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Questões de múltipla escolha Disciplina: 697930 - COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO Questão 1: Leia o texto a seguir: Conversinha Mineira Fernando Sabino _ É bom mesmo o cafezinho daqui, meu amigo? _ Sei dizer não senhor: não tomo café. _ Você é dono do café, não sabe dizer? _ Ninguém tem reclamado dele não senhor. _ Então me dá café com leite, pão e manteiga. _ Café com leite só se for sem leite. _ Não tem leite? _ Hoje, não senhor. _ Por que hoje não? _ Porque hoje o leiteiro não veio. _ Ontem ele veio? _ Ontem não. _ Quando é que ele vem? _ Tem dia certo não senhor. Às vezes vem, às vezes, não vem. Só que no dia que devia vir em geral não vem. _ Mas ali fora está escrito "Leiteria"! _ Ah, isso está, sim senhor. (...) _ Escuta uma coisa: como é que vai indo a política aqui na sua cidade? _ Sei dizer não senhor: eu não sou daqui. _ E há quanto tempo o senhor mora aqui? _ Vai para uns quinze anos. Isto é, não posso agarantir com certeza: um pouco mais, um pouco menos. _ Já dava para saber como vai indo a situação, não acha? _ Ah, o senhor fala da situação? Dizem que vai bem. _ Para que Partido? _ Para todos os Partidos, parece. _ Eu gostaria de saber quem é que vai ganhar a eleição aqui. _ Eu também gostaria. Uns falam que é um, outros falam que outro. Nessa mexida... _ E o Prefeito? _ Que é que tem o Prefeito? _ Que tal o Prefeito daqui? _ O Prefeito? É tal e qual eles falam dele. _ Que é que falam dele? _ Dele? Uai, esse trem todo que falam de tudo quanto é Prefeito. _ Você, certamente, já tem candidato. _ Quem, eu? Estou esperando as plataformas. _ Mas tem ali o retrato de um candidato dependurado na parede, que história é essa? _ Aonde, ali? Uê, gente: penduraram isso aí... In: A Mulher do Vizinho. Rio de Janeiro: Sabiá, 1962, p. 144 (com adaptações). A caracterização de um personagem, muitas vezes, não é feita explicitamente pelo autor. Cabe ao leitor fazer inferência, perceber os implícitos. Tal ocorrência é encontrada na crônica acima, do respeitado cronista Fernando Sabino. Pode-se afirmar, com base no texto, que o autor traça um perfil do mineiro. Assinale a alternativa que determina qual seria esse perfil. A) Um sujeito astucioso, pois prefere não dizer algo que o comprometa ou que possa ser interpretado como uma tomada de posição. B) Um cara folgado, indolente, evitando a todo custo tomar uma posição, pois isso pode lhe dar trabalho e vir a interromper o seu sossego. C) Um homem ingênuo, de boa-fé, facilmente enganado pelos fregueses espertalhões e políticos ladinos, pois fala muito e adora uma fofoca. D) Um cara pacato, pacífico, que desencoraja qualquer intenção de briga ou discussão, pois não permite que lhe façam qualquer pergunta. E) Um homem tranquilo, voltado ao bom atendimento dos fregueses, indiferente às fofocas feitas pelos fregueses. Questão 2: Certas frases são ambíguas e nem o contexto permite uma interpretação unívoca. Veja o caso: “O policial viu o ônibus acelerando em sua direção”. Podemos entender que: A - O policial acelerou os passos em direção ao ônibus; B - O ônibus acelerou a velocidade em direção ao policial. Indique a frase que pode ser entendida pelo contexto, apesar da ambiguidade. A) Ao chegar à cidade, a jovem dirigiu-se a um banco, pois precisava de dinheiro. B) Ao chegar à cidade, a jovem dirigiu-se a um banco. C) O goleiro viu a bola vindo em direção à rede. D) A mãe encontrou o filho em seu quarto. E) Sentado no banco da praça, o rapaz viu seu primo. Questão 3: Leia os enunciados que seguem e assinale a alternativa em que ocorre incoerência: A) Daniel é um adolescente encantado por filosofia e contra todas as terapias alternativas. Quando trouxe uma fotografia de seu quarto para que seus professores o conhecessem, esta revelava a presença de amuletos, cristais, pirâmides e pêndulos. B) Mário foi à solenidade; todavia, não fora convidado. C) Prezado cliente, solicitamos sua presença para acerto de seus débitos. D) Aninha era uma menina que sonhava em ter um patinete, sempre que via Paula brincando com o dela. E) “Não só de repolhos, nabos e batatas viverá o homem, mas também de violetas, orquídeas e rosas”. (Rubem Alves) Questão 4: Quanto ao tema do texto “À moda concretista”, que conhecimento de mundo prévio o leitor precisa ter para entender o texto? À moda concretista PT cueca cu PT eca peteca te peca cloaca A) Conhecer o significado da sigla PT. B) Saber que a sigla PT é política e relaciona-a aos políticos corruptos do partido. C) Saber que um poema concreto não é convencional, não tem verso tradicional. D) Conhecer a gramática, em especial a separação silábica. Por isso, o leitor percebe o jogo poético na separação silábica do termo “cueca”: “cu - PT - eca”. E) Conhecer a história da corrupção política e os escândalos advindos da corrupção, tal como o escândalo do político que escondeu dinheiro não declarado na cueca. Questão 5: Leia o texto a seguir: Conversinha Mineira Fernando Sabino _ É bom mesmo o cafezinho daqui, meu amigo? _ Sei dizer não senhor: não tomo café. _ Você é dono do café, não sabe dizer? _ Ninguém tem reclamado dele não senhor. _ Então me dá café com leite, pão e manteiga. _ Café com leite só se for sem leite. _ Não tem leite? _ Hoje, não senhor. _ Por que hoje não? _ Porque hoje o leiteiro não veio. _ Ontem ele veio? _ Ontem não. _ Quando é que ele vem? _ Tem dia certo não senhor. Às vezes vem, às vezes, não vem. Só que no dia que devia vir em geral não vem. _ Mas ali fora está escrito "Leiteria"! _ Ah, isso está, sim senhor. (...) _ Escuta uma coisa: como é que vai indo a política aqui na sua cidade? _ Sei dizer não senhor: eu não sou daqui. _ E há quanto tempo o senhor mora aqui? _ Vai para uns quinze anos. Isto é, não posso agarantir com certeza: um pouco mais, um pouco menos. _ Já dava para saber como vai indo a situação, não acha? _ Ah, o senhor fala da situação? Dizem que vai bem. _ Para que Partido? _ Para todos os Partidos, parece. _ Eu gostaria de saber quem é que vai ganhar a eleição aqui. _ Eu também gostaria. Uns falam que é um, outros falam que outro. Nessa mexida... _ E o Prefeito? _ Que é que tem o Prefeito? _ Que tal o Prefeito daqui? _ O Prefeito? É tal e qual eles falam dele. _ Que é que falam dele? _ Dele? Uai, esse trem todo que falam de tudo quanto é Prefeito. _ Você, certamente, já tem candidato. _ Quem, eu? Estou esperando as plataformas. _ Mas tem ali o retrato de um candidato dependurado na parede, que história é essa? _ Aonde, ali? Uê, gente: penduraram isso aí... In: A Mulher do Vizinho. Rio de Janeiro: Sabiá, 1962, p. 144 (com adaptações). Em relação à linguagem do texto, podemos afirmar que: A) A diferença de linguagem entre os interlocutores se dá por serem de diferentes países. B) A linguagem do dono da leiteria denuncia sua ignorância e sua falta de estudo. C) A diferença de linguagem entre os interlocutores não os impede de estabelecer um diálogo. D) A linguagem de ambos é inadequada para a situação em que se encontram. E) A diferença de linguagem do dono da leiteria é encarada com preconceito pelo freguês. Questão 6: O operador de coesão grifado no texto abaixo pode ser substituído por qual outro do mesmo sentido? Em algum lugar do Oriente, onde o clima é ameno e não são necessárias muitas roupas, havia um homem que resolveu desistir de todas as questões materiais e retirou-se para a floresta, onde construiu uma choça para morar. A) mas. B) para. C) como também. D) que. E) até mesmo. Questão 7: No breve diálogo entre colegas do curso de Letras, qual é a informação implícita contida na conversa? - A faculdade comprará Patativa do Assaré? - Está no provão. A) A compra de uma ou mais obras do cordelista Patativa do Assaré. B) Há provão instituído na faculdade. C) O livro de Assaré será comprado, pois consta na bibliografia do provão.D) A faculdade compra livros. E) Uma pergunta foi feita. Questão 8: Leia o texto a seguir “Nós, os brasileiros”, de Lya Luft. Uma editora europeia me pede que traduza poemas de autores estrangeiros sobre o Brasil. Como sempre, eles falam da floresta Amazônica, uma floresta muito pouco real, aliás. Um bosque poético, com “mulheres de corpos alvíssimos espreitando entre os troncos das árvores”. Não faltam flores azuis, rios cristalinos e tigres mágicos. Traduzo os poemas por dever de ofício, mas com uma secreta - e nunca realizada - vontade de inserir ali um grãozinho de realidade. Nas minhas idas (nem tantas) ao exterior, onde convivi, sobretudo, com escritores ou professores e estudantes universitários - portanto, gente razoavelmente culta - eu fui invariavelmente surpreendida com a profunda ignorância a respeito de quem, como e o que somos. - A senhora é brasileira? Comentaram espantados alunos de uma universidade americana famosa. - Mas a senhora é loira! Depois de ler, num congresso de escritores em Amsterdã, um trecho de um dos meus romances, traduzido em inglês, ouvi de um senhor elegante, dono de um antiquário famoso, que segurou comovido minhas duas mãos: - Que maravilha! Nunca imaginei que no Brasil houvesse pessoas cultas! Pior ainda, no Canadá alguém exclamou incrédulo: escritora brasileira? Ué, mas no Brasil existem editoras? A culminância foi a observação de uma crítica berlinense, num artigo sobre um romance meu editado por lá, acrescentando, a alguns elogios, a grave restrição: “porém não parece um livro brasileiro, pois não fala nem de plantas nem de índios nem de bichos”. Diante dos três poemas sobre o Brasil, esquisitos para qualquer brasileiro, pensei mais uma vez que esse desconhecimento não se deve apenas à natural (ou inatural) alienação estrangeira quanto ao geograficamente fora de seus interesses, mas também a culpa é nossa. Pois o que mais exportamos de nós é o exótico e o folclórico. Em uma feira do livro de Frankfurt, no espaço brasileiro, o que se via eram livros (não muito bem arrumados), muita caipirinha na mesa, e televisões mostrando carnaval, futebol, praia e mato. E eu, mulher essencialmente urbana, escritora das geografias interiores de meus personagens eróticos, me senti tão deslocada quanto um macaco em uma loja de cristais. Mesmo que tentasse explicar, ninguém acreditaria que eu era tão brasileira quanto qualquer negra de origem africana vendendo acarajé nas ruas de Salvador. Porque o Brasil é tudo isso. E nem a cor de meu cabelo e olhos, nem meu sobrenome, nem os livros que li na infância, nem o idioma que falei naquele tempo além do português, me fazem menos nascida e vivida nesta terra de tão surpreendentes misturas: imensa, desaproveitada, instigante e (por que ter medo da palavra?) maravilhosa. (Pensar é transgredir. Rio de Janeiro: Record, 2005, p.49-51.) Assinale a alternativa em que a palavra em destaque está interpretada de forma INCORRETA: A) “A culminância foi a observação de uma crítica berlinense (...)”. (culminância = auge). B) “Pois o que mais exportamos de nós é o exótico e o folclórico”. (folclórico = primitivo). C) “... mulheres de corpos alvíssimos espreitando entre os troncos das árvores (...)”. (espreitando = ocultando-se). D) “(...) esse desconhecimento não se deve apenas à natural (ou inatural) alienação estrangeira (...)” (alienação = alheamento). E) “imensa, desaproveitada, instigante e (por que ter medo da palavra?) maravilhosa.” (instigante = estimulante). Questão 9: Em resenha crítica, constatamos elementos essenciais formam o texto, EXCETO em: A) Apresentação da obra a ser criticada, com referências essenciais: autor, título, editora, data da publicação etc. B) Apresentação da obra lida, detalhando seu conteúdo. C) Análise crítica da obra, fundamentada em pressuposto teórico claro e pertinente. D) Relação do tema com um contexto teórico ou prático. E) Assinatura e identificação do resenhista. Questão 10: Leia os textos 1 e 2 e assinale a alternativa que expressa a relação estabelecida entre eles. Texto 1: Canção do exílio - Gonçalves Dias (poeta do século XIX) Texto 2: Hino Nacional (Parte II) - 1906 - Joaquim Osório Duque Estrada A) Relação de distanciamento, pois o primeiro é poema, pertencente à área da ficção, e o segundo é símbolo nacional. B) Relação de distanciamento, pois, apesar de ambos os textos terem o mesmo formato (versos e estrofes), não existe ideia em comum entre eles. C) Relação de proximidade, uma vez que o texto 1 recorreu ao texto 2 e copiou os trechos “Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores”. D) Relação de proximidade, porque ambos os textos valorizam o país e há trecho do texto 1 copiado no texto 2. E) Relação decorrente da nacionalidade, ou seja, ambos os textos são brasileiros.