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ALUNOA): PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
PROFESSOR(A)/ DISCIPLINA: Prof. Bruno Marques / Temas Educacionais DATA:
TEMAS EDUCACIONAIS – PROF. BRUNO MARQUES
1. Temas educacionais, pedagógicos e o uso da
das metodologias ativas no ensino:
1. Temas educacionais, pedagógicos e o uso da
das metodologias ativas no ensino:
1.1 História da educação.
1.2. teorias da aprendizagem (como Piaget,
Vygotsky).
1.3. filosofia da educação.
1.4. Diretrizes curriculares.
1.5. políticas públicas e legislações que regulam a
educação, como a LDB (Lei de Diretrizes e Bases).
1.6. Organização e desenvolvimento de
currículos.
1.7. planejamento de aulas.
1.8. objetivos de ensino.
1.9. Métodos e técnicas de ensino.
1.10. estratégias pedagógicas para diferentes
faixas etárias e níveis educacionais.
1.11. Formas de avaliação, tipos de provas,
feedback e como medir o desempenho dos
alunos.
1.12. Uso de tecnologias digitais em sala de aula.
1.13. ferramentas educacionais.
1.14. Administração de instituições de ensino,
liderança educacional e relações com a
comunidade escolar.
1.15. Educação inclusiva, respeito à diversidade
cultural e social, estratégias para lidar com alunos
com necessidades especiais.
1.16. Aspectos psicológicos que influenciam o
processo de ensino-aprendizagem.
1.17. motivação, desenvolvimento emocional dos
alunos.
1.18. O papel da educação na transformação
social.
1.19. relação entre educação e cidadania.
1.20. combate ao preconceito e à desigualdade.
1.21. Introdução ao que são metodologias ativas,
sua importância no ensino e comparação com
métodos tradicionais.
1.22. Como usar problemas do mundo real para
engajar os alunos, promovendo investigação e
pensamento crítico.
1.23. Desenvolvimento de projetos
interdisciplinares que integram teoria e prática,
incentivando a pesquisa, criatividade e trabalho
em equipe.
1.24. Reversão do processo tradicional de ensino,
onde os alunos estudam o conteúdo em casa e
usam o tempo em sala para atividades práticas e
debates.
1.25. Uso de elementos de jogos para incentivar o
aprendizado, como recompensas, desafios e
missões.
1.26. Técnicas para estimular o trabalho em grupo
e a cooperação entre os alunos para resolver
problemas e compartilhar conhecimento.
1.27. Integração do ensino presencial com
plataformas online, combinando diferentes
formatos de aprendizado
1.1 História da educação.
Em 1549, com a chegada dos jesuítas surgiu à
primeira instituição escolar no Brasil, o primeiro
plano educacional foi desenvolvido pelo o padre
Manoel da Nóbrega, com o objetivo de ensinar o
aprendizado do português, a doutrina cristã, a
escola de ler e escrever, canto orfeônico, música
instrumental, aprendizado profissional e agrícola e
gramática latina, no entanto o plano educacional
não se estendia a população indígena.
Logo após houve um descontentamento tanto na
metrópole quanto na colônia em relação aos padres
Jesuítas, devida a baixa produção de mineração e os
atritos entre os colonos e os religiosos, fatores que
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2 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
causaram a expulsão dos Jesuítas de Portugal e de
suas colônias.
Com a reforma pombalina em 1759 surgiu a primeira
tentativa de formar uma escola pública sobre o
domínio do estado, visando educar para o interesse
do país e não da ordem religiosa. Diante da
mudança de interesse houve também mudança na
estrutura do ensino, leigos passaram a ter acesso à
educação, as disciplinas deixaram de ser unificadas
e se tornaram isoladas, porém a base de ensino não
mudou já que a maioria dos professores em
exercício eram jesuítas.
O contexto europeu trouxe a família real portuguesa
para o Brasil, sua chegada marca o início de muitas
mudanças na educação, no ensino técnico do Rio de
Janeiro, à implantação da Academia de Belas Artes,
a Academia da marinha, a Academia Real Militar, a
Escola real de Ciências Artes e ofícios.
Em salvador, Bahia foi criado cursos de Cirurgia,
Economia, Agricultura, Química e Desenho técnico.
As atividades culturais, notadamente erudita e
direcionada aos membros da corte e elites locais,
promovem uma reforma na educação permitindo
uma ruptura com a situação anterior, a colônia
passando à posição de Metrópole. São então criadas
à imprensa régia em 1808, a gazeta do Rio de
Janeiro, na Bahia, a idade do ouro em 1811, a
biblioteca em 1810, passando a chamar-se Biblioteca
Nacional posteriormente.
Com a criação de escolas elementares em todas as
cidades e vilas, formando um sistema de ensino
gratuito, pouco acessível à população menos
abastarda também denota grandes obstáculos em
encontrar professores dispostos a trabalhar por um
salário tão baixo, infraestruturas precárias das
escolas e fornecimento de materiais pedagógicos
escassos.
Devido às grandes dificuldades encontradas no
contexto escolar brasileiro, ocorreu o Ato Adicional
de 1834, com a finalidade de descentralizar o ensino,
o governo delegou às Províncias a responsabilidade
de promover o ensino gratuito, e deixando sobre sua
incumbência somente o ensino superior .
O ensino primário não constava nas preocupações
da administração imperial e nem era estimulada na
capital ou nas províncias, e por meio de um ato
administrativo que ficou conhecido como decreto 1°
de março foi criado uma escola que passou a
desenvolver o método criado por Joseph Lancaster
e que se estendeu até os anos de 1838, da qual o
ministro Lino Coutinho fez uma avaliação sobre a
qualidade e a funcionalidade desse método,
concluindo que, os alunos não ficavam preparados
para seguirem em outros níveis de ensino.
Em 1854, o ensino primário passou a ser chamado
de elementar e tinha em seu currículo as diretrizes
de instrução moral e religiosa, leitura e escrita,
noções básicas de gramáticas, princípios
elementares de aritmética e o sistema de peso e
medidas, mas a legislação e a definição de currículo
não saíram do papel, visto que todas as condições
necessárias para o funcionamento de uma rede
nacional de ensino requerem certo investimento,
enquanto que a finalidade era focada na formação
superior.
Os ensinos secundário e superior tinham como
objetivo atender a formação das elites dirigentes do
país. A função específica do ensino secundário era
orientar e preparar os estudantes para o ingresso
nos cursos superiores, para ingressar no ensino
secundário que não exigia a anterior presença no
ensino primário.
O ensino técnico profissional, quase sempre ligados
a formação em artes e ofícios de menor ordem,
delegados em sua maioria a órfãs e filhos de
proletários urbanos, foi tangenciado ao longo do
período imperial do Brasil, mas a quantidade de
alunos matriculados ilustrava o descaso com essa
modalidade.
Dois balanços da educação imperial brasileira,
apresentados pelo jurista e político baiano Rui
Barbosa, em 1882 e 1883: o primeiro sobre o ensino
secundário e superior, e o segundo sobre o ensino
primário, ambos apresentados ao Parlamento
brasileiro, apontavam para a necessidade de uma
educação liberal e obrigatória para o pais. A reforma
sugerida por ele inspirava-se nos sistemas
educacionais da Inglaterra, da Alemanha e dos
Estados Unidos.
O atraso educacional, a fragmentação do ensino e o
descaso pela educação popular, que predominaram
até o Império estavam contidos no relato de Rui
Barbosa.
A República prometia levar a questão educacional a
sério. Já em 1890, os republicanos criaram o
Ministério da Instrução junto com os Correios e
Telégrafos.
A Constituição da República em 1890 foi marcada
pela criação da escola primária e secundária com o
objetivo de formar o aluno para o curso superior, o
príncipe Regente D. Pedro criou os primeiros cursos
superiores,essencial
na construção do ser psicológico e racional. A escola
deve dirigir o ensino não para etapas intelectuais já
alcançadas, mas sim para estágios de
desenvolvimento ainda não incorporados pelos
alunos, funcionando como um incentivador de
novas conquistas psicológicas. A escola tem ou
deveria ter como ponto de partida o nível de
desenvolvimento real da criança (em relação ao
conteúdo) e como ponto de chegada os objetivos da
aula que deve ser alcançado, ou seja chegar ao
potencial da criança. Aqui o professor tem o papel
explícito de interferir na zona de desenvolvimento
proximal dos alunos, provocando avanços que não
ocorreriam espontaneamente.
Observe que esse nível de desenvolvimento real que
é abordado na teoria refere-se ao que a criança no
seu nível atual, real e efetivo, ou seja, aquilo que a
criança consegue fazer sem ajuda de outro.
Enquanto que no nível de desenvolvimento
proximal são as funções que não amadureceram,
mas estão em estado embrionário - diz respeito às
potencialidades e aos processos a longo prazo.
Por conseguinte, o que ocorre para Vygotsky é que
o aprendizado progride mais rapidamente do que o
desenvolvimento. Por isto, a proposta do termo ZDP
em sua teoria, e que é onde a escola deve atuar. É aí
que o professor, agente mediador (por meio da
linguagem, material cultural entre outros), intervém
e auxilia para a construção e reelaboração do
conhecimento do aluno, para que haja seu
desenvolvimento.
O professor tem o papel explícito de interferir no
processo, diferentemente de situações informais
nas quais a criança aprende por imersão em um
ambiente cultural. Portanto, é papel do docente
provocar avanços nos alunos e isso se torna possível
com sua interferência na zona proximal.
As concepções de Vygotsky sobre o processo de
formação de conceitos remetem às relações entre
pensamento e linguagem, à questão cultural no
processo de construção de significados pelos
indivíduos, ao processo de internalização e ao papel
da escola na transmissão de conhecimento, que é
de natureza diferente daqueles aprendidos na vida
cotidiana. Propõe uma visão de formação das
funções psíquicas superiores como internalização
mediada pela cultura.
O desenvolvimento cognitivo é produzido pelo
processo de internalização da interação social com
materiais fornecidos pela cultura, sendo que o
processo se constrói de fora para dentro. Para
Vygotsky, a atividade do sujeito refere-se ao domínio
dos instrumentos de mediação, inclusive sua
transformação por uma atividade mental.
Um conceito só é caracterizado quando as
características resumidas são sintetizadas de forma
que a resultante se torne um instrumento de
pensamento. A criança progride na formação de
conceitos após dominar o abstrato e combinar com
pensamentos mais complexos e avançados. Na
continuação da educação os conceitos tornam-se
concretos, aplicam-se as habilidades aprendidas,
por instruções, e as adquiridas em experiências da
convivência social.
Para o autor, o sujeito não é apenas ativo, mas
interativo, porque forma conhecimentos e se
constitui a partir de relações intra e interpessoais. É
na troca com outros sujeitos e consigo próprio que
se vão internalizando conhecimentos, papéis e
funções sociais, o que permite a formação de
conhecimentos e da própria consciência. Trata-se de
um processo que caminha do plano social - relações
interpessoais - para o plano individual interno -
relações intra-pessoais. Assim, a escola é o lugar
onde a intervenção pedagógica intencional
desencadeia o processo ensino-aprendizagem.
Priorizando as interações entre os próprios alunos e
deles com o professor, o objetivo da escola, então, é
fazer com que os CONCEITOS ESPONTÂNEOS, que
as crianças desenvolvem na convivência social,
evoluam para o nível dos CONCEITOS CIENTÍFICOS,
parte de um sistema organizado de conhecimentos
adquiridos pelo ensino. Nesse sentido, o mediador é
quem ajuda a criança concretizar um
desenvolvimento que ela ainda não atinge sozinha.
Na escola, o professor e os colegas mais experientes
são os principais mediadores.
O aluno não é tão somente o sujeito da
aprendizagem, mas, aquele que aprende junto ao
outro o que o seu grupo social produz, tal como:
valores, linguagem e o próprio conhecimento.
Vygotsky considera o papel da instrução um fator
positivo, no qual a criança aprende conceitos
socialmente adquiridos de experiências passadas e
passarão a trabalhar com essas situações de forma
consciente. Se uma transformação social pode
alterar o funcionamento cognitivo e pode reduzir o
preconceito e conflitos sociais, então esses
processos psicológicos são de natureza social.
Devem ser analisados e trabalhados através de
fatores sociais.
Verifica-se ainda como fator relevante para a
educação, decorrente das interpretações das teorias
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17 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
de Vygotsky, a importância da atuação dos outros
membros do grupo social na mediação entre a
cultura e o indivíduo, pois uma intervenção
deliberada desses membros da cultura, nessa
perspectiva, é essencial no processo de
desenvolvimento. Isso nos mostra os processos
pedagógicos como intencionais, deliberados, sendo
o objeto dessa intervenção: a construção de
conceitos.
Sob a ótica da teoria sócio-histórica, é preciso
detectar aquilo que os alunos conseguem fazer
sozinhos. Em outras palavras, é preciso examinar a
ZDP (Zona de Desenvolvimento Proximal) destes
alunos e partir para uma complexidade maior
intervindo por meio da linguagem numa interação
rica de construção do saber.
Por sua vez, tem-se que lembrar que os alunos
advém de meios sócioculturais diferentes e que são
herdeiros de toda evolução filogenética e cultural a
que estão submetidos. Além disto, eles possuem
capacidades cognitivas diferentes de apreensão da
realidade. Por conseguinte, a sala possui uma
heterogeneidade ampla em que cada um de seus
membros tem sua história diversificada.
Observe que a questão sobre se o desenvolvimento
ocorre antes do ensino, ou se a criança aprende
primeiro para que se desenvolva, é polêmica no
processo ensino-aprendizagem. Porém quando
junto dos alunos é possível observar que estes
aprendem determinados conteúdos quando tem
condições intelectuais, ou seja, quando eles
possuem maturação cognitiva necessária a certo
ensino. Por outro lado, é possível também observar
que o desenvolvimento de um indivíduo somente se
dá após determinado nível de aprendizado. E assim,
aprendizado e desenvolvimento também compõem
uma rica teia dialética nos processos cognitivos e
psicológicos do indivíduo.
Daqui retira –se a seguinte indagação: será que a
escola está sendo capaz de desenvolver as
habilidades cognitivas de seus alunos? Perceba o
importante papel da escola: em suas atividades
deveria estar presente as instruções fundamentais,
bem como as motivações que produzem
aprendizagem.
Ou a escola permanece no nível de
desenvolvimento atual, reproduzindo
conhecimento que o aluno já é capaz de adquirir
sozinho, ou torna-se um espaço de interação, aberta
ao diálogo. É necessário que haja na escola espaço
para transformação, para desenvolver o potencial
dos alunos. Assim, ela deve estar aberta às
diferenças e ao erro, às contradições e à colaboração
mútua.
Assim, a escola almejada possui objetivos
educacionais voltados a desenvolver as funções
psicológicas e cognitivas de seus alunos. É
necessário que esta, a partir das potencialidades do
aprendiz, permita o amadurecimento intelectual,
com currículo que forneça as condições necessárias
para desenvolver os conceitos científicos.
1.2.3 WALLON
Estudiosos da teoria do desenvolvimento como Jean
Piaget (1896-1980) e Lev Vygotsky (1896-1934) já
apontaram a relevância da afetividade no processo
de desenvolvimento. No entanto, foi o educador
francês Henri Wallon (1879-1962)quem
fundamentou, de maneira mais detida e
aprofundada, o papel e a importância da afetividade
para o desenvolvimento integral.
Para Wallon, o homem é resultado de influências
sociais e fisiológicas, sendo os dois aspectos —
orgânico e social — fundamentais para o
desenvolvimento e especialmente dependentes do
contexto sociocultural.
Wallon aponta a radical dependência do ser
humano, enquanto espécie, para subsistir e
conseguir construir seu ser. O desenvolvimento,
para ele, só se torna possível através da integração
das três dimensões psíquicas: a motora, a afetiva e a
cognitiva, exigindo uma conexão entre o
equipamento orgânico do indivíduo — o corpo — e
o ambiente e meio social em que vive. Chegamos
então à Afetividade, que está presente em todos
estágios: segundo Wallon, ela é um elemento
indispensável para o desenvolvimento humano.
A Teoria da Afetividade de Wallon, nesse sentido, nos
serve para questionar qualquer forma de ensino que
não leve em consideração a compleição afetiva,
social e política da educação, onde “todas as
crianças, sejam quais forem suas origens familiares,
sociais, étnicas, tem direito igual ao
desenvolvimento máximo que sua personalidade
comporta. Elas não devem ter outra limitação além
de suas aptidões” (LAKOMY, 2003 p. 60).
A aprendizagem, portanto, deve ser imbuída de
interações sociais, trocas e formação de vínculos,
intermediados pela compreensão do papel da
afetividade e suas implicações. Isso pressupõe uma
educação orientada para o desenvolvimento afetivo,
social e intelectual de forma integrada, capaz de
gerar processos que, em seu bojo, criem
mecanismos de compreensão, aceitação, negação,
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18 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
assimilação, defesa ou administração das sensações
e sentimentos desencadeados.
Para Wallon, professores e alunos são mutuamente
afetados no processo de formação, onde
desenvolvimento cognitivo é, também, ampliação
dos afetos e da capacidade de expressar
sentimentos. O desafio do afeto é compartilhado
entre todos os sujeitos, no ambiente escolar.
Afirmando a potência da educação, e segundo nos
ensina Wallon, podemos dizer e sonhar que ao
professor e ao aluno é oferecida a possibilidade de
aprender sentindo, sonhar construindo teorias,
desenvolver-se sempre e cada vez mais adiante
porque um necessita do outro.
Em tempos tão desafiadores, acalenta saber que a
manifestação da afetividade forja a inteligência. E
que a inteligência é expressão de seres afetivos.
Aproveitemos Wallon e suas contribuições para
aprender-ensinar mobilizados pela generosidade de
nossas disposições afetivas, sigamos repletos de
ternura, afinal a afetividade é conteúdo
indispensável e nos humaniza.
Assim como Piaget, Wallon divide o
desenvolvimento em cinco estágios que devem ser
levados em conta, em suas especificidades, no
processo de aprendizagem, sendo eles:
1º estágio — Impulsivo-Emocional (0 a 1 ano):
Predominantemente afetivo, onde o sujeito se
expressa por meio de movimentos corporais, do
contato corporal e do toque. Aqui, o aprendizado
demanda uma presença e uma qualidade de troca
corporal intensa, que passa pelo tato, pelo toque e
pela segurança do embalo. É a partir da fusão com o
outro que a criança interage com o meio ambiente,
participa, se familiariza e aprende sobre o mundo
que a cerca.
2º estágio — Sensório-Motor e Projetivo (1 a 3
anos):
Neste estágio, se estabelece uma relação intensa
com os objetos através do contato e se inicia a
indagação persistente sobre o que eles são, seus
nomes e como funcionam. O processo de ensino-
aprendizagem nesta fase solicita disposição do
educador em oferecer situações e espaços
diversificados para que os alunos possam entrar em
contato com diversos objetos e vivências, facilitando
o processo de diferenciação em relação a cada um
deles.
3º estágio — Personalismo (3 a 6 anos):
Nesta fase, a criança começa a se descobrir diferente
das outras e dos adultos. A diferenciação se dá entre
a criança e o outro. Neste estágio, é importante que
ela entre em contato com atividades que
possibilitem o exercício da escolha e com crianças
de outras idades. O importante neste estágio é
reconhecer e respeitar as diferenças que começam
a surgir, inclusive valorizando e dando oportunidade
de expressão a estas diferenças.
4º estágio — Categorial (6 a 11 anos):
Ocorre a diferenciação mais intensa e nítida entre o
eu e o outro, o que fornece a estabilidade necessária
para a exploração das diferenças e semelhanças
entre objetos, imagens, conceitos e ideias. Nesta
fase, é importante tanto levar em consideração o
que o aluno já sabe como diagnosticar o que ele
precisa saber para dominar certas ideias. A
descoberta do mundo dependerá das experiências
a que terá acesso e que favoreçam ou não o
desenvolvimento de sentimentos e valores que
auxiliem a continuidade e ampliação destas
descobertas.
5º estágio — Puberdade e Adolescência (11 anos
em diante):
Aqui, se delimita, de maneira mais clara e precisa, o
reconhecimento da singularidade e autonomia do
sujeito, com valores e sentimentos próprios,
mediante ações de confronto e auto-afirmação. O
processo ensino-aprendizagem deve primar pela
criação de espaços e construção de vivências que
permitam a expressão e discussão das diferenças e
das descobertas, levando em consideração a
necessidade de afirmação de relações solidárias,
baseadas no respeito mútuo.
Aprendizagem não linear e teoria da afetividade
Ainda que, o desenvolvimento ocorra, para Wallon,
através de uma sucessão de estágios, assim como
para Piaget, esses estágios não são tão delimitados
quanto os defendidos por este autor.
Para Wallon, o processo de desenvolvimento oscila
constantemente entre a afetividade e a inteligência,
de maneira dialética, podendo até mesmo
manifestar regressões. As aquisições adquiridas em
cada estágio são irreversíveis — no entanto, o
indivíduo pode retornar a algumas atividades de
estágios anteriores. Para ele não há
condicionamento e extinção de comportamentos,
ou seja, um estágio não suprime as aprendizagens
anteriores, antes as integra, resultando em um
comportamento fundado na agregação e
combinação dessas partes anteriores. O movimento
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19 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
da aprendizagem, portanto, não segue um fluxo
linear e pode ser composto por eles elementos
regressivos, o que não implica, necessariamente, em
uma defasagem incontornável, mas antes em uma
característica do próprio processo.
O jogo na concepção de Wallon
De acordo com a teoria de Wallon o
desenvolvimento humano deve ser considerado nos
vários campos funcionais que distribuem a
atividade infantil, pois a criança deve ser
contextualizada nas relações com o meio. Deste
modo, o desenvolvimento irá ocorrer tanto em
ambientes físicos como nos ambientes sociais, dois
fatores importantes para a formação da
personalidade. Esta realiza a integração de duas
funções principais: a afetividade e a inteligência. No
início do desenvolvimento a criança não vê suas
interações separadas do parceiro, porém com o
tempo a criança vai perdendo esse papel e
individualizando. Para Wallon o homem nasce social
e vai se individualizando no decorrer do
desenvolvimento.
O desenvolvimento envolve a afetividade,
motricidade e inteligência. O autor enfatiza o papel
da emoção em sua teoria, visto que, através dela
estabelecem vínculos afetivos. A afetividade esta
intimamente ligada á motricidade, como
desencadeadora do desenvolvimento da ação e
psicológico da criança. Segundo Wallon a aquisição
motora desempenha progressivamente um
crescimento para o desenvolvimento individual, é
por meio do corpo e da projeção motora que a
criançaestabelece a primeira comunicação com o
meio, por isso a criança deve ter oportunidade de
brincar.
Wallon classifica o infantil como sendo sinônimo de
lúdico, quer isto dizer, que o período infantil é a fase,
no qual predomina o lúdico e nossa criatividade de
forma mais espontânea. “Sabemos que é através das
brincadeiras que as crianças estabelecem relação
com o meio, interagem com o outro, para construir
sua própria identidade e desenvolver sua
autonomia.” (FREIRE et al, p.1). O brincar irá
contribuir para o crescimento da criança e
consequentemente auxiliar no desenvolvimento da
mesma. Assim jogo seria uma atividade voluntária,
livre da criança e quando imposta por outra pessoa
perde-se o caráter de jogo e passa a ser
caracterizado com um trabalho ou ensino. Sendo
assim, Wallon entende que o jogo compõe aquilo
que foi assimilado pelo adulto, determinando quatro
fases:
• Jogos Funcionais: São caracterizados por
realizar movimentos simples com o corpo,
por meio dos sentidos. A criança irá
reconhecer o prazer em executar funções,
possibilitando de por em ação/prática as
várias e novas aquisições adquiridas pela
evolução da motricidade. Essas atividades
são caracterizadas como “lei do efeito”, ou
seja, a criança quando realiza uma ação
agradável, ela tende a repetir buscando o
prazer através da repetição. Exemplos: mover
os dedos, tocar objetos, produzir ruídos e
sons, dobrar os braços ou as pernas, entre
outras.
• Jogos de Ficção: A ênfase será no “faz de
conta”, na situação imaginária. A criança irá
representar/ imitar situações, papéis do seu
cotidiano. Exemplos: imita os adultos, brinca
de imitar a escolinha. A interpretação nesta
atividade será ampliada.
• Jogos de Aquisição: Quando o bebê se
esforça para perceber, entender, imitar os
gestos, os sons, imagens. Esta atividade
relaciona com a capacidade de olhar, escutar
e realizar esforços que contribuam para a
compreensão.
• Jogos de Fabricação: A criança irá distrair-se,
se divertir com atividades manuais de criar,
combinar, juntar e transformar. Estes jogos
fazem parte de causa ou consequência do
jogo de ficção, podendo se confundir no
mesmo. Exemplo: Quando a criança cria e
improvisa o seu brinquedo. Esses brinquedos
são a maioria “vinda” da vida fictícia.
1.3. Filosofia da educação.
Com a retomada da normalidade democrática no
Brasil, no início da década de 80, a educação
despertou para a necessidade da formação do
cidadão consciente de direitos e deveres, a fim de
que ele pudesse participar do processo de vida
social com cidadania plena. Foi nesse momento que
o Brasil conheceu um pouco mais do que seriam as
prerrogativas da escola moderna, viabilizando a
construção do sujeito racional, esclarecido e
emancipado, cidadão crítico, consciente de direitos
e deveres. A LDB 9394/96, amparada na Constituição
cidadã de 1988, referendou e detalhou a idéia de que
a escola teria livre trânsito para construir esta
cidadania por intermédio do projeto de gestão
democrática de ensino. A educação incorporou o
discurso marxista a partir de então, discurso que
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20 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
ficou conhecido através dos posicionamentos das
chamadas Pedagogias Dialéticas, principalmente
nas expressões da Pedagogia Histórico-Crítica ou
Pedagogia Crítico-Social dos Conteúdos e a
Pedagogia do Oprimido. A partir das contribuições
da dialética marxista, foi organizado nesse período
um quadro teórico que expunha a contribuição da
Filosofia da Educação para os diversos campos da
educação (as discussões de currículo, didática,
formação de professores), baseado, em muitos
aspectos, no modelo a seguir delineado:
A classificação das correntes e tendências segundo
esse quadro teórico oferecia mais ou menos um
pano-de-fundo consensual, que dava respostas a
várias situações de ensino e aprendizagem, mas
especialmente procurava dar conta do papel a ser
desempenhado pela teoria e prática pedagógicas.
Saviani chegou a enunciar a esse respeito que o
ideal da educação era fazer com que o indivíduo
pudesse passar do senso comum à consciência
filosófica e, Paulo Freire, do conhecimento ou da
consciência ingênua para a consciência crítica. Para
percorrer esse caminho, era preciso construir um
método pedagógico de acordo
com as contribuições da cientificidade moderna.
Aliás, é preciso referir aqui que, na modernidade, a
preocupação principal da Pedagogia era a discussão
sobre o método, ou seja, a invenção de um caminho
seguro (rígido) para se interferir com eficiência
teórica na vida do educando, ou seja, era preciso
avançar na idéia de incorporar os avanços científicos
também ao campo do trabalho pedagógico, assim
como já acontecera no mundo do trabalho fabril
com o taylorismo e o fordismo. Estava no centro do
debate nesse período a questão metodológica;
portanto, isso significava encontrar um dispositivo
teórico que pudesse dar certeza para os
procedimentos educativos, o que, no caso da
Pedagogia do Oprimido, foi comumente
denominado de método Paulo Freire. Embora
Saviani se contrapusesse a colocar a centralidade da
discussão pedagógica na questão do método, no
caso da Pedagogia Histórico-Crítica, convencionou-
se denominar de método crítico-dialético.
Para entender com mais parcimônia cada uma
dessas tendências, convido-os a conhecê las de
forma individual:
As tendências pedagógicas foram formuladas ao
longo dos anos por diversos teóricos, baseadas
sobretudo na visão que tinham sobre o contexto
histórico. O maior objetivo, com isso, foi o de elaborar
sistemas de ensino compatíveis com as demandas
observadas em cada âmbito social.
Ter consciência das dimensões da prática docente
permite possibilidades mais amplas de superação
das dificuldades presentes no cotidiano escolar.
Dessa forma, é possível transpor diversos obstáculos,
com criatividade e eficiência — desenvolvendo um
trabalho muito mais qualificado, responsável e
significativo.
As principais tendências pedagógicas
De maneira geral, as tendências pedagógicas
podem ser classificadas em duas grandes linhas de
pensamento: liberal ou não crítica do capitalismo e
progressista ou crítica do capitalismo. Elas servem
como apoio para a prática de ensino e devem ser
utilizadas para o aperfeiçoamento da docência, de
acordo com cada situação e contexto.
Ambas as tendências têm o intuito de preparar os
alunos para a vida em sociedade, no entanto, cada
uma apresenta uma forma de organização
diferenciada. Veja a seguir quais são as principais
características de cada vertente da educação.
Liberais
A tendência liberal parte do pressuposto de que os
estudantes devem ser preparados para assumir
determinados papéis sociais, considerando suas
maiores aptidões e habilidades. Desse modo, ela
pode ser dividida em tradicional, renovadora
progressiva, renovadora não-diretiva e tecnicista.
De acordo com o pensamento liberal, a escola deve
assumir o preparo intelectual e moral dos discentes,
perpetuando a divisão das classes sociais. Portanto,
a aprendizagem ocorre tendo a figura do professor
como facilitador. Ele deve analisar quais são os
melhores métodos para que o processo pedagógico
ocorra da melhor forma para todos os envolvidos.
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21 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
Geralmente, os conteúdos curriculares são
repassados por meio de informações ordenadas por
uma sequência lógica e psicológica, tendo a ciência
objetiva como base. As metodologias de ensino
também apresentam maior equilíbrio entre as
demandas educativas e os valores sociais vigentes.
Com isso, o docente passa a administrar todo o
processo, garantindo maior eficiência em relação à
transmissão das disciplinas.
Progressistas
Já a tendênciaprogressista é classificada em
libertadora, libertária e crítico-social dos conteúdos.
Essa pedagogia parte justamente de uma análise
crítica das realidades sociais, sustentando as
finalidades sociopolíticas da educação. Paulo Freire,
por exemplo, foi o seu principal autor, propondo um
processo de ensino baseado na transformação da
sociedade.
Nesta vertente, portanto, a escola tem a função
social de ser um espaço onde professores e alunos
tenham uma relação sustentada na autogestão,
sendo que o docente é considerado um orientador
do conhecimento. Geralmente, as atividades
realizadas são relacionadas à prática cotidiana
vivenciada pelos estudantes, sempre de acordo com
os conteúdos curriculares propostos em sala de aula.
Assim, ambos os envolvidos são sujeitos ativos do
processo de aprendizagem, promovendo uma
vivência significativa e relações muito mais efetivas.
A troca de experiência em torno da prática social é
um dos aspectos mais notórios da tendência
progressista, justamente em razão das relações
ocorrerem de igual para igual.
1.3.1 Tendência Liberal Tradicional
A tendência tradicional está no Brasil, desde os
jesuítas. O principal objetivo da escola era preparar
os alunos para assumir papéis na sociedade, já que
quem tinha acesso às escolas eram os filhos dos
burgueses e a escola tomava como seu papel
principal, fazer o repasse do conhecimento moral e
intelectual porque através deste estaria garantida a
ascensão dos burgueses e, consequentemente, a
manutenção do modelo social e político vigente.
Para tanto, a proposta de educação era
absolutamente centrada no professor, figura
incontestável, único detentor do saber que deveria
ser repassado para os alunos.
O papel do professor estava focado em vigiar os
alunos, aconselhar, ensinar a matéria ou conteúdo,
que deveria ser denso e livresco, e corrigir. Suas aulas
deveriam ser expositivas, organizada de acordo com
uma sequência fixa, baseada na repetição e na
memorização. Aulas de memorização de conteúdos
(retirados dos livros), em que os alunos eram
considerados como um papel em branco, nos quais
era impresso o conhecimento, cabendo a eles
concordar com tudo sem questionar.
Eram formados para ser sujeitos a-críticos e
passivos. Nessa concepção de ensino o processo de
avaliação carregava em seu bojo o caráter de
punição, muitas vezes, de redução de notas em
função do comportamento do aluno em sala de
aula. Essa tendência pedagógica foi/é muito forte
em nosso modelo de educação, ainda hoje, tanto no
ensino fundamental e médio como no ensino
superior, que vive uma salada de concepções
pedagógicas. Sabemos que os professores são fruto
da sua formação escolar, social e política, que esta se
reflete na sua prática pedagógica, quando esta não
é pensada/refletida cotidianamente, nesse caso,
temos um ciclo vicioso: formado sem reflexão –
formo alunos sem reflexão, também.
Ao longo da história da educação, a tendência liberal
tradicional, sofreu/sofre várias críticas, a saber: os
conhecimentos adquiridos fora da escola não eram
considerados como primeiro passo para a
construção de novos conhecimentos, como um
caminho importante para a construção de saberes
dotados de significado; era extremamente
burocratizado (conteúdos, memorização, provas)
com normas rígidas. Dentre todas, a maior crítica
advém da ausência de sentido, já que o
conhecimento repassado não possuía/possui
relação com a vida dos alunos.
De modo geral, se enquadram nesse tipo de
Pedagogia escolas que preparam os estudantes
para o vestibular desde o início do currículo escolar.
O modelo tradicional apresenta alguns conceitos
sobre a relação entre professor e aluno, os
conteúdos ensinados, a escola, entre outros. Veja
algumas características:
• relação entre professor e aluno — existe uma
hierarquia definida nessa relação, sendo os
professores as autoridades que devem
ensinar. Além disso, o silêncio, imposto pelo
docente, precisa ser constante na sala de
aula. O aluno deve obedecer às regras da
escola e o professor, punido caso
desobedeça;
• conteúdos ensinados — são as disciplinas já
consolidadas no meio científico, sem que
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22 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
exista contestação pelos alunos. Isso porque
a Pedagogia Tradicional não leva em conta
os conhecimentos prévios do estudante.
Então, não há a possibilidade que ele
conteste os assuntos ensinados;
• função da escola — oferecer uma formação
tanto intelectual quanto moral, preparando
os alunos para o convívio em sociedade.
Nesse caso, o interesse é a manutenção da
sociedade. Além disso, as escolas têm como
foco a cultura, pois os problemas sociais
ficam a cargo da sociedade.
1.3.2 Tendência Liberal Renovada Progressivista
Novos ventos mudaram o mundo, no que diz
respeito às concepções filosóficas e sociológicas da
educação. Por volta dos anos 20 e 30, o pensamento
liberal democrático chega ao Brasil e à Escola Nova
chega defendendo a escola pública para todas as
camadas da sociedade.
Para Saviani, a Escola Nova acaba por aprimorar o
ensino das elites, rebaixando o das classes
populares. Mas, mesmo recebendo esse tipo de
crítica, podemos considerá-la como o mais forte
movimento “renovador” da educação brasileira.
Escola Nova
No Brasil, as idéias da Escola Nova foram inseridas
em 1882 por Rui Barbosa (1849-1923). O grande
nome do movimento na América foi o filósofo e
pedagogo John Dewey (1859-1952). John Dewey,
filósofo norte americano influenciou a elite brasileira
com o movimento da Escola Nova. Para John Dewey
a Educação, é uma necessidade social. Por causa
dessa necessidade as pessoas devem ser
aperfeiçoadas para que se afirme o prosseguimento
social, assim sendo, possam dar prosseguimento às
suas idéias e conhecimentos.
No século XX, vários educadores se evidenciaram,
principalmente após a publicação do Manifesto dos
Pioneiros da Educação Nova, de 1932. Na década de
30, Getúlio Vargas assume o governo provisório e
afirma a um grupo de intelectuais o imperativo
pedagógico do qual a revolução reivindicava; esses
intelectuais envolvidos pelas idéias de Dewey e
Durkheim se aliam e, em 1932 promulgam o
Manifesto dos Pioneiros, tendo como principal
personagem Fernando de Azevedo. Grandes
humanistas e figuras respeitáveis de nossa história
pedagógica, podem ser citadas, como por exemplo
Lourenço Filho (1897-1970) e Anísio Teixeira (1900-
1971).
A Escola Nova foi um movimento de renovação do
ensino que foi especialmente forte na Europa, na
América e no Brasil, na primeira metade do século
XX . O escolanovismo desenvolveu-se no Brasil sob
importantes impactos de transformações
econômicas, políticas e sociais. O rápido processo de
urbanização e a ampliação da cultura cafeeira
trouxeram o progresso industrial e econômico para
o país, porém, com eles surgiram graves desordens
nos aspectos políticos e sociais, ocasionando uma
mudança significativa no ponto de vista intelectual
brasileiro.
Na essência da ampliação do pensamento liberal no
Brasil, propagou-se o ideário escolanovista. O
escolanovismo acredita que a educação é o
exclusivo elemento verdadeiramente eficaz para a
construção de uma sociedade democrática, que
leva em consideração as diversidades, respeitando a
individualidade do sujeito, aptos a refletir sobre a
sociedade e capaz de inserir-se nessa sociedade
Então de acordo com alguns educadores, a
educação escolarizada deveria ser sustentada no
indivíduo integrado à democracia, o cidadão
atuante e democrático.
Para John Dewey a escola não pode ser uma
preparação para a vida, mas sim, a própria vida.
Assim, a educação tem como eixo norteador a vida-
experiência e aprendizagem, fazendo com que a
função da escola seja a de propiciar uma
reconstrução permanente da experiência e da
aprendizagem dentrode sua vida. Então, para ele, a
educação teria uma função democratizadora de
igualar as oportunidades. De acordo com o ideário
da escola nova, quando falamos de direitos iguais
perante a lei, devemos estar aludindo a direitos de
oportunidades iguais perante a lei.
Baseado na Escola Nova
A tendência liberal renovada manifesta-se por várias
versões: a renovada progressista ou pragmática, que
tem em Jonh Dewey e Anísio Teixeira, seus
representantes mais significativos; a renovada não-
diretiva, fortemente inspirada em Carl Rogers, o qual
enfatiza também a igualdade e o sentimento de
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23 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
cultura como desenvolvimento de aptidões
individuais; a culturalistas; a piagetiana; a
montessoriana; todos relacionadas com os
fundamentos da Escola Nova ou Escola Ativa.
Por educação nova entendemos a corrente que
trata de mudar o rumo da educação tradicional,
intelectualista e livresca, dando-lhe sentido vivo e
ativo. Por isso se deu também a esse movimento o
nome de escola ativa.
Considerando suas especificidades e propostas de
práticas pedagógicas diferentes, as versões da
pedagogia liberal renovada têm em comum a
defesa da formação do indivíduo como ser livre,
ativo e social. “Do ponto de vista da Escola Nova, os
conhecimentos já obtidos pela ciência e
acumulados pela humanidade não precisariam ser
transmitidos aos alunos, pois acreditava-se que,
passando por esses métodos, eles seriam
naturalmente encontrados e organizados” (FUSARI
e FERRAZ, 1992, p. 28).
Essa tendência retira o professor e os conteúdos
disciplinares do centro do processo pedagógico e
coloca o aluno como fundamental, que deve ter sua
curiosidade, criatividade, inventividade, estimulados
pelo professor, que deve ter o papel de facilitador do
ensino. Defende uma escola que possibilite a
aprendizagem pela descoberta, focada no interesse
do aluno, garantindo momentos para a
experimentação e a construção do conhecimento,
que devem partir do interesse do aluno. Essa
concepção pedagógica sofreu e sofre distorções
fortes por parte de alguns educadores. Muitos
defendiam essa tendência, mas na prática, abriam
mão de um trabalho planejado, deixando de
organizar o que deveria ser ensinado e aprendido
com a falsa desculpa de que o aluno é o condutor do
processo.
Renovada Diretiva e Não diretiva, qual a
diferença?
De grosso modo, podemos considerar que a
pedagogia diretiva é uma abordagem pedagógica
em que o professor fala e o aluno reproduz. Isso
significa que o estudante deve seguir todas as
instruções que lhe são transmitidas.
Assim, a relação entre professor e aluno está dentro
de uma hierarquia. Isso porque na pedagogia
diretiva o professor é o único que tem o saber. Dessa
maneira, ele é a figura de autoridade central,
cabendo a ele todas as decisões ao longo do
processo de ensino e de aprendizagem.
• O aluno não reflete sobre o conteúdo
Uma vez que o professor é que passa o conteúdo, o
aluno se torna apenas um mero repetidor. Ou seja, o
aluno não reflete sobre aquilo que está aprendendo.
Assim, a formação se preocupa mais em criar alunos
repetidores, ou para tornar mais claro, papagaios.
• Decorar em vez de entender
A pedagogia diretiva também faz com que os alunos
decorem os conteúdos. Nesse sentido, não importa
o objetivo da lição e sim encher o aluno de dados.
Por exemplo, muitos de nós tivemos que copiar e
decorar as várias terminações dos tempos verbais do
português.
Entretanto, são raros os casos em que se
compreendia a razão das mudanças. Isso porque na
maioria das vezes o único motivo para decorar é se
sair bem na prova. Ainda hoje, a mesma coisa
acontece com os vestibulares.
• Conhecimentos do aluno são postos de lado
Uma vez que só o saber do professor é válido, as
vivências e os conhecimentos do aluno são postos
de lado. Ainda, se mantém a ideia de que o aluno é
um livro vazio que precisa ser preenchido. E a escola
acaba por se considerar, de forma equivocada, a
única forma de educação possível.
Por isso, muitos alunos têm dificuldades em
aprender, já que o conteúdo do professor não
dialoga com a sua realidade e com as suas
experiências. Não é à toa que muitos alunos
questionam o que farão com tal conteúdo.
Já a pedagogia não diretiva tem seu
funcionamento de forma contrária às práticas
diretiva
Além da transformação da relação entre o educador
e o educando, a instituição escolar também sofre
modificações.
Assim, cabe à escola ser responsável pelas questões
psicológicas, em meio a tais mudanças. Portanto, o
espaço da educação formal precisa estar pronto
para que o aluno desenvolva a valorização do seu
“eu” sem considerar a experiência da troca.
Por isso, os critérios pedagógicos deixam de ter a
importância que tinham antes. O mesmo ocorre
com as questões voltadas aos aspectos sociais.
Desse modo, podemos inferir que esse movimento
acaba por criar indivíduos mais centrados em si
mesmos, sem a preocupação do coletivo.
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24 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
1. Professor atua como um facilitador
A figura de autoridade se perde e o professor tem
como função facilitar ou auxiliar as atividades do
aluno. Assim, percebe-se que há uma alteração na
hierarquia na sala de aula.
2. Conhecimento vem do aluno
Se antes o saber do professor era tido como uma
verdade única, agora o conhecimento vem por parte
do aluno. Assim, na pedagogia não diretiva, as
bagagens e as experiências do aluno são muito
valorizadas. Ainda, o aluno pode ser visto como o
centro do ensino.
3. Estudo auto suficiente
Como o professor é apenas um facilitador, ele não
ensina tanto. Assim, com esse processo de
aprendizagem, cabe ao aluno buscar por si mesmo
mais materiais para o seu aprendizado.
1.3.3 Tendência Liberal Tecnicista
A Tendência Liberal Tecnicista começa a se destacar
no final dos anos 60, quando do desprestígio da
Escola Renovada, momento em que mais uma vez,
sob a força do regime militar no país, as elites dão
destaque a um outro tipo de educação direcionada
às grandes massas, a fim de se manterem na
posição de dominação. Tendo como principal
objetivo atender aos interesses da sociedade
capitalista, inspirada especialmente na teoria
behaviorista, corrente comportamentalista
organizada por Skinner que traz como verdade
inquestionável a neutralidade científica e a
transposição dos acontecimentos naturais à
sociedade.
O chamado “tecnicismo educacional”, inspirado nas
teorias da aprendizagem e da abordagem do ensino
de forma sistêmica, constituiu-se numa prática
pedagógica fortemente controladora das ações dos
alunos e, até, dos professores, direcionadas por
atividades repetitivas, sem reflexão e absolutamente
programadas, com riqueza de detalhes. O
tecnicismo defendia, além do princípio da
neutralidade, já citada, à racionalidade, a eficiência
e a produtividade.
A educação, a escola passa a ter seu trabalho
fragmentado com o objetivo de produzir os
“produtos” sonhados e demandados pela sociedade
capitalista e industrial. Tais como: o micro-ensino, o
tele-ensino, a instrução programada, entre outras.
Subordina a educação à sociedade capitalista, tendo
como tarefa principal à produção de mão de obra
qualificada para atender ao mercado, trazendo para
os alunos e para as escolas consequências perversas,
a saber:
1. A sociedade passou a atribuir a escola e a sua
tecnologia toda a responsabilidade do processo de
aprendizagem, negando os saberes trazidos pelos
alunos e pelos professores;
2. Incutiu a ideia errada de que aprender não é algo
inerente ao ser humano e sim um processo que
ocorre apenas a partir de técnicas específicas e pré-
definidas por especialistas;
3. O professorpassou a ser refém da técnica,
repassada pelo manuais e o aluno a ser um mero
reprodutor de respostas pré-estabelecidas pela
escola. Assim, se o aluno quisesse lograr sucesso na
vida e na escola, precisava apenas responder ao que
lhe foi ensinado e reproduzir, sem questionar e/ou
criar algo novo;
4. O bom professor deveria observar o desempenho
do aluno, apenas com o intuito de ajustar seu
processo de aprendizagem ao programa
vivenciado;
5. Cada atividade didática passou a ter momento e
local próprios para ser realizada, dentre outras.
Naturalmente que este modelo, que defende a
fragmentação do conhecimento, calcado na
crescente especialização da ciência compromete a
construção de uma visão global por parte dos
educadores, impossibilitando ou dificultando,
muitíssimo, o desenvolvimento de um ser humano
mais integrado interiormente e participante
socialmente.
Vele salientar, que essa tendência pedagógica
marcou fortemente as décadas de 70 e 80 e tem
influência ainda hoje.
1.3.4 TENDÊNCIA PROGRESSISTA LIBERTADORA
Também conhecida como pedagogia Freireana,
pois teve Paulo Freire como seu principal autor, tem
seu nome baseado na obra “pedagogia do
oprimido”, que propõe uma educação crítica a
serviço das transformações sociais, econômicas e
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25 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
políticas para a superação das desigualdades
existentes no interior da sociedade. Também com
origem no sentido da filosofia da libertação de
Enrique Dussel, considera que o processo de
pedagogia tem que passar pelo próprio homem,
uma vez que ele é o próprio agente histórico da
libertação, conforme definição do Instituto Paulo
Freire (IPF). “A pedagogia libertadora tem suas
origens no movimento da educação popular, no
final dos anos 50 e início dos anos 60, quando foi
interrompida pelo golpe militar de 1964, e retoma o
seu desenvolvimento no final dos anos 70 e início
dos anos 80. Nesta proposta, a atividade escolar
pauta-se em discussões de temas sociais e políticos
e em ações sobre a realidade social imediata;
analisa-se os problemas, os fatores determinantes e
estrutura-se uma forma de atuação para que se
possa transformar a realidade social e política. O
professor é um coordenador de atividades que
organiza e atua conjuntamente com os alunos.”
Veja suas principais características:
• Problematização da realidade visando a
transformação dos sujeitos;
• Relação professor-aluno é horizontal, ambos são
sujeitos no ato educativo;
• Relação dialógica, valorização do autêntico diálogo:
“aquela em que sujeitos do ato de conhecer se
encontram mediatizados pelo objeto a ser
conhecido”;
• Antiautoritária, elimina qualquer pressuposto de
relação de autoridade;
• Recusa conteúdos tradicionais, parte de temas
geradores com relação a realidade/experiência
vivida;
• Ato educativo enquanto ato político;
• Forma de trabalho a partir de grupos de discussão;
• O professor é um animador, caminhando junto no
processo de problematização, mas intervêm o
mínimo indispensável;
• O aluno é um sujeito ativo;
• Codificação-decodificação (descodificação) até
chegar a um nível mais crítico da realidade;
• Dispensa programa previamente estruturado,
trabalhos escritos, aulas expositivas e qualquer tipo
de verificação direta da aprendizagem (provas);
• Autoavaliação;
• O que é aprendido pelo aluno decorre do nível
crítico do conhecimento que ele chegou através do
processo de compreensão, reflexão e crítica, não
pela memorização ou imposição de um conteúdo
programático;
• Clima de abertura, tolerância e respeito na sala de
aula;
• A função da escola é levar à transformação da
realidade, por meio do questionamento das relações
dos indivíduos entre si e com a natureza.
1.3.5 TENDÊNCIA PROGRESSISTA LIBERTÁRIA
Esta tendência, a pedagogia libertária, tem por
influência os estudos de crítica das instituições em
favor de um projeto autogestionário, desenvolvidos
por Maurício Tragtenberg (1929-1998) mesmo não
sendo um trabalho voltado diretamente à
pedagogia.
Contudo, ao propor um processo essencialmente de
autogestão das instituições, busca superar os vários
limites da burocracia institucional e, na maioria das
vezes, também pedagógica. Temos como
representantes dessa tendência alguns teóricos
conhecidos, como: Freinet, Vasquez, Oury, Ferrer e
Guardia, entre outros.
Quais são os princípios da pedagogia libertária?
Como princípios fundamentais da Pedagogia
Libertária, podemos destacar a preocupação em
transformar a personalidade dos alunos num
sentido libertário e autogestionário.
A educação, por meio da escola, deve estar baseada
na participação grupal, favorecendo os processos de
distribuição do poder, via assembleias, reuniões,
conselhos, eleições, entre outros mecanismos
antiautoritários.
Este procedimento tem por intenção garantir a
participação de todos os agentes, envolvidos no
processo educativo, buscando estimular à
autonomia dos alunos a solidariedade.
Como funcionam as ações pedagógicas?
As ações pedagógicas devem partir do princípio do
não controle, isto é, os alunos não são obrigados a
participar de nenhuma atividade que não queiram,
contudo, é função do grupo e do professor
compreender porque este aluno não quer estar
incluído.
O poder do professor, de forma alguma, deve ser
referência nas ações pedagógicas, pois o professor
deve ser um orientador, um catalisador, um
membro a mais do grupo escolar, estimulando os
processos de reflexão e aprendizado.
São os alunos que definem o que se deve estudar,
sem necessariamente haver um rol de disciplinas e
conteúdos predefinidos. O conhecimento é
construído na fusão dos trabalhos intelectual e
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26 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
manual, buscando sempre uma resposta às
necessidades e às exigências das questões
vinculadas à vida de cada um, em seus aspectos
sociais, políticos, econômicos, culturais, entre outros.
Veja suas principais características:
• Toda organização se baseia na autogestão;
• Vivência grupal;
•Antiautoritária, porque não aceita outra forma de
poder;
• Professor e aluno são desiguais e diferentes;
• O professor é um orientador e um catalisador;
• Os alunos são livres;
• Favorece o desenvolvimento de pessoas mais livres;
• O conhecimento deve servir aos interesses e a vida
prática do aluno;
• Ausência de avaliações da aprendizagem;
• Os conteúdos sistematizados são dispensáveis;
• Valoriza a experiência do aluno;
• A estratégia pedagógica deve ser não diretiva;
• Aprendizagem informal;
• A motivação está no crescimento dentro da
vivência grupal, pois supõe-se que o grupo devolva
aos seus membros a satisfação de suas aspirações e
necessidades.
1.3.6 TENDÊNCIA PROGRESSISTA CRÍTICO SOCIAL
DOS CONTEÚDOS
As propostas desta tendência, a pedagogia crítico-
social dos conteúdos, foram desenvolvidas, no Brasil,
por Dermeval Saviani, o qual se baseia em vários
autores, como: Marx, Grasmci, Kosik, Snyders, entre
outros. Junto a Saviani, temos vários outros
educadores que elaboraram a favor desta corrente,
dos quais destacamos José C. Libâneo, Carlos R. J.
Cury e Guiomar N. de Mello.
Como as outras tendências progressistas, a Crítico-
social dos conteúdos também está preocupada com
a função transformadora da educação em relação à
sociedade, sem, com isso, negligenciar o processo
de construção do conhecimento fundamentado nos
conteúdos acumulados pela humanidade.
Segundo Aranha (1996), a Pedagogia Crítico-social
dos conteúdos, ou, como também é conhecida, a
Pedagogia Histórica-crítica, busca: “Construir uma
teoria pedagógica a partir da compreensão de nossa
realidade histórica e social, a fim de tornar possível o
papel mediador da educação no processode
transformação social. Não que a educação possa por
si só produzir a democratização da sociedade, mas a
mudança se faz de forma mediatizada, ou seja, por
meio da transformação das consciências”. (ARANHA,
1996, p. 216).
Pode-se perceber, na fundamentação desta
tendência, uma preocupação com a transformação
social, contudo, para tal, parte-se da compreensão
da realidade, a partir da análise do mundo do
trabalho, das vivências sociais, buscando entendê-lo
não como algo natural, mas sim construído
culturalmente – torna-se importante no processo de
transformação social a mediação cultural.
Da mesma maneira, é imprescindível conceber que
a educação – via escola – trabalhe amplamente com
os conteúdos. Neste caso, Libâneo (1994), a respeito
do papel da escola, diz que: “A difusão de conteúdos
é a tarefa primordial. Não conteúdos abstratos, mas
vivos, concretos e, portanto, indissociáveis das
realidades sociais. A valorização da escola como
instrumento de apropriação do saber é o melhor
serviço que se presta aos interesses populares, já
que a própria escola pode contribuir para eliminar a
seletividade social e torná-la democrática. Se a
escola é parte integrante do todo social, agir dentro
dela é também agir no rumo da transformação da
sociedade. Se o que define uma pedagogia crítica é
a consciência de seus condicionantes histórico-
sociais, a função da pedagogia ‘dos conteúdos’ é dar
um passo à frente no papel transformador da escola,
mas a partir das condições existentes”. (LIBÂNEO,
1994, p. 69).
E continua afirmando: “Assim, a condição para que
a escola sirva aos interesses populares é garantir a
todos um bom ensino, isto é, a apropriação dos
conteúdos escolares básicos, que tenham
ressonância na vida dos alunos. Entendida nesse
sentido, a educação é ‘uma atividade mediadora no
seio da prática social global’, ou seja, uma das
mediações pela qual o aluno, pela intervenção do
professor e por sua própria participação ativa, passa
de uma experiência inicialmente confusa e
fragmentada (sincrética) a uma visão sintética, mais
organizada e unificada”. (LIBÂNEO, 1994, p. 69).
Para Libâneo, portanto, é fundamental que se
entenda que: “A atuação da escola consiste na
preparação do aluno para o mundo adulto e suas
contradições, fornecendo-lhe um instrumental, por
meio da aquisição de conteúdos e da socialização,
para uma participação organizada e ativa na
democratização da sociedade”. (LIBÂNEO, 1994, p.
70).
Entendo, pois, que o processo educativo: “É
passagem da desigualdade à igualdade. Portanto,
somente é possível considerar o processo educativo
em seu conjunto como democrático sob a condição
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27 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
de distinguir-se a democracia como possibilidade
no ponto de partida e a democracia como realidade
no ponto de chegada. Consequentemente, aqui
também vale o aforismo: democracia é uma
conquista; não um dado. (…) Não se trata de optar
entre relações autoritárias ou democráticas no
interior da sala de aula, mas de articular o trabalho
desenvolvido nas escolas com o processo de
democratização da sociedade.
E a prática pedagógica contribui de modo
específico, isto é, propriamente pedagógico para a
democratização da sociedade, na medida em que se
compreende como se coloca a questão da
democracia relativamente à natureza própria do
trabalho pedagógico”. (SAVIANI, 1987,80-82).
Não se tem a pretensão de esgotar a discussão sobre
as tendências progressistas, muito pelo contrário, o
intuito é o de fazer uma introdução a respeito de
cada uma delas, para, a partir daqui, indicar um
processo de aprofundamento posterior. Contudo,
ainda abordar, de forma sucinta, características
gerais do Construtivismo.
O Construtivismo sintetiza as teorias que buscam
vislumbrar os processos de construção do
conhecimento, assim como discutir a complexidade
do processo de aprendizagem. Vários autores
dedicaram-se a estudos nesta linha, dos quais
destacamos: Piaget (Epistemologia genética ou
Construtivismo liberal piagetiano) e Vygotsky
(Construtivismo sócio-histórico); mas também, é
importante lembrar-se de Emília Ferreiro e Remi
Wallon.
Neste momento, é importante frisar que as teorias
construtivistas buscam uma superação das teorias
inatista e empirista, as quais buscam explicar as
origens (fontes) do conhecimento, em que o
inatismo afirma que o conhecimento é a priori (o
sujeito nasce com os saberes) e, por outro lado, o
empirismo acredita que o conhecimento é
produzido a partir das sensações, das experiências (o
sujeito é uma tábula rasa e suas experiências vão
fornecendo os conhecimentos ao longo da vida).
O conhecimento não pode ser concebido nem de
uma forma (inata) nem de outra (conhecimento a
posteriori) e, sim, o conhecimento necessariamente
vai ser construído a partir das experiências (fatores
externos ao indivíduo) e pelas características
próprias do sujeito (fatores internos do indivíduo), ou
seja, cada indivíduo passa por várias etapas, em que
organiza o pensamento e a afetividade.
Diante dessa perspectiva, Aranha (1996, p. 202)
destaca a ideia de que, para os construtivistas, “a
criança não é passiva nem o professor é simples
transmissor de conhecimento. Nem por isso o aluno
dispensa a atuação do mestre e dos companheiros
com os quais interage. Mais propriamente, o
conhecimento resulta de uma construção contínua,
entremeada pela invenção e pela descoberta”.
1.4. Diretrizes curriculares.
As Diretrizes, fundamentadas na Constituição
Federal, na LDB e demais leis que buscam organizar
e qualificar a Educação Básica do país, definem-se
como um conjunto de princípios, fundamentos e
procedimentos capazes de orientar as escolas
brasileiras na organização, articulação,
desenvolvimento e avaliação de suas propostas
pedagógicas (Resolução CNE/CEB nº 2/98).
Portanto, a comunidade escolar é a autora da
proposta que visa educar e ensinar os sujeitos do
direito à educação entre 0 e 17 anos, assim como
os adultos participantes da Educação de Jovens e
Adultos (EJA). Organizar, articular, desenvolver e
avaliar significa a totalidade do trabalho escolar e se
aplica à gestão, ao currículo, ao trabalho didático-
pedagógico e às medidas que avaliam e
indicam aperfeiçoamentos no trabalho escolar
como um todo. Ao Estado brasileiro, como se lê
desde a Constituição até o recente Plano Nacional
de Educação (2014), cabe o papel de garantir
o direito à educação de qualidade com participação
e controle sociais.
O desafio das Diretrizes é diminuir ou eliminar o
distanciamento existente entre as várias propostas
pedagógicas e a sala de aula.
Visto que o acesso dos educandos, sua efetiva
inclusão como seres integrais, sua permanência e
seu êxito como estudante-cidadão dentro da idade
própria e com direito às diversas etapas e
modalidades revela um conjunto de conquistas
sociais, o cumprimento do Plano Nacional de
Educação (PNE), que resume as lutas, necessidades
e desejos dos que trabalham em educação, se
articula (nos próximos dez anos) a várias ações
concomitantes: formação do magistério, valorização
dos profissionais da educação, pesquisa e criação da
base nacional comum e da parte diversificada do
currículo, avaliação contínua, interna e
externa, criação de um sistema nacional de
educação plenamente articulado e gerido com
competência e ética, ação educacional para a
autonomia e a liberdade, vinculação entre educação
escolar, trabalho e práticas sociais.
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28 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
A educação compõe a cultura da vida. A
comunidade escolar cria e dissemina
cultura, especialmente suas dimensões de estudo,
pesquisa, debate, observação, prática
ecológica, leitura, escrita,desenvolvimento de
raciocínio, ética e valores sócio-políticos. Por isso,
o trabalho escolar é comunitário, cidadão e se
amplia no crescimento dos educandos e
no desenvolvimento do currículo experimentado
nas etapas e modalidades da vida escolar. Por isso,
também, a comunidade escolar tem
responsabilidade direta na
construção, implementação e avaliação do
currículo de estudos e experiências de educação e
ensino.
Pensar e realizar o currículo: a dimensão comum
nacional e a dimensão
diversificada local/regional
Entre os vários conceitos de currículo, as Diretrizes
optam pelo de Moreira e Candau (2006) em razão
de sua amplitude e sua preocupação com a cultura:
“conjunto de práticas que proporcionam a
produção, a circulação e o consumo de significados
no espaço social e que contribuem, intensamente,
para a construção de identidades sociais e
culturais.”
Entende-se, pois, que o currículo não poderia ser
imposto, distribuído em apostilas ou simplesmente
publicado no Diário Oficial, porque ele se realiza na
produção, na circulação e consumo de significados,
com vista a criar identidades dos sujeitos que
educam e são educados. Ao associarmos a base
nacional comum à parte diversificada (que
produzem a integração do currículo de uma escola)
temos, ao mesmo tempo, a prática das
propostas constitucionais, da LDB e demais leis;
mas também a prática das escolas que se
identificam com o ambiente metropolitano, rural,
florestal, ribeirinho, quilombola,
indígena, socioeducativo, no espaço das prisões etc.
A base nacional comum é orientada pelo
Estado brasileiro, por meio do MEC, do Conselho
Nacional de Educação e dos Conselhos Estaduais
e Municipais de Educação. A dimensão
diversificada é construída pelo diálogo entre a
escola e seu espaço social, político, ambiental e
cultural. Feito isso, temos o currículo de estudos
e experiências, sempre avaliado para se enriquecer
e se aperfeiçoar. Se alunos, professores, gestores,
pais de alunos, funcionários, demais familiares e
comunidades não produzem cultura (que se realiza
como símbolos, rituais, valores, ideias, linguagens)
de modo igual no país repleto de diferenças, os
currículos poderão ter fundamentos semelhantes e
apontar para valores já apresentados aqui, mas não
podem ser iguais. Caso contrário, não
produzem identificações necessárias para a
amplitude do trabalho local e regional, a autonomia
concreta nas realidades vividas, a ação cidadã
encarnada nos lugares da vida, os conhecimentos
que criam plataformas metodológicas para
ampliações e extensões de territórios de vida
para educandos e educadores. Cada comunidade
escolar, em suas semelhanças e diferenças,
pensa, analisa e projeta o país (ampliando-se para
as relações internacionais), a partir de cada aula.
Os lugares da sociedade que tem a ver, e muito, com
o desenvolvimento concreto do currículo de
estudos e experiências escolares são o campo do
trabalho; a vida participativa e os problemas que
exigem superação; os lugares de pesquisa das
diversas ciências e consequente difusão e
apropriação de conhecimentos; a criação e a difusão
artístico-estética; a atualidade da memória e da
história; as tecnologias informacionais,
comunicacionais, sociais, ambientais, de saúde etc;
os movimentos sociais e suas relações com as
políticas públicas; o cuidado do corpo e suas formas
expressivas; o amplo diálogo social, produtor das
linguagens da comunicação (p. 24). Tudo o que se
chamava “conteúdo” ou “matéria”, hoje pensado
como componente curricular, ou componente da
ação educacional da escola, dialoga
intensamente com todos esses “lugares”, apreende
ideias e valores, organiza experiências
integradoras, explora fenômenos, penetra
curiosamente no interior dos dados para explicá-los,
produz comunicação entre os “lugares” ou “áreas”
de saber e fazer. Por isso se afirmou que,
ao desenvolver um currículo, a escola está criando
um projeto de Brasil, com certeza melhor do que o
que temos.
Os componentes curriculares, ou de ação educativa,
têm nomes, tanto na base nacional comum quanto
na dimensão diversificada. Os nomes tendem a ser
entendidos como disciplinas: Português, Educação
Física, Empreendedorismo Social, Matemática,
História Afro-Brasileira e Indígena, Espanhol,
Marketing, Artes etc, mas ao contrário de
“disciplinar”
(como se pensou no passado) esses componentes
dialogam com fatos, fenômenos,
realidades, histórias, descobertas, criações,
pesquisas e constroem conjuntos de estudos
adequadamente discriminados, que se realizam no
dia-a-dia da escola por meio de projetos, leituras,
formas de abordagem, discussões, visitas, diálogos
internos e externos, bem como de
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29 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
avaliações integradas que mostram os avanços e as
dificuldades. Do mesmo modo, tais componentes,
ao dialogarem com a vida e o mundo dos
fenômenos e fatos, criam o que se
chama interdisciplinaridade, transdisciplinaridade
etc. (p. 27-28)
Os conhecimentos em torno dos quais se deram
abordagens, diálogos e atitudes variadas reforçam
o valor de aprender e induzem ao pensamento
autônomo e libertador. Todo esse conjunto pode ser
chamado de proposta curricular 2015, 2016, ou
matriz curricular 2015 etc, mas o importante é que
seja criado e desenvolvido na escola X, a partir de
amplo diálogo no sistema escolar local, estadual e
mesmo nacional (a escola também cria identidade
e identificações pelo conhecimento que tem das
demais escolas do sistema).
O ponto de partida para uma adequada integração
de componentes sugere pensar que trabalhamos
áreas por meio de eixos. Na medida em que temos,
na base nacional comum, às áreas de linguagens e
códigos expressivos, a dinâmica do corpo, arte e
estética, ciências da natureza, ciências das culturas
humanas, tecnologias e matemática, um projeto de
trabalho cria eixos de conhecimento e ação e, em
vez de justapor ou somar fatos, cria hipóteses
e problemas de conhecimento, ou eixos. Os
estudos, e consequentemente respostas ao que
se questionou, são movimentos de eixos no interior
das áreas, buscando relações, colaboração, sinergia,
fatos, valores, ideias, tipos de abordagem. O que é
conhecimento específico das áreas colabora na
dinâmica do eixo e os diferentes componentes do
currículo – seja a base nacional comum, seja a parte
diversificada (que, na prática, é o desdobramento
do conhecimento pensado na base nacional
comum, de interesse local ou regional) – revelam
aos educandos o direito de conhecer e a autonomia
de estudar. Currículo escolar não é, pois,
um conjunto de conteúdos e sim uma plataforma
de direitos ao conhecimento, sua
pesquisa, apropriação e expansão.
Quem trabalha com currículo após a LDB encontra
como base nacional comum os seguintes
componentes (necessariamente associados aos
lugares e valores já citados e em contínuo diálogo
com eles): Língua Portuguesa; Matemática;
conhecimento do mundo físico, natural, da
realidade social e política, especialmente do Brasil,
incluindo-se o estudo da História e Cultura Afro-
Brasileira e Indígena; Arte (plástica, musical, cênica
e audiovisual); Educação Física; Ensino Religioso
(facultativo ao educando).
Como já mostrado, esse conjunto de conhecimentos
e valores é composto de tecnologias, ambiente
ecológico, memória popular, comunicação, exercício
de cidadania, conquista e manutenção de direitos,
presentes e ativos no país e na sociedade humana,
bem como dispostos à ampliação e à
transformação da vida pelo estudo e pelas
experiências individuais e coletivas. Do mesmo
modo, engendra intenso diálogo entre os eixos nas
áreas, sejam comuns, sejam diversificadas. A parte
diversificada desdobra e completa a base nacional
comum e considera as realidades da metrópole e
suasperiferias, do mundo das florestas, das
atividades ribeirinhas, da dinâmica rural, das
sociedades tradicionais e das emergentes, dos
povos migrantes, das diferenças e identidades no
interior da própria escola e seu entorno, enfim, das
culturas, economias, etnias, orientações sociais e
dinâmicas populacionais brasileiras. Pensando de
forma integrada, o currículo resultante será projeto
de Brasil e cumprirá a proposta constitucional:
formar seres plenos, compreendida
sua diversidade, constituir cidadãos e qualificar
pessoas para a dinâmica do
trabalho contemporâneo.
As Diretrizes citam o Parecer CNE/CEB nº 14/2000,
relatado pela Conselheira Edla de Araújo Lira
Soares:
“(...) a base nacional comum interage com a parte
diversificada, no âmago do processo de
constituição de conhecimentos e valores das
crianças, jovens e adultos, evidenciando
a importância da participação de todos os
segmentos da escola no processo de elaboração
da proposta da instituição que deve, nos termos da
lei, utilizar a parte diversificada para enriquecer e
complementar a base nacional comum. (...) tanto a
base nacional comum quanto a parte diversificada
são fundamentais para que o currículo faça sentido
como um todo.” (p. 32)
Para exemplificar, a Língua Portuguesa (e o Guarani
ou outra língua em espaços das nações indígenas
falantes e comunidades de fronteiras) constitui uma
área da base nacional comum no Ensino
Fundamental. De fato, uma área irmã das artes,
também compostas de determinadas linguagens.
A dimensão diversificada dessa área pode contribuir
com o Espanhol, mas também com estudos
culturais ou tópicos especiais de leitura e escrita.
Os exemplos aqui dados são signos para estimular
a reflexão, a pesquisa e o estabelecimento
de currículo na escola.
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30 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
Considerando sempre os lugares da vida das
comunidades, as necessidades e
desejos encontrados, a formação do magistério e a
riqueza cultural local ou regional, bem como
os limites de tempo do conjunto de áreas ou matriz
de componentes, um trabalho colaborativo
e integrado entre eixos e áreas pode atender aos
objetivos propostos na Constituição, na LDB
e demais textos legais, todos voltados aos direitos e
à qualidade da educação. No caso dessa área
(restrita em língua e ampliada em linguagens, isto é,
língua mais artes), eixos como língua escrita e
língua falada, a par de memória linguístico-cultural
comunitária poderão criar conexões entre os
componentes capazes de enriquecer os códigos
expressivos, mostrar a distinção entre fala e escrita,
estimular o trabalho comparado em línguas,
produzir intercâmbios culturais, pensar e se
aproximar do outro e seus suportes linguísticos e
culturais,portanto comunicacionais. Aí se ligam
cognição e atitudes. Começa aí, certamente,
uma compreensão clara, precisa e generosa do que
é uma rede social. De fato, eixos e áreas
em movimento criam conexões fartamente
interdisciplinares e, como mostram estas
Diretrizes, ampliam compreensões dos seres e do
mundo, das ciências, tecnologias e suas práticas;
do mesmo modo, fazem surgir a curiosidade
criadora de estratégias que levam à
compreensão tanto rigorosa como amorosa do
mundo e da vida.
A dinâmica do currículo da Educação Básica:
entre orientações e criações
A Educação Básica se divide em etapas e
modalidades, distintas e com objetivos específicos,
compreendida a riqueza humana das idades e suas
potencialidades, bem como as possibilidades
concretas dos equipamentos e suas comunidades.
Novamente surge a formação do magistério, a
valorização dos profissionais da educação, o
alargamento do tempo de trabalho escolar, a
sinergia entre escola e comunidades de vida e
trabalho e a melhoria contínua e geral dos
equipamentos que servem ao trabalho educativo. A
despeito das diferenças, a Educação Básica tem
objetivos comuns, já demonstrados nos
textos fundamentais da educação brasileira.
Embora seja desnecessário demonstrar uma base
nacional comum no ensino das crianças até 5
(cinco) anos, esse tempo infantil de experiências e
vivências trabalha com a gestão das emoções; o
desenvolvimento de hábitos higiênicos e
alimentares; a vivência de situações destinadas à
organização dos objetos pessoais e escolares; a
vivência de situações de preservação dos recursos
da natureza; o contato com diferentes linguagens
representadas, predominantemente por ícones – e
não apenas pelo desenvolvimento da prontidão
para a leitura e a escrita – como potencialidades
indispensáveis à formação do interlocutor
cultural. No interior desses eixos de trabalho,
destaca-se a criatividade de toda a comunidade
escolar, incluindo famílias e demais territórios
sociais.
O Ensino Fundamental de 9 (nove) anos constrói a
graduação do primeiro e do segundo ciclo e
acompanha as transformações de sentimentos,
atitudes psicossociais e atos de conhecimento da
criança e do pré-adolescente. Na dinâmica desse
trabalho educativo, muitas aberturas são dadas à
escola: ampliação do tempo de estudos e
experiências, desenvolvimento de projetos em
parceria com instituições educacionais, esportivas e
culturais; recepção e interação comunitária em
horários compartilhados; reorganização de espaços
e equipamentos como resposta a novos objetivos
da comunidade escolar, coordenada por gestores,
conselho e grupos de trabalho compostos por
educadores e educandos; e participação ativa
nos movimentos sociais que buscam garantir
direitos. As Diretrizes (p. 38) apresentam as 5 (cinco)
grandes experiências curriculares, gradativas e
crescentes do Ensino Fundamental:
o desenvolvimento da capacidade de aprender,
tendo como meios básicos o pleno domínio
da leitura, da escrita e do cálculo; a consecução
plena da alfabetização, entendida tanto
como performance e desempenho como
apreensão do significado social e político do
conhecimento de novos códigos sociais, suportes
da interlocução com o mundo; a compreensão do
ambiente natural e social, do sistema político, da
economia, das tecnologias, das artes e das
culturas, tendo como base os direitos humanos que
fundamentam a sociedade; o desenvolvimento
das capacidades de observar fenômenos,
compulsar dados, problematizar situações,
analisar processos e funções e, portanto, conhecer
por interlocução e experiência, o que leva
à formação de novas atitudes e valores; e o
fortalecimento dos vínculos de família, em
seus variados formatos contemporâneos, dos laços
de solidariedade humana e de respeito
recíproco em que se assenta a vida social.
O Ensino Médio é realizado em, no mínimo, 3 (três)
anos e permeado pela diversidade científica,
estética e das formas de trabalho. Nele, o
pensamento crítico, as conexões sociais, as atitudes
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31 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
éticas e a autonomia intelectual já trabalhados
devem se realizar plenamente. A terminalidade da
Educação Básica no Ensino Médio (p. 39) tanto exige
pensar que as leis maiores garantem a todos o
direito a ascender a níveis contínuos e crescentes de
educação, quanto precisa demonstrar o direito ao
desenvolvimento profissional, à consolidação
de conhecimentos e atitudes, ao aprimoramento
do sujeito ético e de direitos e à
compreensão vivenciada dos fundamentos
científicos, tecnológicos, estéticos e linguísticos que
dão suporte e apontam novos processos à
sociedade. No Ensino Médio, interessa menos a
grandeza qualitativa dos componentes do que suas
conexões, articulações, experiências,
escolhas, julgamentos, prazer de conhecer e rigor
no trato do conhecimento.
As modalidades da Educação Básica, como
Educação de Jovens e Adultos, EducaçãoEspecial,
Educação Profissional e Tecnológica, Educação do
Campo, Educação Escolar Indígena, Educação
Escolar Quilombola e Educação a Distância são
importantes o suficiente para merecerem Diretrizes
específicas, algumas pela sua emergência, outras
pelo esquecimento e pela invisibilidade social ou
por ausência de política de governo.
O projeto político-pedagógico: a elaboração, a
avaliação e o aperfeiçoamento
O projeto político-pedagógico (PPP) da escola
democrática e que avança para sua liberdade e sua
autonomia, conforme a Constituição e a LDB,
sinaliza o regime de colaboração ainda não
realizado, mas vivo nos textos das leis fundamentais
da educação brasileira. O PPP é impostergável, pois
segue a dinâmica do calendário escolar e
impossível de ser escrito senão pela comunidade
que pretende construir uma ação curricular rigorosa
e prazerosa, um processo de ensino-aprendizagem
que considere os sujeitos dessa ação e modos de
trabalho que garantam apreensões criativas do
conhecimento, a par de atitudes
e compartilhamentos originais.
O PPP, como se sabe, se articula ao Plano Municipal
de Educação e este aos Planos Estaduais e Nacional.
Aí reside, pois, o direito e o dever da criação conjunta
desse guia do trabalho educacional. Consideradas
as perspectivas propostas nos Planos e Diretrizes, o
PPP se define dentro do seu “mundo social e
geográfico”, o que vai da formação continuada
dos professores ao perfil dos estudantes; dos
projetos de enriquecimento curricular às
posições metodológicas; dos critérios de
organização do calendário educacional às
parcerias comunitárias; das ações interdisciplinares
à clareza quanto aos processos de
recuperação, distorção idade/ano/série; do uso
crítico das novas tecnologias aos cuidados com a
saúde de todos os sujeitos da escola. A rigor, trata-
se de colocar o currículo em ação, como coração
dos movimentos de ensino e aprendizagem.
Em suma, as Diretrizes propõem às unidades
escolares seis atitudes capazes de garantir a
autonomia escolar, a escritura de um currículo
original e a demonstração de direitos da
comunidade:
a) realizar diagnóstico adequado dos sujeitos do
processo educativo e seu território de inserção;
b) desenvolver concepções de conhecimento,
aprendizagem e avaliação e “encarná las” no PPP,
com visão crítica para futuras mudanças;
c) precisar a qualidade social da educação na
unidade circundada por realidade conhecida e
considerada na gestão escolar;
d) refletir criticamente sobre os resultados das
avaliações externas e manifestar-se a respeito
dessas formas de avaliação como contribuição da
unidade escolar; e) trabalhar curricularmente para a
garantia do acesso, permanência e superação
das reprovações;
f) ampliar a democratização das relações de
trabalho, pesquisa conjunta, presença
da “sociedade” do entorno, decisões colegiadas,
construção de projetos, trabalho em sala de
aula, formação e avaliação.
Sobre a avaliação, o ato de avaliar, na escola
democrática e que amplia sua autonomia, não é
uma imposição do sistema, mas o resultado da
inteligência, da ação educacional e do ensino
eficiente da escola, proposto em seu PPP. O que de
fato se avalia, no universo educacional, não são
conteúdos disciplinares, principalmente quando o
trabalho não foi feito de modo fragmentado e
particularista. Avalia-se o conjunto do que se
construiu como trabalho curricular integrado, na
dinâmica de eixos, áreas e componentes. Mesmo
uma possível “prova” ou um “trabalho” sobre
determinado componente espelhará um
conhecimento maior, demonstrará conexões entre
saberes experimentados. Avaliam-se “estados” de
um projeto de trabalho, “momentos” da dinâmica
curricular, com o fim evidente de corrigir alguns
rumos, reforçar outros, acelerar ou recuperar
situações; enfim, aperfeiçoar o currículo e construir
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32 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
a autonomia intelectual dos educandos. A avaliação
precisa afirmar, contínua e crescentemente, os
direitos dos educandos e de sua escola a se
distinguirem em sua identidade social, em
suas buscas de ampliar, apropriar e disseminar o
conhecimento, bem como criar atitudes
científicas e gestos de solidariedade nos atos de
conhecer e compartilhar seus valores.
1.5. Políticas públicas e legislações que regulam a
educação, como a LDB (Lei de Diretrizes e Bases).
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(LDB), Lei nº 9.394/1996, estabelece as diretrizes
gerais da educação no Brasil. Desde 2020, essa lei
passou por várias alterações, que buscaram adaptar
o sistema educacional às novas demandas sociais,
tecnológicas e políticas. Aqui apresentamos as
principais mudanças que ocorreram nesse período:
1. Lei nº 14.040/2020 - Medidas emergenciais devido
à pandemia
• Com o impacto da pandemia de COVID-19, a
Lei 14.040 foi aprovada para regular o
funcionamento do ano letivo de 2020 e
permitir mais flexibilidade na carga horária.
• A norma permitiu que as escolas e
instituições de ensino superior pudessem
reorganizar seus calendários escolares sem
necessariamente cumprir os 200 dias letivos
mínimos, desde que a carga horária fosse
cumprida de alguma maneira.
• Também foi permitido o uso de aulas à
distância como parte do cumprimento dessa
carga horária, uma medida essencial durante
o fechamento das escolas.
2. Lei nº 14.113/2020 - Novo FUNDEB
• Outra mudança importante foi a
transformação do Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica
(FUNDEB) em um fundo permanente com a
Lei nº 14.113/2020, sancionada em 2020.
• O FUNDEB é essencial para o financiamento
da educação básica pública, e sua alteração
trouxe um aumento na participação
financeira da União, além de novos critérios
de distribuição dos recursos, buscando maior
equidade entre os estados e municípios.
• Além disso, a lei vinculou os investimentos do
FUNDEB a critérios de qualidade
educacional e melhor distribuição dos
recursos para as áreas mais necessitadas.
3. Lei nº 14.172/2021 - Acesso à internet para alunos e
professores
• Sancionada em 2021, essa lei determinou que
a União deveria garantir recursos para acesso
à internet em alta velocidade para alunos e
professores da rede pública de ensino,
especialmente para aqueles em situação de
vulnerabilidade social, como resposta aos
desafios impostos pela pandemia e pela
educação a distância.
• Essa medida foi fundamental para garantir a
inclusão digital em um contexto onde o
ensino remoto se tornou uma realidade.
4. Lei nº 14.325/2022 - Educação bilíngue para surdos
• A Lei nº 14.325/2022 estabeleceu a Educação
Bilíngue de Surdos como uma modalidade
de ensino. Essa modalidade reconhece a
Língua Brasileira de Sinais (Libras) como a
primeira língua, e o português como
segunda língua para pessoas surdas.
• A implementação dessa modalidade nas
redes de ensino representa um avanço na
inclusão e no respeito às necessidades
educacionais dos surdos.
5. Lei nº 14.533/2023 - Políticas educacionais para
superdotados
• Esta lei, sancionada em 2023, promove a
educação especial para superdotados e
estudantes com altas habilidades,
estabelecendo diretrizes específicas para
atender melhor essa população estudantil.
• A intenção é garantir que as escolas públicas
e privadas ofereçam condições adequadas
para identificar e desenvolver o potencial
desses alunos, com adaptações curriculares
e práticas pedagógicas específicas.
6. Lei nº 14.957/2023 - Ensino de Cidadania e Direitos
Humanos
• Esta nova alteração incluiu a obrigatoriedade
do ensino de cidadania e direitos humanos
em todas as escolas, com o objetivo de
fomentar o entendimento dos direitos
fundamentais, da democracia e da
convivência social pacífica desde a educação
básica.
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3 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
instituições educacionais, como a descentralização
do poder, a transformação do curso preparatório
para o ensino superior, novas faculdades, a
dualidade do sistema de educação brasileiro, a
educação estava num processo de autonomia.
Durante a primeira república em 1891 foi decretada
a Reforma Benjamin Constant, promovendo a
unificação do currículo da escola secundária
acrescentando o estudo das ciências através das
disciplinas como sociologia, moral, direito e
economia política. No ano seguinte foi colocada em
prática, sua principal função era a garantia de
liberdade e laicidade do ensino e a gratuidade da
escola primária de acordo com a orientação do texto
constitucional.
A Constituição da República de 1891, consagrou o
sistema dual de ensino e oficializou a distância entre
a educação da classe dominante (escolas
secundárias acadêmicas e escolas superiores) e a
educação do povo (escola primária e escola
profissional).
O começo da modernização do ensino brasileiro se
dá com ingresso das ciências positivas nos
currículos das escolas superiores. Com a Lei
orgânica Rivadávia Correa, de 1911 os anseios
positivistas são atendidos de maneira mais direta,
pois acaba com o controle do Estado sobre a
concessão de diplomas, volta com os exames
admissionais nas faculdades e desqualifica o ensino
secundário.
A educação na década de 1920 passou por grandes
iniciativas e grandes acontecimentos originando o
Partido Comunista brasileiro que no processo de
planejamento de um projeto político amplo, traça
alguns princípios educacionais, dentre eles
destacam-se a ampliação da escola pública,
multiplicação das escolas profissionais para ambos
os sexos, melhorias nas condições de vida dos
educadores e auxílio financeiro para crianças pobres
em idade escolar, há cursos e aulas de formação
política, bastante disciplinada para os membros do
partido. Já em 1925 ocorre a última reforma da
República, a reforma Rocha Vaz, bastante
conservadora, carregando ainda o caráter elitista da
sociedade agroexportadora.
A crise econômica mundial de 1929 repercutiu sobre
a economia brasileira, coincidindo com o período da
Segunda República grandes modificações
ocorreram na década de 30 englobando áreas da
política, econômica e social, o Brasil acompanhou as
mudanças e sua forma de educação teve outra
alteração. Ainda no período da segunda república
apareceram as reformas educacionais mais
modernas, foi o início da Era Vargas nesse
importante episódio de nossa história,
protagonizada por Getúlio Vargas, procuraremos
salientar a trajetória do homem político através de
relatos da explicação crítica dos projetos da nação
que foram criados no seu tempo.
No ano de 1932 um grupo de educadores conduziu
a Nação o Manifesto dos Pioneiros, um documento
muito importante com o objetivo de inovar o
sistema educacional brasileiro. Buscava uma escola
pública, de ensino laico e gratuito que garantisse a
educação para todos independente de classe ou
gênero eles deveriam ter a mesma oportunidade de
aprendizagem.
Neste contexto, surge a ideia de formação integral e
de escola de tempo integral. A proposta de
educação integral surge como resposta à função
social excludente que a escola exerceu em nosso
país desde o período colonial.
A Constituição da República dos Estados Unidos do
Brasil, de 1934 em seu Capítulo II, Da Educação e da
Cultura, dispõe nos artigos 148 e 149: Art.148 ‐ Cabe
à União, aos Estados e aos Municípios favorecer e
animar o desenvolvimento das ciências, das artes,
das letras e da cultura em geral, proteger os objetos
de interesse histórico e o patrimônio artístico do
País, bem como prestar assistência ao trabalhador
intelectual. (...) Art. 149 ‐ A educação é direito de
todos e deve ser ministrada, pela família e pelo
Poderes Públicos, cumprindo a estes proporcioná‐la
a brasileiros e a estrangeiro domiciliados no País, de
modo que possibilite eficientes fatores da vida
moral e econômica da Nação, e desenvolva num
espírito brasileiro a consciência da solidariedade
humana (Constituição da República dos Estados
Unidos do Brasil, 1934.)
Em relação ao ensino secundário, o regulamento se
fez logo após a tomada de poder por Vargas e sofreu
a primeira reforma em 1931 e a segunda, em 1942.
Tanto na primeira realizada pelo ministro da
educação Francisco Campos, quanto na segunda
feita pelo, também ministro Gustavo Capanema,
Reforma Capanema, cria instituições como INEP,
SENAI e SENAC, o objetivo é a formação geral e a
preparação para o ensino superior. A consciência
patriótica é acentuada, bem como a formação do
homem para todos os grandes das atividades
nacionais.
A educação com Vargas se viu valorizada, há muito
tempo que não se tinha dado tanta atenção a ela.
Agora era responsabilidade do governo. O aluno
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4 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
podia ser pobre ou rico, a idéia era que todos
tivessem acesso à escola. Ter educação era poder
vislumbrar um futuro melhor, pois nessa época o
Brasil se encontrava em desenvolvimento industrial.
Nesse tempo não havia diferença entre classes, a
educação só queria reajustar o aluno que era
indisciplinado e corrigi-lo. Ser aluno era se sentir
parte de um grupo, era aprender a viver, aprender a
aprender, era poder esperar outra vida, sair da
marginalidade.
Ao fim do estado novo e com base nas doutrinas
constantes da constituição de 1946 foi instituído
pelo ministro Clemente Mariani um anteprojeto de
reforma geral da educação, onde foi encaminhada à
câmara federal em novembro de 1948 dando início
a uma luta de ideias em torno das propostas
institucionais, destacando a responsabilidade do
estado quanto a educação e quanto a participação
das escolas particulares de ensino. Iniciando assim
uma discussão longa de treze anos sobre uma Lei de
Diretrizes Básicas
A educação brasileira se libertava de um modelo de
educação que se perdurou durante muitos anos, e
no decorrer desse processo, surgiram novas idéias,
novas leis, mudando a concepção de ensino, o
sistema de ensino adquiriu uma nova estrutura
formada por quatro etapas. Primeira etapa o Ensino
pré-primário, composto pelo as escolas maternais e
jardins da infância; segunda etapa o Ensino
primário, de 4 anos com chance de ser acrescido de
2 anos mais com programa de artes aplicada;
terceira etapa Ensino médio, acontecia em dois
ciclos: ginasial de 4 anos e o colegial de 3 anos,
ambos por sua vez compreendendo o ensino
secundário e o ensino técnico (industrial, agrícola,
comercial e de formação de professore); quarta
etapa Ensino superior, com a mesma estrutura já
consagrada antes.
No ano de 1950 com a volta de Getúlio Vargas ao
poder, o setor industrial estava em grande
crescimento, com a necessidade cada vez maior de
profissionais qualificado, o governo
estrategicamente equivalem os cursos técnicos ao
nível secundário, tornando assim maior a procura
pelo o ensino superior (NASCIMENTO, et al 2012).
Decorrido o tempo sobre o debate da LDB foi
sancionada a Lei nº 4.024 de 20 de dezembro de
1961, durante o governo João Goulart o foi um
avanço significativo para a educação. Uma parte das
Forças Armadas rebelou-se contra o governo de
João Goulart em 1964 originando o movimento do
Regime Militar atingindo a área da educação devido
ao aumento do militarismo e do autoritarismo.
O militarismo impôs a ditadura militar sendo
implantadas leis rígidas em relação à educação,
sendo criado pela Lei nº. 5.379, de 15 de dezembro de
1967, o Movimento Brasileiro de Alfabetização –
MOBRAL com uma ideologia bem diversificada ao
que era aplicada tendo como objetivo principal dar
aos alunos078.117.453-80
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33 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
7. Lei nº 14.601/2023 - Nova Política Nacional de
Educação Especial
• Aprovada em 2023, essa lei visa fortalecer a
educação especial no Brasil, criando políticas
específicas para garantir a inclusão de alunos
com deficiências ou necessidades especiais
em escolas regulares, sempre que possível, e
também para aprimorar o atendimento em
escolas especiais quando necessário.
8. Lei nº 14.867/2023 - Educação Ambiental
• Aprovada em 2023, essa lei tornou
obrigatória a educação ambiental em todas
as etapas da educação básica. O objetivo é
formar cidadãos mais conscientes sobre a
preservação do meio ambiente e o
desenvolvimento sustentável.
A Lei 14.954, sancionada em 2024, trouxe mudanças
importantes para o Novo Ensino Médio no Brasil,
respondendo a críticas e desafios enfrentados
desde a implementação da reforma do Ensino
Médio em 2017 (Lei 13.415). As principais alterações
visam ajustar o modelo de ensino, tornando-o mais
flexível e inclusivo. Aqui estão alguns pontos-chave
sobre como ficou o Novo Ensino Médio após essa
nova lei:
1. Redução da Carga Horária e Revisão de
Componentes Curriculares
• A Lei 14.954 reduziu a carga horária mínima
exigida para o Ensino Médio, aliviando a
pressão sobre os estudantes e as escolas, que
antes precisavam se adaptar ao aumento
significativo de horas de aula.
• Algumas disciplinas, que haviam sido
integradas em componentes maiores ou
deixadas como optativas, voltaram a ganhar
protagonismo no currículo obrigatório,
especialmente nas áreas de Língua
Portuguesa, Matemática, Ciências da
Natureza e Ciências Humanas.
2. Revisão dos Itinerários Formativos
• Os itinerários formativos, que foram criados
para permitir uma escolha mais
personalizada pelos alunos com base em
áreas de interesse (exatas, humanas,
linguagens, etc.), passaram por uma
reformulação.
• Agora, há mais atenção para garantir que
esses itinerários ofereçam uma formação
sólida e abrangente, evitando a
especialização precoce e desigualdades de
acesso entre os alunos de diferentes escolas
ou regiões.
3. Reforço no Ensino Técnico e Profissionalizante
• A lei também destacou a importância do
ensino técnico e profissionalizante,
reforçando sua oferta no Ensino Médio como
uma maneira de preparar os alunos para o
mercado de trabalho de forma mais eficaz.
4. Equidade e Inclusão
• Um dos objetivos principais da reforma foi
tornar o Ensino Médio mais inclusivo e
equitativo, com um foco maior em atender
às necessidades das diferentes regiões do
Brasil. Havia um reconhecimento de que
nem todas as escolas conseguiam
implementar o modelo de itinerários da
mesma maneira, especialmente nas áreas
rurais e de baixa renda.
• A lei reforça a importância de garantir que
todos os alunos tenham acesso às mesmas
oportunidades, independentemente de
onde estejam.
5. Flexibilidade para as Escolas e Estados
• Os estados e as escolas ganharam maior
flexibilidade na implementação do currículo,
podendo adaptar o conteúdo e a forma de
aplicação de acordo com as necessidades
locais e a infraestrutura disponível.
Impacto Geral
Essas mudanças foram implementadas com o
objetivo de atender às críticas de que a versão
anterior do Novo Ensino Médio criava desigualdades
e aumentava a carga sobre os estudantes e os
professores. Agora, o sistema tenta encontrar um
equilíbrio entre proporcionar mais opções de
escolha para os alunos e garantir uma formação
básica sólida e de qualidade para todos.
Com essas alterações, espera-se que o Ensino Médio
se torne mais eficiente, inclusivo e relevante, tanto
para os alunos que pretendem ingressar no ensino
superior quanto para aqueles que querem ingressar
no mercado de trabalho diretamente após a
conclusão do curso.
1.6. Organização e desenvolvimento de
currículos.
O currículo é um campo permeado de ideologia,
cultura e relações de poder. Segundo Moreira e Silva
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34 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
(1997, p. 28), “o currículo é um terreno de produção e
de política cultural, no qual os materiais existentes
funcionam como matéria prima de criação e
recriação e, sobretudo, de contestação e
transgressão”.
O currículo escolar tem ação direta ou indireta na
formação e desenvolvimento do aluno. Assim, é fácil
perceber que a ideologia, cultura e poder nele
configurados são determinantes no resultado
educacional que se produzirá. Ou seja, é um dos
modos pelo qual a linguagem produz o mundo
social, e, por isso, o aspecto “PODER” deve ser
considerado nas discussões sobre currículo.
Sendo uma prática tão complexa, há enfoques
diversos e distintos graus de aprofundamento. No
entanto, todas as concepções revelam
posicionamentos de valor. É natural que seja assim,
pois, como todo trabalho pedagógico se
fundamenta em pressupostos de natureza
filosófica, a escola e o professor tornam evidentes
suas visões de mundo, assumindo posturas mais
tradicionais ou mais libertadoras no
desenvolvimento do currículo.
O que é currículo
Segundo Cláudia Galian Especialista em currículo
com pós-doutorado pelo Institute of Education da
University of London e professora da USP, defende
que o currículo vai muito além do que a escola deve
ensinar, ou seja, não se limita à proposta de um
documento formal. Definir a qual concepção o
educador se reporta é essencial para o debate e para
um currículo real.
O cidadão que queremos
Partindo de uma concepção mais ampla de
currículo, para Cláudia Galian, é necessário discutir
que tipo de cidadão se quer formar antes de debater
o conteúdo a ser ensinado/aprendido. Currículo é
escolha, sustenta a especialista, e essa escolha
determina os conhecimentos escolares que serão
abordados.
Currículo, relações de poder e hierarquia das
disciplinas
A definição de uma proposta curricular é
essencialmente o espelho das relações de poder
existentes na sociedade: não apenas entre
diferentes estratos sociais, mas também entre as
concepções existentes no interior de cada disciplina
e mesmo entre as próprias disciplinas, o que
impacta não só a proposta curricular em si, mas
também a maneira como será implementada na
escola.
Nesse processo, algumas vozes têm mais força e
expressão, enquanto outras são silenciadas ou
mesmo distorcidas. No entanto, ao passo que as
relações de poder mudam com o tempo, o currículo
é, por definição, temporário – e as vozes que não
apareceram em uma proposta continuam
pressionando para serem ouvidas. Currículo,
território e comunidade
Faz parte do papel do professor – e da própria escola
– considerar quem é o aluno com o qual ele se
relaciona. Isso significa que uma proposta curricular
deve não apenas dar espaço para que a escola e o
professor possam fazer escolhas, mas também levar
em consideração o território e a comunidade em
que o aluno se insere.
O potencial das parcerias
A escola precisa ser apoiada nas suas escolhas, ainda
que seja importante manter a centralidade da
escola quando se discute o currículo, a parceria da
escola pública com outras instituições e
organizações guarda inúmeras potencialidades.
Currículo e desigualdades sociais
É impossível cobrar da escola a resolução de todas
as desigualdades sociais: não apenas a escola já está
inserida em uma sociedade desigual, como há
desigualdades que extrapolam a escola.
No entanto, a escola pode muita coisa, e o currículo
é um dos caminhos pelos quais podemos tentar
fazer com que a escola cumpra um papel em relação
a essa desigualdade.
Além disso, a proposta rompe com aquela ideia
pobre de meritocracia: a de que, “se o aluno se
esforçar, ele pode tudo na escola”, sem levar em
consideração os pontos de chegada diferentes com
que adentram a escola.
1.6.1 TEORIAS DO CURRÍCULOÉ importante entender o significado de teoria como
discurso ou texto político. Uma proposta curricular é
um texto ou discurso político sobre o currículo
porque tem intenções estabelecidas por um
determinado grupo social. Uma Teoria do Currículo
ou um discurso sobre o Currículo, mesmo que
pretenda apenas descrevê-lo tal como é, o que
efetivamente faz é produzir uma noção de currículo.
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35 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
As chamadas “teorias do currículo”, assim como as
teorias educacionais mais amplas, estão recheadas
de afirmações sobre como as coisas devem ser. É
preciso entender o que as teorias do currículo
produzem nas propostas curriculares e como
interferem em nossa prática.
Uma teoria define-se pelos conceitos que utiliza
para conceber a realidade. Os conceitos de uma
teoria dirigem nossa atenção para certas coisas que
sem elas não veríamos.
As teorias do currículo se caracterizam pelos
conceitos que enfatizam. São elas: Teorias
Tradicionais: (enfatizam) ensino - aprendizagem-
avaliação – metodologia- didática-organização –
planejamento- eficiência- objetivos.
Teorias Críticas: (enfatizam) ideologia- reprodução
cultural e social, poder- classe social- capitalismo-
relações sociais de produção conscientização-
emancipação- currículo oculto- resistência.
Teorias Pós-Críticas: (enfatizam) identidade-
alteridade- diferença subjetividade- significação e
discurso- saber e poder- representação cultura-
gênero- raça- etnia- sexualidade-
multiculturalismo.
1.6.1.1 Teorias Tradicionais:
As teorias tradicionais de currículo são baseadas em
modelos tradicionais cuja discussão não visa
problematizar as instituições de ensino, tampouco
os processos de configuração da vida social na sua
relação com a construção do currículo e do processo
de ensino-aprendizagem. Essa perspectiva produz
um apagamento acerca das questões econômicas,
políticas e culturais que culminam na elaboração de
um currículo apenas como conjunto de conteúdos
que devem ser ministrados, apagando as discussões
sobre a estrutura social que determina aquilo que
deve ou não ser ensinado e os porquês dessa
seleção. De modo geral, esse modelo de currículo
está centrado em questões técnicas e é baseado
numa perspectiva fabril, de monitoramento e
controle dos envolvidos no processo educacional.
Assim, pode-se dizer que as teorias tradicionais
colocam o currículo nos moldes do sistema
capitalista. Nas palavras de Silva (2010, p. 148):
O currículo é capitalista. O currículo reproduz –
culturalmente- as estruturas sociais. O currículo tem
um papel decisivo na reprodução da estrutura de
classes da sociedade capitalista. O currículo é um
aparelho ideológico do Estado capitalista. O
currículo transmite a ideologia dominante. O
currículo é, em suma, um território político.
Dessa forma, vale salientar que as teorias
tradicionais se desenvolvem nos moldes do sistema
capitalista baseados na reprodução, no controle e
monitoramento da produção. As teorias tradicionais
são teorias de aceitação, ajuste e adaptação que
colocadas no interior do processo educacional
produziam práticas de assujeitamento dos
envolvidos no processo, pensando, aqui, o modelo
de controle dos Aparelhos Ideológicos do Estado,
em particular, o Aparelho Ideológico Escolar
1. 6.1.2 Teorias Críticas
As teorias críticas do currículo, por sua vez, surgem a
partir dos movimentos sociais nos anos de 1960. Eles
se constituem de abordagens baseadas na crítica ao
modelo de currículo profissional centrado na
reprodução do modelo fabril, na reprodução, no
monitoramento e no controle rigoroso dos
processos de ensino aprendizagem com base na
sistematização de um currículo de base
hegemônica. Silva (2010) aponta alguns desses
movimentos que modificaram e/ou trouxeram uma
nova visão de currículo, tais como:
Os movimentos de independência das antigas
coloniais europeias; os protestos estudantis na
França e em vários outros países; a continuação do
movimento dos direitos civis nos Estados Unidos; os
protestos contra a guerra do Vietnã; os movimentos
de contracultura; o movimento feminista; a
liberação sexual; as lutas contra a ditadura militar no
Brasil (SILVA, 2010, p.29).
Esses movimentos trouxeram à tona a discussão
sobre as diversas formas de opressão e colonização
do outro, suscitando uma discussão sobre os
marginalizados na sociedade, principalmente, sobre
a pobreza e desigualdade social, incluindo, aqui,
àquelas materializadas pelo currículo escolar em
que predomina a língua, a cultura e os saberes das
classes privilegiadas economicamente. Desse modo,
as teorias críticas do currículo surgem como uma
alternativa para compreensão do processo de
ensino aprendizagem e dos saberes e competências
que perpassam o currículo. Colocam-se no lugar da
crítica dos conhecimentos até então naturalizados
no currículo, entendido, aqui, não apenas como
conteúdos, objetivos, competências, metodologias,
etc., mas como uma práxis pedagógica ligada à
dinâmica da vida social, à luta de classes e, portanto,
ligado à cultura. Essas teorias surgiram como uma
nova forma de “conceitualização”, como um
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36 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
“movimento” que critica a concepção tecnicista de
currículo pensada pelos primeiros pesquisadores da
área, tais como Bobbitt e Tyler. Nesse sentido, as
teorias críticas do currículo se
constituíram/constituem a partir da insatisfação
com o modelo de ensino vigente à época, como
uma crítica ao modelo tecnocrático de currículo.
1. 6.1.3 Teorias Pós-críticas
Dando continuidade à análise, vale destacar a
importância da última categoria que analisaremos
neste trabalho: as teorias pós-críticas de currículo.
Elas recebem esse nome por se configurarem como
um avanço/aprofundamento das teorias críticas,
aprofundando-se na discussão sobre currículo e
desigualdade social, feminismos, gênero, etc. Desse
modo, as teorias pós-críticas problematizam o
“progresso” cultural e a hegemonia de
determinados grupos étnicos e econômicos.
Em vista disso, pode-se dizer que as teorias pós-
críticas defendem o reconhecimento da pluralidade
cultural e diversidade humana, elaborando uma
concepção de currículo que dialoga com as
categorias de identidade, alteridade e diferença.
Nesse sentido, o currículo traz à tona a necessidade
de formação humana integral em que seja possível
o desenvolvimento da capacidade de olhar através
do lugar social do outro, da capacidade de
compreender e respeitar as diferenças étnicas,
culturais, sexuais, etc.
As teorias pós-críticas são mais problematizadoras
que as teorias críticas no que se refere aos processos
de dominação social, discutindo aspectos da
dominação e opressão outrora apagadas, tais como
nas relações de poder materializadas na distinção
social, econômica, étnica, cultural, de gênero e de
sexualidade. Em vista disso, pode-se dizer que as
teorias pós-críticas modificam e ampliam aquilo
que vem sendo construído acerca do currículo ao
longo do século XX.
Elas colocam como questão importante a discussão
de que o poder não é algo dado e centralizado. Com
base nas discussões de Foucault na Microfísica do
Poder e outras obras, as teorias pós-críticas
defendem que o poder não é algo fixo em posse de
determinado grupo, pessoa ou instituição. Nesse
sentido, o poder é descentralizado e as formas de
opressão se manifestam nas diversas
microrrelações, de gênero, de trabalho, de lazer, de
educação, de política, etc. Desse modo, entende-se
que o poder está espalhado por toda a rede social.
Em vista disso, entende-se que o currículo também
materializa essas formas de opressão, por isso sua
problematização é fundamental à práxis
pedagógica, pois revelao apagamento dos sujeitos
historicamente marginalizados no processo
educacional, tais como as pessoas com deficiências,
negros, indígenas, lgbts, dentre outros.
1. 6.2 TIPOS DE CURRÍCULO
Existem tipos de manifestações de currículo escolar,
também chamadas de níveis de currículo escolar,
segundo José Sacristán, a fim de distinguir
conteúdo, formas de trabalho, organização e seleção
pedagógica de cada um deles. São eles:
CURRÍCULO FORMAL, OFICIAL, PRESCRITO,
EXPLÍCITO: É tudo aquilo que é imposto pelo
sistema de ensino, como DCN´s, BNCC e no caso do
Estado do Ceará DCRC.
Refere-se ao chamado "currículo formal" (também
conhecido como currículo prescrito), que é o
currículo em sua forma mais idealizada. Ele é
“prescrito” porque é pensado fora das
especificidades de uma sala de aula, quer dizer, vem
antes do contato efetivo entre professores(as) e
estudantes. Aparece, por exemplo, nas diversas
formas de diretrizes curriculares (nacionais,
estaduais, de educação especial etc.) e constitui-se
de um conjunto de conhecimentos que a escola e o
sistema de ensino julgam imprescindíveis para
os(as) estudantes em determinada disciplina ou em
determinado ano escolar.
CURRÍCULO REAL, EM AÇÃO: O que será realizado
em sala, ou seja, é o planejamento de aula que o
professor faz e vai praticar em sala de aula. Muitas
modificações nesse processo podem ocorrer. É o
planejamento em ação.
Refere-se a como o conjunto de conhecimentos
prescritos pelas instituições de educação, ganha
efetividade no dia a dia da sala de aula, nas relações
que se estabelecem entre professores(as) e
estudantes, nas particularidades de suas vivências e
de suas maneiras de pensar. Ele é composto, por
exemplo, de todas aquelas adaptações feitas
cotidianamente pelo professor que percebe que um
determinado assunto despertou o interesse dos(as)
estudantes, ou das estratégias usadas para
aproximar a temática de suas realidades.
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37 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
CURRÍCULO OCULTO, NULO: São todas as
manifestações em ambiente escolar. São as
simbologias que formam o ambiente escolar, que
não estão expressas em palavras ou não estão
formalmente no papel.
Refere-se a constituição de todos os saberes que
não estão prescritos nas diretrizes curriculares, mas
que acabam por afetar, positiva ou negativamente,
o processo de aprendizagem dos conhecimentos
escolares. São os conhecimentos adquiridos fora da
escola, com a família, os amigos; ou, ainda, no
espaço escolar, nas brincadeiras dos corredores, na
forma de dispor as carteiras, na maneira de se
comportar diante de professores(as) e colegas etc.
Currículo avaliado – evidencia as relações entre
currículo e a avaliação, pois trata do currículo
formulado para atender as expectativas das
avaliações (externas e dos próprios pais).
Refere-se a concentração do currículo e ou a
práticas pedagógicas, de forma focal as matrizes de
referência das avaliações externas, nacionais,
internacionais ou de rede.
1. 6.3 DESENHOS OU ARRANJOS CURRICULARES
A ideia de desenho curricular, refere-se a um
processo que permite organizar e desenvolver um
plano educacional. Através desta estruturação
procura-se satisfazer as necessidades formativas dos
alunos.
O desenho curricular está refletido em um
documento que apresenta a estrutura do plano de
educação, detalhando as características e
projetando o escopo da formação. Este documento
menciona os objetivos do currículo, as
competências a serem desenvolvidas, os resultados
a serem perseguidos e a certificação concedida.
Na organização e gestão do currículo, as abordagens
disciplinar, pluridisciplinar, interdisciplinar e
transdisciplinar requerem a atenção criteriosa da
instituição escolar, porque revelam a visão de
mundo que orienta as práticas pedagógicas dos
educadores e organizam o trabalho do estudante.
Perpassam todos os aspectos da organização
escolar, desde o planejamento do trabalho
pedagógico, a gestão administrativo-acadêmica, até
a organização do tempo e do espaço físico e a
seleção, disposição e utilização dos equipamentos e
mobiliário da instituição, ou seja, todo o conjunto
das atividades que se realizam no espaço escolar,
em seus diferentes âmbitos.
1. 6.3.1 DISCIPLINAR, PLURIDISCIPLINAR OU
MULTIDISCIPLINAR
MULTIDISCIPLINAR – modelo fragmentado em que
há justaposição de disciplinas diversas, sem relação
aparente entre si.
PLURIDISCIPLINAR – modelo em que justapõem
disciplinas mais ou menos vizinhas nos domínios do
conhecimento, formando-se áreas de estudo com
conteúdos afins ou coordenação de área, com
menor fragmentação: por exemplo, anatomia,
fisiologia.
Configura-se em uma prática pedagógica separada
por disciplinas que caracterizam algumas ciências
e/ou áreas do conhecimento. Esta organização por
disciplina deixa muito a desejar, uma vez que ela
prevê um grau de fragmentação do conhecimento
que dificulta sua integração. Esta maneira de pensar
o currículo, apesar de defender certa neutralidade
político-econômico-social, tende a caracterizar-se
como resultado de uma forma de pensar o mundo e
a educação. Ele foi pensado por grupos sociais que
o idealizaram a partir de seus interesses. Além
dessas questões ideológicas o currículo disciplinar
não tem/disponibiliza espaço para
reflexão/reconhecimento de questões subjetivas
como valorização da realidade na qual a escola está
inserida, não leva em conta as capacidades,
interesses e experiências dos alunos (as).
Este currículo molda uma relação professor-aluno
engessada sem tempo e nem disposição para a
afetividade, diálogo e até mesmo a relação aluno-
conhecimento é desestimulante e não considera as
dificuldades apresentadas pelo aluno (a).
Os conhecimentos são apresentados aos alunos
como independentes e não disponibilizando
condições de fazer uma relação entre eles. Neste
sentido, a aprendizagem se caracteriza como
memorização de conteúdos sem relação entre si e
nem com a realidade, sua aprendizagem só se torna
necessária dentro da escola para que o aluno
consiga passar para as etapas posteriores, mesmo
que depois esse conhecimento seja todo esquecido
ou se torne inutilizável.
Na gênese desse modelo de escola, destacam-se
ainda as influências marcantes da Igreja — com seus
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38 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
dogmas e sacramentos, sobretudo a penitência,
determinando práticas como a avaliação, as
punições e proibições e a apresentação de verdades
prontas e definitivas — e da ideologia política
dominante. Fragmentando-se o conhecimento
acumulado através de um currículo multidisciplinar,
fragmenta-se o próprio Homem (o aluno e o
professor), que fica então fragilizado e é facilmente
dominado.
1.6.3.2 INTERDISCIPLINAR
INTERDISCIPLINAR – modelo com nova concepção
de divisão do saber, que frisa a interdependência, a
interação, a comunicação existentes entre as
disciplinas e busca a integração do conhecimento
num todo harmônico e significativo.
A interdisciplinaridade se refere a uma nova
concepção de ensino e de currículo, baseada na
interdependência entre os diversos ramos do
conhecimento.
Paradigma (modelo, padrão) é um conceito
atualmente usado para designar a forma de
estruturação e funcionamento do cérebro humano.
Nesse sentido, paradigma é uma estrutura-modelo,
um modo de pensar.
Nossa perspectiva é de que o atual currículo escolar
deve sofrer algumas alterações, passando do
modelo multidisciplinar para o interdisciplinar.
Pretendemos fazer uma análise histórica da
instituição escolar, buscando entender por que a
escola tem hoje um projeto pedagógico
multidisciplinar. A proposta interdisciplinar será
justificada por uma reflexão teórica queexplique
por que a escola deve ter um currículo
interdisciplinar. Finalmente, serão sugeridas
algumas estratégias para uma transformação
curricular, rumo a um novo paradigma, mais
dinâmico e compatível com o avanço acelerado que
têm hoje a ciência e a tecnologia, a partir das
invenções e descobertas que o ser humano tem
feito, cada vez com maior rapidez. É nossa intenção
analisar o atual currículo escolar para reorientá-lo
rumo à nova proposta a partir das constatações
feitas. Esperamos, assim, deixar clara a necessidade
da mudança antes de abordar a questão da
operacionalização, do como fazer essa passagem,
essas mudanças.
A fundamentação da nossa proposta é claramente
construtivista. Acreditamos que já superamos tanto
o modelo de estrutura escolar inatista como o
empirista. O modelo construtivista, que faz uma
síntese dos dois modelos anteriores, é o mais
adequado ao momento atual.
Segundo o construtivismo, o ser humano nasce com
potencial para aprender. Mas esse potencial — essa
capacidade — só se desenvolverá na interação com
o mundo, na experimentação com o objeto de
conhecimento, na reflexão sobre a ação. A
aprendizagem se organiza, se estrutura num
processo dialético de interlocução. Por isso, a escola
utiliza hoje as dinâmicas de grupo, que possibilitam
a discussão, o diálogo. É preciso haver o elemento
dialogante para que o saber se construa. Nossos
pontos de vista e nossas ideias se clareiam quando
temos com quem discuti-los. A interação social no
grupo de sala de aula é, pois, fundamental para que
a aprendizagem circule, movida pelas relações
afetivas. A organização acadêmica tradicional, com
os alunos fechados em si mesmos, pensando e
produzindo sozinhos, deve abrir espaço para que
aconteça a polifonia, o debate, o trabalho coletivo, a
interlocução. Por outro lado, uma aprendizagem
significativa exige, além da interlocução e da
experimentação, o movimento do corpo no espaço
e a utilização das estruturas mentais para relacionar
os estímulos recebidos, formando conceitos claros.
Conceituar é, para os filósofos gregos antigos, a
primeira operação da mente — o ato pelo qual o
espírito produz ou representa em si mesmo alguma
coisa, compreendendo-lhe o significado.
Para discutirmos o tema interdisciplinaridade,
começaremos pela compreensão de alguns termos
específicos, conceituando-os com clareza.
Interdisciplinaridade deriva da palavra primitiva
disciplinar (que diz respeito a disciplina) por
prefixação (inter — ação recíproca, comum) e
sufixação (dade — qualidade, estado ou resultado
da ação).
Disciplina refere-se à ordem conveniente a um
funcionamento regular. Originariamente significa
submissão ou subordinação a um regulamento
superior. Significa também “matéria (campo de
conhecimento determinado que se destaca para
fins de estudo) tratada didaticamente, com ênfase
na aquisição de conhecimentos e no
desenvolvimento de habilidades intelectuais”. É
uma palavra muito presente em instituições como o
exército, a fábrica e a Igreja, que valorizam a
disciplina na formação de seu pessoal.
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39 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
A utilização dessa mesma palavra para denominar
os conteúdos escolares se refere tanto à
necessidade de se submeter a mente à mesma
ordem que controla o corpo dos educandos quanto
ao tratamento didático que deve ser dado a cada
matéria escolar.
1. 6.3.3 TRANSVERSALIDADE
A transversalidade é entendida como uma forma de
organizar o trabalho didático-pedagógico em que
temas, eixos temáticos são integrados às disciplinas,
às áreas ditas convencionais de forma a estarem
presentes em todas elas. A transversalidade difere-
se da interdisciplinaridade e complementam-se;
ambas rejeitam a concepção de conhecimento que
toma a realidade como algo estável, pronto e
acabado. A primeira se refere à dimensão didático-
pedagógica e a segunda, à abordagem
epistemológica dos objetos de conhecimento. A
transversalidade orienta para a necessidade de se
instituir, na prática educativa, uma analogia entre
aprender conhecimentos teoricamente
sistematizados (aprender sobre a realidade) e as
questões da vida real (aprender na realidade e da
realidade). Dentro de uma compreensão
interdisciplinar do conhecimento, a transversalidade
tem significado, sendo uma proposta didática que
possibilita o tratamento dos conhecimentos
escolares de forma integrada. Assim, nessa
abordagem, a gestão do conhecimento parte do
pressuposto de que os sujeitos são agentes da arte
de problematizar e interrogar, e buscam
procedimentos interdisciplinares capazes de
acender a chama do diálogo entre diferentes
sujeitos, ciências, saberes e temas.
Qual a importância dos temas transversais?
Os temas transversais são importantes porque estão
presentes em todos os aspectos da vida e, portanto,
devem ser abordados de forma integral. São eles
que promovem o diálogo entre as diferentes áreas
do conhecimento e permitem que o indivíduo
construa um pensamento crítico sobre a realidade.
É por meio dos temas transversais BNCC que o
educando aprende a lidar com situações cotidianas,
a compreender o mundo que o rodeia e a se
posicionar de forma ética e responsável frente às
questões sociais.
Além disso, eles são fundamentais para o
desenvolvimento da autonomia e da cidadania, pois
favorecem o diálogo, a cooperação e o respeito às
diferenças.
Quais são os temas transversais da Base Nacional
Comum Curricular (BNCC)?
Os temas transversais da BNCC são:
• Meio ambiente – Educação Ambiental e
Educação para o Consumo;
• Economia – Trabalho, Educação Financeira e
Educação Fiscal;
• Saúde – Saúde e Educação Alimentar e
Nutricional;
• Cidadania e civismo – Vida familiar e social,
Educação para o Trânsito, Educação em
Direitos Humanos, Direitos da Criança e do
Adolescente e Processo de envelhecimento,
respeito e valorização do Idoso;
• Multiculturalismo – Diversidade Cultural e
Educação para valorização do
multiculturalismo nas matrizes históricas e
culturais brasileiras;
• Ciência e Tecnologia – Ciência e Tecnologia.
1. 6.3.4 TRANSDISCIPLINAR
TRANSDISCIPLINAR – modelo em que há
coordenação de todas as disciplinas num sistema
lógico de conhecimentos, com livre trânsito de um
campo de saber para outro. A transdisciplinaridade
é uma abordagem mais complexa, em que a divisão
por disciplinas, hoje implantada nas escolas, deixa
de existir. Essa prática somente será viável quando
não houver mais a fragmentação do conhecimento.
A transdisciplinaridade é um princípio do qual
decorrem várias conseqüências práticas, tanto nas
metodologias de ensino quanto na proposta
curricular e pedagógica. Ela considera que embora
cada um dos campos guarde suas especificidades,
há entre eles um intercâmbio permanente,
formando novos campos. Ou, segundo Moacir
Gadotti, “a transdisciplinaridade na educação é
entendida como a coordenação de todas as
disciplinas e interdisciplinas do sistema de ensino
inovado sobre a base de uma axiomática geral, ética,
política e antropológica”. Ainda, segundo Ubiratan
D”Ambrósio, no livro Transdisciplinaridade, “O
essencial na transdisciplinaridade reside na postura
de reconhecimento de que não há espaço nem
tempo culturais privilegiados que permitam julgar e
hierarquizar como mais corretos. A
transdisciplinaridade repousa sobre uma atitude
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40 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
mais aberta, de respeito mútuo e mesmo de
humildade em relação a mitos, religiões, sistemas de
explicação e de conhecimentos, rejeitando qualquer
tipo de arrogância ou prepotência”.
1. 6.4 CURRÍCULO OFICIAL - BNCC
A Base Nacional Comum Curricular define os
direitos de aprendizagens de todos os alunos do
Brasil. Mas ainda há muitasdúvidas sobre a
importância desta política pública e as mudanças
que ela traz para a educação.
A BNCC começou a ser discutida em 2015 e foi
debatida ao longo de diversos governos e gestões,
recebendo milhares de contribuições em consultas
e audiências públicas. A sociedade participou com
mais de 12 milhões de contribuições na 1ª versão,
sendo que metade delas vieram de 45 mil escolas.
Em 2016, a 2ª versão viajou por todos os estados.
Através de seminários estaduais, organizados pela
Consed e Undime, cerca de 9 mil pessoas, entre
educadores e alunos, debateram o documento em
detalhes. Em abril de 2017, a 3ª versão foi entregue
ao Conselho Nacional de Educação (CNE) que ouviu
a opinião do Brasil em uma nova rodada de
seminários regionais. Por fim, em dezembro de 2017,
a BNCC foi homologada pelo MEC e passou a valer
em todo o Brasil.
De fato, ela potencializa políticas educacionais
importantes que, juntas, ajudam a reduzir
desigualdades e garantem os direitos de
aprendizagem. Vale lembrar que a BNCC é muito
mais completa do que as diretrizes adotadas hoje.
Por isso, diversas frentes precisam ser repensadas e
adaptadas conforme as orientações do documento.
As principais mudanças que acontecem ao
implementar a BNCC aparecem nas seguintes
políticas educacionais: elaboração dos currículos
locais, formação inicial e continuada dos
professores, material didático, avaliação e apoio
pedagógico aos alunos.
Para pais e familiares, fica mais fácil entender o que
é esperado que o aluno aprenda e acompanhar os
passos desse aprendizado. Já na vida dos
professores e gestores, a BNCC ajuda no
planejamento e em maior clareza das potências e
desafios de cada um na turma.
1.6.4.1 EDUCAÇÃO POR COMPETÊNCIAS E
HABILIDADES
Entender bem esses dois conceitos pode parecer
um pouco desafiador, porém, por meio de um
exemplo simples, podemos inferir, ainda que
superficialmente, sobre do que se trata cada área
para podermos nos preparar para trabalhar na
aplicação adequada de cada uma delas.
Por exemplo, você já pegou carona com alguém que
conseguia trocar as marchas e se orientar no
trânsito, mas que não era um bom motorista? Ou,
você ficou com uma sensação de não conseguir
explicar por qual motivo essa pessoa não dirigia
bem, já que ela conseguia realizar as funções básicas
do veículo? Percebeu que algo faltava, mas não
conseguia explicar exatamente o quê?
Basicamente, essa pessoa tem a habilidade de
trocar as marchas, de usar os espelhos, mas ainda
falta algo para ter a competência de ser um bom
motorista. Se ela praticar suas habilidades
constantemente, pedir dicas a amigos e ler sobre o
assunto, muito provavelmente chegará ao seu
objetivo.
Resumindo bem a diferença entre um conceito e
outro, seria o seguinte: a competência é mais
subjetiva e pessoal, enquanto a habilidade é algo
mais prático e tangível. Dessa forma, é por meio do
exercício de habilidades específicas que chegamos
a desenvolver uma competência.
Nesse assunto, uma referência que temos é Philippe
Perrenoud, doutor em Sociologia e Antropologia e
professor da Faculdade de Psicologia e de Ciências
da Educação da Universidade de Genebra.
Quando consideramos as 10 competências gerais da
BNCC, os profissionais da educação precisam se
certificar de que elas cheguem à sala de aula.
E, para que isso aconteça, primeiramente, é
necessário entender o que cada uma delas postula,
para daí, então, traçar estratégias eficazes. Com base
nas premissas estudadas, a equipe pedagógica
pode agir de forma mais precisa, garantindo que as
ações propostas sejam implementadas e que os
alunos pratiquem as habilidades que os levarão aos
resultados esperados.
Um bom exemplo é como abordar a noção geral
número nove, que trata de empatia e cooperação.
Para os professores, fica bastante abstrato e
complexo se perguntar: “como se ensina empatia?”
No entanto, ao tornar o questionamento mais
amplo, como “Quais habilidades posso abordar
com meus alunos para que eles desenvolvam
empatia?”, o trabalho se torna mais fácil e
alcançável.
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41 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
De forma resumida, as habilidades são os degraus
que nos levam à construção das competências e
devem ser trabalhadas ao longo da trajetória dos
alunos na educação básica, permeando vários
componentes curriculares. O documento elaborado
pelo Ministério da Educação postula as seguintes
áreas:
• conhecimento;
• pensamento crítico, científico e criativo;
• repertório cultural;
• comunicação;
• cultura digital;
• trabalho e projeto de vida;
• argumentação;
• autoconhecimento e autocuidado;
• empatia e cooperação;
• responsabilidade e cidadania.
Por meio da aplicação dinâmica de cada item acima,
pode-se esperar que a escola tenha múltiplos
benefícios, como o trabalho com habilidades
socioemocionais, algo importante no
desenvolvimento de cidadãos ativos e participantes
da sociedade.
1.6.4.2 COMPETÊNCIAS GERAIS DA BNCC
As aprendizagens essenciais definidas na Base
Nacional Comum Curricular (BNCC) devem
concorrer para assegurar aos estudantes o
desenvolvimento de dez competências gerais no
decorrer da educação básica que, diz o documento,
“consubstanciam, no âmbito pedagógico, os direitos
de aprendizagem e desenvolvimento”.
Competência é definida na BNCC como a
“mobilização de conhecimentos (conceitos e
procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e
socioemocionais), atitudes e valores para resolver
demandas complexas da vida cotidiana, do pleno
exercício da cidadania e do mundo do trabalho”. No
texto, os educadores destacam a necessidade das
competências “inter-relacionarem-se e
desdobrarem-se no tratamento didático proposto
para as três etapas”, o infantil, o fundamental e o
médio.
1.Conhecimento — Valorizar e utilizar os
conhecimentos historicamente construídos sobre o
mundo físico, social, cultural e digital para entender
e explicar a realidade, continuar aprendendo e
colaborar para a construção de uma sociedade justa,
democrática e inclusiva.
Objetivo: Entender e explicar a realidade, colaborar
com a sociedade e continuar a aprender.
2.Pensamento Científico, Crítico e Criativo —
Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à
abordagem própria das ciências, incluindo a
investigação, a reflexão, a análise crítica, a
imaginação e a criatividade, para investigar causas,
elaborar e testar hipóteses, formular e resolver
problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas)
com base nos conhecimentos das diferentes áreas.
Objetivo: Investigar causas, elaborar e testar
hipóteses, formular e resolver problemas e criar
soluções.
3.Repertório Cultural — Valorizar e fruir as diversas
manifestações artísticas e culturais, das locais às
mundiais, e também participar de práticas
diversificadas da produção artístico-cultural.
Objetivo: Fruir e participar de práticas diversificadas
da produção artístico-cultural.
4.Comunicação — Utilizar diferentes linguagens –
verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita),
corporal, visual, sonora e digital –, bem como
conhecimentos das linguagens artística,
matemática e científica, para se expressar e
partilhar informações, experiências, ideias e
sentimentos em diferentes contextos e produzir
sentidos que levem ao entendimento mútuo.
Objetivo: Expressar-se e partilhar informações,
sentimentos, ideias, experiências e produzir sentidos
que levem ao entendimento mútuo.
5.Cultura Digital — Compreender, utilizar e criar
tecnologias digitais de informação e comunicação
de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas
diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para
se comunicar, acessar e disseminar informações,
produzir conhecimentos, resolver problemas e
exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e
coletiva.
Objetivo: Comunicar-se, acessar e produzirinformações e conhecimento, resolver problemas e
exercer protagonismo de autoria.
6.Trabalho e Projeto de Vida — Valorizar a
diversidade de saberes e vivências culturais e
apropriar-se de conhecimentos e experiências que
lhe possibilitem entender as relações próprias do
mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao
exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com
liberdade, autonomia, consciência crítica e
responsabilidade.
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42 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
Objetivo: Entender o mundo do trabalho e fazer
escolhas alinhadas à cidadania e ao seu projeto de
vida com liberdade, autonomia, criticidade e
responsabilidade.
7.Argumentação — Argumentar com base em
fatos, dados e informações confiáveis, para formular,
negociar e defender ideias, pontos de vista e
decisões comuns que respeitem e promovam os
direitos humanos, a consciência socioambiental e o
consumo responsável em âmbito local, regional e
global, com posicionamento ético em relação ao
cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.
Objetivo: Formular, negociar e defender ideias,
pontos de vista e decisões comuns com base em
direitos humanos, consciência socioambiental,
consumo responsável e ética.
8.Autoconhecimento e Autocuidado — Conhecer-
se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e
emocional, compreendendo-se na diversidade
humana e reconhecendo suas emoções e as dos
outros, com autocrítica e capacidade para lidar com
elas.
Objetivo: Cuidar da saúde física e emocional,
reconhecendo suas emoções e a dos outros, com
autocrítica e capacidade para lidar com elas.
9.Empatia e Cooperação — Exercitar a empatia, o
diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação,
fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao
outro e aos direitos humanos, com acolhimento e
valorização da diversidade de indivíduos e de grupos
sociais, seus saberes, identidades, culturas e
potencialidades, sem preconceitos de qualquer
natureza.
Objetivo: Fazer-se respeitar e promover o respeito
ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento
e valorização da diversidade, sem preconceito de
qualquer natureza.
10.Responsabilidade e Cidadania — Agir pessoal e
coletivamente com autonomia, responsabilidade,
flexibilidade, resiliência e determinação, tomando
decisões com base em princípios éticos,
democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.
Objetivo: Tomar decisões com princípios éticos,
democráticos, inclusivos, sustentáveis e
democráticos.
Fontes: Texto da terceira versão da BNCC Infantil e
Fundamental, MEC, Porvir e Anna Penido, diretora
do Instituto Inspirare e integrante do Movimento
Pela Base (leitura crítica)
1.6.4.3. BNCC NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Os eixos estruturantes da educação infantil –
interagir e brincar – continuam valendo. Porém, com
a BNCC na educação infantil, há novos focos que
vêm para agregar. Eles estabelecem direitos de
aprendizagem e campos de experiência que devem
ser trabalhados nas práticas pedagógicas. Veja:
Direitos de aprendizagem
A BNCC estabelece seis direitos de aprendizagem na
educação infantil. São eles:
1. Conviver
O primeiro dos direitos de aprendizagem trata da
convivência das crianças com seus coleguinhas e
também com pessoas adultas. Para isso, elas devem
ser inseridas em situações em que possam fazer uso
de diferentes linguagens. Assim, poderão ampliar os
conhecimentos sobre si mesmas e também sobre
os outros, bem como o respeito em relação a
diferenças socioculturais das pessoas.
Atividades que contemplam esse direito
Há inúmeras atividades que a escolinha pode fazer
para trabalhar com o direito de conviver. Algumas
ideias possíveis são: jogos; atividades em grupos;
passeio com as crianças pela vizinhança da escola,
colocando-as em contato com a comunidade ao
redor; lanches coletivos na sala de aula; dia do
brinquedo (no qual cada criança traz um brinquedo
de casa para brincar com o coleguinha); e criação de
uma hortinha na escola feita pelas crianças em
conjunto com o professor.
2. Brincar
A BNCC na educação infantil orienta que as
brincadeiras devem ser cotidianas e se apresentar
de diversas formas, em diferentes locais e tempos e
também com parceiros diferentes, tanto adultos
quanto crianças. É importante que essas
brincadeiras também coloquem as crianças em
contato com produções culturais amplas e diversas;
ampliem conhecimentos, imaginação e
criatividade; e proporcionem experiências
emocionais, corporais, sensoriais, expressivas,
cognitivas, sociais e relacionais.
Atividades que contemplam esse direito
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43 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
Alguns exemplos de atividades que podem ser feitas
para contemplar esse direito são: brincar no
parquinho da escola; brincar de bambolê; encenar
uma pequena peça de teatro; dançar; usar
brinquedos educativos divertidos; brincar de argila;
fazer artesanato com sucata; fazer um dia temático
no mês em que a criança pode vir fantasiada para
um determinado tema; e fazer desenhos.
3. Participar
O terceiro direito de aprendizagem evidencia o foco
protagonista que deve ser desenvolvido nos alunos.
A criança deve ter participação ativa, junto com
adultos e outros coleguinhas, do planejamento das
atividades, escolha de brincadeiras, de materiais e
de ambientes. Com isso, o pequeno desenvolverá
novas linguagens e conhecimentos mais
elaborados. Terá também a oportunidade de decidir
e de se posicionar.
Atividades que contemplam esse direito
Há algumas formas de colocar esse direito de
aprendizagem em prática. Uma delas é criar um
leque de atividades para que os aluninhos escolham
qual querem fazer durante cada dia em sala de aula.
Outra é definir uma atividade que possui etapas nas
quais possam ser feitas escolhas, e deixar que os
alunos participem dessas escolhas. A escola
também pode realizar passeios com a turminha e
dar algumas opções de locais para que os pequenos
escolham.
4. Explorar
A criança deve ter na escolinha o estímulo para
explorar, sejam sons, formas, movimentos, palavras,
texturas, objetos, elementos naturais,
relacionamentos, histórias, cores, emoções ou
gestos. Dessa forma, ela ampliará seus saberes
culturais em modalidades variadas, como por
exemplo: artes, escrita, ciência e tecnologia.
Atividades que contemplam esse direito
Entre as atividades que a escolinha pode fazer para
trabalhar com esse direito estão: disponibilizar às
crianças texturas como isopor, tecido áspero, tecido
macio, entre outros, para que elas toquem;
disponibilizar materiais naturais, como areia, pedras,
conchas e lã; disponibilizar objetos com
consistências diferentes, duras e moles; incentivar
para que os pequenos contem histórias que
aconteceram com eles; fazer trabalhos com tinta
guache etc.
5. Expressar
A BNCC na educação infantil também traz
orientações para que as creches e pré-escolas
estimulem a criança a se expressar, dialogando com
criatividade e sensibilidade as suas necessidades,
sentimentos, emoções, dúvidas, opiniões,
descobertas e hipóteses.
Atividades que contemplam esse direito
Entre as possibilidades que as escolinhas têm para
trabalhar com esse direito estão: chamar cada
criança para compartilhar com a turma alguma
experiência, como o que ela fez no fim de semana
por exemplo; criar rodas de conversa e introduzir
assuntos nelas, para que as crianças opinem sobre
ele; começar a contar uma historinha e pedir que
cada criança diga o que acha que aconteceu no
final; entre outras.
6. Conhecer-se
O último dos direitos de aprendizagem trata do
autoconhecimento e da construção da própria
identidade nas esferas pessoal, social e cultural. A
escolinha deve colaborar para que a criança consiga
construir uma imagempositiva de si mesma e de
seus grupos de pertencimento. Isso acontece
durante as experiências de cuidados, interações,
brincadeiras e linguagens da instituição de ensino e
dos contextos familiares e comunitários.
Atividades que contemplam esse direito
Há muitas atividades que trabalham esse direito.
Algumas delas são: promover rodas de conversas
nas quais o professor faz perguntas sobre um tema
e as crianças começam a falar do que elas gostam e
do que não gostam com relação a ele; criar uma
dinâmica na qual as crianças falam das famílias
delas e o que fazem; pedir que as crianças se
desenhem no papel; fazer brincadeira de contorno
do corpo em um papelão; mostrar bebês para o
espelho para que eles se observem etc.
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44 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
Campos de experiência
Agora que você já conhece os direitos de
aprendizagem que a BNCC na educação infantil
orienta, vamos conhecer os cinco campos de
experiências também definidos pela base. São eles:
1. O eu, o outro e o nós
O primeiro dos campos de experiência da BNCC na
educação infantil trata do desenvolvimento do lado
social da criança. É fundamental que ela tenha a
oportunidade de interagir com os coleguinhas da
mesma idade e também com os adultos, criando
uma percepção dela mesma, dos outros e do grupo
formado por ela e os outros, ou seja, do “nós”.
A partir dessas experiências as crianças vão
desenvolvendo sua personalidade, criando
maneiras próprias de agir, de sentir e de pensar. Elas
vão percebendo que existem diferenças entre as
pessoas, suas atitudes, pontos de vista e modo de
vida. Assim, começam a desenvolver
questionamentos sobre elas mesmas e sobre os
outros ao seu redor. Ao mesmo tempo, criam
identificações e diferenciações.
Essas relações também colaboram para o
desenvolvimento da autonomia da criança, suas
noções de autocuidado, independência e
reciprocidade. Quando esse convívio também
envolve diferentes grupos socioculturais, a
experiência é ampliada e colabora para a criação do
respeito e da tolerância às diferenças.
2. Corpo, gestos e movimentos
Esse campo da experiência fala sobre a forma de
perceber e de se relacionar com o mundo ao redor
por meio do corpo, dos gestos e dos movimentos.
Desde muito cedo as crianças desenvolvem uma
noção do espaço e dos objetos no seu entorno e
começam a explorar. Assim, vão criando uma
consciência de sua corporeidade e de seus limites,
percebendo inclusive o que é seguro e o que pode
causar um risco físico a elas.
É nessa fase da educação infantil que o corpo das
crianças começa a ganhar centralidade. Então, é
importante que as escolinhas criem oportunidades
para que os pequenos possam experimentar uma
variedade de gestos, movimentos e de uso e
ocupação do espaço com o corpo. Dessa forma, eles
começam a ganhar cada vez mais autonomia e
independência corporal.
3. Traços, sons, cores e formas
O terceiro campo de experiência da BNCC na
educação infantil trata da importância de colocar as
crianças em contato com produções culturais e
artísticas como teatro, música, dança, pintura,
fotografia, modelagem, entre outras. Isso aguçará a
criatividade delas, bem como o senso crítico e
estético e o conhecimento sobre suas próprias
singularidades. Também ampliará seus repertórios,
as ajudará a interpretar experiências e vivências
artísticas e a criar as suas próprias produções.
4. Escuta, fala, pensamento e imaginação
Esse campo da experiência trata da importância de
inserir a criança em contextos nos quais ela possa se
expressar oralmente e também ouvir, tomando
parte da cultura oral. Esses contextos podem ser
grupos de conversas, narrativas criadas
individualmente ou em grupo, descrições etc.
O campo fala também sobre o estímulo ao contato
com a cultura escrita. Ele pode se dar pela leitura
realizada por um adulto de livros de literatura
infantil, poemas, contos, cordéis, fábulas etc. Assim,
a criança já irá se familiarizando com livros, o que
despertará a sua curiosidade e contribuirá para o
desenvolvimento do gosto pela leitura.
5. Espaços, tempos, quantidades, relações e
transformações
O último dos campos de experiência da BNCC na
educação infantil trabalha com questões espaciais,
temporais, socioculturais e também do mundo
físico ao redor da criança. Elas devem aprender a se
situar nos espaços, como por exemplo a escola, a
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45 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
rua, a cidade etc. Devem também aprender a se
situar no tempo: ontem, hoje e amanhã; dia e noite
etc. É fundamental que elas também comecem a
compreender o mundo físico que as rodeia, como o
próprio corpo delas, os animais, as plantas, os
fenômenos naturais e os objetos de diferentes
formas e texturas.
1.6.4.4 BNCC NO FUNDAMENTAL
A Educação Básica no país é constituída por três
etapas, sendo elas: Educação Infantil, Ensino
Fundamental e Ensino Médio.
O Ensino Fundamental é a etapa mais longa, voltada
a alunos de 6 a 14 anos. A BNCC, em alinhamento
com as Diretrizes Curriculares Nacionais, estabelece
qual é o aprendizado imprescindível que precisa ser
desenvolvido nessa fase, fornecendo subsídios para
que as escolas elaborem seus currículos e Projetos
Político-Pedagógicos (PPP), de modo a garantir
uma formação integral aos alunos do Ensino
Fundamental.
Com isso, a BNCC apresenta especificidades dessa
etapa, que é dividida em:
Anos Iniciais
Abrangem do 1º ao 5º ano e à introdução escolar. A
ludicidade ainda é presente, resgatando um pouco
desse elemento tão marcante da Educação Infantil,
e permitindo uma progressão mais fluida aos
estudantes.
Conforme a Base, a alfabetização é a etapa primária
dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental,
recebendo foco no 1º e 2º ano.
Nesse estágio, os alunos já estão mais preparados
para começar a expressar sua identidade, ter mais
autonomia e a explorar sua curiosidade quanto aos
saberes científicos.
Para essa fase, a BNCC indica que é importante
estimular o pensamento criativo, lógico e crítico dos
alunos, especialmente pelo desenvolvimento de sua
capacidade de formular perguntas e de avaliar
respostas recebidas, de conseguir argumentar, de
ter contato com produções culturais variadas, de
usar tecnologias de informação e comunicação (TIC)
para, assim, também aumentarem a compreensão
sobre eles mesmos e sobre o mundo natural e social.
Anos Finais
A BNCC indica que a progressão entre os Anos
Iniciais e os Finais deve seguir um percurso
contínuo, porém com adaptações e articulações
para que as mudanças não gerem uma ruptura no
processo de aprendizagem. Questões como novos
componentes curriculares, maior número de
professores e outras, se não manejadas com
cuidado, podem impactar na motivação dos alunos.
Com isso, os Anos Finais contemplam do 6º ao 9º ano
e é marcado pelo aprofundamento dos
conhecimentos apresentados anteriormente e pela
preparação dos estudantes para o Ensino Médio. A
Base também indica que alunos nessa fase devem
ser estimulados quanto a fatores como
responsabilidade, protagonismo e independência.
BNCC para o Ensino Fundamental: áreas de
conhecimento
A estruturação do Ensino Fundamental em cinco
áreas de conhecimento é uma das principais
novidades proporcionadas pela Base. São elas:
• Linguagens;
• Matemática;
• Ciências da natureza;
• Ciências humanas;
• Ensino religioso (facultativo, porém de
oferta obrigatória na rede pública de ensino).Tais áreas compõem um ou mais componentes
curriculares e contam com competências
específicas a serem desenvolvidas pelo estudante.
1.6.4.5 BNCC NO ENSINO MÉDIO
A BNCC do Ensino Médio foi homologada pelo
ministro da Educação em 14 de dezembro de 2018,
durante sessão extraordinária do Conselho Nacional
de Educação (CNE). Com isso, a Base Nacional
Comum Curricular da Educação Básica, que já tem
as etapas da Educação Infantil e Ensino
Fundamental homologadas desde dezembro de
2017, está completa.
O que é a BNCC do Ensino Médio?
Assim como a já homologada Base Nacional
Comum Curricular da Educação Infantil e Ensino
Fundamental, a BNCC do Ensino Médio é um
documento normativo que define o conjunto de
aprendizagens essenciais que devem ser
desenvolvidas com base em conhecimentos,
competências e habilidades.
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46 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
A Base entende que, no Brasil, o Ensino Médio além
de ser a etapa final da Educação Básica é, também,
um direito de todo cidadão. No entanto, o segmento
representa um gargalo na garantia do direito à
educação, seja pelo desempenho insuficiente dos
estudantes no Ensino Fundamental, pelo excesso de
componentes curriculares ou pela distância das
escolas entre a cultura juvenil e o mundo do
trabalho. Por isso, como prevê a BNCC, é essencial
buscar a universalização do ensino.
Diante disso, a BNCC do Ensino Médio está
configurada de maneira a dar continuidade ao que
já foi proposto e que está em vigor para as etapas
iniciais da educação básica.
Assim, as competências gerais estabelecidas para a
Educação Básica orientam tanto as aprendizagens
essenciais a ser garantidas no âmbito da BNCC do
Ensino Médio quanto os itinerários formativos a ser
ofertados pelos diferentes sistemas, redes e escolas.
A Base não deve ser compreendida como um
currículo, mas sim como um conjunto de
orientações que irá conduzir as equipes
pedagógicas na construção dos currículos locais.
O objetivo apontado no texto da BNCC é para que a
educação brasileira – pública e privada – caminhe
para a formação humana integral e para a
construção de uma sociedade mais justa,
democrática e inclusiva.
Quais são os principais destaques da BNCC do
Ensino Médio?
Com a homologação da BNCC do Ensino Médio, os
sistemas de ensino e escolas de todo o país passarão
a construir os novos currículos e suas propostas
pedagógicas tendo em vista as características e
culturas locais, assim como as necessidades de
formação e as demandas dos estudantes.
Confira a seguir os destaques da BNCC do Ensino
Médio! Vamos ler?
1. Áreas do Conhecimento da BNCC do
Ensino Médio
Assim como a BNCC do Ensino Fundamental, a
BNCC do Ensino Médio está organizada por Áreas do
Conhecimento, que são:
1) Linguagens e suas Tecnologias,
2) Matemática e suas Tecnologias,
3) Ciências da Natureza e suas Tecnologias, e
4) Ciências Humanas e Sociais Aplicadas.
Cada área tem suas competências específicas que
devem ser desenvolvidas e aprofundadas ao longo
da etapa do Ensino Médio, uma vez que o
desenvolvimento de algumas já está previsto nas
competências de área do Ensino Fundamental.
Confira o esquema abaixo e veja como se dá, na
BNCC do Ensino Médio, a estrutura das
competências nas áreas do conhecimento e
itinerários formativos, que vamos te explicar na
sequência!
2. Itinerários formativos
A Lei 13.415/ 2017, mais conhecida como Reforma do
Ensino Médio, também traz mudanças para o
currículo do Ensino Médio. Com sua sanção em 2017,
foram estipulados cinco itinerários formativos que
deverão ser oferecidos para os alunos. Eles são:
1. Linguagens e suas tecnologias
2. Matemática e suas tecnologias
3. Ciências da Natureza e suas tecnologias
4. Ciências Humanas e sociais aplicadas
5. Formação técnica e profissional
Esses itinerários:
deverão ser organizados por meio da oferta de
diferentes arranjos curriculares, conforme a
relevância para o contexto local e a possibilidade dos
sistemas de ensino (…) Assim, os currículos e as
propostas pedagógicas devem garantir as
aprendizagens essenciais definidas na BNCC. Essas
aprendizagens expressam as finalidades do Ensino
Médio e as demandas de qualidade dessa formação
na contemporaneidade, bem como as expectativas
presentes e futuras das juventudes.
(BNCC)
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47 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
Ou seja, os currículos das escolas serão compostos
pela BNCC e também pelos itinerários formativos
que serão ofertados pelas escolas. Dessa forma, foi
estipulado que, no Ensino Médio, 1800 horas serão
destinadas para a parte comum da Base e que 1200
horas serão destinadas aos itinerários formativos.
Após a homologação, o MEC informou que o
documento dos Referenciais para a Elaboração dos
Itinerários Formativos está sendo finalizado. Eles
devem ser organizados entre os seguintes eixos
estruturantes: investigação científica, processos
criativos, mediação e intervenção sociocultural, e
empreendedorismo.
3. Carga horária obrigatória da BNCC do
Ensino Médio
A BNCC do Ensino Médio prevê como obrigatória,
durante os 3 anos, os componentes curriculares de
Língua Portuguesa e Matemática. Além disso, a
Base fala da flexibilização da organização curricular
desta etapa, por meio dos itinerários formativos
previstos na legislação brasileira.
Tal flexibilização pretende valorizar o protagonismo
juvenil e estimular a interdisciplinaridade no ensino.
4. Distribuição dos conteúdos
Além da carga horária obrigatória, que te
explicamos no item acima, os saberes das demais
áreas de conhecimento podem ser distribuídos
entre os três anos do Ensino Médio. Dessa forma,
eles podem ser ficar concentrados em um, dois ou
até mesmo em três anos.
5. Foco na juventude e protagonismo do
aluno
Os jovens e o seu protagonismo permeiam todo o
texto da BNCC do Ensino Médio. O documento
explica que as escolas devem apresentar ao jovem o
mundo como um campo aberto para investigação e
intervenção. O objetivo é convocá-los a assumir
novas responsabilidades de forma a equilibrar e
resolver questões deixadas pelas gerações
anteriores, valorizando o que já foi feito e abrindo
possibilidades para o novo.
Diante disso, tal foco na juventude e seu
protagonismo deve acontecer pela promoção da
educação integral – que se refere aos aspectos
físicos, cognitivos e socioemocionais – na
preparação básica para o trabalho, na construção de
uma sociedade mais justa, democrática e inclusiva,
e pelo compromisso com a interdisciplinaridade dos
fundamentos científico-tecnológicos no processo
de ensino-aprendizagem.
6. Mundo do Trabalho
Outra preocupação da BNCC do Ensino Médio, além
de formar um jovem para ser protagonista da
sociedade em que vive, é começar a prepará-lo para
o mundo do trabalho.De acordo com o documento,
o atual cenário mundial é cada vez mais complexo,
dinâmico e fluído. Assim, as incertezas do mundo do
trabalho e das relações sociais acabam sendo um
desafio para a educação.
Para tentar superar esse desafio que o cotidiano
impõe é necessário, então, caracterizar os jovens não
simplesmente como “adultos em formação”, mas
como um grupo diverso e dinâmico que faz a
diferença e tem poder na definição dos rumos da
sociedade. Diante disso, o atual texto da BNCC do
Ensino Médio prevê para as escolas a formação de
jovens críticos e autônomos para tomar decisões
conscientes e responsáveis.
7. ENEM
Com a Reforma do Ensino Médio e a homologação
da BNCC, o Exame Nacional do Ensino Médio
também sofrerá mudanças significativa. Em
resumo, a prova queera uma avaliação única,
organizada em dois dias de acordo com cada área
do conhecimento, passa a ser dividida em duas. Veja
abaixo como ela funcionará, a partir de 2021:
• 1º dia: prova GERAL que terá como referência
a BNCC
• 2º dia: prova ESPECÍFICA de acordo com os
referenciais dos itinerários formativos (área
exigida pelo curso superior)
1.6.4.6 COMPETÊNCIAS SOCIOEMOCIONAIS NA
BNCC
As competências socioemocionais na BNCC – Base
Nacional Curricular Comum – estão presentes nas 10
competências gerais, segundo o MEC. Na prática,
isso significa que os currículos escolares devem
contemplar o desenvolvimento dessas habilidades.
E, afinal, o que são habilidades socioemocionais?
Elas dizem respeito à capacidade de administrar as
próprias emoções e de se relacionar consigo mesmo
e com os outros. É um tema ainda recente, e, por
isso, pode ainda ser desafiador para os professores e
os educadores.
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48 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
Para saber quais são essas competências e como
trabalhá-las em sala de aula, leia até o final!
O QUE SÃO HABILIDADES SOCIOEMOCIONAIS?
As habilidades socioemocionais se referem à
capacidade de gerenciar as emoções, agindo de
forma proporcional às exigências do meio e
mantendo um bom relacionamento consigo e com
os outros.
Isso envolve a forma de pensar, de agir, de relacionar,
de lidar com as emoções positivas e negativas, de
tomar decisões, de enfrentar o novo e o
desconhecido e também de ser capaz de levar uma
vida perseguindo o que se almeja.
Pense no seu dia a dia, quantas vezes a sua vida
pessoal e profissional exigiu que você fosse capaz
de:
• resolver algo difícil
• concentrar em alguma tarefa
• de se comunicar com outra pessoa
• lidar com alguma frustração ou situação que
não ocorreu como deveria
• se adaptar a uma mudança repentina
• ter persistência e não desistir
• ser curioso para aprender algo novo
• ter empatia com um colega que sofria ao seu
lado
Todas essas situações exigiram em alguma medida
as habilidades socioemocionais. E, em algumas
delas, pode ser que você tenha sido capaz de
responder de forma adequada, e em outras, pode
ser que tenham faltado recursos emocionais.
A boa notícia é que as competências
socioemocionais podem ser aprendidas e
desenvolvidas.
COMPETÊNCIAS SOCIOEMOCIONAIS DA BNCC
As competências socioemocionais estão presentes
nas 10 competências gerais da BNCC. E elas foram
fundamentadas com base na indicação do CASEL,
organização internacional sem fins lucrativos que
pesquisa e estuda o desenvolvimento
socioemocional.
Portanto, no fundamento das competências
socioemocionais da BNCC, temos as 5:
• autoconhecimento: capacidade de entender
as próprias emoções e avaliar seus pontos
fortes e fracos;
• autocontrole: habilidade de se automotivar,
controlar os impulsos, definir metas, ter
planejamento e organização;
• consciência social: envolvimento do
estudante com o próximo, levando em conta
empatia, respeito e aceitação da diversidade;
• habilidades de relacionamento:
manifestação de ações de escuta ativa,
comunicação clara e cooperação com os
colegas;
• tomada de decisão responsável: capacidade
de realizar escolhas pessoais, levando em
conta padrões éticos e morais.
1.7. Planejamento de aulas.
Contar com um bom planejamento é o caminho
mais indicado para que a escola consiga atingir os
seus objetivos educacionais. Dessa forma, é possível
aperfeiçoar os processos de ensino-aprendizagem e
proporcionar uma experiência pedagógica focada
na qualidade de ensino.
As constantes transformações na educação e as
demandas das novas gerações exigem que gestores
e corpo docente discutam sobre as metodologias,
atividades extracurriculares, conteúdos, formatos e
outros aspectos-chave para formar a estrutura
curricular da instituição. Afinal, como diz Jean
Piaget, “o objetivo da educação é criar homens e
mulheres capazes de fazer coisas novas”.
Por isso, é importante que a construção do
planejamento escolar seja feita com a participação
de toda a equipe pedagógica, uma vez que esse
documento servirá principalmente como diretrizes
aos professores na elaboração do planejamento
para todo o ano letivo.
Ele ainda deverá ser de conhecimento de toda a
comunidade escolar, incluindo os os familiares e
responsáveis, para que saibam quais são as
atividades didáticas previstas, conheçam o
calendário escolar e outras ações referentes à escola
e seu planejamento, esclarecendo essencialmente
as noções do plano escolar.
Quando se fala em planejar, de maneira geral, pode-
se referir à intenção de realizar, transformar ou
manter uma situação ou realidade. O ato de planejar
está diretamente ligado a assegurar uma boa
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49 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
gestão, conhecer a realidade e necessidades,
identificar oportunidades de melhoria, traçar
estratégias para alcançar os objetivos com eficiência
e obter êxito nas ações.
E trazendo o assunto para o universo da educação, o
conceito de planejamento escolar está mais
associado à ideia de transformação, referindo-se a
um processo que envolve reflexão e tomadas de
decisão. Trata-se de um meio para que a escola
organize e coordene as práticas pedagógicas,
pautadas nos objetivos propostos e alinhadas por
toda a comunidade escolar anualmente.
A criação do planejamento escolar tem como foco a
realidade da escola, nos âmbitos físico, cultural,
social, pedagógico e político. E para concluir o seu
processo com eficiência, devem ser consideradas
basicamente três dimensões:
• Realidade (onde estamos);
• Finalidades (onde queremos chegar / o que
queremos alcançar);
• Mediação (como iremos conseguir / de que
forma).
Ao levantar todos os argumentos pertinentes a
essas dimensões, é possível determinar o tempo e os
recursos necessários para colocar os planos em
prática.
Por fim, é fundamental compreender que o
planejamento escolar não se trata de um
documento “de gaveta”, a ser alterado e revisto
apenas no início de cada ano, mas tem caráter
mutável e precisa ser revisado durante todo o ano
letivo. Afinal, as circunstâncias no ambiente escolar
podem sofrer mudanças e demandar novas
medidas, de modo pontual ou frequentemente.
O planejamento da educação brasileira atualmente
é feito com uma organização por níveis que se inter-
relacionam e são indissociáveis. Esses níveis podem
ser agrupados em quatro:
• Planejamento Educacional
• Planejamento de Rede
• Planejamento Escolar
• Planejamento de Ensino
1.7.1 PLANO EDUCACIONAL
No que se refere ao planejamento educacional, é
considerado o mais amplo, geral e abrangente.
Prevê a estruturação e o funcionamento da
totalidade do sistema educacional. Determina as
diretrizes da política nacional de educação.
É intencional, na medida em que não pode ser
efetivado aleatoriamente. Ele implica
conhecimentos da realidade, pressupõe escolhas e
estabelecimento de meios para se atingir um
determinado fim. É político, visto que está
comprometido com as finalidades sociais e políticas
da sociedade. É técnico, pois exige a utilização de
meios eficientes para se obter os resultados.
Tem como pressupostos básicos: o delineamento da
filosofia da Educação do País, evidenciando o valor
das pessoas e da escola na
sociedade. Operacionaliza-se em planos e projetos
e tem um caráter processual, constituindo-se, pois,
em uma atividade permanente de reflexão e ação,
na busca de alternativas para a solução de
problemas e de tomada de decisão.
Ele ocorre em duas dimensões que estão inter-
relacionadas:
1. Planejamento do sistema educacional: acontece
em nível macro, refere-se ao planejamento de todo
o sistema educacional do país e diz respeito aosdirecionamentos da política educacional e a melhor
forma de alcançá-las. Reflete a visão que se tem de
mundo, de homem, exigindo, portanto, um
compromisso com a construção da sociedade e
deve atender tanto às necessidades de
desenvolvimento do país quanto às do indivíduo
(corresponde ao planejamento que é feito em nível
nacional, estadual ou municipal). É uma intervenção
do estado visando à implantação de uma
determinada política educacional, estabelecida com
a finalidade de possibilitar que o sistema
educacional cumpra as funções que lhe são próprias
em determinado momento histórico.
2. Planejamento Escolar: realizado no âmbito da
unidade escolar, caracteriza-se como o ato de
organizar as atividades de ensino e de
aprendizagem, determinada por uma
intencionalidade educativa, envolvendo objetivos,
valores, atitudes, conteúdos e o modo de agir dos
educadores. É um modo de dimensionar política,
científica e tecnicamente a atividade escolar,
portanto, deve ser resultado das discussões e
contribuições do coletivo da escola, além de
constituir uma atividade permanente de reflexão e
ação.
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50 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
Na atualidade e de acordo com a Lei de Diretrizes e
Bases nº 9.394/96, o planejamento da escola deve se
concretizar pela elaboração do Projeto Político
Pedagógico e constar de diferentes momentos do
planejamento: a definição de um marco referencial,
a elaboração de um diagnóstico e a proposição de
uma programação com vistas à implementação das
ações necessárias à realização de uma prática
pedagógica crítica, reflexiva e participativa (PASSOS,
2003).
1.7.2 PLANEJAMENTO DE REDE
Os sistemas educacionais podem ser considerados
como instrumentos privilegiados para acelerar o
desenvolvimento social económico, pelo que a
racionalização e otimização dos processos de
decisão relativos ao seu planejamento merecem
prioridade.
Para o desenvolvimento dos sistemas educacionais
é necessário uma crescente disponibilidade de
recursos humanos, físicos e tecnológicos. Com
vistas a estruturar e orientar esse processo é
essencial a geração de propostas e avaliação,
escolha e implementação de cada decisão com base
em modelos apropriados.
Os métodos de planejamento de sistemas
educacionais, na maioria das vezes, são passíveis de
adaptação às situações particulares, às políticas
definidas e ao nível de agregação territorial
pretendido.
Nesses, são pressupostos: a articulação com outros
níveis de planejamento, com a definição clara de seu
objetivo, com o estabelecimento das hipóteses
preliminares, com a seleção das variáveis
intervenientes e elaboração de modelos
interpretativos, com a descrição do estado atual e
prospectivo do- sistema analisado, com a definição -
do tratamento a ser dado às questões detectadas,
com o estudo das - , estratégias de solução, com a
análise da viabilidade técnica e financeira das
estratégias propostas, com a seleção da estratégia a
ser adotada, com o detalhamento da alternativa
selecionada, com a elaboração dos projetos
executivos, com a execução das ações planejadas e
com o acompanhamento da execução, . ' Nos
estudos de planejamento da rede escolar (rede
física) a localização e dimensão de
estabelecimentos são consideradas questões
fundamentais. Para o seu planejamento, é
necessário partir de determinadas informações
como: o número de alunos a atender, a organização
administrativa, as normas para dimensionamento
das instalações físicas, etc, para estudar a
distribuição espacial da clientela e das escolas
existentes, e propor, a melhor distribuição-dos novos
prédios de maneira a melhor satisfazer a sua
clientela.
1.7.3 PLANEJAMENTO ESCOLAR
O planejamento escolar é aquele que tem
finalidades pedagógicas. Ele é responsável por guiar
todo o corpo docente na busca pelos objetivos
traçados para o ano letivo. Sua elaboração envolve
toda a comunidade escolar: gestores, professores e
representantes dos pais, alunos e comunidade local.
Algumas escolas o realizam no final do ano e outras
no início.
A escola é uma organização criada com a finalidade
de promover a disseminação dos conhecimentos
científicos elaborados ao longo da história por meio
de processos de ensino-aprendizagem eficazes. Por
isso, a importância do planejamento escolar para
que esse objetivo seja alcançado, uma vez que é
nesse plano educacional que são traçadas as
estratégias para que a educação aconteça de forma
concreta no dia a dia escolar.
Afinal, o que é o planejamento escolar?
Quando pensamos em atingir um objetivo,
automaticamente precisamos pensar em um
planejamento com todas as estratégias, metas,
ações e prazos a serem cumpridos, assim como qual
será o método utilizado para realizar o
monitoramento do planejamento elaborado.
Portanto, podemos definir o planejamento escolar
como um documento com a descrição do processo
de organização e coordenação da ação docente,
elaborado com o objetivo de garantir a execução das
atividades escolares ao longo do ano letivo.
A partir desse planejamento, é possível colocar em
prática o plano de ação que norteará a proposta
pedagógica, as atividades educacionais, a matriz
curricular e as metodologias de ensino que serão
adotadas pela escola no processo de ensino-
aprendizagem.
Por que elaborar o planejamento escolar?
Como o planejamento escolar possui a função de
direcionar o funcionamento da escola durante o ano
letivo, a elaboração deste documento se mostra
fundamental para o bom funcionamento de uma
instituição educacional.
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51 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
Nele, devem estar definidos os conteúdos a serem
ensinados, a ordem dos mesmos, os métodos e
datas de avaliação, as atividades extracurriculares,
assim como as ações para que o calendário escolar
seja cumprido, sempre considerando a legislação
em vigor, e a BNCC.
É válido ressaltar que as escolas têm liberdade para
criar ou adotar os projetos e as metodologias de
ensino que acreditem, desde que garantam o
processo de aprendizagem dos alunos, de acordo
com a idade e o nível educacional que eles se
encontram.
O planejamento escolar também pode ser
composto por meio de planos de ação, com
objetivos específicos, nesse caso, os respectivos
responsáveis precisarão elencar as melhores
estratégias para alcançá-lo.
Ainda que os objetivos específicos sejam definidos,
não podemos perder de vista o fato de que o
planejamento deve abranger os objetivos macro,
que influenciam a organização escolar como um
todo.
A partir dessa visão mais ampla do funcionamento
da escola, é possível ir afunilando até chegar à
elaboração dos planos de aula por cada professor
em disciplina de atuação.
O planejamento escolar também pode abranger
questões burocrático-administrativas, como o uso
dos espaços comuns do prédio escolar – pátio,
quadras, bibliotecas, laboratórios, etc.
Nele, também deve constar a elaboração de um
calendário geral para alunos e professores, ou seja, o
plano escolar é uma espécie de guia para toda a
comunidade escolar.
Quem são os responsáveis pelo planejamento
escolar?
Todos os membros da comunidade escolar devem
participar da elaboração do planejamento, uma vez
que ele impactará diretamente no trabalho dos
envolvidos durante todo o ano letivo.
Portanto, todos devem participar das reuniões para
a definição dessas pautas do planejamento escolar:
núcleo gestor, professores, trabalhadores da
educação, comunidade e principalmente os alunos.
1.7.3.a COLEGIADOS ESCOLARES
A gestão democrática pressupõe a participação
efetiva dos vários segmentos da comunidade
escolar – famílias, professores, estudantes,
funcionários e membros da comunidade – em todos
os aspectos da organizaçãoa oportunidade de ler e escrever sem
haver preocupação com uma formação superior.
Durante o regime militar a educação teve como sua
máxima a função de possibilitar o desenvolvimento
do raciocínio e consequentemente a repressão da
livre expressão e defesa de ideias.
Como os demais países da América latina, o Brasil
refletia inovações com o surgimento das
tecnologias, com a vontade de construir uma
sociedade baseada em modelos internacionais é
que a partir da década 1980 passa a pensar em um
modelo de educação voltado para todos, mas que
deveria atender a demanda do mercado,
direcionado à formação de professore, fez-se então
a ampliação das reformas educacionais.
Com o fim da ditadura militar em 1985, começa uma
Nova República, mas a ditadura havia deixado uma
herança muito pesada, o país estava em crise
política e econômica, devido à inflação, pois tinha
uma enorme dívida externa, controlada pelo o
Fundo Monetário Internacional (FMI). Houve muitas
tentativas para solucionar a crise, inclusive uma
mudança na moeda e congelamento de preço,
porém foi sem sucesso.
A Constituição de 1988 estabeleceu que a educação
é um direito de todos e dever do Estado e da família,
com acesso ao ensino obrigatório e gratuito como
direito público subjetivo. O Plano Nacional de
Educação tem como objetivos principais: o aumento
do nível de escolaridade da população, a melhoria
da qualidade de ensino, reduzindo a desigualdade
social no que se refere ao acesso e permanência na
escola pública, além de democratizar o espaço
escolar com a participação do professores e da
comunidade na elaboração do projeto pedagógico
da escola.
Em 20 de dezembro de 1996 o presidente Fernando
Henrique Cardoso e o ministro da educação Paulo
Renato, sancionaram a Lei de Diretrizes de Base da
Educação de 1996, o sistema educacional brasileiro
de educação adquiriu mudanças importantes, uma
vez que a lei de 9394/96 estabelece a diretrizes e
base da educação nacional (NASCIMENTO, et al
2012).
A LBD de 9394/96 em sua essência democrática
regulamentou a estrutura e o funcionamento do
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5 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
sistema de ensino nacional, a partir daí a educação
se dividiu em dois níveis: a educação básica que
compreende a educação infantil; o ensino
fundamental e médio e a educação superior.
Devido à política neoliberal do governo Fernando
Henrique Cardoso as universidades particulares
aumentaram e as públicas ficaram superlotadas e
sofriam por falta de verbas e de investimentos . Na
atualidade que se encontra, a Lei de Diretrizes de
Bases da Educação estruturou o sistema de ensino
nacional com princípios educativos específicos de
acordo com os níveis; Educação Infantil; Ensino
Fundamental; Ensino Médio; Educação de Jovens e
Adultos; Ensino Técnico e Ensino Superior.
A nova LDB aludia à formulação do Plano Nacional
da Educação que foi concretizado no ano de 2001,
dando maior valorização do Ensino
Profissionalizante, gestão democrática, inclusão da
educação a distância entre outros.
Será considerada a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação em seu Art. 3º quando diz que o ensino
será ministrado com os seguintes princípios em sua
base:
I – igualdade de condições para o acesso e
permanência na escola;
II – liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e
divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber;
III – pluralismo de idéias e de concepções
pedagógicas;
IV – respeito à liberdade e apreço à tolerância;
V – coexistência de instituições públicas e privadas
de ensino;
VI – gratuidade do ensino público em
estabelecimentos oficiais;
VII – valorização do profissional da educação escolar;
VIII – gestão democrática do ensino público, na
forma desta Lei e da legislação dos sistemas de
ensino;
IX – garantia de padrão de qualidade;
X – valorização da experiência extra-escolar;
XI – vinculação entre a educação escolar, o trabalho
e as práticas sociais.
As mudanças no novo ensino médio vêm sendo
estudadas desde 2013 e fundamentada
definitivamente em 2017 com a denominação
Reforma do Ensino Médio.
A Reforma do Ensino é uma mudança na estrutura
do sistema atual, é um instrumento fundamental
para a melhoria da educação no país. O currículo
terá como referência a Base Nacional Comum
Curricular (BNCC), obrigatória para todas as escolas
de todos os estados e municípios (BRASIL, 2017).
A BNCC definirá as competências e conhecimentos
essenciais que deverão ser oferecidos a todos os
estudantes na parte comum, abrangendo as quatro
áreas do conhecimento e todos os componentes
curriculares do ensino médio definidos na LDB e nas
diretrizes curriculares nacionais da educação básica.
A área das ciências humanas passa a compreender
as disciplinas de história, geografia, sociologia e
filosofia. As disciplinas obrigatórias nos 3 anos do
ensino médio serão língua portuguesa e
matemática. O restante do tempo será dedicado ao
aprofundamento acadêmico nas áreas eletivas ou a
cursos técnicos, a seguir:
I- linguagens e suas tecnologias;
II- matemática e suas tecnologias;
III- ciências da natureza e suas tecnologias;
IV- ciências humanas e sociais aplicadas;
V- formação técnica e profissional.
Cada estado e o Distrito Federal organizarão os seus
currículos e as demandas dos jovens que terão
maiores chances de fazer suas escolhas e
construírem seus projetos de vida .
1.2. teorias da aprendizagem (como Piaget,
Vygotsky).
1.2.1 TEORIAS PSICOGENÉTICAS
Conhece-se como psicogenética a disciplina que se
dedica ao estudo do desenvolvimento das funções
da mente, sempre que existam elementos que
permitam suspeitar que esta evolução servirá para
explicar ou oferecer informação complementar
relativamente aos mecanismos dessas atuações no
seu estado acabado. Nesse sentido, a psicogenética
contempla os procedimentos e os avanços da
psicologia infantil como meio para encontrar
respostas que resolvam os problemas psicológicos
gerais.
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6 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
Como a psicogenética trata-se de uma teoria
relacionada ao conhecimento, a aprendizagem, ela
insere-se no campo da psicologia. E, sendo assim,
ela possui teorias que tanto contribuem para a
psicologia quanto também para a educação. No
tocante a contribuição dela para a educação, isso
veio logo após a constituição da psicologia como
ciência.
Assim, podemos concluir que o principal objeto de
estudo da psicogenética é o conhecimento do ser
humano, bem como as suas leis e, ainda, o modo de
pensar no tocante à infância.
PRESSUPOSTOS ESSENCIAIS DO MODELO
GENÉTICO-COGNITIVO DE PIAGET
Piaget trabalhou compulsivamente em seu objetivo,
de estudar a gênese da inteligência até as vésperas
de sua morte, em 1980, aos oitenta e quatro anos,
deixando escritos aproximadamente setenta livros e
mais de quatrocentos artigos. Desde muito cedo
Jean Piaget demonstrou sua capacidade de
observação. Aos onze anos percebeu um melro
albino em uma praça de sua cidade. A observação
deste pássaro gerou seu primeiro trabalho científico.
Formado em Biologia interessou-se por pesquisar
sobre o desenvolvimento do conhecimento nos
seres humanos. Daí o nome dado a sua ciência de
Epistemologia Genética, que é entendida como
estudo dos mecanismos de formação do
conhecimento lógico – tais como as noções de
tempo, espaço, objeto, causalidade etc. – e da
gênese (nascimento) e a evolução do conhecimento
humano. Para Piaget o comportamento dos seres
vivos não é inato, nem resultado de
condicionamentos. Para ele o comportamento é
construído numa interação entre o meio e o
indivíduo. Esta teoria epistemológica (epistemo =
conhecimento; e logia = estudo) é caracterizada
como uma visão interacionista do desenvolvimento.da escola. Esta
participação incide diretamente nas mais diferentes
etapas da gestão escolar (planejamento,
implementação e avaliação) seja no que diz respeito
à construção do projeto e processos pedagógicos
quanto às questões de natureza burocrática.
Contudo, não se pode pensar em Gestão
Democrática sem a participação, presença e
comprometimento da comunidade. Sendo assim,
os instrumentos que possibilitam a efetivação da
Gestão Democrática são as Instâncias Colegiadas.
Para que estas participem das discussões e decisões
da escola, é preciso que a equipe diretiva informe e
divulgue as ideias e ações, com transparência, para
a comunidade escolar.
Podemos citar como tipos de órgãos colegiados:
Grêmio estudantil: O grêmio é uma organização
sem fins lucrativos que representa o interesse dos
estudantes e que tem fins cívicos, culturais,
educacionais, desportivos e sociais. É o órgão
máximo de representação dos estudantes da escola
onde sua atuação busca a defesa dos direitos e
interesses dos estudantes.
Conselho de Classe: O Conselho de Classe é órgão
colegiado de natureza consultiva e deliberativa em
assuntos didático-pedagógicos, fundamentado no
Projeto Político Pedagógico da escola e no
Regimento Escolar.
É o momento em que professores, equipe
pedagógica e direção se reúnem para discutir,
avaliar as ações educacionais e indicar alternativas
que busquem garantir a efetivação do processo de
ensino e aprendizagem dos estudantes.
Conselho Escolar: O Conselho Escolar é um
organismo colegiado que se caracteriza como
mecanismos de participação da comunidade e
controle social da gestão escolar. Tendo por base os
princípios da representatividade, proporcionalidade,
paridade e temporalidade, os conselhos escolares
são constituídos por pais, representantes de alunos,
professores, funcionários, membros da comunidade
e diretores de escola. Cada conselho, em estatuto
próprio, deve estabelecer regras transparentes e
democráticas de eleição dos membros do conselho.
Entre as atividades dos conselheiros estão, por
exemplo, fiscalizar a aplicação dos recursos
destinados à escola e discutir o projeto pedagógico
com a direção e os professores.
São competências do conselho escolar:
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52 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
Deliberativa: diz respeito à tomada de decisões
quanto ao direcionamento das ações pedagógicas,
de gestão e administrativo-financeiras na Unidade
Escolar.
Consultiva: refere-se à emissão de pareceres para
esclarecer dúvidas sobre situações decorrentes das
ações pedagógicas, de gestão e da área
administrativo-financeira, bem como a proposição
de alternativas de soluções e procedimentos para a
melhoria da qualidade do trabalho escolar,
respeitada a legislação em vigor.
Normativa: diz respeito ao estabelecimento de
normas para o direcionamento das ações
pedagógicas, de gestão, e administrativo-financeira
a Unidade Escolar, respeitada a legislação em vigor.
Fiscalizadora-Avaliativa: refere-se ao
acompanhamento sistemático e ao controle das
ações desenvolvidas pela Unidade Escolar,
objetivando a identificação de problemas e
verificando a adequação das decisões.
Deve-se considerar a importância de efetiva
participação dos conselhos escolares na elaboração
dos instrumentos de gestão (Projeto Pedagógico,
Plano de Desenvolvimento da Escola e Regimento
Escolar), no acompanhamento dos indicadores de
aprendizagem, na implementação de projetos que
visem à melhoria do processo ensino-
aprendizagem, bem como na definição de
prioridades para o uso dos recursos financeiros e na
fiscalização de sua aplicabilidade na Unidade
Escolar.
Unidade executora: A unidade executora é uma
sociedade civil com personalidade jurídica de direito
privado, que tem como objetivo gerir a verba
transferida. Em geral, as formas mais comuns de
unidade executora são os caixas escolares, os
círculos de pais e mestres ou as associações de pais
e professores. Esse colegiado, começou a ter maior
importância quando o Ministério da Educação
transferiu os recursos diretamente para as escolas,
através do Programa Dinheiro Diretos na Escola
(PDDE). Dessa forma a gestão passava a ter
autonomia de investir na manutenção da escola.
1.7.3.b PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO
O projeto político pedagógico é um documento que
apresenta as finalidades da instituição escolar para
o ano corrente, suas metas, seu cronograma de
ações pedagógicas e os recursos (humanos e
econômicos) que irá utilizar para realizá-lo. Desde a
instituição da Nova LDB (Lei no. 9394) de 1996 torna-
se obrigatória a elaboração deste documento em
cada uma das escolas.
O artigo 12, inciso I, da referida 64 Ciências Sociais
Sociologia 2 lei prescreve: “os estabelecimentos de
ensino terão a incumbência de elaborar e executar
sua proposta pedagógica”.
Todavia, enquanto documento que estabelece
finalidades, o PPP deve ser compreendido para
além de uma simples formalidade ou instrumento
burocrático: ele deve ser um importante guia das
ações educativas da escola. Este projeto ou plano é
conhecido por uma série de expressões.
O projeto político-pedagógico é um processo, está
em constante construção e reconstrução. Como
vimos, esse princípio diferencia esta concepção das
práticas tecnicistas. É uma atividade permanente de
reflexão e ação, um ato contínuo de conhecimento
e análise da realidade escolar em suas condições
concretas. Desse modo, ele é apenas um roteiro para
a prática, que pode ser sempre reconstruído e
repensado a partir da aplicação prática. Lembremos
que as escolas, enquanto um espaço de particular
interação entre pessoas, nunca funcionam da
mesma forma. As situações de ensino e os processos
de organização podem adquirir sentidos e
expressões distintas .
O PPP pressupõe:
Compreensão crítica da realidade histórico-social;
Compromisso ético-político com a transformação
da realidade social;
Participação efetiva de todos os sujeitos da prática
educativa;
Autonomia na escola enquanto exercício de
democratização;
Valorização dos profissionais da educação em
termos de formação continuada; Compromisso do
poder público (Estado) na oferta e manutenção da
educação pública de qualidade;
Construção coletiva da concepção de currículo,
gestão democrática e de formação continuada
PPP é um referencial teórico da escola e constitui-
se de três marcos
MARCO SITUACIONAL
Análise da realidade – diagnóstico da escola e suas
especificidades. Descreve e situa a escola no atual
contexto da realidade brasileira, do estado e do
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53 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
município. Explicita e analisa criticamente
problemas e necessidades da escola em relação ao
ensino e aprendizagem, organização do tempo e
espaço, relações de trabalho na escola, índices de
evasão e reprovação, organização da horaatividade
e organização da prática pedagógica.
MARCO REFERENCIAL
Opção teórica: Pedagogia progressista. Explicita
objetivamente e estabelece relações entre os
fundamentos teóricos (concepção de homem,
sociedade, educação, escola, conhecimento,
avaliação, cidadão, cidadania, cultura, gestão
democrática, currículo). Direcionamento dos
instrumentos de gestão democrática. Intervenções
na prática pedagógica (conteúdos – professor-
educando ensino e aprendizagem – avaliação
metodológica da organização do trabalho
pedagógico)
MARCO OPERACIONAL
Define linhas de ação e a reorganização do trabalho
pedagógico escolar na perspectiva pedagógica
administrativa, financeira e político-social: -
Redimensionamento da gestão democrática
(instâncias colegiadas) - ações relativas à formação
continuada, especificidades curriculares,
recuperação de conteúdos, avaliação institucional,
práticadocente e qualificação dos equipamentos
pedagógicos.
1.7.3.c REGIMENTO ESCOLAR
O regimento escolar é o documento no qual é
registrado todo o funcionamento, estrutura,
organização e normas de uma instituição de ensino.
As regras contidas nele regem as esferas:
administrativa, didática, pedagógica e disciplinar da
escola. O documento serve como um guia de
direitos e deveres de todos que fazem parte da
comunidade escolar.
É obrigatório que o regimento esteja em
conformidade com as leis do país – em especial a Lei
de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) – bem
como com as legislações estaduais e municipais.
Deve também estar alinhado à Base Nacional
Comum Curricular (BNCC) e ao Projeto Político-
Pedagógico (PPP) da escola.
Para que serve o regimento escolar?
Em primeiro lugar, o regimento escolar tem a
função de atuar como um documento legal
necessário para os atos regulatórios da instituição de
ensino, que irão credenciá-la, reconhecê-la e
autorizar o seu funcionamento.
Para além do aspecto burocrático, o regimento tem
um papel no dia a dia da escola. É ele que guiará as
ações a serem tomadas nas mais diversas situações
das rotinas da instituição. É fundamental que ele
seja flexível e que receba atualização de tempos em
tempos. Assim, seu conteúdo se manterá sempre
atual e conseguirá refletir, de fato, as práticas e
processos adotados pela escola.
Quem é o responsável por elaborar o regimento
escolar?
O regimento escolar é um documento democrático.
Você sabe o que isso significa, certo? É isso mesmo
que você pensou. Ele precisa ser elaborado por
membros de toda a comunidade escolar. Se a sua
instituição já tiver um conselho escolar constituído,
ele mesmo pode elaborar a proposta, já que esse
grupo é composto por representantes de cada
segmento dessa comunidade. Porém, caso não haja
esse conselho, é necessário selecionar esses
representantes.
1.7.4 PLANEJAMENTO DE ENSINO
O Plano de Ensino é o registro do planejamento das
ações pedagógicas a serem executadas numa
disciplina curricular em um determinado período
letivo. Ele orienta o trabalho docente, é com base no
plano de ensino que o professor prepara suas aulas.
O plano é um tipo de planejamento que busca a
previsão mais global para as atividades de uma
determinada disciplina durante o período do curso
(período letivo ou semestral). Para sua elaboração, os
professores precisam considerar o conhecimento do
mundo, o perfil dos alunos, para então tratar de seus
elementos que constituem o plano de ensino que
são: os objetivos gerais e específicos, os conteúdos,
os procedimentos (as estratégias metodológicas, as
técnicas), como também os recursos didáticos e a
avaliação.
Para sua elaboração, os professores precisam
considerar o conhecimento do mundo, o perfil dos
alunos, para então tratar de seus elementos que
constituem o plano de ensino que são: os objetivos
gerais e específicos, os conteúdos, os
procedimentos (as estratégias metodológicas, as
técnicas), como também os recursos didáticos e a
avaliação.
1.7.5 PLANEJAMENTO DE AULA
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54 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
O plano de aula segundo Libâneo (1993) é um
instrumento que sistematiza todos os
conhecimentos, atividades e procedimentos que se
pretende realizar numa determinada aula, tendo em
vista o que se espera alcançar como objetivos junto
aos alunos. Ele é um detalhamento do plano de
curso, devido à sistematização que faz das unidades
deste plano, criando uma situação didática concreta
de aula. Para seu melhor aproveitamento, os
professores devem levar em consideração as suas
fases: preparação e apresentação de objetivos,
conteúdos e tarefas; desenvolvimento da matéria
nova; consolidação (fixação de exercícios,
recapitulação, sistematização); aplicação; avaliação.
Além disso, o controle do tempo ajuda o professor a
se orientar sobre quais etapas ele poderá se deter
mais. Um plano de aula deve conter as seguintes
etapas:
1 – O tema abordado: o assunto, o conteúdo a ser
trabalhado;
2 – A justificativa: o motivo de se trabalhar
determinado assunto;
3 – Os objetivos gerais a serem alcançados: o que os
alunos irão conseguir atingir com esse trabalho;
com o estudo desse tema;
4 – Os objetivos específicos: relacionados a cada
uma das etapas de desenvolvimento do trabalho;
5 – As etapas previstas: mais precisamente uma
previsão de tempo, onde o professor organiza tudo
que for trabalhado em pequenas etapas;
6 – A metodologia que o professor usará: a forma
como irá trabalhar, os recursos didáticos que
auxiliarão a promover o aprendizado e a circulação
do conhecimento no plano da sala de aula;
1.7.2 CONTEÚDOS
Todos os conteúdos necessitam de uma base
teórica, denominados conceitos. Os conceitos que
nos transportam pela vida são: científicos,
intelectuais, filosóficos, calculistas ou de outros
parâmetros. Estes nos revelam a verdadeira base da
descoberta do saber, estimulando a curiosidade de
aprender. Os conceitos passam a desenvolver a
parte cognitiva do ser levando este a desenvolver o
intelecto, o raciocínio, a dedução, a memória,
proporcionando a construção do conhecimento. O
conceito é considerado um instrumento do
conhecimento, através dele é que o ser humano
desenvolve sua compreensão do mundo que o
rodeia, ele capacita para o mercado de trabalho e
torna-se o maior alvo de pesquisa estudantil.
Zabala (1998:42-48) aborda os conteúdos em três
categorias atitudinais, conceituais e
procedimentais.
Conteúdos conceituais:
Fazem parte da construção do pensamento, nele o
indivíduo aprende a discernir o real do abstrato; ou
ilusório. Abrem-se as portas da dúvida, esta dúvida
estimula a descoberta do conhecimento, gerando
novas dúvidas possibilitando descobertas infinitas.
Sendo este, um processo onde o conhecimento é
múltiplo e evolui infinitamente, o processo de
aprendizagem do conhecimento nunca está
acabado. Os conteúdos conceituais são a base do
aprender a conhecer, concedendo-nos a
oportunidade de lembrar que aprendemos
vastamente com as experiências que adquirimos
durante a nossa vivência, e acrescentando que
aprender a conhecer e aprender a fazer são, em
larga medida, indissociáveis.
Conteúdos procedimentais
Resumem-se em colocar em prática o
conhecimento que adquirimos com os conteúdos
conceituais. Seja em forma de maquete utilizando-
se de escala, reprodução de um ambiente visitado,
ou uma letra de música transformada em paródia.
Toda produção ou reprodução é determinada pelos
conteúdos procedimentais. Como antes citado
primeiramente o conceito do assunto
posteriormente o fazer, e para fazer é preciso
procedimentos corretos para o resultado esperado.
Os conteúdos procedimentais também são de
caráter profissionalizante, onde se visa que o aluno
compreenda o ofício de determinadas profissões,
auxiliando no processo da escolha profissional no
futuro, desenvolvendo todas as habilidades
anteriormente citadas; trabalhando a memória, o
intelecto, a dedução, habilidades motoras, e outras
especificidades.
Conteúdos atitudinais:
São as vivências do ser com o mundo que o rodeia.
O aprendizado de normas e valores torna-se alvo
principal para que este conteúdo seja adquirido por
quem quer que seja, e na sua proporção e
qualificação só é desenvolvido na prática e em seu
uso contínuo. O indivíduo é moldado de acordo com
suas vivências, porém, não é escravo destas,
podendo redimir-se ou simplesmente questionar-
se. Os conteúdos atitudinais passam pelo processo
sociedade-indivíduo-sociedade. Tratando-se de
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55 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
grupos, tribos, comunidades de diferentes escalões,
sejam eles econômicos ou culturais. Todos seguindo
normas estabelecidaspor todos: respeito,
compreensão, solidariedade, humildade, muitos
outros de suma importância.
1.8. Objetivos de ensino.
Apesar de nosso Edital especificar o termo “Objetivo
de Ensino” , precisamos entender seu conceito de
forma mais atualizada, trazendo-o para “Objetivo de
Aprendizagem”. Objetivo de ensino é o que o
professor deseja alcançar com o curso. O professor
deve definir claramente os objetivos de ensino no
início de cada aula e repeti-los sempre que
necessário. Já o objetivo de aprendizagem é o que o
aluno deve alcançar com o auxílio do ensino. Os
objetivos de aprendizagem são metas específicas
que guiam o professor na criação do curso e na
lecionação. Eles descrevem as habilidades,
conhecimentos ou atitudes que os alunos devem
adquirir no final do curso.
Importância dos Objetivos de Ensino
Os objetivos de ensino desempenham um papel
fundamental na definição das expectativas de
aprendizagem dos alunos. Eles fornecem uma
direção clara para os professores e alunos, ajudando
a estabelecer metas realistas e alcançáveis. Além
disso, os objetivos de ensino permitem que os
professores avaliem o progresso dos alunos de
forma objetiva e identifiquem áreas que precisam
de mais atenção ou revisão.
Tipos de Objetivos de Ensino
Existem diferentes tipos de objetivos de ensino, que
variam de acordo com o nível de complexidade e o
domínio do conhecimento que se espera que os
alunos alcancem. Alguns dos tipos mais comuns
incluem:
Objetivos Cognitivos
Os objetivos cognitivos estão relacionados ao
desenvolvimento do conhecimento intelectual dos
alunos. Eles envolvem a aquisição de habilidades de
pensamento crítico, resolução de problemas, análise
e síntese de informações. Exemplos de objetivos
cognitivos incluem “compreender os princípios
básicos da física” ou “aplicar conceitos matemáticos
para resolver problemas do mundo real”.
Objetivos Afetivos
Os objetivos afetivos estão relacionados ao
desenvolvimento das atitudes, valores e emoções
dos alunos. Eles envolvem a promoção de
comportamentos positivos, como empatia, respeito,
responsabilidade e autoestima. Exemplos de
objetivos afetivos incluem “desenvolver a
capacidade de trabalhar em equipe” ou “cultivar
uma atitude de respeito pela diversidade cultural”.
Objetivos Psicomotores
Os objetivos psicomotores estão relacionados ao
desenvolvimento das habilidades motoras e físicas
dos alunos. Eles envolvem a prática e o
aprimoramento de habilidades específicas, como
coordenação motora fina, equilíbrio e agilidade.
Exemplos de objetivos psicomotores incluem
“aprender a tocar um instrumento musical” ou
“desenvolver habilidades de dança”.
Como elaborar Objetivos de Ensino
A elaboração de objetivos de ensino eficazes requer
um processo cuidadoso de planejamento e reflexão.
Aqui estão algumas etapas que podem ajudar os
professores a criar objetivos de ensino claros e
significativos:
1. Identificar o conteúdo
O primeiro passo é identificar o conteúdo específico
que será abordado no curso, aula ou unidade de
ensino. Isso ajudará a determinar quais
conhecimentos, habilidades ou atitudes os alunos
devem adquirir.
2. Definir a ação
Em seguida, é importante definir a ação que os
alunos devem ser capazes de realizar. Isso pode
incluir verbos como “compreender”, “aplicar”,
“analisar”, “avaliar” ou “criar”. A escolha do verbo
correto é essencial para descrever claramente o que
se espera que os alunos façam.
3. Especificar as condições
Além da ação, é importante especificar as condições
em que os alunos devem realizar a tarefa. Isso pode
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56 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
incluir restrições de tempo, recursos ou contexto.
Por exemplo, “resolver problemas matemáticos em
30 minutos” ou “escrever um ensaio argumentativo
sobre um tema específico”.
4. Estabelecer os critérios de desempenho
Por fim, é necessário estabelecer os critérios de
desempenho que serão usados para avaliar se os
alunos alcançaram os objetivos de ensino. Isso pode
incluir indicadores quantitativos ou qualitativos,
como pontuações em testes, qualidade de trabalhos
escritos ou demonstrações práticas de habilidades.
COMO DEFINIR UM OBJETIVO DE
APRENDIZAGEM
O objetivo desta atividade é definir os objetivos de
sua aula/atividade de ensino. Etapa importante para
o planejamento de ensino. Utilize das informações
à seguir e complete a planilha de definição dos
objetivos presente no e-disciplinas.
1) Leia os itens abaixo e leve-os em conta na
elaboração de seus objetivos.
Objetivos Educacionais
• São as metas definidas com precisão ou resultados
previamente determinados; • Indicam aquilo que
um aluno deverá ser capaz de fazer como
consequência de ter
desempenhado adequadamente as atividades;
• Colocam-se ênfase em modificações do
comportamento dos alunos;
• Tais comportamentos são a expressão de
conhecimento, ou de atitudes, ou de habilidades
que antes o aluno não era capaz de realizar;
• Orienta o professor na seleção e organização dos
conteúdos escolares.
Objetivos Gerais
• Quando expressam as finalidades educacionais de
acordo com ideais e valores dominantes na
sociedade (Sistema Escolar).
• Quando estabelecem princípios e diretrizes para
orientar o trabalho escolar com base no
plano pedagógico representado pelo consenso do
corpo docente em relação à filosofia da educação e
à prática escolar (Escola).
• Quando concretizam, no ensino da matéria, sua
própria visão de educação e sociedade (Professor).
Objetivos Específicos
• Deve estar orientado para o que os estudantes
serão capazes de fazer e não para o que o professor
irá ensinar;
• Deve fornecer a descrição dos resultados da
aprendizagem desejada, refletindo o que os
estudantes estarão aptos a fazer durante o final do
curso;
• Deve ser claro, preciso e explícito, descrevendo o
que os estudantes estarão aptos a realizar em
virtude da instrução recebida;
• Deve ser facilmente compreendidos pelos
estudantes e por outras pessoas;
• Deve ser relevantes para o propósito da
aprendizagem dos estudantes e da disciplina no
currículo, em virtude dos conteúdos oferecidos;
• Deve ser realizáveis ou possíveis de ser alcançados
pelos alunos, considerando suas competências e
o meio em que estão inseridos.
2) Objetivos de Aprendizagem:
Elemento central de uma disciplina; descrito em
frases que iniciam com verbos indicando ação.
Sugestão: utilizar verbos que permitam desenvolver
avaliação mensurável; ou ainda, focar em resultados
ou comportamentos observáveis.
Os objetivos de aprendizado são expressos por
verbos que admitem poucas interpretações. Leve
isto em conta na elaboração dos seus objetivos.
3) A seguir é apresentado um resumo da Taxonomia
de Bloom Revisada.
Use esta taxonomia para elaborar seus objetivos e
realizar a atividade proposta para esta aula.
Caráter Bidimensional da Taxonomia de Bloom
Reformulada
Dimensão do Conhecimento
3.1 Conhecimento Efetivo:
Relacionado ao conteúdo básico que o discente
deve dominar a fim de que consiga realizar e
resolver problemas apoiados nesse conhecimento.
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57 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
Relacionado aos fatos que não precisam ser
entendidos ou combinados, apenas reproduzidos
como apresentados.
Conhecimento da Terminologia; e
Conhecimento de detalhes e elementos
específicos.
Relacionado aos conteúdos conceituais de fatos e
dados.
3.2 Conhecimento Conceitual:
Relacionado à inter-relação dos elementos básicos
num contexto mais elaborado que os discentes
seriam capazes de descobrir. Elementos mais
simples foram abordados e agora precisam ser
conectados. Esquemas, estruturase modelos foram
organizados e explicados. Nessa fase, não é a
aplicação de um modelo que é importante, mas a
consciência de sua existência.
Conhecimento de classificação e categorização;
Conhecimento de princípios e generalizações; e
Conhecimento de teorias, modelos e estruturas.
Relacionado aos conteúdos conceituais de
conceitos específicos e princípios estruturais.
3.3 Conhecimento Procedural:
Relacionado ao conhecimento de “como realizar
alguma coisa” utilizando métodos, critérios,
algoritmos e técnicas. Nesse momento, o
conhecimento abstrato começa a ser estimulado,
mas dentro de um contexto único e não
interdisciplinar.
Conhecimento de conteúdos específicos,
habilidades e algoritmos;
Conhecimento de técnicas específicas e métodos; e
Conhecimento de critérios e percepção de como e
quando usar um procedimento específico.
Relacionado aos conteúdos procedimentais
(técnicas e estratégias).
3.4 Conhecimento Metacognitivo:
Relacionado ao reconhecimento da cognição em
geral e da consciência da amplitude e profundidade
de conhecimento adquirido de um determinado
conteúdo. Em contraste com o conhecimento
procedural, esse conhecimento é relacionado à
interdisciplinaridade. A ideia principal é utilizar
conhecimentos previamente assimilados
(interdisciplinares) para resolução de problemas
e/ou a escolha do melhor método, teoria
ou estrutura.
Conhecimento estratégico;
Conhecimento sobre atividades cognitivas
incluindo contextos preferenciais e situações de
aprendizagem (estilos); e
Autoconhecimento.
Relacionado aos conteúdos procedimentais,
principalmente estratégias de estudo e aprendizado
e aos conteúdos atitudinais, principalmente
atitudes e valores.
Dimensão do Processo Cognitivo
Lembrar ou Recordar:
Relacionado a reconhecer e reproduzir ideias e
conteúdos. Reconhecer requer distinguir e
selecionar determinada informação e reproduzir ou
recordar está mais relacionado à busca por uma
informação relevante, memorizada.
Verbos: Listar, Enumerar, Recordar, Reconhecer,
Identificar, Relembrar, Reproduzir, Recitar,
Descrever, Nomear, Encontrar, Mostrar, Rotular.
Entender ou Compreender:
Relacionado a estabelecer uma conexão entre o
novo e o conhecimento previamente adquirido.
A informação é entendida quando o aprendiz
consegue reproduzi-la com suas “próprias palavras”.
Verbos: Resumir, Classificar, Interpretar,
Exemplificar, Comparar, Compreender, Inferir,
Demonstrar, Explicar, Explanar.
Aplicar:
Relacionado a executar ou usar um procedimento
numa situação específica e pode também abordar
a aplicação de um conhecimento numa situação
nova.
Verbos: Responder, Utilizar, Propor, Resolver,
Solucionar, Implementar, Executar, Realizar,
Concluir.
Analisar:
Relacionado a dividir a informação em partes
relevantes e irrelevantes, importantes e menos
importantes e entender a inter-relação existente
entre as partes.
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58 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
Verbos: Atribuir, Selecionar, Diferenciar, Integrar,
Desconstruir, Organizar, Categorizar,
Concluir, Comparar, Interrogar, Relacionar, Agrupar,
Estruturar.
Avaliar:
Relacionado a realizar julgamentos baseados em
critérios e padrões qualitativos e quantitativos ou
de eficiência e eficácia.
Verbos: Verificar, Comprovar, Determinar, Refletir,
Criticar, Decidir, Julgar, Discutir, Experimentar.
Criar:
Significa colocar elementos junto com o objetivo de
criar uma nova visão, uma nova solução, estrutura
ou modelo utilizando conhecimentos e habilidades
previamente adquiridos. Envolve o desenvolvimento
de ideias novas e originais, produtos e métodos por
meio da percepção da interdisciplinaridade e da
interdependência de conceitos.
Verbos: Planejar, Reprojetar, Reunir, Desenhar,
Gerar, Produzir, Criar, Generalizar,
Inventar, Consolidar, Combinar.
4) Etapas para a Definição dos objetivos de
Aprendizado
1º) Construção de Objetivos de Aprendizagem
Primeira parte da Equação dos Objetivos de
Aprendizagem (OA)
OA = [Ação (verbo infinitivo) + objetivo] /Taxonomia
de Bloom Reformulada
Exemplo: Reconhecer as teorias contemporâneas
sobre aprendizagem
Exemplo: Classificar as variáveis existentes nos
problemas propostos
2º) Construir pistas para Avaliação da aprendizagem
Avaliação [Através de... (verbo no gerúndio) +
identificando como será avaliado se o objetivo foi
alcançado] / taxonomia de Bloom Reformulada.
Como cada objetivo de aprendizagem será
verificado se foi atingido?
Retomar os objetivos de aprendizagem e
complementar cada objetivo com verbo no
gerúndio possibilitando que seja esclarecido o
“quê” e “como” avaliar, ou seja, até que ponto o
objetivo foi alcançado.
Taxonomia de Bloom – Representado pelos
seguintes verbos no gerúndio
Lembrar: Reconhecendo e Reproduzindo.
Entender: Interpretando, Exemplificando,
Classificando, Resumindo, Inferindo, Comparando e
Explicando. Aplicar: Executando e Implementando
Analisar: Diferenciando, Organizando, Atribuindo e
Concluindo.
Avaliar: Checando e Criticando.
Criar: Generalizando, Planejando e Produzindo.
3º) Objetivos de Aprendizagem + Processo de
Avaliação
● Segunda parte da Equação dos Objetivos de
Aprendizagem (OA)
OA = [Ação (verbo infinitivo) + objetivo] + Avaliação
[Através de... (verbo no gerúndio) + identificando
como será avaliado se o objetivo foi alcançado] /
taxonomia de Bloom Reformulada.
● Exemplo: Reconhecer as teorias contemporâneas
sobre aprendizagem, enumerando (ou listando ou
identificando) as diferenças entre as teorias.
● Exemplo: Classificar as variáveis existentes nos
problemas propostos, explicando qual seria o tipo de
distribuição de probabilidade a ser utilizada.
● Exemplo: Criar novos cenários para uma situação
problema, produzindo melhorias para a solução
encontrada.
O verbo da ação (infinitivo) e o verbo da avaliação
(gerúndio) precisam estar na mesma dimensão do
processo cognitivo segundo a Taxonomia de Bloom
Reformulada (ex. Entender, Aplicar, Criar etc.)
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59 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
1.9. Métodos e técnicas de ensino.
A forma como o conhecimento é processado pelo
cérebro muda de acordo com os métodos utilizados.
Uma boa metodologia de ensino mantém o
interesse do aluno nos conteúdos transmitidos em
sala de aula e propõe artifícios que, ao serem usados,
edificam o aprendizado e preconizam melhores
resultados.
Segundo a pirâmide do aprendizado de Willian
Glasser, aprendemos com efetividade entre 70% a
95% quando o processo envolve questionamento,
prática, demonstração ou tutoria, enquanto que
quando lemos, escutamos ou apenas observamos
aprendemos no máximo com eficiência de 50%.
Para promover a efetividade do aprendizado foram
desenvolvidas inúmeras metodologias de ensino,
que variam da total liberdade do aluno ao modelo
mais conhecido, com provas e metas a serem
atingidas. Conheça algumas delas a seguir.
1.9.1. Método tradicional
Como o próprio nome diz, essa é a abordagem mais
comum nas escolas brasileiras e tem como principal
objetivo criar uma base de informações para que os
alunos absorva esse conhecimento passivamente.
Por conta da necessidade de memorização em
detrimento da verdadeira aprendizagem, esse
método praticado desde o século XVIII passou a ser
considerado ultrapassado a partir dos anos 1960,
quando entendeu-se que não agrega
conhecimento em longo prazo. apesar disso, ainda é
amplamente usado nas instituições de ensino:
• hierarquia bem definida: o professor
transmite conhecimento enquanto o aluno
se encarrega de absorver o máximo do
conteúdo transmitido;
• gera uma dependência do professor, que
está nocentro do processo educativo;
• com metas claras e prazos a cumprir, o
estudante recebe tarefas diárias para
fortalecer seu processo de absorção do
conhecimento;
• o progresso de aprendizagem é mensurado
a partir de avaliações periódicas;
• são atribuídas notas de desempenho
adotadas previamente pela instituição;
• aqueles que não atingem os parâmetros
mínimos preestabelecidos são reprovados.
1.9.2. Método Montessori
Essa metodologia foi idealizada por Maria
Montessori em 1907 e segue uma linha em que o
aluno tem capacidade de aprender sozinho a partir
de estímulos. Como o grau de liberdade é muito
grande, é prioritariamente utilizada na educação de
crianças e adolescentes até o início do ensino
fundamental.
Tem como pilar a autoeducação em um ambiente
devidamente preparado para o ensino e a prática
científica. Apesar disso, não dispensa módulos
obrigatórios, mas com formas de aprendizagem
mais dinâmicas:
• alto grau de autonomia para estímulo da
livre iniciativa e independência;
• o papel do professor é apenas o de guia do
processo;
• mesas e cadeiras ficam dispostas em
formatos pouco tradicionais e podem ser
inclusive dispensadas;
• trabalhos em grupo são utilizados com maior
frequência;
• objetos são espalhados pelo espaço para
despertar o interesse do aluno;
• livre arbítrio para a escolha das atividades;
• interferência mínima do professor;
• equilíbrio entre liberdade e disciplina.
1.9.3. Método Freiriano
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https://travessaeducacional.com.br/4-dicas-de-como-melhorar-o-desempenho-da-escola-no-enem-em-2019/
https://travessaeducacional.com.br/transferencia-escolar-qual-a-melhor-forma-de-facilitar-o-processo/
https://travessaeducacional.com.br/como-a-infraestrutura-da-escola-impacta-nos-resultados-dos-alunos/
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60 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
Inspirado no trabalho de Paulo Freire, que usou a
metodologia nos anos 1960 para alfabetização
rápida de estudantes. Por isso, é amplamente usada
no processo de aprendizagem de jovens e adultos.
Entende que o aluno se liberta apenas por meio do
seu próprio conhecimento de mundo, por isso
considera aspectos do meio em que ele vive, suas
características socioculturais e a forma como ele
compreende os fatos:
• usa experiências de vida dos alunos para
escolher critérios que embasarão o processo
de transmissão do conhecimento;
• prioriza elementos mais familiares ao
cotidiano do estudante;
• a ampliação do vocabulário acontece de
forma gradativa, a partir desse ponto de
familiaridade.
1.9.4. Método construtivista
Baseado no trabalho de Jean Piaget, que nos anos
1920 aplicou o conceito para disseminar a
importância do debate e da formulação de
hipóteses na formação do ser e do saber. Por isso,
usa artifícios para que próprio aluno questione até
que sua resposta se transforme em conhecimento:
• o estudante tem um papel ativo na
construção do próprio conhecimento;
• o papel do professor é mediar esse processo;
• a resolução de problemas é obtida a partir de
questionamentos;
• uso de vivências pessoais e conhecimentos
prévios do aluno;
• não propõe provas, mas também não as
inibe;
• o aprendizado é dinâmico e construído aos
poucos.
1.9.5. Método sócio-interacionista
Proposta por Lev Vygotsky, essa metodologia
entende que o ambiente muda o homem assim
como o homem modifica o ambiente. Usa de forma
cultural e histórica a linguagem, o raciocínio lógico
e, principalmente, as características do meio em que
o aluno está inserido, para criar uma rede de
conhecimento sólida:
• somente a partir da troca de experiências e
interações sociais o saber é edificado;
• incentiva trabalhos em grupo e a
participação mais ativa do aluno;
• valoriza a bagagem histórica do estudante;
• objetiva o aguçamento da curiosidade;
• concede autonomia em sala de aula;
• o professor assume o papel de mediador;
• estimula avanços gradativos.
1.9.6. Método logosófico
O método foi desenvolvido por Carlos Bernardo
González Pecotche, conhecido pelo pseudônimo
Raumsol. Baseia-se na evolução consciente de todos
os envolvidos, desde aqueles que frequentam o
ambiente escolar até as pessoas que convivem com
o aluno fora dele:
• busca o autoconhecimento;
• incentiva o autoaperfeiçoamento;
• é acompanhado de forma minuciosa pelo
professor e por isso a quantidade de alunos
por sala é limitada;
• é complementado pela aprendizagem
doméstica;
• promove o desenvolvimento físico, mental,
moral e emocional dos estudantes.
1.9.7. Método Waldorf
Baseada na filosofia de Rudolf Steiner, essa
metodologia preconiza o aprimoramento espiritual
e físico do aluno e por isso tem como sabe atividades
que estimulam o pensar e o sentir. O objetivo é
preparar o estudante a vida, a fim de que ele seja
capaz de tomar decisões, ter iniciativa, capacidade
crítica mas, acima de tudo, equilíbrio emocional:
• o processo é dividido em ciclos de
aprendizagem conforme a idade do aluno;
• baseia-se na individualidade do estudante;
• incentiva a criatividade e a imaginação;
• conduz um pensamento livre: um mesmo
assunto pode originar várias abordagens;
• não são aplicadas provas;
• resultados abaixo da média não geram
reprovações;
• equilibra atividades intelectuais, práticas e o
descanso.
1.9.8. Método Freinet
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61 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
Criado por Célestin Freinet, essa abordagem propõe
que o ambiente escolar tenha conexão com a vida
dos estudantes. Por isso, prepara o aluno para a vida
real, a partir de experimentações:
• materiais didáticos têm um papel
secundário;
• aulas práticas são incentivadas;
• prioriza o trabalho em grupo;
• permite a troca de informações entre os
estudantes;
• promove aulas-passeios;
• cria um vínculo social com toda a
comunidade;
• o ambiente político, social e questões atuais
embasam as atividades;
• motiva a participação ativa, a inclusão e a
colaboração.
1.9.9. Metodologias Ativas
As metodologias ativas de aprendizagem são uma
técnica pedagógica que se baseia em atividades
instrucionais, capazes de engajar os estudantes em,
de fato, se tornarem protagonistas no processo de
construção do próprio conhecimento. Ou seja, são
metodologias menos baseadas na transmissão de
informações e mais no desenvolvimento de
habilidades.
Com as metodologias ativas de aprendizagem, o
ensino é feito por meio de práticas que trabalham
com diferentes conceitos de maneira repetida — de
várias maneiras e com feedback imediato.
1.10. Estratégias pedagógicas para diferentes
faixas etárias e níveis educacionais.
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para a
Educação Infantil estabelece diretrizes que visam
promover uma educação integral, voltada para o
desenvolvimento das crianças em suas dimensões
física, emocional, social e cognitiva. As estratégias
pedagógicas de acordo com a BNCC para a
Educação Infantil são baseadas em direitos de
aprendizagem e desenvolvimento e campos de
experiências. Abaixo estão as principais estratégias
pedagógicas segundo a BNCC para a Educação
Infantil:
1. Centração nos Direitos de Aprendizagem
A BNCC define seis direitos de aprendizagem que
devem orientar as práticas pedagógicas na
Educação Infantil:
Conviver: Proporcionar situações em que as crianças
aprendam a conviver com os outros, respeitando as
diferenças e estabelecendo vínculos afetivos.
Brincar: A brincadeira é central para o
desenvolvimento das crianças e deve ser usada
como ferramenta de aprendizado em todas as áreas.
Participar: As crianças devem ser ativamente
envolvidas nas atividades, participando das decisões
e propondo soluções.
Explorar: As atividades devem estimular a
curiosidade, incentivando a exploração do
ambiente,dos objetos e das interações sociais.
Expressar: Estimular a expressão das crianças por
meio de linguagens diversas (corporal, artística,
verbal, musical).
Conhecer-se: As atividades devem apoiar a
construção da identidade e da autonomia das
crianças, ajudando-as a compreender suas emoções
e relações.
2. Organização por Campos de Experiências
A BNCC organiza o currículo da Educação Infantil
em cinco campos de experiências, que devem
nortear as práticas pedagógicas e as interações com
as crianças. Cada campo de experiência está
relacionado a diferentes formas de desenvolvimento
e expressão:
a. O Eu, o Outro e o Nós
Estratégias:
Promover atividades que incentivem a convivência
social e o respeito às diferenças.
Realizar dinâmicas em grupo, incentivando a
cooperação, o diálogo e a empatia.
Trabalhar com histórias que abordem relações
sociais, ética e diversidade, discutindo temas como
amizade e respeito.
Criar momentos para as crianças aprenderem sobre
suas emoções e desenvolverem habilidades
socioemocionais.
b. Corpo, Gestos e Movimentos
Estratégias:
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62 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
Propor atividades que envolvam movimento
corporal, como danças, brincadeiras ao ar livre,
circuitos motores, atividades com música.
Estimular o desenvolvimento motor com
brincadeiras que exijam coordenação motora fina e
grossa, como pular, correr, desenhar e montar
blocos.
Utilizar atividades como teatros e dramatizações,
onde as crianças possam usar seus gestos e
expressões para interpretar situações e histórias.
Incentivar a prática de atividades físicas regulares,
favorecendo o bem-estar e a compreensão do corpo.
c. Traços, Sons, Cores e Formas
Estratégias:
Propor atividades de expressão artística, como
desenho, pintura, modelagem e colagem, para que
as crianças explorem diferentes materiais e texturas.
Trabalhar com música e ritmos, incentivando o uso
de instrumentos, palmas e movimentos corporais
para desenvolver a percepção sonora.
Proporcionar o contato com diversas formas de arte,
como artes visuais, literatura infantil e teatro, para
que as crianças explorem cores, formas e sons.
Utilizar materiais não estruturados, como caixas,
tecidos e objetos do cotidiano, para promover a
criatividade e a exploração sensorial.
d. Escuta, Fala, Pensamento e Imaginação
Estratégias:
Contação de histórias: Utilizar histórias para
desenvolver a imaginação, o vocabulário e a
capacidade de compreensão das crianças.
Incentivar a expressão verbal por meio de conversas,
perguntas e respostas, dramatizações e narrações
de histórias pelas próprias crianças.
Propor atividades de leitura e escrita emergente,
como a identificação de letras, palavras e símbolos,
respeitando o tempo de cada criança.
Utilizar brincadeiras de faz de conta e jogos
simbólicos para estimular o pensamento criativo e a
construção de narrativas.
e. Espaços, Tempos, Quantidades, Relações e
Transformações
Estratégias:
Propor atividades que estimulem a percepção de
espaço e tempo, como brincadeiras que envolvem a
organização de objetos no espaço ou o uso de
calendários e sequências temporais.
Incentivar o contato com matemática e lógica em
atividades como contagem de objetos, classificação,
comparação de tamanhos e formas, e jogos de
encaixe.
Realizar experiências de exploração do ambiente
natural, como observar o ciclo das plantas, o clima e
os animais, para promover o entendimento de
transformações.
Estimular a resolução de problemas cotidianos em
situações de brincadeiras e desafios, desenvolvendo
o raciocínio lógico e a capacidade de lidar com
mudanças.
3. Brincadeiras como Centro da Aprendizagem
A BNCC enfatiza que a brincadeira é a linguagem
principal das crianças e deve ser o eixo central de
todas as atividades pedagógicas.
As brincadeiras podem ser livres ou orientadas, e o
educador deve atuar como mediador,
proporcionando um ambiente rico em
oportunidades de exploração e descobertas.
Além disso, a brincadeira ajuda a criança a entender
o mundo à sua volta, desenvolvendo competências
cognitivas, sociais e emocionais.
4. Práticas Baseadas na Exploração e Investigação
As práticas pedagógicas devem permitir que as
crianças sejam ativas em seu aprendizado,
explorando, investigando e fazendo descobertas por
conta própria.
Ambientes ricos em estímulos são fundamentais,
com materiais que desafiem as crianças a
questionar, criar e experimentar, como blocos de
construção, objetos reciclados e materiais naturais.
As atividades devem ser organizadas de forma que
as crianças possam manipular e interagir com os
objetos, desenvolvendo habilidades motoras,
cognitivas e sensoriais.
5. Documentação Pedagógica
A BNCC incentiva os educadores a utilizarem a
documentação pedagógica como uma estratégia
para acompanhar o desenvolvimento da criança.
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63 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
Isso inclui o registro das atividades realizadas pelas
crianças, observações sobre suas interações e
progresso, bem como a análise e reflexão sobre as
práticas pedagógicas.
Esses registros são importantes para ajustar o
planejamento e garantir que as experiências
oferecidas estejam alinhadas às necessidades e
interesses das crianças.
Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para o
Ensino Fundamental (anos iniciais e finais)
estabelece diretrizes para promover uma formação
integral, com foco no desenvolvimento cognitivo,
emocional, social e físico dos estudantes. A BNCC
organiza o ensino em áreas de conhecimento e
define competências e habilidades que os alunos
devem desenvolver ao longo dessa etapa escolar. A
seguir, apresento as principais estratégias
pedagógicas recomendadas pela BNCC para o
Ensino Fundamental:
1. Foco nas Competências Gerais
A BNCC define 10 competências gerais que devem
nortear todas as práticas pedagógicas no Ensino
Fundamental, em todas as disciplinas:
Conhecimento: Estimular a construção do
conhecimento em diferentes áreas, promovendo a
compreensão crítica e a contextualização dos
conteúdos.
Pensamento científico, crítico e criativo: Incentivar a
investigação, a curiosidade e o pensamento crítico
por meio de projetos de pesquisa e resolução de
problemas.
Repertório cultural: Valorizar e promover o acesso a
diferentes manifestações culturais, trabalhando a
diversidade cultural e artística.
Comunicação: Desenvolver a capacidade de se
comunicar de forma eficaz, tanto na forma oral
quanto na escrita, e por meio de diferentes mídias.
Cultura digital: Utilizar tecnologias digitais para
ampliar o aprendizado, promovendo o uso
consciente e crítico dessas ferramentas.
Trabalho e projeto de vida: Ajudar os alunos a
compreenderem o mundo do trabalho e a
desenvolverem um plano para o futuro, com base
em suas habilidades e interesses.
Argumentação: Trabalhar a capacidade de
argumentar com base em fatos, desenvolvendo o
pensamento lógico e a capacidade de debater
ideias.
Autoconhecimento e autocuidado: Estimular o
autoconhecimento e o cuidado com a saúde física e
mental dos alunos.
Empatia e cooperação: Incentivar atitudes de
respeito, colaboração e empatia nas interações com
os colegas e a comunidade.
Responsabilidade e cidadania: Formar cidadãos
críticos, conscientes de seus direitos e deveres, e
comprometidos com a democracia e a
sustentabilidade.
2. Ensino Fundamental – Anos Iniciais (1º ao 5º
ano)
Nos anos iniciais, a BNCC prioriza a alfabetização e a
consolidação das habilidades básicas de leitura,
escrita e matemática. As estratégias pedagógicas
devem ser centradas na construçãodessas
competências e no desenvolvimento integral da
criança.
Estratégias pedagógicas:
Alfabetização e Letramento:
Utilizar métodos de alfabetização que combinem o
método fônico (associação entre sons e letras) e
práticas de letramento (uso da leitura e escrita em
situações reais).
Promover atividades de leitura guiada, onde o
professor lê com os alunos e discute o significado,
incentivando a compreensão de texto e o
desenvolvimento do vocabulário.
Projetos de escrita coletiva: Incentivar os alunos a
escreverem coletivamente, trabalhando a coesão e
coerência textual desde cedo.
Aprendizagem baseada em projetos:
Desenvolver projetos interdisciplinares que
integrem diversas áreas do conhecimento, como
matemática, ciências, geografia e história. Um
exemplo seria um projeto sobre o meio ambiente,
envolvendo a leitura, a pesquisa e a resolução de
problemas práticos.
Estimular a aprendizagem ativa, em que os alunos
são incentivados a investigar e encontrar soluções,
seja em grupo ou individualmente.
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64 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
Uso de jogos educativos:
Jogos podem ser usados como ferramentas para
ensinar matemática, ciências e linguagem de
maneira lúdica, desenvolvendo o raciocínio lógico e
habilidades cognitivas.
Jogos de tabuleiro, jogos online ou atividades com
materiais concretos (como blocos de construção ou
cartas) são ótimos para praticar habilidades
matemáticas e de linguagem.
Aprendizagem colaborativa:
Incentivar o trabalho em grupo e a cooperação,
desenvolvendo a capacidade de resolução de
problemas em conjunto e o respeito às diferentes
ideias e opiniões.
Realizar atividades em dupla ou em pequenos
grupos, permitindo que os alunos compartilhem
suas descobertas e aprendam uns com os outros.
Uso de tecnologias digitais:
Integrar ferramentas tecnológicas ao ensino, como
plataformas interativas de aprendizagem,
aplicativos de leitura e escrita, e jogos de raciocínio
lógico, sempre com mediação e orientações claras
para o uso seguro e crítico.
3. Ensino Fundamental – Anos Finais (6º ao 9º ano)
Nos anos finais, os conteúdos se tornam mais
complexos e especializados, e os alunos precisam
desenvolver maior autonomia e pensamento crítico.
As estratégias pedagógicas devem apoiar o
aprofundamento do conhecimento, além de
preparar os estudantes para o ensino médio e a vida
adulta.
Estratégias pedagógicas:
Aprendizagem baseada em projetos:
Incentivar o trabalho por projetos, permitindo que
os alunos explorem questões reais e complexas por
meio da investigação e pesquisa. Por exemplo, um
projeto de ciências sobre sustentabilidade pode
envolver atividades práticas de pesquisa sobre o
consumo de água na escola.
Projetos interdisciplinares: Trabalhar em temas que
integrem diferentes disciplinas (história, geografia,
ciências, matemática), como um estudo sobre as
mudanças climáticas, em que os alunos possam
abordar o tema sob várias perspectivas.
Debates e rodas de conversa:
Utilizar debates estruturados para estimular o
desenvolvimento de argumentação e pensamento
crítico. Os alunos podem discutir temas atuais e
polêmicos, como questões sociais e ambientais,
desenvolvendo a capacidade de analisar diferentes
pontos de vista.
Rodas de conversa: Criar espaços de diálogo em sala
de aula para que os alunos possam expressar suas
ideias e ouvir os colegas, promovendo o respeito e a
empatia.
Uso de tecnologias e cultura digital:
Incorporar ferramentas digitais no processo de
ensino-aprendizagem, como plataformas de ensino
online, simuladores e laboratórios virtuais para o
estudo de ciências e matemática.
Incentivar o uso de ferramentas de comunicação
digital para a criação de projetos colaborativos,
como blogs ou vídeos sobre temas estudados em
aula.
Trabalhar a cultura digital com consciência crítica,
promovendo discussões sobre segurança na
internet, privacidade de dados e fake news.
Ensino investigativo:
Adotar uma abordagem de aprendizagem por
investigação, onde os alunos são incentivados a
realizar experimentos, levantar hipóteses e chegar a
conclusões. Isso é especialmente útil em disciplinas
como ciências e matemática.
Utilizar pesquisas de campo para aproximar o
conteúdo da realidade, como uma visita a uma
reserva ecológica ou museu de ciências, onde os
alunos podem aplicar o que aprenderam na sala de
aula.
Ensino por resolução de problemas:
Propor desafios e problemas reais ou simulados
para que os alunos desenvolvam habilidades de
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65 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
resolução de problemas. Isso pode ser feito em
matemática (resolução de problemas lógicos),
ciências (experimentos científicos) e outras áreas.
Autonomia e protagonismo:
Estimular o protagonismo juvenil ao incentivar os
alunos a tomar decisões sobre seus estudos, como
escolher temas de pesquisa ou liderar projetos.
Orientação para o projeto de vida: Ajudar os alunos
a refletirem sobre suas escolhas futuras, tanto em
relação ao ensino médio quanto à carreira,
incentivando o autoconhecimento e o
planejamento.
Avaliação formativa:
A BNCC recomenda o uso de avaliações formativas,
ou seja, avaliações contínuas que busquem observar
o progresso do aluno e não apenas medir o
resultado final. O feedback deve ser constante,
auxiliando os alunos a melhorarem suas
aprendizagens.
4. Interdisciplinaridade e Transversalidade
A BNCC incentiva práticas que integrem conteúdos
de diferentes disciplinas, mostrando como as áreas
do conhecimento se conectam. Temas transversais
como meio ambiente, diversidade cultural, ética e
cidadania devem ser trabalhados em conjunto com
as disciplinas tradicionais.
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para o
Ensino Médio estabelece um conjunto de
orientações e competências que guiam o trabalho
pedagógico com os alunos dessa etapa. O foco é no
desenvolvimento integral dos estudantes,
preparando-os para o mundo do trabalho, para a
vida cidadã e para o aprofundamento dos estudos.
A BNCC para o Ensino Médio é estruturada em áreas
de conhecimento e destaca a importância de se
trabalhar com competências e habilidades que vão
além dos conteúdos tradicionais, privilegiando o
protagonismo do aluno, o pensamento crítico e a
aplicação prática do conhecimento.
1. Competências Gerais do Ensino Médio
Assim como no Ensino Fundamental, as práticas
pedagógicas do Ensino Médio devem estar
orientadas pelas 10 Competências Gerais da BNCC,
que visam o desenvolvimento das dimensões
cognitivas, emocionais e sociais dos alunos. Essas
competências envolvem o pensamento crítico, a
cultura digital, a autonomia e o protagonismo
juvenil, assim como o desenvolvimento de
habilidades socioemocionais e a preparação para o
mundo do trabalho.
2. Estratégias Pedagógicas Baseadas nas Áreas de
Conhecimento
O Ensino Médio é organizado em quatro áreas de
conhecimento: Linguagens e suas Tecnologias,
Matemática e suas Tecnologias, Ciências da
Natureza e suas Tecnologias, e Ciências Humanas e
Sociais Aplicadas. As estratégias pedagógicas
devem integrar as diferentes disciplinas dessas
áreas, promovendo uma educação interdisciplinar e
contextualizada.
a. Linguagens e suas Tecnologias
Estratégias de leitura e produção textual:
Incentivar a leitura crítica de diversos gêneros
textuais, incluindo textos literários, jornalísticos,
científicos e digitais.
Projetos de escrita: Propor a produção de diferentes
tipos de textos, como artigos, resenhas, blogs ou
roteiros de vídeos, estimulando a expressão escrita e
oral.
Debates e seminários: Organizar debates e
apresentações em grupo para desenvolver a
argumentação, a comunicação e a capacidade de
defenderideias.
Uso de mídias digitais:
Incentivar a produção de conteúdo digital, como
vídeos, podcasts e blogs, para que os alunos
desenvolvam habilidades de comunicação
multimodal e cultura digital.
Utilizar plataformas online e redes sociais como
ferramentas de pesquisa, comunicação e produção
de conhecimento.
Projetos interdisciplinares:
Desenvolver projetos que integrem linguagens com
outras áreas, como matemática e ciências humanas,
por exemplo, ao trabalhar a análise de dados de
pesquisas sociais ou econômicas.
b. Matemática e suas Tecnologias
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66 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
Aprendizagem por resolução de problemas:
Utilizar problemas do cotidiano e desafios que
exijam a aplicação prática dos conceitos
matemáticos, promovendo o raciocínio lógico e a
criatividade.
Incentivar os alunos a resolverem problemas
complexos em grupo, estimulando o trabalho
colaborativo e a cooperação.
Projetos práticos e interdisciplinares:
Trabalhar com projetos práticos que envolvam a
matemática aplicada a outras áreas, como física,
economia ou até mesmo temas ambientais. Por
exemplo, cálculos de consumo de energia e
sustentabilidade.
Propor pesquisas de campo onde os alunos possam
medir, calcular e analisar dados em contextos reais,
como levantamento de estatísticas escolares ou
estudos sobre mobilidade urbana.
Uso de tecnologia:
Explorar softwares de matemática, ferramentas de
simulação e plataformas digitais para trabalhar
conceitos mais abstratos de forma interativa e visual.
c. Ciências da Natureza e suas Tecnologias
Ensino investigativo:
Incentivar a aprendizagem baseada em
investigação, onde os alunos levantam hipóteses e
realizam experimentos, especialmente em áreas
como física, biologia e química.
Propor experiências de laboratório, estimulando a
curiosidade científica e o trabalho em equipe.
Trabalho por projetos:
Propor projetos de pesquisa que integrem as três
disciplinas (física, química e biologia), como temas
de sustentabilidade ambiental, mudanças
climáticas ou engenharia biológica.
Trabalhar com questões científicas
contemporâneas e suas implicações sociais e
ambientais, como as novas tecnologias em saúde ou
as energias renováveis.
Uso de tecnologias digitais:
Utilizar simuladores e softwares de experimentação
virtual, especialmente em ciências físicas e
biológicas, para realizar experiências que
complementem o trabalho de campo ou de
laboratório.
d. Ciências Humanas e Sociais Aplicadas
Debates e análise crítica:
Promover debates sobre questões sociais, políticas e
econômicas, incentivando o pensamento crítico e o
diálogo entre os alunos.
Trabalhar com estudos de caso e pesquisas de
campo que abordem temas como direitos
humanos, democracia, globalização, ou a história e
cultura local.
Interdisciplinaridade:
Integrar o ensino de história, geografia, sociologia e
filosofia em projetos interdisciplinares. Por exemplo,
estudar o impacto da revolução industrial sobre a
sociedade e o meio ambiente, ou a relação entre
globalização e migrações.
Tecnologias digitais e cidadania:
Explorar as redes sociais e o ambiente digital para
analisar criticamente as informações, discutindo
temas como fake news, privacidade e ética no uso
das tecnologias.
3. Itinerários Formativos
Com a reforma do Ensino Médio, os alunos podem
escolher itinerários formativos que aprofundam
seus interesses em áreas específicas. As estratégias
pedagógicas para os itinerários devem incentivar o
protagonismo dos alunos e a personalização do
ensino.
Projetos de pesquisa e investigação:
Os alunos podem ser incentivados a desenvolver
projetos de pesquisa em áreas de interesse, como
ciências naturais, humanas ou exatas, promovendo
a investigação e a aplicação prática do
conhecimento.
Parcerias com instituições externas:
Firmar parcerias com universidades, ONGs,
empresas ou outras instituições para promover
projetos de iniciação científica ou de orientação
profissional.
Desenvolvimento de habilidades técnicas e
profissionais:
Nos itinerários formativos voltados ao mundo do
trabalho, propor atividades práticas que
desenvolvam competências profissionais
específicas, como estágios supervisionados, oficinas
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67 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
de empreendedorismo, ou o uso de plataformas
digitais para criação de negócios.
4. Aprendizagem Ativa e Protagonismo do Aluno
A BNCC para o Ensino Médio enfatiza a importância
de métodos ativos de ensino, que colocam o aluno
no centro do processo de aprendizagem:
Aprendizagem baseada em problemas (ABP):
Apresentar problemas reais ou complexos para que
os alunos trabalhem em grupo, levantem hipóteses
e busquem soluções. Essa estratégia é eficaz em
todas as áreas do conhecimento, promovendo a
interdisciplinaridade.
Projetos de vida:
A BNCC introduz a noção de projeto de vida, que
envolve ajudar os alunos a refletirem sobre seus
interesses, objetivos e as ações necessárias para
alcançá-los, incentivando o autoconhecimento e a
autonomia.
Uso de tecnologias digitais:
Incorporar tecnologias como plataformas de ensino
online, simuladores e aplicativos que favoreçam o
aprendizado autônomo, permitindo aos alunos
estudar e rever conteúdos de forma independente e
no seu próprio ritmo.
5. Avaliação Formativa e Processual
A avaliação no Ensino Médio deve ser contínua e
formativa, fornecendo feedback regular aos alunos e
ajudando-os a identificar suas dificuldades e
progressos. A avaliação deve incluir:
Autoavaliação e avaliação entre pares: Incentivar os
alunos a refletirem sobre seu próprio desempenho e
a darem feedback aos colegas.
Portfólios e projetos: Avaliar o aluno com base em
portfólios, onde eles reúnem suas produções ao
longo do tempo, e em projetos práticos, que
permitam aplicar o conhecimento de forma
contextualizada.
Avaliações interdisciplinares: Criar avaliações que
integrem mais de uma disciplina, reforçando a
relação entre os diferentes conteúdos estudados.
1.11. Formas de avaliação, tipos de provas,
feedback e como medir o desempenho dos
alunos.
A avaliação escolar, também chamada avaliação do
processo ensino aprendizagem ou avaliação do
rendimento escolar, tem como dimensão de análise
o desempenho do aluno, do professor e de toda a
situação de ensino que se realiza no contexto
escolar. Sua principal função é subsidiar o professor,
a equipe escolar e o próprio sistema no
aperfeiçoamento do ensino.
Desde que utilizada com as cautelas previstas e já
descritas em bibliografia especializada, fornece
informações que possibilitam tomar decisões sobre
quais recursos educacionais devem ser organizados
quando se quer tomar o ensino mais efetivo. É,
portanto, uma prática valiosa, reconhecidamente
educativa, quando utilizada com o propósito de
compreender o processo de aprendizagem que o
aluno está percorrendo em um dado curso, no qual
o desempenho do professor e outros recursos
devem ser modificados para favorecer o
cumprimento dos objetivos previstos e assumidos
coletivamente na Escola.
O processo avaliativo parte do pressuposto de que
se defrontar com dificuldades é inerente ao ato de
aprender. Assim, o diagnóstico de dificuldades e
facilidades deve ser compreendido não como um
veredicto que irá culpar ou absolver o aluno, mas sim
como uma análise da situação escolar atual do
aluno, em função das condições de ensino que estão
sendo oferecidas.
A avaliação educacional é composta por uma série
de procedimentos caracterizando-se como uma
ação que deve ser utilizada como subsídio à prática
docente, visando à melhoria do processo de ensino-
aprendizagem.
1.11.1 AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM E
AVALIAÇÃO INSTITUCIONALAvaliação da aprendizagem é um instrumento
utilizado para avaliar a evolução dos alunos ao longo
do processo de ensino-aprendizagem. Esse
procedimento vai além de aplicar testes e conceder
notas aleatórias, mas exige um acompanhamento
do estudante em diferentes momentos do processo
educativo.
Cada vez mais as instituições de ensino têm adotado
a avaliação ao longo da aprendizagem. Percebeu-se
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68 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
que deixar esse procedimento para o fim do
processo não contribui para o avanço escolar do
aluno.
Benefícios da avaliação da aprendizagem
A avaliação da aprendizagem traz benefícios para os
alunos e até mesmo para os educadores. No caso
dos estudantes, há a possibilidade de verificar o
andamento do seu aprendizado e buscar métodos
para impulsionar o seu desenvolvimento. Além
disso, professores podem incentivar a autoavaliação
nos alunos, e estimular a sua participação ativa na
aprendizagem.
Para os educadores, o procedimento é uma
oportunidade para verificar se os estudantes
conseguiram atingir as metas definidas. Dessa
forma, é possível trazer novo direcionamento às
ações pedagógicas para que os objetivos sejam
atingidos.
Tipos de avaliação da aprendizagem
Existem diferentes tipos de avaliação e é possível
criar uma alternância entre eles ao longo do ano
letivo. Confira os principais modelos para analisar o
desempenho do educando:
- Registro das atividades pedagógicas realizadas
- Observação dos alunos nas aulas (anotação da sua
participação nas atividades)
- Debate entre os alunos
- Trabalho em grupo
- Autovaliação
- Provas e testes
- Portfólio dos trabalhos no ano letivo
A Avaliação Institucional é um instrumento, que
contém o processo de acompanhamento contínuo
das atividades e da implementação de mudanças
necessárias à retomada da missão, proposta pela
instituição.
Considerando-se que a Avaliação Institucional
ocorre tanto interna quanto externamente, o
universo da pesquisa, em sua dimensão interna, é
composto por professores, corpo técnico-
administrativo e alunos. Essa forma de avaliação,
além de contribuir para o autoconhecimento e
aperfeiçoamento das atividades desenvolvidas pela
instituição de ensino, também traz subsídios
importantes para a regulação e formulação de
políticas educacionais.
Mediante análises documentais, visitas in loco,
interlocução com membros dos diferentes
segmentos da instituição e da comunidade local ou
regional, as avaliações institucionais, ajudam a
identificar acertos e equívocos da avaliação interna,
apontam fortalezas e debilidades institucionais,
apresentam críticas e sugestões de melhoramento
ou, mesmo, de providências a serem
tomadas.
Os indicadores da avaliação externa devem estar
balizados pela pelo Projeto Político Pedagógico. Eles
devem levar em conta a diversidade dos contextos,
atores, processos e das atividades das escolas,
dando atenção às especificidades e, ao mesmo
tempo, permitindo o delineamento de uma visão
global da instituição e das redes de ensino.
1.11.2 AVALIAÇÃO INTERNA E EXTERNA
Avaliação Interna da aprendizagem: realizada pelo
professor em sala de aula. Busca verificar a
aprendizagem do aluno e é determinada em
conformidade com o planejamento escolar e Plano
de Trabalho Docente.
Avaliação Externa de desempenho: realizada por
agente externo à escola, geralmente aplicada em
larga escala. É uma ferramenta que fornece
elementos para a formulação e o monitoramento de
políticas públicas, bem como o redirecionamento de
práticas pedagógicas.
A Avaliação Interna praticada pelo Professor em sala
de aula com o intuito de verificar a aprendizagem
dos seus alunos, podendo, por este motivo, ser
muitas vezes definida como Avaliação da
Aprendizagem. Vale salientar que esta concorre
também para a definição dos tempos pedagógicos
necessários para organizar os conteúdos a serem
trabalhados em cada etapa de ensino, sendo seus
resultados utilizados como uma forma de promoção
do estudante.
As avaliações externas permitem o diagnóstico, o
monitoramento do sistema educacional, e também,
podem subsidiar o trabalho dos profissionais da
educação, tornando-se mais uma ferramenta para o
acompanhamento e melhoria do processo ensino-
aprendizagem, uma vez que são aplicadas de modo
a mensurar o conhecimento dos alunos,
estabelecendo uma comparação entre o
desempenho esperado e o apresentado, por este
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69 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
motivo, denominada também de Avaliação de
Desempenho.
1.11.3 TIPOS DE AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM
AVALIAÇÕES DIAGNÓSTICAS
Faz parte do tipo de avaliação conhecido como
diagnóstico identificar a realidade de conhecimento
de cada aluno e verificar suas habilidades ou
dificuldades de aprendizagem. Normalmente essa
modalidade é aplicada nos momentos iniciais e
finais de uma fase da educação. O objetivo dessa
avaliação é conhecer melhor os estudantes,
identificando e compreendendo suas
necessidades.
Sem caráter classificatório, as informações das
avaliações diagnósticas indicam os avanços e as
dificuldades da turma. As informações obtidas por
meio desse tipo de avaliação evidenciam os pontos
fortes e fracos do processo educativo. Isso permite
que as instituições de ensino repensem as
atividades que irão favorecer o aprendizado dos
alunos ao avaliarem possíveis mudanças nas
práticas escolares por meio das intervenções
pedagógicas.
As avaliações diagnósticas podem ser realizadas por
meio de:
• provas ou testes escritos;
• provas ou testes orais;
• simulados;
• avaliações on-line;
• perguntas e questionários.
AVALIAÇÕES FORMATIVAS
Além da função diagnóstica, apresentada no item
anterior, as avaliações de ensino-aprendizagem
também podem ser formativas. Isso se dá quando
elas têm o objetivo de verificar o progresso e as
dificuldades de aprendizagem dos alunos, tornando
mais produtiva a relação de ensinar e aprender.
Essa modalidade de avaliação busca medir o
desempenho escolar dos estudantes ao longo do
processo de ensino-aprendizagem. Fugindo à
maneira tradicional de avaliações diretamente
vinculadas à atribuição de notas, esse modelo
pretende acompanhar a evolução da aquisição de
conhecimento do aluno. Utilizadas ao longo de todo
período educacional como ferramenta para avaliar a
performance dos alunos, elas permitem que a
prática docente seja ajustada às necessidades dos
estudantes.
O viés de concepção classificatória dá lugar à coleta
de evidências a respeito da eficiência das práticas de
ensino e aprendizagem. Seu foco é a formação, ou
seja, o acompanhamento efetivo do aluno no que se
refere à assimilação dos conteúdos programados e
das competências e habilidades pretendidas.
Dentre os principais instrumentos desse tipo de
avaliação, podemos destacar:
• produções orais;
• questionários;
• listas de exercícios;
• seminários;
• autoavaliação;
• observação de desempenho;
• estudos de caso;
• produções audiovisuais;
• avaliações online;
• produções coletivas e individuais de
trabalhos e pesquisas.
AVALIAÇÕES SOMATIVAS
Essa é, possivelmente, a modalidade avaliativa mais
comum dentro das escolas brasileiras. Utilizadas no
final de um processo educacional – que pode ser
definido como ano, semestre, trimestre, bimestre ou
ciclo, por exemplo -, as avaliações somativas
determinam o grau de domínio dos conteúdos pré-
estabelecidos.
Em essência, sua principal característica no
processo de ensino-aprendizagem é demonstrar o
sucesso de assimilação (ou não) dos conteúdos
pelos alunos, por meio da associação de notas ou
conceitos como forma de classificação.
Dentre os instrumentos mais comuns para
quantificare categorizar os resultados da avaliação
somativa, estão:
• exames avaliativos escritos ao final de um
período escolar;
• junção de uma ou mais atividades
trabalhadas pelo professor;
• atividade de múltipla escolha;
• atividade de resposta construída.
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70 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
AVALIAÇÕES COMPARATIVAS
A modalidade de avaliação comparativa se propõe a
mensurar e averiguar o aproveitamento e o nível de
conhecimento e as habilidades dos alunos. Tem
como objetivo qualificar o ensino, possibilitando a
reflexão sobre o que foi aprendido e o que ainda
precisa ser ensinado.
Aplicada durante ou depois de uma aula, ela pode
acontecer por meio de:
• testes rápidos e/ou trabalhos simples
durante ou ao final das aulas;
• resumos dos conteúdos trabalhados;
• observação de desempenho;
• relatórios;
• atividades para casa;
• Autoavaliação;
• avaliações entre pares.
É importante reforçar que as avaliações escolares
devem acontecer de maneira contínua e fazer parte
de um ciclo avaliativo. Seus resultados são essenciais
para fundamentar decisões e possibilitar uma
atuação estratégica dos educadores. Por meio dos
dados levantados, a escola pode identificar o valor
de estar alinhada às tendências do futuro da
educação por meio da escola digital, ou ainda
experimentar novos recursos para transmitir o
conteúdo aos estudantes, a partir de metodologias
ativas de aprendizagem, por exemplo.
AVALIAÇÃO MEDIADORA
Essa é uma filosofia, bem como uma metodologia
avaliativa proposta pela professora Jussara
Hoffmann que defende a ideia que nós avaliamos
para melhorar nossas ações ou para encontrar
resultados. Todavia, corrigir não é avaliar, interpretar
é avaliar. Segundo a mesma, os cursos de pedagogia
deixam a desejar quanto ao estudo da avaliação.
A Educadora aponta que para que seja possível
realizar uma avaliação mediadora o professor deve
observar, identificar e conhecer seu aluno e deixa
claro que sem conhecer as suas dificuldades e como
ele aprende não é possível atender as necessidades
de aprendizagem que cada aluno têm.
Mediação significa um estado de alerta permanente
do professor que acompanha e estuda a história da
criança em seu processo de . Entendida dessa forma,
a avaliação mediadora é um processo espontâneo
sem ser espontaneísta. Ou seja, é espontâneo à
medida que admira cada criança em suas
manifestações diversas e singulares do dia a dia.
Uma vez que essa admiração e respeito se
fundamentam em premissas teóricas consistentes
sobre a construção do conhecimento e na definição
de objetivos significativos que nuances
(HOFFMANN, 2012).
1.11.3 TIPOS DE AVALIAÇÃO EXTERNAS
Criado no início da década de 1990, o SAEB é um
conjunto de avaliações externas em larga escala que
servem como a principal ferramenta nacional para
medir os resultados de aprendizagem dos
estudantes brasileiros. A versão atual do SAEB, que
usa a teoria de resposta ao item e inclui
questionários contextuais, é realizada a cada dois
anos desde 1995 e tem um nível de sustentabilidade,
confiabilidade e validade semelhante aos sistemas
de avaliação nacionais encontrados em muitos
países da OCDE.
Ao longo do tempo, o Brasil modificou o desenho do
SAEB. Por exemplo, em 2003, o INEP alinhou os
níveis de proficiência do SAEB aos do PISA 2003.
Essa mudança permitiu que o Brasil vinculasse o
SAEB e as metas de longo prazo do governo para
melhoria educacional aos padrões internacionais do
PISA. Em 2005, o Brasil conduziu a primeira
avaliação censitária nacional, que forneceu a
Municípios e escolas resultados de desempenho
comparáveis.
Outra mudança é que as demais provas
padronizadas do País, que abrangem diversas
populações-alvo, foram gradativamente
consolidadas e passaram a ser chamadas apenas de
SAEB, em vez de seus antigos nomes e siglas.
O atual SAEB passou a incluir provas antes
conhecidas como Avaliação Nacional de
Alfabetização (ANA), Avaliação Nacional da
Educação Básica (ANEB) e Avaliação Nacional do
Rendimento Escolar (ANRESC) (ver Anexo), trazendo
maior coerência para as provas padronizadas em
nível nacional.
INDEFINIÇÕES
No dia 5 de maio de 2020, foi publicada a Portaria nº
458 do Ministério da Educação, que estabelece
várias normas complementares para Política
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71 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
Nacional de Avaliação da Educação Básica, e, em
especial, para o Saeb.
Entre as principais mudanças estão a
implementação definitiva do formato censitário,
prevendo aplicação para todos os estudantes a
partir do 2º ano do Ensino Fundamental, de escolas
públicas e privadas, bem como frequência anual de
realização e a implantação de provas em formato
digital para os estudantes a partir do 4º ano do
Ensino Fundamental.
Entretanto, no dia 29 de junho de 2021, o Ministério
da Educação publicou no Diário Oficial da União a
Portaria nº 445, que criou o Grupo de Trabalho que
debaterá um novo modelo para o Saeb e o Ideb,
podendo fazer propostas ou ajustes à atualização do
Saeb.
Apesar da necessidade de avanços no sistema para
potencializar a capacidade nacional de gerar
indicadores educacionais, há amplos debates
referentes à realização ou adiamento da prova por
conta da falta de segurança sanitária causada pela
pandemia. Nessa perspectiva, muitas instituições
consideram impossível aplicar tantas mudanças já
na edição de 2021.
Além disso, com a ampliação das responsabilidades
do Inep com políticas educacionais como o Fundeb,
cuja regulamentação foi abordada no conteúdo,
existe a preocupação de que não há tempo,
segurança sanitária, orçamento e recursos humanos
para realização do Novo Saeb ainda em 2021.
Em resumo, há ainda uma grande incerteza com
vistas ao modelo e formatos de aplicação do SAEB
para o ano de 2023.
SAEB
O Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) é
um conjunto de avaliações externas em larga escala
que permite ao Inep realizar um diagnóstico da
educação básica brasileira e de fatores que podem
interferir no desempenho do estudante.
Por meio de testes e questionários, aplicados a cada
dois anos na rede pública e em uma amostra da
rede privada, o Saeb reflete os níveis de
aprendizagem demonstrados pelos estudantes
avaliados, explicando esses resultados a partir de
uma série de informações contextuais.
O Saeb permite que as escolas e as redes municipais
e estaduais de ensino avaliem a qualidade da
educação oferecida aos estudantes. O resultado da
avaliação é um indicativo da qualidade do ensino
brasileiro e oferece subsídios para a elaboração, o
monitoramento e o aprimoramento de políticas
educacionais com base em evidências.
As médias de desempenho dos estudantes,
apuradas no Saeb, juntamente com as taxas de
aprovação, reprovação e abandono, apuradas no
Censo Escolar, compõem o Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).
A fim de atender aos normativos educacionais
vigentes, a transição para as novas matrizes está
acontecendo de maneira gradual. Veja os principais
marcos:
• 2019: estudo-piloto para a avaliação da
educação infantil; testes de língua
portuguesa e de matemática para o 2º ano
do ensino fundamental já alinhados à BNCC;
testes de ciências humanas e de ciências da
natureza para o 9º ano do ensino
fundamental já alinhados à BNCC.
• 2021: implementação da avaliação da
educação infantil, realizada por meio da
aplicação de questionários eletrônicos para
professores e diretores de creches e pré-
escolas, bem como gestores das redes.
• 2023: testes de linguagens e matemática
para os 5º e 9º anos do ensino fundamental
alinhados à BNCC; testes de ciências
humanas e de ciências da natureza para o 5º
ano do ensino fundamental alinhadosA inteligência do indivíduo, como adaptação a
situações novas, portanto, está relacionada com a
complexidade desta interação do indivíduo com o
meio. Em outras palavras, quanto mais complexa for
esta interação, mais “inteligente” será o indivíduo.
Epistemologia genética: estudo de como se passa
de um conhecimento para outro conhecimento
superior. Interacionismo: teoria psicológica que
sustenta que o desenvolvimento do
comportamento humano é uma construção
resultante da relação do organismo com o meio em
que está inserido. Esta teoria valoriza igualmente o
organismo e o meio. “Em relação ao conhecimento,
indica que é a representação da realidade em
sistemas organizados de elementos que se
relacionam entre si.
O indivíduo ao longo de sua vida, constrói diferentes
modelos desta realidade, cada vez mais complexos,
pois o que tem que entender é que estes modelos
apresentam uma certa estabilidade temporal, mas,
ao mesmo tempo, estão submetidos a processos de
mudança que modificam os sistemas construídos a
cada momento.” (MERCHÁN, 2000 – p.49) “Não
existe estrutura sem gênese, nem gênese sem
estrutura” (Piaget, 1982). Ou seja, a estrutura de
maturação do indivíduo sofre um processo genético
e a gênese depende de uma estrutura de
maturação. Sua teoria nos mostra que o indivíduo só
recebe um determinado conhecimento se estiver
preparado para recebê-lo. Ou seja, se puder agir
sobre o objeto de conhecimento para inseri-lo num
sistema de relações. Não existe um novo
conhecimento sem que o organismo tenha já um
conhecimento anterior para poder assimilá-lo e
transformá-lo.
A interação com o meio, proporciona modelos ou
representações básicas a partir de uma estrutura
hereditária já constituída, mas o desenvolvimento
do indivíduo lhe vai dotando de conhecimentos
sobre a realidade que, ao relacionar-se de outra
forma entre si, amplia-se e dá entrada a outros novos
conhecimentos, configurando sistemas
progressivamente diferenciados e característicos de
etapas que se repetem em todos os indivíduos.
Portanto a construção da inteligência dá-se, em
etapas ou estágios sucessivos, com complexidades
crescentes, encadeadas umas às outras. A isto
Piaget chamou de construtivismo seqüencial.
Construtivismo seqüencial: o desenvolvimento da
inteligência faz-se por complexidade crescente,
onde um estágio (nível) é resultante de outro
anterior. Estágios: patamares de desenvolvimento
que se dá por sucessão (organizações de ações e
pensamento características de cada fase do
desenvolvimento do indivíduo).
ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO GENÉTICO-
COGNITIVO
Piaget, quando descreve a aprendizagem, tem um
enfoque diferente do que normalmente se atribui à
esta palavra. Piaget separa o processo cognitivo
inteligente em duas palavras: aprendizagem e
desenvolvimento. Para Piaget, segundo MACEDO
(1994), a aprendizagem refere-se à aquisição de uma
resposta particular, aprendida em função da
experiência, obtida de forma sistemática ou não.
Enquanto que o desenvolvimento seria uma
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7 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
aprendizagem de fato, sendo este o responsável
pela formação dos conhecimentos. Piaget, quando
postula sua teoria sobre o desenvolvimento da
criança, descreve-a, basicamente, em 4 estágios,
que ele próprio chama de fases de transição (Piaget,
1975):
• Sensório-motor (0 – 2 anos);
• Pré-operatório ( 2 – 7 anos);
• Operatório-concreto ( 7 – 12 anos);
• Operatório Lógico-Formal (12 – …);
A - Período Sensório-Motor: Do nascimento aos 2
anos, aproximadamente, etapa básica manipulativa.
A ausência da função semiótica é a principal
característica deste período. A inteligência trabalha
através das percepções (simbólico) e das ações
(motor) através dos deslocamentos do próprio
corpo. Sua linguagem vai da ecolalia (repetição de
sílabas) à palavra-frase ("água" para dizer que quer
beber água) já que não representa mentalmente o
objeto e as ações. Sua conduta social, neste período,
é de isolamento e indiferenciação. (o mundo é ele).
Função semiótica: capacidade que o indivíduo tem
de gerar imagens mentais de objetos ou ações, e
através dela chegar a representação ( da ação ou do
objeto). “A função semiótica começa pela
manipulação imitativa do objeto e prossegue na
imitação interior ou diferida (imagem mental), na
ausência do objeto. É a função semiótica que
permite o pensamento". (Lima, 1980: 102). Neste
estágio, a partir de reflexos neurológicos básicos, o
bebê começa a construir esquemas de ação para
assimilar mentalmente o meio (LOPES, 1996).
Também é marcado pela construção prática das
noções de objeto, espaço, causalidade e tempo
(MACEDO, 1991). Segundo Lopes, as noções de
espaço e tempo são construídas pela ação,
configurando assim, uma inteligência
essencialmente prática. Conforme MACEDO (1991, p.
124) é assim que os esquemas vão "pouco a pouco,
diferenciando-se e integrando-se, no mesmo tempo
em que o sujeito vai se separando dos objetos
podendo, por isso mesmo, interagir com eles de
forma mais complexa." NITZKE et alli (1997b) diz-se
que o contato com o meio é direto e imediato, sem
representação ou pensamento. Exemplo: O bebê
“pega” o que está em sua mão; "mama" o que é
posto em sua boca; "vê" o que está diante de si.
Aprimorando esses esquemas, é capaz de ver um
objeto, pegá-lo e levá-lo a boca.
B. Período pré-operatório ou Simbólico ou
Intuitivo: Dos 2 anos aos 7 anos, aproximadamente.
Etapa intuitiva e de aprendizagem instrumental
básica. Neste período surge a função semiótica que
permite o surgimento da linguagem, do desenho,
da imitação, da dramatização, etc. Podendo criar
imagens mentais na ausência do objeto ou da ação
é o período da fantasia, do faz de conta, do jogo
simbólico. Com a capacidade de formar imagens
mentais pode transformar o objeto numa satisfação
de seu prazer (uma caixa de fósforos em carrinho,
por exemplo). É também o período em que o
indivíduo “dá alma” (animismo) aos objetos ("o carro
do papai foi 'dormir' na garagem"). A linguagem está
em nível de monólogo coletivo, ou seja, todos falam
ao mesmo tempo sem que respondam as
argumentações dos outros. Duas crianças
“conversando” dizem frases que não têm relação
com a frase que o outro está dizendo. Sua
socialização é vivida de forma isolada, mas dentro do
coletivo. Não há liderança e os pares são
constantemente trocados. Existem outras
características do pensamento simbólico que não
estão sendo mencionadas aqui, uma vez que a
proposta é de sintetizar as idéias de Jean Piaget,
como por exemplo: Antropomorfismo ou
Nominalismo: dar nomes às coisas das quais não
sabe o nome ainda. Superdeterminação: “teimosia”.
Egocentrismo: tudo é “meu”. Neste período já existe
um desejo de explicação dos fenômenos. É a “idade
dos porquês”, pois o indivíduo pergunta o tempo
todo. Distingue a fantasia do real, podendo
dramatizar a fantasia sem que acredite nela. Seu
pensamento continua centrado no seu próprio
ponto de vista. Já é capaz de organizar coleções e
conjuntos sem, no entanto incluir conjuntos
menores em conjuntos maiores (rosas no conjunto
de flores, por exemplo). Quanto à linguagem, não
mantém uma conversação longa, mas já é capaz de
adaptar sua resposta às palavras do companheiro.
Intuição: é uma representação construída por meio
de percepções interiorizadas e fixas e não chega
ainda ao nível da operação. Ou, é um pensamento
imaginado. Incide sobre as configurações de
conjunto e não mais sobre simples coleções
sincréticas simbolizadas por exemplares tipos.
Imagem mental: é um produto da interiorização dos
atos de inteligência. Constitui um decalque, não do
próprio objeto, mas das acomodações próprias da
ação que incidem sobre o objeto. Cópia do objeto
realizada através do sensório-motor. É a imagem
criada na mente de um objeto ou ação distante.
Animismo: concepçãoà
BNCC.
• 2025: testes para o ensino médio alinhados à
BNCC.
ANA - AVALIAÇÃO NACIONAL DA
ALFABETIZAÇÃO
Segundo o novo presidente do Inep, o exame voltará
a ser aplicado a todos os alunos do 2º ano do
fundamental em 2023.
A ANA, um dos instrumentos do Sistema de
Avaliação da Educação Básica (Saeb), avalia os níveis
de alfabetização e letramento em língua
portuguesa, a alfabetização em matemática e as
condições de oferta do ciclo de alfabetização das
redes públicas. Passam pela avaliação todos os
estudantes do terceiro ano do ensino fundamental
matriculados nas escolas públicas no ano da
aplicação da avaliação.
ENEM - Exame Nacional do Ensino Médio
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72 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foi
instituído em 1998, com o objetivo de avaliar o
desempenho escolar dos estudantes ao término da
educação básica. Em 2009, o exame aperfeiçoou sua
metodologia e passou a ser utilizado como
mecanismo de acesso à educação superior.
As notas do Enem podem ser usadas para acesso ao
Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e ao Programa
Universidade para Todos (ProUni). Elas também são
aceitas em mais de 50 instituições de educação
superior portuguesas. Além disso, os participantes
do Enem podem pleitear financiamento estudantil
em programas do governo, como o Fundo de
Financiamento Estudantil (Fies). Os resultados do
Enem possibilitam, ainda, o desenvolvimento de
estudos e indicadores educacionais.
Qualquer pessoa que já concluiu o ensino médio ou
está concluindo a etapa pode fazer o Enem para ter
acesso à educação superior. Os participantes que
ainda não concluíram o ensino médio podem
participar como “treineiros” e seus resultados no
exame servem somente para autoavaliação de
conhecimentos.
A aplicação do Enem ocorre em dois dias. A Política
de Acessibilidade e Inclusão do Inep garante
atendimento especializado e tratamento pelo nome
social, além de diversos recursos de acessibilidade.
Há também uma aplicação para pessoas privadas
de liberdade.
Os participantes fazem provas de quatro áreas de
conhecimento: linguagens, códigos e suas
tecnologias; ciências humanas e suas tecnologias;
ciências da natureza e suas tecnologias; e
matemática e suas tecnologias, que ao todo somam
180 questões objetivas. Os participantes também
são avaliados por meio de uma redação, que exige o
desenvolvimento de um texto dissertativo-
argumentativo a partir de uma situação-problema.
ENCCEJA - Exame Nacional para Certificação de
Competências de Jovens e Adultos
Foi realizado pela primeira vez em 2002 para aferir
competências, habilidades e saberes de jovens e
adultos que não concluíram o Ensino Fundamental
ou Ensino Médio na idade adequada.
O Encceja é realizado pelo Inep em colaboração com
as secretarias estaduais e municipais de educação.
O Exame é aplicado pelo Inep, mas a emissão do
certificado e declaração de proficiência é
responsabilidade das Secretarias Estaduais de
Educação e Institutos Federais de Educação, Ciência
e Tecnologia, que firmam Termo de Adesão ao
Encceja.
O Exame tem quatro aplicações, com editais e
cronogramas distintos: Encceja Nacional para
residentes no Brasil, Encceja Nacional PPL, para
residentes no Brasil privados de liberdade ou que
cumprem medidas socioeducativas, Encceja
Exterior, para brasileiros residentes no exterior, e
Encceja Exterior PPL, para residentes no exterior
privados de liberdade ou que cumprem medidas
socioeducativas. As aplicações fora do Brasil são
realizadas em parceria com o Ministério das
Relações Exteriores (MRE).
São finalidades do Encceja: construir uma referência
nacional de autoavaliação para jovens e adultos por
meio de avaliação de competências, habilidades e
saberes adquiridos em processo escolar ou
extraescolar; estruturar uma avaliação direcionada a
jovens e adultos que sirva às Secretarias de
Educação para que estabeleçam o processo de
certificação dos participantes, em nível de
conclusão do Ensino Fundamental ou Ensino Médio,
por meio da utilização dos resultados do Exame;
oferecer uma avaliação para fins de correção do
fluxo escolar; construir, consolidar e divulgar seus
resultados para que possam ser utilizados na
melhoria da qualidade na oferta da Educação de
Jovens e Adultos e no processo de certificação;
construir parâmetros para a autoavaliação do
participante, visando a continuidade de sua
formação e sua inserção no mundo do trabalho;
possibilitar o desenvolvimento de estudos e
indicadores sobre educação brasileira.
O Encceja é direcionado aos jovens e adultos
residentes no Brasil ou no exterior que não tiveram
a oportunidade de concluir seus estudos em idade
própria e que atendam ao art. 38, §1º e §2º da Lei de
Diretrizes e Base (LDB), a Lei 9.394 de 20 de
dezembro de 1996: tenham, no mínimo, 15 anos
completos na data de realização do Exame, para
quem busca a certificação do ensino fundamental;
ou tenham, no mínimo, 18 anos completos na data
de realização do Exame, para quem busca a
certificação do ensino médio. Para realizar a
inscrição é necessário ter registro no Cadastro de
Pessoas Físicas (CPF) emitido pela Receita Federal
do Brasil.
As provas do Encceja obedecem aos requisitos
básicos, estabelecidos pela legislação em vigor, para
o Ensino Fundamental e Ensino Médio. São
aplicadas em um único dia, nos turnos matutino e
vespertino. As datas de aplicação no Brasil e no
exterior são distintas, assim como as provas para
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73 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
pessoas privadas de liberdade ou que cumprem
medidas socioeducativas. O Exame é composto por
quatro provas objetivas, cada uma com 30 questões
de múltipla escolha, e uma proposta de Redação. As
provas objetivas avaliam as seguintes áreas de
conhecimento e respectivos componentes
curriculares:
Ensino Fundamental
• Ciências Naturais;
• Matemática;
• Língua Portuguesa, Língua Estrangeira
Moderna, Artes, Educação Física e Redação;
• História e Geografia.
Ensino Médio
• Ciências da Natureza e suas Tecnologias
(Química, Física e Biologia);
• Matemática e suas Tecnologias;
• Linguagens e Códigos e suas Tecnologias e
Redação (Língua Portuguesa, Língua
Estrangeira Moderna, Artes e Educação
Física);
• Ciências Humanas e suas Tecnologias
(História, Geografia, Filosofia e Sociologia).
SPAECE- Sistema Permanente de Avaliação da
Educação Básica do Ceará
O SPAECE, na vertente Avaliação de Desempenho
Acadêmico, caracteriza-se como avaliação externa
em larga escala que avalia as competências e
habilidades dos alunos do Ensino Fundamental e do
Ensino Médio, em Língua Portuguesa e
Matemática.
Esse sistema tem por objetivo fornecer subsídios
para formulação, reformulação e monitoramento
das políticas educacionais, além de possibilitar aos
professores, dirigentes escolares e gestores um
quadro da situação da Educação Básica da Rede
Pública de ensino.
Realizada de forma censitária, essa avaliação
abrange as escolas estaduais e municipais, tendo
como orientação Matrizes de Referência alinhadas
com as do Sistema de Avaliação da Educação Básica
(Saeb).
Por considerar a importância da avaliação como
instrumento eficaz de gestão, a SEDUC ampliou, a
partir de 2007, a abrangência do SPAECE,
incorporando a avaliação da alfabetização e
expandindo a avaliação do Ensino Médio. Desta
forma, o SPAECE passa a ter três focos:
• Avaliação da Alfabetização – SPAECE-Alfa (2º
ano);
• Avaliação do Ensino Fundamental (5º e 9º
anos);
• Avaliação do Ensino Médio (3a séries).
A idealização do SPAECE-Alfa surge em decorrência
da reconhecida importância na alfabetização das
crianças logo nos primeiros anos de escolaridade,
expressa através do ProgramaAlfabetização na
Idade Certa (PAIC). O SPAECE-Alfa consiste numa
avaliação anual, externa e censitária, para identificar
e analisar o nível de proficiência em leitura dos
alunos do 2º ano do Ensino Fundamental das
escolas da Rede Pública (estaduais e municipais),
possibilitando construir um indicador de qualidade
sobre a habilidade em leitura de cada aluno, o qual
permite estabelecer comparações com os
resultados das avaliações realizadas pelos
municípios e pelo Governo Federal (Provinha Brasil).
A Avaliação do Ensino Fundamental é realizada nas
séries finais de cada etapa do Ensino Fundamental,
com a finalidade de diagnosticar o estágio de
conhecimento, bem como analisar a evolução do
desempenho dos alunos do 5º e 9º anos e os fatores
associados a esse desempenho, produzindo
informações que possibilitem a definição de ações
prioritárias de intervenção na Rede Pública de
ensino (estadual e municipal).
A Avaliação do Ensino Médio, realizada anualmente
de forma censitária, envolve todas as escolas da
Rede Estadual de ensino e seus anexos, localizadas
nos 184 municípios cearenses.
O conjunto de informações coletadas por esta
avaliação permite montar um quadro sobre os
resultados da aprendizagem dos alunos, seus
pontos fracos e fortes, e sobre as características dos
professores e gestores das escolas estaduais. Em se
tratando de uma avaliação de característica
longitudinal, possibilita ainda acompanhar o
progresso de aprendizagem de cada aluno ao longo
do tempo.
AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL?
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74 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
As avaliações educacionais em larga escala
realizadas no Brasil nunca contemplaram a
Educação Infantil. Mas isso deve mudar nos
próximos anos. Os estudos sobre o tema já se
iniciaram dentro do Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - INEP . A
perspectiva é de que a Avaliação Nacional da
Educação Infantil (ANEI), como será chamada, avalie
as condições de oferta da etapa de ensino.
ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO
BÁSICA - IDEB
Criado em 2007, reúne, em um só indicador, os
resultados de dois conceitos igualmente
importantes para a qualidade da educação: o fluxo
escolar e as médias de desempenho nas avaliações.
O Ideb é calculado a partir dos dados sobre
aprovação escolar, obtidos no Censo Escolar, e das
médias de desempenho no Sistema de Avaliação da
Educação Básica (Saeb).
O Ideb agrega ao enfoque pedagógico das
avaliações em larga escala a possibilidade de
resultados sintéticos, facilmente assimiláveis, e que
permitem traçar metas de qualidade educacional
para os sistemas. O índice varia de 0 a 10. A
combinação entre fluxo e aprendizagem tem o
mérito de equilibrar as duas dimensões: se um
sistema de ensino retiver seus alunos para obter
resultados de melhor qualidade no Saeb, o fator
fluxo será alterado, indicando a necessidade de
melhoria do sistema. Se, ao contrário, o sistema
apressar a aprovação do aluno sem qualidade, o
resultado das avaliações indicará igualmente a
necessidade de melhoria do sistema.
O índice também é importante condutor de política
pública em prol da qualidade da educação. É a
ferramenta para acompanhamento das metas de
qualidade para a educação básica, que tem
estabelecido, como meta para 2022, alcançar média
6 – valor que corresponde a um sistema educacional
de qualidade comparável ao dos países
desenvolvidos.
Em resumo, IDEB é uma avaliação? Sim! Uma
avaliação do tipo institucional.
1.12. Uso de tecnologias digitais em sala de aula.
As Tecnologias Digitais da Informação e
Comunicação, conhecidas como TDICs, englobam
uma variedade de recursos digitais, como
computadores, celulares, tablets, programas e sites,
que desempenham um papel fundamental na
nossa era digital.
No contexto educacional, as TDICs desempenham
um papel significativo ao potencializar a
aprendizagem. Elas possibilitam a individualização
do ensino, o gerenciamento de ferramentas
educacionais e táticas para ampliar a absorção de
conteúdo, além de oferecer diversas outras
possibilidades.
A importância da informática na educação do
século 21
A informática tem se tornado cada vez mais
importante nas nossas vidas. Isso porque utilizamos
as tecnologias para nos divertir, aprender e se
comunicar com diferentes pessoas ao redor do
mundo. Não é à toa que o uso de computadores,
notebooks e tablets têm se popularizado bastante.
Juntamente com a popularização da internet, o
acesso à conexão também aumentou, o que foi
importante para a vida de muitos indivíduos. Essa
evolução tecnológica tem feito as pessoas
perceberem que existe uma nova forma de
aprender: através da web. Isso mostra como é
importante saber utilizar essas tecnologias e fazer
um curso de informática ou curso de excel.
A inclusão da tecnologia na educação é importante
porque, atualmente, é através da web que muitas
pessoas compartilham conhecimento, desenvolvem
as suas habilidades e provocam a transformação
social.
Além disso, a tecnologia facilitou o acesso ao
conhecimento, tornando a busca por informações
muito mais simples e fácil. Antes, as pessoas
passavam horas e horas em uma biblioteca em
busca de uma simples informação. Hoje em dia, é
necessário apenas fazer uma busca no Google, onde
a resposta é encontrada em questão de segundos.
Através desta renovação dos itens de estudos, os
professores também podem melhorar o seu
processo de ensino-aprendizagem. Por isso, é
necessário que se tenha mudanças e modernização
no acesso à informática no Brasil. Sendo assim, é
fundamental a "liberação" de subsídios para quem
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75 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
não tem internet e/ou dispositivos móveis para
acessar conteúdos online.
A importância da tecnologia na educação foi
bastante percebida no início da pandemia, quando
as escolas e universidades precisaram fechar as suas
portas, e os conteúdos começaram a ser ministrados
online. Foi através das tecnologias que os
educadores encontraram uma solução para dar
continuidade aos estudos, mesmo em um período
de crise sanitária e humanitária.
Por fim, a importância da informática na educação
também pode ser percebida através do aumento do
número de opções de curso de informática online.
Muitas pessoas têm tido preferência pela educação
à distância por diversos motivos, como a
flexibilidade e a possibilidade de estudar na hora
que quiser. Isso tem ajudado muitos indivíduos a
terem a oportunidade de transformarem as suas
vidas.
Quais são as TDICs utilizadas na educação?
O uso das TDICs na área da educação tem se
tornado cada vez mais comum. Isso porque essas
ferramentas facilitam o acesso ao conhecimento e a
comunicação entre pessoas de diferentes lugares.
Veja alguns exemplos de tecnologias usadas na área
educacional:
• Computador (PCs e notebooks);
• Celular;
• Televisão;
• Tablet;
• Aplicativos;
• Programas;
• Pen drives;
• Sites.
•
Através de todas essas tecnologias que citamos
anteriormente, os alunos podem ter acesso ao
conhecimento. Por exemplo, os estudantes, através
de alguns programas específicos, podem ter acesso
a ambientes virtuais, onde é possível aprender sobre
diferentes assuntos.
Além disso, através das TDICs, eles podem se
comunicar com os professores e colegas de turma.
Alguns exemplos dessas tecnologias são o
Whatsapp, redes sociais e e-mails. Os estudantes
também podem acessar sites que contam com um
amplo acervo de livros, onde é possível "baixá-los"
para ler sobre diferentes conteúdos.
Por fim, também existem as videoaulas, jogos, livros
em PDF e diversos TICs que podem ajudar o aluno
que deseja aprender. Diante disso, podemos ver as
inúmeras oportunidadesque um estudante têm ao
acessar a internet. Isso é excelente para quem
deseja ser aprovado no vestibular ou finalizar uma
faculdade, por exemplo.
O que são os REA?
A sigla REA significa "recursos adicionais abertos".
Esses materiais são facilitadores do aprendizado,
ensino e pesquisa. Além disso, eles são de domínio
público, o que significa que qualquer pessoa pode
utilizá-los. Através do uso dessas ferramentas se
busca ampliar o uso de mídias para fins
educacionais e melhorar os métodos de ensino-
aprendizagem.
Existem diferentes tipos de REA, como ferramentas,
conteúdos e recursos. Veja, a seguir, a diferença
entre cada um desses modelos:
Ferramentas: dispositivos que possibilitam
disponibilizar os conteúdos educacionais online.
Exemplos: softwares e programas;
Conteúdos: imagens, livros ou qualquer outro tipo
de mídia que possui fim educacional;
Recursos: licenças intelectuais que permitem fazer a
publicação desses materiais educacionais.
Os REA se diferenciam dos outros tipos de
conteúdos porque esses recursos podem ser
alterados e compartilhados por outras pessoas, sem
nenhum problema, visto que eles são "abertos" e
não há necessidade de solicitação de licença para o
seu uso. É necessário apenas indicar a sua fonte.
Portanto, os REA facilitam o acesso a conteúdos
educacionais, tornando o seu acesso mais
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76 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
democrático. Dessa forma, crianças, jovens e adultos
não precisam pagar nada para utilizar, compartilhar
e até mesmo alterar esses recursos.
É importante que os estudantes utilizem os REA
para aprender/estudar, pois essas tecnologias são
capazes de transformar o campo educacional. Além
disso, eles podem aumentar o rendimento dos
alunos e auxiliar na sua formação.
Vale ressaltar que, no Brasil, existe a Comunidade
REA, o qual fazem parte pedagogos, professores,
pesquisadores e outros profissionais da área
educacional. Eles se "juntaram" a fim de criar e
compartilhar esses recursos educacionais abertos
para o público, ajudando na formação de diversos
estudantes.
Qual a diferença entre TICs e TDICs?
Apesar de que muitos estudiosos utilizam as siglas
TICs e TDICs com o mesmo significado, existem
diferenças entre esses dois conceitos. Porém, de
forma simplificada, podemos falar que a principal
distinção entre ambos é que as TICs se referem aos
aparelhos tecnológicos mais antigos, e os TDICs, os
mais novos.
Para começar a falar sobre esse assunto, queremos
ressaltar que essas duas siglas possuem significados
diferentes. Os TICs correspondem às Tecnologias de
Informação e Comunicação. Já as TDICs são as
Tecnologias Digitais de Informação e da
Comunicação.
1.13. Ferramentas educacionais.
Você já ouviu falar em tecnologias educacionais? O
termo se refere a ferramentas usadas para
potencializar a aprendizagem dentro das escolas.
Com o apoio da tecnologia, os professores
conseguem manter os estudantes mais engajados,
além de fomentar a criatividade e garantir o
desenvolvimento de competências e habilidades
previstas pela Base Nacional Comum Curricular
(BNCC). A seguir, respondemos a 10 questões para
ajudar você a tirar dúvidas sobre essa temática.
1.13.1. O que são as tecnologias educacionais?
De acordo com o Ministério da Educação (MEC),
tecnologias educacionais são processos,
ferramentas e materiais que auxiliam as redes de
ensino nas mais diversas funções, desde a gestão
escolar até o processo de aprendizagem em sala de
aula, passando pela formação de professores e pelas
práticas de educação inclusiva.
Apesar do nome, as tecnologias educacionais não se
referem, necessariamente, a ferramentas digitais
conectadas à internet e também incluem as
experiências offline. Neste tira-dúvidas, porém,
focaremos nas tecnologias educacionais digitais.
1.13.2. Por que as tecnologias educacionais são
importantes?
Rozelma França, professora do Departamento de
Educação da Universidade Federal Rural de
Pernambuco, afirma que as tecnologias
educacionais digitais são importantes, em primeiro
lugar, porque “se conectam com a sociedade
contemporânea”.
“A educação pode fazer uso dessas tecnologias,
explorando o potencial pedagógico que esses
recursos podem ter para favorecer os processos de
ensino e aprendizagem nas diversas áreas do saber”,
diz.
Além de favorecer o aprendizado, o uso das
tecnologias cumpre o que é previsto na BNCC. Tanto
o documento principal, que traz a “cultura digital”
como competência geral, quanto o complemento
que trata do ensino da computação, esclarecem que
os estudantes devem desenvolver habilidades
relacionadas ao uso crítico, reflexivo e ético dos
recursos tecnológicos.
Conforme as tecnologias são usadas em sala de aula,
explica Rozelma, "a longo prazo, poderemos ter
pessoas menos vulneráveis a ameaças de segurança
digital, e mesmo envolver os estudantes em
desafios sociais por meio da produção de mídias
digitais".
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77 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
1.13.3. Quais são os passos de implementação das
tecnologias educacionais?
Apenas garantir a conexão nas escolas não é
suficiente para melhorar o processo de ensino e
aprendizagem. “As tecnologias digitais podem se
somar aos diversos recursos já empregados pelos
docentes em sala, e seu uso deve ter
intencionalidade pedagógica, pois a tecnologia por
si só não faz milagres”, afirma Rozelma.
O MEC ressalta que “O uso de uma tecnologia se
torna desprovido de sentido se não estiver aliado a
uma perspectiva educacional comprometida com o
desenvolvimento humano, com a formação de
cidadãos, com a gestão democrática, com o respeito
à profissão do professor e com a qualidade social da
educação”, em seu Guia de Tecnologias
Educacionais, iniciativa que elencou ferramentas
qualificadas para auxiliarem professores e gestores
escolares.
Em entrevista à Nova Escola em 2023, Paulo
Blikstein, professor da Universidade de Columbia,
nos Estados Unidos, e diretor do Transformative
Learning Technologies Lab, explica que há três
camadas na implementação das tecnologias
educacionais digitais:
Infraestrutura, ou seja, conexão à internet e
equipamentos como computadores e tablets. Essa
camada é a base para o desenvolvimento das outras
duas;
Tecnologias de ensino, que são ferramentas que
otimizam o ensino tradicional, como aulas em vídeo
e softwares de correção;
Tecnologias de criação e experimentação, baseadas
em metodologias ativas de aprendizagem, como
laboratórios makers, por exemplo.
É nessa terceira camada que acontece, de fato, uma
mudança significativa no ensino e aprendizagem,
colocando os alunos no centro do processo e
utilizando a tecnologia para promover ganhos
pedagógicos.
1.13.4. Como as ferramentas digitais contribuem
para a aprendizagem?
Os ganhos pedagógicos proporcionados pela
utilização da tecnologia em sala de aula são os mais
diversos. Os primeiros aspectos são a motivação e o
engajamento. Como as crianças e adolescentes
estão em constante contato com o universo digital,
trazer essas ferramentas para a sala de aula é “falar
a língua deles”, permitindo que interajam mais com
o conteúdo apresentado.
Nesse sentido, é bastante importante estar atento
aos interesses da turma. Os estudantes gostam mais
de jogos ou de redes sociais? Eles gostam de
produzir vídeos? Essas são algumas perguntas que
ajudam o professor a escolher as ferramentas e,
além disso, entender como utilizá-las de forma a
despertar a curiosidade e engajar os estudantes.
Quando o uso das ferramentas está alinhado aos
objetivos pedagógicos, é possível promover, além de
engajamento, maior protagonismo. Isso porque as
tecnologias digitais permitem trabalhosem grupo,
pesquisas, criação de novas ferramentas e uso e
desenvolvimento da criatividade.
“Se usadas com intencionalidade pedagógica, essas
ferramentas podem oferecer benefícios que
melhoram a eficiência, eficácia e inovação no
trabalho docente, contribuindo para uma educação
mais personalizada, inclusiva e alinhada com muitas
demandas da sociedade contemporânea”, afirma
Audaci Maria de Lima, membro da equipe técnica
da rede municipal de Recife, onde já atuou como
professora de tecnologia.
1.13.5. Como as tecnologias educacionais se
relacionam com as metodologias ativas?
Pensar em colocar o aluno no centro do processo de
aprendizagem passa por pensar na implementação
de metodologias ativas em sala de aula. Esse tipo de
abordagem visa tirar os estudantes da passividade
das tradicionais aulas na lousa e colocá-los para
aprender na prática.
Embora nem todas as metodologias ativas utilizem
recursos digitais, o bom uso das ferramentas
tecnológicas passa por processos baseados em
metodologias ativas, como explicou Paulo Blikstein.
O ensino híbrido, por exemplo, é uma metodologia
que pode contar com o uso da tecnologia. Nesse
caso, os estudantes podem utilizar ferramentas
digitais tanto em casa, para pesquisas, como na sala
de aula, para promover a integração com os demais
estudantes e consolidar as aprendizagens.
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78 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
Um exemplo apresentado pela Nova Escola foi o da
professora Magda Rodrigues, de Língua Portuguesa,
do Colégio Municipal José Botelho Athayde, em
Volta Redonda (RJ), que promoveu junto aos
estudantes uma pesquisa sobre a Covid-19. Depois
de procurarem informações sobre o tema em casa,
usando a internet, os alunos criaram, em sala de
aula, cartazes digitais sobre o tema utilizando o
aplicativo Canva. Todo o trabalho foi feito em grupo
e contou com o acompanhamento da professora.
Dessa forma, os estudantes puderam aprender
sobre a temática de forma ativa, ao invés de apenas
ouvirem a professora explicar sobre a doença.
1.13.6. Como explorar as tecnologias educacionais
com os estudantes?
As ferramentas digitais podem ser usadas em todas
as etapas de ensino e em qualquer componente
curricular. O complemento à BNCC que trata do
ensino de programação prevê essa
interdisciplinaridade quando o assunto são
habilidades relacionadas à tecnologia.
Todos os componentes curriculares podem se
beneficiar das vantagens de trabalhar com
tecnologias educacionais, aumentando o
engajamento, o protagonismo e a criatividade dos
estudantes.
1.13.7. Como levar gêneros digitais para a sala de
aula?
Com novas tecnologias e formas de compartilhar
informações nas redes sociais, surgiram também
novos gêneros digitais, mudando a forma como as
crianças e adolescentes leem e escrevem.
Nesse sentido, surge o conceito de letramento
digital, que se refere ao conhecimento necessário
para utilizar os recursos tecnológicos e a escrita no
meio digital de maneira crítica e ética - o que está
diretamente relacionado com a competência geral
“cultura digital”, da BNCC.
Em sala de aula, é possível abordar esses novos
gêneros, que incluem:
Blogs;
Tweets;
Mensagens instantâneas;
Memes;
GIFs;
Vlogs;
Para além da Língua Portuguesa, que aborda a
produção de gêneros textuais, diversos outros
componentes curriculares podem se apropriar do
formato, trabalhando tanto a leitura quanto a
produção de conteúdos digitais, sempre
relacionados ao tema da aula. É possível ainda
desenvolver um trabalho interdisciplinar por meio
de projetos.
Segundo a professora especialista em tecnologia
Débora Garofalo, em sua coluna para a Nova Escola,
os gêneros digitais “diminuem a distância entre o
professor e os alunos” e ampliam “formas
comunicativas que, devido a sua estrutura, podem
variar de acordo com o histórico social e campo
tecnológico”. A especialista nota que esses gêneros
são “variáveis, versáteis e transmutáveis”, o que
permite que qualquer professor se aproprie deles.
8. Quais são as melhores tecnologias digitais para
estimular a turma a trabalhar em colaboração?
As professoras Rozelma e Audaci indicam algumas
ferramentas interessantes. Confira:
Jamboard: o quadro interativo do Google permite o
trabalho colaborativo, como a resolução de
problemas em equipes;
Mentimeter: essa ferramenta pode ser usada para o
professor fazer perguntas aos estudantes e gerar
resultados visuais, expostos para toda a turma. É
uma boa tecnologia para promover discussões
sobre os mais variados temas;
Kahoot!: a plataforma gamificada permite que os
estudantes completem tarefas usando o celular. O
sistema gera rankings, aumentando o engajamento
dos alunos, e mostra ao professor os problemas com
maiores e menores taxas de acerto;
Padlet: esse recurso permite a criação de murais
virtuais colaborativos, nos quais fotos, textos, vídeos
e outras mídias produzidos pelos estudantes podem
ser inseridos;
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79 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
Scratch: se o foco for o ensino da tecnologia em si,
essa ferramenta permite aprender a linguagem de
programação de mesmo nome, promovendo
interação entre os estudantes durante as atividades;
Documentos e apresentações do Google: as
ferramentas do Google também são interessantes
para trabalhos colaborativos, como pesquisas, já que
vários estudantes podem editar um mesmo arquivo
simultaneamente;
Canva: assim como as ferramentas do Google, o
Canva permite a produção de diversos formatos de
forma colaborativa, como apresentações, cartazes,
publicações para redes sociais, vídeos e
documentos;
Flipgrid: a ferramenta permite que os alunos criem
e compartilhem vídeos curtos.
1.13.9. Quais critérios o professor deve ter na hora
de escolher uma tecnologia para uso em sala de
aula?
Mais do que decidir qual ferramenta usar, é
necessário saber qual é o objetivo e como a
tecnologia será utilizada. “O professor precisa refletir
sobre o que espera que os estudantes aprendam ou
desenvolvam a partir da interação com essa
tecnologia digital. Deve haver intencionalidade
pedagógica desde o planejamento”, afirma
Rozelma.
Com o objetivo pedagógico definido, é hora de
buscar tecnologias que possam potencializar o
aprendizado. Algumas perguntas podem ajudar na
escolha:
Essa tecnologia precisa de instalação ou acesso à
internet? Eu tenho essa infraestrutura na minha
escola?
A ferramenta é fácil de usar e acessível a todos os
estudantes?
A tecnologia em questão tem objetivos
pedagógicos? É adequado ao meu público-alvo?
O recurso permite que sejam explorados diferentes
níveis de complexidade?
A ferramenta tem recursos motivacionais, com
feedbacks encorajadores?
A tecnologia permite que o professor acompanhe o
trabalho e o progresso dos estudantes?
O recurso consegue manter os alunos motivados e
engajados?
“Escolher a tecnologia certa para uso em sala de
aula é uma tarefa crucial que pode influenciar
significativamente a eficácia do ensino e a
experiência de aprendizagem dos estudantes”,
afirma Audaci. “Vale ponderar, também, que a boa
qualidade de uma tecnologia digital não garante a
sua potencialidade pedagógica, pois é necessária
uma boa ação docente nesse uso”, completa
Rozelma.
10. Minha escola não tem acesso à internet; e
agora?
De acordo com a pesquisa TIC Educação 2022,
promovida pelo Centro Regional de Estudos para o
Desenvolvimento da Sociedade da Informação
(Cetic.br), 57% das escolas municipais e 18% das
estaduais não tinham computador e acesso à
internet disponível para os estudantes.
Apesar de desafiador, esse cenário não impede a
adoção de tecnologias educacionais em sala de
aula. A seguir, conheça opções deferramentas que
podem ser utilizadas offline:
Plickers: a plataforma é similar ao Kahoot!, mas não
exige que todos os estudantes estejam com o
celular, apenas o professor. Os alunos recebem
cartões para responder às perguntas, e o professor
aponta o smartphone para esses cartões a fim de
registrar as respostas. É uma forma de gamificar
processos de resolução de problemas sem o acesso
à internet;
Stop Motion Studio: esse aplicativo exige o uso de
celulares ou tablets, mas não a conexão à internet.
Ele é utilizado para criar animações de forma
colaborativa;
ScratchJr: essa ferramenta pode ser usada com
crianças da Educação Infantil ou do 1º ano do Ensino
Fundamental. O recurso funciona offline e pode
servir para os estudantes programarem suas
próprias histórias e jogos.
Se o objetivo do professor for o ensino da tecnologia
em si, é possível abordar atividades relacionadas à
computação desplugada, prevista pela BNCC
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80 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
Computação. Um exemplo interessante,
desenvolvido por Rozelma, é o livro-jogo sertão.bit,
que usa a dança como estratégia para desenvolver
habilidades de computação, com foco nos Anos
Iniciais do Ensino Fundamental. Qualquer professor
pode baixar o livro-jogo e um guia de apoio.
1.14. Administração de instituições de ensino,
liderança educacional e relações com a
comunidade escolar.
No contexto organizacional atual torna-se cada vez
mais pertinente discutir a temática da liderança.
Se atendermos às justificações de Syroit (1996), esta
necessidade prende-se com fatores de vária ordem,
das quais destacamos o carácter imperfeito da
morfologia organizacional quanto à regulação do
comportamento, a relação entre a organização e a
comunidade envolvente, a necessidade de
mudanças sistémicas e o equilíbrio
da organização.
Os vocábulos líder e liderança entraram
definitivamente no rol de termos triviais ao saírem
do campo técnico e entrarem, definitivamente, no
domínio da utilização comum. Mas de que falamos
ao usarmos estes termos? Apesar da vasta
investigação produzida no âmbito da literatura
organizacional em torno destes conceitos,
os resultados equacionados nem sempre são
elucidativos e auxiliares na tentativa de enunciar
uma definição conceitual sendo frequentemente
arrolados termos como poder, autoridade e gestão
por contraste (Neves, 2001). Apesar da
multiplicidade de definições existentes, importa-
nos neste contexto relevar a existência de um
sujeito que tem como competência influenciar um
grupo de indivíduos. Esta premissa implica, então,
considerar a liderança como algo que pressupõe
um “destinatário coletivo”, no que difere de poder,
de comportamento político, de autoridade ou de
influência social.
Etimologicamente, líder e liderança são termos de
introdução recente no léxico português oriundos do
inglês leader e leadership; traduzem a ideia,
respetivamente, de guia virtual e qualidade ou
função de líder. Na língua portuguesa, estes
conceitos estão profundamente ligados à arte de
comando, mas, obviamente, a tónica nesta
literatura de inspiração política e militar é posta nos
aspetos biográficos do líder enquanto ator
que dirige um processo e não na liderança
propriamente dita. O advento das ciências sociais,
em particular, da sociologia e da psicologia,
possibilitou alargar esta visão algo restrita da
liderança.
Neves (2001) considera que os múltiplos estudos
sobre a temática têm mostrado a liderança como
caraterística da personalidade, como forma
indutora de obediência, como exercício de
influência ou outros comportamentos específicos,
como meio de persuasão, como relação de poder,
como meio de alcançar objetivos ou como
uma combinação de múltiplos fatores.
A proliferação de estudos teóricos, empíricos e
experimentais na área da liderança possibilitou o
aclaramento do conceito de liderança sem, no
entanto, chegarmos a definições consensuais e
definitivas. Importa não esquecer que as definições
de liderança devem ser entendidas no contexto
científico e temporal em que foram
produzidas. Perante esta realidade complexa e
multivariada, a liderança deverá ser analisada sob
diversos ângulos enfatizando distintas variáveis
contingenciais (situacionais) não se restringindo
apenas ao tipo de subordinados e situação de
trabalho. Assim, na definição de liderança, deverão
ser tidas em conta variáveis como a configuração
organizacional, o ciclo de vida das organizações ou
as culturas organizacionais e
nacionais diferenciadas. Face a esta multiplicidade
e complexidade de estudos, como definir, então,
liderança? Sem sermos exaustivos, procuraremos,
então, apresentar algumas definições que julgamos
mais representativas.
Antes da 2.ª Guerra Mundial, a liderança era definida
de acordo com as caraterísticas de personalidade do
líder – dos Magos. A seleção natural dos líderes
resolvia os problemas da eficácia. Mais tarde, a
abordagem comportamental entendeu a liderança
de acordo com os comportamentos suscetíveis de
distinguir os líderes dos não líderes. A aposta na
formação dos líderes respondia naturalmente aos
problemas de eficácia organizacional.
Da liderança à gestão
Das muitas questões que envolvem a liderança,
importa, também, ressaltar o debate existente entre
o binómio liderança versus gestão. Se os conceitos
são praticamente sinónimos para muitos autores,
outros há que os afastam por completo na medida
em que gestores e líderes atuam em campos
significativamente opostos. É vulgar entender-se a
liderança como um processo mais emotivo e
intenso do que a gestão visto que os
líderes encarnam uma versão mais carismática e
inspiradora, arriscam, são dinâmicos e criativos,
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81 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
sabem lidar de perto com a mudança. No que
respeita aos gestores, estes são mais cerebrais, lidam
com a eficiência, o planeamento, os procedimentos,
os controlos e os regulamentos. Logo, é vulgar
encontrarmos um líder sem ser gestor ou
um gestor sem ser líder. Bennis e Nanus (1985)
diferenciam com nitidez estes conceitos. Assim, a
gestão implica provocar, realizar, assumir
responsabilidades, comandar enquanto a liderança
consiste em exercer influência, guiar, orientar. Os
gestores sabem o que devem fazer, os líderes sabem
o que é necessário fazer. Na esteira de Bennis (1989),
Rego (1998) advoga que líderes e gestores são
divergentes não só em termos temporais mas
também quanto ao modo como lidam com o
contexto, o grau de inovação que defendem e o
modo como questionam as situações.
Os líderes apresentam-se mais intuitivos,
imprevisíveis e proativos, mais preocupados com os
objetivos a longo prazo, com a inovação e
originalidade por oposição ao conservadorismo, à
administração, adaptabilidade e imitação mais
particulares dos gestores.
É difícil encontrar um indivíduo excelente nas duas
áreas na medida em que a liderança implica formar
e manter um compromisso com uma visão bem
definida, gerir a mudança de maneira a melhorar a
organização, criar e gerir uma equipa de grande
rendimento, inspirar, motivar e influenciar o grupo,
liderar através do exemplo e assumir a
responsabilidade. Por sua vez, a gestão abrange o
pensamento e o planeamento
estratégicos, debruça-se sobre a forma de
rentabilizar as capacidades do grupo, com a
delegação, apreciação e desenvolvimento, com os
recursos financeiros, as comunicações e
monitorizações, com a avaliação do desempenho e
consequentemente com a apresentação dos
resultados (Earley, 2002). Porém, este
autor reconhece que, apesar das grandes
dissemelhanças, tanto a liderança como a gestão se
sobrepõem e são essenciais para o sucesso dasorganizações.
Nas organizações do mundo moderno, gestores e
líderes são peças fundamentais: a liderança deve
ser «temperada» com gestão (com o intuito conferir
realismo e estabilidade ao sonho/visão) e a
gestão «condimentada» com liderança (com o
propósito de evitar a estagnação e prosperar a longo
prazo). Sempre que não é possível conciliar num
mesmo indivíduo as duas funções, é necessário
assegurar a dupla liderança (Cunha, 2000; Rego e
Cunha, 2003). Aceitando a premissa que gestores e
líderes são componentes imprescindíveis no puzzle
das organizações modernas, parece-nos que a
figura-síntese proposta por Pina e Cunha (2000)
traduz a ideia da complementaridade das duas
noções em estudo.
Isolados ou em conjugação de esforços com os
gestores, os líderes são figuras de primeira linha na
morfologia das organizações, responsáveis últimos
não só pelos triunfos, mas também pelos fracassos.
A ligação entre as ações dos líderes e os resultados
de eficácia é altamente complexa, não-linear, a
longo prazo e de difícil escrutínio. A parcela dos
resultados que pode ser atribuída às ações
protagonizadas diretamente pela
liderança dificilmente poderá ser inventariada com
grande precisão.
A liderança e o problema da mudança
Seria um exercício interessante rever o conjunto de
mudanças que ocorreram na última década do
século XX. Contudo, à medida que entrámos no
século XXI, o desafio da mudança adquiriu
contornos muito mais profundos. A mudança
desperta sempre emoções fortes e quando as
emoções estão ao rubro, a liderança é o
elemento catalisador. O papel dos líderes na gestão
da mudança é determinante para a eficácia
organizacional e, para que a mudança seja bem-
sucedida o líder deve investir no melhoramento ao
nível do relacionamento. Assim, é fundamental que
os líderes construam relacionamentos perfeitos com
os indivíduos e os grupos.
Se trabalharem sistematicamente ao nível das
componentes da liderança – se perseguirem um
objetivo moral, compreenderem o processo da
mudança, desenvolverem relacionamentos e
lutarem pela coerência, os líderes empresariais ou
educativos poderão aumentar as taxas de eficácia
organizacional. Com efeito, a mudança pode ser
motivada a partir de dois eixos distintos: a mudança
externa ou interna e a mudança voluntária ou
forçada. Numa estratégia de mudança, importa
catalogar os assuntos de acordo com estas duas
escalas, que vão determinar a construção de uma
matriz em que qualquer assunto específico.
Partindo do pressuposto de que todos os modelos
de liderança podem representar um valor
acrescentado para eliminar o lado negativo das
experiências, é a conjugação da observação da
experiência, da exposição a modelos eficazes, da
pesquisa e da introspecção que sustenta o
verdadeiro desenvolvimento de uma liderança
eficaz. A liderança atua como um processo de
transformação que liberta o potencial que cada ator
organizacional detém, em vez de ser um acordo
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82 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
contratual ou transacional, onde as pessoas apenas
agem para conquistar recompensas pessoais,
financeiras ou de outro cariz. A primeira parte do
processo que todas as organizações devem levar a
cabo consiste numa mudança comportamental
completa que atinja todos os colaboradores. O
objetivo pretende definir uma panóplia de valores
que coloque o comportamento humano no cerne
da cultura e se torne catalisador para encorajar a
liderança a todos os níveis da organização. Contudo,
a mudança não se opera de modo imediato na
medida em que constitui uma alteração profunda
nos valores e convicções de cada indivíduo. Hooper
e Potter (2003) referem que a adaptação à mudança
exige que os indivíduos ultrapassem quatro
estádios: negação; resistência; exploração;
compromisso.
A maior parte das organizações atravessa este
percurso enquanto procura interiorizar aquilo que
lhes estão a pedir para fazer. É ao mesmo tempo um
processo interno e externo. A princípio, os atores
organizacionais tentam ignorar o problema na
ilusão que ele desaparecerá.
Trata-se da externalização da mudança. Todavia, à
medida que o processo progride, os atores vão,
pouco a pouco, internalizando a mudança visto que
percebem a mudança como uma ameaça
crescente. Todo o processo é inevitavelmente
moroso e essa morosidade permite-lhes
compreender os benefícios da mudança. Por
outro lado, a mudança exige inovação e formas
atualizadas de trabalho. As organizações procuram,
constantemente, novas ideias, métodos e
procedimentos para obterem melhores resultados
dos colaboradores. Este facto requer um nível de
energia e entrega no interior da organização que
carece de uma forte base de sustentação durante o
período de transição.
Neste percurso, o papel da liderança ao lidar com a
inovação não pode ser relegado para um plano
secundário na medida em que a gestão do processo
da mudança exige antecipação e flexibilidade. Este
caminho demorado não é exequível senão com
atrasos, retrocessos e pequenos avanços recorrendo
sempre à comunicação aberta como forma de
assegurar a confiança, a ênfase no trabalho de
equipa. A delegação de poderes,
acompanhada pela partilha de valores, apoia a
sustentabilidade da mudança.
Importa, também, realçar que a liderança da
mudança bem-sucedida situa-se a nível individual.
Na verdade, um líder focado na ideia de
implementar uma mudança eficaz deve procurar
compreender a forma como os colaboradores
encaram o mundo, que lugar pensam ocupar nele e
como se enquadram no seio da organização. Para
além de tentar mudar comportamentos ou criar um
ambiente diferente, o líder encontra a nível da
identidade, crenças e valores a chave da mudança
para influenciar os indivíduos.
O líder deverá, simultaneamente, operar tendo em
conta o ambiente, o comportamento, a cultura, a
capacidade, as crenças, valores e identidade. Quer o
sistema empresarial quer o sistema educativo vivem
em constante período de mudança como
consequência de múltiplas reengenharias, fusões
ou aquisições. O sucesso destas novas organizações
advém da transformação da cultura, isto é, mudar a
forma de agir no seio da organização. A aculturação
é a chave para uma liderança eficaz e consiste na
ativação e aprofundamento dos objetivos morais.
DEMOCRACIA, DIREITO E POLÍTICAS PÚBLICAS.
Dentre os muitos e complexos desafios da reforma
do Estado, um vem se destacando pela sua recente
inclusão no debate político e acadêmico: a
capacidade do sistema político de responder
satisfatoriamente às demandas da sociedade e de
enfrentar os desafios da eficiência e eficácia da ação
pública em contextos de complexidade e incerteza
crescente. Nesse sentido, dois diferentes conceitos
têm ocupado o centro da discussão, cada um deles
referindo-se a uma dimensão do problema. A
primeira refere-se às condições sistêmicas do
exercício do poder, e envolve as características do
sistema político, a forma de governo, as relações
entre os poderes, o sistema partidário, o sistema de
intermediação de interesses e outras (DINIZ, 1996).
Trata-se da dimensão da governabilidade, cuja
discussão remonta à década de 60 (HUNTINGTON,
1968; 1975; HABERMAS ,1987; O’CONNOR , 1973) A
outra diz respeito à maneira pela qual o poder é
exercido na administração dos
recursos econômicos e sociais, tendo em vista o
desenvolvimento e envolve os modos de uso da
autoridade, expressos mediante os arranjos
institucionais que coordenam e regulam as
transações dentro e fora dos limites da
esfera econômica (MELO, 1996). Trata-se da
dimensão da governança, cujo conceito — de
formulação bastante recente — pode ser resumido
como o conjunto das “condições financeiras e
administrativas de um governo para transformar
em realidade as decisões que toma” (BRESSERPEREIRA, 1997).
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83 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
A governança compreende duas importantes
capacidades: a financeira e a administrativa. A
primeira refere-se à disponibilidade de recursos
para realizar investimentos, assegurar a
continuidade das polí- ticas em andamento e
introduzir novas políticas públicas. A segunda diz
respeito à disponibilidade de quadros executivos, ao
estilo de gestão e aos limites impostos à ação
administrativa. Neste sentido, Bresser Pereira (1997)
assinala que, se nos anos 80 as tentativas de
solucionar a crise do Estado privilegiavam as
políticas de ajuste fiscal, nos anos 90 os esforços
nesse sentido não bastam: é necessário que se
combinem consistentemente com a busca
da maximização da capacidade gerencial do
Estado.
Idealmente, os políticos têm como missão promover
o interesse público, isto é, o bem comum,
contribuindo para o desenvolvimento da sociedade
e o bem-estar geral. Para isto, são investidos de
autoridade decisória e supõe-se que venham a
exercê-la conforme padrões universalistas. A
realidade, entretanto, é bem distinta: o que leva os
indivíduos ao exercício da atividade política
freqüentemente é o desejo do poder, da glória e da
riqueza e a capacidade de usar a autoridade para
beneficiar interesses particulares, de grupos
específicos, mesmo quando não se trata de
vantagens estrita ou diretamente pessoais. Este é
um dos paradoxos do governo. Esta tensão entre o
ideal e o mundo real da política, entre o bem público
e o interesse particular, tem sido objeto da
reflexão política e do esforço de construção de
mecanismos institucionais que configuram o que
hoje conhecemos como democracia liberal: a regra
da maioria, a separação e independência dos
poderes, o mandato representativo limitado, as
eleições livres e regulares, e outras.
Basicamente, apesar dos diversos arranjos adotados
em diferentes momentos e em experiências
diversas, o modelo gerencial puro, importado
diretamente do setor privado, exibia as seguintes
características:
a) uma lógica de completa separação entre a esfera
da política e a esfera da administração;
b) uma concepção estritamente econômica,
baseada na avaliação técnica de custo/benefício;
c) um princípio central: a eficiência, compreendida
como eficiência operacional, que implica o aumento
da consciência dos custos e requer uma rígida
especificação de objetivos e controles;
d) objetivo de produtividade e dinâmica da
competição à maneira da concorrência no
mercado;
e) público-alvo concebido como o conjunto dos
consumidores, na sua condição de contribuintes.
Assim, na segunda metade da década de 80,
importantes mudanças começaram a ser
introduzidas, a partir da percepção das diferenças
entre a gestão do setor privado e do setor público.
As duas principais transformações foram:
a) a priorização dos conceitos de flexibilidade,
planejamento estratégico e qualidade, alternando a
dinâmica interna das organizações públicas;
b) a orientação dos serviços públicos para as
demandas e anseios dos cidadãos, sem abandonar
o conceito empresarial da busca da eficiência
(ABRUCIO, 1996).
Na tentativa de encontrar uma solução que
compatibilizasse as vantagens da administração
gerencial com as características próprias do setor
público, diversas propostas surgiram, dando origem
a diferentes modelos. Não cabe aqui discuti-los.
Vale apenas mencionar características centrais de
alguns deles que, reunidas, compõem o que hoje se
entende como modelo de administração pública
gerencial e que têm orientado os esforços
em direção à reforma administrativa no Brasil:
a) O foco é o cidadão, e as atividades se orientam
para a busca de resultados.
b) O princípio da eficiência econômica cede espaço
ao princípio da flexibilidade.
c) Ênfase na criatividade e busca da qualidade;
d) Descentralização, horizontalização das estruturas
e organização em redes.
e) Valorização do servidor, multiespecialidade e
competição administrada.
f) Participação dos agentes sociais e controle dos
resultados. Diversos destes aspectos contemplam
(ou podem contemplar) a dimensão política da
administração pública.
É o caso do princípio da flexibilidade, que implica a
tentativa de superar a rigidez burocrática e a
orientação primária de maximização
custo/benefício e de admitir a interação com o
ambiente social. O mesmo pode ser dito
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84 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
da descentralização e da horizontalização das
estruturas, que implicam autonomia de gestão e
tendem a romper com o princípio da hierarquia e
com a ética da obediência situados na base da
neutralidade e despolitização da burocracia. Por
fim, é o caso, especialmente, da participação dos
agentes sociais, que implicam noções de gestão
participativa e se baseiam nos conceitos de
transparência, accountability, participação política,
eqüidade e justiça.
Nesse sentido, um conceito fundamental e
frequentemente pouco explicitado é o de
autonomia. Em acepção ampla, pode ser entendido
como a capacidade de um ator ou agência de
formular preferências e executar decisões, sem
sofrer constrangimentos decorrentes de relações de
subordinação. Vale assinalar que, conforme coloca
Bresser Pereira (1997:43), “o conceito de autonomia
da burocracia pública não deve ser confundido
com o de insulamento burocrático, ou seja, o
isolamento das agências estatais em relação às
influências políticas”, proposto como recurso de
separação entre a política e a administração e de
despolitização da burocracia, de maneira a protegê-
la do populismo econômico e do clientelismo.
O efetivo dilema a ser enfrentado pelas democracias
seria considerado o inexorável processo de
complexificação e burocratização da sociedade
moderna e dadas as características de cada um dos
agentes do jogo político e os seus recursos de
poder, como impedir que a burocracia venha a
usurpar o poder e como assegurar que permaneça,
sendo apenas um elo de ligação entre dominadores
e dominados? Para Weber, a incapacidade
de solucionar este problema estaria na base do
declínio dos grandes impérios da história (WEBER:
1993). Isto, certamente, não pode ser esquecido
quando do debate da autonomia burocrática,
especialmente da autonomia imersa.
Quanto mais presentes se tornarem esses dilemas,
maior será a RSP relevância da discussão acerca
das relações entre governança, neutralidade
burocrática e autonomia para a reforma do Estado e
da administração pública, onde o que está em jogo,
em última instância, é a democracia enquanto valor
maior.
ORGANISMOS COLEGIADOS
A importância dos órgãos colegiados nas escolas é
tema recorrente quando se aborda a gestão
democrática, pois esses garantem, na forma da lei,
a prática da participação na escola, na busca pela
descentralização do poder e da consciência social
entorno da oferta de uma educação de qualidade.
Uma gestão considerada democrática investe na
autonomia dos sujeitos para o compartilhamento
das decisões, identificando o potencial de
colaboração de cada pessoa e segmento escolar
promovendo um trabalho coletivo na construção da
cidadania e efetivação do processo democrático.
Conselho Escolar
As famílias podem se envolver ativamente nas
decisões tomadas pelas escolas dos seus filhos.
Candidatar-se a uma vaga no conselho escolar é
uma boa maneira de acompanhar e auxiliar o
trabalho dos gestores escolares. Os conselhos
escolares são constituídos por pais, representantes
de alunos, professores, funcionários, membros da
comunidade e diretores de escola. Cada escola deve
estabelecer regras transparentes e democráticas
de eleição dos membrosdo conselho.
Cabe ao conselho zelar pela manutenção da escola
e monitorar as ações dos dirigentes escolares a fim
de assegurar a qualidade do ensino. Eles têm
funções deliberativas, consultivas e mobilizadoras,
fundamentais para a gestão democrática das
escolas públicas.
Entre as atividades dos conselheiros estão, por
exemplo, fiscalizar a aplicação dos recursos
destinados à escola e discutir o projeto pedagógico
com a direção e os professores.
Unidade Executora
Com a ampliação do Programa Dinheiro Direto da
Escola (PDDE) para o ensino médio e a educação
infantil, as escolas públicas dessas etapas de ensino
deverão criar unidades executoras para receber
recursos do programa. A unidade executora é uma
sociedade civil com personalidade jurídica de direito
privado, que tem como objetivo gerir a verba
transferida. Em geral, as formas mais comuns de
unidade executora são os caixas escolares, os
círculos de pais e mestres ou as associações de pais
e professores. As escolas com mais de 50 alunos são
obrigadas a ter a unidade executora para receber os
recursos.
Grêmio Estudantil
O grêmio é uma organização sem fins lucrativos que
representa o interesse dos estudantes e que tem
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85 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
fins cívicos, culturais, educacionais, desportivos e
sociais.
O grêmio é o órgão máximo de representação dos
estudantes da escola. Atuando nele, você defende
seus direitos e interesses e aprende ética e
cidadania na prática.
Os Grêmios Estudantis compõem uma das mais
duradouras tradições da nossa juventude. Pode-se
afirmar que no Brasil, com o surgimento dos
grandes estabelecimentos de ensino secundário,
nasceram também os Grêmios Estudantis, que
cumpriram sempre um importante papel na
formação e no desenvolvimento educacional,
cultural e esportivo da nossa juventude,
organizando debates, apresentações teatrais,
festivais de música, torneios esportivos e outras
festividades.
Conselho de Classe
O conselho de classe é uma reunião na qual
participam os professores, o orientador educacional,
o coordenador pedagógico e o diretor. Algumas
escolas incluem também um representante dos
pais e um dos alunos. O conselho ocorre de forma
bimestral, trimestral ou semestral – dependendo da
instituição – e tem o objetivo de entender e
melhorar o aproveitamento dos estudantes.
As principais funções que podemos atribuir ao
conselho de classe são:
Avaliar o desempenho do aluno – Ele tem
dificuldade em alguma matéria? Tem em várias? O
que pode estar impactando nesse desempenho
(conversas, faltas, problemas familiares, dificuldade
com a metodologia utilizada, falta de um bom plano
de estudos em casa etc.)?
Identificar possíveis transtornos de aprendizagem –
15% da população tem algum tipo de transtorno de
aprendizagem, como dislexia, TDAH, discalculia,
entre outros. Nem todos os alunos já chegam na
escola com o diagnóstico. Muitas vezes, o professor
é o primeiro a perceber e a alertar os pais para a
procura do diagnóstico. Esse é o momento de
buscar essa identificação.
Verificar possíveis problemas nas interações – O
estudante se junta com determinado grupo de
colegas para fazer bagunça? Sofre bullying? Se
isola? Tem problema com determinado professor?
Identificar problemas gerais nas turmas – Uma
turma inteira não está indo bem enquanto as outras
estão? Há turmas inteiras que não vão bem apenas
em determinada disciplina? Há muitos problemas
comportamentais em uma turma específica?
Levantar estratégias para solucionar problemas
encontrados – É preciso mudar as estratégias de
ensino ou de avaliação da escola? Determinado
professor precisa rever a didática de sua aula ou
conversar com alunos específicos que têm
problemas com ele? É preciso chamar os pais de
alguns estudantes para uma reunião para conversar
sobre comportamento, rotina de estudos,
dificuldades ou possíveis transtornos de
aprendizagem?
Decidir se alunos que não passaram na prova final
devem reprovar – Em conselhos de final de ano, esse
é o momento também de decidir se alunos que não
obtiveram as notas necessárias para passar devem
ou não reprovar. É uma decisão difícil, e deve ser
bem refletida, com base em todo o histórico do
aluno.
1.15. Educação inclusiva, respeito à diversidade
cultural e social, estratégias para lidar com alunos
com necessidades especiais.
O debate sobre inclusão na educação é importante
para traçar ações que ajudem a incluir os alunos
com deficiência no sistema educacional. Segundo o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
67,6% dessas pessoas não concluíram o Ensino
Fundamental no Brasil em 2019.
Para isso, há dois principais caminhos: educação
especial e educação inclusiva. Apesar de serem
termos distintos, são fundamentais para garantir
que todas as pessoas tenham acesso à educação de
forma igualitária.
Tratando-se da área educacional, é importante que
a escola tenha noção de como acolher corretamente
os alunos com deficiência. Neste post, você vai
entender melhor o que é educação especial, e como
deixar sua escola mais inclusiva.
O que é educação especial?
Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB), “entende-se por educação especial,
a modalidade de educação escolar oferecida
preferencialmente na rede regular de ensino, para
educandos com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades ou
superdotação”.
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86 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
Dessa forma, todos os alunos com qualquer tipo de
deficiência ou outra condição citada na LDB, devem
ter acesso à educação desde a Educação Infantil.
Para isso, a legislação prevê que as escolas devam
contar com recursos que favoreçam o ensino-
aprendizagem desses alunos.
Vale ressaltar que a educação especial não é
oferecida apenas nas escolas regulares, pois
instituições de ensino especializadas (escolas para
pessoas cegas ou surdas) também devem contar
com essa abordagem educacional. Ademais, o
ensino é o mesmo que o visto no regular, mas sofre
adaptações para atender às necessidades desses
alunos.
Para atender os alunos, é fundamental que a
instituição de ensino tenha recursos de
acessibilidade nas dependências físicas, bem como
professores capacitados. Outro ponto de atenção é
que a educação especial também deve incluir
alunos que necessitam de atendimento médico
24h, e por isso não podem frequentar a escola.
O que é educação inclusiva?
O debate sobre a educação inclusiva tem crescido
nos últimos anos. Trata-se de um modelo
educacional que visa garantir o acesso à escola,
independentemente de o aluno ter ou não algum
tipo de deficiência. Dessa forma, desde a Educação
Infantil até a Superior, todos participam do processo
de ensino-aprendizagem em um mesmo ambiente.
Ademais, a classe social, cor, raça, cultura (povos
indígenas, quilombolas e ribeirinhas) também são
levadas em consideração. Ou seja, o principal
objetivo da educação inclusiva é valorizar a
heterogeneidade dos alunos e promover a
igualdade de oportunidades, apesar de o processo
de aprendizagem ser único de cada pessoa.
Segundo o projeto DIVERSA, desenvolvido pelo
Instituto Rodrigo Mendes (IRM) em parceria com o
Ministério da Educação (MEC), a educação inclusiva
deve ser baseada em 5 princípios:
1. Toda pessoa tem o direito de acesso à
educação;
2. Toda pessoa aprende;
3. O processo de aprendizagem de cada pessoa
é singular;
4. O convívio no ambiente escolar comum
beneficia todos;
5. A educação inclusiva diz respeito a todos.
Quais as diferenças entre educação especial e
inclusiva?
A principal diferença entre educação especial e
inclusiva é que enquanto o público-alvo da primeiraé limitado, voltado para pessoas com deficiência, a
segunda abordagem reconhece que todos são
diferentes dentro do ambiente escolar. Dessa forma,
pessoas com ou sem deficiência aprendem juntos.
A escola especial segue a linha de que os alunos com
deficiência devem participar do processo de ensino-
aprendizagem separado dos demais estudantes,
seja em instituições diferentes ou em turmas
distintas. Entretanto, a educação inclusiva visa
estimular e desenvolver a autonomia desses alunos
em meio às turmas com alunos diversos.
Além de ser benéfico para os alunos com
deficiência, a educação inclusiva favorece o respeito
às diferenças e a empatia na sala de aula. Mais do
que o currículo pedagógico e educacional, esse
modelo de ensino leva em conta o desenvolvimento
social dos educandos.
Apesar disso, os alunos com deficiência ainda
precisam ter aulas em escolas especiais, devido a
falta de estrutura física e pedagógica adequadas
nas instituições de ensino regular no país.
Entretanto, a ideia é que as escolas especiais passem
gradualmente a servir como suporte para a
educação inclusiva.
A educação tem trabalhado na junção das duas
abordagens nos últimos anos, sobretudo com a
Política Nacional de Educação Especial na
Perspectiva da Educação Inclusiva. Assim, as
técnicas e abordagens educacionais que levam em
conta as individualidades de cada aluno (com ou
sem deficiência) devem ser respeitadas, e ocorrem
no mesmo espaço, sem segregação e preconceito.
Como tornar a educação inclusiva?
A escola que recusar a matrícula de um aluno com
deficiência, seja ela pública ou privada, comete
crime previsto em legislação. Assim, é fundamental
que toda instituição de ensino esteja preparada para
proporcionar um ensino inclusivo e de qualidade
para esses alunos.
Acessibilidade
O primeiro passo para tornar uma escola inclusiva é
garantir acessibilidade nos mais variados contextos
da instituição de ensino, seja ele físico, social e/ou
pedagógico. Dessa forma, é fundamental eliminar
qualquer tipo de barreira que possa impedir o
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87 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
ensino-aprendizagem de um aluno com
deficiência.
Isso significa que a escola precisa estar preparada
para receber alunos com deficiências físicas ou
mobilidade reduzida temporária (aluno que
precisou enfaixar a perna, por exemplo). Além disso,
é necessário realizar um trabalho de eliminação de
preconceitos, estigmas e estereótipos com toda a
comunidade escolar.
Tecnologias Assistivas (TAs)
As Tecnologias Assistivas (TAs) são recursos,
equipamentos e estratégias que visam contribuir
para a autonomia e independência das pessoas com
deficiência ou mobilidade reduzida. Dessa forma,
eles podem ser usados na sala de aula para um
ensino-aprendizagem mais inclusivo.
Alguns exemplos de TAs são:
• tradutor de língua brasileira de sinais (libras);
• softwares de leitura de textos para pessoas
com deficiência visual;
• rampas e corrimões;
• banheiro adaptado para pessoas com
deficiência;
• sites e páginas na web com acessibilidade;
• material impresso em braille.
Desenho Universal para a Aprendizagem (DUA)
Independente das particularidades, cada aluno tem
o próprio ritmo educacional. Nessa perspectiva
surge o Desenho Universal para a Aprendizagem
(DUA) que, segundo o instituto DIVERSA, trata-se da
necessidade de criar objetivos educacionais,
métodos, materiais e avaliações que funcionem com
todos.
Dessa forma, é possível criar estratégias
pedagógicas mais flexíveis, que podem ser
personalizadas e ajustadas para as necessidades
individuais. Inclusive, a personalização do ensino é
tema constante de debate na educação.
Toda escola precisa estar preparada para oferecer
uma educação que atenda todas às necessidades
dos alunos. Por isso, não deixe de se informar sobre
o tema e tornar sua instituição de ensino mais
inclusiva.
Educação Bilíngue para surdos
Segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatísticas (IBGE) em 2019, cerca de
2,3 milhões de pessoas são surdas ou com
deficiência auditiva no Brasil. Essa quantidade
equivale a 1,1% da população, o que reforça ainda
mais a importância de falar sobre a educação desse
grupo.
Uma pesquisa realizada pela Federação Mundial dos
Surdos (WFD), 80% das pessoas surdas do mundo
têm dificuldades com as línguas escritas, devido
principalmente a dificuldade de acesso à educação.
Por mais que esses dados mostrem o cenário global,
grande parte da comunidade surda no Brasil não
usa o português como primeira língua, tendo a
Língua Brasileira de Sinais como sua língua nativa e
dependendo dela em sua comunicação. Além disso,
é importante ressaltar que a Libras é mais que uma
forma de comunicação para essas pessoas, ela diz
muito a respeito da identidade e cultura surda.
Contexto da educação de pessoas surdas no país
Até o século XV o mundo não considerava possível
educar pessoas surdas, mas isso foi modificado com
o passar dos anos na Europa.
Édouard Huet foi um educador francês surdo que
trouxe ao Brasil a Língua de Sinais Francesa (LSF),
sendo o primeiro a reconhecer e usar o alfabeto
manual. Ele veio para a corte de Portugal no Brasil, a
convite do Imperador Dom Pedro II, com objetivo de
fundar um instituto que atendesse as pessoas
surdas. Nasceu então o Instituto Nacional de
Educação de Surdos – INES, em 1857, que até hoje é
referência da educação desse público aqui no Brasil.
De lá para cá muitas conquistas foram obtidas e a
educação brasileira se fortaleceu. Exemplos disso
são o vigor da Lei Brasileira de Inclusão, assim como
a profissionalização do tradutor e intérprete de
Libras. Esta certificação dos profissionais de Libras
reforça o decreto de nº 5.626/05, em que a
determinação é que haja a disponibilidade de
intérpretes ou tradutores em caso da existência de
pessoas surdas nas escolas.
Mais recentemente, em 2021, foi sancionada a
alteração na Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB – Lei 9.394, de 1996) que discursa
sobre a educação e estabelece diretrizes para a base
educacional do país.
Sobre a Lei 14.191 de 2021
A mudança na LDB, a partir da Lei 14.191 de 2021,
insere o ensino bilíngue para as pessoas surdas nas
escolas, a fim de torná-lo uma modalidade
independente, estabelecendo a Libras como
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88 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
primeira língua e o português escrito como
segunda. De acordo com a Agência Senado, “a
educação bilíngue será aplicada em escolas
bilíngues de surdos, classes bilíngues de surdos,
escolas comuns ou em polos de educação bilíngue
de surdos, para educandos surdos, surdo-cegos,
com deficiência auditiva sinalizantes, surdos com
altas habilidades ou superdotação ou com outras
deficiências associadas, optantes pela modalidade
de educação bilíngue de surdo.”
A aplicação dessa metodologia deverá ter início na
educação infantil e se estenderá ao longo de toda a
vida, o que prevê a oferta e financiamento pela
União de materiais didáticos e professores bilíngues
com formação e especialização adequadas não só
no ensino básico, mas também em nível superior.
Por que a educação bilíngue é importante para
pessoas surdas?
O ensino bilíngue garante que cada vez mais
pessoas surdas tenham acesso à comunicação e
entendimento no Brasil. Além disso, ele é
importante para a recuperação de suas memórias
históricas, a reafirmação de suas identidades e
especificidades e a valorização de sua língua e
cultura, o que ainda não acontece da maneira
devida em nosso país.
Nesse sentido, todas as providências garantidas por
lei são fundamentais para a educação inclusiva por
meio da educação bilíngue. Entretanto, elas não
devem ser as únicas.Como comentamos por aqui, a
comunidade surda representa 5% da população
brasileira e demanda de iniciativas que a integre o
mais rápido possível não somente na educação
regular, mas em diferentes contextos, como no
mundo digital por exemplo, pensando no ensino
online.
Por isso, a continuidade de medidas e a efetividade
das ações já prescritas por lei são indispensáveis
para alcançar a inclusão e equidade das pessoas
surdas no Brasil. Todos nós somos responsáveis por
dar atenção ao cumprimento dessas leis e também
por promover um mundo mais justo e com menos
barreiras. A educação é um direito de todos e ela
tem o poder de transformar nosso futuro.
1.16. Aspectos psicológicos que influenciam o
processo de ensino-aprendizagem.
Nos próximos tópicos apresentaremos alguns
pontos interessantes sobre a questão da
aprendizagem e o processo de aprender,
procurando introduzir os conceitos e teorias que
serão discutidos ao longo do certame. São muitas as
questões em torno da aprendizagem e muitas são
também as dificuldades encontradas pelos
profissionais dessa área.
A cada dia vemos surgir novas hipóteses e novos
conceitos que procuram explicar por que
aprendemos de determinada maneira ou mesmo
de que maneira funciona o cérebro de quem
aprende mais e de quem aprende menos. Mas,
quais devem ser as preocupações de um professor
em relação à aprendizagem de seus alunos? O que
um professor deve saber para poder conduzir sua
disciplina de maneira a facilitar a compreensão de
todos? Para chegar a essas discussões, precisamos
primeiro passear pelo universo das teorias. Quais são
elas? E de que maneira auxiliam os profissionais da
Educação? Mais ainda: o que vem a ser
aprendizagem? Como ela ocorre?
É bom lembrarmos que para cada teórico ou
conjunto de teorias, a aprendizagem é definida de
uma maneira diferente e a explicação sobre como
ela ocorre também se diferencia. Portanto, não
devemos nos expressar de forma a validar uma e
negar a outra, ou seja, não devemos dizer que uma
está certa e outra errada. O que ocorre é que todas
têm validade, pois lançam um olhar sobre maneiras
específicas de aprender.
Por exemplo, vocês já aprenderam alguma coisa
memorizando? Já foram capazes de aprender a
partir da experimentação do objeto (experiência)?
Notam alguma habilidade maior em alguma
matéria ou atividade? Costumam aprender mais
facilmente quando ensinados a partir de
conhecimentos que vocês já possuem? Pois então,
todos vocês já foram apresentados a algumas das
principais teorias da aprendizagem e todas elas
trouxeram contribuições para a vida de aprendiz de
vocês.
Além disso, as respostas sobre a aprendizagem
geralmente são procuradas na infância. Isto ocorre
justamente porque podemos considerar que o
cérebro ainda está em desenvolvimento e que, é a
partir do nascimento que a criança vai sendo
apresentada ao mundo, fazendo uso de seus
sentidos para explorá-lo, internalizando nomes,
cores, sensações, sentimentos, percepções, gostos,
cheiros, fazendo associações entre as informações
que recebe.
A arrumação ou disposição dessas informações
recebidas pela criança é chamada de
aprendizagem, mas o que intriga a todos nós e aos
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89 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
especialistas é justamente de que maneira essa
“arrumação” vai sendo feita e o que leva a criança a
associar uma informação a outra.
1.16.1 TEORIAS INATISTAS
Voltando às teorias, iniciemos pelo primeiro grande
conjunto de teorias que tentou explicar a
aprendizagem, as teorias inatistas. Para começar:
vocês sabem o que significa a palavra inato? De
acordo com Ferreira (1986, p. 929), significa [aquilo]
“que nasce com o indivíduo; congênito; conato; que
pertence à natureza de um ser”. Assim, as teorias
inatistas são aquelas que acreditam na existência de
idéias ou princípios, independente da experiência,
ou seja, para tal corrente teórica, a aprendizagem
independe daquilo que é vivido pelo sujeito,
independe de suas experiências no mundo, estando
a aprendizagem relacionada à capacidade
congênita do sujeito de desempenhar as tarefas que
lhes são propostas.
Segundo Moura, Azevedo e Mehlecke (2006), o
inatismo opõe-se à experimentação por considerar
que o indivíduo ao nascer já traz determinadas as
condições do conhecimento e da aprendizagem
que se manifestarão ou imediatamente, ou
progressivamente durante o processo de seu
desenvolvimento biológico. Assim, toda a atividade
de conhecimento passa a ser exclusiva do sujeito
que aprende, sem participação do meio.
Podemos classificar como teorias inatistas da
aprendizagem, por exemplo, as que falam sobre a
aquisição da linguagem, como a proposta por
Chomsky. É o que costumamos chamar de
aprendizagem de dentro para fora.
Principais Características:
• Assegura que as capacidades básicas do ser
humano são inatas.
• Enfatiza fatores maturacionais e hereditários
como definidores da constituição do ser
humano e do processo de conhecimento
(biologismo).
• Considera que o desenvolvimento (biológico,
maturativo) é pré-requisito para a
aprendizagem.
• A educação em nada contribui para esse
desenvolvimento, já que tudo está
determinado biologicamente segundo a
programação genética.
• Confia nas práticas educacionais
espontaneístas, pouco desafiadoras:
primeiro esperar para depois fazer.
• Assevera que o desempenho das crianças na
escola não é responsabilidade do sistema
educacional: as capacidades básicas para
aprender não se criam, ou seja, se nasce com
elas e elas é que permitem aprender.
1.16.2 TEORIAS EMPIRISMO
No decorrer da história do empirismo, verifica-se
que este surgiu nos séculos XVII e XIX, como uma
forma de conhecimento e em oposição ao
racionalismo. O racionalismo, que tem como
pensador Descartes, elabora a questão do
conhecimento a partir da razão, quando defende
que o ser humano possui ideias inatas. O empirismo,
que surge na Inglaterra, com o filósofo John Locke,
onde afirma que a mente é considerada a “tabula
rasa”, isto é, um “quadro em branco” onde seria
gravado o conhecimento com base nas sensações,
mediante impressões externas gravadas. Dessa
forma, não concebe a existência de ideias inatas,
nem do conhecimento universal. Portanto, é
considerado como processo do conhecer, do saber e
do agir, formado a partir das experiências do
indivíduo. O empirismo é um movimento que
acredita nas experiências como únicas; e a partir
destas, formam tal pensamento, que consiste em
uma teoria epistemológica, na qual indica que todo
conhecimento é fruto da experiência; e por isso,
uma consequência dos sentidos. O empirismo é
uma corrente que se opõe ao racionalismo, ela
critica a metafísica e conceitos: como causa e
substância. Os autores mais importantes do
empirismo foram: John Locke, Francis Bacon, David
Hume e John Stuart Mill. Contemporaneamente, a
partir do círculo de Viena foi criado o neopositivismo
(que é o termo utilizado para designar o empirismo
como empirismo lógico).
Desta vertente principal derivam-se outras três:
Ambientalismo, Comportamentalismo e o
Behaviorismo
A DIALÉTICA ENTRE O EMPÍRICO E O CIENTÍFICO
No que se refere à existência de vários tipos de
conhecimento pode-se observar uma maneira
linear e esquemática, em que este é construído
historicamente. Por isso temos diferentes formas de
se abordar a realidade, buscando-se assim
compreendê-la ou explicá-la. Num primeiro
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90 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
momento, a classificação das formas assumidas
pelo conhecimento obedece a múltiplos critérios,
efetivamente decorridos das diversas concepçõesde objetos inanimados com
vida, sentimento ou intencionalidade, sendo uma
das manifestações do egocentrismo infantil.
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8 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
Egocentrismo: pensamento centrado no ego, no
sujeito, conjunto de atitudes pré críticas, pré-
objetivas, pré-lógicas e pré-conceituais, seja em
relação à natureza, aos outros ou a si mesma. É nesta
fase que surge, na criança, a capacidade de
substituir um objeto ou acontecimento por uma
representação (PIAGET e INHELDER, 1982), e esta
substituição é possível, conforme PIAGET, graças à
função simbólica. Assim este estágio é também
muito conhecido como o estágio da Inteligência
Simbólica. Contudo, MACEDO (1991) lembra que a
atividade sensório-motor não está esquecida ou
abandonada, mas refinada e mais sofisticada, pois
verifica-se que ocorre uma crescente melhoria na
sua aprendizagem, permitindo que a mesma
explore melhor o ambiente, fazendo uso de mais e
mais sofisticados movimentos e percepções
intuitivas. Em suma, a criança deste estágio:
• É egocêntrica, centrada em si mesma, e não
consegue se colocar, abstratamente, no lugar do
outro.
• Não aceita a idéia do acaso e tudo deve ter uma
explicação (é fase dos "por quês").
• Já pode agir por simulação, "como se".
• Possui percepção global sem discriminar detalhes.
• Deixa se levar pela aparência sem relacionar fatos.
Exemplos: Mostram-se para a criança, duas bolinhas
de massa iguais e dá-se a uma delas a forma de
salsicha.
A criança nega que a quantidade de massa continue
igual, pois as formas são diferentes.
Não relaciona as situações.
C. Período Operatório Concreto: Dos 7 anos aos 11
/12anos, aproximadamente. É o período em que o
indivíduo consolida a construção das operações
subjacentes às quais se encontram as possibilidades
intelectuais do período. Tais operações são o
resultado de ações mentais interiorizadas e
reversíveis. No inicio desta fase do pensamento
lógico concreto a lógica infantil está, ainda muito
dependente da manipulação concreta de objetos, e
de relações entre objetos. Entende que as
conservações de número, substância, volume e peso
não acarretam, necessariamente, a mudança de
quantidade. Já é capaz de ordenar elementos por
seu tamanho (grandeza), incluindo conjuntos,
organizando então o mundo de forma lógica ou
operatória. Sua organização social é a de bando,
podendo participar de grupos maiores, chefiando e
admitindo a chefia. Já podem compreender regras,
sendo fiéis a ela, e estabelecer compromissos. A
conversação torna-se possível (já é uma linguagem
socializada), sem que, no entanto possam discutir
diferentes pontos de vista para que cheguem a uma
conclusão comum. Reversibilidade: quando a
operação deixa de ter um sentido unidirecional. A
reversibilidade seria a capacidade de voltar, de
retorno ao ponto de partida. Aparece, portanto
como uma propriedade das ações do sujeito,
possível de se exercerem em pensamento ou
interiormente. Lembramos que as operações nunca
têm um sentido unidirecional; são reversíveis.
Conservação: uma invariante que permite a
formação de novas estruturas. “A invariância é a
conservação. A estrutura é apenas um patamar: O
funcionamento levará à formação de novas
estruturas" (Lima, 1980: 56). Pode ser observada na
área: Lógico Matemática: conservação dos números,
etc. Físicas: Substância, peso, volume, etc. Espaciais:
Medida, área, etc. Conforme NITZKE et alli (1997b),
neste estágio a criança desenvolve noções de
tempo, espaço, velocidade, ordem, casualidade...,
sendo então capaz de relacionar diferentes aspectos
e abstrair dados da realidade. Apesar de não se
limitar mais a uma representação imediata,
depende do mundo concreto para abstrair. Um
importante conceito desta fase é o desenvolvimento
da reversibilidade, ou seja, a capacidade da
representação de uma ação no sentido inverso de
uma anterior, anulando a transformação observada.
Exemplos: Despeja-se a água de dois copos em
outros, de formatos diferentes, para que a criança
diga se as quantidades continuam iguais. A resposta
é afirmativa uma vez que a criança já diferencia
aspectos e é capaz de "refazer" a ação.
D. Período Operatório Lógico Formal ou Abstrato
Dos 12 em diante, em que acaba a construção de
estruturas intelectuais próprias do raciocínio
hipotético-dedutivo, que é característico nos
adultos. É o ápice do desenvolvimento da
inteligência e corresponde ao nível de pensamento
hipotético-dedutivo ou lógico-matemático. É
quando o indivíduo está apto para calcular uma
probabilidade, libertando-se do concreto em
proveito de interesses orientados para o futuro. É,
finalmente, a “abertura para todos os possíveis”. A
partir desta estrutura de pensamento é possível a
dialética, que permite que a linguagem se dê em
nível de discussão para se chegar a uma conclusão.
Sua organização grupal pode estabelecer relações
de cooperação e reciprocidade. Logicização:
processo de transformar o pensamento simbólico e
intuitivo em pensamento operatório. Segundo
WADSWORTH (1996) é neste momento que as
estruturas cognitivas da criança alcançam seu nível
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9 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
mais elevado de desenvolvimento. A representação
agora permite à criança uma abstração total, não se
limitando mais à representação imediata e nem às
relações previamente existentes. Agora a criança é
capaz de pensar logicamente, formular hipóteses e
buscar soluções, sem depender mais só da
observação da realidade. Em outras palavras, as
estruturas cognitivas da criança alcançam seu nível
mais elevado de desenvolvimento e tornam-se
aptas a aplicar o raciocínio lógico a todas as classes
de problemas. Exemplos: Se lhe pedem para analisar
um provérbio como "de grão em grão, a galinha
enche o papo", a criança trabalha com a lógica da
idéia (metáfora) e não com a imagem de uma
galinha comendo grãos. A seqüência das etapas é
sempre invariável, embora a época em que são
alcançadas possa não ser sempre a mesma para
todas as crianças. São quatro os fatores básicos
responsáveis pela passagem de uma etapa de
desenvolvimento para a seguinte – a maturidade do
sistema nervoso, a interação social (que se dá
através da linguagem e da educação), a experiência
física com os objetos e, principalmente, a
equilibração.
CONCEITOS BÁSICOS DA TEORIA PIAGETIANA
Para se compreender o processo de construção do
conhecimento, é necessário evidenciar a
configuração dos sistemas que integram os
processos de como o individuo se desenvolve,
adquire novos conhecimentos e a importância da
interação entre o sujeito e o objeto. Para tanto, é
necessário conhecer com clareza o que significa os
seguintes conceitos:
1 - Organização: Não pode haver adaptação
(assimilação e acomodação) proveniente de uma
fonte desorganizada, pois a adaptação tem como
base uma organização inicial expressa no esquema
(ponto de partida para a ação do indivíduo sobre os
objetos do conhecimento). O pensamento
(interiorização da ação) se organiza mediante a
constituição de esquemas que formam através do
processo de adaptação. A adaptação e organização
são os processos indissolúveis do pensamento.
2 - Adaptação: É um processo dinâmico e contínuo
no qual a estrutura hereditária do organismo
interage com o meio externo de modo a
reconstituir-se. Ela é a essência do funcionamento
intelectual e biológico. É um movimento de
equilíbrio contínuo entre a assimilação e a
acomodação, que são processos distintos, porém
indissociáveis que compõem a adaptação, processo
este que se refere ao restabelecimento de equilíbrio.
O indivíduo modifica o meio e é também
modificado por ele. A adaptação intelectual
constitui-se então em um "equilíbrio progressivo
entre um mecanismodoutrinárias, que enriquecem segundo o referido
autor o campo da filosofia; em particular, o da
própria Teoria do conhecimento. De acordo com a
sucessão histórica, no que se refere às formas de
conhecimento considera-se num primeiro plano o
“conhecimento sensível” ou empírico; e num
segundo plano ao conhecimento intelectual ou
racional. Assim podem-se nomear como Empirismo
o conhecimento que ocorre por meio das
experiências, que tem seu início nas percepções e
dos sentidos atingindo o objeto em sua
individualidade e concreticidade. Equivale dizer que
o objeto deve estar próximo e presente em relação
ao sujeito, para que neste movimento, tal sujeito
possa o apreender e assimilar. O conhecimento
intelectual ou racional é caracterizado pelo fato
deste atingir o geral ou abstrato, porém não o
individual e concreto. Desse modo, de acordo com o
conhecimento intelectual está sempre voltado para
busca de possibilidades. O autor trabalhado a priori
relata que Aristóteles representou a dialética entre
as duas formas de conhecimento, quando diz que
em função do critério que põe em relevo o rigor com
que se obtém o conhecimento. Onde o
“conhecimento vulgar ou ingénuo” e
“conhecimento cientifico” são distintos. O primeiro
se caracterizaria como aquele que se obtém sem o
controle do rigor metodológico. O conhecimento
empírico é considerado como sistemático, uma vez
que não é estruturado racionalmente é acrítico, logo
é considerado não racional. A forma de pensamento
empírica procura apenas as soluções e não o porquê
das coisas. A ciência é uma forma de conhecimento
distinta do conhecimento vulgar, pois o
conhecimento científico é uma operação
intelectual, ou seja, tem por fundamento a
interpretação racional dos fenômenos.
Diferentemente do empirismo, a filosofia enquanto
conhecimento racional e subjetivo, no sentido de ser
a visão racional que um homem tem da realidade,
busca o porquê último das coisas. Neste sentido
Becherlard escreve: A Ciência, tanto em sua
necessidade de acabamento como em seu
princípio, opõe-se absolutamente à opinião. Se
ocorre, sobre um ponto particular, legitimá-la,será
por razões diversas daquelas que a
fundamentam;na verdade, a opinião despoja-se
sempre da razão.A opinião pensa mal;ela não pensa;
ela apenas traduz necessidades sob a forma de
conhecimento.Designando os objetos por sua
utilidade,ela se interdita de conhecê-los.Nada se
pode fundar sobre opiniões: importa destruí la. Ela é
o primeiro obstáculo a se superar.
A Ciência moderna foi preparada pelo
Renascimento, conforme o posicionamento
científico de Galileu, gragas as observações com o
seu telescópio para dar início a estudos dos astros,
como foi o caso do astrônomo alemão Kepler (1571-
1630), que ao descobrir as célebres leis do
movimento dos planetas, a completar aquilo que
Copérnico não chegou a fazer: apresentar as provas
que davam definitivamente razão a teoría
heliocéntrica, condenando a teoría geocéntrica
como falsa. Nada disso, porém, aconteceu sem uma
grande resistência, tendo a Igreja não só ameaçado,
mas julgado Galileu por tal heresia. Moreira (2002)
afirma que Galileu Galilei (1564-1642) atribuiu à
observação, a experiência à matematização do real,
uma função essencial na compreensão da natureza.
Por isso que segundo a autora há três tipos de razões
que fizeram de Galileu o pai da ciência moderna: em
primeiro lugar, deu autonomia à ciência, fazendo-a
sair da sombra da teologia e da autoridade livresca
da tradição aristotélica; em segundo lugar, aplicou
pela primeira vez o novo método, o método
experimental, defendendo-o como o meio
adequado para chegar ao conhecimento;
finalmente, deu a ciência a nova linguagem.
SÉCULO XVIII: O ILUMINISMO E A EDUCAÇÃO
Esse ideal de educação se apresenta no século XVIII,
como século das luzes que quer dizer exercício
racional da realidade. Essa educação, segundo Lima
(2009), tem conotação liberal e laica. O teocentrismo
não dá conta de atender aos interesses da nova
classe social que surge, a burguesia. educação como
instrumento de legitimação da sociedade
incipiente. A autonomia do indivíduo se contrapõe
ao autoritarismo da nobreza feudal. Esse homem
antropocêntrico não se contenta mais em só
contemplar a natureza, mas busca conhecê-la e
dominá-la. E a ciência a serviço da humanidade. A
nova ordem sugere outras demandas sociais,
propensas a um novo estilo de vida. A vida rural dá
lugar ao urbanismo e, assim, novas necessidades se
levantam e com elas novas formas de relações
sociais. Há a transição da economia de subsistência
para economia de mercado. O consumo é um
imperativo nessa nova forma de vivência social. Para
Lima (2009), nesse momento, no ensino é enfatizado
a língua vernácula em detrimento do latim. O latim
era a língua oficial da igreja católica. Essa nova
pedagogia se insere no advento da máquina a vapor
nas fábricas no início da revolução industrial em
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91 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
1750. É necessário desenvolver uma cultura social
dotada de outras necessidades humanas, não só
espirituais, como antes, mas materiais, estéticas,
afetivas, que irão nortear o imaginário do ser
humano moderno. Essa estrutura de necessidades
para serem legitimadas devem ter um substrato real
científico, experimental; para fortalecer os laços
entre a produção de mercadorias e o consumo. É
preciso toda uma epistemologia do modo de ser a
moda, por exemplo, para atender aos apelos
crescentes da cultura moderna, centrada na
produção em série. Segundo Lima (2009) a classe
emergente, a burguesia assume o poder sustentada
pelo liberalismo e o iluminismo. O liberalismo
legitima os interesses econômicos e o iluminismo
constrói uma nova mentalidade antropocêntrica
que se vincula ao industrialismo nas mais diversas
formas de consumismo, sempre legitimados por
ideias modernas. Ainda, segundo Lima (2009), a
educação é para si mesmo, não mais para Deus.
Viver é o que eu desejo, ensinar-lhe. Quando sair das
minhas mãos, ele não será magistrado, soldado ou
sacerdote, ele será, antes de tudo, um homem.
Consolida-se uma moral, um homem, uma
epistemologia nessa nova atmosfera social. O novo
homem de nada desconfia do interesse social
capitalista, ou seja, o novo é um imperativo
produzido pela existência da ordem estabelecida. A
Pedagogia e a filosofia representam aparelhos
ideológicos que justificam as contradições da
estrutura social que se levanta. Os jesuítas não são
mais os representantes de uma educação universal,
o ensino que se produz, agora, e mais nacional,
considerando aspectos culturais do lugar onde se
insere o aluno. Consolida-se uma tendência
educacional que opera a transição de tutela do
ensino da igreja católica para o Estado. É uma
educação laica de forte conotação popular, mas que
encaminha para o trabalho proletário. Essa
proletarização profissional consegue preparar uma
mão de obra que vai dinamizar a alta produtividade
das indústrias.
1.16.2a TEORIA AMBIENTALISTA
Esta concepção é inspirada no empirismo e
privilegia a experiência como fonte do
conhecimento e formação de hábitos, atribuindo
um grande poder ao ambiente no desenvolvimento
e na constituição das características humanas.
Preocupa-se em explicar o comportamento
humano através da observação, descartando a
análise de aspectos da conduta humana como
raciocínio, desejos, fantasias, sentimentos, entre
outros. Destaca e valoriza a importância de
medir, testar, comparar, experimentar e
controlar o comportamento do educando e sua
aprendizagem. O homem é concebido como um
ser plástico, que desenvolve
suas características em função das condições
presentes no meio em que se encontra. São
os estímulos presentes numa dada situação que
levam ao aparecimento de um determinado
comportamento. Tais estímulos controlamestímulo, essa criança tenta "encaixar" o
estímulo em um esquema disponível. Vemos então,
que os esquemas são estruturas intelectuais que
organizam os eventos como eles são percebidos
pelo organismo e classificados em grupos, de
acordo com características comuns.
5 - Experiência Física e Lógico-matematica: O fator
essencial na constituição do esquema é a ação do
sujeito sobre o objeto do conhecimento. Esta ação é
representada por dois tipos de experiência,
indissociáveis, mas passíveis de serem abordadas
didaticamente. Trata-se da experiência f ísica e da
experiência lógico-matemática.
Tipos de Conhecimentos
Conhecimento Físico - Conhecimento das
propriedades físicas de objetos e eventos, necessita
da ação sobre o ambiente.
Conhecimento Lógico-matemático -
Conhecimento a partir do pensar sobre as
experiências com objetos e eventos, necessita da
ação sobre o ambiente.
Conhecimento Social - Conhecimento que se
origina do meio socio-cultural e não pode ser
extraído apenas da ação sobre o ambiente, necessita
de interação com pessoas.
Equilibração majorante
Mecanismo de evolução ou desenvolvimento do
organismo. É fundamental para a estruturação da
inteligência. Refere-se às mudanças sucessivas no
sujeito resultantes dos processos de assimilação e
acomodação, portanto ao aumento do
conhecimento.
Equilíbrio - consiste em ser capaz de identificar
diferenciar e integrar ou generalizar de forma
consistente e sem contradições os dados da
realidade (diferenças e semelhanças) - Equilibração
majorante.
Desequilíbrio - são perturbações que resultam de
conflitos momentâneos, os quais uma vez
ultrapassados ou superados conduzem a novas
construções.
Assimilação - entrada e processamento de
estímulos externos aos esquemas (mudança
quantitativa - modificação de conteúdo).
Acomodação- reorganização interna. Ajusta ou cria-
se novos esquemas visando uma melhor adaptação
(mudança qualitativa-modificação de estrutura).
Esquemas cognitivos - são as estruturas mentais
capazes de assimilar, reconhecer, interpretar e
classificar os dados do ambiente - conhecimentos
adquiridos.
DESENVOLVIMENTO MORAL DA CRIANÇA
Você sabia que, como parte de seus estudos, Piaget
também considerou que o desenvolvimento infantil
cognitivo está diretamente relacionado ao
desenvolvimento moral? E também este pode ser
dividido em diferentes estágios.
Anomia (0-5 anos)
Nessa fase inicial, as crianças têm pouca ou
nenhuma compreensão de regras e normas sociais
ou comportamentais. É nesse período que a criança
está vendo tudo pela primeira vez e ainda não sabe
diferenciar o certo do errado. Com o passar do
tempo, ela começa a entender melhor o que pode
ou não fazer, por exemplo.
Heteronomia (6-11 anos)
Aqui, regras já estão estabelecidas, e os adultos são
figuras de autoridade. A criança já entende melhor
o que é certo e errado, e as normas parecem
inflexíveis, baseadas em uma dualidade direta: o
bom contra o mal, o que podemos e o que não
podemos fazer.
Nessa fase, as crianças passam a julgar suas ações
baseadas nas consequências diretas estabelecidas,
não tanto pelas intenções. Enquanto adultos
conseguem enxergar as nuances e os contextos de
cada caso, para elas, fazer algo errado sempre gerará
uma mesma punição proporcional.
Autonomia (acima de 12 anos)
A partir dos 12 anos, a criança já consegue
compreender melhor todos os lados de uma
história. É claro que ela não tem a mesma
maturidade emocional para lidar com problemas do
que um adulto. Mas é nessa janela temporal que elas
passam a entender que as regras variam: as normas
mudam de acordo com as circunstâncias, das
intenções por trás das ações etc.
De modo geral, esse estágio apresenta a moralidade
como algo relativo e adaptável. Não só isso, mas a
percepção do coletivo também ganha força no
desenvolvimento moral. Segundo Piaget, as
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12 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
crianças aprendem a ter senso crítico e a avaliar as
regras com base na cooperação dos outros e no
respeito mútuo.
Na prática, isso significa que as crianças já passam a
aceitar ou não determinadas normas com base no
todo. Se aquela regra é justa em comparação com o
tratamento recebido pelos irmãos ou se o adulto
impondo a norma é alguém confiável, por exemplo.
Uma vez que a criança atingiu esse estágio e ela
consegue “se colocar no lugar de outra pessoa”,
enxergando o lado dela em uma determinada
situação. E o desenvolvimento moral está completo.
APRENDIZAGEM ESCOLAR E A TEORIA
PIAGETIANA
A aprendizagem é a modificação da experiência
resultante do comportamento no sentido restrito
(específico) aprender que alguma coisa se chama
"lua", "macaco", ou no sentido amplo "aprender a
estruturar todos os objetos no universo em sistemas
hierárquicos de classificação" (KAMII, 1991: 22). Existe
uma relação direta entre o desenvolvimento e a
aprendizagem, pois a aprendizagem de operações,
fatos, ações, procedimentos práticos ou leis físicas
dependem do nível cognitivo do sujeito, quer dizer,
que o grau de desenvolvimento é determinante e
torna inexeqüível uma nova aquisição a um
indivíduo que não está capacitado para ela, porque
a compreensão de problemas somente é possível no
momento evolutivo adequado. Operação: (“ação
interiorizada (...) que alcançou (...) o nível operatório
mediante reconstruções sucessivas de
complexidade crescente (equilibração majorante)”
(LIMA, 1980: 151) A importância de se definir os
períodos de desenvolvimento da inteligência reside
no fato de que, em cada um, o indivíduo adquire
novos conhecimentos ou estratégias de
sobrevivência, de compreensão e interpretação da
realidade. A compreensão deste processo é
fundamental para que os professores possam
também compreender com quem estão
trabalhando. A obra de Jean Piaget não oferece aos
educadores uma didática específica sobre como
desenvolver a inteligência do aluno ou da criança.
Piaget nos mostra que cada fase de
desenvolvimento apresenta características e
possibilidades de crescimento da maturação ou de
aquisições. O conhecimento destas possibilidades
faz com que os professores possam oferecer
estímulos adequados a um maior desenvolvimento
do indivíduo. ”Aceitar o ponto de vista de Piaget,
portanto, provocará turbulenta revolução no
processo escolar (o professor transforma-se numa
espécie de ‘técnico do time de futebol’, perdendo
seu ar de ator no palco). (...) Quem quiser segui-lo
tem de modificar, fundamentalmente,
comportamentos consagrados, milenarmente
(aliás, é assim que age a ciência e a pedagogia
começa a tornar-se uma arte apoiada, estritamente,
nas ciências biológicas, psicológicas e sociológicas).
Onde houver um professor ‘ensinando’... aí não está
havendo uma escola piagetiana!” (LIMA, 1980: 131). As
teorias piagetianas abrem campo de estudo não
somente para a psicologia do desenvolvimento, mas
também para a sociologia e para a antropologia,
além de permitir que os pedagogos tracem uma
metodologia baseada em suas descobertas. Piaget
situa, segundo DOLLE, o problema epistemológico,
o do conhecimento, ao nível de uma interação entre
o sujeito e o objeto. E "essa dialética resolve todos os
conflitos nascidos das teorias, associacionistas,
empiristas, genéticas sem estrutura, estruturalistas
sem gênese, etc.... e permite seguir fases sucessivas
da construção progressiva do conhecimento “ (1974:
52).
ATENÇÃO PIAGET E OS JOGOS
Piaget aponta três sucessivos sistemas de jogo: de
exercício, simbólico e o de regras.
Os jogos de exercícios aparecem nos primeiros
dezoitos meses de vida, e nas ações da criança
envolve repetições de seqüências já estabelecidas
das ações e manipulações pelo simples mero prazer
funcional, derivados das ações motoras. Em torno de
um ano de idade, os exercícios práticos tornam maisnumerosos e vão diminuindo a importância, e
começam a se transformar em outras formas:
a) a criança passa a fazer combinações e repetições
de suas ações e de manipulações, e os jogos de
exercícios vão se transformando em construções;
b) aqui os jogos de exercícios adquirem as regras
explicitas e se transformam em jogos de regras.
Jogos simbólicos surgem no segundo ano de vida
da criança, com o aparecimento da linguagem e vai
até aproximadamente dos seis aos sete anos. A
brincadeira do faz de conta é de início uma
brincadeira solitária, dando lugar ao uso de símbolos
como, por exemplo, o uso de brincadeiras de
dramas, aqui o coletivo não aparece, ele só vai
aparecer no terceiro ano de vida.
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13 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
Jogo de regra marca a transição da atividade
individual para a socializada. Este jogo ocorre dos
quatro aos sete anos e predomina no período de
sete aos onze anos de idade. Para Piaget, a regra
pressupõe a interação de dois indivíduos e sua
função é de se integrar ao grupo social. Piaget
distingue dois tipos de regras: as que vem de fora e
as que são construídas espontaneamente, o jogo
espontâneo é representado pelos resultados da
socialização, proveniente do jogo de exercício e do
jogo simbólico.
1.2.2 VYGOTSKY
LEV SEMINOVITCH VYGOTSKY (1896/1934) - base
interacionista Vygotsky nasceu na Bielo-Rússia em 5
de novembro de 1896. Formou-se em literatura e
direito na Universidade de Moscou e mais tarde
estudou medicina.
Pesquisou sobre literatura, psicologia, deficiência
física e mental e educação, dedicando-se aos
campos da pedagogia e psicologia.
Vygotsky viveu na mesma época que Piaget (ambos
nasceram em 1896). No entanto, eles não chegaram
a se encontrar em vida, devido a vários fatores,
principalmente os políticos. Partidário da revolução
russa, Vygotsky sempre acreditou em uma
sociedade mais justa sem conflito social e
exploração. Sua obra enfrentou décadas de silêncio
imposto pelo regime stalinista. Apenas em meados
dos anos 60 seus livros chegaram ao Ocidente. Só
então o psicólogo suíço Jean Piaget (1896-1980),
lamentando que os dois não tivessem se conhecido,
leu e comentou os elogios e as críticas que Vygotsky
lhe fizera em 1932.
Foi professor do ginásio e se fazia uma pergunta
fundamental: como o homem cria cultura? Dono de
uma inteligência brilhante, ele buscou a resposta na
Psicologia e acabou por elaborar uma teoria do
desenvolvimento intelectual, sustentando que todo
conhecimento é construído socialmente, no âmbito
das relações humanas. Sua teoria tem por base o
desenvolvimento do indivíduo como resultado de
um processo sócio-histórico, enfatizando o papel da
linguagem e da aprendizagem nesse
desenvolvimento, sendo essa teoria considerada
histórico-social. Vygotsky morreu de tuberculose 3m
1934, aos 38 anos.
No Brasil, Vygotsky é estudado há pouco mais de
uma década. Segundo a pedagoga Maria Teresa
Freitas, da Universidade Federal de Juiz de Fora
(UFJF), que pesquisou a difusão do trabalho dele por
aqui, suas idéias chegaram no fim dos anos 70,
trazidas por estudiosos que as conheceram no
exterior. Mas sua obra só começou a ser divulgada,
de fato, nos anos 80, ao mesmo tempo em que a
linha educacional construtivista se expandia,
impulsionada pela psicóloga argentina Emilia
Ferreiro, discípula de Piaget. Embora não tenha
elaborado uma pedagogia, Vygotsky deixou idéias
sugestivas para a educação.
CONCEITOS BÁSICOS DA TEORIA DE VYGOTSKY
1. Mediação
A questão central é a aquisição de conhecimentos
pela interação do sujeito com o meio e, portanto, o
conhecimento é sempre mediado.
Para Vygotsky, a vivência em sociedade é essencial
para a transformação do homem de ser biológico
em ser humano. É pela APRENDIZAGEM nas
relações com os outros que construímos os
conhecimentos que permitem nosso
desenvolvimento mental.
A linguagem, sistema simbólico dos grupos
humanos, representa um salto qualitativo na
evolução da espécie. É ela que fornece os conceitos,
as formas de organização do real, a mediação entre
o sujeito e o objeto do conhecimento. É por meio
dela que as funções mentais superiores são
socialmente formadas e culturalmente
transmitidas, portanto, sociedades e culturas
diferentes produzem estruturas diferenciadas.
Por isso a linguagem é duplamente importante para
Vygotsky. Além de ser o principal instrumento de
intermediação do conhecimento entre os seres
humanos, ela tem relação direta com o próprio
desenvolvimento psicológico. Maria Teresa Freitas
resume: "Nenhum conhecimento é construído pela
pessoa sozinha, mas sim em parceria com as outras,
que são os mediadores".
2. Processo de internalização
O processo de internalização é fundamental para o
desenvolvimento do funcionamento psicológico
humano. A internalização envolve uma atividade
externa que deve ser modificada para tornar-se uma
atividade interna; é interpessoal e se torna
intrapessoal. O sujeito não é apenas ativo, mas
interativo, porque forma conhecimentos e se
constitui a partir de relações intra e interpessoais. É
na troca com os outros sujeitos e consigo próprio
que se vão internalizando conhecimentos, papéis e
funções sociais, o que permite a formação de
conhecimentos e da própria consciência. Para
Vygotsky, o desenvolvimento cultural da criança
aparece segundo a lei da dupla formação, em que
todas as funções aparecem duas vezes: primeiro no
nível social e depois no nível individual; ou seja,
primeiro entre as pessoas (interpsicológica) e depois
no interior da criança (intrapsicológica). Poder-se-ía
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14 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
assim dizer que o desenvolvimento cultural do
aluno, assim como, sua aprendizagem, se dá
mediante o processo de relação do aluno com o
professor ou com outros alunos mais competentes.
Em outras palavras, os vygotskianos entendem que
os processos psíquicos, a aprendizagem entre eles,
ocorrem por assimilações de ações exteriores,
interiorizações desenvolvidas através da linguagem
interna que permite formar abstrações. Para
Vygotsky, a finalidade da aprendizagem é a
assimilação consciente do mundo físico mediante a
interiorização gradual de atos externos e suas
transformações em ações mentais.
Nesse processo, a aprendizagem se produz, pelo
constante diálogo entre o exterior e interior do
indivíduo, uma vez que para formar ações mentais
tem que partir das trocas com o mundo externo,
cuja da interiorização surge a capacidade da
atividades abstratas que a sua vez permite elevar a
cabo ações externas.
O que nos faz pensar que esse processo de
aprendizagem se desenvolve do concreto (segundo
as variáveis externas) a abstrata (as ações mentais),
com diferentes formas de manifestações, tanto
intelectual, verbal e de diversos graus de
generalizações e assimilações.
3. Dois níveis de desenvolvimento
Existem, pelo menos dois níveis de desenvolvimento
identificados por Vygotsky:
1. desenvolvimento real: É determinado por aquilo
que a criança é capaz de fazer por si própria porque
já tem um conhecimento consolidado. Se domina a
adição, por exemplo, esse é um nível de
desenvolvimento real.
2. desenvolvimento potencial: se manifesta
quando a criança realiza tarefas mais complexas,
orientadas por instruções e com a ajuda de um
adulto ou por resultado da interação com iguais. Por
exemplo, uma multiplicação simples, quando ela já
sabe somar.
4. Zona de desenvolvimento proximal
Segundo Vygotsky, a evolução intelectual é
caracterizada por saltos qualitativos de um nível de
conhecimento para outro. A fim de explicar esse
processo, ele desenvolveu o conceito de ZONA DE
DESENVOLVIMENTO PROXIMAL, que definiu como
a "distância entre o nível de desenvolvimento real,que se costuma determinar através da solução
independente de problemas, e o nível de
desenvolvimento potencial, determinado através da
solução de problemas sob a orientação de um
adulto ou em colaboração com companheiros mais
capazes". Cláudia Davis diz: "A zona proximal é a que
separa a pessoa de um desenvolvimento que está
próximo, mas ainda não foi alcançado'.
A aprendizagem interage com o desenvolvimento,
produzindo abertura nas zonas de desenvolvimento
proximal nas quais as interações sociais são centrais,
estando então, ambos os processos, aprendizagem
e desenvolvimento, interrelacionados; assim, um
conceito que se pretenda trabalhar, como por
exemplo, em matemática, requer sempre um grau
de experiência anterior para a criança.
5. Tomada de consciência
Vigotsky abstrai que o ser humano é criado histórico
e socialmente, e que suas relações com a natureza e
com os outros homens no nível da consciência são
lidados de forma espontânea apenas quando ele
não tem percepção da consciência sobre aquilo que
está fazendo. Por outro lado, à medida que o
homem toma consciência da consciência que
possui, mais e mais ele abstrai sobre seus atos e
sobre o meio. Com isto, seus atos deixam de ser
espontâneos (no sentido biológico do termo) para se
tornarem atos sociais e históricos, envolvendo a
psique do indivíduo. Observe que, nesse diverso
campo da consciência, existe como base
metodológica e objeto de estudo a intencionalidade
da consciência.
Diríamos de certa forma, que para este autor a
consciência é o estado supremo do homem, o que
na teoria vygotskiniana é chamado de Tomada de
Consciência. E esses elementos da consciência vão
dar origem aos denominados processos mentais
superiores, os quais são diferentes dos processos
mecânicos, por estes serem ações conscientes,
controladas ou voluntárias, envolvendo
memorização ativa seguida de pensamento
abstrato.
6. Relação desenvolvimento/aprendizagem
Vygottski e a escola de psicologia dialética soviética
e seus seguidores Luria (1902/1977) e Leontiev
(1903/1979) estabelecem uma relação inseparável
entre aprendizagem / desenvolvimento, chegando a
afirmar que o desenvolvimento vem depois da
aprendizagem.
Aprendizagem é a assimilação consciente do
mundo físico mediante a interiorização gradual de
atos externos e sua transformação em ações
mentais. Privilegiam o ambiente social. Entendem
que os processos psíquicos, que a aprendizagem
entre eles, são assimilações de ações exteriores,
interiorizações desenvolvidas através de linguagem
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15 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
interior que permite formar abstrações.
A aprendizagem é produzida através de um diálogo
constante entre o exterior e o interior do indivíduo, e
as ações mentais são formadas a partir das variáveis
externas(concretas), que são interiorizadas surgindo
a capacidade de atividade abstrata (ações mentais)
com varias formas de manifestação (material - ações
externas -, verbal –linguagem - ou intelectual –
pensamento - ) e diversos graus de generalização e
assimilação.
Costuma-se destacar que a abordagem de Vygotsky
tem explicação das mudanças de ordem qualitativa.
Isto porque o autor preocupou em descrever e
entender o que ocorre ao longo da gênese de certas
funções, assim como, no estudo da linguagem da
formação de conceitos, etc. Nessa teoria não se tem
estágios de desenvolvimento explicado
detalhadamente sobre o surgimento e
desenvolvimento das funções psíquicas através de
acumulação de processos elementares. Já que
nessa abordagem não se questiona o fato de que
todos os indivíduos tenham uma capacidade de
aprendizagem que, inicialmente, está condicionada
pelo nível de desenvolvimento alcançado.
Mas existe na teoria de Vygotsky, assim como na de
Piaget - os diferentes níveis de funcionamento
psicológico, cada qual com características
específicas:
• Pseudo-conceitos: aqui ainda a criança não
consegue formular conceitos, mas o pensamento
ocorre por cadeia e de natureza factual e concreta.
Nesta fase a criança se orienta pela semelhança
concreta visual, formando apenas um complexo
associativo restrito a um determinado tipo de
conexão perceptual.
• Conceitos: formação de conceito atividade
complexa e abstrata, que usa o signo, ou palavra,
como meio de condução das operações mentais.
• Conceitos cotidianos: aprendidos
assistematicamente, estes conceitos dispensam a
necessidade da escola para a sua formulação.
• Conceitos científicos: constituído por um sistema
hierárquico de inter-relação, são os conceitos
aprendidos na escola sistematicamente.
Nessa teoria há uma complexa relação entre o
aprendizado e o desenvolvimento, ao contrário do
que se tem em Piaget, onde a curva do
desenvolvimento antecede em grande escala para
que ocorra o aprendizado.
Em Vygotsky, as curvas do aprendizado não
coincidem com as do desenvolvimento, sendo que
quando a criança aprende algum conceito, por
exemplo: aritmética, o desenvolvimento dessa
operação ou conceito apenas começou. Não há
paralelismo entre aprendizagem e o
desenvolvimento das funções psicológicas
correspondentes. Tal relação é um processo
extremamente complexo, dialético, não linear se dá
aos saltos, mediante o surgimento de caos.
Pode-se deduzir desta proposta uma concepção de
ajuda pedagógica que não aparece na teoria Piaget,
que tem em conta o desenvolvimento como limite
para adequar o tipo de conteúdo de ensino ao nível
evolutivo do aluno. Em Vygotsky o que tem que
estabelecer é a seqüência que permite o progresso
de forma adequada, incentivando a conquista de
novas aquisições, sem esperar a maturação
“mecânica” e evitando que pode admitir as
dificuldades para prosperar por não estabelecer um
desequilíbrio adequado. Vygotsky considera que a
aprendizagem acontece antes do desenvolvimento.
Nessa concepção aprender é passar do sistema de
conceitos naturais (pensamento vulgar ou senso
comum), para o sistema de conceitos científicos que
são os que configuram sistemas de relações
complexas e organizadas. Estas relações complexas
não se aprendem com procedimentos espontâneos,
mas sim com uma instrução planejada que agiliza e
melhora as conquista na zona de desenvolvimento
potencial.
A aprendizagem é considerada como parte de
atividades coletivas que precedem a aquisição
individual (linguagem infantil: primeiro aparece
como forma de comunicação, depois se interioriza
convertendo em linguagem interna). São as relações
sociais que dão ao indivíduo instrumentos para
ativar os processos internos que favorecem o
desenvolvimento.
Nesta concepção a educação é considerada um
sistema que facilita a apropriação de conteúdos
próprios de cada cultura.
AMBIENTE DE APRENDIZAGEM SÓCIO-
HISTÓRICO
A educação não fica à espera do desenvolvimento
intelectual da criança. Ao contrário, sua função é
levar o aluno adiante, pois quanto mais ele aprende,
mais se desenvolve mentalmente. Segundo
Vygotsky, essa demanda por desenvolvimento é
característica das crianças. Se elas próprias fazem da
brincadeira um exercício de ser o que ainda não são,
a escola que se limita ao que elas já sabem é inútil.
Para Vygotsky, as potencialidades do indivíduo
devem ser levadas em conta durante o processo de
ensino-aprendizagem. Isto porque, a partir do
contato com pessoa mais experiente e com o
quadro histórico-cultural, as potencialidades do
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16 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
aprendiz são transformadas em situações em que
ativam nele esquemas processuais cognitivos ou
comportamentais. Pode acontecer também de que
este convívio produza no indivíduo novas
potencialidades, num processo dialético contínuo.
Assim, como a aprendizagem impulsiona o
desenvolvimento, a escola tem um papeldoutrinárias, que enriquecem segundo o referido
autor o campo da filosofia; em particular, o da
própria Teoria do conhecimento. De acordo com a
sucessão histórica, no que se refere às formas de
conhecimento considera-se num primeiro plano o
“conhecimento sensível” ou empírico; e num
segundo plano ao conhecimento intelectual ou
racional. Assim podem-se nomear como Empirismo
o conhecimento que ocorre por meio das
experiências, que tem seu início nas percepções e
dos sentidos atingindo o objeto em sua
individualidade e concreticidade. Equivale dizer que
o objeto deve estar próximo e presente em relação
ao sujeito, para que neste movimento, tal sujeito
possa o apreender e assimilar. O conhecimento
intelectual ou racional é caracterizado pelo fato
deste atingir o geral ou abstrato, porém não o
individual e concreto. Desse modo, de acordo com o
conhecimento intelectual está sempre voltado para
busca de possibilidades. O autor trabalhado a priori
relata que Aristóteles representou a dialética entre
as duas formas de conhecimento, quando diz que
em função do critério que põe em relevo o rigor com
que se obtém o conhecimento. Onde o
“conhecimento vulgar ou ingénuo” e
“conhecimento cientifico” são distintos. O primeiro
se caracterizaria como aquele que se obtém sem o
controle do rigor metodológico. O conhecimento
empírico é considerado como sistemático, uma vez
que não é estruturado racionalmente é acrítico, logo
é considerado não racional. A forma de pensamento
empírica procura apenas as soluções e não o porquê
das coisas. A ciência é uma forma de conhecimento
distinta do conhecimento vulgar, pois o
conhecimento científico é uma operação
intelectual, ou seja, tem por fundamento a
interpretação racional dos fenômenos.
Diferentemente do empirismo, a filosofia enquanto
conhecimento racional e subjetivo, no sentido de ser
a visão racional que um homem tem da realidade,
busca o porquê último das coisas. Neste sentido
Becherlard escreve: A Ciência, tanto em sua
necessidade de acabamento como em seu
princípio, opõe-se absolutamente à opinião. Se
ocorre, sobre um ponto particular, legitimá-la,será
por razões diversas daquelas que a
fundamentam;na verdade, a opinião despoja-se
sempre da razão.A opinião pensa mal;ela não pensa;
ela apenas traduz necessidades sob a forma de
conhecimento.Designando os objetos por sua
utilidade,ela se interdita de conhecê-los.Nada se
pode fundar sobre opiniões: importa destruí la. Ela é
o primeiro obstáculo a se superar.
A Ciência moderna foi preparada pelo
Renascimento, conforme o posicionamento
científico de Galileu, gragas as observações com o
seu telescópio para dar início a estudos dos astros,
como foi o caso do astrônomo alemão Kepler (1571-
1630), que ao descobrir as célebres leis do
movimento dos planetas, a completar aquilo que
Copérnico não chegou a fazer: apresentar as provas
que davam definitivamente razão a teoría
heliocéntrica, condenando a teoría geocéntrica
como falsa. Nada disso, porém, aconteceu sem uma
grande resistência, tendo a Igreja não só ameaçado,
mas julgado Galileu por tal heresia. Moreira (2002)
afirma que Galileu Galilei (1564-1642) atribuiu à
observação, a experiência à matematização do real,
uma função essencial na compreensão da natureza.
Por isso que segundo a autora há três tipos de razões
que fizeram de Galileu o pai da ciência moderna: em
primeiro lugar, deu autonomia à ciência, fazendo-a
sair da sombra da teologia e da autoridade livresca
da tradição aristotélica; em segundo lugar, aplicou
pela primeira vez o novo método, o método
experimental, defendendo-o como o meio
adequado para chegar ao conhecimento;
finalmente, deu a ciência a nova linguagem.
SÉCULO XVIII: O ILUMINISMO E A EDUCAÇÃO
Esse ideal de educação se apresenta no século XVIII,
como século das luzes que quer dizer exercício
racional da realidade. Essa educação, segundo Lima
(2009), tem conotação liberal e laica. O teocentrismo
não dá conta de atender aos interesses da nova
classe social que surge, a burguesia. educação como
instrumento de legitimação da sociedade
incipiente. A autonomia do indivíduo se contrapõe
ao autoritarismo da nobreza feudal. Esse homem
antropocêntrico não se contenta mais em só
contemplar a natureza, mas busca conhecê-la e
dominá-la. E a ciência a serviço da humanidade. A
nova ordem sugere outras demandas sociais,
propensas a um novo estilo de vida. A vida rural dá
lugar ao urbanismo e, assim, novas necessidades se
levantam e com elas novas formas de relações
sociais. Há a transição da economia de subsistência
para economia de mercado. O consumo é um
imperativo nessa nova forma de vivência social. Para
Lima (2009), nesse momento, no ensino é enfatizado
a língua vernácula em detrimento do latim. O latim
era a língua oficial da igreja católica. Essa nova
pedagogia se insere no advento da máquina a vapor
nas fábricas no início da revolução industrial em
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91 PREPARAÇÃO PARA A SEDUC
1750. É necessário desenvolver uma cultura social
dotada de outras necessidades humanas, não só
espirituais, como antes, mas materiais, estéticas,
afetivas, que irão nortear o imaginário do ser
humano moderno. Essa estrutura de necessidades
para serem legitimadas devem ter um substrato real
científico, experimental; para fortalecer os laços
entre a produção de mercadorias e o consumo. É
preciso toda uma epistemologia do modo de ser a
moda, por exemplo, para atender aos apelos
crescentes da cultura moderna, centrada na
produção em série. Segundo Lima (2009) a classe
emergente, a burguesia assume o poder sustentada
pelo liberalismo e o iluminismo. O liberalismo
legitima os interesses econômicos e o iluminismo
constrói uma nova mentalidade antropocêntrica
que se vincula ao industrialismo nas mais diversas
formas de consumismo, sempre legitimados por
ideias modernas. Ainda, segundo Lima (2009), a
educação é para si mesmo, não mais para Deus.
Viver é o que eu desejo, ensinar-lhe. Quando sair das
minhas mãos, ele não será magistrado, soldado ou
sacerdote, ele será, antes de tudo, um homem.
Consolida-se uma moral, um homem, uma
epistemologia nessa nova atmosfera social. O novo
homem de nada desconfia do interesse social
capitalista, ou seja, o novo é um imperativo
produzido pela existência da ordem estabelecida. A
Pedagogia e a filosofia representam aparelhos
ideológicos que justificam as contradições da
estrutura social que se levanta. Os jesuítas não são
mais os representantes de uma educação universal,
o ensino que se produz, agora, e mais nacional,
considerando aspectos culturais do lugar onde se
insere o aluno. Consolida-se uma tendência
educacional que opera a transição de tutela do
ensino da igreja católica para o Estado. É uma
educação laica de forte conotação popular, mas que
encaminha para o trabalho proletário. Essa
proletarização profissional consegue preparar uma
mão de obra que vai dinamizar a alta produtividade
das indústrias.
1.16.2a TEORIA AMBIENTALISTA
Esta concepção é inspirada no empirismo e
privilegia a experiência como fonte do
conhecimento e formação de hábitos, atribuindo
um grande poder ao ambiente no desenvolvimento
e na constituição das características humanas.
Preocupa-se em explicar o comportamento
humano através da observação, descartando a
análise de aspectos da conduta humana como
raciocínio, desejos, fantasias, sentimentos, entre
outros. Destaca e valoriza a importância de
medir, testar, comparar, experimentar e
controlar o comportamento do educando e sua
aprendizagem. O homem é concebido como um
ser plástico, que desenvolve
suas características em função das condições
presentes no meio em que se encontra. São
os estímulos presentes numa dada situação que
levam ao aparecimento de um determinado
comportamento. Tais estímulos controlam