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Autor: Prof. Herbert Gonçalves Espuny Colaboradores: Prof. Fabio Ricardo Brandão dos Santos Prof. André Galhardo Fernandes Recursos Materiais e Patrimoniais Professor conteudista: Herbert Gonçalves Espuny Administrador registrado no Conselho Regional de Administração de São Paulo (CRA-SP), é graduado em Direito e foi aprovado no XXV Exame de Ordem Unificado da OAB. É doutor na área de Engenharia de Produção, área de concentração em Gestão de Sistemas de Operação e Linha de Pesquisa centrada nas Redes de Empresas e Planejamento da Produção, com pesquisa específica na área de Produção de Conhecimento Estratégico (Inteligência) pela Universidade Paulista – UNIP. É também mestre no Programa Interdisciplinar Adolescentes em Conflito com a Lei pela Universidade Bandeirante de São Paulo e especialista nas áreas de Segurança Empresarial (Universidade Anhembi-Morumbi), Segurança Pública (Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo), Inteligência de Segurança Pública (Universidade Sul de Santa Catarina), Educação a Distância (Universidade Federal Fluminense) e História das Culturas Afro-Brasileiras (FTC). Está se especializando em Direito Constitucional e Administrativo e em Direito Corporativo e Compliance pela Escola Paulista de Direito (EPD). É membro da Associação Brasileira dos Analistas de Inteligência Competitiva (Abraic) e da Associação Brasileira de Profissionais de Segurança (ABSEG). © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) E77r Espuny, Herbert Gonçalves Recursos Materiais e Patrimoniais. / Hebert Gonçalves Espuny. - São Paulo: Editora Sol, 2021. 104 p., il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230. 1. Gestão de estoques. 2. Gestão de compras. 3. Gestão de Patrimônio. I. Título CDU 658.7 U512.09 – 21 Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades Universitárias Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez Vice-Reitora de Graduação Unip Interativa – EaD Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcello Vannini Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Prof. Ivan Daliberto Frugoli Material Didático – EaD Comissão editorial: Dra. Angélica L. Carlini (UNIP) Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR) Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT) Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD Profa. Deise Alcantara Carreiro – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto Revisão: Lucas Ricardi Vitor Andrade Sumário Recursos Materiais e Patrimoniais APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7 Unidade I 1 A ÁREA DA ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS E PATRIMÔNIO ..........................................................9 1.1 Conceitos iniciais .....................................................................................................................................9 1.2 Noções históricas da administração de materiais .................................................................. 13 1.3 Visão sistêmica das organizações .................................................................................................. 16 1.3.1 Definições e conceitos .......................................................................................................................... 17 1.3.2 Recursos materiais e patrimoniais ................................................................................................... 17 1.3.3 Outros recursos: humano, capital e tecnológico ....................................................................... 18 2 ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS .............................................................................................................. 21 2.1 Conceitos gerais .................................................................................................................................... 21 2.2 Aspectos importantes ......................................................................................................................... 23 2.2.1 Responsabilidades éticas e sociais ................................................................................................... 23 2.2.2 Qualidade ................................................................................................................................................... 25 3 GESTÃO DE ESTOQUES .................................................................................................................................. 26 3.1 Estoque de segurança ou estoque mínimo ............................................................................... 26 3.2 Tipos de estoques ................................................................................................................................. 29 3.3 Aspectos importantes no gerenciamento de estoques ........................................................ 31 3.4 Previsão de demanda .......................................................................................................................... 35 4 CUSTOS DE ESTOQUES .................................................................................................................................. 43 4.1 Custos de capital .................................................................................................................................. 43 4.2 Outros custos ......................................................................................................................................... 45 4.2.1 Custo de armazenagem ....................................................................................................................... 45 4.2.2 Custos com pessoal ................................................................................................................................ 47 4.2.3 Custos com edificação .......................................................................................................................... 48 4.2.4 Custos de manutenção ......................................................................................................................... 48 4.3 Ferramentas de otimização .............................................................................................................. 48 4.3.1 Just in Time – JIT ..................................................................................................................................... 48 4.3.2 Kanban ........................................................................................................................................................ 53 Unidade II 5 GESTÃO DE COMPRAS ................................................................................................................................... 60 5.1 Pontos principais da atividade de compras ............................................................................... 60 5.2 Objetivos da atividade de compras ............................................................................................... 64 5.3 Dicas para uma boa gestão de compras ..................................................................................... 66 6 COMPRAS NA ÁREA PÚBLICA ....................................................................................................................68 6.1 Tipos de licitação .................................................................................................................................. 70 6.2 Modalidades de licitação ................................................................................................................... 70 7 PONTOS COMPLEMENTARES DA GESTÃO DE PATRIMÔNIO ........................................................... 73 7.1 Inventário ................................................................................................................................................ 74 7.2 Propriedade intelectual ...................................................................................................................... 75 7.2.1 Proteção sui generis ............................................................................................................................ 81 8 BOAS PRÁTICAS E ÉTICA NOS NEGÓCIOS ............................................................................................. 81 8.1 Governança corporativa .................................................................................................................... 81 8.2 Compliance ............................................................................................................................................. 84 8.3 Ombudsman e outros ......................................................................................................................... 86 7 APRESENTAÇÃO O mercado e as organizações passam por transformações profundas: novas técnicas, novas formas de desenvolvimento das diversas formas de gestão e a busca constante pela qualidade e excelência. O gestor de materiais e patrimônio trabalha particularmente numa área multidisciplinar. Princípios de contabilidade, de direito e de administração estão na base de quem cuida dessa área. O presente material permite que o aluno aprenda os princípios básicos de cada um desses temas, além de permitir que se aprofunde – através das diversas referências – na área que desejar e/ou necessitar. O material traz também uma série de conceitos importantes, que fazem parte da construção da imagem da organização no mercado, como o respeito estrito à legislação do consumidor e aos princípios da governança corporativa e do compliance. O aluno fará uma imersão nos temas relevantes desta disciplina, que vão capacitá-lo a enfrentar um mercado competitivo e dinâmico. INTRODUÇÃO De uma forma geral, todas as áreas de gestão estão vinculadas a algumas atividades básicas. Tais atividades são documentadas e estudadas pela ciência da administração. Há várias nomenclaturas, mas a ideia central está baseada nos três passos que todo gestor precisa dominar: • Planejar: o planejamento está baseado naquilo que se espera da atividade, no ponto em que se pretende chegar. O bom planejamento permite chegar ao objetivo de forma mais rápida e efetiva. • Executar: é o próximo passo. Após planejar, seguindo os caminhos previamente traçados, o gestor deve dar andamento ao que previamente foi definido. • Controlar: o controle está relacionado às fases anteriores. O planejamento foi bem realizado? Há pontos em que pode ser corrigido? Após analisar o planejamento, deve-se analisar também a execução. Os passos foram executados conforme o planejado? Algo deve ser tirado ou acrescentado? Enfim, o gestor deve levar em conta que todas as atividades estão relacionadas aos três pilares mencionados. Neste livro-texto, o gestor obterá subsídios importantes para planejar, executar e controlar a importante área de materiais e patrimônio. Detalhes essenciais: o conhecimento não se esgota. Além das informações obtidas neste material, lembre-se de consultar os links! Outro detalhe importante: as coisas mudam! Atualize-se constantemente! 9 RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS Unidade I 1 A ÁREA DA ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS E PATRIMÔNIO É importante saber que a área da Administração de Materiais e Patrimônio tem relação com alguns conceitos importantes. A primeira ideia que o nome sugere é a de planejar, executar e controlar a área de materiais e patrimônio. Substituir a palavra administração pelos verbos planejar, executar e controlar caracteriza bem esta atividade. Observe estes conceitos: • Planejar para que o dia a dia da empresa não se ressinta com a falta de materiais, por exemplo, para a fabricação de seus produtos. • Executar é colocar em prática o que foi estabelecido no planejamento. • Controlar é verificar se o planejamento está correto e se a execução também transcorreu sem qualquer problema. Se houve qualquer erro no planejamento ou na execução, o controle entra em cena, no sentido de corrigir o que for pertinente. É necessário, também, compreender que a vida da organização depende, em boa parte, de providências adequadas por parte do gestor nessa área: providências mal tomadas, como estoques desorganizados, compras fora de prazos adequados e seleção deficiente de fornecedores podem, efetivamente, causar a perda de clientes e transformar qualquer empreendimento num grande fracasso. Para evitar isso, esta disciplina proporcionará os conceitos e as ferramentas adequadas para uma excelente gestão de materiais e patrimônio! Mãos à obra! 1.1 Conceitos iniciais A área abordada neste material está vinculada à atividade na “elaboração de um pedido de compras, ou ainda à determinação assertiva das quantidades adquiridas, evitando-se perdas por aquisições excessivas ou por desperdício de oportunidades devido a reposições insuficientes” (HARA, 2012, p. 13). Isso quer dizer que o gestor precisa saber quantificar adequadamente o que comprar, para usar e estocar de forma racional. Administrar patrimônio e materiais é entender a importância desta área para a organização e, consequentemente, desenvolver uma rotina que propicie um funcionamento harmonizado e que atenda às necessidades. Um dos pontos mais importantes da administração de estoques é controlar seus níveis (POZO, 2010, p. 25). Esse processo influencia razoavelmente no desempenho e no resultado financeiro de toda a organização. O controle de estoque recebe informações dos diversos setores da organização e, a partir de tais informações, consegue fazer o planejamento da área. Por exemplo, se a organização for uma indústria, o planejamento da 10 Unidade I produção é fundamental, pois envolve a compra de insumos, a programação do que será produzido e a própria comercialização dos produtos. A área de Planejamento e Controle da Produção (PCP) deve estar constantemente monitorada pelo gestor de patrimônio e materiais, pois “um planejamento feito sem os devidos cuidados impossibilita a adequada coordenação das atividades afins” (POZO, 2010, p. 99). Em outras palavras, imagine um gestor que resolve adquirir um lote maior de insumos para um determinado produto que está sendo fabricado, apenas porque há uma promoção no preço desse insumo, sem pensar em outros fatores, como: • local para o estoque adequado desse insumo; • seu prazo de validade; • possível substituição do item em função de atualização ou modernização do produto final. Analisando apenas esses aspectos, entre outros possíveis, será que foi um bom negócio? Será que a economia feita no desconto do insumo não seria “perdida” com possíveis problemas ocasionados pelos outros itens analisados? Como podemos perceber, a área de Administração de Materiais e Patrimônio exige que o gestor tenha visão sistêmica, ou seja, que não se concentre apenas em itens isolados. Essa visão sistêmica, ou visão do todo, permite evitar erros que podem ocasionar perda de faturamento ou gastos excessivos e desnecessários. Pontos importantes a serem sempre observados: • Administrar materiais e patrimônio é uma atividade contínua, que exige conhecimentos específicos. • O gestor deve utilizar o planejamento como instrumento para minimizar problemas nas áreas que sustentam a organização, como a de suprimentos e fabricação. • O planejamento,a execução e o controle devem ser utilizados harmonicamente, um complementando o outro. Saiba mais Planejar é uma das mais importantes atividades da administração. Muito do sucesso de cada área da organização depende de um bom planejamento. Sobre o tema, leia o texto a seguir: SOARES, D. Qual a importância do planejamento? Por que planejar? Administradores, 11 dez. 2016. Disponível em: https://bit.ly/3zzgghy. Acesso em: 12 dez. 2018. 11 RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS Observe a figura a seguir: Figura 1 – Exemplo de supermercado Observe que se trata de um supermercado. Veja a distribuição das mercadorias, por setores e a quantidade disponível de cada um dos itens. Essa distribuição e o estoque ali demonstrado não são aleatórios. O gestor responsável deve estar atento para uma série de detalhes: a quantidade média de vendas (para que o estoque seja adequado), o prazo de validade de cada mercadoria, a devida exposição no cenário de vendas, entre outras preocupações. O exemplo dado é apenas para caracterizar o que ocorre no campo do varejo. Com as devidas variações e especificidades de cada área, os estudos também são importantes tanto na indústria como na prestação de serviços. Na indústria, por exemplo, há estoques de diversas naturezas: há estoques de insumos, há estoques de produtos semiacabados (quando falta, por exemplo, uma peça específica para serem completados), há estoques de produtos acabados (prontos para serem entregues aos clientes), entre outros tipos de estoques específicos. Na área de serviços, de acordo com as características da organização, pode haver estoques de máquinas e equipamentos utilizados num determinado serviço, além de insumos para eles e materiais necessários à prestação de determinado serviço (por exemplo, materiais de limpeza). Agora, observe a figura seguir: 12 Unidade I Figura 2 – Exemplo de indústria A figura mostra um exemplo de indústria, no caso, de produtos de alta tecnologia. Observe que, nesse caso, as preocupações do gestor serão tanto com os estoques dos insumos utilizados na fabricação de cada produto como com o estoque de cada produto fabricado que será comercializado. E, a propósito, insumo é todo o produto necessário para a fabricação do produto final. Por exemplo, determinada fábrica produz refresco de laranja. Quais são os insumos? Provavelmente, laranjas + água + açúcar. Pode haver conservantes, também. De forma geral, no mercado, insumo muitas vezes é o nome que se dá para a matéria-prima. Há, entretanto, aqueles que preferem distinguir um do outro: “matéria-prima é o material base de um produto. Insumo é o conjunto de todos os ‘fatores’ necessários para a fabricação de um produto” (PAULA, 2013). Em outras palavras, matéria-prima faz parte do produto: por exemplo, o algodão, em relação ao tecido, ou a laranja, para o exemplo anterior do suco de laranja. Já o insumo é um componente, como a água para o refresco de laranja. Observe aqui as diferenças: para o refresco de laranja (por exemplo, feito de água, laranjas e açúcar), a água e o açúcar são certamente os insumos. E a laranja? Há autores que entendem tratar-se de matéria-prima. Outros tratam por insumo, também. Portanto, o aluno precisa tomar o cuidado de identificar o que o autor quer dizer. Na língua portuguesa, insumo e matéria-prima também têm definições parecidas. Observe as definições a seguir: 13 RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS Quadro 1 – Definições Insumo Matéria-prima Todo tipo de elemento que entra no processo de produção de mercadorias e/ou serviços, matérias-primas, equipamentos, capital, trabalho humano etc.; input. 1 Substância bruta principal, insumo básico a partir do qual se fabrica determinado produto ou bem. 2 FIG Aquilo a partir do qual se inicia alguma coisa que ainda se encontra em estado bruto; base, fundamento. Fonte: Michaelis (1998). Esses são apenas alguns conceitos básicos. No transcorrer das unidades que compõem esta disciplina, o aluno encontrará os principais conceitos de gestão que parametrizam a administração de materiais e patrimônio, além de ferramentas que possam auxiliar nesse processo, como fórmulas e cálculos que auxiliam na gestão de estoques, por exemplo. Lembrete Gerir materiais é monitorar para nunca faltar o necessário, mas também evitar qualquer desperdício. A sazonalidade é um dos maiores desafios para a gestão de materiais. Um exemplo é a venda de sorvetes nas diferenças no verão e no inverno. 1.2 Noções históricas da administração de materiais Administrar materiais e patrimônio não é exatamente uma atividade nova. Desde os tempos mais antigos há notícias de obras, grandes construções e atividades que necessitavam de princípios logísticos para serem viabilizadas. Note-se que para cada ramo de atividade, a administração sempre foi necessária. A história da Administração iniciou-se num tempo muito remoto, mais precisamente no ano 5000 a.C, na Suméria, quando os antigos sumerianos procuravam melhorar a maneira de resolver seus problemas práticos, exercitando assim a arte de administrar. Depois no Egito, Ptolomeu dimensionou um sistema econômico planejado que não poderia ter-se operacionalizado sem uma administração pública sistemática e organizada. Em seguida, na China de 500 a.C, a necessidade de adotar um sistema organizado de governo para o império, a Constituição de Chow, com seus oito regulamentos e as Regras de Administração Pública de Confúcio exemplificam a tentativa chinesa de definir regras e princípios de administração. 14 Unidade I Apontam-se, ainda, outras raízes históricas. As instituições otomanas, pela forma como eram administrados seus grandes feudos. Os prelados católicos, já na Idade Média, destacando-se como administradores natos. A Alemanha e a Áustria, de 1550 a 1700, através do aparecimento de um grupo de professores e administradores públicos chamados os fiscalistas ou cameralistas. Os mercantilistas ou fisiocratas franceses, que valorizavam a riqueza física e o Estado, pois ao lado das reformas fiscais preconizavam uma administração sistemática, especialmente no setor público (GOMES, 2005). Os sumérios foram pioneiros por desenvolverem “barragens para impedir o avanço da água dos rios durante o período de cheia e por construírem reservatórios para armazenamento de água e canais de irrigação para utilização na agricultura e para o consumo em suas cidades” (SILVA, 2018). Essas atividades envolviam a administração adequada dos materiais utilizados nesses empreendimentos. No Antigo Egito, os sacerdotes exerciam a função de administradores das riquezas dos faraós: “Os sacerdotes tinham enorme prestígio e poder, tanto espiritual como material, pois administravam as riquezas e os bens dos grandes e ricos templos. Eram também os sábios do Egito” (SILVA, 2009). A China possui inúmeros exemplos em que a administração em geral e a administração de materiais e patrimônio, em particular, foram extremamente significativas, muito especialmente na construção de algumas obras, como a Muralha da China: “A gigantesca muralha da China foi construída no século III a.C., na dinastia Tsing, para defender o império chinês das invasões dos hunos. Ela mede aproximadamente 2.400 km de comprimento e atualmente se tornou uma grande atração turística” (SILVA, 2009). Assim, a administração de materiais passou por várias fases na história da humanidade. Três dessas fases merecem ainda destaque: A Revolução Industrial, meados dos séc. XVIII e XIX, acirrou a concorrência de mercado e sofisticou as operações de comercialização dos produtos, fazendo com que “compras” e “estoques” ganhassem maior importância. Este período foi marcado por modificações profundas nos métodos do sistema de fabricação e estocagem em maior escala. O trabalho, até então, totalmente artesanal foi em parte substituído pelas máquinas, fazendo com a produção evoluísse para [que] um estágio tecnologicamente mais avançado e os estoques passassem a ser vistossob outro prisma pelas administrações. A constante evolução fabril, o consumo, as exigências dos consumidores, o mercado concorrente e novas tecnologias deram novo impulso à Administração de Materiais, fazendo com que a mesma fosse vista como uma arte e uma ciência das mais importantes para o alcance dos objetivos de uma organização seja ela qualquer que fosse (FRANCISCHINI; GURGEL, 2002). Além da Revolução Industrial, as fases da Primeira e Segunda Guerras Mundiais foram particularmente importantes no tocante aos aspectos logísticos em geral e nos aspectos de administração de materiais em particular, sejam materiais bélicos, sejam materiais de apoio para as tropas. 15 RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS Mais recentemente, Francischini e Gurgel (2002) estabeleceram algumas etapas importantes para a administração profissional de materiais nas organizações. Resgatando alguns conceitos mais modernos, observe-se que as fases especificadas a seguir não são necessariamente históricas, pois expressam situações que podem ser vividas por qualquer empresa atual, dependendo da sua estrutura: • Fase da atividade exercida pelo proprietário: essa fase representa aquele que por conta própria fazia praticamente tudo; logo, a parte de administração de materiais também era exercida somente pelo dono. Comprar era a essência do negócio. • Fase das compras integradas à produção: essa fase representa um período em que as compras estavam tão somente ligadas à área produtiva. • Coordenação dos serviços envolvendo materiais: essa fase representa um avanço, pois a área de compras passa a ter uma visão sistêmica da organização. Ela começa com o planejamento das matérias-primas e a entrega dos produtos acabados, em uma organização independente da área produtiva. • Fase da agregação à área logística: a área de compras passa a fazer parte das atividades logísticas, inclusive dando suporte também ao Marketing. • Fase da administração de materiais: representa a fase atual. A administração de materiais está cada vez mais especializada. O gestor deve observar em que fase a organização se encontra e se é possível promover melhorias pertinentes. Por exemplo, se uma determinada empresa está numa fase de crescimento e ainda se as compras de materiais estão nas mãos de uma única pessoa, tal situação pode representar um gargalo que prejudica a administração do setor e, consequentemente, de toda a organização. Saiba mais Você sabe o que é um gargalo? Nas empresas, é algo que atrapalha a administração. Leia o artigo: BUZZI, E. M.; RIBEIRO, M. E. O. R.; CARLESSO, R. E. C. A Teoria das Restrições na identificação de gargalos no setor produtivo: a indústria Uniformes 1000 Cores. [s.d.]. Disponível em: https://bit.ly/3zxpbA8 Acesso em: 28 out. 2018. 16 Unidade I 1.3 Visão sistêmica das organizações Visão sistêmica tem a ver com a visão geral, a visão do todo. É muito importante que o gestor aprenda a analisar qualquer problema dentro desse conceito, senão, corre o risco de não adotar a solução correta. Por exemplo: houve um determinado fato dentro da empresa com a participação de quatro funcionários. É importante o gestor analisar os relatos dos quatro envolvidos, principalmente se houver diferentes interesses envolvidos, como uns acusando outros de irregularidades. Se o gestor ouvir apenas um funcionário, ou uma das partes, pode deixar de tomar as providências adequadas que o problema requer. Karl Ludwig von Bertalanffy (1901-1972) foi o primeiro autor na área da Administração a conceituar a visão sistêmica, baseado na Teoria dos Sistemas. Bertalanffy foi biólogo e desenvolveu a Teoria Geral dos Sistemas, que [...] constitui-se na busca da melhor compreensão e unificação dos conhecimentos de uma ampla variedade de áreas altamente especializadas. Para ele, não somente os pontos de vistas e os aspectos gerais são iguais em diferentes ciências, mas frequentemente encontramos leis formalmente idênticas em campos diferentes, que se aplicam a qualquer sistema, independentemente de suas propriedades específicas (COLOSSI; BAADE, 2015, p. 11). Derivada das concepções de Bertalanffy, a visão sistêmica busca entender a organização como um todo. Oderich, Avelino e Queiroz (2015, p. 32) comentam: Sistema é um “todo”, conjunto de elementos inter-relacionados. Existem sistemas orgânicos, a exemplo do corpo humano, e sistemas inorgânicos, como um avião. Existem sistemas sociais, por exemplo, bairros, cidades, estados, países. Elementos agrupados por quaisquer afinidades formam subsistemas dentro de sistemas maiores, que, por sua vez, integram subsistemas de outros sistemas. O organismo vivo é a metáfora para a visão sistêmica, não mecanicista. O gestor da área de materiais e patrimônio precisa trabalhar com visão sistêmica, pois suas decisões envolvem uma série de vertentes da organização, que interagem constantemente. Essa visão sistêmica busca integrar os recursos de várias áreas, tais como os recursos materiais, os recursos patrimoniais, os recursos humanos e os recursos tecnológicos, entre outros. A visão sistêmica é importante porque não adiantaria, por exemplo, ter equipamentos com alta tecnologia e de última geração (recursos materiais) se não houvesse pessoas qualificadas (recursos humanos) para operá-los, nem a organização contratar recursos humanos supercompetentes em operar recursos tecnológicos modernos se a organização não dispõe e não pretender adquirir tais recursos. 17 RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS 1.3.1 Definições e conceitos Os bens de uma forma geral podem ser divididos em bens tangíveis e bens intangíveis, como pode ser observado no quadro a seguir. Os bens tangíveis são aqueles que podem ser tocados, ou seja, possuem materialidade. Já os bens intangíveis são incorpóreos. Os recursos materiais da organização podem ser definidos como os bens tangíveis que ela possui e com os quais trabalha para desenvolver a sua produção. Aqui cabe uma observação: normalmente, o gestor de materiais e patrimônio pode gerir tanto os bens materiais como imateriais. Isso depende muito do nível em que esteja inserido o gestor no contexto da organização. Por exemplo, uma editora trabalha com os direitos autorais, tanto dos autores que fomentam as obras como das edições patrocinadas pela editora. Esses são itens incorpóreos dos quais, muitas vezes, o gestor de patrimônio é o responsável pela administração. O mesmo ocorre com indústrias que trabalhem com produtos patenteados ou licenciados. Mais adiante, serão abordadas essas formas de patrimônio, inclusive a legislação específica com a qual o gestor deve estar sempre atualizado, pois as leis e os regramentos mudam constantemente. Quadro 2 – Bens tangíveis e intangíveis Bens tangíveis Bens intangíveis Também conhecidos como bens materiais, corpóreos. Características: podem ser tocados. Possuem concretude física. Exemplos: objetos, automóveis, prédios etc. Os bens tangíveis podem ser móveis ou imóveis. Também conhecidos como bens imateriais, incorpóreos. Características: não podem ser tocados. Não possuem concretude física. Exemplos: direitos autorais, softwares etc. Os exemplos demonstrados no quadro explicam a divisão entre aqueles tangíveis e intangíveis. Observe, ainda, que os bens tangíveis podem fazer parte tanto dos aspectos materiais como dos aspectos patrimoniais da organização. Por exemplo, o prédio próprio em que está instalada a empresa é um recurso patrimonial. Já o estoque de matéria-prima é um recurso material. Isso será mais bem explicado logo a seguir. 1.3.2 Recursos materiais e patrimoniais Ainda a respeito de conceitos iniciais, é importante que o aluno saiba que alguns autores podem não diferenciar recursos materiais daqueles considerados patrimoniais. Alguns tendem a utilizar o termo materiais para classificar todos os bens tangíveis de uma organização. Por exemplo, Brandão (2010) classifica os recursos materiais da seguinte maneira: “são os recursos físicos, como edifícios,prédios, máquinas, equipamentos, instalações, ferramentas, matérias-primas etc.”. Ou seja, é o conjunto do que se possui como propriedade e do que se possui como instrumentos para a produção (matéria-prima, equipamentos e máquinas). Assim, para essa autora não há diferença entre o que se pode classificar como material ou patrimonial. 18 Unidade I Apesar disso, outros autores preferem a distinção entre materiais e patrimoniais, que permite uma análise mais diferenciada. Observe o quadro a seguir: Quadro 3 – Recursos Definição: sempre escassos. Precisam ser administrados. Tipos: materiais, patrimoniais, humanos, tecnológicos e de capital. Exemplos de recursos materiais Exemplos de recursos patrimoniais • Matérias-primas — Materiais de uso cotidiano — Produtos acabados — Produtos semiacabados — Materiais auxiliares • Prédios • Galpões • Máquinas e equipamentos • Veículos — Terrenos Adaptado de: Felini (2013, p. 10). Para completar o raciocínio, pode-se considerar, ainda, que alguns bens que fazem parte do patrimônio da organização podem não ser exatamente tangíveis (ou materiais), por exemplo, a marca ou uma patente. Nesse caso, tais bens são intangíveis, mas fazem parte dos recursos patrimoniais da empresa. Por causa desse exemplo, a utilização da divisão de bens materiais e patrimoniais pode evitar confusões. Além daqueles já citados, há os recursos humanos, tecnológicos e de capital. Observação O gestor de materiais e patrimônio precisa conhecer aplicações de Administração e Contabilidade. Dependendo do tipo da organização, o gestor pode ter que administrar níveis variados de estoques de materiais. 1.3.3 Outros recursos: humano, capital e tecnológico Além da gestão dos recursos materiais e patrimoniais, há outros recursos que a organização precisa gerir. Tais recursos estão vinculados a outras gestões e/ou diretorias da organização. São eles: Recursos Humanos Área tradicional nas organizações, Recursos Humanos é a que trata de pessoas. Especialistas na área costumam enfatizar que as pessoas podem ser meramente tratadas como parte da organização ou de forma mais abrangente, como parceiros: 19 RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS Os empregados podem ser tratados como recursos produtivos das organizações: os chamados recursos humanos. Como recursos, eles precisam ser administrados, o que envolve planejamento, organização, direção e controle de suas atividades, já que são considerados sujeitos passivos da ação organizacional. Daí a necessidade de administrar os recursos humanos para obter deles o máximo rendimento possível [...]. Mas as pessoas podem ser visualizadas como parceiros das organizações. Como tais, elas são fornecedoras de conhecimentos, habilidades, capacidades e, sobretudo, o mais importante aporte para as organizações – a inteligência, que proporciona decisões racionais e imprime o significado e rumo aos objetivos globais. Desse modo, as pessoas constituem o capital intelectual da organização (CHIAVENATO, 1999, p. 7). Observe que apesar do nome “recursos”, quando se trata da área humana, os gestores modernos tendem a considerar os funcionários como colaboradores que, envolvidos na empresa, conseguem alcançar mais facilmente os objetivos. Várias são as funções do Departamento de Recursos Humanos (RH) das organizações. Os mais comuns são: seleção, recrutamento, treinamento e reciclagem, além de tratar da parte documental dos funcionários (registros e baixas nas carteiras de trabalho, documentos comprobatórios de estado civil, formação etc.). Capital Sinônimo de dinheiro. O recurso de capital é o dinheiro que a organização dispõe para investimentos e/ou manutenção. Contabilmente, ou seja, pelos princípios utilizados pela Contabilidade, o item que reúne o capital das empresas é o do ativo circulante (RIBEIRO, 2011, p. 34). O capital pode ser representado pelo dinheiro físico (o que está em caixa na própria empresa), o que está disponível em contas bancárias ou o que está em investimentos (aplicações financeiras) com liquidez imediata. Normalmente, os recursos de capital são gerenciados pelo departamento financeiro da organização. O gestor de finanças (que pode ser o diretor, o gerente ou o encarregado, conforme o organograma e/ou porte da empresa) é a quem compete planejar os recursos financeiros. Muitos dos projetos do gestor de materiais, como a aquisição de estoques e/ou equipamentos, devem ser planejados e executados com o setor financeiro da empresa para terem viabilidade (conseguirem alcançar os objetivos). Tecnológico Os recursos tecnológicos são aqueles com os quais as organizações conseguem desenvolver tanto as suas atividades-fim como as atividades-meio de forma mais eficaz e eficiente. Em outras palavras, a tecnologia pode dinamizar os processos produtivos e, também, a parte administrativa, por exemplo. 20 Unidade I Atualmente as empresas vêm investindo na tecnologia, sendo a mesma uma ferramenta importante para facilitar e agilizar nos processos administrativos dentro das organizações reduzindo custos em longo prazo. Na tecnologia, quanto mais conhecimento produzido, mais rápido é sua evolução. Com a inovação tecnológica é possível oferecer um produto/serviço de qualidade. O crescimento dos negócios vem acontecendo por causa desta ferramenta que é utilizada para planejar, organizar e controlar os funcionamentos, se utilizados adequadamente. Com isto pode-se minimizar as possíveis falhas que podem ocorrer na empresa (FRANÇA, 2013). O gestor de materiais e patrimônio deve trabalhar, também, em consonância com o gestor de tecnologia. Normalmente, a Tecnologia da Informação (TI) é um setor que se envolve com toda a organização, pois desenvolve controles de entrada e saída de materiais e também cadastro de fornecedores e clientes, entre outras importantes funcionalidades. Leia as definições de eficiência e eficácia (MARQUES, 2018): Entenda o que é eficiência A eficiência é o processo de executar aquilo que foi planejado, ou seja, é colocar a “mão na massa”. Considere, por exemplo, o processo de construção de uma casa: o tempo que demorou para a obra ser concluída, a quantia gasta, e equação entre recursos planejados e os usados, entre outros pontos. Caso você tenha conseguido fazer tudo a tempo, gastando menos tempo e recursos, então você foi eficiente. Um líder eficiente é capaz de coordenar, planejar e organizar o trabalho de seus subordinados da melhor maneira, respeitando a competência de cada um. A capacidade de conduzir pessoas com eficiência é um dos grandes diferenciais competitivos do mercado, pois garante o aumento da produtividade, redução dos conflitos e aceleração dos resultados. Entenda o que é eficácia Ser eficaz é conseguir atingir seu objetivo. Utilizando o mesmo exemplo da construção, se você conseguiu construir a sua casa e finalizar a obra da maneira como foi planejada, então você foi eficaz. A eficácia está relacionada diretamente ao resultado. Quando um líder é eficaz, ele impulsiona sua equipe a alcançar os objetivos da organização. Desse modo, certamente ele irá tornar a equipe mais eficaz e melhor preparada para enfrentar os desafios. 21 RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS Observação Todas as tarefas e atividades precisam ser empreendidas com foco na eficiência e na eficácia. 2 ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS Vários são os tipos de materiais que o gestor vai administrar na organização. Um dos mais importantes é o relacionado à gestão de estoques. O estoque exerce uma importância fundamental na organização, na medida em que propicia uma segurança no desenvolvimento das atividades. 2.1 Conceitos gerais Um estoque mal dimensionado e mal administrado pode trazer vários prejuízos: • Prejuízo por estocar quantidade desnecessária de mercadorias: nesse caso, o excesso de mercadorias no estoque é capital imobilizado que poderia ser aplicado em outras áreas. Além disso, estoque envolve despesas, com armazenamento, limpeza e segurança, por exemplo.• Prejuízo por estocar quantidade que não supra a demanda. Nesse caso, em vez do excesso, o estoque poderá dar prejuízo pela falta de mercadorias: a organização deixa de vender porque não dispõe do produto. Isso pode gerar perda definitiva de clientes. Além disso, há questões relacionadas às demandas sazonais. São aquelas demandas que ocorrem somente em períodos específicos ao longo do ano. Se o gestor não se preparar para elas, certamente perderá clientes e poderá perder mercado. • Além do que já foi citado, em relação ao estoque de produtos a serem comercializados, o gestor de materiais precisa se preocupar, também, com os estoques de insumos, ou seja, os componentes que são utilizados para a confecção de seus produtos. Há organizações com um número grande de insumos. Imagine uma indústria automobilística: quantos insumos, isto é, quantas partes de um veículo são necessárias para que ele tome a forma final? Milhares de itens. • Outros itens também podem fazer parte da rotina do gestor de materiais: itens necessários à manutenção cotidiana da organização, como materiais de limpeza, produtos utilizados para a manutenção de máquinas e equipamentos, uniformes de determinados funcionários, produtos alimentícios para os setores de alimentação da empresa, produtos farmacêuticos ou médicos, para eventuais setores de emergência ou enfermagem, entre outros. De uma forma geral, as preocupações na área de administração de materiais podem ser resumidas em quatro itens fundamentais, que estão expressos a seguir: 22 Unidade I Quadro 4 – Atividades primárias relacionadas com a gestão de estoques C Compras P Pedidos Especificação correta dos pedidos de compra. Avaliação, seleção e monitoramento dos fornecedores. Definição das condições de compras: momento (quando), quantidade (quanto) e local de entrega (onde). Definição das formas de pagamento. Acompanhamento do comportamento da demanda juntamente com o estoque. Registro do pedido/ordem de compra ou prestação de serviço. Verificação da disponibilidade dos produtos requeridos no estoque. Conferência do produto separado com ordem do pedido solicitado antes de seu processo de expedição/ distribuição. Rastreamento e acompanhamento do pedido até o momento da entrega ao cliente. M Manutenção estoques D Distribuição Cálculo dos níveis ideais de estoque. Definição dos parâmetros de ressuprimento do estoque. Monitoramento e controle dos níveis de estoques, bem como inventário físico-financeiro. Classificação dos materiais (curva ABC). Monitoramento da saída e da entrada de materiais. Definição de indicadores gerenciais. Definição do modal de transportes em função das disponibilidades e custos. Estudos de viabilidade de transporte intermodal. Definição das melhores rotas e trajetos a partir de cálculos de minimização de distância, tempo e custos. Cálculo dos custos de frete e tempo de transporte. Fonte: Tadeu e Rocha (2017, p. 23). A área de Compras é a que alimenta a organização. Os fornecedores devem ser selecionados por alguns critérios específicos (por exemplo, pelas certificações de qualidade que possui). Além disso, o gestor de materiais pode fazer visitas técnicas aos fornecedores habituais, com o objetivo de verificar se eles produzem de forma condizente. Os fornecedores devem ser avaliados constantemente, no que se refere à qualidade dos produtos que entregam, na pontualidade do atendimento e, também um item muito importante, nas situações em que há uma necessidade urgente, como uma situação de demanda inesperada. Por outro lado, outros aspectos também devem ser avaliados com o devido cuidado: a especificação correta dos pedidos de compra. O fornecedor deve receber a informação correta, para atender corretamente o pedido. Outras definições, como as formas de pagamento e os prazos, devem ser previamente acertados. Outro aspecto a ser acompanhado pelo gestor de materiais é em relação aos pedidos que a empresa recebe. Todo e qualquer pedido deve ser devidamente registrado. Antes de aceitar o pedido, a empresa deve verificar se há disponibilidade do produto solicitado; se não houver disponibilidade imediata, quando haverá, para que a entrega possa ser marcada com segurança. Além disso, todo pedido deve ser expedido sob a fiscalização – direta ou indireta – do gestor e rastreado até a entrega ao cliente. A manutenção dos estoques é fundamental. Há cálculos específicos para que isso possa ser realizado com segurança, além de outros indicadores que serão abordados mais adiante. 23 RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS Outros conceitos importantes, como o Just in Time (JIT), o Kanban, entre outros, também serão abordados na seção de Controle de Estoques, que complementarão alguns dos temas abordados até aqui. Completando os quatro itens, a distribuição deve e precisa ser acompanhada. A entrega adequada do pedido ao cliente muitas vezes está relacionada à utilização correta de um determinado modal. Via de regra há o transporte rodoviário para cumprir essa missão. Contudo, há regiões nas quais a utilização de outro modal é necessária, como no interior do estado do Amazonas. Nesses casos, o estudo antecipado de gastos extras com as entregas precisa ser desenvolvido para que a organização não arque com eventuais prejuízos. 2.2 Aspectos importantes A seguir serão abordados alguns tópicos que o gestor de materiais e patrimônio deve ficar atento. A administração moderna trouxe novos enfoques que poderão auxiliar na imagem da empresa no mercado, além de produzir relações de confiança entre os colaboradores e clientes da empresa. 2.2.1 Responsabilidades éticas e sociais Um aspecto importante do qual nenhum gestor pode abrir mão é o respeito às responsabilidades éticas e sociais. Sobre uma organização moderna, Marques (2017) afirma: No mundo dos negócios cada vez mais está se falando sobre a questão da ética. As empresas que querem ser bem-sucedidas e ter uma marca reconhecida como confiável e honesta, estão orientando sua cultura organizacional para um modelo ético que respeite os padrões morais da sociedade. Além das questões éticas, que envolvem negócios corretos, sem negociatas ou corrupção, o gestor deve se comprometer com as questões da responsabilidade pessoal. Bortotto (2015) lembra: A responsabilidade social é um conceito que deve perpassar toda a empresa, desde a criação de produtos que valorizem os quatro “érres” (reduzir, reutilizar, reciclar e respeitar a biodiversidade), passando pela fabricação dos produtos de uma forma alinhada com conceitos verdes, até o ponto de venda e a relação ética e transparente com clientes e consumidores. Todas as áreas e os níveis devem ser envolvidos. Observe que a questão do respeito ao meio ambiente, que está embutido nas ideias de reutilizar e reciclar produtos, ocupa uma área central nas responsabilidades das organizações com a sociedade. Uma empresa que não se preocupa com esses fatores pode cair no descrédito e sofrer consequências, como a desvalorização de suas ações no mercado (no caso de empresas com capital aberto). 24 Unidade I A empresa ambientalmente responsável pode, por exemplo, obter a certificação pela norma ISO 14000. Um dos maiores problemas certamente é o da poluição, que exige ações corretivas e preventivas. Barros (2013, p. 90) observa: Do ponto de vista ambiental, as soluções voltadas exclusivamente para o controle da poluição são fundamentais, mas insuficientes. Sem esse controle, a humanidade e a maioria dos outros seres vivos já teriam desaparecido, a quantidade e a toxidade dos poluentes ultrapassariam, em muito, a capacidade de assimilação da Terra. Em outras palavras, as ações precisam ter o viés da prevenção, mas também da correção, quando necessário. Um gestor que trate de materiais e patrimônio em qualquer organização deve ter em mente, sempre, que as responsabilidades éticas e sociais são relevantes e determinantes. E, numa ação conjunta – se for o caso – com os gestores de finançase da área produtiva, deve estimular as ações de desenvolvimento sustentável, além daquelas que possam prevenir e, até mesmo, corrigir eventuais danos ambientais, antes mesmo de provocados por qualquer órgão governamental. Tais ações certamente valorizam a organização. Lembrete O meio ambiente é direito de todos. Preservá-lo é obrigação de todas as organizações. Saiba mais Conheça mais a respeito da Ilha do Lixo em meio ao paraíso das Ilhas Maldivas, através dessas duas reportagens: PALETTA, G. Ilha de lixo no meio das Ilhas Maldivas mede o equivalente a 70 campos de futebol. Globo, 4 jun. 2017. Disponível em: https://glo.bo/3gBehRe. Acesso em: 9 jul. 2018. ITO, M. O luxo e o lixo nas Ilhas Maldivas. Brasileiras pelo Mundo, 11 nov. 2016. Disponível em: https://bit.ly/3vueVoR. Acesso em: 5 out. 2018. 25 RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS 2.2.2 Qualidade Outro aspecto importante ao qual o gestor de materiais e patrimônio deve estar sempre atento é a qualidade. A qualidade deve ser observada em todos os aspectos da organização. Há programas específicos de qualidade, conforme o tipo de organização. • Indústrias alimentícias: as indústrias no ramo da alimentação podem ter a certificação pela norma ISO 22000, que trata da gestão da segurança alimentar. • Indústrias automobilísticas: baseada na norma ISO 9000 há a norma IATF 16949, que foi criada por fabricantes mundiais de automóveis. Pode haver, ainda, normas específicas para inúmeros setores. Contudo, há uma norma que trata da gestão da qualidade como um todo, a ISO 9000, que pode ser desenvolvida em qualquer organização. Uma das características é a ênfase no processo: Cabem aqui algumas observações. Se perguntarmos a várias pessoas leigas, “O que é Qualidade?”, provavelmente receberemos várias respostas diferentes. A Qualidade está ligada a sentimentos subjetivos que refletem as necessidades internas de cada um. Muitas pessoas avaliam a Qualidade pela aparência; outras se voltam à qualidade do material com que é feito o produto. Outras, ainda, avaliam a Qualidade de alguma coisa pelo preço. Existem várias dimensões da Qualidade. O aspecto objetivo, mensurável da Qualidade, é o processo. É através dele que se pode implantar sistemas como o da ISO 9000, por exemplo. Isto pode ser aplicado desde a fabricação de um automóvel até a confecção de um sanduíche. Utilizemo-nos de dois exemplos de Qualidade nas atividades citadas: o veículo Rolls-Royce e os sanduíches McDonald’s. Tanto um quanto o outro têm todas as suas etapas de desenvolvimento bem estabelecidas. É a valorização dos processos. A tinta na coloração exata, as máquinas da linha de produção perfeitamente reguladas, os parafusos nos lugares corretos, o tempo de fabricação perfeitamente controlado, um veículo exatamente igual ao outro. Da mesma forma, os componentes do sanduíche sempre do mesmo fornecedor, a chapa de fritura aquecida na mesma temperatura, a forma do manuseio do sanduíche sempre com higiene resultando num produto final bastante parecido, independentemente da lanchonete que se utilize. É o chamado padrão de Qualidade (ESPUNY, 2008). Portanto, a organização da empresa em processos que possam ser rastreados, além de fornecerem subsídios para treinamento e avaliação de desempenho de pessoal, possibilita que a organização possa racionalizar as suas atividades, através de um planejamento e de um controle mais eficazes, permitindo uma certificação pela norma de qualidade ISO 9001. 26 Unidade I De uma forma geral, e claro, sempre de acordo com as características da organização, o gestor pode pensar em implantar normas de qualidade e normas ambientais que, em tese, podem ser adequadas a qualquer tipo de atividade. Já as normas específicas dependem do segmento. 3 GESTÃO DE ESTOQUES A Gestão de Estoques tem por objetivo fazer os registros, estabelecer a fiscalização e controlar a entrada e saída dos produtos, seja numa indústria, seja num estabelecimento varejista. Preocupa-se tanto com os materiais que serão utilizados para a fabricação (matéria-prima) quanto com as mercadorias que serão vendidas (OLIVEIRA; SILVA, 2013 p. 2-3). Segundo esses autores, as principais funções do estoque são: • Garantir o abastecimento de materiais à empresa, prevenindo possíveis demora de fornecimento, problemas originados em sazonalidades, entre outros. • Proporcionar economias através de compras adequadas, pela eficiência no atendimento às necessidades ou outras razões do próprio processo produtivo. A utilização de estoques sempre será uma questão controversa, na medida em que as organizações discutem a utilização de ferramentas como o Just in Time, conforme abordamos anteriormente. Contudo, há situações em que a manutenção de certo estoque pode ser estratégica para a organização. Tadeu e Rocha (2017, p. 15) avaliam que há vantagens e desvantagens na utilização de estoques e que isso está vinculado às “necessidades, capacidades e restrições reais da empresa, ou seja, sua condição atual de operações”. 3.1 Estoque de segurança ou estoque mínimo Quantidade de produtos (matérias-primas para a produção ou mercadorias prontas para serem comercializadas) necessária para que o gestor evite riscos operacionais. Autores como Pozo (2010, p. 55-62) citam vários métodos de cálculos para o estoque de segurança. Há alguns bem complexos, como o Método com Grau de Atendimento Definitivo (MGAD). Contudo, o gestor pode se utilizar de um modelo mais simples, baseado num fator de risco observável no mercado, que é o Método do Grau de Risco (MGR). Se a organização trabalhar com produtos de alto valor agregado ou de grande complexidade, o gestor deverá implantar métodos mais precisos. Outro método bastante simples é aquele que calcula em função do histórico de consumo: o estoque mínimo é calculado com a multiplicação entre a diferença do consumo máximo e o consumo médio de determinado período pelo tempo de ressuprimento (HARA, 2012, p. 87). Outros autores preferem um cálculo bastante simplificado, que leve em conta tão somente a demanda e o tempo de espera (lead time para o fornecimento). 27 RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS Observe a seguinte fórmula: ES = DMD X TE Ou seja: ES = Estoque de Segurança DMD = Demanda Média Diária TE = Tempo de Entrega (em dias) Exemplos: a) Uma empresa qualquer produz 200 produtos por dia e vende todos no mesmo dia. O tempo de entrega das matérias-primas para confeccionar cada um desses produtos é de 3 dias. Qual seria o estoque mínimo recomendado? ES = DMD X TE ES = 200 X 3 ES = 600 Resposta: o estoque de segurança ou estoque mínimo seria de 600 produtos. b) Uma empresa vende 300 produtos por dia. Trata-se de um varejista, que compra no atacado esses produtos de um distribuidor. Considerando que o distribuidor demora 10 dias para entregar as encomendas para o varejista, qual seria o estoque de segurança recomendado? ES = DMD X TE ES = 300 X 10 ES = 3000 Resposta: o estoque de segurança ou estoque mínimo seria de 3000 produtos. Nem sempre o gestor deve se basear nas margens da fórmula recomendada. Ávilla (2015) fornece um exemplo bastante pertinente, com a representação gráfica do estoque de segurança. A lógica para entender o estoque mínimo é simples. No gráfico abaixo você vai ver que o eixo x (horizontal) corresponde ao tempo e que o eixo y (vertical) corresponde a quantidade em estoque de determinado produto. 28 Unidade I Vamos dizer que estamos falando aqui de uma loja de roupas e que esse seja o gráfico de estoque mínimo de bonés. Vamos ver alguns dados: Estoque máximo: 200 bonés Estoque médio (ou mínimo): 150 bonés Estoque de reserva: 100 Prazo de Abastecimento: 5 dias Prazo de Renovação: 8 dias Vendas diárias: 10 bonés Veja como esses dados ficariam no gráfico: Estoque médio Estoque máximo Quantidade em estoque EMax EMe ER RecebimentoRecebimento Pedido Pedido Q Q Q Pedido RecebimentoRecebimento RecebimentoRecebimento Recebimento Tempo Prazo de abastecimento5 dias Prazo de renovação 8 dias Estoque de reserva 150 200 100 0 Figura 3 – Gráfico estoques Dois outros conceitos foram agregados neste exemplo, que o autor esclarece: Prazo de abastecimento: é o tempo de reposição de itens entre o pedido realizado, a entrega, o recebimento e os procedimentos finais para deixar o item disponível para uso ou venda. Também é conhecido como lead time. Estoque máximo: vai variar de acordo com o espaço para armazenamento disponível, o custo de ter o estoque, prazo de validade e cuidados especiais necessários (ÁVILLA, 2015). 29 RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS Observando o gráfico, o autor comenta: Observe que em um mundo ideal e com vendas constantes, teríamos o processo se repetindo continuamente. A partir do momento do primeiro recebimento de 80 bonés, o nosso estoque sobe de 100 para 180 bonés. Depois de 3 dias (e vendendo 30 bonés nesse período), atingimos 150 bonés, que é o nosso estoque mínimo, também conhecido como o ponto de pedido. Nesse momento uma nova remessa é solicitada para os fornecedores. Como o prazo de entrega é de 5 dias (50 bonés vendidos), veja que o nosso estoque sai de 150 até chegar a 100. Nesse momento acaba ocorrendo mais uma reposição e o estoque volta para os 180 bonés. A partir desse ponto, no gráfico, tudo se repetirá normalmente (já na vida real, sabemos que essas linhas não seriam tão uniformes) (ÁVILLA, 2015). No exemplo apresentado, o tempo total de reposição é de 8 dias, considerando que o comerciante faz o pedido em 3 dias depois que recebe o pedido de reposição. Contudo, o tempo que o mesmo espera para o recebimento é de 5 dias. No total, ao longo de 8 dias ele já vendeu 80 bonés. Observe que, nesse caso, o estoque mínimo ou de segurança será de 150 bonés, 70 a mais que a fórmula inicial estipula, ou quase duas vezes a quantidade vendida durante o prazo de reposição (80 unidades = 10 vendas ao dia X 8 dias). As organizações podem estabelecer margens de segurança adequadas, de acordo com o contexto em que estiverem inseridas. Saiba mais Há fórmulas mais complexas para o cálculo do estoque mínimo ou de segurança. Leia no texto a seguir: COELHO, L. C. O que é e como calcular o estoque de segurança – com planilha para download. Logística Descomplicada, 20 fev. 2011. Disponível em: https://bit.ly/35t5rQd. Acesso em: 3 out. 2018. 3.2 Tipos de estoques Pozo (2010, p. 30) estabelece cinco tipos de estoque, os quais podem ser mantidos num mesmo almoxarifado ou em almoxarifados diferentes. São eles: • Matérias-primas: componentes que serão utilizados no processo de fabricação da organização, que vão gerar o produto acabado. Por exemplo, uma chapa metálica que será utilizada para fabricar um carro. 30 Unidade I • Materiais auxiliares: materiais que ajudam na fabricação. Por exemplo, óleos lubrificantes. • Materiais de manutenção: peças que servem de apoio à manutenção geral. Por exemplo, parafusos, pregos, ferramentas, entre outros. • Materiais intermediários: conhecidas como peças em processos (WIP – work in process). Constituem-se nos produtos ainda não acabados. Por exemplo, a carcaça de um veículo. • Materiais acabados: estoque de produtos prontos. Já podem ser enviados aos clientes. Por exemplo, uma caixa de refrigerantes. Observe a figura a seguir. Nela é possível observar produtos já engarrafados, em embalagens com grandes quantidades, provavelmente para serem entregues para atacadistas ou varejistas. É um exemplo de estoque de produtos prontos. Figura 4 – Armazenagem Saiba mais Leia o artigo: CAMPOS, M. R. R. Gestão de estoques com rastreabilidade de materiais – estudo de caso de impactos no inventário de uma indústria eletroeletrônica. Revista de Ciências Gerenciais, v. XII, n. 15, 2008. Disponível em: https://bit.ly/3q15MTG. Acesso em: 2 out. 2018. 31 RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS 3.3 Aspectos importantes no gerenciamento de estoques A organização precisa e depende de seus estoques para que possua um bom desempenho no mercado. A questão básica é a da competitividade. Uma empresa competitiva deve ser capaz de oferecer produtos de qualidade com bons preços. Cada setor da organização deve estar empenhado nesse objetivo. Monks (1987 apud HARA, 2012, p. 19) elenca alguns fatores pelos quais os estoques existem: • Atender aos clientes com demandas variáveis (imediatas e sazonais): o autor pretendeu com esse item demonstrar que a flexibilidade deve ser uma vertente. O cliente deve ser atendido em suas expectativas, mesmo que tenha uma demanda diferente da habitual. • Proteger contra erros de suprimento, faltas e estoque esgotado: subentende-se aqui que o planejamento, a execução e o controle precisam acompanhar as atividades de gestão de estoques. O gestor deve corrigir eventuais erros de forma imediata. • Auxiliar o nivelamento das atividades de produção, estabilizar o emprego e melhorar as relações de trabalho: na medida em que o setor produtivo esteja bem alinhado com a demanda da organização, o relacionamento fica facilitado, tanto entre os diversos departamentos quanto em relação às pessoas. É importante a troca constante de informações para que o gestor de materiais e patrimônio possa atender e ser atendido pelos clientes internos. • Decompor o processo em etapas sucessivas de modo que interrupções não parem todo o sistema: organizar a área produtiva de modo compartimentado, de modo que problemas pontuais possam ser resolvidos sem repercutir em toda a produção. • Facilitar a produção de produtos diferentes nas mesmas instalações: aproveitar e valorizar o escopo da organização. • Fornecer um meio de obter e manusear materiais em lotes econômicos e de ganhar descontos por quantidade: obter, através de estudos internos, dados e informações que possam gerar otimizações no processo de produção. • Fornecer um meio de proteção contra as incertezas de entregas e preços futuros, tais como greves, aumentos de preços e inflação. Observação O gestor deve manter registros atualizados de todas as atividades. Pozo (2010, p. 28-29) também salienta alguns pontos relevantes, entre outros, que se constituem nas políticas de estoque: 32 Unidade I • Assegurar o suprimento adequado a todos os estoques (matéria-prima, auxiliar, produtos acabados etc.). • Manter o nível de estoque mais baixo possível (o objetivo é não dispender dinheiro de forma inútil, porém sempre atendendo adequadamente o cliente). • Verificar e eliminar itens defeituosos ou obsoletos. • Prevenção contra danos, perdas, extravios ou mau uso. Observe que um ponto de grande importância é o treinamento de pessoal envolvido com o trabalho em estoques. Ênfase especial deve ser dada aos estoques de medicamentos ou de produtos alimentícios, além das especificidades próprias desses segmentos, que podem incluir: • Cuidados especiais de manuseio: determinados produtos precisam de cuidados especiais ao serem manuseados, sob risco de se danificarem ou de se tornarem impróprios para o consumo. Por exemplo, caixas de ovos e empilhamento inadequado. • Prazos de validade: este aspecto envolve, inclusive, problemas legais. Observe que um determinado produto, com data de validade vencida, que esteja exposto à venda ou esteja em estoque junto a outros produtos disponíveis para a venda, incorre em crime previsto no artigo 7º da Lei nº 8.137 (BRASIL, 1990b): Art. 7° Constitui crime contra as relações de consumo: I — favorecer ou preferir, sem justa causa, comprador ou freguês, ressalvados os sistemas de entrega ao consumo por intermédio de distribuidores ou revendedores; II — vender ou expor à venda mercadoria cuja embalagem, tipo, especificação, peso ou composição esteja em desacordo com as prescrições legais, ou que não corresponda à respectiva classificação oficial; III — misturar gêneros e mercadorias de espécies diferentes, para vendê-los ou expô-los à venda como puros; misturar gêneros e mercadorias de qualidades desiguais para vendê-los ou expô-los à vendapor preço estabelecido para os de mais mais alto custo; IV — fraudar preços por meio de: a) alteração, sem modificação essencial ou de qualidade, de elementos tais como denominação, sinal externo, marca, embalagem, especificação técnica, descrição, volume, peso, pintura ou acabamento de bem ou serviço; 33 RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS b) divisão em partes de bem ou serviço, habitualmente oferecido à venda em conjunto; c) junção de bens ou serviços, comumente oferecidos à venda em separado; d) aviso de inclusão de insumo não empregado na produção do bem ou na prestação dos serviços; V — elevar o valor cobrado nas vendas a prazo de bens ou serviços, mediante a exigência de comissão ou de taxa de juros ilegais; VI — sonegar insumos ou bens, recusando-se a vendê-los a quem pretenda comprá-los nas condições publicamente ofertadas, ou retê-los para o fim de especulação; VII — induzir o consumidor ou usuário a erro, por via de indicação ou afirmação falsa ou enganosa sobre a natureza, qualidade do bem ou serviço, utilizando-se de qualquer meio, inclusive a veiculação ou divulgação publicitária; VIII — destruir, inutilizar ou danificar matéria-prima ou mercadoria, com o fim de provocar alta de preço, em proveito próprio ou de terceiros; IX — vender, ter em depósito para vender ou expor à venda ou, de qualquer forma, entregar matéria-prima ou mercadoria, em condições impróprias ao consumo; Pena — detenção, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, ou multa. Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II, III e IX pune-se a modalidade culposa, reduzindo-se a pena e a detenção de 1/3 (um terço) ou a de multa à quinta parte. O inciso IX deixa claro o “vender, ter em depósito para vender ou expor à venda ou, de qualquer forma, entregar matéria-prima ou mercadoria, em condições impróprias ao consumo”. A questão enfocada pela lei é complementada pela Lei nº 8.078 (BRASIL, 1990a), Lei de Proteção ao Consumidor, que estabelece no parágrafo 6º do inciso III do artigo 18 que: § 6° São impróprios ao uso e consumo: I — os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos; II — os produtos deteriorados, alterados, adulterados, avariados, falsificados, corrompidos, fraudados, nocivos à vida ou à saúde, perigosos ou, ainda, 34 Unidade I aqueles em desacordo com as normas regulamentares de fabricação, distribuição ou apresentação; III — os produtos que, por qualquer motivo, se revelem inadequados ao fim a que se destinam. Isso quer dizer que independentemente do estado em que o produto se encontre (mesmo que não esteja deteriorado), o simples fato de estar com a data de validade vencida já o coloca na condição de produto impróprio para o consumo, condição esta que constitui crime contra as relações de consumo, com base na Lei nº 8.137 (BRASIL, 1990b). Juridicamente há uma discussão bastante recente a respeito deste problema. Por exemplo, o Supremo Tribunal de Justiça tem considerado que o simples fato de o prazo de validade estar vencido não deve configurar o crime. No entanto, o tema é controverso. Reis (2016) pontua: O Superior Tribunal de Justiça, no que se refere ao crime tipificado no art. 7°, IX, da Lei n° 8.137/90, tem decidido no sentido de que não basta a venda ou exposição à venda de mercadoria com prazo de validade vencido para a configuração de crime contra a relação de consumo, devendo haver, necessariamente, a realização de perícia para confirmar se tal produto é realmente impróprio ao consumo (assim, p. ex., RHC 60.937/RJ, Rel. Ministro Sebastião Reis Júnior, 6ª T, DJe de 01/03/2016). Ocorre que pelo teor da lei, bem como pela natureza do delito em questão, não se pode concordar com a atual jurisprudência do STJ. O art. 7°, inciso IX, da Lei n° 8.137/90, dispõe que “constitui crime contra as relações de consumo vender, ter em depósito para vender ou expor à venda, ou de qualquer forma, entregar matéria-prima ou mercadoria, em condições impróprias ao consumo”. Observação Leis podem mudar. Não esqueça de sempre verificar possíveis mudanças. Portanto, o gestor de materiais e patrimônio por cautela deve adotar dois procedimentos básicos: • Não permitir qualquer produto com validade vencida na prateleira de vendas ou no estoque de produtos para vender. É necessário inspecionar o estoque sempre. Caso seja encontrado um ou mais produtos com validade vencida (ou com outros problemas que o tornem impróprios para o consumo), é necessário retirá-lo dali imediatamente e, se não descartá-lo na mesma hora, ele deve ser deixado acomodado em um local com a inscrição “Produtos para descarte” ou “Produtos inadequados para a venda”. 35 RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS • Atualizar-se – sempre – em relação à legislação. Mudanças podem ocorrer e é sempre importante que a administração de materiais tenha conhecimento delas, para tomar as providências pertinentes. Para finalizar, o gestor também deve se preocupar com situações atípicas em que os produtos com validade vencida podem representar problemas: por exemplo, nos restaurantes ou lanchonetes que muitas indústrias grandes possuem inseridas em suas instalações, ou ainda nos ambulatórios ou salas para pequenos curativos. Por cautela, é preciso verificar os produtos armazenados nessas unidades. Mesmo que tais espaços sejam terceirizados, é prudente acordar vistorias de tempos em tempos para evitar dissabores. Além de todas as consequências legais, os crimes contra as relações de consumo podem ensejar repercussões negativas para a imagem e reputação da organização. Saiba mais Sobre os riscos inerentes à gestão de estoques, leia o artigo: REALIDADES do risco de estoques. Revista Logística e Supply Chain, 28 ago. 2015. Disponível em: https://bit.ly/3cMvSVg. Acesso em: 13 dez. 2018. 3.4 Previsão de demanda Vários são os métodos de previsão de demanda. Hara (2012, p. 25-40) cita os métodos baseados em séries temporais históricas, os modelos baseados em regressões e os métodos qualitativos de previsão. Entre os métodos baseados em séries temporais históricas estão: método do último período, método da média aritmética móvel, método da média ponderada móvel, método da ponderação exponencial e previsão sazonal. Os modelos baseados em regressão, conhecidos como modelos causais ou de causa-efeito, são confeccionados com o auxílio de ferramentas estatísticas. Já os métodos qualitativos de previsão são: opinião de especialistas, método Delphi (ou Delfos) e pesquisas de mercado. A seguir, detalhes de alguns desses métodos. Método da média aritmética móvel É um método simples. Para prever a demanda do período seguinte, basta tirar a média aritmética simples de um determinado número de períodos anteriores. 36 Unidade I O método é expresso pela equação representada a seguir: PC n Ci C C C Cn ni n = = + + + + = ∑1 1 2 3 1 ... A equação relaciona: PC = previsão de consumo Ci = consumo (ou vendas) em cada i período n = número de períodos considerados Veja um exemplo: Tabela 1 – Exercício com média aritmética móvel Meses Unidades Janeiro 100 Fevereiro 110 Março 120 Abril 110 Maio 100 Junho 120 Na tabela, observam-se seis meses de consumo de um determinado produto. Pela equação do método da média aritmética móvel, nota-se que a soma dos valores das vendas de um determinado número de meses, dividido por esse mesmo número, serve de previsão de demanda para o mês seguinte. Por exemplo, a título de exercício, serão considerados os primeiros seis meses do ano (de janeiro a junho), e o objetivo é prever a demanda de julho. Logo, a soma dos produtos vendidos nos seis meses, dividida por seis, daria a previsão de demanda: 100 110 120 110 1 PCjulho Ci 110 100 120 6 6 + + + += =+= ∑ Portanto, a previsão de demanda para o mês de julho é de 110. Caso os meses muito anteriores representem valores muito baixos ou muito acima dos números dos últimos meses, é prudente dispensar os registros mais antigos e calcular apenas pelos últimos. 37 RECURSOS MATERIAIS EPATRIMONIAIS Por exemplo, se os três primeiros meses tiverem fechado com resultados bem diferentes, os cálculos poderiam se concentrar apenas nos últimos meses. A previsão de demanda não mudaria, pois se considerarmos a soma de abril, maio e junho, teríamos 330, que divididos por 3 resultariam na mesma média aritmética de 110. Problemas podem ocorrer se os resultados forem muito variados: Tabela 2 – Exercício com média aritmética móvel 2 Meses Unidades Janeiro 150 Fevereiro 45 Março 120 Abril 40 Maio 100 Junho 72 Nesse caso: 150 45 120 401 PCjulho C 100 i 87,83 72 88 6 6 + + + += =+= =∑ Nesse caso, a demanda prevista seria de 88 unidades. Arriscada, considerando o histórico apresentado. Saiba mais Leia mais sobre o assunto no artigo a seguir: ARAÚJO, G. C. et al. Previsão de Demanda e Análise Simplificada da Gestão de Estoque Aplicada a Uma Empresa do Setor Alimentício. Brazilian Journal of Production Engineering, São Mateus, v. 4, n. 2, p. 48-64, 2018. Disponível em: https://bit.ly/35qsvzb. Acesso em: 8 set. 2018. Classificação ABC O termo classificação ABC foi originado de um gráfico chamado “curva ABC”. Essa ferramenta permite identificar certas prioridades, e o gestor deve agir de acordo com a importância delas. 38 Unidade I Historicamente, o conceito da classificação ABC está vinculado ao chamado princípio de Pareto, homenagem ao sociólogo e economista italiano Vilfredo Pareto, que nasceu em 1848 e morreu em 1923 (FRAZÃO, 2015). Em termos práticos, o princípio estabelece uma relação de 80/20, explicada por Luiz (2012): A Lei de Pareto, nascida dentro da economia, quando levada para o campo pessoal, adverte que 80% dos resultados que se alcança é consequência de apenas 20% dos esforços empregados. Em outras palavras, determinadas ações estratégicas podem oferecer um retorno muito maior do que muitas outras. O Princípio pode ser aplicado por estudantes que desejem ser bem-sucedidos, principalmente no que diz respeito à gestão do tempo e da produtividade na trajetória para preparação para vestibulares ou concursos públicos. O Princípio dos 80/20 nos leva a entender que existe um desequilíbrio muito significativo entre ações realizadas e objetivos alcançados. Esse é o primeiro ensinamento que um estudante tem que ter em mente para se preparar bem para o desafio principal, é que a aprovação. Uma realidade irrefutável é que, no cenário dos vestibulares e concursos, menos de 20% nos candidatos consegue êxito nos resultados das provas. Sem desconsiderar os demais fatores importantes que interferem em tal resultado, podemos dizer que quase a totalidade desses candidatos tem um bom nível de conhecimentos em geral, mas que somente um pequeno percentual desse universo consegue alcançar o preparo necessário para conquistar sua vaga, ou seja, alcançar o nível de eficácia nos estudos adequado para o desafio, a aprovação. De modo geral, muitos estudantes (80%) não se preparam como deveriam. A parte mais importante é que 20% de todas as causas geram 80% dos efeitos. Em outras palavras, se o gestor priorizar corretamente as ações corretivas, consegue resolver um número maior de problemas, agindo sobre as causas da relação 80/20. Para isso, é necessário relacionar as ocorrências e classificá-las em três grupos sugeridos pelo processo, conforme esclarece Dias (2017, p. 94): Classe A: grupo de itens mais importantes que devem ser tratados com uma atenção bem especial da administração. Classe B: grupo de itens em situação intermediária. 39 RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS Classe C: grupo de itens menos importante que justificam pouca atenção por parte da administração. Apenas uma pequena observação em relação a essa classificação: o grupo C deve ser motivo de intervenção menos urgente. O termo “pouca atenção” deve ser interpretado nesse contexto, para não dar a impressão de que os itens elencados numa determinada classificação C não devam justificar ações por parte do gestor. Cada situação concreta demanda análise individual. No entanto, a intenção da classificação ABC não é deixar qualquer problema de lado e, sim, priorizar ações mais urgentes. Outra observação importante refere-se ao percentual 80/20. Pareto, quando estabeleceu essa relação, motivou-se pelos estudos a respeito da propriedade de terras na Itália. Em termos administrativos, aproveita-se tal relação, que não tem a mesma exatidão. Pode-se afirmar que poucas causas provocam a grande maioria dos efeitos. Para entender melhor, alguns exemplos: Exemplo 1: defeitos na produção de um determinado produto. Após pesquisas desenvolvidas pelo setor da Qualidade da empresa X, foram constatados os seguintes problemas de fabricação de um lote de 100 unidades com defeitos do produto A: • 47 unidades apresentaram problemas na pintura interna; • 32 unidades apresentaram problemas na pintura externa; • 8 unidades apresentaram problemas de montagem; • 7 unidades apresentaram problemas no código de barras; • 4 unidades apresentaram problemas de embalagem; • 2 unidades apresentaram problemas na etiquetagem. No exemplo, há uma quantidade grande de problemas relacionados à pintura (interna e externa): 79 unidades, ou 79% do total. Já os problemas de montagem e aplicação do código de barras ocorreram em 15 unidades, ou 15% do total. E os problemas relacionados à etiquetagem e à embalagem foram vistos em 6 unidades, ou 6% do total. Na hipótese de o gestor não possuir esses dados em mãos e saber apenas que há problemas nos itens descriminados, ele pode, por exemplo, dedicar-se a resolver o problema da etiquetagem. Ao final, resolvendo-o, terá equacionado tão somente 2% de todos os problemas. Em vez disso, conhecendo a classificação ABC, o gestor buscará, primeiramente, resolver o problema da pintura. Resolvendo-o, ele terá equacionado 77% dos problemas da organização (a soma dos problemas da pintura interna e da pintura externa). Essa reflexão é a motivação para a utilização da Classificação ABC na organização. 40 Unidade I Observe que a relação não foi exatamente 80/20. Se for relacionado o número de causas elencadas, mesmo separando as pinturas interna e externa, haverá seis causas de possíveis defeitos, ou seja, cada causa (proporcionalmente) representa 16,67%. No exemplo citado, duas das causas apontadas – ou seja, 33,34% das causas – são responsáveis por 79% dos efeitos (problemas encontrados). No caso do gestor que enfrentaria apenas o problema da etiquetagem, ele estaria lidando com apenas uma causa, ou seja, 16,67%, e teria resolvido tão somente 2% de todos os efeitos (problemas encontrados). Lembrete A curva ABC é uma importante ferramenta de gestão. Ela estabelece prioridades e pode ser utilizada em várias áreas da empresa. Exemplo 2: administração do estoque. Observe a questão objeto do Enade 2013 – Tecnologia em Gestão Hospitalar: No suporte à tomada de decisão em gestão hospitalar, profissionais utilizam-se de sistemas de gerenciamento de custos. Uma das estratégias aplicadas, nesse processo, é o método de classificação de materiais segundo a curva ABC. Na tabela a seguir, apresentam-se os produtos da farmácia de um hospital com as quantidades consumidas, seguidos de informações sobre os percentuais em relação ao total das quantidades e valores de cada produto, além do custo total. Sabe-se que o hospital gerencia seus estoques subsidiado pelos conceitos da curva ABC, classificada em função das quantidades consumidas de cada produto. Tabela 3 – Consumo de produtos da farmácia do hospital Produtos Consumo (quantidades) Consumo (percentual) Custo unitário Custo total 1 40.000 40 R$ 120,00 R$ 4.800.000,00 2 35.000 35 R$ 98,00 R$ 3.430.000,00 3 20.000 20 R$ 80,00 R$ 1.600.000,00 4 5.000 5 R$ 35,00 R$ 175.000,00 Totais 100.000 100 R$ 10.005.000,00 Com base nos dados apresentados, os grupos da curva ABC serão: a) o grupo A, formado pelo item 1; o grupo B, pelos itens 2 e 3; e o grupo C, pelo item 4. b) o grupo A, formadopelos itens 1 e 2; o grupo B, pelo item 3; o grupo C, pelo item 4. c) o grupo A, formado pelo item 1; o grupo B, pelo item 2; o grupo C, pelos itens 3 e 4. 41 RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS d) o grupo A, formado pelo item 4; o grupo B, pelos itens 2 e 3; o grupo C, pelo item 1. e) o grupo A, formado pelos itens 3 e 4; o grupo B, pelo item 1; o grupo C, pelo item 2. Com base no que já foi exposto, observe-se que, nesse caso, o foco é a gestão de estoque. Com base no princípio 80/20, pode-se afirmar que os produtos relacionados 1 e 2 têm um consumo de 75.000 unidades de um total de 100.000, ou seja, 75%. Já o item 3, 20.000 unidades, ou seja, 20%. E o item 4, apenas 5%. Administrativamente, o gestor de materiais precisa se preocupar, sempre, em primeiro lugar com os itens 1 e 2, pois são responsáveis por 75% do consumo e, proporcionalmente, por 82% do custo total. Claro que a preocupação deve ser no suprimento de todos os produtos, mas, pela classificação ABC, podem-se eleger as prioridades. Gráfico da curva ABC Há gráficos que podem representar o que é apurado na classificação ABC. Por exemplo, um setor de atendimentos a clientes por telefone registrou as seguintes reclamações (já ordenadas por número de reclamações, do maior para o menor): Tabela 4 – Exercício curva ABC Tipos de reclamação Número de ocorrências Falta de cortesia dos atendentes 80 Demora no atendimento telefônico 75 Telefones ocupados 32 Demora nas providências 28 Demora na entrega 12 Problemas de embalagem 09 Como o objetivo é verificar quais as providências mais urgentes que poderiam diminuir sensivelmente o número de reclamações, foi atribuída a porcentagem relativa de cada uma das reclamações em relação ao universo total das ocorrências. Tabela 5 – Ocorrências com porcentagem acumulada Item Tipos de reclamação Número de ocorrências % ocorrências % acumulado 1 Falta de cortesia dos atendentes 80 33,90 35,94 2 Telefones ocupados 75 31,78 65,68 3 Demora no atendimento telefônico 32 13,56 79,24 4 Demora na entrega 28 11,86 91,10 5 Demora nas providências 12 5,08 96,19 6 Problemas de embalagem 9 3,81 100,00 Total 236 100,00 42 Unidade I Pode-se observar que o número total de ocorrências foi 236. As ocorrências se dividiram entre os seis itens especificados na coluna “Tipos de reclamação”. O primeiro item, com 80 ocorrências, acumulou 33,90% do número total (236). O segundo item, com 75 ocorrências, ocupou 31,78% do valor total. Os dois itens acumulados representam 65,68% do número total de ocorrências, conforme indicado na quarta coluna “% acumulado”. E, assim, foi calculado sucessivamente até o último item, que compôs os 100% das ocorrências. Como o objetivo era analisar quais as providências que gerariam maiores efeitos quando enfrentadas, o gestor reuniu os dois primeiros itens na classe A, com um total de 65,68% das ocorrências; os itens 3 e 4 na classe B, com 25,42% das ocorrências; e os itens 5 e 6 na classe C, com 8,89% das ocorrências. As figuras a seguir expressam as ocorrências por item e já reunidas em classes, em gráficos de barras: 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Falta de cortesia dos atendentes Telefones ocupados Demora no atendimento telefônico Demora na entrega Demora nas providências Problemas de embalagem Figura 5 – Gráfico de número de ocorrências Já com os itens reunidos nas respectivas classes, conforme já especificado: • Classe A: falta de cortesia dos atendentes e demora no atendimento telefônico. • Classe B: telefones ocupados e demora nas providências. • Classe C: demora na entrega e problemas de embalagem. Curva ABC; A; 155 65,68% 91,1% 100% 50% 20% Curva ABC; B; 60 Curva ABC; C; 21 Figura 6 – Curva ABC 43 RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS 4 CUSTOS DE ESTOQUES O gestor de materiais e patrimônio precisa lembrar que manter estoque sempre gera custos. Os custos devem ser administrados na medida da necessidade. Estoques enxutos, sempre recomendados, administrados pela filosofia do Just in Time, nem sempre resolvem totalmente o problema, haja vista questões como a sazonalidade, vendas não esperadas, entre outras. Dias (2017, p. 69-70) aborda os custos relativos à manutenção de estoques: • custos de capital; • custos com pessoal; • custos com edificação; • custos de manutenção. A seguir são analisados tais itens individualmente. 4.1 Custos de capital Os custos de capital estão relacionados a itens como o pagamento de juros ou a depreciação, por exemplo. Se a organização investe capital na aquisição de insumos (para a fabricação dos produtos) ou de estoques do próprio produto (seja comprado de terceiros, seja produzido na organização), o custo relativo do dinheiro empregado faz parte dos custos de capital. Se a empresa usa financiamento bancário, esse é mais um ônus que deve ser contabilizado. Já a depreciação é a perda de valor de determinado bem, em razão do seu uso. Tecnicamente, pode ser definida da seguinte maneira: Depreciação corresponde ao encargo periódico que determinados bens sofrem, por uso, obsolescência ou desgaste natural. A taxa anual de depreciação de um bem será fixada em função do prazo, durante o qual se possa esperar utilização econômica (ENCARGOS..., [s.d.]). O controle da depreciação é importante por razões fiscais e contábeis. É importante na declaração de bens ao fisco e na apresentação dos resultados contábeis da empresa. A taxa de depreciação é calculada em função da vida útil estimada do bem. Padoveze (2014, p. 287) aponta os bens mais comumente depreciados nas organizações. Observe a tabela: 44 Unidade I Tabela 6 – Bens depreciáveis Imobilizado Vida útil estimada Taxa anual de depreciação Terrenos Indeterminada Não existe Edifícios 25 anos 4% Instalações 10 anos 10% Máquinas 10 anos 10% Móveis e utensílios 10 anos 10% Veículos 5 anos 20% Equipamentos de informática 5 anos 20% Adaptada de: Padoveze (2014, p. 287). O cálculo da taxa anual de depreciação é feito dividindo-se o percentual de 100% pela vida útil estimada. Por exemplo, veículos têm a vida útil calculada em cinco anos. Logo, a taxa anual é de 20%. Em cinco anos, o bem está totalmente depreciado. De uma forma geral, pode-se definir: Valor residual = Valor inicial – (Depreciação X Tempo de utilização). Exemplo: um carro custou R$ 10.000,00 e já está sendo utilizado há três anos. Qual o seu valor, levando em consideração a depreciação, segundo a tabela que acabamos de apresentar? Solução: Valor inicial = R$10.000,00 Depreciação: 20% Tempo de utilização: 3 anos Logo: Valor residual = 10.000,00 – (2.000,00 X 3) Valor residual = 10.000,00 – 6.000,00 Valor residual = 4.000,00. Observações importantes: • A tabela de depreciação pode ser mudada. Sempre consulte o setor contábil da organização. • A Receita Federal emite tabela oficial de depreciação de bens (BRASIL, [s.d.]). • Procure sempre a atualização dos temas aqui tratados. 45 RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS 4.2 Outros custos 4.2.1 Custo de armazenagem O custo de armazenagem pode ser calculado a partir da seguinte fórmula: CA= (Q/2) T.P.I Observe que: CA = Custo de armazenagem Q = Quantidade de material em estoque no tempo considerado T = Tempo considerado de armazenagem I = Taxa de armazenamento (pode ser expressa em valor unitário ou porcentagem) Uma observação importante é que o item I é obtido a partir de diversos cálculos, que são as variáveis obtidas em cada organização, pelas especificidades concretas de cada caso. Itens que podem ser mensurados são a taxa de retorno do capital, a taxa de seguro, a taxa de movimentação, além de outros custos, como os fixos (aluguel, condomínio etc.). É importante lembrar que os custos podem variar por causa de vários fatores, tais como: • Custos de armazém próprio ou armazém locado. • Equipe administrativa e operacional. • Aluguel ou depreciação de equipamentos. • Despesas com manutenção. Observe a figura a seguir, de acordo com informações presentes em Lima (2000): Identificaros itens de custo ↓ Calcular os itens de custos ↓ Agrupar itens de custos relativos a cada função ou atividade ↓ Alocar os custos a cada produto ou cliente Figura 7 – Compras (etapas do custeio de armazenagem) 46 Unidade I O autor observa que os custos de armazenagem, por mais complexa que seja a organização, podem ser identificados através de quatro etapas. 1) Identificar os itens de custo Lima (2000) cita alguns exemplos, como “operadores de empilhadeira, supervisores, depreciação das empilhadeiras, custo de oportunidade das empilhadeiras, aluguel do armazém, depreciação dos racks e custo de oportunidade dos racks”. Observação Rack é uma espécie de prateleira utilizada em armazéns. Figura 8 – Exemplo de racks 2) Calcular os itens de custo Conforme Lima (2000), “Alguns itens, como salários, benefícios, manutenção, aluguel e outros, são obtidos com facilidade através da contabilidade. Outros itens, como a depreciação e o custo de oportunidade, precisam ser calculados de fato [...]”. 47 RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS A depreciação já foi analisada na seção de custos do estoque. Custo de oportunidade é o conceito de que para obter algo é necessário abrir mão de outras coisas. Por exemplo: um estudante lê três horas todos os dias, de segunda a sexta-feira. Qual seria, nesse caso, o custo de oportunidade? Seria tudo aquilo que ele poderia fazer nessas quinze horas semanais em que despende seu tempo com a leitura, como passear com amigos, opções de lazer etc. É comum, também, na literatura acadêmica e empresarial a utilização do termo em inglês trade-off, que tem o mesmo significado. 3) Agrupar itens de custo relativos a cada função ou atividade Para Lima (2000), “O objetivo de agrupar os custos em funções ou atividades é facilitar a alocação desses custos na etapa seguinte”. Nesse caso, para facilitar os cálculos é possível reunir vários custos para um objetivo comum. Por exemplo, um determinado armazém que tenha dois operadores de máquinas. Calculam-se o salário e os benefícios sociais de cada um, o custo de manutenção das máquinas, a depreciação delas e os custos fixos do armazém para, no fim, calcular-se, por exemplo, quanto custa o dia de armazenamento de um determinado produto ali estocado. 4) Alocar os custos a cada produto ou cliente Após os cálculos da etapa anterior é mais fácil atribuir os custos relacionados especificamente a cada cliente ou produto. Saiba mais O custo de armazenagem envolve diversas vertentes. Saiba mais neste artigo: SILVA, A. P.; NASCIMENTO, S.; LIZOTE, S. A. Custos de armazenagem: um estudo de caso em uma distribuidora de bebidas. Unoesc & Ciência – ACSA, Joaçaba, v. 6, n. 1, p. 75-84, jan./jun. 2015. Disponível em: https://bit.ly/3gD1DAX. Acesso em: 4 nov. 2018. 4.2.2 Custos com pessoal Os custos de pessoal devem ser calculados com base na mão de obra efetivamente utilizada para o estoque. Se o funcionário não for exclusivo do estoque, seu custo deve ser fracionado e calculado proporcionalmente. O custo salarial e os respectivos encargos sociais, além de outros benefícios pertinentes, podem ser calculados com o auxílio do departamento de recursos humanos. O estoque pode ter atividade relacionada aos seguintes funcionários: 48 Unidade I • estoquistas; • operadores de máquinas (empilhadeiras etc.); • pessoal de limpeza; • pessoal de segurança; • outros (depende do tipo e do tamanho da organização). 4.2.3 Custos com edificação Os custos com edificação têm a ver com aluguéis (quando for o caso), impostos, despesas com água, luz, gás e conservação em geral, como eventuais pinturas, asfaltos na área etc. Observe-se que tais grupos podem ser associados com as despesas de pessoal. Por exemplo: se a segurança for própria, as despesas com o pessoal da segurança serão associadas às despesas da manutenção da atividade da segurança, como manutenção das câmeras de vigilância, uniformes, eventuais armamentos, despesas com dispositivos de acesso, entre outros. 4.2.4 Custos de manutenção Esses são os custos relacionados à substituição ou manutenção de máquinas e equipamentos, por causa da deterioração, obsolescência ou manutenção, seja preventiva, seja corretiva. O gestor, no caso de máquinas e equipamentos, deve monitorar o tempo que ficam parados, em razão da manutenção. Isso pode, por exemplo, instruir a compra de itens de substituição. 4.3 Ferramentas de otimização Há algumas ferramentas que podem ajudar a reduzir os custos de estoque. Essas ferramentas propiciam administrar de forma mais racional. A seguir, serão abordadas a Just in Time – JIT e a Kanban. 4.3.1 Just in Time – JIT O Just in Time, ou simplesmente JIT, tem a propriedade de reduzir ou eliminar desperdícios que ocorrem em todos os setores da organização, como “compras, produção, distribuição e atividades de apoio à produção e de qualquer atividade produtiva” (POZO, 2010, p. 99). A chamada filosofia JIT surgiu na empresa automobilística japonesa Toyota, na década de 1950. O JIT foi desenvolvido por Taiichi Ohno, que se baseou no seguinte raciocínio: as empresas japonesas não tinham condições de manter grandes estoques, como as empresas norte-americanas; logo, teriam que adotar outra estratégia: “produzir somente conforme a demanda [...], produzir corretamente da primeira vez; combater todos os tipos de perdas e desperdícios e promover a cultura de melhoria contínua (Kaizen)” (HARA, 2012, p. 159). Isso quer dizer que a produção seria baseada, rigorosamente, na 49 RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS necessidade de atendimento do mercado (vendas) e em processos que garantissem a ausência de erros, evitando custos e desperdícios, e que toda a fábrica deveria pensar em se desenvolver continuamente. Observe a figura a seguir: Figura 9 – Exemplo de indústria automobilística Uma indústria automobilística é um exemplo da complexidade da aplicação do JIT: milhares de insumos que compõem a montagem de um carro que precisam ter as compras perfeitamente sintonizadas com as linhas de produção. Além disso, a quantidade de veículos produzida deve ser perfeitamente compatível com a demanda. Isso é o JIT. Afinal, estoque desnecessário representa custos: custos para mantê-lo em segurança, custos para administrá-lo, custos dos insumos necessários para produzi-lo. Saiba mais A produção enxuta é um dos princípios que as empresas modernas e de qualidade utilizam cada vez mais. O artigo a seguir mostra este princípio na área de máquinas agrícolas. Leia e aproveite para conhecer mais ideias desta importante realidade da área de gestão. SAURIN, T. A.; FERREIRA, C. F. Avaliação qualitativa da implantação de práticas da produção enxuta: estudo de caso em uma fábrica de máquinas agrícolas. Revista Gestão & Produção, São Carlos, v. 15, n. 3, p. 449-462, set./dez. 2008. Disponível em: https://bit.ly/2S6HpaK. Acesso em: 28 out. 2018. 50 Unidade I Talvez o aspecto mais importante da ferramenta JIT seja a facilidade que propicia em relação à gestão da produção na organização. Como bem observa Silva (2014, p. 46-47): É relevante ressaltar que um sistema produtivo sem ou com poucos estoques facilita a gestão da organização, cria segurança nos processos e estimula a qualidade do produto final. Ratifica-se também que no Just in Time, as tomadas de decisões ficam mais fáceis de serem observadas e as estratégias e diretrizes produtivas se direcionam para a melhoria e eliminação de desperdícios. Como não existirá ou serão diminuídos os custos para manter e alocar materiais, torna-se mais fácil a realização de implementações e aperfeiçoamentos nos processos com maior frequência. Lembrete Complementando a ideia, a eliminação de desperdícios ajuda a eficiência e a eficácia na tomada de decisões da gestão. Pozo (2010, p. 119-129) enfatiza alguns elementos do JIT: • Filosofia do JIT: o gestor deve compreender seus fundamentos e entender que não se trata apenas de um processo. Na verdade, trata-se de uma forma de ver as coisasem que toda a organização precisa estar envolvida. A filosofia está centrada na eliminação do desperdício. • Qualidade: o gestor deve procurar implantar práticas que garantam a satisfação do consumidor, utilizando as ferramentas mais adequadas com a cultura organizacional. • Estoques: o JIT elimina os estoques, mas não é a preocupação central. Apesar dos estoques custarem dinheiro, eles podem esconder outros problemas organizacionais. Por exemplo, por que manter estoques se a produção pode ser mais bem monitorada, as compras podem ser feitas com mais exatidão e todo o processo de embalagem e distribuição pode ser mais adaptado à demanda real? Será que o trabalho de toda essa adaptação acaba gerando uma “fuga” (onerosa!) para um estoque desnecessário? Essas questões acabam propiciando uma nova metodologia na implantação do JIT nas organizações. Passos para tornar o JIT possível: • definir as necessidades; • definir como controlar o processo; • definir como manter o processo sob controle. 51 RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS Esses passos consistem em conhecer inicialmente todos os aspectos relativos à produção, estabelecer as medidas adequadas para o atendimento da demanda e estabelecer o controle adequado (para mudar rapidamente o que não estiver funcionando). O gestor deve conhecer todos os aspectos relativos à produção, tais como: capacidade, lead time (tempo entre o pedido feito pelo cliente e a efetiva entrega do produto) e as quantidades das vendas (médias) e o consumo de matérias-primas. Alguns autores chamam essa ferramenta de JIT/Lean. Isso ocorre porque a ferramenta Lean Production, também conhecida como Produção Enxuta, tem princípios bastante parecidos. O sistema JIT/Lean apresenta diversas diferenças de abordagem em relação aos sistemas tradicionais de produção. Talvez a principal seja sua característica de “puxar” a produção ao longo do processo, de acordo com a demanda. Nesse sistema (“puxado”), o material somente é processado em uma operação se ele é requerido pela operação subsequente do processo, que, quando necessita, envia um sinal (que funciona como a “ordem de produção”) à operação fornecedora para que esta dispare a produção e a abasteça. Se um sinal não é enviado, a operação não é disparada (CORRÊA; CORRÊA, 2017, p. 492). A palavra-chave é a organização da produção de acordo com a demanda. Pensando na função de gestor de materiais é importante observar que esse raciocínio deve ser estendido, também, para a compra de matérias-primas e outros materiais necessários à manutenção da organização. O gestor deve sempre raciocinar que nos sistemas tradicionais de produção cada um dos setores possui certa independência e, até, produz de forma individual. Muitas vezes, cada um deles se programa para aumentar ou diminuir a produção baseado em critérios do próprio setor ou, pelo menos, enfatizando mais as informações dele mesmo. A diferença do sistema JIT/Lean é que a visão sistêmica é privilegiada. A produção (ou a compra de matérias-primas, por exemplo) é determinada por um conjunto de informações que busca compreender e prever a demanda. Isto compreende o estudo e a pesquisa das necessidades do mercado (inclusive as sazonalidades), das especificidades dos fornecedores, da dinâmica da produção interna, do sistema de vendas e outros fatores que possam contribuir para uma produção enxuta responsável. Um fator que pode interferir decididamente em todo o planejamento do gestor de materiais para a implantação de um sistema JIT é a localização da organização na cadeia de suprimentos. A organização é a fabricante, um distribuidor, um atacadista ou o varejista que vende direto ao consumidor? Dependendo da posição em que a organização se encontre, o planejamento será centrado na própria produção ou nas compras pertinentes. Isso quer dizer que o gestor terá diferentes preocupações para manter a sua atividade enxuta. 52 Unidade I Observe a figura a seguir: Lead time de produção Fábrica AtacadistaLead time do pedido Lead time de fornecimento Distribuidor Varejista Cliente Figura 10 – Ciclo de materiais na cadeia de suprimentos A figura mostra os três tipos de lead times que o gestor de materiais e patrimônio precisa monitorar, conforme a empresa ou organização que estiver gerindo. O primeiro, o lead time do pedido, é o tempo que demora entre o pedido que o cliente faz e a efetiva entrega. Por exemplo, o cidadão vai até uma marcenaria, encomenda uma caixa de madeira e recebe a encomenda em três dias. O lead time do pedido é aquele que mede o tempo entre o cliente apresentar o pedido e a entrega do produto, que no exemplo citado seria de três dias. O segundo lead time da figura é o de fornecimento na cadeia de suprimentos. O terceiro refere-se exclusivamente ao tempo consumido na produção. Vemos na figura uma cadeia complexa, pois indica o fabricante, seguido de distribuidor, atacadista, varejista e cliente final. Normalmente, as organizações em geral, hoje em dia, não estão vinculadas a cadeias tão extensas. Há varejistas (principalmente nas grandes redes) que compram diretamente dos produtores. De qualquer forma, a ilustração serve para mostrar o que é possível ocorrer numa cadeia de suprimentos, e é importante o gestor ter consciência do papel específico de cada etapa. Isso porque em cada elo que o gestor se encontrar a negociação tem as suas características. Por exemplo, quanto mais próximo do produtor, mais facilmente é possível adequar quantidades e dias específicos de recebimento. Exemplo prático: vamos supor que a empresa tenha recebido uma encomenda de 100 produtos. Esses produtos dependem de insumos que são recebidos de várias organizações da cadeia de suprimentos. Após o recebimento de todos os insumos, há um tempo necessário para a confecção do produto e um tempo de entrega dos produtos para o cliente. Veja os lead times: • Insumos recebidos de um determinado produtor: 3 dias. • Insumos recebidos de um determinado atacadista: 2 dias. 53 RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS • Tempo necessário para a produção dos 100 produtos: 10 dias. • Tempo necessário para a entrega ao cliente: 2 dias. Do que foi exposto, observe-se: • Tempo do fornecimento ou lead time do recebimento de insumos (insumos recebidos): 3 dias (considera-se o tempo maior). • Tempo de fabricação ou lead time da produção: 10 dias. • Tempo de entrega: 2 dias. Logo, teremos o lead time do pedido (tempo entre o pedido feito e efetivamente entregue ao cliente) de 15 dias (a soma de 3 + 10 + 2 dias). Caso houvesse todos os insumos em estoque, o prazo seria reduzido para 12 dias (10 + 2 dias). Caso houvesse em estoque o insumo que demora 3 dias para chegar, mas não o de 2 dias, nesse caso o prazo ou lead time do pedido seria de 14 dias (2 + 10 + 2 dias). 4.3.2 Kanban Kanban é uma palavra de origem japonesa e significa “cartão” ou “cartaz”. É uma ferramenta importante para a efetiva implantação do JIT, e há autores que considerem a ferramenta mais importante do JIT (SOUZA et al., 2017, p. 372). Pode ser compreendido como uma forma visual de controlar o fluxo produtivo. Como características do sistema, podem ser citados: O sistema Kanban de abastecimento apresenta algumas características na forma de controlar os estoques de material, que lhe confere uma verdadeira mudança na filosofia de trabalho quando ele é comparado com o sistema tradicional de abastecimento. O sistema Kanban exige um espaço determinado por uma área física delimitada, ou por um número fixo de contentores ou por cartões, onde a quantidade de material próximo à linha de produção nunca deverá ser superior àquela que estes espaços, cartões ou contentores determinam. Da mesma forma que a quantidade de material não pode ser superior ao máximo permitido, também não pode ser inferior ao mínimo estabelecido. Isto significa que a existência de contentores vazios ou cartões no quadro indica que está na hora de abastecer o estoque. Tudo é feito apenas de formavisual, sem necessidade de formulários, ordens de compra ou ordens de produção (AGUIAR; PEINADO, 2007, p. 138). 54 Unidade I Essas sinalizações visuais permitem orientar a produção nas necessidades e permite que os operadores priorizem determinados processos. Basicamente o Kanban possui três campos: To Do (para fazer), Doing (Em execução) e Done (Finalizado). Mas nada impede que sejam criados novos itens. Os campos são abastecidos com cartões, que trazem informações sobre a tarefa a ser executada, o nome da pessoa responsável e a hora que foi pedido. Cada cartão deve conter apenas uma tarefa. Conforme o profissional vai desenvolvendo o trabalho, ele mesmo vai mudando o cartão de lugar, para Doing e Done, escrevendo a próxima tarefa a ser desenvolvida e indicando um responsável. Para facilitar, a empresa pode usar cores diferentes de cartões para identificar o andamento das atividades (em dia, atrasadas ou com impedimento) ou o departamento responsável (vendas, desenvolvimento, design e conteúdo) e ainda separar os primeiros cinco minutos do dia para fazer uma avaliação geral do quadro e definir novas diretrizes (O QUE É..., 2016). Pode, ainda, haver uma série de cartões sinalizando o que está no tempo certo e o que está com o tempo esgotado (situação crítica). Pode haver sinalização de processos que dependem apenas da produção interna e de fornecimento externo. Observe a figura a seguir. O Kanban pode e deve ser bastante simples. Tarefas planejadas Tarefas em execução Tarefas executadas 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Figura 11 – Exemplo de cartões Kanban No exemplo, temos a indicação de tarefas que foram planejadas, as que estão sendo executadas e as que já terminaram. Observe que o importante é que a sinalização seja clara, simples e objetiva, para que os funcionários possam otimizar o processo. 55 RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS Saiba mais Para aumentar o conhecimento a respeito do Just in Time e da ferramenta Kanban é interessante que o estudante conheça alguns casos específicos sobre o tema. Busque o assunto em sites especializados em artigos científicos, como o Google Acadêmico (https://scholar.google.com.br/) ou o Scielo (http://www.scielo.br/). Quanto mais o aluno ler e estudar artigos científicos sobre o tema, mais intimidade terá e mais visão de aplicabilidade prática obterá. Para exemplificar, três artigos sobre os temas elencados: FEITOSA, M. J. S. et al. Análise da aplicação do sistema Just in Time em uma indústria calçadista de Campina Grande – PB: um estudo de caso na São Paulo Alpargatas. Ingepro – Inovação, Gestão e Produção, v. 2, n. 9, set. 2010. Disponível em: https://bit.ly/3xocPs7. Acesso em: 14 dez. 2018. OLIVEIRA, A. A.; SCHIMIGUEL, J. Produção enxuta: estudo de caso de uma melhoria kaizen em uma empresa automotiva. Revista de Estudos e Reflexões Tecnológicas da Faculdade de Tecnologia de Indaiatuba, n. 13, 2015. Disponível em: https://bit.ly/3q3SaqF. Acesso em: 12 out. 2018. SILVA, T. B.; SOUSA, T. M. P. de. Administração de materiais: estudo de caso do processo de estocagem da empresa Medtronic. Revista de Iniciação Científica da Libertas, São Sebastião do Paraíso, v. 5, n. 2, dez. 2015. Disponível em: https://bit.ly/3wwcIuq. Acesso em: 12 out. 2018. Observação Procure no lugar certo. Se o contexto, por exemplo, pedir dados específicos da indústria de eletroeletrônicos, uma das mais importantes atividades do mercado brasileiro, faça uma busca no site da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abnee) http://www.abinee.org.br 56 Unidade I Resumo Esta unidade teve como objetivo apresentar os conceitos iniciais da área de gestão de materiais e patrimônio. Há alguns temas que o gestor precisa conhecer: conceitos de controle e estoques, controle da produção, compras e princípios relacionados à produção (como questões relacionadas à demanda e à sazonalidade, entre outros), a diferenciação entre os bens que uma organização possui, tangíveis e intangíveis, e outros conceitos em relação aos recursos materiais e patrimoniais. Outros diferentes tipos de recursos, como os recursos humanos e tecnológicos e o capital, foram vistos. Foi abordada, também, a visão sistêmica que toda organização precisa ter, especialmente nessa área de materiais e patrimônio. Foram estudados conceitos relativos à história do tema, bem como a posição atual das organizações, na qual apenas uma pessoa pode ser responsável pela área, ou toda uma organização adequada, sempre levando em consideração o tamanho e a complexidade da empresa. Posteriormente, foram abordadas algumas preocupações importantes dos gestores da área de materiais e patrimônio: a gestão de estoques e os custos de estoques. Na gestão de estoques, foram expostos os tipos de estoques, conceitos ligados à previsão da demanda e ao estoque de segurança. Também, alguns conceitos relacionados aos aspectos legais, como a preocupação com eventuais produtos com datas de validade vencidas. Nos custos de estoque, foram acentuados os custos de capital e outros custos – com o pessoal e com a armazenagem, por exemplo. Por fim, foram mostradas ferramentas importantes para o gerenciamento de estoques, como a Just in Time e a Kanban. 57 RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS Exercícios Questão 1. O analista de demanda, também chamado de Demand Planning, toma suas decisões a partir de feedbacks apresentados pelo time comercial de uma empresa. Diretores, gerentes, supervisores e vendedores montam suas projeções de vendas baseando-se na expectativa dos números de cada um dos clientes individualmente, a partir dos quais se permite estimar os insumos, matérias-primas e produtos que serão necessários ao atendimento dessa demanda agregada. Além disso, o analista de demanda também conta com feedbacks dos integrantes da área financeira e logística da empresa. Os primeiros falarão sobre a capacidade que a empresa tem de adquirir materiais no curto, médio e longo prazos, enquanto os demais apontarão as próximas chegadas e despachos de materiais. As pessoas envolvidas no processo de demanda de uma empresa acabam por integrar-se com muitas outras áreas da companhia, seja de forma direta indireta. Essa integração também é conhecida por: A) Visão sistêmica. B) Visão holística. C) Visão geral. D) Visão localizada. E) Visão generalista. Resposta correta: alternativa A. Análise das alternativas A) Alternativa correta. Justificativa: a visão sistêmica permite que diversas áreas possam criar conexões e integrações, permitindo que, além de eficaz, a gestão de materiais e patrimônio seja eficiente. B) Alternativa incorreta. Justificativa: apesar de guardar alguma semelhança no sentido da palavra – holístico representa o todo –, não há menção de visão holísticas nos trabalhos de gestão de materiais e patrimônio. C) Alternativa incorreta. Justificativa: a visão geral permite que se observe tudo o que se necessita, no entanto, o nome correto do conceito nem se assemelha à visão geral. 58 Unidade I D) Alternativa incorreta. Justificativa: a visão localizada não está correta, primeiro pelo uso da palavra, o que nos permite intuir que a questão está errada. Uma visão localizada, sem integração, certamente não seria ideal em um processo que envolve diversas áreas da companhia. E) Alternativa incorreta. Justificativa: o termo “visão generalista” não aparece em nenhum momento dos estudos de gestão de materiais e patrimônio. Questão 2. “Quando uma empresa decide manter um ES, na prática o que ela está decidindo é obter do fornecedor (no caso de itens comprados) uma quantidade além daquela necessária para atender à demanda planejada e que será usada no caso de ocorrer alguma eventualidade (caso o consumo seja maior do que o planejado, por exemplo)” (GUERRA, 2009). Uma das formas mais simples cálculo de estoque mínimo é o que leva em conta a demanda e o tempo de espera médio (lead time) das entregas de insumos e matérias-primas. Sob esseaspecto, imagine que determinada empresa que tenha demanda diária de 5.420 produtos “A” e que o lead time médio da reposição desses itens seja de 3 dias. Observando o método mais simples para o cálculo de estoque mínimo, o estoque de segurança (ES) atribuído para este item seria de: A) 10.840 B) 12.840 C) 16.260 D) 32.520 E) 42.520 Resposta correta: alternativa C. Análise das alternativas A) Alternativa incorreta. Justificativa: se o estoque de segurança (ES) é igual à demanda média diária (DMD), multiplicada pelo tempo de entrega (TE), então 10.840 seria o estoque de segurança correto se o tempo de entrega fosse menor em 33%. 59 RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS B) Alternativa incorreta. Justificativa: se o estoque de segurança (ES) é igual à demanda média diária (DMD), multiplicada pelo tempo de entrega (TE), então 12.840 seria o estoque de segurança acrescido em 2.000 unidades se o tempo de entrega fosse menor em 33%. C) Alternativa correta. Justificativa: se o estoque de segurança (ES) é igual à demanda média diária (DMD), multiplicada pelo tempo de entrega (TE), então ES = 5.420x3, ou ES = 16.260. D) Alternativa incorreta. Justificativa: se o estoque de segurança (ES) é igual à demanda média diária (DMD), multiplicada pelo tempo de entrega (TE), então 32.520 seria o estoque de segurança correto se o tempo de entrega fosse maior em 100% E) Alternativa incorreta. Justificativa: se o estoque de segurança (ES) é igual à demanda média diária (DMD), multiplicada pelo tempo de entrega (TE), então 32.520 seria o estoque de segurança correto se o tempo de entrega fosse maior em 100%, além disso, acrescido em mais 10.000 unidades. 60 Unidade II Unidade II 5 GESTÃO DE COMPRAS Comprar é uma das mais importantes atividades da organização. O gestor de recursos materiais e patrimoniais pode desenvolver essa atividade diretamente ou possuir, em seu quadro de colaboradores, um ou mais funcionários responsáveis pelas compras. De antemão é necessário refletir sobre alguns pontos. Também é possível que, dentro da estrutura organizacional, dependendo do tamanho da empresa, a estrutura de compras seja independente, com gerenciamento separado. De qualquer forma, cabe ao gestor conhecer os princípios básicos dessa área. A atividade de compras: • Está relacionada com a política da empresa e de seu posicionamento estratégico. Por exemplo, em que parte da cadeia de suprimentos a empresa está inserida? Se for um pequeno varejista, as compras devem ser suficientes para suprir os clientes pelo tempo previsto para a reposição (sem esquecer, claro, do estoque de segurança). Já se for um atacadista ou distribuidor, o gestor deve verificar quais as metas do período, inclusive possíveis promoções para aumentar o faturamento e colocar no mercado mais produtos. • É de extrema confiança do nível estratégico da organização. Tudo deve ser muito bem documentado e todos os processos devidamente identificados como garantias adequadas do gestor de materiais e patrimônio. A seguir serão abordados os pontos fundamentais da atividade de compras. 5.1 Pontos principais da atividade de compras Segundo um autor clássico da área, Westing (1961, p. 10‑16 apud BALLOU, 2015, p. 62), as compras envolvem certas atividades centrais, que são: • assegurar descrição completa das necessidades; • selecionar fontes de suprimentos; • conseguir informações de preços; • colocar os pedidos (ordens de compra); • acompanhar (monitorar) os pedidos; • verificar notas fiscais; 61 RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS • manter registros e arquivos; • manter relacionamento com vendedores. Comprar é sempre um procedimento complexo, que exige uma série de providências: • Anterior às compras: definir exatamente o que se necessita comprar. • Durante as compras: comprar com qualidade e bom preço. • Após as compras: verificar se o que foi entregue é o que foi comprado e checar outros itens, como eventuais garantias. Veja alguns pontos importantes da atividade de compras, conforme Westing (1961, p. 10‑16 apud BALLOU, 2015, p. 62): • Assegurar descrição completa das necessidades: verificar com os utilizadores se todos os requisitos do produto que realmente importam estão devidamente informados, por exemplo, quantidade, cor, tipo, eventuais diferenças de tamanho etc. • Selecionar fontes de suprimentos: sobre esse item há uma seção com a qual serão tratados os pontos para a seleção de fornecedores. • Conseguir informações de preços: cotar preços com possíveis fornecedores, priorizando, também, a qualidade. • Colocar os pedidos (ordens de compra): formalizar a compra com os fornecedores selecionados. • Acompanhar (follow‑up) os pedidos: acompanhar desde o pedido até a entrega. • Verificar notas fiscais: verificação da documentação pertinente. • Manter registros e arquivos: manter todos os registros do processo de compra, desde a identificação inicial (solicitação do setor envolvido até a finalização da compra e a respectiva entrega). • Manter relacionamento com vendedores: é fundamental um bom relacionamento com os vendedores, especialmente para o esclarecimento de dúvidas rápidas ou de pedidos urgentes, fora de hora. O ponto mais importante para o gestor de materiais e patrimônio é conhecer a relevância estratégica que a área de compras adquiriu nos últimos anos. Antes, comprar era meramente uma atividade acessória. Hoje, é de relevância para toda a organização. 62 Unidade II No mercado, há quem faça distinção entre as diversas áreas de compras. Observe a figura a seguir: (a) Área de suporte (b) Foco em preço (c) Analistas de compras (d) Cadastro de fornecedores (e) Atendimento por demanda (f) Etapa de cadeia de suprimentos (a) Área de suporte (b) Foco em custo (c) Gestores da categoria (d) Gestão de fornecedores (e) Planejadora (f) Avança na cadeia de suprimentos (a) Função de negócio (b) Foco na geração de valor a partir do gasto (c) Estrtutura matricial (gestor de pacotes e entidades) (d) Gestão de fornecedores em ambiente multicanal (Omnichannel) (e) Preditiva (f) Integração total na cadeia de suprimentos (end‑to‑end) ÁREA DE COMPRAS Compras táticas STRATEGIC SOURCING Compras técnicas PROCUREMENT Compras estratégicas Máximo Mínima IntensoUso de tecnologia Pe rs pe ct iv a es tr at ég ic a Figura 12 – Atividades de compras sob a perspectiva estratégica No gráfico exposto observam‑se três possíveis esferas na atividade de compras, que variam segundo a importância estratégica de cada uma delas. A primeira, que o autor chama de “compras táticas”, está relacionada às atividades mais cotidianas. Já o segundo bloco, o das “compras técnicas”, está relacionado às exigências que uma compra mais qualificada traz. O último bloco, o das “compras estratégicas”, está relacionado às compras mais importantes sob o ponto de vista do negócio da organização, que busca uma integração total da cadeia de suprimentos. As compras técnicas muitas vezes são referenciadas, no mercado, pelo nome de strategic sourcing; já as compras estratégicas, pelo termo procurement. Lembrete Comprar é uma das mais importantes atividades da organização. Exige o cumprimento estrito de todas as regras internas. Brum (2018) define e caracteriza o termo procurement: Talvez este pilar seja o que de fato diferencia uma função de Procurement de excelência das demais funções tradicionais de compras. O desafio de monitorar os principais indicadores de produção, estocagem, distribuição e logística permite não somente planejar melhor as aquisições da empresa, mas também contribuir com a melhora do resultado desses indicadores. A otimização do consumo de insumos 63 RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS e matérias‑primas, redução dos níveis de estoque e perdas, redução de gastos com revisão do modelo e rotas de distribuição, aumento do Otif na logística e outros resultados possíveis impactam direto na eficácia da cadeia de suprimentos e na geração de dinheiro novo para aempresa. Algumas questões podem permitir a reflexão sobre o grau de gestão que temos na cadeia de suprimentos a partir da área de compras: – A área de compras participa dos estudos de capacidade e definição das metas de produção anual da empresa? – Quais são as necessidades e regras de estoque para cada item em cada etapa da produção? Isso está refletido nas diretrizes de compra e imobilização de capital por categoria de produto ou serviço? – A área de compras entende qual é a demanda atual e potencial de nossos clientes e reflete isso nas suas políticas de compra e estoque? – As oportunidades de integração na cadeia de valor do setor para ganho de produtividade e redução de custos são conhecidas? – O nível de integração atual da área na cadeia de suprimentos permite contribuir na identificação de lacunas de oportunidade de melhora dos resultados dos indicadores técnicos ao longo da cadeia produtiva? Além dos pilares qualificados acima, não podemos nos esquecer da estrutura de processos que deve existir para apoiar a execução das atribuições, foco da função Procurement. Processos que se relacionem com a gestão de fornecedores, de risco, de canais, monitoramento de mercado e S&OP darão sustentação às atividades finalísticas do Procurement, ajudarão na manutenção do seu nível de eficiência e na sua capacidade de geração de resultados. Pelo texto, observa‑se o nível de excelência que a área de compras pode alcançar seguindo os preceitos recomendados. Saiba mais No texto anterior, a respeito de procurement, é citada uma abreviatura: S&OP. O que significa isso? Representa a abreviatura das palavras, em inglês, sales and operations planning, que é a tradução de vendas e planejamento das operações. Saiba mais a respeito no artigo: ZUPPI, A. C. Sales and operations planning. Administradores, 21 jul. 2009. Disponível em: https://bit.ly/35r2MXp. Acesso em: 2 out. 2018. 64 Unidade II 5.2 Objetivos da atividade de compras Pozo (2010, p. 136‑137) destaca alguns itens que se constituem nos objetivos da atividade de compras. São eles: • Permitir continuidade de suprimentos para o perfeito fluxo de produção: o gestor de materiais tem sob a sua responsabilidade o fornecimento de insumos e demais materiais (para limpeza, manutenção etc.) que permitem o funcionamento da área produtiva. A falta desses materiais pode ocasionar a interrupção da atividade produtiva. O gestor responsável pela atividade de compras deve estar constantemente em diálogo com o(s) responsável(is) pela produção, para fazer as devidas previsões da quantidade necessária de materiais, levando em consideração aspectos como a sazonalidade, por exemplo. • Coordenar os fluxos com o mínimo de investimentos em estoques e adequado cumprimento dos programas: aqui o conceito de Just in Time deve ser relembrado. Estoques desnecessários representam custo adicional em segurança, limpeza, despesa com horas trabalhadas, além de despesas com insumos e materiais que poderiam ser evitadas. O que está programado deve ser cumprido, como as encomendas que a organização tem, por exemplo. Mas, que seja realizado sem desperdícios. • Comprar materiais e produtos aos mais baixos custos, dentro das especificações predeterminadas em qualidade, prazos e preços: uma ampla cotação de preços é sempre recomendada. Verificar, sempre, a possibilidade de comprar por preços mais vantajosos. Contudo, não pode ser o único critério. Preço mais baixo não pode justificar uma baixa qualidade do suprimento. Cabe ao responsável pelas compras resguardar os parâmetros de qualidade dos materiais adquiridos. E, se for o caso, exigir as devidas garantias. Após constatar a preferência por certos fornecedores, pode‑se desenvolver uma parceria estratégica com eles. • Evitar desperdícios e obsolescência de materiais por meio de avaliação e percepção do mercado: essa avaliação e percepção do mercado estão ligadas à correta previsão de demanda. Claro que o gestor da área de materiais deve estar em contato permanente com o responsável pela produção, pois determinadas variáveis devem ser levadas em conta, antes do planejamento de compras. Por exemplo, uma determinada fábrica de sorvetes diminui, naturalmente, sua produção no inverno. Contudo, há uma excepcional demanda de buffets infantis já encomendada. Nesse caso, cabe ao gestor adquirir os materiais e insumos necessários baseado nas informações obtidas com as áreas comercial e produtiva. • Permitir à empresa uma posição competitiva, mediante negociações justas e credibilidade: o gestor deve sempre negociar melhores condições de aquisição. Essas negociações podem ser diretamente relacionadas aos preços e/ou condições de pagamentos. O importante é sempre lembrar que quando a organização gasta menos, automaticamente se torna mais competitiva, pois pode abaixar seus próprios preços ou utilizar a margem extra contratando mais funcionários ou agregando outros valores ao seu negócio e produtos, como modernizando seus equipamentos, por exemplo. • Manter parceria com os fornecedores para crescer junto com a empresa: depois de selecionado, o fornecedor pode se tornar um parceiro estratégico, desde que haja garantias de que essa parceria preveja bons preços, preferência na entrega e agilidade em ocorrências excepcionais. 65 RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS Observação A gestão de compras deve observar as especificidades de cada setor. Conhecer cada vez mais detalhes específicos de cada área enriquece a capacidade de discernimento de quem administra. Muitas vezes, ao tomar conhecimento de algumas soluções, o gestor poderá adaptá‑las e utilizar em sua realidade diária. Saiba mais O artigo a seguir remete a um estudo a respeito da gestão de compras numa empresa do segmento de material escolar. SENAPESCHI NETO, A.; GODINHO FILHO, M. A evolução da gestão de compras em uma empresa do segmento de material escolar: estudo de caso longitudinal. Produção, v. 21, n. 1, jan./mar., 2011, p. 76‑93. Disponível em: https://bit.ly/3cYqmPr. Acesso em: 17 dez. 2018. De uma forma geral, o gestor de materiais deve seguir um roteiro que pode ser expresso em alguns passos. Observe a figura a seguir: 1 Áreas: produção comercial 3 Consulta a possíveis fornecedores: cotações 5 Recepção dos materiais. Verificações de qualidade 2 Gestão de materiais: equacionamento das compras 4 Decisão de compra Figura 13 – Compras 66 Unidade II No primeiro estágio, as áreas comercial e de produção da organização passarão ao gestor de materiais uma previsão das necessidades. Outras áreas poderão estar envolvidas, dependendo do tamanho da organização e de suas características. Pode haver demandas de um departamento de manutenção, por exemplo, ou de um departamento de serviços específicos, como limpeza ou jardinagem. Muitas dessas atividades são terceirizadas em empresas de médio ou grande porte, de forma que o dimensionamento de necessidades de materiais fica por conta da contratada, inclusive no tocante ao fornecimento. No entanto, pode haver exceções. Nesse caso, cabe ao gestor de materiais, quando tal função estiver agregada à rotina de seu setor, recepcionar também tais necessidades. No segundo estágio, o gestor fará o equacionamento das compras. Será o planejamento relativo à demanda já estudada. Nessa fase, o gestor identificará possíveis fornecedores parceiros e poderá fazer uma cotação ampla de suas necessidades no mercado. Com a posse das informações do estágio anterior, o gestor decidirá pela escolha do fornecedor ou fornecedores: é o quarto estágio, o da decisão. Nesse caso, fatores como prazo de entrega, formas de pagamento, confiabilidade do fornecedor, entre outros, fazem parte da análise. Há gestores que procuram garantias adicionais de quem fornece produtos e/ou serviços: por exemplo, comprar da organização que possua uma certificação de qualidade pode ser um diferencial interessante. Inclusive, no mercado há quem só adquira produtos da empresa que possuaa ISO 9000 (certificação de qualidade) ou a ISO 14000 (certificação ambiental). Finalmente, no estágio 5, o gestor recepciona o material e faz checagens relativas ao que foi adquirido. 5.3 Dicas para uma boa gestão de compras O gestor dessa área deve se preocupar, sempre, em se atualizar com a legislação pertinente de cada área em que estiver atuando, além de alguns aspectos práticos que ajudam bastante. Por exemplo, Hoinaski (2017) elenca três pontos importantes: qualidade, procedência e normas fiscais. Análise da qualidade Em relação à qualidade, vale o preceito de que um produto feito com insumos de qualidade terá qualidade também. O gestor deve fiscalizar a qualidade do material adquirido e, como já foi observado anteriormente, se for pertinente, adquirir de fornecedores certificados. O gestor precisa avaliar o que efetivamente interessa no que se refere à qualidade do fornecedor. A certificação ISO 9000 é um indício de boas práticas. Contudo, há normas específicas para algumas áreas, como a IATF 16949:2016, que trata da qualidade para o segmento da indústria automotiva. Foi criada pela International Automotive Task Force (IATF). O IATF 16949: 2016 (1ª edição) representa um documento inovador, [por conta] da forte orientação para o cliente, com a inclusão de vários requisitos prévios específicos do cliente. 67 RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS A ISO/TS 16949 (1ª edição), originalmente criada em 1999 pela International Automotive Task Force (IATF), tem como objetivo harmonizar os diferentes sistemas de avaliação e certificação em todo o mundo na cadeia de fornecimento para o setor automotivo. Outras revisões foram criadas (2ª edição em 2002 e 3ª edição em 2009), necessárias para aprimoramentos do setor automotivo ou revisões da norma ISO 9001. A ISO/TS 16949 (juntamente com publicações técnicas de suporte desenvolvidas por fabricantes de equipamentos originais [aqui referidos como OEMs] e associações nacionais de comércio automotivo) introduziram um conjunto comum de técnicas e métodos para desenvolvimento de produtos e processos comuns para fabricação automotiva em todo o mundo (IATF) (tradução nossa) (INTERNATIONAL AUTOMOTIVE TASK FORCE, [s.d.]). Outras certificações específicas também podem ser exigidas, de acordo com o segmento. O ideal é que o gestor acompanhe de perto eventuais regras a respeito de boas práticas dos segmentos em que está trabalhando. E, lembre‑se sempre: regras e leis podem mudar. Sempre consulte fontes confiáveis sobre eventuais mudanças que possam afetar o seu trabalho. Procure os sites das instituições que emitem o regramento ou a certificação e, em relação às leis, utilize sempre sites oficiais. Lembrete Analisar a qualidade dos insumos é uma das formas de garantir qualidade no produto final. Análise da procedência A procedência está ligada também ao item anterior. Quanto mais se conhece do fornecedor, mais efetivo é o trabalho bem estruturado. Conhecer a procedência do material utilizado pelo fornecedor é uma maneira de trazer qualidade segura para dentro da organização. Podem ser realizadas visitas ao fornecedor, com o objetivo de fazer verificações nesse sentido. Outro aspecto importante é não adquirir produtos que não estejam dentro de uma faixa de preço aceitável no mercado. Adquirir produtos muito abaixo do preço real, sem as devidas justificativas, pode ensejar aquisição de procedência duvidosa, o que pode colocar a empresa em situações complicadas no mercado no que se refere a possíveis investigações policiais, processos judiciais etc. Além disso, é absolutamente antiética tal prática, que deve ser repudiada pelo gestor. Análise das normas fiscais Também sob o prisma legal e ético, o gestor deve estar atento às questões fiscais: O fornecedor deve estar em dia com as normas fiscais, por exemplo, emissão de nota, repasse e cobrança de impostos etc. 68 Unidade II Essa é uma maneira de evitar imprevistos e problemas, que podem ocasionar prejuízos à sua organização. Tenha em mente que a ideia de comprar o produto mais barato e vender com uma margem de lucro maior nem sempre é a melhor estratégia (HOINASKI, 2017). O gestor deve levar em conta que, principalmente nos últimos anos, a governança corporativa e o compliance têm permeado as atuações da maioria das organizações sérias e bem reputadas no mercado. Mais à frente, entre outros, tais conceitos serão explicados. Quanto à transmissão eletrônica de dados (Electronic Data Interchange – EDI), ela propicia uma forma rápida de comunicação entre empresas fornecedoras e compradoras. Para quem não está familiarizado com o termo, EDI – Electronic Data Interchange pode ser classificado como uma tecnologia de integração entre empresas que facilita e agiliza a transmissão eletrônica de dados, reduzindo a intervenção humana no processo, o que acaba eliminando as chances de erros causados por essa intervenção (O EDI..., 2014). Dias (2011) aborda os pontos que envolvem benefícios para a organização. Os benefícios potenciais da utilização do EDI são muitos: Aumento da competitividade das empresas, através de um controle mais estreito e mais dinâmico sobre a performance das vendas e ações de todos os tipos; Mais agilidade e eficiência nos processos produtivo e de administração (incluindo redução do lead time administrativo); Minimização de custos transacionais (menos pessoas envolvidas no processo, economias advindas da redução do tempo de processamento); Automatização de decisões lógicas (através de sistemas “inteligentes”, que trabalham e analisam automaticamente as informações); Eliminação dos inevitáveis erros de digitação. Observe, portanto, que a EDI é prática importante, cada vez mais utilizada nas empresas. 6 COMPRAS NA ÁREA PÚBLICA Se o gestor estiver exercendo suas atividades na área pública, é importante lembrar que há princípios que devem ser observados. Sem a observação desses princípios, o gestor pode ter problemas na execução de suas atividades, além de ser responsabilizado em várias instâncias. 69 RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS O quadro a seguir elenca os princípios mais importantes: Quadro 5 – Princípios Base legal Princípios Constituição Federal de 1988 Legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (este foi implantado pela EC 19/1998) Lei nº 8.666/1993 Probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos. Lei nº 9.784/1999 Finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público. Decreto nº 3.555/2000 Celeridade, competitividade, justo preço, seletividade e comparação seletiva das propostas. Decreto nº 5.450/2005 Princípios correlatos da razoabilidade, competitividade e proporcionalidade. Fonte: Sebrae (2017). Em outras palavras, as compras na área pública exigem a observância aos princípios constitucionais, relacionados na primeira parte do quadro. Esses princípios devem ser observados durante todo o processo. Um exemplo é o princípio da legalidade: tudo que é feito deve estar consignado em lei. Aliás, essa é uma diferença fundamental entre o gestor da área privada e da área pública: o gestor da área privada pode fazer tudo o que não for ilegal e que não seja antiético. Já o gestor público só pode fazer aquilo que está consignado na lei. Em seguida há uma série de leis que tratam do assunto: a Lei nº 8.666/93, que trata dos aspectos relacionados às licitações; a Lei nº 9.784/99, que trata de outros princípios da administração pública importantes; e os decretos nº 3.555/2000 e nº 5.450/2005. Um detalhe importante: leis e regramentos mudam constantemente. Os gestores precisam se informar constantemente a respeito dessas mudanças. A atividade licitatória observa todos esses princípios e regramentos e é definida da seguinte maneira: A licitação destina‑se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a seleçãoda proposta mais vantajosa para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável e será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos (Artigo 3º da Lei nº 8.666/1993) (SEBRAE, 2017, p. 5). 70 Unidade II 6.1 Tipos de licitação Há vários tipos de licitação. A seguir, uma visão geral para o gestor: Quadro 6 – Tipos de licitação (Lei nº 8.666/1993) Menor preço O vencedor será o licitante que apresentar a proposta com o menor preço entre os licitantes considerados qualificados. A classificação se dará pela ordem crescente dos preços propostos. Melhor técnica Serão avaliadas as características técnicas da contratação. Técnica e preço A definição do vencedor se dará em função de critérios técnicos e dos valores contidos na proposta. Esses tipos de licitação, assim como a melhor técnica, devem ser utilizados na contratação de serviços de natureza predominantemente intelectual, em especial na elaboração de projetos, cálculos, fiscalização, supervisão e gerenciamento e de engenharia consultiva em geral e, em particular, para a elaboração de estudos técnicos preliminares e projetos básicos e executivos. Maior lance ou oferta O vencedor será o licitante que apresentar a proposta ou o lance com maior preço entre os licitantes qualificados. A classificação se dará pela ordem decrescente dos preços propostos. Tipo de licitação utilizado nos casos de alienação de bens e concessão de direito real de uso. Fonte: Sebrae (2017, p. 15‑16). 6.2 Modalidades de licitação Além dos tipos, há as modalidades de licitação. A Lei nº 8.666 (BRASIL, 1993) estabelece as seguintes modalidades de licitação: concorrência, tomada de preço, carta‑convite, leilão e concurso. Já a Lei nº 10.520 (BRASIL, 2002) regulamentou outra modalidade, o pregão. O artigo 22 da Lei nº 8.666 (BRASIL, 1993) estabelece: Art. 22. São modalidades de licitação: I — concorrência; II — tomada de preços; III — convite; IV — concurso; V — leilão. § 1o Concorrência é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados que, na fase inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital para execução de seu objeto. 71 RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS § 2o Tomada de preços é a modalidade de licitação entre interessados devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas, observada a necessária qualificação. § 3o Convite é a modalidade de licitação entre interessados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de 3 (três) pela unidade administrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia do instrumento convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na correspondente especialidade que manifestarem seu interesse com antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação das propostas. § 4o Concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou remuneração aos vencedores, conforme critérios constantes de edital publicado na imprensa oficial com antecedência mínima de 45 (quarenta e cinco) dias. § 5o Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para a venda de bens móveis inservíveis para a administração ou de produtos legalmente apreendidos ou penhorados, ou para a alienação de bens imóveis prevista no art. 19, a quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) § 6o Na hipótese do § 3o deste artigo, existindo na praça mais de 3 (três) possíveis interessados, a cada novo convite, realizado para objeto idêntico ou assemelhado, é obrigatório o convite a, no mínimo, mais um interessado, enquanto existirem cadastrados não convidados nas últimas licitações. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) § 7o Quando, por limitações do mercado ou manifesto desinteresse dos convidados, for impossível a obtenção do número mínimo de licitantes exigidos no § 3o deste artigo, essas circunstâncias deverão ser devidamente justificadas no processo, sob pena de repetição do convite. § 8o É vedada a criação de outras modalidades de licitação ou a combinação das referidas neste artigo. § 9o Na hipótese do parágrafo 2o deste artigo, a administração somente poderá exigir do licitante não cadastrado os documentos previstos nos arts. 27 a 31, que comprovem habilitação compatível com o objeto da licitação, nos termos do edital (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994). A Lei nº 10.520 (BRASIL, 2002) criou o chamado pregão, que é a sexta modalidade de licitação. Brandão (2010) lembra que: 72 Unidade II Apesar da Lei Licitatória n.º 8.666/93 vedar a criação de outras modalidades de licitação ou a combinação delas, a medida provisória n.º 2.182‑18/2001 instituiu, no âmbito da União, uma nova modalidade denominada Pregão. Só que a referida lei vedava a criação de outras modalidades de licitação, salvo se introduzidas por outra norma geral. Foi aí que a Lei 10.520, de 17/07/2002, converteu a medida provisória em norma geral, determinando também a sua aplicação aos Estados, Distrito Federal e Municípios, o que acabou por dispensar estas entidades de editarem leis próprias sobre a matéria. O pregão é a modalidade de licitação para aquisição de bens e serviços comuns em que a disputa pelo fornecimento é feita em sessão pública, por meio de propostas e lances, para classificação e habilitação do licitante com a proposta de menor preço. Sua grande inovação se dá pela inversão das fases de habilitação e análise das propostas, [em que] se verifica apenas a documentação do participante que tenha apresentado a melhor proposta. Além disso, a definição da proposta mais vantajosa para a Administração é feita por meio de proposta de preço escrita e, após, disputa por lances verbais. Após os lances, ainda pode haver a negociação direta com o pregoeiro, no intuito da diminuição do valor ofertado. Diversamente das demais modalidades de licitação, o pregão pode ser aplicado a qualquer valor estimado de contratação, de forma que constitui alternativa a todas as modalidades. Uma outra peculiaridade sua é que ele admite como critério de julgamento da proposta somente o menor preço. O pregão pode ser presencial ou eletrônico. Observação Certas modalidades possuem determinadas limitações de aplicabilidade, como faixa de valores. O gestor precisa estar sempre atualizado. Saiba mais BRASIL. Decreto nº 9.412, de 18 de junho de 2018. Atualiza os valores das modalidades de licitação de que trata o art. 23 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. Brasília, 2018a. Disponível em: https://bit.ly/3vMfryP. Acesso em: 17 dez. 2018. 73 RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS Por fim, há ainda outra modalidade de licitação, chamada de consulta. Essa modalidade foi criada pela Lei nº 9.472/1997. É uma modalidade específica, utilizada pelas agências reguladoras, especialmente para bens não comuns. É totalmente diferente das demais modalidades. A consulta é para bens e serviços não comuns, não corriqueiros, exceto órgãos e serviços de engenharia, que têm que seguir a Lei de Licitações e Contratos, é também feita em no mínimo três pessoas de reputação ilibada, elevada qualificação para apreciar as propostas. Cinco pessoas, físicas ou jurídicas, de elevada qualificação, serão chamadas a apresentar propostas para fornecimento de bens ou serviços não comuns (SOUZA, 2016). Todos esses regramentos devem e precisam ser observados, quando as vendas forem realizadas para quaisquer organizações públicas. 7 PONTOS COMPLEMENTARES DA GESTÃO DE PATRIMÔNIO De tudo o que foiabordado é importante que o gestor de materiais e patrimônio se preocupe, sempre, com os aspectos administrativos da atividade. A estratégia de cada atividade deve ser traçada cuidadosamente. Observe a figura a seguir: Quadro 7 Es tr at ég ia Planejar Planejamento de demanda e suprimento Comprar Gerenciamento de fontes de suprimento Fazer Manufatura e operações Mover Transporte e distribuição Vender Gerenciamento de clientes e ordens No quadro, as principais atividades estão estabelecidas. O planejamento é fundamental para que qualquer atividade seja bem‑sucedida. Tal planejamento procura identificar as necessidades (demanda) e qual (ou quais) o produto a ser fornecido ou comprado (suprimento). A compra envolve no gerenciamento das fontes, ou seja, na escolha dos fornecedores. A realização (fazer) está vinculada à manufatura e às operações. As operações para se efetivarem precisam de transporte, para a devida distribuição. A venda é a consequência de todo o processo. Mas administrar materiais, além da atividade em si, traz reflexos em toda a organização, conforme Sá (2013): • Lucratividade da Empresa: É o resultado positivo, após deduzir do faturamento custos e despesas. O cálculo da lucratividade é obtido através da fórmula: resultado líquido dividido pelas vendas. Ele indica 74 Unidade II o percentual de ganho obtidos sobre as vendas que foram realizadas. Basicamente, é o indicador de eficiência operacional sob a forma de um valor percentual. • Qualidade dos Produtos: O termo qualidade pode ser enxergado por diversas dimensões, isso ocorre por se tratar de um conceito multidimensional, englobando os aspectos de desempenho, características, confiabilidade, conformidade, durabilidade, atendimento, aparência (design) e ainda a qualidade percebida pelo cliente. Todos eles envolvendo o produto ou serviço prestado pela empresa analisada. • Satisfação dos Clientes: Satisfazer a necessidade do consumidor significa descobrir não apenas o que ele quer ou deseja para saciar suas necessidades, mas satisfazer o sentimento de prazer que resulta da comparação do desempenho esperado do produto em relação às expectativas do cliente. Ou seja, toda e qualquer empresa deve sempre buscar atingir o máximo da satisfação dos seus clientes. Portanto, o universo da gestão de materiais e patrimônio reflete em toda a organização. 7.1 Inventário O gestor deve realizar (se não houver!) ou sempre atualizar o inventário da organização. O inventário é uma descrição dos materiais e bens que a empresa possui. Organizações que possuam uma estrutura contábil podem desenvolver inventários mais técnicos que podem subsidiar a balança patrimonial. Camargo (2017) estabelece uma série de itens que pode facilitar o inventário: Elencamos a seguir uma sugestão de informações a serem preenchidas ao fazer o lançamento de cada item (pode ser em uma planilha): Categoria do item; Responsável; Área do responsável; Data de compra; Idade do item; Valor; Estado de conservação; 75 RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS Vida útil em anos; Valor atual; Depreciação; Número de série (se houver); Modelo (se houver); e Local de armazenamento (se houver). A realização e a atualização constante do inventário permitem ao gestor um acompanhamento simples e prático de todos os bens da organização. Portanto, o inventário é uma ferramenta importante para o controle de materiais e do patrimônio de toda a organização. Lembrete Todo gestor precisa ter noções de Contabilidade. Muito especialmente, o gestor de materiais e patrimônio. 7.2 Propriedade intelectual A propriedade intelectual é um dos itens em que o gestor de patrimônio deve se atualizar constantemente. Observe a figura a seguir: Direito do autor Marca Indicação geográfica Direito conexosDireito autoral Propriedade industrialPropriedade intelectual Proteção suis generis Patente Segredo industrial e repressão à concorrência desleal Programas de computador Desenho industrial Topografia de circuitos integrados Cultivar Crescimento tradicional Figura 14 76 Unidade II A propriedade intelectual possui essas três vertentes: o direito autoral, a propriedade industrial e a proteção sui generis. Vanin (2016) lembra que: A Propriedade Intelectual é a área do Direito que, por meio de leis, garante a inventores ou responsáveis por qualquer produção do intelecto – sejam bens imateriais ou incorpóreos nos domínios industrial, científico, literário ou artístico – o direito de obter, por um determinado período de tempo, recompensa resultante pela “criação” – manifestação intelectual do ser humano. Quadro 8 – Legislação que deve ser acompanhada na propriedade industrial e no direito do autor Lei nº 9.279, de 14 de maio de 1996 Regula direitos e obrigações relativos à propriedade industrial. Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998 Altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras providências. Em relação aos direitos autorais é importante lembrar que há dois tipos de direito: o direito patrimonial e o direito moral. O direito patrimonial tem a ver com a exploração comercial que o autor (ou seus herdeiros) pode obter com a obra. O direito moral é a vinculação do autor à obra. Araújo (2016) esclarece: Como o próprio nome sugere o direito autoral se constitui como o conjunto de prerrogativas garantidas pela lei ao autor, no que se refere à sua obra. No Brasil, a regulamentação e exercício destes direitos está disposta, principalmente, na Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998 [...]. Dessa forma, aos autores é garantido o direito de utilização, reprodução e publicação exclusiva de suas obras. Assim, se uma banda deseja gravar um cover de uma música famosa (alguma dos Beatles, por exemplo), deve, primeiramente, possuir a devida autorização do legítimo autor. Mas, a pergunta a ser respondida aqui é: quanto tempo dura a proteção ao direito autoral? A este respeito, a Lei de direitos autorais estabelece as seguintes regras: Os direitos patrimoniais do autor perduram por 70 anos contados de 1° de janeiro do ano subsequente ao de seu falecimento, obedecida a ordem sucessória da lei civil. Após este prazo a obra cai em “domínio público”. Mas, isto não quer dizer que o nome do autor será desvinculado à obra. Não. O crédito de autoria sempre deverá ser atribuído, o que ficará sem validade serão as disposições e a necessidade de autorização quanto a reprodução e publicação daquela obra. 77 RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS Portanto: • Para efeito de direito patrimonial: os direitos são vitalícios (duram enquanto o autor viver) e 70 anos contados de 1° de janeiro do ano subsequente ao de seu falecimento. Após esse período, a obra cai em domínio público, ou seja, poderá ser reproduzida livremente, sem o pagamento de direitos. • Para efeito de direito moral: não há prazo. A obra sempre estará vinculada ao seu autor. Ainda sobre essa questão, esclarece Araújo (2016): Não representa ofensa aos direitos do autor: Não constitui ofensa aos direitos autorais (artigo 46 da Lei de Direito autorais) 1.a reprodução: a) na imprensa diária ou periódica, de notícia ou de artigo informativo, publicado em diários ou periódicos, com a menção do nome do autor, se assinados, e da publicação de onde foram transcritos; b) em diários ou periódicos, de discursos pronunciados em reuniões públicas de qualquer natureza; c) de retratos, ou de outra forma de representação da imagem, feitos sob encomenda, quando realizada pelo proprietário do objeto encomendado, não havendo a oposição da pessoa neles representada ou de seus herdeiros; d) de obras literárias, artísticas ou científicas, para uso exclusivo de deficientes visuais, sempre que a reprodução, sem fins comerciais, seja feita mediante o sistema Braille ou outro procedimento em qualquer suporte para esses destinatários; 2. a reprodução, em um só exemplar de pequenos trechos, para uso privado do copista, desde que feita por este,sem intuito de lucro; 3. a citação em livros, jornais, revistas ou qualquer outro meio de comunicação, de passagens de qualquer obra, para fins de estudo, crítica ou polêmica, na medida justificada para o fim a atingir, indicando‑se o nome do autor e a origem da obra; 4. o apanhado de lições em estabelecimentos de ensino por aqueles a quem elas se dirigem, vedada sua publicação, integral ou parcial, sem autorização prévia e expressa de quem as ministrou; 78 Unidade II 5. a utilização de obras literárias, artísticas ou científicas, fonogramas e transmissão de rádio e televisão em estabelecimentos comerciais, exclusivamente para demonstração à clientela, desde que esses estabelecimentos comercializem os suportes ou equipamentos que permitam a sua utilização; 6. a representação teatral e a execução musical, quando realizadas no recesso familiar ou, para fins exclusivamente didáticos, nos estabelecimentos de ensino, não havendo em qualquer caso intuito de lucro; 7. a utilização de obras literárias, artísticas ou científicas para produzir prova judiciária ou administrativa; 8. a reprodução, em quaisquer obras, de pequenos trechos de obras preexistentes, de qualquer natureza, ou de obra integral, quando de artes plásticas, sempre que a reprodução em si não seja o objetivo principal da obra nova e que não prejudique a exploração normal da obra reproduzida nem cause um prejuízo injustificado aos legítimos interesses dos autores. Saiba mais O mesmo prazo também é concedido aos autores de programas de computador. Contudo, há algumas especificidades. Para maiores detalhes, consulte: BRASIL. Casa Civil. Lei nº 9.609, de 19 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre a proteção da propriedade intelectual de programa de computador, sua comercialização no País, e dá outras providências. Brasília, 1998. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/LEIS/L9609.htm. Acesso em: 18 dez. 2018. INSTITUTO NACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL (INPI). Programa de computador: mais informações. 2018. Disponível em: https://bit.ly/3iMJjYN. Acesso em: 5 out. 2018. Existem também os chamados direitos conexos. E o que são? Direitos conexos referem‑se à proteção para artistas intérpretes ou executantes, produtores fonográficos e empresas de radiodifusão, em decorrência de interpretação, execução, gravação ou veiculação das suas interpretações e execuções. Essa proteção não afeta as garantias asseguradas aos autores das obras literárias, artísticas ou científicas. Os direitos de autor e os direitos 79 RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS conexos protegem diferentes pessoas. Por exemplo, no caso de uma canção, os direitos de autor protegem o compositor da música e o criador da letra; já os direitos conexos se aplicam aos músicos e ao cantor que interpretam a canção, ao produtor da gravação sonora (também chamada de fonograma) na qual a música é incluída e às empresas de radiodifusão que transmitem a música. Qual é a validade dos direitos conexos? É de setenta anos contados a partir de 1º de janeiro do ano subsequente à fixação, para os fonogramas; à transmissão, para as emissões das empresas de radiodifusão; e à execução e representação pública, para os demais casos (UTFPR, [s.d.]). Já em relação às patentes, observe as orientações do Instituto Nacional da Propriedade Industrial: Quais são os tipos de patentes e prazo de validade? Patente de Invenção (PI) — Produtos ou processos que atendam aos requisitos de atividade inventiva, novidade e aplicação industrial. Sua validade é de 20 anos a partir da data do depósito. Patente de Modelo de Utilidade (MU) — Objeto de uso prático, ou parte deste, suscetível de aplicação industrial, que apresente nova forma ou disposição, envolvendo ato inventivo, que resulte em melhoria funcional no seu uso ou em sua fabricação. Sua validade é de 15 anos a partir da data do depósito. Certificado de Adição de Invenção (C) — Aperfeiçoamento ou desenvolvimento introduzido no objeto da invenção, mesmo que destituído de atividade inventiva, porém ainda dentro do mesmo conceito inventivo. O certificado será acessório à patente e com mesma data final de vigência desta (INPI, 2018). Em relação à marca, o INPI (2018) observa que “O registro de marca vigora pelo prazo de dez anos, contados da data da concessão, prorrogáveis por períodos iguais e sucessivos. O pedido de prorrogação deverá ser formulado durante o último ano de vigência do registro, mediante pagamento”. O gestor precisa observar a forma de registro e a renovação do mesmo, quando necessário. Em relação ao desenho industrial, informa o INPI (2018): Uma vez concedido pelo Estado, o registro de desenho industrial é válido em território nacional e dá ao titular o direito, durante o prazo de vigência, de excluir terceiros de fabricar, comercializar, importar, usar ou vender a 80 Unidade II matéria protegida sem sua prévia autorização. O prazo de vigência é de dez anos contados da data de depósito, prorrogáveis por mais três períodos sucessivos de cinco anos. Vale ressaltar que durante o 5º ano de vigência é necessário o recolhimento da taxa quinquenal de manutenção, ou seja, o 2º Quinquênio, conforme artigos 119 e 120 da Lei da Propriedade Industrial (LPI) – Lei 9.279, de 1996. Saiba mais Outros links importantes no INPI: Indicação geográfica: conceitos e como registrar: BRASIL. Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. Guia básico de indicação geográfica. Brasília, 2015. Disponível em: https://www.gov.br/inpi/pt‑br/servicos/indicacoes‑geograficas. Acesso em: 18 dez. 2018. Guia básico de patentes: BRASIL. Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. Guia básico de patentes. Brasília, 2018c. Disponível em: https://bit.ly/3pZOEhd. Acesso em: 18 dez. 2018. Guia básico de marcas: BRASIL. Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. Guia básico de marca. Brasília, 2018b. Disponível em: https://www.gov.br/inpi/pt‑br/servicos/marcas. Acesso em: 18 dez. 2018. 81 RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS 7.2.1 Proteção sui generis A proteção sui generis envolve basicamente três vertentes. Observe o quadro a seguir: Quadro 9 Topografia de circuito integrado Envolve um conjunto organizado de interconexões, transistores e resistências, dispostos em camadas de configuração tridimensional sobre uma peça de material semicondutor. São conhecidos também como chips. Cultivar É uma nova variedade de planta, não encontrada na natureza, que possui características específicas resultantes de pesquisas em Agronomia e Biociências (Genética, Biotecnologia, Botânica e Ecologia). Conhecimento tradicional Envolve saberes empíricos, práticas, crenças e costumes passados de pais para filhos das comunidades indígenas ou de comunidade local (por exemplo, os ribeirinhos), sobre o uso de vegetais, micro‑organismos ou animais, cujas amostras contêm informações de origem genética. Por isso, seu acesso é controlado, no território nacional, para evitar usos indevidos em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos ou bioprospecção visando à aplicação industrial e aproveitamento comercial. Fonte: Jungmann (2010). 8 BOAS PRÁTICAS E ÉTICA NOS NEGÓCIOS O gestor de materiais e patrimônio deve levar em conta que o mundo dos negócios está mudando. Não se admitem práticas escusas, não transparentes. Especialmente os setores de compras das organizações estão cada vez mais monitorados e controlados. O mercado valoriza ações que garantam empresas comprometidas com a ética e com as boas práticas de mercado. A seguir serão abordados setores que podem fazer parte tanto da organização que o gestor estiver prestando serviços quanto de organizações que possam se relacionar com a do gestor, seja em relações de compra ou venda, seja em relações de caráter institucional. 8.1 Governança corporativa O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa estabelece a definição: Governança corporativa é o sistema pelo qual as empresas e demais organizaçõessão dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre sócios, conselho de administração, diretoria, órgãos de fiscalização e controle e demais partes interessadas. As boas práticas de governança corporativa convertem princípios básicos em recomendações objetivas, alinhando interesses com a finalidade de preservar e otimizar o valor econômico de longo prazo da organização, facilitando seu acesso a recursos e contribuindo para a qualidade da gestão da organização, sua longevidade e o bem comum (IBGC, [s.d.]). 82 Unidade II Observe‑se que as bases da governança corporativa procuram desenvolver na organização um ambiente de confiança entre todos os stakeholders (tudo e todos aqueles que, de alguma forma, se relacionam com a organização). Para esclarecer ainda mais, observe‑se o que está consignado no livro Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa: Os princípios básicos de Governança Corporativa são: Transparência Mais do que a obrigação de informar é o desejo de disponibilizar para as partes interessadas as informações que sejam de seu interesse, e não apenas aquelas impostas por disposições de leis ou regulamentos. A adequada transparência resulta em um clima de confiança, tanto internamente quanto nas relações da empresa com terceiros. Não deve restringir‑se ao desempenho econômico‑financeiro, contemplando também os demais fatores (inclusive intangíveis) que norteiam a ação gerencial e que conduzem à criação de valor. Equidade Caracteriza‑se pelo tratamento justo de todos os sócios e demais partes interessadas (stakeholders). Atitudes ou políticas discriminatórias, sob qualquer pretexto, são totalmente inaceitáveis. Prestação de Contas (accountability) Os agentes de governança devem prestar contas de sua atuação, assumindo integralmente as consequências de seus atos e omissões. Responsabilidade Corporativa Os agentes de governança devem zelar pela sustentabilidade das organizações, visando à sua longevidade, incorporando considerações de ordem social e ambiental na definição dos negócios e operações (IBCG, 2009). A governança corporativa estabelece uma base de confiança na organização, pois os princípios propiciam relações sadias e equilibradas. A área de compras é uma área especialmente importante, pois trata da aquisição de produtos variados que são indispensáveis para o bom funcionamento da organização. Pereira (2017) lembra que: Governança corporativa é, sobretudo, sinônimo de tomada de decisão. Em outras palavras, significa pôr a casa em ordem, sem esconder a sujeira embaixo do tapete. Mas, como começar a usar uma prática efetiva de gerenciamento nos negócios? 83 RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS Um bom começo para tomar as rédeas da empresa e domar percalços é exercer o controle total do setor de compras, área estratégica da empresa, já que seu poder de negociação interfere diretamente no preço final dos produtos e, logo, na competitividade. Afinal, cada R$ 1 economizado em compras é R$ 1 a mais no lucro da empresa. Observação Uma área de compras bem estruturada e transparente evita episódios de corrupção que podem comprometer a imagem de toda a organização. O que são os stakeholders? Bezerra (2014) apresenta a definição clássica de stakeholders: Stakeholder é uma pessoa ou grupo que possui participação, investimento ou ações e que possui interesse em uma determinada empresa ou negócio. O inglês stake significa interesse, participação, risco. Enquanto holder significa aquele que possui. Stakeholder também pode significar partes interessadas, sendo pessoas ou organizações que podem ser afetadas pelos projetos e processos de uma empresa. Como exemplos de stakeholders imaginamos que estes estão relacionados ao projeto, e, por isso, seriam o gerente, o patrocinador, a equipe e o cliente do projeto em questão, mas na prática, existem diversas outras partes interessadas, entre as quais podemos citar: concorrentes, fornecedores e investidores, por exemplo. Ou seja, o conceito inicial era aquele que definia quem possuía participação acionária para todos os que se relacionam com a organização. Para ilustrar, observe a figura a seguir, conforme Bezerra (2014): Fornecedores Comunidade local Mídias Grupos específicos Clientes Governos Empregados Proprietários Outros (eventuais) Defesa do consumidor Defesa do ambiente Concorrentes Empresa Figura 15 – Stakeholders Lembrete Compreender todos os aspectos da governança corporativa permite que o gestor atue de forma cada vez mais afinada com os valores que o mercado espera ver nas organizações. 84 Unidade II 8.2 Compliance Veríssimo (2017, p. 13) lembra que a palavra compliance é de procedência inglesa e significa “estar de acordo, cumprir com as leis e regulamentos estatais”, em conformidade com as boas práticas de mercado, com a ética e com a transparência. Makishi (2018) elenca as principais atribuições da área: As principais atribuições das áreas de “Compliance” são essencialmente os chamados “Pilares do Programa de Compliance”. São elas: (a) Identificar os riscos enfrentados pela organização e orientar a organização sobre eles (identificação) (b) Desenvolver e implementar mecanismos de controle para proteger a organização dos riscos identificados (prevenção) (c) Monitorar e reportar sobre a efetividade dos controles na administração da exposição a tais riscos (monitoramento e detecção) (d) Resolver dificuldades e ocorrências de não conformidade caso e conforme ocorram (resolução de problemas) (e) Orientar as áreas de negócios da organização sobre as regras/normas e controle. Ou, em outras palavras, a área de Compliance monitora possíveis problemas. A área de Materiais e Patrimônio é suscetível a uma série de problemas, pois está constantemente envolvida com compra e venda, ou seja, movimentando valores. O gestor da área deve colaborar com a área de Compliance, auxiliando‑a no que for necessário e contribuindo com ideias, além de reportar eventuais problemas. Neto (2017) estabelece alguns setores de atuação da área: O compliance corporativo contém, por princípio, um destacado teor de transparência que permite aos diversos grupos interessados acompanhar as atividades e o cumprimento das regras externas e internas que precisam ser atendidas, evitando fraudes e o descumprimento de requisitos que possam colocar em risco a sobrevivência institucional. A garantia da segurança refere‑se ao manejo de eventos que podem ou poderão resultar em responsabilidade para os prestadores de cuidados de saúde. Falhas e incidentes de diversos graus encontram‑se nesse âmbito. A Joint Commission conceitua gestão de risco como um conjunto de atividades clínicas e administrativas realizadas para identificar, avaliar e reduzir o risco de lesões aos pacientes, funcionários e visitantes e o risco de 85 RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS perda para a organização em si. Assim, ela não se restringe ao atendimento do paciente, mas estende‑se aos funcionários, visitantes e à organização como um todo. Deve, portanto, colaborar com outros setores, unidades e serviços para afiançar a conformidade com padrões que controlam as operações realizadas pelas organizações de saúde. A satisfação dos grupos interessados relaciona‑se com o atendimento às necessidades e expectativas dos clientes, funcionários/colaboradores, acionistas/proprietários e sociedade. É consequência de uma atuação coletiva institucional que advém da atitude de “querer fazer o melhor”, concretizando‑se, por fim, na excelência dos serviços. O quadro a seguir reúne o que o autor classifica de Sistema Global de Compliance. Observe que a área abordada pelo autor é a área médica. Com as devidas adaptações, esse sistema pode servir para qualquer área, haja vista que são três vertentes a serem consideradas: a legal (que observa todos os regramentos), a segurança e a satisfação organizacional. Quadro 10 – Compliance Sistema global de compliance Compliancecorporativo Garantia de segurança Satisfação dos grupos Prevenir fraudes e abusos econômico‑financeiros. Cumprir exigências legais sanitárias, trabalhistas, contábeis e financeiras. Mitigar questões advindas de relatórios e auditorias. Detectar e corrigir situações que impedem ou dificultam o cumprimento de leis, normas e regras. Eliminar atividades ou práticas perigosas através da identificação e minimização proativa de riscos. Minimizar e mitigar situações de risco através da modificação de processos/ sistemas. Dispor de um sistema de abordagem sistemática de incidentes. Melhorar a segurança de todos (pacientes, visitantes, funcionários, voluntários etc.). Proteger os ativos financeiros e a reputação da organização. Detectar e corrigir situações que aumentam a insatisfação. Encorajar os padrões mais elevados de cuidado. Eliminar ou educar funcionários e prestadores com precário desempenho. Melhorar o nível médio da prática assistencial e administrativa. Recompensar a excelência. Fonte: Neto (2017). Saiba mais Compreender todos os aspectos da governança corporativa permite que o gestor atue de forma cada vez mais afinada com os valores que o mercado espera ver nas organizações. Saiba mais a respeito no site do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC). Disponível em: www.ibgc.org.br. Acesso em: 6 nov. 2018. 86 Unidade II 8.3 Ombudsman e outros Marques (2016) explica o conceito de ombudsman: O termo ombudsman tem origem na Suécia e significa “representante do cidadão” ou “provedor da justiça”. A figura do ombudsman surgiu em 1809, nos países escandinavos, com a função de mediar e buscar as soluções para as reclamações da população no Parlamento. Aqui no Brasil, o cargo de ombudsman é semelhante ao de um ouvidor, responsável por mediar a conversa entre cliente e empresa. Este é um cargo obrigatório nos órgãos públicos brasileiros, que devem sempre buscar as soluções para os problemas apresentados pelos clientes. Na iniciativa privada, essa função nem sempre é realizada — o que pode ser muito prejudicial para as empresas e para o bom relacionamento com o cliente. Observe que a preocupação é ouvir aquele que consome um determinado produto e/ou serviço. O ombudsman deve ser independente, capaz de analisar a atuação da organização e, se for o caso, fazer críticas e propor correções de rotas. O jornal Folha de São Paulo possui a figura do ombudsman. Nas organizações públicas ou privadas, há outros setores que acabam por exercer funções semelhantes: • Serviço de Atendimento ao Cliente (SAC), no caso das organizações privadas; • Ouvidorias, no caso das organizações públicas. Observação Há organizações privadas que também possuem ouvidorias, além dos SACs. Normalmente, as organizações privadas deixam o atendimento das ouvidorias para casos excepcionais. O primeiro passo é conhecer as diferenças entre as duas. De acordo com a Abrarec (Associação Brasileira das Relações Empresa Cliente), o SAC é responsável por atender às demandas relativas a solicitações, dúvidas, reclamações e elogios. Para solucionar os problemas dos clientes, o serviço trabalha de acordo com processos vigentes e com padrões de atendimento e soluções predefinidos. Já a ouvidoria, de acordo com o Guia de Ouvidorias Brasil, da Abrarec, faz um atendimento focado no coletivo, porém, sem desprezar os interesses individuais. Esse serviço é a última instância para a solução dos conflitos entre empresa/fornecedor e cliente. Além disso, ela possui autonomia, caso seja necessário contatar diversas áreas da empresa (INFOMONEY, 2011). 87 RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS Já as ouvidorias em órgãos públicos têm funções mais amplas, que podem recepcionar desde a insatisfação do cidadão com determinado serviço público até denúncias de corrupção, por exemplo. Ouvidoria Geral do Estado de São Paulo Funções A Ouvidoria Geral do Estado tem, entre outras, as seguintes atribuições: Promover a proteção e a defesa do usuário do serviço público do Estado de São Paulo. Fomentar a transparência pública e contribuir para a aplicação das normas de acesso à informação previstas na lei. Realização a orientação normativa e o acompanhamento das ouvidorias, sugerindo ações para melhoria do atendimento ao usuário e do funcionamento do serviço público estadual. Sistematizar informações e produzir estatísticas indicativas do nível de satisfação dos usuários dos serviços públicos. Promover treinamento para capacitação dos servidores no atendimento ao cidadão. Administrar o Portal da Transparência Estadual (www.transparencia.sp.gov.br), que disponibiliza dados relevantes da Administração Direta, Indireta e Fundacional. Gerenciar e orientar o uso do portal Governo Aberto (OUVIDORIA GERAL DO ESTADO DE SÃO PAULO, [s.d.]). O gestor de materiais e patrimônio precisa observar que sua organização faz parte da sociedade e, como tal, há princípios que precisam ser seguidos. Tais princípios valorizam: • A organização: todos se beneficiam de uma organização que respeita as leis e as normas às quais está submetida. Escândalos ou desvios de qualquer natureza criam um viés negativo, além das consequências naturais de comportamentos não éticos (processos criminais, processos civis, reparação de danos, entre outros). • Os colaboradores e todos os outros stakeholders: em termos organizacionais, um setor de compliance atuante ajuda a manter a reputação do corpo funcional e de toda a rede de relacionamento da empresa. 88 Unidade II Saiba mais Para finalizar esta seção, acesse os links a seguir para conhecer mais a respeito de dois importantes conceitos que todo o gestor moderno precisa saber: a possibilidade de responsabilização da pessoa jurídica. As empresas podem ser responsabilizadas tanto nas esferas civil e administrativa quanto na esfera penal. Leia o artigo: NEVES, R. S. das. Lei Anticorrupção: a responsabilização administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública. Jus Navigandi, jun. 2014. Disponível em: https://bit.ly/35urCFK. Acesso em: 6 nov. 2018. Observação A atividade de gestão deve reunir o máximo de informações possíveis: o gestor analisa cada caso concreto e aplica seu conhecimento para administrá‑lo nas melhores formas da eficiência e da eficácia. Resumo A presente unidade teve como objetivo destacar ao estudante aspectos pertinentes à atividade de compras: os objetivos, os pontos de maior destaque e o estabelecimento de uma estrutura que possa ser pautada com parâmetros modernos da área de gestão. Conceitos atuais, como o de procurement, que é uma evolução do comprador tradicional, exemplificam a importância cada vez maior dessa área para as organizações. Foram apresentados os tipos e as modalidades de licitação, além dos fundamentos legais de sua prática. O gestor que se dedicar a comprar ou vender para organizações públicas precisa observar esses regramentos. A unidade também tratou de pontos complementares da gestão de patrimônio. Questões como a lucratividade, a qualidade e a satisfação dos clientes são sempre objetos de preocupação. Foram abordados os direitos de autor, direitos de propriedade e os direitos sui generis. Também foram apresentados os conceitos de stakeholders e outros relacionados com as políticas de transparência e combate às irregularidades nas organizações, como o compliance, a governança corporativa e a figura do ombudsman. 89 RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS Exercícios Questão 1. “Hoje, as empresas têm que lutar por um diferencial que as deixem mais sedutoras ao mercado, competitivas em seus segmentos. Nesse contexto, há de se chamar à atenção um setor que há alguns anos era visto como um departamento no qual as atividades eram burocráticas e repetitivas, um verdadeiro centro de despesas e que, se começar a ser tratado como um setor estratégico, ajudará as organizações nesse intento: o Setor de Compras” (FONTOLAN, 2011). Nestesentido, observando o aumento do papel estratégico, além do aumento da tecnologia que o setor dispõe, aponte a alternativa que descreve corretamente alguns elementos das compras técnicas: A) Área de suporte, foco em custo, gestão de fornecedores e planejadora. B) Área de suporte, foco em preço, gestão de fornecedores e planejadora. C) Gestora de categoria, gestão de fornecedores, avança na cadeia de suprimentos e atende por demanda. D) Foco em preço, cadastro de fornecedores, atende por demanda e etapa da cadeia de suprimentos. E) Foco na geração de valor a partir do gasto, preditiva, integração total na cadeia de suprimentos e função no negócio. Resposta correta: alternativa A. Análise das alternativas A) Alternativa correta. Justificativa: a alternativa coloca corretamente alguns dos elementos da divisão do setor em técnico. Neste modelo, que é intermediário no quesito de uso da tecnologia, o setor de compras deixa de ser meramente acessório e passa a atuar de forma mais autônoma, trazendo mais soluções às demais áreas da empresa. B) Alternativa incorreta. Justificativa: a alternativa está incorreta apenas por um elemento, que é o foco em preço. O foco em preço está atrelado ao setor quando ele quase não usa a tecnologia a seu favor e acaba por desempenhar‑se à reboque dos demais setores. C) Alternativa incorreta. Justificativa: de forma até intuitiva é possível observar que o “atende por demanda” não é algo característico de um setor que busca autonomia. Atender por demanda está ligado ao processo tático do setor de compras, e o processo tático é aquele ligado aos estágios iniciais do desenvolvimento do setor. 90 Unidade II D) Alternativa incorreta. Justificativa: todos os elementos apontados na alternativa fazem parte, na verdade, das compras táticas, estágio precedente ao estágio técnico. E) Alternativa incorreta. Justificativa: todos os elementos apontados na alternativa fazem parte do estágio subsequente ao estágio técnico, o chamado estágio estratégico, em que o envolvimento com tecnologia é muito maior e o setor trabalha quase que de forma autônoma, a fim de contribuir para melhores resultados gerais da empresa. Questão 2. “Os países ocidentais têm vivenciado uma crescente demanda de accountability como elemento fundamental à democratização do Estado. Tal demanda tem ensejado a defesa da transparência das instituições e das políticas públicas por ele implementadas. Essa defesa, por sua vez, visa tornar os governos responsáveis diante do público. O objetivo desse artigo é formular uma perspectiva crítica ao que nomeamos como “política da transparência” em favor do que chamamos de “política da publicidade”. Esta última tem como perspectiva fornecer um argumento normativo para o conceito de accountability, no sentido de aprofundar a democracia e fortalecer os processos de gestão pública” (FILGUEIRAS, 2011). Como se pôde notar, o conceito de accountability é muito importante na administração pública, no entanto, a fim de melhorar os processos, o conceito vem sendo amplamente utilizado pelas empresas privadas também. Sobre a governança corporativa, assinale a alternativa que descreve corretamente a importância da accountability para os gestores de materiais e patrimônio: A) Permite que o comprador tenha sagacidade ao negociar os produtos pretendidos pela empresa, ademais, accountability é um instrumento contábil que colabora na percepção dos preços justos dos materiais. B) O processo chamado de accountability fornece meios pelos quais a empresa fornecedora se exime de dolo ou culpa ao adquirir produtos de procedência duvidosa. C) Accountability é o uso desmesurado de práticas contábeis. Se por um lado isso acaba por engessar a operação, por outro, acaba por diminuir os possíveis erros das áreas ligadas à gestão de materiais e patrimônio. D) Accountability é um procedimento que permite que o responsável por determinada ação possa ser constrangido por demais pessoas ou áreas, diminuindo os riscos de procedimentos que vão de encontro aos objetivos da companhia. E) Accountability é uma das formas de que a empresa dispõe para melhorar os resultados financeiros, unindo, por meio da tecnologia, a área de gestão de patrimônio e materiais às áreas financeira e contábil. Resposta correta: alternativa D. 91 RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS Análise das alternativas A) Alternativa incorreta. Justificativa: apesar de aplicações em instrumentos contábeis, a accountability não tem nada a ver com sagacidade ou observância de preços justos à companhia. B) Alternativa incorreta. Justificativa: é justamente o oposto. Em um ambiente de governança corporativa, o processo de accountability fornecerá mecanismos que inibem a tomada de decisões que vão de encontro ao que se deseja dentro da companhia. C) Alternativa incorreta. Justificativa: accountability não é a prática desmesurada de práticas contábeis. D) Alternativa correta. Justificativa: accountability são mecanismos que permitem o controle das operações por meio de formas que permitem outras pessoas/áreas acompanhem os processos e, a partir deles, possam constranger os responsáveis pela operação. E) Alternativa incorreta. Justificativa: a conexão entre as áreas de contabilidade e financeira e a de gestão de materiais e patrimônio não é de responsabilidade da accountability. 92 FIGURAS E ILUSTRAÇÕES Figura 1 IMAGE.PHP?IMAGE=B21DARIO092.JPG. Disponível em: <http://www.imageafter.com/image. php?image=b21dario092.jpg>. Acesso em: 9 jan. 2019. Figura 2 ROBOT‑FACTORY‑AUTOMATON‑JAPAN.JPG. Disponível em: <https://www.cepolina.com/photo/ technology/mechanics/robot/4/robot‑factory‑automaton‑Japan.jpg>. Acesso em: 9 jan. 2019. Figura 4 IMAGE.PHP?IMAGE=B13OBJECTS015.JPG. Disponível em: <http://www.imageafter.com/image. php?image=b13objects015.jpg>. Acesso em: 9 jan. 2019. Figura 8 IMAGE.PHP?IMAGE=B21DARIO105.JPG. Disponível em: <http://www.imageafter.com/image. php?image=b21dario105.jpg>. Acesso em: 9 jan. 2019. Figura 9 IMAGE.PHP?IMAGE=B17MAARTENT1108.JPG. Disponível em: <http://www.imageafter.com/image. php?image=b17maartent1108.jpg>. Acesso em: 9 jan. 2019. Figura 10 TADEU, H. F. B.; ROCHA, F. M. Fundamentos da Gestão de Estoques. In: ABREU, H. F. B. (Org.) Gestão de estoques. Fundamentos, modelos matemáticos e melhores práticas aplicadas. São Paulo: Cengage Learning, 2017. p. 11. Figura 12 BRUM, V. Procurement de excelência: como obter resultados por meio de uma gestão de compras mais estratégica. O Papel, p. 32‑34, 20 fev. 2018. Disponível em: <http://www.revistaopapel.org.br/ noticia‑anexos/1519098138_a04fa284113f5c4c6193daa92678e72b_1177538847.pdf>. Acesso em: 2 out. 2018. p. 32. 93 REFERÊNCIAS Textuais AGUIAR, G. de F.; PEINADO, J. Compreendendo o Kanban: um ensino interativo ilustrado. Revista da Vinci, Curitiba, v. 4, n. 1, p. 133‑146, 2007. ARAÚJO, G. C. et al. Previsão de demanda e análise simplificada da gestão de estoque aplicada a uma empresa do setor alimentício. Brazilian Journal of Production Engineering, São Mateus, v. 4, n. 2, p. 48‑64, 2018. Disponível em: <http://www.periodicos.ufes.br/BJPE/article/view/v4n2_4/pdf>. Acesso em: 8 set. 2018. ARAÚJO, T. Direito autoral: tem prazo de validade? Mega Jurídico, 14 mar. 2016. Disponível em: <https://www.megajuridico.com/direito‑autoral‑tem‑prazo‑de‑validade/>. Acesso em: 8 set. 2018. ÁVILLA, R. Como calcular o estoque de segurança de um produto no seu controle de estoque. Luz, 28 set. 2015. 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Luiz Felix UNIDADE I Recursos Materiais e Patrimoniais A área da Administração de Materiais e Patrimônio tem relação com alguns conceitos: Planejar para que o dia a dia da empresa não se ressinta com a falta de materiais, por exemplo, para a fabricação de seus produtos. Executar é colocar em prática o que foi estabelecido no planejamento. Controlar é verificar se o planejamento está correto e se a execução também transcorreu sem qualquer problema. Se houve qualquer erro no planejamento ou na execução, o controle entra em cena, no sentido de corrigir o que for pertinente. O planejamento, a execução e o controle devem ser utilizados harmonicamente, um complementando o outro. Por exemplo, vamos pensar em uma viagem. Planejar, executar e controlar Administrar patrimônio e materiais é entender a importância desta área para a organização. Um dos aspectos fundamentais no campo da administração é controlar os estoques. O gestor precisa saber quantificar adequadamente o que comprar, para usar e estocar de forma racional. O gestor da área de Administração de Materiais e Patrimônio necessita ter uma visão sistêmica, ou seja, que não se concentre apenas em itens isolados. Essa visão do todo permite evitar erros que podem ocasionar perda de faturamento ou gastos excessivos. Importância de administrar patrimônio e materiais Há que se ter a preocupação com: o local para o estoque do insumo; seu prazo de validade; e possível substituição do item em função de atualização ou modernização do produto final. Gerir materiais é monitorar para nunca faltar o necessário, mas também evitar qualquer desperdício. A sazonalidade é um dos maiores desafios para a gestão de materiais. Importância de administrar patrimônio e materiais Administrar materiais e patrimônio não é uma atividade nova. A administração de materiais passou por várias fases na história da humanidade. Três dessas fases merecem destaque: A Revolução Industrial, meados dos séc. XVIII e XIX, acirrou a concorrência de mercado e sofisticou as operações de comercialização dos produtos, fazendo com que “compras” e “estoques” ganhassem maior importância. As fases da Primeira e Segunda Guerras Mundiais foram particularmente importantes no tocante aos aspectos logísticos em geral e nos aspectos de administração de materiais em particular, sejam materiais bélicos, sejam materiais de apoio para as tropas. Administração de materiais na história Visão sistêmica tem a ver com a visão geral, a visão do todo. É importante que o gestor aprenda a analisar qualquer problema dentro desse conceito, senão corre o risco de não adotar a solução correta. O gestor da área de materiais e patrimônio precisa trabalhar com visão sistêmica, pois suas decisões envolvem uma série de perspectivas da organização, que interagem constantemente. Por exemplo, vamos pensar na compra de um carro. A visão sistêmica é importante porque não adiantaria, por exemplo, ter equipamentos com alta tecnologia se não houvesse pessoas qualificadas para operá-los. Visão sistêmica Os bens de uma forma geral podem ser divididos em bens tangíveis e bens intangíveis. Os bens tangíveis são aqueles que podem ser tocados, ou seja, possuem materialidade. Já os bens intangíveis são incorpóreos. São exemplos de bens tangíveis: automóveis, prédios, máquinas industriais etc. São exemplos de bens intangíveis: direitosautorais, patentes, softwares etc. Bens tangíveis e intangíveis Alguns autores podem não diferenciar recursos materiais daqueles considerados patrimoniais. Apesar disso, outros autores preferem a distinção entre recursos materiais e patrimoniais, o que permite uma análise mais diferenciada. São exemplos de recursos materiais: materiais de uso cotidiano, produtos acabados, produtos semiacabados e materiais auxiliares. São exemplos de recursos patrimoniais: prédios, galpões, máquinas e equipamentos, veículos e terrenos. Recursos materiais e patrimoniais Além da gestão dos recursos materiais e patrimoniais, há outros recursos que a organização precisa gerenciar. Recursos humanos que são as pessoas. Capital que é o dinheiro que a organização dispõe para investimentos e/ou manutenção. Recursos tecnológicos que são aqueles com os quais as organizações conseguem desenvolver suas atividades de forma mais eficaz e eficiente. Outros recursos: humano, capital e tecnológico Até o momento, um conjunto de conceitos importantes foi apresentado. Dentre as frases abaixo, indique qual é falsa. a) A área da Administração de Materiais e Patrimônio tem relação com alguns conceitos como planejar, executar e controlar. b) O gestor precisa saber quantificar adequadamente o que comprar, para usar e estocar de forma racional. c) Visão sistêmica tem a ver com a visão geral, a visão do todo. d) Patente é um exemplo de bem tangível. e) Gerir materiais é monitorar para nunca faltar o necessário e evitar qualquer desperdício. Interatividade Até o momento, um conjunto de conceitos importantes foi apresentado. Dentre as frases abaixo, indique qual é falsa. a) A área da Administração de Materiais e Patrimônio tem relação com alguns conceitos como planejar, executar e controlar. b) O gestor precisa saber quantificar adequadamente o que comprar, para usar e estocar de forma racional. c) Visão sistêmica tem a ver com a visão geral, a visão do todo. d) Patente é um exemplo de bem tangível. e) Gerir materiais é monitorar para nunca faltar o necessário e evitar qualquer desperdício. Resposta Vários são os tipos de materiais que o gestor vai administrar na organização. Um dos mais importantes é o relacionado à gestão de estoques. O estoque exerce uma importância fundamental na organização, na medida em que propicia uma segurança no desenvolvimento das atividades. Importância dos estoques Um estoque mal dimensionado e mal administrado pode trazer vários prejuízos, entre eles: Prejuízo por estocar quantidade desnecessária de mercadorias: o excesso de mercadorias no estoque é capital imobilizado que poderia ser aplicado em outras áreas. Além disso, estoque envolve despesas com armazenamento, limpeza e segurança, por exemplo. Prejuízo por estocar quantidade que não supra a demanda. Nesse caso, em vez do excesso, o estoque poderá dar prejuízo pela falta de mercadorias: a organização deixa de vender porque não dispõe do produto. Isso pode gerar perda definitiva de clientes. Má administração dos estoques Um aspecto importante do qual nenhum gestor pode abrir mão é o respeito às responsabilidades éticas e sociais. Respeito aos padrões morais da sociedade é condição básica para as empresas que querem ser bem-sucedidas e ter uma marca reconhecida como confiável e honesta. A responsabilidade social é um conceito que deve englobar todas as áreas e níveis da empresa, envolvendo questões de reciclagem e respeito à biodiversidade. A empresa ambientalmente responsável pode, por exemplo, obter a certificação pela norma ISO 14000. Uma empresa que não se preocupa com esses fatores pode cair no descrédito e sofrer consequências, como a desvalorização de suas ações no mercado (no caso de empresas com capital aberto). Responsabilidades éticas e sociais A qualidade deve ser observada em todos os aspectos da organização. Existe uma norma que trata da gestão da qualidade que é a ISO 9000. Esta norma pode ser desenvolvida em qualquer organização, podendo ser aplicada desde a fabricação de um automóvel até a confecção de um sanduíche. Qualidade Atividades primárias relacionadas com a gestão de estoques Estoques – atividades primárias Fonte: Livro-texto C Compras P Pedidos Especificação correta dos pedidos de compra. Avaliação, seleção e monitoramento dos fornecedores. Definição das condições de compras: momento (quando), quantidade (quanto) e local de entrega (onde). Definição das formas de pagamento. Acompanhamento do comportamento da demanda juntamente com o estoque. Registro do pedido/ordem de compra ou prestação de serviço. Verificação da disponibilidade dos produtos requeridos no estoque. Conferência do produto separado com ordem do pedido solicitado antes de seu processo de expedição/distribuição. Rastreamento e acompanhamento do pedido até o momento da entrega ao cliente. M Manutenção estoques D Distribuição Cálculo dos níveis ideais de estoque. Definição dos parâmetros de ressuprimento do estoque. Monitoramento e controle dos níveis de estoques, bem como inventário físico-financeiro. Classificação dos materiais (curva ABC). Monitoramento da saída e da entrada de materiais. Definição de indicadores gerenciais. Definição do modal de transportes em função das disponibilidade e custos. Estudos de viabilidade de transporte intermodal. Definição das melhores rotas e trajetos a partir de cálculos de minimização de distância, tempo e custos. Cálculo dos custos de frete e tempo de transporte. Qual das seguintes atividades está relacionada com a manutenção de estoques? a) Definição das condições de compras: momento (quando), quantidade (quanto) e local de entrega (onde). b) Classificação dos materiais (curva ABC). c) Rastreamento e acompanhamento do pedido até o momento da entrega ao cliente. d) Definição do modal de transportes em função das disponibilidades e custos. e) Avaliação, seleção e monitoramento dos fornecedores. Interatividade Qual das seguintes atividades está relacionada com a manutenção de estoques? a) Definição das condições de compras: momento (quando), quantidade (quanto) e local de entrega (onde). b) Classificação dos materiais (curva ABC). c) Rastreamento e acompanhamento do pedido até o momento da entrega ao cliente. d) Definição do modal de transportes em função das disponibilidades e custos. e) Avaliação, seleção e monitoramento dos fornecedores. Resposta Estabelecer a fiscalização e controlar a entrada e saída dos produtos, seja em uma indústria, seja em um estabelecimento varejista. Garantir o abastecimento de materiais à empresa, prevenindo possíveis demoras de fornecimento, problemas originados em sazonalidades, entre outros. Proporcionar economias através de compras adequadas, pela eficiência no atendimento às necessidades ou outras razões do próprio processo produtivo. Estoques – objetivos Quantidade de produtos (matérias-primas para a produção ou mercadorias prontas para serem comercializadas) necessária para que o gestor evite riscos operacionais. Existem vários métodos de cálculos para o estoque de segurança, alguns são simples e outros mais complexos. O método apresentado a seguir é simplificado e leva em conta tão somente a demanda e o tempo de espera (lead time para o fornecimento). Estoque de segurança ou estoque mínimo Observe a seguinte fórmula: ES = DMD x TE ES = Estoque de segurança; DMD = Demanda Média Diária; TE= Tempo de entrega (dias) Exemplo: Uma empresa produz 200 produtos por dia e vende todos no mesmo dia. O tempo de entrega das matérias-primas para confeccionar cada um desses produtos é de 3 dias. Qual seria o estoque mínimo recomendado? ES = DMD X TE ES = 200 X 3 ES = 600 Resposta: O estoque de segurança ou estoque mínimo é de 600 produtos. Estoque de segurança ou estoque mínimo Matérias-primas: componentes queserão utilizados no processo de fabricação da organização, que vão gerar o produto acabado. Por exemplo, uma chapa metálica que será utilizada para fabricar um carro. Materiais auxiliares: materiais que ajudam na fabricação. Por exemplo, óleos lubrificantes. Materiais de manutenção: peças que servem de apoio à manutenção geral. Por exemplo, parafusos, pregos, ferramentas, entre outros. Tipos de estoque Materiais intermediários: conhecidas como peças em processos (WIP – work in process). Constituem-se nos produtos ainda não acabados. Por exemplo, a carcaça de um veículo. Materiais acabados: estoque de produtos prontos. Já podem ser enviados aos clientes. Por exemplo, uma caixa de refrigerantes. Tipos de estoque A organização precisa e depende de seus estoques para que possua um bom desempenho no mercado. Atender aos clientes com demandas variáveis (imediatas e sazonais). Proteger contra erros de suprimento, faltas e estoque esgotado. Auxiliar o nivelamento das atividades de produção, atendendo ao cliente interno. Decompor o processo em etapas sucessivas de modo que interrupções não parem todo o sistema. Aspectos importantes no gerenciamento de estoques Facilitar a produção de produtos diferentes nas mesmas instalações. Fornecer um meio de obter e manusear materiais em lotes econômicos e de ganhar descontos por quantidade. Fornecer um meio de proteção contra as incertezas de entregas e preços futuros, tais como greves, aumentos de preços e inflação. Aspectos importantes no gerenciamento de estoques Assegurar o suprimento adequado a todos os estoques (matéria-prima, auxiliar, produtos acabados etc.). Manter o nível de estoque mais baixo possível (sempre atendendo ao cliente). Verificar e eliminar itens defeituosos ou obsoletos. Prevenção contra danos, perdas, extravios ou mau uso. Aspectos importantes no gerenciamento de estoques Com relação aos tipos de estoque, qual das alternativas abaixo está incorreta? a) Matérias-primas são componentes que serão utilizados no processo de fabricação. b) Materiais auxiliares correspondem aos materiais que ajudam na fabricação. Por exemplo, óleos lubrificantes. c) Materiais de manutenção correspondem às peças que servem de apoio à manutenção geral. Por exemplo, parafusos, pregos, ferramentas, entre outros. d) Materiais intermediários são conhecidos como peças em processos (WIP – work in process). e) Materiais acabados correspondem aos produtos que acabaram. Interatividade Com relação aos tipos de estoque, qual das alternativas abaixo está incorreta? a) Matérias-primas são componentes que serão utilizados no processo de fabricação. b) Materiais auxiliares correspondem aos materiais que ajudam na fabricação. Por exemplo, óleos lubrificantes. c) Materiais de manutenção correspondem às peças que servem de apoio à manutenção geral. Por exemplo, parafusos, pregos, ferramentas, entre outros. d) Materiais intermediários são conhecidos como peças em processos (WIP – work in process). e) Materiais acabados correspondem aos produtos que acabaram. Resposta Existem vários métodos de previsão de demanda. No método da média aritmética móvel para prever a demanda do período seguinte, basta tirar a média aritmética simples de um determinado número de períodos anteriores. Exemplo: Dado o consumo de um certo produto nos meses apresentados, determine a previsão de demanda para o mês de julho. Somando as unidades de cada mês temos 660 unidades e dividindo pela quantidade de meses temos o resultado de 110. Ou seja, a previsão de demanda para o mês de julho utilizando o método da média aritmética móvel é de 110 produtos. Previsão de demanda Fonte: Livro-texto Meses Unidades Janeiro 100 Fevereiro 110 Março 120 Abril 110 Maio 100 Junho 120 O termo classificação ABC foi originado de um gráfico chamado “curva ABC”. Essa ferramenta permite identificar certas prioridades, e o gestor deve agir de acordo com a importância delas. Historicamente, o conceito da classificação ABC está vinculado ao chamado princípio de Pareto, homenagem ao sociólogo e economista italiano Vilfredo Pareto. 20% dos seus produtos representam 80% das vendas. 20% dos empregados são responsáveis por 80% dos resultados. 80% da poluição tem origem em 20% das fábricas. A parte mais importante é que 20% de todas as causas geram 80% dos efeitos. Se o gestor priorizar corretamente as ações corretivas, consegue resolver um número maior de problemas, agindo sobre as causas da relação 80/20. Previsão de demanda Classificação ABC: Classe A: grupo de itens mais importantes que devem ser tratados com uma atenção bem especial da administração. Classe B: grupo de itens em situação intermediária. Classe C: grupo de itens menos importantes que justificam uma menor atenção por parte da administração. Previsão de demanda Exemplo: No suporte à tomada de decisão em gestão hospitalar, profissionais utilizam-se de sistemas de gerenciamento de custos. É utilizado o método de classificação de materiais segundo a curva ABC. Abaixo temos os produtos da farmácia de um hospital com as quantidades consumidas, seguidos de informações sobre os percentuais em relação ao total das quantidades e valores de cada produto, além do custo total. O hospital gerencia seus estoques subsidiado pelos conceitos da curva ABC, classificada em função das quantidades consumidas de cada produto. Com base no princípio 80/20, pode-se afirmar que os produtos relacionados 1 e 2 têm um consumo de 75.000 unidades de um total de 100.000, ou seja, 75%. Já o item 3, 20.000 unidades, ou seja, 20%. E o item 4, apenas 5%. Previsão de demanda Fonte: Livro-texto Produtos Consumo (quantidades) Consumo (percentual) Custo unitário Custo total 1 40.000 40 R$ 120,00 R$ 4.800.000,00 2 35.000 35 R$ 98,00 R$ 3.430.000,00 3 20.000 20 R$ 80,00 R$ 1.600.000,00 4 5.000 5 R$ 35,00 R$ 175.000,00 Totais 100.000 100 R$ 10.005.000,00 Manter estoque sempre gera custos. Estoques enxutos são sempre recomendados. Entre os custos relativos à manutenção de estoques temos: Custos de capital estão relacionados a itens como o pagamento de juros ou a depreciação. Custos de armazenagem levando-se em consideração quantidade de material em estoque, tempo de armazenagem e taxa de armazenamento obtida a partir de diversos cálculos, que são as variáveis obtidas em cada organização. Custos de estoques Custos com pessoal calculados com base na mão de obra efetivamente utilizada no estoque. Custos com edificação como aluguéis, impostos, despesas com água, conservação em geral. Custos de manutenção relacionados à substituição ou manutenção de máquinas e equipamentos, por causa da deterioração, obsolescência ou manutenção. Custos de estoques Há algumas ferramentas que podem ajudar a reduzir os custos de estoque. Essas ferramentas propiciam administrar de forma mais racional. Entre as ferramentas temos o Just in Time (JIT) e Kanban. Ferramentas de otimização O Just in Time tem a propriedade de reduzir ou eliminar desperdícios que ocorrem em todos os setores da organização como compras, produção, distribuição e atividades de apoio. Filosofia do JIT: o gestor deve compreender seus fundamentos e entender que não se trata apenas de um processo. Na verdade, trata-se de uma forma de ver as coisas em que toda a organização precisa estar envolvida. A filosofia está centrada na eliminação do desperdício. Qualidade: o gestor deve procurar implantar práticas que garantam a satisfação do consumidor, utilizando as ferramentas mais adequadas com a cultura organizacional. Ferramentas de otimização Estoques: o JIT elimina os estoques, mas não é a preocupação central. Apesar dos estoques custarem dinheiro, eles podem esconder outros problemas organizacionais. Por exemplo, por que manter estoques se a produção pode ser mais bem monitoradae as compras podem ser feitas com mais exatidão e adaptados à demanda real? A palavra-chave é a organização da produção de acordo com a demanda. Pensando na função de gestor de materiais é importante observar que esse raciocínio deve ser estendido, também, para a compra de matérias-primas e outros materiais necessários à manutenção da organização. Ferramentas de otimização Kanban é uma palavra de origem japonesa e significa cartão ou cartaz. Basicamente o Kanban possui três campos: To Do (para fazer), Doing (em execução), Done (finalizado). Mas nada impede que sejam criados novos itens. Os campos são abastecidos com cartões, que trazem informações sobre a tarefa a ser executada, o nome da pessoa responsável e a hora que foi pedido. Cada cartão deve conter apenas uma tarefa. Ferramentas de otimização Para facilitar, a empresa pode usar cores diferentes de cartões para identificar o andamento das atividades (em dia, atrasadas ou com impedimento) ou para identificar o departamento responsável (vendas, desenvolvimento, design e conteúdo). É válido separar os primeiros cinco minutos do dia para fazer uma avaliação geral do quadro e definir novas diretrizes. Ferramentas de otimização Fonte: Livro-texto Tarefas planejadas Tarefas em execução Tarefas executadas 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Nos meses de julho a novembro uma empresa farmacêutica teve o consumo de um certo produto nas quantidades de 500, 450, 380, 530 e 340, respectivamente. Com base no método da média aritmética móvel, determine a demanda do mesmo produto para o mês de dezembro. a) 440. b) 340. c) 480. d) 390. e) 510. Interatividade Nos meses de julho a novembro uma empresa farmacêutica teve o consumo de um certo produto nas quantidades de 500, 450, 380, 530 e 340, respectivamente. Com base no método da média aritmética móvel, determine a demanda do mesmo produto para o mês de dezembro. a) 440. b) 340. c) 480. d) 390. e) 510. Justificativa: Basta somar as quantidades de cada mês, o que resulta em 2200 e dividir por 5 (quantidade de meses), obtendo então o valor de 440. Resposta ATÉ A PRÓXIMA! Prof. Me. Luiz Felix UNIDADE II Recursos Materiais e Patrimoniais Comprar é uma das mais importantes atividades da organização. A atividade de compras está relacionada com a política da empresa e de seu posicionamento estratégico. É de extrema confiança do nível estratégico da organização. Tudo deve ser muito bem documentado e todos os processos devidamente identificados como garantias adequadas do gestor de materiais e patrimônio. Atividades de compras Assegurar descrição completa das necessidades. quantidade, cor, tipo, eventuais diferenças de tamanho etc. Selecionar fontes de suprimentos. seleção de fornecedores. Conseguir informações de preços. cotar preços com possíveis fornecedores, priorizando, também, a qualidade. Colocar os pedidos (ordens de compra). formalizar a compra com os fornecedores. Atividades de compras Acompanhar (monitorar) os pedidos. acompanhar desde o pedido até a entrega. Verificar notas fiscais. verificação da documentação pertinente. Manter registros e arquivos. manter todos os registros do processo de compra, desde a identificação inicial até a finalização da compra e a respectiva entrega. Manter relacionamento com vendedores. para o esclarecimento de dúvidas rápidas ou de pedidos urgentes. Atividades de compras Comprar é sempre um procedimento complexo, que exige algumas providências: Anterior às compras: definir exatamente o que se necessita comprar. Durante as compras: comprar com qualidade e bom preço. Após as compras: verificar se o que foi entregue é o que foi comprado e checar outros itens, como eventuais garantias. Atividades de compras O ponto mais importante para o gestor de materiais e patrimônio é conhecer a relevância estratégica que a área de compras adquiriu nos últimos anos. Antes, comprar era meramente uma atividade acessória. Hoje, é de relevância para toda a organização. Atividades de compras Algumas distinções entre as diversas áreas de compras. Compras táticas estão relacionadas às atividades mais cotidianas. Compras técnicas estão relacionadas às exigências que uma compra mais qualificada traz. Compras estratégicas estão relacionadas às compras mais importantes sob o ponto de vista do negócio da organização, que busca uma integração total da cadeia de suprimentos. Atividades de compras Fonte: Livro-texto ÁREA DE COMPRAS Compras táticas (a) Área de suporte (b) Foco em preço (c) Analistas de compras (d) Cadastro de fornecedores (e) Atendimento por demanda (f) Etapa de cadeia de suprimentos STRATEGIC SOURCING Compras técnicas (a) Área de suporte (b) Foco em custo (c) Gestores da categoria (d) Gestão de fornecedores (e) Planejadora (f) Avança na cadeia de suprimentos PROCUREMENT Compras estratégicas (a) Função de negócio (b) Foco na geração de valor a partir do gasto (c) Estrutura matricial (gestor de pacotes e entidades) (d) Gestão de fornecedores em ambiente multicanal (Omnichannel) (e) Preditiva (f) Integração total na cadeia de suprimentos (end-to-end) P e rs p e c ti v a e s tr a té g ic a Máximo Mínima Uso de tecnologia Intenso Permitir continuidade de suprimentos para o perfeito fluxo de produção: O gestor de materiais tem sob a sua responsabilidade o fornecimento de insumos e demais materiais (para limpeza, manutenção etc.) que permitem o funcionamento da área produtiva. Coordenar os fluxos com o mínimo de investimentos em estoques e adequado cumprimento dos programas: Estoques desnecessários representam custo adicional em segurança, limpeza, despesa com horas trabalhadas. Objetivos da atividade de compras Comprar materiais e produtos aos mais baixos custos, dentro das especificações predeterminadas em qualidade, prazos e preços: Uma ampla cotação de preços é sempre recomendada. Preço mais baixo não pode justificar uma baixa qualidade do suprimento. Evitar desperdícios e obsolescência de materiais por meio de avaliação e percepção do mercado: Essa avaliação e percepção do mercado estão ligadas à correta previsão de demanda. Objetivos da atividade de compras Permitir à empresa uma posição competitiva, mediante negociações justas e credibilidade: O gestor deve sempre negociar melhores condições de aquisição. Essas negociações podem ser diretamente relacionadas aos preços e/ou condições de pagamentos. Manter parceria com os fornecedores para crescer junto com a empresa: Depois de selecionado, o fornecedor pode se tornar um parceiro estratégico, desde que haja garantias de que essa parceria preveja bons preços, preferência na entrega e agilidade em ocorrências excepcionais. Objetivos da atividade de compras Análise da qualidade: Em relação à qualidade, vale o preceito de que um produto feito com insumos de qualidade terá qualidade também. A certificação ISO 9000 é um indício de boas práticas. Análise da procedência: Quanto mais se conhece do fornecedor, mais efetivo é o trabalho bem estruturado. Conhecer a procedência do material utilizado pelo fornecedor é uma maneira de trazer qualidade segura para dentro da organização. Podem ser realizadas visitas ao fornecedor, com o objetivo de fazer verificações nesse sentido. Dicas para uma boa gestão de compras Análise das normas fiscais: Também sob o prisma legal e ético, o gestor deve estar atento às questões fiscais. O fornecedor deve estar em dia com as normas fiscais, por exemplo, emissão de nota, repasse e cobrança de impostos etc. Dicas para uma boa gestão de compras Comprar é uma das mais importantes atividades da organização, pois está relacionada com a política da empresa e de seu posicionamento estratégico. Sobre as atividades de compras, indique a alternativa incorreta. a) Tudo deve ser muito bem documentadoe todos os processos devidamente identificados. b) Comprar é sempre um procedimento complexo, que exige algumas providências antes, durante e após a compra. c) Uma ampla cotação de preços é sempre recomendada. d) Compras e gestão de estoques são atividades isoladas e os estoques desnecessários não representam custo adicional em segurança e limpeza. e) A certificação ISO 9000 é um indício de boas práticas também na área de compras. Interatividade Comprar é uma das mais importantes atividades da organização, pois está relacionada com a política da empresa e de seu posicionamento estratégico. Sobre as atividades de compras, indique a alternativa incorreta. a) Tudo deve ser muito bem documentado e todos os processos devidamente identificados. b) Comprar é sempre um procedimento complexo, que exige algumas providências antes, durante e após a compra. c) Uma ampla cotação de preços é sempre recomendada. d) Compras e gestão de estoques são atividades isoladas e os estoques desnecessários não representam custo adicional em segurança e limpeza. e) A certificação ISO 9000 é um indício de boas práticas também na área de compras. Resposta Se o gestor estiver exercendo suas atividades na área pública, é importante lembrar que há princípios constitucionais que devem ser observados. Sem a observação desses princípios, o gestor pode ter problemas na execução de suas atividades, além de ser responsabilizado em várias instâncias. Compras na área pública Constituição Federal de 1988. Cinco princípios básicos da administração pública: Legalidade: a administração pública está sujeita aos princípios legais, ou seja, às leis ou normas administrativas contidas na Constituição. Impessoalidade: aborda tanto a atuação impessoal, que objetiva a satisfação do interesse coletivo, quanto a própria administração pública. Moralidade: trata de obedecer não somente a lei jurídica, mas também a lei ética da própria instituição, ou seja, o administrador público precisa seguir alguns padrões éticos. Compras na área pública Cinco princípios básicos da administração pública (continuação): Publicidade: todo ato administrativo deverá ser publicado, com exceção dos que possuem sigilo nos casos de segurança nacional, investigações policiais ou de interesse superior da Administração, conforme previstos na lei. Eficiência: a atividade administrativa deve ser exercida de maneira perfeita, com rendimento funcional. Compras na área pública Licitação é o procedimento realizado pela Administração Pública que visa à contratação de um serviço ou aquisição de um determinado bem. Como não utiliza recursos próprios e sim recursos públicos (originados de impostos e arrecadações) a Administração quando compra, vende, cede, loca ou contrata serviços, deve oficializar seus contratos de forma legal. Licitação Licitação é o procedimento pelo qual a Administração selecionará a proposta que atenda suas necessidades e que seja mais vantajosa. Trata-se de uma obrigatoriedade imposta pela Constituição Federal, ou seja, a Administração Pública, quando pretende adquirir algum bem ou contratação de um serviço, deverá realizar Licitação. A licitação é um meio legal para que os órgãos públicos adquiram os materiais e serviços para si e também para o público que atendem. Exemplo: A presente licitação tem como objeto a contratação dos serviços de estudos de viabilidade e projetos básicos e executivos de fundações e estrutura, de instalações prediais e de climatização... Licitação Menor preço: O vencedor será o licitante que apresentar a proposta com o menor preço entre os licitantes considerados qualificados. A classificação se dará pela ordem crescente dos preços propostos. Melhor técnica: Serão avaliadas as características técnicas da contratação. Tipos de licitação Técnica e preço: A definição do vencedor se dará em função de critérios técnicos e dos valores contidos na proposta. Esses tipos de licitação, assim como a melhor técnica, devem ser utilizados na contratação de serviços de natureza predominantemente intelectual, em especial na elaboração de projetos, cálculos, fiscalização, supervisão e gerenciamento e de engenharia consultiva em geral. Tipos de licitação Maior lance ou oferta: O vencedor será o licitante que apresentar a proposta ou o lance com maior preço entre os licitantes qualificados. A classificação se dará pela ordem decrescente dos preços propostos. Tipo de licitação utilizado nos casos de alienação de bens e concessão de direito real de uso. O Sistema de Concessão permite a transferência, por meio de licitação, de um serviço ou bem público à iniciativa privada por prazo determinado (a propriedade continua sendo da União). Exemplo: Concessão de rodovias. Tipos de licitação A licitação é um meio legal para que os órgãos públicos adquiram os materiais e serviços para si e também para o público que atendem. A contratação de serviços de natureza predominantemente intelectual, em especial na elaboração de projetos, cálculos, fiscalização, supervisão e gerenciamento e de engenharia consultiva em geral utiliza qual tipo de licitação? a) Menor preço. b) Melhor técnica. c) Técnica e preço. d) Maior lance ou oferta. e) Menor lance ou oferta. Interatividade A licitação é um meio legal para que os órgãos públicos adquiram os materiais e serviços para si e também para o público que atendem. A contratação de serviços de natureza predominantemente intelectual, em especial na elaboração de projetos, cálculos, fiscalização, supervisão e gerenciamento e de engenharia consultiva em geral utiliza qual tipo de licitação? a) Menor preço. b) Melhor técnica. c) Técnica e preço. d) Maior lance ou oferta. e) Menor lance ou oferta. Resposta As modalidades de licitação dizem respeito a uma classificação quanto ao procedimento de acordo com o objeto que está sendo licitado. As modalidades são: Concorrência, Tomada de preços, Convite, Concurso, Leilão, Pregão e Consulta. Modalidades de licitação Concorrência: é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados que satisfaçam as condições do edital, publicados com antecedência mínima de trinta dias corridos e que comprovem possuir os requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital para execução de seu objeto. Ela é própria para contratos de grande valor. Toda vez que o governo vai realizar uma licitação ele precisa promover uma pesquisa de preço para que o órgão público saiba o valor de mercado do objeto que ele está licitando. Apesar de permitirem ampla participação, definem regras bastante exigentes, o que elimina parte dos concorrentes, deixando assim somente as empresas realmente habilitadas. No instrumento convocatório, o edital, nesse caso, deve ser encontrado o objeto detalhadamente previsto, qual a modalidade de licitação, qual o tipo de licitação a ser utilizado e quais são as condições de habilitação. Modalidades de licitação 30 dias corridos Data da publicação Data da licitação Tomada de preços: é a modalidade de licitação entre interessados devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas, observada a necessária qualificação. Ela é própria para contratos de valores intermediários. O que a diferencia é a existência da habilitação com antecedência dos licitantes através dos documentos de registros cadastrais. Após o cadastro e análise dos documentos apresentados, é emitido um certificado que permite a participação de uma empresa nesta modalidade. Prazo mínimo de publicidade: Modalidades de licitação 15 dias corridos Data da publicação Data da licitação Convite: é a modalidade de licitação em que a Administração Pública convida os interessados do ramo pertinente ao seu objeto, que deverão ser nomínimo 3, cadastrados ou não. O aviso da carta-convite é afixado em um quadro de avisos dentro do órgão público que fará o convite e publicado no site oficial do órgão público. Se uma outra empresa que não foi convidada tiver interesse em participar do convite, ele deverá se manifestar em até 24 horas antes da apresentação das propostas. Esta modalidade atende aos contratos de menor valor. Sendo uma modalidade simples, pode ser utilizada para compras que precisam ser feitas com agilidade. Prazo mínimo de publicidade: Modalidades de licitação 5 dias úteis Data da publicação Data da licitação Concurso: é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou remuneração aos vencedores, conforme critérios constantes de edital publicado na imprensa oficial com antecedência mínima de 45 dias. Não se trata de provimento de cargos no setor público, mas sim para destacar talentos no quesito intelectual nos setores ligados à ciência, tecnologia e à arte. Nesta modalidade a intenção não é a compra de bens ou serviços, por isso não são solicitadas as formalidades específicas da concorrência. Modalidades de licitação Leilão: é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para a venda de bens móveis que não servem mais para a Administração ou de produtos legalmente apreendidos ou penhorados, ou para a alienação de bens imóveis, a quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação. Prazo mínimo de publicidade: No mínimo 15 dias úteis. Modalidades de licitação Pregão: O pregão (que pode ser presencial ou eletrônico) é a modalidade de licitação para aquisição de bens e serviços comuns em que a disputa pelo fornecimento é feita em sessão pública, por meio de propostas e lances verbais, para classificação e habilitação do licitante com a proposta de menor preço. Sua grande inovação se dá pela inversão das fases de habilitação e análise das propostas, em que se verifica apenas a documentação do participante que tenha apresentado a melhor proposta, sendo uma modalidade mais ágil. Bens e serviços comuns são os que possuem especificações usuais no mercado. Exemplo: características de um computador com 8 Gb de memória RAM ou um veículo com tração nas 4 rodas. Não existe um valor mínimo ou máximo do bem ou serviço como nas modalidades de concorrência, tomada de preços ou convite, mas sim a natureza do objeto. Prazo mínimo de publicidade: No mínimo 8 dias úteis do pregão. Modalidades de licitação Consulta: Essa modalidade foi criada pela Lei n. 9.472/1997. É uma modalidade específica, utilizada pelas agências reguladoras (Anatel, Anac, entre outras agências), especialmente para bens não comuns. Bens não comuns que exigem a verificação do melhor custo benefício da técnica, da complexidade e não apenas preço. Cinco pessoas, físicas ou jurídicas, de elevada qualificação, serão chamadas a apresentar propostas. Modalidades de licitação A legislação das agências reguladoras estabeleceu a possibilidade de se utilizar, para a aquisição de bens e contratação de serviços por essas entidades, uma modalidade especial de licitação, prevista para essa categoria organizacional. Tal modalidade denomina-se: a) Concorrência. b) Tomada de preços. c) Convite. d) Leilão. e) Consulta. Interatividade A legislação das agências reguladoras estabeleceu a possibilidade de se utilizar, para a aquisição de bens e contratação de serviços por essas entidades, uma modalidade especial de licitação, prevista para essa categoria organizacional. Tal modalidade denomina-se: a) Concorrência. b) Tomada de preços. c) Convite. d) Leilão. e) Consulta. Resposta De tudo o que foi abordado é importante que o gestor de materiais e patrimônio se preocupe, sempre, com os aspectos administrativos da atividade. A estratégia de cada atividade deve ser traçada cuidadosamente. Planejar: é fundamental para que qualquer atividade seja bem-sucedida. Tal planejamento procura identificar as necessidades (demanda) e qual (ou quais) o produto a ser fornecido ou comprado (suprimento). Comprar: a compra envolve o gerenciamento das fontes, ou seja, a escolha dos fornecedores. Fazer: a realização está vinculada à manufatura e às operações. Mover: as operações para se efetivarem precisam de transporte para a devida distribuição. Vender: a venda é a consequência de todo o processo. Aspectos administrativos Administrar materiais, além da atividade em si, traz reflexos em toda a organização. Lucratividade da Empresa: É o resultado positivo, após deduzir do faturamento custos e despesas. Tanto custos quanto despesas representam os gastos da empresa. Ou seja, compõem os desembolsos que uma empresa faz. Porém, estes termos são utilizados para referenciar coisas diferentes. Custos: são os gastos necessários para executar a principal atividade de uma empresa e normalmente aparecem atrelados à linha de produção. Exemplos: gastos com matéria-prima, equipamentos utilizados nos processos de produção. Despesas: são gastos necessários e que normalmente estão ligados à geração de receita para o negócio. Exemplos: aluguel, telefone, internet, impostos. Aspectos administrativos Qualidade dos Produtos: O termo qualidade pode ser enxergado por diversas dimensões, isso ocorre por se tratar de um conceito multidimensional, englobando os aspectos de desempenho, características, confiabilidade, conformidade, durabilidade, atendimento, aparência (design) e ainda a qualidade percebida pelo cliente. Satisfação dos Clientes: Atender às expectativas do cliente em relação ao desempenho esperado do produto ou serviço prestado. Aspectos administrativos Propriedade intelectual é um termo pertencente ao meio jurídico, mas suas aplicações impactam as atividades de gestores, lideranças e empreendedores. Propriedade intelectual é um conjunto de diretrizes elaboradas para dar proteção legal às criações humanas, garantindo ao autor (pessoa física ou jurídica) o direito de utilizá-las para gerar lucro. Patentes, marcas, desenho industrial, indicação geográfica (queijo da Serra da Canastra) e direitos autorais são exemplos de ferramentas de aplicação da propriedade intelectual. Temos três tipos de Propriedade Intelectual: direito autoral, propriedade industrial e proteção sui generis. Propriedade intelectual Direito autoral: Produções artísticas, culturais e científicas são exemplos de obras intelectuais protegidas pelos direitos do autor. Exemplo: livro. Propriedade industrial: Se refere às criações que movimentam o mercado, sendo empregadas por empresas para manter a competitividade. O proprietário desses bens os registra para garantir, por tempo determinado, que será o único a fabricar, comercializar, importar, usar, vender e ceder a propriedade industrial. Exemplo: patente de medicamentos. Proteção sui generis: São criações híbridas, ou seja, que se encontram em um estado intermediário, juridicamente falando, entre a propriedade industrial e os direitos autorais. Exemplo: circuitos integrados (chips). Propriedade intelectual Governança corporativa é o sistema pelo qual as empresas e demais organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre sócios, conselho de administração, diretoria, órgãos de fiscalização e controle e demais partes interessadas (os stakeholders). A finalidade da governança corporativa é o aprimoramento contínuo dos processos de administração da empresa para que sejam sempre mais claros e imparciais. Governança corporativa Fonte: Livro-texto Transparência: As empresas possuem obrigação em divulgar algumas informações, principalmente dados financeiros. A transparência propõe-se que sejam divulgados dados e estratégias pertinentesmesmo que não sejam legalmente necessárias. É um mecanismo de preservação e otimização do valor da instituição e possui o intuito de fortalecer a confiança entre gestores das organizações e partes interessadas. Princípios básicos da governança corporativa Equidade: Caracteriza-se pelo tratamento justo de todos os sócios e demais partes interessadas (stakeholders). Atitudes ou políticas discriminatórias, sob qualquer pretexto, são totalmente inaceitáveis. Princípios básicos da governança corporativa Prestação de Contas (accountability): As informações da organização precisam ser divulgadas no tempo certo para que os tomadores de decisão e partes interessadas tenham em mãos todos os insumos necessários em tempo hábil para escolherem as melhores opções para a organização. Os agentes de governança devem prestar contas de sua atuação, assumindo integralmente as consequências de seus atos e omissões. Princípios básicos da governança corporativa Responsabilidade Corporativa Cabe aos agentes de governança prezar pela viabilidade econômico-financeira da empresa. Isso significa sempre desenvolver estratégias para reduzir impactos negativos na organização, assim como potencializar oportunidades. É necessário ressaltar que a elaboração desse planejamento deve contemplar o curto, médio e longo prazo. Princípios básicos da governança corporativa Os quatro princípios básicos da governança corporativa são: a) Legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade. b) Transparência, equidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa. c) Supremacia do interesse público, presunção de legitimidade, finalidade e razoabilidade. d) Legalidade, moralidade, publicidade e eficiência. e) Regionalização, hierarquização, resolubilidade e descentralização. Interatividade Os quatro princípios básicos da governança corporativa são: a) Legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade. b) Transparência, equidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa. c) Supremacia do interesse público, presunção de legitimidade, finalidade e razoabilidade. d) Legalidade, moralidade, publicidade e eficiência. e) Regionalização, hierarquização, resolubilidade e descentralização. Resposta ATÉ A PRÓXIMA!