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DIDÁTICA
Unidade 2
Didática e o processo 
ensino-aprendizagem
CEO 
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Diretora Editorial 
ALESSANDRA FERREIRA
Gerente Editorial 
LAURA KRISTINA FRANCO DOS SANTOS
Projeto Gráfico 
TIAGO DA ROCHA
Autoria 
MARLY SAVIOLI
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Marly Savioli
Olá! Sou mestranda em Educação e pós-graduada em Ética, 
Valores e Cidadania na Escola. Além disso, sou formada em Pedago-
gia, com especialização em Administração e Supervisão Escolar. Te-
nho 35 anos de experiência técnico-profissional na área educacional, 
durante os quais trabalhei para escolas particulares, Prefeituras 
Municipais e Assessorias Educacionais em geral.
Como educadora, exerci nas escolas diversos papéis, como 
professora, orientadora educacional, coordenadora pedagógica, vi-
ce-diretora e diretora. Por acreditar nas pessoas e na capacidade de 
mudar o mundo por meio da educação, trabalho atualmente para a 
Fundação Lemann como formadora de educadores e gestores edu-
cacionais, orientando-os e subsidiando seus trabalhos com cami-
nhos mais eficazes. Por isso, fui convidada pela Editora Telesapiens 
a integrar seu elenco de autores independentes.
Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito 
estudo e trabalho. Conte comigo!
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Esses ícones aparecerão em sua trilha de aprendizagem nos seguintes casos:
OBJETIVO
No início do 
desenvolvimento 
de uma nova 
competência. DEFINIÇÃO
Caso haja a 
necessidade de 
apresentar um novo 
conceito.
NOTA
Quando são 
necessárias 
observações ou 
complementações. IMPORTANTE
Se as observações 
escritas tiverem que 
ser priorizadas.
EXPLICANDO 
MELHOR
Se algo precisar ser 
melhor explicado ou 
detalhado. VOCÊ SABIA?
Se existirem 
curiosidades e 
indagações lúdicas 
sobre o tema em 
estudo.
SAIBA MAIS
Existência de 
textos, referências 
bibliográficas e links 
para aprofundar seu 
conhecimento.
ACESSE
Se for preciso acessar 
sites para fazer 
downloads, assistir 
vídeos, ler textos ou 
ouvir podcasts. 
REFLITA
Se houver a 
necessidade de 
chamar a atenção 
sobre algo a 
ser refletido ou 
discutido.
RESUMINDO
Quando for preciso 
fazer um resumo 
cumulativo das últimas 
abordagens.
ATIVIDADES
Quando alguma 
atividade de 
autoaprendizagem 
for aplicada. TESTANDO
Quando uma 
competência é 
concluída e questões 
são explicadas.
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Tendências pedagógicas na educação ................................... 10
Tendências Liberais ...........................................................................................11
A Tendência Liberal Tradicional ....................................................... 12
Tendência Liberal Renovada .............................................................13
Tendências Liberal Tecnicista ...........................................................16
Tendências progressistas ..................................................................17
Tendência Progressista Libertadora ................................................ 18
Tendência Progressista Libertária ................................................... 18
Tendência progressista crítico-social .............................................. 19
Conteúdos operacionais da didática ..................................... 21
Objetivos de ensino ...........................................................................................21
Conteúdos escolares .........................................................................................24
Metodologia de ensino .....................................................................................25
Relação professor-aluno ..................................................................................27
Avaliação ..............................................................................................................31
Avaliação diagnóstica .........................................................................35
Avaliação processual ou formativa .................................................. 35
Avaliação somativa ............................................................................................36
Cuidados com as avaliações .............................................................37
Planejamento de ensino ...................................................................................38
Componentes do processo ensino-aprendizagem (práxis 
pedagógicas) ..........................................................................42
Elementos Fundamentais do Processo de Ensino-Aprendizagem ........... 42
Métodos de Ensino: Articulando Conteúdo e Aprendizagem ................... 45
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Atividades em sala .............................................................................................48
Relação professor-aluno: a Essência do processo educativo ................... 49
Interdisciplinaridade, multidisciplinaridade, 
transdisciplinaridade e pluridisciplinaridade ...................... 53
Multidisplinaridade ............................................................................................54
Pluridisciplinaridade ..........................................................................................55
Interdisciplinaridade .........................................................................................56
Transdisciplinaridade ........................................................................................58
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A
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EN
TA
ÇÃ
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Existem muitas referências teóricas para elaborar aulas de 
forma eficiente e efetiva. Conhecendo algumas teorias, o professor 
será capaz de colocá-las em prática e aperfeiçoá-las. Para isso, 
é importante estar consciente de tudo que envolve uma aula, o 
objetivo de aprendizagem e seu aluno.
Nesta unidade, pretendemos explorar vários caminhos 
para que você, futuro professor, seja capaz de assumir sua classe 
e atingir seus objetivos de aprendizagem. Como são organizadas 
as aulas? Por onde começar um plano de aula? Como relacionar 
os conteúdos com a realidade e permitir que o aluno entenda a 
aplicabilidade do conhecimento adquirido?
São perguntas como essas que tentaremos responder 
nesta unidade, esperando contribuir para seu desempenho como 
professor. Ao longo desta unidade letiva, você vai mergulhar neste 
universo!
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Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 2. Nosso objetivo 
é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências 
profissionais até o término desta etapa de estudos:
1. Interpretar a influência das tendências pedagógicas 
nas práticas atuais.
2. Identificar os trabalhos operacionais do trabalho do-
cente em sala de aula.
3. Reconhecer a importância dos componentes do pro-
cesso de ensino-aprendizagem e sua influência nas 
“práxis” pedagógica.
4. Explicar as diferentes formas de organização discipli-
nas para explorar o conhecimento.
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Tendências pedagógicas na 
educação
OBJETIVO
Ao término deste capítulo, você será capaz de en-
tender as tendências pedagógicas na educação. 
Isso será fundamental para o exercício de sua pro-
fissão. Aqueles que tentaram pular esta etapa do 
conhecimento sem a devida instrução enfrenta-
ram dificuldades ao ensinar. E então, está motiva-
do para desenvolver esta competência? Vamos lá!
Já tivemos a oportunidade de explorar o termo ‘didática’, 
sua origem, suas interpretações e algumas correntes filosóficas 
sobre o assunto. Agora, cabe a nós verificar como aplicá-la. Para 
isso, vamos avançar em algumas questões importantes, como as 
tendências que afetam a Pedagogia. De acordo com Luckesi (1994):
Considerando a didática como estudos, téc-
nicas, percepções que que contribuem para 
o ensino de forma mais eficaz, ressalta-se a 
importância de sua aplicação, ou seja, discutir 
a prática em sala de aula. Entendemos como 
tendência pedagógica as diversas teorias filo-conhecimento.
Imagem 2.8 - Pluridisciplinaridade
MatemáticaPortuguês História CiênciasGeografia
Fonte: Elaborada pela autoria (2023).
Interdisciplinaridade
A interdisciplinaridade pretende garantir a articulação 
entre os saberes, rompendo com a disciplinaridade e permitindo 
a interrelação entre as disciplinas.
De acordo com Arizpe (1991):
A magnitude interativa dos fenômenos sociais 
e naturais do mundo atual escapa ao âmbito 
de análise e interpretação das áreas de co-
nhecimento setorializadas e exige mais e mais 
uma interação produtiva entre os especialis-
tas. Assim é que a complexidade das condi-
ções existenciais do homem de hoje demanda 
uma real colaboração das ciências naturais e 
sociais para uma leitura global e interpretativa 
do meio ambiente. (ARIZPE, 1991, p. 641-6)
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Partindo de um contexto significativo para os alunos, os 
professores podem desenvolver seus conteúdos, demonstrando 
sua aplicabilidade. Essa forma de trabalhar exige um apoio 
incondicional da escola e uma estruturação curricular adequada. 
Por esse motivo, entre outros, existe uma grande dificuldade em 
adotá-la, embora já existam algumas escolas tentando viabilizar 
esse trabalho, que vem sendo discutido por pesquisadores desde 
a década de 1970. A LDBEN n.º 9.394/1996 é uma legislação que 
apoia e estimula o uso da interdisciplinaridade.
ACESSE
Para ler a LBDEN na íntegra, acesse aqui. 
Existem diferentes linhas de ação interdisciplinares. De 
modo geral, como afirmam Pátaro e Bovo (2012, p. 45): “São vários 
os significados atribuídos ao conceito de interdisciplinaridade e, 
apesar da grande variedade de definições, seu sentido geral pode 
ser definido como a necessidade de interligação entre as diferentes 
áreas do conhecimento”. Não se deve desprezar a necessidade 
de aproximar pesquisa e ensino, o que dará maior consistência a 
essa forma de trabalhar.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm
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Imagem 2.9 - Interdisiciplinaridade
Português
Ciências
Matemática
História
Geografia
Fonte: Elaborada pela autoria, 2023.
Transdisciplinaridade
A transdisciplinaridade enfoca a pluralidade de conhe-
cimentos articulados com o objetivo de alcançar a unificação do 
saber, em um exercício de ampliação do cognitivo. Essa forma cur-
ricular rompe com a ideia de individualidade e busca a interação 
e cooperação entre disciplinas na construção do conhecimento.
IMPORTANTE
A transdisciplinaridade é um conceito que emer-
ge como uma resposta ao cenário fragmentado 
e compartimentado do saber, típico da moderni-
dade. Em vez de apenas enfocar as disciplinas em 
suas individualidades, a transdisciplinaridade pro-
cura transcender e integrar as diversas disciplinas 
em busca de uma compreensão mais holística e 
complexa da realidade.
A transdisciplinaridade é frequentemente confundida com 
a interdisciplinaridade e a multidisciplinaridade, mas possui carac-
terísticas distintas. Enquanto a multidisciplinaridade envolve vá-
rias disciplinas de maneira paralela e a interdisciplinaridade bus-
ca a integração entre disciplinas, a transdisciplinaridade vai além, 
transcendendo as fronteiras disciplinares.
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Na transdisciplinaridade, os conhecimentos atualmente 
fragmentados são articulados com o objetivo de entender os fe-
nômenos como parte de um todo. Dessa forma, várias disciplinas 
se unem para um exercício amplo de cognição.
A transdisciplinaridade, mais do que uma metodologia, é 
uma postura, uma maneira de encarar o mundo e o conhecimen-
to. Ela implica reconhecer a interconexão e a interdependência 
dos fenômenos, exigindo uma abertura para o diálogo e a colabo-
ração entre diferentes áreas do saber.
No campo educacional, a transdisciplinaridade sugere a 
elaboração de currículos e práticas pedagógicas que busquem a 
integração dos conteúdos, conectando temas e problemas de di-
ferentes áreas de forma significativa. Por exemplo, ao estudar as 
mudanças climáticas, pode-se abordar conceitos da biologia, geo-
grafia, física, história e ética, formando uma visão mais completa 
e complexa do tema.
Segundo Moacir Gadotti (1988, p. 85), “a transdisciplinari-
dade na educação é entendida como a coordenação de todas as 
disciplinas e interdisciplinas do sistema de ensino inovado sobre 
a base de uma axiomática geral, ética, política e antropológica”. O 
conceito de transdisciplinaridade é complexo e vem sendo muito 
discutido em todo o meio acadêmico.
Há de se cuidar para que essa forma de elaboração curri-
cular não ultrapasse o momento histórico, social e político. Ainda é 
substancial a necessidade de estudos que envolvam essas propos-
tas para que inovações não se transformem em pesadelos sociais. 
Na transdisciplinaridade, não existe hierarquia entre os conheci-
mentos; eles são tratados de forma transversal e horizontal.
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Essa forma de ensinar rompe totalmente com o tradicio-
nalismo do ensino e solicita uma transformação nas condições 
escolares.
Segundo Santos (2004):
Transdisciplinaridade diz respeito à dinâmica 
dos diferentes níveis de realidade. Para co-
nhecê-la é preciso o conhecimento disciplinar, 
o que quer dizer que a própria pesquisa trans-
disciplinar se apoia na pesquisa disciplinar. 
No entanto, enfocada a partir da unidade do 
conhecimento. Portanto conhecimentos disci-
plinares e transdisciplinares não são antagô-
nicos, são complementares (SANTOS, 2004, p. 
111).
VOCÊ SABIA?
O termo “transdisciplinaridade” foi usado pela 
primeira vez em 1970 por Piaget, quando, em um 
Congresso sobre Interdisciplinaridade, disse que 
essa etapa interdisciplinar deveria posteriormente 
ser sucedida por uma etapa superior: a 
transdisciplinaridade. Piaget voltou a usar o termo 
em 1971 e 1977.
A prática transdisciplinar passa de estudos por assuntos 
para estudos por fenômenos e proporciona maior autonomia 
para os alunos, estimulando seu protagonismo. A metodologia 
é escolha do professor, desde que se garanta a pesquisa por 
fenômenos comuns entre as disciplinas e o ensino não se feche 
nos conteúdos individuais.
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SAIBA MAIS
Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos 
a leitura do livro “Metodologias Ativas e Persona-
lizadas de Aprendizagem”, escrito por Angelo Luiz 
Cortelazzo e outros autores, da editora Alta Books.
Imagem 2.10 - Transdisciplinaridade
Língua 
Portuguesa
Ciências
Matemática
História Geografia
Artes
Fonte: Elaborada pela autoria (2023).
Apesar de seu potencial, a implementação de uma abor-
dagem transdisciplinar não é tarefa simples. Requer uma reconfi-
guração dos currículos, uma formação docente adequada e uma 
mudança na cultura acadêmica, tradicionalmente pautada na es-
pecialização.
Além disso, há críticas que apontam para os riscos de su-
perficialidade ou de diluição do rigor acadêmico quando se busca 
integrar demasiadamente as disciplinas. Por isso, é essencial que 
a transdisciplinaridade seja aplicada com critério e profundidade, 
respeitando o valor e a especificidade de cada campo do saber.
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A transdisciplinaridade representa uma abertura para 
um diálogo integrado entre disciplinas, um convite à superação 
de barreiras e à construção de um conhecimento mais conectado 
com a complexidade da realidade. Em um mundo cada vez mais 
interconectado, essa abordagem surge como uma proposta valio-
sa para a educação e para a produção científica.
RESUMINDO
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu 
mesmo tudo? Agora, só para termos certeza de 
que você realmente entendeu o tema de estudo 
deste capítulo, vamos resumir o que vimos.
Você deve ter compreendido que várias tendências 
influenciaram a prática nas escolas e conhecemos 
nesta unidade as tendências liberais e progressistas.
Exploramos os conteúdos operacionais da didáti-
ca, abordando como organizar a aula, como plane-
já-la para garantir a aprendizagem e como avaliar 
essa aprendizagem. Iniciamos umareflexão sobre 
como a práxis pedagógica influenciará o processo 
de ensino e aprendizagem.
Por fim, mergulhamos nas diferentes formas de 
organização do ensino que influenciam diretamen-
te o trabalho do professor, a concepção de ensino 
de cada escola e as formas de aprendizagem.
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ARROYO, M. G. Ofício de mestre: imagem e autoimagem. São 
Paulo: Vozes, 2004.
ARIZPE, L. Le cube planétaire. Revue Internationale des Sciences 
Sociales, Paris: Unesco, nov. 1991.
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FREIRE, P. Professora sim, tia não. São Paulo: Olho D’água, 1997
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LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 1994.
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MENEZES, E. T.; SANTOS, T. H. “Pluridisciplinaridade” (verbete). 
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SÁNCHEZ-VÁZQUEZ, A. Filosofia da Práxis. Rio de Janeiro: Paz e 
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Porto Alegre: Sulina, 2004.
SAVIANI, D. Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações. 
2 ed. Campinas, SP: Autores associados, 2013.
http://www/
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	Interdisciplinaridade
	Transdisciplinaridade
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	_Hlk142570282
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	Tendências pedagógicas na educação
	Tendências Liberais
	A Tendência Liberal Tradicional
	Tendência Liberal Renovada
	Tendências Liberal Tecnicista
	Tendências progressistas
	Tendência Progressista Libertadora
	Tendência Progressista Libertária
	Tendência progressista crítico-social
	Conteúdos operacionais da didática
	Objetivos de ensino
	Conteúdos escolares
	Metodologia de ensino
	Relação professor-aluno
	Avaliação
	Avaliação diagnóstica
	Avaliação processual ou formativa
	Avaliação somativa
	Cuidados com as avaliações
	Planejamento de ensino
	Componentes	do	processo	ensino-aprendizagem (práxis pedagógicas)
	Elementos Fundamentais do Processo de Ensino-Aprendizagem
	Métodos de Ensino: Articulando Conteúdo e Aprendizagem
	Atividades em sala
	Relação professor-aluno: a Essência do processo educativo
	Interdisciplinaridade, multidisciplinaridade, transdisciplinaridade e pluridisciplinaridade
	Multidisplinaridade
	Pluridisciplinaridade
	Interdisciplinaridade
	Transdisciplinaridadesóficas que pretenderam dar conta da com-
preensão e da orientação da prática educacio-
nal em diversos momentos e circunstâncias da 
história humana. (LUCKESI, 1994, p. 53)
Algumas tendências exerceram forte influência sobre as 
práticas pedagógicas, e é por isso que vamos explorá-las. Dessa 
forma, poderemos revisitar alguns pontos que já estudamos e 
conhecer outros detalhes muito significativos para o trabalho do 
professor. Espera-se que este estudo auxilie os futuros professores 
a refletirem sobre sua prática, embasando-se em conhecimentos 
e experiências de renomados especialistas da Pedagogia.
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De acordo com Paulo Freire (1996):
O professor que não leva a sério sua formação, 
que não estuda e que não se esforça para es-
tar à altura de sua tarefa não tem força moral 
para coordenar as atividades de sua classe. 
Isto não significa, porém, que a opção e a prá-
tica democrática do professor ou da professo-
ra sejam determinadas por sua competência 
científica. Há professores e professoras cien-
tificamente preparados, mas autoritários a 
toda a prova. O que quero dizer é que a 
incompetência profissional desqualifica a au-
toridade do professor. (FREIRE, 1996, p. 36)
Vamos conhecer as tendências pedagógicas e refletir sobre 
elas, que são as Tendências Liberais e Tendências Progressistas. 
Vamos explorá-las?
Tendências Liberais
As Tendências Pedagógicas Liberais surgiram no século 
XIX, sob a forte influência das ideias trazidas pela Revolução Fran-
cesa (1789), que enfatizava os princípios de igualdade, liberdade e 
fraternidade. Elas também receberam contribuições do liberalis-
mo no mundo ocidental e do sistema capitalista. Para os liberais, 
a ênfase recai no conhecimento e no saber já produzidos (con-
teúdo), considerando-os mais importantes do que a experiência 
vivida pelos educandos no processo de aprendizado.
Dessa forma, os liberais contribuíram para a manutenção 
do saber como instrumento de poder entre dominador e 
dominado. As tendências pedagógicas liberais mais importantes 
incluem a Liberal Tradicional e a Tendência Liberal Renovada. 
Vamos examinar as ideias defendidas por cada uma delas.
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Surgida no século XIX e moldada pelo contexto do capita-
lismo, a tendência liberal encara o conhecimento como conteúdos 
fechados, sem espaço para reflexão. A manutenção do poder está 
intrinsecamente ligada à manutenção das classes, em que aqueles 
que têm a oportunidade de estudar possuem mais poder do que 
os demais. As tendências pedagógicas liberais mais significativas 
são: a Tradicional, a Liberal Renovada, a Tecnicista e a Renovada 
não-diretiva.
A Tendência Liberal Tradicional
Encontrada até hoje nas escolas, essa abordagem 
pedagógica defende que o professor é o detentor do conhecimento 
e a figura dominante na sala de aula, responsável por manter a 
ordem e a disciplina por meio de métodos autoritários e restritivos. 
Nessa perspectiva, o aluno é frequentemente tratado como 
inferior, considerado um indivíduo a ser moldado de acordo com 
as normas da sociedade, sem espaço para manifestar opiniões 
contrárias.
Essa abordagem pedagógica se baseia principalmente na 
exposição de conteúdos e na memorização, seguindo os estudos 
de Skinner, onde o aluno é condicionado por meio de punições e 
recompensas. A punição geralmente se reflete em notas baixas, 
enquanto a recompensa é representada por notas altas. Nesse 
contexto, os conhecimentos prévios dos alunos, suas experiências 
de vida e sua cultura são frequentemente desconsiderados.
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Quadro 2.1 - Tendência Liberal Tradicional
Professor Detentor do saber, inquestionável.
Aluno Receptor, passivo
Conhecimento Para ser armazenado, memorização
Metodologia
Aulas expositiva, decorar, exercícios e lições de 
casa.
Avaliação Centrada decorar, repetição
Fonte: Elaborado pela autoria (2023).
REFLITA
Um aluno que participa desse tipo de educação 
sente-se motivado para aprender e ir à escola? 
Reflita sobre as características do povo brasileiro 
e sua cultura. Como isso pode ser trabalhado com 
esse tipo de educação?
De forma geral, podemos apontar com relação às 
tendências tradicionalistas que:
 • Concepção de mundo: entende a sociedade como 
harmoniosa e hierarquizada.
 • Educação: a educação tem um caráter de conservação 
dos valores e da cultura vigente. É centrada no professor, 
que detém o conhecimento e o transmite ao aluno, que 
por sua vez é passivo no processo educacional.
 • Metodologia: uso do método expositivo e memorístico. 
A avaliação é realizada por meio de provas tradicionais.
Tendência Liberal Renovada
Vista como o mais forte movimento renovador, defende 
a escola pública para todos, mas ainda assim reforça a divisão de 
classes e garante mais privilégios aos elitizados. De acordo com 
Luzuriaga (1980):
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O objetivo inicial era garantir que um indiví-
duo livre, social e ativo. Por educação nova 
entendemos a corrente que trata de mudar 
o rumo da educação tradicional, intelectualis-
ta e livresca, dando-lhe sentido vivo e ativo. 
Por isso se deu também a esse movimento o 
nome de “escola ativa”. (LUZURIAGA, 1980, p. 
227)
Com essa nova abordagem educacional, o papel do pro-
fessor deixa de ser centralizador, e o conhecimento é encarado 
como resultado da pesquisa e não como algo fixo e imutável. Isso 
promove a ideia de cultivar a criatividade, a inventividade, a expe-
rimentação e a curiosidade nos alunos, incentivados por um pro-
fessor cuja missão é estimular esses comportamentos.
Nesse contexto, surgiram algumas escolas consideradas 
construtivistas, embora a interpretação delas possa variar entre 
os educadores. Alguns argumentam que os alunos ficaram exces-
sivamente livres nesse processo, resultando em algumas perdas 
ao longo do caminho. 
Segundo Ferraz e Fusari (2010):
Do ponto de vista da Escola Nova, os 
conhecimentos já obtidos pela ciência e 
acumulados pela humanidade não precisariam 
ser transmitidos aos alunos, pois acreditava-se 
que, passando por esses métodos, eles seriam 
naturalmente encontrados e organizados. 
(FERRAZ; FUSARI, 2010, p. 28)
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Quadro 2.2 - Tendência Liberal Renovada
Professor
Democrática e mediadora de experiências que 
levem ao conhecimento.
Aluno Buscar, conhecer e experimentar.
Conhecimento
Conquista progressiva que deve ocorrer a partir 
das vivencias oferecidas na escola.
Metodologia Aprender a aprender experimentando.
Avaliação Foco no processo e não no produto.
Fonte: Elaborada pela autoria (2023).
Dentro da tendência liberal renovada, temos a progressista 
e a não diretiva.
Renovada Progressista:
 • Concepção de mundo: acredita-se no desenvolvimen-
to natural do indivíduo.
 • Educação: propõe-se uma educação centrada no alu-
no, permitindo que ele explore seus interesses e poten-
ciais naturais.
 • Metodologia: propõe-se um currículo flexível, adapta-
do aos interesses do aluno. A avaliação é feita com base 
no desenvolvimento individual do estudante.
Renovada Não-Diretiva:
 • Concepção de mundo: a ênfase está na individualida-
de e na subjetividade.
 • Educação: o aluno é visto como o centro do processo 
educativo e detentor de sua própria aprendizagem. O 
professor atua como facilitador.
 • Metodologia: a metodologia é baseada na livre expressão 
do aluno. O currículo é flexível, e a avaliação é formativa.
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Tendências Liberal Tecnicista
A influência do militarismo resultou em um retrocesso na 
escola, levando-a de volta a adotar uma abordagem tradicional e 
behaviorista na educação. Isso, por sua vez, fortaleceu as vanta-
gens das elites e manteve sua posição dominante na sociedade.
O tecnicismo ressurgiu, reforçando a figura do professor 
como detentor central de poder, com conteúdos ministrados de 
forma rígida e carente de reflexão. O objetivo principal era prepa-
rar os alunos para o mercado de trabalho, mantendo as classes 
sociais com poucasoportunidades de mobilidade.
A segmentação das tarefas foi agravada pela divisão das 
disciplinas, que eram ensinadas utilizando técnicas de repetição. 
Os professores se viram presos a métodos impostos por materiais 
didáticos predefinidos.
É importante observar que essa tendência ainda persiste 
em algumas escolas, uma vez que muitos professores aprenderam 
dessa maneira e continuam a ensinar assim.
Quadro 2.3 - Tendência Liberal Tecnicista
Professor Detentor do saber que prepara para o trabalho.
Aluno Copiar e reproduzir.
Conhecimento
Com base em conhecimentos fechados e 
experiências já vivenciadas.
Metodologia Uso excessivo de técnicas, repetição, decorar.
Avaliação Repetição dos livros didáticos.
Fonte: Elaborada pela autoria (2023).
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Com relação a essa tendência, podemos apontar que:
 • Concepção de mundo: alinhada ao desenvolvimento 
industrial e ao sistema capitalista.
 • Educação: vista como instrumento de preparação do 
indivíduo para o mercado de trabalho, fornecendo 
habilidades técnicas específicas.
 • Metodologia: o ensino é programado e os conteúdos 
são fragmentados. A avaliação é quantitativa, focada 
em mensurar resultados.
Tendências progressistas
Com o período de abertura política, emergem as tendên-
cias progressistas na educação. Inspiradas principalmente por 
Paulo Freire, essas abordagens educacionais se destacam pela 
valorização do sujeito no processo de aprendizagem, que se de-
senvolve a partir das experiências pessoais dos estudantes. Nes-
se contexto, o professor reassume sua função como mediador 
no processo educacional. De acordo com Gadotti (1988), Paulo 
Freire não atribui ao professor apenas o papel de fornecedor de 
informações no ato educativo. Ele enfatiza que o conhecimento 
por si só não é suficiente. É fundamental que, juntamente com o 
conhecimento, se desenvolva uma nova teoria do conhecimento 
e que os oprimidos tenham a capacidade de adquirir uma nova 
estrutura de conhecimento que lhes permita reestruturar e reor-
ganizar seus próprios saberes, além de apropriar-se de novos co-
nhecimentos.
Portanto, nessa concepção de escola, o aluno deve desen-
volver seu senso crítico e ser capaz de se posicionar na socieda-
de, estimulando o questionamento das classes sociais. Por esse 
motivo, essa prática influencia, de certa forma, o posicionamento 
político-social.
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Tendência Progressista Libertadora
Defendendo a ideia de que as discussões e reflexões so-
bre temas sociais e políticos deveriam ser o cerne da educação, 
o professor deveria assumir o papel de facilitador na abordagem 
dessas questões relacionadas à realidade e ao trabalho. Não ha-
via uma abordagem didática explícita para essas ações, e essas 
reflexões eram mais comuns nas escolas públicas, enquanto nas 
escolas particulares predominavam outros interesses. 
Quadro 2.4 - Tendência Libertadora
Professor
Enfatiza o não-formal. Posição horizontal com os 
alunos.
Aluno
Refletir sobre a realidade e sua condição
Social.
Conhecimento Baseia-se nas experiências de vida.
Metodologia Participativa.
Avaliação Autoavaliação.
Fonte: Elaborada pela autoria (2023).
Tendência Progressista Libertária
A crescente abertura política fomenta a democracia na 
educação, proporcionando condições mais igualitárias para to-
dos. Neste momento, a abertura nas escolas está sendo amplia-
da, permitindo que a comunidade escolar tenha maior acesso 
às decisões, participando em conselhos escolares e colaborando 
com a gestão democrática, além de outras formas de participa-
ção. Aluno e professor são parceiros na descoberta do conheci-
mento, e embora os conteúdos sejam explorados, não são im-
postos de forma rígida.
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Quadro 2.5 - Tendência Progressista Libertária
Professor Monitor, conselheiro à disposição do aluno.
Aluno
Reconhecer as causas de suas condições e lutar 
pelos seus direitos.
Conhecimento Reflexão e busca de soluções.
Metodologia Livre-expressão.
Avaliação Autoavaliação.
Fonte: Elaborado pela autoria (2023).
A aprendizagem que ocorre informalmente é uma 
maneira de combater a repressão e visa promover a liberdade e a 
capacidade crítica das pessoas.
Tendência progressista crítico-social
Em contraste com a abordagem libertária, esta tendência 
defende que os conhecimentos historicamente adquiridos não de-
vem ser menosprezados, enfatizando a exploração das funções 
sociais e políticas a partir de conhecimentos sistematizados. Além 
disso, prioriza os conhecimentos científicos, a didática, a constru-
ção do raciocínio lógico e habilidades críticas que capacitam os 
indivíduos a provocar mudanças sociais.
Segundo Libâneo (1990), a tendência progressista crítico-
-social dos conteúdos, em contraste com abordagens libertadoras 
e libertárias, enfatiza a importância dos conteúdos em confronto 
com as realidades sociais. A escola atua preparando os alunos para 
o mundo adulto e suas contradições, fornecendo-lhes ferramentas 
através da aquisição de conteúdos e da socialização, para uma par-
ticipação organizada e ativa na democratização da sociedade.
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Quadro 2.6 – Tendência progressista crítico-social
Professor
Autoridade que direciona o ensino- 
aprendizagem.
Aluno Sujeito ativo, do mundo.
Conhecimento Construída pela experiência pessoal.
Metodologia Contexto cultural e social.
Avaliação Julgamento a partir de critérios internos.
Fonte: Elaborada pela autoria (2023).
Diante dessas constatações sobre as tendências pedagó-
gicas, podemos verificar que muitas ideias vão e vêm, ou seja, são 
pensadas, aplicadas, negadas e depois reinseridas com ajustes 
objetivando o aprimoramento. Todos esses conhecimentos nos 
levam a refletir sobre a educação que tivemos e que podemos ofe-
recer. Qual você escolhe para si como profissional da educação?
RESUMINDO
 E então? Gostou do que mostramos? Aprendeu 
tudo? Agora, para termos certeza de que você real-
mente entendeu o tema deste capítulo, vamos re-
sumir o que vimos. Você deve ter compreendido 
como aplicar o termo “didática”; avançamos em 
questões importantes, como as tendências que in-
fluenciam a Pedagogia e seus diferentes pontos de 
vista sobre a educação nas escolas.
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Conteúdos operacionais da 
didática
OBJETIVO
Ao término deste capítulo, você será capaz de en-
tender como funcionam os diversos procedimen-
tos e tarefas operacionais que o docente realiza 
em sala de aula. Isso será fundamental para o 
exercício de sua profissão. Aqueles que tentaram 
conduzir uma classe sem compreender esses tra-
balhos operacionais muitas vezes enfrentaram de-
safios ao gerenciar o ambiente de aprendizagem, 
engajar os alunos e aplicar métodos pedagógicos 
eficazes. E então? Motivado para desenvolver esta 
competência? Vamos lá, avante!!
Quando pensamos em ensinar, pode parecer tudo muito 
simples, mas o ensino se sustenta através de conteúdos opera-
cionais específicos. Vamos explorar esse mundo agora. Para falar 
de didática, devemos considerar objetivos de ensino, conteúdos 
escolares, metodologia de ensino, relação professor-aluno, avalia-
ção e planejamento de ensino. Nesta unidade, não vamos nos es-
tender em todos os itens, pois alguns aspectos já foram discutidos 
ou serão abordados em outras unidades desta disciplina.
Objetivos de ensino
Vamos começar pelos objetivos de ensino, que serão 
mencionados e explorados novamente na próxima unidade. É 
importante entender sua importância na sala de aula.
Objetivos, em geral, especificam onde queremos chegar. 
Por exemplo, ao viajar, temos o objetivo de conhecer um 
determinado lugar.
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Imagem 2.1 – Objetivos
Objetivo: conhecer 
a America do Sul
Fonte: Acervo particular da autoria (2023).
Na escola, a palavra “objetivo” aparece em vários docu-
mentos. Temos os objetivos do Projeto Político Pedagógico, que 
funcionam como um farol orientador para os caminhos a serem 
percorridos. Cada disciplinadeve ter seu objetivo geral, que gera 
os objetivos específicos de cada ano ou série, e estes devem des-
dobrar-se em objetivos específicos para as aulas.
O objetivo geral nos indica o que esperamos que o aluno 
saiba ao final de um determinado contexto, que pode ser um cur-
so ou uma série. Para ser mais específico, vamos exemplificar.
No contexto de um curso de Pedagogia, temos como ob-
jetivo geral preparar profissionais capazes de atender às diversas 
demandas educacionais da sociedade contemporânea, atuando 
em uma ampla gama de atividades. Considerando que este ob-
jetivo deve ser alcançado ao longo de quatro anos, é necessário 
organizá-lo em objetivos menores para cada ano de estudo.
Podemos exemplificar um desses objetivos que pode ser 
explorado de diversas maneiras como compreender a educação 
como um fenômeno social e cultural em sua dinâmica e diversi-
dade.
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Para esse objetivo, podemos pensar em disciplinas varia-
das como aspectos antropológicos e sociológicos da educação, fi-
losofia da educação, história da educação, psicologia da educação 
etc. Cada disciplina citada terá um objetivo geral e será subdividi-
da em outros mais específicos. O principal dessa exploração por 
objetivos e suas variações é entender que eles devem nos guiar 
para o desenvolvimento do conhecimento sobre determinada 
prática. A definição de objetivos ajudará a determinar os conteú-
dos a serem explorados.
Contudo, existem alguns cuidados essenciais para serem 
garantidos na formulação de objetivos. A primeira questão a ser 
considerada é verificar a possibilidade de desenvolver um deter-
minado objetivo. Podemos citar alguns objetivos que não podem 
ser garantidos, por exemplo: Garantir que o professor se forme 
com todas as condições necessárias para ensinar em salas de di-
ferentes tipos e diferentes disciplinas. Como alguém pode garantir 
que outro indivíduo saberá tudo ao final de um curso? Como al-
guém pode saber ensinar tudo?
Considerando essa informação, devemos pensar em ob-
jetivos viáveis, ou seja, que sejam possíveis de serem realizados 
dentro de um determinado período de tempo. Outro aspecto cru-
cial é a possibilidade de mensuração. Se não há como medir o 
progresso em relação ao objetivo, como saberemos se ele foi al-
cançado? Vamos considerar outro exemplo:
Transformar a postura do aluno para que ele se torne um 
cidadão compreensivo, colaborador e respeitoso.
REFLITA
É possível oferecermos alguns contextos cujo 
aluno refletirá sobre essas posturas, porém como 
garantir que ele se transformou? Qual avaliação 
pode garantir isso?
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Dessa forma, é preciso que o objetivo seja algo palpável 
e, de preferência, que atenda ao objetivo geral, às premissas da 
legislação e ao Projeto Político Pedagógico, no qual teremos o pro-
duto esperado. Os objetivos específicos devem apoiar os objetivos 
gerais. Cabe lembrar que os objetivos, sejam quais forem, devem 
ser iniciados com um verbo no infinitivo. Existem vários verbos 
que podem ser explorados conforme seu nível de exigência na Ta-
xonomia de Bloom e na atual Base Nacional Comum Curricular.
SAIBA MAIS
Dessa forma, é necessário que o objetivo seja algo 
palpável e, de preferência, que atenda ao objeti-
vo geral, às premissas da legislação e ao Projeto 
Político Pedagógico, garantindo assim o produto 
esperado. Os objetivos específicos devem apoiar 
os objetivos gerais. Cabe lembrar que os objetivos, 
sejam eles quais forem, devem ser iniciados com 
um verbo no infinitivo. Existem diversos verbos 
que podem ser explorados conforme seu nível de 
exigência na Taxonomia de Bloom e na atual Base 
Nacional Comum Curricular.
Conteúdos escolares
Neste ponto, faremos uma breve introdução ao assunto, 
pois, como já foi explicado, ele será discutido posteriormente, 
quando teremos a oportunidade de explorá-lo profundamente. 
Devemos, no entanto, esclarecer algumas questões.
Os conteúdos devem ser gerados a partir dos objetivos, 
e não o contrário. É muito comum que os professores tenham 
prontos os conteúdos de cada série e, se obrigados, pensem 
nos objetivos posteriormente. Justamente por esse motivo, as 
avaliações e as metodologias usadas muitas vezes não estão 
alinhadas aos objetivos.
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Imagem 2.2 - Alinhamento de aspectos importantes para o planejamento
AULA
Objetivo
Avaliação Procedimentos
Fonte: Elaborada pela autoria (2023).
A reflexão deve ser a seguinte: se tenho determinado 
objetivo, qual o conteúdo que deve ser ensinado para atingir esse 
conteúdo?
REFLITA
Do que adianta eu ensinar a inferir sobre um texto, 
se meu objetivo é que esse aluno saiba decodificar 
uma palavra? O que ajudará a inferência para 
atingir esse objetivo?
Dessa forma, podemos afirmar que o objetivo e o conteúdo 
devem estar coerentes.
Metodologia de ensino
A metodologia de ensino consiste na aplicação de diferen-
tes métodos no processo de ensino-aprendizagem.
A palavra “metodologia” consiste na arte de dirigir o espí-
rito na investigação da verdade. Aplicação do método no ensino. 
(Dicio, 2023, on-line).
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DEFINIÇÃO
Método vem do latim methodus, cujo significado 
é caminho ou via para realização de algo. Meta 
(objetivo, finalidade) somado a Hodos (caminho, 
intermediação) (Dicio, 2023, on-line).
Em nosso contexto, a metodologia complementa as ideias 
iniciais apresentadas nesta unidade. Se eu tenho um objetivo e 
já defini os conteúdos a serem trabalhados, como vou garantir a 
aprendizagem dos alunos?
Vale lembrar que a metodologia de ensino envolve o 
estudo das diferentes trajetórias seguidas para se atingir os 
objetivos educacionais.
REFLITA
Quando um professor tem um objetivo a ser atingi-
do, precisa pensar: Quem são meus alunos? O que 
os atrairia para trabalhar esses conceitos? Qual a 
aplicabilidade desses conceitos que eles poderiam 
considerar relevantes? O que é significativo para 
eles? Quais estudos já existem e são fundamentais 
para essa aprendizagem? Posso usá-los nesse con-
texto?
Se o professor de matemática tem como objetivo que os 
alunos memorizem a tabuada, precisará de recursos de repetição. 
O que ele pode fazer para que os alunos repitam as tabuadas? 
Antigamente, copiávamos várias vezes a mesma tabuada até 
decorá-la. Hoje, antes de decorar, devemos garantir o entendimento 
do que é multiplicação. Uma vez que isso esteja claro, o professor 
pode proporcionar diversos exercícios em que o aluno consulta 
a tabuada para resolver, o que ajuda na memorização. Existem 
muitos outros caminhos, como jogos, desafios etc. Portanto, o 
professor deve verificar o que mais atrai o interesse do aluno.
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Cabe ainda ressaltar que um método não é uma solução 
geral para todos os alunos. Em uma determinada classe, um mé-
todo pode ser eficiente, enquanto em outra, o professor precisará 
procurar um caminho diferente. Tudo depende do perfil dos alu-
nos, que influenciará o desempenho do professor.
Outro aspecto importante é que o professor deve dominar 
o conteúdo que vai ensinar, embora isso não seja garantia de que 
ele saiba ensinar. É preciso saber escolher uma metodologia de 
ensino adequada, o que pode trazer alguns desafios com riscos 
imprevisíveis, como escolhas erradas, por exemplo.
Já ouviram as seguintes falas? “Fulano é um professor 
tirano”. “Cicrano ensina por meio de cópias sem fim”. “Beltrano é 
um animador de aulas”.
A escolha da metodologia influenciará como o professor 
será visto e como será a aprendizagem do aluno. Por esse motivo, 
é necessário que o professor seja muito responsável e comprome-
tido. Ele deve estar disposto a estudar sempre, entender a dinâmi-
ca da escola em que trabalha, participar da construção do Projeto 
Político Pedagógico, conhecer diferentes métodos de ensino e sua 
relação histórica e cultural, além de saber escolher caminhos em 
que as metodologias usadas atendam às necessidades locais.
Relação professor-aluno
Para muitos, esseé um aspecto que não tem valor. Pro-
fessores que aprenderam nas décadas de 1970, 1980, 1990 ainda 
guardam o registro de como eram como alunos: respeitosos, com 
os professores sendo a autoridade máxima na sala de aula. Com a 
evolução das relações humanas, essas dinâmicas mudaram signi-
ficativamente. Não pretendemos aqui abordar todos os aspectos 
que levaram a essas mudanças nas relações em sala de aula, mas 
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sim aceitá-las e verificar como isso influencia no cotidiano escolar 
e, principalmente, na aprendizagem.
O que se constata é que, nas salas dos professores, ouve-
-se muito sobre a irreverência e o deboche dos alunos, a falta de 
interesse, as consequentes notas baixas e, muitas vezes, o medo 
de enfrentar algumas turmas devido à presença de alunos agressi-
vos, que chegam até a agredir seus professores. É possível ensinar 
ou aprender nesse contexto?
REFLITA
Será que estamos dando muita liberdade? Pensar 
nessa relação é tão importante assim? Como os 
professores devem se comportar nessa relação?
A princípio, devemos reforçar que o professor tem a res-
ponsabilidade de apresentar aulas envolventes e motivadoras 
para os alunos. Um bom plano de aula pode ajudar muito nesse 
aspecto.
Além disso, o professor já não é mais um mero transmissor 
de conteúdo. Sua função se ampliou: ele deve ser um educador 
preparado para, além de ensinar a disciplina, propiciar reflexões 
nos alunos que os ajudem a desenvolver uma postura cidadãDe 
acordo com Arroyo (2000):
Teríamos que conseguir que os outros acre-
ditem no que somos. Um processo social 
complicado, lento, de desencontros entre o 
que somos para nós e o que somos para fora 
[...] Somos a imagem social que foi construída 
sobre o ofício de mestre, sobre as formas di-
versas de exercer este ofício. Sabemos pouco 
sobre a nossa história. (ARROYO, 2000, p. 29)
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Para termos professores com essas competências, é preci-
so que haja uma equipe técnico-pedagógica muito comprometida 
com a formação continuada.
Uma característica de professores bem aceita pelos alunos 
é a abertura ao diálogo. Mas será que os professores conseguem 
dialogar sem impor suas “visões de mundo”? Todos esses aspectos 
fazem parte de um processo formativo e reflexivo, representando 
um desafio para os coordenadores de cada escola. É necessário 
um alto nível de determinação para persistir nesse tema e estabe-
lecer um diálogo com o professor, de modo que ele compreenda 
as expectativas em relação ao seu papel.Segundo Freire (2005):
o diálogo é uma exigência existencial. E, se ele 
é o encontro em que se solidarizam o refletir e 
o agir de seus sujeitos endereçados ao mundo 
a ser transformado e humanizado, não pode 
reduzir-se a um ato de depositar ideias de um 
sujeito no outro, nem tampouco tornar-se sim-
ples troca de ideias a serem consumidas pelos 
permutantes. (FREIRE, 2005, p. 91)
A perspectiva de haver diálogo em sala de aula permite 
desmistificar o professor como aquele que sabe tudo, além de 
concebê-lo como um mediador da aprendizagem. Acreditem, esse 
professor aprenderá muito com os alunos também.
A afetividade é outro aspecto muito importante e valori-
zado por diversos estudiosos da educação, pois a aprendizagem 
está diretamente ligada a ela, sendo criada dentro da sala de aula.
Considerando alguns alunos extremamente agressivos, 
devemos pensar no que os levou a esse comportamento. Reflita:
 • Será que o aluno sofreu agressão em sua vida?
 • Como é sua casa e as relações que lá se efetivam?
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 • Na escola, esse aluno já foi valorizado alguma vez?
 • O que ele pensa sobre os professores?
As respostas são diversas, mas várias experiências de-
monstram que os alunos podem mudar sua postura quando per-
cebem que alguém se interessa por eles. Com frequência, um pro-
fessor pode influenciar o destino de um aluno através do respeito 
e da atenção que demonstra por ele.
É inegável que os alunos percebem o que o professor pensa. 
Se sentirem desprezo por parte do professor, isso se refletirá na 
sua atitude em relação à disciplina, ao conhecimento oferecido 
e ao próprio professor. Isso levanta a questão de os professores 
refletirem sobre suas práticas, embora não se possa ignorar a 
realidade surpreendente que, por vezes, se apresenta. Um aluno 
aparentemente tranquilo pode, de repente, tornar-se agressivo, o 
que torna a observação individual uma ferramenta importante.
Um ponto crucial é evitar a imposição de regras sem expli-
car o motivo, pois nenhum ser humano aceita imposições arbitrá-
rias sem primeiro entender o porquê. Imagine receber uma ordem 
sem sentido com a qual você, mesmo como professor, não con-
corda. Isso geralmente leva à falta de engajamento nas propostas 
escolares. Portanto, é importante reservar tempo para explicar as 
regras, dialogar sobre elas e ouvir diferentes pontos de vista.
De acordo com Freire (1996):
Como prática estritamente humana jamais 
pude entender a educação como experiência 
fria, sem alma, em que os sentimentos e as 
emoções, os desejos, os sonhos devessem 
ser reprimidos por uma espécie de ditadura 
racionalista. Nem tampouco jamais compreen-
di a prática educativa como uma experiência a 
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que faltasse rigor em que se gera a necessária 
disciplina intelectual. (FREIRE, 1996, p. 146)
Considerando a citação acima, é importante reafirmar que 
ser afetivo não está diretamente ligado a ser permissivo. O profes-
sor deve ser afetivo, mas manter a postura respeitosa e a cultura 
de que, em sala de aula, devemos estudar. Cada professor deverá 
encontrar a medida correta para que um ponto não anule o outro.
Avaliação
O que é avaliar? Para que avaliamos? O que fazemos com os 
resultados obtidos? Essas são perguntas fundamentais que devem 
ser feitas aos professores. Será que todos pensam da mesma forma?
Normalmente, a avaliação é vista como uma forma de re-
pressão, na qual o aluno que não atinge a nota estabelecida como 
“boa” é rotulado como ineficiente, preguiçoso, desinteressado e 
que não estuda. Essa visão da avaliação é consequência da edu-
cação tradicional. Lembram como Skinner condicionava os ratos? 
Por recompensa e punição. Assim, fomos condicionados a acredi-
tar que ter uma nota baixa é uma punição e ter uma nota alta é 
uma recompensa. De acordo com Garcia (1999):
O prazer de aprender desaparece quando a 
aprendizagem é reduzida a provas e notas; os 
alunos passam a estudar para se dar bem na 
prova e para isso têm de memorizar as res-
postas consideradas certas pelo professor ou 
professora. Desaparecem o debate, a polêmi-
ca, as diferentes leituras do mesmo texto, o 
exercício da dúvida e do pensamento diver-
gente, a pluralidade. A sala de aula se torna 
um pobre espaço de repetição, sem possibi-
lidade de criação e circulação de novas ideias 
(GARCIA, 1999, p. 41).
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Avaliar é investigar a qualidade do desempenho dos estu-
dantes, com o objetivo de intervir para a melhoria dos resultados, 
caso necessário (Luckesi, 1994). Na educação, esperamos que o 
termo “avaliar” esteja alinhado com a ideia de refletir sobre os re-
sultados obtidos.
O processo de avaliação envolve tabular os resultados, 
analisá-los individualmente e em grupo, e considerar ajustes em 
algumas abordagens já utilizadas. Dessa forma, os alunos que não 
alcançaram os objetivos poderão adquirir o conhecimento por 
meio de outras estratégias.
Imagem 2.3 - Para que avaliar?
AgirAvaliar Refletir sobre os 
resultados
Fonte: Elaborada pela autoria (2023).
Como corrigir os resultados? Isso pode ser alcançado ana-
lisando cuidadosamente os motivos por trás de cada resultado. 
O professor deve se questionar se o aluno compreendeu a ma-
neira como foi ensinado, se requer algum suporte especial para 
alcançar os objetivos das aulas ou se existem outros fatores que o 
professor possa abordar.
É comum, em reuniões de professores, que as notas 
baixas sejam explicadas pelodesinteresse dos alunos, pela falta 
de estudo ou pela falta de atenção. O que não costuma acontecer 
é a análise das razões por trás desses comportamentos nesse 
momento.
Os professores têm a responsabilidade de analisar cuida-
dosamente algumas questões. Em sua sala de aula, quantos alu-
nos alcançaram a média mínima? Se forem poucos, ou seja, me-
nos de 10% da classe, o professor pode considerar estratégias que 
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ajudem os alunos a compreender melhor o conteúdo trabalhado, 
levando em consideração suas dificuldades específicas. 
Se for um grande número de alunos, talvez seja o momento 
de o professor revisar a metodologia que tem utilizado em sala de 
aula, já que muitos alunos não estão demonstrando aprendizado.
Expectativas de Aprendizagem
Aluno  Identificar os números até 20  Ordenar os nú-
meros em sequência  Entender o significado dos valores de cada 
número  Identificar o posicionamento entre outros números.
Quadro 2.7 - Acompanhamento das expectativas de aprendizagem
Expectativas de Aprendizagem
Aluno
Identificar os 
números até 
20
Ordenar os 
números em 
sequência
Entender o 
significado 
dos valores 
de cada 
número
Identificar o 
posiciona- 
mento entre 
outros 
números
Arnaldo
Caio
Cecilia
Debora
Fátima
Fábio
Gabriel
Hélio
Isaura
Maria
Renato
Rodrigo
Fonte: Elaborada pela autoria (2023).
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Observando a imagem anterior, pode-se entender que o 
que está pintado em verde refere-se à expectativa atingida, e o 
vermelho à expectativa não atingida. Diante disso, como você ana-
lisa a situação de Fátima e Hélio?
É possível constatar que Fátima e Hélio não conseguiram 
atingir nenhuma expectativa de aprendizagem. Por isso, é 
importante que o professor verifique as dificuldades individuais 
para proporcionar o aprendizado.
A metacognição envolve proporcionar ao estudante uma 
reflexão sobre como ele aprende, já que nem todos aprendem da 
mesma forma: alguns aprendem pelo visual, outros pela escrita, 
outros pela audição, etc. Em casos como o de Hélio e Fátima, é mui-
to importante que o professor entenda como cada aluno aprende 
e os estimule a perceber isso. Essa é uma forma eficaz de preparar 
atividades que ajudem os alunos a atingirem os objetivos.
Ao analisar a expectativa de “Entender o significado dos va-
lores de cada número”, podemos concluir que a professora deve 
refletir sobre sua aula e explorar outras abordagens para alcançar 
esse objetivo, uma vez que a maioria dos alunos não conseguiu 
assimilar os conceitos da maneira como foram apresentados. Isso 
sugere que podem ser necessárias abordagens diferentes para fa-
cilitar a aprendizagem desse conteúdo.
É muito comum que os professores realizem períodos de 
recuperação com alunos que estão abaixo da média. No entanto, 
é fundamental compreender que esse deve ser um momento não 
apenas para recuperar notas, mas principalmente para recuperar 
a aprendizagem.
Antes de prosseguirmos em nossos estudos, é necessário 
explorar os diferentes tipos de avaliação que conhecemos.
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Avaliação diagnóstica
Essa forma de avaliação é normalmente usada no início 
do ano, quando os professores conseguem identificar os pré-
conhecimentos dos alunos. A partir dessa análise, o professor 
deve delinear os conteúdos e níveis de aprofundamento que 
realizará. “A avaliação diagnóstica não se propõe e nem existe de 
forma solta ou isolada. É condição de sua existência a articulação 
com uma concepção pedagógica progressista” (Luckesi, 1994, p. 
82).
É preciso ter cuidado para não rotular um aluno a partir 
dessa avaliação, já que a ideia é perguntar: como posso corrigir 
possíveis distorções na aprendizagem?
A avaliação diagnóstica também pode ser usada como 
um processo contínuo, trazendo informações contínuas sobre o 
aprendizado dos alunos..
Avaliação processual ou formativa
Vista como um meio regulatório, a avaliação processual 
visa orientar o professor em suas atividades. Por meio desse tipo 
de avaliação, é possível entender quais expectativas não foram 
correspondidas a tempo de corrigi-las.
As avaliações devem ocorrer processualmente, ou seja, ao 
final de cada módulo de ensino, o processo deve avaliar se o con-
teúdo foi apropriado pelos alunos.
É importante lembrar que avaliar não necessariamente 
precisa ser uma prova, pois a avaliação processual pode ocorrer 
através da observação do professor nas atividades oferecidas aos 
alunos diariamente.
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A avaliação formativa consiste na prática da ava-
liação contínua realizada durante o processo de 
ensino e aprendizagem, com a finalidade de me-
lhorar as aprendizagens em curso, por meio de 
um processo de regulação permanente. Profes-
sores e alunos estão empenhados em verificar 
o que se sabe, como se aprende o que não se 
sabe para indicar os passos a seguir, o que fa-
vorece o desenvolvimento pelo aluno da prática 
de aprender a aprender. A avaliação formativa é 
um procedimento de regulação permanente da 
aprendizagem realizado por aquele que apren-
de. (BONIOL; VIAL apud WACHOWICZ; ROMA-
NOWSKI, 2003, p. 126)
Avaliação somativa
A avaliação somativa é geralmente realizada ao término de 
um determinado ciclo ou período. Nas escolas, costuma acontecer 
ao final de um bimestre, trimestre ou semestre.
O objetivo da avaliação somativa é consolidar os resulta-
dos dos trabalhos realizados até o momento. Geralmente, esses 
resultados têm caráter classificatório e determinam se os alunos 
continuarão seus estudos ou serão retidos.
Apesar de ser importante, é preciso ter cuidado para que 
a avaliação não seja muito longa, pois, muitas vezes, o aluno tem 
todo o conhecimento necessário, mas não encontra tempo para 
realizar todos os processos solicitados no tempo oferecido para 
a avaliação.
Uma avaliação pontual, que geralmente ocor-
re no final do curso, de uma disciplina, ou de 
uma unidade de ensino, visando determinar o 
alcance dos objetivos previamente estabeleci-
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dos. Visa elaborar um balanço somatório de 
uma ou várias sequências de um trabalho de 
formação e pode ser realizada num proces-
so cumulativo, quando esse balanço final leva 
em consideração vários balanços parciais (GIL, 
2006, p. 248).
Cuidados com as avaliações
Avaliar é uma responsabilidade complexa que exige do 
professor alguns cuidados. Podemos citar algumas situações que 
devem ser evitadas ao elaborar uma avaliação. O professor deve 
ter claro o objetivo da aprendizagem. Dessa maneira, sua avalia-
ção estará alinhada com esse objetivo. Afinal de contas, de que 
adianta ensinar a pescar e cobrar na prova como cozinhar o peixe?
Imagem 2.4 – Avaliação
Fonte: Freepik. 
As perguntas ou reflexões solicitadas devem ser claras 
para os alunos. Usar um vocabulário familiar é importante. Para 
que a questão seja compreendida, ela deve ser formulada com o 
mesmo vocabulário utilizado durante o desenvolvimento da aula.
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As perguntas devem ser formuladas de maneira que te-
nham apenas uma resposta correta e objetiva, a menos que o pro-
pósito seja avaliar a posição dos alunos frente a uma situação es-
pecífica. Isso ajuda a manter a clareza e a precisão nas respostas.
Se for fazer várias perguntas em uma única questão, pro-
cure organizá-las de forma que o aluno seja capaz de identificar 
cada uma e organizar sua resposta.
Atualmente, usamos perguntas contextualizadas para que 
o aluno consiga mostrar a transferência do que aprendeu para a 
realidade ou outras situações-problema. Nesse caso, cuide para 
que não seja uma pré-textualização, ou seja, apenas um texto usa-
do sem ligação com o conteúdo ou questão solicitada. Contextua-
lizar é transformar a questão em uma reflexão significativa para 
os alunos. 
Planejamento de ensino
O ensino pressupõe uma ação deliberada e planejada pelo 
professor, para que, ao final, se garanta a aprendizagem. Planejar 
o ensino é fundamental para garantir a qualidadeda aula, o bom 
aproveitamento do tempo e o atingimento dos objetivos.
Planejamos para tudo. Vamos verificar no caso de uma via-
gem, por exemplo. Se quero conhecer a América do Sul e moro 
na Europa, vou planejar a compra das passagens, a reserva nos 
hotéis, as roupas que devo levar para suportar o clima local, o tipo 
de alimentação que me será proporcionada, etc.
No caso do planejamento de ensino, existem algumas re-
comendações importantes. Vou citar algumas indicadas por Doug 
Lemov em seu livro “Aula Nota 10”, as quais são relevantes para 
este contexto.
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Para iniciar, Lemov menciona a importância de começar 
pelo fim. Como mencionamos anteriormente, o professor precisa 
ter claro o que quer que seu aluno saiba ao final de cada aula. Ele 
inclui a ideia de que prever como avaliar ajudará no alinhamento 
entre objetivo, procedimentos e avaliação, evitando distorções en-
tre o que foi ensinado e o que será avaliado.
Com o objetivo e a avaliação alinhados, é preciso pensar 
nos procedimentos que levarão ao atingimento desse objetivo.
Para isso, o professor deve se perguntar: o que farei em 
cada momento para que meus alunos atinjam o objetivo de apren-
dizagem? Detalhando mais, o professor precisa saber:
 • O local da atividade.
 • Como disporá as cadeiras em cada atividade.
 • Quais materiais usará e providenciará previamente.
 • O que fará e o que os alunos farão enquanto ele executa 
sua parte.
 • Os tempos de cada atividade.
Perguntas essenciais para o planejamento:
 • O que o professor fará?
 • O que o aluno fará?
 • Como a sala deverá ser arrumada para essa atividade?
 • Qual material será necessário para a atividade?
 • Quanto tempo estará disponível para a atividade?
Responder a essas perguntas ajudará o professor a 
planejar de forma eficiente, garantindo que todas as atividades 
estejam alinhadas com os objetivos de aprendizagem e que o 
tempo seja bem aproveitado.
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Quadro 2.8 – Componentes de um plano de aula
O que o 
professor 
fará?
O que o aluno 
fará?
Como a sala
deverá ser 
arrumada 
para essa 
atividade?
Material 
necessário 
para a 
atividade?
Tempo 
disponível 
para a 
atividade?
Fonte: elaborada pela autora (2023).
Tudo isso? Sim, mas não necessariamente em todo plane-
jamento. O que o professor precisa é entender a complexidade de 
uma aula e garantir que ocorra de forma produtiva.
Quando falamos em organizar grupos para realizar uma 
discussão, devemos prever o tempo que levará para organizar a 
sala conforme planejado, se os alunos serão indicados pelo pro-
fessor ou se se organizarão com os mais próximos. Tudo isso evita 
desperdício de tempo.
Outra questão é pensar nos materiais que serão usados. 
Se vou dar um texto para cada grupo, por exemplo, preciso ter as 
cópias necessárias prontas no momento da aula.
Tudo isso evitará que o objetivo seja comprometido por 
urgências, como sair correndo da sala para tirar xerox ou pedir 
para um técnico ajustar o computador em que será exposta a 
apresentação.
Propiciar uma oficina com os professores, na qual possam 
realizar esse tipo de planejamento em grupos ou duplas, ajudará 
a que eles se apropriem dessa forma de organização.
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RESUMINDO
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu 
mesmo tudo? Agora, só para termos certeza de 
que você realmente entendeu o tema de estudo 
deste capítulo, vamos resumir o que vimos.
Você deve ter compreendido que ensinar não é tão 
simples, mas o ensino se garante através de alguns 
conteúdos operacionais. Em se tratando do termo 
“didática”, abordamos os seguintes aspectos: obje-
tivos de ensino, conteúdos escolares, metodologia 
de ensino, relação professor-aluno, avaliação e pla-
nejamento de ensino.
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Componentes do processo 
ensino-aprendizagem (práxis 
pedagógicas)
OBJETIVO
Ao término deste capítulo, você será capaz de en-
tender como funcionam os diversos componentes 
do processo de ensino-aprendizagem e sua pro-
funda influência nas “práxis” pedagógicas. Isso se-
rá fundamental para o exercício de sua profissão. 
As pessoas que tentaram implementar estratégias 
educacionais sem a devida compreensão desses 
componentes enfrentaram dificuldades ao criar 
experiências de aprendizagem significativas e efe-
tivas. E então? Está motivado para desenvolver es-
sa competência? Vamos lá!
Elementos Fundamentais 
do Processo de Ensino-
Aprendizagem
Os objetivos de aprendizagem emergem como diretri-
zes cruciais para qualquer prática educacional, garantindo que 
a trajetória didática tenha um propósito bem definido. Eles são, 
em essência, a bússola que orienta a jornada do aprendizado. Ao 
compreender profundamente seu significado e aplicação, pode-
mos otimizar a eficácia da educação e garantir uma aprendizagem 
significativa.
A concepção de objetivos de aprendizagem não se limita 
a estabelecer metas a serem atingidas. Como Libâneo (1994, p. 
91) afirma, os objetivos “referem-se a capacidades de ordem cog-
nitiva, afetiva e psicomotora que se espera desenvolver nos alu-
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nos através das atividades de ensino e aprendizagem”. Em outras 
palavras, eles transcendem a simples aquisição de informações, 
abordando habilidades, atitudes e competências.
O processo de estabelecer esses objetivos envolve uma 
análise crítica do que se espera que os alunos alcancem, bem 
como uma compreensão das capacidades e necessidades dos 
alunos. Cada objetivo deve ser claro, alcançável e, sobretudo, re-
levante para os estudantes, garantindo que o aprendizado seja 
aplicável à vida real.
Os objetivos de aprendizagem, quando bem delineados, 
têm o poder de transformar o ensino. Libâneo (1994) destaca que a 
seleção e sequenciação de objetivos e conteúdos é o que dá signi-
ficado às sequências de ensino e aprendizagem. Ou seja, sem obje-
tivos claros, o ensino pode se tornar fragmentado e sem propósito.
Ao estabelecer objetivos, os educadores têm a oportuni-
dade de planejar metodologias de ensino, escolher recursos didá-
ticos e elaborar avaliações alinhadas ao que se espera alcançar. 
Eles fornecem, ainda, um critério claro para avaliar o sucesso do 
processo educativo, permitindo que ajustes sejam feitos confor-
me necessário.
Em um panorama educacional onde a aprendizagem signi-
ficativa e aplicável é o pilar, os objetivos de aprendizagem se des-
tacam como ferramentas indispensáveis. Eles não são meras listas 
de metas a serem alcançadas, mas sim declarações poderosas de 
intenção que podem transformar a experiência educacional dos 
alunos. Diante desse contexto, emerge também o conteúdo pro-
gramático. 
O conteúdo programático surge como a espinha dorsal de 
qualquer experiência educacional. Se pensarmos no ensino como 
uma jornada, o conteúdo programático é o mapa que guia tanto o 
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educador quanto o aluno, delineando o território a ser explorado 
e os marcos a serem alcançados.
Como seu nome sugere, o conteúdo programático é pro-
gramado, ou seja, pensado e estruturado com antecedência. Libâ-
neo (1994) nos lembra que o currículo e seus conteúdos não são 
um simples aglomerado de informações, mas sim uma seleção 
cultural. Essa seleção não é aleatória: é fruto de uma reflexão pe-
dagógica que considera as necessidades dos alunos, os objetivos 
de aprendizagem previamente estabelecidos e as demandas da 
sociedade contemporânea.
A elaboração de um conteúdo programático envolve esco-
lhas. Decidir o que incluir e o que deixar de fora é uma responsa-
bilidade do educador e da instituição. Essa escolha deve ser emba-
sada tanto nas teorias pedagógicas quanto nas realidades práticas 
da sala de aula.
Um conteúdo programático bem estruturado não benefi-
cia apenas o educador em seu planejamento, mas também o aluno 
em sua trajetória de aprendizado. Libâneo (1994) argumenta que 
a organização do conteúdo influencia diretamente na construção 
do conhecimento pelo aluno. Uma sequência lógicapermite que 
os estudantes estabeleçam conexões entre diferentes tópicos, fa-
cilitando a compreensão e a retenção de informações.
Além disso, um conteúdo estrategicamente sequenciado 
atende à progressão natural da aprendizagem. Ao começar com 
conceitos básicos e, gradualmente, introduzir temas mais comple-
xos, os educadores podem garantir que os alunos tenham as fun-
dações necessárias para abordar tópicos mais avançados.
O conteúdo programático, mais do que uma lista de tópi-
cos a serem abordados, é a materialização da intenção pedagógi-
ca. Ele reflete as escolhas educacionais feitas e serve como uma 
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ferramenta valiosa para garantir que a aprendizagem seja sequen-
cial, lógica e, acima de tudo, significativa.
Métodos de Ensino: Articulando 
Conteúdo e Aprendizagem
A dinâmica educacional não se restringe apenas ao con-
teúdo programático, mas também à maneira como este é aborda-
do e transmitido. Os métodos de ensino atuam como pontes entre 
o educador e o educando, determinando, muitas vezes, o sucesso 
ou o fracasso do processo de ensino-aprendizagem.
O método, conforme afirma Libâneo (1994), é o caminho 
pelo qual se atinge um fim, uma meta. No contexto educacional, 
o fim é a aprendizagem significativa. Assim, os métodos de ensino 
são as ferramentas pedagógicas escolhidas para direcionar os alu-
nos nessa trajetória.
Não há um método universalmente superior; o que existe 
é uma pluralidade de abordagens, cada uma com suas peculiarida-
des e potencialidades. Podem ser centrados no professor, como a 
exposição direta, ou no aluno, como a aprendizagem baseada em 
projetos e o método de estudo de caso.
A grande diversidade de métodos de ensino não é um aca-
so, mas uma resposta à complexidade e diversidade dos próprios 
alunos. Como Freire (1996) já afirmava, a educação não deve ser 
um “ato de depositar”, mas uma construção conjunta de saberes. 
A escolha de um método adequado pode fazer a diferença entre 
uma aula monótona e uma experiência educativa envolvente.
Entender o perfil da turma, seus interesses, suas habilida-
des e seus desafios é crucial para a seleção de um método de ensi-
no eficaz. Em uma era marcada pela tecnologia, por exemplo, mé-
todos que integram recursos digitais podem ser particularmente 
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engajadores. No entanto, é a pedagogia, e não a tecnologia em si, 
que deve guiar essas escolhas.
Os métodos de ensino, mais do que meras técnicas, são 
reflexos das concepções pedagógicas e das metas educacionais. 
Eles influenciam diretamente a qualidade da interação em sala de 
aula e, consequentemente, os resultados da aprendizagem. Dessa 
forma, sua seleção e aplicação devem ser feitas com critério, aten-
ção e, acima de tudo, com foco nas necessidades dos alunos.
O ensino deve levar à aprendizagem e, para isso, cada 
professor deve escolher uma forma de atingir seus objetivos de 
aprendizagem através do ensino que proporcionará.
A teoria deve embasar a prática, já que adquirimos conhe-
cimento para ser útil em nossas vidas. No caso dos professores, 
estudam-se muitas teorias de ensino e aprendizagem que devem 
fundamentar a práxis pedagógica.
A práxis pedagógica é o elemento que efetiva a aprendiza-
gem. O educador precisa pensar em ações que propiciem a apren-
dizagem e ter consciência do que fundamenta cada ação. 
De acordo com Saviani (2013): 
Quando entendemos que a prática será tanto 
mais coerente e consistente, será tanto mais 
qualitativa, será tanto mais desenvolvida 
quanto mais consistente for a teoria que a 
embasa, e que uma prática será transformada à 
medida que exista uma elaboração teórica que 
justifique a necessidade da sua transformação 
e que proponha as formas de transformação, 
estamos pensando a prática a partir da teoria. 
Mas é preciso também fazer o movimento 
inverso, ou seja, pensar a teoria a partir da 
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prática, porque se a prática é o fundamento da 
teoria, seu critério de verdade e sua finalidade, 
isto significa que o desenvolvimento da teoria 
depende da prática. (SAVIANI, 2013, p. 107)
Para além de colocar em prática uma teoria, o professor 
deve aperfeiçoá-la, analisando seus resultados e procurando, 
através da pesquisa de sua própria prática, encontrar elementos 
que possam aprimorá-la.
Contudo, se estamos diante de uma escola que se trans-
formou em muitas de suas características, onde os alunos são to-
talmente diferentes dos antigos, é preciso que o professor saiba 
implantar métodos e adequá-los à realidade em que desenvolve 
sua aula.
Segundo Sánchez-Vásquez (2007),
a práxis é, na verdade, atividade teórico- 
prática; ou seja, tem um lado ideal, teórico, e 
um lado material, propriamente prático, com 
a particularidade de que só parcialmente, por 
um processo de abstração, podemos separar, 
isolar um do outro. (SÁNCHEZ-VÁZQUEZ, 
2007, p. 241)
Considerando essas possibilidades, o professor deve 
mediar o conhecimento de forma a respeitar a comunidade 
em que trabalha e entender os alunos tanto em grupo quanto 
individualmente. Para isso, o professor mediador precisa muito do 
diálogo. Com o diálogo, o professor perceberá e conhecerá cada 
aluno, podendo assim realizar ações que os afetem e os ajudem a 
se apropriar do conhecimento.
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Imagem 2.5 – Sala de aula
Fonte: Freepik (2023). 
Atividades em sala
É preciso que as atividades propostas em sala de aula 
tenham significado e sentido para os alunos. O aprendizado deve 
ser entendido como relevante e que pode contribuir na vida dos 
alunos de alguma forma.
A aprendizagem pode ser facilitada individualmente ou em 
grupo. Os diálogos proporcionados em sala de aula darão mais 
sentido ao contexto do aluno, e a participação do outro será sem-
pre um caminho de aprendizado.
Qualquer ação planejada para uma aula deverá estar dire-
tamente ligada ao objetivo predeterminado pelo professor. Elabo-
rar caminhos que levem o aluno a alcançar o objetivo é papel do 
professor.
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O que não se pode desconsiderar é que, além de toda a ca-
racterização da comunidade escolar, o professor encontrará dife-
rentes sujeitos em sala de aula, cada um com suas peculiaridades. 
Assim, muitas vezes, o que é planejado nem sempre leva a 100% 
de resultados positivos. Sánchez-Vázquez (2007) diz que:
O resultado ideal, que se pretende obter, exis-
te primeiro idealmente, como mero produto 
da consciência, e os diversos atos do processo 
se articulam ou estruturam de acordo com o 
resultado que se dá primeiro no tempo, isto é, 
o resultado ideal. (SÁNCHEZ-VÁZQUEZ, 2007, 
p. 187)
Vamos considerar, afinal, que a práxis pedagógica está 
sujeita ao momento histórico, político e social, à legislação vigente, 
ao projeto político-pedagógico, ao currículo e, principalmente, ao 
conhecimento que o professor tem sobre ensino e aprendizagem 
e seu plano de aula.
Relação professor-aluno: a 
Essência do processo educativo
A didática, enquanto ciência e arte do ensino, concentra-
-se em muitos aspectos técnicos e metodológicos. No entanto, no 
centro desse cenário complexo, encontra-se a relação humana: o 
vínculo entre professor e aluno. Essa relação, permeada por emo-
ções, percepções e expectativas, pode ser a chave para o sucesso 
ou o obstáculo no processo de aprendizagem.
A relação professor-aluno vai além de um simples encon-
tro entre uma pessoa que ensina e outra que aprende. Trata-se de 
uma relação de troca, na qual ambos os atores contribuem para a 
construção do saber. O aluno traz consigo suas vivências, expecta-
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tivas e desafios, enquanto o professor, além do conteúdo, traz sua 
história, suas convicções e sua paixão pelo ensino.
Freire (1996) destacou que a educação não pode ser uma 
situação de opressão, mas uma parceria. Uma relação positiva en-
tre professor e aluno é fundamental para estabelecer um clima de 
confiança em sala de aula. Essa confiança é o alicerce para a moti-
vação, o engajamentoe, finalmente, a aprendizagem significativa.
A empatia, a escuta ativa e o respeito mútuo são ingre-
dientes essenciais para essa construção. O professor que con-
segue compreender os sentimentos e as necessidades de seus 
alunos é capaz de criar estratégias pedagógicas mais eficazes e 
personalizadas.
Apesar da importância desse vínculo, nem sempre é fácil 
construí-lo. Muitos fatores, como a realidade socioeconômica dos 
alunos, a carga horária extensa dos professores ou mesmo as po-
líticas educacionais, podem influenciar negativamente essa rela-
ção. Contudo, é preciso lembrar que essa interação é a alma do 
processo educativo, e investir constantemente na sua qualidade 
é fundamental.
No panorama educacional contemporâneo, os recursos 
didáticos assumem uma posição de destaque, não apenas como 
meros complementos, mas como elementos centrais que podem 
potencializar ou, quando mal empregados, comprometer o pro-
cesso de aprendizagem. Essa é uma perspectiva que vai além da 
simples transmissão de informações.
Historicamente, como aponta Libâneo (1994), os recursos 
didáticos eram vistos principalmente como os livros didáticos ou 
quadro-negro. Contudo, com o avanço tecnológico e as demandas 
de uma sociedade em constante transformação, esse cenário se 
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expandiu. Atualmente, abrange desde os tradicionais livros e ma-
teriais impressos até recursos digitais, plataformas online, aplica-
tivos educativos e realidade virtual.
O grande desafio, e aqui reside a sua relevância, é a escolha 
e a utilização apropriada desses recursos. Os recursos didáticos, 
quando bem selecionados, têm o poder de tornar o aprendizado 
mais “vivo”, conectando teoria e prática, e facilitando a contextua-
lização. Mais do que isso, eles podem estimular a criatividade e o 
pensamento crítico dos alunos.
A utilização de vídeos, por exemplo, pode ilustrar um fe-
nômeno difícil de ser explicado apenas com palavras, enquanto 
jogos educativos podem promover o aprendizado de forma lúdica 
e interativa. Materiais manipulativos, por sua vez, oferecem uma 
experiência tátil que pode ser fundamental para alunos com esti-
los de aprendizagem mais cinestésicos.
Entretanto, a mera presença desses recursos não garante 
o sucesso no processo educativo. O professor, como mediador, 
tem a responsabilidade de integrá-los ao currículo de forma signi-
ficativa. Isso requer formação, reflexão e uma postura investiga-
tiva sobre a eficácia desses materiais em sua prática pedagógica.
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RESUMINDO
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu 
tudo? Agora, só para termos certeza de que você 
realmente entendeu o tema de estudo deste capí-
tulo, vamos resumir o que vimos.
Você deve ter compreendido que o ensino deve 
guiar a aprendizagem e, para isso, cada professor 
deve escolher uma forma de atingir seus objetivos 
de aprendizagem através do ensino que propor-
cionará. Vimos que a teoria deve embasar a prá-
tica. Quando adquirimos um conhecimento, para 
ser útil em nossas vidas, devemos saber aplicá-lo. 
No caso dos professores, vimos que eles estudam 
muitas teorias de ensino e aprendizagem, o que 
contribui para fundamentar sua práxis pedagógica
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Interdisciplinaridade, 
multidisciplinaridade, 
transdisciplinaridade e 
pluridisciplinaridade
OBJETIVO
Ao término deste capítulo, você será capaz de 
entender como funcionam as distintas formas de 
organização e as disciplinas que moldam a explo-
ração do conhecimento. Isto será fundamental 
para o exercício de sua profissão. As pessoas que 
tentaram estruturar currículos ou abordagens pe-
dagógicas sem a devida compreensão dessas for-
mas e disciplinas tiveram problemas ao promover 
um aprendizado integrado e holístico. E então? 
Está motivado para desenvolver esta competên-
cia? Vamos lá!
Ainda explorando a práxis pedagógica, podemos citar al-
gumas condições que a influenciam, como a forma que a escola 
deseja que as disciplinas se articulem. É preciso ficar claro que 
essa forma de articular o conhecimento pode depender da política 
escolar e da ação de alguns professores que desejam avançar em 
sua práxis. Temas como interdisciplinaridade, multidisciplinarida-
de, transdisciplinaridade e pluridisciplinaridade são ainda um tabu 
para os educadores que, mesmo engajados em suas práticas pro-
fissionais, encontram diversos obstáculos para o aprimoramento.
Vamos conversar sobre cada uma das possibilidades de 
organização disciplinar. Cabe iniciar refletindo sobre a disciplinari-
dade, que é a forma mais presente nas escolas até hoje.
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A ideia inicial da disciplinaridade é das partes para o todo, 
ou seja, subdividir o todo em partes, estudando cada uma delas 
para, ao final, uni-las novamente.
Imagem 2.6 - Disciplinaridade
MatemáticaPortuguês História CiênciasGeografia
Fonte: Elaborada pela autoria (2023).
O que acontece é que, geralmente, o todo é tão subdivi-
dido que deixa de fazer sentido para o aluno. Ele aprende uma 
partícula de um saber maior, mas não consegue depois organizá-
-la dentro do todo. As relações entre as disciplinas não se estabe-
lecem, e os alunos consideram muitas aprendizagens inúteis, já 
que não conseguem relacioná-las à realidade. Questionando essa 
forma de ensinar, alguns caminhos foram sendo explorados, le-
vando-nos a reflexões sobre cada um deles.
Multidisplinaridade
A multidisciplinaridade é identificada quando um 
determinado assunto é abordado por mais de uma disciplina, 
porém sem que se estabeleça um relacionamento entre elas.
EXEMPLO: podemos ver um exemplo em uma aula de 
história que desenvolve a leitura de um determinado texto 
para embasar teoricamente um período a ser estudado. 
A professora de inglês, por sua vez, usa o mesmo texto 
para trabalhar algumas questões gramaticais, enquanto a 
professora de língua portuguesa pratica a leitura fluente 
dos alunos com o texto.
Apesar de ampliar o contato com o texto e possibilitar 
um maior entendimento dele, ainda não existe conexão entre 
55DIDÁTICA
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os saberes desenvolvidos. Cada professor faz sua parte sem 
relacionar seu conteúdo com o dos demais. Dessa forma, cada 
professor trabalha seu conteúdo partindo de seu próprio ponto 
de vista.
Questões a se refletir:
 • De que forma o aluno conseguirá relacionar as discipli-
nas para chegar ao “todo” que foi desmembrado? 
 • Como os saberes podem ser articulados para propor-
cionar uma visão integrada do conhecimento?
A resposta a essas perguntas é que não há articulação en-
tre os saberes, e, assim, não se chega ao “todo”. Apesar de algu-
mas desvantagens dessa metodologia, ela ainda é a mais explora-
da após a disciplinaridade tradicional nas escolas.
Imagem 2.7 - Multidisciplinaridade
MatemáticaPortuguês História CiênciasGeografia
Fonte: Elaborada pela autoria (2023).
Nessa imagem, podemos verificar a mesma cor em todas as 
disciplinas, que possuem o mesmo tema, porém, são trabalhadas 
separadamente, sem relacionar os conteúdos abordados.
Pluridisciplinaridade
Na tentativa de estabelecer ligação entre as disciplinas, 
a pluridisciplinaridade traz a possibilidade de as disciplinas 
explorarem o mesmo tema com uma maior cooperação do que a 
multidisciplinaridade oferece.
Menezes (2010) explica que o termo pluridisciplinaridade 
se refere à justaposição de diversas disciplinas situadas geralmen-
56 DIDÁTICA
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te no mesmo nível hierárquico e agrupadas de modo a evidenciar 
as relações existentes entre elas.
Você deve estar se perguntando qual é a diferença entre 
pluridisciplinaridade e multidisciplinaridade. Embora muitas vezes 
confundidas, elas têm uma pequena diferença ligada à tentativa 
de relacionar os conhecimentos. Na pluridisciplinaridade, há uma 
tentativa mais consciente de estabelecer conexões entre os sabe-
res, embora o trabalho ainda seja individualizado por cada pro-
fessor, que busca relacionar os conhecimentos, mas trabalhando 
apenas em sua área do

Mais conteúdos dessa disciplina