Prévia do material em texto
Tema 4 – Fibrilação atrial e Flutter atrial Maria Laura Gonçalves Vieira – T XIV Em muias vezes, o Flutter Atrial e a Fibrilação Atrial ocorrem no mesmo paciente. Metade dos pacientes com FLA evoluem para FA em 5 anos. Fibrilação atrial É o distúrbio do ritmo cardíaco sustentado mais comum, além de ser a arritmia mais presente do DE. A presença de FA aumenta de forma independente o risco de mortalidade e morbidade por AVC e tromboembolismo, insuficiência cardíaca congestiva e redução da qualidade de vida. É mais comum em homens e como aumento da idade, associada a etiologias cardíacas e extracardíacas. ETIOLOGIA Não cardiovasculares: • Envelhecimento • Obesidade • Síndrome metabólica • Doença renal crônica • Tireotoxicose • Álcool • Drogas ilícitas • Pós-operatório de cirurgia não cardíaca Cardiovasculares: • Doença cardíaca hipertensiva • Doença arterial coronariana • Valvopatias • Insuficiência cardíaca • Cardiopatias congênitas • Cardiomiopatias • Pós operatório de cirurgia cardíaca FISIOPATOLOGIA Multifatorial. Principais responsáveis: • Alterações atriais anatômicas (dilatação e fibrose) secundárias às cardiopatias • Remodelamento eletroanatômico secundário à própria FA. Tais alterações geram múltiplos microcircuitos de reentrada, o que resulta na estimulação atrial caótica por inúmeros focos ectópicos. Dessa forma, a FA pode ter consequências adversas relacionadas à redução do débito cardíaco e a formação de trombo atrial. ACHADOS CLÍNICOS Principal sintomas: palpitações taquicárdicas Outros sintomas: dispneia, fadiga, tontura, angina ou sintomas de descompensação de insuficiência cardíaca. Importante determinar o início da FA, se mais ou menos de 48h. DIAGNÓSTICO Para o diagnóstico de FA é absolutamente necessário o ECG. • Frequência atrial > 300bpm • FC entre 90 e 170bpm • Complexo QRS estreito com intervalos R-R de forma irregular (intervalos aleatórios) – tremor na linha de base • Ausência de onda P • Ondas F variando em morfologia, amplitude e intervalos Fibrilação atrial em derivação DIII: ritmo irregularmente irregular, ativação atrial rápida, sem ondas P distintas, ondas fibrilatórias rápidas, irregulares, variáveis e de baixa amplitude entre os complexos QRS. Outros exames: • Hemograma • Exame de coagulação (uso de varfarina ou que serão anticoagulados) • Creatinina (se for anticoagular) • Troponina • BNP ou NT-pro-BNP • Ecocardiograma • Avaliação de dispositivos cardíacos implantados • TSH • Eletrólitos CLASSIFICAÇÃO A FA pode ser classificada conforme seus padrões ou tipo clinico. Clinicamente: • Associada a valvopatia • Não associada a valvopatia Padrões: • FA em primeiro diagnóstico: FA diagnosticada pela 1ª vez • FA paroxística: usualmente se resolve espontaneamente em 48h. Alguns episódios podem durar até 7 dias. Pode ou não ser recorrente. • FA persistente: duração maior que 7 dias, incluindo episódios que tiveram de receber cardioversão elétrica ou química • FA persistente crônica: FA por período > 1 anos, ou FA em que se decidiu por estratégia de controle de ritmo, com recorrência. • FA permanente: decisão do paciente ou se seu médico de não tentar mais controle de ritmo. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Flutter atrial • Taquicardia atrial • Taquicardia atrial multifocal • Taquicardia ventricular • Fibrilação atrial pré-excitada Flutter atrial É uma arritmia supraventricular causada por um circuito de macrorreentrada no átrio direito. ECG: • Taquicardia de QRS estreito com RR regular • Ondas F, em “dente de serra”, mais bem vistas em DII, DIII e aVF; • Frequência das ondas F 250-350 bpm; • Frequência cardíaca de 150 bpm com condução atrioventricular 2:1, mas podem existir outros padrões de condução ou até condução atrioventricular variável; • Ausência de período isoelétrico entre ondas F, em razão da atividade atrial contínua Flutter atrial típico no sentido anti-horário, mostrando ondas F negativas nas derivações DII, DIII e aVF e positivas em V1. Conduta na emergência de FA e Flutter atrial Instáveis → cardioversão elétrica + anticoagulação Estáveis: • < 48h → CVE ou CV química • >48h: (alto risco de cardioembolia) o Anticoagulação 3 a 4 semanas antes da CVE ou química o Anticoagulação após por 4 semanas Em pacientes com FA recém-diagnosticada, o objetivo do tratamento de curto prazo deve ser o controle de seus sintomas com diminuição da frequência cardíaca ou o controle do ritmo. CONTROLE DO RITMO Indicações: • Instabilidade clínica ocasionada pela FA • FA associada a pré-excitação ou em pacientes jovens com ablação da arritmia programada • Cardiomiopatia induzida pela taquicardia • Primeiro episódio de FA ou quando a sua etiologia é reversível • Falha na estratégia de controle de FC ou quando paciente persiste sintomático Medicamentos: • Beta-bloqueadores • Bloqueadores dos canais de cálcio – verapamil e diltiazem • Digoxina CONTROLE DA FREQUÊNCIA CARDÍACA Indicações: • Idosos oligo ou assintomáticos com múltiplas comorbidades • Pacientes com doenças de prognóstico ruim, em que os riscos da cardioversão são maiores que os benefícios relacionadas a manutenção do ritmo sinusal • Baixa chance de reversão da FA ou alta probabilidade de recidiva da arritmia, tais como: FA de longa data ou aumento significativo de átrio esquerdo no paciente com cardiopatias. Medicamentos: • Propafenona (CI para pacientes com coração estruturalmente alterado - IAM, IC) • Amiodarona • CVES • Ablação por cateter ANTICOGULAÇÃO A anticoagulação deve ser mantidade por no mínimo 4 semanas, independentemente do risco de cardiomebolia para todos os pacientes. Após tal período, a decisão de manter a anticoagulação deve ser feita com base no risco individual, conforme escore CHA2-DS2-VASc. • Paciente com escore ≥ 2 deve ser anticoagulado, exceto se houver alguma contraindicação. O escore HAS-BLED deve ser utilizado para estimativa da probabilidade de sangramento (aumento considerável quando >03), mas principalmente para se lembrar dos fatores de risco modificáveis antes do início da anticoagulação • Esse escore não deve ser utilizado de forma isolada para contraindicar a anticoagulação