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Principais pontos resumidos 1. Evolução histórica da responsabilidade civil (Wendell Lopes Barbosa de Souza) • Origem na vingança privada (“olho por olho”) e transição para o regramento estatal (Lei do Talião). • Lei das XII Tábuas: introduziu composição obrigatória e tarifada, substituindo a vingança. • Lei Aquilia (séc. III a.C.): marco da culpa como base da responsabilidade e início da reparação pecuniária. • Código Napoleônico (1804): consagração da culpa como fundamento da responsabilidade subjetiva. • Revolução Industrial: dificuldade de provar culpa → surgimento da responsabilidade objetiva, baseada na doutrina do risco (Josserand, Saleilles). • Atualidade: coexistência entre responsabilidade subjetiva (culpa) e objetiva (risco). 2. Responsabilidade subjetiva e objetiva (Luciana Carone Nucci Eugenio Mahuad e Cassio Mahuad) • Responsabilidade subjetiva: exige comprovação de culpa ou dolo do agente (arts. 186 e 927, CC). • Responsabilidade objetiva: prescinde de culpa, bastando o nexo causal entre conduta e dano (parágrafo único do art. 927). • Pressupostos gerais: conduta, dano e nexo causal. • Função social e punitiva: a reparação visa restaurar o equilíbrio social, prevenir novas condutas e promover justiça distributiva. • A responsabilidade civil é dinâmica e acompanha as transformações sociais e tecnológicas. 3. Responsabilidade contratual e extracontratual (Maria Cristina de Almeida Bacarim) • Contratual: decorre do descumprimento de uma obrigação previamente assumida. • Extracontratual: resulta da violação de um dever jurídico geral (neminem laedere). • Diferenças: no contrato, o inadimplemento é presumido; fora dele, é preciso provar culpa. 4. Responsabilidade pré-contratual (Mário Sérgio Menezes) • Surge nas tratativas (fase de negociação). • Quebra injustificada de negociações pode gerar indenização por perdas e danos (culpa in contrahendo). 5. Responsabilidade por ato lícito (Paulo Rogério Bonini) • Admite-se indenização mesmo quando o ato é lícito, se causar prejuízo injusto a outrem (ex: desapropriação, obras públicas). • Fundamenta-se na equidade e função social da reparação. 6. O dano (Ralpho Waldo de Barros Monteiro Filho e Renata Pinto Lima Zanetta) • Elemento central da responsabilidade civil. • Classificações: o Material (patrimonial) e moral (extrapatrimonial); o Emergente (o que se perdeu) e lucro cessante (o que se deixou de ganhar). • Dano moral coletivo e função pedagógica da indenização ganham destaque. 7. Nexo causal (Marcelo Benacchio) • Relação de causa e efeito entre o comportamento do agente e o dano. • Teorias: equivalência das condições, causalidade adequada e imputação objetiva. • O rompimento do nexo (por culpa da vítima, fato de terceiro ou força maior) exclui o dever de indenizar. 8. Responsabilidade do incapaz (Ana Lúcia Granziol) • O incapaz pode gerar responsabilidade reflexa, recaindo sobre seus responsáveis legais. • Em certos casos, há mitigação da inimputabilidade civil, com base na equidade. 9. Responsabilidade pela perda de uma chance (Paulo Henrique Ribeiro Garcia e Théo Assuar Gragnano) • Indeniza-se a probabilidade séria e real de obter um benefício ou evitar um prejuízo. • Aplicável em erros médicos, concursos, esportes, etc. 10. Responsabilidade por abuso do direito (Alexandre Dartanhan de Mello Guerra) • O exercício irregular de um direito legítimo, quando causa dano, gera dever de indenizar (art. 187, CC). • Exemplo: uso malicioso do processo judicial, denúncias infundadas, etc. 11. Punitive damages e danos morais no Brasil (Wendell Lopes Barbosa de Souza) • Comparação entre a indenização punitiva norte-americana e a função pedagógica da reparação brasileira. • No Brasil, os danos morais cumprem parcialmente função punitiva, mas sem o caráter de enriquecimento da vítima. 12. Responsabilidade civil do Estado (Luís Felipe Ferrari Bedendi) • Fundamenta-se no art. 37, §6º, CF/88. • O Estado responde objetivamente pelos danos causados por seus agentes. • Regresso contra o agente exige comprovação de dolo ou culpa. 13. Responsabilidade civil e serviços públicos (Ana Rita de Figueiredo Nery) • A atuação estatal moderna combina autoridade e consensualidade. • Busca-se compatibilizar eficiência administrativa com proteção dos direitos individuais. Síntese final A obra demonstra que: • A responsabilidade civil evoluiu de uma vingança pessoal para um instrumento de justiça social e solidariedade. • Atualmente, privilegia-se a proteção da vítima, o equilíbrio social e a função preventiva/punitiva da indenização. • O sistema brasileiro combina elementos subjetivos e objetivos, adotando a teoria do risco para atividades perigosas e para a responsabilidade estatal.