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Fundamentos da 
Economia
Julia Taunay Perez
São Paulo
Rede Internacional de Universidades Laureate
2015
Fundamentos da 
Economia
Julia Taunay Perez
São Paulo
Rede Internacional de Universidades Laureate
2015
© Copyright 2015 da Laureate. É permitida a reprodução total ou parcial, 
desde que sejam respeitados os direitos do Autor, conforme determinam 
a Lei n.º 9.610/98 (Lei do Direito Autoral) e a Constituição Federal, art. 5º, 
inc. XXVII e XXVIII, “a” e “b”. 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
C416s
Cerqueira, Sônia Margarida Bandeira
Sociedade, direito e cidadania. / Sônia Margarida 
Bandeira Cerqueira, Raquel Mattoso Mattedi. – 
Salvador: UNIFACS, 2013.
181 p.
ISBN 
1. Cidadania. 2. Direito. 3. Estado I. Mattedi,
Raquel Mattoso. II. Título.
 CDD: 326.3
Sumário
Capítulo1: Introdução -------------------------------------------------------------------------- 11
1 Conceito de economia ----------------------------------------------------------------------- 12
1.1 Problemas econômicos fundamentais ---------------------------------------------------- 15
1.2 Curva das possibilidades ------------------------------------------------------------------ 18
2 Evolução do pensamento econômico ------------------------------------------------------ 23
2.1 Escola Clássica ----------------------------------------------------------------------------- 24
2.2 Teoria Neoclássica ------------------------------------------------------------------------- 25
2.3 Marxismo ------------------------------------------------------------------------------------ 26
2.4 Keynesianismo ------------------------------------------------------------------------------ 27
3 A relação entre Economia e outras áreas do conhecimento ---------------------------- 28
Síntese -------------------------------------------------------------------------------------------- 33
Capítulo 2: Microeconomia -------------------------------------------------------------------- 35
Introdução ---------------------------------------------------------------------------------------- 35
1 Conceito de microeconomia ---------------------------------------------------------------- 36
1.1 Pressupostos básicos da análise microeconômica -------------------------------------- 37
2 Demanda, oferta e equilíbrio de mercado ------------------------------------------------- 39
2.1 Demanda ------------------------------------------------------------------------------------ 39
2.2 Oferta ---------------------------------------------------------------------------------------- 44
2.3 Equilíbrio de mercado --------------------------------------------------------------------- 47
3 Interferência do governo --------------------------------------------------------------------- 49
3.1 Políticas de controle de preços ----------------------------------------------------------- 49
4 Conceito de elasticidade --------------------------------------------------------------------- 52
4.1 Elasticidade – Preço da demanda -------------------------------------------------------- 52
4.2 Elasticidade – Preço da oferta ------------------------------------------------------------ 54
4.3 Elasticidade – Renda da demanda ------------------------------------------------------- 55
4.4 Elasticidade – Cruzada da demanda----------------------------------------------------- 56
5 Produção e custos ----------------------------------------------------------------------------- 57
5.1 Teoria da Produção ------------------------------------------------------------------------- 57
6 Custos de produção -------------------------------------------------------------------------- 61
7 Maximização dos lucros ---------------------------------------------------------------------- 63
8 Estruturas de mercado ------------------------------------------------------------------------ 63
Síntese -------------------------------------------------------------------------------------------- 66
Capítulo 3: Macroeconomia ------------------------------------------------------------------- 67
Introdução ---------------------------------------------------------------------------------------- 67
1. Introdução à macroeconomia -------------------------------------------------------------- 68
1.1 Estrutura de análise macroeconômica --------------------------------------------------- 68
1.2 Instrumentos de política macroeconômica ---------------------------------------------- 74
2. Contabilidade social ------------------------------------------------------------------------- 77
2.1 Medida do Produto e da Renda Nacional ----------------------------------------------- 77
2.2 Teoria da Determinação da Renda ------------------------------------------------------- 81
Sumário
2.3 Introdução à Teoria Monetária ----------------------------------------------------------- 86
2.4 Inflação -------------------------------------------------------------------------------------- 93
Síntese -------------------------------------------------------------------------------------------- 96
Capítulo 4: O Setor Público e o Desenvolvimento Econômico ---------------------------- 97
Introdução ---------------------------------------------------------------------------------------- 97
1 O setor público-------------------------------------------------------------------------------- 98
1.1 Funções econômicas do setor público --------------------------------------------------- 99
1.2 Estrutura tributária ------------------------------------------------------------------------ 101
1.3 Tipos de tributos -------------------------------------------------------------------------- 103
1.4 Orçamento público----------------------------------------------------------------------- 104
1.5 Déficit público----------------------------------------------------------------------------- 106
2 Teorias de crescimento e desenvolvimento econômico --------------------------------- 108
2.1 Fontes de crescimento ------------------------------------------------------------------------
2.1 Fontes de crescimento ------------------------------------------------------------------- 110
2.2 Financiamento de desenvolvimento ---------------------------------------------------- 112
2.3 Modelos de crescimento econômico -------------------------------------------------- 113
2.4 Estágios de desenvolvimento ------------------------------------------------------------ 114
Síntese ------------------------------------------------------------------------------------------ 117
Bibliográficas----------------------------------------------------------------------------------- 118
Por que estudar Economia? Para responder a essa indagação, é preciso pensar como essa 
disciplina pode lhe auxiliar a compreender o mundo de maneira mais crítica. 
Por que os imóveis na cidade de São Paulo são mais caros do que em muitas cidades do interior? 
Por que Neymar Jr. tem um salário tão acima de outros jogadores? Por que temos a sensação de 
que os nossos salários passam a comprar menos produtos em determinados períodos? Ganhos 
de renda se traduzem em qualidade de vida? Por que o governo não imprime mais dinheiro e o 
distribui?
E a Economia também apresenta um instrumental poderoso para a tomada de decisão: quanto da 
minha renda devo gastar? Devo dedicar meu tempo e esforço fazendo faculdade ou trabalhando? 
Quanto devo cobrar pelo meu trabalho? Qual preço deve ser cobrado pelo produto que vendo? 
Quanto devo produzir para maximizar o meu lucro?
Por fim, a Economia lhe permite avaliar a efetividade e a necessidade das políticas econômicas 
adotadas pelo Estado: os programas de redistribuição de renda, como o Bolsa Família, são 
socialmente justos e eficientes? A imposição de impostos sobre produtos importados beneficia a 
quem? A privatização do setor de telefonia trouxe melhores serviços? 
Na medida em que os argumentos para todos esses questionamentos têm respaldo na Ciência 
Econômica, espera-se que, ao final desta disciplina, você seja capaz de buscar suas próprias 
respostas.Bons estudos!
Apresentação
11
Introdução
Neste Capítulo, você terá contato com os conceitos de escassez, produção, bens e serviços e 
fatores de produção. Você vai aprender sobre a evolução do pensamento econômico através 
dos tempos e estudar as principais teorias econômicas que marcaram as ações desse campo do 
conhecimento. Além disso, terá contato com os modelos econômicos e aprenderá sobre dois 
modelos elementares da economia: o Fluxo Circular de Renda e a Curva das Possibilidades de 
Produção. O principal objetivo deste Capítulo é propiciar-lhe conhecimentos suficientes para 
que você tome decisões quando estiver diante de conjecturas mercadológicas ou financeiras, 
nacionais ou internacionais.
Capítulo 1Visão Geral das Questões 
Econômicas Fundamentais
12 Laureate- International Universities
Visão Geral das Questões Econômicas Fundamentais
SAMUELSON, P. A. (1975): A Economia é a ciência que se preocupa com o estudo das 
leis econômicas indicadoras do caminho que deve ser seguido para que seja mantida em 
nível elevado a produtividade, melhorado o padrão de vida das populações e empregados 
corretamente os recursos escassos.
BARRE, R. (1970): A Economia é a ciência voltada para a administração dos escassos 
recursos das sociedades humanas: ela estuda as formas assumidas pelo comportamento 
humano na disposição onerosa do mundo exterior em decorrência da tensão existente entre 
os desejos ilimitados e os meios limitados aos agentes da atividade econômica.
STONIER, A. W.; HAGUE, D. C. (1971): Não houvesse escassez nem necessidade de repartir 
os bens entre os homens, não existiriam tampouco sistemas econômicos, nem Economia. A 
Economia é, fundamentalmente, o estudo da escassez dos problemas dela decorrentes.
Fonte: ROSSETTI, J. P. (1994)
VEJA O QUE DIZEM OS ESPECIALISTAS
1 Conceito de economia
Você já deve ter ouvido falar a palavra “economia” milhares de vezes, não é mesmo? Desde 
que era criança, ouvia seus pais dizerem que é preciso fazer economia, e depois que passou a 
entender melhor o mundo, ouviu essa palavra ser pronunciada por uma porção de pessoas e 
com as mais diversas utilizações. Tem economia financeira, economia política, microeconomia, 
macroeconomia... Ufa!
Mas o que é economia, afinal? A origem da palavra é atribuída a Aristóteles, filósofo e matemático 
grego que viveu entre 384 e 322 a.C. É a junção da palavra grega oikos (casa) e nomos (norma, 
lei), e deve ser entendida como “administração da casa”, ou “administração da coisa pública”.
Nos tempos modernos, a economia passou a ser a ciência social que estuda a forma pela qual 
os homens, as nações ou as instituições empregam seus recursos na produção de bens e serviços 
para atender às suas necessidades.
A humanidade somente sentiu a necessidade de estudar economia ou ciências econômicas em 
função da falta ou insuficiência de alguma coisa, ou seja: a escassez. Observe que existe um 
eterno conflito entre as nossas necessidades e os recursos disponíveis. As nossas necessidades 
são ilimitadas, enquanto os nossos recursos são escassos.
Vamos entender isso de outra forma. Um antigo professor de economia costumava perguntar 
aos seus alunos, logo na primeira aula: quem aqui ganha pouco? E solicitava que os alunos que 
julgavam ganhar pouco levantassem uma das mãos. Quando me vi diante desse questionamento, 
levantei as duas mãos, confesso.
Para minha surpresa, o professor disse para eu experimentar viver na época dos meus avós, em 
que certamente meus ganhos seriam mais que suficientes. 
Isso me forçou a uma rápida reflexão: meus avós não tinham automóvel, televisão, telefone, 
micro-ondas, TV por assinatura, celular, computador, máquina de lavar roupas etc. Sem contar 
que não tinham qualquer conforto em sua residência, como chuveiro elétrico, banheiro interno, 
13
água tratada, esgoto, fogão a gás etc. Também tinham pouco acesso ao lazer, não viajavam, 
não iam ao cinema, ao teatro, ou a algum show musical, aliás, pouco sabiam da existência de 
artistas.
Dá para entender facilmente por que meus ganhos são insuficientes, não é mesmo? Eu tenho 
outras necessidades, e olha que elas são infinitas, ou melhor, não basta mais eu ter um automóvel, 
que deveria ser o sonho de consumo dos meus avós, um automóvel para a família inteira. As 
famílias modernas possuem a necessidade de um automóvel para cada membro da família. A 
vida nos impõe isso.
Agora, vamos sair do plano individual para o plano coletivo. Nesse plano, quando você ouvir 
falar de necessidade, esteja certo de que alguém está se referindo aos bens e serviços que 
garantem a nossa sobrevivência enquanto espécie.
Você já pensou em uma lista para as suas necessidades? Somente para ajudá-lo, elaborei uma 
lista das necessidades do homem atual, e é bem provável que sua lista seja muito parecida com 
esta:
• Alimentos;
• Vestuário;
• Moradia;
• Móveis para a casa;
• Água tratada e saneamento básico;
• Eletricidade;
• Utensílios domésticos;
• Eletrodomésticos;
• Transporte;
• Lazer e recreação;
• Educação;
• Saúde;
• Segurança;
• Cultura.
Observe que a lista é infindável, e existe apenas uma pequena parcela da humanidade que 
consegue usufruir da totalidade da lista de necessidades humanas. Uma parcela significativamente 
maior consegue acesso somente a uma parte da lista, a parte denominada necessidades básicas, 
ou seja, as necessidades ligadas às questões de sobrevivência.
Porém, milhões de pessoas em todo o mundo não conseguem alcançar a lista de necessidades 
básicas como um todo, e ainda assim em quantidades insuficientes. Você já imaginou quantas 
pessoas passam fome no mundo? Ou no Brasil? Quantas pessoas não têm acesso a água 
tratada ou saneamento básico? Quantas pessoas moram na rua? Pois é, o nome dessa situação 
14 Laureate- International Universities
Visão Geral das Questões Econômicas Fundamentais
é “exclusão social”. Os socialmente excluídos não possuem acesso aos bens e serviços mais 
elementares para a sua sobrevivência e, por conseguinte, não participam das decisões da 
sociedade.
Outro detalhe importante que precisa ser levado em consideração é que, dentre a parcela da 
população que tem acesso pelo menos à lista de necessidades básicas, a imensa maioria não tem 
segurança de que continuará mantendo esse acesso pela vida inteira.
Você deve estar se perguntando: onde a economia entra em tudo isso? Isso que você acabou de 
ler diz respeito à escassez. A maioria das pessoas que conseguem acesso aos itens da lista de 
necessidades básicas o faz à custa de muito trabalho e luta, por todo o tempo das suas vidas. 
Esteja certo disso.
Agora é chegado o momento de você entender o que é “escassez de recursos”. Mas você sabe 
o que são recursos?
Para responder a essa questão, pense na lista das necessidades humanas. O que é preciso para 
que cada um desses itens esteja disponível para o consumo? Em linhas gerais, uma necessidade 
humana é satisfeita através do acesso a um bem econômico, o qual foi resultado de um processo de 
transformação. Esse processo de transformação se caracteriza pelo “uso de recursos para mudar 
o estado ou condição de algo para produzir outputs” (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2007, 
p. 36). O quadro a seguir descreve algumas operações por meio de processos de transformação:
Quadro 1 – Descrição dos processos de transformação de diferentes operações
Fonte: SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2007, p. 37.
15
Se observarmos mais atentamente, os recursos de inputs listados no quadro podem ser classificados 
em três grupos fundamentais:
• Terra ou recursos naturais: representa todos os recursos originados diretamente na natureza; 
• Trabalho: além de mão de obra, esse recurso engloba as atividades técnicas, administrativas 
e intelectuais, representando, portanto, todo o esforço humano empregado no processo de 
produção;
• Capital: todos os inputs capazes de elevar a eficiência do trabalho humano, por exemplo, 
equipamentos e instalações.
Você já deve ter percebido que todos os recursos daprodução, qualquer que seja a classificação, 
são escassos. Isso ocorre porque a natureza é finita, não dispõe dos recursos de forma abundante 
e não os disponibiliza em todos os lugares. O petróleo, por exemplo, é encontrado em apenas 
algumas regiões do mundo.
A mão de obra também é limitada, ora por problemas de qualificação e conhecimento, ora por 
questões de disponibilidade de pessoas. Ainda sobre a questão da mão de obra, existe também 
o problema da distribuição demográfica, ou seja, algumas regiões do mundo são mais habitadas 
que outras, o que provoca um desequilíbrio no uso do recurso.
Finalmente, você há de convir que o homem faz mau uso dos recursos existentes, e alguns recursos 
que já foram encontrados em abundância passaram a ser escassos pelo seu uso indiscriminado e 
irresponsável. Você já deve ter ouvido falar sobre a crise hídrica, iniciada em 2014, certo?
Se todos os recursos fossem encontrados em abundância, ou seja, se não houvesse escassez de 
recursos, você não precisaria estar estudando economia neste instante. Temas como desemprego, 
inflação, balança de pagamentos etc. decididamente estariam fora da mídia e das nossas 
preocupações diárias, não é mesmo?
1.1 Problemas econômicos fundamentais
O maior problema enfrentado pela humanidade ao longo de toda a sua história é fazer escolhas 
diante da escassez de recursos. As pessoas, empresas, governos, sindicatos e qualquer forma de 
organização social humana precisam decidir o que, quanto, como e para quem produzir.
Há quase meio século, o homem convive com o “conflito de gerações”, provocado pelas 
mudanças nas tecnologias de produção e no ritmo de consumo que afetam os valores e o 
comportamento da sociedade. O trabalho é o vetor-chave desse processo de transformação, de 
postura empreendedora e de geração de novas necessidades, e a escassez é o obstáculo a ser 
transposto.
Você já deve ter deparado com uma fila em uma agência bancária, correto? A fila se forma 
porque o caixa não consegue atender todos os clientes na mesma velocidade de chegada destes, 
ou seja, no intervalo de tempo em que o caixa está atendendo o primeiro da fila, chegam mais 
dois ou três clientes. Se você estiver na fila, normalmente reclama com a gerência do banco, que 
deveria abrir mais pontos de atendimento, mais caixas.
Esse é um problema de escassez de recursos. O gerente do banco não pode abrir novos pontos 
de atendimento indefinidamente, tanto pelo custo operacional do banco quanto pela falta de 
funcionários capacitados a executar essa função.
Observe que o simples pensar em aumentar os pontos de atendimento lhe direciona para o 
16 Laureate- International Universities
Visão Geral das Questões Econômicas Fundamentais
trabalho, ou melhor, aumentando o volume de trabalho, o problema estaria resolvido. Como 
essa solução não é possível, o jeito é administrar a escassez.
Para administrar a escassez ou tentar superá-la, usamos a produção e, por conseguinte, o 
trabalho. Assim, voltamos ao questionamento inicial: o que produzir? Quanto produzir? Como 
produzir? E para quem produzir?
Uma coisa é certa: a humanidade produz apenas bens e serviços. Produzir bens e serviços é a 
resposta humana para os problemas de escassez.
Você não tem uma ideia clara do que sejam bens e serviços? Não se preocupe, isso é confuso 
mesmo. Afinal existem bens de consumo, bens de capital, bens duráveis etc. Mas aqui vão 
algumas dicas para esclarecer suas dúvidas:
VEJA ESTAS DICAS
Bens e serviços são resultado do trabalho humano realizado para suprir 
as necessidades humanas. Os bens são tangíveis, físicos, e são resultado da 
transformação da matéria-prima em produtos. Os serviços são intangíveis, 
abstratos, e são resultados de ações específicas realizadas por técnicas 
específicas, dominadas pelos homens. Um avião é físico, pois é possível tocá-
lo, senti-lo, e vê-lo, mas o transporte de passageiros que ele realiza não poe 
ser tocado, sentido e nem visto, sendo portanto um serviço.
Espero que, após as dicas, você tenha entendido as diferenças entre bens e serviços. Para 
sedimentar mais ainda essa compreensão, veja a Figura 1. Ela apresenta as características que 
diferenciam os bens e os serviços. Observe que no centro do gráfico existem “bolas divididas”, ou 
melhor, tipos de produção que atuam tanto como bens quanto serviços, ou seja, atividades que 
englobam características tangíveis e intangíveis. É o caso dos restaurantes, que servem um bem 
(o alimento físico) e o serviço (atendimento do garçom).
Figura 1 – Escala de tangibilidade. Fonte: HOFFMAN et al., 2010, p. 6.
sal
refrigerantes
detergentes
automóveis
cosméticos
consultoria
ensino
agências de
propaganda linhas
aéreas gerência de
investimentos
lojas de
fast-food
lojas de
fast-food
PREDOMINANTEMENTE
INTANGÍVEIS
PREDOMINANTEMENTE
TANGÍVEIS
17
Mas esteja atento porque isso não para por aí. Os bens são subdivididos em quatro grupos:
• Bens de consumo não duráveis: são os produtos físicos que se esgotam em curto período 
de tempo, e assim devem ser repostos com frequência. Neste subgrupo incluem-se peças de 
vestuário e calçados, alimentos, produtos de higiene e limpeza, medicamentos etc.;
• Bens de consumo duráveis: são os produtos físicos que não precisam ser substituídos 
com tanta frequência, pois o tempo de desgaste é consideravelmente maior. Automóveis, 
eletrodomésticos, computadores e aparelhos eletrônicos, mobília e utensílios domésticos são 
produtos que se encaixam neste subgrupo;
• Bens intermediários: são produtos resultantes das ações de extrativismo ou da fase inicial 
do processo industrial, porém não são consumidos, necessitando de reprocessamento para se 
transformarem em bens de consumo. Neste subgrupo estão classificados o aço, o petróleo, os 
produtos químicos, a celulose e as matérias-primas em geral;
• Bens de capital: são os produtos que não se destinam ao consumo das pessoas, e sim das 
empresas. Em geral, esses bens atuam no processo produtivo transformando matérias-primas 
em bens de consumo. Máquinas e equipamentos são os produtos mais característicos deste 
subgrupo.
Agora, preste muita atenção: você acredita que existem produtos que podem tanto ser classificados 
como bens de capital quanto como bens de consumo duráveis? Pois é, o automóvel é um desses 
casos. Imagine um motorista de táxi. Se ele adquirir um automóvel para seu trabalho diário, é 
um bem de capital, mas se adquirir um automóvel para o lazer de sua família, é um bem de 
consumo durável.
Agora que você é quase um expert em bens e serviços, vamos retornar às nossas questões 
fundamentais: o que produzir? Quanto produzir? Como produzir? Para quem produzir?
A escassez aliada a essas quatro questões centraliza os problemas econômicos fundamentais. A 
economia busca incessantemente as respostas para essas questões.
• O que produzir? Esta é uma decisão que vai além dos limites da economia. A resposta 
para essa questão está no centro da sociedade. É ela quem deve decidir se produz maiores 
quantidades de bens de capital ou de bens de consumo. 
Em países onde imperam as economias de mercado, como os países europeus, o Japão, o 
Brasil e os Estados Unidos, somente para citar alguns, são os consumidores que indicam o que 
produzir. A isso dá-se o nome de “soberania do consumidor”.
Mas em países com economias planificadas ou centralizadas, como China, Cuba e outros, a 
decisão é tomada por um Órgão Central de Planejamento, vinculado ao Estado.
• Quanto produzir? Aqui também é uma decisão da sociedade. É ela quem deve dizer quais 
quantidades de cada bem devem ser produzidas. Mais uma vez existe uma diferença entre a 
tomada de decisão nas economias de mercado, em que as quantidades a serem produzidas são 
definidas pela oferta e demanda. Porém, nas economias planificadas, ou centralizadas, essa 
decisão cabe ao Órgão Central de Planejamento.
• Como produzir? Esta decisão cabe ao contexto empresarial nas economias de mercado, pois 
é dependente dos recursos disponíveis e da capacidadede investimento. Geralmente, passa pela 
eficiência desejável e pelos métodos de produção utilizados: capital intensivo ou mão de obra 
intensiva? Sociedades com necessidade de geração de emprego optam pelo uso da mão de obra 
intensiva. Já as sociedades com grande disponibilidade de recursos financeiros optam pelo uso 
18 Laureate- International Universities
Visão Geral das Questões Econômicas Fundamentais
do capital intensivo.
• Para quem produzir? Aqui o problema é de distribuição da renda gerada, ou seja, a 
sociedade deve decidir quem serão os beneficiados na comercialização dos produtos. Nas 
economias de mercado, os beneficiários são as pessoas de maior poder aquisitivo, porém nas 
economias planificadas ou centralizadas, a decisão sobre os beneficiários cabe ao governo.
Assim, para entender a economia como ciência, você precisará colocar o conjunto de processos 
(produção, distribuição e consumo) no centro da dinâmica. Você pode imaginar quantas decisões 
a combinação desses processos pode gerar?
Os produtores precisam decidir como combinar os recursos de produção e quanto de cada 
recurso utilizar. Os consumidores precisam decidir quanto adquirir de cada bem ou serviço 
para satisfazer suas necessidades. Tanto produtores quanto consumidores possuem restrições 
financeiras, o que implica renunciar a alguma coisa para priorizar outra.
Assim, você enquanto consumidor, ao escolher comprar mais de um determinado produto, esteja 
certo de que terá que reduzir a compra de outros. Esta lei da economia é implacável. 
1.2 Curva das possibilidades
Atualmente existem mais de 7 bilhões de pessoas em todo o mundo, todas envolvidas em um 
frenético conjunto de atividades de comprar, alugar, produzir, vender, trabalhar, viajar etc. 
Em razão dessa complexidade toda é que se torna cada vez mais difícil o entendimento do 
funcionamento da economia.
Mas, calma, sempre existe uma solução. Alguns economistas desenvolveram modelos simplificados 
para explicar como a economia se organiza. A Figura 2 é um exemplo:
Figura 2 – Fluxo circular da renda. Fonte: BRAGA; VASCONCELLOS, 2011, p. 11.
19
Ao analisar a Figura 2, você deve ter concluído que esse modelo apresenta apenas dois agentes 
econômicos responsáveis por tomar decisões no sistema econômico: famílias e empresas, mas 
poderíamos ter uma infinidade deles, incluindo também o governo, o comércio internacional, ou 
subdividindo as famílias.
Observe que a interação dos agentes econômicos se dá em dois tipos de mercados (os fatores 
de produção e bens e serviços) e efetiva dois fluxos (real e monetário).
O fluxo real representa o processo de satisfação das necessidades em si, ou seja, a produção e 
a distribuição de bens e serviços. Ao observarmos esse fluxo, cada um dos agentes assume um 
papel duplo: as famílias demandam bens e serviços e ofertam fatores de produção; as empresas, 
por sua vez, demandam esses fatores de produção para poder ofertar bens e serviços. 
Nesse sentido, descrevemos o fluxo real da seguinte maneira: as empresas alocam os fatores 
de produção ofertados pelas famílias em processos produtivos, os quais terão como resultado a 
produção de bens e serviços. Estes serão vendidos através dos mercados de bens e serviços para 
as famílias. E esse fluxo é incessante, ocorrendo de maneira ininterrupta.
Por sua vez, para que esse fluxo real de mercadorias que suprem as necessidades humanas seja 
efetivado em um sistema econômico, há a necessidade do estabelecimento do fluxo monetário: 
ninguém “trabalha” de graça, assim como nenhum produto é gratuito.
Isso significa que, quando as famílias ofertam os fatores de produção às empresas, elas exigem 
em contrapartida uma remuneração. Assim, cada proprietário de fator de produção recebe uma 
renda por sua utilização: trabalhadores ganham salários; arrendatários, aluguel; capitalistas, 
juros e/ou lucro etc. Essa renda, que é ao mesmo tempo custo para as empresas, deverá ser 
gasta na aquisição de bens e serviços. Logo, o que é gasto para as famílias se transforma em 
receita para as empresas. 
Nas chamadas economias de livre mercado, o governo apenas fiscaliza esse círculo de trocas de 
forma a evitar abusos, mas, nas economias planificadas, o governo assume a tomada de decisão 
tanto das empresas quanto da sociedade.
Guarde bem esse conceito do Fluxo Circular de Renda, pois ele será muito importante durante o 
curso. Outro conceito de importância ímpar é a Curva das Possibilidades de Produção, também 
conhecida como “Fronteira das Possibilidades de Produção”.
Imagine uma economia tão simplificada que produz apenas dois tipos de bens: máquinas agrícolas 
(bens de capital) e alimentos (bens de consumo). Todo alimento produzido será utilizado para as 
necessidades de nutrição das pessoas, e não poderá ser estocado para ser usado no dia seguinte 
ou no futuro. 
Como em toda economia, complexa ou simplificada, os recursos são escassos, e, para aumentar 
a produção de alimentos e atender ao crescimento da população, por exemplo, precisamos 
diminuir a produção de máquinas agrícolas. Mas se diminuirmos a produção de máquinas 
agrícolas, a produção de alimentos nos anos seguintes será insuficiente para atender à demanda 
da população. O que você faria?
A tabela a seguir mostra algumas possibilidades de produção dessa economia.
20 Laureate- International Universities
Visão Geral das Questões Econômicas Fundamentais
Fonte: BRAGA; VASCONCELLOS, 2011, p. 6.
Tabela 1 – Economia com dois fatores de produção
A alternativa A indica que todos os recursos de produção existentes serão utilizados para produzir 
máquinas agrícolas, ou seja, representa a quantidade máxima de máquinas que essa economia 
é capaz de produzir. A Alternativa D indica que todos os recursos de produção existentes serão 
utilizados para produzir alimentos, ou seja, representa a quantidade máxima de alimentos que 
essa economia é capaz de produzir. Somente para lembrar, se você optar por resolver o problema 
imediato das pessoas, saciando a fome e produzindo somente alimentos, no futuro terá uma série 
de problemas, afinal, se não produzir maquinário agrícola, não conseguirá expandir a produção 
de alimentos para atender ao crescimento da população. Então, o que você faria?
Aparentemente, essa é uma questão de fácil solução. Basta identificar o nível de consumo de 
alimentos atual, produzir somente o necessário e alocar os recursos de produção excedentes na 
produção de maquinário agrícola. Mas você não pode estocar alimentos, e as necessidades da 
população são crescentes. Além disso, os maquinários, como tratores e colheitadeiras, demoram 
algum tempo para serem fabricados. E aí, o que você faria?
Para solucionar esse problema, primeiro você precisa conhecer o conceito da Curva de 
Possibilidades de Produção (CPP), que representa esquematicamente a fronteira máxima que uma 
economia consegue produzir, onde se pressupõe o pleno emprego dos recursos disponíveis. 
Analise atentamente o gráfico apresentado na Figura 3.
21
Figura 3 – Curva de possibilidades de produção. Fonte: BRAGA; VASCONCELLOS, 2011, p. 7.
O que você concluiu da análise da Curva das Possibilidades de Produção representada na Figura 
3? Vamos dar uma mãozinha. 
Observe que, para produzir 10 mil máquinas agrícolas, nenhuma tonelada de alimento pode 
ser produzida, pois todos os recursos da economia estão sendo empregados na produção das 
máquinas agrícolas. Se produzir 8 mil máquinas, a economia conseguirá produzir no máximo 
6 milhões de toneladas de alimentos. Essa análise se repete em todos os pontos sobre a Curva 
das Possibilidades de Produção, e os especialistas dizem que a economia está operando a pleno 
emprego de recursos, ou seja, não existe desemprego nem capacidade ociosa de produção.
Agora, observe o ponto E, em que a economia produz 8 mil máquinas agrícolas e 2 milhões de 
toneladas de alimentos. Nesse caso, e para todo e qualquer ponto situado na parte interna da 
curva, os especialistas dizem que a economia está subutilizandoos recursos de produção, ou 
seja, existe desemprego ou algum recurso está ocioso.
Por outro lado, a situação do ponto F, em que a economia produz 8 mil máquinas e 10 milhões de 
toneladas de alimentos, é uma situação impossível de existir, pois a economia estaria operando 
acima da sua capacidade e não disporia de recursos para tanto.
Os desdobramentos analíticos da CPP podem ser normativos1 e positivos2.
1 A análise econômica normativa estabelece as bases para a construção de um cenário idealizado, com o intuito de estabele-
cer propostas do que deveria ser. 
2 A análise econômica positiva, por sua vez, estabelece os aspectos práticos dos problemas econômicos, com enfoque em 
descrever o que de fato é. 
22 Laureate- International Universities
Visão Geral das Questões Econômicas Fundamentais
Fonte: Autor.
Quadro 2 – Desdobramentos analíticos da CPP
A análise da Curva das Possibilidade de Produção não para por aí. Observe que a CPP é côncava 
em relação à origem e decrescente. 
A concavidade é relativa à denominada “Lei dos Custos Crescentes”, em que a remoção de 
mão de obra da produção de alimentos para a produção de máquinas agrícolas provoca custos 
gradativamente crescentes, pois o uso de trabalhadores menos qualificados em um setor traz 
aumentos significativos nos custos. Já o fato de a CPP apresentar-se decrescente é devido ao 
sacrifício que será feito ao optar-se pela produção de bens de consumo em detrimento de bens 
de produção.
Agora você já pode ser considerado um expert em Curva das Possibilidades de Produção e 
apostamos que você está apto para propostas mais desafiadoras, quer experimentar?
Nos períodos pós-guerras, o mundo acaba vivendo períodos de grande desenvolvimento 
e consequente aumento da produtividade. Você saberia responder por que isso acontece?
NÓS QUEREMOS SABER!
23
2 Evolução do pensamento econômico
O estudo da Teoria Econômica teve sua origem a partir da publicação da obra clássica de Adam 
Smith, A Riqueza das Nações, em 1776. O livro lançou as bases da Revolução Industrial e o 
estudo da economia de forma sistematizada.
Você já ouviu falar de Adam Smith? Ele é considerado o “Pai da Economia Moderna“. 
Nasceu em 5 de junho de 1723 em Kirkcaldy, na Escócia. Foi filósofo e economista, 
tendo como cenário de vida o século XVIII. Em 1776, publicou sa principal obra: A 
Riqueza das Nações, um verdadeiro classico lido e relido até os dias atuais. Adam 
Smith acreditava na livre iniciativa e que o mercado se ajustaria sozinho, sem qualquer 
tipo de intervenção do governo. Para ele, a simles competição entre concorrentes seria 
suficiente para que os preços caíssem e as inovações tecnológicas, por si só, seriam 
responsáveis pelo barateamento dos custos de produção.
VOCÊ O CONHECE?
Apesar da importante contribuição de Adam Smith para a Economia Moderna, os primeiros 
estudos sobre economia vêm da Grécia Antiga, onde, segundo consenso dos historiadores e 
economistas, o termo “economia” foi cunhado por Aristóteles.
Somente no século XVI é que surgiu a primeira escola econômica: o mercantilismo. Essa escola 
preocupava-se com a acumulação de riquezas das nações e o fomento do comércio exterior, 
muito embora ainda se tratasse de conceitos elementares. 
Apesar de iniciar uma série de discussões a respeito do papel da moeda na economia, dos 
efeitos multiplicadores da renda, entre outros, a escola mercantilista assentava-se em princípios 
absolutamente empíricos, sem a preocupação com o desenvolvimento de fundamentos teóricos 
que os embasassem. 
Um preceito básico do mercantilismo era atribuir o poder e a força de um país ao acúmulo de 
ouro e prata. Essa influência chegou até nossos dias, à medida que a capacidade de emissão de 
moedas de um país estava vinculada ao lastro em ouro desse mesmo país.
É evidente que esses preceitos reforçaram o poder do Estado nas decisões econômicas, além de 
incentivar guerras e estimular o nacionalismo.
Como contraponto ao mercantilismo, surgiu no século XVIII, na França, a fisiocracia. Essa 
escola do pensamento econômico pregava a supremacia da lei da natureza, acreditando ser 
desnecessária a regulamentação do Estado sobre a economia. Para os fisiocratas, a terra era 
tida como fonte de riqueza única e o universo era regido por leis naturais determinadas pela 
Providência Divina.
Contrariando o pensamento mercantilista, em que a riqueza era proporcionada pelo acúmulo 
de metais preciosos, os fisiocratas afirmavam que a riqueza era derivada da produção de bens 
obtidos pelas atividades econômicas da época (agricultura, pesca e mineração). 
Sobretudo o desenvolvimento da escola fisiocrata estava centrado na figura de Quesnay, 
primeiro autor a conferir um viés analítico e científico para problemáticas econômicas. Suas 
ideias ancoravam-se em princípios da escola filosófica utilitarista e sua maior contribuição foi a 
24 Laureate- International Universities
Visão Geral das Questões Econômicas Fundamentais
construção de um quadro econômico, o qual expunha as contribuições dadas por cada classe 
social ao sistema econômico.
Para o autor, o sistema econômico era considerado um organismo vivo (lei natural), e sua 
representação numérica permitiu que se chegasse à conclusão do papel de cada classe social, 
as quais dividiam-se em:
• Classe produtiva: agricultores, assalariados e outros trabalhadores agrícolas;
• Classe proprietária: soberano, nobreza proprietária e clero;
• Classe estéril: comerciantes, manufatureiros e seus trabalhadores. 
Ao observar que os agricultores precisam acumular capital para conseguir iniciar a produção, 
chegou-se à conclusão de que a única classe capaz de gerar algum tipo de excedente era a 
produtiva. 
2.1 Escola Clássica
O período da Escola Clássica foi especialmente fértil em estudos e publicações econômicas, a 
começar por Adam Smith. A contribuição dos autores da Escola Clássica foi fundamental para 
que a Economia passasse a ter suas próprias teorias e formar um conjunto de ferramentas de 
análise das consequências das ações econômicas.
O pensamento comum a todos os autores da Escola Clássica era o da livre iniciativa e as leis do 
mercado regendo a economia, cabendo ao Estado apenas as funções fiscalizatórias para coibir 
abusos.
Adam Smith desenvolveu o conceito da “mão invisível”, segundo o qual a livre concorrência, 
por si só, conduziria a sociedade à perfeição. Ele criou a Teoria do Valor-Trabalho, em que a 
divisão do trabalho e a especialização nas funções são fatores decisivos na busca pelo aumento 
da produção. 
Para Adam Smith, a produtividade é derivada da divisão e da subdivisão do trabalho e da 
ampliação dos mercados, ou seja, especializar os trabalhadores em suas tarefas mais simples e 
ganhar a escala de produção como fatores de geração de riqueza.
O papel do Estado, na economia de Adam Smith, é limitado à proteção da sociedade contra a 
especulação financeira e à manutenção da infraestrutura necessária para o funcionamento da 
economia.
Outro autor bastante influente foi David Ricardo, que discutiu o rendimento das terras mais 
férteis quando comparado à produtividade das terras menos férteis e a questão do comércio 
internacional.
Ele desenvolveu a ideia de que somente o custo do trabalho resume todos os demais custos e 
que o crescimento da população aliado à acumulação de riqueza provoca um aumento da renda 
da terra até um certo limite. Após esse limite, os rendimentos decrescentes diminuem os lucros 
e a poupança torna-se nula, colocando a economia em um estágio estacionário, com salários 
marginais e crescimento zero.
Vale ressaltar que Adam Smith criou a Teoria das Vantagens Absolutas, no comércio internacional, 
enquanto David Ricardo criou a Teoria das Vantagens Comparativas. Assim, ambos trabalharam 
teorias a respeito desse comércio.
25
ADAM SMITH (1723-1790): a defesa do mercado como regulador das decisões econõmicas 
de uma nação traria muitos benefícios para a coletividade, independente da ação do Estado. 
É o princípio do liberalismo.DAVID RICARDO (1772-1823): seus estudos deram origem a duas correntes antagônicas: a 
neoclássica, pelas suas abstrações simplificadoras, e a marxista, pela ênfase dada à questão 
distributiva e aos aspectos sociais na repartição da renda da terra.
JOHN STUART MILL (1806-1873): consolidou o exposto por seus antecessores, e avança 
ao incorporar mais elementos institucionais e ao definir melhor as restrições, vantagens e 
funcionamento de uma economia de mercado.
VEJA O QUE DIZEM OS ESPECIALISTAS
JEAN BAPTISTE SAY (1768-1832): criou a Lei de Say: “A oferta cria sua própria procura“, ou 
seja, o aumento da produção transforma-se-ia em renda dos trabalhadores e empresários, 
que seria gasta na compra de outras mercadorias e serviços.
THOMAS MALTHUS (1766-1834): a causa de todos os males da sociedade reside no 
excesso polulacional. Enquanto a população cresce em progresso geométrico, a produção 
de alimentos segue em progresso aritmético. Assim, o potencial da população esxcede em 
muito o potencial da terra na produção de alimentos.
Fonte: VASCONCELLOS; GARCIA (2000)
Os economistas clássicos procuraram descobrir leis gerais que regiam e regulamentavam o 
comportamento da economia, porém são criticados pela abordagem excessivamente normativa 
que tentaram dar à complexa ciência econômica, esquecendo ou minimizando a influência do 
homem na questão.
2.2 Teoria Neoclássica
Os autores da Teoria Neoclássica deram ênfase ao raciocínio matemático aplicado às questões 
econômicas, deixando um pouco de lado as questões políticas e o planejamento devido à crença 
no livre mercado e sua condição autorreguladora.
O foco da Teoria Neoclássica está no desejo de satisfação do consumidor e na maximização 
do lucro por parte do produtor. O equilíbrio do mercado é calculado através da medição do 
grau de satisfação do consumidor e de produção, sendo consideradas também as restrições 
financeiras e as restrições dos recursos de produção. Essa forma de ver as coisas deu origem à 
Teoria Marginalista desenvolvida por Alfred Marshall.
A Teoria Neoclássica colocou a microeconomia no centro das atenções, porém não se furtou 
totalmente das questões da macroeconomia, em que se destacam os trabalhos de Schumpeter, 
“Teoria do Desenvolvimento Econômico” e de Böhm-Bawerk, “Teoria do Capital e dos Juros”.
A Teoria Neoclássica foi fundamentada no trinômio produção-distribuição-consumo, porém as 
ideias de Alfred Marshall deram outro contorno a essa visão, incluindo também os conceitos de 
riqueza e bem-estar social.
26 Laureate- International Universities
Visão Geral das Questões Econômicas Fundamentais
Você já ouviu falar de Alfred Marshall? Nasceu em Londres em 26 de julho de 1842 e 
foi um dos mais influentes economistas dentre os neoclássicos. Sua principal obra foi o 
livro “Princípios de Economia“ onde foram reunidas as teorias da oferta e da demanda, 
a utilidade marginal e dos custos de produção. O seu livro transformou-se em um 
verdadeiro manual de economia, reconhecido nas principais escolas de economia de 
todo o mundo. Em 1868 tornou-se professor na Universidade de Cambridge ocupando 
a cadeira de economia política. Ele tinha como objetivo transformar a teoria econômica 
em uma disciplina mais científica através do uso do rigor matemático. Publicou ainda, 
em 1879, as obras A Teoria Pura do Comércio Exterior e A Teoria Pura dos Valores 
Domésticos. Publicou ainda, juntamente com sua esposa Mary Payley Marshall, da qual 
foi professor, “A Economia da Indústria“.
VOCÊ O CONHECE?
Na primeira metade da década de 1930, Lionel Robbins elaborou uma forma de caracterizar 
e identificar os fenômenos econômicos. Ele fundamentou sua sistemática nos seguintes pontos:
• A atividade humana sempre possui múltiplas finalidades;
• Os objetivos humanos têm diversos níveis de importância e podem ser priorizados por essa 
ordem;
• Os meios utilizados pelo homem para alcançar os múltiplos objetivos são limitados;
• Os meios utilizados pelo homem são flexíveis e podem ser utilizados de diferentes formas para 
alcançar diversos objetivos.
Para Robbins, o fato econômico é caracterizado por um elo entre os quatro pontos vistos em 
conjunto, jamais isoladamente. Esse elo é a capacidade humana de fazer escolhas.
Em linhas gerais, a Escola Neoclássica define a Economia como o estudo do homem na condução 
das questões referentes à sua riqueza e a seu bem-estar.
2.3 Marxismo
Karl Marx (1818-1883) foi o principal crítico dos métodos clássicos, fundando uma escola 
de pensamento que leva o seu nome. Em especial, criticava o tom “a-histórico” das teorias 
econômicas. Ao desenvolver a Teoria do Valor-Trabalho, contudo, apropriou-se de alguns 
conceitos da corrente clássica, particularmente, de David Ricardo.
Para o marxismo, o proletariado, uma classe social que centraliza a força de trabalho, é obrigado 
a vender seu principal recurso de produção (mão de obra) para a burguesia, uma classe social 
que se apropria da produção e aufere vantagens com essa apropriação. O valor dessa força de 
trabalho, por sua vez, deveria ser determinado pelo tempo dedicado à produção. A discrepância 
entre o tempo socialmente dedicado à criação de valor e o valor efetivamente recebido por um 
trabalhador fundamentou o conceito chamado “mais-valia”.
As condições da produção do sistema capitalista, entretanto, obrigam o trabalhador a 
vender mais tempo de trabalho do que o necessário para produzir valores equivalentes 
às suas necessidades de subsistência. Os trabalhadores são obrigados a aceitar as 
condições impostas pelos empregadores porque não dispõem de fontes alternativas de 
27
renda. Assim, seu dia de trabalho compreende o tempo “necessário” à produção de 
valores iguais às exigências de manutenção, e um tempo de trabalho “excedente”. O 
valor criado pelo tempo de trabalho excedente é apropriado pelos detentores dos meios 
de produção – os capitalistas –, ao que denominou mais-valia. (PINHO, 2011, p. 43).
A mais-valia, portanto, é o valor que excede o valor pago à força de trabalho que é apropriada 
pelo capitalista, fazendo com que este acumule riquezas às custas do trabalho proletário.
Ademais, através da separação de classes sociais, o capitalismo firma suas bases de evolução, 
tendo como principal motor o progresso técnico. O desenvolvimento tecnológico tem um papel 
fundamental na reprodução desse tipo de exploração: na medida em que a máquina substitui o 
homem nos processos de produção, ela é a principal responsável pela formação do exército de 
reserva dos desempregados. 
Por sua vez, essa massa desempregada é, na visão da escola marxista, a principal fonte de 
rigidez dos salários: capitalistas, para aumentar a produção empregando mais trabalhadores, 
não precisam elevar salários, basta contratar aqueles que estão desempregados.
Você já ouviu falar de Friedrich Engels? Filósofo alemão, trabalhou lado a lado com Karl 
Marx, sendo também responsável pela formação da escola marxista. Escrevera junto a 
Marx O Manifesto Comunista e O Capital.
VOCÊ O CONHECE?
2.4 Keynesianismo
Para entender a obra de John Maynard Keynes e a sua Teoria Geral do Emprego, dos Juros e 
da Moeda, vamos fazer uma viagem no tempo e voltar aos anos 1930, quando o mundo vivia a 
Grande Depressão, que teve início com a quebra da Bolsa de Valores de Nova York em 1929.
 
Nessa época, o desemprego nos países industrializados da Europa e nos Estados Unidos assumia 
índices elevadíssimos. Os economistas acreditavam ser um problema temporário, apesar de 
a crise persistir alguns anos. A Teoria Geral de Keynes conseguiu mostrar por que as políticas 
econômicas adotadas não estavam funcionando e apontou soluções para que os países deixassem 
a recessão e voltassem ao caminho do crescimento econômico.
Segundo Keynes, o principal fator gerador de empregos é o nível de demanda agregada de uma 
economia, invertendo a Lei de Say, segundo a qual a oferta cria sua própria procura. Nesse caso, 
as forças de autoajustamento da economia deixam de atuar, impulsionandoa economia para 
uma recessão. 
Assim, em momentos em que a atividade econômica começa a se enfraquecer, é vital a interferência 
do Estado, impondo uma política de gastos públicos e investimentos em infraestrutura para 
inverter a espiral recessiva e devolver a economia ao caminho do crescimento. 
Esse conjunto de argumentos se revelara efetivo não somente por tirar diversos países da recessão 
econômica, mas especialmente no período pós-Segunda Guerra Mundial, em que se tornou 
necessária a reconstrução da economia dos países europeus.
Nos dias atuais, os preceitos de Keynes ainda são bastante debatidos, especialmente por 
28 Laureate- International Universities
Visão Geral das Questões Econômicas Fundamentais
seguidores de três correntes distintas: 
• Os monetaristas: defendem um baixo grau de interferência do Estado na economia e um forte 
controle da moeda;
• Os fiscalistas: são partidários de um grau acentuado de interferência do Estado na economia 
e o uso de políticas fiscais mais contundentes;
• Os pós-keynesianos: defendem a interferência do Estado na economia via controle das 
especulações financeiras.
Como você pode observar, existem diferenças entre as várias correntes, porém todas são baseadas 
na Teoria Geral de Keynes e concordam quanto aos seus pontos fundamentais.
3 A relação entre Economia e outras áre-
as do conhecimento
Pela própria formulação do pensamento econômico, é necessário que a Economia não seja 
vista como um campo do conhecimento humano isolado, pois, se assim fosse, estaria sujeita a 
equívocos de toda sorte, pois certamente deixaria de levar em consideração fatores importantes 
que influem nas questões econômicas básicas.
Negligenciar a relação da Economia com outras áreas do conhecimento é simplesmente como 
negligenciar a capacidade de realização do ser humano.
Assim, um estudo inicial sobre Economia e seus conceitos passa necessariamente por um capítulo 
sobre a relação com outras áreas do conhecimento humano. São elas:
• A Economia e a Política
Existe uma secular relação de interdependência entre a Política e a Economia. À medida que 
compete à Política a organização do Estado, as relações entre as classes sociais e a definição das 
instituições para o desenvolvimento das atividades econômicas, as ações econômicas passam a 
ser diretamente subordinadas à estrutura política da sociedade.
Essa interdependência tornou-se mais acentuada a partir do keynesianismo e suas soluções 
para a recessão econômica mundial dos anos 1930. A partir de então, houve uma grande 
transformação na estrutura econômica, baseada até então na livre iniciativa, e o Estado passou 
a ter uma função intervencionista que modificou as bases do sistema capitalista. Nesse período, a 
Política buscou na Economia soluções que pudessem dar continuidade às formas de organização 
política vigentes nos países ocidentais que reconheciam a livre iniciativa como vital para o 
desenvolvimento econômico.
Nos países socialistas, a justaposição das ações políticas e econômicas funciona como pilar 
das instituições mantidas pelo Estado. Nos países socialistas, compete ao Estado as funções de 
direcionamento econômico, uma vez que este controla todo o sistema de gestão e direção das 
empresas.
Assim, qualquer que seja a orientação do Estado, Política e Economia estão inter-relacionadas a 
tal ponto que perde o sentido estudá-las isoladamente, assim como ações isoladas de qualquer 
uma das partes não surtem o efeito desejado.
Se você observar atentamente, a instabilidade econômica afeta diretamente as instituições 
29
políticas, ao passo que o bom desempenho da Economia direciona um cenário político de 
absoluta estabilidade.
• A Economia e a Sociologia
Os estudos ligados à Economia e a Sociologia também são bastante próximos, afinal ambas as 
áreas de pensamento visam estudar organizações sociais. 
Atualmente, existe um interesse crescente dos economistas pelas questões da realidade social e 
como essas questões podem influenciar no desempenho da Economia, desde ações localizadas 
atribuídas a problemas microeconômicos, isto é, relativos ao comportamento e processo decisório 
dos agentes econômicos, até questões de macroeconomia, que se referem ao comportamento da 
Economia como um todo.
Segundo Rossetti (1994), a interação social, o comportamento dos grupos, a mobilidade, a 
estratificação, as mudanças sociais, a investigação das condições de vida das comunidades e 
o exame dos diferentes níveis de organização e da cultura da sociedade são alguns dos setores 
que caíram no campo de gravitação da Sociologia. Tais setores também interessam diretamente 
às questões da análise econômica, pois podem explicar muitos dos fenômenos que afetam a 
Economia das nações.
Os economistas contemporâneos entendem que os fatores condicionantes da atividade econômica 
são frutos das relações sociais, cuja análise é de interesse da Economia, muito embora sejam 
resultado da Sociologia. 
Os avanços da Teoria Neoclássica e seus desdobramentos políticos, como a agenda neoliberal, 
começaram a trazer explicações para problemáticas tradicionalmente atribuídas a sociólogos. 
Assim, economistas começaram a explicar, através de abordagens como o individualismo 
metodológico, e modelos, como a teoria dos jogos, questões relativas a escolhas nos casamentos, 
mudanças nas taxas de natalidade, entre outras.
A resposta dos sociólogos diante desse movimento de apropriação dos fenômenos sociais 
culminou na consolidação da Nova Sociologia Econômica.
• A Economia e a História
É inegável que os principais fatos que marcaram a história da humanidade tiveram motivação 
econômica, ou você é daqueles que acreditam que os portugueses lançaram-se no Oceano 
Atlântico rumo aos grandes descobrimentos simplesmente pela grandeza do fato? Foram questões 
econômicas que motivaram portugueses, espanhóis, holandeses, franceses e ingleses a partirem 
rumo à colonização da América.
Também foram questões econômicas que motivaram as grandes guerras mundiais, assim como 
foram questões econômicas que impulsionaram Napoleão Bonaparte à expansão de seu império. 
A pesquisa sobre os acontecimentos que marcaram a história mundial é de incontestável valor 
para o economista, abastecendo-o de informações sobre as atividades humanas localizadas no 
tempo e no espaço, fornecendo farto material sobre a evolução das tendências e promovendo a 
inter-relação entre os acontecimentos.
Em algumas ocasiões, o fato histórico acaba por impulsionar a economia de uma determinada 
região, como foi o caso da participação do Japão na Segunda Guerra Mundial, quando ao país 
derrotado não restava outra alternativa senão desenvolver um esforço supremo de reconstrução, 
sob pena de se submeter a uma catástrofe ainda maior. Esse esforço provocou enormes avanços 
na economia japonesa, que em pouco mais de 30 anos alcançou o status de uma das maiores 
economias do mundo.
30 Laureate- International Universities
Visão Geral das Questões Econômicas Fundamentais
Assim, a inter-relação História-Economia é fundamental para o entendimento das rápidas 
mudanças que sacodem as estruturas da sociedade contemporânea, fornecendo elementos para 
que o homem possa superar os desafios de construir condições de equilíbrio social, mesmo 
diante das turbulências típicas da vida contemporânea.
• A Economia e a Geografia
A criação de um campo de estudo denominado “Geografia Econômica” é a prova mais 
contundente do inter-relacionamento entre as duas áreas do conhecimento, que são consideradas 
complementares.
A Geografia Econômica fornece subsídios sobre os recursos humanos e naturais disponíveis 
em determinada região, além de análises climatológicas, hidrográficas etc. que servem como 
indicadores para as políticas econômicas de distribuição de recursos financeiros com mais 
eficiência.
A interação entre a Economia e a Geografia permite que a última deixe de ser uma mera 
mapeadora de acidentes geográficos e dos indicadores climáticos e se transforme em uma 
fornecedorade dados que permitem a avaliação das condições econômicas do mercado, da 
concentração de recursos produtivos nas regiões e da composição de setores da atividade 
econômica.
A inter-relação entre essas duas áreas do conhecimento permite ao mercado tomar decisões sobre 
investimentos utilizando como critério de decisão as tendências de desenvolvimento econômico 
e perspectivas de crescimento. 
Estudos de variáveis demográficas estão inseridos nessa inter-relação.
Faça uma pesquisa sobre os subsídios fiscais para a Região Nordeste do Brasil. Será que 
os subsídios fiscais oferecidos pelo Governo Federal às empresas que procuram instalar-
se na Região Nordeste têm alguma relação com a Economia?
NÓS QUEREMOS SABER!
• A Economia e a Matemática
Muito embora a Economia seja uma ciência social, ela é limitada pela escassez de recursos, 
ocupando-se de cálculos de quantidades físicas dos recursos e da distribuição equilibrada destes, 
como o estabelecimento das quantidades de bens e serviços a serem produzidos e as quantidades 
de recursos de produção a serem utilizados no processo produtivo.
A Matemática, por sua vez, nos permite demonstrar através de gráficos e fórmulas importantes 
princípios e conceitos das relações econômicas. A Matemática permite também detalhadas 
análises sobre modelos econômicos teóricos e práticos, utilizando para tanto recursos de 
simulação e simplificando situações complexas a um pequeno grupo de variáveis.
A interação entre Economia e Matemática é tão forte que existe uma área de estudos em que 
os modelos são quantificados, denominada “Econometria”, uma combinação de Estatística, 
Matemática e Economia.
31
A Economia não possui tantas relações de exatidão quanto a Matemática, pois se assim fosse 
seria plenamente previsível. Na Economia, os números aprendem, pensam, reagem, projetam, 
fingem e são substituídos pelo ser humano com todos as suas qualidades e defeitos.
Mas, ainda assim, a Economia apresenta situações matemáticas com algumas relações que 
podem ser consideradas invioláveis, tais como:
• O consumo nacional é diretamente proporcional à renda nacional;
• As quantidades de bens e serviços demandadas são inversamente proporcionais aos seus 
preços;
• A taxa de câmbio influi diretamente no volume de importações e exportações de bens e serviços.
Na relação entre a Matemática e a Economia, você precisa estar ciente de que a Matemática é 
um instrumento a serviço da Economia. É uma ferramenta que permite provar as hipóteses da 
Economia, sendo apenas um meio, e não um fim em si mesma.
Quando você estiver tratando de fatos econômicos, utilize a Matemática para auxiliá-lo na 
tomada de decisão, mas jamais faça com que ela seja predominante, pois você precisará levar 
sempre em consideração as relações humanas.
Faça uma pesquisa sobre “consumo nacional“ e “renda nacional“. Você seria capaz de 
estabelecer uma relação matemática entre esses dois componentes econômicos.
NÓS QUEREMOS SABER!
• A Economia e o Direito
Segundo Rossetti (1994), nenhuma ordem econômica é possível sem que o Direito limite as 
liberdades em função das responsabilidades recíprocas, solucionando claramente os conflitos 
potenciais observados.
Tal afirmação resume a forte interação entre a Economia e o Direito. Todas as ações econômicas 
envolvem as pessoas, as empresas e o governo. Como esses protagonistas possuem interesses 
diferentes, surgem as áreas de conflitos potenciais.
A própria liberdade de concorrência entre as empresas, a autorregulação do mercado, 
as liberdades de escolhas individuais, o consumo e a acumulação de riquezas devem ser 
regulamentados pela ordem jurídica que opera para conciliar os interesses, coibir abusos e 
delimitar as responsabilidades.
Compete à legislação situar o homem, a atividade empresarial e a sociedade no bojo da política 
e do meio ambiente, indicando os direitos e responsabilidades das partes e impondo os limites 
dentro dos quais a liberdade de ação pode ser praticada sem que a outra parte seja prejudicada.
Historicamente, pode-se afirmar que as relações entre a Economia e o Direito ganharam um 
novo status a partir da Segunda Guerra Mundial. Na França instituiu-se a disciplina de estudos 
Direito Econômico na Universidade de Paris, e tal fato acabou por gerar ações semelhantes na 
Itália e na Alemanha. 
32 Laureate- International Universities
Visão Geral das Questões Econômicas Fundamentais
Mas foi somente com o fim do liberalismo e o início da ordem econômica dirigida pelas áreas 
governamentais que se ampliou a legislação sobre atividades econômicas. Tal fato foi decisivo 
para a aproximação dos conceitos do Direito e da Economia, superando barreiras que os 
mantinham afastados e aumentando as relações de interdependência.
O CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) é o órgão responsável por 
zelar pela livre concorrência na economia brasileira. Nesse contexto, uma de suas 
funções práticas é julgar os processos relativos a operações de fusões e aquisições. Você 
saberia dizer o porquê? 
NÓS QUEREMOS SABER!
33
Neste Capítulo, você aprendeu os conceitos da Economia e como funciona a Curva 
das Possibilidades de Produção.
Você também conheceu os problemas econômicos fundamentais, resumidos por: “O 
que produzir?”; “Quanto produzir?”; “Como produzir?” e “Para quem produzir?”. 
Ao estudar os grandes pensadores da Economia e conhecer um pouco sobre as 
teorias econômicas desenvolvidas ao longo da história da humanidade, você tomou 
contato com questões como a influência da Economia nas atividades humanas, 
bem como as questões como a escassez de recursos. 
Um ponto importante é a decisão entre a livre iniciativa ou a interferência do 
Estado na Economia, entendendo os conceitos do keynesianismo, que propõe a 
interferência governamental para recolocar a economia de uma nação no rumo 
do desenvolvimento em períodos recessivos provocados pelo esgotamento da livre 
iniciativa.
Finalmente, estudou o relacionamento da Economia com outras áreas do 
conhecimento e qual a influência de cada uma dessas áreas nas decisões de cunho 
econômico.
É importante que você faça algumas reflexões sobre o material estudado, 
principalmente nos assuntos destacados nos “boxes de conteúdo”.
Aconselho a releitura especialmente das dicas, pois isso facilitará seu desempenho 
nos demais temas do curso e nas demais unidades de ensino.
Sucesso!
SínteseSíntese
34 Laureate- International Universities
Visão Geral das Questões Econômicas Fundamentais
35
Introdução
Neste Capítulo, você terá contato com os conceitos de microeconomia e com a Teoria dos 
Preços. Você vai aprender os fatores que influenciam a composição do preço de venda dos 
produtos do ponto de vista da economia e da contabilidade. Também vai estudar as principais 
teorias econômicas que formam os preços no mercado e a importância da demanda, da oferta 
e da elasticidade. Você ainda terá contato com o funcionamento de mecanismos de interferência 
no mercado por parte do governo e com a questão das estruturas do mercado. O principal 
objetivo deste texto é lhe propiciar conhecimentos suficientes para que você tome decisões 
quando estiver diante de conjecturas mercadológicas ou financeiras, especialmente quanto a 
questões de variação de oferta e demanda.
Capítulo 2Microeconomia
Microeconomia
36 Laureate- International Universities
1 Conceito de microeconomia
No primeiro Capítulo, você aprendeu que a economia é a ciência que visa compreender o 
processo de alocação dos recursos escassos, de modo a satisfazer as necessidades humanas. 
Também constatou, por meio do fluxo circular da renda, que esse processo ocorre de maneira 
ininterrupta e por meio do estabelecimento de relações entre dois agentes econômicos (firmas e 
famílias) nos mercados de fatores de produção e de bens e serviços. 
No entanto, como já discutimos, essas relações ocorrem estabelecendo um fluxo monetário. Esse, 
por sua vez, se dá mediante o estabelecimento de preços: quando nos referimos ao mercadode fatores, o preço do trabalho, por exemplo, é o salário; quando nos aludimos ao mercado de 
bens, temos os preços dos produtos em si. 
Agora você se pergunta: como se estabelecem preços nos mercados através dessas relações?
Trazendo para uma visão mais prática, por que mão de obra qualificada e rara tende a receber 
salários mais elevados? Por que a água, um bem tão essencial à vida, é barata quando comparada 
a outros bens supérfluos? Por que produtos diferenciados tendem a ter preços mais elevados? 
Todos esses questionamentos que envolvem a formação de preços buscam na microeconomia 
seus fundamentos e respostas. Mas, para respondê-los, precisamos nos voltar às relações entre 
os agentes, entendendo como cada um toma suas decisões. Daí estendemos à problemática 
microeconômica o processo decisório de cada agente econômico.
No mercado de bens e serviços, as famílias assumem o papel de consumidoras, enquanto as 
firmas são as ofertantes/produtoras. Logo, a microeconomia busca compreender a maneira 
como esses agentes se relacionam em diferentes estruturas de mercado1, de modo a formar 
preços. Por exemplo, não parece razoável supor que um monopólio tende a ter preços mais 
elevados do que os mercados concorrenciais?
Imagine, por exemplo, se você for comprar um cachorro-quente em um show fechado, onde há 
apenas uma barraca de comida. Natural que o preço que você irá pagar seja mais elevado do 
que na saída do show, onde haverá diversas barracas concorrendo entre si.
Por fim, quando fizermos a análise da eficiência desse processo, observaremos que naqueles 
mercados com preços mais elevados há menor acesso dos consumidores às mercadorias, o que 
significa que menos necessidades estão sendo satisfeitas. Em outras palavras, será que podemos 
considerar a alocação dos recursos produtivos mais eficiente em estruturas de mercado mais 
concentradas? Quais são as formas de intervenção do governo nesse processo de alocação? 
Quando a intervenção resultará em maior eficiência?
Portanto, segue um breve resumo das principais vertentes de estudo da microeconomia:
37
Processo decisório 
dos agentes 
econômicos
Interação dos 
agentes -
Mercados
Análise de
eficiência
Como os consumidores escolhem gastar sua renda em 
cestas de bens?
Como as empresas escolhem produzir uma certa 
quantidade de bens que maximizem seu lucro?
Como se formam os preços nas diferentes estruturas de 
mercado?
As tomadas de decisão levaram a uma alocação 
eficiente dos recursos produtivos?
Quais os impactos da ação do Estado no mecanismo 
de mercado?
Figura 1 – De que trata a microeconomia? Fonte: Autor.
Como o objetivo de qualquer ciência, seja ela pura ou social, é prever o comportamento dos 
fenômenos avaliados, o intuito da teoria microeconômica está em fornecer um instrumental capaz 
de prever o comportamento dos agentes econômicos, bem como os movimentos dos preços.
Para realizar esse processo, os autores do chamado mainstream econômico se valem de 
teorias e modelos, os quais são simplificações de uma realidade bastante complexa e utilizam 
um instrumental matemático para sua representação. Você já deve ter notado isso através da 
construção da CPP.
Todo modelo exige que você molde as condições nas quais ele será testado, ou seja, os 
pressupostos nos quais irá se fundamentar a teoria apresentada. Seguem, portanto, alguns dos 
pressupostos da análise microeconômica que utilizaremos ao longo da exposição do conteúdo 
deste Capítulo:
1.1 Pressupostos básicos da análise microeco-
nômica
1.1.1 Coeteris paribus – e tudo o mais constante
Imagine que você é um sorveteiro que atua na Praia da Enseada, no Guarujá, e precisa prever 
a quantidade de sorvetes de cada sabor que levará em seu carrinho. Seu processo de previsão 
deverá levar em consideração diversos fatores que influenciam a demanda de sorvete: quanto 
custa o meu sorvete? Quanto custa o queijo coalho e o chá mate? A praia estará cheia? Está 
quente? Está chovendo? As pessoas preferem sorvetes de frutas ou de chocolate nessa região?
Enfim, uma série de questionamentos lhe ajudará a prever a quantidade necessária para um dia 
Microeconomia
38 Laureate- International Universities
de trabalho. No entanto, em termos científicos, é absolutamente importante que você consiga 
detectar de maneira isolada quanto cada um desses eventos impactam sua demanda.
Por exemplo, se estiver quente, quanto mais sorvete eu vendo, mantenho todos os outros fatores 
que afetam a minha demanda constantes? Esse processo de isolar fenômenos para que se 
descubra a verdadeira relação de causa-consequência das variáveis é cientificamente chamado 
de coeteris paribus (todo o restante permanecendo constante). 
1.1.2 Preços relativos
Quando você precisa decidir se irá comprar suco ou refrigerante em uma refeição que esteja 
realizando fora de casa, por exemplo, você normalmente compara os preços e analisa suas 
preferências. Por exemplo, se você prefere refrigerante, mas o suco está mais barato, talvez 
escolha o suco. Dessa forma, suas decisões de compra em relação a um bem não dependem 
somente do preço dele, e sim do preço de bens relacionados à sua escolha.
Nesse sentido, o preço relativo, que nada mais é do que o preço de um bem em relação a outro, 
tem um papel muito mais importante para análise microeconômica do que o preço absoluto dos 
bens (preço de uma mercadoria). 
Outro exemplo prático desse tipo de análise se dá na seguinte situação: se o preço da gasolina 
cair 15% e a queda for acompanhada também pelo preço do etanol, ou seja, o preço do etanol 
também cair 15%, nada deverá acontecer no mercado. Porém, se apenas o preço da gasolina 
cair, haverá uma redução automática na demanda do etanol e um consequente aumento na 
demanda da gasolina. Nesse caso, apesar de o preço do etanol se manter estável, seu preço 
absoluto não aumentou e seu preço em relação à gasolina teve um aumento de 15%, o que 
provocou a queda na demanda do produto.
1.1.3 Princípio da racionalidade
Agora que já compreendemos alguns pressupostos do processo analítico da microeconomia, é de 
fundamental importância que fique estabelecido o que norteia o processo decisório dos agentes. 
Nos exemplos abordados, o que norteia a decisão de quantos sorvetes de cada sabor levar no 
carrinho? O que faz com que você escolha suco no lugar de refrigerante?
Na medida em que o mainstream econômico fundamenta-se nos princípios filosóficos utilitaristas, 
estabeleceremos que toda e qualquer decisão de um agente econômico sempre visará maximizar 
sua satisfação e minimizar o sofrimento. Assim, estaremos supondo que esse agente econômico 
é racional em suas escolhas.
Quando nos atemos à escolha do consumidor, toda decisão visará maximizar sua satisfação 
com o consumo da mercadoria. Esse processo de escolha que maximiza a satisfação, por sua 
vez, deverá ser moldado pelas preferências que este tem pelos bens, bem como pela restrição 
orçamentária com que ele se defronta. 
Quando aplicamos o princípio da racionalidade às firmas, o processo decisório passa a visar à 
maximização dos lucros, ou seja, a definição de uma quantidade a ser produzida que torne o 
hiato entre receita e custo o maior possível. 
Na prática, observamos que muitas das decisões de curto prazo das firmas não maximizam o 
lucro. Por exemplo, você pode optar por reduzir lucros para conquistar uma parcela de mercado 
maior. Ou, ainda, elevar custos no curto prazo para reformular o negócio e, com isso, elevar a 
lucratividade esperada no futuro. De qualquer forma, esse pressuposto parece bastante razoável 
para um cenário de longo prazo.
39
2 Demanda, oferta e equilíbrio de 
mercado
Você já parou para pensar como caracterizar um mercado? De acordo com Pindyck e Rubinfeld 
(2006, p. 7), o mercado é o “grupo de compradores e vendedores que, por meio de suas 
interações efetivas ou potenciais, determinam o preço de um produto ou de um conjunto de 
produtos”.
Nesse sentido, a oferta e a demanda são os principais fatores de influência do mercado.Talvez 
existam poucas coisas que influenciem mais o nosso dia a dia do que a oferta e a demanda. 
Elas influenciam desde o nível dos preços dos alimentos até os nossos salários ou o lucro das 
empresas, bem como o volume da produção das empresas, o volume das vendas e a velocidade 
de geração de empregos.
Mas o que significa demanda? Demanda nada mais é do que a uma representação do quanto os 
consumidores desejam demandar de um bem para cada nível de preço específico. A representação 
gráfica desse conceito é dada pela curva de demanda. Trabalharemos melhor esses conceitos a 
seguir.
E o que significa oferta? Se demanda é desejo de aquisição, oferta é a disposição do produtor 
em produzir os bens para o mercado. Naturalmente, essa disposição em ofertar também tem uma 
relação direta com o preço do bem. Nesse sentido, sua representação gráfica é estabelecida por 
meio da curva de oferta. 
Se as definições de oferta e demanda relacionam quantidades (a serem demandadas e/ou 
ofertadas) com os possíveis preços que o bem em questão pode ter, a representação gráfica do 
mercado levará em conta essas duas variáveis para a sua composição. Veremos a seguir com 
maior detalhe esses pontos.
2.1 Demanda
Agora que você já sabe ao menos superficialmente o que significam oferta e demanda, e 
como esses elementos influenciam os estudos do mercado e nossa vida particularmente, vamos 
aprofundá-los mais e estabelecer a relação entre ambos.
Vamos iniciar pela demanda, fator que está mais ligado a você enquanto consumidor. Você age 
como consumidor toda vez que se dirige ao mercado para adquirir bens e serviços que deseja ou 
necessita. Essa ação é corriqueira na nossa vida, não é mesmo?
Você já viu anteriormente a definição de demanda, mas é sempre bom reforçar. A demanda é 
também chamada de procura, porém é preciso levar em consideração que essa igualdade dos 
termos é válida quando encaramos a demanda como desejo de consumo, e não como aquilo que 
é efetivamente demandado, pois existe a procura apenas para consulta, ou seja, o consumidor 
manifesta o desejo de obter um determinado bem, consulta as condições de aquisição e, por 
uma série de razões, não confirma a compra.
Todo consumidor tem a sua própria curva de demanda individual. Por sua vez, como um mercado 
é composto de um grupo de consumidores, se somarmos as curvas de demanda individuais de 
todos eles, chegaremos à curva de demanda do mercado.
Vamos compreender esses conceitos através de um exemplo prático. Imagine que Maria tem o 
seguinte desejo de consumo de sorvete de casquinha para cada preço possível:
Microeconomia
40 Laureate- International Universities
Tabela 1 – Escala de demanda de sorvetes de casquinha de Maria
Fonte: MANKIW, 2009, p. 66.
Figura 2 – Curva de demanda de Maria. Fonte: MANKIW, 2009, p. 66.
41
Conforme podemos observar, existe uma relação inversa entre a procura e o preço do bem, 
denominada Lei Geral da Demanda. 
É evidente que a demanda de Maria por sorvete (assim como de qualquer consumidor por 
qualquer bem) não é influenciada somente pelo preço. Seu desejo por adquirir sorvete muda 
com as estações do ano (o que caracteriza a sazonalidade), pelo local onde está (talvez queira 
consumir mais sorvete na praia), pelas suas preferências, pela sua renda etc.
Dessa forma, diversos estudos apontam que a demanda individual e de mercado de um bem é 
determinada da seguinte forma:
qdA = ƒ(PA, PS, PC, R, G), onde:
qdA = Quantidade procurada (demandada) do bem A em determinado período de tempo
PA = Preço do bem no período
PS = Preço do bem substituto no período
PC = Preço do bem complementar no período
R = Renda do consumidor no período
G = Gostos e preferências no período
Para entender a demanda individual e suas variáveis, vamos expor um outro exemplo: imagine o 
caso de um colecionador de discos de vinil chamado Paulo. Isso mesmo, aqueles discos pretos 
que seus pais, ou você mesmo, dependendo da sua idade, utilizavam para ouvir música. Quais 
fatores influenciam a decisão de compra do colecionador?
• Preço: se o preço do disco aumentar por unidade, provavelmente Paulo comprará menos 
discos. Essa relação é dada pela Lei Geral da Demanda e é bastante intuitiva: quanto mais 
barato o bem, mais se demanda dele, e vice-versa.
• Preço dos bens substitutos: imagine que o preço do vinil não se alterou, mas houve queda 
no preço do CD; ou, ainda, houve uma flexibilização das leis de direito autoral, de modo que 
está mais fácil e mais barato baixar música pela internet. É natural que Paulo agora migre 
parte de sua renda que antes era destinada à aquisição de vinis para esses tipos de bens. A 
magnitude dessa queda tem uma relação direta com a existência dos chamados bens subtitutos 
e a análise dos preços relativos. Assim, mesmo mantendo o preço do vinil constante, o fato de 
um bem substituto estar mais barato pressiona para baixo a demanda desses. Mas se a curva 
de demanda representa a procura para diferentes níveis de preços, e, nesse caso, não tivemos 
alteração do preço do bem que estamos analisando, a saber, vinil, como representamos esse 
evento graficamente?
Microeconomia
42 Laureate- International Universities
Figura 3 – Efeito da queda do preço do bem substituto. Fonte: Autor.
• Preço dos bens complementares: e se o preço das vitrolas diminuísse? Provavelmente Paulo, 
que é aficionado por vinis, compraria mais vitrolas, com diferentes características, e ficaria mais 
ansioso por demandar mais vinis. Nesse sentido, quando houver uma queda no preço de um bem 
complementar (bens que são consumidos conjuntamente), ocorrerá uma elevação da demanda do 
bem analisado. Assim como no caso do bem substituto, graficamente ocorrerá um deslocamento 
da curva de demanda, mas agora é preciso mostrar que houve elevação da demanda de vinil. 
Isso significa que o sentido do deslocamento será “para cima e para a direita”. 
• Renda: o que acontecerá com a demanda por discos de vinil se o colecionador perder o 
emprego? Não precisa pensar muito. Desempregado, certamente deixará de comprar discos de 
vinil. Se tiver sua renda diminuída por alguma razão, a demanda pelos chamados “bens normais” 
também diminuirá. Agora, existem bens que terão sua demanda aumentada com a redução 
da renda dos consumidores. São os chamados “bens inferiores”. Imagine o uso do serviço de 
transporte coletivo. Se as pessoas ficam desempregadas, elas deixam de utilizar o carro particular 
ou táxi e passam a adotar o ônibus.
• Gostos e preferências: imagine que a paixão de Paulo por vinis veio antes de ele descobrir que 
esse tipo de bem é altamente poluidor2. Depois de ler o estudo que chegou a tais conclusões, 
Paulo diminui seu desejo de compra; tal evento também será representado por um deslocamento 
da curva de demanda. Você saberia em qual sentido? Vale lembrar que a economia não tenta 
explicar os gostos dos consumidores, uma vez que isso pertence ao campo de estudo da psicologia 
e do marketing. Mas é importante entender o que acontece no mercado, em especial com a 
demanda, quando os gostos mudam.
2 Essa é uma suposição para trabalhar o exemplo; não há indícios reais dessa afirmação.
43
1. Por que quando o preço dos computadores cai, a demanda por softwares aumenta?
2. Por que quando o preço do café aumenta, a demanda por chá também aumenta?
NÓS QUEREMOS SABER!
Agora que você já sabe como a demanda se comporta em relação ao comportamento do 
consumidor, já está em condições de responder à seguinte propositura:
• Qual a diferença entre o aumento da demanda e o aumento da quantidade demandada?
A demanda individual estabelece o quanto um único consumidor deseja demandar de um bem 
para cada possível preço. Isso significa que a efetivação depende do estabelecimento de um nível 
de preços, ou seja, a quantidade demandada só ocorre depois de se estabelecer um preço para 
esse bem. 
No exemplo apresentado de Maria, vemos que quando o preço da casquinha chega a $3,00, 
Maria não está mais disposta a adquirir aquele bem. Ouseja, quando o preço é $3,00, a 
quantidade que Maria irá consumir é igual a zero. Em compensação, quando o preço for $1,50, 
Maria demandará 6 sorvetes. 
No entanto, será que podemos afirmar que essa relação entre desejo e efetivação de consumo 
deverá ser igual para todos os consumidores desse mercado? Aqui entra em questão a distinção 
entre demanda individual e de mercado. Conforme vemos na tabela 2, o João ainda demanda, 
mesmo que apenas 1 unidade, sorvete quando o preço é $3,00.
Tabela 2 – Demandas individuais e do mercado de sorvetes de casquinha
Fonte: Adaptado de MANKIW, 2009, p. 67.
Microeconomia
44 Laureate- International Universities
Demanda de Maria Demanda de João Demanda de Mercado
Figura 4 – Curvas de demanda individual e de mercado. Fonte: Adaptado de MANKIW, 2009, p. 67.
2.2 Oferta
Mas existe também outro fator de influência do mercado tanto quanto a demanda: a oferta. 
A demanda trata dos consumidores, e a oferta cuida dos fabricantes e vendedores. Conforme 
discutimos inicialmente, toda tomada de decisão do ofertante vem no sentido de maximizar o seu 
lucro. O lucro (π), por sua vez, é a diferença entre Receita Total (R) e Custo Total (C).
π = R – C, onde:
R = P x Q, onde Receita Total é o montante de unidades monetárias que decorre da venda do 
bem, ou seja, a quantidade vendida (Q) multiplicada pelo Preço (P).
Se quanto maior o lucro, maior a disposição em ofertar mercadorias, temos que toda vez que 
o preço se eleva, coeteris paribus, há uma maior disposição em ofertar bens, pois o lucro por 
unidade de produto aumenta. A partir dessa lógica, surge a Lei Geral da Oferta, que estabelece 
uma relação direta entre preço e quantidade ofertada: quando o preço de um bem aumenta, a 
quantidade ofertada desse mesmo bem também aumenta, e vice-versa.
Assim, graficamente teremos uma curva que relaciona preço e quantidade ofertada, mas cujo 
formato é positivamente inclinado, refletindo essa relação positiva entre as variáveis:
Fonte: MANKIW, 2009, p. 72.
Tabela 3 – Escala de oferta de sorvetes de casquinha
45
2. ... aumenta a quantidade ofertada
de sorvetes de casquinhas.
1. Um
aumento
no preço...
Preço do
Sorvete de
Casquinha
Quantidade
de Sorvetes de Casquinha
Figura 5 – Curva de oferta de sorvetes de casquinha. Fonte: MANKIW, 2009, p. 72.
Assim como a demanda, a oferta tem seus determinantes:
qOA = ƒ(PA, Pi, T, E), onde:
qOA = Quantidade ofertada do bem A em determinado período de tempo
PA = Preço do bem no período
Pi = Preço do insumos/fatores de produção
T = Tecnologia
E = Expectativa futura 
Para que você entenda melhor, imagine que é o diretor geral da Discos Copacabana, um 
fabricante de discos de vinil. O que iria determinar a quantidade de discos de vinil que você fosse 
produzir ou vender? Você somente teria condições de responder a essa pergunta após analisar 
os determinantes citados da oferta:
• Preço: imagine que o preço do disco de vinil está elevado e proporcionando excelentes ganhos 
sob a forma de lucros. Isso o incentivará a adquirir mais máquinas, contratar mais operários e 
trabalhar initerruptamente no sentido de produzir mais e poder ofertar mais discos. Mas, se por 
alguma razão, o preço do disco de vinil diminuir e o produto deixar de ser lucrativo, isso fará com 
que você fique desestimulado a produzir e o levará a produzir cada vez menos até que o negócio 
se encerre. Basicamente, esta é a “Lei da oferta”. 
Microeconomia
46 Laureate- International Universities
• Preço dos insumos: é claro que, para produzir discos, você utiliza vários tipos de insumos: vinil, 
papel, prensas, prédio onde funciona a fábrica, mão de obra dos funcionários etc. Quando o 
preço de um desses insumos aumenta e a empresa não consegue repassar o aumento para o 
consumidor, a operação se torna menos lucrativa e você menos motivado a produzir, diminuindo 
assim a oferta. Como representar isso graficamente? Deslocando a curva de oferta!
• Tecnologia: o uso de equipamentos mais sofisticados aumenta a produtividade das empresas 
através da redução da dependência do homem nas etapas produtivas. Esse aumento de 
produtividade se dá por meio da redução de custos e, nesse caso, vem acompanhado de um 
aumento da lucratividade. Isso vai motivar a produzir mais, aumentando a oferta dos discos.
• Expectativas: imagine que você, de alguma forma, identificou a possibilidade de aumento nos 
preços futuros do disco de vinil. O que faria? Poderia investir em melhorias da produtividade (em 
capital) para que possa reduzir ainda mais seus custos de produção, de modo a ter um lucro 
futuro ainda melhor. No entanto, se você acreditar que esse mercado está fadado à estagnação, 
talvez decida reduzir suas operações, de modo a investir esses recursos em outra atividade mais 
promissora. No caso exposto, a diferença entre tecnologia e expectativa se dá em relação ao 
horizonte temporal. A mudança tecnológica traz alterações no curto prazo; no entanto, uma 
decisão de investimento em tecnologia se refere a um horizonte temporal de longo prazo.
Assim como na demanda, a oferta pode ser representada individualmente, isto é, por firmas, 
ou pelo somatório das firmas, compondo a oferta de mercado. Imaginemos que, no caso dos 
sorvetes, uma determinada região seja abastecida pelas firmas Ben e Jerry. Assim, teremos:
Fonte: MANKIW, 2009, p. 73.
Tabela 6 – Escalas de oferta de Ben, Jerry e mercado
47
Figura 6 – Curvas de oferta individuais e de mercado.Fonte: MANKIW, 2009, p. 73.
Até aqui, você já aprendeu sobre oferta e demanda e tem plenas condições de entender como 
uma funciona em relação à outra, bastando para tanto estabelecer um comparativo entre os 
fatores de influência de uma e de outra.
Mas, em todos os casos estudados, utilizamos o raciocínio da coeteris paribus, ou seja, fixamos 
todas as variáveis e analisamos apenas uma isoladamente. Porém, o mercado não se comporta 
dessa forma, e todas as variáveis, tanto da demanda quanto da oferta, agem ao mesmo tempo. 
Assim, vale o conceito de oferta de mercado e demanda de mercado.
1. Você acha que as mudanças na oferta e as mudanças na quantidade ofertada são a 
mesma coisa?
2. Você acha que o aumento da demanda e o aumento da quantidade demandada são 
a mesma coisa?
NÓS QUEREMOS SABER!
2.3 Equilíbrio de mercado
Sob um olhar mais superficial, oferta e demanda parecem estar em lados opostos, divergindo 
sempre. Se o consumidor sempre estiver à procura do menor preço e o produtor sempre desejar 
o maior lucro, como chegar a um meio-termo entre situações tão diferentes?
Se você colocar em um gráfico as curvas de demanda e de oferta, o cruzamento das duas é 
o ponto de equilíbrio do mercado. Observe que o ponto de cruzamento das duas curvas, o 
ponto de equilíbrio, reflete que os consumidores desejam adquirir exatamente as quantidades 
que os produtores estão dispostos a vender. Nesse ponto não existe excesso ou escassez, e sim 
convergência de desejos.
Microeconomia
48 Laureate- International Universities
Figura 7 – Equilíbrio de mercado de sorvetes de casquinha. Fonte: MANKIW, 2009, p. 76.
Os preços são os responsáveis por carregar a economia ao ponto de equilíbrio de forma natural. 
Quando existe excesso de oferta, os vendedores com maiores volumes de estoques serão forçados 
a diminuir os preços para aumentar a concorrência pelos consumidores. Por outro lado, quando 
há excesso de demanda, ou seja, muitos consumidores procurando produtos escassos, eles são 
obrigados a pagar mais para obtê-los.
Preço do
Sorvete de
Casquinha
Preço de Equilíbrio Equilíbrio
Oferta
$2,00
Demanda
Quantidade de Sorvetes de Casquinha
Quantidade 
de Equilíbro
Preço acima do 
preço de equilíbrio:
Oferta > Demanda,
isto é, excesso de 
oferta
Preço acima do 
preço de equilíbrio:
Oferta > Demanda,
isto é, excesso de 
oferta
Figura 8 – Desequilíbrios de mercado. Fonte: Adaptado de MANKIW, 2009, p. 77.
49
Temos, aqui, uma representação do conceito da “mão invisível” de Adam Smith, que parece 
“empurrar” o mercado,sem qualquer interferência do governo, rumo ao ponto de equilíbrio, não 
é mesmo? Pois é, essa “mão invisível” atende pelo nome de mecanismo de preços.
Mas nem tudo no mercado é festa. Você precisa entender que o equilíbrio é muito volátil, e 
qualquer detalhe pode tirar o mercado do equilíbrio. Imagine se os consumidores tiverem um 
aumento de renda. Isso será suficiente para desequilibrar o mercado.
Você consegue representar graficamente o impacto para o equilbrio de mercado, a 
saber, preço e quantidade, de uma alteração de cada um dos determinantes da oferta e 
da demanda, estabelecendo a hipótese coeteris paribus?
NÓS QUEREMOS SABER!
3 Interferência do governo
Os governos, são capazes de afetar a economia através da formulação de políticas que afetam 
tanto a esfera microeconômica, ou seja, a decisão dos agentes e os mercados, bem como a 
macroeconomia.
Com a missão de evitar o uso abusivo do poderio econômico de algumas empresas sobre o 
mercado, o governo adota algumas ações que influem diretamente no equilíbrio da oferta e da 
demanda.
Naturalmente, a demanda de mercado em baixa desmotiva o investimento, diminuindo a 
oferta de mercado e gerando desemprego, que, por sua vez, diminui ainda mais a demanda, 
impulsionando a economia como um todo para uma espiral descendente.
Nessa situação, o governo adota medidas de incentivo à demanda de mercado, por exemplo, a 
ampliação do crédito. Esse fator, por sua vez, altera a renda disponível para consumo. Ou seja, 
reflete no deslocamento da curva de demanda. No outro extremo do mercado, o governo pode 
agir oferecendo subsídios para que o produtor se motive a investir, aumentando, assim, a oferta. 
Vamos abordar a seguir algumas formas de intervenção, com foco no entendimento dessas ações 
no equilíbrio de mercado. A partir dessa análise, vamos compreender por que o mainstream 
econômico é a favor da intervenção mínima do Estado nos mercados competitivos (mercados 
onde não há concentração).
3.1 Políticas de controle de preços
Visando atender aos anseios de um agente econômico, firmas ou consumidores, o governo pode 
estabelecer artificialmente o preço de um mercado por meio de medida provisória. Dessa forma, 
vamos avaliar os impactos do estabelecimento de preços máximos e mínimos. 
3.1.1 Preços mínimos
Quando o governo estabelece a obrigatoriedade de um preço mínimo, ele quer forçar o mercado 
a comprar uma determinada mercadoria a partir de um preço. Na medida em que os preços 
flutuam quando há desequilíbrio entre oferta e demanda, o estabelecimento de preços mínimos 
Microeconomia
50 Laureate- International Universities
só fará sentido quando estes estiverem acima do preço de equilíbrio.
Para que você entenda o porquê, imagine que o governo estabeleça um preço mínimo abaixo do 
preço de equilíbrio. Nesse caso, haverá excesso de demanda, o que fará com que os produtores 
encontrem margem para elevar os preços. Nesse sentido, o preço tenderia naturalmente ao preço 
de equilíbrio. No entanto, se o governo estabelecer o preço mínimo acima do preço de equilíbrio, 
haverá um excesso de oferta, que não poderá ser resolvido pela queda dos preços. Ou seja, a 
imposição de um preço mínimo, apesar de ajudar o lado do produtor, tende a reduzir o acesso 
dos consumidores a esse bem, gerando inclusive estoques que não conseguem ser escoados. 
Vejamos este exemplo através de uma medida prática: imposição de um salário mínimo. Na 
medida em que salário é o preço da mão de obra, vamos transpor o mercado de bens e serviços 
para o mercado de trabalho. No mercado de trabalho, os responsáveis pela oferta são os 
trabalhadores, ao passo que a demanda é representada pelas firmas. 
Imaginando que o salário de equilíbrio da nossa economia fictícia seja igual a $ 700,00. Com 
esse salário, o nível de emprego corresponde a 1.500 postos de trabalho. Visando melhorar as 
condições da classe trabalhadora, o governo impõe um salário mínimo de $ 965,00.
700,00
1.500
Excedente de 
mão de obra 
(desemprego)
Oferta de 
mão de obra
Demanda de 
mão de obra 
Quantidade de 
mão de obra 
Quantidade de 
mão de obra 
Quantidade 
demandada
Quantidade 
ofertada
Salário 
mínimo
Oferta de 
mão de obra
Demanda de 
mão de obra 
Figura 9 – Efeitos da imposição de salário mínimo no mercado de trabalho.
Fonte: Adaptado de MANKIW, 2009, p. 121.
Note que, mesmo que a intenção fosse melhorar as condições da classe trabalhadora, na 
realidade, tal medida repercutiu em uma redução dos postos de trabalho, pois agora as empresas 
estão empregando menos. Para entendermos melhor, vamos quebrar os impactos desse evento 
em dois:
No lado da oferta de trabalho, temos uma elevação da disposição em trabalhar; isso ocorreu, 
pois uma parcela da população, que antes optava, por exemplo, por estudar apenas, agora quer 
trabalhar em função dos salários mais atrativos. Concomitante a isso, a elevação dos salários 
aumenta os custos de produção das firmas, o que tende a diminuir a disposição em empregar. 
Nesse sentido, o número de postos de trabalho disponíveis se reduz. 
Logo, chega-se à conclusão que a medida gerou, na prática, desemprego, representado pela 
diferença entre oferta e demanda de trabalho.
51
3.1.2 Preços máximos
Conforme o raciocínio aplicado para o preço mínimo, só faz sentido o governo estabelecer 
artificialmente um preço máximo se este se situar abaixo do preço de equilíbrio. 
Imagine que o governo acredita que a escalada no preço dos aluguéis tem pressionado os 
custos de produção em diversos segmentos, bem como o custo de vida da população, o que tem 
pressionado a inflação dessa economia. Visando controlar esse movimento, o governo estabelece 
um preço máximo a ser cobrado pelos aluguéis. 
Em um cenário de curto prazo, como podemos observar na Figura 10, a oferta de imóveis não 
responde às alterações do preço. Isso significa que o excesso de demanda de imóveis para 
alugar mediante a imposição do preço máximo é menor do que em um cenário de longo prazo. 
Nesse horizonte temporal, as pessoas podem se desfazer dos imóveis, ou mesmo optar por não 
realizar novos lançamentos, aplicando o capital em outras fontes de renda. Isso significa que a 
manutenção desse tipo de medida tende a ser bastante desastrosa no longo prazo.
Figura 10 – Impacto do preço máximo no mercado de imóveis para locação.
Fonte: MANKIW, 2009, p. 118.
Ao longo da década de 1980 e início da década de 1990, o Brasil enfrentou uma grave 
espiral inflacionária. O governo, na ânsia de resolver o problema, lançou uma série de 
planos econômicos. Alguns desses planos, como o Plano Cruzado, estabelecia como 
medida de controle o congelamento de preços. 
O resultado foi bastante desastroso, com escassez de diversos produtos essenciais, como 
a carne bovina. 
Com base no instrumental teórico apresentado, você consegue explicar por que isso 
aconteceu?
NÓS QUEREMOS SABER!
Microeconomia
52 Laureate- International Universities
4 Conceito de elasticidade
Quando os preços de um determinado produto sobem, a demanda cai naturalmente e a oferta 
aumenta, mas será que todos os produtos estão sujeitos a essas leis? E a quantidade demandada 
cai com o aumento dos preços proporcionalmente para todos os produtos? 
Vamos explicar melhor: lembra-se do colecionador de discos? Você já sabe que um aumento 
no preço dos CDs diminui a quantidade demandada desse produto pelo colecionador. Suponha 
que um aumento de preço nos CDs reduziu a quantidade demandada em 25%. Agora, suponha 
ainda que o colecionador de discos goste muito de pizza. Será que um aumento no preço da 
pizza também causará uma redução da quantidade demandada de 25%?
Certamente, você irá concluir que tanto a pizza quanto os CDs serão menos consumidos, porém 
o impacto do aumento dos preços nos dois produtos causará efeitos diferentes nas quantidades 
demandadas.
Assim, elasticidade é a medida da intensidade da reação dos consumidores e dos vendedores 
e produtores às alterações na oferta e na demanda. É possível medir as respostastanto dos 
consumidores quanto dos produtores para as variações de preços, para a mudança da renda dos 
consumidores, para as mudanças tecnológicas etc.
Em razão de existirem vários fatores que afetam a demanda e a oferta, você vai encontrar 
diversas formas de calcular a elasticidade do mercado:
4.1 Elasticidade – Preço da demanda
Através da Elasticidade – Preço da demanda, você conseguirá calcular a intensidade da mudança 
da quantidade demandada para cada alteração de preço dos produtos. Você estará buscando 
a resposta para a questão: se o preço da pizza e o preço do CD aumentarem 20%, qual será a 
redução da quantidade demandada de cada produto individualmente?
O comportamento dos consumidores varia de um produto para outro, isto é, a Lei da Demanda 
não obedece ao mesmo perfil para todos os bens e serviços oferecidos pelo mercado, existindo 
uma Elasticidade – Preço da demanda para cada produto individualmente.
Determinar a elasticidade para um produto específico é uma tarefa relativamente fácil. Basta 
você dividir o percentual da queda da quantidade demandada pela percentagem do aumento 
de preço.
Elasticidade – Preço da demanda (Epd) = ∆%Qd/∆%P, onde ∆%Qd = variação percentual 
da quantidade demandada e ∆%P = variação percentual do preço.
Se você considerar que o preço da pizza subiu de R$ 40,00 para R$ 48,00 e que os consumidores 
diminuíram suas compras de 10.000 para 7.000 unidades por mês, então basta fazer os seguintes 
cálculos para encontrar a Elasticidade – Preço da demanda para a pizza:
∆%P = 30%
∆%Q = –20%
Epd = 30%/–20% = – 1,5  I Epd I = 1,5
Portanto, o valor da Elasticidade – Preço da demanda para a pizza é –1,5. Observe que esse 
53
é um número puro, pois não comporta unidade. Mais do que isso, na medida em que a Lei 
da Demanda estabelece um movimento inverso entre preço e quantidade, o resultado final da 
Elasticidade – Preço da demanda será sempre negativo, razão pela qual sua análise deverá ser 
realizada em módulo.
Outra observação interessante é que o número da Elasticidade – Preço da demanda é maior 
que 1, o que indica que a pizza é um produto elástico. Se o número da Elasticidade – Preço da 
demanda fosse menor que 1, indicaria que a pizza é um produto inelástico.
Como interpretamos esses números? 
• Toda vez que a variação percentual da quantidade for maior do que a variação percentual do 
preço, o valor da elasticidade será maior do que 1: 
 o I Epd I > 1: minha demanda responde mais do que proporcionalmente às 
alterações no preço. 
 o Interpretação do valor: Epd = 1,5  a cada 10% de variação do meu preço, a minha 
quantidade varia 15%. 
• Toda vez que variação percentual da quantidade for menor do que a variação percentual do 
preço, o valor da elasticidade será menor do que 1: 
 o 0 < I Epd I < 1: minha demanda responde menos do que proporcionalmente 
às alterações no preço. 
 o Interpretação do valor: Epd = 0,5  a cada 10% de variação do meu preço, a minha 
quantidade varia apenas 5%. 
• Toda vez que variação percentual da quantidade for exatamente igual à variação percentual do 
preço, o valor da elasticidade será igual a 1: 
 o I Epd I = 1: minha demanda responde proporcionalmente às alterações no 
preço. 
 
 o Interpretação do valor: Epd = 1  a cada 10% de variação do meu preço, a minha 
quantidade varia apenas 10%. 
• Toda vez que a minha demanda não responder às variações no preço, o valor da elasticidade 
será igual a 0: 
 o I Epd I = 0: minha demanda não responde às alterações nos preços.
 o Interpretação do valor: Epd = 1  a cada 10% de variação do meu preço, a minha 
quantidade varia apenas 0%. 
• Toda vez que a variação percentual da quantidade for infinitamente maior do que a variação 
percentual do preço, o valor da elasticidade tenderá ao ∞: 
 o I Epd I = ∞ : minha demanda responde muito intensamente aos preços.
 o Interpretação do valor: Epd = ∞ a cada 10% de variação do meu preço, a minha 
quantidade varia infinitamente.
Microeconomia
54 Laureate- International Universities
NÃO DEIXE DE VER...
Não deixe de pesquisar na bibliografia recomendada desta disciplina a representação 
gráfica dos diferentes tipos de elasticidade. 
É interessante notar que cada uma delas traz uma implicação para o formato das curvas 
de demanda, mais especificamente para a sua inclinação. 
Como regra geral, quanto mais elástica for a demanda, mais próxima da horizontal 
estará a curva; e quanto mais inelástica for a curva, mais próxima da vertical estará a 
curva.
4.1.1 Determinantes da Elasticidade – Preço da demanda
A magnitude da resposta da demanda em relação às alterações no preço, ou seja, a Elasticidade 
– Preço da demanda, depende de três fatores:
• Disponibilidade de bens substitutos: quando o bem é facilmente substituído por outro, 
qualquer alteração nos preços faz com que os consumidores reduzam drasticamente as 
quantidade demandadas do bem. Aqui, cabe uma reflexão acerca da importância das estratégias 
de diferenciação: quanto mais você torna o seu bem único, menos sensível ao preço se torna a 
sua demanda. Você consegue perceber?
• Essencialidade do bem: quanto mais essencial for o bem, menores serão as respostas às 
variações nos preços. Imagine, por exemplo, se o preço do sapato sobe. É natural que haja uma 
redução da demanda. No entanto, se o preço da insulina subir, os portadores de diabetes não 
poderão deixar de demandá-la. Logo, mesmo sem calcular a Elasticidade – Preço da demanda 
de cada um dos mercados, podemos afirmar com segurança que a insulina tem uma demanda 
mais inelástica do que os sapatos. 
• Importância do bem no orçamento do consumidor: quanto maior o peso do bem no 
orçamento do consumidor, maior tende a ser a elasticidade. Vamos refletir sobre a Elasticidade – 
Preço da demanda de automóveis. Na medida em que o financiamento de um veículo automotor 
tende a comprometer uma parcela relativamente grande do salário de um consumidor, a decisão 
de compra é mais facilmente influenciada pelo seu preço. Se houver elevação, talvez esse 
consumidor resolva aguardar os próximos meses para tomar a decisão de compra, aguardando 
melhores condições. Assim, na medida em que bens duráveis costumam ser mais caros do que 
bens de consumo, é possível inferir que eles são mais elásticos. 
4.2 Elasticidade – Preço da oferta
Por meio da Elasticidade – Preço da oferta, você conseguirá calcular a intensidade da mudança 
da quantidade ofertada para cada alteração de preço dos produtos. Como você já sabe, preços 
mais altos incentivam o produtor a aumentar a oferta, mas será que o fornecedor de pizza reage 
da mesma forma que o fabricante de CDs com a alta dos preços?
O cálculo da Elasticidade – Preço da oferta é semelhante ao cálculo da Elasticidade – Preço da 
demanda, porém, segundo a Lei da Oferta, o preço e a quantidade têm uma relação direta, ou 
seja, seu sinal será sempre positivo, não havendo necessidade de análise em módulo.
55
Considere que o preço do CD aumentou de R$ 40,00 para R$ 50,00, e isso motivou os fabricantes 
a elevarem a oferta de 100.000 para 130.000 unidades por mês. Agora, basta você fazer os 
cálculos a seguir para obter o número da Elasticidade – Preço da oferta:
∆%P = 25%
∆%Q = 30%
Eps = 1,2
Você pode concluir que a produção de CDs é elástica em relação ao preço, uma vez que 
apresenta um resultado ligeiramente superior a 1.
As interpretações da Elasticidade – Preço da oferta são iguais às da demanda, lembrando que 
agora a perspectiva está no impacto na quantidade ofertada:
Oferta
perfeitamente 
inelástica
Oferta
Inelástica
Oferta de 
elasticidade 
unitária
Oferta elástica Oferta
perfeitamente 
elástica 
Figura 11 – Elasticidade – Preço da oferta. Fonte: Adaptado de CARVALHO, 2015.
4.3 Elasticidade – Renda da demanda
Também é comum medir a intensidade da variação da demanda a partir das mudanças na renda 
do consumidor. A esse tipo de medida se dá o nome de Elasticidade – Renda da demanda. Esse 
tipo de medida serve para você identificar se um bem é normal, inferiorou de consumo saciado.
• Bem normal: demanda acompanha movimento da renda  Se renda aumenta, quantidade 
demandada também aumenta; se renda diminui, quantidade demandada também diminui;
• Bem inferior: demanda estabelece movimento contrário ao da renda  Se renda aumenta, 
quantidade demandada diminui; se renda diminui, quantidade demandada aumenta;
• Bem de consumo saciado: alterações na renda não alteram a demanda pelo bem. Exemplo: 
sal, papel higiênico etc.
O processo de cálculo é o mesmo das elasticidades já apresentadas, sendo sua base de cálculo:
Er = ∆%R/∆%Q, onde ∆%R = variação percentual da renda.
Logo, teremos:
Microeconomia
56 Laureate- International Universities
Quadro 1 – Classificação dos bens de acordo com a elasticidade-renda da demanda
Fonte: Adaptado de CARVALHO, 2015.
4.4 Elasticidade – Cruzada da demanda
A Elasticidade – Cruzada da demanda serve para verificar o impacto na demanda de um bem 
em função das alterações no preço de um outro bem. Portanto, serve para identificar se um bem 
será substituto ou complementar em relação a outro.
Você se lembra da relação entre o CD e o disco de vinil? Eles são produtos substitutos, pois o 
consumidor pode optar por um ou outro quando resolve adquirir arquivos musicais. Sendo assim, 
passa a ser lógico que as variações no preço de um dos produto afetem também a demanda do 
outro produto. E, mais do que isso, se a queda no preço do CD faz com que o preço do vinil fique 
relativamente mais caro, o movimento da demanda de vinil acompanhará o sentido da alteração 
no preço do CD. Isso sempre ocorrerá quando tivermos bens substitutos. 
Vamos compreender essa relação através do cálculo da Elasticidade – Cruzada da demanda.
EpAB = ∆%Qa / ∆%Pb , onde EpAB = Elasticidade – Cruzada da demanda do bem A; ∆%Qa = 
variação percentual na quantidade demandada do bem A e ∆%Pb = variação percentual no 
preço do bem B.
Conforme discutimos anteriormente, uma redução dos preços do CD implicou uma queda na 
demanda de vinil. Isso significa que as duas variações percentuais que entrarão na fórmula são 
negativas. Quando se divide um número negativo por outro negativo, o resultado final tende a 
ser positivo.
Como uma alteração no preço de um bem substituto gera o mesmo movimento na demanda 
do outro, chega-se à conclusão de que sempre que a Elasticidade – Cruzada da demanda for 
positiva, os bens em questão são substitutos.
EpAB > 0  bens substitutos.
No entanto, quando os bens são complementares, como o caso da vitrola e do vinil, o sentido 
do movimento do preço de um impacta de maneira inversa a quantidade demandada do outro. 
Considerando que o preço da vitrola caiu, a demanda por essa aumenta; se há mais vitrolas 
em circulação, há mais demanda por vinil. Ou seja, a redução no preço da vitrola aumentou a 
57
demanda por vinis. 
Portanto, quando o sinal de um termo da divisão é negativo, o outro será necessariamente 
positivo, implicando uma Elasticidade – Cruzada da demanda menor do que zero (negativa).
EpAB < 0  bens complementares.
Assim, o resultado da Elasticidade – Cruzada da demanda nos auxilia identificar o tipo de relação 
que dois bens podem ter entre si. 
5 Produção e custos
A chamada Teoria da Oferta da Firma Individual é dividida em Teoria da Produção e Teoria dos 
Custos de Produção. Essas teorias são fundamentais para a formação e a análise dos preços e 
para a alocação dos fatores de produção. 
A Teoria da Produção estuda a relação técnica entre as quantidades produzidas e os fatores de 
produção, enquanto a Teoria dos Custos de Produção foca o relacionamento entre as quantidades 
produzidas e os preços dos fatores de produção.
5.1 Teoria da Produção
Se você aprofundar uma pesquisa para entender melhor o que significa produção, vai descobrir 
que todos os especialistas concordam em um ponto: o conceito de produção é amplo e atinge 
todas as atividades humanas, não se restringindo apenas às atividades industriais, como pode 
parecer no primeiro instante. Assim, as atividades de serviços, atividades financeiras, atividades 
comerciais, atividades agrícolas e outras atividades também são consideradas atividades de 
produção.
A produção de bens perpassa combinar insumos de produção em estruturas produtivas, de modo 
a transformar insumos primários em bens finais. A forma como os insumos são combinados 
constituem os métodos de produção, que podem ser de mão de obra intensiva, tecnologia 
intensiva, capital intensivo etc.
O método de produção mais adequado é escolhido pela eficiência, podendo ser esta com 
ênfase tecnológica ou econômica. Um método é considerado tecnologicamente eficiente quando 
utiliza menos insumos que outros métodos para produzir quantidades de produtos ou serviços 
equivalentes. Já um método é considerado economicamente eficiente quando produz as mesmas 
quantidades de produtos ou serviços e é mais barato que outros métodos, ou seja, os custos de 
produção são menores.
Ao produtor cabe decidir “o que, como e quando produzir”, tomando por base as necessidades 
manifestadas do mercado consumidor. Assim, poderá variar a quantidade de inputs e provocar a 
variação das quantidades de outputs obtidas.
Nesse momento, entra em cena a “Função de produção”, tida como a relação técnica entre a 
quantidade inputs (fatores de produção) e a quantidade de outputs (produtos e serviços) em um 
determinado período de tempo.
Microeconomia
58 Laureate- International Universities
q = ƒ(L,K,T)
Onde: q = quantidade produzida por período de tempo
 L = mão de obra utilizada por período de tempo
 K = capital físico utilizado por período de tempo
 T = área utilizada por período de tempo
Para fins de simplificação, adotaremos que a quantidade a ser produzida dependerá de 
combinações possíveis entre capital e trabalho, somente.
5.1.1 Horizonte temporal
A definição de curto prazo e longo prazo não se dá de maneira linear entre os distintos mercados. 
Por exemplo, o que será um cenário de curto prazo para a Embraer e para a AmBev? Você vende 
com a mesma facilidade bebidas e aeronaves? O prazo para a entrega do produto final desses 
dois tipos de bens a partir da assinatura de um contrato é o mesmo? 
Como já era de imaginar, não podemos equalizar esses horizontes temporais simplesmente 
contando o tempo. Por isso, definiremos como curto prazo aquele cenário em que o tomador de 
decisão não consegue variar a quantidade de todos os insumos de produção dentro da função 
de produção, sendo obrigado a manter ao menos uma constante. 
Por exemplo, dentro da perspectiva do horizonte temporal de cada organização, nem AmBev, nem 
Embraer conseguem construir uma fábrica nova no curto prazo, portanto, estaríamos supondo 
que, em ambas, o capital é mantido constante dentro da função de produção. No entanto, 
para elevar a produção, é possível que se estabeleça um terceiro turno de trabalho nas suas 
fábricas. Nesse sentido, a produção se elevaria no curto prazo por meio da contratação de mais 
trabalhadores.
Vale ressaltar que o insumo que é fixo em um cenário de curto prazo não precisa ser, necessariamente, 
o capital, conforme o exemplo exposto. Peguemos como exemplo uma consultoria. Se encararmos 
que uma unidade de capital físico de uma consultoria seja um notebook, por exemplo, você 
consegue elevar a quantidade de capital quase que instantaneamente. No entanto, o componente 
da função que exige um prazo maior para elevação é justamente o trabalho: achar a mão de 
obra qualificada é mais difícil e demorado do que comprar o computador.
Em um cenário de longo prazo, contudo, as decisões preveem a possibilidade de alteração da 
quantidade de todos os insumos dentro da função de produção. Ou seja, podemos alterar a 
nossa capacidade de produção. 
Tenha esses conceitos bem sedimentados, pois eles dizem respeito tanto à Lei dos Rendimentos 
Decrescentes quanto à definição de Economia de Escala.
5.1.2 Lei dos Rendimentos Decrescentes
Antes que você mergulhe fundo na Lei dos Rendimentos Decrescentes, é bom quetrês conceitos 
sejam analisados: Produto Total, Produtividade Média do Fator de Produção e Produtividade 
Marginal do Fator de Produção:
• Produto Total: quantidade a ser produzida em um cenário de curto prazo;
• Produtividade Média do Fator de Produção (PMe): quanto cada unidade do insumo 
59
variável produz. Se considerarmos o trabalho como insumo variável, essa medida me diz o 
quanto cada unidade de trabalho3 gera de produto no processo produtivo. Assim, temos a 
produtividade expressa da seguinte forma: PMeL = q/L, onde PMeL = produtividade média do 
trabalho; q = quantidade produzida; L = quantidade de trabalho; e PMeK = q/K, onde PMeK 
= produtividade média do capital; q = quantidade produzida; K = quantidade de capital;
• Produtividade Marginal do Fator: medida que diz quanto a adição de uma unidade de 
insumo variável agrega no meu produto total. Ou seja, se eu quiser saber quanto elevarei minha 
produção ao contratar um funcionário a mais, por exemplo, terei de compreender a produtividade 
marginal desse trabalhador. 
Algebricamente temos: PMgL = ∆q/∆L, onde PMgL = produtividade marginal do trabalho; 
∆q = variação da quantidade produzida; ∆L = variação da quantidade de trabalho; e PMgK 
= ∆q/∆K, onde PMgK = produtividade marginal do capital; ∆q = variação da quantidade 
produzida; ∆K = variação da quantidade de capital.
Imaginando que nosso cenário de curto prazo é caracterizado pela quantidade fixa de máquinas, 
ou seja, capital, ao passo que o insumo trabalho é variável, você será confrontado com um dos 
principais conceitos da Teoria da Produção: a Lei dos Rendimentos Decrescentes. Por essa lei, 
você não poderá aumentar indefinidamente um determinado fator de produção, mantendo-se 
os demais fixos, com o objetivo de aumentar cada vez mais os rendimentos. Se você agir dessa 
forma, perceberá que, depois de algum tempo, a situação se inverte e você terá rendimentos 
decrescentes com a curva dos rendimentos apontando para zero.
Ou seja, não adianta você elevar indefinidamente a quantidade de trabalhadores: a produtividade 
deles está associada diretamente à estrutura física do seu negócio. Chega um dado momento 
que eles não têm mais condições de trabalho. Imagine que você tem um quiosque de café 
expresso: o capital representará a quantidade de máquinas de café expresso, e o trabalho, o 
número de atendentes.
Quando você contrata o primeiro atendente, tem um ganho bastante expressivo de produção: 
tanto o produto médio do trabalho quanto o marginal foram bastante positivos. Essa contratação 
fez com que você passasse a vender 60 cafés por hora. Empolgado, resolveu contratar um 
segundo atendente. Para sua surpresa, esse segundo atendente “adicionou” 80 cafés por hora, 
e agora você consegue servir, em uma hora, 140 cafés. Isso significa que o produto marginal foi 
de 80 cafés, e que, na média, cada atendente está servindo 70 cafés. 
Você poderia pensar que essa elevação da produtividade marginal decorre de um recurso 
produtivo melhor, ou seja, de um trabalhador mais capacitado para executar sua função. Vale 
ressaltar que a Teoria da Produção não prevê diferença na qualidade dos trabalhadores. Esse 
resultado acima da média anterior decorreu da melhor especialização dos recursos produtivos: 
enquanto você tinha somente um atendente, ele precisava tirar o pedido e servir o café. Com a 
contratação do segundo, os recursos puderam se especializar, de modo que agora um atendente 
somente retira pedidos (e fica cada vez melhor nessa função), ao passo que outro apenas serve, 
conferindo ganhos de produtividade.
No entanto, dada a limitação do espaço físico e das quantidades de máquinas de café disponíveis 
para operação, é possível que a adição de um terceiro trabalhador implicasse uma desaceleração 
3 É importante distinguir que eu posso mensurar o trabalho aqui de diferentes formas: hora de trabalho, quantidade de 
trabalhador alocado em um dia etc. A forma pela qual eu mensuro a unidade do insumo variável determinará a métrica do 
produto e produtividade: se mensuro por trabalhador/dia, meu produto total é dado por quantidade/dia; se mensuro por hora 
trabalhada, meu produto total será dado por quantidade/hora.
Microeconomia
60 Laureate- International Universities
da produção (ou seja, continua crescendo, mas a taxas cada vez menores). Quando o produto 
marginal de um trabalhador começa a apresentar valores cada vez menores é que observamos a 
incidência da Lei dos Rendimentos Decrescentes.
Esse fenômeno ocorre do esgotamento do fator de produção variável em produzir rendimentos. 
Você não pode contratar uma quantidade de pessoas indefinidamente, com o propósito de 
aumentar a produção, se não aumentar também os demais recursos. 
Quando o produto marginal do insumo variável se tornar negativo, teremos alcançado o valor 
máximo de produção da sua estrutura produtiva, de modo que a adição de insumos variáveis 
gera queda no produto total. 
É óbvio pressupor que em uma pequena, ou até mesmo média empresa, os diretores ou gerentes 
gerais jamais permitirão que a situação caminhe para o produto marginal negativo. Investir em 
instalações e em equipamentos é uma excelente alternativa para recolocar os rendimentos em 
ascendência novamente. Assim, basta transformar mais um dos fatores de produção em fator 
variável.
5.1.3 Rendimentos de escala
Os rendimentos são calculados a partir das variações na quantidade produzida pela variação 
da quantidade utilizada de todos os fatores de produção disponíveis. Nesse sentido, a empresa 
consegue inferir a melhor estratégia de crescimento em função de sua tecnologia de produção.
Mas quais são as razões que determinam a geração dos rendimentos crescentes em escala? Se 
você aprofundar uma pesquisa sobre o assunto, irá identificar pelo menos dois bons motivos que 
geram rendimentos crescentes em escala:
a) Com o crescimento da empresa e consequente aumento dos volumes de produção, torna-se 
necessária maior especialização no trabalho;
b) Alguns fatores de produção são indivisíveis, e, quando a empresa adquire um novo equipamento, 
ocorre um grande aumento da produção.
Assim, impulsionadas pela tecnologia ou pelo próprio mercado, as empresas procuram ganhar 
escala de produção, auferindo rendimentos de escala, que são classificados como determinado 
na Figura 12.
61
Figura 12 – Definição dos rendimentos. Fonte: VASCONCELLOS; GARCIA, 1998.
6 Custos de produção
Conforme já discutimos anteriormente, a maior parte dos dirigentes das empresas, grandes ou 
pequenas, toma suas decisões visando à maximização de lucros. 
Se o lucro é a diferença entre Receita e Custos, também podemos enxergar esse processo de 
maximização dos lucros através da minimização dos custos. 
Se você conhecer os preços dos fatores de produção, determinará com relativa facilidade o custo 
total de produção considerado ótimo para cada nível ou volume de produção. Assim, o custo 
total de produção é definido como o total dos gastos realizados pela empresa para utilizar uma 
combinação de fatores de produção e obter uma certa quantidade de produtos.
Assim, os custos totais de produção podem ser subdivididos em duas classificações:
a) Custos fixos totais: são todos aqueles que correspondem a parte dos custos totais que não 
dependem ou não variam em relação às quantidades produzidas ou vendidas;
b) Custos variáveis totais: são todos aqueles que correspondem a parte dos custos totais que 
dependem ou variam em relação às quantidades produzidas ou vendidas.
Na Teoria da Produção, os custos também são divididos em:
a) Custos totais de curto prazo: são os custos incorridos pelo uso de fatores fixos e fatores 
variáveis na produção de uma quantidade de produtos;
b) Custos totais de longo prazo: são os custos incorridos pelo uso unicamente de fatores variáveis 
Microeconomia
62 Laureate- International Universities
na produção de uma quantidade de produtos.
Agora, você saberia responder por que existe tanta classificação e reclassificação dos custos 
dessaforma? O dinheiro sai da empresa sob a forma de pagamentos de fatores de produção 
sempre?
Essas respostas não são triviais; os custos são divididos e subdivididos de várias formas para 
facilitar o empresário na tomada de decisão. A isso tudo juntam-se ainda os diversos pontos 
de vista que formam o conjunto de técnicas de gestão empresarial, como a contabilidade, a 
economia, as finanças etc.
As principais diferenças entre os diversos tipos de visão dos custos de produção são:
a) Custos de oportunidade versus custos contábeis
Os custos contábeis são os chamados custos explícitos, ou seja, aqueles que envolvem um 
desembolso monetário e representam um gasto efetivo da empresa no esforço produtivo, desde 
a aquisição de insumos e matérias-primas até o aluguel de imóveis para a produção.
Já os custos de oportunidade representam os valores dos insumos e matérias-primas usados no 
processo produtivo que não envolvem desembolso, pois pertencem à empresa. São os chamados 
custos implícitos e somente podem ser estimados para avaliar o que a empresa poderia ganhar 
se fizesse uso alternativo dos fatores de produção. 
Os custos de oportunidade não podem ser contabilizados no balanço da empresa, por exemplo, 
o capital que fica parado no caixa da empresa deixando de render como se fosse aplicado no 
mercado financeiro.
Somente se você considerar os custos de oportunidade somados aos custos contábeis, poderá ter 
ideia de quanto custa efetivamente para a sociedade o uso do recurso utilizado para a produção 
de bens e serviços.
b) Externalidades
As externalidades são os custos e benefícios impostos à sociedade como resultado da produção 
de bens e serviços pelas empresas, ou alterações nos custos e despesas da empresa devido a 
fatores externos.
Quando uma empresa gera benefícios para as demais sem receber nada em troca, atribui-
se o nome de externalidade positiva. Imagine o que acontece quando uma grande loja de 
departamentos se instala em um local de comércio de bairro. Toda a região acaba sendo 
valorizada, não é mesmo? A loja de departamentos trouxe um benefício para as demais lojas 
instaladas na região, porém não recebeu nada em troca.
Mas existe também a externalidade negativa, ou seja, quando uma empresa cria custos para 
outras sem pagar um centavo por isso. Por exemplo, uma empresa que polui as águas de um rio 
e impõe custos à sociedade no tratamento daquela água para fins de consumo doméstico.
Essas externalidades são reequilibradas com a aplicação de políticas fiscais adequadas, impondo 
multas ou subsídios sobre as fontes geradoras, subsídios para as empresas geradoras de 
externalidades positivas e multas para as empresas geradoras de externalidades negativas.
c) Custos versus despesas
Apenas do ponto de vista contábil é que existe uma distinção rigorosa entre custos e despesas. 
63
Para a contabilidade, custos são gastos relativos a um bem ou serviço utilizado na produção 
de outros bens e serviços, e despesas são gastos relativos a um bem ou serviço consumido 
direta ou indiretamente para a obtenção de receitas. Os custos têm uma conotação totalmente 
identificada com a produção, ao passo que as despesas estão mais associadas ao exercício 
social da empresa.
É possível classificar os custos em diretos e indiretos, fixos e variáveis, e as despesas em fixas 
e variáveis. Você poderá verificar que alguns custos podem ser diretamente apropriados aos 
produtos, bastando haver uma medida de consumo, sendo estes classificados como custos 
diretos com relação aos produtos.
Outros realmente não oferecem condição de uma medida objetiva, e qualquer tentativa de 
alocação deve ser feita de maneira estimada e muitas vezes arbitrária, por exemplo: o aluguel, a 
supervisão, as chefias etc. São os custos indiretos com relação aos produtos.
Observe que na Teoria Econômica não existem distinções tão acentuadas, uma vez que para a 
economia o conceito de custo fixo envolve as despesas financeiras, comerciais e administrativas. 
7 Maximização dos lucros
A Teoria Neoclássica propõe que as empresas tenham como objetivo maior a maximização do 
lucro, entendendo-se por lucro a diferença entre os valores apurados com a venda dos produtos 
(receita) e os custos de produção (gastos).
Com o objetivo de maximizar seus lucros, a empresa escolhe o nível de produção mais adequado, 
de tal forma que a diferença entre a receita total de vendas e o custo total de produção seja 
positiva e a maior possível.
Aqui cabe também o conceito de receita marginal, que é definido como o acréscimo na receita 
total, quando a empresa vende uma unidade adicional de produto. O custo marginal segue a 
mesma lógica, ou seja, é o acréscimo no custo total de produção quando a empresa produz uma 
unidade adicional de seu produto.
Acompanhe o raciocínio da maximização dos lucros. Imagine uma empresa com a produção 
posicionada, de tal forma que a receita marginal seja maior que o custo marginal. Nos casos em 
que isso acontece, o empreendedor tem interesse em aumentar a produção, pois um aumento de 
unidades produzidas representa um aumento nos seus lucros, uma vez que a receita marginal é 
maior que o custo marginal.
De forma análoga, o empreendedor irá diminuir a produção sempre que a receita marginal 
for menor que o custo marginal, o que significa que cada unidade que deixa de ser produzida 
aumenta seu lucro, uma vez que o custo marginal é maior que a receita marginal.
Consequentemente, a melhor escolha, ou seja, a escolha que proporciona a operação da 
empresa com lucro máximo, é aquela cuja receita marginal é igual ao custo marginal.
8 Estruturas de mercado
Você deve estar preocupado com nosso estudo, pois, até o momento, todas as suas conclusões 
foram tiradas dentro do mercado ideal, porém isso nem sempre espelha a realidade. Na verdade, 
existem vários tipos de mercado e, dentro deles, as coisas acontecem de forma diferente, 
especialmente as questões que influem no equilíbrio do mercado.
Microeconomia
64 Laureate- International Universities
Entre os mercados mais conhecidos, destacam-se:
• Concorrência perfeita: trata-se do modelo ideal, o qual estamos estudando até aqui. A 
formação do mercado de concorrência perfeita exige algumas premissas:
a) Grande número de produtores e consumidores: essa premissa impossibilita que qualquer 
parte imponha preços ao mercado. Os produtores não podem elevar os preços dos produtos 
impunemente, pois, se assim o fizerem, estarão arriscando perder o cliente para a concorrência. 
O consumidor perde a capacidade de “pechinchar” os preços, pois existem muitos outros 
consumidores interessados no mesmo produto;
b) Os produtos são homogêneos: não existem grandes diferenças entre os produtos ofertados 
por um ou outro produtor, o que faz com que o preço seja o único diferencial de atração do 
consumidor;
c) Nível de informações disseminadas: tanto o consumidor quanto o produtor possuem as mesmas 
informações sobre o produto e o mercado, não sendo possível uma das partes levar vantagem 
sobre a outra pelo uso de informações privilegiadas. 
• Monopólio: trata-se de uma situação de mercado oposta à concorrência perfeita. Nessa situação, 
existe apenas um único produtor que controla e abastece todo o mercado. Os consumidores 
somente decidem se compram ou renunciam ao produto. Assim, o produtor consegue se impor 
no mercado, estabelecendo os preços, fixando quantidades e buscando lucro máximo, a despeito 
de satisfazer ou não às necessidades do consumidor. A qualidade do produto também pode ficar 
prejudicada.
Na ocorrência de uma redução da demanda, o produtor prefere reduzir a produção e manter os 
preços, uma vez que o consumidor não tem alternativa por outros produtos. 
Vários fatores permitem a criação de mercados monopolizados:
a) Monopólio natural: a produção de alguns bens ou serviços requerem uso de capital intensivo, 
ou seja, grandes investimentos em infraestrutura e, em contrapartida, a característica social do 
bem ou serviço não permite a cobrança de preçoselevados. Assim, somente uma escala muito 
elevada de produção e venda irá compensar os altos custos do capital investido. Portanto, se 
não houver garantia de mercado, não aparecerão empreendedores dispostos a ofertar o bem 
ou serviço. Essa é uma situação típica da distribuição de energia elétrica ou das companhias de 
saneamento básico;
b) Monopólio social ou político: a sociedade, por razões políticas, estratégicas ou sociais, 
outorga, através de legislação, a concessão de um monopólio para alguma empresa. Um caso 
típico do Brasil é a Petrobras e o monopólio do setor petrolífero;
c) Monopólio de poder financeiro: nesse caso, empresas mais fortes montam um poderoso 
esquema de controle do mercado, afastando os concorrentes e não incentivando novos entrantes, 
pois ninguém se arrisca a penetrar nesse mercado. Esse poder financeiro é tão forte que permite 
a uma empresa operar com preços inferiores aos custos de produção até afastar um concorrente, 
quando o preço passa a ser estabelecido pela empresa monopolista.
Apesar de o monopólio causar danos para o consumidor, sua existência é usada para justificar as 
regulamentações governamentais que envolvem desde políticas de preços até tarifas, quantidades 
e qualidade. 
No Brasil, existem as agências reguladoras governamentais, que têm a incumbência de fiscalizar 
as atividades das empresas prestadoras de serviços públicos privatizados. O CADE, por sua vez, 
65
tem a missão de fiscalizar e impedir o exercício do poderio financeiro de algumas empresas, 
evitando a monopolização do mercado.
Agora, o monopólio pode se manifestar também na ponta do consumo. Pode existir apenas 
um grande comprador que impõe sua política de compras aos seus fornecedores (produtores e 
vendedores). Esse mercado é denominado monopsonio, com danos parecidos ao monopólio. O 
comprador impõe preços desfavoráveis aos produtores, exigências de qualidade impossíveis de 
serem atendidas pelos preços negociados, prazos de entrega irreais, quantidades que sufocam 
o produtor e ameaças de incorporação do produtor pelo comprador. Isso também requer ação 
governamental no sentido de coibir os abusos de poderio econômico.
Você já ouviu falar em John D. Rockefeller? Ele teve o monopólio do setor de petróleo nos 
Estados Unidos, por meio da Standard Oil, se estabelecendo como um dos empresários 
mais ricos de todo o mundo. O poder econômico da Standard Oil foi tão elevado que 
motivou a criação da lei federal dos monopólios. 
VOCÊ O CONHECE?
• Oligopólio: esta é uma situação intermediária entre o monopólio e a concorrência perfeita. 
Aqui, em vez de uma empresa dominar o mercado, algumas poucas empresas o fazem, definindo 
as políticas de preços praticadas por todas, estabelecendo as mesmas quantidades ofertadas e a 
mesma qualidade. As empresas participantes do oligopólio chegam mesmo a dividir o mercado 
entre si. A indústria automobilística brasileira é um exemplo de mercado oligopolizado.
No caso do oligopólio, para que as empresas estabeleçam o controle do mercado, duas 
estratégias são seguidas:
a) Cartel: as empresas entram em uma espécie de acordo, dividindo o mercado, evitando 
concorrência entre si e estabelecendo preço, qualidades e quotas de produção para manter 
a oferta sob controle. Esse tipo de ação oligopolista é expressamente proibido no Brasil e em 
muitos países;
b) Liderança de preços: a empresa mais eficiente do oligopólio estabelece o preço que lhe 
proporcione a maior lucratividade e as demais empresas a seguem, embora contabilizando taxas 
de lucro menores.
Existe concorrência entre empresas oligopolistas?
NÓS QUEREMOS SABER!
Microeconomia
66 Laureate- International Universities
Neste Capítulo, você estudou microeconomia envolvendo desde os conceitos de 
demanda, oferta e equilíbrio de mercado. Você viu como funciona o mercado em 
termos de elasticidade e a influência da demanda e da oferta sobre a economia, 
entendendo o comportamento dos consumidores e dos produtores.
Você verificou também o processo de formação dos preços e deve ter percebido que 
eles não são formados apenas a partir dos custos de produção, mas também com 
base nas necessidades e desejos dos consumidores, ou seja, nos fatores geradores 
de demanda e, ainda, na capacidade produtiva das empresas e na adequação dos 
fatores de produção ao mercado, o que interfere na oferta.
Você pôde perceber também que o equilíbrio é uma tendência do mercado 
onde vigora a concorrência plena, muito embora o governo precise lançar mão 
de mecanismos de ajuste e fiscalização para coibir abusos por parte do poderio 
econômico concentrado.
Por fim, você viu as questões relativas aos custos e à maximização dos lucros por 
parte das empresas, que formam a base para a tomada de decisão quanto aos 
novos investimentos em infraestrutura e ao aumento da produção ou à redução dos 
investimentos em fatores de produção e consequente diminuição das quantidades 
produzidas.
É importante que você faça algumas reflexões sobre o material estudado, 
principalmente nos assuntos destacados nos boxes de conteúdo.
Aconselho a releitura, especialmente das dicas, pois isso facilitará seu desempenho 
nos demais temas do curso e nos demais capítulos.
Sucesso!
SínteseSíntese
67
Introdução
Neste Capítulo, você vai compreender as principais medidas de avaliação do comportamento de 
uma economia como um todo, sendo capaz de distinguir os fenômenos da macroeconomia e da 
microeconomia. Você será introduzido aos principais instrumentos da política macroeconômica, 
o que lhe permitirá realizar análises práticas a partir desses. Também deverá ser apresentado 
às medidas de mensuração da atividade econômica de um país, entendendo os agregados 
que descrevem a economia através da produção e da circulação de bens, assim como o fluxo 
monetário necessário para sua efetivação. Por fim, você será capaz de relacionar os efeitos da 
atividade econômica e das expectativas dos agentes sobre o nível geral de preços da economia, 
compreendendo as principais causas e consequências da inflação. Dessa forma, ao final deste 
Capítulo, você entenderá como o contexto econômico no qual está inserido pode influenciar 
tomadas de decisão no nível da organização, bem como de decisões pessoais.
Capítulo 3Macroeconomia
68 Laureate- International Universities
Macroeconomia
1. Introdução à macroeconomia
Você já deve ter percebido que, em determinados momentos, é muito fácil encontrar um emprego, 
enquanto em outros, a oferta de vagas é reduzida. Também já deve ter notado que o seu salário, 
que em um ano lhe permitia adquirir uma certa quantidade de produtos, em outro ano pode 
não lhe dar a mesma capacidade de compra. Tais fenômenos moldam como você se insere nos 
mercados de trabalho e de consumo de bens, ou seja, definem o contexto no qual você se insere 
em um sistema econômico. E é justamente este o objetivo da macroeconomia: compreender e 
descrever as condições econômicas que determinarão o comportamento dos agentes do mercado 
(consumidores, investidores e firmas).
Essa breve contextualização provavelmente fez você refletir sobre as principais diferenças entre 
a microeconomia e a macroeconomia. Conforme visto anteriormente, a microeconomia tem 
o intuito de aprofundar as questões relativas ao comportamento dos agentes econômicos, de 
modo a permitir a compreensão de como eles interagem nos mercados formando preços. Nesse 
sentido, são objetos da microeconomia questões relativas às decisões de compra por parte do 
consumidor, à alocação dos insumos produtivos para se ofertar uma quantidade que maximize 
o lucro por parte da firma e à realização de investimentos para elevação de capacidade de 
produção.
A macroeconomia tem como principal objetivo realizar uma análise ampla das condições 
econômicas que moldam a tomada de decisão desses agentes do mercado. Ou seja, apresenta 
os determinantes do desempenho econômico geral de uma economia. 
1.1 Estrutura de análise macroeconômica
A análise macroeconômica contempla algunstemas essenciais: atividade econômica, desemprego, 
inflação e flutuações de curto prazo relativas aos ciclos de negócios. Partiremos, portanto, para 
a elucidação de cada uma dessas variáveis. Logo após, desdobraremos o escopo de atuação 
do governo por meio das políticas macroeconômicas, apresentando as principais formas de 
intervenção governamental nas variáveis vistas. 
1.1.1 Atividade econômica
Você já deve ter ouvido falar a respeito do Produto Interno Bruto (PIB). O PIB é a variável 
comumente adotada para mensurar o crescimento econômico de um país. Mas você já parou 
para refletir sobre o que essa taxa de crescimento quer dizer? 
O PIB de um país mede o valor de mercado de todas as transações de bens e serviços finais de 
uma economia em um determinado período do ano. Usualmente, o PIB pode ser medido por 
meio de diferentes óticas:
Além da categorização a respeito dos bens, 
existe outra forma de classificá-los, mas 
de acordo com a proximidade do mercado 
consumidor final. Pesquise e reflita a respeito 
dessa categorização de bens.
NÓS QUEREMOS SABER!
• Ótica da produção: somatório da 
receita gerada aos produtores de bens 
finais localizados no país pela venda 
de produtos finais na economia. Nessa 
ótica, desconsidera-se o valor gerado 
pelo consumo intermediário; 
• Ótica da despesa: somatório dos 
gastos dos agentes econômicos com 
a aquisição de bens na economia. 
Portanto, é a soma do consumo das 
69
famílias (despesas da sociedade civil com bens e serviços finais), dos gastos do governo, dos 
gastos com investimentos por parte das empresas e, por fim, do saldo da balança comercial, que 
nada mais é do que a diferença entre o valor gerado pelas exportações nacionais e o valor gasto 
com as importações;
• Ótica da renda: somatório da renda gerada pelos fatores de produção dentro do sistema 
econômico, ou seja, salários, aluguéis e lucros.
• No Brasil, o PIB é divulgado trimestralmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e 
Estatística (IBGE). Entre no Sistema das Contas Trimestrais Nacionais (SCTN), disponível 
no site: <http://www.sidra.ibge.gov.br/> e faça uma análise das séries estatísticas do 
PIB nacional nas três óticas descritas.
NÃO DEIXE DE LER...
Mas, afinal, se o PIB pode ser mensurado por meio dessas três óticas, estaríamos assumindo que 
os valores apresentados por cada uma deveria ser equivalente? Isso seria possível? A resposta 
é sim!
Para que possamos entender esse raciocínio, é importante voltarmos ao Fluxo Circular da Renda. 
Conforme visto, toda a produção de bens finais é vendida no mercado de bens finais. Nesse 
sentido, podemos inferir que o valor da produção de bens finais (ótica da produção) deverá ter 
como contrapartida um gasto com essa produção (ótica da despesa). Ao mesmo tempo, essa 
despesa só é possível de ser realizada na medida em que esses agentes receberam uma renda, 
representada pela remuneração dos fatores de produção (ótica da renda) no Fluxo Circular da 
Renda. 
Mas qual a importância do PIB para a descrição e a análise do contexto econômico de um país? 
De maneira geral, o PIB serve como uma medida de evolução do processo de satisfação das 
necessidades de um país, ou seja, quando o PIB apresenta uma taxa de crescimento, isso pode 
ser resultado de um maior volume de necessidades sendo satisfeitas; nesse contexto, podemos 
afirmar que mais riqueza está sendo gerada nesse país. Mas para que possamos chegar a essa 
conclusão, é muito importante distinguir o PIB Nominal e o PIB Real:
• PIB Nominal: medido a preços correntes. Isso significa que sua mensuração se dá por meio da 
contabilização dos preços no ano corrente de análise;
• PIB Real: PIB Nominal corrigido pela inflação, sendo calculado a preços constantes. Para tanto, 
deve-se fixar um ano e deflacionar os demais.
Imagine uma economia que produz apenas batatas, roupas e carros, conforme apresentado na 
tabela a seguir:
70 Laureate- International Universities
Macroeconomia
Fonte: Adaptado de GIANNETTI DA FONSECA, 2011, p. 247.
Note que o PIB Nominal saltou de $ 23,2 milhões em 2013 para $ 26,46 milhões em 2014, uma 
taxa de crescimento de aproximadamente 14,05%. No entanto, será que a população sentiria 
essa suposta elevação da riqueza gerada? 
Como já discutido, a renda gerada para as empresas por meio das vendas de bens e serviços 
servirá para o pagamento dos fatores de produção (salário, aluguel e lucros), os quais retornarão 
à economia por meio do consumo dos bens e serviços. As empresas que comercializam os bens 
dessa economia obtiveram ganhos de receita que foram, na realidade, resultado do aumento 
dos preços (observe que as quantidades produzidas nos dois anos foram iguais). Nesse sentido, 
a população irá gastar mais com sua cesta de consumo. Portanto, para saber se houve algum 
ganho real de bem-estar, é preciso analisar o comportamento do PIB Real, cujo ano-base será 
2013. Assim, vamos calcular o PIB Real de 2014, considerando os preços estabelecidos no ano-
base. 
Quando calculamos o PIB dos dois anos com os preços fixados em 2013, observamos um 
resultado diferente: o crescimento do PIB no período foi nulo (0%), o que nos remete à ideia de 
que a atividade econômica desse país está estagnada. Por que isso aconteceu? 
A riqueza gerada por uma economia refere-se ao número de necessidades humanas que são 
satisfeitas por um determinado período de tempo, dada uma certa quantidade de fatores de 
produção disponíveis. A tabela mostra que, de 2013 para 2014, as quantidades produzidas 
de todos os bens não sofreram alteração. Isso significa que, ao longo de um ano inteiro, essa 
economia foi incapaz de elevar sua capacidade de satisfação de necessidades. Portanto, o 
resultado real foi um crescimento de 0%. Assim, aquele crescimento de 14,05% deveu-se à 
elevação dos preços (ler tópico 1.1.3) de 14,05%, na medida em que o PIB Real não apresentou 
variação de um ano para outro.
Segue, portanto, que o PIB Real é calculado da seguinte forma:
PIB Real = [PIB Nominal/Deflator]*100, onde o deflator é o número índice de inflação (você 
Tabela 1 – PIB Nominal vs. PIB Real
71
pode utilizar o IPCA para deflacionar o PIB Nominal brasileiro). Não se esqueça de que o ano-
base do indicador de inflação tem de ser o mesmo do PIB Real.
Com base na fórmula do PIB Real apresentada, você saberia calcular qual foi a taxa de 
inflação de 2014 em relação a 2013? 
NÓS QUEREMOS SABER!
1.1.2 Desemprego
A taxa de desemprego de uma economia é dada pela divisão do número de desempregados pelo 
total da população disponível no mercado de trabalho. De maneira geral, a Teoria Econômica 
distingue o desemprego por meio de três categorias: friccional, cíclico e estrutural.
O desemprego friccional é aquele que decorre de um processo natural de busca por emprego. 
Imagine que você esteja empregado em um setor comercial, mas seu sonho é trabalhar na 
área financeira. Depois de finalizar o processo de qualificação na área financeira, você resolve 
largar seu atual emprego para perseguir seu sonho. Enquanto não encontra um novo emprego, 
sua condição é de desempregado, mas note que essa situação foi perseguida por você mesmo, 
de modo que podemos classificá-la como “desemprego voluntário”. Naturalmente, esse tipo 
de desemprego não tende a ser preocupante, na medida em que reflete um desejo do próprio 
agente que oferta trabalho no mercado de trabalho.
O desemprego cíclico é caracterizado pela evolução do desemprego em cada fase do ciclo 
econômico, sendo o tipo de desemprego que mais preocupa os economistas. Em momentos de 
crescimento do PIB, as empresas tendem a contratar maior número de funcionários para que 
consigam efetivar seus planos de crescimento. Em momentos de crise, no entanto, as empresas 
costumam iniciar processos de demissão, visando adequar sua estrutura produtiva a um cenário 
de vendas reduzidas. Existe, portanto, uma parcela do desemprego que é resultado direto da 
atividade econômica; em momentos de crescimento, as taxas de desemprego cíclicotendem a 
cair, ao passo que, em momentos de retração, começam a apresentar indicadores cada vez mais 
elevados.
Por fim, temos o desemprego estrutural, que é resultado do desenvolvimento tecnológico. Esse tipo 
de desemprego surge quando uma tecnologia torna obsoleto um determinado tipo de trabalho. 
Foi justamente essa a razão da redução dos empregos gerados por dois setores econômicos ao 
longo das últimas décadas: automobilístico e bancário. O processo de automação em ambos os 
segmentos substituiu parte expressiva da mão de obra por máquinas. No setor automobilístico, a 
automação inseriu robôs na linha de montagem, causando demissões em massa nas montadoras. 
Já o setor bancário reduziu a demanda por serviços na agência, o que ocasionou demissões ao 
instalar caixas eletrônicos, bem como os serviços feitos via internet.
1.1.3 Inflação
A inflação se refere ao movimento de elevação dos níveis de preços gerais de uma economia. 
Sua mensuração se dá através de números-índices, que lhes permitirão calcular uma variação 
percentual para cada período de análise. Usualmente, os indicadores de inflação são divididos 
de acordo com a cesta de bens que os constitui:
72 Laureate- International Universities
Macroeconomia
• Índice de Preços ao Consumidor: calculados a partir de uma cesta de bens consumida pela 
população. Como exemplo, é possível citar o índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do 
IBGE;
• Índices de Preços ao Produtor: calculados a partir de cestas compostas por matérias- primas. 
Como exemplo, é possível citar o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), da FGV. 
Mas, ao analisar de uma maneira prática, como a elevação de preços tende a afetar as decisões 
econômicas dos agentes de mercado?
 Situação 1: Como a inflação afeta a decisão do consumidor?
Você está em um estágio cuja remuneração mensal é de R$ 800,00. Como você é estudioso, 
mas também gosta de se divertir nas horas vagas, gasta seu salário integralmente na aquisição 
de livros e com atividades de lazer, como cinema e shows. Neste primeiro ano em que esteve 
empregado, a média de preço do livro era de R$ 50,00 e dos gastos relativos a cada hora de 
lazer era, na média, de R$ 35,00. Dadas as suas preferências, ao final do mês você costumava 
gastar seu salário comprando 9 livros (R$ 450,00) e 10 horas de lazer (R$ 350,00). Ao completar 
um ano no trabalho, seu chefe lhe chamou para uma reunião e anunciou um reajuste salarial 
de 5%, de modo que seu rendimento agora é de R$ 840,00. Será que você aumentou sua 
capacidade de compra? Para responder a essa pergunta, não basta olhar para a forma como 
seu rendimento evoluiu no ano. Você também deverá questionar a maneira como os preços dos 
bens que você adquire evoluiu.
Se, por exemplo, o preço do livro foi para R$ 60,00 e o da hora de lazer foi para R$ 42,00, 
note que agora você deverá adquirir menores quantidades dos dois bens: a aquisição de 9 livros 
lhe custaria agora R$ 540,00, enquanto a mesma quantidade de horas de lazer lhe exigiria um 
montante de R$ 420,00. Nesse sentido, para manter a mesma capacidade de compra, você 
deveria estar ganhando R$ 960,00, e não R$ 840,00. 
Por que isso aconteceu? Perceba que os preços das mercadorias que costuma adquirir evoluíram 
em 10%, ao passo que seu rendimento cresceu apenas 5%. Essa relação entre preços e renda 
determina o poder de compra do consumidor. Em processos inflacionários, os rendimentos podem 
crescer em menor velocidade quando comparados à evolução dos preços, de modo que, na 
prática, se observa uma menor capacidade de compra. Portanto, um dos principais resultados de 
processos inflacionários pode ser a corrosão do poder de compra dos indivíduos, o que resulta 
em uma redução do bem-estar. 
 Situação 2: Como a inflação afeta a decisão das firmas?
Imagine que você atue na área de compras de insumos de uma empresa. Antes de realizar os 
contratos de compra com seus principais fornecedores, é absolutamente relevante que você 
avalie a proposta realizada de pagamento de acordo com a sua expectativa quanto à inflação. 
Por quê? 
Se você acredita que o preço do insumo que está negociando vá sofrer uma elevação de preço 
de cerca de 15% em 12 meses, e o seu fornecedor está disposto a fechar o contrato a preços 
presentes para pagamento em duas parcelas, uma à vista e outra ao final de 12 meses, você 
tende a aceitar a proposta. Isso porque, mesmo exigindo 50% do pagamento no ato da assinatura 
do contrato, ao final do período você deveria pagar 15% a mais pelo restante da compra. Logo, 
as expectativas quanto à inflação são muito importantes para diversos tipos de decisões no nível 
da firma. 
73
1.1.4 Flutuações de curto prazo relativas aos ciclos de negócios
Os ciclos que os negócios encontram têm relação direta com as fases do crescimento econômico, 
ou seja, estão ligados ao comportamento do PIB Real. Mais do que isso, a fase na qual se 
encontra a economia tende a “puxar e ser puxada” pelo comportamento das demais variáveis 
macroeconômicas, como desemprego e inflação. Por isso, mensurar e prever de maneira correta 
os ciclos econômicos nos quais as empresas se inserem é de extrema importância para a tomada 
de decisão.
DORNBUSCH, R.; FISCHER, S. (1991): “O ciclo de negócios é um padrão mais ou menos 
regular de expansão (recuperação) e de contração (recessão) da atividade econômica 
em torno de uma trajetória tendencial de crescimento”.
MANKIW, G. (2009): “Flutuações da atividade econômica, medidas pelo número de 
pessoas empregadas ou pela produção de bens e serviços”.
VEJA O QUE DIZEM OS ESPECIALISTAS
O comportamento do PIB Real não segue uma tendência linear de crescimento, apresentando 
flutuações ao longo do tempo, o que caracteriza períodos de crescimento econômico seguidos 
de estagnação e/ou recessão. Apesar das flutuações, as economias tendem a apresentar uma 
tendência de crescimento entre um ciclo e outro, que representa os avanços econômicos que 
temos ao longo do tempo. Dessa forma, se formos representar o fenômeno dos ciclos dos 
negócios, encontraremos algo conforme se segue:
Figura 1 – Ciclos econômicos. Fonte: DORNBUSCH, R.; FISCHER, S., 1991, p. 17.
Dessa forma, saber identificar a fase do ciclo na qual se encontra o negócio é extremamente 
importante tanto para os decisores quanto para os formuladores de política econômica. Em 
relação a estes últimos, o diagnóstico correto permite a formulação e a implementação de 
políticas macroeconômicas adequadas como forma de acentuar os resultados da economia em 
fases de crescimento, bem como atenuar e combater as implicações das recessões. 
74 Laureate- International Universities
Macroeconomia
1.2 Instrumentos de política macroeconômica
Conforme já discutido, o Estado pode tomar uma série de medidas visando ajustar o desempenho 
da economia a seus objetivos de curto e longo prazo através da formulação e da implementação 
de políticas econômicas, as quais se dividem de acordo com seu escopo de atuação: fiscal, 
monetária, externa e de renda. Discutiremos, a seguir, os principais instrumentos de cada uma 
delas, pontuando seus objetivos quanto à correção das flutuações econômicas.
1.2.1 Política fiscal
Você deve lembrar que alguns anos atrás o governo federal concedeu uma série de benefícios 
fiscais, como a redução do IPI (Imposto Sobre os Produtos Industrializados) em setores que 
vendiam bens de consumo duráveis, como automóveis, geladeiras e fogões. É possível que você 
também já tenha percebido que, em algumas fases, o governo inicia uma série de obras de 
infraestrutura. 
Mas, afinal de contas, qual a relação dessas medidas com os objetivos de política econômica?
Quando o governo pretende estimular a atividade econômica por meio dos instrumentos fiscais, 
tende a elevar seus gastos e reduzir os impostos, caracterizando uma política fiscal expansionista. 
Voltando aos exemplos apresentados, quando o governo reduziu o IPI, permitiu que os produtos 
beneficiados fossem vendidos a preços mais baixos. A redução depreço, por sua vez, eleva a 
demanda por esses bens. Essa elevação da demanda dos bens exige, em contrapartida, uma 
maior disponibilidade de renda para o consumo. Nesse sentido, esse tipo de medida tem maior 
efeito quando conjugada a uma maior massa salarial. É justamente nesse ponto que inserimos 
na análise a segunda medida apresentada: elevação dos gastos públicos. Quando o governo 
executa obras de infraestrutura, gera empregos diretos e indiretos. Ao gerar emprego, eleva a 
renda disponível na economia, que será gasta em bens e serviços. Dessa forma, a maneira pela 
qual o governo executa seus gastos e estrutura sua forma de arrecadação determina o tipo de 
política fiscal, a qual está submissa aos objetivos de desempenho econômico.
Assim, os dois principais instrumentos de Política Fiscal são a Política de Gastos e a Política 
Tributária, os quais apresentam diferentes tendências para cada objetivo fiscal: expansão ou 
contração da atividade econômica.
Tabela 2 – Expansão econômica X Contração econômica
Fonte: Autor.
Política de 
Gastos
Política Tributária
75
Quando a economia se encontra em um ciclo recessivo, a atividade econômica pode ser 
estimulada pelo governo com uma política fiscal expansionista. Até então, esse tipo de ação 
parece até óbvia. Mas se observarmos a política fiscal contracionista, nos perguntamos: por 
que reduzir os gastos do governo e elevar impostos se isso tende a desestimular o crescimento 
econômico? Quando e por que o governo deve perseguir a desaceleração econômica?
Para tanto, devemos nos ater aos possíveis efeitos de uma política fiscal expansionista nos cofres 
públicos e na inflação. 
Ao estimular a demanda em uma economia, há uma tendência natural de elevação de preços, 
ainda mais quando os investimentos privados não acompanham esse movimento. Quando a 
inflação começa a se acelerar, uma das formas de frear esse processo é desestimular o consumo 
dos bens para que não se tenha mais pressão por parte do mercado consumidor. Nesse sentido, 
uma política fiscal contracionista pode visar controlar algum processo inflacionário que tenha se 
instalado na economia.
Por outro lado, a política fiscal expansionista, ao mesmo tempo em que eleva os gastos do governo, 
reduz sua arrecadação, ocasionando um déficit público. O déficit público é resultado de uma 
situação em que o governo gasta mais do que arrecada. Assim como você pode eventualmente 
gastar mais do que a renda que tem disponível, o governo também pode. Mas essa situação não 
se sustenta no longo prazo. Nesse sentido, uma política fiscal contracionista tem como um dos 
seus objetivos o ajuste das contas públicas. 
1.2.2 Política monetária
Já vimos no fluxo circular da renda que toda compra de bens e serviços exige como contrapartida 
um pagamento. Na medida em que temos a moeda como meio de troca, toda transação exige um 
estoque de moeda para ser efetivado. É justamente nesse sentido que surge a política monetária, 
que estabelece a forma de atuação do governo sobre a quantidade de moeda disponível na 
economia. 
O Banco Central (BACEN) é a instituição responsável pelo controle da oferta de moeda na 
economia. Nesse sentido, é ele quem formula e executa as ações das políticas monetárias por meio 
dos seguintes instrumentos: recolhimento dos compulsórios (depósitos que os bancos comerciais 
são obrigados a realizar junto ao BACEN), operações de open market (compra e venda de títulos 
públicos) e políticas de redesconto (empréstimos do BACEN aos bancos comerciais). 
Para que os agentes econômicos respondam de maneira desejada em cada um desses instrumentos 
apresentados, o BACEN utiliza a taxa de juros como sinalizador. Por exemplo, quando há elevação 
da taxa, o retorno dos títulos públicos fica mais atrativo. Os agentes econômicos compram esses 
títulos, entregando ao BACEN (vendedor do título) a moeda que estava em circulação. Dessa 
forma, o BACEN consegue reduzir a quantidade de moeda em circulação, o que tende a frear os 
processos inflacionários. 
Assim como a política fiscal, a política monetária pode ser dividida de acordo com o seu fim:
• Política monetária contracionista: elevação da taxa de juros com redução da quantidade de 
moeda circulante na economia;
• Política monetária expansionista: redução da taxa de juros com elevação da moeda circulante 
na economia. 
1.2.3 Política externa
A política externa estabelece a forma como o governo controla as variáveis relativas ao setor 
76 Laureate- International Universities
Macroeconomia
externo da economia, e é dividida em dois escopos: cambial e comercial. 
1.2.3.1 Política cambial
A política cambial refere-se a como o governo administra o valor da sua moeda em comparação 
a outras, ou seja, sua taxa de câmbio. O valor da taxa de câmbio tem uma relação direta com 
os fundamentos do mercado de câmbio, ou, em outras palavras, com a oferta e demanda por 
moeda estrangeira. 
A forma como é realizado esse controle depende do regime de câmbio existente:
• Regime de Câmbio Fixo: nesse tipo de regime, o BACEN se compromete a manter fixa a taxa de 
câmbio. Para tanto, deverá utilizar as reservas internacionais para manter fixo o preço da moeda;
• Regime de Câmbio Flutuante: nesse caso, o BACEN não atua no mercado de câmbio, assim a 
taxa flutua de acordo com a interação entre oferta e demanda de moeda estrangeira.
De maneira geral, a vantagem de um Regime de Câmbio Fixo se assenta no fato de haver 
redução das incertezas e dos movimentos especulativos no mercado de câmbio. Por sua vez, um 
Regime de Câmbio Fixo pode levar as reservas internacionais a níveis preocupantes, resultando 
em desequilíbrios ao balanço de pagamentos. Já o Regime de Câmbio Flutuante tem como 
vantagem o equilíbrio do balanço de pagamentos, ao passo que traz maiores incertezas quanto 
aos contratos firmados em moeda estrangeira e à possibilidade de especulação.
1.2.3.2 Política comercial
O governo também pode atuar nas relações externas por meio de políticas que visem alterar os 
fluxos de mercadorias entre o seu país e os demais, ou seja, pode estabelecer instrumentos que 
estimulem e/ou desincentivem importações e exportações.
As exportações referem-se ao fluxo de mercadorias produzidas internamente e que são vendidas 
para países estrangeiros. Portanto, quando deseja estimular a venda de produtos ao exterior, 
costuma estabelecer incentivos fiscais (como redução dos impostos que incidem sobre as 
mercadorias a serem exportadas) e creditícios (como as taxas de juros subsidiadas).
Já as importações são os bens comprados por um país que foram produzidos em outro. As 
políticas que visam incentivar a entrada de produtos importados em um país podem ter como 
objetivo, por exemplo, a modernização de um parque fabril. Nesses casos, o governo tende 
a reduzir impostos sobre os produtos importados que pretende beneficiar. No entanto, muitas 
vezes a intenção do governo está no estímulo à indústria local, fazendo-lhe tomar medidas que 
coíbam a entrada de importados. Como exemplo, temos a imposição de barreiras que podem ter 
natureza tarifária (impostos) e quantitativas (cotas de importação).
1.2.4 Políticas de renda
As políticas de renda constituem-se por meio da atuação direta do governo sobre as rendas 
(em especial, salários e aluguéis). O instrumento de atuação se dá através do controle e do 
congelamento desses rendimentos.
Dessa forma, o estabelecimento de um salário mínimo a ser praticado em uma economia está no 
âmbito da política nacional de renda. Também temos as políticas de congelamento de preços, 
comumente empregadas nos planos econômicos anti-inflacionários. 
77
2. Contabilidade social
No primeiro item deste Capítulo, discutimos os agregados macroeconômicos e a forma como 
o governo atua sobre eles. Abordamos as principais variáveis da Teoria Macroeconômica e os 
instrumentos de política econômica. Esses agregados, por sua vez, são medidas que resultam de 
um sistema de mensuração criado no âmbito da Contabilidade Social. Detalharemos,a seguir, 
esse processo de mensuração da atividade econômica.
2.1 Medida do Produto e da Renda Nacional
A atividade econômica de um país pode ser mensurada de diversas formas. Por exemplo, o 
número de falências e concordatas em um determinado período pode servir de termômetro 
do desempenho da economia. Em fases de crescimento econômico, as firmas costumam ter 
maior facilidade de operação, uma vez que encontram mais facilmente demanda, diminuindo 
o número de pedidos de falência. Quando a economia está em recessão, ocorre o oposto: as 
empresas de economia tendem a enfrentar demanda retraída, o que eleva essa taxa. Outro 
instrumento auxiliar seria o consumo de energia: em momentos de expansão econômica, as 
fábricas costumam operar com maior utilização de sua capacidade produtiva, ao passo que em 
momentos de retração, elas tendem a deixar mais máquinas ociosas, utilizando, portanto, menos 
energia.
Todas essas medidas, contudo, são apenas instrumentos auxiliares que dão “dicas” a respeito do 
comportamento da atividade econômica. Na prática, conforme já vimos inicialmente, precisamos 
entender o processo de mensuração do Produto Nacional e da Renda Nacional. Para tanto, 
imaginemos uma economia que produza apenas dois tipos de bens: alimentos e vestuário, tendo 
os seus resultados apresentados na tabela a seguir:
Tabela 3 – Valor total da produção e total de renda gerada
Fonte: Adaptado de GIANNETTI DA FONSECA, 2011, p. 237.
78 Laureate- International Universities
Macroeconomia
Observe que a tabela apresentada não contempla a mensuração dos insumos intermediários. 
Por exemplo, para fabricar alimentos, foi necessário utilizar sementes, defensivos, entre outros 
insumos. Da mesma forma, para produzir vestuário, é necessário utilizar fibras, tecidos etc. Por 
que, ao expor o processo de Mensuração do Produto e da Renda Nacional, não contabilizamos 
as transações intermediárias, ou seja, as transações que se referem à compra de insumos e 
que ocorrem entre empresas? A resposta para essa pergunta é muito mais simples do que se 
imagina, pois o valor dessas transações já está “embutido” no preço final dos produtos vendidos 
ao mercado consumidor. Nesse sentido, se contabilizássemos esse tipo de transação no produto 
nacional, enfrentaríamos um problema de “dupla contagem”.
Isso quer dizer que as transações intermediárias nunca deverão ser contabilizadas? Não. Para 
fazermos isso, precisamos nos ater ao processo de mensuração do Valor Adicionado, ou seja, a 
discriminação do quanto cada insumo adiciona valor ao produto final. 
2.1.1 Valor adicionado
Para compreender o processo de mensuração do Valor adicionado, vamos abordar um exemplo 
ainda mais simplificado. Imaginemos que nossa economia produza apenas um bem final: livro. 
Seu processo de fabricação envolve a combinação de tinta e papel, os quais originam-se de 
corantes e madeira, respectivamente. Vamos supor que a madeira é extraída diretamente da 
natureza, ao passo que o corante estava acumulado em estoques, ou seja, havia sido produzido 
em um momento anterior ao período no qual queremos mensurar a atividade.
 Fonte: GIANNETTI DA FONSECA, 2011, p. 239.
Tabela 4 – Valor adicionado
Nessa tabela, temos discriminado o valor das vendas de cada estágio da produção (1), com os 
custos inerentes a cada um (2). Como estabelecemos que a madeira é extraída diretamente da 
natureza, não atribuímos custo a essa etapa. Como o corante estava estocado, também não 
foi atribuído custo algum. As tintas, por sua vez, apresentam os custos de produção relativos à 
compra do corante para sua fabricação, e o papel, da madeira. Assim, temos que o somatório 
do valor da produção de bens é de $ 490 mil; desse valor, $ 290 mil referiram-se à aquisição de 
matérias-primas, de modo que o Valor adicionado à produção totalizou $ 200 mil.
Ao considerarmos, portanto, a produção de intermediários no cálculo do produto e renda dessa 
economia, teremos:
79
Tabela 5 – Contas de Produto e Renda
Fonte: GIANNETTI DA FONSECA, 2011, p. 239 e 240.
80 Laureate- International Universities
Macroeconomia
A contabilização da produção leva em consideração o valor gerado pela venda dos livros 
e dos bens intermediários, os quais devem ser subtraídos. A descrição da renda estabelece 
o detalhamento da remuneração em todas as atividades, as quais devem bater com o Valor 
adicionado à produção de livros. 
2.1.2 Despesa nacional
Todavia, conforme apresentado no início deste Capítulo, a identidade entre Produto Nacional 
e Renda Nacional também é válida para a despesa nacional. Quando o sistema econômico é 
composto de famílias, empresas, governo e também realiza transações comerciais com o cenário 
externo, vamos caracterizar a despesa nacional através da soma dos gastos de cada um desses 
agentes com o produto nacional:
DN = C + I + G + (X-M), onde:
C = despesas das famílias com bens de consumo; I = Despesas das empresas com investimentos; 
G = gastos do governo; X = exportações e M = importações. 
2.1.3 Poupança e investimento
Até então, supomos que as famílias gastam sua renda disponível na aquisição de bens de 
consumo. Mas e se elas decidirem poupar parte de sua renda para cobrir emergências que 
possam surgir em algum momento futuro? 
Também estabelecemos que as empresas produziam somente bens de consumo. Excluímos da 
análise a fabricação de máquinas e equipamentos, indispensáveis para a produção desses tipos 
de bens. Como devemos tratar esses eventos na mensuração da atividade econômica? Bom, é 
justamente através deles que surgem os conceitos Poupança e Investimento.
A poupança é a parcela da renda que não é gasta em consumo no período analisado, ou seja, 
refere-se ao montante gerado pelo pagamento dos fatores de produção (salários, juros, aluguéis 
e lucros) às famílias que não foi destinado ao consumo de bens.
S = RN – C, onde:
S = poupança; RN = renda nacional; C = consumo agregado.
O investimento refere-se a toda alocação de recurso que visa aumentar a capacidade de produção 
das empresas inseridas no sistema econômico. Nesse sentido, envolve a aquisição de máquinas e 
equipamentos (bens de capital) e a variação de estoques de produtos não consumidos. 
I = Investimento em bens de capital + Variação de estoques
É importante lembrar que essa definição não contempla investimentos em aplicações financeiras, 
pois esses não aumentam a capacidade física de produção das empresas. Da mesma forma, a 
aquisição de maquinários usados também não deve entrar na contabilização, pois se de um lado 
está elevando a capacidade de produção de quem compra, de outro, alguém está se desfazendo 
desta, ou seja, alguém realizou um “desinvestimento”. Nesse caso, incorreríamos no mesmo erro 
de dupla contagem discutido anteriormente. 
Como todo equipamento tem uma vida útil, chega um dado momento que a empresa que o 
utiliza precisa substituí-lo. Toda reposição de um maquinário já obsoleto não eleva a capacidade 
de produção, mas a mantém. Nesse sentido, ao inserirmos na análise o conceito de depreciação, 
cria-se uma nova medida do Produto Nacional, o Produto Nacional Líquido (PNL):
81
PNL = PNB – Depreciação, onde PNB é o Produto Nacional Bruto.
2.1.4 Produto Nacional e Produto Interno
A globalização dos mercados acentuou o processo de internacionalização das empresas, ao 
mesmo tempo que permitiu uma maior rede de interações entre os agentes econômicos que não 
se situam nas mesmas fronteiras. Portanto, é absolutamente importante distinguir a origem dos 
fatores de produção no processo de geração do produto da economia. 
Por exemplo, imagine uma empresa brasileira que tenha uma filial localizada na França. Nesse 
caso, temos um capital nacional sendo empregado em outro país, mas que pode remeter lucros 
para cá. Ao mesmo tempo, temos muitas empresas estrangeiras operando em território nacional; 
para fabricar os produtos, utilizam mão de obra e matéria-prima daqui, mas remetem seus lucros 
para as matrizes. Por meio desses dois exemplos, podemos desenharum fluxo de capital que 
não respeita fronteiras: rendas geradas em outros países são constantemente remetidas para cá, 
assim como empresas de capital estrangeiro remetem rendas geradas internamente. Delimitamos 
que a diferença entre esses dois movimentos (entrada e saída de capital), que decorrem de 
transferências externas, caracteriza a Renda Líquida dos Fatores Externos (RLFE):
RLFE = Renda recebida do exterior – Renda enviada ao exterior
Se considerarmos esses movimentos no Processo de Mensuração do Produto, temos o Produto 
Nacional Bruto, mas se desconsiderarmos esse fluxo da análise, chegamos ao Produto Interno 
Bruto (PIB):
PIB = PNB – RLFE
MANKIW, N.G. (2009): “Produto Nacional Bruto (PNB) é a renda total dos residentes 
permanentes de um país. Difere do PIB por incluir a renda que nossos cidadãos ganham 
no exterior e por excluir a renda que os estrangeiros ganham aqui. Por exemplo, quando 
um cidadão do Canadá trabalha temporariamente nos Estados Unidos, sua produção é 
parte do PIB americano, mas não é parte do PNB americano (sua produção é parte do 
PNB canadense). Para a maioria dos países, incluindo os Estados Unidos, os residentes 
domésticos são responsáveis pela maior parte da produção interna, de modo que o PIB 
e o PNB são muito próximos.”
VASCONCELLOS, M. A. S; GARCIA, M. E (1998, p. 104): “O Produto Interno Bruto (PIB) 
é o somatório de todos os bens e serviços finais produzidos dentro do território nacional 
num dado período, valorizados a preço de mercado, sem levar em consideração se os 
fatores de produção são de propriedade de residentes ou não residentes.”
VEJA O QUE DIZEM OS ESPECIALISTAS
2.2 Teoria da Determinação da Renda
Na discussão a respeito dos ciclos econômicos, vimos que os agregados macroeconômicos 
apresentam comportamentos distintos em cada uma de suas fases. Assim, apesar de o produto 
nacional apresentar uma tendência e crescimento ao longo dos anos, no curto prazo desvios 
ocorrem: há fases em que o produto nacional tende a elevar-se acima da média, e outras em 
que podemos observar queda do produto real. 
82 Laureate- International Universities
Macroeconomia
Vimos também que a política fiscal atua diretamente sobre esses movimentos. John Maynard 
Keynes foi o principal responsável por mostrar o papel da política fiscal na condução da economia 
ao pleno emprego, ou seja, a importância da política fiscal na correção das flutuações de curto 
prazo do produto nacional. 
Mas para que possamos entender de fato as implicações dessas medidas sobre a inflação, vamos 
discorrer sobre a Teoria de Determinação da Renda tendo como ponto de partida o modelo 
keynesiano básico.
2.2.1 Oferta agregada, demanda agregada e equilíbrio
Antes de detalharmos o modelo, faz-se necessário estabelecer algumas hipóteses que moldarão 
as nossas variáveis de análise. 
Keynes acreditava que a economia vive flutuações de curto prazo, ou seja, o nível do produto 
nacional é dado em uma situação em que há desemprego e outros recursos produtivos ociosos. 
Nesse sentido, discutiremos a seguir o impacto dessa suposição para o formato da curva de 
oferta agregada.
2.2.1.1 Oferta agregada
A principal implicação dessa suposição refere-se ao fato de que os produtores (ofertantes) nessa 
economia, ao produzirem sempre com capacidade ociosa e em um cenário de desemprego, 
quando há um choque positivo de demanda, podem elevar sua produção sem haver qualquer 
necessidade de elevação de preços. 
Para entender o que isso quer dizer, imagine que você é um fabricante de ventiladores e que o 
verão tem apresentado temperaturas muito elevadas, o que impulsiona a demanda acima da sua 
expectativa. Tendo em vista que possui algumas máquinas ociosas no processo produtivo, e que 
há desemprego na economia, você consegue elevar sua produção sem ter que elevar os preços 
dos ventiladores. 
No entanto, se essa economia alcança o pleno emprego dos recursos, torna-se impossível 
aumentar a produção, mesmo com elevações no nível de preços, pois todos os insumos disponíveis 
para a produção já estão devidamente alocados em estruturas produtivas.
Se formos representar a oferta agregada dessa economia, considerando os dois cenários expostos, 
teremos a seguinte situação:
Figura 2 – Curva de oferta agregada. Fonte: Adaptado de LANZANA; VASCONCELLOS, 2011, p. 256.
83
2.2.1.2 Demanda agregada
A curva de demanda agregada representa o quanto o total de consumidores dessa economia 
demandarão para cada nível de preços possível, ou seja, a curva de demanda agregada reflete o 
nível de despesa que essa economia alcança para diferentes níveis de preços. Como já havíamos 
caracterizado anteriormente, a despesa dos agentes em um sistema econômico é dada por:
DA = C + I + G + (X – M), onde:
DA = demanda agregada; C = consumo das famílias; I = investimento realizado pelas empresas; 
G = gastos do governo; (X – M) = demanda líquida do setor externo. 
Na medida em que elevações de preços reduzem o poder de compra dos agentes do sistema 
econômico, dizemos que a curva de demanda agregada é negativamente inclinada:
Figura 3 – Demanda agregada.
Fonte: LANZANA, A.E. T; VASCONCELLOS, M.A.S., 2011, p. 257.
Isso significa que a economia, ao esgotar a utilização dos seus recursos disponíveis, alcançou a 
sua capacidade máxima de produção para sempre? Ou seja, toda a economia tem um limite de 
possibilidades de crescimento?
Em um cenário de curto prazo, é bastante razoável imaginar que haja tal limite. Contudo, 
quando expandimos o horizonte temporal da análise, percebemos que esse limite é possível de 
ser alterado. Para que possamos compreender tal processo, voltemos ao conceito da Curva de 
Possibilidades de Produção (CPP).
Cada ponto ao longo da CPP representava diferentes combinações de alocações de insumos 
para a produção de bens em uma economia. Fazendo um paralelo com os conceitos vistos 
agora, a CPP representa o nível de oferta agregada da economia mediante a utilização plena de 
todos os recursos produtivos. Isso significa que cada um dos eventos que podem deslocar a CPP 
deslocam também a Curva de Oferta Agregada. 
Por exemplo, uma elevação da produtividade em uma economia significa que, para um mesmo 
nível de emprego de recursos, tem-se uma maior quantidade de bens sendo gerados. Um dos 
eventos mais comuns capazes de elevar a produtividade é o progresso tecnológico. 
84 Laureate- International Universities
Macroeconomia
Ao observar esse gráfico, quando se enfrenta um cenário de desemprego (segmento horizontal 
da curva de oferta agregada), uma política fiscal expansionista que eleve os gastos do governo 
desloca a curva de demanda agregada para a direita (DA0  DA1). Esse deslocamento gera um 
novo ponto de equilíbrio, que permite a elevação da renda nacional sem qualquer alteração do 
nível de preços. 
Assim, chega-se à conclusão de que, mediante cenários de desemprego, é possível elevar a renda 
de equilíbrio dessa economia sem haver qualquer tipo de pressão inflacionária. Dessa forma, 
conforme já discutido, para se elevar o produto sem pressões inflacionárias no longo prazo, é 
imprescindível elevar a produtividade do trabalho por meio do desenvolvimento tecnológico. 
Keynes foi um grande defensor da política fiscal como instrumento de correção dos ciclos 
econômicos. Discuta o significado de sua famosa frase, que resume suas conclusões a 
respeito do debate com os economistas clássicos: “No longo prazo estaremos todos 
mortos”.
NÓS QUEREMOS SABER!
2.2.1.4 Determinantes dos agregados macroeconômicos
O consumo agregado de um país no mercado de bens e serviços é influenciado por diversos 
fatores, como disponibilidade de crédito, expectativas quanto à renda futura etc. No entanto, 
existe um fator que diversos estudos apontaram como sendo absolutamente fundamental no 
processo de determinação do nível de consumo em uma economia: renda disponível para 
aquisição de bens. 
Na medida em que existe governo em um sistema econômico, supomos que a renda disponível se 
caracterizarácomo a renda livre de impostos que poderá ser destinada para aquisição de bens. 
Nesse sentido:
2.2.1.3 Equilíbrio
Como já havíamos determinado que Despesas são exatamente iguais ao Produto em uma 
economia, o equilíbrio macroeconômico de curto prazo se dá no ponto em que a Demanda 
Agregada se iguala à Oferta Agregada (DA = OA).
Figura 4 – Equilíbrio macroeconômico
Figura 4 – Equilíbio macroecoômico. Fonte: LANZANA, A. E. T; VASCONCELLOS, M. A. S., 2011, p. 257.
85
C = ƒ(Yd), onde
C = consumo agregado; Yd = renda nacional disponível. 
Yd = Y – T, onde
Y = renda nacional; T = tributos.
Dado que existe um nível de consumo de sobrevivência, supõe-se que há uma parcela do 
consumo que será independente do nível de renda disponível, a qual chamaremos de “consumo 
autônomo”. Por outro lado, ao assumir a existência de poupança na economia, supomos que 
nem todo acréscimo de renda é gasto integralmente em consumo. Surge então o conceito de 
Propensão Marginal a Consumir, o que nos permite chegar à seguinte função de consumo 
agregado:
C = a + bYd, onde:
C = consumo agregado, a = consumo autônomo, b = propensão marginal a consumir e Yd = 
renda disponível.
Como estabelecemos a existência de poupança por parte dos agentes econômicos, vamos 
precisar conceituar a poupança agregada: montante da renda nacional disponível que não foi 
gasto em consumo. Reflete, portanto, o consumo abdicado no presente para poder ser efetivado 
no futuro. 
S = Yd - C, onde 
S = poupança agregada; Yd = renda disponível; C = consumo agregado. 
Da mesma forma que para montar a função de consumo tivemos que estabelecer um coeficiente 
no qual cada renda gerada se traduzia em consumo (propensão marginal a consumir), precisamos 
adotar o mesmo procedimento para a poupança. Como a renda disponível ou é gasta em 
consumo ou é poupada para consumo futuro, temos que a propensão marginal a poupar é:
S = Yd – (a + bYd)
S = Yd – a - bYd
S = – a + (1-b) Yd, onde
(1 – b) = propensão marginal a poupar.
Vamos entender essa relação entre propensão marginal a poupar e consumir através de um 
exemplo prático. Diversos estudos apontam que países menos desenvolvidos tendem a apresentar 
menores níveis de propensão marginal a poupar. Isso ocorre, pois a renda gerada neles é menor 
do que em países desenvolvidos. Nesse sentido, as pessoas não têm um hábito de formação de 
poupança.
Imaginemos que no Brasil, em média, a cada R$ 100 de renda gerada, R$ 15 são poupados e o 
restante, R$ 85,00, são gastos. Nesse sentido, 15% da renda gerada se transforma em poupança, 
ao passo que 85% é gasta no consumo de bens. Logo, a propensão marginal a consumir é igual 
a 0,85, ao passo que a propensão marginal a poupar é igual a 0,15. 
Por fim, vamos discorrer sobre o investimento agregado, caracterizado por um estoque 
de capital que é revertido na aquisição de bens que sejam capazes de elevar a capacidade 
86 Laureate- International Universities
Macroeconomia
de produção das firmas. Como o investimento agregado é resultado da decisão das firmas, 
independe do nível de renda disponível. Seus determinantes referem-se à rentabilidade esperada 
com a aquisição do ativo e à taxa de juros do mercado.
Para saber se vale a pena investir em um determinado maquinário, o decisor compara a 
rentabilidade esperada com a taxa de juros:
• Se a taxa de juros superar a rentabilidade, significa que o custo será maior do que o retorno, 
logo, não investe;
• Se a taxa de juros foi inferior à rentabilidade, significa que o custo é menor do que o retorno, 
compensando investir.
2.3 Introdução à Teoria Monetária
Todo sistema econômico está ancorado em relações de trocas. Adam Smith já anunciava essa 
característica quando creditou ao homem uma tendência à realização de trocas e barganhas. 
Essa tendência aos processos de negociação é apontada por Heilbroner (1980):
[...] As comunidades têm negociado entre si desde, pelo menos, a última Idade Glacial. 
Temos provas de que caçadores de mamutes das estepes russas obtiveram em troca 
conchas mediterrâneas, o mesmo acontecendo com os caçadores do Cro-Magnon dos 
vales centrais da França. De fato, nas charnecas da Pomerânia, no Nordeste da Alemanha, 
arqueólogos encontraram uma caixa de carvalho repleta com os restos de suas alças de 
couro originais, na qual havia uma adaga, uma cabeça de foice e uma agulha, tudo 
de fabricação da Idade do Bronze. De acordo com as conjecturas dos especialistas, era 
muito provável que isso fosse o mostruário de um protótipo de vendedor ambulante, um 
representante itinerante que recolhia encomendas para a produção especializada de sua 
comunidade. (HEILBRONER, 1980, p. 39).
Quando a sociedade se organiza de maneira rudimentar, tendo a produção uma característica 
de subsistência, as trocas ocorrem apenas em função do excedente gerado. Quando se tem esse 
tipo de relação de troca, há a necessidade de coincidir desejos; se você deseja adquirir batatas, 
mas só tem um excedente de milho, precisará encontrar alguém que esteja disposto a trocar 
batatas por milho. 
Quando as sociedades vão aumentando seus desejos de consumo através da descoberta/
desenvolvimento de novos bens, foi se intensificando a necessidade de criar algum intermediário 
para as trocas. Foi nesse contexto que surgiu a moeda. 
No decorrer da história, a moeda evoluiu bastante:
87
Fonte: Adaptado de TROSTER, 2011, p. 277-278.
Por meio desse processo de evolução, define-se que a moeda deve cumprir três funções básicas:
1. Meio de troca: permite que as trocas ocorram de maneira ágil dentro de um sistema econômico. 
Foi justamente o desenvolvimento dessa função da moeda que permitiu a especialização e a 
divisão do trabalho.
2. Unidade de conta: permite que se comparem os valores das mercadorias, tendo uma base 
monetária comum. O desenvolvimento dessa função permite que a moeda seja utilizada para 
fins puramente contábeis.
3. Reserva de valor: assegura a possibilidade de abdicar do consumo presente para realizá-lo 
futuramente. Ou seja, permite que o seu detentor mantenha o seu poder de compra quando a 
estoca. 
A unidade monetária de cada país é definida por lei. No Brasil, temos o Real, representado 
simbolicamente por “R$”; nos Estados Unidos, o dólar (US$); na Inglaterra, a Libra Esterlina (£) 
etc.
88 Laureate- International Universities
Macroeconomia
M1 = papel moeda em poder do público + depósitos à vista nos bancos
M2 = M1 + depósitos de poupança + títulos privados (depósitos a
prazo, letras de câmbio e letras hipotecárias)
M3 = M2 + quotas de fundos de renda fixa + operações
compromissadas com títulos federais
M4 = M3 + títulos federais, estaduais e municipais em poder do público
Fonte: Adaptado de TROSTER, 2011, p. 282.
NÃO DEIXE DE VER...
Assista ao filme A ascenção do dinheiro, baseado no livro do professor Ferguson, de 
Harvard. Produzido em 2008, conta de maneira muito interessante os impactos do 
dinheiro na nossa sociedade. Foi vencedor do prêmio Emmy de melhor documentário 
de 2009.
2.3.1 Agregados monetários no Brasil
• Quando analisamos a moeda na Teoria Macroeconômica, privilegiaremos sua função de meio 
de troca. Nesse sentido, vamos caracterizar os meios de pagamento da economia brasileira.
O Papel Moeda em Poder do Público (PMPP) é definido como o montante de dinheiro que 
está disponível ao setor privado não bancário e que pode ser convertido imediatamente em 
transações (mais elevado grau de liquidez¹). Se somá-los ao dinheiro que está no caixa dos 
bancos, chegamos ao montante de Papel Moeda Emitido (PME). 
PME = PMPP + caixa dos bancos
O Banco Central (BACEN) obriga os bancos comerciais a manterem uma reserva de moeda no 
próprio Banco Central, dando origem à nossa Base Monetária:
Base Monetária = PME + reservas dos bancos junto ao BACEN
Você deve estar se perguntando onde entra na contabilização do estoque de moeda o dinheiro 
que não está no caixa dos bancos, ou que não está em circulação na economia. Seria esse o 
caso do dinheiro aplicado em títulosfinanceiros? Dado que aplicações financeiras não têm o 
mesmo grau de liquidez do papel moeda, criam-se diferentes agregados monetários, ordenados 
de acordo com o grau de liquidez (onde M1 tem o maior grau de liquidez, e M4 o menor): 
¹ Entende-se por liquidez a capacidade de conversão de um ativo em seu sentido mais comum: papel moeda e moeda escritural. Quanto maior o grau 
de liquidez, mais facilmente se converte o ativo em dinheiro. Quanto menor o grau de liquidez, mais difícil será realizar a conversão.
89
2.3.2 Oferta de moeda na economia
No Brasil cabe exclusivamente ao BACEN a condução da política monetária. Como vimos 
anteriormente, a política monetária atua diretamente no controle da oferta de moeda na 
economia. Ou seja, o BACEN tem a função de manter a liquidez da economia, de modo a 
permitir que o fluxo real de trocas dentro do sistema econômico encontre a sua contrapartida 
monetária. 
Apesar do monopólio na emissão de moeda por parte do BACEN, os bancos comerciais atuam 
ativamente na criação de moeda em um sistema econômico. Para que possamos compreender 
como isso ocorre, é importante entender alguns mecanismos de atuação dos bancos.
Quando você realiza um depósito em conta corrente, o dinheiro depositado não fica parado, 
pois o banco sabe que as pessoas não costumam resgatá-lo integralmente em poucas horas ou 
dias. Nesse sentido, o banco pega o seu depósito e o transforma em crédito para outra pessoa, 
por meio de linhas de empréstimo. Mas essa conversão não se dá em seu valor integral, pois o 
banco sabe que, apesar de não resgatar integralmente o dinheiro, os saques ocorrem ao longo 
de um determinado período. Nesse sentido, eles mantêm uma parcela do depósito em cofres. 
Esse valor guardado deverá ser revertido para as operações de caixa dos bancos comerciais, e 
é definido como o somatório das reservas técnicas, compulsórias e voluntárias junto ao BACEN.
Para ilustrar esse efeito de criação de moeda, imaginemos um depósito inicial de $ 100,00 em 
uma economia cuja porcentagem de reserva dos bancos comerciais sobre os depósitos à vista é 
de 20%. Isso significa que desse depósito inicial de $ 100,00, $ 20,00 ficam em poder do banco 
e os $ 80,00 restantes viram empréstimo. Quem tomou esses $ 80,00 emprestados realiza algum 
pagamento que tende a virar um novo depósito, o que, por sua vez, gera um novo empréstimo, 
conforme apresentado na tabela a seguir:
Fonte: Adaptado de VASCONCELLOS; GARCIA, 1998, p. 139.
Pelos dados apresentados, observa-se que, com uma necessidade de reserva de 20%, a cada $ 
100,00 depositados, geram-se $ 500,00 em circulação. Assim, é possível descrever esse efeito 
multiplicador da moeda como:
m = 1/r, onde:
90 Laureate- International Universities
Macroeconomia
m = efeito multiplicador bancário; r = porcentagem de reserva dos bancos comerciais sobre os 
depósitos à vista.
Esse multiplicador não leva em consideração a possibilidade de o público reter moeda e 
não realizar integralmente os depósitos. Se considerarmos o total emitido de moeda em uma 
economia, nem tudo se converte em depósitos, ou seja, uma parcela se mantém em poder do 
público, outra nos cofres das firmas. Assim, são agregadas na análise algumas variáveis, de 
modo a se chegar em um multiplicador da base monetária:
m = M/B, onde:
M = saldo dos meios de pagamentos (moeda em poder do público + saldo dos depósitos à 
vista).
B = saldo da base monetária (saldo da moeda em poder público + total das reservas bancárias).
Resta-nos, portanto, entender, o que leva as pessoas a reterem moeda, ou seja, manter a moeda 
em mãos sem aplicá-la em algum título financeiro que lhe renda alguma remuneração (juros).
Como os compulsórios foram utilizados para fazer face aos efeitos no Brasil, 
da crise internacional de 2008 (Crise do Subprime)?
Ao contrário de outras economias, como os EUA e a maioria dos países europeus, o 
sistema bancário brasileiro encontrava-se bem capitalizado por ocasião da eclosão da 
crise internacional de 2008, e sem exposição aos papéis lastreados em hipotecas subprime 
do mercado imobiliário norte-americano. Naqueles países, a rápida deterioração dos 
indicadores de solvência dos bancos motivou a adoção de medidas emergenciais de 
contenção da crise, mediante o uso, em grande escala, de recursos fiscais. Já no caso do 
Brasil, as medidas adotadas pelo Governo e pelo Banco Central do Brasil para mitigar os 
efeitos da crise sobre o sistema bancário doméstico visaram, principalmente, compensar 
a expressiva diminuição da liquidez nos mercados financeiros, tanto no país, como no 
exterior, e não envolveram recursos fiscais. Nesse sentido, a existência de confortável 
volume de depósitos compulsórios – recursos que, vale lembrar, pertencem aos próprios 
bancos – permitiu ao BCB injetar liquidez rapidamente no sistema bancário brasileiro, 
contribuindo para a normalização das condições de crédito na economia. Inicialmente, 
foram liberados recursos recolhidos relativamente à Exigibilidade Adicional, ao que 
se seguiu a liberação de valores do Compulsório sobre Recursos a Prazo. Contudo, 
verificou-se que tais recursos ficaram “empoçados” nos grandes bancos. A estratégia 
então adotada foi a de liberação seletiva de recursos, que deveriam ser direcionados 
à aquisição de ativos ou à realização de depósitos de/em bancos pequenos e médios. 
Os recursos, a serem recolhidos em espécie e sem remuneração, foram liberados para 
aplicação em instituições com Patrimônio de Referência de até R$ 7 bilhões e que não 
fizessem parte dos conglomerados dos aplicadores. Para evitar a concentração, cada 
banco poderia aplicar somente 20% de tais recursos em uma mesma instituição.
O conjunto de medidas relacionadas aos compulsórios ocasionou a redução do montante 
agregado recolhido, de pouco mais de R$ 250 bilhões para cerca de R$ 180 bilhões. 
91
2.3.3 Demanda por moeda
A demanda por moeda se constitui como o estoque de moeda que não está em poder das 
instituições financeiras, ou seja, o que está nas mãos do público ou nos depósitos à vista em 
bancos. 
Diversos estudos apontam três principais determinantes da demanda por moeda:
a) Necessidade de realizar transações: as transações do dia a dia, como gastos com alimentação, 
locomoção, lazer etc. Quanto maior a renda, maior tende a ser o volume retido de moeda; 
b) Precaução: muitas pessoas e empresas retêm uma certa quantia de dinheiro para cobrir 
despesas imprevistas que podem vir a surgir, como um pneu furado, atraso no recebimento de 
algum valor devido etc. A demanda por moeda por precaução também tem relação positiva com 
o nível de renda;
c) Especulação: a necessidade de aproveitar alguma oportunidade de aplicação financeira faz 
com que os investidores costumem deixar disponível um montante de moeda que tenha liquidez 
imediata. Nesse caso, a demanda por moeda responde mais à taxa de juros: quanto maior 
a taxa, mais onerosa é a retenção, uma vez que as aplicações tendem a trazer retornos mais 
elevados.
2.3.4 Taxa de juros nominal e real
Assim como já vimos que a inflação pode corroer o poder de compra da população, ela tem 
um papel relevante nas decisões relativas a investimentos. Nesse caso, é de suma importância 
distinguir a taxa de juros nominal da taxa de juros real.
• Taxa de juros nominal: “[...] mede o preço pago ao poupador por suas decisões de poupar, 
ou seja, de transferir o consumo presente para o consumo futuro.” (VASCONCELLOS; GARCIA, 
1998, p. 143).
Fonte: BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2015, p. 5-6.
92 Laureate- International Universities
Macroeconomia
r = [(1+i)/(1+π)] – 1, onde:
r = taxa de juros real; i = taxa de juros nominal; π = taxa de inflação.
No exemplo apresentado, temos:
i = 0,1; π = 0,012
Aplicando a fórmula:
r = [(1+0,1)/(1+0,012)] – 1
r = (1,1/1,012) – 1
r = 0,087 
Portanto, a taxa de juros real do período foi de 8,7%.
2.3.5 Interligando o lado real da economia com o lado monetário
Na medida em que toda transação que compõe o lado real da economia exigeuma contrapartida 
monetária, chega-se à conclusão de que o produto nacional precisa ter uma correspondência 
com o total de meios de pagamento da economia. Por que não afirmamos de uma vez que eles 
precisam se igualar?
Porque a moeda não fica parada. Uma mesma unidade monetária pode ser a base de mais de 
uma transação. Imagine que você saque uma parcela do seu salário e vá realizar compras. O 
dinheiro que você utiliza servirá como troco de alguma outra venda. Esse troco será utilizado em 
outra transação, e assim por diante. Então, para que se possa estabelecer essa correspondência, 
faz-se necessária a elucidação de mais um termo: velocidade-renda da moeda.
“A velocidade-renda da moeda é o número de vezes em que o estoque de moeda passa de mão 
em mão, criando renda.” (VASCONCELLOS; GARCIA, 1998, p. 144).
Seu cálculo é dado por meio da divisão do PIB nominal pelo saldo dos meios de pagamento (M):
V = PIB nominal/M
Agora, sim, é possível realizar a ligação entre os lados real e monetário de uma economia, 
equação construída no âmbito da Teoria Quantitativa da Moeda:
MV = Py, onde
M = saldo dos meios de pagamento; V = velocidade-renda da moeda; P = nível geral de 
preços; y = PIB real.
• Taxa de juros real: “[...] mede o retorno de uma aplicação em termos de quantidades de bens, 
isto é, já descontada a taxa de inflação.” (VASCONCELLOS; GARCIA, 1998, p. 143).
Para entender de maneira clara os dois conceitos, imaginemos um mês que apresentou uma 
inflação de 1,2%. Nesse mesmo mês, a taxa de juros nominal foi de 10%. Qual deverá ser a taxa 
real de inflação?
Para realizar esse cálculo, precisamos estabelecer a fórmula da taxa de juros real:
93
2.3.6 Efeitos reais das políticas monetárias
Finalmente estamos aptos a entender como a alteração da oferta de moeda pode impactar a 
atividade econômica e a inflação em uma economia. Para tanto, vamos entender o impacto de 
uma política monetária mediante dois cenários: pleno emprego e desemprego.
Cenário de pleno emprego: quando há pleno emprego, expansões da demanda agregada não 
são acompanhadas pela elevação da oferta no curto prazo, o que se traduz em inflação. Nesse 
sentido, quando há inflação, em termos de política monetária, o desejo do Banco Central se 
traduz no combate da inflação. Para tanto, ele deverá reduzir o estoque de moeda disponível 
como forma de desacelerar o processo inflacionário. 
M
(queda)
V
(constante)
P
(queda)=
y
(constante)
Fonte: VASCONCELLOS; GARCIA (1998).
Cenário de desemprego: quando há desemprego, é possível expandir o produto nacional sem 
gerar pressões inflacionárias. Nesse sentido, a autoridade monetária pode agir de modo a 
estimular o crescimento do PIB real elevando a quantidade de moeda na economia.
Fonte: VASCONCELLOS; GARCIA (1998).
M
(aumenta 10%)
V
(constante)
P
(constante)=
y
(aumenta 10%)
2.4 Inflação
A inflação é a elevação generalizada dos preços dos bens em uma economia. Quando existente 
em níveis elevados e por longos períodos de tempo, constitui-se numa ameaça ao valor real da 
moeda. Mas seus efeitos vão muito além do que foi discutido até aqui. E o diagnóstico correto de 
suas causas é a base para a condução de políticas fiscais e monetárias assertivas. Este Capítulo, 
portanto, tem o intuito de aprofundar as causas e os efeitos de processos inflacionários na 
economia.
2.4.1 Causas da inflação
Em linhas gerais, a literatura econômica aponta para três principais causas de processos 
inflacionários: excesso de demanda, elevação de custos e tendência inercial de elevação de 
preços.
Como a demanda pode exercer influência sobre os preços?
Segundo o fundamento de mercado para que haja elevações nos preços dos bens, qualquer nível 
de preço que estabeleça uma procura maior que a oferta, ou seja, qualquer nível de preço que 
esteja abaixo do preço de equilíbrio, tende a puxar os preços para cima. Mas esse evento se 
94 Laureate- International Universities
Macroeconomia
refere a um mercado específico, e não à economia como um todo. 
Quando a economia está aquecida, o consumo costuma ser a variável que responde mais 
facilmente a esse cenário. Nesse sentido, a demanda agregada tende a deslocar-se positivamente 
em uma velocidade mais rápida do que a oferta agregada. Isso ocorre, pois a elevação da 
oferta agregada exige a realização de investimentos, que costumam ter um prazo maior para 
efetivação. O raciocínio é simples: para comprar, basta ter o rendimento à disposição. Para se 
realizar o investimento, mesmo com o recurso financeiro em mãos, é necessário um período de 
tempo para que a decisão se transforme em uma maior capacidade de produção. 
Isso posto, em cenários de crescimento econômico, quando o consumo cresce a taxas mais 
aceleradas do que os investimentos, há uma tendência natural para processos inflacionários. 
Nesses casos, a forma mais prudente de controle são desestímulos à demanda agregada, os 
quais ocorrem por meio de políticas monetária e/ou fiscal restritivas. 
Como os custos exercem influência sobre os preços?
As empresas tendem a repassar elevações de seus custos de produção ao preço que praticam 
nos mercados. Nesse sentido, qualquer elevação de custo pode se traduzir em inflação. E quanto 
mais essencial for o insumo para diferentes cadeias produtivas, maior tende a ser a pressão 
inflacionária. 
Por exemplo, qual dos choques apresentados a seguir tende a causar maior pressão inflacionária?
Imaginemos que as plantações de laranja na Flórida sejam afetadas severamente pelos furacões 
em uma determinada safra, o que fará com que o preço da laranja no mercado internacional 
sofra pressões positivas. Essa elevação do preço da laranja irá alterar os custos de produção 
da indústria de suco de laranja. No entanto, na economia como um todo, na medida em que o 
extrato/suco de laranja não é um insumo essencial, a maioria das cadeias produtivas não sofre 
impactos diretos desse aumento.
Contudo, quando os países da OPEP decidem elevar os preços do petróleo de maneira artificial, 
o impacto inflacionário é muito maior. Isso ocorre, pois o petróleo é matéria-prima essencial 
para uma grande quantidade de cadeias produtivas. Mas, sobretudo, o principal impacto para a 
economia ocorre por alterar os preços dos combustíveis. Como a distribuição de bens depende 
do deslocamento dos produtos, qualquer aumento no preço do petróleo tende a reverberar como 
pressão nos custos relativos à logística, gerando pressões inflacionárias significativas. 
Mas um dos exemplos mais discutidos a respeito da inflação de custos refere-se aos impactos de 
elevações do salário mínimo. Quando as elevações do salário mínimo superam os ganhos de 
produtividade da mão de obra, há uma tendência para instauração de processos inflacionários. 
Naturalmente, na medida em que grande parte dos fenômenos causadores de inflação de custos 
não é tipicamente econômica, seu combate por meio de política econômica é mais complicado. 
Como remediar os efeitos de desastres naturais? Como lidar com decisões que foram tomadas 
em um âmbito político? 
Nessas situações, o governo costuma atuar por meio das políticas de renda, fixando/congelando 
os preços. Mas essas medidas não se sustentam no longo prazo, podendo, inclusive, acentuar 
a inflação quando retiradas. Foi o que aconteceu em alguns planos econômicos de combate à 
inflação. 
Como a inércia pode exercer influência na inflação?
Em economias caracterizadas historicamente por indicadores elevados de inflação, ocorre o que 
alguns autores chamam de “memória inflacionária”. Com o processo persistente de inflação, os 
ofertantes acabam por elevar seus preços mesmo quando não há fundamento para tanto (seja 
95
por pressão de demanda ou de custos).
O combate a esse tipo de inflação também é bastante complicado, na medida em que deve 
atacar as expectativas dos agentes econômicos. Enquanto os agentes não tiverem segurança de 
que o poder de compra estará assegurado, haverá repasses contínuos das expectativas elevadas 
de inflação parao preço do bem.
Você já deve ter ouvido falar a respeito do processo inflacionário que foi resolvido com 
a implementação do Plano Real. Mas quais foram as razões de tamanho sucesso?
 
Muitos autores argumentam que o sucesso do plano estava no diagnóstico correto das 
causas da inflação, o que permitiu a configuração de um rol de medidas certeiras. 
Segue uma análise de Luque e Vasconcellos (2011) a respeito do sucesso do Plano Real:
Em 1994, no governo Itamar Franco, tendo como ministro da Fazenda 
Fernando Henrique Cardoso, implementou-se o Plano Real. Este, por sua 
vez, representou um avanço em relação aos planos anteriores, reconhecendo 
que as principais causas da inflação brasileira estavam no desequilíbrio do 
setor público e nos mecanismos de indexação [...]. Após a reforma monetária 
inicial, a política anti-inflacionária concentrou-se nas chamadas âncoras 
monetária e cambial. A âncora monetária consistiu no estabelecimento da 
taxa de juros e da taxa do compulsório sobre os depósitos à vista relativamente 
elevadas, para controlar a demanda agregada. A âncora cambial consistiu na 
valorização do real associada ao regime de câmbio fixo. Ao tornar o real 
relativamente valorizado em relação às moedas estrangeiras, em particular ao 
dólar, as importações tornaram-se mais baratas, aumentou-se a concorrência 
com produtos produzidos brasileiros, ancorando-se os preços internos. Nesse 
aspecto, deve-se considerar que contribuiu para esse resultado a abertura 
comercial iniciada timidamente no governo Sarney, e incrementada no 
governo Collor de Mello, através de redução das tarifas de importação e de 
barreiras alfandegárias. (LUQUE; VASCONCELLOS, 2011, p. 325-326).
Alguns autores questionam o sucesso do Plano na medida em que o regime de câmbio 
ocasionou uma crise no Balanço de Pagamentos brasileiro em 1999. A partir dessa crise, 
passou-se a se adotar um regime de câmbio flutuante atrelado a um regime de metas de 
inflação. No entanto, não há como negar o sucesso do Plano na resolução do problema 
crônico de inflação brasileira. 
VOCÊ O CONHECE?
96 Laureate- International Universities
Macroeconomia
Neste Capítulo, você entrou em contato com as principais variáveis e problemas da macroeconomia. 
Ao aprofundar os tópicos, entendeu como o governo costuma combater os efeitos danosos de cada 
etapa dos ciclos econômicos. 
Nesse sentido, compreendeu os atores envolvidos, os instrumentos e resultados esperados de cada 
tipo de política econômica, seja ela fiscal, monetária, externa ou de renda. 
Percebeu que nem sempre se deve procurar estimular a economia, principalmente quando esta 
enfrenta um processo inflacionário. Por isso, enfrentamos tantas dificuldades no nosso atual cenário 
econômico: como conjugar o combate à inflação com a atividade econômica desaquecida, na 
medida em que políticas anti-inflacionárias tendem a desaquecer a atividade econômica?
Apesar de algumas dúvidas perdurarem, você com certeza está mais preparado para analisar o 
cenário da tomada de decisões, podendo diminuir o risco inerente a cada uma delas.
SínteseSíntese
97
Introdução
Neste Capítulo, você terá contato com os princípios de atuação do Estado na economia, 
compreendendo os principais aspectos que moldam as avaliações a respeito da efetividade do 
setor público. Dessa forma, conseguirá descrever as funções econômicas do Estado, a estrutura 
tributária necessária para a execução de seus objetivos, a forma pela qual se estabelece o 
orçamento público, bem como os resultados da diferença entre arrecadação e gasto, ou seja, o 
déficit público.
Também terá contato com as principais teorias de crescimento e desenvolvimento econômico, o 
que lhe permitirá entender quais são as fontes de geração de riqueza nas economias, bem como 
as estratégias de financiamento do desenvolvimento econômico. 
Capítulo 4O Setor Público e o 
Desenvolvimento Econômico
98 Laureate- International Universities
O Setor Público e o Desenvolvimento Econômico
1 O setor público
Ao longo deste curso, você teve contato com diversas formas de atuação do Estado na economia. 
Em um primeiro momento, aprendeu como as diferentes escolas de pensamento econômico 
encaram o papel econômico do Estado; depois, compreendeu como as políticas governamentais 
são capazes de afetar o equilíbrio dos mercados competitivos; por fim, verificou como a adoção 
de políticas macroeconômicas interferem no ciclo econômico. 
Essa visão inicial é muito rica para a compreensão das formas como o Estado pode intervir no 
curso econômico. No entanto, a discussão ainda carece de aprofundamento dos mecanismos 
de atuação do Estado. Nesse sentido, a seguir será apresentada uma breve conceituação das 
funções econômicas do setor público, com posterior elucidação dos princípios norteadores da 
execução tributária, o que lhe permitirá obter a receita necessária para a execução de seus 
gastos. Por fim, você terá contato com questões relativas ao resultado financeiro da ação do setor 
público, expresso por meio de déficits e superávits fiscais. 
Mas, antes de iniciarmos a discussão a respeito do papel econômico do setor público, segue 
um exercício a respeito da necessidade de nos organizarmos em torno de um aparato estatal 
(Quadro 1).
Quadro 1 – Para que serve o governo?
Muitos leitores já devem ter se feito essa pergunta. Ou, colocando as coisas de 
outra forma, seria possível não ter governo? Um exercício intelectual interessante 
é imaginar o que aconteceria se, por exemplo, um transatlântico com 2.000 
passageiros naufragasse e todas as pessoas conseguissem se salvar, sem que o 
resto do mundo saiba do seu destino, indo parar em uma ilha deserta. O pequeno 
anarquista que vive dentro de cada pessoa, no início, provavelmente levaria cada 
um a tentar sobreviver de forma independente dos outros. Com o passar do tempo, 
porém, algumas perguntas começariam a surgir, tais como:
• Como a comunidade fará para se proteger da ação dos animais selvagens?
• Se houver um litígio entre duas pessoas, quem arbitrará para decidir quem está 
com a razão?
• Quem tomará conta dos eventuais infratores que, por exemplo, forem pegos 
roubando o sustento dos outros?
• Quem tomará conta dos doentes?
e tantas outras que poderão surgir. O leitor já terá percebido que o “exercício” 
proposto nada mais é do que uma parábola para explicar – e justificar – a existência 
dos governos. De fato, a primeira questão está associada ao que seria o conceito de 
“defesa”; a segunda, ao de “justiça” etc. O governo surge como forma de organizar 
e disciplinar melhor as relações entre as pessoas. A partir dessa necessidade inicial, 
porém, é claro que há uma série de vícios e imperfeições, como a má escolha de 
prioridades, o desperdício de recursos etc., que constituem o “fermento” que alimenta 
as críticas, as quais, em maior ou menor medida, são dirigidas aos governos de 
todos os países do mundo. Pode-se – e deve-se – tentar minorar essas imperfeições, 
sem perder de vista que a alternativa à existência de um governo é o “cada um por 
si”, o que é obviamente incompatível com qualquer forma de convivência civilizada 
entre pessoas ou grupos sociais.
Fonte: GIAMBIAGI, F.; ALÉM, A. C., 2008, p. 9.
99
1.1 Funções econômicas do setor público
Você já parou para pensar que, quando vai comprar um refrigerante, suas opções de compra 
restringem-se a marcas de apenas duas empresas? De acordo com a Associação dos Fabricantes 
de Refrigerantes do Brasil (Afrebras), cerca de 90% desse tipo bebida é fabricado pela Coca-Cola 
e pela AmBev, excetuando-se algumas marcas regionais pequenas. 
No início do século XX, a maioria dos setores econômicos era pouco concentrada, de modo 
que o papel do Estado centrava-se na justiça e na segurança. Contudo, o decorrer da história 
mostrou a necessidade de expansão do papel do Estado. Serão apresentados a seguir alguns 
eventos históricos que contribuíram para a reformulação das funções econômicas do Estado.
 
O desenvolvimento dos modos de produção, em especial,o advento da produção em massa 
fordista e a consequente concentração dos mercados mostraram a real necessidade do Estado 
em fiscalizar e manter as práticas concorrenciais de modo a garantir o bem-estar social. 
A crise de 1929, por sua vez, mostrou a importância do Estado na geração de empregos por meio 
de obras de infraestrutura. Por fim, com o término das duas grandes guerras mundiais, observou-
se um avanço significativo dos ideais social-democratas, selando a abertura de estratégias de 
desenvolvimento cada vez mais dependentes do Estado.
No final da década de 1970, contudo, as crises fiscais ocasionadas pela adoção das políticas 
fiscais expansionistas que embasaram o “Estado de Bem Estar Social”, aliadas ao desenvolvimento 
tecnológico e do sistema financeiro, fez ressurgir o ideal liberal de baixa intervenção do Estado 
na economia.
Antes de prosseguir com a descrição das funções econômicas do Estado, faz-se necessária uma 
breve discussão sobre eficiência do mercado na alocação de recursos produtivos, de modo a 
deixar mais claro o embate de ideias liberais e keynesianas que moldaram essa evolução.
Para que possamos entender esse ponto, voltemos à descrição da mão invisível do mercado, 
de Adam Smith. Para esse autor, o problema de alocação de recursos produtivos se resolve da 
maneira mais eficiente possível por meio do mercado. Como isso acontece?
Imagine que uma determinada sociedade esteja enfrentando problemas de escassez de alimentos, 
ao mesmo que tempo que tem excesso de sapatos, os quais estão se acumulando nos estoques 
das lojas. Podemos enxergar essa problemática por meio de duas óticas: desejos da sociedade e 
alocação de recursos. Essa visão nos permitirá entender o conceito de eficiência.
Implicitamente, o desejo dessa sociedade é que ocorra uma realocação dos recursos produtivos, 
os quais deixem de ser empregados em tal escala na produção de sapatos para serem utilizados 
nos processos de produção de alimentos. Diz-se implicitamente, pois não há ninguém pensando 
diretamente nessa situação, mas sim um desejo de que haja mais alimentos sendo produzidos e 
menos sapatos. Mas como realocar os recursos produtivos?
De acordo com Smith, a forma mais eficiente de resolver esse problema encontra-se no 
mercado concorrencial, por meio de um sistema de preços flexível e da livre de intervenção 
governamental. 
Se os fabricantes de sapatos estão acumulando estoques, deverão iniciar um processo de redução 
de preços para conseguir vendê-los. A queda de preços reduz o lucro por unidade de produto, o 
que torna a atividade menos atrativa, fazendo com alguns produtores enxerguem maior potencial 
em outras atividades mais lucrativas, como a produção de alimentos.
Por outro lado, os fabricantes de alimentos encontram margem para elevação de preços na 
medida em que a oferta existente é insuficiente para cobrir toda a demanda. O aumento do preço 
100 Laureate- International Universities
O Setor Público e o Desenvolvimento Econômico
permitirá que estes obtenham um lucro maior por unidade de produto. A maior lucratividade, 
por sua vez, estimulará os investimentos produtivos, os quais exigirão que uma maior quantidade 
de recursos produtivos seja alocada nessa atividade. Partindo do nosso exemplo simplista, esses 
recursos viriam daqueles que produziam sapato e agora têm interesse na produção de alimentos.
Assim, se entendermos a eficiência de um mercado a partir da maximização dos ganhos do 
comércio entre vendedores e compradores, toda vez que houver algum desequilíbrio de mercado 
(excesso ou escassez de oferta), os resultados sugerem que uma melhor alocação dos recursos 
produtivos poderia estar sendo feita; nesse sentido, ainda não se alcançou a situação mais 
eficiente possível.
Assim, qualquer ação do Estado que tire do mercado essa capacidade de se “autorregular” 
tenderia a trazer menor eficiência no processo de alocação dos recursos produtivos. No entanto, 
essa visão é bastante rebatida por outras vertentes teóricas. Conforme vimos, Keynes acreditava 
que é irreal essa premissa de que a economia tenderia, por meio da mão invisível do mercado, 
ao equilíbrio de longo prazo. Nesse sentido, ele acreditava que a ação do Estado por si só não 
é ineficiente; pelo contrário, ela serve para corrigir as flutuações de curto prazo, uma vez que a 
“mão invisível” é passível de falhas.
NÃO DEIXE DE VER...
Um vídeo foi encomendado pela Câmara de Comércio dos Estados Unidos em meados 
da década de 1950 ao cartunista John Sutherland, com o intuito de exaltar às forças 
armadas americanas as glórias do sistema de livre mercado. De maneira muito didática, 
ele explica a eficiência decorrente de um sistema de livre mercado, pontuando o escopo 
de atuação do Estado, bem como as consequências de uma intervenção desastrosa. 
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=uXiwS4xK8cw>. Acesso em: 20 
jun. 2015.
Observa-se, portanto, que a abrangência do intervencionismo estatal anda no bojo do 
desenvolvimento das teorias econômicas, as quais estão enraizadas em ideologias: 
[...] em parte, a existência de um governo pode refletir a presença de ideologias sociais 
e políticas, que divirjam das premissas adotadas quanto à soberania do consumidor e 
quanto à preferência por um sistema de decisões descentralizadas. Mas este é apenas 
um aspecto secundário do problema. Tem maior importância o fato de que o mecanismo 
de mercado não pode desempenhar sozinho todas as funções econômicas. A atuação 
governamental é necessária para guiar, corrigir e suplementar este mecanismo em alguns 
aspectos. (MUSGRAVE; MUSGRAVE, 1980, p. 42)
Ainda assim, apesar de não haver consenso sobre a eficiência da ação do Estado na economia, 
vamos discorrer sobre algumas de suas funções básicas:
1. Função alocativa: prover bens e serviços que não são de interesse da iniciativa privada, e 
cujo consumo por um não afeta o acesso de outro. Esses tipos de bens são chamados “bens 
públicos”, e podem se dividir em tangíveis (ruas, iluminação pública etc.) e intangíveis (defesa 
nacional, justiça e segurança pública). A função alocativa também prevê a correção das falhas 
de mercado, como as externalidades e a criação de monopólios.
101
A distinção entre bens privados e públicos se dá por meio de dois aspectos: não exclusão 
e não rivalidade. Pesquise ambos e caracterize as diferenças entre esses dois tipos de 
bens. 
NÓS QUEREMOS SABER!
2. Função distributiva: realização de políticas de redistribuição de rendas. Nesse caso, o Estado 
utiliza parte da sua arrecadação de impostos para minimizar os efeitos das falhas no processo 
distributivo do mecanismo de mercado. Os principais instrumentos dessa função são as políticas 
de transferência de renda, como o Bolsa Família, bem como os subsídios e concessões de crédito 
que visam estimular o acesso de famílias de baixa renda ao consumo de bens, como o “Minha 
Casa Minha Vida”.
3. Função reguladora: a função estabilizadora refere-se ao papel do Estado na condução dos 
interesses de política macroeconômica em relação aos preços da economia (inflação) e emprego. 
Nesse sentido, qualquer tomada de decisão aplicada no âmbito das políticas monetária e fiscal 
está satisfazendo essa função do Estado.
1.2 Estrutura tributária
O cumprimento de cada uma das funções do Estado exige que este desembolse recursos 
financeiros. Esses recursos financeiros, por sua vez, são obtidos principalmente por meio da 
arrecadação tributária. 
Para garantir o bem-estar social, um sistema tributário deve ser guiado por proposições 
elementares e essenciais que permitam a minimização da interferência do governo nas decisões 
dos agentes econômicos, assim como a distribuição justa dos ônus entre esses. Essas proposições 
serão detalhadas no quadro a seguir:
Quadro 2 – Sistema Tributário “Ideal”
“Perdas” devem ser compartilhadas
Contribuição com a receita do Estado de cada agente 
econômico deve ser considerada socialmente “justa”
Contribuem mais com a receita do Estado aqueles com 
maiorcapacidade de pagamento
Imposição dos tributos precisa interferir o mínimo possível no 
processo de alocação de recursos
O processo de cobrança dos tributos deve ser facilmente 
operacionalizado
Princípio da
equalidade
Princípio do 
benefício
Princípio da 
capacidade de pagamento
Princípio da 
neutralidade
Conceito de
simplicidade
Fonte: Autor.
102 Laureate- International Universities
O Setor Público e o Desenvolvimento Econômico
1.2.1 Princípio da equidade
O princípio da equidade é concebido em uma perspectiva normativa, estabelecendo que o 
ônus da implementação de impostos deve ser repartido entre os agentes econômicos. Em outras 
palavras, visa estabelecer a relação entre cobrança do tributo e capacidade de pagamento e 
divide-se entre princípio do benefício e capacidade de pagamento
1.2.2 Princípio do benefício
Na medida em que uma parcela dos tributos é destinada ao provimento de bens públicos, 
argumenta-se que a utilização deles deveria estar equiparada com o pagamento dos tributos. 
A aplicação desse princípio, na prática, é bastante complexa. Como determinar quanto você 
ou seu vizinho utilizam da iluminação pública da sua rua, por exemplo? Quem trabalha à noite 
deveria pagar um tributo mais elevado por utilizar mais esse tipo de bem do que aqueles que 
saem somente à luz do dia? Apesar da dificuldade, alguns tipos de serviços públicos utilizam-se 
de taxas específicas para seu financiamento, como o transporte público e a energia. 
 
Nesse sentido, conclui-se que esse princípio é aplicável a alguns tipos específicos de serviços 
públicos, contribuindo exclusivamente, portanto, para a função alocativa.
1.2.3 Princípio da capacidade de pagamento
Nesse caso, a tributação deveria ser estabelecida de acordo com a capacidade de pagamento 
do agente econômico. Em torno do que é considerado socialmente justo, é possível estabelecer 
uma regra geral de tributação: tratar igualmente aqueles com mesma capacidade de pagamento 
(equidade horizontal) e de maneira diferente os que possuem capacidades de pagamento distintas 
(equidade vertical). 
A aplicação desse princípio convive com o seguinte dilema: quem tem maior capacidade de 
pagamento? Quem tem a maior renda, ou o maior patrimônio ou quem consome mais?
Os que defendem a renda como melhor critério assim o fazem porque acreditam que seja a 
forma mais ampla da compreensão de capacidade de pagamento, tendo em vista que, quanto 
maior a renda, maior a capacidade de consumo e de construção de patrimônio. Cabe, neste 
ponto, apresentar-lhe mais um importante conceito: progressividade. Um imposto é considerado 
progressivo quando sua alíquota¹ eleva à medida que a renda também aumenta. No Brasil, o 
Imposto de Renda é progressivo. 
Os que acreditam que o consumo é o melhor critério defendem que o ato de consumir é voltado 
para a satisfação de uma necessidade individual e deveria, portanto, ser devidamente onerado. 
Ademais, a imposição do Imposto de Renda acaba por diminuir a capacidade de poupança e 
investimento dos agentes econômicos, variáveis tão importantes para o crescimento econômico. 
Nesse tipo de tributação, não há espaço para a progressividade, de modo que todos os indivíduos 
pagam a mesma alíquota ao consumir um bem. Em termos práticos, se você ou Warren Buffett2 
comprarem um guaraná na padaria, estarão pagando exatamente o mesmo valor ao Estado.
Por fim, os impostos sobre a riqueza também geram muitas polêmicas quanto à sua necessidade 
e efetividade. O patrimônio de qualquer indivíduo do sistema econômico é resultado de uma 
renda que foi gerada em um momento anterior e não foi gasta em consumo, ou seja, nada mais 
é do que poupanças geradas no passado. Na medida em que são resultado de rendas passadas, 
muitos acreditam que já foram devidamente tributadas.
¹ Alíquota é o termo empregado para designar a porcentagem ou valor fixo que deverá ser aplicado à base de cálculo do 
tributo.
2 Warren Buffett é um dos maiores e mais influentes investidores do mundo. Em 2008, foi classificado como o homem mais 
rico do mundo, de acordo com o ranking da Forbes.
103
1.2.4 Princípio da neutralidade
O princípio da neutralidade prevê que a imposição de tributos não deve afetar a eficiência do 
mercado na alocação dos recursos. À medida que a imposição de um tributo altera artificialmente 
o preço do bem, este é capaz de gerar uma distorção nesse sistema de preços, levando a 
economia a uma situação menos eficiente. 
Isso posto, o princípio da neutralidade estabelece uma visão normativa da tributação: 
hipoteticamente, a imposição de um tributo não pode afetar as decisões dos agentes. Em termos 
práticos, significa que a neutralidade prevê que um sistema tributário deva gerar a menor distorção 
possível na alocação dos recursos produtivos e, consequentemente, no sistema de preços. 
O Imposto de Renda é considerado, em certa medida, neutro. Isso ocorre, pois a imposição da 
alíquota diminui da mesma maneira a renda disponível para consumo e poupança daqueles 
indivíduos enquadrados na mesma faixa de rendimento. No entanto, ao avaliarmos os impostos 
seletivos que incidem sobre a produção e o consumo, quebra-se esse princípio. Isso não significa, 
contudo, que tal imposição necessariamente irá trazer ineficiência. Por exemplo, o fato de a 
produção e o consumo de cigarro arcarem com uma carga tributária mais elevada do que a 
média está minimizando o impacto de externalidades negativas decorrentes de seu consumo, a 
saber, a elevação dos gastos com saúde pública. 
1.2.5 Conceito de simplicidade 
Um sistema tributário deve ser idealizado de modo que os seus geradores de receita (contribuintes) 
o entendam facilmente. Ademais, os custos com o processo de cobrança e arrecadação não 
devem ser elevados. 
1.3 Tipos de tributos
Quando o imposto incide diretamente sobre o indivíduo, mais especificamente sobre sua renda 
(salários, lucros, juros, dividendos e aluguéis) ou patrimônio, diz-se que a tributação é direta. 
Quando, por sua vez, incidir sobre as transações pertinentes às atividades econômicas ou 
produtos e serviços, diz-se que a tributação é indireta. 
1.3.1 Imposto de Renda
O Imposto de Renda é um tributo direto, o qual pode ser aplicado tanto às Pessoas Físicas 
(IRPF) quanto às Pessoas Jurídicas (IRPJ). Suas alíquotas são fixadas com base em faixas de 
renda, respeitando o critério de progressividade. Sua base de cálculo incide em torno da renda 
tributável, que contempla alguns abatimentos do rendimento total do indivíduo, como gastos 
com planos de saúde.
O Imposto de Renda da Pessoa Física fica retido diretamente na fonte pagadora. Portanto, os 
trabalhadores formais, ao receberem seu salário, já têm descontado o imposto, de modo a se 
minimizarem as práticas de sonegação no caso dos contratos em CLT. 
O Imposto de Renda da Pessoa Jurídica incidirá sobre o lucro tributável das organizações, sendo 
sua base de cálculo feita a partir de três métodos:
1. Lucro real: é a diferença entre receitas e custos. O cálculo do IRPJ a partir desse método exige 
registros contábeis em conformidade com a legislação. Sua forma de apuração pode se dar 
anualmente, com contribuições mensais baseadas em estimativas, ou trimestralmente.
2. Lucro presumido: alíquota que incide sobre a receita bruta. Esse tipo de método se aplica 
104 Laureate- International Universities
O Setor Público e o Desenvolvimento Econômico
melhor a empresas cuja receita bruta não é grande o suficiente para que se tenha a necessidade 
de organização de um sistema contábil adequado à legislação tributária.
3. Lucro arbitrado: o governo estabelece arbitrariamente qual deverá ser a base do imposto; sua 
implementação se dá nas empresas que não apresentam registros contábeis precisos.
Na medida em que o IRPJ incide sobre o lucro tributável, questiona-se o fato de que ele incida 
inteiramente sobre o produtor, pois podem ocorrer repasses aos preços que os consumidores 
deverão pagar. 
1.3.2 Imposto sobre o Patrimônio
Imposto que incide sobre aposse de ativos em um determinado período. No Brasil, os maiores 
exemplos desse tipo de imposto são o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e o Imposto 
sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA).
1.3.3 Imposto sobre as Vendas
Impostos indiretos que incidem sobre o consumo, podendo ser classificados de acordo com:
1. Amplitude da base incidência: incidência que se dá rotineiramente sobre transações – compra 
de produtos industriais ou de bens de consumo, com alíquotas uniformes (únicas) ou seletivas 
(diferenciadas segundo a natureza do bem). Também podem incidir sobre as transações de 
compra e venda de mercadorias específicas. Nesse caso, as alíquotas são sempre seletivas. 
Exemplo: Imposto sobre consumo de bebidas alcoólicas.
2. Estágio do processo de produção e comercialização: imposto pode ser cobrado do produtor, 
do comércio atacadista, do comércio varejista ou em todas as etapas.
3. Forma de apuração: incidência se dá no valor total da transação (Imposto em cascata ou 
cumulativo) ou apenas no valor adicionado pelo contribuinte (Imposto sobre valor adicionado). 
O imposto em cascata fere o princípio da neutralidade, em especial naqueles setores cuja cadeia 
produtiva é muito extensa. Na medida em que cada etapa é tributada sobre o valor geral da 
transações, os setores com maiores quantidades de etapas produtivas tendem a arcar com uma 
carga tributária mais intensa, prejudicando sua competitividade e atratividade.
1.4 Orçamento público
O conceito de orçamento público surge quando se percebe que, em um Estado de Direito, para 
que se evite a ação imprópria de governantes, se estabelece que os gastos do governo deverão 
ser submetidos à autorização antes de sua execução.
O comportamento dos gastos públicos está bastante atrelado com o contexto histórico, conforme 
podemos observar na tabela a seguir:
105
 Final 
século XX, 
em torno 
de 1870 
(b) 
Período 
prévio à I 
Guerra 
Mundial, 
em torno 
de 1913 
(b) 
Período 
pós I 
Guerra 
Mundial, 
em torno 
de 1920 
(b) 
Período 
prévio à II 
Guerra 
Mundial, em 
torno de 
1937 (b) 
 
 
 
1960 
 
 
 
1980 
 
 
 
1990 
 
 
 
1996 
Alemanha 10,0 14,8 25,0 34,1 32,4 47,9 45,1 49,0 
Austrália 18,3 16,5 19,3 14,8 21,2 34,1 34,9 36,6 
Áustria � � 14,7 20,6 35,7 48,1 38,6 51,7 
Bélgica (c) � 13,8 22,1 21,8 30,3 57,8 54,3 54,3 
ana
á � 16,7 25,0 28,6 38,8 46,0 44,7 
s
anha (c) � 11,0 8,3 13,2 18,8 32,2 42,0 43,3 
sta
s 
ni
s 
7,3 7,5 12,1 19,7 27,0 31,4 32,8 33,3 
ran
a 12,6 17,0 27,6 29,0 34,6 46,1 49,8 54,5 
lan
a (c) 9,1 9,0 13,5 19,0 33,7 55,8 54,1 49,9 
rlan
a � � 18,8 25,5 28,0 48,9 41,2 42,0 
tália (c) 11,9 11,1 22,5 24,5 30,1 42,1 53,4 52,9 
a
 8,8 8,3 14,8 25,4 17,5 32,0 31,3 36,2 
ruega 5,9 9,3 16,0 11,8 29,9 43,8 54,9 49,2 
a 
el
n
ia 
� � 24,6 25,3 26,9 38,1 41,3 34,7 
ein
 
ni
 
9,4 12,7 26,2 30,0 32,2 43,0 39,9 41,9 
uécia 5,7 10,4 10,9 16,5 31,0 60,1 59,1 64,7 
u
a 16,5 14,0 17,0 24,1 17,2 32,8 33,5 39,4 
 
Média 
Simples 
 
10,5 
 
12,0 
 
18,2 
 
22,4 
 
27,9 
 
43,1 
 
44,2 
 
45,8 
 
(a) Governo geral.
(b) Valor referente ao ano mais próximo para o qual se dispõe de dados depois de 1870, antes de 1913, depois 
de 1920 e antes de 1937.
(c) Até 1937, dados referentes apenas ao governo central.
Fonte: GIAMBIAGI, F.; ALÉM, C. A., 2008, p. 11.
No decorrer do século XX, observa-se uma participação cada vez mais expressiva dos gastos 
públicos no PIB dos países. Especialmente quando enfrentam períodos de guerra, a elevação dos 
gastos públicos é acentuada. 
Independentemente da existência de algum esforço de guerra, nota-se que o gasto público 
traçou uma trajetória de crescimento, impulsionada por dois principais fatores: envelhecimento 
populacional e urbanização. O primeiro deles pressiona os gastos públicos, pois aumenta as 
despesas com saúde e, sobretudo, com a previdência. O segundo faz com que a sociedade 
pressione por serviços públicos cada vez melhores. 
Em termos políticos e econômicos, o estabelecimento do orçamento público reflete a execução 
de gastos, os quais devem estabelecer áreas prioritárias. Entre os principais centros de custo do 
governo, temos: a) saúde; b) educação; c) defesa nacional; d) policiamento; e) regulação; f) 
justiça; g) assistencialismo.
106 Laureate- International Universities
O Setor Público e o Desenvolvimento Econômico
Você tem ideia de como o governo está distribuindo seus gastos entre os ministérios e 
secretarias?
Entre na página do Orçamento no site do Ministério do Planejamento e descubra!
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No Brasil, a Constituição de 1988, em seu artigo 1653, prevê que o orçamento do setor público 
seja realizado obedecendo cumulativamente a três requisitos: a) Plano Plurianual (PPA)4; b) Lei de 
Diretrizes Orçamentárias (LDO)5; e c) Lei Orçamentária Anual (LOA)6. 
1.5 Déficit público
Você já deve ter presenciado situações nas quais uma pessoa perde o controle de seus gastos e 
acaba comprometendo uma parcela maior do que seu rendimento. Na medida em que o governo 
tem uma receita e uma perspectiva de gasto, ele também está sujeito a tal situação. Ao final de 
um exercício, se a arrecadação for maior do que as despesas, diz-se que há um superávit nas 
contas públicas. Quando o governo gasta mais do que arrecada, por sua vez, cria-se um déficit 
público.
No Brasil, historicamente, o setor público é deficitário. Toda vez que as despesas superarem a 
receita gerada, o governo deverá encontrar formas de financiar sua dívida. Se recorrer a recursos 
extras fiscais, poderá emitir moeda, por exemplo. Para tanto, o Tesouro Nacional (União) deverá 
pedir o montante emprestado ao Banco Central. A principal vantagem desse recurso está em 
não aumentar o endividamento público junto ao setor privado. Contudo, esse tipo de ação gera 
pressões inflacionárias.
O governo também pode optar por vender títulos da dívida pública ao setor privado. Nesse caso, 
ao obter receita com a venda do título, tira moeda de circulação, que deverá ser destinada ao 
financiamento de sua dívida. Nesse caso, não há pressão inflacionária; contudo, o endividamento 
público aumenta, pois o título é vendido mediante o pagamento de juros. 
Se recorrer aos recursos fiscais, o governo poderá estabelecer um aumento dos impostos 
conjugado a uma maior restrição dos seus gastos (política fiscal contracionista).
Assim, percebemos que a manutenção da saúde financeira do Estado enfrenta dilemas em relação 
ao controle da inflação e da dívida pública.
3 Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:
I - o plano plurianual;
II - as diretrizes orçamentárias;
III - os orçamentos anuais.
4 “§ 1º A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da administração pú-
blica federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada” (BRASIL, 
1988, n.p.).
5 “§ 2º A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas e prioridades da administração pública federal, incluindo as despesas 
de capital para o exercício financeiro subseqüente, orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá sobre as alterações na 
legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento.” (BRASIL, 1988, n.p.).
6 “§ 5º A lei orçamentária anual compreenderá:
I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive 
fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público;
II - o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito 
a voto;
III - o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, 
bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público.” (BRASIL, 1988, n.p.).
107
8 REINHART, C.; ROGOFF, K. 2010a. ‘Growth in a Time of Debt’,Working Paper, n. 15639, National Bureau of Economic 
Research. Disponível em: <http://www.nber.org/papers/w15639>. Acesso em: 20 jun. 2015 e REINHART, C.; ROGOFF, K. 
2010b. Growth in a Time of Debt, American Economic Review, v. 100, n. 2, p. 573–578.
1.5.1 Tipos de déficit público
Quando observamos a diferença entre o que foi arrecadado e gasto em um determinado período, 
chegamos ao conceito de déficit primário. Observe que, nesse caso, não se está levando em 
consideração os juros reais de dívida contraída em um momento anterior. No entanto, como o 
governo se endivida para cobrir o déficit primário, todo exercício exige o pagamento de juros 
e amortização da dívida criada. Surgem, então, dois novos conceitos de déficit: a) déficit 
nominal, que soma ao déficit primário os gastos com juros e amortização da dívida; b) déficit 
operacional, que é o déficit nominal, excluindo a correção monetária e cambial7.
1.5.2 Debate: Déficit público vs. Crescimento econômico
Na última década, estudos importantes apontaram que, quanto maior a participação do déficit 
público no PIB, menor tenderia a ser o crescimento que tal país enfrentaria:
Tabela 2 – Média anual de crescimento do PIB Real para diferentes razões de 
participação do déficit público no PIB de 20 economias avançadas (1946-2009)
 Taxa de crescimento do PIB 
 4,1% 
30-60% 2,8% 
60-90% 2,8% 
> 90% -0,1% 
Fonte: REINHART; ROGOFF (2010a, 2010b)11 apud HERNDON; ASH; POLLIN (2013).
Conforme a tabela aponta, quanto maior o déficit público, menor tenderia a ser a taxa média 
de crescimento do PIB Real. Se o déficit público é gerado ao se gastar mais do que se arrecada, 
o que esses resultados nos mostram é que a prática de políticas fiscais expansionistas é muito 
“perigosa” no longo prazo.
Desde a publicação deste estudo em 2010, o debate em torno da adoção de políticas 
macroeconômicas privilegiou a austeridade, com rígido controle dos gastos públicos. Esse fato é 
bastante curioso, pois nesse mesmo período o mundo enfrentava os efeitos da crise econômica 
deflagrada nos Estados Unidos no final de 2007.
Contudo, em 2013, um novo estudo reacendeu o debate. Utilizando a mesma base de dados, 
estudantes do MIT encontraram novos resultados:
108 Laureate- International Universities
O Setor Público e o Desenvolvimento Econômico
Tabela 3 – Média anual de crescimento do PIB Real para diferentes razões de 
participação do déficit público no PIB de 20 economias avançadas segundo Herdon, 
Ash e Pollin
 Taxa de crescimento do PIB 
 4,2% 
30-60% 3,1% 
60-90% 3,2% 
>90% 2,2% 
Fonte: Adaptado de HERDON; ASH; POLLIN (2013).
Comparado ao estudo anterior, observa-se uma forte discrepância de dados em relação à 
taxa média de crescimento do PIB Real em países em que o déficit público supera os 90%. 
As considerações dos autores sobre os dados gerados repercutiu na esfera de formulação de 
políticas econômicas. Em especial, eles mostraram que os formuladores de política não podem 
defender que as medidas de austeridade se fundamentam na evidência de que, nos níveis em 
que o déficit público for superior a 90% do PIB, haverá uma queda acentuada no crescimento 
econômico.
Percebe-se, portanto, que ainda não se chegou a um consenso a respeito da relação entre déficit 
público e crescimento econômico. As diferenças metodológicas na condução das pesquisas que 
cruzam tais dados dão margem à continuidade do debate. 
2 Teorias de crescimento e desenvolvi-
mento econômico
Apesar de já ter entendido parte da forma na qual o Estado atua sobre a economia, ainda 
é necessário discutir como esses tipos de intervenção moldam estratégias de desenvolvimento 
econômico. Mas, antes disso, precisamos estabelecer a diferença existente entre os conceitos 
de crescimento econômico e desenvolvimento econômico e de que maneira estão relacionados.
O crescimento econômico é comumente mensurado pela taxa de variação do PIB Real. Esse 
conceito está embasado em uma abordagem utilitarista de crescimento, a qual está relacionada 
com a expansão da capacidade de satisfazer necessidades em uma determinada sociedade. Nesse 
sentido, a investigação dos meios que levam ao crescimento econômico perpassa a expansão da 
capacidade de produção dessa economia, os quais deverão ser apresentados no próximo tópico.
O desenvolvimento, por sua vez, precisa ser encarado em uma perspectiva mais ampla. Alguns 
autores defendem que a ocorrência de crescimento econômico tende a levar, no longo prazo, ao 
desenvolvimento. Foi partindo desse princípio que Delfim Netto, ministro da Fazenda no período 
do “Milagre Econômico” que ocorreu durante os governos militares, afirmou que “é preciso 
esperar o bolo crescer para, depois, reparti-lo”. Essa frase foi pronunciada mediante forte crítica 
ao modelo de crescimento econômico que concentrava cada vez mais a renda e não se traduzia 
em desenvolvimento econômico. 
Outros autores acreditam que esse não é um fenômeno puramente econômico, na medida em 
que engloba a melhoria da qualidade de vida, e não simplesmente das condições econômicas. É 
o caso de Amartya Sen, economista indiano, ganhador do Prêmio Nobel de Economia em 1998.
109
Amartya Sen ganhou o Prêmio Nobel de Economia em 1998 em virtude de suas 
contribuições à Economia do Bem-Estar Social.
Ele enxerga o fenômeno de desenvolvimento econômico como um processo de expansão 
das liberdades individuais. Os principais fatores que geram a privação da liberdade 
são: a) pobreza e tirania; b) carência de oportunidades econômicas e destituição 
social sistemática; c) negligência dos serviços públicos; d) intolerância ou interferência 
excessiva de Estados repressivos.
Assim, se a liberdade é resultado de um processo de desenvolvimento, para que este 
ocorra, é necessário que a sociedade combata e elimine todos esses fatores restritores 
da liberdade.
O exercício de reflexão proposto pelo autor para se pensar o fenômeno do desenvolvimento 
ancora-se na seguinte pergunta: “Riqueza traz felicidade?”, a qual podemos estender 
para: “A riqueza nos permite fazer tudo o que queremos?”.
O autor chega à conclusão de que a riqueza é um meio, mas nunca um fim. Os indivíduos 
querem viver uma vida longa e boa, ou seja, não se quer morrer jovem tampouco se 
quer viver a miséria e a privação de liberdade. Assim, o autor afirma que “A utilidade da 
riqueza está nas coisas que ela nos permite fazer – as liberdades substantivas que ela 
nos ajuda a obter”, negando o princípio de que a maximização da renda e da riqueza é 
determinante da ação individual. 
Um dos principais resultados de seus estudos foi a criação de um indicador de 
desenvolvimento conhecido como Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), adotado 
pela ONU para balizar as Metas do Milênio.
VOCÊ O CONHECE?
Para que você entenda melhor esse debate, proponho uma reflexão: de acordo com estimativas 
do FMI, em 2015, o Brasil deve ser a oitava maior economia do mundo. Você acredita que, 
apesar de não ser um dos países mais ricos do mundo, podemos nos considerar desenvolvidos? 
O gráfico abaixo apresenta as 20 maiores economias do mundo; destas, quantas podem ser 
consideradas desenvolvidas?
110 Laureate- International Universities
O Setor Público e o Desenvolvimento Econômico
Gráfico 1 – As maiores economias do mundo (em US$ milhões 
correntes) – Previsões para o PIB (2015)
Fonte: FMI.
2.1 Fontes de crescimento
Apesar de termos percebido que crescimento não necessariamente se traduz em crescimento, 
vamos partir do princípio de que este é condição necessária, mas não suficiente para o fenômeno 
do desenvolvimento.
Inicialmente, vamos entender como as diferentes constituições da chamada “Função de produção 
agregada” afetam o crescimento e a renda dos países. Vimos que as empresas devem combinar 
insumos produtivos, em especial, capital e trabalho, para produzir bens e serviços. Se pensarmos 
numa perspectiva agregada, veremos que a capacidade de geração de riqueza de um país está 
diretamente relacionada a esses dois fatores.
Dessa forma,vamos conceituar que as principais fontes do crescimento econômico são:
1. Crescimento demográfico e imigração: na medida em que se eleva a quantidade de mão 
de obra disponível na economia, há uma elevação na quantidade de trabalho na função de 
produção agregada, o que tende a puxar o crescimento econômico. 
2. Estoque de capital: reflete a capacidade de produção da economia dada a quantidade de 
capital disponível na economia.
3. Educação: essa variável irá fundamentar o conceito de capital humano.
111
4. Desenvolvimento tecnológico: capaz de melhorar a eficiência na utilização dos estoques de 
capital, tanto físico quanto humanos.
5. Eficiência organizacional: capacidade de combinar de maneira eficiente os insumos nos 
processos produtivos.
Através desses determinantes do crescimento, é possível observar que tal fenômeno é resultado 
ou da maior disponibilidade de recursos ou da melhoria na qualidade desses. Ademais, vamos 
prosseguir com uma breve discussão a respeito da distinção entre capital físico e humano, que 
talvez não seja tão trivial quanto parece.
2.1.1 Capital humano
No final da década de 1950 e início da de 1960, diversos autores começam a perceber a 
importância da qualidade da mão de obra para o crescimento econômico. Em especial Theodore 
Schultz, em 1961, afirma que a qualificação profissional também deveria ser enquadrada 
como uma categoria de capital, na medida em que era capaz de elevar a produtividade de um 
trabalhador, assim como uma máquina. Dessa forma, o autor define que qualquer gasto que uma 
empresa realize para melhorar a qualidade de sua mão de obra, por exemplo, em treinamento e 
saúde, é, na realidade, um investimento em capital humano.
Gary Becker amplia a ideia de Schultz ao considerar que os investimentos que o indivíduo (e não 
somente a empresa) realiza ao longo de sua vida em treinamento e qualificação também têm uma 
participação importante no crescimento econômico. Mincer também enxergava a importância do 
elemento humano do capital para o desenvolvimento tecnológico e, consequentemente, para o 
crescimento econômico.
Independentemente do enfoque dado, o capital humano foi incorporado como importante fonte 
do crescimento. Ao avaliar o crescimento pela ótica da produção, o capital humano é capaz de 
elevar a produtividade do trabalhador; ao avaliar a ótica da renda, permite que o trabalhador 
tenha um potencial ganho de renda.
Mas como será que o capital humano influencia o desenvolvimento econômico e social dos 
países? Há evidências de que os trabalhadores de nações desenvolvidas têm maior produtividade 
do que aqueles residentes em países em desenvolvimento. Isso ocorre, pois nesses países a 
necessidade de garantir a subsistência faz com que muitas famílias tenham que tirar seus filhos 
da escola, alocando-os no mercado de trabalho. 
2.1.2 Capital físico
O capital físico, representado nas máquinas e equipamentos, é a principal fonte de crescimento 
econômico encontrada na literatura econômica. A principal medida utilizada para representar a 
sua importância no crescimento é a relação produto-capital, dada por:
V = ∆Y/∆K, onde V = relação produto-capital; ∆Y = variação do produto nacional; ∆K = 
variação da capacidade produtiva. 
Essa relação mostra o quanto o capital físico é capaz de adicionar ao produto, sendo, portanto, 
uma importante forma de medir a produtividade de um país. A elevação do produto nacional 
depende, dessa forma, de investimento produtivo em capital físico, e, normalmente, esses 
investimentos tendem a ser alocados em setores com maior valor dessa relação.
112 Laureate- International Universities
O Setor Público e o Desenvolvimento Econômico
2.2 Financiamento de desenvolvimento
Para realizar um investimento, é necessário alocar recursos financeiros. Esses recursos podem 
ser gerados dentro da economia ou externamente. Nesse sentido, diz-se que o investimento 
produtivo prevê a utilização de poupança interna ou externa, ou seja, um país pode adotar dois 
tipos de estratégia: endividamento externo e autofinanciamento.
Para conseguir financiar com recursos próprios, o país precisa adotar políticas que estimulem a 
formação da poupança interna. Algumas economias, em especial as economias socialistas, como 
a China, adotaram a obrigatoriedade de poupança por longos períodos de tempo como forma 
de acelerar o processo de formação de estoques de capital.
Outra estratégia de formação de poupança interna se dá por meio dos resultados do setor 
público: quando se arrecada mais do que se gasta, o governo gera superávits, os quais poderão 
ser alocados no mercado por meio de crédito via bancos de desenvolvimento ou de fomento.
Para atrair poupança externa, por sua vez, os países precisam criar condições atrativas para o 
Investimento Estrangeiro Direto (IED)9. De acordo com os dados divulgados pela UNCTAD, o 
Brasil foi o quinto país que mais atraiu IED em todo o mundo em 2013, como mostra o gráfico 
abaixo:
Gráfico 2 – Fluxos de IED – 20 maiores países de destino
Fonte: UNCTAD (2014).
Outra fonte de financiamento externo é encontrada nas instituições financeiras multilaterais, 
como o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Internacional para Reconstrução e 
Desenvolvimento (BIRD), que atualmente integra o Banco Mundial, e o Banco Interamericano de 
Desenvolvimento (BID).
9 O IED se caracteriza como recursos financeiros vindos do exterior para a consolidação de um investimento produtivo no país receptor. 
Sua efetivação exige uma transferência de capital de uma matriz para uma filial.
113
Historicamente, o Brasil se utiliza de poupança externa para financiar a sua estratégia de 
desenvolvimento. Independentemente da origem do recurso que moldará a estratégia de 
financiamento do desenvolvimento, os países precisam criar condições para os investimentos em 
capacidade de produção, de modo a permitir o desenvolvimento econômico.
2.3 Modelos de crescimento econômico 
Neste tópico, vamos abordar brevemente dois modelos de crescimento de longo prazo: um 
ancorado em uma perspectiva keynesiana, a saber, Harrod-Domar, e outro baseado na escola 
de pensamento neoclássica, o modelo de Solow.
2.3.1 Harrod-Domar
O modelo de Harrod-Domar coloca que os determinantes do crescimento econômico são: a) 
taxa de poupança; b) taxa de investimento; c) relação produto-capital. Dessa forma, tem-se que 
a taxa de crescimento do produto (Y’) é determinada da seguinte forma:
Y’ = s*V, onde s = taxa de poupança e V = relação marginal produto-capital.
A taxa de poupança, por sua vez, é expressa pela razão entre poupança e produto, chamada de 
propensão a poupar:
s = S/V, onde S = poupança agregada e V = renda nacional.
A relação marginal produto-capital é dada da seguinte forma:
v = ∆Y/∆K, onde ∆Y = variação da renda nacional; ∆K = variação no estoque de capital.
Como a taxa de investimento agregado (I) pode ser considerada como a variação no estoque de 
capital, podemos reescrever a equação anterior da seguinte forma:
v = ∆Y/I
Vamos trabalhar com um exemplo numérico. Imagine um país que tem uma taxa de poupança de 
15% e uma relação produto-capital de 0,38. Qual deverá ser sua taxa de crescimento?
Se s = 0,15 e v = 0,38, temos que:
Y’ = 0,15*0,36 = 0,057.
Assim, concluímos que, dadas essas características da economia, a taxa de crescimento deveria 
ser de 5,7%.
Esse modelo, como qualquer outro, apresenta algumas limitações importantes de serem 
abordadas. 
Em primeiro lugar, ele estabelece uma relação bastante simplificada entre poupança, investimento 
e crescimento. Isso porque não está fazendo qualquer distinção a respeito da qualidade do 
investimento, que na prática varia muito. 
Por exemplo, os investimentos são destinações de recursos financeiros para aquisição de 
ativos, os quais podem ter diferentes níveis de produtividade. Ao estabelecer apenas uma taxa 
de produtividade do capital, supõe-se que essa diferença não seja impactante, o que é uma 
inverdade. 
114 Laureate- International UniversitiesO Setor Público e o Desenvolvimento Econômico
Ao mesmo tempo, o retorno dos investimentos em termos de produto nacional também é bastante 
diferente: investimentos em educação e saúde costumam reverberar no produto após um longo 
período de tempo; um investimento em maquinário, por sua vez, tende a elevar imediatamente a 
capacidade de produção dessa economia.
Nesse sentido, esse modelo prevê que o Estado pode ter um papel importante na condução dos 
objetivos econômicos de crescimento, na medida em que pode direcionar as políticas econômicas 
de modo a alterar a taxa de investimento e poupança da economia.
2.3.2 Solow
O modelo de Solow é considerado um dos mais importantes modelos de crescimento. Para que 
possamos compreendê-lo, vamos estabelecer algumas premissas importantes:
Imagine uma economia que produza somente um bem, por exemplo, alimento. A produção 
de alimento é resultado de uma certa combinação de fatores de produção, a saber: estoque 
de capital (k) e oferta trabalho (L). Imaginemos que o estoque de capital é representado pelo 
maquinário destinado à produção de alimentos e que a oferta de trabalho se refere às pessoas 
disponíveis para emprego na lavoura. Temos portanto que:
Y = ƒ(K,L)
Vamos também supor que a oferta de trabalho varia à medida que varia a população, ou seja, 
é uma função da taxa de crescimento natural da população e que o mercado de trabalho entra 
em equilíbrio quando a oferta de trabalho se iguala à demanda de trabalho, situação alcançada 
no Pleno Emprego.
Por fim, há o condicionante de que o Produto Nacional tenha de ser exatamente igual à Despesa 
Nacional. Se Y = C + S e D = C + I, temos:
Y = D, portanto: S = I
Sendo a taxa de poupança dada nesse modelo, assume-se que a propensão marginal a poupar 
em uma economia é constante. Dessa forma, no modelo de Solow, o crescimento econômico 
depende diretamente do estoque de capital. Como a poupança é igual ao investimento. 
Na medida em que os neoclássicos acreditam que a intervenção do Estado na economia tende a 
trazer distorções na alocação dos recursos, o modelo de Solow prevê uma situação de equilíbrio 
de longo prazo, com taxas constantes de crescimento. Assim, a adoção de políticas econômicas 
é considerada pouco efetiva nesse modelo.
2.4 Estágios de desenvolvimento
Agora que já discutimos as principais fontes de crescimento econômico e como elas se 
relacionam através de modelos, estamos aptos a entender quais são os elementos essenciais ao 
desenvolvimento econômico, ou seja, sem esses condicionantes, Rostow afirmou que não existe 
desenvolvimento:
115
Elevação da taxa de investimento produtivo
Desenvolvimento de setores industriais
Ambiente político e social propício a investimentos
Elevação da taxa de crescimento do PIB per capita
Quadro 3 – Condicionantes do Desenvolvimento Econômico por Rostow
Fonte: Autor.
Através desses condicionantes, o autor propõe a formulação dos estágios de desenvolvimento 
dos países por meio de uma abordagem histórica.
Em uma sociedade tradicional, num primeiro estágio, a economia organiza-se em uma base 
predominantemente agrária, onde a tecnologia empregada é bastante arcaica e a renda per 
capita muito baixa.
Em um segundo estágio, estabelecem-se os pré-requisitos para a arrancada desenvolvimentista. 
Assim, ocorre um aumento da taxa de acumulação do capital e o crescimento demográfico, bem 
como melhorias na qualidade da mão de obra em função da maior qualificação e especialização. 
Esse tipo de evolução é bastante típico em processos de urbanização acentuada e exige uma 
melhoria expressiva da produtividade agrícola como forma de se financiar a expansão industrial. 
Concomitantemente, países que passam por esse estágio de desenvolvimento costumam realizar 
investimentos pesados em infraestrutura básica. 
A terceira etapa de desenvolvimento refere-se ao processo conhecido como take-off, alusão à 
decolagem de aviões. Nesse sentido, nesse estágio estabelecem-se as bases de um desenvolvimento 
sustentado devido à institucionalização do crescimento. É nessa etapa que os condicionantes 
apontados na Figura 2 firmam-se na economia.
O próximo estágio se caracteriza pela consolidação de um processo de crescimento sustentado, 
o qual é guiado pelo amadurecimento dos instrumentos e instituições que asseguram o 
desenvolvimento tecnológico.
116 Laureate- International Universities
O Setor Público e o Desenvolvimento Econômico
Por fim, a última etapa de desenvolvimento apontada por Rostow é a “Era do alto consumo 
de massa”, caracterizada pela sofisticação das necessidades sociais, que se traduz em uma 
economia mais complexa, com produtos de alta intensidade tecnológica.
Vale ressaltar que a discussão a respeito dos estágios de desenvolvimento a partir de uma 
perspectiva histórica é bastante controversa. Essa visão implica compreender os instrumentos 
e as políticas econômicas adotadas em cada uma das etapas. Dessa forma, diversos autores, 
como o coreano Ha-Joon Chang, acreditam que as práticas recomendadas para os países em 
desenvolvimento no Consenso de Washington, por exemplo, estariam em linha com estágios 
mais avançados de desenvolvimento, sendo uma injustiça cobrar-lhes ações ligadas a condições 
mais desenvolvidas. Por exemplo, como ter um governo menos atuante quando grande parte da 
população mal tem acesso aos bens públicos?
2.4.1 Importância da industrialização para o desenvolvimento
A industrialização é considerada por muitos a principal força propulsora do desenvolvimento. 
Quando observamos como se deu o processo de industrialização das nações mais ricas, 
percebemos que foi resultado de uma elevação expressiva da produtividade agrícola. O 
desenvolvimento tecnológico da agricultura teve, portanto, um papel importante no êxodo rural, 
que permitiu a transferência de trabalhadores das lavouras às indústrias localizadas em centros 
urbanos.
As nações em desenvolvimento iniciaram o seu processo de industrialização tardiamente, o que 
lhes conferiu menor capacidade de competição. Nesse sentido, nos anos 1950 e início dos 1960, 
adotou-se em diversos países subdesenvolvidos a estratégia de substituição de importações, que 
se fundamentava em práticas protecionistas, como a proibição de importação de determinados 
bens tidos como essenciais à consolidação do parque industrial dos países. 
Os efeitos dessa política no longo prazo não foram os esperados. A proteção à nascente indústria 
local fez com que muitos produtores se acostumassem à falta de concorrência, o que tornou o 
desenvolvimento tecnológico mais vagaroso. 
A abertura comercial e a redução das barreiras fundamentaram as estratégias de desenvolvimento 
do final dos anos 1980 e início dos anos 1990, trazendo alguns resultados bastante frutíferos, 
outros nem tanto. No período, os chamados Tigres Asiáticos (Coreia do Sul, Taiwan, Hong 
Kong e Cingapura) experimentaram um vertiginoso crescimento econômico que se traduziu em 
desenvolvimento. 
117
Neste Capítulo, você compreendeu como o Estado estabelece as diretrizes de eficiência necessárias 
para a execução de suas funções econômicas através da ótica da Teoria da Tributação e do 
Orçamento. Também viu que, assim como um indivíduo qualquer, o Estado pode se endividar, tendo 
que recorrer a fontes de financiamento da dívida. 
Também entendeu que o crescimento e o desenvolvimento econômico têm relação direta com 
a expansão dos condicionantes técnicos da economia, em especial, com o investimento. Dessa 
forma, no longo prazo, só se cresce economicamente estimulando o investimento. Talvez aqui você 
tenha começado a perceber por que o último debate eleitoral brasileiro focou tanto a discussão 
no esgotamento do modelo de crescimento baseado no consumo, havendo a necessidade de se 
estimular os investimentos. Por fim, discutimos algumas estratégias de desenvolvimento.
O debate a respeito da necessidade de um Estado interventor, apesar de muito antigo, é bastante 
atual. Espero que, ao final deste Capítulo, seus argumentosestejam mais afiados e você consiga 
se posicionar criticamente, independentemente de suas crenças ideológicas, entendendo os pontos 
positivos e negativos de cada uma das possibilidades.
SínteseSíntese
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