Prévia do material em texto
44 Revista Pensar Geografia, v. III, nº. 2. Dezembro de 2018.2 ISSN: 2527 0540 A GEOGRAFIA E A IMPLEMENTAÇÃO DOS ESTUDOS SOCIAIS NO CURRICULO: UMA ANÁLISE A PARTIR DA LEI 5.692/71 Juliana Silva Santos Universidade Federal da Paraíba, e mail: julisantos856@gmail.com RESUMO A Geografia escolar no Brasil, em determinados períodos da história, foi concebida como um importante instrumento disseminador de ideais nacionalistas, pensada para formar os chamados cidadãos patriotas. Durante a década de 1970, período marcado pela Ditadura Militar (1964-1984), essa concepção se torna ainda mais evidente, uma vez que, era imprescindível que o sentimento nacional estivesse cada vez mais entranhado na vida e comportamento das pessoas. O presente trabalho é resultado da pesquisa desenvolvida durante a graduação, concretizada através do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), e tem por objetivo analisar as transformações curriculares na educação básica a partir da implementação dos Estudos Sociais, após a Lei 5.692/71, e suas consequências para a Geografia. Como procedimento metodológico, fizemos uma análise da legislação a que se remete esta pesquisa, a Lei 5.692/71, de 11 de agosto de 1971 (LDB de 1971), que dentro dos seus limites, foi responsável por fixar Diretrizes e Bases para o ensino de 1° e 2º graus. Dessa forma, apresentamos discussões sobre currículo e a Geografia escolar, utilizando como base teórica autores como Carvalho (1970); Conti (1976); Lacoste (1988); Pontuschka, Paganelli e Cacete (2009); e Albuquerque (2004). Diante dessa pesquisa, compreendemos que o currículo dos Estudos Sociais proposto, sua estrutura e divisão de conteúdos revelam mais uma vez a constante busca de legitimação por parte de um governo que viu em disciplinas como a Geografia e a História, e até mesmo na própria ideia dos Estudos Sociais, uma oportunidade para a disseminação de seus ideais nacionalistas. Palavras-chave: Currículo. Geografia escolar. Estudos Sociais. ABSTRACT School Geography in Brazil, in certain periods of history, was conceived as an important disseminating instrument of nationalistic ideals, designed to form the so-called patriot citizens. During the 1970s, a period marked by the Military Dictatorship (1964-1984), this conception becomes even more evident, since it was imperative that national sentiment was increasingly entrenched in people's lives and behavior. The present work is a result of the research developed during the graduation, materialized through the Work Conclusion with objective to analyze how the teaching of Geography was given in the period of implementation of Social Studies, according to the Law 5.692/71. As a methodological procedure, we performed an analysis of the legislation to which this research refers, Law 5.692/71 of August 11, 1971, within its limits was responsible for setting Guidelines and Bases for teaching of 1st and 2nd grades. Thus, we present discussions about curriculum and school geography, using as theoretical basis authors such as Carvalho (1970); Conti (1976); Lacoste (1988); Pontuschka, Paganelli and Cacete (2009); and Albuquerque (2004). In view of this research, we understand that the proposed Social Studies curriculum, its structure and content division reveal once again the constant search for legitimacy by a government that has seen in disciplines such as Geography and History, and even in the idea itself of Social Studies, an opportunity for the dissemination of their nationalist ideals. Keywords: Curriculum. School geography. Social Studies. CONSIDERAÇÕES INICIAIS mailto:julisantos856@gmail.com 45 Revista Pensar Geografia, v. III, nº. 2. Dezembro de 2018.2 ISSN: 2527 0540 Este trabalho é resultado da pesquisa desenvolvida durante a graduação, concretizada através de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), no qual nos direcionamos ao ensino da Geografia escolar durante o período entre os anos de 1971 e 1985. Os marcos temporais deste recorte se referem a promulgação da Lei Federal 5.692/71 e o fim do regime militar. Este período é marcado pela implementação dos Estudos Sociais na educação básica, caracterizando essa importante fase de transformação para a Geografia escolar no Brasil. É válido destacar que o período estudado está inserido nos anos que compreenderam a Ditadura Militar no Brasil, em vigência de 1964 a 1985, sendo considerado um dos momentos mais críticos na história do país. Para Rezende (2013, p. 3) “a ditadura construiu uma ampla estratégia nas diversas esferas da vida social visando alcançar adesão para a sua forma de construção, organização e condução de uma determinada ordem social”. Assim, esse regime que englobou uma parcela significativa da esfera social, não apenas interferiu na organização política do país, como também foi responsável por afetar consideravelmente a educação da época, demonstrando que sua efetivação além de autoritária, foi extremamente invasiva nas diversas dimensões da vida social. Muito dos ideais difundidos na época naturalmente contribuiu para que no ano de 1971, a partir da Lei 5.692, fosse integrada aos currículos escolares a disciplina de Estudos Sociais, pautada sobre a ideia de fortalecer a educação no país e “promover a integração gradativa dos alunos ao meio em que vivem e convivem” (OLIVEIRA; MONTEIRO, 1984 apud OLIVEIRA, 2007, p. 22). A partir disso, a Geografia que antes era uma disciplina específica, acabou sendo incorporada aos Estudos Sociais, perdendo aos poucos a sua essência. Naquele momento, o que seria ensinado de Geografia eram aspectos vagos e específicos, de acordo com os ideais dominantes. Dessa forma, definimos o recorte temporal de 1971-1985, por representar o período chave da pesquisa, aquele em que se observam os principais processos e os seus desdobramentos. Vale ressaltar, que o nosso recorte se justifica pelo fato de abranger o período entre a promulgação da Lei e o fim da ditadura, que coincidiu com os movimentos de renovação da Geografia, tanto no ambiente escolar como no acadêmico. Partindo dessa perspectiva e no intuito de colaborar para que as discussões no âmbito dessa temática sejam ampliadas, esse trabalho tem por objetivo analisar as transformações curriculares na educação básica a partir da implementação dos Estudos Sociais, após a Lei 5.692/71, e suas consequências para a Geografia. Para tanto, como procedimento metodológico, fizemos uma análise da legislação a que se remete esta pesquisa, a Lei 46 Revista Pensar Geografia, v. III, nº. 2. Dezembro de 2018.2 ISSN: 2527 0540 5.692/71, de 11 de Agosto de 1971 (LDB de 1971), que dentro dos seus limites, foi responsável por fixar Diretrizes e Bases para o ensino de 1° e 2º graus. Nosso intuito, aqui, foi compreender os objetivos e os principais interesses que a cercam. Assim, procurando facilitar o entendimento deste trabalho, estruturamos o texto da seguinte maneira: em um primeiro momento nos deteremos à discussão acerca da institucionalização dos Estudos Sociais no ensino básico e suas mudanças em relação à Geografia escolar. Em um segundo momento, destacamos a influência da legislação na efetivação da tão polêmica e bem direcionada “disciplina integradora”. E, por fim, buscamos compreender os impactos disso para a Geografia e o seu ensino nas escolas, que em função das mudanças daquele momento, estaria sendo anulada dos currículos escolares. IMPLEMENTAÇÃO DA LEI 5.692/1971 E A BUSCA PELO PROGRESSO A legislação educacional brasileira, ao ser investigada, evidencia inúmeros conflitos sociais que permeiam as discussões acerca da política estatal para a educação (LIRA, 2010). Através da legislação é possível perceber os pequenos aspectos de dominação inseridos na sociedade por parte dos grupos de interesse, assim como os constantes ataques aodesenvolvimento da educação. Nesse sentido, é importante ter em mente que tanto as reformulações nos currículos escolares quanto o período em que elas ocorrem são cruciais para a compreensão das transformações ocorridas nas escolas e como se relacionam para atingir objetivos específicos, como por exemplo, instalar a soberania de um governo e disseminar suas ideologias. É nesse contexto, que durante o Regime Militar instalado no Brasil, os interesses do governo para com a educação (e sua relevância enquanto instrumento de poder) ficaram em evidência, sendo a Lei 5.692/71, de 11 de Agosto de 1971, a referência legal para difundir seus principais ideais. Desse modo, a implementação dessa Lei na década de 1970 tornou-se um marco importante para o que se entenderia por ensino de 1º e 2º graus. Aspectos práticos e específicos bem direcionados acabariam sendo introduzidos nos currículos escolares, fazendo com que o ensino nos dois níveis se submetesse ao que propunha os Conselhos de Educação1 da época. Sobre os pressupostos de uma modernização na educação, essas modificações realçam fatores determinantes para a compreensão das políticas educacionais brasileiras e 1 “Os membros dos conselhos, nomeados pelo Presidente e os governadores dos Estados eram pessoas escolhidas mediante pressão dos lobbies privados” (LIRA, 2010, p.316). Atualmente, conselhos de educação são vistos como espaços democráticos de dialogo entre Gestão e Sociedade Civil, mas não deixam de responder aos lobbies. 47 Revista Pensar Geografia, v. III, nº. 2. Dezembro de 2018.2 ISSN: 2527 0540 seus principais interesses. Enfatizando tais pontos, destacamos o Art. 2º do capítulo I (BRASIL, 1971, s/p) da Lei em questão: O ensino de 1º e 2º graus será ministrado em estabelecimentos criados ou reorganizados sob critérios que assegurem a plena utilização dos seus recursos materiais e humanos, sem duplicação de meios para fins idênticos ou equivalentes. Parágrafo único. A organização administrativa, didática e disciplinar de cada estabelecimento do ensino será regulada no respectivo regimento, a ser aprovado pelo órgão próprio do sistema, com observância de normas fixadas pelo respectivo Conselho de Educação. Dessa forma, é evidente como a Lei passou a interferir em diversos pontos estruturais do currículo, uma vez que sua influência chegaria a ser observada tanto no que se refere à gestão escolar, como também na forma como se ministrariam as aulas e a escolha dos métodos disciplinares. Logo, estavam nas mãos dos Conselhos Educacionais as normas e direcionamentos para cada instituição de ensino a partir daquele momento: Art. 4º I - O Conselho Federal de Educação fixará para cada grau as matérias relativas ao núcleo comum, definindo-lhes os objetivos e a amplitude. II - Os Conselhos de Educação relacionarão, para os respectivos sistemas de ensino, as matérias dentre as quais poderá cada estabelecimento escolher as que devam constituir a parte diversificada. (BRASIL, 1971, s/p). Sendo assim, os estabelecimentos de ensino poderiam associar estudos não decorrentes à parte diversificada, desde que estivessem de acordo com as orientações até então instauradas. Coincidentemente, mas não ao acaso, os conteúdos a serem estudados também passaram a ser prescritos por esses conselhos, principalmente em função das disciplinas pertencentes ao Núcleo Comum, nas quais se determinava a abrangência e os principais objetivos de acordo com a especificidade de cada uma, como está posto no Art. 12, Parágrafo único: “Caberá aos Conselhos de Educação fixar, para os estabelecimentos situados nas respectivas jurisdições, os critérios gerais que deverão presidir ao aproveitamento de estudos definido neste artigo” (BRASIL, 1971, s/p). Sobre isso, retomando o Art. 4º § 2º, percebemos que a efetivação da Lei intensificou ainda mais as intenções de cunho nacionalista, uma vez que ao apontar que “no ensino de 1º e 2º graus dar-se-á especial relevo ao estudo da língua nacional, como instrumento de comunicação e como expressão da cultura brasileira” (BRASIL, 1971, s/p), fica evidente que uma das primeiras formas de conhecimento possíveis para o então desenvolvimento do sentimento patriótico seria saber a língua nativa, propagando-a enquanto demonstração cultural do país. Para Raffestin (1993), a linguagem ou as linguagens são meios para a disseminação de ideais, independente das relações nas quais se expressa, sejam elas de caráter 48 Revista Pensar Geografia, v. III, nº. 2. Dezembro de 2018.2 ISSN: 2527 0540 político, econômico, social ou cultural estabelecidas em um dado lugar e com duração de tempo específica, logo, a linguagem por si só não é o lugar do poder, mas sim uma ferramenta para a sua manifestação. Ainda nessa perspectiva, a Lei propôs que os anos pertencentes ao 2º grau (atual ensino médio) fossem para total profissionalização e capacitação dos indivíduos, no qual “o Conselho Federal de Educação fixará, além do Núcleo Comum, o mínimo a ser exigido em cada habilitação profissional ou conjunto de habilitações afins” (Art.4º § 3º). Esses pontos “despretensiosamente” colocados por entre a Lei - embora já estivessem germinando antes mesmo de se conceber tal ideia - já nos alertavam para o inevitável advento de uma educação voltada para o mercado de trabalho, isto é, o conhecimento técnico adquirido de forma rápida e com a única preocupação de produzir mão-de-obra qualificada, passaria a interessar mais do que o conhecimento crítico-formativo, aquele construído por quem realmente acredita na educação e no seu progresso genuíno. [...] essa lei era parte de uma Reforma Educacional que já vinha sendo imposta à Educação brasileira desde a Reforma Universitária em 1968, quando o Governo Federal começou a reorganizar a estrutura educacional do País. E se imprimia no âmbito de adoção de uma educação técnico-profissionalizante que atribuía menor importância à formação geral do aluno (MARTINS, 2000 apud ALBUQUERQUE, 2004, p.128). Nesse sentido, podemos observar ainda a especificidade das determinações dispostas no Art. 5º § 1º, no qual “o currículo pleno terá uma parte de educação geral e outra de formação especial”, organizadas de modo que: a) No ensino de primeiro grau, a parte de educação geral seja exclusiva nas séries iniciais e predominantes nas finais; b) No ensino de segundo grau, predomine a parte de formação especial (BRASIL, 1971, s/p). Desse modo, está estabelecida a conexão direta entre a escola e o mercado de trabalho. Esta combinação, que alteraria em parte o papel da escola enquanto espaço de ensino- aprendizagem, ainda pôde ser “aprimorada”, como nos revela o § 2º do Art.5º, ao afirmar que a parte referente à formação especial: a) Terá o objetivo de sondagem de aptidões e iniciação para o trabalho, no ensino de 1º grau, e de habilitação profissional, no ensino de 2º grau; b) Será fixada, quando se destina a iniciação e habilitação profissional, em consonância com as necessidades do mercado de trabalho local ou regional, à vista de levantamentos periodicamente renovados (BRASIL, 1971, s/p). 49 Revista Pensar Geografia, v. III, nº. 2. Dezembro de 2018.2 ISSN: 2527 0540 É nítido como ambos os níveis de ensino deveriam estar em total concordância e sintonia para a formação de cidadãos para o mercado de trabalho, uma vez que a reforma educacional já em vigor “se adequava, assim, aos interesses do mercado, ao formar mão de obra minimamente habilitada, e contribuía, pelo menos em teoria, para a diminuição das demandas por ingresso no ensino superior” (NASCIMENTO, 2015, p. 4). Vista como uma contribuição do governo para gerar “melhorias” para os futuros trabalhadores brasileiros, essas mudanças traziamconsigo questões que iam além da educação propriamente dita. Por meio desse processo - sorrateiro e bem estudado – adquiria-se força de trabalho qualificada e barata, criando para os trabalhadores a falsa ideia de que com o emprego garantido, não tinha sentido em se preocupar em ingressar no ensino superior, logo, o básico seria considerado o máximo da educação que poderia ser oferecida. Da mesma forma, a inserção no mercado de trabalho e o consequente acesso ao consumo evitariam convulsões sociais e ampliaria o sentimento de defesa do país, e mais especificamente daquele regime. A garantia do trabalho e uma qualificação adequada durante a passagem pela escola contribuíram para que os indivíduos não tivessem acesso a um senso crítico, principalmente aqueles mais carentes. Compreendemos que essa percepção revela fatores políticos e sociais expressivos, já que desviar a atenção dos mais necessitados para o mercado de trabalho se tornou bem mais interessante para os grupos dominantes do que lhes fornecer uma educação crítica de fato, uma que realmente pudesse fazer a diferença na vida do estudante. Tomando como base os pontos aqui colocados, referentes ao que a Lei propõe para os dois níveis de ensino escolar, especifiquemos alguns detalhes acerca do ensino de 1º grau. Adentrando as disposições do capítulo 2 da Lei, observamos questões pertinentes à sua configuração propriamente dita: Art. 17. O ensino de 1º grau destina-se à formação da criança e do pré-adolescente, variando em conteúdo e métodos segundo as fases de desenvolvimento dos alunos. Art. 18. O ensino de 1º grau terá a duração de oito anos letivos e compreenderá, anualmente, pelo menos 720 horas de atividades. Art. 19. Para o ingresso no ensino de 1º grau, deverá o aluno ter a idade mínima de sete anos. Art. 20. O ensino de 1º grau será obrigatório dos 7 aos 14 anos, cabendo aos Municípios promover, anualmente, o levantamento da população que alcance a idade escolar e proceder à sua chamada para matrícula (BRASIL, 1971, s/p). Além destas determinações, cabia às entidades de ensino responsáveis à fiscalização da obrigatoriedade escolar e frequência dos alunos: 50 Revista Pensar Geografia, v. III, nº. 2. Dezembro de 2018.2 ISSN: 2527 0540 Art. 20. Parágrafo único. Nos Estados, no Distrito Federal, nos Territórios e nos Municípios, deverá a administração do ensino fiscalizar o cumprimento da obrigatoriedade escolar e incentivar a frequência dos alunos (BRASIL, 1971, s/p). Desse modo, o que se evidenciou foi uma Lei voltada às concepções tradicionais de ensino, pensada para proporcionar aos estudantes uma formação completa, direcionada principalmente a “qualificação para o trabalho e preparo para o exercício consciente da cidadania” (BRASIL, 1971, s/p). Nesse sentido, e já retomando a discussão inicial acerca do Núcleo Comum previsto pela Resolução 5.692/1971, é válido destacar a obrigatoriedade de três áreas do conhecimento: Comunicação e expressão, que abarcava a Língua Portuguesa; os Estudos Sociais, que contemplava a Geografia, História e Organização Social e Política do Brasil; e por fim as Ciências, que abrangiam as disciplinas Matemática, Ciências Físicas e Biológicas (RESENDE FILHO, 2014). Sabendo disso, nos direcionamos a disciplina de Estudos Sociais, que em toda sua relevância para a época, abarcava uma diversidade de saberes que de simplistas não tinham nada. Os conteúdos para cada disciplina presente nessa nova área do conhecimento eram pensados e escolhidos pelos conselhos, e a Geografia (mais especificamente) acabou se descaracterizando no que se refere a sua singularidade, e os saberes pertencentes a essa ciência foram se adaptando ao que era determinado pelos grupos de interesse, sendo isso um processo influenciado principalmente pelo momento histórico em vigor. Do ponto de vista prático, utilizou-se os Estudos Sociais como instrumento de poder, introduzido aos currículos pelo governo para reforçar seus principais ideais, disseminando-os através da educação na busca por legitimação. Para Resende Filho (2014) os Estudos Sociais foram se delineando conforme as determinações do governo da época, já que reformas educacionais como esta revelam a expressiva busca por legitimação de um governo repleto de interesses, que mesmo precisando de educadores para a sua elaboração e reconhecimento, evidenciava a influência direta daqueles que detinham o poder. Assim, fica evidente o quanto essas mudanças no currículo interferiram de maneira significativa na forma como se concebia a Educação na época, tanto no que se refere ao ensino formal em sala de aula, como também no contexto do espaço escolar. No que diz respeito aos Estudos Sociais e sua relação com a Geografia escolar, a seguir discutiremos alguns dos seus principais aspectos, destacando seus objetivos e como sua implementação contribuiu para a então descaracterização da Geografia no currículo escolar. 51 Revista Pensar Geografia, v. III, nº. 2. Dezembro de 2018.2 ISSN: 2527 0540 OS ESTUDOS SOCIAIS COMO UM ELO (DES)INTEGRADOR Os Estudos Sociais, campo de conhecimento que ainda estaria insuficientemente conceituado (CONTI, 1976), teve seus primeiros desdobramentos bem antes da configuração por nós conhecida, aquela instituída a partir de sua implementação pela Lei 5.692/71. Essa disciplina, que fez parte de um momento crucial para a disseminação dos ideais militares nacionalistas, foi concebida antes mesmo da Ditadura Militar, no início do século XX (RESENDE FILHO, 2014): Nos Estados Unidos, no início do século XX, já havia a discussão de como se organizaria os Estudos Sociais, disciplina esta que tinha como proposta trabalhar uma educação que possibilitasse aos jovens uma acomodação às leis da vida social, bem como os auxiliassem a terem uma melhor definição de suas responsabilidades frente à sociedade, dando-lhes condição de possuir uma melhor adaptação às demandas sociais (p. 67). Para o autor, essa configuração representa perfeitamente as proposições da disciplina para a população. Aos poucos, os ideais nacionalistas iam sendo absorvidos pelos indivíduos, resultando assim em uma nação “consciente” dos seus deveres para com o progresso do país. Nesse mesmo período, e tendo como padrão os Estados Unidos, país referência em patriotismo, o Brasil adota os Estudos Sociais como base para uma educação integradora - integrada principalmente aos objetivos e valores dominantes, os quais concebem essa aquisição de ensino como um caminho viável para a propagação de seus ideais -, sendo a sua efetivação considerada o início das mudanças na concepção dos indivíduos frente a sua nação. Na esteira desse processo, Pontuschka, Paganelli e Cacete (2009) relatam que no Brasil a proposta curricular para os Estudos Sociais desenvolvida nos ginásios vocacionais e no Colégio de Aplicação na década de 1960, diferia bastante do que se conheceria após 1971: O planejamento de atividades curriculares da área de Estudos Sociais estava baseado no seguinte modelo: área-núcleo, círculos concêntricos e estudo da comunidade. Desse modo, era a área principal do currículo. Com base nela estabeleciam-se as programações das demais disciplinas (p.63). Essa configuração, que permitia aos alunos vislumbrar as mais diversas questões de forma aberta e com mais possibilidades na construção de conhecimentos, foi o que certamente tornou os ginásios vocacionais tão únicos. Porém, o fechamento dessas escolas na década de 1970 foi inevitável – mais especificamente em 1971, a partir do que previa o regime militar na época, e da implementação da Lei 5692/71 -, não porque representavam exceções no que 52 Revista Pensar Geografia, v. III, nº. 2. Dezembro de 2018.2 ISSN: 2527 0540 diz respeito às práticas pedagógicas, massim pelo fato dessas mesmas práticas não serem bem vistas por quem estava no poder (ALBUQUERQUE, 2004). Dito isso, não é nossa intenção detalhar questões referentes às origens dos Estudos Sociais, porém, se faz necessário contextualizar o seu surgimento e a influências por trás de sua efetivação, para que melhor se compreenda seus consequentes desdobramentos. Polemicamente conhecido por incorporar as disciplina de Geografia e História, excluindo-as gradativamente da grade curricular, os Estudo Sociais foram extremamente criticados durante seus anos de vigência no currículo escolar brasileiro. Os Estudos Sociais, que por vezes representou a possibilidade de criação de uma ciência integradora, não foi bem recebido do ponto de vista curricular, como afirma Conti (1976): Os Estudos Sociais correspondem a um setor do currículo, cujo conteúdo é difuso e mal determinado, discutindo-se até mesmo se se trata de uma área de estudo ou de simples disciplina. Ora aparecem como sinónimo de Geografia Humana, ora usurpam o lugar das Ciências Sociais ou da História ou, então pretendem se impor como uma espécie de aglutinação de todas as ciências humanas (p. 58). Desse modo, não só constituía uma disciplina com conteúdos mal definidos, como também representava uma junção de ciências que gradualmente perderiam sua singularidade frente às mudanças em progresso. Nesse sentido, Bahia (1994 apud Oliveira, 2007, p. 22) destaca que a integração prevista e institucionalizada, apenas favoreceu que os Estudos Sociais se tornassem “uma disciplina simplificadora do real, factual e deformadora das áreas que a compõem”. Assim, podemos perceber que a então disciplina em vigor estaria cada vez mais preocupada em preparar o indivíduo para a vida em sociedade (desconsiderando muitos aspectos das áreas que abrange), contribuindo minimamente para o seu avanço no processo de aprendizagem. Com base nessa perspectiva, reconhecemos que o comportamento dos indivíduos foi um fator primordial para o entendimento do que seria essa disciplina. A existência no mundo, as relações desenvolvidas no meio e com a sociedade, dentre outros aspectos da vida do homem, foram alguns dos principais fatores para o desenvolvimento dos Estudos Sociais. Sobre a interferência política na educação, Carvalho (1970, p. 66-67) afirma que “a pressão sócio-política de uma situação qualquer, a coação exercida por interesses econômicos, em dado momento, podem procurar influir sobre as diretrizes da Educação”. Dessa forma, percebemos o exercício do poder em ambos os lados, tanto do Estado para com a disciplina, como da disciplina para os estudantes. Carvalho (1970) destaca ainda que a disciplina possuía finalidades educacionais (profissional, cultural e social) importantes, nas quais se era possível visualizar aspectos 53 Revista Pensar Geografia, v. III, nº. 2. Dezembro de 2018.2 ISSN: 2527 0540 centrais da vida em sociedade, e no processo de manifestação dessa ideia, a finalidade social conseguiu abranger de forma mais ampla o que de fato os Estudos Sociais representariam: A finalidade social não contraria o propósito utilitário da profissão que visa preparar o homem para ganhar a vida; nem o propósito cultura, que desenvolve suas capacidades mentais e alarga a sua visão; ao contrário, ela resulta de ambos, pois prepara o indivíduo a viver em sociedade e atenua mesmo o que de egoísta possa haver nas outras finalidades (p. 58). Para o autor, toda educação social é obtida através da educação individual, uma vez que o indivíduo não é sacrificado à sociedade, mas sim preparado para viver nela (CARVALHO, 1970). Observamos nas falas do autor sua familiaridade com a disciplina, numa perspectiva do que realmente deveria ter sido feito, que existiam aqueles que defendiam sua efetivação. Porém, identificamos que essas reflexões novamente vão de encontro a uma ideia alheia ao potencial de aprendizagem dos estudantes, ou até mesmo de sua formação crítica frente a um sistema extremamente desigual, muito pelo contrário, se trata de uma concepção homogeneizadora que rapidamente conseguiu padronizar comportamentos e ações, situação essa que sem dúvidas, não foi apenas obra do acaso. Partindo desse pressuposto, não devemos esquecer que diante desse cenário, a Geografia passou por um momento turbulento no que diz respeito à sua permanência nos currículos escolares brasileiros. Como já era de se esperar, com o advento dos Estudos Sociais, a Geografia - que já passava por um período de transformações epistemológicas - sofreu uma expressiva fragmentação de conteúdos, perdendo muito do seu significado enquanto ciência: Os conteúdos específicos de História e de Geografia foram, então, descaracterizados e empobrecidos para dar lugar a uma somatória de conteúdos advindos de campos que se fundamentavam em conteúdos, teorias e métodos diferentes (ALBUQUERQUE, 2004, p.128). Compreendemos que ao passo da realização dessas diferentes e novas práticas pedagógicas, as consequentes alterações afetaram de forma significativa o ensino da Geografia escolar. Pensando pela lógica da mudança nos métodos de ensino, até poderíamos reavaliar nossa posição em relação aos Estudos Sociais. Mas, o que pesou em nossa avaliação crítica é o fato dos conteúdos terem sido progressivamente fragmentados, fazendo com que o ensino da Geografia na escola perdesse pouco a pouco a essência de sua função, que segundo Dewey (1959 apud Santos; Nascimento, 2015, p.155) “é enriquecer e dar expansão aos 54 Revista Pensar Geografia, v. III, nº. 2. Dezembro de 2018.2 ISSN: 2527 0540 contatos mais diretos e pessoais da vida fornecendo-lhes seu contexto, seus apoios ou fundamentos e sua perspectiva e horizonte”. Nesse sentido, podemos constatar que o estabelecimento desta disciplina foi um incômodo para alguns setores da educação, e em alguns casos, para a própria sociedade. Sua capacidade de alterar a dinâmica de diversas escolas, substituir (na intenção de eliminar) disciplinas importantes e até mesmo modificar o comportamento próprio povo brasileiro, foi à fórmula perfeita para se tornar tão polêmica. No próximo tópico, discutiremos de forma mais específica questões referentes à Geografia e suas transformações, bem como seu processo de renovação frente ao então processo em vigor, evidenciando algumas características desse movimento que foi tão importante para o que hoje concebemos por Geografia. MUDANÇAS NA GEOGRAFIA E SEU PAPEL FRENTE AO ESTADO A década de 1970 vai representar o momento em que a “Geografia oficial” vivenciou uma das quedas mais meteóricas de sua trajetória (MOREIRA, 2007) e era praticamente impossível a Geografia escolar estar alheia a esse processo. Compreendemos que como um importante instrumento para a formação de indivíduos com conhecimento amplo, crítico e bem articulado das questões referentes ao espaço e suas relações, a Geografia enquanto disciplina escolar facilmente se tornaria alvo das “modernas” mudanças no âmbito educacional. Albuquerque (2011) destaca que nesse período a mudança foi tão expressiva que a disciplina foi praticamente eliminada do currículo escolar, sendo utilizados apenas os conteúdos de forma intencional e fragmentada, logo, “as aulas de Geografia ficaram restritas à parte dos conteúdos que interessavam àqueles governos” (p. 22). O período em questão, marcado pelo advento da Ditadura Militar no Brasil, foi responsável por silenciar diversas vozes, que na busca por transformações, foram severamente intimidadas pelas forças militares respaldadas sobre uma ideia nacional conservadora. Nesse sentido, quaisquer tentativas de mudanças na percepção da população frente à sua própria nação, seria uma afronta aos grupos no poder e às suas propostas de governo. Corrêa (1982) atenta para o fato de que influênciasexternas como essa, tiveram um papel decisivo nas mudanças ocorridas no campo da Geografia brasileira: As mudanças que ocorreram na geografia brasileira têm suas raízes externas a ela na medida em que ela está inserida na sociedade brasileira e no mundo capitalista, 55 Revista Pensar Geografia, v. III, nº. 2. Dezembro de 2018.2 ISSN: 2527 0540 vinculando-se ainda de modo mais ou menos direto ao Estado, inserção e vínculo que, naturalmente, determinam a natureza da geografia a ser produzida, as mudanças por que passou, e as práticas concretas de seus membros (p. 115). Trata-se então de mudanças que já evidenciavam os interesses do Estado e de sua nova forma de conceber a educação. A Geografia que deveria ser produzida estava a serviço do Estado e de sua busca por legitimação, pois como destaca o autor, este naturalmente determinaria o que era produzido na Geografia em seus diversos aspectos. Parece que a questão principal está pautada sobre o uso estratégico da Geografia, uma vez que é por meio desta que percebemos como é expressiva a interferência do Estado sobre a educação. Sobre isso, Gaudio (2007) destaca que quando coube ao Estado à função de instituir a nação, o ensino da Geografia escolar foi chamado a contribuir no processo de construção, não apenas em uma perspectiva física em que os aspectos naturais estariam em evidência, mas também lhe atribuindo um “desenho” de destaque, colocando-a no cenário das demais nações mundiais. Diante disso, as várias possibilidades de uso da Geografia acabam sendo efetivadas, provando que um conhecimento tão amplo nas mãos certas é a fórmula perfeita para algo potencialmente perigoso. Nesse sentido, compreendemos que essa noção - estabelecida no Brasil como uma forma de afirmação do governo e de suas pretensões para o país - foi o que sem dúvidas colocou o conhecimento geográfico numa posição estratégica em meio aos demais, tanto nas escolas como no próprio plano territorial. Lacoste (1988, p. 37) afirma que “a geografia é claramente percebida como um saber estratégico e os mapas, assim como a documentação estatística, que dá uma representação precisa do país, são reservados à minoria dirigente”. Logo, estamos diante de uma recorrente Geografia a serviço do Estado (MOREIRA, 2007), principalmente enquanto esta se assentar em bases capitalistas. Dessa forma, a minoria detentora do poder reconhece sua importância e a utiliza para fins próprios, enquanto que para a maioria da população, esse conhecimento é só mais um dentro de uma disciplina vista como desnecessária. O ditado popular “unir o útil ao agradável” nunca foi tão verdadeiro. A busca por transformações ocorrera em função da urgência em se superar as formas ultrapassadas de se conceber a Geografia, logo, as mudanças deveriam ser tão expressivas quanto à crise que as precedia. Na medida em que os debates se acirravam, mais mudanças ocorriam, e o que antes predominava como uma prática indispensável ao pleno conhecimento do indivíduo e do meio em que vive (uma ótica baseada nos ideais nacionais), passaria a ser mais um aspecto veementemente criticado pelos diversos seguimentos pertencentes à 56 Revista Pensar Geografia, v. III, nº. 2. Dezembro de 2018.2 ISSN: 2527 0540 Geografia. O que vemos surgir no fim dessa estrada de transformações é uma Geografia diferente, que em seu processo de construção, contrariava a perspectiva dominante do Estado. A denominada “Geografia crítica” apresentou um concepção inovadora, que diante de um dos momentos mais críticos de sua trajetória, possibilitou mudanças nas discussões geográficas para além das universidades. Sendo assim, o não reconhecimento de uma Geografia a serviço do Estado veio a despertar o descontentamento de inúmeros geógrafos, que preocupados com os rumos que a ciência tomaria, contestaram a forma como a mesma vinha sendo produzida, criando com isso as condições necessárias para o estabelecimento de um novo cenário para a Geografia, um em que ela de fato auxiliaria na formação de indivíduos críticos e ativos na sociedade: uma Geografia crítica. CONSIDERAÇÕES FINAIS Compreendemos que a educação foi um importante instrumento para a legitimação do regime militar no Brasil, um governo opressor e autoritário, que apresentou em sua composição, diversos aspectos ditos “inovadores”, mas que na realidade, apenas coincidiam com uma gama de interesses expressos pelos grupos dominantes e com a necessidade constante de desenvolvimento a todo custo, ainda que este representasse uma formação superficial e desigual dos indivíduos. A implementação dos Estudos Sociais como uma nova fase para a educação claramente transformou a dinâmica das salas de aula na época, e dentre as disciplinas afetadas por essa sútil e invasiva proposta estava a Geografia, que aos poucos perdeu espaço para um ensino nacionalista e ideológico, mais preocupado em formar cidadãos patriotas do que realmente aptos a pensar. Identificamos que a Lei 5.692/1971, que previa a institucionalização dos Estudos Sociais nos currículos escolares do país, manifestou nitidamente os interesses implícitos do governo e dos grupos dominantes sobre a educação naquele momento. A Lei, que previu mudanças nas grades curriculares e representou “avanços” a partir da instauração da formação técnica, não só demonstrou a capacidade do governo de se utilizar da educação como um mecanismo formador de indivíduos nacionalistas, como também conseguiu fornecer, de forma simples e prática, mão-de-obra barata e qualificada para o mercado de trabalho. Contudo, percebemos que tanto os Estudos Sociais - com suas premissas voltadas para a formação de cidadãos aptos a viver em sociedade, a descaracterização de disciplinas como a Geografia e a História, e seu poder de legitimação para o governo - como o ensino técnico, 57 Revista Pensar Geografia, v. III, nº. 2. Dezembro de 2018.2 ISSN: 2527 0540 foram questões da Lei que interferiram de maneira direta no cotidiano da população, principalmente pelo fato de não terem sido elaboradas para um possível progresso ou integração entre as pessoas, mas sim passaram a existir para satisfazer necessidades políticas e ideológicas de uma minoria repleta de interesses. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALBUQUERQUE, Maria Adailza Martins de. Lugar: conceito geográfico nos currículos pré- ativos - relação entre saber acadêmico e saber escolar. 2004. 288 f. Tese (Doutorado) - Programa de Doutorado da área de Didática, Teorias de Ensino e Práticas Escolares, Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2004. ALBUQUERQUE, Maria Adailza Martins de. Século de prática de ensino de Geografia: permanências e mudanças. In: REGO, Nelson; CASTROGIOVANNI, Antônio Carlos; KAERCHER, Nestor André (Org.). Geografia: práticas pedagógicas para o ensino médio. Porto Alegre: Penso, 2011. p. 13-33. BRASIL. Lei nº 5.692, de 11 de agosto de 1971. Seção 1. Disponível em: http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1970-1979/lei-5692-11-agosto-1971- 357752publicacaooriginal-1-pl.html. Acesso em: 07 jul. 2018. CARVALHO, Delgado de. Introdução metodológica aos Estudos Sociais. 2. ed. Rio de Janeiro: Agir, 1970. CONTI, José Bueno. A reforma do ensino de 1971 e a situação da Geografia. Boletim Paulista de Geografia, São Paulo, n. 51, p.57-74, jun. 1976. CORRÊA, Roberto Lobato. Geografia brasileira: crise e renovação. In: MOREIRA, Ruy (Org.). Geografia: teoria e crítica. Petrópolis-RJ: Vozes, 1982. p. 115-121. GAUDIO, Rogata Soares del. Ideologia nacional e discurso geográfico sobre a natureza brasileira. Lutas Sociais, São Paulo, n. 17/18, p.48-63, 2007. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/ls/article/view/18658/13845. Acesso em: 18 ago. 2018. LACOSTE, Yves. A Geografia - Isso serve, em primeiro lugar,para fazer a guerra. Campinas-SP: Papirus, 1988. LIRA, Alexandre Tavares do Nascimento. A legislação da Educação no Brasil durante a ditadura militar (1964-1985): um espaço de disputas. 2010. 359 f. Tese (Doutorado) - Curso de Pós-Graduação em História, Centro de Estudos Gerais, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2010. MOREIRA, Ruy. O que é Geografia. São Paulo: Brasiliense, 2007. NASCIMENTO, Thiago Rodrigues. Os Estudos Sociais e a reforma de ensino de 1º e 2º graus: a “doutrina do núcleo comum”. XXVIII Simpósio Nacional de História, Jul. 2015. Disponível em: http://www.snh2015.anpuh.org/site/anaiscomplementares. Acesso em: 07 jul. 2018. 58 Revista Pensar Geografia, v. III, nº. 2. Dezembro de 2018.2 ISSN: 2527 0540 OLIVEIRA, Clarice Gonçalves Souza de. A Geografia como disciplina: trajetória nos currículos escolares do Brasil e o seu ensino como questões centrais da discussão. In: TRINDADE, Gilmar Alves; CHIAPETTI, Rita Jaqueline Nogueira (Org.). Discutindo geografia: doze razões para se (re)pensar a formação do professor. Ilhéus: Editus, 2007. p. 17-63. PONTUSCHKA, Nídia Nacib; PAGANELLI, Tomoko Iyda; CACETE, Núria Hanglei. Para ensinar e aprender Geografia. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2009. RAFFESTIN, Claude. Por uma Geografia do poder. São Paulo: Ática, 1993. Tradução de: Maria Cecília França. RESENDE FILHO, Carlos Moura de. Livro Didático de Estudos Sociais: um tipo de artefato de produção cultural marcado por continuidades e resistências aos ideais da Ditadura Militar (1970- 1980). 2014. 128 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Pósgraduação em Educação, Centro de Educação, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2014. REZENDE, Maria José de. A ditadura militar no Brasil: repressão e pretensão de legitimidade : 1964-1984. Londrina: Eduel, 2013.