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ECA E ESTATUTO DO IDOSOUNIDADE 2
Família e os Direitos da Criança e do Adolescente
Contextualizando
"Art. 19. É direito da criança e do adolescente 
ser criado e educado no seio de sua família e, excepcionalmente, em família substituta, 
assegurada a convivência familiar e comunitária, 
em ambiente que garanta seu desenvolvimento integral." (ECA)
Nos dias atuais, é comum notarmos, principalmente nos grandes centros urbanos, crianças e adolescentes abandonados nas ruas, sendo utilizados como pedintes ou como fonte de renda de suas famílias.
Iniciaremos esta unidade propondo a você algumas reflexões.
· Quais as obrigações que os pais têm com relação aos filhos menores?
· Quais os direitos e deveres da família?
· Quando o poder familiar pode ser afastado?
· Quais as soluções para a inclusão dos menores em novas famílias?
Mas se você ficou em dúvida, não se preocupe! Essas e outras questões relevantes para o desenvolvimento das crianças e dos adolescentes serão estudadas nesta Unidade da nossa disciplina. 
Também focaremos o problema dos adolescentes em conflito com a lei, as consequências dos seus atos infracionais e outros aspectos relevantes.
É importante que você esteja em sintonia com essas definições, porque vamos tratar delas em nossa disciplina.
O que é família?
A família natural é composta pelos pais, ou qualquer um deles, com os filhos menores. Já a família ampliada engloba os parentes próximos que se relacionam diretamente com a criança ou com o adolescente, em relações de afeto e convivência.
Quais são as hipóteses de famílias substitutas?
A inclusão das crianças ou adolescentes em famílias substitutas podem ocorrer por meio de guarda, tutela e adoção.
CONCEITOS DE FAMÍLIA
O conceito sociológico de família refere-se a um conjunto de pessoas que se encontram ligadas por vínculos de parentesco, seja afinidade, como o casal, ou laços consanguíneos, como a filiação 
entre pais e filhos. 
Uma vez que você conheceu o conceito sociológico de família, responda: 
Você acha que este conceito atualmente sofreu alguma mudança? Sim, o conceito evoluiu.
Correto
Exatamente!
É perceptível que a realidade vem se transformando.
As famílias recompostas, monoparentais e homoafetivas nos permitem reconhecer que seu conceito se pluralizou.
Família natural
Família natural e família extensa ou ampliada. 
FAMÍLIA NATURAL
A família natural é compreendida pelo núcleo familiar composto pelos pais ou por qualquer um deles, com os seus filhos, conforme o caput do art. 25 do ECA.
Os pais podem reconhecer seus filhos, quando havidos fora do casamento, conjunta ou separadamente, no próprio registro do nascimento, por testamento, mediante escritura ou outro documento público, qualquer que seja a origem da filiação. 
Este reconhecimento, conforme parágrafo único do art. 26, pode preceder o nascimento e suceder-lhe ao falecimento, desde que deixe herdeiros.
FAMÍLIA EXTENSA OU AMPLIADA
A família extensa ou ampliada engloba um ciclo um pouco maior, incluindo os parentes próximos com quem o menor convive e mantém vínculos de afinidade e afetividade.
O reconhecimento do estado de filiação é um direito personalíssimo, indisponível e imprescritível, não havendo limite de idade para o seu exercício. 
Ele pode ser exercido contra os pais ou seus herdeiros, não havendo restrições legais quanto ao seu exercício.
Os processos que discutem filiação, conforme art. 27 do ECA, devem ser mantidos em segredo de justiça.
DIREITOS E DEVERES DOS PAIS
A Constituição de 1988 prevê, no art. 227, que é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
O Estatuto da Criança e do Adolescente regula os direitos e as obrigações dos pais no Capítulo III, do Título I, que dispõe sobre o direito à convivência familiar e comunitária. 
[Selecione cada uma das abas abaixo e veja os parágrafos do art. 19 que dispõem sobre este tema.]
§ 4º Dispõe que será garantida a convivência da criança e do adolescente com a mãe ou o pai privado de liberdade, por meio de visitas periódicas promovidas pelo responsável ou, nas hipóteses de acolhimento institucional, pela entidade responsável, independentemente de autorização judicial.
§ 5º Assegura que será garantida a convivência integral da criança com a mãe adolescente que estiver em acolhimento institucional.
§ 6º Dispõe que a mãe adolescente será assistida por equipe especializada multidisciplinar.
O art. 19-A trata da questão da gestante ou da mãe que manifeste interesse em entregar seu filho para adoção, antes ou logo após o nascimento, dispondo que ela será encaminhada à Justiça da Infância e da Juventude e regulando o procedimento que deverá ser adotado nessas situações.
O mesmo art. 19 dispõe, em seu parágrafo único, que a mãe e o pai ou os responsáveis têm direitos iguais e deveres e responsabilidades compartilhados no cuidado e na educação da criança, devendo ser resguardado o direito de transmissão familiar de suas crenças e culturas, assegurados os direitos da criança estabelecidos nesta Lei. 
O art. 22 é a principal fonte de deveres para os pais e incumbe a eles o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais. 
Das medidas pertinentes aos pais e responsáveis
Nas situações de risco para as crianças e os adolescentes causadas pelos pais, é possível, além das medidas de proteção aplicáveis a crianças e adolescentes, aplicar medidas aos próprios pais. 
O art. 129 do ECA prevê tais medidas aplicáveis aos pais ou responsável. São elas:
I – encaminhamento a serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção, apoio e promoção da família;
II – inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
III – encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico;
IV – encaminhamento a cursos ou programas de orientação;
V – obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua frequência e aproveitamento escolar;
VI – obrigação de encaminhar a criança ou adolescente a tratamento especializado;
VII – advertência;
VIII – perda da guarda;
IX – destituição da tutela;
X – suspensão ou destituição do poder familiar. 
E se uma hipótese de maus-tratos, opressão ou abuso sexual imposta pelos pais ou responsável for confirmada?
Sendo assim, o art. 130 dispõe que a autoridade judiciária poderá determinar, como medida cautelar, o afastamento do agressor da moradia comum, com a possibilidade de fixação provisória dos alimentos de que necessitem a criança ou o adolescente dependentes do agressor.
PODER FAMILIAR
O poder familiar compreende o conjunto de direitos e deveres atribuídos aos pais, com relação aos filhos menores e não emancipados, com relação à própria pessoa, seus direitos e deveres, mas também no que diz respeito à gestão dos seus bens. 
O art. 21 do ECA dispõe que o poder familiar será exercido, em igualdade de condições, pelo pai e pela mãe, na forma do que dispuser a legislação civil, assegurado a qualquer deles o direito de, em caso de discordância, recorrer à autoridade judiciária competente para a solução da divergência.
O Código Civil também traz várias disposições sobre o assunto. Selecione cada um dos artigos abaixo para conhecer.
Artigo 1.630
–
O Código Civil dispõe, no art. 1.630, que os filhos estão sujeitos ao poder familiar enquanto menores. 
Artigo 1.631
–
O poder familiar é exercido pelos pais durante o casamento e a união estável, mas, em caso de falta ou impedimento de um deles, o outro o exercerá com exclusividade.
Quando houver divergência entre os pais quanto ao exercício do poder familiar, é assegurado a qualquer um deles recorrer ao juiz para solução do desacordo.Artigo 1.632
–
Nos casos de separação judicial, divórcio ou dissolução da união estável, não há alteração nas relações entre pais e filhos senão quanto ao direito, que aos primeiros cabe, de terem em sua companhia os segundos, conforme disposto no art. 1.632, do Código Civil.
Artigo 1.633
–
O art. 1.633 dispõe que o filho não reconhecido pelo pai fica sob poder familiar exclusivo da mãe. Se a mãe não for conhecida ou não for capaz de exercê-lo, o menor será encaminhado a um tutor.
Artigo 1.634
–
Compete a ambos os pais, qualquer que seja a sua situação conjugal, o pleno exercício do poder familiar, que consiste em, quanto aos filhos:
 
I – dirigir-lhes a criação e a educação; 
II – exercer a guarda unilateral ou compartilhada nos termos do art. 1.584; 
III – conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para casarem; 
IV – conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para viajarem ao exterior; 
V – conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para mudarem sua residência permanente para outro município; 
VI – nomear-lhes tutor por testamento ou documento autêntico se o outro dos pais não lhe sobreviver ou o sobrevivo não puder exercer o poder familiar; 
VII – representá-los judicial e extrajudicialmente até os 16 anos, nos atos da vida civil, e assisti-los, após essa idade, nos atos em que forem partes, suprindo-lhes o consentimento; 
VIII – reclamá-los de quem ilegalmente os detenha; 
IX – exigir que lhes prestem obediência, respeito e serviços próprios de sua idade e condição.
SUSPENSÃO E DESTITUIÇÃO DO PODER FAMILIAR
A perda ou suspensão do poder familiar estão reguladas pelo ECA. No entanto, tenha em mente que se trata de medida extremamente drástica que deve ser adotada em hipóteses restritivas.
O Código Civil regula as hipóteses de extinção do poder familiar no art. 1.635, prevendo que ele aconteça:
I – pela morte dos pais ou do filho;
II – pela emancipação, nos termos do art. 5º, parágrafo único;
III – pela maioridade;
IV – pela adoção;
V – por decisão judicial, na forma do art. 1.638.
Obviamente, o pai ou a mãe que se casa, quando solteiro(a), ou em caso de divórcio, contrai novo matrimônio ou estabelece união estável, não perde, quanto aos filhos do relacionamento anterior, os direitos ao poder familiar, exercendo-os sem qualquer interferência do novo cônjuge ou companheiro(a), conforme disposto no art. 1.636, do CC.
Antes de continuarmos, responda a essa questão: 
Você acha que o poder familiar pode ser suspenso em alguma situação?A resposta é sim!
O poder familiar pode ser suspenso na forma do art. 1.637, do Código Civil, se o pai ou a mãe abusarem de sua autoridade, faltando aos deveres a eles inerentes ou arruinando os bens dos filhos.
A suspensão cabe exclusivamente ao juiz, requerendo algum parente, ou ao Ministério Público.  
O juiz pode adotar a medida que lhe pareça reclamada pela segurança do menor e seus haveres, até suspendendo o poder familiar quando convenha.
Importante! O mesmo artigo prevê no seu parágrafo único que se suspende igualmente o exercício do poder familiar ao pai ou à mãe condenados por sentença irrecorrível, em virtude de crime cuja pena exceda a dois anos de prisão.
Já a perda do poder familiar está regulada pelo art. 1.638, do CC, dispondo que perderá por decisão judicial o poder familiar o pai ou a mãe que:
I - Castigar imoderadamente o filho.
II - Deixar o filho em abandono.
III - Praticar atos contrários à moral e aos bons costumes.
IV - Incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo antecedente.
V - Entregar, de forma irregular, o filho a terceiros para fins de adoção.
O procedimento para a suspensão ou para perda do poder familiar está regulado pelo ECA. O art. 155 dispõe que ele terá início por provocação do Ministério Público ou de quem tenha legítimo interesse, por exemplo, ascendentes, como os avós ou colaterais.
A petição inicial indicará, sob pena de inépcia:
a autoridade judiciária a que for dirigida; 
o nome, o estado civil, a profissão e a residência do requerente e do requerido, dispensada a qualificação em se tratando de pedido formulado por representante do Ministério Público; 
a exposição sumária do fato e o pedido; 
as provas que serão produzidas, oferecendo, desde logo, o rol de testemunhas e documentos.
A suspensão do poder familiar poderá ser concedida cautelarmente, por liminar ou por ação incidental, havendo motivo grave até o julgamento definitivo da causa, ficando a criança ou o adolescente confiado à pessoa idônea, mediante termo de responsabilidade. A decisão judicial deverá ser motivada após oitiva do MP. 
O processo é contencioso, e o requerido será citado para, no prazo de 10 dias, oferecer resposta escrita, indicando as provas a serem produzidas e oferecendo, desde logo, o rol de testemunhas e documentos. Na forma do art. 158, § 1º, a citação será pessoal, salvo se esgotados todos os meios para sua realização.
A autoridade judiciária poderá determinar a realização de provas, como a expedição de documentos em órgãos públicos, e determinar a realização de estudo social ou perícia por equipe interprofissional ou multidisciplinar, bem como a oitiva de testemunhas que comprovem a presença de uma das causas de suspensão ou destituição do poder familiar previstas nos arts. 1.637 e 1.638, da Lei nº 10.406/2002, Código Civil, ou no art. 24 desta lei.
O art. 161, § 2º, dispõe que se os pais forem oriundos de comunidades indígenas, é ainda obrigatória a intervenção, junto à equipe profissional ou multidisciplinar referida no § 1º deste artigo, de representantes do órgão federal responsável pela política indigenista, observado o disposto no § 6º, do art. 28, desta lei.
E quem deve ser ouvido durante o processo?
· Sempre que o pedido importar em modificação de guarda, será obrigatória, desde que possível e razoável, a oitiva da criança ou do adolescente, respeitando seu estágio de desenvolvimento e grau de compreensão sobre as implicações da medida.
· Obviamente, por se tratar de procedimento contencioso, será obrigatória a oitiva dos pais sempre que eles forem identificados e estiverem em local conhecido. 
 audiência de instrução e julgamento está regida pelo art. 162:
Art. 162. Apresentada a resposta, a autoridade judiciária dará vista dos autos ao Ministério Público, por cinco dias, salvo quando este for o requerente, designando, desde logo, audiência de instrução e julgamento.
§ 1º A requerimento de qualquer das partes, do Ministério Público ou de ofício, a autoridade judiciária poderá determinar a realização de estudo social ou, se possível, de perícia por equipe interprofissional
§ 2º Na audiência, presentes as partes e o Ministério Público, serão ouvidas as testemunhas, colhendo-se oralmente o parecer técnico, salvo quando apresentado por escrito, manifestando-se sucessivamente o requerente, o requerido e o Ministério Público, pelo tempo de 20 minutos cada um, prorrogável por mais 10.
A decisão sobre a suspensão ou não do poder familiar será proferida na audiência, podendo a autoridade judiciária, excepcionalmente, designar data para sua leitura no prazo máximo de cinco dias.
A conclusão do procedimento está disposta nos artigos abaixo.
Art. 163
O art. 163 dispõe que o prazo máximo para conclusão do procedimento será de 120 dias, determinando ainda que a sentença que decretar a perda ou a suspensão do poder familiar será averbada à margem do registro de nascimento da criança ou do adolescente.
Art. 164
A destituição da tutela observa os procedimentos dispostos na legislação processual civil, conforme art. 164, do ECA. 
FAMÍLIA SUBSTITUTA
- Conceito de família substituta
- Guarda
- Tutela
- Adoção
O conceito de família substituta
A inclusão em família substituta deve ser precedida de todas as alternativas para manter a criança ou o adolescente na sua família natural ou ampliada.
O art. 28 do ECA regula a inclusão de crianças e adolescentes na família substituta. 
O ECA prevê três espécies de famílias substitutas.
· Guarda
· Tutela
· Adoção
Art. 28. A colocação em família substituta far-se-á mediante guarda, tutela ou adoção,independentemente da situação jurídica da criança ou do adolescente, nos termos desta Lei.
§ 1º Sempre que possível, a criança ou o adolescente será previamente ouvido por equipe interprofissional, respeitado seu estágio de desenvolvimento e grau de compreensão sobre as implicações da medida, e terá sua opinião devidamente considerada.
§ 2º § 2º Tratando-se de maior de 12 (doze) anos de idade, será necessário seu consentimento, colhido em audiência.
§ 3º § 3º Na apreciação do pedido, levar-se-á em conta o grau de parentesco e a relação de afinidade ou de afetividade, a fim de evitar ou minorar as consequências decorrentes da medida.
§ 4º § 4º Os grupos de irmãos serão colocados sob adoção, tutela ou guarda da mesma família substituta, ressalvada a comprovada existência de risco de abuso ou outra situação que justifique plenamente a excepcionalidade de solução diversa, procurando-se, em qualquer caso, evitar o rompimento definitivo dos vínculos fraternais.
§ 5º § 5º A colocação da criança ou do adolescente em família substituta será precedida de sua preparação gradativa e acompanhamento posterior, realizados pela equipe interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente com o apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política municipal de garantia do direito à convivência familiar.	 
§ 6º § 6º Tratando-se de criança ou adolescente indígena ou proveniente de comunidade remanescente de quilombo, é ainda obrigatório:
I – que sejam consideradas e respeitadas sua identidade social e cultural, os seus costumes e tradições, bem como suas instituições, desde que não sejam incompatíveis com os direitos fundamentais reconhecidos por esta Lei e pela Constituição Federal;
II – que a colocação familiar ocorra prioritariamente no seio de sua comunidade ou junto a membros da mesma etnia;
III – a intervenção e oitiva de representantes do órgão federal responsável pela política indigenista, no caso de crianças e adolescentes indígenas, e de antropólogos, perante a equipe interprofissional ou multidisciplinar que irá acompanhar o caso.
Sendo assim, quais os critérios para colocação em famílias substitutas?
A colocação em família substituta deve ser deferida apenas às pessoas que revelem compatibilidade com a medida e ofereçam um ambiente adequado para o desenvolvimento da criança ou do adolescente.
A colocação em família substituta é preferencialmente no âmbito do território nacional, somente se admite em famílias estrangeiras, na modalidade de adoção, quando não houver outra alternativa, por se tratar de medida excepcional (art. 31).
Importante!
É importante observar que há regras específicas para a colocação em família substituta de irmãos, visando que seja na mesma família substituta, salvo na situação de risco de abuso ou outra situação que justifique solução diferente, mesmo assim tentando evitar o rompimento dos vínculos entres eles. 
No caso de crianças ou adolescentes indígenas ou provenientes de comunidade quilombolas, é obrigatório: 
l. que sejam consideradas e respeitadas suas identidades social e cultural, os seus costumes e tradições, bem como suas instituições, desde que não sejam incompatíveis com os direitos fundamentes reconhecidos por leis e pela Constituição Federal
ll. que a colocação familiar ocorra prioritariamente no seio de sua comunidade ao junto a membros da mesma etnia; 
lll. Intervenção e oitiva de representante do órgão federal responsável pela política indigenista, no caso de criança me adolescentes indígenas, e de antropólogos, perante a equipe interprofissional ou multidisciplinar que irá acompanhar o caso.
“ Crianças ou adolescentes indígenas possuem particularidades no processo de colocação em famílias substitutas. ”
Existem três espécies de colocação em família substituta: guarda, tutela e adoção. 
Guarda (arts. 33 a 35)
A guarda é a medida para que uma pessoa, independentemente de qualquer relação de parentesco, passe a ter responsabilidades sobre a criança ou o adolescente. 
A guarda pode ser deferida a terceiros, mesmo sem o poder familiar.
A guarda é exercida pelos pais, como característica inerente ao exercício do poder familiar. Nos casos de separação ou divórcio, regulados pelo CC, art. 1.634, é possível que a guarda seja deferida a apenas um dos pais ou aos dois na chamada guarda compartilhada. Mas é possível que a guarda seja deferida a terceiros, mesmo sem o poder familiar. 
A guarda destina-se a regularizar a posse de fato de uma criança ou um adolescente. Em regra, é deferida como medida cautelar ou liminar em processos de tutela ou adoção. 
A guarda obriga nos mesmos deveres inerentes ao poder familiar, podendo inclusive opor-se a terceiros, até mesmo aos pais. Ela cria uma espécie de poder familiar provisório, exercido pela pessoa a quem a guarda foi deferida.
Excepcionalmente, a guarda pode ser decretada fora dos casos de tutela ou adoção quando necessária em virtude de uma ausência temporária dos pais, podendo ser deferida com autorização para a prática de determinados atos (art. 33, § 2º).
Salvo nas hipóteses de guarda preparatória para adoção, os pais mantêm o direito de visitação e as obrigações de sustento.
A guarda também pode ser deferida em situações de inclusão em programa familiar. Isso acontece quando as famílias que já estão previamente cadastradas nos programas de acolhimento recebem a criança ou o adolescente, sendo deferida a guarda em seu favor.
Nesta hipótese, a situação deve ser reavaliada a cada três meses (art. 19, § 1º) e tem a duração máxima de 18 meses, salvo comprovada necessidade de prorrogação (art. 19, § 2º). 
A guarda obriga a prestação de assistências material, moral e educacional à criança ou ao adolescente, conferindo a seu detentor o direito de se opor a terceiros, inclusive aos pais (art. 33). Diante dessas obrigações, fica claro que o guardião tem os mesmos poderes decisórios sobre a criança e o adolescente que os pais (naturais ou adotivos) e o tutor teriam, não sendo necessário que busque decisões judiciais a cada decisão que tiver que tomar, como matrícula na escola, atendimento médico etc.
O guardião tem os mesmos poderes decisórios que os pais.
A criança ou o adolescente que tem sua guarda deferida a terceiros passa a ser dependente do guardião em todos os sentidos, fazendo jus a ser incluído em planos de saúde familiares, se for o caso, bem como a ser considerado dependente para fins de deduções tributárias etc.
O art. 33, § 3º, dispõe que a criança ou o adolescente sob guarda passa a ter direitos previdenciários inerentes ao guardião. 
Entretanto, a alteração do art. 16, § 2,º da Lei nº 8.213/91 pela Lei nº 9.528/97 retirou o menor sob guarda da condição de dependente previdenciário natural ou legal do segurado do INSS. 
Mas o STJ, no julgamento do REsp 1.411.258, entendeu que isso não elimina o substrato fático da dependência econômica do menor e representa, do ponto de vista ideológico, um retrocesso normativo incompatível com as diretrizes constitucionais de isonomia e de ampla e prioritária proteção à criança e ao adolescente. 
Neste cenário, a jurisprudência desta Corte Superior tem avançado na matéria, passando a reconhecer ao menor sob guarda a condição de dependente do seu mantenedor para fins previdenciários.
A competência para decretar a guarda é, em razão da matéria, da Justiça da Infância e da Juventude, conforme dispõe art. 148, do ECA. Revoga-se a guarda a qualquer tempo, mediante decisão judicial ouvido o Ministério Público (art. 35). 
A intervenção do Ministério Público é obrigatória nos processos de guarda. A decisão não faz coisa julgada material e pode ser revista a qualquer tempo, conforme a evolução da situação inicial de deferimento. 
Tutela
Diferentemente da guarda, a tutela pressupõe a decretação da perda ou suspensão do poder familiar. O que pode ocorrer quando da morte dos pais, ou da declaração de ausência, ou, então, por decisão judicial que determine a suspensão ou a perda do poder familiar da família natural.
A tutela defere ao tutor o direito derepresentação ou assistência legal do menor de 18 anos, engloba todos os poderes da guarda, mais o direito de representá-lo ou de assisti-lo nas situações da vida civil.
O tutor deve ser nomeado pelo juiz, embora seja possível a indicação no testamento dos pais.
A tutela é regulada pelo ECA e pelos artigos 1.728 a 1.766 do Código Civil.
A tutela testamentária é possível sempre que o tutor for indicado no ato de última vontade dos pais, caso exista um dos pais vivo, a última vontade do morto não será observada, passando o poder familiar a ser exercido exclusivamente pelo sobrevivente, salvo se anteriormente teve o poder familiar cassado ou suspenso. 
O juiz não está obrigado a deferir a tutela à pessoa nomeada no testamento, devendo analisar se há outras pessoas mais capacitadas para exercê-la. 
O tutor nomeado em testamento tem 30 dias para ingressar com o pedido de controle judicial do ato. 
A perda da tutela segue os mesmos trâmites da perda do poder familiar (art. 39), devendo ser analisada em processo judicial e contencioso.
Adoção
A adoção é, sem dúvida, uma medida extrema, que afasta o poder familiar da família natural ou ampliada e altera juridicamente o estado de filiação. O adotado passa a ser membro, formalmente, de uma nova família, com novo nome, novos direitos sucessórios, previdenciários, impedimentos matrimonias e todas as demais consequências da filiação natural.
Atualmente, a adoção é tratada exclusivamente pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. 
As regras que existiam sobre o tema no Código Civil foram alteradas ou revogadas pela Lei nº 12.010/2009, passando o assunto a ser tratado com exclusividade pelo diploma específico de proteção dos menores de 18 anos, sendo, inclusive, aplicadas suas normas a eventuais adoções de maiores de 18 anos.
A adoção é medida excepcional e 
irrevogável, somente utilizada quando 
esgotados todos os meios para manter 
o menor na sua família natural (art. 39, § 1º).
Mas, na prática, quem pode e não pode adotar?
Podem adotar:
Os maiores de 18 anos (art. 42, caput e § 2º), desde que guardem uma diferença mínima de 16 anos com o adotando, que deve ser menor de 18 anos, salvo se já estiver sob guarda ou tutela do adotante (art. 40). 
Impedidos de adotar:
Os ascendentes e os irmãos do adotando. Estes poderão ter sua guarda ou tutela, mas não adotá-lo.
Importante!
É vedada a adoção por procuração, sendo um ato que deve ser exercido pessoalmente.
A adoção depende do consentimento dos pais ou do representante legal do adotando (art. 45), salvo quando sejam desconhecidos ou tenham sido destituídos do poder familiar. Quando o adotando for maior de 18 anos, deverá ser colhido o seu consentimento. 
A mesma coisa acontece com os adolescentes, conforme art. 28, § 2º. As crianças deverão ser apenas ouvidas sobre a adoção, mas não precisam consentir.
O adotado tem seu estado civil de filiação alterado pela adoção, passa a ser filho dos novos pais que o adotaram, tendo os mesmo direitos e deveres, inclusive, sucessórios, sendo afastados todos os vínculos com a família natural, salvo os impedimentos matrimoniais (art. 41). 
A única hipótese de adoção que não rompe com os vínculos familiares anteriores é a adoção unilateral. Ela ocorre quando um dos pais naturais se une com outra pessoa, podendo o padrasto ou a madrasta adotar o enteado. 
Obviamente, esta adoção mantém os vínculos de filiação com o pai ou com a mãe mantidos no exercício do poder familiar, somente afastando seu exercício do outro que for substituído pelo cônjuge ou companheiro adotante. 
A adoção unilateral é medida excepcional. O mero fato de o pai ou a mãe natural ter morrido ou se divorciado do outro não acarreta o direito de afastamento do poder familiar e, muito menos, da filiação. 
A adoção conjunta, bilateral, é, em regra, realizada por um casal, que adota a criança ou o adolescente, constituindo-se integralmente uma nova família em substituição à família natural. Rompe-se a relação, tanto com o pai quanto com a mãe naturais.
É possível que divorciados adotem em conjunto desde que acordem sobre a guarda, inclusive compartilhada, e o regime de visitas desde que o estágio de convivência tenha se iniciado antes da dissolução do casamento, justificando-se por laços de afinidade e afetividade a medida excepcional (art. 42, § 4º e § 5º). 
Também é possível a adoção após a morte do adotante, desde que tenha em vida manifestado a inequívoca intenção de adotar o menor. 
A adoção por casais homoafetivos vem sendo deferida pelos tribunais brasileiros, apesar da lacuna na legislação vigente acerca do assunto.
Demonstrado o melhor interesse da criança ou do adolescente e cumpridos os requisitos legais para a realização da adoção, nada impede que casais de companheiros do mesmo sexo adotem crianças ou adolescentes, conforme art. 45, do ECA. 
Entendimento do STJ, no REsp 889.852, sobre a adoção por casais homoafetivos.
Você já ouviu a expressão "estágio de convivência"?
No que tange ao procedimento de adoção, de sua inscrição no registro civil, com a consequente troca do nome e do prenome, e de missão de nova certidão de nascimento, o art. 47 dispõe: 
Artigo 47 E § SEGUINTES: 
Art. 47. O vínculo da adoção constitui-se por sentença judicial, que será inscrita no registro civil mediante mandado do qual não se fornecerá certidão.
§ 1º A inscrição consignará o nome dos adotantes como pais, bem como o nome de seus ascendentes.
§ 2º O mandado judicial, que será arquivado, cancelará o registro original do adotado.
§ 3 o A pedido do adotante, o novo registro poderá ser lavrado no Cartório do Registro Civil do Município de sua residência. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 4 o Nenhuma observação sobre a origem do ato poderá constar nas certidões do registro. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 5 o A sentença conferirá ao adotado o nome do adotante e, a pedido de qualquer deles, poderá determinar a modificação do prenome. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 6 o Caso a modificação de prenome seja requerida pelo adotante, é obrigatória a oitiva do adotando, observado o disposto nos §§ 1 o e 2 o do art. 28 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 7 o A adoção produz seus efeitos a partir do trânsito em julgado da sentença constitutiva, exceto na hipótese prevista no § 6 o do art. 42 desta Lei, caso em que terá força retroativa à data do óbito. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 8 o O processo relativo à adoção assim como outros a ele relacionados serão mantidos em arquivo, admitindo-se seu armazenamento em microfilme ou por outros meios, garantida a sua conservação para consulta a qualquer tempo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 9º Terão prioridade de tramitação os processos de adoção em que o adotando for criança ou adolescente com deficiência ou com doença crônica. (Incluído pela Lei nº 12.955, de 2014)
§ 10. O prazo máximo para conclusão da ação de adoção será de 120 (cento e vinte) dias, prorrogável uma única vez por igual período, mediante decisão fundamentada da autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
O adotado tem direito à informação quanto à sua origem biológica e aos detalhes do processo de adoção. O acesso deve ocorrer somente após completar 18 anos, conforme dispõe o art. 48, caput. Mas os menores podem ter acesso a essas informações, desde que assegurada a assistência jurídica e psicológica. 
Trata-se de direito inerente à personalidade conhecer a sua história, a sua origem biológica, que vem afastar a tradição anterior de se manter a adoção em segredo. 
Adoção internacional
A adoção internacional é admitida no Brasil. Ela segue os mesmos procedimentos da adoção nacional, com as adaptações introduzidas pelo art. 52, do ECA.
Art. 52. A adoção internacional observará o procedimento previsto nos arts. 165 a 170, desta Lei, com as seguintes adaptações: 
I - a pessoa ou casal estrangeiro, interessado em adotar criança ou adolescente brasileiro, deverá formular pedidode habilitação à adoção perante a Autoridade Central em matéria de adoção internacional no país de acolhida, assim entendido aquele onde está situada sua residência habitual; 
II - se a Autoridade Central do país de acolhida considerar que os solicitantes estão habilitados e aptos para adotar, emitirá um relatório que contenha informações sobre a identidade, a capacidade jurídica e adequação dos solicitantes para adotar, sua situação pessoal, familiar e médica, seu meio social, os motivos que os animam e sua aptidão para assumir uma adoção internacional; 
III - a Autoridade Central do país de acolhida enviará o relatório à Autoridade Central Estadual, com cópia para a Autoridade Central Federal Brasileira; 
IV - o relatório será instruído com toda a documentação necessária, incluindo estudo psicossocial elaborado por equipe interprofissional habilitada e cópia autenticada da legislação pertinente, acompanhada da respectiva prova de vigência; 
V - os documentos em língua estrangeira serão devidamente autenticados pela autoridade consular, observados os tratados e convenções internacionais, e acompanhados da respectiva tradução, por tradutor público juramentado; (
VI - a Autoridade Central Estadual poderá fazer exigências e solicitar complementação sobre o estudo psicossocial do postulante estrangeiro à adoção, já realizado no país de acolhida; 
VII - verificada, após estudo realizado pela Autoridade Central Estadual, a compatibilidade da legislação estrangeira com a nacional, além do preenchimento por parte dos postulantes à medida dos requisitos objetivos e subjetivos necessários ao seu deferimento, tanto à luz do que dispõe esta Lei como da legislação do país de acolhida, será expedido laudo de habilitação à adoção internacional, que terá validade por, no máximo, 1 (um) ano; 
VIII - de posse do laudo de habilitação, o interessado será autorizado a formalizar pedido de adoção perante o Juízo da Infância e da Juventude do local em que se encontra a criança ou adolescente, conforme indicação efetuada pela Autoridade Central Estadual. 
Então, veja a tabela abaixo que resume todas as características das modalidades de família substituta.
	
DA MEDIDA PROTETIVA
Medida Protetiva: Definição de medida protetivas;
Incidência das Medidas Protetivas: Quando as medidas devem se aplicadas;
Princípios Norteadores: Princípios que guiam a aplicação das medidas protetivas;
Espécies de Medida Protetivas: Tipos de medidas que podem ser aplicadas;
Atribuição para Aplicação: De quem é a atribuição para a aplicação das medidas protetivas. 
Incidência das medidas de proteção
As medidas de proteção são aplicáveis em três situações.
Situações de risco envolvendo crianças e adolescentes
Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados:
I – por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;
II – por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável;
III – em razão de sua conduta.
Consequência de atos infracionais praticados por crianças
Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança corresponderão as medidas previstas no art. 101.
Ato infracional praticado por adolescentes
Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas:
VII – qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.
Princípios norteadores
Os princípios norteadores de aplicação das medidas protetivas estão arrolados no art. 100, do ECA. Eles levam em consideração as necessidades pedagógicas e a necessidade de fortalecimento dos vínculos familiares entre a criança ou o adolescente e sua família natural ou ampliada. 
Os princípios norteadores estão expressos no parágrafo único do art. 100. São eles:
 Espécies de medidas protetivas
Importante!
As medidas de proteção estão arroladas no art. 101, do ECA. Trata-se de rol exemplificativo, podendo, o Conselho Tutelar ou a Justiça da Infância e da Juventude, aplicar outras medidas necessárias para proteger os menores.
ART. 101 e incisos seguintes.
As medidas protetivas têm o objetivo de colaborar com as formações moral, educacional, física, intelectual, entre outros aspectos relevantes para pessoas em desenvolvimento, como crianças e adolescentes. 
As três medidas mais severas, que trazem consequências mais radicais quando aplicadas, são as previstas nos últimos incisos, quais sejam o acolhimento institucional, o acolhimento familiar e a colocação em família substituta (guarda, tutela e adoção). 
As medidas protetivas têm um detalhamento e regramento mais específicos nos parágrafos do próprio art. 101.
§ 1º O acolhimento institucional e o acolhimento familiar são medidas provisórias e excepcionais, utilizáveis como forma de transição para reintegração familiar ou, não sendo esta possível, para colocação em família substituta, não implicando privação de liberdade.
§ 2º Sem prejuízo da tomada de medidas emergenciais para proteção de vítimas de violência ou abuso sexual e das providências a que alude o art. 130, desta Lei, o afastamento da criança ou do adolescente do convívio familiar é de competência exclusiva da autoridade judiciária e importará na deflagração, a pedido do Ministério Público ou de quem tenha legítimo interesse, de procedimento judicial contencioso, no qual se garanta aos pais ou ao responsável legal o exercício do contraditório e da ampla defesa.
§ 3º Crianças e adolescentes somente poderão ser encaminhados às instituições que executam programas de acolhimento institucional, governamentais ou não, por meio de uma Guia de Acolhimento, expedida pela autoridade judiciária, na qual obrigatoriamente constará, dentre outros: 
I – sua identificação e a qualificação completa de seus pais ou de seu responsável, se conhecidos; 
II – o endereço de residência dos pais ou do responsável, com pontos de referência; 
III – os nomes de parentes ou de terceiros interessados em tê-los sob sua guarda; 
IV – os motivos da retirada ou da não reintegração ao convívio familiar. 
§ 4º Imediatamente após o acolhimento da criança ou do adolescente, a entidade responsável pelo programa de acolhimento institucional ou familiar elaborará um plano individual de atendimento, visando à reintegração familiar, ressalvada a existência de ordem escrita e fundamentada em contrário de autoridade judiciária competente, caso em que também deverá contemplar sua colocação em família substituta, observadas as regras e princípios desta Lei.
§ 5º O plano individual será elaborado sob a responsabilidade da equipe técnica do respectivo programa de atendimento e levará em consideração a opinião da criança ou do adolescente e a oitiva dos pais ou do responsável;
§ 6º Constarão do plano individual, dentre outros:
I – os resultados da avaliação interdisciplinar;
II – os compromissos assumidos pelos pais ou responsável; 
III – a previsão das atividades a serem desenvolvidas com a criança ou com o adolescente acolhido e seus pais ou responsável, com vista na reintegração familiar ou, caso seja esta vedada por expressa e fundamentada determinação judicial, as providências a serem tomadas para sua colocação em família substituta, sob direta supervisão da autoridade judiciária.
§ 7º O acolhimento familiar ou institucional ocorrerá no local mais próximo à residência dos pais ou do responsável e, como parte do processo de reintegração familiar, sempre que identificada a necessidade, a família de origem será incluída em programas oficiais de orientação, de apoio e de promoção social, sendo facilitado e estimulado o contato com a criança ou com o adolescente acolhido.
§ 8º Verificada a possibilidade de reintegração familiar, o responsável pelo programa de acolhimento familiar ou institucional fará imediata comunicação à autoridade judiciária, que dará vista ao Ministério Público, pelo prazo de 5 (cinco) dias, decidindo em igual prazo.
§ 9º Sendo constatada a impossibilidade de reintegração da criança ou do adolescente à família de origem, após seu encaminhamento a programas oficiaisou comunitários de orientação, apoio e promoção social, será enviado relatório fundamentado ao Ministério Público, no qual conste a descrição pormenorizada das providências tomadas e a expressa recomendação, subscrita pelos técnicos da entidade ou responsáveis pela execução da política municipal de garantia do direito à convivência familiar, para a destituição do poder familiar, ou destituição de tutela ou guarda.
§ 10. Recebido o relatório, o Ministério Público terá o prazo de 30 (trinta) dias para o ingresso com a ação de destituição do poder familiar, salvo se entender necessária a realização de estudos complementares ou outras providências que entender indispensáveis ao ajuizamento da demanda.
§ 11. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou foro regional, um cadastro contendo informações atualizadas sobre as crianças e os adolescentes em regime de acolhimento familiar e institucional sob sua responsabilidade, com informações pormenorizadas sobre a situação jurídica de cada um, bem como as providências tomadas para sua reintegração familiar ou colocação em família substituta, em qualquer das modalidades previstas no art. 28, desta Lei.
§ 12. Terão acesso ao cadastro o Ministério Público, o Conselho Tutelar, o órgão gestor da Assistência Social e os Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente e da Assistência Social, aos quais incumbe deliberar sobre a implementação de políticas públicas que permitam reduzir o número de crianças e adolescentes afastados do convívio familiar e abreviar o período de permanência em programa de acolhimento.
Atribuição para a aplicação
A atribuição para a aplicação das medidas protetivas está dividida entre o Conselho Tutelar e a Justiça da Infância e da Juventude.
O Conselho Tutelar tem atribuição legal, conforme o art. 136, I, para atender as crianças e os adolescentes nas hipóteses previstas nos arts. 98 e 105, aplicando as medidas previstas no art. 101, I a VI. 
Portanto, o Conselho Tutelar pode aplicar todas as medidas de proteção, com exceção daquelas previstas nos incisos VIII e IX, quais sejam, o acolhimento familiar e a inclusão em família substituta por meio de guarda, tutela ou adoção.
A inclusão em família substituta, por meio da guarda, da tutela ou da adoção, bem como o acolhimento familiar, são atribuições exclusivas da Justiça da Infância e da Juventude, conforme se depreende do disposto no art. 148 e nos parágrafos do próprio art. 101. 
Apadrinhamento
O apadrinhamento é uma inovação trazida pela Lei nº 13.509/2017 para o ECA e consiste em proporcionar que a criança e o adolescente que estejam em acolhimento institucional ou em acolhimento familiar possam formar vínculos afetivos com pessoas de fora da instituição ou da família acolhedora onde vivem. Essas pessoas se dispõem a ser padrinhos. 
Dispõe o art. 19-B, caput e § 1º, inseridos pela Lei nº 13.509/2017, ao ECA:
Art.19-B. A criança e o adolescente em programa de acolhimento ou familiar poderão participar de programa de apadrinhamentos. 
§ 1° O apadrinhamento consiste em estabelecer e proporciona à criança e o adolescente vínculos externos à instituição para fins de convivência e colaboração como seu desenvolvimento nos aspectos social, moral, físico, cognitivo, educacional e financeiro. 
A prioridade é sempre a criança ou o adolescente voltar para o seu lar ou ser adotado, sendo incluído em família substituta regularmente. 
No entanto, nem sempre isso é possível.
Assim, a criança ou o adolescente acabam permanecendo no acolhimento institucional ou em famílias acolhedoras. Nesses casos, o apadrinhamento é indicado conforme se verifica no art. 19-B, § 
DA MEDIDA SOCIOEDUCATIVA
· Advertência:
· Obrigação de reparar o dano;
· Prestação de serviço à comunidade;
· Liberdade assistida;
· Semiliberdade;
· Internação.
Baseado em tudo o que vimos até agora, você conseguiria definir as medidas socioeducativas?
 O art. 112, do ECA, arrola as medidas socioeducativas de forma taxativa, não podendo criar outras, a não ser por meio de lei. 
Assim, deve-se observar o princípio da legalidade, tendo em vista a sua natureza jurídica de sanção por ato ilícito praticado pelo adolescente. Ainda que com o enfoque socioeducativo, não se pode olvidar do caráter punitivo.
Advertência
É uma medida socioeducativa de meio aberto, executada nos próprios autos em que foi aplicada. Consiste em admoestação verbal realizada pelo juiz, que será reduzida a termo e assinada pelo adolescente (art. 115).
Obrigação de reparar o dano
Aplicável nos casos que resultem em dano material para a vítima. O juiz pode determinar a restituição da coisa ou o ressarcimento do dano, bem como determinar que o adolescente compense o prejuízo de alguma outra forma. 
Deve estar claro que essa reparação do dano é de caráter punitivo/educativo e deve ser realizada pelo próprio adolescente. 
Porém, nada impede que alguém o ajude, mas não se pode admitir que essa reparação, diferente de eventual reparação em condenação civil, recaia compulsoriamente sobre o patrimônio dos pais ou do responsável legal. 
As medidas socioeducativas também se sujeitam ao princípio da intranscendência penal, previsto no art. 5º, XLV, da CF/88.
Não sendo possível o adolescente arcar com a reparação do dano, o juiz deve substituir a medida por outra mais adequada, conforme dispõe o art. 116, parágrafo único, do ECA.
Prestação de serviços à comunidade
Esta é a terceira medida socioeducativa de meio aberto.
Ela deve ser executada em processo próprio e individual. Consiste na atribuição de tarefas gratuitas ao adolescente, por período máximo de seis meses, não prorrogáveis. 
Liberdade assistida
É uma medida socioeducativa de meio aberto que será realizada por processo autônomo e individual de execução. Consiste na nomeação de um orientador que acompanhará o adolescente em todas as suas atividades cotidianas.
A nomeação deve ser feita pelo juiz, considerando pessoa capacitada para acompanhar o caso, podendo ser recomendada por entidade ou programa de atendimento.
A liberdade assistida será fixada por prazo mínimo de seis meses, podendo ser mantida em decisão fundamentada, quando será reavaliada a cada seis meses.
Embora a lei não fixe o prazo máximo de duração, trata-se de medida menos severa que a internação, não sendo razoável que dure mais tempo que esta. Portanto, aplica-se, por analogia, o prazo máximo de três anos de duração. 
As obrigações do orientador estão listadas no art. 119: 
· I – promover socialmente o adolescente e sua família, fornecendo-lhes orientação e inserindo-os, se necessário, em programa oficial ou comunitário de auxílio e assistência social; 
· II – supervisionar a frequência e o aproveitamento escolar do adolescente, promovendo, inclusive, sua matrícula;
· III – diligenciar no sentido da profissionalização do adolescente e de sua inserção no mercado de trabalho;
· IV – apresentar relatório do caso.
A liberdade assistida pode ser aplicada diretamente como medida socioeducativa inicial, mas também pode funcionar como espécie de progressão de medidas socioeducativas mais severas. 
O adolescente pode iniciar com as medidas socioeducativas de internação ou de semiliberdade e migrar para a liberdade assistida, conforme previsto na Lei do Sinase – Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo, Lei nº 12.594/2012, art. 42.
Semiliberdade
Trata-se de medida de meio fechado menos severa que a internação, conforme disposto no art. 42, § 3º, da Lei do Sinase – Lei nº 12.594/2012. 
Sua execução exige processo autônomo e individual. Pode ser aplicada diretamente ou como forma de progressão a partir da internação. 
A escolarização e a profissionalização são obrigatórias, devendo ser utilizados os recursos comunitários normais. O adolescente deve, sempre que possível, continuar estudando na sua escola de origem e convivendo com a comunidade onde reside. 
A medida não comporta prazo determinado. Segundo o art. 42, da Lei do Sinase, ela deve ser reavaliada a cada seis meses, aplicando-se as regras referentes à medida de internação. 
InternaçãoPrincípios informadores
A internação é uma medida de meio fechado, privativa da liberdade, sujeita aos princípios de brevidade, devendo durar o menor tempo possível. 
É uma ação excepcional, pois somente será aplicada quando as demais medidas não forem indicadas para o caso concreto. Respeita a condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, uma vez que seu caráter não pode ser de simples neutralização pela privação da liberdade, mas sim de reeducação do adolescente internado.
A Lei do Sinase também fixa princípios para a execução das medidas socioeducativas que estão claramente vinculados à internação e devem ser observados pelas autoridades envolvidas na aplicação das medidas.
Características e prazos
A internação caracteriza-se pela privação da liberdade do adolescente em instituições educacionais. A medida será cumprida em entidade exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele destinado ao abrigo (acolhimento institucional), obedecida rigorosa separação por critérios de idade, compleição física e gravidade da infração.
O juiz pode rever sua decisão a qualquer tempo, autorizando a realização das atividades externas.
É permitida a realização de atividades externas, a critério da equipe técnica do estabelecimento, salvo se o juiz vetar tal possibilidade na sentença sancionatória. 
Ao ser aplicada na sentença, não comporta prazo determinado, não devendo o juiz fixá-la por um período específico, mas somente determinar a internação do adolescente. 
A medida será reavaliada a cada seis meses, quando o juiz tem três possíveis decisões a adotar.
Quer saber quais são as três possíveis decisões?
· Decisão 1: Manter a internação
· Decisão 2: Migrar o adolescente para a semiliberdade ou para a liberdade assistida.
· Decisão 3: Liberar o adolescente.
A decisão do juiz deve pautar-se pelo desenvolvimento do plano individual de atendimento socioeducativo criado pela Lei do Sinase. 
A gravidade do ato infracional, os antecedentes e o tempo de duração da medida não são fatores que, por si, justifiquem a não substituição da medida por outra menos grave (art. 42, § 2º). 
Quando prorrogada a internação, ela será reavaliada a cada seis meses. Sua duração máxima será de três anos, quando então o juiz estará obrigado a liberar o adolescente ou migrá-lo para a semiliberdade ou para a liberdade assistida.
Importante!
A idade máxima para a execução de medidas socioeducativas é de 21 anos, quando será compulsória a liberação, não podendo o juiz aplicar outras medidas, uma vez que a partir dessa idade o ECA não pode mais incidir sobre o jovem adulto.
Cabimento
O art. 121 estabelece que a internação é medida excepcional. Isso quer dizer que ela somente poderá ser aplicada quando não existir outra que se afigure mais indicada, que seja melhor para o adolescente em conflito com a lei. A internação é a última das medidas socioeducativas.
Essa característica de medida excepcional é ratificada pelo art. 122, que dispõe acerca das possibilidades de incidência da medida, deixando claro o seu caráter de medida mais rigorosa e de que somente deve ser aplicada quando necessário.
PRIMEIRA HIPÓTESE: A primeira hipótese de incidência da medida de internação é no caso de atos infracionais praticados com violência ou grave ameaça à pessoa, situação que autoriza a aplicação da medida mesmo para adolescentes primários.
Obviamente, a aplicação não é automática. Deve o juiz analisar a necessidade da medida, não devendo ser aplicada, por exemplo, em atos infracionais análogos à lesão leve, pois embora tenham violência contra a pessoa, são análogos a crimes de menor potencial ofensivo e de gravidade muito baixa.
SEGUNDA HIPÓTESE: A segunda possibilidade é a reiteração de atos infracionais graves, embora sem violência ou grave ameaça.
Por exemplo, o tráfico de drogas é ato infracional análogo a crime equiparado a hediondo, o que caracteriza a prática de ato infracional grave, mas sem violência ou grave ameaça, somente sendo possível falar-se em internação em casos de reiteração.
Este, inclusive, é o entendimento do STJ no enunciado da Súmula 492, quando dispõe que “o ato infracional análogo ao tráfico de drogas, por si só, não conduz obrigatoriamente à imposição de medida socioeducativa de internação do adolescente”.
ÚLTIMA HIPÓTESE: A última hipótese de aplicação da internação é denominada internação sanção ou disciplinare. Ocorre por força do descumprimento reiterado de medidas anteriormente impostas ao adolescente.
Nesta situação, o art. 122, § 1º, limita a duração da medida ao prazo máximo de três meses.
 
Mesmo nas hipóteses autorizadas pelo art. 122, a aplicação da internação não é automática, devendo ser avaliado, pelo juiz, se é possível aplicar alguma outra medida mais efetiva e menos rigorosa.
Direito do internado
Os direitos do adolescente internado estão diretamente ligados aos objetivos da internação como medida socioeducativa. Eles estão dispostos nos arts. 124 e 125, do ECA, e dispensam maiores explicações.
· I – entrevistar-se pessoalmente com o representante do Ministério Público;
· II – peticionar diretamente a qualquer autoridade;
· III – avistar-se reservadamente com seu defensor;
· IV – ser informado de sua situação processual sempre que solicitado;
· V – ser tratado com respeito e dignidade;
· VI – permanecer internado na mesma localidade ou naquela mais próxima ao domicílio de seus pais ou responsável;
· VII – receber visitas, ao menos, semanalmente;
· VIII – corresponder-se com seus familiares e amigos;
· IX – ter acesso aos objetos necessários a higiene e asseio pessoal;
· X – habitar alojamento em condições adequadas de higiene e salubridade;
· XI – receber escolarização e profissionalização;
· XII – realizar atividades culturais, esportivas e de lazer;
· XIII – ter acesso aos meios de comunicação social;
· XIV – receber assistência religiosa, segundo a sua crença, e desde que assim o deseje;
· XV – manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de local seguro para guardá-los, recebendo comprovante daqueles porventura depositados em poder da entidade;
· XVI – receber, quando de sua desinternação, os documentos pessoais indispensáveis à vida em sociedade.
§ 1º Em nenhum caso haverá incomunicabilidade.
§ 2º A autoridade judiciária poderá suspender temporariamente a visita, inclusive de pais ou responsável, se existirem motivos sérios e fundados de sua prejudicialidade aos interesses do adolescente.
Art. 125. É dever do Estado zelar pela integridade física e mental dos internos, cabendo-lhe adotar as medidas adequadas de contenção e segurança.
Ato infracional e apuração do ato infracional do adolescente
Ato infracional
As crianças e os adolescentes são penalmente inimputáveis, por isso não praticam crimes ou contravenções penais.
Toda vez que uma criança ou um adolescente pratica um fato típico e antijurídico previsto na legislação penal como crime ou como contravenção penal, por não ser culpável, pela inimputabilidade, este fato será considerado ato infracional. 
Quer saber o que dispõem os arts. 103 e 104 sobre este assunto?
Artigo 103
Considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou contravenção penal.
Artigo 104
São penalmente inimputáveis os menores de 18 anos, sujeitos às medidas previstas nesta Lei.
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser considerada a idade do adolescente
à data do fato.
É importante perceber que o ato infracional somente se configura quando a conduta do menor puder ser tipificada e caracterizada sua antijuridicidade (ilicitude) em matéria penal. Portanto, incidindo qualquer excludente de antijuridicidade ou de tipicidade, o fato deixa de ser ato infracional. 
É o que ocorre, por exemplo, em situações de erro de tipo, de princípio da insignificância, de crime impossível; bem como nas excludentes de ilicitude, como a legítima defesa, o estado de necessidade, o exercício regular do direito ou no estrito cumprimento do dever legal.
Quando o ato infracional for praticado por crianças, elas ficarão sujeitas às medidas de proteção arroladas no art. 101,estudadas no tópico anterior. Assim, não são sujeitas às medidas socioeducativas, estas exclusivas dos adolescentes em conflito com a lei.
Aos adolescentes em conflito com a lei, ou seja, aqueles que praticam atos infracionais, são aplicadas as medidas socioeducativas previstas nos arts. 112 e seguintes do ECA.
Ainda assim, o ECA regula uma série de direitos individuais que devem ser respeitados nessas situações.
Quer saber quais são esses direitos garantidos?
Arts. 106, 107, 108,109,110,111.
FASE POLICIAL
O adolescente apreendido em flagrante de ato infracional será encaminhado de imediato à autoridade policial, procedimento idêntico ao da prisão em flagrante no CPP. 
O parágrafo único do art. 172 dispõe que, havendo repartição policial especializada para atendimento de adolescente e, tratando-se de ato infracional praticado em coautoria com maior, prevalecerá a atribuição da repartição especializada, devendo o adulto ser encaminhado à delegacia cabível, após as providências necessárias. 
Nos casos de ato cometido mediante violência ou grave ameaça à pessoa, a autoridade policial deverá lavrar auto de apreensão, conforme dispõe o art. 173, ouvidas as testemunhas e o adolescente. 
Se for o caso, deverá apreender o produto e os instrumentos da infração, além de requisitar exames ou perícias necessários à comprovação da materialidade e autoria da infração.
Nos atos infracionais sem violência ou 
grave ameaça, a lavratura do auto poderá ser substituída por boletim de ocorrência circunstanciada. Após os procedimentos legais referentes à apreensão em flagrante, o delegado decidirá acerca da liberação do adolescente ou de sua internação cautelar.
Quer saber quais são os procedimentos de liberação? 
A decisão de internação cautelar do adolescente é, portanto, em um primeiro momento, analisada pelo delegado de polícia, que, somente depois de determiná-la, irá comunicá-la ao juiz, da mesma forma como acontece com a prisão em flagrante do processo penal comum. 
E quais são as fases do processo de liberação? Siga em frente e as conheça em detalhes.
Quando o adolescente é liberado
Quando liberado, cabe aos pais encaminharem o adolescente ao representante do Ministério Público. Já a autoridade policial deve encaminhar imediatamente a cópia do auto de apreensão ou boletim de ocorrência ao representante do Ministério Público. 
Em caso de não liberação, o art. 175 dispõe que a autoridade policial encaminhará, desde logo, o adolescente ao representante do Ministério Público, juntamente com cópia do auto de apreensão ou boletim de ocorrência.
Sendo impossível a apresentação imediata
Sendo impossível a apresentação imediata, o adolescente deverá ser encaminhado, pela autoridade policial, à entidade de atendimento, que fará a apresentação ao representante do Ministério Público no prazo de 24 horas. Se na localidade não houver entidade de atendimento, a apresentação será feita pela autoridade policial; nessa hipótese, o adolescente aguardará a apresentação em dependência separada da destinada a maiores, devendo ser observado o prazo de 24 horas rigorosamente.
Nas hipóteses de não ter ocorrido flagrante
Nas hipóteses de não ter ocorrida a apreensão em flagrante, tomando conhecimento da prática de ato infracional por adolescente, a autoridade policial encaminhará um relatório das investigações e demais documentos ao representante do Ministério Público, conforme disposto no art. 177.
Você sabia que é proibido que adolescentes sejam transportados em compartimentos 
fechados de veículos policiais?
O art. 178 do ECA proíbe que adolescentes (a quem se atribua autoria de ato infracional) sejam conduzidos ou transportados em compartimentos fechados de veículos policiais, em condições atentatórias à sua dignidade, ou que impliquem risco à sua integridade física ou mental, sob pena de responsabilidade.
Fase ministerial – MP
Encerrada a etapa policial, o adolescente será apresentado, pelos pais ou pelo delegado, ao representante do Ministério Público, que, no mesmo dia e à vista do auto de apreensão, boletim de ocorrência ou relatório policial, bem como das informações sobre os antecedentes do adolescente, procederá imediata e informalmente à sua oitiva e, sendo possível, de seus pais ou responsável, vítima e testemunhas. 
Nessa oitiva, é dispensada a presença de advogado de defesa, pois o STJ entende que a ausência da oitiva não acarreta nulidade do procedimento de apuração do ato infracional.
O parágrafo único do art. 179 dispõe que, em caso de não apresentação, o representante do Ministério Público notificará os pais ou responsável para apresentação do adolescente, podendo requisitar o concurso das Polícias Civil e Militar.
A realização dessa audiência informal é muito importante para que o representante do Ministério Público forme sua convicção acerca da postura que irá adotar. O art. 180 prevê que o representante poderá: 
I – promover o arquivamento dos autos;
II – conceder a remissão; 
III – representar à autoridade judiciária para aplicação de medida socioeducativa.
No caso de arquivamento dos autos ou de concessão da remissão pelo representante do Ministério Público, mediante termo fundamentado que conterá o resumo dos fatos, os autos serão conclusos à autoridade judiciária para homologação. 
Quando o juiz concordar com as razões do arquivamento ou da remissão, homologará o arquivamento ou a remissão e, conforme o caso, determinará o cumprimento de medida socioeducativa, na forma do art. 127.
O art. 180, § 2º prevê que, discordando, a autoridade judiciária fará remessa dos autos ao procurador-geral de justiça, mediante despacho fundamentado, e este oferecerá representação, designará outro membro do Ministério Público para apresentá-la, ou ratificará o arquivamento ou a remissão, quando só então estará a autoridade judiciária obrigada a homologar.
A última hipótese à disposição do Ministério Público é oferecer a representação à autoridade judiciária, propondo a instauração de procedimento para aplicação da medida socioeducativa que se afigurar a mais adequada. 
Você encontra essas disposições no art. 182, detalhado a seguir:
· § 1º A representação será oferecida por petição, que conterá o resumo dos fatos, a classificação do ato infracional e o rol de testemunhas. 
· § 2º A representação independe de prova pré-constituída da autoria e materialidade. Portanto, no ECA, há uma relativização da justa causa como condição de procedibilidade da ação socioeducativa.
FASE JUDICIAL
A fase judicial começa quando a representação é oferecida pelo Ministério Público. 
O art. 184, do ECA, dispõe que a autoridade judiciária designará audiência de apresentação do adolescente. 
No caso de internação cautelar decretada pelo delegado, o juiz decidirá, desde logo, sobre a decretação ou manutenção da medida, observado o disposto no art. 108 e parágrafo.
O juiz determinará a citação do adolescente e seus pais ou responsável, informando o teor da representação e intimando a comparecer à audiência, acompanhados de advogado. Se os pais ou responsável não forem localizados, a autoridade judiciária dará curador especial ao adolescente.
A audiência de apresentação tem relevância fundamental para que o juiz decida acerca do recebimento da representação e da continuidade da ação socioeducativa. 
A importância da audiência de apresentação é muito importante, pois possibilita ao juiz a análise quanto à possibilidade de concessão da remissão, agora na etapa judicial, o que pode acarretar, inclusive, a aplicação de medidas socioeducativas. Por isso, a necessidade da defesa técnica, atualmente reconhecida na jurisprudência do STJ:
HC 160.705/SP – CRIMINAL. HABEAS CORPUS. ECA. ATO INFRACIONAL EQUIPARADO A TRÁFICO DE ENTORPECENTES. AUDIÊNCIA DE APRESENTAÇÃO. ADOLESCENTE OUVIDO SEM A PRESENÇA DE DEFENSOR. INTERNAÇÃO PROVISÓRIA DETERMINADA. OFENSA AO DEVIDO PROCESSO LEGAL E À AMPLA DEFESA. NULIDADE CONFIGURADA. FALTA DE JUSTIFICATIVA PARA A INTERNAÇÃO. ALEGAÇÃO PREJUDICADA. ORDEM CONCEDIDA.
Decisão do juiz
parágrafos 3 e 4, do art. 184, do ECA.
Durante aaudiência
Durante a audiência de apresentação, regulada pelo art. 186, comparecendo o adolescente, seus pais ou responsável, a autoridade judiciária procederá à oitiva destes, podendo solicitar opinião de profissional qualificado. 
Nesta audiência de apresentação, se a autoridade judiciária entender adequada a remissão, ouvirá o representante do Ministério Público, proferindo decisão, que pode, por exemplo, fixar qualquer medida socioeducativa, com exceção da internação e da semiliberdade.
A defesa prévia, incluindo o rol de testemunhas, será apresentada em três dias, conforme prazo fixado pelo § 3º, do art. 186.
Ato infracional de maior gravidade
Nas hipóteses de ato infracional de maior gravidade, sendo passível de aplicação de medida de internação ou colocação em regime de semiliberdade, a autoridade judiciária, verificando que o adolescente não possui advogado constituído, nomeará defensor.
Assim, a autoridade designará, desde logo, audiência em continuação, podendo determinar a realização de diligências e estudo do caso.
Audiência em continuação
Na audiência em continuação (ouvidas as testemunhas arroladas na representação e na defesa prévia, cumpridas as diligências e juntado o relatório da equipe interprofissional), serão realizados debates orais entre o Ministério Público e o defensor.
Cada um fala por 20 minutos, prorrogável por mais 10, a critério da autoridade judiciária, que, em seguida, proferirá decisão.
Decisão
A decisão final poderá ser pela concessão da remissão, como forma de extinção, ou suspensão do processo, pois, conforme o art. 188, a remissão poderá ser aplicada em qualquer fase do procedimento, antes da sentença. 
Se não entender cabível a remissão, o juiz sentenciará absolvendo ou sancionando o adolescente.
A decisão será de absolvição quando o juiz reconhecer uma das seguintes situações, não aplicando assim as medidas socioeducativas, conforme dispõe o art. 189, do ECA: 
· I – estar provada a inexistência do fato;
· II – não haver prova da existência do fato;
· III – não constituir o fato ato infracional;
· IV – não existir prova de ter o adolescente concorrido para o ato infracional.
Em caso de sentença sancionatória, o juiz fixará a medida socioeducativa aplicável ao adolescente e o intimará na forma do art. 190, do ECA. A duração do procedimento de apuração de ato infracional, no caso de adolescente internado cautelarmente, será de 45 dias.
Importante!
Caso exceda este prazo de 45 dias, o adolescente deverá ser liberado imediatamente, pois constitui crime inobservar o prazo. 
Quanto aos recursos, todos os procedimentos previstos pelo ECA têm sua etapa recursal regulada pelo Código de Processo Civil, conforme dispõem os artigos 198 e 199, do ECA.
Art. 198 e 199 e 199-A até E.
REMISSÃO
A remissão é uma espécie de perdão que 
poderá ser concedido ao adolescente em 
conflito com a lei, em momentos distintos 
do procedimento para apuração do ato 
infracional, primeiramente pelo Ministério 
Público e, depois, pelo juiz.
A remissão pode ser concedida pelo Ministério Público antes do início do procedimento para a apuração de ato infracional do adolescente, como forma de exclusão do processo, atendendo às circunstâncias e consequências do fato, ao contexto social, bem como à personalidade do adolescente e sua maior ou menor participação no ato infracional, conforme prevê o art. 126 do ECA. 
O representante do parquet deve, após verificar se é hipótese de arquivamento, decidir se representa, dando início ao procedimento ou se concede a remissão.
Em caso de concessão da remissão pelo Ministério Público, a tomada de decisão segue o fluxo do gráfico a seguir.
No entanto, se iniciado o procedimento quando o Ministério Público entendeu por representar e não concedeu a remissão, o juiz poderá concedê-la, em qualquer momento do procedimento, quando entender que esta se afigura a melhor saída. 
A remissão não implica necessariamente o reconhecimento ou a comprovação da responsabilidade nem prevalece para efeito de antecedentes, podendo 
incluir eventualmente a aplicação de quaisquer das medidas previstas em lei, exceto a colocação em regime de semiliberdade 
A concessão da remissão pela autoridade judiciária importará na suspensão ou extinção do processo.
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