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09/08/2019 DIREITO DE VIZINHANÇA Diz o caput do art. 1.285 do CC que: “O dono do prédio que não tiver acesso a via pública, nascente ou porto, pode, mediante pagamento de indenização cabal, constranger o vizinho a lhe dar passagem, cujo rumo será judicialmente fixado, se necessário”. Este imóvel que não tem acesso também é chamado de: IMÓVEL ENCRAVADO Veja figura a seguir DA PASSAGEM FORÇADA 09/08/2019 DIREITO DE VIZINHANÇA A passagem forçada é restrição ao direito de propriedade, decorrente das relações de vizinhança. Não é servidão predial (de passagem), cujos fundamentos e pressupostos são outros. A passagem forçada é uma imposição da solidariedade entre vizinhos e resulta da consideração de que não pode um prédio perder a sua finalidade e valor econômico, por falta de acesso à via pública, fonte ou porto, permanecendo confinado entre propriedades que o circundam, limítrofes ou não. Quando tal situação ocorre, permite a lei que o imóvel nesta situação (imóvel encravado), obtenha dos vizinhos o acesso necessário. DA PASSAGEM FORÇADA DIREITO DE VIZINHANÇA O imóvel encravado não pode ser explorado economicamente e deixará de ser aproveitado, por falta de comunicação com a via pública. O instituto da passagem forçada atende, pois, ao interesse social. O direito é exercitável contra o proprietário contíguo e, se necessário, contra o vizinho não imediato. Caio Mário da Silva Pereira: “Para ter direito à passagem forçada, é requisito básico o encravamento. Somente o prédio sem saída para a via pública, nascente ou porto o tem. Não bastam razões de comodidade, nem o vizinho tem de suportar o encargo da passagem para melhoria das condições de acesso àquelas serventias. Assim, pois, se o prédio for dotado de saída, por muito má que seja, não se qualifica como encravado”. DA PASSAGEM FORÇADA 09/08/2019 DIREITO DE VIZINHANÇA Como se pode notar do desenho, o imóvel “A” não tem saída para a rua, pois está cercado de casas por todos os lados. Sendo assim, haverá a necessidade de uma saída por “B”, para que o imóvel “A” tenha utilidade social. O imóvel “A” é denominado imóvel encravado, enquanto que “B” é o imóvel serviente, uma vez que por ele haverá a passagem. A função social da propriedade é o fundamento do instituto, nos termos do art. 5.º, incs. XXII e XXIII, da CF/1988 e do art. 1.228, § 1.º, do CC. No caso descrito, se não houvesse a passagem, o imóvel encravado não teria qualquer finalidade social. Como adentrar no imóvel? Pulando de páraquedas? DA PASSAGEM FORÇADA DIREITO DE VIZINHANÇA Se vier a ser dotado da comunicação que lhe faltava, pela abertura de outra estrada, ou qualquer motivo diferente, cessa para o vizinho o dever de franquear a passagem. Mas, reversamente, se se fechar a via de comunicação a que vai dar a passagem forçada, o vizinho tem de conceder outra, desencravando de novo o prédio. A passagem forçada não constitui, todavia, um ônus gratuito: o proprietário do prédio por onde se estabelece tem direito a indenização cabal. DA PASSAGEM FORÇADA 09/08/2019 DIREITO DE VIZINHANÇA Diz-se que o encravamento deve ser natural, porque, se provocado pelo próprio proprietário (do imóvel que vai ficar encravado), em razão de sucessivas alienações parciais, este não pode exigir do vizinho que tolere a passagem forçada. É o que o Carlos Roberto Gonçalves chama de “culpa contra si mesmo”. No caso de alienação parcial do imóvel a passagem será exigível do comprador sobre o prédio correspondente à parte alienada, evitando, assim, a oneração de outros imóveis vizinhos e estranhos à alienação. Eventual passagem forçada já existente sobre imóvel vizinho se mantém no caso de alienação parcial, não sendo exigível que lhe conceda outro caminho. DA PASSAGEM FORÇADA DIREITO DE VIZINHANÇA Se por mais de um prédio for possível o acesso, terá de admiti-lo o proprietário daquele que mais naturalmente e com maior facilidade for viável. A obrigação de tolerar a passagem forçada deve acompanhar a coisa, constituindo uma obrigação ambulatória ou “propter rem”. A respeito da efetivação da passagem forçada, sofrerá, portanto, o constrangimento o vizinho cujo imóvel mais natural e facilmente se prestar à passagem (art. 1.285, § 1.º, do CC). Segue-se a ideia que já constava da codificação anterior, no sentido de que a passagem forçada deve ser instituída da maneira menos gravosa ou onerosa aos prédios vizinhos (princípio da menor onerosidade). DA PASSAGEM FORÇADA 09/08/2019 DIREITO DE VIZINHANÇA O direito de exigir do vizinho que lhe deixe passagem só existe quando o encravamento é natural e absoluto. Como vimos, não pode ser provocado pelo proprietário. Não pode este vender a parte do terreno que lhe dava acesso à via pública e, depois, pretender que outro vizinho lhe dê passagem. Nesse caso, e porque nenhum imóvel deve permanecer encravado, poderá voltar-se somente contra aquele adquirente do terreno em que existia a passagem. Como já explicado, não é correto deixar à livre vontade do vendedor tornar encravado o seu prédio e ao mesmo tempo lhe conceder a faculdade de exigir passagem de qualquer vizinho, impondo, assim, ao arbítrio do malicioso ou do negligente, uma restrição à propriedade alheia. DA PASSAGEM FORÇADA DIREITO DE VIZINHANÇA Indenização devida ao dono do prédio onerado com a “passagem forçada”. Tal direito equivale a uma “desapropriação no interesse particular”, pois o proprietário do prédio onerado com a passagem tem direito a indenização cabal, expressamente prevista no art. 1.285 do Código Civil. Se o proprietário do prédio encravado perder, por culpa sua o direito de trânsito pelos prédios contíguos, terá de novamente pleiteá-lo, sujeitando-se a arbitramento novo e atual da retribuição pecuniária. Não havendo acordo entre os interessados, a fixação da passagem, em qualquer caso, será feita judicialmente (CC, art. 1.285). DA PASSAGEM FORÇADA 09/08/2019 DIREITO DE VIZINHANÇA Deverá o juiz, portanto, como já explicado, então, impor o menor ônus possível ao prédio serviente. Havendo vários imóveis, escolherá aquele que menor dano sofrerá com a imposição do encargo. Dispõe, o art. 1. 285, § 1º, do Código Civil: “Sofrerá o constrangimento o vizinho cujo imóvel mais natural e facilmente se prestar à passagem”. Extingue-se a passagem forçada e desaparece o encravamento em casos, por exemplo, de abertura de estrada pública que atravessa ou passa ao lado de suas divisas, ou quando é anexado a outro, que tem acesso para a via pública. A limitação imposta ao prédio serviente só se justifica, efetivamente, em função da necessidade imperiosa de seu vizinho. Cessada tal necessidade, desaparece a razão para a permanência do aludido ônus. DA PASSAGEM FORÇADA DIREITO DE VIZINHANÇA ATENÇÃO! Passagem Forçada é DIFERENTE de Servidão de Passagem. A servidão de passagem ou de trânsito constitui direito real sobre coisa alheia. A passagem forçada, ora estudada, pertence ao direito de vizinhança. A passagem forçada decorre da lei, tendo a finalidade de evitar que um prédio fique sem destinação ou utilização econômica. Ocorrendo a hipótese, o dono do prédio encravado pode exigir a passagem, mediante o pagamento da indenização que for judicialmente arbitrada. A servidão de passagem, no entanto, constitui direito real sobre coisa alheia e geralmente nasce de um contrato, não correspondendo necessariamente a um imperativo determinado pela situação dos imóveis, mas à simples conveniência e comodidade do dono de um prédio não encravado que pretende uma comunicação mais fácil e próxima. DA PASSAGEM FORÇADA 09/08/2019 DIREITO DE VIZINHANÇA ATENÇÃO! Passagem Forçada é DIFERENTE de Servidão de Passagem. Em outras palavras: Não se pode confundir a passagem forçada com as servidões, em especial com a servidão de passagem. Isso porquea passagem forçada é instituto de direito de vizinhança, enquanto que a servidão de passagem constitui um direito real de gozo ou fruição. Além dessa diferença, a passagem forçada é obrigatória, decorre de lei, diante da função social da propriedade; as servidões são facultativas. Na passagem forçada há necessariamente o pagamento de uma indenização ao imóvel serviente, enquanto que nas servidões a indenização somente será paga se houver acordo entre os proprietários dos imóveis envolvidos. Na passagem forçada, o imóvel não tem outra opção que não seja a passagem; o que não ocorre nas servidões. Por fim, quanto ao aspecto processual, de um lado há a ação de passagem forçada; do outro, a ação confessória, fundada em servidões. DA PASSAGEM FORÇADA DIREITO DE VIZINHANÇA ATENÇÃO! Passagem Forçada é DIFERENTE de Servidão de Passagem. DA PASSAGEM FORÇADA 09/08/2019 DIREITO DE VIZINHANÇA Enunciado n. 88 do CJF/STJ, na I Jornada de Direito Civil (2004): “O direito de passagem forçada, previsto no art. 1.285 do CC, também é garantido nos casos em que o acesso à via pública for insuficiente ou inadequado, consideradas, inclusive, as necessidades de exploração econômica”. Carlos Roberto diz que há necessidade de o imóvel ser absolutamente encravado. No entanto, veja essa decisão do STJ: DA PASSAGEM FORÇADA DIREITO DE VIZINHANÇA “Civil. Direitos de vizinhança. Passagem forçada. Imóvel encravado. Numa era em que a técnica da engenharia dominou a natureza, a noção de imóvel encravado já não existe em termos absolutos e deve ser inspirada pela motivação do instituto da passagem forçada, que deita raízes na supremacia do interesse público; juridicamente, encravado é o imóvel cujo acesso por meios terrestres exige do respectivo proprietário despesas excessivas para que cumpra a função social sem inutilizar o terreno do vizinho, que em qualquer caso será indenizado pela só limitação do domínio. Recurso especial conhecido e provido em parte” (STJ, REsp 316.336/MS, 3.ª Turma, Rel. Min. Ari Pargendler, j. 18.08.2005, DJ 19.09.2005, p. 316). DA PASSAGEM FORÇADA Veja esse importante julgado do STJ 09/08/2019 DIREITO DE VIZINHANÇA Vamos ver à seguir, como essa matéria foi questionada no concurso para ingresso à carreira da magistratura do Estado de São Paulo: MAGISTRATURA TJSP 2009 (Concurso 182). Questão 8. Direito Civil / Direitos Reais. Servidão / Passagem Forçada / Código Civil / Legislação. Assinale a alternativa correta. DA PASSAGEM FORÇADA DIREITO DE VIZINHANÇA MAGISTRATURA TJSP 2009 (Concurso 182). Questão 8. Direito Civil / Direitos Reais. Servidão / Passagem Forçada / Código Civil / Legislação. Assinale a alternativa correta. a) A existência de outro acesso não impede a passagem forçada. b) Passagem forçada e servidão de trânsito destinam-se a tornar mais fácil o acesso a via pública. c) Servidão de passagem está relacionada a prédio encravado e é presumida. d) Passagem forçada e servidão de trânsito implicam restrição ao direito de propriedade e decorrem, a primeira, da lei, a segunda, de manifestação de vontade. 09/08/2019 DIREITO DE VIZINHANÇA a) A existência de outro acesso não impede a passagem forçada. ERRADO. O direito de passagem forçada pressupõe a inexistência de acesso a via pública. O prédio é encravado! b) Passagem forçada e servidão de trânsito destinam-se a tornar mais fácil o acesso a via pública. ERRADO. A passagem forçada se destina a tornar possível o acesso a via pública. DIREITO DE VIZINHANÇA c) Servidão de passagem está relacionada a prédio encravado e é presumida. ERRADO. A servidão proporciona utilidade para o prédio dominante, e grava o prédio serviente, que pertence a diverso dono, e constitui-se mediante declaração expressa dos proprietários, ou por testamento, e subsequente registro no Cartório de Registro de Imóveis. d) Passagem forçada e servidão de trânsito implicam restrição ao direito de propriedade e decorrem, a primeira, da lei, a segunda, de manifestação de vontade. CERTO! CORRETA. Alternativa “D”. 09/08/2019 DIREITO DE VIZINHANÇA Além da imposição da passagem forçada, o Código Civil trata, de forma semelhante, da passagem de cabos e tubulações. Nos termos do art. 1.286 do CC, mediante recebimento de indenização que atenda, também, à desvalorização da área remanescente, o proprietário é obrigado a tolerar a passagem, por meio de seu imóvel, de cabos, tubulações e outros condutos subterrâneos de serviços de utilidade pública (água, luz, esgoto, etc.), em proveito de proprietários vizinhos, quando de outro modo for impossível ou excessivamente onerosa. Tal passagem, do mesmo modo, está baseada na função social da propriedade, havendo um interesse público indireto, pois as passagens de cabos e tubulações atendem aos interesses de outras pessoas e da coletividade. Esse regime jurídico de obrigatoriedade é similar ao da passagem forçada, o que justifica a proximidade legislativa. PASSAGEM DE CABOS E TUBULAÇÕES DIREITO DE VIZINHANÇA O art. 1.286, CC (que estamos estudando) soluciona problemas que afetam diretamente e principalmente os moradores das grandes cidades, concernentes a passagem de linhas de transmissão elétrica, telefonia e processamento de dados, bem como de grandes adutoras subterrâneas. O direito de passagem de cabos e tubulações, nesses casos, envolve serviços de utilidade pública, podendo ser citados, além dos já mencionados, os atinentes a serviços de água e gás, geralmente prestados por concessionárias. Nessa linha, não é qualquer serviço que autoriza, aos vizinhos, exigir a passagem de cabos e tubulações, mas apenas aqueles de utilidade pública. A restrição que se impõe ao vizinho não envolve o espaço aéreo ou a superfície do terreno. PASSAGEM DE CABOS E TUBULAÇÕES 09/08/2019 DIREITO DE VIZINHANÇA Pagamento, em contrapartida, de justa indenização. É previsto o pagamento de justa indenização ao proprietário que teve o seu imóvel atingido, observando-se, na instalação dos cabos e tubulações, o critério da menor onerosidade. Art. 1.286. Mediante recebimento de indenização que atenda, também, à desvalorização da área remanescente, o proprietário é obrigado a tolerar a passagem, através de seu imóvel, de cabos, tubulações e outros condutos subterrâneos de serviços de utilidade pública, em proveito de proprietários vizinhos, quando de outro modo for impossível ou excessivamente onerosa. Parágrafo único. O proprietário prejudicado pode exigir que a instalação seja feita de modo menos gravoso ao prédio onerado, bem como, depois, seja removida, à sua custa, para outro local do imóvel. PASSAGEM DE CABOS E TUBULAÇÕES DIREITO DE VIZINHANÇA O parágrafo único do Art. 1.286 do CC, disciplina a remoção ou a instalação dos dutos e cabos em local diverso. Se, após a realização das obras, o dono do prédio onerado entender de removê-las para outro local no imóvel, que lhe seja mais conveniente, poderá fazê-lo, mas pagando as respectivas despesas. Não poderá, logicamente, exigir que o pagamento seja efetuado pelos vizinhos, em proveito dos quais foram os serviços realizados, uma vez que adotaram estes, segundo a exigência legal, a solução menos gravosa. PASSAGEM DE CABOS E TUBULAÇÕES 09/08/2019 DIREITO DE VIZINHANÇA Acrescenta o art. 1.287 do Código Civil: “Se as instalações oferecerem grave risco, será facultado ao proprietário do prédio onerado exigir a realização de obras de segurança”. Sempre serão necessárias “as cautelas devidas, principalmente no que toca à segurança, que será sempre de responsabilidade do poder público ou das concessionárias que exploram o serviço considerado perigoso, embora essencial, principalmente se levarmos em consideração que a prestação deste serviço é remunerada”. A obra de segurança antecede à instalação dos cabos e tubulações. PASSAGEM DE CABOS E TUBULAÇÕESDIREITO DE VIZINHANÇA Os atualizadores da obra de Caio Mário da Silva Pereira lembram que: “Não é arbitrária a instituição da passagem forçada de cabos e tubulações. Ela somente será concedida quando não for possível realizá- la de outro modo, ou se apresentar demasiadamente onerosa.” Menciona o Código Civil (art. 1.286) a hipótese de se promover tão somente a passagem subterrânea. Inspirado no mesmo motivo, e tal como ocorre no direito italiano, justificar-se-ia EXCEPCIONALMENTE a passagem a descoberto ou a céu aberto, de cabos e condutores de energia elétrica, somente quando realmente de outra forma não se puder fazer. O mesmo conceito de “encravamento” em relação ao acesso à via pública, fonte ou porto analogicamente é extensível ao conduto energético, indispensável à utilização econômica da propriedade encravada. PASSAGEM DE CABOS E TUBULAÇÕES 09/08/2019 DIREITO DE VIZINHANÇA Baseado nesses conceitos, poderá o juiz constranger o proprietário de imóvel a suportar o atravessamento de linhas de transmissão, acrescido da passagem de quem seja incumbido da respectiva manutenção. A par da indenização, que há de ser ampla, e cobrir também a desvalorização do imóvel, será imposta ao beneficiário a instituição de medidas de segurança, tais como redes de proteção, isolamento da via de passagem, e tudo o mais que se faça necessário. Caio Mário (atualizadores): “O art. 1.287 parte do princípio de que o proprietário do prédio onerado não pode ser exposto a riscos em razão de ser forçado a tolerar a passagem de tubulações e de cabos. Não é razoável que somente em caso de “grave” risco se aplique o preceito.” PASSAGEM DE CABOS E TUBULAÇÕES DIREITO DE VIZINHANÇA É bastante que haja um risco, pois não se justifica que, para benefício de outro prédio, o proprietário do serviente e os que dele dependam fiquem expostos. Na hipótese de não serem tomadas as medidas de segurança, ou de virem a ser insuficientes, cabe ao prejudicado impor ao outro, judicialmente, a sua realização, sob cominação alternativa de efetuá-la às expensas daquele, ou ser autorizado a interromper a serventia. PASSAGEM DE CABOS E TUBULAÇÕES 09/08/2019 DIREITO DE VIZINHANÇA “Apelação. Ação de passagem forçada. Tubulação subterrânea de esgoto sob terreno vizinho. Interrupção pela nova compradora. Refluxo cloacal. O proprietário é obrigado a tolerar a passagem, através de seu imóvel, de cabos, tubulações e outros condutos subterrâneos de utilidade pública, em proveito de proprietários vizinhos, quando de outro modo for impossível ou excessivamente onerosa (art. 1.286 do Código Civil). Apelação desprovida” (TJRS, Apelação Cível 70024051872, Ijuí, 20.ª Câmara Cível, Rel. Des. Niwton Carpes da Silva, j.06.08.2008, DOERS 22.08.2008, p. 97). ALGUNS ACÓRDÃOS (“Jurisprudência”) PASSAGEM DE CABOS E TUBULAÇÕES DIREITO DE VIZINHANÇA “Indenização por passagem de cabos e tubulações. Art. 1.286 do Código Civil. Prova. Nos termos do art. 1.286, do Código Civil, o proprietário é obrigado a tolerar a passagem, através de seu imóvel, de cabos, tubulações e outros condutos subterrâneos de serviços de utilidade pública, em proveito de proprietários vizinhos, mesmo contra sua vontade. A relação estabelecida é, frise-se, entre particulares, onde um, quando impossível ou excessivamente oneroso o meio, precisa que a instalação seja feita em detrimento do terreno de outrem. Assim, ao teor do artigo mencionado, a colocação de cabos e tubulações enseja pagamento de indenização, desde que haja prova dos prejuízos resultantes. Apelo conhecido, mas improvido” (TJGO, Apelação cível n. 918015/ 188, Processo n. 200501865092, Itumbiara, 4.ª Câmara Cível, Rel. Des. Almeida Branco, j. 22.12.2005, DJGO 09.02.2006). ALGUNS ACÓRDÃOS (“Jurisprudência”) PASSAGEM DE CABOS E TUBULAÇÕES 09/08/2019 DIREITO DE VIZINHANÇA Pelo teor dos julgados, confirma-se que a alteração foi substancial quanto à categorização jurídica, pois a passagem de cabos e tubulações, na órbita privada, era tratada como servidão predial. Agora não mais, pois o correto enquadramento do tema está no direito de vizinhança, com um sentido de obrigatoriedade. A introdução no CC/2002 se deu, segundo a doutrina, diante da evolução tecnológica, pois não se imaginava, quando da elaboração do CC/1916, a existência constante de linhas de transmissão e energia elétrica, telefonia e processamento de dados ou de grandes adutoras subterrâneas. PASSAGEM DE CABOS E TUBULAÇÕES DIREITO DE VIZINHANÇA Do desenho nota-se que o imóvel A não tem como escoar o esgoto de seu prédio. O imóvel B, serviente ou onerado, concederá a passagem das tubulações. Serve como argumento a conclusão de que não é do interesse da coletividade que o esgoto fique represado no outro imóvel, o que causará um prejuízo ambiental e de saúde pública. No caso descrito, o proprietário de B pode requerer que a instalação dos tubos seja realizada da maneira menos onerosa ou gravosa, conforme consta do art. 1.286, parágrafo único, do CC (princípio da menor onerosidade). Por fim, preconiza o art. 1.287 do CC que, se as instalações oferecerem grave risco, será facultado ao proprietário do prédio onerado exigir a realização de obras de segurança. PASSAGEM DE CABOS E TUBULAÇÕES