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Processo Penal I Ação Penal 7º período Fábio pedroto AÇÃO PENAL “É o direito de pedir ao Estado-Juiz a aplicação do direito penal objetivo a um caso concreto. É também o direito público subjetivo do Estado-Administração, único titular do poder-dever de punir, de pleitear ao Estado-Juiz a aplicação do direito penal objetivo, com a consequente satisfação da pretensão punitiva” (CAPEZ). DIREITO PENAL OBJETIVO - conjunto de normas voltadas aos indivíduos, criando assim um padrão de conduta para a sociedade. Por sua vez, DIREITO PENAL SUBJETIVO é o poder do Estado de aplicar o direito penal objetivo (JUS PUNIENDI). A essência do direito subjetivo consiste em que seu titular tem o poder de exigir alguma coisa de outrem (PRETENSÃO PUNITIVA). O direito de ação se fundamenta no artigo 5º, inciso XXXV da CF: “A lei não excluirá da apreciação do poder judiciário lesão ou ameaça a direito”. AÇÃO PENAL Características: DIREITO AUTÔNOMO – não se confunde com o direito material que pretende tutelar. Para que o direito de ação seja exercido não é imprescindível que tenha sido transgredido um direito material. DIREITO ABSTRATO – independe do resultado final do processo. O titular do direito tem a faculdade de provocar o poder Público através dos órgãos judiciários, isso é, decorrente da autonomia do direito de ação em relação ao direito material. DIREITO SUBJETIVO – o titular pode exigir do Estado-Juiz a prestação jurisdicional, que tem a obrigação de fazer justiça; DIREITO PÚBLICO – a atividade jurisdicional que se pretende provocar é de natureza pública. AÇÃO PENAL Espécies de ação penal no direito brasileiro, para doutrina majoritária: Adotou-se na doutrina brasileira uma divisão subjetiva das ações, isto é, a qualidade do sujeito que detém sua titularidade. As ações penais, portanto, serão: PÚBLICAS – promovidas pelo Ministério Público; PRIVADAS – promovidas pelo ofendido ou representante legal. AÇÃO PENAL AÇÃO PENAL A ação penal pública comporta uma subdivisão: pode ser INCONDICIONADA ou CONDICIONADA. Nas ações penais públicas incondicionadas, o MP promove independentemente da vontade da vítima, bastando que estejam presentes as condições da ação e os pressupostos processuais. Nas ações penais públicas condicionadas, esta só pode ser intentada ser houver REPRESENTAÇÃO do ofendido ou representante legal, ou por REQUISIÇÃO do Ministro da Justiça. Leitura dos artigos 24 do CPP e 100, § 1º do CP. Qual a razão destas divisões? Política criminal. Escalonamento de ofensa ao Estado e ao particular. AÇÃO PENAL O direito de punir nas ações privadas deixa de ser do Estado? Ou o Estado só confere ao particular o direito de ação? A ação penal pública incondicionada é a regra, sendo exceção a ação penal privada. Não havendo previsão EXPRESSA sobre a forma de se proceder (se a ação penal será privada ou condicionada à representação), será considerada PÚBLICA INCONDICIONADA. Exemplo de ação penal pública incondicionada – art. 121 do CP. Exemplo de ação penal pública condicionada à representação – art. 129 do CP. Exemplo de ação penal privada – art. 138 do CP. Exemplo de ação penal pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça - Os crimes de injúria praticados contra o Presidente da República (CP, art. 141, I, c/c o parágrafo único do art. 145 do CP e art. 26 da Lei de Segurança Nacional). AÇÃO PENAL AÇÃO PENAL PÚBLICA A iniciativa dessa ação é de um órgão estatal representando o próprio interesse social. A Constituição Federal, no art. 129, inciso I, estabelece, em outras palavras que, se a infração penal é sujeita à ação penal pública, somente o Ministério Público poderá propô-la, seja ela condicionada ou incondicionada. A ação pública incondicionada se diferencia da ação pública condicionada pelo fato da última depender da interferência do ofendido, de seu representante legal ou da requisição do Ministro da Justiça que deverão manifestar sua vontade para que a ação seja proposta, ou seja, é preciso que haja, no primeiro caso, uma representação, que nada mais é do que, a manifestação de consentimento permitindo ao Ministério Público agir. AÇÃO PENAL AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA: A ação penal pública incondicionada está prevista no artigo 100, caput, 1ª parte do Código Penal e no artigo 24, caput, 1ª parte do Código de Processo Penal. Ela é regra no sistema penal brasileiro e, por isso, não tem previsão legal expressa. Isso por uma razão de racionalidade ou economicidade, ou seja, o Código Penal após definir um delito, sempre se refere à ação penal, mas, nos casos de ação pública incondicionada, pelos motivos já expostos acima, não há essa definição expressa, apenas nos casos de ações públicas condicionadas e ações de iniciativa privativa do ofendido. Os princípios que regem as ações públicas incondicionadas são os seguintes: AÇÃO PENAL Princípio da oficialidade: diz respeito ao fato de que a ação pública é promovida pelo Ministério Público, ou seja, a legitimidade ativa cabe somente a um órgão do Estado. Nesse sentido, observa Júlio Fabrinni Mirabete: “Depois de secular evolução e experiência, que levou o Estado à criação de um órgão para exercitar, em seu nome, a pretensão punitiva, estabeleceu-se a regra da oficialidade que orienta a maioria das legislações dos países cultos. Entre nós, como na maioria deles, esse órgão é o Ministério Público, a quem cabe promover, privativamente, a ação penal pública”. AÇÃO PENAL Princípio da Obrigatoriedade ou da Legalidade: este princípio se mostra muito importante, pois se refere à obrigatoriedade que tem o órgão do Ministério Público de exercer o poder-dever de ação, isto é, o dever de oferecer a denúncia quando tiver elementos probatórios suficientes da existência de um fato criminoso e de sua autoria. É o que prescreve o art. 24 do CPP, ao dispor que a ação penal será promovida por denúncia do Ministério Público. Portanto, quando identificada a hipótese de atuação, não pode aquele órgão recusar-se a dar início a ação penal, não cabe àquele adotar critérios de conveniência e oportunidade. Pode ser mitigado? Com o advento da Lei 9.099/95, que implantou os institutos da transação penal e da suspensão condicional do processo no sistema jurídico brasileiro, parte da doutrina sustenta que estes institutos excepcionaram o princípio da obrigatoriedade da ação penal. A discussão centra-se, principalmente, no art. 76 da Lei 9.099/95, in verbis: “Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta.” AÇÃO PENAL Princípio da Indisponibilidade: Esse princípio está consagrado no art. 42 do CPP que traz a seguinte redação: "O Ministério Público não poderá desistir da ação penal". Esse princípio também é consagrado quando se trata da interposição de recursos, eis que, uma vez interposto não pode o Ministério Público desistir. Há, sem dúvida, várias situações que mitigam a aplicação do princípio da indisponibilidade. Uma exceção é a suspensão condicional do processo para os casos de infrações de menor potencial ofensivo regidas pela lei 9.099/95. É dada ao Ministério Público a possibilidade de propor ao acusado, após o oferecimento da denúncia, a suspensão condicional do processo - que é um ato de disposição da ação penal - pois, após o cumprimento da suspensão, o acusado terá a sua punibilidade extinta. AÇÃO PENAL Princípio da Intranscendência: que diz respeito ao fato de que a ação penal condenatória é proposta contra a pessoa ou as pessoas a quem se imputa a prática do delito, não podendo passar da pessoa do infrator. Ainda que em decorrência de um crime outra pessoa tenha a obrigação de reparar um dano, a ação penal não pode abarcá-la. A reparação deverá ser exigida na esfera cível. Pena de multa? AÇÃO PENAL Princípio da Indivisibilidade: A ação penalpública deve abranger todos aqueles que praticaram o crime. A regra é desdobramento do princípio da legalidade: se o MP está obrigado a propor a ação penal pública, não poderá escolher entre os indiciados quais serão processados (CAPEZ). Para alguns doutrinadores, porém, aplica-se o principio da Divisibilidade, pois o MP pode processar apenas alguns dos autores, optando por coletar maiores evidências para processar posteriormente (MIRABETE). Vejam este julgado do STJ: O fato de o Ministério Público deixar de oferecer denúncia contra quem não reconheceu a existência de indícios de autoria na prática do delito não ofende o princípio da indivisibilidade da ação penal, pois o princípio do art. 48 do CPP não compreende a ação penal pública, que, não obstante, é inderrogável. (RSTJ, 23/145) AÇÃO PENAL Princípio da Suficiência da Ação Penal: Esse princípio se aplica no estudo das chamadas "questões prejudiciais", onde se entende que, em certas situações, o processo penal seria suficiente para dirimir todas as controvérsias que eventualmente possam aparecer, sem que haja a necessidade de remeter o caso para a esfera cível em busca de uma solução. É o que ocorre com as questões prejudiciais homogêneas (ligadas ao Direito Penal) e heterogêneas (ligadas aos outros ramos do Direito) não relativas ao estado civil das pessoas. Em tais situações, se o caso não for de difícil solução, a questão prejudicial poderá ser resolvida pelo próprio juízo penal. AÇÃO PENAL CONDIÇÕES DA AÇÃO: “São requisitos que subordinam o exercício do direito de ação” (CAPEZ). Para que o Estado-Juiz possa exercer seu papel, faz-se necessário o preenchimento de algumas condições. São as seguintes condições genéricas: POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO, INTERESSE DE AGIR e LEGIMITIMIDADE DAS PARTES. Além destas condições genéricas, a doutrina apresenta algumas condições especificas para o exercício da ação penal. Vejamos cada uma delas. AÇÃO PENAL POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO No exercício do direito de ação, o autor da demanda faz dois pedidos: um imediato, contra o Estado, requerendo a prestação jurisdicional; outro, mediato, contra o réu, requerendo sua condenação. O pedido imediato sempre é possível: mesmo quando o juiz rejeita a denúncia ou a queixa, ele aplica o Direito ao caso concreto. Assim, a impossibilidade jurídica do pedido só pode se referir a seu aspecto mediato. A possibilidade jurídica do pedido corresponde à viabilidade de procedência da ação penal. Ou seja: a conduta imputada deve estar prevista como infração penal. Exemplo: denunciar alguém por furto culposo. Nesse caso, deve ser rejeitada a inicial. Uma crítica a essa condição da ação se refere à sua denominação: possibilidade jurídica do pedido. A causa de pedir, ou seja, o fato no qual se funda a demanda também pode estar ausente. Nesse caso, não só o pedido é impossível, mas toda a demanda. AÇÃO PENAL POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO No processo penal o conceito de possibilidade jurídica é aferido POSITIVAMENTE, ou seja, só será considerado se o ordenamento permitir, se estiver previsto em lei, diferentemente do processo civil. Neste entendimento, a denúncia ou queixa-crime será rejeitada se o fato evidentemente não constituir-se infração penal (for atípico). Exemplo: denunciar alguém por “atitude suspeita”, sendo um caso claro de que não há possibilidade jurídica deste pedido ao Judiciário. Para não confundirmos esta condição da ação com o mérito, temos que analisar a causa petendi em tese e de acordo com a peça inicial, desvinculada de qualquer análise meritória. No mérito, serão analisados os fatos provados. AÇÃO PENAL INTERESSE DE AGIR Desdobra-se no trinômio: NECESSIDADE – Não se pode impor uma sanção sem o devido processo legal. Neste sentido, a denúncia não será recebida quando estiver, por exemplo, extinta a punibilidade do agente, pois a perda do direito de punir resultou na desnecessidade da via processual. UTILIDADE – traduz-se na eficácia da atividade jurisdicional para satisfazer o interesse do autor. Se, de plano, for possível perceber a inutilidade da persecução penal, diz que não há interesse de agir útil. Um exemplo é o fato de se oferecer uma denúncia quando, pela análise da pena possível de ser imposta ao final do processo, já se pode antever a prescrição retroativa. Exemplo: as lesões corporais prescrevem em 4 anos. Mas se o juiz aplicar a pena de 6 meses, da qual não recorre o Ministério Público, o prazo prescricional cai para 3 anos. Portanto, utilizando a prescrição retroativa, é possível a sua verificação entre a data do recebimento da denúncia ou queixa e a data da sentença condenatória. Tanto o juiz da condenação, quanto o da execução, podem reconhecer a ocorrência da prescrição retroativa." ADEQUAÇÃO – consiste no processo penal condenatório e no pedido de sanção penal. AÇÃO PENAL LEGITIMAÇÃO PARA A AGIR “É a pertinência subjetiva da ação”, nas palavras do professor ALFREDO BUZAID. Temos a legitimatio ad causam, que é a legitimação para ocupar tanto o polo ativo: MP (129, I da CF) ou ofendido (31, CPP), quanto o polo passivo: autor do fato (27 do CPP ). Temos ainda a legitimatio ad processum, que é a capacidade de estar no polo ativo, em nome próprio, e na defesa de interesse próprio (art. 33 e 34, CPP). Exemplo: Lucio, maior de idade, tem capacidade de estar em juízo. Além disso, pode exercer o direito de queixa, por ser maior de 18 anos, mas se seu primo Saulo, de 17 anos, for vítima de um crime de alçada privada, a queixa não poderá ser ofertada por Saulo, não obstante sua legitimidade para a causa, pois falta-lhe a legitimidade processual. Partes legítimas, tanto ativas quanto passivas, são os titulares dos interesses materiais em conflito, são os titulares da relação jurídica material levada ao processo. Atenção: inimputabilidade por doença mental não torna o denunciado parte ilegítima, pois não está no campo de análise das condições da ação, pois está no campo da CULPABILIDADE, não podendo interferir no ajuizamento da ação. AÇÃO PENAL LEGITIMAÇÃO PARA A AGIR No processo penal os interesses em conflito são: o direito de punir e o direito de liberdade. O titular do primeiro é o Estado - único legitimado, que atua por meio do MP (legitimado ativo). Por isso que se diz que o ofendido, na titularidade da ação penal privada, é mero substituto processual (legitimação extraordinária), pois apenas possui o direito de acusar (ius accusationis), exercendo em nome próprio, mas no interesse alheio, isto é, do Estado. Legitimados passivos são os suspeitos da prática da infração penal. Quando falamos em LEGITIMIDADE ATIVA, necessária se faz a distinção entre a ordinária e a extraordinária: Legitimidade Ativa Ordinária – Exercida pelo Ministério Público, como órgão do Estado que representa na atividade persecutória; b) Legitimidade Ativa Extraordinária – Exercida pelo Ofendido ou quem legalmente o represente. Nos crimes de alçada privada, e na hipótese do art. 29 do CPP, como o Estado, sem abrir mão do seu direito de punir, permitiu que os seus interesses fossem defendidos pelo ofendido, fala-se, então, em legitimidade ativa extraordinária. AÇÃO PENAL As condições da ação devem ser analisadas pelo juiz quando do recebimento da denúncia ou queixa-crime, de ofício. Faltando qualquer uma delas, deve o magistrado REJEITAR a peça inicial acusatória (art. 395, II do CPP). “Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou Neste caso, o autor será considerado carecedor da ação. Se o magistrado não o fizer nesse momento, deve ser feito em qualquer instante e em qualquer instância, decretando, se for o caso, a nulidade absoluta do processo. Condições objetivas de punibilidade (exemplo: art. 180 da lei nº 11.101/05 - falências) e escusas absolutórias (exemplo: art. 181, II do CPB). AÇÃO PENAL AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA Artigo 24, 1ª parte, do CPP e artigo 100, caputdo CPB. Dominus litis? MP. É iniciada por denúncia do MP nas infrações que repercutem no interesse geral da sociedade. É a regra do processo penal brasileiro. Exemplo: crime de estupro de vulnerável é de ação penal pública incondicionada (225, CPB), diferente dos demais crimes contra a dignidade sexual (213 a 218-B do CPB), que são de ação penal pública condicionada à representação. Neste caso ocorre o que a doutrina chama de ação penal secundária, quando se prevê, mediante certas circunstâncias, uma nova espécie de ação (passando de condicionada para incondicionada). AÇÃO PENAL AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA Prazo, em regra, é de 5 dias (réu preso) e 15 dias (réu solto). Crimes eleitorais: 10 dias. Crimes contra a economia popular: dois dias. Crimes de abuso de autoridade: 48 horas. Lei de drogas: 10 dias. Todos esses prazos são impróprios! AÇÃO PENAL AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO (art. 24, 2ª parte, CPP e art. 100, § 1º do CPB) É aquela cujo exercício se subordina a uma condição. Só pode o MP dar início após uma autorização do ofendido/representante legal, que nada mais é do que a REPRESENTAÇÃO (condição de procedibilidade). Strepitus judicii (escândalo do processo). Considerando que o IP está na fase pré-processual, pode ser instaurado sem a representação? Uma vez iniciada a ação penal, pode a vítima alegar que não quer mais representar? (princípio da Indisponibilidade?) Exemplo: crime de perigo de contágio venéreo (art.130, §2o ): ao ofendido pode trazer maiores danos a exposição pública do fato, do que propriamente o perigo de dano advindo dele. AÇÃO PENAL AÇÃO PENAL PÚBLICA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA Primeira hipótese: artigo 2º, parágrafo 2º do Decreto-Lei nº 201/67: “Art. 2º O processo dos crimes definidos no artigo anterior é o comum do juízo singular, estabelecido pelo Código de Processo Penal, com as seguintes modificações: § 2º Se as previdências para a abertura do inquérito policial ou instauração da ação penal não forem atendidas pela autoridade policial ou pelo Ministério Público estadual, poderão ser requeridas ao Procurador-Geral da República”. Não é possível, pois a CRFB não prevê (art. 109, § 5º). AÇÃO PENAL AÇÃO PENAL PÚBLICA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA Segunda hipótese: art. 357, §§ 3º e 4º da Lei nº 4737/65 (Código Eleitoral): “Art. 357. Verificada a infração penal, o Ministério Público oferecerá a denúncia dentro do prazo de 10 (dez) dias. § 3º Se o órgão do Ministério Público não oferecer a denúncia no prazo legal representará contra ele a autoridade judiciária, sem prejuízo da apuração da responsabilidade penal. § 4º Ocorrendo a hipótese prevista no parágrafo anterior o juiz solicitará ao Procurador Regional a designação de outro promotor, que, no mesmo prazo, oferecerá a denúncia”. Enquadra-se na classificação tradicional de APPI, não acarretando mudança de titularidade. AÇÃO PENAL AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO O MP só pode dar início após autorização da vítima ou representante legal, por meio de manifestação de vontade. A manifestação tem forma definida? A representação ao Delegado de Polícia dispensa a portaria? Qual a natureza jurídica da representação? Condição objetiva de procedibilidade, sendo condição específica da ação penal, sendo requisitos especiais, ao lado daqueles gerais de todas as ações. Apesar de sua natureza processual, aplicam-se as regras de direito material intertemporal, haja vista sua influência sobre o direito de punir do Estado, de natureza inegavelmente substancial, já que o não exercício do direito de representação no prazo legal acarreta a extinção da punibilidade do agente pela decadência (CP, artigo 107, IV). Prazo para representar? O prazo para se exercer o direito de representação é de seis meses, contados a partir do dia em que a vítima ou o seu representante legal tomar conhecimento da autoria do crime (arts.103 do Código Penal e 38 do Código Processual Penal). Prazo decadencial, matéria de direito penal, em virtude de constituir-se causa extintiva da punibilidade, conta-se o dies a quo, sendo ele também fatal e improrrogável. AÇÃO PENAL AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO TITULAR DO DIREITO DE REPRESENTAÇÃO? OFENDIDO ou REPRESENTANTE LEGAL. Pode também ser exercida por procurador com poderes especiais (art. 39, caput do CPP). No caso de morte do ofendido, o direito passa ao cônjuge (quem?), ascendente, descendente ou irmão. E se não possuir representante legal? O juiz pode nomear um curador especial, de ofício ou a pedido do Ministério Público. Exemplos de crimes que exigem representação: lesão corporal leve, lesão corporal no trânsito, lesão corporal culposa (independente da gravidade), perigo de contágio venéreo, ameaça, etc. Prazo decadencial. TITULAR DO DIREITO DE REQUISIÇÃO? MINISTRO DA JUSTIÇA. AÇÃO PENAL AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO Titulares do Direito de Representação? OFENDIDO ou REPRESENTANTE LEGAL DO MENOR OU INCAPAZ. Colisão de interesses? O curador está obrigado a oferecer a representação? Doutrina diverge. Pode-se representar por meio de procurador? Ofendido morto ou ausente? (enumeração taxativa!) AÇÃO PENAL AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO Prazo para representação? E se a vítima for menor de 18 anos ou mentalmente incapaz? Prazos distintos para representante legal e ofendido. A quem se dirige a representação? Irretratabilidade da representação? Depois do oferecimento da denúncia. Retratação da retratação? AÇÃO PENAL AÇÃO PENAL PRIVADA - PRINCÍPIOS OPORTUNIDADE – a conveniência do ajuizamento da ação é da vítima ou representante legal, pois muitas das vezes a exposição ao processo penal pode ser mais prejudicial do que a própria sensação de impunidade. DISPONIBILIDADE – decorre da oportunidade, podendo o titular desistir da ação mediante o PERDÃO ou a PEREMPÇÃO (art. 51 e 60, III do CPP). INDIVISIBILIDADE – se decidir propor a ação, deverá processar TODOS os autores, não podendo escolher entre eles (art. 48 do CPP). Duas pessoas praticam um crime? Ação deduzida contra ambas (indivisibilidade) Uma pessoa pratica dois crimes? Não se aplica a indivisibilidade, podendo oeferecer a queixa-crime contra um dos crimes apenas. INTRANSCENDÊNCIA – não se inclui corresponsáveis civis na demanda. AÇÃO PENAL AÇÃO PENAL PRIVADA EXCLUSIVA Titularidade do direito de queixa-crime: ofendido maior de idade e capaz ou representante legal (caso de menores ou incapazes). No caso de morte ou declaração judicial de ausência, seguir relação do art. 31 do CPP. É necessário ambos os pais ingressarem com a queixa-crime, ou apenas a vontade de um é suficiente? Aqui, prioriza-se de forma absoluta a vontade do ofendido. AÇÃO PENAL AÇÃO PENAL PRIVADA - PRAZO E LEGITIMADOS Seis meses a partir do conhecimento da autoria, salvo exceções expressas, como o artigo 236, § único do CP e a maioridade do ofendido. Sempre será a partir do conhecimento da autoria? Atenção! Nos casos do menor que completar 18 anos, mesmo sabendo da autoria, vai passar a contar o prazo. Contagem do prazo: na forma do artigo 10 do CPB (material). O requerimento de instauração do IP interrompe o prazo decadencial? Ajuizamento da queixa-crime em juízo incompetente interrompe prazo? Divergência doutrinária: para uns, não houve inércia (STJ); para outros, não interrompe, exceto se o magistrado encaminhar de ofício ao juízo competente. AÇÃO PENAL AÇÃO PENAL PRIVADA – ADITAMENTO DA QUEIXA-CRIME PELO MP? Pode aditar, inclusive para incluir novos autores (art. 45 e 48 do CPP); STJ: Pode aditar, mas não pode incluir corréus (só adita para incluir dados faltantes, como data, hora, local); Não pode aditar (intromissão indevida na legitimidade exclusiva do ofendido). Neste caso, entende-se que houve renúncia tácita, aproveitando a todos.AÇÃO PENAL AÇÃO PENAL PRIVADA – RENÚNCIA (art. 49 e 50 do CPP) Natureza jurídica: É ato impeditivo do processo criminal (AVENA). Momento da ocorrência? Até o ajuizamento da inicial (minoritário) OU até antes do recebimento da queixa pelo juízo, pois não se tem, ainda, processo criminal formado (majoritário). A renúncia é ato unilateral. Renúncia e o princípio da indivisibilidade. Pode ser EXPRESSA ou TÁCITA (deixar escoar o prazo decadencial, composição civil no JECRIM, atos incompatíveis com o desejo de ver o autor processado). AÇÃO PENAL AÇÃO PENAL PRIVADA – PERDÃO (art. 51 a 59 do CPP) Natureza jurídica: Trata-se de ato EXTINTIVO do processo penal (AVENA). Ocorre depois do RECEBIMENTO da queixa-crime. Deve ser bilateral (aceitação expressa ou tácita do ofendido), e pode ser feita por procurador com poderes especiais ou advogado. A qualquer tempo, desde que antes do trânsito em julgado. O perdão aproveita a todos? Pode ser concedido fora dos autos? Sim. Pode ser concedido na APPSP? Não, caracterizando negligência, podendo o MP assumira demanda (art. 29, CPP). Havendo mais de um querelante, qual o efeito do perdão concedido por um deles em relação aos demais? PERDÃO DO QUERELANTE # PERDÃO DO QUERELADO! AÇÃO PENAL AÇÃO PENAL PRIVADA – PEREMPÇÃO É a PERDA do direito de seguir na ação penal privada, por inércia ou negligência (MIRABETE). É instituto próprio da ação penal privada exclusiva, não se aplicando à ação penal privada subsidiária da pública; Uma vez reconhecida, é causa EXTINTIVA DE PUNIBILIDADE (art. 107, IV do CPB). Ocorre nas hipóteses do art. 60 do CPP (ler artigo). AÇÃO PENAL AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA Prevista no art. 29 do CPP e 100, § 3º do CPB, pode ser ajuizada ação penal privada em crime de ação pública quando esta não for intentada no prazo legal, e será ajuizada através de queixa-crime subsidiária. É exceção à regra da titularidade exclusiva do MP nas ação públicas, sendo admitida pela própria CF, em seu artigo 5º, LIX. Como regra, tem o MP cinco dias (preso) ou 15 dias (solto) para ajuizar a ação. Embora a ação seja privada, rege-se pelos princípios da ação pública! AÇÃO PENAL AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA Prazo para oferta: seis meses a contar da inércia. Após a inércia, haverá legitimação concorrente: tanto o MP pode ajuizar mediante denúncia (que tem prazo impróprio) quanto o particular mediante queixa-crime (que tem prazo de seis meses); ultrapassados os seis meses, resta somente ao MP o direito de propor a ação. E quando o MP requer o retorno dos autos à Delegacia para novas diligências, ultrapassando o prazo de 5 ou 15 dias? AÇÃO PENAL AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA Leitura do artigo 29 do CPP: Aditamento: pode objetivar incluir pessoa não relacionada pelo particular (ver art. 46, § 2º do CPP); Repudiar a queixa: neste caso, deve ter ocorrido inércia da inicial, por exemplo. Não é ato discricionário; No caso de viabilidade da queixa-crime, poderá o MP atuar como verdadeiro litisconsorte do particular. Perdão do querelante na ação subsidiária? Inconcebível. AÇÃO PENAL AÇÃO PENAL PRIVADA PERSONALÍSSIMA É aquela que só pode ser proposta pelo ofendido, não podendo outras pessoas dar prosseguimento ou intentá-la no lugar da vítima. E se ocorrer falecimento do ofendido? Não se aplica o 31 e 34 do CPP. E se o ofendido for incapaz? Resta aguardar a cessação da incapacidade, ficando suspenso o prazo decadencial enquanto estiver incapaz. Art. 236 do CPB: única hipótese, após a revogação do crime de adultério. AÇÃO PENAL PRIVADA Ação penal popular (art. 29 do CPP), destinada a apurar crimes de responsabilidade cometidos por determinados agentes, prevista na Lei nº 1079/50, artigos 14 e 41. Qualquer do povo pode denunciar os agentes respectivos ao Poder Legislativo, como o Presidente da República, Ministros de Estado, etc. “Art. 14. É permitido a qualquer cidadão denunciar o Presidente da República ou Ministro de Estado, por crime de responsabilidade, perante a Câmara dos Deputados. Art. 41. É permitido a todo cidadão denunciar perante o Senado Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal e o Procurador Geral da República, pelos crimes de responsabilidade que cometerem (artigos 39 e 40)”. Crítica da doutrina: não é espécie de ação penal, pois não tem previsão constitucional. AÇÃO PENAL AÇÃO PENAL POPULAR Instituída pela Lei nº 1.079/50, permite a qualquer cidadão desencadear perante o Senado a apuração dos crimes de responsabilidade cometidos por determinados agentes públicos. Divergência doutrinária: Não há ação penal nos tipos previstos como crimes de responsabilidade, que são meras infrações político-administrativas, sendo o Senado um tribunal político; Há ação penal, pois embora não prevejam privação de liberdade, ensejam sanção administrativa; por outro lado, podem ser consideradas sanções penais (Tourinho Filho). AÇÃO PENAL Ação penal secundária (legitimação secundária): quando inicialmente há uma ação penal específica, mas por circunstâncias especiais essa ação é alterada, sendo prevista secundariamente. É o exemplo dos crimes contra a dignidade sexual. Temos ainda como exemplo a lesão corporal, cuja forma secundária de ação é a pública incondicionada. Legitimação concorrente: quando a ação penal admite mais de um legitimado (MP e particular). Exemplo é o crime contra a honra de servidor público (ver súmula 714 do STF). Não é hipótese de legitimação secundária! image6.jpeg image2.png image3.png image4.png image5.png