; e ela precisa ser prática, para que possa ser usada tanto por organizações prestadoras de serviço de grande, médio e pequeno porte. Para o desenvolvimento de um serviço que seja inovador e ao mesmo tempo fazer sentido ao consumidor, o gestor precisa compreender o que o seu cliente leva em consideração e qual o grau de importância ele dá a cada parte do processo, dos materiais usados, do local de realização. Estes pontos serão os balizadores do processo decisório do gestor. De acordo com Mello, Neto e Turrioni (2006, p. 66): 186 Os objetivos da estratégia de serviços referem-se aos critérios competitivos que devem ser estabelecidos e priorizados pelas necessidades e/ou expectativas dos clientes, dependendo da tipologia do serviço a ser oferecido. As áreas de decisão (por exemplo, concepção do serviço, processo, instalações, demanda, qualidade, etc.) caracterizam famílias de subsistemas que exercem influência na competência do sistema de operações do serviço que se pretende projetar quanto aos critérios competitivos que se deseja priorizar. E, para a melhor definição de como realizar a definição da melhor estratégia para a definição do serviço a ser ofertado, vamos utilizar 3 critérios que veremos a seguir. Critérios para o Desenvolvimento do Serviço Imagine que criar um serviço se assemelha muito ao processo de lapidação de um diamante. O gestor parte de uma peça bruta: sua concepção inicial do produto que deseja ofertar. Com a peça bruta em mãos o gestor precisa saber onde lapidar, e ele só pode remover uma aresta no serviço se souber reconhecer tal aresta. Ao utilizar critérios e obterdo mercado quais são tais critérios dentro de cada serviço, o gestor sabe onde lapidar, onde remover material em excesso e com isso chegar a oferecer o serviço ideal ou até mesmo exceder as expectativas. As 3 maiores arestas que o gestor precisa lapidar no desenvolvimento do serviço são nomeadas Ganhadores de Pedidos, Qualificadores e Pouco Relevantes. Podemos já adiantar que o gestor lapida mais, trabalha mais com o que obtém de feedback do critério Ganhadores de Pedidos do que do critério Pouco Relevantes. 187 Tabela 1 – Avaliação de serviços| Fonte: Corrêa e Gianesi (2019, p. 91). Critérios Ganhadores de pedidos Qualificadores Pouco relevantes 1. Proporciona vantagem crucial aos clientes. É o principal impulso da competitividade. 4. Precisa estar pelo menos marginalmente acima da média do setor. 7. Normalmente, não é considerado pelos clientes, mas pode tornar-se mais importante no futuro. 2. Proporciona vantagem importante junto aos clientes. É sempre considerado. 5. Precisa estar em torno da média do setor. 8. Muito raramente é considerado pelos clientes 3. Proporciona vantagem útil à maioria dos clientes. É normalmente considerado. 6. Precisa estar a pouca distância da média do setor. 9. Nunca é considerado pelos clientes e provavelmente nunca o será. Analisando a imagem anterior, pense no critério Ganhadores de Pedidos como algo que dará a forma final ao diamante lapidado e o Pouco Relevantes a um eventual polimento posterior. A seguir, faremos uma melhor argumentação de cada um dos critérios. 188 Ganhadores de Pedidos Gestores devem pegar pesado neste critério, pois ele dará a cara do serviço. Em sua pesquisa o gestor deve identificar quais são os critérios que o serviço que o cliente deseja tem e trabalhar para estruturar a oferta deles. São critérios mais lembrados pelos clientes e os que fazem a decisão pela contratação ficar mais fácil. De acordo com Slack (1993, apud Mello 2010, p. 105): [...] aqueles que direta e significativamente contribuem para o ganho do negócio ou pela preferência do cliente pelo serviço oferecido. Esses critérios são vistos pelos clientes como os fatores-chave da competitividade, aqueles que mais influenciam suas decisões de quantos negócios fazer com a organização. Outra forma de olhar para este critério seria utilizar o feedback como fonte de mudança para aqueles que já oferecem o serviço e querem ampliar a base de clientes. Se existe um detalhe do serviço que o cliente mais valoriza, o gestor pode ampliar a oferta, melhorar sua qualidade ou aplicar facilitadores e com isso deixar o serviço ainda mais atrativo, conforme defende Slack (1993, apud Mello 2010, p. 105): [...] aumentar o desempenho dos critérios ganhadores de pedidos resulta ou em oferecer o serviço para uma quantidade maior de clientes do que a concorrência, ou em melhorar as chances de oferecer o serviço para uma quantidade maior de clientes do que a concorrência. 189 Acesse o link: Disponível aqui Quais são os ganhadores de pedidos para o serviço de Data Center? Cada serviço apresenta seus Ganhadores de Pedidos. Para ficar mais claro vamos conhecer quais são, para quem contrata os serviços de um Data Center. Um Data Center é uma estrutura física especialmente projetada para abrigar diversos servidores cujo poder de processamento de dados é alugado a empresas das mais diversas. O artigo da Algar Telecon lista 4 desses critérios que quando somados, dão ao cliente a certeza de estar escolhendo pelo serviço que melhor lhe atende. Os critérios são: a estrutura física, a localização, segurança física e digital e, por fim, disponibilidade de dados. Para saber mais sobre cada um dos critérios de escolha de um Data Center, leia o artigo completo. Qualificadores O próprio nome do critério resgata o que representa: são as características ou componentes do serviço que o tornam contratável. Pense no caso das licitações públicas, pois elas são cheias de qualificadores e cada um dos fornecedores acaba eventualmente se tornando um expert em se qualificar. 190 https://blog.algartelecom.com.br/mge/4-fatores-decisivos-para-escolher-o-melhor-data-center-para-o-seu-negocio/ De outra forma, pense que se o serviço não tem determinado procedimento ou produto o cliente nem vai querer saber se é o melhor serviço do mundo ou o mais barato, pois o critério, neste caso, elimina seu desejo de consumo por não o atender ou não ser o procedimento desejado. De acordo com Mello (2010, p. 105): [...] os critérios qualificadores podem não ser os principais determinantes do sucesso competitivo, mas são importantes de outro modo. São aqueles aspectos da competitividade nos quais o desempenho das operações do serviço ofertado tem de estar acima de determinado nível, para que este seja inicialmente considerado pelos clientes como um possível fornecedor. Ou seja, abaixo desse nível crítico de desempenho, a organização provavelmente não vai sequer entrar na concorrência. Acima do nível de qualificação, ela será considerada, mas, principalmente, em termos de seu desempenho nos critérios ganhadores de pedidos. Perceba que ao contrário do critério Ganhador de Pedidos, investir excessivamente nos qualificadores não necessariamente resultará em ganho perceptível ao consumidor, apenas marginal melhora na qualidade. Pouco Relevantes Primeiramente entenda que este critério não significa aspectos que o serviço não deve ter e sim aspectos que a maioria dos clientes pode não perceber ou valorizar muito pouco. De acordo com Slack (1993, apud Mello 2010, p. 105): [...] existem ainda os critérios pouco relevantes que são relativamente pouco importantes quando comparados a outros critérios competitivos. Esses critérios dificilmente são considerados pelos clientes na tomada de decisão para a escolha de um serviço. 191 Ponto importante aqui é que precisamos ressaltar que todos os critérios devem ser traduzidos em aspectos de qualidade nos serviços analisados. Seu nível de importância determina o grau de investimento e inovação e não se deve existir ou não. A que ponto chegamos! Vamos a uma situação interessante em que a leitura errada do critério errado pode ser catastrófica ao gestor. Imagina todos os comércios que têm frequentado ultimamente e tente se lembrar de algo que viu em algum deles que não fazia o menor sentido de estar ali. Agora, busque um serviço desta forma: já solicitou algum serviço que tinha certos procedimentos que para você não resultaram em nenhum ganho em qualidade ou agilidade ou que não faziam sentido algum? Vamos ao caso do pote de plástico que vem com o botijão de gás. Não sei se isso acontece em todo o país, mas em algumas cidades do Paraná e São Paulo é comum receber, junto com o botijão de gás, uma vasilha de plástico como brinde. Você já recebeu o tal pote? Para você existe alguma importância em receber o pote ou não? Ou melhor, o que você acredita ser como critério neste caso? Vou listar o que penso sobre cada critério em relação ao serviço de entrega de gás: 1. Ganhador de pedidos: preço baixo e entrega rápida; 2. Qualificador: disponibilidade e botijão com a quantidade correta de gás; 3. Pouco Relevante: prefiro mais gás no botijão a um pote de R$ 0,50 centavos. Como você avalia o serviço de entrega de gás? 192 A Implementação de um Serviço Quando o gestor termina de desenvolver o serviço, chega na etapa da implementação e com isso ainda tem pela frente inúmeros desafios antes de dizer que concluiu o projeto. Seja qual for o projeto de um serviço, de um produto, de uma fábrica, começando pelo seu esboço inicial, seu desenvolvimento até a implementação, não existe nenhuma etapa que não possa pôr tudo por água abaixo. A implementação aparenta ser mais crítica neste sentido por estar muito próxima da realização do serviço, da abertura para o público. A melhor forma de ter uma boa implementação é ter, desde o começo, um projeto sólido e bem construído. O setor de serviços sempre terá a pessoa como elemento mais importante, mesmo que use ou seja prestadoem ambiente de elevada tecnologia. E, resgatando a unidade anterior, estamos falando de todas as pessoas: clientes e prestadores! Portanto, dar atenção especial a quem vai prestar o serviço jamais poderá ser considerado excesso de zelo e os frutos disso são boa satisfação e até fidelidade, mesmo em momentos onde o serviço não é prestado com perfeição. 193 No que diz respeito a pessoas o gestor deve colocar na linha de frente apenas quem tiver melhor capacidade de empatia, melhor tratamento com os clientes e mesmo nestes casos esta pessoa deve ser treinada para que além de um bom atendimento possa oferecer o melhor procedimento. De acordo com Mello (2010, p. 179): Uma delas é a preparação do processo de venda do novo serviço. A equipe responsável deveria ser contratada ou, se fossem aproveitadas pessoas já contratadas pela empresa para vender o novo serviço, estas deveriam ser treinadas para que pudessem informar ao cliente todas as características desse novo serviço. Se a empresa já possui um processo de vendas, este deve ser reavaliado, uma vez que o novo serviço pode requerer diferentes atividades. Pode ser que a empresa necessite definir um processo de vendas específico para o novo serviço. E, para uma implementação completa, além de pessoas bem treinadas e qualificadas, o gestor deve equipar bem e garantir que o que foi previsto em projeto está presente no ambiente da prestação de serviço e que o prestador saiba disso e saiba também como proceder. De acordo com Mello (2010, p. 179): Uma outra atividade importante é a preparação do processo de entrega do serviço. Mesmo se o serviço for oferecido remotamente, como informações pela Internet, as atividades de bastidores que vão garantir o sucesso da atualização e acesso a essas informações deveriam ser planejadas e implantadas antes do dia do lançamento. Da mesma forma que para o processo de vendas, o pessoal encarregado dessa atividade deveria ser capacitado para realizá-la com qualidade. Veja a importância da soma de profissional qualificado e treinado com o seu pacote total de ferramentas e procedimentos. Outra consideração que podemos fazer sobre esta soma é que somente com a sua existência é que o gestor poderá visualizar se o serviço que está sendo prestado é o que foi desenhado, é o que o cliente esperava e se está produzindo o resultado desejado tecnicamente, e de acordo com o nível de satisfação do cliente. 194 A Importância da Linha de Frente Nunca permita que pessoal mal-humorado atenda seus clientes! Sabemos que as pessoas possuem uma gama enorme de sentimentos que provocam as mais diversas reações, mas o gestor precisa de sensibilidade e do emprego de boas práticas de RH para manter na linha de frente colaboradores que sejam capazes de atender os clientes ao menos com cortesia. A linha de frente do atendimento é o que o cliente reconhece como sendo a empresa e o que ela representa, conforme Mello (2010, p. 180): Por fim, o processo de atendimento ao cliente, tanto para esclarecer dúvidas, quanto para atender às reclamações e proceder a recuperação do serviço, também deveria ser planejado com o mesmo cuidado que para os dois outros processos citados anteriormente. Coloque na linha de frente apenas o mais bem treinado, o mais capaz, o mais empático, o colaborador que represente a empresa, sua qualidade e o quanto se importa com o cliente. O melhor procedimento não gera tantas experiências felizes quanto o melhor prestador de serviço. 195 15 A Ética na Prestação dos Serviços 196 Esta unidade promete provocar muita reflexão e temos a esperança e a confiança de que vai aguçar o seu senso de ética, prezado estudante. A falta de ética de qualquer profissional é um desvio que deve ser severamente evitado a todo custo, e nesta unidade vamos compreender alguns aspectos que cercam a ética relacionada a prestação de serviços. Trataremos das virtudes que o prestador de serviços precisa manter bem em mente ao sair para o mercado. Começando pelo zelo, falaremos do quanto é importante que seja oferecido e entregue ao cliente apenas o melhor serviço. Embora seja senso comum, trabalharemos no resgate da honestidade, não como atributo do serviço, mas como base do que incorpora o prestador de serviço dedicado, consciente. Com grande acesso à intimidade da vida das pessoas, o prestador de serviço precisa compreender bem o que significa ter sigilo e o quanto isso pode ser causa de transtorno e dano aos seus clientes. Não se deve partir para a oferta de um serviço sem o conhecimento ou ferramentas necessárias para tal, ao fazer isso, o prestador está ferindo eticamente seu cliente, sua empresa e sua profissão, o que nos leva à vulnerabilidade da confiança. O cliente confia que o prestador de serviço possui o que é necessário para a prestação do serviço. Por outro lado, o prestador consciente dos limites de sua habilidade pode e deve declinar todo serviço que fuja de seu portfólio de competências. 197 O Conceito de Ética Profissional A prática da ética é muitas vezes negligenciada, mas a maioria das pessoas sabe o que significa, se não, o que representa. Claro que em muitas situações é na falta de ética que a identificamos mais. No mundo dos serviços existe muita confiança envolvida, afinal, em diversos serviços os prestadores entram nas casas das pessoas, diversos serviços são feitos nas pessoas, em seus corpos ou em algo que valorizam muito. O prestador de serviço entra na intimidade das pessoas e suas famílias, vê e ouve muita coisa e, com isso, independentemente do serviço que presta, necessita de manter conduta de extrema ética que é uma das formas nas quais demonstra respeito pelo cliente. 198 A própria realização do serviço implica em dar ao prestador de serviço, acesso a partes sensíveis da vida do cliente. Como exemplo disso, podemos citar os médicos, cujos pacientes lhes confidenciam muita intimidade e dentro do código de ética desse profissional fica explícito que nada do que ouvir poderá ser compartilhado. Existem incontáveis relatos de práticas antiéticas que são tanto profissionais, com o uso de imperícia, quanto comportamentais, de acordo com De Sá (2019, p. 175): Conheci profissionais, precedidos de fama, que eticamente mal se comportaram, porque o cliente parecia menos interessante. Testemunhei casos de outros que, para extorquirem dinheiro de seus pacientes, procrastinaram tratamentos e deixaram de aconselhar a medicação de maior eficácia. Segundo Kenoby (2017, on-line), podemos definir ética profissional como sendo um: [...] conjunto de normas que estabelece as condutas esperadas de um profissional no ambiente de trabalho. Muitas profissões reúnem essas normas em seus próprios Códigos de Ética e com isso o profissional é orientado a seguir as diretrizes normatizadas conforme suas funções. Portanto, perceba que não se trata apenas de realizar o que foi solicitado, tem que ser exatamente aquilo que foi prometido e que tudo o que acontecer durante o procedimento e tudo que o prestador ver e ouvir, exceto se for ilícito, jamais poderá ser compartilhado. Claro que existe muito mais da ética profissional que o sigilo. Outro ponto no qual a ética permeia está no ato de vender o serviço correto ao cliente, que lhe seja o mais eficiente possível, não aquele serviço que dá mais lucro ou maior comissão. 199 Acesse o link: Disponível aqui Tem um gato na TV! De fato, ter TV por assinatura no Brasil não é uma conta muito barata, o que faz com que centenas de milhares de brasileiros optem por soluções nada legítimas. Uma das soluções pirata mais utilizadas no país recebe o nome do felino doméstico, um gato, o mesmo usado em outras instalações não autorizadas como aquela feita para se roubar energia elétrica. Existem até mesmo supostas empresas que oferecem assinatura e suporte técnico para o gato de TV por assinatura, mas seja neste caso ou algo feito pelo próprio usuário, o gato é ilegal. O Zelo nos Serviços Que tipo de marca, registro o prestador de serviço deixa e que mesmo dias depois pode serlembrado pelo cliente? Tal marca, podendo ser positiva ou negativa, é como toda impressão, o registro de que ali esteve determinado profissional. Cuidar com zelo de sua profissão implica que o prestador de serviços aplica seu melhor com orgulho, não faz juízo de seu cliente lhe oferecendo o máximo respeito e agindo sempre com maestria e competência. De acordo com De Sá (2019, p. 172): 200 http://www.cyberfly.com.br/vai-uma-sky-gato-ai-saiba-tudo-como-funciona/ O que fazemos, pois, representa-nos, mesmo em nossa ausência. Por um dever para consigo mesmo, o profissional deve cuidar de realizar sua tarefa com a maior perfeição possível, para a produção favorável de sua própria imagem. O zelo ou cuidado com o que se faz, começa, portanto, com uma responsabilidade individual, ou seja, fundamentada na relação entre o sujeito e o objeto de trabalho. Quanto maior for o zelo do profissional maiores as chances de ele se tornar referência naquilo que faz e isso ajuda e muito em manter a carteira cheia de clientes fiéis. Já solicitou dica de algum profissional e ouviu uma indicação muito boa, mas que seria quase impossível de conseguir porque tal profissional tem a agenda muito cheia? Isso significa, dentre outras coisas, que tal profissional é o melhor, e zelo faz parte das características deste profissional. Honestidade É possível ser bom prestador de serviço sem ser honesto? Como não vou ouvir a resposta desejo com todas as moléculas de meu corpo que a resposta seja não! Podemos dizer que a honestidade entra antes que o prestador de serviço. Pensei em dizer que é uma ferramenta, mas não, a honestidade é algo que deve estar na vida do profissional (de todos os seres humanos) assim como a respiração: deve ocorrer enquanto vivo, a todo momento, sem nem precisar pensar. 201 O Código de Ética do Direito Praticamente toda profissão tem seu código de ética, principalmente as profissões que possuem conselhos reguladores. Mesmo as que não têm, o profissional deve estabelecer sua missão, visão e valores além de seu código ético que vão nortear suas ações e reações. A profissão de Direito possui um dos códigos de ética mais complexos, seja devido ao seu papel amplo na construção da cidadania, de uma sociedade justa, ou pelo peso da atuação dos Advogados nela formados. De acordo com OAB Pedreira (2020, on-line), o Código de Ética e Disciplina: [...] norteou-se por princípios que formam a consciência profissional do advogado e representam imperativos de sua conduta, tais como: os de lutar sem receio pelo primado da Justiça; pugnar pelo cumprimento da Constituição e pelo respeito à Lei, fazendo com que esta seja interpretada com retidão, em perfeita sintonia com os fins sociais a que se dirige e as exigências do bem comum; 202 Falar de honestidade nos joga de volta ao zelo do profissional e quem falha neste aspecto costuma prejudicar a si mesmo e pode manchar a reputação da empresa onde trabalha e se for autônomo, do setor por inteiro. De acordo com De Sá (2019, p. 180), Se algo é confiado a alguém, seja o que for, passa a requerer a fiel guarda, a lealdade, a sinceridade e um propósito firme de intransigente probidade. Tudo isto se consubstancia no respeito para com o que é de terceiros, como tributo à confiança que é depositada; tais atos, quando praticados no campo da virtude, caracterizam a honestidade. Independentemente da profissão, honestidade não é acessório, é base, principal componente do profissional e com isso é importante que o profissional compreenda que ser honesto não deve ser encarado como um diferencial, um destaque. Sigilo No decorrer das consultas médicas, muita informação sensível é compartilhada, mas como estamos falando de médicos, temos um código de conduta que versa especialmente sobre isso. Este código previne que qualquer detalhe do paciente, não somente o que ele diz, mas seu estado de saúde e eventuais condições físicas, possa ser transmitido sob pena severa pelo Conselho Regional de Medicina. Mas, estudante, você acredita que é realmente necessário escrever um código para estabelecer que o médico não pode sair pela cidade contando qual paciente sofre de AIDS, qual paciente tem impotência, qual paciente é alcóolatra? 203 Sobre o sigilo, De Sá (2019, p. 187) afirma que: O respeitoaos segredos das pessoas, dos negócios, das instituições, é protegidolegalmente, pois se trata de algo muito importante; eticamente, o sigilo assumeo papel de algo que é confiado e cuja preservação de silêncio é obrigatória. Nem tudo éobjeto de sigilo, mas preferível será sempre que o profissional se reservequanto a tudo o que sabe e que lhe é revelado pelo cliente ou que ele veio asaber por força da execução do trabalho. É possível que o prestador de serviço se depare comsegredos industriais do cliente no qual está servindo, o sigilo aqui é atémesmo contratual, mas de modo geral, a recomendação que deixo registrado é queo prestador jamais deve discutir o que quer que veja e ouça de seu cliente. Senão for ilegal não deve registrar. 204 Competência A aplicação da competência, por si só, é uma questão de ética. O que nos leva a crer que se uma pessoa deseja prestar serviço deve fazer apenas se puder fazer com competência, nunca menos que isso. De Sá (2019, p. 189) usa a competência como complemento à ética em afirmar que: O conhecimento da ciência, da tecnologia, das técnicas e práticas profissionais é condição essencial para a prestação de um serviço de boa qualidade. Eticamente, é preciso que se tenha consciência de que se instruir é o caminho para bem servir e que se desejamos evitar danos a terceiros, na prestação de serviço, é preciso que nos habilitemos a prestá-los. Os males que a incompetência têm causado à humanidade são muito grandes. A incompetência deliberada é vergonhosa, mas existe a incompetência do oportunismo em que o prestador falha por imperícia, embora não o faça de forma deliberada, se bem que no frigir dos ovos representa incompetência da mesma forma. Com isso, cabe ao prestador ético oferecer apenas o melhor serviço, não o que faz de melhor, mas o melhor absoluto, independentemente de quem é o cliente. Não é aceitável que o prestador entregue melhor aos mais ricos, todos merecem receber o melhor. 205 A Vulnerabilidade da Confiança Agora, você, estudante, percebe que para perder a confiança ou até mesmo para nunca a construir, o prestador de serviço pode tanto oferecer imperícia quanto usar de mau comportamento e falta de sigilo, por exemplo. De acordo com De Sá (2019, p. 172), Quando alguém procura um contador, um advogado, um médico, um arquiteto, seja que profissional for, entrega, ao mesmo, juntamente com o trabalho requerido, algo imaterial muito precioso – a confiança. Maus serviços são, pois, em princípio, traições à confiança depositada. Existem muitos casos documentados na medicina relativos a problemas com procedimentos em cirurgias plásticas. Imagine que um renomado médico, após avaliar o paciente decide que não realizará o procedimento solicitado. Vamos usar como situação hipotética aqui uma cirurgia de correção de nariz, muito comum. O custo de um procedimento como este pode ser elevado e, dependendo do médico cirurgião, ainda mais caro. Por que um médico deixaria de atender a um serviço de valor tão interessante? Um médico que leve a sério as questões como honestidade, zelo, competência estará propenso a declinar o serviço se, em sua avaliação, compreender que não será capaz de oferecer o resultado esperado. Deixo ressalva aqui que tal situação não deve caracterizar falta de capacidade técnica, pois existem muitas condições físicas que a medicina atual e as técnicas atualmente disponíveis não conseguem oferecer qualidade. 206 16 O Mundo Virtual e a Prestação de Serviços 207 A rede mundial de computadores, carinhosamente conhecida como internet, é um universo virtual gerado por computador extremamente complexo e vasto que abriga tudo o que a imaginação humana conceber. Existe comércio na vastidão da internet e não é pouco.Seja produto ou serviço é possível achar de tudo na internet. Nesta unidade, vamos dialogar sobre como a internet revelou, há algumas dezenas de anos, um ecossistema comercial robusto e atrativo, que elevou o termo globalização às alturas e que permitiu com isso longos voos dos pequenos comerciantes de bairro aos gigantes com suas redes de centenas de lojas. O comércio eletrônico é tão vasto quanto a internet, mas ainda, sim, representa uma verdadeira democracia comercial, pois permite que qualquer cidadão tenha em sua loja e venda seus produtos on-line. Ainda, no quesito democracia, temos os Marketplaces que são verdadeiros shoppings centers virtuais que oportunizam ao lojista a chance de competir com grandes marcas e de levar seus produtos ou serviços a clientes e locais onde não poderia, por questão geográfica, logística e até mesmo de custo. Por fim, trataremos nesta unidade sobre os serviços públicos e como facilitam a vida dos cidadãos ao evitar filas e agilizar procedimentos que geralmente são onerosos se feitos em canais presenciais. 208 Por que a Internet é um Bom Negócio? A internet nasceu militar, migrou para a faculdade e hoje está por todo planeta: na indústria, no comércio, nos relacionamentos, na busca pelo emprego e nos serviços on-line. Na verdade, muito foi criado devido à internet, os smartphones, por exemplo, são um ótimo exemplo disso, pois são aprimoramentos dos telefones móveis feitos para que as pessoas carreguem a internet em seus bolsos. Claro que o mundo dos serviços aprendeu rápido a tirar bom proveito da internet e hoje temos centenas de milhares de serviços que podem ser feitos on-line. Do pedido de uma certidão negativa até uma denúncia na polícia os serviços on-line ampliaram e muito o conceito de conveniência sempre explícito dos serviços do “mundo real”. Vamos agora dialogar sobre o que vem a ser o comércio eletrônico também conhecido como e-commerce, de acordo com Teixeira (2015, p. 19): O comércio eletrônico ou e-commerce representa parte do presente e do futuro do comércio. Existem várias oportunidades de negócios espalhadas pela internet, além de muitas que são criadas em todo momento. É bem provável que uma pesquisa de preços na internet traga não só o menor preço, como também melhores opções de bens. E, apesar do gargalo representado pelo “analfabetismo digital” de uma grande parcela da população, o e-commerce já desponta junto a uma geração que nasceu com o computador “no colo” ou “nas mãos”. O crescimento do número de internautas na última década é espantoso. 209 Portanto, a cada dia a internet atrai os olhares de empreendedores novos ou que já estão no mercado e buscam diversificação, e com toda esta movimentação surgem novos serviços a cada dia. Vamos reforçar, com o apoio do que afirma Teixeira (2015, p. 27), sobre o porquê de a internet ser um bom negócio: Com o suporte da informática, os comerciantes passaram a ter um raio de alcance maior, tendo em vista que com a internet praticamente não há barreiras geográficas para os negócios; pelo menos quanto à divulgação dos bens, pois ainda há alguns entraves acerca da diferença entre ordenamentos jurídicos e das fronteiras entre os países, especialmente quando é necessária uma entrega física do produto ou uma prestação de serviço in loco. Sendo o universo dos serviços cheio de peculiaridades uma delas é que boa parte dos serviços precisa ser realizada com a presença do cliente, não podendo ser um serviço 100% on-line. Exemplos fáceis desta situação são os serviços da saúde, como um massagista. Este massagista pode muito bem ter seu site, estar no Facebook, no Instagram e nestas plataformas divulgará seu trabalho, mas não poderá realizar. Mesmo com tal restrição, estes prestadores de serviço encontraram na internet muitas possibilidades: desde o fato de levarem seu nome e seus serviços a regiões onde não poderiam chegar fisicamente, até mesmo poder mostrar a qualidade de seus serviços em vídeos e imagens e de ter em seu site estrutura para o agendamento dos clientes, dando ainda mais conveniência ao serviço. 210 O Comércio Eletrônico: Um grande serviço de democracia comercial! Os centros comerciais conectam lojistas aos consumidores praticamente da mesma forma que a internet com o comércio eletrônico conecta empresas e clientes, dentre outras coisas. E a internet tem um ar de democracia, pois pode ser acessada pela maioria das pessoas com um custo relativamente baixo, portanto, a grande maioria dos consumidores está na internet. Conforme Teixeira (2015, p. 30), tem promovido certa “democracia comercial”, pois permite que produtos, até então considerados menos expressivos, possam ser comercializados com mais força de venda e penetração no mercado. A razão é o fato de que, utilizando-se a rede mundial de computadores, as distâncias se tornaram menos significativas para a concretização de contratos, além do custo reduzido para se operacionalizar neste ambiente, o que acaba muitas vezes refletindo em diminuição de preço. Acrescente-se que o custo de publicidade na internet ainda é muito menor do que nos meios de comunicação tradicionais, como a televisão, o rádio e as mídias impressas. Internet não é tendência passageira, nem dá para imaginar o mundo de hoje sem internet, eu não estaria aqui escrevendo este material, por exemplo. O Comércio eletrônico também não é tendência pois muitas empresas físicas, do mundo real, estão abandonando as lojas de rua para ficarem somente no virtual. 211 O Marketplace Eu adoro ir a um bom shopping center de vez em quando, e um dos motivos de gostar tanto está na conveniência que seus serviços me oferecem. Mas sabia que existem shopping centers na internet? Sim, são os Marketplaces. Estes shoppings virtuais perdem algumas das comodidades que os shoppings de concreto possuem como praças de alimentação variadas e estacionamento, mas como você pode acessar o Marketplace de sua casa, não vai precisar de nenhuma dessas conveniências, não é mesmo? De acordo com Zacho (2017, on-line), O marketplace é um modelo de negócio que surgiu no Brasil em 2012, também é conhecido como uma espécie de shopping center virtual. É considerado vantajoso para o consumidor, visto que reúne diversas marcas e lojas em um só lugar, facilita a procura pelo melhor produto e melhor preço. Diversas empresas mundialmente conhecidas participam desse mercado: Americanas, Shoptime, Walmart, Mercado Livre, OLX e Bom Negócio, por exemplo. Mas você, estudante, deve estar pensando: shoppings on-line vendem produtos, não deveríamos estar falando de serviços on-line? Entenda: a grande sacada dos Marketplaces é o serviço que prestam. Semelhante ao que faz um shopping físico, o Marketplace oferece a qualquer lojista um site que ele pode expor seus produtos pagando ao organizador uma taxa por cada venda. São enormes as vantagens de um Marketplace em comparação a qualquer site básico de vendas que o lojista possa criar por conta própria, como confirma Zacho (2017, on- line): O marketplace oferece uma grande oportunidade de vendas para as lojas. Os maiores marketplaces brasileiros possuem uma audiência elevada, agregando em média, 40 milhões de potenciais compradores, o que significa que ao trabalhar com essa plataforma, você amplia sua possibilidade de novos clientes realmente interessados no seu produto. 212 Acredito que agora, você, estudante, vai enxergar o Marketplace como um grande serviço empreendedor, uma chance de o micro e pequeno empreendedor andar e competir com os grandes, de ser visto por mais clientes, de ter uma chance maior de sucesso. Caiu na rede, não é peixe, é sucesso devendas! Pense em algum comerciante pequeno dobairro onde você mora. Imagino que este pequeno comerciante seja alguém muitosimples, dedicado, mas com poucos recursos, certo? Imagino também que ele não émuito bom com marketing, nem mesmo com gestão de empresas fazendo apenas obásico controle de estoque e compras, estou certo? Ok, a proposta é a seguinte: Você vai colocar (hipoteticamente) eleem umMarketplace! Reflita: o que vai acontecer com estehumilde comerciante? A ideia aqui é pensar no impacto socioeconômico queum Marketplace pode ter na vida das pessoas e como este impacto pode serpositivo. Agora diga: você acredita que este comerciante faria isso? Eleabriria uma conta em um Marketplace? Se não, por quê? Medo? Falta de conhecimento?Reflita um pouco mais. O Marketplace pode ser considerado como um serviço de empreendedorismo pelo quanto fomenta a atividade de seus membros. Ele coloca o lojista em contato com uma vasta clientela, algo que custaria muitos recursos se o lojista tivesse que providenciar por conta própria. 213 Estar em um Marketplace de nome dá ao cliente lojista o direito de uso da chancela, do aval deste nome, que via de regra é muito mais forte que o do lojista. Esta vantagem é muito valorizada pelos novos entrantes, aqueles que estão iniciando seu caminho pelo comércio eletrônico. Você prefere comprar na loja on-line da Tia Zira e entregue por ela, ou nas Lojas Americanas? No Marketplace, muitas vezes o comprador nem ao menos se dá conta que não é a empresa, Lojas Americanas, por exemplo, que está vendendo, e sim, um de seus parceiros de Marketplace. Claro que o serviço provido pelo Marketplace é cercado por contratos, regras e punições, tudo pensando na sustentabilidade do negócio e ao mesmo tempo protegendo o cliente, consumidor final. Serviços Públicos On-line O governo não poderia ficar de fora da internet, poderia? E não estamos falando de que ele tem agência regulatória para as telecomunicações ou que está na internet vigiando os crimes virtuais ou coisa do tipo, me refiro à presença de verdade com a oferta de serviços on-line. Leia bem a manchete a seguir, do Correio Braziliense: “Governo oferece 54% dos serviços públicos pela internet”, sim, hoje em dia você pode fazer muito do que antes fazia em cartórios e autarquias no conforto de sua casa, no seu escritório e até em seu celular onde estiver com internet. Alguns dos serviços públicos on-line mais procurados incluem emissão de nota fiscal eletrônica, pagamento de tributos e taxas, agendamentos para emissão de documentos e até mesmo a abertura de boletins de ocorrência. Já no portal do governo, os serviços mais procurados, segundo Correio Braziliense (2020, on-line): 214 deficiência, com 796 mil pedidos/ano; e o pedido de cópia de processo no INSS, com 729 mil pedidos anuais. Embora ainda existam muitos serviços públicos fora do mundo virtual, o governo trabalha para ampliar a oferta e com isso trazer comodidade ao cidadão. É importante que busquemos conhecer todos estes serviços e com isso vamos poupar muito tempo em longas e intermináveis filas. Segundo a Secretaria de Governo Digital do Ministério da Economia, os quatro serviços digitais mais procurados no portal www.gov.br são os pedidos de aposentadoria por tempo de contribuição e a atualização dos dados cadastrais no INSS, com 1 milhão de pedidos por ano cada; o pedido de benefício assistencial a pessoa com 215 Fonte: Disponível aqui O portal da “99Empresas” traz um importante artigo para quem gosta de acompanhar o que existe de novo e inovador no mundo dos serviços. Com o título de “Serviços Inovadores Na Empresa: 4 Tendências Que Você Precisa Conhecer” a “99Empresas” (2020, on-line) aborda tecnologias on-line muito importantes para o trabalho remoto, dentre outras inovações: Inove No Transporte Da Sua Equipe Os apps de transporte fazem parte do momento de economia compartilhada que estamos vivendo e já é possível contratar esse tipo de serviço para sua empresa. Tecnologia Pode Melhorar O Fluxo De Trabalho Alguns serviços como gerenciadores de projetos on-line são muito bons para ganhar tempo e ajudam a organizar todo o fluxo de trabalho da equipe de maneira rápida e prática. E o melhor: a maioria deles oferece o acompanhamento on-line do progresso das atividades em tempo real. Atendendo Os Clientes Com Uso Da Tecnologia Invista no atendimento pelo WhatsApp, redes sociais, apps próprios e processos dinâmicos em seu site, que permitam simular orçamentos ou fazer com que o cliente tenha uma ideia sobre como o produto ou serviço que você vende pode ajudá-lo realmente. Inovação Na Hora De Recrutar É comum algumas empresas abreviarem esses processos com um processo de contratação inteligente, que busca pelos candidatos em redes sociais como o LinkedIn, onde é possível encontrar exatamente o que sua empresa procura e ainda conferir trabalhos e habilidades do futuro colaborador. 216 https://blog.99empresas.com/servicos-inovadores-na-empresa/ Conclusão Após esta aventura pelo universo dos serviços, gostaria de fechar nossos estudos analisando cada uma: prestar serviços é complexo, mágico e precisa ser totalmente voltado para as necessidades e expectativas dos clientes, Existe muita complexidade na prestação de serviços em geral, principalmente se quem os presta fez todos os processos que discutimos no material como desenvolver processos, procedimentos, treinar pessoas, conhecer bem o cliente via pesquisa se marketing e avaliar a qualidade. É complexo o serviço para quem se importa, para quem zela pela excelência do serviço e se orgulha disso. Prestar serviços é mágico: resolver o problema do cliente, criar momentos de alegria e satisfação ou simplesmente elevar a qualidade de vida do cliente. A relação de confiança, de sigilo que são parte tão sensível da prestação de serviços, quando mantida e enaltecida, promove a melhor experiência do cliente enquanto efetiva o zelo do prestador e de sua categoria. Podemos dizer que prestar serviços de qualidade e impacto positivo é uma arte, pois o gestor que descobre bem o que seu cliente espera do serviço, traduz isso em procedimentos e tangencia da melhor forma o ambiente da prestação terá grande sucesso. Não é fácil saber o que o cliente deseja quando nem ele mesmo sabe, por isso falamos tanto sobre qualidade dos serviços e como o SERVQUAL pode ajudar o gestor a compreender melhor onde estão os erros e acertos de seus serviços e com isso poder implementar mudanças que lhe permitam uma maior satisfação dos clientes. Prestar serviço não é fácil, ainda mais quando se busca a excelência, mas é certamente uma busca nobre que todo gestor deve seguir sem descanso! 217 Material Complementar Livro A Magia do Atendimento: AS 39 Regras Essenciais para Garantir Serviços Excepcionais Autor: Lee Cockerell Editora: Saraiva Sinopse: Parte importantíssima dos serviços é o atendimento, a dica de leitura é o livro “A Magia do Atendimento”, de Lee Cockerell. Misturando sabedoria e histórias interessantes, Lee traz ao conhecimento do leitor aquilo que aprendeu em mais de quarenta anos atendendo clientes com eficiência e criatividade. O autor mostra também que esses princípios simples e profundos são eficazes tanto em corporações multinacionais, como a Disney, como em pequenas empresas, além de possuírem um valor inestimável em todos os níveis de uma organização. Filme O Lobo de Wall Street Ano: 2013 Sinopse: Durante seis meses, Jordan Belfort (Leonardo DiCaprio) trabalhou duro em uma corretora de Wall Street, seguindo os ensinamentos de seu mentor Mark Hanna (Matthew McConaughey). Quando finalmente consegue ser contratado como corretor da firma, acontece o Black Monday, que faz com que as bolsas de vários países caiam repentinamente. Sem emprego e bastante ambicioso, ele acaba trabalhando para uma empresa de fundo de quintal que lida com papéis de baixo valor, que não estão na bolsa de valores. É lá que Belfort tem a ideia de montar uma empresa focada neste 218 tipo de negócio, cujas vendas são de valores mais baixos, mas, em compensação, o retorno para o corretor é bem mais vantajoso. Baseado em fatos reais. Comentário: O filme tem muito do poder de negociação, mas podemos compreender bem o quanto a falta de preparo e de procedimentos pode ser desastroso ao sucesso de um serviço. Web Minha indicação de site: LinkedIn! Indico este site, esta rede social profissional, pelo trabalhoque realiza em permitir que prestadores de serviços possam registrar seu zelo pela profissão, e com isso mostrar ao mundo seu comprometimento com a excelência. Acesse o link Web Minha dica de vídeo é sobre encantamento dos clientes e nada mais óbvio do que mostrar o que a Disney faz para conquistar seus clientes e produzir memórias eternas de momentos mágicos a anos. Acesse o link 219 https://br.linkedin.com/ https://www.youtube.com/watch?time_continue=26&v=vShL4FX6v6U&feature=emb_logo ABIKO, Alex (org). Serviços Públicos Urbanos. 2011. Disponível em: <http://www2.pcc.usp.br/files/text/publications/TT_00010.pdf> Acesso em: 19 mar. 2020. BASTIANI, Jeison Arenhart de; MARTINS, Rosemary. 2012. Qualidade em Serviços. Disponível em: <https://blogdaqualidade.com.br/qualidade- em-servicos/> Acesso em: 27 mar. 2020. CASTRO, Laudifer Sfreddo de. O que é produto e o que é serviço: para entender de verdade. 2016. 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Marketing de Serviços: A empresa com foco no cliente. 6ª ed. Porto Alegre: AMGH, 2014. 222 O que são Serviços? Os Tipos de Serviços Serviços e seus Componentes Comuns Estruturas da Prestação de Serviços Comunicação de Marketing para Serviços A Percepção da Prestação de Serviços pelo Consumidor O Universo dos Serviços Os Serviços e sua Importância na Economia Brasileira As Especificidades da Prestação de Serviços Sistemas de Apoio à Prestação de Serviço A Busca pela Melhoria da Qualidade nos Serviços Avaliação da Qualidade dos Serviços Estruturando o Ciclo de Serviço Análise, Desenvolvimento e Implementação de Processos de Serviços A Ética na Prestação dos Serviços O Mundo Virtual e a Prestação de Serviços Página em branco