Leia o trecho a seguir. “São esses canibais que conhecerão com Montaigne uma consagração douradora. Tornam-se a má-consciência da civilização, seus juízes morais, a prova de que existe uma sociedade igualitário, fraterna, em que o Meu não se distingue do Teu, ignorante do lucro e do entesouramento, em suma, a da idade de Ouro. Suas guerras incessantes, não movidas pelo lucro ou pela conquista territorial, são nobres e generosas. ” (CUNHA, 1990, p. 100). CUNHA, M. C. da Imagens de índios do Brasil: o século XVI. Estudos Avançados. São Paulo, v. 04, 10, dez. 1990. O trecho, escrito pela antropóloga Manuela Carneiro da Cunha, refere-se ao impacto que os rituais antropofágicos, praticados por povos indígenas contatados por europeus no século XVI, tiveram sobre seu imaginário, em especial, sobre o filósofo Michel de Montaigne (1533-1592), que, em sua obra Ensaio, escreveu um capítulo inteiro a respeito dessas populações, “Dos canibais”. Os indígenas que impactaram Montaigne foram os: A. Guaranis que, no período dos primeiros contatos entre europeus e nativos, no século XVI, viviam nas regiões que hoje compõem parte do Uruguai, o Litoral do Rio Grande do Sul e parte de Santa Catarina e regiões dos atuais países sul-americanos, como, a Argentina, a Bolívia e o Paraguai. B. Tapuias, grande e perigosos guerreiros, principalmente por sua voraz fome de carne humana retirada de seus inimigos caídos no campo de batalha. C. Potiguar, subgrupo tapula, que, com sua extrema selvageria e violência, devoravam até seres humanos, não deixando nenhum inimigo – homem, mulher, ancião ou criança- escapar da sua barbárie canibal. D. Tupinambás da costa, que capturavam seus inimigos em combate e os levaram para suas aldeias, onde, pós um período, o sacrificavam ritualmente, objetivo vingar seus ancestrais mortos, alguns talvez até devorados ritualmente, e religiosamente em sua ética guerreira. E. Grupos de língua jê, que viviam mais no interior do território dividido entre as coroas espanhola e portuguesa. Tais grupos eram tão perigosos qu