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<p>UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO</p><p>CURSO DE DIREITO</p><p>WILLIAN HINZ DE MACEDO</p><p>A INCIDÊNCIA DE DANOS MORAIS NAS RELAÇÕES DE CONSUMO</p><p>SÃO PAULO-SP</p><p>2017</p><p>UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO</p><p>WILLIAN HINZ DE MACEDO</p><p>A INCIDÊNCIA DE DANOS MORAIS NAS RELAÇÕES DE CONSUMO</p><p>Trabalho apresentado à banca examinadora da</p><p>Universidade Nove de Julho UNINOVE como requisito</p><p>para obtenção do título do bacharel em Direito.</p><p>Orientador: Profº. Dr. Roldão Alves de Moura.</p><p>SÃO PAULO-SP</p><p>2017</p><p>WILLIAN HINZ DE MACEDO</p><p>A INCIDÊNCIA DE DANOS MORAIS NAS RELAÇÕES DE CONSUMO</p><p>Trabalho apresentado à banca examinadora da</p><p>Universidade Nove de Julho UNINOVE como requisito</p><p>para obtenção do título de bacharel em Direito.</p><p>Orientador: Profº. Dr. Roldão Alves de Moura.</p><p>Aprovado em: __/__/___</p><p>BANCA EXAMINADORA</p><p>Profº. Dr._______________________________________________________</p><p>Assinatura:_____________________________________________________</p><p>Julgamento:____________________________________________________</p><p>Profº. Dr._______________________________________________________</p><p>Assinatura:_____________________________________________________</p><p>Julgamento:____________________________________________________</p><p>Profº. Dr._______________________________________________________</p><p>Assinatura:_____________________________________________________</p><p>Julgamento:____________________________________________________</p><p>3</p><p>SUMÁRIO</p><p>RESUMO ................................................................................................................... 4</p><p>1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 5</p><p>CAPITULO I ................................................................................................................ 7</p><p>2 CONSUMIDOR E FORNECEDOR ........................................................................... 7</p><p>2.1 CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA.................................................................. 7</p><p>CAPITULO II ............................................................................................................... 9</p><p>3 DANO LATO SENSU ............................................................................................... 9</p><p>3.1 CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA.................................................................. 9</p><p>CAPITULO III ............................................................................................................ 10</p><p>4 DANO MORAL ....................................................................................................... 10</p><p>4.1 CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA................................................................ 11</p><p>4.2 DO DANO MORAL SOB A ÓTICA CONSTITUCIONAL .................................... 12</p><p>CAPÍTULO IV ............................................................................................................ 13</p><p>5 RESPONSABILIDADE NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR ............... 13</p><p>CAPÍTULO V ............................................................................................................. 15</p><p>6 DA INCIDÊNCIA DO DANO MORAL NAS RELAÇÕES DE CONSUMO ............. 15</p><p>6.1 DA EXTENSÃO DO DANO E DA OFENSA AO BEM JURÍDICO ...................... 17</p><p>6.2 DA QUANTIFICAÇÃO DO DANO ...................................................................... 18</p><p>7 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 20</p><p>REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 21</p><p>4</p><p>RESUMO</p><p>O presente estudo individualizará, a fim de almejar uma límpida compreensão do</p><p>tema, o conceito de cada um dos elementos que integram esta relação de</p><p>subsunção da norma em abstrato, para as diversas causas capazes a ensejar o</p><p>dano moral em demandas que versem sobre relações consumeristas.</p><p>Assim, analisar-se-á os conceitos básicos de relação de consumo, de dano lato</p><p>sensu e de dano moral, para então partirmos para a problemática da aplicação das</p><p>normas atinentes ao tema na enxurrada de ações consumeristas que invadem o</p><p>Poder Judiciário pleiteando em sua quase totalidade o recebimento de danos de</p><p>natureza extrapatrimonial.</p><p>Deste modo, objetiva-se elucidar as diversas nuances que o profissional do Direito</p><p>enfrenta ao lidar com o Direito do Consumidor, quer seja postulando ação</p><p>indenizatória em nome de seu cliente autor da ação, noutro lado da ação</p><p>defendendo a empresa (fornecedor) ré, ou ainda atuando como magistrado tendo</p><p>que aplicar a subsunção aos infindos processos que tramitam perante as Varas</p><p>Cíveis e nos Juizados Especiais Cíveis.</p><p>PALAVRAS CHAVES: Dano Moral. Relações de consumo. Incidência dano moral</p><p>5</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>Inicialmente insta salientar o objetivo do presente estudo, o qual será</p><p>desenvolvido por meio de um artigo científico. O trabalho em apreço visa abordar de</p><p>modo amplo os aspectos teóricos e conceituais acerca da incidência dos danos</p><p>morais nas relações consumeristas.</p><p>Nesta esteira de considerações, cumpre elucidar a importância deste tema. O</p><p>Direito do Consumidor é considerado hoje um assunto de extrema relevância e</p><p>disseminação na sociedade, pois está no cotidiano da população brasileira e,</p><p>desperta desse modo, grandes questionamentos e discussões.</p><p>O Direito do Consumidor é legalmente vislumbrado com um caráter que</p><p>abrange não somente as relações de direito individual entre consumidor e</p><p>fornecedor, mas também sob o prisma dos direitos difusos e coletivos.</p><p>Destarte, a própria legislação consumerista se encarrega de conceituar os</p><p>três aspectos que o Direito do Consumidor pode assumir, ou seja, os aspectos de</p><p>direito individual, direito difuso ou direito coletivo.</p><p>Assim, o conceito de direito difuso é abordado no Art. 81, inciso I do Código</p><p>de Defesa do Consumidor, como sendo os direitos transindividuais, de natureza</p><p>indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por</p><p>circunstâncias de fato.</p><p>Ato contínuo o inciso II do supramencionado artigo conceitua o direito coletivo</p><p>como sendo os direitos transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular</p><p>grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por</p><p>uma relação jurídica base.</p><p>Por derradeiro, o inciso III do mesmo dispositivo legal define como direito</p><p>individual para o Direito do Consumidor, como interesses ou direitos individuais</p><p>homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem comum.</p><p>Outro aspecto que denota a relevância do Direito do Consumidor é a atual</p><p>conjuntura do cenário judicial. Isso porque, verifica-se que o Poder Judiciário está</p><p>abarrotado de processos que versam sobre relação de consumo e, dentre estas</p><p>centenas de milhares de processos, a quase totalidade aborda sobre a incidência de</p><p>dano à esfera personalíssima do consumidor.</p><p>6</p><p>Assim, abordar-se-á os conceitos principais que integralizam um dos pedidos</p><p>mais corriqueiros no judiciário brasileiro, ou seja, o pedido de dano moral advindo de</p><p>ações que versam sobre relação de consumo.</p><p>7</p><p>CAPITULO I</p><p>2 CONSUMIDOR E FORNECEDOR</p><p>Ao adentrar-se em qualquer assunto atinente à relação de consumo, mister se</p><p>faz uma análise prévia do que seja consumidor e fornecedor.</p><p>O direito brasileiro por meio da Constituição Federal de 5 de Outubro de 1988,</p><p>tida como Constituição Cidadã estabeleceu em seu corpo a obrigatoriedade do</p><p>Estado em promover a defesa do consumidor por meio de lei, no art. 5º, inciso XXXII</p><p>de nossa Carta Magna.</p><p>De modo que, o legislador constituinte com referido</p><p>dispositivo forçou a</p><p>elaboração infraconstitucional de uma norma que visasse salvaguardar os direitos</p><p>do consumidor.</p><p>Assim, o legislador infraconstitucional, em 11 de Setembro de 1990, elaborou</p><p>a Lei nº 8.078/90, intitulada Código de Defesa do Consumidor.</p><p>Logo, o legislador pátrio nos primeiros artigos deste código, teve que definir o</p><p>âmbito de aplicação desta lei e traçar quais seriam os indivíduos e as relações sob</p><p>os quais esta norma refletiria.</p><p>2.1 CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA</p><p>O legislador infraconstitucional ao elaborar o Código de Defesa do</p><p>Consumidor teve de dedicar os primeiros artigos desta lei para conceituar os</p><p>personagens que figurariam como sujeitos desta norma.</p><p>Assim, os arts. 2º e 3º do Código de Defesa do Consumidor se prestaram a</p><p>traçar um conceito dos indivíduos sob os quais esta lei reverberaria.</p><p>Leciona o art. 2º da Lei Consumerista o conceito de consumidor o qual “in</p><p>verbis” diz que:</p><p>Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou</p><p>serviço como destinatário final.</p><p>Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que</p><p>indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.</p><p>De modo que, conforme se infere do texto legal é um conceito extremamente</p><p>amplo, limitando unicamente, como regra, a questão de ser destinatário final.</p><p>Explicitando seu parágrafo único que além do caráter de norma de direito individual,</p><p>8</p><p>a lei consumerista também assume o caráter de direito coletivo e difuso, aplicando-</p><p>se a grupos de pessoas quer sejam elas determináveis, ou não.</p><p>Ainda, de acordo com José Geraldo Brito Filomeno:</p><p>O que se tem em mira no parágrafo único do art. 2º é a universalidade, conjunto de</p><p>consumidores de produtos ou serviço, ou mesmo um grupo, classe ou categoria</p><p>deles, e desde que relacionados a um determinado produto ou serviço, perspectiva</p><p>essa extremamente relevante e realista porquanto é natural que se previna, por</p><p>exemplo, o consumo de produtos ou serviços perigosos ou então nocivos,</p><p>beneficiando-se assim abstratamente as referidas universalidades e categorias de</p><p>potenciais consumidores. (FILOMENO, José Geraldo Brito, Manual de direitos do</p><p>consumidor, 5. ed., São Paulo, Atlas, 2001).</p><p>Não obstante, o amplo conceito entabulado no art. 2º do Código de Defesa do</p><p>Consumidor, vislumbra-se que a concepção de consumidor também encontra</p><p>respaldo legal nos arts. 17 e 29 desta lei.</p><p>Trazendo o art. 17 o conceito de consumidor por equiparação, ou seja,</p><p>estendendo a aplicação do Código de Defesa do Consumidor às vítimas de eventos</p><p>que se originem de um fato do produto ou serviço.</p><p>Ademais, o art. 29 do código estabelece um conceito de direito difuso de</p><p>consumidor, tendo em vista que equipara a consumidor todas as pessoas expostas</p><p>às práticas de publicidade e oferta consideradas abusivas.</p><p>Noutra esteira de considerações, o art. 3º do Código de Defesa do</p><p>Consumidor estabelece o conceito de fornecedor, dispondo que:</p><p>Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou</p><p>estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de</p><p>produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação,</p><p>distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.</p><p>Destarte, tem-se um conceito extremamente extenso de fornecedor quando</p><p>comparado com o de consumidor. Fato esse que se deve pela intenção do legislador</p><p>de esmiuçar todas as atividades que podem originar uma relação de consumo por</p><p>parte do fornecedor.</p><p>Vislumbrando-se que dentre as atividades atinentes ao fornecedor encontram-</p><p>se as de desenvolvimento, produção, montagem, criação, construção,</p><p>transformação, importação, exportação, distribuição e comercialização, ou seja,</p><p>denotam-se do conceito legal dez verbos distintos que perfazem práticas típicas de</p><p>fornecedores.</p><p>Assim, nítido se mostra o intuito do legislador em incluir no conceito de</p><p>fornecedor todas as pessoas jurídicas, físicas e até mesmo os entes</p><p>despersonalizados, a fim de que não haja escusa quando do enquadramento de</p><p>9</p><p>uma relação de consumo, ou seja, objetivou-se englobar todas as atividades e</p><p>indivíduos que numa situação fática atuem como fornecedores, no conceito legal.</p><p>CAPITULO II</p><p>3 DANO LATO SENSU</p><p>Imprescindível esclarecer neste estudo o instituto do dano em sua acepção</p><p>“lato sensu”, vez que o dano é um dos pressupostos para caracterização da</p><p>responsabilidade civil, quer seja ela contratual, ou extracontratual.</p><p>Assim, analisar o instituto de Direito Civil em epígrafe é de extrema relevância</p><p>no que diz respeito, em regra, a todo e qualquer pleito indenizatório,</p><p>independentemente do bojo em que esteja inserido.</p><p>Sendo o dano requisito, em regra, indispensável ao pedido de ressarcimento,</p><p>leciona Carlos Roberto Gonçalves que “mesmo que haja violação de um dever</p><p>jurídico, e que tenha existido culpa e até mesmo dolo por parte do infrator, nenhuma</p><p>indenização será devida, uma vez que não se tenha verificado prejuízo”</p><p>(GONÇALVES, Carlos Roberto, Direito civil brasileiro, vol. 1: parte geral, 11. ed., São</p><p>Paulo, Saraiva, 2013, p. 505).</p><p>Por fim, insta consignar que o dano aqui considerado como gênero, se divide</p><p>em diversas espécies, dentre as quais o presente estudo se empenha em abordar</p><p>uma delas, qual seja, o dano moral.</p><p>3.1 CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA</p><p>Feitas as ponderações iniciais supra, acerca do instituto do dano à luz do</p><p>Direito Civil, passa-se à análise de seu conceito e sua natureza jurídica.</p><p>O Código Civil brasileiro estabelece em seu art. 186 que aquele que violar</p><p>direito e causar dano a outrem, fica obrigado a repara-lo. Todavia, conforme se</p><p>extrai de sua redação, o legislador pátrio esquivou-se de trazer um conceito legal de</p><p>dano, abrindo margem, para uma interpretação doutrinária acerca deste instituto.</p><p>Assim a doutrina pátria conceitua o dano nas palavras de Maria Helena Diniz,</p><p>como sendo “um dos pressupostos da responsabilidade civil, contratual ou</p><p>extracontratual, visto que não poderá haver ação de indenização sem a existência</p><p>10</p><p>de um prejuízo” (DINIZ, Maria Helena, Curso de direito civil, vol. 7: responsabilidade</p><p>civil, 21. ed., São Paulo, Saraiva, 2007, p. 59).</p><p>Assim, tem-se que à luz do Direito Civil o conceito de dano pode ser</p><p>interpretado como o prejuízo que um indivíduo sofre quando tem seu direito violado</p><p>por outrem, ensejando assim no seu direito subjetivo de pleitear o ressarcimento</p><p>desta perda, ou seja, deste desfalque quer seja patrimonial ou extrapatrimonial,</p><p>contratual ou extracontratual.</p><p>No que tange à natureza jurídica deste instituto, novamente ressalta-se ser o</p><p>dano um dos elementos que, somando-se a conduta e, surgindo entre estes dois um</p><p>vínculo denominado nexo de causalidade, tem-se um dos maiores institutos do</p><p>Direito Civil, a saber, a responsabilidade civil, a qual é disciplinada na Parte</p><p>Especial, Livro I, Título X do Código Civil brasileiro.</p><p>CAPITULO III</p><p>4 DANO MORAL</p><p>Neste mais relevante ponto do presente estudo e, usufruindo-se de todos os</p><p>conceitos e análises feitas até aqui, passar-se-á a analisar o instituto do dano moral,</p><p>o qual assume magnitude incalculável neste artigo científico.</p><p>Do estudo supra acerca do dano “lato sensu”, ficara consignado que este é</p><p>tido como gênero do qual surgem diversas espécies e, dentre elas, extrai-se o dano</p><p>moral.</p><p>O instituto do dano moral atualmente alcança uma importância quase</p><p>sacerdotal no direito brasileiro, tendo em vista que ao debruçar-se sobre boa parte</p><p>das demandas que abarrotam o Poder Judiciário, visualiza-se em inúmeras ações o</p><p>pleito indenizatório de ressarcimento por danos morais.</p><p>Malgrado toda a relevância assumida por este instituto, infelizmente este não</p><p>encontra uma boa definição legal, doutrinária, nem mesmo jurisprudencial, havendo</p><p>incansáveis debates e divergências no tocante a tudo que circunda o tema.</p><p>Assim, dada a acelerada</p><p>e constante evolução social e a falta de regramento</p><p>legislativo sobre o tema, tudo o que se produz pela doutrina, jurisprudência, dentre</p><p>outros materiais emanados de estudiosos do direito, se torna volúvel.</p><p>11</p><p>O dano moral assume tamanha subjetividade e, em linhas gerais, somente</p><p>pode ser sobrepesado no caso concreto, tendo em vista que a ocorrência de dano</p><p>extrapatrimonial varia entre os indivíduos, sendo considerada algo intrínseco a cada</p><p>pessoa.</p><p>Logo, neste ponto encontra-se a maior problemática que emana deste estudo,</p><p>qual seja dada a variabilidade interpretativa do dano moral, como deve ocorrer sua</p><p>conceituação, sua incidência, sua quantificação (arbitramento do quantum</p><p>indenizatório), qual sua origem concreta, quais eventos se mostram aptos a</p><p>acarretar este dano, dentre inúmeros outros questionamentos.</p><p>4.1 CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA</p><p>Ato contínuo a introdução do dano moral realizada neste capítulo, passa-se</p><p>ao estudo do conceito e da natureza jurídica deste instituto.</p><p>Conforme já mencionado, o legislador pátrio se absteve de conceituar o dano</p><p>moral, supondo-se neste estudo que tal abstenção se deve a toda a subjetividade</p><p>que envolve o tema.</p><p>De modo que, não havendo um conceito legal acerca do dano moral, este é</p><p>realizado pela doutrina e aproveitado pela jurisprudência.</p><p>Doutrinariamente, há diversas divergências no tocante a tudo que envolve o</p><p>dano moral, havendo grande discrepância quanto à incidência, mas felizmente,</p><p>menor discordância no que diz respeito à conceituação do tema.</p><p>Em linhas gerais, o dano moral é tido como o dano, ou seja, prejuízo</p><p>suportado por uma pessoa quer seja física ou jurídica (Súmula 227 do Superior</p><p>Tribunal de Justiça) de natureza extrapatrimonial que repercuta em sua esfera</p><p>personalíssima, capaz de trazer-lhe dor, angústia, desgosto, aflição espiritual,</p><p>humilhação, abalos psicológicos, frustração, dentre outros sentimentos capazes de</p><p>ferir a psique da pessoa, ou abalar-lhe sua honra.</p><p>Todavia, ressalta-se que o dano moral não se denota do sentimento</p><p>experimentado pela vítima, sendo esse somente o conteúdo, perfaz-se o dano moral</p><p>como a transgressão ao bem jurídico tutelado, ou seja, ao direito personalíssimo</p><p>pré-constituído e violado.</p><p>Para Maria Helena Diniz “o dano moral vem a ser a lesão de interesses não</p><p>patrimoniais de pessoas físicas ou jurídicas (CC, art. 52; Súmula 227 do STJ),</p><p>12</p><p>provocada pelo fato lesivo.” (DINIZ, Maria Helena, Curso de direito civil, vol. 7:</p><p>responsabilidade civil, 21. ed., São Paulo, Saraiva, 2007, p. 88).</p><p>No tocante à natureza jurídica do dano moral e de sua indenização,</p><p>vislumbra-se que, para a corrente majoritária da doutrina, este instituto assume</p><p>natureza dúplice.</p><p>De um lado a natureza jurídica da indenização advinda do dano moral contrai</p><p>aspecto compensatório, ou seja, objetiva compensar e confortar, em termos</p><p>financeiros, o sofrimento do indivíduo que teve seu direito violado.</p><p>Doutro ponto, tem-se o caráter de punição pedagógica ao ofensor. Em outras</p><p>palavras, o objetivo de punir o violador para que não reitere contra outras pessoas, a</p><p>prática reprovável que causou prejuízo a alguém.</p><p>4.2 DO DANO MORAL SOB A ÓTICA CONSTITUCIONAL</p><p>Conforme já explanado neste estudo, não há na legislação pátria, quer seja</p><p>em âmbito constitucional, quer seja infraconstitucional norma que conceitue o dano</p><p>moral. Todavia, em que pese tal fato, a Constituição Federal de 1988 trouxe em seu</p><p>bojo a possibilidade de ressarcimento do dano moral.</p><p>Assim, assumindo uma sequencia didática de analisar-se o dano moral sob a</p><p>ótica constitucional, imperioso se faz dissecar inicialmente o art. 5º, em seu inciso X</p><p>de nossa Carta Magna, o qual leciona que:</p><p>Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,</p><p>garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade</p><p>do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos</p><p>seguintes:</p><p>X - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,</p><p>assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua</p><p>violação;</p><p>Extrai-se de referido dispositivo constitucional que as violações aos direitos</p><p>inerentes à personalidade do indivíduo, tais como, direito à intimidade, à vida</p><p>privada, à honra e à imagem são passíveis de indenização, ainda que não traga</p><p>prejuízo de ordem material.</p><p>Não obstante a este preceito legal, há também outras previsões</p><p>constitucionais, tal como o inciso V do mesmo artigo, que estabelece que:</p><p>V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização</p><p>por dano material, moral ou à imagem;</p><p>13</p><p>Da doutrina constitucionalista, extraem-se interessantes lições acerca do</p><p>disciplinamento do dano moral em âmbito constitucional, assim nas lições do, hoje</p><p>ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes:</p><p>Ressalta-se portanto, que a indenização por danos morais terá cabimento seja em</p><p>relação à pessoa física, seja em relação à pessoa jurídica e até mesmo em relação</p><p>às coletividades (interesses difusos e coletivos); mesmo porque são todos titulares</p><p>dos direitos e garantias fundamentais desde que compatíveis com suas</p><p>características de pessoas artificiais. (MORAES, Alexandre de, Direito constitucional,</p><p>19. ed, São Paulo, Atlas, 2006, p. 45).</p><p>Ademais, Rui Stoco célebre doutrinador civilista discorre sobre o instituto do</p><p>dano moral sob a ótica constitucional lecionando que:</p><p>Pacificado, hoje, o entendimento de que o dano moral é indenizável e afastadas as</p><p>restrições, o preconceito e a má vontade que a doutrina pátria e alienígena impunham</p><p>à tese, com o advento da nova ordem constitucional (CF/88), nenhum óbice se pode,</p><p>a priori, antepor à indenizabilidade cumulada. (STOCO, Rui, Responsabilidade civil e</p><p>sua interpretação jurisprudencial, São Paulo, Revista dos Tribunais, 1995, p. 444)</p><p>Deste modo, incontroverso se mostra a atenção dispendida pelo constituinte</p><p>pátrio ao redigir nossa Carta Magna, o qual expressamente salvaguardou o direito à</p><p>indenização por dano moral.</p><p>CAPÍTULO IV</p><p>5 RESPONSABILIDADE NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR</p><p>O instituto da responsabilidade civil se mostra disciplinado tanto no Código</p><p>Civil, na Parte Especial, Livro I, Título X, o qual abarca, em regra, todas as situações</p><p>do cotidiano; quanto no Código de Defesa do Consumidor, no Título I, Capítulo IV,</p><p>Sessões II e III, o qual incide especialmente sob as relações de consumo.</p><p>Nas palavras da ilustre professora Maria Helena Diniz:</p><p>Grande é a importância da responsabilidade civil, nos tempos atuais, por se dirigir à</p><p>restauração de um equilíbrio moral e patrimonial desfeito e à redistribuição da riqueza</p><p>de conformidade com os ditames da justiça, tutelando a pertinência de um bem, com</p><p>todas as suas utilidades, presentes e futuras, a um sujeito determinado. (DINIZ, Maria</p><p>Helena, Curso de direito civil, vol. 7: responsabilidade civil, 21. ed., São Paulo,</p><p>Saraiva, 2007, pg. 5).</p><p>Assim, tendo o presente estudo foco no dano moral advindo das relações de</p><p>consumo, aprofundar-se-á na análise da responsabilidade civil sob a ótica do Código</p><p>de Defesa do Consumidor.</p><p>Destarte, tem-se que a responsabilidade na legislação consumerista advém</p><p>de duas vertentes distintas, a saber, responsabilidade pelo fato e responsabilidade</p><p>pelo vício.</p><p>14</p><p>A responsabilidade pelo fato do produto e do serviço é disciplinada nos arts.</p><p>12 a 17 do Código de Defesa do Consumidor.</p><p>Nas palavras de Sergio Cavalieri Filho, extrai-se que:</p><p>Fato do produto é um acontecimento externo, que ocorre no mundo exterior, que</p><p>causa dano material ou moral ao consumidor (ou ambos), mas que decorre de um</p><p>“defeito” do produto. Seu fato gerador será sempre um defeito do produto; daí termos</p><p>enfatizado que a palavra-chave é “defeito”. (CAVALIERI FILHO, Sergio, Programa de</p><p>direito do consumidor civil, 2. ed., São Paulo, Atlas, 2010, p.266).</p><p>Ademais, diferenciando a responsabilidade pelo fato da responsabilidade pelo</p><p>vício, discorre Marli Aparecida Sampaio (ex-diretora executiva do Procon/SP) que:</p><p>Já na responsabilidade pelo fato do produto e do serviço, o vício extrapola a esfera da</p><p>coisa e atinge a incolumidade física ou psíquica da pessoa. A impropriedade do</p><p>produto ou serviço atinge a pessoa, resultando no dever de reparação por danos</p><p>morais, à saúde, à vida, à imagem ou ainda reparação por danos estéticos.</p><p>(MACHADO, Costa et all, Código de defesa do consumidor interpretado: artigo por</p><p>artigo, parágrafo por parágrafo, Barueri, Manole, 2013, p. 42).</p><p>Não obstante a responsabilidade pelo fato se divide dentro da legislação</p><p>consumerista entre responsabilidade pelo fato do produto, a qual encontra respaldo</p><p>legal no art. 12 do Código de Defesa do Consumidor e; responsabilidade pelo fato</p><p>do serviço, disciplinada no art. 14 do mesmo diploma legal. O que significa dizer que</p><p>a responsabilidade pelo fato pode dar-se tanto daquele que fabrica, produz, constrói</p><p>ou importa produto, quanto do prestador de serviço.</p><p>Noutra esteira de considerações tem-se a responsabilidade pelo vício do</p><p>produto, ou do serviço, a qual é legalmente prevista nos arts. 18 a 25 do Código de</p><p>Defesa do Consumidor.</p><p>Os vícios advindos das relações de consumo são, em suma, aqueles que</p><p>influem na qualidade ou quantidade, tornando impróprios ou inadequados ao</p><p>consumo a que se destinam, ou influindo na diminuição de seu valor, bem como</p><p>aqueles que denotem disparidade com as indicações constantes do recipiente,</p><p>embalagem, rotulagem, oferta ou mensagem publicitária.</p><p>Assim, diferenciando-se a responsabilidade pelo vício da responsabilidade</p><p>pelo fato, preleciona Patricia Álvares Sampaio que:</p><p>A responsabilidade do fornecedor tratada na presente seção está intimamente ligada</p><p>a anomalias que afetam a funcionalidade do produto ou do serviço – integridade</p><p>econômica –, diferentemente da responsabilidade pelo fato, que envolve a</p><p>potencialidade danosa à saúde e à segurança do consumidor – integridade físico-</p><p>psíquica.</p><p>Aqui, o fornecedor falta com o dever de qualidade, posto que a utilização do produto</p><p>ou do serviço é prejudicada em razão de vícios existentes, o que impede seu uso</p><p>potencial, além de diminuir o valor. (MACHADO, Costa et all, Código de defesa do</p><p>consumidor interpretado: artigo por artigo, parágrafo por parágrafo, Barueri, Manole,</p><p>2013, p. 59).</p><p>15</p><p>Outrossim, do mesmo modo como acontece na responsabilidade pelo fato, a</p><p>responsabilidade pelo vício se divide em duas espécies, sendo elas,</p><p>responsabilidade pelo vício do produto, a qual encontra previsão legal no art. 18 do</p><p>Código de Defesa do Consumidor e; responsabilidade pelo vício do serviço, disposta</p><p>no art. 20 da mesma lei. Destarte, vislumbra-se que a responsabilidade pelo vício</p><p>pode surgir tanto do fornecimento de produtos de consumo (duráveis ou não</p><p>duráveis), quanto do fornecimento de serviços.</p><p>CAPÍTULO V</p><p>6 DA INCIDÊNCIA DO DANO MORAL NAS RELAÇÕES DE CONSUMO</p><p>Superado os conceitos de dano moral e estabelecidas as diretrizes que</p><p>circundam as relações consumeristas, passar-se-á a análise da incidência dos</p><p>danos de natureza extrapatrimonial advindos das relações que envolvem de um lado</p><p>o consumidor e de outro o fornecedor, quer seja de produto ou serviço.</p><p>A incidência do dano moral é um tema que esbarra em enorme problemática,</p><p>dada à subjetividade que envolve o instituto.</p><p>Assim, sendo sabido que o dano moral é aquele que advém de uma violação</p><p>a direito personalíssimo, prudente se faz um estudo prévio acerca dos direitos</p><p>atinentes à personalidade.</p><p>Desta feita, destaca-se primorosa definição de direitos da personalidade das</p><p>lições de Carlos Roberto Gonçalves, o qual dispõe que:</p><p>A concepção dos direitos da personalidade apoia-se na ideia de que, a par dos</p><p>direitos economicamente apreciáveis, destacáveis da pessoa de seu titular, como a</p><p>propriedade ou o crédito contra um devedor, outros há, não menos valiosos e</p><p>merecedores da proteção da ordem jurídica, inerentes à pessoa humana e a ela</p><p>ligados de maneira perpétua e permanente. São os direitos da personalidade, cuja</p><p>existência tem sido proclamada pelo direito natural, destacando-se dentre outros, o</p><p>direito à vida, à liberdade, ao nome, ao próprio corpo, à imagem e à honra.</p><p>(GONÇALVES, Carlos Roberto, Direito civil brasileiro, vol. 1: parte geral, 11. ed., São</p><p>Paulo, Saraiva, 2013, p. 184).</p><p>Ademais Carlos Roberto Gonçalves discorre acerca da proteção aos direitos</p><p>de personalidade lecionando que: “Como se observa, destinam-se os direitos da</p><p>personalidade a resguardar a dignidade humana, por meio de medidas judiciais</p><p>adequadas, que devem ser ajuizadas pelo ofendido ou pelo lesado indireto.”</p><p>(GONÇALVES, Carlos Roberto, Direito civil brasileiro, vol. 1: parte geral, 11. ed., São</p><p>Paulo, Saraiva, 2013, p. 191).</p><p>16</p><p>Destarte, explicitado o conceito de direitos de personalidade e visualizada sua</p><p>proteção legal, mais fácil se torna avaliar a incidência do dano moral nas relações de</p><p>consumo.</p><p>O Código de Defesa do Consumidor entabula de maneira expressa a</p><p>prevenção e a possibilidade de indenização por danos morais advindas de relações</p><p>de consumo em seu art. 6º, inciso VI, inserido no Capítulo III, o qual dispõe sobre os</p><p>direitos básicos do consumidor.</p><p>Deste modo, o legislador pátrio reconheceu que das relações de consumo,</p><p>podem advir situações em que o consumidor, parte hipossuficiente, sofre violação</p><p>em seus direitos de personalidade, cometido pelo fornecedor de produtos ou</p><p>serviços.</p><p>Corrobora com tal entendimento a doutora em Direito do Consumidor, Mirella</p><p>Caldeira Fadel, conforme se depreende de seu posicionamento acerca de referido</p><p>dispositivo legal:</p><p>O CDC, acompanhando sabiamente a CF (que prevê a existência e a reparação dos</p><p>danos morais no art. 5º, V e X), estabeleceu neste inciso como direito básico do</p><p>consumidor a efetiva prevenção e reparação de danos morais e patrimoniais, quer</p><p>sejam individuais, coletivos ou difusos. Com isso, quis garantir a incolumidade física,</p><p>psíquica e econômica do consumidor, permitindo-lhe a indenização de modo integral,</p><p>sem qualquer limite ou tarifamento. Ou seja, não há valor máximo de indenização,</p><p>tampouco valores fixos para cada dano. (MACHADO, Costa et all, Código de defesa</p><p>do consumidor interpretado: artigo por artigo, parágrafo por parágrafo, Barueri,</p><p>Manole, 2013, p. 24).</p><p>Todavia, em que pese todo o desencadeamento lógico que fora traçado até</p><p>este ponto, encontra-se um imenso obstáculo quando se parte para uma análise do</p><p>caso concreto, surgindo uma das maiores problemáticas do estudo em testilha, qual</p><p>seja, quais as ocasiões em que se pode cravar que houve, ou não, incidência de</p><p>danos morais?</p><p>Anteriormente visualizou-se que o dano moral se dá por meio de uma</p><p>violação a um bem jurídico tutelado, qual seja, o direito da personalidade, causando</p><p>dor, angústia, desgosto, aflição espiritual, humilhação, abalos psicológicos,</p><p>frustração, dentre outros sentimentos capazes de ferir a psique da pessoa, ou</p><p>abalar-lhe sua honra. Contudo, reitera-se o questionamento; quais os eventos</p><p>atinentes à relação de consumo aptos a dar azo ao dano moral?</p><p>Não poderia o legislador pátrio prever todas as hipóteses fáticas em que</p><p>incidam dano moral. Todavia, o Código de Defesa do Consumidor elenca algumas</p><p>situações em que se faz presumir haver dano ao consumidor, exemplos disso se</p><p>17</p><p>encontram espalhados no Código de Defesa do Consumidor, podemos citar o arts.</p><p>39 (práticas abusivas), 42, (cobrança de dívidas) e 51 (cláusulas abusivas).</p><p>Conclui-se, portanto, que se estende às relações de consumo as regras</p><p>gerais de aplicação e incidência do dano moral as quais esbaram em uma imensa</p><p>subjetividade, variando conforme o caso concreto e da interpretação do julgador. No</p><p>entanto, acrescido a este conceito têm-se certas violações específicas trazidas pelo</p><p>Código de Defesa</p><p>do Consumidor, as quais se mostram aptas a corroborar com a</p><p>incidência do dano de natureza extrapatrimonial.</p><p>6.1 DA EXTENSÃO DO DANO E DA OFENSA AO BEM JURÍDICO</p><p>Ato contínuo à incidência do dano moral, primordial debruçar-se acerca da</p><p>extensão do dano e da ofensa ao bem jurídico.</p><p>Valendo-se dos ensinamentos supra de que dano é, em suma, o prejuízo que</p><p>um indivíduo sofre ao ter seu direito violado por outrem, ensejando, destarte, caso</p><p>se verifiquem os demais elementos da responsabilidade civil, em seu direito</p><p>subjetivo de pleitear ressarcimento pelo desfalque sofrido, quer seja patrimonial ou</p><p>extrapatrimonial.</p><p>E ainda, relembrando que a ofensa ao bem jurídico tutelado no caso do dano</p><p>moral é a violação à esfera dos direitos inerentes à personalidade do indivíduo,</p><p>aptos a lhe acarretar dor, angústia, desgosto, aflição espiritual, humilhação, abalos</p><p>psicológicos, frustração, dentre outros sentimentos capazes de ferir a psique da</p><p>pessoa, ou abalar-lhe sua honra.</p><p>Explanados tais conceitos, tem-se que, no que tange à extensão do dano</p><p>moral e da ofensa ao bem jurídico tutelado, o Superior Tribunal de Justiça,</p><p>recentemente, encabeçou projetos visando criar uma “tabela” alinhando de um lado</p><p>um evento considerado danoso à esfera personalíssima do indivíduo e, doutro um</p><p>valor indenizatório; numa tentativa de regrar a extensão da violação ao direito de</p><p>personalidade.</p><p>Felizmente, em que pese tal tentativa e o apoio de parte dos operadores do</p><p>Direito, tal iniciativa não prosperou, de modo que, sabiamente a extensão do dano</p><p>moral e sua derradeira indenização continuam sendo sobrepesadas a critério do</p><p>caso concreto, com todas suas nuances, particularidades e da interpretação do</p><p>18</p><p>julgador, fato esse que, embora possa esboçar certa insegurança jurídica, se mostra</p><p>mais verossímil que uma “precificação” do dano moral.</p><p>Conclui-se, portanto, que dada à variabilidade sensitiva de cada indivíduo, ou</p><p>seja, a subjetividade da ofensa a este bem jurídico e todas as particularidades</p><p>advindas de cada caso concreto, se torna incabível criar um “tabelamento” de</p><p>extensão do dano moral e um valor indenizatório fixo, devendo continuar-se</p><p>deliberando acerca da extensão do dano moral por meio do livre convencimento do</p><p>magistrado ponderando as provas trazidas aos autos e todas as demais</p><p>circunstâncias que envolvem o evento danoso.</p><p>6.2 DA QUANTIFICAÇÃO DO DANO</p><p>No que tange à quantificação do dano, encontramos amparo legislativo no art.</p><p>944 do Código Civil, o qual estabelece que “a indenização mede-se pela extensão</p><p>do dano”.</p><p>Não obstante, o Superior Tribunal de Justiça despendeu entendimento que</p><p>não há que se falar em limitação ao quantum indenizatório do dano moral, editando</p><p>a Súmula 281.</p><p>Assim, tendo-se analisado as contrariedades que envolvem a extensão do</p><p>dano moral, alcança-se nova problemática, qual seja, como deve se dar a</p><p>quantificação da indenização por dano moral?</p><p>Conforme já amplamente discutido, dada à subjetividade que contorna o</p><p>tema, sua quantificação deve reger-se pelo livre convencimento motivado do</p><p>magistrado, princípio esses esculpido no bojo da legislação processual civil em seu</p><p>art. 371.</p><p>Desta feita, assume o julgador significativa importância, vez que, deve ele</p><p>ponderar as provas trazidas ao processo, fazer uma análise esmiuçada do caso</p><p>concreto e, considerar certos critérios que foram ao longo dos anos sendo</p><p>estabelecidos pela doutrina e jurisprudência, dentre os quais se ressaltam:</p><p>A extensão do dano, o qual deve se medir pela intensidade do sofrimento</p><p>experimentado pela vítima e por sua duração, ou seja, os critérios abordados no</p><p>neste capítulo.</p><p>O grau de culpa das partes, neste ponto o magistrado deve procurar</p><p>aprofundar-se no elemento culpa, avaliando a conduta dos agentes, tendo liberdade</p><p>19</p><p>de reduzir o pleito da vítima, conforme dispõe o parágrafo único do art. 944 do</p><p>Código Civil, o qual reza que “se houver excessiva desproporção entre a gravidade</p><p>da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização”.</p><p>Outrossim, deve ainda o julgador observar as condições pessoais da vítima,</p><p>neste momento, tenta-se fazer uma análise do grau de sensibilidade do ofendido</p><p>quando da violação ao seu direito de personalidade (bem jurídico tutelado), tendo</p><p>em mira que, em diversas ocasiões as condições deste podem agravar o dano</p><p>experimentado e, consequentemente, darem azo ao arbitramento de um valor</p><p>indenizatório mais elevado.</p><p>Ademais, há o critério da razoabilidade, equidade e prudente arbítrio do</p><p>magistrado, neste momento da fixação do quantum indenizatório, deixa-se de avaliar</p><p>os litigantes e, esperasse do julgador um bom senso quanto à valoração do dano</p><p>moral, arbitrando indenização em patamares que não se mostrem astronômicos, a</p><p>ponto de ensejar no enriquecimento sem causa, nem ínfimos a ponto de colocar o</p><p>judiciário em descrédito ante o não restabelecimento de um equilíbrio jurídico,</p><p>amenizando o sofrimento da vítima.</p><p>Por fim, o último critério a ser adotado pelo magistrado quando da fixação do</p><p>quantum indenizatório é a observância à natureza jurídica dúplice do instituto do</p><p>dano moral e de sua indenização, a qual, em síntese, se define como, de um lado o</p><p>aspecto compensatório para amenizar o sofrimento da vítima e, doutro caráter</p><p>punitivo contra o ofensor, para que sirva de desestímulo para que este não mais</p><p>reitere a prática lesiva.</p><p>20</p><p>7 CONCLUSÃO</p><p>Almejou-se neste trabalho de conclusão de curso, esmiuçar este tão relevante</p><p>tema que é a incidência dos danos morais nas relações de consumo.</p><p>Assim, dada a enorme quantidade de demandas que chegam ao Poder</p><p>Judiciário envolvendo de um lado consumidores e de outro fornecedor, nos quais</p><p>aqueles aduzem sofrer danos de natureza extrapatrimonial, em razão de atos</p><p>decorrentes destes últimos; e, ainda, levando-se em consideração a problemática da</p><p>subjetividade do dano moral. Concebeu-se a necessidade de elucidar todos os</p><p>elementos que perfazem essa situação rotineira.</p><p>De modo que, ao longo de todo o presente estudo, houve um dissecamento</p><p>da complexa situação que se encontra quando da análise deste instituto e,</p><p>principalmente de sua aplicabilidade, de modo que, por meio de todas as</p><p>ponderações e desencadeamentos conceituais e ideológicos, alcançou-se uma</p><p>visão mais ampla do assunto.</p><p>Logo, partindo-se dessa visão mais ampla e, tendo sido destrinchado todos os</p><p>elementos que envolvem a matéria aqui discutida, além de, trazerem-se diversos</p><p>critérios e posicionamentos doutrinários, jurisprudenciais e legislativos, tornou-se a</p><p>percepção do problema mais inteligível.</p><p>Assentando-se por meio deste trabalho que, em que pese à complexidade de</p><p>se caracterizar a incidência do dano moral e sua fixação, há critérios a serem</p><p>observados pelo julgador, os quais tornam a compreensão do tema mais</p><p>transparente e, mostram-se aptos a embasar uma decisão coerente que consiga ao</p><p>mesmo tempo compensar a violação ao direito de personalidade sofrida pela vítima</p><p>e repreender o ofensor pelo seu ato danoso.</p><p>21</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>CAVALIERI FILHO, Sergio, Programa de direito do consumidor civil, 2. ed., São</p><p>Paulo, Atlas, 2010.</p><p>DINIZ, Maria Helena, Curso de direito civil, vol. 7: responsabilidade civil, 21. ed.,</p><p>São Paulo, Saraiva, 2007.</p><p>FILOMENO, José Geraldo Brito, Manual de Direitos do Consumidor, 5. ed., São</p><p>Paulo, Atlas, 2001.</p><p>GONÇALVES, Carlos Roberto, Direito civil: parte geral, vol. 1, 13. ed., São Paulo,</p><p>Saraiva, 2006.</p><p>GONÇALVES, Carlos Roberto, Direito civil brasileiro, vol. 1: parte geral, 11. ed.,</p><p>São Paulo, Saraiva, 2013.</p><p>GOUVÊA, JOSÉ ROBERTO FERREIRA et all. A quantificação dos danos morais</p><p>pelo STJ. Disponível em: <http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI23497,51045-</p><p>A+quantificacao+dos+danos+morais+pelo+STJ> Acesso em: 10 de jun. 2017.</p><p>LENZA, Pedro, Direito constitucional</p><p>esquematizado, 12. ed., São Paulo, Saraiva,</p><p>2008.</p><p>MACHADO, Costa et all. Código de defesa do consumidor interpretado: artigo</p><p>por artigo, parágrafo por parágrafo, 5. ed., Barueri, SP, Manole, 2013.</p><p>MORAES, Alexandre de, Direito constitucional, 19. ed., São Paulo, Atlas, 2006.</p><p>NERY JUNIOR, Nelson et all. Código civil comentado, 6. ed., São Paulo, Revista</p><p>dos Tribunais, 2008.</p><p>22</p><p>PENTEADO, LUISA VIEIRA, O livre convencimento motivado à luz do NCPC/15.</p><p>Disponível em: <http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/9859/O-livre-</p><p>convencimento-motivado-a-luz-do-NCPC-15> Acesso em: 10 de jun. 2017.</p><p>RODRIGUES, Silvio, Direito civil, vol. 4 responsabilidade civil, 19. ed., São Paulo,</p><p>Saraiva, 2002.</p><p>SILVA, Jorge Alberto Quadros de Carvalho, Código de defesa do consumidor</p><p>anotado e legislação complementar, 4. ed., São Paulo, Saraiva, 2004.</p><p>SILVA, LUZIA GOMES DA et all. Natureza jurídica da responsabilidade civil por</p><p>danos morais. Disponível em: <http://www.ambito-</p><p>juridico.com.br/site/index.php/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=10438&revist</p><p>a_caderno=7> Acesso em: 09 de jun. 2017.</p><p>STOCO, Rui, Responsabilidade civil e sua interpretação jurisprudencial, São</p><p>Paulo, Revista dos Tribunais, 1995.</p>