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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ CURSO DE PEDAGOGIA HELOÍSA LUANNA FERREIRA DE ARAÚJO A APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL: UM OLHAR CONSTRUTIVISTA A PARTIR DA PERSPECTIVA PIAGETIANA CAICÓ/RN 2020 HELOÍSA LUANNA FERREIRA DE ARAÚJO A APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL: UM OLHAR CONSTRUTIVISTA A PARTIR DA PERSPECTIVA PIAGETIANA Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Pedagogia, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito à obtenção do título de licenciado em Pedagogia. Orientador: Prof. Esp. Diêgo de Lima S. Silva CAICÓ/RN 2020 Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Profª. Maria Lúcia da Costa Bezerra - CERES-Caicó Araujo, Heloisa Luanna Ferreira de. A aprendizagem na educação infantil: um olhar construtivista a partir da perspectiva piagetiana / Heloisa Luanna Ferreira de Araujo. - Caicó, 2020. 77f. Monografia (Licenciatura em Pedagogia) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ensino Superior do Seridó. Departamento de Educação. Orientador: Prof. Esp. Diêgo de Lima Santos Silva. 1. Aprendizagem infantil. 2. Aprendizagem. 3. Construtivismo (Educação). 4. Crianças - desenvolvimento. I. Silva, Diêgo de Lima Santos. II. Título. RN/UF/BS-Caicó CDU 37.015.3 HELOÍSA LUANNA FERREIRA DE ARAÚJO A APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL: UM OLHAR CONSTRUTIVISTA A PARTIR DA PERSPECTIVA PIAGETIANA Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Pedagogia, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito à obtenção do título de licenciado em Pedagogia. Orientador: Prof. Esp. Diêgo de Lima S. Silva Aprovada em: 22/07/2020 BANCA EXAMINADORA ______________________________________ Prof. Esp. Diêgo de Lima Santos Silva – Orientador Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN ______________________________________ Profa. Dra. Francileide Batista de Almeida Vieira – Examinadora Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN ______________________________________ Profa. Dra. Jacicleide Ferreira Targino da Cruz Melo – Examinadora Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN À Deus pela força e luz que iluminou meu caminho. E a minha família, que sempre me apoia e deposita confiança em mim. AGRADECIMENTOS Primeiramente agradeço a Deus, por ter me sustentado até aqui e por tudo que sempre fez e faz por mim, por não ter me permitido desistir, e me dá forças para conseguir realizar este sonho. Á minha família por tanto amor, por sempre me apoiar e incentivar em todas as etapas da minha vida, que nunca mediram esforços para me ajudar. São minha base e alicerce. Aos meus amigos da faculdade, um laço de amizade que levarei para a vida, sem eles eu não teria conseguido chegar até aqui. Foram meu incentivo e alegria diária durante esses quatro anos e meio. Agradeço de uma maneira especial ao meu orientador Prof. Diêgo de Lima Santos Silva, pela paciência, auxílio, incentivo e por partilhar seus conhecimentos, foram fatores essenciais para a produção deste trabalho. Gratidão pela orientação e dedicação. E a todos que de alguma maneira, contribuíram para a realização deste sonho. Muito obrigada! “Não há saber mais ou menos: há saberes diferentes.” Paulo Freire RESUMO O presente trabalho monográfico, objetiva discorrer sobre as proposituras piagetianas no que tange ao percurso de aprendizagem infantil, será abordado como o construtivismo favorece esse processo e como o professor é indispensável na mediação de saberes. O trabalho foi realizado a partir de uma pesquisa bibliográfica, acerca do processo da aprendizagem infantil pautando- se em uma visão construtivista, baseando-se na questão: Como acontece o processo de aprendizagem nas crianças, quais práticas podem ser facilitadoras da aprendizagem em sala de aula? Assim, tem por objetivos específicos: compreender o processo de aprendizagem, analisar a relevância do papel do professor como mediador dos saberes, tendo como foco a teoria construtivista como contribuinte dessas etapas. De modo a identificar como a criança aprende, desenvolve-se e assimila o conhecimento, e assim inferir sobre aspectos cientificamente comprovados para proporcionar uma aprendizagem significativa. Para sustentar a discussão teórica, buscou-se uma revisão de literatura, sendo fundamentada principalmente em Piaget (1926; 1959; 1971), Munari (2010), Minicucci (1997), Freire (1996), Gadotti (2003), Carretero (1997), Becker (2010), dentre outros. A pesquisa teve uma abordagem qualitativa, realizada com base em uma pesquisa aprofundada no trato deste assunto. A finalização do trabalho, nos proporcionou compreender o processo de aprendizagem da criança na perspectiva construtivista, apontou métodos de ensino, e os benefícios do construtivismo no ambiente escolar. A partir dos resultados da pesquisa, foi possível afirmar que a teoria construtivista é válida, sendo fundamental para a compreensão do desenvolvimento e da aprendizagem. Palavras-chave: Aprendizagem Infantil. Construtivismo. Desenvolvimento. ABSTRACT The present monographic work, aims to discuss Piaget's propositions regarding the children's learning path, will be approached as the constructivism favors this process and as the teacher is indispensable in the mediation of knowledge. The work was carried out from a bibliographic research, about the child learning process based on a constructivist vision, based on the question: How does the learning process in children happen, which practices can facilitate learning in the classroom class? Thus, its specific objectives are: to understand the learning process, to analyze the relevance of the teacher's role as a mediator of knowledge, focusing on constructivist theory as a contributor to these stages. In order to identify how the child learns, develops and assimilates knowledge, and thus infer scientifically proven aspects to provide meaningful learning. To support the theoretical discussion, a literature review was sought, based mainly on Piaget (1926; 1959; 1971), Munari (2010), Minicucci (1997), Freire (1996), Gadotti (2003), Carretero (1997), Becker (2010), among others. The research took a qualitative approach, carried out based on an in-depth research on the subject. The completion of the work allowed us to understand the child's learning process from a constructivist perspective, pointed out teaching methods, and the benefits of constructivism in the school environment. From the results of the research, it was possible to state that the constructivist theory is valid, being fundamental for the understanding of development and learning. Keywords: Child Learning. Constructivism. Development. LISTA DE SIGLAS LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação MEC – Ministério da Educação PCNs – Parâmetros Curriculares Nacionais PNE – Plano Nacional de Educação SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.................................................................................................. 12 2 O PROCESSO DE APRENDIZAGEM INFANTIL.......................................14 2.1 A CRIANÇA NO CONTEXTO INFANTIL ENQUANTO SER SOCIAL........ 14 2.2 A APRENDIZAGEM CONSTRUTIVISTA PIAGETIANA.............................. 18 2.3 OS ESTÁGIOS DE DESENVOLVIMENTO SEGUNDO PIAGET.................. 25 2.4 APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO.................................................. 29 3 O PROFESSOR COMO MEDIADOR DOS SABERES................................ 32 3.1 A INFLUÊNCIA DA AFETIVIDADE NA APRENDIZAGEM........................ 38 3.2 A SALA DE AULA COMO FACILITADORA DA APRENDIZAGEM.......... 44 3.3 O PROCESSO DE AVALIAÇÃO NA VISÃO CONSTRUTIVISTA............... 48 4 CONTRIBUIÇÕES DO CONSTRUTIVISMO PARA UMA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA............................................................ 51 4.1 CONSTRUTIVOS E SUAS PROPOSITURAS.................................................. 51 4.2 CONSTRUTIVISMO TEORIA E PRÁTICA.................................................... 54 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................ 57 REFERÊNCIAS................................................................................................. 59 12 1 INTRODUÇÃO O presente trabalho foi desenvolvido a partir da necessidade em analisar o processo de aprendizagem da criança nos primeiros anos da educação, a fim de buscar um conhecimento aprofundado sobre como a criança aprende. Desse modo, a pesquisa busca compreender como a criança aprende e desenvolve-se com base na teoria do construtivismo. A necessidade em pesquisar este tema, surgiu a partir das atividades de estágio supervisionado, onde me questionava como, enquanto futura professora poderia proporcionar a forma mais eficaz de ensino. Para este trato, pautei-me num aprofundamento na teoria Piagetiana, que norteia os caminhos para aprendizagem dos estudantes. Nesse contexto, fez-se necessário realizar uma investigação acerca de como a criança aprende e como o professor pode possibilitar e facilitar essa aprendizagem, para que ocorra de maneira significativa intervindo de forma positiva na trajetória escolar da criança, assim sendo, tornou-se relevante o interesse em realizar uma pesquisa bibliográfica que contribuísse para reflexões dos profissionais não só da área de educação, mas também de outras ciências. Desse modo, por meio do acervo bibliográfico: Piaget (1926; 1959; 1971), Munari (2010), Minicucci (1997), Freire (1996), Gadotti (2003), Carretero (1997), Becker (2010), dentre outros, objetivou-se investigar como a criança aprende e a importância do docente no processo de aprendizagem, em especial na Educação Infantil, buscou-se compreender a importância de propostas pedagógicas que favoreçam a aprendizagem e as contribuições da teoria construtivista acerca desses processos. Nessa perspectiva, a pesquisa tem dá ênfase a teoria de aprendizagem: o construtivismo, que nos proporciona uma melhor compreensão acerca da aprendizagem na Educação Infantil que é a base da educação do sujeito, pois é nesse primeiro momento na escola que a criança tem o primeiro contato social com o meio, onde desperta curiosidades, ideias e novos conhecimentos. Contudo, o presente trabalho nos apresenta, que nem sempre a Educação Infantil foi vista dessa maneira, uma vez que, apenas no final do século XVIII, a Educação Infantil passou a ser vista como uma necessidade, ou seja, passou-se a reconhecer a criança como um ser de direitos e necessidades, iniciando então estudos acerca de seu desenvolvimento e comportamento. Dessa maneira, a pesquisa foi realizada tendo como teórico de destaque Jean Piaget, que determinou a teoria da aprendizagem, o construtivismo, e criou o campo de investigação, a epistemologia genética, que corrobora o entendimento sobre o pensamento e desenvolvimento da criança. 13 A partir disso, eleva-se a seguinte problemática: Como acontece o processo de aprendizagem nas crianças, quais práticas podem ser facilitadoras da aprendizagem em sala de aula? Com base nesse questionamento irá se basear a presente pesquisa, com propósito de buscar resposta a questão aqui apresentada. Tem por objetivos: compreender como a criança aprende e desenvolve-se e qual o papel do professor neste processo, como ele pode facilitar e favorecer essa aprendizagem para que ocorra maneira significativa, desse modo, pesquisa-se com intuito de obter resultados convincentes, levando em consideração que ao conhecer a teoria, esta implicará na prática em sala de aula. O presente trabalho encontra-se dividido em três capítulos, os três dando enfoque a teoria construtivista, sendo o primeiro capítulo uma abordagem acerca da Educação Infantil, infância, desenvolvimento e aprendizagem, dar-se uma ênfase ao processo de aprendizagem infantil, como ocorre o desenvolvimento e o avanço da criança com base nos estágios de desenvolvimento explicados por Piaget, exemplificando cada fase e fazendo possível a compreensão de cada uma. O segundo capítulo expande algumas ideias por parte do ensino, destacando o papel do professor como mediador dos saberes, dessa maneira determina a relevância do professor enquanto orientador e guia da aprendizagem, onde age como mediador dos saberes, levando sempre em consideração que a criança é a protagonista principal do seu processo de conhecer. Este capítulo também nos faz compreender a importância da afetividade, que se encaixa na teoria construtivista, visto que, a criança aprende com base nas interações, estímulos e reconhecimento. Nesse seguimento, torna-se possível compreender como a sala de aula pode torna-se um ambiente facilitador e favorecedor e, por conseguinte, destaca o processo de avaliação com base na teoria construtivista. O terceiro e último capítulo, irá buscar as contribuições da teoria construtivista para uma aprendizagem significativa, isto é, os benefícios que a teoria traz à sala de aula contemporânea, e mostra os proveitos da teoria piagetiana quando adotada ao ambiente escolar, fazendo uma relação entre teoria e prática. E por fim estão as considerações finais que obtive ao final da pesquisa. Assim, pretende-se com a produção deste trabalho, contribuir de maneira significativa a profissionais da área de educação, e também outras ciências, para que possam compreender o processo de aprendizagem e desenvolvimento infantil a partir do olhar de Piaget. É notório que a profissão docente necessita sempre de novos conhecimentos para oferecer cada vez mais um ensino de qualidade. 14 2 O PROCESSO DE APRENDIZAGEM INFANTIL 2.1 A CRIANÇA NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL ENQUANTO SER SOCIAL Entende-se por Educação Infantil, como a primeira etapa da educação básica, que encontra-se presente na LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação, reconhecimento de que a educação começa nos primeiros anos de vida, assim, recebeu destaque na LDB 9.394 de 20 de dezembro de 1996 nos seguintes termos: Art. 29 A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem com finalidade o desenvolvimento integral da criança até os seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. Art. 30 A educação infantil será oferecida em: I – creches ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade; II – pré – escolas para crianças de quatro a seis anos de idade. Desta maneira, como evidencia a lei n° 9.329, compreende-se que a Educação Infantil é uma etapa significativa na vida da criança, pois fortalece o processo de desenvolvimento e possibilita um avanço relevante nos seus aspectos físco e social. Esta educação, prevalece e torna-se base para todo o percurso escolar, onde favorece bases para vivência futura enquanto sujeito crítico, atuante e pensante em sociedade. Entretanto, nem sempre ocorreu dessa maneira, por volta do século XVII não havia preocupaçãoou interesse acerca da Educação Infantil e do comportamento das crianças. A criança, infelizmente, ainda não era vista como nos dias atuais “[...] um ser que tem necessidades, interesses, motivos e modos de pensar específicos” (FONTANA, 2012, p. 6). Ao passar dos anos, veio a considerá-la como um ser ainda não preparado para a vida, pertencendo aos pais a responsabilidade em educar. Na época, não havia insitituições ou creches para colaborar neste processo com os pais, como afirma Bujes (2001): Por um bom período da história da humanidade, não houve nenhuma instituição responsável por compartilhar esta responsabilidade pela criança com seus pais e com a comunidade da qual estes faziam parte, isso nos permite dizer que a educação infantil, como conhecemos hoje, realizada de forma complementar à família, é um fato muito recente. Nem sempre ocorreu do mesmo modo, tem, portanto, uma história (BUJES, 2001, p. 14). Dessa maneira, por muito tempo, não havia preocupação nem interesse acerca da educação das crianças em idade infantil, ou seja, sendo a toda a responsabilidade depositada 15 nos pais. Apenas no início do século XVIII foram iniciados estudos acerca do desenvolvimento e comportamento infantil que permeiam até os dias atuais em busca de um melhor entendimento a respeito do comportamento e aprendizagem da criança. Nessa linha de pensamento, vale ressaltar o movimento da escola nova que iniciou-se no século XX como um movimento de renovação do ensino, além disso, o movimento defendia a educação como o elemento significativo para a construção de uma sociedade democrática, que leva em consideração as individualidades e subjetividades do sujeito, para assim, construir seres reflexivos e pensantes capazes de inserir-se em sociedade, dessa maneira, “Conhecer todas as necessidades, para dar à infância os meios de satisfazê-las, é sem dúvida tarefa difícil para a educação nova; mas essa é que é a tarefa da educação nova” (COUSINET, 1950, p. 100). Nesse seguimento, a Constituição Federal Brasileira de 1988, torna-se um marco ao reconhecer e valorizar a da criança a Educação Infantil. Atualmente, o art. 205 da Constituição Federal estabelece que: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (BRASIL, 1988). Dessa maneira, a educação na creche e pré escola, se tornou um direito da criança, como destaca: A descoberta da infância começou sem dúvida no século XVIII, e sua evolução pode ser acompanhada na história da arte e na iconografia dos séculos XV e XVI. Mas, os sinais de seu desenvolvimento tornaram-se particularmente numerosos e significativos a partir do fim do século XVI e durante o século XVII (ARIÉS, 1981, pág. 65). Como exemplifica o autor, o conceito infância surgiu então a partir do século XVII, resultando numa preocupação relacionada ao mundo da criança, a sua subjetividade e comportamento, com isso surgiu o campo de estudo da psicologia infantil relacionada à educação, na intenção de buscar respostas no que tange a compreensão da mentalidade da criança, a fim de desenvolver métodos de ensino eficazes, como aborda nos Referenciais Curriculares Nacionais: As crianças possuem uma natureza singular, que as caracterizam como seres que sentem e pensam o mundo de um jeito muito próprio, e isto porque, através das 19 interações que estabelecem desde cedo com as pessoas que lhe são próximas e com o meio que as circunda, as crianças revelam seu esforço para compreender o mundo em que vivem as relações contraditórias que presenciam e, por meio das brincadeiras, explicitam as condições de vida a que estão submetidas e seus anseios e desejos (BRASIL, 1998, p. 21). 16 Dessa forma, as crianças são indivíduos que estão em constante mudança, em busca do equilíbrio acerca do mundo em que vivem, visto que, tudo que acontece de novo o seu redor gera um aprendizado, novas informações, possibilidades, ideiais, todas as situações em que presenciam têm uma contribuição para o seu desenvolvimento, e é vivendo em sociedade que constroem seu próprio conhecimento, esforçando-se para compreender o mundo a sua volta, A inteligência não aparece, de modo algum, num dado momento do desenvolvimento mental, como um mecanismo completamente montado e radicalmente diferente dos que o precederam. Apresenta, pelo contrário uma continuidade admirável com os processos adquiridos ou mesmo inatos respeitantes à associação habitual e ao reflexo, processos sobre os quais ela se baseia, ao mesmo tempo que os utiliza (PIAGET, 1986, p.23). Logo, o desenvolvimento da inteligência da criança é um processo contínuo, sendo a interpretação do ambiente em que ela convive, isto é, ela interpreta da sua maneira de acordo com suas individualidades e subjetividades, por isso, a criança é considerada um ser social, por isso, Conceber a criança como ser social que ela é, significa: considerar que ela tem uma história, que pertence a uma classe social determinada, que estabelece relações definidas segundo seu contexto de origem, que apresenta uma linguagem decorrente dessas relações sociais e culturais estabelecidas, que ocupa um espaço que não é só geográfico, mas que também dá valor, ou seja, ela é valorizada de acordo com os padrões de seu contexto familiar e de acordo com sua própria inserção nesse contexto (KRAMER, 1986, p. 79). Kramer (1986) nos provoca a refletir sobre a questão de considerar a criança e sua particularidade, visto que, tudo que ela é ou sabe, é reflexo de sua história, dessa maneira fazemos uma reflexão acerca do papel da Educação Infantil, ou seja, como esta educação deve favorecer o crescimento e desenvolvimento cognitivo, social e motor da criança, e como estabelecer uma metodologia de ensino baseada nos acontecimentos a sua volta, contribuindo para desenvolverem formas de agir, pensar e sentir. Nessa linha de pensamento, onde leva em consideração a vida e história da criança, faz-se necessário considerar a importância do lúdico no ambiente escolar, dessa forma, brincadeiras, dança, culturas, jogos, isto é, atividades que lhe são familiares, terão uma contribuição significativa em seu desenvolvimento, desse modo, inserindo no planejamento pedagógico, irá fazer a criança se sentir parte do seu processo de conhecer onde provocará novos saberes e descobertas, como a importância do brincar é destacada no item 6 na Revisão das Diretrizes Curriculares (MEC, 2013, p. 87): 17 Brincar dá à criança oportunidade para imitar o conhecido e para construir o novo, conforme ela reconstrói o cenário necessário para que sua fantasia se aproxime ou se distancie da realidade vivida, assumindo personagens e transformando objetos pelo uso que deles faz (BRASIL, 2013, p. 87). Dessa forma, objetiva-se que a educação seja uma oportunidade facilitadora do conhecimento autônomo, onde proporcione a criança a particiação em momentos lúdicos, visto que, o brincar provoca reflexões acerca do mundo em que vivem, doa sonhos, imaginação e fantasia, dessa maneira cria possibilidades da criança expressar sua imaginação, gestos, linguagem, oralidade e cria horizontes de aprendizagens significativos. Nesse seguimento, tendo como finalidade o direito das crianças em viver a infância e se desenvolver, as experiências na sala de aula devem ter como prioridade a explanação do mundo a sua volta e sua relação consigo mesma, consequentemente, ouvir a criança e a considerar como um ser social e histórico. A partir desse pressuposto, a educação infantil torna-se essencial e fundamental na formação humana e social da criança, contribuindo na evolução cognitiva e colaborando para tornar-se um ser preparado paraviver em sociedade, pois, objetiva o desenvolvimento integral nos conceitos físicos, psicológicos e sociais. Contudo, faz-se uma reflexão acerca da formação humana: [...] mas que ressalta a necessidade de promover o processo humanizador da criança. Esse processo requer e implica em um projeto de educação infantil fundamentado em um conceito de educação para a vida, pois ele dará os recursos cognitivos iniciais para o pleno desenvolvimento da vida da criança (MENDONÇA, 2012, p. 42). Mendonça (2012) nos remete a educação infantil como uma educação de extrema relevância, visto que, deve-se levar em consideração um conceito de educação para a vida “A primeira educação é mais importante” (ROUSSEAU, 2004, p. 7) pois, é naquele momento onde a criança ainda é bem pequena que estará desenvolvendo os recursos cognitivos iniciais que serão base para o seu desenvolvimento posterior, logo, segundo o Plano Nacional de Educação (PNE): “A educação é elemento constitutivo da pessoa, e, portanto, deve estar presente desde o momento em que ela nasce, como meio e condição de formação, desenvolvimento, integração social e realização pessoal” (BRASIL, 2000, p. 36). Dessa forma, faz-se necessário estabelecer uma metodologia de aprendizagem pautada no desenvolvimento da linguagem, dos aspectos cognitivos e coordenação motora, se tornando uma possibilidade relevante ao crescimento da 18 criança, dando a ela a possibilidade de desenvolver habilidades e competências, consequentemente, o desenvolvimento da inteligência. 2.2 A APRENDIZAGEM CONSTRUTIVISTA PIAGETIANA Quando falamos em aprendizagem, logo, se considera o grande epistemólogo e psicólogo suíço Jean Piaget. O teórico nasceu em Neuchâtel na Suíça, no ano de 1896, sendo o nome um dos mais influentes no campo da educação durante o século 20. Entretanto, ele nunca atuou como pedagogo, ainda que, Piaget foi um biólogo que se dedicava a observação científica e rigorosa sobre o processo de aquisisão do conhecimento pelo ser humano, mais especificamente, pela criança, “considerando em seu conjunto o grande foco de interesse da obra de Jean Piaget foi elaborar uma teoria do conhecimento, que implica saber como o ser humano consegue organizar, estruturar e explicar o mundo em que vive” (PIRANDELLO, 1996, p. 41). Através de seu estudo acerca do desenvolvimento infantil, Piaget criou um campo de investigação, a epistemologia genética, Todo conhecimento contém um aspecto de elaboração nova, e o grande problema da epistemologia consiste em conciliar essa criação de novidades com o fato duplo de que, no terreno formal, elas fazem-se acompanhar de necessidades imediatamente elaboradas, e de que, no plano do real, permitem (e são, de fato, as únicas a permitir) a conquista da objetividade (PIAGET, 1970). Piaget (1970) corrobora com o entendimento do desenvolvimento psicológico infantil, e acreditava que, através de sua interação com as crianças, poderia estudar, refletir e levantar hipóteses sobre o aprendizado e raciocínio. No ano de 1919 o teórico iniciou seus estudos acerca do desenvolvimento das habilidades cognitivas e pesquisas experimentais sobre a mente humana “descobriu, pela primeira vez, a maravilhosa riqueza do pensamento infantil” (MUNARI, 2010, p. 14). Em 1920, Jean Piaget desenvolveu a teoria de aprendizagem nominada de construtivismo, teoria esta, de conhecimento, desenvolvimento e aprendizagem, dentre suas principais características, Para o construtivismo a aprendizagem seria um processo de construção individual do sujeito e este não copia a realidade mas a constrói a partir de suas representações internas. A interpretação pessoal rege o processo de conhecer o qual desenvolve seu significado através da experiência. A aprendizagem é situada e deve dar-se em cenários realistas, o cotidiano do 19 sujeito e ele próprio trazem os conteúdos necessários para que ocorra a aprendizagem; (ARCE, 2000, p. 50). Desse modo, Arce (2000) destaca, com base no construtivismo que, a aprendizagem é, portanto, um processo individual, onde o sujeito desenvolve seu conhecimento autônomo, a partir de suas representações internas, dessa forma, O ensino, a escola devem levar o aluno a “aprender a aprender”. Sua realidade e seu cotidiano são as referências. Conteúdos devem ser reduzidos aos que puderem ser realmente compreendidos pelo aluno. A educação é uma prática social da mesma forma que a família, o clube, mas é artificial por tentar impor ao aluno “conteúdos” que estão fora do seu mundo ignorando os conhecimentos que ele possui. Isso deve ser eliminado (ARCE, 2000, p. 50). Assim, a escola deve considerar o aluno como indivíduo que reflete ações de seu cotidiano, dessa forma, não tentar impor ou “depositar” conteúdos no educando, visto que a educação é uma prática social como qualquer outra, em que a própria criança consegue com seu esforço superar-se e desenvolver-se. Nesse seguimento, é importante nunca deixar de levar em consideração, o mundo em que ela vive e os conhecimentos que já possui, assim, adaptando a escola ao seu mundo pessoal. Dessa maneira, na sala de aula, o professor não é um simples transmissor do conhecimento, mas, tem o papel de orientador, mediador e facilitador do processo de aprendizagem, conduzindo a criança a determinadas situações para que elas sejam capazes de elaborar suas próprias soluções e assim, desenvolvam o próprio conhecimento, sendo a experiência de vida e os conhecimentos prévios de fundamental importância para este processo, dessa maneira, o aprendizado vai sendo construído aos poucos, sendo um processo contínuo, ou seja Piaget apresentou uma visão interacionista. Mostrou a criança e o homem num processo ativo de contínua interação, procurando entender quais os mecanismos mentais que o sujeito usa nas diferentes etapas da vida para poder entender o mundo (RAPPAPORT, 1981). Nesse sentido, “A concepção Interacionista de desenvolvimento apoia-se na ideia de interação entre organismo e meio e vê a aquisição de conhecimento como um processo construído pelo indivíduo durante toda a sua vida, não estando pronto ao nascer nem sendo adquirido passivamente graças às pressões do meio” (DAVIS, 1990, p. 36) desse modo, o sujeito interage com o ambiente respondendo a estímulos externos, organizando e analisando 20 seu conhecimento de maneira natural, sem precisar de imposições, mas, de estimulação e orientação. Nesse seguimento, o construtivismo defende que o conhecimento é basicamente construído pelo sujeito, isto é, o conhecimento é construído pela criança, e não recebido ou adquirido por parte do professor, essa afirmação é válida, visto que, a criança assimila o conhecimento através do meio, ou seja, ela propriamente dita, com base em seus conhecimentos prévios, e o ambiente em que convive, incorpora, interpreta, modifica e ajusta seus conhecimentos com base naquilo que ver/vive/ouve, dessa maneira criando seu próprio conhecimento “Uma verdade aprendida não é mais que uma meia verdade, enquanto a verdade inteira deve ser reconquistada, reconstruída ou redescoberta pelo próprio aluno” (PIAGET, 1950 p. 35), assim, podendo considerá-lo um sujeito ativo. Cada indivíduo com sua particularidade, ocupa o centro de sua aprendizagem, além disso, é importante desenvolver uma metodologia estabelecida, que esteja apta aos alunos, respeitando suas particularidades, e que tenha por objetivo a construção do conhecimento a partir dos conhecimentos preliminares do aluno, segundo Mario Carretero (1997), construtivismo É a idéia que sustenta que o indivíduo - tanto nos aspectos cognitivos quanto sociais do comportamento como nos afetivos - não é um mero produto do ambiente nem um simples resultado de suas disposições internas, mas, sim, uma construção própria que vai se produzindo, dia a dia, comoresultado da interação entre esses dois fatores. Em consequência, segundo a posição construtivista, o conhecimento não é uma cópia da realidade, mas, sim, uma construção do ser humano (CARRETERO, 1997). Deste modo, Carretero (1997) provoca a reflexão mostrando que as escolas que adotam a teoria construtivista devem criar um ambiente propício a vivências e experiências, assim, a criança tem o contato direto com o que está aprendendo, ou melhor, destacando seu papel ativo no processo de aprendizagem. Consequetemente, a criança terá a oportunidade de agir sobre os objetos de conhecimento, e o professor por sua vez, se torna um facilitador e desafiador no processo de construção do conhecimento da criança, onde ela é a protagonista deste processo: Não se aprende a experimentar simplesmente vendo o professor experimentar, ou dedicando-se a exercícios já previamente organizados: só se aprende a experimentar, tateando, por si mesmo, trabalhando ativamente, ou seja, em liberdade e dispondo de todo o tempo necessário (PIAGET, 1949, p. 39). 21 Assim, a aprendizagem não deve estar pautada na repetição de exercícios vistos, mas, na dedicação, na curiosidade em experimentar, por si mesmo, e no favorecimento desses momentos pelo professor, tornando-se um processo ativo do conhecer, o aluno, realizando descobertas por si só, visto que este, é um desenvolvimento individual. Desse modo, valorizando o desenvolvimento dos saberes adquiridos pelo aluno, onde o professor entra com papel de costruttivo, reflexivo e pesquisador, considerando a criança como um ser livre e capaz de construir seu próprio conhecimento, a partir de descobertas e curiosidade. Piaget defende que, a natureza do conhecimento é ativa uma vez que o sujeito é participante do seu processo de conhecer, pois “Conhecer não consiste, com efeito, em copiar o real, mas em agir sobre ele e transformá-lo” (Piaget, 1967/1973). Desse modo, a criança ver, compreende e transforma, consequetemente, ela inventa, ela cria, ela constrói, ela reconstrói o saber. O conhecimento não é recebido pronto por ela, o conhecimento é então por ela elaborado [...] os conhecimentos derivam da ação, não no sentido de meras respostas associativas, mas no sentido muito mais profundo da associação do real com as coordenações necessárias e gerais da ação. Conhecer um objeto é agir sobre ele e transformá-lo, apreendendo os mecanismos dessa transformação vinculados com as ações transformadoras. [...] (PIAGET, 1970, p. 30). Para Piaget, conhecer é observar, e então agir e transformar, e neste percuso de transformação do objeto, adquirir o conhecimento. A aprendizagem é então um processo transformador, isto é, se dá através do desequilíbrio na relação entre sujeito e objeto, ou seja, o indivíduo procura uma maneira de equilibração aquilo que gerou o desequilíbrio, ou melhor, aquilo que ele ainda não conhecia. Por exemplo, quando a criança tem o contato com qualquer acontecimento novo, ocorre um desequílbrio, podemos dizer, uma confusão no seu entendimento, surgindo diversos questionamentos e dúvidas, então, é a partir daí que ela procura uma maneira de equilibração aquela nova informação, ou seja, procura entender aquilo que para ela até então era desconhecido, Charnay (1996) cita Piaget e afirma que: Os conhecimentos não se empilham, não se acumulam, mas passam de estados de equilíbrio a estados de desequilíbrio, no transcurso dos quais os conhecimentos anteriores são questionados. Uma nova fase de equilíbrio corresponde então a uma fase de reorganização dos conhecimentos, em que os novos saberes são integrados ao saber antigo, às vezes modificado (CHARNAY, 1996, p. 43). Em outras palavras, os conhecimentos passam por estados de transformação, onde os conhecimentos anteriores são indagados afim de reorganizar o pensamento para entender novos 22 saberes. A partir disso, Piaget defende que, o desenvolvimento cognitivo, se dá a partir de dois processos: a assimilação e a acomodação, “toda atividade do sujeito envolve esses dois movimentos” (PIAGET, 2007). Somente poderá ocorrer a aprendizagem, quando a assimilação sofre a acamodação, Levando em conta, então, esta interação fundamental entre fatores internos e externos, toda conduta é uma assimilação do dado a esquemas anteriores (assimilação a esquemas hereditários em graus diversos de profundidade) e toda conduta é, ao mesmo tempo, acomodação destes esquemas a situação atual. Daí resulta que a teoria do desenvolvimento apela, necessariamente, para a noção de equilíbrio entre os fatores internos e externos ou, mais em geral, entre a assimilação e a acomodação (PIAGET, 2011, p. 89). Compreende-se então, que todo indivíduo busca progressivamente adaptar-se ao meio, sendo capaz de assimilar e acomodar o conhecimento adquirido, em busca de um equilíbrio, “A equilibração é necessária para conciliar os aportes da maturação, da experiência dos objetos e da experiência social” (PIAGET, 1976, p. 126), ou seja, o indíviduo desequilibra-se com um determinado novo conhecimento, a partir disso ele busca, por si só, a compreensão daquele acontecimento com base no que ele já sabe, criando então um equílibrio de ideias. Nessa linha de pensamento, para provocar o processo chamado de acomodação, é necessário propor atividade desafiadoras, que provoquem este desequílibrio, e consequetemente o equilíbrio, possibilitando ao aluno conhecer o novo, o que até então era desconhecido, proporcionando assim, através de experiências, o conhecimento. Dessa forma, a criança constrói seu conhecimento, exercendo um papel ativo, sob orientação do professor: Assim como a acomodação, atividade centrífuga dos esquemas progressivamente se diferencia, a assimilação coordena e unifica a atividade do sujeito. Dessa progressiva complementariedade, Piaget conclui que a experiência, longe de emancipar-se da atividade intelectual, só progride na medida em que é organizada e animada pela própria inteligência (BECKER, 2010, p.31). Desse modo, a aprendizagem é algo que se modifica ao longo do andamento. Explicando melhor os dois processos aqui destacados, o processo de assimilação está relacionado à quando a criança compreende e incorpora sem demora algo novo com base no conhecimento que já possui, por exemplo, quando algo lhe é familiar, isto é, a criança irá incorporar aquele novo conhecimento (materiais, ideias, conhecimento, informações, situações e etc). Já a acomodação modifica seus conhecimentos prévios para compreender as novas informações, dessa maneira, sendo assimilado determinado acontecimento novo, 23 A assimilação é considerada como a incorporação dos dados da realidade nos esquemas disponíveis no sujeito, ou seja, o individuo assimila tudo o que ouve, transformando isso em conhecimento próprio. No processo de acomodação o sujeito modifica os esquemas para internalizar os elementos novos. Do equilíbrio desses dois processos ocorre uma adaptação ao mundo cada vez mais adequada e uma consequente organização mental (GOULART, 1983). Contudo, esses, são dois processos que, segundo Piaget, nos permite conhecer o mundo, sendo um processo de criatividade contínua, havendo construção e reconstrução constante. Assim, “Piaget possui uma proposta construtivista de educação. Para ele, a evolução cognitiva ocorre por meio da equilibração, que se dá através da assimilação e acomodação” (FURTH, 1972). Ou seja, o construtivismo defende que na escola, sejam criadas situações em que estimule o aluno a pensar e solucionar problemas propostos, dessa forma, uma aprendizagem voltada ao aluno, facilitadora e que proporcione momentos de conhecimentos vindos do pensar da criança. A prática construtivista defende uma metodologia pautada na ideia de que crianças mesmo estando em uma mesma turma, nem sempre estão no mesmo nível deaprendizagem, ora, cada criança aprende no seu tempo, da sua forma, e com suas individualidades, cabendo ao professor, observar e respeitar os níveis de amadurecimento, desenvolvimento e conhecimento de cada aluno. Nesse seguimento, Piaget defende que é de suma importância destacar o trabalho em grupo, visto que, há uma grande troca de informações e conhecimento, pois, cada sujeito tem uma maneira de pensar e agir, assim, nos momentos de trabalho em grupo são discutidos diferentes pontos de vista, ideias são expostas, as crianças fazendo então, comparações, indagações, questionamentos, organizando e modificando o pensamento, sendo muito valorizado este trabalho, pois torna-se colaborativo em uma perspectiva construtivista. Dessa maneira, A classe ouve em comum, mas os alunos executam seus deveres cada um por si. Este processo, que contribui, mais que todas as situações familiares, para reforçar o egocentrismo espontâneo da criança, apresenta-se como contrário às exigências mais claras do desenvolvimento intelectual e moral. É contra este estado de coisas que reage o método de trabalho em grupo: a cooperação é promovida ao nível de fator essencial do progresso intelectual (PIAGET, 1994, p. 301). 24 Para que haja êxito na aprendizagem e desenvolvimento das crianças, o trabalho em equipe é muito importante para o processo, pois proporciona aos alunos, troca de ideias, negociar e respeitar pontos de vistas, conhecer hipóteses que até então não tinham conhecimento, como defende Miniccuci (1997): Mediante experiências em grupo, o indivíduo aprende que, ante algo objetivo, pode - se adotar diferentes pontos de vista, que tais pontos de vista são, no entanto, correlatos, e que as diversas observações extraídas não são contraditórias, mas complementares. A partir disso, pode-se afirmar que o indivíduo que intercambia em grupo suas idéias, com seus semelhantes, tende a organizar de maneira operatória seu próprio pensamento. O grupo favorece o desenvolvimento do chamado pensamento operatório (MINICUCCI, 1997). Minicucci (1997) sustenta a ideia que trabalhando em equipe a criança organiza suas ideias e conhecimentos prévios, assimilando aos novos conhecimentos que surgem a partir da interação com os colegas. Desse modo, consegue compreender que existe várias formas de ver uma determinada situação, tendo assim, a capacidade de explorar o mesmo problema por ângulos diferentes, até porque, nenhum sujeito tem a mesma concepção de mundo que outro. Nessa metodologia, pautada em atividade grupal, a criança compartilha ideias, conhecimento e informação, assimilando e adquirindo aquilo que discute com os demais, a atividade grupal se tornando proporcional ao nível cognitivo dos alunos. A partir das interações, a criança desenvolve seu conhecimento, novas ideias e pensamentos surgem, aguçando a criatividade, com base nas diferentes opiniões. Nesse sentido, o modelo construtivista defende essa estimulação da criatividade para a construção do conhecimento, visto que, proporciona a criança a inventividade e o senso crítico, ou seja, o conhecimento: Não pode ser concebido como algo predeterminado nem nas estruturas internas do sujeito, porquanto estas resultam de uma construção efetiva e contínua, nem nas características preexistentes do objeto, uma vez que elas só são conhecidas graças à mediação necessária dessas estruturas, e que essas, ao enquadrá-las, enriquecem-nas (PIAGET, 2007, p.1). Nesse contexto, para Piaget, a criança possui estruturas que lhe possibilitam, ao receber os estímulos, dá uma determinada resposta, ou seja, é necessário que os educadores reconheçam tais estímulos para que pratiquem em sala de aula, agindo de maneira colaborativa para com os sujeitos, como aborda o autor: “O sujeito é um organismo que possui estruturas e que, ao receber os estímulos do meio, dá uma resposta em função dessas estruturas” (PIAGET, 1964). 25 Assim, compreende-se que a aprendizagem está relacionada aos estímulos do meio, vivências e experiências estão unidas na construção e desenvolvimento da aquisição do conhecimento, sendo transformado e reconstruído, a partir da interação sujeito e objeto, provocando, assim, sua evolução: A mente da criança adianta-se à conquista das coisas, como se o avanço da experiência supusesse uma atividade inteligente que a organizasse em vez de resultar dela. Por outras palavras, o contato com os objetos é menos direto no princípio do que no fim da evolução que pretende. Mais que isso, nunca o é, apenas tende a tornar-se: foi o que constatamos ao mostrar que a experiência é apenas uma acomodação, por mais exata que ela se possa tornar (MUNARI, 2010, p. 42). Essa perspectiva metodológica parte da ideia de que a própria criança, seus comentários e questionamentos fornecem o entendimento do pensamento infantil. Isto é, para Piaget, a criança, e as perguntas não formuladas, é a fonte inicial de dados para o estudo de seu desenvolvimento intelectual, ou melhor, defende que, todo pensamento se origina da ação. Nesse seguimento, Piaget revolucionou a maneira de pensar com relação a criança, isto é, apresentou que o construtivismo propõe que o próprio aluno desenvolva seu aprendizado, dessa maneira, na educação infantil torna-se relevante atividades estimulantes e que sejam interessantas para provocar no aluno a busca e o desejo pelo aprender, e assim a criança explore o objeto do conhecimento. A pesquisa em grupo, brincadeiras, a exposição de jogos interativos e desafiadores, atividades de campo (para a explanação de um determinado conceito ou assunto trabalhado), tarefas diferenciadas, momentos de exposição de ideias, rodas de conversas, proporciona momentos de grande aprendizado, visto que, o aluno por si só interpreta, incorpora e assimila aquilo que observa, assim, ajustando e modificando seus conhecimentos com base nas novas situações do meio, construindo, transformando e enriquecendo os conhecimentos que já possui. 2.3 OS ESTÁGIOS DE DESENVOLVIMENTO SEGUNDO PIAGET Piaget considera quatro períodos no processo evolutivo da criança, que vão desde o nascimento até o início da adolescência, ou seja, o teórico defende que a construção do conhecimento se dá a partir de estágios sequenciais de desenvolvimento, ainda que, em cada estágio a criança desenvolve um novo modo de operar, cada um desses, sendo caracterizado pela explicação das principais reações particulares da criança. Dessa forma, divide-os em quatro períodos com base em uma faixa etária, porém, afirma que não necessariamente tenha que 26 ocorrer com todos os indivíduos na mesma idade, devido que, a faixa etária estabelecida é apenas uma base, sendo variável de um sujeito para outro, como explica: “A ordem de sucessão é constante, embora as idades médias que as caracterizam possam variar de um indivíduo para outro, conforme o grau de inteligência, ou de um meio social a outro” (PIAGET, INHELDER, 1978, p. 131). Logo, observa-se que o processo de desenvolvimento da aprendizagem pode variar de uma criança para outra, levando em consideração o meio e as experiências que são subjetivas. Desse modo, Piaget criou os estágios de desenvolvimento, divididos em quatro períodos principais, sendo eles: inteligência sensório-motora (até os dois anos de idade), inteligência simbólica ou pré-operatória (de dois a sete anos de idade), inteligência operatória concreta (sete- oito anos a onze-doze anos) e por fim, inteligência operatória formal (a partir dos doze anos). O primeiro estágio, sensório-motor se caracteriza mediante a atividade sensório-motora, isto é, Período sensório-motor: ocorre da nascença aos dois anos de idade. Caracteriza-se pelos reflexos existentes no mundo externo. A título de explicação tem-se o fenômeno do amamentar. É importante deixar a salvo que nesse período a criançanão se furta da sua realidade por completo, ao contrário, está em um momento onde seu processo de inteligência é eminentemente relacionado à prática, o que Piaget conceituou de indiferenciação. Portanto, é quando surge a acomodação, porque a particularidade da criança é de toda sensorial e motora, sendo forçoso estimulá-la com atrativos (SILVA, 2010, p. 4-5). Nesse período, a criança aprende a coordenar informações, ela irá progredir a partir da tentativa e do erro, refletindo e resolvendo os problemas, coordena as sensações com comportamentos motores simples, a criança tem sensações e descobre o mundo através do deslocamento do seu corpo. Nessa fase, ela ainda não consegue compreender a capacidade de permanência, isto é, acreditam que tudo aquilo que não está vendo no momento, não existe mais. No estágio intuitivo ou simbólico, Período intuitivo ou simbólico: ocorre dos dois aos sete anos de idade. É quando a criança percebe a sua realidade externa e, a partir dos subsídios que por ela são fornecidos, constrói uma realidade simbólica. Entretanto, esta simbolização é circunscrita, porque a criança ainda está demasiado submetida à ação do outro. As crianças nesse período não conseguem fazer diferenciações matemáticas (SILVA, 2010, p. 4-5). 27 Esse período é caracterizado pelo surgimento da linguagem, a criança consegue distinguir sua identidade, e a compreensão de causa e efeito, ou seja, compreende que determinada atitude gera uma consequencia, isto é, que cada ação, tem uma reação. Nesta fase, também é desenvolvido o egocentrismo, a incapacidade de se colocar no lugar do outro, a criança pensa e se preocupa apenas com ela mesma e com sua satisfação, “Poder-se-ia dizer que o adulto pensa socialmente, mesmo quando se encontra só, ao passo que as crianças com menos de sete anos pensam e falam egocentricamente, mesmo em sociedade com os outros” (PIAGET, 1964, p. 56). No terceiro estágio, operatório concreto, as crianças têm uma melhor compreensão de conservação, como destaca o autor: Período das operações concretas: ocorre dos sete aos onze anos de idade. É quando a criança dá início ao desenvolvimento das suas estruturas mentais, sendo-lhe possibilitada a elaboração de abstrações. Há duas peculiaridades principais nesse período: a primeira refere-se às operações matemáticas, pois não são construídas de maneira generalizada; a segunda refere-se à superação do egocentrismo, sendo possível colocar-se no lugar do outro (SILVA, 2010, p. 4-5). Nesse estágio, as crianças são capazes de distinguir a realidade da fantasia, porém, ainda não são capazes de pensar além, de por exemplo, sobre o que poderia ser, em vez do que é. O pensamento se torna menos egocêntrico. Nessa fase, ela já é capaz de construir o conhecimento relacionando ao mundo que a rodeia. O real e o imaginário não se misturam mais, ou seja, o pensamento baseia-se cada vez mais no raciocínio. No último estágio, operatório formal, as crianças e pré-adolescentes não estão mais limitados no aqui ou agora, podendo imaginar possibilidades, formar teorias, testar hipóteses e afirmações contrárias aos fatos, esse estágio caracteriza-se por: Período das operações formais: ocorre a partir dos doze anos de idade, aproximadamente. É, porventura, o período de culminação da criança, porque é a inserção integral dela no mundo. Assim, o seu pensamento lógico é desenvolvido, passando a agir de maneira autônoma e a cogitar acerca de temas essenciais como, por exemplo, os relacionados à família (SILVA, 2010, p. 4-5). Assim, as estruturas cognitivas chegam em seu nível mais elevado de desenvolvimento, e já se tornam aptas ao raciocínio lógico, desenvolvendo então, o pensamento hipotético dedutivo, que nada mais é do que, o indivíduo passa a criar hipóteses para tentar explicar e solucionar problemas. 28 Segundo o Piaget, não é possível pular os estágios ou retroceder, todas as pessoas passam pelos mesmos estágios nas mesmas sequencias. O que faz com que a criança avance de um estágio para o seguinte é o desenvolvimento neurológico, isto é, o amadurecimento do sistema nervoso, quando amadurece suficientemente para suportar novas formas de raciocínio o sujeito avança para o estágio seguinte. Com base nos estágios de desenvolvimento que o autor traz, é possível adotá-los e realizar observações em sala de aula, estando atento a qual estágio cada criança está inserida no presente, para tornar-se possível adaptar os conteúdos e utilizar práticas que favoreçam a criança de acordo com o estágio em que ela está inserida naquele momento, sendo possível então, contribuir para o desenvolvimento da mesma, identificando e respeitando a individualidade de cada uma. Tendo em vista que quando o professor considera esses fatores, se preocupando com a particularidade de cada aluno, há um avanço significativo no processo de desenvolvimento da turma, proporcionando a aprendizagem, desenvolvimento e aquisição de novos conhecimentos e descobertas, como explica: É preciso ficar bem claro que é possível, válida e recomendável uma utilização dos conhecimentos trazidos à luz por Piaget a respeito das estruturas mentais que se acham presentes em cada faixa etária e do modo de funcionamento característico dessas estruturas em cada fase do desenvolvimento (RAPPAPORT, 1981). Portanto, cada fase de desenvolvimento tem suas especificidades, e é caracterizada por aquilo que, de melhor a criança consegue fazer naquele período. Porém, o início e o término varia de um indivíduo para outro, dependendo de características biológicas, fatores educacionais, sociais, entre outros, ou seja, as faixas etárias mencionadas, é apenas uma referência e não uma norma rígida. Nesse seguimento, na educação infantil lidamos apenas com dois estágios, o sensório motor e o intuitivo simbólico, desse modo, torna-se relevante a análise e reflexão acerca desses estágios com objetivo de pensar o currículo, o planejamento das aulas e as atividades que serão desenvolvidas para estarem de acordo com a faixa etária e também com o estágio em que as crianças se encontram. 2.4 APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO Com base nas questões de aprendizagem, desenvolvimento e conhecimento de cada criança, Piaget (1964) destaca: 29 Primeiro, eu gostaria de esclarecer a diferença entre dois problemas: o problema do desenvolvimento e o da aprendizagem. (...) desenvolvimento é um processo que diz respeito à totalidade das estruturas de conhecimento. Aprendizagem apresenta o caso oposto. Em geral, a aprendizagem é provocada por situações – provocada por psicólogos experimentais; ou por professores em relação a um tópico específico; ou por uma situação externa. Em geral, é provocada e não espontânea. Além disso, é um processo limitado – limitado a um problema único ou a uma estrutura única. Assim, eu penso que desenvolvimento explica aprendizagem, e essa opinião é contrária à opinião amplamente difundida de que o desenvolvimento é uma soma de experiências discretas de aprendizagem (PIAGET, 1964, p. 176). Nessa perspectiva, há uma diferença entre os conflitos de desenvolvimento e aprendizagem, para Piaget, a aprendizagem é provocada por situações externas, como pelo o meio, ou seja, é um processo propiciado por algo, ou alguém, sendo o desenvolvimento um acontecimento espontâneo, a explicação que vem da aprendizagem, isto é, o desenvolvimento dá suporte para cada nova vivência de aprendizagem. Entretanto, nem tudo que é adquirido através da experiência pode ser considerado aprendizagem, conforme afirma: Encontramos assim (...) a distinção necessária entre a aprendizagem no sentido amplo e a aprendizagem no sentido restrito. O que é aprendido nada mais é do que o conjunto das diferenciações devidas à acomodação, fonte de novos esquemas em função da diversidade crescentedos conteúdos. Em compensação, o que não é aprendido é o funcionamento assimilador com suas exigências de equilibração entre a assimilação e a acomodação, fonte de coerência gradual dos esquemas e sua organização em formas de equilibração nas quais já discernimos o esboço das classes com suas inclusões, suas intersecções e seus agrupamentos como sistemas de conjunto. Mas devido a essas intersecções entre assimilação e a acomodação, a aprendizagem e a equilibração constituem esse processo funcional de conjunto que podemos chamar de aprendizagem e que tende a se confundir com o desenvolvimento (PIAGET, 1974, p. 85-86). A partir dessa afirmação, podemos compreender que o conceito de aprendizagem é muito abrangente, ou seja, não se limita apenas a experiência, mas a um processo de equilibração, isto é, o desenvolvimento da estrutura cognitiva, crescimento biológico e intelectual da criança, através de estímulos, interações e orientações oferecidos por algo ou alguém. O autor determina a noção de aprendizagem a assimilação de um conhecimento novo decorrente do meio, ou seja, para Piaget a criança responde aos estímulos do ambiente, desse modo, Piaget, assim como Wallon e Vygotsky, nos introduz a linha sócio- interacionista, que se apoia na ideia de que existe uma interação constante entre o sujeito e o meio e que esta interação é essencial para o desenvolvimento do indivíduo. Se considerarmos a escola como um dos meios 30 com o qual a criança tem mais contato, esta se constitui como peça fundamental no desenvolvimento infantil (COUTINHO, 1992, p. 135). Logo, com base no processo de aprendizagem baseado na abordagem construtivista, é possível compreender que a escola é um ambiente onde possui grande influência ao desenvolvimento infantil, dessa forma, baseando-se nos estágios de desenvolvimento, e na teoria de aprendizagem de Jean Piaget, o construtivismo, é possível então, trabalhar os estímulos, levando em consideração o estágio de desenvolvimento que a criança está “Com seus trabalhos sobre os estágios do desenvolvimento da inteligência já havia incitado os mestres a adaptar melhor suas intervenções pedagógicas ao nível operatório alcançado pelo aluno” (MUNARI, 2010, p. 23), dessa forma, os procedimentos, métodos, materiais pedagógicos e estratégias que serão trabalhados em sala de aula, podem favorecer a aprendizagem das crianças. Entretanto, é necessário considerar que, há alunos mais rápidos que outros no processo de aquisição da aprendizagem, o mais rápido não quer dizer que seja superior ao mais lento, pois, a criança e seu desenvolvimento é resultado de suas exepriências. Dessa maneira, para compreender o desenvolvimento de cada uma, é importante considerar o contrexto em que vivem, o espaço, práticas culturais e afins, “na verdade, o homem se produz ao produzir a realidade na qual vive, ao se relacionar com o meio e com os outros homens” (WACHOWICZ, 1995, p. 62). É necessário considerar os diferentes tipos de estudantes, alguns mais extrovertidos, outros mais elétricos, alguns mais concentrados, enfim, dessa forma, na tentativa de favorecer a todos os alunos, torna-se importante as atividades em grupo, a exploração dos diferentes espaços da escola e a utilização de materiais pedagógicos que explore os sentidos. Para o desenvolvimento da aprendizagem é essencial proporcionar ás crianças momentos de reflexão, pensamento crítico e momentos propícios á diversidade de ideias, tendo como objetivo aguçar a curiosidade dos alunos, utilizando como ponto de partida algo que já é conhecido pelo estudante e um ponto de chegada desconhecido proporcionando, dessa maneira, novas descobertas e conhecimentos. Portanto, o professor desempenhando seu papel de mediador da aprendizagem, criando oportunidades para que a crinaça possa manifestar seus pensamentos, linguagem, criatividade, reações, imaginação, ideias e relações sociais, buscando sempre, ao longo do percuso escolar, práticas facilitadoras e contribuintes para o processo de aprendizagem da criança, para que assim consiga atingir o seu pleno desenvolvimento cognitivo, criando situações em que estimulem o compreender, o inventar, e o buscar do aluno ao conhecimento. 31 3 O PROFESSOR COMO MEDIADOR DOS SABERES O papel do professor destina-se á atuação como de um contribuinte essencial do processo de evolução da aprendizagem das crianças, que poderá, com base em sua prática e metodologia adotada em sala de aula, interferir de maneira direta no desenvolvimento do educando. Desse modo, o papel do professor tem como forte característica a colaboração no 32 processo de educar, centralizada no compromisso de formar seres participativos e ativos em sociedade. De forma que, o docente possa inserir a criança em um ambiente rico em estímulos, orientações, discussões e caminhos que levem a uma aprendizagem significativa corroborando com a evolução dos mesmos, além disso, onde cada sujeito tenha a oportunidade de presenciar vivências significativas, considerando sempre a subjetividade de cada um. Nesse seguimento, nos dias atuais, o professor que busca proporcionar evoluções na aprendizagem do aluno, precisa progressivamente reformular seu modo de ensinar, a fim de estabelecer uma relação prazerosa entre o aluno e a escola. Dessa maneira, vale a pena refletir esse papel, O que é ser professor hoje? Ser professor hoje é viver intensamente o seu tempo com consciência e sensibilidade. Não se pode imaginar um futuro para a humanidade sem educadores. Os educadores, numa visão emancipadora, não só transformam a informação em conhecimento e em consciência crítica, mas também formam pessoas. Diante dos falsos pregadores da palavra, dos marqueteiros, eles são verdadeiros amantes da sabedoria, os filósofos de que os falava Sócrates. Eles fazem fluir o saber - não o dado, a informação, o puro conhecimento - porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a 202 humanidade e buscam, juntos, um mundo mais justo, mais produtivo e mais saudável para todos. Por isso eles são imprescindíveis (GADOTTI, 2003, p. 3). Gadotti (2003) nos apresenta a figura do educador, como sendo profissional fundamental, sendo responsável pela educação, não apenas estando relacionado á aplicação de notas, e ao ensino, mas, como um ser responsável por levar o aluno ao desenvolvimento, não só cognitivo, mas, também físico e social, ou seja, como defende a teoria construtivista, o professor deve preparar o aluno, instigar e incentivar para torná-lo um sujeito ativo em seu processo de conhecer o mundo e a sociedade em que convive, contribuindo em sua formação enquanto ser social, Em termos da prática pedagógica, a perspectiva construtivista de Piaget desloca a ênfase do professor para a criança, atribuindo a ela um papel preponderantemente ativo, vendo-a como responsável por seu próprio processo de aquisição de conhecimento. Com isso, as atividades espontâneas da criança, a criatividade, a autonomia na resolução de situações-problema e os erros infantis ganham relevo dentro do processo educativo (SOUZA, 1991, p. 71). De acordo com a propositura de Souza (1991), a expressão professor mediador da aprendizagem, determina o professor como um facilitador e orientador da aprendizagem, onde 33 media o processo de conhecer do aluno, que vai além do ensinar, mas, propõe desafios para que o próprio aluno consiga desenvolver-se com base no seu potencial, sendo ele o responsável pelo seu processo de aquisição ao conhecimento. A prática do professor mediador, vai além de um ensino onde o professor dá respostas claras ao aluno, sem o aluno exercer qualquer esforço, tornando-se passivo em seu desenvolvimento, entretanto, o professor mediador visa práticas desafiadorase instigantes afim de despertar o desejo de aprender e a curiosidade do aluno, assim, o professor se tornando um contribuinte desse processo, como exemplifica Piaget “Cada vez que se ensina prematuramente a uma criança alguma coisa que ela poderia descobrir sozinha, se lhe impede de inventá-la e consequentemente, de entendê-la completamente” (PIAGET, 1970, p. 28), ou seja, o professor deve agir como mediador, pois, dessa maneira facilita a aprendizagem, onde busca incentivar do aluno a aprender a aprender, para que dessa forma, consiga alcançar um lugar colaborativo no desenvolvimento do educando, onde não impeça o aluno de inventar e investigar, nesse seguimento, Piaget objetiva por “[...] levar a criança a reinventar aquilo de que é capaz, ao invés de se limitar a ouvir e repetir [...]” (PIAGET, 1998, p. 17). Logo, compreende-se então, que o professor deve provocar no aluno o prazer e a satisfação, fazendo-o sentir parte do seu processo de aprendizagem, despertando nele a busca pelo aprender. Dessa maneira, compreendemos a relevância e o papel do professor do processo de aprendizagem do aluno, nesse sentido pode-se observar que, recebeu destaque no artigo 13 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) citado nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) tratando-se sobre as funções do professor (Educação Infantil, p. 42): I. Participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; II. Elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; III. Zelar pela aprendizagem dos alunos; IV. Estabelecer estratégias de recuperação dos alunos de menor rendimento; V. Ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de participar integralmente dos períodos dedicados ao planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento profissional; VI. Colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e a comunidade (BRASIL, 1996, p. 42). 34 Compreende-se então, segundo a LDB, que o papel do professor vai além de transmissor do conhecimento, pois, deve participar regularmente dos momentos de formação pedagógica da escola, estabelecer metas e planos para possibilitar o desenvolvimento do aluno, buscando meios facilitadores para esse processo, como também, fazer uma relação relevante entre família e escola, para unidos contribuir no desenvolvimento e na construção cidadã do aluno, sendo uma junção de família, aluno e comunidade escolar em busca de um mesmo objetivo: formar alunos capazes de progredir cada vez mais. Partindo desse pressuposto, há uma crítica relacionada á escola tradicional, que teve início por volta do século XIX, sendo um sistema de ensino onde o professor era o centro e base da escola, e não o aluno, assim, o via como um ser passivo em processo de desenvolvimento, isto é “atribui-se ao sujeito um papel irrelevante na elaboração e aquisição do conhecimento. Ao indivíduo que está ‘adquirindo’ conhecimento compete memorizar definições, enunciados de leis, sínteses e resumos que lhe são oferecidos no processo de educação formal a partir de um esquema atomístico” (MIZUKAMI, 1986 p.11). Nessa perspectiva, o professor era visto como transmissor de todo conhecimento, ou seja, tinha a missão de transmitir o conhecimento e “depositá-lo” no aluno, Como as iniciativas cabiam ao professor, o essencial era contar com um professor razoavelmente bem preparado. Assim, as escolas eram organizadas em forma de classes, cada uma contando com um professor que expunha as lições que os alunos seguiam atentamente e aplicava os exercícios que os alunos deveriam realizar disciplinadamente (SAVIANI, 1991, p.18). Nessa propositura, o professor nem precisava ser capacitado para exercer o papel, ele tinha apenas o dever de aplicar lições e exercícios repetitivos, onde o aluno tinha a obrigação de resolver e absorver toda e qualquer informação que o professor repassava, sem nenhuma reflexão ou indagação, sendo totalmente submisso. Dessa maneira, a relação professor aluno era baseada na obediência e medo, onde a memorização era valorizada. Todavia, “Não se deve aprender pela memória, mais sim sobre o que realmente foi compreendido pela inteligência. E não se deve exigir da memória mais do que estejamos certos do que a criança sabe” (COMENIO, 1628 apud MENDEZ, 2002, p. 5). Desse modo, é importante valorizar o que realmente o aluno aprendeu, pois a memorização não nos dá nenhuma garantia de que ele conseguiu aprender: 35 (...) não se pode falar de aprendizagem ou de aquisição se não há conservação do que é aprendido, e, reciprocamente, não se utiliza o termo ‘memória’ a não ser no caso da conservação de informações de fonte exterior (...) A memória de um esquema não é assim outra coisa senão esse esquema como tal. Pode- se, portanto, a respeito dele evitar falar de ‘memória’, exceto para fazer do esquema um instrumento da memória” (PIAGET, 1937, p. 214-215). Piaget defende que o termo memória só deve ser utilizado quando refere-se aos conhecimentos prévios que o aluno carrega com si, ou seja, no caso de conservações de informações prévias. Entretanto, no processo de ensino é necessário o incetivo para o que realmente o aluno conseguiu aprender por meio da inteligência e do esforço. Para conseguir facilitar esse trabalho o docente deve respeitar o nível de inteligência e o estágio de desenvolvimento que a criança se encontra, e para facilitar esse processo, de antemão, é importante que o professor tenha compreensão sobre como ocorre a assimilação da criança ao conhecimento, ou seja, como a criança aprende, como já falado anteriormente, para dessa forma, viabilizar métodos e propostas facilitadoras da aprendizagem. A crítica à escola tradicional foi sistematizada pela teoria de aprendizagem de Piaget, o construtivismo, que defende que a criança tem ação direta, isto é, tem sua forma própria de desenvolver o conhecimento, de forma que, o professor entra com um papel de orientador e facilitador, tendo função de proporcionar situações favoráveis de aprendizagem, “[...] o que se deseja é que o professor deixe de ser apenas um conferencista e que estimule a pesquisa e o esforço, ao invés de se contentar com a transmissão de soluções já prontas” (PIAGET, 1977, p. 18) ou seja, a construção do conhecimento parte direta do aluno, assim, tornando-se cada vez mais autônomo. Logo, para que o processo de aprendizagem ocorra de maneira significativa, é importante destacar que o mediador deste processo, não está ali somente para ensinar, mas, também para aprender com seus alunos e trocar conhecimentos e ideias, como Paulo Freire considera: O professor aprende ao ensinar e que o educando ensina ao aprender, e isso faz da educação um ato muito maior e mais significativo do que a simples transmissão de conhecimentos que parte de um ser formador para um agente receptivo passivo. Quando vivemos a autenticidade exigida pela prática de ensinar-aprender participamos de uma experiência total, diretiva, política, ideológica, gnosiológica, estética e ética, em que a boniteza deve achar-se de mãos dadas com a decência e com a seriedade (FREIRE, 1996, p. 24). 36 Essa prática parte de uma educação baseada na igualdade entre professor e aluno, onde o professor é capaz de assumir que pode sim aprender com seu aluno, visto que, todos tem algo para aprender de novo com o outro, anulando a ideia de superioridade por parte do professor, assim, tornando a aprendizagem de ambos uma experiência prazerosa e relevante. Nesse seguimento, no livro Pedagogia da Autonomia, Paulo Freire (1996, p.148) destaca que ensinar exige do professor alguns saberes necessários como: Rigorosidade metódica, pesquisa, respeito aos saberes dos educandos, criticidade, corporeificação da palavra pelo exemplo, reflexão crítica sobre a prática, reconhecimentoe assunção da identidade cultural estética e ética; risco, aceitação do novo e rejeição a qualquer forma de discriminação; consciência do inacabamento; o reconhecimento de ser condicionado; respeito à autonomia do ser do educando; bom senso, humildade, tolerância e luta em defesa dos direitos dos educadores; apreensão da realidade; alegria e esperança; A convicção de que a mudança é possível; curiosidade; segurança, competência profissional e generosidade; compreender que a educação é uma forma de intervenção no mundo; liberdade e autoridade; tomada consciente de decisões; reconhecer que a educação é ideológica; disponibilidade para o diálogo; querer bem aos educandos; (FREIRE, 1996). Dessa forma, é importante que todo docente tenha conhecimento destes saberes, para que consiga exercer sua prática de maneira significativa. Entende-se então, que o trabalho do professor é de suma importância, pois ele é o facilitador da aquisição do aluno ao saber, favorecendo a construção dos conhecimentos, para que esta, seja elaborada com qualidade. Nesse contexto, o professor deve questionar sua prática e basear-se em uma metodologia pautada em ensinar valores e hábitos que contribuam na formação cidadã, de modo que, a experiência em educar e aprender, torne-se muito mais rica e prazerosa, unindo no dia- a-dia escolar, a intenção em educar, mas também, enxergar o aluno, e fazê-lo enxergar como sujeito atuante do seu processo de aprendizagem. Numa perspectiva de professor construtivista Macedo (1994) considera quatro pontos fundamentais: Primeiro: É importante para o professor tomar consciência do que faz ou pensa a respeito de sua prática pedagógica. Segundo, ter uma visão crítica das atividades e procedimentos na sala de aula e dos valores culturais de sua função docente. Terceiro, adotar uma postura de pesquisador e não apenas de transmissor. Quarto, ter um melhor conhecimento dos conteúdos escolares e das características de aprendizagem de seus alunos (MACEDO, 1994 p. 59). 37 Nesse seguimento, é necessário que o professor faça uma auto reflexão acerca de sua prática, analisando seu trabalho no dia-a-dia escolar, mantendo sempre um comportameto pesquisador e estimulador, sendo confiante diante de sua atuação e passando confiança aos alunos. Desse modo, faz-se necessário, no exercício da docência, certificar-se de que está conseguindo realizar um trabalho considerável, onde visa, também, o agir de forma responsável, como um modelo a ser seguido, pois, As crianças precisam de modelos com os quais possam se identificar. [...] Para ajudar a pensarem por si mesmas, a caminharem em direção a tornarem-se independentes, desembaraçadas, auto-suficientes, devemos perguntar a nós mesmos: [...] – Estou sendo para as crianças um modelo de pessoa que questiona constantemente, que sempre está buscando respostas mais apropriadas, que está mais interessada no diálogo e na descoberta do que na memorização dos fatos? [...] (LIPMAN; SHARP; OSCANYAN, com DANIEL, 2000, p.740). Nesse sentido, é importante refletir acerca da prática exercida em sala de aula, para contribuir da melhor maneira no conhecimento e descobrimento do mundo pela criança, não somente em conteúdos escolares, mas, agindo de forma a ser exemplo de ser humano, para formar crianças de bem e que reconhecem os bons valores. Dessa forma, o professor estará agindo não como um vetor, mas, um favorecedor da aprendizagem, trabalhando com intenção formativa, de modo que, “saber que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção” (FREIRE, 1996, p. 52). Dessa forma, para que os alunos obtenham êxito em seu desenvolvimento, é necessário que o docente realize frequentemente reflexões acerca do seu exercício da docência, visto que, analisar como está ocorrendo o andamento dos alunos de acordo com as metodologias que estão sendo utilizadas, irá facilitar tanto com o professor, quanto os alunos: Quando um professor ou professora não reflete sobre a qualidade da sua prática, e não tenta verificar indicadores, no comportamento das crianças, dos objetivos previamente definidos, tende a ficar numa rotina inconsequente. Um exemplo disso é quando ele ou ela requer, muito frequentemente, que as crianças passem grande parte do tempo, em sala, realizando tarefas que requerem o uso do lápis e papel. Não é que esta atividade deva ser excluída da educação infantil. Mas seu uso freqüente, pode, entre outros, transmitir a criança a ideia inadequada de que a sua aprendizagem depende sempre de alguma iniciativa ou dos recursos fornecidos pelo professor ou professora. (...) (SOUSA, 1998, p.10). 38 Assim, é necessário realizar regularmente auto-avaliações, pensando sempre na melhor maneira de provocar na criança o desejo e o prazer em aprender, buscando inovar nas atividades, introduzindo dinâmicas em grupo, aulas didáticas, inserindo em sala de aula aquilo que satisfaça a criança, mas também, gere conhecimento e instigue-a a aprender. Portanto, baseando-se numa visão construtivista de educação, onde o conhecimento se dá através de uma construção própria, o aluno então, sendo resultado da interação entre os aspectos cognitivos, sociais e afetivos. 3.1 A INFLUÊNCIA DA AFETIVIDADE NA APRENDIZAGEM A afetividade segundo Piaget, exerce grande influência no comportmento e aprendizado juntamente com o desenvolvimento cognitivo. Desse modo, o teórico defende que a afetividade atua de forma direta no desenvolvimento do sujeito, “Mas o caráter próprio da cooperação é justamente levar a criança à prática da reciprocidade, portanto, da universalidade moral e da generosidade em suas relações com os companheiros” (PIAGET, 1932/1994, p. 64). Certamente, torna-se importante ressaltar a relevância da afetividade na aprendizagem, onde é uma contribuinte no processo de desenvolvimento da criança. Nesse seguimento, em praticamente todas as circunstâncias da vida fazem-se necessárias as relações interpessoais, isto é, desde o nascimento torna-se indispensável o convívio social, saber conviver é um desafio constante, pois cada ser humano possui experiências, estilo de vida, cultura, vivências e ideologias distintas, por essa razão, por ventura, surgindo conflitos entre as pessoas, entretanto, “o saber conviver é fundamental em uma sociedade como a nossa. Saber conviver é querer incluir-se na relação com os outros” (MACEDO, 2005, p. 125), assim, buscar sempre respeitar, aceitar e procurar entender o outro. Na sala de aula não seria diferente, ainda que, nos deparamos com diversas personalidades e crianças distintas, dessa forma, a relação afetiva entre professor e aluno é uma maneira de interação que fortalece o processo educativo, valendo salientar que, é na cooperação que os sujeitos elaboram o conhecimento. Mediante a afirmação baseada no ensino construtivista de que o professor deve agir como um mediador e facilitador do conhecimento, surge então a questão da afetividade neste cenário. Assim, faz-se necessário que professor estimule, compreenda e discuta sobre o 39 desenvolvimento dos alunos, de maneira mais próxima, levando em consideração a vida e a realidade de cada um: [...] bons professores têm uma boa cultura acadêmica e transmitem com segurança e eloquência as informações em sala de aula. Os professores fascinantes ultrapassam essa meta. Eles procuram conhecer o funcionamento da mente dos alunos para educar melhor. Para eles, cada aluno não é mais um número na sala de aula, mas um ser humano complexo com necessidades peculiares [...] (CURY, 2003, p.57). Dessa forma, para aprimorar-se cada vez mais na função de professor, é necessário buscar sempre entender o educando, considerando-o como um ser humano que possui suas especificidades, assim, faz-se necessário adotar uma postura compreensiva,onde consiga solucionar os conflitos que venham a surgir no ambiente escolar, pois esta é uma condição que interfere muito no aluno e em seu desenvolvimento escolar, por isso, é preciso que o docente tenha compreensão e entendimento do estilo de vida, da família, e das diversas razões que intervém o aprendiz em sala de aula, preocupando-se não apenas com conteúdos a serem aprendidos, mas, vendo a criança como mais que um simples aluno, vendo-o como ser que tem sentimentos e emoções, como reforça “os educadores, apesar das suas dificuldades, são insubstituíveis, porque a gentileza, a solidariedade, a tolerância, a inclusão, os sentimentos altruístas, enfim todas as áreas da sensibilidade não podem ser ensinadas por máquinas, e sim por seres humanos” (CURY, 2003, p. 65), entende-se então, que apesar das dificuldades, o professor, como ser humano, carregue consigo acima de tudo, a intenção em formar cidadãos com princípios, baseando-se em valores, respeito e igualdade, mediando o conhecimento levando sempre em consideração questões de afetividade. Desse modo, compreende-se que o professor tem uma tarefa importante em formar sujeitos e desenvolver a capacidade crítico reflexiva, levando em consideração que questões afetivas e socias estão unidas no decorrer deste percurso, ou seja, é essencial que teoria e prática estejam relacionadas as situações vividas pelos alunos, desse modo, Professores construtivistas respeitam as crianças ao defender os direitos das mesmas através de seus sentimentos, ideias e opiniões. Eles usam de sua autoridade seletivamente e abstêm-se de usar seu poder desnecessariamente. Desta forma, eles dão às crianças a oportunidade de desenvolver suas personalidades tendo autoconfiança, respeito por si e pelos outros, questionando e criando ideias (ASSIS, 2003, p. 220). 40 A afetividade em sala de aula, é um dos pontos favoráveis na relação professor-aluno baseando-se na teoria construtivista, esse fator que enriquece o processo de ensino aprendizagem, pois dará ao aluno confiança e liberdade para desenvolver sua personalidade, respeito com si, e com os outros, dessa forma, “o afeto estimula a velocidade com que se constrói o conhecimento, pois, quando as pessoas se sentem seguras, aprendem com mais facilidade” (DAVIS, 1994), desse modo, a afetividade torna-se uma colaboradora singificativa, possibilitando sensação de bem estar e confiança. Vale salientar que, no cotidiano escolar torna-se essencial valorizar o que o aluno aprende de novo, mostrando que ele é capaz, “O aprender se torna mais interessante quando o aluno se sente competente, pelas atitudes e métodos de motivação adotados pelo docente na sala de aula” (SILVA; NAVARRO, 2012), ou seja, é válido defender que com afeto, incentivo e motivação, a evolução do educando ocorre de maneira muito mais relevante. Nesse sentido, faz-se necessário que o professor valorize o aluno e faça com que ele se sinta capaz de progredir cada vez mais. Contudo, para o avanço do aluno, é importante que o docente esteja sempre buscando métodos e propostas que provoquem o prazer em aprender, proporcionando maneiras de trabalho que estimulem a satisfação do aluno na sala de aula, tornando a aquisição do conhecimento atrativa e relevante ao olhar no aluno, A busca do prazer e do gostar do que está fazendo integra prioritariamente o universo discente e o universo da criatividade. Assim, a criação e recriação do conhecimento na escola não estão apenas em falar sobre coisas prazerosas, mas, principalmente, em falar prazerosamente sobre as coisas; ou seja, quando o educador exala gosto pelo que está ensinando, ele interessa nisso também o aluno. Não necessariamente o aluno vai apaixonar-se por aquilo, mas aprender o gosto é parte fundamental para passar a gostar (CORTELLA, 1999, p. 101). Para Cortella (1999) existe uma linha tênue, entre o ser docente e a criatividade, assim o reinventar-se a cada dia é necessário para formulação de um ensino prazeroso. Quando se dedica ao que se faz, se faz com excelência, logo, os discentes encaram aquilo que o professor está fazendo como algo bom e tendem a ter o mais apreço pela tarefa executada. Proporcionar um ambiente de estudos prazeroso, rico em possibilidades de aprendizagens, favorece a construção do conhecimento. Além disso, a troca de ideias entre professor e aluno, traz ao ambiente uma relação saudável e positiva: 41 A aprendizagem ocorre por meio das interações sociais e estas são originadas por meio dos vínculos que estabelecemos com os outros, pode-se dizer que toda aprendizagem ocorre por meio das interações sociais e estas são originadas por meio dos vínculos que estabelecemos com os outros, pode-se dizer que toda aprendizagem está impregnada de afetividade (GOLDANE, 2010, p. 13). A aprendizagem ocorre então de maneira signficativa quando baseada em vínculos afetivos, além disso, as interações irão gerar comunicação e contato direto entre professor e aluno, dessa forma, ocorrendo através de uma mistura de saberes, e sendo explorada afim de ultrapassar o conhecimento prévio do aluno. Os vínculos baseados em afeto, trazem para criança um aporte para o sucesso, “o processo educacional não é um processo isolado; é constituído conjuntamente por professores e educandos na interação e com vínculo na afetividade, na participação, na cooperação de ambos, construindo-se e acomodando-se, assim, a aprendizagem” (GIANCATERINO, 2007, p. 74), com base nisso, compreendemos que essa relação contribuirá de maneira essencial no desenvolvimento cognitivo da criança, como também, facilitará a relação professor-aluno. Ter uma boa relação com o outro é essencial em todo processo de relacionamento entre pessoas, contudo na sala de aula não seria diferente, ter um relacionamento saudável no ambiente escolar proporciona ao professor a interação direta com os sentimentos, vivências e com a realidade da criança, “Logo ao nascer, o bebê entra em contato com pessoas dando início a interações recíprocas, ou seja, afetando o comportamento das pessoas ao seu redor e, igualmente, sendo afetado por elas” (OLIVEIRA E BRAGA, 2009, p. 27), assim, é possível observar a importância das interações na sala de aula, visto que, interfere na personalidade da criança e no desenvolvimento da mesma. Vale salientar que, todas as vivências que o aluno presenceia ficarão marcadas em sua trajetória de vida, como exemplifica “No decorrer de sua vida diária, o aluno sofre uma série de influências que vão ter repercussões, negativas ou positivas, em seu trabalho escolar” (PILETTI, 1988, p. 24), assim, percebemos o quanto essa relação se torna importante no contexto escolar, visto que, tem uma grande influência na vida do aluno: 42 Como prática estritamente humana jamais pude entender a educação como experiência fria, sem alma, em que os sentimentos e as emoções, os desejos, os sonhos devessem ser reprimidos por uma espécie de ditadura racionalista. Nem tampouco jamais compreendi a prática educativa como uma experiência a que faltasse rigor em que se gera a necessária disciplina intelectual (FREIRE, 1996, p. 146). Dessa forma, é fato que devemos enquanto professores, gerar uma influência positiva na vida do aluno, buscando entende-lo, levando em consideração a responsabilidade que é educar, como destaca “as vezes, mal se imagina o que pode passar a representar, na vida de um aluno, um simples gesto do professor” (FREIRE, 2005), assim, buscar sempre ser cauteloso nas atitudes para não prejudicar e interferir no processo de amadurecimento do aluno, levando em consideração que vivências e experiências escolares que ficarão em sua memória permanentemente. A partir disso, educar também: É compreender que a vida afetiva - emoções e sentimentos - compõe o homem e constitui um aspecto de fundamental importânciana vida psíquica. As emoções e sentimentos são como alimentos de nosso psiquismo e estão presentes em todas as manifestações de nossa vida. Necessitamos deles porque [...] orientam-nos e nos ajudam nas decisões (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 1999, p. 198). Desse modo, entende-se que os vínculos afetivos integram as relações sociais, assim, na sala de aula, através da exposição de opiniões e ideias, o professor auxilia nas decisões e atitudes do aluno, ainda que “as atitudes do professor oferecem ao aluno uma série de informações que irá contribuir para a percepção que ele terá de si mesmo como estudante. Diante disto é preciso refletir que tipo de contribuições estamos deixando para nossos educandos” (MARTINELLI E SISTO, 2006, p. 36), dessa maneira, o professor, em sala de aula, tem a possibilidade, então, em criar um clima favorável de confiança, afeto e empatia, encorajando os alunos a encontrar soluções cabíveis e sanar suas dúvidas, mostrando que são capazes de ir além daquilo que sabem. Pois, O bom relacionamento entre o professor e o aluno pede: aceitar cada estudante como ele é e acreditar no potencial dele, conhecer os alunos e as necessidades de cada um, recorrer ao autoconhecimento, questionando sempre a qualidade da aula que acabou de dar e a resposta da turma, discutir sua postura em classe com outros professores e compartilhar possíveis problemas, não esperar que o vínculo seja sempre positivo. Esteja ciente de que conflitos existem e que é preciso administrá-los (ARAÚJO, 2003, p. 17). 43 Nesse sentido, para conseguir uma relação professor-aluno saudável, é necessário de antemão, conhecer cada aluno e confiar no potencial que ele tem, respeitar, encorajar, incentivar e elogiar, passando sempre estímulos positivos para contribuir em seu processo de conhecer o mundo. Como também, como exemplifica Araújo (2003) é importante refletir e analisar a postura que está tendo em sala de aula, e se está conseguindo exercer a docência da melhor maneira possível, compreendendo que, conflitos existem em toda cirscustância, mas, é necessário sempre questionar-se e buscar melhoria. Portanto, vale a pena refletir: O professor autoritário, o professor licencioso, o professor competente, sério, o professor incompetente, irresponsável, o professor amoroso da vida e das gentes, o professor mal amado, sempre com raiva do mundo e das pessoas, frio, burocrático, racionalista, nenhum deles passa pelos alunos sem deixar sua marca (FREIRE, 2005, p. 98). Dessa maneira, Freire (2005) defende uma relação professor-aluno baseada em uma postura dialógica, respeitosa e saudável, entendendo então, que de acordo com nossa prática, deixamos um forte legado na vida de cada estudante. Dessa forma, a questão afetiva está completamente ligada a prática do ensino construtivista, visto que, a teoria defende o desenvolvimento da aprendizagem com base nos estímulos do meio, ou seja interações, convívios e contatos estão unidos a esse processo. 3.2 A SALA DE AULA COMO FACILITADORA DA APRENDIZAGEM A sala de aula durante muito tempo era vista como um ambiente severo, onde o professor era autoritário, estando acima de todos os alunos, demonstrando superioridade. A organização da sala de aula era rígida, de cores escuras, os alunos em carteiras enfileiradas, sem praticamente poder se mexer, e o professor à frente que tinha como ferramenta de trabalho apenas quadro e giz, e uma obrigação em cumprir o livro didático. Felizmente, em uma sala de aula na contemporaneidade, num mundo digital e globalizado temos a oportunidade de exercer um ensino voltado para a autonomia, liberdade e aprendizagem livre. Nas escolas, é possível ver 44 situações democráticas, espaços de diversão, alegres e dinâmicos, pensados exclusivamente nos alunos e para os alunos, além disso, é realizado um planejamento flexível que pode ser modificado de acordo com a necessidade dos estudantes, dessa forma facilitando e dinamizando o trabalho do professor e a aprendizagem do educando. Nesse contexto, segundo a teoria construtivista o ambiente escolar deve ser um espaço pensado e organizado com o objetivo de facilitar práticas educativas tanto para o professor, quanto para o aluno. Desse modo, para favorecer a aprendizagem, uma maneira interessante é esquecer a ideia da sala de aula com carteiras enfileiradas, uma vez que, o círculo por exemplo, proporciona ao professor uma oportunidade de debates e rodas de conversa, sendo possível está atento a cada aluno e proporcionar uma melhor participação das crianças a aula, tornando o ambiente propício a concentração, interações, troca de ideias e experiências entre os alunos estimulando a construção do conhecimento, assim, a sala de aula é então “[...] um espaço de vida no qual se faz história, que é construída e reconstruída a cada dia. É um lugar onde se tomam decisões e se constroem um fazer solidário, no qual todos têm o que aprender e ensinar ao outro” (COLLARES, 2003, p. 53), de modo que, a sala de aula seja organizada com foco nos objetivos de aprendizagem a serem alcançados. David e Weinstein defendem que todos os ambientes construídos para crianças deveriam atender a cinco funções relativas ao desenvolvimento infantil, no sentido de promover: identidade pessoal, desenvolvimento de competência, oportunidades para crescimento, sensação de segurança e confiança, oportunidade para o contato social e privacidade. Sendo fatores essenciais na promoção de oportunidades de aprendizado: • Identidade pessoal: É a caracterização de um ambiente voltado para o autoconhecimento da criança, um espaço onde ela possa se encontrar e se sentir a vontade para expressar suas ideias e opiniões, onde reconheça sua identidade através de pensamentos, memórias e valores. • Desenvolvimento de competência: Proporcionar um ambiente favorável a superação de desafios, onde a criança possa encará-los e seja capaz de se superar, assim, atingindo a realização em ser competente. • Oportunidades para crescimento: Inserir a criança em um espaço onde alcance o desenvolvimento social, cognitivo e motor, ou seja, possibilitar situações em pautadas no crescimento da mesma. 45 • Sensação de segurança e confiança: Um espaço onde a criança possa viver, explorar, se divertir, e assim sentir-se segura. • Oportunidade para o contato social e privacidade: Oferecer a oportunidade de um ambiente onde possa ter contato com os colegas, possa expressar seus sentimentos e compartilhar momentos. Já o contato privado, remete a espaços pensados para exepressar os sentimentos ruins, como o de raiva, onde a criança possa pensar e refletir suas ações. Nessa perspectiva, a escola deve ter como foco oferecer oportunidades para satisfazer as necessidades dos alunos, planejar e organizar ambientes com determinadas finalidades pensando no bem estar dos estudantes “[...] a justificativa para tal arranjo é que o mesmo favorece mais as interações dos grupos de crianças e melhor o oriente ao redor de um foco, permitindo a elas oportunidades de escolha. Esses cantinhos podem se fixos ou arrumados a cada dia, segundo a programação do professor ou as sugestões das crianças” (MEC 2007, p.33- 34). Nesse seguimento, faz-se necessário criar um ambiente pensando e fundamentado exclusivamente para a criança e seu desenvolvimento integral, dessa maneira, a sala de aula pode tornar-se um espaço favorável ao educando, de modo que, “A sala de aula coloca-se não apenas como um lócus onde se dá o ensino, mas como um dos lugares privilegiados onde se dá o aprender. Introduz-se um novo discurso pedagógico que fala de movimentos, dialéticas, oposições, construções, reconstruções” (ESPÓSITO, 2006, p. 32). Nesse sentido, é um local onde acontece não somente brincadeiras, mas descobertas, curiosidades, construção de identidade, socialização, entre diversaspossibilidades que pode proporcionar, sendo um fator que desencadeará o desenvolvimento psicológico, social e físico das crianças. Assim, o principal objetivo do ambiente educacional deve ser a aprendizagem significativa da criança, visto que, para que isto ocorra, este espaço deve pensado e organizado de maneira que o ambiente crie possibilidades de desenvolvimento, sendo rico em: materiais didáticos e dinâmicos, brinquedos, jogos, livros e etc, que tenham como finalidade um gerar novos conhecimento e habilidades. Dessa forma, torna-se um espaço onde ela possa se sentir livre e capaz de desenvolver-se plenamente. 46 Nesse seguimento, em uma perspectiva construtivista onde o aluno possui um papel ativo, faz muita diferença quando na organização e decoração da sala de aula, o professor convida as crianças a participar dos momentos de recorte, colagem, pintura, produção de material para a escola e sala de aula, de maneira que, com auxílio do professor o aluno consiga desenvolver habilidades que até então não conheciam, Quantos conhecimentos terão sido necessários e, portanto, apreendidos, quantas habilidades terão sido desenvolvidas. E com orgulho essas crianças poderão ensinar a outras crianças de outras turmas [...] tendo registrado cada passo com auxílio da professora, poderão recuperar o processo vivido sempre que o desejarem (GARCIA, 1997, p. 17). Para Garcia (1997) leva-se em consideração que cada atividade, por mais simples que pareça, traz a possibilidade de novas aprendizagens de modo que, é possível entender que este, é um processo contínuo, tornando-se necessário que o educador aponte os caminhos provocando reflexões e experiências transformadoras. Nesse seguimento, para atingir resultados satisfatórios a organização da sala de aula deve ser pensada e fundamentada para que as crianças tenham acesso aos materiais disponibilizados, de forma que não dependam do professor para utilizar algum material, proporcionando ao aluno agir de forma independente, elaborando suas ações e conhecimentos autonomamente: O ambiente físico é expresso como devendo ser arranjado de acordo com as necessidades e as características dos grupos de criança, levando-se em conta a cultura da infância e os diversos projetos e atividades que estão sendo desenvolvidos em conjunto com seus professores. A qualidade e a quantidade da relação criança–criança, adulto–criança, dos objetos, dos brinquedos e dos móveis presentes no ambiente dependem do tamanho destas e das crianças e podem se transformar em “poderosos instrumentos de aprendizagem” e em um dos “indicadores importantes para a definição de práticas educativas de qualidade” (BRASIL, 1998, p. 146). Dessa forma, o espaço deve ser pensado sempre para a criança, para facilitar e favorecer seu desenvolvimento, onde ela possa transformar os objetos em poderosas ferramentas de aprendizagem, assim, o professor irá possibilitar as crianças a expressão da criatividade, curiosidade e a busca pelo aprender, “Aos poucos a criança vai ampliando seus esquemas, 47 adquirindo cada vez mais a possiblidade de garantir prazer por intermédio de suas ações. Passa a agir por razer. E é este prazer que traz significado à ação [...]” (MALUF, 2003, p. 83). Considera-se que a teoria construtivista vê o aluno como protagonista, nessa perspectiva, uma sala de aula que comporte um número excessivo de estudantes, torna-se difícil para o desenvolvimento de práticas e interações pedagógicas, dada as limitações que este excesso provoca. Dentre algumas dificuldades, podemos citar o curto espaço de tempo, para o desenvolvimento e interação entre professor-aluno. Cada discente tem sua especificidade, e quanto mais tempo e condições favoráveis para o acompanhamento, melhores serão os resultados das aprendizagens. Nessa linha de pensamento, Santos (2008, p. 71) determina algumas atitudes a serem exercidas pelo professor em sala de aula: 1. Dar sentido ao conteúdo: toda aprendizagem parte de um significado contextual e emocional. 2. Especificar: após contextualizar o educando precisa ser levado a perceber as características específicas do que está sendo estudado. 3. Compreender: é quando se dá a construção do conceito, que garante a possibilidade de utilização do conhecimento em diversos contextos. 4. Definir: significa esclarecer um conceito. O aluno deve definir com suas palavras, de forma que o conceito lhe seja claro. 5. Argumentar: após definir, o aluno precisa relacionar logicamente vários conceitos e isso ocorre por meio do texto falado, escrito, verbal e não verbal. 6. Discutir: nesse passo, o aluno deve formular uma cadeia de raciocínio pela argumentação. 7. Levar para a vida: o sétimo e último passo da (re) construção do conhecimento é a transformação. O fim último da aprendizagem significativa é a intervenção na realidade. Sem esse propósito, qualquer aprendizagem é inócua. (SANTOS, 2008, p. 73-74). Logo, torna-se necessário refletir e analisar alguns aspectos, para assim conceber o que está sendo trabalhado, e entender o que o educando está aprendendo, isto é, como está ocorrendo este processo, e o que pode ser feito para melhorar. 3.3 O PROCESSO DE AVALIAÇÃO NA VISÃO CONSTRUTIVISTA 48 Os métodos de avaliação baseados no construtivismo de Piaget defendem a não utilização de testes ou provas para verificar a aprendizagem dos alunos, visto que, no ensino construtivista o professor está sempre atento ao processo de desenvolvimento do aluno, sendo a aprendizagem um processo contínuo, dessa forma, são realizadas avaliações diagnósticas que servem apenas para que o professor entenda as especificidades de cada um e o nível de desenvolvimento em que se encontram, para que assim, realize intervenções que provoquem descobertas de aprendizagem e aproveitamento do que os alunos estão aprendendo. Nesse seguimento, o professor atenta-se ao processo de aprendizagem e no percuso dessa aprendizagem, ao invés de somente aplicar notas, como também dá ênfase a observação do desenvolvimento da criança, isto é, observa aquilo que ela conseguiu aprender com base no que já sabia, desse modo, o professor como mediador e facilitador, através de métodos e técnicas de ensino vai agir como contribuinte para a aprendizagem do aluno, onde por meio de observações, intervenções e estímulos consegue apontar caminhos para o aluno avançar. Dessa maneira, o construtivismo defende que não se deve corrigir o erro do aluno, isto é, a correção não deve ser pautada em punição, mas, transformada em situações de aprendizagem, “Avaliar pode constituir um exercício autoritário do poder de jugar ou, ao contrário, pode constituir um processo e um projeto em que avaliador e avaliando buscam e sofrem uma mudança qualitativa [...]” (DEMO, 1995), desse modo, a avaliação deve entrar com intuito formativo e contribuinte, pois, aquela resposta que considera-se está “errada”, na verdade, está relacionada ao nível de conhecimento em que o aluno se encontra, isto é, o estágio de desenvolvimento em que está naquele momento faz ele pensar de tal modo sobre determinada questão que o professor propôs, assim, ao invés de observar o quanto erraram ou acertaram, é de maior importancia refletir qual contribuição é necessária para que a criança avance, pois as concepções de avaliação se dão por meio do desenvolvimento do aluno. No olhar de Piaget, o erro é um grande resultado de desenvolvimento e aprendizagem, pois terá uma proporção acerca da construção do saber da criança, dessa maneira, o professor tem a oportunidade de criar uma metodologia com base naquilo que está errado, em busca de provocar um desenvolvimento do aluno “[...] avaliar é construir o conhecimento por vias heurísticas de descobrimento. Quem avalia com intenção formativa quer conhecer a qualidade dos processos e dos resultados”(MENDEZ, 2002, p. 63), isto é, ter em mente avaliar com o intuito de valorizar a qualidade, a intenção e o processo que o aluno levou para chegar a 49 determinado resultado, e através do erro, levar o aluno a chegar ao acerto, desse modo, o “trabalho do professor consiste em verificar o que é que o aluno já sabe e como raciocina, com objeto de formular a pergunta precisa, no momento correto, de modo em que o aluno passa construir seu próprio conhecimento” (MATUI, 1995). Nesse sentido, quando o aluno atinge um resultado satisfatório, o professor também deve intervir na tentativa de provocar novos conhecimentos, através do processo de desequilíbrio, como citado anteriormente, ou seja, “o professor não ensina, mas arranja modos de a própria criança descobrir. Cria situações-problema” (PIAGET, 1924), de forma em que desperte o pensar da criança, problematizando o ensino, e não focando apenas na repetição de exercícios, “a exposição interrogada gera a dúvida, a dúvida gera o estresse positivo, e este estresse abre as janelas da inteligência. Assim formamos pensadores, e não repetidores de informações” (CURY, 2003, p. 127), desse modo, o desenvolvimento ocorre de forma construtiva, onde o aluno pensa e fortalece sua inteligência, ao invés de repetir e copiar algo. Nesse seguimento, o professor acompanha o refletir e o pensar do aluno, compreende o percuso de sua aprendizagem, levando em consideração os métodos que o aluno utilizou para realizar a execução da determinada atividade proposta, conforme destaca Hoffmann: A avaliação ainda é essencial a educação desde que tenha a perspectiva de ser problematizadora e que vise o questionamento e a reflexão sobre a ação. Diz, também, que “o significado básico da avaliação é a investigação e dinamização do processo de conhecimento” (HOFFMANN, 2003, p. 02). Nesse contexto, é necessário, a partir de uma avaliação diagnótisca, uma investigação das técnicas que o aluno utilizou, afim de entende-lo e auxiliá-lo, de modo que o professor reflita sua ação e forma de trabalhar, diversificando sua metodologia, estando atento a evolução do aluno e considerando seu avanço até o momento, com base no resultado esperado. Dessa forma, no processo avaliativo, o importante é que o professor reconheça como um momento que dá a oportunidade do aluno aprender, cabendo ao professor, nesse momento, acompanhar e intervir no desenvolvimento facilitando a aprendizagem. Nesse seguimento, a avaliação na educação infantil a partir do que o construtivismo apresenta, pode se dá a partir de uma observação fundamentada e no conhecimento dos estágios de desenvolvimento, isto é, após uma reflexão e análise particular do desenvolvimento de cada criança, proporcionar novas oportunidades de desafios, problematizando o ensino. Desse modo, 50 uma maneira interessante de avaliar é refletir sobre a criança, sua idade, características individuais, sua preferência quanto a brincadeiras, enfim, recordar fatos do cotidiano de cada criança em particular e analisar a fim de compreende-la e avalia-la, percebendo suas limitações, habilidades e auxiliando a superar as dificuldades. No momento de correção do erro é importante está atento a maneira de corrigir, para que não se sintam incapazes e inferiores. Assim, a realização dessas reflexões devem ser pensadas individualmente, visto que, crianças mesmo estando em uma mesma turma não tem os mesmos saberes, são seres subejtivos, cada um com suas necessidades particulares, sendo necessário pensar e analisar cada uma em particular, avaliando com intuito formativo. 4 CONTRIBUIÇÕES DO CONSTRUTIVISMO PARA UMA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA 4.1 CONSTRUTIVOS E SUAS PROPOSITURAS Considerando o construtivismo como um pressuposto científico, que corrobora de maneira exitosa no espaço escolar, este irá trazer muitas possibilidades de avanço para o desenvolvimento dos aprendizes, aqui já apresentadas. Vale ressaltar as contribuições que Piaget nos propiciou. De antemão, para que a teoria seja exercida de maneira significante, é 51 necessário primeiramente, que o aluno tenha o professor como guia de aprendizagem, isto é, um orientador educacional que esteja consciente de seu papel, respeitando o limite do aluno, contribuindo em sua formação, sem limitá-lo, evitando dá respostas claras e resultados prévios, levando em consideração que a criança possui sua própria capacidade de resolução de problemas. Contudo, é importante que o professor exercendo seu papel de orientador, valorize o potencial e competência do aluno, contribuindo e estimulando o desenvolvimento por parte dele, apresentando conflitos para o próprio solucionar, através do que ele já sabe, provocando a busca constante ao conhecimento, ou seja, o construtivismo defende que é necessário ocasionar situações problemáticas no cotidiano escolar, gerando dúvidas e questionamentos, consequentemente, a resolução e o aprendizado. É um pensamento válido pois, irá ocasionar um desequilíbrio de pensamentos prévios com os novos adquiridos, afim de chegar a um equilíbrio, e ao final desse processo levará a um avanço significativo na aprendizagem do estudante, Criando situações problemáticas estará permitindo o surgimento de momentos de conflito para o alfabetizando e, consequentemente, o avanço cognitivo; estará considerando o aprendiz como um ser ativo, aquele que não espera passivamente que alguém venha lhe ensinar alguma coisa para começar a aprender, uma vez que por si só compara, ordena, classifica, reformula e elabora hipóteses, reorganizando sua ação em direção à construção do conhecimento (ELIAS, 1991, p.50). Entende-se então, que respeitando a capacidade do aluno e apresentando situações problemas no cotidiano escolar, o educador estará dando possiblidade ao avanço cognitivo, permitindo a oportunidade de o aluno ser ativo e participante de sua aprendizagem, ao invés de esperar receber algo e copiá-lo o aluno irá por si só realizar comparações, indagações e reformular seu saber, como defende a teoria construtivista, dessa maneira, Entendemos que construtivismo na Educação poderá ser a forma teórica ampla que reúna as várias tendências atuais do pensamento educacional. Tendências que têm em comum a insatisfação com um sistema educacional que teima (ideologia) em continuar essa forma particular de transmissão que é a Escola, que consiste em fazer repetir, recitar, aprender, ensinar o que já está pronto, em vez de fazer agir, operar, criar, construir a partir da realidade vivida por alunos e professores, isto é, pela sociedade - a próxima e, aos poucos, as distantes. A Educação deve ser um processo de construção de conhecimento ao qual acorrem, em condição de complementaridade, por um lado, os alunos e professores e, por outro, os problemas sociais atuais e o conhecimento já construído (BECKER, 1992, p. 3). 52 Becker (1992) defende um sistema educacional baseado no construtivismo, onde anula a ideia de que a escola é um ambiente de transmissão e repetição. A educação deve ser lugar de fazer, agir, construir e reconstruir, baseado na singularidade de cada escola e na realidade de seus alunos, desse modo, tornando-se um espaço de aprendizagem, adaptado com base nas situações sociais e na vida pessoal dos indivíduos. Nesse sentido, a prática construtivista busca progressivamente métodos inovadores que façam reflexão acerca da realidade do aluno, para oferecer a melhor qualidade de ensino aprendizagem possível. Observa-se que, com base na teoria construtivista, é indispensável a interação relação professor-aluno e escola para a evolução dos aprendizes. Isto é, o professor que utiliza desta concepção em sala de aula, valoriza as vivências e experiências do aluno, respeitando as individualidades de cada um. Considerando que, para que ocorrauma aprendizagem significativa é necessário respeitar o conhecimento que os alunos trazem consigo, dessa forma o educando irá fazer uma ligação entre o que ele já sabe e o que o professor propôs, exercitando e esforçando-se para compreender o novo conhecimento e superar-se, dessa maneira, ultrapassando seus conhecimentos prévios: Ser construtivista implica ter uma prática pedagógica com base não apenas na simples transmissão [...]. Implica também tratar a prática pedagógica como uma investigação, como uma experimentação. Ser construtivista não é fazer uma coisa uma única vez, mas sim praticá-la, exercitá-la; mas com sentido de pesquisa, de descoberta, de invenção, de construção. Exercitar com o desafio de fazer melhor, de superar a si mesmo (MACEDO, p. 16-36, 1994). Dessa maneira, quando adotada a teoria construtivista deve-se respeitar o tempo, o processo e o exercício, afim de provocar avanço no desenvolvimento do aluno, isto é, entender que a aprendizagem não se dá de uma hora pra outra, mas, é criada e recriada progressivamente, ou seja, pauta-se em uma ideia onde não se faz o conhecimento de uma vez só, mas, se pratica, exercita e dá sentido ao processo de descoberta, construção e reconstrução, tornando-se então, este, um processo contínuo e não definitivo. Com base nisso, Construtivismo significa: a ideia de que nada, está pronto, acabado, e o conhecimento não é dado, em nenhum momento, como algo terminado. Ele se constitui pela interação do indivíduo com o meio físico e social, com o simbolismo humano, enfim, com o mundo das relações sociais. É uma teoria que nos permite interpretar o mundo em que vivemos. Construtivismo não é uma prática ou um método; não é uma técnica de ensino nem uma forma de aprendizagem; não é um projeto escolar; é, sim, uma teoria que permite (re) interpretar todas essas coisas (BECKER, 1994, p. 88). 53 De acordo com a propositura de Becker (1984), o construtivismo é uma teoria muito abrangente, que nos permite a compreensão de diversos assuntos, ou seja, nos possibilita interpretar os processos que levam ao desenvolvimento e á aprendizagem. Nesse contexto, o construtivismo aponta que o conhecimento não é dado ou depositado, mas, baseia-se em uma interação do aluno com o meio em que convive, com base em suas relações pessoais, faz ponte com os conteúdos a serem aprendidos, dessa forma, unindo teoria e prática, como um conjunto essencial no processo de aprendizagem, [...] as relações entre o sujeito e o seu meio constituem numa interação radical, de modo tal que a consciência não começa pelo conhecimento dos objetos nem pelo da atividade do sujeito, mas por um estado indiferenciado; e é desse estado que derivam dois movimentos complementares, um de incorporação das coisas ao sujeito e outro de acomodação às próprias coisas (PIAGET, p. 386). Segundo a afirmação de Piaget, através da interação com o meio surge então assimilação dos aspectos, isto é, na medida em que conhece, analisa e observa o mundo, determina elementos intelectuais para entende-lo e transformá-lo, O desenvolvimento mental é uma construção contínua, comparável à edificação de um grande prédio que, à medida que se acrescenta algo, ficará mais sólido, ou à montagem de um mecanismo delicado, cujas frases gradativas de ajustamento conduziram a uma flexibilidade e a uma mobilidade das peças tanto maiores quanto mais estável se tornasse o equilíbrio (PIAGET, 1976, p. 14). Nesse contexto, o desenvolvimento mental tem sua composição contínua, não é algo que acaba ou finaliza, mas, que gradativamente aperfeiçoa-se, de acordo com os estímulos e as situações do meio, complementando-se cada vez mais, sendo transformado e incorporado. Desse modo, é necessário que o professor leve em consideração a busca por práticas estimuladoras e instigantes, com base nos estágios de desenvolvimento de Piaget, que são primordiais no processo de ensino aprendizagem, pois nos trazem explicações acerca do desenvolvimento infantil com base em cada fase e idade, nos proporcionando um entendimento aprofundado, A ordem em que as estruturas mentais se sucedem e evoluem é sempre constante, mesmo que cronologicamente não seja exata podendo a idade variar, mas não a ordem de sucessão das aquisições. A cada nova fase os novos conhecimentos se integram ao saber pré-existente, ou seja, há um caráter integrativo em cada estágio. Cada estágio apresenta-se como uma estrutura de 54 conjunto, pois as aquisições se integram e passam a formar um todo. Os estágios estão interligados no sentido de que cada estágio compreende um nível de preparação de uma nova etapa e de acabamento de outra (BALESTRA, 2007, p. 185). Compreendendo então, que a cada fase a criança adquire novos conhecimentos e habilidades que integram o saber já existente, torna-se importante o professor tenha uma visão investigativa e observadora afim de propiciar avanços no desenvolvimento do educando com base em seus conhecimentos prévios, levando em consideração que “a cada idade estabelece- se um tipo particular de interações entre o sujeito e o ambiente. Os aspectos físicos do espaço, as pessoas próximas, a linguagem e os conhecimentos a cada cultura formam o contexto do desenvolvimento” (GALVÃO, 1995 p. 39), dessa maneira tem a possibilidade em compreender a fase em que o aluno se encontra e como utilizar dessas características para o avanço do estudante. É necessário levar em consideração que, para proporcionar ao aluno o avanço ao estágio seguinte, considere o seu conhecimento prévio e sua singularidade, para assim, proporcionar a ele um ambiente propício e favorecedor de seu desenvolvimento. 4.2 CONSTRUTIVISMO TEORIA E PRÁTICA O construtivismo, nada mais é do que uma teoria em que dá sentido as práticas, métodos e técnicas de ensino, afim de alcançar o avanço dos estudantes. Para atingir esse objetivo, o construtivismo defende que o professor observe e analise como cada um de seus alunos aprendem, para que dessa forma possa elaborar e planejar métodos e práticas que levem o aluno ao seu desenvolvimento máximo e consequentemente contribua para avançar ao estágio seguinte. Com base nestes elementos apresentados até aqui, foi possível compreender como a teoria construtivista favorece o processo de aprendizagem, nos fazendo compreender que o aluno é o sujeito principal do seu processo de conhecer, ele aprende, cria, recria e assim constrói o conhecimento, de modo que a partir de interações, estímulos e resolução de problemas desenvolve-se de maneira favorável, ou seja, O aprendiz é um sujeito, protagonista do seu próprio processo de aprendizagem, alguém que vai produzir a transformação que converte informação em conhecimento próprio. Essa construção, pelo aprendiz, não se dá por si mesma e no vazio, mas a partir de situações nas quais ele possa agir sobre o que é objeto de seu conhecimento, pensar sobre ele, recebendo ajuda, sendo desafiado a refletir, interagindo com outras pessoas (WEISZ, 2004, p.60-61). 55 Weisz (2004) defende uma ideia baseada no construtivismo de que o aluno ocasiona uma transformação acerca do que lhe foi submetido, reconstruindo de acordo com seu conhecimento e adquirindo novos. Logo, como citado anteriormente, entende-se que a prática construtivista visa a problematização e a interação dos alunos, ou seja, ao mesmo tempo que estimula o aluno a pesquisar dá a ele a oportunidade de criar suas próprias suposições, ideias, e descobertas, favorecendo a confiança em si mesmo, não estando dependente do professor para solucionar problemas e aprender, “O conhecimento é uma construção. O sujeito age, espontaneamente - isto é, independentemente do ensino mas não independentemente dos estímulos sociais-, com os esquemas ou estruturas que já tem, sobre o meio físico ou social” (BECKER, 1992),desse modo, fazendo-se necessário compreender então que, o meio é um grande aliado ao processo de aprendizagem. Vale salientar que a prática construtivista visa a análise, observação e reflexão acerca dos alunos, leva em consideração que, cada um aprende no seu tempo, dessa forma, estando relacionada a fatores internos e externos, logo, quando há essa análise o educador compreende melhor seu aluno e consequentemente planeja melhor suas aulas. Desse modo, focando em reconhecer o que o educando já sabe, em sua individualidade, para assim instigar a aprender cada vez mais, possibilitando maneiras de interação, afim de modificar o conhecimento prévio e provocar avanço ao aprendiz, [...] uma interação entre o novo conhecimento e o já existente, na qual ambos se modificam. À medida que o conhecimento prévio serve de base para a atribuição de significados à nova informação, ele também se modifica, ou seja, os subsunçores vão adquirindo novos significados, se tornando mais diferenciados, mais estáveis (MOREIRA, 2005, p. 5). Desse modo, as interações geram resultados significativos, visto que, o conhecimento prévio entra como base e se modifica de acordo com as novas informações, o aluno adquirindo então novas ideias, conhecimentos e aprendizado. Nesse contexto, fazendo-se então importante momentos de debates, discussão e rodas de conversas que acarretarão no aluno a possibilidade de conhecer diversos pontos de vista, assim, enriquecerá os conhecimentos já existentes, com novos pensamentos. Nesse seguimento, o construtivismo sustenta a ideia de que o conhecimento é construído por meio das interações entre sujeito e meio, a teoria defende as práticas de atividades grupais visto que, cada aluno pensa de um determinado jeito, e na atividade em grupo expõe suas ideias 56 e conceitos, dividindo-o com os colegas, havendo então uma troca de conhecimentos significativa. Todavia, foi possível compreender que a teoria construtivista favorece tanto professor quanto o aluno, quando adotada ao ambiente escolar irá possibilitar o avanço dos estudantes de maneira significativa. Trata-se de uma teoria que dá autonomia ao estudante, possibilitando a ele desde cedo, empoderamento e liberdade, tanto para atingir suas capacidades de aprendizagem, quanto para sua vida pessoal enquanto sujeito livre em sociedade. 57 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS A Educação Infantil é uma etapa muito importante na vida de qualquer indivíduo, sendo um momento repleto de descobertas, desenvolvimento e aprendizado. Infelizmente, esta, nem sempre foi vista dessa maneira, durante muito tempo não havia se quer instituições responsáveis pelo atendimento de crianças nessa fase, os pais então, eram responsáveis pela educação e desenvolvimento das crianças. Apenas em meados do século XVII, teve início a estudos e pesquisas acerca da aprendizagem e do desenvolvimento infantil, a partir daí, iniciou-se a criação de creches e pré- escolas, tornando a Educação Infantil um dever do estado e direito das crianças. Nessa perspectiva, tornou-se importante o estudo acerca do processo de aprendizagem e desenvolvimento da criança, onde então, Piaget elaborou a teoria de aprendizagem: o construtivismo, que corrobora com o entendimento do desenvolvimento e da aprendizagem infantil. A teoria de Piaget, é uma teoria de aprendizagem que nos faz compreender como ocorre o processo de desenvolvimento e aprendizagem, e a partir disso, nos dá base para entender o que ensinar e como ensinar. Nesse contexto, a teoria define que o aluno é o protagonista principal do seu processo de conhecer, o professor age como um orientador apontando caminhos para o aluno chegar ao seu nível mais elevado de conhecimento, dando a ele a possibilidade de transformar e reconstruir seu conhecimento, visto que esse, é um processo contínuo e individual, que gradativamente aperfeiçoa-se de acordo com os estímulos e as situações do meio. Contudo, a teoria construtivista nos mostra que a sala de aula é um fator muito importante no processo de aprendizagem, fazendo-se necessário estabelecer um ambiente propício ao desenvolvimento da criança, onde ela possa se sentir apta a desenvolver-se plenamente, onde tenha a oportunidade de ter acesso aos objetos, brinquedos, livros, materiais etc. Desse modo, consiga refletir, analisar e transformar seus conhecimentos prévios, adquirindo novos. Assim, valorizando também a ideia da sala de aula com menos estudantes, visto que, é uma maneira de facilitar e favorecer a aprendizagem de maneira satisfatória a todos os alunos, desse modo, a teoria de Piaget visa sempre o aluno, tudo deve ser pensado e organizado para o aluno, pois, descarta-se a ideia de que professor é ser superior e responsável por transmitir e depositar o conhecimento no aluno, mas, defende o conceito de proporcionar ao aluno a oportunidade de desenvolver-se e transformar seu modo de pensar autonomamente. 58 Foi possível entender então que, com base no construtivismo, a criança por si só, desenvolve-se, com base nas interações que vivencia, ou seja, o professor é um guia, onde estimula e contribui para favorecer a aprendizagem. De modo que, com atos de interação, estímulos e impulsos a criança consiga superar seus conhecimentos prévios e avançar sua maneira de pensar. Dessa forma, o professor agindo como orientador, vai além de um ensino onde o professor dá respostas claras ao aluno, todavia, o professor construtivista visa práticas desafiadoras e instigantes, para que assim consiga ocupar um lugar colaborativo e construtivo na aprendizagem do educando, fazendo o aluno se sentir parte do seu processo de aprendizagem, provocando prazer e satisfação no aprendiz. Logo, foi possível compreender de maneira aprofundada o desenvolvimento infantil, entendendo então que a aprendizagem da criança precisa ser levada em consideração, pois, é nessa fase tão importante, que se constrói personalidade, visão de mundo e torna-se sujeito pensante em sociedade. Desse modo, a pesquisa nos apresentou que na teoria construtivista busca-se uma fundamentação acerca do pensamento, desenvolvimento e aprendizagem infantil, apresentando como esses processos ocorrem pela criança, além disso, possibilitou a compreensão através de uma explanação acerca do papel do professor, da relação professor- aluno, da sala de aula facilitadora da aprendizagem e do processo de avaliação em uma visão construtivista, como também nos apresentou as contribuições da teoria para a educação. Portanto, com base no estudo realizado, considera-se a inserção da teoria construtivista no ambiente educador válida, sendo uma forte aliada ao professor, favorecendo a aprendizagem e o progresso dos alunos. O construtivismo determina as ações, enquanto operações do conhecimento, considera a aprendizagem como um processo construtivo, onde dia após dia se constrói e reconstrói o saber, dessa forma, não sendo uma ação definitiva, mas, reconstruída. Dessarte, a teoria de Piaget visa satisfazer as necessidades da criança e ao mesmo tempo educá- las. 59 REFERÊNCIAS ARAÚJO, G. O que estão se ensinando nas escolas. A revista do professor- Escola. Abril. 2003. ARCE, A. A Formação de Professores sob a Ótica Construtivista: Primeiras Aproximações e Alguns questionamentos – in DUARTE, Newton (org.) – Sobre o Construtivismo. Campinas: Editora Autores Associados, 2000, p. 41-62. ARIÉS, P. História Social da criança e da família. Rio de Janeiro: LTC, 1981. BALESTRA, M. A Psicopedagogia em Piaget: uma ponte para a educação da liberdade. Curitiba: Ibpex, 2007. BECKER, F. O caminho da aprendizagem em Jean Piaget e Paulo Freire: Da ação à operação. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010. BOCK, A. M. B.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. L. T. Psicologias: Uma Introdução ao Estudo de Psicologias. São Paulo: Saraiva, 1999. BRASIL. Constituiçãoda República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. BRASIL. Ministério da Educação. 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