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<p>ACERTA HISTORIA MANUAL DO PROFESSOR</p><p>ACERTA ENEM MANUAL DO PROFESSOR HISTÓRIA Rafael Virgínio edição São Paulo / 2020 EDITORA</p><p>Copyright © 2020 Título original da obra: MWC EDITORA Acerta mais ENEM: História Av. Paulista, 37 4° andar Manual do Professor Cond. Parque Cultural Paulista edição / São Paulo, 2020 Paraíso CEP 01311-000 São Paulo SP Brasil Edição CNPJ: 13.101.659/0001-86 Rodrigo Gonçalves Fone: (11) 2246.2848 comercial@mwceditora.com.br Assistência Editorial Ferreira Luísa Félix Preparação e revisão Dayane Oliveira Jéssica Tayrine Produção gráfica Gilberto Melo Diagramação Alexandre Cavalcanti Fernando Galdino Fernando Gabriel Gilberto Melo Wilker Mad Ilustração Lelo Alves Iconografia Anderson Figueiredo Projeto Gráfico Alexandre Cavalcanti Caio Lopes Gilberto Melo Banco de imagens Shutterstock Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) V81a Virgínio, Rafael da Silva 1.ed. Acerta mais ENEM: história: manual do professor / Rafael da Silva [editor] Rodrigo - 1.ed. São Paulo: MWC Editora, 2020. 248 20,5 27,5 cm. ISBN 978-65-990463-7-7 1. 2. ENEM questões. 3. 4. Manual do professor. I. Gonçalves, Rodrigo. II. Na tentativa de cumprir todas as regulamentações determinadas CDD 909 pela legislação, realizamos todos os esforços para localizar os detentores dos direitos das imagens e textos contidos Índices para catálogo sistemático: nesta obra. No entanto, caso tenha havido alguma omissão 1. História: manual do professor involuntária, a MWC Editora se compromete em corrigi-la na 2. ENEM: questões primeira oportunidade. 3. Vestibular Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro pode Bibliotecária responsável: Aline Graziele Benitez CRB-1/3129 ser reproduzida sem a permissão por escrito da editora.</p><p>Apresentação Prezado professor, Ao reconhecer a relevância de um material didático que sistematiza os conhecimentosrelacionados às competências e habilidades ao Exame Nacional do Ensino Médio Enem, a coleção Acerta Mais Enem foi elaborada para ser um suporte voltado a atender às necessidades de professores e estudantes do Ensino Médio. Os livros que compõem a coleção foram produzidos para apoiar o processo de preparação para as provas de cada área de conhecimento do Enem. Para isso, algumas estratégias foram adotadas. Em primeiro plano, os volumes, divididos por área de conhecimento, são subdivididos por componentes curriculares. Dessa forma, atende-se a um maior número de habilidades que podem ser desenvolvidas a partir das mediações pedagógicas realizadas pelos professores. Em relação aos recursos digitais, as videoaulas têm acesso facilitado via tecnologia QR Code, em que o estudante verifica a resolução das questões apresentadas nos livros. Já em relação ao manual do professor, é disponibilizado um quadro descritivo dos conteúdos, competências e habilidades para auxiliar no planejamento das aulas. É importante que o livro de redação é um volume único e foca no desenvolvimento da escrita do texto dissertativo-argumentativo explorando o processo de produção passo a passo. Em síntese, a etapa final da Educação Básica Ensino Médio deve concretizar um processo educativo pautado na formação integral, essencial à continuidade da vida escolar dos estudantes. Como consequência, a formação de uma sociedade mais justa, democrática e inclusiva será alcançada.</p><p>ENEM ENEM O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foi instituído em 1998 como forma de o desenvol- vimento de competências por parte dos egressos do ensino médio e, consequentemente, orientar a criação de políticas públicas que pudessem resultar em melhores desempenhos. Foi a partir de 2009 que o Novo Enem passou a avalian jovens e adultos brasileiros como mecanismo único, alternativo ou complementar aos processos de seleção para o acesso ao ensino superior no Brasil. Por ser uma avaliação complexa, sustentada em eixos cognitivos o domínio de linguagens, a com- preensão de fenômenos, o enfrentamento de situações-problema, a construção de argumentação e a ela- boração de propostas os alunos/participantes precisam estar preparados para atender aos requisitos de cada prova. Os eixos cognitivos são assim caracterizados: I. Dominar linguagens (DL): dominar a norma culta da Língua Portuguesa e fazer uso das linguagens matemática, artística e científica e das línguas espanhola e inglesa. II. Compreender fenômenos (CF): construir e aplicar conceitos das várias áreas do conhecimento para a compreensão de fenômenos naturais, de processos histórico-geográficos, da produção tec- nológica e das manifestações artísticas. III. Enfrentar situações-problema (SP): selecionar, organizar, relacionar, interpretar dados e informa- ções representados de diferentes formas, para tomar decisões e situações-problema. IV. Construir argumentação (CA): informações, representadas em diferentes formas, e conhecimentos disponíveis em situações concretas, para construir argumentação consistente. V. Elaborar propostas (EP): recorrer aos conhecimentos desenvolvidos na escola para elaboração de propostas de intervenção solidária na realidade, respeitando os valores humanos e conside- rando a diversidade sociocultural. Os eixos são os mesmos para as quatro áreas de conhecimento do ensino médio, que, de acordo com a Matriz de Referência do são: Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação: referente aos componentes curriculares Língua Portuguesa, Língua Estrangeira Moderna (Inglês ou Espanhol), Literatura, Arte, Educação Física. Matemática e suas Tecnologias: referente ao componente curricular Matemática. Ciências da Natureza e suas Tecnologias: referente aos componentes curriculares Química, Física e Biologia. Ciências Humanas e suas Tecnologias: referente aos componentes curriculares Geografia, História, Filosofia e Sociologia. 1 Conjunto de competências e habilidades elaborado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), autarquia vinculada ao Ministério da Educação (MEC) responsável pela aplicação a prova. 4 MANUAL DO PROFESSOR</p><p>ACERTA MAIS ENEM PRESSUPOSTOS Conectado à Matriz de Referência do Enem, o ACERTA MAIS ENEM foi concebido com o objetivo geral de aprimorar o conhecimento com base no desenvolvimento de competências e habilidades, como um esforço para que o processo de aprendizagem seja focado na preparação dos alunos para os desafios do mundo contemporâneo. Assim, é importante considerar que: Competência é capacidade de mobilizar, cognitivamente, recursos - saberes, habi- lidades e informações visando resolver uma situação complexa. É o aluno saber saber ou saber conhecer. As competências são constituídas de um conjunto de habilidades. Habilidade é a aplicação prática de alguma competência para resolver uma situa- ção complexa, estando associada ao saber Para o desenvolvimento das competências e habilidades de cada componente curricular, a coleção ACERTA MAIS ENEM foi dividida em três obras Ciências Humanas e Linguagens, Ciências da Natu- reza e Matemática, e Redação tendo, as duas primeiras, 3 volumes e, a última, um volume único: Ciências Humanas: referente aos componentes curriculares Geografia, História, Filosofia e So- ciologia; e Linguagens: referente à Literatura, Interpretação, Inglês, Espanhol, Arte, Educação Fí- sica Volume 1, volume 2 e volume 3. Ciências da Natureza: referente aos componentes curriculares Química, Física e Biologia; e Ma- temática: referente ao componente curricular Matemática Volume 1, volume 2 e volume 3. Redação: Volume único. No Enem, agrupamento em quatro áreas não implica ques- tões relativas a uma única disciplina. Assim, ao len um enunciado do Exame, não é possível que ele se refere apenas à litera- tura, à arte, ou à história, por exemplo. Essa estratégia evidencia que o conhecimento humano é historicamente adquirido e não se subdivide em "arquivos segmentados", devendo ser considerado MANUAL DO PROFESSOR 5</p><p>como uma ampla rede, mutável e heterogênea. Portanto, o conhecimento, no Exame, é apresentado de maneira interdisciplinar, apoiando a ideia de que apenas o conhecimento "enciclopédico" não é suficiente para que o aluno atinja uma boa nota. Nesse sentido, Blaise Pascal afirmou, no século XVII, uma premissa que ainda é válida: "Não se pode conhecer as partes sem conhecer o todo, nem conhecer todo sem conhecer as partes". Corroborando com a necessidade da interdisciplinaridade, Morin (2000) enfatiza que a aptidão do conhecimento é questão fundamental da educação e que, para torná-lo pertinente, é necessário tornar o contexto, o global, o multidimensional e completo evidentes: A esse problema universal confronta-se a educação do futuro, pois existe inadequação cada vez mais ampla, profunda e grave entre, de um os saberes compartimenta- dos de outro, as realidades ou problemas cada vez mais transversais, multidi- globais e planetários (MORIN, 2000, p. Outra característica das questões do Enem é a contextualização, cujo objetivo é estabelecer associações entre conhecimento e o contexto de mundo que nos cerca, envolvendo aspectos sociais, políticos, culturais e científicos, sempre relacionados a problemas da realidade. Em relação à importância do contexto, Morin (2000) afirma que "O conhecimento das informações ou dos dados isolados é insuficiente. É preciso as informa- ções e os dados em seu contexto para que adquiram sentido" (p. 37). Em cada enunciado, as questões do Enem trazem uma situação-problema desafiadora e nitidamen- te ligada a um contexto. Para a resolução, o candidato deve apoiar-se nas informações contidas no pró- prio enunciado e em conhecimentos prévios. Por esse motivo, é muito importante uma leitura atenta do enunciado, uma vez que este pode apresentar as informações necessárias e suficientes para a resolução da questão, garantindo um bom desempenho. Assim, se pudéssemos indicar a principal competência para as provas do Enem seria a leitora, ou seja, a capacidade de compreender e interpretar o que foi lido. Para isso, deve-se considerar não apenas a leitura dos textos verbais, mas também dos textos multissemióticos ou multimodais que circulam em nossa sociedade, como mapas, diagramas, infográficos, tirinhas, charges, campanhas de publicidade etc. Ao realizar as provas do Enem, o aluno/participante receberá cinco notas diferentes, uma para cada área de conhecimento e uma para a redação. Não haverá peso diferente para cada uma dessas notas. No entanto, ao usarem as notas em seus respectivos processos seletivos, as instituições de ensino superior poderão conferir a elas pesos distintos, a fim de classificar os candidatos entre as carreiras concorridas. OBJETIVOS DA COLEÇÃO Por meio de atividades com grau de complexidade progressivo e adequado à série à qual se destina, a coleção ACERTA MAIS ENEM tem como objetivos específicos: Auxiliar na aprendizagem de conteúdos das quatros áreas de conhecimento previstas na Matriz de Referência do Enem. Contribuir com processo de desenvolvimento de competências e habilidades de diferentes áreas de conhecimento. Disponibilizar materiais digitais pedagógicos de cada componente curricular do ensino médio para alunos e professores. a aprendizagem por meio de simulados no modelo Enem, com correção baseada na Teo- ria de Resposta ao Item (TRI). 1 Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. Tradução de Catarina Eleonora F. da Silva e Jeanne Revisão técnica de Edgard de Assis Carvalho. 3 ed. São Paulo: DF: 2000. 6 MANUAL DO PROFESSOR</p><p>Em Ciências Humanas, o objetivo é as aprendizagens nos componentes curriculares Filosofia, Geografia, História e Sociologia, propondo que os estudantes desenvolvam a capacidade de estabelecer diálogos entre indivíduos, grupos sociais e cidadãos de diversas nacionalidades, saberes e culturas dis- tintas elemento essencial para a aceitação da alteridade e a adoção de uma conduta ética em sociedade. Em Linguagens, o objetivo é ampliar as aprendizagens nos componentes Literatura, Interpretação, Língua Inglesa, Língua Espanhola, Arte e Educação Física, considerando a garantia dos direitos linguísti- aos diferentes povos e grupos sociais brasileiros. Para tanto, prevê que os estudantes desenvolvam competências e habilidades que lhes possibilitem mobilizar e articular, simultaneamente, conhecimentos desses componentes a dimensões socioemocionais, em situações de aprendizagem que lhes sejam signi- ficativas e relevantes para sua formação integral. Em Ciências da Natureza, é levado em consideração a interpretação e a aplicação de modelos ex- plicativos para fenômenos naturais e sistemas tecnológicos, aspectos fundamentais do fazer ampliando aprendizagens nos componentes curriculares Física, Química e Biologia. Em Matemática, o foco é a construção de uma visão integrada da Matemática, aplicada à reali- dade, em diferentes contextos, levando em consideração as vivências cotidianas dos estudantes do ensino médio a fim de promover ações que ampliem o letramento matemático. Além das áreas de conhecimento, tendo em vista a complexidade do ato de escrever e o peso que a Redação possui na média final do Exame, elaboramos o ACERTA MAIS ENEM Redação, um material que orienta o(a) candidato(a) a uma nota de excelência na produção textual, auxi- liando trabalho do professor em sala de aula. O livro é pautado nos referenciais teóricos da Matriz de Competências da Redação do Enem, com propostas de produção textual e temas de viés social e de interesse público. O objetivo é desenvolver as competências necessárias para a elaboração de um texto dissertativo-argumentativo, considerando o domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa; a compreensão da proposta de redação e a aplicação de conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolvimento do tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo- -argumentativo em prosa; a seleção, a relação, a organização e a interpretação de informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista; conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação; e a elaboração de proposta de intervenção que res- peite os direitos humanos. Para atingir tais objetivos, a coleção considera como ponto de partida os conhecimentos prévios dos estudantes, disponibilizando os conteúdos de forma no intuito de estabelecer um diálo- go entre aluno e professor para a sistematização dos conteúdos da aprendizagem. Dessa forma, o aluno se torna protagonista de sua própria aprendizagem, e desenvolve colaborativamente com os colegas, com os professores e com a comunidade. PLATAFORMA ON-LINE E APLICATIVO ACERTA MAIS Para complementar o trabalho do professor em sala de aula, a partir da concepção de todo o material pode ser acessado pelo aplicativo ACERTA MAIS, tornando o aprendizado disponível a qual- quer momento, e também pela plataforma on-line de acesso dinâmico e simples, que fornece banco de questões, videoaulas, correção personalizada de redação, simulados e muito mais. O projeto parte da revisão dos conhecimentos explorados pelo Enem, utilizando, para isso, a dis- cussão de teorias abordadas em diferentes componentes curriculares e a prática de exercícios em sala de aula, que demanda uma carga horária destinada para o projeto. Em consonância a isso, as videoau- las da plataforma e os simulados que os professores podem gerar para acompanhar a evolução e o desempenho da turma dão suporte extraclasse, contribuindo para os estudos diários dos estudantes. 2 Técnica que consiste em utilizar estratégias e recursos dos jogos digitais, criando uma dinâmica motivacional para pessoas e resolver problemas. MANUAL DO PROFESSOR 7</p><p>Em relação à Redação, as propostas de produção presentes no material estão alinhadas às da plata- forma on-line, com correção e envio de feedbacks individuais em até 5 dias úteis. Essa atividade otimiza o tempo em sala de aula para o professor, que pode explorar as discussões temáticas sem a necessidade de analisar detalhadamente as produções textuais realizadas pelos estudantes. A avaliação da aprendizagem é realizada pela aplicação de simulados impressos com 180 questões, no modelo Enem, com correção pela Teoria de Resposta ao Item (TRI), sendo distribuídas nas 4 áreas de conhecimento: 45 questões de Linguagens, 45 questões de Ciências Humanas, 45 questões de Ciências da Natureza e 45 questões de Matemática e redação. Em suma, a coleção ACERTA MAIS ENEM incentiva uma formação voltada ao pensamento crítico, à capacidade de formular hipóteses e solucionar problemas diversos, em face de realidades que estão em constante transformação. No final deste caderno, você encontrará um quadro designando as competências e habilidades que orientaram a seleção dos conteúdos das aulas dos três volumes do ACERTA MAIS ENEM. Você pode utilizá-lo para o planejamento pedagógico. Além disso, os gabaritos comentados das atividades também são disponibilizados para a consulta. 8 MANUAL DO PROFESSOR</p><p>ACERTA HISTÓRIA Obra coletiva concebida e produzida pela MWC Editora. edição São Paulo / 2020</p><p>Copyright 2020 Título original da obra: EDITORA Acerta mais ENEM: Ciências Humanas MWC EDITORA e Linguagens Volume 1 Av. Paulista, 37 4° andar edição / São Paulo, 2020 Cond. Parque Cultural Paulista CEP 01311-000 Edição São Paulo SP Brasil Rodrigo Gonçalves CNPJ: 13.101.659/0001-86 Fone: (11) 2246.2848 Assistência Editorial comercial@mwceditora.com.br Ferreira Luísa Félix Preparação e revisão Dayane Oliveira Jéssica Tayrine Produção gráfica Gilberto Melo Diagramação Alexandre Cavalcanti Fernando Galdino Fernando Gabriel Gilberto Melo Wilker Mad Ilustração Lelo Alves Iconografia Anderson Figueiredo Projeto Gráfico Alexandre Cavalcanti Caio Lopes Gilberto Melo Banco de imagens Shutterstock Na tentativa de cumprir todas as regulamentações determinadas pela legislação, realizamos todos os esforços para localizar os detentores dos direitos das imagens e textos contidos nesta obra. No entanto, caso tenha havido alguma omissão involuntária, a MWC Editora se compromete em corrigi-la na primeira oportunidade. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida sem a permissão por escrito da editora.</p><p>Mensagem Prezado estudante, Parafraseando Vinicius de Moraes, um livro sem apresentação é como um rio sem pontes, portanto, faz-se necessária essa breve, porém imprescindível introdu- ção. Você está iniciando uma nova etapa do ciclo escolar: o Ensino Médio. Re- conhecemos os desafios da educação na sociedade atual e entendemos que a juventude vive hoje as transformações geradas por um mundo globalizado e impulsionado pelas tecnologias cada vez mais virtuais e impessoais. No entanto, convidamos você, com entusiasmo, a enfrentar os desafios que essa nova jor- nada apresenta, pois isso é necessário para o seu desenvolvimento não apenas como sujeito do saber, mas também como cidadão. Além disso, é nessa etapa que se vislumbra o Ensino Superior, principal objetivo para consolidar essa tra- jetória de sucesso. A coleção ACERTA MAIS ENEM irá auxiliá-lo nessa jornada. Sabe-se que hoje, no Brasil, a principal porta de entrada de estudantes con- cluintes do Ensino Médio para o nível superior de ensino é o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que avalia os conhecimentos dos candidatos em quatro áreas de conhecimento: Ciências Humanas e suas Tecnologias; Ciências da Natureza e suas Tecnologias; Matemática e suas Tecnologias e; Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação. Considerando que em cada uma dessas áreas é requerido dos estudantes certas competências e habilidades que os tornam aptos para ingresso no Ensino Supe- rior, buscamos, de forma didática e objetiva, prepará-lo para uma compreensão interdisciplinar dos diferentes domínios e temáticas exigidas pelo Enem. Para tanto, nos valemos de resumos sucintos e completos dos conteúdos e de ques- tões práticas, no mesmo estilo da avaliação, associadas às tecnologias da plata- forma on-line e do App ACERTA MAIS, nos quais você encontrará videoaulas, simulados, correção de redações e muito mais. Pensando nas suas necessidades, nosso objetivo é oferecer um material de alta qua- lidade que contribua para o seu projeto de vida, suas metas e seus planos de estudos diários. Esperamos que você encontre no ACERTA MAIS ENEM o suporte necessá- rio para o desenvolvimento de suas atuais habilidades e das potenciais competên- cias que você conquistará durante a sua formação no Ensino Médio. Lembre-se: com foco e perseverança, você pode conquistar todos os seus objetivos!</p><p>Sumário CONHEÇA ACERTA MAIS ENEM 14 VOLUME 1 AULA 01 Teoria e patrimônio histórico 18 AULA 02 Os modos de produção 27 AULA 03 Antiguidade Ocidental 35 AULA 04 Idade média Ocidental 50 AULA 05 Idade média Oriental 59 AULA 06 O nascer da modernidade 66 AULA 07 Expansão marítima e "Novo Mundo" 72 VOLUME 2 S AULA 01 A colonização do "Novo Mundo" 82 AULA 02 Brasil: dominação e resistência 87 AULA 03 Brasil: a colônia do açúcar 94 AULA 04 Iluminismo 100 AULA 05 Revolução Francesa 105 AULA 06 Brasil: processo de independência 111 AULA 07 Brasil Imperial: 1° Reinado 117 AULA 08 Brasil Imperial: Período Regencial 122 AULA 09 Brasil Imperial: 2° Reinado I 128 AULA 10 Brasil Imperial: 2° Reinado II 133 AULA 11 Revolução Industrial 140 VOLUME 3 AULA 01 Imperialismo e correntes ideológicas do século XIX 148 AULA 02 República Velha I 155 AULA 03 República Velha II 161 AULA 04 Primeira Guerra Mundial e Revoluções Socialistas 167 AULA 05 A era Vargas 173 AULA 06 Nazifascismo e Segunda Guerra Mundial 180 AULA 07 A Guerra Fria 187 AULA 08 Populismo e Regime Militar 193 AULA 09 Brasil contemporâneo 201 AULA 10 O mundo contemporâneo 212 GABARITO E COMENTÁRIOS QUADRO DESCRITIVO DE COMPETÊNCIAS E HABILIDADES 220 VOLUME 1 222 VOLUME 2 229 VOLUME 3 240</p><p>Sumário VOLUME 1 AULA 01 Teoria e patrimônio histórico 56 AULA 02 Os modos de produção 65 AULA 03 Antiguidade Ocidental 73 AULA 04 Idade média Ocidental 88 AULA 05 Idade média Oriental 97 AULA 06 nascer da modernidade 104 AULA 07 Expansão marítima e "Novo Mundo" 110 VOLUME 2 AULA 01 A colonização do "Novo Mundo" 60 AULA 02 Brasil: dominação e resistência 65 AULA 03 Brasil: a colônia do açúcar 72 AULA 04 Iluminismo 78 AULA 05 Revolução Francesa 83 AULA 06 Brasil: processo de independência 89 AULA 07 Brasil Imperial: 1° Reinado 95 AULA 08 Brasil Imperial: Período Regencial 100 AULA 09 Brasil Imperial: 2° Reinado I 106 AULA 10 Brasil Imperial: 2° Reinado II 111 AULA 11 Revolução Industrial 118 VOLUME 3 AULA 01 Imperialismo e correntes ideológicas do século XIX 62 AULA 02 República Velha I 69 AULA 03 República Velha II 75 AULA 04 Primeira Guerra Mundial e Revoluções Socialistas 81 AULA 05 A era Vargas 87 AULA 06 Nazifacismo e Segunda Guerra Mundial 94 AULA 07 A Guerra Fria 101 AULA 08 Populismo e Regime Militar 107 AULA 09 Brasil contemporâneo 115 AULA 10 mundo contemporâneo 126</p><p>Conheça ACERTA MAIS ENEM Nosso material oferece uma abordagem atual dos temas exigidos do ENEM, a fim de que você possa enxergar o mundo de forma ampla e conectada. Conheça o ACERTA MAIS ENEM e tudo que ele oferece como solução educacional. LIVROS ACERTA O livro CIÊNCIAS HUMANAS E LINGUA- ENEM GENS e o livro CIÊNCIAS DA NATUREZA E MA- TEMÁTICA organizam as aulas com os compo- nentes curriculares específicos de cada área de conhecimento, nas quais são apresentados os conceitos de cada assunto e sugeridas questões inéditas e de ENEMs anteriores. Nossa propos- ta é que você faça a leitura das temáticas e em HUMANAS LINGUAGENS seguida resolva questões relacionadas a fim de a sua aprendizagem. ACERTA ENEM ACERTA ENEM REDAÇÃO IZA CIÊNCIAS DA NATUREZA MATEMATICA Na seção QUESTÕES, assista, em vídeos, a resolução de algumas questões acessando-as por meio do QR Code. 14</p><p>PLATAFORMA ON-LINE Imagine ter em um único local tudo o que você precisa para o seu plano de estudos cionado ao ENEM. Em nossa plataforma on-line, Módulo 1 você tem acesso a mais de 300 videoaulas minis- tradas por experientes professores que seguiram ENEM a sequência de aulas dos livros que você tem em mãos. Você dispõe, ainda, da opção de gerar si- mulados com o banco de mais de 3000 questões gabaritadas e comentadas que preparamos para facilitar a sua rotina de aprendizagem. As videoaulas possuem a tradução em Libras como forma de inclusão para todos os estudan- tes. APP ACERTA MAIS E-mail Em tempos de redes sociais, em que todos Senha interagem sobre as diversas áreas da vida, o App Login ACERTA MAIS é um aplicativo que propõe a inte- ração entre diversos estudantes com o propósito de compartilhar dúvidas, assuntos e informações de forma rápida. Por meio do App, além de se co- nectar com outros colegas, você pode assistir às videoaulas, simulados e sua redação para correção, a fim de obter um feedback rápido e útil para o seu desenvolvimento. Todas as suas ações no App acumulam pon- tos para um ranking de competição com seus co- legas. Você pode, ainda, trocar os pontos acumu- lados com suas conquistas por prêmios em nossa loja virtual. Livros + Plataforma on-line e App: leia as aulas dos livros e acesse todo o conteúdo digital complementar oferecido. Utilize todos os recursos que o ACERTA MAIS ENEM oferece e tenha a certeza de ter em suas mãos um suporte necessário para uma aprendizagem para vida. 15</p><p>Acesse as videoaulas desta disciplina. HISTORIA</p><p>AULA 01 Teoria e patrimônio ERTA histórico O futuro da humanidade depende, em gran- ções que nos são postos pelo presente, com devido de parte, das decisões e atitudes tomadas no pre- cuidado de compreendermos as características de ou- sente. Essa reflexão é importante para tomarmos tros tempos e espaços em sua especificidade, não as consciência do quanto as interferências e ações reduzindo à nossa visão de mundo". E passado, por humanas afetam o meio ambiente e determinam os sua vez, segundo o historiador francês Marc Bloch rumos da história. (1965), "é, por definição, um dado que coisa alguma Os seres humanos habitam a face da Terra há pode modificar, mas o conhecimento do passado é coi- cerca de 200 mil anos. A evolução da espécie propi- sa em progresso, que ininterruptamente se transfor- ciou conquistas territoriais, o desenvolvimento de co- ma e se aperfeiçoa". munidades, sociedades e nações e avanços científicos e tecnológicos que formaram mundo como conhe- cemos hoje. Contudo, apesar do aparente progresso A prática de Formação de uma um "Olhar sobre si" e desenvolvimento, as consequências nocivas da re- Comunidade (obras de história Cientifica de da historiografia e sobre gência humana são incontáveis, tanto para o meio am- Historiadores Teoria da História) biente quanto para a própria espécie. Os problemas ambientais e as desigualdades sociais Uma concepção se acentuaram no mundo pós-moderno, provocando um do tempo como Um lugar fluxo contínuo e CONDIÇÕES institucional sentimento de incerteza perante o futuro e intensificando a clara delimitação (a Universidade) os debates sobre a finitude dos recursos naturais e sobre das instâncias de PARA A temporalidade o fenômeno do "hiperindividualismo" na sociedade con- TEORIA DA Contudo, para os problemas do HISTÓRIA presente, é preciso voltar ao passado. Surgimento O contraponto da figura do de um Método a Historiador partir das fontes Profissional A preocupação históricas com um referente real e não especulativo (a realidade histórica trazida pelas fontes) 1995 2000 2005 2010 2015 2020 2025 2030 QUE É HISTÓRIA? Da Antiguidade Clássica até os dias atuais, a pa- lavra história (do grego que significa "pesquisa" ou "conhecimento advindo da investigação") designou, de diversas formas, estudo e a compreensão da vida humana através do tempo. A História, enquanto ciência, deve investigar os Estudan o passado significa os pro- principais fatos e acontecimentos ocorridos ao longo cessos da civilização que determinaram os modelos da existência humana e interpretar, a partir de fontes sociais que conhecemos e vivenciamos hoje. Isso torna os motivos e as consequências desses possível a investigação do que é necessário para solu- eventos. Afinal, enquanto ciência humana, a História cionar os problemas do presente. É preciso, portanto, tem como objeto de estudo o próprio homem (e suas conhecer o presente e o passado para, só en- ações, evolução e progresso). Portanto, não é uma ciên- tão, intervir no futuro. cia exata, mas sim interpretativa, passível a diferentes De acordo com o historiador Cláudio Vicenti- pontos de vista. Por isso, o estudo histórico deve con- no (2001), história significa essencialmente siderar todas as variáveis e os diferentes testemunhos olhar o passado, com base nos problemas e indaga- sobre o mesmo acontecimento. 18 CIÊNCIAS HUMANAS</p><p>Os eventos considerados canônicos para a Histó- ria Tradicional são quase sempre políticos (o conjunto Principais conceitos de realizações de um presidente durante o seu man- "A história é uma pesquisa que nos ensina o dato, a morte de um rei militares (batalhas ou fa- que o homem fez, portanto, o que é o homem." ses de uma guerra etc.) e diplomáticos (assinatura de (Collinwood) tratados entre nações etc.). Alguns acontecimentos "O objetivo da História é por natureza o ho- político-religiosos, como os acordos e as divergências mem." (Marc Bloch) entre papas e reis, são igualmente registrados. Os res- ponsáveis por esses fatos são os "grandes homens" e os "A história está para a humanidade assim como "heróis", isto é, reis, presidentes, ministros, generais vi- a memória está para o indivíduo, é a memória toriosos, papas, imperadores, sacerdotes entre outros. coletiva." (Piancantol) "A história é um profeta com o olhan volta- Helton Costa do para trás. Pelo que foi e contra o que foi e anuncia o que Galeano) "A história é um processo dinâmico, DE SANGUE no qual cada realidade traz dentro de si o prin- cípio da sua própria contradição e que gera a Jornalistas brasileiros na transformação constante na História é a luta II Guerra Mundial de classe."(Karl Marx) "A História é a substância da sociedade". (Agnes Heller) "A História estuda a vida humana através do tempo. Estuda o que os homens fizeram, pen- saram ou sentiram enquanto seres sociais". (Gilberto Cotrim) "A História é a ciência do passado, do presente, um e outro inseparável". (Fernand Braudel) "A História consiste essencialmente em ver o passado através dos olhos do presente e à luz de seus problemas, que o trabalho principal do historiador não é mas porque se ele não avalia, como pode saber o que mere- ce ser registrado." (Henry Carr) "A História é um tempo passado carregado de presente, por isso o homem deve e continua ten- Os historiadores que se preocupam com o pre- do a necessidade de estudá-la. A História é um sente procuram, no passado, explicações que os aju- tempo saturado de (Walter Benjamin) dem a compreenderem melhor os modos de viver e de pensar na contemporaneidade. Para essa investi- gação, os estudiosos precisam partir de um problema Por fim, podemos que a História estuda o que é "colocado" pelo "hoje", isto é, de determinada que está relacionado à presença, às atividades, aos gos- problemática do tempo presente, para então analisar tos e às maneiras de ser das pessoas. Além de olharmos determinado período histórico em busca de respos- para a História como um processo por meio do qual as so- tas e soluções. ciedades humanas se desenvolvem e se transformam ao É importante ressaltar que os conceitos históri- longo do tempo, também podemos pensá-la como uma não são completamente fazem construção do historiador. Dessa forma, o tempo presen- parte de uma ciência humana, produzida a partir da in- te também é muito importante, pois são as preocupações vestigação e interpretação de fatos e acontecimentos. que o historiador tem no presente que fazem com que Nessa perspectiva, vários pensadores desenvolveram ele decida que é importante estudan no passado, além conceitos para a ciência da História. de como este passado deve ser estudado. CIÊNCIAS HUMANAS 19</p><p>A PERIODIZAÇÃO HISTÓRICA E SEUS homens organizam a produção, a distribuição e con- sumo dos bens materiais (economia), (...) teria uma du- SIGNIFICADOS ração mais longa por mais lentamente (eventos de longa duração), enquanto na política as mudanças Invenção 4000 são mais rápidas (eventos de curta duração)". da escrita Nesse sentido, periodização ou tempo histórico é Antiguidade Original um método cronológico utilizado para em linhas Pérsia gerais, o tempo histórico da humanidade em períodos explícitos e contáveis. Dessa a História Geral da Antiguidade humanidade foi dividida em períodos e marcos (mo- Antiguidade Clássica: Grécia mentos reconhecidos mundialmente como marcantes). Roma Periodizar, portanto, significa dividir em períodos. Essa Queda do divisão é no para facilitar e tornar mais Império Romano 476 do Ocidente didático o estudo dos processos não haven- Bárbaros (germanos), do, portanto, precisão cronológica ou uma preocupa- reinos bárbaros, cruzadas ção com o irregular dos acontecimentos. Idade Media Império Bizantino AS FONTES HISTÓRICAS: CONCEITO, Islamismo MODALIDADES E UTILIZAÇÃO Tomada de 1453 Constantinopla "Descoberta" da Reforma Idade Moderna Protestante Iluminismo, Independência dos Revolução Industrial Revolução 1789 Francesa Revolução Francesa. Idade Independência da América Unificação da Alemanha e Itália, Imperialismo, Primeira Guerra Mundial, Revolução Russa, Segunda atualidades... Considera-se fonte histórica tudo que pos- sibilita a reconstituição dos acontecimentos e das civilizações antigas. As fontes podem ser materiais O tempo histórico não tem um compromisso vestígios arqueológicos muito grande com o tempo cronológico, ou mesmo o etc., assim como documentos diversos e imateriais tempo psicológico: décadas no Egito dos faraós pode vestígios que sobrevivem nas detec- corresponden a anos no período da expansão táveis em suas tradições, costumes, mitos e ou meses do século XXI. A percepção da velocidade do folclores. As fontes também podem ser diretas ou tempo histórico decorre do ritmo dos acontecimen- indiretas. As fontes indiretas são vestígios das cria- assim como da rapidez dos meios de transporte ções do tipo artística etc., não es- e comunicação. Talvez por isso. sempre que estamos pecificamente ligadas ao documento bem em algum local tranquilo, geralmente em cidades inte- como outras fontes escritas que completam a dimen- somos tentados a dizer que ali as coisas não são humana dos fatos como as é como se estivéssemos vivenciando sé- as autobiografias, os relatos de viagens, os as culos passados. O tempo histórico não é regular nem correspondências privadas etc. linear como o tempo cronológico, ele é formado por A história contemporânea, por sua vez, conta diferentes durações, pois está associado às atitudes, com tipos muito diversos de documentos de inte- às ações dos grupos humanos e aos fenômenos (eco- resse histórico, como panfletos, jornais, nômicos, sociais. políticos, mentais) que resultam des- etc. aos quais "somam-se a fotografia, o sas ações. Para Cláudio Vicentino, "as formas como os cinema, o vídeo, a fita magnética, entre que 20 CIÊNCIAS HUMANAS</p><p>proporcionam informação mais direta e objetiva" historiográfica revolucionária da época foi a História (Enciclopédia Britânica, p. 420). Nova, que: (...) ampliou o campo do documento histórico; subs- da de tituiu a história (...) fundada essencialmente nos tex- tos, no documento escrito, por uma história baseada numa multiplicação de documentos: escritos de todos os tipos, documentos figurados, produtos de escava- ções arqueológicas, documentos orais, etc. Uma esta- tística, uma curva de preços, uma fotografia, um filme ou, para um passado mais distante, um pólen fóssil, uma ferramenta, um ex-voto são, para a história nova, documentos de primeira ordem. LE 1990, p. 28. Cidade de João Pessoa Anos 30 Um bom exemplo de ampliação do conceito de Os vários tipos de documentos devem ser anali- fonte histórica é a utilização das palavras e sados e interpretados para que o conhecimento histó- "registro" para generalizar tudo que possa revelar in- rico seja produzido. No entanto, sem fontes, o saber formações importantes sobre a humanidade, não im- histórico não é possível. Contudo, é importante res- portando a origem (oficial ou popular/não oficial) e/ou saltar que, desde a história primitiva, os seres huma- materialidade (escrita, oral, visual etc.). nos registram suas experiências, mesmo sem o domí- nio da escrita. A exemplo, temos as pinturas rupestres, A própria forma de analisar o vestígio sofreu modifi- feitas em cavernas, e as narrativas orais, passadas de cações. Os documentos, anteriormente, "mostravam" geração em geração. o passado tal qual havia atualmente, eles não "falam" por si mesmos. Eles só fornecem infor- DOCUMENTO mações, se o historiador lhes fizer as "perguntas" ade- Geralmente, reserva-se a designação de docu- quadas. Em uma carta, conto popular ou poema, por mento para "os atos escritos emanados dos poderes exemplo, podem estar subentendidas formas de pen- públicos ou de particulares, em suma, aos papéis con- sar e de agir de um certo período da história. Hoje, servados pelos arquivos administrativos ou privados" também considera-se que os vestígios possuem a mar- (J. Glenisson, 1977). Os documentos históricos, fontes ca de seu tempo, quer dizer, foram feitos em um de- históricas ou vestígios históricos são aqueles que for- terminado tempo e por uma dada sociedade. o que necem informações sobre os temas discutidos e anali- consideramos "documento" é produto de uma necessi- sados pelos historiadores, servindo como base de com- dade, não havendo diferença entre ele e as demais coi- provação à pesquisa científica. sas necessárias ao homem, produzidas e consumidas. Contudo, desde o século XVIII, quando a História São iguais tanto a parafernália de objetos do mundo passou a ser reconhecida como ciência, os métodos tra- cotidiano (comida, roupa, móveis, meios de transporte dicionais de se escrever e pensar sobre os acontecimen- e de lazer, casa, ferramentas, etc.) quanto os objetos tos históricos começaram a ser questionados e acusados considerados mais "nobres" ou "espirituais" das rela- de dar muita relevância a fatos e datas, de uma forma ções sociais entre os homens (cerimônias, livros, positivista. Assim, a historiografia passou por grandes quadros, mapas, estátuas, jornais, ideias etc.). transformações metodológicas por meio da incorpora- 1984, p. 53-54. ção de novos tipos de fontes de pesquisa, introduzindo documentos não oficiais e imateriais, como as expres- CORRENTES HISTORIOGRÁFICAS sões culturais. Os historiadores da Escola de Annales, por exemplo, e, posteriormente, seus seguidores, busca- POSITIVISMO ram rever o tradicional conceito de fonte, já que, para O positivismo, desenvolvido por August Comte, estudar a história de comunidades que não possuíam possui como princípio a utilização exclusiva das fontes domínio da tiveram que utilizar fontes imate- oficiais, isto é, dos fatos registrados pelos documen- riais, como vestimenta, contos populares, gravuras, tos oficiais. Segundo essa corrente de pensamento, utensílios domésticos etc. Outra tendência apenas esses documentos são capazes de produzir in- CIÊNCIAS HUMANAS 21</p><p>formações que podem ser comprovadas, cabendo ao Em 1929, os cientistas sociais Lucien Febvre e historiador apenas coletá-los e organizá-los de modo a Marc Bloch fundaram, na França, uma revista intitula- construírem uma verdade única. Nessa perspectiva, a da Annales d'Histoire et Sociale, que se história é um objeto do saber que existe em si mesmo, tornaria símbolo de uma nova corrente historiográ- independentemente da percepção que o sujeito, o his- fica conhecida como Escola dos Annales. O periódico toriador, dá a esse objeto. propunha uma ruptura com as tendências positivistas Assim, objetividade e rigor científico são lições que haviam dominado os estudos históricos até o início da escola positivista aplicadas ao estudo da História do século XX. Além disso, apontava para um aprofunda- no século XIX. mento das relações sociais, partindo da coleta de dados nas mais diversas fontes, pois argumentavam que toda MARXISMO produção humana seria capaz de conter informações A primeira contribuição do marxismo parte de úteis para a construção do conhecimento histórico, uma abordagem teórico-metodológica ligada ao ma- possibilitando uma e compreensão das terialismo Pela concepção materialista da civilizações e das "mentalidades". Dessa forma, a partir história foi possível rever e as diferentes for- da corrente de pensamento desenvolvida pela Escola ças atuantes no processo histórico, superando-se a ex- de Annales, a produção historiográfica passou a utilizar cessiva e quase exclusiva consideração aos indivíduos uma diversidade de fontes disponíveis. e aos acontecimentos singulares e isolados. De forma A partir dos pressupostos teóricos veiculados simplificada pode-se afirmar que o marxismo é respon- pela revista Annales, surge uma nova corrente histo- sável pela demonstração da importância do fator eco- riográfica que se desenvolveu durante o século XX, se nômico na história. consolidou nos anos 70 e ficou conhecida como Nova A análise marxista permite estabelecer a base ma- História. Essa nova concepção de História aproximou- terial concreta sobre a qual se organiza a sociedade e, em -se de outras ciências ligadas ao homem, como a Geo- seguida, apreender a complexa rede de interligações que grafia, a Economia, a Sociologia e a Psicologia, e passou se verificam entre a base material e os demais níveis de a preocupar-se mais com a participação do povo na organização social: a política, a religião, a cultura, a ideo- construção da história geral. logia, a arte etc. Rejeitando as metodologias da História Tradicio- nal, acusando-a de projetan a formação de uma história o materialismo histórico mostra que os homens, para geral, privilegiando os grandes acontecimentos e os precisam transformar a natureza, o mun- seus protagonistas, os historiadores da Nova História do em que vivem. Fazem-no não isoladamente, mas em pregavam uma desconstrução da imagem linear e evo- conjunto, agindo em (...) o ponto de partida lutiva dos acontecimentos históricos, propondo uma do conhecimento da realidade são as relações que os ho- investigação de uma história geral, com múltiplos cen- mens mantêm com a natureza e com os outros homens; tros de dispersão, uma história das descontinuidades. não são as ideias que vão provocar as Nesse sentido, coloca-se em jogo "outros passados" e mas as condições materiais e as relações entre os ho- um olhar especial para os entornos, aquilo que não está mens, que estas condicionam (...). Para Marx e Engels, a no discurso oficial. história é um processo dinâmico, no qual cada Além disso, a Nova História passou a se preocu- realidade social traz dentro de si o princípio de sua pró- par também com outros campos de pesquisa, amplian- pria contradição, o que gera a transformação constante do, assim, os limites da História. Surgiu então um con- na história (...) essas contradições são geradas pela luta junto de "novas como a História dos Costumes, entre as diferentes classes sociais. a História das Crenças, a História das Festas e das Colhei- BORGES, 1986. p. 35 e 36. tas, a História da Vida Cotidiana e muitas outras. Mais recentemente, um grupo de historiadores A ESCOLA DE ANNALES E A NOVA franceses passou a se aos estudos do pensamen- HISTÓRIA to, fundando a História das Mentalidades, um campo de pesquisa que havia recebido pouca atenção durante os No transcorrer do século XX, novas concepções anos 50 e 60. Os historiadores das mentalidades inte- de História foram formuladas. O filósofo Henri foi ressam-se, dentre outros temas, pelas atitudes dos se- um dos primeiros intelectuais a reagin contra a "escola res humanos diante da morte, da doença e da vida. Essa metódica". Para ele, a história era algo muito diferente corrente historiográfica também analisa a religiosidade de um exercício de erudição, era a base de uma ciência popular, a família, a sexualidade, a educação etc. dos progressos da humanidade. 22 CIÊNCIAS HUMANAS</p><p>Botânico, a Escola de Belas Artes, o Teatro Municipal e QUESTÕES o Banco do Brasil. Para os estudos historiográficos, essas fundações de- vem ser consideradas QUESTÃO 1 (INÉDITA) A fontes materiais. fontes imaterias. vestígios simples. Os documentos históricos são documentos registrados no passado que ajudam a contar e a identificar a histó- D fontes orais. ria de uma pessoa, de uma cidade, de um país. Através E fontes radiofônicas. de consultas e pesquisas podemos encontrar os mais variados objetos e tipos de documentos. Eles podem QUESTÃO 3 (INÉDITA) ser divididos em escritos, iconográficos, materiais vi- suais, sonoros e orais. "Tudo que está no entorno do historiador de hoje com- Disponível em: www.colegioweb.com.br/historia/ o contagio, de alguma maneira, ao trabalho do his- documentos-historicos.html. Acesso em: 05 set. 2019. toriador, refletindo-se na reconstrução que ele elabora De acordo com texto, a construção da História é funda- do passado." mentada em documentos históricos, os quais DOS Juarez José Tuchinski. o testemunho dos Arquivos e trabalho do historiador da educação. Brasília, 2018. A são apenas escritos, conservados ao longo dos sé- A partir de uma interpretação do pensamento de Jua- culos pelas várias sociedades. rez dos Anjos, entende-se que o historiador revelam informações e detalhes sobre fatos ou acontecimentos históricos. A é um homem neutro e isolado de sua época. são vestígios que se referem apenas ao passado, B consegue recuperar fielmente o passado, formu- cedendo informações acerca de um fato históri- lando verdades válidas para todas as épocas. CO. é cientista imparcial. D são registros oficiais com finalidade política declarada. D investiga o passado, mas sofre interferências da E confirmam o real e incontestável significado das história do presente. palavras, informação e vestígio histórico. E não pode em consideração o passado quando ele reflete sobre o presente. QUESTÃO 2 (INÉDITA) QUESTÃO 4 (ENEM) As ruínas do povoado de Canudos. no sertão norte da Bahia, além de significativas para a identidade cultural dessa região, são úteis às investigações sobre a Guerra de Canudos e o modo de vida dos antigos revoltosos. Essas ruínas foram reconhecidas como patrimônio cultu- ral material pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) porque reúnem um conjunto de A objetos arqueológicos e paisagísticos. O complexo que habitava o museu nacional, conhecido B acervos museológicos e bibliográficos. no século XIX como "Casa dos passarinhos" e que foi ví- tima de um lamentável desastre no ano de 2018, foi a núcleos urbanos e etnográficos. residência oficial de D. João VI no Brasil. No mesmo pe- D práticas e representações de uma sociedade. ríodo em que esteve no país, em outra parte do Rio de expressões e técnicas de uma sociedade extinta. Janeiro, D. João VI fundou a Biblioteca Real, o Jardim CIÊNCIAS HUMANAS 23</p><p>QUESTÃO 5 (ENEM) Entre os bens que compõem o patrimônio nacional, o que pertence à mesma categoria citada no texto está Própria dos festejos juninos, a quadrilha nasceu como representado em: dança aristocrática, dos salões franceses, depois A difundida por toda a Europa. No Brasil, foi introduzida como dança de salão e, por sua vez, apropriada e adapta- da pelo gosto popular. Para sua é importan- te a presença de um mestre "marcante" ou pois é quem determina as figurações diversas que os dançadores desenvolvem. Observa-se a constância das seguintes marcações: "En "Chez des da- mes". "Chez des "Cestinha de "Caminho da roça" "Olha a "Coroa de flores". "Coroa de etc. Mosteiro de são Bento (RJ) No Rio de Janeiro, em contexto urbano, apresenta trans- formações: surgem novas figurações, o francês aportu- guesado uso de gravações substitui a música ao vivo, além do aspecto de competição, que sustenta os festivais de quadrilha, promovidos por órgãos de turismo. L.C. Dicionário do folclore Rio de Janeiro: 1976. As diversas formas de dança são demonstrações da di- versidade cultural do nosso país. Entre elas, a quadrilha é considerada uma dança folclórica por A possuir como característica principal os atributos divinos e religiosos e, por isso, identificar uma na- ção ou abordar as tradições e costumes de determinados povos ou regiões distintas de uma mesma nação. apresentar cunho artístico e técnicas apuradas, Tiradentes esquartejado (1893), de sendo também considerada Pedro Américo D necessitar de vestuário específico para a sua práti- ca, o qual define seu país de origem. E acontecer em salões e festas e ser influenciada por diversos gêneros musicais. QUESTÃO 6 (ENEM) Queijo de Minas vira patrimônio cultural brasileiro O modo artesanal da fabricação do queijo em Minas Gerais foi registrado nesta quinta-feira (15) como patri- mônio cultural imaterial brasileiro pelo Conselho Con- sultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O veredicto foi dado em reunião do conselho realizada no Museu de Artes e Ofícios, em Belo O presidente do Iphan e do conselho ressal- tou que a técnica de fabricação artesanal do queijo está "inserida na cultura do que é ser mineiro". Ofício das paneleiras de Goiabeiras (ES) Folha de S. Paulo, 15 maio 2008. 24 CIÊNCIAS HUMANAS</p><p>D B Que a memória é vista como um direito social e histórico, de modo que todos devem ter acesso aos bens materiais que representam o passado dos heróis, à sua tradição, enfim, à sua história, pois a identidade cultural se constrói a partir dos bens pa- trimoniais materiais. Que a memória é vista como fonte de solidificação da identidade social, visto que dá sustentação às re- lações sociais. Uma vez salvaguardados os bens his- tóricos nos museus, restou investir na destruição do antigo para a possibilidade de surgimento do novo. Conjunto arquitetônico e urbanístico da cidade de Ouro Preto (MG) D Que a preservação do patrimônio e da memória é fundamental para os historiadores, porém os ad- E ministradores devem manter seu foco em outros aspectos da sociedade, sob pena de não atingirem o desenvolvimento Que a preservação do patrimônio e da memória deve somente sobre bens materiais de no- tável valor arquitetônico, relativos a fatos impor- tantes do passado, pois nem tudo que se refere ao patrimônio tem significação para a comunidade. QUESTÃO 8 (INÉDITA) Sítio Arqueológico e paisagístico da ilha deo Cam- peche (SC) Positivismo Corrente de pensamento surgida no século cujo QUESTÃO 7 (FAURGS) principal expoente foi Auguste Comte. Sua filosofia es- tava baseada na lei dos três estados do desenvolvimento "A História fermenta a partir do estudo dos 'lugares' da intelectual da humanidade. A primeira etapa é o momen- memória coletiva. Lugares topográficos, como os arqui- to em que os humanos são regidos por abstrações, como vos, as bibliotecas e os museus: lugares a teologia. Na segunda, já fazem uso da ciência, mas não como os cemitérios ou as arquiteturas; lugares sim- estão libertos das abstrações anteriores. Por último, o bólicos, como as comemorações, as peregrinações, os chamado estágio positivo, a ciência encontra-se total- aniversários ou os emblemas; lugares funcionais, como mente desenvolvida. Os positivistas acreditavam que os manuais, as autobiografias ou as associações: estes grande parte da sociedade encontrava-se ainda no pri- memoriais têm a sua história. Mas não podemos esque- meiro estado. Cabia a eles, assim, como integrantes do cer os verdadeiros lugares da história, aqueles onde se final, instruir o restante da população. deve procurar, não a sua elaboração, não a produção, Disponível em: www.sohistoria.com.br/dicionario/palavra mas os criadores e os denominadores da memória cole- Acesso em: 04 dez. 2019. tiva: Estados, meios sociais e políticos, comunidades de experiências históricas ou de gerações, levadas a cons- A teoria positivista influenciou as produções científicas tituir os seus arquivos em função dos usos diferentes do século XIX em diversos campos do conhecimento. que fazem da memória". No que diz respeito aos estudos históricos, o principal objetivo dos pesquisadores positivistas era LE Jacques. História e Campinas: UNICAMP, 1990. Considerando texto acima, o que Le Goff infere sobre estabelecer para a história a "objetividade" das ciências naturais. patrimônio cultural e a identidade social? comprovar a hipótese de que a sociedade humana Que o patrimônio cultural e identidade social são não é regulada por leis naturais. uma questão de cidadania e, desta forma, relacio- comprovar que a sociedade humana é regida por nam-se a toda a comunidade, por representarem uma harmonia semelhante à da natureza, mas com um direito fundamental dos cidadãos e a base para métodos e procedimentos de pesquisa diferentes. a construção da identidade cultural. CIÊNCIAS HUMANAS 25</p><p>D estabelecer que o cientista social não deve estu- QUESTÃO 11 (INÉDITA) dar a sociedade com o mesmo espírito que se es- tuda a natureza. "Refletir sobre quais fontes devemos usar para a pes- E comprovar que as ciências da natureza não são ob- quisa historiográfica nunca foi tão vasto como hoje. jetivas e verdadeiras e, portanto, não se comparam Atualmente qualquer espécie de vestígio deixado pelo às ciências sociais. ser humano nos revela como viveram o seu tempo. A poesia pode nos mostrar as transformações de lingua- QUESTÃO 9 (INÉDITA) gem e escrita ocorridas durante o renascimento, bem como as obras de arte deixadas por seus representan- Arqueologia, Numismática e Paleografia são ciências tes. Os códices onde encontramos representações em auxiliares da História, que fornecem informações ne- imagem deixadas pelos Astecas nos retratam o dia a dia cessárias ao historiador na investigação dos modos de desta civilização. As canções entoadas durante a dita- organização de determinada civilização. dura de 64 no Brasil nos permitem ingressar na menta- Diante disso, considera-se, respectivamente, que as lidade dos oprimidos pelo governo militar. Enfim, hoje ciências citadas realizam um podemos contar com um arsenal múltiplo e enriquece- de fontes, mas nem sempre foi assim." estudo dos selos, das línguas e dos manuscritos antigos. GAFFO, Bethânia A nova história cultural e a utilização da literatura para a pesquisa Disponível em: http:// estudo dos fragmentos e objetos de civilizações an- tigas, que comprovam a veracidade dos fatos rela- Acesso em: 07 abr. tados nas fontes históricas; e das moedas. De acordo com a autora, atualmente, há uma gran- estudo dos fragmentos e objetos de civilizações an- de variedade de fontes possíveis de serem utilizadas tigas; das moedas; e dos manuscritos antigos. para a pesquisa historiográfica. Isso ocorreu em con- D estudo dos animais, das plantas e dos homens na sequência antiguidade; dos manuscritos antigos; e das guas, de modo geral. A do surgimento da Escola Metódica francesa. E estudo dos fósseis, dos selos e das moedas antigas. B das possibilidades gestadas pela Escola Positivista. das propostas da Nova História, também conheci- QUESTÃO 10 (INÉDITA) da como História Cultural. D do avanço nos estudos da História Econômicae Social. Os gregos não apenas foram pioneiros no uso da pala- E da popularização da História Política. vra História, no século V a.C., como passaram a distin- de forma mais clara um gênero literário próprio, voltado para narrar os precedentes do presente. gênero foi praticado por séculos por gregos e latinos, quando os hebreus, primeiro, e cristãos, em seguida, entraram em contato com a História e adicionaram perspectivas providencialistas e escatológicas. Jefferson. Eusébio de Cesareia: Historiografia e Provi- dencialismo. Disponível em: cle/view/44266. Acesso em: 10 set. 2019. A partir da leitura do texto, pode-se definir "Historio- grafia Providencialista" como: Estudos históricos que provém da investigação humana. História fundamentada em documentos Explicação dos fatos históricos por meio de interfe- rências divinas. D Explicação dos fatos por intermédio da razão. E Explicação dos fatos por meio das lendas. 26 CIÊNCIAS HUMANAS</p><p>AULA ERTA 02 Os modos de produção Entende-se por modo de produção a forma por MODELO DE PRODUÇÃO ASIÁTICO meio da qual uma sociedade desenvolve meios de sub- sistência e organiza a força de trabalho. Isto é, o modo As sociedades que adotaram o modelo Asiático de como são produzidos, utilizados e distribuídos os re- modos de produção praticavam o acúmulo de riquezas cursos e bens de consumo e serviços aos membros de e foram responsáveis pela construção de obras determinada comunidade. cas e arquitetônicas. As principais características desse Os modos de produção evoluíram ao longo da modelo são: história mundial, conforme as necessidades e avanços Estado Teocrático: o poder era comumente repre- da sociedade. De modo geral, os principais modos de sentado por meio de divindades, cabendo ao sobe- produção desenvolvidos foram: Comunista Primitivo, rano o papel de mediador entre as necessidades do Feudal, Industrial, Capitalista e Socialista. povo e as vontades divinas. MODELO DE PRODUÇÃO COMUNISTA Economia agrícola e comercial: com o nascimen- to dos Estados, foram aperfeiçoadas as rotas que PRIMITIVO possibilitavam o contato econômico entre os povos, O modo de produção Comunista Primitivo baseia- possibilitando, mesmo que timidamente, o desenvol- -se no uso coletivo dos bens de consumo, nas relações vimento do comércio. familiares e no cooperativismo. Tudo que é produzido Hierarquia social: o crescimento dos Estados impli- é partilhado entre todos os membros da comunidade, cou diretamente na constituição de uma hierarquia uma vez que todos participam do processo de produ- social baseada na divisão do trabalho. ção. Esse tipo de organização do trabalho e distribuição dos produtos se sustenta na ideia do não acúmulo de Servidão coletiva ao governante: não havia a noção riquezas. Considerado o primeiro meio de produção da de propriedade privada; a terra pertencia ao Estado, história, o comunismo primitivo era muito comum en- cuja posse era concedida aos agricultores que ser- tre comunidades pré-históricas e ainda prevalece em viam ao governante como forma de pagamento pelo uso da terra. tribos indígenas. Os principais exemplos dessas sociedades foram a Egípcia e as EGITO Egito resumia-se, na realidade, a uma extensa faixa de terra fértil que margeava o rio Nilo. Um autên- tico oásis cercado por desertos. A faixa de terra ferti- lizada pelas cheias periódicas do Nilo correspondia, aproximadamente, a 20 km de largura, tornando-se maior apenas ao Norte (Baixo Egito), quando o rio for- ma um delta de cerca de 150 km. Se as condições geográficas dos territórios nas cercanias eram consideradas um entrave ao desen- volvimento de civilizações, o mesmo não pode ser dito em relação ao Egito, que graças ao rio Nilo se de- senvolveu formidavelmente Além disso, sua posição geográfica facilitava a proteção em relação a povos invasores. CIÊNCIAS HUMANAS . 27</p><p>Economia Alexandria ISRAEL A economia egípcia se aproveitou da fertilidade PENINSULA CAIRO das terras banhadas pelo rio Nilo para desenvolver o modo de produção no qual o Estado era o proprietário das terras e controlava as atividades eco- SAUDITA Oriental nômicas, não havendo, portanto, propriedade privada. Sharm Shelkh Os trabalhadores viviam em um regime de servidão Hurghada Makadi Bay Bay coletiva, sendo obrigados a sustentar os luxos da rea- Ocidental Safaga Deserte Sandy leza, pagando uma enorme carga tributária em forma MAR VERMELHO de bens ou serviços. Port Marsa A principal fonte econômica do Egito foi, portan- Aswar to, a agricultura, com o plantio do trigo, da cevada, do papiro entre e a pecuária (carneiros, EGITO aves, porcos). Mantinham contatos comerciais com ou- tros povos (creteneses e estabelecendo rela- ções de exportação e importação. Um dos motivos para o crescimento e a expansão surgimento do Estado no Egito antigo da agricultura no Egito foi ciclotímico, regulado por Por volta de 4000 a.C., povos de várias regiões três momentos da produção agrícola: as cheias do começaram a ocupar as margens do rio Nilo, for- que adubava a terra, a organizada de forma mando aldeias independentes que deram origem aos sistêmica pelo estado, e a fase final, a colheita. Como for- nomos, comunidades patriarcais lideradas por um ma de tentar controlar esse sistema, que era um proces- nomarca. O crescimento paulatino dessas comunida- os egípcios desenvolveram obras hidráulicas: des aliado a interesses políticos e à necessidade de construção de canais, aquedutos e barragens. uma melhor estrutura hidráulica, provocou a anexa- Heródoto de Halicarnassus, também conhecido ção dos nomos. Esse processo levou ao nascimento como Pai da História, ao afirmar que "O Egito é uma dá- de dois grandes Nomos: o do Sul. chamado de Rei- diva do Nilo", demonstra a importância da natureza e, no do Alto Egito, e o do Norte, chamado de Reino do em particular, do rio Nilo para o povo egípcio. Baixo Egito. A produção artesanal especializada, por sua Por volta de 3.200 a.C., o reino do Norte dominou era destinada ao consumo de luxo. Nas cidades, os ar- o reino do Sul, unificando o Egito. Menes foi o primei- tesãos urbanos (ceramistas, joalheiros, carpinteiros) ro faraó do Egito Unificado, estabelecendo a eram sustentados em alimentos e matérias-primas pe- na qual o governante é ao mesmo tempo detentor do las reservas do poder civil, militar, político, econômico e religioso, con- siderado uma divindade pelo povo. Portanto, os deuses Sociedade confiavam no faraó e o crescimento do Estado seria uma consequência disso. Para assegurar o poder admi- Faraó nistrativo do a estrutura social do Estado egípcio Nobres e teve os seguintes pilares: Sacerdotes Estratos sociais representados por pirâmide, na qual SOCIAL DO Soldados EGITO o Faraó se colocava no topo, conservando a sua au- Escribas toridade absoluta. Comerciantes Sistema militar organizado e profissional, pois o cres- Artesãos cimento territorial do Egito resultava no aumento de Camponeses ameaças externas. Escravos Modelo de arrecadação tributária assentado na exploração de mão de obra dos servos, que eram Na pirâmide social egípcia, o faraó ocupa, sobera- obrigados a contribuir com excedente de produção no, o topo, reforçando seu poderio absoluto. Abaixo do e serviços para o estado, como construções de faraó está a nobreza, formada pelos familiares do so- mides e obras públicas. berano e os sacerdotes. O primeiro grupo se beneficia- va do grau de parentesco para obter privilégios, como 28 CIÊNCIAS HUMANAS</p><p>os melhores cargos do exército, por exemplo. O segundo grupo, por sua vez, apesar de exercer forte influência política, teoricamente, tinha apenas a função de organizar os cultos e cuidar dos templos de adora- ção e mas acabava usufruindo das riquezas que eram oferecidas aos deuses. Na parte intermediá- ria da pirâmide estão os soldados e, em seguida, os es- cribas funcionários públicos que tinham o domínio da escrita e, por isso, eram responsáveis pelas cobranças tributárias e aplicação das leis. Na parte inferior da pirâmide, estão os artesãos trabalhadores urbanos (ferreiros, carpinteiros, ban- queiros, tecelões etc.) e os camponeses, que consti- tuíam a maior parte da população egípcia. Na base da pirâmide, encontram-se os escravos. Dentro dessa classe há uma distinção entre: alienação fiduciária (cativos de guerra), o trabalho forçado (tra- Pedra de Roseta, Museu Britânico (Londres) balhadores da população em geral forçados a servir ao MESOPOTÂMIA Estado) e a escravidão ("autovenda" à servidão). Localizada entre os rios Tigre e Eufrates, a Meso- se potâmia não se configurou como um Estado unitário e liga!!! não teve unidade política e territorial, salvo durante o 1° Os faraós e sua família viviam Império Babilônico, com Hamurabi e o 2° Império Babi- em meio a tal luxo e conforto com A unidade política na Me- que, mesmo hoje, causa admiração. Os palá- sopotâmia demorou muito a se estabelecer por causa cios eram equipados com móveis de cedro, de das inúmeras disputas por território entre os povos que revestidos às vezes de ouro e marfim; ali habitavam. Hoje, a região corresponde ao país Iraque. os utensílios de uso diário eram também de Entre os inúmeros povos que habitaram a região qualidade superior, demonstrando a riqueza da Mesopotâmia, destacam-se os os babilôni- daqueles que os possuíam, bem como a habili- os assírios e os caldeus. Apesar das diferenças entre dade e perícia dos artesãos que os fabricavam. eles, há algumas características em comum, como: A presença de uma legião de servidores cria- Fragmentação política. dos. músicos, cantores, dançarinas e copeiros colaborava ainda mais para tornar confortável a Zoomórfico e Antropozoomórfico: as po- vida diária dos governantes do país. pulações que habitaram a Mesopotâmia cultuavam Olavo. Egito. São vários deuses, marcados pelas imagens de animais Paulo: Editora 1996. ou seres humanos corporificados em animais. O chefe político era chamado de Patesi. Os mistérios da civilização egípcia despertam Economia movida pela agricultura, pelo comércio e curiosidades no mundo inteiro, resultando em inúme- pelas guerras de conquista. ras expedições. No século XIX, França e Inglaterra pa- trocinaram várias expedições arqueológicas com o Sumérios objetivo de levar aos seus museus artefatos antigos Por volta do terceiro milênio, formaram-se na que contribuíssem para investigação da história do região da Mesopotânea algumas cidades-estados, que antigo império egípcio. Uma das descobertas desse exerciam poder sobre as aldeias em suas redondezas. período foi a Pedra de Roseta, que continha inscrições Dentre os povos que exerciam essa forma de domínio, em hieróglifos, língua usada pelos escribas, e sua cor- destacavam-se os sumérios e os acádios, que possuíam respondente tradução para o demótico e para o grego controle da água e a metalurgia do bronze. antigo. Jean-François Champollion, estudioso de lín- Os sumérios se destacam pelo desenvolvimento guas clássicas, conseguiu então decifran os hierógli- da escrita cuneiforme (por volta de 3.500 a.C.); dos pri- fos, dando início à ciência que se dedica ao estudo do meiros zigurates (templos multifuncionais); e da Mate- Egito Antigo, a Egiptologia. mática e CIÊNCIAS HUMANAS 29</p><p>Babilônios ganizando-se em cidades-estados. Em razão das habili- dades na arte da navegação, eles dominaram o comér- Os babilônios foram o único povo que conquistou cio do man Mediterrâneo, entrando em conflito com o domínio de toda a região da Mesopotâmia, formando vários povos que habitavam a região. Dentre as princi- um verdadeiro império, no qual desenvolveram o Códi- pais características dos povos fenícios estão: go de Hamurabi: olho por olho, dente por dente. Talassocracia: governo dos mares. Dendolatria: idolatria às árvores. Um alfabeto fonético de 22 letras. Hebreus A unidade política das doze tribos hebraicas de- morou a acontecer e foi marcada por diversos conflitos ocorridos nas terras do Crescente Fértil. Sua organiza- ção administrativa era monárquica e patriarcal. Eram monoteístas e o seu livro sagrado era a A história do povo hebreu ficou famosa e foi bastante esclarecida pelos relatos da Bíblia. Hoje, a área compreende a re- Código de Hamurabi gião da Palestina. Dentre as principais características Assírios do povo hebreu estão: Por volta de 729 a.C. o povo assírio conquistou a Ba- com Moisés. bilônia, expandindo-se por todo o território mesopotâmi- Cisma: Tribos de Judá e Tribos de Israel. CO com seu elevado poder militar. Ficaram conhecidos por constituir uma sociedade guerreira, cruel e implacável. Diáspora / Diáspora / 1948: criação do Estado de Israel pela ONU. Caldeus (Neobabilônicos) No século VII a.C., os caldeus, população originá- Persas (Planalto Iraniano) ria da península arábica, expandiram-se pela região me- Os povos persas, por muito tempo, foram domi- sopotâmica, conquistando a Babilônia. Naquela ocasião nados pelos povos medas, para os quais tinham que pa- teve vez o Segundo Império Babilônico, sob o governo gar tributos. No século VI a.C., contudo, Ciro liderou de Nabucodonoson II, que criou os Jardins Suspensos. a expansão do império persa, livrando a população dos Também data desse momento a deportação do povo medas e conquistando a Babilônia, a Síria, a Palestina hebreu, no famoso Cativeiro da Babilônia. e os povos da Ásia Menor. Apesar da unidade política, não havia centralização de forma que os persas tinham suas províncias, as satrapias, que pos- suíam autonomia política. Desenvolveram uma econo- mia baseada na conquista de territórios. MODELO DE PRODUÇÃO FEUDAL Simulação dos Jardins Suspensos da Babilônia Fenícios A civilização fenícia habitava o território do atual Os fenícios não possuíam unidade política, or- 30 CIÊNCIAS HUMANAS</p><p>O modo de produção feudal ou feudalismo se priedade social dos meios de produção, não havendo, originou no século III pouco antes da fragmentação do portanto, separação entre o dono do capital (patrão) Império Romano Ocidental, nas áreas mais distantes e o dono da força de trabalho (empregados). Assim, a da cidade de Roma, e se consolidou entre os séculos produção pertence a todos, o que garantiria o bem-es- V e XI, perdurando, assim, por todo o período da Alta tar social e o atendimento às necessidades mínimas da Idade Média. comunidade: trabalho, saúde, educação, moradia e se- Com as invasões germânicas (bárbaros), os gran- gurança. Apesar de não existirem classes sociais muito des senhores romanos abandonaram as cidades para nesse meio de produção, ainda existem dife- em suas propriedades no campo, e acabaram renças salariais, pois a remuneração estaria ligada di- criando ali pequenas vilas, centros rurais, que deram retamente ao tipo de função exercida pelo trabalhador origem aos feudos. (braçal ou intelectual). O mundo do trabalho nos feudos estava total- mente ligado às relações pessoais entre nobres e ser- vos moradores das terras dos senhores romanos que não possuíam títulos ou riquezas. Essas pessoas, em QUESTÕES busca de trabalho e proteção, faziam um tratado de colonato com os donos das terras, ou seja, em troca do direito de usar a terra, deveriam parte da pro- QUESTÃO 1 (INÉDITA) dução aos proprietários conhecidos, posteriormente, como senhores feudais. Não são fatores ideológicos que estão na origem do É importante lembrar que os nobres também pos- desaparecimento do comunismo primitivo, e sim as suíam poder jurídico e sobre as terras, o que fa- condições materiais. Quando examinamos a evolu- vorecia a aplicação de penas e castigos aos servos que ção pela qual estas sociedades se transformaram em não cumpriam as suas determinações ou não pagavam sociedades de exploração, com as divisões entre clas- as obrigações. ses e depois o aparecimento da propriedade privada, pode-se constatar que ela é o resultado do progresso MODELO DE PRODUÇÃO INDUSTRIAL das técnicas de produção. CAPITALISTA Disponível em: https://pt.internationalism.org/iccoli- O sistema capitalista teve sua gênese a partir do Acesso em: 05 2019. renascimento urbano e comercial e se desenvolveu ao longo dos séculos XV e XVI, na Europa, devido à expan- Na transição do modo de produção comunista primiti- são marítima. Esse sistema é baseado no lucro do pro- para o nascimento das grandes civilizações, prietário dos meios de produção em detrimento ao que houve uma revolução no campo da economia pelo é produzido pelo trabalhador. advento da agricultura e da pecuária, que levaram Nesse modo de produção, se consolida a ideia ao surgimento da propriedade da terra, da família e de propriedade privada e se estabelece uma divisão das primitivas formas de Estado. de classes sociais, baseada no poder aquisitivo. Du- rante os séculos XVIII e XIX, com o surgimento das o crescimento dos Estados implicou diretamente grandes indústrias, a classe burguesa (empresarial) na constituição de um modelo social baseado na meritocracia. passou a dominar ainda mais a economia e, conse- quentemente, exercer maior poder político sobre a o sistema de propriedade privada foi substituído sociedade. pelo sistema de propriedade coletiva de todos os Além da desigualdade social, esse modelo de meios de produção. produção resultou, ao longo da história, em inúme- D as sociedades garantiram a sua subsistência com a ros conflitos entre a classe trabalhadora (exigindo caça, a pesca e a coleta, uma vez que o modelo agrí- direitos e melhores condições de trabalho) e a classe cola ainda estava em desenvolvimento. dominante (burguesia). E as guerras entre grupos étnicos provocaram um aumento excedente da população escrava, o que MODELO DE PRODUÇÃO SOCIALISTA levou a crises alimentares. No modo de produção socialista, não há proprie- dade privada, pois sua base econômica está na pro- CIÊNCIAS HUMANAS 31</p><p>Para o autor, a relação entre economia e política esta- QUESTÃO 2 (UFRN ADAPTADA) belecida no sistema capitalista faz com que Com a formação do Estado, no Egito Antigo, "O faraó o proletariado seja contemplado pelo processo de passou a todos os poderes em suas mãos, mais-valia. sendo cada vez mais considerado um deus Boa parte das terras passou a ser controlada por ele, a o trabalho se constitua como o fundamento real da quem a população deveria pagar tributos e servir, por produção material. meio de trabalho compulsório. A personificação do Es- a consolidação das forças produtivas seja tado na figura do faraó e a sua identificação como um vel com o progresso humano. permite-nos, portanto, em uma monarquia D a autonomia da sociedade civil seja proporcional ao teocrática no Egito Antigo." desenvolvimento econômico. DORIGO, Gianpaolo. História para o ensino médio: história geral e do Brasil: volume E a burguesia revolucione o processo social de for- São Paulo: Scipione, 2001. p. 40. mação da consciência de classe. Muitos Estados nacionais, no mundo ocidental, orientam-se pelo ideário laico e liberal-de- QUESTÃO 4 (INÉDITA) diferentemente do Estado organizado no antigo Egito, no qual predominava o papel desempenhado pelos sacerdotes na cons- trução de uma proposta política que contemplasse Riqueza criada os interesses dos camponeses. pelos trabalhadores a organização de uma diarquia teocrática, segundo os princípios propostos por Amenófis quando Patrão da implantação da reforma religiosa. o autocrático, fundamentado na Teoria do Direito Divino dos Reis, formulada pelos pensado- res Santo Agostinho e São Tomás de Aquino. D a vinculação entre religião e política, que norteou a organização do antigo Estado, originado com a uni- dade entre o Alto e o Baixo Egito. E o modelo descentralizado, no qual a autoridade do faraó era compartilhada com os A charge produz uma sátira de um dos principais con- membros da nobreza e sacerdotes. ceitos criados e desenvolvidos por Karl Marx. Qual é esse conceito? A Luta de classes. QUESTÃO 3 (ENEM) Mais valia. Na produção social que os homens realizam, eles entram D Menos vale. em determinadas relações indispensáveis e indepen- E Salário real. dentes de sua vontade; tais relações de produção cor- respondem a um estágio definido de desenvolvimento das suas forças materiais de produção. A totalidade des- QUESTÃO 5 (ENEM) sas relações constitui a estrutura econômica da socieda- de fundamento real, sobre o qual se erguem as supe- Disneylândia restruturas política e jurídica, e ao qual correspondem Multinacionais japonesas instalam empresas em determinadas formas de consciência social. Hong- Kong Karl. Prefácio à Crítica da economia política. E produzem com matéria-prima brasileira In. Karl: ENGELS. Textos 3. São Paulo: Edições Sociais, 1977 (adaptado). Para competir no mercado americano [...] 32 CIÊNCIAS HUMANAS</p><p>Pilhas americanas alimentam eletrodomésticos in- constituírem um passo importante para a diminui- gleses na Nova Guiné ção das desigualdades sociais causadas pela polari- Gasolina árabe alimenta automóveis americanos na zação social e pela segregação urbana. África do Sul D terem sido diretamente impactadas pelo processo [...] de internacionalização da economia, desencadea- Crianças iraquianas fugidas da guerra do a partir do final dos anos 1970. Não obtêm visto no consulado americano do Egito E terem sua origem diretamente relacionada ao pro- Para entrarem na Disneylândia cesso de colonização ocidental do século XIX. Arnaldo. Disponível em: www.radio.uol.com.br Acesso em: 03 fev. 2013 (fragmento). QUESTÃO 7 (UEL-PR ADAPTADA) Na canção, ressalta-se a coexistência, no contexto in- ternacional atual, das seguintes situações: "Essa união entre técnica e ciência vai dar-se sob a égi- de do mercado. E o mercado, graças exatamente à ciên- Acirramento do controle alfandegário e estímulo cia e à técnica, torna-se um mercado global. A ideia de ao capital especulativo. ciência, a ideia de tecnologia e a ideia de mercado glo- Ampliação das trocas econômicas e seletividade bal devem ser encaradas conjuntamente e desse modo dos fluxos populacionais. podem oferecer uma nova interpretação à questão Intensificação do controle informacional e adoção ecológica, já que as mudanças que ocorrem na natureza de barreiras fitossanitárias. também se subordinam a essa lógica." D Aumento da circulação mercantil e desregulamen- A natureza do espaço. São Paulo: 1996. tação do sistema financeiro. E Expansão do protecionismo comercial e descarac- A partir das relações estabelecidas no texto entre ciên- terização de identidades nacionais. cia, tecnologia, natureza e mercado, conclui-se que as mudanças que ocorrem na natureza indepen- dem do mercado, cuja influência se limita às produ- QUESTÃO 6 (ENEM) ções humanas. as transformações das diferentes paisagens do glo- Além dos inúmeros eletrodomésticos e bens eletrôni- bo terrestre independem da ciência, da tecnologia o automóvel produzido pela indústria fordista pro- e do mercado global. moveu. a partir dos anos 50, mudanças significativas no grande parte dos impactos ambientais está subor- modo de vida dos consumidores e também na habita- dinado às relações existentes entre ciência, tecno- ção e nas cidades. Com a massificação do consumo dos logia e mercado global. bens modernos, dos eletroeletrônicos e também do D para a exploração da natureza numa economia automóvel, mudaram radicalmente o modo de vida, os de mercado global, ciência e tecnologia são dis- valores, a cultura e o conjunto do ambiente construído. pensáveis. Da ocupação do solo urbano até o interior da moradia, E as mudanças que ocorrem no mercado global de- a transformação foi profunda. vem ser interpretadas pela subordinação deste à Urbanismo na periferia do mundo globalizado: lógica da ecologia. metrópoles brasileiras. Disponível em: hwww.scielo.br. Acesso em: 12 ago. 2009 (adaptado). QUESTÃO 8 (UNESP) Uma das consequências das inovações tecnológicas das últimas décadas, que determinaram diferentes formas Observemos apenas que o sistema dos feudos, a feu- de uso e ocupação do espaço geográfico, é a instituição dalidade, não é, como se tem dito frequentemente, um das chamadas cidades globais, que se caracterizam por fermento de destruição do poder. A feudalidade surge, possuírem o mesmo nível de influência no cenário ao contrário, para responder aos poderes vacantes. mundial. Forma a unidade de base de uma profunda reorganiza- ção dos sistemas de autoridade [...]. fortalecerem os laços de cidadania e solidariedade entre os membros das diversas comunidades. Jacques Le. Em busca da Idade Média. São Paulo: Civilização Brasileira, 2008. CIÊNCIAS HUMANAS 33</p><p>Segundo texto, sistema de feudos D a origem do governo como uma proteção à vida, aos bens e aos direitos. representa a unificação nacional e assegura a E o poder dos governantes, colocando a liberdade in- diata centralização do poder político. dividual acima da propriedade. deriva da falência dos grandes impérios da Antigui- dade e oferece uma alternativa viável para a des- truição dos poderes políticos. QUESTÃO 10 (INÉDITA) impede a manifestação do poder real e elimina Todos os sistemas socialistas, inclusive aquele de Karl os resquícios autoritários herdados das monar- Marx e seus apoiadores ortodoxos, partem da suposi- quias antigas. ção de que, em uma sociedade socialista, um conflito D constitui um novo quadro de alianças e jogos políti- entre os interesses do indivíduo e do coletivo jamais COS e assegura a formação de Estados unificados. poderá surgir. Todos irão agir com total interesse em E ocupa o espaço aberto pela ausência de poderes dar o seu melhor, pois ele participa da produção de toda centralizados e permite a construção de uma nova a atividade econômica. A óbvia objeção de que o indi- rdem política. víduo está muito pouco preocupado em determinar se ele próprio é diligente e entusiástico, e que é da maior QUESTÃO 9 (ENEM) importância para ele que todos os outros o sejam, é algo completamente ignorado por eles. Quando mui- texto abaixo, de John Locke (1632-1704), revela al- to, é insuficientemente abordado. Eles acreditam que gumas características de uma determinada corrente de podem construir uma economia socialista tendo por pensamento: base apenas o Imperativo Categórico. O quão suave é a intenção deles em proceder desta maneira foi bem ex- "Se o homem no estado de natureza é tão livre, con- plicitado por Kautsky quando ele diz, "Se o socialismo é forme dissemos, se é senhor absoluto da sua própria uma necessidade social, então é a natureza humana, e pessoa e posses, igual ao e a ninguém sujei- não o socialismo, quem deve se reajustan às necessida- por que abrirá ele mão dessa liberdade, por que des caso os dois venham a colidir." Isso nada mais é do abandonará o seu império e sujeitar-se-á ao domínio que uma absoluta quimera. e controle de qualquer outro poder? Ao que é óbvio que, embora no estado de natureza tenha VON Ludwig. Cálculo econômico sob socialismo. São Paulo: Instituto Ludwig Von Mises Brasil, 2012. tal direito, a utilização do mesmo é muito incerta e está constantemente exposto à invasão de terceiros L. Von Mises faz uma crítica ao projeto socialista ao porque, sendo todos senhores tanto quanto ele, todo o homem igual a ele e, na maior parte, pouco obser- concordar com Marx, mas criticar os discípulos dele. vadores da equidade e da justiça, o proveito da pro- um erro do socialismo, que seria o de priedade que possui nesse estado é muito inseguro o confronto latente entre indivíduo e coletividade. e muito arriscado. Estas circunstâncias obrigam-no a uma condição que, embora livre, está cheia enumerar argumentos que não dizem respeito à economia. de temores e perigos constantes; e não é sem razão que procura de boa vontade juntar-se em sociedade D defender o coletivismo em detrimento do indi- com outros que estão já unidos, ou pretendem unir-se vidualismo. para a mútua conservação da vida, da liberdade e dos E comprovar que socialismo não possui vínculos bens a que chamo de propriedade". com o liberalismo clássico dos séculos XVIII e XIX. John. Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1991. Do ponto de vista político, podemos o texto como uma tentativa de justificar a existência do governo como um poder oriundo da natureza. a origem do governo como uma propriedade do o absolutismo como uma imposição da natureza humana. 34 CIÊNCIAS HUMANAS</p><p>AULA 03 Antiguidade Ocidental a Antiguidade significa a agrícolas e marítimas. Após várias investidas contra os cre- nossa própria identidade. O mundo Ocidental nasceu tenses, os aqueus conquistaram muitas colônias de Creta das ruínas de duas grandes civilizações, Grécia e Roma, e, por volta de 1400 a.C., atacaram a cidade de Cnossos que influenciaram a política, as ciências, as artes e o (capital), cuja destruição provocou colapso da socieda- modo de vida das nações ocidentais. de cretense. Como consequência, os aqueus expandiram suas atividades comerciais pelo Mar Mediterrâneo Orien- GRÉCIA o que lhes possibilitou grande crescimento econômico. A Grécia é um país localizado na península Balcâni- Por volta de 1700 a.C., os jônios ocuparam a ca. Seu território é formado por três regiões: continental Grécia e se estabeleceram na região da Ática, fun- (situada ao norte) peninsular (situada ao sul) e insular dando a cidade de Atenas. No mesmo ano, os eólicos (situada ao longo do Egeu). No total, a Grécia possui fundaram a cidade de Tessália. Finalmente, os dórios, mais de 2 mil ilhas, das quais, 277 são habitadas. o último povo indo-europeu a penetrar na Grécia an- A civilização grega se originou da miscigenação tiga, por volta de 1200 a.C., invadiram e ocuparam o étnica e cultural entre diferentes povos que habitavam território dos aqueus, já enfraquecidos economica- aquela região (indo-europeus, arianos, egípcios, entre mente e militarmente (pois teriam travado uma guer- outros). A fim de facilitar a compreensão, a História da ra contra os habitantes de Tróia), e arrasaram muitas Grécia Antiga é dividida em cinco períodos. cidades, entre as quais Micenas, provocando a fuga e dispersão dos povos aqueus, jônios e eólicos, que se Pré-Homérico século XX ao XII a.C. estabeleceram na Ásia Menor. Esse processo de dis- Homérico século XII ao VIII a.C. persão populacional ficou conhecido historicamente como a primeira diáspora grega. Arcaico século VIII ao VI a.C. Clássico século V ao IV a.C. PERÍODO HOMÉRICO Helenístico século IV ao I a. C. Após a primeira diáspora, os dórios exerceram a su- premacia no Peloponeso e em outras regiões da Grécia. PERÍODO PRÉ-HOMÉRICO Esse período da história grega ficou também conhecido O período pré-homérico corresponde à formação como "Idade das Trevas", pois houve uma regressão aos inicial da civilização grega. Tanto os pelasgos como os padrões de vida anteriores ao surgimento das cidades. cretenses, geralmente, são considerados povos anterio- Como consequência, a escrita caiu em desuso, a arte res aos gregos (povos pré-helênicos). Os pelasgos, pos- deixou de ser complexa e exuberante e até a organização sivelmente, de origem mediterrânea, foram os primeiros política ficou restrita à pequenos Esses clãs dividiam- a a península No entanto, os cretenses -se em famílias, chamadas de genos ou comunidades gen- foram mais importantes como civilização, ocupando toda tílicas, formadas por um patriarca e seus familiares, escra- a região do Egeu, mais especificamente a Ilha de Creta, vos, parentes e hóspedes. Tudo o que era produzido nessa governada por uma monarquia cuja origem é atribuída ao comunidade era distribuído de forma igualitária entre os rei mitológico Mínos (surgindo daí o mito do Minotauro). membros. A organização social dos genos, no entanto, fa- Os aqueus, povo de origem indo-europeia, che- vorecia aqueles que tinham um grau de parentesco mais garam por volta de 2000 a.C. Ao se estabelecerem na próximo ao pater familias (patriarca). região, conquistaram vários povos que já a habitavam, Os por sua vez, eram governados por um rei, mantendo relações comerciais com vilarejos e povoa- também chamado de Basileu, o qual era escolhido pe- dos vizinhos. los patriarcas mais velhos ou era eleito por ser conside- Entretanto, enfrentaram a concorrência cretense que rado um herói de guerra. Não havia privilégios para o já dominava o comércio no Mediterrâneo e no Egeu. Basileu. Ele trabalhava junto com outros membros dos Por outro lado, contato com os cretenses possibi- As decisões importantes eram tomadas de forma litou aos aqueus o desenvolvimento de novas tecnologias coletiva e isso foi comum por quase todo o período ho- CIÊNCIAS HUMANAS 35</p><p>mérico (assim nomeado por causa dos poemas de Ho- Génos mero, a e a Odisseia). individuo genos fratria tribo Com o crescimento da população, técnicas ar- caicas de produção e escassez de terras férteis, a pro- demos dução agrícola se tornou insuficiente. A soma desses problemas acirrou a disputa pela posse de terras que resultou na fragmentação dos genos, o que contribuiu para extinção do modo de organização social comuni- cidade-estado tário e para o surgimento das desigualdades sociais. As maiores e melhores propriedades ficaram com Formação da Sociedade aqueles que tinham mais proximidade com o pater fa- milias, formando uma espécie de nobreza. O restante De forma gradativa, a política passou a fazer parte da população ficou sem terra ou obteve pequenos lotes do cotidiano do povo grego. Os atenienses, por exem- inférteis. Com efeito, a gradativa implantação da pro- plo, passaram por variadas formas de governo: monar- priedade privada gerou uma série de conflitos entre quia, oligarquia, tirania e democracia. Deve-se dizer, nobres e desfavorecidos. ainda, que no período arcaico, os camponeses geral- Para fugir dessa situação, muitos remanescentes mente moravam nos arredores das pólis, trabalhando dos genos partiram para formar colônias longe da Gré- no cultivo de terras. cia, expandindo-se para áreas da península itálica e do PERÍODO CLÁSSICO Mar Negro. Esse episódio ficou conhecido como a se- gunda diáspora grega. O período clássico representa o auge da civiliza- Por outro lado, face ao enfraquecimento dos ção grega. Além do crescimento econômico e desen- genos, os proprietários de terras passaram a forman volvimento das pólis, foi um momento de evolução da associações denominadas de frátrias. Aos poucos, as cultura e das artes (esculturas, pinturas, cerâmicas, frátrias se uniram na formação de tribos, que por sua Os conhecimentos arquitetônicos também vez se organizaram em demos, os quais, por seu turno, evoluíram e surgiram o Parthenon e os teatros de arena. deram origem às cidades-estados ou pólis. Dentre as cidades-estados que mais evoluíram, desta- cam-se Esparta e Atenas. PERÍODO ARCAICO ESPARTA O surgimento das pólis marca o fim do período homérico e o início do período Arcaico. Nesse perío- A cidade de Esparta foi fundada no século IX a.C. do, houve um processo de desagregação da socieda- pelos dórios, no sudoeste do Peloponeso. O povo espar- de gentílica, bem como avanços significativos, como o tano ficou conhecido pela rígida educação militar. Ainda surgimento da democracia e a revitalização da língua no nascimento, os bebês passavam por uma espécie de e da escrita. triagem para descobrir se portavam algum tipo de defi- O Período Arcaico da história grega ficou conhe- ciência que os impedisse de se tornarem guerreiros. cido pelo surgimento e sedimentação das pólis gregas. Ao completar 7 anos, as crianças espartanas eram As Pólis eram cidades-estado, completamente autôno- entregues ao exército para serem treinadas até com- mas, que tinham leis, costumes e modelos de governo pletarem 18 anos, quando seriam consideradas solda- próprios. Contudo, havia uma unidade entre as pólis no dos espartanos. Aos 20 anos, os jovens ingressavam no que diz respeito à religião, cultura e língua. É importan- exército. Aos 30 anos, podiam se casar e participar da te salientan que nesse período surge um novo modo de Ápela (assembleia formada por cidadãos espartanos). exercício do poder, o qual era executado pelo Basileu Contudo, a vida militar só terminava quando homem em conjunto com o conselho de nobres (ou aristocra- espartano chegava aos 60 anos. Todos, mesmos os reis, tas) e uma assembleia de guerreiros. antes dessa idade, eram obrigados a tomar parte nos Nesse período, existiam dois centros impor- frequentemente em tempos de paz. tantes nas cidades-estados: a Ágora e a Acrópole. A A educação espartana era baseada em três acrópole era o ponto mais alto da cidade, de onde se fundamentos: observava os ataques ou invasões inimigas, e onde Laconismo: pouco e apenas o necessário, criti- eram erguidos os templos religiosos. A ágora era a pouco e obedecer muito. praça pública, espaço de fundamental importância para o desenvolvimento de conceitos políticos, como Xenofobia: forte aversão aos estrangeiros (uma das a democracia, por exemplo. fases de treinamento do guerreiro espartano era 36 CIÊNCIAS HUMANAS</p><p>matar um escravo, considerado um ritual de passa- Metecos: estrangeiros. gem para a vida adulta). Escravos: provenientes de guerras ou dívidas. Militarismo: educação pautada na hierarquia, Es- Em meados do século VIII. a.C., os conflitos de parta acima de todos os cidadãos. interesse entre o rei e os eupátridas, que possuíam A sociedade espartana era dividida em três clas- maior concentração de terras, garantindo po- ses sociais: espartanos, periecos e hilotas. Os esparta- der, enfraquecerem a monarquia até a sua extinção. O nos (ou esparciatas) faziam parte da elite local formada poder passou a ser exercido, então, pelo polemarca e pelos descendentes dos conquistadores dórios, eram pelo arconte, que eram assessorados por um conselho os cidadãos da cidade, grandes proprietários de terra e de anciãos, membros da aristocracia, conhecido como se dedicavam exclusivamente à política e à vida militar. Areópago que significa colina de Ares, em referência Os periecos eram comerciantes e pequenos proprietá- ao deus grego da guerra. Associado à assem- rios de terra livres. Os hilotas eram os escravos prove- bleia composta por homens livres, esse órgão elegia nientes de guerras. É importante que Esparta governantes, aprovava leis e administrava questões foi a única pólis da Grécia Antiga onde as mulheres ti- relativas à guerra. Durante o período democrático, em nham espaço, direitos e pois, além de receber uma o Areópago cumpria apenas a função de um tri- boa educação e treinamento militar, poderiam possuir bunal constituído por arcontes que tinham o dever de e administrar propriedades. julgar crimes. Esparta era governada por dois reis (diarquia), que dividiam funções religiosas, militares e judiciária. Atenas e o conceito de cidadania e Eles também presidiavam a Gerúsia, um congresso de democracia anciãos (gerontes) eleitos pela Apela, uma assembleia Como vimos anteriormente, o fim da monarquia composta por todos os cidadãos espartanos com mais marcou o começo de uma nova forma de governo, que de 30 anos e que tinha a função de votar as questões ficou conhecida como Oligarquia (concentração do levantadas pela Gerúsia. poder nas mãos de poucos). Contudo, as mudanças A cultura intelectual espartana não teve muita re- políticas não alcançaram a esfera social. A acentuada percussão fora dos limites do Estado, isto porque toda desigualdade social em Atenas provocou uma série de a educação espartana estava voltada ao militarismo. conflitos, entre os séculos VII e VI, que forçaram os go- disso, havia um tímido incentivo ao ensino de vernantes a promover algumas mudanças. Assim, legis- poesia sagrada e cantos de guerra. ladores, como Drácon e Sólon, criaram algumas leis im- portantes, como: a imposição de um limite de tamanho ATENAS para algumas propriedades de maiores poderes à Situada na Ática, Atenas foi fundada, por volta do instituição de um tribunal popular aboli- século IX a.C., pelos jônios. Ficou conhecida na Grécia ção da escravidão por e o mesmo peso de votos Antiga pela arquitetura complexa e sofisticada e, histo- para os cidadãos ricos e pobres. ricamente, pelo desenvolvimento do pensamento filo- Apesar desses avanços no âmbito social, a ten- sófico, das ciências, de um modo geral, e de questões são entre as oligarquias atenienses aumentou, o que políticas elaborando o primeiro sistema de governo resultou na implantação de uma tirania, entre 561 democrático do Ocidente. e 528 a.C., cujos principais líderes foram A princípio, em Atenas, imperava a monarquia, Hiparco e Hipias. O total da aristocracia na qual o rei também exercia a função de sacerdote ocorreu em 508 a.C., quando a implantação da de- e governava com o apoio do polemarca (comandante mocracia foi promovida pelo arconte que das forças militar) e do arconte (principal autoridade modificou profundamente a organização do Estado. civil) eleitos pela aristocracia ateniense. Nesse pe- Clístenes dividiu a Ática em demos (unidades políti- a sociedade ateniense era dividida em classes cas e territoriais), cada qual, liderada por um chefe, sociais: o demiarca, eleito através do voto. Além disso, ele Eupátridas: grandes proprietários de terras; aris- conferiu mais poder à Assembleia, em cujas reuniões tocracia. qualquer cidadão ateniense poderia participar e opi- nan sobre as questões em pauta. Assim nasce a de- Georgois: pequenos proprietários de terra. mocracia ateniense. Demiurgos: comerciantes. Contudo, vale salientar que as mulheres, os es- Thetas: mão de obra livre. trangeiros, os escravos e os ex-escravos não eram considerados por isso a democracia ate- CIÊNCIAS HUMANAS 37</p><p>niense é caracterizada como escravocrata e nova invasão à Grécia, dez anos depois, em 481 a.C. excludente. Dessa vez, a ofensiva persa contou com o apoio dos se cartagineses. Em contrapartida, diversas cidades gre- gas se uniram para lutar contra o Império Persa. O ostracismo foi uma espécie No primeiro confronto que ficou conhecido como de medida defensiva do Estado a batalha do Desfiladeiro das Termópilas, os persas contra o ressurgimento de regimes anterio- derrotaram um grupo de 300 soldados espartanos que res. Consistia no banimento, perda dos direi- foram enviados para conten a invasão. Apesar da der- tos políticos e confisco temporários de bens rota, esforço dos soldados espartanos garantiu tem- (por um período de 10 anos) de qualquer ci- po hábil para a fuga da população ateniense. Logo em dadão cuja atuação política fosse considerada seguida, o exército de Xerxes invadiu, saqueou e incen- uma ameaça à democracia. O ostracismo era diou um dos demos de Atenas já evacuado. votado, exclusivamente, na Assembleia. A resposta grega foi comandada pelo general ateniense que atraiu exército persa até ápice da democracia em Atenas se deu durante o o canal de Salamina, derrotando-os. O conflito se des- governo de Péricles (495 a.C. a 429 a.C.), pois foi ele locou então para a Ásia Menor, onde o general espar- quem implantou o tribunal popular (Heleia), o qual era tano, Pausânias, venceu o exército persa na Batalha composto por dez cidadãos eleitos para governar o exér- de Plateia em 479 a.C., encerrando definitivamente as cito e executar as leis. Nesse período, que ficou conheci- guerras médicas. Em 468 a.C., os persas assinaram o do como "Século de Ouro", a democracia ateniense pau- Tratado de Susa, no qual se comprometiam a não mais tou-se em três princípios fundamentais: a isonomia, que empreenden ataques e reconheciam a supremacia gre- defendia a igualdade de todos perante a lei; a isocracia, ga no Mediterrâneo oriental. que consistia no direito da participação de todos os cida- dãos nas decisões políticas; e a isegoria, que garantia o GUERRA DO PELOPONESO direito à palavra entre todos os cidadãos. Em 478 a.C., Atenas liderou a criação de uma aliança marítima de defesa, a fim de prevenir no- GUERRAS MÉDICAS OU GUERRAS vos ataques à Grécia, a Confederação de Delos. Essa GRECO-PERSAS iniciativa reuniu cerca de 200 cidades-estado e gerou volumosos recursos para Atenas, que se consolidou Durante os séculos VI e a.C., a civilização persa como um império militar e econômico da época. empreendeu um processo de expansão territorial, lane- Uma vez que a ameaça persa já havia passado, as xando diversas regiões da Ásia Menor até se contribuições à confederação passaram a ser impos- das cidades habitadas pelos povos gregos. Por muito tas pelos atenienses, que começou a incomodar as tempo esses povos viveram sob a ameaça iminente de cidades-estados a ela associadas. imperialismo ate- ataques por parte do então Império Persa. Diante disso, niense, então, gerou tensão entre as cidades gregas, entre 500 e 494 a.C., algumas cidades jônias resolveram que passaram a ser constantemente ameaçadas pelo resistir às investidas persas com o auxílio militar das ci- poder bélico de dades de Eritreia e Atenas, atacando império persa por Como forma de resistência, Esparta, que também volta de 497 a.C. Esse ataque foi arrasador e destruiu desejava exercer domínio sobre a Grécia, decide crian a cidade persa de Sardes, levando o então imperador a Liga do Peloponeso, reunindo aliados e dando início a persa, Dário I, a invadir a Grécia continental, iniciando uma guerra civil conhecida como Guerra do Peloponeso. de forma efetiva as Guerras Médicas. O que estava em O conflito entre Atenas e Esparta perdurou por jogo nesse conflito entre Grécia e Pérsia era o controle 27 anos. Apesar do equilíbrio de forças, em 404 a.C., marítimo e comercial da região de Jânio e do Mar Egeu. os espartanos com a ajuda dos persas derrotaram Em 490 a.C., Dário decidi enviar uma expedição os atenienses. Com o fim do conflito, as condições de punitiva a Eritreia, arrasando e saqueando a cidade. Logo paz foram desastrosas para a cidade de Atenas. Como partiu para Atenas, mas os atenienses conseguiram resultado, um golpe político foi arquitetado, apoiado os persas num combate que ficou conhecido como por Esparta. A oligarquia, então, com apoio das tropas Batalha de Maratona. Após essa primeira vitória dos gre- espartanas, tomou o poder dos democratas. gos, os atenienses conquistaram grande prestígio militar e Apesar de todo o controle político e hegemonia decidiram investir na ampliação do poder naval da cidade. econômica, os espartanos não conseguiram se manter Enquanto isso, após a morte do rei Dário I, o her- no poder durante muito tempo. Em 403 a.C., uma rebe- deiro Xerxes, para vingan a derrota do pai, planejou uma lião restaurou a democracia em Atenas. Anos depois, as 38 CIÊNCIAS HUMANAS</p><p>cidades de Argos, Corinto e Tebas se rebelaram contra Em 332 a.C., Alexandre conquistou a Fenícia e Esparta, cujo poderio começou a entrar em Egito, sem nenhuma resistência. Nesse período, toda Aproveitando-se desse momento de instabilidade, em a costa mediterrânea já pertencia à Grécia. Alexandre 377 a.C., general Epaminondas, de Tebas, declarou seguiu para o oriente, atravessando o rio Indo e con- guerra à Esparta, derrotando-a seis anos depois. quistando o norte da Índia. Vale salientar que, após A guerra civil trouxe muitos prejuízos econômi- essa conquista, Alexandre fez uso do elefante asiático políticos e sociais às cidades-estados gregas. Em nas batalhas, o qual se tornou um elemento importante decorrência disso, o rei Felipe II, da Macedônia, pai de para as vitórias dos exércitos macedónicos, pois eram Alexandre, o conquistou a Grécia, pondo fim vistos como verdadeiros tanques de guerra. ao Período Clássico e iniciando o Período Embora Alexandre ainda quisesse prosseguir para além da Índia, os chefes militares resistiram, o Período Helenístico que resultou em seu retorno à Babilônia, onde mor- reu em 323 a.C., com apenas 33 anos de idade. Ale- xandre não deixou nenhum sucessor para governar Negro seu império, que foi repartido entre seus principais generais, dentre os quais destacam-se: o general Ptolomeu (que ficou com o Egito) e o General Seleu- CO (que ficou com a parte oriental do antigo império persa, da Macedônia até a Índia). O Período Helenístico, portanto, corresponde ao governo de Alexandre, o Grande, cuja política de tolerân- cia e coalisão mantiveram a Grécia unida. Durante esse OCEANO período, a economia grega era fomentada pelo comércio, Expansão de Alexandre o Grande até a conquista da Grécia artesanato e navegação. Vale destacar que as relações di- plomáticas e interação com os povos do oriente enrique- A Macedônia era uma região no limite do mundo ceram a ciência, a cultura e as artes gregas. helénico, situada do norte da Grécia até a Trácia, na dia. Os macedônios, apesar de habitarem em território A CIDADE DE ALEXANDRIA grego, não haviam passado pelas transformações polí- ticas das cidades-estado, sendo ainda governados por A cidade de Alexandria foi fundada por Alexan- uma aristocracia arcaica que se dizia descendente de dre, em 331 a.C., no norte do Egito, próximo à foz do Héracles (Hércules, para os romanos), lendário filho de rio Nilo. Com mais de 500 mil habitantes de origens Zeus e herói dos gregos. diferentes (egípcios, gregos, judeus Alexandria tornou-se a grande da civilização helenística Conhecendo a desunião das cidades-estado gregas, e foi um importante centro intelectual e artístico, com o então rei da Macedônia, Filipe II, por meio de diplomacia e conflitos armados, conquistou poder e influência sobre museus, universidades, jardins botânicos, zoológicos, observatório astronômico e uma biblioteca, com apro- a Grécia. Em 338 a.C., o rei Felipe Il venceu os exércitos ximadamente 200 mil volumes, salas de copistas e ofi- das cidades de Tebas e Atenas na Batalha de Queroneia, cinas onde o papiro era preparado. tornando-se governador de todo o território grego. Em 336 a.C., no entanto, Felipe II foi assassinado e o seu filho, Alexandre, assumiu o trono, aos 20 anos. O pri- meiro desafio do jovem rei foi uma revolta na cidade de Tebas, que, aproveitando-se do assassinato do rei Felipe II, decidiu lutar por autonomia. Alexandre, contudo, marca o início de seu governo não apenas derrotando o exército tebano, mas também destruindo toda a cidade, mostrando- -se intolerante a qualquer tentativa de Em seguida, Alexandre reuniu um exército for- mado por soldados de todas as cidades gregas em di- reção à região da atual Turquia para invadir e conquis- tar o Império Persa. Obtendo êxito em seu propósito, Alexandre expandiu o domínio grego, formando um farol do porto de considerado uma das sete maravilhas verdadeiro império. do mundo antigo, tinha entre 120 e 137 metros de altura. (ilustração: Revista Galileu) CIÊNCIAS HUMANAS . 39</p><p>VASTO LEGADO DA GRÉCIA Os Jogos Olímpicos também eram cerimônias ANTIGA religiosas realizadas a cada quatro anos, na cidade de Olímpia. As competições eram feitas em honra a Zeus. A cultura grega, sem dúvida, é uma das mais ri- Os vencedores dos jogos eram considerados verda- cas e importantes da história. Boa parte das tradições deiros heróis em suas cidades-estado e recebiam prê- (científicas, artísticas, filosóficas etc.) do mundo ociden- mios que simbolizavam a honra e a glória conquistadas, tal, até os dias atuais, floresceram na Grécia Antiga. como uma coroa de folhas de louro ou uma estátua com Os povos gregos possuíam uma religião poli- o próprio rosto esculpido. Essa tradição do mundo gre- adoravam vários deuses imortais, que, por sua ga foi resgatada no século XX e segue até os dias atuais. vez, possuíam formas antropomórficas, zoomórficas e No que se refere à escultura, os gregos prioriza- (figuras humanas, animais e a fu- vam o homem (a raça humana) ante a natureza ou aos são dos dois, respectivamente). Os gregos prestavam valores religiosos. Ao enaltecimento do homem como culto aos deuses e, como forma de agradá-los, os pre- o centro do universo damos o nome de antropocen- senteavam, pois acreditavam que as divindades inter- trismo, o qual foi retomado em outros momentos da feriam no cotidiano da vida humana, tanto para o bem história do mundo ocidental, caracterizando corren- quanto para o mal, pois regiam as forças da natureza, tes filosóficas modernas e Os gregos comandavam o céu, a terra, o sol, a lua, os rios, o mar, conseguiriam movimento às figuras estáticas o vento etc. De forma secreta, os gregos também cul- que sustentavam uma beleza idealizada, revelando a tuavam seus ancestrais. Os sacerdotes auxiliavam os busca pela perfeição. fiéis nas preces, nos sacrifícios, na administração e ze- lavam pelos templos e santuários. Dentre os deuses gregos, destacam-se: Zeus: rei dos deuses, governa o Monte Olimpo, onde outros deuses habitam. Afrodite: deusa do e da beleza. Dionísio: deus do vinho e da fertilidade. Atena: deusa da sabedoria e protetora da guerra. Apolo: deus do sol, da medicina e da Ártemis: deusa da lua, das cidades, dos animais e das mulheres. Hera: esposa de Zeus, protetora do casamento, das crianças e dos lares. Deméter: deusa das dos cereais e dos frutos. Hermes: mensageiro dos homens e protetor dos re- banhos. Cópia romana de Afrodite Ares: deus da guerra. Na pintura, destacam-se os vasos de cerâmica, os Hefesto: deus da metalurgia. quais eram chamados de e que representavam, Poseidon: deus do mar. sobretudo, cenas do cotidiano grego (casamentos, lu- Hades: guardião do inferno. tas, jogos etc.). Na arquitetura, o grande destaque são as colu- Podemos definir a mitologia grega como um con- nas, as quais eram base para a construção de templos junto de narrativas a respeito da origem do mundo, da dedicados à deusa Palas, Atena. Não obstante, os gre- humanidade e das forças da natureza, cujos persona- gos também criaram o teatro com destaque para dois gens são deuses e heróis. Com efeito, as narrativas mi- gêneros: tragédia e comédia. Vale salientar ainda que tológicas gregas foram elaboradas de forma coletiva e os teatros foram construídos nas encostas dos morros, depois passadas de geração para geração, oferecendo, em semicírculos. assim, explicações cosmogônicas sobre o universo. 40 CIÊNCIAS HUMANAS</p><p>Entre os séculos IX e VIII a.C., os etruscos ocupa- ram a região e os gregos ocuparam a região sul da Península Na região norte, os etruscos se fixaram próximos à cadeia dos Apeninos. Provavelmente, nessa época, os etruscos invadiram a região e, impondo seus unificaram todos os vilarejos em torno de uma única e grande cidade: Roma. Considerados como povo de origem oriental, os etruscos deixaram grandes contri- buições para os romanos na agricultura, no comércio, na arquitetura e no trato com o bronze e a cerâmica. Aspec- tos da religião etrusca também foram incorporados pelos romanos em formação, como a prática de adivinhação. Cerâmica Grega Além a gradual adaptação dos alfabetos etrusco e grego originaran o alfabeto latino que utilizamos até hoje. se Há também uma versão mítica liga!!! da origem da cidade de Roma, segundo a qual o fundador da cidade teria sido Rômulo, um dos descendentes do herói troiano filho de Anquises e da deusa Após a Guerra de Troia, Eneias teria fugido para Lácio. Um de seus Numitor, rei da cidade de Alba Longa, foi destronado pelo irmão Amúlio. Logo depois, a filha de Numitor, Rea, deu à luz Parthenon de Atenas aos gêmeos Rômulo e Para não o Na filosofia, os grandes representantes foram Só- poder quando as crianças se tornassem adultas, crates. Platão e Aristóteles. Eles foram os primeiros a Amúlio ordenou que elas fossem lançadas ao rio pensar a ciência em contraposição ao pensamento re- Tibre. As crianças, porém, sobreviveram, pois fo- ligioso, criticando as explicações mitológicas dos fatos. ram salvas por uma loba, que os amamentou. Na Esses filósofos formularam as primeiras teorias empí- adolescência, os gêmeos assassinaram Amúlio e rico-científicas que influenciaram as ciências humanas devolveram o trono ao Como recompensa, e exatas ao longo da História. Na Homero se receberam o direito de fundan sua própria cida- destaca com as obras épicas e Não obs- mas discordaram sobre o local onde iriam er- tante, os intelectuais gregos Heródoto e Tucídides são O conflito entre os irmãos terminou com a considerados os primeiros historiadores do mundo. morte de Remo. Rômulo fundou, então, a cidade de Roma e se proclamou rei. Esses acontecimen- ROMA tos teriam acontecido em 753 a.C., considerado pelos romanos o ano de fundação de Entre o segundo e o primeiro milênio antes de Cristo, povos indo-europeus, vindos da Ásia Central, instalaram-se em diversos pontos da Península Itálica, dentre eles, os latinos, que ocuparam a região central, às margens do rio Tibre. A princípio, era uma pequena comunidade que vivia da agricultura e da pecuária. Na porção norte do território, existia uma fortaleza natural, os Apeninos, que protegia o local de possíveis Na porção a costa litorânea possibilitava a integra- ção com outros povos além-mar. Não obstante, as terras eram inibindo, durante muito tempo, a expansão para regiões fora da península, a qual era banhada pelos Loba capitolina: Museus Capitolinos, Roma (Itália) mares Jônio, Adriático e CIÊNCIAS HUMANAS 41</p><p>MONARQUIA ROMANA Supervisionavam obras pú- O estudo do período romano é pre- diversão e policiamen- Edil Dois judicado pela falta de fontes históricas. Entretanto, sa- to na cidade; permaneciam be-se que foi regido por sete reis, quatro latinos e três no cargo por um ano. etruscos, começando por Rômulo, em 753 a.C., e ter- Responsáveis pelas finanças; minando com Tarquínio, o Soberbo, de origem etrusca Oito permaneciam no cargo por deposto por um golpe do senado, culminando na im- um ano. plantação da República em 509 a.C. senado foi a instituição política mais importan- Responsáveis pelo recensea- te de Roma, pois sobreviveu à monarquia, à república e mento dos cidadãos e fisca- ao império, chegando ao fim apenas com do Censor Dois lização da conduta moral; só mesmo, (em 476 d.C.). Outra instituição importante foi permaneciam no cargo por a Comitia Curiata, responsável por aprovar ou rejeitar cinco anos. os candidatos ao trono indicados pelo senado, pois a Cargo que, inicialmente, era monarquia romana não era hereditária. exclusivo aos patrícios, mas Durante a monarquia, a sociedade romana era di- Tribuno gradativamente vai sendo Dez vidida da seguinte forma: da plebe ocupado também por ple- Patrícios: membros da elite, donos das melhores beus, que representavam o terras e de escravos. povo. Exercia plenos poderes civis Plebeus: donos das terras inférteis (que sobravam). e militares; eleito em tempos Ditador Um Clientes: faziam favores e serviços para os Patrícios: de crise: só permaneciam no comerciantes pobres. cargo por seis meses. Escravos: oriundos das guerras ou das dívidas. REVOLTAS DA PLEBE Nesse regime, o rei acumulava os poderes execu- tivo, judicial e religioso, sendo auxiliado pelo senado ou No século os plebeus ameaçaram uma conselho de anciãos, que detinha o poder legislativo e nova cidade, visto que não se sentiam representados de veto, aprovando ou não as leis criadas pelo rei. na República romana. Isso resultou em uma série de revoltas contra os patrícios. Na tentativa de diminuir as REPUBLICA ROMANA tensões sociais, o governo republicano passou a conce- der aos plebeus, gradativamente, alguns direitos, como: Sociedade Representação no senado romano por meio do tri- Foi durante o período republicano que Roma pas- buno da plebe sou a se organizar como Estado burocratizado. Entre os cargos mais importantes, destacam-se: Permissão do casamento entre patrícios e plebeus, por meio da Lei Canuleia (445 a.C.). Magistratura na República romana Decreto que proibia a escravização dos romanos por Cargo Quantidade Função dívidas, em 366 a.C. Administravam a cidade; Eleição de magistrados plebeus, em 336 a.C. comandavam o exército; Com essa nova estrutura política, a Repúbli- Cônsul Dois nomeavam o ditador; ca Romana iniciou um lento e contínuo processo de permaneciam no cargo por expansão por meio de alianças com outros povos e umano. poderio militar. A expansão pela península Itálica foi Exerciam funções concluída entre 272 e 265 a.C., quando o território rias (ministros da justiça); dos etruscos, ao norte, e a Magna Grécia (região ocu- Pretor Dois só permaneciam no cargo pada por colônias gregas), ao sul, foram subjugados. por um ano. As políticas de expansão, além de um crescimento populacional, provocaram um aumento da população escrava, que se tornou a principal mão de obra da economia romana. 42 CIÊNCIAS HUMANAS</p><p>Não obstante, nesse período, a cidade Romana Nesse sentido, a cidade de Roma, por exemplo, no cresceu muito em termos de estrutura, com a construção seu período mais glorioso chegou a cerca de 1,5 de pontes, monumentos, estradas e anfiteatros (arenas), milhão de pessoas. Por todas as províncias e cidades onde ocorriam os eventos de entretenimento populares, conquistadas, o contingente de escravos também cres- como o combate entre gladiadores, por exemplo. cia, tornando-os os grandes responsáveis por viabilizar a estrutura imperial de Roma. Os escravos exerciam diferentes atividades na Re- pública, braçais ou intelectuais. Eles trabalhavam na cons- trução de obras públicas, na agricultura e nos serviços domésticos. Os escravos mais cultos e intelectualizados exerciam profissões, como secretário, músico e professor. Havia ainda um grupo de escravos encarregado de diver- o povo romano, "os gladiadores". Eles lutavam entre si ou contra animais, nos anfiteatros até a morte. Os investimentos em entretenimento em Roma tinham o objetivo de manter a população fiel à ordem estabelecida, além de anestesian os sintomas dos problemas sociais. Durante os espetáculos, os gover- Coliseu (aprox. séc. XI), Roma (Itália) nantes costumavam distribuir alimentos, como pães e cereais, para a multidão faminta, que era tempora- ECONOMIA riamente saciada. Essa prática ficou conhecida como A economia romana era baseada na agricultura e política do pão e circo, uma forma de a aten- na pecuária, que cresceram consideravelmente após a ção dos grupos sociais menos favorecidos por meio expansão e conquista de novas terras. Tal fato também de entretenimento e esmolas para evitar revoltas possibilitou diversificar a economia por meio do comér- contra o sistema político vigente, uma vez que essa cio, e da troca e da compra e venda de mercadorias com parcela da população vivia em péssimas condições outras regiões. Assim, a República vivia um momento de nas periferias da cidade romana e eram exploradas certa estabilidade econômica, as tarifas alfandegárias em trabalhos que exigiam muita força braçal e pouco eram baixas e as estradas e os portos eram protegidos. retorno financeiro. É importante que boa parte desse cres- É fato que as medidas populistas de entreteni- cimento econômico se deve às Guerras Púnicas, con- mento não resolviam os verdadeiros problemas da tra Cartago, no norte da África, pelo domínio do Mar sociedade romana. Dois tribunos da plebe, no entan- Os romanos saíram vitoriosos desse to, os irmãos Tibério e Caio Graco tentaram resolver conflito, expandindo seu território e conquistando alguns desses problemas, principalmente a questão da a hegemonia do comércio marítimo na região, por distribuição de terras, propondo a Lei Agrária e a Lei onde circulavam não apenas produtos de subsistência Frumentária. A primeira limitava a extensão de terras como também artigos de luxo. a 125 hectares; e a segunda garantia a venda de trigo a preços baixos à população pobre de Roma. Nenhuma A CRISE DA REPUBLICA dessas medidas foi aceita pelos patrícios, que se senti- Os avanços econômicos da República resultaram ram prejudicados e entraram em conflito com os dois ir- no desenvolvimento e crescimento da vida urbana. Os mãos, resultando, primeiramente, na morte de Tibério patrícios agregavam cada vez mais terras às suas pro- e, dez anos depois, no de Caio. Esse episódio priedades, ao passo que os plebeus, após anos de lutas revelou o poder da aristocracia romana e a corrupção expansionistas, começaram a perder espaço e porções do sistema republicano. de terra, migrando para as cidades. Esse fenômeno re- Como as conquistas territoriais eram muito im- portantes para a República romana, os militares pas- cebeu o nome de êxodo rural. Com a expansão, as ter- saram a interferin cada vez mais na política, uma vez ras conquistadas passaram a ser de propriedade do Es- que a magistratura romana, com medo de possíveis tado. Os patrícios, por sua vez, se apropriavam dessas revoltas nas concedeu, cada vez mais po- terras e do grande número de escravos prisioneiros de ao exército, o que rendeu aos generais romanos guerra. O comércio nessas regiões cresceu considera- imenso poder político. Nesse contexto, os generais velmente, principalmente pela troca de mercadorias, acabavam usando seus exércitos para tomar posse de privilegiando aquela classe econômica em particular. cargos públicos. CIÊNCIAS HUMANAS . 43</p><p>Dentre essas disputas, destaca-se o conflito en- do) destituiu do cargo senadores acusados de cor- tre os generais Mário e Sila. O primeiro, representan- perdoou as dívidas dos camponeses e criou te dos plebeus, ficou famoso por instituir um salário um tribunal de pequenas causas para dar maior agi- para os soldados, mas foi deposto pelo segundo, re- lidade à justiça. presentante dos patrícios, que revogou todas as con- Após a morte de Otávio, assumiu o poder seu quistas e reformas sociais empreendidas até então, genro Tibério (14 a 47 d.C.). A princípio, até o ano 68 tornando-se um ditador. d.C., apenas pessoas das famílias de Augusto e Após a morte de Sila, houve um aumento acen- Tibério (Cláudia) governaram o Império. Contudo, en- tuado das tensões sociais na república entre patrícios tre perseguições, assassinatos e conspirações, quatro e plebeus, culminando em inúmeras revoltas, destacan- dinastias marcaram governo do alto Império Romano: do-se a rebelião de escravos liderada por Espártaco. Diante desse caos, surgem os Triunviratos uma junta DINASTIAS de governo formada por 3 generais romanos, a saber: Augusto (27 a.C. 14 a.C.); Crasso, Pompeu e Júlio Tibério (14 37); Tal aliança empreendia o enfraquecimento do Júlio-Claudiana Calígula (37 papel dos senadores e reforçava o poder dos generais (27 a.C. a 68 d.C.) Cláudio (41 54); adorados entre a população romana. No entanto, com Nero (54 68); a morte de Crasso em campanha militar, no ano 53 a.C., o senado elegeu Pompeu como cônsul, afastando Júlio Vespasiano (69 79); César do poder e impedindo-o até mesmo de partici- Flávios Tito Flávio (79 81); par das eleições. Ignorando a autoridade do Senado, (69-96) Domiciano (81 Júlio César congregou as suas legiões, atravessou rio e invadiu a cidade de Roma, instaurando uma Nerva (96 98); ditadura com políticas regulares em apoio às camadas Trajano (98 117); populares, e em despeito aos patrícios. Antoninos Adriano (117 138); Júlio César, no entanto, foi morto em 44 a.C. O (96-192) Antonino Pio (138 161); senado então propôs a formação de um segundo Triun- Marco Aurélio (161 180); virato, formado por Marco Antônio, Lépido e Otávio. Cômodo (180 192); Assim como ocorreu anteriormente, após a morte de Lépido, Marco Antônio e Otávio iniciaram uma série de Septímio Severo (193 211); disputas pela hegemonia do poder, o que resultou na vi- Caracala (211 217); tória de Otávio. Ao assumir o poder, o novo ditador pôs Severos Geta (209 211); fim à já desgastada República e deu início a última fase (193-235) Macrino (217 218); da história de Roma Antiga: o Império. (218 222); Alexandre Severo (222 235). IMPÉRIO ROMANO No começo da Era Cristã, os domínios de Roma Alguns imperadores desse período destacam-se abrangiam grande parte da Europa, o norte da África pelas polêmicas, entre eles Calígula, cuja vida pessoal e as terras asiáticas próximas ao Em 27 foi recheada de escândalos. Calígula, que nomeou cônsul seu próprio cavalo, foi acusado de manter re- a.C., Caio Otávio assume o poder desse imenso territó- lações incestuosas com as próprias Não obs- rio e angaria os títulos de Augusto (honra conferida aos tante, cobrava altos impostos para manter um padrão deuses), tribuno da plebe vitalício e tornando- de vida extravagante e e ainda era extrema- -se Otávio Augusto, o primeiro imperador de Roma. mente cruel com presos e escravos. Outro impera- O governo de Otávio Augusto (de 31 a.C. a 14 d.C.) deu início a Pax Romana (período de paz roma- dor polêmico foi Nero, cujo governo foi recheado de assassinatos. Nero matou a esposa e deu a cabeça na) e foi marcado por uma série de reformas sociais e medidas populares, como aumento da distribuição de presente para a nova mulher, que também foi as- gratuita de trigo e ampliação dos espaços públicos sassinada quando ficou grávida. Ele também matou a de incentivou ainda mais a famosa política própria mãe, o que o deixou profundamente perturba- do. Para construir um palácio em Roma, provocou um do pão e Para garantir a lealdade dos soldados veteranos, promoveu a distribuição de terras entre incêndio, matando milhares de pessoas. eles. Além disso, Augusto (como passou a ser chama- Nero também foi um perseguidor implacável dos cristãos. Após a morte de Cristo, sua mensagem de 44 CIÊNCIAS HUMANAS</p><p>esperança se espalhou pelo Império Romano, princi- Escassez de mão de obra escrava, que resultou na palmente por intermédio da pregação dos apóstolos, queda da produção agrícola. alcançando os mais humildes e oprimidos, resultando Falta de investimentos no exército, forçando o Impé- na conversão de centenas de pessoas ao cristianismo. rio a fazer alianças com os povos bárbaros que habi- Os cristãos, então, foram perseguidos porque não re- tavam a fronteira para garantir a defesa do território. conheciam a divindade romana na figura do imperador e não praticavam a religião oficial do império. Durante Aumento da inflação, provocado pela queda na produ- esse período, a morte de muitos cristãos serviu de en- ção agrícola, resultando na desvalorização do dinheiro. tretenimento para o povo romano, uma vez que eram urbano, em consequência do aumento de im- lançados nas arenas para servirem de alimento aos postos e invasões bárbaras. animais selvagens ou serem torturados e mortos pelos gladiadores. Migração dos povos bárbaros, que desrespeitava os No final do alto império, o Estado arrecadava limites fronteiriços do Império. cada vez menos e gastava cada vez mais com as di- Em 395 d.C., sob o governo de Teodósio, o Im- versões públicas, o pagamento dos funcionários e a pério foi dividido novamente em duas partes: Império manutenção do exército. Diante desse desequilíbrio Romano do Oriente, com sede em Constantinopla, e o econômico, os romanos decidiram interrompen a ex- Império Romano do Ocidente, com sede em Este pansão territorial, pois, além do alto custo das cam- último, porém, continuou a ser assediado pelos povos panhas, tornava-se cada vez mais difícil administrar e provenientes da Europa central e oriental e foi pouco a defender as regiões conquistadas. pouco se esfacelando sob a ação dos invasores. A crise do colonato e a fragmentação do A divisão do Império Romano - Cristianismo Império Romano e Invasões Bárbaras A fim de tornar o Império mais governável, o im- A difusão do cristianismo também foi um fator perador Diocleciano em 284 d.C., resolveu dividi-lo em importante para acentuar a crise do Império Romano, duas partes: uma oriental, sob seus cuidados; a outra, pois à medida que o império enfraquecia, o cristianismo ocidental, entregue ao general Maximiano. Posterior- se fortalecia, visto que os cristãos não acreditavam nas mente, poder do Império foi dividido em uma tetrar- instituições romanas, não aceitavam a escravidão e não quia. Por meio desse sistema, os Augustos Diocleciano reconheciam a autoridade divina do Imperador. Além e Maximiano nomearam um sucessor que os auxiliaria disso, muitos membros da própria elite romana se con- na administração das suas respectivas porções do im- verteram ao cristianismo, descredibilizando ainda mais pério: Galério e Assim, Roma deixou de ser a figura do Imperador. Teodósio, percebendo que já não a sede do Império e passou a contar com quatro capi- dava mais para ignorar a força do cristianismo, decidiu tais: Treves (na atual Alemanha), Milão (na península então, por meio do Édito de Tessalônica, torná-lo a re- Itálica), Sirmio (na atual e Nico- ligião oficial do Império Romano. média (na Ásia Menor). As invasões bárbaras, por sua vez, vinham ocor- Após a abdicação do trono por Diocleciano, em rendo desde o final do século II. Os povos vindos, ini- 305 d.C., e a morte de Constâncio no ano seguinte, cialmente, do interior da Europa e, posteriormente, da Constantino assume o governo do Império, que mais Ásia, eram chamados pelos romanos, depreciativamen- uma vez, foi palco de lutas internas pelo poder. Somen- te, de bárbaros, devido ao fato de não falarem o latim e te em 324 d.C., Constantino (313-337 d.C.) conseguiu de terem costumes diferentes. homogeneizar novamente o governo, se tornando o A partir do século as invasões bárbaras se in- único imperador. Durante seu governo, Constantino tensificaram. Um dos motivos principais era a pressão concedeu liberdade de culto aos cristãos e pôs fim às que as tribos, que habitavam os arredores do Império, perseguições religiosas. Também transferiu a capital vinham sofrendo do oriente, com os avanços dos hunos do Império para a antiga cidade grega de Bizâncio, que, para o Ocidente. depois de algumas reformas, passou a se chaman Cons- Em 476 d.C., Roma foi conquistada pelos hérulos, tantinopla (atual Istambul, na Turquia), a qual foi extre- sob a liderança de Odoacro I, destronando o último im- mamente importante para estreitan relações entre o perador romano Rômulo Augusto. O império romano Oriente e o Ocidente. do Oriente também caiu, mas Constantinopla perma- Por outro lado, os problemas econômicos e so- neceu até o ano de 1453, quando os turcos-otomanos ciais do Império aumentavam, como: tomaram o Império Bizantino, marcando a passagem da Idade Média para Idade Moderna. CIÊNCIAS HUMANAS 45</p><p>Oligarquia e império. Notório por sua ferocidade em liga!!! D Autocracia e democracia. conquistas, Átila, o rei dos hunos, E Oligarquia e autocracia. lançou-se furiosamente sobre a Europa em uma campanha expansionista que lhe renderia a al- cunha de o Flagelo de Deus. Sob a liderança de QUESTÃO 2 (ENEM) Átila, os hunos pilharam e extorquiram os impé- rios Romano do Oriente e Parta ("Pérsia"), ater- rorizaram as planícies europeias, escravizaram Compreende-se assim o alcance de uma reivindicação outros povos bárbaros e deram sua contribuição que surge desde o nascimento da cidade na Grécia an- à queda do Império Romano do tiga: a redação das leis. Ao não se faz mais que assegurar-lhes permanência e fixidez. As leis tor- Disponível em: incrivelhistoria.com.br/atila-huno- -flagelo-deus/ Acesso em: 12 dez. 2019. nam-se bem comum, regra geral, suscetível de ser apli- cada a todos da mesma maneira. VERNANT. As origens do pensamento grego. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1992 (adaptado). Para o autor, a reivindicação atendida na Grécia antiga, ainda vigente no mundo buscava ga- o seguinte princípio: A Isonomia igualdade de tratamento aos Transparência acesso às informações governa- mentais. Medalha do século que traz o perfil do Tripartição separação entre os poderes políticos rosto de seu nome e apelido gravados: estatais. o Flagelo de Deus". Museu do Louvre D Equiparação igualdade de gênero na participa- ção política. E Elegibilidade permissão para candidatura aos cargos públicos. QUESTÕES QUESTÃO 3 (ENEM) QUESTÃO 1 (INÉDITA) Na antiga Grécia, o teatro tratou de questões como destino, castigo e justiça. Muitos gregos sabiam de con A política surge na Grécia clássica, no século VI a. C., um inúmeros versos das peças dos seus grandes autores. período em que o homem abandona a mitologia e o sim- Na Inglaterra dos séculos XVI e XVII, Shakespeare pro- bolismo, e passa a explicar racionalmente a sua existên- duziu peças nas quais temas como o amor, o poder, o cia no mundo que o circunda. É nesse período que nas- bem e o mal foram tratados. Nessas peças, os grandes ce a pólis grega, acontecimento decisivo que provocou personagens falavam em verso e os demais em prosa. grandes alterações na vida social e política dos homens. No Brasil colonial, os índios aprenderam com os Disponível em: tas a peças de religioso. Esses fatos são exemplos de que, em diferentes tempos Acesso em: 12 2019. e situações, o teatro é uma forma As cidades-estado gregas conheceram a maioria dos A de manipulação do povo pelo poder, que controla sistemas de governo existentes hoje, dentre os quais teatro. destacam-se: de diversão e de expressão dos valores e proble- A Oligarquia e democracia. mas da sociedade. Monarquia e império. de entretenimento popular, que se esgota na sua função de distrair. 46 CIÊNCIAS HUMANAS</p><p>D de manipulação do povo pelos intelectuais que Era bom para o homem, mas não de forma compul- compõem as peças. sória e exorbitante, como ocorre nos dias atuais. E de entretenimento, que foi superada e hoje é subs- Não era de responsabilidade dos homens de bom tituída pela nascimento, mas sim dos pobres e comerciantes. Era uma tarefa a ser realizada por pessoas de baixo QUESTÃO 4 (ENEM) poder aquisitivo. D Estava associada ao enfado, ao cansaço e esforço No período 750-338 a.C., a Grécia antiga era com- físico, o que não era atraente aos gregos, ricos ou posta por como por exemplo Atenas, pobres. Esparta, que eram independentes umas das E Estava associada ao esforço intelectual, exclusivo outras, mas partilhavam algumas características cul- aos gregos bem-nascidos e nacionalizados. turais, como a língua grega. No centro da Grécia, Del- fos era um lugar de culto religioso frequentado por habitantes de todas as cidades-Estado. QUESTÃO 6 (ENEM) No período 1200-1600 d.C., na parte da Amazônia brasileira onde hoje está o Parque Nacional do Xin- gu, há vestígios de quinze cidades que eram cerca- das por muros de madeira e que tinham até dois mil e quinhentos habitantes cada uma. Essas cidades eram ligadas por estradas a centros cerimoniais com gran- des praças. Em torno delas havia pomares e tanques para a criação de tartarugas. Aparentemen- te, epidemias dizimaram grande parte da população que lá vivia. Folha de S. ago. 2008 (adaptado). Apesar das diferenças históricas e geográficas existen- tes entre as duas civilizações, elas são semelhantes pois A as ruínas das cidades mencionadas atestam que A figura apresentada é de um mosaico, produzido por grandes epidemias dizimaram suas populações. volta do ano 300 encontrado na cidade de Lod, atual Estado de Israel. Nela, encontram-se elementos as cidades do Xingu desenvolveram a democracia, que representam uma característica política dos roma- tal como foi concebida em Tebas. nos no período, indicada em: as duas civilizações tinham cidades autônomas e in- dependentes entre si. Cruzadismo conquista da terra santa. D os povos do Xingu falavam uma mesma língua, tal Patriotismo exaltação da cultura local. como nas cidades-Estado da Helenismo apropriação da estética grega. E as cidades do Xingu dedicavam-se à arte e à filoso- D fia tal como na Grécia. Imperialismo selvageria dos povos dominados. E Expansionismo diversidade dos territórios con- quistados. QUESTÃO 5 (INÉDITA) "É próprio de um homem bem-nascido desprezar o tra- QUESTÃO 7 (FGV ADAPTADA) balho." (Platão) "O privilégio do homem livre não é a liberdade, mas a anfiteatro era, para os romanos, parte de sua nor- ociosidade, que tem por complemento o trabalho for- malidade cotidiana, um lugar no qual reafirmavam seus çado dos outros, isto é, a escravatura." (Aristóteles) valores e sua concepção do "normal". Nos anfiteatros eram expostos, para serem supliciados, bárbaros ven- Com base nos fragmentos acima dos respectivos filóso- cidos, inimigos que se haviam insurgido contra a or- fos gregos, conclui-se que a visão de trabalho para eles: dem romana. Nos anfiteatros se supliciavam, também, CIÊNCIAS HUMANAS 47</p><p>bandidos e marginais, como por vezes os cristãos, que os mitos cada vez mais usados, em de- eram jogados às feras e dados como espetáculo, para o trimento das fontes escritas oficiais. prazer de seus algozes ou daqueles que defendiam os as fontes orais como ferramenta para a construção valores normais da sociedade. do conhecimento histórico, dada a escassez cada (Norberto Luiz Guarinello, A normalidade da violência vez maior dos livros didáticos em sala de aula. em Roma In: www2.uol.com.br/historiaviva/artigos/ D a fantasia e os mitos históricos substituindo as fon- tes de origem escrita oficiais. As relações entre os cristãos e o Estado Romano foram E a fabricação dos fatos históricos para o marcadas nacionalismo italiano e a cultura local. pela violência contra cristãos que aceitaram a pre- sença dos povos bárbaros dentro das fronteiras QUESTÃO 9 (INÉDITA) romanas. pela tolerância, desde nascimento da religião "A possibilidade de que os escravos romanos tenta- cristã, e as ocorrências violentas que podem ser ram de vez em quando reduzir os rigores da escra- consideradas vidão ou escapar de sua condição [...], especialmente pela violência, pois os cristãos sofriam perseguição se considerarmos o fato suficientemente documen- pela recusa em aceitar a divinização dos imperadores. tado de que os prisioneiros de guerra da Antiguidade romana preferiam suicidar-se a se submeter aos hor- D pela tolerância, uma vez que a ação foi consen- tida pelo poder romano, e a violência contra a nova rores da captura. Os dados sobre as sublevações são religião restringiu-se aos seus principais decisivos. No ano 73 a.C., para dar exemplo mais conhecido, o gladiador Espártaco liderou uma re- E pela violência praticada contra os seguidores do cris- volta de uns setenta escravos de uma escola de gla- tianismo, mas por um curto período de tempo, apenas diadores de Cápua e, durante pelo menos dois anos, durante os primeiros anos da Monarquia vagaram pela Itália com um grande exército, derro- tando uma série de legiões romanas e colocando sob QUESTÃO 8 (INÉDITA) ameaça a cidade de Roma. Depois de um tempo, Es- pártaco foi vencido, porém a insurreição que liderou A Associação Esportiva Roma é um clube de futebol ita- demonstra a vontade dos escravos em empreender liano, fundado em 1927 e que, junto ao Inter de Milão uma ação positiva contra a escravidão, além de uma e ao Milan, formam o trio de ferro do futebol italiano. prova do medo ancestral e da desconfiança dos pro- Entretanto, desses três clubes, a Roma se destaca pelo prietários para com seus escravos." seu escudo, que pode ser visto abaixo: Esclavitud y Sociedad em Tradução: Fina Barcelona: Ediciones Península S.A., 1998, p.137 (adaptado). A partir da leitura do texto acima, conclui-se que os es- cravos romanos A eram passivos, só se rebelando contra os seus se- nos casos de extremo abuso físico. ROMA eram ativos, porém, apenas lutavam pelo fim da es- cravidão dos cativos de guerra. 1927 atuavam tanto a favor dos senhores quanto em be- nefício próprio, sendo o movimento pela libertação escudo remete às origens da cidade de Roma, con- uma ação difusa e dinâmica. figurando-se como uma importante ferramenta no D eram ativos e não se intimidavam diante do cativei- processo de construção do conhecimento histórico ro. buscando se libertar dessa condição considera- por considerar da desonrosa. a oralidade e os mitos como fontes históricas para E eram preguiçosos, preferindo o ao traba- lho escravo. além das fontes escritas oficiais. 48 CIÊNCIAS HUMANAS</p><p>QUESTÃO 10 (INÉDITA) D ampliassem a participação política nos cargos polí- ticos públicos. Anterior à implementação da Democracia em Atenas, E reivindicassem as mudanças sociais com base no a cidade-estado era controlada por uma elite aristo- conhecimento das leis. crática oligárquica denominada de "eupátridas" ou "bem-nascidos", os quais detinham o poder político QUESTÃO 12 (ENEM) e econômico na pólis grega. Entretanto, com o sur- gimento de outras classes sociais (comerciantes, pe- Mirem-se no exemplo quenos proprietários de terra, artesãos, camponeses Daquelas mulheres de Atenas etc.), as quais pretendiam participar da vida política, Vivem pros seus maridos a aristocracia resolve rever a organização política das Orgulho e raça de cidades-estado, que mais tarde resultou na imple- C.: BOAL A. Mulheres de In: Meus mentação da "Democracia". caros Amigos, 1976. Disponível em: Disponível em: www.todamateria.com.br/ Acesso em: 4 2011 (fragmento) democracia-ateniense/ Acesso em: 05 2019. Os versos da composição remetem à condição das mu- A partir das informações do texto, conclui-se que na de- lheres na Grécia antiga, caracterizada, naquela época, mocracia ateniense, em razão de A todos os homens gregos, mesmo os escravos, parti- sua função pedagógica, exercida junto às crianças cipavam do processo político. atenienses. apenas um grupo social privilegiado, os bem-nasci- sua importância na consolidação da democracia, dos, filhos de pais e mães gregos, eram considera- pelo casamento. dos aptos à vida política. seu rebaixamento de status social frente aos homens. as filhas de pais e mães gregas, também participavam do processo político. D seu afastamento das funções domésticas em perío- dos de guerra. D havia alguns traços da oligarquia espartana, a qual, respeitava a participação dos povos estrangeiros. E sua igualdade política em relação aos homens. E todos os gregos, independentemente do gênero e da classe social, estrangeiros ou naturalizados, po- deriam participar dos processos políticos. QUESTÃO 11 (ENEM) A Lei das Doze Tábuas, de meados do século V a.C., fixou por escrito um velho direito costumeiro. No relativo às dívidas não pagas, o código permitia, em última análise, matar o ou vendê-lo como escravo "do outro lado do Tibre" isto é, fora do ter- ritório de Roma. trabalho compulsório na Rio de Janeiro: A referida lei foi um marco na luta por direitos na Roma Antiga, pois possibilitou que os plebeus modificassem a estrutura agrária assentada no la- tifúndio. exercessem a prática da escravidão sobre seus de- vedores. conquistassem a possibilidade de casamento com os patrícios. CIÊNCIAS HUMANAS . 49</p><p>AULA 04 Idade Média Ocidental A Idade Média é um período histórico que com- Isso porque, dos vários povos bárbaros (godos, visigodos, preende a queda do Império Romano (por volta do ano ostrogodos, lombardos, entre outros) que 476 d.C.) até a tomada de Constantinopla pelos povos invadiram o Império Romano, somente os povos francos árabes (no ano 1453 d.C.). Pela extensão milenar desse conseguiram estruturan um Estado, com expansão terri- período, podemos dividi-lo em: torial concretizada por meio desses dois governos. Alta Idade Média: do ano 476 até o ano 1000. A DINASTIA MEROVÍNGIA Baixa Idade Média: do ano 1000 até o ano 1453. A dinastia Merovíngia teve início com a conver- são do rei franco Clóvis, no ano de 496, a.C. Esse ato garantiu a legitimação do poder aos bárbaros, que, ALTA IDADE BAIXA em troca, doaram terras e concederam proteção à MÉDIA IDADE MÉDIA Igreja Católica. Logo após, a dinastia Merovíngia se expandiu para além dos seus núcleos territoriais, es- comércio tendendo o seu domínio sobre os territórios vizinhos apogeu da atual França. feudal Nesse período, houve um processo de ruraliza- feudalismo ção da Europa e, junto a esse fenômeno, a distribuição VI VII VIII IX XI XII XIII XIV XV das terras entre os guerreiros francos. Como conse- séculos quência, houve uma fragmentação do poder da dinastia (do século V ao X) (do século X ao XVI) Merovíngia, visto que os reis, gradativamente, foram Formação do feudalismo Renascimento comercial e urbano perdendo o controle da administração das terras. Decadência do comércio Decadência do feudalismo Diante disso, com o passar do tempo, o poder fi- Ruralização econômica Decadência do poder local e cou conferido aos majordomus (que eram uma espécie fortalecimento do poder nacional, Fortalecimento do poder local representado pelo rei de ou primeiros-ministros), que resultou na exercido pelos senhores feudais Efervescência cultural urbana formação de uma nova dinastia: a dinastia Carolíngia. Ascensão da igreja e da cultura teocêntrica Europa invasora, conquistadora, com as Cruzadas e outras Europa invadida por povos investidas. A DINASTIA CAROLÍNGIA bárbaros: mais tarde, por árabes, vikings etc. Após a vitória de Carlos Martel sobre os árabes mouros na Batalha de Poitiers, seu filho, Pepino, o Bre- ve, procurou reestabelecer o antigo Império Romano A ALTA IDADE MÉDIA do Ocidente, expulsando os lombardos da península A Alta Idade Média foi um período histórico carac- itálica e subsidiando a Igreja Católica, doando a ela ter- terizado, primeiramente, pela fusão da cultura romana ras (para o patrimônio de São Pedro) e proteção. com a cultura germânica. Da civilização romana, restou O filho de Pepino, Carlos Magno, para a o sistema de colonato e a religião uma vez que unificação e centralização do reino, ampliou as guerras os bárbaros firmaram uma aliança com a Igreja Católica, de conquista, doando-as aos nobres, garantindo alianças convertendo-se ao cristianismo em troca da legitimação políticas e apoiou à Igreja Católica, expandindo o Cris- do seu poder. Por outro lado, da cultura germânica, her- tianismo. Além disso, ainda na tentativa de reconstruir dou-se o direito consuetudinário ou medieval, formula- o Império Romano do Ocidente, dividiu o território em do com base em costumes e necessidades reais de cada 300 condados, ducados e comarcas. Não obstante, criou grupo social. Essa forma de direito deu origem aos ideais a figura do missi dominici (funcionários imperiais) para de cavalaria, de ordem, honra e que marcaram fiscalizar a administração das terras, e também criou leis profundamente a Idade Média. escritas, as chamadas Leis Capitulares. Essa fusão das culturas romanas e germânicas favo- Graças a todas essas reformas, Carlos Magno receu a formação das dinastias Merovíngia e Carolíngia. promoveu o que chamamos de Renascimento Carolín- 50 CIÊNCIAS HUMANAS</p>