Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

Adolescências 
Unidade 1. As adolescências 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 2 
APOIO TÉCNICO 
Laboratório de Estudos e Pesquisas em 
Educação e Economia Social (LEPES) 
Coordenação do projeto 
Mayra Antonelli Ponti 
 
Autoria 
Mayra Antonelli Ponti 
Julia Teodoro da Silva 
Luccas Tonon Zanelatto Simao 
Larissa Renata de Oliveira 
Samanta Rodrigues Mariano 
Izabela Aparecida de Souza 
Victor Augusto Both Eyng 
 
Leitura crítica 
Aline Pereira Rennó 
 
Coordenadora Institucional: 
Talyta Marjorie Lira Sousa 
 
Coordenador Pedagógico: 
Vitor Queiroz Santos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FICHA TÉCNICA 
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO | MEC 
Ministro da Educação 
Camilo Sobreira de Santana 
 
Secretário Executivo 
Leonardo Barchini Rosa 
 
Secretária de Educação Básica I SEB 
Katia Helena Serafina Cruz Schweickardt 
 
Diretor de Políticas e Diretrizes da Educação 
Integral Básica 
Alexsandro do Nascimento Santos 
 
Coordenadora Geral de Ensino Fundamental 
Tereza Santos Farias 
 
Coordenadora de Projetos 
Érika Botelho Guimarães 
 
Técnica em Assuntos Educacionais 
Ananda Carrias Lima Sousa 
 
Analista administrativa 
Letícia Ribeiro da Costa do Carmo 
 
Técnica em Secretariado 
Isaene Francisco Cordeiro dos Santos 
 
Consultoria Especialista 
Allan Greicon Macedo Lima 
Lívia Prado Martins 
Stael Borges Campos 
Victor Augusto Both Eyng 
 
Comitê Gestor Nacional do Programa Escola 
das Adolescências (CONAPEA) 
Conselho Nacional de Secretários de 
Educação (Consed) 
Vitor de Angelo - Presidente 
Roseane Vasconcelos – Secretária de Estado 
da Educação de Alagoas 
 
União Nacional dos Dirigentes Municipais de 
Educação (Undime) 
Alessio Costa Lima - Presidente 
José Marques Aurélio de Souza – Dirigente 
Municipal de Educação de Jucás/CE, 
Presidente da Undime Ceará 
Magda Elaine Sayão Capute – Dirigente 
Municipal de Educação de Vassouras/RJ. 
 
 
 3 
 PÓS-PRODUÇÃO CEAD/UFPI 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ 
 
Reitora 
Nadir do Nascimento Nogueira 
 
Vice-Reitor 
Edmilson Miranda de Moura 
 
 
 
 
CENTRO DE EDUCAÇÃO ABERTA E A DISTÂNCIA 
 
Diretora 
Lívia Fernanda Nery da Silva 
 
Vice-Diretor 
Ildemir Ferreira dos Santos 
 
Coordenadora do Setor de Diagramação e Revisão de 
Material 
Maria do Socorro de Andrade Oliveira 
 
Supervisora do Setor de Diagramação e Revisão de 
Material 
Mariana Barros Pereira 
 
Análise Pedagógica 
Maria Elenice Pereira da Silva 
 
Revisão 
Elizandra Dias Brandão 
 
Projeto Gráfico e Diagramação 
Jader Cleiton Damasceno de Oliveira 
 
 
 
 
 4 
Sumário 
A. Compreendendo as especificidades da adolescência: análise 
do desenvolvimento adolescente para um cuidado responsivo ......... 6 
Análise das particularidades do desenvolvimento adolescente para 
um cuidado responsivo ......................................................................................................... 9 
Atividade: ........................................................................................................................................ 13 
B. Transformações biológicas e cerebrais: características do 
cérebro adolescente e mudanças neuroendócrinas ................................... 14 
Atividade: ........................................................................................................................................ 23 
C. Neuroplasticidade cerebral: a influência de ambientes seguros 
no desenvolvimento cognitivo e nas decisões................................................. 24 
Atividade: ........................................................................................................................................ 28 
D. Transformações psicossociais: relações interpessoais, 
construção de identidade, e sensação de pertencimento ..................... 29 
Atividade: ........................................................................................................................................ 38 
E. Cultura digital, educação midiática e redes sociais: o impacto da 
cultura digital na vida dos(as) adolescentes. ...................................................... 39 
Atividade: ........................................................................................................................................ 53 
Referências: .................................................................................................................................. 54 
 
 
 
 
 
 5 
Olá, professor(a)! 
Bem-vindo ao curso Especialização em Formação de Professores de História 
para uma Escola das Adolescências! 
Neste módulo, nosso objetivo é apoiá-lo(a) a compreender melhor os(as) 
estudantes dos Anos Finais do Ensino Fundamental. Essa etapa corresponde a um 
período singular e de grande importância em suas vidas, o qual denominamos, 
aqui, de “Adolescências”. 
Chamamos assim mesmo, no plural, para reconhecer a diversidade de vivências e 
experiências dessa fase. As primeiras etapas são comuns a adolescentes de 
qualquer lugar deste planeta, pois são características próprias da espécie humana 
e dizem respeito à forma como ocorre o desenvolvimento ao longo da vida. Já as 
características particulares são aquelas que dizem respeito a cada indivíduo e à 
forma como vivencia essa fase de acordo com sua realidade. 
É fundamental tratar do conceito no plural – por isso dizemos adolescências, para 
não considerar o(a) adolescente como um sujeito “genérico”. Especialmente em 
um país continental e diverso como o Brasil, essa perspectiva reconhece a 
pluralidade de vivências, tanto do ponto de vista pessoal quanto social (histórico 
familiar, condições socioeconômicas, gênero, raça, sexualidade, deficiências, 
território etc.), que podem afetar de maneiras diferentes o modo como cada 
pessoa vivencia esta etapa da vida. 
Sendo assim, entender sobre estas características que marcam as adolescências 
te ajudará muito a compreender os(as) estudantes, em suas emoções, reações, 
sentimentos, comportamentos e atitudes; além de apoiar no planejamento de suas 
aulas; a melhor se conectar com os(as) estudantes e se antecipar para possíveis 
situações que possam surgir. 
Compreender a etapa da adolescência, suas especificidades e potencialidades, é 
o ponto de partida para a construção da Escola das Adolescências. 
 
 
 6 
A. Compreendendo as especificidades da adolescência: 
análise do desenvolvimento adolescente para um 
cuidado responsivo 
A adolescência é uma fase única e de transição, cheia de descobertas e desafios, 
na qual as pessoas estão construindo suas identidades e buscando seu lugar no 
mundo. 
Os(as) estudantes que chegam aos Anos Finais do Ensino Fundamental estão 
vivenciando um momento singular de seu desenvolvimento físico, emocional, 
intelectual, social e cultural, justamente por estarem em plena transição da 
infância para a adolescência, essa fase é frequentemente percebida apenas como 
uma passagem para a vida adulta. Assim como os Anos Finais que, em muitos 
casos, são tratados somente como a ponte dos Anos Iniciais para o Ensino Médio. 
A proposta da Política Nacional Escola das Adolescências, expressa neste curso, é 
ampliar esse olhar, reconhecendo e valorizando as múltiplas dimensões dessa 
etapa da vida, de modo que o(s) estudantes dos Anos Finais sejam reconhecido(a)s 
a partir de um momento importante da sua constituição, que na maioria das vezes, 
não é percebido pelos(as) gestores, educadores e a sociedade. 
 
Veja como o programa tem se estruturado: 
 https://www.gov.br/mec/pt-br/escola-das-adolescencias 
 
E a forma como as escolas podem se adequar para atender às adolescências, por 
meio do documentário “Uma Escola para as Adolescências”, produzido pelo 
Ministério da Educação (MEC) e a Empresa Brasil de Comunicação (EBC), em 
parceria com o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) e a União 
Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime). 
O documentário discute os desafios enfrentados pelos(as) adolescentes nesta 
etapa dode textos gerados por estudantes por meio desta 
tecnologia. 
Vale lembrar, contudo, que muito antes dessa tecnologia esse já era um 
problema enfrentado por professores com cópias de pesquisas em 
buscadores on-line sem citação de fontes. O caminho, portanto, não seria o 
rechaço, mas sim entender de que forma podemos propor situações de 
aprendizagem que exijam dos estudantes a capacidade de análise, produção, 
reflexão e criatividade, estabelecendo conexões com sua realidade e, a partir 
de experiências como estas, ensinar a utilizar a IA de forma ética e 
responsável. 
 
 
Desigualdade de Acesso e Oportunidades 
As múltiplas adolescências brasileiras também têm múltiplas experiências com a 
tecnologia, com a internet, e com as redes sociais. 
De acordo com a Agência Brasil, em sua reportagem sobre o relatório 
Conectividade Significativa: propostas para medição e o retrato da população no 
Brasil, lançado em abril de 2024: “Apenas 22% dos brasileiros com mais de 10 anos 
de idade têm condições satisfatórias de conectividade, apesar de o acesso à 
internet estar perto da universalização no país. Outros 33% da população estão no 
nível mais baixo do índice que mede a conectividade significativa no país (de 0 a 2 
pontos), e 24% ocupam a faixa de 3 a 4 pontos. Os índices são mais baixos entre 
pretos e pardos, nas classes D e E, nas regiões Norte e Nordeste e nas cidades 
menores”. 
Quando a escola possui recursos digitais e pode propor situações de 
aprendizagem mediadas por eles, é fundamental considerar essa desigualdade ao 
planejar e oferecer, para que todos(as) se desenvolvam. A escola pode ser um 
agente de democratização do acesso à tecnologia e desenvolvimento de 
habilidades digitais. 
https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2024-04/apenas-22-dos-brasileiros-tem-boas-condicoes-de-conectividade
 
 
 50 
Em escolas que possuem salas com computadores, mesmo sem internet, é 
possível trabalhar com sistemas básicos e úteis, como, por exemplo, aprender a 
utilizar planilhas e tabelas para organizar dados e informações ou fazer cálculos 
ou elaborar apresentações. 
Recomendações: 
A Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, responsável 
pela Estratégia Brasileira de Educação Midiática, oferece, junto ao MEC, a 
Coletânea de Cursos de Educação Midiática para professores, desenvolvido por 
especialistas da sociedade civil, por meio da plataforma AVAMEC. Confira os 
cursos disponíveis: 
● Educação midiática para adolescentes e jovens - Cidadão Digital 
Descubra o que são informações e como elas impactam nossa sociedade. Explore 
os prejuízos da desinformação no cenário social e político, conheça os sete tipos 
mais comuns de desinformação e entenda como a educação midiática pode 
contribuir para a formação de cidadãos críticos e conscientes. O curso também 
aborda o papel das agências de checagem na verificação de fatos e a 
responsabilidade das plataformas digitais no combate à disseminação de 
conteúdos enganosos. 
● Educando para boas escolhas on-line 
Neste curso, você aprenderá a navegar no ambiente digital de forma responsável 
e segura! São abordados temas essenciais como: direitos e deveres on-line; 
ciberbullying; sexualidade on-line; segurança digital; bem-estar e saúde mental no 
uso da tecnologia; além de estratégias para lidar com a desinformação. 
● Fake Dói: verificação de conteúdo na internet com técnicas abertas 
O projeto "Fake Dói" foi criado com a missão de capacitar usuários(as) de internet 
para combater a desinformação, empoderando-os(as) com técnicas e 
ferramentas de investigação jornalística adaptadas ao ambiente digital. Seu 
objetivo principal é oferecer um treinamento acessível e eficaz, que permita 
aos(às) participantes identificarem e verificarem informações de forma autônoma, 
promovendo uma compreensão mais crítica e consciente sobre os conteúdos 
consumidos on-line. 
https://avamec.mec.gov.br/#/instituicao/safernetbrasil/curso/16012/informacoes
https://avamec.mec.gov.br/#/instituicao/safernetbrasil/curso/16058/informacoes
https://avamec.mec.gov.br/#/instituicao/safernetbrasil/curso/16058/informacoes
https://avamec.mec.gov.br/#/instituicao/institutovero/curso/16014/informacoes
 
 
 51 
● O potencial do uso de tecnologias digitais na formação de crianças e jovens 
para promoção da inovação 
O Curso "O potencial do uso de tecnologias digitais na formação de crianças e 
jovens para promoção da inovação" tem como objetivo geral apresentar 
estratégias e tecnologias digitais como potencial de promoção da inovação na 
formação de crianças e jovens. 
● Segurança e Cidadania Digital em Sala de Aula 
Este curso é ofertado no Avamec, em parceria do Ministério da Educação com o 
Governo do Reino Unido. A formação integra o projeto do componente de 
Cidadania Digital da SaferNet Brasil, que apoia escolas públicas e secretarias de 
educação na elaboração de um currículo sobre o uso seguro das tecnologias para 
estudantes do Ensino Médio e dos anos finais do Ensino Fundamental. 
● Tecnologias Digitais: ferramentas para criatividade e aprendizagem 
O curso “Tecnologias digitais: ferramentas para criatividade e aprendizagem” traz 
uma trilha de aprendizagem sobre o uso pedagógico de diversas ferramentas 
digitais para apoiar professores no desenvolvimento de materiais didáticos, 
roteiros de aprendizagem e estratégias de avaliação. 
● Inteligência Artificial e educação midiática: uma introdução 
O objetivo deste curso é abordar, em linhas gerais, conceitos e características da 
inteligência artificial generativa, capaz de gerar conteúdo a partir de comandos do 
usuário, e as possibilidades de abordá-la em contextos educativos. O curso 
introduz a inter-relação entre inteligência artificial e educação midiática. 
● Guia sobre proteção de crianças e adolescentes no uso de tecnologias nas 
escolas 
O objetivo deste material é auxiliar famílias, responsáveis, educadores e gestores 
escolares a compreender melhor o contexto atual do uso da internet. Além disso, 
destaca a importância da proteção de dados pessoais estudantis, que vai além 
das tendências tecnológicas e do mundo on-line, explicando como já são e 
podem ser protegidos. Além disso, apresenta alguns modelos alternativos para 
uma educação livre de exploração comercial e respeitosa à privacidade e 
segurança de crianças e adolescentes, enquanto estudantes e pessoas em 
formação, participantes ativos do ambiente digital. 
https://avamec.mec.gov.br/#/instituicao/ufms/curso/15799/informacoes
https://avamec.mec.gov.br/#/instituicao/ufms/curso/15799/informacoes
https://avamec.mec.gov.br/#/instituicao/safernetbrasil/curso/16019/informacoes
https://avamec.mec.gov.br/#/instituicao/seb/curso/15475/informacoes
https://avamec.mec.gov.br/#/instituicao/palavraaberta/curso/16351/informacoes
https://avamec.mec.gov.br/#/instituicao/intervozes/curso/16067/informacoes
https://avamec.mec.gov.br/#/instituicao/intervozes/curso/16067/informacoes
 
 
 52 
● Educação Midiática na prática 
Um curso para apoiar educadores na elaboração ou condução de projetos e 
atividades que visam desenvolver, com os estudantes, habilidades essenciais para 
o mundo conectado, como a leitura reflexiva e a produção responsável de mídias 
para participar plenamente da sociedade. 
● Atividades complementares de educação midiática 
O curso busca ampliar o conhecimento sobre temas que envolvem 
desinformação, discurso de ódio, segurança digital de crianças e adolescentes e 
influência responsável por meio de guias, vídeos e artigos. 
● Além disso, a Matriz de Saberes Digitais do MEC é um documento 
importante que define as competências digitais essenciais para 
professores(as) e estudantes e traz um instrumento de autoavaliação para 
você, professor(a), identificar caminhos para seu desenvolvimento também 
neste âmbito. 
 
 
https://avamec.mec.gov.br/#/instituicao/palavraaberta/curso/16047/informacoes
https://avamec.mec.gov.br/#/instituicao/redescordiais/curso/16015/informacoeshttps://www.gov.br/mec/pt-br/escolas-conectadas/20240822MatrizSaberesDigitais.pdf
 
 
 53 
Atividade: 
Imagine que você, como professor(a), se depara com a seguinte situação: um 
grupo de adolescentes está compartilhando nas redes sociais uma foto 
constrangedora de um colega de sala, gerando grande desconforto para o 
estudante que teve sua imagem exposta. 
Questão 
Com base no texto e na situação apresentada, qual a ação MAIS adequada para 
você, como professor(a), lidar com essa situação, focando no desenvolvimento 
da ética digital dos(as) estudantes envolvidos? 
a) Ignorar a situação, pois se trata de um problema externo à escola e à sala de 
aula. 
b) Punir severamente os(as) adolescentes que compartilharam a foto, como forma 
de dar exemplo para a turma. 
c) Conversar apenas com o adolescente que teve a foto exposta, oferecendo apoio 
e aconselhamento. 
d) Intervir de forma mediadora, promovendo o diálogo com todos(as) os(as) 
envolvidos(as) e utilizando a situação como oportunidade para discutir ética digital 
com a turma. 
Referências: 
ANTONELLI-PONTI, M.; FERRAZ, T.; CORDOBA-VIEIRA, J.E. Adolescências e 
Transições: Estruturas e currículos voltados para os anos finais do ensino 
fundamental e transição para o ensino médio. São Paulo. Lopes e Itaú Social, 2024. 
BLANCHFLOWER, D. G.; BRYSON, A.; XU, X. The Declining Mental Health Of The 
Young And The Global Disappearance Of The Hump Shape In Age In 
Unhappiness. Disponível em: . 
COSTA, R. L. S. Neuroscience and Learning. Revista Brasileira de Educação, v. 28, 
p. 1–22, 2023. DOI: https://doi.org/10.1590/S1413-24782023280010. Disponível em: 
https://www.scielo.br/j/rbedu/a/ZPmWbM6n7JN5vbfj8hfbyfK/?format=pdf & 
lang=pt. 
DOW-EDWARDS, D. et al. Experience during adolescence shapes brain 
development: From synapses and networks to normal and pathological behavior. 
Neurotoxicology and Teratology, v. 76, p. 106834, nov. 2019. 
EBEM. Estratégia Brasileira de Educação Midiática - EBEM apresenta as 
políticas públicas voltadas para a população. Secretaria de Comunicação Social, 
2023.Disponível em: https://www.gov.br/secom/pt-
br/assuntos/noticias/2023/10/estrategia-brasileira-deeducacao-midiatica-
apresenta-as-politicas-publicas-voltadas-paraa-populacao. Acesso em: 17 dez 
2024. 
EYNG, Victor A. B. A formação continuada durante o ensino online emergencial: 
objetivos formativos e narrativas docentes. 2024. Dissertação (Mestrado em 
Educação) – Universidade Federal de Alagoas, UFAL, Maceió, 2024. 
HANCOCK, J. et al. Psychological Well-Being and Social Media Use: A Meta-
Analysis of Associations between Social Media Use and Depression, Anxiety, 
Loneliness, Eudaimonic, Hedonic and Social Well-Being. SSRN Electronic Journal, 
v. 24, n. 9, 2022. 
 
https://doi.org/10.1590/S1413-24782023280010
https://www.scielo.br/j/rbedu/a/ZPmWbM6n7JN5vbfj8hfbyfK/?format=pdf&lang=pt
https://www.scielo.br/j/rbedu/a/ZPmWbM6n7JN5vbfj8hfbyfK/?format=pdf&lang=pt
https://www.scielo.br/j/rbedu/a/ZPmWbM6n7JN5vbfj8hfbyfK/?format=pdf&lang=pt
 
 
 55 
LÉVY, P. Cibercultura. (Trad. Carlos Irineu da Costa). São Paulo: Editora 34, 2009. 
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). Relatório mundial da saúde. 
Genebra: OMS, 1998. 
PAPALIA, DIANE E. Desenvolvimento Humano. 14 ed. [s.l]: Artmed, 2021. 
SIEGEL, D. J. Cérebro adolescente: a coragem e a criatividade da mente dos 12 
aos 24 anos. São Paulo: Versos, 2016. 
YANG, Q. et al. The Mutual Relationship Between Self-Compassion, Perceived 
Social Support, and Adolescent NSSI: A Three-Wave Longitudinal Study. 
Mindfulness, [s.l.], v. 14, n. 9, p. 1940-1950, 01 jul. 2023. doi: 10.1007/s12671-023-
02169-6 
ZHOU, X. et al. Family intimacy and adolescent peer relationships: investigating 
the mediating role of psychological capital and the moderating role of self-
identity. Frontiers in Psychology, [s.l.], v. 14, n., p. 1- 14, 29 jun. 2023. DOI: 
10.3389/fpsyg.2023.1165830 
 
i ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). Relatório mundial da saúde. Genebra: OMS, 1998.desenvolvimento humano e os reflexos na vida escolar. Entremeados 
https://www.gov.br/mec/pt-br/escola-das-adolescencias
https://youtu.be/ZSRErIopdII
 
 
 7 
pelos desafios dessa etapa educacional, o documentário apresenta como o 
Ministério da Educação, redes de ensino e escolas têm atuado pela melhoria da 
qualidade dos Anos Finais do Ensino Fundamental. Uma das ações iniciais do 
processo de construção da Política Nacional Escola das Adolescências foi um 
amplo diagnóstico nacional, a “Semana da Escuta das Adolescências” nas escolas, 
construída junto às redes de ensino para evidenciar a importância de escutar os(as) 
estudantes, além de considerar as suas vozes tanto no diagnóstico dos problemas 
quanto na construção de soluções para a melhoria das escolas dos Anos Finais. 
Enquanto assiste, busque relacionar as falas expostas com sua realidade: 
1. A percepção dos(as) seus(suas) estudantes é parecida com aquelas do 
documentário? 
2. De que forma as falas dos(as) especialistas te ajudam a compreender seus 
desafios profissionais? 
A adolescência é uma etapa da vida marcada por complexas interações entre o 
organismo e o meio em que ele vive, representado por questões climáticas, sociais, 
econômicas e culturais. Embora frequentemente associada a transformações 
físicas e hormonais, a maneira como essa fase é vivenciada e compreendida varia 
consideravelmente entre os diferentes grupos sociais, refletindo suas 
particularidades culturais, econômicas e contextuais. A própria delimitação do 
período, comumente atrelada à faixa etária entre 10 e 20 anos segundo a 
Organização Mundial da Saúde (OMS) iou 12 e 18 anos de acordo com o Estatuto 
da Criança e do Adolescente (ECA), se mostra fluida e permeada por construções 
socioculturais. 
Um exemplo marcante dessa diversidade relacionada à compreensão da 
adolescência se manifesta nas culturas dos povos indígenas. Em muitas 
comunidades, a transição para a vida adulta se dá por meio de ritos de passagem 
e marcos simbólicos próprios, que não se encaixam na concepção ocidental de 
adolescência. Alguns estudiosos argumentam que a própria noção de 
"adolescência", com suas características de experimentação, rebeldia e busca por 
identidade, pode ser inadequada para descrever a experiência de pessoas 
 
 
 8 
indígenas em suas fases de desenvolvimento mais intensas, cuja inserção na 
comunidade e nos papéis sociais se dá de forma distinta. 
É fundamental, portanto, reconhecer a pluralidade de experiências e evitar as 
generalizações ao abordar a adolescência, ou melhor, as adolescências. 
Considerar as particularidades e pluralidades possíveis considerando um país tão 
grande e diverso como o nosso amplia nossa compreensão sobre essa fase da 
vida, e contribui para práticas sociais e educacionais mais inclusivas e respeitosas. 
As ações educacionais pensadas para este público devem levar em 
consideração que, no período da adolescência, os(as) estudantes 
experimentam transformações físicas, emocionais, cognitivas e sociais, e 
geralmente, 
● Vivem transições e descobertas com mudanças de responsabilidades 
entre a infância e a vida adulta; 
● Buscam autonomia e independência; 
● Entram em uma fase repleta de oportunidades para o seu 
desenvolvimento; 
● Estão em processo de construção da sua identidade; 
● Enfrentam os estereótipos e os estigmas da adolescência; 
● Expandem seu círculo social e buscam pertencer a um grupo. 
Veja a seguir o trecho do documentário “Esquecidos: a crise dos anos finais do 
ensino fundamental”, que aborda a adolescência, narrada por adolescentes e 
também a visão de membros da comunidade escolar sobre o papel da família. 
Ao assistir, note que os(as) estudantes têm muito a dizer sobre a escola e sobre a 
vida. Reflita sobre como as pessoas adultas podem oferecer um apoio mais efetivo 
se souberem o que eles(as) pensam. 
 
EPISÓDIO 3: ADOLESCÊNCIA E FAMÍLIA | 
DOCUMENTÁRIO "ESQUECIDOS!" EM FORMATO 
SERIADO 
https://www.youtube.com/watch?v=LA48n2LKrSg
https://www.youtube.com/watch?v=LA48n2LKrSg
https://www.youtube.com/watch?v=LA48n2LKrSg
 
 
 9 
Análise das particularidades do desenvolvimento 
adolescente para um cuidado responsivo 
O cuidado com as adolescências pode começar com o entendimento de suas 
especificidades e pluralidades. Há diversas formas de ser e existir no mundo, 
especialmente em um momento tão crucial do desenvolvimento, em que as 
transformações biológicas e psicossociais estão acontecendo com intensidade. 
Nesse processo, a construção da identidade e o desejo de pertencimento e 
reconhecimento constituem dois aspectos fundamentais. 
Para entender as transformações e como os(as) adolescentes estão lidando com 
todas elas, é preciso notá-los(as) e escutá-los(as). A escuta tem benefícios mútuos, 
tanto para quem ouve, quanto para quem compartilha: se bem conduzida, possui 
o potencial de fortalecer os vínculos na dupla ou no grupo, legitimar os 
sentimentos dos(as) estudantes e colocar a escola como um ambiente de apoio e 
acolhimento. 
A escuta intencional, assim como os espaços oportunos para diálogos sensíveis, 
deve ser conduzida de forma responsiva. Isso quer dizer que, é preciso estar 
atento(a) às ações e condutas para que seja proporcionado um acolhimento 
genuíno e seguro. Os tópicos da Unidade 2, O Papel da Escuta e do Acolhimento, 
fazem um aprofundamento em estratégias que orientam este cuidado, mas, para 
já ficar no radar é importante que você, professor(a), reconheça o quanto pode 
impactar positivamente na vida de seus(suas) estudantes, respeitando as 
individualidades e os seus meios de expressá-las; evitando estigmas associados à 
adolescência; e mantendo em vista que os(as) estudantes são sujeitos em 
desenvolvimento, que estão construindo suas bagagens de mundo para 
enfrentarem situações desafiadoras, para isso, eles precisam ser respeitados(as) e 
orientados(as) de forma que tenham seus sentimentos considerados(as). 
É importante reforçar: adolescentes não são todos(as) iguais! 
Diferentes grupos sociais, territoriais e culturais vivem a adolescência com 
trajetórias, realizações e desafios distintos. Por exemplo: 
 
 
 10 
● Adolescentes indígenas, trazem consigo saberes e tradições de seus 
povos, cuja vivência é profundamente conectada com a cultura, a natureza 
e os valores coletivos. Enfrentam desafios ligados à preservação de suas 
tradições e, por vezes, à dificuldade de acesso a elementos da sociedade 
urbana. Ações educativas devem valorizar e integrar os saberes indígenas 
no currículo escolar, garantir um ambiente de respeito às suas tradições e 
promover o diálogo intercultural, sem deixar de oportunizar outros e novos 
repertórios e de garantir o direito à aprendizagem. 
● Adolescentes quilombolas, enfrentam além dos desafios comuns à 
adolescência, questões relacionadas ao racismo estrutural, à desigualdade 
de oportunidades e à luta pela preservação de suas culturas e territórios. De 
igual modo, é importante que a história e a cultura quilombola sejam 
valorizadas, sem deixar de oportunizar outros e novos repertórios e de 
garantir o direito à aprendizagem. 
● Adolescentes ribeirinhos(as), têm seu cotidiano profundamente 
influenciado pelo meio ambiente em que vivem, com rotinas e desafios 
específicos associados à vida nas margens de rios, o que influencia desde o 
acesso à escola até as interações sociais. As ações devem garantir a 
acessibilidade física e pedagógica às escolas, integrar os contextos culturais 
e ambientais ribeirinhos ao currículo e oferecer suporte para superar as 
dificuldades logísticas e sociais específicas dessa realidade. 
● Adolescentes com deficiência e neurodivergentes, têm vivências que 
demandam atenção às suas condições, mas que, acima de tudo, precisam 
ser reconhecidas por suas potencialidades e individualidades. A inclusão 
desses(as) adolescentes na escola vai além da adaptação física; é essencial 
promover ambientese oportunidades que valorizem suas habilidades e 
criem oportunidades para seu desenvolvimento pleno. 
● Adolescentes LGBTQIA+ enfrentam desafios relacionados à aceitação de 
sua orientação sexual e identidade de gênero em um contexto muitas vezes 
marcado por preconceitos, discriminação e violência. Promover um 
ambiente escolar acolhedor e inclusivo, onde possam se expressar e se 
sentir respeitados(as), é essencial para seu bem-estar e desenvolvimento 
integral. 
● Adolescentes que se tornam mães, enfrentam desafios para conciliar os 
estudos, a maternidade e, muitas vezes, a necessidade de contribuir 
financeiramente com suas famílias. Em muitos casos, não continuam os 
estudos. A escola deve ser um espaço acolhedor e compreensivo, que 
 
 
 11 
valorize seu protagonismo e ofereça oportunidades para que possam 
construir seus projetos de vida. 
 
Você pode imaginar como seria, por exemplo, viver em uma 
sociedade que não valida o idioma que você fala? A Língua 
Brasileira de Sinais só foi considerada um idioma oficial no Brasil 
recentemente, no ano de 2002 (Lei nº 10.436). No entanto, ainda 
existem idiomas falados por povos indígenas que não são 
reconhecidos. 
 
Saiba mais 
Este artigo discute a riqueza e a diversidade das línguas 
indígenas no Brasil, destacando os desafios enfrentados para sua 
preservação, como o risco de extinção devido à falta de 
reconhecimento e políticas públicas eficazes. 
Quantas são as línguas indígenas do Brasil, onde são faladas e o que as 
ameaça? 
 
Este vídeo aborda a deficiência auditiva, apresentando as 
experiências e histórias de diversas pessoas. Ele destaca os 
desafios enfrentados, as estratégias de superação e a 
importância de promover inclusão e acessibilidade, bem como a valorização 
da LIBRAS. 
Deficiência auditiva | Inclusive Eu 
 
Você pode imaginar como é, por exemplo, viver em uma 
sociedade em que a maioria dos(as) estudantes com 
trajetórias bem-sucedidas e regulares na escola, de acordo 
com os padrões sociais, são muito diferentes de você? 
https://www.bbc.com/portuguese/resources/idt-2779c755-7af1-495a-a41c-d02995e459b8
https://www.bbc.com/portuguese/resources/idt-2779c755-7af1-495a-a41c-d02995e459b8
https://youtu.be/SS6oo1e2eWE?si=A-XQEXraWtbtjFqw
 
 
 12 
As escolas com adolescentes de nível socioeconômico mais altos, ou que são 
localizadas em centros urbanos, têm, em sua maioria, estudantes brancos, 
enquanto escolas com mais baixos índices socioeconômicos e em localidades 
menos privilegiadas têm maior quantidade de estudantes negros(as). 
Saiba mais 
A reportagem do Alma Preta destaca um estudo que revela a 
persistente desigualdade racial no desempenho escolar no 
Brasil, especialmente em componentes curriculares como 
português e matemática. O texto aborda como fatores estruturais 
e raciais impactam negativamente a aprendizagem de estudantes negros(as), 
refletindo desigualdades históricas e sociais. Além disso, o estudo discute a 
necessidade de políticas educacionais inclusivas que combatam o racismo e 
promovam a equidade no sistema educacional brasileiro. 
Estudo aponta desigualdade racial nas escolas em disciplinas de português 
e matemática 
O documentário “Nunca me Sonharam” aborda os desafios e as 
esperanças da educação pública brasileira a partir de relatos de 
estudantes, professores, especialistas e gestores escolares. O 
filme explora as desigualdades no acesso à educação de qualidade, o 
impacto de condições socioeconômicas e a importância de políticas públicas 
para transformar a realidade das escolas públicas. É uma reflexão profunda 
sobre o papel da escola na formação da juventude e o futuro do país. 
Nunca Me Sonharam | Trailer 
 
 
https://almapreta.com.br/sessao/cotidiano/estudo-aponta-desigualdade-racial-nas-escolas-em-disciplinas-de-portugues-e-matematica/
https://almapreta.com.br/sessao/cotidiano/estudo-aponta-desigualdade-racial-nas-escolas-em-disciplinas-de-portugues-e-matematica/
https://youtu.be/KB-GVV68U5s?si=xeix8b6e6zOr832Z
 
 
 13 
Atividade: 
Qual alternativa NÃO representa uma característica dos(as) estudantes nos 
Anos Finais do Ensino Fundamental? 
a) Estão em processo de construção da sua identidade. 
b) Enfrentam os estereótipos e os estigmas da adolescência. 
c) Vivem em uma fase de estabilidade, sem grandes transformações. 
d) Expandem seu círculo social e buscam pertencer a um grupo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 14 
B. Transformações biológicas e cerebrais: características 
do cérebro adolescente e mudanças neuroendócrinas 
Durante a adolescência, ocorrem intensas transformações no corpo e no 
funcionamento do cérebro, que impactam diretamente seu comportamento e 
desenvolvimento. A passagem da infância para a adolescência é marcada pela 
puberdade, um período de mudanças significativas no sistema neuroendócrino — 
responsável pelas alterações hormonais que afetam o desenvolvimento e as 
interações dos(as) adolescentes. O corpo passa por transformações hormonais 
que desencadeiam o crescimento e o desenvolvimento sexual, enquanto o 
cérebro continua a se desenvolver, especialmente as áreas responsáveis pelo 
controle dos impulsos e pela tomada de decisões. 
Estudos como os da neurociência mostram que a fase mais intensa do 
desenvolvimento cerebral acontece durante a adolescência. Nessa fase, o cérebro 
passa por intensos processos de reorganização e de maturação. 
Dentre eles, vamos aprofundar em três dos grandes aspectos que marcam essas 
fases de transformações que ocorrem no cérebro adolescente: a poda neural, 
os receptores de dopamina e o amadurecimento do córtex pré-frontal. 
A seguir, essas informações serão explicitadas e contextualizadas no âmbito do 
processo educacional e do cotidiano escolar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 15 
Poda neural 
Durante a adolescência, o cérebro passa por processos fundamentais de 
reorganização, como a poda neural que ocorre durante o desenvolvimento 
cerebral, em especial na adolescência, a qual consiste na eliminação das conexões 
sinápticas menos utilizadas, permitindo que as conexões mais eficientes e 
frequentemente usadas se fortaleçam. 
Esse processo otimiza a comunicação entre neurônios e aumenta a eficiência do 
cérebro, fazendo com que as informações sejam transmitidas mais rapidamente, 
resultando na melhoria da memória e na tomada de decisões. Ao mesmo tempo 
em que aumenta a eficiência do cérebro, exige que o(a) adolescente se adapte a 
novos ambientes e desafios, pois as conexões mais utilizadas e fortalecidas serão 
aquelas relacionadas às experiências vividas. 
 
Imagem 1: Poda Neural 
 
Fonte: elaborada pela autora 
 
 
 
 
 
 16 
Poda neural: eficiência cerebral e desempenho escolar 
Talvez você esteja se perguntando: se a poda neural torna o cérebro mais eficiente, 
por que muitos(as) estudantes apresentam dificuldades de aprendizagem nos 
anos finais do ensino fundamental? 
É verdade que a poda neural otimiza as conexões cerebrais, mas ela não age 
sozinha. Existem outros fatores que influenciam diretamente o desempenho 
escolar dos(as) adolescentes e é fundamental que você, professor(a), esteja 
atento(a) a eles: 
1. Mudanças no ambiente escolar 
A transição dos anos iniciais para os anos finais do ensino fundamental marca um 
grande ciclo na vida dos(a) estudantes. Nesta transição, migram de um ambiente 
com um(a) professor(a) polivalente para um sistema com múltiplos(as) 
professores(as), cada qual com seu estilo de ensino e expectativas específicas. 
Essas mudanças exigem que os(a) adolescentes se adaptem a novas rotinas, 
dinâmicas e relações interpessoais, o que pode gerar insegurança e impactar no 
aprendizado. 
É fundamental que você, professor(a), esteja atento(a) a essas adaptações, criando 
um ambiente acolhedor e de apoio para seus(suas) estudantes. 
2. Lacunas na aprendizagem 
É nesse contexto de transição que algumas defasagensna educação básica, como 
dificuldades de alfabetização e domínio de conceitos básicos, podem se tornar 
mais evidentes nos anos finais, quando os objetos de conhecimento se tornam 
mais complexos. 
É importante que você, professor(a), identifique essas lacunas e busque 
estratégias para auxiliar os(as) estudantes a superá-las, como atividades de reforço, 
acompanhamento individualizado e projetos de recomposição das aprendizagens. 
Por mais difícil que seja essa realidade, buscar culpados não ajudará ao(à) 
educador(a) e tampouco aos(às) estudantes. Contar com a escola, os colegas e a 
 
 
 17 
equipe gestora para aplicar estratégias de recomposição da aprendizagem, é o 
melhor caminho. 
3. Adaptação a novas demandas 
Nos anos finais do ensino fundamental os(as) estudantes precisam aplicar seus 
conhecimentos em contextos mais desafiadores, o que exigirá maior autonomia, 
capacidade de análise e resolução de problemas. 
Nesse novo cenário alguns(mas) estudantes podem ter dificuldades em transpor 
o que aprenderam para esse novo contexto, o que pode afetar diretamente seu 
desempenho. 
Você, professor(a), pode ajudá-los(as) a desenvolver essas habilidades, propondo 
atividades que estimulem o pensamento crítico, a criatividade e a colaboração. 
 
Lembre-se: a poda neural é apenas uma peça do quebra-cabeça do 
desenvolvimento cerebral na adolescência. Ao compreender os desafios e as 
necessidades dessa fase, você poderá criar um ambiente de aprendizagem 
mais eficaz e contribuir para o sucesso de seus(suas) estudantes! 
 
 
 
 
 18 
Receptores de dopamina 
Durante a adolescência, há uma mudança significativa nos receptores de 
dopamina no cérebro, um neurotransmissor crucial para a recompensa e a 
motivação. O cérebro adolescente perde cerca de um terço dos receptores de 
dopamina. Com menos receptores, o sistema de recompensa fica mais sensível, o 
que pode levar à busca por experiências intensas, comportamentos de risco e 
busca por recompensas, satisfações, de forma mais intensa e impulsiva. 
1. Impulsividade e comportamentos de risco 
Essa busca por "emoções fortes" pode se manifestar em comportamentos de risco, 
como a participação em grupos que praticam bullying, o consumo de álcool e 
drogas ilícitas, desafiar limites e o envolvimento em relacionamentos instáveis. 
É importante estar atento(a) a esses comportamentos e promover conversas sobre 
os perigos e as consequências das escolhas impulsivas, porém, com abordagens 
que rompam com a perspectiva do medo ou unicamente da repressão, e que 
busquem pelo diálogo o entendimento. Lidar com essa fase requer paciência e 
compreensão. Guiar, apoiar e ouvir pode ajudá-los(as) a passar por toda a 
turbulência de maneira mais branda, e a tomar decisões mais seguras. 
Lembre-se que, muitas vezes, esses comportamentos não são expressos 
intencionalmente, mas sim, pela necessidade de se sentirem aceitos(as) e de 
experimentarem novas sensações. 
 
Compreender o que pode explicar os comportamentos dos(as) adolescentes 
não implica em permissividade ou leniência por parte das pessoas adultas 
que convivem com eles(as). É fundamental que haja uma presença funcional, 
com a definição de limites claros e de consequências para atos graves 
sempre que necessário. Nesse contexto, o papel dos(as) professores(as) se 
torna ainda mais importante, atuando como educadores(as) e 
orientadores(as), capazes de acolher as necessidades dos(as) adolescentes, 
ajudando-os(as) a canalizar suas energias para atividades construtivas e a 
 
 
 19 
promover o desenvolvimento de habilidades socioemocionais essenciais para 
a vida adulta. 
 
2. Protagonismo e metodologias ativas 
Na sala de aula, a necessidade por estímulos intensos pode ser canalizada de 
forma positiva, por meio de propostas pedagógicas que promovam o 
protagonismo e o engajamento dos(as) estudantes. 
Metodologias ativas e propostas diversificadas como jogos, debates, projetos e 
trabalhos em grupo permitem que os(as) adolescentes explorem sua criatividade, 
colaborem entre si e sintam-se parte do processo de aprendizagem. 
3. Interação e colaboração 
Promover o convívio e a colaboração entre os(as) estudantes é essencial para 
estimular a interação, de modo a atender às necessidades sociais e emocionais 
dos(as) adolescentes. 
Planejar aulas que promovem a colaboração, a troca de ideias e o trabalho em 
equipe, gera um ambiente mais dinâmico e motivador, favorecendo o aprendizado 
e o desenvolvimento de habilidades socioemocionais. 
 
 Lembre-se: ao compreender a influência da dopamina no 
comportamento dos(as) adolescentes, você poderá proporcionar um 
ambiente de aprendizagem mais estimulante e acolhedor, que atenda às 
necessidades dos(as) adolescentes, e assim, os(as) ajudem a trilhar um 
caminho positivo e saudável. 
 
 
 
 20 
Amadurecimento do córtex pré-frontal 
O amadurecimento do córtex pré-frontal é um processo longo, complexo e 
fascinante. Essa é a última área do cérebro a amadurecer, e é responsável por 
funções executivas como tomada de decisão, organização, controle de impulsos, 
resolução de problemas, raciocínio lógico, memória, autocontrole, autorregulação, 
planejamento, regulação das emoções e do comportamento social. 
1. Expectativas realistas 
É habitual que a sociedade tenha expectativas de que os(as) adolescentes ajam 
como pessoas adultas, mas é fundamental lembrar que suas funções executivas 
ainda não estão desenvolvidas. 
Isso significa que eles(as) podem ter dificuldades em controlar seus impulsos, 
tomar decisões racionais, lidar com frustrações e regular suas emoções de forma 
consistente. 
Nesse caso, compreender essa fase do desenvolvimento é essencial para que 
você, professor(a), tenha expectativas realistas em relação aos(às) seus(suas) 
estudantes, evitando frustrações excessivas e contribuindo para o 
desenvolvimento de suas habilidades socioemocionais. 
2. Comportamentos considerados inadequados 
É essencial compreender as possíveis causas e contextos por trás de situações 
como choros compulsivos, gritos ou ataques de riso em momentos inapropriados, 
que são comuns na adolescência, mas que refletem a falta de maturidade do 
córtex pré-frontal. 
No entanto, ao em vez de repreender os(as) estudantes de forma punitiva, 
aproveite essas situações para abordar a importância da autorregulação e do 
respeito ao ambiente e aos(às) colegas, além de trabalhar algumas estratégias 
práticas de autorregulação com eles(as). Ao longo do curso, aprenderemos 
algumas. 
 
 
 21 
3. Metodologias ativas e desenvolvimento das funções executivas 
Apenas aulas expositivas e atividades repetitivas não favorecem o 
desenvolvimento das funções executivas, e podem gerar desmotivação e 
comportamentos inadequados nos(as) adolescentes. 
A escola tem um papel fundamental de criar um ambiente que promova o 
desenvolvimento das funções executivas dos(as) adolescentes. Priorize 
metodologias ativas que estimulem a participação, a colaboração, o pensamento 
crítico e a resolução de problemas, criando um ambiente de aprendizagem 
desafiador e engajador. 
Vejamos as possibilidades de algumas metodologias ativas para utilização em 
suas aulas na seção “Saiba Mais”. 
A organização da sala de aula é fundamental para criar um ambiente que favoreça 
a aprendizagem e o desenvolvimento. Nesse sentido, considerando seu contexto 
e possibilidades, organize a sala de aula de forma a favorecer a interação e o 
trabalho em grupo, ofereça atividades desafiadoras que estimulem a tomada de 
decisão e promova um clima de respeito e colaboração. No começo, as primeiras 
tentativas podem ser mais desafiadoras, por romper com uma cultura escolar 
eventualmente já muito enraizada, mas você notará os efeitos ao longo do tempo. 
 
 Lembre-se: o cérebro adolescente está em constante desenvolvimento 
e é moldado pelas experiências e interações que vivencia. Ao oferecer um 
ambienteestimulante e acolhedor, você contribui para o amadurecimento do 
córtex pré-frontal e para o desenvolvimento integral dos(as) seus(suas) 
estudantes. 
 
Saiba mais: 
Veja o artigo que explora as mudanças no cérebro durante a adolescência, 
explicando como essas transformações impactam o comportamento, a 
 
 
 22 
tomada de decisões e o desenvolvimento emocional dos(as) adolescentes: O 
cérebro adolescente 
Nesta outra página você poderá ver conceitos, práticas e benefícios das 
metodologias ativas de ensino, destacando sua capacidade de envolver 
os(as) estudantes como protagonistas do aprendizado: 
 Especial Metodologias Ativas 
 
 
https://veja.abril.com.br/ciencia/o-cerebro-adolescente/
https://veja.abril.com.br/ciencia/o-cerebro-adolescente/
https://novaescola.org.br/tudo-sobre/especial-metodologias-ativas/
 
 
 23 
Atividade: 
Quais das afirmações abaixo estão relacionadas às transformações cerebrais 
que ocorrem na adolescência e impactam o processo de aprendizagem? 
I. A poda neural aumenta a eficiência do cérebro, mas exige adaptação a novos 
ambientes e desafios. 
II. A diminuição dos receptores de dopamina pode levar à busca por experiências 
intensas e exige atenção do(a) professor(a) para canalizar essa energia em 
propostas pedagógicas engajadoras. 
III. O amadurecimento do córtex pré-frontal, responsável pelas funções executivas, 
justifica a necessidade de expectativas realistas e o uso de metodologias ativas 
para o desenvolvimento integral dos(as) estudantes. 
a) Apenas I. 
b) Apenas II. 
c) Apenas I e III. 
d) I, II e III. 
C. Neuroplasticidade cerebral: a influência de ambientes 
seguros no desenvolvimento cognitivo e nas decisões 
A adolescência é um período de grande neuroplasticidade, ou seja, o cérebro está 
em constantes transformações e desenvolvimento. As experiências vividas 
durante esse período, incluindo as escolares, influenciam diretamente na 
formação do cérebro e na aprendizagem. 
Imaginem o cérebro dos(as) seus(suas) estudantes como um jardim em constante 
transformação. A neuroplasticidade é a capacidade que esse jardim tem de se 
remodelar, criar novos caminhos e se adaptar às situações. É como se as 
experiências, os aprendizados e até mesmo os desafios fossem jardineiros 
moldando esse espaço, que pode se tornar florido, ter diversas plantas e árvores 
frutíferas. Mas, se for descuidado, pode se tornar um solo árido e sem vida. 
A neuroplasticidade é a capacidade do cérebro se modificar a partir das 
experiências, estímulos e aprendizados que se vivencia e desenvolve. 
E o que isso significa para você, professor(a)? 
Significa que você tem um papel fundamental nesse processo de "jardinagem 
cerebral"! Cada atividade que você propõe, cada interação em sala de aula, cada 
feedback que você oferece, contribui para a construção de novas conexões 
cerebrais nos(as) seus(suas) estudantes. 
Em contrapartida, fatores contextuais como a pobreza, a violência doméstica, a 
falta de acesso a oportunidades educacionais, a exposição e a outras violências 
aumentam o risco de transtornos mentais na adolescência. Neste sentido, a escola 
pode ser um ambiente positivo ou negativo. 
 
 
 
 25 
Imagem 2: Maleabilidade do Cérebro em Desenvolvimento. 
 
Fonte: elaboração própria 
 
 
 
 
Saiba mais: 
Veja mais informações relacionadas às neurociências e cognição, incluindo 
técnicas pedagógicas e exemplos práticos: 
Ciências e Cognição 
 
 
https://cienciasecognicao.org/redeneuro202401/
 
 
 26 
Mas por que isso é tão importante na adolescência? 
A adolescência é uma fase de intensa neuroplasticidade. O cérebro dos(as) 
seus(suas) estudantes está a todo vapor, se modificando, se reorganizando, se 
desenvolvendo. É como se o jardim estivesse em plena floração, com novas 
mudas surgindo a todo momento. 
"Esses anos são a melhor década da vida. Nenhuma idade é tão receptiva a tudo que 
há de melhor e mais verdades no esforço adulto. Em nenhum solo psíquico, além 
disso, as sementes, tanto boas quanto mais, criam raízes tão profundas, crescendo 
com tanto vigor ou dão frutos com tanta rapidez ou tanta certeza" (Hall, 1904, apud 
Jensen; Nutt, 2016, p.15). 
Como aproveitar a neuroplasticidade na sua prática pedagógica? 
● Estimule a curiosidade: lance desafios, promova debates, incentive a 
pesquisa e a descoberta; 
● Varie as estratégias de didáticas: use diferentes recursos e metodologias 
para manter o "jardim" sempre ativo e estimulado; 
● Crie um ambiente de aprendizagem positivo: um ambiente acolhedor e 
seguro, onde os(as) estudantes se sintam à vontade para errar e aprender, 
favorecendo a neuroplasticidade; 
● Incentive a interação social: o contato com os(as) colegas e a troca de 
experiências também contribuem para o desenvolvimento cerebral; 
● Valorize o feedback: mostre aos(às) estudantes como eles(as) estão 
progredindo e o que podem melhorar. Mesmo em situações simples, faça 
elogios e reconheça os progressos. 
 
 Lembre-se: você é o(a) "jardineiro(a)" que ajuda a cultivar (ou não) o 
potencial dos(as) seus(suas) estudantes! Se o cérebro se molda a partir dos 
estímulos do ambiente, você é o ambiente das adolescências. Ao 
compreender a neuroplasticidade, você pode criar um ambiente de 
aprendizagem mais rico e estimulante, que promova o desenvolvimento 
integral desses(as) adolescentes. 
 
 
 
 27 
Saiba mais: 
Neurociências: contribuições para a aprendizagem. 
O vídeo traz um compilado de informações baseadas em estudos 
da Neurociências que colaboram para compreensão de como o cérebro 
aprende e como as evidências neurocientíficas colaboram com as práticas 
educacionais: Neurociências: contribuições para a aprendizagem 
 
 
Neurociências:%20contribuições%20para%20a%20aprendizagem
 
 
 28 
Atividade: 
Considerando o conceito de neuroplasticidade apresentado, qual das 
alternativas descreve a melhor forma de aproveitar essa capacidade cerebral 
na sua prática pedagógica? 
a) Manter uma rotina de aulas previsível e com poucas variações para evitar que 
os(as) estudantes se sintam confusos. 
b) Priorizar aulas expositivas e exercícios individuais para garantir a concentração 
e o aprendizado individual. 
c) Criar um ambiente de aprendizagem estimulante, com atividades desafiadoras 
e variadas que promovam a interação e o desenvolvimento de novas conexões 
cerebrais. 
d) Evitar situações que gerem frustração nos(as) estudantes, como desafios 
complexos e trabalhos em grupo, para não prejudicar o desenvolvimento cerebral. 
 
 
 
 
 29 
D. Transformações psicossociais: relações interpessoais, 
construção de identidade, e sensação de pertencimento 
Conhecer algumas das características cerebrais e de que maneira o cérebro se 
desenvolve durante a adolescência contribui para a melhoria do aprendizado 
dos(as) estudantes, por meio da potencialização das práticas de ensino. 
No âmbito psicossocial, as mudanças referem-se ao desenvolvimento das 
relações interpessoais, construção de identidade própria, gestão de emoções e 
comportamentos sociais. A adolescência é um período de formação de amizades, 
que se tornam cada vez mais importantes para o desenvolvimento social e 
emocional dos(as) adolescentes. 
As amizades fornecem apoio, compreensão e um senso de pertencimento, 
juntamente com o suporte familiar, educacional e escolar, formando um sistema 
robusto de apoio para o desenvolvimento do indivíduo. Durante esse período, 
os(as) adolescentes começam a pensar de forma mais abstrata, complexa e crítica, 
o que está intimamente ligado ao desenvolvimento da capacidade de perspectiva 
social. Eles(as) passam a reconhecer e compreender diferentes pontos de vista e 
perspectivas, um processo que se estende até a fase adulta. 
Veja a perspectiva de uma mãe ao observar as transições de seu filho durante 
a adolescência. 
"Ao relembrar aqueles tempos, percebo quanto do que eu julgava conhecer 
meu filho duranteaquela fase turbulenta de sua vida parecia virar de 
cabeça para baixo. Andrew parecia preso entre a infância e a idade adulta, 
ainda às voltas com sentimentos confusos e comportamentos impulsivos, 
porém mais homem do que menino em termos físicos e intelectuais. Estava 
fazendo experiências com sua identidade, e o elemento mais básico dessa 
identidade era a aparência” (Jensen; Nutt, 2016, p.12). 
 
 
 
 30 
Mas como isso reverbera na escola e nas aulas? 
Quando pensamos nas relações interpessoais, precisamos compreender que nas 
adolescências as relações se modificam bastante, e que a escola tem um papel 
para colaborar com essa mudança de cenário na vida dos(as) adolescentes. 
1. Ampliação dos círculos sociais 
É fundamental que os(as) professores(as) estejam atentos(as) aos desafios que a 
ampliação dos círculos sociais impõe aos(às) estudantes dos Anos Finais. A 
transição para um ambiente com múltiplos professores e diferentes grupos de 
colegas exige adaptação e pode gerar insegurança. O(a) professor(a), como figura 
de referência, pode auxiliar nesse processo, oferecendo apoio, orientação e 
criando um clima de acolhimento na sala de aula. 
2. Orientação e confiança 
Os(as) adolescentes buscam em adultos confiáveis orientação para lidar com os 
desafios sociais e emocionais. O(a) professor(a) pode se tornar essa figura de apoio, 
demonstrando empatia, disponibilidade para o diálogo e oferecendo suporte nas 
situações de conflito. 
3. Conflitos e aprendizagem 
Os conflitos interpessoais são inevitáveis na adolescência, e o(a) professor(a) deve 
estar preparado(a) para mediá-los de forma construtiva. É importante incentivar o 
diálogo, a empatia e a busca por soluções pacíficas, transformando os conflitos em 
oportunidades de aprendizagem e desenvolvimento socioemocional. 
Veja esta outra perspectiva, de uma mãe de um jovem negro: 
“Foi assim, com muita dificuldade. Aí quando ele cresceu, ele queria 
trabalhar, mas ele não conseguia. Eu fui na central de vagas com ele... Igual 
os outros eu fiz, eu fiz pra ele. Mas nenhum deles conseguiu vaga”... “Mas 
depois não tinha dinheiro pra passagem, ficava mais difícil. . . . Esse dia que 
ele morreu mesmo ele falou assim: ‘Ô, mãe, eu não vou mexer com esse trem 
mais, vou arrumar serviço pra mim” (Sílvia, mãe de Benedito) (Cunha; 
Moreira, 2023, p. 9) 
 
 
 
 31 
Podemos ter uma visão poética de como uma mãe vê seu filho em transição pelo 
desenvolvimento, incluindo a adolescência, na canção “O Meu Guri” de Chico 
Buarque. A canção aborda a relação entre a inocência infantil e a experiência, ou a 
perda da infância, diante das desigualdades sociais e da violência urbana. A letra 
da canção aproxima a inocência ao sofrimento humano, gerado pelas 
contradições sociais, nas duas personagens da canção: a que fala e a de quem se 
fala, a mãe e o seu guri. 
A perspectiva da mãe sobre as transições de seu filho durante a adolescência 
revela a complexidade de viver em um contexto marcado por desigualdades 
sociais, desafios econômicos e barreiras externas. Ao olhar para seu filho, ela não 
apenas percebe a luta interna entre infância e maturidade, mas também 
testemunha a realidade de um jovem negro enfrentando dificuldades concretas 
para alcançar suas aspirações. 
A transição da adolescência para a vida adulta é um processo de descobertas e 
escolhas, mas, para jovens negros como Benedito, esse processo é atravessado 
por dificuldades adicionais. Enquanto Andrew experimentava sua identidade na 
escola, Benedito, ao buscar sua autonomia e dignidade, se deparava com a 
constante exclusão e os obstáculos impostos pelo racismo estrutural. A escola, 
que pode ser um ambiente de aprendizado e acolhimento, muitas vezes não está 
preparada para lidar com as especificidades dessa vivência, e, como a mãe de 
Benedito relata, o mercado de trabalho parece fechado, mesmo para aqueles que 
se esforçam ao máximo. 
Ao refletir sobre a ampliação dos círculos sociais, como mencionado na primeira 
perspectiva, é crucial considerar que os(as) adolescentes negros(as) têm suas 
interações sociais muitas vezes limitadas pelas condições econômicas e sociais 
que enfrentam. A escola, ao invés de ser um espaço de igualdade, muitas vezes 
reflete as disparidades do mundo exterior. O(a) professor(a) precisa ser sensível 
a essa realidade, não apenas como mediador(a) de conflitos interpessoais, mas 
também como um agente de transformação que ofereça, para todos os 
https://www.youtube.com/watch?v=ctIQByUHJe4
https://www.youtube.com/watch?v=ctIQByUHJe4
 
 
 32 
estudantes, um ambiente seguro e inclusivo, que reconheça as diversidades e 
as lutas enfrentadas por cada um deles. 
Assim, enquanto a adolescência é um período de transições emocionais e 
identitárias, é também um momento em que o suporte escolar e a orientação de 
figuras confiáveis, como professores(as), se tornam essenciais para garantir que 
todas as adolescências tenham as mesmas oportunidades de sucesso e 
reconhecimento. 
Em relação à construção da identidade, é importante compreender que as 
pessoas podem mudar, que estão todas sujeitas a transições durante todo o 
processo da vida, mas, que na adolescência esse processo é intensificado. Temos 
três pontos fundamentais para colaborar com sua atuação enquanto professor(a): 
1. Autoconhecimento e experimentação 
A adolescência é uma fase de intensas buscas por autoconhecimento e 
experimentação. É importante que você compreenda que as mudanças de 
comportamento, os diferentes estilos e as novas formas de se expressar são 
manifestações desse processo de construção da identidade. 
2. Expectativas e pressões 
Os(as) adolescentes enfrentam as expectativas e pressões tanto da família quanto 
do grupo social. É fundamental criar um ambiente escolar acolhedor e livre de 
julgamentos, onde os(as) estudantes se sintam à vontade para serem eles(as) 
mesmos(as). Recortes de gênero e classe desempenham papéis marcantes na 
maneira como os(as) adolescentes vivenciam essa etapa da vida. Adolescentes 
meninas, especialmente em comunidades marginalizadas, enfrentam 
expectativas sociais que frequentemente limitam suas escolhas e oportunidades, 
enquanto adolescentes meninos podem ser pressionados a performar uma 
masculinidade rígida. 
3. Identidade e diversidade 
Cada grupo que representa as adolescências terá sua identidade moldada a partir 
das pressões que sofrem. Adolescentes não são todos iguais, porque também não 
são tratados de maneira igual. Os rótulos de que adolescentes são problemáticos, 
por exemplo, vêm do fato de que os dados que existiam sobre eles(as) eram dados 
daqueles(as) cujas famílias procuravam ajuda médica ou psicológica, e esses 
foram documentados. Mais recentemente, temos uma quantidade considerável 
de pesquisas sobre as adolescências, especialmente na América do Norte. No 
entanto, poucas pesquisas são feitas com adolescentes de grupos invisibilizados. 
Esses grupos invisibilizados incluem adolescentes negros(as), indígenas, de 
comunidades periféricas, e LGBTQIA+. A linearidade muitas vezes associada ao 
 
 
 34 
conceito de adolescência ignora as complexidades dessas vivências. Nem 
todos(as) os(as) adolescentes experimentam as mesmas fases no mesmo ritmo 
ou na mesma ordem. 
4. Compreensão e acompanhamento 
Não é esperado que o(a) professor(a) se envolva na construção da identidade de 
cada estudante. Esse processo de construção de identidade é natural e irá 
acontecer com cada um. No entanto, a adolescência tem sido uma fase 
incompreendida e podemos melhorar esta realidade, o papel da escola e do(a) 
professor(a) com certeza faz muita diferença quando se sabe como ouvir e acolher 
a fase. Observar as mudanças de comportamento sem julgamento, oferecendo 
escuta e diálogo, demonstrando respeito às individualidades, não perpetuando 
estigmas, preconceitos e violências são formas de auxiliar (ou, de não 
atrapalhar) os(as)adolescentes nesse percurso. 
Saiba mais 
O texto apresenta parte dos achados de uma dissertação de mestrado 
intitulada “NEGRITUDES, ADOLESCÊNCIAS E AFETIVIDADES: experiências 
afetivo-sexuais de adolescentes negras de uma periferia da cidade de São 
Paulo”. 
Trecho da tese de mestrado de Elânia Francisco: "NEGRITUDES, ADOLESCÊNCIAS E 
AFETIVIDADES" 
 
 
https://www.fazendohistoria.org.br/blog-geral/2019/11/21/mas-adolescncia-no-tudo-igual-recortes-tnico-racial-de-gnero-e-a-nolinearidade-das-adolescncias
https://www.fazendohistoria.org.br/blog-geral/2019/11/21/mas-adolescncia-no-tudo-igual-recortes-tnico-racial-de-gnero-e-a-nolinearidade-das-adolescncias
 
 
 35 
E sobre a sensação de pertencimento? 
O pertencimento é visto como um aspecto central do desenvolvimento humano, 
profundamente enraizado na história evolutiva da espécie e nos processos sociais 
e culturais que moldam a vida de cada indivíduo. 
Na adolescência, especificamente, surge uma tendência de afastamento dos 
vínculos familiares em busca de integração em novos grupos sociais, como os 
encontrados no ambiente escolar. Essa transição reflete uma adaptação evolutiva 
que permite aos(às) adolescentes explorar novos contextos sociais e desenvolver 
habilidades importantes para a vida em grupo, essenciais para a sobrevivência em 
sociedades humanas complexas. 
É importante que você saiba como essa necessidade na adolescência influencia 
em suas aulas. 
1. Importância do grupo 
O senso de pertencimento é uma necessidade humana fundamental, e na 
adolescência essa necessidade se intensifica. Você pode incentivar a formação de 
grupos saudáveis e positivos no ambiente escolar. Por exemplo, se seu contexto 
permitir, não tenha receio de deixar os(as) estudantes que são amigos(as) sentarem 
perto um(a) do(a) outro(a) em sala de aula, mas comunique a eles(as) que é 
importante que prestem atenção e se apoiem para realizar as atividades propostas. 
2. Protagonismo e engajamento 
Incentivar o protagonismo dos(as) estudantes e sua participação em atividades em 
grupo contribui para o desenvolvimento do senso de pertencimento e para a 
construção de relações positivas. Além disso, estimular a colaboração, o trabalho 
em equipe e a participação em projetos e atividades extracurriculares são formas 
de promover o engajamento e o senso de comunidade entre os(as) estudantes. 
Caso não existam, estimular sua construção no ambiente escolar pode ser um 
caminho. 
 
 
 
 36 
3. Prevenção de riscos 
É importante que os(as) professores(as) estejam atentos(as) aos comportamentos 
de risco que podem surgir a partir da busca por pertencimento, especialmente em 
casos em que os grupos se formam como motivação para perpetração de bullying. 
Nesse sentido, é fundamental promover a cultura da paz, do respeito à diversidade 
e a inclusão de todos(as) os(as) estudantes. 
Por outro lado, a adolescência é marcada pela construção da identidade, um 
fenômeno complexo, recheado de experimentações, frustrações e descobertas. A 
identidade está alinhada com a ideia de valores, crenças, objetivos, gostos 
pessoais e desejos. Não podemos desconsiderar, neste sentido, a influência de 
fatores interpessoais e culturais neste processo. Quando falamos na busca por 
pertencimento, por exemplo, é possível que os(a) estudantes sofram pressões 
sociais para se encaixarem em determinados grupos, e terminem se colocando 
em situações de risco. 
A adolescência é uma fase marcada pela busca de independência, em que os 
sujeitos tendem a se distanciar de seus familiares, dedicando mais tempo e 
energia para investirem nas relações interpessoais com seus pares. Este 
distanciamento é comum, mas não significa que a família não deva acompanhar, 
acolher e cuidar do bem estar do(a) estudante. 
Na unidade seguinte, O Papel da Escuta e do Acolhimento, no tópico Professores: 
adultos que apoiam, respeitam e acolhem: discussão sobre o papel dos(as) 
educadores como figuras de apoio e respeito, você verá com maior profundidade 
como as pessoas adultas próximas a este(a) adolescente conseguem promover 
uma escuta acolhedora e genuína, legitimando os sentimentos dessa fase. A 
escuta favorece uma compreensão ampliada sobre o contexto do(a) estudante 
para além da escola: sua relação com seus familiares, colegas de turma e outras 
relações interpessoais, ajudando a identificar fortalezas para seu desenvolvimento 
e possíveis situações de risco. 
 
 
 37 
Outros fatores importantes a serem considerados são os valores sociais, culturais 
e morais a qual esses(a) adolescentes são expostos. E aqui, cabe pensar, quais 
valores a escola que estes(a) estudantes estão inseridos(a) reflete – é um ambiente 
acolhedor, democrático, respeitoso e que se preocupa com os anseios e desejos 
de seus(suas) estudantes? 
4. Influência no desempenho escolar 
Ao dedicar-se à criação de um ambiente escolar acolhedor, que promova a 
sensação de pertencimento, a escola desempenha um papel fundamental de 
contribuir para o sucesso escolar dos(as) estudantes, visto que quanto maior a 
sensação de pertencimento, mais tendem a se engajar com as propostas 
pedagógicas e com seu aprendizado, apresentando melhores desempenhos nas 
avaliações. 
Saiba mais: 
Saiba mais: Veja essa discussão sobre como a sensação de pertencimento na 
escola e o suporte familiar influenciam positivamente o desempenho escolar, 
destacando a importância de relações saudáveis e ambientes acolhedores 
para o aprendizado: 
Sensação de pertencimento e suporte familiar melhoram desempenho escolar 
 
 
 Recomendação 
O livro “Planejando o Trabalho em Grupo: Estratégias para Salas de Aula 
Heterogêneas”, de Elizabeth G. Cohen e Rachel A. Lotam, traz estratégias 
importantes sobre como aplicar com sucesso a aprendizagem cooperativa, 
de modo a construir salas de aula equitativas. A obra apresenta pesquisas 
sobre como o trabalho em equipe contribui para o crescimento e o 
desenvolvimento dos(as) estudantes, e como os(as) professores(as) podem 
organizar suas salas de aula para que todos(as) participem ativamente. 
https://revistagalileu.globo.com/Sociedade/Comportamento/noticia/2021/04/sensacao-de-pertencimento-e-suporte-familiar-melhoram-desempenho-escolar.html
 
 
 38 
Atividade: 
Em sua experiência como professor(a), dentre as ações abaixo (pode escolher 
mais de uma) que mais se assemelham com o que você realiza em sala de aula 
para promover a sensação de pertencimento escolar entre seus(suas) 
estudantes. 
( ) Demonstro interesse por cada um(a), chamo-os(as) pelo nome e valorizo suas 
individualidades. 
( ) Incentivo a participação de todos(as) nas atividades e promover a interação 
entre os(as) estudantes. 
( ) Proponho atividades em grupo e eu mesmo(a) escolho os grupos. 
( ) Proponho atividades em grupo e deixo que eles(as) escolham os grupos. 
( ) Converso com estudantes que ficam isolados(as), buscando saber como ajudar. 
 
 
 
 
 39 
E. Cultura digital, educação midiática e redes sociais: o 
impacto da cultura digital na vida dos(as) adolescentes. 
Que a internet está cada vez mais dentro da sociedade em que vivemos, não é 
uma novidade. Você, professor(a), sabe que a escola não é uma exceção: houve 
um aumento na inserção da tecnologia no cotidiano da comunidade escolar, e 
elementos como os smartphones, vídeos, redes sociais e inteligências artificiais 
formam um conjunto de possibilidades que podem ser usadas de maneiras 
benéficas, ou não. 
É possível a escola “ignorar” ou se ausentar de considerar as tecnologias no 
cotidiano dos(as) adolescentes? 
Na era da comunicação, das tecnologias de informação e das redes sociais, ainda 
temos a persistência da desigualdade no Brasil e no mundo. Dessa forma, antes 
de se abordar a temática sob uma perspectiva pedagógica, primeiro é necessário 
compreender como essas tecnologias fazem parte da vida dos(as) estudantes. 
Precisamos levar em contao nível de acesso dos(as) adolescentes à tecnologia e 
à conectividade, entendendo como as disparidades podem gerar mais uma 
camada de exclusão: a digital. O acesso à internet ocorre em casa? Ou os (as) 
estudantes têm acesso somente na escola? 
Muitas opiniões e debates permeiam os assuntos da relação da internet com os(as) 
adolescentes, mas quando se observam os dados de 2023 da TIC Kids Online 
Brasil, uma pesquisa que tem como objetivo entender o uso da Internet por 
crianças e adolescentes no Brasil, nota-se que dentre uma amostra de 1190 
adolescentes entre 11 e 14 anos, 93% deles(as) usam internet, sendo que 86% usam 
em casa e 32% na escola (não totaliza 100% porque podem utilizar em mais de um 
lugar). 
Dentre os motivos comumente citados para o uso da internet estão: 
● fazer pesquisas na Internet para trabalhos da escola, com 75%; 
● ouvir música, com 74%; 
 
 
 40 
● assistir vídeos, programas, filmes ou séries, com 70%; 
● uso de redes sociais, com 67%. 
As frequências no uso, todavia, não seguem a mesma sequência. Mais de uma vez 
por dia: 
● 44% dos(as) adolescentes usam redes sociais, 
● 43% usam aplicativos de mensagens e 
● 38% ouvem música. 
Dados como esses reforçam uma perspectiva já esperada em relação ao uso da 
internet por adolescentes. Contudo, a cultura digital pode ser compreendida em 
âmbitos mais gerais e passaremos a tratar de dois conceitos apresentados pelo 
filósofo francês Pierre Lévy: o ciberespaço e a cibercultura. 
 
A Base Nacional Comum Curricular – BNCC, apresenta 10 competências 
gerais a serem desenvolvidas ao longo de toda a Educação Básica, entre elas 
a “cultura digital”, que envolve “compreender, utilizar e criar tecnologias 
digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva 
e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, 
acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver 
problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva”. 
 
O ciberespaço é um meio de comunicação que surge da interconexão mundial 
dos computadores. O termo abrange não apenas a infraestrutura material da 
comunicação digital, mas também o universo oceânico de informações que ela 
abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse universo. 
Por sua vez, “[...] “cibercultura", especifica aqui o conjunto de técnicas (materiais e 
intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se 
desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço” (LÉVY, 2009, p. 16). 
 
 
 
 41 
Cultura digital e adolescências 
Nos tópicos anteriores, tratamos das relações interpessoais e 
construção da identidade, em conjunto com gerenciamento de 
emoções e comportamentos sociais. A cultura digital exerce 
influência significativa em diversos aspectos da vida dos(as) 
adolescentes. De fato, 72% deles(as) afirmam que a internet é 
importante para pessoas na idade deles(as), o que demonstra o 
papel central que a tecnologia ocupa em suas vidas. 
Juntando esse último dado com os outros já apresentados, nota-se que a internet 
participa do cotidiano dos(as) adolescentes para estudar, consumir mídias como 
músicas e vídeos e participar de grupos em rede, e isso encaixa-se não só nas 
potencialidades do período, mas também nos seus riscos. 
A internet e as redes sociais se tornaram espaços importantes de socialização, 
entretenimento e busca por informação, especialmente para os(as) adolescentes, 
que são de uma geração imersa nessas relações virtuais. 
Ressalta-se que a questão não é estigmatizar a internet e as redes sociais como 
algo somente e sempre negativo. As redes sociais, na verdade, atendem a 
demandas bastante importantes das adolescências. O desafio das pessoas adultas 
no apoio ao desenvolvimento dos(as) adolescentes é alertá-los(as) para não se 
deixarem levar exclusivamente por este tipo de recompensa, representada por 
muitos amigos(as), por likes e seguidores. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 42 
Por um lado… Por outro lado… 
É preciso reconhecer que as redes sociais 
facilitam a comunicação e a criação de laços 
com pessoas que compartilham interesses em 
comum, o que pode ser especialmente 
importante para adolescentes que buscam 
construir sua identidade e sentir-se parte de 
um grupo. 
O uso excessivo da internet pode levar ao 
isolamento social, afetando o convívio familiar, o 
desempenho escolar, o sono e a saúde física, 
além de se tornar, para alguns adolescentes, 
uma forma de escapismo que mascara 
problemas e dificulta o desenvolvimento de 
habilidades socioemocionais essenciais. 
 
Jogos, vídeos, músicas e outras formas de 
entretenimento on-line podem proporcionar 
momentos de lazer e descontração, auxiliando 
no alívio do estresse e na expressão da 
criatividade. 
A exposição constante a imagens e narrativas 
idealizadas nas redes sociais pode gerar 
ansiedade, insegurança e distorção da imagem 
corporal, contribuindo para problemas de 
autoestima e depressão. 
 
Fonte: elaboração própria. 
 
Internet, redes sociais e saúde mental 
Ainda de acordo com a pesquisa realizada pela TIC Kids Online Brasil, 22% dos(as) 
estudantes buscam na internet informações sobre seus sentimentos, sofrimento 
emocional, saúde mental, ou bem-estar. Esse dado conversa com o que 
discutimos anteriormente sobre a busca pela construção da identidade e 
gerenciamento das emoções dos(as) estudantes. Isso é preocupante porque 70% 
dos(as) adolescentes usam redes sociais sozinhos(as), e, ainda, 50% podem postar 
na Internet fotos ou vídeos em que aparecem. 
Os dados indicam que os(as) adolescentes têm, portanto, autonomia no uso da 
Internet enquanto constroem sua própria identidade, estando propensos(as) a 
entrar em contato com diversos assuntos, conteúdos e relações de maneira não 
mediada. Este cenário revela a exposição e os riscos relacionados à privacidade e 
segurança on-line, especialmente quando se considera a vulnerabilidade 
emocional típica dessa fase da vida. 
No geral, a literatura encontra um efeito pequeno das redes sociais sobre a saúde 
mental, podendo ser negativo, nas vias da forma como a internet influencia a 
percepção que os(as) adolescentes têm de si próprios(as) e das suas vidas em 
 
 
 43 
relação ao retrato que os seus pares fazem das suas vidas através das redes 
sociais; podendo ser positivo, com a aproximação de conteúdos diversos, com 
mais representatividade e especificidade. 
O impacto da internet na saúde mental dos(as) estudantes é uma pergunta sem 
respostas simples, mas parece que o que tem sido prejudicial é o tipo de 
conteúdo que eles acessam e não o acesso à internet por si. A escola pode 
fornecer as bases para que os(as) estudantes a utilizem da melhor forma possível. 
 
 
 
 44 
Ética e cultura digital 
Como uma novidade social, a cultura digital compila atitudes que colocam as 
práticas éticas no limiar. Os dados apontam que 23% dos(as) adolescentes não 
sabem ou têm dificuldades de saber quais informações devem ser compartilhadas 
na internet, e uma proporção parecida (22%) não sabe reconhecer quando alguém 
está sofrendo cyberbullying. Debater a ética dentro das redes não é diferente da 
ética fora delas, apenas a aplicação em um “lugar” diferente. 
A dificuldade em identificar e lidar com o cyberbullying é agravada pelo anonimato 
que a internet ainda proporciona, criando um ambiente em que agressores se 
sentem protegidos e encorajados a praticar atos de violência virtual sem a devida 
responsabilização. Debater a ética dentro das redes, portanto, torna-se 
crucial, ressaltando que os princípios que regem o comportamento ético no 
mundo real também se aplicam ao mundo virtual, mesmo com suas 
particularidades. É preciso conscientizar os(as) adolescentes sobre a importância 
da empatia, do respeito e da responsabilidade off-line e on-line, desconstruindo, 
inclusive, a ilusãode que a internet é uma "terra sem lei" onde o cyberbullying pode 
ser praticado impunemente. 
A potencialidade da internet insere-se na possibilidade de integração de 
diferentes vozes unindo forças para um debate em comum, como as pautas de 
luta contra o machismo, racismo, lgbtqia+fobia, capacitismo, entre outros. Por outro 
lado, grupos que promovem discursos de ódio, comportamentos externalizantes 
e conteúdos impróprios (7% dos(as) estudantes relatam que já viram pornografia 
na Internet) também podem ser mais facilmente acessados pelos(as) estudantes. 
A escola pode não ser eficaz no impedimento do acesso aos conteúdos, mas 
desempenha um papel valioso no fortalecimento ético desses(as) estudantes, 
ajudando-os(as) a interpretar de forma crítica os conteúdos os quais são expostos. 
 
 
 
 
 45 
Imagem 3: Concept of choosing a future profession. 
 
Fonte: Shutterstock (2025). 
 
Relacionadas às competências listadas na BNCC e mencionadas anteriormente, 
cabe destacar o papel da educação midiática no contexto da cultura digital e como 
ela pode ser desenvolvida pelos(as) professores(as). A educação midiática pode ser 
entendida como a capacidade de compreender de forma analítica os contextos 
amplos e interconectados que envolvem a mídia. Esse entendimento abrange o 
aprimoramento de um conjunto de habilidades críticas aplicáveis a diferentes 
aspectos da interação com a tecnologia e a informação. Essas habilidades 
possibilitam o acesso, a análise e a produção de conteúdos midiáticos, promovendo 
uma participação no ambiente digital de maneira crítica, reflexiva e saudável. 
Estratégia Brasileira de Educação Midiática (EBEM) 
Lançada em 2023 pela Secretaria de Políticas Digitais da Secretaria de 
Comunicação Social da Presidência da República, a EBEM busca promover o 
desenvolvimento de habilidades e competências com crianças, adolescentes, 
pessoas adultas e idosas para a compreensão, análise, engajamento e 
produção crítica de conteúdos midiáticos. Vista como uma perspectiva 
transversal, a educação midiática é pensada, no texto, no contexto escolar e 
também extrapolando os ambientes formais de ensino. Além de um conjunto 
de ações, a Estratégia reconhece a importância da promoção do acesso 
saudável, crítico e seguro das mídias digitais. Conheça mais aqui. 
https://www.gov.br/secom/pt-br/arquivos/2023_secom-spdigi_estrategia-brasileira-de-educacao-midiatica.pdf
 
 
 46 
No contexto da educação midiática, a escola e os(as) professores(as), podem 
orientar os(as) estudantes ao uso responsável e consciente das redes, entendendo 
seus riscos e potencialidades. Uma consequência direta está, por exemplo, na 
veracidade da fonte de informação com a qual os(as) estudantes entram em 
contato: quase a mesma proporção de adolescentes sabe ou não se uma 
informação da Internet está certa (47% e 43%, respectivamente). 
Debater sobre as fontes dos conteúdos disponíveis na internet e incentivar uma 
postura crítica em relação às informações encontradas, é essencial para uma 
postura ativa e reflexiva no contexto da cultura digital. Isso complementa-se com 
vários componentes curriculares, sendo possível o uso de referências, exemplos e 
aplicações práticas. 
Além da verificação das fontes de informações, é importante destacar que a 
internet facilitou o acesso à multiplicidade de conteúdos e informações para os(as) 
estudantes. Eles pesquisam desde temas relacionados a uma alimentação 
saudável, como dietas ou refeições saudáveis, com 47% afirmando pesquisar sobre, 
até questões sobre sexualidade, saúde sexual ou educação sexual, com 11% 
afirmando recorrer à internet como fonte para esse fim. 
Juntamente com a informação, é importante destacar as relações de poder. Dados 
indicam que 48% dos(as) estudantes não sabem ou têm dificuldades em 
diferenciar um conteúdo patrocinado de um não patrocinado, enquanto uma 
proporção semelhante (46%) acredita que todas as pessoas encontram as mesmas 
informações quando pesquisam na Internet. Esses números revelam dificuldades 
em compreender o funcionamento dos algoritmos e os interesses relacionados 
com o uso dos dados pessoais. 
A escola tem pouco controle sobre a exposição a esses conteúdos e o 
funcionamento dos algoritmos, bem como não determina o que os(as) estudantes 
acessam na internet. Afinal, a rede é um ambiente vasto e dinâmico, com 
conteúdos diversos e algoritmos complexos que personalizam a experiência de 
cada usuário. A escola não consegue filtrar aquilo que os(as) estudantes são 
 
 
 47 
expostos. Imagine tentar controlar o feed de cada estudante em redes sociais 
como TikTok ou Instagram! 
Apesar dessas limitações, a escola pode desempenhar um papel essencial na 
conscientização dos(as) estudantes sobre como a internet funciona e influencia 
suas vidas. Isso significa: 
● Ensinar sobre os algoritmos: explicar como os algoritmos selecionam as 
informações que os(as) estudantes veem, com base em seus dados e 
interesses, e como isso pode criar "bolhas" de informação e influenciar suas 
opiniões; 
● Desconstruir a neutralidade da internet: mostrar que a internet não é um 
espaço neutro e imparcial, mas sim permeado por relações de poder, 
interesses comerciais e ideológicos; 
● Desenvolver senso crítico: incentivar os(as) estudantes a questionar as 
informações que encontram on-line, a buscar diferentes fontes e perspectivas, 
e a analisar criticamente o conteúdo e a intenção por trás dele; 
● Promover a cidadania digital: formar estudantes conscientes de seus direitos 
e deveres on-line, que utilizem a internet de forma ética, responsável e segura. 
 
 Lembre-se: 
● A escola deve integrar a cultura digital ao currículo de forma crítica e 
reflexiva. 
● O objetivo é orientar os(as) estudantes a usar a internet de forma 
consciente, responsável e ética. 
● É importante estar atento(as) às necessidades e aos desafios específicos 
dos(as) adolescentes no mundo digital. 
 
Tecnologias como potencializadoras do processo educacional 
A tecnologia em si não é um problema, mas sim a forma como é utilizada. Para 
considerá-la enquanto recurso para a aprendizagem, é preciso integrá-la ao 
 
 
 48 
contexto escolar com intencionalidade pedagógica, com objetivos bem definidos 
e estratégias didáticas claras. 
O uso do celular nas escolas é um tema amplamente discutido na atualidade, e 
não há respostas simples para essa questão. O ponto central a ser considerado é 
que seu uso deve ser sempre planejado e com objetivos pedagógicos, evitando 
que se torne um distrator. É importante termos consciência de que os(as) 
estudantes, muitas vezes, não possuem repertórios para explorar outras 
possibilidades de uso de seus aparelhos, para além do uso que já fazem, 
geralmente atrelado à socialização on-line e lazer. 
Portanto, se queremos expandir esse horizonte, é essencial que seja de forma 
estruturada, planejada e considerando o desenvolvimento de habilidades e 
competências digitais. Entre essas habilidades estão a pesquisa on-line, a 
curadoria de informações, a produção de conteúdo, a ética digital, o autocontrole 
e autorregulação no uso dos dispositivos, dentre outras. 
Nesse contexto, se os(as) estudantes forem orientados(as) a desenvolver o 
autocontrole no uso dos celulares e a utilização para finalidades que vão além do 
ou da socialização on-line, isso poderá ser um fator de proteção para estes 
alunos(as) 
É importante promover um diálogo aberto sobre os benefícios e riscos do uso 
de telas, incentivando hábitos saudáveis e o equilíbrio entre o mundo digital e o 
mundo real. 
 
 
 Lembre-se: 
A tecnologia está em constante evolução, e é preciso estar atento às novas 
tendências além de adaptar as práticas pedagógicas para aproveitar as 
oportunidades e enfrentar os desafios que surgem. Com a Inteligência 
Artificial (IA) generativa como o ChatGPT, por exemplo, levantou-se a 
 
 
 49 
discussão sobre a autoria

Mais conteúdos dessa disciplina