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Prévia do material em texto

REGULAMENTAÇÃO E CÓDIGO DE ÉTICA DO SERVIÇO SOCIAL
VIVIANE BASSI
Código Logístico
59622
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-6697-1
9 7 8 8 5 3 8 7 6 6 9 7 1
Regulamentação e 
Código de Ética do 
Serviço Social 
Viviane Bassi
IESDE BRASIL
2021
Todos os direitos reservados.
IESDE BRASIL S/A. 
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
© 2021 – IESDE BRASIL S/A. 
É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito da autora e do 
detentor dos direitos autorais.
Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: Freedom my wing/Shutterstock
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO 
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
M321r
Bassi, Viviane
Regulamentação e código de ética do serviço social / Viviane Bassi. - 
1. ed. - Curitiba [PR] : IESDE, 2021.
120 p. : il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-6697-1
1. Assistentes sociais - Ética profissional - Brasil. I. Título.
20-68295 CDD: 361.30981
CDU: 174:364.3(81)
Viviane Bassi Mestre em Ciências Sociais pela Universidade 
Estadual Paulista (Unesp). Especialista em Gestão de 
Pessoas e Projetos Sociais pela Universidade Federal 
de Itajubá (Unifei). Graduada em Ciências Sociais 
pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). 
Licenciada em História pelas Faculdades Integradas de 
Ariquemes (Fiar). Docente no ensino médio e superior. 
Orientadora acadêmica e parecerista em bancas de 
defesa. Desenvolvedora de material didático autoral e 
referenciado para cursos de nível superior.
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SUMÁRIO
1 A ética como fundamento do assistente social 9
1.1 A ontologia do ser social 9
1.2 A construção do ethos profissional 19
1.3 O projeto profissional do Serviço Social 27
2 Fundamentos filosóficos da ética profissional 35
2.1 Fundamentos filosóficos dos códigos de ética 35
2.2 Pressupostos teóricos que orientam a ética profissional 43
2.3 Sociabilidade burguesa: valores e princípios 48
3 Dimensão ético-política do profissional da assistência social 54
3.1 A gênese do projeto ético-político da profissão 54
3.2 Os avanços do projeto ético-político 60
3.3 O projeto ético-político e o exercício profissional cotidiano 66
4 A Lei de Regulamentação da Profissão 75
4.1 Institucionalização da prática profissional dos assistentes sociais 75
4.2 A Lei n. 8.662/93 81
4.3 Órgãos de representação da categoria 86
4.4 Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa 91
4.5 Executiva Nacional de Estudantes de Serviço Social 93
5 O Código de Ética do Serviço Social 97
5.1 Valores e princípios do Código de Ética 97
5.2 Questões éticas no cotidiano profissional 106
5.3 As perspectivas para a área de Serviço Social 111
Gabarito 117
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A normalização da atuação profissional é dada pelos princípios 
normativos constantes no Código de Ética do Serviço Social e na 
Lei de Regulamentação da Profissão, documentos que orientam 
o exercício e a formação da categoria. Conhecê-los, bem como 
a trajetória histórica de sua construção, é fundamental para a 
compreensão da ética no Serviço Social e de suas implicações 
para a prática cotidiana. 
Esta obra revisita esses instrumentos regulatórios, abordando 
os fundamentos teóricos da constituição da ética e da moral na 
vida social, compreendendo os aspectos ontológicos e sociais que 
embasam a ética profissional do Serviço Social. Por meio de uma 
perspectiva histórica, veremos a construção do ethos profissional 
do assistente social, compreendendo a formação da identidade 
da profissão de maneira crítica, assim como as inovações 
profissionais ocorridas nesse percurso até os dias atuais. O 
ethos irá influenciar os direcionamentos teórico-metodológicos, 
políticos e jurídicos da construção do projeto profissional da 
categoria, importante documento que fornece subsídios à 
constituição da Lei e do Código de Ética atuais. 
Estudaremos os fundamentos que alicerçaram os Códigos 
de Ética anteriores ao de 1986, pois contribuem para uma 
maior compreensão dos princípios e valores fundamentais que 
constituem o Código de Ética de 1993. Analisaremos a influência 
do processo de reconceituação da categoria na construção do 
projeto ético-político, em consonância com a classe trabalhadora e 
com o projeto societário de transformação social.
Esse percurso trará sustentação teórica suficiente para 
compreendermos os instrumentos que regulamentam a 
profissão. A respeito da Lei, veremos seu encadeamento histórico 
de construção, as transformações conceituais que levaram à sua 
revisão e consolidação e alguns de seus principais artigos que 
tratam das atribuições e competências profissionais. 
APRESENTAÇÃOVídeo
Trataremos do Código de Ética atual do Serviço Social de modo a 
compreender as deficiências do Código anterior, as quais trouxeram 
contribuições para a atualidade. Conheceremos também seus princípios 
fundamentais e algumas das questões éticas previstas para o exercício 
profissional. Por fim, abordaremos certas perspectivas profissionais para o 
assistente social, as mudanças do mercado na contemporaneidade e as novas 
possibilidades para a categoria.
Boa leitura!
A ética como fundamento do assistente social 9
1
A ética como fundamento 
do assistente social
O conhecimento dos fundamentos éticos do Serviço Social 
nos leva à compreensão do processo de constituição do ethos 
profissional e da construção do projeto profissional da catego-
ria. A teoria a respeito da ontologia do ser social, apresentada 
neste capítulo, aprofunda alguns dos elementos que embasam 
a ética profissional do assistente social, uma vez que trata dos 
pressupostos ontológicos da constituição da ética e da moral na 
vida social. O entendimento sobre esses pressupostos teóricos 
contribui para a reflexão crítica relativa à constituição histórica 
da identidade profissional, o ethos profissional. Com base nes-
ses conhecimentos, podemos refletir sobre o projeto profissio-
nal do Serviço Social, compreendendo a sua construção e os 
elementos indispensáveis à prática cotidiana dos assistentes 
sociais, objetivada nas dimensões teórico-metodológica, política 
e jurídico-política da profissão.
1.1 A ontologia do ser social 
Vídeo A ontologia do ser relaciona-se às formas de existência, assim como 
a ontologia da sociedade relaciona-se ao trabalho. Resumidamente, a 
ontologia do ser social está relacionada à formação do ser humano por 
meio das suas condições materiais de existência no momento da obje-
tivação de seu trabalho.
Após essa breve introdução ao tema, veremos, no decorrer deste 
capítulo, os fundamentos necessários para compreendermos o que 
significa a ontologia do ser social, bem como a sua relação com a ética 
e com a moral.
10 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
A fim de uma melhor compreensão sobre o tema do capítulo, pre-
cisamos partir de uma explicação inicial sobre a ética nesse contexto. 
A ética relaciona-se com as formas de existência do ser, sua gênese 
se dá com base no desenvolvimento do ser humano, na medida em 
que rompe com padrões naturais – como o instinto e sua relação mais 
direta com a natureza –, diferenciando-sede outros animais. Esse de-
senvolvimento do ser é um processo histórico e também social, em que 
a humanidade vai se (re)construindo conforme ocorre a ampliação de 
seu domínio sobre a natureza e sobre si mesma, moldando, então, no-
vos modos de ser. Após esses primeiros passos rumo a inéditas possi-
bilidades de ser e de se relacionar, são tecidas as possibilidades de o 
ser humano se comportar como um ser ético (BARROCO, 2009).
Portanto, é por meio do seu processo de desenvolvimento que o ser 
se humaniza, ampliando suas capacidades por meio de seu trabalho e 
das mediações que ocorrem nesse processo. Esse ser social é determi-
nado por categorias que são ontológico-sociais. Trata-se de categorias 
como o trabalho e a própria linguagem, que são modos de ser somente 
aprendidos por meio de relações sociais que estabelecemos cotidiana-
mente em função das nossas necessidades. Essas categorias surgem à 
medida que as interações ocorrem durante o percurso histórico e social 
dos indivíduos, em sua totalidade ( LUKÁCS,1979 apud BARROCO, 2009).
Compreende-se, portanto, que a história da humanidade não é uma 
abstração que independe das ações dos seres humanos, mas é feita 
partindo da realidade, das relações que os seres estabelecem entre si 
e com a natureza, construindo, assim, sua objetividade. Barroco (2009) 
explica que o ser social surge de construções que são ontológico-so-
ciais, ou seja, o desenvolvimento de modos de ser dos indivíduos se dá 
com base nas suas construções, que são materiais e sócio-históricas.
Dessa forma, é possível pensar na ética como um modo de ser cons-
truído socialmente por meio dos processos material, histórico e social 
do desenvolvimento humano.
Apesar de o ser humano ser biologicamente constituído de modo 
muito parecido com os animais, há um momento em que se estabelece 
uma diferenciação entre eles, que Lukács (1990 apud BARROCO, 2009) 
chama de salto ontológico. O que o pensador explica é que todos os 
seres buscam atender às suas necessidades de sobrevivência por meio 
das suas atividades e interações com o meio, a diferença está na forma 
gênese: no texto, a palavra 
gênese está usada no sentido 
de origem, ou seja, a ética é 
originada com base no desen-
volvimento do ser humano.
Glossário
O que é ontologia?
A palavra ontologia correlacio-
na-se filosófica e historicamente 
à chamada filosofia primeira ou 
metafísica, que trata do estudo 
dos princípios e das causas 
primeiras de todos os seres, a 
essência, que deve vir antes por-
que é condição para o outro. A 
palavra ontologia é composta de 
duas outras: onto e logia. “Onto 
vem de tò on, que significa ‘o 
Ser’. O Ser é o que é realmente 
e se opõe ao que parece ser, à 
aparência. Assim, ontologia sig-
nifica estudo ou conhecimento 
do Ser, dos entes ou das coisas 
tais como são em si mesmas, 
real e verdadeiramente” (CHAUÍ, 
2013, p. 175).
A teoria marxista define a 
ontologia do ser social ao 
estudar o ser humano que vive 
em sociedade, distinguindo-o de 
outros animais. O pensador acre-
dita em um ser social concreto 
e histórico, que se constrói e se 
reconstrói com base nas relações 
com o meio.
Saiba mais
A ética como fundamento do assistente social 11
como essas interações se dão. Os animais agem de maneira instintiva e 
imediata, produzindo para si e para sua cria, suprindo as necessidades 
da sua condição física; já os homens conseguem produzir livremente, 
com criatividade, não se limitando à sua condição física. Pela complexa 
teia de mediações que envolve o trabalho e a linguagem, a humanidade 
responde às suas carências de modo racional, consciente e projetivo, 
autodesenvolvendo-se nesse processo, transformando e criando algo. 
Marx (1993, p. 165) apresenta a analogia entre as atividades do ser hu-
mano e dos animais, demonstrando o caráter consciente, universal e 
livre do sujeito ao afirmar:
Decerto, o animal também produz. Constrói para si um ninho, 
habitações, como as abelhas, os castores, formigas etc. Contudo, 
produz o que necessita imediatamente para si ou para sua cria, 
produz unilateralmente, enquanto que o homem produz univer-
salmente; produz apenas sob a dominação da necessidade física 
imediata, enquanto que o homem produz mesmo livre da necessi-
dade física e só produz verdadeiramente na liberdade da mesma; 
produz-se apenas a si próprio, enquanto o homem reproduz a Na-
tureza toda; o seu produto pertence imediatamente ao seu corpo 
físico, enquanto o homem enfrenta livremente o seu produto. O 
animal dá forma apenas segundo a medida e a necessidade da 
espécie a que pertence, enquanto que o homem sabe produzir 
segundo a medida de cada espécie e sabe aplicar em toda parte a 
medida inerente ao objeto; por isso, o homem dá forma também 
segundo as leis da beleza. 
O trabalho, ainda segundo Marx e reafirmado por Lukács (1979 apud 
BARROCO, 2009), é o que mantém a vida humana por meio do inter-
câmbio material da humanidade com a natureza e, assim, são refina-
das as faculdades humanas, o domínio do ser humano sobre si mesmo.
A atividade humana é permeada, em todos os seus aspectos, pelas 
relações estabelecidas com outros seres humanos. O ser social, por-
tanto, tem sua gênese na sociabilidade. A humanidade somente se 
constitui por intermédio das relações de reciprocidade social, do reco-
nhecimento mútuo de que são dependentes uns dos outros para que 
existam como espécie. Ao constituir-se socialmente, a humanidade vai 
se recriando, apurando seus sentidos e dando novas respostas sociais 
para atender às necessidades humanas.
Barroco (2009) explica de maneira simples, porém esclarecedora, 
a constituição do ser social ao dar um exemplo utilizando uma neces-
12 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
sidade básica dos seres humanos: a fome. Buscando atender a essa 
necessidade, a humanidade passou a conhecer formas de cozinhar 
ou mesmo de produzir objetos que podem ser utilizados para facili-
tar o momento de se alimentar. Desse modo, criou novos elementos 
objetivos, como formas de preparar o alimento ao cozinhá-lo, além de 
utensílios de cozinha. Com isso, surgiu uma cultura, criando-se novos 
hábitos e costumes, novos modos de ser, resultados de uma atividade 
humana consciente e projetiva.
Contudo, conforme explicado por Barroco (2009), é necessário 
deixar claro que o produto das ações humanas gerado por uma cons-
ciência ativa, ou seja, pela práxis (nome dado por Marx), não se dá de 
maneira idealizada. Apesar de as elaborações e projeções da consciên-
cia dirigirem a ação humana visando à concretização de um objetivo, 
a práxis ocorre sob determinadas circunstâncias sociais e históricas, 
dentro do campo da realidade, que é dinâmica, em constante trans-
formação, portanto estando à frente da subjetividade dos indivíduos.
A teoria de Marx (materialismo histórico) parte do princípio de que 
as transformações sociais acontecem devido a condições externas, que 
causam mudanças nas condições materiais de existência, transforman-
do também a consciência dos homens (BARROCO, 2005). Logo, muda-se 
a situação material para que depois se mude de modo correspondente 
a consciência. As condições materiais de existência determinam, no en-
tendimento de Marx (1993), a maneira de existir dos homens, o modo 
de pensar, seus usos, costumes, cultura, determinando também a vida 
jurídica e a política.
Vamos, agora, refletir a respeito das transformações ocorridas na sociedade e sobre como elas se dão ao longo do 
tempo. A figura a seguir traz uma projeção, mesmo que simplificada, das transformações sociais e históricas das 
atividades humanas, as quais levam a mudanças de comportamentos, costumes, hábitos, interações sociais etc.
Para refletir
Sa
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aZ
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g/
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ut
te
rs
to
ck
Apesar de Marx colocar a materialidade à frente da subjetividade, 
não podemos afirmar que o pensador não deu a devida importância a 
Para compreender 
melhor os principais 
conceitos sociológicos da 
teoria marxista, assista ao 
vídeo Na Íntegra - Antônio 
Carlos Mazzeo- Karl Marx, 
publicado pelo canal 
Univesp, com o professor 
Antônio Carlos Mazzeo, 
que é especialista em Karl 
Marx, doutor em História 
Econômica pela USP e 
professor de Ciências 
Sociais da UNESP de 
Marília. 
Disponível em: https://www.
youtube.com/watch?v=lIvN9fLDtsY. 
Acesso em: 16 dez. 2020.
Vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=lIvN9fLDtsY
https://www.youtube.com/watch?v=lIvN9fLDtsY
A ética como fundamento do assistente social 13
esta. O pensador faz uma separação ontológica, em que o material vem 
antes da subjetividade, ou seja, pela lógica, algo deve existir anterior-
mente a outrem e somente isso, conforme explica Barroco (2009). Ao 
afirmar que não há trabalho sem uma projeção do que será realizado, e 
de que é isso que nos diferencia dos animais, Marx (1993) alia a subjeti-
vidade e a materialidade, uma vez que, ao fim do processo de trabalho, 
tem-se como resultado o que foi projetado anteriormente, mesmo que 
com contornos diferenciados.
Assim, só há práxis quando existe uma intervenção prática conscien-
te, afastando a ideia de que na materialidade da ação humana não há 
subjetividade. Barroco (2009, p. 24), ao tratar desse tema, afirma:
como Marx advertiu, o trabalho não se realiza sem a capacidade 
teleológica do homem, ou seja, sem a projeção ideal de finali-
dades e dos meios para a sua efetivação, sem um determinado 
grau de cooperação, de certas formas sociais de comunicação, 
tal como a linguagem articulada, sem um nível de conhecimento 
e de domínio sobre a natureza, entre outros aspectos.
A autora ainda explica que a práxis se efetiva no processo de ativida-
de teleológica (projeção e ação consciente) humana, criando uma nova 
realidade objetiva, e que o produto dessa ação é maior que o sujeito 
individual que realiza a atividade, pois é resultado do acúmulo de conhe-
cimento e da prática social dos homens em sua totalidade histórica.
Podemos entender a ética com base na totalidade do ser social. 
 Ao explicar o pensamento de Marx, Barroco (200) afirma que, durante 
o processo de trabalho, o ser humano está diante de alternativas e, 
portanto, de possibilidades de escolha, e que estas têm seu valor com 
base em comparações entre o que é bom ou ruim de acordo com as 
necessidades do ser. Nesse sentido, entendemos que a ética surgiu do 
trabalho social, pela realização de escolhas, sendo elas – boas ou ruins 
– capazes de interferir em todas as esferas da vida social.
A ética, para Marx (1993), está intimamente relacionada com o que 
o autor define como liberdade. A liberdade é vista não como algo abs-
trato, como um dom ou algo que vem do alto, conforme afirma Lukács 
(1978 apud BARROCO, 2009), mas sim de maneira concreta, relaciona-
da ao trabalho e às necessidades humanas e, portanto, às possibilida-
des de se fazerem escolhas. A gênese da liberdade se dá no próprio 
processo de trabalho humano em que se encontram as alternativas.
14 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
Barroco (2009) explica que as alternativas são valoradas em função 
das necessidades dos seres humanos – por exemplo, procura-se por 
uma madeira melhor ou uma pedra mais redonda. Mesmo os elemen-
tos que não são transformados pelos homens são valorados se cumpri-
rem com uma função e atenderem às necessidades do trabalho, como 
o vento para um navegante. Podemos pensar que alternativas e va-
lor são elementos subjetivos, pois são determinados por uma decisão 
consciente, no entanto são categorias objetivas, objetivações do ser 
social. Barroco (2009, p. 27-28) ajuda a compreender essa questão ao 
afirmar que “a liberdade é – simultaneamente – capacidade de escolha 
consciente dirigida a uma finalidade e capacidade de criar condições 
para a realização objetiva das escolhas e para que novas escolhas se-
jam criadas”.
Vemos, assim, que a liberdade e o valor estão intimamente rela-
cionados, uma vez que, ao fazer escolhas no processo de trabalho, o 
ser humano não as faz entre duas possibilidades, mas sim entre o que 
possui e o que não possui valor; a escolha se dá, em termos práticos, 
voltada à realização de uma determinada objetivação. Ao fazer esco-
lhas, o ser modifica não somente a sua atividade, mas também toda a 
vida humana, gerando novas possibilidades.
Vázquez (2014) aborda essa questão ao afirmar que a liberdade se 
dá no interior das relações sociais estabelecidas pelo ser humano e 
que, portanto, só faz sentido se for coletiva. Apesar de o ser humano, 
como ser social, ser livre, a liberdade de fato só acontece quando to-
dos os homens e as mulheres igualmente alcançarem a condição de 
libertos.
Paiva (2011) também acredita que a liberdade, como valor ético, é 
construída de maneira coletiva e que sua plena realização só ocorre 
quando atinge a todos. É pela liberdade que o ser humano amplia suas 
capacidades, conquista sua emancipação e autonomia, valores cons-
truídos na coletividade.
Se fizermos uma comparação entre os valores éticos relacionados 
à liberdade propostos por Marx e aqueles veiculados no sistema capi-
talista, notamos que nesse último o valor está na individualidade em 
detrimento do caráter de universalidade dado pelo pensador à ideia de 
liberdade. A liberdade no capitalismo passa a ser individual, centrada na 
competitividade e nos interesses ligados à esfera privada (PAIVA, 2011).
A ética como fundamento do assistente social 15
Barroco (2009) acredita em dois tipos de liberdade: a negativa e a 
positiva. A primeira trata de superar impedimentos à livre manifesta-
ção, empenhar-se em ações que rompam com os freios à liberdade 
ou com a construção de alternativas de escolha. A segunda refere-se 
a estar livre para manifestar a liberdade, à ação voltada a objetivar 
essa liberdade, ampliá-la, defendê-la e criar estratégias de viabilizá-la. 
Conforme Marx (1970 apud BARROCO, 2009, p. 28), “o exercício da li-
berdade consiste exatamente em superar obstáculos”, em ir além da 
necessidade natural, manifestando a satisfação do sujeito.
O desenvolvimento livre do ser é a própria práxis, e esta só ocorre 
efetivamente quando existem condições para que a liberdade aconteça 
integralmente e para todos. O desenvolver da práxis traz novas neces-
sidades e novas formas de satisfação, ampliando-se as capacidades hu-
mano-genéricas. Surgem novas formas de práxis nas quais o objeto de 
intervenção do ser humano não é mais a matéria/natureza, mas sim o 
próprio sujeito. Ampliam-se as possibilidades de subjetivação humana, 
do desenvolvimento do intelecto, surgindo as probabilidades de cria-
ção de novas formas de práxis, como a filosofia, a educação, a religião, 
a política.
A ética surge à medida que as relações se tornam mais complexas, 
objetivando-se “teórica e praticamente, de formas particulares e so-
cialmente determinadas, como conexão entre o indivíduo singular e 
as exigências sociais humano-genéricas” (BARROCO, 2009, p. 29). Marx 
(1993) afirma que aí encontra-se a riqueza humana, ou seja, na efusão 
de todas as capacidades e sentimentos humanos, na manifestação li-
vre de suas atividades, lugar em que se tem como categoria de valor a 
própria riqueza humana.
Contudo, a possibilidade de apropriação dessa riqueza irá de-
pender das condições históricas, se são mais ou menos favoráveis 
ao desenvolvimento da práxis. Nas sociedades em que se origina 
a divisão social do trabalho ancorada na propriedade privada dos 
meios de produção e na exploração do trabalho, as escolhas e os va-
lores encontram-se distorcidos, acontecendo um processo que Marx 
(1993) denomina como alienação.
O modo de produção capitalista trouxe muitos avanços para o de-
senvolvimento do ser social. As forças produtivas – ou seja, os meios, 
os materiais e a força de trabalho – se expandiram, pois já não havia 
16 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
mais obstáculos a partir do momento em que a humanidade dominou 
a natureza. Assim, aprimoraram-se as ferramentas, as instalações, o 
manejo com a terra, a matéria que se usa para o trabalho, bem como aespecialização do próprio trabalho, a técnica e a tecnologia.
Apesar de todas essas possibilidades de ampliação das capacidades 
humanas, o modo de produção capitalista traz em seu bojo a negação 
da realização da riqueza humana. A apropriação privada dos meios de 
produção faz da atividade do trabalho algo que aprisiona o ser, tor-
nando-o alienado de seu próprio processo produtivo. O que passa a 
ocorrer é uma contradição entre as muitas possibilidades de desen-
volvimento do ser social e o processo de alienação desse mesmo ser.
Como já citado, Marx acreditava que o trabalho é o que diferencia 
o ser humano dos animais e o torna um ser cultural ao transformar a 
natureza, modificando a si próprio e criando novos modos de ser. Pen-
sando desse modo, o trabalho é algo relacionado à própria humanida-
de, isto é, vai além de uma necessidade material e física; trata-se de um 
aspecto de realização pessoal e de criação e recriação de si próprio. No 
sistema capitalista de produção, o trabalho perde essa característica, 
uma vez que a especialização de tarefas faz com que o sujeito não con-
siga mais enxergar o significado e o fruto de seu trabalho, perdendo a 
noção de valor do que produz. O trabalho e o produto dele passam a 
ser estranhos ao trabalhador, parecendo ser algo que está acima dele, 
com o poder de dominá-lo.
Na citação a seguir, Marx (1993, p. 596) traz as ideias apresentadas 
anteriormente, dizendo:
o objeto produzido pelo trabalho, o seu produto, opõe-se a ele 
como um ser estranho, como um poder independente do produ-
tor [...]. Quanto maior é a sua atividade, mais ele fica diminuído. A 
alienação do operário no seu produto significa não só que o tra-
balho se transforma em objeto, assume uma existência externa, 
mas existe independente dele, fora dele, e a ele estranho, e se 
torna um poder autônomo em oposição a ele: que a vida que deu 
a esse voltasse contra ele como uma força hostil e antagônica.
Alienado da sua condição, do seu trabalho, da sua natureza e hu-
manidade, o ser humano não consegue materializar a liberdade neces-
sária de criação e recriação de si mesmo de modo que consiga atingir 
satisfação, realização e desenvolvimento de suas capacidades.
A ética como fundamento do assistente social 17
O indivíduo não se reconhece mais como sujeito e, em vez de se 
realizar com seu trabalho, perde-se, visto que os meios de trabalho não 
são seus e o processo é fragmentado. Esses fatores não permitem a 
apropriação da totalidade do processo de trabalho e nem do desenvol-
vimento de suas habilidades de maneira ampla.
Barroco (2009) ainda explica que se por meio do trabalho a huma-
nidade manifesta suas capacidades, não poder fazê-lo livremente leva 
à alienação da própria vida. A atividade humana alienada está despoja-
da das características que diferenciam os seres humanos dos animais, 
como a consciência e a sociabilidade; dessa forma, a liberdade e a uni-
versalidade não se configuram plenamente, não há apropriação e am-
pliação de suas capacidades, não há projetos e nem satisfação pessoal. 
Volta-se à ideia de suprir as necessidades de sobrevivência por meio do 
trabalho, mas agora intermediada pelo dinheiro.
O trabalho que desenvolve os sentidos humanos, como a sensibilida-
de e a realização, e é o que humaniza o ser não está presente de modo 
completo em uma sociedade com a divisão social do trabalho capitalista, 
logo o indivíduo desumaniza-se e empobrece seus sentidos. A apropria-
ção da riqueza humana, que leva o ser a suprir suas carências e formas 
de satisfação, é negada em uma sociedade alienada.
Contudo, sabemos que em uma sociedade capitalista os trabalhado-
res e os detentores dos meios de produção não se encontram em iguais 
condições econômicas, sociais, culturais, entre outras, evidenciando 
a contradição existente entre eles, o que determina as diferenças de 
condições de vida em muitos sentidos, mas tendo como cerne a rela-
ção entre quem explora e quem é explorado. O processo de alienação, 
portanto, não ocorre da mesma maneira para os detentores do capital.
E como fica a ética nesse estado de coisas? Se o ser humano é ca-
paz de agir de maneira teleológica – projetando sua ação com base em 
escolhas de valor, de modo que seu produto seja a materialização de 
sua consciência (práxis) –, então trata-se de um ser com caráter deci-
sório que decide obedecendo à sua natureza racional. Nessa lógica, o 
indivíduo é capaz de agir eticamente, já que consegue fazer escolhas 
racionais com base em valores, projetando suas ações, e assim inter-
ferindo na realidade social de acordo com princípios e projetos éticos 
e políticos.
Para conhecer mais so-
bre o conceito de práxis, 
bastante utilizado neste 
livro, e outros conceitos a 
de Marx, leia o Dicionário 
do Pensamento Marxista. 
BOTTOMORE, T. Rio de Janeiro: 
Zahar, 2012. Disponível em: 
https://edisciplinas.usp.br/
pluginfile.php/2543654/
mod_resource/content/2/
Bottomore_dicion%C3%A1rio_
pensamento_marxista.pdf. Acesso 
em: 16 dez. 2020.
Livro
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/2543654/mod_resource/content/2/Bottomore_dicion%C3%A1rio_pensamento_marxista.pdf
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/2543654/mod_resource/content/2/Bottomore_dicion%C3%A1rio_pensamento_marxista.pdf
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/2543654/mod_resource/content/2/Bottomore_dicion%C3%A1rio_pensamento_marxista.pdf
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/2543654/mod_resource/content/2/Bottomore_dicion%C3%A1rio_pensamento_marxista.pdf
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/2543654/mod_resource/content/2/Bottomore_dicion%C3%A1rio_pensamento_marxista.pdf
18 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
A ética, segundo o pensamento marxista, “é um momento da práxis 
humana em seu conjunto” (LUKÁCS, 2007, p. 72). A práxis não se esgota 
no trabalho diretamente ligado à transformação da natureza, mas re-
laciona-se também com a transformação de ideias, valores, comporta-
mentos e ações, podendo ser esta uma ação ético-moral.
Desse modo, a ética relaciona-se com a transformação do próprio 
ser humano, que, ao fazer suas escolhas com base em valores e de 
modo consciente e projetivo, objetiva a própria condição de liberdade 
humana em sua universalidade, emancipando-se (BARROCO, 2009).
Na sociedade capitalista, a objetivação histórica da ética é desigual 
e limitada, o que evidencia o processo de alienação. Nesse contexto, a 
riqueza humana – ou seja, a materialidade e a espiritualidade produ-
zidas pela humanidade – é negada aos indivíduos, restringindo suas 
capacidades éticas e, por isso, desumanizando-os.
Para conhecer mais sobre a ética na teoria marxista, é interessante a leitura 
do artigo A ética marxista: aproximações conceituais, perspectivas políticas e 
educacionais, do professor da Universidade Estadual do Norte do Paraná 
(UENP) Antonio Carlos Souza, publicado na revista Filosofia e Educação, da 
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em 2018.
Acesso em: 16 dez. 2020. 
https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/rfe/article/view/8651032/17342
Artigo
E quanto à moral? Qual é a sua importância? A moral, diferente-
mente da ética, não tem esse caráter de universalidade, generalidade 
e liberdade humana, mas possui a função de regular normas, valores e 
práticas de um determinado período histórico, podendo sofrer modifi-
cações, progressões ou mesmo regressões ao longo do tempo.
A moral relaciona-se a um conjunto de normas e valores sociais, 
sendo construída com base em costumes cotidianos que viram hábitos 
e que, por isso mesmo, acabam orientando a conduta dos membros de 
uma sociedade. O que queremos dizer é que os valores morais podem 
não ser analisados criticamente pelos indivíduos, que acabam somente 
reproduzindo-os em seu cotidiano, sem de fato parar para uma refle-
xão a respeito do que acreditam ser o correto ou não. Assim, não há 
uma responsabilização consciente por determinadas escolhas ligadas 
https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/rfe/article/view/8651032/17342A ética como fundamento do assistente social 19
à moral. Nesse sentido, a moral de uma sociedade tende a se objetivar 
de modo alienado, como uma mera reprodução de juízos de valor pro-
visórios. Conforme Barroco, “na sociedade de classes, a moral participa 
de uma função ideológica precisa: contribui para a veiculação de mo-
dos de ser e de valores que favorecem a legitimação da ordem social 
dominante“ (BARROCO, 2009, p. 161).
Na sociedade em que se prezam os interesses burgueses, a moral 
tem função ideológica, ou seja, repetem-se comportamentos veicula-
dos pela classe dominante, a qual busca, por meio da ideologia, a coe-
são social em torno dos seus interesses. Dessa forma, criam-se valores 
relacionados a estereótipos – muitas vezes reveladores de preconcei-
tos – que são adotados como mais corretos pelos indivíduos, sendo 
reproduzidos. A reprodução desse modo de ser é reforçada devido a 
elementos como o comodismo, o conformismo e interesses imediatos.
A moral, no entanto, é algo em constante transformação, sendo que 
seu progresso ou retrocesso está relacionado às características pró-
prias da sociedade de cada época. Pensar em uma moral em processo 
de evolução pode nos fazer refletir que isso se dará por meio do tra-
balho coletivo e da construção de um projeto societário que preze por 
valores éticos universais, em que a liberdade e, consequentemente, a 
riqueza humana possam ser apropriadas por toda a humanidade.
1.2 A construção do ethos profissional 
Vídeo Na seção anterior, vimos que o indivíduo, diferentemente de ou-
tros animais, age conscientemente, de modo teleológico, projetando 
suas ações com base em escolhas de valor e tendo como resultado a 
 materialização do seu propósito. O ser social projeta ações que po-
dem ser de caráter individual ou coletivo a fim de atender às suas ne-
cessidades. Quando coletivo, tem por finalidade suprir as demandas 
sociais, partindo da ideia de construção de uma sociedade. Um pro-
jeto societário está submetido aos valores que justificam essa cons-
trução e aos meios para sua efetivação, de acordo com o espaço e o 
tempo histórico (NETTO, 2011).
20 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
Os projetos profissionais também são de caráter coletivo e se rela-
cionam com os projetos societários, na medida em que se tem como ob-
jetivo atender às necessidades sociais – apresentadas em um contexto 
histórico, ético e político determinado – e a propor novas ideias e dire-
cionamentos sociais.
As profissões, cada qual obedecendo ao seu projeto profissional, 
atendem às necessidades sociais, e os profissionais devem cumprir os 
objetivos e as práticas tendo como base referências técnicas e éticas, 
estabelecidas no momento de suas formações acadêmicas e profissio-
nais. Desse modo, o projeto profissional é o reflexo de uma profissão, 
transmite valores que serão legitimados socialmente e determinam 
práticas e normas que norteiam o comportamento profissional, além 
de balizar as relações dos profissionais com os usuários, com outras 
profissões e instituições e, notadamente, com o Estado (NETTO, 2011). 
O projeto profissional tem desdobramentos sociais, éticos e políticos 
objetivos, ou seja, concretiza-se na sociedade, estando seus agentes 
totalmente conscientes dos elementos que norteiam sua prática ou 
apenas reproduzindo comportamentos morais cotidianos de maneira 
acrítica.
A adesão consciente dos agentes a um projeto profissional implica 
decisões de valor, éticas e morais, que podem estar em conflito com a 
ordem hegemônica ou não, sendo sempre passíveis de serem reavaliadas 
e modificadas. A formação profissional e a atuação prática do assistente 
social estão baseadas em direcionamentos éticos que vão para além da 
vida profissional dele; forma-se um sujeito social, aquele que reflete etica-
mente sobre sua prática cotidiana não somente profissional, mas também 
quanto às suas relações com o outro e com o mundo ao seu redor, bus-
cando se aproximar da genericidade humana 1
“Baseado em Karl Marx e 
Agnes Heller, o conceito de 
humano-genérico se constitui 
como homem por inteiro, 
utilizando todas as suas capaci-
dades e potencialidades. Seria 
o reconhecimento do ‘nós’, de 
se identificar com o outro pela 
igualdade, ser reconhecido e 
reconhecendo o outro enquanto 
ser humano”. (ROSA; GIOMETTI, 
2016, p. 58)
1
 (CARDOSO, 2013).
A construção do ethos profissional do assistente social e o proje-
to profissional dessa atividade estão em relação estreita com a ética. 
Entretanto, é preciso compreender que o ethos profissional também é 
construído com base nas necessidades sociais e econômicas de uma 
determinada sociedade, conforme as ideias culturais de uma época 
histórica, e que as práticas profissionais acabam sendo influenciadas 
por expectativas sociais, de acordo com as quais se esperam dos 
 profissionais determinados comportamentos que estejam em confor-
midade com a moral estabelecida socialmente.
A ética como fundamento do assistente social 21
A construção da ética profissional se dá por meio dos conhecimen-
tos filosóficos e teóricos incorporados pelo Serviço Social. Contudo, es-
sas não são as únicas referências que orientam o comportamento dos 
assistentes sociais; junta-se a isso o que foi apreendido em sua sociali-
zação primária – formas de ser e agir no mundo do núcleo familiar e de 
direcionadores dados por várias outras instâncias sociais de seu con-
vívio, como a religião, a escola, os meios de comunicação, orientações 
políticas e demais formas socializadoras. A partir daí, criam-se hábitos 
e costumes, adquiridos, pela educação formal e pela vida cotidiana.
É possível perceber que nesse encontro entre a moral da época, a 
socialização primária do indivíduo e as dimensões éticas da profissão 
surgem as contradições e os conflitos, elementos que irão compor a 
ética profissional, uma vez que esta não se relaciona apenas com a pro-
fissão, mas também com a vida social em geral. É preciso compreender 
que a ética profissional tem uma autonomia relativa, já que está sujeita 
a transformações que obedecem aos contextos sociais, econômicos e 
culturais de uma época.
Podemos compreender, portanto, o
ethos profissional como um modo de ser construído a partir 
das necessidades sociais, inscritas nas demandas postas 
 historicamente à profissão e nas respostas ético-morais dadas 
por ela, nas várias dimensões que compõe a ética profissional. 
( BARROCO, 2005, p. 69)
As dimensões da ética profissional, apresentadas pela autora, são: 
a filosófica (bases teóricas para a compreensão dos valores, princí-
pios e modos de ser ético-morais); o modo de ser, ou seja, o ethos 
da profissão (a consciência moral, a imagem social e profissional, as 
objetivações individuais e coletivas); e a normatização (Código de Éti-
ca dos Assistentes Sociais). Essas dimensões, articuladas entre si de 
acordo com um projeto de sociedade, implicam uma ação profissional 
com direcionamento ético e político e, consequentemente, com uma 
prática que tem essa intencionalidade.
Compreendemos, até aqui, como se dá a constituição do ethos de 
um profissional, que está sujeito não somente aos direcionamentos da 
profissão, mas também a um contexto histórico e social, e, devido jus-
tamente a esse caráter de temporalidade, passa por constantes reava-
liações ao longo do tempo.
Para uma melhor com-
preensão a respeito da 
construção da identidade 
profissional do assistente 
social, assista aos primei-
ros 21 minutos do vídeo 
Identidade profissional 
da/o assistente social na 
contemporaneidade com 
Maria Lucia Martinelli, 
publicado pelo canal Sesc 
São Paulo.
Disponível em: https://
www.youtube.com/
watch?v=ArjDvXIhm64. Acesso em: 
16 dez. 2020.
Vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=ArjDvXIhm64
https://www.youtube.com/watch?v=ArjDvXIhm64
https://www.youtube.com/watch?v=ArjDvXIhm64
22 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
Em seguida, estudaremos como se deu propriamente a construção 
do ethosprofissional do Serviço Social, suas especificidades em relação 
a um contexto histórico e suas transformações ao longo do tempo, che-
gando à construção do projeto ético-político da profissão.
Historicamente, há uma tendência ao conservadorismo moral no 
momento da gênese da profissão do Serviço Social, fato que contribuiu 
para a reprodução das relações sociais capitalistas. Barroco (2005) re-
lata que essa profissão surge com a finalidade de atender ao projeto 
societário de determinadas classes sociais, notadamente a burguesia 
e as forças conservadoras, na busca por conciliar as relações entre as 
forças produtivas (capital e trabalho) presentes no sistema capitalista.
A mesma autora comenta ainda que, no período histórico em que 
se inicia a atuação dos agentes sociais, de industrialização e arrefeci-
mento do capitalismo – fatores que trouxeram consequências sociais e 
econômicas contraditórias –, os assistentes sociais estiveram a serviço 
do enfrentamento da chamada questão social.
Do que se trata exatamente a chamada questão social nesse perío-
do? No cenário social, econômico e político da Europa do século XIX, 
algo aconteceu no interior da luta de classes entre operariado e bur-
guesia. Historicamente explorado, acumulando em sua trajetória de 
lutas contra o capital algumas conquistas e derrotas, o trabalhador 
adquiriu consciência de classe e passou a clamar por direitos sociais, 
por melhores salários e por uma legislação de proteção ao trabalho. 
A classe dominante temerosa vê nesse movimento não apenas uma 
luta revolucionária do proletariado por melhores condições de vida, 
mas uma possível ruptura da ordem social estabelecida. Desse modo, 
os projetos societários burguês e conservador, para seus filiados, pare-
cem estar ameaçados, já que ambos conservam as mesmas pretensões 
de garantir a ordem social, econômica e política vigente. Ambas as for-
ças se articulam na defesa de ideais afins: a burguesia, que pretende se 
manter no poder ao garantir o capital e a reprodução deste; e as forças 
conservadoras, vendo a primeira como aliada na luta contra o socialis-
mo que ameaça a propriedade privada.
Diante desse contexto, percebemos que a questão social a ser resol-
vida não está diretamente relacionada às contradições geradas pelas 
desigualdades sociais e pelo empobrecimento da população, mas tem 
muito mais a ver com a luta histórica e política do proletariado e com o 
A ética como fundamento do assistente social 23
temor da mudança de uma ordem social burguesa para outra que be-
neficie as classes menos favorecidas. As forças conservadoras da épo-
ca, Igreja, Estado e burguesia, respondem a esse contexto por meio do 
enfrentamento da questão social, pelo apelo moral, contra o que cha-
maram de desordem social, a favor, pois, da ordem e de elementos que 
a compõem – como o progresso e a preservação da família, sustentada 
pelo papel da mulher no lar e na sociedade (BARROCO, 2005).
O Serviço Social vem ao encontro desses interesses conservadores 
e capitalistas, nascendo no seio da Igreja Católica, em 1936, como um 
curso de especialização vinculado à Igreja e que tinha por finalidade 
capacitar agentes para o enfrentamento da questão social. Cardoso 
(2013, p. 114) faz um resumo desse período ao dizer que
o Serviço Social se institucionaliza como profissão contratada pelo 
Estado, para a implantação de políticas assistencialistas e populis-
tas, tendo sua legitimação como estratégia da nascente burguesia 
industrial para o apaziguamento dos conflitos provenientes da 
questão social até então manifesta principalmente pela ação da 
Igreja Católica. Podemos dizer, portanto, que sua institucionali-
zação é uma consequência da legitimação realizada pelas classes 
dominantes e impulsionada pela Igreja e que sua formação profis-
sional passa a ser responsabilidade desta, o que lhe confere um 
caráter conservador e humanista.
O conservadorismo está presente no fundamento da profissão em 
vários aspectos, como na formação acadêmica profissional, por meio 
de um projeto pedagógico conservador; na cultura positivista 2 (ideais 
vindos da teoria positivista) da sociedade brasileira da época, arraiga-
da nos sujeitos sociais por meio da socialização primária; no próprio 
projeto conservador e liberal da Igreja Católica, que, em contraparti-
da, traz aspectos ditos humanistas, voltados pretensamente a um bem 
comum, sem que sejam levados em consideração as necessidades e 
os interesses de outros grupos, classes e etnias. A formação conser-
vadora e católica do profissional do Serviço Social junta-se aos ideais 
de uma sociedade alicerçada no modelo positivista, e esses fatores, 
conforme afirma Barroco (2005), levam à alienação moral, isto é, à 
assimilação e repetição acrítica de valores. Tais elementos direcionam 
a comportamentos generalizantes, com tendências estereotipadas e 
comportamentos preconceituosos e discriminatórios, com rejeição a 
tudo o que não condiz com os padrões sociais estabelecidos.
A teoria positivista é atribuída 
ao francês Augusto Comte 
(1798-1857) que no século 
XIX, influenciado pelos ideais 
iluministas, procurou explicar 
as transformações sociais 
decorrentes da industrialização. 
O pensador acreditava na 
racionalidade científica como 
solução para os problemas da 
humanidade e em seu progresso 
contínuo, que se daria por meio 
da ordem e da moral social.
2
24 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
Barroco (2005) discute também que, nesse contexto, as relações de 
trabalho são vistas por um prisma moral, deixando de lado o cerne 
dessas relações: suas contradições e desigualdades. O enfrentamento 
da questão social passa, portanto, pelos comportamentos e desajus-
tes sociais dos trabalhadores nas fábricas. Esses desajustes estão rela-
cionados a fatores como: a perda do papel da mulher ao deixar o lar; 
a desestruturação de laços familiares e comunitários; a aproximação, 
nas fábricas, entre os seres humanos em seus postos de trabalhadores, 
fato que geraria a proliferação do alcoolismo, entre outros elementos 
que, segundo as forças dominantes, levam à decadência econômica e 
moral da sociedade.
Considerando essa realidade imposta pelas forças conservadoras, o 
papel do profissional do Serviço Social foi o de educador, voltado à mo-
ralização social e ao ensino dos trabalhadores sobre comportamentos 
aceitáveis e formas de vida adequadas socialmente.
A formação profissional do Serviço Social manteve esse caráter de 
cunho conservador por longa data, estando mais voltada a uma es-
pécie de doutrinação do que alicerçada em bases científicas. Assim, a 
profissão tinha um caráter moralizador, com objetivos específicos de 
adequação dos indivíduos a padrões e normas, bem como de resolu-
ção de problemas relacionados aos desajustes e às disfunções sociais, 
com base nos princípios católicos (CARDOSO, 2013).
Essa orientação de cunho religioso influenciou a formação acadêmi-
ca e profissional do Serviço Social por quase cinco décadas, conforme 
afirma Cardoso (2013). A busca por uma certa cientificidade para a pro-
fissão aproximou-se da ideologia desenvolvimentista e do positivismo, 
tendo como alicerce o pensamento social da Igreja, configurando-se, 
dessa forma, um arranjo teórico-doutrinário que serviu de base para a 
conduta prática profissional e, ao mesmo tempo, trouxe à profissão um 
status especial por estar dedicada ao ser humano.
O papel dos agentes sociais, portanto, era o de garantir a manuten-
ção de um certo ordenamento benéfico à sociedade, atuando em prol 
da construção de uma ordem social que fosse naturalmente harmôni-
ca, prezando pela autoridade e pelo progresso. Esse ordenamento so-
cial deveria ser alcançado por meio de valores como a preservação dos 
costumes familiares, a mulher no lar e o combate à desordem causada 
pelas lutas sociais, elementos de reprodução da ordem social burgue-
A ética como fundamento do assistente social 25
sa. Também podemos observar, com base nos valores humanistas pro-
pagadospela Igreja, uma atitude dita altruísta, de preservação por um 
bem maior, já que, para alcançar um estado de coisas harmônico, era 
necessário existir uma certa coesão social, alcançada pela superação 
de conflitos, fazendo-se uso de sacrifícios em prol desse bem maior, 
no qual a estabilidade e progresso social se encontram acima dos in-
teresses particulares, recaindo sobre o sujeito todas as pressões éticas 
e morais.
A respeito da construção do ethos profissional conservador do assis-
tente social, é importante frisarmos também que ele estava diretamen-
te relacionado ao papel da mulher na sociedade. As determinações 
morais católicas e patriarcais das forças burguesas e conservadoras 
aliavam o feminino a certas virtudes, como a pureza, a bondade, a 
abnegação, e atribuía ao papel da mulher determinadas responsabi-
lidades, como a educação dos filhos, os cuidados domésticos, a ma-
nutenção das relações comunitárias, elementos que as qualificariam 
naturalmente a determinadas profissões ditas atividades apropriadas 
para as mulheres. Nesse sentido, a própria formação cultural e moral 
da mulher a qualificaria para o papel de educadora, sendo atribuída a 
ela a função de moralizar os indivíduos, enfrentando, assim, a questão 
social, de maneira a evitar ou minimizar os danos causados pelos de-
sajustes sociais.
Vemos, portanto, que ocorre uma certa confusão entre moral e 
ética no início da formação profissional do assistente social, uma vez 
que tinha como base aspectos morais e doutrinários. Conforme afirma 
Cardoso (2013), o projeto político pedagógico da profissão e a atuação 
profissional no período de 1940 até por volta de 1970 foram marcados 
pelo ethos conservador da profissão, perpetuando o papel do assisten-
te social como educador, em busca de uma harmonia social por meio 
da correção dos desajustes individuais e familiares. Esse ethos, afirma 
a autora, perde sua expressão nos anos de 1980 devido às reformula-
ções e à construção do projeto profissional da categoria. Porém, ainda 
mantém suas raízes na sociedade.
Em décadas posteriores, mais especificamente de 1960 até 1980, o 
Serviço Social passou por um momento de reformulação, que culmi-
nou na ruptura dos ideais conservadores, indo em direção à constru-
ção do chamado projeto profissional ético-político, que se solidificou na 
década de 1990.
patriarcal: um tipo de organi-
zação social que se caracteriza 
pela sucessão patrilinear, pela 
autoridade paterna e pela 
subordinação das mulheres e 
dos filhos.
Glossário
26 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
Trata-se de um período histórico de muitas movimentações e lutas 
sociais, de combate à ditadura, em defesa da democracia e dos direitos 
da classe trabalhadora. A esses movimentos juntaram-se estudantes, 
docentes e profissionais do Serviço Social. A categoria viveu um momen-
to denominado movimento de renovação, no qual novos ideais ganharam 
força e se iniciou um movimento de ruptura com o modelo conservador. 
No contexto de término da ditadura militar e da redemocratização no 
país, a intenção de uma ruptura obteve mais fôlego, ganhando sua hege-
monia na década de 1980 (CARDOSO, 2013).
Esse processo de revisão intelectual e política da profissão se 
 expressou na construção de um novo currículo formativo da profissão, 
que em transição constitui-se, de um lado, pelas influências dos estu-
dos norte-americanos, com as teorias de caso, grupo e comunidade e, 
de outro lado, pelos conteúdos que abordam novos direcionamentos 
para a categoria. Trata-se da construção de um novo projeto profissio-
nal, o qual, ao refletir sobre as contradições e conflitos existentes na 
sociedade, enfatiza a importância de uma leitura crítica da realidade 
por parte do assistente social. Desse modo, o projeto profissional visa 
à articulação de novas metodologias de estudo e atuação profissional, 
com base na compreensão e na análise crítica da realidade social e do 
repensar sobre a prática, e propõe novas formas de intervenção social.
Trata-se, desse modo, de um novo olhar para o Serviço Social, indo 
desde as modificações curriculares e formativas articuladas com o pro-
jeto profissional da categoria até a necessidade de se conhecer a histó-
ria da profissão e suas implicações na realidade social, entendendo-a 
como práxis. Para além do chamado saber-fazer, vê-se a importância da 
teoria como orientadora da prática. Nota-se também uma maior cons-
ciência sobre a dimensão política inerente à profissão e, portanto, do 
importante papel do assistente social nas demandas da luta de classes 
dos trabalhadores e da ampliação quanto à sua adesão a todas as for-
mas de lutas sociais em favor das minorias.
Ampliada a visão da real contribuição e do papel do assistente social 
na sociedade, a profissão agora passa a integrar uma ética emancipató-
ria, compreendendo a ética profissional como práxis.
Contudo, conforme discutido por Cardoso (2013), nos cursos de 
formação, a ética ainda estava restrita a uma disciplina, não fazendo 
parte da estrutura do curso como um todo, em sua essência. Até que, 
A ética como fundamento do assistente social 27
em 1996, com o amadurecimento da profissão e após a reavaliação 
do currículo de 1982, foram aprovadas novas diretrizes curriculares. 
Houve um aprofundamento das teorias marxistas, e a formação do as-
sistente social passou a trazer a questão do trabalho como central para 
a profissão, entendendo o ser humano como ser social que se consti-
tui por meio do trabalho, reafirmando a visão ontológica do ser social. 
Entende-se a questão social como um fundamento sócio-histórico da 
profissão, vista em uma perspectiva de ampliação dos direitos sociais, 
que vincula a ação profissional, a defesa de direitos sociais e a garantia 
da cidadania e da democracia. Desse modo, busca-se capacitar o pro-
fissional para a elaboração e a execução de políticas sociais em uma 
perspectiva crítica da relação entre Estado e sociedade.
A autora ainda comenta que, nesse novo currículo, a ética ganhou 
ainda maior importância por sua inclusão ser proposta de maneira es-
trutural, para além de uma disciplina, como parte central no processo 
de formação profissional, perpassando por toda a estrutura curricular. 
No entanto, essa transversalidade parece não ter sido concretizada na 
prática, mas, de qualquer modo, há um aprofundamento da base de fun-
damentação teórica dessa disciplina, chamando a atenção para temas 
como a ontologia do ser social e a construção de um ethos profissional 
crítico, que se apoia em bases reflexivas sobre a realidade social.
A constituição do ethos profissional crítico do assistente social, pas-
sando por rupturas e renovações na formação e na prática profissional, 
determina a construção do projeto ético-político da profissão. Apesar 
de a gênese do Serviço Social estar vinculada ao conservadorismo cató-
lico e à sua atuação prática voltada a dimensões morais, as transforma-
ções ocorridas a partir da década de 1960 trazem uma nova perspectiva 
à profissão, levando-a ao amadurecimento teórico e político e à cons-
trução de um projeto ético-político centrado na reflexão a respeito das 
contradições sociais e na busca por ações que possam contribuir para 
a construção de um novo projeto de sociedade.
Para saber mais sobre o 
processo de formação 
profissional do assistente 
social e da sua prática 
ao longo da história da 
profissão, assista ao vídeo 
Palestra com a Professora 
Marilda Villela Iamamoto, 
publicado pelo canal 
Cortez Editora.
Disponível em: https://
www.youtube.com/
watch?v=zDOnXgCH_1Y&t=181s. 
Acesso em: 17 dez. 2020.
Saiba mais
1.3 O projeto profissional do Serviço Social 
Vídeo A formação do ethos profissional, bem como o projeto profissional 
da profissão, como visto anteriormente, relaciona-se a um projeto so-
cietário. Os projetos coletivos e/ou societários se originam das próprias 
atividades desenvolvidas pelos seres humanos. As práticas ou ativida-
https://www.youtube.com/watch?v=zDOnXgCH_1Y&t=181shttps://www.youtube.com/watch?v=zDOnXgCH_1Y&t=181s
https://www.youtube.com/watch?v=zDOnXgCH_1Y&t=181s
28 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
des são motivadas pelos múltiplos interesses sociais. Elas ocorrem de 
acordo com as necessidades reais apresentadas em um lugar e tempo 
histórico determinado, levando a humanidade ao seu desenvolvimento 
por meio do trabalho. Portanto, ao pensar na práxis humana e nos pro-
jetos coletivos e societários, deve-se considerar a existência de deter-
minantes políticos, principalmente se dada no interior de um sistema 
capitalista e de conflitos de classe. Netto (1999, p. 94 apud BARROCO, 
2005, p. 67) refere-se aos projetos societários como projetos de classe: 
“em sociedades como a nossa, os projetos societários são, simultanea-
mente, projetos de classe, ainda que refratando mais fortemente deter-
minações de outra natureza (de gênero, culturais, étnicas, etárias etc.)”.
Ainda retomando alguns conceitos para compreendermos melhor 
essa questão, sabemos que o trabalho apresenta ao ser humano mui-
tas possibilidades de escolhas e que o ser projeta ideais a partir delas, 
 objetivando-as no mundo real. Ao longo do seu caminho histórico, a 
humanidade vai criando novas necessidades e práticas – advindas tan-
to do seu trabalho material quanto das suas ideias –, seu mundo vai se 
tornando mais complexo e algumas de suas objetivações se afastam 
daquelas ligadas diretamente ao trabalho material, junto à natureza. 
Criam-se atividades intelectuais como a própria educação, as artes, a 
política, entre outras, com base na produção e reprodução da prática 
produtiva material e das relações sociais. Trata-se, assim, de uma dinâ-
mica social em que as relações vão se tornando cada vez mais comple-
xas, resultando em formas de vida diferenciadas.
Sabemos que o processo de desenvolvimento histórico do indiví-
duo objetiva dois tipos de práticas conhecidas: as que ocorrem ma-
terialmente, por meio da transformação da natureza pelo trabalho, e 
aquelas que se dão no plano das ideias e que incidem sobre o compor-
tamento dos indivíduos, como os valores ligados à ética. Essas práticas, 
como visto, podem se dar de modo individual ou coletivo, sendo que 
suas projeções e objetivações estão sujeitas a determinados interes-
ses, muitas vezes conflituosos e em disputa.
A construção de um projeto profissional, como prática coletiva, 
também atende às necessidades e aos interesses sociais, mas é preci-
so tomar certo direcionamento – construído por meio da escolha por 
determinados valores e da sua perpetuação. Desse modo, o projeto 
profissional se objetiva ao conquistar grande parcela do segmento pro-
A ética como fundamento do assistente social 29
fissional, representando-o. Barroco (2009, p. 13) ao discutir a ética pro-
fissional, afirma:
o que dá materialidade e organicidade à consciência ética dos 
profissionais é o pertencimento a um projeto profissional, que 
possa responder aos seus ideais, projeções profissionais e socie-
tárias, enquanto profissionais, cidadãos e categoria organizada. 
Os profissionais participam eticamente de um projeto profissio-
nal quando assumem individual e coletivamente a sua constru-
ção, sentindo-se responsáveis pela sua existência, como parte 
integrante do mesmo. 
Dado que o projeto profissional atende a necessidades e interesses 
sociais, compreende-se que ele se relaciona com a sociedade e é pen-
sado no interior de um projeto coletivo maior: o projeto societário. En-
tretanto, não há um único projeto societário, uma vez que a sociedade, 
como visto, é composta por múltiplos interesses individuais e coletivos. 
A figura a seguir pode nos ajudar a memorizar e compreender o que 
são projetos coletivos, societários e profissionais.
Figura 1
Projetos sociais: projeto societário e projeto profissional
É um projeto coletivo que visa à construção 
da sociedade. Possui dimensão política ao 
representar os ideais de uma classe social.
Projeção consciente que visa à realização 
de objetivos que podem ser individuais ou 
coletivos. 
O que é um projeto?
O que é um projeto 
societário?
É um projeto coletivo que representa 
profissionais de uma categoria, os quais 
elegem valores legitimados socialmente. É a 
autoimagem da profissão.
O que é um projeto 
profissional?
Fonte: Elaborada pela autora.
Os projetos societários, portanto, estão em constante disputa, mo-
vimento esse que determina os rumos de uma sociedade ao modificar 
ou contribuir para a reprodução da ordem social. Podemos compreen-
30 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
der, com base nisso, que o projeto profissional do assistente social se 
vincula a um determinado projeto societário, que vai ao encontro das 
diretrizes estabelecidas pela categoria, as quais orientam a prática e o 
comportamento profissional (TEIXEIRA; BRAZ, 2009). Portanto, deve-se 
pensar o projeto profissional em relação à dinâmica social, às disputas 
sociais dentro e fora da categoria e aos rumos de uma sociedade.
É preciso compreender também, conforme mencionado no início 
deste capítulo, que o projeto profissional do Serviço Social traz em seu 
bojo dimensões políticas ao se relacionar diretamente com os conflitos 
existentes em uma sociedade desigual, composta por classes sociais 
que perpetuam ideologias diferentes. Conforme Barroco (2005), na so-
ciedade, de modo geral, existem dois tipos de projetos societários: os 
transformadores e os conservadores, ambos pertencentes a diferentes 
classes sociais e que, por isso, assumem valores diferentes. O projeto 
profissional do assistente social, ao relacionar-se a um projeto societá-
rio, é estabelecido de acordo com as dimensões éticas e políticas de um 
dos projetos citados, embora sem se confundir com ele.
Apesar da vertente ideológica conservadora, no momento da gê-
nese da profissão, a partir da década de 1960, a categoria passou por 
rupturas e transformações que a levaram a um posicionamento ético e 
político aproximando seu projeto profissional dos projetos societários 
de cunho transformador. Trata-se, portanto, de direcionamentos éti-
co-políticos que orientam o comportamento e a prática do assistente 
social no planejamento das suas ações, em suas intervenções políticas 
e nas ações diárias profissionais.
As diretrizes ética-políticas que norteiam a profissão dão o suporte 
teórico necessário para que o assistente social possa estar conscien-
te sobre suas escolhas profissionais em suas intervenções cotidianas, 
uma vez que nem sempre as demandas sociais que chegam a ele reve-
lam de imediato seu caráter determinante e as questões sociais que as 
envolvem. Fato é que as ações desse profissional atendem a interesses 
sociais contraditórios, agindo ele de maneira consciente e em conso-
nância com os norteadores da profissão ou não.
Assim sendo, o projeto ético-político da profissão compromete-se 
com um projeto societário de transformação que defende a necessi-
dade de um novo ordenamento de sociedade, livre da exploração ou 
da dominação de uma classe sobre a outra. Um dos compromissos do 
A ética como fundamento do assistente social 31
projeto é com a liberdade, entendida como um valor ético, prezando 
pela livre escolha, pela emancipação e pela expansão dos indivíduos. 
Ao se referir aos projetos profissionais, Netto (1999, p. 95 apud BARRO-
CO, 2005, p. 67) os define da seguinte maneira:
Os projetos profissionais apresentam a autoimagem da profissão, 
elegem valores que a legitimam socialmente e priorizam os seus 
objetivos e funções, formulam os requisitos (teóricos, institucio-
nais e práticos) para o seu exercício, prescrevem normas para o 
comportamento dos profissionais e estabelecem as balizas da sua 
relação com os usuários de seus serviços, com outras profissões 
e com as organizações e instituições sociais, privadas, públicas, 
entre estas, também e destacadamente com o Estado, ao qual 
coube, historicamente, o reconhecimento jurídico dos estatutos 
profissionais. 
Ainda sobre o projetoético-político e seus compromissos, o mesmo 
autor afirma:
tem em seu núcleo o reconhecimento da liberdade como valor 
ético central – a liberdade concebida historicamente, como pos-
sibilidade de escolher entre alternativas concretas; daí um com-
promisso com a autonomia, a emancipação e a plena expansão 
dos indivíduos sociais. Consequentemente, o projeto profissio-
nal vincula-se a um projeto societário que propõe a construção 
de uma nova ordem social, sem dominação e/ou exploração de 
classe, etnia e gênero. (NETTO, 1999, p. 104- 105 apud TEIXEIRA; 
BRAZ, 2009, p. 6)
O projeto profissional do assistente social é composto de princípios 
éticos e políticos que refletem a imagem da profissão, além dos conhe-
cimentos acumulados historicamente, as teorias, os valores, os sabe-
res, as normas, os objetivos e a função social. Alguns dos elementos 
constitutivos do projeto profissional que o materializam e orientam as 
competências dos assistentes sociais estão em suas dimensões teóri-
co-metodológicas, políticas e jurídicas (TEIXEIRA; BRAZ, 2009).
No campo da produção de conhecimento, ou teórico-metodológico, 
pode-se dizer que o projeto ético-político da categoria, após o rompi-
mento com o conservadorismo e a aproximação de teorias marxistas 
– como a ontologia do ser social, vista anteriormente –, apresenta um 
direcionamento reflexivo e crítico, considerando-se as contradições 
existentes na realidade social. Essa tendência ao pensamento social 
crítico se reflete no fazer profissional, na sistematização e na organiza-
32 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
ção das suas práticas. A atuação prática cotidiana deve ser pautada no 
conhecimento econômico e cultural que se apresenta em seu contexto 
profissional, ou seja, o assistente social deve compreender a questão 
social colocada e suas expressões. Iamamoto (2000, p. 72) afirma que a 
competência teórico-metodológica do profissional relaciona-se com a
compreensão da sociedade brasileira resguardando as caracte-
rísticas históricas particulares que presidem a sua formação e 
desenvolvimento urbano e rural, em suas diversidades regionais 
e locais. Abrange as relações Estado/sociedade, os projetos polí-
ticos em debate, políticas sociais, as classes sociais e suas repre-
sentações culturais, os movimentos organizados da sociedade 
civil, entre outros aspectos.
Dessa forma, o projeto ético-político do Serviço Social na contem-
poraneidade relaciona-se ao conhecimento sobre a atuação prática 
profissional como maneiras de intervenção na realidade, levando a re-
flexões investigativas do próprio fazer profissional.
O projeto profissional também materializa-se com base em sua di-
mensão política e organizativa, por meio das entidades representati-
vas da categoria, como os Conselhos Federal e Regionais, e aquelas 
ligadas à formação profissional e aos estudantes, como a Associação 
Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social, a Executiva Nacio-
nal de Estudantes de Serviço Social, os centros e diretórios acadêmicos 
das instituições de ensino. Por meio dos fóruns, das discussões e das 
deliberações dessas entidades, são traçadas as diretrizes do projeto 
profissional, suas modificações ou reafirmações. São, portanto, espa-
ços democráticos em que se apresentam a pluralidade de ideias e os 
pensamentos em constante disputa e construção coletiva do projeto 
ético-político da profissão.
Por fim, tem-se a dimensão jurídica, que embasa a prática profis-
sional por meio de um conjunto de normas e leis que legitimam e re-
gulamentam a profissão. O fazer do assistente social está amparado 
especificamente por documentos legitimados pela categoria, como o 
seu Código de Ética Profissional, a Lei n. 8.662, que regulamenta a pro-
fissão, bem como as Diretrizes Curriculares do Serviço Social, aprova-
das pelo MEC. A profissão também conta com o aparato jurídico não 
exclusivo, mas não menos importante, e que se relaciona diretamen-
te à atividade dos assistentes sociais em suas áreas de atuação, nota-
damente na saúde, na assistência social e na infância e adolescência. 
Logo, o profissional pode recorrer à Constituição Federal de 1988, à Lei 
A ética como fundamento do assistente social 33
Orgânica da saúde e da Assistência Social, bem como ao Estatuto da 
Criança e do Adolescente.
A materialização objetiva do projeto profissional, conforme Teixei-
ra e Braz (2009), se baseia nos elementos apresentados, os quais dão 
visibilidade e materialidade ao projeto ético-político, orientando a prá-
tica profissional de toda uma categoria. Não se pode, no entanto, dizer 
que as construções e as projeções coletivas, que constituem o projeto 
profissional, acontecem perfeitamente na realidade objetiva. Sabemos 
que, apesar de não existir a prática sem o pensamento teleológico, a 
realidade se sobrepõe às consciências e, portanto, as ações sociais não 
se comportam de modo ideal, mas estão sujeitas às circunstâncias pre-
determinadas da realidade social.
Além disso, podemos refletir a respeito da aparente contradição en-
tre os valores e os princípios que fazem parte do projeto profissional da 
categoria e da realidade de um sistema capitalista que alimenta desi-
gualdades sociais e econômicas. Podemos pensar, portanto, que há um 
certo romantismo na construção do projeto profissional da categoria, a 
qual não poderia ser viabilizada na prática, já que vai na contramão do 
que efetivamente está posto na realidade social. Devemos lembrar que 
o Serviço Social nasce das contradições postas pelo sistema capitalista, 
tendo a luta de classes como constituinte da profissão, e que é devido 
justamente a esse estado de coisas que seu projeto profissional deve 
contradizer as bases do sistema. É necessário lembrar também que a 
construção do projeto profissional do Serviço Social não está descolada 
da historicidade da profissão, mas se faz com base nela e no entendi-
mento do real papel do assistente social junto à classe trabalhadora e 
aos desfavorecidos socialmente, na luta pela liberdade e contra qual-
quer tipo de discriminação ou preconceito.
Tendo em vista que a dimensão política está presente no cerne da 
profissão, sabemos que a atuação do assistente social parte da análi-
se da realidade e de escolhas, que levam à elaboração de estratégias 
ética-políticas visando à sua intervenção na realidade social. Essas es-
tratégias devem ser orientadas pelos princípios estabelecidos no pro-
jeto profissional, reafirmando-o. Observamos que, longe de ser algo 
distante da realidade, o projeto ético-político fornece os subsídios ne-
cessários para a compreensão e o enfrentamento das dificuldades e 
contradições postas pelo sistema capitalista, servindo de base para 
a ação profissional em qualquer espaço social em que o assistente 
social esteja inserido.
Para refletir a respeito do 
projeto ético-político na 
história do Serviço Social 
e das tendências con-
temporâneas, assista ao 
vídeo José Paulo Netto – 9º 
Seminário Anual de Serviço 
Social, publicado pelo 
canal da Cortez Editora. 
Disponível em: https://
www.youtube.com/
watch?v=JNpmYmBKTFQ. Acesso 
em: 17 dez. 2020.
Vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=JNpmYmBKTFQ
https://www.youtube.com/watch?v=JNpmYmBKTFQ
https://www.youtube.com/watch?v=JNpmYmBKTFQ
34 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este capítulo nos trouxe elementos importantes que servirão de em-
basamento teórico para a compreensão da construção e constituição do 
Código de Ética Profissional do Serviço Social, bem como da lei que regu-
lamenta a profissão. Para isso, foi necessário abordar alguns conceitos 
fundamentais que dão suporte teórico-prático à profissão.
A ética norteia os aspectos teórico-metodológicos, políticos e práticos 
do Serviço Social. Trata-se, portanto, de um conceito fundamental para a 
formação e para o exercício profissional, servindo de base teórica e práti-
ca para a construção do projeto profissional e da identidade da categoria.
ATIVIDADES
1. Ao pensarem ética profissional, quais elementos o assistente social 
deve levar em conta na sua prática cotidiana?
2. Qual é a importância da identidade (ethos) profissional?
3. Por que o projeto profissional dá suporte ao exercício das competências 
profissionais do assistente social?
REFERÊNCIAS
BARROCO, M. L. S. Ética: fundamentos sócio-históricos. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2009.
BARROCO, M. L. S. Ética e Serviço Social: fundamentos ontológicos. 3. ed. São Paulo: Cortez, 
2005.
CARDOSO, P. F. G. Ética e projetos profissionais: os diferentes caminhos do Serviço Social no 
Brasil. Campinas: Papel Social, 2013.
CHAUÍ, M. Iniciação à filosofia. São Paulo: Ática, 2013.
IAMAMOTO, M. V. O serviço social na contemporaneidade: trabalho e formação profissional. 
São Paulo: Cortez, 2000.
LACERDA, G. B. Augusto Comte e o “positivismo” redescobertos. Revista de Sociologia e 
Política, Curitiba , v. 17, n. 34, p. 319-343, Out. 2009 . Disponível em: http://www.scielo.
br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-44782009000300021&lng=en&nrm=iso>. 
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LUKÁCS, G. O jovem Marx e outros escritos de filosofia. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ, 2007.
MARX, K. Manuscritos econômico-filosóficos. Lisboa: Edições 70, 1993.
NETTO, J. P. Ética e crise dos projetos de transformação social. In: BONETTI, D. A. et al. 
Serviço Social e ética: um convite à nova práxis. 12. ed. São Paulo: Cortez, 2011.
PAIVA, B. A. Algumas considerações sobre ética e valor. In: BONETTI, D. A. et al. Serviço 
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ROSA, B. O.; GIOMETTI, A. B. R. A ética na construção de uma educação humano-genérico. 
CAMINE: Caminhos da Educação, Franca, v. 8, n. 1, p. 58-75, jun. 2016. Disponível em: https://
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TEIXEIRA, J. B.; BRAZ, M. O projeto ético-político do Serviço Social. In: CFESS. Serviço Social: 
direitos sociais e competências profissionais. Brasília: CFESS/ABEPESS, 2009.
VÁZQUEZ, A. S. Ética. Trad. de João Dell’Anna. 36. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2014.
https://ojs.franca.unesp.br/index.php/caminhos/article/view/1522/1683
https://ojs.franca.unesp.br/index.php/caminhos/article/view/1522/1683
Fundamentos filosóficos da ética profissional 35
2
Fundamentos filosóficos 
da ética profissional
Neste capítulo estudaremos os fundamentos éticos que emba-
saram os códigos de ética do Serviço Social. Faremos um trajeto 
contemplando todos os códigos anteriores ao atual, abordando o 
contexto histórico, os princípios que os regeram e os elementos 
fundamentais para a compreensão da constituição do Código de 
Ética de 1993. Na sequência, trataremos dos princípios e dos va-
lores fundamentais do Código de Ética de 1993, bem como das 
transformações no interior do Serviço Social que levaram à ruptura 
dos preceitos conservadores e ao compromisso com os trabalha-
dores. Por fim, compreenderemos e analisaremos criticamente 
alguns dos valores e princípios da sociedade burguesa e as limita-
ções impostas por uma ética mercantil.
2.1 Fundamentos filosóficos dos códigos 
de ética 
Vídeo O caminho percorrido de construção do ethos profissional e do 
projeto da profissão é marcado em conjunto pelos códigos de ética 
de 1947, 1965, 1975, 1986 e 1993 (o atual). Os códigos de ética não 
apenas dispõem de normas, deveres e competências, mas também 
se relacionam aos valores profissionais e à identificação com o pro-
jeto societário defendido pelos assistentes sociais em determinados 
momentos históricos.
Entendemos, portanto, a construção do Código de Ética do Serviço 
Social atual com base em uma perspectiva de mudança e construção 
coletiva, em direção a determinados princípios e valores sociais que 
vão ao encontro do projeto ético-político.
36 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
O projeto profissional do Serviço Social é marcado historicamen-
te por dois momentos: o período conservador, em que a profissão 
estava ligada aos ideais burgueses e cristãos; e o momento atual, 
de reflexão teórico-crítica diante da realidade de contradições de 
classes e da aproximação da classe trabalhadora em defesa do pro-
jeto societário de transformação.
O período conservador da profissão é assinalado pelas transforma-
ções sociais advindas da industrialização, que trazem à tona a chamada 
questão social, a qual trata de modo simples das contradições de classe 
surgidas das sequelas do sistema capitalista de produção. Nesse perío-
do, as desigualdades sociais foram fortemente sentidas por meio da 
exploração do trabalho, da pobreza, da violência e de problemas polí-
ticos e econômicos em geral. Nesse contexto, o Estado, representado 
pela burguesia, procurando amenizar essas questões, aliou-se à Igreja 
Católica em um projeto humanizador (CARDOSO, 2013). Dessa aliança 
surgiu o Serviço Social, com o objetivo de atuar na linha de frente das 
questões sociais, pela moralização da classe trabalhadora.
Na década de 1930, em que temos a gênese da profissão no país, 
e ainda em décadas posteriores, até o início do movimento de recon-
ceituação, o projeto profissional do Serviço Social apoiava-se em sóli-
das bases conservadoras cristãs, atendendo aos ideais burgueses de 
permanência do status quo. Assim, os primeiros códigos de ética da 
profissão, de 1945, 1965 e 1975, em ressonância, refletem valores e 
princípios de cunho moral, em defesa do projeto societário conserva-
dor. A reformulação veio com o Código de Ética de 1986, em que se dá 
a ruptura dos códigos de ética anteriores.
A quebra de pensamento que levou à construção do Código de 
Ética de 1986 pode ser compreendida pelo conhecimento das bases 
éticas e filosóficas dos códigos anteriores, alicerçadas nos princípios 
do neotomismo e do personalismo, que serão vistos adiante. Em linhas 
gerais, os códigos traziam princípios e valores conservadores, como 
a defesa da ordem, da propriedade privada, da hierarquia, da pre-
servação da família e do papel da mulher na sociedade. Desse modo, 
visualizavam-se os problemas sociais como decadência moral dos indi-
víduos, cabendo-lhes correção, uma vez que se acreditava em um ser 
humano ideal, fora de seu contexto histórico. Além disso, ao Estado e 
às autoridades, vistos como garantidores da ordem social e do bem 
comum, não se cabiam questionamentos.
status quo: termo que, no in-
terior do pensamento marxista, 
se refere à manutenção da 
ordem social estabelecida pela 
burguesia, de dominação de 
uma classe (a burguesa) sobre a 
outra (o proletariado). 
Glossário
Fundamentos filosóficos da ética profissional 37
A forte influência da Igreja Católica, que embasou a profissão desde os 
primórdios, introduziu os preceitos filosóficos neotomistas na formação do 
assistente social, nas disciplinas, nos documentos e na fundamentação filo-
sófica dos códigos de ética. Ao tratar do tema, Barroco e Terra (2012, p. 43) 
criticam as diretrizes da profissão, que advinham de uma filosofia de base 
religiosa, esclarecendo que “o neotomismo é a retomada, nos séculos XIX 
e XX, da Filosofia de Tomás de Aquino 1
A doutrina filosófica e teológica 
desenvolvida por Tomás de 
Aquino ou por seus discípulos é 
denominada tomismo. A proposta 
do teólogo é a conciliação entre 
razão e fé, colocando a primeira 
a serviço da segunda. Conforme 
sua filosofia, “se Deus é a única 
fonte da verdade, não é possível 
que os princípios que a razão 
naturalmente conhece sejam 
contraditórios aos da verdade 
de fé, uma vez que a graça que 
Deus dá ao homem é justa, pois 
não suprime da natureza o que 
há de mais nobre nela, a razão, 
senão que a supõe e a aperfeiçoa”. 
(FAITANIN, 2011, p. 20-21)
1, teólogo do século XII, que cons-
truiu sua filosofia baseada nos princípios da teologia e nos fundamentos 
da filosofia de Aristóteles”.
Para conhecer mais profundamente o teólogo Tomás de Aquino e a filosofia 
tomista, vocêpode acessar o artigo Introdução ao Tomismo: Tomás, o 
tomismo & os tomistas – uma breve apresentação, escrito por Paulo Faitanin e 
publicado pela revista Cadernos de Aquinate em 2011.
Acesso em: 15 dez. 2020. 
http://www.aquinate.com.br/wp-content/uploads/2016/12/Introducao-ao-Tomismo-cad-11-CORR-ideia.pdf
Artigo
Fundamentada em bases teológicas, a filosofia neotomista tem em 
sua lógica a figura de Deus e a existência de princípios absolutos, con-
siderando o ser humano em sua essência, desvinculado do processo 
histórico-social. O indivíduo carregaria em si mesmo, de maneira imutá-
vel, suas próprias potencialidades, sujeitas a determinações hierárqui-
cas, conforme o ordenamento da sociedade. Nesse tipo de pensamento, 
os valores não são construídos com base nas necessidades e relações 
dos indivíduos, mas estão sujeitos às leis divinas. Isso faz parte da es-
sência humana, assim como a ética.
Barroco e Terra (2012, p. 44), ao tratarem da construção dos valores 
na filosofia neotomista, afirmam que:
os valores adquirem um conteúdo universal abstrato: pertencem 
à natureza humana que emana de Deus. Assim, valores como 
pessoa humana, bem comum, perfectibilidade, autodetermina-
ção da pessoa humana, justiça social são abstraídos de suas par-
ticularidades e determinações históricas, tornando-se referência 
para uma concepção de humano genérico que não se articula 
com o indivíduo social, em sua concretude histórica.
A ideia de sociedade harmônica, nesse contexto, retrata o ideal de 
uma coletividade sem distinções, com todos os seres prezando pe-
los mesmos valores, já que estes fazem parte da essência humana. 
http://www.aquinate.com.br/wp-content/uploads/2016/12/Introducao-ao-Tomismo-cad-11-CORR-ideia.pdf
38 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
Desse modo, as questões sociais, a luta de classes, as contradições e os 
conflitos são vistos como disfunções, elementos não constitutivos da so-
ciedade. Nessa comunidade idealizada não há distinções, todos possuem 
em essência valores genéricos em comum, não havendo divergências a 
respeito do que se entende por bem comum ou justiça social.
Os princípios do neotomismo e os ideais positivistas, que permearam 
os valores sociais da época e fundamentaram a formação e o trabalho 
profissional do assistente social, coexistiam na forma de uma lógica de 
ética profissional “neutra”, em que os distúrbios sociais (luta de classes 
etc.) deveriam ser sanados por meio da correção moral do comporta-
mento dos indivíduos, trabalho especialmente realizado pelo Serviço 
Social e formalizado pelos códigos de ética anteriores a 1986.
Apesar do direcionamento humanista conservador presente nos có-
digos de ética, existem algumas diferenças entre eles, relacionadas às 
mudanças ocorridas na trajetória da profissão e influenciadas pelos acon-
tecimentos decorrentes das transformações sociais na década de 1960.
O primeiro Código de Ética, de 1947, segundo Barroco e Terra (2012), 
expressou o vínculo do Serviço Social com o catolicismo, constituindo-se 
como um documento de orientação religiosa e doutrinária. Nele a liber-
dade era vista como um valor expresso com base nas leis de Deus, 
assim, os indivíduos deveriam fazer suas escolhas baseadas em uma 
educação moral cristã.
Após a aprovação do Código de Ética de 1947, ele sofreu mais duas 
alterações, em 1965 e 1975. Elas foram parciais e de acordo com os 
acontecimentos da época, permanecendo nos códigos a base filosófica 
humanista conservadora (BARROCO, 2001).
O Código de Ética de 1965, o segundo, trouxe uma renovação 
profissional, introduzindo alguns dos valores liberais e democrá-
ticos. Já o terceiro Código, o de 1975, reafirma o conservadorismo 
profissional, suprindo as conquistas democráticas. Os dois códigos 
(1965 e 1975), portanto, apesar de reproduzirem as filosofias neoto-
mista e funcionalista e uma postura de despolitização com relação 
às questões sociais apresentadas na sociedade capitalista, ao serem 
comparados, vemos que existem diferenças, já que Código de 1965 
traz uma adequação da profissão a algumas questões sociais que 
emergiam na década de 1960 (BARROCO, 2005).
Conheça na íntegra as 
edições dos códigos de 
ética de 1947, 1965, 1975 
e 1986, visitando o site 
do Conselho Federal de 
Serviço Social. 
Disponível em: http://www.cfess.
org.br/visualizar/menu/local/
regulamentacao-da-profissao. 
Acesso em: 15 dez. 2020.
Dica
 http://www.cfess.org.br/visualizar/menu/local/regulamentacao-da-profissao
 http://www.cfess.org.br/visualizar/menu/local/regulamentacao-da-profissao
 http://www.cfess.org.br/visualizar/menu/local/regulamentacao-da-profissao
Fundamentos filosóficos da ética profissional 39
As transformações sociais ocorridas nessa época demandaram uma 
renovação profissional. Barroco (2001, p. 118) explica que:
a dinâmica posta pelo desenvolvimento da sociedade e pela 
explicitação das contradições sociais propiciou um repensar 
sobre o significado real do Serviço Social, tendo como principais 
referências a superação da prática fundada em pressupostos 
abstratos e a explicitação de sua dimensão política.
As dinâmicas sociais do período (movimentos culturais e políticos 
contestadores) não poderiam passar despercebidas pelos profissionais, 
levando a categoria a reflexões e a certa movimentação no sentido da 
técnica e da cientificidade. Nesse viés, a profissão se aproximava das 
demandas do mundo moderno.
Ao profissional caberia atender aos deveres cívicos e respeitar 
o pluralismo na profissão. A ideia apresentada nesse Código é que 
a profissão não estaria submetida ao compromisso com a Igreja 
Católica, no que tange à legislação profissional, na medida em que as 
concepções de bem comum, justiça e autodeterminação devem levar 
em consideração os deveres para com os cidadãos atendidos e com 
todos os profissionais do Serviço Social, apostando em um Código 
com princípios voltados ao respeito a todas as religiões, filosofias e 
posições políticas dos membros da categoria (BARROCO, 2005). 
O Código de 1965, em seu artigo n. 23, deixa clara a pretensão 
do Serviço Social de se afirmar como profissão liberal, que deve obri-
gações a entidades empregadoras e que, portanto, é descolada da 
Igreja como exclusiva detentora do trabalho do assistente social. 
“O assistente social, profissional liberal, tecnicamente independente 
na execução de seu trabalho, se obriga a prestar contas e seguir di-
retrizes, emanadas do seu chefe hierárquico, observando as normas 
administrativas da entidade que o emprega” (BRASIL, 1965).
Apesar de não haver um posicionamento crítico com relação às con-
tradições impostas pelo sistema capitalista e de classes, o Código traz 
elementos novos ao colocar restrições quanto à colaboração irrestrita 
com o Estado. O Código de 1965 estabelece que essa colaboração deve 
atender aos princípios democráticos, na defesa de reais necessidades 
de melhoria de condições de vida dos usuários e de uma ordem social 
justa, alinhando-se a programas nacionais e internacionais que defen-
dam essa causa em comum.
40 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
Sendo assim, esse Código trouxe inovações à profissão, consi-
derando o assistente social um profissional liberal, além de defen-
der o pluralismo de crenças e ideais, o dever cívico, a democracia e a 
justiça (BARROCO; TERRA, 2012). Contudo, a base filosófica do Código 
ainda continua a ser o neotomismo, fundamentando os deveres e os 
valores profissionais do Serviço Social.
Os deveres profissionais estabelecidos no Código ainda estão 
apoiados em preceitos genéricos, como a dignidade da pessoa huma-
na, a defesa da família e do bem comum, assim como o comportamen-
to profissional, o qual deve obedecer à imparcialidade, à cortesia etc. 
Nesse sentido, o Código atribui dignidade profissional à conduta moral 
dos assistentes sociais, que, como indivíduos, estando ou não no exer-
cício de sua profissão, devem obedecer a uma conduta ética elevada, 
como forma de manter a imagemda profissão (BARROCO, 2005).
No Código de 1965 ocorreu a coexistência de preceitos liberais e 
neotomistas, revelando a aproximação da profissão com o processo 
de renovação do país, em uma perspectiva de modernização conserva-
dora. Podemos observar que o projeto reformista ainda se mantinha 
no interior de uma ordem burguesa, incorporando novas perspectivas 
teórico-metodológicas, mas sem questionar as bases filosóficas tradicio-
nais de caráter teológico e abstrato (BARROCO, 2005).
Leia o artigo Expressões do conservadorismo nos códigos de ética dos assistentes 
sociais de 1947 e 1965, escrito por Olegna de Souza Gueder e publicado pela 
revista Textos e Contextos em 2016, e conheça um pouco mais dos funda-
mentos éticos desses códigos.
Acesso em: 15 dez. 2020. 
https://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/fass/article/view/24058
Artigo
O Código de 1975 manteve as bases filosóficas e, a princípio, parecia 
não se diferenciar do anterior. Contudo, verificamos nesse documen-
to a reação conservadora da profissão, a volta ao arrefecimento dos 
ideais católicos e a obediência aos poderes públicos, visando à manu-
tenção de uma sociedade harmônica.
Nesse Código foram instituídos os princípios do personalismo, 
que reafirmam os valores humanistas cristãos tradicionais, trazendo 
a ideia de indivíduo como “centro, objeto e fim da vida social” (CFAS, 
1975 apud BARROCO, 2005, p. 129).
https://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/fass/article/view/24058
Fundamentos filosóficos da ética profissional 41
Apesar dos movimentos católicos contestatórios ocorridos na épo-
ca – influenciados por figuras como Emmanuel Mounier, Paulo Freire 
e intelectuais ligados ao socialismo cristão – e que possibilitaram ao 
Serviço Social a crítica ao ethos tradicional da profissão, Mounier traz 
uma perspectiva filosófica dita neutra, o chamado personalismo, mas 
que carrega aspectos do neotomismo, ao atribuir às pessoas uma exis-
tência metafísica, abstrata e espiritual. 
Dado o seu caráter generalista, podemos incorporar ao personalismo 
ideologias diversas, pois se trata mais de um posicionamento diante de 
uma realidade social e menos de uma concepção filosófica, que pode 
ser utilizado por qualquer doutrina ou civilização que coloque o indiví-
duo acima das necessidades materiais e de aparelhos sociais. Ou seja, 
é uma crítica à despersonalização do ser humano, que deve se mover 
para alcançar a perfeição última da existência, e isso só se dá por meio 
do sacrifício, da vocação e da conversão. Nesse ponto o personalismo 
reafirma os princípios humanistas cristãos (BARROCO, 2005).
A passagem do neotomismo para o personalismo não interfere nos 
princípios éticos de base metafísica da profissão. Entretanto, quando se 
pensa na vertente político-ideológica e na sua vinculação a projetos socie-
tários, o personalismo vai na direção contrária ao neotomismo, embora 
se apoie nele. O pensamento conservador não tem apoio no personalis-
mo, permitindo uma renovação do discurso profissional, aproximando-se 
de um ideário socialista. Isso acaba influenciando as correntes mais 
progressistas do catolicismo, nas quais se insere parte dos assistentes so-
ciais com tendências a uma ruptura do tradicionalismo profissional.
Verificamos que, apesar de algumas ideias contrárias, o personalismo 
concorda com os preceitos tomistas fundamentais, não trazendo modi-
ficações que podem ser sentidas no Código de 1975. O que diferencia os 
códigos é a supressão dos pressupostos inovadores, aqueles que trata-
vam da obediência profissional aos ideais democráticos e ao pluralismo 
de ideias e pensamentos. Conforme defende Barroco (2005, p. 129):
o Código de 1975 reproduz os mesmos postulados tradicionais 
abstratos: o bem comum, autodeterminação, subsidiariedade 
e participação da pessoa humana, a justiça social. A alteração 
tampouco decorre da citação de novas categorias tais como a 
“dialética homem – sociedade”, usadas abstratamente, mas da 
exclusão de duas referências presentes no código de 1965: a 
democracia e o pluralismo.
42 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
O Código de 1975 vai ao encontro das demandas da ditadura 
militar, consolidada em 1968. Os princípios democráticos a serem 
obedecidos pelo profissional na participação em órgãos públicos, 
bem como o respeito aos diversos posicionamentos políticos, éticos 
e filosóficos da categoria, foram retirados do Código de 1975. Volta a 
reafirmação da necessidade de obedecer ao Estado como forma de 
disciplinar a sociedade e, desse modo, as profissões, em benefício 
do chamado bem comum. Observamos nesse Código o retorno de 
velhas concepções. Segundo o Conselho Federal do Assistente Social 
(CFAS, 1975, p. 7 apud BARROCO; TERRA, 2012, p. 47), “exigências do 
bem comum legitimam, com efeito, a ação disciplinadora do Estado 
– formas de vinculação do homem à ordem social, expressões con-
cretas de participação efetiva na vida da sociedade”. 
Barroco e Terra (2012) discutem que é falsa a ideia difundida pelo 
Serviço Social de neutralidade ético-política dos códigos de ética, sendo 
possível percebermos que o posicionamento profissional está de acor-
do com os valores sociais positivos ou negativos.
O Código de Ética de 1986, diferente dos anteriores, foi marcado 
por transformações e rupturas, acompanhando o desenvolvimento da 
sociedade e o processo de democratização dos anos 1980. Trata-se de 
uma época de levante de movimentos sociais e de reorganização da 
classe trabalhadora, propiciando repensar o significado da profissão 
com relação às necessidades sociais, ao posicionamento político e ao 
amadurecimento teórico.
Esse Código de Ética rompe a visão de neutralidade da profissão, 
dando lugar ao compromisso com os usuários e ao projeto profissional 
articulado a um projeto de sociedade. Para o Conselho Federal (CFAS, 
1986, p. 7 apud BARROCO; TERRA, 2012, p. 47):
a sociedade brasileira no atual momento histórico impõe modifi-
cações profundas em todos os processos da vida material e espi-
ritual. Nas lutas encaminhadas por diversas organizações nesse 
processo de transformação, um novo projeto de sociedade se 
esboça, se constrói e se difunde uma nova ideologia. 
O Código de Ética de 1986, superando a ideia de imparcialidade do 
assistente social, buscou garantir a capacitação técnica e o desenvolvi-
mento profissional, ao incluir o assistente na efetiva tomada de deci-
sões diante das demandas sociais, nas ações no interior dos programas 
institucionais e na participação e construção de políticas sociais.
Fundamentos filosóficos da ética profissional 43
No campo filosófico se buscou a superação dos ideais abstratos, 
priorizando a apreensão das necessidades concretas dos sujeitos. 
Deixou-se de lado a visão do indivíduo a-histórico (aquele que é con-
siderado externo à sua realidade histórica), percebendo-o em suas 
objetivações sociais e históricas, elementos que confrontam os princí-
pios de harmonia social (BARROCO, 2001).
Na dimensão política da profissão, ao afastar-se dos valo-
res humanistas tradicionais, o Código de Ética de 1986 olha para 
a realidade histórica, buscando fundamentos teórico-marxistas e 
aproximando-se das reais necessidades de seus usuários, a classe 
trabalhadora. Conforme o Conselho Federal (CFAS, 1986, apud 
BARROCO; TERRA, 2012), a categoria busca uma ética que expresse 
a vontade coletiva, diferenciando-se da anterior, em que os valores 
estavam acima dos interesses de classe.
Esse Código de Ética, se comparado aos anteriores, trouxe gran-
des avanços, rompendo os modelos ideais abstratos e inserindo 
a profissão nas discussões éticas contemporâneas, ao buscar res-
ponder aos anseios da sociedade. Barroco (2001) comenta que o 
repensar das concepções humanistas tradicionais não é exclusivo 
do Serviço Social, mas se insere nas discussões ético-humanistas 
cristãs da época.
Apesar dos avanços, esse Código trouxe uma visão unilateral, 
apoiando-se ainda em uma visão moralista de “bom”, ao se vinculara uma classe social, deixando de lado as possíveis contradições, mu-
danças de valores, movimentações e transformações sociais, ques-
tões essas a serem discutidas na reformulação desse Código e na 
construção do atual.
A fim de adquirir mais 
conhecimento do tema 
tratado nesta seção e co-
nhecer suas atualizações 
e seus desafios, assista 
ao vídeo 16º Congresso 
Brasileiro de Assistentes 
Sociais (CBAS), publicado 
pelo canal CFESS vídeos. 
Trata-se de um registro 
da mesa redonda intitu-
lada 40 anos da virada do 
Serviço Social no Brasil: 
história, atualidade e seus 
desafios, que conta com a 
presença das professoras 
Marilda Iamamoto e 
Ivanete Boschetti.
Disponível em: https://www.
youtube.com/watch?v=GQ-
ks7VG2So. Acesso em: 15 dez. 2020.
Vídeo
2.2 Pressupostos teóricos que 
orientam a ética profissional 
Vídeo O Código de Ética de 1986 trouxe muitos avanços em resposta às 
demandas sociais de um período de democratização e de reorganiza-
ção da classe trabalhadora. Essa conjuntura brasileira propiciou o re-
pensar da profissão, o amadurecimento teórico e técnico, bem como a 
consciência da dimensão política inerente à profissão.
https://www.youtube.com/watch?v=GQ-ks7VG2So
https://www.youtube.com/watch?v=GQ-ks7VG2So
https://www.youtube.com/watch?v=GQ-ks7VG2So
44 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
Na década seguinte a conjuntura político-econômica do país se 
modificava, indo ao encontro das tendências neoliberais típicas do 
amadurecimento de uma sociedade capitalista, de exploração da 
classe trabalhadora, com a perda de direitos e o inculcar de ideologias 
burguesas de negação das conquistas históricas e de alienação de sua 
condição social, levando à despolitização dos trabalhadores.
A reconsideração do Código de Ética e sua instituição em 1993 
ocorreram em um contexto de enfrentamento de políticas neoliberais, 
no qual se travaram longos debates no interior da categoria pela disputa 
da preservação das conquistas do Código de 1986 ou da regressão. Tam-
bém se inseriu o debate ético na sociedade, em pleno período histórico 
de impeachment de um presidente da república. Esse fator influenciou o 
repensar da ética no interior da formação e da conduta profissional dos 
assistentes sociais, aproximando a produção teórico-crítica marxista do 
debate ético levado a cabo pela categoria.
Barroco e Terra (2012) explicam que até os anos de 1990 praticamen-
te inexistia uma literatura voltada especificamente à ética profissional. 
Nos cursos formativos se utilizavam as teorias de Natalio Kisnerman 
e Adolfo Sánchez Vásquez, trazidas pelo movimento de reconceitua-
ção latino-americano, na busca de um entendimento dos fundamen-
tos ético-marxistas. A partir dos anos 1990, as bases teóricas utilizadas 
advêm das leituras de Karl Marx e de seus seguidores, como György 
Lukács, Istvan Mészaros e Agnes Heller, os quais teorizam a respeito 
de uma ética baseada nos pressupostos ontológico-sociais marxistas.
Houve uma efervescência de discussões na época na qual a ética foi 
debatida nacionalmente pela categoria, com seminários e congressos, 
nos quais se discutiam os pensadores contemporâneos e as contribui-
ções para a profissão no campo das ações práticas e da pesquisa.
Mais tarde, na metade da década de 1990, devido aos avanços neo-
liberais e às suas consequências sociais, como a pobreza e a perda de 
direitos, o tema dos direitos humanos foi incorporado às teorias já es-
tudadas pelo Serviço Social, em uma perspectiva ético-histórica basea-
da nos preceitos marxistas.
Todas essas contribuições em torno da temática da ética profissional 
ampliaram o conhecimento, trazendo elementos que consolidaram a 
constituição do projeto ético-político da profissão e do Código de Ética. 
Você pode se aprofundar na 
teoria social de Marx por meio 
de algumas leituras do próprio 
autor ou de teóricos que o 
utilizam como referência na 
construção de seus pensamen-
tos. Veja algumas delas:
MARX, K. Para a crítica da economia 
política. São Paulo: Abril Cultural, 
1985. (Coleção Os pensadores). 
MARX, K. Manuscritos 
econômicos e filosóficos. Lisboa: 
Edições 70, 1993. 
MÉSZÁROS, I. A teoria da 
alienação em Marx. São Paulo: 
Boitempo, 2006. 
LUKÁCS, G. A ontologia de Marx: 
questões metodológicas preli-
minares. In: NETTO, J. P. (org.). 
Lukács: sociologia. São Paulo: 
Ática, 1981. (Coleção Grandes 
Cientistas Sociais, n. 20). 
HELLER, A. O cotidiano e a 
história. Rio de Janeiro: Paz e 
Terra, 1993.
Leitura
Fundamentos filosóficos da ética profissional 45
As mudanças também perpassaram pela formação do assistente so-
cial, objetivando o repensar de todo o currículo acadêmico, com vistas 
à ética e ao exercício profissional, garantindo qualificação à categoria.
Diante da ampliação dos conhecimentos a respeito da ética, o Código 
de Ética de 1993 trouxe como suporte teórico os valores ético-políticos 
que direcionam o profissional às bases da teoria social-crítica de Marx.
O Código de Ética de 1993 tem como suporte teórico a ontologia 
do ser social, que parte da ideia de que este se constitui por meio do 
trabalho, no momento que faz escolhas de valor de maneira consciente 
e livre, e de modo teleológico; ou seja, projetivo, influenciando objeti-
vamente a vida social. Logo, “a ética e os valores são concebidos como 
produto da práxis” (BARROCO; TERRA, 2012, p. 54). A ética só é possível 
devido à capacidade humana de agir de modo consciente e racional, ao 
fazer escolhas de valores e ao transformar as circunstâncias limitantes.
Todavia, a objetivação da ética só é possível em contextos históricos 
determinados, o que não acontece em uma sociedade que está sob o 
modelo de dominação capitalista. Barroco e Terra (2012, p. 55) argu-
mentam que as ações do ser social são também determinadas pelas 
condições sociais existentes, pois:
na vigência das relações sociais capitalistas, fundadas na proprie-
dade privada dos meios de produção e da riqueza socialmente 
produzida, na exploração do trabalho e na dominação de classe, 
a objetivação ética encontra obstáculos concretos para se viabi-
lizar plenamente, ou seja, de forma consciente, universalizante, 
livre, objetivando valores emancipatórios.
As autoras ainda comentam que na sociedade burguesa há uma con-
tradição imanente, objetivada na luta de classes, uma vez que os desen-
volvimentos humano e social, a riqueza humana, se dão com base nas 
pobrezas material e espiritual – esta última no sentido de alienação da 
lógica dominante. No entanto, há uma dinâmica histórica de oposição de 
forças ao capitalismo e à sua hegemonia, construindo-se campos de pos-
sibilidades, a depender da capacidade de reconstrução do capital.
Com isso as autoras querem dizer que a ética também se materializa 
em um estado imperfeito de coisas, e que podemos observar isso na 
história. A impossibilidade de objetivação de uma ética ideal, universali-
zante e emancipatória em uma sociedade capitalista não afasta a ideia 
de sua realização parcial. Isso pode ser reconhecido nas diversas lutas 
46 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
sociais que historicamente imprimiram formas de resistência às forças 
capitalistas e, portanto, emancipatórias política e eticamente. O exemplo 
dado faz jus à própria luta da categoria e suas conquistas e à constituição 
do projeto ético-político da profissão, o qual, apesar das adversidades, 
“consegue qualificar, em diferentes graus, o exercício profissional, dire-
cionando-o de forma crítica e de acordo com os valores éticos profissio-
nais” (BARROCO; TERRA, 2012, p. 56).
Heller (1972 apud BARROCO; TERRA, 2012) acredita que, com base 
no que Marx denomina riqueza humana, é possível determinar uma 
medida de valor ao considerarmos as ações que permitem a emanci-
pação humana. A autora assume que:
são de valor positivo as relações, os produtos, as ações, as ideias 
sociais que fornecem aos homens maiores possibilidades de 
objetivação, que integram sua sociabilidade, que configuram 
universalmentesua consciência e que aumentam sua liberda-
de social. Consideramos tudo aquilo que impede ou obstaculi-
za esses processos como negativo, ainda que a maior parte da 
sociedade empreste-lhe um valor positivo. (HELLER, 1972, p. 78 
apud BARROCO; TERRA, 2012, p. 57)
Desse modo, toda ação que busca atender às necessidades 
humano-genéricas se aproxima da ética. Dito de outra forma, é no 
abandono momentâneo da singularidade e na vinculação dos indiví-
duos a projetos e valores que visem ao desenvolvimento das capacida-
des humanas que a ação ética se faz presente.
Como sugestão para se aprofundar um pouco mais no assunto e compreender a 
relação entre trabalho e riqueza humana na visão marxista, leia o artigo Trabalho, 
riqueza e natureza humana: Marx e a crítica ao modo de produção capitalista, escrito 
por Vitor Bartoletti Sartori e publicado pela revista Sapere Aude em 2018. 
Acesso em: 15 dez. 2020. 
http://periodicos.pucminas.br/index.php/SapereAude/article/view/17642
Artigo
O Código de Ética de 1993 dá direcionamentos ao exercício 
profissional nos limites de uma sociedade capitalista burguesa. Ele 
apresenta pressupostos éticos fundamentados histórica e ontologica-
mente e pode ser compreendido com base nesse referencial. Também 
institui como valor central a emancipação humana, da qual se derivam 
outros valores essenciais, pois somente por meio deles é possível que 
a emancipação humana aconteça.
http://periodicos.pucminas.br/index.php/SapereAude/article/view/17642
Fundamentos filosóficos da ética profissional 47
O Código traz como valores essenciais a democracia, a liberda-
de, a justiça social e a equidade. A democracia é vista como um va-
lor ético-político central, já que a ideia é que somente em um sistema 
democrático é possível assegurar os demais valores essenciais. Verifi-
camos uma concepção de democracia que se difere da liberal burgue-
sa e vai mais além, no sentido de superação da ordem burguesa e da 
construção de uma nova sociedade. Ainda apresenta duas dimensões: 
a profissão do assistente social, que trata do exercício profissional, e 
a ação e a luta política, junto a movimentos sociais contra o sistema 
opressivo e explorador. A ideia é a construção de uma sociedade que 
supere as demandas impostas pela burguesia, na qual é possível ao 
indivíduo o seu pleno desenvolvimento.
Apesar de apresentar um ideal de democracia e emancipação huma-
na, não quer dizer que esses princípios acontecem integralmente no exer-
cício do trabalho, pois existem níveis emancipatórios diferentes, além das 
conquistas sócio-políticas, que também são processos emancipatórios de 
humanização. O que está posto no Código é o modo como as coisas se 
apresentam no momento e o que se dará. Ou seja, que por meio do pro-
cesso do trabalho é possível buscar a sua ampliação e superação.
Barroco e Terra comentam que um dos avanços do Código de 1993 
é justamente as orientações dadas à atuação prática profissional so-
bre os limites do trabalho em uma sociedade burguesa. Conforme 
as autoras, esse Código:
ao estabelecer mediações entre os projetos societários e profis-
sionais, ofereceu respostas objetivas ao exercício profissional, ex-
plicitando a relação entre os valores essenciais e as suas formas 
de objetivação no âmbito das instituições, nos limites da socieda-
de burguesa, partindo do pressuposto de que elas não se esgo-
tam em si mesmas: devem ser realizadas na perspectiva de seu 
alargamento, com a consciência crítica de seus impedimentos, na 
direção do fortalecimento das necessidades dos usuários, trata-
dos em sua inserção de classe. (BARROCO; TERRA. 2012, p. 60)
As autoras ainda comentam que:
nessa perspectiva se colocaram os demais valores e formas de 
viabilização dos valores essenciais: autonomia, diversidade, par-
ticipação, pluralismo e competência. Seguem-se os desvalores e 
as práticas consideradas negativas: autoritarismo, preconceito, 
dominação, exploração e discriminação. Da defesa dos direitos 
decorreu a inserção no CE de certas bandeiras de luta: prescrições 
48 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
ético-políticas que visam objetivar valores fundamentais, como a 
liberdade, a equidade ou realizar formas políticas como a demo-
cracia. (2012, p. 60)
Sabemos que esses valores são objetivados pela garantia dos direitos 
sociais por meio da ação profissional no interior de programas institucio-
nais ou da política. Ao pensarmos nos direitos sociais do Código, enten-
demos que não são viabilizados apenas dentro dos limites profissionais 
descritos anteriormente, mas que também devemos levar em conta o 
desenvolvimento da cidadania e a garantia dos direitos humanos. A ci-
dadania promove a autonomia, a defesa e a garantia dos indivíduos hu-
manos de cada indivíduo como forma de assegurar aqueles direitos que 
não podem ser proporcionados por outros meios.
Nesse contexto, os direitos humanos aproximam-se da ética 
profissional do assistente social, uma vez que o processo de desumani-
zação decorrente da lógica capitalista aumenta as demandas dos usuá-
rios que sofrem as barbáries oriundas de processos discriminatórios, 
desaparecimentos e chacinas. Portanto, a inserção dos direitos huma-
nos no interior dos princípios fundamentais do Código de Ética serve 
como forma de viabilizar as necessidades dos usuários.
2.3 Sociabilidade burguesa: valores e princípios 
Vídeo A ética que se aproxima do humano genérico, abrangendo a totali-
dade social, não é possível em uma sociedade burguesa, já que existem 
limitações impostas ao desenvolvimento humano pleno, decorrentes do 
modo de produção capitalista. Contudo, certa emancipação humana, e 
com ela a ética, ocorre de modo parcial em vários momentos políticos 
e históricos em que se deram as reivindicações e lutas, e em todas as 
formas de superação do regime hegemônico burguês.
Dessa forma, o sistema capitalista encerra uma contradição em si mes-
mo – apesar de apresentar um dinamismo ascendente, no qual se dá a 
criação e produção de elementos materiais e culturais de toda ordem –, 
impedindo a apropriação da riqueza humana em toda a sua totalidade. 
A contradição se dá no fato de que na sociedade capitalista o desenvolvi-
mento humano somente é possível às custas da classe trabalhadora.
Compreendemos essa lógica por meio do que Iamamoto e 
Carvalho (2006) definem como mistificação do capital. Os autores expli-
cam que dentro do processo produtivo “o desenvolvimento das forças 
Fundamentos filosóficos da ética profissional 49
produtivas sociais do trabalho aparece como força produtiva do capital, 
como propriedades inerentes aos meios de produção enquanto valores 
de uso, enquanto coisas” (IAMAMOTO; CARVALHO, 2006, p. 54). Com 
essa afirmação, os pesquisadores discutem que as condições de traba-
lho no sistema capitalista, como as máquinas e os edifícios, aparecem 
ao trabalhador como algo organizado pelo capitalista. Ao empregado é 
atribuído apenas seu esforço individual, como se as condições sociais de 
trabalho, ou seja, toda a riqueza gerada por meio do processo produtivo, 
estivessem sendo providas pelo capital e não pelo trabalho em si, como 
se o produto do trabalho fosse produto do capital.
A riqueza humana gerada pelas forças produtivas de trabalho é atri-
buída ao capital e apropriada por este, assim recriando as condições de 
dominação. Iamamoto e Carvalho (2006, p. 55) discutem que:
no processo social de produção, o trabalhador não só produz 
mercadorias, mas capital. A força de trabalho é consumida pelo 
capitalista que a adquiriu como meio de valorização de valores já 
existentes, e, ao mesmo tempo, o componente vivo do capital con-
some os meios de produção, transformando-os em produtos que 
têm um valor superior àquele desembolsado inicialmente. Tem-se 
aí o consumo produtivo da força de trabalho; o trabalho produtor 
de mais-valia. Desse processo resulta a vida da classe capitalis-
ta, isto é, a mais-valia obtida é empregada tanto como fundo de 
consumo individual do capitalista comopara aquisição de novas 
condições de produção necessárias à continuidade ampliada do 
processo produtivo, como capital adicional (mais-valia capitaliza-
da). Ou seja, o trabalhador produz e reproduz o capital; produz e 
reproduz a classe capitalista que o personifica, enfim, cria e recria 
as condições de sua própria dominação.
A burguesia como classe dominante privilegiada quer garantir que o 
sistema capitalista continue ascendendo, de modo a criar estratégias de 
(re)produção da vida social que garantam o ethos burguês (BARROCO, 2009).
Esse modo de ser está ancorado em uma lógica mercantil, na qual 
a mercadoria é elemento fundamental que rege o comportamento dos 
indivíduos. Nela o ser humano tem como valores a posse material, que 
se expressa no individualismo e na competitividade.
Barroco (2009) refere-se a comportamentos “coisificados”, que repro-
duzem uma lógica mercantil, na qual as relações humanas são permeadas 
pelas coisas (mercadorias) e pelo desejo de posse delas. Assim, tanto as 
capacidades humanas quanto os sentimentos e os valores reproduzem 
essa lógica mercantil e transformam-se em objetos pessoais de desejo.
Leia o livro A classe 
média no espelho para 
compreender melhor os 
valores e os comporta-
mentos da classe média. 
SOUZA, J. Rio de Janeiro: Estação 
Brasil, 2018.
Livro
50 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
A autora trata da inversão do valor que têm as coisas em detrimento 
da existência humana. Os bens materiais são vistos como qualidades 
humanas, já que pelo dinheiro podemos comprar aquilo que o indiví-
duo, por meio de suas forças essenciais, não consegue fazer. Desse 
modo, as mercadorias, quando consumidas, passam a dar sentido à 
existência (fetichismo da mercadoria).
Nesse sentido, o comportamento dos indivíduos segue a lógica do que 
Barroco denomina de utilitarismo moral, ao se atribuir valor às relações 
humanas conforme a sua utilidade, invertendo valores, uma vez que “é 
bom o que for útil; é útil o que satisfizer necessidades materiais [...] (re) 
criam-se necessidades que não se voltam para a ampliação da qualidade 
das relações humanas, mas para sua quantificação, em termos de utilida-
de material, em função de sua posse” (BARROCO, 2009, p. 158).
Essas mesmas necessidades são ainda mais empobrecidas não so-
mente devido à quantificação em detrimento da qualidade, mas também 
à sua homogeneização, já que as necessidades se resumem a ter. Trata-se 
de um ser profundamente individualista, voltado ao atendimento de de-
sejos e necessidades, que enxerga o outro como objeto de uso, consumo 
pessoal e descarte. Barroco cita Macpherson (1979, p. 283 apud BARROCO, 
2009, p. 159) a fim de elucidar ainda mais essa questão, ao afirmar que o 
individualismo faz o ser humano acreditar que “sua humanidade realmen-
te depende de sua independência de quaisquer relacionamentos contra-
tuais com outros, exceto os que são de seu interesse; sua sociabilidade 
realmente consiste de uma série de relações de mercado”.
Diante desse contexto, o sujeito se vê como propriedade de si mes-
mo, projetando seus desejos e suas necessidades no eu a ser satisfeito 
cada vez mais, em busca de novas vontades a serem atendidas por 
esse mercado. A autonomia desse ser está relacionada à garantia de 
que toda a dimensão material de sua vida não será invadida pelo outro, 
não será posta em risco, cabendo a ele, como ser autônomo, satisfazer 
às suas necessidades e zelar pelo seu espaço pessoal, que envolve cor-
po, casa, trabalho e todas as coisas que giram em torno de si. O acordo 
ético estabelecido é o reflexo dessa sociedade individualista, em que 
a ética se dá quando não se impõem ameaças à liberdade do outro (a 
liberdade de um acaba quando começa a do outro).
Na esfera do individualismo o ser enxerga o outro como um fator 
limitante da sua liberdade individual. As relações de toda ordem se-
Fundamentos filosóficos da ética profissional 51
guem a lógica mercantilista de consumo e descarte de mercadorias, 
prevalecendo a ética impessoal, que move relações superficiais e 
fragmentadas, “coisificadas”, nas quais não existe a partilha de valores 
em comum e não se estabelecem compromissos.
Nessa lógica são os objetos de consumo que criam a identidade so-
cial. É por meio deles que se dão as relações sociais e que são supridas 
as carências e as satisfações pessoais. A moral também faz parte dessa 
mesma lógica, já que se trata da reprodução de hábitos e costumes co-
tidianos, sustentando os valores da sociedade burguesa, como o con-
sumismo, o individualismo, a competitividade e o egocentrismo.
Nesse lugar o indivíduo se encontra fragmentado em muitos 
aspectos. Está alienado de suas relações de poder, de sua classe social, 
de seu trabalho. A moral está mercantilizada, fragmentada, distribuída 
em esferas autônomas: pública, privada, familiar etc., tratando-se de 
uma moral individualizada que se opõe à vida social.
A continuidade desse sistema de crenças só é possível por meio da 
reprodução dos valores e ideais burgueses, que mantêm certa coesão 
social pela reprodução da ideologia dominante. Segundo Iamamoto e 
Carvalho (2006), a reprodução das relações sociais burguesas encobre 
o processo de dominação de uma classe sobre a outra e faz parecer 
normais as contradições da sociedade burguesa. Marx e Engels (1977, 
p. 72 apud IAMAMOTO; CARVALHO, 2006, p. 67-68) afirmam que a re-
produção da ideologia dominante se dá a cada tempo, de acordo com 
o espírito dominante da época. Para os autores: 
as ideias (Gedanhen) da classe dominante são, em cada época, 
as ideias dominantes, isto é, a classe que é a força material do-
minante é, ao mesmo tempo, sua força espiritual dominante. 
A classe que tem à sua disposição os meios de produção mate-
riais, tem ao mesmo tempo os meios de produção espirituais, 
o que faz com que a ela sejam submetidas, ao mesmo tempo e 
em média, as ideias daqueles a que faltam os meios de produção 
espirituais. As ideias dominantes não são mais que a expressão 
ideal das relações materiais dominantes concebidas como ideias; 
portanto, a expressão das relações que tornam uma classe a clas-
se dominante; portanto, as ideias de sua dominação. Os indiví-
duos que constituem a classe dominante possuem, entre outras 
coisas, também consciência e, por isto, pensam; na medida em 
que dominam como classe e determinam todo o âmbito de uma 
época histórica, é evidente que o façam em toda a sua extensão e, 
52 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
consequentemente, entre outras coisas, dominam também como 
pensadores, como produtores de ideias; que regulam a produção 
e distribuição de ideias de seu tempo e que suas ideias sejam, por 
isso mesmo, as ideias dominantes de uma época.
A ideologia burguesa contribui para a (re)produção do modo de ser 
burguês, como se fosse representativo de todo o conjunto da socie-
dade, em que os valores e as ideias de uma classe reproduzem uma 
sociedade. Aí se encontra a ideologia dominante.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao percorrermos os diferentes códigos éticos e observarmos os con-
textos históricos de cada período, vimos que seus valores e princípios 
obedecem às demandas de projetos societários. Os primeiros códigos 
atendem ao projeto social da classe dominante. Com base no Código de 
Ética de 1986, em resposta às demandas sociais contemporâneas, perce-
bemos a necessidade de um repensar da profissão e de seu amadureci-
mento técnico-político, aproximando-a da classe trabalhadora. No Código 
de 1993 se consolidaram os ideais trazidos do Código anterior, além de 
avanços a respeito da produção teórica, da ética como base para a forma-
ção e prática profissional, e da consciência política da profissão.
Os códigos de ética de todas as profissões, especialmente do Serviço 
Social, relacionam-se aos valores dominantes existentes em uma socieda-
de. Seja indo ao encontro desses valores e, portanto, do projeto societário 
da classe dominante, como no passado, ou em oposição a eles, na defe-sa de um novo modelo de sociedade. A ética profissional pauta-se pelos 
valores da comunidade burguesa, limitando-se, mesmo que de maneira 
parcial, às demandas do ethos burguês.
ATIVIDADES
1. Compreendendo que os códigos de ética anteriores ao de 1986 traziam 
como base filosófica o denominado neotomismo, que concebia um ser 
humano idealizado, fora de seu tempo e de sua realidade social, reflita 
e responda: por que essa filosofia foi oportuna para a (re)produção 
dos valores da classe burguesa?
Fundamentos filosóficos da ética profissional 53
2. Reflita a respeito das contribuições trazidas pelo Código de Ética de 
1993 para a formação e prática profissional dos assistentes sociais. 
O que podemos dizer a respeito das mudanças relacionadas à ética 
na profissão?
3. No modo de ser burguês as relações de toda ordem estão 
mercantilizadas, obedecem à lógica do desejo, da posse, do consumo 
e do descarte, como a um objeto, uma mercadoria. Reflita sobre isso e 
dê sua opinião sobre como esses valores, com base no individualismo, 
podem interferir na prática cotidiana do assistente social.
REFERÊNCIAS
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BONETTI, D. A. et al. Serviço Social e ética: convite a uma nova práxis. São Paulo: Cortez, 2001.
BARROCO, M. L. S. Ética: fundamentos sócio-históricos. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2009.
BARROCO, M. L. S. Ética e Serviço Social: fundamentos ontológicos. 3. ed. São Paulo: 
Cortez, 2005.
BARROCO, M. L. S.; TERRA, S. H. Código de Ética do/a assistente social comentado. São Paulo: 
Cortez, 2012.
BRASIL. Código de Ética profissional do assistente social. Brasília, DF: Conselho Federal de 
Serviço Social, 8 maio 1965. Disponível em: http://www.cfess.org.br/arquivos/CEP_1965.
pdf. Acesso em: 15 dez. 2020.
CARDOSO, P. F. G. Ética e projetos profissionais: os diferentes caminhos do Serviço Social no 
Brasil. Campinas: Papel Social, 2013.
FAITANIN, P. Introdução ao tomismo: Tomás, o tomismo & os tomistas – uma breve 
apresentação. Niterói: Instituto Aquinate, 2011. (Cadernos da Aquinate, n. 11). Disponível 
em: http://www.aquinate.com.br/wp-content/uploads/2016/12/Introducao-ao-Tomismo-
cad-11-CORR-ideia.pdf. Acesso em: 15 dez. 2020.
IAMAMOTO, M. V.; CARVALHO, R. de. Relações sociais e Serviço Social no Brasil: esboço de uma 
interpretação histórico-metodológica. 19. ed. São Paulo: Cortez; Peru: Celast, 2006.
http://www.cfess.org.br/arquivos/CEP_1965.pdf
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http://www.aquinate.com.br/wp-content/uploads/2016/12/Introducao-ao-Tomismo-cad-11-CORR-ideia.pdf
http://www.aquinate.com.br/wp-content/uploads/2016/12/Introducao-ao-Tomismo-cad-11-CORR-ideia.pdf
54 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
3
Dimensão ético-política do 
profissional da assistência social
Neste capítulo conheceremos como se deu a construção do 
projeto ético-político (PEP) da profissão com base no denominado 
movimento de reconceituação da categoria. Em seguida, identificare-
mos os avanços do projeto profissional nas décadas posteriores, 
seu compromisso com a classe trabalhadora e com o projeto socie-
tário de transformação social. Por fim, refletiremos sobre o projeto 
ético-político e o exercício profissional na contemporaneidade, as 
competências e as ações transformadoras possíveis à categoria.
3.1 A gênese do projeto 
ético-político da profissão 
Vídeo O projeto ético-político do Serviço Social surgiu pelo processo histó-
rico de renovação da profissão, que representou uma ruptura das ba-
ses tradicionais até então tidas como referência para os fundamentos 
teóricos, a formação e a prática profissional do assistente social.
O início do movimento de rompimento do tradicionalismo no inte-
rior do Serviço Social se deu nas conjunturas socioeconômica, política 
e cultural dos anos de 1960. Esse foi um período de efervescência cul-
tural e de questionamentos sobre as normas, as regras, os costumes, 
as autoridades e os modos de vida, atingindo proporções mundiais e 
apresentando características particulares na América Latina e no Brasil.
A cessação do conservadorismo nos países latinos veio em 
decorrência da crise do modelo de desenvolvimento capitalista, inten-
sificado no pós-guerra, devido ao agravamento das desigualdades so-
ciais. Nesse período, as bases tradicionalistas perderam credibilidade. 
Dimensão ético-política do profissional da assistência social 55
Ocorreram levantes sociais, questionando valores conservadores que 
eram legitimados, e o proletariado mobilizou-se em prol de suas ban-
deiras de luta. Junto a isso, houve o apoio de um segmento da Igreja, 
o chamado movimento cristão de libertação, que se aliava às classes 
mais baixas, instituindo uma nova dinâmica sociopolítica de debates 
e levantes contra o modelo de desenvolvimento imperialista ao qual 
o país estava submetido.
O clima contestatório dos anos 1960, portanto, colocou em xeque 
os valores tradicionais, rompendo ideologicamente com ideais mora-
listas – principalmente aqueles relacionados ao papel da mulher e da 
família –, que passaram a ser questionados. Os princípios ligados ao 
feminino, como a passividade e a submissão, agora são vistos por uma 
ótica crítica, referente à ética e à moral. Novos cenários foram configu-
rados e a mulher passou a se inserir de maneira participativa e política 
na vida civil, tomando postos de trabalho, entrando nas universidades 
e lutando pela conquista de seus direitos.
Nos anos 1960 os jovens também ganharam espaço e, junto com 
as mulheres, tornaram-se protagonistas das transformações sociais. 
Impulsionados pelos movimentos de maio de 1968 na França 1
Os movimentos de maio de 1968 
na França foram o estopim de um 
contexto de descontentamento 
mundial com os acontecimentos 
históricos, como a Guerra Fria, 
a Guerra do Vietnã, e o próprio 
sistema capitalista. Teve início 
com o movimento estudantil 
(reprimido brutalmente), seguido 
da maior greve de trabalhadores 
no país. Questionavam-se as 
estruturas sociais, bem como o 
sistema capitalista, a acumu-
lação e a propriedade privada 
(VARELA; SANTA, 2018).
1 – ini-
ciados por estudantes que questionavam os valores conservadores 
e burgueses –, abriu-se um espaço para a transgressão de conven-
ções sociais tradicionais e para os questionamentos a respeito das 
contradições sociais existentes no modelo capitalista, surgindo novos 
modos de pensar a realidade social. Barroco (2005) afirma que esses 
movimentos acabaram por influenciar a mudança de valores, eviden-
ciando certos moralismos e abrindo espaço para referenciais éticos. 
Segundo a autora:
os “anos rebeldes” expressam uma recusa radical em face das 
normas, valores e formas de ser mais caras ao conservado-
rismo moral: o poder, a autoridade, o dogma, a hierarquia, 
a ordem, a tradição. Neste sentido, apontam para o posicio-
namento de valor fortalecedores de uma atitude ética crítica; 
a desobediência civil, a transgressão das normas, entre ou-
tros aspectos podem gerar uma superação do espontaneís-
mo característico da reprodução cotidiana do preconceito e 
do moralismo, contribuindo para o enfrentamento de confli-
tos e para a instituição de novos papéis e referenciais éticos. 
(BARROCO, 2005, p. 101-102)
Na obra A era dos extremos, 
o autor e historiador Eric 
Hobsbawm retrata os 
acontecimentos críticos 
do século XX, desde a 
Primeira Guerra Mundial, 
em 1914, até a queda da 
União Soviética, em 1991. 
O estudioso também trata 
das transformações sociais 
que levaram à emanci-
pação das mulheres na 
década de 1960.
São Paulo: Companhia da Letras, 1995. 
Livro
56 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
A autora ainda aponta que as movimentações dessa época se mos-
traram diferenciadas dos contextos revolucionários anteriores, pois, 
ao defenderem ideais que a princípio se mostravam individualistas, 
como a liberdade de prazeres, desejos e emoções, acabaram por lutar 
contra as normas e os poderes instituídos, trazendo parao debate o 
questionamento do modo de vida da sociedade burguesa e as contra-
dições ligadas a ela.
Toda essa efervescência fez nascer questionamentos também nas 
profissões. Barroco (2005, p. 104) comenta que nessa época o valor 
dado à liberdade nasceu como projeto político e (re)atualização do 
individualismo, impulsionando outros valores, por exemplo, a par-
ticipação na vida pública e a importância da cidadania. Esses novos 
posicionamentos ganham direcionamentos contestatórios anticapi-
talistas, os quais influenciaram a construção de uma nova moralida-
de profissional.
A estudiosa também observa que a construção dessa nova mora-
lidade acontece no próprio cotidiano de trabalho, por meio da refle-
xão crítica dessa prática e do questionamento da moral relacionado 
ao papel das mulheres na sociedade. Também se dá com base na 
ampliação da participação ativa nas questões da vida civil e na polí-
tica, que aproxima a profissão dos projetos democráticos e de uma 
consciência ético-política.
Em 1965, diante desse novo olhar profissional, surgiu na América 
Latina o movimento de reconceituação latino-americano, que trouxe 
em sua corrente mais crítica questionamentos no interior do Serviço 
Social relacionados ao papel político da profissão e aos seus referen-
ciais pouco comprometidos com a realidade das questões sociais.
No Brasil o processo de renovação do Serviço Social teve início, 
de maneira limitada, no interior da dinâmica do modelo ditatorial 
de modernização conservadora. Apesar de nessa época a política 
ditatorial e os segmentos da categoria proporem uma volta ao con-
servadorismo mais radical da profissão, os ideais revolucionários e 
contestatórios já iniciados não puderam ser freados, mantendo-se, 
mesmo que com limitações, o processo de ruptura das bases tradi-
cionais (BARROCO; TERRA, 2012). Contudo, não é possível afirmarmos 
que as questões ético-morais no país tenham impactado a profissão 
de maneira coletiva, uma vez que os questionamentos recaíam mais 
O movimento de reconceituação 
do Serviço Social é considerado 
um marco histórico da profissão. 
Trata-se de um movimento de 
crítica ao tradicionalismo na 
profissão, tomando como base a 
teoria de orientação marxista. Foi 
de fundamental importância para 
o desenvolvimento da consciência 
crítica e a formação de uma nova 
cultura profissional, voltada ao 
papel do assistente social nas 
sociedades desiguais da América 
Latina. O Brasil destacou-se nesse 
movimento pelos protagonismos 
acadêmico e político. 
Saiba mais
Dimensão ético-política do profissional da assistência social 57
sobre as discussões políticas e ideológicas relacionadas à ordem social 
burguesa e menos sobre os valores morais tradicionais, fator que pode 
ser percebido na literatura e nos debates coletivos, em que se descon-
sideravam as questões de cunho moral.
O início de uma ruptura do conservadorismo no país se deu mesmo 
anteriormente, ainda nos anos 1950, com a crítica à política desenvol-
vimentista que instituiu o capital monopolista 2
O capitalismo monopolista é 
considerado a terceira fase do 
capitalismo. Iniciou no século 
XX, tendo como características 
a concentração do capital e a 
fusão da indústria com os bancos, 
gerando os chamados monopólios 
e oligopólios, com interesse 
no mercado financeiro. Esse 
estágio superior do capitalismo é 
denominado imperialismo, que 
engloba o surgimento de associa-
ções monopolistas que partilham 
o mundo entre si e de potências 
capitalistas que partilham os 
territórios (SEVES, 2013). 
2, o qual evidencia ain-
da mais as desigualdades sociais. Posteriormente se tinha o conjunto 
de acontecimentos revolucionários na América Latina, que iniciavam 
com a crise mundial contestatória dos padrões de acumulação ca-
pitalistas do pós-guerra, juntando a própria trajetória dos países 
de terceiro mundo, de luta e de resistência ao imperialismo, as in-
fluências da Revolução Cubana e, na década de 1970, do socialismo 
chileno (BARROCO; TERRA, 2012).
Nesse período surgiu também o movimento da juventude cristã, 
inconformado com a aceleração do processo de industrialização e as 
injustiças sociais decorrentes desse modelo. Após isso, o movimen-
to cristão se fortaleceu e ficou conhecido como teologia da libertação, 
aproximando-se dos ideais marxistas, os quais serviam de referência 
para a análise das contradições sociais existentes na América Latina.
A nível mundial, o rompimento das bases tradicionais da profissão 
se fortaleceu. Na América Latina a reconceituação seguiu seu curso, de 
maneira questionadora quanto ao papel do profissional com relação à 
sua prática, aos referenciais teóricos e à falta de um posicionamento 
ético-político em defesa do compromisso com as lutas populares.
No Brasil o rompimento com as bases tradicionais do Serviço Social 
teve início na prática por meio de segmentos da juventude profissional, 
que, ao ganhar espaço para o desenvolvimento de seu trabalho junto a 
comunidades, passa a questionar a origem histórica da profissão, pro-
pondo uma mudança nos padrões culturais e teóricos.
Barroco (2005, p. 108) esclarece que ainda podemos somar “o envol-
vimento profissional com outras profissões, o contato com movimen-
tos sociais organizados, o processo de laicização, a crítica interna das 
ciências sociais e a participação estudantil”. Todos esses acontecimen-
tos, aliados ao contexto revolucionário dos anos 1960, favoreceram o 
surgimento de uma militância política no interior da categoria, a qual 
58 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
colocava em questão o ethos tradicional da profissão. Assim, deu-se 
início a construção de uma nova moralidade, que atribuiu à prática do 
Serviço Social a transformação social, de luta em prol das classes subal-
ternas e de libertação do modelo de exploração capitalista.
Apesar do momento fértil para a renovação da profissão, não po-
demos esquecer que se tratava de um período ditatorial na América 
Latina, de austera repressão aos movimentos populares. No Brasil o 
movimento de ruptura avançava, mas com limitações impostas pelas 
forças políticas repressivas. Apesar do caráter conservador da ditadura, 
a renovação da profissão pôde acontecer devido às próprias demandas 
do chamado projeto de modernização conservadora 3
O termo modernização conser-
vadora é originário da Alemanha 
e do Japão e serve para designar 
a construção de uma sociedade 
capitalista, mas ao mesmo tempo 
totalitária e autocrática. No Brasil, 
trata-se do pacto político entre a 
burguesia nascente e a oligarquia 
agrária, o qual acabou por formar 
uma burguesia dependente, 
que não conseguiu conduzir um 
projeto autônomo e hegemônico, 
levando a nação a uma economia 
dependente dos países centrais 
(PIRES; RAMOS, 2009).
3 . Em razão das no-
vas possibilidades de projetos profissionais nesse período, o caráter de 
neutralidade do Serviço Social foi perdendo legitimidade, evidenciando 
a aproximação da profissão com as realidades social e política do país.
No interior da academia o processo de renovação também seguiu 
seu curso e, por volta dos anos 1970, abriram-se debates teóricos, ten-
do como referência as ideias marxistas.
A trajetória da profissão no Brasil, no período ditatorial, portanto, 
não seguiu de maneira linear, havendo contradições e impasses en-
tre a vertente conservadora e a frente de renovação. Principalmente 
nos primeiros anos da ditadura emergiram movimentos conserva-
cionistas, como a chamada marcha da família com Deus pela liber-
dade, em busca da estabilidade da autocracia burguesa e temendo 
os movimentos que consideravam como ameaça comunista. Apesar 
das limitações e devido ao caráter extremista da ditadura, a partici-
pação nas vidas pública e política e os questionamentos a respeito 
de valores como a liberdade e a escolha se fortaleceram no inte-
rior dos movimentos políticos e culturais. Dessa forma, gerava-se 
a necessidade de tomada de posicionamento, contribuindo para a 
criação de um clima de favorecimentoà ruptura.
Netto (1991 apud BARROCO; TERRA, 2012), de maneira pontual, 
comenta que as consequências do processo de renovação no país 
serviram de base para que a ruptura do tradicionalismo acontecesse 
definitivamente. Para o autor:
a renovação do Serviço Social brasileiro demandou a laicização 
da profissão, instaurou um pluralismo teórico, político e ideoló-
gico, rompendo com a visão monolítica vigente até os anos 1960; 
Dimensão ético-política do profissional da assistência social 59
permitiu a interlocução da profissão com o debate e a produção 
das ciências sociais, inserindo a profissão como protagonista no 
âmbito da cultura acadêmica, e possibilitou – entre as suas ten-
dências, a constituição de uma vertente de “intenção de ruptu-
ra” com o tradicionalismo profissional. (NETTO, 1991, p. 135-136 
apud BARROCO; TERRA, 2012, p. 40)
Devemos observar que a ruptura do conservadorismo se dá em um 
processo histórico de prática social coletiva da categoria. Os questiona-
mentos ao ethos profissional, por determinados segmentos, só pude-
ram acontecer devido à aceitação do pluralismo de ideias e opiniões. 
Essa abertura ocorreu em decorrência das citadas determinações his-
tóricas no interior da profissão e das transformações sociais, iniciadas 
com a crise do capitalismo no pós-guerra e com a explosão de movi-
mentos revolucionários a nível mundial e local.
Nesse contexto revolucionário e de construções coletivas históricas, o 
projeto ético-político da profissão pôde surgir. A respeito de sua gênese, 
Barroco e Terra (2012, p. 41) esclarecem que:
a construção de uma nova ética profissional foi gerada no inte-
rior da vertente que surgiu e amadureceu a partir de condições 
históricas que permitiram a negação e a busca de ruptura com 
o conservadorismo profissional: a vertente que deu origem ao 
projeto de ruptura que hoje denominamos projeto ético-político.
Isto é, as bases para a construção dessa nova ética profissional se 
deram pelo processo de renovação da profissão. O PEP foi construído 
historicamente quando rompeu com o tradicionalismo e aproximou-se 
dos movimentos populares e da classe trabalhadora.
O projeto ético-político surgiu de maneira organizada somente de-
pois do movimento de redemocratização do país, que ocorreu na dé-
cada de 1980. Ele se fortalece nessa época ao receber influência das 
organizações políticas e sindicais já reorganizadas e de setores ligados 
a partidos de esquerda e a movimentos populares, os quais traziam 
referências teóricas apoiadas na teologia da libertação e na teoria so-
cial marxista. Barroco e Terra (2012) defendem que a ética profissional 
idealizada no projeto profissional deve ser orientada por referências e 
valores teóricos que permeiam a formação, a prática e as ações políti-
cas da categoria. Nas palavras das autoras:
o PEP exigiu uma nova postura ética, novos valores e referen-
ciais teóricos e a reformulação das principais referências para 
60 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
a formação profissional e para a fiscalização do exercício profis-
sional: as disciplinas de Ética e de Fundamentos Filosóficos dos 
currículos de Serviço Social, o CE e a Lei de Regulamentação da 
Profissão. Principalmente, faz-se necessária sistematização teóri-
ca de uma ética profissional fundada na teoria social que influen-
ciou fortemente o PEP em sua origem: a teoria social de Marx. 
(BARROCO; TERRA, 2012, p. 42)
Apesar de a constituição do projeto ético-político acontecer na dé-
cada de 1980, com o processo de redemocratização, foi nos anos 1990 
que se deu a sua consolidação. O novo ethos profissional apareceu já 
em 1975, no denominado método de BH, que ocorreu ainda durante a 
ditadura militar. Consistia no desenvolvimento de projetos de pesquisa 
de caráter crítico, realizados pela equipe da Universidade Católica de 
Minas Gerais, que contribuíram com o acúmulo teórico da profissão e o 
processo de ruptura. De modo mais explícito, o posicionamento crítico 
da categoria se consolidava por meio do Congresso da Virada em 1979, 
e posteriormente da reformulação do currículo na década de 1980, so-
lidificando-se com o CE de 1986.
3.2 Os avanços do projeto ético-político 
Vídeo Os ideais democráticos e éticos que serviram de base para a cons-
trução do projeto ético-político ganham força na transição para os anos 
1980, com o fim da ditadura militar e o início da redemocratização do 
país. As movimentações políticas e sociais desse período influencia-
ram internamente o Serviço Social, que passou a questionar as con-
tradições econômicas e sociais impostas pela ditadura, percebendo-se 
como uma categoria que fazia parte da camada trabalhadora.
Nesse período a resistência ao regime ganhou corpo com a inser-
ção do operariado na cena política, principalmente pelas mobiliza-
ções de todo o chamado ABC paulista industrial e pela reorganização 
das centrais representativas dos trabalhadores do campo e da ci-
dade. Além disso, acentuavam-se os movimentos populares e de-
mocráticos, antes represados. Os protagonistas eram as minorias, 
as mulheres, os estudantes, os setores da intelectualidade, os seg-
mentos democráticos da Igreja Católica e as entidades representa-
Dimensão ético-política do profissional da assistência social 61
tivas, como a Ordem dos Advogados do Brasil (AOB) e a Associação 
Brasileira de Imprensa (ABI).
Toda essa movimentação de ruptura do regime ditatorial fez com 
que o conservadorismo perdesse finalmente sua hegemonia no cor-
po profissional. O clima contestatório, que já vinha ocorrendo desde 
o movimento de reconceituação na América Latina, ganhou força 
nos anos 1980 com as demandas contestatórias de um contexto po-
lítico, econômico e social que clamava por um modelo democrático 
e mais justo de sociedade.
No entanto, não podemos afirmar que toda a categoria abraçou a 
causa democrática e os questionamentos ao conservadorismo, mas 
constatamos que segmentos de vanguarda se aliaram aos trabalhado-
res na luta pela democracia desde o chamado Congresso da Virada 4 , 
em 1979, instituindo o pluralismo de opiniões, elemento que deu no-
vos direcionamentos às entidades representativas da profissão, como 
o Conselho Federal de Serviço Social (CFSS) e a Associação Brasileira 
de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS), e que aproximou a 
classe trabalhadora.
Nesse novo contexto de instauração da democracia política ga-
nharam voz outros projetos societários além da burguesia dominan-
te, colocando em evidência os interesses das classes populares. Esses 
projetos, levados a cabo pelos setores de vanguarda, reverberam na 
categoria, favorecidos também pelas modificações no corpo profissio-
nal, devido ao aumento de pessoas advindas da classe média urbana.
A aproximação da categoria a um projeto societário, democrático 
e popular se deu não apenas no campo político, mas também no con-
texto acadêmico. Na passagem para os anos 1980 foram criados no 
país os primeiros cursos de pós-graduação em Serviço Social, conso-
lidando a produção de conhecimento da área. A ruptura do conserva-
dorismo no âmbito acadêmico se deu devido à constituição de uma 
massa crítica, que trazia para o corpo de conhecimento da profissão o 
diálogo com as Ciências Sociais e as teorias marxistas, aproximando-se 
de uma concepção teórica e metodológica que dialogava com a classe 
trabalhadora. A instauração do pluralismo no campo acadêmico foi de 
vital importância para a formação de profissionais críticos, resultado do 
processo de ruptura política da profissão com o conservadorismo e do 
desenvolvimento da redemocratização do país.
O 3º Congresso Brasileiro de 
Assistentes Sociais (CBAS), ou 
Congresso da Virada, foi realizado 
de 23 a 27 de setembro de 1979 
e marcou a luta de classes ascen-
dente no país. “Desde o primeiro 
momento os assistentes sociais, 
ao reorganizarem suas entidades 
sindicais e pré-sindicais [...] se fi-
liaram a essa concepção e prática 
sindical classista, e são essas as 
determinaçõesque incidirão forte 
e decisivamente na direção social 
da profissão dos anos 1980, que 
tem no III Congresso Brasileiro 
de Assistentes Sociais (CBAS), o 
conhecido ‘Congresso da Virada’, 
sua expressão pública e coletiva 
da ruptura com o conservado-
rismo presente na profissão”. 
(ABRAMIDES, 2017, p. 184) 
4
62 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
Nessa mesma época ganhou força na academia o debate a respeito 
da formação profissional do assistente social, no sentido de adequação 
do curso de graduação às questões contemporâneas surgidas com o 
processo de democratização, o qual desencadeou a reforma curricular 
de 1982. O esforço foi de construção de um novo perfil profissional, 
consciente das questões sociais, de acordo com a realidade de um mo-
delo desigual e com o compromisso de atuar de modo a atender ao 
usuário, entendendo-o em sua realidade social e econômica.
Os esforços para reformular a formação da profissão, bem como a 
produção crítica de conhecimento da categoria, redirecionaram a prá-
tica profissional, que foi revista e muitas vezes modificada, abrindo no-
vas possibilidades de atuação profissional. Nesse processo se ampliou 
o campo de atuação, legitimado pela acumulação crítica de conheci-
mento e pelo reconhecimento da profissão pelos usuários. Esse mo-
vimento se deu também com o processo de democratização e com a 
conquista de direitos sociais, garantindo o atendimento a uma parcela 
da população, a mais vulnerável.
Esse contexto propiciou as bases para a construção do projeto 
ético-político da profissão, trazendo para a categoria novos direcio-
namentos apoiados nos processos democráticos e no conhecimento 
teórico-crítico da categoria. Esse projeto teve seu início nos anos 1980, 
mas continuou a ser revisto no decorrer das décadas seguintes, tendo 
como característica a constante revisão e reformulação, de acordo com 
as demandas sociais e as exigências da categoria.
Todos esses avanços se consolidaram ainda na década de 1980 
com a construção do Código de Ética de 1986, que situa a profissão 
em sua vertente política e inclui o corpo teórico-crítico acumulado, 
rompendo de modo definitivo com o conservadorismo e explicitan-
do o compromisso da profissão com a classe trabalhadora. Apesar 
da importância desse Código na mudança dos rumos da categoria, 
existiam deficiências quanto às questões éticas, as quais puderam ser 
amplamente discutidas e reformuladas no Código de Ética de 1993, 
as mesmas que serviram de base para o processo de construção do 
projeto ético-político.
É na transição dos anos 1980 para os anos 1990 que se constituiu a 
estrutura básica do PEP, tendo como características:
A reforma curricular de 1982 
ocorreu por meio de um amplo 
debate entre docentes, discentes, 
profissionais e entidades repre-
sentativas. Das discussões surgiu 
a proposta de pensar a formação 
e a prática profissional integradas 
à classe trabalhadora, buscando 
romper com o conservadorismo 
e a ideologia dominante, incor-
porando a tradição marxista e 
direcionando sua ação de acordo 
com os interesses dos usuários. 
Saiba mais
Dimensão ético-política do profissional da assistência social 63
 • Liberdade como valor central: a liberdade é vista como valor histó-
rico, tendo por base a ontologia social de Marx, na qual o sujeito faz 
suas escolhas diante de uma realidade concreta. A liberdade tem 
caráter emancipatório, autônomo e de ampliação do sujeito social.
 • Vinculação ao projeto societário de construção de uma nova 
ordem social: os sujeitos estão libertos de todo tipo de explo-
ração, seja ela econômica, de gênero, cultural etc. Com base 
nessa ideia, o projeto vincula-se também à defesa dos direitos 
humanos e repudia os preconceitos, dando lugar ao pluralis-
mo de ideias.
 • Dimensão política: no PEP a equidade e a justiça social são valo-
res a serem defendidos. Eles contemplam a universalização de 
acesso às políticas e aos programas sociais, a ampliação da ci-
dadania na forma de garantia dos direitos sociais e políticos da 
classe trabalhadora e a democracia como modelo que garante a 
participação política e o acesso à riqueza socialmente construída.
 • Compromisso com a competência profissional: relaciona-se à 
formação qualificada e ao aperfeiçoamento profissional emba-
sados em conhecimentos teóricos que levam à reflexão crítica e 
à análise da realidade.
 • Compromisso com o usuário: preocupação com a qualidade dos 
serviços, a transparência das informações e a sua publicidade, 
visando à democratização, à universalização e à aproximação dos 
usuários nas decisões institucionais.
 • Articulação com categorias profissionais e movimentos sociais: a 
aproximação e o compartilhamento de ideias com outras catego-
rias e com movimentos que se solidarizam com a luta da classe 
trabalhadora são uma importante alavanca para a concretização 
do projeto ético-político.
Leia o artigo A construção do projeto ético-político do Serviço Social, escrito 
por José Paulo Netto, publicado pela revista Serviço Social e Saúde em 
1999, e conheça mais a respeito de todo o processo de constituição do 
projeto e de suas características.
Acesso em: 17 dez. 2020. 
https://www.ssrede.pro.br/wp-content/uploads/2017/07/projeto_etico_politico-j-p-netto_.pdf
Artigo
https://www.ssrede.pro.br/wp-content/uploads/2017/07/projeto_etico_politico-j-p-netto_.pdf
64 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
Apesar de o projeto ter sua estrutura consolidada nos anos 1990, 
ele apresenta um caráter processual, ou seja, novas tendências, ques-
tões e desafios podem ser incorporados. Também não podemos dizer 
que é único no interior da categoria. Mesmo representando o desejo 
profissional da maioria, ainda existem tendências neoconservadoras 
que devem ser consideradas, dado o pluralismo de ideias existente 
em uma democracia.
Nesse mesmo período, transformações sociais profundas marcam 
uma nova era do sistema capitalista, e o projeto ético-político, que 
segue em conjunto com os movimentos democráticos e populares, 
encontra-se ameaçado. A política neoliberal que já vinha sendo implan-
tada no país em décadas anteriores, percebida principalmente nas re-
lações trabalhistas, intensificou-se nos anos 1990. Sobre essa questão 
Barroco e Terra (2012, p. 48-49, grifos nossos) argumentam que:
as profundas mudanças verificadas na dinâmica das sociedades 
capitalistas a partir dos anos 1970 – desde a crise do Estado de 
Bem-Estar Social às alterações no “mundo do trabalho” – já pene-
travam na sociedade brasileira por meio de políticas neoliberais, 
pondo em evidência a gradativa perda de direitos dos trabalha-
dores e sua desmobilização política. Agravado pela falência do 
chamado socialismo real, esse contexto propiciou o fortalecimento 
de análises irracionalistas e ideologicamente negadoras das con-
quistas históricas da tradição revolucionária e da razão dialética.
Nessa nova fase do sistema capitalista a burguesia passa a defen-
der o projeto societário ligado ao grande capital, vinculado a políticas 
macroeconômicas e em detrimento das demandas sociais e trabalhis-
tas, intensificando a perda de direitos, o sucateamento de serviços pú-
blicos e a privatização do Estado.
Diante do contexto neoliberal havia uma disputa no interior da 
categoria pelas bases de reformulação do Código de Ética de 1993, 
entre aqueles que queriam preservar as mesmas bases conquis-
tadas na criação do Código de 1986 e aqueles que pretendiam as 
ceifar. O projeto ético-político nesse período, apesar de ameaça-
do, é um braço de resistência contra a exacerbação capitalista. Para 
Barroco e Terra (2012, p. 49), “nesse contexto, as bases de sustentação 
ético-políticas do PEP passaram a se configurar como forças de resis-
tência em face de um processo de degradação da vida humana e da 
natureza que iria se aprofundar nas décadas seguintes”.
Dimensão ético-política do profissional da assistência social 65
Nesse mesmo período o processo de impeachment do presidente do 
paíssuscitou o debate ético na sociedade, fator que influenciou o olhar 
para as questões éticas na prática profissional e no interior da acade-
mia, resultando uma produção crítica relacionada à ontologia social de 
Marx e aos autores de tradição marxista, como György Lukács, Ágnes 
Heller e István Mészáros. Segundo Barroco e Terra (2012, p. 50):
as discussões da década de 1990 colocaram o debate ético 
no interior de eventos nacionais da categoria, tais como o VII 
Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais (CBAS), em São Paulo, 
em 1992, que inaugurou o Painel Temático de Ética, passando a 
incentivar a produção de uma reflexão ética sistemática, referen-
dada em pensadores clássicos e contemporâneos, abrangendo 
diversos aspectos da profissão e dimensões da realidade e im-
pulsionando a produção da pesquisa no campo da ética.
Na metade da década de 1990, as discussões éticas e o arrefecimento 
do neoliberalismo fizeram suscitar o debate dos direitos humanos. Este 
também influenciou a categoria e a produção teórica em torno da ética, 
voltada para a compreensão histórica dos direitos humanos e baseada 
no pensamento marxista e em correntes ligadas a ele. No interior do 
Serviço Social várias foram as iniciativas que colocaram em evidência o 
debate da ética e dos direitos humanos. Em suas versões, o Congresso 
Brasileiro de Assistentes Sociais expandiu as produções críticas acerca 
dessa temática. Houve a ampliação do tema também na Comissão de 
Ética dos Conselhos do CFESS e dos Conselhos Regionais de Serviço 
Social (CRESS), sendo instituída uma política voltada à defesa e à imple-
mentação dos direitos humanos.
Verificamos nesse período uma ampliação das discussões das ques-
tões éticas presentes no projeto ético-político e no Código de Ética, tanto 
na formação quanto na prática profissional. Barroco e Terra (2012, p. 51) 
analisam que “diferentes iniciativas contribuíram para ampliar o conhe-
cimento ético nos parâmetros do CE e do PEP, trazendo novas questões 
e desafios: cursos de capacitação, palestras, oficinas, seminários pro-
movidos pelas entidades da categoria e pelas universidades”.
A questão da ética também teve sua repercussão na formação 
profissional, sendo instituída pela ABEPSS como temática central, 
perpassando todo o currículo e refletindo na prática profissional. 
A pesquisa na área se expandiu, principalmente a investigação da 
ética e dos direitos humanos.
66 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
Percebemos que foi nos anos 1990, apesar do contexto neoliberal, 
que o projeto político da profissão amadureceu e que as questões éti-
cas puderam ser discutidas e reformuladas. Esses avanços refletiram 
na formação e qualificação do assistente social até os dias atuais.
3.3 O projeto ético-político e o exercício 
profissional cotidiano 
Vídeo Nos anos de 1990 o neoliberalismo mostrou que sua força e suas 
ideias se perpetuam na sociedade, ganhando hegemonia nos campos 
político, social e econômico. Foi uma política com uma roupagem de 
modernidade, mas que na prática negligenciava a massa da população, 
retirando direitos sociais, sucateando os serviços públicos, instituindo 
modelos econômicos e sociais privatistas. Sua consequência foi o em-
pobrecimento e a retirada de poderes da população desfavorecida.
Nesse cenário contemporâneo os princípios e os valores, conquis-
tados pelos esforços da categoria e expressos nos documentos que 
constituem o projeto ético-político e o Código de Ética, parecem ir 
na contramão de uma sociedade estruturada pelo modelo neoliberal. 
No entanto, é diante desse quadro de precarização que as questões 
sociais se tornaram ainda mais emergentes, revelando um campo 
fértil para o profissional do Serviço Social, que nesses novos tempos 
precisava estar disposto a se posicionar de maneira crítica e a redes-
cobrir constantemente sua prática, em busca de ações efetivas que 
beneficiassem os usuários.
Muitos são os desafios para a profissão na busca de cumprir com os 
valores construídos pela categoria e firmados no projeto profissional, 
consolidando-os. O modelo neoliberal, que preza pelo individualismo, 
pelo consumismo e pela concentração de renda, vai no sentido contrá-
rio aos valores éticos e humanitários construídos pelo Serviço Social 
nas últimas décadas, tornando a prática profissional cotidiana algo de-
safiador. Como encarar esses desafios? Quais rumos a categoria pode 
tomar? Quais as perspectivas?
A construção de um cotidiano profissional pautado pelos con-
teúdos instituídos no Código de Ética e no projeto ético-político 
– documentos direcionadores da conduta profissional, construídos 
Dimensão ético-política do profissional da assistência social 67
por meio de compromissos firmados pela categoria – aos poucos 
pode ser internalizado, ao se promover ações cotidianas que os 
expressem e que os consolidem.
Para Iamamoto (2000), o estabelecimento do projeto ético-político 
vai depender de um posicionamento de embate diante das forças 
neoliberais e do alinhamento de forças com outras categorias e repre-
sentações sociais. A autora comenta que uma vez que o Serviço Social 
tem como valor ético central a liberdade, demais valores como auto-
nomia, emancipação e expansão do indivíduo – que só podem existir 
em uma sociedade democrática – são inseparáveis desse conceito e, 
portanto, devem ser defendidos, mesmo (ou principalmente) diante 
de um modelo exploratório e de subjugação das massas. A autora 
descreve os desdobramentos do conceito de liberdade e compromis-
so da categoria, contrários aos preceitos neoliberais da atualidade, da 
seguinte forma:
teimamos em reconhecer a liberdade como valor ético central, o 
que implica desenvolver o trabalho profissional para reconhecer a 
autonomia, emancipação e pela expansão dos indivíduos sociais, 
reforçando princípios e práticas democráticas. Aquele reconheci-
mento desdobra-se na defesa intransigente dos direitos humanos, 
o que tem como contrapartida a recusa do arbítrio e de todos os 
tipos de autoritarismos. [...] Intimamente relacionada encontra-se 
a afirmação prático-política da democracia nas várias dimensões 
da vida em sociedade no horizonte de aprofundamento dos prin-
cípios democráticos, como socialização da riqueza socialmente 
produzida, da política e da cultura. Envolve o empenho na elimi-
nação de todas as formas de preconceito, afirmando-se o direito 
à participação dos grupos socialmente discriminados e o respeito 
às diferenças. (IAMAMOTO, 2000, p. 141)
A estudiosa acredita que, diante dos novos tempos, o desafio do 
Serviço Social está em buscar novas alternativas para a profissão. Para 
isso precisamos olhar para novos horizontes e construir novas propos-
tas de trabalho que enfrentem a questão social de maneira mais solidá-
ria, conhecendo os sujeitos envolvidos e percebendo-os não somente 
como vítimas, mas também como participantes da luta em prol de uma 
melhor qualidade de vida.
A construção de alternativas para o trabalho cotidiano do assistente 
social, levando em consideração os valores contidos no projeto 
68 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
ético-político, passa pela aproximação do profissional aos sujeitos 
sociais. A pesquisa minuciosa pode contribuir para conhecermos 
interesses, necessidades, pensamentos, modos de vida, formas de luta, 
além do funcionamento das entidades representativas, de modos de 
contestação e de reinvenção do cotidiano.
Iamamoto (2000) também aponta que a busca dessa aproximação 
do usuário passa pela relação entre Estado e sociedade civil. Durante os 
anos 1980 o Serviço Social parecia ter voltado seu olhar para o Estado 
e as políticas públicas, deixando os usuários em segundo plano. Essa 
relação e o acompanhamento da formulação de políticas públicas são 
sem dúvida essenciais para a profissão, mas deixar o usuário de lado, 
de maneira a não conhecer seu modo de vida e de trabalho, bem como 
suas formas de luta e de resistência, é estar despreparado para aten-
der de fato aesse público. Estar mais próximo da população contribui 
para que o profissional descubra e construa novas possibilidades de 
trabalho, além de afastar a ideia de certo estranhamento pelos usuá-
rios, que de outro modo acabam por considerar o assistente alguém 
distante da realidade cotidiana da população, gerando, por vezes, um 
comportamento de vitimização, ao qual já estão acostumados quando 
submetidos pelas classes mais altas.
Outro fator importante para a construção do fazer profissional 
atualmente, de acordo com o projeto ético-político, é a luta pela 
democracia, que passa pela ampliação da cidadania, em defesa do 
compromisso com a preservação de direitos já conquistados pela 
população, e pela ampliação destes a toda classe trabalhadora, 
sem distinções. Trata-se da luta permanente em defesa dos direi-
tos sociais garantidos pela Constituição de 1988, que pode se dar 
também por meio de ações cotidianas da prática profissional, cum-
prindo e fazendo cumprir os direitos sociais legitimados.
A luta pela democracia aponta para a questão da ampliação da es-
fera pública, que passa pelo reconhecimento e pela tomada do espa-
ço público. A cultura de “favor” historicamente construída – conhecida 
como jeitinho brasileiro, que favorece alguns em detrimento de outros 
e acaba enfraquecendo direitos sociais – foi minando o espírito público 
e fortalecendo a ideia de privatização das instituições, aumentando ain-
da mais o abismo da questão social. Gentilli (2001, p. 133), ao discorrer 
Dimensão ético-política do profissional da assistência social 69
sobre o processo cultural histórico brasileiro de erosão da questão pú-
blica, afirma que:
no Brasil, a modernização conservadora desenvolveu uma tra-
dição cultural e política autoritária, corporativa e antipartidária. 
Tal processo historicamente dificultou o desenvolvimento das 
instituições democráticas e representativas, e resultou numa 
fragilidade de valores, ideias, práticas e instituições, não assegu-
rando plenamente as regras de liberdade de escolha individual 
e coletiva. Criou uma cultura de súditos, não de cidadãos, valori-
zou o favor, não o direito; consolidou no espaço público brasilei-
ro os “princípios da cordialidade” ou a cultura do “jeitinho”, que 
rejeitam normas e contratos que garantem direitos, em defesa 
da manutenção de privilégio e favoritismo. Esta característica da 
cultura política brasileira marcou também a qualidade de aten-
dimento social do Estado brasileiro, que ao utilizar das políticas 
sociais, realiza fins políticos, que não os propriamente sociais.
Assim, vemos a importância do fomento de uma cultura pública de-
mocrática na construção e na defesa dos interesses da comunidade. A 
internalização dessa cultura promove o protagonismo social, em que os 
sujeitos passam a reconhecer seus poderes e suas responsabilidades. É 
importante também darmos visibilidade às questões que norteiam as 
classes desfavorecidas, expor as suas dificuldades, bem como promover 
valores éticos relacionados à equidade e à justiça social. Desse modo, 
é possível colocarmos em evidência os interesses e as necessidades da 
coletividade e incluí-los nas negociações e decisões políticas.
O desafio está em tomar o espaço público – espaço esse de trabalho 
do assistente social –, aproximando-o da população, fazendo com que 
ela se sinta pertencente e com direito de participar das decisões que 
lhe dizem respeito. Isso pode se dar por meio da ampliação e transpa-
rência das informações, além de canais de representação, debates e 
fóruns. Em seu papel participativo, o assistente social “pode impulsio-
nar formas democráticas na gestão de políticas e programas, socializar 
informações, alargar os canais que dão voz e poder decisório à socie-
dade civil, permitindo ampliar sua possibilidade de ingerência na coisa 
pública” (IAMAMOTO, 2000, p. 78).
Ao profissional cabe a ampliação e a transformação de espaços de 
trabalho públicos, possibilitando uma maior apropriação da coisa pú-
blica pela população e encarando o embate da tendência à privatização. 
70 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
O assistente social pode atuar junto a organizações e movimentos so-
ciais nas políticas públicas, aumentando a participação em questões de 
interesse da coletividade e contribuindo para a difusão de informações 
necessárias à comunidade.
O enfrentamento de desafios requer profissionais qualificados, 
tanto com relação aos conhecimentos teóricos necessários para 
compreender a dinâmica da sociedade e da política quanto na realiza-
ção efetiva do trabalho prático cotidiano junto aos usuários. Conforme 
explica Iamamoto (2000, p. 143):
orientar o trabalho profissional nos rumos aludidos requisita um 
profissional culto e atento às possibilidades descortinadas pelo 
mundo contemporâneo, capaz de formular, avaliar e recriar pro-
postas ao nível das políticas sociais e da organização das forças 
da sociedade civil. Um profissional informado, crítico e proposi-
tivo, que aposte no protagonismo dos sujeitos sociais. Mas tam-
bém um profissional versado no instrumental técnico-operativo, 
capaz de realizar as ações profissionais, aos níveis de assessoria, 
planejamento, negociação, pesquisa e ação direta, estimulado-
ras da participação dos usuários na formulação, gestão e avalia-
ção de programas e serviços sociais de qualidade.
Trata-se de um profissional com competência crítica, que saiba re-
fletir sobre o saber fazer, que não se limite à linguagem burocrática das 
instituições, que desvele o caráter conservacionista que leva ao con-
trole dos sujeitos sociais desfavorecidos e que saiba atuar de maneira 
técnica no interior das instituições empregadoras.
Nesse sentido, Gentilli (2001) adverte que apesar de a implanta-
ção do currículo de 1982 ter trazido significativas mudanças no cam-
po teórico, procurando adotar um caráter modernizador e adequar a 
profissão à nova ordem social e política, essa modernização não con-
siderou a técnica profissional e a relação dela com o mercado de tra-
balho. A profissão acabou por estar mais dedicada à teoria do que à 
instrumentalização do assistente voltada ao atendimento de indivíduos 
e grupos. Essa lógica desconsidera as especificidades funcionais da 
profissão, submetendo a categoria a vendedores da força de trabalho 
e a obedecer aos determinantes dessa relação. Gentilli (2001, p. 124), 
ao abordar a questão do pragmatismo profissional, elucida que:
a relação contratual que define o Serviço Social enquanto 
profissão, de um lado, e a natureza de seus serviços, de outro, 
Dimensão ético-política do profissional da assistência social 71
estão ambas inseridas numa lógica política que as antecede e 
que lhes é superior. Tal lógica faz emergir um padrão de aten-
dimento pragmático, cuja racionalidade está a submeter-se à 
pressão das instituições que constroem um perfil parcializado de 
“cliente”, fragmentado para efeitos de benefícios: carente, idoso, 
criança, mulher, desempregado, doente etc.
Desse modo, é preciso lembrar o profissional do compromisso com 
a realidade, reconhecendo as determinações que existem no interior 
das instituições e dos meandros do mercado de trabalho.
O assistente social também deve se preocupar com ampliar sua le-
gitimidade junto aos usuários dos serviços, buscando conhecer o modo 
de vida e a cultura deles e articular-se com as entidades que os repre-
sentam organicamente. O esforço profissional está em zelar pela quali-
dade dos serviços prestados à população e pela abrangência de acesso 
pelos usuários a esses serviços, fato que pode se dar pela difusão de 
informações a respeito dos seus direitos e de como os viabilizar, além 
da resistência a critérios rigorosos de seletividade, que excluem parce-
las populacionais significativas.
A fim de fazer frente às intempéries trazidas pela política neolibe-
ral, é preciso que o profissional esteja disposto a se atualizar constan-
temente, ficando atento às mudanças sociais da contemporaneidade. 
É importanteque o assistente tenha características de um pesquisador, 
buscando o conhecimento intelectual da área e dos processos históri-
cos, para que, por meio desses conhecimentos, possa encontrar novas 
possibilidades profissionais.
Gentilli (2001) acredita na importância da pesquisa como forma 
de obter dados fidedignos, a fim de argumentar junto a instituições 
mandatárias novas propostas de trabalho, criando, assim, novos ho-
rizontes profissionais. Também considera a pesquisa e sua produção 
teórica recursos importantes no acompanhamento das políticas sociais 
e na ampliação da produção acadêmica, dando visibilidade ao trabalho 
profissional e às questões sociais que envolvem as múltiplas formas de 
exploração da maioria da população. Iamamoto (2000, p. 146) afirma 
que “o cotidiano da profissão é um campo de expressões concretas das 
desigualdades referidas, de manifestações de desrespeito aos direitos 
sociais e humanos [...]. Atribuir-lhes visibilidade é um meio de poten-
ciar a dimensão política inerente a este trabalho”.
72 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
Outro campo de trabalho e de ensino do assistente social é o 
acompanhamento de projetos de lei em tramitação, assim como o 
suporte aos parlamentares quanto aos processos sociais que ocor-
rem nas esferas federais, estaduais e municipais, atuando como 
um braço da comunidade em defesa dos seus direitos e interesses.
Outra possibilidade é junto a forças progressistas preocupadas 
com os interesses das maiorias e comprometidas com projetos so-
cietários que levem ao desenvolvimento social e econômico da po-
pulação. O profissional também pode operar no meio acadêmico, 
buscando a consolidação e a respeitabilidade dos cursos de gra-
duação e pós-graduação junto a órgãos de fomento e pesquisa e 
da política de ensino superior, consolidando seu reconhecimento e 
rompendo qualquer traço de subalternidade da profissão. 
Iamamoto (2000) argumenta que a qualidade do ensino supe-
rior na área é responsável pela competência profissional crítica. A 
formação de qualidade é importante não somente porque fornece 
as bases para o olhar e a leitura crítica da realidade, dando subsí-
dios para que o assistente coloque em prática o projeto ético-polí-
tico, mas também porque serve para garantir o espaço profissional 
do assistente social, reafirmando suas competências no mercado 
de trabalho e diante de outras entidades profissionais que podem 
concorrer com a área. É preciso que existam órgãos representa-
tivos plurais “capazes de abraçar, no seu interior, diferentes cor-
rentes intelectuais e políticas em disputa no âmbito profissional, 
sem abrir mão dos compromissos ético-políticos que dão norte à 
profissão” (IAMAMOTO, 2000, p. 148).
Percebemos que os rumos ético-políticos que levam à consoli-
dação do projeto profissional da profissão dependem de sujeitos 
atentos e comprometidos, que conheçam e compreendam a reali-
dade dos usuários, que reflitam criticamente sobre sua prática e 
que estabeleçam ações cotidianas transformadoras, consolidando 
novos espaços profissionais e propondo ações junto à população e 
às instituições empregadoras.
Dimensão ético-política do profissional da assistência social 73
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A princípio, pode parecer que o trabalho do assistente social está na 
contramão de uma sociedade que prega valores individualistas e con-
sumistas. Porém, é diante de um modelo exploratório capitalista que o 
profissional tem muito a fazer e a explorar. Apesar de se tratar de um mo-
delo contrário aos princípios e valores presentes no projeto profissional, 
que tem como ponto central o direito à liberdade de maneira igualitária, 
é nesses elementos norteadores que o assistente social deve se apoiar. 
O compromisso com as competências presentes nos documentos 
direcionadores da profissão (Código de Ética e projeto ético-político) 
deve servir de motivação para que o assistente vá em defesa do projeto 
profissional da categoria, procurando conhecimentos e novos horizontes, 
construindo sua prática cotidiana de modo criativo e efetivo e elaborando 
ações transformadoras que beneficiem a população.
ATIVIDADES
1. Com base no reconhecimento histórico de todo o trajeto do Serviço 
Social, de rompimento do conservadorismo da profissão e de 
construção de um projeto profissional alicerçado na liberdade, na 
democracia e na equidade, como deve ser o posicionamento do 
assistente social em sua realidade profissional cotidiana?
2. A maior aproximação do assistente social ao usuário dos serviços é 
uma das atitudes que podem levar o profissional a identificar e propor 
novas práticas que atendam aos interesses da população de maneira 
efetiva. Por quê?
3. A liberdade é considerada um valor ético central da profissão, presente 
no Código de Ética e no projeto ético-político. A sua defesa condiciona 
a luta de outros princípios e valores, a fim de se construir um novo 
modelo societário, objetivo do Serviço Social. Quais são esses valores 
presentes no projeto ético-político? Por que são importantes para a 
construção de uma sociedade mais igualitária?
REFERÊNCIAS
ABRAMIDES, M. B. C. 80 anos de Serviço Social no Brasil: organização política e direção 
social da profissão no processo de ruptura com o conservadorismo. Serviço Social & 
Sociedade, São Paulo, n. 128, p. 181-186, jan./abr. 2017.
BARROCO, M. L. S. Ética e Serviço Social: fundamentos ontológicos. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2005.
74 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
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A Lei de Regulamentação da Profissão 75
4
A Lei de Regulamentação 
da Profissão
Neste capítulo veremos o processo histórico de construção da 
Lei de Regulamentação da Profissão e as transformações concei-
tuais que levaram a sua consolidação e posterior revisão. Também 
conheceremos a Lei n. 8.662/93 mais de perto, estudando alguns 
de seus artigos que definem as atribuições e as competências para 
o exercício da profissão. Conheceremos os principais órgãos que 
representam a categoria dispostos na lei, como o Conselho Federal 
de Serviço Social e os Conselhos Regionais de Serviço Social. Por 
fim, aprenderemos sobre o órgão que coordena o processo for-
mativo do assistente social – a Associação Brasileira de Ensino ePesquisa em Serviço Social – e a entidade representativa dos es-
tudantes – a Executiva Nacional de Estudantes de Serviço Social.
4.1 Institucionalização da prática 
profissional dos assistentes sociais 
Vídeo A regulamentação profissional do assistente social está atrelada ao 
processo de construção das instituições sociais que serviam de base 
para que ele pudesse exercer sua profissão e inserir-se na divisão so-
cial do trabalho.
Sabe-se que ao longo do tempo o Serviço Social vai ganhando no-
vos contornos profissionais, deixando de ser um trabalho estritamente 
voltado às necessidades da Igreja, até chegar a se comprometer com 
outras demandas estatais e/ou empresariais. A partir desse momento, 
os assistentes sociais passam a ocupar cargos e funções especializa-
das, tornando-se necessária a regulamentação da profissão e, poste-
riormente, a revisão da Lei.
76 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
A fim de um melhor entendimento a respeito da regulamentação da 
profissão, é necessário olhar para a história da construção das institui-
ções sociais. Iamamoto (2006) retrata o processo de surgimento dessas 
instituições e a relação delas com o Serviço Social. A autora afirma que 
após a Primeira Guerra Mundial multiplicam-se na Europa as Escolas 
de Serviço Social, enquanto no Brasil surgem algumas instituições, 
como a Associação de Senhoras Brasileiras – no Rio de Janeiro – e a 
Liga das Senhoras Católicas, em São Paulo, as quais já trazem algumas 
mudanças com relação ao caráter caritativo do trabalho assistencial.
Essas instituições surgem dentro do Movimento de Reação Católica, 
que procura ampliar o pensamento social e formar bases doutrinárias 
do apostolado laico 1
O apostolado era formado 
por um grupo de pessoas que 
propagandeava e difundia o 
cristianismo, subordinados à 
Igreja e formalmente reconheci-
dos por ela como colaboradores 
do ministério evangelizador 
(MANOEL, 1999).
1 , tendo como ideais, ainda que embrionários, a 
assistência preventiva e a mitigação das sequelas do desenvolvimento 
capitalista acelerado, principalmente no trato com menores e mulheres.
Em 1922 é fundada a Confederação Católica, precursora da Ação 
Católica, instituições que objetivavam a centralização e a ampliação 
do apostolado laico e que tiveram um papel importante na gênese do 
Serviço Social, tanto com relação à criação das bases organizacionais e 
materiais quanto à organização de recursos humanos.
Na década seguinte, em 1932, é criado, em São Paulo, o Centro de 
Estudos e Ação Social (CEAS) por iniciativa do Serviço Social, sendo 
seu primeiro curso o de Formação Social para Moças, que tinha como 
convidada ilustre Adèle Loneux, da Escola Católica de Serviço Social 
de Bruxelas. O CEAS tinha como objetivo a formação com base no 
pensamento social da Igreja, visando a uma prática fundamentada 
na doutrina católica e no conhecimento a respeito dos problemas so-
ciais, elementos que teoricamente levariam a uma maior eficiência 
fundamentada em uma prática homogênea.
A partir dessas ações, em 1936 é criada a Escola de Serviço Social 
de São Paulo, a primeira do gênero no Brasil. Surge, nesse momento, 
outro tipo de demanda que não a da própria ação social católica, mas 
vinda de instituições estatais que oportunizam a criação de cargos fe-
mininos como fiscalizadoras do trabalho de mulheres e de menores. 
Em 1937, as integrantes do CEAS passam a atuar também no Serviço 
de Proteção aos Migrantes.
A Lei de Regulamentação da Profissão 77
Antes disso, em 1935 foi criado o Departamento de Assistência So-
cial do Estado, por meio da Lei n. 2.497, e em 1938 é organizada a Seção 
de Assistência Social, que atuava no reajuste de indivíduos e de grupos 
à “normalidade”. O Estado passa a gerir e a regular a assistência social, 
centralizando a atuação profissional e regulando as iniciativas priva-
das, além de buscar por profissionais de destaque para atuar nos Con-
selhos Consultivos das instituições estatais. Portanto, é nesse período 
que o Estado passa a demandar mais pela formação técnica especiali-
zada, vinda das instituições coordenadas pela Igreja, e “a regulamen-
tá-la e incentivá-la, institucionalizando sua progressiva transformação 
em profissão legitimada dentro da divisão social-técnica do trabalho” 
(IAMAMOTO, 2006, p. 176).
Em 1940 surge o Instituto de Serviço Social em São Paulo, institui-
ção vinda da Escola de Serviço Social e que direciona a formação de 
trabalhadores sociais especializados para o Serviço Social do Trabalho. 
Pode-se destacar ainda nesse período a grande quantidade de bolsas 
de estudos patrocinadas pelo Estado e por instituições estatais, como 
prefeituras, Previdência, Serviço Social da Indústria etc. Além disso, co-
meçam a surgir nos demais estados outras Escolas de Serviço Social.
Importante destacar que, nesse momento, já está ocorrendo um 
processo de mercantilização do trabalho assistencial de formação es-
pecializada, visto que o profissional não é mais necessariamente de-
voto do apostolado social, mas alguém com a qualificação devida para 
inserir-se na divisão social-técnica do trabalho. Isso, contudo, não quer 
dizer que o conteúdo doutrinário tenha desaparecido, mas sim que o 
Estado e as empresas não o veem como obstáculo, ao contrário, a ideo-
logia presente desde a formação dos assistentes sociais vai ao encon-
tro das necessidades dessas instituições.
Nessa época, no Rio de Janeiro, também surge uma diversida-
de de iniciativas que têm como característica a participação intensa 
das instituições públicas e o apoio da alta administração federal, da 
Igreja e do Movimento Católico Laico. Em 1937 surge o Instituto de 
Educação Familiar e Social, por iniciativa do Grupo de Ação Social, e, 
em 1938, a Escola Técnica de Serviço Social, uma iniciativa do juizado 
de menores. Na década de 1940 é criado, no interior da Escola de 
78 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
Enfermagem Ana Nery, o curso de Preparação em Trabalho Social e em 
1944 surge a Escola de Serviço Social, desmembrada do Instituto Social 
por uma vertente masculina.
Todo esse movimento visa atender às demandas do estado do Rio 
de Janeiro e do empresariado por meio da formação especializada, que 
não aquela que atende às necessidades do movimento católico, mas 
voltada às demandas de instituições oficiais e patronais.
Em diversas capitais começam a surgir, a partir de 1940, as escolas 
de Serviço Social e, com isso, tem-se o I Congresso Brasileiro de Serviço 
Social em 1947, promovido pelo CEAS com representantes de vários 
estados brasileiros.
Nos anos posteriores ocorrem muitos outros movimentos no inte-
rior da categoria, como o Congresso Pan-Americano de 1945, marcado 
pela sua oficialidade e pelo grande número de representantes de vá-
rios países. Entre os temas debatidos nesse congresso estão as preo-
cupações com o reconhecimento da profissão e a regulamentação do 
ensino profissional, fatores que influenciam o surgimento de entidades 
importantes, como a Associação Brasileira de Escolas de Serviço Social 
(ABESS) e a Associação Brasileira de Assistentes Sociais (ABAS). No ano 
de 1949 acontece, no Rio de Janeiro, o II Congresso Pan-Americano de 
Serviço Social, que tem como tema central a relação do Serviço Social 
com a família.
Conforme analisa Iamamoto (2006), todo esse desenvolvimento do 
Serviço Social se dá em um contexto de efervescência do capitalismo 
e do aprofundamento de mecanismos de controle pelo Estado. Nesse 
sentido, as instituições assistenciais desempenham um importante pa-
pel de manutenção da dominação de classe por meio do disciplinamen-
to e da reprodução da força de trabalho, papel esse que, nesse período, 
é atribuído ao Estado e delegado – em partes – ao assistencialismo, 
que, ligado ao Estado, passa a desempenhar funções políticas, econô-
micas e ideológicas, essenciais para a manutenção da ordem social.
Ao controlar de maneira direta ou indireta as instituições sociais, o 
Estado, mediante seu aparato burocrático,vai minando as reivindica-
ções do proletariado, as quais são devolvidas em forma de benefícios 
indiretos, na medida em que as instituições sociais atuam politicamen-
te, procurando neutralizar as contradições existentes nas relações de 
produção por meio do aparato estatal.
A Lei de Regulamentação da Profissão 79
O controle social só pode se manter ao longo do tempo se hou-
ver a aceitação e a interiorização de uma dominação de classe, por 
meio da reprodução de ideologias que obscurecem o teor de explo-
ração do trabalho. Nesse sentido, as instituições assistenciais têm o 
papel de intervir de modo normativo na vida de diferentes pessoas. 
Iamamoto (2006, p. 308) observa que “o estímulo à cooperação de 
classes, o ajustamento psicossocial do trabalhador, são, entre outros, 
elementos básicos na ação de impor a aceitação e interiorização das 
relações sociais vigentes”.
A partir do momento em que o papel das instituições sociais é cada 
vez mais necessário e que a profissão foi encampada pelo Estado, 
torna-se necessária sua regulamentação. Iamamoto (2006) comenta a 
respeito do processo de legitimação da profissão, que se dá ao passar 
das mãos conservacionistas, notadamente dos segmentos femininos 
da burguesia católica, para o controle do Estado, ganhando status de 
profissão institucionalizada e legitimada, operando no interior da divi-
são social-técnica do trabalho.
O processo de surgimento e desenvolvimento das grandes enti-
dades assistenciais – estatais, autárquicas ou privadas – é tam-
bém o processo de legitimação e institucionalização do Serviço 
Social. A profissão do Assistente Social apenas pode se consoli-
dar e romper o estreito quadro de sua origem no bloco católico 
a partir e no mercado de trabalho que se abre com aquelas enti-
dades. A partir desse momento só é possível pensar a profissão 
e seus agentes concretos – sua ação na reprodução das relações 
sociais de produção – englobadas no âmbito das estruturas insti-
tucionais. O Assistente Social aparecerá como uma categoria de 
assalariados – quadros médios cuja principal instância mandatá-
ria será, direta ou indiretamente, o Estado. O significado social 
do Serviço Social pode ser apreendido globalmente apenas em 
sua relação com as políticas sociais do Estado, implementadas 
pelas entidades sociais e assistenciais. (IAMAMOTO, 2006, p. 309)
A autora afirma que o Serviço Social, agora no interior do aparelho 
de Estado, apresenta uma roupagem diferente, não mais como uma 
atitude caridosa ligada ao catolicismo, mas como atividade burocrática 
e assalariada, mantendo, contudo, as características fundamentais de 
disciplinar, educar e doutrinar. Apesar de ainda ligada à burguesia e à 
Igreja, a institucionalização e a remuneração da profissão fez alargar 
sua base social, crescendo a entrada de segmentos médios.
80 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
As transformações da profissão levam a novos formatos, méto-
dos e técnicas de intervenção, voltados a um novo tipo de demanda 
e a um âmbito de ação abrangente. No que toca à organização do 
trabalho, observa-se a estruturação de turmas, de seções e de de-
partamentos de Serviço Social, centralizadores ou coordenadores da 
atuação profissional, antes dispersa dentro da instituição. A ação iso-
lada do assistente social é substituída por um trabalho coordenado e 
metódico, surgindo um agente coletivo que favorece a divisão técnica 
do trabalho e suas especializações.
A prática do assistente social vai sendo direcionada ao atendimen-
to da população de maior risco, conforme se desenham os objetivos 
dos projetos assistenciais com características preventivas e educati-
vas. Dessa forma, amplia-se o campo para o assistente social ao ali-
nhar o discurso da categoria com a prática profissional e a afirmação 
do status da profissão.
Por meio do apoio institucional e em resposta às novas demandas, 
abrem-se possibilidades de experimentações de métodos, de técnicas 
e de teorias, que, sistematizadas, chegam às escolas de Serviço Social. 
Ao ter sistematizado sua prática e sua teoria, este passa a planejar e a 
desenvolver programas assistenciais, abandonando o estigma de filan-
tropia, de autoritarismo e de profissão subalterna.
Todo esse movimento da categoria, seu reconhecimento e suas 
conquistas levaram à necessidade de estabelecer normas para a 
profissão. O Código de Ética de 1947 institui as bases do pensa-
mento profissional, seguido da regulamentação do ensino e do cur-
rículo dos cursos de Serviço Social.
No ano de 1957 é criada a Lei n. 3.252, regulamentada poste-
riormente pelo Decreto n. 994/62. Este classifica a profissão como 
técnico-científica e estabelece as atividades e as normas para exer-
cer a profissão. Cria também o Conselho Federal de Assistentes So-
ciais (CFAS) e o Conselho Regional de Assistentes Sociais (CRAS), com 
jurisdição própria e presente em dez regiões do país, tendo já deter-
minadas suas competências.
Posteriormente, em 1993, a Lei de Regulamentação é revisada 
acompanhando os princípios da categoria, assim como o Código de Éti-
ca, que passa por quatro revisões posteriores até chegar ao atual.
A Lei de Regulamentação da Profissão 81
4.2 A Lei n. 8.662/93
Vídeo As transformações vividas pela sociedade brasileira, da luta pela de-
mocratização até a consolidação das liberdades políticas, trouxeram ri-
cas experiências para o tecido social, propiciando o reconhecimento de 
valores que estavam adormecidos, como a existência da diversidade, 
das diferenças sociais, e a necessidade de defender os direitos civis, va-
lores esses relacionados à cidadania e que ganham importância na so-
ciedade. As profissões também foram influenciadas por este contexto 
de movimentação social, que fez repensar o compromisso ético-político 
e a qualidade dos serviços profissionais (BRASIL, 2012).
O Serviço Social passou por mudanças intensas que resultaram no 
desenvolvimento teórico e prático da profissão. Ao desligar-se do po-
derio do catolicismo conservador, ele passa a cumprir com o exercício 
profissional de forma especializada, atendendo às demandas sociais 
governamentais e privadas, tornando-se uma profissão reconhecida e 
legitimada pela sociedade.
A consolidação e o desenvolvimento dessa profissão se deram em 
dois níveis: no campo teórico-prático e no plano da normatização, por 
meio da reflexão ética solidificada no Código de Ética de 1986, que nega 
a base filosófica doutrinária e conservadora, e do estabelecimento de 
um novo perfil profissional não mais de agente executivo, mas munido 
de competências técnicas e teóricas.
O novo projeto profissional da categoria, em consonância com o 
projeto societário democrático, compromete-se com os reais inte-
resses da população, amadurece e surge a necessidade de revisão dos 
parâmetros éticos e de exercício profissional. Revisão essa compatível 
com os ideais já dispostos no Código de 1986, mas necessária devido 
às novas exigências do período democrático de reafirmação de valores 
fundamentais, como a liberdade e a justiça social. Além disso, torna-se 
necessária, conforme o documento do CFESS que atualiza o Código de 
Ética e a Lei n. 8.662/93, a:
normatização do exercício profissional de modo a permitir que 
aqueles valores sejam retraduzidos no relacionamento entre 
assistentes sociais, instituições/organizações e população, pre-
servando-se os direitos e deveres profissionais, a qualidade dos 
serviços e a responsabilidade do/a usuário/a. (BRASIL, 2012)
82 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
Portanto, pode-se afirmar que toda essa movimentação social em 
prol de um projeto social democrático e de resgate da cidadania, além 
das transformações profundas na profissão e de sua consolidação 
como profissão inserida na divisão sócio-técnica e teórica do trabalho, 
faz surgir a necessidade de rever a ética e os rumos do exercício pro-
fissional, alinhando tanto o Código de Ética como a Lei que regulamen-
ta o cargo na direção de um novo olhar para a questãosocial e para as 
competências profissionais dos assistentes sociais.
A primeira lei que a regulamenta data de 1957 (Lei n. 3.252), 
normatizada posteriormente pelo Decreto Federal n. 994 somente 
em maio de 1962. No período de instituição dessa primeira Lei, o 
país passava pela efervescência econômica de abertura e expansão 
econômica e industrial, mobilizada pelo plano de metas. No campo 
profissional foi a época em que se questionaram as metodologias e 
os instrumentais utilizados pelos assistentes sociais. Período tam-
bém em que se deram os primeiros congressos e que ainda não se 
tinham definidos, de modo claro e objetivo, os rumos profissionais, 
mantendo ainda a concepção de amenização ou de extermínio da 
questão social.
O novo olhar para esta veio principalmente na década de 1980, 
com a abertura democrática e a Constituição de 1988, a qual in-
cluiu os direitos sociais e as regulamentações específicas para as 
políticas sociais.
Diante da garantia dos direitos sociais pela Constituição, novas 
adequações referentes às competências profissionais se fazem ne-
cessárias, uma vez que se modifica o campo profissional do assistente 
social por meio da expansão das políticas públicas, abrindo-se maio-
res possibilidades de atuação, inserindo-os não somente no trabalho 
técnico de executor, mas também como responsáveis pelo planeja-
mento, pela coordenação e pela avaliação das políticas voltadas ao 
atendimento social.
Torna-se necessária, então, a revisão da Lei de 1957, e em 7 de ju-
nho de 1993, após 36 anos, é homologada a nova Lei de Regulamenta-
ção da Profissão (Lei n. 8.662/93). Esta traz a concepção atualizada do 
pensamento da categoria em torno da questão social, alinhando-se ao 
Código de Ética de 1993, e organiza as competências profissionais e dos 
órgãos representantes diante das novas demandas sociais e políticas.
A Lei de Regulamentação da Profissão 83
O artigo 4º da Lei n. 8.662 trata das competências profissionais da 
categoria, ampliando a atuação profissional ao inseri-la no campo das 
políticas sociais, atribuindo ao assistente social não apenas o papel de 
executor, mas também de gestor, e regulamenta o exercício da consul-
toria e da assessoria.
Art. 4º Constituem competências do Assistente Social:
I – elaborar, implementar, executar e avaliar políticas sociais 
junto a órgãos da administração pública, direta ou indireta, 
empresas, entidades e organizações populares; 
II – elaborar, coordenar, executar e avaliar planos, programas 
e projetos que sejam do âmbito de atuação do Serviço Social 
com participação da sociedade civil; 
III – encaminhar providências, e prestar orientação social a in-
divíduos, grupos e à população; 
IV – (Vetado);
V – orientar indivíduos e grupos de diferentes segmentos so-
ciais no sentido de identificar recursos e de fazer uso dos mes-
mos no atendimento e na defesa de seus direitos; 
VI – planejar, organizar e administrar benefícios e Serviços Sociais;
VII – planejar, executar e avaliar pesquisas que possam contri-
buir para a análise da realidade social e para subsidiar ações 
profissionais; 
VIII – prestar assessoria e consultoria a órgãos da adminis-
tração pública direta e indireta, empresas privadas e outras 
entidades, com relação às matérias relacionadas no inciso II 
deste artigo; 
IX – prestar assessoria e apoio aos movimentos sociais em ma-
téria relacionada às políticas sociais, no exercício e na defesa 
dos direitos civis, políticos e sociais da coletividade;
X – planejamento, organização e administração de Serviços So-
ciais e de Unidade de Serviço Social; 
XI – realizar estudos sócio-econômicos com os usuários para 
fins de benefícios e serviços sociais junto a órgãos da admi-
nistração pública direta e indireta, empresas privadas e ou-
tras entidades. (BRASIL, 1993)
Importante também tomar conhecimento do artigo 5º da Lei, o qual 
trata das atribuições privativas do assistente social, já que se refere a 
84 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
uma profissão que sofreu grandes transformações e apresentou difi-
culdades de estabelecer suas especificidades.
Art. 5º Constituem atribuições privativas do Assistente Social:
I – coordenar, elaborar, executar, supervisionar e avaliar es-
tudos, pesquisas, planos, programas e projetos na área de 
Serviço Social;
II – planejar, organizar e administrar programas e projetos em 
Unidade de Serviço Social; 
III – assessoria e consultoria e órgãos da Administração Pública 
direta e indireta, empresas privadas e outras entidades, em 
matéria de Serviço Social;
IV – realizar vistorias, perícias técnicas, laudos periciais, infor-
mações e pareceres sobre a matéria de Serviço Social; 
V – assumir, no magistério de Serviço Social tanto a nível de gra-
duação como pós-graduação, disciplinas e funções que exijam co-
nhecimentos próprios e adquiridos em curso de formação regular; 
VI – treinamento, avaliação e supervisão direta de estagiários 
de Serviço Social; 
VII – dirigir e coordenar Unidades de Ensino e Cursos de Servi-
ço Social, de graduação e pós-graduação; 
VIII – dirigir e coordenar associações, núcleos, centros de estu-
do e de pesquisa em Serviço Social;
IX – elaborar provas, presidir e compor bancas de exames e co-
missões julgadoras de concursos ou outras formas de seleção 
para Assistentes Sociais, ou onde sejam aferidos conhecimen-
tos inerentes ao Serviço Social; 
X – coordenar seminários, encontros, congressos e eventos 
assemelhados sobre assuntos de Serviço Social; 
XI – fiscalizar o exercício profissional através dos Conselhos 
Federal e Regionais; 
XII – dirigir serviços técnicos de Serviço Social em entidades 
públicas ou privadas; 
XIII – ocupar cargos e funções de direção e fiscalização da ges-
tão financeira em órgãos e entidades representativas da cate-
goria profissional. (BRASIL, 1993)
Ainda nesse mesmo artigo, é importante frisar que houve altera-
ções por meio da Lei n. 12.317/2010, que regulamenta a carga horária 
do assistente social. Com isso, “a duração do trabalho do Assistente 
Social é de 30 (trinta) horas semanais” (BRASIL, 2010).
A Lei de Regulamentação da Profissão 85
A Lei também normatiza os órgãos de representação da categoria. 
O artigo 6º modifica as denominações dos Conselhos, passando de 
Conselho Federal de Assistentes Sociais (CFAS) para Conselho Federal 
de Serviço Social (CFESS), e de Conselhos Regionais de Assistentes So-
ciais (CRAS) para Conselhos Regionais de Serviço Social (CRESS), am-
pliando o arcabouço da profissão. Já no artigo 7º, a Lei determina os 
conselhos como entidades com personalidade jurídica e forma federa-
tiva, tendo o objetivo de disciplinar e defender o exercício da profissão 
em nível nacional. E os artigos 8º e 10º estabelecem as competências do 
CFESS e do CRESS, respectivamente. Além disso, o artigo 12 estabelece 
a distribuição dos CRESS, devendo ter um Conselho em cada capital de 
Estado, de Território e no Distrito Federal.
Interessante observar também que no artigo 15 a Lei regulamenta 
o uso da expressão Serviço Social ao estabelecer que “é vedado o uso 
da expressão Serviço Social por quaisquer pessoas de direito público 
ou privado que não desenvolvam atividades previstas nos arts. 4º e 5º 
desta lei” (BRASIL, 1993).
A Lei também determina, em seu artigo 16, as penalidades aplica-
das aos infratores pelos CRESS.
Art. 16. Os CRESS aplicarão as seguintes penalidades aos infra-
tores dos dispositivos desta Lei:
I - multa no valor de uma a cinco vezes a anuidade vigente; 
II - suspensão de um a dois anos de exercício da profissão ao 
Assistente Social que, no âmbito de sua atuação, deixar de 
cumprir disposições do Código de Ética, tendo em vista a gra-
vidade da falta; 
III - cancelamento definitivo do registro, nos casos de extrema 
gravidade ou de reincidência contumaz. 
1º Provada a participação ativa ou conivência de empresas, 
entidades, instituições ou firmas individuais nas infrações a 
dispositivos desta lei pelos profissionais delas dependentes, 
serão estas também passíveisdas multas aqui estabelecidas, 
na proporção de sua responsabilidade, sob pena das medidas 
judiciais cabíveis.
2º No caso de reincidência na mesma infração no prazo de dois 
anos, a multa cabível será elevada ao dobro. (BRASIL, 1993)
Verifica-se que a Lei ganha importância por regular as competências 
profissionais e o pleno exercício da profissão, bem como a fiscalização 
86 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
pelas entidades competentes. Ela também traz novidades inserindo o 
assistente social em outras posições e possibilidades de atuação no 
interior das políticas públicas.
O trabalho deste, portanto, está amparado pelos normativos 
legais da profissão: a Lei n. 8.662/93 e o Código de Ética de 1993. 
Soma-se a isso as legislações políticas em que estão inseridos os 
assistentes sociais.
4.3 Órgãos de representação da categoria
Vídeo A mudança da práxis política e profissional que se deu com o rom-
pimento do legado conservacionista e doutrinário, bem como o reco-
nhecimento e a consolidação da profissão, levaram à necessidade da 
regulação, da organização e da fiscalização do exercício profissional e 
da coordenação da formação e pesquisa do Serviço Social.
Diante da necessidade de normatizar a atuação profissional dos as-
sistentes sociais, são criados os órgãos representativos da categoria: o 
CFESS e os CRESS. Eles são instituídos a partir da Lei de regulamentação 
anterior à de 1993, a Lei n. 3.252 de 1957. Além dos conselhos, foram 
criados posteriormente a Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa 
em Serviço Social (ABEPSS) e a Executiva Nacional de Estudantes de 
Serviço Social (ENESSO), que prezam pela administração acadêmica e 
pelo posicionamento dos estudantes.
Todas essas entidades têm grande relevância para a categoria, uma 
vez que têm como objetivos a defesa do trabalho e da formação dos 
assistentes sociais. O CFESS e os CRESS, além do papel de fiscalizado-
res, são promotores de constantes atualizações de conhecimentos na 
área, atuantes na construção da identidade profissional. É importante, 
então, conhecer esses órgãos mais de perto.
4.3.1 Conselho Federal de Serviço Social
O Conselho Federal é o órgão normativo de grau superior da ca-
tegoria, e suas prerrogativas são dadas pela Lei n. 8.662/93. Além das 
atribuições normativas de fiscalização e de defesa, cabe à entidade 
assessorar os CRESS, aprovar o Código de Ética da profissão, funcionar 
como Tribunal Superior de Ética Profissional, entre outras funções.
A Lei de Regulamentação da Profissão 87
Art. 8º Compete ao Conselho Federal de Serviço Social (CFESS), 
na qualidade de órgão normativo de grau superior, o exercício 
das seguintes atribuições: 
I - orientar, disciplinar, normatizar, fiscalizar e defender o exercí-
cio da profissão de Assistente Social, em conjunto com o CRESS; 
II - assessorar os CRESS sempre que se fizer necessário; 
III - aprovar os Regimentos Internos dos CRESS no fórum máxi-
mo de deliberação do conjunto CFESS/CRESS; 
IV - aprovar o Código de Ética Profissional dos Assistentes So-
ciais juntamente com os CRESS, no fórum máximo de delibera-
ção do conjunto CFESS/CRESS; 
V - funcionar como Tribunal Superior de Ética Profissional; 
VI - julgar, em última instância, os recursos contra as sanções 
impostas pelos CRESS; 
VII - estabelecer os sistemas de registro dos profissionais 
habilitados; 
VIII - prestar assessoria técnico-consultiva aos organismos pú-
blicos ou privados, em matéria de Serviço Social; 
IX - (Vetado). (BRASIL, 1993)
Os Conselhos profissionais foram criados em um período em que o 
Estado regulamentava as profissões, funcionando como entidades sem 
autonomia e servindo ao controle governamental sobre o exercício do 
trabalho. Em 1957, com a aprovação da lei que regulamenta a profis-
são, e posteriormente em 1962, com o Decreto n. 994, determina-se 
que os Conselhos Federal e Regionais são quem cuidariam da disciplina 
e da fiscalização da profissão, marcando assim a criação do CFAS e do 
CRAS, que posteriormente passaram a ser o CFESS e os CRESS.
Eles, inicialmente, tinham características autoritárias e conserva-
doras, sendo um reflexo também dos direcionamentos da própria 
profissão na época, que tinha na filosofia neotomista suas bases fun-
damentais e, portanto, estava alheia à realidade política e econômica 
do país.
O movimento de reconceituação vem expressar um novo posicio-
namento político e o desejo por transformações no interior da pro-
fissão, com a inserção desta em uma ética política. No período de 
redemocratização do país, parte da categoria profissional vinculada a 
sindicatos e a forças progressistas disputam a direção dos Conselhos, 
O CFESS tem sede em Brasília e 
é uma pessoa jurídica de direito 
público. A diretoria do Conselho 
é composta por dezoito mem-
bros da categoria de todo o país. 
Trata-se de um cargo eletivo 
para um mandato de três anos, 
permitida a reeleição desde que 
se garanta a renovação de dois 
terços do quadro de conselheiros 
e de que ocorra apenas uma vez. 
Os membros do Conselho não 
são remunerados. 
Saiba mais
88 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
procurando fortalecer um novo projeto profissional. A partir de então, 
a nova gestão do Conselho tem um posicionamento político voltado a 
ideais democráticos, preocupando-se em articular-se com movimentos 
sociais, com outras entidades que representam a categoria e com os 
assistentes sociais.
O CFESS, de acordo com os novos direcionamentos da categoria, 
mantém os preceitos democráticos, iniciando uma série de debates 
que objetiva a alteração do Código de Ética vigente na época. Debates 
esses que resultam na aprovação do novo Código de 1986, o qual vai 
ao encontro do pensamento da categoria, superando o pensamento 
conservador e doutrinário a que a profissão estava submetida.
Em seguida, no início dos anos de 1990, o CFESS viu a necessidade 
de uma nova revisão no Código de Ética, incorporando as bases funda-
mentais do Código anterior e inovando ao abranger os novos princípios 
da categoria que despontavam, organizando, assim, o exercício profis-
sional. Mediante a iniciativa desse Conselho, abrem-se os debates com 
os CRESS e demais entidades, sendo realizados encontros e seminários 
nacionais que resultaram na formulação e na aprovação do Código de 
Ética de 1993.
A colocação da presidente do Conselho Federal na época quanto à 
questão da revisão do Código é um exemplo de atuação do órgão e da 
importância na qualidade de articulador do debate coletivo feito pela 
categoria. Podemos observar a argumentação de Silva (2011):
vale sinalizar que o Conselho Federal tem recebido muitas avalia-
ções acerca da fragilidade do Código de 1986, enquanto instru-
mento da fiscalização. Ele é considerado, por muitos dirigentes de 
conselhos e agentes de fiscalização, como uma “carta de inten-
ções”, com algumas expressões nos seus artigos que são vagas, 
ambíguas e sem um significado mais objetivo.
Cabe, nesse momento, destacar todas essas dúvidas, indagações 
e inquietações, no sentido de que possamos, com a nossa troca de 
ideias e o nosso debate plural, e num esforço conjunto de todas 
as entidades, de todos os profissionais envolvidos, seja no âmbito 
do ensino, da fiscalização e no exercício da profissão, juntamente 
com os estudantes, tentar enfrentar esses dilemas. Como reinven-
tar algumas saídas para esses impasses, sem retroceder nos avan-
ços que já conseguimos assegurar? (SILVA, 2001, p. 144)
A Lei de Regulamentação da Profissão 89
A revisão da Lei de Regulamentação de 1957 também foi enca-
beçada pelo CFESS em conjunto com o CRESS, vendo a necessidade 
de se regular de maneira mais sólida o exercício profissional e suas 
atribuições. Em 1993, portanto, ocorre a revisão da Lei que assegura 
formas mais concretas de intervenção profissional e inova ao reco-
nhecer os Encontros Nacionais CFESS-CRESS como fórum máximo 
de deliberação.
Todo esse conjunto de instrumentos legais asseguram uma política de 
fiscalização quemantém o posicionamento atualizado da categoria, cum-
prindo com seus anseios democráticos, com a conscientização política e 
a inserção e a manutenção do profissional na divisão social do trabalho.
4.3.2 Conselhos Regionais de Serviço Social
Conforme a Lei de Regulamentação da Profissão, os Conselhos Re-
gionais são órgãos executivos de primeira instância, que em conjunto 
com o Conselho Federal constituem uma entidade com personalidade 
jurídica e federativa. Este Conjunto CFESS-CRESS está discriminado no 
artigo 7º da Lei. 
Art. 7º O Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) e os Con-
selhos Regionais de Serviço Social (CRESS) constituem, em seu 
conjunto, uma entidade com personalidade jurídica e forma 
federativa, com o objetivo básico de disciplinar e defender o 
exercício da profissão de Assistente Social em todo o território 
nacional. 
1º Os Conselhos Regionais de Serviço Social (CRESS) são dota-
dos de autonomia administrativa e financeira, sem prejuízo de 
sua vinculação ao Conselho Federal, nos termos da legislação 
em vigor. 
2º Cabe ao Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) e aos 
Conselhos Regionais de Serviço Social (CRESS), representar, em 
juízo e fora dele, os interesses gerais e individuais dos Assisten-
tes Sociais, no cumprimento desta lei. (BRASIL, 1993)
Os CRESS são responsáveis por fiscalizarem o exercício profissional 
e fazerem cumprir o Código de Ética Profissional. É através desse Conse-
lho que o assistente social pode requisitar sua identidade profissional.
Para conhecer mais a 
respeito do CFESS, bem 
como publicações, notí-
cias, serviços e demais 
informações atualizadas 
a respeito da categoria, 
visite o site do Conselho.
Disponível em: http://www.cfess.
org.br/. Acesso em: 11 dez. 2020. 
Site
http://www.cfess.org.br/
http://www.cfess.org.br/
90 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
Art. 10. Compete aos CRESS, em suas respectivas áreas de ju-
risdição, na qualidade de órgão executivo e de primeira instân-
cia, o exercício das seguintes atribuições:
I - organizar e manter o registro profissional dos Assistentes 
Sociais e o cadastro das instituições e obras sociais públicas e 
privadas, ou de fins filantrópicos; 
II - fiscalizar e disciplinar o exercício da profissão de Assistente 
Social na respectiva região; 
III - expedir carteiras profissionais de Assistentes Sociais, fixan-
do a respectiva taxa; 
IV - zelar pela observância do Código de Ética Profissional, fun-
cionando como Tribunais Regionais de Ética Profissional; 
V - aplicar as sanções previstas no Código de Ética Profissional; 
VI - fixar, em assembleia da categoria, as anuidades que devem 
ser pagas pelos Assistentes Sociais; 
VII - elaborar o respectivo Regimento Interno e submetê-lo a 
exame e aprovação do fórum máximo de deliberação do con-
junto CFESS/CRESS. (BRASIL, 1993).
A Lei também determina a instalação de delegacias regionais su-
bordinadas ao CRESS em locais nos quais não é possível a instalação 
do órgão e ainda a possibilidade da instalação de delegacias seccionais 
dentro de sua área de jurisdição.
Art. 12. Em cada capital de Estado, de Território e no Distrito 
Federal, haverá um Conselho Regional de Serviço Social (CRESS) 
denominado segundo a sua jurisdição, a qual alcançará, res-
pectivamente, a do Estado, a do Território e a do Distrito Federal. 
1º Nos Estados ou Territórios em que os profissionais que 
neles atuam não tenham possibilidade de instalar um Conse-
lho Regional, deverá ser constituída uma delegacia subordina-
da ao Conselho Regional que oferecer melhores condições de 
comunicação, fiscalização e orientação, ouvido o órgão regio-
nal e com homologação do Conselho Federal. 
2º Os Conselhos Regionais poderão constituir, dentro de sua 
própria área de jurisdição, delegacias seccionais para desem-
penho de suas atribuições executivas e de primeira instância 
nas regiões em que forem instalados, desde que a arrecada-
ção proveniente dos profissionais nelas atuantes seja suficien-
te para sua própria manutenção. (BRASIL, 1993)
A Lei de Regulamentação da Profissão 91
De acordo com a Lei, foram criadas as delegacias seccionais ou nú-
cleos do Conselho Regional de Serviço Social (NUCRESS), que cumprem 
a importante função de aproximar os profissionais e facilitar a comuni-
cação da categoria com os CRESS.
Os CRESS, em conjunto com os NUCRESS, garantem a atualização de 
informações e os conhecimentos da área, criando espaços de debates 
e de estudos. Um dos eventos promovidos pelo CRESS é o de come-
moração ao dia do assistente social, no qual são discutidos temas de 
interesse do exercício profissional.
A princípio, os CRESS preocupavam-se somente com suas funções 
administrativas e financeiras que davam suporte à fiscalização. Poste-
riormente, ampliaram seu repertório atendendo às demandas dos pro-
fissionais relacionadas às condições de trabalho, à autonomia, à defesa 
do espaço profissional e à articulação política com outras entidades, 
em conjunto com o CFESS.
Procurando superar limites legais e financeiros, o Conjunto 
CFESS-CRESS aposta na construção coletiva por meio de debates e tro-
cas de experiências entre os CRESS. Inicia-se, então, uma série de en-
contros nacionais e regionais, em que abordam temas para além da 
fiscalização, relacionados à profissão, como seguridade social, comu-
nicação, ética etc.
O CFESS e os CRESS são órgãos bastante significativos para a cate-
goria, pois, para além das funções disciplinadora e fiscalizadora, atuam 
no sentido de aproximar os profissionais, atualizá-los e motivá-los, con-
tribuindo para a construção da identidade profissional.
Visite o site do CRESS 
do Estado em que você 
mora e conheça um 
pouco mais sobre esse e 
órgão, perceba as orien-
tações dadas, a atuação 
fiscalizadora, o cadastro 
profissional, como fazer 
denúncias profissionais 
e outras informações e 
atualizações a respei-
to da profissão. Veja 
também as cidades que 
abrigam os NUCRESS e 
como estes podem ser 
contatados. Um dos sites 
disponíveis, por exemplo, 
é o do CRESS do Estado 
do Paraná. Comece por 
ele e conheça um dos 
órgãos de representação 
da categoria. 
Disponível em: http://www.
cresspr.org.br/site/. Acesso em: 11 
dez. 2020. 
Site
4.4 Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa 
Vídeo A ABEPSS, criada em 1946, coordena e articula a formação da área. 
Anteriormente denominada ABESS, modificou seu nome para o atual 
em 1996, entendendo a necessidade da articulação entre gradua-
ção, pós-graduação, pesquisa e extensão, e de evidenciar a natureza 
científica da associação. Tanto que a entidade incorpora o Centro de 
Documentação e Pesquisa em Políticas Sociais (CEDEPSS), criado na 
década de 1980.
http://www.cresspr.org.br/site/
http://www.cresspr.org.br/site/
92 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
Com relação à importância da pesquisa no campo da ética, pode-
mos observar a argumentação da coordenadora da CEDEPSS:
Partindo do entendimento da pesquisa como instrumento fun-
damental e com função de apoio, a investigação da ética poderá 
possibilitar aos assistentes sociais o conhecimento em profundi-
dade dos fenômenos sobre os quais ele intervém, a instrumenta-
lização teórica para uma ação comprometida, o questionamento, 
não só do produto teórico nessa área, tentando superá-lo, mas 
igualmente do processo de produção do conhecimento e da 
ação efetiva sobre a realidade. Essa relação entre produção de 
conhecimento e ação interventora, estando a primeira a serviço 
da segunda, configura uma possibilidade de verificação do co-
nhecimento produzido e de contribuição para uma prática pro-
fissional consciente e consequente. (RAIZER, 2001, p. 149)
A entidade tem alcance nacional e possui associados institucio-
nais e individuais. Os primeiros são as unidades de formação acadê-
mica que devem prezar por um processo formativo contemplando 
os princípios do Código de Ética, das Diretrizes Curriculares da asso-
ciação e da Política Nacional de Estágio. Também podem se associaros profissionais e os estudantes que compartilham as bandeiras de 
luta da entidade.
Em conjunto com o CFESS, os CRESS e a ENESSO, a associação com-
põe um coletivo contra a precarização do ensino superior e a favor da 
defesa da universidade pública, democrática, gratuita e laica.
A associação, em toda sua trajetória, prezou pelo processo demo-
crático de construção coletiva da formação profissional ao movimen-
tar os debates a nível nacional, regional e nas unidades de formação. 
Esse direcionamento democrático também é incentivado pela entidade 
por meio de encontros, como os fóruns e as oficinas regionais e nacio-
nais, as pesquisas e os debates promovidos pela entidade. Todos esses 
espaços são oportunidades de pensar uma formação profissional de 
acordo com Diretrizes Curriculares e com a Política Nacional de Estágio, 
diante de um cenário de expansão do capital e da precarização da for-
mação e do trabalho profissional.
Visite o site da ABEPSS e 
conheça um pouco mais 
a respeito da entidade. 
Veja quais são os planos 
de luta, como filiar-se, 
as informações sobre 
cursos, atualizações a 
respeito de encontros, 
congressos etc., além 
de ter acesso à revista 
Temporalis, com artigos 
produzidos por pesquisa-
dores da área. 
Disponível em: http://www.abepss.
org.br/. Acesso em: 11 dez. 2020. 
Site
http://www.abepss.org.br
http://www.abepss.org.br
A Lei de Regulamentação da Profissão 93
4.5 Executiva Nacional de Estudantes 
de Serviço Social 
Vídeo A ENESSO é um movimento de manifestação dos estudantes da 
área, um espaço livre, de articulação com outros movimentos sociais, 
de vivência da prática política, de reflexão a respeito das questões 
sociais e de manifestação das ideias em busca de um novo modelo 
de sociedade.
A entidade, no artigo 1º de seu estatuto, se reconhece como institui-
ção máxima de representação dos estudantes da área no país, definin-
do que as coordenações regionais e nacionais são eleitas anualmente 
por meio de encontros dos estudantes, o Encontro Regional de Estu-
dantes de Serviço Social (ERESS) e o Encontro Nacional de Estudantes 
de Serviço Social (ENESS). Nesse mesmo artigo, a entidade define suas 
bandeiras de luta anticapitalistas e revolucionárias, em prol da uni-
versidade pública, de qualidade e democrática, que garanta o acesso 
universal, inclusive às pessoas com deficiência, articulando-se com 
outros movimentos sociais na busca por um novo projeto societário, 
sem exploração de classe e inclusivo. Observe também o artigo 12 do 
Estatuto, que define as finalidades da ENESSO, a busca pela articula-
ção com outras entidades que representam a categoria e com outros 
movimentos sociais.
Art. 2º A ENESSO tem como finalidade: 
a) Fomentar e potencializar a formação político-profissional 
das/os estudantes de Serviço Social, bem como suas entidades 
representativas, através da realização de seminários, oficinas, 
participação nos pré-encontros e pós-encontros, material in-
formativo, construção de campanhas relativas às lutas estu-
dantis, da categoria e da classe trabalhadora; 
b) Promover e apoiar a construção e organização, onde não 
existam, das entidades de base, Centros Acadêmicos-CAs, Di-
retórios Acadêmicos-DAs e Diretórios Centrais dos Estudan-
tes-DCEs, além de fomentar a importância das secretarias de 
escola e fortalecer politicamente as já existentes; 
c) Promover e participar do debate acerca das demandas das/
os estudantes de Serviço Social; 
d) Promover e participar do debate acerca das demandas da 
classe trabalhadora; 
(Continua)
94 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
e) Compromisso com a busca permanente de contato e arti-
culação das/os estudantes de Serviço Social com a categoria 
das/os Assistentes Sociais, suas entidades regionais, nacionais 
e latino-americanas; 
f) Viabilizar a integração com movimentos populares e sociais 
classistas que fortaleçam as discussões anticapitalistas, an-
tirracistas, antipatriarcais e anti-LGBTIfóbicas. Desta forma, 
mantendo autonomia política e financeira em relação a esses, 
como forma de crescimento político das estudantes e de refor-
ço e ampliação das lutas desses movimentos; 
g) Consolidar o contato e articulação com as demais executi-
vas de curso, a fim de fortalecer o Movimento Estudantil com a 
participação efetiva da ENESSO na Federação Nacional de Exe-
cutivas de Cursos - FENEX discutindo, formulando e construin-
do novas alternativas de luta para o Movimento Estudantil; 
h) Compor a comissão organizadora dos encontros locais, es-
taduais, regionais, nacionais de Serviço Social junto com as es-
colas sede dos eventos, assim como também, participar dos 
encontros internacionais de Serviço Social, buscando a articu-
lação com as demais entidades da categoria para a realização 
dos mesmos.
(ENESSO, 2019, p. 4)
A movimentação e a articulação com outras entidades buscam dar 
voz à ENESSO e ganhar aliados na luta em defesa da formação e de 
políticas sociais.
A ENESSO começa a se constituir com base no I Encontro Nacio-
nal de Estudantes de Serviço Social (ENESS), que acontece na cidade 
de Londrina em 1978, contando com a participação de 24 escolas. A 
partir desse encontro, percebe-se a necessidade de se discutir a res-
peito da formação e da reformulação do currículo do curso de Serviço 
Social. Muitos outros encontros ocorreram ao longo dos anos, com 
o intuito de debater sobre temas acerca da realidade brasileira e a 
formação profissional.
Em 1981 inicia-se a discussão para a criação da Subsecretaria 
de Serviço Social (SESSUNE) junto à União Nacional dos Estudantes 
(UNE), e, em 1993, esta passa a se chamar ENESSO, pois a Executi-
va permitiria a autonomia perante à UNE. Além da Executiva, nesse 
mesmo ano foi criada a Secretaria de Formação Profissional e a Coor-
denação Nacional de Representação Estudantil da antiga ABESS.
A Lei de Regulamentação da Profissão 95
Atualmente a ENESSO está organizada em nível regional e nacional, 
dividida em sete regiões pelo país, e se baseia em seis eixos de pro-
posições, lutas e conhecimentos: conjuntura, universidade, movimento 
estudantil, formação profissional, combate às opressões e cultura.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Código de Ética e a Lei de Regulamentação da Profissão são apara-
tos organizadores e legais desa categoria profissional, fundamentais para 
a fiscalização e a defesa do espaço profissional, os quais caracterizam-se 
também como instrumentos que orientam e organizam a formação e o 
exercício profissional. Servem, portanto, de base para a atuação fiscalizado-
ra e disciplinar dos órgãos de representação profissional do Serviço Social, 
bem como de direcionamento político e de identidade profissional. Juntam-
-se em defesa da profissão as entidades que representam a formação aca-
dêmica e o movimento dos estudantes. Todas essas entidades têm como 
propósito zelar pela profissão, defendê-la e criar um senso de coletividade, 
de identidade profissional e de direcionamento ético e político.
ATIVIDADES
1. O processo histórico de instituição da Lei de Regulamentação da 
Profissão demonstra que a profissão em questão torna-se reconhecida 
ao deixar de atender aos interesses da Igreja. Reflita e responda: qual 
a relação do surgimento da Lei com o reconhecimento da profissão?
2. A Lei n. 8.622/93 surge da necessidade de revisão da Lei anterior, 
de 1957, refletindo as demandas sociais e políticas da época e do 
alinhamento com o pensamento da categoria. Por que a movimentação 
social foi um gatilho para se rever a Lei?
3. Os Conselhos que representam a profissão atuam muitas vezes em 
conjunto. Qual a importância dessa atuação conjunta?
96 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
REFERÊNCIAS
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profissão. 10. ed. rev. e atual. Brasília: Conselho Federal de Serviço Social, 2012.
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IAMAMOTO, M. V. Relações sociais e Serviço Social no Brasil: esboço de uma interpretação 
histórico-metodológica. 19. ed. São Paulo: Cortez; Lima, Peru: Celast, 2006.
EXECUTIVA NACIONAL DE ESTUDANTES DE SERVIÇO SOCIAL (ENESSO). Estatuto da 
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MANOEL, I. A. A ação católica brasileira: notas para estudo. Acta Scientiarum, Maringá, v. 21, 
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RAIZER, E. C. Formação profissional, ética e transformação social. In: BONETTI, D. A. et al. 
Serviço Social e Ética: convite a uma nova práxis. São Paulo: Cortez, 2001.
SILVA, M. V. Ética profissional: por uma ampliação conceitual e política. In: BONETTI, D. A. 
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8662.htm
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O Código de Ética do Serviço Social 97
5
O Código de Ética do Serviço Social
Neste capítulo conheceremos mais de perto o Código de 
Ética do Serviço Social vigente. Por meio da compreensão e 
análise dos valores e princípios do Código de 1993, entende-
remos um pouco mais a respeito da ética profissional da cate-
goria e sua importância para o exercício profissional cotidiano. 
Discutiremos algumas questões éticas enfrentadas pelo assis-
tente social em sua prática, além de apresentar um panorama 
das perspectivas profissionais na realidade contemporânea.
5.1 Valores e princípios do Código de Ética 
Vídeo O novo Código de Ética do Serviço Social foi aprovado pelas entida-
des representativas da profissão no ano de 1993, após um longo deba-
te, desde o ano de 1991, a respeito da ética profissional. Trata-se de um 
esforço coletivo da categoria no sentido de rever valores e princípios, 
bem como de regular a prática profissional cotidiana.
A fim de uma maior compreensão da necessidade da categoria de 
elaborar esse Código, é importante entendermos qual o significado da 
nova ética profissional e como se dá seu exercício profissional, resga-
tando a contribuição teórico-política dada pelo Código de Ética de 1986.
A ruptura de ideais filosóficos e éticos do Serviço Social e a perspectiva 
de um alinhamento com o projeto democrático de sociedade são gran-
des contribuições do Código de Ética de 1986, que inova também ao 
enfatizar a necessidade da denúncia de comportamentos éticos de ins-
tituições e profissionais, críticas que foram suprimidas devido a orien-
tações voltadas ao apaziguamento ou ajuste de uma situação (PAIVA; 
SALES, 2001).
Apesar dessas importantes inovações, o Código de Ética de 1986 
se mostrava insuficiente quanto aos aspectos teórico e filosófico e à 
98 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
normalização da conduta profissional cotidiana. O que se pretendeu 
com a revisão foi manter os preceitos do Código no sentido de ser um 
instrumento político e educativo, mas que também serva de fato como 
ferramenta normativa e punitiva, uma vez que no Código de 1986 se 
tinham instruções teórico-metodológicas de como deve ser a prática 
profissional, mas não os parâmetros do que não deve ser feito. 
Segundo Paiva e Sales (2001, p. 176, grifos do original), “o códi-
go precisa tematizar, na verdade, o dever ser: como a prática pode ser 
realizada de acordo com os princípios éticos definidos pelo projeto 
político-profissional, devendo recusar o que não é aceitável dentro do 
exercício do Serviço Social”. Esses parâmetros não estavam exatamen-
te definidos e, portanto, não poderiam dar as respostas necessárias 
aos problemas que se apresentavam no cotidiano profissional. O Có-
digo de 1993 procurou suprir essa demanda da categoria ao estabe-
lecer uma maior eficácia normativa e legal, dando o devido respaldo 
à conduta da profissão.
Toda conduta profissional precisa ser legitimada e vigiada pela so-
ciedade, pois o sentido do exercício da prática é o atendimento às de-
mandas do usuário. Dessa forma, não pode ter referência apenas na 
categoria, mas também no compromisso com a sociedade, entregando 
um serviço de qualidade com parâmetros uniformes. Nesse sentido, 
o Código atual vem suprir essa necessidade, estabelecendo norma-
lizações que visam à defesa da qualidade dos serviços prestados à 
sociedade, sem deixar de lado as conquistas já adquiridas no Código 
de 1986, mantendo seus princípios e valores afinados com o projeto 
profissional, na direção de ideais progressistas democráticos.
Ao abordar o tema do Código de Ética de 1993, Barroco e 
Terra (2012, p. 53) afirmam que:
o CE organiza em torno de um conjunto de princípios, de-
veres, direitos e proibições que orientam o comportamento 
ético-profissional, oferecem parâmetros para a ação cotidiana e 
definem suas finalidades ético-políticas, circunscrevendo a ética 
profissional no interior do projeto ético-político e em sua relação 
com a sociedade e a história. 
O Código de 1993 reflete os anseios da categoria, seus direitos e 
deveres, e estabelece vínculos com as prioridades da sociedade, por 
meio de seus princípios e valores, buscando fortalecer uma identidade 
profissional vinculada a um projeto de sociedade justa e democrática.
O Código de Ética do Serviço Social 99
Lig
ht
sp
rin
g/
Sh
ut
ter
sto
ck
O esforço realizado pelo novo Código está 
em definir valores éticos universais que 
orientam o assistente social em seus dile-
mas éticos no cotidiano profissional. Ele 
procura estabelecer um equilíbrio entre 
o individual e o coletivo, ou seja, regu-
lar os direitos e deveres que cabem ao 
exercício profissional, bem como os deve-
res dos usuários, de modo a conseguir resgatar 
o sentido mais autêntico da ética, o de articular e regu-
lar as dimensões técnica e política do fazer profissional 
e os conflitos inerentes a essas dimensões, entre o in-
dividual e o coletivo. Ao profissional cabe o esforço de aliar sua 
vontade de acordo com o compromisso ético, ao seu saber teórico 
e prático-crítico, com as necessidades e as possibilidades que se 
apresentam no cotidiano profissional (PAIVA; SALES, 2001).
A formulação do novo Código tem duas preocupações principais. A 
primeira é ser um instrumento de referência ético-política para a cate-
goria, no sentido de a qualificar, e de defesa da qualidade dos serviços 
do assistente social. A segunda é servir como ferramenta de defesa 
do exercício profissional, pela sua dimensão normativa e pelo respal-
do jurídico-legal. Desse modo, os artigos do Código têm a intenção de 
orientar os profissionais nas melhores escolhas e de combater as infra-
ções éticas relacionadas à profissão.
O Código de Ética faz referência a onze princípios fundamentais 
que servem de base para o comportamento ético-profissional da 
categoria. Eles são complementares, encadeados de modo a terem 
uma coerência entre si. Para Barroco e Terra (2012, p. 58), “todos 
os princípios estão conectados à lógica interna e à concepção ética 
que os fundamentam histórica e ontologicamente. Disso se conclui 
que, se algum princípio ou valor for analisado isoladamente [...], a 
compreensão da totalidade do CE será atingida”.
Para conhecermos mais de perto os princípios do Código de Ética de 
1993 (BRASIL, 2012, p. 23-24), a seguir realizaremos breves reflexões a 
respeito de cada um deles. 
Conheça o Código de 
Ética do/a Assistente Social 
na íntegra, em sua mais 
recente edição, com as 
alterações introduzidas 
pelas Resoluções CFESS 
n. 290/1994, 293/1994, 
333/1996 e 594/2011. 
BRASIL. Brasília: ConselhoFederal 
de Serviço Social, 2012. Disponível 
em: http://www.cfess.org.br/
arquivos/CEP_CFESS-SITE.pdf. 
Acesso em: 29 dez. 2020.
Leitura
http://www.cfess.org.br/arquivos/CEP_CFESS-SITE.pdf
http://www.cfess.org.br/arquivos/CEP_CFESS-SITE.pdf
100 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
I. Reconhecimento da liberdade como valor ético central e das 
demandas políticas a ela inerentes – autonomia, emancipa-
ção e plena expansão dos indivíduos sociais.
A liberdade de que trata esse princípio difere daquela presente 
no liberalismo, que resulta no individualismo. Ao contrário, refere-se 
à experiência da liberdade como uma construção coletiva, “dentro da 
perspectiva de que a plena realização da liberdade de cada um re-
quer a plena realização de todos” (PAIVA; SALES, 2001, p. 182). É uma 
concepção de indivíduo social com o objetivo de construir uma nova so-
ciedade, chocando-se com o sistema capitalista, excludente e limitador.
Compreendendo o significado de liberdade e autonomia, eman-
cipação e expansão dos indivíduos sociais, podemos nos perguntar 
como a liberdade se torna um problema no cotidiano do assistente 
social. Isso pode ocorrer quando questões objetivas limitam o dese-
jo do profissional de transformar uma situação, podendo incorrer 
em uma visão fatalista ou uma postura de inércia, que não contribui 
para a resolução do problema. O assistente deve estar ciente de seu 
comprometimento com a capacidade de reinvenção do cotidiano, que 
vem do equilíbrio entre seus conhecimentos técnico e político, levan-
do em conta o projeto profissional, com o intuito de promover trans-
formações diante da necessidade e realidade que se apresentam.
II. Defesa intransigente dos direitos humanos e recusa do arbí-
trio e do autoritarismo.
Esse princípio trata do posicionamento da categoria de vincula-
ção à luta pelos direitos humanos. Diante de um modelo neoliberal 
que aprofunda as desigualdades sociais, a violência emerge em to-
dos os sentimentos, assim como a exacerbação do individualismo, 
do autoritarismo etc.
Paiva e Sales (2001, p. 185) abordam essa questão esclarecendo aos 
assistentes sociais que se trata de:
empreendermos uma recusa e um combate nos espaços insti-
tucionais e nas relações cotidianas, diante de todas as situações 
O Código de Ética do Serviço Social 101
que ferem a integridade dos indivíduos e que os submetem ao 
sofrimento, à dor física e à humilhação. Como contraponto a 
essa lógica da perversidade e da omissão, os assistentes sociais 
devem se imbuir, pelo que o Código de Ética sinaliza, de um es-
pírito e de uma postura assentados numa cultura humanística e 
essencialmente democrática.
As autoras comentam também que essa é uma postura desafiado-
ra e corajosa, uma vez que o território de luta dos direitos humanos 
pode ser ameaçador.
III. Ampliação e consolidação da cidadania, considerada tarefa 
primordial de toda sociedade, com vistas à garantia dos direi-
tos civis sociais e políticos das classes trabalhadoras.
Esse princípio aborda um terreno fértil para o assistente social, o 
qual tem a oportunidade de promover ações em torno das políticas 
e dos direitos sociais. A cidadania da qual trata o Código ultrapassa 
a proposta do modelo liberal, que atribui parâmetros civis e políticos 
precários, de atenção apenas às necessidades básicas da população. 
O Código amplia o ideal de cidadania, trazendo a concepção de univer-
salização dos direitos sociais, políticos e civis, identificando a sua plena 
realização ao projeto societário defendido pelo assistente social.
Ao entendermos o seu significado podemos questionar como o 
assistente social pode dar sua contribuição. A solução mais adequa-
da é que sua intervenção pode se dar no campo da mediação de 
conflitos, procurando se engajar politicamente, de maneira a po-
tencializar as reivindicações sociais e trabalhistas, estabelecendo-as 
como direitos.
IV. Defesa do aprofundamento da democracia, enquanto so-
cialização da participação política e da riqueza socialmente 
produzida.
Esse princípio está intimamente ligado ao anterior, de defesa da ci-
dadania. A democracia defendida pelo Serviço Social não é a da política 
liberal burguesa, mas trata da ideia de socialização e distribuição da 
riqueza e da renda, em que exista a igualdade de acesso e de oportuni-
dade (saúde, moradia, educação, lazer, cultura). É uma forma ampliada 
de cidadania e de democracia que questiona a lógica capitalista.
102 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
Paiva e Sales (2001, p. 185), ao se referirem às possibilidades da 
prática democrática no exercício profissional, explicam que esta depen-
de da intencionalidade e do compromisso dos profissionais, afirmando 
que, “no âmbito da relação que se estabelece entre assistente social e 
usuário, ser democrático significa romper com as práticas tradicionais 
de controle, tutela e subalternização”. Além disso, as estudiosas apos-
tam na ampliação da participação do usuário nas decisões institucio-
nais, pois, “com apoio de recursos críticos e criativos, o Serviço Social 
pode investir numa tendência de autodesenvolvimento dos indivíduos 
sociais, capaz de conferir nova direção social às suas atividades – de 
planejamento, formulação e implementação de políticas sociais”.
V. Posicionamento em favor da equidade e justiça social, que 
assegure universalidade de acesso aos bens e serviços rela-
tivos aos programas e políticas sociais, bem como sua ges-
tão democrática.
Esse princípio diz respeito à defesa da categoria pela universalidade 
de direitos. Justiça social e equidade estão intimamente relacionadas, 
já que tratam de assegurar os direitos sociais, políticos e de oportuni-
dades, prezando pela igualdade, mas reconhecendo a diversidade cul-
tural e as diferenças sociais.
O amadurecimento da categoria fortaleceu a ideia da defesa de dis-
tribuição da riqueza produzida pela sociedade, de modo a atender a 
todos os cidadãos, sem distinção. Todo usuário deve ter acesso aos 
programas e às políticas sociais, já que se trata de um direito social, sen-
do fundamental que tome consciência desse poder para o reivindicar.
Apesar de o assistente social historicamente ser o profissional que 
faz a triagem entre os menos favorecidos, o seu papel está em apoiar 
toda a sociedade na luta pela universalização do acesso às condições 
dignas de vida, moradia, saúde, aposentadoria, dentre outros direitos, 
e pela inclusão do maior número de pessoas, mobilizando-se e utilizan-
do seu potencial na direção da equidade e justiça social.
VI. Empenho na eliminação de todas as formas de preconceito, 
incentivando o respeito à diversidade, à participação de gru-
pos socialmente discriminados e à discussão das diferenças.
O Código de Ética do Serviço Social 103
Temática central e nova em relação aos códigos anteriores, esse 
princípio levanta o tema da liberdade, dos direitos e das preferên-
cias individuais. Em seu cotidiano profissional, o assistente social está 
bastante próximo desse assunto, seja na relação com o usuário, com 
colegas ou profissionais de outras áreas. Podemos fazer o seguinte 
questionamento: como se opor de maneira ética diante das situações 
conflituosas de preconceito ou discriminação?
A acumulação de conhecimento sociopolítico e prático do 
profissional contribui para a conscientização e o exercício da tole-
rância e do respeito às diferenças, elementos importantes para al-
cançar um estado de democracia e liberdade. A postura profissional 
deve ser de reflexão, procurando se isentar da bagagem moral – que 
muitas vezes é interiorizada pela cultura cotidiana, sendo apenas re-
produzida –, e de bom senso, no sentido de uma práxis libertadora. 
A ação estratégica e a prática profissional de incentivo ao respeito e 
à diversidade, do debate em torno das diferenças e da participação 
de grupos excluídos socialmente, contribuem para a construção de 
uma cultura mais humana, democrática e pluralista.
VII. Garantia do pluralismo, através do respeito àscorrentes 
profissionais democráticas existentes e suas expressões 
teóricas, e compromisso com o constante aprimoramento 
intelectual.
Esse princípio surgiu como temática nos anos 1980, no interior do 
Serviço Social, quando diferentes linhas de pensamento estavam em 
disputa pelos direcionamentos atribuídos no projeto ético-político 
da profissão. Trata-se de uma concepção na qual devemos garantir 
a liberdade do posicionamento, da crítica e da discussão no inte-
rior do Serviço Social, entendendo que, apesar das tensões, preza-se 
pelo respeito e pela boa convivência entre as correntes de pensa-
mento da categoria, portanto, compatível com os ideais de liberda-
de, democracia e igualdade.
VIII. Opção por um projeto profissional vinculado ao processo de 
construção de uma nova ordem societária, sem dominação, 
exploração de classe, etnia e gênero.
104 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
Os direcionamentos da profissão no momento da construção do 
projeto ético-político, em sintonia com a classe trabalhadora e os 
demais movimentos sociais, são de luta e construção de um novo 
modelo de sociedade, pautado na liberdade, democracia, cidadania 
e justiça social.
Conforme Paiva e Sales (2001, p. 201):
o Código atual resguardou os princípios que permitiram a vincu-
lação explícita da profissão com os usuários dos serviços sociais 
e com a construção de um novo projeto societário, agora afinado 
com as múltiplas demandas inerentes a essa direção social, por-
tanto, respaldado por uma concepção de sociedade que preconi-
za o fim da dominação ou exploração de classe, etnia e gênero.
O Código de 1993 inova ao se dedicar às distinções de etnia e gêne-
ro, ampliando o campo de intervenção do assistente social ao atentar 
para as múltiplas configurações existentes na sociedade.
IX. Articulação com os movimentos de outras categorias profis-
sionais que partilhem dos princípios desse Código e com a 
luta geral dos/as trabalhadores/as.
Esse princípio está relacionado às demandas sociais, éticas e polí-
ticas da sociedade. A luta pela universalização de políticas sociais, ou 
seja, de condições dignas de trabalho e vida para todos os cidadãos, é 
também a luta da classe trabalhadora e do Serviço Social.
A trajetória de construção da ética e a participação política do 
Serviço Social são reconhecidas e mobilizam demais profissionais e co-
letivos em prol da luta geral dos trabalhadores.
X. Compromisso com a qualidade dos serviços prestados à po-
pulação e com o aprimoramento intelectual, na perspectiva 
da competência profissional.
A categoria vem investindo na produção do saber e da prática 
crítica, indo ao encontro da realidade histórica de lutas e demandas 
da sociedade. Desse modo, o profissional, em seu exercício cotidia-
no, pauta-se pela articulação do conhecimento, da atuação política 
e ética com a técnica. Assim, preza uma postura que promova o en-
riquecimento e crescimento profissional, e não o conformismo, e a 
O Código de Ética do Serviço Social 105
sua participação ativa em espaços de construção coletiva, discussão e 
formulação de políticas públicas.
A referência no Código quanto ao compromisso com os usuários e 
demais instituições sinaliza a oferta de programas sociais e a realização 
da categoria no sentido do esforço da qualificação e competência pro-
fissional com relação à “capacidade de crítica teórica, consistência his-
tórica mais refinamento político, habilidade para projeções estratégicas 
no desempenho de atividades técnicas e políticas, e mais, superação de 
perspectivas reducionistas e unilaterais” (PAIVA; SALES, 2001, p. 205).
XI. Exercício do Serviço Social sem ser discriminado/a, nem dis-
criminar, por questões de inserção de classe social, gênero, 
etnia, religião, nacionalidade, orientação sexual, identidade 
de gênero, idade e condição física.
Esse princípio assegura a proteção contra a discriminação tanto 
com relação ao usuário quanto ao próprio profissional. É um retomar 
da questão da liberdade e identidade na diferença, no sentido da não 
generalização dos dilemas ético-políticos que ocorrem no cotidiano, de 
modo a não cair em simplificações ou verdades absolutas, entendendo 
que do mesmo modo que não deve haver privilégios a determinados 
grupos sociais, também não deve haver exclusão. “Por trás da aceita-
ção plena do direito à sua identidade encontra-se a identidade de di-
reitos com todos aqueles que partilham dessa sociabilidade” (PAIVA; 
SALES, 2001, p. 206).
É preciso compreendermos que não se trata de conformismo ou to-
lerância, pois isso apenas reproduz as mesmas condições de exclusão e 
preconceito. Trata-se da incorporação de posturas e virtudes inconfor-
mistas e humanistas, levando à construção de uma práxis profissional 
pautada pela ética política.
Ao conhecer mais de perto o código atual, observamos que é um 
instrumento motivador para a categoria, no sentido do incentivo ao 
espírito de luta, na busca da defesa e construção, em conjunto com a 
sociedade, de práticas sociais mais igualitárias e emancipadoras. Além 
disso, vemos que as intenções prescritas no código podem se dar, se-
gundo o projeto ético-político da profissão, de acordo com esforços da 
própria categoria em busca de qualificação, organização e compromis-
so como cidadãos no desempenho de suas atividades.
106 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
5.2 Questões éticas no cotidiano profissional 
Vídeo O dia a dia do assistente social é marcado pelas contradições sociais 
vindas do sistema capitalista de dominação burguesa, que reproduz 
tanto a exploração socioeconômica quanto as várias formas de pre-
conceito, exclusão, discriminação e violência. Desse modo, a fim de 
desenvolver uma prática efetiva e coerente com o projeto ético-político 
da profissão e com o Código de Ética da categoria, o assistente precisa 
conciliar técnica e conhecimento teórico. Ou seja, é necessário estar 
qualificado para responder adequadamente às exigências de seu tra-
balho prático cotidiano.
De acordo com o pensamento marxista adotado pela categoria, a 
ação prática consciente, que alicerça valores emancipatórios e visa in-
terferir na realidade social, de modo a efetivá-los, denominada práxis, 
faz parte da ética. Barroco e Terra (2012, p. 71) entendem que, “por 
sua natureza, essa práxis exige certo grau de consciência e de compro-
metimento com motivações éticas de caráter genérico: exigências que 
remetem ao enfrentamento de conflitos da totalidade social”.
Todavia, sabemos que no cotidiano a práxis não ocorre de modo 
genuíno, pois sua objetivação implica a construção de uma socieda-
de liberta da dominação econômica e ideológica de classe, na qual 
os indivíduos podem fazer suas escolhas de modo livre, projetivo e 
equânime, contrário aos desafios impostos pelo modelo burguês. A 
vida cotidiana, no entanto, se reproduz com base em outra dinâmi-
ca, mais imediatista, que vai ao encontro de determinados valores e 
modos de vida, como o pragmatismo (pautar-se apenas pela repeti-
ção da prática cotidiana, pouca reflexão), o comportamento acrítico, 
a heterogeneidade (quando não leva em consideração as singulari-
dades dos indivíduos).
Com a socialização, ou seja, os valores apreendidos dos meios so-
cial e cultural, o indivíduo incorpora, por meio de certo discernimento 
ético-moral, determinados hábitos e costumes que orientam seu com-
portamento social. Porém, essa assimilação está sujeita a exigências e 
valores socialmente legitimados, que fazem parte do seu cotidiano e se 
traduzem em escolhas e comportamentos que ficam restritos à singula-
ridade individual, ocorrendo a reprodução da moral cotidiana, de modo 
imediatista, sem que se reflita a respeito dos valores genérico-humanos 
que atendem às exigências da ética.
O Código de Ética do Serviço Social 107
Toda ação, estando embasada em uma ética ou não, é uma es-
colha e resulta em posicionamentos valorativos. Desse modo, a 
ação profissional pode se pautar em uma ética consciente, que vaiao encontro das necessidades sociais e de acordo com preceitos 
ético-políticos emancipatórios, assim como pode ocasionar um com-
portamento omissivo ou mesmo de negação desses valores.
A respeito da ética profissional, Barroco e Terra (2012) acreditam 
que o resultado de uma ação pode se dar de acordo com diversos ní-
veis de consciência e comprometimento, e, mesmo que limitados à 
dinâmica do cotidiano e à singularidade, existem possibilidades de am-
pliação do estabelecimento de outras conexões com novos modos de 
vida, que sugerem novas motivações e a modificação da dinâmica ime-
diatista cotidiana. O indivíduo pode se enriquecer por meio da reflexão, 
da tomada de consciência pelo conhecimento.
As autoras comentam que um fator que favorece a dinâmica da re-
petição acrítica é a burocracia institucional, uma vez que as instituições 
reproduzem a cotidianidade por meio da falta de crítica, do senso co-
mum, da fragmentação e da repetição, consolidando o cotidiano do 
imediatismo e limitando a ação profissional.
Além do cotidiano institucional há outro elemento que resulta 
em alienação: o comportamento do profissional. Este diz atender às 
exigências do Código de Ética, mas conduz sua ação de acordo com 
outros valores, que podem estar inconscientes e fazem parte de sua 
própria formação moral, incorporados durante a vida social e fami-
liar. A manifestação preconceituosa é um exemplo, já que se trata de 
uma ação antiética, mas que muitas vezes pode ser praticada pelo 
assistente social, o qual não está livre das influências sociais criadas 
na sua vida cotidiana, da ideologia dominante na sociedade ou mes-
mo da herança conservadora do Serviço Social.
O preconceito tem um resultado nocivo não somente para 
quem o sofre, mas também para quem o pratica, pois estreita as 
possibilidades de enriquecimento pessoal e de escolha, limitando 
a autonomia, já que é uma forma de alienação. Além disso, deve-
mos refletir que a atitude discriminatória do profissional para com 
o usuário traz consequências, sendo necessário estarmos cien-
tes da responsabilidade profissional, pois ela acaba submetendo 
o usuário a situações de desrespeito e impossibilidade de sua au-
tonomia, podendo chegar ao impedimento de seu atendimento. 
Uma leitura bastante elu-
cidativa do debate entre 
a ética e a experiência 
cotidiana pode ser encon-
trada no livro Ética, crime 
e loucura: reflexões sobre a 
dimensão ética no trabalho 
profissional, de Valeria 
Forti. A autora faz uma 
análise dialética, por meio 
de exemplos de ações 
profissionais cotidianas, 
da relação entre o com-
portamento profissional 
esperado (ético) e o que 
pode ocorrer no cotidiano 
diante de uma realidade 
pautada por um modelo 
de sociedade capitalista. O 
texto fornece elementos 
para a reflexão de posicio-
namentos e atitudes no 
exercício da profissão.
Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010.
Livro
108 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
Barroco e Terra (2012) esclarecem que essa situação não é rara e 
pode ser vista no cotidiano profissional, no interior das instituições, 
uma vez que nos dias atuais há um fortalecimento de posicionamen-
tos conservadores com relação, principalmente, a questões étnicas 
e raciais, ao aborto, ao uso de entorpecentes e tantas outras formas 
de exclusão e discriminação.
Batista (2003, p. 110 apud BARROCO; TERRA, 2012, p. 75, grifos 
do original) traz um exemplo bastante elucidativo da fala preconcei-
tuosa de duas assistentes sociais, que trabalham no sistema penal, 
a respeito da criminalização da juventude pobre da favela. Em seu 
depoimento, elas afirmam:
o local onde reside – área favelada – propicia o seu envolvimento 
com pessoas perniciosas à sua formação moral [...].
Interno oriundo de lar ilegalmente constituído, tendo sido autua-
do por práticas antissociais, ocorridas em consequência de ter se 
ligado a más companhias quando ia encontrar-se com o pai no 
morro de São Carlos. 
O relato é um posicionamento de cunho moralista e preconceituoso, 
já que parte de ideias preconcebidas e baseadas no senso comum, sem 
uma reflexão crítica acerca da realidade social, isto é, sem embasamento 
teórico e constatação prática, refletindo o despreparo profissional diante 
de uma questão social que é objeto de trabalho do assistente social. Ve-
mos ainda com esse exemplo a forma burocrática de funcionamento de 
algumas instituições, propensas ao conservadorismo e a rotinas de pro-
pagação de normas e valores acríticos, os quais são incorporados pelo 
quadro de funcionários.
Sendo assim, entendemos o profissional como um sujeito 
constituído de valores ético-morais, ou seja, que tem a capacidade de 
discernimento, racionalidade, de ter suas vontades etc. Essa competên-
cia é consciente quando o indivíduo se responsabiliza pelos seus atos, 
sabendo que podem ter consequências. 
O trabalho do assistente social abre possibilidades de escolhas de 
posicionamento diante da diversidade de situações e de pessoas que 
se apresentam em seu cotidiano. Desse modo, cabe a abertura de pen-
samento e a reflexão ao se deparar com valores e comportamentos 
que não são iguais aos seus. A questão que levantamos não é que o 
profissional deve passar a concordar com determinados valores que vão 
contra o seu posicionamento ético-moral, mas que é preciso os respeitar, 
pernicioso: nocivo, perigoso, 
prejudicial. Ou seja, pessoas 
que podem ser perigosas, noci-
vas ou prejudiciais à formação 
moral do indivíduo. 
Glossário
O Código de Ética do Serviço Social 109
entendendo que o outro tem direito às suas próprias escolhas. Trata-se 
do respeito à liberdade do outro, à equidade e à diversidade, princípios 
éticos que devem fazer parte de um posicionamento consciente.
O questionamento que colocamos é: como seria possível ao 
assistente social a não aceitação de valores diferentes dos seus, uma 
vez que se depara, em seu cotidiano, com problemas sociais de cunho 
moral? Situações como uso de drogas, aborto, abusos e muitas outras 
exigem que o profissional desenvolva uma flexibilidade de pensamen-
to, além da qualificação teórica e técnica.
Barroco e Terra (2012, p. 78) argumentam que muitas vezes o usuá-
rio está submetido a situações discriminatórias e preconceituosas dian-
te da necessidade de utilização dos serviços institucionais. Para elas:
as diversas práticas profissionais e suas responsabilidades ten-
dem a ser dissolvidas no interior da burocracia institucional, 
na medida em que uma mesma situação é atendida, de forma 
fragmentada, por diferentes agentes, sem que nenhum detenha 
o processo em sua totalidade e assuma a responsabilidade inte-
gral pelo mesmo. O caminho percorrido pelo usuário – desde a 
solicitação do serviço até a obtenção do direito é, em geral, um 
verdadeiro calvário de idas e vindas entre instituições, em que 
não raras vezes enfrentam situações de descaso e humilhação.
Ao assistente social cabe também prezar pela consciência ética e 
pela responsabilidade, realizando a denúncia, uma vez que a omis-
são, apesar de parecer a princípio um posicionamento neutro, é na 
verdade uma atitude pautada em valores, pois contribui para a re-
produção de comportamentos transgressores. A prática da denúncia 
está prescrita no Código de Ética, sendo dever do assistente social 
diante de qualquer tipo de agressão ou desrespeito, tanto à integri-
dade física quanto à social e mental do cidadão. Porém, precisamos 
observar que a denúncia se torna mais eficiente e menos onerosa ao 
profissional se feita de maneira coletiva, por meio dos órgãos de re-
presentação da categoria e da articulação com outros profissionais 
que fazem parte daquele contexto e de suas entidades, buscando 
estratégias coletivas para enfrentar a situação.
A questão da ética relacionada aos direitos humanos faz parte do 
cotidiano profissional do assistente social, e está prevista no Código 
de Ética da categoria. O Serviço Social entende que a defesa dos di-
reitos humanos está intimamente relacionada à realidade histórica110 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
Tinnakorn jorruang/Shutterstock
da sociedade capitalista e à luta dos trabalhadores em prol de 
melhores condições de vida e de repúdio a todo tipo de domi-
nação e discriminação. A luta pelos direitos humanos só ocorre 
porque os direitos perseguidos não estão assegurados de 
outra forma, revelando que sua existência se dá como 
consequência de um sistema social e econômico 
que não garante a integridade da pessoa humana.
Percebemos que a luta dos trabalhadores 
está em consonância com a defesa dos di-
reitos humanos, uma vez que, para além das 
lutas e conquistas de direitos sociais, econômi-
cos e culturais, os setores trabalhistas são contrários 
a todo tipo de opressão, dominação e discriminação, 
ampliando sua pauta em defesa da proteção dos excluídos 
da condição social de existência e incorporando grupos e sujeitos 
em situações calamitosas, como refugiados, crianças etc.
Na contemporaneidade, processos de desumanização vêm 
ocorrendo com mais frequência, atingindo todos os setores so-
ciais. Barroco e Terra (2012, p. 64) afirmam que:
a partir da década de 1990, a violação de DH cresceu vertiginosa-
mente por meio de assassinatos, chacinas, execuções sumárias, 
desaparecimentos forçados, envolvendo crianças e adolescen-
tes, trabalhadores sem-terra, mulheres, jovens, negros, grupos 
LGBT, população de quilombolas, indígenas, moradores de fave-
las. Essas práticas têm sido legitimadas por parte da sociedade, 
de setores conservadores, do Estado policial e da mídia sensacio-
nalista, contribuindo para que os DH sejam repudiados e trata-
dos como direitos de “bandidos”.
O crescente número de situações dessa natureza rebate no tra-
balho cotidiano do assistente social, que cada vez mais presencia 
situações de barbárie.
A categoria entende que a defesa dos direitos humanos se aproxi-
ma do debate ético-político do Serviço Social, pois enxerga o processo 
histórico de desumanização provocado pela lógica capitalista. Assim, ca-
bem o debate e a defesa dos direitos humanos, já previstos nos princí-
pios do Código de Ética de 1993, percebendo a importância estratégica 
dessa luta para o atendimento das necessidades e dos interesses dos 
O Código de Ética do Serviço Social 111
usuários. A categoria envolve-se nessa luta por meio da articulação com 
outros movimentos sociais, da ampla divulgação como instrumento de 
visibilidade e defesa dos direitos humanos, de campanhas que tocam 
em temas como racismo, gênero, orientação sexual etc. e da inserção da 
temática junto à defesa de direitos dos trabalhadores.
5.3 As perspectivas para a área de 
Serviço Social 
Vídeo
 
De modo geral, o mercado profissional, incluindo os assistentes so-
ciais, sofre os impactos das transformações econômicas e sociais do mo-
delo neoliberal, que modifica as relações entre o Estado e a sociedade civil.
O maior empregador do assistente social é o setor público, prin-
cipalmente a administração direta, junto às esferas estaduais e mu-
nicipais. Contudo, a categoria vem sofrendo com as consequências 
da chamada reforma do Estado. Iamamoto (2000, p. 120) explica que 
se trata da mudança de rumos governamentais a respeito das de-
mandas sociais, considerando que o “Estado deve deixar de ser o 
responsável direto pelo desenvolvimento econômico e social para 
se tornar promotor e regulador desse desenvolvimento, transferindo, 
para o setor privado, as atividades que possam ser controladas pelo 
mercado”. Esse movimento vai na direção da privatização de empre-
sas estatais e na descentralização de serviços de saúde, educação, 
cultura e pesquisa. A ideia da “publicização” (linguagem governa-
mental para descentralização) é que o Estado passe de executor di-
reto de alguns serviços sociais a apenas subsidiário deles.
Certos órgãos ligados diretamente ao Estado, como as autar-
quias, passaram a ser administrados por contratos de gestão, 
transformando-se em agências executoras, e as fundações em orga-
nizações sociais, funcionando como entidades de direito privado, com 
poderes de efetivar contratos com o governo a fim de receber dota-
ção orçamentária. Sofrem também os campos da seguridade social, 
da educação e da saúde, que ficam sujeitos à regulação do mercado, 
mesmo que subsidiados pelo orçamento público.
112 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
Ao deixar de cumprir sua função social, o Estado delega essas prer-
rogativas para outras organizações da sociedade, que passam a geren-
ciar a execução das políticas e dos serviços sociais, tais como as ONGs 
e o ramo empresarial.
As consequências desse modelo de gestão estatal são a precari-
zação do trabalho e o desemprego, em razão das terceirizações por 
contrato temporário e sem garantia de direitos, da demissão de funcio-
nários, da redução de salários, da falta de incentivos, além da diminui-
ção das possibilidades de abertura de concursos públicos.
Por outro lado, toda essa movimentação governamental trouxe 
uma tendência à interiorização das demandas regional e local, fator 
que está gerando novas possibilidades de trabalho para o assistente 
social. De acordo com Iamamoto (2000, p. 123), a assistência social, 
campo de trabalho do assistente social, foi reconhecida constitucional-
mente como política pública, desse modo:
a municipalização das políticas públicas vem redundando em uma 
ampliação do mercado profissional de trabalho. Abriram-se novos 
canais de ingerência da sociedade civil organizada na formulação, 
gestão e controle das políticas sociais, representando uma amplia-
ção das possibilidades de trabalho profissional. Um dos mecanis-
mos privilegiados forma os Conselhos de Saúde, Assistência Social 
e Previdência, nos níveis nacional, estadual e municipal, assim 
como os Conselhos Tutelares e Conselhos de Defesa de Direitos 
dos segmentos prioritários para a assistência social: Criança e 
Adolescente, Idoso e Deficiente.
A autora também comenta que a participação da sociedade civil 
nas questões públicas pode redundar em situações já conhecidas, em 
que se utiliza a máquina pública para interesses próprios, assim como 
podem existir planejamentos e projetos nos quais haja realmente en-
volvimento. O importante é a possibilidade de compartilhamento do 
poder decisório com a sociedade civil, junto ao planejamento e à ges-
tão de políticas e programas sociais. Daí decorrem novas demandas 
de trabalho para os assistentes sociais, que se expressam, confor-
me Iamamoto (2000, p. 124):
na implantação de políticas públicas e na capacitação de conse-
lheiros; na elaboração de planos de assistência social; na orga-
nização e mobilização popular em experiências de orçamentos 
participativos; na assessoria e consultorias no campo das políti-
cas públicas e dos movimentos sociais; em pesquisas, estudos e 
planejamento sociais, dentre inúmeras outras.
O Código de Ética do Serviço Social 113
No campo da gestão de políticas públicas, no entanto, leva-se em 
consideração mais a qualificação do profissional do que somente o di-
ploma. Portanto, concorrem junto ao assistente social profissionais de 
outras áreas para a mesma função, tais como sociólogos e pedagogos. 
O mercado de trabalho competitivo demanda altos níveis de qualifica-
ção profissional.
Outras mudanças que vêm ocorrendo no mercado são as parcerias 
entre o Estado e as ONGs, uma vez que a União transfere as respon-
sabilidades para a sociedade civil. As ONGs atuam no gerenciamento e 
nas formulações de programas e projetos sociais; no entanto, muitas 
vezes são de caráter temporário, refletindo no tipo de contratação dos 
prestadores de serviço, que ficam desprotegidos com relação a direitos 
trabalhistas e sociais.
Algo que também vem ocorrendo no mundo contemporâneo é a 
entrada das organizações empresariais no campo da assistência so-
cial, por meio de ações consideradas sociais. Trata-se de empresas que 
investem fortunas em projetos sociais que beneficiam determinados 
grupos populacionais.Elas são incentivadas pelo benefício fiscal dado 
pelo governo e impulsionadas pelo lucro gerado pelo marketing. A ima-
gem de instituição solidária, compromissada com a sociedade, em luta 
contra a pobreza e a favor da natureza, dá a mesma legitimidade social, 
aumentando seus lucros. 
Esse caráter do benefício público atribuído às empresas não corres-
ponde à realidade, primeiro porque se trata de interesse privado e não 
público, ou seja, o objetivo de fato é a acumulação de capital, de lucro; 
segundo porque, devido ao caráter privado da ação social empresarial, o 
acesso aos programas não é universal, voltado para a coletividade em ge-
ral, mas sim seletivo, que obedece a critérios determinados pela empresa.
Outra esfera profissional para a qual o assistente social tem sido 
requisitado é a área de recursos humanos no interior das organiza-
ções. A atuação do profissional consiste no trabalho com programas de 
qualidade de vida no trabalho, clima social, prevenção de riscos sociais, 
gerenciamento participativo, reengenharia, sindicalismo, administra-
ção de benefícios etc. Mas algumas exigências solicitadas aos profissio-
nais, relacionadas às suas habilidades e qualidades pessoais, não são 
atreladas diretamente ao seu campo de conhecimento, entre elas, cria-
tividade, liderança, fluência verbal, desembaraço, sintonia com as rápi-
114 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
das mudanças no mundo dos negócios. Além disso, é preciso mostrar 
habilidades e conhecimentos nas funções de recrutamento e seleção, 
treinamento e desenvolvimento, avaliação de desempenho, benefícios 
etc. (IAMAMOTO, 2000).
No campo das organizações o assistente social também tem sido 
chamado para desenvolver programas voltados à saúde do trabalha-
dor e à coordenação de escolarização, bem como ao trabalho junto à 
equipe interdisciplinar.
Todas essas atribuições exigem qualificação profissional para que o 
assistente possa atuar de acordo com as necessidades do mundo atual 
competitivo, respondendo às atribuições de planejamento, gerencia-
mento e coordenação de projetos e programas sociais.
Para além do mercado de trabalho, a capacitação profissional está 
relacionada à sua ação ética no exercício da profissão. Barroco e Terra 
(2012, p. 75) comentam que “a capacitação profissional é necessária 
para o desvelamento da realidade em face das implicações éticas do 
agir profissional, dos conflitos éticos presentes no cotidiano profissio-
nal, dos impasses diante de escolhas de valor”.
O conhecimento traz repertório para que o profissional possa ques-
tionar de maneira crítica seus próprios valores e os valores presentes 
nas organizações, sejam elas empresariais, públicas ou do terceiro setor, 
e se perguntar se eles estão em consonância com a realidade e as ne-
cessidades do público-alvo, questionando também como adequar certa 
situação para que realmente atenda às expectativas dos envolvidos.
O posicionamento profissional ético e as ações práticas são os ele-
mentos que consolidam os valores éticos, sendo que estes são construí-
dos de modo coletivo, por meio das decisões dos membros da categoria, 
da materialização do projeto ético-político e da constituição do Código 
de Ética profissional. As ações práticas expressam o perfil profissional, 
que se baseia em orientações normativas, teóricas e valorativas, que dão 
suporte necessário à conduta profissional do assistente social e, em con-
trapartida, exigem determinada postura, o ethos profissional. Barroco e 
Terra (2012, p. 76), a respeito das exigências do Código de Ética de 1993 
sobre a postura profissional do assistente social, elucidam que:
se traduzirmos os deveres do CE de 1993 veremos que ele exige de-
terminado ethos profissional: espera-se que o assistente seja com-
petente, que exerça uma postura democrática; portanto, que não 
O Código de Ética do Serviço Social 115
seja autoritário, preconceituoso e discriminatório, que se capacite 
continuadamente, que seja respeitoso com seus colegas e com a 
população atendida, que seja responsável pela viabilização de di-
reitos, por articulações políticas, no âmbito institucional e com as 
entidades profissionais e os movimentos sociais, entre outros. Em 
resumo: exige-se um profissional crítico, teoricamente qualificado e 
politicamente articulado a valores progressistas.
A capacitação contínua profissional, portanto, é de responsabili-
dade do profissional e das entidades representativas, pois o exercício 
cotidiano irá impactar diretamente a vida dos usuários. Desse modo, 
o Código de Ética prevê o aprimoramento profissional constante, 
bem como o compromisso com a qualidade dos serviços prestados, 
por meio da capacitação intelectual, para que o assistente social pos-
sa atuar de acordo com as competências exigidas na Lei e no Código. 
Às entidades que representam a categoria também compete essa res-
ponsabilidade, no sentido de organização e fortalecimento profissional 
dos trabalhadores.
O Serviço Social está intimamente relacionado a determinantes éti-
cos construídos pela categoria ao longo de sua história. Assim, a ética 
profissional deve embasar o comportamento do assistente social no 
interior de instituições públicas ou privadas. Apesar disso, sabemos 
que a realidade do exercício profissional se choca com as bases e os 
princípios éticos estabelecidos. Entendemos ainda que o profissional 
do Serviço Social está inserido na divisão social do trabalho, como ou-
tras categorias profissionais, caindo por terra quaisquer mistificações 
anteriores de “profissão privilegiada”. 
Esse profissional está sujeito às exigências do mercado de trabalho 
globalizado, bem como ao cumprimento de suas funções junto a organi-
zações que, como qualquer sujeito individual ou coletivo, querem fazer 
cumprir seus valores e princípios, que muitas vezes não são os mesmos 
do próprio profissional ou os estabelecidos pela categoria. Diante des-
se cenário, cabe ao assistente social se capacitar, a fim de demonstrar 
suas competências, utilizando seus conhecimentos e sua criatividade 
para transformar situações que efetivamente beneficiem os usuários. 
Essa postura não depende da boa intenção do profissional, mas sim 
do seu conhecimento técnico e teórico, sentindo-se pertencente a uma 
categoria e representado por ela.
116 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Código de Ética do Serviço Social de 1993 traz os princípios funda-
mentais que dão sustentação ao posicionamento ético-político profissional. 
O conhecimento e a análise desses ideais são essenciais para o entendi-
mento efetivo dos valores construídos pela categoria em sua trajetória his-
tórica, situando o profissional com relação ao arcabouço ético-teórico da 
profissão, que define as ações profissionais. Diante desse conhecimento, 
o assistente social deve refletir a respeito do conflito existente entre a rea-
lidade presente em uma sociedade capitalista e o cumprimento da ética 
profissional, bem como as possibilidades e perspectivas de trabalho e a sua 
postura diante dos desafios do mundo contemporâneo.
ATIVIDADES
1. O Código de Ética do Serviço Social de 1993 estabelece os princípios 
fundamentais construídos coletivamente pela categoria ao longo de 
sua trajetória profissional. Conforme o que você entendeu, reflita e 
discorra sobre como se deu a construção desses princípios e a sua 
importância para o assistente social.
2. O exercício cotidiano da profissão revela uma dualidade entre a ética 
profissional e a moral presente em uma sociedade burguesa. Um 
exemplo dessa dualidade, que muitas vezes o profissional precisa 
enfrentar em seu cotidiano, é o preconceito. Diante desse dilema, 
reflita e responda: como o assistente social pode enfrentar essa 
realidade em seu exercício profissional?
3. O mercado de trabalho contemporâneo é dinâmico; abrem-se e 
fecham-se possibilidades para o assistente social. Reflita sobre essa 
questão e responda: de modo geral, quais as perspectivas profissionaispara os assistentes sociais?
REFERÊNCIAS
BARROCO, M. L. S.; TERRA, S. H. O Código de Ética do/a assistente social comentado. São 
Paulo: Cortez, 2012.
BRASIL. Código de Ética do/a assistente social. Brasília: Conselho Federal de Serviço Social, 
2012. Disponível em: http://www.cfess.org.br/arquivos/CEP_CFESS-SITE.pdf. Acesso em: 
29 dez. 2020.
IAMAMOTO, M. V. O Serviço Social na contemporaneidade: trabalho e formação profissional. 
3. ed. São Paulo: Cortez, 2000.
PAIVA, B. A.; SALES, M. A. A nova ética profissional: práxis e princípios. In: BONETTI, D. A. 
et al. Serviço Social e ética: convite a uma nova práxis. São Paulo: Cortez, 2001.
Gabarito 117
GABARITO 
1 A ética como fundamento do assistente social
1. Os assistentes sociais devem se orientar pelos direcionamentos éticos 
recebidos em sua formação profissional e que os tornam sujeitos 
sociais, ultrapassando mesmo a dimensão profissional. Como sujeito 
social, deve preocupar-se com o relacionamento com o outro, refletir 
sobre os seus valores e sobre a sua conduta profissional cotidiana, 
buscando se aproximar de valores éticos universais
2. O ethos profissional é o modo de ser profissional, constitui a autoimagem 
da profissão. A construção do ethos profissional do assistente social 
relaciona-se a fundamentos ético-morais, contudo atende também a 
necessidades sociais, recebendo influências das ideias culturais de uma 
dada sociedade em uma determinada época. Desse modo, as práticas 
profissionais são influenciadas não somente por expectativas sociais, já 
que são esperados dos profissionais determinados comportamentos 
em acordo com a moral estabelecida socialmente.
3. O projeto profissional é o reflexo de uma profissão, transmite valores 
que serão legitimados socialmente e que determinam práticas e 
normas norteadoras do comportamento profissional, além de balizar 
as relações dos profissionais com os usuários, com outras profissões e 
instituições e, notadamente, com o Estado.
2 Fundamentos filosóficos da ética profissional
1. Na filosofia neotomista a natureza humana já trazia em si mesma os 
valores do que é bom ou mau emanados de Deus. Portanto, a ética e 
os valores eram independentes da realidade social e o sujeito era visto 
fora de seu contexto histórico-social. Desse modo, as contradições e 
as desigualdades existentes na sociedade capitalista, bem como as 
lutas e as reivindicações advindas dela, eram fruto da má conduta de 
homens e mulheres, que precisavam ser reeducados moralmente, 
trabalho esse realizado pelos assistentes sociais.
2. O Código de 1993 trouxe direcionamentos teóricos com base na 
teoria de Marx da ontologia do ser social, contribuindo para uma 
formação ética, que leva em conta o sujeito social e a realidade em 
que está inserido, e para a prática profissional, que reflete a respeito 
118 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
das necessidades dos usuários. Além disso, a ética foi considerada a 
base principal de formação dos assistentes sociais, permeando todo o 
currículo acadêmico da categoria.
3. O modo de ser da sociedade burguesa é o modo dominante. Portanto, 
está presente em todos os níveis sociais, faz parte da socialização 
que o indivíduo recebe desde pequeno e que reproduz no dia a 
dia. O assistente social não está livre disso, pois também participa 
da sociedade e muitas vezes reproduz os valores da classe social 
burguesa. Por isso, a reflexão cotidiana da prática profissional é de 
grande importância, contribuindo para que o profissional leve em 
conta os direcionamentos éticos contidos no código de ética e no 
projeto ético-político da profissão.
3 Dimensão ético-política do profissional da 
assistência social
1. A fim de consolidar as conquistas do Serviço Social, tendo em vista a 
trajetória de luta e buscando garantir seu espaço profissional, o assistente 
social deve se posicionar de acordo com o compromisso ético da 
profissão, procurando meios de efetivar ações em benefício das pessoas.
2. Ao se aproximar do modo de vida, da cultura e das formas de luta 
dos usuários, o assistente social poderá identificar necessidades e 
elaborar, em conjunto com eles próprios, meios de os favorecer, seja 
pela viabilização de atendimentos para todos, seja pelas políticas 
públicas ou pelos movimentos de resistência.
3. Conforme a teoria marxista, a liberdade é algo objetivo e pressupõe 
que o indivíduo possa fazer suas escolhas livremente, de acordo com 
suas capacidades e possibilidades. A construção de um novo modelo 
de sociedade pressupõe sujeitos emancipados, autônomos, que 
busquem o desenvolvimento, a expansão. Isso só é possível por meio 
da democracia, da equidade e da justiça social.
4 A Lei de Regulamentação da Profissão
1. O reconhecimento e a legitimação da profissão se dão quando 
a categoria é demandada pelo Estado e pela iniciativa privada. 
Com base na inserção dos assistentes sociais nos departamentos 
estatais e na atuação deles na iniciativa privada, como uma 
categoria assalariada e inserida na divisão social do trabalho, torna-
se necessária a sua regulamentação.
Gabarito 119
2. O projeto democrático de sociedade que despontava na época 
incita questionamentos a respeito da cidadania, dos valores e dos 
direitos civis, refletindo nas profissões e incitando a construção de 
políticas públicas. Diante de novas demandas sociais e políticas e das 
novas possibilidades profissionais para a área, a categoria percebe 
a necessidade de rever as orientações da lei e de reorganizar as 
competências profissionais.
3. O conjunto CFESS-CRESS tem como objetivo principal fiscalizar, 
disciplinar e defender o exercício da profissão. Além disso, promovem 
a construção coletiva da categoria, organizando encontros e debates 
em torno de questões importantes para os assistentes sociais, como 
a defesa de seu espaço profissional, as condições de trabalho, a 
ética profissional, a seguridade social etc. e também promoverem a 
articulação política com movimentos sociais.
5 O Código de Ética do Serviço Social
1. A trajetória do assistente social foi de ruptura de preceitos 
conservadores e burgueses e de construção de um posicionamento 
ético-político voltado à transformação do modelo atual de sociedade, 
em prol do projeto societário que valoriza a justiça social e a equidade. 
Os princípios e valores instituídos pelo Código de Ética do Serviço 
Social vão ao encontro desses interesses e servem como orientação 
da conduta ético-profissional que o assistente social deve prezar na 
sua prática cotidiana.
2. Cabe ao assistente social conhecer os normativos éticos da profissão, 
que servem de orientação para o comportamento profissional, bem 
como estar aberto a questionar suas próprias certezas morais. Por 
meio de seu trabalho junto ao usuário e à organização, poderá elaborar 
estratégias de incentivo ao debate e à participação de minorias.
3. O profissional vem perdendo postos de trabalho no setor público 
em razão da reforma do Estado, que tem como um de seus 
direcionamentos a privatização das entidades públicas. Por outro 
lado, abrem-se novas possibilidades junto a empresas privadas, que 
investem em projetos sociais e nas quais o assistente social pode 
trabalhar no planejamento, gerenciamento e acompanhamento deles, 
seja no interior dessas organizações ou junto a entidades assistenciais 
financiadas pela iniciativa privada. O profissional pode exercer essas 
120 Regulamentação e Código de Ética do Serviço Social
mesmas funções nas ONGs e em outras entidades subsidiadas 
pelo Estado. Ainda nas empresas privadas, está sendo cada vez 
mais procurado para o trabalho na área de recursos humanos, de 
treinamento e desenvolvimento de pessoal. É possível também prestar 
assessoria em políticas públicas, junto a sindicatos, prefeituras e 
demais entidades públicas ou civis.
REGULAMENTAÇÃO E CÓDIGO DE ÉTICA DO SERVIÇO SOCIAL
VIVIANE BASSI
Código Logístico
59622
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-6697-1
9 7 8 8 5 3 8 7 6 6 9 7 1Página em branco
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