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Fábio João Maposse Fátima José Antinane Nutrição e Desnutrição (Licenciatura em Ensino de Química com Habilitações em Gestão Laboratorial) Universidade Rovuma Nampula 2021 1 Fábio João Maposse Fátima José Antinane Nutrição e Desnutrição Trabalho de carácter avaliativo, cadeira de Química Orgânica II, a ser entregue no departamento de Ciências Naturais e Matemática ministrada pelo: MSC: Rodolfo Bernardo Chissico Universidade Rovuma Nampula 2021 2 Índice Introdução ................................................................................................................................... 3 1. Nutrição .................................................................................................................................. 4 1.1. Conceito de nutrição ............................................................................................................ 5 1.2. Importância da avaliação nutricional ................................................................................... 5 1.3. Leis da nutrição ................................................................................................................... 6 1.5. Classificação dos alimentos ................................................................................................. 8 1.5.5.1. Vitaminas ..................................................................................................................... 11 1.5.5.2. Minerais ....................................................................................................................... 11 2. Desnutrição ........................................................................................................................... 12 2.1. Causas da desnutrição ........................................................................................................ 12 2.2. Causas da Insegurança Alimentar e Nutricional (InSAN)................................................. 13 2.2.1. Causas Imediatas da InSAN ........................................................................................... 13 2.2.2. Causas Adjacentes da InSAN ......................................................................................... 13 2.2.3. Causas Básicas ................................................................................................................ 13 2.3. Classificação do estado nutricional ................................................................................... 14 2.3.1. Deficiência de Micronutrientes ...................................................................................... 15 Conclusão ................................................................................................................................. 17 Referencias Bibliográficas ........................................................................................................ 18 3 Introdução Nos últimos tempos tem existido um elevado interesse pela nutrição humana, pois esta é um complemento importante em qualquer programa de actividade física e intelectual. Esta nutrição é, geralmente, aceite como uma alimentação adequada e balanceada, sendo parte integrante de qualquer programa ligado, principalmente, à boa forma e desempenho físico. Mas nunca se pode esquecer que para um bom desempenho mental e psíquico também é necessário ter cuidados alimentares. O principal objectivo para os indivíduos activos é alcançar uma nutrição adequada com o fim de optimizar a sua saúde, aparência e rendimento. Infelizmente existe pouca informação sobre como deve ser uma dieta alimentar adequada a estes indivíduos. No entanto, se por um lado temos a nutrição, favorável para a vida por outro temos a desnutrição que é um nome dado a doença causada pela baixa ingestão de proteínas, carboidratos, vitaminas, lipídios, e sais minerais. Objectivos: Geral Fazer uma abordagem sobre a nutrição e a desnutrição. Específicos Conceituar a nutrição e a desnutrição. Mencionar e caracterizar as leis da nutrição. Mencionar as causas da desnutrição e da Insegurança Alimentar Nutricional. Classificar as formas de má nutrição. Mencionar algumas causas na desnutrição. Em termos metodológicos o trabalho apresenta a seguinte estrutura: Introdução, Desenvolvimento, Conclusão e Referencias Bibliográficas; e no que se refere a metodologia para a elaboração deste trabalho usou-se o método bibliográfico que consistiu na leitura de várias obras, assim como leitura de vários artigos. 4 1. Nutrição As civilizações humanas apenas se conseguem desenvolver quando a necessidade elementar de saciar a fome estiver, de certo modo, satisfeita. Actualmente cerca de dois terços da população do Globo continuam num estado de subnutrição, mesmo nos países mais desenvolvidos, onde o problema da alimentação não está resolvido. O homem não pode comer livremente qualquer quantidade e qualidade de alimentos. Se a subnutrição é um trágico flagelo, a sobrenutrição e o desequilíbrio alimentar fazem igualmente numerosas vítimas. É importante também não esquecer que actualmente convivemos com um progresso vertiginoso em que o Homem utiliza cada vez menos a sua força muscular socorrendo-se em seu lugar do uso das máquinas (ARNAUD, 1970). O que se come e como se come é hoje aceite como sendo factor determinante do estado de saúde ou de doença do indivíduo. Considerada como ciência, a nutrição procura compreender as relações entre a ingestão de alimentos e o estado de saúde do indivíduo, tendo presente que este é determinado não só pela carência de certos nutrientes mas também pelo excesso de alguns. Sabe-se de há muito tempo que todos os nutrientes que o nosso organismo precisa para viver se encontram nos alimentos. Como constituintes alimentares necessários ao Homem, todos os nutrientes podem ser agrupados segundo as suas funções e características químicas. Os aditivos são substâncias químicas incorporadas nos alimentos durante o seu fabrico a fim de impedir as proliferações microbianas e as oxidações e de preservar as qualidades organolépticas, sem prejuízo das qualidades nutricionais do alimento. Qualquer aditivo que diminua o valor nutritivo ou que dissimule um defeito do alimento deve ser rejeitado. Além disso, a sua adjunção deve ser justificada e fazer-se numa quantidade inócua para o indivíduo. Os aditivos podem ser conservantes, antioxidantes, corantes, aromatizantes, agentes de textura, entre outros auxiliares de fabrico. 5 1.1. Conceito de nutrição De acordo com Reis (1983), a nutrição é o Conjunto de fenómenos físicos, químicos, físico- químicos e fisiológicos que se passam no interior do organismo e mediante os quais este recebe e utiliza os materiais fornecidos pelos alimentos, indispensáveis à formação e manutenção da sua matéria viva e realização das actividades da vida vegetativa, de relação e de trabalho. Corresponde aos fenómenos que se passam com os alimentos e os nutrientes no organismo, independentemente da nossa vontade, depois de ingeridos. Como ciência, estuda as quantidades óptimas de constituintes dos alimentos que o organismo precisa e a forma como são utilizados. 1.2. Importância da avaliação nutricional o estudo da composição dos alimentos há muito que faz parte das preocupações dos nutricionistas. Cada país e até cada região procuram conhecer a composição dos alimentos que produz e dos alimentos que necessita para consumo. A nível internacional trabalha-se na obtenção de valores que sirvam a todos os países, sendo que esses valores são baseados no estudo de alimentos de produção e consumo regionais. É importante não esquecer que o teor em elementos nutritivos dos alimentos variade país para país e só pode ser preparada a partir de tabelas nacionais. Para se determinar as necessidades nutritivas do indivíduo deve-se em primeiro lugar obter indicações sobre os gastos fisiológicos do organismo. De seguida e com o máximo de rigor possível, podem-se ainda pesar as quantidades dos alimentos consumidos, calculando-se a posteriori as quantidades correspondentes que foram ingeridas. Actualmente as sociedades encontram-se na perspectiva de poder dispor a todas as pessoas uma alimentação racional, biologicamente capaz de assegurar a base fisiológica da saúde pela quantidade e equilíbrio dos nutrientes de acordo com as necessidades nutricionais de cada indivíduo. A alimentação humana tem assim deixado de depender de três factores que durante um século foram considerados orientadores e suficientes para a vida dos indivíduos: o número de calorias, a quantidade de azoto e a digestibilidade conveniente. Os factores quantidade e qualidade dos nutrientes constituem a base da organização correcta da alimentação racional, mas convém não esquecer que os aspectos económicos e sociais da sua aquisição e a própria confecção são outros factores fundamentais (FERREIRA, 1994, 2005). 6 1.3. Leis da nutrição Os nutricionistas desde há muito que tentaram exprimir as relações fundamentais a ter em conta como bases essenciais da alimentação racional em princípios gerais ou leis reguladoras. As primeiras leis surgiram há cerca de 60 anos, em França, por Randoin e são as seguintes (FERREIRA, 1994, 2005); (LALANNE, 1977). 1ª lei, ou lei das necessidades energéticas: a alimentação deve fornecer diariamente ao organismo as calorias que correspondem às suas despesas energéticas necessárias ao seu funcionamento metabólico basal, actividade muscular e acção dinâmica específica dos alimentos; 2ª lei, ou lei dos oligoelementos: os alimentos devem fornecer ao organismo todos os princípios nutritivos não energéticos com funções indispensáveis ao metabolismo; são eles as vitaminas, os sais minerais, a celulose e a água. Não são fontes de energia como os prótidos, os lípidos e os glúcidos mas asseguram o funcionamento normal dos órgãos e regulam o jogo das reacções vitais. 3ª lei, ou lei dos equilíbrios: os constituintes alimentares indispensáveis à vida devem existir nas rações em proporções convenientes, ou seja, deve ser estabelecido um certo equilíbrio entre os constituintes da ração. Mais tarde Escudero, enunciou estas leis de forma mais completa num total de quatro – Leis da Alimentação Racional: Lei da quantidade: a alimentação deve ser constituída por uma quantidade suficiente de alimentos de modo a colmatar as exigências calóricas do organismo e manter o equilíbrio do seu balanço. Lei da qualidade: a composição do regime alimentar deve ser completo de modo a oferecer ao organismo todas as substâncias de que é constituído ou de que se serve para sintetizar as substâncias que precisa. Lei da harmonia: os constituintes alimentares energéticos e não energéticos que compõem a alimentação devem manter entre si determinados equilíbrios ou proporções convenientes para cada organismo. Lei da adequação: independentemente dos condicionalismos anteriores e da finalidade que têm em vista, a alimentação ao ser confeccionada e distribuída pelas refeições deve ter em conta a adequação ou adaptabilidade ao organismo, satisfazendo o gosto e os hábitos alimentares. 7 Actualmente, a alimentação corrente vai dispondo de um elevado e crescente número de produtos alimentares, de qualidade e preço de custo sofrendo grandes oscilações, é de prever que as normas orientadoras no estabelecimento da alimentação racional fique assente em três princípios (FERREIRA, 1994, 2005): Quantidade: de forma que cada um dos grupos de alimentos assegure os produtos indispensáveis, em peso de nutrientes e de massa, para satisfazerem as necessidades metabólicas individuais. Qualidade: na selecção dos alimentos dos vários grupos será necessário ter em conta as proporções desejáveis dos diversos nutrientes e a segurança higiénica de cada um dos produtos para a saúde dos consumidores. Preço de custo: de forma que o consumidor intervenha no sentido de orientar a escolha dos alimentos, respeitando os princípios da quantidade e da qualidade, sem efectuar despesas desnecessárias, uma vez que no mercado podem existir produtos com o mesmo valor alimentar mas a preços muito diferentes. 1.4. A alimentação e as doutrinas sobre a constituição das rações alimentares Um dos prazeres da vida é o da mesa e variar de alimentos contribui para essa satisfação. Por outro lado, uma vez que não existem alimentos completos variar o mais possível é a receita segura para satisfazer as necessidades nutricionais Pode-se dizer que não existe um esquema rígido de alimentação padrão, mas há necessidade de um esquema disciplinado no tempo de ingestão dos alimentos necessários ao organismo de cada indivíduo. Sob o ponto de vista fisiológico, o organismo pode adaptar-se a regimes muito diferentes e viver sem sacrifícios, embora obtendo graus diferentes de eficácia no trabalho e conseguindo níveis diferentes de saúde, com um número de alimentos muito reduzido ou muito grande, e com um número de refeições diárias que pode variar de uma a seis ou até mais. Também as horas das refeições variam e, sobretudo, têm variado com a época histórica, o país, a estação do ano, a região e as próprias famílias ou o trabalho dominante destas 8 1.5. Classificação dos alimentos Os alimentos podem ser classificados em energéticos, plásticos ou construtores e reguladores. Alimentos energéticos quando consumidos são convertidos em água e CO2, proporcionando energia ao organismo (ex. carboidratos). Os alimentos plásticos fornecem materiais anabólicose de manutenção (ex. proteínas), enquanto que os alimentos reguladores são os responsáveis pela regulação do metabolismo corporal (ex. vitaminas e minerais) 1.5.1. Fibras As fibras formam um conjunto de substâncias derivadas de vegetais resistentes à acção das enzimas digestivas humanas. Geralmente as fibras são classificadas em duas classes: fibras fermentáveis (solúveis) e fibras não-fermentáveis (insolúveis). Entretanto, actualmente a distinção simples em solúvel e insolúvel é inadequada, devidos determinados tipos de fibras insolúveis serem rapidamente fermentados enquanto alguns tipos de fibras solúveis não afectarem a absorção de glicose e lipídeos. 1.5.2. Proteínas As proteínas são indispensáveis ao corpo humano, pois, além de contribuírem como fonte calórica, são fornecedoras dos aminoácidos, que servem de material construtor e renovador, isto é, são responsáveis pelo crescimento e pela manutenção do organismo. Suas fontes mais ricas são as carnes de todos os tipos, os ovos, o leite e o queijo, enquanto as leguminosas são as melhores fontes de proteína vegetal. Outras antes vegetais incluem o as castanhas e nozes. As fontes de proteína de origem animal são de alto valor biológico, ou seja, apresentam melhor pool (composição) de aminoácidos em relação às fontes proteicas vegetais. Para melhorar esse pool de aminoácidos dos alimentos de origem vegetal é essencial ter uma alimentação variada e combinar os alimentos numa mesma refeição, como é o caso do arroz com feijão (complementação da proteína de um cereal com a proteína de uma leguminosa). Em alguns pacientes portadores de diabetes, principalmente do tipo 1 (DM 1), as proteínas podem ser convertidas em glicose muito facilmente, gerando efeitos negativos sobre o índice glicémico, especialmente quando este consumo é elevado. Em pessoas com o diabetes controlado, tanto do tipo 1 quanto do 2, com adequado consumo alimentar, esses efeitos adversos da proteína dificilmente são apresentados. Em casos em que o diabético apresenta complicações renais (nefropatia),os planos alimentares específicos, com ajuste no consumo proteico, juntamente com o controle da hipertensão arterial (pressão alta) e da hiperglicemia (glicose sanguínea elevada), podem retardar a progressão da doença renal. 9 Em geral, a indicação de ingestão diária de proteína é de 15% a 20% do valor calórico total ou 0,8g a 1g/ kg de peso/dia. Para pacientes que apresentam complicações da doença, a quantidade protética a ser ingerida deve receber orientação nutricional específica. As proteínas são formadas por aminoácidos unidos por ligações peptídicas e apresentam cerca de 16% de nitrogénio. Elas podem ser classificadas de acordo com: • Composição: simples ou composta. • Estrutura: primária, secundária, terciária e quaternária. • Valor biológico: baixo ou alto valor biológico. • Função: enzimática, de transporte, contráctil, estrutural, de imunidade e hormonal. Os aminoácidos que formam as proteínas podem ser classificados em essenciais (histidina, isoleucina, leucina, lisina, metionina, fenilalanina, treonina,triptofano e valina), não-essenciais (alanina, ácido aspártico, ácido glutâmico e asparagina) e condicionalmente essenciais (arginina, cisteína, glutamina, glicina, prolina, serina etirosina). 1.5.3. Gorduras (lipídios) As gorduras ou lipídios são componentes alimentares orgânicos que, por conterem menos oxigénio que os carboidratos e as proteínas, fornecem taxas maiores de energia. São também importantes condutoras de vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K) e fornecem ácido graxos essenciais assim denominados pois o nosso organismo não os produz, devendo ser obtidos a partir de fontes alimentares. O consumo de gorduras saturadas, encontradas principalmente em alimentos de origem animal, deve ser realizado com moderação, pois pode causar elevação dos níveis de glicemia, colesterol e triglicerídeos. Uma dieta com menor teor de gordura (até 25% das calorias) pode auxiliar na melhora dos lipídios sanguíneos, como o colesterol total e a lipoproteína LDL colesterol. Resultados ainda melhores podem ser conquistados se a gordura adicionada for monoinsaturada, como o azeite de oliva, canola, girassol ou amendoim. As gorduras polinsaturadas encontradas em peixes, semente de linhaça e óleo de soja são importantes componentes alimentares que também auxiliam na manutenção de um adequado perfil lipídico sanguíneo. 1.5.4. Macronutrientes e sua influência na glicemia Os macronutrientes, como geradores de energia, são nossa fonte exógena de produção de glicose. Dessa forma, influenciam directamente a elevação da glicemia. Contudo não são 10 absorvidos em sua totalidade ou na mesma velocidade, ou seja, têm efeito diferentes no perfil glicémico. O carboidrato é o nutriente que mais afecta a glicemia, pois quase 100% são convertidos em glicose em um tempo que pode variar de 15 minutos a 2 horas. Os não-refinados, ou seja, aqueles com fibra natural intacta, têm distintas vantagens sobre as versões altamente refinadas, como farinha e arroz brancos, em virtude de benefícios como menor índice glicémico, maior saciedade e propriedades de ligação com o colesterol. Por volta de 1980, as Associações Americana e Britânica de Diabetes abandonaram a antiquada estratégia de planos alimentares restritos em carboidratos para os indivíduos portadores de diabetes, visando, em lugar disso, a uma dieta limitada em gorduras, porém mais alta em carboidratos complexos com preservação do teor de fibras alimentares. As proteínas e os lipídios não elevam a glicemia tanto quanto os carboidratos, seu efeito vai depender das quantidades consumidas e do equilibro entre os nutrientes. Contudo, muitos alimentos essencialmente referidos como fontes de proteína ou gordura também contêm carboidrato. A distribuição de carboidratos nas refeições e lanches deve ser feita de maneira individualizada e de acordo com o estilo de vida e de tratamento. No entanto, vale ressaltar que a ingestão espaçada facilita a acção da insulina na glicose do alimento ingerido. 1.5.5. Micronutrientes (vitaminas e minerais) As vitaminas e os minerais estão presentes em grande variedade de alimentos. Cada um desses nutrientes é importante, pois exerce funções específicas, essenciais para a saúde das nossas células e para o funcionamento harmonioso entre elas. Diferentemente dos macronutrientes, as vitaminas e os minerais são necessários em pequenas quantidades. No entanto, para atingir as recomendações de consumo desses nutrientes, o seu fornecimento através dos alimentos deve ser diário e a partir de diferentes fontes 11 1.5.5.1. Vitaminas Vitaminas hidrossolúveis: complexo B, ácido fólico e vitamina C. Vitaminas lipossolúveis: A,D,E,K. Funções: Não contém energia mas são necessárias para as reacções energéticas; regulam as funções celulares; envolvidas nas funções de protecção (imunológicas). 1.5.5.2. Minerais São Compostos químicos inorgânicos necessários em pequenas quantidades para crescimento, conservação e reprodução do ser humano, sendo os mais conhecidos: cálcio, ferro, magnésio, zinco, iodo. Contribuem na formação dos tecidos; Intervêm na regulação dos processos corporais. Favorecem a transmissão dos impulsos nervosos e a contracção muscular. Participam da manutenção do equilíbrio ácido-básico. Cálcio, ferro, sódio, potássio, magnésio, zinco e selénio, entre outros. Funções: necessário para crescimento, reprodução e manutenção do equilíbrio entre as células; fazem parte de tecidos; envolvidos na contracção muscular e na transmissão dos impulsos nervosos. Vitaminas e minerais – Fontes alimentar: Frutas, hortaliças e legumes; Leite e derivados, carnes, castanhas e nozes; Cereais integrais (ex.: milho, aveia, alimentos com farinha integral). As vitaminas e os minerais mantêm relações de equilíbrio no desenvolvimento das suas funções. São necessárias determinadas proporções de dois ou mais deles para que algumas das reacções esperadas aconteçam dentro do nosso corpo. O uso de doses maiores do que as indicadas pode alterar tais proporções, prejudicando o resultado final. Como exemplos de relações benéficas, desde que em proporções adequadas, podemos citar sódio e potássio; cálcio e fósforo; ferro e vitamina C; cálcio e vitamina D. 12 2. Desnutrição A Desnutrição é uma doença de natureza clínico-social multifactorial cujas raízes se encontram na pobreza. A desnutrição grave acomete todos os órgãos da criança, tornando-se crónica e levando a óbito, caso não seja tratada adequadamente. Pode começar precocemente na vida intra-uterina (baixo peso ao nascer) e frequentemente cedo na infância, em decorrência da interrupção precoce do aleitamento materno exclusivo e da alimentação complementar inadequada nos primeiros 2 anos de vida, associada, muitas vezes, à privação alimentar ao longo da vida e à ocorrência de repetidos episódios de doenças infecciosas (diarreias e respiratórias). Isso gera a desnutrição primária. Outros factores de risco na génese da desnutrição incluem problemas familiares relacionados com a situação socioeconómica, precário conhecimento das mães sobre os cuidados com a criança pequena (alimentação, higiene e cuidados com a saúde de modo geral) e o fraco vínculo mãe e filho. Figura I Emagrecimento acentuado apresentando grande redução de panículo adiposo, distrofia muscular de ombros, braços e pernas e distinção abdominal. Fonte:disponivel em. WWW. Nutritional strategies for football: Counteracting heat, cold, high altitude, and jet lag. Journal of Sports Sciences, 24 (7): 723-740. 2.1. Causas da desnutrição As principais causas da desnutrição crónica, identificadas no PAMRDC (2010), são: Ingestão inadequada de nutrientes - dietas monótonas, com deficiências de micronutrientes, afectando a maioria da população; para além de que, segundo o IDS (2011) apenas 43% dos menores de seis meses deidade é que são exclusivamente 13 amamentados e perto de 15% das crianças de 6-24 meses receberam uma alimentação adequada (4 grupos de alimentos e frequência de refeições). Elevados níveis de infecções - a malária e os parasitas gastrointestinais afectam metade da população, sendo que igual ao número de mulheres que são atendidas nas consultas pré-natais apresenta doenças sexualmente transmissíveis. Gravidez precoce – 41% das raparigas de 15-19 anos de idade são casadas, vivem em união marital ou já o foram; e perto de 22% teve o seu primeiro contacto sexual aos 15 anos; e 29% já tem um filho. Insegurança alimentar (especialmente no limitado acesso e uso de alimentos nutritivos). Pobreza e práticas inadequadas em relação aos cuidados das meninas adolescentes, mães e crianças. O insuficiente acesso à saúde, à água e aos serviços de saneamento. o baixo nível de educação e a desigualdade do género (este último responsável pelos casamentos e gravidezes precoces). 2.2. Causas da Insegurança Alimentar e Nutricional (InSAN) 2.2.1. Causas Imediatas da InSAN Baixa disponibilidade de alimentos ao nível dos AFs – quer por problemas de produção ou de acesso ao alimento (ex. baixo poder de compra do AF) Deficiente estado de saúde - Alta taxa de morbidade e mortalidade infanto-juvenil 2.2.2. Causas Adjacentes da InSAN Acesso limitado aos alimentos – devido a falta de alimentos no mercado ou altos custos praticados Baixa disponibilidade e acesso aos serviços de saúde – devido a baixa cobertura dos serviços de saúde Alta taxa de mortalidade materna – baixa cobertura de partos institucionalizados e dos serviços pré-natais Altos níveis de pobreza absoluta Baixo acesso à água potável e saneamento: 2.2.3. Causas Básicas Baixo nível de educação e elevadas taxas de analfabetismo 14 Tabus, crenças, práticas tradicionais e religiosas negativas Baixa disponibilidade de recursos estruturais- cerca de 95% da força laboral está no sector agrícola e a maioria (70% da população total) pratica uma agricultura de subsistência, com baixa utilização de tecnologia e muito baixa produtividade. 2.3. Classificação do estado nutricional O estado nutricional dum indivíduo é avaliado através das medições do seu peso, altura e idade. Com base nessas medições se pode determinar se o indivíduo está bem nutrido ou malnutrido; quando malnutrido, poderá ser por excesso (obesidade) ou por défice (desnutrição). Para além da desnutrição o indivíduo poderá também sofrer de deficiência de micronutrientes, sendo as mais comuns a de ferro (Anemia), vitamina A e iodo. Malnutrição por excesso (obesidade) – é determinada pelo Índice de Massa Corporal (IMC), que se calcula através do peso da pessoa dividido pela altura ao quadrado; quando o resultado é igual ou superior a 25 diz-se que a pessoa tem sobrepeso e quando é igual ou superior a 30 diz-se que a pessoa é obesa. Malnutrição por défice, existem diferentes indicadores de desnutrição, que a seguir descrevemos: Desnutrição Crónica (Altura/idade): A desnutrição crónica é definida como baixa estatura para a idade (crianças baixinhas); A baixa estatura para a idade desenvolve-se no período entre a concepção e os dois anos, e dificilmente é recuperada depois desse período. Assim, a desnutrição crónica, é causada pela desnutrição tanto da mãe antes e durante a gravidez, e na lactação, bem como da criança durante os primeiros dois anos de vida. Esta falha precoce de crescimento aumenta a mortalidade na primeira infância e diminui a função cognitiva, mental e motora da pessoa, reduzindo o rendimento escolar e produtividade da pessoa. Alguns autores estimaram que, em Moçambique, as perdas de produtividade por desnutrição crónica são da ordem de 2-3% do Produto Interno Bruto. A desnutrição crónica pode ser eliminada em crianças menores de dois anos de idade; ela não tem origem genética, e crianças de todas raças têm o mesmo potencial para crescer. Desnutrição Aguda (Peso/Altura): definida como baixo peso para a altura (criança magra para a altura; magrinha). A desnutrição aguda pode aparecer em qualquer época 15 da vida como resultado duma redução de consumo ou associado a infecções. Pode ser recuperada facilmente, através de boas práticas alimentares e cuidados de saúde adequados. Desnutrição Actual (Peso/idade): definida como baixo peso para a idade. É o indicador normalmente usado pelo sistema de Saúde para o controle de crescimento dos menores de cinco anos (cartão de saúde da criança); e serve para monitorar o crescimento da mesma. 2.3.1. Deficiência de Micronutrientes O termo “micronutrientes’ inclui as vitaminas e os minerais; o organismo humano necessita destes nutrientes em pequenas quantidades para o seu bom funcionamento, mas não é capaz de sintetizar, pelo que deve obter através dos alimentos (naturalmente ricos em micronutrientes ou fortificados) e suplementos de micronutrientes. Em Moçambique, estudos mostram que o número de pessoas que sofrem de deficiência de micronutrientes é elevado, especialmente crianças e mulheres em idade reprodutiva. Como a desnutrição proteico-calórica, as deficiências de micronutrientes também aumentam os níveis de morbilidade e mortalidade nas mães e crianças, reduzem o desenvolvimento do potencial intelectual e o aproveitamento escolar das crianças, diminuem a produtividade dos adultos e contribuem para perpetuar o ciclo de pobreza entre gerações. Os 3 micronutrientes considerados como problema de saúde pública são: Ferro, que provoca a anemia; Iodo e Vitamina A. A seguir descreve-se cada um deles: Anemia por deficiência de Ferro - O ferro é uma componente da hemoglobina, que é o transportador de oxigénio do sangue. Uma baixa concentração de hemoglobina é indicadora de baixos índices de ferro como de baixa capacidade de transportar oxigénio. Devido à importância de níveis adequados de oxigénio no sangue para a função mental, desenvolvimento mental e actividade física, a anemia por deficiência de ferro tem um conjunto variado de consequências na Saúde, desempenho físico- mental e sobre-vivência1. A anemia pode causar baixa concentração (mental) e baixa capacidade produtiva (física). 16 Deficiência de iodo - o iodo é essencial para o desenvolvimento do cérebro desde a vida intra-uterina. A deficiência de iodo durante a gravidez é conhecida por atrasar o desenvolvimento do feto, tendo como resultado o nascimento de crianças com graves atrasos mentais e físicos (cretinismo), assim como outros casos de problemas mentais clínicos ou subclínicas. Um estudo realizado em sete países, demonstrou que, de mães que têm deficiência de iodo nascem aproximadamente 3% de crianças com atraso mental severo (cretinismo), 10% com atraso mental moderado e os restantes 87% sofrem de atraso mental ligeiro. Uma das consequências visíveis da deficiência de iodo é o bócio que pode apresentar-se em diferentes tamanhos. Deficiência de Vitamina A – a vitamina A é uma substância importante para o crescimento, para a defesa do corpo contra as doenças infecciosas, assim como para a nossa visão. A sua deficiência provoca dificuldades na visão, podendo mesmo levar a cegueira; diminui a resistência às infecções como diarreia, sarampo e infecções respiratórias o que resulta no aumento das taxas de mortalidade na infância, por essas doenças. 2.4. Consequências da malnutrição A malnutrição, mesmo quando ligeira, aumenta a probabilidade de morte, principalmente em crianças. A OMS estimou que nos países em vias de desenvolvimento, 60% das mortes registadas em crianças com menos de 5 anos está associada a desnutrição; por outras palavras a desnutrição é considerada como um dos principais problemas de Saúde pública e uma das principais barreiras para o desenvolvimento económicoem vários países, incluindo Moçambique. A desnutrição, em Moçambique, é responsável por pouco mais dum terço (36%) das mortes em crianças menores de cinco anos de idade (PAMRDC,2010). A desnutrição causa a anemia, e esta por sua vez reduz a capacidade de atenção, de compreensão e o desenvolvimento psicomotor das crianças. Estima-se houve baixa produtividade gerada pela desnutrição crónica em cerca de 2 a 3% do PIB. 17 Conclusão Em jeito de desfecho, o grupo conclui que a alimentação apresenta-se como um meio de restabelecimento das necessidades nutricionais e os elementos mais importantes deste processo são os nutrientes. Os nutrientes podem ser usados como fonte de energia (glícidos, lípidos e proteínas), para sintetizar e reparar tecidos (proteínas, lípidos e minerais), para sintetizar e manter o sistema esquelético (cálcio, fósforo, proteínas) e para regular a fisiologia corporal (vitaminas, minerais, lípidos, proteínas, água). é A ciência da nutrição com a base nos quatro leis da alimentação: quantidade, qualidade, harmonia e adequação. Essa ciência estuda os alimentos e seus nutrientes, bem como sua acção, interacção e balanço em relação à saúde e à doença. Os alimentos podem ser classificados em energéticos, plásticos ou construtores e reguladores. Alimentos energéticos quando consumidos são convertidos em água e CO2, proporcionando energia ao organismo(ex. carboidratos). As proteínas são indispensáveis ao corpo humano, pois, além de contribuírem como fonte calórica, são fornecedoras dos aminoácidos, que servem de material construtor e renovador, isto é, são responsáveis pelo crescimento e pela manutenção do organismo. E a Desnutrição é uma doença de natureza clínico-social multifactorial cujas raízes se encontram na pobreza. A desnutrição grave acomete todos os órgãos da criança, tornando-se crónica e levando a óbito, caso não seja tratada adequadamente. Pode começar precocemente na vida intra-uterina (baixo peso ao nascer) e frequentemente cedo na infância, em decorrência da interrupção precoce do aleitamento materno exclusivo e da alimentação complementar inadequada nos primeiros 2 anos de vida, associada, muitas vezes, à privação alimentar ao longo da vida e à ocorrência de repetidos episódios de doenças infecciosas (diarreias e respiratórias). Isso gera a desnutrição primária. Outros factores de risco na génese da desnutrição incluem problemas familiares relacionados com a situação socioeconómica, precário conhecimento das mães sobre os cuidados com a criança pequena (alimentação, higiene e cuidados com a saúde de modo geral) e o fraco vínculo mãe e filho 18 Referencias Bibliográficas ARNAUD, S. Classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados à saúde: CID-10. Ed. São Paulo: Universidade de São Paulo, v. 1, 1970. FERREIRA, F. A. G. (). Nutrição Humana. 2ª Edição. Lisboa: Edição da Fundação Calouste Gulbenkian, 1994 FERREIRA, F. A. G. Nutrição Humana. 3ª Edição. Lisboa: Edição da Fundação Calouste Gulbenkian, 2005. LALANNE, R. A alimentação humana. 4ª Edição. Lisboa: Edições Itau, 1977. PAMRDC. Recomendação para a Educação Alimentar da População Portuguesa. Ed Lisboa: Comissão de Educação Alimentar, 2010. REIS, E. Saúde e Nutrição. 5ª Edição São Paulo: edição Saraiva, 1983).