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1 2 SUMÁRIO 1 TRANSTORNOS GLOBAIS DO DESENVOLVIMENTO – TGD ................. 3 2 TRANSTORNOS GLOBAIS DO DESENVOLVIMENTO E SUAS CARACTERÍSTICAS ................................................................................................. 13 2.1 Resumindo ......................................................................................... 21 3 NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS ...................................... 26 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 30 4 LEITURA COMPLEMENTAR .................................................................... 32 3 1 TRANSTORNOS GLOBAIS DO DESENVOLVIMENTO – TGD Fonte: apoiosocialbrasil.blogspot.com.br O termo transtorno foi utilizado como forma de evitar problemas ainda maiores inerentes ao uso de termos tais como 'doença' ou 'enfermidade. A versão oficial admite que transtorno não seja um termo preciso, entretanto, foi dada preferência a transtorno, utilizado como tradução da expressão disorder na primeira tradução oficial do DSM-IIIR (Manual para Diagnóstico e Estatística dos Dis- túrbios Mentais, 3a. edição, revisada da Associação Americana de Psiquiatria, APA, 1995), por entender que teria um caráter mais apropriado. É importante, pois, perceber que a denominação transtorno assume significações diferentes nas variadas áreas da ciência brasileira. Para fins deste trabalho optamos pela utilização do termo transtornos globais do desenvolvimento – TGD e não por transtornos invasivos do desenvolvimento ou transtornos abrangentes do desenvolvimento por acreditarmos que seja o que melhor expressa o quadro (mas todos os termos são sinônimos). O termo “Transtornos Invasivos do Desenvolvimento”, apresenta como carac- terística do quadro o prejuízo severo e invasivo em diversas áreas do desenvolvi- mento, tais como: habilidades de interação social recíproca, habilidades de comuni- cação, ou presença de comportamento, interesses e atividades estereotipados. Os 4 prejuízos qualitativos que definem essas condições representam um desvio acentu- ado em relação ao nível de desenvolvimento ou idade mental do indivíduo. Fonte: pt.slideshare.net O quadro de transtornos globais do desenvolvimento abrange o autismo clás- sico, a síndrome de Asperger, a síndrome de Rett e o transtorno global do desenvol- vimento sem outra especificação. Dentro do amplo quadro de Transtornos globais do Desenvolvimento encontra- se o autismo infantil, descrito e assim denominado por Kanner, em 1943. A condição então identificada se caracteriza pela presença de prejuízos significativos nas áreas da comunicação, interação social e comportamento (SCHWARTZMAN, 2003). Em relação ao autismo, admite-se, atualmente, que o quadro tenha várias eti- ologias possíveis, graus muito diversos de severidade e causas neurobiológicas pre- sentes desde o nascimento. Indiscutivelmente, há fatores genéticos em jogo, e a pre- sença de mais de um membro afetado em uma mesma família pode ocorrer, princi- palmente, nos casos menos severos (SCHWARTZMAN, 2003). 5 Fonte: aeeprofeli.blogspot.com.br Dada a grande variabilidade presente no quadro prefere-se falar em um espec- tro de condições autísticas. Dentro deste espectro situa-se o autismo clássico, tal como descrito inicialmente e a síndrome de Asperger, na qual a inteligência está mais preservada e o atraso no desenvolvimento da linguagem é menor ou inexistente. Para grande parte dos autores, a síndrome de Asperger seria como autismo de alto funcio- namento intelectual (SCHWARTZMAN, 2003). A prevalência do autismo já foi estabelecida anteriormente em torno de 4- 10:10.000, e atualmente é considerada como 1:1.000, enquanto que os TGD teriam prevalência de 1:150 a 1:100. Este aumento na prevalência destas desordens se deve, possivelmente, a uma mudança no conceito diagnóstico, que se tornou mais abrangente, a um número maior de casos identificados em função do reconhecimento mais frequente. 6 Fonte: 1.bp.blogspot.com Schwartzman (2003), Gadia C.A. et alii (2004) os TGD são mais comuns no sexo masculino e são acompanhados, em cerca de 70% dos casos, de graus variados de deficiência mental. São comuns com morbidades com inúmeras outras condições médicas e poderíamos citar, como exemplo, a síndrome do x-frágil, a síndrome fetal alcoólica, a síndrome da rubéola congênita, os prejuízos sensoriais (visuais e/ou au- ditivos), dentre outros. Os TGD de uma maneira geral e o autismo em particular causa grande impacto familiar e social. Muitas crianças e de jovens com transtorno dessa natureza são me- ramente reconhecidos como deficientes mentais, hiperativos ou com distúrbios do comportamento. Quanto ao aspecto comportamental, a criança com TGD apresenta intolerância frente a alterações e mudanças de rotina, expressando-se com reações de oposição. Seus comportamentos e interesses são limitados, tendendo a ser repe- titivos e estereotipados, conforme Mercadante et al, (2006). O custo social e o sofrimento determinado pelas dificuldades de adaptação dessa população justificam um investimento de nossa sociedade para uma maior com- preensão desses estados e para o estabelecimento de práticas racionais de diagnós- tico e de intervenção. A avaliação sistematizada com o diagnóstico preciso e o reco- nhecimento das habilidades existentes está na base das intervenções possíveis, con- forme Schwartzman, (2003); Mercadante et. Al. (2006). 7 Em relação a modelos de intervenção pedagógica sabe-se que existe uma de- fasagem entre o conhecimento atual originado pelos estudos de base neurobiológica do autismo e as propostas de intervenção. De fato, apesar de existirem certos méto- dos de intervenção rotineiramente aplicados não há estudos sistemáticos que avaliem sua qualidade (BOSA, 2006). O movimento que tem sido gerado para a efetivação do direcionamento de investimentos em pesquisas, em diretrizes de saúde pública, em políticas públicas de inclusão escolar, por exemplo, ainda não se constituíra em práti- cas capazes de dar respostas adequadas à complexa problemática que envolve os sujeitos com TGD e suas famílias. Fonte: noticias.gospelmais.com.br A proposta de desenvolver uma educação inclusiva para surdos, cegos, pes- soas com baixa visão e outras necessidades educacionais especiais é um desafio recente na cultura educacional. Ao se tratar da inclusão de alunos com transtornos globais do desenvolvimento, estamos diante de uma questão não somente desafiante como também polêmica, principalmente se considerarmos a singularidade e divergên- cias conceituais e teóricas sobre transtornos, uma vez que ciências como a Neurolo- gia, a Psiquiatria e a Psicologia estão aptas a diagnosticá-los utilizando-se inclusive de diferentes instrumentos. Serra (2009), “entidades diagnósticas do TGD que têm em comum a ruptura nos processos de socialização, comunicação e imaginação, comprometendo o apren- dizado antes dos três anos de idade. ” 8 Fonte: psyciencia.com As três dimensões desse tripé manifestam-se de forma diferente em cada um dos casos. Destacamos a seguir algumas das características mais comuns em crian- ças e jovens:  Inversão pronominal, isto é, substituição do uso da primeira pessoa do singular pela terceira;  Ecolalia, repetição de palavras ou expressões ouvidas anteriormente;  Rejeição ao contato físico;  Tendência ao isolamento;  Uso de pessoas com ferramentas;  Comportamentos auto-estimulatórios;  Comportamentos auto lesivos ou auto agressivos;  Dificuldadeem manter contato físico;  Dificuldade em manter contato visual;  Manipulação inadequada de materiais e objetos;  Atenção seletiva;  Interesse por objetos giratórios;  Atraso na aquisição da fala a ausência de linguagem-verbal;  Interesses restritos;  Resistência a mudanças de rotina e detalhes do meio ambiente individual;  Hábitos alimentares seletivos, 9  Aparência de surdez. Fonte: boaformaesaude.com.br Diante das características aqui elencadas e considerando que na maioria dos casos elas apresentam-se simultaneamente, fica perceptível a dificuldade em garantir a inclusão desses alunos em espaços de escola regular que estejam centradas no processo de ensino e não no da aprendizagem. Incluir esses alunos em escolas regu- lares que, embora muitas vezes já tenham incorporado o discurso democrático, ainda reproduzem práticas fragmentadas e que consideram que todos aprendem no mesmo ritmo e da mesma maneira pode contraditoriamente configurar-se como uma prática excludente. Nesse sentido entendemos e defendemos que a inclusão não deve configurar- se como o único modelo de educação para alunos com TGD e a decisão de incluir deve ser bastante criteriosa, considerando-se não apenas o sujeito, mas também o ambiente escolar e a família, que devem receber apoio e orientação dos serviços es- pecializados. (SERRA, 2009) 10 Fonte: 2.bp.blogspot.com Alunos autistas e asperges, assim como demais alunos que apresentam ne- cessidades educacionais especiais necessitarão de adaptações curriculares para que possam acompanhar os colegas nas atividades e rotina escolar. Decidir implantar adaptações de pequeno e grande porte deve ser uma decisão que envolva as diferen- tes esferas do sistema educacional. Instâncias políticas da educação, redes de saúde e ação social, familiares, etc. Somente a predisposição dos professores em “aceitar” no espaço da sala de aula crianças com autismo ou Asperger não garante uma prática de sucesso. A Síndrome de Rett, foi identificado em 1966 por Andréas Rett, mas somente após o trabalho de Hagberg et al. tornou-se mais conhecido. Nesse mesmo trabalho foi proposto o epônimo síndrome de Rett (SR). A descrição original de Rett enfatizava a deterioração neuromotora, predominância em mulheres, sinais e sintomas particu- lares, a presença de hiperamonemia, tendo sido denominada “Atrofia Cerebral Asso- ciada à Hiperamonemia”. Sabe-se, hoje em dia, que a hiperamonemia não é um achado necessário nem usual. A prevalência estimada de SR varia entre 1:10.000 e 1:15.000 em meninas. 11 Fonte: entendendoautismo.com.br O Transtorno desintegrativo da infância (TDI) possui um histórico mais longo do que o autismo. Foi inicialmente descrito por Heller, em 1908. Heller relatou seis casos de crianças jovens que, após um desenvolvimento aparentemente normal nos primeiros três a quatro anos de vida, apresentaram uma perda muito grave das habi- lidades sociais e comunicativas. Heller denominou a condição “dementia infantilis”. Essa definição é insatisfató- ria: primeiro, porque a condição não é comparável à demência, no sentido de que as características de perda de memória e de habilidades executivas não são proeminen- tes; e, em segundo lugar, porque nenhuma causa orgânica da trajetória do prejuízo pode ser encontrada. O TDI é uma condição extremamente rara. Fombonne revisou 32 pesquisas epidemiológicas sobre autismo e TDI. O TDI foi mencionado somente em quatro es- tudos. A prevalência da estimativa total nesses estudos foi de 1,7 por 100.000 (Inter- valo de Confiança 95%: 0,6-3,8 por 100.000). Os diagnósticos diferenciais incluem os transtornos metabólicos (e.g. mucopolisacaroidose San Filippo) e condições neuroló- gicas (e.g. encefalite por vírus lento ou epilepsia), ainda que, no último caso, a lingua- gem seja muito mais afetada do que nos relatos de casos de TDI. Deve também ser diferenciado do autismo em que se observa um desenvolvimento próximo do normal nos primeiros um ou dois anos em até 30% de todos os casos. 12 Fonte: www.leandroteles.com.br A etiologia ainda é desconhecida. Portanto, é possível que o TDI esteja fadado a desaparecer como categoria quando os instrumentos diagnósticos tornarem possí- vel determinar as causas genéticas, metabólicas ou infecciosas envolvidas nesses casos ainda inexplicados. Um relato de caso aponta para um possível vínculo genético com o autismo em um caso em que o autismo e o TDI ocorreram em dois meio-irmão. Não existe tratamento para TDI. Como as complicações neurológicas, especialmente a epilepsia, são comuns e essas crianças funcionam no nível de grave a profundo retardo mental, é necessária uma abordagem multidisciplinar. Os pais necessitarão de psicoeducação focada nessa condição. Na maioria das vezes, quando os pais de crianças com TDI aderem às associações de pais de crianças com autismo ficam ex- tremamente desapontados, pois o progresso visto em outras crianças com transtornos do espectro do autismo não ocorre com seu filho. 13 Fonte: boaformaesaude.com.br Sabe-se pouco sobre o desfecho. O maior estudo de acompanhamento foi re- alizado por Mouridsen, em 39 casos pareados com controles autistas em um período de mais de 22 anos. Verificou-se que os indivíduos com TDI possuíam um funciona- mento global pior, estavam mais ausentes e tiveram uma grande incidência de epilep- sia como comorbidade. Isso confirma a noção de que o desfecho no TDI é pior do que nos transtornos do espectro autista em geral. Se o acordo entre os clínicos é alto para os diagnósticos de autismo, o mesmo não é verdadeiro no caso do TID-SOE. Ainda que os estudos epidemiológicos tenham sugerido que o TID-SOE seja duas vezes mais comum do que o TA, essa categoria continua a estar subinvestigada. Hoje em dia, diferentes categorizações têm sido pro- postas, algumas baseadas no enfoque fenomenológico descritivo, outras baseadas em outras perspectivas teóricas, tais como a neuropsicologia. 2 TRANSTORNOS GLOBAIS DO DESENVOLVIMENTO E SUAS CARACTERÍS- TICAS Percorrendo os períodos da história universal, desde os mais remotos tempos, notam-se teorias e práticas sociais segregadoras, inclusive quanto ao acesso ao sa- ber. Dessa forma, poucos podiam participar dos espaços sociais nos quais se trans- mitiam e se criavam conhecimentos, incluindo as escolas. 14 Portanto, desde os tempos mais remotos, se praticava a pedagogia da exclu- são. Fonte: prolu.files.wordpress.com Na antiguidade, os indivíduos com deficiência são vistos como “doentes” e in- capazes, sempre estiveram em situação de maior desvantagem ocupando, no imagi- nário coletivo, a posição de alvos da caridade popular e da assistência social, e não de sujeitos de direitos sociais, entre os quais se inclui o direito à educação (MAZ- ZOTTA, 1996). Assim, as pessoas com deficiência não frequentavam a escola e também não conviviam com os demais membros da família e da sociedade. A atenção dispensada a essas pessoas eram somente sob o aspecto clínico, ou seja, somente para atendi- mentos médicos. Não havia, portanto, atendimento pedagógico e as mesmas eram discriminadas pela própria família, uma vez, que esta escondia-os da sociedade. No entanto, com os avanços da sociedade moderna houve uma desmistificação no que se refere aos direitos da pessoa com deficiência e aquelas que apresentam Trans- torno Global do Desenvolvimento. O movimento mundial de educação para todos, que culminou no Brasil nas po- líticas públicas de educação inclusiva, também abriu espaços no ensino regular para alunos com Transtornos Globais do Desenvolvimento.15 O Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD) são caracterizados por preju- ízos severos em diversas áreas do desenvolvimento tais como: habilidades de comu- nicação, presença de comportamentos, interesses e atividades estereotipadas e ainda habilidades de interação social recíproca. As crianças com Transtornos Globais do Desenvolvimento apresentam dificul- dades em começar e manter uma conversa. Algumas delas evitam o contato visual e não suportam o toque do outro, preferindo manter-se isoladas, mas podem estabele- cer contato por meio de comportamentos não-verbais. Os Transtornos Globais do Desenvolvimento também causam variações na atenção, na concentração e, eventualmente, na coordenação motora. As mudanças de humor sem motivo aparente e os acessos de agressividade são comuns em alguns casos. As crianças apresentam seus interesses de maneira distinta e podem focar sua atenção em uma só atividade, como por exemplo, observar determinados objetos. A Resolução nº 4 de 2 de outubro de 2009 em seu Art. 4º detalha que crianças com Transtornos Globais do Desenvolvimento são aqueles que apresentam um qua- dro de alterações no desenvolvimento neuropsicomotor, comprometimento nas rela- ções sociais, na comunicação ou estereotipias motoras. Incluem-se nessa definição alunos com autismo clássico, síndrome de Asperger, síndrome de Rett, transtorno desintegrativo da infância (psicoses) e transtornos invasivos sem outra especificação (Resolução CNE/CEB 4/2009, Seção 1, p. 17) Assim, por esta resolução, define-se transtornos globais do desenvolvimento o autismo, a síndrome de Asperger, a síndrome de Rett, o transtorno desintegrativo da infância (psicoses) e os transtornos invasivos sem outra especificação. O autismo é um distúrbio que afeta a capacidade da pessoa de estabelecer relacionamentos e responder apropriadamente aos ambientes. As pessoas autistas parecem não perceber os sentimentos dos outros, em relação a ele, demonstrando também pouca ou nenhuma afetividade. De acordo com Secretaria de Educação especial do MEC, o autismo pode ser compreendido como “um transtorno do desenvolvimento caracterizado, de maneira geral, por problemas nas áreas de comunicação e interação, bem como por padrões restritos, repetitivos e estereotipados de comportamento, interesses e atividades”. (BRASIL, 2005c, p. 15-16) 16 Segundo a Classificação dos Transtornos Mentais, da Organização Mundial de Saúde, (apud ROSA, 2003, p. 82) o autismo se constitui em transtorno global do de- senvolvimento caracterizado por a) um desenvolvimento anormal ou alterado, mani- festado antes da idade de três anos; b) apresentando uma perturbação característica do funcionamento em cada um dos três domínios seguintes; interações sociais, co- municação, comportamento focalizado e repetitivo. Além disso, o transtorno se acom- panha comumente de numerosas outras manifestações inespecíficas, por exemplo, fobias, perturbações de sono ou da alimentação, crises de birra ou agressividade (auto agressividade). Beerends (2007, p. 207) ressalta que algumas crianças, “apesar de ter a inte- gração comprometida, apresentam inteligência e fala intactas. Outras podem apre- sentar retardo mental, mutismo ou importantes retardos no desenvolvimento da lin- guagem”. Dessa forma, as crianças com autismo normalmente apresentam dificulda- des de comunicação, mostrando-se fechados, distantes, presos a comportamentos restritos e ainda rígidos padrões de comportamento com resistência a mudanças. Acredita-se que as crianças autistas levam mais de tempo para aprender as relações sociais do que as outras crianças. Normalmente a pessoa com autismo cor- responde às manifestações das relações sociais por condicionamento. As manifesta- ções de afeto são ignoradas. Um abraço, um aperto de mão, pode até ser correspon- dido, mas será de forma reflexa. De acordo com Beerends (2007, p. 207-208) o autista “não manifesta prazer ou desagrado em situações cotidianas, porém, possui comportamentos agressivos espe- cialmente quando está em ambientes estranhos ou quando algo estranho invade o seu espaço pessoal”. Suas ações explosivas e gritos são manifestações expressivas quando se sentem frustrados. 17 Fonte: www.unicead.com.br A incidência maior desse transtorno, segundo Rosa (2009, p.114) ocorre “em crianças do sexo masculino, numa proporção estatística de até quatro meninos para uma menina. Porém, os estudos mostram que, quando as meninas são acometidas de autismo, este se dá de forma muito mais severa”. O reconhecimento do transtorno autista em uma criança, de acordo com Facion e Silva (2005, p. 135), podem-se indicar quatorze sintomas cardeais que frequente- mente estão presentes neste transtorno. A criança não se mistura com outras crian- ças; age como se fosse surdo; resiste ao aprendizado; não demonstra medos de pe- rigos reais; resiste a mudanças de rotina; usa as pessoas como ferramentas; risos e movimentos não apropriados; resiste ao contato físico; acentuada hiperatividade fí- sica; não mantém contato visual; apego não apropriado a objetos; gira objetos de ma- neira bizarra e peculiar; às vezes é agressivo e destrutivo; modo e comportamento indiferente e arredio. A criança diagnosticada com transtorno autista pode ainda iniciar a linguagem, mas repentinamente isso é interrompido, sem retorno. Pode ainda cheirar ou lamber objetos, ferir-se intencionalmente ou mostrar-se insensível a ferimentos. O autismo é uma psicose, ainda sem determinantes e sem cura. Porém, existem terapias, medica- mentos e instituições que podem amenizar o problema permitindo que as pessoas que convivem com o autista, saibam lidar com ele e este por sua vez, tenha uma vida mais independente possível. 18 “Já o Transtorno de Asperger tem como características, de acordo com o DSM - IV da Associação Americana de Psiquiatria, (2002, p.107), um prejuízo severo e per- sistente na interação social [...] e o desenvolvimento de padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesse e atividade” [...]. Características semelhantes com o au- tismo. Porém, o Transtorno de Asperger difere do autismo pela ausência de atraso no desenvolvimento da linguagem. Não há atrasos clinicamente significativos na lingua- gem. Sendo assim, o Transtorno de Asperger é caracterizado por uma alteração qua- litativa das interações sociais semelhantes ao autismo, mas não é acompanhada de um retardo ou de uma deficiência de linguagem ou do desenvolvimento cognitivo. Além disso, não há atrasos significativos no desenvolvimento cognitivo ou no desen- volvimento das habilidades. A Síndrome ou Transtorno de Rett é caracterizado essencialmente, segundo a Associação Americana de Psiquiatria, (2002, p.104), pelo “desenvolvimento de múlti- plos déficits específicos, após um período de funcionamento normal durante os pri- meiros meses de vida” da criança. Há um desenvolvimento inicial aparentemente nor- mal da criança, seguido de uma perda parcial ou completa de linguagem, da marcha e do uso das mãos, associado a um retardo do desenvolvimento craniano. Ocorre também, entre os 5 e os 30 meses de idade, segundo Facion e Silva (2005, p. 135), “uma perda das habilidades voluntárias anteriormente adquiridas das mãos, com o desenvolvimento subsequente de movimentos estereotipados característicos, que se assemelham a torcer ou lavar as mãos”. Estudos mostram que o interesse pelo ambi- ente social diminui nos primeiros anos após o início do transtorno podendo ser rees- tabelecido mais tarde. Mostram ainda que aparecem problemas na coordenação da marcha ou movimentos do tronco com o enrijecimento do corpo, severo retardo psi- comotor e um severoprejuízo da linguagem expressiva ou receptiva. Esse transtorno leva quase sempre a um retardo mental grave. 19 Fonte: www.einstein.br O Transtorno Desintegrativo da Infância foi por muito tempo conhecido “como síndrome de Heller, demência infantil ou psicose desintegrativa” (FACION e SILVA, 2005p. 136). Nesse transtorno, a criança nos dois primeiros anos de vida, após o nas- cimento, apresenta um desenvolvimento aparentemente normal podendo apresentar uma comunicação verbal e não-verbal, bons relacionamentos sociais, interações em jogos e ainda comportamento adequados para a idade. Porém, antes dos dez anos de idade observa-se uma perda clinicamente significativa de habilidades anterior- mente adquiridas em pelo menos duas das seguintes áreas: “linguagem expressiva ou receptiva, habilidades sociais ou comportamento adaptativo, controle intestinal ou vesical, jogos e habilidades motoras” (idem). Observa-se também, anormalidades do funcionamento com prejuízos qualita- tivo na interação social, na comunicação e ainda padrões repetitivos, restritos e este- reotipados de comportamento, interesses e atividades incluindo estereotipias moto- ras. 20 Fonte: boavidaonline.com.br O Transtorno Invasivo do desenvolvimento é uma categoria utilizada segundo Associação Americana de Psiquiatria (2002, p.109), quando há um “prejuízo severo e invasivo do desenvolvimento da interação social recíproca ou de habilidades de co- municação verbal e não-verbal, ou quando comportamentos, interesses e atividades estereotipados estão presentes” mas que não são critérios para outro transtorno inva- sivo do desenvolvimento específico. Portanto, diante das características dos transtornos acima citados e ao consi- derar a inclusão de crianças com transtornos globais do desenvolvimento no ensino comum, é necessário que a escola reflita seu papel na construção da cidadania. O professor por sua vez deverá ser um educador capacitado, acolhedor, observador, criativo, ágil e pesquisador. Também é importante que os professores utilizem meto- dologias diversificadas, atividades adaptadas, e atendimento educacional especiali- zado pensado para cada sujeito, observando as suas peculiaridades, suas possibili- dades e suas necessidades1. 1 Extraído do link: https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/pedagogia/transtornos- globais-do-desenvolvimento-e-suas-caracteristicas/57022 21 2.1 Resumindo A Síndrome de Asperger é um Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD), resultante de uma desordem genética, e que apresenta muitas seme- lhanças com relação ao autismo. Fonte: seuguiadesaude.com.br Ao contrário do que ocorre no autismo, contudo, crianças com Asperger não apresentam grandes atrasos no desenvolvimento da fala e nem sofrem com comprometimento cognitivo grave. Esses alunos costumam escolher te- mas de interesse, que podem ser únicos por longos períodos de tempo - quando gostam do tema "dinossauros", por exemplo, falam repetidamente nesse assunto. Habilidades incomuns, como memorização de sequências ma- temáticas ou de mapas, são bastante presentes em pessoas com essa sín- drome. Na infância, essas crianças apresentam déficits no desenvolvimento motor e podem ter dificuldades para segurar o lápis para escrever. Estruturam seu pensamento de forma bastante concreta e não conseguem interpretar me- táforas e ironias - o que interfere no processo de comunicação. Além disso, não sabem como usar os movimentos corporais e os gestos na comunicação 22 não-verbal e se apegam a rituais, tendo dificuldades para realizar atividades que fogem à rotina. Como lidar com a Síndrome de Asperger na escola? As recomendações são semelhantes às do autismo. Respeite o tempo de aprendizagem do aluno e estimule a comunicação com os colegas. Con- verse com ele de maneira clara e objetiva e apresente as atividades visual- mente, para evitar ruídos na compreensão do que deve ser feito. Também é aconselhável explorar os temas de interesse do aluno para abordar novos assuntos, ligados às expectativas de aprendizagem. Se ele tem uma coleção de carrinhos, por exemplo, utilize-a para introduzir o sistema de numeração. Ações que escapam à rotina devem ser comunicadas antecipada- mente2. A Síndrome de Rett é uma doença neurológica provocada por uma mutação genética que atinge, na maioria dos casos, crianças do sexo feminino. Caracteriza-se pela perda progressiva de funções neurológicas e motoras após meses de desenvolvimento aparentemente normal - em geral, até os 18 meses de vida. Após esse período, as habilidades de fala, capacidade de an- dar e o controle do uso das mãos começam a regredir, sendo substituídos por movimentos estereotipados, involuntários ou repetitivos. Palavras aprendidas também são esquecidas, levando a uma crescente interrupção do contato so- cial. A comunicação para essas meninas gradativamente se dá apenas pelo olhar. 2 Extraído do link: https://novaescola.org.br/conteudo/279/o-que-e-a-sindrome-de-asperger 23 Fonte: www.sindrome-de.org É comum que a criança com Síndrome de Rett fique "molinha" e apre- sente desaceleração do crescimento. Distúrbios respiratórios e do sono tam- bém são comuns, especialmente entre os 2 e os 4 anos de idade. A partir dos 10 anos, o aparecimento de escolioses e de rigidez muscular fazem com que muitas crianças percam totalmente a mobilidade. Isso, associado a quadros mais ou menos graves de deficiência intelectual. A Síndrome de Rett é um Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD) e uma das principais causas de deficiência múltipla em meninas. Fonte: banco-finantia.com 24 Como lidar com essas crianças na escola? É preciso criar estratégias para que as meninas com Síndrome de Rett possam aprender. O principal é estabelecer sistemas de comunicação que aju- dem a criança - como placas com desenhos e palavras, para que ela possa indicar o que deseja. A escola deve ser um espaço acessível, já que muitas crianças com essa síndrome necessitam de equipamentos para caminhar. Respeite o tempo de aprendizagem de cada criança e conte com a ajuda do Atendimento Educacional Especializado (AEE). Faça ajustes nas ati- vidades sempre que necessário e procure apresentar os conteúdos de ma- neira bem visual, para facilitar a compreensão3. O autismo, também chamado de Transtorno do Espectro Autista, é um Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD) que tem influência genética e é causado por defeitos em partes do cérebro, como o cerebelo, por exemplo. Fonte: escolaaprendiz.com Caracteriza-se por dificuldades significativas na comunicação e na inte- ração social, além de alterações de comportamento, expressas principalmente 3 Extraído do link: https://novaescola.org.br/conteudo/1913/o-que-e-a-sindrome-de-rett 25 na repetição de movimentos, como balançar o corpo, rodar uma caneta, ape- gar-se a objetos ou enfileirá-los de maneira estereotipada. Todas essas alte- rações costumam aparecer antes mesmo dos 3 anos de idade, em sua maio- ria, em crianças do sexo masculino. Para o autista, o relacionamento com outras pessoas costuma não des- pertar interesse. O contato visual com o outro é ausente ou pouco frequente e a fala, usada com dificuldade. Algumas frases podem ser constantemente re- petidas e a comunicação acaba se dando, principalmente, por gestos. Por isso, evita-se o contato físico no relacionamento com o autista - já que o mundo, para ele, parece ameaçador. Insistirneste tipo de contato ou promover mu- danças bruscas na rotina dessas crianças pode desencadear crises de agres- sividade. Para minimizar essa dificuldade de convívio social, vale criar situações de interação. Respeite o limite da criança autista, seja claro nos enunciados, amplie o tempo para que ele realize as atividades propostas e sempre comu- nique mudanças na rotina antecipadamente. A paciência para lidar com essas crianças é fundamental, já que pelo menos 50% dos autistas apresentam graus variáveis de deficiência intelectual. Alguns, ao contrário, apresentam alto desempenho e desenvolvem habilidades específicas - como ter muita facili- dade para memorizar números ou deter um conhecimento muito específico sobre informática, por exemplo. Descobrir e explorar as 'eficiências' do autista é um bom caminho para o seu desenvolvimento. 26 3 NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS Fonte: 3.bp.blogspot.com Os Parâmetros Curriculares Nacionais preconizam a atenção à diversidade da comunidade escolar e baseiam-se no pressuposto de que a realização de adaptações curriculares pode atender a necessidades particulares de aprendizagem dos alunos. Consideram que a atenção à diversidade deve se concretizar em medidas que levam em conta não só as capacidades intelectuais e os conhecimentos dos alunos, mas, também, seus interesses e motivações. A atenção à diversidade está focalizada no direito de acesso à escola e visa à melhoria da qualidade de ensino e aprendizagem para todos, irrestritamente, bem como as perspectivas de desenvolvimento e socialização. A escola, nessa perspec- tiva, busca consolidar o respeito às diferenças, conquanto não elogie a desigualdade. As diferenças vistas não como obstáculos para o cumprimento da ação educativa, mas, podendo e devendo ser fatores de enriquecimento. A diversidade existente na comunidade escolar contempla uma ampla dimen- são de características. Necessidades educacionais podem ser identificadas em diver- sas situações representativas de dificuldades de aprendizagem, como decorrência de condições individuais, econômicas ou socioculturais dos alunos: 27  crianças com condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais e sensoriais diferenciadas;  crianças com deficiência e bem-dotadas;  crianças trabalhadoras ou que vivem nas ruas;  crianças de populações distantes ou nômades;  crianças de minorias linguísticas, étnicas ou culturais;  crianças de grupos desfavorecidos ou marginalizados. A expressão necessidades educacionais especiais podem ser utilizadas para referir-se a crianças e jovens cujas necessidades decorrem de sua elevada capaci- dade ou de suas dificuldades para aprender. Está associada, portanto, a dificuldades de aprendizagem, não necessariamente vinculada a deficiência (s). Fonte: educacaoespecialcriciuma.blogspot.com.br O termo surgiu para evitar os efeitos negativos de expressões utilizadas no contexto educacional – deficientes, excepcionais, subnormais, superdotados, infrado- tados, incapacitados etc. – para referir-se aos alunos com altas habilidades/superdo- tação, aos portadores de deficiências cognitivas, físicas, psíquicas e sensoriais. Tem o propósito de deslocar o foco do aluno e direcioná-lo para as respostas educacionais que eles requerem, evitando enfatizar os seus atributos ou condições pessoais que podem interferir na sua aprendizagem e escolarização. É uma forma de reconhecer que muitos alunos, sejam ou não portadores de deficiências ou de superdotação, apresentam necessidades educacionais que pas- sam a ser especiais quando exigem respostas específicas adequadas. 28 Fonte: defranca.educacao.sp.gov.br O que se pretende resgatar com essa expressão é o seu caráter de funcionali- dade, ou seja, o que qualquer aluno pode requerer do sistema educativo quando fre- quenta a escola. Isso requer uma análise que busque verificar o que ocorre quando se transforma as necessidades especiais de uma criança numa criança com necessi- dades especiais. Com frequência, necessitar de atenção especial na escola pode re- percutir no risco de tornar-se um portador de necessidades especiais. Não se trata de mero jogo de palavras ou de conceitos. Falar em necessidades educacionais especiais, portanto, deixa de ser pensar nas dificuldades específicas dos alunos e passa a significar o que a escola pode fazer para dar respostas às suas necessidades, de um modo geral, bem como aos que apresentam necessidades específicas muito diferentes dos demais. Considera os alu- nos, de um modo geral, como passíveis de necessitar, mesmo que temporariamente, de atenção específica e poder requerer um tratamento diversificado dentro do mesmo currículo. Não se nega o risco da discriminação, do preconceito e dos efeitos adversos que podem decorrer dessa atenção especial. Em situação extrema, a diferença pode conduzir à exclusão. Por culpa da diversidade ou de nossa dificuldade em lidar com ela? 29 Fonte: www.pinterest.com Nesse contexto, a ajuda pedagógica e os serviços educacionais, mesmo os especializados – quando necessários – não devem restringir ou prejudicar os traba- lhos que os alunos com necessidades especiais compartilham na sala de aula com os demais colegas. Respeitar a atenção à diversidade e manter a ação pedagógica “nor- mal” parece ser um desafio presente na integração dos alunos com maiores ou menos acentuadas dificuldades para aprender. Embora as necessidades especiais na escola sejam amplas e diversificadas, a atual Política Nacional de Educação Especial aponta para uma definição de priorida- des no que se refere ao atendimento especializado a ser oferecido na escola para quem dele necessitar. Nessa perspectiva, define como aluno portador de necessida- des especiais aquele que “... por apresentar necessidades próprias e diferentes dos demais alunos no domínio das aprendizagens curriculares correspondentes à sua idade, requer recursos pedagógicos e metodologias educacionais específicas.” A clas- sificação desses alunos, para efeito de prioridade no atendimento educacional espe- cializado (preferencialmente na rede regular de ensino), consta da referida Política e dá ênfase a:  portadores de deficiência mental, visual, auditiva, física e múltipla;  portadores de condutas típicas (problemas de conduta);  portadores de Superdotação. 30 BIBLIOGRAFIA ALENCAR & VIRGOLIM, A.M.R. Dificuldades emocionais e sociais do superdo- tado. In: F.P.N. Sobrinho & A.C.B. Cunha (Org.) Dos problemas disciplinares aos dis- túrbios de conduta (pp. 89-114). Rio de Janeiro: Dunya, 1999. ALENCAR, E.M.L.S. & FLEITH, D.S. Superdotação: determinantes, educação e ajustamento. São Paulo: EPU, 2001. BRASIL. 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A Associação Psiquiátrica Americana – APA na 4ª edição do Manual Diag- nóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM IV-TR caracteriza os Transtornos Globais do De- senvolvimento pela gravidade como afetam o processo evolutivo da criança nos aspectos da comuni- cação, interação social e manifestações comportamentais, desde os primeiros anos de vida. Apesar das dificuldades implicadas no espectro autista, verifica-se a eficácia de práticas bem sucedidas nas áreas educacionais e clínicas, cujos resultados são mais promissores na medida em que se iniciam mais precocemente. Essa realidade põe em evidência a importância da realização do diagnóstico o mais cedo possível. Neste artigo são apresentadas idéias e experiências educacionais objetivando contribuir para a discussão e a prática educacional, tendo como foco o reconhecimento do impacto positivo da educação no desenvolvimento da pessoa com autismo e na sua promoção humana.Com vistas a atingir aos objetivos propostos adotou-se por metodologia uma pesquisa de cunho bibliográfico embasado em livros e artigos que se fazem pertinentes à temática pesquisada. Palavras – chave: Autismo. Transtornos globais do desenvolvimento. Ambiente es- colar INTRODUÇÃO Muitos autistas são pensadores visuais. Eu penso através de imagens. Não penso através de linguagem. Todos os meus pensamentos são como vide- 4 Mestre- hottislyra@gmail.com- (32) 9926-1717- UEMG- Unidade de Carangola. Psicanalista Psicope- dagoga Clinica e Hospitalar- Professora UEMG- Unidade de Carangola- Coordenadora de Extensão. Consultório Psicopedagógico Officina do Saber- Carangola- MG - hottislyra@gmail.com 5 Pós graduando em Educação Especial com ênfase em autismo – CENSUPEG – Unidade Carangola – hevillasouper@gmail.com 33 otapes passando em minha imaginação. Figuras são a minha primeira lingua- gem e palavras são a segunda linguagem. Substantivos foram as palavras mais fáceis de aprender, pois eu podia relacionar uma figura às palavras e minha mente. TEMPLE GRANDIN (2000). Autista, doutora em Biologia. A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclu- siva (BRASIL, 2008) e a legislação educacional vigente no País garantem à pessoa com autismo o direito à educação e à inclusão escolar, representado neste artigo so- bre os Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD). Esse avanço representa transformações sociais importantes, conquistadas, em grande parte, pelo esforço das famílias e dos movimentos sociais. A Associação Psiquiátrica Americana – APA na 4ª edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM IV-TR (APA, 2003) caracteriza os Transtornos Globais do Desenvolvimento pela gravidade como afetam o processo evolutivo da criança nos aspectos da comunicação, interação social e manifestações comportamentais, desde os primeiros anos de vida. No meio profissional é reconhecido que muitas alterações do desenvolvimento infantil podem ser mais bem caracterizadas integrando o conjunto de perturbações designadas como espectro autista (OZONOFF; ROGERS; HENDREN, 2003). Isso significa que algumas pessoas manifestam sintomas de quadros clínicos muito aproximados ao autismo, po- dendo inserir-se em uma categoria mais ampla de condições autísticas, em um contí- nuo que se estende de moderado a severo (ARAÚJO, 2000; FRITH, 2008). Apesar das dificuldades implicadas no espectro autista, verifica-se a eficácia de práticas bem sucedidas nas áreas educacionais e clínicas, cujos resultados são mais promissores na medida em que se iniciam mais precocemente. Essa realidade põe em evidência a importância da realização do diagnóstico o mais cedo possível (ARA- ÚJO, 2000; FRITH, 2008; OZONOFF; ROGERS; HENDREN, 2003). Nesse sentido, a educação representa uma experiência pessoal, social e polí- tica ampla e abrangente, tendo em vista suas finalidades e implicações para a quali- dade de vida e a cidadania. Em se tratando de autismo, as oportunidades educacio- nais desempenham papel essencial para o desenvolvimento e a inclusão social em diferentes contextos, contribuindo para o reconhecimento da pessoa como sujeito no seu ambiente sociocultural. Para um crescente número de educandos com autismo, a escola comum repre- senta espaço favorável à educação, assegurados programas, serviços e apoios ade- quados às suas capacidades e necessidades especiais e mediante a atuação de pro- 34 fissionais qualificados e receptivos (FRITH, 2008; STUART; BECKWITH; CUTHBERT- SON; DAVISON; GRIGOR; HOWEY; WRITH, 2004). A discussão sobre o local mais adequado para a escolarização da criança com autismo aguarda consenso e tem le-vado em consideração a amplitude e a diversificação de condições que caracterizam os educandos identificados no espectro. Sinaliza para a impossibilidade de determinar procedimentos e propostas educacionais gerais e padronizadas que contemplem a todos. Sobre o assunto, a prioridade apontada pelos familiares é o acesso à educação mais apropriada para as crianças (STUART et al., 2004). Neste artigo são apresentadas idéias e experiências educacionais objetivando contribuir para a discussão e a prática educacional, tendo como foco o reconhecimento do impacto positivo da educação no desenvolvimento da pessoa com autismo e na sua promoção humana. E enfatiza, ainda, a expectativa, tão bem expressa por Araújo (2000, p. 91), de que “O papel adequado da cultura seria o de ajudar estas pessoas a descobrir que são diferentes, mas que são viáveis, que possuem a viabilidade de ser”. Com vistas a atingir aos objetivos propostos adotou-se por metodologia uma pesquisa de cunho bibliográfico embasado em livros e artigos que se fazem pertinen- tes à temática pesquisada. DESENVOLVIMENTO O que é o autismo? A história infantil O mundo de Carlos, de José Luiz Mazzaro (MACHADO; MA- ZARRO, 2008) apresenta ao leitor o pequeno Carlos. Desvela suas características fazendo-as surgir, uma a uma, com graça e leveza, ao sabor do mundo da fantasia. No entanto, a história tem cunho de realidade, remetendo a uma condição clí- nica marcada pela severidade e cercada de dúvidas e indagações: o espectro autista. Vejamos a história: A casa pode cair, o circo pegar fogo, o mundo virar de cabeça para baixo... Carlos não está nem aí... Ele fica o tempo todo mexendo as mãos em volta de um brinquedo que só ele pode ver. Acho que Carlos não vê, não ouve e não compreende o mundo de cá. E no seu mundo, que parece tão diferente do nosso, ele não deixa ninguém entrar. Já tentei bater à porta de seu mundo, mas de nada adiantou. Ele nunca quis atender... Ele não diz, mas acho que aquele mundo é só seu e ninguém pode entrar... Às vezes fico pensando, pensando... Será que no mundo de Carlos existem brinquedos iguais aos meus? Será que eu, você e todos nós já não estamos morando lá e por isso ele não nos deixa entrar? Não, não dá para saber. Mas, um dia, eu ainda vou tirar todos os cadeados do mundo de Carlos, e aí vamos brincar de verdade, sem nos importarmos em que mundo estamos. Nesse dia, as fechaduras da 35 mente não terão mais segredos e todos seremos muito felizes. Enquanto isso não acontece faço uma promessa: seu mundo eu vou respeitar. (MACHADO; MAZARRO, 2008, p. 211). Comportamentos descritos na história de Carlos foram identificados, na década de 1940, em 11 crianças (8 meninos e 3 meninas) por Léo Kanner, psiquiatra austríaco radicado nos Estados Unidos. Os comportamentos dos pacientes foram assim descri- tos: [...] o denominador comum desses pacientes é sua impossibilidade de esta- belecer, desde o começo da vida, interações esperadas com pessoas e situ- ações [...] apreciam ser deixados sozinhos, agindo como se as pessoas em volta não estivessem ali [...] quase todas as mães relatam a perplexidade causada pelo fato dos filhos, diferentemente dos demais, não desejarem ser tomados em seus braços (KANNER, 1966, p. 720) Kanner foi o primeiro a descrever esse quadro clínico, dando-lhe o nome de Autismo Infantil Precoce. A ele se deve a primeira publicação clínica reconhecida so- bre o assunto, datada de 1943 no artigo Distúrbio Autístico do Contato Afetivo. Um ano depois, outro médico austríaco, A Psicopatia Autista na Infância, na qual caracterizou pacientes com semelhante sintomatologia, notificando dificuldades severas e características na integração social (ASPERGER, 1996). Os dois autores identificaram uma base comum aos pacientes: tendência ao isolamento. Desde então, o autismo tem sido um tema desafiador para a ciência. Sua cau- salidade não está plenamente conhecida, conquanto seja reconhecida, por muitos es- tudiosos, a presença de uma condição genética, provavelmente envolvendo diferentes genes. Considera-se, ainda, que eventos precoces e fatores ambientais possam inte- ragir de modo significativo na susceptibilidade genética da criança, além de evidências indicadoras de suas bases biológicas (BRITISH COLUMBIA MINISTRY OF EDUCA- TION, 2000). A expressão Transtornos Globais do Desenvolvimento consta no manual DSMIV-TR editado pela Associação Psiquiátrica Americana-APA (2003) em referência ao autismo, classificando um agrupamento de quadros clínicos precoces, invasivos, persistentes e comprometedores do desenvolvimento da criança. Os TGD estão orga- nizados em cinco classificações diagnósticas específicas denominadas: Transtorno Autístico; Transtorno de Asperger; Transtorno de Rett; Transtorno Desintegrativo da Segunda Infância e Transtorno Global do Desenvolvimento Sem Outra Especificação (APA, 2003, p. 65). Os transtornos caracterizam-se por “prejuízo severo e invasivo em 36 diversas áreas do desenvolvimento: habilidades de interação social recíproca, habili- dades de comunicação ou presença de comportamento, interesses e atividades este- reotipadas”. Essas categorizações e descrições clínicas, familiares aos profissionais da sa- úde, foram recentemente introduzidas na comunidade educacional, integrando o con- junto das necessidades educacionais especiais, conforme a recente Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva do MEC/Secretaria de Educação Especial (2008). Embora cada pessoa com transtorno do espectro autista seja única e sua con- dição varie em gravidade e tipos de manifestações, há um conjunto de características descritas em três grupos que estão na base de seu diagnóstico: • Alteração na comunicação verbal e não-verbal: algumas pessoas não falam, enquanto outras apresentam déficits de linguagem ou no uso social da linguagem, manifestando inabilidade comunicativa. • Dificuldade na interação social: a pessoa apresenta dificuldades para es- tabelecer relações empáticas, reconhecer o outro social e suas perspecti- vas. • Também para reconhecer seus próprios sentimentos, desejos e conhe- cimentos. Dificuldade para compartilhar emoções e situações sociais. Apa- rente desinteresse pelo outro. Nesse sentido, a quantidade e a qualidade da interação social ocorrem em um continuum. Por exemplo, a criança pode brincar perto de outro colega, mas não com ele ou afastar-se inteiramente do contato; pode não iniciar o contato, mas aceitar a aproximação do outro; ou pode, ainda, aceitar o contato do outro para satisfazer suas próprias ne- cessidades. • Comportamento atípico, inusual: a pessoa demonstra interesse restri- tivo, aderência a rotina, estereotipias motoras e verbais, maneirismos, apego a partes dos objetos, resistência a mudança, reação a estímulos sen- soriais. Ao final da década de 1970, esses sintomas haviam sido organizados e descri- tos como uma tríade de características conhecida como Tríade de Lorna Wing, em alusão à sua organizadora, definida pelas seguintes manifestações: alterações da co- municação, da imaginação e da interação social: 37 Os transtornos da interação social podem, convenientemente, ser divididos em três facetas separadas, mas intimamente relacionadas, cada uma delas com diferen- tes manifestações explícitas que dependem da gravidade da disfunção. São conheci- das por tríade de transtorno da interação social ou, simplesmente, a tríade.” (WING, 1992, p. 90). As alterações descritas vieram a definir elementos essenciais para o diagnós- tico dos transtornos no contínuo do autismo, apesar de outras funções psicológicas poderemestar implicadas. A hipótese de que o autismo não era um quadro único, mas fazia parte de um contínuo foi justificada por várias evidências: diversificação sintoma- tológica; variação na gravidade; comorbidade e diversidade de manifestações com- portamentais. Complexidade do diagnóstico O diagnóstico das perturbações do espectro do autismo permanece um desafio para os profissionais da saúde. O refinamento progressivo dos instrumentos diagnós- ticos, o preparo técnico-científico dos profissionais que lidam com o processo e o de- senvolvimento de estratégias que favorecem o acesso às pessoas com autismo expli- cam o aumento verificado na taxa de prevalência do transtorno na população mundial (ROSSI; CARVALHO; ALMEIDA, 2008). Nos Estados Unidos observou-se 244% de aumento de casos entre os anos de 1993 a 1998 (LEVY; KIM; OLIVE, 2006). Apesar dos avanços, o diagnóstico ainda é dificultado pela significativa hetero- geneidade de comportamento e atitudes observados entre pessoas com autismo. Nem todas se comunicam mediante verbalização. Algumas aceitam o toque, enquanto ou- tras o rejeitam. Alguns comportamentos estereotipados típicos podem estar presentes ou ausentes: andar sobre a ponta dos pés, agitar as mãos, evitar contato visual, etc. O conjunto de manifestações autísticas variam de pessoa a pessoa e em relação à mesma pessoa. Alteram-se durante o ciclo vital. Essas transformações ocorrem nas esferas interativa, cognitiva, linguística, comunicativa, comportamental e outras. Embora os sinais indicadores do espectro do autismo possam se manifestar de maneira mais evidente por volta dos dezoito meses, raramente o diagnóstico é con- clusivo até os dois anos de idade. Mello (2001) considerou a idade de dois anos e meio como o ponto de corte para uma identificação mais segura e esclarecedora para iniciar as medidas de intervenção. 38 Já consideramos que o diagnóstico e a intervenção precoce podem auxiliar o desenvolvimento de maneira significativa. Nesse sentido, o contexto familiar e a es- cola constituem espaços importantes de identificação, nos quais a observação por parte dos familiares e docentes assume um papel relevante. Escola e processo de ensino-aprendizagem Jannuzzi (2004) considerou que prática educativa voltada para a pessoa com deficiência no Brasil é influenciada pelo modo de pensar e de agir em relação ao dife- rente. Depende da organização social mais ampla, levando em conta a base material e ideológica do processo educativo. A forma de apreensão da diferença, segundo a autora, repercute na construção da identidade do aluno, sendo importante considerar o que é próprio da escolarização e o que é peculiar à pessoa, de modo a identificar os condicionantes materiais e culturais implicados na sua educação. Estudos e pesquisas revelam dificuldades na escolarização do aluno com trans- torno mental, particularmente em classes comuns (TEZZARI; BAPTISTA, 2002). Ape- sar dos obstáculos, é importante que o(a) estudante ocupe o lugar que lhe é devido no contexto escolar. As peculiaridades desenvolvimentais do aluno manifestam-se na medida de sua inserção no contexto social, dando visibilidade às capacidades, blo- queios interpessoais e modos de relação com o ambiente. É importante ressaltar que essas instâncias participam do desenvolvimento das funções psicológicas. As condições de comunicação não-verbal, limitadas, são indicadoras de risco quanto ao desenvolvimento intelectual, linguístico e da interação social. Essa reali- dade evidencia a importância da qualificação docente e a necessidade de recursos de apoio, em diferentes áreas, de modo a favorecer a inclusão escolar. Compete à escola adaptar-se para atender às capacidades e necessidades do(a) estudante na classe comum, mobilizando ações e práticas diversificadas que, além do acesso, propicie condições de permanência exitosa no contexto escolar. Questões fundamentais colocam-se frente à complexidade dos transtornos do espec- tro autista, dentre elas: como a escola, em sua concepção atual, promoverá a inclusão tendo em vista seus mecanismos de exclusão? Como desenhar e desenvolver o cur- rículo de forma mais efetiva? Que espaços escolares são mais adequados e promis- sores? Essas e outras questões estão a requerer aprofundamento técnico e investi- gações científicas. 39 Intervenções psicoeducacionais A intervenção educacional tem apresentado impactos positivos na aprendiza- gem, no desenvolvimento e na participação da pessoa com autismo. No entanto, há controvérsias quanto aos modelos, às técnicas e às alternativas mais apropriadas ao processo educativo. Bosa (2000) defendeu o uso de variadas abordagens interventi- vas e a consideração pelo ciclo vital. Levou em conta as transformações por que pas- sam a pessoa e sua família e os avanços a ser incorporados às práticas sociais. Rossi, Carvalho e Almeida (2007) consideraram o pluralismo metodológico em uso nas escolas, sem a devida reflexão e consistência, indicando a emergência de qualificação e dos conhecimentos sobre as demandas do educando com autismo. Segundo as autoras: Em meio às queixas de parca capacitação dos professores e de veículos de informação técnica sobre o autismo, as intervenções educativas que ocorrem nas escolas destinadas a atender a essa clientela revelam-se de forma acrí- tica e sem teorização, o que determina ser essas práticas examinadas, teori- zadas e que o processo e o fruto do trabalho investigativo resultem em pro- duções científicas organizadas e socializadas e na formação de novos pes- quisadores na área. (p. 615). Essas considerações levam a refletir sobre a forma como o espectro do autismo desafia a comunidade escolar. O desafio criar espaços favoráveis à aprendizagem, ao desenvolvimento e à existência da pessoa em condição de deficiência como sujeito reconhecido no tecido social. O desafio de superar padrões socialmente determinados prejudiciais à pessoa e aos grupos excluídos. O desafio de impor a dignidade humana. Os aspectos educacionais considerados evidenciam a importância da media- ção educacional que favoreça o maior aproveitamento dos espaços escolares, bem como ações efetivas de aprendizagem que promovam o desenvolvimento do aluno. Essas medidas tornam-se relevantes quando se considera as taxas relatadas por Gill- berg (2005) em relação à prevalência do espectro autista na década, da ordem de 0,2% da população geral. Esse índice era menos verificado há 30 anos. O autor chama a atenção para comorbidades, associando o autismo à ocorrên- cia de deficiência visual, auditiva, motora e aos distúrbios psiquiátricos, Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade, problemas de coordenação e percepção. Gillberg (2005) afirmou a necessidade de estabelecer um ambiente favorável à pessoa com autismo, de modo a melhorar suas possibilidades psicoeducativas. Com essa finalidade propôs algumas recomendações aos educadores: 40 • Aplicar diversidade de abordagens e intervenções. • Ampliar informações acerca do autismo. • Promover ao aluno assistência individualizada. • Realizar o tratamento dos problemas orgânicos associados. • Promover atendimento sistemático, amplo, contínuo e pervasivo. • Propiciar atividade física. Além de outros benéficos, tem efeito compro- vado para reduzir hiperatividade e autoagressão. • Oferecer dicas visuais e concretas na comunicação com o aluno, mini- mizando • ambiguidades e interpretações simbólicas. • Associar a comunicação verbal a outras linguagens: comunicação por figuras e língua/linguagem de sinais. • Reduzir estímulos sensoriais: barulho, sons,cheiros, etc. • Criar e compartilhar espaços de aceitação e inclusão social. • •Propiciar intervenção educativa e psicológica (Análise Aplicada do Comportamento, Terapia Cognitivo-Comportamental e Psicopedagogia, dentre • outros modelos de atendimento, tem revelado bons resultados). • Aceitar o aluno, sem querer “normalizá-lo”. • Estabelecer parceria com a família e constituir uma rede social de apoio. Os resultados das intervenções são variados e positivos, embora os sinto- mas básicos tendam a permanecer nos casos clássicos dos transtornos no espectro autista. No Transtorno de Asperger, acompanhamento longitudinal revela bons resultados e qualidade de vida em 2/3 das pessoas que rece- beram intervenção. Convém lembrar que as crianças com autismo têm dificuldade em transformar seus impulsos em ações apropriadas, bem como de criar métodos e ordenar o que fazem. Desse modo, beneficiam-se de uma educação estruturada (GAMMELTOFT; NORDENHOF, 2007). Resultados positivos com a utilização do modelo comportamen- tal foram relatados por Windholz e Piccinato (2004), pautados no vínculo afetivo com o aluno e no desenvolvimento de habilidades sociais e de vida diária. Aplicaram ativi- dades lúdicas, recreativas e festivas na escola, alternando programas individuais e grupais. A efetividade dos programas estava associada à sua aplicação organizada e controlada. 41 Nesse sentido, Dyrbjerg e Vedel (2007) consideraram o arranjo da estrutura física um aspecto importante a considerar na intervenção com crianças com autismo, enfatizando que um ambiente estruturado facilita para a criança compreender o seu entorno. Defenderam uma estrutura física simples, com mensagens claras sobre o que fazer, como e onde, tanto na família como nos demais contextos. Programas psicopedagógicos e educativos baseados no desenvolvimento de habilidades levam a efetivos resultados, incluindo as seguintes categorias de estraté- gias de intervenção, dentre outras: • Habilidades básicas: fixar atenção, seguir comandos verbais simples, imitação, identificação de objetos, etc. • Habilidades comunicativas: responder a perguntas, conversar, utilizar comunicação alternativa, como linguagem de sinais, PECS, etc. • Habilidades sociais e emocionais: reconhecer emoções nos outros e em si, expressar adequadamente emoções e afetividade, regular o próprio com- portamento em relação ao comportamento do outro e do grupo, etc. • Habilidades lúdicas: brincadeiras individuais, em pares, em grupo etc. • Habilidades acadêmicas: discriminar cores, formas, tamanhos, letras, ler, escrever, etc. • Habilidades artísticas e psicomotrizes: colorir, cortar, colar, desenhar, ra- biscar, etc. • Habilidades de vida diária: lavar as mãos, treino de toalete, escovar os dentes, trocar a roupa, tomar banho, usar talheres, segurança, etc. Lampreia (2004) apontou a importância de realizar a intervenção precoce da criança com transtorno do espectro autista enfatizando principalmente as habilidades características do transtorno. Recomendou “estabelecer caminhos de desenvolvi- mento dos precursores da linguagem que não foi possível percorrer” (LAMPREIA, 2004, p. 292). A comunicação não-verbal deve ser incentivada, assim como as habili- dades de imitação, associadas ao processamento sensorial, em contextos de partici- pação entre pares e envolvendo a família. Recomenda atividades que propiciem o aumento da atenção da criança ao outro, com a mediação do adulto. Adotar estraté- gias que envolvam, de maneira orientada e sistemática, processos de interação pla- nejada com enfoque relacional e afetivo. Os jogos com pares são considerados importantes recursos de intervenção pre- coce, de modo a promover o desenvolvimento de habilidades sociais (GAMMELTOFT; 42 NORDENHOF, 2007; LAMPREIA, 2004). As propriedades do jogo como elemento de constituição espontânea da criança, do seu desenvolvimento e de sua autoexpressão não se aplica naturalmente a todas as crianças, a exemplo das identificadas no es- pectro do autismo. A mediação dos pais e profissionais é estimulada, como meio de tornar o jogo mais acessível e concreto, sendo organizado de modo a permitir à criança com au- tismo ganhar experiências sociais. Gammeltoft e Nordenhof (2007) propuseram vários jogos planejados e desenvolvidos em ambientes organizados utilizando materiais con- cretos e pistas visuais. Nos seus estudos, os jogos permitiram a observação das inici- ativas dentre as crianças e facilitaram as relações entre elas. O fato de compartilharem a compreensão do que estavam realizando juntas, favorecia o foco da atenção. Moore (2005) considerou que a criança com transtorno do espectro autista co- meça a adquirir linguagem em função de suas necessidades, sem preocupar-se com o aspecto comunicativo. Enfatizou que o treino e as instruções favorecem o uso apro- priado da linguagem, no que se refere, por exemplo, à criança com Síndrome de As- perger. Considerou, em especial, a importância de ensinar a essas crianças como seguir regras específicas para efeito de comunicação, mediante o apoio da família e dos profissionais, atuando em parceria. Enfatizou, ainda, a importância da mediação docente ou dos pares para funcionar como intérpretes, de modo a compensar a falta de habilidades sociais da criança e apoiar o seu aprendizado para as interações. Por fim, a autora alertou para a importância do plano educacional, bem desenhado e de- senvolvido com efetividade. A parceria dos pais tem sido enfatizada por muitos estudiosos, seja na constru- ção de um ambiente estruturado e de aceitação entre os membros do núcleo familiar, seja como parceiros nas intervenções (DYRBJERG; VEDEL, 2007; LAMPREIA, 2004; MOORE, 2005; OZONOFF; ROGERS; HENDREN, 2003). Apesar de muitos fatores estressores na vida das famílias com membros autistas, as estratégias de enfrenta- mento e empoderamento são o foco de intervenções atualmente recomendadas. Pro- gramas e ações que levam em conta as habilidades para o enfrentamento do estresse estão em consonância com modelos baseados nas competências da família, utili- zando estratégias que valorizam e mobilizam emoções e habilidades positivas e pro- movem resiliência (ARAÚJO, 2004; DESSEN; SILVA, 2004; WILLIAMS; AIELLO, 2004). 43 Programas de intervenção educacional amplos têm sido relatados, abordando múltiplas áreas de desenvolvimento como linguagem, cognição, comportamento so- cial, capacidades motoras e de autocuidado, realizando-se com longa duração e fre- quência diária. Os modos de desenvolvimento desses programas, aplicados desde a pré-escola tem sido positivos. No entanto, estudos comparativos entre as diferentes abordagens são escassos e pouco socializados (OZONOFF; ROGERS; HENDREN, 2003). Dyrbjerg e Vedel (2007) ofereceram exemplos de estratégias de apoio à apren- dizagem de crianças com transtorno de espectro do autismo que damos como exem- plos neste texto, devido aos bons resultados relatados pelas autoras: (a) Sugestão de recurso visual com a utilização de histórias (histórias soci- ais), a ser contadas e lidas (para a) às crianças ou lidas por elas próprias; (b) As autoras sugerem estratégias que podem ser criadas para fornecer à criança ilustrações instantâneas de apoio à comunicação. (c) Fichas temáticas com variedade de situações, tais como: emoções (figu- ras de vários rostos, demonstrando alegria, tristeza, medo, etc.); objetos de co- zinha, vestuário para diferentes estações e eventos, dentre outros, podem ser utilizadas para o desenvolvimento de habilidades conceituais e práticas. (d) Gravuras ou fichas indicativas cominformações concretas para ser mos- tradas à criança para sugerir atividades: dormir, passear, escovar os dentes, usar o computador, etc. são eficientes para orientar rotinas de vida diária. (e) Outro exemplo fornecido pelas autoras representa ações em sequência, podendo ser lidas e demonstradas para a criança ou lidas por elas mesmas (DYRBJERG; VEDEL, 2007, p. 108). Essas estratégias oferecem à criança sen- timentos de segurança, oportunidade de compreensão do seu entorno e elemen- tos orientadores para a sua socialização. Algumas estratégias propostas por Stuart et al. (2004) são indicadas para uso em sala de aula, objetivando a interação social entre pares e apoiando as crianças com transtorno do espectro do autismo a fazer amigos, com mediação docente: • Ensinar à criança o nome dos colegas. • Encorajá-la a participar de jogos e brincadeiras. • Ensinar pistas não-verbais. 44 • Usar histórias sociais para ensinar uma estratégia específica: reduzir a incidên- cia de um comportamento inadequado ou fortalecer um comportamento parti- cular que favorece as relações sociais. • Permitir à criança afastar-se, quando desejar. • Encorajar a criança a ficar com um brinquedo ou jogo, para atrair a aproximação dos colegas. Alunos com Síndrome de Asperger conseguem obter melhores resultados es- colares quando comparados aos demais do espectro. Demonstram muitas habilidades e alguns são identificados como brilhantes e talentosos. O que não impede que pos- sam apresentar deficiência de aprendizagem em algumas áreas (MOORE, 2005). Pre- cisam de atenção aos problemas peculiares à Síndrome e em relação às suas neces- sidades educacionais especiais, inclusive potenciais. Avaliando processualmente suas demandas acadêmicas o professor obtém elementos para desenhar um plano educacional que atinja suas necessidades específicas: aprendizagem da leitura e es- crita, matemática, psicomotricidade, etc. Esses alunos podem necessitar de apoio para interagir com os colegas, devendo receber apoio para o desenvolvimento de seus talentos e interesses especiais. A família A parceria com os pais tem sido incentivada por muitos estudiosos, seja na construção de um ambiente estruturado e de aceitação entre os membros do núcleo familiar, seja como parceiros nas intervenções (DYRBJERG; VEDEL, 2007; LAM- PREIA, 2004; MOORE, 2005; OZONOFF; ROGERS; HENDREN, 2003). Apesar de muitos fatores estressores na vida das famílias com membros autistas, as estratégias de enfrentamento e empoderamento são intervenções atualmente recomendadas. Programas e ações que levam em conta as habilidades para o enfrentamento do estresse estão em consonância com modelos baseados nas competências da fa- mília, utilizando meios que valorizam e mobilizam emoções e habilidades positivas e promovem resiliência (ARAÚJO, 2004; DESSEN; SILVA, 2004; WILLIAMS; AIELLO, 2004). A parceria com a família é indispensável para qualquer trabalho consistente destinado à pessoa com autismo. No entanto, a família não pode ser vista apenas como auxiliar nas propostas de intervenção. Precisa ser alvo de cuidados. Lapina e 45 Lapin (1976) descrevem o seguinte relato, ilustrando a demanda das famílias com membros autistas. O que os pais declaram necessitar, para si e para os filhos: • De um profissional que realmente cuide do filho e em quem realmente confiem. • Educação escolar pública para nossas crianças autistas. • Centros que possam fornecer um diagnóstico preciso para crianças de alto risco ou que não estejam se desenvolvendo segundo os parâmetros esperados. • Programas pré-escolares. • Programas de atendimento domiciliar. • Programas de treinamento de habilidades de vida independente e autocuidado. • Treinamento para professores e outros profissionais. • Programas para treinamento e aconselhamento para pais e irmãos. • Programas de cuidados temporários para oportunizar tempo livre aos pais. Essas expectativas têm mobilizado as famílias a lutar pelos direitos dos filhos, reconhecendo o próprio lugar como sujeitos da intervenção e, também, como cuida- dores a demandar atenção. CONCLUSÃO Mediante ao exposto pode-se concluir que o processo educativo e a inclusão dos indivíduos portadores de autismo no ambiente escolar se constitui um grande de- safio e requer compromisso, capacitação profissional e acima de tudo respeito por suas particularidades e amor. Educar um autista é entender que mesmo em meio a tantos transtornos sócio- afetivos existe um ser capaz de amar, mesmo não sabendo expressar esse amor, existe um ser que aprende a seu modo. Enfim, são indivíduos que a cada dia nos ensinam que podemos sim mudar os rumos da educação em nossa sociedade, a solução é simples... a solução está no afeto. REFERÊNCIAS ARAÚJO, C. A. de. O processo de individuação no autismo. São Paulo: Memnon, 2000. ARAÚJO, E. A. C. Parceria família – profissional em educação especial: Promo- vendo habilidades de comunicação efetiva. In: E. G. MENDES; M. A. 46 ALMEIDA; L. C. de A. ALMEIDA (Org.). Temas em educação especial: Avanços re- centes. São Paulo: EdU-FSCar, 2004. p. 175-178. 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