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08 12 Filosofia Caderno 2

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Questões resolvidas

Concepções filosóficas de ética e moral

A ética é, portanto, um dever racional que o indivíduo reconhece. Nessa lógica, comportamentos como matar e mentir seriam necessariamente negativos, uma vez que se fossem assumidos por todos os indivíduos, gerariam prejuízos tamanhos para a humanidade.

O Utilitarismo como corrente de pensamento no campo da ética e da filosofia política tem sua origem principalmente com as ideias do pensador francês Helvétius (1715-71) e do inglês Bentham (1748-1832). Posteriormente foi desenvolvido e perpetuado pelo filósofo, pensador político e ativista liberal John Stuart Mill (1806-73). Esses pensadores estipulam o critério da utilidade como critério do valor moral de um ato. De acordo com esse princípio, o bem seria aquilo que maximiza o benefício e reduz a dor ou o sofrimento. O útil é entendido como aquilo que contribui para o bem estar geral. Desse modo, os pensadores ligados ao utilitarismo propõem que a conduta do sujeito moral deva ser avaliada pelo resultado e não pelo princípio. A boa ação é aquela que gera resultados favoráveis, independente dos meios e critérios.

Tal vertente é defendida por pensadores do século XX, tais como Habermas e Sartre. A virtude, tal como propôs Aristóteles, residiria no indivíduo equilibrado que pondera suas ações levando em consideração os efeitos de sua liberdade no outro. A decisão ética não é predeterminada, mas reside no sujeito que a pratica, uma vez que todo ato está imerso em circunstâncias particulares e, pelo fato de tais circunstâncias serem normalmente complexas, é preciso que o agente avalie sua conduta nos casos particulares, o que carece de um aprimoramento do caráter (virtude). Como as virtudes não são inatas, a construção da atitude ética é um continuo aprendizado.

A afirmação que a filosofia moral kantiana faz a respeito da liberdade aponta para o sentido oposto ao do senso comum: para poder pensar a liberdade como uma ideia universal, é necessário buscar seu fundamento nos limites da razão humana, ou seja, encontrar uma lei própria à razão que torne possível determinar se uma ação é livre ou não. Toda argumentação kantiana vai na direção de retirar da causa da ação (de sua intenção última) qualquer vinculação com o sensível (impulsos, instintos e desejos individuais). A moral, para o filósofo, não é prescritiva, no sentido de possuir um conteúdo prévio gerador de valores, mas terá de ser compreendida como um procedimento racional de avaliação das ações dos homens.

Apresenta, na antiguidade clássica, três características principais: a) a fusão do sujeito moral com o sujeito político, pois só enquanto cidadão ou membro de uma comunidade política pode-se pensar a moralidade; b) a discussão de princípios éticos metafísicos, pois a moral fundamenta-se a partir de conceitos que descrevem uma interrogação sobre a essência do ser (o que é virtude, o que é a felicidade, o que é a verdade, etc.); c) a separação entre o domínio privado e o domínio público. A partir dessa reflexão sobre a ética na antiguidade grega, assinale o que for correto.
01) A fundação platônica da cidade ideal, em A República, dá-se sob o signo de uma moralidade subjetiva, isto é, relativa à boa vontade dos indivíduos, seja qual for sua classe social ou política.
02) Por ser precursor do pensamento político democrático, Platão defende os interesses dos escravos, das mulheres e das crianças.
04) Na Ética a Nicômaco, Aristóteles defende os princípios de uma ética relativista, já que, ao defender o “justo meio”, acaba por defender a medida individual de cada sujeito.
08) A ética, na cidade-Estado grega, acompanha seu fundamento político, razão pela qual a violência não é condenada na esfera privada e é proibida na esfera pública.
16) Para Aristóteles, as amizades de um homem dependem da pessoa que se é, resultando, se ele for um home justo e correto, no coroamento de todos os bens: a felicidade. Por isso, a filosofia moral de Aristóteles é uma eudaimonia (do grego: “boa vida”, “vida feliz”).
a) I e II.
b) I e III.
c) II e IV.
d) I, III e IV.
e) II, III e IV.

Com base no texto e nos conhecimentos sobre o conceito de dever em Kant, considere as afirmativas a seguir, sobre a ação do merceeiro.
I. É uma ação correta, isto é, conforme postula o dever social.
II. É ética, pois revela honestidade na relação com seus clientes.
III. Não é uma ação por dever, pois sua intenção é egoísta.
IV. É honesta, mas motivada pela compaixão aos semelhantes.
a) I e II.
b) I e III.
c) II e IV.
d) I, III e IV.
e) II, III e IV.

Na Crítica da razão pura, Kant vincula o sistema da moralidade à felicidade. Assinale a alternativa que explica no que consiste a relação moralidade — subjetividade.

a) A esperança de ser feliz e a aspiração por tornar-se feliz podem ser conhecidas pela razão prática, desde que o fundamento da ação e a norma da conduta sejam a máxima do “não faça aos outros aquilo que não queres que te façam”.
b) A convicção da felicidade humana decorre da certeza de que todos os entes racionais comportam-se com a mais rigorosa conformidade à lei moral, de maneira que cada um age orientado pela sua vontade, ou seja, pela razão prática do arbítrio individual.
c) Quando a liberdade é dirigida e restringida pelas leis morais, é possível pensar na felicidade universal, pois a observância dos princípios morais pode proporcionar não só o bem estar para si, como também ser o responsável pelo bem estar dos outros.
d) A felicidade implica na transcendência do mundo moral, pois somente na esfera sensível é possível o conhecimento pleno das ações humanas, já que somente nesse mundo sensível é possível a conexão entre moralidade e felicidade.

O conceito filosófico de imperativo categórico é baseado no relativismo ou na universalidade moral? Justifique sua resposta. Explique o motivo pelo qual a ética kantiana dispensa justificativas de caráter religioso.

O princípio de ação da falsa promessa não pode valer como lei universal. Kant considera a falsa promessa moralmente permissível porque ela será praticada apenas para sair de uma situação momentânea de apuros. A falsa promessa é moralmente reprovável porque a universalização de sua máxima torna impossível a própria promessa. A falsa promessa é moralmente reprovável porque vai de encontro às inclinações sociais do ser humano. A alternativa que contém todas as afirmativas corretas é:

a) I e II
b) I e III
c) II e IV
d) I, II e III
e) I, II e IV

Essa máxima kantiana afirma que:
a) a universalidade da conduta ética é aquilo que todo e qualquer ser humano racional deve fazer como se fosse uma lei inquestionável e válida para todo o tempo e lugar. A ação, por dever, é uma lei moral para o agente.
b) a dignidade dos seres humanos como pessoas é, portanto, a exigência de que sejam tratadas como fim da ação e jamais como meio.
c) o agir moral se funda exclusivamente na subjetividade.
d) o motivo moral da vontade má é agir por dever.
e) a ação por dever é uma lei amoral para o agente.

O artigo citado aborda a relação entre as tendências culturais politicamente corretas e os preconceitos. Com base no texto, pode-se afirmar que a superação dos preconceitos que induzem comportamentos agressivos depende
a) da capacidade racional de discriminar entre pré-julgamentos socialmente úteis e preconceitos disseminadores de hostilidade.
b) de uma assimilação integral dos critérios “politicamente corretos” para representar e julgar objetivamente a realidade.
c) da construção de valores coletivos que permitam que cada pessoa diferencie os amigos e os inimigos de sua comunidade.
d) de medidas de natureza jurídica que criminalizem a expressão oral de juízos preconceituosos contra integrantes de minorias.
e) do fortalecimento de valores de natureza religiosa e espiritual, garantidores do amor ao próximo e da convivência pacífica.

De acordo com a reflexão de Hegel, é correto afirmar que:

I. a razão governa o mundo e, portanto, a história universal é um processo racional.
II. a ação dos homens obedece a vontade divina que preestabelece o curso da história.
III. no processo histórico, o pensar está subordinado ao real existente.
IV. a ideia ou a razão se originam da força material de produção e reprodução da história.
Assinale a alternativa que contém somente assertivas corretas.

a) III e IV.
b) I e II.
c) II e III.
d) I e III.

A desigualdade entre os homens era tomada como uma condição natural.

Contexto científico do surgimento da sociologia:
Dentre os pressupostos científicos para o surgimento da Sociologia encontram-se as seguintes noções, bastante difundidas no século XIX:
− as relações entre os homens podem ser destacadas como objeto de conhecimento científico;
− há leis (padrões) que ordenam a política, o Estado, os costumes e hábitos sociais (esses padrões independem da vontade do homem) e tais leis podem ser conhecidas por meio de um método formalizado de acordo com as premissas da ciência.
Como vimos, a sociedade que inquietava os primeiros sociólogos era uma sociedade industrial, marcada por novas formas de produção material e pela intensa divisão do trabalho. A ciência passa a ocupar lugar de destaque nessa sociedade, uma vez que muitas teses e descobertas sobre a natureza se alastram pela Europa dos séculos XVIII e XIX, alternando significativamente o que se conhecia do mundo. O cientificismo do período expande-se para o estudo da sociedade, gerando um conjunto de teses e interpretações hoje bastante questionáveis, mas que marcaram os primeiros estudos no campo sociológico.

4. (UNESP 2016) Considerando a análise realizada por Edgar Morin sobre as tendências irracionais da razão, explique sua importância para uma crítica ao otimismo positivista diante da ciência.

Sobre as ideias de evolução e progresso e seu impacto no pensamento sociológico, podemos afirmar que:
O primeiro, por aplicar às ciências humanas o evolucionismo, mesmo antes das teses revolucionárias sobre a seleção das espécies do segundo. Com relação a Comte, houve a influência de seu “espírito positivo” na formação dos muitos intelectuais do período.
a) A ideia de progresso, apesar de ter grande influência na área das ciências naturais, não teve impacto decisivo na constituição da sociologia.
b) A ideia de evolução foi uma das palavras de ordem do período, mas a sociologia rejeitou a sua adoção, assim como qualquer comparação entre seus efeitos no reino natural e no mundo social.
c) A explicação sociológica procurou, desde o seu início, afastar-se de qualquer forma de determinismos, fossem biológicos ou geográficos, pois se contrapunha fortemente às explicações de cunho evolucionista.
d) Em sua busca por constituir-se como disciplina, a Sociologia passou pela valorização e incorporação dos métodos das ciências da natureza, utilizando metáforas organicistas, assim como conferindo ênfase à noção de função.

Sobre a emergência da sociologia, considere as afirmativas a seguir.
I. A Sociologia tem como principal referência a explicação teológica sobre os problemas sociais decorrentes da industrialização, tais como a pobreza, a desigualdade social e a concentração populacional nos centros urbanos.
II. A Sociologia é produto da Revolução Industrial, sendo chamada de “ciência da crise”, por refletir sobre a transformação de formas tradicionais de existência social e as mudanças decorrentes da urbanização e da industrialização.
III. A emergência da Sociologia só pode ser compreendida se for observada sua correspondência com o cientificismo europeu e com a crença no poder da razão e da observação, enquanto recursos de produção do conhecimento.
IV. A Sociologia surge como uma tentativa de romper com as técnicas e métodos das ciências naturais, na análise dos problemas sociais decorrentes das reminiscências do modo de produção feudal.
a) I e II estão corretas.
b) II e III estão corretas.
c) III e IV estão corretas.
d) I e IV estão corretas.
e) Todas as afirmativas estão corretas.

Considere as afirmativas abaixo sobre as características do fato social para Émile Durkheim. I. O fato social é todo fenômeno que ocorre ocasionalmente na sociedade. II. O fato social caracteriza-se por exercer um poder de coerção sobre as consciências individuais. III. O fato social é exterior ao indivíduo e apresenta-se generalizado na coletividade. IV. O fato social expressa o predomínio do ser individual sobre o ser social. Assinale a alternativa correta.
a) Apenas as afirmativas I e II são corretas.
b) Apenas as afirmativas I e IV são corretas.
c) Apenas as afirmativas II e III são corretas.
d) Apenas as afirmativas I, III e IV são corretas.
e) Apenas as afirmativas I, II e IV são corretas.

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Questões resolvidas

Concepções filosóficas de ética e moral

A ética é, portanto, um dever racional que o indivíduo reconhece. Nessa lógica, comportamentos como matar e mentir seriam necessariamente negativos, uma vez que se fossem assumidos por todos os indivíduos, gerariam prejuízos tamanhos para a humanidade.

O Utilitarismo como corrente de pensamento no campo da ética e da filosofia política tem sua origem principalmente com as ideias do pensador francês Helvétius (1715-71) e do inglês Bentham (1748-1832). Posteriormente foi desenvolvido e perpetuado pelo filósofo, pensador político e ativista liberal John Stuart Mill (1806-73). Esses pensadores estipulam o critério da utilidade como critério do valor moral de um ato. De acordo com esse princípio, o bem seria aquilo que maximiza o benefício e reduz a dor ou o sofrimento. O útil é entendido como aquilo que contribui para o bem estar geral. Desse modo, os pensadores ligados ao utilitarismo propõem que a conduta do sujeito moral deva ser avaliada pelo resultado e não pelo princípio. A boa ação é aquela que gera resultados favoráveis, independente dos meios e critérios.

Tal vertente é defendida por pensadores do século XX, tais como Habermas e Sartre. A virtude, tal como propôs Aristóteles, residiria no indivíduo equilibrado que pondera suas ações levando em consideração os efeitos de sua liberdade no outro. A decisão ética não é predeterminada, mas reside no sujeito que a pratica, uma vez que todo ato está imerso em circunstâncias particulares e, pelo fato de tais circunstâncias serem normalmente complexas, é preciso que o agente avalie sua conduta nos casos particulares, o que carece de um aprimoramento do caráter (virtude). Como as virtudes não são inatas, a construção da atitude ética é um continuo aprendizado.

A afirmação que a filosofia moral kantiana faz a respeito da liberdade aponta para o sentido oposto ao do senso comum: para poder pensar a liberdade como uma ideia universal, é necessário buscar seu fundamento nos limites da razão humana, ou seja, encontrar uma lei própria à razão que torne possível determinar se uma ação é livre ou não. Toda argumentação kantiana vai na direção de retirar da causa da ação (de sua intenção última) qualquer vinculação com o sensível (impulsos, instintos e desejos individuais). A moral, para o filósofo, não é prescritiva, no sentido de possuir um conteúdo prévio gerador de valores, mas terá de ser compreendida como um procedimento racional de avaliação das ações dos homens.

Apresenta, na antiguidade clássica, três características principais: a) a fusão do sujeito moral com o sujeito político, pois só enquanto cidadão ou membro de uma comunidade política pode-se pensar a moralidade; b) a discussão de princípios éticos metafísicos, pois a moral fundamenta-se a partir de conceitos que descrevem uma interrogação sobre a essência do ser (o que é virtude, o que é a felicidade, o que é a verdade, etc.); c) a separação entre o domínio privado e o domínio público. A partir dessa reflexão sobre a ética na antiguidade grega, assinale o que for correto.
01) A fundação platônica da cidade ideal, em A República, dá-se sob o signo de uma moralidade subjetiva, isto é, relativa à boa vontade dos indivíduos, seja qual for sua classe social ou política.
02) Por ser precursor do pensamento político democrático, Platão defende os interesses dos escravos, das mulheres e das crianças.
04) Na Ética a Nicômaco, Aristóteles defende os princípios de uma ética relativista, já que, ao defender o “justo meio”, acaba por defender a medida individual de cada sujeito.
08) A ética, na cidade-Estado grega, acompanha seu fundamento político, razão pela qual a violência não é condenada na esfera privada e é proibida na esfera pública.
16) Para Aristóteles, as amizades de um homem dependem da pessoa que se é, resultando, se ele for um home justo e correto, no coroamento de todos os bens: a felicidade. Por isso, a filosofia moral de Aristóteles é uma eudaimonia (do grego: “boa vida”, “vida feliz”).
a) I e II.
b) I e III.
c) II e IV.
d) I, III e IV.
e) II, III e IV.

Com base no texto e nos conhecimentos sobre o conceito de dever em Kant, considere as afirmativas a seguir, sobre a ação do merceeiro.
I. É uma ação correta, isto é, conforme postula o dever social.
II. É ética, pois revela honestidade na relação com seus clientes.
III. Não é uma ação por dever, pois sua intenção é egoísta.
IV. É honesta, mas motivada pela compaixão aos semelhantes.
a) I e II.
b) I e III.
c) II e IV.
d) I, III e IV.
e) II, III e IV.

Na Crítica da razão pura, Kant vincula o sistema da moralidade à felicidade. Assinale a alternativa que explica no que consiste a relação moralidade — subjetividade.

a) A esperança de ser feliz e a aspiração por tornar-se feliz podem ser conhecidas pela razão prática, desde que o fundamento da ação e a norma da conduta sejam a máxima do “não faça aos outros aquilo que não queres que te façam”.
b) A convicção da felicidade humana decorre da certeza de que todos os entes racionais comportam-se com a mais rigorosa conformidade à lei moral, de maneira que cada um age orientado pela sua vontade, ou seja, pela razão prática do arbítrio individual.
c) Quando a liberdade é dirigida e restringida pelas leis morais, é possível pensar na felicidade universal, pois a observância dos princípios morais pode proporcionar não só o bem estar para si, como também ser o responsável pelo bem estar dos outros.
d) A felicidade implica na transcendência do mundo moral, pois somente na esfera sensível é possível o conhecimento pleno das ações humanas, já que somente nesse mundo sensível é possível a conexão entre moralidade e felicidade.

O conceito filosófico de imperativo categórico é baseado no relativismo ou na universalidade moral? Justifique sua resposta. Explique o motivo pelo qual a ética kantiana dispensa justificativas de caráter religioso.

O princípio de ação da falsa promessa não pode valer como lei universal. Kant considera a falsa promessa moralmente permissível porque ela será praticada apenas para sair de uma situação momentânea de apuros. A falsa promessa é moralmente reprovável porque a universalização de sua máxima torna impossível a própria promessa. A falsa promessa é moralmente reprovável porque vai de encontro às inclinações sociais do ser humano. A alternativa que contém todas as afirmativas corretas é:

a) I e II
b) I e III
c) II e IV
d) I, II e III
e) I, II e IV

Essa máxima kantiana afirma que:
a) a universalidade da conduta ética é aquilo que todo e qualquer ser humano racional deve fazer como se fosse uma lei inquestionável e válida para todo o tempo e lugar. A ação, por dever, é uma lei moral para o agente.
b) a dignidade dos seres humanos como pessoas é, portanto, a exigência de que sejam tratadas como fim da ação e jamais como meio.
c) o agir moral se funda exclusivamente na subjetividade.
d) o motivo moral da vontade má é agir por dever.
e) a ação por dever é uma lei amoral para o agente.

O artigo citado aborda a relação entre as tendências culturais politicamente corretas e os preconceitos. Com base no texto, pode-se afirmar que a superação dos preconceitos que induzem comportamentos agressivos depende
a) da capacidade racional de discriminar entre pré-julgamentos socialmente úteis e preconceitos disseminadores de hostilidade.
b) de uma assimilação integral dos critérios “politicamente corretos” para representar e julgar objetivamente a realidade.
c) da construção de valores coletivos que permitam que cada pessoa diferencie os amigos e os inimigos de sua comunidade.
d) de medidas de natureza jurídica que criminalizem a expressão oral de juízos preconceituosos contra integrantes de minorias.
e) do fortalecimento de valores de natureza religiosa e espiritual, garantidores do amor ao próximo e da convivência pacífica.

De acordo com a reflexão de Hegel, é correto afirmar que:

I. a razão governa o mundo e, portanto, a história universal é um processo racional.
II. a ação dos homens obedece a vontade divina que preestabelece o curso da história.
III. no processo histórico, o pensar está subordinado ao real existente.
IV. a ideia ou a razão se originam da força material de produção e reprodução da história.
Assinale a alternativa que contém somente assertivas corretas.

a) III e IV.
b) I e II.
c) II e III.
d) I e III.

A desigualdade entre os homens era tomada como uma condição natural.

Contexto científico do surgimento da sociologia:
Dentre os pressupostos científicos para o surgimento da Sociologia encontram-se as seguintes noções, bastante difundidas no século XIX:
− as relações entre os homens podem ser destacadas como objeto de conhecimento científico;
− há leis (padrões) que ordenam a política, o Estado, os costumes e hábitos sociais (esses padrões independem da vontade do homem) e tais leis podem ser conhecidas por meio de um método formalizado de acordo com as premissas da ciência.
Como vimos, a sociedade que inquietava os primeiros sociólogos era uma sociedade industrial, marcada por novas formas de produção material e pela intensa divisão do trabalho. A ciência passa a ocupar lugar de destaque nessa sociedade, uma vez que muitas teses e descobertas sobre a natureza se alastram pela Europa dos séculos XVIII e XIX, alternando significativamente o que se conhecia do mundo. O cientificismo do período expande-se para o estudo da sociedade, gerando um conjunto de teses e interpretações hoje bastante questionáveis, mas que marcaram os primeiros estudos no campo sociológico.

4. (UNESP 2016) Considerando a análise realizada por Edgar Morin sobre as tendências irracionais da razão, explique sua importância para uma crítica ao otimismo positivista diante da ciência.

Sobre as ideias de evolução e progresso e seu impacto no pensamento sociológico, podemos afirmar que:
O primeiro, por aplicar às ciências humanas o evolucionismo, mesmo antes das teses revolucionárias sobre a seleção das espécies do segundo. Com relação a Comte, houve a influência de seu “espírito positivo” na formação dos muitos intelectuais do período.
a) A ideia de progresso, apesar de ter grande influência na área das ciências naturais, não teve impacto decisivo na constituição da sociologia.
b) A ideia de evolução foi uma das palavras de ordem do período, mas a sociologia rejeitou a sua adoção, assim como qualquer comparação entre seus efeitos no reino natural e no mundo social.
c) A explicação sociológica procurou, desde o seu início, afastar-se de qualquer forma de determinismos, fossem biológicos ou geográficos, pois se contrapunha fortemente às explicações de cunho evolucionista.
d) Em sua busca por constituir-se como disciplina, a Sociologia passou pela valorização e incorporação dos métodos das ciências da natureza, utilizando metáforas organicistas, assim como conferindo ênfase à noção de função.

Sobre a emergência da sociologia, considere as afirmativas a seguir.
I. A Sociologia tem como principal referência a explicação teológica sobre os problemas sociais decorrentes da industrialização, tais como a pobreza, a desigualdade social e a concentração populacional nos centros urbanos.
II. A Sociologia é produto da Revolução Industrial, sendo chamada de “ciência da crise”, por refletir sobre a transformação de formas tradicionais de existência social e as mudanças decorrentes da urbanização e da industrialização.
III. A emergência da Sociologia só pode ser compreendida se for observada sua correspondência com o cientificismo europeu e com a crença no poder da razão e da observação, enquanto recursos de produção do conhecimento.
IV. A Sociologia surge como uma tentativa de romper com as técnicas e métodos das ciências naturais, na análise dos problemas sociais decorrentes das reminiscências do modo de produção feudal.
a) I e II estão corretas.
b) II e III estão corretas.
c) III e IV estão corretas.
d) I e IV estão corretas.
e) Todas as afirmativas estão corretas.

Considere as afirmativas abaixo sobre as características do fato social para Émile Durkheim. I. O fato social é todo fenômeno que ocorre ocasionalmente na sociedade. II. O fato social caracteriza-se por exercer um poder de coerção sobre as consciências individuais. III. O fato social é exterior ao indivíduo e apresenta-se generalizado na coletividade. IV. O fato social expressa o predomínio do ser individual sobre o ser social. Assinale a alternativa correta.
a) Apenas as afirmativas I e II são corretas.
b) Apenas as afirmativas I e IV são corretas.
c) Apenas as afirmativas II e III são corretas.
d) Apenas as afirmativas I, III e IV são corretas.
e) Apenas as afirmativas I, II e IV são corretas.

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Prof. Maria Helena 
Filosofia & Sociologia 
 
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Filosofia – Caderno 2 
AULA 1 – Ética: filosofia moral 
CONCEITOS DE MORAL E DE ÉTICA 
Moral: Conjunto de normas que orientam o comportamento 
humano tendo como base valores próprios de uma dada 
comunidade ou cultura. Valores relacionados ao bem e ao 
mal, ao permitido e ao proibido, válidos para todos os 
membros de cada sociedade. Os costumes são anteriores 
ao nosso nascimento e formam o tecido moral da sociedade 
em que vivemos. 
Ética: Filosofia Moral >>>> indagação ou questionamento 
a respeito da natureza e do significado dos valores morais 
e dos costumes. Ação pautada no bem comum, hábito 
racional que promove a virtude (Aristóteles). É no campo 
daquilo que está em nosso poder que aparecem os dilemas 
éticos, momentos em que o indivíduo entra em embate com 
a moral vigente (da sociedade) ou em situações novas para 
as quais existem lacunas morais. 
 
Conflito ético: o sujeito entende a norma moral como 
inadequada ou ilegítima. 
 
Texto I 
A característica específica do homem em comparação 
com os outros com os outros animais é que somente ele 
tem o sentimento do bem e do mal, do justo e do injusto e 
de outras qualidades morais. 
 ARISTÓTELES, Política, p. 15 
Texto II 
Moral é o conjunto de normas que a sociedade elabora para 
regulamentar o comportamento dos indivíduos que 
compartilham a vida social. Ética é o conjunto de reflexões 
sistemáticas sobre a moral, elaboradas no curso da história. 
 Anita Helena Schlesener, Para Filosofar. São 
Paulo: Scipione, 2007; p. 61 
Ética e Ciência 
Saber científico: desenvolvimento tecnológico, controle da 
natureza. Tal saber amplia o campo das ações humanas. O 
ser humana passa a dispor de possibilidades de controlar a 
natureza. Porém, surgem com isso novos conflitos no 
campo moral e problematizações éticas. Até que ponto 
devemos manipular a natureza? 
DICA DE FILME: Gattaca, experiência genética (Andrew 
Niccol, 1997, EUA) 
BIOÉTICA 
Algumas definições: 
 
Estudo dos problemas e implicações morais despertados 
pelas pesquisas científicas e relacionados à vida humana. 
Área transdisciplinar que abrange a biologia, a medicina, o 
direito e a filosofia que estuda as condições necessárias 
para uma administração responsável da vida humana, 
animal e responsabilidade ambiental. 
 
Responsabilidade moral dos cientistas em suas pesquisas 
e aplicações. 
Questões centrais do campo bioético: 
Há limites para o desenvolvimento científico? 
Quais as implicações éticas do controle da natureza? 
 
Assuntos relacionados: 
 
A bioética abrange problemas como a utilização de seres 
vivos em experimentos, a legitimidade moral do aborto ou 
da eutanásia, as implicações profundas da pesquisa e da 
prática no campo da genética. 
Excerto de Hannah Arendt sobre Bioética: 
O mundo – artifício humano – separa a existência do 
homem de todo ambiente meramente animal; mas a vida, 
em si, permanece fora desse mundo artificial, e através da 
vida o homem permanece ligado a todos os outros 
organismos vivos. Recentemente, a ciência vem se 
esforçando por tornar artificial a própria vida, por cortar o 
último laço que faz do homem um filho da natureza. O 
mesmo desejo de fugir da prisão terrena manifesta-se na 
tentativa de criar a vida numa proveta, no desejo de 
misturar, 'sob o microscópio, o plasma seminal congelado 
de pessoas comprovadamente capazes, a fim de produzir 
seres humanos superiores' e 'alterar-lhe o tamanho, a forma 
e a função'; e talvez o desejo de fugir à condição humana 
esteja presente na esperança de prolongar a duração da 
vida humana para além do limite dos cem anos. 
Esse homem do futuro, que, segundo os cientistas, será 
produzido em menos de um século, parece motivado por 
uma rebelião contra a existência humana tal como nos foi 
dada (secularmente falando), que ele deseja trocar, por 
assim dizer, por algo produzido por ele mesmo. Não há 
razão para duvidar de que sejamos capazes de realizar 
essa troca, tal como não há motivo para duvidar de nossa 
atual capacidade de destruir toda a vida orgânica da terra. 
A questão é apenas se desejamos usar nessa direção 
nosso novo conhecimento científico e técnico – e esta 
questão não pode ser resolvida por meios científicos: é uma 
questão ética de primeira grandeza, e portanto não deve ser 
decidida por cientistas profissionais nem por políticos 
profissionais. 
(Hannah Arendt. A Condição Humana, 1995, p. 10-11) 
 
1. Concepções filosóficas de ética e moral 
 
Para Platão, ética relaciona-se à conduta racional à medida 
que as noções do bem e do justo estão presentes na 
dimensão inteligível, acessível somente aos que 
desenvolvem o intelecto. Como reconhecer o bem é 
determinante para que haja uma conduta moralmente boa, 
a ética vincula-se à busca pela verdade. 
 
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Para Aristóteles, por sua vez, a ética é uma habilidade 
relacional que fortalece virtude. O homem capaz de conter 
seus impulsos e agir racionalmente objetivando o bem 
comum é doado de virtudes morais. A virtude enobrece o 
homem e o conduz à felicidade, finalidade última da 
existência. Portanto, o hábito de refletir (ethos) nos 
aprimora em nossa condição humana, uma vez que para 
Aristóteles somos um ser animal racional (temos a 
capacidade de pensar), moral (temos a capacidade de 
discernir e construir valores) e político (compartilhamos e 
organizamos nossa vida social com base nos valores que 
organizamos). 
IMMANUEL KANT e a Crítica da Razão Prática 
 
Novas reflexões sobre ética e moral remetem ao 
pensamento de Kant, no século XVIII. Em sua busca por 
entender profundamente os princípios de racionalidade 
humana, o filósofo distingue a razão pura, instância que nos 
permite conhecer a realidade, da razão prática, instância 
incumbida de deliberar racionalmente e regular as ações 
humanas. 
A questão central em sua obra Crítica à Razão Prática é: 
existe algum princípio racional que regule de forma 
universal as ações? Ou seja, existe alguma referência ética 
que seja compartilhada por todos os indivíduos 
universalmente ou os valores morais são relativos às 
culturas e aos indivíduos? 
A partir de suas reflexões, Kant conclui que existe um 
princípio ético a priori, determinado pela razão prática. Tal 
princípio, chamado de imperativo categórico, regula de 
forma universal as ações a partir da noção de dever. 
“O imperativo categórico é portanto só um único, que é este: 
Age apenas segundo uma máxima tal que possas ao 
mesmo tempo querer que ela se torne lei universal.” 
(KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica dos costumes. Lisboa: 
Edições 70, 1995. p. 59.) 
 
Assim, para Kant, há um princípio racional que orienta a 
moral e este existe a priori. Cabe ao indivíduo determinar 
se sua ação será pautada por tal princípio de racionalidade, 
uma vez que a ética é o campo da liberdade humana. Essa 
orientação ética universal, o imperativo categórico, 
determina que todo indivíduo deve agir considerando a 
possibilidade de sua ação ser amplificada em nível 
universal. Isso, para o filósofo, asseguraria a base moral de 
uma conduta individual, sem prejuízo para a humanidade. 
Não há conteúdo universalmente prescrito no campo da 
moral, mas uma noção de dever para com o outro, tomar a 
humanidade como um fim e não como um meio. Essa “ética 
do dever” é o princípio racional que norteia universalmente 
a conduta moral. 
Reações às concepções de Kant surgem, no século XIX, 
com Schopenhauer e Nietzsche, que condenam essa 
concepção de moral prescritiva, que teria como única 
finalidade o controle do indivíduo. Para Schopenhauer, a 
verdadeira experiência ética somente poderia brotar da 
compaixão genuína. De outro modo, o egocentrismo 
humano seria apenas contido por princípios de moralidadeexternos ao indivíduo, desprovidos, portanto, de real 
sentido. Para Nietzsche, é fundamental a negação da moral 
vigente, que aprisiona o homem em uma situação de culpa 
e resignação, inibindo a verdadeira potencialidade humana. 
2. Vertentes filosóficas contemporâneas sobre Ética 
 
UNIVERSALISMO 
O Universalismo, inspirado na filosofia moral de Kant, no 
século XVIII, prega que o comportamento moral deve ser 
predeterminado por princípios racionais universalmente 
válidos, vinculados à máxima kanteana do imperativo 
categórico: aja de modo que sua conduta possa ser 
universalizada sem prejuízo para as outras pessoas. A ética 
é, portanto, um dever racional que o indivíduo reconhece. 
Nessa lógica, comportamentos como matar e mentir seriam 
necessariamente negativos, uma vez que se fossem 
assumidos por todos os indivíduos, gerariam prejuízos 
tamanhos para a humanidade. 
 
UTILITARISMO 
 
O Utilitarismo como corrente de pensamento no campo da 
ética e da filosofia política tem sua origem principalmente 
com as ideias do pensador francês Helvétius (1715-71) e 
do inglês Bentham (1748-1832). Posteriormente foi 
desenvolvido e perpetuado pelo filósofo, pensador político 
e ativista liberal John Stuart Mill (1806-73). 
Esses pensadores estipulam o critério da utilidade como 
critério do valor moral de um ato. De acordo com esse 
princípio, o bem seria aquilo que maximiza o benefício e 
reduz a dor ou o sofrimento. O útil é entendido como aquilo 
que contribui para o bem estar geral. Desse modo, os 
pensadores ligados ao utilitarismo propõem que a conduta 
do sujeito moral deva ser avaliada pelo resultado e não pelo 
princípio. A boa ação é aquela que gera resultados 
favoráveis, independente dos meios e critérios. 
 
ÉTICA DAS VIRTUDES (ou Neoaristotelismo) 
 
Tal vertente é defendida por pensadores do século XX, tais 
como Habermas e Sartre. 
A virtude, tal como propôs Aristóteles, residiria no indivíduo 
equilibrado que pondera suas ações levando em 
consideração os efeitos de sua liberdade no outro. A 
decisão ética não é predeterminada, mas reside no sujeito 
 
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que a pratica, uma vez que todo ato está imerso em 
circunstâncias particulares e, pelo fato de tais 
circunstâncias serem normalmente complexas, é preciso 
que o agente avalie sua conduta nos casos particulares, o 
que carece de um aprimoramento do caráter (virtude). 
Como as virtudes não são inatas, a construção da atitude 
ética é um continuo aprendizado. 
“Toda a habituação ocorre no convívio, pois é somente no 
interior de nossas próprias relações humanas que podemos 
aprender o que é relevante humano e moral por meio da 
própria convivência” (Marco Zingano) 
É importante não confundirmos a ética das virtudes com o 
relativismo moral absoluto, que prega que não há bem 
comum: 
O relativismo moral é a visão de que as afirmações morais 
ou éticas, que variam de pessoa para pessoa, são todas 
igualmente válidas e que nenhuma opinião sobre o que é 
"certo e errado" é melhor do que qualquer outra. O 
relativismo moral é uma forma mais ampla e mais 
pessoalmente aplicada de outros tipos de pensamento 
relativista, tal como o relativismo cultural. Estas são todas 
baseadas na ideia de que não exista um padrão definitivo 
do bem ou do mal, por isso cada decisão sobre o que é 
certo e errado acaba sendo um puro produto das 
preferências e ambiente de uma pessoa. Não existe um 
padrão definitivo de moralidade, de acordo com o 
relativismo moral, e nenhuma declaração ou posição pode 
ser considerada absolutamente "certa ou errada", "melhor 
ou pior". 
Fonte: http://www.allaboutphilosophy.org/portuguese/relativismo-
moral.htm 
 
Texto Complementar: 
Muita gente diz que o significado de ser livre é fazer aquilo 
que se quer, como se o fato de uma pessoa não seguir 
determinada regra revelasse um indício de sua liberdade. A 
afirmação que a filosofia moral kantiana faz a respeito da 
liberdade aponta para o sentido oposto ao do senso 
comum: para poder pensar a liberdade como uma ideia 
universal, é necessário buscar seu fundamento nos limites 
da razão humana, ou seja, encontrar uma lei própria à razão 
que torne possível determinar se uma ação é livre ou não. 
Toda argumentação kantiana vai na direção de retirar da 
causa da ação (de sua intenção última) qualquer vinculação 
com o sensível (impulsos, instintos e desejos individuais). A 
moral, para o filósofo, não é prescritiva, no sentido de 
possuir um conteúdo prévio gerador de valores, mas terá 
de ser compreendida como um procedimento racional de 
avaliação das ações dos homens. 
Esse procedimento de avaliação diz respeito à 
possibilidade de universalização de uma determinada regra 
que, por sua vez, foi pressuposta pela vontade. Assim, se 
uma determinada regra, subjetiva, é válida para todos os 
seres racionais, a ação pressuposta pela regra da vontade 
é racional e, consequentemente, a ação será compreendida 
como uma ação por dever, que respeitou a lei. Esta obriga 
o sujeito a avaliar suas regras de conduta por meio do 
critério de universalização, ou seja, se sua regra de conduta 
é ou não passível de valer para todos os sujeitos racionais. 
Segundo Kant, o princípio formal da vontade, a lei, pode ser 
formulada dessa maneira: “Devo proceder sempre de uma 
maneira que eu possa querer também que a minha máxima 
se torne uma lei universal”. Essa primeira formulação da lei 
é o imperativo categórico da razão. 
Assim, uma ação só pode ser considerada moral se for livre, 
e só pode ser vista como livre no momento em que passa 
pelo critério de avaliação fornecido pela própria razão, pela 
universalização de sua máxima por meio do imperativo. É a 
razão que, portanto, determina a ética de uma ação. Kant 
está preocupado com a condição de universalidade da 
liberdade, o que pressupõe que a liberdade seja válida para 
todos os homens (de outro modo não seria liberdade). 
Todo esse movimento da filosofia prática kantiana converge 
para a ideia do sujeito moderno. Kant o pressupõe tanto do 
ponto de vista de um sujeito universal quanto do ponto de 
vista do indivíduo, pois, em última instância, como a 
vontade está vincula à ideia de uma intenção, só o próprio 
indivíduo pode avaliar se sua ação foi livre, moral, ou não. 
Apesar disso, se por um lado Kant resguarda a 
possibilidade de a vontade de um indivíduo não estar 
submetida à vontade de outrem, por outro lado, com o 
princípio de universalização, o sujeito deve agir de uma 
forma que o seu querer possa também ser entendido como 
uma lei universal. Ele deve levar em conta, portanto, todos 
os seres racionais em sua ação, ou seja, a sua ação é livre 
e moral na medida em que todos também possam, em 
princípio, agir da mesma forma. Kant não afirma que todos 
os seres racionais vão agir assim, mas que todos devem 
ser levados em consideração – o que dá legitimidade à 
legalidade moral. Com isso, o sujeito está sendo pensado 
tanto do ponto de vista de sua individualidade quanto do 
ponto de vista de sua universalidade. 
 Maurício Keirnert – Lei Moral e Autonomia: o conceito da 
vontade em Kant. 
Exercícios básicos 
 
1. (ENEM) Ninguém delibera sobre coisas que não podem 
ser de outro modo, nem sobre as que lhe é impossível fazer. 
Por conseguinte, como o conhecimento científico envolve 
demonstração, mas não há demonstração de coisas cujos 
http://www.allaboutphilosophy.org/portuguese/relativismo-moral.htm
http://www.allaboutphilosophy.org/portuguese/relativismo-moral.htm
 
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primeiros princípios são variáveis (pois todas elas poderiam 
ser diferentemente), e como é impossível deliberar sobre 
coisas que são por necessidade, a sabedoria prática não 
pode ser ciência, nem arte: nem ciência, porque aquilo que 
se pode fazer é capaz de ser diferentemente,nem arte, 
porque o agir e o produzir são duas espécies diferentes de 
coisa. Resta, pois, a alternativa de ser ela uma capacidade 
verdadeira e raciocinada de agir com respeito às coisas que 
são boas ou más para o homem. 
 
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Abril 
Cultural, 1980. Aristóteles considera a ética como 
pertencente ao campo do saber prático. Nesse sentido, ela 
difere-se dos outros saberes porque é caracterizada como: 
A. conduta definida pela capacidade racional de escolha. 
B. capacidade de escolher de acordo com padrões 
científicos. 
C. conhecimento das coisas importantes para a vida do 
homem. 
D. técnica que tem como resultado a produção de boas 
ações. 
E. política estabelecida de acordo com padrões 
democráticos de deliberação. 
 
2. (Uem 2012) A reflexão sobre a ética apresenta, na 
antiguidade clássica, três características principais: a) a 
fusão do sujeito moral com o sujeito político, pois só 
enquanto cidadão ou membro de uma comunidade política 
pode-se pensar a moralidade; b) a discussão de princípios 
éticos metafísicos, pois a moral fundamenta-se a partir de 
conceitos que descrevem uma interrogação sobre a 
essência do ser (o que é virtude, o que é a felicidade, o que 
é a verdade, etc.); c) a separação entre o domínio privado 
e o domínio público. A partir dessa reflexão sobre a ética na 
antiguidade grega, assinale o que for correto. 
 
 
01) A fundação platônica da cidade ideal, em A República, 
dá-se sob o signo de uma moralidade subjetiva, isto é, 
relativa à boa vontade dos indivíduos, seja qual for sua 
classe social ou política. 
02) Por ser precursor do pensamento político democrático, 
Platão defende os interesses dos escravos, das 
mulheres e das crianças. 
04) Na Ética a Nicômaco, Aristóteles defende os princípios 
de uma ética relativista, já que, ao defender o “justo 
meio”, acaba por defender a medida individual de cada 
sujeito. 
08) A ética, na cidade-Estado grega, acompanha seu 
fundamento político, razão pela qual a violência não é 
condenada na esfera privada e é proibida na esfera 
pública. 
16) Para Aristóteles, as amizades de um homem dependem 
da pessoa que se é, resultando, se ele for um home 
justo e correto, no coroamento de todos os bens: a 
felicidade. Por isso, a filosofia moral de Aristóteles é 
uma eudaimonia (do grego: “boa vida”, “vida feliz”). 
3. (Uncisal 2012) A Ética e a Moral são diferentes, porém 
intrinsecamente interligadas. As reflexões éticas exercem 
significativa influência sobre as práticas morais, assim 
como estas servem de matéria às reflexões éticas. A prática 
moral é relativa, mas as reflexões éticas tendem a ser 
universais. Com relação à Ética e à Moral, assinale a opção 
correta. 
a) Sem a Ética a Moral ficaria obsoleta, caduca, 
ultrapassada. 
b) Sendo universais os princípios éticos perdem o sentido à 
medida que se relacionam com os valores propagados 
pelas diferentes culturas. 
c) Os princípios éticos, em qualquer situação, são 
expressões do individualismo e do relativismo. 
d) A Declaração Universal dos Direitos Humanos é um 
exemplo de práticas morais. 
e) Independentemente do momento histórico a Moral é 
única, absoluta e imutável. 
4. (Uel 2005) “É na verdade conforme ao dever que o 
merceeiro não suba os preços ao comprador inexperiente, 
e quando o movimento do negócio é grande, o comerciante 
esperto também não faz semelhante coisa, mas mantém 
um preço fixo geral para toda a gente, de forma que uma 
criança pode comprar em sua casa tão bem como qualquer 
outra pessoa. É-se, pois servido honradamente; mas isto 
ainda não é bastante para acreditar que o comerciante 
tenha assim procedido por dever e princípios de honradez; 
o seu interesse assim o exigia; mas não é de aceitar que 
ele além disso tenha tido uma inclinação imediata para os 
seus fregueses, de maneira a não fazer, por amor deles, 
preço mais vantajoso a um do que outro”. 
 
(KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica dos costumes. Trad. de 
Paulo Quintela. São Paulo: Abril Cultural, 1980. p. 112.) 
 
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o conceito 
de dever em Kant, considere as afirmativas a seguir, sobre 
a ação do merceeiro. 
 
I. É uma ação correta, isto é, conforme postula o dever 
social. 
 
II. É ética, pois revela honestidade na relação com seus 
clientes. 
 
III. Não é uma ação por dever, pois sua intenção é egoísta. 
 
IV. É honesta, mas motivada pela compaixão aos 
semelhantes. 
 
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Estão corretas apenas as afirmativas: 
a) I e II. 
b) I e III. 
c) II e IV. 
d) I, III e IV. 
e) II, III e IV. 
5. (Ufu 2003) Na Crítica da razão pura, Kant vincula o 
sistema da moralidade à felicidade. Assinale a alternativa 
que explica no que consiste a relação moralidade — 
subjetividade. 
a) A esperança de ser feliz e a aspiração por tornar-se feliz 
podem ser conhecidas pela razão prática, desde que o 
fundamento da ação e a norma da conduta sejam a 
máxima do “não faça aos outros aquilo que não queres 
que te façam”. 
b) A convicção da felicidade humana decorre da certeza de 
que todos os entes racionais comportam-se com a mais 
rigorosa conformidade à lei moral, de maneira que cada 
um age orientado pela sua vontade, ou seja, pela razão 
prática do arbítrio individual. 
c) Quando a liberdade é dirigida e restringida pelas leis 
morais, é possível pensar na felicidade universal, pois a 
observância dos princípios morais pode proporcionar não 
só o bem estar para si, como também ser o responsável 
pelo bem estar dos outros. 
d) A felicidade implica na transcendência do mundo moral, 
pois somente na esfera sensível é possível o 
conhecimento pleno das ações humanas, já que 
somente nesse mundo sensível é possível a conexão 
entre moralidade e felicidade. 
6. ENEM A moralidade, Bentham exortava, não é uma 
questão de agradar a Deus, muito menos de fidelidade a 
regras abstratas. A moralidade é a tentativa de criar a maior 
quantidade de felicidade possível neste mundo. Ao decidir 
o que fazer, deveríamos portanto, perguntar qual curso de 
conduta promoveria a maior quantidade de felicidade para 
todos aqueles que serão afetados. RACHELS, J. Os 
elementos da filosofia moral Barueri-SP, Manole, 2005. 
Os parâmetros da ação indicados no texto estão em 
conformidade com uma: 
 
a) fundamentação científica de viés positivista. 
b) convenção social de orientação normativa 
c) transgressão Comportamental religiosa 
d) racionalidade de caráter pragmático. 
e) inclinação de natureza passional 
7. (UNESP) É esse o sentido da famosa formulação do 
filósofo Kant sobre o imperativo categórico: “Aja unicamente 
de acordo com uma máxima tal que você possa querer que 
ela se torne uma lei universal”. Isso é agir de acordo com a 
humanidade, em vez de agir conforme o seu “euzinho 
querido”, e obedecer à razão em vez de obedecer às suas 
tendências ou aos seus interesses. Uma ação só é boa se 
o princípio a que se submete (sua “máxima”) puder valer, 
de direito, para todos: agir moralmente é agir de tal modo 
que você possa desejar, sem contradição, que todo 
indivíduo se submeta aos mesmos princípios que você. Não 
é porque Deus existe que devo agir bem; é porque devo 
agir bem que posso necessitar – não para ser virtuoso, mas 
para escapar do desespero – de crer em Deus. Mesmo se 
Deus não existir, mesmo se não houver nada depois da 
morte, isso não dispensará você de cumprir com o seu 
dever, em outras palavras, de agir humanamente. 
 
(André Comte-Sponville. Apresentação da filosofia, 2002. Adaptado.) 
 
O conceito filosófico de imperativo categórico é baseado no 
relativismo ou na universalidade moral? Justifique sua 
resposta. Explique o motivo pelo qual a ética kantiana 
dispensa justificativas de caráter religioso. 
8. (Uel 2007) Na segunda seção da Fundamentaçãoda 
Metafísica dos Costumes, Kant nos oferece quatro 
exemplos de deveres. Em relação ao segundo exemplo, 
que diz respeito à falsa promessa, Kant afirma que uma 
“pessoa vê-se forçada pela necessidade a pedir dinheiro 
emprestado. Sabe muito bem que não poderá pagar, mas 
vê também que não lhe emprestarão nada se não prometer 
firmemente pagar em prazo determinado. Sente a tentação 
de fazer a promessa; mas tem ainda consciência bastante 
para perguntar a si mesma: Não é proibido e contrário ao 
dever livrar-se de apuros desta maneira? Admitindo que se 
decida a fazê-lo, a sua máxima de ação seria: Quando julgo 
estar em apuros de dinheiro, vou pedi-lo emprestado e 
prometo pagá-lo, embora saiba que tal nunca sucederá”. 
 
Fonte: KANT, I. Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Tradução 
de Paulo Quintela. São Paulo: Abril Cultural, 1980, p. 130. 
 
De acordo com o texto e os conhecimentos sobre a moral 
kantiana, considere as afirmativas a seguir: 
I. Para Kant, o princípio de ação da falsa promessa não 
pode valer como lei universal. 
 
II. Kant considera a falsa promessa moralmente permissível 
porque ela será praticada apenas para sair de uma 
situação momentânea de apuros. 
 
 
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III. A falsa promessa é moralmente reprovável porque a 
universalização de sua máxima torna impossível a 
própria promessa. 
IV. A falsa promessa é moralmente reprovável porque vai 
de encontro às inclinações sociais do ser humano. 
A alternativa que contém todas as afirmativas corretas é: 
a) I e II 
b) I e III 
c) II e IV 
d) I, II e III 
e) I, II e IV 
Gabarito: 
1. D 2. (8+16) 3. A 4. B 5. C 6. D 8. B 
7. O conceito de imperativo categórico, de Kant, é 
fundamentado na universalidade da moral, uma vez que o 
filósofo acredita que temos bases racionais para um 
discernimento moral universal. Isso significa sermos 
capazes de nos nortearmos por valores comuns, que não 
se vinculem a uma pretensa superioridade do eu em 
relação ao outro, mas que se pautem em uma máxima 
universal. É este dever universal que está contido no 
imperativo categórico: tratar a humanidade com um fim. E 
podemos alcançá-lo por sermos seres racionais, capazes 
de discernir moralmente. A ética kantiana dispensa 
justificativas de caráter religioso justamente pelo fato de se 
pautar em bases racionais. São essas bases – e não a 
moral prescrita – que nos fazem seres capazes de avaliar 
nossas condutas. 
 
Exercícios Complementares 
1. (Unesp 2011) Renata, 11, combinava com uma amiga 
viajar em julho para a Disney. Questionada pela mãe, que 
não sabia de excursão nenhuma, a menina pegou uma 
pasta com preços do pacote turístico e uma foto com os 
dizeres: “Se eu não for para a Disney vou ser um pateta”. A 
agência de turismo e a escola afirmam que não pretendiam 
constranger ninguém e que a placa do Pateta era apenas 
uma brincadeira. Para um promotor da área do consumidor, 
o caso ilustra bem os abusos na publicidade infantil. 
“Já temos problemas sérios de bullying nas escolas. Essa 
empresa está criando uma situação propícia para isso”. 
 
(Folha de S.Paulo, 20.04.2010. Adaptado.) 
Acerca dessa notícia, podemos afirmar que: 
a) Em nossa sociedade, os campos da publicidade e da 
pedagogia são esferas separadas, não suscitando 
questões de natureza ética. 
b) Para o promotor citado na reportagem, o caso em 
questão provoca problemas de natureza exclusivamente 
jurídica. 
c) Uma das questões éticas envolvidas diz respeito à 
exposição precoce das crianças à manipulação do 
desejo, exercida pela publicidade. 
d) O público-alvo dessa campanha publicitária constitui-se 
de indivíduos dotados de consciência autônoma. 
e) Para o promotor citado na reportagem, o caso em 
questão não apresenta repercussões de natureza 
psicológica. 
2. (Unesp 2011) Num mundo onde cresce sem parar a 
compulsão para obrigar as pessoas a levar uma vida 
“correta” no maior número possível das atividades que 
formam o seu dia a dia, a mesa tornou-se uma das áreas 
que mais atraem a atenção dos gendarmes empenhados 
em arbitrar o que é realmente bom para você. É uma 
provação permanente. Médicos, nutricionistas, personal 
trainers, editores e editoras de revistas dedicadas à forma 
física, ambientalistas, militantes da produção orgânica, 
burocratas, chefs de cozinha, críticos de restaurantes e 
mais uma multidão de diletantes prontos a dar testemunho 
expedem decretos cada vez mais frequentes, e cada vez 
mais severos, sobre os deveres do cidadão na hora de 
comer. O fato é que toda essa gente, quase sempre com as 
melhores intenções, acabou construindo um crescente 
sistema de ansiedade em torno do pão nosso de cada dia 
– e o resultado é que o prazer de comer bem vai sendo 
substituído pela obrigação de comer certo. Modelos, atrizes 
e outras pessoas que precisam pesar pouco para fazer 
sucesso chegam aos 30 anos de idade, ou mais, 
praticamente sem ter feito uma única refeição decente na 
vida. Propõe-se, como virtude alimentar, um mundo 
sombrio de pastas, mingaus, poções, soros de proteína e 
sabe-se lá o que ainda vem pela frente. Não está claro o 
que se ganha em toda essa história. A perspectiva de 
morrer, um dia, no peso ideal? 
(J. R. Guzzo. Veja, 09.06.2010. Adaptado.) 
Sob o ponto de vista filosófico, podemos afirmar que, para 
o autor, 
a) é positiva a adoção de procedimentos científicos no 
campo nutricional. 
b) o tema da qualidade de vida deve ser enfocado sob 
critérios morais. 
c) os padrões hegemônicos vigentes na sociedade atual no 
campo da nutrição são elogiáveis. 
d) a felicidade depende do número de calorias ingeridas 
pelo ser humano. 
 
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e) a autonomia individual deveria ser o critério para definir 
os parâmetros de uma vida adequada. 
3. (Uenp 2009) Leia o fragmento: 
 
“Tudo na natureza age segundo leis. Só um ser racional tem 
a capacidade de agir segundo a representação das leis, isto 
é, segundo princípios, ou: só ele tem uma vontade. Como 
para derivar as ações das leis é necessária a razão, a 
vontade não é outra coisa senão razão prática. Se a razão 
determina infalivelmente a vontade, as ações de um tal ser, 
que são conhecidas como objetivamente necessárias, são 
também subjetivamente necessárias, isto é, a vontade é a 
faculdade de escolher só aquilo que a razão 
independentemente da inclinação, reconhece como 
praticamente necessário, quer dizer bom”. 
(KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica dos costumes. Trad. de 
Paulo Quintela. Lisboa: Edições 70, 1995, p. 47.) 
Assinale a alternativa correta: 
 
a) A ética kantiana tem os mesmos princípios da ética 
aristotélica, e por isso pode ser considerada 
eudemonista e utilitarista. 
b) Kant afirmava que o princípio da ação moral era o 
imperativo categórico, que poderia ser reduzido a 
seguinte assertiva: “...age de tal forma que a máxima de 
sua ação possa ser universal”. 
c) Kant desenvolve uma ética do dever. 
d) No pensamento kantiano não existe qualquer distinção 
entre a lei ética, a lei física, a lei moral e a lei jurídica, 
porque todas possuem o mesmo princípio elementar de 
fundamento. 
e) O sistema proposto por Kant servirá de crítica para os 
teóricos posteriores que procuram defender a ideia de 
“ética mínima”. 
4.(Uem 2009) “A ética ou filosofia moral é a parte da filosofia 
que se ocupa com a reflexão a respeito das noções e 
princípios que fundamentam a vida moral.” 
 
(ARANHA, Maria L. de Arruda e MARTINS, Maria H. Pires. Filosofando: 
introdução à Filosofia. 3ª ed. São Paulo: Moderna, 2003, p. 301). 
 
A ética nasce quando a indagação formula duas questões: 
primeiro, de onde vêm e o que valem os costumes; 
segundo, o que é o caráter de cada pessoa, isto é, seu 
senso e consciênciamoral. Assinale o que for correto. 
01) Para Nietzsche, a ética institui um “dever ser” moral, os 
princípios e os valores que ela dita são universais, 
portanto válidos para todos os homens, 
independentemente do tempo e do espaço. 
02) As perguntas dirigidas por Sócrates aos atenienses 
sobre o que eram os valores nos quais acreditavam e 
que respeitavam ao agir inauguram a filosofia moral, 
porque definem o campo no qual valores e obrigações 
morais podem ser estabelecidos pela determinação do 
seu ponto de partida, isto é, a consciência do agente 
moral. 
04) Para Aristóteles, a ética fundamenta-se em princípios 
ascéticos, em uma moral da abnegação, como 
condições indispensáveis para impor aos homens um 
“dever ser” capaz de conter o caráter perverso dos seus 
instintos e paixões. 
08) A ética não se confunde com a política, todavia elas 
mantêm entre si uma relação necessária, pois a 
formação ética é, ao sobrepor os interesses coletivos 
aos individuais, importante para o exercício da 
cidadania. 
16) Para Kant, não existe bondade natural. Por natureza, o 
homem pode ser egoísta, ambicioso, destrutivo, ávido 
de prazeres que nunca o saciam e pelos quais mata, 
mente, rouba; é a razão pela qual precisa do dever 
racional para se tornar um ser moral. 
5.(Unioeste 2009) “O termo bioética foi, primeiramente, 
utilizado pelo médico norte-americano V. R. Potter no início 
da década de 1970. [...] Nos últimos trinta anos, a bioética 
cresceu rapidamente como área de conhecimento e tornou-
se particularmente importante nas ciências relacionadas 
com a vida humana, tais como a medicina, a enfermagem, 
a biologia, o direito etc., apesar de ser um objeto de estudo 
interdisciplinar e ter ocupado também lugar central na 
filosofia moral”. (D. Dall'Agnol) 
Tendo em conta o ponto de vista da Bioética, é correto 
afirmar que 
a) questões relacionadas à intervenção na natureza e ao 
uso de recursos naturais são independentes das que 
dizem respeito à segurança, ao meio ambiente e ao bem-
estar comum. 
b) a conduta humana no âmbito das ciências da vida e da 
saúde não precisa ser analisada à luz dos valores e 
princípios morais. 
c) é preciso discutir a questão da responsabilidade e da 
autoridade da ciência e do médico em relação às 
intervenções e limites de certas experiências, tais como 
o aborto induzido, a esterilização, a eutanásia, a 
clonagem, as células-tronco, etc. 
d) o conhecimento científico, exatamente por tratar da 
verdade, não pode sofrer limitações por questões éticas 
e, portanto, é independente de valores morais. 
e) a ciência é uma atividade imparcial, neutra e 
desinteressada. 
 
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 6.(Uel 2007) “Ora, nós chamamos aquilo que deve ser 
buscado por si mesmo mais absoluto do que aquilo que 
merece ser buscado com vistas em outra coisa, e aquilo que 
nunca é desejável no interesse de outra coisa mais absoluto 
do que as coisas desejáveis tanto em si mesmas como no 
interesse de uma terceira; por isso chamamos de absoluto 
e incondicional aquilo que é sempre desejável em si mesmo 
e nunca no interesse de outra coisa” 
 
Fonte: ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Tradução de Leonel Vallandro 
e Gerd Bornheim. São Paulo: Nova Cultural, 1987, 1097b, p. 15. 
 
De acordo com o texto e os conhecimentos sobre a ética de 
Aristóteles, assinale a alternativa correta: 
a) Segundo Aristóteles, para sermos felizes é suficiente 
sermos virtuosos. 
b) Para Aristóteles, o prazer não é um bem desejado por si 
mesmo, tampouco é um bem desejado no interesse de 
outra coisa. 
c) Para Aristóteles, as virtudes não contam entre os bens 
desejados por si mesmos. 
d) A felicidade é, para Aristóteles, sempre desejável em si 
mesma e nunca no interesse de outra coisa. 
e) De acordo com Aristóteles, para sermos felizes não é 
necessário sermos virtuosos. 
 7.(Uema 2005) “Age como se a máxima de tua ação 
devesse ser erigida por tua vontade em lei universal da 
natureza”. 
 
Essa máxima kantiana afirma que: 
 
a) a universalidade da conduta ética é aquilo que todo e 
qualquer ser humano racional deve fazer como se fosse 
uma lei inquestionável e válida para todo o tempo e lugar. 
A ação, por dever, é uma lei moral para o agente. 
b) a dignidade dos seres humanos como pessoas é, 
portanto, a exigência de que sejam tratadas como fim da 
ação e jamais como meio. 
c) o agir moral se funda exclusivamente na subjetividade. 
d) o motivo moral da vontade má é agir por dever. 
e) a ação por dever é uma lei amoral para o agente. 
8. (Unesp 2012) O clima do “politicamente correto” em que 
nos mergulharam impede o raciocínio. Este novo senso 
comum diz que todos os preconceitos são errados. Ao que 
um amigo observou: “Então vocês têm preconceito contra 
os preconceitos”. Ele demonstrava que é impossível não ter 
preconceitos, que vivemos com eles, e que grande 
quantidade deles nos é útil. Mas, afinal, quais preconceitos 
são pré-julgamentos danosos? São aqueles que carregam 
um juízo de valor depreciativo e hostil. Lembre-se do seu 
tempo de colégio. Quem era alvo dos bullies? Os diferentes. 
As crianças parecem repetir a história da humanidade: 
nascem trogloditas, violentas, cruéis com quem não é da 
tribo, e vão se civilizando aos poucos. Alguns, nem tanto. 
Serão os que vão conservar esses rótulos pétreos, 
imutáveis, muitas vezes carregados de ódio contra os 
“diferentes”, e difíceis (se não impossíveis) de mudar. 
 
(Francisco Daudt. Folha de S.Paulo, 07.02.2012. Adaptado.) 
 
O artigo citado aborda a relação entre as tendências 
culturais politicamente corretas e os preconceitos. Com 
base no texto, pode-se afirmar que a superação dos 
preconceitos que induzem comportamentos agressivos 
depende 
a) da capacidade racional de discriminar entre pré-
julgamentos socialmente úteis e preconceitos 
disseminadores de hostilidade. 
b) de uma assimilação integral dos critérios “politicamente 
corretos” para representar e julgar objetivamente a 
realidade. 
c) da construção de valores coletivos que permitam que 
cada pessoa diferencie os amigos e os inimigos de sua 
comunidade. 
d) de medidas de natureza jurídica que criminalizem a 
expressão oral de juízos preconceituosos contra 
integrantes de minorias. 
e) do fortalecimento de valores de natureza religiosa e 
espiritual, garantidores do amor ao próximo e da 
convivência pacífica. 
 
Gabarito: 
1.C 2.E 3.B 4. (2+8+16) 5.C 6.D 7.A 8.E 
 
AULA 2 – O idealismo alemão: Hegel 
Hegel (1770 – 1831) 
Georg Hegel nasceu em Stuttgart, na Alemanha. Estudou 
teologia e atuou muitos anos como preceptor. Estabeleceu-
se como professor na Universidade de Jena, onde produziu 
a sua mais importante obra: Fenomenologia do Espírito 
(1807), mas foi forçado a deixar a cidade quando ela foi 
invadida pelas tropas de Napoleão. Trabalhou como editor, 
professor e, mais tarde, nas importantes Universidades de 
Heidelberg e de Berlim. 
“Hegel foi o filósofo mais famoso na Alemanha na primeira 
metade do século XIX. Sua ideia central era a de que todos 
 
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os fenômenos, da consciência às instituições políticas, são 
aspectos de um único espírito (mente ou ideia) que ao longo 
do tempo reintegra esses aspectos em si mesmo. Esse 
processo de reintegração é o que Hegel chama de dialética: 
um processo que nós (enquanto aspectos do espírito) 
entendemos como história.” 
 (O Livro da Filosofia – Ed. Globo, 2011) 
Crítica à Kant: como podemos criticar e estabelecer os 
limites da razão usando a própria razão? 
A realidade possui um movimento dialético. A realidade é 
dinâmica e, em seu movimento, apresenta momentos que 
se contradizem sem, no entanto, perder a unidade do 
processo. A realidade é,portanto, um contínuo DEVIR, no 
qual um momento prepara para o outro, mas, para que esse 
outro momento possa acontecer, o anterior tem que ser 
negado. 
Dialética: TESE ANTÍTESE SÍNTESE 
 
Sistema dialético hegeliano: o caminhar do espírito 
(consciência) em busca do absoluto. A busca da infinitude 
a partir da consciência finita. 
O caminho é feito de verdades parciais que vão sendo 
reunidas até que se chegue a uma verdade totalizadora que 
as engloba. Cada tese e cada antítese foram verdadeiras, 
mas parciais, foram momentos necessários para a razão 
conhecer-se cada vez mais. 
A razão é histórica e o real é obra histórica da razão. 
O processo histórico tem uma lógica racional. Todas as 
coisas e eventos, mesmo os piores, possuem um sentido 
dentro do processo histórico, pois compõem o plano 
racional que é a realidade. 
A formação da consciência vai depender do contexto 
histórico em que está inserida. É na ação que a consciência 
adquire compreensão do objeto. 
 
A Filosofia é: “sua época apreendida pelo pensamento”. 
 
Exercícios 
 
1.(Ueg 2011) Um dos elementos mais conhecidos da 
filosofia de Hegel é a dialética, baseada no pressuposto de 
que uma ideia (tese) produz uma ideia oposta (antítese), 
resultando, consequentemente, numa conciliação (síntese) 
entre as duas ideias opostas. Nesse sentido, ao utilizar 
esse princípio hegeliano para interpretar os sistemas 
políticos contemporâneos, percebe-se que a síntese entre 
os princípios do liberalismo e os do marxismo foi efetivada 
no 
a) Estado de bem-estar social. 
b) anarquismo de Bakunin. 
c) nazismo alemão. 
d) fascismo italiano. 
2.(Uem 2010) Hegel criticou o inatismo, o empirismo e o 
kantismo. Endereçou a todos a mesma crítica, a de não 
terem compreendido o que há de mais fundamental e 
essencial à razão: o fato de ela ser histórica. Com base 
nessa afirmação, assinale o que for correto. 
01) Ao afirmar que a razão é histórica, Hegel considera a 
razão como sendo relativa, isto é, não possui um caráter 
universal e não pode alcançar a verdade. 
02) Não há para Hegel nenhuma relação entre a razão e a 
realidade. Submetida às circunstâncias dos eventos 
históricos, a razão está condenada ao ceticismo, isto é, “ao 
duvidar sempre”. 
04) A identificação entre razão e história conduz Hegel a 
desenvolver uma concepção materialista da história e da 
realidade, negando entre ambas a possibilidade de uma 
relação dialética. 
08) No sistema hegeliano, a racionalidade não é mais um 
modelo a ser aplicado, mas é o próprio tecido do real e do 
pensamento. O mundo é a manifestação da ideia, o real é 
racional, e o racional é o real. 
16) Karl Marx, ao afirmar, na Ideologia alemã, que não é a 
história que anda com as pernas das ideias, mas as ideias 
é que andam com as pernas da história, critica, ao mesmo 
tempo, o idealismo e a concepção da história de Hegel e 
dos neo-hegelianos. 
3.(Ufu 2005) Hegel, em seus cursos universitários de 
Filosofia da História, fez a seguinte afirmação sobre a 
relação entre a filosofia e a história: “O único pensamento 
que a filosofia aporta é a contemplação da história”. 
HEGEL, G. W. F. Filosofia da História. 2 ed. Brasília: Editora da UnB, 
1998, p. 17. 
De acordo com a reflexão de Hegel, é correto afirmar que: 
 
I. a razão governa o mundo e, portanto, a história universal 
é um processo racional. 
II. a ação dos homens obedece a vontade divina que 
preestabelece o curso da história. 
III. no processo histórico, o pensar está subordinado ao real 
existente. 
IV. a ideia ou a razão se originam da força material de 
produção e reprodução da história. 
Assinale a alternativa que contém somente assertivas 
corretas. 
a) III e IV. 
 
b) I e II. 
 
c) II e III. 
 
d) I e III. 
 
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Gabarito: 
Resposta da questão 1: [A] 
A única alternativa correta é a A, porém, com ressalvas. O 
Estado de bem-estar social, como síntese dos princípios do 
liberalismo com o marxismo, só pode ser considerado a 
partir de uma concepção simplista da dialética hegeliana. A 
síntese dialética é uma forma de se alcançar a realidade e 
a verdade por meio da contradição, não uma forma de se 
adaptar governos ou interesses políticos. 
Resposta da questão 2: 08 + 16 = 24. 
 
Somente [08] e [16] são asserções verdadeiras. O 
idealismo hegeliano, uma das teorias filosóficas mais 
difíceis de serem compreendidas, considerava a razão 
como sendo histórica, no sentido de que ela conhece-se a 
si mesma através do tempo. Hegel também dividia a razão 
em dois tipos: a razão subjetiva, correspondente ao 
conjunto de leis do pensamento, e a razão objetiva, 
correspondente à ordem objetiva e racional das coisas. É 
na busca da superação de tal sistema filosófico que Karl 
Marx desenvolveu seu materialismo dialético. 
Resposta da questão 3: [D] 
O idealismo hegeliano faz uma abordagem da história 
enquanto manifestação da razão. Nesse processo, o 
pensar está subordinado ao real existente, ou seja, à razão. 
Vale ressaltar que essa razão não corresponde à vontade 
divina nem é produzida pela força material de produção e 
reprodução da história. Essa última visão (apresentada na 
assertiva IV) se aproxima mais ao marxismo que ao 
hegelianismo. 
 
 
AULA 3 – Origens da Sociologia 
O QUE É SOCIOLOGIA? 
Ciência que surge no século XIX e que se propõe a estudar 
a sociedade moderna. 
Objetivos: 
- analisar a relação entre as transformações na vida 
cotidiana e os processos mais amplos de mudança 
histórica. 
- compreender a sociedade industrial do século XIX: 
capitalismo, vida urbana, industrialização, desenvolvimento 
tecnológico, novas relações de tempo e espaço, 
individualismo, secularização. 
Estas mudanças que caracterizam a sociedade moderna 
passam a não ser mais tomadas como naturais pelo 
indivíduo do século XIX. Nesse contexto, surgem as 
chamadas ciências sociais, que aplicam o método científico 
(rigor, apoiado num amplo e cuidadoso exame dos fatos) 
para estudar diferentes aspectos da vida social. 
Sociologia – estudo científico da sociedade moderna, com 
foco em questões estruturais e na relação entre indivíduo e 
sociedade. 
Antropologia – ciência social que estuda o ser humano 
como produtor de cultura e as diferentes manifestações 
culturais 
Ciência Política – estudos dos fenômenos e das estruturas 
políticas. 
 
imaginação sociológica 
Expressão criada pelo cientista social norte-americano C. 
Wright Mills em 1959. Ela designa uma habilidade que 
qualquer indivíduo pode desenvolver ao longo da vida. 
Significa o indivíduo tornar-se capaz de compreender de 
modo mais amplo os eventos cotidianos, estabelecendo 
relações entre a biografia (pessoal) e a história (social, 
estrutural). Assim, a imaginação sociológica é um conceito 
que que procura descrever o processo de conexão entre a 
experiência individual da pessoa com as instituições sociais 
sob as quais convive e com o seu próprio lugar 
na história da humanidade. 
 
Carles Wright Mills (1916 – 1962) 
Contexto histórico do surgimento da sociologia: 
- Rev. Industrial: desestrutura por completo o feudalismo e 
consolida o modo de produção capitalista; 
- Rev. Francesa: marca, junto às demais revoluções 
burguesas, a ascensão política da classe burguesa, que 
desestrutura o Antigo Regime e abre caminhos para o 
surgimento de modelos de democracia representativa 
baseados na igualdade jurídica e civil dos cidadãos; 
- Iluminismo: corrente filosófica do século XVIII que 
compreende a razão humana como instrumento de 
transformação histórica (progresso), consagra a ciência e 
dissemina valores liberais como liberdade e igualdade. 
É importante notarmos que até o Iluminismo não existia um 
pensamento autônomo sobre a vida social, as tradições, os 
costumes (ancorados na religião) regiam a vida cotidiana 
como se todos os hábitos evalores fossem inquestionáveis. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/C._Wright_Mills
https://pt.wikipedia.org/wiki/C._Wright_Mills
https://pt.wikipedia.org/wiki/1959
https://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria
 
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A desigualdade entre os homens era tomada como uma 
condição natural. 
 
Contexto científico do surgimento da sociologia: 
Dentre os pressupostos científicos para o surgimento da 
Sociologia encontram-se as seguintes noções, bastante 
difundidas no século XIX: 
− as relações entre os homens podem ser destacadas 
como objeto de conhecimento científico; 
− há leis (padrões) que ordenam a política, o Estado, os 
costumes e hábitos sociais (esses padrões 
independem da vontade do homem) e tais leis podem 
ser conhecidas por meio de um método formalizado de 
acordo com as premissas da ciência. 
Como vimos, a sociedade que inquietava os primeiros 
sociólogos era uma sociedade industrial, marcada por 
novas formas de produção material e pela intensa divisão 
do trabalho. A ciência passa a ocupar lugar de destaque 
nessa sociedade, uma vez que muitas teses e descobertas 
sobre a natureza se alastram pela Europa dos séculos XVIII 
e XIX, alternando significativamente o que se conhecia do 
mundo. O cientificismo do período expande-se para o 
estudo da sociedade, gerando um conjunto de teses e 
interpretações hoje bastante questionáveis, mas que 
marcaram os primeiros estudos no campo sociológico. 
 
Darwinismo Social 
 
Muitos cientistas e políticos do século XIX leram as teses 
de Darwin sobre a evolução das espécies e transpuseram 
tais ideias para a análise da sociedade, o que resultou no 
darwinismo social, expressão que abarca teses do século 
XIX que afirmam que as sociedades se desenvolvem de 
forma semelhante, sempre de um estágio inferior para um 
estágio superior. Inspirados nessa perspectiva 
evolucionista, cientistas justificavam a discrepância entre as 
sociedades europeias e as de outros continentes, que se 
encontrariam em estágios inferiores de desenvolvimento. 
Além de refletir o otimismo da industrialização, o 
darwinismo social acabou servindo de forte justificativa para 
o colonialismo na África e em outras regiões do planeta que, 
na leitura dos representantes dessa corrente, careciam de 
ser levados ao progresso. 
 
Herbert Spencer (1820 – 1903) 
 
Spencer, principal teórico e defensor do Organicismo, 
defendeu a tese de que toda a realidade evolui de modo 
semelhante aos organismos vivos. Na perspectiva social, o 
sistema organicista defende a ideia da superioridade dos 
seres que melhor se adaptam ao ambiente. 
Auguste Comte (1789 – 1857) 
 
Filósofo francês, criador da corrente filosófica conhecida 
como Positivismo. Nela, a ciência é o único conhecimento 
válido à compreensão da realidade e capaz de resolver os 
problemas que impedem as sociedades humanas de 
alcançarem a sua plenitude. 
Comte consolidou a palavra “sociologia” no ambiente 
intelectual da época, num primeiro momento chamada de 
“física social”, dada a influência das ciências da natureza, 
seu método e pretensão de neutralidade. Ele defendia a 
tese de que a humanidade passava por três estágios de 
conhecimento: 
TEOLÓGICO: os homens atribuíam as causas dos 
fenômenos aos deuses. 
METAFÍSICO: recorriam a conceitos abstratos para 
entender o mundo. 
POSITIVO: os homens aplicam métodos científicos para 
compreender a causa dos fenômenos. 
Comte creditava que a especificidade da Sociologia era o 
estudo da sociedade. Defendia a existência de leis sociais 
que determinam o curso da evolução da humanidade. As 
leis são resultados aleatórios da ação humana. Essa 
movimentação natural tende a levar as sociedades ao 
progresso (evolução). As forças evolutivas, que fazem 
eclodir as transformações necessárias seriam, por sua vez, 
equilibradas pela ação das forças ordenadoras, que teriam 
o papel de manter a coesão das sociedades, não permitindo 
que as transformações abalassem de modo demasiado as 
estruturas. Essas forças, ordem e progresso, deveriam 
existir sempre em equilíbrio. 
O filósofo almejava entender a organização da sociedade 
industrial europeia, direcionando-a ao progresso. 
Acreditava que a Sociologia poderia estudar 
profundamente e contribuir com o equilíbrio das forças 
sociais. O positivismo influenciou um outro importante 
pensador francês, chamado Émile Durkheim, considerado 
um dos pais da Sociologia. 
 
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EXERCÍCIOS 
 
1. (Uem 2018) Auguste Comte (1798-1857), a quem se 
atribui a formulação do termo Sociologia, foi o principal 
representante e sistematizador do Positivismo. Acerca do 
pensamento comteano, é correto afirmar que 
01) considerava os prejuízos do desenvolvimento 
econômico das sociedades industriais. 
02) teve grande influência sobre o pensamento social 
brasileiro do século XIX e início do XX. 
04) a inspiração para o método de investigação dos 
fenômenos sociais de Comte veio das ciências da 
natureza. 
08) era uma tentativa de constituição de um método objetivo 
para a observação dos fenômenos sociais. 
16) considerava o progresso e a evolução social um 
princípio da história humana. 
3. (Uem 2018) Assinale o que for correto em relação ao 
surgimento das Ciências Sociais e de suas perspectivas 
teóricas e metodológicas. 
 
01) Tal como a Física, a Química e a Biologia, a Sociologia 
surgiu como parte do desenvolvimento e dos 
desdobramentos do conhecimento científico. 
02) Somente com o surgimento da Sociologia e da 
Psicologia, por volta do século XVIII, a humanidade 
despertou sua curiosidade para o comportamento 
humano e suas consequências para as relações entre 
as pessoas. 
04) A Sociologia, como as demais ciências puras, não tem 
impacto prático na vida das pessoas. 
08) A avaliação de resultados de políticas públicas pode ser 
um dos objetivos da investigação sociológica. 
16) O estudo sociológico somente é possível porque a 
humanidade já atingiu seu completo desenvolvimento 
no processo de estruturação social. 
 
3. (UNESP 2016) 
Texto 1 
Diversamente do idealismo, o positivismo reivindica o 
primado da ciência: nós conhecemos somente aquilo que 
as ciências nos dão a conhecer, pois o único método de 
conhecimento é o das ciências naturais. O positivismo não 
apenas afirma a unidade do método científico e o primado 
desse método como instrumento de conhecimento, mas 
também exalta a ciência como o único meio em condições 
de resolver, ao longo do tempo, todos os problemas 
humanos e sociais que até então haviam atormentado a 
humanidade. 
(Giovanni Reale e Dario Antiseri. História da Filosofia, vol. 3, 1999. 
Adaptado.) 
Texto 2 
Basta, portanto, que os homens sejam considerados coisas 
para que se tornem manipuláveis, submetidos à ditadura 
racionalizada moderna que encontra seu apogeu no campo 
de concentração. Assim, a nova crise da razão é interna e 
traz subitamente à luz, no cerne da racionalização, a 
presença destrutiva da desrazão. Já não é apenas a 
suficiência e a insuficiência da razão que estão em causa, 
é a irracionalidade do racionalismo e da racionalização. 
Essa irracionalidade pode devorar a razão sem que ela se 
dê conta. 
(Edgar Morin. Ciência com consciência, 1996. Adaptado.) 
 
Considerando a análise realizada por Edgar Morin sobre as 
tendências irracionais da razão, explique sua importância 
para uma crítica ao otimismo positivista diante da ciência. 
4. (ENEM 2006) No início do século XIX, o naturalista 
alemão Carl Von Martius esteve no Brasil em missão 
científica para fazer observações sobre a flora e a fauna 
nativas e sobre a sociedade indígena. Referindo-se ao 
indígena, ele afirmou: 
 “Permanecendo em grau inferior da humanidade, 
moralmente, ainda na infância, a civilização não o altera, 
nenhum exemplo o excita e nada o impulsiona para um 
nobre desenvolvimentoprogressivo [...]. Esse estranho e 
inexplicável estado do indígena americano, até o presente, 
tem feito fracassarem todas as tentativas para conciliá-lo 
inteiramente com a Europa vencedora e torná-lo um 
cidadão satisfeito e feliz.” 
 
(VON MARTIUS, Carl. O estado do direito entre os autóctones do Brasil. 
Belo Horizonte/São Paulo: Itatiaia/EDUSP, 1982.) 
 
Com base nessa descrição, conclui-se que o naturalista 
Von Martius 
 
a) apoiava a independência do Novo Mundo, acreditando 
que os índios, diferentemente do que fazia a missão 
europeia, respeitavam a flora e a fauna do país. 
b) discriminava preconceituosamente as populações 
originárias da América e advogava o extermínio dos índios. 
c) defendia uma posição progressista para o século XIX: a 
de tornar o indígena cidadão satisfeito e feliz. 
d) procurava impedir o processo de aculturação, ao 
descrever cientificamente a cultura das populações 
originárias da América. 
e) desvalorizava os patrimônios étnicos e culturais das 
sociedades indígenas e reforçava a missão "civilizadora 
europeia", típica do século XIX. 
 
 
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5. (Uem 2012) Sobre a relação entre a revolução industrial 
e o surgimento da sociologia como ciência, assinale o que 
for correto. 
 
01) A consolidação do modelo econômico baseado na 
indústria conduziu a uma grande concentração da 
população no ambiente urbano, o qual acabou se 
constituindo em laboratório para o trabalho de 
intelectuais interessados no estudo dos problemas que 
essa nova realidade social gerava. 
02) A migração de grandes contingentes populacionais do 
campo para as cidades gerou uma série de problemas 
modernos, que passaram a demandar investigações 
visando à sua resolução ou minimização. 
04) Os primeiros intelectuais interessados no estudo dos 
fenômenos provocados pela revolução industrial 
compartilhavam uma perspectiva positiva sobre os 
efeitos do desenvolvimento econômico baseado no 
modelo capitalista. 
08) Os conflitos entre capital e trabalho, potencializados 
pela concentração dos operários nas fábricas, foram 
tema de pesquisa dos precursores da sociologia e 
continuam inspirando debates científicos relevantes na 
atualidade. 
16) A necessidade de controle da força de trabalho fez com 
que as fábricas e indústrias do século XIX inserissem 
sociólogos em seus quadros profissionais, para 
atuarem no desenvolvimento de modelos de gestão 
mais eficientes e produtivos. 
 
6. (Ufu 2010) A Sociologia surge em um período em que o 
fazer científico encontrava-se influenciado por algumas 
teses desenvolvidas durante o século XIX. Herbert 
Spencer, Charles Darwin e Auguste Comte, por exemplo, 
tiveram grande importância para o pensamento sociológico. 
O primeiro, por aplicar às ciências humanas o 
evolucionismo, mesmo antes das teses revolucionárias 
sobre a seleção das espécies do segundo. Com relação a 
Comte, houve a influência de seu “espírito positivo” na 
formação dos muitos intelectuais do período. 
Sobre as ideias de evolução e progresso e seu impacto no 
pensamento sociológico, podemos afirmar que: 
 
a) A ideia de progresso, apesar de ter grande influência na 
área das ciências naturais, não teve impacto decisivo na 
constituição da sociologia. 
b) A ideia de evolução foi uma das palavras de ordem do 
período, mas a sociologia rejeitou a sua adoção, assim 
como qualquer comparação entre seus efeitos no reino 
natural e no mundo social. 
c) A explicação sociológica procurou, desde o seu início, 
afastar-se de qualquer forma de determinismos, fossem 
biológicos ou geográficos, pois se contrapunha 
fortemente às explicações de cunho evolucionista. 
d) Em sua busca por constituir-se como disciplina, a 
Sociologia passou pela valorização e incorporação dos 
métodos das ciências da natureza, utilizando metáforas 
organicistas, assim como conferindo ênfase à noção de 
função. 
7. (UNESP) É difícil acreditar na guerra terrível, mas 
silenciosa, que os seres orgânicos travam em meio aos 
bosques serenos e campos risonhos. 
 
("C. Darwin, anotação no Diário de 1839".) 
 
Na segunda metade do século XIX, a doutrina sobre a 
seleção natural das espécies, elaborada pelo naturalista 
inglês Charles Darwin, foi transferida para as relações 
humanas, numa situação histórica marcada 
 
a) pela concórdia universal entre povos de diferentes 
continentes. 
b) pela noção de domínio, supremacia e hierarquia racial.
 
c) pelos tratados favoráveis aos povos colonizados. 
d) pelas concepções de unificação europeia e de paz 
armada. 
e) pela fundação de instituições destinadas a promover a 
paz. 
 
8. (UEL 2005) A Sociologia é uma ciência moderna que 
surge e se desenvolve juntamente com o avanço do 
capitalismo. Nesse sentido, reflete suas principais 
transformações e procura desvendar os dilemas sociais por 
ele produzidos. Sobre a emergência da sociologia, 
considere as afirmativas a seguir. 
 
I. A Sociologia tem como principal referência a explicação 
teológica sobre os problemas sociais decorrentes da 
industrialização, tais como a pobreza, a desigualdade 
social e a concentração populacional nos centros 
urbanos. 
II. A Sociologia é produto da Revolução Industrial, sendo 
chamada de “ciência da crise”, por refletir sobre a 
transformação de formas tradicionais de existência social 
e as mudanças decorrentes da urbanização e da 
industrialização. 
III. A emergência da Sociologia só pode ser compreendida 
se for observada sua correspondência com o 
cientificismo europeu e com a crença no poder da razão 
e da observação, enquanto recursos de produção do 
conhecimento. 
IV. A Sociologia surge como uma tentativa de romper com 
as técnicas e métodos das ciências naturais, na análise 
dos problemas sociais decorrentes das reminiscências 
do modo de produção feudal. 
 
 
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Estão corretas apenas as afirmativas: 
 
a) I e III. 
b) II e III. 
c) II e IV. 
d) I, II e IV. 
e) I, III e IV. 
Gabarito: 
1.(2+4+8+16) 2.(1+8) 4.E 5. (1+2+4+8) 
6. D 7. B 8. B 
3.Dissertativa (corrigido em aula ou no plantão) 
 
AULA 4 – Émile Durkheim e o método sociológico 
Émile Durkheim (1858 – 1917) 
Sociólogo francês, Émile Durkheim foi o primeiro a 
desenvolver a Sociologia como uma disciplina acadêmica, 
sendo considerado um de seus pilares clássicos. 
 
 
Obras principais: 
“Da Divisão do Trabalho Social” 
“As Regras do Método Sociológico” 
“As Formas Elementares da Vida Religiosa” 
“O Suicídio” 
Durkheim defendia a ideia de que a sociedade era mais do 
que um simples agrupamento de indivíduos movidos por 
interesses particulares. A sociedade é um corpo moral com 
regras e uma consciência coletiva. Mesmo em uma 
sociedade mais especializada e com uma forte presença do 
individualismo seria possível localizar a presença de regras 
que obrigavam os homens a certos modos de ação e certas 
relações com os outros. 
Durkheim acreditava que a Sociologia devia adotar 
procedimentos científicos, próprios ao mundo das ciências 
naturais, investigando os fatos de maneira objetiva. Define, 
então, um método para a Sociologia partindo do empirismo 
das outras ciências e deixando de lado a metafísica. Para 
ele, os preconceitos e valores arraigados do cientista 
impedem a apreciação positiva do mundo. Por isso, os fatos 
sociais deviam ser tratados como “coisas”, o que implica em 
distanciamento e busca pelo máximo grau de neutralidade 
possível. 
FATOS SOCIAIS 
- maneiras coletivas de agir, pensar e sentir (possuem 
generalidade); 
- exteriores ao indivíduo e coercitivos (independem da 
vontade do indivíduo); 
Sentimentos, opiniões e modos de agir de ordem coletiva 
seriam objetos gerados pela força da coletividade, 
cristalizadosem instituições sociais e impostos ao homem 
de forma coercitiva e obrigatória. 
Para Durkheim, a sociedade é um sistema complexo 
composto por diversas partes. É necessário compreender o 
fato social a partir da função que exerce no sistema. 
O autor adota o paradigma biológico, estabelecendo 
distinções entre o normal e o patológico (comportamento 
desviante), criando o conceito de anomia. 
Anomia: “ausência ou redução da capacidade do tecido 
social para regular a conduta dos indivíduos. Nesses 
sentido, configura-se como um problema a ser 
solucionado, sob pena de causar risco à coesão social e 
levar a sociedade ao fim. O aumento do número de crimes, 
por exemplo, indica que a sociedade é incapaz de regular o 
comportamento dos indivíduos.” 
(Sociologia em Movimento, vários autores, Ed. Moderna, p. 43) 
Entende que a divisão do trabalho cumpre um papel de 
extrema importância nas sociedades industriais, pois gera 
coesão (senso de pertencimento), produz solidariedade 
entre pessoas com funções claramente complementares e, 
por isso, evita quadros mais graves de anomia. 
Divisão do trabalho: 
− tem uma função no processo de diferenciação 
social / especialização 
− aumenta a forma produtiva do trabalhador 
− gera coesão e solidariedade 
Os dois tipos de solidariedade identificados por Durkheim 
relacionam-se especialmente à forma de organização 
social: 
Solidariedade mecânica (sociedades pré-capitalistas): os 
indivíduos se identificam por meio da família, da religião, da 
tradição e dos costumes. Não há diferenciação social 
promovida pela individualidade (ela é inexpressiva). O 
sentimento de pertencimento a uma coletividade é bastante 
forte, fazendo com que os indivíduos reconheçam os 
mesmos valores, crenças, sentimentos e objetos sagrados. 
 
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Solidariedade orgânica (característica das sociedades 
capitalistas): através da divisão do trabalho social, os 
indivíduos tornam-se interdependentes. A união social não 
se dá pelo compartilhamento de costumes. Os indivíduos 
são diferentes e necessários, tal como os órgãos de um 
organismo vivo. 
O suicídio 
“Durkheim estudou profundamente o suicídio, utilizando 
nesse trabalho toda a metodologia defendida e propagada 
por ele. Considerou-o fato social por sua presença universal 
em toda e qualquer sociedade e por suas características 
exteriores e mensuráveis, completamente independente 
das razões individuais. Assim, apesar de uma conduta 
marcada pela vontade individual, o suicídio interessa ao 
sociólogo por aquilo que tem em comum e coletivo e que, 
certamente escapa às consciências individuais dos 
envolvidos. Para Durkheim, a prova de o suicídio depende 
de leis sociais e não da vontade do sujeito estava na 
regularidade com que variam as taxas de suicídio de acordo 
com alternâncias das condições históricas. Ele verificou, 
por exemplo, que as taxas de suicídio aumentavam nas 
sociedades em que havia uma aceitação profunda de uma 
fé religiosa que prometesse a felicidade após a morte. É 
sobre fatos assim concretos e objetivos, gerais e coletivos, 
cuja natureza social se evidencia, que o sociólogo deve se 
debruçar.” 
(Cristina Costa, Sociologia: uma introdução à ciência da sociedade; Ed 
Moderna, p. 84) 
Texto complementar 
O que é um fato social? 
Émile DURKHEIM (As Regras do Método Sociológico) 
Antes de indagar qual o método que convém ao estudo dos 
fatos sociais, é necessário saber que fatos podem ser assim 
chamados. 
A questão é tanto mais necessária quanto esta qualificação 
é utilizada sem muita precisão. Empregam-na 
correntemente para designar quase todos os fenômenos 
que se passam no interior da sociedade, por pouco que 
apresentem, além de certa generalidade, algum interesse 
social. Todavia, desse ponto de vista, não haveria por assim 
dizer nenhum acontecimento humano que não pudesse ser 
chamado de social. Cada indivíduo bebe, dorme, come, 
raciocina e a sociedade tem todo o interesse em que estas 
funções se exerçam de modo regular. Porém, se todos 
esses fatos fossem sociais, a Sociologia não teria objeto 
próprio e seu domínio se confundiria com o da Biologia e da 
Psicologia. 
Na verdade, porém, há em toda sociedade um grupo 
determinado de fenômenos com caracteres nítidos, que se 
distingue daqueles estudados pelas outras ciências da 
natureza. 
Quando desempenho meus deveres de irmão, de esposo 
ou de cidadão, quando me desincumbo de encargos que 
contraí, pratico deveres que estão definidos fora de mim e 
de meus atos, no direito e nos costumes. Mesmo estando 
de acordo com sentimentos que me são próprios, sentindo-
lhes interiormente a realidade, esta não deixa de ser 
objetiva; pois não fui eu quem os criou, mas recebi-os 
através da educação. Contudo, quantas vezes não 
ignoramos o detalhe das obrigações que nos incumbe 
desempenhar, e precisamos, para sabê-lo, consultar o 
Código e seus intérpretes autorizados! Assim também o 
devoto, ao nascer, encontra prontas as crenças e as 
práticas da vida religiosa; existindo antes dele, é porque 
existem fora dele. O sistema de signos de que me sirvo para 
exprimir pensamentos, o sistema de moedas que emprego 
para pagar as dívidas, os instrumentos de crédito que utilizo 
nas relações comerciais, as práticas seguidas na profissão, 
etc., etc., funcionam independentemente do uso que delas 
faço. Tais afirmações podem ser estendidas a cada um dos 
membros de que é composta uma sociedade, tomados uns 
após outros. Estamos, pois, diante de maneiras de agir, de 
pensar e de sentir que apresentam a propriedade marcante 
de existir fora das consciências individuais. 
Esses tipos de conduta ou de pensamento não são apenas 
exteriores ao indivíduo, são também dotados de um poder 
imperativo e coercitivo, em virtude do qual se lhe impõem, 
quer queira, quer não. Não há dúvida de que esta coerção 
não se faz sentir, ou é muito pouco sentida quando com ela 
me conformo de bom grado, pois então torna-se inútil. Mas 
não deixa de constituir caráter intrínseco de tais fatos, e a 
prova é que se afirma desde que tento resistir. Se 
experimento violar as leis do direito, estas reagem contra 
mim de maneira a impedir meu ato se ainda é tempo; com 
o fim de anulá-lo e restabelecê-lo em sua forma normal se 
já se realizou e é reparável; ou então para que eu o expie 
se não há outra possibilidade de reparação. Mas, e em se 
tratando de máximas puramente morais? Nesse caso, a 
consciência pública, pela vigilância que exerce sobre a 
conduta dos cidadãos e pelas penas especiais que têm a 
seu dispor, reprime todo ato que a ofende. Noutros casos, 
a coerção é menos violenta; mas não deixa de existir. Se 
não me submeto às convenções mundanas; se, ao me 
vestir, não levo em consideração os usos seguidos em meu 
país e na minha classe, o riso que provoco, o afastamento 
em que os outros me conservam, produzem, embora de 
maneira mais atenuada, os mesmos efeitos que uma pena 
propriamente dita. Noutros setores, embora a coerção seja 
apenas indireta, não é menos eficaz. Não estou obrigado a 
falar o mesmo idioma que meus compatriotas, nem a 
empregar as moedas legais; mas é impossível agir de outra 
maneira. Minha tentativa fracassaria lamentavelmente, se 
procurasse escapar desta necessidade. Se sou industrial, 
nada me proíbe de trabalhar utilizando processos e técnicas 
do século passado; mas, se o fizer, terei a ruína como 
resultado inevitável. Mesmo quando posso realmente me 
libertar destas regras e violá-las com sucesso, vejo-me 
sempre obrigado a lutar contra elas. E quando são 
finalmente vencidas, fazem sentir seu poderio de maneira 
suficientemente coercitiva pela resistência que me 
opuseram. Nenhum inovador, por mais feliz, deixou de ver 
 
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seus empreendimentos se chocarem contra oposições 
deste gênero. 
Estamos, pois, diante de uma ordem de fatos que apresenta 
caracteres muito especiais: consistemem maneiras de agir, 
de pensar e de sentir exteriores ao indivíduo, dotadas de 
um poder de coerção em virtude do qual se lhe impõem. Por 
conseguinte, não poderiam se confundir com os fenômenos 
orgânicos, pois consistem em representações e em ações; 
nem com os fenômenos psíquicos, que não existem senão 
na consciência individual e por meio dela. Constituem, pois, 
uma espécie nova e é a eles que deve ser dada e reservada 
a qualificação de sociais. Esta é a qualificação que lhes 
convém; pois é claro que, não tendo por substrato o 
indivíduo, não podem possuir outro que não seja a 
sociedade: ou a sociedade política em sua integridade, ou 
qualquer um dos grupos parciais que ela encerra, tais como 
confissões religiosas, escolas políticas e literárias, 
corporações profissionais, etc. Por outro lado, é apenas a 
eles que a apelação convém; pois a palavra social não tem 
sentido definido senão sob a condição de designar 
unicamente fenômenos que não se englobam em nenhuma 
das categorias de fatos já existentes, constituídas e 
nomeadas. Estes fatos são, pois, o domínio próprio da 
Sociologia. É verdade que o termo coerção, por meio do 
qual o definimos, corre o risco de amedrontar os zelosos 
partidários de um individualismo absoluto. Como professam 
que o indivíduo é inteiramente autônomo, parece-lhes que 
o diminuímos todas as vezes que fazemos sentir que não 
depende apenas de si próprio. Porém, já que hoje se 
considera incontestável- que a maioria de nossas ideias e 
tendências não são elaboradas por nós, mas nos vêm de 
fora, conclui-se que não podem penetrar em nós senão 
através de uma imposição; eis todo o significado de nossa 
definição. Sabe-se, além disso, que toda coerção social não 
é necessariamente exclusiva com relação à personalidade 
individual. 
(...) Esta definição do fato social pode, além do mais, ser 
confirmada por meio de uma experiência característica: 
basta, para tal, que se observe a maneira pela qual são 
educadas as crianças. Toda a educação consiste num 
esforço contínuo para impor às crianças maneiras de ver, 
de sentir e de agir às quais elas não chegariam 
espontaneamente, observação que salta aos olhos todas as 
vezes que os fatos são encarados tais quais são e tais quais 
sempre foram. Desde os primeiros anos de vida, são as 
crianças forçadas a comer, beber, dormir em horas 
regulares; são constrangidas a terem hábitos higiênicos, a 
serem calmas e obedientes; mais tarde, obrigamo-las a 
aprender a pensar nos demais, a respeitar usos e 
conveniências, forçamo-las ao trabalho etc. Se, com o 
tempo, esta coerção deixa de ser sentida, é porque pouco 
a pouco dá lugar a hábitos, a tendências internas que a 
tomam inútil, mas que não a substituem senão porque dela 
derivam. É verdade que, segundo Spencer, uma educação 
racional deveria reprovar tais procedimentos e deixar a 
criança agir em plena liberdade; mas como esta teoria 
pedagógica não foi nunca praticada por nenhum povo 
conhecido, não constitui senão um desiderato pessoal, não 
sendo fato que possa ser oposto àqueles que expusemos 
atrás. Ora, estes últimos se tomam particularmente 
instrutivos quando lembramos que a educação tem 
justamente por objeto formar o ser social; pode-se então 
perceber, como que num resumo, de que maneira este ser 
se constitui através da história. A pressão de todos os 
instantes que sofre a criança é a própria pressão do meio 
social tendendo a moldá-la à sua imagem, pressão de que 
tanto os pais quanto os mestres não são senão 
representantes e intermediários. 
(...) Chegamos, assim, a conceber de maneira precisa qual 
o domínio da Sociologia, o qual não engloba senão um 
grupo determinado de fenômenos. O fato social é 
reconhecível pelo poder de coerção externa que exerce ou 
é suscetível de exercer sobre os indivíduos; e a presença 
deste poder é reconhecível, por sua vez, seja pela 
existência de alguma sanção determinada, seja pela 
resistência que o fato opõe a qualquer empreendimento 
individual que tenda a violentá-lo. Todavia, podemos defini-
lo também pela difusão que apresenta no interior do grupo, 
desde que, de acordo com as precedentes observações, se 
tenha o cuidado de acrescentar como característica 
segunda e essencial que ele existe independentemente das 
formas individuais que toma ao se difundir. Nalguns casos, 
este 'último critério é até mesmo mais fácil de aplicar do que 
o anterior. 
Com efeito, a coerção é fácil de constatar quando ela se 
traduz no exterior por qualquer reação direta da sociedade, 
como é o caso em se tratando do direito, da moral, das 
crenças, dos usos, e até das modas. Mas, quando não é 
senão indireta, como a que exerce uma organização 
econômica, não se deixa observar com tanta facilidade. 
Generalidade e objetividade combinadas podem então ser 
mais fáceis de estabelecer. A segunda definição não 
constitui senão uma forma diferente que toma a primeira: 
pois o comportamento que existe exteriormente às 
consciências individuais só se generaliza impondo-se a 
estas. Vemos o quanto esta definição do fato social se 
afasta daquela que serve de base ao engenhoso sistema 
de Tarde. Primeiramente, devemos declarar que as 
pesquisas não nos fizeram de modo algum constatar a 
influência preponderante que Tarde atribui à imitação na 
gênese dos fatos coletivos. Além do mais, da definição 
precedente (que não é uma teoria, mas um simples resumo 
dos dados imediatos da observação) parece resultar que a 
imitação não exprime sempre, e nem mesmo exprime 
nunca, o que há de essencial e característico no fato social. 
Não há dúvida de que todo fato poder-se-ia, todavia, 
perguntar se esta definição é completa. Com efeito, os fatos 
que nos forneceram a base para ela são todos eles modos 
de agir; são de ordem fisiológica. Ora, existem também 
maneiras de ser coletivas, isto é, fatos sociais de ordem 
anatômica ou morfológica. A Sociologia não se pode 
desinteressar daquilo que concerne ao substrato da vida 
coletiva. No entanto, o número e a natureza das partes 
elementares de que é composta a sociedade, a maneira 
 
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pela qual estão dispostas, o grau de coalescência a que 
chegaram, a distribuição da população na superfície do 
território, o número e a natureza das vias de comunicação, 
a forma das habitações etc., não parecem, a um primeiro 
exame, passíveis de se reduzirem a modos de agir, de 
sentir e de pensar. 
Contudo, em primeiro lugar, apresentam estes diversos 
fenômenos o mesmo traço que nos serviu para definir os 
outros. Do mesmo modo que as maneiras de agir de que já 
falamos, também a social é imitado; apresenta, como 
acabamos de mostrar, tendência para se generalizar, mas 
isto porque é social, isto é, obrigatório. Seu poder de 
expansão não é a causa e sim a consequência de seu 
caráter sociológico. A imitação poderia servir, se não para 
explicar, pelo menos para definir os fatos sociais, se ainda 
estes fossem os únicos a produzir esta consequência. Mas 
um estado individual que ricocheteia não deixa por isso de 
ser individual. E, mais ainda, podemos indagar se o termo 
imitação é realmente aquele que convém para designar 
uma propagação devida a uma influência coercitiva. Sob 
esta expressão única - imitação - confundem-se fenômenos 
muito diferentes que seria necessário distinguir. De fato, 
quando queremos conhecer como está uma sociedade 
dividida politicamente, como se compõem estas divisões, a 
fusão mais ou menos completa que existe entre elas, não é 
com o auxílio de uma investigação material e por meio de 
observações geográficas que poderemos alcançá-lo; pois 
estas divisões são morais, ainda quando apresentam algum 
ponto de apoio na natureza física. É somente através do 
direito público que se torna possível estudar tal 
organização, pois é ele que a determina, assim como 
determina nossas relações domésticas e cívicas. Tal 
organização não é, pois, menos obrigatória do que outros 
fatos sociais. Se a população se comprimenas cidades em 
lugar de se dispersar nos campos, é porque existe uma 
corrente de opinião uma pressão coletiva que impõe aos 
indivíduos esta concentração. Não podemos escolher a 
forma de nossas casas, nem a de nossas roupas; pois uma 
é tão obrigatória quanto a outra. As vias de comunicação 
determinam de maneira imperiosa o sentido em que se 
fazem as migrações interiores e as trocas, e mesmo até a 
intensidade de tais trocas e tais migrações, etc., etc. Por 
conseguinte, haveria, no máximo, possibilidade de 
acrescentar à lista de fenômenos que enumeramos como 
apresentando o sinal distintivo do fato social uma categoria 
a mais, a das maneiras de ser; e corno aquela enumeração 
nada tinha de rigorosamente exaustiva, a adição não era 
indispensável. Mas não seria nem mesmo útil; pois tais 
maneiras de ser não passam de maneiras de agir 
consolidadas. A estrutura política de uma sociedade não é 
mais do que o modo pelo qual os diferentes segmentos que 
a compõem tomaram o hábito de viver uns com os outros. 
Se suas relações são tradicionalmente estreitas, os 
segmentos tendem a se confundir; no caso contrário, 
tendem a se distinguir. O tipo de habitação a nós imposto 
não é senão a maneira pela qual todo o mundo, em nosso 
redor - e em parte as gerações anteriores -, se 
acostumaram a construir as casas. As vias de comunicação 
não passam de leitos que a corrente regular das trocas e 
das migrações, caminhando sempre no mesmo sentido, 
cavou para si própria, etc. Sem dúvida, se os fenômenos de 
ordem morfológica fossem os únicos a apresentar esta 
fixidez. poder-se-ia acreditar que constituem uma espécie à 
parte. Mas as regras jurídicas constituem arranjos não 
menos permanentes do que os tipos de arquitetura e, no 
entanto, são fatos fisiológicos. A simples máxima moral é 
seguramente mais maleável; porém, apresenta formas 
muito mais rígidas do que os meros costumes profissionais 
ou do que a moda. Existe toda uma gama de nuanças que, 
sem solução de continuidade, liga os fatos de estrutura 
mais característicos a estas livres correntes da vida social 
que não estão ainda presas a nenhum molde definido. O 
que quer dizer que não existem entre eles senão diferenças 
no grau de consolidação que apresentam. Uns e outros não 
passam de vida mais ou menos cristalizada. Pode, sem 
dúvida, ser mais interessante reservar o nome de 
morfológicos para os fatos sociais concernentes ao 
substrato social, mas sob a condição de não perder de vista 
que são da mesma natureza que os outros. Nossa definição 
compreenderá, pois, todo o definido, se dissermos: É fato 
social toda maneira de agir, fixa ou não, suscetível de 
exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior; ou, ainda, 
que é geral ao conjunto de uma sociedade dada e, ao 
mesmo tempo, possui existência própria, independente das 
manifestações individuais que possa ter. 
 
EXERCÍCIOS 
 
1. (UEL) Um jovem que havia ingressado recentemente na 
universidade foi convidado para uma festa de recepção de 
calouros. No convite distribuído pelos veteranos não havia 
informação sobre o traje apropriado para a festa. O calouro, 
imaginando que a festa seria formal, compareceu vestido 
com traje social. Ao entrar na festa, em que todos estavam 
trajando roupas esportivas, causou estranheza, 
provocando risos, cochichos com comentários maldosos, 
olhares de espanto e de admiração. O calouro não estava 
vestido de acordo com o grupo e sentiu as represálias sobre 
o seu comportamento. As regras que regem o 
comportamento e as maneiras de se conduzir em 
sociedade podem ser denominadas, segundo Émile 
Durkheim (1858-1917), como fato social. 
Considere as afirmativas abaixo sobre as características 
do fato social para Émile Durkheim. 
I. O fato social é todo fenômeno que ocorre 
ocasionalmente na sociedade. 
 
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II. O fato social caracteriza-se por exercer um poder de 
coerção sobre as consciências individuais. 
III. O fato social é exterior ao indivíduo e apresenta-se 
generalizado na coletividade. 
IV. O fato social expressa o predomínio do ser individual 
sobre o ser social. 
 
Assinale a alternativa correta. 
a) Apenas as afirmativas I e II são corretas. 
b) Apenas as afirmativas I e IV são corretas. 
c) Apenas as afirmativas II e III são corretas. 
d) Apenas as afirmativas I, III e IV são corretas. 
e) Apenas as afirmativas I, II e IV são corretas. 
 
 
2. (UEL 2014) A cidade desempenha papel fundamental no 
pensamento de Émile Durkheim, tanto por exprimir o 
desenvolvimento das formas de integração quanto por 
intensificar a divisão do trabalho social a ela ligada. Com 
base nos conhecimentos acerca da divisão de trabalho 
social nesse autor, assinale a alternativa correta. 
 a) A crescente divisão do trabalho com o intercâmbio livre 
de funções no espaço urbano torna obsoleta a presença de 
instituições. 
 b) A solidariedade orgânica é compatível com a sociedade 
de classes, pois a vida social necessita de trabalhos 
diferenciados. 
 c) Ao criar seres indiferenciados socialmente, o “homem 
massa”, as cidades recriam a solidariedade mecânica em 
detrimento da solidariedade orgânica. 
 d) O efeito principal da divisão do trabalho é o aumento da 
desintegração social em razão de trabalhos parcelares e 
independentes. 
 e) O equilíbrio e a coesão social produzidos pela crescente 
divisão do trabalho decorrem das vontades e das 
consciências individuais. 
3. (UEM 2012) A constituição da Sociologia como ciência 
passou pelo desenvolvimento de uma metodologia própria, 
algo que Émile Durkheim procurou realizar em sua obra As 
regras do método sociológico. A partir desse autor, assinale 
o que for correto. 
01) Partindo do pressuposto de que os fenômenos sociais 
são muito diferentes dos naturais, Durkheim defendeu a 
incorporação da subjetividade do cientista nos estudos 
sociológicos. 
02) Durkheim defendia o abandono dos preconceitos e das 
prenoções, pois essas ideias preconcebidas poderiam nos 
conduzir a confusões na observação dos fenômenos. 
04) Segundo Durkheim, as principais ferramentas 
metodológicas da Sociologia são a observação, a 
descrição, a comparação e a estatística. 
08) Na concepção durkheimiana, a compreensão efetiva 
dos fenômenos sociais se dá pela identificação dos 
interesses e das motivações subjetivas dos atores sociais 
envolvidos. 
16) Ao afirmar que o sociólogo deve encarar o fato social 
como coisa, Durkheim procurou defender a definição do 
objeto sociológico como algo externo ao pesquisador. 
4. (UEL 2007) Segundo Émile Durkheim “[...] constitui uma 
lei da história que a solidariedade mecânica, a qual a 
princípio é quase única, perca terreno progressivamente e 
que a solidariedade orgânica, pouco a pouco, se torne 
preponderante”. 
Fonte: DURKHEIM, É. A Divisão Social do Trabalho, In Os 
Pensadores. Tradução de Carlos A. B. de Moura. São 
Paulo: Abril Cultural, 1977, p. 67. 
Por esta lei, segundo o autor, nas sociedades simples, 
organizadas em hordas e clãs, prevalece a solidariedade 
por semelhança, também chamada de solidariedade 
mecânica. 
Nas organizações sociais mais complexas, prevalece a 
solidariedade orgânica, que é aquela que resulta do 
aprofundamento da especialização profissional. 
De acordo com a teoria de Durkheim, é correto afirmar que: 
a) As sociedades tendem a evoluir da solidariedade 
orgânica para a solidariedade mecânica, em função da 
multiplicação dos clãs. 
b) Na situação em que prevalece a solidariedade mecânica, 
as sociedades não evoluem para a solidariedade orgânica. 
c) As sociedades tendem a evoluir da solidariedade 
mecânica para a solidariedade orgânica, em função da 
intensificação da divisão do trabalho. 
d) Na situação em que prevalece a divisão social do 
trabalho, as sociedades não desenvolvem formas de 
solidariedade. 
e) Na situação em que prevalecem clãs e hordas,as 
sociedades não desenvolvem formas de solidariedade e, 
por isso, tendem a desaparecer progressivamente. 
5. (UEL 2009) Leia o texto a seguir. 
“Tribunais do crime” mataram ao menos 9 
Os ‘tribunais’ [do crime] são ‘julgamentos’ comandados por 
um presidiário do PCC que assume o papel de ‘juiz’ para 
determinar, por meio de um celular, a morte ou não de uma 
pessoa – seja ela ligada ou não ao PCC. 
 
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Escutas telefônicas mostram como funcionam os ‘tribunais 
do crime’: 
Pessoa 1: Alô [...] 
Pessoa 2: Então, é aquilo que eu falei lá! Se o cara quiser 
vir, pode arrancar esse moleque aí, pegar, matar, raspar e 
sair fora, que é para [ele] ficar esperto [...]. É essa a ideia: 
se quiser, é já para esticar o cerol [matar]. 
(Folha de São Paulo, 21 set. 2008. Caderno cotidiano, p. C – 4.) 
 
O texto retrata uma prática que tem se tornado comum em 
várias cidades brasileiras devido à existência de 
organizações criminosas ligadas, principalmente, ao tráfico 
de drogas. 
De acordo com a perspectiva teórica de Émile Durkheim, o 
texto expressa: 
a) A importância de se constituírem, no interior da 
sociedade, novas formas de consciência coletiva que se 
manifestem contrárias àquela dominante, reconhecida 
institucionalmente. 
b) Que a harmonia social tem como um de seus 
pressupostos a eliminação física e brutal dos indivíduos 
com comportamento coletivo desviante, por instituições 
paralelas ao poder estatal. 
c) A importância de todos os setores da vida social 
possuírem estrutura institucional, pois, sendo a sociedade 
um grande organismo, inclusive o crime deve ser 
organizado. 
d) Que os indivíduos são anteriores à sociedade, ou seja, 
podem agir de forma autônoma e, se assim for necessário, 
podem agir contrariamente às normas coletivas. 
e) Aspectos de um quadro anômico, pois, embora certa taxa 
de crime seja normal em todas as sociedades, a prática 
assinalada indica a perda de vínculos sociais e morais 
básicos para a existência da coesão social. 
6. (Uem 2017) Émile Durkheim (1858-1917) é considerado, 
conjuntamente com Auguste Comte (1798-1857), Karl Marx 
(1818-1883) e Max Weber (1864-1920), um dos fundadores 
da Sociologia. Em 1895, Durkheim publicou As regras do 
método sociológico, onde apresenta o conceito de fato 
social. Este conceito é central na sociologia durkheiminiana. 
Sobre o fato social é correto afirmar: 
01) Émile Durkheim afirma em As regras do método 
sociológico que o fato social é exterior às pessoas. 
02) O fato social, segundo Émile Durkheim, possui uma 
existência própria, para além das manifestações 
individuais. 
04) Em As regras do método sociológico, Émile Durkheim 
propõe que o fato social é geral, ocorrendo no conjunto 
de uma sociedade. 
08) Para Émile Durkheim, o fato social é particular e 
individual. 
16) Uma das características definidoras do fato social, 
segundo Émile Durkheim, é a sua capacidade de 
coerção sobre as pessoas. 
7. (Ufu 2017) A Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba 
alerta pais e responsáveis por crianças e adolescentes e os 
profissionais da educação e saúde em relação ao ‘jogo’ 
Baleia Azul, que propõe 50 desafios aos participantes e 
sugere o suicídio como última etapa. 
Disponível em: <http://www.tribunapr.com.br/noticias/curitiba-regiao/jogo-
baleia-azul-deixa-curitiba-em-alerta-oito-ja-brincaram-com-morte/>. 
Acesso em: 22 abr. 2017. 
 
Esse foi um dos alertas, nos últimos meses, relacionados 
ao “jogo Baleia Azul” e à possibilidade de suicídios de 
adolescentes (13 a 17 anos) ligadas a ele. 
Pode-se realizar uma relação desses possíveis suicídios 
com os tipos de suicídios de Durkheim, pois, para esse 
pensador, os indivíduos são determinados pela realidade 
coletiva. 
 
Assim, os suicídios gerados pelo “jogo” seriam classificados 
como: 
 
a) Suicídio egoísta. 
b) Suicídio anômico. 
c) Suicídio etnocêntrico. 
d) Suicídio cultural. 
 
8. (Uel 2018) No Brasil, entre abril e maio de 2017, uma 
espécie de jogo conhecido como “Baleia Azul” causou 
alvoroço nas redes sociais digitais. Trata-se de uma série 
de desafios que culmina no suicídio do “jogador”, 
geralmente um indivíduo jovem. As reações, principalmente 
das famílias e das escolas, alertavam para a necessidade 
de reforçar os laços sociais e as regras de convívio coletivo. 
Também se disseminaram opiniões sobre a necessidade de 
os jovens concentrarem-se nos estudos e no trabalho como 
forma de manutenção do equilíbrio social. Mas o assunto 
não é novo em Sociologia. Os aspectos sociológicos do 
suicídio foram analisados por um autor clássico, Émile 
Durkheim, que, em 1897, publicou a obra “O Suicídio: 
estudo de sociologia”. 
Com base na teoria de Durkheim, caracterize o “suicídio 
anômico” como um tipo de suicídio específico das 
sociedades modernas. 
 
Gabarito: 
1.C 2.B 3. (2+4+16) 4.C 5.E 
 
6. (1+2+4+16) 7.A 8. Dissertativa 
 
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AULA 5 – Marx, Engels e o Materialismo Histórico 
Dialético 
Karl Marx (1818 – 1883) 
 
Pensador alemão, considerado um dos autores clássicos 
da Sociologia. Não se definia propriamente como sociólogo 
e nem se alinha aos modelos teóricos e metodológicos do 
Positivismo. 
Marx desenvolve uma profunda crítica à sociedade 
moderna (século XIX), o que permite a construção de uma 
reflexão sobre as relações de produção e sua consequência 
na organização das sociedades. Dessa crítica deriva o lugar 
de destaque que ocupa entre os pensadores que 
fundamentam a Sociologia enquanto disciplina. Boa parte 
de sua obra se deu em parceria com Friedrich Engels, 
filósofo alemão. 
Principais obras: 
- Manuscritos Econômico-filosóficos (1844); 
- A Ideologia Alemã (1845-46), em parceria com Engels; 
- Manifesto Comunista (1848), em parceria com Engels; 
- O Capital (1867-1883); 
Possui uma concepção dialética da realidade, em que a luta 
de classes é apresentada como motor da história. Por meio 
das tensões entre clássicas antagônicas, a história se 
transforma, alternando-se os distintos modos de produção. 
Apesar de perceber essa lógica em outros momentos da 
história, Marx dedica-se particularmente ao estudo do 
capitalismo, atendo-se às possibilidades desse sistema ser 
superado. 
Para Marx e Engels, a burguesia é a classe revolucionária 
que transforma as bases de produção feudal e implementa 
o capitalismo. Contudo, no capitalismo agravam-se as 
discrepâncias sociais, agora protegidas pela ideia 
amplamente difundida de que se trata de uma sociedade 
mais livre e igualitária. A análise das características e 
contradições do capitalismo está no cerne das críticas 
marxistas. 
Capitalismo: 
- separação entre trabalhadores e meios de produção 
(acumulação primitiva); 
- aumento da riqueza e diminuição da distribuição da 
riqueza 
- sustenta-se na desigualdade entre as classes sociais. Os 
meios de produção encontram-se nas mãos de uma única 
classe social, a burguesia. 
- o trabalho humano transforma-se em uma mercadoria. O 
trabalho e alienado. Há uma “fetichização” da mercadoria, 
ao mesmo tempo em que acontece uma desumanização 
das relações pessoais. 
Principais conceitos presentes na obra de Marx: 
O TRABALHO é entendido como plataforma da história: 
atividade produtiva e criativa que simultaneamente 
proporciona os meios de subsistência e atribui sentido para 
a existência do indivíduo. 
O modo como as pessoas trabalham, ou seja, produzem 
economicamente a sua subsistência (MODO DE 
PRODUÇÃO MATERIAL) molda a sociedade e as relações 
sociais. 
 - conjunto de técnicas, saberes e objetos empregados pelo 
homem na produção; 
- divisão do trabalho e dos meios de produção; 
- Exemplos: asiático, escravista, servil e capitalista.MATERIALISMO HISTÓRICO DIALÉTICO 
O modo de produção material condiciona a vida dos 
indivíduos, ou seja, a produção é a base de toda ordem 
social. 
Nosso pensamento é fruto das condições materiais de 
nosso período histórico. A consciência, portanto, não é 
autônoma diante da existência, mas formada a partir da 
história. 
 
 
 → 
 
INFRAESTRUTURA: 
relações de produção; 
modos de produção 
SUPERESTRUTURA: 
instituições políticas e 
culturais; valores e 
pensamentos 
 
 
 
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“[...] na produção social da sua existência, os homens 
estabelecem relações determinadas, necessárias, 
independentes da sua vontade, relações de produção... O 
conjunto destas relações de produção constitui a estrutura 
econômica da sociedade, a base concreta sobre a qual se 
eleva uma superestrutura jurídica e política e à qual 
correspondem determinadas formas de consciência social”. 
 
 (MARX, K. Contribuição à crítica da economia política. Tradução de 
Florestan Fernandes. São Paulo, Ed. Mandacaru, 1989, p. 28.) 
 
IDEOLOGIA: falsa consciência histórica que emana das 
relações de produção, impondo a visão da classe 
dominante. Opacidade da história. 
Para Karl Marx, a história não se revela de modo 
transparente. Há uma falsa consciência que emana das 
próprias relações de produção. Tal consciência, que tem 
como papel justamente disseminar certas ideias que 
garantam a manutenção de valores fundamentais à classe 
dominante, é chamada ideologia. 
O papel da ideologia é mascarar o que ocorre de fato na 
sociedade, representando uma forma de dominação social 
e política. 
O modo de produção material condiciona a vida dos 
indivíduos, ou seja, a produção é a base de toda ordem 
social. Nosso pensamento é fruto das condições materiais 
de nosso período histórico. A consciência, portanto, não é 
autônoma diante da existência, mas formada a partir da 
história. 
Um exemplo de ideologia burguesa, na visão de Marx, seria 
a ideia de que as diferenças entre os indivíduos são 
resultados da concorrência natural: se trabalharmos, todos 
obteremos sucesso! 
Assim como Platão, que apresenta uma hipótese para 
explicar a nossa condição de alienação em relação à 
verdade, Marx a também não crê que a verdade seja 
assimilada pelo homem. Contudo, na visão do filósofo 
moderno, o processo de criação e manutenção da ideologia 
está vinculado ao processo de produção e ao papel das 
classes dominantes. 
“Se, na concepção do decurso da história, separarmos as 
ideais da classe dominante da própria classe dominante e 
se as concebermos como autônomas, sem nos 
preocuparmos com as condições de produção e com os 
produtores dessas ideias, então podemos afirmar que, por 
exemplo, na época em que a aristocracia dominou, os 
conceitos de honra, fidelidade etc. dominaram, ao passo 
que na época da dominação da burguesia dominaram os 
conceitos de liberdade, igualdade etc. É o que, em média, 
imagina a própria classe dominante. Tal concepção da 
história, comum a todos historiadores, especificamente 
desde o século XIII, defrontar-se-á necessariamente com o 
fenômeno de que as ideias cada vez mais abstratas 
dominam, isto é, ideias que tomam cada vez mais a forma 
de universalidade. Com efeito, a cada nova classe que toma 
o lugar da que dominava antes dela é obrigada, para 
alcançar os fins a que se propões, a apresentar seus 
interesses como sendo o interesse comum de todos os 
membros da sociedade, isto é, para expressar isso mesmo 
em termos ideais: é obrigada a emprestar às suas ideias a 
forma de universalidade, a apresentá-las como sendo as 
únicas racionais, as únicas universalmente válidas”. 
 
 
MARX, Karl e ENGELS, Friedrich. A ideologia alemã. São Paulo: Hucitec, 
1984. 
 
ALIENAÇÃO: o objeto do trabalho não pertence mais ao 
trabalhador; o processo de trabalho perde o sentido (crítica 
à especialização) e a vida social, aos poucos, torna-se 
também desprovida de sentido, uma vez que o trabalho 
atribui sentido à vida do indivíduo. Esses seriam os três 
níveis da alienação descritos por Marx na obra O Capital. 
 
MAIS-VALIA: diferença entre o valor produzido pelo 
trabalho e o salário pago ao trabalhador. 
Estratégias para a obtenção de mais-valia: trabalho pago 
por hora ou turno; jornada de trabalho estendida; inserção 
de novas tecnologias; aceleração do ritmo de produção. 
 
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Textos complementares: 
A história de toda sociedade existente até hoje tem sido a 
história das lutas de classes. 
Homem livre e escravo, patrício e plebeu, senhor e servo, 
mestre de corporação e companheiro, numa palavra, o 
opressor e o oprimido permaneceram em constante 
oposição um ao outro, levada a efeito numa guerra 
ininterrupta, ora disfarçada, ora aberta, que terminou, cada 
vez, ou pela reconstituição revolucionária de toda a 
sociedade ou pela destruição das classes em conflito. 
Desde épocas mais remotas da história, encontramos, em 
praticamente toda parte, uma complexa divisão da 
sociedade em classes diferentes, uma gradação múltipla 
das condições sociais. Na Roma Antiga, temos os patrícios, 
os guerreiros, os plebeus, os escravos; Na Idade Média, os 
senhores, os vassalos, os mestres, os companheiros, os 
aprendizes, os servos; e, em quase todas as classes, outras 
camadas subordinadas. 
A sociedade moderna burguesa, surgida das ruínas da 
sociedade feudal, não aboliu os antagonismos de classes. 
Apenas estabeleceu novas classes, novas condições de 
opressão, novas formas de luta em lugar das velhas. 
No entanto, a nossa época, a época da burguesia, possui 
uma característica: simplificou os antagonismos de classes. 
A sociedade global divide-se cada vez mais em dois 
campos hostis, em duas grandes classes que se defrontam 
– a burguesia e o proletariado. (...) 
Na mesma proporção em que a burguesia, ou seja, o 
capital, se desenvolve, desenvolve-se também o 
proletariado, a classe dos trabalhadores modernos, que só 
podem viver se encontrarem trabalho, e só encontram 
trabalho na medida em que este aumenta o capital. Esses 
trabalhadores que são obrigados a vender-se diariamente, 
são uma mercadoria, são um artigo de comércio, sujeitos, 
portanto, às vicissitudes da concorrência, às flutuações do 
mercado. (...) 
Qual a posição dos comunistas em relação aos proletários 
em geral? 
Os comunistas não formam um partido à parte, oposto aos 
outros partidos operários. Não tem interesses diferentes 
daqueles do proletariado em geral. Não formulam quaisquer 
princípios particulares a fim de modelar o movimento 
proletário. 
O fim imediato dos comunistas é o mesmo que o de todos 
os outros partidos proletários: constituição dos proletários 
em classe, derrubada da supremacia burguesa. 
Marx e Engels – O Manifesto Comunista 
Que faz a ideologia? Oferece a uma sociedade dividida em 
classes sociais antagônicas, e que vive na forma de luta de 
classes, uma imagem que permite a unificação e a 
identificação social – uma língua, uma religião, uma raça, 
uma nação, uma pátria, um estado, uma humanidade, 
mesmos costumes. Assim, a função primordial da ideologia 
é ocultar a origem da sociedade(relações de forças 
produtivas sob a divisão do trabalho social), dissimular a 
presença da luta de classes, negar as desigualdades 
sociais (como se fossem consequência de talentos 
diferentes, da preguiça ou da disciplina laboriosa) e 
oferecer a imagem da comunidade (o Estado) originada 
como contrato social entre homens livres e iguais. A 
ideologia é a lógica da dominação social e política. 
Marilena Chauí – Convite à Filosofia 
Texto 3: 
CHINESES, ROBÔS E A ‘UBERIZAÇÃO’ DAS 
RELAÇÕES DE TRABALHO 
Alexandre Andrada - 9 de Abril de 2019, 0h02UMA DAS GRANDES maravilhas do capitalismo é a 
inovação. Inovar significa, de maneira simples, criar algo 
novo ou fazer algo velho de uma nova maneira. E nisso o 
capitalismo é craque. 
Talvez dois mais importantes economistas políticos que 
analisaram o fenômeno da inovação foram o alemão Karl 
Marx (escudado por vezes por seu amigo Friedrich Engels) 
e o austríaco Joseph Schumpeter. 
No Manifesto de 1848, numa das passagens mais famosas 
do texto, Marx e Engels afirmam: 
“A burguesia não pode existir sem revolucionar 
permanentemente os instrumentos de produção, portanto 
 
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as relações de produção, portanto as relações sociais 
todas”. 
Enquanto as sociedades baseadas em outros modos de 
produção se caracterizavam pela estabilidade das relações 
econômicas e sociais, o capitalismo é marcado pela 
revolução permanente. E é essa instabilidade que permitiu 
que a burguesia realizasse em poucos séculos de domínio 
maravilhas maiores que “as pirâmides egípcias, dos 
aquedutos romanos e das catedrais góticas”. 
N’O Capital de 1867, Marx volta a mostrar seu 
alumbramento com as inovações, no capítulo 13, intitulado 
“Maquinaria e Grande Indústria”. Mas o tema perpassa todo 
seu sistema. No modelo de Marx, o capitalista busca 
aumentar a massa de mais-valor que extrai de seus 
trabalhadores. Se estamos em um mundo de produtos 
idênticos – camisas brancas, por exemplo –, o capitalista 
pode aumentar seus lucros fazendo seus operários 
trabalharem por mais horas que a concorrência (mais-valor 
absoluto), ou fazer com que seus trabalhadores produzam 
mais mercadorias em menos tempo (mais-valor relativo). 
Para Marx, a dificuldade estava no mais-valor relativo. Para 
produzir mais em menos tempo, são necessárias novas 
máquinas e equipamentos, novas formas de comunicação, 
de transporte, de organização da produção, novos sistemas 
de logística etc. O capitalista que conseguir criar ou fazer 
uso dessas inovações terá uma maior taxa e uma maior 
massa de lucro, conquistando cada vez mais participação 
no mercado. Caminhará para se tornar um dos gigantes do 
setor. 
Quem não for capaz – ou não tiver recursos para inovar – 
será engolido. Aliás, mesmo a empresa líder do mercado – 
como contam as histórias da Kodak e da Nokia – mostra 
que a bancarrota está sempre na esquina. 
Em 1911, na sua obra Teoria do Desenvolvimento 
Econômico, Schumpeter fez bom uso das teorias de Marx, 
a partir de uma ótica liberal. Para Schumpeter, a mudança 
não nasce a partir de modificações nos gostos dos 
consumidores. Na verdade, são os empresários inovadores 
que criam novos produtos e “educam” (esse é o termo 
usado pelo autor) os consumidores sobre sua necessidade. 
Toda criação está carregada de destruição. 
Um exemplo pessoal. Nos meus tempos de faculdade, a 
viagem de ônibus era embalada por música ouvida através 
de um CD player e, principalmente, um walkman. Eu 
andava com três ou quatro fitas na mochila, e o mundo 
parecia bom. 
Jamais imaginei que um dia, poucos anos mais tarde, 
haveria uma coisa chamada Ipod – ou o MP3 da feira, seu 
primo pobre ao qual tive acesso –, no qual cabiam as 
músicas de todos os CD’s que eu tinha na minha casa 
(sobrando espaço, aliás). Nós jamais demandamos um 
telefone celular que fosse também um computador, uma 
televisão e um Ipod (aliás, o smartphone matou o Ipod de 
modo lento e cruel). 
Mas como fica evidente nesses dois exemplos, toda criação 
está carregada de destruição. O Ipod destruiu o discman, o 
smartphone destruiu o Ipod. Isso é parte do fenômeno que 
Schumpeter chamou de “destruição criativa”. O novo 
produto ou o novo processo destrói o que era velho. 
Mês passado foi divulgado que, com o fechamento de uma 
loja na Austrália, há hoje apenas uma única Blockbuster no 
mundo. Há uma década, eram 9 mil lojas, com pés nos 
quatro cantos do mundo, no Brasil inclusive. Uma rede 
literalmente global foi morta por uma inovação: Netflix. 
Outro exemplo: há poucos anos atrás ter frota de táxis era 
um ótimo investimento. Para obter uma licença de taxista, 
o sujeito precisava desembolsar uma pequena fortuna. Hoje 
qualquer um pode se cadastrar no Uber e operar como táxi. 
Mas nem tudo são rosas. Muitos são os trabalhadores ao 
longo da história que sofreram (e sofrerão) com o 
desemprego derivado de alguma inovação poupadora de 
mão de obra. No início do século 19, os chamados ludistas 
destruíram as máquinas que lhes roubavam os empregos. 
O drama dos trabalhadores instigou os economistas: seria 
a inovação boa também para os trabalhadores? 
As condições médias de trabalho no mundo todo têm 
piorado. 
Para os marxistas, a resposta seria negativa. Essas 
inovações, num sistema capitalista, forçariam os salários 
para baixo, reduzindo o poder de barganha dos 
trabalhadores, jogando alguns na miséria, outros no 
subemprego e muitos em empregos precários. 
Os liberais, via de regra, respondem essa pergunta 
afirmativamente. Ainda que a inovação destrua alguns 
empregos, ela cria fundos que permitem investimentos e 
aumento da produção que farão com que a região 
inovadora seja capaz de criar mais vagas de trabalho, que 
pagam salários maiores. 
 
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Depois de um começo vacilante, as evidências pareciam 
corroborar a visão liberal. Os países mais inovadores são 
os que oferecem mais e melhores empregos. Enquanto 
países atrasados tecnologicamente têm menos vagas e 
piores salários. 
Mas há algumas décadas, desde o início da 
hiperglobalização após o fim da Guerra Fria, um movimento 
contraditório vem acontecendo. Com a entrada de mais de 
1 bilhão de chineses no mercado de trabalho capitalista – 
sem contar os de outros lugares –, multidões de 
trabalhadores de países subdesenvolvidos têm escapado 
da miséria. Porém, as condições médias de trabalho no 
mundo todo têm piorado. Nos países centrais, por exemplo, 
os ganhos de produtividade não parecem se materializar 
em aumentos de salários (ainda que esse dado seja 
controverso). 
Além disso, tem crescido, desde os anos 1970, o número 
de horas trabalhadas pelos americanos, bem como a 
proporção daqueles que trabalham mais de 40 horas 
semanais. Quarenta horas semanais foram uma conquista 
de trabalhadores ingleses (uma pequena porção, é 
verdade) ainda em 1889. 
Um cenário melancólico, se pensarmos no otimismo de um 
J. M. Keynes que, em 1930, acreditava que os netos de 
seus contemporâneos poderiam viver em abundância 
trabalhando três horas por dia. Hoje o fantasma dos robôs 
e da chamada “uberização” das relações trabalhistas é um 
espectro que ronda todo o mundo. 
Um número crescente de profissões pode facilmente ser 
substituída por algoritmos, robôs e outras tecnologias 
digitais (como a minha, de professor universitário). O Uber, 
que tem sido a tábua de salvação de milhões de pessoas 
em países como o Brasil, tem um modelo de negócio em 
que seu funcionário sequer é seu funcionário. Há a 
liberdade aparente de trabalhar quando e quanto quiser, 
que se materializa em jornadas intermináveis – há casos de 
motoristas que vivem literalmente em seus carros nos EUA 
– e em uma virtual ausência absoluta de direitos 
trabalhistas em caso de acidentes, doenças, incapacidades 
etc. 
Estamos caminhando para o mundo do “freela”, das 
relações pautadas pela uberização. A reforma trabalhista 
de Temer e a carteira de trabalho verde-amarela de 
Bolsonaro são passos nessa direção. 
Enquanto gerações passadas podiam sonhar em construir 
uma carreira de 30 anos numa mesma empresa, é provável 
que as novas tenham que se acostumar com a instabilidade 
do desenho “uber” de trabalho. 
Como já se disse uma vez: tudo o que era sólido se 
desmancha no ar. 
 
https://theintercept.com/2019/04/08/uberizacao-das-relacoes-de-trabalho/ 
 
Exercícios 
1.(Enem 2013)“Na produção social que os homens 
realizam, eles entram em determinadas relações 
indispensáveis e independentes de sua vontade; tais 
relações de produção correspondem a um estágio definido 
de desenvolvimento das suas forças materiais de produção. 
A totalidade dessas relações constitui a estrutura 
econômica da sociedade — fundamento real, sobre o qual 
se erguem as superestruturas política e jurídica, e ao qual 
correspondem determinadas formas de consciência social.” 
 
MARX, K. “Prefácio à Crítica da economia política.” In: MARX, K.; 
ENGELS, F. Textos 3. São Paulo: Edições Sociais, 1977 (adaptado). 
 
 Para o autor, a relação entre economia e política 
estabelecida no sistema capitalista faz com que 
a) o proletariado seja contemplado pelo processo de mais-
valia. 
b) o trabalho se constitua como o fundamento real da 
produção material. 
c) a consolidação das forças produtivas seja compatível 
com o progresso humano. 
d) a autonomia da sociedade civil seja proporcional ao 
desenvolvimento econômico. 
 e) a burguesia revolucione o processo social de formação 
da consciência de classe. 
 
2. (Uel 2008) “No capitalismo, os trabalhadores produzem 
todos os objetos existentes no mercado, isto é, todas as 
mercadorias; após havê-las produzido, entregam-nas aos 
proprietários dos meios de produção, mediante um salário; 
os proprietários dos meios de produção vendem as 
mercadorias aos comerciantes, que as colocam no 
mercado de consumo; e os trabalhadores ou produtores 
dessas mercadorias, quando vão ao mercado de consumo, 
não conseguem comprá-las. [...] Embora os diferentes 
trabalhadores saibam que produziram as diferentes 
mercadorias, não percebem que, como classe social, 
produziram todas elas, isto é, que os produtores de tecidos, 
roupas, alimentos [...] são membros da mesma classe 
social. Os trabalhadores se veem como indivíduos isolados 
[...], não se reconhecem como produtores da riqueza e das 
coisas.“ 
(CHAUÍ, M. Convite à Filosofia. 13 ed. São Paulo: Ática, 2004. p. 387.) 
 
Com base no texto e nos conhecimentos sobre alienação e 
ideologia, considere as afirmativas a seguir: 
https://theintercept.com/2019/04/08/uberizacao-das-relacoes-de-trabalho/
 
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a) A consciência de classe para os trabalhadores resulta da 
vontade de cada trabalhador em superar a situação de 
exploração em que se encontra sob o capitalismo. 
b) É no mercado que a exploração do trabalhador torna-se 
explícita, favorecendo a formação da ideologia de classe. 
 c) A ideologia da produção capitalista constitui-se de 
imagens e ideias que levam os indivíduos a 
compreenderem a essência das relações sociais de 
produção. 
 d) As mercadorias apresentam-se de forma a explicitar as 
relações de classe e o vínculo entre o trabalhador e o 
produto realizado. 
e) O processo de não identificação do trabalhador com o 
produto de seu trabalho é o que se chama alienação. A 
ideologia liga-se a este processo, ocultando as relações 
sociais que estruturam a sociedade. 
 
3. (UEM – Inverno 2008) Em termos sociológicos, assinale 
o que for correto sobre o conceito de classes sociais: 
01) Sua utilização visa explicar as formas pelas quais as 
desigualdades se estruturam e se reproduzem nas 
sociedades. 
02) De acordo com Karl Marx, as relações entre as classes 
sociais transformam-se ao longo da história conforme a 
dinâmica dos modos de produção. 
04) As classes sociais, para Marx, definem-se, sobretudo, 
pelas relações de cooperação que se desenvolvem entre os 
diversos grupos envolvidos no sistema produtivo. 
08) A formação de uma classe social, como os proletários, 
só se realiza na sua relação com a classe opositora, no 
caso do exemplo, a burguesia. 
16) A afirmação “a história da humanidade é a história das 
lutas de classes” expressa a ideia de que as 
transformações sociais estão profundamente associadas 
às contradições existentes entre as classes. 
4. (FGV) Leia com atenção as proposições abaixo: 
I. "A história de qualquer sociedade até aos nossos dias 
foi apenas a história da luta de classes. Homem livre e 
escravo, patrício e plebeu, barão e servo, mestre e 
companheiro, numa palavra opressores e oprimidos 
em oposição constante, desenvolveram uma guerra 
que acabava sempre ou por uma transformação 
revolucionária da sociedade inteira, ou pela destruição 
das duas classes em luta." 
II. II. "Se me pedissem para responder à pergunta - 'O 
que é a escravidão?' e eu respondesse numa só 
palavra: 'Assassinato!', todos entenderiam 
imediatamente o significado da minha resposta. Não 
seria necessário utilizar nenhum outro argumento para 
demonstrar que o poder de roubar um homem de suas 
idéias, de sua vontade e sua personalidade é um poder 
de vida ou morte e que escravizar um homem é o 
mesmo que matá-lo. Por que, então, não posso 
responder da mesma forma a essa outra pergunta: 'O 
que é a propriedade?' com uma palavra só: 'Roubo'." 
III. 
Assinale a alternativa CORRETA: 
a) A primeira proposição reproduz um trecho de uma 
das mais importantes obras do filósofo alemão Karl 
Marx, que serviu de base para a ideologia liberal 
desenvolvida no século XIX. 
 b) A segunda proposição refere-se ao manifesto 
cristão proposto por bispos da Igreja, indignados com 
a miséria que assolava as classes trabalhadoras 
européias no século XIX. 
 c) A "luta de classes" é um dos principais aspectos da 
doutrina marxista e a definição da "propriedade como 
um roubo" tornou-se um dos principais lemas do 
anarquismo desde o século XIX. 
d) A segunda proposição é de Joseph Proudhon, 
teórico liberal francês, indignado com a escravidão 
ainda praticada em determinados continentes no 
século XIX. 
e) A segunda proposição refere-se à região da 
Palestina na perspectiva sionista, desenvolvida na 
Europa ao final do século XIX. 
 
5. (Mackenzie) No século XIX, o mundo do trabalho fez 
surgir novas perspectivas para a compreensão da 
sociedade contemporânea. O Manifesto Comunista (1848), 
de Marx e Engels, indica a mudança de concepções 
abstratas e utópicas sobre a sociedade, para outras mais 
concretas e combativas. (Carlos Guilherme Mota) 
Sobre Karl Marx e Friedrich Engels é INCORRETO afirmar: 
 a) A obra que sintetizou as suas teorias econômicas, 
sociais, políticas e culturais foi O Capital, que retomava a 
 
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tradição do pensamento dialético, aprofundando-o na linha 
do Materialismo Histórico. 
b) A sociedade capitalista é contraditória, uma vez que 
produz um trabalho excedente que jamais retorna ao 
trabalhador, isto é, a mais valia. 
c) Formularam um socialismo de um novo tipo, baseado na 
concepção de que o capitalismo deve progressiva e 
pacificamente evoluir para o socialismo. 
d) Criticavam os socialistas Saint-Simon, Charles Fourier e 
Robert Owen, que não se baseavam, como eles, num 
estudo científico da história para aprender as leis da 
sociedade e da economia. 
e) As lutas de classes entre proprietários e trabalhadores 
eram percebidas por eles como uma contradição 
fundamental do sistema capitalista e que levariam à 
abolição da ordem burguesa e do Estado que sobre ela se 
sustentava. 
6. (Ufrrj) "A criação de um proletariado despossuído, (...) 
cultivadores vítimas de expropriações violentas repetidas, 
foi necessariamente mais rápida que sua absorção pela 
nascentes manufaturas. (...) Forma-se uma massa de 
mendigos, ladrões e vagabundos. Desde o final do século 
XV e durante todo o século XVI na Europa Ocidental foi 
criada uma legislação sanguinária contra o ócio. Os pais da 
atual classe operária foram castigados por terem sido 
reduzidos à situação de vagabundos e pobres. A legislação 
os tratava como criminosos voluntários; ela pressupunha 
que dependia de seu livre arbítrio continuar a trabalharcomo antes." 
 
(MARX, Karl. "O Capital". Paris, Garnier-Flamarion, 1969.) 
 
As transformações econômicas e sociais costumam gerar 
profundas alterações no chamado "mundo do trabalho". A 
situação apontada por Marx refere-se ao processo histórico 
a) das revoluções anti-capitalistas, ocorridas na Europa, 
contra as quais a burguesia determinou severa repressão. 
 b) das revoltas operárias, como o ludismo, voltadas à 
destruição das máquinas e à exploração por elas causada. 
c) da Revolução Francesa, na qual os trabalhadores foram 
transformados em massa de manobra dos interesses 
burgueses. 
d) de cercamentos dos campos, com o deslocamento de um 
grande contingente de despossuídos da sua área rural de 
origem. 
e) da Revolução Industrial, quando os criminosos eram 
expulsos das fábricas e proibidos de trabalhar em outra 
ocupação, pela legislação vigente. 
7. (Uel 2011) Observe a charge. 
 
Com base na charge e nos conhecimentos sobre a teoria 
de Marx, é correto afirmar: 
a) A produção mercantil e a apropriação privada são 
justas, tendo em vista que os patrões detêm mais capital 
do que os trabalhadores assalariados. 
b) Um dos elementos constitutivos da acumulação 
capitalista é a mais-valia, que consiste em pagar ao 
trabalhador menos do que ele produziu em uma jornada 
de trabalho. 
c) A mercadoria, para poder existir, depende da existência 
do capitalismo e da substituição dos valores de troca 
pelos valores de uso. 
d) As relações sociais de exploração surgiram com o 
nascimento do capitalismo, cuja faceta negativa está em 
pagar salários baixos aos trabalhadores. 
e) Sob o capitalismo, os trabalhadores se transformaram 
em escravos, fato acentuado por ter se tornado 
impossível, com a individualização do trabalho e dos 
salários, a consciência de classe entre eles. 
 
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8. (Uel 2010) Ao separar completamente o patrão e o 
empregado, a grande indústria modificou as relações de 
trabalho e apartou os membros das famílias, antes que os 
interesses em conflito conseguissem estabelecer um novo 
equilíbrio. Se a função da divisão do trabalho falha, a 
anomia e o perigo da desintegração ameaça todo o corpo 
social e quando o indivíduo, absorvido por sua tarefa se 
isola em sua atividade especial, já não percebe os 
colaboradores que trabalham ao seu lado e na mesma obra, 
nem sequer tem ideia dessa obra comum. 
 
(DURKHEIM, E. A Divisão Social do Trabalho. Apud QUINTEIRO, T.; 
BARBOSA, M. L. O.; OLIVEIRA, M. G. M. Toque de Clássicos. Vol 1. 
Durkheim, Marx e Weber. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2007. p. 91.) 
 
De acordo com K. Marx, uma situação semelhante à 
descrita no texto, em que trabalhadores isolados em suas 
tarefas no processo produtivo “não percebem seus 
colaboradores na mesma obra, nem tem ideia dessa obra 
comum”, é explicada pelo conceito de: 
a) Alienação. 
b) Ideologia. 
c) Estratificação. 
d) Anomia social. 
e) Identidade social. 
 
9. (Uem 2008) Ao discorrer sobre ideologia, Marilena Chauí 
afirma que “(...) a coerência ideológica não é obtida 
malgrado as lacunas, mas, pelo contrário, graças a elas. 
Porque jamais poderá dizer tudo até o fim, a ideologia é 
aquele discurso no qual os termos ausentes garantem a 
suposta veracidade daquilo que está explicitamente 
afirmado”. 
(O que é ideologia. São Paulo: Brasiliense, 1981, p. 04). 
 
Considerando o texto acima e o conceito de ideologia para 
Karl Marx, assinale o que for correto. 
01) Na maioria das sociedades capitalistas, as 
desigualdades são ocultadas pelos princípios 
ideológicos que afirmam a importância dos seguintes 
elementos: o progresso, o “vencer na vida”, o 
individualismo, a mínima presença do Estado na 
economia e a soberania popular por meio da 
representação. 
02) Ideologia corresponde às ideias que predominam em 
uma determinada sociedade, portanto expressa a 
realidade tal qual ela é na sua objetividade. 
04) Uma pessoa pode elaborar uma ideologia, construir 
uma “questão” individual sem interferências anteriores 
e influências comunitárias para a sua sustentação. 
Assim, com base em sua própria ideologia, ela poderá 
refletir e agir em sua sociedade. 
08) Na sociedade brasileira, a ideologia da democracia 
racial afirma que índios, negros e brancos vivem em 
harmonia, com igualdade de condições. Essa 
formulação omite as desigualdades étnicas existentes 
no país. 
16) Ideologia consiste em ideias que predominam na 
sociedade e que, por isso, são internalizadas por todos 
os indivíduos. Portanto não existem possibilidades de 
se romper com seus pressupostos. 
 
 10.(Uel 2008) Sobre a exploração do trabalho no 
capitalismo, segundo a teoria de Karl Marx (1818-1883), é 
correto afirmar: 
a) A lei da hora-extra explica como os proprietários dos 
meios de produção se apropriam das horas não pagas 
ao trabalhador, obtendo maior excedente no processo de 
produção das mercadorias. 
b) A lei da mais valia consiste nas horas extras trabalhadas 
após o horário contratado, que não são pagas ao 
trabalhador pelos proprietários dos meios de produção. 
c) A lei da mais-valia explica como o proprietário dos meios 
de produção extrai e se apropria do excedente produzido 
pelo trabalhador, pagando-lhe apenas por uma parte das 
horas trabalhadas. 
d) A lei da mais valia é a garantia de que o trabalhador 
receberá o valor real do que produziu durante a jornada 
de trabalho. 
e) As horas extras trabalhadas após o expediente 
constituem-se na essência do processo de produção de 
excedentes e da apropriação das mercadorias pelo 
proprietário dos meios de produção. 
 11. (Uel 2007) Karl Marx exerceu grande influência na 
teoria sociológica. Segundo o autor: “[...] na produção social 
da sua existência, os homens estabelecem relações 
determinadas, necessárias, independentes da sua vontade, 
relações de produção... O conjunto destas relações de 
produção constitui a estrutura econômica da sociedade, a 
base concreta sobre a qual se eleva uma superestrutura 
jurídica e política e à qual correspondem determinadas 
formas de consciência social”. 
Fonte: MARX, K. Contribuição à crítica da economia política. Tradução 
de Florestan Fernandes. São Paulo, Ed. Mandacaru, 1989, p. 28. 
 
 
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De acordo com o texto e os conhecimentos sobre o autor, 
é correto afirmar que: 
a) A superestrutura jurídica e política é o resultado do modo 
como as pessoas se organizam para produzir a 
subsistência material em determinada sociedade. 
b) A superestrutura jurídica e política é o resultado da 
consciência social dos líderes políticos e independe do 
modo de produção em dada sociedade. 
c) A superestrutura política é o resultado do modo como as 
pessoas se organizam para produzir a subsistência 
material em determinada sociedade, mas a esfera 
jurídica depende da consciência social. 
d) A superestrutura jurídica é o resultado do modo como as 
pessoas se organizam para produzir a subsistência 
material em determinada sociedade, mas a esfera 
política depende da razão humana, uma vez que a ideia 
de justiça é inata. 
e) A superestrutura jurídica e política é o resultado da 
consciência social dos homens. 
 12.(Uel 2006) “[...] uma grande marca enaltece - 
acrescenta um maior sentido de propósito à experiência, 
seja o desafio de dar o melhor de si nos esportes e nos 
exercícios físicos ou a afirmação de que a xícara de café 
que você bebe realmente importa [...] Segundo o velho 
paradigma, tudo o que o marketing vendia era um produto. 
De acordo com o novo modelo, contudo, o produto sempre 
é secundário ao verdadeiro produto, a marca, e a venda de 
uma marca adquire um componente adicional que só pode 
ser descrito como espiritual”. O efeito desse processopode 
ser observado na fala de um empresário da Internet 
comentando sua decisão de tatuar o logo da Nike em seu 
umbigo: “Acordo toda manhã, pulo para o chuveiro, olho 
para o símbolo e ele me sacode para o dia. É para me 
lembrar a cada dia como tenho de agir, isto é, ‘just do it’.” 
(KLEIN, Naomi. Sem logo: a tirania das marcas em um planeta vendido. 
Rio de Janeiro: Record, 2002, p. 45-76.) 
 
Com base no texto e nos conhecimentos sobre ideologia, é 
correto afirmar: 
a) A atual tendência do capitalismo globalizado é produzir 
marcas que estimulam a conscientização em detrimento 
dos processos de alienação. 
b) O capitalismo globalizado, ao tornar o ser humano 
desideologizado, aproximou-se dos ideais marxistas 
quanto ao ideal humano. 
c) Graças às marcas e à influência da mídia, em sua 
atuação educativa, as pessoas tornaram-se menos 
sujeitas ao consumo. 
d) O trabalho ideológico em torno das marcas solucionou as 
crises vividas desde a década de 1970 pelo capital 
oligopólico. 
e) Por meio da ideologia associada à mundialização do 
capital, ampliou-se o fetichismo das mercadorias, o qual 
se reflete na resposta social às marcas. 
 
 13. (Ufu 2000) De acordo com a teoria de Marx, a 
desigualdade social se explica 
a) pela distribuição da riqueza de acordo com o esforço de 
cada um no desempenho de seu trabalho. 
b) pela divisão da sociedade em classes sociais, decorrente 
da separação entre proprietários e não proprietários dos 
meios de produção. 
c) pelas diferenças de inteligência e habilidades inatas dos 
indivíduos, determinadas biologicamente. 
d) pela apropriação das condições de trabalho pelos 
homens mais capazes em contextos históricos, 
marcados pela igualdade de oportunidades. 
 
 14. (Ufu 1998) A ideia de alienação, segundo Marx, refere-
se 
I. à identidade entre os produtores e seus produtos. 
II. à separação entre o trabalhador e o produto de seu 
trabalho, devido à divisão social do trabalho e à 
propriedade privada dos meios de produção. 
III. à separação do Estado como um poder autônomo, 
imparcial, acima da coletividade e que a domina. 
IV. ao fato de o trabalhador não se reconhecer no produto 
da sua atividade. 
a) I, III e IV estão corretas. 
b) I, II e III estão corretas. 
c) II, III e IV estão corretas. 
d) II e IV estão corretas. 
e) Todas as afirmativas estão corretas. 
 
 
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15. (UNESP 2012) Leia os textos. 
Texto 1 
Ora, a propriedade privada atual, a propriedade burguesa, 
é a última e mais perfeita expressão do modo de produção 
e de apropriação baseado nos antagonismos de classes, na 
exploração de uns pelos outros. Neste sentido, os 
comunistas podem resumir sua teoria nesta fórmula única: 
a abolição da propriedade privada. (…) 
A ação comum do proletariado, pelo menos nos países 
civilizados, é uma das primeiras condições para sua 
emancipação. Suprimi a exploração do homem pelo homem 
e tereis suprimido a exploração de uma nação por outra. 
Quando os antagonismos de classes, no interior das 
nações, tiverem desaparecido, desaparecerá a hostilidade 
entre as próprias nações. 
(Marx e Engels. Manifesto comunista, 1848.) 
Texto 2 
Os comunistas acreditam ter descoberto o caminho para 
nos livrar de nossos males. Segundo eles, o homem é 
inteiramente bom e bem disposto para com seu próximo, 
mas a instituição da propriedade privada corrompeu-lhe a 
natureza. (…) Se a propriedade privada fosse abolida, 
possuída em comum toda a riqueza e permitida a todos a 
partilha de sua fruição, a má vontade e a hostilidade 
desapareceriam entre os homens. (…) Mas sou capaz de 
reconhecer que as premissas psicológicas em que o 
sistema se baseia são uma ilusão insustentável. (…) A 
agressividade não foi criada pela propriedade. (…) 
Certamente (…) existirá uma objeção muito óbvia a ser 
feita: a de que a natureza, por dotar os indivíduos com 
atributos físicos e capacidades mentais extremamente 
desiguais, introduziu injustiças contra as quais não há 
remédio. 
(Sigmund Freud. Mal-estar na civilização, 1930. Adaptado.) 
Qual a diferença que os dois textos estabelecem sobre a 
relação entre a propriedade privada e as tendências de 
hostilidade e agressividade entre os homens e as nações? 
Explicite, também, a diferença entre os métodos ou pontos 
de vista empregados pelos autores dos textos para analisar 
a realidade. 
16. (Uel 2016) Leia o texto a seguir. 
 
O homem faz a religião, a religião não faz o homem. E a 
religião é de fato a autoconsciência e o sentimento de si do 
homem, que ou não se encontrou ou voltou a se perder. 
Mas o homem não é um ser abstrato, acocorado fora do 
mundo. O homem é o mundo do homem, o Estado, a 
sociedade. Este Estado e esta sociedade produzem a 
religião, uma consciência invertida do mundo, porque eles 
são um mundo invertido. 
(MARX, K. Crítica à Filosofia do Direito de Hegel. São Paulo: Boitempo, 
2005. p.145.) 
Na teoria do pensador Karl Marx, há um conceito que 
explica essa inversão da realidade (por conseguinte, da 
consciência) e, em razão dela, da relação do sujeito (seres 
humanos) com aquilo que, objetiva e subjetivamente, ele 
produz. 
Com referência às ideias de Marx, responda aos itens a 
seguir. 
a) Qual é esse conceito? 
b) O que significa inverter a relação sujeito-objeto? Explique 
como isso se manifesta na religião. 
 
Gabarito: 
1.B 2. E 3.(1 + 2 + 8 + 16) 4. C 5. C 
 
6. D 7. B 8. A 9. (1+8+ 16) 
 
10. C 11. A 12. E 13. B 14. D 
 
15. Dissertativa 16. Dissertativa 
 
AULA 6 – Max Weber e a Sociologia Compreensiva 
Max Weber (1864 - 1920) 
 
Max Weber foi um importante intelectual alemão, 
considerado um dos fundadores da Sociologia. Sua 
abordagem ficou conhecida como Sociologia 
Compreensiva, uma análise de base histórica e que busca 
explicar a complexidade do fenômeno social, que, em sua 
visão, pode ter inúmeras causas e motivações. O 
 
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capitalismo, por exemplo, não pode ser compreendido por 
causas estritamente econômicas, mas também como parte 
de uma conjuntura cultural, sendo influenciado por fatores 
religiosos, tal como é mostrado na obra “A Ética Protestante 
e o Espírito do Capitalismo”. 
Para Weber, a sociedade pode ser considerada como um 
aglomerado de indivíduos que realizam suas ações de 
acordo com motivações próprias, mas tendo sempre a 
cultura como referência. 
Considerando que o entendimento da sociedade será 
sempre fragmentado – uma vez que a noção de todo só 
poderia ser obtida por meio da soma de todas as 
perspectivas individuais, o que é impossível de se alcançar 
– Weber propõe que a sociologia deva compreender um 
determinado aspecto da sociedade por meio de um recorte. 
Desse modo, Weber afirma, discordando de Durkheim, que 
é impossível se alcançar uma objetividade plena nas 
ciências sociais, pois a experiência humana não tem como 
abranger todos os aspectos de uma realidade. É 
impossível, assim, alcançar a verdade. O sujeito, inclusive 
o sociólogo, percebe a realidade de acordo com seus 
valores. Por isso, a realidade é sempre mais complexa do 
que entendemos que ela seja. 
Para facilitar o processo de análise, Weber desenvolve um 
recurso metodológico conhecido como tipo ideal. 
Tipo ideal: modelo teórico / construção racional com base 
em elementos fornecidos pela realidade. 
Weber analisa o fenômeno como se ele tivesse o grau 
máximo de racionalidade, tornando-o assim compreensível. 
Ao sociólogo cabe buscar compreender as formas de 
interação entre os indivíduos, as ações sociais. 
Ação social: é condicionada pela conduta alheia (leva em 
consideração a expectativa de outra ação por parte dos 
demais indivíduos) e dotada de significado para o agente.Relação social: interação entre um agente e seu 
interlocutor. Ela estrutura-se numa espécie de pacto 
recíproco. 
Para Weber, toda dimensão da vida social tem como base 
a simples interação entre dois indivíduos, que configura 
uma relação social. No momento que esta relação é 
significa e inserida num plano cultural que manifesta 
padrões e valores, ela adquire o estatuto de uma ação 
social, que é o objeto de análise da sociologia 
compreensiva. Ou seja, diferente de Durkheim, que analisa 
o fato em sua dimensão coercitiva e normativa, aplicada de 
modo geral a todos os indivíduos, Weber acredita que a 
ação social só tem sentido à medida que é significada pelo 
indivíduo, que lhe atribui um valor, o que implica que, 
diferente de Durkheim, para Weber o fato social não teria 
um valor em si mesmo. 
Os 4 tipos de ação social: 
Tradicional: ancora-se na tradição cultural. Na maioria das 
vezes existe sem ser contestada. 
Afetiva: motivadas pela emoção. 
Racional com relação a valores: o indivíduo segue 
racionalmente suas convicções (dever, dignidade, honra, 
sabedoria, ética). 
Racional com relação a fins: cálculo racional, planejado de 
acordo com objetivos previamente definidos. 
Weber também estuda as relações de poder dentro de uma 
esfera social. Todas as relações humanas são marcadas 
por hierarquias e disputas de poder. Quando não há 
legitimidade, os poderes se realizam de forma abusiva, 
normalmente recorrendo-se ao uso da força. O consenso 
normalmente é o que garante legitimidade a uma relação 
de poder. Um dos conceitos fundamentais de Weber, 
empregado até os dias atuais, é o conceito de Estado, 
entendido como o “monopólio da força legítima”. 
Ele também analisa os mecanismos mais comuns de 
legitimação das relações de dominação configuradas em 
nível estatal. 
 OS TRÊS TIPOS PUROS DE DOMINAÇÃO LEGÍTIMA 
 
DOMINAÇÃO LEGAL – segue regras segundo uma lei, um 
estatuto, que é aceito por todos os integrantes. O grupo 
dominante é eleito e o quadro administrativo é nomeado 
pelo mesmo. O tipo de funcionário é aquele de formação 
profissional, que é contratado, com pagamento fixo, com 
direito a promoção conforme regras fixas. O funcionário 
inferior é subordinado ao funcionário superior. O tipo de 
quem ordena é o “superior”, cujo direito de mando está 
fixado no estatuto. 
 
DOMINAÇÃO TRADICIONAL – predomina a dominação 
patriarcal. Quem ordena é o “senhor” e os que obedecem 
são “súditos”. O quadro administrativo é composto por 
servidores, os quais normalmente fazem parte da família do 
senhor. Obedece-se ao senhor por fidelidade, hábito. O 
costume já está enraizado na sociedade. O quadro 
administrativo é inteiramente dependente do senhor e não 
existe nenhuma garantia contra o seu arbítrio. 
Os servidores estão em seus cargos por privilégio ou 
concessão do senhor. A hierarquia é frequentemente 
abalada pelo privilégio. 
 
DOMINAÇÃO CARISMÁTICA - neste tipo de dominação a 
relação se sustenta pela crença dos subordinados, nas 
qualidades excepcionais do “líder”, essas podem ser dons 
sobrenaturais, a coragem, a inteligência, faculdades 
mágicas, heroísmo, poder de oratória. O tipo que manda é 
o “líder”, quem obedece é o “apóstolo”. Obedece-se ao líder 
somente enquanto suas qualidades excepcionais lhe são 
conferidas. Não existem regras na administração, é 
característica deste tipo de dominação a criação 
momentânea. O líder tem que se fazer acreditar por meio 
de milagres, êxitos e prosperidade dos seus apóstolos. Se 
o êxito lhe falta, seu domínio oscila. 
 
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Desencantamento do Mundo 
Max Weber critica a sociedade capitalista moderna. Para 
ele, ao longo de século XIX e sobretudo nos primórdios do 
século XX, a sociedade torna-se extremamente 
racionalizada e burocratizada. O indivíduo moderno (apesar 
dos avanços da ciência e da tecnologia) tem um 
conhecimento menor sobre o seu próprio cotidiano e 
também não exerce controle sobre os meios que utiliza. Há 
um processo que o autor nomeia de “desencantamento do 
mundo”, caracterizado por um acúmulo de explicações 
racionais para os fenômenos, fruto da especialização dos 
saberes, e que diminui o espaço das religiões e da magia 
na vida cotidiana das pessoas. Esse processo, contudo, 
não torna o indivíduo menos alienado na visão de Weber, 
uma vez que o submete a uma outra forma de dominação: 
a racionalidade técnica. 
A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo 
Nesta obra, Weber analisa a figura do protestante como o 
“tipo ideal” do capitalista. No momento em que o lucro deixa 
de ser pecado e se converte em uma máxima para uma vida 
austera e centrada no trabalho disciplinado, passam a 
existir as condições culturais necessárias para o 
florescimento do capitalismo. Há, no século XIX, uma moral 
que relaciona a acumulação a um valor religioso dentro da 
cultura protestante. No século XX, contudo, o capitalismo 
perde esse revestimento ético e a acumulação torna-se 
uma valor em si mesma. 
 
ESTUDO COMPLEMENTAR 
 
Georg Simmel (1858 – 1918) Nascido em Berlim, numa 
família judaica, Georg Simmel é um dos menos conhecidos 
fundadores da Sociologia. Estudou Filosofia e História na 
Universidade de Berlim, onde terminou seu doutorado em 
1881. 
 
Contemporâneo a Weber e Durkheim, Simmel foi um dos 
protagonistas do processo de institucionalização da 
Sociologia na Alemanha, tendo participado, em 1909, da 
criação da Associação Alemã de Sociologia. Publicou 
importantes livros e ensaios, dentre os quais podemos 
destacar Sociologia (1908), Questões de Sociologia (1917), 
A metrópole e a vida mental (1903) e A filosofia do dinheiro 
(1900). 
Ele desenvolveu uma área que hoje é conhecida como 
Sociologia Formal, que busca analisar as estruturas 
(formas) subjacentes ao comportamento humano. Para 
Simmel, “a unidade básica das ciências sociais não é o 
indivíduo em abstrato, isolado, mas os indivíduos em 
interação, em tempos e lugares específicos. Nessa visão, a 
sociedade não é uma “coisa” fixa nem acabada, mas um 
processo, o resultado das interações sociais. A interação 
pode ser de vários tipos e assumir várias formas, como 
conflito, cooperação, competição, submissão etc. As formas 
sociais são configurações momentâneas de um complexo 
de movimentos. Daí Simmel preferir falar em sociação do 
que em sociedade.” (Celso Castro – Textos básicos de 
Sociologia) 
A METRÓPOLE E A VIDA MENTAL 
Em seu texto, “A metrópole e a vida mental”, Georg Simmel 
afirma que os problemas mais graves da vida moderna 
nascem na tentativa do indivíduo de preservar sua 
autonomia e individualidade em face das esmagadoras 
forças sociais. Esta seria a mais recente transformação da 
luta do homem com a natureza para sua existência física. 
Segundo o autor, o século XVIII exigiu a especialização do 
homem e de seu trabalho, e conclamou que se libertasse 
de suas dependências históricas quanto ao Estado e à 
religião, à moral e a economia. Dentre todas essas 
posições, o homem resistiria a ser nivelado e uniformizado 
por mecanismos sócio-tecnológicos. O autor pergunta 
então, como a personalidade se acomoda no ajustamento 
às forças externas. 
Segundo Simmel, há um profundo contraste entre a vida na 
cidade e a vida no campo. O autor afirma que a metrópole 
extrai do homem uma quantidade diferente de consciência, 
sendo que a vida da pequena cidade descansa mais sobre 
relacionamentos profundamente sentidos e emocionais, ou 
seja, o homem metropolitano reagiria com a cabeça em 
lugar do coração: “A reação aos fenômenos metropolitanos 
é transferida àquele órgão que é menos sensível e bastante 
afastado da zona mais profunda da personalidade. A 
intelectualidade, assim se destina a preservar a vida 
subjetiva contra o poder avassalador da vida 
metropolitana”. 
Entende-se, dessa forma, que a pessoa intelectualmente 
sofisticada é indiferente a toda a individualidade genuína 
 
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que resulta em relacionamentos e reações que não podem 
ser exauridos com operações lógicas. Essa razão que dá 
lugar às emoções é expressa no exercício de 
transformação de indivíduos em números, reduzindo assim 
toda qualidade e individualidade à questão: quanto? Este 
aspecto contrasta profundamente com a natureza da 
pequena cidade, em que o inevitável conhecimento da 
individualidade produz diferentes tons de comportamento 
que vão além do mero balanceamento objetivo de serviços 
e retribuição. A metrópole, em contraste, é provida quase 
que inteiramente pela produção para o mercado, ou seja, 
para compradores desconhecidos que nunca entram 
pessoalmente em contato com o produtor. Simmel ainda 
afirma que “através dessa anonimidade, os interesses de 
cada parte adquirem um caráter impiedosamente prosaico; 
e os egoísmos econômicos intelectualmente calculistas de 
ambas as partes não precisam temer qualquer falha devida 
aos imponderáveis das relações pessoais”. Esse caráter 
assumido pelas relações metropolitanas estaria 
intrinsecamente ligado à economia do dinheiro. Como 
exemplo dessa conjuntura Simmel cita um historiador 
inglês: “ao longo de todo o curso da história inglesa, 
Londres nunca funcionou como o coração da Inglaterra, 
mas frequentemente como seu intelecto e sempre como 
sua bolsa de dinheiro!”. 
“A mente do homem moderno se tornou mais e mais 
calculista”, afirma o autor. A economia do dinheiro criou 
uma exatidão na vida prática – através da matematização 
da natureza – que nunca tanto se pesou, calculou, ou se 
reduziu tanto os valores qualitativos a valores quantitativos. 
Através da difusão dos relógios de bolso, desenvolveu-se 
um tamanho controle do tempo sobre os indivíduos, que 
seria impossível realizar os afazeres típicos dos homens 
metropolitanos sem essa mais estreita pontualidade. 
“Assim, a técnica da vida metropolitana é inimaginável sem 
a mais pontual integração de todas as atividades e relações 
mútuas em um calendário estável e impessoal”. 
Todo esse controle, expresso pela pontualidade, 
calculabilidade e exatidão são introduzidos à força na vida 
pela complexidade e extensão da existência metropolitana. 
São instrumentos que favorecem a exclusão de traços e 
impulsos irracionais e instintivos que visam determinar o 
modo de vida de dentro, em lugar de receber a forma de 
vida geral vinda de fora. Dessa forma, Simmel torna 
possível entender o ódio de homens como Ruskin e 
Nietzsche pela metrópole, pois descobriram o valor da vida 
fora de esquemas, passando então, a odiar também a 
economia do dinheiro e o intelectualismo da existência 
moderna. 
Dessa forma entende-se a atitude blasé de determinados 
indivíduos e em especial das crianças metropolitanas – 
quando apresentam comportamento indiferente em relação 
às novidades do mundo sempre que comparadas às 
crianças de meios mais tranquilos. Essa atitude, segundo 
Simmel, é um dos dois extremos do comportamento 
humano influenciado pela vida moderna, no qual a pessoa, 
em meio à economia do dinheiro e controle rígido do tempo, 
mergulha em sua própria subjetividade sem se envolver 
com o ambiente externo. Além disso, há que se ressaltar o 
distanciamento cada vez maior dos concidadãos, muitas 
vezes através de uma espécie de desconfiança excessiva 
e de uma atitude de reserva em face às superficialidades 
da vida metropolitana. Essa reserva seria o fator que, aos 
olhos de pessoas de cidades pequenas, nos faz parecer 
frios e até mesmo um pouco antipáticos. 
 
Simmel ainda apresenta a idéia de metrópole como 
ilustração do princípio da união em grupos sociais (partidos 
políticos, governos etc.). Esses grupos, inicialmente 
pequenos e coesos, por natureza, necessitam de regras 
para se manterem, diminuindo assim as liberdades 
individuais. Com o crescimento do grupo, a tendência 
observada em todos os casos é das regras ficarem menos 
rígidas, dando uma maior liberdade aos indivíduos que 
compõem o grupo. A antiga polis é um exemplo que parece 
ter o próprio caráter de uma cidade pequena. Eram 
constantes as ameaças externas, fazendo com que se 
desenvolvesse uma estrita coerência quanto aos aspectos 
políticos e militares, uma supervisão de cidadão pelo 
cidadão, um ciúme do todo contra o individual, tendo, por 
fim, a vida individual suprimida. Segundo o autor “isto 
produziu uma atmosfera tensa, em que os indivíduos mais 
fracos eram suprimidos e aqueles de naturezas mais fortes 
eram incitados a pôr-se à prova de maneira mais 
apaixonada”. 
 
Simmel ainda faz uma comparação interessante entre 
cultura objetiva, que seria a cultura ligada a objetos, coisas, 
conhecimento, instituições; e a cultura subjetiva, que estaria 
ligada ao indivíduo. Para o autor há uma diferença grande 
no ritmo de crescimento das duas culturas. Enquanto a 
objetiva cresceu grandemente, motivada pela divisão do 
trabalho e sua crescente especialização – como em “O 
trabalho alienado” de Karl Marx – a cultura subjetiva 
cresceu lentamente ou pode até mesmo ter regredido em 
certos pontos como ética, idealismo, etc. “Não é preciso 
 
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mais do que apontar que a metrópole é o genuíno cenário 
dessa cultura que extravasa de toda vida pessoal”. 
Referência: SIMMEL, Georg. A metrópole e a vida mental. In: VELHO, 
Otávio G. (Org.). O fenômeno urbano. Rio de Janeiro: Guanabara, 4a. 
ed., 1987. 
Fonte: https://faceaovento.com/2008/07/31/a-metropole-e-a-vida-mental/ 
TEXTO COMPLEMENTAR 
A contribuição humanista de Georg Simmel para o 
pensamento social 
Estado da Arte - 21 Março 2017 Por Heloisa Pait 
 
Quem sou eu sem a cidade? E que é a cidade sem mim? 
Se eu fosse resumir o pensamento do berlinense Georg 
Simmel num tweet, parafrasearia Hillel com estas duas 
perguntas. 
Simmel escreveu inúmeros ensaios, além de alguns 
tratados, ao final do século XIX e começo do XX; temos 
apenas o suficiente traduzido para o português. O belo “As 
Aventuras de Georg Simmel”, de Leopoldo Waizbort, traz o 
detalhado contexto social em que Simmel cresceu e 
trabalhou, além de interessantes depoimentos de seus 
estudantes, trazendo à vida um autor cuja escrita é, ela 
mesma, pulsante. Seus ensaios sobre figuras urbanas 
como o aventureiro, a prostituta e o estrangeiro, assim 
como suas reflexões sobre o dinheiro, os grupos e a cultura 
feminina, parecem ter apenas alguns anos – o ensaio sobre 
a sociologia do segredo é especialmente atual, quando nos 
achamos nadando num mar profundo de informação. Os 
elementos que Simmel destaca em sua cidade amada são 
semelhantes àqueles que nós destacaríamos nas nossas, 
cem anos depois. Quando indico seus textos em aula, os 
alunos se surpreendem com ele ser anterior ao “pesadão” 
Max Weber, seu seguidor nos conceitos centrais. 
Parte inferior do formulário 
Nestes dias de opiniões acaloradas e verdades relativas, é 
uma bênção ler Simmel, com seu espanto estudado diante 
da vida dos homens e das mulheres. Sua mirada não reduz 
o outro a objeto de pesquisa, não o cala, não o subsume a 
conceitos abstratos e metafísicos. E também não o 
endeusa, não coloca sobre ele ou seu grupo expectativas 
espetaculares e redentoras. O homem é o que é. E a mulher 
é o que é, com suas estratégias próprias de se tornar 
indivíduo numa sociedade que abre frestas para que o faça. 
O interesse de Simmel nos homens e suas relações não é 
externo, isto é, não é utilitário. O grupo não é portador de 
um destino heróico nem precisa de conserto; ele merece 
ser estudado enquanto tal, por seu próprio valor. 
Seus esquemas teóricos são como miniaturas da vida 
social, maquetes habilidosas que representam o mundo de 
maneira estilizada e compreensível. Seus tipos sociais não 
são modelos sobre como as gentes devem ou não devem 
ser, mas representações esquemáticasque nunca chegam 
a abarcar o todo humano. Lembram as silhuetas 
encontradas por G.H., no romance de Clarice Lispector, que 
os críticos já analisaram em profundidade, delineando o 
sujeito ausente sem compreendê-lo, apenas demandando 
um esforço para que o façamos. São, finalmente, convites 
a nós, observadores do universo urbano, para que 
desenhemos nossos próprios tipos sociais, como nosso 
Sérgio Buarque fez por algum tempo. 
Simmel faz parte do grupo de intelectuais judeus de língua 
alemã da virada do século passado que deslocaram o 
espanto diante do incognoscível – awe em inglês – da 
esfera religiosa para a esfera científica. 
Os nomes mais conhecidos são Freud e Einstein; ainda cito 
o escritor Arthur Schnitzler, e meus colegas mais eruditos 
lembrarão de outros mais. Outros autores, em outros 
tempos e lugares, como Walter Benjamin e nossa Clarice 
Lispector, também fizeram esse estranho trajeto de olhar o 
mundo humano com o maravilhamento antes devotado a 
Deus. 
Simmel analisa os tamanhos dos grupos, as intensidades 
de suas conexões internas, seus conflitos e modos de 
pertencimento como quem estuda um ser amado, em 
detalhes, como se tudo, absolutamente tudo, importasse 
nessa grande dança da vida humana. E não é assim? E não 
são nossas relações que imprimem graça e terror à vida? E 
não merece a forma como nos articulamos entre nós todo 
esse espanto e interesse? Pois merece sim, e há cem anos 
já temos o instrumental específico para olhar de modo 
minucioso para esse objeto de estudo onipresente, nós 
mesmos. 
Ao menos nas traduções americanas, que são meu meio de 
chegar a ele, Simmel não aparece como grande fã dos 
jargões. Só conheço o “Vergesellschaftung”, em português 
“constituição do social” ou “sociação”, como aparece nas 
traduções: uma estrutura que é constituída, não é nem dada 
a priori nem inexistente. Simmel foi visto em sua época 
como um narrador impressionista, mas uma leitura mais 
sistemática o revelaria plantando a semente para uma 
ciência das relações humanas. Outro dia um economista 
inglês me questionou se sociologia era ciência ou não. Eu 
lhe respondi que a sociologia poderia ter se tornado uma 
ciência, e tinha em mente a proposta de Simmel de exame 
 
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dessa constituição, que a teoria dos jogos e a análise de 
redes sociais abraçaram, ainda que sem sua riqueza 
interpretativa. 
O projeto de Simmel era construir uma filosofia da vida. Ao 
final, ofereceu-nos uma sociologia que compete, às vezes 
em desvantagem, com engenharias sociais, pregações 
apocalípticas e agitprop. Em desvantagem pois a 
linguagem de Simmel é de uma poesia discreta que não 
chama a atenção para si. Simmel não é Žižek. Sua sutileza 
não serve a movimentos políticos além de um humanismo 
moderno que não anda em voga. O personagem mais 
grandioso da trama de Simmel é a cidade moderna, que 
para ele é Berlim, e para cada um de nós, uma outra cidade 
onde buscamos nos afirmar como indivíduos ao lado da 
multidão. Onde os conflitos, como ele diz, são laços fortes 
que nos unem e sem os quais a vida perde o sabor. 
Esta cidade não paira acima de nós, não nos constrói ou 
produz. Simmel insiste que não há sociedade além das 
interações sociais. A cidade, a sociedade, a teia de relações 
humanas, para usar um termo de Arendt, é apenas isso: 
uma superposição complexa de milhares, milhões, talvez 
bilhões de encontros e desencontros que temos uns com os 
outros e, através das estórias, com os que nos precederam. 
O que faz Berlim são os berlinenses, e o que faz os 
berlinenses são os não-berlinenses, pois, sem eles, Berlim 
não seria Berlim. Numa visita a uma pequena cidade 
mineira pela qual me apaixonei, depois de conhecer o 
quitandeiro uruguaio e o restaurateur de Osasco, me dei 
conta de que são aqueles dois que fazem da pequena 
Alagoa uma cidade, e que a cada novo habitante – incluindo 
eu mesma –, Alagoa se refaz como cidade e, em vez de se 
dissolver na mesmice da globalização, se encontra consigo 
mesma, se recontando e revelando ao forasteiro. 
 
Berlim do século XIX, onde viveu Georg Simmel 
É esse tipo de ideia que Simmel inspira. Nos Estados 
Unidos, seu pensamento frutificou na Escola de Chicago e 
nas detalhadas descrições da sociabilidade urbana 
etnicamente diversa. Perdeu algo da poesia, mas ganhou a 
sistematização; com Ervin Goffman, ganhou humor. No 
Brasil, há uma análise muito boa sobre a influência de 
Simmel na obra de Sérgio Buarque de Holanda, feita pelo 
mesmo Leopoldo Waizbort – um tema fascinante que 
pretendo explorar em um futuro artigo. Mas Sérgio não 
penetrou na sociologia brasileira e, mais ainda, foi muito 
pouco traduzido no exterior. Por que não? Por que não, se 
sua proposta sutil e compreensiva dos humores humanos 
se encaixa tão bem em nossa cultura? O que ficou, e isso 
será tema do artigo, foram propostas de pensar a sociedade 
que reforçam nossa estrutura desigual, enaltecendo-a ou 
desprezando-a, mas de qualquer modo a colocando num 
pedestal explicatório que o individualismo de Simmel não 
poderia fazer. 
Pois em seu individualismo, e aprendi isso num livro muito 
belo do escritor israelense Amós Oz, o centro do mundo não 
é o ser humano abstrato, igual aos demais, apreensível em 
teorias acachapantes, mas o ser humano particular, dono 
de um mundo inteiro ele mesmo. Esse individualismo 
apoiado na particularidade de cada ser humano coloca na 
coletividade destes homens únicos um peso considerável: 
ela é responsável por cada uma destas almas. A mim me 
emociona pensar em Berlim, em São Paulo, como este 
aglomerado enorme de gentes distintas e mesmo assim tão 
dependentes umas das outras, até quando se batem, se 
dividem entre o partido de cima e o partido de baixo, como 
em Alagoa. 
Simmel faleceu em 1918. No ano que vem, relembraremos 
o centenário de seu falecimento. O que aconteceu neste 
século sem Simmel? O que aconteceu com o pensamento 
social nesse século depois de Simmel? Mantivemos, nas 
leis e nas ideias, o amor ao ser humano único, induplicável, 
cuja mirada e ação sobre o mundo temos o privilégio de 
testemunhar? Entendido amor aqui como respeito e desejo 
de que se desenvolva, e não pena por ele ser quem ele é 
ou vontade que fosse algo distinto. Cuidamos das cidades 
enquanto morada fenomenal do indivíduo moderno, em sua 
pluralidade e convivência? Enxergamos de modo claro 
como a cidade precisa do indivíduo e este da cidade? 
Em linhas gerais, penso que sim. A Berlim de Simmel foi 
destruída como símbolo da modernidade e convivência 
– ainda que nos dias que correm parece ter se reconvertido 
em reduto de racionalidade e compreensão. Mas outras 
cidades surgiram, talvez a sua que me lê agora. Mais gente 
 
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é estrangeiro hoje do que jamais o foi. E portanto mais 
lugares são cidades do que jamais foram. Mas a cidade está 
hoje novamente em perigo, depois de cem anos. Seus 
valores e sua vida enfrentam adversários de peso, e é 
sempre bom lembrar que cidades maravilhosas, como 
Bagdá ou Roma, sucumbiram à imbecilidade autóctone ou 
às armas de fora. Seus adversários, precisamos enfrentar 
com nossas próprias armas, o diálogo que nos une e a lei 
que nos protege. Em cada ato, cada voto, precisamos nos 
perguntar: apoio o projeto de Nero para Roma ou ando de 
braços dados com Churchill? Votei em Péricles ou no 
trêbado Jânio Quadros? Vejo cada eleição como um 
“espetáculo da democracia” ou como uma roleta russa com 
o futuro de minha urbe? 
Sair em desabrida cruzada contra a cor dos muros, como 
nosso alcaide, não vai resgatar a consideração que 
devemos, cidadãos, ter uns pelos outros e que mantém 
nossa cidade habitável. Defender com a mesma 
intensidade a todas as práticas possíveis e imagináveis não 
vai dar guarida aos habitantesda cidade, que merecem 
nossa proteção até as últimas consequências. Não será 
fácil encontrar o equilíbrio entre direitos individuais e 
coletivos, dos quais depende o futuro do projeto moderno. 
Como saber quando estamos convidando o fascismo a se 
instalar, ou exercendo moderação que compensará mais 
adiante? Como saber quando estamos preservando a 
cidade para todos ou apenas calando vozes incômodas? 
Como distinguir a defesa do direito individual – da qual vive 
a cidade – da licença para oprimir e violar? 
Para quem quer lutar, Simmel oferece muito pouco: poucas 
bandeiras, poucos slogans e nenhuma missão. Na minha 
lembrança, seu argumento mais acalorado defendia o valor 
do trabalho de um químico que, criando tintas, valoriza a 
produção de uma infinidade de trabalhadores têxteis. Que 
movimento político virá desta defesa, que possa incendiar 
as massas ou alunos de graduação? Não há dois minutos 
de ódio, há apenas um olhar valorizador para uma atividade 
humana específica, numa releitura singela do tratado de 
Adam Smith sobre a Riqueza das Nações. Já para quem 
quer agir de modo inteligente, a partir de reflexões lúcidas 
sobre os dilemas sociais contemporâneos, eu não conheço 
melhor ponto de partida que a obra deste pequeno judeu 
berlinense, esse sábio discreto e perspicaz que nos deixou 
como legado uma maneira de olhar o mundo social sem 
prazo de validade. 
Heloisa Pait é socióloga e professora da UNESP. 
 
Sugestão de bibliografia complementar: 
WAIZBORT, Leopold. As aventuras de Georg Simmel. São Paulo: Edusp, 
2004. 
Exercícios 
1. (Ufu 2018) Weber conduziu uma investigação sobre o 
“desenvolvimento do capitalismo no ocidente e a 
racionalização da conduta promovida por um sistema ético, 
tendo como resultado sua obra mais conhecida.” - A ética 
protestante e o “espírito” do capitalismo. 
QUINTANEIRO, Tânia; BARBOSA, Maria Ligia de Oliveira; 
OLIVEIRA, Márcia Gardênia. Um toque de clássicos: Marx, 
Durkheim e Weber. Belo Horizonte: EdUFMG, 1999. p. 129. 
 
Com base nessa informação, faça o que se pede. 
a) Estabeleça, sinteticamente, uma relação possível entre a 
ética protestante e o “espírito” do capitalismo que Weber 
apresentou nessa sua obra. 
b) A partir dessa relação, estabeleça, ao menos, três traços 
da análise weberiana. 
 
2. (Uel 2014) Leia o texto a seguir. 
“Antigamente nem em sonho existia tantas pontes sobre os 
rios, nem asfalto nas estradas. Mas hoje em dia tudo é 
muito diferente com o progresso nossa gente nem sequer 
faz uma ideia. Tenho saudade de rever nas currutelas as 
mocinhas nas janelas acenando uma flor. Por tudo isso eu 
lamento e confesso que a marcha do progresso é a minha 
grande dor. Cada jamanta que eu vejo carregada 
transportando uma boiada me aperta o coração. E quando 
olho minha traia pendurada de tristeza dou risada pra não 
chorar de paixão.” 
 (Adaptado de: Nonô Basílio e Índio Vago. Mágoa de 
Boiadeiro.) 
 O texto aproxima-se sociologicamente da leitura teórica de 
 a) Comte, que defende a necessidade de formas 
tradicionais de vida em detrimento da desilusão do 
progresso. 
b) Durkheim, que analisa o progresso como elemento 
desagregador da vida social ao provocar o enfraquecimento 
das instituições. 
 c) Marx, que condena o desenvolvimento das forças 
produtivas por seus efeitos alienantes sobre o homem. 
d) Spencer, que tem uma leitura romântica da sociedade e 
vê o passado como mais rico culturalmente. 
e) Weber, para quem a modernização e a racionalização é 
acompanhada pelo desencantamento do mundo. 
 
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3. (Ufu 2013) Em artigo intitulado “Clientelismo ainda 
domina política no interior do Brasil”, da BBC, de 27 de 
outubro de 2002, o jornalista Paulo Cabral desenha o painel 
de parte da política nacional. Ele destaca que, em comício 
de uma certa deputada, um grande churrasco foi oferecido 
para os eleitores de uma vila: "Sob um sol escaldante, um 
caminhão de som tocava o jingle – forró da candidata a todo 
o volume, a população sentia o cheiro da carne sendo 
assada trancada dentro de uma casa. Comida, só quando 
chegasse a candidata”. 
BBC. Disponível em: . Acesso: 11 mar. 2013. 
A relação descrita entre os eleitores e a candidata 
aproxima-se, na matriz teórica weberiana, de um tipo puro 
de relação de dominação, uma vez que 
a) inscreve-se como relação de poder em que a candidata 
aproveita-se de uma probabilidade de impor sua vontade, 
ainda que sem legitimidade. 
b) estabelece-se, retirando das relações os elementos não 
racionais, isto é, em evidente processo de 
desencantamento do mundo. 
c) sua natureza remonta uma tradição inimaginavelmente 
antiga e conduz ou orienta a ação habitual do eleitor para o 
conformismo. 
d) expõe características típicas das formas carismáticas de 
dominação, demonstrada pelo dom da graça extraordinário 
e pessoal manifesto nas práticas clientelistas. 
4. (Uel 2013) Em Economia e sociedade: fundamentos da 
sociologia compreensiva, o sociólogo alemão Max Weber 
expõe conceitos como carisma, estamento burocrático, 
tipos de dominação legítima etc. Já Os donos do poder: 
formação do patronato político brasileiro, de Raymundo 
Faoro, fundamenta-se, em boa parte, em Weber, e realiza 
amplo estudo sobre a formação dos grupos dominantes no 
Estado brasileiro, vendo-os como frutos do Estado 
português. Faoro procura demonstrar como isso se mantém 
arraigado na cultura política do País e como os traços 
patrimonialistas de nossa formação sobrevivem ao tempo. 
Essa obra abrange desde a época dos reis de Portugal, no 
século XIV, até a presidência de Getúlio Vargas, nos anos 
1950. 
a) Aponte os fatores que caracterizam o patrimonialismo 
como ocorrência mais comum dentro do tipo de dominação 
legítima tradicional. 
b) Apresente a definição weberiana para os três tipos de 
dominação legítima. 
5. (Uel 2013) Os documentos de identificação individual 
podem ser analisados sob a perspectiva dos estudos 
weberianos a respeito da sociedade moderna. Sobre essa 
análise, assinale a alternativa correta. 
 a) A ação racional com relação a valores é o tipo conceitual 
que explica o uso do CPF, uma vez que se refere às 
riquezas do indivíduo. 
b) A adoção de documentos de identificação pessoal 
corresponde aos interesses dos indivíduos pelo prestígio 
social. 
c) A identificação pelo CPF é um exemplo de imitação e de 
ação condicionada pelas massas, fenômenos comuns na 
sociedade moderna. 
d) CPF e documentos pessoais fortalecem o processo de 
desburocratização das estruturas racionais de dominação. 
e) O uso do CPF é uma ação dotada de sentido, isto é, 
compreensível pelos demais indivíduos envolvidos na 
situação. 
6.(Unioeste 2013) A Sociologia de Max Weber é 
considerada uma ciência compreensiva e explicativa. Na 
sua concepção, compete ao sociólogo compreender e 
interpretar a ação dos indivíduos, assim como os valores 
pelos quais os indivíduos compreendem suas próprias 
intenções pela introspecção ou pela interpretação da 
conduta de outros indivíduos. 
 Sobre a sociologia compreensiva de Max Weber, é correto 
afirmar que 
a) segundo o método da sociologia compreensiva de Max 
Weber, há uma ênfase metodológica sobre a sociedade 
como a unidade inicial da explicação para se chegar a 
significados objetivos de ação social. 
b) na sociologia compreensiva de Max Weber, a primeira 
tarefa da sociologia é reformar a sociedade ou gerar algum 
tipo de teoria revolucionária. Weber herda efetivamente um 
ponto de vista sociológico compreensivo imputado à escola 
marxista. 
c) para Max Weber, a sociologia está voltada unicamente 
para a compreensão dos fenômenos sociais. Na sociologia 
compreensiva, o homem não consegue compreender as 
intenções dos outros em termos de suas intenções 
professadas. 
d) no método compreensivo de Weber, os fenômenos 
sociais são consideradoscomo a simples expressão de 
causas exteriores que se impõem aos indivíduos. Weber 
define a sociologia compreensiva em termos de fatos 
sociais e não em termos de atividade ou ação. 
 
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e) Max Weber entende por sociologia compreensiva uma 
ciência que se propõe a compreender a atividade social e, 
deste modo, explicar causalmente seu desenrolar e seus 
efeitos. Para explicar o mundo social, importa compreender 
também a ação dos seres humanos do ponto de vista do 
sentido e dos valores. 
7.(Uema 2012) No conjunto da sua Sociologia 
compreensiva, o sociólogo alemão Max Weber define ação 
social como ação 
a) racional em que o agente associa um sentido objetivo 
aos fatos sociais. 
b) desprovida de sentido subjetivo e motivacional. 
c) humana associada a um sentido objetivo. 
d) cuja intenção fomentada pelos indivíduos se refere à 
conduta de outros, orientando-se por ela. 
e) não orientada significativamente pela conduta do outro 
em prol de um bem comum. 
 8. (Uem 2012) Sobre a sociologia compreensiva de Max 
Weber, assinale o que for correto. 
01) Segundo essa perspectiva sociológica, a ordem social 
impõe-se aos indivíduos como força exterior e 
coercitiva, submetendo, assim, as vontades desses 
indivíduos aos padrões sociais estabelecidos. 
02) A ação social é entendida como um comportamento 
dotado de sentido subjetivamente visado e orientado 
para o comportamento de outros atores. 
04) O sociólogo tem como tarefa fundamental a 
identificação e a compreensão causal dos sentidos e 
das motivações que orientam os indivíduos em suas 
ações sociais. 
08) O que garante a cientificidade da análise sociológica é 
o recurso à objetividade pura dos fatos. 
16) As instituições sociais são definidas como resultados de 
relações sociais estáveis e duráveis, passíveis de 
serem alteradas a partir de transformações nos 
sentidos atribuídos pelos indivíduos às suas ações. 
9. (Uel 2007) Max Weber afirma que a burocracia ocorre 
tanto em instituições políticas, quanto em instituições 
privadas e religiosas. De acordo com os conhecimentos 
sobre o tema, é correto afirmar que a burocracia: 
a) É um tipo de dominação racional, resultado da ação 
exercida pelo quadro administrativo de uma determinada 
instituição. 
b) É o resultado do desinteresse dos grupos políticos pela 
administração pública e corresponde ao tipo de 
dominação partidária. 
c) É o resultado da falta de iniciativa dos funcionários na 
gestão das instituições e corresponde ao tipo de 
dominação não racional. 
d) Não é um tipo de dominação, mas o resultado da 
acomodação dos funcionários de carreira do Estado, das 
empresas ou das igrejas. 
e) É um tipo de dominação carismática, caracterizada pela 
ausência de hierarquia e funções de poder. 
 10. (Uel 2005) Leia o texto a seguir, escrito por Max Weber 
(1864-1920), que reflete sobre a relação entre ciência social 
e verdade: 
“[...] nos é também impossível abraçar inteiramente a 
sequência de todos os eventos físicos e mentais no espaço 
e no tempo, assim como esgotar integralmente o mínimo 
elemento do real. De um lado, nosso conhecimento não é 
uma reprodução do real, porque ele pode somente transpô-
lo, reconstruí-lo com a ajuda de conceitos, de outra parte, 
nenhum conceito e nem também a totalidade dos conceitos 
são perfeitamente adequados ao objeto ou ao mundo que 
eles se esforçam em explicar e compreender. Entre 
conceito e realidade existe um hiato intransponível. Disso 
resulta que todo conhecimento, inclusive a ciência, implica 
uma seleção, seguindo a orientação de nossa curiosidade 
e a significação que damos a isto que tentamos apreender”. 
 
(Traduzido de: FREUND, Julien. Max Weber. Paris: PUF, 1969. p. 33.) 
 
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o tema, é 
correto afirmar que, para Weber: 
a) A ciência social, por tratar de um objeto cujas causas são 
infinitas, ao invés de buscar compreendê-lo, deve limitar-
se a descrever sua aparência. 
b) A ciência social revela que a infinitude das variáveis 
envolvidas na geração dos fatos sociais permite a 
elaboração teórica totalizante a seu respeito. 
c) O conhecimento nas ciências sociais pode estabelecer 
parcialmente as conexões internas de um objeto, 
portanto, é limitado para abordá-lo em sua plenitude. 
 
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d) Alguns fenômenos sociais podem ser analisados 
cientificamente na sua totalidade porque são menos 
complexos do que outros nas conexões internas de suas 
causas. 
e) O obstáculo para a ciência social estabelecer um 
conhecimento totalizante do objeto é o fato de 
desconsiderar 
 
11. (Ueg 2018) O sociólogo Max Weber desenvolveu 
estudos sobre a ética protestante e o espírito do 
capitalismo. A esse respeito tem-se o seguinte: 
a) a tentativa de constituir uma ciência da sociedade 
promoveria um processo de pesquisa multidisciplinar e 
não especializado e por isso Weber concebia a economia 
como determinante da cultura e o capitalismo 
determinante do protestantismo. 
b) o processo de racionalização era o fio condutor da 
análise do capitalismo ocidental por parte de Weber e por 
isso ele analisou o papel da ética protestante, que 
apontaria um primeiro momento de racionalização na 
esfera religiosa. 
c) Weber considerava que as ideias dominantes eram as 
ideias da classe dominante, que, na modernidade, era a 
classe capitalista, e por isso a ética protestante 
desenvolvida pelos comerciantes gerou o espírito do 
capitalismo. 
d) a inspiração na dialética idealista hegeliana fez com que 
Weber focalizasse a questão cultural e desenvolvesse 
um determinismo cultural segundo o qual o modo de 
produção capitalista seria produto do protestantismo. 
e) a concepção weberiana surgiu a partir de uma síntese da 
filosofia kantiana e marxista e por isso ele focaliza o 
processo de formação do capitalismo ao lado do 
desenvolvimento do protestantismo e do apriorismo. 
 12.(Uem 2018) Dentre os conceitos sociológicos 
construídos por Max Weber para compreender a vida 
social, figura o de tipo ideal. Sobre o conceito de tipo ideal 
em Max Weber, é correto afirmar que 
01) representa uma construção metodológica, portanto é 
um modelo sobre o qual se constrói a análise 
sociológica. 
02) inexiste na realidade empírica tal qual como é retratado 
no modelo. 
04) é um recurso de análise que permite conceituar 
fenômenos e formações sociais e localizar suas 
manifestações na realidade observada. 
08) é uma ferramenta de busca de leis sociais. 
16) é denominado “ideal” por representar um objetivo que 
deve ser buscado pelas sociedades estudadas. 
 13. (Ufu 2018) Para Weber, um tipo de dominação é 
estabelecido, pois “obedece-se não à pessoa em virtude de 
seu direito próprio, mas à regra estatuída, que estabelece 
ao mesmo tempo a quem e em que medida se deve 
obedecer.” 
 
COHN, Gabriel (Org.). Weber: Sociologia. 5.ed. São Paulo: Ática, 1991. 
p. 129. Coleção Grandes Cientistas Sociais. 
 
Com base na análise weberiana, assinale a alternativa que 
indica o tipo de dominação a que essa descrição está 
relacionada. 
a) Dominação Legal. 
b) Dominação Carismática. 
c) Dominação Tradicional. 
d) Dominação Altruísta. 
 
14. (Uem 2017) Max Weber é um dos autores centrais para 
a constituição da Sociologia. Um de seus principais temas 
de investigação foi o da dominação. Para ele, os sistemas 
de dominação se vinculariam a processos de legitimação. 
No intuito de compreender tal situação, o autor desenvolveu 
um modelo de análise com base naquilo que denominou de 
três tipos ideais de dominação: o racional, o tradicional e o 
carismático. 
Assinale o que for correto a respeito desses três tipos 
weberianos de dominação.01) Os tipos de dominação propostos por Max Weber não 
são encontrados de forma pura na realidade. 
02) Para que exista dominação, é necessário que os 
dominados obedeçam à autoridade dos que detêm o 
poder. 
04) Para Max Weber, a dominação carismática é baseada 
na veneração do poder heroico, na santidade e no 
caráter exemplar de uma pessoa. 
08) A dominação tradicional, segundo Max Weber, consiste 
no desenvolvimento do aparato burocrático. 
16) Max Weber define a dominação racional como aquela 
que não necessita dos aparatos legislativo e 
burocrático. 
 
Prof. Maria Helena 
Filosofia & Sociologia 
 
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 15. (Uel 2016) Leia o texto a seguir. 
O Estado moderno é uma associação de dominação 
institucional que, dentro de determinado território, 
pretendeu com êxito dominar os meios de coação física 
legítima como meio de dominação e reuniu para este fim, 
nas mãos de seus dirigentes, os meios materiais de 
organização, depois de desapropriar todos os funcionários 
estamentais autônomos que antes dispunham, por direito 
próprio, destes meios e de colocar-se, ele próprio, em seu 
lugar, representado por seus dirigentes supremos. 
 
(Adaptado de: WEBER, M. Economia e Sociedade: fundamentos da 
sociologia compreensiva. v.2. Brasília: Editora da UnB, 1999. p.529.) 
 
No texto, o sociólogo Max Weber explica que um dos 
principais traços distintivos do Estado moderno em relação 
às instituições políticas que o antecederam é o do 
monopólio da violência física legítima que este deve deter. 
Com base nisso, responda aos itens a seguir. 
a) O que significa monopólio da violência física legítima e 
quem o exerce? 
b) Cite e explique duas atribuições legais de quem exerce 
o monopólio da violência física. 
 16. (Uem 2016) “Obedece-se não à pessoa em virtude de 
seu próprio direito, mas à regra estatuída, que estabelece 
ao mesmo tempo a quem e em que medida se deve 
obedecer. Também quem ordena obedece, ao emitir uma 
ordem, a uma regra: à ‘lei’ ou ‘regulamento’ de uma norma 
formalmente abstrata”. 
 
(WEBER, M. Os três tipos puros de dominação legítima. In: CASTRO, C. 
(org). Textos básicos de sociologia. Rio de Janeiro: Zahar, 2014, p. 59). 
 
Considerando o texto citado e conhecimentos sobre a 
perspectiva teórica de Max Weber, assinale o que for 
correto. 
01) O trecho acima destacado apresenta a descrição de um 
tipo de dominação política que se dá em virtude das 
qualidades carismáticas, afetivas e intelectuais de 
líderes comunitários. 
02) A obediência às regras e aos estatutos legais encontra 
na burocracia sua principal expressão histórica. 
04) A dominação exercida pelo sistema jurídico legal é 
constituída por dois processos distintos. Do lado de 
quem exerce o poder, vigora a dominação constituída 
pela força, pela vontade e pela virtude. Do lado de quem 
se submete à lei, vigora o medo, o dever e a fidelidade. 
08) A profissionalização, a valorização de competências 
técnicas e o direito de ascensão e negociação no 
trabalho são características que compõem o tipo ideal 
de dominação descrita no trecho citado. 
16) Os Estados modernos, por princípio, organizam-se por 
meio de processos racionais de controle da violência, 
como os aparatos policiais e jurídicos. 
 
 
 
 
 
 
 
Gabarito: 
1. Dissertativa 2. E 3. C 4. Dissertativa 5. E 
6. E 7. D 8.(2 + 4 + 16) 9.A 
10. C 11. B 12.(01 + 02 + 04) 13.A 
14.(01 + 02 + 04) 15. Dissertativa 16. (02+08+16)

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