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CirurgiaCirurgia 2022.1 7º SEMESTRE Avaliação do estado de saúde pré-operatório História médica Um histórico médico preciso é a informação mais útil que um clínico pode ter enquanto decide se um paciente pode passar por um tratamento dentário planejado de modo seguro. Dados o Dados biográficos o Principal queixa e seu histórico o História médica o Históricos social e médico da família o Revisão de sistemas o Exame físico o Resultados laboratoriais e de imagenologia Histórico de saúde É útil investigar especificamente sobre problemas médicos comuns que tendem a alterar o tratamento odontológico do paciente. Esses problemas incluem angina, infarto do miocárdio, sopros cardíacos, cardiopatia reumática, distúrbios hemorrágicos (incluindo uso de anticoagulantes), asma, doença pulmonar crônica, hepatite, doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), diabetes, uso de corticosteroide, distúrbio convulsivo, derrame e qualquer prótese implantada como articulação artificial e válvulas cardíacas. Os pacientes devem ser perguntados especificamente sobre alergias a anestésicos locais, Aspirina® e penicilina. Pacientes do sexo feminino, pertencentes a uma faixa etária apropriada, devem também ser indagadas, em cada visita, sobre a possibilidade de estarem grávidas. Um breve histórico familiar pode ser útil e deve considerar doenças hereditárias relevantes como hemofilia. O histórico médico deve ser atualizado regularmente. o Internações anteriores, operações, lesões traumáticas e doenças graves o Doenças leves recentes ou sintomas o Medicações usadas no momento ou recentemente e alergias (em especial, alergias a drogas) o Descrição de hábitos relacionados à saúde ou vícios como o uso de álcool, tabaco e drogas ilícitas, e a quantidade e tipo de exercício diário o Data e resultado do último checkup médico ou visita ao clínico Os resultados da avaliação médica são usados para atribuir uma classificação ao estado físico. Existem alguns sistemas de classificação, mas, geralmente, o mais usado é o sistema classificatório da American Society of Anesthesiologists (ASA) ASA I: Paciente normal, saudável ASA II: Paciente com doença sistêmica leve ou com um significante risco de saúde ASA III: Paciente com doença sistêmica grave que não é incapacitante ASA IV: Paciente com doença sistêmica grave que oferece risco de vida constante ASA V: Paciente moribundo que provavelmente não sobreviverá sem a operação ASA VI: Paciente com morte cerebral declarada que está passando por remoção de órgãos para doá-los. Adaptação para consultório odontológico ASA I: pacientes saudáveis Asa II: paciente extremamente ansionso, com história de episódios de mal-estar ou desmaio na clínica odontológica; paciente acima de 65 anos; obesidade moderada; gestantes nos 2 primeiros semestres de gestação. Hipertensos controlados com medicação, diabéticos tipo II, controlados com dieta e/ou medicação; portadores de distúrbios convulsivos, controlados com medicação; asmático, que ocasionalmente usa broncodilatador em aeressol e tabagistas, sem DPOC. Angina estável, assintomática e pacientes com história de infarto com mais de 6 meses. ASA III: Paciente com doença sistêmica severa, que limita suas atividades, obesidade mórbida, ultimo trimestre da gestação, diabético tipo I com doença controlada, hipertenso descontrolado, insuficiência cardíaca congestiva; doença pulmonar obstrutiva crônica; episódios frequentes de convulsão ou crise asmática; hemofilia. Paciente sob quimioterapia; infarto em menos de 6 meses. Exame físico Qualquer exame físico deve começar com a medição dos sinais vitais. Isto serve como um dispositivo para detectar problemas médicos que não foram previstos e como uma base para medições futuras. A avaliação física de várias partes do corpo geralmente envolve um ou mais dos seguintes meios primários de avaliação: (1) inspeção, (2) palpação, (3) percussão e (4) auscultação. Nas regiões oral e maxilofacial, a inspeção deve ser sempre realizada. O médico deve notar a distribuição dos pelos e sua textura, a simetria facial e a proporção, os movimentos oculares e a cor da conjuntiva, a permeabilidade nasal em cada lado, a presença ou a ausência de lesões cutâneas ou descoloração e as massas na face e pescoço. o Pulso arterial- carotídeo ou radial (verificar qualidade, ritmo, frequência, volume) o Frequência respiratória o Pressão arterial o Temperatura o Altura e peso o Solicitar exames complementares Tratamento de pacientes com condições médicas comprometidas Problemas Cardiovasculares Cardiopatia isquêmica Angina pectoris O estreitamento das artérias do miocárdio é um dos problemas de saúde mais comuns que os cirurgiões- dentistas encontram. O processo básico da doença é um estreitamento progressivo ou espasmo (ou ambos) de uma ou mais artérias coronárias. Isso leva a um descompasso entre a demanda miocárdica de oxigênio e a habilidade das artérias coronárias de abastecer o sangue arterial (que carrega oxigênio). A demanda de oxigênio do miocárdio pode ser aumentada, por exemplo, pelo esforço ou pela ansiedade. A angina é um sintoma de cardiopatia isquêmica produzida quando o abastecimento de sangue do miocárdio não é suficientemente aumentado para alcançar as altas exigências de oxigênio que resultam de uma doença arterial coronária. O miocárdio se torna isquêmico, produzindo pressão alta e sensação de aperto na região subesternal que pode se propagar ao ombro e braço esquerdo e até à região mandibular. O paciente pode reclamar de uma intensa sensação de dificuldade de respirar adequadamente. Embora existam algumas controvérsias sobre o uso de anestésicos locais contendo epinefrina em pacientes com angina, os benefícios (p. ex., anestesia prolongada e acentuada) compensam os riscos. No entanto, se deve tomar cuidado para evitar administração excessiva de epinefrina por meio do uso de técnicas de injeção apropriadas. Alguns médicos também aconselham não dar mais que 4 mL de uma solução anestésica local com uma concentração de epinefrina de 1:100.000 em uma dose total para adultos de 0,04 mg em cada período de 30 minutos. Angina mediante a esforço mediano, responde ao descanso e à nitroglicerina, pode ser operado normalmente. Já pacientes com angina mediante a esforço mínimo (instável) ou repouso, é recomendado postergar cirurgias programadas. Infarto agudo do miocárdio O IAM ocorre quando a isquemia (resultante de um descompasso entre a demanda de oxigênio e seu abastecimento) causa disfunção celular miocárdica e morte. O infarto agudo do miocárdio normalmente acontece quando uma área estreita de uma artéria coronária possui um coágulo que bloqueia todo ou a maior parte do fluxo sanguíneo. É a morte celular de uma parte do miocárdio, devido a isquemia prolongada da região. O tratamento de um problema cirúrgico bucal em um paciente que tenha tido um IAM começa com uma consulta ao seu médico. Geralmente, é recomendado que os principais procedimentos cirúrgicos programados sejam adiados até pelo menos 6 meses após o infarto. Pacientes que tiveram um IAM tomam Aspirina® e outros anticoagulantes para diminuir a trombogênese coronária; detalhes sobre isso devem ser procurados, pois podem afetar a tomada de decisões cirúrgicas. A utilização de anestésicos locais contendo epinefrina é segura, se dados em quantidades adequadas usando uma técnica de aspiração. Os sinais vitais devem ser monitorados durante o período transoperatório. Acidente vascular cerebral (derrame) Pacientes que sofreram um acidente vascular cerebral (AVC) são sempre suscetíveis a mais acidentes neurovasculares. Frequentemente, são prescritos anticoagulantes a esses pacientes e, se forem hipertensos, eles também tomam remédios para abaixar a pressão. Se um paciente desse tipo precisar de cirurgia, é desejável que o mesmoesteja liberado por seu médico, assim como um adiamento até as tendências hipertensivas importantes estiverem controladas. O estado neurológico básico do paciente deve ser avaliado e registrado no pré-operatório. O paciente deve ser tratado por um protocolo de redução de ansiedade não farmacológico e ter seus sinais vitais cuidadosamente monitorados durante a cirurgia. Se a sedação farmacológica for necessária, baixas concentrações de óxido nitroso podem ser utilizadas. Disritmias Pacientes que são propensos ou sofrem de disritmias cardíacas geralmente possuem um histórico de cardiopatia isquêmica que requer modificações no tratamento odontológico. Muitos defendem que se deve limitar a administração de epinefrina à quantidade de 0,04 mg. No entanto, além disso, esses pacientes podem estar tomando anticoagulantes ou ter um marcapasso cardíaco permanente. Marca-passos não apresentam contraindicações à cirurgia bucal e não há evidências que mostrem a necessidade de profilaxia antibiótica em pacientes com marca-passos. Equipamentos elétricos como o eletrocautério e micro-ondas não devem ser usados perto do paciente. Distúrbios renais Normalmente paciente com distúrbios renais apresentam anorexia, fraqueza, prurido, náuseas e letargia, dispneia, hipertensão arterial e edemas periféricos. É necessário solicitar exames complementares como: hemograma completo, coagulograma, IMR, ureia, creatinina e eletrólitos. Em casos de diálise, verificar qual tipo de diálise e sempre adiar o tratamento para o dia posterior a sessão de diálise É importante avaliar drogas nefrotóxicas (antibióticos, anti-virais, AINES) e a necessidade de suplementação com esteroides e profilaxia antibiótica Distúrbios hepáticos O paciente com danos severos no fígado resultantes de doença infecciosa, abuso de álcool, ou congestão biliar ou vascular precisa de atenção especial antes da realização da cirurgia bucal. Uma alteração de dose ou evitar drogas que necessitam de metabolismo hepáticopode ser necessário. A produção de vitamina K – fatores de coagulação vitamina K-dependentes (II, VII, IX, X) podem ser reduzidos em doenças hepáticas severas; portanto, obter uma Relação Normalizada Internacional (INR, do inglês, international normalized ratio tempo de protrombina [TP]) ou tempo de tromboplastina parcial (TTP) pode ser útil antes da cirurgia em pacientes com doenças hepáticas mais severas. A hipertensão portal causada por doença hepática pode também acarretar em hiperesplenismo – uma captura de plaquetas que causa trombocitopenia. Detectar um tempo de sangramento prolongado ou contagem baixa de plaquetas revela esse problema. Deve haver precauções contra a hepatite B e evitar drogas com metabolismo hepático, como Tilenol e tetraciclina. É necessário pedir coagulograma, avaliando deficiência de vitamina K e contagem de plaquetas e alterações no TGO e TGP. Diabetes Mellitus Pacientes diabéticos relatam polidipsia, poliúria, polifagia e perda de peso. Deve-se avaliar a glicemia em jejum acima de 120mg/dl (lembrando que pode ser falha- avaliar hemoglobina glicada). o Glicose em jeju, (até 180- 200mg/dl pode ser tolerável) o Hemglobina glicada: níveis glicêmicos de 3-6 meses (menor de 5,7% normal) - tratamento cirúrgico ideal menor de 7% Gravidez Embora não seja uma doença, a gravidez ainda é uma situação em que são necessárias considerações especiais para proteger a mãe e o feto em desenvolvimento quando uma cirurgia bucal é pedida. A preocupação primária, quando se trata de fornecer tratamento para uma paciente grávida, é a prevenção de danos genéticos ao feto. É praticamente impossível realizar um procedimento cirúrgico oral com sucesso sem o uso de radiografias ou medicamentos; portanto, uma opção é adiar qualquer cirurgia bucal programada até depois do parto para evitar riscos ao feto. Se a cirurgia durante a gravidez não puder ser adiada, devem ser realizados esforços para diminuir a exposição fetal aos fatores teratogênicos. No que diz respeito à imagenologia, o uso de forras de proteção e a realização de exame radiográfico periapical digital somente nas áreas que requerem cirurgia podem diminuir essa exposição. A lista de drogas que se acredita oferecerem pouco risco ao feto é pequena. Para cirurgias bucais, acredita-se que as seguintes drogas são menos prováveis de causar danos ao feto quando usadas em quantidades moderadas: lidocaína, bupivacaína, acetaminofeno, codeína, penicilina e cefalosporinas. Embora a Aspirina® seja segura, não deve ser dada no final do terceiro trimestre por causa de sua propriedade anticoagulante. É melhor que todas as drogas sedativas sejam evitadas em pacientes grávidas. O departamento americano de controle de alimentos e drogas (FDA) criou um sistema de categorização de drogas baseado no conhecido grau de risco ao feto humano causado por drogas específicas. Quando é preciso dar uma medicação a uma paciente grávida, o médico deve checar se a droga está em uma categoria de risco aceitável antes de dá-la à paciente. A gravidez pode ser estressante emocional e psicologicamente; portanto, é recomendado um protocolo de redução de ansiedade. Os sinais vitais da paciente devem ser obtidos, com atenção particular a qualquer elevação na pressão sanguínea (um possível sinal de pré-eclâmpsia). Uma paciente que está prestes a dar à luz pode precisar de um posicionamento especial da cadeira durante o tratamento porque se for colocada totalmente na posição supina, o conteúdo uterino pode causar compressão na veia cava inferior, comprometendo o retorno venoso ao coração e, consequentemente, o débito cardíaco. A paciente pode precisar estar em uma posição mais reta ou ter seu tronco levemente virado para um lado durante a cirurgia. Pausas frequentes para permitir que a paciente urine são normalmente necessárias no final da gravidez por conta da pressão fetal na bexiga. Complicações sistêmicas e emergências médicas Urgência X emergência Procedimento de emergência é aquele que necessita ser realizado prontamente, sem exames ou explicações prévias. Procedimento de urgência é aquele que necessita ser realizado dentro de no máximo 24 horas para não levar a um prejuízo permanente ao paciente ou até mesmo leva-lo a óbito. Prevenção Estudos revelam que a hiperventilação, as convulsões e a suspeita de hipoglicemia são as situações de emergência mais comuns de ocorrer nos pacientes antes, durante, ou logo após o tratamento dentário. Frequentemente são seguidas de síncope vasovagal, angina de peito, hipotensão ortostática, e reações de hipersensibilidade (alergias). A prevenção é a base do gerenciamento de emergências médicas. O primeiro passo é a avaliação do risco. Começa com uma cuidadosa avaliação médica no consultório dentário, o que requer um levantamento preciso do histórico médico do paciente, incluindo uma revisão orientada por respostas positivas relevantes ao histórico. Os sinais vitais devem ser registrados, assim como é preciso realizar um exame físico (adaptado ao histórico médico e problemas atuais de cada paciente). Protocolo de redução de ansiedade O protocolo não farmacológico inclui consultas de condicionamento, local fresco e calmo, música suave, evitar comentários sobre o procedimento, evitar instrumentais no campo de visão do paciente e dar preferência por consultas no período da manhã. Sedação em odontologia Indicada para pacientes intolerantes, para redução de distúrbios motores, procedimentos longos, redução de riscos em paciente sistemicamente comprometidos. Sedação oral: utiliza-se os benzodiazepínicos (diazepan, lorazepan, midazolan...) Emergências medicas normalmente provocadas por ansiedade o Angina pectoris o Crise de tireoide o Infarto do miocárdio o Choque de insulina (hipoglicemia) o Broncoespasmo asmático o Hiperventilação o Insuficiênciaadrenal (aguda) o Epilepsia o Hipertensão grave Preparação A preparação é o segundo fator mais importante na gestão das emergências médicas. A preparação para lidar com emergências inclui quatro ações específicas: o Assegurar que o próprio conhecimento do cirurgião-dentista sobre gestão de emergência é adequada e atualizada o Ter a equipe de apoio do consultório treinada para auxiliar nas emergências médicas, o Estabelecer um sistema de acesso imediato à prestadores de cuidados médicos capazes de auxiliar em situações de emergência o Equipar o consultório com equipamentos e suprimentos necessários para tratar inicialmente dos pacientes com problemas graves Educação continuada Na faculdade de odontologia, cirurgiões-dentistas são treinados de forma a avaliar o risco do paciente e a lidar com emergências médicas. Uma característica importante da educação continuada é manter certificação em Suporte Básico de Vida (SBV), incluindo o uso de unidades de Desfibrilador Externo Automático. Alguns especialistas recomendam que anualmente se mantenha uma educação continuada sobre o gerenciamento de emergências, ao passo que a atualização das habilidades em Suporte Básico de Vida (SBV) deve ser revista a cada dois anos. Suporye básico de vida (ABC da vida) o A airway (passagem de ar) o B breathing (respiração) o C circulation (circulação) A- Passagem de Ar é obtida e mantida pela combinação do seguinte 1. Estendendo a cabeça ao empurrar o queixo para cima com uma das mãos e empurrando a testa para trás com a outra mão 2. Empurrando a mandíbula para a frente, pressionando os ângulos mandibulares 3. Puxando a mandíbula para frente pela parte anterior 4. Puxando a língua para a frente, usando material de sutura ou instrumento para segurar a parte anterior da língua B-Respiração é fornecida por uma das seguintes opções 1. Ventilação boca-máscara 2. Bolsa de ventilação para ressuscitação C- Circulação é realizada por compressões cardíacas externas Emergências médicas Reações de Hipersensibilidade Muitos medicamentos administrados a pacientes submetidos à cirurgia oral podem atuar como estímulos antigênicos, provocando reações alérgicas. Dos quatro tipos básicos de reações de hipersensibilidade, apenas o tipo I (hipersensibilidade imediata) pode causar uma condição grave, potencialmente fatal. As reações alérgicas tipo I são mediadas principalmente por anticorpos imunoglobulina E (IgE). Tal como acontece com todas as alergias, a iniciação de uma resposta de tipo I exige a exposição a um antígeno encontrado previamente pelo sistema imunitário. A nova exposição ao antígeno desencadeia uma série de eventos que são, então, expostas localmente, sistemicamente, ou de ambas as formas, em diferentes graus de severidade. As manifestações clinicas de uma reação de hipersensibilidade incluem eritemas, urticarias, prurido, angiodema, sibilo, dispneia e em casos mais graves anafilaxia, cianose, taquicardia, hipotensão, arritmias cardíacas e parada cardíaca. Paramentação cirúrgica o Gorro o Máscara o Luvas cirúrgicas o Óculos de proteção o Campos e capotes Passo a passo: 1. EPI completo (máscaras, gorro, óculos de proteção e face shield); 2. Antissepsia intra oral do paciente (clorexidina 0,12% - bochechar por 1 minuto); 3. Degermação das mãos (com clorexidina 2% com tensoativos ou PVPI degermante- iodopovidona); 4. Vestimenta do capote; 5. Calças luvas; 6. Campo liso de bancadas; 7. Montagem da mesa; 8. Antissepsia extra oral do paciente (com clorexidina a 2% ou PVPI); 9. Campo fenestrado para paciente; 10. Protetor de sugadores e motores. Bases e princípios cirúrgicos Antes de iniciar qualquer procedimento cirúrgico, é necessária uma avaliação previa, na qual se coleta dados pertinentes e precisos. Realiza-se essa etapa por meio de entrevistas com o paciente e exames físicos, laboratoriais e de imagem. Isso pode incluir o encaminhamento para consultas com outros profissionais da saúde. Consultas com o paciente e exames físicos devem ser realizados sem pressa e de maneira cuidadosa. Necessidades básicas para cirurgia As necessidades básicas para a realização de um procedimento cirúrgico são: visibilidade, acesso adequado, iluminação, campo operatório limpo, organização, materiais estéreis, manutenção do campo, conhecimento dos pontos anatômicos, auxilio, manuseio atraumático do retalho. O acesso adequado requer, além da capacidade do paciente de abrir bem a boca, uma exposição cirúrgica suficientemente ampla. A retração dos tecidos a distância do campo operatório proporciona bem o acesso necessário. (A retração apropriada também protege os tecidos afastados de acidentalmente sofrer danos, como por instrumentos afiados.) Um campo cirúrgico livre de fluidos e debris também é necessário para uma visibilidade adequada. Atos operatórios fundamentais Diérese: é o ato de separar ou dividir os tecidos ou planos anatômicos para acesso cirúrgico. Pode ser feita por punção, incisão e divulsão ou descolamento. o Divulsão: é a cuidadosa separação dos tecidos, aproveitando o plano de clivagem ou sua constituição fascicula, como ocorre no tecido muscular. Realizada com instrumentos de ponta romba. Pode ser feita com descolador ou cureta de Molt, pinça hemostática, tesouras e afastadores. o Incisão: procedimento através do qual o bisturi comunica o meio externo com o interno. Pode ser feita com bisturi, gengivótomo de Kirkland e Orban Muitos procedimentos cirúrgicos orais e maxilofaciais precisam de incisões. É importante lembrar alguns princípios básicos ao realizar incisões. O primeiro princípio é que deve ser usada uma lâmina afiada de tamanho apropriado. Uma lâmina afiada permite que as incisões sejam feitas de forma limpa, sem dano desnecessário causado por golpes repetidos. O segundo princípio é que um golpe firme e contínuo deve ser usado ao fazer uma incisão. Golpes repetidos e experimentais aumentam a quantidade de tecidos danificados em um corte e quantidade de sangramento, impedindo assim a cicatrização e a visibilidade do corte. Golpes longos e contínuos são preferíveis a golpes curtos e intermitentes. O terceiro princípio é que o cirurgião-dentista deve cuidadosamente evitar cortar estruturas vitais ao fazer uma incisão. Portanto, para evitar o corte de grandes vasos ou nervos acidentalmente quando fizer incisões próximas ao local em que os principais vasos, dutos e nervos correm, o cirurgião-dentista deve fazer uma incisão profunda, o suficiente para definir a próxima camada principal. O quarto princípio é que incisões em superfícies epiteliais, que o cirurgião-dentista planeja reaproximar, devem ser feitas com a lâmina em posição perpendicular à superfície epitelial. Este ângulo produz bordas quadradas no corte, que são mais fáceis de reorientar propriamente durante a sutura, e é menos suscetível a necrose nas bordas do corte como resultado da isquemia das mesmas O quinto princípio é que incisões na cavidade oral devem ser devidamente aplicadas. Incisões em gengivas inseridas e sobre ossos saudáveis são mais desejáveis que aquelas em gengivas não inseridas, e ossos doentes e ausentes. Incisões aplicadas propriamente permitem que as margens do corte sejam suturadas intactas, que o osso saudável esteja pelo menos a alguns milímetros de distância do osso danificado, oferecendo assim suporte para a cicatrização do corte. Incisões aplicadas próximo ao dente a ser extraído devem ser feitas no sulco gengival, a não ser que pense ser necessário extirpar a gengiva marginal ou deixar a gengiva marginal intocada Planejamento do retalho Retalhos cirúrgicos são feitos para conseguir acesso cirúrgico a uma área ou para mover o tecido de um local para outro. Vários princípios básicos de projeto de retalho devem ser seguidos para prevenir as complicações da cirurgiade retalho: necrose, deiscência e dilaceração. Prevenção de Necrose no Retalho A necrose no retalho pode ser evitada se o cirurgião- dentista atender a quatro princípios básicos do projeto de retalho: o O cume (ponta) do retalho não deve nunca ser maior que a base, a não ser que a artéria principal esteja presente na base. Retalhos devem ter lados paralelos um ao outro ou, preferencialmente, convergir movendo da base para o cume do retalho. Diérese incisão divulsão o Geralmente, o comprimento de um retalho deve ter não mais que duas vezes a largura da base. Preferencialmente, a largura da base deve ser maior que o comprimento do retalho. A adesão estrita a este princípio é menos crítica na cavidade oral, mas em geral, o comprimento do retalho não deve jamais exceder a largura. o Quando possível, um fornecimento de sangue axial deve ser incluído na base do retalho. Por exemplo, um retalho no palato deve ser feito em relação à maior artéria palatina, quando possível. o A base dos retalhos não deve ser excessivamente torcida, esticada ou apertada com qualquer coisa que possa danificar os vasos, pois essas manobras podem comprometer a alimentação de suprimento de sangue e drenar o retalho, assim como os delicados linfáticos. Prevenção de Deiscência do Retalho A deiscência (separação) da margem do retalho é prevenida pela aproximação das bordas do retalho sobre o osso saudável, ao manusear gentilmente as bordas do retalho, e não colocando o retalho sobre pressão. Não deverá ser necessário usar nenhuma força significativa para unir os tecidos enquanto se sutura um corte. A deiscência expõe o osso subjacente e outros tecidos, produzindo dor, perda óssea e aumento da cicatriz. Prevenção da Dilaceração do Retalho A dilaceração de um retalho é uma complicação comum do cirurgião-dentista inexperiente que tenta realizar um procedimento usando um retalho que ofereça acesso insuficiente. Porque uma incisão longa devidamente reparada cicatriza tão rápido quanto uma incisão curta, é preferível criar um retalho no começo da cirurgia que seja grande o suficiente para o cirurgião- dentista evitar rompimento forçado ou interromper a cirurgia para estender a incisão. Retalhos de envelope são aqueles criados por incisões que produzem um retalho de uma face. Um exemplo é uma incisão feita ao redor do colo de vários dentes para expor o osso alveolar sem quaisquer incisões de liberação verticais. No entanto, se um retalho de envelope não oferecer acesso suficiente, outra incisão (relaxante) deve ser feita para prevenir a dilaceração do retalho. Incisões de liberação verticais (oblíquas) devem geralmente ser colocadas no espaço de um dente inteiro anteior à área de qualquer remoção óssea antecipada. A incisão é geralmente iniciada no ângulo da linha de um dente ou na papila interdental adjacente e é realizada obliquamente apical na gengiva retirada. A necessidade por mais de uma incisão de liberação é incomum quando usa um retalho para ganhar acesso cirúrgico oral de rotina. Exérese Tempo cirúrgico em que é realizada a remoção de uma parte ou totalidade de um órgão ou tecido, visando o diagnóstico, o controle ou a resolução da intercorrência. Cirurgia propriamente dita, sem necessidade de remoção de algum órgão ou estrutura. Hemostasia Prevenção de perda excessiva de sangue durante a cirurgia é importante para preservar a capacidade de armazenar oxigênio do paciente. No entanto, manter a hemostasia meticulosa durante a cirurgia é necessário por outras razões importantes. Uma é a diminuição da visibilidade criada por sangramento incontrolável. Mesmo uma sucção de alto volume não pode manter um campo cirúrgico completamente seco, particularmente nas regiões bem vascularizadas oral e maxilofacial. Outro problema que causa sangramento é a formação de hematomas. Esses colocam pressão nos cortes, diminuindo a vascularidade. Eles aumentam a tensão nas bordas do corte. E eles agem como meios de cultura, potencializando o desenvolvimento de infecções no corte. Meios para Promover Hemostasia do Corte Hemostasia do corte pode ser obtida por quatro meios. O primeiro é auxiliando mecanismos hemostáticos naturais. Geralmente realizado utilizando uma esponja de tecido para colocar pressão nos vasos que estão sangrando ou colocando um hemostático em um vaso. Ambos os métodos causam estagnação do sangue nos vasos, o que promove coagulação. Um segundo meio de obter hemostasia é pelo uso do calor para fundir a ponta dos vasos cortados (coagulação térmica). O calor é geralmente aplicado por uma corrente elétrica que o cirurgião-dentista concentra no vaso em sangramento, segurando o vaso com um instrumento de metal, tal como, um hemostato, ou tocando o vaso diretamente com a ponta do bisturi elétrico. O terceiro meio de ministrar hemostase cirúrgica é através de ligadura. Se um vaso de tamanho considerável for cortado, cada ponta é segurada com um hemostato. O cirurgião dentista então amarra suturas não absorvíveis ao redor do vaso. Se um vaso pode ser dissecado livre do tecido conjuntivo ao redor, antes que seja cortado, duas pinças hemostáticas podem ser colocados no vaso com espaço suficiente entre elas para cortar o vaso. Uma vez que o vaso seja cortado, suturas são amarradas em volta de cada ponta e as pinças hemostáticas são removidas. O quarto meio para ministrar hemostase é colocar no corte substâncias de vasoconstrição, tais como, epinefrina, ou aplicar pró-coagulantes, tais como trombina ou colágeno no corte. A epinefrina funciona como um vasoconstritor mais efetivamente quando colocada no local em que deseja a vasoconstrição por pelo menos 7 minutos antes da cirurgia começar. Forma de obter hemostasia: o Temporária: compressão digital; pinçar o vaso, tamponamento com gaze e uso de vasoconstritores. o Definitiva.: anastomose do vaso ou cauterização do mesmo. Síntese É o conjunto de manobras para união dos tecidos com finalidade de restituir o seu estado anatômico e funcional Agulha para sutura: possuem diferentes tamanhos e estes estão relacionados com um semi-circulo. Todas – possuem 3 componentes básicos: a conexão final, o corpo e a extremidade (triangular ou cilíndrica). Sutura não absorvível: seda- trançada; Nylonmonofilamentar; poliéster-trancado; Sutura absorvível: Categute simples- de origem animal; Vicryl; Poliglicóica-trançado; monocrylmonofilamentar. Forma e espessura do fio: a forma pode ser monofilamentar, composto apenas por um único fio, ou miltifilamentar, composto pela união de vários fios. Dentro dos multifilamentares, podemos classifica-los em torcido, trançado e trançado revertido Já a espessura do fio está relacionada a espessura do fio em milímetros e se encontra de forma decrescente, sendo o 2-0 um fio mais calibroso que o fio 6-0. Tipos de sutura: sutura simples, em X, colchoeiro vertical, continua, colchoeiro horizontal ou em U. Estado geral da saúde e cicatrização de feridas do paciente A cicatrização apropriada do corte depende da capacidade do paciente de resistir a infecções, de fornecer nutrientes essenciais para usar como materiais de construção, e executar processos celulares reparadores. Inúmeras condições médicas prejudicam a capacidade do paciente de resistir a infecções e cicatrizar cortes. Isto inclui condições que estabelecem um estado catabólico de metabolismo que impede entrega de oxigênio ou nutrientes aos tecidos, ou que requerem administração de drogas ou agentes físicos que interferem com células imunológicas ou cicatrização de cortes. Exemplos de doenças que induzem um estado metabólico catabólico inclui: o Tipo I de diabetes melitus mal controlada, o Doença hepática ou renal em estágio final o Doenças malignas. Condições que interferem na entrega de oxigênio ou nutrientes a tecidos lesionadosincluem doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) grave, insuficiência cardíaca congestiva (ICC) descompensada, e toxicodependências tais como alcoolismo. Doenças que requerem a administração de medicamentos que interferem com as defesas do hospedeiro ou capacidade de cicatrizar cortes incluem doenças autoimunes para as quais é dada uma terapia de corticosteroides a longo prazo e malignidades para as quais são usados agentes citotóxicos e irradiação. Técnicas específicas para remoção de cada dente Dentes Maxilares Incisivos Os incisivos maxilares são extraídos com o fórceps universal superior (nº 150), apesar de outros fórceps poderem ser usados. Incisivos maxilares geralmente têm raízes cônicas, com os laterais sendo levemente mais longos e mais delgados. O incisivo lateral é mais provável de também ter uma curvatura distal no terço apical da raiz, então isso deve ser conferido radiograficamente antes de o dente ser extraído. O osso alveolar é fino no lado vestibular e mais denso no lado palatino, o que indica que a maior expansão do processo alveolar será na direção vestibular. O movimento inicial é lento, constante, e firme na direção vestibular, o que expande a crista óssea vestibular. Uma força palatina menos vigorosa é usada então, seguida de uma força rotacional lenta e firme. Movimentos rotacionais devem ser minimizados para o incisivo lateral, especialmente se a curvatura existe no dente. O dente é removido na direção labioincisal com pequena quantidade de força de tração. Caninos O canino maxilar é normalmente o dente mais longo da boca. A raiz é oblonga em seção transversal e normalmente produz uma protuberância chamada eminência canina na superfície anterior da maxila. O resultado é que o osso sobre o aspecto labial dos caninos maxilares é usualmente fino. Apesar do osso labial fino, esse dente pode ser difícil de extrair simplesmente por causa da sua longa raiz e área superficial larga para a presença de ligamento periodontal. Além disso, não é incomum um segmento de osso alveolar vestibular fraturar da lâmina labial e ser removida com o dente. O fórceps universal superior (nº 150) é o instrumento preferido para remover o canino superior, após elevação. Como todas as extrações a colocação inicial das pontas do fórceps no canino deve ser o mais apical possível. O movimento inicial é apical e depois para o lado vestibular, com retorno da pressão para o lado palatino. Enquanto o osso expande e o dente fica com mobilidade o fórceps deve ser reposicionado apicalmente. Uma pequena quantidade de força rotacional pode ser usada na expansão do alvéolo dentário, especialmente se dentes adjacentes estão ausentes ou acabam de ser extraídos. Após o dente ter sido bem luxado, é removido do alvéolo na direção labioincisal com forças de tração labiais . Primeiro pré-molar O primeiro pré-molar maxilar é unirradicular nos primeiros dois terços, com a bifurcação na raiz vestíbulo-lingual normalmente ocorrendo do terço apical até a metade. Essas raízes podem ser extremamente finas e sujeitas a fratura, especialmente em pacientes mais velhos nos quais a densidade óssea é grande e a elasticidade óssea está diminuída. Talvez a fratura de raiz mais comum durante a extração de dentes em adultos ocorra com este dente. Quanto aos outros dentes maxilares, o osso vestibular é fino comparado com o osso palatino. O fórceps superior universal (nº 150) é instrumento de escolha. Como alternativa, o fórceps nº 150 pode ser usado para a remoção do primeiro pré-molar maxilar. Devido à grande probabilidade de fratura radicular, o dente deve ser luxado o máximo possível com a alavanca reta. Se ocorrer fratura de raiz, uma ponta de raiz solta pode ser removida mais facilmente que uma que não tenha sido bem luxada. Devido à bifurcação do dente em duas raízes de pontas finas, as forças de extração devem ser cuidadosamente controladas durante a remoção do primeiro pré-molar superior. Movimentos iniciais devem ser vestibulares. Movimentos palatinos são feitos com pequenas quantidades de força para prevenir fratura da ponta palatina da raiz, que é mais difícil de recuperar. Quando o dente é luxado vestibularmente, é mais provável que a raiz que se quebre seja a palatina. Das duas pontas da raiz, a vestibular é mais fácil de recuperar devido ao osso fino que a recobre. Assim, como em outros dentes maxilares, pressões vestibulares devem ser maiores que pressões palatinas. Qualquer força rotacional deve ser evitada. Remoção final do dente do alvéolo é feita com força tradicional em direção oclusal e levemente vestibular. Segundo pré-molar O segundo pré-molar superior é unirradicular no completo comprimento da raiz. A raiz é grossa e tem uma extremidade romba. Consequentemente, a raiz do segundo pré-molar raramente se quebra. O osso alveolar que o cobre é similar ao de outros dentes maxilares sendo fino no aspecto vestibular, com lâmina alveolopalatina densa. O fórceps recomendado é o universal maxilar, ou o nº 150; alguns cirurgiões preferem o fórceps nº 150A. Os fórceps são forçados o mais apicalmente possível para que ganhem maior vantagem mecânica na remoção desse dente. Como a raiz do dente é forte e robusta, a extração requer movimentos fortes de vestibular de volta para o palato, e depois na direção vestíbulo-oclusal tracionando com força rotacional. Molares O primeiro molar maxilar tem três raízes grandes e fortes. Raízes vestibulares são normalmente mais próximas, e as raízes palatinas divergem largamente na direção do palato. Se as duas raízes vestibulares também forem muito divergentes, torna-se difícil remover este dente por extração fechada. Mais uma vez, o osso alveolar que o cobre é similar aos outros dentes na maxila; a lâmina vestibular é fina e a lâmina cortical palatina é grossa e densa Se o seio está próximo às raízes e estas forem muito divergentes, perfuração sinusal causada pela remoção de uma porção do assoalho do seio durante a remoção do dente é bastante provável. Se isso parece ser provável após a avaliação pré-operatória, o cirurgiãodentista deve considerar fortemente uma extração cirúrgica. Os fórceps pareados nº 53R e nº 53L são normalmente usados para extração dos molares maxilares. Esses dois fórceps têm projeções nas pontas vestibulares para caber na bifurcação vestibular. Alguns cirurgiões preferem usar o fórceps nº 89 e nº 90. Esses dois fórceps são especialmente úteis se a coroa do molar tem cáries extensas ou grandes restaurações. Os fórceps para molares superiores são adaptados ao dente e ajustados o mais apicalmente possível da maneira usual. O movimento básico de extração é usar pressões vestibulares e palatinas fortes, com maiores forças na direção vestibular em vez da palatina. Forças rotacionais não são úteis para extração deste dente devido às suas três raízes. Assim, se o dente tem raízes muito divergentes e o cirurgião-dentista suspeita que uma raiz pode estar fraturada, o dente deve ser luxado de tal forma que previna fratura da raiz palatina. O cirurgião-dentista deve minimizar a força palatina porque esta força fratura a raiz palatina. Pressão vestibular forte, lenta e constante expande a lamina vestibulocortical e rompe as fibras do ligamento periodontal que seguram a raiz palatina em posição. Forças palatinas devem ser usadas, mas mantidas no mínimo. A anatomia do segundo molar maxilar é similar à do primeiro molar maxilar exceto pelo fato de que as raízes tendem a ser menores e menos divergentes, com as raízes vestibulares mais comumente fusionadas em uma única raiz. Isso significa que o dente é mais facilmente extraído pela mesma técnica descrita para o primeiro molar. O terceiro molar irrompido frequentemente tem raízes cônicas e é usualmente extraído com os fórceps nº 210S, que é o fórceps universal usado para o lado direito e esquerdo. O dente é normalmente removidofacilmente porque o osso vestibular é fino e as raízes são normalmente fusionadas e cônicas. O terceiro molar irrompido também é frequentemente extraído com o uso apenas de alavancas. Visualização clara dos terceiros molares maxilares na radiografia pré-operatória é importante porque a anatomia das raízes deste dente é variável e frequentemente raízes pequenas dilaceradas e com ganchos existem nesta região. A recuperação de raízes fraturadas nesta região é difícil devido a maior limitação do acesso. Dentes Mandibulares Dentes anteriores Incisivos mandibulares e caninos são similares em formato, com os incisivos sendo menores e levemente mais finos, e as raízes dos caninos sendo maiores e mais densas. As raízes dos incisivos são mais passíveis de fratura, porque elas são finas, e assim, elas devem ser removidas apenas após adequada luxação pré-extração. O osso alveolar que cobre os incisivos e os caninos é fino nos lados labial e lingual. O osso sobre o canino pode ser mais grosso, especialmente no aspecto lingual. O fórceps universal inferior (nº 151) é normalmente usado para remover esses dentes. As pontas dos fórceps são posicionadas no dente e ajustadas apicalmente com grande força. Os movimentos de extração são geralmente em direção vestibular e lingual, com igual pressão em ambos os sentidos. Uma vez que o dente esteja luxado e móvel, movimentos rotacionais podem ser usados para expandir mais o osso alveolar. O dente é removido do alvéolo com forças tradicionais na direção labioincisal. Pré-molares Pré-molares mandibulares estão entre os dentes mais fáceis de remover. As raízes tendem a ser retas e cônicas, embora algumas vezes finas. O osso alveolar que o cobre é fino no aspecto bucal e mais denso no lado lingual. O fórceps universal inferior (nº 151) é normalmente escolhido para a extração dos prémolares mandibulares. O fórceps nº 151A e o fórceps estilo inglês são alternativas populares para extração desses dentes. Os fórceps são forçados apicalmente o mais longe possível, com os movimentos básicos na direção vestibular, retornando ao aspecto lingual, e finalmente, rodando. Movimento rotacional é usado mais na extração desses dentes do que em quaisquer outros, exceto, talvez, pelos incisivos centrais maxilares. Os dentes são então removidos na direção oclusovestibular. Se existir alguma curvatura de raiz, o movimento rotacional deve ser reduzido ou eliminado no procedimento de extração. Molares Molares mandibulares normalmente têm duas raízes, com as raízes do primeiro molar mais amplamente divergentes que as do segundo molar. Adicionalmente, as raízes podem convergir no ápice. Os fórceps nº 17 são normalmente usados para extração dos molares mandibulares; esses fórceps têm pequenas projeções nas pontas e ambos os bicos para caber na bifurcação das raízes dos dentes. Os fórceps são adaptados à raiz do dente na forma usual, e a pressão apical é aplicada para ajustar os fórceps o mais apicalmente possível. Movimento vestíbulo-lingual forte é usado para expandir o alvéolo ósseo e permitir que o dente seja extraído na direção vestíbulo-oclusal. O osso alveolar lingual ao redor do segundo molar é mais fino que a lâmina vestibular, para que o segundo molar possa ser removido mais facilmente com pressão lingual em vez de pressão vestibular. Se as raízes forem claramente bifurcadas, o fórceps nº 23, ou fórceps chifre de vaca, pode ser usado. Este instrumento é desenhado para ser forçado com as alças apertando assim as pontas dentro da bifurcação. Isso cria uma força contra a crista alveolar no aspecto vestibulolingual e literalmente força os dentes para cima e diretamente para fora do alvéolo. Se isso não obtiver sucesso inicialmente, os fórceps são usados em movimentos vestibulolinguais para expandir o osso alveolar, e as alças do fórceps são movidas para cima e para baixo para ajustar as pontas mais profundamente na furca. Maior pressão das alças do fórceps é feita. Terceiros molares mandibulares irrompidos normalmente têm raízes cônicas. Como a bifurcação não é comum, o fórceps nº 222 – de pontas curtas, angulado – é usado para extrair esses dentes. A lâmina óssea lingual é definitivamente mais fina que a lâmina cortical vestibular, então a maioria das forças de extração deve ser feita para a lingual. O terceiro molar é removido na direção oclusolingual. Os terceiros molares mandibulares irrompidos que estão em função podem ser decepcionantemente difíceis de extrair. O cirurgião-dentista deve levar em consideração usar a alavanca reta e alcançar determinado grau de luxação antes da aplicação do fórceps. A pressão deve ser aumentada gradualmente, e tentativas de mover o dente devem ser feitas antes que fortes pressões finais sejam feitas. Terapêutica medicamentosa em cirurgia oral Na clínica odontológica, a dor invariavelmente é de caráter inflamatório, e pode ser classificada como aguda, quando é de curta duração, ou crônica, de curso mais prolongado, em geral relacionada a certos tipos de distúrbios da articulação temporomandibular. Toda intervenção cirúrgica odontológica provoca destruição tecidual, gerando respostas inflamatórias agudas. Essas reações se caracterizam pela presença de dor, que pode ser acompanhada por edema (inchaço) e limitação da função mastigatória. A defesa do nosso organismo é feita de diferentes formas, imunidade inata e adaptativa. Ambos são ativadas igualmente mediante a uma agressão tecidual, sendo a imunidade inata atualmente de forma mais rápida. Os sinais cardinais ocorrem em casos de inflamação aguda, na qual tem duração de até 3 dias. São o calor, tumor, rubor, dor e perda de função. Esses sinais ocorrer a partir da falha do sistema imune inato. o Alterações vasculares: vasoconstrição periférica imediata, vasodilatação mediata (hiperemia), aumento da permeabilidade vascular, queda acentuada do fluxo sanguíneo, marginação leucocitária (leucodiapedese) o Mediadores químicos: histamina (dilatação de pequenos vasos, aumento da permeabilidade vascular) e prostaglandinas (derivadas do ácido araquidônico, COX-1 e 2, ação agregante plaquetaria e vasodilatadora), Leocutrienos Seguindo com o fracasso do sistema imunológico, ativa- se o sistema complemento. Mecanismos da dor inflamatória Nociceptores são receptores sensoriais que enviam sinais que causam a percepção da dor. Não captam, respondem ou sentem estímulos normais, ou seja, somente desencadeiam o reflexo da dor quando estimulados por uma ameaça em potencial ao organismo. Os nociceptores envolvidos no processo da dor inflamatória são polimodais (sensíveis a diferentes tipos de estímulos) e de alto limiar de excitabilidade. Isso significa que um mínimo estímulo nociceptivo (mecânico, térmico ou químico) é incapaz de ativá-los caso se encontrem em seu estado normal.1 Entretanto, os nociceptores podem se tornar sensíveis ao receber um estímulo que normalmente não provoca dor, condição está denominada alodinia. Os nociceptores também podem se tornar ainda mais sensíveis aos estímulos nociceptivos (que causam dor), estado que recebe o nome de hiperalgesia. Basicamente, a hiperalgesia é decorrente de dois eventos bioquímicos: a maior entrada de íons cálcio nos nociceptores e a estimulação da adenilato ciclase no tecido neuronal, que propicia o aumento dos níveis de AMPc (monofosfato de adenosina cíclico). Como consequência, são gerados impulsos nervosos que chegam ao sistema nervoso central (SNC), amplificando e mantendo a sensação dolorosa. Tais alterações bioquímicas são decorrentes da síntese contínua de mediadores químicos originários das células envolvidas no processo inflamatório (residentes ou que migraram dos vasos sanguíneos). Tais mediadores são genericamente chamados de autacoides, substâncias naturais do organismo com estruturas químicas e distintas atividades fisiológicase farmacológicas. Produtos do metabolismo do ácido araquidônico As prostaglandinas e os leucotrienos (produtos do metabolismo do ácido araquidônico), além de outros autacoides, tornam os nociceptores mais permeáveis à entrada de íons cálcio. Esse evento dá início à sensibilização dos nociceptores, tornando-os suscetíveis ao menor estímulo. O ácido araquidônico é um derivado do ácido linoleico, proveniente da dieta, que após sua ingestão é esterificado como componente dos fosfolipídeos das membranas celulares e outros complexos lipídicos. Toda vez que ocorre lesão tecidual (p. ex., na remoção de um terceiro molar incluso), o organismo dá início à resposta inflamatória. O “disparo do gatilho” é dado pela ativação de uma enzima chamada fosfolipase A2, que irá atuar nos fosfolipídeos das membranas das células envolvidas no processo inflamatório, liberando ácido araquidônico no citosol. Por ser muito instável, o ácido araquidônico sofre a ação de dois outros sistemas enzimáticos, o sistema da cicloxigenase e o da 5-lipoxigenase, produzindo autacoides, responsáveis pelo estado de hiperalgesia. A via cicloxigenase (COX) Pela ação da enzima cicloxigenase, o ácido araquidônico irá gerar substâncias que produzem diferentes efeitos, em função do tipo celular envolvido. A COX-1 é encontrada em grandes quantidades nas plaquetas, nos rins e na mucosa gástrica, na forma de enzima constitutiva (ou seja, sempre presente). Pela ação dessa enzima, as prostaglandinas são geradas de forma lenta e estão envolvidas com processos fisiológicos, como a proteção da mucosa gástrica, a regulação da função renal e a agregação plaquetária. Em outras palavras, pela ação da COX-1 as prostaglandinas são formadas em condições de normalidade, sem precisar de estímulos inflamatórios. A COX-2, por sua vez, está presente em pequenas quantidades nos tecidos. Sua concentração é drasticamente aumentada em até 80 vezes após um estímulo inflamatório, daí ser chamada de cicloxigenase pró-inflamatória. Portanto, em função do tipo celular envolvido, e dependendo da ação enzimática da COX-1 ou da COX-2, o ácido araquidônico irá produzir metabólitos ativos com efeitos diferentes. Como exemplo, as células injuriadas do local inflamado irão produzir prostaglandinas; as células endoteliais, que revestem as paredes dos capilares sanguíneos, irão gerar prostaciclina; as plaquetas, por sua vez, irão liberar tromboxanas. As prostaglandinas irão promover aumento na permeabilidade vascular, gerando edema. Além disso, potencializam os efeitos de outros autacoides, como a histamina e a bradicinina. Convém lembrar que a lesão tecidual também irá servir de sinalizador para que as células fagocitárias (macrófagos e neutrófilos) produzam mais prostaglandinas diretamente no local inflamado, estimulando a liberação de outras substâncias que também possuem propriedades pró-inflamatórias, com destaque para a interleucina-1 (IL-1) e o fator ativador de plaquetas (PAF). A via 5-lipoxigenase (LOX) Por esta via de metabolização do ácido araquidônico, são gerados autacoides denominados leucotrienos (LT), como produtos finais. Dentre eles, o leucotrieno B4 (LTB4) parece estar envolvido no processo de hiperalgesia, sendo também considerado como um dos mais potentes agentes quimiotáticos para neutrófilos.1 Portanto, entende-se que o LTB4 atrai os neutrófilos e outras células de defesa para o sítio inflamado, as quais se encarregam de fagocitar e neutralizar corpos estranhos ao organismo. Tal ação poderá resultar em mais lesão tecidual, que novamente dispara o gatilho para a formação de mais autacoides, e assim por diante.1 Além do LTB4, a somatória de outros leucotrienos (LTC4, LTD4 e LTE4), também formados pela via 5- lipoxigenase, parece constituir a substância de reação lenta da anafilaxia (SRS-A). A participação dos neutrófilos no processo de hiperalgesia Os neutrófilos são as principais células efetoras da resposta inflamatória aguda. Imediatamente após a lesão tecidual, ocorre a migração e o acúmulo dessas células no local injuriado, participando diretamente da nocicepção. Regime analgésico para uso em clínicas odontológicas o Analgesia preemptiva: tem início antes do estímulo nocivo, ou seja, previamente ao trauma tecidual. Neste regime, são empregados fármacos que previnem a hiperalgesia, que pode ser complementada pelo uso de anestésicos locais de longa duração. o Analgesia preventiva: o regime tem início imediatamente após a lesão tecidual, porém antes do início da sensação dolorosa. Em termos práticos, a primeira dose do fármaco é administrada ao final do procedimento (com o paciente ainda sob os efeitos da anestesia local), seguida pelas doses de manutenção no pós-operatório, por curto prazo. o Analgesia perioperatória: o regime é iniciado antes da lesão tecidual e mantido no período pós-operatório imediato. A justificativa para isso é de que os mediadores pró-inflamatórios devem manter-se inibidos por um tempo mais prolongado, pois a sensibilização central pode não ser prevenida se o tratamento for interrompido durante a fase aguda da inflamação. Classificação dos analgésicos e anti- inflamatórios Dos critérios de classificação dos analgésicos e anti- inflamatórios, o mais importante é o que se baseia nos mecanismos de ação farmacológica. Fármacos que inibem a síntese da cicloxigenase (COX) Deste grupo faz parte uma importante família de anti- inflamatórios não esteroides (ou AINEs). A substância-padrão do grupo é o ácido acetilsalicílico (AAS), que tem atividade analgésica e antitérmica quando empregado nas doses de 500-650 mg, em adultos. Para se obter uma ação anti-inflamatória, são necessários 4-5 g diários. Ao contrário, em pequenas doses (40-100 mg), o AAS inibe a agregação plaquetária, sendo muito empregado na prevenção ou reincidência de fenômenos tromboembólicos, em portadores de doenças do sistema cardiovascular. A potência anti-inflamatória dos AINEs varia de acordo com sua meia-vida plasmática e com a dose empregada. A indometacina, por exemplo, um dos primeiros AINEs introduzidos no mercado farmacêutico, inibe igualmente a COX-1 e a COX-2. Isso resulta em uma boa eficácia, por sua ação na COX-2, porém com efeitos adversos inaceitáveis, por sua ação na COX-1, principalmente se empregada por tempo prolongado. O interesse científico e clínico pela síntese desses novos fármacos dependia do equilíbrio de sua atividade inibidora sobre as duas formas de cicloxigenase. De fato, pensava-se que quanto mais potente fosse a inibição exercida sobre a COX-1 em relação à COX-2, maiores seriam as reações adversas do medicamento, como a irritação da mucosa gastrintestinal ou alterações da função renal, entre outras. O contrário aconteceria quando prevalecesse a inibição sobre a COX2. O raciocínio lógico levaria à conclusão de que o AINE ideal seria aquele que apresentasse 100% de atividade inibidora da COX-2 e nenhuma da COX-1. Deu-se início, então, à era dos chamados coxibes (celecoxibe, rofecoxibe, valdecoxibe, parecoxibe, etoricoxibe e lumiracoxibe), que reuniam as duas qualidades ideais de um AINE: alta eficácia e baixa toxicidade, por inibirem a COX-2 de forma seletiva ou praticamente específica. Porém, o desenvolvimento desses fármacos não levou em conta outros riscos trazidos pela inibição seletiva da COX-2, uma vez que esta enzima também desempenha papel importante em alguns processos fisiológicos, como a regulação renal da excreção de sal através da renina, a homeostasia da pressão arterial e o controle da agregação plaquetária pelo endotélio vascular. Conforme o papel fisiológico das prostaglandinas foi sendo mais bem entendido, tornou-se evidente que a ativação da COX-1 também tem participação no início da resposta inflamatória e, por outro lado, a ativação da COX-2 nem sempre está associada somente a processospatológicos. Ficou demonstrado que, por inibirem a síntese de prostaciclina, os coxibes reduzem uma das defesas preliminares do endotélio vascular contra a hipertensão, a aterosclerose e a agregação plaquetária, além de promoverem um desequilíbrio a favor da vasoconstrição. Assim, o uso crônico dos coxibes pode aumentar o risco de eventos cardiovasculares como infarto do miocárdio, acidentes vasculares encefálicos, hipertensão arterial e falência cardíaca. Por esse motivo, os coxibes devem ser evitados em pacientes portadores de hipertensão arterial, doença cardíaca isquêmica ou com história de acidentes vasculares encefálicos. Nas demais situações, deve-se empregar a menor dose eficaz pelo menor tempo de duração possível. Tem um custo alto para o paciente e meia vida reduzida na presença de alimento. Bextra, Celebra e Arcoxia são exemplos de medicamentos da família coxibe, e necessitam de receituário especial. Coxibes: contraindicados para portadores de hipertensão arterial, doença cardíaca isquêmica ou com história de acidentes vasculares encefálicos Ação farmacológica Nome genérico Inibidores não seletivos para a COX-2 Ibuprofeno, cetoprofeno, diclofenaco, cetorolaco, piroxicam e tenoxicam Inibidores seletivos para a COX-2 Etoricoxibe, celecoxibe, meloxicam e nimesulida Quando e como empregar os AINEs Os AINEs são indicados para o controle da dor aguda de intensidade moderada a severa, no período pós- operatório de intervenções odontológicas eletivas, como a exodontia de inclusos, as cirurgias periodontais, a colocação de implantes múltiplos, os procedimentos de enxertias ósseas, etc. O regime mais eficaz com os AINEs é o de analgesia preventiva, introduzido imediatamente após a lesão tecidual, porém antes do início da sensação dolorosa. Em termos práticos, a primeira dose é administrada ao final do procedimento (paciente ainda sob os efeitos da anestesia local), seguida das doses de manutenção, por curto período de tempo. Os AINEs também podem ser úteis no controle da dor já instalada, decorrente de processos inflamatórios agudos (p. ex., pericementites), como complemento dos procedimentos de ordem local (remoção da causa). Nome genérico Dose Intervalo entre as doses de manutenção Cetorolaco (sublingual) 10 mg 8 hr Diclofenaco de potássio 50 mg 8-12 hr Ibuprofeno 400-600 mg 8-12 hr Nimesulida 100 mg 12 hr Cetoprofeno 150 mg 24hr Piroxicam 20 mg 24 hr Tenoxicam 20 mg 24 hr Meloxicam 15 mg 24 hr Celecoxibe 200 mg 12- 24 hr Etoricoxibe 60 – 90 mg 24 hr Diclofenacos É um anti-inflamatório não esteroidal muito utilizado para dores agudas, tanto o diclofenaco sódico ou o potássico. Suas vantagens incluem baixo custo, potente ação anti-inflamatória, porém apresenta graves efeitos colaterais gastrointestinais. Nimesulida É um AINE, que inibe seletivamente a ação da COX 2 e atinge outras vias de modulação da inflamação (histamina e fosfolipase tipo IV) Toragesic – Trometamol cetorolaco É um AINE de uso sublingual, indicado para dores agudas por ter uma rápida ação analgésica, porém não deve ser utilizado com outro AINE. Tem ação anti- agregante plaquetária. Duração do tratamento A dor decorrente de procedimentos odontológicos cirúrgicos eletivos perdura, em geral, por um período de 24 h, com o pico de intensidade sendo atingido entre 6 e 8 h pós-cirúrgicas. Da mesma forma, o edema inflamatório atinge seu ápice após 36 h do procedimento. Com base nesse conceito, a duração do tratamento com os AINEs deve ser estabelecida por um período máximo de 48 a 72 h. Se o paciente acusar dor intensa e exacerbação do edema após esse período, o profissional deverá suspeitar de alguma complicação de ordem local e agendar uma nova consulta para reavaliar o quadro clínico. AINEs: precauções e contraindicações A duração do tratamento com AINEs na clínica odontológica quase sempre é restrita. Por isso, a incidência de efeitos adversos clinicamente significativos é muito mais rara do que na clínica médica. Apesar disso, a Anvisa faz algumas considerações gerais a respeito da prescrição dos AINEs, que encontram suporte científico na literatura e também interessam ao cirurgião-dentista. o A ação analgésica e anti-inflamatória dos inibidores seletivos da COX-2 não é superior àquela apresentada pelos inibidores não seletivos (que atuam na COX-1 e na COX-2). o O uso dos coxibes (celecoxibe e etoricoxibe, no Brasil) deve ser considerado exclusivamente para pacientes com risco aumentado de sangramento gastrintestinal, mas sem risco simultâneo de doença cardiovascular. o Não há estudos que demonstrem a segurança da utilização dos inibidores seletivos da COX2 em pacientes < 18 anos. o Na prescrição de qualquer inibidor da COX-2, deve- se usar a menor dose efetiva pelo menor tempo necessário de tratamento. o É contraindicado o uso de inibidores seletivos da COX-2 em pacientes que fazem uso contínuo de antiagregantes plaquetários, como a aspirina ou o clopidogrel. o O uso concomitante de piroxicam, ibuprofeno (e provavelmente outros AINEs) com a varfarina, um anticoagulante, pode potencializar o efeito anticoagulante desta e provocar hemorragia. o O uso concomitante dos AINEs com certos anti- hipertensivos pode precipitar uma elevação brusca da pressão arterial sanguínea. o Deve-se evitar a prescrição dos inibidores da COX a pacientes com história de infarto do miocárdio, angina ou stents nas artérias coronárias, pelo risco aumentado de trombose, especialmente em idosos. o Todos os AINEs podem causar retenção de sódio e água, diminuição da taxa de filtração glomerular e aumento da pressão arterial sanguínea, particularmente em idosos. Paracetamol Além do ácido acetilsalicílico e dos AINEs, o paracetamol também é classificado como um inibidor da cicloxigenase, apesar de quase não apresentar atividade anti-inflamatória (é um fraco inibidor da COX-1 e da COX-2). Por esse motivo, é empregado apenas como analgésico em procedimentos odontológicos em que há expectativa ou presença de dor de intensidade leve a moderada, não interferindo na produção de edema. Há evidências mais recentes de que o efeito analgésico do paracetamol pode ser atribuído a uma ação direta no SNC, pela ativação das vias serotoninérgicas descendentes. Paracetamol não é considerado um AINE mas exerce função inibindo a COX-1 e COX-2. Tem função analgésica leve a moderada e é indicado em casos onde não há produção de edema Fármacos que inibem a ação da fosfolipase A2- Corticosteroides. Como agem os corticosteroides Já foram propostos vários mecanismos de ação anti- inflamatória para os corticosteroides, porém sua ação inibitória da enzima fosfolipase A2 (“o disparo do gatilho”) talvez seja o principal deles. Após a lesão tecidual, a inativação da enzima fosfolipase A2 reduz a disponibilidade de ácido araquidônico liberado das membranas das células que participam da resposta inflamatória. Com menor quantidade de substrato, a subsequente ação enzimática da COX-2 e da 5- lipoxigenase fica prejudicada, ou seja, haverá menor produção de prostaglandinas e leucotrienos. A ação dos corticosteroides é conseguida de maneira indireta. De forma simplificada, primeiramente eles induzem a síntese de lipocortinas, um grupo de proteínas responsáveis pela inibição da fosfolipase A2. Com isso, irão reduzir a disponibilidade do ácido araquidônico e, por consequência, a síntese de substâncias pró-inflamatórias. A maioria dos efeitos anti-inflamatórios somente é evidenciada após 1 a 2 h. Um mecanismo anti-inflamatório dos corticosteroides que deve ser levado em consideração é o controle da migração de neutrófilos, pois esta ação, mesmo que indiretamente, resulta na menor produção de mediadores hipernociceptivos, minimizando a dor inflamatória. Uso dos corticosteroides na clínica odontológica De formasimilar aos AINEs, os corticosteroides são indicados para prevenir a hiperalgesia e controlar o edema inflamatório, decorrentes de intervenções odontológicas eletivas, como a exodontia de inclusos, as cirurgias periodontais, a colocação de implantes múltiplos, as enxertias ósseas, etc. Para essa finalidade, a dexametasona ou a betametasona são os fármacos de escolha, pela maior potência anti-inflamatória e duração de ação, o que permite muitas vezes seu emprego em dose única ou por tempo muito restrito. Pela necessidade de tempo biológico para exercerem sua ação, como explicado anteriormente, o regime analgésico mais adequado para empregar os corticosteroides é o de analgesia preemptiva (introduzido antes da lesão tecidual). Em adultos, essa dose é, em geral, de 4 a 8 mg, administrada 1 h antes do início da intervenção. Em crianças, no caso de intervenções mais invasivas, emprega-se a solução oral “gotas” de betametasona (0,5 mg/mL), obedecendo à regra prática de 1 gota/kg/peso corporal, em dose única, 1 h antes do procedimento. Corticosteroides: possuem efeito clínico após 1-2 horas, ação anti reação de hipersensibilidade e são mais seguros quando se trata de paciente gestantes, lactantes, hepatopatas e nefropatas controlados Vantagens do uso dos corticosteroides em relação aos AINEs Quando empregados em dose única pré-operatória ou por tempo restrito, podem ser feitas as seguintes considerações quanto à prescrição dos corticosteroides, comparada ao uso dos AINEs: o Não produzem efeitos adversos clinicamente significativos. o Não interferem nos mecanismos de hemostasia, ao contrário de alguns AINEs, que pela ação antiagregante plaquetária aumentam o risco de hemorragia pós- operatória. o Reduzem a síntese dos leucotrienos C4, D4 e E4, que constituem a substância de reação lenta da anafilaxia (SRS-A), liberada em muitas das reações alérgicas. Ao contrário, a ação inibitória dos AINEs na via cicloxigenase, de forma exclusiva, desvia o metabolismo do ácido araquidônico para a via 5-lipoxigenase, acarretando maior produção de SRS-A e, por consequência, reações de hipersensibilidade. o Muitas das reações adversas dos AINEs ainda não são bem conhecidas (basta lembrar o caso recente com os coxibes), o que não acontece com os corticosteroides, cujo uso clínico teve início na década de 1950. o Os corticosteroides são mais seguros para serem empregados em gestantes ou lactantes, bem como em pacientes hipertensos, diabéticos, nefropatas ou hepatopatas, com a doença controlada. o A relação custo/benefício do tratamento é muito menor quando se usam os corticosteroides. Usos com precaução e contraindicações dos corticosteroides São contraindicações absolutas ao uso dos corticosteroides: pacientes portadores de doenças fúngicas sistêmicas, herpes simples ocular, doenças psicóticas, tuberculose ativa ou os que apresentam história de alergia aos fármacos deste grupo. Outra consideração importante diz respeito à interferência dos corticosteroides na homeostasia do eixo hipotálamo- hipófise-adrenal (HHA). Analgésicos São medicamentos utilizados para alivou ou profilaxia da dor. São analgesicos anti-inflamatorios não esteroidais, possuem propriedade analgesica, antipiretica e antiinflamatoria. Uso clínico dos analgésicos Os analgésicos rotineiramente empregados na clínica odontológica são a dipirona e o paracetamol. Como alternativa a ambos, pode-se optar pelo ibuprofeno, que em doses menores (200 mg, em adultos) tem ação analgésica similar à da dipirona, sem praticamente exercer atividade anti-inflamatória. Quanto ao ácido acetilsalicílico (AAS), apesar da sua boa atividade analgésica, é empregado com menos frequência em função de sua ação antiagregante plaquetária. No caso de cirurgias, pode eventualmente causar maior sangramento, por aumentar o tempo de sangria. Na clínica odontológica, esses analgésicos são geralmente empregados por períodos curtos, em 24 a 48 h, uma vez que o objetivo é controlar a dor aguda de baixa intensidade. Dipirona É um analgésico eficaz e seguro para uso em odontologia. Por via IM ou IV, deve ser administrada com cautela a pacientes com condições circulatórias instáveis (pressão arterial sistólica < 100 mmHg). O uso da dipirona deve ser evitado nos três primeiros meses e nas últimas seis semanas da gestação e, mesmo fora desses períodos, somente administrar em gestantes em casos de extrema necessidade. A dipirona é contraindicada para pacientes com hipersensibilidade aos derivados da pirazolona, pelo risco de alergia cruzada, ou para portadores de doenças metabólicas como a porfiria hepática ou a deficiência congênita da glicose-6-fosfato-desidrogenase. Também deve ser evitada em pacientes com história de anemia ou leucopenia, embora o risco de agranulocitose e anemia aplástica atribuível à dipirona seja, quando muito, de 1 caso por 1.000.000 de pessoas expostas. Analgésicos Opióides Não opióides Analgésicos combinados Paracetamol É o analgésico de escolha seguro para uso em gestantes e lactantes. Pode causar danos ao fígado. Recentemente, o FDA recomendou que as doses máximas diárias de paracetamol, em adultos, fossem reduzidas de 4 g para 3,25 g., pelo mesmo motivo deve- se evitar o uso concomitante do medicamento com alccol ou substancias hepatotoxicas (como eritromicina). É contraindicado para pacientes fazendo uso contínuo da varfarina sódica, pelo risco de aumentar o efeito anticoagulante e provocar hemorragia., pacientes com história de alergia ao medicamento ou de alergia aos sulfitos, se empregada a solução oral “gotas” de paracetamol, que contém metabissulfito de sódio em sua composição. Ibuprofeno É contraindicado para pacientes com história de gastrite ou úlcera péptica, hipertensão arterial ou doença renal. Deve-se evitar em pacientes com história de hipersensibilidade ao ácido acetilsalicílico, pelo risco potencial de alergia cruzada. Além da dipirona, do paracetamol e do ibuprofeno, o cirurgião-dentista pode ainda optar pelos analgésicos de ação predominantemente central, chamados de opioides fracos. No Brasil, estão disponíveis para uso clínico a codeína (comercializada em associação com o paracetamol) e o tramadol, ambos indicados no tratamento de dores moderadas a intensas, que não respondem ao tratamento com outros analgésicos. Tramadol O cloridrato de tramadol possui potência analgésica 5 a 10 vezes menor do que a morfina e seu mecanismo de ação ainda não é completamente conhecido. Sabe-se apenas que ele pode se ligar aos receptores opioides μ e inibir a recaptação da norepinefrina e da serotonina. Atua da mesma forma que as endorfinas e as encefalinas, ativando, com suas moléculas, receptores em células nervosas, o que leva à diminuição da dor. Seu início de ação ocorre, em geral, 1 h após a administração de uma dose de 50 mg. Não é indicado para pacientes < 16 anos, pela falta de estudos clínicos controlados. Efeitos adversos, como náuseas e constipação intestinal, vômito, alterações de humor, sonolência e depressão respiratória, limitam a utilização da codeína e do tramadol em larga escala na clínica odontológica. Devem ser utilizados com cautela em pacientes idosos, debilitados, com insuficiência hepática ou renal, hipertrofia prostática e portadores de depressão respiratória. A administração repetida destes fármacos possibilita o aparecimento de efeitos de tolerância, dependência física e psíquica, em graus variados. Tolerância É a necessidade de aumento de dose para obtenção do mesmo efeito analgésico Dependência É um fenômeno caracterizado pelo aparecimento de síndrome de abstinência quando a droga é descontinuada de modo abrupto ou quando um antagonista é administrado Síndrome de abstinência Causa irritabilidade, perda de peso, tremores e mudanças de comportamento Analgésicos combinados Algunsanalgésicos combinam, num único comprimido, medicamentos não opióides, tais como aspirina ou o paracetamol, com substâncias opióides. Estes analgésicos combinados são frequentemente receitados a indivíduos nos quais o efeito de um não opióide isolado não é suficiente. Alguns exemplos de analgésicos combinados: o Diclofenaco sódico com codeína o Paracetamol com codeína o Paracetamol com tramadol Infecções odontogênicas Cáries, doença periodontal e pulpite são as infecções iniciais que podem disseminar-se além dos dentes para o processo alveolar e os tecidos profundos da face, cavidade oral, cabeça e pescoço. Microbiologia das infecções odontogênicas As infecções odontogênicas são causadas por bactérias que fazem parte da flora oral normal: aquelas que integram a placa bacteriana, aquelas encontradas nas superfícies mucosas e aquelas encontradas no sulco gengival. Tais bactérias são principalmente cocos aeróbios gram-positivos, cocos anaeróbios gram-positivos e bastonetes anaeróbios gram-negativos. Essas bactérias causam uma variedade de doenças comuns, como cáries dentárias, gengivite e periodontite. Quando ganham acesso aos tecidos profundos subjacentes, através da polpa dentária necrosada ou de uma bolsa periodontal profunda, elas causam infecções odontogênicas. Conforme a infecção progride mais profundamente, diferentes membros da flora infectante podem encontrar melhores condições de crescimento e começam a exceder em número as espécies previamente dominantes. Alguns pontos importantes devem ser observados: o Quase todas as infecções odontogênicas são causadas por múltiplas bactérias. A natureza polimicrobiana dessas infecções torna importante que o clínico compreenda a variedade de bactérias prováveis de causar infecção. o Um segundo fator importante é a tolerância ao oxigênio das bactérias que causam as infecções odontogênicas. Como a flora da boca é uma associação de bactérias aeróbias e anaeróbias não é surpreendente constatar que a maioria das infecções odontogênicas é causada por bactérias anaeróbias e aeróbias. Porcentagem Somente anaeróbias 50% Anaeróbias e aeróbias mistas 44% Aeróbias somente 6% O método pelo qual bactérias aeróbias e anaeróbias mistas causam infecções é conhecido com alguma precisão. Após a inoculação inicial nos tecidos profundos, os organismos facultativos do grupo S.milleri podem sintetizar hialuronidase, a qual permite que os organismos infectantes disseminem-se pelos tecidos conjuntivos, iniciando o estágio de celulite da infecção. Os subprodutos metabólicos oriundos dos estreptococos criam um ambiente favorável para o crescimento dos anaeróbios: liberação de nutrientes essenciais, pH reduzido nos tecidos e consumo do suprimento local de oxigênio. As bactérias anaeróbias são, então, capazes de crescer, e, conforme o potencial local de oxidação- redução é reduzido posteriormente, as bactérias anaeróbias predominam e causam a necrose de liquefação dos tecidos por meio da síntese de colagenases. Conforme o colágeno é sintetizado e os glóbulos brancos invasores necrosam e sofrem lise, microabscessos se formam e podem coalescer em abscessos clinicamente reconhecíveis. No estágio de abscesso, as bactérias anaeróbias predominam e podem eventualmente se tornar os únicos organismos encontrados na cultura. Infecções que aparecem inicialmente como uma celulite podem se caracterizar como infecções estreptocócicas aeróbicas, e, mais tarde, abscessos crônicos podem ser caracterizados como infecções anaeróbicas. Clinicamente, essa progressão da flora infectante de aeróbia para anaeróbia parece estar correlacionada com o tipo de edema que pode ser encontrado na região infectada. Portanto, as infecções odontogênicas parecem passar por quatro estágios. Nos primeiros três dias dos sintomas, um edema mole, pastoso, levemente sensível representa o estágio de inoculação, no qual os estreptococos invasores estão começando a colonizar o hospedeiro. Após três a cinco dias, o edema torna-se endurecido, vermelho e altamente sensível, já que a flora mista infectante estimula a resposta inflamatória intensa do estágio de celulite. Após cinco a sete dias após o início do edema, os anaeróbios começam a predominar, causando abscesso liquefeito no centro da área edemaciada. Esse é o estágio de abscesso. Finalmente, quando o abscesso drena espontaneamente pela pele ou mucosa, ou é cirurgicamente drenado, o estágio de resolução inicia conforme o sistema imune destrói as bactérias infectantes e o processo de cicatrização e reparo acontece. Edema (inoculação) Celulite Abscesso Duração 0-3 dias 1-5 dias 4-10 dias Dor, bordas Leve, difusa Difusa Localizada Tamanho Variável Grande Pequeno Coloração Normal Vermelha Centro brilhante Consistência Gelatinosa Endurecida Centro mole Progressão Aumentada Aumentada Reduzida Secreção purulenta Ausente Ausente Presente Bactérias Aeróbia Ausente Anaeróbia Gravidade baixa Maior Menor História natural da progressão das infecções odontogênicas As infecções odontogênicas têm duas origens principais: (1) periapical, como resultado da necrose pulpar e invasão bacteriana subsequente do tecido periapical, e (2) periodontal, como resultado da bolsa periodontal profunda que possibilita a inoculação da bactéria nos tecidos moles subjacentes. A necrose da polpa dental como resultado da cárie profunda cria uma via para as bactérias penetrarem nos tecidos periapicais. Uma vez que o tecido torna-se inoculado pela bactéria e uma infecção ativa é estabelecida, está se dissemina igualmente em todas as direções, mas preferencialmente ao longo das linhas de menor resistência. A infecção se dissemina pelo osso esponjoso até encontrar uma lâmina cortical. Se a lâmina cortical for fina, a infecção perfurará o osso e penetrará nos tecidos moles circunjacentes. Quando a infecção perfura a lâmina cortical do processo alveolar, ela se dissemina por localizações anatômicas previsíveis. A localização da infecção oriunda de um dente específico é determinada por dois fatores principais: (1) a espessura do osso que cobre o ápice do dente e (2) a relação do local da perfuração no osso com as inserções musculares na maxila e mandíbula. Infecções oriundas da maioria dos dentes superiores perfuram a lâmina cortical vestibular. Tais infecções também perfuram através do osso abaixo da inserção dos músculos que se inserem na maxila, o que significa que a maioria dos abscessos dos dentes superiores aparece inicialmente como abscessos vestibulares. Ocasionalmente, um abscesso palatino surge do ápice de um incisivo lateral gravemente inclinado ou da raiz palatina de um primeiro molar ou pré-molar superior. Mais comumente, os molares superiores causam infecções que perfuram o osso superior à inserção do músculo bucinador, o que resulta em infecção do espaço bucal. Igualmente, de vez em quando, uma raiz longa do canino superior permite que a infecção perfure o osso superior à inserção do músculo elevador do ângulo da boca e cause infecção do espaço infraorbitário (canino). Na mandíbula, as infecções dos incisivos, caninos e pré- molares usualmente perfuram o osso pela lâmina cortical vestibular superior à inserção dos músculos do lábio inferior, resultando em abscessos vestibulares. As infecções nos molares inferiores drenarão pela cortical lingual com mais frequência do que os dentes anteriores. As infecções nos primeiros molares vão drenar pela vestibular ou lingual . Infecções no segundo molar podem perfurar a cortical vestibular ou lingual (mas usualmente a lingual), e as infecções no terceiro molar quase sempre perfuram a lâmina cortical lingual. O músculo milo-hióideo determina se as infecções que drenam lingualmente vão se dirigir superiormente a esse músculo para o espaço sublingual ou abaixo dele para o espaço submandibular. A infecção odontogênicamais comum do espaço fascial profundo é um abscesso do espaço vestibular. Ocasionalmente, os pacientes não procuram tratamento para essas infecções, e o processo rompe espontaneamente e drena, resultando em resolução ou cronicidade da infecção. A infecção recorre se o sítio de drenagem espontânea fecha. Algumas vezes, o abscesso estabelece uma fístula crônica que drena para a cavidade oral ou para a pele. Princípios de terapia das infecções odontogênicas Princípio 1: Determinar a Gravidade da Infecção A maioria das infecções odontogênicas é branda e requer somente mínima terapia cirúrgica. Quando o paciente procura tratamento, o objetivo inicial é determinar a gravidade da infecção, baseando-se na história completa da doença infecciosa atual e no exame físico. História completa O propósito inicial é descobrir a queixa principal do paciente. As queixas principais típicas de pacientes com infecções são: “Estou com dor de dentes”, “Meu maxilar está inchado” ou “Tenho um tumor na boca”. A queixa deve ser registrada com as próprias palavras do paciente. O próximo passo na história é determinar há quanto tempo a infecção está presente, há quanto tempo o paciente apresentou dor, edema ou drenagem. Os sintomas da infecção são constantes, são intermitentes ou o paciente está cada vez pior desde que se detectaram os primeiros sintomas? A infecção progrediu rapidamente em poucas horas ou aumentou gradualmente ao longo de dias ou semanas? Exame físico O primeiro passo no exame físico é obter os sinais vitais do paciente, incluindo temperatura, pressão sanguínea, taxa de pulso e frequência respiratória. Pacientes que têm envolvimento sistêmico da infecção usualmente terão temperaturas elevadas. Pacientes com infecções graves terão temperaturas elevadas de 38,3°C ou mais. O pulso do paciente aumentará com a elevação da temperatura. Taxas de pulso acima de 100 batimentos por minuto (batimentos/minuto) não são incomuns em pacientes com infecções. O sinal vital que menos varia com a infecção é a pressão sanguínea do paciente. Somente se houver dor significativa e ansiedade haverá elevação na pressão sanguínea sistólica. Finalmente, a frequência respiratória do paciente deve ser observada atentamente. Uma das principais considerações nas infecções odontogênicas é o potencial de obstrução parcial ou completa das vias aéreas superiores como resultado da extensão da infecção para os espaços fasciais profundos do pescoço. A frequência respiratória normal é de 14 a 16 respirações por minuto (respirações/minuto). Pacientes com infecções de brandas a moderadas apresentam frequências respiratórias elevadas maiores do que 18 respirações/minuto. Uma vez averiguados os sinais vitais, a atenção deve ser voltada para o exame físico do paciente. A parte inicial desse exame físico deve ser a inspeção da aparência geral do paciente. Pacientes com infecção um pouco mais extensa apresentam aspecto fatigado, estado febril e mal-estar. Esse aspecto é descrito como “aparência tóxica”. A cabeça e o pescoço do paciente devem ser cuidadosamente examinados à procura dos sinais cardinais da infecção, e ele deve ser inspecionado em busca de qualquer evidência de edema e eritema suprajacente. Áreas de edema devem ser examinadas pela palpação. O cirurgião-dentista deve gentilmente tocar a área de edema para checar sensibilidade, quantidade de calor local e consistência do edema. A consistência do edema pode variar de muito mole a quase normal até firme, edema pastoso e até mesmo edema mais firme ou duro. Outra consistência característica é a flutuação. Esta confere sensação de balão de borracha cheio de líquido. A tumefação flutuante quase sempre indica que há acúmulo de secreção purulenta no centro da área endurada. O cirurgião-dentista faz, então, o exame intraoral na busca da causa específica da infecção. Dentes gravemente cariados, um abscesso periodontal óbvio, doença periodontal grave, combinações de cáries e doença periodontal, ou uma fratura infectada de um dente ou de todo o maxilar podem estar presentes. O próximo passo é realizar o exame radiográfico. Após o exame físico, o clínico deve começar a ter uma noção do estágio da infecção presente. Tumefações muito moles, levemente sensíveis, edematosas indicam o estágio de inoculação, enquanto edemas endurados indicam o estágio de celulite, e flutuação central indica abscesso. Infecções do tecido mole no estágio de inoculação podem ser curadas pela remoção da causa odontogênica, com ou sem antibióticos de suporte; infecções nos estágios de celulite ou abscesso requerem remoção da causa dentária da infecção mais incisão, drenagem e antibióticos. Distinções entre os estágios de inoculação, celulite e abscesso são tipicamente relacionadas com duração, dor, tamanho, definição periférica e consistência à palpação, presença de secreção purulenta, bactérias infectantes e perigo potencial Em resumo, o edema representa o estágio de inoculação inicial da infecção, o qual é tratado com mais facilidade. A celulite é uma infecção aguda e dolorosa com tumefação mais extensa e bordas difusas. Tem consistência dura à palpação e não contém secreção purulenta visível. Pode ser um processo que se dissemina rapidamente, transformando-se em infecção séria. O abscesso agudo é uma infecção mais madura com dor mais localizada, menor edema e bordas bem-limitadas. É flutuante à palpação, pois é uma cavidade tecidual preenchida de secreção purulenta. Um abscesso crônico geralmente progride lentamente e é menos sério que uma celulite, especialmente se drenou espontaneamente para o ambiente externo. A presença de secreção purulenta geralmente indica que o corpo formou uma barreira contra a infecção e que os mecanismos locais de resistência do hospedeiro estão mantendo a infecção sob controle. Em muitas situações clínicas, a distinção entre celulite grave e abscesso pode ser difícil, especialmente se um abscesso estiver situado profundamente no tecido mole. Infecções dos espaços fasciais profundos Como regra geral, a infecção perfura o osso adjacente mais fino e causa infecção no tecido adjacente. Se a infecção irá se tornar um abscesso vestibular ou do espaço fascial profundo será determinado primariamente pela relação da inserção dos músculos próximos ao ponto onde a infecção perfurou a lâmina óssea cortical. A maioria das infecções odontogênicas penetra a lâmina cortical vestibular do osso para tornar-se um abscesso vestibular. Às vezes, as infecções penetram dentro de outros espaços fasciais profundos diretamente. Os espaços fasciais são compartimentos teciduais revestidos por fáscia, preenchidos por tecido conjuntivo frouxo areolar, que podem tornar-se inflamados quando invadidos por microorganismos. O processo resultante da inflamação passa através dos estágios que são observados clinicamente como edema (inoculação), celulite e abscesso. Em pessoas saudáveis, os espaços fasciais profundos são somente espaços potenciais que não existem. O tecido areolar frouxo dentro desses espaços serve como coxim para músculos, vasos, nervos, glândulas e outras estruturas que este circunda e para permitir movimento relativo entre essas estruturas. Durante uma infecção, este tecido de coxim e de lubrificação tem o potencial de tornar-se altamente edematoso em resposta ao exsudato do fluido tecidual e, então, ficar endurecido quando os leucócitos polimorfonucleares, linfócitos e macrófagos migram do espaço vascular para o interior dos espaços intersticiais infectados. Finalmente, a necrose de liquefação das células brancas do sangue e deste tecido conjuntivo induz a formação de abscesso, e a drenagem espontânea ou cirúrgica tipicamente leva à resolução. Edema, quando a bactéria inocula os tecidos de um espaço anatômico específico; celulite, quando uma resposta inflamatória intensa causa todos ossinais clássicos de inflamação; e abscesso, quando pequenas áreas de necrose de liquefação coalescem centralmente para formar secreção purulenta dentro dos tecidos. Com base na relação entre o ponto pelo qual a infecção penetra o osso alveolar e as inserções musculares adjacentes, as infecções oriundas de qualquer dente superior ou inferior podem causar infecções dos espaços vestibular, bucal ou subcutâneo. o As infecções passando além do processo alveolar no lado profundo (em direção à cavidade oral) do músculo adjacente da expressão facial invadem o espaço vestibular, o Aquelas que entram nos tecidos moles no lado superficial (em direção à pele) desses músculos penetram os espaços bucal ou subcutâneo. o As infecções dos dentes superiores também tendem a disseminar-se dentro dos espaços infraorbitário, palatino, orbitário e infratemporal e do seio maxilar. o As infecções dos dentes inferiores tendem a disseminar-se para os espaços submandibular, sublingual, submentoniano e mastigador. As infecções podem estender-se além desses espaços primários, para os espaços fasciais profundos do pescoço, como os espaços faríngeo lateral, retrofaríngeo, carotídeo e pré-traqueal. A partir daí, essas infecções podem disseminar-se para o espaço potencial e o mediastino. Além disso, elas podem seguir superiormente através de estruturas sinusais ou vasculares, para invadir o cérebro ou os seios intracranianos durais, como o seio cavernoso. Infecções dos Espaços Fasciais Profundos Associadas a Qualquer Dente o Vestibular o Bucal o Subcutâneo Infecções dos Espaços Fasciais Profundos Associadas aos Dentes Superiores Como os ápices dos incisivos laterais superiores e as raízes palatinas dos pré-molares e molares superiores estão mais próximos da lâmina cortical palatina, a infecção oriunda desses dentes pode erodir o osso sem perfurar o periósteo. O espaço subperiosteal potencial no palato é o espaço palatino. O espaço infraorbitário torna-se envolvido primariamente como resultado de infecções provenientes do dente canino superior ou através de extensão de infecções do espaço bucal. A raiz canina, com frequência, é longa o suficiente para permitir que a erosão ocorra através do osso alveolar que é superior à origem do músculo elevador do ângulo da boca e abaixo da origem do músculo elevador do lábio superior. Quando esse espaço é infectado, o edema na região anterior da face apaga o sulco nasolabial. O envolvimento do espaço bucal usualmente resulta em aumento de volume abaixo do arco zigomático e acima da borda inferior da mandíbula. As infecções podem seguir as extensões do corpo adiposo da bochecha dentro do espaço temporal superficial, espaço infratemporal, espaço infraorbitário e espaço periorbitário O espaço infratemporal situa-se posteriormente à maxila. Ele é limitado, medialmente, pela lâmina lateral do processo pterigoide do osso esfenoide e, superiormente, pela base do crânio. Lateral e superiormente, o espaço infratemporal é contínuo com o espaço temporal profundo. Essencialmente, o espaço infratemporal é a porção basal do espaço temporal profundo. O espaço contém ramos da artéria maxilar interna e o plexo venoso pterigoide. O espaço infratemporal é a origem da rota posterior, por meio da qual infecções podem disseminar-se para o seio cavernoso. O espaço infratemporal é raramente infectado, mas, quando ocorre, a causa é usualmente uma infecção do terceiro molar superior. o Infraorbitário o Bucal o Infratemporal o Seios maxilares e outros seios paranasais o Trombose do seio cavernoso Infecções dos Espaços Fasciais Profundos Associadas aos Dentes Inferiores Embora a maioria das infecções dos dentes inferiores se superficialize no vestíbulo bucal, elas também podem disseminar-se para os espaços fasciais profundos. Inicialmente, essas infecções mandibulares tendem a disseminar-se pelos espaços do corpo da mandíbula, submandibular, sublingual, submentoniano ou mastigador. A partir daí, infecções graves podem disseminar-se para os espaços fasciais profundos do pescoço e, até mesmo, para o mediastino, ameaçando o coração, os pulmões e os grandes vasos. O espaço do corpo da mandíbula, como o espaço palatino, é um espaço subperiosteal. Portanto, se uma infecção perfura o osso cortical vestibular, mas não perfura o periósteo, ela pode, essencialmente, “descascar” a camada periosteal de tecido mole para fora da superfície óssea. Clinicamente, isso resulta em um aumento de volume que assume a forma da mandíbula subjacente. Ele pode parecer como se o próprio osso tivesse aumentado. Se a infecção oriunda do dente posterior inferior perfura o osso cortical vestibular e o periósteo, inferior à inserção do músculo bucinador, então, o espaço bucal é envolvido. O espaço submaxilar, como é consideradora um grande espaço, inclui três espaços anatômicos, denominados separadamente, como espaços submandibular, sublingual e submentoniano. Eles podem ser designados coletivamente como espaços perimandibulares. Os espaços sublingual e submandibular têm a borda medial da mandíbula como o seu limite lateral. Esses dois espaços são envolvidos primariamente pela perfuração lingual da infecção a partir dos molares inferiores, embora também possam ser envolvidos a partir dos pré-molares. O fator que determina se uma infecção é submandibular ou sublingual é a inserção do músculo milo-hióideo, na crista milohióidea, no aspecto medial da mandíbula. Se a infecção penetra através do aspecto medial da mandíbula acima dessa linha, a infecção ocorrerá no espaço sublingual. Ela é mais comumente observada com pré-molares e com o primeiro molar. Se a infecção penetra através do aspecto medial da mandíbula, inferior à linha milo-hióidea, o espaço submandibular será envolvido. O terceiro molar inferior é o dente que envolve com maior frequência o espaço submandibular diretamente. O segundo molar pode envolver ambos os espaços sublingual ou submandibular, dependendo do comprimento das raízes individuais. O espaço submandibular localiza-se entre o músculo milo-hióideo e a camada superficial suprajacente da fáscia cervical profunda. A extensão posterior do espaço submandibular comunica-se com os espaços fasciais profundos do pescoço. A infecção do espaço submandibular causa aumento de volume que é similar a um triângulo invertido, com a base na borda inferior da mandíbula, os lados determinados pelos ventres anterior e posterior do músculo digástrico e o ápice no osso hioide. o Espaço do corpo da mandíbula o Espaços perimandibulares o Submandibular o Sublingual o Submentoniano o Espaço mastigador o Submassetérico o Pterigomandibular o Temporal superficial o Temporal profundo Espaços Fasciais Profundos do Pescoço o Faríngeo lateral o Retrofaríngeo o Pré-traqueal o Espaço potencial o Pré-vertebral o Angina de Ludwing Quando os espaços perimandibulares (submandibular, sublingual e submentoniano) são bilateralmente envolvidos em uma infecção, esta é conhecida como angina de Ludwig. Essa infecção é uma celulite de evolução rápida que pode obstruir as vias aéreas e comumente disseminar-se posteriormente para os espaços fasciais profundos do pescoço. Quase sempre há um aumento de volume de grandes proporções, com elevação e deslocamento da língua, e uma área bilateral endurecida e tensa da região submandibular, superiormente ao osso hioide. O paciente usualmente tem trismo, sialorreia e dificuldade de deglutição e, algumas vezes, de respiração. Além disso, frequentemente sente uma ansiedade extrema acerca da impossibilidade de deglutir como também de respirar. Essa infecção pode progredir com uma velocidade alarmante e, portanto, produzir a obstrução das vias aéreas superiores que, em geral, leva à morte. A causa mais comum da angina de Ludwig é uma infecção odontogênica. AntibioticoterapiaIndicada em casos de edema além do processo alveolar, celulite, trismo, linfadenopatia e febre superior a 38,3ºC. Em infecções simples, limitadas ao processo alveolar, em paciente não imunocomprometidos pode-se usar penicilina, amoxicilina e clindamicina. Já em infecções mais complexas, onde o edema se localizada além do processo alveolar, sem sucesso no tratamento anterior e em casos de pacientes imunocomprometidos, podemos utilizar azitromocina, amoxicilina com metronidazol e moxifloxacino. Profiliaxia antibiótica Opta-se por profilaxia antibiótica em casos de cirurgias longas, onde há muita manipulação de tecidos, presença de corpo estranho, paciente imunocomprometidos, pacientes diabéticos descompensados, risco de endocardite bacteriana (prótese de válvula, endocardite prévia ou alguma doença cardíaca congênita) o Valvas cardíacas protéticas o Endocardite bacteriana prévia o Doença cardíaca congênita cianótica o Disfunção valvar o Prolapso de valva mitral o Cardiomiopatia hipertrófica o Febre reumática com disfunção valvar Exodontia Indicações para remoção dos dentes o Cáries Talvez a razão mais comum e amplamente aceita para remover um dente é que esteja tão severamente cariado que não pode ser restaurado. o Necrose Pulpar Na presença de necrose pulpar ou pulpite irreversível que não é indicado para endodontia. Isso pode ser resultado do paciente recusar tratamento endodôntico ou um canal radicular tortuoso, calcificado e não tratável por técnicas endodônticas convencionais. Também incluído nesta categoria de indicações gerais está o caso de dentes tratados, mas que houve falhar. o Doença Periodontal Uma razão comum para remoção do dente é a doença periodontal extensa e severa. Se a periodontite severa do adulto existe há algum tempo, será encontrada severa perda óssea e mobilidade dental irreversível. Nessas situações o dente com excesso de mobilidade deve ser extraído. Mobilidade grau 2 e 3 podem ser indicadas para extração o Razões Ortodônticas Pacientes que estão prestes a passar por correção ortodôntica de dentição apinhada com comprimento de arco insuficiente, frequentemente precisam de extração de dentes para gerar espaço para alinhamento dentário. o Dentes Malposicionados Dentes malposicionados podem ser indicados para extração em algumas situações. Se traumatizam tecido mole e não podem ser reposicionados por tratamento ortodôntico, devem ser extraídos. o Dentes Fraturados Uma indicação incomum para extração dos dentes é um dente com coroa fraturada ou raiz fraturada. O dente fraturado pode ser doloroso e não é controlável por uma técnica mais conservadora. Algumas vezes, dentes quebrados já passaram por tratamento endodôntico no passado. Fraturas longitudinais condenam o dente a extração, sempre deve-se avaliar se há contaminação no periápice o Dentes Impactados Dentes impactados devem ser considerados para remoção, se estiver claro que um dente parcialmente impactado não está apto a irromper em oclusão funcional devido a espaço inadequado, interferência de dentes adjacentes ou alguma outra razão, ele deve ser considerado para remoção cirúrgica. o Dentes Supranumerários Dentes supranumerários são normalmente impactados e devem ser removidos. o Dentes Associados a Lesões Patológicas Dentes que estão envolvidos em lesões patológicas podem precisar de remoção. Isso é geralmente visto em cistos odontogênicos. o Radioterapia Pacientes que estão recebendo radioterapia para câncer oral, na cabeça ou no pescoço devem considerar a remoção dos dentes que estão na direção da terapia com radiação. o Dentes Envolvidos em Fraturas Maxilares Pacientes que sofrem fraturar de mandíbula ou do processo alveolar algumas vezes precisam ter dentes removidos. Em algumas situações, o dente envolvido na linha de fratura pode ser mantido, mas se o dente é prejudicado, infectado, ou severamente luxado do tecido ósseo circundante ou interfere na devida redução e fixação da fratura, sua remoção pode ser necessária. o Questões Financeiras A indicação final para a remoção dos dentes está relacionada à situação financeira do paciente. Todas as razões para extração já mencionadas podem se tornar mais fortes se o paciente não está com vontade ou não pode financeiramente apoiar a decisão de manter o dente. A incapacidade do paciente de pagar pelo procedimento pode fazer com que o dente seja removido. Também, restauração com implantes tem normalmente uma relação custo-benefício mais eficaz para o paciente do que manter um dente duvidoso. Contraindicações para a remoção do dente Mesmo se determinado dente apresenta um dos requisitos para remoção, em algumas situações, o dente não deve ser removido devido a outros fatores ou a contraindicações para a extração. Geralmente, as contraindicações são divididas em dois grupos: (1) sistêmica e (2) local. o Contraindicações Sistêmicas Contraindicações sistêmicas impedem a extração porque a saúde sistêmica do paciente é tal que a habilidade de resistir ao trauma cirúrgico pode ser comprometida. Uma contraindicação sistêmica é um grupo de condições chamadas doenças metabólicas severas incontroladas. Diabetes tipo I sem controle, estágio final de doença renal com uremia severa, pacientes que têm leucemia não controlada, linfoma não devem ter dentes removidos até que a malignidade esteja sob controle, pacientes com qualquer uma das variedades de doenças cardíacas severas sem controle devem também ter extrações adiadas até que a doença esteja sob controle, pacientes com isquemia cardíaca severa como angina pectoris instável e pacientes que tenham tido recente infarto significativo do miocárdio, pacientes que têm hipertensão maligna, insuficiência cardíaca aguda, e acidentes cerebrovasculares, pacientes que têm disritmias severas, não controladas. Gravidez é uma contraindicação relativa para extrações; pacientes que estejam no primeiro ou terceiro trimestre devem ter suas extrações adiadas se possível. A última parte do primeiro trimestre e o primeiro mês do terceiro trimestre podem ser tão seguros quanto o trimestre do meio para extrações descomplicadas, mas procedimentos cirúrgicos mais extensivos que precisam do uso de drogas além do anestésico local devem ser adiados até depois do parto. Pacientes que tomam ou já tomaram uma variedade de medicamentos devem ter a cirurgia feita com cautela ou depois de consulta médica. Drogas as quais precisamos estar atentos incluem corticoides sistêmicos, agentes imunossupressores, bifosfonatos, e agentes quimioterápicos para câncer. o Contraindicações Locais Algumas contraindicações locais para a extração do dente também existem. A mais importante e mais crítica é a história de radiação terapêutica por câncer. Extrações feitas em área de radiação podem resultar em osteorradionecrose, e assim, a extração deve ser feita com extremo cuidado, dentes que estão localizados dentro de uma área de tumor, especialmente um tumor maligno, não devem ser extraídos. Pacientes que tem pericoronarite severa ao redor do terceiro molar mandibular não devem ter este dente extraído até que a pericoronarite tenha sido tratada. Avaliação clínica dos dentes para remoção Uma variedade de fatores deve ser especificamente examinada para fazer o exame apropriado. o Acesso ao Dente O primeiro fator a ser examinado no exame pré- operatório é a extensão até onde o paciente consegue abrir a boca. A localização e a posição do dente a ser extraído no arco dental devem ser examinadas. Um dente perfeitamente alinhado tem um acesso normal para colocação de alavancas e fórceps. Entretanto, dentes apinhados ou malposicionado podem apresentar dificuldades no posicionamento dos fórceps normalmente usados no dente que será extraído. Quando o acesso é um problema, um fórceps diferente pode ser necessário ou uma abordagem cirúrgica pode ser indicada. o Mobilidadedo Dente A mobilidade do dente a ser extraído pode ser avaliada no pré-operatório. Mobilidade maior que o comum é normalmente vista em doença periodontal severa. Se os dentes forem excessivamente moles, uma remoção dentária não complicada deve ser esperada, mas o manejo do tecido mole após a extração pode ser mais comprometido. o Condição da Coroa A avaliação da coroa do dente antes da extração deve ser relacionada à presença de grandes cáries ou restaurações na coroa. Se grandes partes da coroa foram destruídas pela cárie, tiverem grandes restaurações a probabilidade de a coroa se quebrar durante a extração é aumentada, causando assim maior dificuldade na remoção do dente. Da mesma forma, a presença de tratamento endodôntico se torna ressecado e frágil, e desmorona facilmente quando força é aplicada. Princípios mecânicos envolvidos na extração dentária A remoção de dentes do processo alveolar necessita do uso dos seguintes princípios mecânicos e instrumentos simples: a alavanca, a cunha, a roda e o eixo. As alavancas são usadas principalmente como elevadores. Uma alavanca é um mecanismo para transmitir uma força modesta – com a vantagem mecânica de um braço de alavanca longa e braço efetor curto – em um pequeno movimento contra uma grande resistência. O segundo instrumento simples e útil é a cunha A cunha é útil em diversas formas diferentes para extração dos dentes. Primeiro, as pontas dos fórceps de extração são normalmente estreitas; elas se alargam conforme vão subindo. Quando fórceps são usados, deve haver um esforço consciente para forçar as pontas dentro do espaço do ligamento periodontal na crista óssea para expandir o osso e forçar o dente para fora do alvéolo. O princípio da cunha é também útil quando a alavanca reta é usada para luxar um dente do alvéolo. Uma pequena alavanca é colocada dentro do espaço do ligamento periodontal, que desloca a raiz na direção oclusal e, assim, para fora do alvéolo. . O terceiro instrumento usado na extração dentária é a roda e o eixo, que é mais identificado como alavanca triangular, ou em forma de bandeira. Quando uma raiz de um dente com várias raízes fica no processo alveolar, uma alavanca em forma de bandeira, é posicionada no alvéolo e girada. O cabo serve então como o eixo, e a ponta do elevador triangular age como a roda e se encaixa e levanta a raiz do dente para fora do alvéolo. Princípios do uso das alavancas e do fórceps Os principais instrumentos usados para remover um dente do processo alveolar são a alavanca e o fórceps extrator. Alavancas podem ajudar na luxação de um dente. E o fórceps continua o processo através de expansão óssea e de rompimento dos ligamentos periodontais. O objetivo do uso do fórceps é duplo: (1) expansão do alvéolo ósseo pelo uso das pontas em forma de cunha e dos movimentos do próprio dente com o fórceps, e (2) remoção do dente do alvéolo. Fórceps podem aplicar cinco grandes movimentos para luxar dentes e expandir o alvéolo dental: o primeiro é a pressão apical, que consegue dois objetivos: o Apesar de o dente se mover em direção apical minimamente, o alvéolo dental é expandido pela inserção das pontas para baixo no espaço do ligamento periodontal. Assim, a pressão apical do fórceps no dente causa expansão óssea o Uma segunda realização da pressão apical é que o centro e rotação do dente é deslocado apicalmente. Como o dente está se movendo em resposta à força exercida pelo fórceps, o mesmo se torna o instrumento de expansão. Se o fulcro é alto, uma quantidade maior de força é colocada na região apical do dente, o que aumenta a chance de fratura no terço apical da raiz. Se as pontas do fórceps são forçadas no espaço do ligamento periodontal, o centro de rotação é movido apicalmente, o que resulta em maior movimento das forças de expansão na crista e menos força movendo o ápice do dente lingualmente. Este processo diminui a chance de fratura apical da raiz Procedimento para extração fechada Uma raiz irrompida pode ser extraída usando-se uma ou duas técnicas principais: fechada ou aberta. A técnica fechada é também conhecida como a técnica de rotina. A técnica aberta é também conhecida como técnica cirúrgica, ou técnica a retalho A técnica fechada é a mais frequentemente usada e é a primeira consideração para quase todas as extrações. A técnica aberta é usada quando o clínico acredita que força excessiva seria necessária para remover o dente, quando uma quantidade substancial da coroa está ausente ou coberta por tecido ou quando uma coroa frágil está presente. Qualquer técnica escolhida, os três fundamentos requeridos para uma boa extração continuam os mesmos: o Acesso e visualização adequados do campo cirúrgico, o Um caminho sem impedimentos para a remoção do dente, o O uso de força controlada para luxar e remover o dente. Para o dente ser removido do alvéolo ósseo, normalmente é necessário expandir as paredes do alvéolo ósseo para permitir um caminho livre para a raiz do dente, e é necessário romper as fibras do ligamento periodontal que prende o dente no alvéolo ósseo. O uso das alavancas e fórceps como alavancas com força aumentada constantemente pode alcançar esses dois objetivos. Cinco etapas gerais formam o procedimento de extração fechada: 1. Afrouxamento do tecido mole de adesão da porção cervical do dente. O primeiro passo na remoção do dente pela técnica de extração fechada é soltar o tecido mole ao redor do dente com um instrumento afiado como lâmina de bisturi e a ponta afiada de um descolador de periósteo. 2. Luxação do dente com uma alavanca dental. A luxação do dente começa com uma alavanca, normalmente a alavanca reta. Expansão e dilatação do osso alveolar e rompimento do ligamento periodontal requerem que o dente seja luxado em muitas maneiras. A alavanca reta é inserida perpendicularmente ao dente dentro do espaço interdental, após o rebatimento da papila interdental. A alavanca é então girada de tal forma que a porção inferior da lâmina encoste em osso alveolar e que a porção superior, ou oclusal da lâmina seja girada na direção do dente a ser extraído. 3. Adaptação do fórceps ao dente. Os fórceps adequados são escolhidos agora para o dente a ser extraído. As pontas ativas do fórceps devem apresentar um formato adequado para se adaptarem anatomicamente ao dente, apical à margem cervical, ou seja, na superfície radicular.. O fórceps é então ajustado ao dente para que suas pontas agarrem a raiz abaixo do tecido mole descolado. 4. Luxação do dente com fórceps. O cirurgião-dentista começa a luxar o dente usando os movimentos discutidos anteriormente. A maior parte da força é feita na direção do osso mais fino e, portanto, mais fraco. Assim, em todos os dentes da maxila e todos os mandibulares, menos o molar, o movimento será labial e vestibular. Pressões linguais e vestibulares continuam a expandir o alvéolo ósseo. Para alguns dentes, movimentos pequenos de rotação são então usados para ajudar a expandir os alvéolos e romper os ligamentos periodontais. 5. Remoção do dente do alvéolo. Uma vez que o osso alveolar foi suficientemente expandido e o dente luxado, uma força de tração leve, geralmente de direção vestibular, pode ser usada. Forças de tração devem ser minimizadas, porque esse último movimento que é usado quando o processo alveolar é suficientemente expandido e o ligamento periodontal está completamente rompido. Alavancas São indicadas em raízes e ápices radiculares residuais ou dentes recém fraturados; dentes com porção coronária destruídos ou frágeis; dentes hígidos para luxação e dentes retidos ou semi-retidos. Após extração Deve-se avaliar e inspecionar a necessidade de curetagem (em casos de lesão) ou remoção de espícula óssea, em seguida planejar a sutura ideal para o espaço e tecido. É necessário sempre irrigar com soro fisiológico estéril,após a extração e curetagem. Princípios e técnicas para extrações abertas Uma técnica de extração aberta usada com prudência pode ser mais conservadora e causar menos morbidade pós-operatória comparada com extração fechada. Indicações para Extração Aberta Como guia geral, os cirurgiões devem considerar fazer uma extração cirúrgica eletiva quando eles antecipam a possibilidade de necessitar de força excessiva para extrair um dente. O cirurgião-dentista deve considerar seriamente fazer uma extração aberta depois que tentativas iniciais de extração com fórceps tenham falhado. Em vez de aplicar maiores quantidades de força que podem não ser controladas, o cirurgião-dentista deve simplesmente rebater o retalho de tecido mole, seccionar o dente, remover algum osso, se necessário, e extrair o dente em partes. Se a avaliação pré-operatória revela que o paciente tem osso grosso ou especialmente denso, particularmente a lâmina vestibular, extração cirúrgica deve ser considerada. A extração da maioria dos dentes depende da expansão da lâmina vestibular. Se este osso for especialmente grosso, é menos provável que expansão adequada ocorra e a fratura de raiz é mais provável. Ocasionalmente, o cirurgião-dentista-cirurgião-dentista trata um paciente que tem coroas clínicas muito pequena com evidência de atrição severa. Se tal atrição é o resultado de bruxismo, é provável que os dentes sejam cercados por osso denso e grosso com forte ligamento periodontal. o Raízes e ápices radiculares residuais ou recém fraturadas o Dentes com porção coronária destruído ou frágeis o Dentes com hipercementose o Dentes anquilosados o Dentes com anomalias radiculares o Dentes com lesões periapicais o Exodontias atípicas o Dentes retidos ou semi-retidos o Dentes com evidencias de bruxismo Parâmetros para desenho de retalhos de tecido mole Para gerar exposição adequada e promover a devida cicatrização, o retalho deve ser desenhado corretamente. Quando o retalho é desenhado, a sua base deve ser normalmente mais larga que a sua margem livre para preservar um provimento sanguíneo adequado. Isso significa que todas as áreas do retalho devem ter uma vascularização ininterrupta para prevenir necrose isquêmica de todo o retalho ou de porções dele. Odontossecção e osteotomia são técnicas indicadas para cirurgias abertas. A odontosescção é indicada em casos de dentes birradiculares ou multirradiculares, lembrando sempre de fazer o desenho correto para o número de raízes o Dentes birradiculares: normalmente é feito um corte vestíbulo-lingual o Dentes multirradiculares: pode ser feito em T ou Y Remoção de fragmento de raiz e dos ápices radiculares Se a fratura da raiz no terço apical (3 a 4 mm) ocorre durante a extração fechada, um procedimento ordenado deve ser usado para remover o ápice da raiz do alvéolo. Tentativas iniciais devem ser feitas para extrair o fragmento da raiz pela técnica fechada, mas o cirurgião- dentista deve começar a técnica cirúrgica, se a técnica fechada não tiver sucesso imediatamente A técnica fechada para recuperação do ápice da raiz é definida como qualquer técnica que não requer rebatimento de retalhos de tecido mole e remoção de osso. Técnicas fechadas são mais úteis quando o dente foi bem luxado e movido antes da fratura do ápice da raiz. Se luxação suficiente ocorreu antes da fratura, o ápice da raiz está normalmente móvel e pode ser removida pela técnica fechada. Entretanto, se o dente não foi bem mobilizado antes da fratura, a técnica fechada tem menor probabilidade de dar certo se o clínico encontrar uma raiz com hipercementose e com interferências ósseas que impedem a extração do fragmento da raiz. Uma vez que a fratura tenha ocorrido, o paciente deve ser reposicionado para que visualização adequada (com iluminação apropriada), irrigação e aspiração sejam atingidas. A alavanca apical é um instrumento delicado e não pode ser usado da mesma maneira que a alavanca comum para remover osso e elevar raízes inteiras. A alavanca apical é inserida no espaço do ligamento periodontal, e a raiz é jogada pra fora do alvéolo. Justificativa para Permanência de Fragmentos de Raiz Quando o ápice de uma raiz fraturou e técnicas fechadas de remoção não obtiveram sucesso e quando a técnica aberta pode ser excessivamente traumática, o cirurgião-dentista pode considerar deixar o ápice da raiz no lugar. Como em qualquer procedimento cirúrgico, o cirurgião-dentista deve pesar os benefícios e os riscos da cirurgia. Em algumas situações, os riscos de remover um pedaço pequeno de raiz podem ser maiores que os benefícios. o O fragmento dever ser pequeno, geralmente não maior que 4 a 5 mm de comprimento. o A raiz deve estar profundamente inserida no osso, para prevenir reabsorção óssea subsequente por exposição da raiz do dente e interferência com qualquer prótese que será construída sobre a área edêntula. o O dente envolvido não deve estar infectado, e não deve haver radiolucidez ao redor do ápice radicular. Para o cirurgião-dentista deixar um fragmento de raiz pequeno, profundamente incrustado o O risco é muito grande se a remoção da raiz do dente for causar destruição excessiva do tecido circundante, isto é, se quantidades excessivas de osso forem removidas para recuperar a raiz. o Se a recuperação cirúrgica de uma raiz cria o risco de anestesia permanente ou até mesmo temporária prolongada do nervo alveolar inferior, o cirurgião-dentista deve considerar seriamente deixar o ápice da raiz no lugar. o Os riscos se sobrepõem aos benefícios, se as tentativas de recuperação do ápice da raiz puderem deslocá-la para dentro dos espaços teciduais ou para dentro do seio maxilar. Complicações o Dor o Edema: é esperado em cirurgias maiores, onde há muita manipulação. O pico ocorre em 48 horas após o procedimento e é indicado a terapia de calor a partir do 3º dia. o Trismo: é uma contração dolorosa da musculatura, causada por um traumatismo muscular o Hematomas: acumulo de sangue em espaços fasciais, relacionados a técnica incorreta na injeção de anestésico ou manipulação de tecidos. o Laceração de tecido: causado por tamanho inadequado de descolamento/ retalho, força excessiva na manipulação ou por falta de incisão de alivio. o Fratura de tuberosidade o Comunicação buco sinusal o Deiscências das feridas o Alveolíte seca: é uma infecção dentro do alvéolo pela ausência de coagulo ou quebra da cadeia asséptica. Deve-se irrigar com soro fisiológico, e evitar a curetagem. Deve se prescrever analgésicos opióides. Cirurgia pré-protética Após a perda dos dentes naturais, as alterações ósseas nos maxilares se iniciam imediatamente. Pelo fato de o osso alveolar não responder mais às tensões exercidas nessa área pelos dentes e ligamentos periodontais, ele começa a ser reabsorvido. Os resultados dessa reabsorção são acelerados pelo uso de próteses e tendem a afetar a mandíbula mais severamente do que a maxila por causa da área superficial mais reduzida e da distribuição menos favorável das forças oclusais. Objetivos da cirurgia pré-protética O objetivo da cirurgia pré-protética é criar estruturas de suporte adequadas para a instalação subsequente de aparelhos protéticos. O melhor suporte para uma dentadura tem as seguintes características: o Nenhuma evidência de condições patológicas intra ou extraorais o Relação interarcos adequada nas dimensões anteroposterior, transversal e vertical o Processos alveolares tão largos quanto possível e de configuração adequada (a forma ideal do processo alveolar é um rebordo amplo em forma de U, com os componentes verticais tão paralelos quanto possível) o Nenhuma protuberância ou irregularidade óssea ou de tecido mole o Forma adequada da abóbada palatina o Incisura posterior da tuberosidade adequada o Inserção adequada de mucosa queratinizada na área de suporteprimário da prótese o Profundidade de vestíbulo adequada para a extensão da prótese o Resistência adicional nos possíveis locais de fratura mandibular o Proteção do feixe neurovascular o Suporte ósseo adequado e cobertura de tecido mole inserido para facilitar a instalação de implantes quando necessário Remodelação óssea É causada por diversos fatores. A causa mais comum de reabsorção é a perda dentaria, que por falta de estimulo na região, o alvéolo inicia sua reabsorção e posteriormente o rebordo. Próteses sem adaptação ou sem estimulo também podem causar reabsorção óssea acentuada, devido ao baixo fluxo sanguíneo. Direção da reabsorção Na maxila ocorre diminuição na espessura do processo alveolar, reabsorção centrifuga, no sentido vestíbulo- palatino. Ocorre também uma diminuição da altura do processo alveolar, causando a pneumatização dos seios (mais espessura do que altura). Já na mandíbula ocorre maior perda de altura do rebordo alveolar, causando superficialização do forame mentual, apófise genianas, linha milo-hioideia e nervo alveolar inferior. Porém também ocorre diminuição em menor quantidade da espessura do processo alveolar. (reabsorção centrípeta, no sentido de lingual para palatina) Alveoloplastia Quer o recontorno do rebordo alveolar seja feito no momento da extração dentária ou após um período de cicatrização, a técnica é essencialmente a mesma. As áreas ósseas que necessitam de recontorno devem ser expostas usando-se um retalho tipo envelope. Uma incisão mucoperiosteal ao longo da crista do rebordo, com extensão anteroposterior adequada à área a ser exposta, e o rebatimento do retalho permitem visualização e acesso adequados ao rebordo alveolar. Quando não for possível exposição adequada, pequenas incisões verticais relaxantes podem ser necessárias. Independentemente do desenho do retalho, deve-se rebater o mucoperiósteo apenas em uma extensão que permita exposição adequada da área de irregularidade óssea a ser acessada. O rebatimento excessivo do retalho pode resultar em áreas desvitalizadas de osso, que será reabsorvido mais rapidamente após a cirurgia, e em reduzida adaptação do tecido mole à área do rebordo alveolar. Dependendo do grau de irregularidade da área de rebordo alveolar, o recontorno pode ser realizado com uma pinça-goiva, uma lima para osso ou uma broca para osso em uma peça de mão, individualmente ou combinadas. Remoção de torus - Torus Maxilares Os torus maxilares consistem na formação de uma exostose óssea na área do palato. Sua origem ainda não está esclarecida. Pode ter múltiplas formas e configurações, variando de uma leve elevação unitária a uma massa óssea pediculada e multiloculada. Gera poucos problemas quando há presença dos dentes maxilares e apenas ocasionalmente interfere na fala ou se torna ulcerado por traumatismos frequentes no palato. Entretanto, quando há perda de dentes e necessidade de confecção de uma prótese total ou parcial, o torus frequentemente interfere no desenho adequado e no funcionamento da prótese. Torus Mandibulares Os torus mandibulares são protuberâncias ósseas na face lingual da mandíbula que geralmente ocorrem na área de pré-molares. Ocasionalmente, os torus extremamente largos interferem na fala normal ou na função da língua durante a mastigação, mas esses torus raramente requerem remoção quando existem dentes. Após a remoção dos dentes inferiores e antes da confecção de uma prótese total ou parcial, pode ser necessário remover o torus mandibular para a confecção da prótese. Anormalidades do tecido mole As anormalidades do tecido mole nas áreas de suporte de próteses e nas áreas adjacentes incluem tecido excessivamente fibroso ou hipermóvel, lesões inflamatórias, como a hiperplasia fibrosa inflamatória do vestíbulo e a hiperplasia papilar inflamatória do palato, e as inserções anormais de músculos e freios. Redução da Tuberosidade Maxilar (Tecido Mole) O principal objetivo da redução de tecido mole da tuberosidade maxilar é proporcionar o espaço interarcos adequado para a confecção de uma prótese apropriada na região posterior e uma base firme de mucosa de espessura consistente sobre o rebordo alveolar, que será a área de suporte da prótese. A redução da tuberosidade maxilar pode requerer a remoção de tecido mole e osso para alcançar o resultado desejado. Redução de papila retromolar mandibular Excesso de tecido mole lateral palatino Tecido hipermóvel sem suporte Hiperplasia fibrosa inflamatória Frenectomia labial e lingual Tratamento ortocirúrgico Movimentos ortodônticos o Aposição e reabsorção óssea o Estimulo de tração e pressão o Ligamento periodontal (que auxilia a movimentação no sentido desejado) Ancoragem o Resistência de um ou mais elementos dentários oferecem à movimentação, quando submetidos a aplicação de uma força de pressão ou tração o Em ortodotia, existem movimentos que frequentemente são limitados pela ancoragem o A ancoragem ideal seria possível com um dispositivo que pudesse dissipar completamente as forças de reação, evitando movimentos indesejáveis dos elementos de resistência Exodontia de pré-molares o Apinhamento dentário o Ausência de espaço no arco dentário, normalmente indicada em pacientes classe III É feita de forma atraumática, por osteotomia vestibular, normalmente extraindo os 1º pré-molares. Outra opção para evitar a extração, são os stripings ou a ancoragem esquelética. Ancoragem esquelética Mini implante – força menor- osso alveolar Mini placa – força maior- osso basal Tracionamento de dentes inclusos O tracionamento de dentes retidos objetiva a recolocação do dente na arcada dentaria, sem causar danos aos outros elementos dentais adjacentes, restabelecendo a estetica e a função. Principalmente em dentes localizados mais profundamente, a abordagem deve ser mais radical com a exposição do dente não irrompido por meio de deslocamento de retalho mucoperiosteal e osteotomia, em associação à colagem de um acessório ortodôntico para aplicação de forças extrusivas. Cirurgia ortognatica Deformidades faciais Etiologia: o Herança familiar o Influencia ambiental como, modelagem intrauterina do feto, dificuldade respiratória (respiração bucal, seios maxilares, postura incorreta da língua), traumatismo facial ou síndromes Mandibula o Prognatismo (excesso de crescimento antero posterior) o Retrognatismo o Laterognatismo Maxila o Excesso vertical (sorriso gengival) o Atresia (deficiência transversal) o Retrusão e protrusão (antero-posterior) Mento o Excesso vertical o Protrusão o Retrusão Classe 3 esquelética o Perfil facial côncavo o Inversão da projeção labial o Deficiência de projeção zigomático o Ponta do nariz para baixo o Pouca Espessura de lábio o Exposição dos incisivos inferiores Classe 2 esquelética o Perfil facial convexo o Ausência de selamento labial passivo o Apagamento do sulco naso-labial (maxila protuída) o Exposição excessiva dos incisivos superiores o Afundamento do lábio inferior em repouso o Pode ter problemas respiratórios e DTM Crescimento de maxila cirurgicamente assistido É indicado em casos de deficiência transversa de maxila o Mordida aberta o Problemas respiratórios o Problemas de fonação Fratura Le Fort I Ocorre transversalmente na maxila, acima das raízes dos dentes superiores A porção fraturada contém o rebordo alveolar, partes das paredes do seio maxilar, palato e porção inferior do processo pterigoide do osso esfenoide É conhecida como fratura horizontal da maxila, fratura da arcada flutuante ou fratura de guerin Fratura Le Fort II Fratura dos ossos nasais e do processo frontal da maxila. A fratura passa lateralmente pelos ossos lacrimais, rebordo infra-orbitario, soalho da orbita e sutura zigomaticomaxilar Por continuar em profundidade, também envolve lateralda maxila, laminas pterigoideas e fossa pterigomaxilar. É conhecida como fratura piramidal Fratura Le Fort III Denominada de disfunção craniofacial, devido a separação da face do crânio. Ocorre completa separação das estruturas do esqueleto facial médio e seus ligamentos Fraturas ocorrem pelas suturas zigomaticofrontal, frontomaxilar e nasofrontal, soalho das orbitas, osso etmoide e esfenoide Osteotomia tipo Le Fort I Indicada em caso de movimentação superior (impacção), Movimentos antero-posterior (retrusão limitada), giro lateral e giro horário ou anti-horario (plano oclusal) Osteotomia vertical de ramo de mandíbula Não é indicada para casos de avanço ou correção de assimetria. Osteotomia saginal de ramo mandibular Indicada para movimentos antero-posterior (avanço e recuo), correção de assimetrias, giro lateral (interferências), giro horário e anti-horario (em casos de mordida aberta). Protocolo medicamentoso na clínica de cirurgia Exodontias fechadas/ pequenas cirurgias de tecido mole Nesses procedimentos espera-se desconforto ou dor de intensidade leve no pós-operatório Antissepsia intra bucal: o Bochechar vigorosamente 15ml de digluconato de clorexidina 0,12% por um minuto. Antissepsia extra bucal: o Solução aquosa de digluconato de clorexidina 2% Analgesia preventiva: 1 comprimido de Dipirona Sódica de 500mg ao término do procedimento (paciente ainda no consultório) PRESCRIÇÃO: Ao Sr. _________ Endereço: ---------------- Uso Interno: 1. Dipirona Sódica 500mg..___________tomar 1 comprimido a cada 4h durante dois dias OU 2. Paracetamol 750mg___________tomar 1 comprimido a cada 6h durante dois dias. OU 3. Ibuprofeno 200mg____________ tomar 1 comprimido a cada 6h enquanto houver dor. Local, data. Cirurgias com abertura de retalho / Ostectomia e odontosecção / cirurgias pré-protéticas com deslocamento tecidual Extenso Nesses procedimentos é esperado dor moderada a intensa, acompanhada de edema inflamatório e limitação da função mastigatória Antissepsia extra bucal: o Solução aquosa de digluconato de clorexidina 2% Analgesia pré-operatória: Uso interno: Dexametasona 4mg___________tomar 2 comprimidos 1 hora antes da cirurgia Analgesia preventiva: 1 comprimido de Dipirona Sódica de 500mg ao término do procedimento (paciente ainda no consultório) PRESCRIÇÃO: Ao Sr. __________ Endereço: ________________. Uso Interno: 1. Nimesulida 100mg ________ tomar 1 comprimido de 12 em 12 horas durante 3 dias 2. Dipirona sódica 500mg..... tomar 1 comprimido de 04 em 04 horas em caso de dor OU 1. Diclofenaco de sódio 50mg ________ tomar 1 comprimido de 08 em 08 horas durante 3 dias 2. Paracetamol 750mg._________ tomar 1 comprimido de 06 em 06 horas em caso de dor Uso Interno/via bucal 1. Clorexidina 0,12%........................ 01 frasco Bochechar 2 vezes ao dia a partir do terceiro dia de pós-operatório Prescrição de antibióticos - Infecções Instaladas - Diabéticos não compensados em cirurgias de urgência - Pacientes Imunocomprometidos - Cirurgias com manipulação óssea extensa com mais de duas horas de duração - Profilaxia antibiótica para endocardite bacteriana Prescrição: Ao Sr. _____________ Endereço: ___________ Uso Interno: 1. Amoxicilina 500mg. ___________ tomar 1 cápsula de 08 em 08 horas durante 7 dias. OU 1. Clindamicina 600mg ___________ tomar 1 comprimido de 08 em 08 horas durante 7 dias. Profilaxia antibiótica Amoxicilina 1g _____________ 1 hora antes da cirurgia OU Clindamicina 600mg _____________ 1 hora antes da cirurgia PERICORONARITE Protocolo de tratamento em clínica: 1- Anestesia local – bloqueio regional do nervo bucal e lingual 2- Raspagem 3- Irrigação com soro fisiológico 0,9% e solução de digluconato de clorexidina 0,12% PRESCRIÇÃO: Ao Sr. ____________ Endereço: ___________ Uso Interno: 1. Nimesulida 100mg ______. tomar 1 comprimido de 12 em 12 horas durante 3 dias 2. Dipirona sódica 500mg..... tomar 1 comprimido de 04 em 04 horas em caso de dor 3. 1. Amoxicilina 500mg......... tomar 1 cápsula de 08 em 08 horas durante 7 dias. Uso Interno/via bucal 3 Clorexidina 0,12%........................ 01 frasco Bochechar 2 vezes ao dia durante 7 dias. Recomendações pós-operatórias - Repouso relativo de 2 a 5 dias - Afastamento de atividades físicas por 7 dias - Compressa gelada em face por 2 dias. 15 minutos com intervalos de 30 minutos -Compressa morna em face a partir do terceiro dia em caso de edema ou hematoma -Alimentação liquida / pastosa e gelada nos dois primeiros dias - Evitar alimentos muito condimentados ou ácidos - Manter higiene normal - Não cuspir, não abaixar a cabeça. - Evitar ficar deitado na posição horizontal. - Remover a sutura em 7 dias Planejamento EXODONTIA 1 - Sequência de paramentação: - EPI completo (com jaleco ou sem) - Antissepsia intra oral do paciente - Degermação de mãos - Colocação de capote - Calçar as luvas - Campo liso de bancadas - Montagem da mesa - Anti-sepsia extra oral - Campo fenestrado para paciente - Protetores de sugador e motores 2 - Anestesia: - para dentes inferiores: Bloqueio do Alveolar inferior e Lingual. Bloqueio do nervo Bucal ou infiltravas marginais em fundo de vestíbulo na região a ser operada. - para dentes Superiores: Infiltrativa Terminal em fundo de vestíbulo na região a ser operada. Infiltrativa na gengiva palatina na altura do terço médio da raiz do dente a ser extraído. 3 - Técnica Cirúrgica: - para dentes com coroa ou raizes residuais com término supra gengival: - incisão intrasucular - Descolamento de fibras dento gengivais (sem abertura de retalho) com Molt n. 9 - Apreensão com fórceps específico do dente: o 1 - Incisivos e caninos superiores o 150 - Pré-molares superiores (incisivos laterais) o 151- Incisivos, caninos e pré molares inferiores o 69 - restos radiculares inferiores o 65 - restos radiculares superiores o 16 - molares inferiores sem coroa o 17 - Molares inferiores com coroa o 18R - molares superiores direitos o 18L - molares superiores esquerdos - Para raízes residuais com termino subgengival: - Incisão intrasucular, descolamento das papilas adjacentes e abertura de retalho: - em envelope para quando se deseja somente expor a crista óssea marginal - Triangular para quando se deseja expor a tábua óssea vestibular correspondente ao terço médio da raiz - Trapezoidal para quando se deseja expor a tábua óssea vestibular correspondente ao terço apical da raiz - Descolamento do retalho com Molt n. 9 - Ostectomia vestibular para proporcionar ponto de apoio com broca de aço carbide haste longa n. 4 ou 6 para alta rotação com irrigação abundante com soro fisiológico estéril. - Odontosecção em caso de dentes multirradiculares com broca de aço carbide haste longa n. 702 para alta rotação com irrigação abundante com soro fisiológico estéril.. -Sentido mésio distal para pré molares -Sentido vestíbulo lingual para molares inferiores -Em “Y" ou em “T" para molares superiores - Luxação e avulsão com Alavanca 301 ou 304 - Curetagem do alvéolo somente na presença de lesão apical ou tecido de granulação proveniente de doença periodontal 4 – Síntese: - sutura com fio de seda 3-0 ou nylon 4-0. Ponto em “X" para alvéolos sem fechamento por primeira intenção. - sutura com pontos simples para alvéolos com fechamento por primeira intenção. - pressão local com gaze umidecida em soro por 5 minutos. Regularização de rebordo (Preferencialmente feita no mesmo momento cirúrgico no caso de exodontias múltiplas) 1 - Sequência de paramentação: - EPI completo (com jaleco ou sem) - Antissepsia intra oral do paciente - Degermação de mãos - Colocação de capote - Calçar as luvas - Campo liso de bancadas - Montagem da mesa - Anti-sepsia extra oral - Campo fenestrado para paciente - Protetoresde sugador e motores 2 - Anestesia: - somente infiltravas marginais em fundo de vestíbulo na região a ser operada, com complementação por palatino / lingual. 3 - Técnica cirúrgica - incisão linear e retalho em envelope. - descolamento do retalho com Molt n. 9 - Remoção de porção exposta dos septos interdentais com Alveolótomo ou Broca Maxicut para peça de mão com irrigação abundante com soro fisiológico estéril. - Confecção de bisel vestibular para fechamento do retalho por primeira intenção. - No caso da remoção de áreas retentivas vestibulares, Manobra de Choupret com pressão bidigital 4 – Síntese: - sutura com ponto contínuo festonado e fio de seda 3-0 ou nylon 4-0 FRENECTOMIAS 1 - Sequência de paramentação: - EPI completo (com jaleco ou sem) - Antissepsia intra oral do paciente - Degermação de mãos - Colocação de capote - Calçar as luvas - Campo liso de bancadas - Montagem da mesa - Anti-sepsia extra oral - Campo fenestrado para paciente - Protetores de sugador 2 - Anestesia: - somente infiltravas ao longo de todo o freio a ser removido. No caso de freios labiais superiores com extensão palatina e diastema, bloqueio do nervo naso palatino. 3 - Técnica cirúrgica - colocação de duas pinças hemostáticas para apreender o freio: - uma pinça na porção labial do freio (ou na porção lingual, no caso de freios línguais) - uma pinça na porção gengival do freio (no caso de freios línguas, essa pinça deve ser posicionada logo acima das carúnculas linguais para protege-las. - incisão central para desinserir o lábio ou a língua - remoção da porção labial ou lingual do freio com incisões em cunha. - No caso de freios inseridos na porção palatina com diastema, remoção da papila interdental e porção palatina do freio. - Divulsão da mucosa labial e lingual para não suturar a parte muscular, aumentando a chance de recidiva. 4 – Síntese: - sutura simples e fios multifilamentares. Traumatismo oral e maxilofacial Os traumatismos são resultados, geralmente, de sobrecargas mecânicas (físicas) onde a integridade estrutural e a rigidez dos tecidos são interrompidas Lesões de tecidos moles Os tipos de lesões de tecidos moles que o cirurgião- dentista pode vivenciar na prática variam consideravelmente. Essas lesões são vistas com alguma frequência em associação ao traumatismo dentoalveolar ou são causadas inadvertidamente pelo cirurgião-dentista na prática clínica. Abrasão A abrasão é uma ferida causada por fricção entre um objeto e a superfície do tecido mole. Essa ferida é usualmente superficial, desnuda o epitélio e ocasionalmente envolve as camadas profundas. Como as abrasões atingem as terminações finais de muitas fibras nervosas, elas são dolorosas. O sangramento geralmente é mínimo, porque é de natureza capilar e responde bem à aplicação de pressão suave. Se a abrasão não for profunda, a reepitelização ocorre sem a formação de cicatriz. Quando a abrasão estende-se para as camadas profundas da derme, a cicatrização dos tecidos profundos ocorre com a formação de cicatriz, e alguma deformidade permanente pode ser esperada. As áreas abrasionadas devem ser totalmente limpas, a fim de remover todo material estranho. Degermante antisséptico e irrigação copiosa com solução salina são utilizados para esse propósito. Todas as partículas de material estranho devem ser removidas. Se essas partículas são deixadas no tecido, resultarão em uma “tatuagem” permanente e difícil de ser tratada. Em abrasões profundas e contaminadas com sujeira ou outro material, pode ser necessário anestesiar a área e usar uma escova cirúrgica (ou escova de dentes) para remover completamente os detritos. Uma vez que a ferida esteja livre de detritos, a aplicação tópica de uma pomada antibiótica é adequada. Um curativo não compressivo pode ser utilizado se a abrasão é profunda, mas é desnecessário em abrasões superficiais. Antibióticos sistêmicos não são normalmente indicados. Durante a semana seguinte, ocorrerá reepitelização da ferida sob a escara, que é uma crosta ressecada de sangue e plasma que se desenvolve após lesão de tecido mole (p. ex., uma crosta). A escara, então, cairá. Durante o atendimento, é possível criar abrasões iatrogenicamente, como as que ocorrem quando a haste de uma broca em movimento atinge a mucosa oral ou quando uma compressa de gaze ou algodão abrasionam a mucosa durante sua remoção da boca. Contusão A contusão é mais comumente chamada de equimose e indica que ocorreu algum rompimento no interior dos tecidos, resultando em hemorragia subcutânea ou submucosa sem descontinuidade na superfície dos tecidos moles. As contusões são normalmente causadas por trauma com um objeto rombo, mas também são frequentemente encontradas associadas a traumatismo dentoalveolar ou fraturas dos ossos faciais. A importância das contusões, do ponto de vista do diagnóstico, é que, quando elas ocorrem, deve-se procurar por fraturas ósseas. A contusão geralmente não requer tratamento cirúrgico. Uma vez que a pressão hidrostática dos tecidos moles se iguala à pressão dentro dos vasos sanguíneos (usualmente capilares), o sangramento cessa. Se a contusão é diagnosticada precocemente, a aplicação de gelo ou curativos compressivos pode ajudar na vasoconstrição e, portanto, diminuir a formação de hematoma. Se uma contusão não parar de se expandir, é provável que haja hemorragia arterial dentro da ferida, e nesses casos é necessária exploração cirúrgica para ligadura dos vasos. Como não há rompimento da superfície dos tecidos moles, com o tempo o corpo reabsorve a hemorragia formada dentro de uma contusão, e o contorno normal é restabelecido. Porém, nos dias seguintes, o paciente pode esperar áreas de equimose (ou seja, coloração violácea causada pelo extravasamento de sangue na pele ou mucosa; uma “marca negro-azulada”), que evoluirá para uma variedade de cores (azul, verde e amarela) antes de desaparecer. Quando não há rompimento na superfície dos tecidos moles, infecção é improvável, portanto antibióticos sistêmicos não são indicados. Se, contudo, a contusão resulta de traumatismo dentoalveolar, é provável que exista uma comunicação entre a cavidade oral e o hematoma submucoso. Nesse caso, antibióticos sistêmicos são recomendados, pois o sangue coagulado representa um meio de cultura ideal. Laceração A laceração é uma solução de continuidade nos tecidos epiteliais e subepiteliais. É talvez o tipo mais frequente de lesão de tecido mole, sendo causada mais comumente por um objeto cortante, como uma faca ou um pedaço de vidro. Se o objeto não é afiado, as lacerações criadas podem ser irregulares, pois o tecido é literalmente rasgado pela força do golpe. Assim como nas abrasões, a profundidade da laceração pode variar, algumas envolvem somente a superfície externa, outras se estendem profundamente para dentro do tecido, rompendo nervos, vasos sanguíneos, músculos e outras estruturas e cavidades anatômicas maiores. Deve-se explorar minunciosamente a cavidade oral e identificar lesões que aparentemente não estão abertas. Por exemplo, lacerações no vestíbulo podem passar despercebidas, a menos que os lábios sejam afastados, permitindo que elas apareçam. As lacerações nos lábios são comumente observadas no traumatismo dentoalveolar, mas em muitos casos os dentes ficam intactos, porque o tecido mole absorve a força do golpe. As feridas de tecidos moles associadas ao traumatismo dentoalveolar são sempre tratadas após o tratamento das lesões dos tecidos duros. Após anestesia adequada, o tratamento cirúrgico das lacerações envolve quatro passos principais: (1) limpeza, (2) debridamento, (3) hemostasia e (4) fechamento. Esses passos aplicam-se a lacerações em qualquer parte do corpo, inclusive a cavidade oral e a região perioral. 1. Limpeza da ferida: é necessária para prevenir quaisquer detritos remanescentes.Pode ser realizada com degermante antisséptico e necessitar do uso de uma escova. Um anestésico é normalmente necessário. A irrigação salina copiosa é, então, usada para remover todo material solúvel em água e partículas. 2. Debridamento da ferida: refere-se à remoção de todo o tecido contundido e desvitalizado da ferida e do tecido irregular da superfície, permitindo o fechamento linear. Na região maxilofacial, que tem rico suprimento sanguíneo, a quantidade de debridamento deve ser mínima. Somente o tecido desvitalizado é excisado. Para a maioria das lacerações encontradas pelos cirurgiõesdentistas, não há necessidade de debridamento, exceto para o tecido de glândulas salivares menores 3. Hemostasia da ferida: deve ser realizada antes do fechamento. O sangramento contínuo pode comprometer o reparo em razão da formação de hematoma dentro dos tecidos, que pode romper os planos já suturados. 4. Fechamento da ferida: uma vez que a ferida esteja limpa, desbridada e a hemostasia seja obtida, a laceração está pronta para ser suturada. Nem toda laceração necessita de sutura, devendo avaliar a profundidade e localização. Para que o fechamento de uma laceração seja considerado apropriado, durante o fechamento todas as camadas do tecido devem ser reposicionadas. Lacerações da gengiva e da mucosa alveolar (ou assoalho de boca) são facilmente fechadas em uma camada. Se um paciente apresenta laceração de língua ou lábio envolvendo músculo, suturas reabsorvíveis devem ser usadas para fechar as camadas musculares, e, em seguida, a mucosa é suturada. Tecidos de glândula salivar menor que se projetam para fora de uma ferida devem ser cuidadosamente removidos para permitir fechamento mais favorável. Em lacerações que envolvam a espessura total do lábio, é necessário um fechamento em três camadas. Uma vez fechada a laceração, o profissional deve considerar que uma terapia de suporte pode ser instituída para promover cicatrização sem complicações. Antibióticos sistêmicos devem ser considerados sempre que uma laceração estende-se pela espessura total do lábio. Nas lacerações superficiais, os antibióticos não são indicados. A imunização do paciente contra o tétano deve ser verificada. Os pacientes também devem ser instruídos quanto à dieta pós-cirúrgica e aos cuidados com a ferida. Geralmente, suturas na pele da face devem ser removidas de quatro a seis dias do pós-operatório. Ao remover a sutura, esta deve ser cortada e puxada em uma direção que não cause a abertura da ferida. Tiras adesivas podem ser colocadas no momento da remoção da sutura para dar suporte externo à cicatrização da ferida Tratamento de fraturas faciais Avaliação Imediata Antes de completar uma história detalhada e a avaliação física da área facial, deve-se cuidar das lesões graves que causem risco de vida. O primeiro passo na avaliação do paciente traumatizado é o exame da estabilidade cardiopulmonar, garantindo que ele esteja com a via aérea patente e que os pulmões se encontrem adequadamente ventilados. Os sinais vitais, incluindo frequência respiratória, pulsação e pressão arterial, devem ser tomados e registrados. Durante a fase inicial da avaliação (a avaliação primária), outros problemas que possam incorrer em risco de vida ao paciente, como hemorragia profusa, devem ser abordados. Em seguida, a avaliação do estado neurológico do paciente e um exame da sua coluna cervical devem ser realizados. O pescoço deve ser imobilizado temporariamente até que as lesões nessa região tenham sido solucionadas. Procede-se à palpação cuidadosa do pescoço para detectar possíveis áreas dolorosas, e uma série de radiografias da espinha cervical deve ser realizada assim que possível. O tratamento das lesões de cabeça e pescoço deve geralmente ser adiado até que uma completa avaliação, exame e estabilização do paciente tenham sido realizados. Contudo, muitas vezes algum tratamento pode ser necessário para estabilizar o paciente. A manutenção das vias aéreas do paciente é de vital importância. Com frequência, as fraturas do osso da face comprometem severamente a ventilação do paciente, especialmente quando ele está inconsciente ou em posição supina. Fraturas mandibulares graves, particularmente as bilaterais ou cominutivas, podem provocar grandes deslocamentos da mandíbula e da língua em direção posterior, resultando em obstrução das vias aéreas superiores Simples manuseio, reposicionamento e estabilização da mandíbula em uma posição mais anterior podem aliviar esta obstrução. Em alguns casos, a intubação endotraqueal pode ser necessária. Quaisquer aparelhos protéticos, dentes avulsionados, pedaços de osso completamente avulsionados ou outros detritos também podem contribuir para a obstrução das vias aéreas e devem ser imediatamente removidos. Quaisquer áreas de sangramento devem ser prontamente examinadas e tratadas com tamponamento, curativos compressivos ou pinçamento dos vasos. Todo o excesso de sangue e saliva deve ser aspirado da faringe, prevenindo a aspiração e o laringospasmo. As lesões da região facial podem envolver não somente os ossos da face, mas também os tecidos moles, como língua e áreas cervicais superiores, ou podem estar associadas às lesões como uma fratura de laringe. História e Exame Físico Após o paciente estar inicialmente estabilizado, deve-se obter uma história o mais completa possível. Cinco importantes perguntas devem ser realizadas: 1. Como aconteceu o acidente? 2. Quando aconteceu o acidente? 3. Quais as características específicas da lesão, incluindo o tipo de objeto causador, a direção de onde veio o impacto e considerações logísticas similares? 4. Houve perda de consciência? 5. Que sintomas o paciente apresenta no momento, incluindo dor, alterações de sentidos, alterações visuais e maloclusão? Uma revisão completa dos sistemas, incluindo informações sobre alergias, medicamentos e imunização antitetânica prévia, condições médicas e cirurgias prévias, deve ser obtida. A avaliação física das estruturas faciais deve ser completada somente após um exame físico geral, que verifique as condições cardiopulmonares e funções neurológicas, além de outras áreas de trauma potencial, incluindo tórax, abdome e áreas pélvicas. Como os pacientes com graves lesões múltiplas frequentemente requerem avaliação e tratamento por diversos especialistas, as equipes de trauma tornaram-se um padrão nas salas de emergência dos principais hospitais. A avaliação da área facial deve ser feita de maneira organizada e sequencial. O crânio e a face devem ser cuidadosamente inspecionados à procura de traumatismos evidentes, incluindo lacerações, abrasões, contusões, áreas de edema ou formação de hematoma, e possíveis alterações de contorno. As áreas de equimose devem ser cuidadosamente avaliadas. 1. Equimose periorbitária, especialmente associada à hemorragia subconjuntival, costuma ser indicativa de fratura orbitária ou do complexo zigomático. 2. Equimoses localizadas atrás da orelha, ou sinal de Battle, sugerem fratura da base do crânio. 3. Equimoses no assoalho da boca usualmente indicam fratura na região anterior da mandíbula. Um exame neurológico da face deve incluir uma avaliação criteriosa de todos os nervos cranianos. Alterações pupilares ou de acuidade visual podem sugerir traumatismo intracraniano (disfunção do II ou III nervo craniano) ou trauma direto à órbita. Pupilas desiguais (anisocoria) em um paciente letárgico indicam uma lesão ou hemorragia intracraniana (hematoma subdural ou epidural ou hemorragia intraparenquimatosa). Uma pupila assimétrica ou irregular (não redonda) é mais comumente causada por uma perfuração do globo ocular. As anormalidades dos movimentos oculares também podem apontar problemas neurológicos centrais (III, IV e VI nervos cranianos) ou restrição mecânica dos movimentos dos músculos do olho,resultante de fraturas do complexo orbitário. A função motora dos músculos faciais (VII nervo craniano) e dos músculos da mastigação (V nervo craniano) e a sensibilidade da área facial (V nervo craniano) devem ser avaliadas. Todas as lacerações devem ser cuidadosamente limpas e avaliadas à procura de possíveis secções de nervos e ductos importantes, como o nervo facial e o ducto de Stensen. A mandíbula deve ser cuidadosamente avaliada pela palpação externa de todas as áreas das bordas inferior e lateral e da articulação temporomandibular. A oclusão deve ser examinada à procura de desnivelamento ao longo do plano oclusal e de lacerações das áreas gengivais. A palpação bimanual das áreas suspeitas de fratura deve ser feita por meio de pressão firme sobre a mandíbula, anterior e posterior à área fraturada, em uma tentativa de diagnosticar se há mobilidade nesta região. A oclusão deve ser reexaminada após esta manobra. A mobilidade dentária na área de uma possível fratura também deve ser observada. A avaliação do terço médio da face começa verificando-se a mobilidade da maxila isoladamente ou em combinação com os ossos zigomáticos ou nasais. Para acessar a mobilidade da maxila, a cabeça do paciente deve ser estabilizada pela fronte com uma das mãos. As regiões do terço médio e superior da face devem ser palpadas, procurando-se desnivelamento ósseo na região frontal, no rebordo periorbitário ou na região nasal ou zigomática. A crepitação óssea (capacidade de sentir a vibração conforme as margens ósseas são esfregadas umas contra as outras) ou extrema sensibilidade nesta região indica fratura. A avaliação das estruturas nasais e paranasais inclui a medição da distância intercantal entre a parte mais interna dos cantos mediais direito e esquerdo. Frequentemente, as lesões naso-órbito-etmoidais causam cominuição dos ossos nasais e deslocamento dos ligamentos cantais mediais, resultando em telecanto traumático (aumento da distância intercantal). A inspeção intraoral deve incluir uma avaliação das áreas de laceração da mucosa e de equimoses no vestíbulo bucal ou ao longo do palato e um exame da oclusão e das áreas de dentes com mobilidade ou ausentes. Essas áreas devem ser verificadas antes, durante e após uma manipulação da mandíbula e do terço médio da face. Contato oclusal prematuro unilateral com mordida aberta contralateral é altamente suspeito de um tipo de fratura dos maxilares. Avaliação Radiográfica Após cuidadosa avaliação da área facial, radiografias devem ser feitas para fornecer informação adicional sobre as lesões faciais. Nos casos de trauma facial grave, as lesões na coluna cervical devem ser excluídas com um exame completo da coluna cervical antes de qualquer manipulação no pescoço. O exame radiográfico da face deve depender, até certo ponto, dos achados clínicos e da lesão suspeitada. No paciente com trauma de face, o objetivo das radiografias é confirmar a suspeita do diagnóstico clínico, obtendo-se informações que podem não estar claras no exame clínico, e determinar com maior precisão a extensão da lesão. O exame radiográfico deve também documentar as fraturas por ângulos ou perspectivas diferentes. A avaliação radiográfica da mandíbula geralmente requer duas ou mais das seguintes tomadas radiográficas: 4. Radiografia panorâmica, 5. Incidência de Towne de boca aberta, 6. Incidência posteroanterior 7. Incidências laterais oblíquas Ocasionalmente, até mesmo essas radiografias não fornecem a informação adequada; portanto, radiografias suplementares, incluindo as periapicais e oclusais, podem ser úteis. 3 A tomografia computadorizada (TC), na incidência axial com contraste intravenoso, pode fornecer informações não obtidas nas radiografias planas ou quando precauções com a coluna cervical ou outras lesões não permitem o posicionamento adequado dos filmes. A TC é usada para excluir lesão neurológica em muitos pacientes com trauma facial, e este exame também pode ser útil para suplementar a avaliação radiográfica. A avaliação das fraturas do terço médio da face historicamente foi complementada com outras incidências radiográficas, incluindo a de 8. Incidência de Waters, 9. Incidência lateral e posteroanterior de crânio 10. Submento-vértex. A TC é a técnica radiográfica mais comumente usada para avaliar do trauma de terço médio da face. A capacidade de avaliar as fraturas em diversos planos de espaço e visualizar todo o crânio, terço médio da face e mandíbula com a reconstrução tridimensional fornece informação valiosa para o diagnóstico e tratamento do trauma facial grave Etiologia das Fraturas Faciais As principais causas de fraturas faciais abrangem os acidentes automobilísticos e as agressões. Outras causas de lesões incluem as quedas, os acidentes esportivos e os de trabalho. Fraturas Mandibulares Dependendo do tipo de lesão e da direção e força do impacto, as fraturas de mandíbula normalmente ocorrem em diversas localizações. Uma das classificações de fraturas descreve as fraturas mandibulares de acordo com sua localização anatômica. As fraturas são designadas como condilares, do ramo, de ângulo, de corpo, sinfisárias, alveolares e, raramente, do processo coronoide. Outro sistema de classificação das fraturas mandibulares as distingue em fraturas do tipo galho verde, simples, cominutivas e compostas. Esse sistema descreve a condição dos fragmentos ósseos na região fraturada e a possível comunicação com o meio externo. A. As fraturas em galho verde são aquelas que envolvem as fraturas incompletas com flexibilidade do osso. Essas fraturas geralmente exibem mobilidade mínima quando palpadas e a fratura é incompleta. B. Uma fratura simples é uma completa transecção do osso com mínima fragmentação na região fraturada. C. Na fratura cominutiva, o osso é fraturado em múltiplos segmentos. Ferimentos com arma de fogo, objetos penetrantes ou outros traumatismos de alto impacto na mandíbula resultam comumente em fraturas cominutivas. D. Uma fratura composta provém da comunicação da margem do osso fraturado com o meio externo. Nas fraturas maxilofaciais, a comunicação com o meio bucal ou externo pode decorrer de lacerações da mucosa, perfuração através do sulco gengival e do ligamento periodontal, comunicação com o revestimento do seio e lacerações da pele subjacente. Por definição, qualquer fratura dos maxilares envolvendo um segmento dentário é uma fratura exposta ou composta. As fraturas de mandíbula podem ser favoráveis ou desfavoráveis, dependendo da angulação da fratura e da força de tração muscular proximal e distal à fratura. Em uma fratura favorável, a linha de fratura e a força de tração muscular resistem ao deslocamento da fratura. Em uma fratura desfavorável, a tração muscular resultará em deslocamento dos segmentos fraturados. Fraturas do Terço Médio da Face As fraturas do terço médio da face incluem aquelas que afetam a maxila, o zigoma e o complexo naso-órbito- etmoidal. Essas fraturas podem ser classificadas em: fraturas Le Fort I, II ou III, fraturas do complexo zigomático-maxilar, fraturas de arco zigomático ou fraturas NOE. Tais fraturas podem ocorrer isoladamente ou combinadas. A. A fratura Le Fort I resulta frequentemente da aplicação de força horizontal na maxila, fraturando-a através do seio maxilar e ao longo do assoalho da fossa nasal. Ela separa a maxila das lâminas pterigoides e das estruturas nasal e zigomática. Esse tipo de fratura pode separar a maxila, em um único pedaço, das outras estruturas, dividir o palato ou fragmentar a maxila. B. A Le Fort II, que é a separação da maxila e complexo nasal aderido, das estruturas zigomáticas e nasais, pode ocorrer devido a aplicação de forças horizontais mais superiores à maxila resultando uma linha de fratura piramidal. C. A fratura Le Fort III provém da aplicação de forças horizontais em umnível suficientemente alto para separar o complexo NOE, os zigomas e a maxila, da base do crânio, o que decorre da chamada separação craniofacial. Invariavelmente, as fraturas do terço médio da face são híbridas ou combinações de lesões previamente mencionadas. O tipo mais comum das fraturas do terço médio da face é a fratura do complexo zigomático. Esse tipo de fratura resulta do impacto de objetos, como uma bola de beisebol ou o punho, sobre a parte lateral da bochecha. Traumatismos semelhantes também podem ocasionar fraturas isoladas dos ossos nasais, do rebordo orbitário ou áreas do assoalho da órbita. Trauma contuso ao olho pode resultar em compressão do globo e subsequente fratura blow-out do assoalho da órbita. O arco zigomático também pode ser afetado, isolado ou em combinação com outros tipos de fraturas. Tratamento das fraturas faciais Sempre que as estruturas faciais são traumatizadas, o objetivo do tratamento é a reabilitação máxima do paciente. Nas fraturas faciais, os objetivos do tratamento incluem o Rápida cicatrização óssea o Retorno das funções ocular, mastigatória e nasal normais o Recuperação da fala o Resultado estético facial e dentário aceitável. o Mínimo desconforto e inconvenientes o máximo possível Para alcançar esses objetivos, os seguintes princípios cirúrgicos básicos devem servir de guia para o tratamento das fraturas faciais: o Redução da fratura (ou seja, reposição dos segmentos ósseos em suas corretas posições anatômicas) o Fixação dos segmentos ósseos para imobilizar os segmentos no local da fratura o A oclusão original deve ser restaurada o Qualquer infecção na área da fratura, erradicada ou prevenida. O momento do tratamento das fraturas faciais depende de diversos fatores. Na maioria das vezes, é sempre melhor tratar as lesões o mais cedo possível. Evidências mostram que, quanto mais tempo uma fratura aberta ou composta permanecer sem tratamento, maior é a incidência de infecções e má união. Além disso, adiar por dias ou semanas torna difícil ou impossível a redução anatômica ideal da fratura. Ademais, o edema aumenta progressivamente nos 2 ou 3 dias após o traumatismo e, com frequência, dificulta o tratamento de uma fratura. O plano de tratamento da maioria das fraturas faciais começava com a redução das fraturas mandibulares, continuando sequencialmente pelo terço médio da face. Os motivos para isso eram que a mandíbula podia ser mais facilmente estabilizada e que a oclusão e o restante do esqueleto facial podiam ser reduzidos de acordo com a mandíbula. Entretanto, com o advento e desenvolvimento das técnicas de fixação rígida (placa e parafuso), o tratamento das fraturas faciais pode começar pelas áreas de mais fácil estabilização e progredir para as áreas mais instáveis. Na abordagem das fraturas faciais, o cirurgião-dentista tenta reconstruir a face com base no conceito de que certas estruturas ósseas do esqueleto facial fornecem o suporte primário nos sentidos vertical e anteroposterior. Três pilares existem bilateralmente, formando o suporte primário vertical da face: o Nasomaxilar o Zigomático o Pterigomaxilar As estruturas que suportam a projeção facial no sentido anteroposterior incluem a barra frontal, o arco zigomático e o complexo zigomático, os alvéolos maxilares e o palato e o segmento basal da mandíbula. Independentemente do tipo de fratura ou da abordagem cirúrgica usada, o procedimento inicial deve ser o posicionamento dos dentes em sua oclusão correta e, a seguir, a redução apropriada das fraturas ósseas. O reparo ósseo deve sempre preceder o reparo do tecido mole. Fraturas Mandibulares O primeiro e mais importante aspecto da correção cirúrgica é reduzir apropriadamente a fratura ou colocar os segmentos individuais da fratura na relação adequada uns com os outros. Na redução adequada de fraturas ósseas em que há a presença de dentes, é mais importante colocá-los na relação oclusal que tinham anteriormente ao trauma.. O estabelecimento de uma relação oclusal adequada por meio da fixação dos dentes com fio de aço denomina-se fixação maxilomandibular (FMM) ou fixação intermaxilar (FIM). a. Bara de Erich: utiliza um arco pré-fabricado adaptado e fixado aos dentes em cada arcada com fios de aço; o arco maxilar é, então, fixado ao arco mandibular, posicionando os dentes em suas relações adequadas. b. Odontossintese tipo Ivy c. Fixação em laço contínuo Quando as fraturas não são tratadas em alguns dias ou estão severamente deslocadas, pode ser difícil colocar os segmentos fraturados imediatamente dentro de sua posição anatômica correta e realizar uma adequada FIM. Elásticos potentes de tração podem ser utilizados para puxar os segmentos ósseos para suas posições corretas gradualmente por algumas horas ou alguns dias. O tratamento das fraturas usando somente a FIM é chamado de redução fechada, porque não envolve a abertura direta, a exposição e a manipulação da área fraturada. No caso de uma fratura em um paciente edêntulo, as próteses inferiores podem ser fixadas com fio de aço à mandíbula com uma fixação circum-mandibular, e as próteses superiores podem ser fixadas à maxila usando outras técnicas de fixação com fio de aço ou com parafusos para manter a dentadura em sua posição. As próteses superiores e inferiores podem, então, ser fixadas junto com fio de aço, o que produzirá um tipo de FIM. Em muitos casos, a fratura em um paciente totalmente edêntulo necessita da redução aberta e fixação interna com alinhamento anatômico. Após um período apropriado de cicatrização (mínimo de 4 a 6 semanas), novas dentaduras podem ser confeccionadas. Depois de completadas a redução fechada da mandíbula e a colocação dos componentes dentários ou do processo alveolar com a relação adequada com a maxila, a necessidade de uma redução aberta (exposição direta e redução da fratura através de uma incisão cirúrgica) deve ser determinada. Se ocorrer uma correta redução óssea, a FIM pode fornecer uma estabilização adequada durante a fase inicial de cicatrização óssea, de aproximadamente 6 semanas. As indicações para a redução aberta incluem deslocamento contínuo dos segmentos ósseos ou fraturas desfavoráveis, como as fraturas de ângulo, em que a força de tração dos músculos masseter e pterigóideo medial podem causar o deslocamento do segmento proximal da mandíbula. Com as técnicas de fixação rígida, é permitida a cicatrização sem que o paciente tenha que suportar a FIM ou, no mínimo tenha o tempo de FIM reduzido. Esse é um fator importante na decisão de se realizar a redução aberta. Em alguns casos, não é necessário obter uma redução anatômica ideal da área fraturada. Isso é especialmente verdadeiro para as fraturas condilares. Quando a redução aberta é realizada, deve ser obtido um acesso cirúrgico direto à área fraturada. Esse acesso pode ser conseguido por meio de diversas abordagens cirúrgicas, dependendo da área da mandíbula fraturada. Abordagens intra e extraorais são possíveis. Em geral, a sínfise e a região anterior da mandíbula podem ser facilmente acessadas, com a utilização de uma incisão intraoral, enquanto as fraturas de ângulo, ramo e côndilo são mais facilmente visualizadas e tratadas por meio de um acesso extraoral. Em alguns casos, as fraturas de ângulo ou as posteriores do corpo da mandíbula podem ser tratadas por uma abordagem combinada usando uma incisão intraoral combinada com a inserção de um pequeno trocarte e uma cânula através da pele para facilitar a redução e a fixação da fratura. Nos dois casos, o acesso cirúrgico deve evitar estruturas nobres, como nervos, ductos e vasos sanguíneos, e resultar no mínimo de cicatriz possível. O método tradicional e ainda aceitável de fixação óssea após a redução aberta tem sido a osteossíntese a fio de aço combinada com um período de FMM que dura de 3 a 8 semanas. Esse métodode estabilização pode ser realizado por meio de variadas técnicas de fixação a fio de aço (osteossíntese a fio de aço) e, em geral, é suficiente para manter os segmentos ósseos em suas posições corretas durante o tempo de consolidação da fratura (Fig. 24-25). Se for usada a osteossíntese a fio de aço para fixação e estabilização da área fraturada, será necessária a imobilização continuada com FIM (geralmente 4 a 6 semanas) até que uma consolidação adequada da fratura tenha ocorrido. As técnicas de fixação interna rígida usam placas ou parafusos ósseos ou ambos, para fixar a fratura mais rigidamente e estabilizar os segmentos ósseos durante a cicatrização. É necessária uma adequada relação oclusal mesmo com a fixação rígida antes da redução e fixação dos segmentos ósseos. As vantagens da técnica de fixação rígida no tratamento das fraturas mandibulares abrangem diminuição do desconforto e dos inconvenientes causados ao paciente pela eliminação ou redução da FIM, melhora das condições de higiene e nutrição, maior segurança para os pacientes portadores de crises convulsivas e, frequentemente, melhores condições para o tratamento de pacientes com múltiplas fraturas. Fraturas do Terço Médio da Face O tratamento das fraturas do terço médio da face pode ser dividido naquele das fraturas que afetam a relação oclusal – como as fraturas Le Fort I, II ou III – e naquele das fraturas que não necessariamente afetam a oclusão, como as fraturas isoladas de zigoma, arco zigomático ou do complexo NOE. Nas fraturas do zigoma, isoladas do arco zigomático e do complexo NOE, o tratamento visa basicamente à restauração das funções ocular, nasal e mastigatória e à estética facial. Em uma fratura isolada de zigoma (a fratura mais comum do terço médio da face), a redução aberta geralmente é realizada por meio de uma combinação de acessos intraoral, na região lateral da sobrancelha e infraorbitário. Um instrumento é usado para elevar e posicionar corretamente o zigoma. Caso uma adequada estabilização não seja possível pela simples redução manual, pode ser necessário o uso de placas no pilar zigomaticomaxilar, na área zigomaticofrontal e no rebordo infraorbitário. Na fratura de arco zigomático, tanto a abordagem intraoral quanto a extraoral podem ser usadas para elevar e trazer o arco zigomático de volta à sua configuração normal. Além de restaurar o contorno facial adequado, isso elimina a obstrução mecânica sobre o processo coronoide da mandíbula e a subsequente limitação de abertura de boca. A elevação e redução do arco zigomático devem ser realizadas dentro de poucos dias após o trauma. Longas esperas podem manter o arco em uma configuração suportada estável difícil, e ele tende a colabar ou retornar para sua posição traumatizada. O objetivo do tratamento das fraturas NOE é reproduzir as funções nasolacrimal e ocular normais, enquanto se reposicionam os ossos nasais e os ligamentos cantais mediais nas suas posições apropriadas, para assegurar a estética pós-operatória normal. Nessas situações, a redução aberta da região NOE é geralmente necessária. Uma exposição ampla às regiões do rebordo supraorbitário, nasal, cantal medial e do rebordo infraorbitário pode ser conseguida com uma variedade de acessos cirúrgicos. O mais popular, atualmente em uso, é o retalho bicoronal, que permite a exposição de todo o complexo nasoetmoidal e o terço superior da face através de uma única incisão que pode ser facilmente escondida pelo cabelo do paciente O desenvolvimento e a melhoria do sistema de miniplacas e microplacas têm proporcionado grandes avanços no tratamento das fraturas do terço médio da face. O titânio permite que as placas variem em espessura de 1,5 a 0,6 mm, sendo fixadas com parafusos com 2,0 a 0,7 mm de diâmetro externo da espira. Todas as vantagens listadas para a fixação rígida nas fraturas mandibulares aplicam-se às do terço médio da face. Além destas, as microplacas possibilitaram uma grande melhora na obtenção do contorno ósseo adequado no momento da cirurgia. Quando se utiliza somente a osteossíntese a fio de aço ou as técnicas de suspensão esquelética, o restabelecimento da configuração das curvas da anatomia óssea é quase impossível, particularmente nas fraturas cominutivas graves com fragmentos ósseos muito pequenos. As fraturas cominutivas graves e instáveis do terço médio da face podem ser tratadas rotineiramente por exposição ampla de todos os segmentos fraturados, combinada com o uso de placas para restabelecer os pilares faciais, desenvolver contornos adequados e estabilizar o máximo possível de fragmentos ósseos. Essas placas e parafusos ósseos de titânio são biocompatíveis e não necessitam ser removidos em um segundo tempo cirúrgico, a não ser que estejam palpáveis, infectados ou interfiram em uma cirurgia reconstrutora secundária (p. ex., enxertos ósseos ou implantes).