Prévia do material em texto
Sumário Sobre mim... ....................................................................................................................................................... 4 Introdução à Farmacologia ................................................................................................................................ 5 Conceitos........................................................................................................................................................ 5 Medicamentos: referência, similar e genérico. .............................................................................................. 6 Reação Adversa ao Medicamento .................................................................................................................. 6 Janela terapêutica ........................................................................................................................................... 6 Interação Medicamentosa .............................................................................................................................. 7 Vias de administração ........................................................................................................................................ 8 Formas farmacêuticas ........................................................................................................................................ 8 Para que servem? ........................................................................................................................................... 9 Sólidas ............................................................................................................................................................ 9 Semissólidas ................................................................................................................................................... 9 Líquidas........................................................................................................................................................ 10 Escolha da forma farmacêutica e da via de administração .......................................................................... 10 Farmacocinética: distribuição, metabolismo e excreção. ................................................................................ 11 Absorção ...................................................................................................................................................... 11 Distribuição .................................................................................................................................................. 11 Ligação às proteínas plasmáticas ................................................................................................................. 12 Biotransformação ......................................................................................................................................... 12 Excreção ....................................................................................................................................................... 12 Farmacodinâmica ............................................................................................................................................. 13 Interação fármaco receptor .......................................................................................................................... 13 Mecanismos de ação .................................................................................................................................... 13 Interação fármaco (ligante) - receptor ................................................................................................. 13 Intensidade do efeito .............................................................................................................................. 14 Receptores .................................................................................................................................................... 14 CONCEITOS IMPORTANTES ........................................................................................................... 14 Classificação dos fármacos quanto ao efeito ............................................................................................... 14 AGONISTAS .......................................................................................................................................... 14 ANTAGONISTAS.................................................................................................................................. 15 Transdução de sinais .................................................................................................................................... 15 Relação dose resposta .................................................................................................................................. 15 Dor e analgésicos ............................................................................................................................................. 17 Dor ............................................................................................................................................................... 17 Fisiopatologia da dor.................................................................................................................................... 17 Classificação da dor ..................................................................................................................................... 17 Carina Dionísio -RESUMOS 3 Escalas de dor .............................................................................................................................................. 18 PRINCÍPIOS GERAIS NO TRATAMENTO DA DOR ............................................................................. 18 Tipos de analgesia ........................................................................................................................................ 18 Analgésicos ...................................................................................................................................................... 19 Qual classe usar? .......................................................................................................................................... 19 Anti inflamatórios não esteroidais ................................................................................................................... 20 AINES .......................................................................................................................................................... 20 EFEITOS BIOLÓGICOS DOS METABÓLITOS DO A.A........................................................................ 20 Mecanismos de ação .................................................................................................................................... 21 Coxibes/anti inflamatórios seletivos COX 2.................................................................................................... 24 Anti inflamatórios esteroidais .......................................................................................................................... 25 GLICOCORTICOIDES ............................................................................................................................ 26 FARMACOCINÉTICA ......................................................................................................................... 26 FARMACODINÂMICA ....................................................................................................................... 26 CORTICOSTEROIDES .............................................................................................................................. 28 Antimicrobianos ...............................................................................................................................................30 Classificação ................................................................................................................................................ 30 Mecanismos de resistência bacteriana ......................................................................................................... 32 Quais as características para que um antibiótico fosse considerado ideal? ................................................. 33 Antibioticoterapia profilática ....................................................................................................................... 33 ENDOCARDITE BACTERIANA .............................................................................................................. 33 Antibioticoterapia terapêutica ...................................................................................................................... 34 O uso racional de medicamentos ..................................................................................................................... 36 Como definir a terapia medicamentosa do seu paciente? ............................................................................ 37 Grupos especiais .............................................................................................................................................. 38 Terapêutica medicamentosa em odontopediatria ......................................................................................... 38 Fármacos e gravidez .................................................................................................................................... 38 Medicamentos em idosos ............................................................................................................................. 39 Prescrição medicamentosa ............................................................................................................................... 40 Lei 5081 de 24 de agosto de 1966 .............................................................................................................. 40 Portaria SVS/MS 344/98............................................................................................................................ 40 Carina Dionísio -RESUMOS 4 Sobre mim... Olá, me chamo Carina, sou estudante de odontologia do centro universitário do planato central – UNICEPLAC (Brasília DF), sou monitora da faculdade e dou aulas particulares. Montei essa apostila como forma de ajudar outras pessoas a entender um pouco de farmacologia A leitura desse material não anula o estudo por meio de outros livros, artigos e documentos. Para montar essa apostila reuni todo o conteúdo estudado ao longo de um semestre de farmacologia, além de vários livros, artigos, manuais do ministério da saúde, portanto, se quiser encontrar alguma informação sobre o conteúdo que coloquei aqui, deixarei ao final do livro algumas referências. A apostila descreve um pouquinho os conceitos básicos da farmacologia buscando sempre trazer exemplos aplicados à odontologia. Não posso deiaxar de agradecer a minha mestre e querida professora Claúdia Moreira, afinal, esse documento é um pedacinho de tudo que essa mulher pode e transferir de conhecimento ao longo de um semestre. Espero poder te ajudar de alguma forma no decorrer dessas páginas. Faça bom proveito, foi tudo feito com muito carinho. Não esqueça de sempre olhar as referências e os documentos ao final da apostila. Carina Dionísio -RESUMOS 5 Introdução à Farmacologia Conceitos Farmacologia: do grego, pharmacon (droga), e logos (ciência) → é a ciência que estuda como as substâncias químicas reagem com os organismos vivos. Ciência que estuda a interação entre as substâncias químicas com os sistemas biológicos (organismo). Abrange as propriedades físicas e químicas, efeitos bioquímicos e fisiológicos, mecanismo de ação, absorção, distribuição, biotransformação, excreção e uso terapêutico dos fármacos. Farmacocinética Estudo do destino dos fármacos no organismo após sua administração. Absorção, distribuição, metabolismo e eliminação. Aquilo que o organismo vai fazer com o fármaco. Farmacodinâmica Estudo das ações farmacológicas (eficácia dos medicamentos e ao surgimento de reações adversas) e efeitos (decorrem primordialmente da ação farmacológica) de fármacos e seus mecanismos de ação no organismo. Aquilo que o fármaco vai fazer com o organismo Eficácia: Deve trazer o resultado esperado. Se mede com trabalhos científicos (ensaio clínico). Efetividade: Uso prático; a ação não é a mesma em todos os organismos. FÁRMACO (pharmacon = remédio): substância química conhecida com propriedade farmacológica. Estrutura química conhecida; propriedade de modificar uma função fisiológica já existente. Não cria função. Princípio ativo (paracetamol). MEDICAMENTO: produto farmacêutico com finalidade profilática, curativa e para fins diagnósticos. Substância química que passou por um processo de produção/ indústria farmacêutica. REMÉDIO: substância ou procedimento utilizado para alívio de sinais e sintomas. Ex: repouso, fisioterapia, psicoterapia, acupuntura; fé ou crença. DROGA (drug = remédio, medicamento, droga): substância que modifica a função fisiológica com ou sem intenção benéfica. Princípio Ativo: substância química principal responsável pela ação farmacológica, terapêutica do medicamento. Pode ter mais que um no medicamento. BIODISPONIBILIDADE: Porcentagem do medicamento que chega ao seu local de ação, ou a um líquido biológico a partir da quantidade administrada. Carina Dionísio -RESUMOS 6 BIOEQUIVALÊNCIA: dois medicamentos que possuem o mesmo princípio ativo sendo idênticos em potência ou concentração, apresentação e via de administração com biodisponibilidades iguais. Equivalência biológica in vivo de duas preparações diferentes de um medicamento. Medicamentos: referência, similar e genérico. MEDICAMENTO REFERÊNCIA: medicamento inovador que possui marca registrada (ANVISA). Aquele que surgiu primeiro, possui patência. MEDICAMENTO GENÉRICO: cópia do medicamento de referência. Não possui nome comercial, apenas o nome do princípio ativo Medicamento Genérico (Lei 9.787/99). Sempre que o médico quiser aquele medicamento específico, escrever na receita ‘’não cambiável’’, se não o paciente pode trocar por um genérico. MEDICAMENTO SIMILAR: identificados por nome de marca. Reação Adversa ao Medicamento ❖ É qualquer resposta a um medicamento que seja prejudicial, não intencional, e que ocorra nas doses normalmente utilizadas em seres humanos para profilaxia, diagnóstico e tratamento de doenças, ou para a modificação de uma função fisiológica. ❖ Reações adversas: “qualquer resposta prejudicial ou indesejável, não intencional, a um medicamento, a qual se manifesta após a administração de doses normalmente utilizadas no homem para profilaxia, diagnóstico ou tratamento de doença.” (OMS) ❖ Denomina-se efeito colateral como um efeito diferente daquele considerado como principal por um fármaco. Como exemplo podem ser citados a amnésia temporária causada por sedativos e a sonolência em anti-histamínicos, que podem ser benéficos ou adversos dependendo da situação. Janela terapêutica ❖ Faixa de concentração entre a dose máxima eficaz e a dose mínima eficaz. Carina Dionísio -RESUMOS 7 Interação Medicamentosa ❖ Relação entre o medicamento e uma substância ou patologia, medicamento, nutriente, alimento, patologia • Sinergismo x Antagonismo ❖ Interação entre medicamento-medicamento ❖ Medicamento-alimento ❖ Medicamento- drogas (ex: álcool) Carina Dionísio -RESUMOS 8 Vias de administração Local de acesso pelo qual o fármaco ou medicamento entra em contato com as estruturas do organismo. ENTERAL Passam pelo sistema digestório quando administradas. EXEMPLOS: oral,sublingual, retal, bucal, dental, retal. PARENTERAL Não interagem com o sistema digestório. Vão direto para a circulação sanguínea. EXEMPLOS: intramuscular, intravenosa, intra- articular, subcutânea, inalatória, transdérmica, tópica. Direta: intravenosa, intramuscular, subcutânea, intradérmica. Indireta: cutânea, respiratória, intracanal, ocular. Medicamentos de uso interno: todo medicamento que é deglutido. Medicamento de uso externo: todos os demais. Soluções injetáveis, colutórios, colírios. Carina Dionísio -RESUMOS 9 Formas farmacêuticas Estado final de apresentação que os princípios ativos farmacêuticos possuem após uma ou mais operações farmacêuticas executadas com a adição de excipientes apropriados ou sem a adição de excipientes, a fim de facilitar a sua utilização e obter o efeito terapêutico desejado, com características apropriadas a uma determinada via de administração. Para que servem? As formas farmacêuticas servem para proteger o fármaco; facilitar a administração; adequar a via de administração; Melhorar a velocidade e a extensão de ação Sólidas Pós, granulados e cápsulas: ❖ Proteger o princípio ativo - oxidação (luz, umidade) ❖ Mascarar gosto ou odor ❖ Proteção gástrica Comprimidos e Pastilhas: ❖ Comprimidos não revestidos; ❖ Comprimidos revestidos: ❖ Mascarar odor, sabor, proteger da luz, ar ou umidade. ❖ Comprimidos gastrorresistentes; ❖ Comprimidos de liberação prolongada ❖ Comprimidos de liberação modificada Drágeas São comprimidos revestidos com camadas constituídas por misturas de substâncias diversas, como resinas, naturais ou sintéticas, gomas, gelatinas, materiais inativos e insolúveis, açúcares, plastificantes, polióis, ceras, corantes. Pastilhas É a forma farmacêutica sólida que contém um ou mais princípios ativos, usualmente, em uma base adocicada e com sabor. É utilizada para dissolução, ou desintegração lenta na boca. Semissólidas Pomadas; Cremes; Emulsões; Pastas; Géis; Supositórios. Pomada: é a forma farmacêutica semissólida, para aplicação na pele ou em membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou mais princípios ativos em baixas proporções em uma base adequada usualmente não aquosa. Carina Dionísio -RESUMOS 10 Cremes: é a forma farmacêutica semissólida que consiste em uma emulsão, formada por uma fase lipofílica e uma fase hidrofílica. Contém um ou mais princípios ativos dissolvidos ou dispersos em uma base apropriada e é utilizada, normalmente, para aplicação externa na pele ou nas membranas mucosas. Géis: é a forma farmacêutica semissólida de um ou mais princípios ativos que contém um agente gelificante para fornecer firmeza a uma solução ou dispersão coloidal (um sistema no qual partículas de dimensão coloidal – tipicamente entre 1 nm e 1 mm – são distribuídas uniformemente através do líquido). Um gel pode conter partículas suspensas Líquidas Soluções; Xaropes; Suspensões; Emulsões; Soluções injetáveis - esterilidade; suspensões. Soluções - sólido ou 1 líquido + 1 solvente: é a forma farmacêutica líquida; límpida e homogênea, que contém um ou mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado ou numa mistura de solventes miscíveis Xaropes- É a forma farmacêutica aquosa caracterizada pela alta viscosidade, que apresenta não menos que 45% (p/p) de sacarose ou outros açúcares na sua composição. Os xaropes geralmente contêm agentes flavorizantes. Elixires (teor alcoólico na faixa de 20% a 50%): é um preparado farmacêutico com um ingrediente ativo que é dissolvido numa solução que contenha alguma porcentagem de álcool etílico Colutórios (ex.: enxaguante bucal): medicamentos que agem diretamente na gengiva e na mucosa bucal Emulsão (líquido disperso em líquido): É a forma farmacêutica líquida de um ou mais princípios ativos que consiste de um sistema de duas fases que envolvem pelo menos dois líquidos imiscíveis e na qual um líquido é disperso na forma de pequenas gotas (fase interna ou dispersa) através de outro líquido (fase externa ou contínua). Suspensão (sólido disperso em líquido): é a forma farmacêutica líquida que contém partículas sólidas dispersas em um veículo líquido, no qual as partículas não são solúveis. Escolha da forma farmacêutica e da via de administração A escolha do medicamento vai depender da(o): ❖ Característica do paciente (criança, idoso, inconsciente...) ❖ Característica da doença ❖ Característica do fármaco (bem absorvido, muito metabolizado...) ❖ Mecanismo e local de ação ❖ A escolha da forma farmacêutica adequada e da via de administração são fundamentais para o sucesso da terapia. Carina Dionísio -RESUMOS 11 Farmacocinética: distribuição, metabolismo e excreção. Embora didaticamente se faça uma divisão dos processos farmacocinéticos, eles ocorrem simultaneamente. Absorção “TRANSFERÊNCIA DO FÁRMACO DESDE SEU LOCAL DE APLICAÇÃO ATÉ A CORRENTE CIRCULATÓRIA” (Wannmacher,2207) A entrada dos fármacos no organismo, seus deslocamentos pelos tecidos e sua eliminação pressupõem a passagem através da membrana celular. TAMANHO DA MOLÉCULA: quanto menor for o tamanho da molécula, mais facilmente a droga atravessará a membrana plasmática. Distribuição O fármaco penetra na circulação sistêmica. 1. TECIDOS SUSCETÍVEIS: sofrem a ação farmacológica. 2. TECIDOS ATIVOS: metabolizam o fármaco. 3. TECIDOS INDIFERENTES: reservatório temporário. 4. TECIDOS EMUNCTÓRIOS: excreção do fármaco. FAMACOPEXIA: afinidade do fármaco por um tecido. A distribuição do fármaco nos tecidos depende do fluxo sanguíneo tecidual; das propriedades físico químicas do fármaco e da ligação às proteínas plasmáticas. Tecidos altamente perfundidos: cérebro, coração, rins, fígado e pulmão. Tecidos com baixa perfusão: tecido adiposo, pele, músculo estriado. Carina Dionísio -RESUMOS 12 Ligação às proteínas plasmáticas ❖ Os fármacos no plasma permanecem parcialmente na forma livre. ❖ Parte se liga às proteínas plasmáticas ❖ O fármaco livre sai do meio intravascular para exercer sua ação farmacológica ❖ Ligação fármaco proteína é reversível ❖ Condição de equilíbrio entre a fração livre e a ligada às proteínas FÁRMACO TRANSPORTADO NO SANGUE PODE SE ENCONTRAR NA FORMA LIVRE SENDO FARMACOLOGICAMENTE ATIVO; QUANDO LIGADO AS PROTEÍNAS PLAMÁSTICAS É FARMACOLOGICAMENTE INATIVO E NÃO SAI DA CORRENTE SANGUÍNEA SEM ANTES SE “DESLIGAR” Compartimentos especiais: barreira hematoencefálica e barreira placentária Biotransformação Reações químicas que convertem um fármaco em um composto diferente do originalmente administrado. Ocorre principalmente no fígado, mas também ocorre nos rins, pulmões, trato gastrointestinal e sangue. PRÓ FÁRMACO: codeína > morfina Excreção Processo farmacocinético que resulta na remoção da droga e de seus metabólitos no organismo. MEIA VIDA DE ELIMINAÇÃO: tempo gasto para que a concentração plasmática original de uma droga no organismo se reduza à metade. Carina Dionísio -RESUMOS 13 Farmacodinâmica É a parte da farmacologia que estuda as ações e efeitos dos fármacos no organismo. Ações: alterações bioquímicas ou fisiológicas que modificam as funções celulares. Local onde o fármaco age. Efeitos: Resultado dessa ação Interação fármaco receptor O estudo da farmacodinâmica baseia-se no conceito da ligação fármaco receptor. Mecanismos de ação Atividade pela qual o fármaco desencadeia eventos que culminam com um efeito biológico. Interação fármaco (ligante) - receptor A partir dessa ligação ocorrem reações químicas e transformações celulares causando os efeitos. MECANISMOS DE AÇÃO ESPECÍFICO O fármaco interage, de forma específica, com macromoléculas, como por exemplo: • Proteínas transportadoras • Ácidos nucleicos • Enzimas • Receptores farmacológicos acoplados à proteína G (alfa e beta receptores acoplados a proteína G).Embora a maior parte dos efeitos seja derivada da ligação entre fármaco (ligante)- receptor, existem os que ocorrem de forma inespecífica, sem a participação de uma estrutura celular diferenciada (receptor). Exemplo: laxantes (gradiente osmótico), clorexidina MECANISMOS DE AÇÃO INESPECÍFICO O fármaco exerce ação sobre moléculas muito pequenas ou até mesmo íons. (Exemplo: clorexidina não se liga com um receptor específico, o que ocorre é uma desnaturação da célula bacteriana) Suas propriedades são as seguintes: • Caracterizados por interagir com moléculas simples ou íons (antiácidos) • Realizam alteração da pressão osmótica; • Realizam alteração da tensão superficial; • Apresentam alto grau de lipossolubilidade (anestésicos gerais: clorofórmio e éter etílico) Carina Dionísio -RESUMOS 14 Intensidade do efeito Depois de estabelecida a ligação do fármaco e seu receptor, a intensidade é dada de maneira proporcional ao contexto fármaco receptor atendendo a certas exigências. Isso quer dizer que, quanto maior for o número de moléculas ligadas aos seus receptores, mais intenso será o efeito gerado por essa interação. Receptores • Canais iônicos dependentes de ligantes • Receptores acoplados a proteína G • Receptores ligados a enzimas • Receptores intracelulares CONCEITOS IMPORTANTES AFINIDADE: capacidade do ligante de estabelecer a ligação com o receptor (especificidade). Combinação/ligação. ATIVIDADE INTRÍNSECA: Capacidade de uma substância de realmente ativar o receptor. Para que ocorra o efeito, o ligante deve ter afinidade para se ligar ao receptor e atividade intrínseca para ativá-lo. Classificação dos fármacos quanto ao efeito ATIVIDADE INTRÍNSECA: consiste no conjunto de efeitos que foram desencadeados a partir da interação do fármaco com seu sítio de ação. Duas propriedades para a ação de uma droga são a afinidade e a própria atividade intrínseca (capacidade da droga em produzir um efeito farmacológico quando ligada ao seu receptor). Medicamentos que ativam receptores (AGONISTAS) possuem as duas propriedades: devem ligar-se efetivamente (ter afinidade) aos seus receptores; e o complexo droga receptor deve ser capaz de produzir uma resposta no sistema alvo (ter atividade intrínseca). As drogas que bloqueiam receptores (ANTAGONISTAS) ligam-se efetivamente (têm afinidade com os receptores), mas têm pouca ou nenhuma atividade intrínseca – sua função consiste em impedir a interação das moléculas agonistas com seus receptores. AGONISTAS Substâncias que se ligam aos receptores e provocam efeitos (total ou parcial). Possuem grande afinidade ao seu receptor e, ao se ligar a este, exercem uma consequência: desencadeia uma cascata de eventos (atividade intrínseca) que promove uma determinada ação. • Agonista total: desencadeia um efeito máximo, ocupando um número máximo de receptores. Impede também que os receptores ativos se tornem inativos. Se liga ao receptor e obtém 100% do efeito. (ALTA ATIVIDADE INTRÍNSECA + ALTA AFINIDADE) Carina Dionísio -RESUMOS 15 • Agonista parcial: desencadeia um efeito parcial, uma vez que tem afinidade tanto por receptores ativos quanto inativos. (BAIXA ATIVIDADE INTRÍNSECA + ALTA AFINIDADE) • Agonista inverso: tem afinidade apenas por receptores inativos, sem desencadear por tanto um efeito biológico (atividade intrínseca). É diferente do antagonista, uma vez que o antagonista é empregado com o objetivo de bloquear uma atividade intrínseca, enquanto o agonista inverso não realiza o efeito por falta de competência ou afinidade por seus receptores. ANTAGONISTAS Substâncias que se ligam a um receptor, mas não induzem a nenhum efeito. Apesar de apresentarem afinidade com seu receptor, estes fármacos não têm a capacidade de desencadear uma resposta intrínseca a partir do seu sítio de ação. O seu objetivo, na verdade, é impedir a própria atividade intrínseca. • Antagonista competitivo: há uma competição entre agonista e antagonista pelo receptor. Se os dois estiverem na mesma concentração, o antagonista vence, pois tem mais afinidade ao receptor. • Antagonista irreversível: faz uma ligação covalente que não desliga mais. Não adianta aumentar a concentração do antagonista. O antagonista liga-se ao receptor irreversivelmente ou a um sítio alostérico. • Alostérico: ocorre uma mudança conformacional do receptor. Quando há a ligação em um, muda a conformação do outro e ele é desativado. • Fisiológico: dois fármacos em dois receptores diferentes provocando reações antagônicas. Ex: adrenalina e acetilcolina (receptor b1 SE LIGA A ADRENALINA E AUMENTA A FC); receptor m2 (se liga a acetilcolina e abaixa a FC). • Químico: duas substâncias reagem e fazem com que a terceira não consiga se ligar ao receptor. (tetraciclina + leite: duas substâncias se unem formando um produto que não gera efeito). • Farmacocinético: um fármaco altera a farmacocinética do outro. (Antibiótico + anticoncepcional oral: altera as bactérias do intestino e impede que o anticoncepcional seja absorvido de forma adequada). Agonista inverso: tem afinidade apenas por receptores inativos, sem desencadear por tanto um efeito biológico (atividade intrínseca). É diferente do antagonista, uma vez que o antagonista é empregado com o objetivo de bloquear uma atividade intrínseca, enquanto o agonista inverso não realiza o efeito por falta de competência ou afinidade por seus receptores Transdução de sinais Os agonistas atuam como sinais, e os receptores como detectores de sinais. Relação dose resposta Quanto menor o número de receptores necessários, mais eficaz será o agonista. Carina Dionísio -RESUMOS 16 O aumento da dose pode provocar aumento do efeito, até que se atinja o máximo (EFEITO PLATÔ). Alguns medicamentos não possuem dose máxima, enquanto outros possuem. (Por exemplo a dipirona. O efeito máximo dela se dá em 800mg a 1g, acima disso, tem se o efeito platô, em que não irá trazer benefício maior e pode causar efeitos adversos. • O aumento da dose pode provocar aumento do efeito. Entretanto, induzir efeitos indesejáveis!!! • À medida que aumenta a dose de um agonista, o risco de efeitos indesejáveis também aumenta. Carina Dionísio -RESUMOS 17 Dor e analgésicos Dor ❖ A dor é uma experiência sensorial e emocional desagradável, associada ao dano tecidual real ou potencial, ou escrita em termos de tais danos. (IASP) ❖ É um sinal característico dos mecanismos normais de proteção do organismo contra o dano tecidual. ❖ A dor é subjetiva. Cada indivíduo aprende a utilizar este termo através de suas experiências. Visão do paciente: ALGUNS PROCEDIMENTOS REALIZADOS PELO DENTISTA PODEM OCASIONAR DOR!!! Por isso, a importância de compreendermos o mecanismo da dor e saber como realizar a analgesia de forma correta!!! Quem vai classificar a intensidade da dor é o paciente. Fisiopatologia da dor ❖ NOCICEPÇÃO: sinais que chegam ao sistema nervoso central pela ativação dos receptores sensoriais especializados, percepção dos estímulos nocivos. ❖ TRANSDUÇÃO: o impulso doloroso é recebido pelos nociceptores e transformado em potencial de ação. ❖ TRANSMISSÃO: o impulso é conduzido até a coluna anterior da medula espinhal. ❖ MODULAÇÃO: o impulso é modulado antes de chegar a níveis superiores do SNC. ❖ PERCEPÇÃO: o impulso é empregado e percebido como dor. Nociceptores A deltas: axônios mielinizados; transmitem a informação de forma mais rápida. C: axônios não mielinizados; transmitem a informação de forma mais lenta. Classificação da dor • AGUDA: curta duração, causada por processos identificáveis e responde a analgésicos de ação rápida. Importante para sobrevivência!!! • CRÔNICA: etiologia menos conhecida; tendência a prevalecer mesmo depois da cura da lesão. • LOCALIZADA: se restringe a uma região específica do corpo. • DIFUSA: não se restringe a uma região específica. • NOCICEPTIVA:é resultado da ativação mecânica, térmica ou química de receptores aferentes nociceptivos e pode ser classificada como sendo de origem somática ou visceral. Dores relacionadas as terminações livres; é necessário um estímulo. Carina Dionísio -RESUMOS 18 • NEUROPÁTICA: é aquela associada a distúrbios do sistema nervoso central, composto por nervos periféricos, medula espinhal e pelo cérebro. Não precisa de um estímulo; independe de terminações nervosas. Ex: neuralgia do trigêmeo; fibromialgia. Escalas de dor É importante fazer o uso das escalas no dia a dia clínico, de forma que facilite o atendimento do paciente. Escala de faces deve ser usada principalmente na pediatria para que a própria criança mostre o nível da sua dor. PRINCÍPIOS GERAIS NO TRATAMENTO DA DOR ❖ Identificar a origem da dor, bem como sua intensidade; ❖ Se possível, eliminar a dor retirando a causa ❖ Iniciar com analgésicos menos potentes e com menores efeitos adversos; ❖ Não postergar o uso de analgésicos potentes em quadros sabidamente intensos; ❖ Utilizar esquemas de administração apropriados; ❖ Não empregar analgésicos na base de “se necessário” em situações comprovadamente dolorosas; ❖ Monitorar efeitos adversos Tipos de analgesia PREEMPTIVA: antes do estímulo nocivo. (Corticoide ou um antibiótico) PREVENTIVA: imediatamente após a lesão tecidual, antes da sensação dolorosa. (Voltarem após a extração de terceiro molar) PERIOPERATÓRIA: antes da lesão tecidual, mantida após o período pós operatório. Carina Dionísio -RESUMOS 19 Analgésicos Podem ser classificados em dois grandes grupos (opioides e não opioides) ou em 4 grandes grupos (não opioides, opioides, AINE, AIE). Qual classe usar? • DOR LEVE: não opioides (dipirona e paracetamol). • DOR LEVE A MODERADA: AINE’s e AIE’s. • DOR SEVERA: opioides. DIPIRONA (PIRAZOLONA) • Efeito: antipirético e analgésico • Dor leve • Deve ser evitado o seu uso nos 3 primeiros e 3 últimos meses na gravidez (devido ao ducto arterial, canal arterial indispensável a vida do feto). • DOSE USUAL: 500 mg a 1 g a cada 4h ou a cada 6h • Contra Indicação: porfiria hepática aguda/ gravidez e lactação/deficiência congênita G6PD • Precauções: agranulocitose • Interação Medicamentosa: AAS (cardioproteção). Maléfica a interação. PARACETAMOL (ACETAMINOFENO) • Efeito: antipirético e analgésico. • Dor leve • Dose usual: 500 mg: 1 a 2 comprimidos, 3 a 4 vezes ao dia; 750 mg: 1 comprimido, 3 a 5 vezes ao dia. • DOSE MÁXIMA: 4000 mg (3,25g) (8 comprimidos 500mg ou 5 comprimidos de 750 mg) • CI: doença grave do fígado (cirrose)/ insuficiência renal crônica • IM: Varfarina/ Álcool/Eritromicina Carina Dionísio -RESUMOS 20 Anti inflamatórios não esteroidais O que é inflamação? É uma resposta fisiológica a uma variedade de estímulos, como infecções e danos teciduais; Para que serve? Proteger o organismo contra infecções ao eliminar patógenos e reparar os tecidos após eventuais danos. ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO- ESTEROIDAIS Fármacos que apresentam propriedades analgésicas, antipiréticas e anti-inflamatórias usados no tratamento dos sintomas da inflamação. Sinais cardinais da inflamação • RUBOR E CALOR: vasodilatação da microcirculação na área lesada • TUMOR permeabilidade vascular • DOR: liberação de mediadores químicos • PERDA DA FUNÇÃO: associada a lesão tissular por radicais livres, p.ex. Manifestações do processo inflamatório Alterações hemodinâmicas; alterações na permeabilidade vascular; eventos leucocitários REAÇÃO INFLAMATÓRIA Fase aguda: curta duração; dilatação de vasos; aumento da permeabilidade vascular, exsudação de fluidos e proteínas plasmáticas; migração de leucócitos (neutrófilos) Fase crônica: longa duração; presença de linfócitos e macrófagos; proliferação de vasos e tecido conjuntivo RECRUTAMENTO DAS CÉLULAS INFLAMATÓRIAS ENVOLVE TAMBÉM: ❖ Participação de citocinas: ❖ IL-1 e FNT: ❖ Febre, sono, anorexia; ativação de leucócitos, aumento da expressão de moléculas de adesão; ativação de linfócitos B e T; células exterminadoras naturais; produção de outras citocinas e... INDUÇÃO DE ENZIMAS CICLOOXIGENASES AINES Mecanismo de ação: inibição da COX impedindo a síntese de prostaglandinas e diminuindo os sintomas da inflamação. COX 1: fisiológica ou constitutiva (existe independente da inflamação); encontrada na mucosa duodenal ou nas plaquetas. COX 2: inflamatória ou indutiva (fisiológica apenas em 3 locais, rins, SNC e endotélio) EFEITOS BIOLÓGICOS DOS METABÓLITOS DO A.A PGF2: broncoconstrição e contração uterina PGI2: vasodilatação, inibe a agregação plaquetária, citoproteção gástrica e hiperalgesia PGE2: vasodilatação, citoproteção gástrica, mediador da febre e hiperalgesia PGD2: vasodilatação e broncoespasmo TXA2: agregação plaquetária; vasoconstrição LTB4: quimiotaxia (neutrófilo e macrófago) LTC4; LTD4; LTE4: broncoespasmo; aumento da permeabilidade vascular PAF: vasodilatação; aumento da permeabilidade vascular; quimiotáxico para leucócitos; ativa e agrega plaquetas Carina Dionísio – RESUMOS 21 Estratégia terapêutica • Alívio da dor; • Retardar ou interromper o processo responsável pela lesão tecidual AINE NÃO SELETIVO: bloqueio da COX 1 e da COX 2. AINES tradicionais. INIBIDORES ESPECÍFICOS DA COX-2: bloqueio apenas da COX. Coxibes. POR QUE AS PROSTRAGLANDINAS PODEM CAUSAR DOR? Elas diminuem o limiar de dor, permitem uma maior sensibilização dos nociceptores. Mecanismos de ação 1. GASTROINTESTINAIS: • Principal efeito adverso da utilização crônica de MAINE • Provocado, principalmente, pela Inibição de COX 1 – inibição de PGI2 e PGE2 (responsáveis pela citoproteção) 2. CARDIOVASCULARES: • Inibem produção de PGI2 sem inibição de TXA2 plaquetário • Acomete pacientes que apresentam risco de trombose 3. RENAIS E NEFROPATIA: • Reduzem fluxo sanguíneo renal e taxa de filtração glomerular em pacientes com insuficiência cardíaca congestiva, cirrose hepática com ascite, doença renal crônica e hipovolemia • Retenção de sal e água (edema) 4. GRAVIDEZ E LACTAÇÃO: • Contraindicado o uso próximo ao término da gestação • Prolongamento da gestação • Hemorragia pós-parto com ácido acetil salicílico 5. HIPERSENSIBILIDADE: • Observado com ácido acetilsalicílico • Respostas cruzadas com outros AINES • Caráter não imunológico Farmacocinética • Absorção rápida e completa no TGI • A maioria é ligada a proteínas plasmáticas (95 a 99%) • Metabolismo é hepático • Excreção renal Carina Dionísio – RESUMOS 22 SALICILATOS: Ácido salicílico, ácido acetilsalicílico, metilsalicilato, difunisal, salicilato, osalazine, sulfasalazina ÁCIDO ACETILSALICÍLICO - ASPIRINA® • Relativamente seletivo para cox-1 • Inibição da síntese de PGs • bloqueio irreversível da COX EFEITOS FARMACOLÓGICOS ANTIINFLAMATÓRIO - interfere na biossíntese de PGS ANALGÉSICO - grande eficácia para reduzir dor de baixa e média intensidade ANTIPIRÉTICO - reduz a temperatura de forma rápida e eficaz EFEITOS COLATERAIS Distúrbios Gastrointestinais: PGI2 e PGE2 são protetoras da mucosa gástrica Bloqueio da agregação plaquetária: inibição da síntese de TXA2 • reações de hipersensibilidade DERIVADOS DO ÁC. FENILACÉTICO DICLOFENACO SÓDICO - VOLTAREN® • Derivado do ácido fenilacético • Ação analgésica, anti-inflamatória e antipirética • Equipotente para COX-1 E COX-2 • Potência maior do que a da indometacina e do naproxeno e acumula-se no líquido sinovial, aumentando o efeito terapêutico INDICAÇÃO longo prazo: art. Reumatoide; - osteoartrite curto prazo: lesões agudas na musculatura esquelética POSOLOGIA Artrite reumatoide (50-75mg/ 4x dia) osteoartrite - 50mg/ 3x dia EF. COLATERAIS: TGI (altera trans.hepáticas) t 1/2 PLASM.: 1 - 2h DERIVADOS DOPARAMINOFENOL Paracetamol ou Acetaminofeno Mecanismo de ação • Fraco inibidor da COX periférica • Inibidor seletivo COX-3? • Ação diminuida pelos hidroperóxidos – leucócitos Propriedades farmacológicas • Analgesia e antipirese (efeito central via COX-3?) • Pouco efeito anti-inflamatório • Analgésico e antitérmico mais usado nos EUA Propriedades farmacocinéticas • É bem absorvido quando dado oralmente • Conc máximas no plasma - 30 a 60 min • t1/2 - 2-4 hs • 20 a 50% - ligada a proteínas • Inativado no fígado- doses terapêuticas – Conjugados (gliconurídeos ou sulfato) Efeitos adversos Doses terapêuticas - poucos efeitos - reações cutâneas alérgicas Intoxicação aguda - náuseas, vômitos, anorexia, dor abdominal Doses tóxicas: hepatotoxicidade grave - metabólito tóxico Indicações • alívio da dor leve a moderada (cefaléia, mialgia, dor pós parto...) • Febre (pode ser administrada em crianças viróticas) • Pacientes alérgicos a aspirina • Pode ser usada em indivíduos com distúrbios da • coagulação • Pode ser usada em indivíduos com história de úlcera DROGAS DO TIPO FENAMATO ÁC. MEFENÂMICO- PONSTAN® MECLOFENAMATO SÓDICO Ação anti-inflamatória., analgésicas e antipiréticas Uso terapêutico: - ÁC. MEFENÂMICO - dismenorréia - MECLOFENAMATO - art. reumatoide efeitos colaterais muito frequentes - TGI Carina Dionísio – RESUMOS 23 DERIVADOS DO ÁCIDO PROPIÔNICO IBUPROFENO - ADVIL® NAPROXENO - NAPROSYN® • Ibuprofeno - menos seletivo para COX-1 • Naproxeno - equipotente para COX-1 e 2 • Ação anti-inflamatória analgésica e antipirética • efeito colateral que AAS, Diclofenaco – TGI • Uso Terapêutico: - Artrite Reumatoide • Osteoartrite • Tendinite aguda • Dismenorreia Aspectos Farmacocinéticos: IBUPROFENO (t 1/2 plasm.: 2h) NAPROXENO (t 1/2 plasm.: 14h) POSOLOGIA: IBUPROFENO - A.Reumat. - 600 mg/ 4xdia NAPROXENO - A.Reumat. - 500 mg/2x dia DERIVADOS DE ÁCIDOS ENÓLICOS PIROXICAM - FELDENE® MELOXICAM - MOVATEC® Inibidor competitivo da COX - (relativamente seletivo para COX-1) - inibe a ativação dos neutrófilos Inibidor específico da COX 2 uso terapêutico: - artrite reumatoide, gota, dismenorreia DERIVADOS DA PIRAZOLONA Fenilbutazona, oxifenilbutazona, antipirina, aminopirina e dipirona Mecanismo de ação • Inibição competitiva reversível rápida da COX Propriedades farmacológicas • Anti-inflamatório • Analgésicos e antipirético • Efeitos adversos • Náuseas e vômitos, desconforto gastrointestinal úlceras, hemorragias e perfurações • Hepatites, estomatites ulcerosas, nefrites • Anemia aplasica, leucopenia, agranulocitose e trompocitopenia (↓ plaquetas) • Reações cutâneas • Retenção de líquido e edema Dipirona ou Metamizol Sódico • Analgésico e antitérmico potente • Fraco anti-inflamatório • Inibe IL-8 (pirógeno endógeno não dependente de PGs) • Inibidor COX-1 e COX-3? (efeitos periféricos e • centrais) • Associado ao surgimento de agranulocitose e aplasia medular (pesquisa mal conduzida) • Proibida em vários países (EUA e Europa) • Altamente prescrita no Brasil NIMESULIDA nisulid® • Mais seletivo para COX-2 • Ação antiinflamatória, antipirética e analgésica • Melhor tolerabilidade Uso terapêutico: - dismenorréia • Inflamação urológica • Posologia: 100mg / 2x dia via oral CELECOXIBE CELECOXIBE - CELEBRA® • inibidores mais seletivos para COX-2 • anti-inflamatório e analgésico • efeitos colaterais mais leves Uso terapêutico: osteoartrite; dor (quadro pós cirúrgico) Carina Dionísio – RESUMOS 24 Coxibes/anti inflamatórios seletivos COX 2 • AINES seletivos para a COX 2 • O endotélio é rico em COX 2 (PRODUZ A PROSTRACICLINA PG1 – INIBIDORA DA COAGULAÇÃO) • As plaquetas são ricas em COX 1 – PRODUZEM AS PROSTRAGLANDINAS E O TROMBOXANO A2- induz a coagulação) • A inibição do endotélio aliada a indução de tromboxano A2 pode ser causa para eventos trombóticos. • Os coxibes são prescritos em receita carbonada. Uma fica retida na farmácia. CELOCOXIBE/CELEBRA Carina Dionísio – RESUMOS 25 Anti inflamatórios esteroidais • São hormônios sintéticos que mimetizam as ações do cortisol endógeno; • São os anti-inflamatórios mais eficazes que existem; • Entretanto há riscos de potenciais efeitos adversos (que dependem da dose e duração do tratamento). • As glândulas adrenais são responsáveis pela liberação dos esteroides hormonais; • A adrenal ela apresenta em sua estrutura uma capsula fibrosa que a reveste e 2 regiões produtoras de hormônio: o córtex e a medula adrenal (região mais interna); O córtex é responsável pela produção e liberação da maior parte dos hormônios adrenais. O córtex ele também apresenta regiões diferenciadas, sendo cada uma delas responsável pela liberação de um hormônio REGIÃO GLOMERULOSA: produz aldosterona (mineralocorticoide) responsável por regular os níveis de sódio e potássio no nosso organismo ZONA FASCICULADA: produz cortisona, cortisol, corticosterona (glicocorticoides) ZONA RETICULAR: hormônios sexuais (andrógenos adrenais). REGIÃO MEDULAR: catecolaminas (epinefrina e norepinefrina). Todos esses hormônios são produzidos pelo córtex da adrenal a partir do mesmo precursor: o colesterol. CORTICOSTEROIDES CÓRTEX ADRENAL MINERALOCORTICOIDES: regulam o balanço hídrico e eletrolítico. O principal é a aldosterona. GLICOCORTICOIDES: mais comumente usados graças as suas propriedades anti inflamatórias. O principal é o cortisol/hidrocortisona. Carina Dionísio – RESUMOS 26 GLICOCORTICOIDES Os fármacos mais utilizados são Hidrocortisona, Prednisolona e Dexametasona EFEITOS METABÓLICOS E SISTÊMICOS GERAIS Metabolismo de carboidratos: redução na captação e utilização de glicose; aumento da gliconeogênese causando hiperglicemia – um dos efeitos adversos quando em uso prolongado) Metabolismo de proteínas: aumento do catabolismo e redução do anabolismo; diminuição da síntese de proteínas e aumento da quebra dessas, particularmente no músculo; ainda pode alterar o efeito regulatório em nossas reações endógenas de defesa. FARMACOCINÉTICA • Síntese e excreção reguladas pelo SNC. Maior parte metabolizado no fígado e excretado pelo rim. • Retroalimentação negativa: (secreção de ACTH) • Existe uma liberação basal de glicocorticóides: a concentração é alta pela manhã (8h) e baixa à noite (24 h); • Estímulos como estresse, infecção, lesão, excesso de calor ou frio aumentam a secreção de glicocorticóides. • Podem ser administrados por várias vias (oral, intramuscular, intravenosa e tópica) • Ligação às proteínas plasmáticas: globulinas de ligação aos glicocorticóides (CGB, ligam-se a hidrocortisona (77%)); albumina (liga-se a esteróides naturais e sintéticos); • Penetram nas células por difusão simples (lipofílicos); • Metabolizadas no fígado. FARMACODINÂMICA • Exercem efeitos relacionados ao metabolismo dos carboidratos, das proteínas e dos lipídeos; • Aumentam os níveis séricos de glicose; • Em quantidades supra fisiológicas provocam a redução da massa muscular • Reduzem as manifestações da inflamação (resulta de seus efeitos profundos na concentração, na distribuição e na função dos leucócitos periféricos; bem como de seus efeitos supressores nas citocinas e quimiocinas inflamatórias e em outros mediadores da inflamação) Glicocorticoides • Anti-inflamatório; antialérgico; imunossupressor; antiasmático MECANISMO DE LIBERAÇÃO Carina Dionísio - RESUMOS 27 CASCATA DA INFLAMAÇÃO Mecanismo de Ação dos Glicocorticoides ❖ Para ações anti-inflamatórias e imunossupressoras: ❖ Inibição da transcrição dos genes da COX-2 e citocinas ❖ Aumento na síntese de anexina-1 (lipocortina) que inibe a fosfolipase A2: ação anti-inflamatória ❖ Redução na inflamação crônica e nas reações auto-imunes; ❖ Diminuição da cicatrização edos aspectos protetores da resposta inflamatória. ❖ Os efeitos mais potentes de GC são por interação proteína- proteína com outros fatores de transcrição – INIBINDO-OS AÇÕES REGULADORAS DOS GLICOCORTICOIDES ❖ Nas áreas de inflamação aguda: redução do influxo e atividade dos leucócitos; ❖ Nas áreas de inflamação crônica: redução da atividade das células mononucleares, diminuição da proliferação de vasos sanguíneos e da fibrose, menor produção de colágeno pelos fibroblastos, reduzindo a cicatrização e reparo; ❖ Nas áreas linfóides: diminuição da expansão clonal de células T e B, diminuição da secreção de citocinas; ❖ Ossos: Redução da função dos osteoblastos e aumento da atividade dos osteoclastos, favorecendo a osteoporose. Diminuição da produção e ação das citocinas, incluindo interleucinas, fator de necrose tumoral (TNF); ❖ Diminuição na produção de prostanóides (expressão diminuída da COX-2, inibição da Fosfolipase A2 pela anexina); ❖ Produção diminuída de IgG; ❖ Redução da concentração plasmática dos componentes do complemento; ❖ Redução da liberação de histamina dos basófilos. USO TERAPÊUTICO NA ODONTOLOGIA Uso sistêmico: processos inflamatórios agudos; pós extração traumática (para reduzir edema); manifestações alérgicas graves Uso tópico: afecções da mucosa oral (aftas, ulcerações) AÇÃO DOS CORTICOSTEROIDES Carina Dionísio - RESUMOS 28 • USO SISTÊMICO AGUDO (duração inferior a 7 dias): qualquer representante pode ser administrado • USO SISTÊMICO DE MAIOR DURAÇÃO: mesmos representantes, mas tomando cuidado com os efeitos indesejáveis por uso prolongado • USO TÓPICO: Triancinolona (orabase) • USO INTRA-ARTICULAR: Betametasona e Dexametasona CORTICOSTEROIDES MANEJO ODONTOLÓGICO DE PACIENTES EM USO CRÔNICO DE CORTICOSTEROIDES ❖ Pacientes em uso de corticoides pelo menos há 30 dias devem ser considerados como tendo supressão do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal. ❖ A exposição a uma situação de estresse (cirurgia, dor, ansiedade) pode precipitar insuficiência adrenal aguda, caracterizada por hipotensão, náuseas, vômitos, cefaleia, ... ❖ Como o uso crônico de corticoides determina supressão imunológica, deve ser considerada a profilaxia antimicrobiana ante procedimentos cruentos. USO RACIONAL DE MEDICAMENTOS ❖ Escolha correta do medicamento ❖ Dose adequada ❖ Tempo certo ❖ Menor custo Carina Dionísio - RESUMOS 29 EFEITOS INDESEJÁVEIS ❖ Os efeitos indesejáveis são observados principalmente com o uso sistêmico prolongado como agentes anti-inflamatórios ou imunossupressores: ❖ supressão da resposta à infecção, deficiência na cicatrização de feridas; ❖ supressão da síntese de glicocorticóides endógenos; ❖ Síndrome de Cushing; ❖ Osteoporose, tendência a hiperglicemia; ❖ Em crianças: inibição do crescimento Clínica ❖ Exames a serem monitorados em pacientes em uso crônico de corticoide (ex: densitometria óssea, lipidograma, glicemia, PA...) ❖ Desmame em caso de uso sistêmico; ❖ Pulsoterapia com corticoide (administração de altas doses de corticoides via iv). Carina Dionísio - RESUMOS 30 Antimicrobianos ANTIMICROBIANOS: antibacterianos, antifúngicos e antivirais. ANTIBACTERIANOS: antibióticos. ANTIBIÓTICOS: são substâncias químicas, obtidas de microrganismos vivos ou de processos semissintéticos, que têm a propriedade de inibir o crescimento de microrganismos patogênicos e destruí-los. PROPRIEDADES DESEJÁVEIS ❖ Toxicidade seletiva: destruir o patógeno sem atacar o hospedeiro. ❖ Ser bactericida em vez de bacteriostático: Principalmente em hospedeiros imunocomprometidos; ❖ Não induzir resistência bacteriana; ❖ Espectro de ação Satisfatório; Classificação AÇÃO BIOLÓGICA Bacteriostático: inibe o crescimento bacteriano. (tetraciclinas, eritromicina, cloranfenicol, sulfonamidas) Bactericida: causa a lise da bactéria (penicilinas, cefalosporinas, aminoglicosídeos) NÃO SE DEVE FAZER A INTERAÇÃO MEDICAMENTOSA ENTRE UM ANTIBIÓTICO BACTERICIDA E UM BACTERIOSTÁTICO, UMA VEZ QUE O BACTERIOSTÁTICO INIBE A AÇÃO DO BACTERICIDA, DESFAVORECENDO O TRATAMENTO. ESPECTRO DE AÇÃO Amplo espectro: ativo contra gram positivas E gram negativas. Pequeno espectro de ação: ativo apenas contra gram positivas OU gram negativas. MECANISMO DE AÇÃO Carina Dionísio - RESUMOS 31 Atuam na síntese de parede celular Beta lactâmicos: são principalmente bactericidas (penicilinas, cefalosporinas, carbamapenêmicos, monobactâmicos) Glicopepitídeos (Vancomicina e Teicoplanina): uma alternativa para pacientes alérgicos a beta lactâmicos. Polimixinas (Colistina, polimixina B): bactericida; possui espectro de ação contra gram negativas. Atuam na síntese proteica Inibidores da transcrição RIFAMICINA-amplo espectro de ação (Gram-positivos e micobactérias); pouca toxicidade Atuam na síntese proteica Inibidores da tradução TETRACICLINAS ❖ Bacteriostático ❖ Ligação a sub-unidade 30S, inativando o sítio A ❖ Toxicidade baixa ❖ uso e abuso leva a ampla resistência ❖ Altamente tóxicas para humanos CLORANFENICOL ❖ Bacteriostático ❖ Boa distribuição tecidual mesmo no cérebro e fluidos cérebro-espinhais ❖ Toxicidade alta para humanos: uso clínico restrito=> tóxico para a medula óssea, hemocitopenia MACROLÍDEOS, LINCOSAMINAS E ESTREPTOGRAMINAS ❖ Bacteriostático para a maioria das bactérias/bactericida para alguns Gram-positivos. ❖ Utilizados contra infecções respiratórias. Ligação a subunidade 50S, impedindo a elongação do peptídeo ❖ Macrolídeos (eritromicina, espiramicina); lincosaminas (clindamicina e lincomicina); azalídeos (azitromicina) AMINOGLICOSÍDEOS ❖ Gentamicina, neomicina, kanamicina, amicacina e outros ❖ Bactericida ❖ Amplo espectro de ação ❖ Ativos contra bacilos Gram-negativos (principalmente enterobactérias) micobactérias, enterococos, P. aeruginosae estafilococos. Interferência na síntese dos ácidos nucleicos QUINOLONAS ❖ Inibição da duplicação do DNA ❖ Bactericida ❖ Fluoroquinolonas: boa atividade antibacteriana e boas propriedades farmacológicas ❖ Ativo contra Gram positivos e Gram-negativos METRONIDAZOL ❖ Bactericida ❖ Amplo espectro de ação: Anaeróbios, microaerófilos, protozoários TRIMETOPRIM E SULFONAMIDAS ❖ Amplo espectro de ação: Gram-negativos e Gram-positivos Carina Dionísio - RESUMOS 32 Mecanismos de resistência bacteriana Alteração de permeabilidade: principalmente em aminoglicosídeos, quinolonas. Envolve a diminuição da expressão de transportadores de membrana. Alteração do sítio alvo: todos os antibióticos estão sujeitos, principalmente beta-lactâmicos e interferentes da tradução. Principal causa de resistência no caso de mutações aleatórias Produção de enzimas: enzimas que degradam o antibiótico antes que este consiga agir. BETA- LACTAMASE, trimetoprim, quinolonas. Bomba de efluxo: mais raro. Depende de genes específicos, normalmente situados em plasmídeos. Ação biológica Espectro de ação Mecanismo de ação Amoxicilina A.B: bactericida E.A.: cocos e bacilos gram negativos M.A.: Cefalosporina (Profilaxia cirúrgica em ortognática; tratamento de infecções graves – cabeça e pescoço -; profilaxia para endocardite) A.B: bactericida E.A.: gram + M.A.: bloqueia a síntese de parede celular Eritromicina (tratamento de infecções bacterianas leves e moderadas em fase inicial; apenas como alternativa para pacientes alérgicos às penicilinas, mas nunca como primeira escolha. A.B: bacteriostático da família dos macrolídeos E.A.: bacteriostático para a maioria M.A.: interferem na síntese proteica (tradução da informação genética) Azitromicina (Antibiótico de escolha no tratamento de abcessos periapicais agudos, em pacientes com histórico de alergia às penicilinas) A.B:bacteriostática M.A.: inibe a síntese proteica, fixando-se a subunidade S Claritromicina A.B: bacteriostática; E.A.: bactérias gram + M.A.: inibe a síntese proteica, fixando-se a subunidade S Clindamicina1º opção para pacientes alérgicos a amoxicilina; 1º opção para pacientes alérgicos a amoxicilina no protocolo para endocardite bacteriana, segundo AHA,2017; A.B: Bacteriostático (Doses normais) e bactericida (Altas doses); E.A.: Efetiva contra cocos aeróbios Gram + e anaeróbios bucais; Atinge altos níveis ósseos; M.A.: inibe a síntese proteica Metronidazol A.B: bactericida E.A.: bacilos aeróbios e anaeróbios gram negativos M.A.: atuam na síntese de ácido nucleico. Radicais tóxicos atuam interrompendo a síntese de DNA da célula Carina Dionísio - RESUMOS 33 Quais as características para que um antibiótico fosse considerado ideal? ❖ Dever ter ação microbiana seletiva e potente ❖ Ser bactericida e não somente bacteriostático ❖ Não deve desenvolver resistência por parte dos microrganismos ❖ Não ser destruído por enzimas teciduais e/ou bacteriana ❖ Não deve perturbar as defesas orgânicas e nas doses utilizadas não causar danos aos hospedeiros ❖ Deve apresentar bom índice terapêutico ❖ Deve apresentar pequenos efeitos colaterais ❖ Atingir rapidamente níveis bactericidas ou bacteriostáticos no meio interno e mantê-los por um bom período ❖ Ser administrado por todas as vias ❖ Apresentar custo razoável Antibioticoterapia profilática 1. O antibiótico é administrado quando a infecção não está presente. 2. Usado para a prevenção antes de procedimentos; 3. Profilaxia cirúrgica (cirurgias mais invasivas); 4. Profilaxia de infecção à distância (risco de endocardite bacteriana). Sempre será necessário realizar a profilaxia cirúrgica??? Nem sempre, é importante verificar se: • O paciente é imunocompetente ou imunocomprometido? • Qual o custo X benefício? O que é melhor para aquele paciente? • Se o paciente é imunocompetente: ➢ Medida de antissepsia extra e intrabucal (clorexidina) ➢ Manutenção da cadeia asséptica ➢ Boa técnica cirúrgica ➢ Pós operatório adequado • Se o paciente é imunocomprometido: ➢ Exemplo: paciente diabético, preciso sempre realizar? Não necessariamente. ENDOCARDITE BACTERIANA O QUE É? Infecção do revestimento interno do coração (endocárdio). SINTOMAS: febre elevada; frequência cardíaca acelerada; fadiga e sudorese. ALTO RISCO: válvula cardíaca protética; ocorrência prévia de endocardite; doenças cardíacas congênitas. RISCO MODERADO: disfunção valvular adquirida; cardiomiopatia hipertrófica; história prévia de febre reumática. NÃO É RECOMENDADO: portadores de marca passo cardíaco; pacientes submetidos à revascularização do miocárdio; hipertensão. Procedimentos odontológicos nos quais ocorra manipulação do tecido gengival ou periapical. Sempre que houver expectativa de sangramento excessivo. PROCEDIMENTO ODONTOLÓGICO DE RISCO: extração dentária; procedimentos periodontais; colocação de implantes; reimplantação de dentes avulsionados; instrumentação endodôntica ou cirurgia periapical. Carina Dionísio - RESUMOS 34 Para quem devemos instituir a medida profilática? A PROFILAXIA DEVE SER INSTITUÍDA PARA PACIENTES DE alto risco que se submetem a procedimentos odontológicos invasivos também de alto risco para a endocardite. Antibioticoterapia terapêutica ❖ O antibiótico é administrado quando a infecção já ESTÁ presente! Sinais e sintomas. ❖ Nem todo caso de infecção é necessário entrar com antibiótico; é necessária administração de mais de uma dose Extração dentária: não é necessária a antibioticoterapia, se o paciente for imunocompetente. Osteomielite: é necessária a antibioticoterapia. Celulite facial: é necessária a intervenção rápida, com o uso de antibiótico dentro da janela terapêutica. Abcesso em dente decíduo com ponto de flutuação: antes era necessário fazer antibioticoterapia, porém, se o paciente estiver com o quadro geral de saúde em dia, não será necessário. Pericoronarite: Não é necessário, pois em casos de pericoronarite leve, não se faz o uso de antibióticos. Como decidir? ❖ Gravidade da infecção ❖ Tratamento adequado pode ser instituído ❖ Estado de defesa do paciente INDICAÇÃO PARA O USO DE ANTIBIÓTICOS ❖ Tumefação estendida além dos processos alveolares ❖ Celulite ❖ Linfadenopatia ❖ Temperatura alta 38ºC ❖ Pericoronarite grave ❖ Trismo ❖ Osteomielite SITUAÇÕES NAS QUAIS O USO DE ANTIBIÓTICOS NÃO É NECESSÁRIO • Exigência do paciente • Dor de dente • Abcesso periapical • Extrações de múltiplos dentes em pacientes não comprometidos • Abcesso alveolar drenado Carina Dionísio - Resumos 35 Quando prescrever? ❖ Comprometimento sistêmico causado pela disseminação de infecção de origem odontológica ❖ Sinais clínicos: enfartamento ganglionar, inapetência, febre, mal estar, dor aguda e dificuldade de abertura bucal. Carina Dionísio - Resumos 36 O uso racional de medicamentos Polifarmácia Automedicação Uso inapropriado e antimicrobiano Quase 10% dos brasileiros usam 5 ou mais medicamentos. Resistência bacteriana: pode ser considerada uma das principais ameaças a saúde mundial. A OMS estima que, a partir de 2050, mais de 10 milhões de pessoas morrerão/ano por conta de bactérias resistentes aos antibióticos. Quem influenciou o uso (remédios isentos de prescrição)? Familiares, amigos, vizinhos; farmacêutico; internet. 1. Modalidade diferente de automedicação 57% modificavam a posologia: principal alteração da dose de pelo menos um dos medicamentos prescritos. A maioria das pessoas entrevistadas afirmou que se automedica quando já usou o medicamento antes (61%). A facilidade de acesso ao medicamento foi outro fator determinante. USO RADIONAL DE MEDICAMENTOS ‘’Pacientes recebem os medicamentos apropriados à sua condição clínica, em doses adequadas às suas necessidades individuais, por um período adequado e ao menor custo possível para eles e sua comunidade.’’ Fontes de informações PRIMÁRIAS: artigos originais em periódicos científicos. SECUNDÁRIAS: livros, formulários terapêuticos; artigos de revisão. BANCO DE DADOS: centros de informações farmacêutica; serviços de vigilância sanitária; sistema de revisões sistemáticas. FONTES COMERCIAIS: DEF Carina Dionísio - Resumos 37 COMODIDADE DE USO • Via de administração • Forma de apresentação • Menor número de doses diárias • Facilidade de aceitação: sabor agradável ACESSIBILIDADE/CUSTO • Para pacientes atendidos no SUS do DF, os profissionais de saúde deverão prescrever os medicamentos constantes na relação de medicamentos essenciais (REME/SES/DF) PROCESSO DE PRESCRIÇÃO RACIONAL DE MEDICAMENTOS • A prescrição é um documento legal pelo qual se responsabilizam aqueles que prescrevem, dispensam e administram os medicamentos ali arrolados. REGRAS BÁSICAS DE PRESCRIÇÃO • Deve ser sem rasura, por extenso, legível e de acordo com a nomenclatura e sistema de pesos e medidas oficiais; • Deve conter nome e quantidade total de cada medicamento, de acordo com dose e duração de tratamento; • Vias de administração, intervalo entre as doses, duração do tratamento. • Faz parte do ato de prescrever o estímulo à adesão ao tratamento, entendida como a etapa final do uso racional de medicamentos. O medicamento certo, na dose adequada, pelo tempo certo, ao menor custo!!! Como definir a terapia medicamentosa do seu paciente? 1º Defina o seu objetivo terapêutico (analgesia? Anti inflamatório? Antibacteriano?) 2º Definido o objetivo, quais as classes medicamentosas eu posso usar para alcançar esse objetivo? (Qual a intensidade da dor e quais medicamentos estão disponíveispara serem usados?) 3º Faça uma boa anamnese, lembrando sempre das contra indicações e relacioná-las com os problemas apresentados pelos pacientes (problemas gastrointestinais, uso de medicações) 4º Se o seu paciente é saudável, escolha o medicamento que é necessário para aquele paciente. Carina Dionísio - Resumos 38 Grupos especiais Terapêutica medicamentosa em odontopediatria PRESCRIÇÃO DO ADULTO É DIFERENTE DA CRIANÇA 1. ABSORÇÃO: existe mudança no pH gástrico de modo que pode haver alteração na biodisponibilidade; 2. DISTRIBUIÇÃO: a distribuição de fármacos em espaços fisiológicos é dependente de idade e composição corpórea; 3. BIOTRANSFORMAÇÃO e EXCREÇÃO: maturação hepática e da função renal FORMAS FARMACÊUTICAS MAIS UTILIZADAS (via oral) 1. Suspensões: dispersão, em que a fase externa (maior) é um líquido e a fase interna (menor), um sólido, sendo o princípio ativo da medicação. Lembrar de agitar o frasco antes de usar. 2. Soluções: mistura de duas ou mais substâncias homogêneas. Exemplo: solução “gotas”, xaropes. Lembrar de escovar os dentes sempre que for administrado. Esquema terapêutico • Menor quantidade de doses (risco de esquecer) • Horário das doses (chance de não administrar) • Forma de apresentação do medicamento • Presença de açúcar na composição do medicamento Medicamentos mais utilizados na odontopediatria • Analgésicos: dipirona e paracetamol • Anti-inflamatórios não esteroidais (AINES): Ibuprofeno (alivium) • Antibióticos: amoxicilina (apresentação pediátricas) Fármacos e gravidez • Os fármacos devem oferecer maior benefício para a mãe que risco para o feto CATEGORIAS DE RISCO POTENCIAL DOS FÁRMACOS PARA O FETO (FDA) Carina Dionísio - Resumos 39 1. Os fármacos devem ser evitados, se possível, durante o 1º trimestre, devido ao risco de efeito teratogênico; 2. Sempre consultar a tabela de riscos para o feto antes de uma prescrição, se necessário consulte o médico que a paciente está realizando o pré-natal; 3. Em relação aos analgésicos e AINES, o paracetamol é o fármaco de escolha para qualquer período da gestação. A dipirona não deve ser utilizada no último trimestre devido ao risco prematuro do ducto arterial. Os AINES (categoria C ou D) também devem ser evitados, principalmente no último trimestre, pela possibilidade de prolongamento de trabalho de parto, sangramento fetal e redução do fluxo sanguíneo renal; 4. Em relação aos antibacterianos, as penicilinas são os antibióticos de primeira escolha. Em caso de sensibilidade pode ser prescrito azitromicina (FDA: B). As tetraciclinas têm seu uso contraindicado (categoria D) Fármacos e lactação 1. A prescrição de medicação para mães lactantes baseia-se no risco versus benefício. 2. Alguns aspectos práticos devem ser considerados quando for necessário prescrever: • Avaliar a necessidade da terapia medicamentosa; • Utilizar a menor dose possível; • Programar o horário da administração do medicamento, evitando que o pico de concentração do medicamento coincida com o horário da medicação e • Orientar a mãe para observar a criança em relação aos possíveis efeitos adversos da medicação. Medicamentos em idosos ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS EM IDOSOS 1. Alterações na pressão arterial 2. Função renal diminuída 3. Capacidade pulmonar diminuída 4. Redução da função locomotora e flexibilidade 5. Diminuição da secreção gástrica 6. Alteração na composição corporal com diminuição da massa magra Carina Dionísio - Resumos 40 Prescrição medicamentosa Lei 5081 de 24 de agosto de 1966 Compete ao cirurgião dentista: II – Prescrever e aplicar especialidades farmacêuticas de uso interno e externo, indicadas em odontologia. Portaria SVS/MS 344/98 Define que o cirurgião dentista pode prescrever substâncias e medicamentos sujeitos ao controle especial somente para uso odontológico. Ou seja, a portaria permite aos dentistas a prescrição tanto na notificação de receita A (amarela) e B (azul), como na receita de controle especial. RDC número 20, de 5 de maio de 2011 Dispões sobre o controle de medicamentos à base de substâncias classificadas como antimicrobianos, de uso sob prescrição, isoladas ou em associação. Processo de prescrição de medicamentos A prescrição é um documento legal pelo qual se responsabilizam aqueles que prescrevem, dispensam e administram os medicamentos ali arrolados.’’ (FTN 2010) Importante sempre deixar uma cópia da receita no prontuário do paciente. Regras básicas de prescrição ❖ Deve ser sem rasura, por extenso, legível e de acordo com nomenclatura e sistema de pesos e medidas oficiais; ❖ Deve conter nome e quantidade total de cada medicamento, de acordo com dose e duração do tratamento ❖ Vias de administração, intervalo entre as doses, duração do tratamento. ❖ BD: bi dose. Tomar de 12 em 12 horas. ❖ Não abreviar formas farmacêuticas, vias de administração, quantidade sou intervalos entre as doses. Ex (comp., VO, 1 cx,2/2h) ❖ São obrigatórios a assinatura e o carimbo do prescritor Carina Dionísio - Resumos 41 Tipos de receitas 1. Receita comum 2. Receita de controle especial (portaria nº 344/98, Anvisa) – 2 vias Receitas que se parecem folhas de cheque. Documento que acompanhado de receita autoriza a dispensa de medicamentos à base de substâncias constantes nas listas A1 e A2 (entorpecentes), A3, B1 e B2 (psicotrópicas), C2 (retinóicas para uso sistêmico) e C3 (imunossupressoras). Precisa da autorização da vigilância sanitária. Carina Dionísio - Resumos 42 Tabela de medicamentos A tabela a seguir foi retirada de um artigo: https://periodicos.uff.br/ijosd/article/view/41005/23521 KAROLINE FERREIRA, S. C. M. J. P. R. S. M. D. Como fazer uma correta prescrição medicamentosa e quais os importantes cuidados? REVISTA FLUMINENSE DE ODONTOLOGIA. https://periodicos.uff.br/ijosd/article/view/41005/23521 Carina Dionísio - Resumos 43 Carina Dionísio - Resumos 44 Carina Dionísio - Resumos 45 Carina Dionísio - Resumos 46 Carina Dionísio - Resumos 47 Carina Dionísio - Resumos 48 Carina Dionísio - Resumos 49 Links para consulta de documentos e artigos: http://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-rdc-n-372-de-15-de-abril-de-2020-252726528 http://portal.anvisa.gov.br/documents/33880/3062236/Medicamentos+Fracionados+- +Guia+para+Farmac%C3%AAuticos/a0e07c50-5bd4-4f18-ba7d-c86d16f3610b http://www.saude.df.gov.br/autorizacao-para-hospitais-clinicas-medicos-medicos-veterinarios-e-cirurgioes-dentistas-para-a- confeccao-de-notificacoes-de-receita-b-b2-e-c2/ Artigos sobre agranulocitose, paracetamol e dipirona https://www.researchgate.net/publication/242778875_Agranulocitose_e_dipirona http://www.rbfarma.org.br/files/RBF_V84_N1_2003_PAG_17_20.pdf https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1807-25772013000200002&script=sci_abstract&tlng=pt Artigos sobre anti inflamatórios https://www.researchgate.net/publication/246545317_Antiinflamatorios_nao- esteroides_Uso_indiscriminado_de_inibidores_seletivos_de_cicloxigenase-2 https://onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1111/j.1742-7843.2007.00149.x Artigos sobre antibióticos https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7190070/ https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-40422010000300035&script=sci_arttext&tlng=pt https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28213367/ https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-1015778 https://www.mdpi.com/1010-660X/54/6/95 Formulário terapêutico nacional: https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2014/janeiro/29/FTN-2010.pdf Polifarmácia: https://www.scielo.br/pdf/rsp/v51s2/pt_0034-8910-rsp-S1518-51-s2-87872017051007136.pdf Cartilha uso racionam de medicamentos http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cartilha_promocao_uso_racional_medicamentos.pdf RENAME: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/relacao_medicamentos_rename_2020.pdfLivros http://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-rdc-n-372-de-15-de-abril-de-2020-252726528 http://portal.anvisa.gov.br/documents/33880/3062236/Medicamentos+Fracionados+-+Guia+para+Farmac%C3%AAuticos/a0e07c50-5bd4-4f18-ba7d-c86d16f3610b http://portal.anvisa.gov.br/documents/33880/3062236/Medicamentos+Fracionados+-+Guia+para+Farmac%C3%AAuticos/a0e07c50-5bd4-4f18-ba7d-c86d16f3610b http://www.saude.df.gov.br/autorizacao-para-hospitais-clinicas-medicos-medicos-veterinarios-e-cirurgioes-dentistas-para-a-confeccao-de-notificacoes-de-receita-b-b2-e-c2/ http://www.saude.df.gov.br/autorizacao-para-hospitais-clinicas-medicos-medicos-veterinarios-e-cirurgioes-dentistas-para-a-confeccao-de-notificacoes-de-receita-b-b2-e-c2/ https://www.researchgate.net/publication/242778875_Agranulocitose_e_dipirona http://www.rbfarma.org.br/files/RBF_V84_N1_2003_PAG_17_20.pdf https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1807-25772013000200002&script=sci_abstract&tlng=pt https://www.researchgate.net/publication/246545317_Antiinflamatorios_nao-esteroides_Uso_indiscriminado_de_inibidores_seletivos_de_cicloxigenase-2 https://www.researchgate.net/publication/246545317_Antiinflamatorios_nao-esteroides_Uso_indiscriminado_de_inibidores_seletivos_de_cicloxigenase-2 https://onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1111/j.1742-7843.2007.00149.x https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7190070/ https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-40422010000300035&script=sci_arttext&tlng=pt https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28213367/ https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-1015778 https://www.mdpi.com/1010-660X/54/6/95 https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2014/janeiro/29/FTN-2010.pdf https://www.scielo.br/pdf/rsp/v51s2/pt_0034-8910-rsp-S1518-51-s2-87872017051007136.pdf http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cartilha_promocao_uso_racional_medicamentos.pdf https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/relacao_medicamentos_rename_2020.pdf