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Paralisia Cerebral O que é? 4 Causas 6 O Papel do Pedagogo e as Intervenções Pedagógicas. 7 Inclusão escolar de aluno com paralisia cerebral, utilizando as tecnologias de informação e comunicação 42 Tecnologias no Ensino de Crianças com Paralisia Cerebral 56 Referências 79 Paralisia Cerebral O que é? Paralisia cerebral (PC) é um grupo de perturbações do movimento permanentes que surge durante o início da infância. Os sinais e sintomas variam entre pessoas. Os sintomas mais comuns são má coordenação motora, rigidez muscular, fraqueza muscular e tremores. Podem também verificar-se dificuldades a nível dos sentidos, visão, audição, deglutição e fala. É frequente que os bebés com paralisia cerebral comecem a rebolar, sentar, gatinhar ou caminhar mais tarde do que outras crianças da mesma idade. Em cerca de um terço das pessoas com PC verificam-se dificuldades ao nível da cognição e convulsões epilépticas. Embora os sintomas se possam tornar mais evidentes ao longo dos primeiros anos de vida, os problemas que estão na sua origem não se agravam com o tempo. A paralisia cerebral é causada pelo desenvolvimento anormal ou lesões nas partes do cérebro que controlam o movimento, equilíbrio e postura. Na maior parte dos casos estes problemas ocorrem durante a gravidez. No entanto, podem também ocorrer durante o parto ou imediatamente após o parto. Muitas vezes a causa é desconhecida. Entre os fatores de risco estão, entre outros, o parto prematuro, a ocorrência de gêmeos, algumas infeções durante a gravidez como a toxoplasmose ou rubéola congénita, a exposição a metilmercúrio durante a gravidez, complicações no parto e trauma craniano durante os primeiros anos de vida. Acredita-se que cerca de 2% dos casos se devem a causas genéticas hereditárias. Alguns subtipos são classificados de acordo com os problemas específicos que se manifestam. Por exemplo, as pessoas com rigidez muscular apresentam paralisia cerebral espástica, as pessoas com má coordenação apresentam paralisia cerebral atáxica e as pessoas com movimentos instáveis apresentam paralisia cerebral atetóide. O diagnóstico tem por base o desenvolvimento da criança ao longo do tempo. É possível o recurso a análises ao sangue e imagiologia médica para descartar outras possíveis causas. A paralisia cerebral é parcialmente evitável através de vacinação da mãe e de cuidados de segurança no sentido de evitar lesões cerebrais nas crianças. Não existe cura para a doença. No entanto, os existem tratamentos de apoio, medicação e cirurgia que podem ajudar muitas das pessoas. Entre estes estão a fisioterapia, terapia ocupacional e terapia da fala. Alguns medicamentos, como o diazepam, o baclofeno e a toxina botulínica, podem ajudar a relaxar os músculos. Entra as opções cirúrgicas estão o alongamento muscular e o corte de nervos hiperativos. Pode ser ainda possível o recurso a ortóteses ou outras tecnologias de apoio. Com tratamento adequado, algumas crianças afetadas conseguem alcançar em adultos uma qualidade de vida próxima do normal. Embora seja comum o recurso a medicina alternativa, não há evidências que apoiem a sua eficácia. A paralisia cerebral é o distúrbio de movimento mais comum em crianças, afetando cerca de 2,1 em cada 1000 nados-vivos. Ao longo da História, têm sido documentados inúmeros casos de paralisia cerebral As primeiras descrições conhecidas são as da obra de Hipócrates do século V a.C. O estudo sistemático da condição teve início no século XIX através de William John Little. A denominação da condição foi feita por William Osler, a partir do termo alemão "zerebrale Kinderlähmung" (paralisia cerebral infantil). Estão atualmente a ser investigados uma série de potenciais tratamentos, entre os quais a terapia com células estaminais. No entanto, é ainda necessário aprofundar a investigação de modo a determinar a sua eficácia e segurança. Causas Como foi citado anteriormente, suas causas encontram-se nos três períodos da gestação (antes, durante ou após). ● Pré-natais: ○ Infecções: rubéola, sífilis, listeriose, citomegalovírus, toxoplasmose e AIDS; ○ Uso de drogas, tabagismo, álcool; ○ Desnutrição materna; ○ Alterações cardiocirculatórias maternas. ● Perinatais: ○ Anóxia; ○ Hemorragias intracranianas; ○ Traumas obstétricos (durante o parto); ● Pós-natais: ○ Traumas cerebrais; ○ Meningites; ○ Convulsões; ○ Desnutrição; ○ Hidrocefalia. O cérebro é o órgão que controla todas as funções do organismo e para isso necessita do oxigênio. A falta deste nutriente é uma das maiores causas de lesão cerebral, trazendo prejuízo para o desenvolvimento. O sistema nervoso central é formado pelo cérebro e medula espinhal, seu desenvolvimento inicia dentro do útero e continua até os 21 anos de idade. Conforme as etapas de desenvolvimento do cérebro, as suas áreas vão criando novas conexões, desta forma as lesões cerebrais têm efeitos diferentes. Após ser lesado, o sistema nervoso passa a contar com as áreas não afetadas para continuar exercer suas funções porém é possível que ele consiga estabelecer algumas novas redes nervosas. Esta capacidade é conhecida como neuro-plasticidade. Entretanto, como a paralisia cerebral é raramente diagnosticada até pelo menos vários meses após o nascimento, a causa precisa da lesão cerebral numa criança é frequentemente especulativa. O Papel do Pedagogo e as Intervenções Pedagógicas. RESUMO Este trabalho tem como objetivo analisar os impactos das intervenções pedagógicas junto a um indivíduo com Paralisia Cerebral. Com este fim a pesquisa constitui em bibliográfica e em estudo de caso, com ações interventivas, tendo por foco a estimulação da aprendizagem, elevação da auto estima e inclusão social do sujeito da pesquisa: uma jovem com PC do tipo espástica , com 36 anos, sem escolaridade definida e com pouco histórico de participação e acompanhamento especializado. Utilizamos do diário de campo como instrumento de registro das atividades realizadas, de onde foram retirados os dados submetidos a posterior análise. Os resultados demonstraram que houve melhora significativa na auto estima da aluna, favorecendo assim a sua inclusão social. Também foi constatado que ao realizar atividades adaptadas a sua necessidade, ela demonstrava muita segurança, e foi possível perceber avanços significativos em todos os aspectos observados, aprendizagem, auto estima e interação social. INTRODUÇÃO Este trabalho tem como objetivo analisar os impactos de uma intervenção pedagógica realizada no período de quatro meses, junto a uma pessoa com Paralisia Cerebral. Neste período tivemos o prazer de acompanhar, como se dá a aprendizagem de uma pessoa adulta com Paralisia Cerebral, considerando especialmente suas possibilidades. A pesquisa também teve como objetivos específicos a elaboração de adaptações pedagógicas para que as intervenções ocorressem de forma satisfatória, para o indivíduo que encontrava-se fora do ambiente escolar e desmotivado. Partindo desse pressuposto foram confeccionados materiais a fim de subsidiar o estudo.Ao receber o convite para realizar esse estudo interventivo, sentimos que teríamos um grande desafio a alcançar, mas percebemos que era uma oportunidade única de crescimento pessoal e profissional também. Ouvimos uma frase que chamou-nos atenção e nos fizeram refletir bastante, “ De que adianta fazer um TCC, se ele não deixar a sua contribuição para o crescimento do outro”. Após reflexão sobre essa frase sentimos um amor imenso crescendo dentro de nós e topamos realizar este estudo, que trouxe benefícios não só para a aluna, mas para nós também. Tendo em vista contribuir com o meio acadêmico de forma significativa, dividimos este estudo em capítulos. O primeiro capítulo destina-se a introduzir o assunto. No segundo capítulo descrevemos sobre o conceito de PC ( Paralisia Cerebral), as causas, classificações, diagnóstico, desenvolvimento, necessidades e características, legislação. Também discute a questão do direito, inclusão, aprendizagem e adaptações junto ao sujeito com Paralisia Cerebral. No terceiro capítulo apresentamos os procedimentos metodológicos, usados neste trabalho, focalizando as intervenções pedagógicas realizadas. A nossa expectativa é a de que esse trabalho traga a contribuição necessária acerca do modo como enxergamos a Pessoa com Deficiência (Paralisia Cerebral), propondo mudanças significativas no que diz respeito a importância da sua aprendizagem, e destacando a intervenção pedagógica especializada como capaz de gerar aprendizagem, aumentar a auto estima e promover a inclusão social de pessoas com PC. PARALISIA CEREBRAL COMPREENDENDO SEU SIGNIFICADO Uma das primeiras publicações envolvendo a temática “Paralisia Cerebral”; se deu em 1862, quando William John Little publicou em Londres um trabalho que falava sobre, como a influência de um parto difícil ou prematuro, afetava o desenvolvimento físico e mental das crianças (LEITÃO, 1983). Mais tarde, Brissaud (1983), outro autor de renome da época, em seus estudos, nomeou esse desenvolvimento tardio do cérebro de “encefalopatias crônicas da infância”, que tinha como características a falta de desenvolvimento do Sistema Nervoso Central em tempo hábil, o que causava distúrbios motores, psíquicos e frequentemente epilepsia ( In: LEITÃO 1983, p. 3). De acordo com Figueiredo (1983) a primeira vez que foi descrito algo sobre o assunto, foi em 1853, onde Little descreve em sua monografia sob o título “Treatise on Deformities” a enfermidade que acometia crianças recém-nascidas caracterizadas por rigidez muscular, que se manifestavam mais nos membros inferiores, que, mas tarde passa-se a chamar de “Síndrome de Little”. A partir de 1897, Freud em suas pesquisas, traz um novo termo “Paralisia Cerebral Infantil”, que mais tarde passa a ser abreviada e permanece apenas o termo Paralisia Cerebral. Resume-se, então, que a Paralisia Cerebral é ocasionada por distúrbios da função motora que tem início na primeira infância, muitas vezes acompanhados por paralisias, espasticidade ou movimentos involuntários dos membros. Atualmente, os estudos sobre a Paralisia Cerebral são crescentes na área médica e de acordo com a literatura disponível, muitas das informações acerca das pesquisas feitas no passado são muito importantes para a busca de compreensão de como se dá a Paralisia Cerebral. Existem na atualidade diversos estudos a respeito do significado da Paralisia Cerebral Segundo Bax (1964) citado por Bobath (1995, p. 1) a Paralisia Cerebral é definida como “uma desordem do movimento e da postura devida a um defeito ou lesão do cérebro imaturo”. Sendo assim pode-se dizer que a Paralisia Cerebral pode ocorrer ainda na vida intrauterina, na formação fetal, podendo se estender até os dois anos de idade. Os estudos sobre a Paralisia Cerebral têm avançado de forma significativa, e segundo Rosebaum (2007), citado em Brasil (2013). A Paralisia Cerebral descreve um grupo de desordens permanentes do desenvolvimento do movimento e postura atribuído a um distúrbio não progressivo que ocorre durante o desenvolvimento do cérebro fetal ou infantil, podendo contribuir para limitações no perfil de funcionalidade da pessoa. As desordens motoras na paralisia cerebral podem ser acompanhadas por distúrbios sensoriais, perceptivos, cognitivos, de comunicação e comportamental, por epilepsia e por problemas muscoesqueléticos secundários. (BRASIL, 2013, p. 9). De acordo com o NACPC1 , O termo Paralisia Cerebral descreve uma condição de ser, um estado de saúde com implicações que decorrem de danos ao Sistema Nervoso Central. Portanto, é correto afirmar que Paralisia Cerebral não é uma doença, e a partir do momento em que a lesão acontece, não tem mais como reverter o quadro. Desenvolvimento da Pessoa com Paralisia Cerebral O desenvolvimento do bebê começa desde a vida intrauterina e se estende até após o nascimento. Segundo Bobath (1995), o bebê normal movimenta-se constantemente dentro da mãe, após o nascimento o bebê tende a explorar seu corpo seguindo etapas, de acordo com Kravitz (1978), citado por Bobath, primeiro o bebê toca a boca, depois o peito e por volta dos sete meses, consegue tocar as partes distais como pés e dedos dos pés. A criança acometida por Paralisia Cerebral fica privada de todas essas descobertas, pois devido à falta de mobilidade ou dificuldade de se movimentar, ela deixa de explorar o seu corpo de forma natural. Bobath (1995) nos diz que muitas vezes essas crianças acometidas por Paralisia Cerebral são tidas muitas vezes como retardadas mentalmente, por não conseguirem desenvolver habilidades motoras e perceptuais em tempo adequado. Segundo Argüelles (2001), o desenvolvimento normal caracteriza-se pela aquisição gradual do controle da postura, com o surgimento das reações de levantar, do equilíbrio e de outras reações adaptativas. Ela ainda afirma que esse processo depende da integridade do Sistema Nervoso Central, evoluindo de forma organizada, que cada etapa do desenvolvimento complementa a outra (ARGÜELLES, 2001). Já Finnie (1980), nos mostra que o desenvolvimento da criança normal se dá em cinco estágios, os quais serão descritos a seguir. O primeiro estágio é significativo para o desenvolvimento motor o bebê tem habilidade de se orientar pela linha mediana e surge o começo do controle da cabeça. No segundo estágio tem início a extensão-abdução dos membros inferiores em conjunto com toda a extensão do corpo. No estágio três acontece a progressão dos estágios anteriores, tornando-se assim muito mais flexível e com movimentos mais ativos. No estágio quatro o bebê já consegue rodar e equilibrar o tronco de forma bastante coordenada. O quinto e último estágio o bebê já adquiriu o equilíbrio necessário, para desenvolver habilidades como sentar, engatinhar e ficar de pé. No caso da criança com Paralisia Cerebral Argüelles (2001), afirma que: Devido à lesão encefálica, a função organizada, não se verifica. A progressão realiza-se de forma lenta e desorganizada, muitas vezes com a persistência do comportamento motor primário e o surgimento de padrões motores anormais, que não são observados nas criançasnormais (ARGÜELLES, 2001, p. 4). Bobath (1995), afirma que para que o bebê com Paralisia Cerebral se desenvolva , é necessário que a mãe seja participante ativa nesse processo, pois como qualquer outra criança, o bebê acometido por PC, precisa de estímulos, para que áreas do cérebro, não afetadas desenvolvem-se. Sendo assim vale salientar que uma criança com PC, não costuma seguir as etapas de desenvolvimento da mesma forma que uma criança que não apresente nenhum comprometimento neurológico. Segundo Argüelles (2001), o desenvolvimento motor da criança com PC, ocorre de forma desorganizada e com padrões anormais. Camargo (1999), alerta que se a criança com Paralisia Cerebral não for tratada logo, suas fases motora, intelectual e psíquica serão estimuladas depois do momento ideal para isso e, inevitavelmente, se desenvolverá abaixo de suas possibilidades. Para que uma criança se desenvolva, é necessário muito amor e dedicação dos pais e familiares, e não seria diferente com uma criança com PC. Segundo Camargo, o desenvolvimento da criança será mínimo caso ela não sinta amor, carinho e respeito a sua pessoa. A ciência só tem valor quando colocada a serviço do ser humano para isso ela foi criada (CAMARGO, 1999, p. 31). Para Bersh & Machado (2007): [...] à medida que a criança evolui no controle de sua postura e especializa seus movimentos, sendo cada vez mais capaz de deslocar-se e aumentar sua exploração do meio, está lançando as bases de seu aprendizado, seu corpo está sendo marcado por infinitas e novas sensações. ( In. BRASIL, 2007, p. 16). Necessidades e Características da Paralisia Cerebral Devido ao grande número de sequelas que a PC, pode causar, as características são bastante variadas. Segundo Camargo (1999), a criança que tem PC, tem uma dificuldade em movimentar-se devido a uma ou mais lesões em áreas do cérebro, responsáveis pelo movimento do corpo. Este mesmo autor ainda afirma que haverá dificuldades (maiores ou menores) para andar, usar as mãos, equilibrar-se e talvez até mesmo para falar ou olhar (CAMARGO, 1999). Inúmeros são os casos de crianças acometidas por Paralisia Cerebral, que apresentam algum transtorno associado ao comprometimento neurológico. Argüelles (2001) nos relata que: Além dos transtornos do movimento e do tônus de postura, a maioria das crianças com PC apresentam outros transtornos associados à lesão do SNC. As alterações mais frequentes são: deterioração cognitiva, déficits sensoriais, epilepsia, dificuldades para alimentação e transtornos emocionais ou de comportamento. (ARGÜELLES, 2001, p. 8). Finnie (1980) destaca que o processo de aprendizagem da criança com PC, deve ser permanentemente monitorado, pois, em todos os tipos de Paralisia Cerebral pode haver desenvolvimento fora do padrão ou lento. Santos & Sanches (2004) nos diz que: As crianças com Paralisia Cerebral apresentam com frequência alterações no seu desenvolvimento devido às deficiências associadas, ou ao fato do seu comprometimento motor impedir a realização de atividades motoras como: manipular objetos, engatinhar, andar, falar, escrever e aqueles que dependem da capacidade de efetuar determinados movimentos (SANTOS & SANCHES, 2004, p. 5). Argüelles (2001), diz que é possível que apareçam alterações emocionais e de comportamento, sendo as mais frequentes a falta de atenção e a impulsividade. Podendo ainda aparecer sintomas de depressão, dependência e baixa autoestima, principalmente na fase da adolescência. Camargo (1999), ainda afirma que crianças com PC, podem ainda apresentar deficiências sensoriais e intelectuais. A Legislação e os Direitos da Pessoa com Deficiência Físico-Motora PC De acordo com a Lei 3.298/99 é considerada deficiência física ou motora a alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sob a forma de: paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, membros com deformidades congênitas ou adquiridas, produzindo dificuldade para o desempenho de funções ( BRASIL, 1999). A Convenção da Guatemala (1999), promulgada no Brasil pelo Decreto nº 3.956/2001, afirma que as pessoas com deficiência têm os mesmos direitos humanos e liberdades fundamentais que as demais pessoas, definindo como discriminação com base na deficiência, toda diferenciação ou exclusão que possa impedir ou anular o exercício dos direitos humanos e de suas liberdades fundamentais. Impulsionando a inclusão educacional e social, o Decreto nº 5.296/04 regulamentou as leis nº 10.048/00 e nº 10.098/00, estabelecendo normas e critérios para a promoção da acessibilidade às pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida. A Inclusão das Pessoas com Paralisia Cerebral A inclusão social por sua vez é o processo no qual contribui para a construção de um novo modelo de sociedade, através de grandes ou pequenas transformações nos ambientes físicos e no modo como pensam as pessoas, portanto, a Pessoa com Deficiência/PC, também é beneficiada com este modelo de inclusão, pois, é através deste modelo de inclusão que o sujeito com Paralisia Cerebral, terá a chance de ter igualdade de oportunidades. De acordo com Sassaki (1999). [...] conceitua-se inclusão social como o processo pelo qual a sociedade se adapta para poder incluir, em seus sistemas espaciais gerais, pessoas com necessidades especiais e, simultaneamente estas se preparam para assumir seus papéis na sociedade. (SASSAKI, 1999, p. 3). É importante que a sociedade tome consciência de que a autonomia da pessoa com Paralisia Cerebral é fundamental, para que o processo torne-se verdadeiramente inclusivo, sendo assim eles terão maior participação na sociedade em que vivem, podendo contribuir ativamente no seu desenvolvimento. Aprendizagem da Pessoa com Paralisia Cerebral Conforme a exposição feita neste trabalho, a Paralisia Cerebral, pode vir acompanhada ou não de transtornos ou déficits intelectuais ou cognitivos, sendo assim, considerando-se que a criança adquire o conhecimento através da exploração do meio, da manipulação de objetos, da repetição de ações e do domínio do próprio esquema corporal com relação a situações de perigo, segundo Tabaquim (1996) ela necessita do controle maturacional do sistema nervoso, apud (FISHER e TAFNER, 2012). Segundo Lorenzini (2007), apud (OLIVEIRA, MENDES e ROSSLER, 2009). Como o comportamento do indivíduo depende também das experiências com o ambiente, com o próprio corpo e com os outros, a criança acometida por Paralisia Cerebral, ao não vivenciar essas situações, não organiza suas sensações e não reage naturalmente frente a uma experiência sensorial. Sendo assim, a aquisição de novas habilidades e o aperfeiçoamento das já vivenciadas, se ocorrem, demoram muito mais tempo, dependendo da gravidade do caso. (LORENZINI, 2007, p. 41). Entendendo que a criança precisa da exploração do meio para adquirir conhecimento, através da manipulação de objetos, da repetição de ações e do domínio próprio do esquema corporal, para que possa identificarpossíveis situações de perigo é necessário que o Sistema Nervoso Central, tenha maturação suficiente para desenvolver tais habilidades. Portanto a criança com PC, por ter a limitação natural, ela fica limitada ao pensamento e raciocínio para execução de tarefas básicas, perdendo oportunidades concretas de ampliação de aprendizagem em seu repertório. Leitão (1983) relata este fato quando diz que: A associação, a mielinização e a riqueza de neurônios são elementos que determinam, em parte, a evolução da linguagem e da aprendizagem. A gravidade vai desde uma mínima alteração de pronúncia ou articulação até a ausência de linguagem. Dislexia e disgrafia são comuns na fase escolar. A Paralisia Cerebral pode dificultar a aquisição da linguagem, embora possa contar com as composições que o sistema Nervoso seja capaz e com os movimentos automáticos conduzindo à possibilidade de controle, contribuindo para reeducação. (LEITÃO, 1983, p. 90). Sabendo das dificuldades existentes em torno da aprendizagem da pessoa com Paralisia Cerebral, é importante que o professor esteja apto a buscar a ajuda adequada, visualizando a necessidade particular de cada aluno. Existe uma variedade muito grande de materiais disponíveis, que servirão de elemento norteador na construção do material apropriado para que o aluno com Paralisia Cerebral, possa ter igualdade de oportunidades em relação à aprendizagem. De acordo com Sartoretto e Bersch (2010): Os recursos podem ser considerados ajudas, apoio e também meios utilizados para alcançar um determinado objetivo; são ações, práticas educacionais ou material didático projetado para propiciar a participação autônoma do aluno com deficiência no seu percurso escolar. ( SARTORETTO e BERSCH, 2010, p. 8). É de suma importância que o professor tenha conhecimento suficiente, para que através de um olhar diferenciado, possa proporcionar ao aluno com PC, as mesmas oportunidades de aprendizagem, que são direcionadas a um aluno sem deficiência. Um fator muito importante que influencia diretamente na aprendizagem do aluno com PC, é ele não está bem acomodado em seu assento, pois, além do conforto e segurança, a postura correta, favorece significativamente a aprendizagem da pessoa com Paralisia Cerebral. Segundo Giacomini, Sartoreto e Bersch (2010): Os impedimentos da função motora acarretam a privação de privação e acesso dos alunos em espaços e atividades, e isto deve ser analisado para que recursos adequados de tecnologia assistiva possam apoiar o desenvolvimento da funcionalidade, ou seja, a possibilidades de deslocar-se, de chegara aos ambientes pretendidos e ali explorar o meio e as atividades nele realizadas. (GIACOMINI, SARTORETO E BERSCH, 2010, p. 22). Quando este professor tem formação como Pedagogo e com aprofundamento em educação especial, o processo se torna mais fácil, pois, este profissional terá elementos suficientes para planejar e elaborar, estratégias e adaptações pedagógicas respeitando a necessidade individual de cada aluno, dando a ele igualdade de oportunidades na construção As Adaptações para Pessoas com Paralisia Cerebral em casa e na escola. Sabendo de todas as necessidades que cercam as pessoas com Paralisia Cerebral apresentaremos neste tópico, algumas formas de como podemos proporcionar, bem-estar , conforto, segurança, reabilitação e educação das pessoas com PC. As crianças ao serem diagnosticadas , com Paralisia Cerebral, seus pais, recebem muitas informações a respeito de como lidar com esta criança, uma das informações de grande importância que os pais precisam estar atentos é o que diz respeito ao manuseio em casa do filho com PC. Evidente que as adaptações começam na infância, mas, certamente, precisarão acompanhar o sujeito por toda a vida, ou a maior parte dela. Segundo Finnie (1980), na criança com Paralisia Cerebral o controle da cabeça é atrasado e inadequado, provocando reações que afetam o controle do pescoço e da coluna. Portanto é de suma importância que os pais tenham o conhecimento da melhor forma, como manusear a sua criança com PC, garantindo conforto, segurança e controle motor. As adaptações que comumente são feitas é onde a pessoa vive, são as que estão relacionadas ao bem-estar, como por exemplo: assentos feitos em formato triangular, para que mantenha a postura e equilíbrio. Além dos assentos adaptados existem também as pranchas que são feitas sob medida e colocadas na cadeira onde a pessoa com PC sentase. Essas pranchas ajudam a manter postura adequada em momentos como alimentação e atividades pedagógicas. Finne (1980) nos revela que o uso de tais materiais sejam usados até a pessoa conseguir o equilíbrio necessário para puxar uma cadeira comum e sentar-se nela. Na escola também ocorre da mesma forma, qualquer escola precisa estar preparada para atender as pessoas com Paralisia Cerebral, é necessário que essa escola possua: mobiliário e estrutura arquitetônica adequados, que garantam a mobilidade de todos que frequentam a escola. No que se refere às adaptações pedagógicas é importante que o professor seja aquele profissional, habilitado para trabalhar com atendimento educacional especializado, dessa forma irá pensar na melhor forma de adaptações de recursos, para atender a necessidade particular de cada estudante. Adaptar recursos pedagógicos à necessidade específica de um aluno com Paralisia Cerebral, não quer dizer que ele seja incapaz de aprender ou que será um privilegiado, e sim que pelo fato de muitas das vezes possuir comprometimento motor e de fala, faz-se necessário o uso de adaptações para que ele tenha igualdade de oportunidades no ambiente de aprendizagem. Para tal necessidade existem os recursos de Tecnologias Assistivas, que nada mais é que a criação de um recurso capaz de melhorar a comunicação e mobilidade do estudante com Paralisia Cerebral. Segundo Bersch e Machado (2007); Tecnologia Assistiva deve ser entendida como um auxilio, que promoverá a ampliação de uma habilidade funcional deficitária ou possibilitará a realização da função desejada e que se encontra impedida por circunstâncias de deficiência. (In. BRASIL, 2007, p. 27). Bersch (2007) acrescenta que: Tecnologia Assistiva é a expressão utilizada para identificar todo o arsenal de recursos e serviços que contribuem para proporcionar ou ampliar habilidades funcionais das Pessoas com deficiência e por consequência traz vida independente e inclusão. (In. BRASIL, 2007, p. 31). No caso especifico da pessoa com Paralisia Cerebral, pode ser feito o uso da CAA ( comunicação aumentativa e alternativa), especialmente no caso do aluno, ter comprometimento de fala e escrita. Já para alunos que tenham comprometimento motor, existe adequações a serem feitas, nos materiais pedagógicos usados pelos alunos. Como por exemplo temos os engrossadores de lápis, quadro magnético, atividades revestidas com material plástico, atividades feitas em velcro e com tamanho maior, facilitando a preensão. De todo modo é importante notar que a maioria das adaptações só podem serem pensadas pelo educador, quando este convive diretamente com o aluno com PC, pois, é somente nesta relação que se torna possível fazer as adequações que atenderãoàs necessidades do caso. Outro elemento importante é a formação do educador. Embora, a boa vontade seja elemento importante, o conhecimento científico é um grande aliado neste sentido. Portanto, vemos no curso de Pedagogia, especialmente, na área de aprofundamento em educação espacial, o espaço de formação privilegiado para os educadores que pretendem contribuir com a aprendizagem das pessoas com Paralisia Cerebral. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Neste capítulo apresentaremos a metodologia utilizada para a realização desta pesquisa que teve por objetivo avaliar os impactos da intervenção pedagógica, feita junto a um indivíduo com Paralisia Cerebral durante um período de quatro meses. Em seguida iremos expor os dados coletados durante a pesquisa, bem como mostraremos os resultados das intervenções realizadas neste período. Tipo de Pesquisa O método utilizado para realização deste trabalho foi constituído tendo como alicerce principal, o Estudo de Caso, que pode ter vários significados. Diante disto foi feita uma pesquisa bibliográfica, e escolhidos alguns conceitos para referendar o estudo e contribuir na construção dos conceitos necessários para estudar e intervir no caso. De acordo com Yin (2003), citado por Dias e Silva (2010), o estudo de caso dá-se da seguinte maneira: Um estudo de caso é uma investigação empírica que estuda um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não são claramente evidentes. (DIAS e SILVA, 2010, p. 47). Segundo Gil (2012), o estudo de caso é caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira a permitir o seu conhecimento amplo e detalhado. Sendo assim podemos dizer que o estudo de caso nada mais é que uma abordagem qualitativa, do objeto de pesquisa. De maneira prática e sucinta Gonsalves (2007), também nos trás um conceito bem alicerçado a respeito do estudo de caso, quando ela diz que: Estudo de caso é o tipo de pesquisa, que privilegia um caso particular, uma unidade significativa, considerada suficiente para análise de um fenômeno. É importante destacar que, no geral, o estudo de caso, ao realizar um exame minucioso de uma experiência, objetiva colaborar na tomada de decisões sobre o problema estudado, indicando as possibilidades para sua modificação. (GONSALVES, 2007, p. 69). Sujeito da Pesquisa Para identificar o sujeito envolvido nesta pesquisa usarei o nome fictício Joana ,com 36 anos, solteira, é a segunda filha de três irmãos, residente no bairro das Trincheiras do município de João Pessoa. A mesma possui Paralisia Cerebral. Ela nasceu de parto natural, e devido a sofrimento no momento do parto, que ocasionou demora na saída da cabeça e também falta de oxigenação no cérebro ficou com sequelas de PC. A princípio os médicos acharam que ela estava morta, segundo o relato da mãe, um olhar cuidadoso de um dos médicos que acompanhavam o parto percebeu que ela esboçava reação, e a reanimou com massagem cardíaca, aonde a mesma veio a reagir. A mesma passou 30 dias na incubadora, onde enfrentou sérias dificuldades. Após essa temporada no hospital, recebeu alta, e continuou recebendo os cuidados em casa. Por conta da falta de oxigenação no cérebro ela foi acometida por Paralisia Cerebral, tendo seu desenvolvimento comprometido, e não passou pelas fases de desenvolvimento adequadas a toda criança, o que lhe trouxe um grande prejuízo em sua vida adulta. Começou a se arrastar apenas aos seis anos de idade, e com nove anos começou a dar os primeiros passos. Desde pequenina foi acompanhada em instituições especializadas no atendimento à Pessoa com Deficiência. Atualmente ela frequenta esporadicamente uma instituição especializada, mas devido à rotina cansativa e repetitiva não se sente motivada em continuar. Não estudou em escola regular e por isso não tem nenhuma comprovação que o sistema de ensino brasileiro exige. O contato que teve com escola, foi durante a sua passagem pela FUNAD, que na ocasião também tinha a função de educar as pessoas com deficiência. Instrumento de pesquisa O instrumento de pesquisa adotado neste trabalho foi o Diário de Campo, que foi elaborado a partir de uma pesquisa de campo minuciosa, com registros diários sobre as atividades desenvolvidas, bem como sua participação e desenvolvimento observados no sujeito envolvido na pesquisa. Foram elaboradas intervenções pedagógicas de acordo com o nível de escolaridade da participante, e a cada execução era solicitado que fosse cumprida uma tarefa com um grau de dificuldade maior que a anterior. Segundo Severino (2007), a pesquisa de campo é feita em condições naturais onde o fenômeno ocorre. Para Andrade (2006), a pesquisa de campo se utiliza de técnicas específicas que tem como objetivo, recolher e registrar de maneira ordenada, os dados sobre o assunto em estudo. Sendo assim, a cada visita foi elaborada uma atividade de caráter pedagógico, com objetivo pré-definido. Para Gonçalves (2007), pesquisa de campo é: O tipo de pesquisa que pretende buscar a informação diretamente com a população pesquisada. A pesquisa de campo é aquela que exige do pesquisador um encontro mais direto. Nesse caso, o pesquisador precisa ir ao espaço onde o fenômeno ocorre ou ocorreu, e reunir um conjunto de informações a serem documentadas. (GONSALVES, 2007, p. 68). Por isso nossa preocupação a cada dia de intervenção, tomar nota sobre tudo o que foi observado durante a intervenção pedagógica, para submeter a posterior análise, que será vista a seguir. No total foram 12 visitas, de aproximadamente 3 horas cada. Análise dos dados Conforme exposto no item 3.2 deste trabalho, a referida aluna não frequentou a escola regular em idade adequada, mas por muito tempo frequentou instituições especializadas no atendimento à pessoa com deficiência no município de João Pessoa. Nestas instituições eram feitas diversas atividades que tinham por finalidade desenvolvimento cognitivo, social, emocional e físico/motor. De acordo com as conversas iniciais que tivemos com a aluna e sua família, descobrimos que ao longo dos anos foi acontecendo uma desmotivação por parte da aluna, pois, segundo ela os recursos e atividades disponibilizados nas instituições eram realizados de forma repetitiva, o que não garantia uma progressão na sua aprendizagem. Sendo assim ao recebermos o convite para realizarmos esta pesquisa, nos sentimos desafiadas a buscar estratégias educacionais que permitissem uma evolução na aprendizagem acadêmica, estimulação cognitiva, motivação pessoal e elevação da auto estima da jovem com PC. Esta pesquisa foi desenvolvida usando recursos e adaptações pedagógicas, para que as atividades aplicadas fossem desenvolvidas de maneira satisfatória e alcançássemos os objetivos propostos. A seguir mostramos detalhadamente como se deu esta pesquisa. Planos Interventivos Relato e Análise: No primeiro dia de pesquisa tivemos a oportunidade de conhecer um pouco sobre a história de Joana e aplicar uma atividade, onde a partir dela foi observadaem que nível de alfabetização a aluna se encontrava, para que a partir daí pudesse ser sistematizado as próximas etapas da pesquisa. A atividade realizada foi de formar palavras de seu cotidiano foi pedido que ela formasse as palavras CELIA, GATO, VENTO, RAFAELA, MAE, a aluna formou todas essas palavras sem nenhuma dificuldade. Pedimos então que ela formasse as palavras LIVRO e FEIJÃO, a aluna apresentou dificuldade em formar estas palavras, a palavra livro foi escrita (LIVO), observamos que da mesma forma como ela pronunciou a palavra, ela foi formada, a aluna possui, comprometimento em sua fala, o que dificulta a escrita. Da mesma forma aconteceu com a palavra feijão, que foi formada da seguinte maneira FEJÃO, ao falar a palavra a aluna não consegue pronunciar a letra i. A aluna demonstrou bastante interesse neste primeiro encontro, mas também foi percebida uma insegurança e muita preocupação em fazer tudo correto. Podemos concluir então que a aluna é alfabetizada, mas por conta do comprometimento na fala, tem dificuldade em palavras complexas. Sendo assim a partir da realidade observada neste primeiro dia de intervenção, pudemos planejar os próximos passos. Foi deixada como atividade para semana seguinte a leitura de um livro de contos de fácil compreensão, “A história de João e Maria”. Atividade de compreensão de texto “A História de João e Maria” Relato e Análise: A atividade proposta inicialmente foi planejada tendo em vista, fazer a adaptação usando a Tecnologia Assistiva: engrossador de lápis confeccionado com isopor e revestido com EVA e alfabeto móvel, confeccionado em papelão. Mas diante das dificuldades motoras da aluna, no momento da execução da atividade, percebemos que a metodologia planejada para aquele momento não iria surtir o objetivo esperado. Ao percebermos a dificuldade adaptamos e fizemos a atividade oralmente com a aluna. A mesma teve um excelente desempenho na realização da atividade e mostrou que compreendeu a história que leu. Oralmente fica mais fácil de identificar quais as maiores dificuldades que a aluna tem, com relação à pronúncia e a escrita das palavras, e foi através desta atividade que pude constatar que a aluna também tem dificuldades, em identificar e pronunciar dígrafos e encontros consonantais. Foram levadas duas atividades impressas, mas percebemos que na segunda atividade a aluna demonstrou desinteresse e cansaço, por esse motivo não foi concluída. A jovem ainda permanece com o medo de errar, dissemos a ela que precisaria que ela confiasse em nós, que eu não estava ali para julgá-la e sim para ajuda-la a progredir cada dia mais. Trabalhando com encontros consonantais Relato e Análise: Foi observado nesta atividade que a aluna, aos poucos vai conseguindo estabelecer relação entre a escrita e pronúncia das palavras. Mesmo com as suas limitações ela consegue realizar as atividades, mesmo que para isso leve um tempo maior. De modo geral, ela mostrou muita empolgação e determinação na realização desta tarefa. Ao terminar a formação das palavras foi proposto um novo desafio a partir das palavras corpo e prato, foi pedido a aluna que observasse as palavras e tirasse a letra r para ver o que acontecia. Ela ficou surpresa ao perceber a formação de duas novas palavras COPO e PATO. Pedi para que a palavra PATO voltasse a formação inicial PRATO, e desta vez solicitei que retirasse a letra P, e, mas uma vez fez uma expressão de surpresa com a formação da nova palavra RATO. Desta vez Joana não demonstrou medo de errar, estava bastante segura e envolvida na atividade, ficou muito feliz em perceber que o seu desempenho foi positivo neste dia. Identificar os encontros consonantais Relato e Análise: A atividade sugerida neste dia teve como objetivo principal verificar se a aluna havia compreendido a explicação anterior sobre encontros consonantais. Ela leu o livro durante a semana e foi solicitado que ela identificasse os encontros consonantais. Pedimos para que ela mostrasse-nos apontando onde eles encontravam-se em cada página do livro. Ela conseguiu identificar todos. A aluna já demonstra segurança na realização das atividades demonstrava medo de errar. Durante todas as visitas realizadas até este dia, a aluna demonstrava muita ansiedade em compartilhar alguns momentos difíceis que ela vem enfrentando. Sentimos que este era o momento de ouvi-la, e tentar juntar mais elementos para que as intervenções pedagógicas que fossem sugeridas posteriormente fossem realizadas com êxito. A seguir as fotos da atividade. Imagem da atividade, apontar os encontros consonantais Observação dos ambientes da casa Neste dia não foram feitas atividades pedagógicas, fizemos uma visita juntamente com a Prof.ª Sandra Santiago, para observar como era à rotina de Joana nos vários ambientes da casa. Após a observação e constatação das possíveis barreiras que não promoviam a independência da aluna, a família foi orientada a tomar algumas providências, para que Joana pudesse realizar atividades básicas do dia-a-dia, de forma autônoma e sem ajuda da mãe. Formar palavras do livro que leu Relato e Análise: Usando as palavras do livro lido, foi solicitado à aluna que formasse algumas palavras, menina, pato, gaiola e passarinho na formação das duas últimas palavras foi percebida uma falha, tendo em vista que a aluna forma as palavras da mesma forma que ela pronuncia. As fotos a seguir mostram a execução da atividade. A imagem mostra as palavras formadas Após questionar a aluna sobre a formação das palavras na foto dois, mostro na foto três a correção da palavra gaiola. Ao perceber a dificuldade na pronúncia da palavra PASSARINHO, trabalhei focando o uso do NH foi formado a família do NH, conforme imagem a seguir. Família do NH Foi feito um exercício oral de repetição da família para que a aluna percebesse qual sílaba iria deixar a palavra, PASSARINHO, correta após esta etapa a aluna conseguiu perceber o erro e corrigir a palavra feita anteriormente. A imagem mostra o fim da atividade Trabalhando a pronúncia e escrita de palavras com NH e PR, FR, TR e VR. Neste dia foi dada continuidade ao exercício começado na visita anterior, tendo como suporte a leitura feita anteriormente do livro “O barquinho”, este livro é direcionado a crianças que estão em fase de alfabetização, e por ele conter uma linguagem clara e apresentar as palavras adequadas, para que o objetivo esperado fosse alcançado. A forma mais eficaz de trabalhar com Joana, foi através de uma leitura prévia, as atividades de escrita não foram satisfatórias , tendo em vista o comprometimento motor que a aluna possui, sendo assim a melhor forma de trabalhar a escrita com ela era através da formação de palavras ditadas com o alfabeto móvel. A foto a seguir mostra a execução desta atividade, onde a aluna apontou para a resposta quando era indagada. Aluna apontando o que se pede Atividade prática desenvolvendo a autonomia Neste dia foi sugerida como atividade apreparação de um lanche rápido e em seguida lavar toda a louça que sujou que teve como objetivo principal, estimular a autonomia da aluna, após o preparo do lanche, aluna foi desafiada a escrever, trabalhei palavras que formaram o lanche que ela havia preparado. As palavras escolhidas foram BANANA, LEITE, ÁGUA e SABÃO. As fotos a seguir mostram a forma como a aluna escreve. Escrita das palavras água e sabão Relato e Análise: A atividade foi cansativa mais proveitosa, mesmo diante de todas as limitações motoras que a aluna tem, ela conseguiu realizar a tarefa. Na parte pedagógica, percebe-se nas ilustrações sete e oito, o grau de dificuldade que ela tem com a escrita. Por falta de estímulos, a espasticidade que ela possui, atrapalha bastante na execução de tarefas simples. A família foi orientada quanto a isso, a aluna precisa voltar a fazer fisioterapia e atividades que lhe dão prazer, para que seu desenvolvimento seja contínuo e cada vez mais ela consiga a sua autonomia. Jogos matemáticos Durante as visitas ficou bem evidente que Joana sente-se muito feliz, em realizar atividades diferenciadas. Por esse motivo estivemos sempre atentas, em preparar atividades que se adequassem as necessidades dela. Para este dia levamos duas atividades de matemática, a primeira foi confeccionada em cartolina em formato de pizza, numerada de 1 a 10 com desenhos, em uma base plástica, e números colados em prendedores. O objetivo da atividade era colocar os prendedores numerados na fatia correta, conforme imagem a seguir. Aluna realizando a atividade Relato e Análise: No momento da realização da atividade foi percebido, que estava sendo muito difícil para a aluna executá-la, a princípio pensávamos que a atividade seria ótima de ser realizada, mas devido ao comprometimento motor que ela possui, não foi possível realizar a atividade da maneira proposta inicialmente. Sendo assim, reformulamos no momento em que estava sendo executada a tarefa. Foi necessário a nossa ajuda para que ela pudesse colocar o pregador no local correto, primeiro ela apontava qual seria local e depois seguramos a cartolina para que conseguisse pregar o numeral na fatia correta. As imagens a seguir mostram a execução da tarefa. Replanejando a atividade Outra atividade pensada para este dia foi separar por cores e em quantidade de 10 tampinhas de garrafas pet, em potes diferentes, que teve como objetivo trabalhar coordenação motora, atenção e raciocínio lógico. No geral foi uma atividade bem sucedida, pois, percebemos que ela não teve tanta dificuldade para pegar as tampas e separá-las nos potinhos, mas a aluna não conseguiu completar a atividade corretamente. Ela colocou tampas a mais e a menos em todos os potes, e confirmou que tinha 10, mesmo quando solicitada a contar novamente. Separação das tampinhas Passeio no Parque Arruda Câmara O Parque Zoobotânico Arruda Câmara, mais conhecido por BICA, é oriundo da antiga mata do Róger e possui atualmente 26,4 hectares de área. Foi inaugurado precisamente às 13 h do dia 24 de Dezembro de 1922. Seu nome é uma homenagem a memória do ilustre botânico paraibano nascido da cidade de Pombal, Dr. Manoel de Arruda Câmara. Foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 1941 e em Agosto de 1980 foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba (IPHAEP). Diante de tudo que observamos nesses quatro meses de encontros semanais, foi pensado estratégias diferenciadas para o momento, pois, diante de todas as dificuldades enfrentadas pela aluna, a que mais chama a atenção, é o fato dela não se aceitar como Pessoa com deficiência. A partir disso foram realizados passeios de cunho pedagógico, para que ao mesmo tempo em que ela se divertia, e saia do seu lugar comum, esse momento fosse aproveitado para estimular a sua aprendizagem. Portanto, nesta tarde, de aprendizagem procuramos aproveitar todos os momentos, da visita ao parque. Tentamos trazer a tona o que ela já tinha de conhecimentos prévios sobre animais e juntar com o novo conhecimento. Foi um momento muito proveitoso, apesar de que neste dia, a aluna estava indisposta, pois, havia sofrido uma queda e queixou-se algumas vezes de dor. Passeio na Estação Ciência A Estação Cabo Branco- Ciência, Cultura e Artes foi projetada pelo Arquiteto Oscar Niemeyer e inaugurada no dia 03 de julho de 2008. O complexo possui mais de 8.500m2 de área construída no bairro do altiplano Cabo Branco. A Estação tem a missão de levar cultura, arte, ciência e tecnologia a população de forma gratuita. Esse nome foi escolhido por meio de votação popular. Neste dia estava havendo uma exposição de Bonsai, momento oportuno para que a jovem conhecesse coisas diferentes do seu cotidiano. Foi uma tarde muito agradável e proveitosa. É importante que a Pessoa com Paralisia Cerebral, conheça novos lugares, para que a sua autoestima seja cada vez mais fortalecida e proporcionando convívio social com outras pessoas. Trabalhando Escrita e Coordenação Motora Para este dia foi planejada uma atividade que pudesse estimular a escrita e a coordenação motora da aluna, as palavras usadas para a atividade encontram-se no anexo deste trabalho. Usei palavras referentes a visita ao Parque arruda Câmara, primeiramente deixamos, que ela escrevesse livremente as palavras solicitadas LEÃO, CÉLIA, MACACO, depois delimitamos o espaço dividindo a folha em quatro partes e pedimos que escrevesse BICA, CARRO, LAGOA e TIGRE, houve mais uma delimitação e agora a folha foi dividida em seis partes e foi solicitado que escrevesse VIDA, FOGO, CANETA, AMIGO, AMOR e COPO. Na primeira solicitação por ter um espaço maior na folha, ela conseguiu escrever com facilidade, já no segundo e terceiro momentos houve certa dificuldade, pois, teve que diminuir o tamanho das letras, para que as palavras coubessem no local indicado. Neste dia ainda foi realizada outra atividade de treino motor. Foi delimitado espaço em uma folha e pediu-se que Joana desenhasse bolinhas, a mesma atividade ficou como sugestão para ser realizada durante a semana sem a minha presença, desta vez delimitando espaço e em cada espaço foi solicitado um número X de bolinhas (anexo 4). Atividade de matemática com uso de dominó Para este último dia de intervenções pedagógicas, preparamos uma atividade de matemática usando a adição, onde a aluna tinha que descobrir como montar a conta através das peças de dominó. A atividade foi feita em uma folha de papel A4, onde foram colocados resultados de 0 a 12, a aluna teria que encontrar a peça do dominó cuja soma desse o resultado solicitado. A aluna encontrava a peça correta e apontava onde era para colocar, em seguida eu colava a peça do dominó com durex, no local indicado pela aluna, as fotos a seguir mostram como a atividade se desenvolveu. Início da atividade Desenvolvimento da atividade Fim da atividade De modo geral,quando comparamos o desempenho da pessoa com PC, comparando a primeira às demais intervenções , evidenciamos que houve um crescimento significativo, pois, a jovem, que no início encontrava-se desmotivada e sem muitas perspectivas, hoje podemos dizer que ela é apta, a enfrentar novos desafios, e até começar a estudar em escola regular, pois, potencial para isso ela tem suficiente. No entanto, é preciso considerar que a mesma só conseguiu avançar na construção de conceitos e habilidades, porque houve um olhar diferenciado para suas necessidades. Este olhar pedagógico permitiu a adaptação de recursos, de atividades e de condutas frente a aluna, demonstrando que é possível promover a aprendizagem do indivíduo com PC, se o Pedagogo tiver o conhecimento científico, mais especificamente, com área de aprofundamento em educação especial, o que lhe fornecerá subsídios suficientes para que o trabalho desenvolvido , com um aluno com Paralisia Cerebral, tenha sua eficácia garantida. Considerações finais É fato que a temática abordada neste trabalho tem uma contribuição relevante para o meio acadêmico, principalmente no que diz respeito à aprendizagem da Pessoa com Paralisia Cerebral, tendo em vista a escassez de trabalhos nesta área de pesquisa. Embora existam inúmeras publicações sobre Paralisia Cerebral, os estudos no campo da educação ainda são em número reduzidos. Sendo assim, consideramos que tal pesquisa conseguiu alcançar o objetivo principal, que foi analisar o impacto das intervenções pedagógicas junto a uma pessoa com Paralisia Cerebral, a luz de uma vasta bibliografia que tratasse da temática. A formação em Pedagogia, com área de aprofundamento em educação especial, teve papel fundamental, na realização deste estudo, pois, com os conhecimentos adquiridos ao longo do curso, podemos elaborar estratégias e adaptar os recursos disponíveis a necessidade específica da jovem com PC. Sendo assim, tais recursos proporcionam motivação e entusiasmo na realização das atividades, promovendo a elevação da sua auto estima. A partir de todas as observações e intervenções feitas ficou claro que a pessoa com PC, precisa de um acompanhamento constante de equipe multidisciplinar, para que ela consiga trilhar um caminho de sucesso. A falta de estímulo, de vontade de romper barreiras , as dificuldades próprias da PC, como dificuldade motora, de fala e os movimentos involuntários, e os preconceitos traz efeitos negativos ao desenvolvimento global da pessoa com Paralisia Cerebral. Não descartamos a importância de um fisioterapeuta para que continuamente, desenvolva um trabalho de exercícios, que favoreçam o fortalecimento da musculatura, diminuindo gradativamente os espasmos e atrofiamento das mãos. O fonoaudiólogo também exerce um papel muito importante, na reabilitação da pessoa com PC, pois, os estímulos feitos, garantem que as dificuldades de fala , vão diminuindo, e consequentemente, a escrita melhora significativamente. Este trabalho foi um aprendizado muito gratificante para nós e também para a aluna, pois, mas, o que a literatura não considera e pouco discute é sobre o lugar de aprendizagem destes indivíduos sendo mediada pelo profissional que, de fato, tem função e condição de facilitar e favorecer a aprendizagem de conceitos e habilidades de um indivíduo com PC: O Pedagogo. criamos um vínculo de amor. O Pedagogo não é só aquele que esta nos espaços formais, foi uma experiência ímpar em nossa vida profissional e pessoal, ter podido contribuir com o desenvolvimento de uma pessoa, que quando a conhecemos estava muito desmotivada e sem perspectivas de mudanças, e que pouco conhecia seu potencial. Para além de atividades mecânicas e repetitivas, realizamos intervenções que propunham desafios, mas, possibilitava a realização, pois, dispunham de recursos básicos das TA ( Tecnologias assistivas). É importante destacar, ainda, a simplicidade e acessibilidade no uso dos recursos que foram, alfabeto móvel confeccionado com papelão e letras impressas em formato bastão, engrossador de lápis, tampas de garrafas pet, dominó, pizza numerada e prendedores de roupa numerados, portanto, possíveis de serem confeccionados e adaptados com custos baixo. Resumo esta pesquisa em apenas uma frase AMOR AO PRÓXIMO. Concluímos com a sensação de dever cumprido, e esperamos ter contribuído de maneira satisfatória, na apresentação das informações sobre Paralisia Cerebral, e sobre aprendizagem da Pessoa com Paralisia Cerebral, mas especialmente sobre o lugar que o Pedagogo pode assumir nestes casos, facilitando a vida e a inclusão social destas pessoas. Enfim, e se não tivesse amor, eu nada seria. Que bom que possamos ser profissionais que amam o mundo e as pessoas, como dizia Paulo Freire Inclusão escolar de aluno com paralisia cerebral, utilizando as tecnologias de informação e comunicação Introdução Este trabalho é parte de uma tese de doutorado do Curso de Pós-Graduação de Informática em Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Após trabalharmos com paralisados cerebrais, constatamos que muitas destas pessoas estão em Instituições de Educação Especial por preconceitos e problemas motores e que a informática é um forte elemento de apoio para a inclusão educativa. O principal problema é a falta de informação e de formação de professores no ensino regular, para que possam dar a assistência necessária a esses alunos em suas aulas. A pesquisa foi realizada a partir do acompanhamento e da observação duas vezes por semana, durante 4 anos, do Aluno 1. Após finalizarmos o doutorado, continuamos acompanhando este aluno em projeto de pesquisa intitulado design inclusivo de equipamentos, brinquedos e vestuário. Gostaríamos de ressaltar que substituímos todas as palavras deficientes que aparecem neste texto por dEficientes. Esta alteração se justifica pelo fato de desejarmos ressaltar a Eficiência na deficiência. Segundo o dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, o significado da palavra dEficiente é: “que tem alguma deficiência, falho, falto, deficitário incompleto, aquele que sofre ou é portador de algum tipo de deficiência”. Pelo menos neste trabalho esperamos que o ser “Ente” seja mais importante que o seu déficit, seja lá qual for. A introdução do computador na educação tem provocado uma verdadeira revolução na concepção do ensino e da aprendizagem. A quantidade de programas educacionais e as diferentes modalidades de uso do computador mostram que esta tecnologia pode ser bastante útil no processo de ensino-aprendizagem, e à medida que este uso se dissemina, passa a ser uma ferramenta de complementação, de aperfeiçoamento e de possível mudança na qualidade do ensino. As mudanças acarretadas pela sociedade da informação foram muito rápidas, sendo que a maioria dos professores não conseguiu acompanhá-las. O uso do computador como meio educacional acontece juntamente com um questionamento da função da escola e do papel do professor. Numa sociedade que busca o ensino de qualidade para todos, é fundamentalque, além do uso de novas tecnologias, o professor esteja preparado para receber, em suas classes regulares, alunos com deficiência. Porém, atualmente, estes alunos estão sendo aceitos na rede regular de ensino, sem que o professor tenha nenhuma formação na área de inclusão, além de não possuir a formação necessária para o uso da informática. No âmbito das tecnologias assistivas o computador pode ser um caderno eletrônico, desde que sejam utilizados hardwares e softwares adequados. Paralisia Cerebral ou encefalopatia crônica não progressiva Segundo Andrade (2004), as palavras Paralisias e Cerebrais são usadas para descrever uma condição de ser, um estado de saúde, uma deficiência física adquirida, um Distúrbio de Eficiência Física que durante muito tempo foi significado de "invalidez". Atualmente, o termo Paralisias Cerebrais (P.C.) vem sendo usado com o significado de resultado de um dano cerebral, que leva à inabilidade, à dificuldade ou ao descontrole de músculos e de certos movimentos do corpo. O termo Cerebral quer dizer que a área atingida é o cérebro (Sistema Nervoso Central - S.N.C.) e a palavra Paralisia refere-se ao resultado do dano ao S.N.C., com consequências que afetam os músculos e a coordenação motora dos portadores dessa condição especial de ser e estar no mundo. Paralisias cerebrais NÃO SÃO DOENÇAS, senão uma condição médica especial, que frequentemente ocorre em crianças, antes, durante ou logo após o parto, e quase sempre são o resultado da falta de oxigenação no cérebro. Inclusão educacional O processo de inclusão se refere a um processo educacional que visa estender ao máximo a capacidade da criança com deficiência na escola e na classe regular. Trata-se de um processo constante que precisa ser continuamente revisado. As primeiras iniciativas oficiais de atendimento educacional para as pessoas com deficiências no Brasil, ocorreram a partir da segunda metade do século XIX com a criação de duas instituições públicas: Imperial Instituto dos Meninos Cegos, em 1854, e o Instituto dos Surdos-Mudos, em 1856. Ambas, criadas por decretos imperiais na cidade do Rio de Janeiro ofereciam educação elementar e profissionalizante. Para a pesquisadora em história da educação especial, Jannuzzi (2004, p. 20), o surgimento da educação do dEficiente no Brasil aconteceu devido ao envolvimento de “pessoas sensibilizadas com o problema, que encontraram apoio governamental”, pois, neste período, não havia uma legislação educacional que regularizasse o atendimento educacional aos dEficientes. A autora Jannuzzi (2004, p. 27) ainda afirma que estes dois institutos foram sempre privilegiados, “pois estiveram ligados ao poder central até 1973, quando então passaram a se subordinar ao Centro Nacional de Educação Especial (CENESP), primeiro órgão de política educacional para a área.”. Sassaki (1997) afirma que esta história teve quatro principais fases. A primeira, que corresponde ao período anterior ao século 20, pode ser chamada de fase da exclusão, na qual a maioria das pessoas com deficiência e outras condições era tida como indigna de educação escolar. A segunda fase, chamada de segregação, já no século 20, começou com o atendimento às pessoas dEficientes dentro de grandes instituições que, entre outras coisas, propiciavam classes de alfabetização. A partir da década de 50 e mais fortemente nos anos 60, com a eclosão do movimento dos pais de crianças a quem era negado ingresso em escolas comuns, surgiram as escolas especiais e, mais tarde, as classes especiais dentro de escolas comuns. O sistema educacional ficou com dois subsistemas funcionando paralelamente e sem ligação um com o outro: a educação comum e a educação especial. A terceira fase, localizada na década de 70, constituiu a fase de integração, embora a bandeira de integração já tivesse sido defendida a partir do final dos anos 60. Nesta nova fase, houve uma mudança filosófica em direção à ideia de educação integrada, ou seja, escolas comuns que aceitavam crianças ou adolescentes dEficientes nas classes comuns ou, pelo menos, em ambientes o menos restritivo possível. Só se consideravam integrados apenas aqueles estudantes com deficiência que conseguissem adaptar-se à classe comum, como esta se apresentava, portanto, sem modificações no sistema. A educação integrada ou integradora exigia a adaptação dos alunos ao sistema escolar, excluindo aqueles que não conseguissem adaptar-se ou acompanhar os demais alunos. As leis sempre tinham o cuidado de ressaltar a condição "preferencialmente na rede regular de ensino", o que deixava em aberto a possibilidade de manter crianças e adolescentes com deficiência nas escolas especiais. Finalmente, a quarta fase, a de inclusão, surgiu na segunda metade da década de 80, incrementou-se nos anos 90 e vai adentrar o século 21. A ideia fundamental desta fase é a de adaptar o sistema escolar às necessidades dos alunos. A inclusão propõe um único sistema educacional de qualidade para todos os alunos, com ou sem deficiência e com ou sem outros tipos de condição atípica. A inclusão se baseia em princípios tais como: a aceitação das diferenças individuais como um atributo e não como um obstáculo, a valorização da diversidade humana pela sua importância para o enriquecimento de todas as pessoas, o direito de pertencer e não de ficar de fora, o igual valor das minorias em comparação com a maioria. A educação inclusiva depende não só da capacidade do sistema escolar (diretor, professores, pais e outros) em buscar soluções para o desafio que constitui a presença de tão diferentes alunos nas classes, como também do desejo de fazer de tudo para que nenhum aluno seja novamente excluído com base em alguma necessidade educacional muito especial. O autor citado anteriormente ainda aponta alguns pressupostos básicos, que devem ser levados em consideração ao analisarmos o processo de inclusão educativa: ● O que é melhor para pessoas dEficientes depende de inúmeros fatores (desejo dos pais; ● desejo das próprias pessoas dEficientes; ● opinião das autoridades educacionais, a realidade escolar da cidade ou da região etc.); ● Escola integrada e escola integradora significam a mesma coisa, dentro da proposta surgida na fase da integração; ● Dentro da proposta de inclusão, a escola especial, a sala de recursos e os professores de educação especial terão novas e mais importantes funções, e as classes especiais não serão mais necessárias; ● Uma escola inclusiva, diferentemente de uma escola integradora, acolhe todos os alunos adaptando-se às suas diferentes necessidades; ● Uma escola comum, tal qual sempre existiu, não se torna automaticamente uma escola inclusiva só porque admitiu alguns alunos com deficiência nas classes comuns; ● Uma escola comum só se torna inclusiva depois que se reestruturou para atender à diversidade do novo alunado em termos de necessidades especiais (não só as decorrentes de deficiência física, mental, visual, auditiva ou múltipla, como também aquelas resultantes de outras condições atípicas), em termosde estilos e habilidades de aprendizagem dos alunos e em todos os outros requisitos do princípio da inclusão, conforme estabelecidos no documento "A Declaração de Salamanca e o Plano de Ação para a Educação de Necessidades Especiais"2 .Trata-se do mais completo texto sobre inclusão na educação, em cujos parágrafos fica evidenciado que a educação inclusiva não se refere apenas às pessoas com deficiência e sim a todas as pessoas, dEficientes ou não, que tenham necessidades educacionais especiais em caráter temporário, intermitente ou permanente. Isto se coaduna com a filosofia da inclusão à medida que a inclusão não admite exceções – todas as pessoas devem ser incluídas. Para que a inclusão ocorra de fato, Carvalho (2004) adverte que este é o momento da reflexão acerca da formação de nossos professores em geral, pois sabemos que a educação brasileira enfrenta graves desafios, reflexos dos problemas estruturais com os quais temos vivido. Ainda, segundo a mesma autora, todo professor, como profissional da aprendizagem que é, deve ser especialista no aluno, enquanto ser que evolui, que constrói conhecimentos, que tem sentimentos e desejos e que traz para a escola sua bagagem de experiências de vida e de informações. Santarosa (1992) salienta justamente esta nova relação do professor e justifica que a formação deste deve ter como finalidade a consciência crítica de seu papel, devendo estar comprometido com a melhoria da qualidade de seu trabalho, do seu ensino, de sua atuação como educador e mediador que dinamiza a troca de ação entre o sujeito e o objeto do conhecimento, com vistas à apropriação do saber (interação individual) e entre sujeito e grupo (interação interindividual), viabilizando o desenvolvimento de personalidades autônomas no domínio cognitivo-moral, social e afetivo. Santarosa (1996) continua: “que a formação do professor, em qualquer área, deve ressaltar seu papel como construtor do conhecimento e pensador de sua prática pedagógica, comprometido com sua atuação como educador em um mundo de constantes mudanças e avanços tecnológicos”. Pode-se afirmar que para que a inclusão ocorra realmente é necessário que os professores sejam conhecedores da tecnologia, para que possam utilizar todas as ferramentas da melhor maneira possível. Esta necessidade é reafirmada por Lima, para quem o desenvolvimento tecnológico e o processo de globalização da informação através da imagem modificaram os processos de desenvolvimento cultural por introduzirem novas formas de mediação. As novas gerações desenvolvem-se com diferenças importantes em relação às gerações precedentes, por meio, por exemplo, da interação com a informática [...] (2008, p. 26) O computador somente funciona, efetivamente, como instrumento no processo de ensino-aprendizagem, se for inserido num contexto de atividades que desafiem o grupo em seu crescimento. A informática educativa servirá como ferramenta dentro de um ambiente que valorize o prazer do aprendiz em construir seu processo de aprendizagem, através da integração de conteúdos significativos. O papel do professor na utilização do computador é fundamental, uma vez que é ele quem cria, organiza e promove o ambiente da aprendizagem. Baptista et alii (2009) afirma que o modo contemporâneo de escolarização precisa ser colocado em cheque, principalmente pelas transformações no mercado de trabalho, nas formas de comunicação e acesso à informação, na estrutura e na vida urbana, nas configurações e nas relações familiares, etc. Teoría histórico-cultural de Vygotsky Segundo a teoria histórico-cultural de Vygotsky, o indivíduo se constitui, enquanto tal, não somente devido aos processos de maturação orgânica, mas, principalmente, através da sua interação social, a partir das trocas estabelecidas com seus semelhantes. As funções psíquicas humanas estão intimamente vinculadas ao aprendizado, à apropriação (por intermédio da linguagem) do legado cultural de seu grupo. Esse patrimônio material e simbólico consiste no conjunto de valores, conhecimentos, sistemas de representação, construtos materiais, técnicas, formas de pensar e de se comportar que a humanidade construiu ao longo de sua história. Para que a criança possa dominar esses conhecimentos é fundamental a mediação de indivíduos, sobretudo dos mais experientes de seu grupo cultural. Mas para que exista apropriação é preciso também que exista internalização, que implica a transformação dos processos externos (concretizados nas atividades entre as pessoas) em um processo intrapsicológico (no qual a atividade é reconstruída internamente). O longo caminho do desenvolvimento humano segue, portanto, a direção do social para o individual. Para Vygotsky (1998), o conhecimento é sempre intermediado. É a convivência social que transforma o homem de ser biológico em ser social. Nessa relação social se dá a construção do conhecimento que dará suporte ao desenvolvimento mental. Quando a criança nasce, possui funções psicológicas elementares. Quando passa a receber influência da cultura, desenvolve, gradualmente, as funções psicológicas superiores. Entretanto, cada um recebe as informações e as reelabora internamente de forma singular. Assim, o processo de construção de conhecimento e de desenvolvimento mental possui características individuais e particulares. O paradigma esboçado sugere, assim, um redimensionamento do valor das interações sociais (entre os alunos e o professor e entre as crianças) no contexto escolar. Essas passam a ser entendidas como condição necessária para a produção de conhecimentos por parte dos alunos, particularmente aquelas que permitam o diálogo, a cooperação e a troca de informações mútuas, o confronto de pontos de vista divergentes e que implicam a divisão de tarefas, nas quais cada um tem uma responsabilidade que, somadas, resultarão no alcance de um objetivo comum. Cabe, portanto, ao professor, não somente permitir que elas ocorram, como também promovê-las no cotidiano da sala de aula. Dessa maneira, a heterogeneidade, característica presente em qualquer grupo humano, passa a ser vista como fator imprescindível para as interações em sala de aula. Os diferentes ritmos, comportamentos, experiências, trajetórias pessoais, contextos familiares, valores e níveis de conhecimentos de cada criança (e do professor) imprimem ao cotidiano escolar a possibilidade de troca de repertórios, de visão de mundo, confrontos, ajuda mútua e consequente ampliação das capacidades individuais. Em síntese, uma prática escolar baseada nesses princípios deverá, necessariamente, considerar o sujeito ativo (e interativo) no seu processo de conhecimento, já que ele não é visto como aquele que recebe passivamente as informações do exterior. Todavia, a atividade espontânea e individual da criança, apesar de importante, não é suficiente para a apropriação dos conhecimentos acumulados pela humanidade. Portanto, deverá considerar também a importância da intervenção do professor (entendido como alguém mais experiente em termos de cultura) e,finalmente, as trocas efetivadas entre as crianças (que também contribuem para os desenvolvimentos individuais). Os recursos de acessibilidade tecnológica são entendidos por nós como instrumentos dirigidos ao domínio do ambiente computacional e como signos, pois possibilitam a comunicação entre o sujeito e a máquina, através do software que utiliza um sistema de signos (a linguagem, a escrita, os números, etc), sendo considerado por isso como ferramenta cognitiva. Para Conforto e Santarosa, a “[...] acessibilidade passa a ser entendida como sinônimo da aproximação, um meio de disponibilizar a cada usuário interfaces que respeitem suas necessidades e preferências” (2002, p. 94). Ao possibilitar o acesso à informação, ao desenvolvimento cognitivo e afetivo, à inclusão digital e social, bem como ao lazer, respeitando as especificidades de cada indivíduo, estamos promovendo um caminho rumo a uma sociedade digital e inclusiva, onde todos têm os mesmos direitos. Sujeito do estudo O Aluno 1 com paralisia Cerebral do tipo Atetóide (hemiparesia) nasceu em 11/06/92 e foi um caso de inclusão desde o início das atividades escolares. Sua paralisia cerebral não atingiu o nível cognitivo, mas este aluno apresenta problemas motores e de comunicação, não fala e a comunicação é não verbal. Não coordena os movimentos dos braços e necessita do auxílio de uma pessoa para ir ao banheiro e também recebe o alimento na boca. Com o auxílio do computador conseguiu realizar todas as atividades escolares, graças a que possui um computador em casa e outro em sala de aula. Faz fisioterapia e natação fora da escola. Recebeu o acompanhamento de uma professora auxiliar que ficava o tempo todo ao seu lado. Ela o levava ao banheiro e o ajudava na locomoção. Os dados foram coletados através de observação e registro. Procuramos fazer reuniões constantes com os pais e professores a fim de solicitar um feedback sobre o desenvolvimento deste trabalho por parte deles e do aluno. Todos os registros foram feitos e coletados pela pesquisadora. Os indicadores analisados foram: ● Acessibilidade. Considerando a definição da Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que define acessibilidade como possibilidade e condição de alcance para a utilização, com segurança e autonomia, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos transportes e dos sistemas e meios de comunicação, por pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida; ● Aprendizagem e desenvolvimento do aluno ● Participação e interação social. Aqui, nos indicadores analisados, observou-se como o aluno participava de todas as atividades propostas para todos os alunos e como reaslizava a interação com professores e colegas. Resultados da pesquisa No caso deste aluno, fundamentalmente, as tecnologias de informação e comunicação o auxiliaram na comunicação com seus professores e colegas na apropriação do processo da escrita, na alfabetização e na possibilidade de participação em todas as atividades de sala de aula juntamente com seus colegas. O computador passou a ser o veículo de comunicação e a ser seu caderno, pois, devido as dificuldades de coordenação motora, este aluno não possui a habilidade da escrita. No primeiro encontro com o Aluno 1 pudemos verificar que precisaria fazer uso de tecnologia assistiva, pois, devido a seus problemas de coordenação motora, ele não conseguiria digitar, pois esbarrava nas teclas e nem podia segurar e coordenar os movimentos do mouse. Mostramos-lhe alguns softwares educativos e o aluno demonstrou grande interesse em utilizar o computador. O início deste trabalho foi marcado pelas interações constantes com o computador, pois seria fundamental que o Aluno 1 se apropriasse deste conhecimento para poder iniciar sua vida escolar. Deparamo-nos com um impasse em relação ao uso da tecnologia assistiva adequada já que a família não dispunha de recursos financeiros. Como o Aluno 1 não fala, se expressa com gritos e às vezes batia no computador para que pudéssemos entendê-lo, tentamos viabilizar o uso da tecnologia assistiva o mais rapidamente possível. Providenciamos a Colmeia (ver Figura 1), que consiste num adaptador ergonômico para teclado, que facilita a digitação, não permitindo esbarrar em outras teclas. Além disso, buscamos no mercado, qual dos mouses melhor se adaptaria às suas necessidades, optando pelo Mouse Track Ball, conforme a figura 2. O computador foi uma forma de aumentar a interação com os colegas. “Todos querem ver como a palavra fica no computador” (Relato extraído das anotações da pesquisadora logo no início). Assim as hipóteses testadas por esse aluno também foram testadas por seus colegas, utilizando o computador como um instrumento de interação. Pudemos observar que o aluno se sentiu cada vez mais motivado, pois todos os colegas da sala de aula se aproximavam para “conversar” sobre as tarefas desenvolvidas. Para Vygotsky (1997), a possibilidade de interação social é fundamental para o desenvolvimento de todos os sujeitos. Também pudemos observar o estabelecimento de fortes vínculos afetivos com seus colegas de aula. Os mesmos exercícios elaborados para seus colegas eram preparados para ele, no computador. Apenas era maior o tempo que ele precisava para concluir os exercícios. Na Figura 3 apresenta-se a ilustração de um exercício realizado em 1999, utilizando o programa Paint na fase pré-silábica, cuja proposta era desenhar um animal aquático. As dificuldades surgiram em relação aos professores, quando este aluno chegou à 5ª série. Até então um professor dava conta de preparar o material em disquete e procurava adquirir os conhecimentos básicos de informática para poder se comunicar com o aluno. A partir daí pudemos observar que o Aluno 1 estava ajudando os professores a conhecerem e a se apropriarem dos conhecimentos de informática. Várias vezes constatou-se que ele resolvia os problemas antes de os professores elaborarem uma forma de passar o conteúdo de aula. Seguem algumas considerações em relação aos indicadores de inclusão, baseados na acessibilidade, aprendizagem e desenvolvimento do aluno, participação e interação social. No ano de 1999 foram realizadas reformas em toda a escola, já que havia mais alunos cadeirantes e alunos cegos. Os recursos de acessibilidade, oportunizados pelas TICs, revelam-se altamente promissores para o processo de interação e de efetiva participação de alunos com deficiência junto aos seus colegas e professores. Desta forma, a aprendizagem e a inclusão são favorecidas no contexto da sala de aula com repercussões positivas na comunidade escolar e familiar. O trabalho contribuiu ainda para mostrar a possibilidade do processo de inclusão escolar, digital e social de PNEE, com o apoio fundamental das TICs. Os indicadores de inclusão baseados na aprendizagem e no desenvolvimento do aluno foram demonstrados nos achados de seu caderno eletrônico e nas provas. Normalmente ele estava entre os primeiros alunos de sua sala de aula, o que se repetiu ao longo de toda a sua vida escolare acadêmica. Conforme Vygotsky (2000), as observações sobre as atividades de leitura e da escrita, PPS devem ser significativas e fazer sentido para o aluno. Verificamos a preocupação da professora em trabalhar, sempre, o contexto da realidade do aluno. Nestas condições, a aquisição ou o aprimoramento da leitura e da escrita ocorrerá naturalmente, o que pudemos observar, como Vygotsky, nos trabalhos do Aluno 1. Observamos os indicadores de aprendizagem e desenvolvimento nas atividades desenvolvidas que ficaram registradas em disquetes, que compõem todas as etapas de alfabetização desde a fase pré silábica até a alfabética. Observamos uma grande capacidade na solução de problemas, e em relação aos processos de desenvolvimento pudemos observar resultados positivos nas dimensões sócio-afetiva e na postura cooperativa. Podemos afirmar que a turma da sala de aula sempre o aceitou e o respeitou sem estigmatizá lo como dEficiente. Quando passou a utilizar a cadeira de rodas, no início os pais tiveram grande resistência, os colegas o levavam para participar de todas as brincadeiras na hora do recreio. Concordamos com as afirmações de Tijiboy (2001), quando diz que “A interação direta que ambos os sujeitos tiveram com a informática – hardware, software e o sistema simbólico de forma mais ampla – também se constitui em uma interação social dos sujeitos com sua cultura, e essa prática parece ter fornecido também matéria prima para o desenvolvimento psicológico desses indivíduos”. Nas aulas de Matemática observamos uma grande interação do Aluno 1 com seus colegas, pois conferiam com ele os resultados, já que ele era o primeiro a terminar as tarefas. Quando seus colegas, mesmo observando em seu “caderno eletrônico“ as diferenças, não conseguiam identificar onde estava seu erro, o Aluno 1 apontava e ainda explicava, utilizando gestos e escrevendo no computador. Considerações finais Evidenciamos como os indicadores de aprendizagem e desenvolvimento, interação e participação social e acessibilidade foram percebidos ao longo do processo de observação da pesquisadora. Podemos afirmar que no caso de indivíduos com Paralisia Cerebral, a limitação motora não interfere na criatividade. O professor mediador precisa dar o suporte para que junto com seus colegas possa desenvolver todo seu potencial criativo. Observamos no caso do Aluno 1 que, com o auxílio do computador, ele pôde desenhar, além de identificarmos todas as fases de alfabetização. A partir do momento em que passou a utilizar os recursos da tecnologia assistiva, pudemos verificar que sua ansiedade em relação aos problemas de comunicação diminuíram. Podemos afirmar, também, que a turma sempre o aceitou e o respeitou sem estigmatizá-lo como dEficiente. A informática e o uso de tecnologias assistivas representa para indivíduos com Paralisia Cerebral uma grande possibilidade de igualdade com seus colegas, pois nos dias de hoje, são as Tecnologias de Informação e Comunicação que possibilitam diminuir seus problemas motores e ajudá-los com a dificuldade de comunicação. Esta convivência de alunos comuns e alunos com deficiência possibilitará uma escola onde estes indivíduos possam ser aceitos e não olhados com estranheza. Desta forma, o respeito ao indivíduo diferente só será possível se as escolas começarem nas séries iniciais a proporcionar esta convivência. Assim poderão reconhecer e aceitar o potencial de um aluno com deficiência sem preconceitos e perceber que as crianças podem aprender juntas, embora tendo objetivos e processos diferentes. O computador em sala de aula, além de aumentar a auto-estima dos alunos também possibilitou uma postura colaborativa que tanto é necessária à educação do futuro, pois requer a soma de esforços para a solução de problemas. Ainda em relação à auto-estima dos alunos, a possibilidade de saberem que poderão seguir uma carreira e continuar os estudos os incentivou a procurar descobrir as possibilidades e recursos de suas máquinas. A possibilidade do ensino a distância e trabalho a distância, onde verifica-se que um número cada vez maior de pessoas está processando informações e prestando serviços, poderá ser a forma de trabalho desses sujeitos e não mais em empresas onde haja a necessidade da presença física. Ao questionarmos os professores sobre a experiência de ter em suas classes alunos com paralisia cerebral constatamos que muitos deles gostaram da oportunidade de planejar e conduzir a educação como parte de uma equipe. Este trabalho é o resultado de uma experiência real, e mostra que a inclusão de indivíduos com paralisia cerebral no ensino regular é possível. Tecnologias no Ensino de Crianças com Paralisia Cerebral Crianças com paralisia cerebral (PC) apresentam expressões faciais, movimentos corporais, visuais e sonorizações sugestivos de conhecimentos apreendidos, mas que, devido a comprometimentos na área motora, não podem ser expressos por linguagem oral e escrita, competências essenciais para a inclusão social de indivíduos. Ler e escrever não são comportamentos únicos, mas um conjunto de habilidades específicas e diferenciadas que devem aprendidas pelo contato do aluno com um ambiente minimamente planejado para tal. Contudo, crianças com desenvolvimento atípico podem desenvolver um processo de risco para essa aprendizagem, dadas suas dificuldades de interação e comunicação com seu entorno social e físico. Assim, para essas crianças a aprendizagem de comportamentos mais complexos dependerá, também, da identificação e ensino de pré requisitos específicos. De acordo com Rodrigues (2005) e Sidman (1994), pré-requisitos são habilidades necessárias para a aquisição de comportamentos mais sofisticados. Por exemplo, a ausência de discriminação auditiva e/ou visual, como diferenciar unidades fonológicas ou a rotação de características importantes de algumas letras (p/q, b/d etc) devem ser, se necessário, ensinadas de forma isolada, pois sua ausência pode dificultar a aprendizagem de leitura/escrita (CRUZ, 2005; ARAÚJO, 2007). O domínio de pré-requisitos, ou habilidades básicas para uma dada competência, pode ser promovido por meio de inúmeros procedimentos ou combinação entre eles através de uma rede de relações comportamentais entrelaçadas na formação de classes de estímulos equivalentes. Em crianças com PC os meios pelos quais essas habilidades serão ensinadas deve preceder e integrar o planejamento de ensino. Pensando em uma intervenção favorecedora do ensino de pré-requisitos de leitura e escrita, por meio de recursos informatizados, Alves de Oliveira (2004a) criou o software “Desenvolve®”, um instrumento que possibilita a avaliação do desempenho cognitivo de crianças com PC, traçando um perfil de habilidades como percepção visual, auditiva, de formas, tamanho e sequência, entre outras. Na modalidade de treino, o mesmo software foi agora usado como ferramenta para ensino de habilidades mais complexas, como relações condicionais auditivo-visuais entre diferentes estímulos na formação de classes de equivalência (cf. SIDMAN, 1994). Opcionais como escaneamento para as escolhas das crianças, realizadas através de mouses adaptados a diferentes partes dos membros superiores, caracterizam sua interface com o humano. Tecnologia de ensino e leitura recombinativa generalizada No Brasil, vários estudos têm apresentado diferentesprocedimentos de ensino com objetivo de ensinar habilidades básicas de leitura em crianças com dificuldades de aprendizagem (ARAÚJO, 2007), com desenvolvimento atípico (CRUZ, 2005; ALVES; KATO; ASSIS; MARANHÃO, 2007; ALVES; ASSIS; KATO; BRINO, 2011) ou ainda, pré-escolares (HÜBNER; GOMES; MCILVANE, 2009). Esses estudos priorizam o desenvolvimento de leitura recombinativa generalizada, que consiste no responder adequadamente a diferentes combinações das unidades linguísticas que compõem os estímulos verbais mais complexos, como a palavra (MUELLER; OLMI; SAUNDERS, 2000). A leitura recombinativa generalizada, isto é, a leitura de novas palavras constituídas por combinações de letras e sílabas de palavras já aprendidas, pode ocorrer em função de uma série de variáveis, sendo que o desenvolvimento de controle de estímulos por unidades textuais mínimas (SKINNER, 1992), parece ser um pré-requisito imprescindível. Diferente de Skinner, que sugere um desenvolvimento “natural” dessa habilidade, , para Sidman (1994), o controle de estímulos pelas unidades básicas deve ser estabelecido diretamente, garantindo que o comportamento não fique sob controle concorrente de variáveis não identificadas. Pesquisas conduzidas a partir do paradigma de equivalência de estímulos (SIDMAN, TAILBY, 1982; SIDMAN, 1994) descrevem a leitura como um conjunto de operantes discriminados que compõem uma rede de relações entre estímulos e entre estímulos e respostas, cujos elementos são inter-relacionados e interativos. Diferentes operantes verbais (SKINNER, 1992) passam a fazer parte da rede de relações durante a aquisição de leitura (SIDMAN, TAILBY, 1982; MACKAY, 1985; SEREJO et al. 2007). Em um estudo pioneiro conduzido por Sidman (1971) com um rapaz de 17 anos, com necessidades educacionais especiais, o participante aprendeu a relacionar corretamente 20 palavras ditadas (A) às respectivas figuras (B), a nomear corretamente essas 20 figuras (relação BD) e emparelhar palavra escrita com palavra escrita (relação CC). Nos primeiros testes, ele não apresentou leitura auditivo-receptiva (relação AC) e nem os emparelhamentos de figuras (estímulo modelo) e palavras impressas (estímulos de escolha), e vice-versa (relações BC e CB). Foi ensinada, então, a relação AC (escolher as palavras escritas correspondentes àquelas ditadas pelo experimentador). Nesse treino, o número de palavras ensinadas era gradualmente aumentado e, antes de cada aumento, as relações CB, BC e CD (nomeação oral da palavra pelo participante) eram testadas. Após o ensino das 20 palavras, o participante apresentou 100% de acertos em todas as relações. Com base nos resultados, o autor concluiu que emparelhamentos de palavras ditadas como modelo, com figuras correspondentes como escolha (relação AB) e o ensino de palavras ditadas como modelo, com palavras escritas como escolhas (AC), eram pré-requisitos suficientes para a emergência de dois tipos de relações, sem necessidade de treino adicional: as relações entre palavras escritas e figuras e a nomeação oral de palavras (leitura oral). Portanto, relações de equivalência são definidas por apresentarem as propriedades relacionais de reflexividade, simetria e transitividade (SIDMAN, 1994). A reflexividade consiste na relação de um elemento com ele mesmo como verdadeira, ou seja, a r a (onde a pode ser qualquer elemento de um conjunto sob consideração e r a relação entre ambos). A simetria é considerada quando, tomados quaisquer dois elementos de um conjunto, a validade de a r b deve implicar, necessariamente, na validade da relação b r a. Finalmente, se a validade das relações a r b e b r c implica na validade da relação a r c, então estará comprovada a transitividade (SIDMAN, TAILBY, 1982). Estudos nessa área de controle de estímulos têm usado um procedimento de ensino intitulado emparelhamento ao modelo (matching-to-sample ou MTS), no qual um organismo deve escolher um estímulo de comparação de acordo como o modelo apresentado, podendo ser simultâneo, com atraso ou sucessivo. Quando simultâneo, após a resposta de observação ao estímulo-modelo, os estímulos de comparação são apresentados e permanecem simultaneamente com o estímulo-modelo. No emparelhamento com atraso, a resposta de observação produz a remoção do estímulo-modelo e, após um intervalo de tempo decorrido (atraso), os estímulos de comparação são apresentados na ausência do estímulo-modelo. O atraso pode variar desde zero (no caso do procedimento de emparelhamento com atraso zero ou zero-delay matching to sample até N segundos). Já no caso do emparelhamento sucessivo, também conhecido como “go/no-go”, o estímulo-modelo aparece sozinho e, após a resposta de observação, uma ou outra comparação (S+ ou S-) é apresentada. Em todos os casos, a comparação correta pode ser idêntica ao modelo e, nesse caso, fala-se em emparelhamento ao modelo por identidade (identity matching-tosample). Quando o estímulo de comparação diferente do modelo é correto (S+) e a comparação idêntica ao modelo incorreta (S-), fala-se em emparelhamento ao modelo por singularidade (oddity-from-sample). Quando tanto o estímulo de comparação definido como correto (S+) quanto ao estímulo de comparação definido como negativo (S-) são fisicamente diferentes do modelo, fala-se em emparelhamento arbitrário ao modelo (arbitrary matching-to-sample) (CUMMING, BERRYMAN, 1965). Para Serejo et al. (2007), assim como para Sidman (1994), a leitura apresenta três níveis funcionais de interação com os estímulos linguísticos: leitura com compreensão, leitura receptiva e leitura oral. A leitura com compreensão requer a formação de classes de equivalência envolvendo a aprendizagem de relações entre os estímulos textuais e seus referentes (objeto, figura). Pode ser documentada sem a participação da oralização quando a criança, após aprender as selecionar figuras e palavras impressas mediante palavras ditadas para ela (relações condicionais AB e AC, respectivamente), seleciona sem qualquer ensino adicional, figuras mediante palavras impressas (relação CB) e vice-versa (relação BC). A leitura receptiva, também chamada de compreensão auditiva, consiste em escolher um estímulo textual, ou uma figura correspondente a um estímulo auditivo ditado relação AB ou AC). A leitura oral compreende a nomeação oral, pela criança, de palavras ou de qualquer outro estímulo textual impresso, comportamento que Skinner (1992) denominou comportamento textual. Nessa perspectiva, o comportamento textual não implica, necessariamente, em leitura com compreensão. Esta requer, prioritariamente, que as palavras impressas, seus objetos correspondentes e sons se tornem funcionalmente equivalentes (DE ROSE, DE SOUZA, HANNA, 1996). Por sua vez, uma leitura fluente requer que o indivíduo seja capaz de recombinar com rapidez as diferentes unidades aprendidas (sílabas ou letras) em palavras novas que não tenham sido diretamente ensinadas, ou seja, apresentar leitura recombinativa generalizada. O ensino de relações condicionais arbitrárias por meio de procedimentos de emparelhamento com o modelo vem sendousados amplamente para o ensino de leitura. Tem uma sequência de tentativas, cada uma das quais apresenta um modelo e vários estímulos de comparação. Segundo De Rose (2005), no paradigma de equivalência de estímulos, o participante aprende, por exemplo, a relacionar, condicionalmente, palavras ditadas pelo experimentador (A) às correspondentes figuras (B) e às palavras impressas correspondentes (C). Essas discriminações condicionais são ensinadas, apresentando-se um estímulo modelo (auditivo ou visual) e dois ou mais estímulos de escolha (desenhos ou palavras). O paradigma da equivalência de estímulos (SIDMAN, TAILBY, 1982) tem fundamentado um conjunto de pesquisas para ensinar novos repertórios comportamentais, sem qualquer treino adicional. Pesquisas conduzidas por analistas do comportamento, com base nesse paradigma, forneceram subsídios importantes para a intervenção em populações com atraso no desenvolvimento cognitivo e fracasso escolar (ALVES et al. 2007; SAUNDERS et al, 2003). Resultados promissores, também, têm sido apresentados, principalmente, com crianças em idade escolar para desenvolver repertórios acadêmicos (MATOS et al, 2002; DE ROSE et al, 1989; SOUZA, DE ROSE, 1999; MUELLER, OLMI, SAUNDERS, 2000). Segundo alguns autores , “classes de estímulos equivalentes” é uma expressão empregada para designar a classe composta por estímulos permutáveis em determinados contextos e “equivalência” consiste no estabelecimento de uma relação entre os símbolos (palavras ou não) e os eventos, aos quais esses símbolos se referem. O fenômeno da equivalência consiste, nessa substituição dos estímulos que passam a controlar o mesmo comportamento e, portanto, na emergência de novos comportamentos. Resultados apresentados pela literatura estrangeira sobre a emergência de classes de equivalência em pessoas com repertório verbal mínimo , a partir desse paradigma, têm contribuído para a compreensão e ampliação da aquisição da linguagem. No estudo conduzido por Carr et al. (2000), os autores avaliaram a emergência de classes de equivalência com indivíduos com atraso no desenvolvimento cognitivo severo e com repertórios verbais mínimos. Três indivíduos responderam condicionalmente: palavra-ditada correspondente à figura (AB), palavras impressas correspondentes às figuras (CB) e também formas não representacionais correspondentes às figuras (DB). Em testes subsequentes, todos os indivíduos exibiram CA, com relações emergente imediatamente, DC, AC, BD, CD, e DC, que constituem uma demonstração inequívoca de equivalência. Estudos desenvolvidos nessa linha de pesquisa manipularam sistematicamente as sílabas em posições variadas, utilizando o paradigma da equivalência de estímulos para desenvolver controle por unidades menores que a palavra. O modelo de ensino proposto nos estudos acima tem dois estágios. No primeiro, o paradigma de equivalência é empregado para formar classes de estímulos compostas de “figuras, palavras ditadas pelo experimentador e palavras escritas”. No segundo estágio deste modelo de ensino, essas palavras são recombinadas para formar novas palavras, nas quais os participantes são avaliados. Além disso, foram inseridos ainda, procedimentos especiais com o objetivo de maximizar a aprendizagem de leitura recombinativa por meio do estabelecimento do controle pelas unidades mínimas das palavras. Outros estudos demonstraram a importância de unidades textuais mínimas na aquisição de leitura recombinativa generalizada. Entretanto, não há relatos na literatura sobre a participação de indivíduos com PC. Tecnologia assistiva e tecnologia de ensino na aprendizagem de crianças com PC O termo Assistive Technology, traduzido no Brasil como Tecnologia Assistiva (TA), foi criado, oficialmente, em 1988, sendo definindo como toda e qualquer ferramenta ou recurso utilizado com a finalidade de proporcionar uma maior independência e autonomia à pessoa com deficiência. Seria a tecnologia destinada a fornecer um suporte (mecânico, elétrico, eletrônico, computadorizado, etc.) às pessoas com deficiência física (visual, auditiva, motora ou múltipla). As pesquisas que usam o paradigma de equivalência de estímulos, em geral, trabalham com procedimentos informatizados e têm produzido uma tecnologia de ensino voltada para a instalação de repertórios comportamentais complexos com diferentes populações . Stromer, Mackay e Stoddard (1992) usaram o termo tecnologia de ensino para definir esse conjunto de instrumentos e estratégias que promovem desempenhos mais eficientes e inúmeros estudos disponibilizaram essa tecnologia. Entretanto, há poucos registros do uso dessa tecnologia de ensino em pessoas com PC, principalmente, utilizando essa tecnologia aliada à Tecnologia Assistiva. No estudo relatado por Rossit e Zuliani (2003), é descrito o ensino de habilidades acadêmicas de leitura, escrita e matemática com o uso de procedimentos informatizados e programas educativos através do programa Mestre® (GOYOS, ALMEIDA, 1994) Outros autores utilizaram um programa informatizado de controle e registro de dados comportamentais para formação de classes numéricas e sintáticas. No entanto, os principais estudos, no Brasil, que têm sido desenvolvidos com o uso de tecnologia em crianças com PC enfocando o processo de aprendizagem são providos de estratégias e recursos da TA associados à Tecnologia de Ensino, porém, não há uma descrição correlacionada com o paradigma de equivalência de estímulos. Portanto, o objetivo do presente estudo foi investigar o efeito de procedimentos informatizados de ensino de relações condicionais de figuras, de palavras escritas e de palavras faladas sobre a leitura recombinativa generalizada em crianças com PC. Método Participantes Participaram do estudo quatro crianças com PC, selecionadas a partir das crianças atendidas no Núcleo de Desenvolvimento em Tecnologia Assistiva e Acessibilidade (NEDETA), na Universidade do Estado do Pará com idades entre 9 e 14 anos no início do estudo. Os critérios de inclusão da pesquisa foram crianças com diagnóstico de PC quadriplégicas, sem linguagem oral, sem atraso no desenvolvimento cognitivo diagnosticado, de ambos os gêneros, que compreendessem comandos simples, conforme levantamento realizado através de entrevista com os pais e na avaliação prévia realizada pelo NEDETA, com frequência assídua às atividades do núcleo. Dois participantes do sexo feminino e dois do sexo masculino foram selecionados. A tabela 1 apresenta descrições dos participantes. Ambiente Experimental, Equipamentos e materiais (estímulos). As crianças participaram das atividades deste estudo dois dias por semana, sendo as sessões experimentais em média de 30 minutos, individualmente. A sala de atendimento apresentava um relativo isolamento acústico, iluminada artificialmente por quatro lâmpadas fluorescentes e refrigerada por um condicionador de ar. Além de um computador (CPU Intel Pentium Dual, com HD 160 GB e 2 GB de RAM), Windows XP, com monitor LCD com tela sensível ao toque de 17” (marca TycoEloTouch), na sala estava disponível uma mesa com três cadeiras. Para o registro das respostas dos participantes foram utilizados o próprio software que registrava as respostas corretas e incorretas. No procedimento informatizado foi utilizada uma CPU para a apresentação dos estímulos e para registro das respostas, emitidas pelo manuseio, pelo próprio participante, com o uso de um mouse adaptado com acionadores adaptados. A pesquisa utilizou estratégias de ensino com recursos de TA para melhor adequar o processo de ensino/aprendizagem criando e adaptando recursos tecnológicos para dá suporte a esse processo com base no paradigma da equivalência de estímulos, substituindo tecnologia importada por recursos alternativos de baixo custo. A Tabela 2 apresenta o conjunto de estímulos (figuras e palavras impressas) usados durante o ensino das relações condicionais AB e AC e testes BC e CB. Tabela 2 - Estímulos utilizados no ensino das relações condicionais por identidade BB (figuras), CC (palavras impressas) e arbitrárias AB (som/figura), AC (palavra ditada/palavra impressa) e nos testes das relações de equivalência BC e CB. O conjunto de estímulos (figuras e palavras impressas) usados nos testes de leitura recombinativa generalizada é apresentado na Tabela 3. Tabela 3 - Conjunto dos estímulos usados nos Teste de Leitura Recombinativa Generalizada (B’ figuras e C’ palavras impressas). Procedimentos de ensino e testes O estudo envolveu uma programação experimental com cinco fases. A fase I envolveu o pré-teste com testes de leitura das palavras de ensino e das palavras de identidade generalizada, sem consequências diferenciais. A fase II envolveu duas etapas: na Etapa 1, o ensino de relações por identidade e na Etapa 2, o ensino de relações arbitrárias, com reforçamento diferencial. A Etapa 1 apresentou uma sub-etapa que consistiu no teste de identidade generalizada, sem consequências diferenciais. A Etapa 2 apresentou uma sub-etapa que consistiu nos testes de equivalência (emergência de relações condicionais não ensinadas diretamente). A fase III foi constituída de teste de leitura recombinativa com seis novas palavras que foram formadas a partir das sílabas das palavras de ensino, conforme pode ser observado na Tabela 4. Tabela 4 - Sumário do procedimento de ensino e testes. Fase I - Pré-teste O pré-teste foi constituído por 12 tentativas randomizadas, apresentando-se as três palavras de ensino: MALA, PATO e BOCA e seis tentativas das palavras de generalização: LUVA, DADO e VELA, apresentados no software Desenvolve®. Em cada tentativa, era solicitado pela experimentadora “escolha a palavra ___________ por exemplo MALA” e, assim sucessivamente, três palavras eram apresentadas simultaneamente no monitor do computador, dentre elas a palavra MALA. Fase II – Ensino das relações condicionais Etapa 1 – Ensino das relações por identidade Inicialmente foi realizado o ensino por identidade, através de programas de ensino desenvolvidos no software Desenvolve® “Desenvolve / sequências de ensino”. Ensino das relações condicionais BB (FIGURA / FIGURA) e CC (PALAVRA / PALAVRA). Por exemplo, em uma tentativa de ensino de relações por identidade, era apresentada a figura da MALA (modelo) e três figuras (BOCA, MALA, PATO) como estímulos de comparação. O participante deveria responder dentre as três figuras, aquela idêntica ao modelo. Testes de Identidade Generalizada Esse bloco foi constituído de 15 tentativas de emparelhamento ao modelo com três estímulos de comparação, sendo apresentadas cinco tentativas com cada modelo (MALA, PATO, BOCA). Inicialmente, um estímulo modelo só mudava após três tentativas consecutivas, a partir da décima tentativa, os estímulos-modelo eram randomizados, duas vezes cada estímulo, alternadamente. Os testes verificaram se os participantes continuaram respondendo por identidade com novas figuras (DD) e novas palavras (EE). Ensino das relações arbitrárias Foram ensinadas as relações condicionais AB e AC, sendo utilizadas as palavras ditadas (som) como estímulos do conjunto A (A1, A2, A3), figuras como estímulos do conjunto B (B1, B2, B3) e palavras escritas correspondentes como estímulos do conjunto C (C1, C2, C3) Testes das relações de equivalência Nesta fase, o participante foi exposto aos testes das relações de equivalência BC e CB, constituídos cada um de um bloco com 15 tentativas sem consequências diferenciais. No teste das relações BC, as 15 tentativas foram formadas por 5 tentativas de B1C1, 5 tentativas de B2C2 e 5 tentativas de B3C3. Fase III - Testes de Leitura Recombinativa Generalizada Testes foram conduzidos envolvendo as combinações silábicas das palavras de ensino com novas formas verbais: B’C’ e C’B’. O comportamento textual das crianças com PC era selecionar uma palavra escrita (dentre três palavras) ou uma figuras (dentre três figuras) que era apresentada na tela do computador, através do comportamento motor de tocar, pressionar ou puxar (que já tinha sido ensinado no Estudo 2) o dispositivo acoplado ao mouse do computador. Ou seja, a partir das contingências programadas com três palavras de ensino nas relações condicionais AB e AC (relação auditivo-visual), cada participante era exposto às contingências de testes de leitura recombinativa generalizada. Esse teste consistiu na apresentação de figuras e palavras formadas pela recombinação das sílabas das palavras de ensino (MA, LA, PA, TO, BO e CA), envolvendo palavras dissílabas, reais que apresentavam correspondência com objetos concretos. Inicialmente foram apresentadas três figuras de palavras recombinadas e três palavras escritas de palavras recombinadas: MAPA, BOTO, PACA com um bloco de 15 tentativas, podendo haver até três exposições. Todas as crianças que atingiram essa etapa foram submetidas ao teste com as três primeiras palavras e mesmo sem atingir o critério de 100%, após as três tentativas, introduziu-se o teste com três novas palavras: BOLA, MATO, CAPA. Resultados e discussão No pré-teste que envolveu testes das relações condicionais AC com as três palavras de ensino e três outras palavras utilizadas no teste de identidade generalizada, nenhum dos quatro participantes atingiu mais do que 50% de acertos, o que evidencia que os participantes não identificam as palavras utilizadas nesta fase. A participante EP obteve 25% de acertos nas palavras de ensino e 17% nas palavras de identidade generalizada. O participante VS atingiu 50% nas palavras de ensino e 33% nas de identidade generalizada. A participante VA obteve percentuais semelhantes atingindo 33% em ambos os testes. Finalmente, VG apresentou um resultado de 33% nas palavras de ensino e 50% nas de identidade generalizada. Estes dados estão apresentados na figura 1. Figura 1 - Porcentagem de acertos dos participantes no pré-teste. No procedimento de ensino das relações condicionais da fase II, etapa 1, relações por identidade e etapa 2, relações arbitrárias, o participante VAatingiu 100% de acertos no primeiro bloco de tentativas em todos os procedimentos de ensino de relações de identidade e relações arbitrárias, conforme pode ser visto na figura 2. O participante VA, no primeiro bloco de tentativas obteve 100% de acertos no ensino BB (fi gura/fi gura), 80% no ensino CC (palavra/palavra), no ensino das relações arbitrárias AB (palavra ditada /figura) atingiu o percentual de 94% e no AC (palavra ditada/ palavra escrita), 54%, sendo necessário, portanto repetir o bloco de tentativas, considerando que o critério para passar em cada etapa foi 100% de acertos, atingindo 94% na segunda tentativa da relação CC e 100% na terceira tentativa. Na relação AB manteve o mesmo percentual de acertos na segunda tentativa e atingiu 100% na terceira tentativa, na relação AC aumentou o percentual de acerto para 94% na segunda tentativa e atingiu 100% na terceira tentativa (ver fi gura 2). A participante EP obteve 87% no primeiro bloco de tentativas do ensino BB, CC e AB e 60% no ensino AC foi necessário, também, a repetição dos blocos de tentativas de todos os procedimentos de ensino das relações condicionais, atingindo 100% na segunda tentativa de BB, CC e AB e na relação AC obteve 67% na segunda exposição ao bloco de tentativas e 100% na terceira exposição (ver figura 2). Figura 2 - Porcentagem de acertos dos participantes no ensino das relações por identidade e no ensino das relações arbitrárias. O participante VG obteve 74% na relação BB, 47% em CC, 94% em AB e 80% em AC. Este participante retornou para o ensino da relação de identidade, realizando mais três tentativas e como novamente não atingiu o critério de acurácia de 100%, no bloco de ensino de relações arbitrárias, retornou ao ensino por identidade e teste de identidade generalizada, sem consequências diferenciais. Após atingir o critério de acerto no ensino das relações AC, o participante avançou para a próxima etapa. Este participante foi reexposto duas vezes às relações arbitrárias AB. No ensino da relação AC foi reexposto três vezes e não atingiu o critério de acerto. O procedimento foi suspenso e o participante não foi exposto aos testes de equivalência. A figura 3 apresenta os resultados do participante VG no ensino das relações por identidade e no teste de identidade generalizada com o número de tentativas realizadas. Figura 3 - Porcentagem de acertos do participante VG no ensino das relações por identidade e no teste de identidade generalizada com o número de tentativas realizadas. Três participantes foram expostos aos testes das relações de equivalência BC e CB, constituídos cada um de um bloco com 15 tentativas sem consequências diferenciais. A participante EP atingiu 100%, na primeira tentativa de CB e no teste BC, obteve na primeira tentativa 67% e, na segunda, obteve o critério de 100% de acertos. O participante VS atingiu 100% nos dois testes CB e BC na primeira tentativa. A participante VA, só atingiu o critério de 100% na terceira tentativa, obtendo na primeira 87% e, na segunda tentativa, 80% de acertos. O participante VG não foi exposto ao teste, quando abandonou o estudo por motivo de doença. A Figura 4 ilustra esses resultados. Figura 4 - Porcentagem de acertos dos participantes nas relações de equivalência BC e CB. A Fase III do procedimento consistiu de testes de leitura recombinativa generalizada. Três participantes foram submetidos inicialmente às três palavras, desconhecidas pelas crianças e depois com mais três palavras que faziam parte do cotidiano delas. Nas primeiras relações entre estímulos no teste de leitura recombinativa (B’1, B’2 e B’3 e C’1, C’2 e C’3), o participante VS apresentou 87% de acertos na primeira tentativa e 100% na segunda tentativa; no teste C’1B’1, C’2B’2, C’3B’3, foi necessário três tentativas para que ele atingisse 100%, ficando as duas primeiras com 93% conforme pode ser observado na Tabela 5. A participante VA foi exposta ao teste de leitura recombinativa B’1C’1, B’2C’2, B’3C’, com três tentativas, apresentando 60%, 40% e 60% de acertos. No teste de leitura recombinativa C’1B’1, C’2B’2, C’3B’3 apresentou 60%, 60% e 73% de acerto nas três tentativas (c.f. Tabela 5). A participante EP nos testes de leitura recombinativa B’1C’1, B’2C’2, B’3C’3 foi exposta a três tentativas e apresentou os seguintes resultados: 47% e 53% nas duas primeiras tentativas (ficando ao nível do acaso) e 73% de acertos na terceira tentativa. No teste de leitura recombinativa C’1B’1, C’2B’2, C’3B’3 teve os percentuais de 60%, 67% e 67% nas três tentativas. Nos testes de leitura recombinativa generalizada B’4C’4, B’5C’5, B’6C’6 e C’4B’4, C’5B’5, C’6B’6 os participantes responderam com 100% de acertos. O participante VS atingiu 100% de acertos na primeira tentativa nos dois testes de leitura recombinativa B’4C’4, B’5C’5, B’6C’6 e C’4B’4, C’5B’5, C’6B’6. A participante VA atingiu 87% de acertos na primeira tentativa e 100% de acertos na segunda tentativa do teste de leitura recombinativa B’4C’4, B’5C’5, B’6C’6 e no teste de leitura recombinativa C’4B’4, C’5B’5, C’6B’6 obteve 100% na primeira tentativa. A participante EP atingiu 73% de acertos na primeira tentativa, 80% na segunda tentativa e 100% de acertos na terceira tentativa do teste de leitura recombinativa B’4C’4, B’5C’5, B’6C’6 e no teste de leitura recombinativa C’4B’4, C’5B’5, C’6B’6 obteve 93% na primeira tentativa e 100% na segunda tentativa. A Tabela 5 apresenta os resultados dos três participantes nos testes de leitura recombinativa generalizada. Tabela 5 – Porcentagem de respostas corretas dos três participantes, em cada tipo de tentativa nos testes de leitura recombinativa generalizada B’C’/C’B’. Os resultados obtidos apresentam evidências experimentais que o procedimento de ensino utilizado promoveu, a um dos quatro participantes, a leitura recombinativa generalizada de seis novas palavras, a duas outras participantes, a leitura recombinativa de três novas palavras e um dos participantes não conseguiu atingir essa etapa por não ter documentado classes de equivalência. Para aumentar a probabilidade da generalização da leitura dos participantes do experimento, utilizou-se como estratégia, palavras que já faziam parte do contexto social dos participantes. Segundo alguns autores , as palavras a serem ensinadas deveriam ser derivadas do contexto social e familiar dos participantes. Os autores propuseram a utilização de palavras dessa natureza porque, dentre os possíveis fatores que explicam o comportamento de leitura, está, provavelmente, “a utilização de palavras que já faziam parte do universo vocabular do sujeito possibilitando, desta forma, vincular o processo de aprendizagem com a sua realidade” (MEDEIROS, MONTEIRO, SILVA, 1997, p. 75). Os resultados do estudo corroboram com os dados apresentados por Medeiros et al. (1997) e Medeiros, Monteiro, Silva (1997) , pois os três participantes expostos a todos os procedimentos atingiram100% de acertos, quando as palavras que foram usadas eram do seu cotidiano, pois mesmo submetendo os participantes a várias tentativas com as primeiras palavras que não eram conhecidas, somente um participante obteve o índice de 100% de acertos. Este estudo demonstra, assim como outras pesquisas, que os resultados com diferentes participantes com a leitura recombinativa apresentam muitas variações, quando as palavras são utilizadas como unidade de ensino, por isso, alguns pesquisadores têm recomendado o ensino direto das relações auditivo-visuais para que ocorra a recombinação de unidades mínimas visando facilitar ou garantir o controle pelas unidades e, por conseguinte, a leitura recombinativa generalizada (SEREJO et al. 2007; DE ROSE, DE SOUZA, HANNA, 1996). O procedimento de ensino descrito no estudo sugere que a manipulação sistemática das unidades menores que a palavra pode ser uma estratégia potencialmente promissora para o desenvolvimento da leitura por unidades menores que a palavra, aliando o paradigma de equivalência de estímulos com exercícios de consciência fonológica. Além disso, para alunos com PC, o uso dos recursos de acessibilidade da Tecnologia Assistiva torna-se um pré-requisito fundamental e necessário na produção de comportamentos acadêmicos, por isso, é importante salientar a integração das tecnologias no ensino de crianças com paralisia cerebral. Nesse sentido, como afirmaram Alves et al (2007), é possível pontuar que qualquer indivíduo é capaz de responder sob controle de estímulos consistente, desde que sejam planejadas as contingências de ensino adequadas e procedimentos de testes que, de fato, avaliem o desempenho do participante e não estabeleçam relações inconsistentes que concorrem com o desempenho generalizado planejado (ALVES et al. (2007, p. 28),. Conclusão Os achados experimentais neste estudo apresentam evidências da formação de classes de equivalência em indivíduos com baixa funcionalidade. A replicação sistemática deste procedimento de ensino com crianças que apresentam PC pode ter importantes implicações tanto para análise da eficácia deste procedimento quanto para a produção de conhecimentos que possam servir de base no planejamento de métodos de ensino. O procedimento de ensino descrito no estudo sugere que a manipulação sistemática das unidades menores que a palavra pode ser uma estratégia potencialmente promissora para o desenvolvimento da leitura por unidades menores que a palavra, aliando o paradigma de equivalência de estímulos com exercícios de consciência fonológica, por exemplo. Talvez, o ensino de consciência fonológica seja um eficiente pré-requisito para o fortalecimento de controle por unidades verbais mínimas e, consequentemente, a leitura recombinativa generalizada. Os participantes (VA e EP) que não responderam com 100% de acurácia ao teste de leitura recombinativa nas primeiras tentativas necessitaria ter sido exposto a procedimentos de ensino que envolvessem o treino discriminativo auditivo-visual com as unidades mínimas iniciando pelas letras, sílabas, palavras com a relação grafema/fonema, especialmente importante na língua portuguesa. Estudos sobre leitura recombinativa com a tecnologia de ensino derivada do paradigma de equivalência de estímulos podem ajudar a corroborar a sugestão de Sidman (1994, p. 338-445) de que as classes de equivalência refletem um processo comportamental fundamental associado a contingências de reforçamento. Um resultado lógico dessa sugestão é que as classes de equivalência poderiam ser demonstradas sempre que linhas de base de matching to sample apropriadas fossem estabelecidas, sem que houvesse qualquer artefato experimental interferindo. A análise do controle de estímulos com esta população frequentemente revela diferenças entre a programação de ensino e o responder dos participantes. Como os procedimentos de análise do controle de estímulos estão avançando, seria cada vez mais possível identificar a falta de coerência topográfica e encorajar a coerência através do ensino cuidadoso. Conclui-se que talvez o maior motivo para continuar estudando classes de equivalência em indivíduos com baixos níveis funcionais seja a grande necessidade prática de desenvolver métodos mais efetivos para estabelecer comunicações não vocais em indivíduos que não podem ou não aprenderam a falar. Um programa de ensino que promova a aprendizagem confiável da equivalência nesta população irá contribuir simultaneamente com a ciência e a tecnologia para desenvolver procedimentos de ensino para efetiva comunicação. Sugere-se que os estudos nesta área identifiquem outros pré-requisitos necessários para leitura e escrita, apontem outras variáveis que possam contribuir para assegurar um controle experimental mais rigoroso dos programas de ensino sobre o processo de aprendizagem. Referências ANDRADE, Maria Margarida de, Introdução á metodologia do trabalho cientifico: elaboração de trabalhos na graduação, Ed. Atlas,7ª ed, São Paulo 2006. ARGÜELLES,PILAR. Paralisia Cerebral. In. Miguel Puyelo Org. A Fonoaudiologia na Paralisia Cerebral: Diagnóstico e Tratamento. São Paulo. Ed. Livraria Santos Editora Com. Imp. Ltda. 1ªed.2001. p. 1-9. BOBATH,Karel. Uma Base Neurofisiológica para o Tratamento da Paralisia Cerebral. 2ª ed. Ed. Manole, São Paulo,1995. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. 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