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DOCÊNCIA EM SAÚDE GESTÃO DE BARES E RESTAURANTES 1 Copyright © Portal Educação 2013 – Portal Educação Todos os direitos reservados R: Sete de setembro, 1686 – Centro – CEP: 79002-130 Telematrículas e Teleatendimento: 0800 707 4520 Internacional: +55 (67) 3303-4520 atendimento@portaleducacao.com.br – Campo Grande-MS Endereço Internet: http://www.portaleducacao.com.br Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - Brasil Triagem Organização LTDA ME Bibliotecário responsável: Rodrigo Pereira CRB 1/2167 Portal Educação P842g Gestão de bares e restaurantes / Portal Educação. - Campo Grande: Portal Educação, 2013. 216p. : il. Inclui bibliografia ISBN 978-85-8241-851-2 1. Bares – Restaurantes – Gestão. 2. Administração de empresas. I. Portal Educação. II. Título. CDD 658.04 2 SUMÁRIO 1 CONCEITOS E DEFINIÇÕES IMPORTANTES DO SETOR...................................................... 9 2 GASTRONOMIA E A&B NO CONTEXTO TURÍSTICO ............................................................ 14 3 O SURGIMENTO DO RESTAURANTE .................................................................................... 17 4 CLASSIFICAÇÃO DOS ESTABELECIMENTOS DE A&B ....................................................... 21 5 ASSOCIAÇÕES DO SETOR .................................................................................................... 25 5.1 ABRASEL: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE BARES E RESTAURANTES .............................. 25 5.2 ABAGA: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA ALTA GASTRONOMIA ........................................... 26 6 PANORAMA ATUAL DO SETOR DE A&B .............................................................................. 30 6.1 MERCADO DE BARES E RESTAURANTES ............................................................................ 30 6.2 A&B NA HOTELARIA ................................................................................................................ 31 6.3 A GLOBALIZAÇÃO NA GASTRONOMIA .................................................................................. 32 7 DEFINIÇÃO DO PÚBLICO-ALVO E DO CONCEITO DO RESTAURANTE ............................. 35 8 A ESCOLHA DO PONTO ......................................................................................................... 36 9 O PROJETO ARQUITETÔNICO E A AMBIENTAÇÃO ............................................................ 46 9.1 O SALÃO DO RESTAURANTE ................................................................................................. 46 9.1.1 Organização do Espaço ............................................................................................................ 46 9.1.2 Decoração ................................................................................................................................. 48 9.1.3 Mobiliário ................................................................................................................................... 52 9.1.4 Iluminação ................................................................................................................................. 52 9.1.5 Sonorização ............................................................................................................................... 53 3 9.2 O BALCÃO DO BAR.................................................................................................................. 53 9.3 O CAIXA .................................................................................................................................... 56 9.4 BANHEIROS ............................................................................................................................. 56 9.5 A COZINHA ............................................................................................................................... 57 9.6 OUTRAS ÁREAS DESTINADAS À ADMINISTRAÇÃO E AO SERVIÇO .................................. 61 10 A PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS EM A&B ................................................................................ 63 10.1 QUALIDADE DO ATENDIMENTO EM A&B .............................................................................. 65 11 CARACTERÍSTICAS E ASPECTOS PECULIARES DOS SERVIÇOS DE A&B ...................... 71 11.1 INTANGIBILIDADE .................................................................................................................... 71 11.2 DIFICULDADE EM MANTER UM PADRÃO UNIFORME DE DESEMPENHO ......................... 72 11.3 HETEROGENEIDADE DAS NECESSIDADES DA DEMANDA ................................................. 72 11.4 SIMULTANEIDADE DE PRODUÇÃO E CONSUMO ................................................................. 73 11.5 PERECIBILIDADE ..................................................................................................................... 73 12 POSTURA E APRESENTAÇÃO PESSOAL DA BRIGADA DE SERVIÇOS ............................ 74 12.1 POSTURA, HÁBITOS E MANEIRAS ......................................................................................... 74 12.2 UNIFORMES ............................................................................................................................. 75 12.3 SAPATOS .................................................................................................................................. 76 12.4 JOIAS E BIJUTERIAS ............................................................................................................... 76 12.5 PERFUMES E DESODORANTES ............................................................................................ 77 12.6 CABELOS E ROSTO ................................................................................................................. 77 12.7 MÃOS E UNHAS ....................................................................................................................... 77 13 MONTAGEM DO SALÃO E MISE-EN-PLACE ......................................................................... 78 4 13.1 ALINHAMENTO DE MESAS E CADEIRAS ............................................................................... 78 13.2 COLOCAÇÃO DO FORRO DE MESA (OU MOLETOM) ........................................................... 79 13.3 COLOCAÇÃO DAS TOALHAS .................................................................................................. 79 13.4 COLOCAÇÃO DOS COBRE-MANCHAS OU DOS JOGOS AMERICANOS ............................. 79 13.5 SHOW-PLATE OU SOUSPLAT................................................................................................. 80 13.6 PRATOS .................................................................................................................................... 81 13.7 TALHERES ................................................................................................................................ 82 13.8 PRATO E FACA DE PÃO .......................................................................................................... 82 13.9 COPOS ...................................................................................................................................... 83 13.10 GUARDANAPO ......................................................................................................................... 84 13.11 FINALIZAÇÃO DAS MESAS ..................................................................................................... 89 14 OS DIFERENTES TIPOS DE SERVIÇO ................................................................................... 9114.1 SERVIÇO DE PRATO PRONTO / EMPRATADO / AMERICANO ............................................. 92 14.2 SERVIÇO À INGLESA ............................................................................................................... 93 14.2.1 Serviço à Inglesa Direto ............................................................................................................. 93 14.2.2 Serviço à Inglesa Indireto .......................................................................................................... 93 14.3 SERVIÇO À FRANCESA / DIPLOMATA ................................................................................... 94 14.4 SERVIÇO À AMERICANA / BUFFET / SELF-SERVICE ........................................................... 95 15 A PRODUÇÃO EM A&B ........................................................................................................... 96 15.1 SETORES E FUNÇÕES DE UMA COZINHA COMERCIAL ...................................................... 97 16 POSTURA E APRESENTAÇÃO PESSOAL DA BRIGADA DE PRODUÇÃO ........................ 105 16.1 POSTURA, HÁBITOS E MANEIRAS ........................................................................................ 106 5 16.2 UNIFORMES ............................................................................................................................ 107 16.2.1 Jaleco ou Doma ........................................................................................................................ 107 16.2.2 Calça ........................................................................................................................................ 108 16.2.3 Chapéu, Charlotte ou Toque .................................................................................................... 109 16.2.4 Lenço de Pescoço .................................................................................................................... 110 16.2.5 Avental...................................................................................................................................... 110 16.2.6 Guardanapo de Serviço ............................................................................................................ 111 16.2.7 Sapatos .................................................................................................................................... 112 16.3 JOIAS E BIJUTERIAS .............................................................................................................. 112 16.4 PERFUMES E DESODORANTES ........................................................................................... 113 16.5 CABELOS E ROSTO ................................................................................................................ 113 16.6 MÃOS E UNHAS ...................................................................................................................... 113 17 HIGIENE E MANIPULAÇÃO DE ALIMENTOS ........................................................................ 114 18 CLASSIFICAÇÃO DOS ALIMENTOS ..................................................................................... 118 18.1 ENTRADA ................................................................................................................................ 118 18.2 SALADAS ................................................................................................................................. 118 18.3 CREMES E SOPAS.................................................................................................................. 119 18.4 MASSAS ................................................................................................................................... 119 18.5 PEIXES ..................................................................................................................................... 120 18.6 MARISCOS OU FRUTOS DO MAR ......................................................................................... 122 18.7 AVES ........................................................................................................................................ 125 18.8 RÉPTEIS .................................................................................................................................. 125 6 18.9 CARNES VERMELHAS ............................................................................................................ 125 18.10 OVOS ....................................................................................................................................... 126 18.11 QUEIJOS .................................................................................................................................. 128 18.12 ACOMPANHAMENTOS OU GUARNIÇÕES ............................................................................ 129 18.13 MOLHOS .................................................................................................................................. 129 18.14 SOBREMESAS ........................................................................................................................ 129 19 PLANEJAMENTO, ADMINISTRAÇÃO E CONTROLES EM A&B .......................................... 133 19.1 CULTURA INTERNA E ADMINISTRAÇÃO PARTICIPATIVA .................................................. 133 20 PLANEJAMENTO .................................................................................................................... 135 20.1 PLANEJAMENTO CONCEITUAL ............................................................................................. 136 20.2 PLANEJAMENTO OPERACIONAL .......................................................................................... 137 21 PROCESSOS EM ALIMENTOS & BEBIDAS .......................................................................... 138 22 ELABORAÇÃO DE CARDÁPIOS ............................................................................................ 140 22.1 ORIGEM E EVOLUÇÃO ........................................................................................................... 140 22.2 A IMPORTÂNCIA DO CARDÁPIO ........................................................................................... 141 22.3 CUIDADOS NA ELABORAÇÃO DO CARDÁPIO ..................................................................... 143 23 ELABORAÇÃO DA CARTA DE VINHOS ................................................................................ 147 24 ÍNDICES OPERACIONAIS DE DESEMPENHO ...................................................................... 149 24.1 CMV – CUSTO DE MERCADORIA VENDIDA ......................................................................... 150 24.2 CUSTO DE MÃO DE OBRA ..................................................................................................... 152 24.3 PRIME COST ........................................................................................................................... 154 24.4 COUVERT MÉDIO ................................................................................................................... 155 7 24.5 ROTATIVIDADE DE ASSENTOS ............................................................................................. 158 24.6 GIRO DE ESTOQUE ................................................................................................................ 159 25 FICHA TÉCNICA ...................................................................................................................... 162 26 FIXAÇÃO DE PREÇOS DE PRODUTOS EM A&B ................................................................. 164 26.1 MÉTODO EMPÍRICO OU INFORMAL ..................................................................................... 164 26.2 MÉTODOS CIENTÍFICOS OU FORMAIS ................................................................................ 16527 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL EM A&B ........................................................................... 168 27.1 CARGOS E FUNÇÕES EM BARES E RESTAURANTES........................................................ 169 27.2 GERÊNCIA ............................................................................................................................... 170 27.3 FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS ............................................................................................... 170 27.4 BRIGADA DE SERVIÇO .......................................................................................................... 172 27.5 BRIGADA DE PRODUÇÃO ...................................................................................................... 175 28 CARGOS E FUNÇÕES EM A&B NA HOTELARIA ................................................................. 176 28.1 DIRETORIA DE A&B ................................................................................................................ 178 28.2 COZINHA ................................................................................................................................. 180 28.3 STEWARDING ......................................................................................................................... 181 28.4 4REFEITÓRIO DE FUNCIONÁRIOS ....................................................................................... 183 28.5 BARES E RESTAURANTES .................................................................................................... 185 28.6 CAIXAS A&B ............................................................................................................................ 185 28.7 ROOM SERVICE ...................................................................................................................... 186 28.8 FRIGOBAR ............................................................................................................................... 189 28.9 BANQUETES ........................................................................................................................... 190 8 28.10 CONTROLADORIA .................................................................................................................. 192 29 FESTIVAIS GASTRONÔMICOS .............................................................................................. 193 29.1 CONCEITO E EXEMPLOS ....................................................................................................... 194 29.2 A IMPORTÂNCIA DOS FESTIVAIS GASTRONÔMICOS ........................................................ 195 29.3 A ELABORAÇÃO DE UM FESTIVAL GASTRONÔMICO ........................................................ 197 29.3.1 Definição do Tema.................................................................................................................... 197 29.3.2 Definição do Local .................................................................................................................... 198 29.3.3 Definição da Data e da Duração do Evento .............................................................................. 198 29.3.4 Definição dos Serviços e Atrações Complementares ............................................................... 198 29.3.5 Definição do Menu e do Tipo de Serviço .................................................................................. 199 29.3.6 Definição dos Recursos Humanos............................................................................................ 199 29.3.7 Definição do Material ................................................................................................................ 200 29.3.8 Captação de Parceiros/Patrocinadores .................................................................................... 200 29.3.9 Cotização do Evento................................................................................................................. 200 29.3.10 Elaboração do Plano de Divulgação ...................................................................................... 201 29.3.11 Elaboração do Check-list ....................................................................................................... 201 29.3.12 Elaboração do Projeto............................................................................................................ 202 29.4 ALGUNS EXEMPLOS DE FESTIVAIS GASTRONÔMICOS .................................................... 203 29.5 A ANÁLISE DO PÓS-EVENTO ................................................................................................ 209 30 REFEIÇÕES TEMÁTICAS ....................................................................................................... 211 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................................. 213 9 1 CONCEITOS E DEFINIÇÕES IMPORTANTES DO SETOR Por que é tão comum vermos donos de bares, restaurantes ou similares que têm sua formação em áreas totalmente distintas? São ex-gerentes de banco, ex-vendedores de carros, advogados recém-aposentados que aproveitam uma oportunidade e, muitas vezes, realizam o sonho de ter um restaurante. De fato, como diz Maricato: Montar um bar ou um restaurante passa pela cabeça de muita gente porque esse parece ser um dos ramos do comércio onde há menos segredos. Certo talento culinário, boas relações, um imóvel disponível motivam algumas pessoas a se aventurarem no ramo.1 A mídia, por sua vez, encarrega-se de divulgar empreendimentos que viraram sucesso da noite para o dia, iludindo ainda mais aqueles que sonham com sua cozinha profissional, com suas mesas lotadas e filas de clientes na porta de seu restaurante. No entanto, a realidade é mais dura do que parece. Diz Davies que “o conceito de gerenciamento do serviço de restaurantes, no que se refere às operações de alimentos e bebidas, é relativamente novo em todo o mundo”2. Até pouco tempo, constituir um bar ou um restaurante não se aprendia na escola e, por isso, não se podem desmerecer todos os empresários desse ramo que aprenderam na prática, errando e acertando, com a experiência. Mas o número dos que fracassaram também é bastante expressivo, porém, não divulgado. Atualmente, vêm crescendo os cursos de gestão nas áreas de Alimentos & Bebidas e, até mesmo, em cursos universitários (como Gastronomia e Hotelaria), é possível aprender um pouco da teoria de como se administrar empreendimentos de Alimentos & Bebidas e, assim, diminuir as chances de erro quando a hora da prática chegar. 1 MARICATO, Percival. Como montar e administrar bares e restaurantes. 7. ed. São Paulo: Senac São Paulo, 2007, p.13. 2 DAVIES, Carlos Alberto. Alimentos e Bebidas. 2. ed. Caxias do Sul: EDUCS, 2001, p.13. 10 A intuição e o empirismo estão com os dias contados, pois: [...] só em São Paulo existem mais de 70 mil “pontos de dose” – locais onde bebidas são vendidas no balcão –, e esse número supera os 750 mil em todo o país. Os bares, restaurantes e similares estão entre os empreendimentos mais numerosos, em meio aos 3 milhões de micro e pequenas empresas do Brasil, muitas das quais funcionam informalmente. [...] O mercado é disputado com unhas e dentes em regime de concorrência acirrada, seja pelos botequins de esquina e restaurantes populares, seja pelos estabelecimentos diferenciados.3 Dessa forma, esse curso tem o intuito de contribuir com o conhecimento operacional e administrativo na gestão de bares e restaurantes, tratando desde os conceitos básicos envolvidos no setor e o projeto de um empreendimento, passando pelas técnicas de produção, serviço e administração até seus controles e manutenção. Primeiramente, é necessário definir alguns termos que serão utilizados ao longo dessematerial e precisam estar bem claros. É muito comum haver uma confusão entre os termos “gastronomia” e “culinária”. Além disso, há também algumas dúvidas sobre do que exatamente se trata quando se fala em “alimentos e bebidas”. Bem, a palavra “gastronomia” deriva do vocábulo grego gaster, que significa ventre ou estômago, nomo, para designar lei ou estudo, finalizando com o sufixo ia, para a formação do substantivo. “Assim, gastronomia significa, etimologicamente, estudo ou observância das leis do estômago”.4 Para Araújo et al., “a gastronomia é a história da alimentação”.5 Carneiro completa e ressalta que: A história da alimentação abrange [...] mais do que a história dos alimentos, de sua produção, distribuição, preparo e consumo. O que se come é tão importante quanto quando se come, onde se come, como se come e com quem se come. As mudanças 3 MARICATO, Percival. Como montar e administrar bares e restaurantes. 7. ed. São Paulo: Senac São Paulo, 2007. p. 14. 4 FRANCO, Ariovaldo. De caçador a gourmet: uma história da gastronomia. São Paulo: Senac São Paulo, 2001, p. 35. 5 ARAÚJO, Wilma Maria Coelho et al. Da alimentação à gastronomia. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2005, p. 15. 11 dos hábitos alimentares e dos contextos que cercam tais hábitos é um tema intrincado que envolve a correlação de inúmeros fatores.6 Brillat-Savarin (1755-1826), um advogado francês, reconhecido por sua paixão pela gastronomia e escritor de “Physiologie du Goût” (Fisiologia do Gosto), obra que reúne os mais diversos temas da gastronomia, apresenta a seguinte definição: “A gastronomia é o conhecimento fundamentado de tudo o que se refere ao homem, na medida em que ele se alimenta”.7 FIGURA 1 - JEAN-ANTHELME BRILLAT-SAVARIN FONTE: Disponível em: <http://radio-courtoisie.over-blog.com/70-categorie-162992.html>. Acesso em: 26 dez. 2008. 6 CARNEIRO, Henrique. Comida e sociedade - uma história da alimentação. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003, p. 2. 7 SAVARIN, Brillat. A Fisiologia do gosto. Tradução Paulo Neves. São Paulo: Companhia das Letras, 1995, p. 57. 12 FIGURA 2 - “A FISIOLOGIA DO GOSTO” FONTE: Disponível em: <http://www.planetanews.com/produtos/108660>. Acesso em: 26 dez. 2008. Percebe-se, portanto, que a gastronomia tem um campo bem abrangente. Pode-se dizer que ela trata de todos os aspectos teóricos e/ou práticos do que diz respeito aos prazeres da mesa. Sendo assim, pode-se considerar a gastronomia como o conhecimento teórico e/ou prático da alimentação humana, englobando seu contexto histórico e cultural, suas receitas, seu preparo, seu consumo, seus aspectos sociais e antropológicos, etc. Dessa forma, um gastrônomo (ou gourmet, em francês, como é muito utilizado) é aquele que entende de gastronomia, mas não necessariamente de culinária. E o que vem a ser exatamente culinária? Esse termo é bem mais simples de definir do que gastronomia. Segundo a maioria dos dicionários, culinária é a arte de preparar os alimentos, a arte de cozinhar. Isso significa que a culinária dispensa todo o contexto teórico da gastronomia e pode limitar-se apenas à prática. Nota-se, então, que a gastronomia abrange a culinária, ou seja, a arte de cozinhar é apenas um dos setores que compõem a gastronomia. Por fim, apresenta-se o que vem a ser 13 definido como “Alimentos e Bebidas” (ou “A&B”), termo que utilizaremos bastante durante esse curso. Há aqui duas possibilidades: Alimentos e Bebidas como um departamento da hotelaria: O departamento de A&B, na hotelaria, diz respeito a todos os serviços de alimentação oferecidos pelo hotel e é dividido em vários setores, como Room Service, Restaurantes, Bares, etc., como será estudado detalhadamente no curso. Alimentos e Bebidas como uma fatia do mercado que comercializa serviços de alimentação: engloba bares, restaurantes, lanchonetes, cafés, casas de chá, etc., que servem o público em geral, pertencendo ou não a um hotel. É importante ressaltar, aqui, que se consideram estabelecimentos de A&B aqueles que produzem e servem seus produtos, excluindo-se, assim, meros fornecedores de matéria-prima, como supermercados, açougues e peixarias, por exemplo. Essa noção será mais bem esclarecida ainda neste curso. 14 2 GASTRONOMIA E A&B NO CONTEXTO TURÍSTICO Uma localidade turística tem sempre três fatores que são considerados sua “matéria- prima”: geografia, história e cultura. Esses três componentes podem ainda sofrer várias subdivisões. Assim, diz-se que a gastronomia faz parte da cultura de um povo. Franco vai mais além e afirma que “os hábitos culinários de uma nação não decorrem somente do mero instinto de sobrevivência do homem de se alimentar. São expressão de sua história, geografia, clima, organização social e crenças religiosas”.8 Cabe ressaltar ainda a informação apresentada por Schlüter: A partir de 1997 a UNESCO introduziu o conceito de patrimônio intangível, ao qual definiu como o conjunto de formas de cultura tradicional e popular ou folclórica, ou seja, as obras coletivas que emanam de uma cultura e se baseiam na tradição. Essas tradições são transmitidas oralmente ou mediante gestos e se modificam com o transcurso do tempo por um processo de recriação coletiva. Incluem-se nelas as tradições orais, os costumes, as línguas, a música, as danças, os rituais, as festas, a medicina tradicional e a farmacopeia, as artes culinárias e todas as habilidades especiais relacionadas com os aspectos materiais da cultura, tais como artes e o hábitat.9 Enfocando especificamente a gastronomia, a mesma autora observa ainda que: Como destacam os estudiosos, a gastronomia está assumindo cada vez maior importância como mais um produto para o turismo cultural. As motivações principais encontram-se na busca do prazer através da alimentação e da viagem, embora deixando de lado o standard para favorecer o genuíno. A busca das raízes culinárias e a forma de entender a cultura de um lugar por meio de sua gastronomia estão adquirindo importância cada vez maior. A cozinha tradicional está sendo reconhecida 8 FRANCO, Ariovaldo. De caçador a gourmet: uma história da gastronomia. São Paulo: Senac São Paulo, 2001, p. 23. 9 SCHLÜTER, Regina G. Gastronomia e turismo. Tradução Roberto Sperling. São Paulo: Aleph, 2003, p. 10. 15 cada vez mais como um componente valioso do patrimônio intangível dos povos. Ainda que o prato esteja à vista, sua forma de preparação e o significado para cada sociedade constituem os aspectos que não se veem, mas que lhe dão seu caráter diferenciado. Esse interesse do turismo pela gastronomia pode ajudar a resgatar antigas tradições que estão prestes a desaparecer.10 Dessa forma, é inegável a importância cultural da gastronomia para o turismo. No entanto, há também outro aspecto que deve ser levado em conta: a gastronomia como forma de simples lazer, desvinculada da carga cultural. Afinal, para o ser humano, o prazer de comer talvez seja maior do que a simples necessidade biológica que este ato verdadeiramente representa. Barreto e Senra lembram que: Uma das premissas da sociedade pós-industrial é o aumento das horas de ócio advindas da redução das horas de trabalho. Esse ócio pode ser direcionado para mais horas disponíveis com o lazer, e aí se inclui o lazer gastronômico. Encontrado em hotéis ou restaurantes com reconhecida competência gastronômica, em cidades com tradição de boa alimentação, tours gastronômicos podem estar associados a degustações de vinhos ou outras bebidas, relacionando a gastronomia e a enologia. No desenvolvimento da leitura e aquisição de obras ou publicações,visitas a mercado e feiras e, finalmente, na criação de confrarias e associações gastronômicas, profissionais de ocupações diversas buscam até mesmo uma válvula de escape para o estresse.11 Viu-se, porém, que a gastronomia e os hábitos culinários são expressões culturais de um povo, considerados um patrimônio muito importante para o turismo. No entanto, esse patrimônio não passa de uma “matéria-prima” que precisa ser organizada pelos profissionais competentes, para que se transforme em oferta turística. Em outras palavras: de nada adiantam receitas deliciosas, riquíssimas tradições culinárias e um patrimônio gastronômico variado se o turista não tiver acesso a tudo isso. E o principal responsável por transformar esse potencial em produto turístico é o setor de Alimentos e Bebidas, seja por meio dos restaurantes independentes ou dos de dentro da hotelaria. O processo pode ser visualizado na Figura 3, a seguir: 10 Ibidem, p.11-12. 11 BARRETO, Ronaldo Lopes; PONTES & SENRA VIEIRA, Asdrúbal. A gastronomia e o turismo. In: ANSARAH, Marilia Gomes dos Reis. Turismo - como aprender, como ensinar. v. 2. 2. ed. São Paulo: Senac, 2001, p. 394-395. 16 FIGURA 3 - DA MATÉRIA-PRIMA PARA O CLIENTE FONTE: Arquivo pessoal do autor. 3 O SURGIMENTO DO RESTAURANTE 17 A naturalidade que nos leva hoje a jantar fora, por lazer, ou almoçar correndo “na rua”, por necessidade do estilo de vida, não nos permite pensar como pode ter sido estranho o surgimento de um estabelecimento como o restaurante. Mas Savarin já destacava, em sua época: “entre os que acorrem em multidão aos restaurantes, poucos já pararam para pensar que o homem que criou o primeiro restaurante deve ter sido um gênio e um profundo observador da natureza humana”.12 Porém, no início, a palavra “restaurante” designava algo diferente do que conhecemos hoje, como conta Spang: Séculos antes de um restaurante ser um lugar aonde se ia para comer (e até várias décadas depois disso), um restaurant era algo de comer, um caldo restaurativo. [...] No século XV, uma receita de restaurant começava ensinando que um capão recém- abatido fosse cozido numa panela de vidro de um alquimista com sessenta ducados de ouro [...]. Os dicionários dos séculos XVII e XVIII de Furetière e Trévoux [...] definiam um restaurant como sendo um preparado semimedicinal, enquanto a vultosa Encyclopédie de Diderot e D'Alembert (1751-1772) relacionava “restaurante” como um “termo médico” e apresentava conhaque, grão-de-bico e chocolate como exemplos de substâncias “restaurativas”. Muitos livros de receitas franceses do século XVIII continham extensas receitas à base de caldo chamadas restaurants, que prometiam restabelecer a saúde de pessoas que padeciam de doenças crônicas e o sabor a molhos insípidos. Os restaurants desse período diferiam de todos os demais caldos por sua natureza muito concentrada, já que, diferente dos tipos mais populares de consomês, eles eram quase sempre preparados sem a adição de líquidos. O produto final, depois de um procedimento de cozimento de exatidão alquímica, era um caldo da essência de pura carne. [...] O restaurante como um espaço social urbano surgiu do consomê. No princípio, nos últimos vinte anos do Antigo Regime, entrava-se em um restaurante (ou, como eram mais comumente chamados, na “sala de um restaurateur”) para beber caldos restaurativos, assim como se ia a uma cafeteria para beber café. Os primeiros restaurateurs serviam poucas refeições sólidas e anunciavam seus estabelecimentos como sendo especialmente adequados àqueles que tinham estômago muito sensível para fazer uma refeição à noite. Em sua forma inicial, portanto, o restaurante era um lugar em que se entrava não para comer, mas para se sentar e, debilitado, sorver um restaurant. Diferindo das estalagens, tabernas ou casas de pasto por suas mesas individuais, seus consomês salutares e seus horários livres, esses primeiros 12 SAVARIN, Brillat. A Fisiologia do gosto. Tradução Paulo Neves. São Paulo: Companhia das Letras, 1995, p. 279. 18 empórios de restaurants pouco tinham em comum com a imagem hoje evocada pelas palavras “restaurante parisiense”.13 Contam ainda vários autores que o primeiro homem a abrir um estabelecimento onde só se admitiam pessoas para comer foi Boulanger. O lugar, inaugurado na Rue de Poulies, em Paris, no ano de 1766, servia aves condimentadas, ovos e consomê. Boulanger mandou pintar na porta o atrativo convite: “Venid ad me omnis qui stomacho laboratis, ego restaurabo vos”, que significa: “Venham a mim os que sofrem do estômago que eu os restaurarei”. O estabelecimento em questão no início se chamou restaurant e, posteriormente, restaurante.14 O restaurante estabelecido como conhecemos hoje surgiu, também e obviamente, na França e foi impulsionado pela ascensão dos burgueses durante a Revolução Francesa. A queda da nobreza gerou o desemprego de inúmeros chefs de cozinha que foram procurar trabalho no centro de Paris. Por isso, Franco afirma que: Vários restaurantes contrataram chefs antes empregados pela aristocracia, enquanto outros abriram seus próprios estabelecimentos. A partir de então, os chefs dos restaurantes desempenharão o principal papel na criação gastronômica e esta permanecerá predominantemente centrada em Paris. A Revolução Francesa, indiretamente, deu ao país muitos de seus restaurantes e estes, ao colocarem a haute cuisine15 ao alcance de quem tivesse dinheiro para frequentá-los, iniciaram processo de democratização da culinária. Com os restaurantes, a haute cuisine deixava de ser apanágio da aristocracia e dos palácios.16 Sobre a concentração de restaurantes em Paris, Spang comenta ainda que: 13 SPANG, Rebecca L. A invenção do restaurante. Tradução Nota Assessoria. Rio de Janeiro: Record, 2003, p. 11-12. 14 TORRE, Francisco de la. Administração hoteleira: parte II - alimentos e bebidas. Tradução Dolores Martin Rodrigues Corner. São Paulo: Roca, 2002. p. 1. 15 Termo francês que designa a “alta cozinha” francesa. 16 FRANCO, Ariovaldo. De caçador a gourmet: uma história da gastronomia. São Paulo: Senac São Paulo, 2001. p. 195. 19 Nos anos 1820, porém, os restaurantes da capital francesa – com seus cardápios em quatro colunas, comensais confusos e garçons de polidez instável –, se pareciam com esses a que estamos familiarizados hoje. O restaurante havia se tornado uma verdadeira instituição cultural entre os familiares e distintivos marcos parisienses. Muito depois de meados do século XIX, os restaurantes permaneceriam um fenômeno quase exclusivamente parisiense. Raramente se encontrava um deles fora da capital francesa.17 A culinária francesa atinge, então, seu apogeu no século XIX. Três chefs e escritores têm papel fundamental nesse avanço: Marc-Antoine Carême, Urbain Dubois e Jules Gouffé. Muitos gourmets, arrasados pela Revolução e sem condições de manter a boa mesa, dedicam- se a escrever livros que são bem aceitos pelos novos ricos desejosos de se inteirar sobre a alta cozinha. Em 1846 nasce o grande nome da culinária francesa: George Auguste Escoffier. Conhecido mundialmente por sua contribuição em racionalizar o trabalho de uma cozinha, dividindo-a em setores interdependentes. Na virada do século XIX para o XX, Escoffier, na culinária, e César Ritz, na hotelaria, eram os dois grandes nomes da hospitalidade europeia e representaram um marco na história do setor de alimentos e bebidas. FIGURA 4 - CÉSAR RITZ 17 SPANG, Rebecca L. A invenção do restaurante. Tradução Nota Assessoria. Rio de Janeiro: Record, 2003.p. 11-12. 20 FONTE: Disponível em: <http://www.nndb.com/people/545/000096257>. Acesso em: 19 jun. 2008. FIGURA 5 - GEORGE AUGUSTE ESCOFFIER FONTE: Disponível em: <http://www.nndb.com/people/545/000096257>. Acesso em: 19 jun. 2008. 21 4 CLASSIFICAÇÃO DOS ESTABELECIMENTOS DE A&B Pela própria complexidade do setor, ainda não há, no Brasil, um sistema de classificação oficial e rígido para os estabelecimentos de Alimentos & Bebidas, como há para a hotelaria, por exemplo. No entanto, estudiosos e profissionais da área vêm tentando sistematizar os diversos tipos desses estabelecimentos para que possam ser estudados, analisados, etc. O cliente e/ou turista acaba se valendo apenas dos guias turísticos, que possuem seus próprios, porém em sua maioria coerentes, critérios e métodos de classificação. Na falta, então, de um critério oficial de classificação, seguem-se alguns autores e suas colocações para que sejam analisadas: Castelli considera restaurante “o estabelecimento que fornece ao público alimentação mediante pagamento”.18 É um conceito válido, no entanto, muito amplo e abrangente, pois engloba inúmeros tipos diferentes de estabelecimentos de A&B. Especificamente para os restaurantes, Castelli menciona que “em geral, podem ser classificados de várias maneiras. Uma delas é a de agrupá-los por categorias do tipo: luxo, primeira categoria, segunda categoria e terceira categoria”.19 É o que fazem normalmente os guias turísticos. Maricato nem arrisca uma classificação e, ao mencionar os diferentes tipos de estabelecimentos, diz apenas que “o Brasil abriga um universo variado de bares e restaurantes”.20 Davies comenta apenas sobre o departamento de A&B dentro da hotelaria e mesmo assim conclui que “em um hotel de grande porte, este departamento pode oferecer diversas opções de restaurantes”.21 Percebe-se, assim, como é complexa a classificação dos estabelecimentos de A&B, porém ela não é impossível. O principal “segredo” para se fazer uma boa classificação é definir, antes de tudo, o critério a ser utilizado e tentar aplicá-lo aos diversos 18 CASTELLI, Geraldo. Administração Hoteleira. 9. ed. Caxias do Sul: EDUCS, 2001. p. 297. 19 Idem. 20 MARICATO, Percival. Como montar e administrar bares e restaurantes. 7. ed. São Paulo: Senac São Paulo, 2007. p. 21. 21 DAVIES, Carlos Alberto. Alimentos e Bebidas. 2. ed. Caxias do Sul: EDUCS, 2001. p. 18. 22 estabelecimentos. Não se pode, também, esquecer-se de algo muito importante que é saber exatamente quais são estabelecimentos de Alimentos e Bebidas. A esse respeito, Torre destaca: Os restaurantes e bares oferecem ao público serviço e produto. O serviço consiste em atender aos clientes que chegam ao restaurante ou ao bar e produto são os alimentos ou bebidas servidos em um restaurante ou bar, respectivamente.22 A seguir, então, apresentam-se, para fins de exemplos, algumas formas de se classificar os estabelecimentos de A&B: Considerando-se a principal oferta do estabelecimento, podem-se dividir quatro grandes grupos: Grupo 1: Formado pelos estabelecimentos que servem refeições completas (entradas, pratos principais e sobremesas). Incluem-se aqui todos os tipos de restaurantes. Grupo 2: Formado pelos estabelecimentos que servem lanches, como lanchonetes, padarias com balcão, sanduicherias, etc. Grupo 3: Formado pelos estabelecimentos onde o foco da oferta está nos doces, como por exemplo, as doçarias, confeitarias e sorveterias. Grupo 4: Formado pelos estabelecimentos onde a principal oferta concentra-se nas bebidas; incluindo, assim, os bares, as casas de sucos, etc. Outro critério que pode ser utilizado é considerar o tipo de serviço oferecido, ou seja, diferente do que é servido, leva-se em conta como se serve. É um critério muito utilizado e divide os seguintes grupos: A la carte: O cliente escolhe seu prato a partir de um cardápio (listagem dos pratos que são oferecidos pela casa). Menu fixo ou empratado: O estabelecimento oferece refeições fechadas (que normalmente incluem uma ou duas entradas, um prato principal e uma sobremesa) e cada prato já vem montado da cozinha. 22 TORRE, Francisco de la. Administração hoteleira: parte II - alimentos e bebidas. Tradução Dolores Martin Rodrigues Corner. São Paulo: Roca, 2002. p. 1. 23 Self-service: Nesse tipo de serviço, o próprio cliente se serve das opções expostas em um buffet. Há dois tipos de self-service, que se diferenciam na forma do pagamento: o Buffet: O cliente paga um valor fixo e se serve à vontade. o A quilo: O valor é estabelecido por quilo e o cliente paga pelo peso de seu prato. Balcão: O cliente escolhe seu alimento por meio de um cartaz ou quadro, ou mesmo vendo o próprio alimento, e pede para o atendente por meio de um balcão. Rodízio: O alimento é servido ininterruptamente por garçons, diretamente, na mesa do cliente. Drive-thru: Não há salão de restaurante, o cliente é servido dentro de seu próprio carro. Há outro critério, também muito empregado, mas que só pode ser utilizado para restaurantes e não para todos os tipos de estabelecimentos de A&B. Consiste em separar os restaurantes considerando-se sua especialidade. Assim, temos: Cozinha típica regional: Abrange aqueles restaurantes que servem apenas comida típica de uma região ou estado. Cozinha típica nacional: Inclui todos os restaurantes que trabalham com a culinária típica de um determinado país. Cozinha internacional: Cabem aqui os restaurantes, também chamados de restaurantes gourmets, que oferecem uma variedade de pratos do mundo todo, caracterizados por variedade e sofisticação. Comida Caseira: Inclui os restaurantes rústicos, de ambiente mais aconchegante, que servem comida simples, porém, gostosa. Cozinha Natural/Light: Representa um grupo que vem crescendo com a busca da qualidade de vida e é composto por restaurantes que servem comida natural, light, vegetariana, macrobiótica e outras vertentes vistas como saudáveis no mercado. Frutos do Mar; Churrascaria; Pizzaria; Etc. 24 Cabe lembrar que as classificações apresentadas têm como objetivo mostrar exemplos de critérios que podem ser utilizados na classificação dos estabelecimentos de A&B. Portanto, elas não são oficiais e podem (e devem) sofrer modificações de acordo com os interesses do pesquisador. 25 5 ASSOCIAÇÕES DO SETOR 5.1 ABRASEL: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE BARES E RESTAURANTES FIGURA 6 - LOGOMARCA DA ABRASEL FONTE: Disponível em: < http://www.abrasel.com.br/>. Acesso em: 04 jan. 2013. A Abrasel é a entidade de classe representativa e diretamente ligada ao setor de Alimentos e Bebidas no Brasil. Foi criada em 1986 e conta, hoje, com 27 seccionais e 11 regionais espalhadas pelo Brasil. Com a missão de “representar e desenvolver o setor de alimentação fora do lar, promovendo ações que contribuam para o crescimento sustentável do Brasil”23, a Abrasel presta inúmeros tipos de serviços a seus associados, como: o Participação em eventos do setor; o Consultoria para seus associados; o Divulgação em periódicos; o Publicações na área; o Promoção de cursos de capacitação; o Promoção de feiras, exposições e outros eventos; o Elaboração de projetos de qualidade; 23 Disponível em: <http://www.abrasel.com.br/index.php/abrasel>. Acesso em: 26 dez. 2008. 26 o Elaboração de projetos sociais e ambientais; o Serviços como tradução de cardápios. Sobre os associados e as realizações da associação, a própria Abrasel publica, em seu endereço eletrônico, o seguinte: Reconhecidosnacionalmente pela qualidade e pelo profissionalismo, os associados da Abrasel constituem um grupo seleto de estabelecimentos que compartilham de toda a estrutura promocional da entidade e participam de licitações, eventos, cursos de aperfeiçoamento, ações publicitárias e encontros para intercâmbio de experiências. Essas empresas dispõem ainda de convênios em assistência jurídica, visitas periódicas de acompanhamento, boletins e informações exclusivas e, claro, têm o respaldo da Abrasel em todas as questões de interesse da categoria.24 No site da associação podem ser encontradas notícias constantemente atualizadas sobre o setor e informações detalhadas sobre as seccionais de cada estado. 5.2 ABAGA: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA ALTA GASTRONOMIA A ABAGA foi criada em 1995, originária da ideia de cinco chefs estrangeiros (Ilustrações de 7 a 1125) radicados no Brasil, que queriam criar uma entidade representativa sem fins lucrativos para congregar os chefs atuantes no país. 24 Disponível em: <http://www.abrasel.com.br/index.php/servicos/>. Acesso em: 26 dez. 2008. 25 Disponível em: <http://www.abaga.com.br/modules.php?name=Content&pa=showpage&pid=16>. Acesso em: 28 dez. 2008. 27 FIGURA 7 - CHEF SUÍÇO CHRISTOPHE ARMAND BESSE FIGURA 8 - CHEF FRANCÊS EMMANUEL BASSOLEIL FIGURA 9 - CHEF ARGENTINO JORGE MONTI DE VALSASSINA FIGURA 10 - CHEF FRANCÊS LAURENT ROLAND SUAUDEAU FIGURA 11 - CHEF ITALIANO LUCIANO BOSEGGIA FONTE: ABAGA, 2008. FIGURA 12 - LOGOMARCA DA ABAGA FONTE: Disponível em: <http://1.bp.blogspot.com/_aJhIWDdH6pg/TNbU006qC7I/AAAAAAAABCo/yK4YaJiocY4/s1600/ABAGA+LOGO.jpg> e <http://heikograbolle.files.wordpress.com/2009/05/abaga1.jpg?w=500>. Acesso em: 04 jan. 2013. 28 A ideia deu certo, pois, atualmente, a ABAGA conta com mais de 200 associados, incluindo os chefs mais renomados do Brasil. Suas realizações a firmam cada vez mais como um elemento indispensável no desenvolvimento da gastronomia nacional. Cabe destacar aqui a lista de objetivos da associação, divulgados em seu site: 1- Dignificar e democratizar a profissão de Cozinheiro. 2- Congregar os Chefs de Cozinha que atuam no Brasil para criar e fomentar entre todos um espírito corporativo que enriqueça o conhecimento de cada um com a troca de experiências entre os que exercem o mesmo ofício. 3- Difundir, coordenar, aprimorar, valorizar e incentivar, nacional e internacionalmente, a Alta Gastronomia Brasileira, visando obter para o Brasil um lugar destacado no contexto da Cozinha Mundial. 4- Cooperar e estimular o desenvolvimento de uma política educacional especificamente voltada para o setor, com ênfase na formação de ensino básico, que propicie ao jovem o acesso à profissão. 5- Promover e viabilizar formas de aprimoramento e reciclagem profissional que elevem o nível de formação dos cozinheiros no Brasil e o conceito e a qualidade da culinária nacional. 6- Organizar e promover um calendário de eventos de caráter oficial que, por meio de concursos, palestras, workshops, feiras, e outros meios pertinentes, propiciem o encontro e o intercâmbio de culturas, técnicas e enfoques entre os seus membros de diferentes localidades do país. 7- Representar o Brasil entre altos conhecedores da arte culinária internacional, promovendo intercâmbios por meio de encontros, convenções, eventos, cursos, feiras, concursos, e todos os meios pertinentes. 8- Exercer funções de assessoria frente às autoridades públicas, em respeito à higiene, saúde, elaboração e controle de alimentos. 9- Pesquisar e divulgar produtos de alta qualidade usando do conhecimento de seus membros para defender os interesses de toda a sociedade no tocante à qualidade dos alimentos consumidos no país. 29 10- Zelar e fiscalizar as atividades de seus membros dentro da ABAGA de modo a torná-las um meio de aproximação e confraternização entre os afeiçoados da arte gastronômica.26 26 Disponível em: <http://www.abaga.com.br/modules.php?name=Content&pa=showpage&pid=15>. Acesso em: 26 dez. 2008. 30 6 PANORAMA ATUAL DO SETOR DE A&B 6.1 MERCADO DE BARES E RESTAURANTES Já foi mostrada, nesse material, a importância que a gastronomia e o setor de Alimentos e Bebidas têm para o turismo. Não é de impressionar que seja, então, um setor que vem crescendo e se desenvolvendo a olhos vistos. Sobre o mercado, no Brasil, Maricato destaca: O setor de bares e restaurantes é, ao lado da construção civil, o que mais gera empregos no país, numa época em que eles são cada vez mais necessários. Nos grandes centros urbanos, é uma das principais opções de lazer da população. Vida noturna e gastronomia são respectivamente a primeira e a segunda atração turística numa cidade como São Paulo, de acordo com a pesquisa da Folha de S. Paulo. E em quase todas as demais capitais o setor é de vital importância. Outras pesquisas, feitas pelo Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur) e pelo São Paulo Convention Bureau, mostram que os bares e restaurantes não são só as atrações mais procuradas, mas também reconhecidas como os melhores serviços oferecidos na capital.27 Os trechos a seguir, selecionados a partir da reportagem de Juliana Cavalcanti, “Comida para atrair turista”, publicada em 22 de dezembro de 2008, no Diário de Pernambuco, nos mostram que a realidade exposta por Maricato não é um privilégio da capital paulista: A comida é uma das formas de conhecer a cultura de um local, sua história e influências. [...] No Recife, a gastronomia é um dos três principais itens de interesse dos turistas, segundo pesquisa encomendada pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), pelo SEBRAE Pernambuco e pelo Ministério do Turismo (MTur). O levantamento apontou que 58,5% dos turistas colocam a gastronomia como opção de lazer no Recife, atrás apenas das praias, citadas por 86,2%, e do turismo cultural/histórico, com 60%. A pesquisa faz parte do projeto Caminhos do 27 MARICATO, Percival. Como montar e administrar bares e restaurantes. 7. ed. São Paulo: Senac São Paulo, 2007. p. 27. 31 Sabor, do MTur, que vai identificar e incentivar a gastronomia dos 65 destinos indutores do turismo no Brasil. Em Pernambuco, os escolhidos são o Recife, Porto de Galinhas e a ilha de Fernando de Noronha. [...] De acordo com o presidente da Abrasel em Pernambuco, Mário Jorge Carvalheira, a pesquisa feita com os turistas é apenas o primeiro passo e norteará os trabalhos posteriores do projeto, que começará em fevereiro de 2009. “Muitos restaurantes se interessaram e os resultados mostram o quanto a culinária é importante para o turismo”, destaca. Ele completa, ressaltando a importância do turista para os bares e restaurantes. “O visitante pode ficar na casa de parentes, viajar de carro, navio, ou ônibus, mas o restaurante é um gasto certo que o turista fará”.28 6.2 A&B NA HOTELARIA Dentro dos meios de hospedagem, o setor de Alimentos e Bebidas tem um papel fundamental e também se mostra em contínuo crescimento. Davies destaca alguns dados internacionais: Os gastos referentes aos alimentos e bebidas consumidos nos hotéis e restaurantes têm aumentado quase continuamente. Somente nos Estados Unidos, de acordo com as estimativas do Departamento de Comércio, mais de $1,7 bilhões de dólares foram gastos em alimentos e bebidas em 1935; em 1958, mais de $8 bilhões; e, no princípio da década de 80, as vendas na indústria da alimentação eram de $90,5 bilhões de dólares. [...] De acordo com esses números [...], é compreensível que a indústria de hospedagemdê uma atenção cada vez maior ao gerenciamento de operações da sua área de alimentos e bebidas.29 O crescimento citado por Davies pode ser observado no Gráfico 1, a seguir: 28 Disponível em: <http://www.abrasel.com.br/index.php/atualidade/item/5155/>. Acesso em: 28 dez. 2008. 29 DAVIES, Carlos Alberto. Alimentos e Bebidas. 2. ed. Caxias do Sul: EDUCS, 2001. p. 14. 32 GRÁFICO 1 - AUMENTO DOS GASTOS COM ALIMENTOS E BEBIDAS, NOS EUA FONTE: Arquivo pessoal do autor. Castelli ressalta ainda que “a área de alimentos e bebidas – A e B, dentro da estrutura organizacional e funcional do hotel, é a mais complexa”.30 E, assim, percebemos a necessidade de uma gestão cada vez mais preparada e competente para essa área. 6.3 A GLOBALIZAÇÃO NA GASTRONOMIA Não seria possível terminar esse panorama atual do mercado de A&B sem refletir sobre a influência que a gastronomia vem sofrendo por parte do movimento de globalização. Afinal, a globalização vem modificando o planeta em todos os sentidos e com a alimentação não seria diferente. Um trecho retirado de uma reportagem do Jornal O Globo, de 09 de novembro de 1997, resume bem a relação entre a gastronomia e a globalização: 30 CASTELLI, Geraldo. Administração Hoteleira. 9. ed. Caxias do Sul: EDUCS, 2001. p. 293. 33 A tendência da gastronomia mundial é a globalização e, como contrarreação, a regionalização. Trocando em miúdos: ao mesmo tempo que muitos cozinheiros buscam inspiração na culinária de povos diferentes, outros chefs estão pesquisando e fortalecendo as cozinhas regionais de seus países. Cozinhar hoje é manter um olho na feirinha da esquina e outro na prateleira reservada aos produtos importados.31 Portanto, percebe-se que a globalização, ao mesmo tempo em que possibilitou o acesso a diferentes temperos, receitas e ingredientes, gerou também um movimento oposto, preocupado com as raízes culturais que as receitas tradicionais representam. Assim, pode-se resumir a relação globalização x gastronomia como sendo a mistura entre a busca da inovação e a preocupação com a tradição. Barreto e Senra destacam que: No mundo globalizado em que vivemos, o grande desafio da gastronomia é estar aberta ao novo, sintonizar-se, absorvendo novas tendências e ajustando-se ao conceito de “padronização” sem perder sua autenticidade, seu caráter de regionalidade, expressão maior da evolução e experiências acumuladas através da alimentação, ajustadas à geografia, valores e culturas.32 Para ilustrar essa influência da globalização na gastronomia, apresenta-se o cardápio do jantar servido a Bill Clinton em sua visita ao Brasil, no ano de 1997: “O chef francês Claude Troigros virá do Rio com um cardápio que procura conciliar formação clássica francesa, influência americana e ingredientes típicos do Brasil”.33 Segue o cardápio34, no qual é interessante observar a presença de ingredientes típicos de vários países, misturados de forma inovadora: 31 Apud LEAL, Maria Leonor de Macedo Soares. A história da gastronomia. Rio de Janeiro: Senac Nacional, 1998. p. 98. 32 BARRETO, Ronaldo Lopes; PONTES & SENRA, Asdrúbal Vieira. A gastronomia e o turismo. In: ANSARAH, Marilia Gomes dos Reis. Turismo: como aprender, como ensinar. v. 2. 2. ed. São Paulo: Senac, 2001. p. 397. 33 Disponível em: <http://veja.abril.com.br/151097/p_032.html>. Acesso em: 30 dez. 2008. 34 Idem. 34 Entrada: mousse de kani kama e legumes com vinagrete de urucum. Primeira opção de prato principal: filé de pargo empanado com cubinhos de pão, berinjelas cozidas no mel, ketchup caseiro e maionese de ervas Segunda opção de prato principal: carne de pombo com foie gras sobre um pão do tipo focaccia. Sobremesa: torta de queijo (cheesecake) com calda de goiaba. Iniciar um negócio, seja ele em qualquer ramo do mercado, não é uma tarefa fácil. Uma empresa de Alimentos e Bebidas, além de todas as dificuldades comuns a qualquer novo empreendimento, ainda tem alguns cuidados particulares que devem ser levados em consideração. É necessário ter, ou buscar, o conhecimento específico e estar atento a todos os detalhes da implantação da empresa; pois um pequeno deslize na hora da construção pode comprometer toda a operação depois. Muitas vezes, os “empresários” se deixam levar pela intuição, confiam apenas no conhecimento empírico para montar seu negócio e depois não sabem por que seu restaurante não se tornou um sucesso. A verdade é que lidar com bares e restaurantes, servir pessoas, vender comida é bem diferente do que cozinhar para a família, por maior que ela seja! 35 7 DEFINIÇÃO DO PÚBLICO-ALVO E DO CONCEITO DO RESTAURANTE Antes de definir qualquer coisa em relação à empresa de Alimentos e Bebidas que será iniciada é necessário estabelecer qual é o público-alvo que se deseja atingir, pois todos os passos subsequentes derivarão dessa escolha. É o público-alvo que determina o conceito do estabelecimento e disso partem todas as outras características da empresa. Fonseca explica que: Todo restaurante possui um conceito; do mais simples ao mais sofisticado, pressupõem-se um público-alvo, um ambiente, um tipo de comida, um tipo de serviço, diversos aspectos, enfim, que compõem esse produto restaurante. Um restaurante que se propõe a atingir determinado público deve criar produtos que venham a suprir os anseios de determinado grupo.35 Sendo assim, a demanda que se pretende atingir deve ser o principal foco e na tentativa de atingi-la é que se tomam todas as providências. 35 FONSECA, Marcelo Traldi. Tecnologias gerenciais de restaurantes. São Paulo: Senac São Paulo, 2000. p. 11. 36 8 A ESCOLHA DO PONTO São inúmeros os fatores que precisam ser considerados para a escolha do local onde se implantará o estabelecimento. Sobre essa escolha, Maricato comenta que “geralmente, o empreendedor tem uma noção intuitiva do bairro e das dimensões necessárias para o seu estabelecimento, mas a procura é difícil”.36 Um dos principais cuidados a se tomar é pesquisar se o bairro tem toda a infraestrutura urbanística necessária ao conforto dos futuros clientes e à operação do negócio. Nessa infraestrutura destacam-se fatores como: o Ruas asfaltadas; o Fornecimento adequado de água; o Fornecimento adequado de energia; o Fornecimento adequado de gás; o Sistema de esgoto; o Recolhimento de lixo; o Transportes urbanos; o Policiamento; o Iluminação; o Sinalização; o Serviços bancários. É preciso verificar, também, se o local escolhido tem permissão para o funcionamento de um imóvel comercial, de acordo com as leis de zoneamento. Aliás, mesmo com essa permissão, lugares muito tranquilos devem ser evitados, pois bares e restaurantes sempre causam aglomeração de pessoas, barulho e alguma confusão. Dependendo da pressão dos moradores vizinhos, os órgãos de fiscalização podem agir e o negócio acabar gerando mais problemas que outra coisa. 36 MARICATO, Percival. Como montar e administrar bares e restaurantes. 7. ed. São Paulo: Senac São Paulo, 2007. p. 58. 37 Como já foi dito, a escolha do ponto deve se orientar principalmente pelo tipo de público-alvo que se deseja atingir e sabe-se que cada demanda tem suas preferências. Maricato ressalta que “a escolha do ponto é relevante para qualquer atividade comercial, mas mais importante para bares e restaurantes, que devem instalar-se em locais que seu público gosta de frequentar [...]”.37 Estabelecimentos que pretendem atrair personalidades e aparecernas colunas sociais devem dar preferência a pontos caros de bairros mais nobres. Maricato exemplifica esse caso citando o bairro Jardins, em São Paulo: “Só em um trecho da Rua Haddock Lobo, um dos locais mais caros do país, estão Fasano, Gallery, Esplanada Grill, Gero, The Palace, Rodeio”.38 Quatro desses restaurantes renomados podem ser observados nas Ilustrações 13 a 16, a seguir: FIGURA 13 - FASANO FONTE: Disponível em: <http://www.rfm.com.br/ObrasRealizadas.asp?area=Obras%20realizadas&tipo=Restaurantes>. Acesso em: 28 dez. 2008. 37 Ibidem, p. 60. 38 Idem. 38 FIGURA 14 - RODEIO FONTE: Disponível em: <http://www.baressp.com.br/detalhe.asp?n=1847>. Acesso em: 28 dez. 2008. FIGURA 15 - GERO FONTE: Disponível em: <http://veja.abril.com.br/vejasp/280503/restaurantes.html>. Acesso em: 28 dez. 2008. 39 FIGURA 16 - ESPLANADA GRILL FONTE: Disponível em: <http://veja.abril.com.br/vejasp/280503/restaurantes.html>. Acesso em: 28 dez. 2008. Maricato lembra ainda que “os clientes vão a um restaurante famoso por sua cozinha ou a um bar sofisticado como se fossem a um templo de gastronomia ou de lazer, em geral sem pressa”.39 Por isso, regiões onde há muito movimento durante o dia, como é o caso dos centros das grandes cidades ou bairros estritamente comerciais, são uma boa opção para restaurantes de almoço “a quilo” ou casas para um happy hour, porém, inadequadas para casas noturnas, como restaurantes finos ou bares sofisticados. Pontos localizados dentro de shoppings, de modo geral, possuem bom movimento garantido, no entanto, devem considerar as seguintes características: o O horário de funcionamento do shopping; o Grande público jovem; o Alto preço do ponto; o Alto preço de aluguel; o Alto custo fixo (condomínio, energia, água, etc.) 39 MARICATO, Percival. Como montar e administrar bares e restaurantes. 7. ed. São Paulo: Senac São Paulo, 2007, p. 60-61. 40 Em vista disso, esses pontos devem dar preferência a estabelecimentos de alta rotatividade, como os fast-foods, lanches rápidos ou refeições “a quilo”. Em outras palavras: shoppings são lugares para serviços práticos e rápidos, nada de sofisticação. Há ainda aqueles lugares que praticamente determinam o tipo de estabelecimento de acordo com sua própria tradição. É o caso de bairros com colônias culturais específicas, como, por exemplo, a Liberdade, o bairro japonês de São Paulo (Figura 17), ou Santa Felicidade, o bairro italiano de Curitiba (Figura 18). FIGURA 17 - ENTRADA DO BAIRRO DA LIBERDADE, EM SÃO PAULO FONTE: Disponível em: <http://www.terrabrasileira.net/folclore/influenc/japones.html>. Acesso em: 28 dez. 2008. 41 FIGURA 18 - CANTINA NO BAIRRO SANTA FELICIDADE, EM CURITIBA FONTE: Disponível em: <http://www.vejacuritiba.blogger.com.br/>. Acesso em: 28 dez. 2008. Outro fator que precisa ser considerado na escolha do ponto é a existência de concorrentes. Maricato alerta: Se o mercado é restrito e já existem concorrentes suficientes no local, um estabelecimento só deverá se instalar se tiver certeza de que terá um nicho, um diferencial competitivo sobre os demais: serviço, produto ou preço bem melhor. Assim mesmo, estará correndo riscos, pois os demais podem se aprimorar e têm a seu favor a fidelidade da clientela.40 O mesmo autor ressalta, também, que “existem pontos tão bons que praticamente qualquer produto vende. Esses, obviamente, são bem mais caros, e quem tem um bom produto pode dispensar esse custo”.41 E completa ainda que “os estabelecimentos que se encontram fora dos bairros nobres devem oferecer alguma compensação ou atração extra”.42 Percebe-se, dessa forma, a importância do ponto para o empreendimento. Afinal, não é à toa que os estudiosos de administração e de marketing o colocam entre os quatro “P" (Ponto, Produto, Preço e Promoção). Se um dos quatro fatores não é muito bom, os outros devem compensar a falha. Assim também acontece no setor de Alimentos e Bebidas. Quando se trata 40 MARICATO, Percival. Como montar e administrar bares e restaurantes. 7. ed. São Paulo: Senac São Paulo, 2007, p. 65. 41 Ibidem, p. 61. 42 Idem. 42 de um restaurante ou bar dentro de um hotel, o conceito daquele terá que se guiar pela categoria deste, uma vez que o público-alvo será composto, principalmente, pelos hóspedes do hotel. No entanto, é bom lembrar que alguns restaurantes localizados dentro de hotéis têm produtos tão bons que acabam se tornando uma “empresa independente” e atraem também clientes que não estão hospedados. Pode-se citar como exemplo o Restaurante Pérgula (Figura 19), localizado dentro do Copacabana Palace Hotel, no Rio de Janeiro, que está sempre lotado nos almoços de fim de semana (servindo feijoada aos sábados e brunch aos domingos), independente da ocupação do hotel. FIGURA 19 - RESTAURANTE PÉRGULA, NO HOTEL COPACABANA PALACE FONTE: Disponível em: <http://www.copacabanapalace.com.br/web/orio/pergula_restaurant.jsp>. Acesso em: 28 dez. 2008. Torna-se necessário aqui destacar um grande problema dos estabelecimentos de A&B, hoje em dia, principalmente nos grandes centros: o estacionamento, ou melhor, a falta dele. É inconcebível que um restaurante diferenciado não possua estacionamento no local. Muito comum é o empresário se encantar com um ponto badalado e tentar resolver esse problema 43 contratando um verdadeiro time de manobristas que se encarrega de levar o veículo para ser estacionado. No entanto, essa saída não é das melhores, pois, normalmente, o cliente fica insatisfeito por esperar demais o carro estacionado longe, o serviço de manobrista será um custo a mais e o carro, não muito seguro quando estacionado na rua, será de responsabilidade do restaurante. Assim, o melhor caminho é, se o conceito do restaurante assim requisitar, procurar um ponto que tenha espaço para um estacionamento seguro e confortável. 44 9 O PROJETO ARQUITETÔNICO E A AMBIENTAÇÃO Escolhido o ponto, a implantação de um estabelecimento de A&B, seja construído do zero ou reformado de um já existente, deve se guiar por alguns cuidados fundamentais. É necessário que o projeto considere algumas exigências legais, a operação do estabelecimento e, obviamente, siga o conceito que se deseja de acordo com a clientela que se pretende atingir. Portanto, o projeto de um estabelecimento de Alimentos e Bebidas deve se apoiar, basicamente, em três fatores, como mostra a Figura 20, a seguir: FIGURA 20 - PILARES DO PROJETO ARQUITETÔNICO DE UM ESTABELECIMENTO DE ALIMENTOS E BEBIDAS FONTE: Arquivo pessoal do autor. A participação de um projetista, engenheiro ou arquiteto que realmente tenha experiência nesse tipo de estabelecimento é essencial, pois, como diz Maricato: Bares e restaurantes são considerados locais de reunião e, conforme o município, a partir de certo número de metros quadrados ou de certa previsão de frequência, as exigências passam a ser cada vez maiores: portas de emergência, refeitórios e vestiários de funcionários, corrimãos, portas corta-fogo e extintores, sinalização de saídas, portas que se abrem para fora, etc. O empreendedor deve contratar um engenheiro ou arquiteto especializado ou, no mínimo, consultar o departamento 45 municipal específico [...]. Também órgãos que controlam a higiene e a poluição do ar estão cada vez mais exigentes com relação ao imóvel. [...] Há uma tendência de, num futuro próximo, as leis municipais exigirem estacionamento próprio e isolamento acústico para conceder alvarás. As câmaras frigoríficaspara lixo, acesso e WC de deficientes e trituradores de lixo logo serão obrigatórios nos estabelecimentos de maior parte de todo o país.43 É preciso ainda lembrar que esses tipos de providências, quando tomadas durante a construção ou mesmo na reforma, são bem menos onerosas do que resolver depois que a obra estiver finalizada. Sem contar que a finalização das obras sem as devidas providências pode gerar multas e até mesmo o fechamento da empresa até a realização das mesmas. Relacionam-se, a seguir, algumas características peculiares a empresas desse setor, que precisam constar do projeto para que o mesmo seja aprovado pelos departamentos competentes e para que originem estabelecimentos dentro da lei e de correta operação: o Devem-se evitar áreas mal dimensionadas; o Espaços e equipamentos da cozinha devem estar dispostos de forma extremamente funcional; o Os ambientes devem ser bem iluminados; o Deve haver tanques reserva, para o caso de falta de água ou para uso do corpo de bombeiros; o Tetos, pisos e paredes devem ser impermeáveis, claros e de fácil limpeza; o Ladrilhos devem ser de formato, cor e padrão fáceis de encontrar, para facilitar a reposição quando necessária; o O piso deve ser antiderrapante; o A canalização para rede elétrica e de água deve preferir tubulações externas, para facilitar o acesso em caso de manutenção; o Banheiros devem ser agrupados para baratear e facilitar as obras e a manutenção; o A caixa de gordura deve estar em local adequado para facilitar a limpeza e ter tamanho que suporte a operação prevista para o local. 43 MARICATO, Percival. Como montar e administrar bares e restaurantes. 7. ed. São Paulo: Senac São Paulo, 2007, p. 59. 46 É também importante ressaltar que, quando se elabora o projeto, o tipo de estabelecimento é um fator determinante para a distribuição do espaço interno. Essa distribuição é que vai atribuir uma “personalidade” para a casa e ser responsável pelo clima que ela vai ter. É nesse ponto que entra a arquitetura de interiores, com todos os aspectos decorativos e de iluminação. Além do projeto arquitetônico, a implantação de um estabelecimento de Alimentos e Bebidas deve contar também com o que chamamos de projetos acessórios, ou seja, projetos de hidráulica, de eletricidade, de iluminação, de decoração, etc. Esses projetos acessórios podem ser feitos separadamente por profissionais específicos ou estar integrados junto com o arquitetônico. Seguem-se, então, análises detalhadas sobre alguns aspectos que merecem atenção especial. 9.1 O SALÃO DO RESTAURANTE 9.1.1 Organização do Espaço O espaço do salão e a distribuição do mobiliário devem ser meticulosamente calculados. A falta de conhecimento e experiência sobre o serviço de um restaurante pode iludir quanto à capacidade do mesmo. Segue-se um cálculo bem simples para exemplificar: uma mesa pequena quadrada de apenas 70 cm de lado, para duas pessoas, na verdade, ocupa um espaço de 1,90 m x 2,90 m, ou seja: 5,51 m2 de área. Isso acontece por causa do espaço que deve ser reservado tanto para o conforto do cliente, quanto para a circulação do garçom, como mostra a Figura 21, a seguir: 47 FIGURA 21 - ÁREA REAL DE OCUPAÇÃO DE UMA MESA DE RESTAURANTE FONTE: Arquivo pessoal do autor. Segundo Maricato, “essa é a fórmula usada nos restaurantes mais sofisticados, só que com mesas maiores. Isso quer dizer que um salão de 100 m2, sem colunas ou obstáculos, acomoda confortavelmente aproximadamente 18 mesas”.44 Acomodadas mesas e cadeiras, os espaços que restarem, próximos às paredes ou colunas, podem ser ocupados por aparadores. Em estabelecimentos mais populares, essas medidas costumam ser diminuídas e, assim, a capacidade chega a dobrar. No entanto, é comum um cliente esbarrando as costas de sua cadeira com o outro e garçons fazendo verdadeiras manobras para servir as mesas. 44 MARICATO, Percival. Como montar e administrar bares e restaurantes. 7. ed. São Paulo: Senac São Paulo, 2007, p. 71. 48 9.1.2 Decoração De acordo com Maricato, “todo cliente gosta de estar e ser visto em gostosos e belos cenários. Por isso, uma decoração correta é sempre importante para complementar a ambientação que se der ao estabelecimento”.45 No caso de alguns empreendimentos que trabalham com cozinhas específicas de países ou regiões, a decoração torna-se imprescindível para a complementação do ambiente, como podem ser observados os exemplos nas figuras: FIGURA 22 - RESTAURANTE MEXICANO RICO SUAVE, EM BALNEÁRIO CAMBORIÚ FONTE: Disponível em: <http://portalbemviver.com.br/profissional_destaque.php>. Acesso em: 29 dez. 2008. 45 Ibidem, p. 79. 49 FIGURA 23 - RESTAURANTE INDIANO - CANTINHO DA PAZ, EM LISBOA FONTE: Disponível em: <http://aeiou.escape.expresso.pt/artigo_gourmet.php?artigo=21>. Acesso em: 29 de dez. 2008. A reportagem “Bares e restaurantes pedem projetos especiais”, publicada em A Gazeta on Line, de 26 de dezembro de 2008, exemplifica bem a importância da decoração, seja qual for o estilo do estabelecimento: A decoração de um restaurante é quase tão importante quanto a comida servida por ele. Ela é como o cartão de visita, uma prévia do que está por vir. A aparência importa na hora de escolher onde comer. Um cliente quando chega e vê a mesa suja, imagina que o aspecto da cozinha e dos pratos é o mesmo. Um local mal cuidado passa a impressão de que a refeição terá o mesmo aspecto. A arquiteta Antonia Rosa Pinheiro, mais conhecida como Tunoqui, já projetou vários estabelecimentos de Cuiabá. [...] A profissional trabalha na concepção de um lugar desde o zero, ou seja, na criação e idealização, até na reforma. Ela acredita que a segunda é muito mais complicada, pois é preciso interpretar e entender todos os problemas atuais existentes. Mesmo criando um foco novo, não se pode ignorar o público que já frequenta o local, suas tradições e o tipo de comida servida. É necessário fazer com que todos esses aspectos, até mesmo a uniformização dos garçons, harmonizem e combinem com a ornamentação. “Na minha profissão eu faço a compatibilidade da decoração com outros projetos, como o elétrico, mecânico, paisagismo, iluminação, acústico e outros”, diz Tunoqui. Ela explica que para fazer um bom trabalho é preciso muita pesquisa e leitura. Ir a feiras, comer no lugar e conversar com os proprietários é de extrema importância para que o trabalho final fique bem feito e com o resultado esperado. “Devo esquecer meus próprios gostos para satisfazer o cliente, entretanto, algumas normas ainda devem ser seguidas”, pontua. Como por exemplo, utilização de piso que não 50 escorrega para não prejudicar os garçons, distanciamento ideal das mesas para passagem de deficientes físicos, obediência às regras da vigilância sanitária para a cozinha, estabelecer ventilação constante para eliminar a proliferação de bactérias do ambiente e outras. Tunoqui afirma que cada restaurante tem uma cara diferente, portanto, não há um padrão ideal. Às vezes os objetos expostos são a decoração [...]. E em outras ocasiões, a própria construção é o principal [...]. A pintura do estabelecimento é muito importante. Para encontrar a cor certa é preciso muita leitura sobre o efeito delas, pois cada tonalidade transmite sentimentos que podem até mesmo fazer o cliente perder o apetite, caso de alguns tons de verde que provocam enjoo. “Eu tomo muito cuidado com o uso das cores, pois elas influenciam tanto a vida das pessoas que alguém meio depressivo viver em constante presença do azul, pode ficar mais triste ainda”, salienta Tunoqui. A arquiteta ainda conta que uma vez foi a um restauranteque possuía várias paredes coloridas. Ela notou que, mesmo com pouquíssimos lugares disponíveis, perto da pintada de cinza ninguém sentava, mesmo que inconscientemente, pois ela passa a sensação de controle. “Eu preciso fazer equilíbrio com as cores, principalmente com as sociais e emocionais, que seriam o vermelho e amarelo, por exemplo,”, explica Tunoqui. Vegetação e água são dois aspectos essenciais nesses estabelecimentos. Refrescam, relaxam e mexem com os sentidos. “O arquiteto só deve tomar cuidado com plantas com cheiro forte, para não afetar no aroma da comida, espinhos e veneno, pois muitas crianças e mesmo adultos tocam nos vasos”, comenta a profissional. [...] A iluminação dos diferentes ambientes de restaurantes deve ser bem pensada. A profissional afirma que precisam clarear sem esquentar. É ruim para o cliente fazer a refeição em um local escuro, porque desse modo ele não enxerga a comida e a visão é essencial para o melhor aproveitamento do sabor dos alimentos. Tunoqui lembra que o povo cuiabano tem o costume de ver as pessoas que passam nas calçadas e na rua. Por isso, para que haja segurança e para que o ar refrigerado não saia, caso haja um aparelho condicionador de ar, é muito comum a utilização de paredes de vidro. Além de proteger, favorece a entrada da luz natural, o que ajuda a economizar energia elétrica. Não há necessidade que a decoração dos banheiros siga o mesmo padrão do resto do lugar. Pode mexer com o lúdico, temas, diversão e serem totalmente ousados.46 É importante também ressaltar que a escolha dos materiais utilizados em qualquer objeto da decoração deve ser feita cuidadosamente, prezando pela criatividade, qualidade, economia e bom gosto. Além disso, esses materiais devem estar em harmonia com o clima do local e o tipo de estabelecimento. É preciso ter criatividade, também, para os gastos com a decoração, como exemplifica Maricato: 46 Disponível em: <http://www.abrasel.com.br/index.php/atualidade/item/5160/>. Acesso em: 28 dez. 2008. 51 Quadros, antiguidades e outros objetos de boa qualidade podem ser obtidos por permutas. O proprietário de um restaurante pode adquirir, por exemplo, um quadro de um artista plástico de renome e abrir crédito de igual valor para que ele possa gastar em almoços ou jantares. Tem assim a vantagem extra de ver uma pessoa famosa frequentar seu estabelecimento, o que é sempre um motivo de atração. O artista, por sua vez, exporá sua obra a público selecionado. Essas obras podem ser colocadas à venda pelo artista e restauranteiro.47 As cores, principalmente de paredes, são outro fator determinante para a aceitação do ambiente por parte da demanda. Não há um padrão de cores correto a ser seguido, mas podem- se considerar as seguintes dicas na hora da escolha: o Cores fortes agradam o público jovem, enquanto as cores mais suaves agradam o público maduro; o Cores vivas diminuem o tempo de permanência do cliente, enquanto cores suaves aumentam esse tempo; o Cores muito berrantes não propiciam uma boa refeição; o Climas frios pedem cores mais vivas e fortes para compensar; o Cores muito claras e esmaecidas entristecem o ambiente; o O cinza é particularmente triste e deve ser evitado; o Cores escuras dão impressão de diminuir as dimensões do ambiente; o Quanto mais coloridas as paredes, menos enfeites elas precisam; o Misturar cores suaves e quentes quase sempre dá certo para ambientar restaurantes. Quanto às cores, Maricato lembra ainda que “as cores da fachada merecem o mesmo carinho. Podem divulgar a casa, atrair a atenção de um potencial cliente ou afugentá-lo de vez”.48 47 MARICATO, Percival. Como montar e administrar bares e restaurantes. 7. ed. São Paulo: Senac São Paulo, 2007, p. 85. 48 Ibidem, p. 86. 52 9.1.3 Mobiliário Convém destacar que o mobiliário do bar ou restaurante merece uma atenção especial, pois precisa embelezar o ambiente e estar integrado com a decoração, mas, também, ser confortável, funcional e prático para limpeza. Não se pode também esquecer que as pessoas têm tamanhos diferentes e, por isso, deve-se optar por cadeiras, bancos e mesas que deixem as mais variadas estaturas e pesos de clientes confortáveis. A possibilidade de manutenção, reforma ou reposição deve também ser considerada na hora da escolha dos móveis. Lembrando que um móvel que em casa pode durar em bom estado de 10 a 15 anos, em um restaurante ou bar, aguenta sem reforma de 3 ou 4 anos, no máximo. Concluindo, Castelli diz: A decoração é, pois, um dos elementos que compõem a categoria do estabelecimento. Ela contribui para criar uma atmosfera agradável e peculiar, interferindo no bem-estar do cliente. [...] Tudo deve estar em equilíbrio com o ambiente que se deseja criar para a clientela visada.49 9.1.4 Iluminação Até pouco tempo atrás, a luz era usada simplesmente para iluminar o ambiente e, até hoje, em estabelecimentos comuns, a iluminação tem exclusivamente essa função. No entanto, os estabelecimentos diferenciados começaram a perceber que a iluminação é fundamental para cativar e fidelizar clientes, integrar a decoração, valorizar pratos em um buffet, criar um clima acolhedor ou, até mesmo, incentivar a venda de certas bebidas em um bar. Quando se fala em iluminação não está se tratando apenas de lâmpadas; é necessário que, para esse projeto, se faça um estudo detalhado do espaço para que se possa aproveitar o máximo de todos os elementos que interferem na luz, como as entradas de luz natural, janelas, portas, espelhos, 49 CASTELLI, Geraldo. Administração Hoteleira. 9. ed. Caxias do Sul: EDUCS, 2001, p. 303. 53 vidros, cores, etc. Deve-se aproveitar o máximo da luz natural, que é mais saudável, econômica e abundante em nosso país durante o ano todo. 9.1.5 Sonorização O estilo de música vai variar sobremaneira de acordo com o conceito do bar ou restaurante. No entanto, para música ambiente, a qualidade do som deve sempre prevalecer sobre a potência. A distribuição das caixas de som pelo ambiente é de extrema importância e deve considerar o tamanho do espaço e a facilidade de acesso para limpeza e manutenção. Para definir o estilo da seleção musical, pode-se fazer uma pequena pesquisa entre os frequentadores mais assíduos. 9.2 O BALCÃO DO BAR Nos bares, um dos maiores atrativos é o balcão e, por isso, ele merece atenção especial. Como todas as características do balcão vão depender do conceito do bar, não há um padrão rígido a ser seguido por todos os bares. Mas há, sim, algumas dicas que podem ser adotadas para o balcão de qualquer bar: o Deve estar bem localizado e ser de fácil acesso para os clientes; o O material deve ser ao mesmo tempo charmoso e resistente, principalmente, a líquidos; caso contrário, em pouco tempo o balcão terá seu tampo todo manchado; o O espaço interior precisa ser amplo o suficiente para permitir a movimentação e o trabalho do barman e de outros funcionários; o Deve haver espaço interior também para estoques, utensílios, copos, etc., de forma que tudo fique organizadamente guardado, mas, à mão sempre que necessário; 54 o As bebidas mais nobres devem ter lugar de destaque nas prateleiras à vista dos clientes; o Todas as bebidas expostas devem estar com os rótulos voltados para o cliente; o Colocar um fundo espelhado e pequenas luzes atrás das garrafas pode ajudar a atrair clientes e contribuir para dar uma impressão de amplitude e beleza; o Os bancos para os clientes devem ser giratórios, resistentes, confortáveis e projetados de acordo com a altura do balcão. O ideal é que o cliente, quando sentado, fique com a maior parte do tronco acima do tampo do balcão. Parailustrar o que foi dito, a seguir, apresentam-se alguns bons exemplos de balcão de bar, nas Ilustrações: FIGURA 24 - BAR DO BARCO-HOTEL IBEROSTAR, EM MANAUS, AM FONTE: Disponível em: <http://www.hoteliernews.com.br/HotelierNews/Hn.site.4/NoticiasConteudo.aspx?Noticia=23064&Midia=1 >. Acesso em: 28 dez. 2008. 55 FIGURA 25 - BAR DO CIRCUS CLUB ALPHAVILE, EM BARUERI, SP FONTE: Disponível em: <http://www.arcoweb.com.br/arquitetura/arquitetura709.asp>. Acesso em: 28 dez. 2008. FIGURA 26 - CAÇA-BAR E COZINHA, EM SÃO PAULO, SP FONTE: Disponível em: <http://www.arcoweb.com.br/interiores/interiores123.asp>. Acesso em: 28 dez. 2008. 56 FIGURA 27 - BAR DO RIVIERA HOTEL, EM CARCAVELOS, PORTUGAL FONTE: Disponível em: <http://www.rivierahotel.pt/DesktopModules/SimpleGallery/SlideShowPopup.ID=0&ItemID=9>. Acesso em: 28 dez. 2008. 9.3 O CAIXA A localização do caixa também deve ser pensada. O ideal é que o caixa fique estrategicamente colocado em um ponto de onde possa observar todo o salão, tornando-se um supervisor a mais da equipe de serviço. Colocar o caixa na saída, dependendo do tipo de estabelecimento, pode facilitar o controle das contas, mas por outro lado, ele fica mais suscetível a roubos. 9.4 BANHEIROS Os banheiros são um ponto determinante em restaurantes e bares, principalmente para o público feminino. Maricato resume bem como devem ser os banheiros em estabelecimentos de A&B: 57 Os toaletes não devem ficar nem muito afastados, nem muito próximos do salão ou bar. Têm que ser bem sinalizados, amplos, arejados, limpos e confortáveis, o que contribui para a boa imagem de estabelecimento. A falta de papel higiênico, toalhas de papel, água, sabonetes, assim como uma descarga que não funciona, são absolutamente imperdoáveis em um estabelecimento que pretende ser diferenciado. Por motivos óbvios, o toalete não deve estar próximo da cozinha e nem dos locais de circulação dos garçons. A legislação exige toaletes separados para homens e mulheres e cada vez mais, nas grandes cidades, cabines e bacias para deficientes. O toalete deve ter uma boa ventilação, água suficiente, espaço para os clientes se movimentarem sem constrangimento e facilidade para limpeza.50 Um diferencial que vem sendo utilizado atualmente é colocar, nos banheiros dos bares e restaurantes, à disposição dos clientes, alguns artigos “emergenciais”, como: creme e fio dental, absorventes, agulha e linha, etc. 9.5 A COZINHA Antes de qualquer coisa, a localização da cozinha é algo que deve ser muito bem pensado e ponderado. É necessário que ela seja acessível para os funcionários que trabalham no salão, como garçons, pois estes precisam comandar e transportar os pedidos. Mas, ao mesmo tempo, não pode estar próxima demais do salão a ponto de deixar ultrapassar odores e barulhos próprios do local para os clientes que estão fazendo suas refeições. Além disso, é necessário que a cozinha tenha ligação com as câmaras frigoríficas, salas de estoque, etc. Como já foi dito, a cozinha de um restaurante é bem diferente da cozinha de casa. Por produzir em larga escala, ela se parece com uma linha de produção industrial, com todas as subáreas definidas e separadas e, dessa forma, deve ser montada, organizada e administrada. O projeto da cozinha deve prezar pela busca da produtividade, da qualidade e da funcionalidade. Mais uma vez citando Maricato: 50 MARICATO, Percival. Como montar e administrar bares e restaurantes. 7. ed. São Paulo: Senac São Paulo, 2007, p. 72-73. 58 Para projetar uma cozinha, o arquiteto deve ter também um conhecimento completo do tipo de estabelecimento, público, cardápio, etc., e noções específicas de como ela funciona: recepção, pré-preparo, preparo, cocção, área de lavagem, recolhimento de lixo.51 Há muitos “detalhes” que são peculiares a esse tipo de construção, como as caixas de gordura, sistema de exaustão, pisos próprios, etc. O espaço da cozinha deve ser organizado de forma que todos os equipamentos e utensílios necessários fiquem facilmente disponíveis e que os funcionários possam trabalhar e se movimentar com eficiência e segurança. Cabe lembrar aqui que, ao falar em segurança, trata-se também da questão da higiene. É imprescindível que a cozinha dê condições de se trabalhar com a forma correta de higiene e manipulação dos alimentos, evitando assim contaminações por bactérias e garantindo a produção de pratos saudáveis e seguros.52 Ainda de acordo com Maricato: Quanto à higiene, ponto de honra de qualquer empresa, empresário, funcionários ou quem mais participar do setor, devem prever todas as facilidades para que ela seja impecável e também não permita admoestações, multas ou até punições mais graves dos órgãos fiscalizadores.53 Outro cuidado necessário é escolher corretamente os equipamentos da cozinha. Atualmente, há uma variedade enorme de modelos, preços e qualidades de utensílios e maquinários da indústria de alimentação. É preciso saber, de acordo com o que será produzido, onde se pode economizar e onde é necessário investir “pesado”. Por exemplo, uma casa de sucos não pode fazer economia na hora de comprar liquidificadores; ou vai acabar economizando na hora da compra e gastando dez vezes mais na manutenção de aparelhos, que não aguentarão o movimento. 51 Ibidem, p. 75. 52 A higiene e a manipulação de alimentos. 53 MARICATO, Percival. Como montar e administrar bares e restaurantes. 7. ed. São Paulo: Senac São Paulo, 2007, p. 76. 59 Da mesma forma, não se deve investir um valor muito alto em um equipamento que será pouco utilizado. Vasconcellos et al. exemplificam esse caso: Um exemplo prático é querer colocar um petit gateau (pequeno bolo francês, com consistência interna de mousse) na lista de sobremesas. Esta iguaria precisa, para sua preparação, de um forno de inversão ou combinado, no qual se pode efetivamente controlar a temperatura, pois a receita requer que o prato seja colocado no forno a 300ºC, por três minutos, nem mais nem menos. Um equipamento desse custa cerca de quinze mil reais. Vale a pena ser comprado se outras preparações fizerem uso dele, caso contrário, é melhor não adicionar essa sobremesa ao cardápio.54 Outro ponto importante é o material a ser usado no mobiliário. A preferência é sempre por aço inoxidável, pela sua durabilidade e facilidade de limpeza. Normalmente em uma cozinha caseira se utiliza madeira, material decorativo. Já na industrial, tem que especificar equipamentos que durem 20 a 30 anos. [...] os profissionais que trabalham na cozinha não são os mais delicados e usam até os pés para fechar as portas.55 Para ilustrar, seguem-se fotos de cozinhas de restaurantes: 54 VASCONCELLOS, Frederico et al. Menu: como montar um cardápio eficiente. São Paulo: Roca, 2002, prefácio. 55 VILELA, Carolina. Como planejar a cozinha do seu restaurante. Disponível em: <http://gestaoderestaurantes.wordpress.com/2008/02/16/como-planejar-a-cozinha-do-seu- restaurante-2/>. Acesso em: 29 dez. 2008. 60 FIGURA 28 - COZINHA DO HOTEL FASANO, EM SÃO PAULO FONTE: Disponível em: <http://www.hoteiseviagens.com/Ed_Esp_Inv05/inv_05_fasano.htm/>. Acesso em: 29 dez. 2008. FIGURA 29 - COZINHA DO RESTAURANTE UNIVERSITÁRIO DA USC UNIVERSIDADE DE SANTA CATARINA FONTE: Disponível em: <http://www.usc.br/assecom/not_882_inauguracao_ru.htm/>. Acesso em: 29 dez. 2008 61 9.6 OUTRAS ÁREAS DESTINADAS À ADMINISTRAÇÃO E AO SERVIÇO Seja por uma questão de reciprocidade, de cultura organizacional, de facilitar e agilizar o trabalho, seja por imposição normativa, que pode originar-seem leis ou mesmo em convenções coletivas entre sindicatos de empregados e empregadores, é bom prever desde o início a existência de certas dependências destinadas aos funcionários e à administração.56 Seguem-se, então, as principais destas áreas: o Acesso independente: uma entrada/saída de serviço é necessária para o trânsito de funcionários, fornecedores, vendedores, técnicos de manutenção e recebimento de mercadorias. o Vestiário/banheiro de funcionários: mesmo para fins de higiene, os funcionários devem ser instruídos a não sair do estabelecimento de uniforme. Assim, é necessário oferecer- lhes uma área onde possam se trocar e se arrumar para o trabalho. o Refeitório de funcionários: dependendo do porte do seu estabelecimento, não é aconselhável que os funcionários se alimentem no salão dos clientes. Um lugar específico para eles na hora da refeição pode até ajudar a integrar mais a equipe e melhorar a qualidade do serviço. o Área de lazer e descanso: dependendo da carga-horária de trabalho, é aconselhável oferecer aos funcionários uma área onde possam descansar ou assistir a um pouco de TV ou ter algum tipo de distração nas horas de intervalo do trabalho. Isso não é obrigatório, mas costuma melhorar, e muito, a dedicação do funcionário em sua função. o Sala da Gerência: é o espaço onde acontece o trabalho isolado do gerente, como recebimento de vendedores ou fiscais, conversas particulares com funcionários, etc. Pode também ser destinada a reuniões societárias. Nessa sala também devem ficar guardados documentos da empresa e um cofre onde se guardem valores provisoriamente. É importante 56 MARICATO, Percival. Como montar e administrar bares e restaurantes. 7. ed. São Paulo: Senac São Paulo, 2007, p. 77. 62 destacar que esse espaço deve permanecer trancado e a chave deve ficar em poder apenas do gerente ou de outra pessoa de extrema confiança. o Estoque, depósito ou almoxarifado: trata-se de um espaço onde ficam armazenados estoques de alimentos não perecíveis, bebidas, utensílios, peças de reposição, etc. Essa sala deve ficar sob a responsabilidade de um funcionário específico, pois representa patrimônio de valor da empresa. 63 10 A PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS EM A&B Quando um cliente é mal atendido em uma loja de roupas, em um banco ou na recepção de um hotel, certamente, ele fica aborrecido e insatisfeito. Mas, se ele é mal atendido em um restaurante, na hora de sua refeição, o aborrecimento parece que se multiplica por mil. Por que isso acontece? De acordo com Carneiro: A alimentação é, após a respiração e a ingestão de água, a mais básica das necessidades humanas. Mas, como “não só de pão vive o homem”, a alimentação, além de uma necessidade biológica, é um complexo sistema simbólico de significados sociais, sexuais, políticos, religiosos, éticos, estéticos, etc.57 De fato, o ser humano come diferente de todos os outros seres vivos. O homem é o único animal que pratica a arte culinária, transformando o alimento antes de consumi-lo e, por isso, come sem ter fome, basta que o visual ou o cheiro do prato, alguma lembrança ou, até mesmo, um distúrbio emocional lhe abra o apetite. Outra particularidade dos hábitos alimentares do ser humano é a refeição em comum. Nenhum outro animal se reúne para se alimentar e muito menos tem tantos protocolos como nós. Diz Franco que “é impossível precisar quando o alimento, necessidade humana sempre presente, transformou-se em prazer da mesa”58. 57 CARNEIRO, Henrique. Comida e Sociedade: uma história da alimentação. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. p. 1. 58 FRANCO, Ariovaldo. De caçador a gourmet: uma história da gastronomia. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2001, p. 21. 64 Deduz-se que a refeição tenha surgido da necessidade de consumir rapidamente os alimentos antes que se deteriorassem, principalmente devido à falta de métodos de conservação. Supõe-se que, ainda na pré-história, quando o homem deixou de se nutrir apenas de raízes e frutas e desenvolveu técnicas para caçar animais de grande porte, tenha começado a compartilhar alimentos. Assim, uma determinada família que caçava num dia “convidava” os vizinhos para partilhar o animal que não conseguia consumir sozinha; esperando que, logicamente, no dia seguinte outra família tivesse a mesma atitude. Assim, a refeição surge de gestos de partilha, confraternização e solidariedade, dando início ao que chamamos hoje de hospitalidade à mesa e sendo, por isso, tão rica em símbolos. Pelos mesmos motivos a companhia é tão importante em uma refeição. Sabe-se que o melhor banquete com pessoas desagradáveis pode se tornar sem graça e até mesmo insuportável. Já uma refeição simples, do ponto de vista gastronômico, pode ser muito bem aproveitada se for feita entre amigos e pessoas queridas.59 Sobre esse aspecto, Savarin alerta que “quem recebe os amigos e não dá atenção pessoal à refeição que lhes é preparada não é digno de ter amigos”. 60 E Franco completa: O prazer da mesa é a sensação que advém de várias circunstâncias, fatos, lugares, coisas e pessoas que acompanham a refeição. [...] Pressupõe cuidados com o preparo da refeição, com a arrumação do local onde será servida e com o tipo de convivas.61 Dessa forma, percebe-se que a refeição, principalmente quando está conjugada com o lazer, é um momento praticamente mágico para o ser humano. Por isso, o sentimento de frustração de um cliente, originado por um mau atendimento na hora de sua refeição, é muito maior do que em qualquer outra situação. Entendendo a importância e o valor simbólico que a refeição tem para o ser humano, fica fácil perceber porque a prestação de serviços no setor de Alimentos e Bebidas merece um cuidado especial. 59 RICCETTO, Luli Neri. Manual de etiqueta à mesa. Portal Educação, 2008, p. 4-5. 60 SAVARIN, Brillat. A Fisiologia do gosto. Tradução Paulo Neves. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p. 16. 61 FRANCO, Ariovaldo. De caçador a gourmet: uma história da gastronomia. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2001. p. 22. 65 10.1 QUALIDADE DO ATENDIMENTO EM A&B A qualidade do atendimento em qualquer empresa é de fundamental importância para manter os clientes, sem os quais nenhum empreendimento sobrevive. Mas, já foi mostrado que no setor de A&B essa qualidade tem que ser ainda mais perseguida que em outros ramos do mercado. Sobre a qualidade do atendimento, Maricato faz uma bem-humorada e verdadeira colocação: “Há uma diferença entre Deus e o cliente mal atendido: Deus perdoa”.62 E destaca ainda as perigosas estatísticas: “Pesquisas indicam que 70% dos clientes são perdidos por má qualidade dos serviços, embora, destes, apenas 4% reclamem”.63 Davies lembra, ainda, da importância de ter o cliente como foco da qualidade: “Enfatizamos a necessidade de levar em consideração a vontade e os desejos dos clientes, enquanto são elaboradas as decisões sobre o restaurante”.64 E ressalta que: Sempre que possível, os gerentes devem se concentrar nos clientes, satisfazer suas necessidades e desejos, enquanto os pratos e as bebidas são servidos. [...] A partir do momento em que a qualidade de serviço do restaurante for conhecida no mercado, os clientes aumentarão.65 Porém, o mesmo autor, levanta a seguinte questão: “Sabemos que uma operação de restaurante deve oferecer produtos e serviços de qualidade a seus clientes, mas o que é qualidade?”66 E responde: “É o resultado de um esforço de operação para descobrir exatamente o que o cliente quer. [...] Quando uma operação satisfaz as expectativas do cliente está proporcionando a qualidade de serviços”.6762 MARICATO, Percival. Como montar e administrar bares e restaurantes. 7. ed. São Paulo: Senac São Paulo, 2007. p. 95. 63 Idem. 64 DAVIES, Carlos Alberto. Alimentos e Bebidas. 2. ed. Caxias do Sul: EDUCS, 2001, p. 25. 65 Idem. 66 Ibidem, p. 27. 67 Idem. 66 Em outras palavras, o atendimento de qualidade é aquele que supre, ou até mesmo supera, as expectativas do cliente. Parece muito simples, mas é preciso lembrar que os clientes não são todos iguais e nem possuem as mesmas expectativas, os mesmos desejos ou os mesmos gostos. Por isso, não há uma fórmula correta, um padrão preestabelecido ou uma “receita de bolo” para atender com qualidade. Para prestar um atendimento com qualidade, é necessário que o funcionário: o Esteja “de bem com a vida”. É impossível prestar um bom atendimento ao próximo se o funcionário estiver aborrecido, insatisfeito com a empresa, preocupado com problemas pessoais, etc. Por mais que o profissionalismo exija que os problemas pessoais não interfiram na vida profissional, sabe-se que, na prática, isso é bem complicado. o Saiba ouvir e prestar atenção a sua volta. Para satisfazer a necessidade de um cliente, é necessário saber qual é essa necessidade e, para isso, é preciso ouvir e prestar atenção no que está sendo pedido. o Tenha bom senso. É extremamente importante ter bom senso no atendimento. Por exemplo: o cliente pede como entrada um carpaccio e solicita que o mesmo venha sem queijo ralado. Em seguida, ele pede um prato que é acompanhado de purê de batatas, que, nesse restaurante, costuma vir coberto de queijo ralado. Cabe ao garçom, no mínimo, perguntar ao cliente se quer também o purê sem queijo ralado. o Cuide da postura de trabalho. O atual emprego pode ser uma vitrine para futuras oportunidades. A postura é fundamental, tanto para prestar um bom atendimento, como para formar a própria imagem do funcionário. Portanto, não se deve apoiar em colunas, paredes, aparadores, etc.; conversar assuntos particulares com os colegas na frente de clientes; chamar atenção de subordinados no salão do restaurante. Enfim, deve-se manter uma postura educada e discreta durante o turno de trabalho. o Use vocabulário formal e adequado. Nada de gírias ou, muito menos, palavrões dentro do ambiente de trabalho. A linguagem deve acompanhar a postura: educada e discreta. o Conheça a fundo os procedimentos de sua função. É impossível prestar um atendimento de qualidade se o funcionário não conhece as funções de seu cargo. 67 o Tenha, no mínimo, uma noção básica das funções dos outros departamentos. Por exemplo: o garçom prestará um melhor serviço se ele conhecer o funcionamento da cozinha. o Saiba identificar a necessidade de cada cliente. É imprescindível e deriva dos outros fatores acima. Se o atendimento de qualidade é aquele que supre as necessidades do cliente, sem saber identificar estas necessidades o atendimento não será de qualidade. Ricci68 conta uma historinha que exemplifica bem o que foi apresentado até agora: O Sr. Richard, importante homem de negócios atuando na bolsa de valores, está prestes a realizar um grande negócio e, por isso, resolve almoçar em um restaurante próximo ao escritório do seu cliente, onde deveria estar dali a 40 minutos. Ao entrar no restaurante, é recebido pelo maitre, o Sr. Cabral: - Bom dia, senhor, fumante ou não? - Não fumante. - O senhor vai esperar alguém? - Não, estou só e com muita pressa. - O senhor prefere uma mesa com vista para o parque ou uma mais silenciosa no segundo andar? - A que for mais fácil – respondeu o cliente com ar de impaciência. - É que temos clientes que só vêm aqui pela nossa incrível vista do parque, parece até que eles vêm recuperar as energias para a tarde de trabalho. - Esta me parece boa, posso ficar aqui? - Bem, é que esta já está montada para três pessoas, que tal aquela ali do lado? Tem também uma bela vista. - Ok, aquela está ótima. 68 RICCI, Renato. Hotel: gestão competitiva do século XXI - ferramentas práticas de gerenciamento aplicadas à hotelaria. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2002. p. 50-53. 68 - O senhor gostaria de um drink antes do almoço? - Não, somente uma água sem gás. E o que você sugere para hoje? Algo que seja rápido, por favor. - Bem vou lhe dar nosso menu. Temos diversas especialidades em carnes, aves e peixes. Temos também nossas massas feitas em nossa própria cozinha. Nosso chefe, Sr. Bolognese, é italiano e especialista em massas, recentemente esteve fazendo um curso na Itália e trouxe diversas novas receitas que estão fazendo muito sucesso em nosso menu. - Sei, mas o que é realmente rápido? - De quanto tempo o senhor dispõe? - Bem preciso estar às 15 horas no meu cliente... - Acho que temos tempo suficiente para qualquer um de nossos pratos, com exceção dos risotos, a maioria dos pratos não leva mais de 20 minutos para ser servido. - Preciso de algo mais rápido... Que tal este Raviolli Primordiali? - Ótima escolha, é um raviolli feito em casa, com recheio de nozes e molho de salmão. É uma de nossas especialidades e não demora muito. - Molho de salmão? Não gosto muito de peixes. Poderia ser com algum outro molho? - Um minuto que vou perguntar ao chefe – saindo rapidamente, não dando tempo para o cliente escolher outro prato mais fácil. Após alguns minutos o maitre retorna. - Senhor, o chefe não recomenda a troca do molho de salmão, porque segundo ele esta é a combinação ideal com este tipo de massa e recheio. - Esqueça o raviolli. Acho que vou ficar com este Tortellini Bianco Nero. - Excelente! Este é um dos nossos pratos mais pedidos. É a massa feita em casa, com molho de cogumelos, que lhe dá uma cor maravilhosa. O senhor por certo vai adorar. - Perfeito. Peça um pouco de pressa na cozinha, por favor. Acho que vou me atrasar. - Pode deixar comigo, vou pedir ao chefe para apressar este pedido. O senhor gostaria de alguma entrada ou segundo prato? Temos excelentes saladas, todas vindas de nossa horta e selecionadas e temperadas na hora. 69 - Não, por favor, só a massa – respondeu asperamente o cliente já irritado. - Certo, então um Tortellini Bianco Nero... O senhor aceita um couvert enquanto espera a massa? - Não. - É um excelente couvert, com patês caseiros e pães quentes, feitos pelo nosso padeiro, um português especialista em confeitaria francesa. - Senhor, eu estou com muita pressa e não quero nenhum couvert – encerrando a conversa o cliente mais que irritado. Alguns minutos depois o garçom traz a água. O cliente vê o maitre se aproximar. - Senhor, como está sua água? Está na temperatura ideal? - Sim – responde secamente o cliente. - Infelizmente, senhor, hoje não temos Tortellini. Ontem à noite a casa esteve lotada e não conseguimos repor nosso estoque. - O senhor levou dez minutos para me dizer que o prato não vai sair?!!! - Veja bem, nossa cozinha está movimentada e o seu molho já está pronto. O chefe sugere que o senhor troque o Tortellini por um Capeletti. - Pode ser, mas que seja RÁPIDO! - Ótimo, o senhor não irá se arrepender. Nosso Capeletti também é caseiro, leva um recheio de peru defumado com tomates secos, é uma verdadeira maravilha – afastando-se rapidamente da mesa. Após 15 minutos, o cliente, já vermelho de raiva e verde de fome, chama o maitre. - Eu não entendo... Por que está demorando tanto se o molho já estava pronto? - Tenha calma, senhor. Como nós causamos um transtorno ao senhor com a falta do Tortellini, o chefe resolveu criar um prato surpresa para o senhor, como cortesia e pedido de desculpas. Levará somente mais uns 10 a 15 minutos. - Esqueça, esqueça, esqueça. Eu só quero é almoçar rápido e eu acho que já perdi a vontade de comer hoje – levantando-se e saindo furioso do restaurante. 70 Analisando o atendimento do Sr. Cabral,percebe-se que ele foi educado, gentil e utilizou um vocabulário adequado com seu cliente, conhecia a fundo os procedimentos de sua função e tinha um bom conhecimento sobre os outros setores e sobre os outros funcionários do restaurante. Por que, então, pode-se afirmar que ele não prestou um atendimento de qualidade no caso exposto? A resposta é simples: ele não soube identificar a necessidade daquele cliente. O Sr. Richard não estava interessado em saber a procedência dos ingredientes, nem o currículo dos cozinheiros... Ele só precisava comer algo rapidamente. De certo se o Sr. Cabral estivesse atendendo um casal da terceira idade em férias, que, de modo geral, gosta de conversar bastante, ele teria efetuado o atendimento perfeito. Mas não foi o caso. Por isso, não se pode “robotizar” um serviço, ou seja, não se pode atender a clientes diferentes da mesma forma. Ricci alerta que: O grande problema da maioria dos profissionais do setor de atendimento ao cliente [...] é tratar todos os clientes da mesma maneira, conforme padrões estabelecidos e que não possibilitam a análise das diferenciações e um atendimento de necessidades específicas de cada cliente.69 É importante ainda destacar que “num restaurante, o atendimento inclui não só o serviço de salão, mas o que é prestado na cozinha, a elaboração dos pratos solicitados, no tempo e nas condições em que chegam à mesa”. 70 Por isso, o envolvimento e o comprometimento de todos os funcionários é fundamental para a qualidade de atendimento. 69 Ibidem, p. 53-54 70 MARICATO, Percival. Como montar e administrar bares e restaurantes. 7. ed. São Paulo: Senac São Paulo, 2007. p. 95. 71 11 CARACTERÍSTICAS E ASPECTOS PECULIARES DOS SERVIÇOS DE A&B “O setor de Alimentos e Bebidas é uma fábrica de transformações: entra linguiça e sai pizza!” 71 Essa é apenas uma das particularidades do setor de A&B: lidar com a arte culinária que já, por si só, o torna um mercado especial e mágico. A seguir serão apresentados alguns aspectos referentes aos serviços e destacadas suas características no setor de Alimentos e Bebidas. É importante ressaltar que a consciência dessas características por parte dos gestores e prestadores dos serviços de A&B contribui inquestionavelmente para a qualidade dos serviços. 11.1 INTANGIBILIDADE “Serviços são intangíveis; ou seja, não têm formato, embalagem, tamanho, cor e, portanto, não são palpáveis. Em razão desta característica, poder-se-ia dizer que o cliente, mesmo com suas necessidades atendidas, ‘sai de mãos vazias’”.72 A prestação de serviços do setor de A&B é um pouco complexa: o cliente de um bar ou restaurante, muitas vezes, faz seu pedido por meio de um cardápio, sem saber exatamente como é o prato ou o drink que está pedindo. O garçom, por sua vez, vende uma expectativa que é abstrata e intangível. Além disso, por mais que a comida seja tangível, o atendimento é intangível. 71 Francisco Oliveira, consultor de bares e restaurantes, na palestra “Casa Cheia, Bolso Vazio. O que há de Errado?”, proferida no “Especialidades - Congresso e Feira Centro-Oeste de Hotelaria, Bares e Restaurantes”, em junho de 2008. 72 RICCETTO, Luli Neri. Curso de Agenciamento Turístico. Portal Educação, 2008, p. 60. 72 11.2 DIFICULDADE EM MANTER UM PADRÃO UNIFORME DE DESEMPENHO Diz Serson73 que “os serviços de uma empresa, por serem oferecidos e prestados pelo pessoal de linha, são afetados, muitas vezes, por variantes ambientais que alteram seu padrão de desempenho, por mais que tenha havido esforços de treinamento”. A verdade é que os seres humanos são diferentes e têm percepções diferentes. Por isso, por mais que existam padrões de atendimentos, esses padrões se referem à ordem dos processos, mas não ao atendimento em si, que nunca será prestado da mesma forma por dois funcionários diferentes. Pode-se dizer, até mesmo, que é muito difícil uma mesma pessoa prestar um atendimento igual por duas vezes. Dessa forma, afirma-se que a prestação de serviços não é homogênea ou, ainda, que não há produção em série em serviços.74 Portanto, em um bar ou restaurante, o mesmo coquetel ou prato jamais serão vendidos da mesma forma em atendimentos diferentes. 11.3 HETEROGENEIDADE DAS NECESSIDADES DA DEMANDA Seguindo o mesmo raciocínio do item anterior, que se refere aos prestadores de serviços, o presente aspecto se refere à demanda. A variedade de indivíduos que compõem a demanda faz com que os desejos, necessidades e expectativas dos clientes sejam as mais variadas.75 É, então, papel do setor de A&B tentar atender ao maior número possível de necessidades de seus consumidores, por meio da segmentação de mercado. 73 SERSON, Fernando. Hotelaria: a busca da excelência. 2. ed. São Paulo: Cobra, 2000, p. 26. 74 RICCETTO, Luli Neri. Curso de Agenciamento Turístico. Portal Educação, 2008, p. 60-61. 75 Ibidem, p. 61. 73 11.4 SIMULTANEIDADE DE PRODUÇÃO E CONSUMO A prestação e o consumo do serviço acontecem ao mesmo tempo, ou seja, só há produção se houver o consumo. Em um bar ou restaurante, um prato servido na temperatura errada, uma informação mal dada, um ingrediente trocado, um desejo não atendido atingem o consumidor de imediato. Assim, essa característica compromete o controle de qualidade. 11.5 PERECIBILIDADE Os serviços apresentam alta perecibilidade, ou seja, se perdem rapidamente e não podem ser estocados. Por isso, uma mesa não ocupada em uma refeição representa prejuízo, pois aquele lugar vago não pode ser estocado, recuperado ou revendido. “Dessa forma, um serviço que deixa de ser consumido pode ser chamado de serviço desperdiçado”.76 76 Ibidem, p. 62. 74 12 POSTURA E APRESENTAÇÃO PESSOAL DA BRIGADA DE SERVIÇOS A chamada brigada de serviço é formada por todos aqueles que trabalham no salão do restaurante (maître, garçom, etc.), atendendo, diretamente ao cliente. Cabe relembrar que todos os funcionários do restaurante são responsáveis e devem estar voltados para o atendimento de qualidade. Mas, aqui, vamos tratar dos que lidam diretamente com o cliente, lembrando que da postura e da apresentação dos funcionários depende a imagem do restaurante, principalmente, no que diz respeito à higiene, fator importantíssimo para a qualidade no setor de Alimentos e Bebidas. De acordo com Davies, “algumas vezes os funcionários criam maus hábitos que devem ser logo corrigidos pelos supervisores. É fundamental que se faça uma inspeção diária dos funcionários”. 77 E completa, ainda: É bom sempre insistir, sem medo de ser repetitivo, que os funcionários da cozinha e do salão devem manter um padrão máximo de limpeza e boa aparência, que inclui banhos frequentes, cabelos lavados e penteados, unhas curtas e limpas, sapatos lustrados, etc.78 Segue-se, então, item por item, o que deve ser detalhadamente observado e cuidado. 12.1 POSTURA, HÁBITOS E MANEIRAS Em relação à postura, aos hábitos e maneiras da brigada de serviço de um estabelecimento de Alimentos e Bebidas, Pacheco afirma que: 77 DAVIES, Carlos Alberto. Alimentos e Bebidas. 2. ed. Caxias do Sul: EDUCS, 2001, p. 194. 78 Ibidem, p. 196. 75 Ao entrar no restaurante, o primeiro contato dos clientes é com a brigada; por isso, faz-se necessário que seus componentes mantenham-se em uma postura correta, eretos, mas à vontade, demonstrando hábitos e gestos adequados e evitando agrupamentos ou conversas em voz alta. O profissional que trabalha em um restaurante precisa cultivar hábitose maneiras convenientes, como: não comer, não beber ou fumar enquanto trabalha; não enxugar o rosto com o guardanapo de serviço; estar sempre alerta para atender aos clientes; manter-se bem-humorado e ter bom equilíbrio emocional.79 12.2 UNIFORMES Primeiramente, os uniformes devem seguir o conceito do restaurante, ou seja, combinar com a decoração, com o estilo da casa. Devem ser evitados modelos de roupas insinuantes, como decotes ou saias curtas para mulheres e calças justas para homens, pois o que deve chamar mais atenção em um estabelecimento de A&B são sempre os alimentos e as bebidas. Além disso, a empresa nunca deve contribuir para causar problemas entre seus clientes acompanhados de namoradas(os), noivas(os) etc. Em seguida, os uniformes devem ser adequados ao clima de onde se trabalha. Um restaurante aberto, na beira da praia, por exemplo, não pode fazer com que os garçons trabalhem de calça e blazer pretos. Isso fará com que a equipe fique suada, dando a impressão de sujeira. Da mesma forma, não se pode exigir que, em um bar com ar-condicionado muito forte, a equipe trabalhe com uma roupa fresca, afinal, garçons sentindo frio não irão atender bem aos seus clientes. A qualidade dos tecidos deve ser sempre superior, pois isso contribui, não só para a boa aparência, como para a durabilidade do uniforme. Um pano muito barato, pode puir ou rasgar rapidamente e ninguém quer ser atendido por um garçom “todo remendado”. Por motivos de higiene, é aconselhável que se orientem os funcionários a não andarem com os uniformes na rua. Para isso, a empresa deve oferecer vestiário onde a brigada possa se trocar antes e depois de seu turno de trabalho. Davies destaca que: 79 PACHECO, Aristides de Oliveira. Manual do maître d’hôtel. 3. ed. São Paulo: Senac São Paulo, 2000. p. 38. 76 Os uniformes são entregues aos funcionários que têm a obrigação de se apresentar aos seus setores de trabalho devidamente uniformizados. Sejam eles fornecidos pela empresa ou de propriedade do funcionário, este deve mantê-lo limpo, passado e em boas condições de uso.80 12.3 SAPATOS Os sapatos são de fundamental importância na questão de higiene. Por mais que a pessoa esteja limpa e arrumada, sapatos mal cuidados passam a impressão de sujeira. O ideal é que o funcionário separe um par de sapatos só para o trabalho e o mesmo faça parte do uniforme. Além disso, sapatos e meias devem estar em sintonia com o uniforme e ser padronizados para toda a equipe de serviço. É extremamente importante que sejam confortáveis, já que estes profissionais passam de pé a maior parte do dia. Devem também ter sola de borracha para a segurança do funcionário, evitando que escorreguem no salão ou na cozinha. O solado de borracha também é bom para diminuir o barulho do restaurante, aumentando o conforto dos clientes. 12.4 JOIAS E BIJUTERIAS Essas regras variam um pouco de uma empresa para a outra, mas o aconselhável para esse tipo de adereço é o seguinte: os homens devem utilizar apenas aliança (noivos ou casados) e relógios discretos; às mulheres são permitidos também a aliança e o relógio e, normalmente brincos e/ou cordões, desde que muito discretos e sem pingentes. 80 DAVIES, Carlos Alberto. Alimentos e Bebidas. 2. ed. Caxias do Sul: EDUCS, 2001. p. 196. 77 12.5 PERFUMES E DESODORANTES Os profissionais de alimentos e bebidas não devem usar perfume, uma vez que lidam com produtos que têm seus odores característicos e devem ser preservados. Além disso, por estar em contato muito próximo com os clientes, perfumes podem causar transtorno a pessoas alérgicas ou com problemas respiratórios. Pelos mesmos motivos, a equipe deve optar pelos desodorantes sem perfume. 12.6 CABELOS E ROSTO Os homens devem estar sempre com o rosto bem limpo e barbeado e os cabelos bem cortados e curtos. Mulheres de cabelo comprido devem mantê-los muito bem presos e todas devem evitar maquiagem pesada, que além de vulgar é anti-higiênico. 12.7 MÃOS E UNHAS A aparência das mãos e das unhas é fundamental para a imagem de higiene e limpeza do indivíduo. Segundo Pacheco, “as mãos devem ser lavadas com a maior frequência possível. As unhas, que precisam estar permanentemente aparadas e limpas, podem também ser polidas ou pintadas com esmalte incolor”.81 81 PACHECO, Aristides de Oliveira. Manual do maître d’hôtel. 3. ed. São Paulo: Senac São Paulo, 2000. p. 39. 78 13 MONTAGEM DO SALÃO E MISE-EN-PLACE A arrumação do salão e da mise-en-place é uma tarefa que deve ser realizada pela brigada de serviço a cada início de turno. Mise-en-place é um termo francês que significa literalmente “colocar no lugar”, ou seja, preparar o local para o que acontecerá. Sendo assim, a mise-en-place para uma refeição é a arrumação dos pratos, talheres, copos, etc., que serão utilizados pelos comensais.82 Toda essa arrumação do salão e das mesas é subdividida em várias etapas que se seguem. 13.1 ALINHAMENTO DE MESAS E CADEIRAS O alinhamento de mesas e cadeiras deve ser feito com o maior cuidado, pois dele depende o visual do salão. Cadeiras e mesas tortas e desalinhadas dão impressão de bagunça e bagunça dá impressão de sujeira. Depois de alinhadas as mesas de acordo com os padrões do restaurante ou do bar, alinham-se as cadeiras, indicando exatamente o lugar dos pratos. Deve-se ter atenção aqui, pois, o cliente deverá sentar-se sem que os pés da mesa o incomodem. As cadeiras devem ficar levemente encostadas às toalhas, de modo que não fiquem nem muito distantes, nem debaixo das mesas. 82 RICCETTO, Luli Neri. Manual de etiqueta à mesa. Portal Educação, 2008. p. 6. 79 13.2 COLOCAÇÃO DO FORRO DE MESA (OU MOLETOM) O forro de mesa – conhecido também por moletom – é preso às mesas com percevejos ou com elásticos, devendo permanecer bem esticado. Ele não fica visível ao cliente, mas tem várias funções importantes: proteger o móvel do calor das travessas, abafar o ruído dos utensílios, evitar que a toalha escorregue e absorver rapidamente líquidos que venham a derramar. 13.3 COLOCAÇÃO DAS TOALHAS Estendem-se as toalhas sobre as mesas de modo que os vincos centrais coincidam com o centro da mesa e as pontas caiam sobre os pés. No caso de mesas redondas, as toalhas devem cobrir os pés, sem arrastar no chão. Os vincos principais das toalhas devem ficar alinhados, todos, na direção da porta de entrada, isso padroniza a arrumação e dá a impressão de o espaço ser mais amplo. 13.4 COLOCAÇÃO DOS COBRE-MANCHAS OU DOS JOGOS AMERICANOS Os cobre-manchas são “toalhas” menores, postas em cima das toalhas padrão e, como o nome diz, têm a função de esconder as manchas. Devem obedecer às mesmas regras de colocação das toalhas. É muito comum, fica bonito e é prático se utilizar toalhas lisas e cobre- manchas estampados sobre o mesmo tom das toalhas. Normalmente, quando se utilizam jogos americanos, não se utilizam cobre-manchas; ou seja, um substitui o outro. Aliás, dependendo do estilo do estabelecimento e do tipo das mesas, há os que não utilizam nem toalha, somente o jogo americano direto sobre o tampo da mesa. 80 13.5 SHOW-PLATE OU SOUSPLAT O show-plate (termo inglês) ou sousplat (termo francês) consiste em um prato no qual não é servida nenhuma comida. Sua função é ser um “suporte” para todos os pratos de cada serviço da refeição. Dependendo do estabelecimento, o show-plate pode ser de vários estilos, formatos e feitos de vários materiais, desde os mais luxuosos (de prata ou porcelana trabalhada, etc.) até a linha rústica (artesanato embambu, palha, etc.). É importante ressaltar que quanto mais rebuscado e trabalhado for o show-plate, mais simples deve ser a louça usada, e vice-versa, ou a mesa ficará com o visual extremamente poluído. [...] A posição do show-plate deve ser exatamente na frente do comensal e um dedo para dentro da borda da mesa. O show-plate não sai da mesa durante toda a refeição; como foi dito ele é um suporte para todos os pratos que serão servidos.83 A figura a seguir, mostra alguns exemplos de show-plate: 83 Ibidem, p. 6-7. 81 FIGURA 30 - EXEMPLOS DE SHOW-PLATE FONTE: Disponível em:<http://checkthisart.com/2011/12/bob-barrett-upcycle-artist/>. Acesso em: 06 nov. 2012. 13.6 PRATOS O tipo de serviço84 é que vai determinar se o prato da primeira entrada fará parte ou não da mise-en-place inicial. Assim, ele pode aparecer vazio, em cima do show-plate, fazendo parte da mise-en-place, antes da chegada do comensal ou será servido pelo garçom, já com a comida, após a chegada do comensal. Neste último caso, apenas o show-plate fará parte da mise-en-place. Em qualquer uma das situações, ao final de cada serviço, o prato será retirado e os subsequentes vão sendo servidos, sempre em cima do show-plate. 84 Os diferentes tipos de serviço mais utilizados. 82 13.7 TALHERES Os talheres devem se apresentar, todos que serão usados até o fim da refeição, já na mise-en-place. Deduz-se, então, que a disposição dos talheres vai depender do cardápio que será servido. Nesse sentido, devem ser seguidas algumas regras básicas: As facas de mesa85 e de entradas ficam sempre ao lado direito do prato, com a serra voltada para o prato. As colheres de sopa também estarão sempre dispostas à direita do prato. Os garfos de mesa e de entradas ficam ao lado esquerdo do prato. Esses talheres devem sempre estar alinhados pela base, na mesma direção da base do show-plate. [...] Os talheres de sobremesa devem apresentar-se, na horizontal, acima do prato. Sendo que a faca fica mais perto do prato, com a serra para dentro e o cabo voltado para o lado direito; o garfo em seguida, com o cabo voltado para o lado esquerdo e, por último, a colher acima do garfo, com o cabo voltado para o lado direito. Nem sempre se usam os três; quais escolher vai depender da consistência da sobremesa. [...] Mesmo com essas regrinhas básicas ainda ficam algumas dúvidas: Quantos garfos colocar? Quantas facas? A colher de sopa vem perto do prato? Bem, como já foi dito, a arrumação dos talheres vai depender do menu que será servido. Mas uma coisa é certa, tanto para a preparação como para a utilização dos talheres, nunca há erro se os utilizarmos “de fora para dentro do prato”. Ao final de cada serviço, os talheres usados serão levados junto com o prato pelo garçom. Os próximos a serem utilizados são sempre os seguintes.86 13.8 PRATO E FACA DE PÃO O prato de pão é de um tamanho intermediário entre o de sobremesa e o pires de chá. Sua função, como o nome já diz, é aparar o pão que acompanha todos os serviços de uma refeição mais refinada, o que é um hábito comum entre os europeus. O lugar do prato de pão na mise-en-place é à esquerda e acima do show-plate. A faca de pão é do mesmo tamanho e modelo que a de sobremesa e deve ser colocada sobre o pratinho de pão, na posição vertical, com a serra voltada para a esquerda; 85 Faca e garfo de mesa são aqueles que se utilizam para comer o prato principal da refeição. Podem ser comuns ou de peixe. 86 RICCETTO, Luli Neri. Manual de etiqueta à mesa. Portal Educação, 2008. p. 8-9. 83 assim, quando o comensal for fazer uso dela a pegará, com a mão direita, já com a serra posicionada para o uso. 13.9 COPOS Os copos, da mesma forma que os talheres, estarão todos dispostos desde o início. Sua arrumação também segue um sentido coerente. Como os talheres, eles serão retirados conforme não forem sendo mais úteis na refeição. O copo de água é sempre o único que fica presente da primeira entrada à última sobremesa. Os copos a serem colocados dependerão das bebidas que serão servidas. Normalmente, são sempre quatro copos, no máximo, a serem utilizados que devem estar assim organizados: o copo de água (que é sempre o maior de todos) ocupa o local próximo à ponta da faca de mesa e ao lado dos talheres de sobremesa. Ao lado dele se posiciona o copo de vinho tinto (o médio) e em seguida o de vinho branco (o menor). No caso de serviço de vinho espumante, a taça flute deve ficar acima dos demais copos.87 Os modelos de copos podem ser vistos na figura a seguir: 87 Ibidem, p.10. 84 FIGURA 31 - MODELOS DE COPOS88 Da esquerda para a direita: o copo para água, o copo para vinho tinto, o copo para vinho branco (que é menor, por ter que preservar a temperatura da bebida) e a taça flute, alongada, própria para vinhos espumantes, pois preserva o gás da bebida. FONTE: Disponível em: <http://www.buffetmontedasoliveiras.com.br/site/?page_id=28>. Acesso em:06 Nov. 2012. 13.10 GUARDANAPO O guardanapo pode ir dobrado sobre o prato de mesa ou sobre o show-plate. Se houver espaço na mesa, ele pode também ser colocado em seguida dos talheres, dispostos do lado esquerdo. Até pouco tempo atrás, muitos restaurantes ainda se dedicavam à arte de dobras de guardanapo, tentando sofisticar o serviço. Hoje em dia, porém, com o crescimento do conceito de higiene e manipulação de alimentos, é aconselhável dobrar o guardanapo de maneira que ele seja manuseado o mínimo possível. Nesse sentido, a dobra mais comum é a chamada “envelope”, que o garçom pode fazer com uma pinça de colheres sem nem mesmo tocar a mão no tecido. 88 Idem. 85 FIGURA 32 – ENVELOPE SIMPLES FONTE: Disponível em: <http://origamedegente.blogspot.com.br/2009/12/origame-de-envelope- simples.html>. Acesso em: 06 Nov. 2012. A seguir, na próxima figura, pode-se observar uma mise-en-place completa, com todos os elementos que foram citados até agora: FIGURA 33 - MISE-EN-PLACE COMPLETA FONTE: Disponível em: <http://aculinarista.blogspot.com.br/2009/09/mise-en-place_29.html>. Acesso em: 06 Nov. 2012. 86 Foi visto, porém, que a mise-en-place é montada de acordo com o cardápio que será servido. Apresentam-se, então, nas ilustrações89, alguns exemplos de montagem de acordo com o cardápio: FIGURA 34 - EXEMPLO 1 DE MISE-EN-PLACE - Salada Verde ao Vinagrete (com vinho branco) - Consomê de Camarão (com vinho branco) - Filé grelhado com Legumes (com vinho tinto) - Mousse de Maracujá FIGURA 35 - EXEMPLO 2 DE MISE-EN-PLACE - Bisque de Lagosta (com espumante) - Linguado ao Molho de Ervas Finas (com vinho branco) - Lombinho à Pimenta Rosa (com vinho tinto) - Baked Alaska 89 Ibidem, p. 12-14. 87 FIGURA 36 - EXEMPLO 3 DE MISE-EN-PLACE - Salada verde com croutons (com vinho branco) - Filé ao molho de pimenta rosa (com vinho tinto) - Torta de chocolate com calda de amora FIGURA 37 - EXEMPLO 4 DE MISE-EN-PLACE - Carpaccio de salmão* (com vinho branco) - Minestrone de legumes (com vinho branco) - Penne ao molho pesto (com vinho tinto) - Tiramissu FONTE: Arquivo pessoal do autor. *O carpaccio de salmão como entrada permite duas montagens: talheres de entrada, como mostra a figura, ou talheres de peixe, por se tratar de uma entrada à base de peixe. 88 FIGURA 38 - EXEMPLO 5 DE MISE-EN-PLACE - Sopa de lagosta (com vinhobranco) - Carré de porco com legumes (com vinho tinto) - Sorvete de frutas silvestres FONTE: Arquivo pessoal do autor. FIGURA 39 - EXEMPLO 6 DE MISE-EN-PLACE - Salada Caprese (com espumante) - Creme de frutos do mar (com vinho branco) - Badejo ao molho de palmito (com vinho branco) - Salada de frutas com chantilly 89 FIGURA 40 - EXEMPLO 7 DE MISE-EN-PLACE - Salada do Chef (com vinho branco) - Picanha com batata sautée e brócolis (com vinho tinto) - Profiterólis de chocolate FONTE: Arquivo pessoal do autor. Cabe aqui ressaltar que se deve ter certo cuidado ao manipular utensílios para que não fiquem com marcas de dedos. Castelli dá algumas orientações, nesse sentido: Ao dispor os pratos sobre a mesa, evitar que o dedo polegar toque na parte interna do prato. [...] Na “mise en place”, segurar os talheres envolvidos num guardanapo, a fim de manter a higiene. [...] Pegar o copo sempre pela haste. [...]90 13.11 FINALIZAÇÃO DAS MESAS Após montar a mise-en-place de cada comensal, há ainda que se finalizar a montagem de cada mesa do estabelecimento. Não há localização rígida para galheteiros, saleiros, pimenteiros e outros acessórios necessários; tem-se apenas que cuidar para que fiquem em um local da mesa de fácil acesso para o maior número de clientes. Não se deve, em hipótese alguma, colocar paliteiro na mesa. Palitos são completamente inadequados, tanto para a 90 CASTELLI, Geraldo. Administração Hoteleira. 9. ed. Caxias do Sul: EDUCS, 2001, p. 323- 324. 90 etiqueta à mesa, quanto para a saúde bucal. Ter uma caixinha de fio de dental nos banheiros é um bom diferencial para o serviço do bar ou restaurante. Quanto à decoração da mesa, sabe-se que uma mesa de refeição deve ser o mais bonita, aconchegante e confortável possível, mas a atração principal deve ser sempre a comida. Em vista disso, objetos decorativos misturados aos pratos e talheres são dispensáveis. No máximo, deve-se optar por um arranjo central, por mesa, que deve obedecer a alguns cuidados: a) Cuidado com arranjos florais, flores têm cheiros que, muitas vezes, interferem negativamente no paladar e podem causar alergia a algum comensal mais sensível a odores. b) Arranjos com vela devem ser firmes e bem protegidos, pois ninguém quer que uma refeição termine em um incêndio. c) Arranjos artesanais com materiais que ficam se soltando e deixando pó ou outros resíduos na mesa, além de má aparência, podem causar contaminação na própria comida. d) Muita atenção com o tamanho dos arranjos: não pode ficar parecendo uma pecinha perdida no meio da louça; mas também aqueles tão enormes que impedem que um convidado olhe para o outro sem esticar o pescoço ou se contorcer são totalmente desapropriados.91 Salão organizado e mesas arrumadas. É hora de atender e servir aos clientes! 91 Ibidem, p.15. 91 14 OS DIFERENTES TIPOS DE SERVIÇO Inúmeras são as formas de servir à mesa. Cada estabelecimento vai escolher a modalidade de serviço que melhor lhe convier e que tiver a ver com seu conceito, pois as formas variam das mais informais às mais sofisticadas. Diz Pacheco que: O contato direto com o cliente, no restaurante, faz com que o trabalho do garçom seja avaliado de imediato, o que, de um lado, torna a atividade muito gratificante, mas de outro exige atenção contínua para que toda tarefa se desenvolva da melhor maneira possível. O serviço de alimentos e bebidas no restaurante tem sempre como objetivo o perfeito atendimento ao cliente [...]. Assim, para que possa conhecer melhor os serviços de alimentos e bebidas, é importante que o garçom adquira boas noções sobre os tipos e as regras básicas de serviço, a fim de desenvolver com mais eficiência a sua atividade profissional.92 Segundo o mesmo autor, em outra obra, há algumas regras básicas, para garçons, que são comuns a qualquer tipo de serviço: À esquerda do cliente: o Apresentação de todos os pratos; o Serviço de refeições à inglesa direto e à francesa; o Serviço e desembaraço dos pratos de pão; o Limpeza. À direita do cliente: o Serviço de todos os pratos prontos; o Serviço de desembaraço de todos os pratos, à exceção do pratinho de pão; o Serviço de desembaraço de todos os copos e talheres; 92 PACHECO, Aristides de Oliveira. Manual de serviço do garçom. 3. ed. São Paulo: Senac São Paulo, 2001. p. 55. 92 o Apresentação dos acessórios (sal, pimenta, azeite, etc.); o Apresentação da nota; o Limpeza.93 No entanto, Castelli lembra bem que: Quando a disposição das mesas não permitir a execução do serviço, dentro do que foi estabelecido tecnicamente, pode-se efetuá-lo pelo lado que menos perturbe o cliente. É o caso, por exemplo, das mesas contra a parede, ou encaixadas entre sofás.94 É importante lembrar que não se deve, em nenhuma hipótese, passar a mão ou o braço na frente do rosto de um cliente para servir ou retirar nada da mesa. Apresentam-se, em seguida, as modalidades de serviço mais utilizadas nos estabelecimentos de Alimentos e Bebidas da atualidade. 14.1 SERVIÇO DE PRATO PRONTO / EMPRATADO / AMERICANO Nessa modalidade de serviço o garçom leva da cozinha para a mesa do cliente o prato já montado e decorado. Foi um tipo de serviço muito discriminado e considerado simples até os anos 80, no entanto, hoje em dia, é um dos mais utilizados nos melhores hotéis e restaurantes do mundo todo. Segundo Pacheco, “esta modalidade, ao contrário de outras, valoriza mais a arte do cozinheiro, pois seu trabalho vai direto de suas mãos para a mesa do cliente”.95 93 PACHECO, Aristides de Oliveira. Manual do maître d’hôtel. 3. ed. São Paulo: Senac São Paulo, 2000, p. 58-59. 94 CASTELLI, Geraldo. Administração Hoteleira. 9. ed. Caxias do Sul: EDUCS, 2001. p. 323. 95 PACHECO, Aristides de Oliveira. Manual de serviço do garçom. 3. ed. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2001. p. 56. 93 14.2 SERVIÇO À INGLESA O garçom leva da cozinha para a mesa do cliente as comidas em travessas. Cabe ao próprio garçom servir e arrumar os pratos dos comensais. Por isso, esse serviço valoriza o desempenho do garçom, que precisa servir e arrumar com quantidades iguais e com boa aparência os pratos de todos os clientes da mesa. Há dois tipos de serviço à inglesa. 14.2.1 Serviço à Inglesa Direto Aqui o garçom se aproxima do cliente, segura a travessa com a mão esquerda e serve os pratos diretamente com a outra mão. 14.2.2 Serviço à Inglesa Indireto Conforme a ilustração a seguir, o garçom utiliza o auxílio de mesinha, chamada guéridon. Ele traz as travessas da cozinha e as apoia no guéridon. Em seguida, retira o prato de cada comensal, serve no guéridon e retorna o prato para o comensal. 94 FIGURA 41 - SERVIÇO À INGLESA INDIRETO96 FONTE: RICCETTO, Luli Neri. Manual de etiqueta à mesa. Portal Educação, 2008. p.17. 14.3 SERVIÇO À FRANCESA / DIPLOMATA Nessa modalidade, o garçom também traz as travessas da cozinha, mas as apresenta para cada cliente, com os talheres de serviço, para que o próprio comensal sirva seu prato. É um serviço lento que exige grande número de garçons: no mínimo um para cada seis mesas. Para Pacheco: Trata-se de um tipo de serviço bem adaptado ao espírito independente do povo francês, usado em pequenos banquetes, muito requintados, ou em jantares de gala, em casas de família que contam com serviço de garçons ou mordomos.97 96 RICCETTO, Luli Neri. Manual de etiqueta à mesa. Portal Educação,2008. p.17. 97 PACHECO, Aristides de Oliveira. Manual de serviço do garçom. 3. ed. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2001. p. 60. 95 14.4 SERVIÇO À AMERICANA / BUFFET / SELF-SERVICE O serviço à Americana (diferente do Serviço Americano, visto anteriormente) consiste em expor os alimentos disponíveis em uma mesa (buffet) de onde os clientes irão escolher e se servir à vontade. Freund, no entanto, destaca que “o buffet deve ser magistralmente apresentado e decorado. Muitas vezes, acrescentam-se decorações (margarina, gelo, floral, entre outros) para um melhor efeito visual”.98 Essa é a modalidade que menos exige do garçom, pois a ele ficam limitados apenas os serviços de bebidas, arrumação e limpeza das mesas. Por ser um serviço prático e rápido é muito utilizado em restaurantes que servem almoço em locais com concentração comercial. 98 FREUND, Tommy. Técnicas de alimentos e bebidas. Rio de Janeiro: Infobook, 2000. p. 74. 96 15 A PRODUÇÃO EM A&B Anteriormente foi tratada a parte de serviços em uma empresa de A&B, no entanto, sabe-se que o principal produto de um restaurante é a comida. De nada adianta uma equipe de serviços treinada para servir com qualidade se o produto for ruim. Por isso, a equipe e o trabalho da cozinha (produção de A&B) têm igual importância que a equipe e o trabalho do salão (serviço de A&B). Como já foi mencionada, a cozinha de um restaurante ou de um hotel é completamente diferente do que a cozinha de casa. Ela se assemelha a uma linha de produção industrial, onde cada parte, com seus respectivos funcionários, tem uma função diferente. Porém, todas as partes têm que funcionar integradas, de forma sistêmica, para que o produto final seja satisfatório. Castelli apresenta o seguinte conceito: “A cozinha forma um conjunto ordenado de equipamentos e instalações, perfeitamente integrados para a produção de refeições”.99 Pacheco alerta que “a cozinha é a parte mais difícil do restaurante, ou seja, formar um grande cozinheiro ou chefe de cozinha é tarefa árdua tanto para os profissionais do ramo como para as empresas”.100 Hoje, no entanto, o aumento de cursos, e até mesmo o surgimento do curso universitário de gastronomia, vem mudando um pouco essa realidade, no sentido de preparar melhor os profissionais de produção em A&B. 99 CASTELLI, Geraldo. Administração Hoteleira. 9. ed. Caxias do Sul: EDUCS, 2001. p. 385. 100 PACHECO, Aristides de Oliveira. Manual do maître d’hôtel. 3. ed. São Paulo: Senac São Paulo, 2000.p. 165. 97 15.1 SETORES E FUNÇÕES DE UMA COZINHA COMERCIAL A quantidade de subdivisões e de setores de uma cozinha vai depender do porte e do conceito do estabelecimento. De modo geral, toda cozinha tem, pelo menos, duas grandes áreas bem definidas: área de pré-preparo e área de cocção ou acabamento. Conforme aumenta o porte da cozinha, aumentam suas subdivisões, podendo haver áreas como: cozinha fria, cozinha quente, confeitaria, panificação, área de lavagem dos utensílios, etc. Obviamente, cada um desses setores da cozinha conta com seus profissionais específicos, que exercem suas funções de acordo com a área em que trabalham e são comandados por um chef de cozinha. A organização da brigada, assim como a organização do espaço, também vai depender de fatores como o porte e o conceito do estabelecimento, o tipo de serviço com o qual se trabalha, etc. Pacheco lembra que “quanto maior o estabelecimento, maior será o nível de especialização de seu quadro de funcionários”.101 Nas ilustrações102, a seguir, podemos observar três exemplos de organogramas funcionais de cozinha: FIGURA 42 - ORGANOGRAMA FUNCIONAL DE COZINHA DE PEQUENO PORTE FONTE: Arquivo pessoal do autor. 101 Idem. 102 Adaptadas da Figura 158 em: CASTELLI, Geraldo. Administração Hoteleira. 9. ed. Caxias do Sul: EDUCS, 2001. p. 398. 98 FIGURA 43 - ORGANOGRAMA FUNCIONAL DE COZINHA DE MÉDIO PORTE FONTE: Arquivo pessoal do autor. FIGURA 44 - ORGANOGRAMA FUNCIONAL DE COZINHA DE GRANDE PORTE FONTE: Arquivo pessoal do autor. 99 Chef de Cozinha: O Chef de Cozinha, chamado mais simplesmente de Chef, ou Chef Executivo, na hotelaria, é o responsável pelo serviço de toda a cozinha. Segundo Pacheco103, as principais tarefas do Chef podem ser divididas da seguinte forma: Supervisão e direção do pessoal: o Dirigir, controlar e supervisionar as atividades do pessoal de cozinha. o Treinar o pessoal no ambiente de trabalho. o Cuidar da segurança e da higiene. Planejamento: o Organizar o trabalho da cozinha em função das atividades do estabelecimento. o Elaborar menus e cardápios. o Elaborar receitas e custos padrão. o Preparar escalas de pessoal e horários. Previsão e controle: o Organizar inventários e controles de cozinha. o Autorizar compras ou efetuar as requisições dos produtos. o Supervisionar a estocagem e a conservação dos produtos da sua área. o Supervisionar a apresentação dos pratos. Tarefas de execução: o Criar novas receitas do cardápio. o Realizar o acabamento dos pratos que necessitem de um toque especial. o Supervisionar a apresentação especial de pratos. o Supervisionar a organização e a montagem das mesas de buffet. 103 PACHECO, Aristides de Oliveira. Manual do maître d’hôtel. 3. ed. São Paulo: Senac São Paulo, 2000. p. 166. 100 Sous-chef: É o termo francês para Subchefe. De acordo com o porte do estabelecimento, pode existir mais de um Subchefe. Em cozinhas de hotel, que funcionam 24 horas por dia, é comum haver até quatro Subchefes: um para cada turno diário de 8 horas e mais um que cobre folgas e férias dos outros três. O Subchefe substitui o Chef, na sua ausência, e, além disso, é responsável pelas seguintes tarefas, divididas também por Pacheco104: Supervisão e direção do pessoal: o Supervisionar, assistir e treinar o pessoal durante o trabalho. Planejamento: o Elaborar, junto com o chefe de cozinha, menus e cardápios. Previsão e controle: o Determinar os produtos a serem comprados ou requisitados. o Receber e controlar esses produtos. o Supervisionar a qualidade da alimentação dos funcionários. o Supervisionar a higiene dos locais de trabalho. Preparação e organização do trabalho: o Preparar a cozinha para o início das atividades. o Fechar o serviço da cozinha. o Cuidar dos pedidos dos pratos. 104 Ibidem, p. 167. 101 Chefes de Partida: O Entremetier, o Saucier, o Rôtisseur, o Garde-manger e o Pâtissier podem ser chamados por Chefes de Partida, no entanto, cada um tem suas funções muito bem determinadas dentro de uma cozinha. Entremetier: É o responsável pelo preparo de sopas e cremes, guarnições e legumes, preparações à base de ovos e todos os farináceos. Para exercer esta função, o profissional precisa ter amplo conhecimento de todas as técnicas culinárias básicas e de todos os métodos de cocção. Saucier: De acordo com Pacheco: O saucier é o cozinheiro especializado em fundos105, molhos (quentes), assim como na preparação de carnes, aves e peixes cozidos em molhos. O saucier desempenha uma função muito importante e delicada, implicando grande experiência e habilidades culinárias, além da necessidade de possuir um bom domínio das técnicas de limpeza, corte e preparação dos comestíveis, dos molhos e do hors- d’oeuvre106 quentes.107 Além disso, o Saucier é o Chefe de Partida que substitui o Chef de Cozinha, em sua ausência, quando a brigada não possui um Subchefe. Garde-manger: Diz-seque o lucro ou prejuízo da cozinha depende em grande parte do Garde-manger, pois ele é o responsável pelo pré-preparo e pela conservação dos alimentos fora do almoxarifado. Segundo Castelli108, são funções do Garde-manger: o Desossar, limpar e cortar as carnes, de acordo com as proporções previamente definidas; o Ocupar-se das preparações frias: molhos frios (vinagrete, maionese) e “buffet” frio; 105 Fundos, em culinária, são os ingredientes líquidos de todos os molhos e sopas, normalmente, é o principal responsável pelo sabor do prato (nota da autora). 106 Termo francês que designa uma “entrada”, ou seja, um prato, geralmente leve, que é servido antes do prato principal (Nota da Autora). 107 PACHECO, Aristides de Oliveira. Manual do maître d’hôtel. 3. ed. São Paulo: Senac São Paulo, 2000. p. 168. 108 CASTELLI, Geraldo. Administração Hoteleira. 9. ed. Caxias do Sul: EDUCS, 2001. p. 400. 102 o Guardar os gêneros alimentícios em locais apropriados (câmaras frias) supervisionando-os permanentemente. Pâtissier: É o Chefe de Partida responsável pela produção de confeitaria. A confeitaria é um setor independente, pois requer climatização, equipamentos, utensílios e nível de especialização específico. Diferente do que comumente se pensa, a confeitaria não é responsável apenas pela produção de doces. De acordo com Castelli109, são funções do Pâtissier: o Preparar massas doces e salgadas; o Modelar, montar, rechear e assar massas de confeitaria; o Decorar os produtos de confeitaria; o Preparar sobremesas e sorvetes; o Montar o “buffet” de sobremesas. Em hotéis de grande porte, costuma-se ter a função de Chefe de Confeitaria, que responde diretamente e apenas ao Chef Executivo. Em alguns casos, se a cozinha tiver além da confeitaria, uma padaria, esta também fica a cargo do Chefe de Confeitaria. No entanto, isso só é viável se a produção for feita realmente em grande escala, pois os equipamentos e a infraestrutura necessários à produção de padaria são muito onerosos e só compensa investir se forem muito usados. Chef de Garde: É um cargo raro em restaurantes, sendo mais presente na hotelaria de grande porte. Trata-se de uma pessoa que fica responsável pela cozinha nos momentos em que não há uma brigada trabalhando; como, por exemplo, entre o almoço e o jantar, no período da madrugada, enfim, em horários de pouco movimento. 109 Idem. 103 Tournant: Essa é praticamente a função de um “coringa”. Deve conhecer a fundo o trabalho de todas as áreas da cozinha, porque o Tournant é aquele que substitui qualquer um dos Chefes de Partida em suas folgas, férias ou faltas. Aboyeur: O termo francês significa literalmente “aquele que late”. O Aboyeur é responsável por receber as comandas110 com os pedidos e marchá-los111 para as respectivas áreas da cozinha. É ele também que controla a retirada dos pratos, pelos garçons, para o salão. Essa função só existe em restaurantes de muito movimento. Em casas médias ou pequenas, os próprios garçons marcham os pedidos e entregam-nos nos devidos setores da cozinha. Nesse caso, a retirada dos pratos também é feita pelos garçons e pode ser supervisionada pelo maître. Atualmente, a função do Aboyeur está sendo substituída pela tecnologia. Alguns estabelecimentos já trabalham com a comanda eletrônica: trata-se de um tipo de palm top, onde o garçom registra o pedido e, automaticamente, impressoras próprias, localizadas no caixa, na cozinha e no bar já emitem os pedidos. Outras Funções na Cozinha: Cada Chefe de Partida tem seus ajudantes, cuja nomenclatura varia muito de um estabelecimento para outro. Podem variar entre Cozinheiro A, B e C; Primeiro Cozinheiro, Segundo Cozinheiro; Ajudante de Cozinha; Auxiliar de Cozinha e assim por diante. O importante é saber que a cozinha é um lugar onde a hierarquia, com suas respectivas funções, é bem demarcada e possibilita um plano de carreira com vários degraus a serem galgados. Dica para Saborear: Filmes que mostram como funciona uma cozinha comercial:112 Sem Reservas Dirigido por Scott Hicks. Com Catherine Zeta-Jones, Aaron Eckhart, Patrícia Clarkson e Bob Balaban. 110 Bloco de comandas é onde o garçom anota os pedidos de cada mesa. A comanda geralmente é emitida em três vias, para cada pedido: uma vai para o caixa, outra para a cozinha e outra para o bar. 111 O termo “marchar” é usado na cozinha para designar o ato de gritar o pedido que consta na comanda que está sendo entregue. Pode-se usar também a expressão “cantar” o pedido. 112 Informações e fotos retiradas do site AdoroCinema.com. Disponível em: <http://www.adorocinema.com/filmes>. Acesso em: 03 jan. 2009. 104 Uma bem-sucedida chef de cozinha de um conceituado restaurante nova-iorquino é a personagem principal de Sem Reservas, drama contemporâneo que equilibra emoções, humor e leveza de forma natural e envolvente. Ratatouille Dos estúdios de Walt Disney Pictures e Pixar Animation Studios, dirigido por Brad Bird. Remy é um rato que sonha se tornar um grande chef. Só que sua família é contra a ideia, além do fato de que ele sempre é expulso das cozinhas que visita. Um dia, nos esgotos, ele fica embaixo do famoso restaurante de seu herói culinário, Auguste Gusteau. Decide visitar a cozinha do lugar e lá conhece Linguini, um atrapalhado ajudante que não sabe cozinhar e precisa manter o emprego a qualquer custo. Remy e Linguini realizam uma interessante parceria. FONTE: Disponível em: <http://www.adorocinema.com/filmes>. Acesso em: 03 jan. 2009. 105 16 POSTURA E APRESENTAÇÃO PESSOAL DA BRIGADA DE PRODUÇÃO Assim como a equipe de serviços, a brigada de produção também tem que seguir inúmeros cuidados em sua apresentação pessoal e ter uma postura adequada na área de trabalho. Pode-se pensar, erroneamente, que como o pessoal de produção trabalha “escondido” dos clientes, essa questão de postura e apresentação não é muito importante. Na verdade, já foi dito que todos os envolvidos no processo (seja no serviço ou na produção) devem buscar a qualidade. Em uma cozinha, onde se produz alimentos em larga escala, só será possível produzir com qualidade se a equipe estiver comprometida com suas obrigações de postura e apresentação pessoal, principalmente porque disso depende a segurança dos alimentos produzidos. De acordo com Davies, “algumas vezes os funcionários criam maus hábitos que devem ser logo corrigidos pelos supervisores. É fundamental que se faça uma inspeção diária dos funcionários”.113 E completa, ainda: É bom sempre insistir, sem medo de ser repetitivo, que os funcionários da cozinha e do salão devem manter um padrão máximo de limpeza e boa aparência, que inclui banhos frequentes, cabelos lavados e penteados, unhas curtas e limpas, sapatos lustrados, etc.114 Em seguida, apresentam-se os cuidados que devem ser detalhadamente observados nos funcionários que integram a equipe de produção, em um estabelecimento de A&B. 113 DAVIES, Carlos Alberto. Alimentos e Bebidas. 2. ed. Caxias do Sul: EDUCS, 2001. p. 194. 114 Ibidem, p. 196. 106 16.1 POSTURA, HÁBITOS E MANEIRAS Em relação à postura, aos hábitos e maneiras da brigada de produção de um estabelecimento de Alimentos e Bebidas, Castelli explica que: O asseio pessoal, além de ser uma condição necessária por uma questão de higiene, é também uma questão de segurança contra determinadas doenças. A contaminação dos alimentos através dos estafilococos é uma prova disto. [...] Todo ato como fumar, espirrar, apoiar-se ou sentar-se em mesas, etc. deve ser evitado,pois além de ser anti-higiênico é também deselegante. [...] A brigada de cozinha manipula uma variedade muito grande de insumos, utensílios e equipamentos. Todos eles devem estar em perfeito estado de conservação e uso. Só uma organização exemplar faz com que tanto os insumos quanto os demais equipamentos e utensílios estejam no lugar certo, no momento adequado. Um pequeno transtorno, por falta de organização, na hora do “rush” dificulta enormemente o fluxo normal (racional) das etapas do trabalho a ser executado. [...] a brigada de cozinha deve buscar a rentabilidade máxima dos insumos. Não raras vezes verificam-se grandes desperdícios por falta de previsão, dosagem certa, controle e criatividade para o reaproveitamento da matéria-prima. Dificilmente os elementos que compõem a brigada de cozinha realizarão as tarefas que lhe competem se não estiverem vocacionalmente inclinados para este tipo de trabalho. Só eles poderão suportar temperaturas elevadas, tensões, horas de pique. Unida à vocação está também a educação. É um trabalho que proporciona momentos de tensão. A brigada deve manter-se calma, receber as comandas e emitir ordens com diplomacia e educação.115 Resumindo, espera-se que o funcionário de cozinha assuma uma postura adequada em relação a hábitos de higiene pessoal, tenha consciência de como cuidar corretamente de todo seu material e local de trabalho, saiba trabalhar em equipe, seja responsável e comprometido com suas funções, seja criativo, tenha vocação para a arte culinária e seja resistente a trabalhos sob pressão. 115 CASTELLI, Geraldo. Administração Hoteleira. 9. ed. Caxias do Sul: EDUCS, 2001. p.401- 403. 107 16.2 UNIFORMES No caso da equipe de cozinha, o uniforme tem duas funções primordiais: a higiene e a proteção do funcionário. Além disso, é importante destacar que um cozinheiro com uniforme sujo ou mal cuidado leva, imediatamente, a se questionar a qualidade da comida que ele produz. Há inúmeras variedades de uniformes no mercado e, na hora da escolha, deve-se fundamentar nos seguintes critérios: durabilidade, conforto, estética e manutenção. Seguem-se, então, alguns componentes, e suas características, dos uniformes do pessoal de produção. 16.2.1 Jaleco ou Doma As principais características da doma (figura) são: o Cor branca, para expor com facilidade a sujeira. o Tecido isotérmico, que protege do calor, e hidrófilo, que absorve o suor. o Difícil de inflamar, fácil de lavar e passar. o Abotoamento trespassado, para proteger o abdômen do calor. o Ajustado ao corpo, pois o uniforme muito folgado pode causar acidentes. o Mangas compridas, para proteção dos braços. 108 FIGURA 45 - JALECO FONTE: Disponível em: <http://www.chefestrela.com.br/home.php>. Acesso em: 04 jan. 2009. 16.2.2 Calça O tecido da calça deve obedecer às mesmas regras de segurança do jaleco. A cor vai depender dos padrões escolhidos pelo estabelecimento e, às vezes, do próprio cargo do profissional. Por exemplo, há estabelecimentos que determinam calça preta para o Chef; calça pied-de-poule (estampa que pode ser vista na figura), para os Chefes de Partida e calça branca para os demais cozinheiros. FIGURA 46 - ESTAMPA PIED-DE-POULE FONTE: Disponível em: <http://catacoisas.blogspot.com/2008_05_01_archive.html>. 109 Acesso em: 04 jan. 2009. A abertura central deve ser fechada com velcro ou deve ter o cós todo em elástico sem abertura central. O importante é que não possua fechos que possam emperrar no caso de precisar tirar rápido uma calça banhada em molho fervente ou pegando fogo, por exemplo. 16.2.3 Chapéu, Charlotte ou Toque O toque deve ser branco, cobrir totalmente os cabelos e ser alto para permitir o arejamento do couro cabeludo. Alguns estabelecimentos usam o toque também para determinar o nível hierárquico dos funcionários. Quanto mais alto o toque ou quanto mais penses laterais, maior o cargo. FIGURA 47 - TOQUE FONTE: Disponível em: <http://www.uniformsusa.com/chef_executive.html>. Acesso em: 04 jan. 2009. 110 16.2.4 Lenço de Pescoço O lenço deve ser de algodão branco. Em algumas casas têm se utilizado o lenço colorido, para dar um toque especial ao visual do uniforme. Não há problema nisso, desde que o tecido não desbote, pois a sua principal função é absorver o suor do pescoço e do rosto. O cozinheiro deve trocar o lenço de pescoço quantas vezes forem necessárias durante seu turno de trabalho. FIGURA 48 - LENÇO DE PESCOÇO FONTE: Disponível em: <http://www.clubsauce.com/pros.html>. Acesso em: 04 jan. 2009. 16.2.5 Avental Deve ser todo branco, para expor com facilidade qualquer tipo de sujeira, e confeccionado, de preferência, em algodão extraforte ou outro tecido resistente e não inflamável. O avental precisa cobrir da cintura até o joelho e dar a volta no corpo todo. As tiras das extremidades superiores devem ser longas o suficiente para dar a volta nas costas e ser amarradas na frente, deixando uma espécie de suporte para pendurar o guardanapo de serviço. 111 FIGURA 49 - AVENTAL FONTE: Disponível em: < http://www.chefestrela.com.br/home.php >. Acesso em: 04 jan. 2009. Alguns Chefs famosos vêm aparecendo na mídia com aventais coloridos e até estampados, usando os mesmos como uma marca própria, um tipo de marketing pessoal. Para tirar fotos para revistas e aparecer na TV, fica realmente bonito e diferente, mas para o dia a dia de uma cozinha, o branco ainda é a melhor escolha. 16.2.6 Guardanapo de Serviço Fica pendurado na cintura, na tira do avental, deve ser branco e de algodão. Sua função, ao contrário do que muitos pensam, é simplesmente proteger as mãos ao segurar utensílios e travessas quentes e não para enxugar ou limpar mãos e objetos. 112 16.2.7 Sapatos Devem ser claros e ter sola antiderrapante. Além disso, devem ser feitos em couro ou outro material igualmente resistente, para evitar queimaduras por queda de líquidos quentes, ou cortes, por queda de facas e outros objetos cortantes. Há no mercado um sapato, chamado sapato de segurança (Figura), próprio para profissionais de cozinha. É extremamente importante que sejam confortáveis, já que estes profissionais passam de pé a maior parte do dia. FIGURA 50 - SAPATO DE SEGURANÇA FONTE: Disponível em: <http://www.tecniquitel.pt/catalogo/detalhe.php?id=38Ft34CZ658223423593972563>. Acesso em: 04 janeiro 2009. 16.3 JOIAS E BIJUTERIAS A brigada de produção não pode utilizar nenhum tipo de adorno, nem mesmo alianças, brincos pequenos, etc. Isso significa que todos os acessórios que não façam parte do uniforme devem ser proibidos. 113 16.4 PERFUMES E DESODORANTES Os profissionais de alimentos e bebidas não devem usar perfume e devem optar pelos desodorantes sem perfume, uma vez que lidam com produtos que têm seus odores característicos e devem ser preservados. 16.5 CABELOS E ROSTO Os cabelos, tanto de homens quanto de mulheres, devem estar hermeticamente presos e protegidos por toques, toucas ou redes próprias, de modo que nenhum fio corra o risco de cair onde não deve. Os homens devem estar sempre com o rosto bem limpo e barbeado. Mulheres não podem usar maquiagem de espécie alguma. 16.6 MÃOS E UNHAS A aparência das mãos e das unhas é fundamental para a imagem de higiene e limpeza do indivíduo. O pessoal de produção deve lavar as mãos constantemente, a cada manuseio de alimentos. As unhas devem ser mantidas curtas, bem feitas e sem nenhum esmalte, nem mesmo bases incolores, pois essas descascam com o tempo e podem contaminar os alimentos. 114 17 HIGIENE E MANIPULAÇÃO DE ALIMENTOS Os dados sobre contaminações poralimentos são preocupantes: Em todo o mundo, todos os anos, milhões de pessoas são acometidas por Doenças Transmitidas por Alimentos, conhecidas pela sigla DTA. Os alimentos transmitem doenças quando se apresentam contaminados, sendo os contaminantes biológicos, como vírus, parasitas e principalmente bactérias, os responsáveis pelos maiores surtos já identificados em diversos países.116 A cada dia aumenta a preocupação de se produzir alimentos seguros nas empresas sérias de Alimentos e Bebidas. Esse setor lida não só com o lazer e o prazer de seu cliente, mas, também, com algo mais precioso: a saúde. Castelli explica que: A área de produção de alimentos requer cuidados muito especiais pelo fato de se estar interferindo diretamente na saúde das pessoas. Uma comida pode ter uma excelente aparência, um excelente aroma e sabor, nem por isto ser uma alimentação sadia. Ela pode estar contaminada. Contaminada por micro-organismos (bactérias, vírus, fungos), produtos químicos (agrotóxicos) e produtos naturais (espécies tóxicas de plantas). As intoxicações por produtos químicos e naturais, assim como as microbianas, podem ocorrer independentemente da correta manipulação dos mesmos.117 Assim, percebe-se que qualquer que seja o tipo de serviço de produção de alimentos, deve existir a responsabilidade de produzir e oferecer ao consumidor alimentos seguros, de forma que cumpram com a função de dar prazer mantendo a saúde. O alvo principal do programa de higiene é a saúde do cliente e dos funcionários. É preciso ter certeza de que as técnicas operacionais estejam protegidas da contaminação por agentes infecciosos, em todos os 116 Segurança de Alimentos, publicada na página 38 da revista Bares & Restaurantes, nº53, Ano II. 117 CASTELLI, Geraldo. Administração Hoteleira. 9. ed. Caxias do Sul: EDUCS, 2001. p. 426. 115 momentos. Isso quer dizer que é necessário cuidar e supervisionar desde o fornecedor de matéria-prima, passando pelo transporte, o recebimento, o armazenamento, a produção e o serviço. Por exemplo, de nada adianta uma cozinha dentro dos padrões de higiene se o transporte da carne do fornecedor até o estabelecimento não foi feito dentro desses mesmos padrões; ou o fornecedor é seguro, a carne foi bem transportada e ficou três horas no ambiente de recebedor, esperando para ser estocada, sem a correta temperatura. Ou seja: todos os momentos devem estar protegidos. A expectativa do cliente é apreciar um bom prato, esperando que este tenha sido preparado em ambiente limpo e higienizado. Além disso, um acidente que gere envenenamento pode arruinar a reputação de um estabelecimento. É importante ressaltar, no entanto, que a higiene não acontece por acaso. Ela é o resultado de um sistema de planejamento de serviços, técnicas de limpeza, bons equipamentos, produtos de qualidade e, principalmente, conscientização de todos os envolvidos no processo. Seguem-se, então, algumas principais medidas que devem ser tomadas no ambiente de trabalho, para controlar contaminações e trabalhar com segurança na produção de alimentos: o Elaborar cronogramas de limpeza diários, semanais e mensais, relacionando tarefas e os responsáveis por elas. Esses cronogramas devem ficar em local visível a todos os funcionários da cozinha, como quadros de aviso ou fixados em paredes bem aparentes. o Manter a organização: um lugar para cada coisa e cada coisa em seu lugar. Já foi visto que a organização é essencial para a execução das tarefas em uma cozinha. Pois, é também importante para a higiene, afinal, é praticamente impossível manter limpo um local bagunçado. o Não permitir que a cozinha vire local de passagem de funcionários de outros departamentos. De nada adianta toda a brigada de produção uniformizada dentro dos padrões de higiene e a cozinha servindo de atalho para funcionários de áreas administrativas, recepcionistas com cabelos soltos, etc. 116 o Evitar contato manual com produtos de fácil deterioração, como leite, carnes frescas, etc. Apenas o calor das mãos já é, muitas vezes, suficiente para prejudicar a saúde de um alimento. o Acondicionar rapidamente os alimentos perecíveis em câmaras frigoríficas. Para isso é necessário que o setor de recebimento seja eficiente. o Lavar as mãos ao término de cada operação ou manuseio de alimentos. o Não enxugar as mãos em panos de limpeza e sim em toalhas limpas, preferencialmente, descartáveis. o Afastar funcionários que apresentem sinais de doenças ou feridas imediatamente. Davies alerta: “É difícil para o gerente ou supervisor saber quando o funcionário está realmente doente. Quando houver dúvida, o melhor é mandá-lo para casa”.118 o Lavar todo o local de trabalho ao término de cada turno. o Lavar os freezers, câmaras frias e geladeiras semanalmente. o Eliminar todos os utensílios de madeira, porque favorecem a proliferação de bactérias. o Dedetizar o setor periodicamente. Até pouco tempo dedetizar a cozinha de um restaurante era um transtorno. Atualmente, existem produtos e técnicas que não interferem no funcionamento e são seguras. o Ter muito cuidado e controle com políticas de aproveitamento. Aproveitar sobras não é “pecado”, desde que isso seja feito de forma consciente e correta. o Manter lixeiras fechadas e esvaziá-las constantemente. o Utilizar o material de limpeza adequado para cada tipo de utensílio e superfície. A utilização de um produto inadequado para certo tipo de material pode causar vários problemas: não limpar devidamente e espalhar a sujeira em vez de eliminá-la, ocasionar a corrosão de alguns utensílios e provocar a contaminação de alimentos por meio de substâncias químicas que se soltem do utensílio, etc. o Ter toda a equipe devidamente uniformizada de acordo com cada cargo e utilizando os acessórios de higiene corretamente. o Elaborar periodicamente programas de conscientização para toda a equipe. Conscientizar a equipe é, muitas vezes, a tarefa mais complicada e difícil, mas é também a mais 118 DAVIES, Carlos Alberto. Alimentos e Bebidas. 2. ed. Caxias do Sul: EDUCS, 2001. p. 195. 117 importante. Produtos importados, maquinário de lavar louça de última geração, cronogramas de limpeza não têm absolutamente nenhuma função se a brigada que lida com tudo isso não estiver devidamente conscientizada e treinada para seguir os padrões necessários. 118 18 CLASSIFICAÇÃO DOS ALIMENTOS O gestor de um estabelecimento de A&B precisa ter uma noção de culinária, para poder avaliar seus cardápios, apoiar o Chef e, até mesmo, supervisionar o serviço da cozinha. Apresenta-se, então, a seguir uma classificação simplificada dos alimentos principais que precisam ser conhecidos. 18.1 ENTRADA É o preâmbulo da refeição; consiste em qualquer iguaria que se sirva antes do prato principal, seja servida individualmente ou em porções por mesa. As entradas podem ser divididas em dois tipos: o Entradas frias: coquetel de camarão, carnes frias, saladas, canapés, azeitonas, torradas com patê, etc. o Entradas quentes: sopas e cremes. 18.2 SALADAS Podem ser servidas como entrada fria ou como acompanhamento de um prato forte. Podem, também, ser classificadas em dois tipos: 119 o Simples: quando são preparadas apenas com hortaliças. o Compostas: quando contêm outro tipo de produto em sua composição (ex.: frios, peixes, queijos, etc.). 18.3 CREMES E SOPAS Podem ser servidos como entrada quente ou sozinhos, geralmente à noite. As sopas têm como base a água e, consequentemente, o caldo do alimento cozido. Os cremes têm como base leite, farinha de trigo ou amido de milho. 18.4 MASSAS Normalmente são servidas comoprato principal e, por sua consistência, dispensam acompanhamentos. No entanto, alguns tipos de massa podem ser utilizados em saladas, servindo então como entrada ou acompanhamento. As massas podem ser: o Frescas: quando são feitas manualmente, por elaboração caseira. o Secas: quando são de fabricação industrial. Há ainda as massas coloridas naturalmente: o Verde: feita com espinafre. o Vermelha: feita com beterraba. o Preta: feita com a tinta do polvo. 120 Quanto aos formatos, existe uma incalculável variedade. A figura seguinte mostra apenas alguns exemplos: FIGURA 51 - FORMATOS DE MASSAS FONTE: Disponível em: <http://www.fastapasta.com.au/fresh_approach.html>. Acesso em: 04 jan. 2009. 18.5 PEIXES Abrange toda classe de peixes comestíveis. Podem ser servidos como prato principal, dando margens a diversos acompanhamentos, ou como entrada ou, ainda, misturados a saladas. Segundo Torre, “os peixes são de grande riqueza alimentícia, pois contêm proteínas, vitaminas e sais minerais”.119 Os peixes podem ser classificados em dois grandes grupos: o De água salgada; o De água doce. 119 TORRE, Francisco de la. Administração hoteleira: parte II - alimentos e bebidas. Tradução Dolores Martin Rodrigues Corner. São Paulo: Roca, 2002. p. 67. 121 FIGURA 52 - ALGUNS PEIXES DE MAR EXPRESSIVOS PARA A GASTRONOMIA ANCHOVA BACALHAU BADEJO LINGUADO ROBALO SALMÃO FONTE: fotos adaptadas de vários sites sobre pesca, na Internet. Acesso em: 04 janeiro 2009. FIGURA 53 - ALGUNS PEIXES DE RIO EXPRESSIVOS PARA A GASTRONOMIA BAGRE CARANHA CARPA ENGUIA PINTADO TRUTA FONTE: fotos adaptadas de vários sites sobre pesca, na Internet. Acesso em: 04 janeiro 2009. 122 18.6 MARISCOS OU FRUTOS DO MAR São todos os alimentos advindos do mar, com exceção dos peixes. Podem também ser divididos em dois grupos: o Crustáceos: caracterizam-se por ter o corpo protegido por uma dura capa. Nas figuras temos os exemplos mais expressivos para a gastronomia. FIGURA 54 - LAGOSTA FONTE: Disponível em: <http://www.agenciadanoticia.com.br/>. Acesso em: 04 jan. 2009. FIGURA 55 - CAMARÃO FONTE: Disponível em: <http://anfibios.pbwiki.com/conceito>. Acesso em: 04 jan. 2009. 123 FIGURA 56 - CARANGUEJO FONTE: Disponível em: <http://anfibios.pbwiki.com/conceito>. Acesso em: 04 jan. 2009. FIGURA 57 - SIRI FONTE: Disponível em: <http://www.curiosidadeanimal.com/crustaceos_siri.shtml>. Acesso em: 04 jan. 2009. o Moluscos: caracterizam-se por ter um corpo mole e sem segmentação. Nas figuras temos os exemplos mais expressivos para a gastronomia: FIGURA 58 - OSTRA FONTE: Disponível em: <vaiumcafezinho.zip.net/images/ostra.jpg>. Acesso em: 04 jan. 2009. 124 FIGURA 59 - MEXILHÃO FONTE: Disponível em: <http://cidadesdobrasil.com.br>. Acesso em: 04 jan. 2009. FIGURA 60 - LULA FONTE: Disponível em: <http://www.infoescola.com/cefalopodes/lula/>. Acesso em: 04 jan. 2009. FIGURA 61 - POLVO FONTE: Disponível em: <http://www.petfriends.com.br/news/news_materia129.htm>. Acesso em: 04 jan. 2009 125 18.7 AVES As aves exercem um papel importante na arte culinária, pois servem para preparar uma infinidade de pratos. Além disso, há preços de aves para todas as classes econômicas, desde o frango até o faisão. As aves podem ser divididas em dois grandes grupos: o Criadas para abate: “são aquelas que foram domesticadas e recebem alimentação especial, para que a carne adquira uma boa qualidade”.120 Para a gastronomia, destacam-se o frango, o pato e o peru. o De caça: são as que vivem em estado selvagem, até que o homem as capture. Destacam-se o faisão, a codorna e a perdiz. 18.8 RÉPTEIS Os répteis são muito apreciados em algumas culturas específicas. Esses animais são classificados como sendo de carne branca. Os mais usados na culinária são: rã, lagarto, cobra, jacaré e tartaruga. 18.9 CARNES VERMELHAS Temos aqui uma enorme variedade de tipos, preparos e combinações. Assim como as aves, os animais de carne vermelha também se dividem em: 120 TORRE, Francisco de la. Administração hoteleira: parte II - alimentos e bebidas. Tradução Dolores Martin Rodrigues Corner. São Paulo: Roca, 2002. p. 73. 126 o De abate: bovinos, caprinos, suínos, coelhos, etc. o De caça: paca, javali, tatu, etc. 18.10 OVOS Os ovos são importantíssimos para a arte culinária por terem baixo custo e permitirem uma incalculável variedade de pratos. Além disso, é imprescindível para a confeitaria por ser a base para quase todos os tipos de doces e entrar na composição de muitos tipos de massa. O ovo é composto por aproximadamente 66% de água, 13% de proteínas, 10% de gordura e 11% de sais minerais e é riquíssimo em vitaminas. Para ilustrar, apresentam-se algumas preparações com ovos: FIGURA 62 – OMELETE FONTE: Disponível em: <http://www.quadrifoglio.com.br/receitas/detalhe.asp?id=4>. Acesso em: 04 jan. 2009. 127 FIGURA 63 - OVO COZIDO FONTE: Disponível em: <http://garfadas.zip.net/>. Acesso em: 04 jan. 2009. FIGURA 64 - OVOS POCHÉ FONTE: Disponível em: <http://acasatorta.wordpress.com/2008/05/07/ovos-poche/>. Acesso em: 04 jan. 2009. FIGURA 65 - OVO FRITO FONTE: Disponível em: <http://zanotta.wordpress.com/2007/10/24/almoco-2410/>. Acesso em: 04 jan. 2009. 128 FIGURA 66 - OVO MEXIDO FONTE: Disponível em: <http://zanotta.wordpress.com/2007/10/24/almoco-2410/>. Acesso em: 04 jan. 2009. FIGURA 67 - OVO QUENTE FONTE: Disponível em: <http://zanotta.wordpress.com/2007/10/24/almoco-2410/>. Acesso em: 04 jan. 2009. 18.11 QUEIJOS De acordo com Torre, “o queijo tem um valor especial na alimentação, porque oferece muitos nutrientes indispensáveis [...]. Todo o valor alimentício do leite se preserva no queijo [...]. Também contém as vitaminas A e B”.121 Além disso, os queijos recebem muita atenção por parte da gastronomia, por se tratar de um produto consumido de várias formas, em qualquer ocasião e 121 TORRE, Francisco de la. Administração hoteleira: parte II - alimentos e bebidas. Tradução Dolores Martin Rodrigues Corner. São Paulo: Roca, 2002. p. 74. 129 em todos os cantos do planeta. Do mais simples sanduíche de queijo quente ao mais sofisticado fondue, o queijo está presente. Por existir uma infinidade de tipos de queijos, cada país possui um sistema próprio de classificação. 18.12 ACOMPANHAMENTOS OU GUARNIÇÕES Pode-se dizer que, em um prato principal, o acompanhamento é o ator coadjuvante. Cabe lembrar que a harmonia entre esse coadjuvante e o ator principal (carne, peixe, ave, etc.) é o que fará com que se tenha um bom filme, ou melhor, um bom prato. Existe uma infinita variedade de acompanhamentos, dentre os quais podemos citar: arroz, batata frita, legumes, feijão, saladas, purê de batatas, souflés etc. 18.13 MOLHOS Trata-se da composição ou mistura de várias substâncias comestíveis diluídas, feitas para condimentar a comida. Os molhos são considerados um elemento chave para a culinária, pois têm o poder de arruinar ou fazer o sucesso de um prato. Continuando a analogia do cinema, podemos considerar que o molho é o efeito especial do filme. 18.14 SOBREMESAS O hábito de terminar uma refeição com um prato doce surgiu na Grécia Antiga, porém, até hoje, os mais renomados Chefs e Gourmets concordam que esta é a forma correta de se agradar o paladar. Há uma infinidade de tipos de sobremesa que, normalmente, são classificadas nosseguintes grupos: 130 o Tortas ou tartelettes (tortinhas individuais); o Mousses; o Pavês; o Frutas; o Sorvetes; o Pudins e Flans; o Folhados; o Crepes; o Doces caseiros. Para ilustrar apresentam-se, a seguir, algumas sobremesas. FIGURA 68 - TORTA DE NOZES FONTE: Disponível: <http://cantinhodeluzdamirra.blogspot.com/2008/01/algumas-idias-para-sua- festa.html>. Acesso em: 04 jan. 2009. FIGURA 69 - MOUSSE DE LIMÃO FONTE: Disponível: <http://vitrinedabene.blogspot.com/2008_08_01_archive.html>. Acesso em: 04 jan. 2009. 131 FIGURA 70 - PAVÊ DE CHOCOLATE FONTE: Disponível: <http://www.cozinhafeliz.com.br/ntc/default.asp?Cod=117>. Acesso em: 04 jan. 2009. FIGURA 71 - BANANA SPLIT FONTE: Disponível: <http://www.emporiovillaborghese.com.br/curiosidades/sorvete.htm>. Acesso em: 04 jan. 2009. FIGURA 72 - FOLHADO DE MORANGO FONTE: Disponível: <http://www.emporiovillaborghese.com.br/curiosidades/sorvete.htm>. Acesso em: 04 jan. 2009. 132 FIGURA 73 - CREPE SUZETE FONTE: Disponível: <http://www.emporiovillaborghese.com.br/curiosidades/sorvete.htm>. Acesso em: 04 jan. 2009. 133 19 PLANEJAMENTO, ADMINISTRAÇÃO E CONTROLES EM A&B Planejar, administrar e controlar corretamente é tão importante quanto produzir ou servir com qualidade. Por isso, pode-se afirmar que os funcionários que exercem funções administrativas são tão importantes para o desempenho do restaurante quanto a equipe e o trabalho da cozinha (produção) e a equipe e o trabalho do salão (serviço). Por exemplo, cozinheiros e garçons excelentes serão inúteis se o administrador não fizer o controle financeiro do restaurante corretamente. Chega-se, assim, à conclusão de que todo o restaurante deve ser analisado sob uma ótica sistêmica, em que cada cargo desempenha sua função, mas depende do outro para que a qualidade seja alcançada. Nesse sentido, abordam-se, a seguir, algumas importantes questões administrativas de um estabelecimento de A&B. 19.1 CULTURA INTERNA E ADMINISTRAÇÃO PARTICIPATIVA A mais importante destas questões talvez seja a definição da cultura interna da empresa. Segundo Maricato: A cultura interna, ou cultura da organização, é o sistema de valores existente em uma empresa e que influi sobre toda a sua vida, inclusive as relações pessoais, marketing, atendimentos, sistemas administrativos, controles, produção, etc. A cultura interna serve para mediar a adesão dos funcionários, seu comprometimento e sua participação, subjetiva e objetiva, nos processos necessários para que a empresa atinja as metas a que se propõe. Por essas características e por sua amplitude, pode até mesmo ser considerada como fazendo parte do marketing. Nas empresas de nosso ramo, em geral de pequeno porte, o contato direto com funcionários e clientes pode facilitar o desenvolvimento de uma forte cultura interna. [...] No estágio de intensa competição em que nos encontramos, os funcionários devem zelar pela clientela, pelo nome e imagem e pelos recursos materiais e financeiros do estabelecimento onde trabalham; devem se preocupar com a racionalidade e 134 eficiência dos serviços e em evitar desperdícios. Só assim haverá ganhos de produtividade e lucros. Todo empresário deve saber que seus empregados só desempenharão suas funções de maneira responsável se motivados. [...] O objetivo de uma empresa, hoje, é ter funcionários motivados. E isso se consegue, entre outros meios, com reuniões em que se discutem a situação do estabelecimento, fixação de metas e procura de soluções, difusão de informações em um clima de cooperação e transparência entre empregadores e empregados. Isso faz parte da administração participativa.122 É claro que a administração participativa não elimina completamente as dificuldades ou, muito menos, os conflitos da relação capitalista de trabalho. No entanto, ao explicitar os problemas para um grupo maior de envolvidos no processo, o administrador consegue ter maior comprometimento de sua equipe e, principalmente, mais cabeças pensando em soluções, o que é sempre positivo. Consequentemente, tudo isso favorece o clima de trabalho, uma vez que todo funcionário se sente valorizado independentemente do cargo que ocupa. 122 MARICATO, Percival. Como montar e administrar bares e restaurantes. 7. ed. São Paulo: Senac São Paulo, 2007. p.130-131. 135 20 PLANEJAMENTO Em qualquer que seja o ramo da empresa, o planejamento deve acontecer em vários níveis: a gerência de maior escalão na hierarquia, chamada de alta gerência, deve se preocupar com o planejamento dos objetivos estratégicos a serem realizados em longo prazo. Já a média gerência deve ocupar-se dos objetivos operacionais, que se alcançam em médios e curtos prazos, e a baixa gerência cuida do planejamento de rotina, ou seja, dos processos diários. Fonseca esclarece que “em estruturas menores, podemos chamar alta gerência, os proprietários, a média gerência, os gerentes profissionais, e de baixa gerência, as chefias de setores”.123 Observe o esquema da figura a seguir: FIGURA 74 - NÍVEIS DE GERÊNCIA E SEUS PLANEJAMENTOS FONTE: Arquivo pessoal do autor. 123 FONSECA, Marcelo Traldi. Tecnologias gerenciais de restaurantes. São Paulo: Senac São Paulo, 2000. p. 143. 136 No entanto, em qualquer que seja o nível de planejamento, ele deve ser levado a sério e feito de forma científica, sempre considerando os conceitos predeterminados. É importante, porém, ressaltar que o planejamento não pode ser “engessado” e inflexível. A administração deve estar preparada e capacitada para identificar possíveis interferências, reavaliar seus posicionamentos e modificar, se necessário, um planejamento em andamento. O planejamento de uma empresa de Alimentos e Bebidas está dividido em duas etapas: planejamento conceitual e planejamento operacional. 20.1 PLANEJAMENTO CONCEITUAL Segundo Fonseca: Nessa etapa, o planejamento surge de uma ideia. É um conceito que estará sendo desenvolvido. O estilo do restaurante, o cardápio, a ambientação, o tipo de serviço, todos esses aspectos devem ser planejados e muito bem estudados. Deve-se fazer nessa etapa um estudo de viabilidade do local e do conceito, no qual deverão ser estudados aspectos como análise da concorrência, do público-alvo, potencial de receita, composição de custos, projeção de investimento, de resultados financeiros e operacionais.124 Percebe-se, dessa forma, que é o planejamento conceitual que norteará os projetos de concepção do estabelecimento, que foram estudados neste curso. 124 Ibidem. p.144. 137 20.2 PLANEJAMENTO OPERACIONAL Já o planejamento operacional é a fase que se segue, onde serão definidas as ações a serem, efetivamente, tomadas para que se alcance o que foi projetado pelo planejamento conceitual, portanto, aquele é consequência deste. Por exemplo, no planejamento conceitual se define a demanda que se quer atingir como público-alvo; no operacional, se define o que precisará ser feito para se atingir essa demanda. Ainda de acordo com Fonseca: Nessa etapa serão desenvolvidas as descrições de cargos, os processos e procedimentos para as diversas atividades. Serão desenvolvidos os manuais de operação e regulamentos, para que todos os envolvidos tenham conhecimento das tarefas a serem executadas, com o intuito de atingir os objetivos traçados. Trabalha-se a partir de agora com orçamentos e previsões; toda a estrutura deverá focar-se nos objetivos traçados. [...] Portanto, o planejamentooperacional é a distribuição de recursos predeterminados a fim de possibilitar que todos os envolvidos possam cumprir suas funções de maneira ágil e eficiente.125 125 Ibidem. p. 145. 138 21 PROCESSOS EM ALIMENTOS & BEBIDAS A dinâmica de um bar ou restaurante é bastante complexa e envolve vários processos que precisam estar funcionando de forma sistêmica, em conjunto e harmonia. Uma visão gerencial desses processos pode dividi-los nas seguintes etapas: o Compras; o Recebimento; o Estocagem; o Produção; o Vendas/Serviço; o Contabilização. Essas etapas acontecem de forma cíclica e ininterrupta e cada uma delas consta de várias tarefas específicas. A inter-relação dessas etapas e a dependência entre elas podem ser visualizadas na figura126 abaixo: FIGURA 75 - PROCESSOS EM ALIMENTOS E BEBIDAS FONTE: Arquivo pessoal do autor. 126 Adaptada de Fig.2 In: FONSECA, Marcelo Traldi. Tecnologias gerenciais de restaurantes. São Paulo: Senac São Paulo, 2000. p. 32. 139 Fonseca explica ainda que “cada etapa recebe e provém informação a outra, e só dessa maneira pode haver um trabalho concatenado e conciso”.127 Apresenta-se, agora, uma explicação da função básica de cada uma das etapas: o Compras: Esse processo deve ser extremamente criterioso, já que dele depende, em grande parte, a movimentação de dinheiro da empresa. Não é o departamento de compras que faz os pagamentos, mas é ele que negocia preços, prazos, condições de faturamento, etc. Assim, dele dependem os custos, que são responsáveis pelo preço final. o Recebimento: É no recebimento que se conferem qualidade, quantidade e preços das matérias-primas constantes da nota fiscal. Portanto, é aqui que a mercadoria comprada passa a ser de responsabilidade da empresa e se torna um ativo da mesma. o Estocagem: Trata-se de um processo delicado, principalmente no que diz respeito aos produtos mais perecíveis que requerem cuidados especiais de manuseio e armazenamento. O almoxarifado é, praticamente, um cofre que guarda os valores da empresa e, assim, deve ser prezado, cuidado e controlado. o Produção: A importância da produção já foi apresentada e detalhada neste curso. o Vendas/Serviço: A prestação de serviços, que é a parte de venda do estabelecimento, também já foi tratada neste curso. Mas ainda veremos alguns aspectos dela, no que diz respeito a questões administrativas da venda. o Contabilização: Esse é o processo que lida com todos os controles e movimentações financeiras da empresa. Para que ele seja feito corretamente é necessário que todos os outros processos trabalhem com os devidos controles, com o máximo de organização. 127 FONSECA, Marcelo Traldi. Tecnologias gerenciais de restaurantes. São Paulo: Senac São Paulo, 2000. p. 32. 140 22 ELABORAÇÃO DE CARDÁPIOS O cardápio (menu ou carta) “refere-se a uma lista de diferentes pratos, escrita ou impressa, da qual os comensais escolhem suas preferências”.128 Em virtude da importância que tem, hoje, o cardápio dentro de uma empresa de A&B, é difícil imaginar que ele tenha surgido depois dos restaurantes. 22.1 ORIGEM E EVOLUÇÃO Vasconcellos et al. contam como surgiu e evoluiu o cardápio: Ao que se sabe, as primeiras casas que serviram refeições [...] não usavam cardápios escritos. Os garçons guardavam na memória os pratos disponíveis, mesmo porque estes eram mudados todos os dias. No intuito de oferecer um entretenimento até certo ponto teatral, muitos restaurantes insistiam que seus garçons falassem para os clientes a respeito das especialidades servidas no dia [...] Alguns restaurantes de Paris adotaram o sistema de listar os pratos oferecidos em um quadro que ficava na entrada do restaurante ou dependurado na parede, de modo que seus clientes pudessem escolher melhor o que pediriam [...]. Passado algum tempo, alguns desses restaurantes descobriram que o atendimento e a forma de se fazer o serviço de mesa eram fatores que agregavam valor para os clientes e, com esse intuito, passaram a escrever o cardápio em tábuas menores, para que os garçons as pendurassem na cintura, de modo que pudessem ler quando tivessem dúvidas sobre algum dos pratos servidos. Curiosidade interessante é a posição na qual esse cardápio era carregado, de cabeça para baixo, pois a ideia era facilitar a visualização do garçom, não dos comensais. Assim, o garçom apenas a levantava e tinha condições de ver toda a lista. Alguns clientes passaram a solicitar aos garçons que lhes fosse entregue a tábua que traziam à cinta, para que pudessem escolher melhor seus pratos. Assim, ela passou a ser mais bem elaborada no seu aspecto visual. O costume difundiu-se por todo o mundo, de modo que, ainda hoje, os garçons usam o cardápio. Atualmente, 128 TORRE, Francisco de la. Administração hoteleira: parte II - alimentos e bebidas. Tradução Dolores Martin Rodrigues Corner. São Paulo: Roca, 2002. p.17. 141 os cardápios não estão mais pendurados à cinta dos garçons, mas em suas mãos, para serem entregues aos clientes, nas mesas, para a escolha dos pratos.129 22.2 A IMPORTÂNCIA DO CARDÁPIO Segundo Maricato (2007), “o cardápio é tão importante que cada vez mais é aceita a tese de que deve preceder em parte à montagem do restaurante e em especial à da cozinha”.130 Pode-se resumir a importância do cardápio considerando-se que ele: o É o principal instrumento de venda do garçom; o Determina a estrutura de produção: cada tipo de comida vai requerer particularidades para sua produção, tais como: equipamentos, espaços e organização da cozinha, etc.; o Determina a estrutura de serviço: cada tipo de comida vai exigir determinados utensílios de serviço, louças, talheres, decoração, etc.; o Determina a administração: cada tipo de comida precisa de determinada matéria- prima, portanto, de diferentes fornecedores, compras, custos, etc.; o Determina a organização e a qualificação da mão de obra: tanto a equipe de produção quanto a de serviço terão que saber lidar, produzir, vender e servir de acordo com seu cardápio. Além disso, não se pode esquecer de que o cardápio determina a identidade do estabelecimento e, por isso, deve ser elaborado de acordo com o público-alvo desejado. 129 VASCONCELLOS, Frederico et al. Menu: como montar um cardápio eficiente. São Paulo: Roca, 2002. p.1-2. 130 MARICATO, Percival. Como montar e administrar bares e restaurantes. 7. ed. São Paulo: Senac São Paulo, 2007. p. 112. 142 22.3 CUIDADOS NA ELABORAÇÃO DO CARDÁPIO Destacada, então, a importância do menu, apresentam-se os cuidados que se devem tomar em sua elaboração para que o mesmo seja atraente e eficiente: o Conhecer a demanda para poder medir a expectativa de popularidade e aceitação do prato, assim como sua viabilidade econômica. o Conhecer os equipamentos necessários para o preparo dos pratos, assim não fazendo constar do cardápio pratos que não sejam possíveis de se elaborar na estrutura disponível. o Conhecer todos os ingredientes que entram na composição do prato, assim como conhecer o mercado fornecedor disponível. o Conhecer todos os utensílios necessários ao serviço do prato. o Verificar se a mão de obra dispõe do conhecimento necessário para tal serviço. o Elaborar, na medida do possível, cardápios enxutos e especializados. A esse respeito, Maricato destaca que: Uma concepção ultrapassada é a de que o gosto do cliente será satisfeito pela elaboração de um cardápio extenso, com dezenas de receitas de massas, peixes, carnes, saladas, etc.[...] Concepções mais atuais ditam cardápios enxutos, especializados seja nos tipo de pratos, seja na culinária de algum país ou região. Há uma tendência irreversível nesse sentido, porque há uma receptividade cada vez maior no mercado para alguns tipos de culinária.131 o Dispor os pratos no menu divididos em grupos (entradas, sopas, massas, peixes, aves, carnes, etc.). Esses grupos, por sua vez, devem se apresentar sempre dos mais leves aos mais consistentes. Por último, apresenta-se o grupo das sobremesas. o Dentro de cada um desses grupos, a melhor forma de enumerar os pratos é começando com os mais lucrativos. Atenção: os pratos mais lucrativos não são obrigatoriamente os mais caros; aliás, em geral não o são mesmo! 131 MARICATO, Percival. Como montar e administrar bares e restaurantes. 7. ed. São Paulo: Senac São Paulo, 2007. p. 112. 143 o Compor os pratos de forma que o aspecto visual fique interessante e ter cuidado com as cores. Tome-se, como exemplo, um prato composto por camarão ao curry132, arroz de açafrão e batatas au gratin133: tudo amarelo! É essencial lembrar que as pessoas comem primeiro com os olhos, assim sendo, o visual do prato é fator determinante para o apetite. o Cuidar da consistência dos ingredientes que compõem o prato. Por exemplo, um bife grelhado, guarnecido com arroz integral e batatas chips não é um prato aconselhável, pois não apresenta nada macio. Por outro lado, strogonoff com creme de arroz e purê de batatas parece uma “papinha” de bebê! Então, o equilíbrio de consistências é fundamental. o Os sabores também devem ser equilibrados. Por exemplo, um peixe de sabor suave não deve ser servido com um acompanhamento muito apimentado, pois este inibiria por completo o sabor daquele. o Os pratos que constituem o menu devem ter métodos de cocção variados (cozidos, grelhados, assados...), para dar mais opções ao cliente. (A não ser, é claro, que seja um restaurante especializado, como é o caso das churrascarias.) No entanto, nunca se esqueça de levar em consideração os limites operacionais. o Ao lado de cada prato devem constar, mesmo que em letras menores, os ingredientes que o acompanham, facilitando assim a escolha dos clientes, principalmente auxiliando aqueles com limitações alimentares, sem atrasar o serviço dos garçons. Esse procedimento se torna necessário até para os pratos mais conhecidos, pois ninguém tem a obrigação de saber e mesmo os mais entendidos podem perfeitamente confundir um milho a la creme com um creme de milho, por exemplo134. Para os pratos criados e batizados pelo estabelecimento, essa descrição se torna imprescindível, uma vez que é muito desagradável para o cliente, que está querendo escolher o que vai comer, ter que adivinhar o que é um Filé à Dona Terezinha ou Sopa da Casa. o É importante destacar que essa descrição deve ter uma ordem lógica. A saber: primeiro a proteína animal, indicando sua forma de cocção, seguida pelo molho e finalmente os acompanhamentos. Por exemplo: filé grelhado ao molho de vinho tinto com arroz branco e couve-flor cozida. 132 Condimento em pó, de cor amarela, originário da Índia, onde é conhecido como Massala, constituído da mistura de várias ervas. 133 Termo francês para “gratinadas”, muito usado em restaurantes gourmets. 134 A título de curiosidade: o milho a la creme apresenta os grãos inteiros, enquanto o creme de milho tem seus grãos processados. 144 o Além disso, é importante que a descrição seja honesta, pois uma vez lido aspargos frescos, os comensais provavelmente não ficarão satisfeitos ao verem aspargos em conserva em seus pratos. o A descrição é, sim, muito importante, mas há de se ter cuidado com pleonasmos na hora de querer explicar demais. Por exemplo: Apfelstrudel de maçã. Apfelstrudel significa, em alemão, doce folhado de maçã. Uma boa saída para essa situação seria apresentar o prato assim: Apfelstrudel (doce de maçã cozida, envolto em massa folhada). Dessa forma, estaria esclarecida a dúvida para os leigos e evitado o pleonasmo para os entendidos. o A ortografia correta das palavras é de essencial importância, pois nenhum estabelecimento quer que seu cliente pense: “Se esse restaurante não sabe nem escrever o nome do prato, será que saberá prepará-lo?” o Procurar se informar muito bem sobre o que vai constar de seu menu para evitar absurdos causados por falta de conhecimento sobre outras culturas. Por exemplo, batizar um filé ao molho curry, de Filé Indiano é praticamente um crime para a cultura indiana. A vaca é um animal sagrado na Índia e ninguém ousaria matá-la, principalmente, para comer. o As cores da capa e das páginas e o design do menu devem combinar com a própria decoração do ambiente do restaurante. Isso ajuda a marcar o estabelecimento na memória dos clientes. o Casteli ressalta ainda que “um hotel de grande porte oferece alimentos em diversos pontos de venda, tais como: restaurante, “coffee-shop”, bar, “room service”, salão de chá, banquete, etc.”135. É necessário que cada um desses ambientes tenha seu próprio cardápio, diferenciado de acordo com o conceito e a clientela de cada um. No entanto, podem, sim, possuir algum detalhe visual em comum, pelo fato de pertencerem ao mesmo hotel. o A criatividade é sempre bem-vinda para se oferecer um produto diferenciado, no entanto, nunca deve se esquecer de levar em consideração que o menu deve ser de fácil leitura para o cliente. Por isso, devem-se evitar cores, tamanhos e tipos de letras ou espaçamento entre linhas que dificultem a leitura, principalmente, em ambientes com iluminação indireta. o O formato e o tamanho do cardápio também devem ser levados em conta para o conforto do cliente. Alguns cardápios são tão grandes que o comensal é obrigado a se afastar da 135 CASTELLI, Geraldo. Administração Hoteleira. 9. ed. Caxias do Sul: EDUCS, 2001. p. 329. 145 mesa para poder abri-lo. O número de páginas também deve ser levado em consideração para não transformar o menu num livro que o cliente terá preguiça ou falta de tempo para ler. o O material utilizado é muito importante. Deve ser de qualidade, pois causa impacto sobre o cliente, e durável. Porém, não se pode ter um alto custo com o cardápio, que será modificado periodicamente. Atualmente, são inúmeros os formatos que permitem trocar o conteúdo sem inutilizar por inteiro o cardápio, como exemplifica a figura seguinte. FIGURA 76 - CAPA DE MENU FONTE: Disponível em: <http://www.vipreseller6.net/~idaplast/index.php?manufacturers_id=11&sort=2a&filter_id=68>. Acesso em: 07 jan. 2009. o Deve-se explorar o focal point136 para a impressão da logomarca do restaurante ou para um prato de destaque, auxiliando assim a marcar o restaurante ou a vender um determinado prato. o A localização do focal point vai depender do formato e do tamanho do menu, por isso, para se explorar esse recurso é aconselhável procurar um profissional de marketing. 136 Existem estudos sobre o ponto em que as pessoas põem os olhos primeiro quando manuseiam panfletos, folders, revistas e outros materiais impressos. A esse ponto dá-se o nome de Focal Point. 146 o A Sugestão do Chef é outro importante instrumento de marketing do cardápio. Ao contrário do que muita gente pensa, a Sugestão do Chef não serve apenas para dar saída a pratos “encalhados” ou a produtos que estão com prazo de validade vencendo. É verdade que pode ser usada para este fim, mas também tem grande utilidade em testar a aceitação de pratos que possam vir a ser incluídos no cardápio. o Há de se ter muito cuidado, no entanto, com a Sugestão “Eterna” do Chef, que pode vira tirar a credibilidade do restaurante e empobrecer o menu. Se um prato deu certo, é melhor incluí-lo definitivamente no corpo do cardápio e lançar outras sugestões. o Tem de se ter atenção também à forma de apresentação desta Sugestão do Chef, ela não pode comprometer toda a imagem do cardápio. o Quando se tratar de uma refeição completa, o preço da Sugestão do Chef deve trazer alguma vantagem para o cliente. Quando não, deve ser compatível com os demais pratos do menu. o As bebidas oferecidas devem ser apresentadas ao final das sobremesas. Trata- se, aqui, de uma estratégia de venda, como explicam Vasconcellos et al.: “sendo as bebidas o primeiro pedido dos clientes, eles terão folheado todo o cardápio até encontrá-las, de maneira rápida, mas já proporcionando uma ideia do que a casa oferece e a média de preços cobrados”.137 137 VASCONCELLOS, Frederico et al. Menu: como montar um cardápio eficiente. São Paulo: Roca, 2002. p. 61. 147 23 ELABORAÇÃO DA CARTA DE VINHOS Em estabelecimentos menores, os vinhos podem vir listados, no próprio menu de comidas, ao final das sobremesas, junto com as demais bebidas. Porém, em bares ou restaurantes diferenciados, a listagem de vinhos é oferecida em um cardápio separado, chamado de carta de vinhos. Nesse caso, as demais bebidas podem estar ao final da carta de vinhos ou permanecer ao final do cardápio de comidas. A elaboração da carta de vinhos deve obedecer aos mesmos cuidados do menu, em relação a material, confecção, design etc. Em relação ao seu conteúdo, uma carta de vinhos corretamente elaborada, assim como o cardápio de comidas, deve apresentar os vinhos dos mais leves aos mais consistentes. Para isso, ela deve estar dividida em quatro seções, na seguinte ordem: Vinhos Espumantes; Vinhos Brancos; Vinhos Rosados; Vinhos Tintos. Cada uma dessas seções deve ser subdividida em países de acordo com a origem dos vinhos. E cada grupo de países deve ser apresentado em ordem crescente de distância. Portanto, aqui no Brasil, a apresentação dos grupos fica assim: Vinhos Espumantes; o Brasil; o Chile; o Argentina; o Portugal; o França; 148 o África do Sul; o Austrália. Cada garrafa de vinho presente na carta deve apresentar as mesmas informações de seu rótulo. São elas, no mínimo: País de origem (que vem no nome do grupo); Nome do vinho; Ano da safra; Produtor ou vinícola; Uva usada na composição (em caso de vinhos híbridos138, deve aparecer a proporção de cada uva utilizada na composição). Segue-se um exemplo: Vinhos Tintos o Chile Casillero del Diablo 1999 Concha y Toro, Malbec 65% Merlot 35% O restaurante deve ter muito cuidado com a certeza das informações, pois o que é apresentado na carta deve conferir com o rótulo da garrafa. É interessante que a carta seja conferida minuciosamente a cada compra de vinhos. 138 Vinhos híbridos são os elaborados por mais de um tipo de uva. 149 24 ÍNDICES OPERACIONAIS DE DESEMPENHO Diz Fonseca que: De acordo com o dicionário Aurélio, um índice é “tudo aquilo que indica ou denota uma qualidade ou característica especial”. Ou ainda, “relação entre valores de qualquer medida ou graduação”. Assim, toma-se um índice como sendo um identificador do desempenho de determinada área ou departamento. Os índices são na verdade a consolidação numérica de uma operação.139 Em outras palavras, os índices operacionais de desempenho de uma empresa de A&B são números que permitem avaliar o andamento de um bar ou restaurante. É importante destacar que todo índice se refere a um período de tempo determinado e, neste caso, o mais comum é trabalhar com índices mensais. No entanto, todos eles podem ser também calculados para semanas, bimestres, trimestres, semestres, etc., dependendo do período de interesse da análise que está sendo feita. Antes de apresentarem-se os índices, torna-se necessário esclarecer alguns aspectos sobre custos x receitas de um estabelecimento de A&B. Como toda empresa, um bar ou restaurante tem seus custos para realizar seu negócio. Em uma empresa desse ramo, há dois custos que são os maiores e mais importantes, sem os quais o negócio fica inviabilizado: matéria-prima e mão de obra. Os demais custos como aluguel, água, energia, telefone, etc., representam quantias pequenas, proporcionalmente a esses dois maiores e mais importantes. O gráfico seguinte mostra uma média dessa proporção dos custos em relação à receita total de um restaurante. 139 FONSECA, Marcelo Traldi. Tecnologias gerenciais de restaurantes. São Paulo: Senac São Paulo, 2000. p. 95. 150 GRÁFICO 2 - RELAÇÃO RECEITA X CUSTOS EM A&B FONTE: Arquivo pessoal do autor. 24.1 CMV – CUSTO DE MERCADORIA VENDIDA O CMV é o primeiro índice a ser avaliado em qualquer operação e representa o percentual da receita que é gasto com os custos de matéria-prima. Apura-se o CMV por meio do seguinte cálculo: Assim, sabe-se quanto da receita total foi gasta com matéria-prima. No entanto, é necessário levar em conta apenas o que foi efetivamente vendido no período determinado, deixando de fora a matéria-prima que permaneceu no estoque. Por isso, é necessário calcular o Consumo de Matéria-Prima, fazendo o seguinte cálculo: 151 Exemplo: Considere-se um restaurante que teve, em 1º de maio, seu estoque de alimentos inventariado em R$ 10.000,00 e em 31 de maio, o estoque estava em R$ 15.000,00. Durante o mês em questão, as compras de alimentos somaram um total de R$ 25.000,00 e a receita total arrecadada foi de R$ 75.000,00. Qual é o CMV de maio deste restaurante? Solução: Consumo de matéria-prima = 10.000 + 25.000 - 15.000 Consumo de matéria-prima = R$ 20.000,00 CMV = 20.000 75.000 = 0,2667 CMV = 26,67% É importante destacar que devem ser calculados índices de CMV separados para alimentos e para bebidas, pois suas premissas de custos são diferentes, principalmente para as bebidas alcoólicas. Águas, refrigerantes e sucos podem estar junto com os alimentos, desde que não se deseje um detalhamento muito profundo nos controles. É difícil definir um parâmetro de referência ideal para o percentual de CMV, pois ele vai variar de acordo com o conceito de cada estabelecimento. No entanto, de maneira geral, para um restaurante de médio porte, podem ser considerados os valores da Tabela 1, a seguir: 152 TABELA 1 - VALORES DE REFERÊNCIA PARA CMV Referência CMV de Alimentos e Bebidas não Alcoólicas CMV de Bebidas Alcoólicas baixo menos de 24% menos de 19% médio 25% a 34% 20% a 24% alto mais de 35% mais de 25% FONTE: Adaptada da Figura 5 In: FONSECA, Marcelo Traldi. Tecnologias gerenciais de restaurantes. São Paulo: Senac São Paulo, 2000. p. 96. Sobre o CMV, Fonseca alerta que: Deve-se, ainda, levar em consideração que um CMV muito baixo não é necessariamente um indicador positivo. Este pode estar associado a uma baixa qualidade de matérias-primas, principalmente se esse índice cai abruptamente de um mês para outro. De maneira geral, esse índice deve ser muito bem controlado e acompanhado por todos os envolvidos no processo.140 24.2 CUSTO DA MÃO DE OBRA Como já foi visto, junto com o Custo de Mercadoria Vendida (CMV), o Custo da Mão de Obra representa um dos maiores gastos de um estabelecimento de Alimentos e Bebidas. Trata- se aqui de levantar o valor percentual da receita total que foi gasto com a folha de pagamentos, ou seja, com os recursos humanos. Apura-se o Custo da Mão de Obra, por meio do seguinte cálculo:140 FONSECA, Marcelo Traldi. Tecnologias gerenciais de restaurantes. São Paulo: Senac São Paulo, 2000. p. 96-97. 153 Exemplo: Considere-se o mesmo restaurante do exemplo anterior, onde a receita total arrecadada em maio foi de R$ 75.000,00. Sabendo que sua folha de pagamento nesse mês atingiu um valor de R$ 25.000,00, qual é o Custo de Mão de Obra de maio deste restaurante? Solução: Custo da Mão de Obra = 25.000 75.000 = 0,3333 Custo da Mão de Obra = 33,33% Cabe destacar que a mão de obra é um custo relativamente fixo, visto que a folha de pagamentos sofre poucas alterações. Então, deduz-se que esse índice vai variar de acordo com o volume de vendas. Quanto maior for a receita, menor será proporcionalmente o custo de mão de obra e a recíproca é verdadeira. Assim, como para o CMV, também é difícil definir um parâmetro de referência ideal para o percentual de Custo de Mão de Obra. De um modo geral, para um restaurante de médio porte, podem ser considerados os valores da Tabela 2, a seguir: 154 TABELA 2 - VALORES DE REFERÊNCIA PARA CUSTO DA MÃO DE OBRA Referência Custo da Mão de Obra baixo menos de 24% médio 25% a 34% alto mais de 35% FONTE: Arquivo pessoal do autor. 24.3 PRIME COST “O Prime Cost é a denominação em inglês para Custos Primários da Produção, que estão compreendidos entre Matéria-Prima e Mão de Obra”.141 Ou seja, é o índice que traduz quanto da receita total foi gasto com os dois principais e maiores custos de um estabelecimento de A&B. Apura-se o Prime Cost apenas somando o CMV com o Custo da Mão de Obra, desta forma: Exemplo: Seguindo o mesmo exemplo anterior, onde o CMV foi de 26,67% e o Custo da Mão de Obra foi de 33,33%, será calculado o Prime Cost de maio desse restaurante. 141 Ibidem, p.97. 155 Solução: Prime Cost = 26,67 + 33,33 Prime Cost = 60,00% Percebe-se que o Prime Cost é um índice constituído por uma parte variável (CMV) e uma parte relativamente fixa (Custo da Mão de Obra), então ele irá também variar de acordo com o volume de vendas. 24.4 COUVERT MÉDIO Cabe aqui explanar sobre o termo “couvert” muito utilizado no setor de Alimentos e Bebidas: o Couvert Artístico: É uma quantia que se cobra do cliente quando há algum tipo de show ao vivo no estabelecimento. O dinheiro proveniente do couvert artístico pode ser para o estabelecimento ou para o artista que está se apresentando ou, ainda, dividido entre ambos. Isso vai depender do tipo de contrato entre o artista e a empresa. o Couvert = entrada: Se o garçom oferecer um couvert antes de trazer os pedidos, significa uma entrada que é servida, normalmente, por mesas e constituída de pães, torradas, patês, azeitonas, etc. Esse couvert pode ser cortesia da casa ou cobrado do cliente; mas, nesse último caso, deve constar do cardápio, com o respectivo valor cobrado. o Número de couverts: Refere-se à quantidade de clientes servidos em um determinado serviço. Por exemplo, usa-se a expressão: “Fizemos mais de 400 couverts nesse 156 almoço!”. Isso significa que o restaurante atendeu mais de 400 clientes no referido almoço. o Couvert Médio: É o índice operacional de desempenho que será exposto a seguir. O Couvert Médio representa a média de vendas por cliente, ou seja, informa quanto cada cliente gastou em média dentro de um determinado período. O Couvert Médio é obtido por um simples cálculo: Para que se tenha um melhor perfil de gastos do cliente, pode-se (e deve-se) apurar separadamente o Couvert Médio de alimentos e de bebidas. Isso é feito com os seguintes cálculos: 157 Veja os exemplos: Exemplo: Ainda seguindo o mesmo restaurante, cuja receita total de maio foi de R$ 75.000,00, sendo R$ 55.000,00 arrecadados em alimentos e R$ 20.000,00 em bebidas e, sabendo ainda que foram servidos 2.000 clientes nesse mês, calculem-se os Couverts Médio de Alimentos, de Bebidas e Total do mês de maio. Solução: Couvert Médio de Alimentos = 55.000 2.000 = 27,50 Couvert Médio de Bebidas = 20.000 2.000 = 10,00 Couvert Médio Total = 75.000 2.000 = 37,50 Ou Couvert Médio Total = 27,50 + 10,00 = 37,50 OBS: Isso significa que cada cliente gastou, em média, R$ 37,50 no mês de maio, nesse restaurante, sendo que R$ 27,50 foram gastos em alimentos e R$ 10,00 foram gastos em bebidas. Esse índice não possui valores predeterminados e varia muito de acordo com o conceito do restaurante. 158 24.5 ROTATIVIDADE DE ASSENTOS A Rotatividade de Assentos é um referencial de ocupação dos assentos disponíveis para a venda, assim ela nos informa quantas vezes cada assento foi ocupado em um determinado serviço, dentro de um determinado período. Portanto, calcula-se a Rotatividade de Assentos da seguinte forma: Atenção: Não se pode confundir a disponibilidade de assentos com a capacidade do restaurante. A disponibilidade nesse caso se refere a um período de tempo, então, ela deve considerar quantos assentos foram postos à venda em todo o período em questão. Portanto, cada vez que o estabelecimento abre suas portas, está colocando à venda sua capacidade. Assim, tem-se: Exemplo: Considere-se que o restaurante em questão tenha capacidade para 32 clientes e, funcionando de quinta-feira a domingo, tenha aberto 19 dias em maio, oferecendo almoço e jantar. Sabendo que foram servidos 2.000 clientes nesse mês, calculamos a disponibilidade de assentos e, em seguida, a Rotatividade de Assentos. 159 Solução: Capacidade do restaurante = 32 lugares Nº de dias trabalhados = 19 dias Nº de serviços por dia = 2 (almoço e jantar) Então, Disponibilidade = 32 x 19 x 2 = 1.216 assentos OBS: Isso significa que no mês de maio o restaurante pôs à venda 1.216 lugares. Rotatividade de Assentos = 2.000 1.216 = 1,64 vezes OBS: Isso significa que cada assento posto à venda, em maio, foi efetivamente ocupado, em média, 1,64 vezes. Esse índice também não possui valores predeterminados e varia muito de acordo com o conceito do restaurante. 24.6 GIRO DE ESTOQUE Este índice representa a velocidade de uso dos itens em estoque, ele diz quantas vezes o estoque foi reposto dentro de um determinado período. Calcula-se da seguinte forma: 160 Onde o valor médio de estoque, também chamado de inventário médio, representa a ocupação média do estoque e é apurado por meio do seguinte cálculo: Exemplo: Considere-se o mesmo restaurante relembrando que, em 1º de maio, seu estoque de alimentos estava inventariado em R$ 10.000,00 e em 31 de maio, o estoque estava em R$ 15.000,00. O consumo de matéria-prima foi calculado em R$ 20.000,00. Qual é Giro de Estoque de maio deste restaurante? Solução: Valor Médio de Estoque = (10.000 + 15.000) 2 = R$ 12.500,00 Giro de Estoque = 20.000 12.500 = 1,60 vezes OBS: Isso significa que, no mês de maio, o estoque foi reposto 1,60 vezes. Cabe destacar que esse cálculo deve ser feito separadamente para cada tipo de produto. Uma boa sugestão é separar os seguintes grupos: alimentos; bebidas não alcoólicas, bebidas alcoólicas, suprimentos de limpeza e embalagens. É praticamente impossível definir um índice adequado de Giro de Estoque, pois esse fator sofre inúmeras influências. Valores muito baixos podem representar pouca rotatividade, o que aumenta a possibilidade de perdas de produtos estocados por mais tempo do que deveriam. Por outro lado, números muito altos significam muita rotatividade de produtos, o que pode ocasionar faltas e 161 prejudicar o serviço. Além disso, também, a localização do estabelecimento e sua estrutura de armazenagem irão ditar algumas regras nesse sentido. Enfim,aqui a prática realmente será a única capaz de designar o Giro de Estoque ideal a cada caso. 162 25 FICHA TÉCNICA Em um estabelecimento de Alimentos & Bebidas, devidamente organizado, todos os produtos oferecidos no menu (sejam pratos, porções, drinks, etc.) devem possuir uma Ficha Técnica. Segundo Davies, a ficha técnica “é de uso imprescindível para obter o custo padronizado por item do menu, como também para que se garanta sua qualidade”142. Castelli completa dizendo que: A cozinha, ao confeccionar seus pratos, deve ater-se a um padrão não só para garantir a qualidade, mas também para garantir os custos fixados. Em vista disso, a ficha técnica constitui-se em um excelente instrumento gerencial da cozinha.143 A Ficha Técnica deve ser elaborada em conjunto entre o Chef e o Controlador de Custos em A&B (ou Comprador em estabelecimentos menores). Essa ficha é elaborada por cada item do menu e deve conter, no mínimo, as seguinte informações: o Nome do item (como aparece no cardápio); o Cada ingrediente utilizado na composição do item; o Quantidade de cada ingrediente; o Valor de custo de cada ingrediente; o Valor de custo total do item; o Custos operacionais*; o Foto do item pronto para ser servido. * Os custos operacionais representam, normalmente, 5% do valor de custo total do item e se referem aos gastos que há na confecção do prato e são difíceis de ser contabilizados, como, por exemplo, gás, energia, temperos, etc. 142 DAVIES, Carlos Alberto. Alimentos e Bebidas. 2. ed. Caxias do Sul: EDUCS, 2001. p. 219. 143 CASTELLI, Geraldo. Administração Hoteleira. 9. ed. Caxias do Sul: EDUCS, 2001. p. 410. 163 Assim, a ficha técnica, além de fornecer o valor de custo do prato, ajuda na padronização do serviço, tanto no que diz respeito às quantidades, quanto à decoração dos pratos ou coquetéis. Um exemplo simplificado pode ser observado na figura seguinte. FIGURA 77 - EXEMPLO DE FICHA TÉCNICA Nome do Item: Nº: Ingredientes Quantidade Unidade Valor de Custo Valor de Custo Parcial: Custo Operacional (5%): Valor de Custo Total do Item: FICHA TÉCNICA Foto do Prato FONTE: Arquivo pessoal do autor. 164 26 FIXAÇÃO DE PREÇOS DE PRODUTOS EM A&B Os erros na hora de calcular o preço de venda de um item do cardápio são os principais responsáveis pelo fracasso de determinados estabelecimentos. Por isso, há de se ter conhecimento e cuidado ao fixar os preços dos produtos. De acordo com Fonseca, “para o cálculo do preço de venda de um item ou de um prato poderemos utilizar basicamente dois métodos. O informal ou empírico e o formal ou científico”.144 E o ideal é que realmente se usem ambos, um como complemento do outro. Assim, os preços calculados ficarão os mais justos, corretos e lucrativos possíveis. 26.1 MÉTODO EMPÍRICO OU INFORMAL O método empírico, também chamado de informal, exclui completamente qualquer análise científica de custos e baseia-se nos seguintes critérios: o Intuição: O gestor usa, simplesmente, o bom-senso para definir quanto vale cada produto que põe à venda. o Competidores: Consiste em utilizar os mesmos preços oferecidos pelos concorrentes. É um dos métodos mais utilizados, no entanto, só seria eficiente se todos os custos fossem exatamente iguais aos dos concorrentes e, principalmente, se o método de apuração de preços do competidor for eficiente. “Do contrário, os dois competidores estarão cavando suas covas juntos e nas mesmas proporções”.145 o Psicológico: Baseia-se na expectativa de gastos de seu cliente, ou seja, define os preços deduzindo-se quanto o cliente quer pagar por determinado produto. o Tentativa e Erro: Consiste em estabelecer preços por um determinado período de tempo e avaliar os resultados. Essa tática é boa para medir a sensibilidade de sua demanda à 144 FONSECA, Marcelo Traldi. Tecnologias gerenciais de restaurantes. São Paulo: Senac São Paulo, 2000. p. 103. 145 Ibidem, p.103-104. 165 variação de preços; no entanto, é bastante arriscada, pois alterações constantes de preço podem desgastar a imagem do produto e, consequentemente, do estabelecimento. 26.2 MÉTODOS CIENTÍFICOS OU FORMAIS Os métodos científicos, também chamados de formais, baseiam-se na formação dos preços de vendas, considerando seus custos de produção. São, por isso, métodos mais precisos, que maximizam a receita e transmitem maior veracidade ao processo de venda, pois permitem cobrar preços justos, sem exagerar ou subvalorizar o produto. Há diversos métodos científicos que sempre levam em conta os custos de produção, mas, para esse estudo, foi escolhido o mais utilizado em estabelecimentos de grande porte, conhecido como Método de Indexação. No Método de Indexação “o índice indexador será o CMV absoluto, ou seja, o custo direto de matéria-prima para a produção de determinado produto”.146 Dessa forma, para calcular o preço de venda de um item, parte-se do valor de custo do mesmo (apurado em sua ficha técnica) e se incide sobre ele o fator indexador resultante da relação estimada entre custo e receita, isto é, o CMV que se deseja atingir. Assim: 146 Ibidem, p.104. 166 Exemplo: Considere-se um determinado item que tem em sua ficha técnica o valor de custo de R$ 7,00. Em um restaurante que estima seu CMV em 35%, qual será o Preço Parcial de Venda (PPV) desse item? Solução: PPV = 7,00 0,35 PPV = R$ 20,00 No entanto, como o próprio nome diz, o Preço Parcial de Venda (PPV) ainda não é o preço final de venda, devem-se ainda incluir os impostos, relativos a cada caso. Assim, calcula-se: Exemplo: Tome-se como exemplo o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) de 17%. Como se faz para acrescer o PPV em 17% e chegar ao Preço Final de Venda (PFV)? Solução: PFV = 20,00 0,83 (Onde: 0,83 = 83% = 100% - 17%) PFV = R$ 24,09 OBS: Para efeitos visuais do cardápio, o PFV pode ser alterado para R$ 24,10 ou R$ 24,50. 167 ATENÇÃO: Para um bom resultado, tanto administrativo, como operacional, nenhum método de fixação de preços deve ser utilizado isoladamente. O ideal é que seja mesclado algum método científico com os empíricos, assim unem-se sistemática e bom-senso. 168 27 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL EM A&B A estrutura organizacional de um bar ou restaurante, independente ou dentro da hotelaria, deve se orientar de acordo com o conceito e o porte da empresa. Apenas considerando a estrutura da empresa é que se podem definir os cargos e as funções necessárias para se cumprir os processos de trabalho. É importante lembrar que cada posto de trabalho deve ser analisado e ter realmente uma razão para existir. Na divisão deste curso, é possível perceber que há, basicamente, três tipos de funções em A&B: o Funções de Produção (cozinha); o Funções de Serviço (salão do restaurante ou bar); o Funções de Administração (escritório). É interessante destacar que todas as funções precisam ser criadas para o bom andamento dos processos, no entanto, a forma de distribuí-las entre os cargos vai variar de acordo com o porte da empresa. Assim, em um estabelecimento de pequeno porte, portanto, com número reduzido de funcionários, é normal que várias funções se acumulem em um só cargo. Já quanto maior a empresa, mais as funções ficam distribuídas entre um número maior de funcionários. Além disso, existem algumas diferenças operacionais entre os estabelecimentos independentes de A&B e o setor de A&B na hotelaria. Por isso, apresentam-se, a seguir, exemplos de organogramas funcionais e explicações para ambos os casos separadamente.169 27.1 CARGOS E FUNÇÕES EM BARES E RESTAURANTES Um bar ou restaurante, independente da hotelaria, é de modo geral uma empresa de pequeno ou, no máximo, médio porte. Nesse caso, o conceito do estabelecimento é mais importante do que propriamente seu tamanho, para determinar sua estrutura organizacional. Basicamente, um estabelecimento de A&B requer as seguintes funções, apresentadas na figura. FIGURA 78 - ORGANOGRAMA FUNCIONAL GERAL DE UM ESTABELECIMENTO DE A&B FONTE: Arquivo pessoal do autor. Cada um dos setores apresentados pode ser detalhado; lembrando que isso acontece sempre de acordo com o conceito e o porte do estabelecimento. Para fins deste estudo, será apresentado o maior detalhamento possível. 170 27.2 GERÊNCIA Quanto maior o porte do estabelecimento, maior sua equipe e, consequentemente, maior a possibilidade de o gerente delegar tarefas. Ele pode, ainda, ser auxiliado por um subgerente ou por uma secretária. No entanto, em qualquer caso, o gerente é sempre a pessoa responsável por todo o restaurante. A ele cabe o controle e a supervisão de todos os funcionários, de todos os processos; é a ele que o cliente, o funcionário ou o proprietário reclamam quando ficam insatisfeitos... Enfim, ele é a “personificação” da empresa. O gerente pode, sim, ser o proprietário (ou um dos sócios), desde que este tenha conhecimento suficiente para tocar o negócio de perto. Caso contrário, é aconselhável que se contrate um gerente capacitado para tal. 27.3 FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS É interessante ressaltar que, em um estabelecimento bem pequeno, como uma microempresa ou, como se costuma dizer, uma empresa familiar, tão comum no ramo de A&B, todas as funções administrativas podem se acumular na figura do gerente, que, normalmente, é o proprietário. A figura a seguir um detalhamento das funções administrativas. 171 FIGURA 79 - ORGANOGRAMA FUNCIONAL ADMINISTRATIVO DE UM ESTABELECIMENTO DE A&B FONTE: Arquivo pessoal do autor. Controler: Em estabelecimentos de pequeno porte, o próprio gerente exerce as atribuições do controler, que consistem em controlar e supervisionar toda a parte financeira do estabelecimento. Nesse caso, o gerente é o supervisor direto de todos os outros cargos administrativos. Entretanto, quando há um cargo específico para a função do controler, esse pode ser subordinado ao gerente ou responder diretamente ao proprietário, ficando, assim, no mesmo nível hierárquico do gerente. Comprador: É a pessoa responsável pelas compras do restaurante. É ele quem define os fornecedores, negocia os prazos, etc. Claro que deve ter conhecimento na área de A&B, mas precisa, também, trabalhar em sintonia com o Chef de Cozinha e o Gerente, para que tenha sucesso em seus processos. Em estabelecimentos pequenos, é comum que o próprio Chef de Cozinha faça as compras de matéria-prima e o Gerente se ocupe das demais compras, como: descartáveis, materiais de escritório, de limpeza, etc. Recebedor: Sua função consiste em receber as mercadorias compradas, conferindo se o pedido está correto, a qualidade está a contento, etc. Deve encaminhar rapidamente as mercadorias para estocagem, principalmente, as perecíveis. Quando não há o cargo de 172 Recebedor, normalmente, o próprio Chef de Cozinha recebe as mercadorias ou designa um subchefe para tal. Pode acontecer também que o Almoxarife realize o recebimento das compras, o que não é aconselhável. Em nenhum momento o almoxarifado deve permanecer aberto e sozinho e trancá-lo pode não ser uma boa ideia para o andamento do serviço, dependendo da hora em que cheguem as mercadorias. Almoxarife: É o responsável pelo estoque da empresa. Deve fazer o controle e contagem das mercadorias sempre que for solicitado e só entregar itens a outros funcionários mediante pedidos devidamente autorizados. Ele é efetivamente o “guarda-valores” da empresa. Controlador de Custos: Como o próprio nome do cargo diz, é o responsável por controlar os custos da empresa. Faz os relatórios, apura os índices de desempenho, etc. Sua função é extremamente importante, uma vez que mapeia o desenvolvimento da empresa. Em estabelecimentos menores, o próprio controler costuma fazer esse serviço, quando não há um auxiliar para isso. Auxiliar de Contabilidade: Auxilia o controler no que diz respeito ao controle de caixa, pagamentos de faturas, aberturas de crédito, ou seja, funções financeiras em geral. 27.4 BRIGADA DE SERVIÇO Como já visto neste curso, trata-se aqui da equipe que está em contato direto com o cliente e, por isso, seu desempenho tem que ser exemplar. Segue-se, então, como essa equipe se compõe: 173 FIGURA 80 - ORGANOGRAMA FUNCIONAL DE SERVIÇOS DE UM ESTABELECIMENTO DE A&B FONTE: Arquivo pessoal do autor. Maître: O maître é o cargo superior do serviço e responsável por toda a brigada do salão. Controla escalas, horários e calendários de férias de sua equipe. É ele, também, quem tira o primeiro pedido das mesas e esclarece possíveis dúvidas sobre os pratos do cardápio. Segundo Pacheco: Peça-chave na dinâmica de um restaurante, o maître d’hotel147 pode ser definido pela responsabilidade que detém de comandar e treinar a brigada de serviço, observar o fluxo de atendimento aos clientes e supervisionar a qualidade e a apresentação dos produtos oferecidos.148 147 Maître d’hotel é a nomenclatura completa do cargo, não significando que tenha necessariamente que ser exercida em um restaurante de hotel. (Nota da Autora) 148 PACHECO, Aristides de Oliveira. Manual do maître d’hôtel. 3. ed. São Paulo: Senac São Paulo, 2000. p. 9. 174 Sommelier: É um cargo que só existe nos restaurantes mais sofisticados. É o especialista em vinhos e é responsável por todo processo desta bebida no restaurante: compra, elaboração da carta, armazenagem, venda e serviço. Caso o estabelecimento não possua um sommelier é o maître quem assume essas funções. Hostess: “A hostess é a recepcionista do restaurante. Sua função principal é controlar as reservas de mesa. Ela fica praticamente todo o tempo na entrada do restaurante, saindo apenas para acompanhar os clientes até suas mesas”149. É importante destacar que a hostess não deve servir, ela faz apenas o papel de anfitriã, recepcionando os clientes e levando-os até suas mesas. Capitain ou Chefe de Fila: Pode-se dizer que é o ajudante do maître. Trata-se, normalmente, de um garçom que se destaca, mas ainda não está preparado para assumir o lugar de maître e fica, então, nesse cargo intermediário. Segundo Davies, o chefe de fila “anota os pedidos dos clientes e supervisiona o serviço nas praças150 que estiverem sob sua responsabilidade”.151 Garçom: É aquele a quem compete, efetivamente, servir as mesas. Cumim: É o cargo no qual se inicia uma carreira de serviço em A&B. Trata-se do ajudante do garçom. “O cumim não tem contato direto com o cliente, mas pode eventualmente ser chamado para retirar um cinzeiro, trazer um novo talher e detalhes desse tipo”.152 149 RICCETTO, Luli Neri. Manual de etiqueta à mesa. Portal Educação, 2008. p. 20. 150 Para organizar e facilitar o serviço, é comum a brigada de serviços dividir o restaurante ou bar em áreas, denominadas “praças”, e dividir essas áreas entre os membros da equipe. Destaca-se, no entanto, que essa divisão é conhecida apenas pela equipe, os clientes não devem tomar conhecimento desse procedimento. 151 DAVIES, Carlos Alberto. Alimentos e Bebidas. 2.ed. Caxias do Sul: EDUCS, 2001, p.70. 152 RICCETTO, Luli Neri. Manual de etiqueta à mesa. Portal Educação, 2008. p. 21. 175 Barman: Em bares ou restaurantes que possuem balcão de bar à disposição docliente, o barman tem contato direto com o mesmo. Em restaurantes que não possuem essa estrutura, o barman trabalha “escondido” em uma área normalmente vizinha à cozinha. Em quaisquer dos casos, ele é o responsável pelo controle de estoque de bebidas e pela confecção de coquetéis. Cambuzeiro: É o ajudante do barman. Auxilia no transporte de bebidas do almoxarifado para o bar, na preparação da mise-en-place do bar, separação de gelo, corte de frutas, etc. 27.5 BRIGADA DE PRODUÇÃO Apresentamos apenas os cargos e funções da brigada de serviços e de administração. Assim sendo, para ver cargos e funções da brigada de produção, consultar o item 15 (Setores e Funções de uma Cozinha Comercial). 176 28 CARGOS E FUNÇÕES DE A&B NA HOTELARIA O departamento de Alimentos e Bebidas na hotelaria tem suas peculiaridades em relação à sua estrutura funcional. Afinal, nesse caso, dificilmente se trata de um só restaurante ou bar, mas sim de um conjunto de serviços, distribuídos em vários pontos de venda de A&B, dentro do mesmo hotel. Só isso já seria suficiente para se pensar diferente o setor de A&B, mas há, ainda, outras particularidades que precisam ser destacadas para que se entenda a importância desse departamento. Em tamanho, o departamento de A&B é, sem dúvida, o maior de um hotel. Em média, um terço dos funcionários pertence à área de A&B, deixando apenas dois terços distribuídos entre todos os outros setores. Outra peculiaridade interessante deste departamento é a possibilidade de atender clientes que não estejam hospedados. O que não acontece com outros setores, como lavanderia, telefonia etc. Principalmente os hotéis de grande porte mantêm seus bares e restaurantes abertos para o público. Isso significa que A&B pode arrecadar alta receita, mesmo com baixa ocupação do hotel. Um exemplo típico desta situação se dá, anualmente, no Dias das Mães: o segundo domingo de maio está em uma época, em geral, fraca para a hotelaria; mas todos os restaurantes se encontram abarrotados de famílias que levam mães, avós e sogras para almoçar fora. Além disso, os restaurantes dos grandes hotéis constantemente realizam festivais gastronômicos153 a fim de atrair o público local quando a hospedagem está fraca, gerando assim mais receita para o hotel, independentemente da taxa de ocupação. O departamento de A&B requer um cuidado especial no que diz respeito aos seus controles, pois, da mesma forma que tem a possibilidade de arrecadar receita independente da ocupação do hotel, também tem gastos completamente fora dos padrões dos outros departamentos. Muitos insumos com os quais trabalha têm que ser comprados diariamente, como: hortaliças, frutas, pães, etc. Por isso, os funcionários dessa área têm que estar atentos às operações de Alimentos e Bebidas. 153 Os festivais gastronômicos serão detalhadamente estudados neste curso. 177 Pode-se perceber, então, que o departamento de A&B tem um funcionamento peculiar dentro do hotel e, assim, deve ser tratado. Por isso, costuma-se dizer que A&B é outra empresa funcionando dentro do hotel. Sendo assim, nota-se como é mais difícil ainda definir a estrutura organizacional de Alimentos e Bebidas na hotelaria. Lembra-se, então, que a definição de cargos (e a forma com que as funções se acumularão nesses cargos) se dará de acordo com o porte do hotel e com o conceito de cada ponto de venda. Pretende-se aqui, seguindo o trabalho iniciado, detalhar o máximo possível os organogramas desse departamento. Inicia-se, então, com um organograma de setores nos quais se divide o departamento de A&B, em um hotel de grande porte. FIGURA 81 - ORGANOGRAMA SETORIAL DO DEPARTAMENTO DE A&B NA HOTELARIA FONTE: Arquivo pessoal do autor. 178 28.1 DIRETORIA DE A&B A Diretoria de A&B é o setor que controla todos os outros setores do departamento. Segue-se, na figura seu organograma: FIGURA 82 - ORGANOGRAMA FUNCIONAL DA DIRETORIA DE A&B FONTE: Arquivo pessoal do autor. Pode parecer redundante utilizar a nomenclatura “de A&B” em um curso de Gestão de Bares e Restaurantes, mas é importante lembrar que se trata aqui de um hotel e, portanto, existem diretores, gerentes, assistentes e secretárias de outros departamentos. Cabe ressaltar que alguns hotéis de menor porte não utilizam a nomenclatura “diretor”. Nesse caso, substitui-se o diretor por gerente de A&B e o gerente passa a ser chamado de Assistente Operacional de A&B. 179 Diretor de A&B: Para exercer esse cargo a pessoa deve ter amplos conhecimentos do departamento de Alimentos e Bebidas, em todas as suas dimensões (produção, serviço e administração), pois o Diretor é o grande responsável por todos os setores de A&B, é a autoridade máxima dentro do seu departamento. Castelli destaca que: Dificilmente poder-se-á ter sucesso na condução desta área, se a pessoa incumbida desta importante tarefa não estiver respaldada por uma gama de conhecimentos indispensáveis, por habilidades e atitudes profissionais condizentes.154 Pela própria estrutura e importância do departamento de A&B, seu cargo de Diretor é tão respeitado e tem tanto status quanto o de um Gerente Geral. Além de controlar e supervisionar de modo geral todo andamento de A&B. São atribuições do Diretor de A&B: o Prezar pela qualidade de todos os serviços que dizem respeito a comidas e bebidas dentro do hotel; o Acompanhar e respeitar os orçamentos e custos definidos para o departamento; o Coordenar pesquisas na área de A&B, verificando tendências de mercado; o Representar seu hotel em eventos externos do ramo de gastronomia; o Auxiliar o Chef na elaboração de cardápios; o Definir catálogos de cortesias para hóspedes VIPs155; o Elaborar de 3 a 5 festivais gastronômicos por ano, incrementando a oferta de A&B; o Participar de reuniões da alta gerência, para levar as decisões a seus subordinados; o Promover reuniões periódicas entre seus gerentes e supervisores, integrando os setores que compõem o departamento. 154 CASTELLI, Geraldo. Administração Hoteleira. 9. ed. Caxias do Sul: EDUCS, 2001. p. 296. 155 VIP: Very Important Person (pessoa muito importante) é a sigla usada internacionalmente para diferenciar alguns hóspedes e clientes de destaque, que podem trazer algum benefício para a imagem do hotel, como, por exemplo: pessoas famosas, chefes de estado, presidentes de empresas multinacionais importantes, etc. 180 Gerente de A&B (ou Assistente Operacional de A&B): Como o próprio nome diz, é responsável por acompanhar de perto a operação de A&B, ou seja, a brigada de serviço. O Gerente de A&B deve supervisionar o serviço de todos os pontos de venda, assim, seus subordinados diretos são os maîtres ou supervisores de cada setor de serviços. Assistente Administrativo: É responsável por auxiliar o Diretor no que diz respeito aos processos administrativos de A&B, como por exemplo: acompanhar na controladoria a elaboração dos relatórios de custos, previsões orçamentárias, preparar contratos de permutas para festivais, etc. Cuida também do arquivamento de documentos necessários ao departamento. Secretária de A&B: Auxilia seus três chefes, controlando suas agendas, marcando reuniões, atendendo ligações, recebendo e respondendo mensagens eletrônicas, emitindo memorandos, etc. É a responsável pelo escritório de A&B. 28.2 COZINHA A cozinha de um hotel obedece às mesmas distribuições da cozinha de um restaurante independente. A única coisa que deve ser levada em conta aqui é que, por servir vários pontos de venda, ela será maior e mais subdividida. Cabe destacar que, dependendo também da distribuição física dos pontos de venda, o hotel pode ter mais de uma cozinha.No entanto, sempre haverá uma maior, chamada cozinha principal, e o Chef Executivo do hotel será sempre um, subordinado apenas ao Diretor de A&B, que controlará, por meio de vários sous-chefs, as cozinhas menores. 181 28.3 STEWARDING O setor de Stewarding é o responsável pela limpeza da área de produção em A&B, ou seja, é a equipe cuja função é limpar toda a cozinha, desde seus utensílios (como talheres, louças, panelas, etc.); passando por seus equipamentos (coifas, fornos, batedeiras, liquidificadores, geladeiras, etc.) até seus espaços (bancadas, paredes, chão, teto, câmaras frigoríficas, etc.). Em hotéis menores, onde não há Stewards, os ajudantes de cozinha fazem esse serviço, mas, em grandes estruturas, o setor de Stewarding se torna indispensável. A esse respeito Castelli ressalta que: O agrupamento destas tarefas, sob a responsabilidade de um único setor, tem sido favorável, pois se conseguiu grande diminuição de quebras de material, melhor higienização e maior agilidade nas prestações de serviço, beneficiando, com isto, a qualidade dos serviços.156 Essa equipe se divide da seguinte forma: FIGURA 83 - ORGANOGRAMA FUNCIONAL DO STEWARDING FONTE: Arquivo pessoal do autor. 156 Ibidem. p. 485. 182 Chefe de Stewarding: Segundo Davies, as funções básicas do cargo de Chefe de Stewarding compreendem “orientar e coordenar as atividades dos stewards e maximizar a eficiência operacional do departamento, mantendo a cozinha em perfeitas condições de limpeza”.157 Detalhadamente, isto significa supervisionar todo o trabalho de limpeza dos stewards; elaborar programas de higienização, assim como escalas e horários de trabalho, de acordo com o funcionamento da cozinha; solicitar ao setor responsável por compras os materiais de limpeza adequados e controlar seus estoques; elaborar relatório mensal de perdas e quebras; supervisionar o tratamento de lixo, etc. Supervisor de Turno: Pode também ser chamado de Supervisor de Stewarding ou Assistente de Chefe de Stewarding. Como já foi dito, a cozinha de um hotel normalmente funciona 24 horas por dia e, por isso, há a necessidade de essa equipe de limpeza acompanhar essa jornada. Assim, o Chefe de Stewarding precisa contar com supervisores com quem dividirá suas funções. É importante esclarecer que no caso de o hotel possuir mais de uma cozinha, haverá ainda maior necessidade de vários Supervisores de Stewarding. Ainda de acordo com Davies, as funções básicas do Supervisor de Stewarding são “ajudar na orientação e coordenação das atividades dos stewards e maximizar a eficiência das operações do departamento, certificando-se da perfeita limpeza e higiene na cozinha do Hotel”.158 Steward: É quem realmente “pega firme” na limpeza da cozinha. Cabe ressaltar que seu trabalho é importantíssimo e requer conhecimentos aprofundados sobre utilização de materiais de limpeza e tratamento de lixo. Por trabalhar dentro da cozinha, é comum que o steward almeje um cargo de Auxiliar de Cozinha – essa promoção é comum na área da hotelaria para aqueles que realmente se dedicam e buscam melhorar. 157 DAVIES, Carlos Alberto. Cargos em hotelaria. 3. ed. Caxias do Sul: EDUCS, 2001. p. 253. 158 Ibidem, p.257. 183 28.4 REFEITÓRIO DE FUNCIONÁRIOS Esse setor é dividido em duas partes: a cozinha, onde se produz a comida, e o salão, onde os funcionários fazem suas refeições; assemelhando-se a um minirrestaurante. No entanto, esse “restaurante” não possui equipe de serviço, pois não há garçons, maîtres, etc. Há, porém, uma equipe de cozinha que é responsável pela elaboração dos pratos. Dessa forma, a responsabilidade desse setor também é dividida entre o Departamento de A&B e o Departamento de Recursos Humanos. O departamento de A&B é responsável pela cozinha, pela produção e compra de alimentos que são servidos aos funcionários. Já o de Recursos Humanos é responsável pela parte física do salão de refeições, como seu mobiliário, toalhas, estrutura, limpeza, etc. A estrutura organizacional da equipe dessa cozinha é geralmente bem simplificada, como exemplifica a figura. FIGURA 84 - ORGANOGRAMA FUNCIONAL DO REFEITÓRIO DE FUNCIONÁRIOS FONTE: Arquivo pessoal do autor Subchefe de Refeitório: Assim como todos os outros Subchefes de Cozinha, esse também responde diretamente ao Chef Executivo do hotel. Ele é responsável por toda a operação da cozinha do refeitório, assim como pela qualidade e pela variedade da comida servida aos colegas. 184 Cozinheiros e Ajudantes de Cozinha: Têm as mesmas funções que já foram estudadas nesse curso. 28.5 BARES E RESTAURANTES Já foi visto que um hotel possui mais de um bar ou restaurante, conforme aumenta seu porte. No entanto, cada bar ou restaurante do hotel terá mais ou menos a mesma estrutura organizacional, que, por sua vez, é bem parecida com a divisão da equipe de serviços de um estabelecimento de A&B independente. Cabe, no entanto, ressaltar que cada bar ou restaurante do hotel terá seu maître, como sua autoridade máxima. Cada um desses maîtres é diretamente subordinado ao Gerente de A&B (ou Assistente Operacional de A&B). Além disso, diferente de um estabelecimento independente, em um hotel, é comum existir a função do Chefe de Bares, como mostra a Ilustração 87: FIGURA 85 - ORGANOGRAMA FUNCIONAL DE BARES E RESTAURANTES FONTE: Arquivo pessoal do autor 185 Chefe de Bares: É responsável pelos bares de todos os pontos de venda, controlando distribuição de estoques, escalas de barman, etc. Assim como os maîtres, o Chefe de Bares também responde diretamente ao Gerente de A&B. 28.6 CAIXAS A&B O setor de Caixas A&B tem uma característica importante: trata-se de uma equipe subordinada a dois departamentos: Controladoria, por realizar tarefas administrativas e financeiras, e A&B, por trabalhar dentro dos pontos de venda de A&B. Sua estrutura é simples: FIGURA 86 - ORGANOGRAMA FUNCIONAL DE CAIXAS A&B FONTE: Arquivo pessoal do autor. Supervisor de Caixas A&B: Organiza e coordena a equipe de Caixas, sua escala, seus horários, etc. Também dá aos caixas todo o suporte necessário ao seu trabalho, como dinheiro para troco, notas fiscais, bobinas de cartões de crédito, etc. No que diz respeito às 186 tarefas administrativas, responde diretamente à Controladoria. Em relação à postura de seus funcionários na área de trabalho, responde diretamente ao Gerente de A&B. Caixas A&B: Calculam e emitem as notas e recebem pagamentos dos clientes nos pontos de vendas de A&B. Quando necessário, lançam débitos em contas de clientes hospedados. Ao final de cada turno, emitem os relatórios de vendas de cada período. São também obrigados a saber sobre o funcionamento do restaurante ou bar onde trabalham, pois muitas vezes são abordados por clientes pedindo informações de preços, horários, etc. 28.7 ROOM SERVICE Esse setor, traduzido literalmente por “serviço de quarto”, tem por objetivo atender aos pedidos de hóspedes que desejam obter alimentação sem sair de seu apartamento. Assim, em hotéis que possuem esse serviço, todo apartamento tem um cardápio de onde o hóspede pode escolher o que deseja pedir. FIGURA 87 - SERVIÇO DE CAFÉ DA MANHÃ PELO ROOM SERVICE FONTE: Disponível em: <http://www.suvrettahouse.ch/en/zimmer/room_service.aspx>. Acesso em: 03 fev. 2008. 187 É comum que esse cardápio seja dividido por refeições (café da manhã, almoço, lanche, jantar e ceia), indicando o horário de serviço de cada uma delas. Isso facilita o funcionamento da cozinha. Escolhido o prato e/ou bebida, o cliente liga para o ramal do Room Service, normalmente indicado no próprio menu ou no telefone, e faz seu pedido.O Room Service, então, providencia a entrega desse pedido, com sua devida cobrança, no apartamento e, posteriormente, a retirada do carrinho com os utensílios usados. O espaço físico desse setor, normalmente, consiste em um salão na área de serviço, próximo à cozinha, onde ficam os carrinhos com suas toalhas, o material usado pelo Room Service (como, por exemplo: sachês de sal, catchup, mostarda, saleiros, pimenteiros, louças, talheres, cestinhas de pão, etc.) e a equipe de serviço. Também nesse salão deve estar localizada a mesa do Order Taker159 que é geralmente protegida por divisórias de vidro, de modo que ele possa observar todo o salão e ter um espaço silencioso para atender às chamadas dos hóspedes. Além disso, o Room Service também é responsável pela entrega de cortesias em apartamentos de hóspedes VIPs. Para desempenhar essas funções sua equipe é organizada da seguinte forma: FIGURA 88 - ORGANOGRAMA FUNCIONAL DO ROOM SERVICE FONTE: Arquivo pessoal do autor. 159 A função do Order Taker será detalhada em breve. 188 Maître do Room Service: Está para a equipe de Room Service assim como o maître de um bar ou restaurante está para sua equipe de serviços. Isto é, ele é a autoridade máxima do setor, responde ao gerente de A&B e coordena e supervisiona o trabalho dos demais funcionários. O maître pode, e deve, servir pedidos nos apartamentos quando esses forem feitos por clientes VIPs. Order Taker: Literalmente, o “tomador de ordem”. É ele quem atende o telefone e anota os pedidos dos hóspedes. Passa esses pedidos aos garçons ou cumins e, enquanto estes vão providenciar a preparação e a arrumação, o Order Taker emite a nota para pagamento. A maioria dos hóspedes simplesmente assina a nota para autorizar que o valor do pedido seja lançado em sua conta e ele possa pagar tudo ao deixar o hotel. Sendo assim, quando o garçom retorna do apartamento, devolve a nota assinada para o Order Taker, que lança o débito no sistema. Pode-se perceber, então, que o Order Taker é peça fundamental do setor, pois ele é responsável pela venda, ao atender o cliente; por passar corretamente o que foi pedido para os garçons; faz a função de Caixa, ao emitir e lançar notas; organiza a entrega de cortesias e, ainda, é o responsável pelo setor na ausência do maître. Garçom do Room Service: Assim como nos bares e restaurantes é o garçom quem efetivamente serve os clientes. A diferença é que, no Room Service, ele não tem a oportunidade de vender, como no restaurante; apenas entrega o que foi vendido pelo Order Taker. Cumim: É o ajudante do garçom. Ele não pode levar pedidos, mas ajuda a marchá-los na cozinha, prepara a mise-en-place nos carrinhos e faz as rondas para o recolhimento de carrinhos usados nos corredores. 189 28.8 FRIGOBAR Frigobar refere-se não só à pequena geladeira que fica nos apartamentos, mas também, ao nome do setor responsável por elas e por seu conteúdo. É importante ressaltar que nem em todos os hotéis que possuem esse serviço, o setor de Frigobar é subordinado ao departamento de A&B. Alguns empreendimentos optam por deixar esse serviço a cargo do departamento de Governança. O que é o correto? Deixar com A&B, porque é um serviço que vende alimentos e bebidas, ou deixar com a Governança, porque é um serviço que está dentro do quarto? Realmente essa resposta não existe, trata-se de uma questão de opção da direção, da gestão, enfim, ambas a alternativas fazem sentido e são utilizadas na hotelaria. Por isso, é necessário, em um curso de gestão em A&B, conhecer como funciona o setor de Frigobar. Cada frigobar, dentro de cada apartamento ocupado, tem um estoque de produtos à venda e deve ser conferido diariamente para se checar o que foi consumido, lançar na conta do hóspede e repor o estoque. Para desempenhar esse serviço, o setor de Frigobar organiza-se da seguinte forma: FIGURA 89 - ORGANOGRAMA FUNCIONAL DO FRIGOBAR FONTE: Arquivo pessoal do autor. 190 Supervisor de Frigobar: Coordena o trabalho dos repositores e é responsável por fazer os lançamentos de consumo nas contas dos hóspedes. Repositor de Frigobar: Confere diariamente os frigobares dos apartamentos ocupados, fazendo a listagem de consumo e repõe o que foi consumido. 28.9 BANQUETES O setor de Banquetes é o responsável pela organização dos eventos em hotéis que dispõem desse serviço. Todo tipo de evento requer algum serviço de A&B: do coffee-break da reunião mais simples ao jantar do casamento mais sofisticado. O interessante é que o setor de Banquetes é dividido em duas equipes: uma administrativa, subordinada ao departamento de vendas, e outra operacional, subordinada ao departamento de A&B. Normalmente, a dinâmica de funcionamento desse setor é a seguinte: a equipe administrativa efetua as vendas, apresentando orçamentos aos clientes, negociando pagamentos, etc. Após fechar um evento, essa equipe administrativa emite uma O. S. (Ordem de Serviço) na qual o evento é minuciosamente detalhado. Essa O.S. é enviada para o Gerente Operacional de Banquetes, que irá se encarregar de delegar as tarefas entre sua equipe, a cozinha e demais envolvidos, para que o evento aconteça como o cliente espera. Percebe-se que é imprescindível que ambas as equipes (administrativa e operacional) conheçam bem o trabalho uma da outra e ajam em sintonia para que tudo saia como o desejado. Essa equipe operacional, que pertence ao departamento de A&B, está geralmente organizada conforme mostra a figura seguinte. 191 FIGURA 90 - ORGANOGRAMA FUNCIONAL DE BANQUETES FONTE: Arquivo pessoal do autor. Gerente Operacional de Banquetes: Responde diretamente ao Diretor de A&B e é o principal responsável pela operação do setor. Dependendo do número de salões de eventos que o hotel possui, o Gerente Operacional de Banquetes pode ser auxiliado por vários maîtres executivos. Davies resume bem as atribuições básicas desse cargo: “Supervisionar o serviço de banquetes e certificar-se de que esteja de acordo com os padrões do hotel, para maximizar a satisfação do cliente e a rentabilidade do mesmo”.160 Como já foi dito, ao Gerente Operacional de Banquetes cabe a importante função de divulgar as Ordens de Serviço e delegar as tarefas para que tudo aconteça a contento do cliente. Maître Executivo de Banquetes: É aquele que cuidará de perto de cada evento, controlando a equipe de trabalho de cada salão e cuidando de todos os detalhes. Assim como dentro de um restaurante, esse maître é a autoridade máxima do evento que está sob sua responsabilidade. 160 DAVIES, Carlos Alberto. Cargos em hotelaria. 3. ed. Caxias do Sul: EDUCS, 2001. p. 222. 192 Garçons e Cumins: Têm exatamente as mesmas funções de garçons e cumins de restaurantes, porém trabalham nos salões de eventos. Supervisor de Montagens e Montadores: A equipe de montagens é a responsável pela montagem do “esqueleto” dos salões de eventos. Sabe-se que, em um hotel, o mesmo salão utilizado hoje para uma palestra pode se usado amanhã para um baile de formatura, variando apenas a montagem do mobiliário e a decoração. O mobiliário de Banquetes tem a característica de ser totalmente versátil, exatamente para dar essa flexibilidade. Portanto, existe no setor de Banquetes uma equipe chamada de “Montagens”, composta por um supervisor e seus montadores, responsável por montar a estrutura de cada evento. Chefe de Bares e Barmen: Têm as mesmas atribuições dos que trabalham em bares e restaurantes, com a diferença que exercem suas funções nos bares dos eventos. 28.10 CONTROLADORIA As funções administrativas, em um hotel, ficam em seus respectivos departamentos, como: Compras, Recebimento, Almoxarifado,Custos, Contabilidade, etc. Mas é importante destacar que em hotéis de grande porte cada um desses setores tem um funcionário específico para trabalhar para o departamento de A&B. Assim, o departamento de Compras, por exemplo, terá um comprador que atua apenas na área de A&B e assim por diante. Isso acontece por conta de todas as peculiaridades operacionais de Alimentos e Bebidas, vistas nesse curso. 193 29 FESTIVAIS GASTRONÔMICOS Antes de tratar diretamente dos festivais gastronômicos e das refeições temáticas, torna-se necessário fazer uma reflexão geral sobre eventos e sobre a importância dos mesmos na vida das empresas. Explica Giacaglia: Com a finalidade de ampliar a esfera de seus relacionamentos inerentes ao convívio em família, no trabalho, na escola ou no lazer, e de quebrar a rotina dos afazeres diuturnos, o homem cria, organiza e participa de reuniões, que são genericamente chamadas de eventos. Portanto, pode-se afirmar que o evento – no Dicionário Aurélio definido como “acontecimento” ou “sucesso” – tem como característica principal propiciar uma ocasião extraordinária ao encontro de pessoas, com finalidade específica, a qual constitui o “tema” principal do evento e justifica sua realização. Constituem pretexto para essas ocasiões acontecimentos dos mais variados tipos e finalidade, que ocorrem esporadicamente na vida das pessoas, como nascimentos (batizado), entrada na puberdade (ritos de iniciação), noivados e casamentos (bodas) e até funerais. Há também eventos de âmbito maior, pois dizem respeito à vida em comunidades, como os previstos para celebrar, em diferentes culturas, dias dedicados a Deus, aos santos ou entidades pagãs, ligados ou não ao final das colheitas e a estações do ano [...] No âmbito das nações ocorrem eventos para comemorar ou homenagear datas importantes ou heróis nacionais, como, por exemplo, paradas militares e desfiles de escolas. Competições esportivas esporádicas ou periódicas, como rodeios, campeonatos, torneios e, em maior escala, as Olimpíadas, também se constituem em eventos. No setor cultural, exposições de arte, como a Bienal, e shows musicais são também exemplos de eventos. Tão antigas quanto difundidas, as feiras livres semanais, hoje pontos de reunião e de troca ou venda de produtos, assumiram tal importância que, na língua portuguesa, entraram na designação da maior parte dos dias da semana. Tem notícia da realização de eventos e de sua importância tanto nas sociedades atuais como nas mais antigas [...] As empresas, partes integrantes da sociedade, também participam e organizam eventos, quer de âmbito interno, quer externo.161 161 GIACAGLIA, Maria Cecília. Organização de eventos: teoria e prática. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2006. p. 3-4. 194 Percebe-se, assim, que a realização de eventos vem sendo utilizada pelas empresas, de modo geral, como uma ferramenta de marketing; diga-se de passagem, bem menos dispendiosa e bem mais eficiente do que a publicidade. Nas empresas do ramo de Alimentos e Bebidas, a situação não é diferente e trabalha-se principalmente com um determinado tipo de evento, conhecido como festival gastronômico. Os festivais gastronômicos e as refeições temáticas (que podem ser vistas como um festival gastronômico de pequeno porte) são ferramentas de marketing muito utilizadas, tanto por estabelecimentos de Alimentos e Bebidas, quanto por hotéis. 29.1 CONCEITO E EXEMPLOS Define-se por festival gastronômico um evento que tem como principal oferta uma gastronomia específica. Essa gastronomia pode ser de um país, uma região, uma época, um ingrediente, etc., como mostram os exemplos da Tabela 3, a seguir: TABELA 3 - EXEMPLOS DE TEMAS DE FESTIVAIS GASTRONÔMICOS Nome do Evento Definição da Gastronomia Festival Gastronômico Português Temas por país Festival de Cozinha Mexicana Festival de Comida Espanhola Festival Brasil Sabor Festival da Típica Comida Goiana Temas por região Festival de Cozinha Gaúcha 195 Festival de Culinária do Sudeste Festival de Comida Mediterrânea Festival de Comida Colonial Temas por época Festival Gastronômico dos Anos 60 Festival Gastronômico da Belle Époque Festival de Cozinha Medieval Festa da Uva Temas por ingrediente Festival do Chocolate Festival do Morango Festival do Milho FONTE: Arquivo pessoal do autor. 29.2 A IMPORTÂNCIA DOS FESTIVAIS GASTRONÔMICOS Quando promovidos pela iniciativa pública, os festivais gastronômicos são excelentes “ferramentas” técnicas para o incremento da atividade turística de uma localidade, pois, quando corretamente elaborados e realizados, eles possibilitam: o A divulgação do próprio destino turístico, por meio da divulgação do evento; o A divulgação da cultura local, por meio da inclusão de vários aspectos em sua oferta (como: dança, artesanato, folclore, etc.); o O aquecimento do comércio e artesanato locais; 196 o O aumento pela procura dos meios de hospedagem; o Como qualquer evento, minimizar problemas de ocupação162. Os Festivais Gastronômicos são sempre uma excelente oportunidade de se conhecer novas cozinhas e novos profissionais. Em geral estão associados a outras demonstrações artísticas, o que acaba por resultar em uma saborosa e divertida festa.163 No entanto, para a finalidade do presente curso, é necessário destacar e detalhar, aqui, a promoção e a organização de festivais gastronômicos pela iniciativa privada. Tanto para bares e restaurantes independentes, como para o departamento de A&B dos hotéis, a elaboração de festivais gastronômicos funciona como uma eficiente ferramenta de marketing, mostrando para os clientes que a oferta daquele estabelecimento não é estática e procura se renovar, oferecendo novidades a seus clientes. Principalmente em hotéis de grandes cadeias multinacionais, é comum a realização de três a cinco festivais gastronômicos por ano. O fato de ter empresas da mesma rede espalhadas por outros lugares facilita a realização desses festivais de forma bem autêntica e, portanto, muito atraente. Por exemplo, uma cadeia que possua hotéis no Brasil e em Portugal tem muita facilidade em realizar um festival gastronômico português, no Brasil, com Chefs, receitas, ingredientes, artigos de decoração, etc. realmente portugueses e vice-versa. Bares e restaurantes independentes, principalmente os de cozinha internacional, também realizam festivais gastronômicos, porém ficam mais limitados em termos de estrutura e mão de obra do que a hotelaria. Restaurantes que já trabalham com uma cozinha típica dificilmente terão condições de realizar eventos sobre outras culturas, mas podem trabalhar subtemas de sua especialidade. Por exemplo, um restaurante típico espanhol pode fazer um festival de frutos do mar. 162 Quando se fala em planejamento turístico, existem basicamente três tipos de problemas de ocupação: monotonia (que é o que ocorre nas chamadas baixas temporadas, quando a oferta é maior do que a demanda); saturação (que é o oposto da monotonia, ou seja, a demanda é maior do que a oferta) e a falsa sazonalidade (que consiste na alternância muito demarcada entre monotonia e saturação). 163 Retirado do site Correio Gourm@nd. Disponível em: <http://correiogourmand.com.br/info_festivais.htm>. Acesso em: 05 fev. 2009. 197 29.3 A ELABORAÇÃO DE UM FESTIVAL GASTRONÔMICO É necessário destacar que, independentemente do organizador do evento, a elaboração de um festival gastronômico deve se guiar por alguns passos básicos que serão detalhados a seguir. Antes, porém, é essencial explicar que esses passos não seguem uma cronologia rígida e estão numerados apenas por uma questão de organização de estudo. Destaca-se que todos eles sãointerdependentes, o que dificulta estabelecer uma ordem cronológica. O que vai definir essa ordem é a própria realização, que leva ao surgimento das necessidades. 29.3.1 Definição do Tema Definir o tema do evento é um passo que merece cuidado minucioso, pois deve se orientar por vários aspectos e a escolha aleatória de um tema pode significar o fracasso total do evento. A viabilidade ou não de um determinado tema deve considerar, principalmente: o O clima/estação da época em que se realizará o evento. Não se pode, por exemplo, fazer um Festival Havaiano, tipo luau tropical, em uma época de clima frio. o A disponibilidade de recursos necessários. É preciso que existam fornecedores para tudo que será necessário para executar um determinado tema. o A demanda a ser atingida. É essencial que se tenha certeza de que haverá demanda que se atraia pelo tema escolhido. 198 29.3.2 Definição do Local No caso dos bares e restaurantes independentes, a própria definição do tema será influenciada pelo local. Já nos hotéis pode-se escolher o restaurante, bar ou salão de acordo com o tema. É importante considerar as condições para a operacionalização de todos os serviços necessários, como: cozinha, área de apoio, espaço, iluminação, etc. Por exemplo, para uma estação de acarajés fritos na hora, é necessário que haja um espaço aberto. 29.3.3 Definição da Data e da Duração do Evento A data e a duração do evento devem ser escolhidas de acordo com os objetivos do mesmo. Pretende-se minimizar a baixa temporada, o evento precisa acontecer em datas de pouco movimento; se o objetivo é lançar um determinado produto, a data do festival deve coincidir com o lançamento desse produto no mercado; se tem a finalidade de comemorar uma determinada data, é óbvio que deve acontecer na própria data e assim por diante. 29.3.4 Definição dos Serviços e Atrações Complementares É sempre interessante que um festival gastronômico ofereça outros serviços e atrações, além de alimentos e bebidas, aos seus clientes. Porém, é importante ressaltar que tudo o que for oferecido deve estar em conformidade com o tema para não descaracterizar o evento. Exageradamente, não se pode, por exemplo, apresentar um show de dança do ventre em um Festival Mexicano. Entretanto, é fundamental não esquecer que o foco principal é a gastronomia, os outros serviços são apenas complementos que enriquecem o festival. Ao determinar o que será oferecido no evento, cabe definir uma programação detalhada do festival, com datas, horários, etc. 199 29.3.5 Definição do Menu e do Tipo de Serviço Esta etapa deve ser cumprida em conjunto com o Chef responsável pelo evento e/ou com uma pessoa capacitada no tema do evento, para que se evitem gafes e enganos culturais. Não se pode esquecer que gastronomia inclui comidas, bebidas e sobremesas. É comum organizadores de eventos gastronômicos só pensarem nos pratos principais e não oferecerem as bebidas e sobremesas típicas do tema. É claro que a definição do menu se dará simultaneamente à definição do tipo de serviço, pois um buffet requer uma quantidade e uma variedade de pratos diferentes de um serviço de empratado, por exemplo. É bom, ainda, lembrar que o tipo de serviço vai influenciar na definição da equipe necessária para trabalhar no evento. 29.3.6 Definição dos Recursos Humanos Ao elaborar um evento gastronômico, é necessário verificar se a equipe de funcionários do estabelecimento é preparada e suficiente para realizar o festival, tanto no que diz respeito à produção, quanto ao serviço. Determinados temas requerem um conhecimento muito específico com diferentes técnicas de produção e diferentes etiquetas de serviço, como, por exemplo, a culinária japonesa. É também nesse passo que se define se serão necessários músicos, dançarinos, artistas, recepcionistas ou qualquer outro recurso humano, diferente do da equipe de rotina do estabelecimento. Ao se definir a equipe, deve-se também se lembrar de determinar os uniformes a serem utilizados por ela. É interessante que tudo esteja em conformidade com o tema do evento. 200 29.3.7 Definição do Material Utensílios e decoração também podem ajudar a caracterizar o evento e a torná-lo mais autêntico e interessante para os clientes. Dessa forma, é muito importante que se dê total atenção aos detalhes, pois são eles que vão determinar essa ambientação. 29.3.8 Captação de Parceiros/Patrocinadores É interessante buscar parceiros que possam contribuir com parcerias em troca de divulgação da imagem. Por exemplo: um determinado representante de bebidas fornece sem custos a bebida necessária ao festival e, em troca, sua logomarca é inserida em todo o material promocional do evento. O promotor do evento pode, ainda, oferecer alguns convites para o festival, dependendo do patrocínio fornecido. É imprescindível, no entanto, que se faça uma profunda pesquisa para descobrir fornecedores e empresas que se identifiquem com o tema do evento. Um fornecedor de cerveja mexicana, por exemplo, não terá interesse em patrocinar um festival de culinária árabe. É essencial que todo e qualquer tipo de parceria/patrocínio seja documentada(o) em contratos para evitar transtornos e imprevistos. 29.3.9 Cotização do Evento Todos os custos (mesmo os que serão patrocinados) devem ser rigorosamente anotados de forma organizada em uma planilha de cotização. É esse controle que possibilitará um estudo de viabilidade financeira e uma posterior análise de custo/benefício do evento. 201 29.3.10 Elaboração do Plano de Divulgação O plano de divulgação é um instrumento indispensável para o sucesso do festival. De nada adianta cumprir rigorosamente todos os passos, ter excelentes ideias, elaborar um belo festival se o evento não for divulgado. Para esse passo, é aconselhável que se contrate um profissional ou empresa especializada, garantindo que o investimento em divulgação será corretamente aplicado, de acordo com o público-alvo que se pretende atingir. No caso dos hotéis, o próprio departamento de vendas possui esses profissionais. 29.3.11 Elaboração do Check-list A elaboração de um check-list é imprescindível para que nada fique pendente ou esquecido. O check-list, literalmente em inglês “lista de checagem”, consiste em uma lista de todas as providências a serem tomadas para a realização do evento. É aconselhável que essa lista possua não só as ações, como também, as datas-limites em que elas precisam estar resolvidas e o nome da pessoa responsável por elas. Uma coluna, normalmente denominada “status”, mostra se a ação foi tomada ou não. Em caso positivo, deve-se preencher com um “ok” ou com um visto. Em caso negativo, a ação deve ser repetida ao final da lista com a nova data-limite. O check-list deve acompanhar o organizador durante toda a elaboração do evento. Veja um modelo de check-list: 202 FIGURA 91 - MODELO DE QUESTIONÁRIO DE OPINIÃO Ação Responsável Data-limite Status Check-list FONTE: Arquivo pessoal do autor. 29.3.12 Elaboração do Projeto Um projeto formal e bem elaborado, além de facilitar a operação do evento e sua análise posterior, é também a principal “arma” para a captação de patrocinadores e parceiros. O projeto de um festival gastronômico deve apresentar, no mínimo, os seguintes itens sobre o evento: o Apresentação (o que é o evento): É um resumo do evento, tem o papel de cativar o leitor e instigá-lo a ler todo o projeto. o Justificativa (porque fazer esse evento): Consiste em explicar o “porquê” de realizar aquele festival, naquela data, com aquele tema, etc. o Objetivos (para que servirá o evento): Trata-se aqui de apresentar com que finalidade se pretende realizar o evento. o Metodologia (como se realizará o evento): Nesse item explica-se comoo evento será realizado (uma breve explicação de sua programação). 203 29.4 ALGUNS EXEMPLOS DE FESTIVAIS GASTRONÔMICOS Nas notícias a seguir podem ser observados alguns exemplos de festivais gastronômicos realizados pela hotelaria brasileira: Intercontinental SP lança Festival Gastronômico Japonês Notícia publicada sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008 - 10h19 Nesta quinta à noite, o Intercontinental São Paulo lançou seu Festival Gastronômico Japonês com um coquetel para convidados e imprensa. O festival, que começa hoje e continua até o dia 1º de março, faz parte das ações do hotel em comemoração ao centenário da imigração japonesa no Brasil, celebrado em 2008. “A cada mês temos uma proposta diferente. Em janeiro foi o lançamento da nossa carta de saquês, este mês é o festival gastronômico e de março em diante teremos uma programação cultural com exposições de ikebana, origami e cerâmica. Os clientes japoneses representam 10% dos nossos clientes”, afirmou Maarten Drenth, gerente geral do hotel. Para Masuo Nishibayashi, cônsul-geral do Japão em São Paulo, “com os chefs japoneses, o festival é muito oportuno, pois permite conhecer a culinária autêntica do Japão”, opinião da qual compartilha o diretor de Projetos em Arte e Cultura da Fundação Japão, Jo Takahashi, que completou: “São Paulo tem mais restaurantes japoneses do que churrascarias. O brasileiro adora comida japonesa e este festival é uma ótima oportunidade para apreciá-la”. No festival, mais de 40 opções de pratos preparados em 12 métodos serão servidas em sistema de buffet. Por R$ 120, o cliente tem direito também a uma dose de saquê. FONTE: Disponível em: <http://www.hoteliernews.com.br/HotelierNews/Hn.site.4/NoticiasConteudo.aspx?Noticia=40424&Midia=1 >. Acesso em: 06 fev. 2009. 204 Sous Réserve promove festival gastronômico brasileiro neste mês Notícia publicada em segunda-feira, 03 de novembro de 2008 - 14h47 Entre os dias 20 e 22 de novembro a confraria Sous Réserve, formada por amigos de faculdade já formados em hotelaria e gastronomia, promove o festival Brazilian Vibes, que acontece no Kempinski Ishtar Dead Sea, na Jordânia, das 19h à meia-noite. O evento contará com a presença de três chefs da Sous Réserve – Alexandre Chalela, Daniel Ribeiro e Carlos Teperman –, que junto a mais de 80 cozinheiros do hotel vão preparar jantares com sabores da culinária tupiniquim. “O objetivo é apresentar a gastronomia brasileira de maneira requintada e minimalista, com ingredientes da terra transformados por nossos chefs através de técnicas francesas de preparo, que adotamos como nossa linha trabalho”, explica Alain Pierre Berjeaut, representante da confraria para a América do Sul. Será servido um buffet de pratos típicos como casquinhas de siri, ostras frescas com gelatina de maracujá, bijú recheado com camarão, moqueca de peixe, bisque de pitú, entre outras. A sobremesa terá opções como cocadinha de colher, mousse de maracujá e espuma de açaí com chips de abacaxi ao forno. Além disso, os chefs terão um espaço para realizarem o Live cooking, prática na qual vão cozinhar receitas tradicionais como tapiocas e acarajés ao vivo, possibilitando aos participantes presenciarem todo o processo de produção dos pratos, acompanhados por várias opções de caipirinhas de frutas. “O festival ainda possibilita a reinvenção de receitas típicas brasileiras, que fazem muito sucesso lá fora. Além disso, as viagens permitem à equipe buscar novas técnicas e tendências e trazê-las ao Brasil em primeira mão, já que ficam expostos a culturas diferentes e passam a ter uma visão mais abrangente da gastronomia”, completa Berjeaut. Ele ainda informa que são aguardados cerca de 350 participantes por noite. O jantar custa US$ 60 por pessoa. FONTE: Disponível em: <http://www.hoteliernews.com.br/HotelierNews/Hn.Site.4/NoticiasConteudo.aspx?Noticia=46772&Midia=1 >. Acesso em: 07 fev. 2009. 205 Festival de risoto com música ao vivo é atração do BH Othon Notícia publicada quarta-feira, 03 de dezembro de 2008 - 10h15 O Belo Horizonte Othon Palace, localizado no centro da capital mineira, realiza até o dia 18 deste mês o Festival de Risotos ao Vivo. O evento acontece todas as quintas-feiras no restaurante Varandão, das 19h às 23h, comandado pelo chef Manoel Pereira. Os risotos são feitos na hora, de acordo com as preferências do cliente. A cada semana o chef Manoel prepara um cardápio diferente com opções como vinho com salmão defumado, erva-doce e alcachofras. Buffet de sobremesas e música MPB ao vivo também fazem parte do festival. O valor é de R$ 33 por pessoa e as bebidas são à parte. FONTE: Disponível em: <http://www.hoteliernews.com.br/HotelierNews/Hn.Site.4/NoticiasConteudo.aspx?Noticia=47313&Midia=1 >. Acesso em: 07 fev. 2009. Sofitel Jequitimar (SP) recebe chefs para festival gastronômico Notícia publicada terça-feira, 20 de janeiro de 2009 - 09h13 O Sofitel Guarujá Jequitimar, localizado no litoral paulista, recebe os chefs Rapahael Despirite e Tsoyushi Murakami para mais um Harmonia dos Sabores, que acontece nos dias 23 e 24 deste mês. Seguindo a proposta do festival, os profissionais servirão jantares inspirados em poemas ou músicas. “Eles farão pratos baseados em poesias de sua escolha”, afirma o chef francês Marc Le Cornec, responsável pelos restaurantes do Sofitel Guarujá. O jantar do dia 23 ficará sob encargo de Despirite, que escolheu como inspiração o poema Navegar é Preciso, de Fernando Pessoa. “A necessidade de fazer e criar alguma coisa diferente e que realmente tenha influência nas pessoas é o que me faz apaixonado pela minha profissão. Este poema tem tudo a ver com isso”, explica. Já Murakami, responsável pelo menu do dia 24, produzirá pratos baseados em Memory Lyrics, do musical Cats. “A canção é forte, uma arte milenar. Meus pais tinham essa essência da música, que se fazia presente em meu dia a dia e Memory marcou minha infância”, justifica o chef. 206 FONTE: Disponível em: <http://www.hoteliernews.com.br/HotelierNews/Hn.Site.4/NoticiasConteudo.aspx?Noticia=48212&Midia=1 >. Acesso em: 07 fev. 2009. Travel Inn Braston (SP) promove festivais gastronômicos mensais Notícia publicada terça-feira, 20 de janeiro de 2009 - 13h34 O Travel Inn Braston São Paulo vai promover festivais gastronômicos mensais em seu restaurante, o Braseiro, durante o almoço das sextas de janeiro. O responsável será Linaldo Barboza, chef residente, que oferece pratos da culinária árabe, como Kafta no espeto, Kafta de bandeja e Babaganuche, além de variações de kibes e esfihas. Nos próximos meses o empreendimento deve homenagear as culinárias argentina, espanhola, brasileira, chilena e italiana, entre outras a ser definidas. FONTE: Disponível em: <http://www.hoteliernews.com.br/HotelierNews/Hn.Site.4/NoticiasConteudo.aspx?Noticia=48233&Midia=1 >. Acesso em: 07 fev. 2009. Opium, do Ipanema Plaza (RJ), realiza festival indiano Notícia publicada terça-feira, 20 de janeiro de 2009 - 16h15 Entre os dias 29 de janeiro e 1º de fevereiro o restaurante Opium, do Ipanema Plaza, no Rio de Janeiro, realizará seu primeiro festival de comida indiana contemporânea, com menu criado pelos chefs Mário Sérgio Silva e Katayama, que passaram as últimas semanas estudando a culinária considerada uma das mais aromáticas do mundo. Nas receitas, não faltarão especiarias e temperos perfumados e com relevantes propriedades medicinais, como masala, curry, cravo-da-índia, água de rosa, açafrão e cardamomo. Todos os colaboradores do Opium estarão caracterizados para o festival com tecidos indianos e bindis – adesivo que as indianas usam na testa como um terceiro olho e que significa a força feminina. Por R$ 68, mais 10%, o cliente poderá escolher uma entre três opções de entrada e de prato 207 principal. Como entrada é possível solicitar:Salada raita com hadoque (feita com espuma de iogurte de maçã e servida com grissine indiano); Samosa (pastel indiano) de camarão com batata baroa e pasta de berinjela; e Trouxinha de carne de porco com chutney de carambola. As opções de prato principal são Costelinha de cordeiro a biriani com geleia de garan masala; Camarão na abóbora ao curry; e Frango indiano preparado com curry amarelo, acompanhado de arroz de açafrão com frutas secas. O mix de sobremesas do festival inclui Flauta de tâmaras com calda de rosas, Kulfi (sorvete indiano) de pistashe, Rabri (sobremesa indiana servida no copinho de chocolate), além de torta de banana com canela. O menu pode ser degustado das 19h à meia-noite (domingo a quinta-feira) e até 1h (sexta e sábado). FONTE: Disponível em: <http://www.hoteliernews.com.br/HotelierNews/Hn.Site.4/NoticiasConteudo.aspx?Noticia=48227&Midia=1 >. Acesso em: 07 fev. 2009. Holiday Inn Salvador fará festival com chef italiano em março Notícia publicada terça-feira, 27 de janeiro de 2009 - 10h49 O Holiday Inn Salvador promoverá em seu restaurante um festival gastronômico italiano com chef convidado, o toscano Alessandro Susini, em março. Segundo Aírton Dornelas, gerente geral do hotel, a ideia é realizar uma série de três jantares especiais para hóspedes e passantes e também oferecer um treinamento com os colaboradores da cozinha. Desde janeiro, o hotel estreou o buffet italiano todas as quintas no jantar. FONTE: Disponível: <http://www.hoteliernews.com.br/HotelierNews/Hn.site.4/NoticiasConteudo.aspx?Noticia=48327&Midia=1 >. Acesso em: 06 fev. 2009. Holz Hotel (SC) promove festival gastronômico de bolos alemães Notícia publicada sexta-feira, 23 de janeiro de 2009 - 12h13 208 De hoje (23) a 1º de fevereiro, o Holz Hotel, localizado em Joinville (SC), promoverá a Semana Gastronômica das Cucas Especiais. O bolo alemão, que originalmente era preparado com massa de pão, é especialidade da região e neste festival ganha diversas versões. Serão 12 opções que vão da tradicional cuca de banana até opções com morango, abacaxi e uva, todas cobertas com a característica farofa doce. Há também a versão só com farofa e a cuca gêmea, que intercala camadas de creme e farofa. Outras opções incorporam coco, queijo, chocolate, amendoim, ameixa-preta e doce de leite à receita tradicional. O preparo fica por conta de Frida Roters da Silva, responsável pela cozinha do hotel. Junto com a iguaria serão servidos pratos do café colonial como apfelstrudel, bolo inglês e tortas de chocolate, limão, alemã, requeijão e confeitada. O buffet fica disponível das 16h até o último cliente e custa R$ 18 por pessoa. FONTE: Disponível: <http://www.hoteliernews.com.br/HotelierNews/Hn.Site.4/NoticiasConteudo.aspx?Noticia=48296&Midia=1 >. Acesso em: 06 fev. 2009. Grand Hyatt SP realiza Festival Duo. Confira o menu Notícia publicada terça-feira, 3 de fevereiro de 2009 - 23h12 Na noite desta terça-feira (3) foi realizada no restaurante Eau, do Grand Hyatt São Paulo, a apresentação para a imprensa do festival Duo of flavors, que reúne os chefs Jean-François Rouquette, do Park Hyatt Paris Vendôme, e Michelangelo Cittino, sous-chef do Park Hyatt Milão. O festival, que mistura as gastronomias francesa a italiana, será aberto ao público nos dias (4) e (5). “É um evento criado para ser bem exclusivo. Já estamos quase lotados, o que é uma surpresa para essa época de início de ano”, afirma Karina Faber, diretora de Vendas e Marketing do Grand Hyatt São Paulo. Jean-François Rouquette é detentor de uma estrela Michelin há um ano e seis meses. Do Brasil segue para Mendoza, na Argentina, para um concurso gourmet. Já Cittino veio substituir o chef executivo Filippo Gozzoli, que por motivos de saúde não pode comparecer ao evento. “O Grand Hyatt já é reconhecido por sua área de alimentos & bebidas. Estamos promovendo esses jantares para mostrar e 209 incentivar o que acontece nas unidades Hyatt do resto do mundo”, afirmou Carl Emberson, gerente geral do empreendimento. Na ocasião estiveram presentes colaboradores dos dois hotéis nos que os chefs convidados trabalham: Alessandra Ruggeri, diretora de Vendas e Marketing do Park Hyatt Milan, Edoardo Officioso, diretor de Marketing e Gorka Bergareche, diretor, ambos do Park Hyatt Paris Vendôme. FONTE: Disponível: <http://www.hoteliernews.com.br/HotelierNews/Hn.Site.4/NoticiasConteudo.aspx?Noticia=48519&Midia=1 >. Acesso em: 07 fev. 2009. 29.5 A ANÁLISE DO PÓS-EVENTO Ao contrário do que muitos pensam, a organização de um evento não termina quando ele acaba. Todo e qualquer empreendimento deve passar por uma análise ao final de sua concretização e com os festivais gastronômicos não é diferente. Para que avaliar se um evento realmente “valeu a pena” é necessária a análise dos seguintes dados: o Relação Receita X Custo: É o primeiro item em que se pensa, mas não pode ser o único. Muitas vezes, um evento pode não atingir o lucro financeiro esperado, porém, superar as expectativas quanto à sua contribuição para a imagem da empresa que o promoveu. Nesse caso, o lucro financeiro vem como consequência em longo, médio ou, até mesmo, curto prazo. o Cumprimento dos Objetivos: Deve-se analisar se todos os objetivos previstos foram rigorosamente atingidos ou ainda superados. Na verdade, esse item é muito mais importante que o primeiro, principalmente, considerando-se que nem sempre o objetivo de um evento é o lucro financeiro. o Impacto sobre a Demanda: A melhor forma de se analisar o impacto causado pelo festival é distribuir questionários para a demanda durante o evento. Ao final, se faz um levantamento estatístico das respostas e se tem a opinião do público que frequentou o evento. 210 Esse procedimento é um excelente instrumento para a correção de possíveis falhas em festivais posteriores. No entanto, há de se ter muito cuidado para que a pesquisa não se torne inconveniente para o cliente. Para isso, é importante elaborar questionários curtos e objetivos. Pode-se ainda adicionar nesse questionário um espaço opcional para que a pessoa coloque dados como e-mail, telefone, etc., possibilitando, assim, a formação de um banco de dados de clientes para a divulgação de eventos futuros. Um bom exemplo pode ser observado na figura a seguir. FIGURA 92 - MODELO DE QUESTIONÁRIO DE OPINIÃO Para que possamos melhorar sempre, contamos com sua opinião! Marque uma nota de cinco a dez para cada item: 1. Variedade do cardápio: 5( ) 6( ) 7( ) 8( ) 9( ) 10( ) 2. Qualidade da comida: 5( ) 6( ) 7( ) 8( ) 9( ) 10( ) 3. Decoração do ambiente: 5( ) 6( ) 7( ) 8( ) 9( ) 10( ) 4. Qualidade do serviço: 5( ) 6( ) 7( ) 8( ) 9( ) 10( ) 5. Atrações complementares: 5( ) 6( ) 7( ) 8( ) 9( ) 10( ) Caso queira receber nossas novidades, programações e promoções, por favor, preencha seu dados abaixo: Nome: E-mail: Telefone: Enereço: O espaço abaixo é destinado a suas sugestões, opiniões etc. Fique à vontade! FONTE: Arquivo pessoal do autor. 211 30 REFEIÇÕES TEMÁTICAS As refeições temáticas podem ser vistas como um festival gastronômico de pequeno porte e são outro grande artifício utilizado pelo marketing da indústria de Alimentos e Bebidas. Trata-se de refeições (almoço ou jantar) periódicas, realizadas em dias específicos, que têm como principal finalidade movimentar a oferta do estabelecimento que as promovem, atraindo clientes. TABELA 4 - EXEMPLOS DE TEMAS DE REFEIÇÕES TEMÁTICAS Frequência Nome do Evento Todo jantar de segunda-feira Noite Italiana Todo jantar de quarta-feira Noite da Paella Todo almoço de sábado Feijoada Brasileira Todo almoço de domingo Brunch Mediterrâneo Todo almoço do dia 29 de cada mês Gnocchi da Fortuna FONTE: Arquivopessoal do autor. O planejamento e a elaboração de uma refeição temática devem seguir os mesmos passos da organização de um festival gastronômico. As diferenças são que o evento, nesse caso, é de menor porte que um festival e periódico. Nas reportagens a seguir, apresentam-se exemplos reais de refeições temáticas: 212 Mercure Macaé (RJ) passa a oferecer feijoada com música ao vivo Notícia publicada terça-feira, 13 de janeiro de 2009 - 15h30 O restaurante Karioka, do Mercure Macaé, no norte fluminense, passa a oferecer feijoada com música ao vivo a partir da próxima quarta (14), das 12h00 às 14h30. Por um preço fixo de R$ 35 por pessoa, os visitantes terão direito a caipirinha. Além da feijoada, o restaurante também tem cardápio à la carte com várias opções de saladas e pratos quentes. O Karioka está aberto para passantes, tanto para o almoço quanto para o jantar. Disponível em: <http://www.hoteliernews.com.br/HotelierNews/Hn.Site.4/NoticiasConteudo.aspx?Noticia=48087&Midia=1 >. Acesso em: 08 fev. 2009. Sheraton Mar del Plata (Arg) oferece noites especiais no verão Notícia publicada quinta-feira, 15 de janeiro de 2009 - 08h14 O Sheraton Mar del Plata, localizado no balneário argentino, oferece diferentes opções de entretenimento em janeiro e fevereiro. As sextas e sábados à noite, no restaurante Las Barcas, acontece o Dinner Dance, com menu de três tempos assinado pelo chef Natalio La Rosa, acompanhado com vinhos San Felipe Roble e apresentação do grupo Casino. O jantar com bebidas sai por cerca de R$ 67. O restaurante La Pampa, por sua vez, promove as Noches de Pizza y Tango às quintas. O show musical fica a cargo do maestro Armando Blumetti. Pizzas, cerveja e tango saem por R$ 28, com desconto de 50% para menores de 16 anos. Disponível em: <http://www.hoteliernews.com.br/HotelierNews/Hn.Site.4/NoticiasConteudo.aspx?Noticia=48134&Midia=1 >. Acesso em: 08 fev. 2009. 213 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAÚJO, Wilma Maria Coelho et al. Da alimentação à gastronomia. Brasília: Universidade de Brasília, 2005. BARRETO, Ronaldo Lopes Pontes; SENRA, Asdrúbal Vieira. A gastronomia e o turismo. In: ANSARAH, Marilia Gomes dos Reis. Turismo; como aprender, como ensinar. v. 2. 2. ed. São Paulo: Senac, 2001. CARNEIRO, Henrique. Comida e sociedade - uma história da alimentação. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. CASTELLI, Geraldo. Administração Hoteleira. 9. ed. Caxias do Sul: EDUCS, 2001. _______. Hospitalidade: na perspectiva da gastronomia e da hotelaria. São Paulo: Saraiva, 2005. DAVIES, Carlos Alberto. Alimentos e Bebidas. 2. ed. Caxias do Sul: EDUCS, 2001. _______. Cargos em hotelaria. 3. ed. Caxias do Sul: EDUCS, 2001. FONSECA, Marcelo Traldi. Tecnologias gerenciais de restaurantes. São Paulo: Senac São Paulo, 2000. FRANCO, Ariovaldo. De caçador a gourmet: uma história da gastronomia. São Paulo: Senac São Paulo, 2001. FREUND, Tommy. Técnicas de alimentos e bebidas. Rio de Janeiro: Infobook, 2000. GIACAGLIA, Maria Cecília. Organização de eventos: teoria e prática. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2006. LEAL, Maria Leonor de Macedo Soares. A história da gastronomia. Rio de Janeiro: Senac Nacional, 1998. 214 MARICATO, Percival. Como montar e administrar bares e restaurantes. 7. ed. São Paulo: Senac São Paulo, 2007. PACHECO, Aristides de Oliveira. Manual de serviço do garçom. 3. ed. São Paulo: Senac São Paulo, 2001. ______. Manual do maître d’hôtel. 3. ed. São Paulo: Senac São Paulo, 2000. RICCETTO, Luli Neri. Curso de Agenciamento Turístico. Portal Educação, 2008. ______. Manual de etiqueta à mesa. Portal Educação, 2008. RICCI, Renato. Hotel: gestão competitiva do século XXI: ferramentas práticas de gerenciamento aplicadas à hotelaria. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2002. SAVARIN, Brillat. A Fisiologia do gosto. Tradução Paulo Neves. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. SCHLÜTER, Regina G. Gastronomia e turismo. Tradução Roberto Sperling. São Paulo: Aleph, 2003. SERSON, Fernando. Hotelaria: a busca da excelência. 2. ed. São Paulo: Cobra, 2000. SITE DA ABRASEL – Associação Brasileira de Bares e Restaurantes: Disponível em: <http://www.abrasel.com.br>. Acesso em: 27 dez. 2008. SITE DA ABAGA – Associação Brasileira da Alta Gastronomia: Disponível em: <http://www.abaga.com.br>. Acesso em: 27 dez. 2008. SITE CORREIO GOURM@ND. Disponível em: <http://correiogourmand.com.br>. Acesso em: 05 fev. 2009. SITE GESTÃO DE RESTAURANTES. Disponível em: <http://gestaoderestaurantes.wordpress.com>. Acesso em: 29 dez. 2008. 215 SITE HÔTELIER NEWS - O SITE DA HOTELARIA. Disponível em: <http://www.hoteliernews.com.br/HotelierNews/Hn.Site.4/Index.aspx>. Acesso em: 02 fev. 2009. SPANG, Rebecca L. A invenção do restaurante. Tradução Nota Assessoria. Rio de Janeiro: Record, 2003. TORRE, Francisco de la. Administração hoteleira: parte II - alimentos e bebidas. Tradução Dolores Martin Rodrigues Corner. São Paulo: Roca, 2002. VASCONCELLOS, Frederico et al. 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