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Tópico 1 – Fundamentos de Economia 
 
Nesta aula, você aprenderá o que a Economia estuda. Será apresentado(a) aos conceitos de escassez, 
produção, bens e serviços e fatores de produção. Saberá quais os problemas econômicos 
fundamentais e como a economia de mercado responde a eles. Conhecerá o método de estudo da 
Economia e terá contato com a evolução histórica das principais ideias econômicas. 
 
Concepções e Definições sobre Ciência Econômica 
 
O marco inicial da etapa científica da teoria econômica coincidiu com os grandes avanços da 
técnica e das ciências físicas e biológicas, nos séculos XVIII e XIX. Nesse notável período da 
evolução do conhecimento humano, a Economia constituiu seu núcleo científico, estabeleceu sua 
área de ação e delimitou suas fronteiras com outras ciências sociais. A construção de seu núcleo 
científico fundamentou-se no enunciado de um apreciável volume de leis econômicas, 
desenvolvidas a partir das concepções mecanicistas, organicistas e posteriormente humanas, através 
das quais os economistas procuraram interpretar os principais fenômenos da atividade econômica. 
 
Os economistas do grupo organicista pretendiam que o organismo econômico se comportasse como 
um órgão vivo. Os problemas de natureza econômica eram expostos numa terminologia retirada da 
Biologia, tais como “órgãos”, “funções”, “circulação”, “fluxos”, “fisiologia” etc. A concepção 
organicista da Economia se faz presente em vários textos históricos, por exemplo: “as partes 
principais da Economia Social são as relacionadas com os órgãos dos quais a sociedade se serve 
para a criação, a distribuição e o consumo dos bens, do mesmo modo como as partes principais da 
fisiologia do homem são os órgãos que se relacionam com a nutrição, o crescimento e o 
desenvolvimento do corpo humano”. 
 
Já os mecanicistas pretendiam que as leis da Economia se comportassem como determinadas leis da 
Física e a terminologia usada era: “estática”, “dinâmica”, “aceleração”, “rotação”, “velocidade”, 
“fluidez”, “forças” etc. Os textos referentes são: “A Economia deveria se ocupar dos resultados 
produzidos por uma combinação de forças e esses resultados deveriam ser descobertos com o 
auxílio da natureza mecânica das atividades individuais1”. 
 
Um outro texto é: “Uma força aplicada a uma massa produz um movimento caracterizado por sua 
aceleração. Esta, para uma mesma força, é tanto maior quanto mais fraca a massa. Do mesmo 
modo, a procura aplicada a determinada riqueza produz mudança caracterizada pelo preço no qual 
ela intervém. Para uma procura de montante igual em unidades monetárias, o preço será tanto mais 
elevado quanto mais fraca for a quantidade das riquezas oferecidas. A quantidade ofertada é, então, 
uma resistência à elevação infinita dos preços, como a massa, uma resistência ao movimento. Nos 
dois casos, a inércia é proporcional à qualidade de matéria na qual a influência motriz é aplicada2”. 
Um último texto seria “a Economia deveria ser Matemática e Física, porque se ocupa de 
quantidades e relações entre quantidades3”. 
 
Todavia, as concepções organicista e mecanicista, hoje, foram ultrapassadas pela concepção 
humana da Economia, a qual coloca no plano superior os movimentos psicológicos da atividade 
humana. A Economia repousa sobre os atos humanos e é por excelência uma ciência social. Apesar 
de a tendência atual ser a de se obter resultados cada vez mais precisos para os fenômenos 
econômicos, é quase impossível se fazer análises puramente frias e numéricas, isolando as 
complexas relações do homem no contexto das atividades econômicas. 
 
 
1 Texto de Hermann H. Gossen – século XIX. 
2 Texto de Jacques Rueff – século XX. 
3 Texto de W. S. Jevons – século XIX. 
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Realce
marci
Realce
marci
Realce
Felizmente, porém, o economista não precisa dar respostas com aproximação de muitas casas 
decimais; pelo contrário, se apenas conseguir determinar o sentido geral de causa e efeito, já terá 
dado um formidável passo avante. 
 
Após todos esses enfoques a respeito da concepção da Economia, sua melhor definição foi dada 
pelo economista americano Paul Samuelson: “Economia é uma ciência social que estuda a 
administração dos recursos escassos entre usos alternativos e fins competitivos”. Para 
complementar, pode-se lembrar das palavras do Prof. Antônio Delfim Netto: “Economia é a arte de 
pensar”. Apesar de especificado seu objeto, a Economia relaciona-se com as demais áreas do 
conhecimento humano. 
 
Autonomia e Inter-relação com as demais Ciências 
 
Notadamente, convém à Economia, como a qualquer outra ciência, a delimitação de seu núcleo e a 
correta especificação de seu objeto. Mas na realidade é muito difícil separar os fatores 
essencialmente econômicos dos extra-econômicos, pois todos são significativos para o exame de 
qualquer sistema social. Neste sentido, a autonomia de cada um dos ramos das Ciências Sociais não 
deve ser confundida com um total isolamento, pois todas as manifestações das modernas sociedades 
se encontram interligadas, apenas que a realidade deve ser observada sob diferentes óticas e 
investigada em termos não unilaterais. 
 
Na verdade, cada ciência observa e analisa a realidade do aspecto material do seu objeto, segundo 
sua própria lógica formal. O fato, porém, é que as visões sobre o mesmo objeto acabam se inter-
relacionando. 
 
A economia é uma ciência social, ou seja, estuda as interações entre as atividades e decisões 
individuais (de empresas e de pessoas) e seu impacto para a sociedade em seu conjunto, ou para os 
diversos grupos que a compõem4. Por isso, ela interage com outras ciências como a geografia, a 
sociologia, a história, a ciência política, a matemática e estatística. 
 
a) Economia e Política 
 
Essa interdependência é secular, pois sendo a política a arte de governar, ou o exercício do poder, é 
natural que esse poder tente exercer o domínio sobre a coisa econômica. Através das instituições, 
principalmente do Estado, os grupos de dominação procuram interferir numa distribuição de renda 
que lhes seja conveniente. Por exemplo, os agricultores na época da política do “café com leite”, 
mantinham o uso da política do Estado para lhes conceder vantagens econômicas. O mesmo ocorre 
hoje com os industriais que querem apropriar-se de crédito subsidiado ou tarifas aduaneiras que lhes 
protejam o mercado interno, fora da competição externa, garantindo-lhes lucros maiores. Coisa não 
muito distinta é a ação dos trabalhadores organizados, petroleiros, metalúrgicos do ABC, bancários 
etc, que conseguem salários maiores que os demais trabalhadores pouco organizados, logo com 
menor força política. Finalmente, cabe no Brasil falar da oligarquia nordestina que politicamente 
vem de longa data tirando proveito com as transferências de renda inter-regionais. 
 
b) Economia e História 
 
Os próprios sistemas econômicos estão condicionados à evolução histórica da civilização. As ideias 
que constroem as teorias são formuladas num contexto histórico onde se desenvolvem as atividades 
e as instituições econômicas. A pesquisa empírica sobre os fatos econômicos é levada avante a 
partir do registro histórico das informações sobre a realidade que se propõe a analisar. A vantagem 
 
4 Robinson Crusoé sozinho numa ilha não é um tema de estudo econômico, a não ser por contraste com outras pessoas 
interagindo entre si. 
dos estudos num contexto particular da História decorre do volume generalizado de informações 
que são levantadas sobre o ambiente em que transcorrem os fatos econômicos. A História do 
ambiente enriquece os resultados analíticos. Fica evidente que os produtores decafé conseguiam 
manter seu nível de renda, num momento de crise, quando representavam o poder político, no inicio 
dos anos do primeiro quarto deste século, o que não acontece no momento atual. O conhecimento 
do quadro político e social ajuda a entender a evolução dos fatos econômicos. 
 
c) Economia e Geografia 
 
Os acidentes geográficos interferem no desempenho das atividades econômicas e, inúmeras vezes, 
as divisões regionais são utilizadas para se estudar as questões ligadas aos diferenciais de 
distribuição de renda, de recursos produtivos, de localização de empresas, dos efeitos de poluição 
sobre o meio ambiente, do equilíbrio dado pelos custos de transporte, das economias de 
aglomeração urbana etc. Na verdade, todas as atividades econômicas têm um conteúdo espacial, que 
muitas vezes não se refere apenas aos custos de transporte. 
 
Economia e Sociologia 
 
No que se refere a ciência social, a sociologia diz respeito ao estudo da vida social, dos grupos e das 
sociedades. Tendo essa definição, quando a política econômica visa atingir os indivíduos de certas 
classes sociais, interfere diretamente no objeto de estudo da sociologia. As políticas salariais ou de 
gastos sociais (educação, saúde, transportes, alimentação, transferência de renda, etc.) são exemplos 
que direta ou indiretamente influenciam essa mobilidade. 
 
Economia, Matemática e Estatística 
 
A Economia faz uso da lógica matemática e das probabilidades estatísticas. Muitas relações de 
comportamento econômico podem ser expressas através de funções matemáticas, como por 
exemplo: a quantidade demandada (Q) por um indivíduo é uma função linear da renda disponível 
(R); 
 
QD = R + e 
 
onde R é a renda disponível (R); e = erro-padrão. 
 
Todavia, a Economia não é uma ciência exata em que se pode programar os resultados sem erros. 
Por exemplo, se todos ganhassem mais renda, é fácil imaginar que nem todos iriam gastar as 
mesmas proporções em consumo. É praticamente impossível prever com exatidão o comportamento 
de um particular indivíduo, mas, se indagado, o aluno poderia responder com base no valor médio 
de gastos da coletividade. Como pessoa inteligente, é quase certo que estaria baseando-se no valor 
onde a probabilidade de ocorrência é maior, isto é, onde a margem de erro for mínima. Essa 
estratégia de se estimar as relações econômicas, matematicamente formuladas, a partir da 
minimização dos desvios estatísticos aleatórios, é conhecida como Econometria, uma espécie de 
mistura da economia, matemática e estatística. 
 
Uma vez apresentada a definição e a relação da Economia com algumas importantes ciências, cabe 
agora explicitar o objeto de estudo da Economia em toda sua extensão. 
 
 
 
 
O Objeto Central da Economia: a escassez 
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A razão essencial da existência da Teoria Econômica (ou Ciência Econômica) é a escassez. Este 
conceito refere-se à falta ou insuficiência de alguma coisa. No caso das sociedades humanas, 
observamos que há um conflito constante entre necessidades e recursos, pois as nossas 
necessidades são ilimitadas, enquanto os recursos são escassos. 
 
Ao falarmos das necessidades, estamos nos referindo aos principais elementos que garantem a 
sobrevivência material da espécie humana (todos e cada um de nós). No que você pensa quando se 
fala de necessidades com esse significado? 
 
Abaixo estão enumeradas as necessidades básicas do homem atual. É bastante provável que esta 
lista contenha muitos, ou quase todos, os itens da sua própria lista: 
 
• alimentos (sólidos e líquidos); 
• vestuário e calçados; 
• moradia, mobília; 
• água corrente e eletricidade; 
• utensílios domésticos e eletrodomésticos; 
• meios de transporte; 
 
Esta lista é muito limitada. Observe, por exemplo, que excluímos tudo o que representa lazer e 
recreação no lar (aparelhos eletrônicos, livros e revistas etc.). Observe, ainda, que os meios de 
transporte podem variar de uma simples bicicleta a uma moto, um automóvel ou ao transporte 
público (ônibus, trem, metrô). Atividades fora do lar nem foram arranhadas (cinema, bares e 
restaurantes, viagens etc.). Além disso, se pensarmos que a vida em sociedade requer também que 
cada um possa contribuir para a melhora coletiva, através da participação enquanto cidadão livre e 
ativo, então o rol das necessidades aumenta bastante. Não acha? Pois estaríamos falando também 
em educação e saúde generalizados, imprensa livre e variada, governos democráticos com eleições 
regulares, justiça organizada e eficiente, etc. 
 
Existe um número significativo de seres humanos que conseguem, ao menos, usufruir a lista de 
necessidades básicas e muitos destes também se beneficiam dos itens citados abaixo da lista, tais 
como lazer, educação, saúde, etc. No entanto, os itens enumerados como de necessidades básicas do 
homem está fora do alcance de parcelas significativas da humanidade atual. Milhões de pessoas, no 
Brasil e no mundo, não tem acesso a essa lista como um todo. No máximo, elas conseguem obter 
dois ou três daqueles itens em quantidades insuficientes. Você já viu quantas pessoas passam fome 
no Brasil e no mundo? Quantos desabrigados existem pelas ruas a fora? A este fato denominamos 
de exclusão social, ou seja, a exclusão do acesso aos bens materiais mais elementares e à própria 
participação nas decisões da sociedade. 
 
O registro desse fato comum é importante para assinalar duas importantes características da vida 
social: as desigualdades sociais e a atualidade da luta pela sobrevivência de todos e de cada um. 
Os “incluídos” – isto é, aqueles que tem pelo menos acesso à lista mínima e à participação na 
cidadania – são, na imensa maioria, pessoas sem qualquer segurança de que manterão esse acesso 
por toda a sua vida. 
 
O que a Economia tem a ver com isso tudo? 
 
Veja, você acabou de ter o seu primeiro contato com a escassez, no sentido econômico da palavra. 
Se você for analisar, perceberá que os próprios itens da nossa lista, considerados necessários a um 
mínimo de qualidade de vida humana, não estão acessíveis a todos. Entre os que conseguem esse 
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acesso, a maioria o faz à custa de muita luta, por todos os dias e anos de suas vidas. Mas o principal 
aspecto da escassez ainda não foi mencionado: a escassez de recursos. 
 
E o que são recursos? A palavra recursos não se refere apenas a “dinheiro”. Olhe novamente aquela 
lista de itens básicos e reflita: o que é preciso para que cada um deles esteja disponível para o nosso 
consumo? Aparecerá outra lista de elementos necessários para torná-los disponíveis: terra, ou área 
(espaço); materiais que se transformarão naqueles itens (sementes, matérias-primas e componentes); 
ferramentas, máquinas, instalações para possibilitar o processamento desses materiais; mão-de-obra 
humana, tanto direta (com a “mão na massa”), como indireta (técnicos, administradores, pessoal de 
apoio administrativo). Essa lista de elementos necessários acabará se tornando maior do que a 
primeira. 
 
Podemos dizer, então, que são necessários recursos materiais, técnicos, humanos e financeiros 
para os itens de necessidade básica do ser humano estejam disponíveis às pessoas que deles 
necessitam. 
 
Assim, os recursos financeiros – que correspondem ao dinheiro ou a algo equivalente a ele (conta 
bancária, cartões de crédito ou linhas de financiamento, títulos e ações etc.) - são importantes, mas 
não exclusivos. Sua importância é que eles possibilitam comprar ou pagar pelos demais recursos – 
mas não os substituem. Não se faz comida, roupa ou moradia com dinheiro. 
 
Infelizmente, os recursos mencionados são escassos. Em parte, porque a natureza não os oferece emtodos os lugares de forma abundante. Os materiais básicos, por exemplo, não estão disponíveis 
generalizadamente. Sementes requerem, muitas vezes, solos específicos e tratamento das plantas 
(além disso, as plantas pertencem aos proprietários das terras em que estão enraizadas). Os minérios 
estão mal distribuídos. A mão-de-obra necessária para produzir certos bens e serviços pode não ser 
aquela que se encontra numa região ou país: os conhecimentos e habilidades variam muito. 
 
Outra parte do problema refere-se ao uso que os homens fazem desses recursos. A terra, por 
exemplo, já foi no passado e continua a ser hoje motivo de disputa pela sua posse – alguns a têm e 
outros querem tê-la, mas não dispõem de meios para isso. Essa disputa foi importante em diversos 
países e continua a ser assunto diário no Brasil. 
 
Além disso, nós, humanos, acabamos utilizando, muitas vezes de forma irresponsável, alguns 
recursos da natureza que não eram, mas passaram a ser (por nossa culpa) escassos. A água é o 
maior exemplo da atualidade. O “planeta água” – como se refere a canção – está cada vez mais 
ameaçado pela poluição e pelo desperdício desse líquido precioso (veja o caso de São Paulo). 
Alguns estudiosos (inclusive economistas) consideram que, já neste século, a água pode vir a ser 
mais valorizada do que o petróleo é hoje. 
 
Ademais, o bicho-homem é um eterno criador de necessidades. Parece-nos muito natural ficarmos 
preocupados com um “apagão”, como ocorreu há poucos anos, ou com a possibilidade de 
racionamento de água como ocorreu em Angicos e nas cidades do vale do Açu. Muitos de nós nos 
angustiamos com a queda da conexão da Internet ou a interrupção de uma ligação do celular: 
negócios importantes ou assuntos pessoais urgentes podem sofrer graves danos. 
 
Algum de vocês já pensou em consultar seus pais (para quem está na casa dos 40 anos é suficiente) 
ou avós, sobre como eles viviam sem essas angústias? Nossa espécie tem algumas dezenas de 
milhares de anos e somente agora tais necessidades tornaram-se indispensáveis. As abelhas e as 
formigas possuem uma organização social complexa, mas vivem hoje exatamente como viviam há 
dez mil anos, ao contrário dos seres humanos. 
 
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Essa é nossa característica no conjunto do reino animal. Consciência e inteligência nos levaram, 
muito cedo, a compreender que, individualmente, não sobreviveríamos. Somos uma espécie muito 
desprotegida: sem garras, bicos ou veneno, sem pelos ou pele gordurosa contra o frio, sem nada que 
nos habilite a sobreviver ante os perigos da natureza. Só a organização coletiva podia fazer frente a 
isso: fomos coletores, depois caçadores, depois agricultores e criadores de animais. A cada mudança 
– e dentro dessas maiores, outras mudanças menores ocorriam frequentemente: a descoberta de 
novos produtos a cultivar, novos animais a criar, novas técnicas de uso do solo e assim por diante – 
criávamos novas necessidades. Novos materiais, novas ferramentas, novos espaços, novas formas 
de organização coletiva, novas habilidades e conhecimentos, tudo está em constante mudança. 
Além disso, até os produtos e recursos tradicionais tinham que ser continuamente aumentados, tanto 
pelo crescimento da população, como pelo desejo natural de melhorar os padrões de vida. Durante 
uns quatro milênios, as mudanças ocorriam entre séculos. 
 
Porém, os últimos duzentos anos foram particularmente velozes nas transformações. Durante a 
Idade Média (cujas datas-limite oficiais são 476 e 1453), a vida de um europeu não era muito 
diferente daquela de seu bisavô, salvo em algum detalhe secundário. Mas, desde o final do século 
XVIII, a humanidade entrou em uma vertigem de mudança cada vez maior. O historiador Eric 
Hobsbawm assinala que na segunda metade do século XX ocorreu uma transformação de maior 
vulto em nossa vida coletiva: pela primeira vez, a maioria da nossa espécie deixou de viver da 
agropecuária e passou a depender das atividades urbanas (indústria, comércio e serviços). Já há 
quarenta anos, os psicólogos analisam o “conflito de gerações”. Esse conflito é, em grande parte, 
devido à mudança brutal no modo de produzir, consumir e viver em sociedade, que altera várias 
vezes os valores e a percepção que as pessoas têm do mundo ao longo de uma vida humana. A 
chave desse processo de transformação, de criação de novas necessidades e redescoberta constante 
da escassez é o processo de trabalho. Das comunidades primitivas à sociedade moderna, ele tem 
sido o motor da vida social. O trabalho é o centro da produção. Essa produção é a arma coletiva que 
descobrimos para tentar superar a escassez. 
 
E o que os seres humanos produzem? Essencialmente, dois tipos de produtos: BENS e 
SERVIÇOS. A produção de bens e serviços constitui a resposta da sociedade à escassez. 
 
A produção de bens e serviços é uma atividade central na vida social, desde o final da pré-história 
até a nossa era de economia globalizada. Ela baseia-se em dois princípios fundamentais: 
 
• É realizada através do trabalho humano. Por mais automatizada que seja a produção, ainda não se 
conseguiu tornar nenhum bem ou serviço totalmente independente do trabalho humano. E inúmeros 
produtos mantêm um nível muito limitado de automatização. 
• Sua produção requer aqueles recursos mencionados anteriormente (materiais, técnicos, financeiros 
e humanos) que são chamados de recursos produtivos, ou ainda, fatores de produção. 
 
Separamos, anteriormente, os recursos produtivos em técnicos, materiais, humanos e financeiros. 
Mas para os economistas tem-se outra classificação. Os fatores de produção agrupam-se em três 
tipos fundamentais: 
 
- Terra, ou recursos naturais (inclui a vegetação, o subsolo etc.) 
- Trabalho (a expressão “mão-de-obra” é limitada, porque o fator trabalho inclui também o 
trabalho técnico, administrativo e intelectual) 
- Capital: este termo refere-se aos equipamentos físicos usados no processo de trabalho, como 
máquinas, ferramentas, instalações físicas (fábricas, galpões, currais, escritórios etc.) 
 
O que são bens e serviços? De forma geral, bens e serviços são produtos do trabalho humano que 
atendem a necessidades humanas. Porém, o primeiro trata de produtos materiais (físicos) e o 
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segundo de produtos abstratos que envolvem a oferta de ações especificas realizadas geralmente por 
outros seres humanos que dominam a técnica para realiza-las. 
 
Como foi dito anteriormente, bens são produtos com existência física, portanto são tangíveis 
(podemos vê-los, senti-los ou tocá-los). Eles têm forma, cor, textura - enfim, características físicas - 
e subdividem-se em quatro grupos: 
 
- Bens de consumo não duráveis: devem ser renovados frequentemente, esgotam-se ou 
desgastam-se rapidamente. Isso inclui alimentos e bebidas, materiais de higiene e limpeza, 
vestuário e calçados; 
-Bens de consumo duráveis: podem ser consumidos durante um tempo maior e não precisam 
ser renovados com frequência. Automóveis (veículos em geral), eletrodomésticos e 
aparelhos eletrônicos são típicos deste grupo; 
- Bens intermediários: resultam de um primeiro processamento industrial, mas não servem 
para o consumo. Voltam ao processo produtivo para dar origem a bens finais. Exemplos: 
aço, celulose, metais processados, petróleo, produtos químicos; 
-bens de capital: são bens finais, mas não se destinam ao consumo das famílias e sim das 
empresas. São “bens que produzem outros bens”. Máquinas e equipamentos, em geral, 
representam este grupo. 
 
Serviços não têm existência física: um ônibus é físico (portanto, é um bem), mas o transporteque 
ele realiza (deslocamento de pessoas entre locais distintos) não é algo físico, não pode ser tocado, 
sentido ou visto em termos de forma ou cor. Um corte de cabelo utiliza bens físicos – tesoura, 
aparelho elétrico – mas não é, em si mesmo, físico. Vemos seu resultado na pessoa, o 
barbeiro/cabeleireiro, agindo, mas o corte em si mesmo não existe fisicamente. Esta aula utiliza 
elementos físicos – e você a está lendo em papel ou no computador – mas a aula em si, a 
transmissão do conhecimento, não é física. E um dos elementos desta aula é a energia elétrica 
transmitida desde uma usina a centenas ou milhares de km de distância: você a usa (como 
iluminação para sua leitura em papel, ou como fonte de energia para seu computador), mas não a 
vê. 
 
Outra importante diferença: bens são primeiro produzidos e depois consumidos. Há uma separação 
no tempo entre esses dois momentos. Ela pode ser grande ou pequena (anos, décadas ou minutos) – 
mas sempre há distinção entre a produção e o consumo. Já os serviços são consumidos apenas 
durante o período em que estão sendo prestados. Se o motorista parar para um cochilo, o serviço de 
transporte se interrompe imediatamente. O corte de cabelo acaba quando o barbeiro cessa seu 
trabalho. A aula termina assim que o professor deixa de transmitir os conhecimentos pretendidos. 
Se o operador da usina hidroelétrica interromper sua atividade, imediatamente você ficará sem 
energia e terá que parar sua aula no computador ou sua leitura (se a luz do sol for insuficiente). Por 
isso, é mais correto falar em prestação de serviços. É somente para simplificar que dizemos 
“produção de bens e serviços”. 
 
A Economia como Ciência das Escolhas 
 
Como os produtores e consumidores sofrem uma restrição orçamentária, os recursos financeiros de 
que dispõem são limitados. Portanto, cada escolha significa uma renúncia a um uso alternativo 
desses recursos. Usar mais de um fator (por exemplo, trabalho) implica em usar menos de outro 
(por exemplo, máquinas). Comprar mais de um bem ou serviço implica em reduzir ou anular as 
compras de outro(s). Isso leva alguns economistas a definir a Economia como “ciência das 
escolhas”, o estudo científico de como essas decisões são tomadas e das consequências que 
acarretam para a própria economia. 
 
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Essa renúncia de consumo ou de produção quando se faz uma escolha é denominada pelos 
economistas de custo de oportunidade. Se pago meus estudos, terei que gastar menos com diversão 
ou roupas de grife. O que deixei de consumir é o custo de oportunidade de minha opção pelo 
estudo. De maneira análoga, um empresário que aloca seus fatores de produção para um produto 
prioritário está sacrificando a produção de outro produto. Este produto não fabricado é o custo de 
oportunidade daquele efetivamente produzido. Note que este conceito de custo é distinto do 
conceito contábil: aqui não se gastou nada, apenas deixou-se de produzir ou consumir algo. Em 
economia, este custo não substitui o custo contábil, mas tem uma grande importância. Na verdade, é 
um custo oculto: nem todos o percebem, mas é real e tem consequências estudadas pela Ciência 
Econômica. 
 
Muitos estudos econômicos são, na verdade, comparações entre usos alternativos dos recursos: teria 
sido melhor para a empresa ou para a sociedade produzir bens e serviços diferentes daqueles 
escolhidos? O gasto em bens e serviços alternativos traria melhores resultados em termos de bem-
estar individual ou coletivo? Quem, na verdade, está pagando pelas decisões adotadas em nome da 
sociedade? Não apenas pagando monetariamente, mas com a renúncia a dispor de bens e serviços 
diferentes daqueles escolhidos. Um economista famoso cunhou um provérbio repetido por todos os 
autores sobre Economia: “Não existe almoço grátis”. Talvez, quem irá pagar a conta não esteja 
percebendo isso; nem por isso deixará de arcar com os custos, de uma maneira ou de outra. 
 
Os Problemas Econômicos Fundamentais ou as Três Grandes Perguntas de toda Economia 
 
Uma vez que a Economia estuda como se combinam recursos escassos para produzir bens e 
serviços que satisfaçam as necessidades humanas e como estes serão distribuídos, surgem 
imediatamente três perguntas que qualquer organização social tem que responder, desde uma tribo 
indígena, uma sociedade escravocrata (como o Brasil no séc. XIX) a uma economia capitalista ou 
socialista. São elas: 
 
- O que produzir? Ou seja, quais bens e serviços serão priorizados e em que quantidade, dado 
que a escassez de recursos impossibilita produzir tudo o que a sociedade deseja; 
- Como produzir? Isto é, quais técnicas serão utilizadas, que proporção de cada fator de 
produção será adotada na produção de cada bem e serviço; 
- Para quem produzir? Quer dizer, ao final de tudo, quem irá adquirir e consumir os bens e 
serviços produzidos, ou seja, como deverá ser distribuída entre os diferentes indivíduos que 
compõem a sociedade. 
 
Historicamente, houve diversas respostas a essas questões. Cada resposta (ou melhor, cada conjunto 
de respostas) implica num determinado sistema econômico: um conjunto de leis, instituições, 
regras e atitudes sociais que envolvem toda a atividade produtiva. 
 
As soluções para os problemas centrais de uma sociedade irão depender, fundamentalmente, do tipo 
de organização ou sistema econômico vigente. 
 
De maneira geral, pode-se dizer que são três as formas pelas quais a sociedade organiza sua 
economia, a fim de resolver os problemas de o que, como e para quem produzir: economia de 
mercado, economia centralmente planificada e, economia mista. 
 
A economia de mercado funciona baseada em decisões descentralizadas. Empresários decidem 
individualmente sobre os processos produtivos e as famílias (consumidores) decidem 
individualmente sobre seu consumo. Os empresários baseiam-se em seus recursos disponíveis e nas 
indicações do mercado: preços em alta significam interesse dos consumidores; preços em baixa 
mostram desinteresse destes. Observando os preços dos bens e serviços e também dos fatores de 
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produção (salários etc.), os empresários escolhem o que irão oferecer ao mercado. Os consumidores 
(as famílias) baseiam-se na sua renda e nos preços do mercado para decidir o que consumirão. O 
papel do governo é manter as regras gerais e evitar abusos, interferindo pouco nessas decisões. 
 
As economias capitalistas se caracterizam pelo princípio da propriedade privada e da livre 
iniciativa. Os recursos produtivos têm seus preços e quantidades determinadas pelo livre jogo da 
oferta e da procura, isto é, livre competição. O estado não deve intervir na atividade produtiva, mas 
sim no atendimento das necessidades coletivas, ou nos chamados bens públicos como Justiça, 
Saúde e Educação. 
 
As empresas dentro desse sistema têm por objetivo maximizar o lucro enquanto os consumidores 
buscam maximizar a satisfação. Consumidores e empresas, agindo individualmente, determinam: o 
que, como e, para quem produzir. 
 
O QUE E QUANTO PRODUZIR: livre decisão dos consumidores e empresas. Empresas 
perseguem o lucro. 
 
COMO PRODUZIR: competição entre empresas. Diante da concorrência, paramaximizar seu 
lucro, optam pelo método de produção mais barato e eficiente. 
 
PARA QUEM PRODUZIR: “a oferta e a procura de fatores de produção (terra, trabalho, capital e 
capacidade empresarial) determina as taxas salariais, os aluguéis, as taxas de juros e os lucros que 
irão se constituir na renda das unidades familiares. A produção destina-se a quem têm renda para 
pagar, e o preço é o instrumento de exclusão”. 
 
Por outro lado, o sistema econômico do tipo planificada centralmente é típico dos países 
socialistas. O que, como e para quem produzir, não são resolvidos de maneira descentralizada, via 
mercado e preço, mas pelo planejamento central (Estado). Prevalece a propriedade estatal dos meios 
de produção. 
 
O QUE E QUANTO PRODUZIR: o Estado fixa metas de produção, para procurar atender as 
necessidades de consumo da sociedade. 
 
COMO PRODUZIR: o Estado determina os processos de produção a serem utilizados. 
 
PARA QUEM PRODUZIR: o Estado interfere nos salários dos diferentes tipos de profissão. 
 
Já no caso da economia mista é uma mescla desses dois sistemas. Uma parte dos meios de 
produção pertence ao estado (empresas públicas), outra parte pertence ao setor privado (empresas 
privadas). 
 
É uma economia em que governo e mercado compartilham as decisões de o que, como e para quem 
produzir. 
 
O QUE E QUANTO PRODUZIR: 
Setor privado: guiado pelo sistema de preços. 
Setor público: influi diretamente e indiretamente. 
 
COMO PRODUZIR: 
Setor privado: pela concorrência. 
Setor público: pelo planejamento governamental. 
 
PARA QUEM PRODUZIR: 
- Setor privado: a questão distributiva é resolvida pelo sistema de preços. 
- Setor público: o estado cria mecanismos para que as pessoas tenham uma renda – seguro 
desemprego; salário mínimo etc. 
 
Atualmente, a maioria dos países adota a economia de mercado (também denominada sistema 
capitalista) como forma de responder a essas questões. As economias socialistas já foram uma 
resposta alternativa, mas hoje poucos países adotam esse sistema. Há economistas, cientistas 
sociais, líderes políticos e empresários que consideram as respostas do capitalismo como adequadas. 
Outros discordam: estes críticos vêm buscando alternativas viáveis, desde o fim do socialismo 
soviético e do Leste europeu. 
 
O Método da Ciência Econômica 
O Economista Como Cientista 
 
Os economistas tentam tratar seu campo de estudo com a objetividade de um cientista. Eles 
encaram o estudo da economia de forma muito semelhante à de um físico quando estuda a matéria 
ou de um biólogo quando estuda a vida. Eles formulam teorias, coletam dados e depois analisam 
esses dados para confirmar ou refutar suas teorias. 
 
Parece estranho, à primeira vista, afirmar que a economia é uma ciência. Afinal, os economistas não 
trabalham com tubos de ensaio ou telescópios. Contudo, a essência da ciência é o método científico 
– a conformação e o teste desapaixonados de teorias sobre o funcionamento do mundo. Esse método 
de estudo é tão aplicável ao estudo da economia de uma nação quanto ao estudo da gravidade 
terrestre ou da evolução das espécies. Como disse Albert Einstein, “A ciência não é nada mais do 
que o refinamento do pensamento cotidiano”. 
 
Embora o comentário de Einstein seja verdadeiro tanto para as ciências sociais, como a economia, 
quanto para as ciências naturais, como a física, poucas pessoas estão acostumadas a olhar para a 
sociedade com os olhos do cientista. Portanto, vamos tratar algumas das formas pelas quais os 
economistas aplicam a lógica da ciência ao exame do funcionamento de uma economia. 
 
Método Científico: observação, teoria e mais observação 
 
Isaac Newton, o famoso cientista e matemático do século XVII, ficou curioso um dia, segundo se 
conta, ao ver uma maçã caindo da árvore. Essa observação levou a Newton desenvolver uma teoria 
da gravidade que tanto serve para uma maçã que cai no chão quanto a quaisquer dos objetos do 
universo. Subsequentes testes da teoria de Newton mostraram que ela se aplica a muitas 
circunstâncias (embora, como mais tarde Einstein observaria, não todas as circunstâncias). Como a 
teoria de Newton foi tão bem sucedida na explicação de observações, ela é ensinada em cursos de 
física ainda hoje. 
 
Uma interação entre teoria e observação também se registra no campo da economia. Um 
economista pode viver em um país que registra rápido crescimento e em função dessa observação 
poderá formular uma teoria da inflação. A teoria pode afirmar que altas inflações ocorrem quando o 
governo emite moedas demais. Para testar esta teoria, o economista poderá coletar e analisar dados 
sobre preços e moeda de diferentes países. Se o crescimento da quantidade de moeda não registrasse 
nenhuma relação com a taxa de crescimento dos preços, o economista duvidaria da validade de sua 
teoria. Se o crescimento da moeda e dos preços estivesse altamente correlacionado nos dados 
internacionais, como de fato está, o economista passaria a ter mais confiança em sua teoria. 
 
Embora os economistas, como os demais cientistas, utilizem a teoria e a observação, eles enfrentam 
um empecilho que torna sua tarefa extremamente desafiadora: com frequência, os experimentos no 
campo da economia são difíceis. Os físicos que estudam a gravidade podem deixar cair muitos 
objetos no laboratório para gerar dados necessários ao teste das suas teorias. Já os economistas que 
estudam a inflação não podem controlar a política monetária do país simplesmente para gerar dados 
úteis. Os economistas, como os astrônomos e os biólogos que estudam a evolução, em geral têm 
que trabalhar com quaisquer dados que o mundo possa lhes fornecer. 
 
Para encontrar um substituto para as experiências de laboratório, os economistas prestam muita 
atenção aos experimentos naturais oferecidos pela história. Quando uma guerra no Oriente Médio 
interrompe o fluxo de petróleo cru, por exemplo, seus preços disparam em todo o mundo. Isso 
deprime os padrões de vida dos consumidores de petróleo e derivados. Para os formuladores de 
políticas econômicas, esse fato coloca uma escolha difícil quanto às medidas mais adequadas a 
serem implementadas. Mas para os cientistas econômicos, tal fato proporciona uma oportunidade de 
estudar os impactos de um produto natural de fundamental importância sobre a economia mundial, 
e essa oportunidade persiste muito tempo depois do fim do aumento dos preços do petróleo. Esses 
episódios são valiosos, para o estudo porque nos permite ver como a economia funcionou no 
passado, e sobretudo, porque nos permite ilustrar e avaliar as teorias econômicas do presente. 
 
O Papel das Hipóteses 
 
Se você perguntar a um físico quanto tempo leva para uma bolinha de gude cair do alto de um 
edifício de dez andares, ele responderá a questão supondo que a bolinha cai no vácuo. Naturalmente 
esta suposição é falsa. De fato, o edifício está cercado de ar, que exerce um atrito sobre a bolinha e 
retarda sua queda. 
 
Contudo, o físico esclarecerá, corretamente, que esse atrito sobre a bolinha é tão pequeno que é 
negligenciável. Supor que a bolinha cai no vácuo simplifica muito o problema sem alterar 
substancialmente a resposta. 
 
Os economistas elaboram hipóteses pela mesma razão: as hipóteses facilitam a compreensão do 
mundo. Para estudar os efeitos do comércio internacional, por exemplo, podemos supor que o 
mundo é constituído por dois países e cada um produz dois bens. Na verdade, o mundo real é 
formado por muitos países e cada um deles produz milhares de bens. Mas a hipótese de dois países 
e dois bens permite concentrar nosso pensamento. Uma vez que compreendido o comércio 
internacional num mundo imagináriode dois países e dois bens, estamos em melhor posição para 
entender o comércio internacional no mundo complexo em que vivemos. 
 
A arte do pensamento científico – refira-se ele à física, à biologia ou à economia – está em decidir 
quais hipóteses formular. Suponha, por exemplo, que em lugar de deixar cair a bolinha de gude, 
deixamos cair uma bola de futebol do alto do prédio. O físico considerará que a hipótese de 
ausência de atrito não se aplica neste caso: o atrito afeta mais a bola de futebol do que a bolinha de 
gude. A hipótese de que a gravidade opera no vácuo é razoável para estudar a queda da bolinha de 
gude mas não para estudar a queda da bola de futebol. 
 
Da mesma forma, os economistas usam diferentes hipóteses para responder a diferentes questões. 
Suponha que queremos estudar o que ocorre na economia quando o governo altera a quantidade de 
reais que circula na economia. Parte importante desta análise é saber como os preços reagirão. 
Muitos dos preços de uma economia mudam com pouca frequência; os preços dos aluguéis, por 
exemplo, só mudam depois do final do contrato. Sabendo deste fato podemos formular diferentes 
hipóteses para estudar os efeitos da alteração da política em diferentes horizontes temporais. Para 
estudar esses efeitos em curto prazo, podemos supor que os preços não mudam muito, podemos até 
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considerar a hipótese extrema e artificial de que os preços permanecem fixos. Contudo, ao estudar 
os efeitos da política no longo prazo, podemos supor que os preços são completamente flexíveis. Da 
mesma forma que o físico usa diferentes hipóteses quando estuda a queda de bolinhas de gude ou de 
bolas de futebol, os economistas usam diferentes hipóteses quando estudam os efeitos de uma 
alteração na quantidade de moeda no curto e no longo prazo. 
 
Modelos Econômicos 
 
Na escola secundária os professores de biologia ensinam anatomia básica usando réplicas plásticas 
do corpo humano. Esses modelos têm todos os órgãos principais – o coração, o fígado, os rins e 
assim por diante. Esses modelos permitem ao professor mostrar a seus alunos, de uma forma 
simples, como se encaixam as partes importantes do corpo. Naturalmente, esses modelos plásticos 
não são corpos humanos de verdade, e ninguém confundiria o modelo com a pessoa. Esses modelos 
são estilizados e evitam vários pormenores. Contudo, a despeito dessa falta de realismo – na 
verdade, devido a essa falta de realismo - estudar esses modelos é útil para aprender como o corpo 
humano funciona. 
 
Os economistas também usam modelos para prender o funcionamento do mundo, mas em vez de 
serem de plástico, os modelos econômicos são compostos de diagramas e equações. Como os 
modelos de plástico do professor de biologia, os modelos econômicos omitem muitos detalhes para 
emitir uma visão do que é realmente importante. Da mesma forma que o modelo de plástico do 
professor de biologia não inclui todos os músculos e vasos capilares, os modelos do economista não 
incluem todos os aspectos da economia. 
 
Da mesma forma que o físico começa a análise da queda da bolinha de gude afastando a existência 
do atrito, os economistas afastam muitos dos pormenores da economia que são irrelevantes para a 
questão em pauta. Todos os modelos – na física, na biologia ou na economia – simplificam a 
realidade para melhorar sua compreensão. 
 
Subdivisões da Teoria Econômica: microeconomia e macroeconomia 
 
Muitos ramos do conhecimento são subdivididos para possibilitar um desenvolvimento mais 
aprofundado de seu estudo. A Economia costuma ser subdividida em dois campos principais: 
microeconomia e macroeconomia. 
 
A Microeconomia estuda as unidades de produção (empresas) e as unidades de consumo (famílias), 
individualmente ou em grupos. Por exemplo, buscar entender a relação da indústria automobilística 
com seus fornecedores ou com as concessionárias de veículos é um problema típico de seu estudo; 
ou tentar compreender como as grandes empresas negociam crédito com os bancos e as dificuldades 
das pequenas empresas para ter acesso ao mesmo crédito. 
 
Já a Macroeconomia estuda os grandes números da economia, sem decompô-los. Questões tais 
como a taxa de crescimento do produto e da renda nacional, o nível de emprego e o desemprego, a 
inflação, as taxas de juros, a receita e a despesa do governo ou o comércio exterior são algumas das 
principais abordadas pelos macroeconomistas. Como eles não são decompostos, mas vistos de 
forma total (ou agregada), costuma-se falar de “agregados macroeconômicos”. 
 
Podemos fazer um paralelo com alguém que deseja conhecer uma nova cidade. Ele pode, 
primeiramente, subir numa montanha próxima à cidade e observá-la no conjunto: seu tamanho, o 
que a rodeia (mar, rio, floresta, caatinga, cerrado, outras cidades), que relações ela estabelece com 
esse entorno (há muito movimento de entrada de pessoas ou cargas?), a altura média das 
construções, as principais áreas em que se divide (residencial, comercial, terrenos vazios, áreas de 
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chácaras, parques). Outra forma é entrar diretamente na cidade e observá-la por dentro: os tipos 
humanos, as casas, ruas, pontes, os veículos, os postes, a iluminação etc. É evidente que o primeiro 
método dará uma impressão geral logo de início, mas não observará detalhes importantes. Já o 
segundo possibilitará conhecer bem detalhadamente a região ou as regiões que se conseguir visitar, 
mas deixará de lado a visão geral (e, se a cidade for grande, outras regiões ficarão desconhecidas do 
observador). 
 
Obviamente, os dois métodos se completam: pode-se iniciar por um ou outro, mas o ideal é 
observar a cidade das duas maneiras citadas (por isso, na falta da “montanha”, turistas e pessoas 
interessadas costumam olhar mapas e ler materiais de apresentação de uma cidade quando querem 
conhecê-la, ao mesmo tempo em que se embrenham por ela). Da mesma forma, a micro e a 
macroeconomia não são excludentes, mas complementares. Na verdade, estamos olhando para a 
mesma coisa – uma determinada economia, como a do Brasil – de duas formas distintas, que, em 
conjunto, nos permitem compreender melhor o seu funcionamento. 
 
A Evolução da Teoria Econômica 
 
Antiguidade 
 
 A Economia se desenvolveu como ciência no decorrer dos últimos 500 anos, coincidindo com o 
desenvolvimento das práticas comerciais e com a criação de estados-nações. Contudo, é preciso 
destacar que na Antiguidade, o pensamento econômico começou a ser moldado, inicialmente, de 
forma filosófica, por exemplo, a palavra economia remonta à Grécia antiga, onde economicus 
significava “gerenciamento das questões domésticas”. Neste contexto, os pensadores gregos 
Aristóteles e Platão fizeram algumas contribuições importantes para o pensamento econômico. 
 
Aristóteles (384-322 a.C) distinguia o pensamento econômico, e, porque não, as atividades 
econômicas, em “artes naturais e não-naturais de aquisição”. Ele definiu como aquisições naturais 
atividades como agricultura, pesca e caça, enfatizando que tais atividades produzem bens para as 
necessidades básicas da vida. Já as aquisições não-naturais envolvem adquirir bens além da 
necessidade, situação que era desaprovada por Aristóteles, assim, correlacionar esse conceito da 
Antiguidade com os dias atuais seria compará-los a uma espécie de consumo desenfreado. 
 
Já Platão (427-347 a.C), considerado o principal discípulo de Sócrates, preconiza, em seu diálogo 
“A República e as Leis”, sobre a “Cidade-Estado-Ideal”, no qual abordava um Estado regido por 
leis e a importância da especialização humana para o desenvolvimento da sociedade e a convivência 
harmônica entre oscidadãos. Essa abordagem, em relação à especialização humana, serviu de 
referência para teorias econômicas posteriores. 
 
Na Idade Média a Igreja Católica Romana exerceu grande influência no pensamento econômico, 
com destaque para as Ideias de São Tomás de Aquino (1225-1274) em relação ao preço. Ele cunhou 
o termo “preço justo” como um preço em que nem o comprador nem o vendedor levam vantagem 
sobre o outro. Além do mais, a Igreja se apegava a textos bíblicos para condenar a cobrança de 
juros, que considerava como “usura”, nome dado à prática de se cobrar juros excessivos sobre 
empréstimos financeiros. A Igreja se baseava no Livro de Gênesis, do antigo testamento da Bíblia, 
que dizia “comerás teu pão com o suor do teu rosto”. Dessa forma, obter lucro sem nenhum 
trabalho era considerado uma afronta aos preceitos católicos da época, passível de punição. 
 
No século XVI nasce a primeira escola econômica, os mercantilistas. A principal preocupação dessa 
escola era a acumulação de riquezas em uma nação, de modo que “o governo de um país seria mais 
forte e poderoso quanto maior fosse seu estoque de metais preciosos”. 
 
Assim, para acumular metais preciosos os países eram estimulados a manterem uma Balança 
Comercial superavitária, ou seja, as exportações de bens deveriam superar as importações. Na visão 
mercantilista essa era uma forma de o país acumular ouro e prata, e de ampliar o seu domínio sobre 
os outros países. Imaginavam que o comércio internacional era estático, ou seja, havia 
simplesmente a transferência de riquezas entre os países, portanto, para um país ganhar o outro 
fatalmente deveria perder. 
 
O país deveria fazer uma política protecionista no sentindo de dar isenção tributária para matérias-
primas que não podiam ser produzidas internamente e ao mesmo tempo impedir a importação (seja 
via uma alíquota elevada ou isenções de impostos para tornar os bens nacionais mais baratos) de 
bens concorrentes produzidos dentro do país. 
 
Consideravam essencial um forte intervencionismo estatal, sobretudo, na concessão de privilégios 
para os exportadores e uniformização das regras comerciais. 
 
No século XVII apareceu os fisiocratas, críticos dos mercantilistas. O fundador e principal 
representante da escola fisiocrata foi o Dr. François Quesnay, cuja obra principal é Tableau 
Économique. 
 
O termo “fisiocrata” significa “regra da natureza”. Assim, todas as atividades humanas deveriam ser 
mantidas de acordo com as Leis Naturais. Para essa escola existe uma ordem natural que faz com 
que o universo seja regido por leis naturais, de modo que as leis humanas deveriam estar em 
harmonia com as leis da natureza, de forma que se deixasse essa atuar livremente. Trata-se da ideia 
do “Laissez faire, Laissez passer”. 
 
Além disso, sugeria que era desnecessária a regulamentação governamental, pois a lei da natureza 
era suprema, e tudo que fosse contra ela seria derrotado. Portanto, os fisiocratas entendiam que o 
governo não deveria interferir com veemência, sobretudo nos assuntos econômicos, a não ser para 
manter o livre comércio; 
 
A riqueza consistia em bens produzidos com a ajuda da natureza em atividades econômicas como a 
lavoura, a pesca e a mineração. A terra era a única fonte de riqueza, sendo as demais atividades 
consideradas estéreis, por não gerar excedente. Diante disso, entendiam que somente o proprietário 
de terra deveria ser tributado. 
 
No entanto, apenas no ano de 1776 com o advento da Teoria Econômica Clássica que a Economia 
como ciência se fortaleceu, sendo que todas as teorias posteriores aprimoraram ou discordaram de 
seus preceitos. Em suma, se tornou referência primeira para a compreensão dos fenômenos 
econômicos. Os principais teóricos da Economia Clássica foram os seguintes: Adam Smith, 
Thomas Malthus, David Ricardo e Jean Baptiste Say. 
 
No final do século XVIII, a economia passa a ser considerada ciência de fato a partir da obra de 
Adam Smith, “A riqueza das Nações” em 1776. Smith é considerado o fundador da escola clássica e 
o precursor da moderna Teoria Econômica. 
 
Para Smith, o trabalho deveria ser sistematizado como forma de ampliar a capacidade de produzir 
bens e serviços, o que na prática levava à especialização da mão-de-obra. A divisão do trabalho, na 
visão de Smith, ampliava a produtividade na medida em que o trabalhador se especializava em seus 
ofícios. Mas Smith enxergava um risco nesse processo: O fato de executar uma tarefa repetitiva 
poderia com o tempo impedir o desenvolvimento intelectual dos trabalhadores. 
 
Essa escola adota o princípio do liberalismo dos fisiocratas, de modo que acreditava que se deixasse 
atuar a livre concorrência, uma “mão invisível” levaria a sociedade à perfeição. O papel do Estado 
na economia deveria corresponder apenas à proteção do Estado, mas não à intervenção nas leis de 
mercado. Neste sentido, criticava duramente o Mercantilismo que criava entraves para o comércio 
entre as nações, pois entendia que os países poderiam enriquecer-se através da parceria comercial, 
ou seja, defendia o livre comércio em âmbito internacional. O comércio seria vantajoso para ambas 
as nações, pois ao ampliar a divisão do trabalho para o âmbito das nações, cada país se 
especializaria na produção de bens que apresenta vantagens absolutas de custos e, com isso 
reduzindo o preço do bem. 
 
Em sua visão, o governo deveria ser mínimo e se preocupar, sobretudo, em defender o exercício da 
livre concorrência, pois acreditava que o mercado alocaria de maneira eficiente os recursos, 
induzindo o progresso econômico. Dessa forma, postulou que o estado deveria atuar na defesa do 
território e na administração da justiça, e que tais atividades deveriam ser financiadas pela cobrança 
de impostos, respeitando a capacidade contributiva dos agentes econômicos. Em suma, Adam Smith 
baseou sua teoria na divisão do trabalho e na defesa do liberalismo econômico, como fatores que de 
fato promoveriam a riqueza das nações. 
 
Malthus, outro autor clássico, publicou em 1798 “Um Ensaio sobre o principio da População”, após 
observar que a Revolução industrial e a crença mercantilista de necessidade de uma população 
numerosa fizeram aumentar as desigualdades e a miséria, desta forma, ele apresentou a sua famosa 
Lei da População e dizia “Quando não controlada, a população aumenta em uma progressão 
geométrica, enquanto que, os meios de subsistência aumentariam na melhor das hipóteses em 
progressão aritmética” (Thomas Malthus, 1798). 
 
Desta forma, a cada 25 anos a população dobraria de tamanho, ao passo que, os meios de 
subsistência (alimentos) aumentariam no máximo em 25%. Malthus observou que dois fenômenos 
contribuíam para tal fato: a chamada Lei dos Pobres de 1795 que garantia uma renda mínima aos 
pobres independentemente dos seus ganhos e a Lei dos Cereais de 1813, que impunha dificuldades 
a importação de grãos. 
 
Referente à Lei dos Pobres, Malthus era contra a ajuda do governo aos pobres, pois entendia que a 
pobreza era um castigo divino e o governo nada poderia fazer contra isso. A oposição de Malthus 
em relação às duas leis, dos Pobres e dos Cereais, seguia uma lógica econômica, pois, a renda 
adicional fornecida aos pobres, e a proibição de importar grãos, encareceria o preço dos alimentos, 
porque levaria a uma maior demanda dos pobres por alimentos associada a uma oferta limitada de 
grãos que se refletiria em inflação, o que seria danoso para toda a sociedade. 
 
Malthus identificou que seria apropriado o controle do crescimento populacional e esse se daria de 
duas formas: Preventivo e “Positivo”. O preventivo se daria através de restrição moral, ou seja, as 
pessoas que não pudessem sustentar os filhos deveriamse absterem do casamento ou adiá-lo. Já os 
controles “positivos” seriam provenientes de fenômenos como a fome, a guerra, as pragas, pois 
esses males eram necessários para limitar o crescimento populacional. 
 
Apesar de a escola clássica ter Adam Smith como o primeiro precursor, foi David Ricardo que 
difundiu fortemente os dogmas Clássicos com algumas contribuições pessoais com destaque para as 
seguintes: 
 
O Valor dos bens decorre simultaneamente do trabalho humano e do capital técnico: Para 
produzir bens e serviços um fator fundamental era o trabalho o que Ricardo chamava de “Trabalho 
Incorporado”. Esse por sua vez, reunia o “Trabalho Direto”, a mão-de-obra propriamente dita, e o 
“Trabalho Indireto”, contido nas máquinas e equipamentos utilizados pelos trabalhadores. 
 
Rendimentos Decrescentes: Aplicada à questão fundiária, Ricardo observa que, à medida que se 
intensifica a utilização da Terra, esta por sua vez, com o passar do tempo, responde com um volume 
menor de produção, levando a um aumento nos preços dos alimentos e dos salários. Esses 
fenômenos tenderiam a gerar inflação e levar a economia a um estado estacionário de crescimento. 
 
A Troca Internacional é benéfica para todas as nações: Devido às imposições da Lei dos Cereais 
que impunha entraves à importação de Grãos, Ricardo percebeu que a abertura do comércio poderia 
ser benéfica para a Inglaterra, contribuindo para a redução do preço dos grãos, pois ampliaria a 
oferta. Tendo como referência as ideias de livre-concorrência propostas por Adam Smith, entendia 
que o livre comércio seria benéfico para todas as nações, pois o país exportaria aquele bem em que 
possuía vantagens produtivas e importaria os bens, cuja produção era mais custosa. Para tanto, era 
necessário que houvesse abertura comercial entre os países. 
 
Jean Baptiste Say (1768-1832) foi outro autor da escola clássica. Este popularizou a chamada Lei 
de Say, que diz que “A oferta cria sua própria procura”. O aumento da produção transforma-se em 
renda dos trabalhadores e empresários, que seria gasta na compra de outras mercadorias e serviços. 
Assim sendo, os momentos de retração da economia seriam causados por insuficiência de produção 
e não por escassez de demanda que, em sua visão, não existiria. 
 
Contudo, as ideias da escola clássica passaram a ser criticadas pelos marxistas, que têm como pilar 
a obra “O Capital” de Karl Heinrich Marx (1818-1883). O Capital (1867) tem como objetivo 
descobrir as “leis do movimento” da sociedade capitalista. O modelo econômico de Marx 
demonstrava como o capitalismo explorava a classe trabalhadora, e como essa exploração 
conduziria o capitalismo à sua destruição. Marx propunha, sobretudo, uma reforma dos preceitos 
clássicos, pois acreditava que o modelo apresentava muitas contradições e que inevitavelmente seria 
substituído pelo socialismo. 
 
Marx entendia que havia uma “mais-valia” no processo de produção, isto é, um valor extra que o 
trabalhador cria, além do valor pago por sua força de trabalho. Diante disso, haveria uma tendência 
a queda da taxa de lucro, pois o empresário buscando maior eficiência produtiva passaria a 
substituir o trabalhador por máquinas, e com isso reduzindo a mais-valia e, portanto, o lucro do 
empresário o que levaria a queda do sistema capitalista. 
 
Na tentativa de recuperar as ideias dos economistas clássicos, os neoclássicos no início da década 
de 1870/até as primeiras décadas do século XX, procuraram sedimentar o raciocínio matemático, 
procurando isolar os fatos econômicos de outros aspectos da realidade social. Com isso, 
privilegiaram os aspectos microeconômicos da teoria. 
 
A decisão de produzir ou consumir vai depender do custo ou benefício proporcionado pela última 
unidade, ou seja, pelo custo marginal e utilidade marginal. A utilidade que as pessoas têm no 
consumo dos bens, determinada por seus gostos, influencia as quantidades demandadas de cada 
bem e, então, seus preços. Ou seja, quanto maior a utilidade do bem, maior será seu preço. 
 
Segundo os economistas neoclássicos, a utilidade de um produto determina o valor dos bens, a 
quantidade demandada e, então, o preço de equilíbrio do mercado de cada bem. Isso foi 
representado por Marshall em um gráfico de duas dimensões, determinando o equilíbrio parcial 
pela interação da oferta e da demanda de cada bem. 
 
Com isso, iniciou-se um deslocamento da construção de teorias que se baseavam no custo de 
produção para a construção de teorias que se utilizam do princípio marginal. Esse deslocamento 
ficou conhecido como revolução marginalista e mais tarde, foi denominada de economia 
neoclássica por Alfred Marshall (1842-1924) em sua obra Princípios de Economia. 
 
Nesse sentido, a mudança da determinação de valor de uma mercadoria em prol do valor-utilidade 
foi fundamental para que os neoclássicos se tornassem na corrente dominante. Assim, na medida em 
que as mercadorias são mais procuradas, os preços se elevam porque o seu valor aumenta, 
desfazendo a teoria do valor-trabalho e possibilitando a influência da demanda na determinação dos 
preços. 
 
Antes de Marshall, diversos autores contribuíram para o desenvolvimento da teoria neoclássica. 
Entre estes, se destacam William Jevons (1835-1882) com a obra Teoria da Economia Política, 
Carl Menger (1840-1921), autor de Princípios de Economia Política e Léon Walras (1834-1910) 
que publicou Elementos de economia pura. 
 
Utilizando das teorias clássicas, A teoria neoclássica adotou a hipótese de preços e salários flexíveis 
de modo a garantir a ação dos chamados mecanismos automáticos de equilíbrios. Com isso, a 
economia sempre retornaria ao seu nível de pleno emprego sem a intervenção do Estado. 
 
A escola neoclássica foi a corrente dominante até os anos 1930, quando a economia mundial passou 
por uma de suas maiores crises que ficou conhecida como a Grande Depressão. As empresas 
estavam abarrotadas de produtos, e não estavam encontrando mercado consumidor. Isto é, nem a 
Lei de Say e muito menos os mecanismos automáticos de equilíbrio estava funcionando. 
 
A teoria Econômica vigente acreditava que se tratava de um problema temporário, de modo que 
como se tratava de uma crise de superprodução, as empresas seriam obrigadas a baixar os preços e 
com isso desovar seus estoques. Porém, ao invés de baixar os preços, as empresas passaram a 
demitir os trabalhadores. 
 
Assim, o livre mercado não estava levando a economia a uma situação ótima. A lei de Say também 
não estava operando da forma esperada, uma vez que a oferta (produção) deveria ter gerado sua 
própria demanda. 
 
Com isso, os economistas passaram a debater sobre uma provável saída para a Grande Depressão. 
Dentro desse debate, surge Keynes com sua obra “Teoria Geral do Emprego, dos Juros e da Moeda 
(1936)”, argumentando que diante de um excesso de oferta como o que se verificava, era necessária 
a ação de um agente externo. Esse agente externo na perspectiva keynesiana é o Estado. 
 
Portanto, para Keynes era necessária a intervenção do Estado, através de uma política monetária e 
de gastos públicos, para criar demanda efetiva e, assim eliminar o excesso de oferta. Com isso, as 
empresas teriam estímulos para aumentar o investimento, de modo que a economia se recuperaria 
da crise por qual passava. Este processo, Keynes denominou de princípio da demanda efetiva, 
segundo o qual a capacidade produtiva da economia deveria ser guiada pela demanda efetiva dos 
agentes econômicos. Porém, o Estado deve intervir apenas quando os mecanismos de mercado não 
estiverem funcionando. 
 
Assim, enquanto os neoclássicos restringiam a atuação do Estado à produção dos bens públicos e as 
externalidades, em Keyneso Estado tem um papel central através de políticas ativista para criar 
demanda efetiva e direcionar a economia ao pleno emprego. Assim, ao adotar as ideias keynesianas, 
o sistema capitalista conseguiu se recuperar e a teoria de Keynes passou a ser a nova corrente 
dominante na teoria econômica. Além disso, a partir de Keynes a ciência econômica se divide em 
dois grandes ramos: a microeconomia da escola neoclássica e a macroeconomia keynesiana. 
 
O keynesianismo firmou seu predomínio na teoria econômica ocidental nos 30 anos após a Segunda 
Guerra Mundial. Nesse período, ocorreu nos países desenvolvidos o Estado do Bem-Estar Social 
(welfare state) com fortes gastos sociais para redistribuir a renda e com planejamento econômico 
voltado à regulamentação das atividades consideradas estratégicas. O gasto contra-cíclico (ou seja, 
elevado nas recessões e retraído na expansão econômica) tornou-se regra. Os países 
subdesenvolvidos (ou “em desenvolvimento”, como passaram a ser chamados) realizaram fortes 
investimentos estatais em infraestrutura para estimular a industrialização, com resultados 
expressivos nesse aspecto (processo de que o Brasil é um dos maiores exemplos), embora sem 
resolver questões básicas como a miséria e a concentração de renda. 
 
Contudo, o Estado tornou-se inchado em diversos países, de modo que a dívida pública cresceu de 
forma expressiva na década de 1980. Com efeito, este fato abriu espaço para a volta das políticas 
liberais dos clássicos e neoclássicos. 
 
Os últimos vinte anos marcaram uma reviravolta na teoria e na prática das economias capitalistas. 
Uma onda denominada neoliberalismo passou a ocupar o lugar antes preponderante do 
keynesianismo. Seus princípios são contrários à intervenção estatal na maioria dos campos em que 
esta vinha ocorrendo. Privatizações, desregulamentações em diversas áreas, flexibilização das 
políticas relacionadas ao câmbio, passaram a ser a regra de ouro. Essa regra foi consolidada no 
denominado Consenso de Washington, reunião ocorrida em 1989 na capital dos EUA com técnicos 
de diversos países e que resultou num documento famoso (escrito pelo economista John 
Williamson). Nem todos estão de acordo com essa linha de pensamento e de ação, mas ela é a 
orientação hegemônica na atualidade. Com o colapso dos regimes socialistas na Europa, as críticas 
ao neoliberalismo foram enfraquecidas. Porém, nos depois da crise financeira de 2008-09 e da crise 
na Zona do Euro recentemente, observa-se a preocupação dos economistas em debater a 
possibilidade de um papel maior do Estado em períodos cíclicos. 
 
Síntese 
 
Nesta aula, você entrou em contato com o objeto de estudo da Economia e com os problemas 
econômicos fundamentais. Foi apresentado a alguns conceitos econômicos fundamentais: escassez, 
produção de bens e serviços, fatores de produção, custos de oportunidade. Começou a observar o 
método científico adotado em Economia. Ficou sabendo que a Economia é subdividida, para efeito 
de estudo, em dois campos: Macro e Microeconomia. 
 
A próxima aula iniciará o estudo da Microeconomia, abordando os dois principais agentes da 
economia: os produtores e os consumidores. Você ficará sabendo o que é Oferta (que se refere aos 
produtores) e Demanda (que se refere aos consumidores). Receberá explicações sobre os fatores que 
explicam a oferta e a demanda e como elas se combinam para produzir o que chamamos “equilíbrio 
de mercado”, uma situação que parece impossível, mas que ocorre com frequência.

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