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Fábio João Maposse 
Fátima José Antinane 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Nutrição e Desnutrição 
(Licenciatura em Ensino de Química com Habilitações em Gestão Laboratorial) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Universidade Rovuma 
Nampula 
2021 
1 
 
Fábio João Maposse 
Fátima José Antinane 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Nutrição e Desnutrição 
 
 
 
Trabalho de carácter avaliativo, 
cadeira de Química Orgânica II, a 
ser entregue no departamento de 
Ciências Naturais e Matemática 
ministrada pelo: 
MSC: Rodolfo Bernardo Chissico 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Universidade Rovuma 
Nampula 
2021 
2 
 
Índice 
Introdução ................................................................................................................................... 3 
1. Nutrição .................................................................................................................................. 4 
1.1. Conceito de nutrição ............................................................................................................ 5 
1.2. Importância da avaliação nutricional ................................................................................... 5 
1.3. Leis da nutrição ................................................................................................................... 6 
1.5. Classificação dos alimentos ................................................................................................. 8 
1.5.5.1. Vitaminas ..................................................................................................................... 11 
1.5.5.2. Minerais ....................................................................................................................... 11 
2. Desnutrição ........................................................................................................................... 12 
2.1. Causas da desnutrição ........................................................................................................ 12 
2.2. Causas da Insegurança Alimentar e Nutricional (InSAN)................................................. 13 
2.2.1. Causas Imediatas da InSAN ........................................................................................... 13 
2.2.2. Causas Adjacentes da InSAN ......................................................................................... 13 
2.2.3. Causas Básicas ................................................................................................................ 13 
2.3. Classificação do estado nutricional ................................................................................... 14 
2.3.1. Deficiência de Micronutrientes ...................................................................................... 15 
Conclusão ................................................................................................................................. 17 
Referencias Bibliográficas ........................................................................................................ 18 
 
 
3 
 
Introdução 
Nos últimos tempos tem existido um elevado interesse pela nutrição humana, pois esta é um 
complemento importante em qualquer programa de actividade física e intelectual. Esta 
nutrição é, geralmente, aceite como uma alimentação adequada e balanceada, sendo parte 
integrante de qualquer programa ligado, principalmente, à boa forma e desempenho físico. 
Mas nunca se pode esquecer que para um bom desempenho mental e psíquico também é 
necessário ter cuidados alimentares. O principal objectivo para os indivíduos activos é 
alcançar uma nutrição adequada com o fim de optimizar a sua saúde, aparência e rendimento. 
Infelizmente existe pouca informação sobre como deve ser uma dieta alimentar adequada a 
estes indivíduos. 
No entanto, se por um lado temos a nutrição, favorável para a vida por outro temos a 
desnutrição que é um nome dado a doença causada pela baixa ingestão de proteínas, 
carboidratos, vitaminas, lipídios, e sais minerais. 
Objectivos: 
Geral 
 Fazer uma abordagem sobre a nutrição e a desnutrição. 
Específicos 
 Conceituar a nutrição e a desnutrição. 
 Mencionar e caracterizar as leis da nutrição. 
 Mencionar as causas da desnutrição e da Insegurança Alimentar Nutricional. 
 Classificar as formas de má nutrição. 
 Mencionar algumas causas na desnutrição. 
Em termos metodológicos o trabalho apresenta a seguinte estrutura: Introdução, 
Desenvolvimento, Conclusão e Referencias Bibliográficas; e no que se refere a metodologia 
para a elaboração deste trabalho usou-se o método bibliográfico que consistiu na leitura de 
várias obras, assim como leitura de vários artigos. 
 
4 
 
1. Nutrição 
As civilizações humanas apenas se conseguem desenvolver quando a necessidade elementar 
de saciar a fome estiver, de certo modo, satisfeita. Actualmente cerca de dois terços da 
população do Globo continuam num estado de subnutrição, mesmo nos países mais 
desenvolvidos, onde o problema da alimentação não está resolvido. 
O homem não pode comer livremente qualquer quantidade e qualidade de alimentos. Se a 
subnutrição é um trágico flagelo, a sobrenutrição e o desequilíbrio alimentar fazem igualmente 
numerosas vítimas. É importante também não esquecer que actualmente convivemos com um 
progresso vertiginoso em que o Homem utiliza cada vez menos a sua força muscular 
socorrendo-se em seu lugar do uso das máquinas (ARNAUD, 1970). 
O que se come e como se come é hoje aceite como sendo factor determinante do estado de 
saúde ou de doença do indivíduo. Considerada como ciência, a nutrição procura compreender 
as relações entre a ingestão de alimentos e o estado de saúde do indivíduo, tendo presente que 
este é determinado não só pela carência de certos nutrientes mas também pelo excesso de 
alguns. 
Sabe-se de há muito tempo que todos os nutrientes que o nosso organismo precisa para viver 
se encontram nos alimentos. Como constituintes alimentares necessários ao Homem, todos os 
nutrientes podem ser agrupados segundo as suas funções e características químicas. 
Os aditivos são substâncias químicas incorporadas nos alimentos durante o seu fabrico a fim 
de impedir as proliferações microbianas e as oxidações e de preservar as qualidades 
organolépticas, sem prejuízo das qualidades nutricionais do alimento. Qualquer aditivo que 
diminua o valor nutritivo ou que dissimule um defeito do alimento deve ser rejeitado. Além 
disso, a sua adjunção deve ser justificada e fazer-se numa quantidade inócua para o indivíduo. 
Os aditivos podem ser conservantes, antioxidantes, corantes, aromatizantes, agentes de 
textura, entre outros auxiliares de fabrico. 
 
 
5 
 
1.1. Conceito de nutrição 
De acordo com Reis (1983), a nutrição é o Conjunto de fenómenos físicos, químicos, físico-
químicos e fisiológicos que se passam no interior do organismo e mediante os quais este 
recebe e utiliza os materiais fornecidos pelos alimentos, indispensáveis à formação e 
manutenção da sua matéria viva e realização das actividades da vida vegetativa, de relação e 
de trabalho. Corresponde aos fenómenos que se passam com os alimentos e os nutrientes no 
organismo, independentemente da nossa vontade, depois de ingeridos. Como ciência, estuda 
as quantidades óptimas de constituintes dos alimentos que o organismo precisa e a forma 
como são utilizados. 
1.2. Importância da avaliação nutricional 
o estudo da composição dos alimentos há muito que faz parte das preocupações dos 
nutricionistas. Cada país e até cada região procuram conhecer a composição dos alimentos que 
produz e dos alimentos que necessita para consumo. A nível internacional trabalha-se na 
obtenção de valores que sirvam a todos os países, sendo que esses valores são baseados no 
estudo de alimentos de produção e consumo regionais. É importante não esquecer que o teor 
em elementos nutritivos dos alimentos variade país para país e só pode ser preparada a partir 
de tabelas nacionais. 
Para se determinar as necessidades nutritivas do indivíduo deve-se em primeiro lugar obter 
indicações sobre os gastos fisiológicos do organismo. De seguida e com o máximo de rigor 
possível, podem-se ainda pesar as quantidades dos alimentos consumidos, calculando-se a 
posteriori as quantidades correspondentes que foram ingeridas. 
Actualmente as sociedades encontram-se na perspectiva de poder dispor a todas as pessoas 
uma alimentação racional, biologicamente capaz de assegurar a base fisiológica da saúde pela 
quantidade e equilíbrio dos nutrientes de acordo com as necessidades nutricionais de cada 
indivíduo. A alimentação humana tem assim deixado de depender de três factores que durante 
um século foram considerados orientadores e suficientes para a vida dos indivíduos: o número 
de calorias, a quantidade de azoto e a digestibilidade conveniente. 
Os factores quantidade e qualidade dos nutrientes constituem a base da organização correcta 
da alimentação racional, mas convém não esquecer que os aspectos económicos e sociais da 
sua aquisição e a própria confecção são outros factores fundamentais (FERREIRA, 1994, 
2005). 
6 
 
1.3. Leis da nutrição 
Os nutricionistas desde há muito que tentaram exprimir as relações fundamentais a ter em 
conta como bases essenciais da alimentação racional em princípios gerais ou leis reguladoras. 
As primeiras leis surgiram há cerca de 60 anos, em França, por Randoin e são as seguintes 
(FERREIRA, 1994, 2005); (LALANNE, 1977). 
 1ª lei, ou lei das necessidades energéticas: a alimentação deve fornecer diariamente ao 
organismo as calorias que correspondem às suas despesas energéticas necessárias ao 
seu funcionamento metabólico basal, actividade muscular e acção dinâmica específica 
dos alimentos; 
 2ª lei, ou lei dos oligoelementos: os alimentos devem fornecer ao organismo todos os 
princípios nutritivos não energéticos com funções indispensáveis ao metabolismo; são 
eles as vitaminas, os sais minerais, a celulose e a água. Não são fontes de energia como 
os prótidos, os lípidos e os glúcidos mas asseguram o funcionamento normal dos 
órgãos e regulam o jogo das reacções vitais. 
 3ª lei, ou lei dos equilíbrios: os constituintes alimentares indispensáveis à vida devem 
existir nas rações em proporções convenientes, ou seja, deve ser estabelecido um certo 
equilíbrio entre os constituintes da ração. 
Mais tarde Escudero, enunciou estas leis de forma mais completa num total de quatro – Leis 
da Alimentação Racional: 
 Lei da quantidade: a alimentação deve ser constituída por uma quantidade suficiente 
de alimentos de modo a colmatar as exigências calóricas do organismo e manter o 
equilíbrio do seu balanço. 
 Lei da qualidade: a composição do regime alimentar deve ser completo de modo a 
oferecer ao organismo todas as substâncias de que é constituído ou de que se serve 
para sintetizar as substâncias que precisa. 
 Lei da harmonia: os constituintes alimentares energéticos e não energéticos que 
compõem a alimentação devem manter entre si determinados equilíbrios ou 
proporções convenientes para cada organismo. 
 Lei da adequação: independentemente dos condicionalismos anteriores e da finalidade 
que têm em vista, a alimentação ao ser confeccionada e distribuída pelas refeições 
deve ter em conta a adequação ou adaptabilidade ao organismo, satisfazendo o gosto e 
os hábitos alimentares. 
7 
 
Actualmente, a alimentação corrente vai dispondo de um elevado e crescente número de 
produtos alimentares, de qualidade e preço de custo sofrendo grandes oscilações, é de prever 
que as normas orientadoras no estabelecimento da alimentação racional fique assente em três 
princípios (FERREIRA, 1994, 2005): 
 Quantidade: de forma que cada um dos grupos de alimentos assegure os produtos 
indispensáveis, em peso de nutrientes e de massa, para satisfazerem as necessidades 
metabólicas individuais. 
 Qualidade: na selecção dos alimentos dos vários grupos será necessário ter em conta as 
proporções desejáveis dos diversos nutrientes e a segurança higiénica de cada um dos 
produtos para a saúde dos consumidores. 
 Preço de custo: de forma que o consumidor intervenha no sentido de orientar a escolha 
dos alimentos, respeitando os princípios da quantidade e da qualidade, sem efectuar 
despesas desnecessárias, uma vez que no mercado podem existir produtos com o 
mesmo valor alimentar mas a preços muito diferentes. 
1.4. A alimentação e as doutrinas sobre a constituição das rações alimentares 
Um dos prazeres da vida é o da mesa e variar de alimentos contribui para essa satisfação. Por 
outro lado, uma vez que não existem alimentos completos variar o mais possível é a receita 
segura para satisfazer as necessidades nutricionais Pode-se dizer que não existe um esquema 
rígido de alimentação padrão, mas há necessidade de um esquema disciplinado no tempo de 
ingestão dos alimentos necessários ao organismo de cada indivíduo. Sob o ponto de vista 
fisiológico, o organismo pode adaptar-se a regimes muito diferentes e viver sem sacrifícios, 
embora obtendo graus diferentes de eficácia no trabalho e conseguindo níveis diferentes de 
saúde, com um número de alimentos muito reduzido ou muito grande, e com um número de 
refeições diárias que pode variar de uma a seis ou até mais. Também as horas das refeições 
variam e, sobretudo, têm variado com a época histórica, o país, a estação do ano, a região e as 
próprias famílias ou o trabalho dominante destas 
8 
 
1.5. Classificação dos alimentos 
Os alimentos podem ser classificados em energéticos, plásticos ou construtores e reguladores. 
Alimentos energéticos quando consumidos são convertidos em água e CO2, proporcionando 
energia ao organismo (ex. carboidratos). Os alimentos plásticos fornecem materiais 
anabólicose de manutenção (ex. proteínas), enquanto que os alimentos reguladores são os 
responsáveis pela regulação do metabolismo corporal (ex. vitaminas e minerais) 
1.5.1. Fibras 
As fibras formam um conjunto de substâncias derivadas de vegetais resistentes à acção das 
enzimas digestivas humanas. Geralmente as fibras são classificadas em duas classes: fibras 
fermentáveis (solúveis) e fibras não-fermentáveis (insolúveis). Entretanto, actualmente a 
distinção simples em solúvel e insolúvel é inadequada, devidos determinados tipos de fibras 
insolúveis serem rapidamente fermentados enquanto alguns tipos de fibras solúveis não 
afectarem a absorção de glicose e lipídeos. 
1.5.2. Proteínas 
As proteínas são indispensáveis ao corpo humano, pois, além de contribuírem como fonte 
calórica, são fornecedoras dos aminoácidos, que servem de material construtor e renovador, 
isto é, são responsáveis pelo crescimento e pela manutenção do organismo. 
Suas fontes mais ricas são as carnes de todos os tipos, os ovos, o leite e o queijo, enquanto as 
leguminosas são as melhores fontes de proteína vegetal. Outras antes vegetais incluem o as 
castanhas e nozes. As fontes de proteína de origem animal são de alto valor biológico, ou seja, 
apresentam melhor pool (composição) de aminoácidos em relação às fontes proteicas vegetais. 
Para melhorar esse pool de aminoácidos dos alimentos de origem vegetal é essencial ter uma 
alimentação variada e combinar os alimentos numa mesma refeição, como é o caso do arroz 
com feijão (complementação da proteína de um cereal com a proteína de uma leguminosa). 
Em alguns pacientes portadores de diabetes, principalmente do tipo 1 (DM 1), as proteínas 
podem ser convertidas em glicose muito facilmente, gerando efeitos negativos sobre o índice 
glicémico, especialmente quando este consumo é elevado. Em pessoas com o diabetes 
controlado, tanto do tipo 1 quanto do 2, com adequado consumo alimentar, esses efeitos 
adversos da proteína dificilmente são apresentados. 
Em casos em que o diabético apresenta complicações renais (nefropatia),os planos 
alimentares específicos, com ajuste no consumo proteico, juntamente com o controle da 
hipertensão arterial (pressão alta) e da hiperglicemia (glicose sanguínea elevada), podem 
retardar a progressão da doença renal. 
9 
 
Em geral, a indicação de ingestão diária de proteína é de 15% a 20% do valor calórico total ou 
0,8g a 1g/ kg de peso/dia. Para pacientes que apresentam complicações da doença, a 
quantidade protética a ser ingerida deve receber orientação nutricional específica. 
As proteínas são formadas por aminoácidos unidos por ligações peptídicas e apresentam cerca 
de 16% de nitrogénio. Elas podem ser classificadas de acordo com: 
• Composição: simples ou composta. 
• Estrutura: primária, secundária, terciária e quaternária. 
• Valor biológico: baixo ou alto valor biológico. 
• Função: enzimática, de transporte, contráctil, estrutural, de imunidade 
e hormonal. 
Os aminoácidos que formam as proteínas podem ser classificados em essenciais (histidina, 
isoleucina, leucina, lisina, metionina, fenilalanina, treonina,triptofano e valina), não-essenciais 
(alanina, ácido aspártico, ácido glutâmico e asparagina) e condicionalmente essenciais 
(arginina, cisteína, glutamina, glicina, prolina, serina etirosina). 
1.5.3. Gorduras (lipídios) 
As gorduras ou lipídios são componentes alimentares orgânicos que, por conterem menos 
oxigénio que os carboidratos e as proteínas, fornecem taxas maiores de energia. 
São também importantes condutoras de vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K) e fornecem 
ácido graxos essenciais assim denominados pois o nosso organismo não os produz, devendo 
ser obtidos a partir de fontes alimentares. 
O consumo de gorduras saturadas, encontradas principalmente em alimentos de origem 
animal, deve ser realizado com moderação, pois pode causar elevação dos níveis de glicemia, 
colesterol e triglicerídeos. Uma dieta com menor teor de gordura (até 25% das calorias) pode 
auxiliar na melhora dos lipídios sanguíneos, como o colesterol total e a lipoproteína LDL 
colesterol. Resultados ainda melhores podem ser conquistados se a gordura adicionada for 
monoinsaturada, como o azeite de oliva, canola, girassol ou amendoim. As gorduras 
polinsaturadas encontradas em peixes, semente de linhaça e óleo de soja são importantes 
componentes alimentares que também auxiliam na manutenção de um adequado perfil lipídico 
sanguíneo. 
1.5.4. Macronutrientes e sua influência na glicemia 
Os macronutrientes, como geradores de energia, são nossa fonte exógena de produção de 
glicose. Dessa forma, influenciam directamente a elevação da glicemia. Contudo não são 
10 
 
absorvidos em sua totalidade ou na mesma velocidade, ou seja, têm efeito diferentes no perfil 
glicémico. 
O carboidrato é o nutriente que mais afecta a glicemia, pois quase 100% são convertidos em 
glicose em um tempo que pode variar de 15 minutos a 2 horas. Os não-refinados, ou seja, 
aqueles com fibra natural intacta, têm distintas vantagens sobre as versões altamente 
refinadas, como farinha e arroz brancos, em virtude de benefícios como menor índice 
glicémico, maior saciedade e propriedades de ligação com o colesterol. 
Por volta de 1980, as Associações Americana e Britânica de Diabetes abandonaram a 
antiquada estratégia de planos alimentares restritos em carboidratos para os indivíduos 
portadores de diabetes, visando, em lugar disso, a uma dieta limitada em gorduras, porém 
mais alta em carboidratos complexos com preservação do teor de fibras alimentares. 
As proteínas e os lipídios não elevam a glicemia tanto quanto os carboidratos, seu efeito vai 
depender das quantidades consumidas e do equilibro entre os nutrientes. Contudo, muitos 
alimentos essencialmente referidos como fontes de proteína ou gordura também contêm 
carboidrato. 
A distribuição de carboidratos nas refeições e lanches deve ser feita de maneira 
individualizada e de acordo com o estilo de vida e de tratamento. No entanto, vale ressaltar 
que a ingestão espaçada facilita a acção da insulina na glicose do alimento ingerido. 
1.5.5. Micronutrientes (vitaminas e minerais) 
As vitaminas e os minerais estão presentes em grande variedade de alimentos. Cada um desses 
nutrientes é importante, pois exerce funções específicas, essenciais para a saúde das nossas 
células e para o funcionamento harmonioso entre elas. Diferentemente dos macronutrientes, as 
vitaminas e os minerais são necessários em pequenas quantidades. 
No entanto, para atingir as recomendações de consumo desses nutrientes, o seu fornecimento 
através dos alimentos deve ser diário e a partir de diferentes fontes 
 
 
11 
 
1.5.5.1. Vitaminas 
Vitaminas hidrossolúveis: complexo B, ácido fólico e vitamina C. 
Vitaminas lipossolúveis: A,D,E,K. 
Funções: Não contém energia mas são necessárias para as reacções energéticas; 
regulam as funções celulares; envolvidas nas funções de protecção (imunológicas). 
1.5.5.2. Minerais 
São Compostos químicos inorgânicos necessários em pequenas quantidades para crescimento, 
conservação e reprodução do ser humano, sendo os mais conhecidos: cálcio, ferro, magnésio, 
zinco, iodo. Contribuem na formação dos tecidos; Intervêm na regulação dos processos 
corporais. Favorecem a transmissão dos impulsos nervosos e a contracção muscular. 
Participam da manutenção do equilíbrio ácido-básico. 
Cálcio, ferro, sódio, potássio, magnésio, zinco e selénio, entre outros. 
Funções: necessário para crescimento, reprodução e manutenção do equilíbrio entre as 
células; fazem parte de tecidos; envolvidos na contracção muscular e na transmissão dos 
impulsos nervosos. 
Vitaminas e minerais – Fontes alimentar: 
Frutas, hortaliças e legumes; 
Leite e derivados, carnes, castanhas e nozes; 
Cereais integrais (ex.: milho, aveia, alimentos com farinha integral). 
As vitaminas e os minerais mantêm relações de equilíbrio no desenvolvimento das suas 
funções. São necessárias determinadas proporções de dois ou mais deles para que algumas das 
reacções esperadas aconteçam dentro do nosso corpo. O uso de doses maiores do que as 
indicadas pode alterar tais proporções, prejudicando o resultado final. 
Como exemplos de relações benéficas, desde que em proporções adequadas, podemos citar 
sódio e potássio; cálcio e fósforo; ferro e vitamina C; cálcio e vitamina D. 
 
12 
 
2. Desnutrição 
A Desnutrição é uma doença de natureza clínico-social multifactorial cujas raízes se 
encontram na pobreza. A desnutrição grave acomete todos os órgãos da criança, tornando-se 
crónica e levando a óbito, caso não seja tratada adequadamente. Pode começar precocemente 
na vida intra-uterina (baixo peso ao nascer) e frequentemente cedo na infância, em 
decorrência da interrupção precoce do aleitamento materno exclusivo e da alimentação 
complementar inadequada nos primeiros 2 anos de vida, associada, muitas vezes, à privação 
alimentar ao longo da vida e à ocorrência de repetidos episódios de doenças infecciosas 
(diarreias e respiratórias). Isso gera a desnutrição primária. Outros factores de risco na génese 
da desnutrição incluem problemas familiares relacionados com a situação socioeconómica, 
precário conhecimento das mães sobre os cuidados com a criança pequena (alimentação, 
higiene e cuidados com a saúde de modo geral) e o fraco vínculo mãe e filho. 
 
Figura I 
Emagrecimento acentuado apresentando grande redução de panículo adiposo, distrofia 
muscular de ombros, braços e pernas e distinção abdominal. 
Fonte:disponivel em. WWW. Nutritional strategies for football: Counteracting heat, cold, 
high altitude, and jet lag. Journal of Sports Sciences, 24 (7): 723-740. 
2.1. Causas da desnutrição 
As principais causas da desnutrição crónica, identificadas no PAMRDC (2010), são: 
 Ingestão inadequada de nutrientes - dietas monótonas, com deficiências de 
micronutrientes, afectando a maioria da população; para além de que, segundo o IDS 
(2011) apenas 43% dos menores de seis meses deidade é que são exclusivamente 
13 
 
amamentados e perto de 15% das crianças de 6-24 meses receberam uma alimentação 
adequada (4 grupos de alimentos e frequência de refeições). 
 Elevados níveis de infecções - a malária e os parasitas gastrointestinais afectam 
metade da população, sendo que igual ao número de mulheres que são atendidas nas 
consultas pré-natais apresenta doenças sexualmente transmissíveis. 
 Gravidez precoce – 41% das raparigas de 15-19 anos de idade são casadas, vivem em 
união marital ou já o foram; e perto de 22% teve o seu primeiro contacto sexual aos 15 
anos; e 29% já tem um filho. 
 Insegurança alimentar (especialmente no limitado acesso e uso de alimentos 
nutritivos). 
 Pobreza e práticas inadequadas em relação aos cuidados das meninas adolescentes, 
mães e crianças. 
 O insuficiente acesso à saúde, à água e aos serviços de saneamento. 
 o baixo nível de educação e a desigualdade do género (este último responsável pelos 
casamentos e gravidezes precoces). 
2.2. Causas da Insegurança Alimentar e Nutricional (InSAN) 
2.2.1. Causas Imediatas da InSAN 
 Baixa disponibilidade de alimentos ao nível dos AFs – quer por problemas de 
produção ou de acesso ao alimento (ex. baixo poder de compra do AF) 
 Deficiente estado de saúde - Alta taxa de morbidade e mortalidade infanto-juvenil 
2.2.2. Causas Adjacentes da InSAN 
 Acesso limitado aos alimentos – devido a falta de alimentos no mercado ou altos 
custos praticados 
 Baixa disponibilidade e acesso aos serviços de saúde – devido a baixa cobertura dos 
serviços de saúde 
 Alta taxa de mortalidade materna – baixa cobertura de partos institucionalizados e dos 
serviços pré-natais 
 Altos níveis de pobreza absoluta 
 Baixo acesso à água potável e saneamento: 
2.2.3. Causas Básicas 
 Baixo nível de educação e elevadas taxas de analfabetismo 
14 
 
 Tabus, crenças, práticas tradicionais e religiosas negativas 
 Baixa disponibilidade de recursos estruturais- cerca de 95% da força laboral está no 
sector agrícola e a maioria (70% da população total) pratica uma agricultura de 
subsistência, com baixa utilização de tecnologia e muito baixa produtividade. 
2.3. Classificação do estado nutricional 
O estado nutricional dum indivíduo é avaliado através das medições do seu peso, altura e 
idade. Com base nessas medições se pode determinar se o indivíduo está bem nutrido ou 
malnutrido; quando malnutrido, poderá ser por excesso (obesidade) ou por défice 
(desnutrição). Para além da desnutrição o indivíduo poderá também sofrer de deficiência de 
micronutrientes, sendo as mais comuns a de ferro (Anemia), vitamina A e iodo. 
Malnutrição por excesso (obesidade) – é determinada pelo Índice de Massa Corporal (IMC), 
que se calcula através do peso da pessoa dividido pela altura ao quadrado; quando o resultado 
é igual ou superior a 25 diz-se que a pessoa tem sobrepeso e quando é igual ou superior a 30 
diz-se que a pessoa é obesa. 
 
Malnutrição por défice, existem diferentes indicadores de desnutrição, que a seguir 
descrevemos: 
 Desnutrição Crónica (Altura/idade): A desnutrição crónica é definida como baixa 
estatura para a idade (crianças baixinhas); A baixa estatura para a idade desenvolve-se 
no período entre a concepção e os dois anos, e dificilmente é recuperada depois desse 
período. Assim, a desnutrição crónica, é causada pela desnutrição tanto da mãe antes e 
durante a gravidez, e na lactação, bem como da criança durante os primeiros dois anos 
de vida. Esta falha precoce de crescimento aumenta a mortalidade na primeira infância 
e diminui a função cognitiva, mental e motora da pessoa, reduzindo o rendimento 
escolar e produtividade da pessoa. Alguns autores estimaram que, em Moçambique, as 
perdas de produtividade por desnutrição crónica são da ordem de 2-3% do Produto 
Interno Bruto. A desnutrição crónica pode ser eliminada em crianças menores de dois 
anos de idade; ela não tem origem genética, e crianças de todas raças têm o mesmo 
potencial para crescer. 
 Desnutrição Aguda (Peso/Altura): definida como baixo peso para a altura (criança 
magra para a altura; magrinha). A desnutrição aguda pode aparecer em qualquer época 
15 
 
da vida como resultado duma redução de consumo ou associado a infecções. Pode ser 
recuperada facilmente, através de boas práticas alimentares e cuidados de saúde 
adequados. 
 Desnutrição Actual (Peso/idade): definida como baixo peso para a idade. É o indicador 
normalmente usado pelo sistema de Saúde para o controle de crescimento dos menores 
de cinco anos (cartão de saúde da criança); e serve para monitorar o crescimento da 
mesma. 
2.3.1. Deficiência de Micronutrientes 
 O termo “micronutrientes’ inclui as vitaminas e os minerais; o organismo humano 
necessita destes nutrientes em pequenas quantidades para o seu bom funcionamento, 
mas não é capaz de sintetizar, pelo que deve obter através dos alimentos (naturalmente 
ricos em micronutrientes ou fortificados) e suplementos de micronutrientes. Em 
Moçambique, estudos mostram que o número de pessoas que sofrem de deficiência de 
micronutrientes é elevado, especialmente crianças e mulheres em idade reprodutiva. 
Como a desnutrição proteico-calórica, as deficiências de micronutrientes também 
aumentam os níveis de morbilidade e mortalidade nas mães e crianças, reduzem o 
desenvolvimento do potencial intelectual e o aproveitamento escolar das crianças, 
diminuem a produtividade dos adultos e contribuem para perpetuar o ciclo de pobreza 
entre gerações. 
Os 3 micronutrientes considerados como problema de saúde pública são: Ferro, que provoca a 
anemia; Iodo e Vitamina A. A seguir descreve-se cada um deles: 
 Anemia por deficiência de Ferro - O ferro é uma componente da hemoglobina, que é 
o transportador de oxigénio do sangue. Uma baixa concentração de hemoglobina é 
indicadora de baixos índices de ferro como de baixa capacidade de transportar 
oxigénio. Devido à importância de níveis adequados de oxigénio no sangue para a 
função mental, desenvolvimento mental e actividade física, a anemia por deficiência 
de ferro tem um conjunto variado de consequências na Saúde, desempenho físico-
mental e sobre-vivência1. A anemia pode causar baixa concentração (mental) e baixa 
capacidade produtiva (física). 
16 
 
 Deficiência de iodo - o iodo é essencial para o desenvolvimento do cérebro desde a 
vida intra-uterina. A deficiência de iodo durante a gravidez é conhecida por atrasar o 
desenvolvimento do feto, tendo como resultado o nascimento de crianças com graves 
atrasos mentais e físicos (cretinismo), assim como outros casos de problemas mentais 
clínicos ou subclínicas. Um estudo realizado em sete países, demonstrou que, de mães 
que têm deficiência de iodo nascem aproximadamente 3% de crianças com atraso 
mental severo (cretinismo), 10% com atraso mental moderado e os restantes 87% 
sofrem de atraso mental ligeiro. Uma das consequências visíveis da deficiência de iodo 
é o bócio que pode apresentar-se em diferentes tamanhos. 
 Deficiência de Vitamina A – a vitamina A é uma substância importante para o 
crescimento, para a defesa do corpo contra as doenças infecciosas, assim como para a 
nossa visão. A sua deficiência provoca dificuldades na visão, podendo mesmo levar a 
cegueira; diminui a resistência às infecções como diarreia, sarampo e infecções 
respiratórias o que resulta no aumento das taxas de mortalidade na infância, por essas 
doenças. 
2.4. Consequências da malnutrição 
A malnutrição, mesmo quando ligeira, aumenta a probabilidade de morte, principalmente em 
crianças. A OMS estimou que nos países em vias de desenvolvimento, 60% das mortes 
registadas em crianças com menos de 5 anos está associada a desnutrição; por outras palavras 
a desnutrição é considerada como um dos principais problemas de Saúde pública e uma das 
principais barreiras para o desenvolvimento económicoem vários países, incluindo 
Moçambique. A desnutrição, em Moçambique, é responsável por pouco mais dum terço 
(36%) das mortes em crianças menores de cinco anos de idade (PAMRDC,2010). 
A desnutrição causa a anemia, e esta por sua vez reduz a capacidade de atenção, de 
compreensão e o desenvolvimento psicomotor das crianças. Estima-se houve baixa 
produtividade gerada pela desnutrição crónica em cerca de 2 a 3% do PIB. 
 
17 
 
Conclusão 
Em jeito de desfecho, o grupo conclui que a alimentação apresenta-se como um meio de 
restabelecimento das necessidades nutricionais e os elementos mais importantes deste 
processo são os nutrientes. Os nutrientes podem ser usados como fonte de energia (glícidos, 
lípidos e proteínas), para sintetizar e reparar tecidos (proteínas, lípidos e minerais), para 
sintetizar e manter o sistema esquelético (cálcio, fósforo, proteínas) e para regular a fisiologia 
corporal (vitaminas, minerais, lípidos, proteínas, água). é A ciência da nutrição com a base nos 
quatro leis da alimentação: quantidade, qualidade, harmonia e adequação. Essa ciência estuda 
os alimentos e seus nutrientes, bem como sua acção, interacção e balanço em relação à saúde e 
à doença. Os alimentos podem ser classificados em energéticos, plásticos ou construtores e 
reguladores. Alimentos energéticos quando consumidos são convertidos em água e CO2, 
proporcionando energia ao organismo(ex. carboidratos). As proteínas são indispensáveis ao 
corpo humano, pois, além de contribuírem como fonte calórica, são fornecedoras dos 
aminoácidos, que servem de material construtor e renovador, isto é, são responsáveis pelo 
crescimento e pela manutenção do organismo. 
E a Desnutrição é uma doença de natureza clínico-social multifactorial cujas raízes se 
encontram na pobreza. A desnutrição grave acomete todos os órgãos da criança, tornando-se 
crónica e levando a óbito, caso não seja tratada adequadamente. Pode começar precocemente 
na vida intra-uterina (baixo peso ao nascer) e frequentemente cedo na infância, em 
decorrência da interrupção precoce do aleitamento materno exclusivo e da alimentação 
complementar inadequada nos primeiros 2 anos de vida, associada, muitas vezes, à privação 
alimentar ao longo da vida e à ocorrência de repetidos episódios de doenças infecciosas 
(diarreias e respiratórias). Isso gera a desnutrição primária. Outros factores de risco na génese 
da desnutrição incluem problemas familiares relacionados com a situação socioeconómica, 
precário conhecimento das mães sobre os cuidados com a criança pequena (alimentação, 
higiene e cuidados com a saúde de modo geral) e o fraco vínculo mãe e filho 
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Referencias Bibliográficas 
ARNAUD, S. Classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados 
à saúde: CID-10. Ed. São Paulo: Universidade de São Paulo, v. 1, 1970. 
FERREIRA, F. A. G. (). Nutrição Humana. 2ª Edição. Lisboa: Edição da Fundação Calouste 
Gulbenkian, 1994 
FERREIRA, F. A. G. Nutrição Humana. 3ª Edição. Lisboa: Edição da Fundação Calouste 
Gulbenkian, 2005. 
LALANNE, R. A alimentação humana. 4ª Edição. Lisboa: Edições Itau, 1977. 
PAMRDC. Recomendação para a Educação Alimentar da População Portuguesa. Ed 
Lisboa: Comissão de Educação Alimentar, 2010. 
REIS, E. Saúde e Nutrição. 5ª Edição São Paulo: edição Saraiva, 1983).

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