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<p>E-Book</p><p>ERGONOMIA E</p><p>SEGURANÇA DO</p><p>TRABALHO</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>SUMÁRIO</p><p>Unidade 1 ................................................................................................................................................ 3</p><p>1.1 Conceituação da Ergonomia ............................................................................................................. 3</p><p>1.2 Ergonomia física, cognitiva e organizacional ................................................................................... 5</p><p>1.3 Surgimento e evolução histórica da Ergonomia .............................................................................. 8</p><p>1.4 Tipos de aplicação da Ergonomia ................................................................................................... 12</p><p>1.5 Sistema Homem-Tarefa-Máquina .................................................................................................. 16</p><p>Unidade 2 .............................................................................................................................................. 18</p><p>2.1 Postura e movimento ..................................................................................................................... 18</p><p>2.2 Medidas e aplicações ..................................................................................................................... 22</p><p>2.3 Trabalho muscular, estático e dinâmico ........................................................................................ 26</p><p>2.4 Aplicação de forças e cargas .......................................................................................................... 28</p><p>2.5 Noções de fisiologia do trabalho: idade, fadiga, vigilância e acidente ......................................... 30</p><p>Unidade 3 .............................................................................................................................................. 32</p><p>3.1 Princípios Ergonômicos da iluminação .......................................................................................... 32</p><p>3.2 Dimensionamento dos postos de trabalho ................................................................................... 35</p><p>3.3 Limitações sensoriais ...................................................................................................................... 39</p><p>3.4 Dispositivos de controle e de informação ..................................................................................... 42</p><p>3.5 Ergonomia e novas tecnologias...................................................................................................... 45</p><p>Unidade 4 .............................................................................................................................................. 51</p><p>4.1 Estudo e aplicação da NR-17 do MTE ............................................................................................. 51</p><p>4.2 Análise ergonômica do trabalho (AET) .......................................................................................... 54</p><p>4.3 Aplicação das ferramentas ergonômicas ....................................................................................... 60</p><p>4.4 Laudos ergonômicos ....................................................................................................................... 66</p><p>4.5 Trabalho em turno: Educação Ambiental, Relações culturais e Étnico-raciais ............................ 69</p><p>Referências ........................................................................................................................................... 72</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>Unidade 1</p><p>Fatores vinculados à saúde, segurança e satisfação emocional podem influenciar o</p><p>desempenho de um indivíduo no trabalho e afetar toda a produtividade de uma equipe. A</p><p>partir da afinidade entre a Ergonomia e esses fatores, o projeto de um produto é desenvolvido</p><p>e as organizações buscam adaptar o trabalho ao homem – interações e condições</p><p>correspondentes à relação ambiente x homem x máquina (CORREA e BOLETTI, 2015). Nesta</p><p>unidade, você aprenderá o que é a Ergonomia, seus objetivos, sua história, os tipos de</p><p>aplicações e o Sistema Homem-Tarefa-Máquina (SHTM).</p><p>1.1 Conceituação da Ergonomia</p><p>O termo Ergonomia foi formado a partir de duas palavras gregas: “Ergon” e “Nomos”,</p><p>cujo significado é representado por: trabalho e normas, regras, leis (BAXTER, 2011). Vários</p><p>autores definem Ergonomia como o estudo, de caráter interdisciplinar, da interação ou</p><p>adaptação do homem ao trabalho. Deve-se entender como trabalho todo o relacionamento</p><p>entre uma atividade produtiva e o homem, incluindo aspectos referentes ao ambiente físico</p><p>e organizacional, incluindo-se atividades pregressas à execução de uma tarefa como: projetos,</p><p>planejamentos, controles e avaliações após a realização das tarefas (LIDA & BUARQUE, 2018).</p><p>Um estudo ergonômico leva em consideração, pelo menos, as seguintes etapas:</p><p>Figura 1: etapas do estudo ergonômico:</p><p>Fonte: elaborado pela autora (2021).</p><p>Note que, preferencialmente, o estudo parte do conhecimento do trabalhador para a</p><p>projeção das capacidades e definição de suas limitações. Na realidade, a direção de adaptação</p><p>trabalho → homem é considerada mais simples, porque se uma atividade é adequada às suas</p><p>Caraterísticas do trabalhador</p><p>Projeção das</p><p>capacidades de</p><p>execução de tarefas</p><p>Estabelecimento de</p><p>limitações que</p><p>garantam a</p><p>preservação da</p><p>saúde</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>limitações e capacidades, sugere-se que menores serão as chances de acidentes, sacrifícios,</p><p>além de desgaste mental e físico do trabalhador, ocasionados pela dificuldade de operação de</p><p>uma máquina complexa, por exemplo (LIDA & BUARQUE, 2018).</p><p>A Ergonomia possui uma abordagem centrada no usuário, cujo objetivo principal é</p><p>preservar seu bem-estar físico, psíquico e emocional. Nesse contexto, o profissional</p><p>ergonomista pode ter formação superior em qualquer área, desde que tenha uma</p><p>especialização na área de Ergonomia. O estudo da Ergonomia contempla conhecimentos</p><p>sobre a biomecânica, fisiologia, as influências das condições laborais nos diversos sistemas do</p><p>corpo (locomotor, nervoso, musculoesquelético, etc.) e até psicologia, visto que inclui aspectos</p><p>psicogênicos, psicossociais e emocionais.</p><p>Dentre as responsabilidades do profissional ergonomista estão: planejamento,</p><p>organização, análise dos sistemas produtivos (processos e tarefas), ambientes laborais (layout</p><p>e postos de trabalho) e desenvolvimento de produtos. Além disso, avaliam a situação na</p><p>totalidade, de maneira sistêmica e propõem que essas demandas atendam às habilidades,</p><p>necessidades e limitações dos indivíduos, não somente no âmbito físico, mas também,</p><p>ambiental, social, cognitivo, organizacional, dentre outros fatores. A Ergonomia possui caráter</p><p>interdisciplinar e, em decorrência dos conhecimentos exigidos para o exercício da função de</p><p>ergonomista, normalmente os ocupantes deste cargo são médicos, fisioterapeutas,</p><p>psicólogos, programadores, engenheiros, designers ou arquitetos.</p><p>Visando reduzir os problemas ocasionados pela prática laboral, a Ergonomia visa o</p><p>conforto e a satisfação dos indivíduos no trabalho e, a partir de sua abordagem sistêmica,</p><p>fatores de influência na produtividade são estudados e melhorados ao longo do tempo. Com</p><p>objetivo de reduzir o estresse, a fadiga, erros e acidentes de trabalho, a Ergonomia</p><p>proporciona maior segurança e saúde para os funcionários de uma empresa. Por meio de</p><p>técnicas e práticas de produção adequadas à capacidade humana, tem-se como consequência</p><p>um aumento da eficiência no trabalho.</p><p>Muitas pessoas podem pensar que a eficiência está na produtividade acima de</p><p>qualquer coisa, mas não está, pois um sistema eficiente é aquele onde se produz mais,</p><p>utilizando-se menos recursos sem que isto signifique o sacrifício ou risco à vida dos</p><p>trabalhadores</p><p>estudo das Antropometrias requer dados estatísticos, adaptados às</p><p>características funcionais de cada posto de trabalho, principalmente</p><p>naqueles que exigem muitos movimentos.</p><p>É essencial estipular medidas que englobem estatisticamente as parcelas da</p><p>população a serem contempladas pelo produto, considerando as</p><p>diversidades de raça, sexo, classe social/econômica.</p><p>Deverão ser realizados levantamentos estatísticos considerando os dados médios de</p><p>5%, 50% e 90% das pessoas. Nesse caso, são atendidas apenas as medidas médias, portanto,</p><p>os que estiverem abaixo de 5% e acima de 95% não farão parte desse levantamento, mas</p><p>entende-se que conseguirão fazer o uso dos móveis mesmo assim. O quadro 2, a seguir,</p><p>mostra um modelo desse tipo de levantamento estatístico:</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>39</p><p>Unidade 3</p><p>Quadro 2: medidas de Antropometria estática de trabalhadores brasileiros.</p><p>FONTE: VANDERLEI et al (2015).</p><p>3.3 Limitações Sensoriais</p><p>A Ergonomia deve ser repassada ao trabalhador levando em consideração a</p><p>quantidade e qualidade das informações, visando o processamento das informações pela</p><p>mente do trabalhador. Neste sentido, é importante ressaltar que uma pessoa apresenta,</p><p>habitualmente, limitações sensoriais, quando uma dada quantidade de informações lhe tenta</p><p>ser passada. Veja o exemplo da nossa visão: o olho não é capaz de captar e processar muitos</p><p>estímulos que estejam acontecendo ao mesmo tempo (Mattos & Másculo, 2011). As</p><p>informações devem ser repassadas aos trabalhadores periodicamente e não é aconselhável</p><p>passar grande número de informações ao trabalhador ao mesmo tempo, pois ele não</p><p>conseguirá memorizá-las de uma única vez.</p><p>Segundo Másculo (2011), a percepção, a interpretação de dados e o processamento</p><p>das informações pela mente, oriundas dos órgãos sensoriais, são elementos a se destacar no</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>40</p><p>Unidade 3</p><p>sistema humano-tarefa-máquina. É a combinação destes elementos que, ao processar dados</p><p>e cruzar com informações já memorizadas, forma a base referencial para o processo decisório</p><p>do indivíduo. A atividade cognitiva deve estar presente em qualquer atividade,</p><p>independentemente do tamanho que essa atividade tiver. A Ergonomia cognitiva estuda os</p><p>processos mentais, percepção, memória, armazenamento, controle e a parte psicológica que</p><p>ocorre com o trabalhador durante a execução de suas atividades. A Ergonomia cognitiva é</p><p>também chamada de Engenharia Psicológica.</p><p>Através da Ergonomia cognitiva, é possível prever os resultados de uma carga mental</p><p>de trabalho sobre a mente do trabalhador e entender o andamento referente ao desempenho</p><p>de atividades. Com a Ergonomia, é possível melhorar a interação humano-computador por</p><p>meio de procedimentos como o treinamento, por exemplo. Segundo Másculo (2011, p. 343):</p><p>[...] a Ergonomia contribuiu para explicar o conteúdo de várias tarefas,</p><p>contribuiu para explicar o conteúdo mental de várias profissões que se</p><p>conhecem sob a denominação trabalho físico ou trabalho manual. Seja um</p><p>pedreiro ou fundidor de cerâmica, o desempenho de suas atividades implica</p><p>no processamento de informações, como qualidade de matéria prima, que</p><p>resultam em diferentes estratégias de execução. Estas decisões implicam,</p><p>também, conhecimentos específicos que definem competências que o</p><p>trabalhador adquire através da sua vivência diária e sua experiência</p><p>particular.</p><p>Ao ser explicado algum procedimento ao trabalhador, é importante chamar a atenção dele</p><p>para que ele capte informações e as guarde na memória para que, em caso de necessidade,</p><p>ele venha a tomar as devidas decisões. A atenção pode ser focalizada, seletiva, dividida e</p><p>sustentada, conforme explica Másculo (2011). É um fator importante para interpretação de</p><p>dados e considerada base para outros processos psicológicos.</p><p>A atenção focalizada ocorre quando o trabalhador foca em uma única informação; a</p><p>atenção seletiva é quando o trabalhador foca em mais de uma informação, a atenção dividida</p><p>é quando o trabalhador divide a sua atenção para mais de uma informação e a atenção</p><p>sustentada é quando o trabalhador sustenta sua atenção sobre uma informação por longo</p><p>tempo, a fim de detectar sinais (EYSENCK e KEANE, 2017). Através da atenção, o indivíduo</p><p>consegue processar as informações e memorizar. A memorização ocorre quando as</p><p>informações são recebidas pelo cérebro e guardadas. Essas informações podem ser guardadas</p><p>por curtos ou longos prazos. Ao ter a informação captada pelo cérebro, o indivíduo terá um</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>41</p><p>Unidade 3</p><p>tempo de reação para responder as informações coletadas. Essa resposta ocorre através de</p><p>movimentos que demonstram a percepção motora e, logo após, surgirão as decisões como</p><p>respostas às informações.</p><p>O ser humano é passível a erros e falhas, através de equívocos e lapsos, situações que</p><p>causam diminuição na eficiência e eficácia durante a execução das atividades. Lapsos ocorrem</p><p>quando existem comportamentos automáticos e os equívocos ocorrem quando são tomadas</p><p>decisões incorretas pelo trabalhador. A melhor maneira de minimizar o acontecimento de</p><p>falhas e erros é investir em treinamento, capacitação, processo seletivo, instruções, facilidade</p><p>de projetos e sistemas adequados.</p><p>No caso do trabalho que passará por estímulos visuais, deve-se haver uma</p><p>preocupação com a luminosidade do ambiente de trabalho. Com isso, deve existir um</p><p>equilíbrio de brilho da tela do computador ou celular que o trabalhador usará durante suas</p><p>atividades. Além disso, o monitor deverá manter-se a uma distância entre 60 e 70 cm, com 20</p><p>graus em relação ao nível dos olhos. Deverá haver um descanso da visão a cada uma hora,</p><p>pelo menos, e, em trabalhos que utilizam claridade de altos níveis (solda, faíscas, jato) o</p><p>trabalhador deverá utilizar EPI adequado, ou seja, máscara facial de solda ou óculos de</p><p>proteção, dependendo da atividade exercida.</p><p>A audição do ser humano também possui seus limites sensoriais: a partir de 120 dB o</p><p>trabalhador poderá sentir desconforto e, acima de 140 dB, poderá sentir dor, dependendo do</p><p>ruído que ouvirá ao realizar as atividades de trabalho. A tolerância aos ruídos varia de uma</p><p>pessoa para outra e quando o trabalhador estiver exposto a ruídos durante a execução de</p><p>suas atividades, deverá respeitar a tolerância de 85 dB em até 8 horas de trabalho, evitando,</p><p>assim, danos à sua audição e saúde. Mesmo assim, é importante preocupar-se com o</p><p>desempenho de um trabalhador que está submetido à exposição de ruídos, sendo obrigatório</p><p>o uso de EPIs, como fones de ouvido que minimizem os ruídos e não prejudiquem a saúde do</p><p>trabalhador. Informações quanto ao nível máximo de dB por hora de trabalho podem ser</p><p>obtidas na norma regulamentadora 15 (NR15), anexo 1, tabela de limite de tolerância para</p><p>ruído contínuo e intermitente.</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>42</p><p>Unidade 3</p><p>3.4 Dispositivos de Controle e de Informação</p><p>Os dispositivos de informação são aqueles que permitem que haja acesso a</p><p>informações, com o intuito de minimizar fadiga e acidentes, trazendo melhorias ao espaço de</p><p>trabalho. Já os dispositivos de controle são aqueles que permitem com que haja o toque do</p><p>trabalhador, ou seja, aqueles pelos quais é utilizado o tato durante as execuções das</p><p>atividades.</p><p>Os dispositivos de informação podem ser do tipo visual e do tipo auditivo. Os</p><p>dispositivos visuais são aqueles onde o sistema visual detecta detalhes de sinais nas</p><p>informações e os dispositivos auditivos são aqueles onde o sistema auditivo detecta tais sinais</p><p>nas informações. Segundo Lida (2016, p.497):</p><p>Os dispositivos de informação constituem a parte do sistema que fornece</p><p>informações ao operador humano, para que este possa tomar decisões. O</p><p>ser humano é dotado de muitos tipos de células sensíveis, mas</p><p>principalmente a visão e a audição são importantes no contexto do trabalho</p><p>e, portanto,</p><p>são mais estudadas pela Ergonomia.</p><p>Através da visão, pelos olhos, consegue-se fixar e perceber muitas situações sem</p><p>precisar mexer o corpo e sem fazer muito esforço, porém, às vezes, é preciso um maior esforço</p><p>maior e mais movimento para perceber um campo visual maior. De acordo com Lida (2016),</p><p>a visão é dividida em níveis, que são:</p><p>Nível 1: onde os olhos não precisam fazer esforços e nem movimentos para identificar</p><p>objetos e visualizar itens continuamente, por esse motivo a visão é ótima. É representada</p><p>através de um cone abaixo da linha horizontal com abertura de 30º para os lados e para a</p><p>frente.</p><p>Nível 2: onde é preciso movimentar os olhos sem movimentar a cabeça, determinada</p><p>visão máxima. É representada por um cone com 35º abaixo da linha horizontal e 25º acima da</p><p>linha horizontal de visão. Totalizando em 80º de abertura horizontal e 60º de abertura vertical.</p><p>Nível 3: onde é preciso movimentar toda a cabeça para visualizar um objeto. Sendo</p><p>assim, a cabeça consegue girar 55º para cada lado, inclinar-se até 40º para baixo e até 50º</p><p>para cima. É determinada como visão ampliada e representada pelos cones de visão ótima e</p><p>máxima que acompanham esse movimento de cabeça.</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>43</p><p>Unidade 3</p><p>Nível 4: onde é preciso realizar maiores esforços, como estender o pescoço ou se</p><p>levantar de algum lugar em que esteja sentado. Nesse caso, é determinado como visão</p><p>estendida.</p><p>Figura 23: cones de visão ótima e máxima.</p><p>Fonte: Lida (2016, p. 502)</p><p>A Figura 23 mostra a visão com níveis ótimo e máximo, conforme explicado</p><p>anteriormente.</p><p>Os dispositivos de informações estão presentes em muitos tipos de</p><p>produtos, ambientes e situações. Isso inclui objetos de uso cotidiano,</p><p>como rádios, relógios, smartphones, até painéis de controle</p><p>complexos, como cabines de aeronaves, e centrais de controle de</p><p>usinas nuclear. (IIDA, 2018, p. 497)</p><p>Os dispositivos de informações visuais são comuns de serem encontrados em ambientes do</p><p>trabalho. Monitores de computadores e placas de sinalização são exemplos de dispositivos de</p><p>informações visuais no ambiente de trabalho. Por serem encontrados em ambientes de</p><p>trabalho, são dispositivos passíveis de adaptação ergonômica, isto é, ajustes conforme as</p><p>características dos trabalhadores, além disso, são aqueles utilizados pelo indivíduo durante a</p><p>realização da atividade e que podem sofrer alterações em sua configuração. No caso de um</p><p>monitor, por exemplo, pode sofrer alteração no ajuste de tela em relação a cores, brilho e</p><p>inclinação da tela de acordo com a altura do trabalhador, ao trabalhar sentado. Essas</p><p>configurações e adaptações evitam que a visão do trabalhador se desgaste e que ele tenha</p><p>um esforço em sua posição ao olhar a tela do monitor. Os dispositivos de informação</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>44</p><p>Unidade 3</p><p>auditivos são usados para comunicações que envolvem a fala e, consequentemente, é preciso</p><p>haver a escuta do trabalhador. Esses dispositivos têm o objetivo de relatar acontecimentos</p><p>perigosos ou graves, chamando atenção imediata e informando a necessidade de intervenção</p><p>em algum equipamento.</p><p>Essas comunicações são sinais que podem ter como alvo uma única pessoa ou uma</p><p>determinada quantidade de pessoas de algum local. É um sinal realizado através da emissão</p><p>de sons, mais conhecido como sinal de alerta. Um exemplo disso é um caminhão que</p><p>transporta grande carga e que, para sair de um estacionamento, precisa dar ré. Ao realizar</p><p>essa ré, o caminhão emite sons com o intuito de avisar pessoas que estão próximas ou atrás</p><p>do veículo, incitando-as a se afastarem, para que o caminhão consiga realizar o seu trajeto.</p><p>Existem também máquinas que emitem sons em caso de falta de algum componente</p><p>ou algum produto de abastecimento: estando o trabalhador que opera essa máquina longe</p><p>da mesma, poderá ser alcançado e entender que a máquina necessita de atenção e</p><p>manutenção, pois chama a atenção do trabalhador para que ele volte ao seu posto de trabalho</p><p>e verifique o que a máquina precisa. Deve-se ter cuidado para não sobrecarregar o</p><p>trabalhador. Por esse motivo, deve haver uma sincronização entre sinal visual e auditivo, além</p><p>disso, é importante levar em consideração a distância que o trabalhador estará da máquina.</p><p>Lida (2016, p. 535) diz que:</p><p>o alarme sonoro tem a função de propagar-se em todas as direções,</p><p>principalmente nos casos emergenciais. Aqueles de natureza não verbal</p><p>(buzina e sirene) podem ser usados em casos de emergência.</p><p>A frequência sonora e a altura do som dependem do ambiente de trabalho e da função desse</p><p>alarme.</p><p>Para advertir motoristas que trafegam na contramão, as frequências mais</p><p>audíveis situam-se entre 750 e 1.000 Hz, com pulsações de 6 Hz e intensidade</p><p>de 10 dB acima do ruído ambiental de modo a evitar o mascaramento</p><p>(confusão com outros ruídos ambientais). (IIDA, 2018, p. 535)</p><p>Quando um trabalhador é exposto a ruídos, deve realizar, periodicamente, a cada seis</p><p>meses, exame audiométrico, obrigatório. A norma regulamentadora 15 (NR15) aborda sobre</p><p>o limite de tolerância para ruídos contínuos, sendo de 85 dB, tendo uma jornada de trabalho</p><p>de, no máximo, 8 horas diárias. Caso haja um ruído com dB maior, deverá ser reduzida a carga</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>45</p><p>Unidade 3</p><p>horária do trabalhador pela metade, considerando um aumento a cada 5 dB. Além disso, é</p><p>obrigatório o uso de equipamentos de proteção individual (EPI).</p><p>Os dispositivos de controle exigem movimentos de controle através de órgãos</p><p>sensoriais (senso cinestésico e tato) no alcance ou fora do alcance do campo visual do</p><p>trabalhador. Os dispositivos de controle podem ser considerados aqueles que possuem</p><p>sistemas automatizados ou aqueles que utilizam sistemas manuais, os quais necessitam da</p><p>operação advinda do trabalhador. Esses dispositivos precisam que haja movimentos do corpo</p><p>do trabalhador durante sua operação, portanto, deve-se adequar para que os movimentos</p><p>sejam os mais naturais possíveis, evitando, assim, que o trabalhador se esforce demais ao</p><p>realizá-los. Por isso, os movimentos devem ser harmoniosos, em caso de movimentos de</p><p>braços, deverão ser contínuos e curvos, sem paradas repentinas, seguindo sempre a mesma</p><p>direção e ao utilizar os dois braços deverão realizar movimentos em conjunto e com direções</p><p>contrárias.</p><p>O controle deverá ser de fácil operação e deverá ter fácil discriminação. Esse controle</p><p>também poderá ser feito com a utilização dos pés, mas a diferença estará nos movimentos</p><p>que serão somente de empurrar para ligar ou desligar algum equipamento ou controlar o</p><p>envio ou retirada de materiais de determinado sistema. Ao utilizar os pés para controlar algum</p><p>sistema de equipamento, as mãos ficarão livres para realizar qualquer outra atividade.</p><p>Os controles que possuem grande importância durante a operação deverão estar mais</p><p>próximos do trabalhador, ou seja, deverão se encontrar em áreas de fácil alcance, enquanto</p><p>o restante poderá ficar localizado em áreas de alcance máximo. Áreas de alcance fácil são</p><p>aquelas que o trabalhador não necessitará fazer muito esforço para alcançar, ou levantar-se</p><p>para alcançá-lo em caso de trabalhar sentado, por exemplo. Já a área de alcance máximo é</p><p>aquela onde o trabalhador deverá esforçar-se mais, sair da cadeira para controlar o sistema,</p><p>por exemplo, ou erguer-se um pouco mais para apertar algum botão de controle do sistema.</p><p>3.5 Ergonomia e novas tecnologias</p><p>Atualmente, a Ergonomia precisa se adequar às novas formas de tecnologia que estão</p><p>presentes em grandes quantidades nos ambientes de trabalho. Muitos trabalhadores as</p><p>utilizam para exercer suas atividades laborais. Lida (2016, p. 530) diz que:</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>46</p><p>Unidade 3</p><p>[...] as novas tecnologias, como LED e controle por tato (touch screen e</p><p>tecnologias hápticas), mudaram bastante a forma de apresentação e</p><p>controle</p><p>de displays.</p><p>Hoje em dia, a percepção tátil é muito utilizada, além da visão e da audição.</p><p>Tecnologias hápticas são aquelas que necessitam ser acionadas através do toque do indivíduo,</p><p>essas tecnologias usam o senso tático para fornecer informações.</p><p>Muitos produtos atuais já usam essas novas tecnologias, como os monitores</p><p>planos, PDAs, tablets, smartphones, e-books, GPS, displays por controle</p><p>tático, por realidade virtual, por tecnologia háptica, skinput e outros. (IIDA,</p><p>2016, p. 530)</p><p>ID DA IMAGEM: 108074910</p><p>Figura 24: uso de celular no ambiente de trabalho</p><p>A Figura 24 mostra um trabalhador utilizando um celular como plataforma de trabalho</p><p>para realizar atividades de serviços de engenharia. Segundo Lida (2018), o senso tátil</p><p>apresenta vantagens: sensibilidade cutânea na captura de vibrações, uma quantidade de</p><p>superfície corporal em homem de 1,80 a 2,00 metros de pele, grande potencial do canal tátil</p><p>que é pouco usado e forma de transmissão de informações sigilosas.</p><p>A Ergonomia pode estar aliada à tecnologia, pois, atualmente, existem móveis</p><p>ergonômicos, cadeiras e mesas que já são fabricadas com apoiadores que possuem medições,</p><p>conforme pede a norma regulamentadora. Algumas cadeiras novas já vêm com apoiadores de</p><p>braços. Atualmente, os mousepads fabricados são ergonômicos e cooperam para a</p><p>manutenção da saúde do trabalhador. Quando uma pessoa realiza serviços com a utilização</p><p>do computador sempre faz alguns movimentos repetitivos e, ao utilizar mousepads</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>47</p><p>Unidade 3</p><p>ergonômicos durante a execução de suas atividades, se esforça menos, em determinadas</p><p>posições de trabalho.</p><p>Figura 25: mousepad</p><p>Fonte: 320300502</p><p>A Figura 25 mostra um mousepad acompanhado de uma almofada que serve para não</p><p>forçar o pulso durante a execução de atividades de trabalho. Segundo Lida (2018, p. 530):</p><p>[...] o projeto de interfaces com o uso dessas tecnologias exige uma nova</p><p>abordagem da interface humano-computador. A separação entre</p><p>dispositivos de informação e os dispositivos de controle da era</p><p>eletromecânica deixaram de existir na nova era da informática. Hoje pode-</p><p>se acionar diretamente sobre as informações apresentadas no mostrador.</p><p>Esse projeto de interfaces deve ser simplificado de modo a evitar erros, então, deve</p><p>ter a aparência natural. Lida (2018) diz que as interfaces devem ter as seguintes</p><p>recomendações: atender às expectativas dos usuários, ter consistência, ter uma operação</p><p>natural que possibilite a manipulação direta, fornecer retorno (feedbacks) aos usuários, evitar</p><p>sobrecargas devido ao usuário ter memórias de curta duração e atender vários tipos de</p><p>usuários (atendimento universal). Como exemplos desses projetos tecnológicos que seguem</p><p>essas recomendações, é possível citar os telefones móveis (celulares) e os tablets, cujos</p><p>modelos são fabricados com a finalidade de atender uma gama ampla com diferentes</p><p>usuários.</p><p>A Ergonomia tem a função de trazer qualidade e fácil adaptação de equipamentos e</p><p>máquinas junto ao trabalhador, fazendo com que sua operação seja eficaz, evitando</p><p>manuseios pesados e esforços demasiados durante a realização das atividades laborais. O</p><p>manuseio repetitivo de equipamentos durante a atividade de trabalho pode ocasionar lesões</p><p>por esforço repetitivo (LER), que impedem o trabalhador de continuar seu trabalho e trazem</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>48</p><p>Unidade 3</p><p>limitações ao realizar determinador movimentos. Por isso a Ergonomia é tão importante, pois,</p><p>através dela, é possível evitar esse tipo de ocorrência, além de trazer melhorias ao trabalhador</p><p>durante a execução de suas atividades.</p><p>Atualmente, com tanta mudança de tecnologia, a maior dificuldade existente é a inter-</p><p>relação entre tecnologia e trabalhadores. Sempre é preciso que o trabalhador se ajuste às</p><p>alterações tecnológicas, ao passo em que as empresas implantam essas tecnologias para uso</p><p>durante o trabalho. Para a implantação de novas tecnologias, uma empresa deverá realizar</p><p>projetos de sistemas visando a utilização, o controle e a compressão dessas tecnologias com</p><p>sensatez. É fundamental que uma empresa, ao adotar novas tecnologias, realize treinamentos</p><p>de reciclagem e capacitação em seus funcionários, sendo esses treinamentos</p><p>responsabilidade total da empresa.</p><p>A tecnologia existe como meio de facilitar a vida do trabalhador, pois, dependendo do</p><p>sistema, o trabalhador aperta somente botões de liga/desliga e o sistema faz toda leitura e</p><p>realiza todo um processo. Essa facilidade é um meio de trazer qualidade de vida ao</p><p>trabalhador, pois melhora a produtividade, por isso, os trabalhadores ficam menos cansados</p><p>e mais satisfeitos quando a tecnologia é aplicada de forma adequada. Ademais, a tecnologia</p><p>melhora os processos operacionais da empresa que a utiliza.</p><p>É indicado que as tecnologias possuam interface com fácil acessibilidade, promovendo</p><p>descentralização de procedimentos e de informações. Sendo assim, viabiliza o acesso a dados</p><p>e a tomada de decisões, agilizando processos dentro da organização. A tecnologia visa garantir</p><p>um bom clima dentro da empresa, evitar desgastes e estresses, além disso traz economia para</p><p>dentro da organização. Ao serem implantadas novas tecnologias dentro da empresa, é</p><p>importante tomar alguns cuidados, sendo eles: considerar a experiência dos funcionários,</p><p>facilitar a linguagem para eles e informar as mudanças.</p><p>As tecnologias deverão ser adaptadas aos usuários trabalhadores, por isso é</p><p>importante uma interface amigável. É importante definir o tipo de plataforma que será</p><p>utilizada por eles e o sistema operacional dessa plataforma, além de entender qual plataforma</p><p>o funcionário terá mais facilidade para trabalhar (tablet, desktop, celular) e o devido sistema</p><p>que ele terá mais facilidade (Android, IOS, Windows).</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>49</p><p>Unidade 3</p><p>Esse tipo de preocupação por parte da empresa fará com que o trabalhador se sinta</p><p>acolhido e fará com o que o trabalhador opere satisfeito. Existem diferenças entre</p><p>plataformas e sistemas operacionais, sendo que algumas plataformas (celulares) possuem um</p><p>botão apenas para serem operados, enquanto outros não possuem nenhum botão, apenas</p><p>possuem o touch, onde o trabalhador deve clicar direto na tela.</p><p>A linguagem da tecnologia implantada deverá ser de fácil entendimento pelo usuário,</p><p>por exemplo, sendo um site, deverá ter ícones que não causem confusão do trabalhador</p><p>quando ele precisar acessar o site. Por esse motivo, os ícones não poderão ser parecidos. Os</p><p>elementos da interface (aplicativo, website, sistema) deverão ser harmônicos entre si.</p><p>O usuário deverá entender as mudanças da interface através de interação do sistema,</p><p>isso pode ocorrer através de treinamento que possam conter animações como meio de</p><p>facilitar o entendimento do trabalhador, que usará o sistema. Deverá ser utilizada, no projeto</p><p>de interface, a Ergonomia informacional que aborda a Psicologia, a cognição e a Arquitetura</p><p>de informação, facilitando a interação humano-computador.</p><p>Durante o trabalho de visualização de plataformas e acesso a informações através de</p><p>sistemas, o trabalhador deverá realizar pausas para descansar a visão, a audição e alongar o</p><p>corpo em caso de se trabalhar sentado. Já em caso de trabalhar em pé, deverá ter um assento</p><p>próximo ao posto de trabalho para realizar descansos de alguns minutos e depois voltar ao</p><p>trabalho.</p><p>Figura 26: pausa para descanso.</p><p>Fonte: 195588806</p><p>Mesmo trabalhando com tecnologias que facilitam o serviço da empresa e do usuário,</p><p>é possível entender que a visão pode ficar cansada ao trabalhar diariamente olhando telas de</p><p>computadores, celulares ou tablets. A mente também fica cansada ao sempre estar</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>50</p><p>Unidade 3</p><p>trabalhando diretamente com esses tipos de sistemas, por isso, é indispensável que haja uma</p><p>pausa.</p><p>Recomenda-se que,</p><p>quando o trabalhador realizar muitos movimentos repetitivos aos</p><p>trabalhar, ele pratique pausas e alongamentos a cada 45 minutos durante o seu expediente</p><p>de trabalho, para que não adquira lesões por esforços repetitivos ou por estar há muito tempo</p><p>estacionado na mesma posição, algo que pode acontecer durante a realização de atividades.</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>51</p><p>Unidade 4</p><p>Unidade 4</p><p>4.1 Estudo e aplicação da NR-17 do MTE</p><p>A norma regulamentadora 17 (NR17), que fala sobre Ergonomia, foi publicada,</p><p>inicialmente, em 1978 e teve sua última atualização em 2018. Através dessa norma, é possível</p><p>obter diretrizes sobre como fornecer conforto e segurança aos trabalhadores dentro do</p><p>ambiente de trabalho, além possibilitar ao trabalhado obter melhor desempenho durante</p><p>suas atividades de forma eficiente. Lida (2018, p. 792) cita que “o Ministério do Trabalho e</p><p>Emprego (MTE) é o órgão da administração federal que realiza a fiscalização do trabalho ao</p><p>qual compete o estabelecimento e revisão de normas regulamentadoras (NR).” Ainda</p><p>segundo a autora (2018, p.792), “[...] essas NR são de observância obrigatória por todas as</p><p>empresas brasileiras regidas pela Consolidação das Leis de Trabalho (CLT) e são</p><p>periodicamente revisadas pelo MTE”.</p><p>Qualquer empresa, pública ou privada, que tenha empregados contratados por CLT,</p><p>precisa seguir as normas regulamentadoras, pois elas regulam boas práticas de saúde e</p><p>segurança dentro do ambiente do trabalho. Boas práticas que, ao serem aplicadas dentro das</p><p>empresas, previnem doenças e acidentes. Lida (2018, p. 792) explica que:</p><p>No Brasil, tais normas são elaboradas e atualizadas por comissões tripartites</p><p>específicas compostas por representantes do governo, empregadores e</p><p>empregados. As NR regulamentam e fornecem orientações sobre os</p><p>procedimentos relacionados à Segurança e Medicina do trabalho.</p><p>Atualmente, existem cerca de 37 normas regulamentadoras criadas pelo Ministério do</p><p>Trabalho e Emprego que auxiliam na segurança, organização e bem-estar do ambiente de</p><p>trabalho e do trabalhador. A NR17 fala especificamente de Ergonomia, sendo importante de</p><p>ser praticada dentro das empresas, para manter a integridade mental e física de seus</p><p>funcionários.</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>52</p><p>Unidade 4</p><p>A Ergonomia estuda a interação entre os trabalhadores e as máquinas e equipamentos</p><p>que ele utiliza durante a execução de suas atividades, assim como também analisa a condição</p><p>que o trabalhador possui em seu posto de trabalho. Essa interação é analisada devido a ser</p><p>um fator que traz consequências à saúde e à produtividade do trabalhador.</p><p>A NR17 trata de assuntos importantes, como transporte de cargas e materiais,</p><p>adaptação de mobiliário de acordo com as características do trabalhador, Ergonomia</p><p>relacionada a equipamentos dentro do ambiente de trabalho e utilizados em atividades</p><p>laborais, organização e condições do ambiente. Ela também visa a melhoria do ambiente</p><p>de trabalho, trazendo conforto e bem-estar ao trabalhador, a fim de melhorar a segurança, a</p><p>produtividade e o seu desempenho. Através de diretrizes que estabelecem procedimentos e</p><p>orientações na norma regulamentadora 17, é possível que as empresas tenham uma direção</p><p>de como preservar a segurança e a comodidade de todos os trabalhadores.</p><p>Quando a empresa segue as orientações internas da NR17 juntamente com os seus</p><p>funcionários, alguns benefícios podem ser observados, como a prevenção e redução de riscos</p><p>e acidentes, redução de doenças que surgem pelo trabalho repetitivo ou por más</p><p>posicionamentos do trabalhador, redução de afastamentos de funcionários e de causas</p><p>judiciais trabalhistas, melhoria no clima da empresa, redução de custos, economia,</p><p>organização, ambiente saudável e limpo, melhoria na postura dos funcionários, melhoria na</p><p>iluminação e na temperatura do ambiente, satisfação dos trabalhadores e,</p><p>consequentemente, melhor produtividade.</p><p>Toda empresa que empregue funcionários por CLT é obrigada a realizar os</p><p>procedimentos de segurança e utilizar as normas regulamentadoras do MTE como base. A</p><p>NR17 é uma norma simples e de fácil interpretação, onde a empresa deve seguir à risca</p><p>diretrizes que estabelecem uma melhor relação entre máquinas e trabalhador para obtenção</p><p>de melhores resultados.</p><p>Resumindo, a NR17 trata sobre situações que podem ocorrer no ambiente de trabalho</p><p>e para as quais a empresa deve voltar atenção, aplicando medidas que assegurem a segurança</p><p>do trabalhador, tais como procedimentos a serem tomados em transporte de cargas,</p><p>procedimentos quanto ao mobiliário, materiais, máquinas e equipamentos, procedimentos</p><p>para haver melhores condições de trabalho e procedimentos para organização do trabalho.</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>53</p><p>Unidade 4</p><p>Muitos funcionários trabalham diretamente com o transporte de cargas, sendo essa</p><p>uma atividade que envolve força e exige que o trabalhador tenha uma postura adequada ao</p><p>pegar e ao descarregar a carga e colocá-la em outro lugar. A postura e quantidade de carga</p><p>que o trabalhador transporta deve ser um ponto de atenção, pois, dependendo da forma que</p><p>fizer os movimentos para esse tipo de atividade, o trabalhador poderá adquirir uma lesão ou</p><p>até mesmo sofrer um acidente.</p><p>A NR17 afirma que o transporte manual de cargas se refere a todo transporte</p><p>(levantamento e depósito) de carga que é carregado somente por um trabalhador. Esse</p><p>levantamento de carga pode ser contínuo ou descontínuo. A carga transportada pelo</p><p>trabalhador deve ter limite de peso de acordo com o peso que o trabalhador tem, esse limite</p><p>é traçado para que o trabalhador execute a atividade de carregar o peso com segurança e</p><p>saúde.</p><p>A Consolidação das Leis de Trabalho (CLT) no artigo 198 diz que o peso máximo que</p><p>um trabalhador do sexo masculino pode transportar é de 60 kg. Segundo o artigo 390 da CLT,</p><p>uma trabalhadora do sexo feminino pode carregar no máximo 20 kg em atividades de trabalho</p><p>contínuo e 25 kg em atividades de trabalhos descontínuos. Para executar um trabalho de</p><p>transporte de carga, o trabalhador deve receber treinamento sobre os procedimentos</p><p>corretos de como executar o serviço com segurança e de forma a prevenir os acidentes.</p><p>Até a mobília do ambiente de trabalho deve ser organizada de forma a facilitar o acesso</p><p>do trabalhador ao posto de trabalho, logo, as mobílias devem ser adaptadas às características</p><p>do trabalhador. Por isso é importante analisar a NR17 para verificar os tamanhos apropriados</p><p>dos móveis, posicionamento dos equipamentos em relação ao campo de visão do trabalhador,</p><p>iluminação adequada no ambiente de trabalho de modo a garantir conforto visual e</p><p>Ergonomia dos móveis para evitar lesões devido a movimentos repetitivos</p><p>independentemente de exercer as atividades em pé ou sentado.</p><p>A NR17 diz que os móveis devem permitir variações posturais e devem ter ajustes</p><p>fáceis de acionar, sendo assim, o monitor de vídeo e o teclado devem ficar sobre superfícies</p><p>que possuam regulagens independentes, o plano de trabalho deve ter bordas arredondadas,</p><p>o mouse deve ter apoio sobre a mesma superfície do teclado em área que possibilidade</p><p>movimentos livres e em caso de o trabalhador não conseguir alcançar o piso deverá haver</p><p>apoio para os pés que supram o espaço entre o pé e o piso.</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>54</p><p>Unidade 4</p><p>Os assentos deverão ter apoio para os braços e ter cinco pés que mantenham o assento</p><p>estável, a base deve ser estofada com material de densidade específica, a altura deverá ser</p><p>ajustável, a base deverá ter nenhuma ou pouca conformação e o encosto também deverá ser</p><p>ajustável. Os monitores deverão ser ajustáveis para que os ângulos de visão sejam adequados</p><p>ao trabalhador.</p><p>As condições de ambiente de trabalho e a organização do trabalho precisam garantir</p><p>conforto e bem-estar aos trabalhadores, sendo assim os níveis de iluminação, temperatura e</p><p>de</p><p>ruído devem ser adequados no ambiente de trabalho, ou seja, devem estar em</p><p>conformidade com as diretrizes da NR17 para evitar problemas psicológicos e físicos, assim</p><p>como evitar a sobrecarga e evitar disponibilizar um ambiente insalubre para o trabalhador.</p><p>O ambiente deverá possuir boa iluminação que deverá estar presente em todo o</p><p>recinto de forma bem distribuída, deverá ser dada prioridade à luz natural, mas em caso de</p><p>não ser possível o ambiente deverá ser bem iluminado com luz artificial de modo que haja</p><p>conformidade visual ao trabalhador durante suas atividades. A iluminação deverá ser</p><p>instalada de modo a evitar ofuscamentos, sombras e reflexos, pois esse tipo de situação cansa</p><p>e desgasta a vista do trabalhador.</p><p>Segundo a NR17 (2018), os níveis de ruído deverão ser adequados conforme exposto</p><p>na NBR 10152 estabelecida pelo INMETRO, a temperatura efetiva do ambiente deverá estar</p><p>entre 20 graus e 23 graus centígrados, a velocidade do ar não deverá ser superior a 0,75m/s e</p><p>a umidade relativa do ar não deverá ser inferior a 40 por cento no ambiente de trabalho.</p><p>Segundo a NBR 10152, o nível de ruído de conforto será de até 65 dB e a curva de</p><p>avaliação de ruído máximo é de até 60 dB em locais de trabalho em que são executadas</p><p>atividades intelectuais como salas de controle, laboratórios, escritórios, análise de projetos,</p><p>entre outros. De acordo com a NR17 (2018), a organização do trabalho deve ser adaptada às</p><p>características psicológicas e físicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho, considerando</p><p>as normas de produção, a forma de operação, o tempo; a determinação do conteúdo de</p><p>tempo, o ritmo de trabalho e o conteúdo das atividades.</p><p>4.2 Análise Ergonômica do Trabalho (AET)</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>55</p><p>Unidade 4</p><p>A Análise Ergonômica do Trabalho (AET) consiste em um procedimento feito para</p><p>avaliação das condições de trabalho e da análise psicofisiológica dos trabalhadores. É</p><p>responsabilidade da empresa a realização do AET e é responsabilidade da empresa manter as</p><p>condições mínimas de trabalho (saúde e segurança) de acordo com as normas</p><p>regulamentadoras.</p><p>Segundo Másculo (2011, p.349) “a Análise Ergonômica do Trabalho (AET), [...] analisa</p><p>as condições reais da tarefa, como também analisa as funções efetivamente utilizadas, realizá-</p><p>las, ou seja, confronta o trabalho prescrito com o trabalho real”. Másculo (2011, p.351) diz</p><p>que “a Ergonomia estuda a adaptação do trabalho ao ser humano e o comportamento</p><p>humano no trabalho, enfocando o ser humano, a máquina, o ambiente e a organização do</p><p>trabalho”.</p><p>A AET tem a função de entender o trabalho e suas condições e de viabilizar condições</p><p>de conforto, saúde e produtividade ao trabalhador. Isto ocorre devido à possibilidade de</p><p>análise e avaliação das relações entre produtividade, doenças e acidentes com organização,</p><p>trabalho, sistemas da empresa. A Ergonomia auxilia na melhoria da produtividade devido ao</p><p>fornecimento de melhores condições de trabalho ao trabalhador e possui o objetivo de reduzir</p><p>as sobrecargas relacionadas às atividades exercidas no ambiente de trabalho.</p><p>Ao implementá-la, deve ser feita uma análise sobre a forma de trabalho e movimentos</p><p>realizados durante as atividades com o intuito de evitar lesões que venha a ocorrer de forma</p><p>cumulativa e repetitiva. Juntamente com a AET, podem ser aplicadas outras ferramentas, ou</p><p>seja, métodos de Ergonomia que auxiliam na identificação dos problemas e tratativas para</p><p>que esses problemas sejam resolvidos, sanados. A Análise Ergonômica do Trabalho (AET) é um</p><p>procedimento técnico, um tipo de relatório que serve para identificar as inadequações de</p><p>Ergonomia referentes ao ambiente de trabalho e referente ao trabalhador. Nessa análise,</p><p>deve ser colocado em papel todas as informações referentes à aplicação das diretrizes</p><p>descritas na NR17.</p><p>A partir dessa análise é possível verificar os problemas e riscos e, então, a partir daí</p><p>poderão implantar melhorias de forma a resolver os problemas. A AET deve contar com a</p><p>coleta de informações advindas da participação dos trabalhadores para que essa análise tenha</p><p>as descrições das atividades feita de forma bem detalhada. Pode ser feita por departamentos,</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>56</p><p>Unidade 4</p><p>porém é importante iniciar em departamentos onde haja maiores riscos de acidentes, a fim</p><p>de preveni-los brevemente.</p><p>Nesse documento, deverá conter informações relevantes como a apresentação da</p><p>empresa, o objetivo da análise, o perfil dos trabalhadores do ambiente analisado, a</p><p>organização do ambiente do trabalho, a descrição de atividades exercidas pelos</p><p>trabalhadores, passo a passo do que é feito durante as atividades, condições ambientais,</p><p>layout do ambiente e conclusão com a análise ergonômica e as medidas preventivas e a</p><p>conclusão para Programa de Prevenção de Riscos e Acidentes – PPRA. A apresentação da</p><p>empresa deverá mostrar os dados da empresa e um pequeno histórico sobre ela,</p><p>considerando o nome de uma empresa fictícia (EMPRESA XYZ LTDA), conforme exemplo a</p><p>seguir:</p><p>APRESENTAÇÃO DA EMPRESA</p><p>A EMPRESA XYZ LTDA, com CNPJ 99.999.999/9999-99, situada no endereço Rua XYZ nº X, na</p><p>cidade de Brasília-DF, CEP: 72.000-000, Atividades Econômicas - CNAE e Quadro I da NR-04,</p><p>Portaria 3.214 de 08/06/78 e alterações posteriores, Grau de Risco 03 (três).</p><p>Esta possui 10 anos de mercado iniciando suas atividades em 2011 nesta cidade do Distrito</p><p>Federal, possui atualmente 30 funcionários e se preocupa com a saúde e a segurança de cada</p><p>um deles, por isso, solicita a elaboração desta ANÁLISE ERGONÔMICA DE TRABALHO (AET).</p><p>O objetivo deverá ser específico, mostrando que a empresa quer cumpri-lo conforme as</p><p>diretrizes da NR17, de acordo com o exemplo a seguir:</p><p>OBJETIVO</p><p>Esta análise tem o objetivo de avaliar a Ergonomia dos postos de trabalho e propor as medidas</p><p>corretivas para evitar os riscos presentes no ambiente de trabalho, durante a execução de</p><p>atividades pelo trabalhador.</p><p>Essa análise está de acordo com a Norma Regulamentadora 17 (NR-17) do MTE e de acordo</p><p>com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).</p><p>O perfil dos trabalhadores deverá conter os dados dos funcionários, função, idade,</p><p>informações sobre a contratação, qualificação do profissional, informações sobre a saúde do</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>57</p><p>Unidade 4</p><p>profissional, divisão de atividades, qualquer informação importante dos trabalhadores. Segue</p><p>exemplo simplificado de um funcionário fictício a seguir:</p><p>PERFIL DOS TRABALHADORES</p><p>Funcionário 1: JOÃO ALVES, 27 anos, 70 kg, contratado em 12/10/2020, Assistente de</p><p>Escritório, formação em Secretariado Executivo, exames de admissão sem anormalidades</p><p>entregues na data da contratação, treinamento de capacitação inicial realizado em</p><p>15/10/2020. Não há divisão de atividades.</p><p>A parte da organização do trabalho deverá conter o turno de trabalho do trabalhador e o tipo</p><p>de atividade executada por ele, assim como esforços, ritmos e tempo de trabalho.</p><p>ORGANIZAÇÃO DO AMBIENTE DE TRABALHO</p><p>Funcionário 1: JOÃO ALVES, turno matutino e vespertino, trabalha das 8h às 18h com 1 hora</p><p>de almoço, descansa aos sábados e domingos. Trabalha diretamente com leituras e escrita em</p><p>papéis e com vista em monitor de computador. Não divide atividades com outro funcionário,</p><p>trabalha em ritmo acelerado, sentado, não costuma tirar minutos de pausa para se alongar e</p><p>descansar a vista.</p><p>A parte de descrição da atividade deverá conter a atividade e o trabalho geral que o</p><p>funcionário realiza diariamente. Nesse item deverá constar a quantidade de equipamentos e</p><p>máquinas que o funcionário estará submetido durante seu expediente.</p><p>DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE</p><p>Funcionário 1: JOÃO ALVES realiza atividades de elaboração de relatórios, de cartas, de atas</p><p>de reunião, envio de e-mails para outros departamentos e para empresas clientes desta</p><p>empresa, impressão de papéis diversos</p><p>e utilização de sistemas de controle de informações</p><p>financeiras e de contratações. Os equipamentos utilizados durante a execução das atividades</p><p>são um computador (monitor, teclado, mouse e gabinete), um telefone fixo, um telefone</p><p>celular corporativo e uma impressora compartilhada.</p><p>A parte de etapas das atividades deverá mostrar detalhadamente passo a passo das atividades</p><p>executadas, movimentos repetitivos, transporte de carga, postura e força que o trabalhador</p><p>realiza ao executar suas atividades. Deverá conter também os fatores sensitivos utilizados</p><p>durante o trabalho, o ajuste do mobiliário e a situação das máquinas e ferramentas utilizadas.</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>58</p><p>Unidade 4</p><p>ETAPAS DA ATIVIDADES</p><p>Funcionário 1: JOÃO ALVES chega às 8h da manhã, bate o ponto, senta-se em seu posto de</p><p>trabalho e liga o computador, abre o programa Microsoft Word e inicia suas escritas. O</p><p>funcionário realiza cerca de 20 relatórios diários, cada relatório possui em torno de 5 a 10</p><p>páginas. Às 11h55 o funcionário começa a desacelerar a execução dos seus serviços e coloca</p><p>o computador em modo bloqueado. O funcionário para às 12h para almoçar e volta às 13h.</p><p>Ao voltar, senta-se novamente, desbloqueia o seu computador e volta a realizar mais</p><p>relatórios. Duas vezes na semana o funcionário participa de reuniões na empresa e elabora</p><p>atas manualmente em papel e depois repassa a limpo no Word do computador. Diariamente,</p><p>na parte da tarde, o funcionário realiza consultas no sistema financeiro e de contratação da</p><p>empresa para realização de relatórios automáticos do próprio sistema. Além de tudo isso, o</p><p>trabalhador atende ligações em telefone fixo e em telefone corporativo, atende</p><p>aproximadamente umas 15 ligações por dia.</p><p>Mobiliário: O funcionário utiliza uma cadeira sem apoio para os braços em estado de nova e</p><p>um computador que possui a tela do monitor com riscos dificultando a visualização.</p><p>Durante suas atividades são utilizados os seguintes fatores sensitivos: visão, audição e tato.</p><p>A parte de fatores ambientais deverá mostrar a qualidade do ambiente, o clima</p><p>organizacional, temperatura, ruído, iluminação, vibração e verificação e se estão adequados</p><p>conforme a norma regulamentadora.</p><p>FATORES AMBIENTAIS</p><p>Funcionário 1: JOÃO ALVES trabalha no setor administrativo, temperatura ambiente 23ºC,</p><p>umidade de 40%, existência pequenos ruídos inconstantes que chegam a 12 dB, o clima</p><p>organizacional é tranquilo, não há vibração no departamento e a iluminação é bem distribuída</p><p>em todo o departamento.</p><p>A parte do layout do ambiente deverá ter uma planta baixa do local analisando a Ergonomia</p><p>do ambiente e indicando as medidas corretivas. Nessa planta deverá mostrar a posição do</p><p>mobiliário e dos equipamentos, além de mostrar a posição e mudanças de posição do</p><p>trabalhador ao executar suas atividades.</p><p>LAYOUT DO AMBIENTE</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>59</p><p>Unidade 4</p><p>Fonte: Elaborada pela autora (2021)</p><p>A parte da conclusão para o Programa de Prevenção de Riscos e Acidentes – PPRA e</p><p>conclusão de análise ergonômica e medidas preventivas, deverão ser feitas conforme exemplo</p><p>a seguir:</p><p>CONCLUSÕES PARA PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS E ACIDENTES – PPRA.</p><p>Manter o clima organizacional tranquilo, manter a temperatura entre 20 e 23ºC e</p><p>manter a umidade relativa do ar acima de 40% conforme NR17 e NBR 10152, manter o ruído</p><p>abaixo de 65 dB.</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>60</p><p>Unidade 4</p><p>10. CONCLUSÕES DE ANÁLISE ERGONÔMICA E MEDIDAS</p><p>PREVENTIVAS</p><p>ITEM</p><p>ANALISADO</p><p>MEDIDAS</p><p>PREVENTIVAS</p><p>MEDIDAS A SEREM</p><p>TOMADAS</p><p>ESPECIFICAÇÃO/OBSERVAÇÃO</p><p>Departamento administrativo</p><p>Posturas de</p><p>trabalho</p><p>Cadeira não possui</p><p>apoio para os braços,</p><p>ocasionando esforço</p><p>nos braços e posturas</p><p>forçadas.</p><p>Instalar cadeira com apoio</p><p>para os braços.</p><p>Instalar cadeira conforme</p><p>descrito na figura 01 do anexo</p><p>01 deste relatório no posto de</p><p>trabalho do funcionário 1.</p><p>Conforto</p><p>térmico</p><p>Sensação de conforto</p><p>térmico está</p><p>conforme NR17.</p><p>Não se aplica Não se aplica</p><p>Movimentos</p><p>repetitivos</p><p>Sobrecarga sobre os</p><p>tendões e</p><p>articulações</p><p>Conscientizar os</p><p>colaboradores sobre a</p><p>necessidade de pausa a</p><p>cada hora por 10 minutos</p><p>e instruí-los a realizarem</p><p>alongamentos.</p><p>Realizar palestras educativas</p><p>periodicamente visando</p><p>instruir os colaboradores e</p><p>incentivá-los a cuidarem da</p><p>saúde.</p><p>Fadiga visual</p><p>Tela do monitor com</p><p>riscos e falta de</p><p>monitoramento</p><p>visual.</p><p>Trocar o monitor e</p><p>solicitar exames</p><p>periódicos no médico</p><p>oftalmologista</p><p>Prescrição de óculos em caso</p><p>de necessidade e treinamento</p><p>para operar o novo monitor.</p><p>Quadro 3: Conclusões de análise ergonômica e medidas preventivas.</p><p>Fonte: Elaborada pela autora (2021)</p><p>A quadro 3 mostra as conclusões tiradas após a análise ergonômica e as medidas</p><p>ergonômicas preventivas para implantação e obtenção de melhorias no ambiente de</p><p>trabalho. O AET deverá ser feito para todos os departamentos e todos os funcionários que</p><p>estiverem exercendo atividades. As medidas ergonômicas e de prevenção deverão ser</p><p>implantadas como meio de resolver os problemas ergonômicos encontrados durante a análise</p><p>e para que a empresa tenha melhor resultados produtivos e de qualidade.</p><p>4.3 Aplicação das ferramentas ergonômicas</p><p>Existem diversos métodos e ferramentas que auxiliam na realização de análises</p><p>ergonômicas do trabalho, ou seja, auxiliam em situações de risco que podem ocorrer no</p><p>ambiente de trabalho. Através desses métodos, é possível realizar uma análise ergonômica do</p><p>ambiente ocupacional. Essa análise visa estabelecer melhorias no ambiente de trabalho e</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>61</p><p>Unidade 4</p><p>melhoria do rendimento produtivo, algo que ocorre devido ao ganho de qualidade e bem-</p><p>estar organizacional.</p><p>Segundo Souza (2016), para escolher o melhor método a ser utilizado, deve-se</p><p>observar a quantidade, profundidade, qualidade e disponibilidade das informações, assim</p><p>como verificar os custos que serão gastos com a análise e o tempo disponível entre o início e</p><p>o fim do processo. Além disso, há que se considerar a disponibilidade de indivíduos</p><p>qualificados para acompanhar os procedimentos.</p><p>Com a utilização dessas ferramentas ergonômicas, é possível realizar a prevenção de</p><p>acidentes aliviando as sobrecargas impostas ao trabalhador, evitando que ele tenha lesões</p><p>durante a execução de suas atividades. De acordo com Lira (2020), as ferramentas que</p><p>auxiliam a análise de situações do trabalho são a equação de NIOSH, JSI, OWAS, REBA e RULA.</p><p>As ferramentas ergonômicas visam agilizar a identificação de ações realizadas durante</p><p>as atividades laborais que resultem em perigos e acidentes de trabalho ao trabalhador. Ao</p><p>serem implantadas as ferramentas ergonômicas, é possível prever situações prejudiciais à</p><p>saúde do trabalhador e a partir de então, propor ações preventivas, viáveis e condizentes com</p><p>a realidade do trabalhador. A equação de NIOSH (sigla em inglês de National Institute for</p><p>Occupational Safety and Healthy), significa em português Instituto de Saúde e Segurança</p><p>Ocupacional e serve para calcular o limite de peso para levantamento de cargas em atividades</p><p>repetitivas.</p><p>JSI, cuja sigla em inglês significa Job Strain Index, traduzida para o português significa</p><p>Índice de esforço, também conhecida como Índice de Moore e Garg, serve para analisar o risco</p><p>de o trabalhador obter doenças musculoesqueléticas por exercer atividades repetitivas. JSI foi</p><p>um método desenvolvido no ano de 1995 por Moore e Garg, esse método considera a postura</p><p>da mão, do punho e considera também o tempo, a intensidade e a velocidade da atividade</p><p>durante a análise.</p><p>OWAS, em inglês significa Owako Working Posture Analysing System traduzida para o</p><p>português, Sistema Ovako de Análises de Posturas de Trabalho, serve para analisar a postura</p><p>do trabalhador durante a execução de suas atividades laborais. OWAS é um método finlandês,</p><p>criado em 1977. Ferramenta simples que avalia as áreas anatômicas prejudicadas e as</p><p>atividades nocivas.</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>62</p><p>Unidade 4</p><p>REBA, em inglês significa Rapid Entire Body Assessment traduzida para o português, é</p><p>Avaliação Rápida do Corpo Inteiro, serve para analisar posturas imprevisíveis do trabalhador</p><p>durante a execução de suas atividades laborais.</p><p>RULA, em inglês significa Rapid Upper Limb Assessment traduzida para o português,</p><p>Avaliação Rápida dos Membros Superiores, serve para analisar a postura do trabalhador</p><p>durante a execução de suas atividades laborais.</p><p>Segundo Souza (2016, p.203):</p><p>Para auxiliar na realização da análise, são utilizados alguns métodos e</p><p>ferramentas. Os mais utilizados estão indicados: análise histórica/revisão de</p><p>segurança; método da árvore de causas, análise da série de riscos, técnicas</p><p>de incidentes críticos; análise preliminar de riscos (APR), estudo de perigos e</p><p>operabilidade (HAZOP), análise de modos de falha e efeito (AMFE), análise</p><p>de árvore de falhas (AFF) e mapa de risco.</p><p>RULA foi criado em 1993 e tem a função de prever lesões musculoesqueléticas dos</p><p>membros superiores no trabalhador durante a execução das atividades através de aplicação</p><p>de escadas de níveis de risco em posturas laborais. Analisa rapidamente posturas em</p><p>atividades e movimentos repetitivos onde haja maior utilização dos membros superiores.</p><p>A análise histórica/revisão de segurança consiste em realizar uma análise do histórico</p><p>do acidente sendo então feita uma comparação com acidentes semelhantes. Nesse tipo de</p><p>análise, deve-se responder os seguintes questionamentos, conforme explica Souza (2016, p.</p><p>203):</p><p>1) Existe um esquema de atualização permanente da documentação técnica</p><p>do processo?</p><p>2) Os equipamentos encontram-se corretamente identificados em bom</p><p>estado de conservação e manutenção?</p><p>3) As medidas de segurança adotadas no processo são adequadas e bem</p><p>colocadas?</p><p>4) Como é realizado o registro de ocorrências anormais? Este registro é</p><p>confiável?</p><p>5) Como são administrados os serviços de manutenção de rotina?</p><p>Ao responder esses questionamentos e realizar as devidas comparações, é possível</p><p>identificar o que causou o acidente e como evitar que ele ocorra novamente. A ferramenta</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>63</p><p>Unidade 4</p><p>chamada método da árvore de causas consiste na realização de diagramas com aparência de</p><p>uma árvore, onde são relacionados os acidentes e os motivos que os causaram. Logo, é</p><p>possível identificar meios de prevenções de acidentes.</p><p>A análise da série de riscos consiste na identificação de riscos menores até chegar aos</p><p>maiores que podem causar acidentes e ajudam a identificar os que poderiam existir e causar</p><p>outros acidentes. Segundo Souza (2016, p.204), esse tipo de análise identifica os riscos iniciais,</p><p>riscos contribuintes, eventos principal e catastrófico:</p><p>Risco Inicial: é o evento que originou o problema. Risco Contribuinte: é o</p><p>risco originado a partir do risco inicial e que promove a sequência de eventos</p><p>até que se chegue ao evento principal. Evento Principal: é a causa direta do</p><p>evento catastrófico. Evento Catastrófico: são os acidentes de proporções</p><p>grandes e que podem causar danos às pessoas, patrimônio e meio ambiente.</p><p>A análise de técnicas de incidentes críticos consiste em identificar erros e atos ou</p><p>condições de insegurança, os quais, na maioria das vezes, são causados pelo trabalhador ao</p><p>executar suas atividades laborais. Sendo assim, são realizadas entrevistas com os</p><p>trabalhadores sobre a quantidade de condições de insegurança que eles vivenciaram e que</p><p>resultaram ou não em acidentes. E, a partir das respostas obtidas, é feita a prevenção de</p><p>futuros acidentes.</p><p>A análise preliminar de riscos (APR) consiste em achar os riscos e tomar medidas</p><p>preventivas de acidentes a partir de avaliação detalhada de perigos durante a execução de</p><p>etapas das atividades. É mais aplicada em atividades incomuns se comparadas a outras</p><p>atividades praticadas na empresa. O estudo de perigos e operabilidade (HAZOP) consiste em</p><p>encontrar problemas operacionais através de falhas das atividades e antecipar as</p><p>consequências, sendo possível prevenir e controlar esses problemas.</p><p>A análise de modos de falha e efeito (AMFE) consiste no reconhecimento de falhas em</p><p>produtos e sistemas, através da análise de seus componentes. Souza (2016) diz que a AMFE</p><p>tem como objetivos revisar os modos de falha de um componente, determinar as falhas que</p><p>vão afetar o sistema e calcular a probabilidade de haver falhas, a partir dos componentes e</p><p>reduzir as falhas usando componentes confiáveis. A análise de árvore de falhas (AFF) consiste</p><p>em utilizar um diagrama para encontrar falhas mínimas que compõem um sistema e a</p><p>probabilidade de elas ocorrerem.</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>64</p><p>Unidade 4</p><p>O mapa de risco consiste na realização de uma planta baixa do ambiente, mais</p><p>conhecida como layout, para encontrar os riscos em cada ambiente de trabalho. Os riscos são</p><p>representados por meio de círculos com tamanhos grandes, médios e pequenos, e os tipos de</p><p>riscos são representados através de cores, sendo riscos químicos (vermelho), físicos (verde),</p><p>biológicos (marrom), ergonômicos (amarelo) e de acidente (azul), conforme exemplo a seguir:</p><p>Figura: Mapa de Riscos de Unidade de Saúde</p><p>Fonte: Prefeitura de Santos (2021, on-line)</p><p>O mapa de risco é elaborado pela CIPA - Comissão Interna de Prevenção a Acidentes</p><p>juntamente com o SESMT – Serviço especializado em Engenharia e Segurança de Medicina do</p><p>Trabalho e conta com a opinião de funcionários que trabalham no local para definição dos</p><p>principais riscos. O grau de risco é representado pelo tamanho do círculo e grupos classificados</p><p>por cores, conforme apresentado a seguir:</p><p>Figura: Grau de risco</p><p>Fonte: EBSERH (2021, on-line)</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>65</p><p>Unidade 4</p><p>Figura: Classificação dos riscos por grupo</p><p>Fonte: EBSERH (2021, on-line).</p><p>PDSA, anteriormente chamado de PDCA, cujo significado em inglês é Plan, Do, Study,</p><p>Action, traduzindo para o português, Planejar, Fazer, Estudar e Agir, consiste na identificação</p><p>e análise de demandas e na análise de ações. É muito utilizado para gerenciar sistemas e</p><p>serviços. Sendo assim, pode ser utilizado para análises e solução de problemas relacionados à</p><p>Ergonomia. É essencial a utilização de ferramentas ergonômicas para identificar problemas no</p><p>ambiente de trabalho e aplicar melhorias para o bem-estar e conforto do trabalhador. Além</p><p>disso, essas ferramentas auxiliam na prevenção de doenças adquiridas por razão de trabalho,</p><p>evitam que haja perda de mão de obra e evitam também possíveis causas judiciais</p><p>trabalhistas.</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>66</p><p>Unidade 4</p><p>4.4 Laudos ergonômicos</p><p>Laudos ergonômicos são documentos que evidenciam a existência de Ergonomia em</p><p>atividades exercidas por trabalhadores dentro de uma empresa, aliás, serve para prevenir</p><p>riscos relacionados à segurança e à saúde do trabalhador no ambiente de trabalho. Através</p><p>do laudo ergonômico, documento que responde questões ergonômicas de postos de trabalho,</p><p>é possível ajustar procedimentos de melhorias em condições de trabalho, sendo possível</p><p>também documentá-lo para servir como meio de provas em ações trabalhistas.</p><p>Os laudos ergonômicos analisam e documentam as condições organizacionais, físicas</p><p>e ambientais do trabalho e podem ser realizados quanto ao objeto, à Ergonomia funcional e</p><p>ao posto de trabalho. Segundo Rojas (2015), o laudo ergonômico deve ser elaborado</p><p>posteriormente a análise ergonômica e econômica, ou seja, após a realização de uma</p><p>avaliação precisa, baseada em conceitos técnicos e viabilidade financeira.</p><p>O laudo ergonômico utiliza os dados técnicos e precisos para alertar os riscos</p><p>ergonômicos relacionados ao posto de trabalho, ao trabalhador ou ao objeto. O responsável</p><p>por elaborar o laudo técnico deve ser um profissional qualificado e entender sobre o assunto</p><p>ao qual está tratando, ou seja, é preciso que o profissional seja habilitado em Ergonomia.</p><p>Sendo assim, é comum que esses laudos sejam feitos por médicos do trabalho, engenheiros</p><p>de segurança do trabalho, fisioterapeutas e educadores físicos.</p><p>Ao realizar o laudo técnico, todas as análises ergonômicas possíveis referentes à</p><p>atividade exercida, ao ambiente de trabalho e ao trabalhador deverão ser analisados, como</p><p>ruído do local, iluminação, postura do trabalhador, tempo de trabalho, esforço físico, ajuste</p><p>do mobiliário, relação do homem com as máquinas e equipamentos, temperatura do</p><p>ambiente, ou seja, tudo que envolva Ergonomia no ambiente de trabalho.</p><p>Rojas (2015, p.88) diz que o laudo deve conter:</p><p>O estudo detalhado dos processos utilizados no desenvolvimento das</p><p>atividades, as avaliações qualitativa e quantitativa dos riscos ergonômicos, a</p><p>avaliação do mobiliário e dos equipamentos frente às atividades (hora x</p><p>homem x trabalho), a aferição e análise das condições ambientais dos locais</p><p>de trabalho, a aferição e análise do psicobiofísico do trabalhador,</p><p>recomendações técnicas para a melhoria das condições e trabalho, a</p><p>implantação de medidas de controle, treinamentos e cursos sobre</p><p>Ergonomia e indicações de ginásticas e exercícios laborais.</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>67</p><p>Unidade 4</p><p>Sempre que houver mudança nas condições ambientais, layout, equipamentos, o</p><p>laudo deverá ser atualizado. Deverá passar por revisão obrigatória a cada 12 meses (ROJAS,</p><p>2015).</p><p>A análise ergonômica do trabalho (AET) trata-se da análise do ambiente, das atividades</p><p>e do trabalhador e de medidas ergonômicas a serem implantadas após a análises realizadas.</p><p>Já o laudo ergonômico trata dos mesmos assuntos e documenta todas as medidas tomadas</p><p>após a implantação das medidas ergonômicas, tais como treinamentos, alteração de</p><p>mobiliário, alteração de alguma mudança para melhoria de clima organizacional,</p><p>temperatura, equipamentos, máquinas, entre outros. Sendo assim, o laudo ergonômico é um</p><p>documento mais completo e que serve como prova das medidas ergonômicas tomadas em</p><p>caso de necessidade.</p><p>Em um laudo deverá ter o detalhamento das atividades, análise e avaliações de todos</p><p>os riscos, análise e avaliação da mobília, máquinas e equipamentos considerando o tempo de</p><p>trabalho do indivíduo, medição e avaliação das condições ambientais do ambiente de</p><p>trabalho, conclusões e recomendações de responsável técnico quanto às medidas a serem</p><p>tomadas ergonomicamente, implantação e controle das medidas, capacitação e treinamentos</p><p>ergonômicos.</p><p>Considerando a mesma empresa fictícia (EMPRESA XYZ LTDA), pela qual foi realizado a</p><p>AET no item 4.2.1 deste capítulo, a principal diferença entre a AET realizado e o</p><p>desenvolvimento desse laudo seriam as medidas implantadas, capacitação e treinamento, e</p><p>seria feita da forma a seguir:</p><p>LAUDO ERGONÔMICO</p><p>Data do laudo:</p><p>01/03/2021</p><p>MEDIDAS PREVENTIVAS</p><p>Última</p><p>atualização de</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>68</p><p>Unidade 4</p><p>implantação:</p><p>15/05/2021</p><p>ITEM ANALISADO</p><p>MEDIDAS</p><p>PREVENTIVAS</p><p>MEDIDAS A SEREM</p><p>TOMADAS</p><p>IMPLANTAÇÃO E TREINAMENTOS</p><p>Departamento administrativo</p><p>Posturas de</p><p>trabalho</p><p>Instalar cadeira</p><p>com apoio para os</p><p>braços.</p><p>Instalar cadeira</p><p>conforme descrito</p><p>na figura 01 do</p><p>anexo 01 deste</p><p>relatório no posto</p><p>de trabalho do</p><p>funcionário 1.</p><p>Troca de cadeira realizada em</p><p>05/03/2021, sexta-feira às 10 horas</p><p>da manhã.</p><p>Conforto Térmico</p><p>Manter condições</p><p>atuais.</p><p>Não se aplica</p><p>Temperatura aferida todas as</p><p>segundas-feiras de cada semana</p><p>(semanalmente) e mantida dentro</p><p>dos limites conforme NR17.</p><p>Movimentos</p><p>repetitivos</p><p>Conscientizar os</p><p>colaboradores</p><p>sobre a</p><p>necessidade de</p><p>pausa a cada hora</p><p>por 10 minutos e</p><p>instruí-los a</p><p>realizarem</p><p>alongamentos.</p><p>Realizar palestras</p><p>educativas</p><p>periodicamente</p><p>visando instruir os</p><p>colaboradores e</p><p>incentivá-los a</p><p>cuidarem da saúde.</p><p>Palestras educativas</p><p>quinzenalmente, a partir do mês</p><p>de março/2021.</p><p>- 1ª Palestra realizada no dia</p><p>05/03/2021 às 15 horas, na sala de</p><p>reunião com todo o departamento</p><p>administrativo presente, conforme</p><p>ATA 01 (vide anexo 1 - página 15)</p><p>anexada neste laudo. Tema da</p><p>palestra: Como cuidar da saúde e</p><p>realizar alongamentos.</p><p>Fadiga visual</p><p>Trocar o monitor e</p><p>solicitar exames</p><p>periódicos no</p><p>médico</p><p>oftalmologista.</p><p>Prescrição de</p><p>óculos em caso de</p><p>necessidade e</p><p>treinamento para</p><p>operar o novo</p><p>monitor.</p><p>Exames do médico oftalmologista</p><p>recebido no dia 08/03/2021</p><p>normalmente para todos os</p><p>funcionários, exceto para o</p><p>funcionário FULANO DE TAL, pelo</p><p>qual o médico recomendou a</p><p>utilização de óculos com grau 1 no</p><p>olho direito.</p><p>Após troca do monitor realizada no</p><p>dia 09/03/2021, foi realizado</p><p>treinamento de como utilizá-lo</p><p>pelo funcionário CICLANO DE TAL</p><p>do departamento TI com duração</p><p>de 30 minutos conforme ATA 02</p><p>(vide anexo 1 - página 16).</p><p>Quadro 4 – Laudo ergonômico com implantação e treinamentos.</p><p>FONTE: Elaborada pela autora (2021).</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>69</p><p>Unidade 4</p><p>O quadro 4 mostra detalhadamente as datas que foram realizadas, os treinamentos,</p><p>capacitações e as medidas implantadas de melhoria. Assim como a AET, os laudos</p><p>ergonômicos podem ser elaborados somente por trabalhadores qualificados em Ergonomia.</p><p>Sendo normalmente médicos de trabalho, fisioterapeutas, engenheiros de segurança do</p><p>trabalho e educadores físicos. Quando uma empresa é notificada pela Delegacia Regional do</p><p>Trabalho (DRT), a empresa deverá apresentar o laudo ergonômico para vistoria, apuração e</p><p>possível resolução durante o prazo solicitado pela DRT.</p><p>4.5 Trabalho em Turno: Educação Ambiental, Relações culturais e Étnico-raciais</p><p>O homem é um ser diurno, por isso, quando precisa trabalhar em turnos noturnos,</p><p>poderá ter a saúde prejudicada pela dessincronização cronobiológica que seu sistema corporal</p><p>sofrerá. Marcia (2014) explica que a cronobiologia indica que os seres vivos se comportam</p><p>diferentemente, dependendo do horário, uns dos outros, ao serem observados e reagem</p><p>diferentemente a estímulos durante as 24 horas diárias. A cronobiologia dos seres humanos</p><p>ocorre em um período de 25,2 horas, possuindo ritmo circadiano de quase um dia (MARCIA,</p><p>2014). Marcia (2014) ainda diz que os indivíduos cronótipos podem ser do tipo diurno,</p><p>vespertinos e indiferentes. Sendo que os tipos diurnos se deitam e se levantam cedo (cerca</p><p>de 12% da população), os tipos vespertinos se deitam e se levantam tarde (cerca de 10% da</p><p>população) e os tipos indiferentes não têm horário definido para se levantar ou se deitar</p><p>(maioria da população).</p><p>É importante entender a que tipo de cronótipos se encaixam os trabalhadores de uma</p><p>empresa. Pois, o desempenho e aprendizado deles podem estar ligados ao afeiçoamento</p><p>quanto ao turno de trabalho. Em uma empresa em que seja necessário os trabalhadores</p><p>realizarem suas atividades em turno noturno, deverá organizar a escala de trabalho de modo</p><p>a respeitar o que diz a CLT, em relação à jornada máxima de trabalho e aos descansos</p><p>obrigatórios.</p><p>Em um turno normal (matutino e vespertino), o trabalhador trabalha no máximo 44</p><p>horas semanais divididas em 5 dias de trabalho (8,8 horas por dia) com sábado e domingo</p><p>para descanso, já em caso de trabalhar por turno a forma de trabalho deverá ser calculada</p><p>diferentemente. Um trabalhador que trabalhará em turnos ou noturno deverá executar suas</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>70</p><p>Unidade 4</p><p>atividades ininterruptamente durante as 24 horas do dia, incluindo ou não o sábado e o</p><p>domingo.</p><p>O trabalho em turno poderá ser organizado de modo a ter pessoas fixas por turno ou</p><p>de modo a apresentar rotatividades de funcionários. Há também o revezamento de</p><p>trabalhadores, onde eles trabalham por meio de escalas de horários. A CLT diz no artigo 67,</p><p>que “será assegurado a todo</p><p>empregado um descanso semanal de vinte e quatro horas</p><p>consecutivas, o qual, salvo motivo de conveniência pública ou necessidade imperiosa do</p><p>serviço, deverá coincidir com o domingo, no todo ou em parte”.</p><p>A CLT ainda diz em seu parágrafo único que “nos serviços que exijam trabalho aos</p><p>domingos, com exceção quanto aos elencos teatrais, será estabelecida escala de</p><p>revezamento, mensalmente organizada e constando de quadro sujeito à fiscalização". As</p><p>escalas (também chamadas de jornada) existentes são: escala 5x1, escala 5x2, escala 4x2,</p><p>escala 6x1, escala 12x36, escala 12x48, escala 18x36 e escala 24x48. Na escala, o primeiro</p><p>número corresponde a quantidade de dias a serem trabalhados e o segundo número</p><p>corresponde a quantidade de dias de folga. Sendo assim em uma escala 5x1 o colaborador</p><p>trabalhará 5 dias consecutivos e folgará 1 dia (serve para escalas de 5x1, 5x2, 4x2 e 6x1).</p><p>Em escalas com maiores números, o primeiro número corresponderá à quantidade de</p><p>horas trabalhadas e o segundo número corresponderá à quantidade de horas de repouso.</p><p>Sendo assim, em uma escala de 12×36, o colaborador trabalhará 12 horas para descansar 36</p><p>horas (válido também para escalas 12x36, 12x48, 18x36 e 24x48). O controle de horas</p><p>trabalhadas deve ser feito pela empresa, por esse motivo é essencial que as horas trabalhadas</p><p>sejam registradas manualmente ou através de aparelho eletrônico de marcar pontos.</p><p>Além do descanso remunerado de 24 horas consecutivas conforme CLT, o trabalhador</p><p>terá direito a 15 minutos de descanso a cada 6 horas diárias trabalhadas, entre 1 hora e 2</p><p>horas, para trabalhos acima de 6 horas diárias. Para o trabalho que possua atividades a serem</p><p>praticadas no turno noturno, o trabalhador deverá ter suas horas calculadas sobre hora</p><p>especial equivalente a 52 minutos e 30 segundos e terá direito a receber adicional noturno.</p><p>O não cumprimento de descanso pelo ser humano pode causar doenças mentais,</p><p>psicológicas e até mesmo físicas, pois o corpo precisa de no mínimo de 7 a 9 horas de sono</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>71</p><p>Unidade 4</p><p>por dia, período considerado a partir da adolescência até a fase adulta. Esse período de sono</p><p>é importante para manter o corpo saudável e disposto para funcionar bem no dia a dia.</p><p>É importante estar atendo à CLT quanto à organização dos trabalhadores ao</p><p>executarem suas atividades em turno e em período noturno. É fundamental que os</p><p>trabalhadores cumpram o seu período de descanso conforme lei para que não fiquem</p><p>sobrecarregados ou cansados, evitando assim que o rendimento caia e evitando também que</p><p>venham a adquirir doenças ergonômicas como transtorno mental, apneia do sono, estresse e</p><p>insônia devido a não cumprirem seus descansos ou não dormirem conforme o corpo</p><p>necessita.</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>72</p><p>Referências</p><p>ABERGO. Associação Brasileira de Ergonomia. 2021. Site oficial. Disponível em:</p><p>https://abergo.org.br/. Acesso em: 25 mar. 2021.</p><p>BAXTER, M. Projeto de produto: guia prático para o design de novos produtos. Tradução Itiro</p><p>Lida. 3. ed. São Paulo: Blucher, 2011.</p><p>BRASIL, República Federativa do. Norma de higiene ocupacional 11: avaliação dos níveis de</p><p>iluminamento em ambientes internos de trabalho: procedimento técnico. São Paulo:</p><p>Fundacentro, 2018.</p><p>BRASIL, República Federativa do. Norma Regulamentadora 17 - Ergonomia. 2018. Ministério</p><p>da Economia. Disponível em:</p><p>https://enit.trabalho.gov.br/portal/images/Arquivos_SST/SST_NR/NR-17.pdf. Acesso em 17</p><p>mar. 2021.</p><p>CORRÊA, V. M.; BOLETTI, R. R. Ergonomia: fundamentos e aplicações [recurso eletrônico].</p><p>Porto Alegre: Bookman, 2015.</p><p>EBSERH. Mapa de Risco. Disponível em: http://www2.ebserh.gov.br/web/hu-ufjf/mapa-de-</p><p>risco. Acesso em 22 mar. 2021.</p><p>EYSENCK; M.W.; KEANE, M.T. Manual de Psicologia Cognitiva. 7ª edição. Porto Alegre:</p><p>Artmed Editora Ltda. 2017.</p><p>FALZON, P. Ergonomia. Tradução: Giliane M. J. Ingratta et al. 2. ed. São Paulo: Blucher, 2018.</p><p>GAZZANIGA, M. Ciência psicológica [recurso eletrônico]. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2018.</p><p>KIRCHNER, A. et al. Gestão da qualidade: Segurança do trabalho e gestão ambiental [recurso</p><p>eletrônico]. 2. ed. São Paulo: Edgard Blucher, 2008.</p><p>KROEMER, K. H. E.; GRANDJEAN. Manual de Ergonomia: adaptando o trabalho ao homem</p><p>[recurso eletrônico]. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2007.</p><p>LIDA, I. Ergonomia: projeto e produção. 2. ed. São Paulo: Edgard Blücher, 2005.</p><p>LIDA, I.; BUARQUE, L. Ergonomia – Projeto e produção [recurso eletrônico]. 3. ed. rev. São</p><p>Paulo: Blucher, 2018.</p><p>https://abergo.org.br/</p><p>https://enit.trabalho.gov.br/portal/images/Arquivos_SST/SST_NR/NR-17.pdf</p><p>http://www2.ebserh.gov.br/web/hu-ufjf/mapa-de-risco</p><p>http://www2.ebserh.gov.br/web/hu-ufjf/mapa-de-risco</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>73</p><p>LIRA, E. G. Estudo de tempos e movimentos: uma abordagem lean para aumentar a eficiência</p><p>de processos físicos e digitais. Belo Horizonte: Elisa Granha Lira, 2020.</p><p>MARQUES et al. Características biomecânicas, ergonômicas e clínicas da postura sentada: uma</p><p>revisão. Fisioterapia e Pesquisa, São Paulo, v.17, n.3, p.270-6, jul/set. 2010.</p><p>MÁSCULO, F. et al. Ergonomia - Trabalho Adequado e Eficiente. São Paulo: Grupo GEN, 2011.</p><p>MATTOS, U.; MÁSCULO, F. Higiene e segurança do trabalho. Rio de Janeiro: Elsevier/ Abepro,</p><p>2011.</p><p>PREFEITURA DE SANTOS. Mapa de Risco. Disponível em:</p><p>https://www.santos.sp.gov.br/static/files_www/conteudo/SEDUC/EducaSatos/apostila_map</p><p>a_de_risco_seges.pdf. Acesso em 22 mar. 2021.</p><p>ROJAS, P. R. A. Técnico em segurança do trabalho. São Paulo: Bookman Editora, 2015.</p><p>SILVA, JCP., PASCHOARELLI, LC., orgs. A evolução histórica da Ergonomia no mundo e seus</p><p>pioneiros [online]. São Paulo: Editora UNESP; São Paulo: Cultura Acadêmica, 2010.</p><p>SOUZA, R. C. Legislação e Segurança do trabalho. Londrina: Editora e Distribuidora</p><p>Educacional S.A., 2016.</p><p>VIDAL, M.C. (1993 [1991]). Os paradigmas em Ergonomia. Conferência Central no Seminário</p><p>Paradigmas de saúde do Trabalhador. DAMS/UFRJ, 1991. Reapresentado no II Congresso</p><p>Latino-Americano de Ergonomia, Florianópolis, 1993.</p><p>ZAGO, Hanna Carolina dos Santos. Análise Ergonômica do Trabalho (AET) em uma indústria</p><p>de confecção: foco nas posturas de trabalho através da aplicação do Método RULA. 2017.</p><p>Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Engenharia de Produção) – Faculdade de</p><p>Engenharia, Universidade Federal da Grande Dourados, Dourados, MS, 2017.</p><p>https://www.santos.sp.gov.br/static/files_www/conteudo/SEDUC/EducaSatos/apostila_mapa_de_risco_seges.pdf</p><p>https://www.santos.sp.gov.br/static/files_www/conteudo/SEDUC/EducaSatos/apostila_mapa_de_risco_seges.pdf</p><p>74</p><p>envolvidos no sistema.</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>1.2 Ergonomia física, cognitiva e organizacional</p><p>As prioridades da Ergonomia são: saúde, segurança e satisfação no trabalho. A saúde</p><p>é abordada por meio da preservação da capacidade física, cognitiva e emocional dos</p><p>trabalhadores do sistema estudado. A segurança é alcançada com um ambiente de trabalho</p><p>projetado para atender às necessidades do usuário. Um ambiente seguro tem a capacidade</p><p>de prever e reduzir possíveis erros, evitar acidentes, estresse e fadiga.</p><p>A satisfação pode ser considerada um elemento complexo, pois o indivíduo, no</p><p>ambiente de trabalho, está inserido em um grupo, o que por si só já é desafiador. Nestes casos,</p><p>é preciso considerar elementos culturais, preferências, gostos pessoais e entender</p><p>necessidades, considerando-se tanto o âmbito coletivo quanto o individual. Sugere-se que</p><p>pessoas satisfeitas tendem a ser mais atentas, produtivas e a evitarem erros na produção. A</p><p>eficiência, portanto, é uma consequência da aliança desses fatores, dado que a produtividade</p><p>deve considerar a preservação da higiene, saúde e segurança dos trabalhadores.</p><p>O uso da tecnologia, se bem aplicada em uma empresa, pode ser uma importante</p><p>aliada na otimização de tarefas. A automatização de algumas etapas de um processo</p><p>operacional, com auxílio de robôs, evita o desgaste de um trabalhador, que executaria tal</p><p>tarefa de forma repetitiva, sob o risco de adquirir uma lesão por esforço repetitivo no decorrer</p><p>do tempo, por exemplo.</p><p>A Ergonomia em uma empresa compreende o alinhamento da cadeia produtiva, aliada</p><p>a investimentos em projetos, organização e treinamento. A Ergonomia sintetiza diversos</p><p>aspectos relacionados às interações das pessoas com o meio de trabalho. Considera</p><p>características, habilidades e limitações, que variam de uma pessoa a outra e o ambiente ao</p><p>qual estão inseridos. Apesar de, em um ambiente doméstico, as atividades aparentarem</p><p>serem mais simples em suas formas de execução, por exemplo, o olhar “ergonômico” deve</p><p>ser igualmente atento ao de uma complexa indústria de grandes máquinas. De acordo com a</p><p>Associação Internacional de Ergonomia (IEA), os domínios de especialização da Ergonomia se</p><p>dividem da seguinte forma: Ergonomia física, Ergonomia organizacional e Ergonomia cognitiva</p><p>(MÁSCULO, F. et al, 2011). Veja:</p><p>a. Ergonomia Física: considera os aspectos físicos do homem em uma atividade.</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>Figura 2: dor nas costas</p><p>Fonte: 288053860</p><p>b. Ergonomia cognitiva: se relaciona aos processos mentais do ser humano.</p><p>Figura 3: expressão Positiva</p><p>Fonte: 288053666</p><p>c. Ergonomia organizacional: sistemas de produção baseados em processos, tarefas</p><p>otimizadas (administração científica do trabalho):</p><p>Figura 4: processo Organizacional</p><p>Fonte: 288053848</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>Ainda sobre a definição da IEA, a Ergonomia Física compreende as limitações do corpo</p><p>humano, as habilidades e características de cada um de nós. Por esta razão, estuda-se</p><p>anatomia, fisiologia, Antropometria e biomecânica. Sua atuação é no campo de projetos de</p><p>correções e normas e deve ser capaz de prever e identificar problemas relacionados ao projeto</p><p>dos postos de trabalho, possíveis riscos de lesão devido a uma postura inadequada ou</p><p>movimento errôneo, adequar espaços e ambientes às necessidades dos usuários.</p><p>A Ergonomia cognitiva está relacionada à memória, resposta motora, raciocínio, forma</p><p>de interação do trabalhador com os outros elementos do sistema. O profissional ergonomista</p><p>deve estar atento ao pensamento do trabalhador e à execução de seu trabalho, considerando-</p><p>se aspectos mentais que são utilizados na sintetização dos processos em sua cabeça. A</p><p>avaliação cognitiva busca analisar a carga mental, as tomadas de decisão, a interação homem-</p><p>computador, os níveis de estresse e treinamento. A partir de análises cognitivas, limites</p><p>podem ser estabelecidos e erros previstos mais facilmente.</p><p>A Ergonomia cognitiva pode ser classificada em duas: individual e coletiva (social). A</p><p>cognição individual ocupa-se dos estudos relacionados ao raciocínio, tomadas de decisão,</p><p>elaboração de procedimentos e normas operacionais, estudos essenciais para o treinamento</p><p>e qualificação de profissionais. A cognição coletiva se destaca, principalmente, em sistemas</p><p>de interconexão e de diversos agentes, tal como um departamento de controle de tráfego</p><p>aéreo, que envolve, simultaneamente, diversos operadores (VIDAL, 1993). A Ergonomia</p><p>cognitiva possui várias finalidades, dentre elas: a inovação e usabilidade entre o operador e</p><p>um equipamento; análise da confiabilidade para previsibilidade de erros humanos;</p><p>desenvolvimento e manutenção de ambientes mais seguros de comunicação, cooperação,</p><p>otimização e padronização de processos. Na prática, por exemplo, um desenvolvedor de</p><p>aplicativos interativos precisa entender como o usuário processa e realiza sua interação com</p><p>a tela para, então, desenvolver mecanismos facilitadores dessa relação usuário versus</p><p>aplicativo.</p><p>A Ergonomia organizacional iniciou-se informalmente na época da administração</p><p>científica e é responsável pela otimização dos sistemas de produção. As atividades de</p><p>trabalho, políticas e processos operacionais devem ser desenhados de forma cooperativa, de</p><p>modo que os envolvidos no processo possam participar ativamente, contribuindo com suas</p><p>experiências e conhecimentos. Boa comunicação, uma forte cultura organizacional e</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>empresas que prezam pela gestão da qualidade, se beneficiam pela Ergonomia organizacional,</p><p>cujo foco está direcionado a aspectos interdependentes como: a distribuição de tarefas no</p><p>tempo e espaço; sistemas de cooperação, comunicação e troca entres as atividades, ações e</p><p>operações; estabelecimento de rotinas e procedimentos de produção; padrões de</p><p>desempenho produtivo, supervisão e controle; recrutamento e seleção de</p><p>profissionais; treinamento, capacitação e formação de profissionais. A partir da Ergonomia</p><p>organizacional, é possível gerenciar todo o processo de trabalho, suas tecnologias, promover</p><p>desenvolvimento de processos de mudança organizacionais, identificar habilidades,</p><p>limitações e características que necessitem de capacitação e treinamento, prever e prevenir</p><p>falhas e acidentes, implementar roteiros que minimizam ociosidade ou aproveitamento</p><p>inadequado de competências.</p><p>Deste modo, a Ergonomia é responsável por estudar o trabalho desde sua concepção,</p><p>passando por sua gestão até os resultados. A partir da análise prévia de situações diversas, a</p><p>Ergonomia, com sua visão sistêmica, pode melhorar os níveis de produtividade, minimizar</p><p>falhas e garantir a saúde mental e física dos trabalhadores.</p><p>1.3 Surgimento e evolução histórica da Ergonomia</p><p>Embora em 1857 o termo Ergonomia tenha sido registrado pela primeira vez em um</p><p>artigo, foi em 1949 que o conceito começou a ser difundido como uma disciplina científica por</p><p>Kenneth Frank Hywel Murrell. Ainda assim, sua formalização como disciplina só se deu no</p><p>início da década de 1950, com a criação da Ergonomics Research Society na Inglaterra (LIDA,</p><p>2005). Na Europa, o termo foi adotado em substituição à “psicologia do trabalho” e “fisiologia</p><p>do trabalho” e nos Estados Unidos passou a ser conhecido como human factors, cuja tradução</p><p>é: “fatores humanos” (LIDA, 2005). A linha do tempo é representada da seguinte forma:</p><p>Pré-</p><p>História</p><p>1490</p><p>Renascentismo</p><p>"Homem</p><p>Vitruviano"</p><p>1760</p><p>Revolução</p><p>Industrial</p><p>1857</p><p>Uso pioneiro</p><p>do termo</p><p>"Ergonomia"</p><p>Final do</p><p>século XIX</p><p>Taylorismo</p><p>1914</p><p>Início da</p><p>Primeira</p><p>Guerra</p><p>Mundial</p><p>1939</p><p>Início da</p><p>Segunda</p><p>Guerra</p><p>Mundial</p><p>1950</p><p>Consolidação</p><p>da</p><p>Ergonomia</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>Figura 5: linha do tempo</p><p>Fonte: elaborado pela autora (2021).</p><p>A Ergonomia consolidou-se em 1950, mas sua concepção iniciou-se</p><p>bem antes disso,</p><p>ainda na pré-história. Note que o homem, desde essa época, já criava e adaptava ferramentas</p><p>para melhorar suas condições de caça e sobrevivência, conforme relatam alguns autores</p><p>(CORRÊA, V. M.; BOLETTI, 2015). As primeiras tentativas de encontrar uma pedra que pudesse</p><p>ser utilizada como instrumento e que melhor se adequasse ao formato de suas mãos, tornou</p><p>o trabalho do homem mais ágil e seguro, evidenciando conceitos hoje tratados como da área</p><p>de Ergonomia (CORRÊA, V. M.; BOLETTI, 2015).</p><p>Desde seu surgimento, o homem buscou adequar-se ao ambiente no qual vivia,</p><p>criando mecanismos capazes de facilitar sua sobrevivência, desde caçar a própria comida,</p><p>como construir abrigos ou casas. No decorrer do tempo, novas demandas foram surgindo e as</p><p>necessidades de priorizar a sobrevivência e a segurança ganharam espaço na vida das pessoas.</p><p>No período Renascentista, diversos estudos na área foram iniciados. Leonardo da Vinci,</p><p>em torno de 1500 (GAZZANIGA, 2018), dissecou corpos e estudou o homem. Através de suas</p><p>obras e publicações, principalmente pela imagem do Homem Vitruviano, da Vinci trouxe</p><p>grande contribuição para o campo da Ergonomia. O desenho do Homem Vitruviano destacou</p><p>o movimento do corpo humano em relação ao espaço circundante, conceito que,</p><p>posteriormente, a Ergonomia passou a enfatizar como parte de sua temática. Em torno de</p><p>1700, começaram a surgir publicações sobre doenças ocupacionais.</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>Figura 6: Homem Vitruviano</p><p>Fonte: 1544868</p><p>Na era do trabalho manual e do artesanato, ou seja, anteriormente às grandes</p><p>revoluções, a busca pela adequação do trabalho às necessidades humanas também esteve</p><p>presente. Foi na primeira grande Revolução Industrial, a partir do século XVIII, que estas</p><p>demandas se tornaram mais explícitas em decorrência de ambientes hostis ao trabalhador,</p><p>espaços escuros, sujos e jornadas de trabalho extensas. Um grande marco na história, em</p><p>várias áreas de estudo, foi a Revolução Industrial, cujo início se deu na Inglaterra em meados</p><p>do século XVIII. A partir de então, toda a concepção de trabalho passou por mudanças.</p><p>Inicialmente, junto aos avanços tecnológicos, as condições de trabalho se tornaram hostis,</p><p>com ambientes e condições desfavoráveis aos seres humanos. Com a demanda crescente das</p><p>necessidades de melhorias das atividades laborais, a Ergonomia foi se tornando urgente e</p><p>importante para a produtividade eficiente. Assim, ao final do século XVIII e início do século</p><p>XIX, nos Estados Unidos, surgiu o movimento conhecido como Taylorismo, que revisitou todas</p><p>essas discussões relacionadas ao homem e ao trabalho.</p><p>O termo taylorismo, teve origem pelo nome de Frederick Winslow Taylor (1856 - 1915),</p><p>norte-americano e engenheiro que, no final do século XIX, criou um movimento que defendia</p><p>o estudo científico do trabalho. Ganhou notoriedade com sua publicação “Princípios de</p><p>Administração Científica”, em 1912.</p><p>De acordo com Lida e BUARQUE (2018), para Taylor, o trabalho deveria ser observado</p><p>cientificamente. Em seu estudo, ele propunha que a cada tarefa realizada pelo trabalhador,</p><p>deveria possuir um método de execução, tempo determinado e procedimento de uso correto</p><p>de ferramentas. Para cada tarefa, independente do seu grau de dificuldade, deveria existir um</p><p>padrão a ser seguido por todos, conforme resultados obtidos a partir do seu estudo de tempos</p><p>e movimentos. Além disto, Taylor defendia o monitoramento dos trabalhadores e a</p><p>recompensa através de incentivos salariais, como mecanismo de valorização dos profissionais</p><p>mais produtivos. Não demorou muito para que suas ideias fossem espalhadas pelos Estados</p><p>Unidos e, em pouco tempo, praticamente todas as fábricas utilizavam a cronometragem como</p><p>meio de avaliar o desempenho do trabalhador (LIDA, 2005). Os trabalhadores, ao invés de se</p><p>motivarem com a oferta financeira, se manifestaram com desinteresse e falta de</p><p>comprometimento com resultados. Isto ocorreu porque a gerência não considerava o</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>ambiente real de trabalho e nem as necessidades das pessoas, tornando as metas muito</p><p>desgastantes de se cumprir (LIDA, 2005). Os trabalhadores se sentiam oprimidos e</p><p>controlados, acarretando, muitas vezes, em sabotagem nas máquinas e, em outras ocasiões,</p><p>movimentos coletivos questionando a prática da gerência. Eles não eram ouvidos e toda</p><p>situação se agravava em linhas de produção com esteiras, onde o tempo para cumprir o</p><p>trabalho era totalmente fora da realidade.</p><p>Apesar da intenção do Taylorismo em observar o trabalho, sua implementação ocorreu</p><p>nas fábricas com diversos equívocos, que levaram ao efeito contrário da sua intenção inicial.</p><p>Em um primeiro momento, os trabalhadores foram considerados culpados pela falta de</p><p>rendimento e desempenho do trabalho, o que foi, posteriormente, esclarecido. Temas como:</p><p>condições de salubridade, remuneração, organização do ambiente, iluminação, motivação,</p><p>valorização, respeito e justiça passaram a fazer das discussões nas organizações como fatores</p><p>fundamentais para a qualidade de vida dos trabalhadores.</p><p>Enquanto isso, na Europa, surgia, por volta de 1900, pesquisas relacionadas a fisiologia</p><p>do trabalho. Em uma tentativa de aplicar, na prática, os estudos de fisiologia realizados em</p><p>laboratórios, havia uma grande preocupação dos pesquisadores em relação às condições</p><p>insalubres dos trabalhadores em minas de carvão. Com o advento da Primeira Guerra</p><p>Mundial (1914-1917), o estudo sobre fisiologia e psicologia tiveram um papel importante para</p><p>o melhoramento das armas bélicas. Em 1920, um marco importante na história da Ergonomia</p><p>se consolidou a partir da criação da escola de relações humanas, por Elton Mayo (FALZON,</p><p>2018).</p><p>Através de uma experiência realizada por Mayo, na empresa Western Electric, nos</p><p>Estados Unidos, foi testado o impacto da iluminação no ambiente de trabalho e o que se</p><p>percebeu foi que, independentemente do nível de iluminação, a produtividade não sofreu</p><p>alterações, naquele momento. A explicação veio da constatação de que a produtividade do</p><p>trabalhador estava além dos aspectos físicos e o fato deles estarem sendo observados e alvos</p><p>de estudos, fizeram com que eles se sentissem valorizados. Esse caso foi chamado de efeito</p><p>Hawthorne. Isso levou Mayo a propor a criação de incentivos morais e psicológicos.</p><p>A Segunda Guerra Mundial (1939-1945) trouxe desafios ainda maiores para a</p><p>Ergonomia. O estrondoso avanço tecnológico exigiu a busca por melhorias nas relações entre</p><p>o homem e os equipamentos, inicialmente no mundo militar e, posteriormente, espalhando-</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>se por todos os setores da sociedade. A partir de então, as pesquisas na área cresceram de</p><p>forma exponencial e a Ergonomia se consolidou como campo científico de estudo no final dos</p><p>anos 40. No Brasil, as pesquisas e estudos em Ergonomia começaram um pouco mais tarde,</p><p>por volta de 1960 (SILVA; PASCHOARELLI, 2010) e, em 1983, foi criada a Associação Brasileira</p><p>de Ergonomia (ABERGO), que contribui para o avanço da ciência, prática e divulgação da</p><p>Ergonomia no país (ABERGO, 2021).</p><p>1.4 Tipos de aplicação da Ergonomia</p><p>Apesar de a Ergonomia ser trabalhada de maneira sistêmica, seu uso pode ser</p><p>direcionado conforme a ocasião em que ela for pretendida e sua classificação poderá basear-</p><p>se na concepção, correção, conscientização e cooperação.</p><p>Figura 7: classificações.</p><p>Fonte: elaborado pela autora (2021).</p><p>A Ergonomia de concepção está relacionada ao início do projeto de um sistema,</p><p>produto, máquina ou um ambiente. Quando aplicada ainda nesta etapa, permite prever riscos</p><p>e falhas, além de identificar previamente as necessidades dos usuários que irão utilizar aquele</p><p>produto, máquina ou ambiente. Para isto, é necessário muito conhecimento e técnica do</p><p>profissional de Ergonomia junto à equipe interdisciplinar. As previsões podem</p><p>ser realizadas</p><p>através de protótipos, modelos e maquetes físicas e virtuais.</p><p>Figura 8: Projeto de Produto</p><p>Ergonomia de</p><p>Concepção Correção Conscientização Cooperação</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>Fonte: 96585664</p><p>A Ergonomia de correção, como o nome aponta, visa solucionar algum problema, erro</p><p>ou falha identificada. As correções podem ser simples, desde uma mudança de postura,</p><p>aumento ou diminuição de uma altura de mesa e cadeira, até mesmo a necessidade de troca</p><p>de um equipamento ou máquina.</p><p>Figura 9: postura inadequada</p><p>Fonte: 197560330</p><p>A Ergonomia de conscientização visa o treinamento dos trabalhadores para que se</p><p>tornem profissionais capazes de identificar riscos, promover correções ou saber como buscar</p><p>ajuda. Sabe-se que, mesmo com uma boa concepção e correção, imprevistos podem</p><p>acontecer a qualquer momento, sendo assim, é necessário que o trabalhador esteja</p><p>preparado de maneira adequada para enfrentar possíveis adversidades.</p><p>Figura 10: treinamento</p><p>Fonte: 50020023</p><p>A Ergonomia de cooperação tem por objetivo inserir o próprio usuário nas soluções</p><p>dos problemas. Entende-se que a pessoa que utiliza ou vai utilizar um produto, ambiente,</p><p>máquina ou sistema tem uma excelente visão e experiência para apontar quais são suas</p><p>necessidades e limitações.</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>Figura 11: reunião</p><p>Fonte: 161351868</p><p>Vejamos agora alguns exemplos de setores em que a Ergonomia ganhou destaque nos</p><p>últimos tempos:</p><p>Indústria: a Ergonomia vem contribuindo para a melhoria de toda a cadeia de</p><p>produção, a partir do controle das condições ambientais e programas de higiene e segurança</p><p>do trabalho.</p><p>Figura 12: trabalhadores da indústria</p><p>Fonte: 176456404</p><p>Construção civil e agricultura: são setores cuja informalidade ainda se faz presente na</p><p>contratação de mão de obra no Brasil. A agricultura, cada vez mais com processos</p><p>automatizados, precisa ter mão de obra mais qualificada e treinada. Já a construção civil e</p><p>seus diversos fatores adversos, riscos de acidentes e falhas, deve ter planejamento da obra</p><p>em conjunto com o que a segurança do trabalho e a Ergonomia orientam.</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>Figura 13: agricultor</p><p>Fonte: 312713950</p><p>Figura 14: construção civil</p><p>Fonte: ID 8388812</p><p>Setor de serviços: a Ergonomia desempenha um papel essencial na melhoria dos</p><p>processos, além de ser o setor que mais necessita de mão de obra humana e lida diretamente</p><p>com as interações entre as pessoas. À medida que as necessidades da sociedade vêm</p><p>mudando e crescendo, o setor tende a crescer e se especializar cada vez mais. Escolas,</p><p>hospitais e bancos podem possuir processos e sistemas tão complexos quanto na indústria.</p><p>Figura 15: Atendimento de caixa</p><p>Fonte: 81861622</p><p>Por fim, em nosso cotidiano, realizamos tarefas o tempo todo. Utilizamos máquinas,</p><p>produtos e estamos inseridos em diversos ambientes. Por esta razão, é imprescindível que a</p><p>Ergonomia esteja presente em todos os momentos de nossas vidas, afinal, todos nós somos</p><p>usuários de produtos, serviços coletivos de transportes, sinalização, acessibilidade, etc.</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>1.5 Sistema Homem-Tarefa-Máquina</p><p>A Ergonomia representa o estudo sistêmico das relações entre o homem e o trabalho.</p><p>Para se entender a sistematização do Homem-Tarefa-Máquina (SHTM), primeiro é necessário</p><p>entender o sistema. Um sistema é formado basicamente por três etapas:</p><p>Figura 16: etapas do sistema</p><p>Fonte: adaptado de KIRCHNER, A. et al (2008).</p><p>Além das etapas, um sistema possui outros elementos importantes como:</p><p>• Fronteira: é o que delimita o sistema, os limites de um posto de trabalho.</p><p>• Subsistemas: são as tarefas que compõem o sistema, estão dentro da fronteira.</p><p>• Interações: se referem às relações entre os subsistemas.</p><p>• Ambiente: são variáveis que podem interferir no desempenho do sistema</p><p>independente se estão fora ou dentro da fronteira.</p><p>O Sistema Homem-Tarefa-Máquina (SHTM) é composto pela interação dos três</p><p>elementos: homem, máquina e trabalho. Pode ser aplicado a uma linha de produção (sistema)</p><p>e envolver mais de um homem ou máquina. Cabe ressaltar que a máquina, neste contexto,</p><p>representa o mecanismo utilizado pelo homem para melhorar seu desempenho ou realizar</p><p>um trabalho. Pode referir-se a um objeto simples, até artefatos tecnológicos mais complexos.</p><p>As máquinas podem ser de dois tipos: as tradicionais e as cognitivas. As máquinas</p><p>tradicionais são ferramentas manuais ou máquinas-ferramentas, que auxiliam na realização</p><p>de trabalhos físicos. Os veículos automotores também se encaixam nessa definição. Já as</p><p>máquinas cognitivas são responsáveis por processar informações, como os computadores e</p><p>smartphones, por exemplo. Algumas máquinas são responsáveis apenas por ressaltar alguma</p><p>capacidade do ser humano, sem qualquer alteração na origem da tarefa. Uma lupa amplifica</p><p>Entradas (inputs) -</p><p>são as variáveis</p><p>independente do</p><p>sistema ou insumos.</p><p>Processamento - são</p><p>interações entre si,</p><p>das atividades</p><p>desenvolvidas pelos</p><p>subsistemas, que</p><p>convertem entradas</p><p>(insumos) em saídas</p><p>(manufatura, por</p><p>exemplo).</p><p>Saídas (outputs) - são</p><p>as variáveis</p><p>dependentes do</p><p>sistema ou produtos,</p><p>manufatura,</p><p>resultado produtivo.</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>a imagem, mas não tem a capacidade de modificar seu conteúdo. Por outro lado, existem</p><p>máquinas que modificam a natureza da tarefa.</p><p>A função de deslocamento, por exemplo, pode ser realizada de diferentes maneiras,</p><p>com auxílio de máquinas ou não, deslocar-se a pé se torna diferente de se deslocar através de</p><p>um automóvel, assim como enviar uma mensagem por redes sociais é diferente de se</p><p>encontrar pessoalmente. O Sistema Homem-Tarefa-Máquina (SHTM) não estuda nem o</p><p>homem nem a máquina de maneira isolada, mas a integração do todo no sistema, com o</p><p>enfoque centrado no usuário.</p><p>Figura 17: Sistema Homem-Tarefa-Máquina (SHTM)</p><p>Fonte: elaborada pela autora (2021).</p><p>O homem é o usuário cujo projeto deve considerar suas características físicas, idade e</p><p>peculiaridades de cada grupo. A tarefa é a ação realizada com finalidade de atingir seu</p><p>objetivo, o resultado e a máquina, ou seja, qualquer mecanismo que o indivíduo faça uso para</p><p>execução de uma determinada atividade. Um exemplo clássico que ilustra o SHTM é a viagem</p><p>de automóvel de um ponto de origem a um de destino. Note: o homem é peça principal na</p><p>realização da tarefa e o carro, neste caso, a máquina que, em conjunto à sua ação de trabalho,</p><p>fará com que ele chegue ao local desejado. A sistematização do SHTM é importante para</p><p>visualizar, de maneira ampliada, as situações, as pessoas e os recursos necessários, a solução</p><p>de problemas, padronização de tarefas, projeção de produtos, dentre outros.</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>Unidade 2</p><p>A Antropometria, inserida no contexto da Ergonomia física, trata das medidas</p><p>corporais, o que, inicialmente, foi uma preocupação das indústrias têxteis em</p><p>desenvolvimento. Assim, aos poucos, foram sendo definidos padrões mundiais de tamanhos</p><p>das pessoas, considerando-se as variações de gênero, étnicas, faixa etária, proporções</p><p>corporais, forma, peso, etc. O estudo de movimentos visa a identificação e eliminação de</p><p>eventuais desperdícios de esforço da mão de obra, ou seja, movimentos que as pessoas fazem</p><p>que são desnecessários e que se somam no final de um projeto ou operação, resultando em</p><p>um enorme tempo improdutivo.</p><p>2.1 Postura e movimento</p><p>O que se observou, desde o princípio, é que os fatores que impactavam a determinação</p><p>de tamanhos mundiais de referência para a moda, eram os mesmos que poderiam influenciar</p><p>no padrão produtivo, em geral. Deste modo, além do produto resultante do processo, as</p><p>diferenças de tamanho notadas poderiam afetar a eficiência operacional, podendo, inclusive,</p><p>resultar em prejuízos à segurança e saúde</p><p>dos trabalhadores. Sendo assim, além das</p><p>preocupações decorrentes do tamanho em geral do que seria produzido, a Ergonomia</p><p>englobou a análise dos movimentos humanos, que, em se tratando de competitividade e</p><p>produtividade, poderiam trazer melhorias aos processos fabris. A biomecânica ocupacional é</p><p>uma área da biomecânica geral, responsável por estudar as forças e movimentos do corpo</p><p>durante o trabalho (KROEMER e GRANDJEAN, 2007).</p><p>Figura 18: Biomecânica.</p><p>Mecânica: Máquinas e equipamentos</p><p>Estrutura: Músculos e esqueleto</p><p>Função: Realização de tarefas</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>Fonte: elaborada pelo autora (2021).</p><p>Diversos autores, desde o século XVIII, relatam a importância da postura adequada no</p><p>trabalho. Já nesta época, havia um olhar para o modo de posicionar o corpo durante uma</p><p>tarefa e a forma de realizar movimentos pelos artesãos. Segundo Kroemer e Grandjean (2007,</p><p>p. 14), existem dois tipos de trabalho muscular: o estático (postura) e o dinâmico</p><p>(movimento).</p><p>O trabalho dinâmico caracteriza-se pela alternância de contração e extensão,</p><p>portanto, por tensão e relaxamento. Há mudança no comprimento do</p><p>músculo, geralmente de forma rítmica.</p><p>[..] O trabalho estático, ao contrário, caracteriza-se por um estado de</p><p>contração prolongada da musculatura, o que geralmente implica um</p><p>trabalho de manutenção de postura.</p><p>Neste sentido, para que um trabalho seja realizado da maneira adequada, sem</p><p>desconforto e sem estresse, uma postura considerada boa será aquela que considerar a</p><p>prevenção de desgastes e que busque a conservação da energia do indivíduo que executa a</p><p>tarefa. Existem três posturas básicas que o corpo pode assumir: deitada, sentada ou em pé.</p><p>De fato, em todas elas o corpo está gastando energia, o que exige esforços musculares para</p><p>manutenção da posição na qual se encontra. Lida (2005) mostra a distribuição da seguinte</p><p>maneira:</p><p>Distribuição partes do corpo e peso total</p><p>PARTE DO CORPO % DO PESO TOTAL</p><p>Cabeça 6 a 8%</p><p>Tronco 40 a 46%</p><p>Membros superiores 11 a 14%</p><p>Membros inferiores 33 a 40%</p><p>Fonte: adaptado de Lida (2005).</p><p>Para cada tipo de tarefa, existe uma postura adequada, que poderá ser definida a partir</p><p>das características do que irá ser realizado, quem a executará, como e onde. O que acontece,</p><p>por vezes, é que o ambiente de trabalho não está efetivamente preparado para adaptação</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>das necessidades do homem, obrigando o indivíduo a fazer uso de posturas inadequadas.</p><p>Ambientes com projetos deficientes de máquinas, postos de trabalhos e equipamentos, levam</p><p>o homem a realizar posturas inadequadas. Muitas vezes, essa deficiência pode estar atrelada</p><p>ao próprio desenho de execução da tarefa, sendo necessário repensar como ela deve ser</p><p>realizada.</p><p>A aplicação da Ergonomia no projeto de concepção de uma estação de trabalho ou</p><p>desenho de uma tarefa é a principal medida para se evitar possíveis erros. Já em ambientes</p><p>deficitários, o redesenho de postos de trabalho pode favorecer a saúde do trabalhador,</p><p>evitando dores, fadiga, afastamento e doenças. Em outros casos, o problema pode estar</p><p>relacionado à falta de instrução, que leva o homem ao erro.</p><p>Um exemplo comum, que pode acontecer tanto em um ambiente empresarial quanto</p><p>em um ambiente doméstico, é o movimento de abaixar o corpo para pegar alguma coisa que</p><p>está próxima ao chão, pois a grande maioria realiza o movimento de maneira errônea e, nesse</p><p>caso, o erro está relacionado à falta de instrução. Já em casos mais complexos, o problema</p><p>pode estar diretamente na máquina ou equipamento, uma altura errada que não atenda o</p><p>usuário ou que exija um esforço físico muito grande.</p><p>Segundo Lida (2005), a postura inadequada pode resultar em danos em três situações:</p><p>i. Trabalhos que exijam uma postura estática por muito tempo (imobilidade postural);</p><p>ii. Quando a força para realizar um trabalho é muito grande;</p><p>iii. Quando as tarefas ocasionam postura desfavorável ao corpo em um espaço de tempo.</p><p>Na posição deitada, o consumo de energia é mínimo, só o necessário para manter a</p><p>temperatura do corpo adequada. A concentração de tensão no corpo é nula. O sangue flui</p><p>livremente pelo organismo, eliminando toxinas musculares e resíduos do metabolismo, dois</p><p>elementos que provocam a fadiga. Portanto, esta é a posição mais recomendada para o</p><p>descanso e recuperação da fadiga, mas não é recomendada para realização de trabalhos,</p><p>exceto em alguns casos, como o exemplo a seguir, em que o corpo deitado é uma necessidade</p><p>exigida pela tarefa.</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>Figura 19: trabalho em posição deitada.</p><p>Fonte: 118477032</p><p>O estudo e preocupação com a postura ideal é estudado há muitos séculos,</p><p>principalmente em relação ao modo de sentar-se do homem. Marques et al. (2010) relata que,</p><p>ainda no século XIX, acreditava-se que o sentar deveria ser com a coluna reta, o que levou o</p><p>design de mobiliário a ser pensado seguindo essa diretriz. Já no século XX, o foco em</p><p>Ergonomia aumentou e percebeu-se que as cadeiras deveriam se adequar melhor ao corpo</p><p>humano. Hoje, é sabido que a posição da coluna um pouco inclinada para frente é mais</p><p>confortável para o homem do que a posição totalmente ereta.</p><p>A posição sentada é caracterizada como aquela em que o peso do corpo é transferido</p><p>para o assento através da tuberosidade isquiática, da coxa, dos tecidos moles e da região do</p><p>glúteo e, por meio dos pés, o peso é transferido para o chão. O consumo de energia chega a</p><p>ser maior, entre 3 e 10% em relação à posição deitada.</p><p>Figura 20: trabalho em posição sentada.</p><p>Fonte: 11348577</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>A posição em pé é a que mais oferece mobilidade. O corpo fica livre para movimentar</p><p>todos os membros, além de conseguir um alcance maior, através da caminhada. Já a posição</p><p>parada e em pé exige um trabalho estático, que leva rapidamente à fadiga.</p><p>Figura 21: trabalho em posição em pé.</p><p>Fonte: 20509651</p><p>Para realizar muitas atividades, às vezes, é necessário inclinar a cabeça para a frente.</p><p>Isto é mais comum de acontecer quando a mesa ou assento são baixos, a cadeira está longe</p><p>do trabalho e, em atividades específicas, como as que utilizam microscópio, por exemplo.</p><p>Segundo Lida (2005), essa inclinação leva o organismo rapidamente à fadiga, devido ao fato</p><p>de a cabeça ter um peso que, expondo-se a uma inclinação maior que 30º, pode gerar dores</p><p>no pescoço e ombros do indivíduo. Em casos específicos, onde a atividade exige a inclinação,</p><p>deve-se programar a realização da atividade no menor tempo possível. Em outros casos, pode-</p><p>se corrigir a postura de uma cadeira e mesa, por exemplo.</p><p>2.2 Medidas e aplicações</p><p>Quando se fala em medida do corpo humano, a primeira coisa que nos vem à cabeça</p><p>é a nossa altura. O fato é que falar sobre medidas é muito mais complexo e importante</p><p>do que se possa imaginar. A área que estuda as medidas do corpo humano se chama</p><p>Antropometria.</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>Figura 22: fita Métrica</p><p>Fonte: D do Vetor: 7316209</p><p>Tratar de medidas do homem individualmente é uma tarefa relativamente simples,</p><p>mas quando ampliamos para um número maior de pessoas, e até mesmo a uma população,</p><p>torna-se mais complexo, principalmente pelo fato dos diferentes perfis de pessoas e todos os</p><p>fatores que podem influenciar em suas medidas: sexo, idade, peso, genética, etnia, cultura. É</p><p>necessário aplicar técnicas corretas para que se tenha um resultado fidedigno e que, de fato,</p><p>represente as medidas de um determinado público.</p><p>Pode-se dizer que é impossível pensar qualquer meio de produção hoje sem o auxílio</p><p>da Antropometria. Isso vai desde um simples projeto de um objeto até o mais complexo</p><p>projeto de um posto de trabalho ou máquina. Mas, já que cada pessoa tem um tamanho,</p><p>como estabelecer medidas que atendam a todos os grupos? Essa é uma das perguntas a qual</p><p>a Antropometria</p><p>tenta responder e propor soluções.</p><p>Lida (2005) descreve que, até a Idade Média, os calçados tinham o mesmo tamanho,</p><p>nem tinham diferença entre o lado esquerdo e o direito. Levando em consideração o ponto</p><p>de vista produtivo, era bom para o fabricante, afinal, ele tinha apenas um molde para</p><p>produção de todos os sapatos. Em outro tempo, os carros eram produzidos levando-se em</p><p>consideração apenas o corpo masculino, pois mulheres não dirigiam naquele período</p><p>histórico. Do ponto de vista do conforto e eficiência, esses fatos eram um verdadeiro desastre,</p><p>acarretando sérios problemas para população. À medida que os estudos em Ergonomia foram</p><p>avançando, a necessidade de adequar a realidades às medidas do corpo humano levando em</p><p>consideração todas as suas variáveis foi aumentando. Uma das principais variáveis de medidas</p><p>é em relação ao sexo: masculino e feminino.</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>Figura 23: medidas Corporais</p><p>Fonte: 326007274 e 326007380</p><p>Em relação ao corpo físico, homens e mulheres possuem diferenças desde o</p><p>nascimento. Homens nascem, em média, com 0,2 quilos a mais e 0,6cm maiores que as</p><p>mulheres. Mas essa diferença se torna mais evidente na puberdade, quando as mulheres</p><p>entram em um ritmo de crescimento um pouco antes dos homens, por volta dos 11 e 13 anos,</p><p>já os homens, por volta 12,5 e 15,5.</p><p>Na fase adulta, o sexo masculino já aparenta ombros maiores, membros como pés e</p><p>mãos maiores e, em geral, também são mais altos. Há uma diferença também na proporção e</p><p>distribuição de músculo e gordura, pois, geralmente, homens têm uma maior proporção</p><p>muscular em relação às mulheres e a distribuição da gordura corporal apresenta diferenças.</p><p>As diferenças na estatura entre os dois sexos chegam a ser de 6 a 11%.</p><p>Estudos comprovam que existe uma variação nas medidas do corpo humano em</p><p>relação à etnia. Com a globalização e o crescimento da exportação, isso se tornou um</p><p>problema, tendo em vista que nem sempre um produto desenvolvido para um americano vai</p><p>atender um brasileiro e assim por diante. Portanto, é necessário conhecer todas essas</p><p>diferenças antropométricas, seja para criar uma variável ou adaptação. Outra variação que é</p><p>possível observar são as diferenças corporais em relação ao clima do ambiente em que vive o</p><p>indivíduo. Os homens que vivem em locais mais frios tendem a ter um corpo mais</p><p>arredondado, já os que vivem em lugares mais quentes, tendem a um corpo mais</p><p>linear. Existem algumas variáveis que vão ocorrendo ao longo da vida do ser humano. Na</p><p>infância, a proporção corporal é uma, na adolescência, outra, na fase adulta, é diferente da</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>terceira idade. Todas essas mudanças do corpo ao longo da vida precisam ser levadas em</p><p>consideração.</p><p>As variações seculares estudam as mudanças do corpo que ocorrem a longo prazo, de</p><p>uma geração para outra. À medida que o estilo de vida e alimentação do homem vai mudando,</p><p>isso gera reflexo direto em sua composição corporal. Foi possível observar, ao longo do tempo,</p><p>que a estatura e peso do homem foram aumentando. As medidas também podem variar de</p><p>acordo com diferentes classes sociais, até mesmo dentro de uma mesma população. Como</p><p>podemos realizar essas medidas?</p><p>O primeiro passo é definir os objetivos da medição, onde ou para que essas medidas</p><p>serão utilizadas. Para cada tipo de produto, estação de trabalho ou tarefa, é necessário</p><p>entender medidas diferentes. Para isso, é preciso saber se a aplicação será Antropometria</p><p>estática, Antropometria dinâmica ou Antropometria funcional.</p><p>Antropometria estática refere-se às medidas em relação ao corpo parado, atividades</p><p>que não exijam muitos movimentos como, por exemplo, projeto de mobiliários. A dinâmica</p><p>fica responsável por medir os movimentos do corpo. Essa medição é realizada com as outras</p><p>partes do corpo estático, por exemplo, em uma medição que visa medir apenas o movimento</p><p>do braço direito, as outras partes do corpo devem ficar estáticas. Muito utilizada em</p><p>atividades que necessitam de muitos movimentos corporais. Enquanto que funcional é</p><p>utilizada em trabalhos que exijam movimentação específica, observando que cada parte do</p><p>corpo não se movimenta de maneira isolada. Após traçado o objetivo, é preciso fazer a</p><p>definição das medidas:</p><p>• Postura do corpo;</p><p>• Instrumentos antropométricos;</p><p>• Técnica a ser utilizada na medida;</p><p>• Especificar localização, direção e postura.</p><p>Existem dois tipos de métodos a serem utilizados na medição antropométrica: direto</p><p>e indireto. Os que entram em contato com o corpo físico são chamados de direto: fitas</p><p>métricas, trenas, réguas, esquadros, paquímetro, raio laser, balanças, transferidores, entre</p><p>outros. Já o método indireto, em geral, utiliza fotos em uma malha quadriculada. Uma das</p><p>finalidades é traçar contornos da sombra projetada de uma parte do corpo e, posteriormente,</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>poder fazer uma correção. Com a tecnologia digital, essas técnicas se tornaram mais</p><p>acessíveis, sendo possível realizar montagens mais detalhadas.</p><p>Ainda sobre a medição antropométrica, é fundamental que a pessoa ou equipe que vá</p><p>realizar as medições, esteja treinada corretamente e selecione, para fins de conferência, um</p><p>indivíduo que sirva como referência padrão. Deverá também fazer um planejamento do</p><p>experimento, descrevendo as variáveis que serão medidas, as características do usuário, o</p><p>tamanho da amostra considerando-se o sexo, idade, biótipo e deficiências físicas e todas as</p><p>características pertinentes à função a ser observada. Deve-se buscar definir parâmetros com</p><p>precisão, posição desejada, tipos e quantidade de pessoas que serão avaliadas, bem como os</p><p>procedimentos que deverão ser adotados com a descrição completa.</p><p>O tamanho da amostra vai depender das variações do grupo. Se for um grupo de</p><p>pessoas com as mesmas características, a amostra pode ser única ou bem pequena, mas se</p><p>for um grupo com grandes variáveis, a amostra deve ser maior e calculada estatisticamente. A</p><p>OMS (Organização Mundial da Saúde) estabelece um número de amostragem de 200 pessoas</p><p>para dimensões antropométricas. Na Ergonomia, uma amostra entre 30 e 50 pessoas já pode</p><p>ser satisfatória, desde que se trate de um grupo homogêneo.</p><p>2.3 Trabalho muscular, estático e dinâmico</p><p>A força necessária para movimentação do corpo ou adoção de uma postura ocorre a</p><p>partir dos músculos. Lida (2005) compara nosso corpo a um sistema de alavancas que é</p><p>movido pela contração muscular. Mesmo em repouso, nosso organismo continua gastando</p><p>energia, ele nunca desliga. Isso acontece para ele manter a temperatura corporal constante,</p><p>pois uma mudança brusca de temperatura poderia ser prejudicial ao nosso</p><p>organismo. Segundo Lida (2005), a taxa de metabolismo vai aumentando à medida que</p><p>realizamos algum trabalho, como correr ou caminhar, por exemplo. Para isso, o organismo</p><p>leva algum tempo para se adaptar ao novo comando da tarefa e quando isso acontece</p><p>repentinamente, o organismo sai em desvantagem, tendo um déficit de oxigênio. Nessa</p><p>condição, é necessário utilizar uma pequena reserva de energia das células.</p><p>Os músculos, durante um esforço físico, aumentam a acidez do sangue. Essa acidez é</p><p>responsável por estimular os vasos sanguíneos, aumentando o ritmo da respiração, que leva</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>oxigênio aos músculos. Demora cerca de 2 a 3 minutos para o equilíbrio ser restabelecido.</p><p>Quando o esforço termina, o corpo volta para sua condição fisiológica anterior. O</p><p>desequilíbrio pode ser atenuado com um aquecimento do organismo antes de iniciar a</p><p>atividade. Lida (2005) relata que esse aquecimento prévio aumenta a temperatura muscular,</p><p>acelerando os ritmos cardíaco e respiratório, prevenindo, portanto, possíveis distensões no</p><p>músculo.</p><p>Em uma situação real, é de extrema importância que o ser humano faça um</p><p>aquecimento antes de qualquer atividade</p><p>que demande algum tipo de esforço físico. Um</p><p>sistema muscular comprometido acarreta problemas em todos os níveis do organismo, fadiga,</p><p>fraqueza, comprometimento da respiração, atrapalhando, consequentemente, o</p><p>desempenho na realização da tarefa.</p><p>Figura 24: demanda e suprimento.</p><p>Fonte: adaptado de Lida (2005).</p><p>Em alguns casos, o corpo necessita se manter em uma determinada posição. O</p><p>trabalho estático exige do corpo uma contração contínua de alguns músculos. Este tipo de</p><p>contração é designada como “contração isométrica”, necessária para manter o corpo de pé.</p><p>Veja este exemplo:</p><p>Onde os músculos dorsais e das pernas se mantêm contraídos, um</p><p>trabalhador que estiver segurando um objeto a ser martelado, acionará um</p><p>trabalho estático nos músculos de sua mão.</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>Supondo que esse trabalho necessite de uma força de 50%, ele poderá</p><p>durar, no máximo, 1 minuto sem comprometer o músculo, mas se as contrações</p><p>demandarem menos de 20% de força, esse tempo poderá ser um pouco maior.</p><p>O recomendado por muitos especialistas é que a força máxima de um</p><p>trabalho estático não passe de 8%, pois, caso ela seja maior e repetida todos os</p><p>dias da semana, consequentemente, poderá gerar danos à saúde do</p><p>trabalhador, que poderá sentir dores e fadiga.</p><p>O trabalho dinâmico ocorre quando há uma alternância entre a contração e</p><p>relaxamento do músculo, como as atividades de: serrar, martelar, caminhar, girar um volante,</p><p>etc (LIDA, 2005). Toda essa movimentação aumenta a circulação sanguínea, aumentando a</p><p>oxigenação muscular, prevenindo a fadiga. Pode-se concluir que o trabalho estático é o mais</p><p>prejudicial à saúde e o que mais leva ao estado de fadiga, por isso, deve ser evitado sempre</p><p>que possível. Quando não for dispensável, deve ser realizado com pausas e menor</p><p>força. Algumas medidas que podem ser realizadas em uma situação real de trabalho para</p><p>amenizar possíveis problemas:</p><p>• Priorizar o trabalho dinâmico ao estático;</p><p>• Substituir o transporte manual de cargas por carrinhos;</p><p>• Promoção de exercícios de saúde e bem-estar;</p><p>• Realizar alongamentos e aquecimentos corporais antes do início das atividades;</p><p>• A empresa deve incentivar e dar suporte para que os funcionários tenham acesso a</p><p>todas as informações de prevenção e melhoramento da saúde.</p><p>2.4 Aplicação de forças e cargas</p><p>As forças do corpo humano são resultadas da contração muscular, portanto, para</p><p>realizar um trabalho que exige força, os músculos são contraídos. Lida (2005) diz que apenas</p><p>⅔ da força de um músculo pode ser contraído, por isso, sua contração não deve ultrapassar</p><p>20% de sua força.</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>Sendo assim, todo trabalho de força deve ser adaptado às condições físicas do ser</p><p>humano, respeitando os limites que o corpo aguenta. Outro fator relevante é o próprio</p><p>trabalhador reconhecer seu limite, devendo ser treinado para não extrapolar os limites de</p><p>força. Um operador experiente gasta menos energia e, consequentemente, tem menos</p><p>desgaste físico e fadiga.</p><p>Toda atividade que exige força deve ser pensada de forma a facilitar a operação.</p><p>Alavancas, roldanas e outros mecanismos podem ser implementados para ajudar no</p><p>movimento de força. Para cada movimento de força, existem fatores que podem influenciar</p><p>em sua execução. O movimento de empurrar e puxar depende de diversos fatores:</p><p>Antropometria, postura, sexo, atrito, etc. O alcance vertical é realizado quando os braços</p><p>estão acima dos ombros, se esse movimento durar por muito tempo, o indivíduo certamente</p><p>sentirá dor, sendo assim, os fatores que influenciam a realização desse movimento são: peso,</p><p>altura, tempo de duração e idade do operador.</p><p>O alcance horizontal sobrecarrega o ombro, então não pode ser realizado por muito</p><p>tempo, assim como o alcance vertical. Isso mostra a pouca resistência dos braços em</p><p>manterem cargas em modo estático. Alguns mecanismos podem ser feitos para aumentar o</p><p>tempo de duração de uma tarefa dessa natureza, como colocar um apoio no cotovelo. Mesmo</p><p>assim, no projeto de um trabalho, todos esses fatores devem ser levados em conta: peso,</p><p>altura, tempo de duração (máximo 5 minutos). Nas pernas, o corpo humano concentra boa</p><p>parte dos músculos corporais, devido ao fato desses músculos darem suporte para manter o</p><p>corpo em pé. A força das pernas varia de acordo com o posicionamento do assento/pedal.</p><p>Segundo Lida (2005), o levantamento de cargas tem sido responsável pela maioria das</p><p>lesões musculares dos trabalhadores. Um dos variados motivos é a falta de treinamento</p><p>adequado e excesso de carga em relação à capacidade individual de cada</p><p>organismo. Mulheres aguentam uma carga menor que os homens, portanto, esse fator</p><p>sempre deve ser levado em consideração. Dessa forma, é importante conhecer todas as</p><p>variações e capacidades do corpo humano. O levantamento de cargas pode ser esporádico e</p><p>repetitivo: o esporádico está relacionado com a capacidade muscular, já o repetitivo leva em</p><p>consideração o tempo de duração do trabalho.</p><p>No levantamento de carga, a coluna é sobrecarregada e, dependendo do movimento</p><p>e peso da carga, pode comprometer toda coluna vertebral. O ideal é que a coluna sempre se</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>mantenha no sentido vertical, nunca inclinada. Em um movimento de abaixar, o correto é</p><p>agachar com a coluna reta, nunca inclinar o corpo para baixo. Algumas recomendações para</p><p>o levantamento de cargas:</p><p>• Manter a coluna reta;</p><p>• Manter a carga mais próxima ao corpo;</p><p>• Usar as duas mãos, mantendo a carga simétrica;</p><p>• Remover obstáculos ao redor da tarefa de levantar a carga;</p><p>• Ao pegar uma carga, ela deve estar 40cm acima do piso.</p><p>2.5 Noções de fisiologia do trabalho: idade, fadiga, vigilância e acidente</p><p>Na Ergonomia, é de extrema importância conhecer as noções de fisiologia do trabalho</p><p>e é preciso entender todos os fatores que possam influenciar na qualidade ou na piora do</p><p>trabalho. Idade, por exemplo, é um dos principais fatores a serem levados em conta na</p><p>Ergonomia, um fator de observação a todo momento. Como vimos anteriormente, ao longo</p><p>do tempo da vida de um indivíduo, suas características corporais mudam e, em cada</p><p>momento, apresenta habilidades e limitações diferentes. Um bebê possui características bem</p><p>definidas, assim como um idoso apresenta características próprias completamente opostas.</p><p>Quando se pensa na concepção de um espaço de trabalho, no projeto de um produto,</p><p>no desenho de uma tarefa, é importante se atentar para qual público está sendo realizado tal</p><p>demanda e qual idade pretende atender. A partir disso, conhecer e entender todas as</p><p>peculiaridades de cada faixa etária pretendida.</p><p>Em relação ao trabalho, o corpo humano possui vida útil. Não é recomendável que uma</p><p>criança seja exposta ao trabalho, pois ela ainda está em desenvolvimento, seu corpo ainda</p><p>não foi totalmente formado. Porém, ela já realiza algumas tarefas e utiliza objetos ou</p><p>mobiliários e, nesse caso, também deve se atentar às questões ergonômicas. Cada indivíduo</p><p>vai ter sua vida útil de trabalho diferente do outro, apesar de haver um padrão de idade para</p><p>aposentadoria, vai depender de diversos fatores: genética, estilo de vida, prevenção e</p><p>manutenção da saúde. Cada grupo de faixa etária possui habilidades e limitações diferentes.</p><p>A fadiga é um dos primeiros sinais de que alguma coisa não está funcionando bem na</p><p>relação corpo humano e trabalho. Um dos objetivos da Ergonomia é prevenir a fadiga, para</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>que a atividade seja realizada em segurança e com eficiência. Muitas variáveis podem levar à</p><p>fadiga: intensidade e duração do trabalho físico e mental, fatores ambientais, falta de</p><p>motivação, monotonia, entre outros.</p><p>A intensidade e duração de um trabalho deve respeitar os limites de atenção que o</p><p>trabalhador consegue realizar. Fatores ambientais, como má iluminação, ruídos,</p><p>barulhos,</p><p>temperatura muito alta ou muito baixa, podem comprometer a qualidade do trabalho e saúde</p><p>do trabalhador. Alguns fatores externos ao ambiente de trabalho também podem ser</p><p>responsáveis pela fadiga, como alimentação, sono, doenças e problemas psíquicos. Um</p><p>acidente pode ser o resultado de uma série de erros. Esses erros podem ser de origem técnica,</p><p>ambientes deficitários, falta de instrução e treinamento, negligência, desobediência ou erro</p><p>humano. No ambiente de trabalho, os acidentes são os principais responsáveis pelo</p><p>agravamento na saúde do trabalhador.</p><p>Embora, vez ou outra, possa ocorrer uma fatalidade, na maioria das vezes, um acidente</p><p>pode ser prevenido e até mesmo previsto. Para isso, existem normas, legislações e órgãos</p><p>fiscalizadores para assegurar a segurança do trabalhador ou usuário de determinado serviço</p><p>ou objeto. O principal mecanismo de prevenção são os órgãos de vigilância, tanto do trabalho</p><p>e saúde, quanto da vigilância sanitária. O termo vigilância, em Ergonomia, pode ir além de</p><p>órgãos fiscalizadores. A vigilância pode ser uma estratégia da Ergonomia organizacional, como</p><p>treinar a equipe para estar vigilante e atenta a qualquer manifestação inesperada, orientar o</p><p>trabalhador a respeitar seus limites.</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>32</p><p>Unidade 3</p><p>Unidade 3</p><p>A Ergonomia faz parte de Segurança do Trabalho que estuda a relação entre o homem,</p><p>a máquina e os procedimentos necessários para haver uma boa relação de trabalho entre eles,</p><p>buscando manter a segurança do trabalhador com conforto e procurando manter o melhor</p><p>desempenho do homem e da máquina no ambiente de trabalho. O ambiente de trabalho é o</p><p>local onde o trabalhador realiza suas atividades. Nele, diversos fatores podem resultar em</p><p>acidentes de trabalho se não considerados, dentre eles, é importante citar a iluminação.</p><p>3.1 Princípios Ergonômicos da Iluminação</p><p>A NR17 é a norma regulamentadora que aborda assuntos sobre Ergonomia e aspectos</p><p>sobre a iluminação no ambiente físico de trabalho. É essencial que o conforto e a segurança</p><p>sejam mantidos, independentemente do tipo de iluminação (artificial ou natural). A luz do</p><p>ambiente deverá ser bem distribuída no ambiente de trabalho, de modo a evitar sombras e</p><p>reflexos que atrapalhem a visão do trabalhador. Segundo a NR17 (2018):</p><p>Os equipamentos utilizados no processamento eletrônico de dados com</p><p>terminais de vídeo devem observar o seguinte: a) condições de mobilidade</p><p>suficientes para permitir o ajuste da tela do equipamento à iluminação do</p><p>ambiente, protegendo-a contra reflexos, e proporcionar corretos ângulos de</p><p>visibilidade ao trabalhador.</p><p>Além da iluminação, o equipamento a ser utilizado pelo trabalhador deve ser passível</p><p>de ajuste conforme a altura da visão do trabalhador. O ajuste da tela de um computador, por</p><p>exemplo, evita que haja desconforto no pescoço do trabalhador e evita que haja reflexo</p><p>quando o trabalhador olhar para a tela. Este ajuste considera os corretos ângulos de</p><p>visão. Todo ambiente físico de trabalho deverá ser bem iluminado para que o trabalhador</p><p>realize suas atividades de forma aconchegante. Caso o ambiente não possua iluminação</p><p>natural direta ou indireta do sol, deverá ser disponibilizada iluminação artificial através de</p><p>lâmpadas, postes, baterias e lanternas que clareiem e se espalhem por todos os pontos do</p><p>ambiente, uniformemente difusa e distribuída.</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>33</p><p>Unidade 3</p><p>Deve-se priorizar a iluminação natural e, na impossibilidade, utilizar a iluminação</p><p>artificial. Toda a iluminação do ambiente deverá prover um ambiente favorável à visão,</p><p>impedindo a existência de reflexos e ofuscamentos que prejudiquem o trabalhador. Uma</p><p>péssima iluminação faz com que o trabalhador execute suas atividades com menor</p><p>desempenho do que se estivesse executando atividades em um ambiente bem</p><p>iluminado. Uma iluminação ruim pode levar o indivíduo a um cansaço de suas funções visuais,</p><p>seja em casa ou no escritório, na indústria ou na escola, causando sintomas como: queimação</p><p>e vermelhidão nos olhos, dor de cabeça, redução de visão e até mesmo visão em duplicidade.</p><p>Além da NR17, existem normas que complementam os procedimentos corretos e</p><p>seguros referentes à iluminação de um ambiente, dentre elas, existe a norma de higiene</p><p>ocupacional 11 (NHO11), que dispõe de tratativas sobre iluminação de ambientes internos no</p><p>trabalho. A NR17 (2018) diz que:</p><p>Os métodos de medição e os níveis mínimos de iluminamento a serem</p><p>observados nos locais de trabalho são os estabelecidos na Norma de Higiene</p><p>Ocupacional n.º 11 (NHO 11) da Fundacentro - Avaliação dos Níveis de</p><p>Iluminamento em Ambientes de Trabalho Internos. (Alterado pela Portaria</p><p>MTb n.º 876, de 24 de outubro de 2018).</p><p>Por isso, além de consultar a NR17 é aconselhável que se consulte outras normas que</p><p>falem sobre assunto, de modo a evitar riscos de acidentes com maior precisão. Através da</p><p>norma NHO11, é possível identificar os níveis mínimos de iluminamento e iluminância dentro</p><p>de cada ambiente de trabalho conforme as atividades exercidas pelo trabalhador, seja</p><p>escritório, escola, consultório dentista, indústria, etc.</p><p>De acordo com Kroemer e Grandjean Karl et al (2007, p. 222):</p><p>Iluminância é a quantidade de luz incidindo sobre uma superfície. A luz pode</p><p>vir do sol, luminárias de uma sala ou qualquer outra fonte. A unidade de</p><p>medida é o lux, definido como 1 lux (lx) = 1 lumem (lm) por metro quadrado,</p><p>o lumem sendo a unidade do fluxo luminoso [...]</p><p>Luminância é a quantidade de luz refletida ou emitida de uma superfície. A</p><p>unidade de medida é a candela por metro quadrado (cd/m2).</p><p>Veja o que diz a norma NH011 sobre os índices de iluminamento. A sigla IRC do quadro</p><p>representa o índice geral de reprodução de cor, também denominado de Ra. De acordo com</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>34</p><p>Unidade 3</p><p>a norma NHO11, esse índice deve ser inferior a 80 e esse número deve ser repassado pelos</p><p>fabricantes das lâmpadas utilizadas dentro do ambiente de trabalho:</p><p>Tipo de ambiente,</p><p>tarefa ou atividade</p><p>E</p><p>(lux)</p><p>IRC/Ra* Observações</p><p>30. Aeroportos</p><p>Saguão de embarque e</p><p>desembarque e área de</p><p>entrega da bagagem</p><p>200 80 - Vide nota 1.</p><p>Área de conexão, escada</p><p>rolante e esteira rolante</p><p>150 80</p><p>Balcão de informações e</p><p>check-in</p><p>500 80 - Vide nota 2.</p><p>Alfândega e balcão de</p><p>controle de passaportes</p><p>500 80</p><p>- Importante a</p><p>iluminância</p><p>vertical.</p><p>Quadro 1: níveis mínimos de iluminamento.</p><p>Fonte: NHO11 (2018, p. 42)</p><p>A quantidade de iluminamento que deverá ser utilizada num ambiente de trabalho</p><p>depende da atividade exercida pelo indivíduo e do grau de precisão do trabalho. Um exemplo</p><p>disso é que, em um saguão de embarque e desembarque de aeroporto, pode-se utilizar</p><p>200lux, já no balcão de informações do aeroporto, deve-se utilizar 500lux de iluminamento,</p><p>conforme quadro 1. A diferença de iluminamento deve-se ao esforço de utilização da visão</p><p>durante a atividade, já que, em balcão de informação, existe muita leitura de documentos,</p><p>portanto, o iluminamento deverá ser maior, com o intuito de não forçar a visão do trabalhador</p><p>no local.</p><p>Outra norma que aborda atividades com fortes intensidades de luz, como é caso da</p><p>soldagem, é a norma regulamentadora 6 (NR6), pois, para esse tipo de serviço, existem</p><p>especificidades que devem ser seguidas para evitar a fadiga da visão. De acordo com NHO11</p><p>(2018), para verificar as condições de iluminação do ambiente de trabalho, deverão ser</p><p>mapeados e definidos os pontos de avaliação, descrevendo, assim, o ambiente de trabalho e</p><p>o tipo de iluminação do local. Com isso, deverão ser identificadas as interferências de</p><p>iluminação e tomadas tratativas de melhorias, com o intuito de garantir o conforto visual do</p><p>indivíduo durante a execução de suas atividades dentro daquele ambiente. Por isso, é preciso</p><p>seguir alguns princípios de iluminação que, segundo o LIDA (2016),</p><p>são:</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>35</p><p>Unidade 3</p><p>• 1º Princípio: verificar o nível de iluminamento para cada tipo de atividade,</p><p>identificar e planejar o nível de iluminamento ideal considerando-se tarefa,</p><p>ambiente e norma NHO11.</p><p>• 2º Princípio: preferencialmente utilizar a luz natural, sempre que possível, devido o</p><p>tipo de iluminação com melhor qualidade e menor custo. Deve-se também manter</p><p>o cuidado com superfícies espelhadas e vidradas, a fim de evitar reflexos que</p><p>dificultem a boa visão do trabalhador. Por isso, é bom que as janelas estejam</p><p>niveladas na altura das mesas.</p><p>• 3º Princípio: harmonizar as iluminações. Ao haver mudança de ambientes, como,</p><p>por exemplo, de um escritório que executa um tipo de atividade para outro</p><p>escritório que executa outro tipo de atividade, haverá diferença de níveis de</p><p>iluminação, portanto, os pontos entre esses escritórios deverão possuir uma</p><p>iluminação mínima uniforme e que não prejudique o andamento das atividades em</p><p>nenhum dos escritórios.</p><p>• 4º Princípio: impedir a transferência abrupta de iluminamento em ambientes</p><p>contíguos. Devem ser evitadas mudanças de iluminamento rudes num ambiente de</p><p>trabalho, pois elas prejudicam a visão do trabalhador. Dependendo da mudança, o</p><p>trabalhador poderá ter cegueira temporária, desconforto e fadiga visual. Sendo</p><p>assim, as diferenças de claridade deverão ser pequenas, até que a visão se adapte</p><p>à mudança quando houver perda ou ao ganho de claridade no ambiente.</p><p>Em atividades que exijam dos profissionais uma maior precisão, é importante que haja</p><p>um foco de luz adicional, capaz de iluminar até três vezes mais que o ambiente laboral, ou</p><p>seja, na proporção de 3:1 (LIDA; BUARQUE, 2018). Logo, a iluminação de toda uma fábrica,</p><p>por exemplo, deverá ser harmonizada e balanceada entre os ambientes de forma a não</p><p>impactar a visão dos trabalhadores que estejam realizando atividades nos locais.</p><p>3.2 Dimensionamento dos postos de trabalho</p><p>Todo trabalhador, assim como toda atividade exercida no ambiente de trabalho,</p><p>possui suas particularidades. Partindo deste princípio, cada local deve ser adaptado às</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>36</p><p>Unidade 3</p><p>características físicas, capacidades e necessidades específicas da tarefa. Um posto ou estação</p><p>de trabalho é o local onde o trabalhador executa suas tarefas na empresa em um determinado</p><p>raio de ação. Compreende atividades como: levantamento, agachamento, transporte, carga e</p><p>descarga de materiais, equipamentos, mobiliário e condições ambientais próprias da natureza</p><p>da atividade. O dimensionamento correto do posto de trabalho serve para auxiliar o</p><p>trabalhador a ter conforto durante a realização de atividades, melhorar o desempenho na</p><p>execução de tarefas e evitar que o trabalhador tenha doenças relacionadas a más posições</p><p>que forçam partes do seu corpo (LIDA; BUARQUE, 2018). O indivíduo deverá ter uma postura</p><p>normal em um posto de trabalho e, para isso, o posto deverá ser bem dimensionado, evitando</p><p>com que ele fique com uma postura forçada trabalhando sentado ou em pé, seja durante</p><p>muito ou pouco tempo.</p><p>Lida e Buarque (2018) dizem que erros de dimensionamento de posto de trabalho</p><p>fazem com que o trabalhador adquira uma postura forçada, por isso é importante atentar à</p><p>altura de mesas e cadeiras, ao alcance de objetos, espaços pequenos de encaixes e</p><p>movimentos dos corpos e de equipamentos, posicionamento incompatível de mostradores,</p><p>ferramentas e materiais. Quando o trabalhador executa suas atividades sentado, a NR17</p><p>(2018) afirma que os assentos devem possuir requisitos mínimos de conforto, pois a altura do</p><p>assento deverá ser ajustável à altura do trabalhador e à atividade exercida, além disso, deverá</p><p>haver pouco ou nenhum defeito físico na base do assento. A borda do assento deverá ser</p><p>arredondada e o encosto da cadeira deverá ser adaptado ao corpo do trabalhador, de modo</p><p>a proteger a região lombar. Além disso, poderá haver necessidade de suporte para os pés,</p><p>dependendo do alcance dos pés do trabalhador, servindo de apoio ao comprimento da perna</p><p>do trabalhador.</p><p>Em caso de trabalho realizado em pé, a NR17 (2018) defende que o trabalhador deverá</p><p>ter assentos disponíveis para descanso, ao realizar pausas nas atividades. O mobiliário de um</p><p>ambiente de trabalho deverá atender o que está disposto na norma NR 17, sendo assim,</p><p>deverá permitir variações posturais, ajustes simples e fáceis de acionar e deverá dispor de</p><p>espaço específico e confortável. Segundo a NR17 (2018), em caso de haver monitor de vídeo</p><p>e teclado no posto de trabalho, eles deverão ser apoiados em superfícies independentes e a</p><p>regulagem deles deverá ter a partir de 26 cm no plano vertical. A bancada sem material precisa</p><p>ter profundidade a partir 75 cm, considerando a sua borda frontal e largura de 90 cm com</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>37</p><p>Unidade 3</p><p>zonas de alcance de até 65 cm de raio em cada lado. Essas medições devem ser consideradas</p><p>a partir dos ombros do operador em posição de trabalho.</p><p>A bancada com material precisa ter profundidade a partir de 90 cm considerando sua</p><p>borda frontal e largura de 100 cm com zonas de alcance de até 65 cm de raio em cada lado.</p><p>Essas medições devem ser consideradas a partir dos ombros do operador em posição de</p><p>trabalho, permitindo a livre circulação. O mouse do computador deve ser posicionado no</p><p>mesmo local do teclado, sendo essa uma superfície de fácil acesso e utilização. O espaço sob</p><p>a superfície de trabalho precisa de profundidade livre a partir de 45 cm, até o nível dos joelhos</p><p>e 70 cm até o nível dos pés, considerando a medição feita a partir da sua borda frontal.</p><p>Se, ao sentar, os pés do trabalhador não alcançarem o chão, mesmo com o assento já</p><p>regulado, deverá ter um apoio para pés que preencha o espaço entre os pés e o chão, dando</p><p>apoio às pernas do trabalhador e às plantas dos pés. Esse apoio deverá ter inclinação passível</p><p>de ajuste e deverá ser feito de material antiderrapante. Os assentos deverão ter apoio de 5</p><p>pés (1,52 m), com resistência a deslocamentos involuntários e que mantenham estabilidade</p><p>do assento; além disso, as superfícies dos assentos deverão ser estofadas e ter base estofada</p><p>com material, cuja densidade será entre 40 e 50 kg/m3.</p><p>Os assentos deverão ter uma altura da superfície superior ajustável entre 37 e 50 cm</p><p>do piso. As cadeiras poderão possuir até 3 tipos de alturas diferentes, visando atender às</p><p>características dos trabalhadores da empresa; com profundidade entre 38 e 46 cm; borda</p><p>frontal arredondada; com pouca ou sem conformação na base; encosto ajustável em altura e</p><p>em sentido anteroposterior, com forma levemente adaptada ao corpo para proteção da</p><p>região lombar; largura mínima de 40 cm e encostos mínimos de 30,5 cm; apoio de braços</p><p>regulável em altura entre 20 e 25 cm a partir do assento. A cadeira deverá ter um bom encaixe</p><p>junto à mesa e não deverá impedir o livre movimento ao executar as atividades.</p><p>Lida e Buarque (2018) explicam que, em trabalhos na posição em pé, a altura média</p><p>dos olhos para homens deve ser de 1,60 metros e para mulheres deve ser de 1,50 metros.</p><p>Para trabalhos sentados, essa altura média deve ser de 73 cm para mulheres e de 79 cm para</p><p>homens. Veja a figura a seguir, que mostra o trabalhador executando suas atividades em</p><p>posição sentada com postura reta e correta, com a visualização da tela abaixo da linha</p><p>horizontal visual a 20 graus.</p><p>ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO</p><p>38</p><p>Unidade 3</p><p>Trabalhador em posição sentada</p><p>ID DA IMAGEM: 83220980</p><p>A Antropometria é a parte da ciência que estuda as medidas do corpo humano e, a</p><p>partir dela, é possível ter uma base para definir informações específicas do posto de trabalho.</p><p>A Ergonomia usa medidas antropométricas para mensurar o espaço onde o trabalhador irá</p><p>trabalhar, trazendo, assim, melhor conforto ao posto de trabalho. De acordo com Corrêa</p><p>(2000, p. 38):</p><p>O</p>

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