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1. Descreva anatomia, histologia e embriologia adrenal (particularidades de seu desenvolvimento no primeiro ano de vida). 1 🩺 1. Descreva anatomia, histologia e embriologia adrenal (particularidades de seu desenvolvimento no primeiro ano de vida). Anatomia Duas glândulas achatadas, no formato de meia-lua Situadas sobre o polo superior de cada rim, no espaço retroperitoneal Cada glândula suprarrenal tem de 3 a 5 cm de altura, 2 a 3 cm de largura, um pouco menos de 1 cm de espessura, massa variando de 3,5 a 5 g apenas metade do seu tamanho ao nascimento Altamente vascularizadas Histologia Estruturas: cápsula, camada cortical ou córtex da adrenal e a camada medular 1. Descreva anatomia, histologia e embriologia adrenal (particularidades de seu desenvolvimento no primeiro ano de vida). 2 Cápsula Constituída de tecido conjuntivo que envia septos delgados ao interior da glândula Região cortical Localiza-se abaixo da cápsula e é constituída por três camadas: zona glomerulosa, zona fasciculada e zona reticulada. O córtex da glândula suprarrenal produz hormônios esteroides essenciais à vida. A perda total dos hormônios adrenocorticais leva à morte por desidratação e desequilíbrios eletrolíticos no período de poucos dias a 1 semana, a não ser que se comece prontamente a terapia de reposição hormonal. Em 1, observa-se a cápsula de tecido conjuntivo frouxo; em 2, a região cortical; em 3, a região medular. Em 1, observa-se a zona glomerulosa; em 2, a zona fasciculada; em 3, a zona reticulada. Em 4, identifica-se a região medular. 1. Descreva anatomia, histologia e embriologia adrenal (particularidades de seu desenvolvimento no primeiro ano de vida). 3 Zona glomerulosa: Está logo abaixo da cápsula e é composta de células piramidais ou colunares, organizadas em cordões que têm forma de arcos envolvidos por capilares sanguíneos Zona fasciculada: É formada por células cuboides que se dispõem em cordões paralelos entre si e perpendiculares à cápsula. Suas células contêm muitos lipídeos que nos preparados dissolvem-se dando um aspecto vacuolizado e, devido a tal fato, também são conhecidas como espongiócitos. Zona reticulada: É a zona mais interna da região cortical, as células dispõem-se em cordões irregulares, formando um aspecto de rede, entremeados por capilares sinusóides. Essas células são menores do que das outras duas camadas, com menos gotas de lipídeo no citoplasma e são acidófilas pela abundância de lisossomas. Região medular A medula da adrenal é composta de células poliédricas organizadas em cordões ou aglomerados arredondados, sustentados por uma rede de fibras reticulares. Além das células do parênquima, há células ganglionares parassimpáticas. Todas essas células são envolvidas por uma abundante rede de vasos sanguíneos. 1. Descreva anatomia, histologia e embriologia adrenal (particularidades de seu desenvolvimento no primeiro ano de vida). 4 A medula da glândula suprarrenal produz três hormônios catecolaminas – norepinefrina, epinefrina e uma pequena quantidade de dopamina. Fontes: https://www.unifal-mg.edu.br/histologiainterativa/adrenal/ Anatomia da adrenal As glândulas suprarrenais possuem cor amarelada e se localizam entre as faces superomedial dos rins e o diafragma, onde são circundadas por tecido conjuntivo contendo considerável cápsula adiposa. As glândulas suprarrenais são revestidas por fáscia renal, pelas quais estão fixadas aos pilares do diafragma, que é a principal inserção das glândulas suprarrenais (contraintuitivo pois o nome da glândula faz parecer que a relação primária é com os rins). Elas são separadas dos rins por um septo fino (parte da fáscia renal). O formato e as relações das glândulas suprarrenais são diferentes nos dois lados: A glândula direita piramidal é mais apical (situada sobre o polo superior) em relação ao rim esquerdo, situa-se anterolateralmente ao pilar direito do diafragma e faz contato com a VCI anteromedialmente e o fígado anterolateralmente. https://www.unifal-mg.edu.br/histologiainterativa/adrenal/ 1. Descreva anatomia, histologia e embriologia adrenal (particularidades de seu desenvolvimento no primeiro ano de vida). 5 A glândula esquerda em formato de crescente é medial à metade superior do rim esquerdo e tem relação com o baço, o estômago, o pâncreas e o pilar esquerdo do diafragma. Cada glândula tem um hilo, através do qual as veias e vasos linfáticos saem da glândula, enquanto as artérias e os nervos entram nas glândulas em diversos locais. As margens mediais das glândulas suprarrenais estão distantes 4 a 5 cm. Nessa área, da direita para a esquerda, estão a VCI, o pilar direito do diafragma, o gânglio celíaco, o tronco celíaco, a AMS e o pilar esquerdo do diafragma. Cada glândula suprarrenal tem duas partes: o córtex suprarrenal e a medula suprarrenal → essas partes têm diferentes origens embriológicas e diferentes funções. O córtex suprarrenal é derivado do mesoderma e secreta corticosteroides e androgênios. Esses hormônios causam retenção renal de sódio e água em resposta ao estresse, aumentando o volume sanguíneo e a pressão arterial. Também afetam músculos e órgãos como o coração e os pulmões. A medula suprarrenal é uma massa de tecido nervoso permeada por capilares e sinusoides derivados das células da crista neural associadas à parte simpática do sistema nervoso. As células cromafins da medula suprarrenal estão relacionadas com os neurônios dos gânglios simpáticos (pós-ganglionares) tanto em origem (células da crista neural) quanto em função. Essas células secretam catecolaminas (principalmente epinefrina) para a corrente sanguínea em resposta a sinais de neurônios pré ganglionares. Os potentes hormônios medulares epinefrina (adrenalina) e norepinefrina (noradrenalina) ativam o corpo para uma resposta de luta ou fuga ao estresse traumático. Também aumentam a frequência cardíaca e a pressão arterial, dilatam os bronquíolos e modificam os padrões de fluxo sanguíneo, preparando para o exercício físico. IRRIGAÇÃO DAS SUPRARRENAIS (apresentado com mais detalhes na parte de histologia) A função endócrina das glândulas suprarrenais torna necessária sua abundante irrigação. As artérias suprarrenais ramificam-se livremente antes de entrarem em cada glândula, de modo que 50 a 60 artérias penetram a cápsula que cobre toda a superfície das glândulas. 1. Descreva anatomia, histologia e embriologia adrenal (particularidades de seu desenvolvimento no primeiro ano de vida). 6 As artérias suprarrenais têm três origens: Artérias suprarrenais superiores (6 a 8) das artérias frênicas inferiores. Artérias suprarrenais médias (L I) da parte abdominal da aorta, perto do nível de origem da AMS. Artérias suprarrenais inferiores (L I) das artérias renais. DRENAGEM VENOSA DAS SUPRARRENAIS (apresentado com mais detalhes na parte de histologia) A drenagem venosa das glândulas suprarrenais se faz para veias suprarrenais calibrosas. A veia suprarrenal direita curta drena para a VCI, enquanto a veia suprarrenal esquerda, mais longa, que frequentemente se une à veia frênica inferior, drena para a veia renal esquerda. VASOS LINFÁTICOS DAS SUPRARRENAIS (apresentado com mais detalhes na parte de histologia) Os vasos linfáticos suprarrenais originam-se de um plexo situado profundamente à cápsula da glândula e de outro em sua medula. A linfa segue até os linfonodos lombares. Muitos vasos linfáticos saem das glândulas suprarrenais. INERVAÇÃO DAS SUPRARRENAIS (apresentado com mais detalhes na parte de histologia) A rica inervação das glândulas suprarrenais provém do plexo celíaco e dos nervos esplâncnicos abdominopélvicos (maior, menor e imo). As fibras simpáticas pré-ganglionares mielínicas – derivadas principalmente do núcleo intermediolateral (IML), ou corno lateral, da substância cinzenta dos segmentos medulares T10–L1 – atravessam os gânglios paravertebrais e prévertebrais, sem fazer sinapse, e são distribuídas para as células cromafins na medula suprarrenal. 1. Descrevaanatomia, histologia e embriologia adrenal (particularidades de seu desenvolvimento no primeiro ano de vida). 7 💡 Resumindo As glândulas suprarrenais estão localizadas superomedialmente aos rins, mas estão fixadas principalmente aos pilares do diafragma pela fáscia renal adjacente. Cada glândula suprarrenal é, na verdade, formada por duas glândulas que têm origem e função diferentes: córtex suprarrenal e medula suprarrenal (esta última circundada pela primeira). O córtex suprarrenal deriva do mesoderma e secreta corticosteroides e androgênios; a medula suprarrenal é derivada das células da crista neural e secreta catecolaminas (principalmente epinefrina). A glândula suprarrenal direita tem formato mais piramidal e posição apical em relação ao rim direito, enquanto a glândula esquerda tem formato de crescente e situa-se medialmente à metade superior do rim. Histologia da adrenal As glândulas suprarrenais são recobertas por uma cápsula espessa de tecido conjuntivo, a partir da qual trabéculas se estendem até o parênquima, transportando vasos sanguíneos e nervos. 1. Descreva anatomia, histologia e embriologia adrenal (particularidades de seu desenvolvimento no primeiro ano de vida). 8 O tecido parenquimatoso secretor é organizado em duas regiões distintas: O córtex é a porção secretora de esteroides. Situa- se abaixo da cápsula e constitui quase 90% da glândula por peso → as células parenquimatosas originam- se do mesênquima mesodérmico. A medula é a porção secretora de catecolaminas. Situa -se abaixo do córtex e forma o centro da glândula → as células parenquimatosas originam-se de células da crista neural que migram para a glândula em desenvolvimento. 1. Descreva anatomia, histologia e embriologia adrenal (particularidades de seu desenvolvimento no primeiro ano de vida). 9 As células parenquimatosas do córtex da suprarrenal são controladas, em parte, pela adeno- hipófise e atuam na regulação do metabolismo e manutenção do equilíbrio eletrolítico normal. 1. Descreva anatomia, histologia e embriologia adrenal (particularidades de seu desenvolvimento no primeiro ano de vida). 10 SUPRIMENTO SANGUÍNEO Cada glândula suprarrenal é suprida com sangue pelas artérias suprarrenais superior, média e inferior e drenada pelas veias suprarrenais. No lado esquerdo, a veia suprarrenal drena na veia renal esquerda, ao passo que, do lado direito, a veia suprarrenal drena diretamente na veia cava inferior. 1. Descreva anatomia, histologia e embriologia adrenal (particularidades de seu desenvolvimento no primeiro ano de vida). 11 Esses vasos ramificam -se antes de entrar na cápsula, produzindo numerosas artérias pequenas que penetram na cápsula. Na cápsula, as artérias ramificam- se e dão origem a três padrões principais de distribuição do sangue. 1. Descreva anatomia, histologia e embriologia adrenal (particularidades de seu desenvolvimento no primeiro ano de vida). 12 Os vasos formam um sistema que consiste em: Capilares capsulares, que suprem a cápsula. Capilares sinusoidais corticais fenestrados, que suprem o córtex e, em seguida, drenam nos capilares sinusoides fenestrados medulares. Arteríolas medulares, que atravessam o córtex, seguindo o seu percurso dentro das trabéculas e transportando sangue arterial para os sinusoides capilares medulares. Por conseguinte, a medula apresenta um duplo suprimento sanguíneo: o sangue arterial proveniente das arteríolas medulares e o sangue venoso proveniente dos capilares sinusoidais corticais que já supriram o córtex. As vênulas que se originam dos sinusoides corticais e medulares drenam nas pequenas veias coletoras adrenomedulares que se unem para formar a grande veia adrenomedular central, que, em seguida, drena diretamente como veia suprarrenal na veia cava inferior do lado direito e na veia renal esquerda do lado esquerdo. Nos humanos, a veia adrenomedular central e suas tributárias são incomuns, visto que elas apresentam uma túnica média contendo feixes de células musculares lisas evidentes, de orientação longitudinal. A contração sincronizada dos feixes longitudinais de músculo liso ao longo da veia adrenomedular ventral e suas tributárias provoca redução no volume da glândula suprarrenal. Essa diminuição de volume aumenta o efluxo de hormônios da medula da suprarrenal para a circulação, uma ação comparável a espremer uma esponja molhada. VASOS LINFÁTICOS São encontrados vasos linfáticos na cápsula e no tecido conjuntivo ao redor dos vasos sanguíneos maiores da glândula. Existem também vasos linfáticos no parênquima da medula da suprarrenal. Os vasos linfáticos desempenham importante papel na distribuição da cromogranina A, um produto de secreção das células cromafins. A cromogranina A é um complexo proteico de armazenamento intracelular de 48 kDa para a epinefrina e a norepinefrina, e também uma molécula precursora para vários peptídios reguladores, incluindo vasostatina, pancreastatina, catestatina e parastatina. Esses peptídios modulam a função neuroendócrina das células cromafins (efeito autócrino) e de outras células em órgãos distantes. INERVAÇÃO A porção central da glândula suprarrenal, a medula, é composta de um parênquima com grandes células epitelioides, de coloração pálida, denominadas células cromafins (células medulares), tecido conjuntivo, numerosos capilares sanguíneos sinusoidais e nervos. As células cromafins são, de fato, neurônios modificados. Numerosas fibras nervosas simpáticas pré sinápticas mielinizadas passam diretamente até as células cromafins da medula. Quando impulsos nervosos transportados pelas fibras simpáticas alcançam as células cromafins secretoras de catecolaminas, elas liberam seus produtos secretores. Por conseguinte, as células cromafins são consideradas o equivalente de neurônios póssinápticos. No entanto, carecem de prolongamentos axônicos. Estudos experimentais revelaram que, quando células cromafins crescem em cultura, elas emitem prolongamentos semelhantes a axônios. Contudo, o crescimento axônico pode ser inibido pelos glicocorticoides – hormônios secretados pelo córtex da suprarrenal. Por conseguinte, os hormônios do córtex da suprarrenal exercem controle sobre a morfologia das células cromafins e impedem que formem prolongamentos neurais. Consequentemente, as células cromafins assemelham se muito mais a células endócrinas típicas, uma vez que seus produtos secretores entram na corrente sanguínea por meio dos capilares fenestrados. CÉLULAS CROMAFINS → exercem função secretora 1. Descreva anatomia, histologia e embriologia adrenal (particularidades de seu desenvolvimento no primeiro ano de vida). 13 As células cromafins estão organizadas em agrupamentos ovoides e em cordões interconectantes curtos. Os capilares sanguíneos estão dispostos em íntima relação com o parênquima. Originam -se dos capilares corticais ou, na forma de ramos, das arteríolas corticais. Em nível ultraestrutural, as células cromafins caracterizam -se por numerosas vesículas secretoras, com diâmetros de 100 a 300 nm, perfis de RER e um complexo de Golgi bem desenvolvido. O material secretor das vesículas pode ser corado histoquimicamente para demonstrar especificamente que as catecolaminas, a epinefrina e a norepinefrina secretadas pelas células cromafins são produzidas por diferentes tipos de células. Há também a existência de duas populações de células cromafins, que se distinguem pela natureza de suas vesículas envolvidas por membrana: Uma população de células contém apenas grandes vesículas com uma região central densa. Essas células secretam norepinefrina. A outra população de células contém vesículas, que são menores, mais homogêneas e menos densas. Essas células secretam epinefrina. → A exocitose das vesículas secretoras é desencadeada pela liberação de acetilcolina dos axônios simpáticos pré-sinápticos que fazem sinapse com cada célula cromafim. A epinefrina e a norepinefrina representam menos de 20% do conteúdo das vesículas secretoras da medula. Asvesículas também contêm grandes quantidades de proteínas solúveis de 48 kDa, denominadas cromograninas, que parecem conferir densidade ao conteúdo das vesículas. Essas proteínas, juntamente com o ATP e o Ca2+, podem ajudar a ligar as catecolaminas de baixo peso molecular e são liberadas com os hormônios durante a exocitose. As catecolaminas, sintetizadas no citosol, são transportadas dentro das vesículas por meio da ação de uma ATPase ativada por magnésio na membrana da vesícula. Determinados fármacos, como a reserpina, que causam depleção das catecolaminas das vesículas, podem inibir esse mecanismo de transporte. → Os glicocorticoides secretados no córtex induzem a conversão de norepinefrina em epinefrina nas células cromafins. Os glicocorticoides produzidos no córtex da suprarrenal alcançam diretamente a medula por meio da continuidade dos capilares sinusoidais corticais e medulares. Induzem a enzima que catalisa a metilação da norepinefrina para produzir epinefrina. A natureza do fluxo sanguíneo correlaciona- se com diferenças regionais na distribuição das células cromafins que contêm norepinefrina e epinefrina. 1. Descreva anatomia, histologia e embriologia adrenal (particularidades de seu desenvolvimento no primeiro ano de vida). 14 As células que contêm epinefrina são mais numerosas em áreas da medula supridas com sangue que já passou pelos sinusoides corticais e que, portanto, contêm glicocorticoides secretados. Em algumas espécies, as células que contêm norepinefrina são mais numerosas nas regiões da medula supridas por capilares derivados das arteríolas corticais. → As catecolaminas, juntamente com os glicocorticoides, preparam o corpo para a resposta de “luta ou fuga”. A súbita liberação de catecolaminas estabelece condições para o uso máximo de energia e, portanto, para o esforço físico máximo. Tanto a epinefrina quanto a norepinefrina estimulam a glicogenólise (liberação de glicose na corrente sanguínea) e a mobilização dos ácidos graxos livres do tecido adiposo. A liberação de catecolaminas também provoca elevação da pressão arterial, dilatação dos vasos sanguíneos coronários, vasodilatação dos vasos que suprem o músculo esquelético, vasoconstrição dos vasos que transportam o sangue para a pele e o intestino, aumento da frequência e débito cardíacos e aumento na frequência e profundidade da respiração. ZONALIDADE DO CÓRTEX DA SUPRARRENAL O córtex da suprarrenal é dividido em três zonas, de acordo com o arranjo de suas células: A zona glomerulosa, a zona externa mais delgada que constitui até 15% do volume cortical. A zona fasciculada, a zona média espessa que constitui quase 80% do volume do córtex. A zona reticulada, a zona interna que representa apenas 5 a 7% do volume do córtex, mas é mais espessa que a zona glomerulosa, em virtude de sua localização mais central. Zona glomerulosa As células da zona glomerulosa (latim “glomus”= bola) estão dispostas em agrupamentos ovoides estreitamente acondicionados e em colunas encurvadas, que se continuam com os cordões celulares da zona fasciculada. As células da zona glomerulosa são relativamente pequenas e colunares ou piramidais. Seus núcleos esféricos aparecem densamente compactados e exibem coloração densa. Nos humanos, algumas áreas do córtex podem carecer de uma zona glomerulosa reconhecível. Cada agrupamento de células é circundado por uma rede rica de capilares sinusoidais fenestrados. As células apresentam quantidade abundante de retículo endoplasmático liso (REL), múltiplos complexos de Golgi, mitocôndrias grandes com cristas organizadas como prateleiras, ribossomos livres e algum RER. São observadas gotículas lipídicas esparsas. As células da zona glomerulosa secretam o principal mineralocorticoide, denominado aldosterona, um composto que funciona na regulação da homeostasia do sódio e do potássio e no equilíbrio hídrico (isso vai ser relevante para entender o quadro clínico de Sofia). 1. Descreva anatomia, histologia e embriologia adrenal (particularidades de seu desenvolvimento no primeiro ano de vida). 15 A aldosterona atua sobre as células principais dos túbulos distais do néfron no rim, na mucosa gástrica e nas glândulas salivares e sudoríparas, estimulando a reabsorção de sódio nesses locais, bem como a excreção de potássio pelos rins. A aldosterona é produzida a partir do colesterol por uma série de reações enzimáticas controladas pela angiotensina II. A etapa final na biossíntese de aldosterona é facilitada pela aldosterona sintase, que é exclusivamente expressa nas células da zona glomerulosa. As células da zona glomerulosa requerem a enzima 17- α - hidroxilase e, portanto, são incapazes de produzir outros hormônios esteroides suprarrenais, como cortisol ou androgênios suprarrenais. A zona glomerulosa está sob o controle do sistema renina -angiotensina -aldosterona (SRAA) por retroalimentação. As células justaglomerulares nos rins liberam renina, em resposta a uma diminuição da pressão arterial ou a um baixo nível sanguíneo de sódio. A renina circulante catalisa a conversão do angiotensinogênio circulante em angiotensina I, que, por sua vez, é convertida no pulmão pela enzima conversora de angiotensina (ECA) em angiotensina II. Em seguida, a angiotensina II estimula as células da zona glomerulosa a produzir e a secretar aldosterona. À medida que a pressão arterial, a concentração de sódio e o volume sanguíneo aumentam em resposta à aldosterona, a liberação de renina pelas células justaglomerulares é inibida. Os fármacos que inibem a ECA nos pulmões são efetivos no tratamento da hipertensão essencial crônica. Zona fasciculada As células da zona fasciculada (latim “fascis” = feixe) são grandes e poliédricas. Estão dispostas em longos cordões retilíneos, com espessura de uma ou duas células, entremeados por capilares sinusoidais. As células da zona fasciculada apresentam um núcleo esférico de coloração clara. É comum observar células binucleadas nessa zona. Estudos realizados com o MET (microscópio eletrônico de transmissão) revelam características típicas das células secretoras de esteroides, isto é, um REL altamente desenvolvido (mais que aquele observado nas células da zona glomerulosa) e mitocôndrias com cristas tubulares. Essas células também exibem um complexo de Golgi bem desenvolvido e numerosos perfis de RER, que podem conferir uma ligeira basofilia a algumas partes do citoplasma. Embora, em geral, pareça estar vacuolado nos cortes histológicos de rotina, devido à extração do lipídio durante a desidratação, o citoplasma costuma ser acidofílico e contém numerosas gotículas lipídicas. Estas contêm gorduras neutras, ácidos graxos, colesterol e fosfolipídios que são precursores dos hormônios esteroides secretados por essas células. A principal secreção da zona fasciculada consiste em glicocorticoides, que regulam o metabolismo da glicose e dos ácidos graxos. As células na zona fasciculada não podem produzir aldosterona, pois carecem da enzima aldosterona sintase. No entanto, contêm duas outras enzimas importantes, a 17-α- hidrolase e a 17,20 liase, para produzir glicocorticoides e pequenas quantidades de gonadocorticoides (androgênios suprarrenais). Os glicocorticoides são assim denominados em virtude de seu papel na regulação da gliconeogênese (síntese de glicose) e da glicogênese (polimerização do glicogênio). Um dos principais glicocorticoides secretados pela zona fasciculada, o cortisol, atua sobre muitas células e tecidos diferentes para aumentar a disponibilidade metabólica da glicose e dos ácidos graxos, ambos os quais constituem fontes imediatas de energia. O outro glicocorticoide, a corticosterona, é secretado e circula no sangue em níveis 10 a 20 vezes menores que o cortisol. Nessa ampla função, os glicocorticoides podem exercer efeitos diferentes e até mesmo opostos em diferentes tecidos: No fígado, os glicocorticoides estimulam a conversão dos aminoácidos em glicose, estimulam a polimerização da glicose em glicogênio e promovema captação de aminoácidos e ácidos graxos. No tecido adiposo, os glicocorticoides estimulam a degradação dos lipídios em glicerol e ácidos graxos livres. Em outros tecidos, reduzem a taxa de utilização da glicose e promovem a oxidação dos ácidos graxos. Nas células, como os fibroblastos, inibem a síntese de proteína e até mesmo promovem o seu catabolismo para fornecer aminoácidos destinados à sua conversão em glicose no fígado. 1. Descreva anatomia, histologia e embriologia adrenal (particularidades de seu desenvolvimento no primeiro ano de vida). 16 Os glicocorticoides também deprimem as respostas imunes e inflamatórias e, em consequência destas últimas, inibem a cicatrização das feridas. A hidrocortisona, uma forma sintética do cortisol, é usada no tratamento de alergias e inflamação. A hidrocortisona deprime a resposta inflamatória ao suprimir a produção de interleucinas 1 (IL 1) e de IL 2 pelos linfócitos e macrófagos. Os glicocorticoides também estimulam a destruição dos linfócitos nos linfonodos e inibem a mitose nos linfoblastos transformados. A secreção e a produção de glicocorticoides e de esteroides sexuais pela zona fasciculada está sob controle do sistema CHR ACTH por retroalimentação. O ACTH é necessário para o crescimento e a manutenção das células e também estimula a síntese de esteroides e aumenta o fluxo sanguíneo através da glândula suprarrenal. Nos animais, a administração de ACTH provoca hipertrofia da zona fasciculada. Os glicocorticoides circulantes podem atuar diretamente sobre a hipófise; no entanto, eles exercem mais comumente o seu controle por retroalimentação sobre os neurônios no núcleo arqueado do hipotálamo, causando a liberação de CRH na circulação porta‐ hipotálamo hipofisária. Evidências também sugerem que os glicocorticoides circulantes e os efeitos fisiológicos que eles produzem estimulam os centros cerebrais superiores, os quais, por sua vez, promovem a liberação de CRH pelos neurônios hipotalâmicos. Zona reticulada As células da zona reticulada (latim “rete” = rede) são notadamente menores que as da zona fasciculada, e seus núcleos exibem coloração mais intensa. Essas células estão dispostas em cordões anastomosados, separados por capilares fenestrados. As células apresentam um número relativamente pequeno de gotículas lipídicas. São observadas células tanto claras quanto escuras. As células escuras apresentam quantidades abundantes de grandes grânulos de pigmento de lipofuscina, e são observados núcleos intensamente corados. As células dessa zona são pequenas, uma vez que dispõem de menos citoplasma que as células da zona fasciculada; por conseguinte, os núcleos aparecem mais densamente organizados. Exibem características de células secretoras de esteroides, isto é, um REL bem desenvolvido e numerosas mitocôndrias alongadas com cristas tubulares; contudo, apresentam pouco RER. A principal secreção da zona reticulada consiste em gonadocorticoides (androgênios suprarrenais). A principal secreção das células da zona reticulada consiste em gonadocorticoides (androgênios suprarrenais), principalmente desidroepiandrosterona (DHEA), sulfato de desidroepiandrosterona (DHEAS) e androstenediona. As células também secretam alguns glicocorticoides, mas em quantidades muito menores que as células da zona fasciculada. Aqui, também, o principal glicocorticoide secretado é o cortisol. A DHEA e o DHEAS são menos potentes que os androgênios produzidos pelas gônadas, mas exercem efeito sobre o desenvolvimento das características sexuais secundárias. Nos homens, os androgênios suprarrenais têm importância insignificante, visto que a testosterona produzida pelos testículos é um androgênio muito mais potente. 1. Descreva anatomia, histologia e embriologia adrenal (particularidades de seu desenvolvimento no primeiro ano de vida). 17 No entanto, nas mulheres, os androgênios suprarrenais estimulam o crescimento dos pelos axilares e púbicos durante a puberdade e a adolescência. A DHEA pode ser convertida em androstenediona e, em seguida, em androgênios mais potentes, como a testosterona e estrogênios nos tecidos periféricos. A enzima fundamental que facilita a conversão da androstenediona em testosterona é a 17 cetosteroide redutase, e essa reação representa uma importante via de produção de testosterona nas mulheres. A zona reticulada também é regulada pelo controle do sistema CRH ACTH por retroalimentação e sofre atrofia após hipofisectomia. O ACTH exógeno mantém a estrutura e a função da zona reticulada após a realização de hipofisectomia. GLÂNDULA SUPRARRENAL FETAL (melhor descrita na parte de embriologia) → A glândula suprarrenal fetal consiste em um córtex permanente estreito externo e um córtex fetal espesso interno ou zona fetal. Uma vez totalmente estabelecida, a glândula suprarrenal fetal é incomum quanto a sua organização e a seu grande tamanho em relação a outros órgãos em desenvolvimento. A glândula origina- se das células mesoteliais de origem mesodérmica, localizadas entre a raiz do mesentério e as cristas urogenitais em desenvolvimento. As células mesodérmicas penetram no mesênquima subjacente e dão origem a uma grande massa de células eosinófilas, a qual irá se diferenciar no córtex fetal funcional. Posteriormente, a massa de células primárias é circundada por uma segunda onda de células derivadas do mesotélio da parede posterior do abdome. No quarto mês de vida fetal, a glândula suprarrenal alcança a sua massa máxima em termos de peso corporal e é apenas ligeiramente menor que o rim adjacente. No feto a termo, as glândulas suprarrenais são equivalentes, em seu tamanho e peso, àquelas do adulto e produzem 100 a 200 mg de compostos esteroides por dia, ou seja, cerca de duas vezes a das glândulas suprarrenais adultas. A aparência histológica da glândula suprarrenal fetal assemelha -se superficialmente àquela da glândula suprarrenal do adulto. No final da vida fetal, a maior parte da glândula consiste em cordões de grandes células eosinófilas que constituem aproximadamente 80% de sua massa. Essa porção da glândula, denominada córtex fetal (também denominada zona fetal), origina- se a partir da migração inicial de células mesodérmicas. O restante da glândula é formado pela camada periférica de pequenas células com citoplasma escasso. Essa porção, denominada córtex permanente, origina- se a partir da migração de células mesodérmicas secundárias. O córtex permanente estreito, quando totalmente estabelecido no embrião, parece ser semelhante à zona glomerulosa da glândula do adulto. As células estão dispostas em grupos arqueados, que se estendem em cordões curtos. Por sua vez, esses cordões tornam -se contínuos com aqueles da zona fetal subjacente. Em preparações coradas pela H&E, o citoplasma das células do córtex permanente exibe alguma basofilia que, em combinação com os núcleos densamente compactados, confere coloração azulada a essa porção da glândula, em contraste com a coloração eosinófila da zona fetal. Ao MET, as células do córtex permanente exibem mitocôndrias pequenas com cristas semelhantes a prateleiras, quantidades abundantes de ribossomos e pequenos perfis de Golgi. Em contrapartida, as células da zona fetal são consideravelmente maiores e estão dispostas em cordões irregulares de largura variável. Essas células, ao MET, exibem mitocôndrias esféricas com cristas tubulares, pequenas gotículas lipídicas, REL extenso, que é responsável pela eosinofilia do citoplasma, e múltiplos perfis de Golgi. Em seu conjunto, esses aspectos são característicos das células secretoras de esteroides. 1. Descreva anatomia, histologia e embriologia adrenal (particularidades de seu desenvolvimento no primeiro ano de vida). 18 → O desenvolvimento da glândula suprarrenal fetal constitui parte de um processo complexo de maturação e preparação do feto para a vida extrauterina. A suprarrenal fetal carece de medula definitiva. Observa -se a existência de células cromafins, mas elas estão dispersas entreas células da zona fetal e são difíceis de reconhecer em preparações coradas pela H&E. As células cromafins originam se da crista neural e invadem a zona fetal por ocasião de sua formação. Durante a vida fetal, permanecem nessa localização, em pequenos agrupamentos dispersos de células. O suprimento sanguíneo para o córtex permanente e para a zona fetal é efetuado por meio de capilares sinusoidais que seguem o seu trajeto entre os cordões e se unem para formar canais venosos maiores no centro da glândula. Diferentemente da suprarrenal pós -natal, não há arteríolas no parênquima da glândula suprarrenal fetal. 1. Descreva anatomia, histologia e embriologia adrenal (particularidades de seu desenvolvimento no primeiro ano de vida). 19 Do ponto de vista funcional, a glândula suprarrenal fetal está sob o controle do sistema de retroalimentação do CRHACTH através da hipófise fetal. Para funcionar como órgão secretor de esteroides, ela interage com a placenta, uma vez que é desprovida de certas enzimas necessárias para a síntese de esteroides que estão presentes na placenta. De modo semelhante, a placenta requer certas enzimas necessárias para a síntese de esteroides, que estão presentes na glândula suprarrenal fetal. Por conseguinte, a glândula suprarrenal fetal constitui parte da unidade fetoplacentária. As moléculas precursoras são transportadas bidirecionalmente entre os dois órgãos para possibilitar a síntese de glicocorticoides, aldosterona, androgênios e estrogênios. Por ocasião do nascimento, o córtex fetal sofre rápida involução, reduzindo a glândula dentro do primeiro mês de vida pós natal para cerca de um quarto de seu tamanho original. O córtex permanente cresce e amadurece para formar a zonalidade característica do córtex adulto. Com a involução e o desaparecimento das células da zona fetal, as células cromafins agregam- se para formar a medula. Se não houver desenvolvimento adequado das glândulas suprarrenais, pode ocorrer desenvolvimento de hiperplasia suprarrenal congênita (HSRC). A HSRC representa um grupo de distúrbios autossômicos recessivos, caracterizados pela deficiência de uma enzima envolvida na síntese do cortisol e/ou da aldosterona. A deficiência da enzima 21- hidroxilase envolvida na via de síntese da aldosterona constitui a forma mais comum de HSRC, representando mais de 90% dos casos. Embriologia da adrenal O córtex e a medula das glândulas suprarrenais (glândulas adrenais) têm origens diferentes. O córtex se desenvolve a partir do mesênquima e a medula se desenvolve a partir de células da crista neural. Durante a sexta semana, o córtex começa como uma agregação de células mesenquimais em cada lado do embrião entre a raiz do mesentério dorsal e a gônada em desenvolvimento. As células que formam a medula são derivadas de um gânglio simpático adjacente, o qual é derivado de células da crista neural. Inicialmente, as células da crista neural formam uma massa no lado medial do córtex embrionário (Fig. 12-27B). À medida que elas são rodeadas pelo córtex, as células se diferenciam nas células secretoras da medula suprarrenal. Posteriormente, mais células mesenquimais se originam do mesotélio (uma camada única de células achatadas) e envolvem o córtex. Essas células dão origem ao córtex permanente da glândula suprarrenal (Fig. 12-27C). Estudos imuno-histoquímicos identificaram uma “zona transicional” que é localizada entre o córtex permanente e o córtex fetal. Foi sugerido que a zona fasciculada é derivada dessa terceira camada. A zona glomerulosa e a zona fasciculada estão presentes ao nascimento, mas a zona reticular não é reconhecível até o término do terceiro ano (Fig. 12 27H). Em relação ao peso corporal, as glândulas suprarrenais do feto são 10 a 20 vezes maiores que as glândulas adultas e são grandes em comparação com os rins (Figs. 12-3 e 12-8). 1. Descreva anatomia, histologia e embriologia adrenal (particularidades de seu desenvolvimento no primeiro ano de vida). 20 Essas grandes glândulas resultam do tamanho extenso do córtex fetal, o qual produz precursores esteroides que são usados pela placenta para síntese de estrogênio. A medula suprarrenal permanece relativamente pequena até o nascimento. A glândulas suprarrenais rapidamente se tornam menores à medida que o córtex fetal regride durante o primeiro ano da infância (Fig. 12-27H). As glândulas perdem aproximadamente um terço do seu peso durante as primeiras 2 a 3 semanas do período neonatal, e elas não recuperam o seu peso original até o fim do segundo ano.