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Sumário
1.	Composição étnica do Brasil	2
1.1.	O branco	2
1.2.	O Negro	2
1.3.	O índio	2
1.4.	O pardo	2
1.5.	O mito das três raças	3
2.	Cultura	4
2.1.	Culinária	5
2.1.1.	A influência europeia na gastronomia brasileira	5
2.1.2.	A influência da África na gastronomia brasileira	6
2.1.3.	A influência Indígena na gastronomia brasileira	7
2.1.4.	O surgimento de uma gastronomia única	8
2.2.	Festas	8
2.2.1.	Carnaval	8
2.2.2.	Festa Junina	10
2.3.	Folclore	10
2.3.1.	Saci Pererê	10
2.3.2.	Iara	11
2.3.3.	Boto cor-de-rosa	11
2.3.4.	Curupira	12
2.4.	Música e dança	13
2.4.1.	Forró	13
2.4.1.1.	Baião	13
2.4.1.2.	Xote	14
2.4.1.3.	Xaxado	14
2.4.2.	Samba	14
2.4.3.	Frevo	15
2.5.	Religião	16
2.5.1.	Cristianismo	16
2.5.2.	Religiões de matriz africana: Candomblé e Umbanda	16
2.5.2.1.	Candomblé	17
2.5.2.2.	Umbanda	17
3.	Linguagem: Sotaques	18
4.	Referências	19
Composição étnica do Brasil
O Brasil, como se sabe, é um país com uma grande diversidade étnica, ou seja, apresenta uma elevada variedade de raças e etnias. Nesse caso, o termo “raça” não é compreendido em seu sentido biológico, mas sim em seus aspectos socioculturais de modo a diferenciar os grupos populacionais por características físicas externas, geralmente a cor e outros aspectos. Já o termo “etnia” costuma definir as populações com base também em suas diferenciações culturais e linguísticas, envolvendo também tradições, religiões e outros elementos. A diversidade étnica da população brasileira é caracterizada pela miscigenação, resultado de pelo menos 500 anos de história, em que aconteceu a mistura de basicamente três grupos, são eles: os índios (povos nativos), brancos (sobretudo portugueses) e os negros (escravos africanos). A partir da mistura das raças citadas, formou-se um povo composto por brancos, negros, indígenas, pardos, mulatos, caboclos e cafuzos. Desse modo, esses são grupos identificados na população do país.
Há, dessa forma, uma incontável variedade de tipos que definem a composição étnica do Brasil. Por exemplo, só de indígenas, segundo dados do IBGE, existem cerca de 305 etnias que pronunciam mais de 270 idiomas. Esse número é acrescido às diferentes ramificações de povos europeus, africanos, asiáticos e tantos outros que descenderam dos povos que migraram para o país durante o seu período histórico pós-descobrimento.
O branco
No Brasil, o percentual de pessoas consideradas brancas é de aproximadamente 54%, há uma concentração maior desse grupo étnico na região Sul (83%), seguida pelo Sudeste (64%). Os brancos, em sua maioria, são descendentes de imigrantes europeus que vieram para o Brasil, como os portugueses no século XVI e mais tarde, por volta do século XIX, italianos, alemães, eslavos, espanhóis, holandeses, entre outras nacionalidades de menor expressão. Em relação aos povos asiáticos, podemos destacar japoneses, sírios e libaneses.
O Negro
Os negros ou afrodescendentes têm sua origem a partir dos escravos que vieram para o Brasil entre os séculos XVI e XIX, fato que caracterizou como uma migração involuntária, tendo em vista que os mesmos não vieram por livre e espontânea vontade, mas forçados. Boa parte de nossa cultura, práticas sociais, religiões, tradições e costumes está associada a valores oriundos desses povos. Dentre as etnias africanas que vieram para o Brasil, destacam-se os bantos, os sudaneses e outras populações. No decorrer dos séculos citados, o país recebeu cerca de 4 milhões de africanos. Hoje, esse grupo étnico se concentra em maior número na região Nordeste e Sudeste, áreas onde se encontravam as principais fazendas de cana-de-açúcar e café.
O índio
Grupo étnico autóctones. Povos que habitavam o país antes da chegada dos colonizadores europeus, nesse período a população era estimada em aproximadamente 5 milhões de pessoas. Após séculos de intensa exploração, os índios praticamente foram dizimados. Atualmente, os índios se concentram quase que restritamente na região Norte, com cerca de 170 mil; e no Centro-Oeste, com aproximadamente 100 mil. Existem outros 80 mil dispersos ao longo de outras regiões brasileiras. Existem diversos grupos indígenas no país, entre os principais estão: Karajá, Bororo, Kaigang e Yanomani.
O pardo
Há de se registrar também a miscigenação dessas diferentes composições étnicas que habitam o Brasil. Por miscigenação entende-se a mistura das diversas etnias, que deu origem a novas populações que resguardaram traços físicos e também culturais de ambas as suas matrizes. Esse grupo é também conhecido como mestiço, em virtude da mistura entre brancos, negros e indígenas. Os mesmos produzem três variedades de miscigenação, dentre elas podemos destacar ainda os mulatos, oriundos da mistura entre brancos e negros, que respondem por cerca de 24% da população.
Já da mistura entre índios e brancos surgiram os mamelucos, considerados como os primeiros brasileiros no período após o descobrimento, respondem por aproximadamente 16% da população nacional. São encontrados especialmente no interior do país, onde se encontra a maioria dos grupos indígenas.
Temos ainda os cafuzos, mestiços oriundos da mistura entre negros e índios, dentre as variações de miscigenações ocorridas no Brasil, essa é a mais difícil de acontecer, tendo em vista que eles representam somente 3% da população. No país os cafuzos são encontrados especialmente na Amazônia, na região Centro-Oeste e Nordeste.
Mas é claro que essa divisão é apenas uma visão simplista, pois é impossível dizer que apenas essas etnias formam a população brasileira, conforme o “mito das três raças” (que tratarei a seguir) e suas derivações. Na verdade, existem centenas ou talvez milhares de agrupamentos diferentes ao longo do território brasileiro, de modo que qualquer classificação sempre restringirá a um certo limite algo que é muito mais amplo.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) classifica a população brasileira com base em cinco tipos diferentes de raças: os brancos, os negros, os pardos, os amarelos e os indígenas, cuja distribuição podemos observar no quadro a seguir, elaborado com base em informações obtidas pelo Censo Demográfico de 2010:
O mito das três raças
Na atualidade não existe nenhuma sociedade ou grupo social que não possua a mistura de etnias diferentes. Há exceções como pouquíssimos grupos indígenas que ainda vivem isolados na América Latina ou em algum outro lugar do planeta.
De modo geral, as sociedades contemporâneas são o resultado de um longo processo de miscigenação de suas populações, cuja intensidade variou ao longo do tempo e do espaço. O conceito “miscigenação” pode ser definido como o processo resultante da mistura a partir de casamentos ou coabitação de um homem e uma mulher de etnias diferentes.
A miscigenação ocorre na união entre brancos e negros, brancos e amarelos e entre amarelos e negros. O senso comum divide a espécie humana entre brancos, negros e amarelos, que, popularmente, são tidos como "raças" a partir de um traço peculiar – a cor da pele. Todavia, brancos, negros e amarelos não constituem raças no sentido biológico, mas grupos humanos de significado sociológico.
No Brasil, há o “Mito das três raças”, desenvolvido tanto pelo antropólogo Darcy Ribeiro como pelo senso comum, em que a cultura e a sociedade brasileiras foram constituídas a partir das influências culturais das “três raças”: europeia, africana e indígena.
Contudo, esse mito não é compartilhado por diversos críticos, pois minimiza a dominação violenta provocada pela colonização portuguesa sobre os povos indígenas e africanos, colocando a situação de colonização como um equilíbrio de forças entre os três povos, o que de fato não houve. Estudos antropológicos utilizaram, entre os séculos XVII e XX, o termo “raça” para designar as várias classificações de grupos humanos; mas desde que surgiram os primeiros métodos genéticos para estudar biologicamente as populações humanas, o termo raça caiu em desuso.
Enfim, "o mito das três raças" é criticado por ser considerado uma visão simplista e biologizante do processo colonizador brasileiro.
 CulturaAnalisando a história do povo brasileiro, desde sua origem, podemos identificar a formação da cultura desse povo. De imediato, percebe-se a quão rica ela é, pois é fruto de uma mistura de vários povos e etnias. Também fica evidente a quantidade de variações ocorridas ao longo da história, para que se chegasse à identidade cultural atual, além de estar em constantes modificações. Importante destacar que o Brasil, quando da sua formação cultural, encontrava-se num contexto histórico de ter sido descoberto e tornar-se colônia portuguesa, até conquistar sua independência e formar sua identidade nacional. Desta forma, verifica-se que os principais elementos da cultura brasileira decorrem da convivência dessa mistura étnica-cultural. Assim, sua identidade não decorre da história de um povo, mas da miscigenação cultural desses povos. A convivência entre esses povos possuía uma relação conflitante, pois baseava-se na exploração. Os portugueses, no topo dessa relação, utilizavam-se dos negros, como escravos, e índios para explorar as riquezas do Brasil colonial e retornar para a metrópole. Ademais eles não se viam como brasileiros e não possuíam nenhum sentimento de pertencerem às terras brasileiras.
Entretanto, não apenas gerou-se uma relação conflitante, mas também um novo tipo de povo, a partir das relações biológicas entre eles. Esses mestiços são os responsáveis por grande parte dos nossos padrões culturais, passando a ser identificados como brasileiros, até os dias atuais. Enfocando o estudo cultural, podemos destacar alguns pontos a serem observados, tipo: variedade de cor e raça, costumes, religião, hábitos alimentares e linguagem. Neste último, exemplificamos a região norte do país, caracterizada pela linguagem indígena, em contraposição ao sul do país, onde é ensinado o idioma alemão em alguns povoados do interior da região. Portanto, pode-se concluir que a cultura brasileira decorreu a partir de uma relação étnica conflitante e que durante essa convivência houve uma miscigenação de povos, os mestiços. Estes são os responsáveis pela formação cultural do Brasil.
A cultura brasileira, assim como a formação étnica do povo brasileiro, é vasta e diversa. Nossos hábitos culturais receberam elementos e influências de povos indígenas, africanos, portugueses, espanhóis, italianos e japoneses, entre outros, devido à colonização, à imigração e aos povos que já habitavam aqui. São elementos característicos da cultura brasileira a música popular, a literatura, a culinária, as festas tradicionais nacionais, como o Carnaval, e as festas tradicionais locais, como as Cavalhadas de Pirenópolis, em Goiás, e o Festival de Parintins, no Amazonas.
A religião, como elemento cultural, também sofreu miscigenação, formando o que chamamos de sincretismo religioso. O sincretismo religioso brasileiro reúne elementos do candomblé, do cristianismo e das religiões indígenas, formando uma concepção religiosa plural.
 Culinária
A culinária do Brasil é fruto de uma mistura de ingredientes europeus, indígenas e africanos. Muitos dos componentes das receitas e técnicas de preparo são de origem indígena, tendo sofrido modificações por parte dos portugueses e dos escravos oriundos da África. Esses faziam adaptações dos seus pratos típicos substituindo os ingredientes que faltassem por correspondentes locais. A feijoada à brasileira, prato típico do país, é um exemplo disso. Os escravos trazidos ao Brasil desde meados do século XVI somaram à culinária nacional elementos como o azeite de dendê e o cuscuz. E as levas de imigrantes recebidas pelo país entre os séculos XIX e XX, vindos em grande número da Europa, trouxeram algumas novidades ao cardápio nacional e concomitantemente fortaleceram o consumo de diversos ingredientes.
A alimentação diária, feita em três refeições, envolve o consumo de café com leite, pão, frutas, bolos e doces no café da manhã, arroz e feijão no almoço — refeição básica do brasileiro, aos quais são somados, por vezes, o macarrão, a carne, a salada e a batata — e, no jantar, sopas e também as várias comidas regionais.
As bebidas destiladas foram trazidas pelos portugueses ou, como a cachaça, fabricadas na terra. O vinho é também muito consumido, por vezes somado à água e açúcar. A cerveja por sua vez começou a ser consumida em fins do século XVIII e é hoje uma das bebidas alcoólicas mais comuns.
As culinárias regionais mais visíveis pertencem aos estados de Minas Gerais e Bahia, sendo a culinária mineira marcada pela influência europeia em iguarias e laticínios como o feijão tropeiro (também um prato da cozinha paulista), o pão de queijo (que equivale à chipa paraguaia, diferindo no formato) e o queijo de minas frescal, e a culinária baiana pela presença de quitutes africanos como o acarajé, o abará e o vatapá. Já a culinária de Pernambuco destaca-se pela chamada "doçaria pernambucana", ou seja, os doces desenvolvidos durante os períodos colonial e imperial nos seus engenhos de açúcar como o bolo de rolo, o bolo Souza Leão e a cartola, e também pelas bebidas e iguarias salgadas descobertas ou provavelmente originadas no estado a exemplo da cachaça, do beiju e da feijoada à brasileira.
Nós brasileiros somos frutos de uma intensa miscigenação de povos e culturas, o que fez com que nosso país seja o berço de muitas criações e movimentos culturais. Por isso, o que não faltam são opções em nossa gastronomia, que abrangem desde pratos com frutos do mar requintados, até pratos com carnes, vegetais, doces e bebidas. Nosso cardápio diversificado é em decorrência das diversas interações de diferentes povos que por aqui passaram.
No Brasil, imigrantes europeus, orientais, escravos africanos e nativos indígenas trocaram e fundiram técnicas gastronômicas e receitas, dando origem ao a culinária brasileira, que pode ser considerada uma das mais diversificadas do mundo.
 A influência europeia na gastronomia brasileira
A gastronomia brasileira já podia ser considerada muito peculiar antes mesmo da chegada dos europeus em nosso continente. Entretanto, no século XVI, foi quando chegaram os primeiros europeus, e pode se considerar aí o primeiro e grande choque de cultura gastronomia em nosso território. Os portugueses que chegaram estavam acostumados com comidas que durava toda a longa travessia do Atlântico. Assim, eles apresentaram aos índios nativos comidas como toucinho, carnes secas, cerveja e peixes salgados. Alimentos como a batata, tomates, molhos e a farinha de trigo vieram anos depois, durante o período de colonização portuguesa. Porém se tornaram ainda mais populares e presentes em nossa culinária na virada do século XX, com a chegada dos imigrantes italianos.
Dos imigrantes chegados ao Brasil do século XIX ao início do século XX, como alemães, italianos, espanhóis, sírio-libaneses, japoneses, foram os alemães e italianos que deixam maiores influências na culinária nacional. Os alemães não muito numerosos, vindos de diferentes regiões da Alemanha e limitados ao Sul e Sudeste do país apenas reforçam o consumo de gêneros já utilizados pelos portugueses como a cerveja, a carne salgada, sobretudo de porco, e as batatas. Ao mesmo tempo em que mantêm o consumo de alguns gêneros como as salsichas, a mortadela, o toucinho e a cerveja, mostram-se adaptativos substituindo o que lhes falta da terra natal por matérias-primas locais. As comidas típicas da Alemanha não se difundem pelo país. Os italianos por sua vez, em maior número e mais espalhados pelo território nacional conseguem impor as massas de farinha de trigo e os molhos. O macarrão italiano tornou-se alimento complementar, ao lado da farofa, do feijão, do arroz e das carnes. Além do macarrão, outras massas italianas foram trazidas como a pizza, o ravioli e a lasanha e outras comidas que não são massas como os risottos e a polenta. Divulgaram também o sorvete como doce e sobremesas. Fortaleceram o gosto pelo queijo, usado em todas as massas, tanto que o queijo passa a ser consumido junto com doces e frutas, como com a goiabada, ou sozinho, assado.
Mas, não foram apenasos europeus que trouxeram contribuições para a nossa gastronomia, pois, em troca dessas iguarias, os europeus conheceram os alimentos como a mandioca, o milho, verduras, diversos tipos de peixes, legumes e frutas que eram cultivados pelos indígenas.
 A influência da África na gastronomia brasileira
Apesar de ser uma era de muita vergonha e sofrimento para o nosso país, já que o Brasil teve escravidão por 400 anos, o período escravocrata também foi muito importante para a formação da cultura e do povo. Coisas famosas e comuns atualmente como o samba, a capoeira e o candomblé são alguns dos exemplos e da herança africana em nossa cultura. Na nossa gastronomia, essa influência é notada em pratos como a famosa feijoada e o bobó. Além disso, houve também o conhecimento de especiarias como o óleo de dendê. Esses pratos são tão famosos em nossa gastronomia que já podem ser considerados patrimônio cultural do Brasil.
A alimentação cotidiana na África por volta do século XVI incluía arroz, feijão (feijão-fradinho), milhetos, sorgo e cuscuz. A carne era em sua maior parte da caça abundante de antílopes, gazelas, búfalos, aves, hipopótamos e elefantes. Pescavam pouco, de arpão, rede e arco. Criavam gado ovino, bovino e caprino, mas a carne dos animais de criação era em geral destinada ao sacrifício e trocas; serviam como reserva monetária. Preparavam os alimentos, assando, tostando ou cozendo-o e para temperar a comida tinham apreço pelas pimentas, mas também utilizavam molhos de óleos vegetais, como o azeite de dendê que acompanhavam a maioria dos alimentos.
O escravo era apresentado aos gêneros brasileiros antes mesmo de deixar a África, recebendo uma ração de feijão, milho, aipim, farinha de mandioca e peixes para a travessia. A base da alimentação escrava não variava de acordo com a função que fosse exercer, quer fosse nos engenhos, nas minas ou na venda. Essa base era a farinha de mandioca. Ela variava mais em função de seu trabalho ser urbano ou rural e de seu proprietário ser rico ou pobre. A alimentação dos escravos nas propriedades ricas incluía canjica, feijão-preto, toucinho, carne-seca, laranjas, bananas, farinha de mandioca e o que conseguisse pescar e caçar; nas pobres era de farinha, laranjas e bananas. Nas cidades, a venda de alguns pratos poderia melhorar a alimentação do escravo através dos recursos extras conseguidos. Os temperos usados eram o açafrão, o óleo de dendê e o leite de coco. Este último tem sua origem nas Índias e seria usado na costa leste da África já no século XVI, sendo trazido para o Brasil aonde é utilizado para regar peixes, mariscos, o arroz-de-coco, o cuscuz, o mungunzá e ainda diversas outras iguarias.
Prato apreciado no Brasil atualmente, o cuscuz era conhecido em Portugal e na África antes da chegada dos portugueses ao Brasil. Surgido no norte da África, entre os berberes, ele podia ser feito de arroz, sorgo, milhetos ou farinha de trigo e consumido com frutos do mar. Com o transporte do milho da América ele passou a ser feito principalmente deste. No Brasil é por regra, consumido doce, feito com leite e leite de coco, a não ser o cuscuz paulista, consumido com ovos cozidos, cebola, alho, cheiro-verde e outros legumes.
 A influência Indígena na gastronomia brasileira
A alimentação indígena tinha como alicerce a mandioca, na forma de farinha e de beijus, mas também de frutas, pescado, caça, milho, batata e pirões e, com a chegada dos portugueses, do inhame trazido da África.
Da mandioca, além da farinha e dos vários tipos de beiju, os nativos obtinham o arumbé (massa de mandioca com pimenta), o caxiri (bebida fermentada), o chibé (bebida não alcoólica), o idizinho (mingau de mandioca), o kanapé (pão redondo recheado de amendoim), o ki-pu (bebida), o pão de mandioca, o paparuto (bolo de mandioca e carne) e outros.
Os nativos ingeriam o milho verde assado, mingau de milho verde ou seco, farinha de milho verde ou seco, a quirera (milho moído), pamonha, pipoca, cauim (bebida fermentada), bolo de milho, um tipo de pamonha e um tipo de curau.
As principais formas de preparo da carne eram assá-la em uma panela de barro sobre três pedras (trempe), em um forno subterrâneo (biaribi), espetá-la em gravetos pontudos e colocá-la para assar ao fogo — de onde teria vindo o churrasco do Rio Grande do Sul — colocá-la sobre uma armação de madeira até ficar seca para que assim pudesse ser conservada (moquém) ou algumas vezes cozê-la. No biaribiri colocavam uma camada de folhas grandes em um buraco e sobre elas a carne a ser assada e sobre essa carne ainda, uma camada de folhas e outra de terra, acendendo sobre tudo uma fogueira de onde teria surgido o modo de preparar o barreado do Paraná. Por vezes a carne cozida servia para o preparo de pirões, mistura de farinha de mandioca, água e caldo de carnes. Havia duas formas de prepará-lo, cozido ou escaldado. Na primeira, o caldo é misturado com a farinha aos poucos e mexido até ganhar consistência adequada. Na segunda, simplesmente misturam-se os dois, resultando em um pirão mais mole.
Admite-se que a primeira forma de preparo da carne pelos nativos foi assando-a, uma vez que este processo dispensa o uso de vasilhames de cerâmica.
A pesca, de peixes, moluscos e crustáceos, era realizada com arco a pequenas distâncias, sem haver uma espécie mais apreciada que outras. Os maiores eram assados ou moqueados e os menores cozidos sendo o caldo utilizado para fazer pirão. Por vezes, secavam os peixes e socavam-nos até fazer uma farinha que podia ser transportada durante viagens e caçadas. A paçoca era produzida da mesma maneira, pilando-se a carne com a farinha de mandioca, alimento posteriormente adaptado com castanhas de caju, amendoins e açúcar no lugar da carne e transformado em um doce.
Alguns temperos utilizados pelos nativos eram folhas de macaxeira, formigas torradas com sal e pimenta, o arubé (tempero pastoso que era feito com o tucupi, pimenta triturada e tapioca), o tucupi com saúvas e a massa do fruto do japurá. Como temperos eram também utilizados um tipo de coentro, um tipo de açafrão, um tipo de gengibre e, às vezes, urucum.
Entre os alimentos líquidos indígenas encontra-se a origem do tacacá, do tucupi, da canjica e da pamonha. O primeiro surge a partir do sumo da mandioca cozida, chamado manipueira, misturado com caldo de peixe ou carne, alho, pimenta e sal e o segundo a partir da fervura mais demorada do mesmo sumo. A canjica era uma pasta de milho puro até receber o leite, o açúcar e a canela dos portugueses ganhando adaptações de acordo com o preparo, como o mungunzá, nome africano para o milho cozido com leite, e o curau, feito com milho mais grosso. A pamonha era um bolo mais grosso de milho ou arroz envolvido em folhas de bananeira. Com seus ingredientes e técnicas a culinária indígena formaria a base da culinária brasileira e daria sua autenticidade, com a mandioca sendo o ingrediente nacional, pois incluído na maioria dos pratos.
Admite-se como herança da Culinária indígena no Brasil também a tapioca, a pipoca, a moqueca indígena, o arabu (gemas de ovos de tartaruga ou tracajá e farinha), e o paxicá (picado de fígado de tartaruga com sal, limão e pimenta malagueta). Como herança também ficou o método de cozinhar indígena, a mixira, onde se corta em pedaços o peixe ou a carne, coloca-os em um vasilhame que em seguida é tapado, cozinhando-os em fogo brando.
 O surgimento de uma gastronomia única
A identidade da gastronomia brasileira tomou forma própria quando portugueses, indígenas, africanos e mestiços passaram a formar comunidades urbanas próximas aos locais de extração do ouro e tendo que usar os ingredientes daquela região na culinária. A vinda da Família Real Portuguesa ao Brasil trouxe consigo uma comitiva com mais de 15 mil nobres portugueses, o mercado de importação começou a ferver em nosso país. Foi neste período que deu início a uma onda de importações de ingredientes até então desconhecidos em nossa terra como molhos, enfeites e acabamentos de pratos. Também, houve um aumento do consumo de sobremesas, vinho,pão, saladas e frituras feitas no azeite. Por isso, por mais de três séculos nossa culinária desenvolveu e focou em características que eram predominantes na culinária portuguesa, com algumas influências indígenas e africanas.
A partir do século XIX com a expansão do comércio internacional, passou-se a importar agora em grande escala conservas, vinhos, cervejas, chás, queijos, novas frutas, chocolates, licores. Assim, a cozinha francesa e inglesa passou a influenciar nossa gastronomia, surgindo, inclusive, neste período, confeitarias e sorveterias, além dos famosos restaurantes italianos e franceses.
Festas
Carnaval
O Carnaval foi trazido ao Brasil pelos colonizadores portugueses entre os séculos XVI e XVII, manifestando-se inicialmente por meio da prática do entrudo, uma brincadeira muito popular em Portugal. Essa prática estabeleceu-se no Brasil, na passagem do século XVI para o XVII, e foi muito popular até o século XIX, desaparecendo do país em meados do século XX, por meio da repressão que se estabeleceu contra essa brincadeira.
O entrudo poderia ser realizado de diversas maneiras, como manifestações de zombarias públicas. A forma mais conhecida era o jogo das molhadelas, realizado alguns dias antes da Quaresma e que consistia em uma brincadeira de molhar ou sujar as pessoas que passavam pela rua. Poderia ser realizado publicamente, mas também poderia ser realizado de maneira privada. No jogo das molhadelas, produziam-se recipientes que eram preenchidos de determinado líquido. Esse líquido poderia ser aromatizado, mas também poderia ser malcheiroso e, neste caso, o recipiente era preenchido com água suja de farinha ou café, por exemplo, e até mesmo urina.
No âmbito público, o entrudo era usado como uma ferramenta de zombaria, pois as pessoas voltavam-se contra quem cruzava as ruas das vilas ou cidades. Como era uma prática muito popular, sobretudo nos séculos XVIII e XIX, essa brincadeira era vista como uma oportunidade de renda extra para algumas famílias. Essas famílias dedicavam-se à produção dos recipientes, que eram preenchidos com qualquer tipo de líquido, para vendê-los em seguida. A brincadeira era tão popular que até mesmo a família real brasileira foi adepta do entrudo. Mesmo sendo popular, o entrudo não agradava à grande parte das elites do Brasil, tanto que, ao longo da nossa história, diversos decretos contra o entrudo foram baixados.
No século XIX, houve uma intensa campanha contra o entrudo. Como resultado da passagem da monarquia para a república, da atuação mais consistente do Estado em ações de gentrificação (expulsão das camadas populares dos centros das cidades) e da repressão a manifestações populares, a prática perdeu forças no começo do século XX. A imprensa foi uma das grandes responsáveis pelo desenvolvimento da campanha contra o entrudo no Brasil. Enquanto o entrudo era reprimido nas ruas, a elite do Império criava os bailes de carnaval em clubes e teatros. No entrudo, não havia músicas, ao contrário dos bailes da capital imperial, onde eram tocadas, principalmente, as polcas.
A elite do Rio de Janeiro criaria ainda as sociedades, cuja primeira foi o Congresso das Sumidades Carnavalescas, para desfilar nas ruas da cidade. Enquanto o entrudo era reprimido, a alta sociedade imperial tentava tomar as ruas. Mesmo diante dos obstáculos, as camadas populares não desistiram de suas práticas carnavalescas. No final do século XIX, buscando adaptarem-se às tentativas de disciplinamento policial, foram criados os cordões e ranchos. Os primeiros incluíam a utilização da estética das procissões religiosas com manifestações populares, como a capoeira e os zé-pereiras, tocadores de grandes bumbos. Os ranchos eram cortejos praticados principalmente pelas pessoas de origem rural.
As marchinhas de carnaval surgiram também no século XIX, destacando-se a figura de Chiquinha Gonzaga, bem como sua música “Ô abre alas”. O samba somente surgiu por volta da década de 1910, com a música “Pelo Telefone”, de Donga e Mauro de Almeida, tornando-se, ao longo do tempo, o legítimo representante musical do Carnaval. Na Bahia, os primeiros afoxés (ritmo musical) surgiram na virada do século XIX para o XX com o objetivo de relembrar as tradições culturais africanas. Os primeiros afoxés foram o “Embaixada da África” e os “Pândegos da África”. Por volta do mesmo período, o frevo passou a ser praticado no Recife, e o maracatu ganhou as ruas de Olinda.
A partir do século XX, a popularização da festa contribuiu para o surgimento do samba, estilo musical muito influenciado pela cultura africana, e do desfile das escolas de samba, evento que acabou sendo oficializado com apoio governamental. Nesse período, o Carnaval assumiu a sua posição de maior festa popular do Brasil.
Ao longo do século XX, o Carnaval popularizou-se ainda mais no Brasil e conheceu uma diversidade de formas de realização, tanto entre a classe dominante como entre as classes populares. Por volta da década de 1910, os corsos surgiram, com os carros conversíveis da elite carioca desfilando pela Avenida Central, atual Avenida Rio Branco. Tal prática durou até por volta da década de 1930.
Com o passar do tempo, o Carnaval foi adquirindo outras formas de se manifestar, como o baile de máscaras. O surgimento das sociedades carnavalescas contribuiu para a popularização da festa entre as camadas pobres. Entre as classes populares, surgiram as escolas de samba, na década de 1920. Considera-se que a primeira escola de samba teria sido a “Deixa Falar”, fundada em 1928, que daria origem à escola Estácio de Sá. Outra escola de samba pioneira foi a “Vai como Pode”, que atualmente é conhecida como Portela. As escolas de samba eram o desenvolvimento dos cordões e ranchos, e a primeira disputa entre elas ocorreu no Rio de Janeiro, em 1932.
As marchinhas conviveram em notoriedade com o samba a partir da década de 1930. Uma das mais famosas marchinhas foi “Os cabelos da mulata”, de Lamartine Babo e os Irmãos Valença. Essa década ficou conhecida como a era das marchinhas. Os desfiles das escolas de samba ganharam amplitude e foram obrigados a se enquadrar nas diretrizes do autoritarismo da Era Vargas. Os alvarás de funcionamento das escolas apareceram nessa década.
Em 1950, na cidade de Salvador, o trio elétrico surgiu após Dodô e Osmar utilizarem um antigo caminhão para colocar em sua caçamba instrumentos musicais por eles tocados e amplificados por alto-falante, desfilando pelas ruas da cidade. Eles fizeram um enorme sucesso. Todavia, o nome “trio elétrico” somente foi utilizado um ano depois, quando Temistócles Aragão foi convidado pelos dois. O trio elétrico conheceria transformação em 1979, quando Morais Moreira adicionou o batuque dos afoxés à composição. Novo sucesso foi dado aos trios elétricos, que passaram a ser adotados em várias partes do Brasil.
As escolas de samba e o carnaval carioca passaram a se tornar uma importante atividade comercial a partir da década de 1960. Empresários do jogo do bicho e de outras atividades empresariais legais começaram a investir na tradição cultural. A Prefeitura do Rio de Janeiro passou a colocar arquibancadas na Avenida Rio Branco e a cobrar ingresso para ver o desfile. Em São Paulo, também houve o desenvolvimento do desfile de escolas de samba a partir desse período. Em 1984, foi criada no Rio de Janeiro a Passarela do Samba, ou Sambódromo, sob o mandato do ex-governador Leonel Brizola. Com um desenho arquitetônico realizado por Oscar Niemeyer, a edificação passou a ser um dos principais símbolos do Carnaval brasileiro. O Sambódromo sedia os desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro.
O Carnaval, além de ser uma tradição cultural brasileira, passou a ser um lucrativo negócio do ramo turístico e do entretenimento. Milhões de turistas dirigem-se ao país na época de realização dessa festa, e bilhões de reais são movimentados na produção e consumo dessa mercadoria cultural.
Festa Junina
A festa junina, uma das maiores tradições brasileiras, surgiu no período pré-gregoriano na Europa, como uma festa pagã que comemoravaa fertilidade da terra e as boas colheitas. Essa festa sempre acontecia durante o solstício de verão, que acontecia no dia 24 de junho. As comemorações passaram então a ser conhecidas como Joaninas, em homenagem a João Batista, descrito na bíblia como aquele que batizava as pessoas para a vinda de Jesus. Assim, virou uma festa da Igreja Católica, que começou a prestar homenagem a três santos: no dia 13, Santo Antônio; no dia 24, São João; e no dia 29, São Pedro.
O começo da festa junina ao Brasil remonta ao século XVI. As festas juninas eram tradições bastante populares na Península Ibérica (Portugal e Espanha) e, por isso, foram trazidas para cá pelos portugueses durante a colonização, assim como muitas outras tradições. Quando introduzida no Brasil pelos colonizadores, essas festividades foram muito bem aceitas pelos negros e índios que aqui viviam, por serem muito parecidas com as de suas culturas. Aos poucos, as festas juninas foram se espalhando pelo Brasil, mas foi no Nordeste que ela ganhou força na nossa cultura. Lá elas duram o mês todo, e são realizados vários concursos de grupos que dançam a quadrilha, atraindo turistas de todo país.
Como junho é um mês mais frio, fogueiras são acesas para que as pessoas se esquentassem. Também foram introduzidas várias brincadeiras como o pau de sebo, o correio elegante, os fogos de artifício, o casamento na roça, e muitos outros. A maior festa junina do país acontece na cidade de Campina Grande, localizada no estado da Paraíba. Em 2017, a estimativa do evento era receber aproximadamente 2,5 milhões de pessoas.
Durante as festas juninas no Brasil, são realizadas danças típicas, como as quadrilhas. Também há produção de inúmeras comidas à base de milho e amendoim, como canjica, pamonha, pé de moleque, além de bebidas como o quentão. Outra característica muito comum é a de se vestir de caipira de maneira caricata.
 Folclore
O folclore constitui-se dos elementos que fazem parte da cultura popular e tem como símbolos as festas, danças, ritmos, jogos, lendas e crendices tradicionais.
O Brasil, naturalmente, possui o seu conjunto de elementos que formam o folclore brasileiro. É um consenso entre os estudiosos do assunto que danças, festas, lendas, jogos e personagens que compõem o folclore do Brasil são de origem europeia, portuguesa sobretudo, e também indígena e africana. Sendo assim, houve uma fusão de elementos de diferentes culturas. Alguns personagens do folclore brasileiro são o saci-pererê, a iara, o boto, o curupira, entre outros.
 Saci Pererê
O folclore brasileiro é marcado por sua riqueza e grande diversidade, e as lendas que fazem parte dele sempre são um grande destaque. Entre essas, uma das mais conhecidas é a do saci-pererê, um ser negro e pequeno que habita as florestas e é conhecido pelas travessuras que realiza. A lenda do saci surgiu no Sul do Brasil, foi influenciada por elementos das culturas africana e indígena, e ficou nacionalmente conhecida por influência de Monteiro Lobato.
O estudo das origens das lendas do folclore brasileiro é alvo do interesse de diversos folcloristas. No caso do saci, esses estudos apontam que sua lenda remonta ao final do século XVIII ou começo do século XIX. Isso porque não existem relatos sobre saci nos primeiros séculos do período colonial do Brasil como existem de outras lendas, como a do curupira, que é mencionada em um relato de 1560.
A lenda do saci surgiu, segundo os estudos, na região Sul do Brasil entre os índios guarani. Conta-se que, a princípio, era conhecida no idioma tupi-guarani como çaa cy perereg. A influência dessa lenda no Sul foi tão grande que ela não ficou reclusa ao Brasil e espalhou-se pelos países vizinhos. Na Argentina, Uruguai e Paraguai, o saci-pererê é conhecido como yacy-yateré, e existem algumas diferenças entre essas versões. O yacy-yateré, diferentemente do saci, não é careca e possui cabelos loiros, usa um bastão de ouro como varinha mágica (que o torna invisível) e um chapéu de palha. É anão assim como o saci, mas faz travessuras diferentes: os paraguaios acreditam que yacy-yateré atrai crianças para fazer maldade com elas: roubar, ou deixá-las loucas ou surdas, dependendo da versão. Os argentinos, por sua vez, falam que yacy atrai moças solteiras para então engravidá-las e, diferentemente do saci brasileiro, aquele tem as duas pernas. As diferenças entre as lendas são resultado das diferenças entre as culturas que as influenciaram.
A lenda do saci, como citado, surgiu no Sul do Brasil, mas acabou espalhando-se por todo o território brasileiro e incorporando elementos de outras lendas regionais que apresentam seres com características parecidas, como a caipora, na região central do país, e o matintapereira, na região Norte. Os folcloristas brasileiros também apontam diversas lendas de origem europeia que podem ter influenciado as características do saci. Um dos exemplos mais citados é o trasgo, um ser de pequena estatura que faz maldades e faz parte do folclore de Portugal. O hábito de fumar que o saci possui é atribuído à influência das culturas indígena e africana, nas quais esse ato era comum. Outro elemento da cultura africana é o fato de o saci ter perdido uma das pernas após uma luta de capoeira.
Na origem da lenda do saci, ele era um protetor da floresta e, por isso, muitos consideram-no como um personagem derivado da lenda do curupira. Na medida em que sua história se espalhou, ela foi incorporando outros elementos que fazem parte do folclore de cada região e que podem ser oriundos de outras culturas.
 Iara
A Iara é uma sereia que faz parte do folclore brasileiro, sendo conhecida por sua grande beleza, voz encantadora e riquezas. Ela é parte mulher e parte peixe e é conhecida por seduzir homens que estão nas margens dos rios, levando-os para debaixo d’água.
Um dos principais folcloristas brasileiros afirma que, apesar de a lenda da Iara apresentar características que remetem ao folclore indígena, os principais elementos dessa lenda são europeus e foram introduzidos na cultura popular brasileira pelos portugueses. A consolidação da lenda em sua forma atual ocorreu no século XIX.
De acordo com a narrativa, ela era filha de um pajé e possuía grandes habilidades como guerreira. Essas habilidades eram motivo de inveja para os irmãos dela, que decidiram se reunir para matá-la em certa ocasião, mas ela resistiu, lutou e matou todos eles.
Temerosa da reação do seu pai, ela fugiu, mas foi encontrada, e seu pai decidiu lançá-la entre os rios Negro e Solimões. Ela teria sido salva pelos peixes e se transformado em Iara durante uma noite de lua cheia. O termo “Iara” tem origem no idioma tupi, sendo a mistura de duas palavras: ig, que significa “água”, e iara, que significa “senhor”. Iara, portanto, seria a senhora das águas.
 Boto cor-de-rosa
O boto-cor-de-rosa é uma lenda do folclore brasileiro, sendo muito influente na região Norte do país. "A lenda do boto-cor-de-rosa fala que esse animal se transforma em um homem muito bonito e conquistador, que parte à procura de mulheres para seduzi-las. Existem diferentes versões da lenda, sendo que algumas falam que ele se transforma durante qualquer festa nas comunidades ribeirinhas, e outras, que a transformação só acontece na Lua cheia do mês de junho, durante as festividades de Santo Antônio, São João e São Pedro.
O boto, como mencionado, transforma-se em um homem muito bonito, com boa conversa e galanteador. Durante a transformação, ele passa a usar roupas e sapatos brancos, além de um chapéu que tampa o topo de sua cabeça. Esse chapéu seria um disfarce, pois a transformação não é completa: no topo da cabeça estariam as narinas do boto.
Sendo assim, o chapéu esconde a grande evidência de que aquele homem é, na verdade, o boto. Existem versões da lenda que falam que o boto procura a mulher mais bonita da festa para seduzi-la, e outras, que ele não procura necessariamente a mais bonita, mas sim uma mulher virgem.
Depois de seduzir a mulher, o boto deita-se com ela e, antes do fim da noite, ele a abandona. Essa mulher engravida, eseu filho cresce sem pai, uma vez que o boto voltou para suas águas. Essa lenda era muito utilizada na tradição popular para explicar os filhos sem pai. Assim, todo filho que cresce sem saber quem é o pai fica conhecido como filho(a) do boto."
O antropólogo Luís da Câmara Cascudo aponta que a ligação da lenda de cetáceos com atos carnais é antiga e remonta à Grécia Antiga. Câmara Cascudo aponta para o fato de que o golfinho (espécie que se assemelha ao boto) era um símbolo de luxúria para gregos e romanos, que o associavam com o culto de Afrodite (Vênus, para os romanos), a deusa do amor. Essa associação do golfinho com a luxúria permaneceu e foi aplicada, no Brasil, ao boto-cor-de-rosa. No entanto, a lenda do boto-cor-de-rosa não estava presente na cultura indígena até o século XVII, e o boto encarado como animal sedutor só se estabeleceu na cultura popular em meados do século XIX.
 Curupira
O curupira, um dos personagens mais famosos do folclore brasileiro, é conhecido como um ser mítico que protege a floresta. Sua lenda tem origem nos povos indígenas, sendo muito famosa no Norte do Brasil, sobretudo no Amazonas e Pará. Essa lenda é bastante antiga, havendo menção a ela do século XVI. O curupira é retratado frequentemente como um anão que possui os cabelos vermelhos e os pés ao contrário (com os calcanhares para frente). É importante reforçar que a descrição física do curupira pode variar de acordo com o local em que a lenda é reproduzida.
Curupira é oriundo do tupi e existe divergência entre os especialistas a respeito do seu significado. A definição mais conhecida é a que determina que curupira significa “corpo de menino”, mas existem outras definições, como “coberto de pústulas” ou “pele de sarna”.
Não se sabe exatamente quando surgiu a lenda do curupira, mas se sabe que ela é uma das mais antigas lendas brasileiras porque foi uma das primeiras a serem mencionadas pelos portugueses que se estabeleceram no Brasil. Em 1560, o padre jesuíta José de Anchieta, estabelecido em São Vicente (atual litoral do estado de São Paulo), fez uma menção ao curupira. Essa menção constava em uma carta escrita por ele e que foi reproduzida pelo historiador Luís da Câmara Cascudo: “É coisa sabida e pela boca de todos corre que há certos demônios e que os brasis [indígenas que habitavam o Brasil] chamam corupira, que acometem aos índios muitas vezes no mato, dão-lhe açoites, machucam-nos e matam-nos. São testemunhas disto os nossos irmãos, que viram algumas vezes os mortos por eles.”
Outros relatos sobre o curupira estão ligados ao jesuíta português Fernão Cardim, em 1584, ou ao padre Simão de Vasconcelos, em 1663, e ao padre João Daniel, em 1797. Essas menções reforçam o fato de que a lenda era de fato bastante conhecida e difundida pelo território brasileiro. Além disso, os estudiosos falam que, à medida que o mito foi se espalhando, o curupira foi ficando conhecido por outros nomes, como caapora. A caapora é mais conhecida como caipora e é muito relacionada com o curupira e também com o saci-pererê, por causa da quantidade de semelhanças existentes entre essas lendas.
Existem também estudiosos que apontam que o mito do curupira surgiu entre os nauas, povo indígena que habitava a região do Acre. O mito foi sendo transmitido para outros povos, como os caraíbas e, por fim, os tupi-guarani. Pode ter relação com seres míticos de outras culturas, como o chudiachaque, presente na cultura inca, por exemplo. Os estudiosos costumam também relacionar o curupira com uma lenda que é conhecida no Paraguai e na Argentina. Essa lenda argentina e paraguaia é sobre o curupi, conhecido como o protetor das florestas e dos animais, porém também um ser com grande apelo sexual.
Música e dança
 Forró
O forró é uma expressão artística genuinamente nordestina. Por ser uma forma de manifestação cultural ampla, o termo forró tem diversos significados e pode servir tanto para designar o ritmo musical, o estilo de dança e mesmo a festividade em que acontece. Sua origem tem relação com bailes populares que eram realizados no final do século XIX e eram chamados de "forrobodó", "forrobodança" ou "forrobodão". Naquele tempo era preciso molhar o piso do local onde essas festas aconteciam, pois eles eram feitos de "chão batido", ou seja, não havia revestimento, somente terra. As pessoas costumavam dançar arrastando os pés a fim de evitar que a poeira levantasse, daí o termo rastapé ou arrasta-pé. Também foram encontradas semelhanças entre esse estilo de dança e o toré - celebração indígena onde em dado momento ritualístico os indivíduos arrastam os pés no chão. Há ainda certa influência de ritmos holandeses e portugueses, além das danças de salão europeias.
O nome forró sugere algumas hipóteses. O historiador e folclorista Câmara Cascudo sugere que o termo mais provável seja uma derivação do termo "forrobodó". Tal termo, por sua vez é uma variante galego-portuguesa do antigo vocábulo forbodó, originado a partir da palavra francesa faux-bourdon, que pode significar "desentoação".
Outra suposição - sem comprovação histórica - é que tal nome teria sido criado a partir de uma expressão inglesa. Segundo essa teoria, os engenheiros britânicos que se fixaram na região de Pernambuco durante a instalação da ferrovia Great Western, costumavam promover festas para figuras ilustres. Entretanto, em determinados momentos, tais eventos eram abertos ao público e levavam em seus convites o termo for all, que quer dizer "para todos" em português. O povo local começou a pronunciar então "forró". Mas foi apenas em 1950 que se começou a usar de fato o nome "forró". Pois, um ano antes, o cantor e compositor Luiz Gonzaga gravou a música "Forró de Mané Vito", produzida em conjunto com Zé Dantas. Em 1958, outra canção do músico chamada "Forró no Escuro", também fez muito sucesso.
Apesar da popularidade alcançada com os sucessos desse ícone da música, o que realmente difundiu o estilo pelo Brasil foi a migração nordestina para outros estados do país, sobretudo nas décadas de 1960 e 1970. Atualmente, o forró é apreciado em todo o Brasil e celebrado no dia 13 de dezembro, data de nascimento do sanfoneiro Luiz Gonzaga. No forró, existem gêneros específicos como o Baião, Xote, Xaxado, Coco, Embolada, Arrasta-pé, Rojão. Atualmente os gêneros mais tocados são o Baião, Xote e Xaxado.
O forró se modernizou junto com o processo de migração, urbanização e globalização do país, e acompanhou o desenvolvimento de novos sistemas tecnológicos e de comunicação. O forró, antes restrito ao interior nordestino, alcança níveis globais. A música passou a utilizar diversos instrumentos e a dança se apropriou de passos de dança de salão. Surgiram, então, novas formas de relacionamento com a festa, música e dança, mas a alegria de curtir um “forrózin” não muda.
1.1.1.1. Baião
O Baião é um ritmo musical e de dança do nordeste Brasileiro, com origens no Lundu Africano e nas danças indígenas. Antes de sua popularização no Sudeste, o Baião já era cantado por violeiros, bandas e conjuntos do interior nordestino.
Luiz Gonzaga, junto com Humberto Teixeira, convencionaram o Baião conforme entrevista ao Jornal O Pasquim, em 1971: “Eu tirei justamente do bojo da viola onde o cantador faz o tempero para o improviso, para o repente. Ele costuma cantar fazendo o ritmo no bojo da viola e o dedão vai comendo nos bordões. Eu peguei essa batida, criei um jogo melódico e Humberto Teixeira colocou a letra”.
1.1.1.2. Xote
A palavra tem origem da dicção popular alemã “schottische” que originou então a expressão “xote” ou “xótis”. O xote é uma dança de salão, semelhante à polca, mas com andamento mais lento. Surgiu na Alemanha e se espalhou pela Europa chegando ao Brasil em meados do século XIX, onde animava os salões aristocráticos. Rapidamente, esse gênero se popularizou por todo o território nacional adquirindo características específicas em cada região do país. No Sul o instrumento que se destaca no ritmo é a gaita, já no Nordeste, a sanfona.
Na mesma entrevista citada acima, Gonzaga descreve o Xote como músicaestrangeira que ganhou características do Nordeste. Luiz fala sobre o Xote nordestino como um xote malandro, xote pé de serra, uma forma matuta de dançar, as letras contam histórias jocosas e humorísticas.
1.1.1.3. Xaxado
Existem diferentes versões para a origem do xaxado, a mais aceita diz que teria vindo do Cangaço. Como não haviam mulheres nos bandos de cangaceiros, estes, dançavam com seus rifles em momentos comemorativos e a dança se tornava basicamente masculina. Com a vinda das mulheres aos grupos, estas começam a entrar na dança também. Segundo Enciclopédia da Música (1998) e o historiador Luís da Câmara Cascudo (1975), o xaxado é dança em círculo e em fila indiana, sem volteio, avançando o pé direito em 3 e 4 movimentos laterais e puxando o esquerdo, num rápido e deslizado sapateado. O nome da dança, desta forma, é uma onomatopeia do som característico produzido pelas sandálias arrastadas no chão.
Atualmente o xaxado é dançado de forma enlaçada entre os parceiros da mesma forma que os outros gêneros do forró, desvencilhando completamente da como como faziam antigamente.
 Samba
O samba é considerado por muitos críticos de música popular, artistas, historiadores e cientistas sociais como o mais original dos gêneros musicais brasileiros ou o gênero musical tipicamente brasileiro. A despeito da centralidade ou não do samba como gênero musical nacional, sua origem (ou a história de sua origem) nos traz o registro de uma imensa mistura de ritmos e tradições que atravessam a história do país.
O samba é um gênero musical que surgiu no Rio de Janeiro, no começo do século XX, com origem na cultura africana presente em nosso país, origem esta nos batuques e rodas de samba realizados pelos afro-brasileiros em seus momentos de encontro e lazer. A primeira ligação sobre as origens do samba está relacionada com rodas de dança realizadas pelos escravos africanos no Brasil. Entre as danças praticadas estão o lundu, o coco, o fandango, entre outras. Essas danças eram puxadas, sobretudo, pelos ritmos dos batuques.
Os historiadores dizem que o samba urbano carioca, a forma mais conhecida de gênero musical, tem relação mais direta com o samba de roda, estilo musical tocado em rodas de dança e rodas de capoeira. Esse estilo surgiu na região do Recôncavo Baiano, na segunda metade do século XIX. O termo samba, nesse contexto, tinha o sentido de “festa”.
As transformações que aconteceram no Brasil no final desse século, incluindo a abolição da escravidão, fizeram com que muitos negros libertos se mudassem para a capital do Brasil, a cidade do Rio de Janeiro. Mudar-se para a capital era uma forma de construir-se uma nova vida, uma vez que, nos seus locais de origem, os ex-escravizados tinham pouco a ganhar.
No Rio de Janeiro, os negros reuniram-se em bairros como Saúde, Estácio e Gamboa. Esses encontros davam-se nos terreiros — locais de práticas religiosas e encontros comunitários, além de lazer e diversão. Os terreiros eram propriedades das “tias baianas”, mulheres que difundiram práticas do candomblé no Rio de Janeiro e usavam suas propriedades para que os sambas pudessem acontecer. Isso porque, até a década de 1920, as festividades afro-brasileiras eram proibidas, pois eram consideradas “imorais” pelos costumes da época — um indício claro de racismo sobre a cultura afro-brasileira. Além disso, as celebrações realizadas por essas “tias” eram uma forma de integrar a comunidade e receber aqueles que haviam chegado ao Rio de Janeiro recentemente. Os sambas da época costumavam fazer pequenos jogos de palavras e contavam causos comuns da época assim como denunciavam as condições de vida dos negros no Rio de Janeiro.
A partir do século XIX, a cidade do Rio de Janeiro, que se tornara a capital do Império, também passou a comportar uma leva de negros vindos de outras regiões do país, sobretudo da Bahia. Foi nesse contexto que nasceram os aglomerados em torno das religiões iorubás na região central da cidade, principalmente na região da Praça Onze, onde atuavam mães e pais de santo. Foi nessa ambiência que as primeiras rodas de samba apareceram, misturando-se os elementos do batuque africano com a polca e o maxixe.
A palavra samba remete, propriamente, à diversão e à festa. Porém, como o tempo, ela passou a significar a batalha entre especialistas no gênero, a batalha entre quem improvisava melhor os versos na roda de samba. Um dos seguimentos do samba carioca, o partido alto, caracterizou-se por isso. Como disse o pesquisador Marco Alvito em referência à história da palavra:
“Uma das possíveis origens, segundo Nei Lopes, seria a etnia quioco, na qual samba significa cabriolar, brincar, divertir-se como cabrito. Há quem diga que vem do banto semba, como o significado de umbigo ou coração. Parecia aplicar-se a danças nupciais de Angola caracterizadas pela umbigada, em uma espécie de ritual de fertilidade. Na Bahia surge a modalidade samba de roda, em que homens tocam e só as mulheres dançam, uma de cada vez. Há outras versões, menos rígidas, em que um casal ocupa o centro da roda.” (ALVITO, Marcos. Samba. In: Revista de história da Biblioteca Nacional. Ano 9. nº 97. outubro, 2013. p 80).
O samba popularizou-se na década de 1930, com o rádio e as escolas de samba, e tornou-se um dos ritmos mais tradicionais da cultura brasileira. Com o passar do tempo, a evolução do samba levou ao surgimento de subgêneros, como samba-enredo, pagode, bossa nova, entre outros.
 Frevo
Ele é pernambucano, tem mais de 100 anos e tem energia pra dar e vender: pula, salta, canta e se agita num ritmo frenético. É famoso e importante, sua relevância para a cultura é reconhecida nacional e internacionalmente. Este é o frevo, ritmo musical e tipo de dança folclórica nascido no Recife, no Estado de Pernambuco.
O frevo surgiu no final do século XIX, no Carnaval, em um momento de transição e efervescência social no Brasil, como uma grande expressão cultural das classes populares. O Dia Nacional do Frevo é celebrado em duas datas: em 14 de setembro, data em que nasceu, no ano de 1882, o criador do nome frevo, o jornalista Osvaldo da Silva Almeida. E também em 9 de fevereiro, data em que historiadores identificaram a primeira aparição da palavra frevo, em 1907, sendo esta a data considerada oficial. Com o passar dos anos, foi ganhando importância e reconhecimento pelo Brasil e, até os dias de hoje, influencia o carnaval de todo o país. Incluído desde 2012 na Lista Representativa do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade da Unesco, o frevo é parte importante da história nordestina e brasileira.
A palavra frevo tem origem no verbo ferver (“frever"), já que a dança é frenética, de ritmo muito acelerado. O ritmo musical desta contagiante dança mistura a marcha e o maxixe, além de possuir alguns elementos da capoeira. Os dançarinos vestem roupas alegres e super coloridas, geralmente camisas curtas e justas amarradas na cintura, calça colada, shorts e saias para as mulheres. Tudo isso é acompanhado de sombrinhas e estandartes (bandeiras de cada grupo de dança). O frevo mistura passos de ballet, capoeira e cossacos.
Religião
 Cristianismo
O cristianismo chegou ao Brasil já no descobrimento territorial por parte dos portugueses em 1500, com o catolicismo e em 1532 chega o primeiro protestante, sendo que umas das primeiras ações de Pedro Alvares Cabral foi organizar uma missa em nosso território e a partir daí acabou por fixar profundas raízes Cristã em nossa sociedade que perduram até os dias atuais. Durante o período de colonização, ordens e congregações religiosas assumem serviços nas paróquias e dioceses, a educação nos colégios, a evangelização dos indígenas e inserem em definitivo na vida do país.
Diversas denominações oriundas dos Estados Unidos e Reino Unido se instalaram no Brasil. O povo brasileiro com sua enorme capacidade de adaptar e se reinventar, começa a abrir igrejas a partir de suas próprias experiências e necessidades, adaptando – as aos seus entendimentos doutrinários, dogmáticos e culturais. Estimava-se que em 2010 tinha mais de 280mil igrejas protestantes no país e alcançariam 580 mil em 2022. As principais igrejas protestantes que surgiram em nosso país, chamadas Igrejas de Matriz Brasileira, muitas delas são inspiradas nas pregações e práticas das igrejas oriundas dos Estados Unidos que por aqui se instalaram. Hoje são milhares.
A primeira e maior igreja protestante fundada no brasil foi a Assembleia de Deus, em Belém do Pará, pelos missionários suecos Daniel Berg e Gunnar Vingren em 1911. Com a estimativa de 22,5 milhões de membros, a Assembleia de Deus é hoje a maior denominação pentecostal do mundo. Assembleias de Deus têm 64 milhões de membros espalhados no mundo e 363.450 ministros, divididos entre 351.645 igrejas e presentes em 217 países. Hoje sub dividida em inúmeros ministérios e convenções paralelas.
A Igreja Pentecostal Deus é Amor surge em 1962 por David Martins Miranda e atualmente se estima em dois milhões de fiéis. Tem como sua principal atuação o ministério de curas e libertação.
Edir Macedo, em 1975, fundou sua instituição religiosa, chamada de "A Cruzada do Caminho Eterno", que depois mudou para "Casa da Benção". Nos anos seguintes, mudaria seu nome em definitivo para "Igreja Universal Do Reino de Deus". Macedo inspirou outros a empreenderem seus próprios projetos individuais:
Valdomiro Santiago, que depois de quase vinte anos como pastor da igreja de Edir Macedo, deu início ao que conhecemos hoje como Igreja Mundial do Poder de Deus, com aproximadamente cinco mil templos espalhados pelo país.
Surge também a Igreja Internacional da Graça de Deus, comandada por R. R. Soares, cunhado de Edir Macedo e cofundador da Igreja Universal do Reino de Deus. É apresentador do programa brasileiro de maior extensão global, o Show da Fé, chegando a 173 países. Tem sob seu controle mais de 5 mil templos espalhados por todo o mundo; desses, 3.300 estão no Brasil.
 Religiões de matriz africana: Candomblé e Umbanda
Ambas surgiram no Brasil e carregam em sua identidade elementos de tradições religiosas africanas. Porém, apesar das semelhanças, há muitas diferenças entre as duas religiões. A umbanda é fruto da mistura de elementos de outras religiões, como o catolicismo e o espiritismo kardecista. Já o candomblé é mais ligado às tradições religiosas africanas.
1.1.1.4. Candomblé
Candomblé é uma religião afro-brasileira em que se pratica o culto de divindades de origem africana chamadas orixás. Assim, apesar de ter nascido na Bahia, no século XIX, o candomblé foi formado a partir de tradições religiosas africanas de povos iorubás. Essas tradições foram trazidas ao Brasil por populações negras escravizadas vindas de países da África Ocidental, como Nigéria, Benin e Togo.
O termo candomblé tem origem banta, tendo como raiz o quimbundo kiamdomb ou quicongo ndombe, ambos significando “negro”, tornaram-se sinônimo e referência genérica de diferentes expressões de religiosidade de matriz africana, exceção feita à Umbanda cuja origem intensamente sincrética a situa em outra categoria de estudo e observação. Segundo Nei Lopes, sambista, compositor popular, escritor e estudioso das culturas africanas, o candomblé é o “nome genérico com que, no Brasil, se designam o culto aos orixás jeje-nagôs e algumas formas derivadas, manifestas em diversas ‘nações’. Por extensão, celebração, festa dessa tradição, xirê; comunidade-terreiro onde se realizam essas festas. A modalidade original consiste em um sistema religioso autônomo e específico que ganhou forma e se desenvolveu no Brasil, a partir da Bahia, com base em diversas tradições religiosas de origem africana, notadamente da região do golfo da Guiné”.
O candomblé baiano não é a única religião nascida das tradições dos povos iorubás. Em Pernambuco, o culto aos orixás é chamado de xangô; no Rio Grande do Sul, de batuque; no Maranhão, de tambor-de-mina. Esses cultos afro-brasileiros, bastante semelhantes, são genericamente chamados de "religiões dos orixás".
1.1.1.5. Umbanda
A umbanda é uma religião brasileira resultante da mistura de elementos de religiões africanas, indígenas, orientais e europeias (catolicismo e espiritismo kardecista). Por seu aspecto mestiço e sincrético, a umbanda é considerada uma religião genuinamente nacional. Uma versão bastante difundida sobre a origem dessa religião diz que ela nasceu durante uma sessão espírita no dia 15 de novembro de 1908, na cidade de Niterói (RJ). É por isso que no dia 15 de novembro se comemora o Dia da Umbanda.
a umbanda nasce da fusão de aspectos do espiritismo kardecista (como os princípios da reencarnação e da evolução) com elementos rituais e mitológicos de cultos de origem africana praticados por ex-escravos e descendentes de escravos. Esses cultos sincréticos eram denominados pejorativamente de “macumba”.
Somam-se a essas duas matrizes as influências católica, indígena e orientais. Por nascer da síntese desses diversos elementos, a umbanda pode ser apontada como um exemplo clássico de sincretismo religioso.
Da matriz africana, a umbanda assimilou, entre outras coisas, o culto aos orixás. Do catolicismo, herdou sobretudo os princípios da caridade e do amor ao próximo (o “amai-vos uns aos outros”, do Evangelho de João). Dos indígenas, adotou elementos da pajelança (rituais xamânicos conduzidos pelo pajé para a cura e a previsão). Do hinduísmo, herdou as noções de carma e reencarnação, que também aparecem no espiritismo.
A palavra é derivada de “u´mbana”, um termo que significa “curandeiro” na língua banta falada em Angola, o quimbundo. A umbanda tem origem nas senzalas em reuniões onde os escravos vindos da África louvavam os seus deuses através de danças e cânticos e incorporavam espíritos. Os umbandistas acreditam que os orixás e as entidades ancestrais habitam outro plano de existência. Os orixás são antigas divindades iorubás cujo culto foi trazido ao Brasil pelos negros escravizados. Cada orixá é associado a um santo católico, através do sincretismo religioso.
 Linguagem: Sotaques
É chamado de sotaque o tom, inflexão ou pronúncia particular de cada indivíduo ou de cada região. É o famoso “jeito de falar diferente” de cada região do território nacional.
As origens dos sotaques brasileiros estão na colonização do país feita por vários povos em diferentes momentos históricos. O português, como se sabe, imperou sobre os outros idiomas que chegaram por aqui, mas sofreu influências do holandês, do espanhol, do alemão, do italiano, entre outros.
Além disso, havia diferença no idioma português falado entre os colonizadores que chegavam aqui, vindos de várias regiões de Portugal e em distintas décadas. "Os portugueses vinham em ondas, em diferentes épocas. Por isso, o idioma trazido nunca foi uniforme", explica Ataliba Teixeira de Castilho, linguista e filólogo, consultor do Museu da Língua Portuguesa e professor da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp).
Os primeiros contatos linguísticos do português no Brasil foram com as línguas indígenas e africanas. "A partir do século XIX, os imigrantes europeus e asiáticos temperaram essa base portuguesa, surgindo o atual conjunto de sotaques", diz o professor Ataliba.
É só reparar o sotaque e a região para lembrar os vários imigrantes que contribuíram para a história do país. No Sul, os alemães, italianos e outros povos vindos do leste europeu. No Rio Grande do Sul, acrescenta-se a estes a influência dos países de fronteira, de língua espanhola. São Paulo e sua grande comunidade italiana, misturada a pessoas vindas de várias partes do Brasil e do mundo; Pernambuco e os holandeses dos tempos de Mauricio de Nassau. No Rio de Janeiro, que foi sede da corte portuguesa entre 1808 e 1821, a influência do sotaque português pode ser percebida através do jeito de pronunciar o “S” bem chiado. No Norte, em virtude do distanciamento geográfico, a região ficou menos exposta à influência estrangeira, o que manteve o sotaque encontrado na região mais próximo à prosódia das línguas indígenas. Os exemplos são muitos e provam que os sotaques são parte da história da formação do país.
Por isso mesmo, nãose pode dizer que haja um sotaque mais "correto" que outro. "Quem acha que fala um português sem sotaque, em geral não se dá conta de que também tem o seu próprio, já que ele caracteriza a variação linguística regional, comum a qualquer língua", afirma o professor.
 Referências
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· “História do forró”: https://www.todamateria.com.br/historia-do-forro/
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· “Como surgiram os diferentes sotaques do Brasil”: https://novaescola.org.br/conteudo/2526/como-surgiram-os-diferentes-sotaques-do-brasil
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· “Candomblé”: https://www.significados.com.br/candomble.
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· “Umbanda”: https://www.significados.com.br/umbanda/
· “Tudo sobre a Umbanda”: https://www.significados.com.br/tudo-sobre-a-umbanda/
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