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<p>SUMÁRIO</p><p>INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 4</p><p>1 ASPECTOS INTRODUTÓRIOS ................................................................. 5</p><p>2 EXTINÇÃO, SUSPENSÃO E DESTITUIÇÃO DO PODER FAMILIAR ...... 8</p><p>3 DA COLOCAÇÃO EM FAMÍLIA SUBSTITUTA ....................................... 10</p><p>4 GUARDA .................................................................................................. 13</p><p>4.1 Guarda de fato ................................................................................... 15</p><p>4.2 Guarda como medida protetiva ou estatutária .................................... 16</p><p>4.3 Guarda X família extensa ................................................................... 16</p><p>4.4 Medida de acolhimento familiar .......................................................... 17</p><p>4.5 Guarda Legal X Acolhimento Institucional .......................................... 19</p><p>4.6 Guarda da criança ou do adolescente estrangeiro ............................. 22</p><p>4.7 Visitação de criança ou de adolescente sob a guarda de terceiros .... 23</p><p>4.8 Visitação dos filhos sob medida de proteção de acolhimento</p><p>institucional ou socioeducativa .................................................................................. 24</p><p>4.9 Apadrinhamento de crianças e adolescentes institucionalizados ....... 25</p><p>5 ADOÇÃO .................................................................................................. 28</p><p>5.1 Adoção à brasileira ............................................................................. 29</p><p>5.2 Adoção intuitu personae ..................................................................... 29</p><p>5.3 Adoção de maiores............................................................................. 30</p><p>5.4 Adoção do nascituro ........................................................................... 31</p><p>5.5 Adoção homoparental ........................................................................ 32</p><p>5.6 Adoção internacional .......................................................................... 33</p><p>5.7 Adoção unilateral ................................................................................ 35</p><p>6 DA HABILITAÇÃO PARA ADOÇÃO ....................................................... 35</p><p>7 AÇÃO DE ADOÇÃO ................................................................................ 37</p><p>8 DESADOÇÃO ........................................................................................... 37</p><p>9 BIBLIOGRAFIA ........................................................................................ 42</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>Prezado aluno!</p><p>O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante</p><p>ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um</p><p>aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma</p><p>pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado.</p><p>O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e</p><p>todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em</p><p>perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que</p><p>serão respondidas em tempo hábil.</p><p>Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa</p><p>disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das</p><p>avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora</p><p>que lhe convier para isso.</p><p>A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser</p><p>seguida e prazos definidos para as atividades.</p><p>Bons estudos!</p><p>5</p><p>1 ASPECTOS INTRODUTÓRIOS</p><p>O Código Civil de 2002, aperfeiçoou o instituto do Poder Familiar, assim de</p><p>acordo com STOLZE, PAMPLONA (2020) pode-se conceituar o poder familiar como</p><p>uma lista de direitos e obrigações reconhecidos aos pais, em razão e nos limites da</p><p>autoridade parental que exercem em face dos seus filhos, enquanto menores e</p><p>incapazes, responsabilidades e direitos estas que, somente serão exercidas enquanto</p><p>os filhos ainda forem menores e não atingirem a plena capacidade civil.</p><p>Em relação ao exercício do poder familiar, durante o período do casamento e a</p><p>união estável, conforme dispõe o caput do art. 1.631 do CC/2002, compete o poder</p><p>familiar aos pais; na falta ou impedimento de um deles, o outro o exercerá com</p><p>exclusividade. (BRASIL, 2002)</p><p>De forma que existem outras formas de arranjo familiar, assim, havendo filhos,</p><p>o poder familiar também se fará presente, não havendo diferenciação ou</p><p>discriminação entre os filhos na perspectiva constitucional do princípio da isonomia,</p><p>bem como não haver superioridade ou prevalência do homem, em detrimento da</p><p>mulher, não importando, também, o estado civil de quem exerce a autoridade parental.</p><p>Ainda em conformidade com o artigo mencionado anteriormente, caso haja</p><p>divergência entre os pais quanto ao exercício do poder familiar, é assegurado a</p><p>qualquer deles recorrer ao juiz para solução do desacordo, à luz da regra maior da</p><p>inafastabilidade da jurisdição.</p><p>O Código Civil de 2002 então disciplina o conteúdo dos poderes conferidos aos</p><p>pais, no exercício dessa autoridade parental, conforme se verifica do art. 1.634 do</p><p>CC/2002, com a redação determinada pela Lei n. 13.058, de 22 de dezembro de 2014:</p><p>Art. 1.634. Compete aos pais, qualquer que seja a sua situação conjugal, o</p><p>pleno exercício do poder familiar, que consiste em, quanto aos filhos:</p><p>I - dirigir-lhes a criação e a educação;</p><p>II - exercer a guarda unilateral ou compartilhada nos termos do art. 1.584;</p><p>III - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para casarem;</p><p>IV - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para viajarem ao exterior;</p><p>6</p><p>V - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para mudarem sua residência</p><p>permanente para outro Município;</p><p>VI - nomear-lhes tutor por testamento ou documento autêntico, se o outro dos</p><p>pais não lhe sobreviver, ou o sobrevivo não puder exercer o poder familiar;</p><p>VII - representá-los judicial e extrajudicialmente até os 16 (dezesseis) anos, nos</p><p>atos da vida civil, e assisti-los, após essa idade, nos atos em que forem partes,</p><p>suprindo-lhes o consentimento;</p><p>VIII - reclamá-los de quem ilegalmente os detenha;</p><p>IX - exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios de sua</p><p>idade e condição. (BRASIL, 2002)</p><p>Em conformidade com os primeiros incisos entende-se que o poder familiar se</p><p>trata de uma prerrogativa dos pais, assim sua existência somente é justificada sob a</p><p>ótica de proteção do interesse existencial do próprio menor.</p><p>Quanto ao inciso IX, observa-se em relação ao princípio da dignidade da</p><p>pessoa humana elencado nos arts. 1º, III, e 227 da Constituição Federal de 1988, a</p><p>exploração da vulnerabilidade dos filhos menores para submetê-los a ‘serviços</p><p>próprios de sua idade e condição’, além de consistir em abuso conforme prevê o art.</p><p>227, § 4º, CF/88.</p><p>A Constituição Federal de 1988 apenas autoriza aplicar, os serviços próprios a</p><p>sua idade (IX) nos casos em que a colaboração seja em relação aos serviços</p><p>domésticos, os quais não possuam fins econômicos, e desde que não prejudique a</p><p>formação e educação dos filhos.</p><p>O art. 32 da Convenção sobre os Direitos da Criança, estabelece:</p><p> Os Estados Partes reconhecem o direito da criança de estar protegida</p><p>contra a exploração econômica e contra o desempenho de qualquer</p><p>trabalho que possa ser perigoso ou interferir em sua educação, ou que</p><p>seja nocivo para sua saúde ou para seu desenvolvimento físico, mental,</p><p>espiritual, moral ou social.</p><p> Os Estados Partes adotarão medidas legislativas, sociais e educacionais</p><p>com vistas a assegurar a aplicação do presente artigo. Com tal</p><p>propósito, e levando em consideração as disposições pertinentes de</p><p>outros instrumentos internacionais, os Estados Partes deverão, em</p><p>7</p><p>particular:</p><p>capaz de suscitar amplo dever de indenizar,</p><p>bem como um ilícito penal (abandono de incapaz, previsto no art. 133 do CP), sem</p><p>prejuízo de se poder defender, para além da impossibilidade de nova habilitação no</p><p>cadastro, a mantença da obrigação alimentar, uma vez que os adotantes não podem</p><p>simplesmente renunciar ao poder familiar e às obrigações civis daí decorrentes. (art.</p><p>42) (BRASIL, 1990)</p><p>PEREIRA (2021) menciona ainda que não existe previsão legal em relação a</p><p>desadoção, entretanto a revogação da adoção, adoção inexistente, nula ou anulável,</p><p>como se pode dizer na formação de uma família conjugal pela via do casamento:</p><p>(...) com o desenvolvimento da teoria da socioafetividade, que tem o princípio</p><p>da afetividade como norteador de todo o Direito de Família, o procedimento</p><p>da adoção não pode se submeter a rigidez das formalidades processuais. Se</p><p>o Direito deve proteger muito mais a essência do que a formalidade que o</p><p>cerca, nas adoções essa premissa deve ser ainda mais levada a sério.</p><p>(PEREIRA, p. 754, 2021)</p><p>AS VÁRIAS MODALIDADES DE ADOÇÃO:</p><p>Adoção à brasileira: Quando não há o devido processo legal,</p><p>e registra-se o filho adotivo ilicitamente.</p><p>Adoção intuitu personae ou consentida:</p><p>É quando os pais biológicos escolhem os</p><p>pais adotivos, manifestando perante</p><p>autoridade judiciária o desejo da entrega</p><p>do filho somente a determinados pais.</p><p>39</p><p>Não há regulamentação especifica (arts.</p><p>43 e 50, § 13, ECA).</p><p>Adoção de maiores:</p><p>Os maiores de 18 anos que forem</p><p>adotados precisam também passar por</p><p>processo judicial.</p><p>Adoção de nascituro:</p><p>Não há regulamentação especifica, mas</p><p>doutrina majoritária é no sentido</p><p>de sua possibilidade.</p><p>Adoção de embrião:</p><p>Não há proibição legal para adoção de</p><p>embriões. Em vários outros países</p><p>há regulamentação para este tipo de</p><p>adoção.</p><p>Adoção homoparental: É aquela feita por casais homoafetivos.</p><p>Adoção internacional:</p><p>É a modalidade em que a pessoa ou</p><p>casal postulante, nacional ou estrangeiro</p><p>é residente em país diverso do adotivo.</p><p>Os procedimentos para adoção</p><p>internacional estão estabelecidos</p><p>também na Lei 13.509/2017, que alterou</p><p>o art. 51 do ECA, estabelece as regras</p><p>da adoção internacional, de acordo com</p><p>a Convenção de Haia (de 1993 Decreto</p><p>3.087/99).</p><p>Adoção Plena:</p><p>Expressão usada pelo revogado Código</p><p>de Menores (Lei 6.697/70), em</p><p>contraposição à expressão adoção</p><p>simples. Embora todas as adoções</p><p>sejam plenas, assim como todas as</p><p>filiações. Não se usa mais tal expressão.</p><p>Adoção por testamento:</p><p>Não se faz adoção por testamento, mas</p><p>se pode declarar em testamento a</p><p>40</p><p>intensão e vontade de adotar alguém,</p><p>que precisará ser via processo judicial.</p><p>Adoção póstuma:</p><p>É aquela que se faz depois da morte do</p><p>adotante quando ele manifestou</p><p>inequívoca vontade em tal adoção, o que</p><p>pode ser feita de várias formas, inclusive</p><p>por testamento.</p><p>Adoção tardia:</p><p>É a expressão utilizada para adoções de</p><p>criança que já tem desenvolvimento</p><p>parcial em relação à sua autonomia e</p><p>interação com o mundo. Em geral após</p><p>os 7 anos de idade.</p><p>Adoção unilateral:</p><p>Quando consta no registro de</p><p>nascimento do adotando o nome de</p><p>apenas um dos pais, e ele autoriza a</p><p>adoção do novo cônjuge/companheiro,</p><p>ou mesmo se não for cônjuge ou</p><p>companheiro, já que paternidade pode</p><p>ser dissociada da conjugalidade</p><p>Apadrinhamento:</p><p>É o ato de tornar-se padrinho de uma</p><p>criança/adolescente, isto é, estabelecer</p><p>com ela uma relação afetiva propiciando-</p><p>lhe afeto e cuidados sem que daí nasça</p><p>uma obrigação de alimentos ou herança.</p><p>(artigo 19-B do ECA, incluído pela Lei</p><p>13.509/2017).</p><p>“Desadoção”:</p><p>Se a intenção da adoção que não se</p><p>concretizou com o estágio de</p><p>convivência, pode ser fonte de</p><p>responsabilidade civil, muito mais deverá</p><p>ser responsabilizado aqueles que já</p><p>haviam concretizado a adoção e, após a</p><p>41</p><p>sentença querem “devolver” o filho, ou</p><p>seja, “desadotá-lo”.</p><p>42</p><p>9 BIBLIOGRAFIA</p><p>BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:</p><p><http://www.planalto.gov.br/ccivil_>Acesso em: set. de 2021.</p><p>BRASIL, Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Disponível em: <</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_> Acesso em: set. de 2021.</p><p>BRASIL, Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Disponível em: <</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_> Acesso em: set. de 2021.</p><p>BRASIL, Declaração Universal do Direito das Crianças. UNICEF. 20 de novembro</p><p>de 1959. Disponível em: < https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/> Acesso em:</p><p>set. de 2021.</p><p>BRASIL, Lei nº 13.257, de 8 de março de 2016. Disponível em: <</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_ > Acesso em: set. de 2021.</p><p>ISHIDA, Válter Kenji. Estatuto da Criança e do Adolescente. Doutrina e</p><p>Jurisprudência. 19. ed. rev. ampl. e atual. Salvador: JusPodivm, 2018.</p><p>LIBERATI, Wilson Donizeti. Comentários ao Estatuto da Criança e do</p><p>Adolescente. 12. ed. rev. e ampl. de acordo com a Lei 13.058, de 22-12-2014. São</p><p>Paulo: Malheiros, 2015.</p><p>ORIENTAÇÕES TÉCNICAS: Serviços de Acolhimento para Crianças e</p><p>Adolescentes. Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente</p><p>(Conanda). Brasília, junho de 2009. Disponível em:</p><p><http://www.mds.gov.br/cnas/noticias/cnas-e-conanda-orientacoes-tecnicas-</p><p>servicos-deacolhimento-para-criancas-e-adolescentes->1. Acesso em: set. de 2021.</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_</p><p>https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/</p><p>43</p><p>PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Direito das Famílias. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense,</p><p>2021.</p><p>TAVARES, José Farias. Comentários ao Estatuto da Criança e do Adolescente. 8.</p><p>ed. Rio de Janeiro: Forense, 2012.</p><p>TEPEDINO, Gustavo. Fundamentos do direito civil: direito das sucessões. 2. ed.</p><p>Rio de Janeiro: Forense, 2021.</p><p>a) estabelecer uma idade mínima ou idades mínimas para a</p><p>admissão em emprego; b) estabelecer regulamentação apropriada</p><p>relativa a horários e condições de emprego; c) estabelecer penalidades</p><p>ou outras sanções apropriadas a fim de assegurar o cumprimento efetivo</p><p>do presente artigo. (BRASIL, 1990)</p><p>Ao que se entende que a exigência de serviços além dos limites do razoável</p><p>poderá caracterizar a exploração da mão de obra infantil e do adolescente, com a</p><p>aplicação das sanções criminais e civis correspondentes.</p><p>Em relação ao usufruto e administração dos bens de filhos menores, o exercício</p><p>do poder familiar importa no reconhecimento de prerrogativas aos pais, que, enquanto</p><p>no pleno exercício de tal poder, ambos os pais, na forma do art. 1.689 do CC/2002:</p><p>I - são usufrutuários dos bens dos filhos;</p><p>II - têm a administração dos bens dos filhos menores sob sua autoridade.</p><p>(BRASIL, 2002)</p><p>Desse usufruto legal e administração, porém, alguns bens ficam excluídos, na</p><p>forma do art. 1.693 do CC/2002:</p><p>I - os bens adquiridos pelo filho havido fora do casamento, antes do</p><p>reconhecimento;</p><p>II - os valores auferidos pelo filho maior de dezesseis anos, no exercício de</p><p>atividade profissional e os bens com tais recursos adquiridos;</p><p>III - os bens deixados ou doados ao filho, sob a condição de não serem</p><p>usufruídos, ou administrados, pelos pais;</p><p>IV - os bens que aos filhos couberem na herança, quando os pais forem</p><p>excluídos da sucessão. (BRASIL, 2002)</p><p>Por ser o filho menor reconhecidamente incapaz, a necessidade de</p><p>representação legal dos filhos menores pelos pais o que é uma forma de suprimento</p><p>da sua manifestação de vontade, reconhecida em lei, pelo qual objetiva a preservação</p><p>dos interesses dos incapazes.</p><p>Assim, na forma do caput do art. 1.690 do CC/2002, compete aos pais, e na</p><p>falta de um deles ao outro, com exclusividade, representar os filhos menores de</p><p>dezesseis anos, bem como assisti-los até completarem a maioridade ou serem</p><p>emancipados. (BRASIL, 2002)</p><p>8</p><p>Essa representação deve sempre buscar a melhor tutela dos interesses dos</p><p>menores, motivo pelo qual, havendo qualquer divergência insanável ou colisão de</p><p>interesses, deverá o Poder Judiciário ser acionado para apresentar a solução, como</p><p>se observa do § único do referido art. 1.690 do CC/2002, bem como da regra do art.</p><p>1.692 do CC/2002.</p><p>Estabeleceu ainda o art. 1.691 do CC/2002: Não podem os pais alienar, ou</p><p>gravar de ônus real os imóveis dos filhos, nem contrair, em nome deles, obrigações</p><p>que ultrapassem os limites da simples administração, salvo por necessidade ou</p><p>evidente interesse da prole, mediante prévia autorização do juiz.</p><p>Parágrafo único. Podem pleitear a declaração de nulidade dos atos previstos</p><p>neste artigo:</p><p>I - os filhos;</p><p>II - os herdeiros;</p><p>III - o representante legal. (BRASIL, 2002)</p><p>A limitação da autonomia da vontade em relação aos pais na administração dos</p><p>bens se se encontra fundamentado na busca da preservação dos interesses dos</p><p>menores, especialmente se os pais não possuem a titularidade dos bens, mas, os</p><p>próprios menores a possuem seria o caso de responsabilidade pela eventual</p><p>dilapidação desse patrimônio, sem um motivo razoável, justificaria a intervenção</p><p>judicial.</p><p>Vale dizer, nas hipóteses previstas no dispositivo supra, a autorização judicial</p><p>prévia é formalidade indispensável para a realização do ato, que é, portanto, na sua</p><p>omissão, nulo de pleno direito, o que autorizaria, em nosso entender, também, a</p><p>legitimidade do próprio Ministério Público.</p><p>2 EXTINÇÃO, SUSPENSÃO E DESTITUIÇÃO DO PODER FAMILIAR</p><p>A extinção do poder familiar pode se dar por causa não imputável</p><p>(voluntariamente) a qualquer dos pais (art. 1.635 do CC/2002):</p><p>a) pela morte dos pais ou do filho;</p><p>b) pela emancipação, nos termos do art. 5º, parágrafo único;</p><p>c) pela maioridade;</p><p>9</p><p>d) pela adoção.</p><p>Verificada qualquer dessas hipóteses, o poder familiar sobre o filho deixa de</p><p>existir.</p><p>No entanto, pode ocorrer que, em virtude de comportamentos (culposos ou</p><p>dolosos) graves, o juiz, por decisão fundamentada, no bojo de procedimento em que</p><p>se garanta o contraditório, determine a destituição do poder familiar (na forma do art.</p><p>1.638 do CC/2002).</p><p>Perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a mãe que:</p><p>a) castigar imoderadamente o filho;</p><p>b) deixar o filho em abandono;</p><p>c) praticar atos contrários à moral e aos bons costumes;</p><p>d) incidir, reiteradamente, em faltas autorizadoras da suspensão do poder</p><p>familiar;</p><p>e) entregar de forma irregular o filho a terceiros para fins de adoção.</p><p>Trata-se, em tais casos, de uma verdadeira sanção civil, grave e de</p><p>consequências profundas.</p><p>A forma como foi redigida a previsão do art. 1.638, remetendo ao inciso IV do</p><p>art. 1.637 do CC/2002, é uma inovação do vigente Código Civil brasileiro, referindo-</p><p>se à possibilidade de perda do poder familiar na reiteração de suspensão do poder</p><p>familiar, caso em que o juiz, no exercício do poder geral de cautela, sem alijar o pai</p><p>ou a mãe em definitivo da sua autoridade parental, obsta o seu exercício. (BRASIL,</p><p>2002)</p><p>Art. 1.637. Se o pai, ou a mãe, abusar de sua autoridade, faltando aos deveres</p><p>a eles inerentes ou arruinando os bens dos filhos, cabe ao juiz, requerendo algum</p><p>parente, ou o Ministério Público, adotar à medida que lhe pareça reclamada pela</p><p>segurança do menor e seus haveres, até suspendendo o poder familiar, quando</p><p>convenha.</p><p>Parágrafo único. Suspende-se igualmente o exercício do poder familiar ao pai</p><p>ou à mãe condenados por sentença irrecorrível, em virtude de crime cuja pena exceda</p><p>a dois anos de prisão. (BRASIL, 2002)</p><p>Trata-se de uma medida excepcional, que visa acautelar a situação dos</p><p>menores, diante do reprovável comportamento dos seus pais.</p><p>10</p><p>3 DA COLOCAÇÃO EM FAMÍLIA SUBSTITUTA</p><p>Prevê o art. 6º da Declaração Universal dos direitos da Criança que: [...] para o</p><p>desenvolvimento completo e harmonioso de sua personalidade, a criança precisa de</p><p>amor e compreensão. Criar-se-á, sempre que possível, aos cuidados e sob a</p><p>responsabilidade dos pais, e em qualquer hipótese, num ambiente de afeto e de</p><p>segurança moral e material; salvo circunstâncias excepcionais, a criança de tenra</p><p>idade não será apartada da mãe. (BRASIL, 1959)</p><p>No Brasil, a Constituição Federal de 1988, em seu art. 227 bem como o ECA</p><p>em seu art. 19 instituem que toda criança e adolescente tem como um de seus direitos</p><p>a convivência familiar, assim serem criados por ambos os pais, ou seja, sua família</p><p>natural, uma vez que se pressupõe que neste ambiente estarão bem cuidados,</p><p>obterão: amor, saúde, respeito, compreensão e segurança.</p><p>De acordo com a Lei n. 12.010 de 2009, denominada Lei da Convivência</p><p>Familiar, que reformou o ECA bem como estabeleceu inúmeras normas reafirmatórias</p><p>da primazia da família natural e instituiu como princípio a prevalência da manutenção</p><p>ou reintegração da criança no seio de sua família natural ou extensa (inciso X do §</p><p>único do art. 100).</p><p>De acordo com as normas aqui apresentadas entende-se então que via de</p><p>regra o Poder Familiar será exercido pelos pais biológicos, os quais devem exerce-lo</p><p>em sua plenitude, entretanto existem situações em que para que se garanta o</p><p>desenvolvimento mental e físico, de forma saudável do menor é necessário haver uma</p><p>intervenção bem como o distanciamento provisório (guarda) ou definitivo (adoção) de</p><p>seus genitores biológicos como última solução.</p><p>Ao que MACIEL (2020) preleciona:</p><p>Situações outras de afastamento, ainda, são motivadas pelos próprios pais</p><p>que abandonam a prole à própria sorte. Estar-se-á diante da família</p><p>disfuncional que, sob o enfoque jurídico, significa o núcleo familiar que,</p><p>invariavelmente, não atende às necessidades emocionais, físicas e</p><p>intelectuais da prole, mesmo que auxiliada para tanto, tornando-se</p><p>inadequada para desempenhar a sua função ou o seu papel parental.</p><p>(MACIEL, p. 305, 2020)</p><p>11</p><p>Nesses casos a</p><p>criança/adolescente deverá ser introduzido em uma outra</p><p>entidade familiar: A família substituta: cujo objetivo é suprir os encargos relativos aos</p><p>pais.</p><p>Ainda, a Declaração sobre os Princípios Sociais e Jurídicos Relativos à</p><p>Proteção e ao Bem-estar das Crianças, com Particular Referência à Colocação em</p><p>Lares de Guarda, nos Planos Nacional e Internacional prevê:</p><p>Art. 4º Quando os pais da criança não possam cuidar dela ou seus cuidados</p><p>sejam impróprios, deve ser considerada a possibilidade de que os cuidados sejam</p><p>encarregados a outros familiares dos pais da criança, outra família substitutiva –</p><p>adotiva ou de guarda – ou caso seja necessário, uma instituição apropriada (abrigo).</p><p>(BRASIL, 1959)</p><p>MACIEL (2020) ainda elucida que: A colocação de criança e de adolescente</p><p>em família substituta não foi inovação da Lei n. 8.069/90, pois o Código de Menores</p><p>(Lei n. 6.697/79) já a estabelecia sob as modalidades de delegação do pátrio poder,</p><p>guarda, tutela, adoção simples e adoção plena.</p><p>Seguindo a linha do revogado Código, a colocação em lar substituto permanece</p><p>com a natureza jurídica de medida de proteção (art. 101, IX, do ECA e art. 14, III, do</p><p>Código de Menores), mas possui apenas três modalidades: guarda, tutela e adoção</p><p>(art. 28). Esta medida foi intencionalmente inserida ao término do rol do art. 101,</p><p>demonstrando a sua natureza excepcional.</p><p>Quando houver a necessidade de em se tratando de medida protetiva a</p><p>colocação em família substituta, pois em conformidade com o que diz o § 1º do art. 28</p><p>faz-se necessário a oitiva da criança/adolescente. (BRASIL, 1990)</p><p>O § 2º do supracitado artigo trata do consentimento do adolescente que possua</p><p>entre 12 e 18 anos incompletos. (BRASIL, 1990)</p><p>Ainda o § 3º do art. 28 estabelece: o parentesco e a relação de afinidade ou</p><p>afetividade entre o pretenso guardião e a pessoa menor de idade, a fim de evitar ou</p><p>minorar as consequências decorrentes da medida (BRASIL, 1990).</p><p>Ainda de acordo com o § 4º a colocação do grupo de irmãos em uma mesma</p><p>família substituta, ressalvada a comprovada existência de risco de abuso ou outra</p><p>situação que justifique a solução diversa, evitando-se o rompimento definitivo dos</p><p>vínculos fraternais (BRASIL, 1990).</p><p>12</p><p>O § 5º do art. 28 ainda prevê a preparação prévia e o acompanhamento</p><p>posterior da colocação em família substituta, realizados por equipe interprofissional</p><p>(BRASIL, 1990)</p><p>Em relação a criança/adolescente indígena o § 6º do art. 28 estabelece que há</p><p>possibilidade de indeferimento da medida no caso de incompatibilidade ou ambiente</p><p>inadequado. (BRASIL, 1990)</p><p>O art. 30 institui uma proibição de transferência da guarda para terceiros ou</p><p>entidades sem autorização judicial (BRASIL, 1990), bem como a excepcionalidade da</p><p>adoção internacional como medida, não sendo cabível o deferimento de guarda</p><p>provisória ou definitiva para estrangeiros não residentes no Brasil de acordo com o</p><p>art. 31.</p><p>Ainda assim a formalidade de um compromisso firmado, mediante termo</p><p>lavrado nos autos e registrado em Cartório em livro próprio, em conformidade com o</p><p>art. 32, do ECA.</p><p>As normas legais em relação a colocação em família substituta proíbem, de</p><p>forma implícita, a extensão da guarda e da tutela para uma família estrangeira, mesmo</p><p>que residente no Brasil é o que prevê o art. 31 do ECA.</p><p>A intenção legislativa para esta proibição, sem dúvida, foi a de evitar a saída</p><p>de crianças ilegalmente do Brasil (art. 239 do ECA).</p><p>Atenta à proteção efetiva das crianças, a doutrina pátria vem ressalvando a</p><p>possibilidade de requerimento de guarda e de tutela por estrangeiros residentes no</p><p>Brasil, com apoio na norma do art. 46, § 2º, do ECA, a qual exige o estágio de</p><p>convivência no Brasil somente para a família estrangeira residente no exterior.</p><p>MACIEL (2020) ainda preleciona que deverá permanecer a</p><p>criança/adolescente no país de origem sob os cuidados de família estrangeira que</p><p>aqui reside e trabalha com intenção definitiva, sob o controle estatal e sob o manto do</p><p>tratamento isonômico dispensado ao estrangeiro conforme institui a lei no art. 5º da</p><p>CF/88, onde a entrega para pessoa ou casal de outra nacionalidade não causaria</p><p>perigo, em tese, à criança brasileira.</p><p>Havendo de forma expressa, a preferência da guarda e tutela das famílias</p><p>brasileiras, frente ao princípio da excepcionalidade.</p><p>13</p><p>4 GUARDA</p><p>Em conformidade com o art. 19 do ECA a colocação em família substituta é</p><p>uma medida excepcional, onde a guarda é uma das modalidades de colocação da</p><p>criança/adolescente em família substituta, que assume o compromisso de prestar</p><p>assistência à pessoa menor de 18 anos bem como opor-se a terceiros, regularizando</p><p>a posse de fato da criança/adolescente, é o que estabelece o ECA em seu art. 33.</p><p>Transfere-se então o poder familiar para esta família substituta, poder esse que</p><p>se trata do direito/dever de guarda dos pais conforme se lê nos arts. 1.566, IV, 1.583,</p><p>1.584 e 1.634, II, do CC/2002.</p><p>No caso de guarda não há alteração na titularidade do poder familiar, mas</p><p>apenas a mudança no exercício do encargo da guarda, é o que prevê o art. 22 do</p><p>ECA, em favor de quem não possui a autoridade parental.</p><p>A família substituta se trata de terceiros que se responsabilizam pela guarda</p><p>desse menor, sendo possível que se oponham até mesmo aos pais, é o que prevê o</p><p>art. 33 do ECA, cabe mencionar ainda que na guarda o registro de nascimento não é</p><p>alterado não havendo averbação da transferência.</p><p>O quadro a seguir possui as diversas espécies de guarda que são:</p><p>PROVISÓRIA DEFINITIVA INSTRUMENTAL EXCEPCIONAL</p><p>A guarda provisória</p><p>é aquela deferida,</p><p>por determinado</p><p>tempo arbitrado</p><p>pelo magistrado,</p><p>normalmente pelo</p><p>período entre 30 e</p><p>90 dias, no curso</p><p>do processo de</p><p>guarda, podendo</p><p>ser deferida</p><p>também nos</p><p>Já a guarda dita</p><p>definitiva pode ser</p><p>conceituada como</p><p>aquela deferida por</p><p>sentença em</p><p>processo cujo</p><p>pleito seja somente</p><p>e expressamente o</p><p>de guarda.</p><p>Alguns autores</p><p>denominam esta</p><p>modalidade de</p><p>Em processo de</p><p>adoção, confere-se</p><p>ao detentor da</p><p>guarda fática ou à</p><p>pessoa (ou casal)</p><p>habilitada o termo</p><p>de guarda</p><p>provisória ou de</p><p>responsabilidade</p><p>para início do</p><p>estágio de</p><p>convivência com o</p><p>adotando, pelo</p><p>A guarda</p><p>excepcional</p><p>atende a situações</p><p>peculiares ou</p><p>supre a falta</p><p>eventual dos pais</p><p>ou responsável</p><p>(art. 33, § 2º, do</p><p>ECA). Nesta</p><p>hipótese,</p><p>recomenda-se que</p><p>a guarda de caráter</p><p>provisório seja</p><p>14</p><p>procedimentos de</p><p>tutela e adoção.</p><p>guarda de</p><p>permanente (art.</p><p>33, § 2º, primeira</p><p>parte, do ECA).</p><p>Outros tantos,</p><p>todavia,</p><p>consideram</p><p>imprópria a</p><p>terminologia de</p><p>guarda</p><p>permanente ou</p><p>definitiva, diante da</p><p>natureza precária</p><p>desta medida.</p><p>prazo máximo de</p><p>90 dias,</p><p>observadas a</p><p>idade da criança ou</p><p>adolescente e as</p><p>peculiaridades do</p><p>caso, podendo ser</p><p>prorrogado por</p><p>igual período,</p><p>mediante decisão</p><p>judicial</p><p>fundamentada (art.</p><p>46, caput e § 2º-A</p><p>do ECA, com a</p><p>redação conferida</p><p>pela Lei n.</p><p>13.509/2017). Na</p><p>ação de tutela, por</p><p>seu lado, a guarda</p><p>é conferida ao tutor</p><p>provisoriamente</p><p>para que, desde</p><p>logo, possa</p><p>representar o</p><p>tutelado.</p><p>expedida pelo</p><p>tempo necessário</p><p>para a</p><p>representação</p><p>excepcional da</p><p>criança. A guarda</p><p>excepcional</p><p>também possui a</p><p>natureza jurídica</p><p>de família</p><p>substituta e não</p><p>prescinde do termo</p><p>próprio.</p><p>Com a edição da</p><p>Lei n. 12.010/2009,</p><p>o termo “guarda</p><p>provisória” passou</p><p>a se denominar</p><p>“termo de</p><p>responsabilidade”</p><p>Em ambos os</p><p>casos, seja a</p><p>guarda deferida</p><p>provisória ou</p><p>definitivamente,</p><p>o termo de</p><p>compromisso deve</p><p>Nestas duas</p><p>hipóteses, a</p><p>guarda provisória</p><p>tem a natureza</p><p>instrumental pois</p><p>se serve como</p><p>instrumento</p><p>15</p><p>(parágrafo único do</p><p>art. 167 do</p><p>ECA)</p><p>ser expedido nos</p><p>autos (art. 32 do</p><p>ECA).</p><p>processual de</p><p>finalidade mais</p><p>ampla, qual seja, a</p><p>de regularizar a</p><p>situação</p><p>jurídica</p><p>familiar da criança</p><p>ou de adolescente,</p><p>normalmente, em</p><p>ação de adoção ou</p><p>de tutela (art. 33, §</p><p>1º, do ECA</p><p>A única autoridade que possui competência para expedir o termo de guarda é</p><p>a judiciária, jamais o conselho tutelar, o comissariado de justiça, nem mesmo o órgão</p><p>do parquet ou da defensoria pública.</p><p>De forma que estando qualquer um desses operadores do direito diante de uma</p><p>situação de risco de um menor e da possibilidade de entrega a um parente ou terceiro</p><p>devidamente reconhecido como responsável informal da criança, recomenda-se que</p><p>se expeça apenas um “termo de entrega”, onde esteja expressamente escrito que a</p><p>pessoa se responsabilizará pela pessoa menor de 18 anos deverá comparecer, no</p><p>prazo máximo de três dias, ao juízo competente para regularizar a situação desse,</p><p>observando-se que aquele documento não possui o condão de transferir a guarda.</p><p>4.1 Guarda de fato</p><p>A denominada guarda de fato ou informal é a guarda em que o menor de 18</p><p>anos encontra-se na companhia de pessoa que não possui a atribuição legal para a</p><p>guarda, o qual não possui nem de forma provisória nem definitiva o encargo, ou seja,</p><p>é aquele que possui a posse do menor sem regularizá-la, não podendo ser</p><p>16</p><p>responsável pela criança/adolescente enquanto não for definida judicialmente a sua</p><p>guarda é o que prevê o art. 33, § 1º do ECA.</p><p>Ainda conforme previsão do art. 136 do ECA o Conselho Tutelar em relação as</p><p>suas atribuições não podem outorgar a guarda ao guardião fático, podendo apenas</p><p>aplicar as medidas indispensáveis de acordo com o caso concreto objetivando sanar</p><p>a situação de risco emergencial devendo encaminhar ao Judiciário.</p><p>4.2 Guarda como medida protetiva ou estatutária</p><p>O art. 98 do ECA traz em relação a norma na hipótese de os pais serem em</p><p>relação aos filhos negligentes, faltosos ou abusadores de seu direito-dever, um tipo</p><p>específico de guarda, que deve ser a denominada guarda estatutária, guarda esta que</p><p>pode ser definida por decisão judicial em procedimento regular perante o juizado da</p><p>Infância e da Juventude.</p><p>É importante ressaltar que a entrega provisória de criança ou de adolescente</p><p>em guarda deve sempre estar fundamentada em motivos legítimos e benéficos para</p><p>aqueles, casos em que a finalidade é a posterior adoção da criança por guardiães,</p><p>que pretendem burlar a norma do art. 50 do ECA.</p><p>A finalidade da guarda, portanto, deve ser analisada pelo Judiciário com</p><p>cautela, por meio da oitiva dos genitores, dos pretensos guardiães e da criança ou do</p><p>adolescente, de preferência através de estudo psicossocial, visando a apuração das</p><p>razões da transferência do encargo dos pais a terceiros, apurando se não está</p><p>revestida de interesses financeiros ou de má-fé.</p><p>4.3 Guarda X família extensa</p><p>Existem casos em que os pais não possuem condições de promover aos filhos</p><p>uma vida saudável física e psicologicamente conforme citado anteriormente o qual se</p><p>prevê no art. 19 bem como no § 3º do art. 28 do ECA, estes filhos que serão retirados</p><p>do poder familiar dos pais poderão ser entregues a algum familiar, a denominada</p><p>família extensa prioritariamente, o objetivo é manter os vínculos afetivos do menor.</p><p>17</p><p>O § 5º do art. 1.584, com a redação conferida pela Lei n. 13.058/2014: Se o juiz</p><p>verificar que o filho não deve permanecer sob a guarda do pai ou da mãe, deferirá a</p><p>guarda a pessoa que revele compatibilidade com a natureza da medida, considerados,</p><p>de preferência, o grau de parentesco e as relações de afinidade e afetividade.</p><p>(BRASIL, 2002)</p><p>A guarda complementar da família extensa possui evidente função preventiva</p><p>e não, apenas, protetiva substitutiva em conformidade com o art. 101, IX, do ECA, o</p><p>qual tem por objetivo resguardar e evitar que a família natural se desestruture,</p><p>desfuncionalize, vindo a se expor ou causar danos à criança, que, por ser o membro</p><p>mais vulnerável, pode ser vítima de uma situação de risco. (BRASIL, 1990)</p><p>Tornando-se a família extensa, corresponsável pela manutenção da</p><p>integridade biopsicossocial da própria família natural, assim a guarda pelos familiares</p><p>pode se revestir de função de cooperação à guarda dos genitores, tendo caráter</p><p>complementar preventivo, tal como ocorre na obrigação alimentar suplementar da</p><p>família extensa.</p><p>Ainda na hipótese de concordância da mãe com a colocação do filho em família</p><p>adotiva, a Lei n. 13.509/2017 que alterou o ECA passou a dispor que a busca pela</p><p>família extensa, em conformidade com o art. 25, § único, para o exercício da guarda</p><p>da criança, deve respeitar o prazo máximo de 90 dias, prorrogável por igual período é</p><p>o que se lê no art. 19-A, § 3º.</p><p>Não havendo parente apto para exercer a guarda ou indicação de genitor, o</p><p>juízo determinará a colocação da criança sob a guarda provisória de quem estiver</p><p>habilitado a adotá-la ou de entidade que desenvolva programa de acolhimento familiar</p><p>ou institucional, em conformidade com o § 4º do art. 19-A.</p><p>4.4 Medida de acolhimento familiar</p><p>Também denominada guarda subsidiada ou por incentivo, essa espécie de</p><p>guarda ocorre nas situações em que a criança/adolescente não pode ou não deve</p><p>permanecer na companhia dos genitores, devendo dar preferência aos familiares,</p><p>caso os familiares não possuam condições de assumir a guarda deve-se buscar</p><p>18</p><p>recursos sociais nos programas assistenciais de forma que a criança/adolescente será</p><p>acolhida por famílias previamente cadastradas as quais se responsabilizarão por</p><p>aquela que por meio de termo próprio de guarda durante o período que se fizer</p><p>necessário até que os pais possam voltar a exercer o Poder Familiar.</p><p>MACIEL (2020) menciona que a guarda mediante incentivo financeiro encontra</p><p>previsão no art. 34 e parágrafos e, no § 2º do art. 260 do ECA (ambos com redação</p><p>da Lei n. 13.257/2016), ainda o art. 227, § 3º, VI, da CF/88.</p><p>Após a promulgação da Lei n. 12.010/2009, a guarda passou a ter a natureza</p><p>jurídica de medida protetiva denominada de acolhimento familiar, que possui caráter</p><p>provisório e excepcional, utilizável como forma de transição para a reintegração</p><p>familiar ou, não sendo esta possível, para a colocação em família substituta (art. 101,</p><p>VIII, § 1º)</p><p>Em conformidade com o que institui o § 11 do art. 50 do ECA, sempre que</p><p>possível e recomendável, a criança/adolescente será liberada para ser adotado sendo</p><p>colocado (a) sob a guarda de família cadastrada em programa de acolhimento familiar,</p><p>ou seja, inexistindo a família natural/extensa de criança ou adolescente e estando este</p><p>no aguardo de uma família adotiva cadastrada, a medida mais adequada não é o</p><p>acolhimento institucional, mas sim a guarda subsidiada ou acolhimento familiar.</p><p>Pela Lei n. 13.257/2016, dispondo que a União apoiará a implementação de</p><p>serviços de acolhimento em família acolhedora como política pública, os quais</p><p>deverão dispor de equipe que organize o acolhimento temporário de crianças e de</p><p>adolescentes em residências de famílias selecionadas, capacitadas e acompanhadas</p><p>que não estejam no cadastro de adoção (§ 3º) e que poderão ser utilizados recursos</p><p>federais, estaduais, distritais e municipais para a manutenção dos serviços de</p><p>acolhimento em família acolhedora, facultando-se o repasse de recursos para a</p><p>própria família acolhedora (§ 4º). (MACIEL, 2020)</p><p>Ao que se entende o objetivo da família acolhedora é fortalecer a família</p><p>originária denominados por MACIEL (2020) “pais terapeutas”, e que possui como</p><p>objeto:</p><p>(...) vincular-se afetivamente às crianças/adolescentes atendidos e contribuir</p><p>para a construção de um ambiente familiar, evitando, porém, “se apossar” da</p><p>criança ou do adolescente e competir ou desvalorizar a família de origem ou</p><p>substituta. O serviço de acolhimento não deve ter a pretensão de ocupar o</p><p>lugar da família da criança ou adolescente, mas contribuir para o</p><p>19</p><p>fortalecimento dos vínculos familiares, favorecendo o processo de</p><p>reintegração</p><p>familiar ou o encaminhamento para família substituta, quando</p><p>for o caso. (MACIEL, p. 324. 2020)</p><p>É recomendável que se expeça o competente termo de compromisso de guarda</p><p>provisória à família cadastrada, pelas vantagens antes mencionadas, observado o</p><p>disposto nos arts. 28 a 33 do ECA.</p><p>E diante da nova natureza desta guarda, conferida pela Lei n. 12.010/2009, a</p><p>entidade responsável pelo programa de acolhimento familiar deverá seguir aos</p><p>ditames previstos nos arts. 92 e §§ 2º, 4º, 5º e 6º; 94, § 1º, §§ 4º, 5º, 6º, 7º, 8º e 9º do</p><p>art. 101.</p><p>4.5 Guarda Legal X Acolhimento Institucional</p><p>A Lei Civil bem como o ECA preveem o afastamento da criança/adolescente do</p><p>convívio familiar objetivando viabilizar sua proteção e a verificação da medida</p><p>adequada à garantia de seus direitos, diante de tal situação o acolhimento institucional</p><p>apresenta-se, como medida que pode ser utilizada em situação emergencial, sempre</p><p>respeitando os princípios da excepcionalidade e da provisoriedade.</p><p>Diante de tal situação o dirigente da entidade será o responsável legal pelo</p><p>menor, até o seu desligamento, equiparando-se ao papel de guardião, garantindo por</p><p>meio da assistência material e moral o pleno desenvolvimento do menor.</p><p>Apesar de não haver necessidade do termo formal de guarda, somente será</p><p>considerado guardião, de acordo com a lei, o dirigente de entidade quando o programa</p><p>de acolhimento institucional estiver devidamente regularizado, ou seja, caso a medida</p><p>tenha sido aplicada na forma recomendada pelas regras de institucionalização de</p><p>crianças e de adolescentes (arts. 101, §§ 3º, 4º, 5º, 6º, 7º, 8º, 9º).</p><p>O acolhimento institucional não é espécie de guarda, mas, seu dirigente é</p><p>equiparado ao guardião em conformidade com o § 1º do art. 92 do ECA, por exercitar</p><p>a responsabilidade pelo cuidado direto do acolhido, em seu sentido mais amplo, a</p><p>guarda exercida pelo diretor ou presidente da instituição, diferentemente das outras</p><p>espécies de guarda, estará em constante observação, uma vez que é dever do Poder</p><p>Judiciário, do Ministério Público e do conselho tutelar fiscalizarem as entidades</p><p>governamentais e não governamentais de atendimento, dentre elas as que executem</p><p>20</p><p>programas de proteção em regime de acolhimento institucional é o que institui o art.</p><p>90, IV, do ECA.</p><p>O art. 93, caput, do ECA estabelece toda vez que o dirigente do abrigo receber</p><p>criança ou adolescente, sem prévia determinação da autoridade competente, deverá</p><p>efetuar a comunicação do fato em até 24 horas, sob pena de responsabilidade</p><p>(BRASIL, 1990)</p><p>A Lei n. 12.010/2009 obteve como objetivo não deixar margem a qualquer</p><p>espécie de dúvida de que a instituição de acolhimento tem deveres sociais a serem</p><p>cumpridos, onde se entende que a partir do momento em que registra um programa</p><p>de atendimento que pretende funcionar como local onde se respeitam todos os direitos</p><p>fundamentais das crianças, especialmente o direito à convivência familiar.</p><p>Sendo que o dirigente da entidade, além dos deveres normais inerentes ao</p><p>encargo estabelecido no art. 33 do ECA, deverá ainda observar os princípios</p><p>elencados no art. 92 do ECA e, no que couberem, as obrigações do art. 94.</p><p>Devendo assegurar não só que o ambiente do abrigo seja restabelecer o pleno</p><p>desenvolvimento emocional, intelectual e físico do menor, mas seguir algumas</p><p>precauções que, na prática, são indispensáveis para que o abrigado retorne o mais</p><p>rapidamente possível para o seio familiar</p><p>No quadro a seguir as responsabilidades do guardião em relação à</p><p>criança/adolescente que ingressar na entidade de acolhimento:</p><p>a) recolher todos os dados disponíveis acerca do acolhido, tais como nomes</p><p>completos e endereço dos pais, o local e a data de nascimento (caso não possua</p><p>RCN) para a regularização da certidão de nascimento do infante;</p><p>b) verificar a existência de doença infectocontagiosa do novo acolhido, para evitar</p><p>o contágio de outros abrigados;</p><p>c) esclarecer aos pais do abrigado que a medida de acolhimento institucional é</p><p>provisória e excepcional (art. 101, § 1º, da Lei n. 8.069/90) e que devem visitá-lo</p><p>frequentemente;</p><p>d) mandar realizar estudo social e, quando possível, visita domiciliar, encaminhando</p><p>relatório ao Juízo; enfim, com a alteração do ECA, o legislador conferiu maiores</p><p>21</p><p>cuidados no momento da institucionalização de crianças e de adolescentes, a fim</p><p>de que estes sejam prontamente identificados e cada caso tratado com rapidez.</p><p>O art. 19 c/c o art. 92, I e II, do ECA institui que: caso os genitores possuam</p><p>interesse de entregar o filho em adoção, o dirigente do acolhimento, no bom exercício</p><p>da guarda, deverá proceder como indicado no item anterior, ainda determinar que seja</p><p>efetuado o estudo social com a família, verificando a possibilidade de outro parente</p><p>assistir o abrigado, objetivando o esgotamento de todos os recursos de manutenção</p><p>do infante na família de origem, conforme preceitua (BRASIL, 1990).</p><p>Determinados os pais do abrigado que irão entregar o filho para adoção, com</p><p>ou sem família extensa do acolhido que deseje requerer a sua guarda, deverá o diretor</p><p>guardião, ou o membro da equipe técnica com a ciência da direção, orientar os</p><p>genitores a procurar a Vara da Infância e da Juventude do local onde a criança está</p><p>acolhida para, querendo, anuírem perante a autoridade Judiciária e o Ministério</p><p>Público quanto à colocação do filho em família substituta.</p><p>Sendo autorizada pelo Juízo da infância a colocação do acolhido em família</p><p>substituta mediante ordem escrita enviada à entidade de acolhimento, em nenhuma</p><p>hipótese, o guardião, ou qualquer pessoa ligada à instituição, poderá fornecer aos pais</p><p>biológicos do acolhido o endereço e/ou telefone dos adotantes do filho, já que o</p><p>processo de adoção tramita em segredo de justiça.</p><p>O dirigente guardião não poderá de forma alguma permitir a saída de abrigados</p><p>com pessoas estranhas ao seu convívio, ainda menos com pessoas que, conforme</p><p>constatado pela entidade, pretendam transferir o acolhido para os familiares ou</p><p>terceiros, sem confirmar na Vara da Infância a existência de autorização judicial para</p><p>o desligamento.</p><p>É vedado ao dirigente da entidade, como guardião permitir visitas ou quaisquer</p><p>outros contatos de estrangeiros com os acolhidos, para fins de adoção, sem que</p><p>apresentem à direção da entidade o laudo de habilitação expedido pela comissão</p><p>estadual judiciária de adoção e estejam autorizados judicialmente para tal.</p><p>Como também os eventuais programas de apadrinhamento devem ser</p><p>rigorosamente acompanhados pela direção e equipe técnica da instituição, de maneira</p><p>que este saudável convívio não induza crianças e adolescentes acolhidos à</p><p>22</p><p>expectativa errônea de que serão adotados pelos padrinhos ou, muito menos, de que</p><p>a família natural os abandonou.</p><p>Determina o § 2º do art. 92: Os dirigentes de entidades que desenvolvem</p><p>programas de acolhimento familiar ou institucional remeterão à autoridade judiciária,</p><p>no máximo a cada 6 (seis) meses, relatório circunstanciado acerca da situação de</p><p>cada criança ou adolescente acolhido e sua família, para fins da reavaliação prevista</p><p>no § 1º do art. 19 desta Lei. (BRASIL, 1990)</p><p>O art. 101, § 1º, do ECA ainda menciona que mesmo com a proteção da guarda</p><p>legal exercida pelo dirigente da entidade, o objetivo é o retorno da criança ou do</p><p>adolescente institucionalizado para a companhia de seus genitores, considerando-se</p><p>a provisoriedade e excepcionalidade da medida de acolhimento (BRASIL, 1990) de</p><p>forma que existe a necessidade do exercício pleno do direito fundamental de</p><p>convivência familiar mencionado pelo art. 19 do ECA com a redação dada pela Lei n.</p><p>13.257/2016.</p><p>Devendo o dirigente de entidade que desenvolva programas de acolhimento</p><p>institucional (ou familiar), exercer o papel de guardião, devendo ainda observar todos</p><p>os princípios elencados no ECA, de forma especial os descritos no art. 92, sob pena</p><p>de ser destituído de sua função, sem prejuízo da apuração de sua responsabilidade</p><p>administrativa, civil e criminal (art. 92, § 6º, do ECA).</p><p>4.6 Guarda da criança ou do adolescente estrangeiro</p><p>MACIEL (2020) traz ainda em seu livro a possibilidade da ocorrência de pedido</p><p>de guarda de menores de 18 anos estrangeiros, refugiados ou não, cujos pais estejam</p><p>na mesma situação, com a permanência indefinida no Brasil ou mortos, objetivando a</p><p>regularização da condição jurídica daqueles.</p><p>Nos casos em que pessoas da mesma nacionalidade se habilitarem</p><p>requerendo a guarda do menor, não se pode afastar a possibilidade de guarda da</p><p>pessoa menor de idade estrangeira por pessoa maior de igual nacionalidade que lhe</p><p>compreenda a língua e possua afetividade e afinidade com aquele e com a situação</p><p>legal devidamente regularizada, não sendo o caso de uma colocação em família</p><p>23</p><p>substituta estrangeira, na medida em que criança e guardião são oriundos de um</p><p>mesmo país.</p><p>No entanto, o pedido deve ser fundamentado em razões afetivas e humanitárias</p><p>e comprovado que o requerente possui domicílio certo no Brasil e está laborando para</p><p>o seu sustento e da criança da qual pretende a guarda.</p><p>4.7 Visitação de criança ou de adolescente sob a guarda de terceiros</p><p>O art. 9º, item 3, da Convenção sobre os Direitos da Criança estabelece: Os</p><p>Estados-Partes respeitarão o direito da criança separada de um ou de ambos os pais</p><p>de manter regularmente relações pessoais e contato com ambos, a menos que isso</p><p>seja contrário ao interesse maior da criança. (BRASIL, 1959)</p><p>É um direito fundamental que a criança estabeleça o vínculo com a família</p><p>original, assim, havendo acordo entre os guardiães e os pais da criança e desde que</p><p>esteja demonstrado a importância da visitação como forma de instrumento para a</p><p>garantia de preservação dos vínculos afetivos com a família biológica, dessa forma</p><p>não há qualquer impedimento legal para a homologação pela justiça da infância, ante</p><p>a ligação estreita entre os dois institutos de cunho protetivo: a guarda e a visitação.</p><p>Não havendo razões para o afastamento completo dos pais do convívio com o</p><p>filho que se encontra sob a guarda de terceiros, caso haja um decreto judicial os pais</p><p>percam a guarda dos filhos é aconselhável que se regularizem as visitas dos</p><p>genitores.</p><p>A Lei n. 12.010/2009, em seu art. 33, § 4º preceituou que, salvo expressa e</p><p>fundamentada determinação em contrário da autoridade judiciária competente, ou</p><p>quando a medida for aplicada em preparação para adoção, o deferimento da guarda</p><p>de criança ou adolescente a terceiros não impede o exercício do direito de visitas</p><p>pelos pais, assim como o dever de prestar alimentos, que serão objeto de</p><p>regulamentação específica, a pedido do interessado ou do Ministério Público</p><p>(BRASIL, 2009).</p><p>Registre, por fim, que o direito ao convívio se estende à família natural mesmo</p><p>quando a criança ou o adolescente estiver sob a guarda de família acolhedora.</p><p>24</p><p>4.8 Visitação dos filhos sob medida de proteção de acolhimento institucional</p><p>ou socioeducativa</p><p>O art. 92, I, II e VIII, do ECA prevê ainda que o programa de acolhimento</p><p>institucional deve privilegiar e preservar os vínculos familiares, visando à preparação</p><p>gradativa para o desligamento (BRASIL, 1990), assim, é regra que objetiva a</p><p>conservação do vínculo, devendo ser seguida pelo dirigente guardião a fim de permitir</p><p>e incentivar as saídas semanais dos menores acolhidos em companhia dos familiares,</p><p>após avaliação favorável realizada pelo serviço social da entidade, objetivando</p><p>ampliar o máximo possível os dias de visitação na instituição, sem que interfira na</p><p>rotina de estudos, alimentação e sono dos abrigados, isto tudo visando à reintegração</p><p>familiar.</p><p>Sendo o retorno ao lar das crianças institucionalizadas, um objetivo foi inserido</p><p>o § 4º no art. 92 do ECA pela Lei n. 12.010/2009, determinando que toda a equipe da</p><p>entidade, especialmente o dirigente do programa de acolhimento institucional, “salvo</p><p>determinação em contrário da autoridade judiciária competente, as entidades que</p><p>desenvolvem programas de acolhimento familiar ou institucional, se necessário com</p><p>o auxílio do Conselho Tutelar e dos órgãos de assistência social, estimularão o contato</p><p>da criança ou adolescente com seus pais e parentes, em cumprimento ao disposto</p><p>nos incisos I e VIII do caput deste artigo”. (BRASIL, 1990)</p><p>Por outro lado o art. 92, II e §§ 8º e 9º, do ECA c/c o art. 101 do ECA, menciona</p><p>que caracterizada a desassistência do filho acolhido pelos genitores, o guardião</p><p>deverá, depois de esgotadas todas as tentativas de localização e reintegração familiar</p><p>por parte da entidade, remeter ao Ministério Público o relatório social do caso, para a</p><p>propositura de ação de destituição do poder familiar, a fim de que seja possível a</p><p>colocação em família substituta mais ampla. (BRASIL, 1990)</p><p>Em relação aos adolescentes que praticaram atos infracionais e que estejam</p><p>cumprindo medidas socioeducativas, MACIEL (2020) elucida que deve ser mantida a</p><p>manutenção da guarda pelos pais ou por terceiros que a detenham por medida judicial,</p><p>não sendo caso de transferência deste encargo dos pais ao dirigente do programa de</p><p>atendimento em regime de semiliberdade ou de internação.</p><p>25</p><p>Sendo as visitas pelos pais ou responsáveis, a princípio, mantidas, a não ser</p><p>que desaconselhadas com base em laudo técnico e por ordem judicial, devendo se</p><p>inserir o núcleo familiar nas atividades desenvolvidas pela entidade durante o trajeto</p><p>de cumprimento da medida socioeducativa aplicada ao adolescente.</p><p>A facilitação do convívio do adolescente infrator com a respectiva família</p><p>previsto no art. 124, VI, VII e VIII do ECA, seja por meio de visita dos pais, parentes,</p><p>cônjuge, companheiro e filhos (art. 67 da Lei n. 12.594/2012) ou pela visita íntima do</p><p>cônjuge ou companheiro (art. 68 da Lei n. 12.594/2012) é que será possível assegurar</p><p>ao interno o direito fundamental de conviver com a família (art. 35, IX), “fator este</p><p>importante para a sua (re)integração familiar e inclusão comunitária (social)”.</p><p>Com a alteração do ECA ocorrida pela Lei n. 12.962, de 8 de abril de 2014, o §</p><p>4º do art. 19 passou a prever a garantia de convivência da criança ou do adolescente</p><p>com os genitores privados de liberdade, por meio de visitas periódicas promovidas</p><p>pelo responsável ou, nas hipóteses de acolhimento institucional, pela entidade</p><p>responsável, independentemente de autorização judicial. (BRASIL, 2014)</p><p>Assim, pelo princípio da isonomia entre os filhos, entende-se ampliado este</p><p>direito de convivência dos filhos acolhidos também em prol daqueles que se</p><p>encontrem sob medida de acolhimento institucional, familiar e em cumprimento de</p><p>medida socioeducativa, uma vez que se trata de direito fundamental à convivência</p><p>familiar que visa à manutenção da identidade da pessoa humana.</p><p>4.9 Apadrinhamento de crianças e adolescentes institucionalizados</p><p>Os incisos VII e IX do art. 92 do ECA ainda prevê dentre os princípios a serem</p><p>seguidos pelos programas de acolhimento institucional, destaca-se a participação na</p><p>vida da comunidade local e a participação de pessoas da comunidade no processo</p><p>educativo dos abrigados (BRASIL, 1990), buscando assim assegurar que aqueles que</p><p>estão privados de visitas de familiares ou dos pais destituídos do poder parental</p><p>venham a desfrutar da convivência familiar e comunitária tão cara para a formação de</p><p>uma pessoa em processo de desenvolvimento (art. 227 da CF c/c o art. 4º do ECA).</p><p>26</p><p>Assim as instituições com o objetivo de garantir essa convivência com a</p><p>comunidade buscam através de acordos espontâneos estabelecer visitas aos</p><p>acolhidos, pessoas que não estejam cadastradas com interesse em adotar, mas que</p><p>possa apadrinhar essas crianças até que elas encontrem uma família adotiva.</p><p>O Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e</p><p>Adolescentes</p><p>à Convivência Familiar e Comunitária, expedido em 2006 pelo</p><p>Conanda, indica haver na rede social de apoio 481 pessoas que podem e</p><p>devem ajudar no implemento do direito fundamental dos abrigados à</p><p>convivência familiar e comunitária, sem que implique o exercício da guarda,</p><p>da tutela ou da adoção: são os padrinhos afetivos. (MACIEL, p.339, 2020)</p><p>Portanto, por não se tratar de modalidade de acolhimento ou de família</p><p>substituta, o apadrinhamento é desenhado pelo Plano Nacional como:</p><p>Com a promulgação da Lei n. 13.509/2017, o programa de apadrinhamento de</p><p>crianças e de adolescentes inseridos em acolhimento institucional ou familiar foi</p><p>disciplinado no ECA. Leia-se:</p><p>Art. 19-B. A criança e o adolescente em programa de acolhimento institucional</p><p>ou familiar poderão participar de programa de apadrinhamento.</p><p>Programa, por meio do qual, pessoas da comunidade contribuem</p><p>para o desenvolvimento de crianças e adolescentes em</p><p>Acolhimento Institucional, seja por meio do estabelecimento de</p><p>vínculos afetivos significativos, seja por meio de contribuição</p><p>financeira.</p><p>Os programas de apadrinhamento afetivo têm como objetivo</p><p>desenvolver estratégias e ações que possibilitem e estimulem a</p><p>construção e manutenção de vínculos afetivos individualizados e</p><p>duradouros entre crianças e/ou adolescentes abrigados e</p><p>padrinhos/madrinhas voluntários, previamente selecionados e</p><p>preparados, ampliando, assim, a rede de apoio afetivo, social e</p><p>comunitário para além do abrigo.</p><p>27</p><p>§ 1º O apadrinhamento consiste em estabelecer e proporcionar à criança e ao</p><p>adolescente vínculos externos à instituição para fins de convivência familiar e</p><p>comunitária e colaboração com o seu desenvolvimento nos aspectos social, moral,</p><p>físico, cognitivo, educacional e financeiro.</p><p>§ 2º Podem ser padrinhos ou madrinhas pessoas maiores de 18 (dezoito) anos</p><p>não inscritas nos cadastros de adoção, desde que cumpram os requisitos exigidos</p><p>pelo programa de apadrinhamento de que fazem parte.</p><p>§ 3º Pessoas jurídicas podem apadrinhar criança ou adolescente a fim de</p><p>colaborar para o seu desenvolvimento.</p><p>§ 4º O perfil da criança ou do adolescente a ser apadrinhado será definido no</p><p>âmbito de cada programa de apadrinhamento, com prioridade para crianças ou</p><p>adolescentes com remota possibilidade de reinserção familiar ou colocação em família</p><p>adotiva.</p><p>§ 5º Os programas ou serviços de apadrinhamento apoiados pela Justiça da</p><p>Infância e da Juventude poderão ser executados por órgãos públicos ou por</p><p>organizações da sociedade civil.</p><p>§ 6º Se ocorrer violação das regras de apadrinhamento, os responsáveis pelo</p><p>programa e pelos serviços de acolhimento deverão imediatamente notificar a</p><p>autoridade judiciária competente. (BRASIL, 1990)</p><p>A partir de normas estabelecidas em âmbito estadual, municipal, e ainda, além</p><p>de ser regulamentado por Resoluções de Tribunais de Justiça, o apadrinhamento</p><p>afetivo, proporciona enormes benefícios a crianças e adolescentes institucionalizados</p><p>que passam a desfrutar de uma vivência fora da entidade com pessoa (s) cadastrada</p><p>(s) comprometida (s) com seu bem-estar, educação, reforço escolar, lazer,</p><p>transmissão de valores, além da indispensável troca de afeto. (MACIEL, 2020)</p><p>Reza o art. 33, § 2º, do ECA, que caso o padrinho afetivo necessite representar</p><p>o afilhado, na ausência dos pais ou de qualquer responsável, poderá se valer da</p><p>guarda específica e transitória, prevista. Todavia, a regularização desta convivência</p><p>não é fator necessário para todo o exercício do apadrinhamento afetivo. (BRASIL,</p><p>1990)</p><p>28</p><p>5 ADOÇÃO</p><p>No Brasil, a Constituição Federal de 1988, equiparou as formas de filiação,</p><p>onde o instituto da adoção se tratava de uma ficção jurídica, pum ato bilateral, ou seja,</p><p>um contrato bastando a vontade das partes em caso de adotado maior e do</p><p>responsável se menor, o qual podia ser desfeito quando o adotado alcançasse a maior</p><p>idade por critério deste, bem como sendo possível a deserdação.</p><p>PEREIRA (2021) elucida que a adoção legítima, deveria ser feita via processo</p><p>judicial, com a presença do Ministério Público onde a sentença definitiva era averbada</p><p>no registro de nascimento da criança, limitado apenas ao nome do adotante ou</p><p>adotantes, pois o parentesco ainda não se estendia ao restante da família.</p><p>Ainda o autor supracitado tece um comentário de que a Lei nº 6.697/79,</p><p>denominada Código de Menores, revogou a Adoção Simples do Código Civil de 1916,</p><p>passando assim a vigorar no Brasil, até a entrada em vigor da Constituição Federal</p><p>de 1988, apenas, duas formas:</p><p> Adoção Plena, que observava o procedimento da adoção legítima e</p><p>ainda estendia o parentesco a toda família do adotante.</p><p> Adoção Simples, regida pelo Código de Menores (Lei nº 6.697/79), que</p><p>alterou o art. 327 do CCB 1916.</p><p>Somente em 1990 com a entrada em vigor do Estatuto da Criança e do</p><p>adolescente, Lei nº 8.069/90, a adoção passou a ser medida irrevogável, e mediante</p><p>sentença judicial, a qual desvincula o adotado da família biológica para todos os</p><p>efeitos, exceto no que diz respeito aos impedimentos para o casamento, devendo</p><p>constar em seu registro de nascimento o nome do (s) adotante (s) e dos avós do</p><p>adotado, ou seja, estabelecendo relação de parentesco com toda a família adotiva.</p><p>Ainda a legislação brasileira reconhece igual direito aos adotantes solteiros,</p><p>casados, em união estável hetero, homoafetiva ou transafetiva.</p><p>A Lei nº 12.010/09 modificou o Estatuto da Criança e do Adolescente, e dispõe</p><p>sobre a adoção, a considera medida excepcional.</p><p>29</p><p>Conforme citado anteriormente somente após esgotadas todas as</p><p>possibilidades de que se mantenha o menor em sua família biológica é que pode</p><p>destituir o Poder Familiar e colocá-lo para adoção.</p><p>5.1 Adoção à brasileira</p><p>A denominada adoção à brasileira, trata-se de uma filiação socioafetiva, ou</p><p>seja, trata-se de um reconhecimento voluntário de uma adoção que não cumpriu os</p><p>requisitos impostos pela lei, existem situações onde o (s) adotante (s) simplesmente</p><p>registra o menor como se filho biológico fosse, entretanto essa é uma prática ilícita,</p><p>cabendo sanção civil e penal.</p><p>Apesar de ser um ato ilícito que encontra previsão no art. 242 do Código Penal,</p><p>a jurisprudência tem entendido que pelo efeito benéfico que essa ação causa na vida</p><p>da pessoa, o vínculo socioafetivo pode afastar o rigor da lei, podendo ser validado o</p><p>registro civil, uma vez que de acordo com o artigo penal supracitado descreve que se</p><p>o crime é praticado por motivo de reconhecida nobreza, pode o juiz deixar de aplicar</p><p>a pena.</p><p>5.2 Adoção intuitu personae</p><p>A adoção intuitu personae é também denominada adoção consentida, ou</p><p>consensual pois se trata de situações em que o casal, pais biológicos decidem que</p><p>querem entregar o filho a determinada pessoa e perante autoridade judiciária</p><p>manifesta o desejo de entregar-lhe.</p><p>Este tipo de adoção precisa ser bem observado/acompanhado pois além de</p><p>poder conter uma ilegalidade pois existe um cadastro de pessoas interessadas em</p><p>adotar e este estaria “pulando a fila”, bem como pode acontecer situações de interesse</p><p>pecuniário, ou seja, compra e venda de crianças.</p><p>Entretanto não se pode negar as manifestações legítimas que podem estar</p><p>diretamente ligadas ao melhor interesse do menor, assim, também existem situações</p><p>em que a mãe só consente em entregar o (a) filho (a) para uma pessoa de sua</p><p>confiança.</p><p>30</p><p>O art. 43 do ECA preceitua: Na adoção consentida, como nas demais, é</p><p>importante que o julgador averigue a relação existente entre o (s) genitor (es) e</p><p>adotante (s), a fim de compreender se as razões que motivaram a entrega dirigida da</p><p>criança/adolescente são pautadas pela boa-fé, se o requerimento confere reais</p><p>vantagens ao adotando. (BRASIL, 1990)</p><p>Esta verificação se fundamenta no melhor interesse da criança/adolescente,</p><p>PEREIRA (2020) ainda menciona que se faz imprescindível que o juiz verifique se os</p><p>pais</p><p>adotivos se enquadram dentro dos padrões que a lei estabelece, assim como se</p><p>verifica nos demais tipos de adoção.</p><p>Entende-se então que ainda que a lei não trate deste tipo de adoção o art. 1.729</p><p>do CC/2002 estabelece que os pais podem nomear tutor para os filhos, ou seja, se</p><p>pode escolher quem vai ficar com os filhos após a morte porque não escolher quem</p><p>irá adotá-los?</p><p>A lei ainda traz exceções a exemplo de situações em que não há necessidade</p><p>de inscrição no Cadastro Nacional de Adoção, como nas adoções unilaterais, por</p><p>parentes que já mantinham vínculo de afinidade e afetividade, conforme prevê o art.</p><p>50, § 13, ECA, significando assim que o cadastro de adoção não pode ter uma rigidez</p><p>absoluta, especialmente se for para atender ao superior interesse da criança.</p><p>5.3 Adoção de maiores</p><p>Com o advento da Lei nº 8.069 de 1990, o denominado Estatuto da Criança e</p><p>do Adolescente, passou-se a exigir que a adoção de maiores fosse realizada por meio</p><p>de processo judicial, anteriormente ao ECA este tipo de adoção era realizado por meio</p><p>de escritura pública.</p><p>Ainda o art. 40 do ECA bem como o 1.619 do CC/2002 estabelece: A adoção</p><p>de maiores de 18 (dezoito) anos dependerá da assistência efetiva do poder público e</p><p>de sentença constitutiva. É permitida a adoção, em favor do maior, com mais de 18</p><p>(dezoito) anos, quando à época em que completou essa idade, se achava sob a</p><p>guarda dos requerentes. (BRASIL, 2002)</p><p>Entretanto versa o art. 42, § 3º do ECA que o adotante deve ter no mínimo 16</p><p>anos a mais que o adotado. (BRASIL, 1990)</p><p>31</p><p>Conforme estabelece o art.114 do CPC/15: existe a necessidade do</p><p>chamamento dos litisconsortes ao processo. (BRASIL, 2015)</p><p>5.4 Adoção do nascituro</p><p>O Código Civil Brasileiro de 1916 possuía uma previsão em seu art. 372 que</p><p>determinava: Não se pode adotar sem o consentimento do adotado ou de seu</p><p>representante legal, se for incapaz ou nascituro. (BRASIL, 1916)</p><p>Entretanto o Código Civil de 2002, que revogou o CCB/2016 não trouxe</p><p>nenhuma previsão legal a respeito desse assunto, o ECA também não tratou do</p><p>assunto sendo ambos omissos, de forma que não existe uma legislação que verse</p><p>sobre tal assunto.</p><p>Ainda assim, o art. 15 e 166, § 6º do CC/2002 simplesmente institui que: a</p><p>adoção depende do consentimento dos pais ou do consentimento legal do adotando.</p><p>(BRASIL, 2002)</p><p>A doutrina então formou duas correntes a respeito deste assunto:</p><p>A primeira: é um contrassenso do ponto de vista humano e legal, pois o</p><p>nascituro não pode ser considerado pessoa, porque a personalidade civil do</p><p>homem só começa com o nascimento com vida. Depois, porque não há</p><p>como adotar uma criatura que ainda não nasceu, e que não se sabe se irá</p><p>nascer com vida. Tal posicionamento busca guarida também na Convenção</p><p>de Haia, de 29/05/1993, em seu art. 4º, o qual prevê que as autoridades</p><p>competentes do Estado de origem devem se assegurar de que o</p><p>consentimento da mãe, quando exigido, tenha sido manifestado após o</p><p>nascimento da criança.</p><p>A segunda, em sentido favorável à adoção dos nascituros os argumentos são</p><p>mais consistentes: 1º) o nascituro pode receber doação (Art. 542, CCB); 2º) o</p><p>nascituro pode ser reconhecido (Art. 1.609, parágrafo único, CCB); 3º) o</p><p>nascituro pode receber herança (Art. 1.798, CCB); 4º) o nascituro,</p><p>representado por sua mãe pode ajuizar ação de investigação de paternidade</p><p>e de alimentos; 5º) não é razoável que a dignidade humana não atinja os</p><p>nascituros, como se não fossem seres humanos; 6º) a Lei nº 11.804/08 prevê</p><p>alimentos gravídicos, portanto, reconhece o direito de alimentos</p><p>indiretamente ao nascituro.</p><p>32</p><p>Ainda estabelece o art. 19-A. A gestante ou mãe que manifeste interesse em</p><p>entregar seu filho para adoção, antes ou logo após o nascimento, será encaminhada</p><p>à Justiçada Infância e da Juventude.</p><p>§ 1º A gestante ou mãe será ouvida pela equipe interprofissional da Justiça da</p><p>Infância e da Juventude, que apresentará relatório à autoridade judiciária,</p><p>considerando inclusive os eventuais efeitos do estado gestacional e puerperal.</p><p>(BRASIL, 1990)</p><p>5.5 Adoção homoparental</p><p>A adoção homoparental é a adoção por casal que possua o mesmo sexo, nunca</p><p>houve no ordenamento jurídico brasileiro proibição expressa de tal adoção, o que</p><p>havia era apenas interpretações contrárias ou favoráveis, de modo que a adoção se</p><p>condiciona apenas às exigências previstas ao art. 42 do ECA, que traduz o melhor</p><p>interesse da criança.</p><p>Diante do exposto anteriormente e após o reconhecimento das famílias</p><p>homoafetivas, pelo STF que ocorreu em 05/05/2011, tornou-se mais fáceis para</p><p>casais homossexuais adotar.</p><p>Assim como qualquer casal que queira adotar, os casais homossexuais</p><p>interessados em adotar, devem comprovar que estão casados ou vivendo em união</p><p>estável, e demonstrarem a estabilidade e boa estrutura do núcleo família.</p><p>O primeiro Ato Normativo regulamentando o registro de nascimento e adoção</p><p>homoparental no Brasil foi expedido pela Corregedoria-Geral do Estado do</p><p>Mato Grosso (Provimento nº 54/14), fundamentando que atende aos</p><p>princípios da dignidade humana, cidadania, direitos fundamentais à</p><p>igualdade, liberdade, intimidade e proibição de discriminação: O assento de</p><p>nascimento decorrente da homoparentalidade, biológica ou por adoção, será</p><p>inscrito no Livro A, observada a legislação vigente, no que for pertinente, com</p><p>a adequação para que constem os nomes dos pais ou das mães, bem como</p><p>de seus respectivos avós, sem distinção se paternos ou maternos, sem</p><p>descurar dos seguintes documentos fundamentais: I – declaração de nascido</p><p>vivo – DNV; II – certidão de casamento, de conversão de união estável em</p><p>casamento ou escritura pública de união estável (art. 1º, Provimento nº</p><p>54/2014, CNJMT). (PEREIRA, 2021)</p><p>Ainda o Provimento 63/2017 (com alterações Provimento 83/2019) do CNJ que:</p><p>33</p><p>(...) instituiu modelos únicos de certidão de nascimento, de casamento e de</p><p>óbito, a serem adotadas pelos ofícios de registro civil das pessoas naturais,</p><p>e dispõe sobre o reconhecimento voluntário e a averbação da paternidade e</p><p>maternidade socioafetiva no Livro “A” e sobre o registro de nascimento e</p><p>emissão da respectiva certidão dos filhos havidos por reprodução assistida,</p><p>além dos avanços promovidos, buscou a necessidade de uniformização, em</p><p>todo o território nacional, do registro de nascimento e da emissão da</p><p>respectiva certidão para filhos havidos por técnica de reprodução assistida de</p><p>casais homoafetivos e heteroafetivos. (PEREIRA, 2021)</p><p>5.6 Adoção internacional</p><p>A adoção se configura quando um interessado adotante está em um Estado</p><p>diverso do adotado o art. 2º, Decreto nº 3.087/99, Convenção de Haia institui: Assim,</p><p>configura adoção internacional quando uma criança com residência habitual em um</p><p>Estado Contratante (o Estado de origem) tiver sido, for, ou deva ser deslocada para</p><p>outro Estado Contratante (o Estado de acolhida), quer após sua adoção no Estado de</p><p>origem por cônjuges ou por uma pessoa residente habitualmente no Estado de</p><p>acolhida. (BRASIL, 1999)</p><p>Ainda a Lei 13.509/2017 que alterou o art. 51 do ECA prevê: Considera-se</p><p>adoção internacional aquela na qual o pretendente possui residência habitual em país-</p><p>parte da Convenção de Haia, de 29 de maio de 1993, relativa à Proteção das Crianças</p><p>e à Cooperação em Matéria de Adoção Internacional, promulgada pelo Decreto no</p><p>3.087, de 21 junho de 1999, e deseja adotar criança em outro país-parte da</p><p>Convenção. Além disto, trouxe em seu parágrafo 1º:</p><p>I - que a colocação em família adotiva é a solução adequada ao caso concreto;</p><p>II - que foram esgotadas todas as possibilidades de colocação da criança ou</p><p>adolescente em família adotiva brasileira, com a comprovação, certificada nos autos,</p><p>da inexistência de adotantes habilitados residentes no Brasil com perfil compatível</p><p>com a criança ou adolescente, após consulta aos cadastros mencionados nesta Lei.</p><p>(BRASIL, 2017)</p><p>PEREIRA (2021) preleciona que: No</p><p>Brasil aquele indivíduo que reside em</p><p>território nacional seja ele brasileiro, ou estrangeiro que deseja adotar um nacional,</p><p>deverá observar o rito da Lei nº 12.010/2009 e Lei nº 13.509/2017.</p><p>No caso do estrangeiro domiciliado no país, com comprovado ânimo de</p><p>permanência, aplica-se o procedimento próprio de adoção brasileira, inclusive em</p><p>34</p><p>razão ao tratamento constitucional de não distinção entre estrangeiros e nacionais</p><p>residentes e domiciliados no Brasil, conforme prevê o art. 5º, caput, CF/88.</p><p>Ainda assim a CEJA ou CEJAIS (Comissão Estadual Judiciária de Adoção) que</p><p>o autor supracitado menciona ser uma Autoridade Central Estadual em matéria de</p><p>adoção e cujas atribuições principais são:</p><p>Estabelece ainda o art. 52, I, ECA que: os estrangeiros que desejam adotar</p><p>criança/adolescente no Brasil devem ainda, depois de fazer a inscrição, formular o</p><p>pedido mediante autoridade na central do país que reside.</p><p>O § 3º do art. 46 do ECA institui que o procedimento da adoção internacional</p><p>referente ao casal estrangeiro domiciliado no Brasil, deve cumprir um período de</p><p>convivência de no mínimo 30 e no máximo 45 dias aqui no Brasil, prorrogável por igual</p><p>período de houver motivo, durante este período o adotante fica sob avaliação</p><p>multidisciplinar e esta equipe irá emitir um laudo em relação ao melhor interesse do</p><p>menor.</p><p>a) cadastramento de crianças e adolescentes no Estado, em condições</p><p>jurídicas para uma adoção por brasileiros ou estrangeiros residentes no</p><p>Exterior.</p><p>b) habilitação de pessoas residentes no Exterior que desejam adotar</p><p>uma criança brasileira no Estado;</p><p>c) Atuação técnica na área psicossocial, nas tentativas e nos casos de</p><p>adoção internacional;</p><p>d) expedição de documentos protocolares previsto na Convenção de</p><p>Haia, relativos a adoção internacional.</p><p>35</p><p>5.7 Adoção unilateral</p><p>A denominada adoção unilateral é aquela em que o cônjuge/companheiro adota</p><p>o filho do outro, formando a partir de então um novo vínculo jurídico familiar, é uma</p><p>espécie de adoção especial de caráter híbrido, uma vez que permite a substituição de</p><p>apenas um dos genitores. A adoção unilateral ocorre:</p><p>Aqui cabe uma observação quanto a adoção unilateral, uma vez que em</p><p>qualquer tipo de adoção o adotado perde todos os vínculos de parentesco anterior, o</p><p>mesmo ocorre em relação a adoção unilateral, pois uma vez que o adotante é</p><p>colocado na certidão, os avós paternos ou maternos serão excluídos eliminando assim</p><p>a ancestralidade do adotado que terá uma nova ancestralidade, observa-se em</p><p>relação aos impedimentos matrimoniais contidos no art. 1.521, I, II e IV, CC/2002, em</p><p>relação a adoção de sangue e o art. art. 1.521, III e V, do CC/ 2002, em relação ao</p><p>vínculo por adoção.</p><p>6 DA HABILITAÇÃO PARA ADOÇÃO</p><p>Cada Comarca deverá possuir um Cadastro dos interessados em adotar,</p><p>ressalvado apenas as exceções do § 13 do art. 50, assim entendido que as Comarcas</p><p>deverão ter uma lista contendo os candidatos a adoção e outra contendo as</p><p>a) quando consta no registro de nascimento do adotando o nome de apenas</p><p>um dos pais, competindo a ele autorização da adoção pelo novo</p><p>cônjuge/companheiro, ou mesmo se desta relação do adotante não for</p><p>cônjuge/companheiro, já que a parentalidade pode estar dissociada da</p><p>conjugalidade;</p><p>b) quando, não obstante o adotando tenha sido registrado por ambos os pais,</p><p>um deles decai do poder familiar;</p><p>c) no caso de falecimento de um dos pais do adotando, o</p><p>companheiro/cônjuge do genitor sobrevivo pode adotar o filho.</p><p>36</p><p>crianças/adolescentes disponíveis para adoção, existe ainda o Cadastro Estadual, e</p><p>o Cadastro Nacional, o qual esta regulamentado pelo CNJ – Conselho Nacional de</p><p>Justiça, o que possibilita a doção dentro do país.</p><p>A pessoa interessada a se habilitar a adoção não necessita de advogado, essa</p><p>habilitação pode ser feita de forma voluntária, ficando, a pessoa interessada sujeita a</p><p>um procedimento onde deverá provar que possui os requisitos para a adoção.</p><p>De forma que cumprindo tai exigências estará apto a receber uma criança</p><p>devendo permanecer em uma fila aguardando ser convocado, após ser convocado</p><p>deverá então o candidato a adoção confirmar que esse é o seu desejo passando a</p><p>possuir a guarda provisória, iniciando assim, o processo judicial de adoção.</p><p>Após a promulgação da Lei nº 13.509/2017 o prazo máximo de permanência</p><p>da criança em um abrigo é de 18 meses, podendo ser prorrogado caso haja</p><p>justificativa comprovada, para tal prorrogação.</p><p>A supracitada lei fez ainda uma alteração no art. 50, § 15 do ECA, onde</p><p>assegurou a prioridade no cadastro de pessoas com deficiência, ou necessidades</p><p>específicas de saúde.</p><p>No dia 12/10/2019 foi criado o SNA – Sistema nacional de adoção e</p><p>acolhimento, foi gerado pelo cadastro nacional de crianças e adolescentes acolhidos</p><p>(CNA), instituído pela Portaria conjunta 01/2018 do CNJ, cujo objetivo é de subsidiar</p><p>e monitorar políticas públicas sobre o tema.</p><p>O SNI que é regulamentado pela Resolução do CNJ nº 289/2019, funciona</p><p>também como um sistema de alerta, para milhares de crianças e adolescentes que</p><p>aguardem o retorno às suas famílias de origem, ou para serem adotadas. Juízes e</p><p>corregedorias poderão acompanhar todos esses processos, e a ideia é dar maior</p><p>agilidade.</p><p>37</p><p>7 AÇÃO DE ADOÇÃO</p><p>Institui o § 1º do art. 157 do ECA que recebida a petição inicial, a autoridade</p><p>judiciária deverá determinar, concomitantemente ao despacho de citação e</p><p>independentemente de requerimento do interessado, a realização de estudo social ou</p><p>perícia por equipe interprofissional ou multidisciplinar para comprovar a presença de</p><p>uma das causas de suspensão ou destituição do poder familiar, caso ainda não tenha</p><p>sido realizado. (BRASIL, 1990)</p><p>A Lei 13.509/2017 acrescentou um parágrafo ao art. 158 DO ECA, por meio do</p><p>qual é possível a citação por hora certa na ação de perda ou suspensão do Poder</p><p>Familiar, não obstante ao art. 47 do ECA a supracitada Lei acrescentou ainda a</p><p>possibilidade de citação por edital, pelo qual prevê um prazo máximo de 120 dias</p><p>prorrogável por mais 120 dia uma única vez, em decisão fundamentada pelo Juiz.</p><p>Tendo ainda estabelecido o prazo em dobro para a Fazenda Pública conforme</p><p>o art. 183 e para o Ministério Público de acordo com o art. 180.</p><p>8 DESADOÇÃO</p><p>O ECA bem como a Constituição Federal de 1988 possui em relação a criança/</p><p>adolescente o interesse de protege-los, para tanto consagrou-se no Brasil o instituto</p><p>do melhor interesse do menor, assim as adoções deveriam se basear no melhor</p><p>interesse do menor, mas por faltas de políticas públicas nem sempre é possível</p><p>garantir que esse interesse esteja realmente sendo efetuado.</p><p>Objetivando garantir o bem-estar físico e psicológico do vulnerável em</p><p>desenvolvimento, a justiça busca através do estágio de convivência garantir seja em</p><p>relação as adoções internacionais, seja na adoção nacional, fazer assim uma pré-</p><p>seleção das pessoas que possui capacidade para adoção, sendo no final referendado</p><p>pelo Estado, acredita-se ser este momento a prova de fogo da adoção. (PEREIRA,</p><p>2021)</p><p>Momento esse em que existe a possibilidade de adotando e adotante se</p><p>conhecerem melhor e formarem vínculos, que se efetiva após esse período a adoção,</p><p>38</p><p>encerrando-se com a sentença concessiva da adoção que é constitutiva e produz</p><p>efeitos a partir do trânsito em julgado, é o que prevê o art. 47, § 7º do ECA.</p><p>Existem casos em que os adotantes ao fim do processo optam por devolver o</p><p>adotando que estava sob sua guarda, situação traumática para a criança/ adolescente</p><p>que entendia estar sendo adotada e por algum motivo irá levar as marcas dessa</p><p>devolução pelo resto de suas vidas.</p><p>Ainda que seja por um período de convivência os pretensos pais poderão ser</p><p>responsabilizados.</p><p>Já a “devolução fática” que é aquela ocorrida após o período de convivência,</p><p>de filho já adotado caracteriza ilícito civil,</p>