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Prévia do material em texto

ECONOMIA E MERCADO
2020
Ana Paula dos Santos Cardoso
Tadeu Vaz Pinto Pereira
Thiago André Guimarães
ANA PAULA DOS SANTOS CARDOSO
TADEU VAZ PINTO PEREIRA
THIAGO ANDRÉ GUIMARÃES
ECONOMIA E MERCADO
ECONOMIA E MERCADO
2020
Ana Paula dos Santos Cardoso
Tadeu Vaz Pinto Pereira
Thiago André Guimarães
PRESIDENTE 
Frei Thiago Alexandre Hayakawa, OFM
DIRETOR GERAL 
Jorge Apóstolos Siarcos 
REITOR 
Frei Gilberto Gonçalves Garcia, OFM 
VICE-REITOR 
Frei Thiago Alexandre Hayakawa, OFM
PRÓ-REITOR DE ADMINISTRAÇÃO E PLANEJAMENTO 
Adriel de Moura Cabral 
PRÓ-REITOR DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO 
Dilnei Giseli Lorenzi 
COORDENADOR DO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - NEAD 
Renato Adriano Pezenti
GESTOR DO CENTRO DE SOLUÇÕES EDUCACIONAIS - CSE
Fernando Rodrigo Andrian
DESIGNER INSTRUCIONAL 
Abner Pereira de Almeida
 REVISÃO ORTOGRÁFICA
Carolina Bontorin Ceccon (FAE)
Mayara Drobot da Silva Portela (FAE)
PROJETO GRÁFICO
Impulsa Comunicação
DIAGRAMADORES
Andréa Ercília Calegari
CAPA
Andréa Ercília Calegari
© 2020 Universidade São Francisco
Avenida São Francisco de Assis, 218
CEP 12916-900 – Bragança Paulista/SP
CASA NOSSA SENHORA DA PAZ – AÇÃO SOCIAL FRANCISCANA, PROVÍNCIA 
FRANCISCANA DA IMACULADA CONCEIÇÃO DO BRASIL – 
ORDEM DOS FRADES MENORES
ANA PAULA DOS SANTOS CARDOSO
Mestre em Desenvolvimento Econômico pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). 
Graduada em Ciências Econômicas pela Fundação Universidade do Rio Grande (FURG). 
Atualmente é Professora Assistente da FAE Centro Universitário e Professora Adjunta das 
Faculdades Integradas Santa Cruz de Curitiba (FARESC). Experiência na área de Econo-
mia, com ênfase em Mudança Tecnológica, atuando principalmente nos seguintes temas: 
Concorrência e Mercados e Política Monetária.
TADEU VAZ PINTO PEREIRA
Mestre em Ciências Humanas e Sociais pela Universidade Federal do ABC. Gradu-
ado em Ciências Econômicas pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas 
(CEA/PUCC) e em Ciência Política pela Universidade Estadual de Campinas (IFCH/
UNICAMP). Atuou no Centro de Desenvolvimento Econômico da UNICAMP (CEDE/IE/
UNICAMP) e foi Chefe da Divisão de Indústria da Secretaria de Desenvolvimento Eco-
nômico do município de Bragança Paulista.
Atualmente, é servidor efetivo (Analista de Gestão) da Prefeitura da Estância de Atibaia e 
professor convidado na área de Teoria Econômica na Universidade São Francisco (USF).
THIAGO ANDRÉ GUIMARÃES
Mestre e Doutorando em Pesquisa Operacional pelo Programa de Pós-graduação em 
Métodos Numéricos em Engenharia, pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). En-
genheiro de Produção Civil pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) 
e Economista pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Atualmente é Professor 
Assistente da FAE Centro Universitário, lotado no Departamento de Economia e Pro-
fessor Efetivo do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná (IFPR), 
lotado no Campus Curitiba, atuando na área de Gestão e Negócios. Atua também como 
Economista e Pesquisador junto ao grupo de pesquisa Desenvolvimento e Evolução 
de Sistemas Técnicos (DEST), vinculado ao Departamento de Economia do Setor de 
Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Sua pesquisa concentra-se na área de Engenharia de Produção, com particular interesse 
em Logística e Pesquisa Operacional. No âmbito das Ciências Econômicas, atua especifica-
mente nos seguintes segmentos: Economia Industrial, Mudança Tecnológica, Agrotóxicos, 
Métodos Estatísticos, Matemáticos e Econométricos e Ensino em Ciências Econômicas.
O AUTOR
SUMÁRIO
Caixas de destaque ........................................................................................................5
UNIDADE 01: A economia no nosso dia a dia................................................................6
1. Escolhas dos seres humanos .................................................................................6
2 Ciência econômica e suas metodologias ............................................................... 14
3 Comportamentos econômicos em sociedade ........................................................ 20
UNIDADE 02: Como os mercados funcionam? Fundamentos e reflexões sobre a micro-
economia ...................................................................................................................... 34
1. Fundamentos de microeconomia .......................................................................... 34
2. Elasticidade ........................................................................................................... 48
3. Estruturas do mercado .......................................................................................... 55
UNIDADE 03: A Macroeconomia: da crise de 1929 à Revolução Keynesiana ............ 62
1. Mercado se Autoequilibra, pelo menos é o que pensam os liberais ..................... 62
2. Contabilidade social .............................................................................................. 73
UNIDADE 04: Moeda e mercado financeiro: Inflação e emprego, estado e políticas ma-
croeconômicas ............................................................................................................. 88
1. Moeda e mercado financeiro ................................................................................. 88
2. Inflação – causas e consequências ...................................................................... 99
3. Estado e políticas macroeconômicas ..................................................................109
Importante entender!
É um espaço dedicado a entender os conceitos centrais do 
conteúdo.
Para refletir
Espaço para questionamento sobre o assunto. Situação 
hipotética para reflexão e compreensão sobre o tema estudado.
Exemplo
Momento para se apresentar uma situação real do assunto 
trabalhado.
Leis
Lei ou artigo de extrema importância para o aprofundamento 
do aluno.
Leitura fundamental
Livros e textos imprescindíveis para o desenvolvimento da 
aprendizagem do aluno.
Sugestão de leitura
Apresentação de leituras interessantes para o aluno, 
relacionadas ao tema.
Relembre
Pontos fundamentais que guiarão o aluno. São nortes que 
o ajudarão a interpretar o texto.
Curiosidades
Fato, acontecimento histórico ou ponto curioso relacionado 
ao tema abordado.
Saiba mais
Livros e textos imprescindíveis para o desenvolvimento
da aprendizagem do aluno.
Glossário
Termos e siglas específicas sobre o tema tratado na unidade.
Pesquise
Apresentação de fontes para que o aluno explore mais 
o conteúdo abordado. Serão apresentados: livros, sites, 
reportagens, dissertações, vídeos, revistas, etc.
significado das
CAIXAS DE DESTAQUE
A economia no nosso dia a dia
6
1 UNIDADE 1
A ECONOMIA NO NOSSO DIA A DIA
INTRODUÇÃO
Taxa de juros, valor do câmbio, superávit comercial, déficit público, inflação e gráficos 
e mais gráficos. Certamente, quando você escuta a palavra Economia, vem tudo isso 
na sua mente.
Contudo, Economia é muito mais do que números, gráficos e quantificação de recursos 
financeiros. Noções de Economia estão no nosso dia a dia. Está quando você decide 
adquirir um produto em detrimento ao outro, quando planeja o que vai fazer daqui 4 ou 
10 anos, ou até quando você desiste de sair com seus amigos no final de semana.
O objetivo deste capítulo é discutir o papel da Economia na sociedade, seu lugar ao 
lado de outras ciências do conhecimento, assim como apresentar seus principais mo-
delos e sua problemática.
Seja bem-vindo à Economia! Certamente, ao longo de toda esta disciplina, você vai se 
surpreender e entender melhor a conjuntura e as relações que nos acercam. Vamos 
conhecê-la? Bons estudos!
1. ESCOLHAS DOS SERES HUMANOS
A Economia é definida como as escolhas sobre as formas de vida em sociedade; com 
o processo decisório das organizações e com a busca pela sustentabilidade. A escolha 
resulta em um comportamento humano que faz parte do nosso dia a dia. A escolha não 
altera os fatos, mas implicana forma como direcionamos nossos comportamos com 
relação a eles.
Nós respiramos e a Economia acontece naturalmente. Acordamos e dormimos Econo-
mia. Ela não se restringe àquilo que é divulgado em noticiários, revistas e jornais. Por 
isso, não é possível dizer que não gostamos de Economia, porque ela faz parte do ser 
humano. Para entender melhor, pense também em nossas decisões diárias de sobrevi-
vência na sociedade em que vivemos. Economia é simples assim.
As compreensões sobre o comportamento econômico são importantes para as diver-
sas áreas do conhecimento, como: a Administração, a Contabilidade, as Engenharias, 
a Psicologia, a Pedagogia, o Direito, a Biologia, a Medicina, as tecnologias dentre ou-
7Economia e mercado
1tras. Da mesma maneira, essas áreas do conhecimento fazem parte da compreensão 
sobre a Economia.
Seja lá qual for a identidade ou a característica da instituição ou do setor em que 
você trabalhe, as lógicas da Economia estarão presentes. Você também pode uti-
lizá-las para sua própria gestão ou gestão familiar, porque você é uma estrutura 
produtiva ou de consumo.
Em negócios empresariais, a compreensão sobre esse comportamento facilita e amplia 
o entendimento e o aprofundamento das formas e das técnicas operacionais de gestão, 
além de dar mais consistência ao processo de tomada de decisão organizacional.
Então, pensar Economia está relacionado às seguintes reflexões:
 ` Eu me conheço, conheço o mundo em que vivo e busco formas de sobrevivência;
 ` Uma empresa privada se conhece, conhece o mundo em que está inserida e 
busca formas de sobrevivência;
 ` O setor público e os demais entes da sociedade civil organizada se conhecem, 
conhecem o mundo em que vivem e buscam formas de sobrevivência...
...desde a pré-história.
O que a sociedade quer da vida? Vida. 
O que as pessoas querem da vida? Vida. 
O que eu quero da vida? Vida.
Por quê? 
Satisfação de Vida. Sonhos. Felicidade. 
Sobrevivência. Competitividade. Bem-
-estar social.
Como? 
Vivendo a dinâmica da Vida. Planejamento 
de curto, médio e longo prazo...Sobrevi-
vência, competitividade... Posicionamento, 
escolhas, tomada de decisão...
A economia no nosso dia a dia
8
1
Onde? 
No meio de vida. Vida em sociedade tem dinâ-
mica própria do todo e das partes, com regras, 
normas e leis.
Quando? 
De acordo com o momento de vida.
Vida em sociedade tem dinâmica própria do todo 
composto pela identidade das partes, que são 
refletidas nos costumes, na cultura, nas regras, 
nas normas e nas leis.
Por autoconhecimento você pode entender a reflexão sobre os valores, o respeito pró-
prio, aquilo que lhe faz feliz e seus sonhos. Em uma organização, isto se reflete na ética 
organizacional, na missão, no negócio e nos objetivos. Por conhecimento do mundo 
você pode entender o tecido social, o seu entorno, o entorno da empresa, o meio de 
vida da sociedade em que as organizações atuam. Já por formas de sobrevivência, 
procure entender como as escolhas de comportamento que você faz em sua vida, nos 
setores em que trabalha, o que você desempenha para a busca da sua felicidade ou da 
sustentabilidade. Nas organizações são tomadas de decisão estratégicas, traçadas à 
competitividade de acordo com a missão e com os valores estabelecidos.
Um processo de tomada de decisão pressupõe escolhas e tem como instrumentos a 
reflexão, o acompanhamento, o monitoramento, a avaliação e a adequação de com-
portamentos estratégicos. Para isso é preciso: a coleta, o levantamento, o registro e a 
comunicação de dados e informações. Esses dados e essas informações são variáveis 
e indicadores utilizados na análise da opção a ser seguida. Variáveis são elementos que 
você dispõe para o seu próprio conhecimento, conhecimento organizacional e conheci-
mento do mundo.
Quem é você?
Quais são seus comportamentos positivos?
O que você pretende de sua vida?
Ao refletir sobre essas questões você está pensando em variáveis do seu comporta-
mento, que pode ser harmônico e conduzir ao equilíbrio, ou desarmônico e conduzir ao 
desequilíbrio. Isso também ocorre na vida organizacional. Qual é a empresa, a orga-
nização ou o setor que eu trabalho? O que há de positivo? Como podemos utilizar os 
aspectos positivos para alcançar os objetivos organizacionais?
9Economia e mercado
1Essas reflexões dependem das análises de variáveis estratégicas e dos momentos da 
organização. A organização pode adotar caminhos para a qualidade, a produtividade 
e a otimização, mas precisa estar atenta ao momento em que se encontra, porque é 
dinâmica, tanto quanto a sociedade em que atua. Tanto você quanto a organização 
precisam estar de acordo com aquilo que a sociedade anseia.
Quanto mais elaborada for a informação sobre o comportamento das variáveis qua-
litativas e quantitativas relacionadas ao momento ou à situação com a qual você ou 
a organização se depara, maior a certeza sobre a sobrevivência no mercado. Assim, 
quanto maior o domínio sobre as variáveis do comportamento individual e organizacio-
nal, menor a incerteza de sobrevivência sobre os resultados que serão obtidos por tal 
escolha. Melhor será sua satisfação e melhores serão os ganhos sobre os posiciona-
mentos estratégicos. Desta forma, você pode estabelecer a relação desta disciplina de 
Economia com as demais cadeiras estudadas na graduação do curso de Administração, 
como gestão estratégica, análise de custos, gestão de pessoas, gestão da qualidade 
dentre outras, as quais também estão de acordo com essa lógica e abordam esses 
temas, mas com formas técnicas, sistemáticas, metodológicas e operacionais para que 
seja possível aplicar na prática.
As lógicas da Ciência Econômica se refletem, mas são pouco exploradas no cotidiano. 
Trabalhos aprofundados com métodos quantitativos e estatísticos nos processos deci-
sórios empresariais, sob o esclarecimento dos momentos das estruturas produtivas e 
de consumo, desmistificam dinâmicas organizacionais. Esse tipo de trabalho enriquece 
a base de tomada de decisões, o estabelecimento de estratégias e amplia os ganhos 
competitivos esperados. Terá melhor posicionamento estratégico a empresa e o profis-
sional que conseguirem captar os momentos organizacionais e pessoais e relacioná-los 
com a dinâmica da sociedade.
1.1 CONCEITO DE ECONOMIA E SEU PAPEL COMO CIÊNCIA
Economia é o uso de recursos disponíveis e escassos para atender às necessida-
des ilimitadas das pessoas para a sobrevivência individual e a vida em sociedade.
Costumo indicar aos alunos todas as vezes que, forem iniciar um trabalho ou um estu-
do, para que haja entendimento pleno do conteúdo, que eles se baseiem no dicionário 
e na etimologia das palavras. A partir daí a compreensão sobre os conteúdos e suas 
aplicabilidades ficam mais claras, facilitando a compreensão dos conhecimentos e das 
técnicas disponíveis.
Assim, começaremos compreendendo o significado da palavra Economia, que vem do grego:
+
ECO
Vem de oikos, que signifi-
ca casa.
NOMIA
Vem de nomos, que sig-
nifica normas.
A economia no nosso dia a dia
10
1 Portanto, pela etimologia: “Economia são as normas da casa”. Portanto, surgem as per-
guntas: o que é necessário para o funcionamento de uma casa? Para que e para quem 
uma casa precisa funcionar? Como uma casa funciona?
Uma casa usa recursos para atender às necessidades das pessoas.
O que precisa (recursos) para uma casa estar 
em atividade e alcançar seus objetivos (neces-
sidades)?
Como usar o que dispomos para atender nos-
sos anseios de vida?
Que casa é essa?
O que resulta das atividades desta casa?
Contudo, você precisa contextualizar esse entendimento para as “diversas casas” que 
existem na sociedade. Você (parte) ou o mundo (todo) podem ser entendidos como uma 
casa. Veja as suposições do que seria uma casa:
1 Um indivíduo – que dorme todos os dias e utiliza pijama, cama e roupas de cama para ter a necessidade “sono, descanso ou repouso” atendida;
2 Uma família – que adquire alimentos ou utensílios domésticos para fazer suas refeições e tera necessidade “alimentação” atendida;
3 Uma empresa ou organização – que utiliza equipamentos, computadores, estrutura física e materiais de escritório para ter a necessidade “gestão organizacional” atendida;
4
O governo – que utiliza inúmeros fatores de produção para conseguir realizar a arrecadação do 
imposto de renda, ou que, por meio de seus funcionários, faz a prestação de serviços públicos 
para que a sociedade tenha as necessidades de “ensino, alimentação e saúde” atendidas;
5 Uma comunidade – que interage para ter a necessidade de “cultura” atendida;
6 Uma sociedade – que constitui regras, normas e leis para ter a necessidade de “política” ou de “consolidação de um Estado soberano” atendida;
7 Um Estado – que se organiza democraticamente para ter a necessidade de “sobrevivência” das pessoas, pelas pessoas e para as pessoas atendida;
8 Um País – que utiliza todos os fatores que dispõe ou busca fatores de produção em outros países para ter a necessidade de “produção de bens e serviços” atendida;
9
O Mundo – que pensa em como usar apenas “1 mundo” para atender às necessidades de 
todas as pessoas do mundo. Enquanto cada indivíduo age na parte, ele também determina a 
organização do todo.
11Economia e mercado
1De maneira geral, a Economia visa entender e analisar como “a casa funciona” do ponto 
de vista das suas decisões produtivas e seus desdobramentos. A ciência econômica 
responde, de maneira geral, às seguintes perguntas:
O que produzir?
A resposta significa identificar as necessidades e, consequentemente, o que irá sa-
tisfazê-las. Desta maneira, a sociedade deve saber que precisa produzir, por exem-
plo, alimentos, roupas, casas, estradas, escolas etc.
Quanto produzir?
Implica determinar quantitativamente o produto necessário à satisfação das neces-
sidades. Se imaginarmos que todos os recursos disponíveis de uma Economia são 
utilizados no processo produtivo, atingiremos um limite na produção de bens e de 
serviços. Nesse caso, se quisermos aumentar a produção de um bem qualquer, 
teremos de diminuir a quantidade de produção de outro ou outros bens.
Como produzir?
Para que se obtenha um determinado bem ou serviço, é necessário empregar os 
fatores trabalho, capital e recursos naturais.
Entretanto, a proporção em que esses recursos serão combinados vai depender da 
abundância ou da escassez de cada um deles.
Para quem produzir?
A resposta a essa pergunta resolve o último problema da questão da satisfação das 
necessidades humanas.
Ela vai nos dizer de que forma será distribuído o produto do trabalho coletivo aos 
elementos da sociedade.
A economia no nosso dia a dia
12
1
Percepção de si e do mundo, tomada de decisão, trade-off, posicionamento estraté-
gico, custo de oportunidade são termos relativos às nossas escolhas de como utilizar 
recursos escassos para atender às necessidades ilimitadas.
Na escolha de 
comportamento há 
relações sociais, 
conversas, soluções 
de problemas, reflexão 
sobre o comportamen-
to, busca conjunta de 
alternativas.
Escolhas para a sobrevivência e para a vida
Os recursos são 
escassos
As necessidades 
são ilimitadas.
x
?
Fonte: Elaborada pela autora (2015).
Figura 01. Comportamento Econômico
Sendo assim, a Economia pode, também, ser entendida como a “ciência das escolhas”. 
Diante das necessidades ilimitadas dos seres humanos, o agente econômico (que pode 
ser o Governo, a Família, as empresas etc.) precisa tomar uma decisão sobre o que 
produzir, como produzir, quanto produzir e para quem produzir.
Esses são os dilemas da Economia: entender as escolhas dos agentes econômicos, 
dado uma conjuntura de recursos limitados e desejos e anseios ilimitados e infinitos.
1.2 VISÕES ESTRATÉGICAS DO COMPORTAMENTO ECONÔMICO
Há algumas formas de conhecer o mundo. Você pode conhecê-lo por meio do entendi-
mento filosófico, religioso ou do senso comum, que é aquele transmitido de geração em 
geração. Já ciência conhece o mundo por meio do método científico e ela se relaciona 
a sua forma de vida cotidiana.
Diversas descobertas, estudos, conceitos, teorias, métodos, operacionalizações e práti-
cas que fazem parte do nosso dia a dia já fizeram parte do meio acadêmico um dia. Di-
ferentemente da pré-história, por causa da tecnologia, hoje a ciência tem forma própria 
de propagação e disseminação de técnicas e conhecimentos e ela possui argumentos, 
teorias, hipóteses e leis.
Argumentos sobre comportamentos são frágeis porque podem ser normatizados 
ou modificados no decorrer do tempo, de acordo com o juízo de valor (opinião) de 
cada indivíduo.
Teorias e hipóteses podem ser questionadas e refutadas no decorrer do tempo, de acor-
do com as observações práticas. Porém, na ciência, leis são inquestionáveis.
13Economia e mercado
1Assim, é possível afirmar que a sustentabilidade não é utópica, porque o comportamen-
to humano é imprevisível e todos podem mudar de opinião, ato ou ação e optar pela 
essencialidade da vida. Além disso, também podemos fazer uma série de afirmações 
sobre o comportamento econômico na vida em sociedade que estão baseadas nas leis 
do comportamento humano de que: a vida sempre encontra meios de sobrevivência; 
o comportamento humano ou organizacional apresenta ciclos de renovação em busca 
de equilíbrios; momentos de equilíbrio são construídos em meio a desequilíbrios, ou 
derivam de impulsos de superação aos desequilíbrios. Veja que a Física, a Química, a 
Biologia e a Psicologia podem auxiliar nessas compreensões. Você também pode des-
mistificar esses entendimentos observando seu comportamento diário na sociedade.
A forma do estudo e do conhecimento do mundo tem método e pressupõe um con-
junto de aprendizados teóricos e práticos, de exploração dedutiva ou indutiva. Como 
todo conhecimento científico tem sua forma de propagação em veículos de informação 
científica como revistas, congressos e demais formas de publicação. A Economia é 
uma Ciência Social Aplicada baseada em uma construção teórica realizada a partir da 
observação cotidiana e prática das pessoas e das organizações, que possui raciocínios 
e obedece a leis relativas ao comportamento humano.
Procure na internet sobre conhecimento do mundo por meio do conhecimento 
filosófico, religioso ou do senso comum.
O senso comum é chamado de conhecimento popular. Um conjunto de códigos 
transmitidos de geração em geração ou pela própria experiência de vida das 
pessoas.
Note a diferença entre conhecimento científico e senso comum: por que você 
sabe quando é primavera? Você já fez um trabalho de conclusão de curso para 
descobrir quando ela ocorre? Se tivesse feito, teria conhecido a primavera por 
meio do conhecimento científico.
Quando você opta por realizar um curso de graduação, você se aproxima do conheci-
mento do mundo pelo método científico, que tem regras e normas de transmissão, usa 
as normas da ABNT e faz trabalhos de iniciação científica ou de conclusão de curso.
Por meio da aproximação da ciência com o senso comum e os demais conhecimen-
tos, avançamos na curva de aprendizagem da sociedade e vivemos dessa forma e 
não em cavernas.
Reunimos diversas formas de conhecimento de mundo, e a inteiramos e a comparti-
lhamos como técnicas e conhecimentos entre as diversas formas de aproximação, ou 
revelação, do homem à sua realidade (tecnológica).
Por que acontece isso na sociedade? Por causa da lei da vida. Porque nós, seres hu-
manos, nos organizamos assim nesta “aldeia global”, em um tecido social que coexiste 
em um único planeta, pois buscamos alternativas para sobreviver. A história mostra que 
essa busca pela vida sempre encontrou novos equilíbrios em meio a desequilíbrios. 
Lembre-se das transições pelas quais passamos como aquela entre a idade média e a 
idade moderna. Crises da humanidade são alternativas a mudanças e a renovações do 
meio de vida.
A economia no nosso dia a dia
14
1 2 CIÊNCIA ECONÔMICA E SUAS METODOLOGIAS
A Economia, como ciência, baseia-se em modelos hipotéticos para explicar seus fenôme-
nos e suas particularidades.Isto acontece porque, por depender de inúmeras variáveis 
que acontecem concomitantemente (ao mesmo tempo), é necessário isolarmos algumas 
variáveis para podermos explicar certas características do fenômeno econômico.
Diferentemente das Ciências Naturais e Exatas, que muitas vezes podem contar com 
laboratórios para provar suas teorias, a Economia, como Ciência Social, precisa aplicar 
modelos hipotéticos para explicar algumas de suas particularidades. Para isso, adota-
mos uma expressão latina coeteris paribus ou ceteris paribus. Ela quer dizer “mantidas 
as demais variáveis constantes”.
Outro ponto que também merece destaque é que a Ciência Econômica, assim como 
qualquer outra ciência, analisa seus fatos e particularidades em diferentes níveis. Mankiw 
(2013) cita o exemplo da Biologia para comparar: a Biologia não se divide em biologia 
molecular, botânica, zoologia, dentre outros? A Economia também tem suas divisões.
Podemos tentar analisar a decisão de uma família ao decidir pela compra de um bem 
de consumo em detrimento do outro, verificar por que os preços da gasolina estão au-
mentando após elevação do preço do dólar, ou ainda verificar a tendência de poupança 
das famílias brasileiras em um ambiente de alta generalizada dos preços, por exemplo.
De maneira geral, dividimos a Ciência Econômica em dois subcampos: micro e macro-
Economia. Para entender a diferença entre microEconomia e macroEconomia, basta 
pensar em um tecido, uma borda ou uma renda. Da mesma forma que você é o fio de 
um tecido que tece no tecido social, por meio de seu trabalho, fazendo gerar renda, um 
fio pode ser entendido como apenas uma atividade econômica que compõe o todo das 
atividades econômicas de um sistema econômico. No decorrer do tempo, a trama do 
tecido conjunto da Economia se modifica, de acordo com a capacidade de geração de 
renda de cada fio (atividade econômica).
Figura 02. Trama do tecido conjunto (renda) da atividade econômica
Tec
nol
ogi
a
Novo 
Equilíbrio
Tecido conjunto da 
Atividade Econômica
Leis do Comportamento 
Humano
Trama do Tecido Social e 
geração de renda
Tempo
Renda
Impulso
1º
3º
2º
4º
Impulso
Equilíbrio
Sat
ura
ção
Otim
izaç
ão
Fonte: Elaborado pela autora (2015).
15Economia e mercado
1A ideia de microEconomia e de macroEconomia não é relativa a territórios, mas ao 
conjunto ou às partes das atividades econômicas. Como a Economia estuda o com-
portamento de indivíduos, famílias, empresas, governos, estados, países, nações e o 
mundo, ela precisa organizar a forma de estudá-los e observá-los. Além disso, utiliza a 
observação macroeconômica e microeconômica para relacionar os efeitos das ações 
de cada um desses agentes, de modo integrado ou isoladamente no tecido social.
A microEconomia refere-se ao campo de estudo da Economia que estuda comporta-
mentos individuais, setoriais, ou grupos de atividade econômicas e organizações. Tra-
ta do equilíbrio de partes ou de mercados específicos. As partes ou o agregado dos 
mercados compõem um todo chamado de macroEconomia. Este campo de estudo da 
Economia trata do equilíbrio geral.
Por exemplo: enquanto a microEconomia observa mercados específicos (encontro das 
forças de oferta e de demanda) ou o equilíbrio e a formação de preços em cada mer-
cado, a macroeconomia ocupa-se do equilíbrio geral e das variações do nível geral de 
preços. Outros exemplos de macroEconomia são: o Produto Interno Bruto (PIB) de 
um Município ou País; o desemprego total, a inflação, os gastos totais do governo. A 
microEconomia observa a produção de apenas um bem ou conjunto de bens, como a 
agricultura, indústria, comércio e serviços e o desemprego de apenas um ou outro setor, 
como a indústria alimentícia, química, celulose e papel, dentre outras.
Resumidamente, de acordo com Mankiw (2013), podemos entender que:
MicroEconomia
analisa como as pessoas, empresas e famílias tomam decisões e como se relacio-
nam e interagem entre si em mercados específicos;
MacroEconomia
estuda fenômenos da Economia como um todo, como inflação, emprego, cresci-
mento econômico e como estes “grandes agregados” influenciam na decisão do 
agente econômico.
Agora, depois de conhecer um pouco sobre o conceito e o papel da Economia como 
ciência, vem uma dúvida: a Ciência Econômica é uma ciência que pertence ao grupo de 
Ciências Humanas ou Exatas?
Esta é uma dúvida comum! Apesar dos muitos números, gráficos e valores que você já 
deve ter visto associado à Economia, esta é uma ciência das Ciências Humanas. Isto 
acontece porque a Economia, conforme já anteriormente discutido, visa entender como 
“como a casa funciona”, principalmente em questões básicas como “o que deverá ser 
produzido” ou “quem terá direito de consumir”.
Estas decisões, apesar de serem correlacionadas e possíveis de serem explicadas e ex-
plicitadas em expressões algébricas e estatística, são carregadas de muita subjetividade.
A economia no nosso dia a dia
16
1 A maneira pela qual se decide produzir um produto em detrimento de outro passa por 
questões culturais e políticas; Economia nada mais é do que a observação do comporta-
mento humano em relação às suas decisões produtivas no interior de suas sociedades.
Figura 03. O caráter biunívoco das relações da Economia com outros ramos do conhecimento social
Economia
Antropologia 
Cultura
PsicologiaDireito
Filosofia
Ética
Sociologia
Política
Sendo assim, a Economia é uma ciência de humanidades. Entretanto, como metodo-
logia de análise do comportamento de seus agentes demanda, não só da matemática 
e da Estatística, conhecimento de História, Sociologia, Psicologia, Ciência Política, 
dentre outros.
Entender as mais diversas questões econômicas demanda multidisciplinaridade. Isto é, não 
existe um problema “exclusivamente econômico”, o que existe são questões políticas, so-
ciais, psicológicas e antropológicas que muitas vezes se refletem no campo da Economia.
Fonte: Rosseti (2016, p. 4).
Você sabia que em 2017 o psicólogo Richard H. Thaler recebeu o Prêmio Nobel 
de Economia pelas suas contribuições no campo da Economia comportamental? 
Thaler é pioneiro no uso da Psicologia para entender o comportamento de como 
as pessoas tomam decisões econômicas, às vezes, rejeitando a racionalidade. 
Interessante, não?!
Entendendo a Economia desta maneira, fica fácil entender porque os economistas di-
vergem tanto! Certamente, ao ler uma notícia no jornal, ou até mesmo ver um comentá-
rio em algum telejornal, você observou que economistas têm opiniões completamente 
distintas sobre o mesmo ponto analisado.
17Economia e mercado
1Tabela 01. Proposições com as quais a maioria dos economistas concorda 
PROPOSIÇÕES COM AS QUAIS A MAIORIA DOS ECONOMISTAS CONCORDA:
01. Estabelecer um teto para os aluguéis reduz a quantidade e a qualidade das moradias disponíveis 
(93%).
02. Tarifas e cotas de importação costumam reduzir o bem-estar econômico geral (93%).
03. Taxas de câmbio flexíveis e flutuantes permitem um arranjo monetário internacional eficaz (90%).
04. A política fiscal (por exemplo, cortes de impostos e/ou aumento dos gastos do governo) tem efeitos 
estimulantes significativos sobre uma Economia que esteja abaixo do pleno emprego (90%).
05. Os Estados Unidos não deveriam restringir a terceirização de outros países (90%).
06. O crescimento econômico em países desenvolvidos como os Estados Unidos leva a níveis mais ele-
vados de bem-estar (88%).
07. Os Estados Unidos deveriam eliminar os subsídios agrícolas (85%).
08. Uma política fiscal apropriadamente desenvolvida pode aumentar a taxa de formação de capital no 
longo prazo (85%).
09. Os governos municipais e estaduais deveriam eliminar os subsídios para franquias de esportes pro-
fissionais (85%).
10. O orçamento federal deve ser equilibrado durante o ciclo de negócios, não anualmente (85%).
11. A diferença entre os fundos da Seguridade Social e os gastos se tornará insustentável nos próximos 
50 anos se as políticas atuais permanecerem inalteradas (85%).
12.Os pagamentos em dinheiro aumentam o bem-estar dos beneficiários mais do que as transferências 
em mercadorias de igual valor monetário (84%).
13. Um grande déficit orçamentário federal tem efeitos adversos sobre a Economia (83%).
14. A redistribuição de renda nos Estados Unidos é um papel legítimo do governo (83%).
15. A inflação é causada principalmente pelo crescimento excessivo da oferta de moeda (83%).
16. Os Estados Unidos não devem banir safras geneticamente modificadas (82%).
17. O salário mínimo aumenta o desemprego entre trabalhadores jovens e não qualificados (79%).
18. O governo deveria reestruturar o sistema de assistência social nos moldes de um “imposto de renda 
negativo” (79%).
19. Os impostos sobre efluentes e as permissões para poluição negociáveis são uma abordagem melhor 
no controle da poluição do que a imposição de tetos à poluição (78%).
20. Os subsídios do governo sobre o etanol nos Estados Unidos devem ser reduzidos ou eliminados 
(78%).
Fonte: Mankiw (2013, p.34).
Por que isso acontece? Segundo Mankiw (2013), os economistas possuem diferentes 
opiniões acerca da validade e aplicabilidade de algumas teorias. Têm diferentes “visões 
de mundo”, o que por si só dificulta na interpretação sobre o impacto de algumas vari-
áveis econômicas (e suas dimensões) podem afetar o bem-estar econômico.
Contudo, as divergências dos economistas não desvalorizam e tampouco desqualifi-
cam a análise de questões econômicas. Como já anteriormente comentado, como o 
entendimento econômico é multidisciplinar, suas interpretações são distintas, com dife-
rentes espectros, métodos e considerações, o que deixa a análise da Economia muito 
mais interessante e rica!
A economia no nosso dia a dia
18
1 2.1 O PROBLEMA DO COMPORTAMENTO ECONÔMICO: A ESCASSEZ
Um dos problemas fundamentais da Economia é a escassez. Os recursos são escas-
sos porque temos apenas um planeta Terra. Em função disso, até que a sociedade 
encontre outra forma de mensuração da renda, de regeneração, de reconstrução e de 
reutilização da Terra, também dizemos que os custos são crescentes. Quanto mais se 
consumir, extrair e utilizar o planeta sem encontrar alternativas à sustentabilidade e à 
produtividade, maiores serão os custos.
O problema da insustentabilidade fica evidente quando os custos crescem mais que a 
renda, pois isso caracteriza improdutividade das pessoas e do sistema econômico. No 
entanto, caso os custos aumentem e a renda aumente em uma proporção maior, haverá 
produtividade, eficiência e otimização sustentável, pois haverá qualidade, prudência e 
consciência individual e social.
Conforme mencionado, temos inúmeras necessidades e precisamos pensar em como 
usar os recursos disponíveis em 1 mundo para satisfazer a essencialidade da vida. 
Chamamos de recursos econômicos ou fatores de produção aquilo que usamos para o 
atendimento dessas necessidades. Na Economia, nós os classificamos e os agrupamos 
da seguinte forma:
Terra:
dizem respeito a todos os insumos ou fatores in natura oriundos da atividade econô-
mica de agropecuária, plantio e manejo florestal, extrativismo, dentre outras.
Capital:
pode ser físico ou financeiro. O capital físico são as máquinas, os equipamentos e 
as estruturas físicas produtivas, aquilo que é possível quantificar e medir contabil-
mente e que também caracteriza os investimentos. Já o capital financeiro pode ser 
entendido como a moeda utilizada para financiar, em forma de crédito ou poupança, 
a atividade econômica. O crédito é uma antecipação de consumos e investimentos 
que possuem maior risco ou incerteza de pagamento, quando comparado ao uso 
de poupança, considerada mais prudente pela garantia de remuneração imediata 
do sistema produtivo de bens e serviços.
Trabalho e capacidade empresarial:
não são consumidos fisicamente no processo produtivo, pois são as pessoas e 
o que se utiliza para a produção de bens e serviços são suas técnicas e seus 
conhecimentos. Ainda não é medido ou contabilizado como investimento, mas sua 
produtividade é essencial à geração de renda. Está relacionado ao capital social, 
à inteligência emocional, à cultura organizacional e à vida das organizações. A 
forma de revelação do seu conhecimento e de suas técnicas determina a forma do 
funcionamento e de organização do sistema econômico. A curva de aprendizagem 
da sociedade depende das pessoas e da forma como trabalhamos pelas pessoas 
e para as pessoas continuarem trabalhando. Dar valor ao trabalho do outro é uma 
19Economia e mercado
1
Tecnologia:
é a interação de técnica e conhecimento. A tecnologia é abstrata e se revela por 
meio do comportamento das pessoas. Para entender a tecnologia, você precisa 
olhar para a forma de interação do conhecimento e das técnicas entre as pessoas e 
os objetos. Não confunda tecnologia com inovação. Há tecnologia no momento em 
que você está estudando, alimentando-se, tomando banho e realizando as demais 
atividades do dia a dia, aproprie-se, contudo, da tecnologia para escolher a forma 
como você vive e sobrevive em sociedade. Você é importante e pode construir al-
ternativas em conjunto para a sustentabilidade.
forma de garantir o seu próprio trabalho (renda), porque se os demais não estiverem 
trabalhando (renda para consumo), talvez você não tenha um motivo para trabalhar 
(renda e consumo). Quem irá adquirir o bem ou o serviço que você disponibiliza à 
sociedade, caso as pessoas não tenham como lhe remunerar?
O papel da inovação tecnológica
Segundo Joseph Schumpeter (1883 — 1950), economista austríaco, a inovação 
tecnológica promove a “destruição criativa do capital”. Para ele, a inovação 
tecnológica é o motor para o crescimento econômico sustentado da Economia, 
apesar da inovação destruir empresas já bem estabelecidas (SCHUMPETER, 
1961). Ou seja, ao surgir um produto inovador, o anterior é substituído pelo 
novo, revolucionando todo o sistema anteriormente concebido. De acordo com 
Mankiw (2013), uma das formas de conhecer a trajetória econômica é por meio 
das tecnologias geradas pela humanidade no decorrer de sua história, como 
ferrovia, telégrafo, motor a combustão, informática, dentre outros. Você concorda 
com esta ideia? Qual o papel da inovação para toda sociedade? Não deixe de 
discutir!
Pense que se as pessoas estivessem plenamente satisfeitas ou se houvesse abun-
dância de recursos na Terra para atender a todas as necessidades, mesmo assim 
precisaríamos estudar Economia aplicada à sustentabilidade. Ou, ainda, mesmo que 
quiséssemos apenas ter lazer, utilizaríamos recursos para ter a necessidade “lazer” 
atendida e teríamos que trabalhar para isso.
Economia é um comportamento humano que depende das escolhas que nós fazemos 
diariamente. Tanto os recursos utilizados quanto as necessidades das pessoas têm ca-
racterísticas que fundamentam o estudo da Economia. O primeiro é caracterizado pela 
escassez, enquanto que o segundo caracteriza-se pela falta de limites. Por isso, nós 
pensamos, refletimos e fazemos escolhas.
Na linguagem científica, utilizamos um ponto de interrogação para apresentar uma per-
gunta ou um problema que será estudado, refletido e pesquisado. Dizemos que a es-
cassez é o problema (?), ou a pergunta que motiva os estudos da Ciência Econômica. 
Mas cada pessoa enfrenta esse problema diariamente, por isso, estamos o tempo todo 
diante de situações decisórias e precisamos escolher como nos comportar entre as 
possibilidades que temos diante de cada caso cotidiano.
A economia no nosso dia a dia
20
1 Nos livros de Economia, qualquer conceito ou definição que você encontre levará à 
ideia, resumida e sintética, de que “Economia é um comportamento das pessoas no uso 
de recursos escassos para atender às necessidades ilimitadas das pessoas”.
2.2 A NECESSIDADE DE SE TOMAR AS MELHORES DECISÕES – AS 
ESCOLHAS ÓTIMAS
As necessidades humanas são inúmeras e infinitas. Diante de um contexto de escassez 
de recursos disponíveis, é de suma necessidade para o ser humano tomar as melhores 
decisões(escolhas ótimas), isto é, eleger quais são suas prioridades e quais os recur-
sos serão utilizados pata atendê-las.
Da mesma forma que as pessoas buscam soluções cotidianas nas organizações, a 
ciência também o faz. Isso fica evidente pelo aspecto multidisciplinar das organizações 
e da Economia, pois, para encontrar soluções conjuntas, ela precisa dialogar com as 
demais áreas do conhecimento científico para construir a sustentabilidade.
A habilidade de conversar com outras áreas do conhecimento e reunir um conjunto de 
argumentos que conduza à decisão ótima caracteriza a multidisciplinaridade. Você se 
utiliza da Matemática, do Português, da História, da Biologia, da Química, da Física, da 
Psicologia, dentre outras ciências para viver em sociedade e tomar suas decisões diárias.
Sobre a multidisciplinaridade para a solução de problemas comuns em sociedade, vale 
lembrar que: por um lado, a Ciência Econômica se utiliza de conhecimentos de outras 
áreas para explicar e estudar o comportamento econômico. Por outro, também contri-
bui de modo multidisciplinar, em conjunto com as demais áreas de conhecimento, para 
solucionar problemas sociais e buscar a sustentabilidade.
Solução é a alternativa encontrada que deriva do processo de tomada de decisão. So-
lução ótima é o processo decisório feito da melhor forma envolvendo escolhas de com-
portamentos que conduzam à sustentabilidade, isso quer dizer: equilibram relações, sa-
tisfação e qualidade. Assim otimizamos tempo, processos e geração de renda, porque 
nos tornamos mais produtivos sem esquecer dos seres humanos e da felicidade, consi-
derando que “o melhor plano de negócios é aquele que ‘remunera’ a sua felicidade”. O 
desafio está em como medir e, por isso, pensamos no custo de oportunidade.
O diálogo entre as pessoas ou com as demais áreas do conhecimento auxilia a to-
mada de decisão em meio a inúmeras variáveis do cotidiano.
3 COMPORTAMENTOS ECONÔMICOS EM SOCIEDADE
Depois de estudar algumas lógicas e alguns raciocínios do comportamento econômico, é 
possível avançar na curva de aprendizagem da Economia e compreender como o comporta-
mento econômico das partes se revela em sociedade e se organiza em sistemas econômicos.
 A forma como a sociedade se organiza para escolher o que produzir, para quem pro-
duzir e como produzir configura os sistemas econômicos. Como o comportamento hu-
mano é cíclico, há limites de produção e alternativas ao incremento da renda (Curva 
21Economia e mercado
1de Possibilidade de Produção). No cotidiano, esses movimentos são expressos pela 
produção e pela remuneração de bens e serviços (Fluxo Circular da Renda).
Para entender o comportamento cíclico na Economia, pense em você no dia a dia. Você 
acorda, ganha produtividade (impulso), atinge o melhor momento do trabalho (equilí-
brio), depois cansa e necessita de repouso (saturação). Tanto o sistema econômico 
quanto as organizações funcionam da mesma forma com relação ao meio de vida e 
aos investimentos na produção. Quando este ritmo se rompe, há crises no sistema 
econômico ou nas empresas, que representam mudanças, novos investimentos e estra-
tégias para construir o próximo equilíbrio. A ruptura deste ritmo pode ser expressa pela 
desconexão da produção e da remuneração de bens e serviços. Nas empresas, são 
momentos de perda de produtividade, mercado ou ineficiência produtiva.
3.1 COMPOSIÇÃO DOS SISTEMAS ECONÔMICOS E O FLUXO 
CIRCULAR DA RENDA
Os sistemas econômicos se caracterizam pelos agentes que tomam a decisão sobre o 
que produzir, para quem produzir e como produzir. Para fins didáticos, apresentamos 
os três principais: Economia de mercado, Economia mista e Economia centralizada 
(VASCONCELLOS, 2016).
ECONOMIA DE MERCADO
Na Economia de mercado, que podemos conceber aqui como “sistema capitalista 
puro”, as decisões são tomadas pelo que conhecemos como “mercado”. De acordo 
com Mankiw (2013) é o mercado que escolhe o que vai ser produzido, qual tipo de 
trabalho será formado, quais são suas quantidades etc. Este sistema, também se 
baseia nos princípios da livre iniciativa e da propriedade privada. O Mercado decide. 
Então agentes (pessoas) da oferta e da demanda decidem o que produzir, como 
produzir e para quem produzir
ECONOMIA MISTA
Já na Economia mista, também capitalista, o mercado também escolhe o que deve-
rá ser produzido, contudo com intervenção do governo neste processo. O governo 
atua diretamente na eleição de prioridades, agindo como uma espécie de “condutor 
do mercado”. O mercado (pessoas) e o governo decidem o que produzir, como pro-
duzir e para quem produzir.
ECONOMIA CENTRALIZADA
Já no sistema de Economia Centralizada, as decisões sobre o que deverá ser pro-
duzido, quanto será produzido e quem consumirá cabe um órgão central de plane-
jamento controlado pelo seu governo. Neste sistema, diferentemente do Sistema 
Capitalista, não há a previsão de propriedade privada, mas sim propriedades de 
caráter coletivo.
A economia no nosso dia a dia
22
1 Só o governo decide o que produzir, como produzir e para quem produzir.
Os sistemas econômicos são compostos pelos agentes econômicos (famílias, em-
presas e governo), fatores ou recursos de produção, bens e serviços e seus merca-
dos (oferta e demanda). De acordo com Vasconcellos (2016), os fatores de produ-
ção são: terra, capital, trabalho, capacidade empresarial e tecnologia.
Tabela 02. Formas de ordenamento institucional 
CRITÉRIOS 
DIFERENCIADORES
FORMAS DE ORDENAMENTO INSTITUCIONAL
Economia de mercado Sistemas mistos Economia de comando central
1. LIBERDADE 
ECONÔMICA
Ausência de restrições 
à liberdade econômica.
Restrições seletivas à 
liberdade
dos agentes econô-
micos. Introdução do 
conceito de liberdades 
sociais.
Amplas restrições às 
variadas formas de li-
berdade: de ocupação, 
de empreendimento, 
de dispêndio e de 
acumulação.
2. PROPRIEDADE 
DOS MEIOS DE 
PRODUÇÃO
Privada, individual ou 
societária. Coexistência de formas.
Coletiva, socializada. 
Estatizada.
3. SISTEMA DE 
INCENTIVOS
Busca do máximo 
benefício privado pelos 
agentes individuais.
Submissão do interesse 
individual privado ao 
interesse social.
Busca do bem comum: 
o solidarismo e a coo-
peração em substitui-
ção à competição.
4. COORDENAÇÃO 
E ALOCAÇÃO DOS 
RECURSOS
Atribuída à livre mani-
festação das forças do 
mercado.
Atribuída à atuação 
conjugada de forças do 
mercado com planeja-
mento público indicati-
vo, não impositivo.
Atribuída a ordens 
minuciosas emanadas 
de centrais de planifi-
cação.
5. LOCUS DO 
PROCESSO 
DECISÓRIO
Os mercados.
Os mercados, sob o 
poder regulatório da 
autoridade pública.
As centrais de plani-
ficação, como última 
instância da organiza-
ção burocrática.
Fonte: Rosseti (2016, p. 182).
Observe a TAB.1: ela demonstra algumas particularidades básicas dos diferentes sis-
temas econômicos. Enquanto a Economia de mercado prevê a livre manifestação das 
forças de mercado, sem qualquer ação que atrapalhe a liberdade econômica do agente 
econômico em se decidir – livre iniciativa, e tem como sistema de incentivos o benefício 
privado pelos agentes individuais, a Economia de comando central o sistema de incen-
tivos é baseado na busca do bem comum e da cooperação.
Neste sistema não existe a propriedade privada, possuindo os meios de produção ca-
ráter coletivado, socializado e estatizado, e a alocação dos fatores de produzir (o que 
será produzido e quem terá acesso ao que será produzido) é determinada por um órgão 
central de planejamento.
23Economia e mercado
1REFLEXÕES HISTÓRICAS SOBRE SISTEMAS ECONÔMICOS
Em uma Economia de Mercado, famílias e empresas decidem o que produzir, 
para quem produzir e como produzir por meio das forças de oferta e de 
demanda. Em sua origem e forma mais pura, podemos observar o aspecto 
liberal das Revoluções Francesa, Burguesa, Inglesa e Industrial. À época, 
buscava-se o bem-estar econômico pelo livre comércio. Será que hoje em dia 
essa forma funcionaria para garantir a felicidade de todose, consequentemente, 
a sustentabilidade? Será que somos capazes de julgar o que é a felicidade do 
outro? No entanto, as crises do sistema capitalista, a concentração de mercado 
e a exclusão social mostraram que o bem-estar comum não seria possível por 
meio de uma competição dos mercados de trabalho e de bens e serviços. Mais 
adiante, principalmente com a Crise de 1929, a sociedade se conscientizou de 
que um agente intermediário, o governo, poderia equilibrar o sistema econômico, 
reduzindo a desigualdade social, de renda, problemas ambientais, dentre outros. 
Desta forma, constitui-se a economia mista, em que famílias, empresas e governo 
decidem o que produzir, para quem produzir e como produzir. Politicamente, 
essa organização da sociedade denomina-se neoliberalismo, ora tendendo a 
um governo mais centralizado e interventor, ora tendendo a um governo mais 
liberal. Será que funciona para atingirmos a felicidade e a sustentabilidade? 
Como cada um de nós se comporta desempenhando papéis que nos permitam 
alcançar a felicidade? Será que esse conjunto de agentes é capaz de pensar a 
sustentabilidade ou será que isso depende de cada um de nós?
Na economia centralizada, apenas um agente da Economia decide o que será 
produzido, para quem será produzido e como será produzido. Esse agente é 
o governo. Aí surge a seguinte questão: será que apenas um agente tem a 
capacidade de decidir o que é necessário à felicidade de toda a população de um 
Município, Estado ou País? Será que todos estariam satisfeitos se alguém lhe 
dissesse o que deve produzir e como deve produzir? Será que apenas um agente 
consegue ser eficiente para atender a todos os anseios das pessoas de forma a 
conduzir os indivíduos à felicidade e à sustentabilidade? Politicamente, as formas 
mais conhecidas deste sistema econômico são o socialismo e o comunismo.
Contudo, há também doações e solidariedade. Neste caso, o esforço e a dedicação 
do tempo podem ser considerados como fatores de produção e contabilizados 
pelo custo de oportunidade. O produto seria o benefício à sociedade. O simples 
fato de exercer a cidadania e a democracia é uma atividade que traz benefícios 
coletivos e contribui para a felicidade e para a sustentabilidade! No conjunto, 
podemos citar as ações de responsabilidade social, programas de instituições 
de caridade, religiões, pessoas que se doam sem esperar nada em troca, ONGs, 
organismos internacionais como ONU, FAO, CEPAL e demais exemplos de 
doações e ações que permitem equilibrar o bem-estar.
O sistema econômico é o meio pelo qual ocorrem os fluxos, as relações e as 
interações entre os agentes da Economia: as famílias, as empresas e o governo.
Tal conjunto de comportamentos o constituem para a produção, transação e 
remuneração dos bens e serviços. Disso resultam processos desde a origem, a 
extração dos recursos, até a comercialização e prestação de serviços dos bens.
O conjunto de ações orientadas para a produção e remuneração de produtos 
finais determina a atividade que cada indivíduo exerce na sociedade.
A economia no nosso dia a dia
24
1 As pessoas detêm os meios (fatores) de produção e, por isso, ofertam e demandam, em 
forma de organizações, os fatores de produção. Organizações de pessoas podem ser 
as famílias, as empresas ou o governo.
Quando as organizações demandam os fatores de produção, elas são remuneradas. O 
nome da remuneração do fator terra é aluguel; do fator capital são juros; do fator traba-
lho é salário; do fator capacidade empresarial é lucro; do fator tecnologia são royalties 
(VASCONCELLOS, 2016).
Tabela 03. O nome da remuneração
FATOR DE PRODUÇÃO REMUNERAÇÃO
Trabalho Salário
Capital Juros
Terra Aluguel
Tecnologia Licenças/Royalties
Capacidade Intelectual Lucros
Fonte: Vasconcellos (2016).
Apesar de nos livros a visão da remuneração ainda ser classificada conforme o parágra-
fo anterior, note que todas são formas de renda. O capital ainda pode ser tratado como 
lucro, de acordo com o comportamento das organizações, mas essa remuneração do 
processo produtivo pode ser entendida como renda. A renda é resultado de um esforço 
produtivo, seja de uma pessoa, do governo, de uma organização ou de uma empresa.
O que são “remunerações”? Na sociedade em que vivemos há um meio de troca, a mo-
eda, que nos garante a sobrevivência. Então, normalmente, toda atividade, toda oferta 
de fatores ou oferta da produção, bens e serviços deve ter remuneração.
Fatores de produção ou recursos produtivos são os meios de produção de bens e ser-
viços. Pessoas não são bens, no entanto, são fatores de produção. Pessoas trabalham 
e são classificadas como um fator humano de produção, tanto quanto a capacidade 
empresarial. As pessoas agem, realizam ações, comportam-se e, por isso, adquirem ou 
produzem bens e serviços.
Uma boa alocação de fatores de produção é estratégia essencial para qualquer 
empresa. Veja a notícia a seguir e verifique os motivos que levaram empresas 
de aviação dos Estados Unidos a optarem por aviões mais velhos do que mais 
tecnológicos.
COMPANHIAS AÉREAS RICAS AUMENTAM COMPRAS DE AVIÕES 
USADOS
A Southwest e suas concorrentes americanas — agora cheias de dinheiro após 
obterem lucros recorde no ano passado — estão vasculhando os países em 
desenvolvimento atrás de aviões de segunda mão em um momento em que o 
combustível barato torna mais econômica a operação de aeronaves mais antigas 
e menos eficientes. Isto contraria o tradicional fluxo de aviões de segunda mão 
25Economia e mercado
1das empresas aéreas norte-americanas para seus pares dos países emergentes 
e torna um mercado já volátil para a Boeing e a Airbus mais imprevisível.
“Se você tem muitos aparelhos com asas, é provável que esteja tentando 
vendê-los nos EUA agora mesmo”, disse George Ferguson, analista sênior de 
transporte aéreo da Bloomberg Intelligence.
O que impulsiona a mudança é o colapso dos preços do petróleo.
Enquanto a queda das commodities prejudicou Economias como a Rússia e o 
Brasil, os custos mais baixos do combustível ajudaram as empresas aéreas dos 
EUA a arrecadarem quase US$ 19 bilhões no ano passado.
De acordo com Mankiw (2013), quando as empresas ofertam bens e serviços, dese-
jam receber uma remuneração. Um preço que será pago pelo bem ou pelo serviço. No 
conjunto, ou pela soma de todos os entrelaçamentos de cadeias produtivas de todas as 
atividades econômicas, forma-se o Fluxo Circular da Renda (ver figura a seguir). Ele é a 
complementaridade entre o processo de produção de bens e serviços, desde a origem 
dos fatores de produção até o bem ou serviço final, e suas respectivas remunerações.
Figura 04. Fluxo circular da renda
Receita
Salários, aluguel e lucros
= Fluxo real 
(bens e serviços)
= Fluxo monetário
Produtos e 
serviços
MERCADO PARA 
BENS E SERVIÇOS
• Empresas vendem;
• Famílias compram;
EMPRESAS
• Produzem e vendem 
bens e serviços;
• Demandam fatores de 
produção;
FAMÍLIAS
• Comparam e consu-
mem bens e serviços;
• Vendem seus fatores 
de produção;
MERCADO PARA 
FATORES DE 
PRODUÇÃO
• Famílias vendem;
• Empresas compram;
Fatores de 
produção
Trabalho, terra 
e capital
Produtos e 
serviços comprados
Gastam
Renda
Nesse sentido, formam-se dois mercados: 
Fonte: Elaborado pelo autor (2019).
Mercado de fatores de produção - Há a oferta e a demanda por terra, capital, tra-
balho, capacidade empresarial e tecnologia.
Mercado de bens e serviços - Ofertam-se os produtos e os serviços produzidos por 
meio do uso dos fatores de produção.
A economia no nosso dia a dia
26
1 Essa organização composta por agentes, fatores de produção, bens e serviços e mer-
cados determinam os sistemas econômicos. Eles conformam uma interação entre os 
agentes da Economia por meio dos mercados e de diretrizes políticas, determinando de 
qual forma será a atividade econômica.
QUANDO O DINHEIRO CIRCULA, NÃO HÁ CRISE!
Em uma pequena cidade do interior do Brasil, os habitantes estão endividados, e 
vivendo à custa de crédito. Por sorte chega umestrangeiro e entra no único hotel 
da cidade.
O hóspede saca uma nota de R$ 100,00, põe no balcão e pede para ver um quar-
to. Enquanto ele vê o quarto, o gerente do hotel sai correndo com a nota de R$ 
100,00 e vai até o açougue pagar suas dívidas com o açougueiro.
O açougueiro, por sua vez, pega a nota e vai até um criador de suínos a quem 
deve e paga toda sua dívida. O criador pega também a nota e corre ao veterinário 
para liquidar sua dívida.
O veterinário, com a nota de R$ 100,00 em mãos agora, vai até o fornecedor de 
vacinas e paga tudo o que está devendo. O fornecedor, que estava devendo a 
hospedagem do representante da empresa fabricante de vacinas no único hotel 
do município, sai com o dinheiro em direção ao hotel e paga a conta de R$ 100,00.
Nesse momento, o hóspede chega novamente ao balcão, pede sua nota de R$ 
100,00 de volta, agradece, diz não ser o que esperava e sai do hotel e da cidade.
Moral da história: ninguém ganhou um vintém, porém agora todos saldaram suas dí-
vidas e começam a ver o futuro com confiança! Quando dinheiro circula, não há crise!
Você participa diretamente do Fluxo Circular da Renda. Vamos a um exemplo? Imagine 
que você trabalha em alguma empresa do ramo alimentício que faz chocolates. Você 
diariamente oferece seu trabalho (que chamamos de Fator de Produção Trabalho) para 
esta fábrica.
Seu empregador, por sua vez, para produzir os chocolates demanda (precisa) de seu 
trabalho. No final do mês, seu patrão lhe remunera por meio de seu salário, conforme 
contrato salarial. Com este salário, sabendo que a fábrica oferece descontos atrativos 
para seus funcionários, você adquire uma série de chocolates para você presentear 
seus parentes e seus amigos.
Você viu como funciona o ciclo? Você vende seu Fator de Produção Trabalho no Mer-
cado que Trabalho, que, por sua vez, é comprado pelo seu patrão. Você, mediante os 
27Economia e mercado
1seus salários, satisfaz suas necessidades no mercado de bens e serviços, que são 
remunerados pela renda de seu salário.
Você viu como é importante que a Economia siga esse fluxo? Algumas pessoas de-
nominam esse fluxo como “giro”, isto é, quanto mais a “Economia gira” (mais o fluxo 
funciona), mais forte e mais dinâmica é esta Economia.
3.2 OS LIMITES DA PRODUÇÃO E ESTRATÉGIAS DE SUPERAÇÃO
Tanto a Curva de Possibilidade de Produção (CPP ou FPP) quanto o Fluxo Circular da 
Renda podem expressar as saturações e os limites da atividade econômica. As estra-
tégias de superação dos limites da produção estão relacionadas ao uso de técnicas e 
conhecimentos de modo interativo (tecnologia) para encontrar alternativas ao equilíbrio, 
também entendido como o ótimo de produção de um próximo período de tempo.
Vamos a nosso exemplo de Curva de Possibilidade de Produção (CPP). Imagine que 
determinado país – País A – produz apenas dois produtos: alimentos e máquinas. Todos 
os seus fatores de produção (terra, capital, tecnologia, trabalho etc.) são destinados 
apenas para produzir esses dois produtos. Também consideramos que esse país não 
participa do comércio exterior (não compra e nem vende para nenhum outro país).
Tabela 01. CPP do País A
Fonte: Elaborado pelo autor (2019).
Quantidade de 
máquinas (em mil 
unidades)
30
CPP
D
15
9
0
20 28 40
Produção 
impossível
Quantidade de 
alimentos (em t)
Produção pos-
sível, mas não 
eficiente!
A
C B
Linha de 
produção 
possível
Observe que o gráfico 1 demonstra a CPP do país A. Observe a linha de produção possível, 
linha na qual estão posicionados os pontos A e B. No decorrer desta linha, todos os fatores 
de produção estão sendo utilizados. Assim, não há ociosidade, ou seja, tudo o que estiver 
acima desta linha não gera máquina desligada ou mão de obra sem trabalho, por exemplo.
Todos os pontos de produção que estiverem acima desta linha são considerados óti-
mos, uma vez que todos os fatores de produção estão sendo alocados de maneira 
plena. Sendo assim, os pontos A e B são ótimos, isto é, eles são equivalentes do ponto 
de vista produtivo.
A economia no nosso dia a dia
28
1 Nestes dois pontos estão sendo alocados todos os fatores de produção disponíveis 
na Economia do País A, alterando apenas a quantidade de produção de máquinas 
e alimentos. O ponto C do gráfico – que produz 9 mil máquinas e 20 toneladas de 
alimentos – não é eficiente, uma vez que gera ociosidade na Economia do País A. 
Neste nível de produção certamente alguém ficará sem trabalho ou alguma terra 
ficará ociosa (improdutiva).
Custo de Oportunidade como Base de Decisão Ótima e a Necessidade do 
Crescimento Econômico
Custo de oportunidade é aquilo que se deixa de fazer por causa de uma escolha 
que você realiza.
Se você decidiu estudar, está deixando de fazer outras inúmeras coisas. Comparati-
vamente, essa sua opção levou em consideração o custo de oportunidade. O uso do 
tempo implica em uma decisão ótima para o momento, e entre todas as alternativas que 
você tem para dedicar o seu tempo, preferiu estudar. Você tem seus próprios motivos 
para tomar essa decisão e ela lhe trará a maior satisfação, seja no momento em que 
estuda ou no momento que puder colher os frutos desse investimento. Nesse sentido, o 
custo de oportunidade pode ser medido em termos monetários. Utilizar recursos finan-
ceiros para estudar é deixar de utilizar esse dinheiro para o consumo de outros bens, 
serviços ou poupança.
A decisão de posicionamento no mercado de trabalho, escolha profissional, abertura de 
um negócio ou investimento de ampliação também envolve um custo de oportunidade. 
Em estudos de análise de viabilidade econômica e financeira, há o cálculo do retorno 
sobre o investimento Taxa Interna de Retorno (TIR), o tempo de retorno do investimento 
(payback) e o cálculo do ponto de equilíbrio. Para obter a decisão ótima, procure incluir 
o custo de oportunidade, também chamado de custo do capital investido em outra forma 
de poupança, projeto ou remuneração.
Quando você inclui o custo de atratividade do capital nas suas decisões, você maximiza a 
satisfação propiciada pela escolha. Talvez a TIR seja um pouco inferior, o retorno sobre o 
investimento leve um pouco mais de tempo e o ponto de equilíbrio fique um pouco maior. 
Contudo, você estará realizando um investimento mais consistente, de modo mais prudente 
e, ainda, remunerando a sua qualidade de vida. Essa consideração tende a conduzir o seu 
investimento a momentos ótimos mais duradouros, pelos ganhos de produtividade oriundos 
da procedência do investimento, do bem-estar e da valorização da cultura organizacional.
Normalmente, nas empresas, as demonstrações financeiras de resultado anseiam por 
necessidades imediatas de apresentação de “lucro” ou retornos sobre vendas e acabam 
sobrecarregando as organizações. Isso funciona como um “consumismo” organizacio-
nal que tende a ter um retorno “efêmero” sobre o investimento realizado. Os momentos 
de equilíbrio e produtividade tendem a ter menor durabilidade e a rotatividade de pes-
soal tende a ser maior. Os resultados dessa sobrecarga podem ser negativos ou gerar 
prejuízos às organizações. Nesse sentido, como contraposição ao risco e à incerteza, 
vale pensar no planejamento de longo prazo, observando os movimentos da sociedade.
29Economia e mercado
1Uma empresa de sucesso é aquela que se adapta às mudanças sociais. Uma em-
presa dinâmica capaz de pensar a sua sobrevivência em conjunto com as demais 
organizações públicas, privadas e da sociedade civil organizada. Por vezes, a alter-
nativa de sobrevivência atrela-se à opção de estabelecer uma relação com órgãos 
de classe ou com a universidade para garantir pesquisa e estudos que conduzam à 
qualidade e à produtividade.
Mas, decidir sobre o custo de oportunidade implica em trabalhar com inúmeras variá-
veis e também com a elaboração de cenários.
 ` Quantas variáveis influenciam as nossas decisões diárias?
 ` Também imagine que as variáveis estão constantemente oscilando.
 ` Como tomar decisão com inúmeras variáveis que oscilamconstante e concomi-
tantemente?
Vamos voltar ao nosso modelo hipotético para entender melhor sobre o custo de oportu-
nidade. Observe agora o gráfico 2: ele demonstra o custo de oportunidade em se decidir 
produzir as primeiras 20 toneladas de alimentos no país, se o País A desejar produzir 
apenas máquinas, ele poderá produzir 30 mil máquinas e nenhuma tonelada de alimento.
Tabela 02. Custo de oportunidade de produção no país A 
Quantidade de 
máquinas (em 
mil unidades)
Produzir as 
primeiras 20 
toneladas de 
alimento...
Custou a produ-
ção de MENOS 
5 mil máquinas
Produzir MAIS 
20 toneladas de 
alimentos...
...requer mais de 
25 mil máquinas
CPP
01
5
10
15
20
25
30
35
02 03 04 05 0
Quantidade de 
alimentos (em t)
Contudo, caso deseje produzir as primeiras 20 toneladas de alimento, e coeteris paribus 
(os fatores de produção permanecendo constantes, sem mudança significativa, nem au-
mentando e nem diminuindo), parte dos recursos produtivos que anteriormente estavam 
destinados para produção apenas de máquinas, como trabalhadores e máquinas, por 
exemplo, são destinados para produzir alimentos. Assim, neste caso, podemos conside-
rar que a produção das 20 toneladas de alimento “custou produzir menos 5 mil máquinas”.
Fonte: Elaborado pelo autor (2019).
A economia no nosso dia a dia
30
1 Como já mencionado anteriormente neste capítulo, a Economia é a “ciência das esco-
lhas”. A decisão entre o que produzir e quanto produzir depende da decisão dos agentes 
econômicos (famílias, governos e empresas). O modelo acima apresentado nos ajuda 
a entender a problemática da decisão econômica, isto é, a decisão de produzir deter-
minado produto ou serviço gera um custo de oportunidade em não se produzir um ou 
mais produtos e serviços.
Tabela 03. Crescimento econômico do país A
Quantidade de 
máquinas (em 
mil unidades)
Quantidade de 
alimentos (em t) 
Original 
CPP
Nova 
CPP
A
E
01
5
10
15
20
25
30
35
02 03 35 40 500
Fonte: Elaborado pelo autor (2019).
Entretanto, continuando com nosso modelo hipotético, como este país poderia pro-
duzir as 20 toneladas de alimento, sem a necessidade de diminuir a quantidade de 
produção de máquinas?
Isto aconteceria apenas por meio do aumento da capacidade produtiva, que acontece 
apenas com aumento dos fatores de produção. Voltemos ao nosso modelo hipotético 
do País A. Observe o gráfico 3. No ponto A do gráfico, o país consegue produzir 20 
toneladas de alimento e 25 mil máquinas e, no ponto E, 25 toneladas de alimento e 
30 mil máquinas.
Contudo, o ponto E só será produzido se houver aumento na quantidade de fatores de 
produção disponíveis. Isto é, a produção no ponto E só será possível se a nova CPP 
for gerada, seja por meio de incremento de tecnologia ou pelo aumento no volume de 
capital disponível, por exemplo.
3.3 ARGUMENTO POSITIVO E NORMATIVO COMO PLANEJAMENTO 
DINÂMICO
Argumentos positivos são aqueles que descrevem os fatos ou os comportamentos 
como eles são, como eles ocorreram ou como serão. Já os normativos são aqueles que 
31Economia e mercado
1julgam os fatos ou os comportamentos que ocorrem, ocorreram ou ocorrerão. Exemplo: 
“Ocorreu isto (argumento positivo) mas isto deveria ter ocorrido de outra forma (argu-
mento normativo)”; “Eu me comportei assim (argumento positivo), mas deveria ter me 
comportado de outra forma (argumento normativo)”.
Ao pensar em argumentos para os fatos você aprende e melhora o seu processo de 
tomada decisão para o próximo período de tempo. Lembre-se de que não é possível 
alterar os fatos, mas a forma como você se comporta em relação a eles para seu apren-
dizado e posicionamento em situações futuras pode ser alterado. O comportamento 
humano é imprevisível e você pode escolher sobre a adequação de comportamento 
futura em relação aos fatos, que ocorrerão. Isto é uma reflexão para o planejamento 
estratégico pessoal, profissional e organizacional.
O processo de planejamento inicia-se com a descrição dos fatos, também chamado 
de diagnóstico (argumento positivo). Depois vêm as normatizações, os julgamentos 
de valor e a reflexão de como deveriam ter ocorrido (argumento normativo). Houve um 
aprendizado para a adequação do planejamento nos próximos períodos de tempo, que 
envolve adequação de instrumentos e de comportamentos que serão adotados para 
atingir as metas e os objetivos. Tanto os instrumentos quanto os comportamentos de-
vem estar de acordo com a missão e com a visão organizacional. Quando alinhados aos 
anseios da sociedade, trarão otimização, qualidade, produtividade e um momento mais 
duradouro de sucesso na realização organizacional.
Pensar sobre a Economia de modo geral também envolve planejamento. No Brasil, 
hoje, esse planejamento é realizado pelo governo, por meio do Plano Plurianual (PPA) e 
pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e pela Lei Orçamentária Anual (LOA). Con-
tudo, o Planejamento Econômico, ou o Planejamento de Estado da Sustentabilidade, 
depende de todas as áreas do conhecimento e, na prática, do comportamento individual 
e organizacional de cada parte do tecido social.
Os instrumentos de Política Macroeconômica e de Políticas Públicas podem sofrer 
adaptações de acordo com a percepção das pessoas sobre as mudanças do comporta-
mento humano em sociedade (mudança social).
Tanto o planejamento público, quanto o privado e o pessoal devem ser dinâmicos 
para acompanhar a dinâmica da sociedade. Isso implica em revisar constantemen-
te: metas, objetivos, condutas, comportamentos e manter um alinhamento com os 
valores, os princípios e as diretrizes de comportamentos à sustentabilidade.
CONCLUSÃO
Economia é uma ciência e, como tal, tem suas metodologias e particularidades. Nesta 
Unidade você estudou os princípios fundamentais da Ciência Econômica, suas princi-
pais questões e seus métodos.
Lembre-se: Economia é uma Ciência Social que tem como grande desafio entender 
as decisões humanas acerca do que produzir, quanto produzir e para quem produzir. 
Nada mais do que entender o comportamento humano e de suas organizações acerca 
A economia no nosso dia a dia
32
1 de suas prioridades e de suas preferências, intermediado sempre por questões sociais, 
psicológicas e políticas.
O problema econômico é sempre multidisciplinar e tem inúmeras variáveis e perspec-
tivas. E, por mais complexo que pareça, deve ser sempre amplamente discutido por 
todos nós, independentemente da nossa formação e cultura.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. MANKIW, N. Gregory. Introdução à Economia. 6. 
ed. São Paulo: Cencage Learning, 2013.
2. PINHO, Diva Benevides; VASCONCELLOS, Mar-
co Antonio Sandoval (Org.). Manual de Economia 
(Equipe dos professores da USP). 6. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2011.
3. ROSSETTI, José Paschoal. Introdução a Econo-
mia. 20. ed. São Paulo: Atlas, 2011.
4. ________. Introdução à Economia. 21. ed. São 
Paulo: Atlas, 2016.
5. SCHUMPETER, Joseph. Capitalismo, socialis-
mo e democracia. Rio de Janeiro: Fundo de Cultura, 
1961.
6. VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval. Eco-
nomia: micro e macro: teoria e exercícios. São Paulo: 
Atlas, 2016.
33Economia e mercado
1
34
2
Como os mercados funcionam? Fundamentos e reflexões sobre a microeconomia
UNIDADE 2
COMO OS MERCADOS FUNCIONAM? 
FUNDAMENTOS E REFLEXÕES SOBRE A 
MICROECONOMIA
Introdução
Nesta Unidade, você aprenderá sobre alguns aspectos básicos do funcionamento dos 
mercados. Segundo Mankiw (2013) um mercado é um grupo de compradores e vende-
dores de determinado bem ou serviço. “Os compradores, como grupo, determinam a 
demanda pelo produto e os vendedores, também como grupo, determinam a oferta do 
produto” (MANKIW, 2013, p. 64).
De acordo com Vasconcellos (2013), a microeconomia é a parte da Ciência Econômica 
que tem como objetivo de estudo o comportamento das famílias e das empresas e os 
mercados nos quais operam.
Neste primeiro tópico, serão abordados os elementos essenciais da oferta e da deman-
da. Trataremos, portanto, das teorias que regem seu comportamento e deque forma se 
processa o equilíbrio de mercado.
Vamos aprender um pouco mais sobre a microeconomia? Neste primeiro tópico, serão 
abordados os elementos essenciais da oferta e da demanda. Trataremos, portanto, 
das teorias que regem seu comportamento e de que forma se processa o equilíbrio de 
mercado. Vamos lá!
1. FUNDAMENTOS DE MICROECONOMIA
O estudo da disciplina Economia e Mercado foca na interação dos agentes (famílias, 
empresas e governo) no mercado em que estão inseridos. A famosa premissa de que, no 
sistema econômico, os recursos são escassos e as necessidades, ilimitadas, é o elemen-
to norteador para a necessidade de se compreender os conceitos de oferta e demanda.
A escassez de uma determinada mercadoria está relacionada com o fato de que todos 
os recursos existentes no mundo, sejam eles recursos naturais, humanos ou o capital 
que será utilizado na produção, estão disponíveis em quantidade limitada, ou então 
seu uso está restrito em função de direitos de propriedade. Esta quantidade limitada de 
recursos acaba tendo como estabilizador o preço, fazendo com que seja a restrição, e 
não a necessidade, que determine o valor de um recurso.
Vejamos alguns exemplos práticos: o ar e a água, dois elementos fundamentais para 
a sobrevivência humana. No atual contexto de crescente degradação ambiental, o ar 
ainda continua a ser um bem disponível em quantidade adequada a todos, mas a água, 
2
Economia e mercado 35
que há algumas décadas era um bem considerado extremamente abundante e, por 
isso, de valor ínfimo, vem apresentando um crescente aumento em seu valor.
No século XIX, bastava estar próximo a um rio que era possível obter água potável sufi-
ciente para as necessidades da população, mas o incremento desta mesma população, 
associado ao uso inadequado dos recursos hídricos, faz com que, pouco a pouco, a 
água se torne um recurso escasso.
Por outro lado, as necessidades humanas estão presentes no mundo em quantidade 
ilimitada. Nossas necessidades se modificam, aumentam e são criadas constantemente. 
No final do século XIX, a transmissão de cultura e as atividades de lazer consistiam em 
cultura oral, música ao vivo, teatro e literatura, quando, em 1895, surge o cinema para se 
aliar a estas atividades culturais. No início do século XXI, o cenário cultural incorpora ou-
tras atividades, como internet, apresentações musicais gravadas e replicadas inúmeras 
vezes, jogos de videogame, entre muitas outras possibilidades. Em pouco mais de cem 
anos, houve uma mudança radical em termos de possibilidades de lazer, e estas possi-
bilidades estão sempre em mutação para atender as preferências que os indivíduos têm 
em relação aos produtos. Este tipo de necessidade é chamado de necessidade individual.
SÉCULO XIX SÉCULO XXI
Cultura oral, música ao vivo, teatro, literatura e ci-
nema.
Internet, apresentações musicais gravadas e repli-
cadas inúmeras vezes, jogos de videogame, entre 
muitas outras possibilidades.
A abordagem microeconômica tem seus fundamentos na microeconomia clássica, de-
senvolvida no século XIX.
Envolve a análise do comportamento dos agentes econômicos que buscam sempre 
maximizar seus ganhos. As palavras de Adam Smith no livro que, pela primeira vez, 
sistematiza o pensamento econômico, “A Riqueza das Nações”, são extremamente im-
portantes para nos mostrar os fundamentos do liberalismo econômico:
Não é da benevolência do açougueiro, do cervejeiro e do padeiro que espe-
ramos o nosso jantar, mas da consideração que eles têm pelos seus próprios 
interesses. Nós nos dirigimos, não à sua humanidade, mas ao autoamor, e 
falamos com eles não sobre nossas necessidades, mas sobre suas vantagens.
SMITH (apud HIMA, 1990, p. 100)
ADAM SMITH (1723 — 1790)
Filósofo escocês considerado o fundador da Ciência Econômica ao publicar, 
em 1776, o livro “A Riqueza das Nações”. Antes da publicação deste livro, 
concentrou seus esforços em estudar os valores éticos e a filosofia moral. 
Segundo Smith, “o objetivo da filosofia moral é a felicidade e o bem-estar” 
(RIMA, 1990, p. 99). Assim, ao procurar o conhecimento a respeito do bem-
estar, Smith desenvolveu seu estudo sobre o funcionamento da economia 
com ênfase em alguns aspectos, como: produção, produtividade, divisão do 
trabalho, uso da moeda e o argumento da liberdade econômica, no sentido de 
que o comércio exterior é benéfico ao ampliar o mercado consumidor para a 
produção (RIMA, 1990).
36
2
Como os mercados funcionam? Fundamentos e reflexões sobre a microeconomia
A visão microeconômica está ligada à noção de equilíbrio e maximização 
de ganhos.
VISÃO MICROECONÔMICA
 ` Ligada à noção de equilíbrio e maximização de ganhos.
 ` Equilíbrio do consumidor, que ocorre quando o consumidor maximiza sua sa-
tisfação.
 ` Equilíbrio do produtor, aquele no qual o produtor maximiza seu lucro.
 ` Análise de equilíbrio geral, em que os mercados são analisados simultanea-
mente. Na análise microeconômica, os mercados são analisados a partir de 
uma visão parcial, setor a setor, agente a agente e na qual a eficiência econômi-
ca do mercado prevalece sem que seja necessária a interferência do governo.
A seguir iremos desenvolver os dois princípios econômicos fundamentais: a Demanda 
e a Oferta.
1.1 LEI DA DEMANDA
A demanda está ligada ao desejo que o consumidor tem de satisfazer suas necessida-
des, ou seja, é a relação entre as quantidades que o consumidor está disposto a adquirir 
e o preço que está disposto a pagar. Um sinônimo bastante comum para demanda é 
o termo “procura”. Portanto, sempre que estivermos analisando a demanda, estamos 
tratando da procura ou busca de um ou mais produtos por parte dos consumidores.
Demanda: também pode ser definida como “um desejo de adquirir, […] um plano, 
e não sua realização” (MONTORO FILHO, 2011).
Cesta de consumo: estão relacionadas com o conjunto de produtos capaz de 
atender da melhor maneira aos desejos e necessidades dos consumidores.
Em outros termos, a análise da demanda ocorre a partir da busca que os consumidores 
fazem para satisfazer suas necessidades em um determinado período.
Podemos perceber que existem alguns fatores que interferem de forma decisiva no 
processo de satisfação do consumidor ao comprar determinado produto. Sabemos que 
o consumidor irá realizar o processo de escolha de sua cesta de consumo, buscando 
atingir o maior nível de satisfação possível.
As condições para a escolha de um bem e das respectivas quantidades a serem consu-
midas dependerá de quatro fatores:
2
Economia e mercado 37
 ` Preço do bem cujo mercado está sendo analisado;
 ` Renda do consumidor;
 ` Preço de outros bens que se relacionam, de alguma forma, com o bem analisado; 
 ` Gostos e preferências individuais.
Resumindo:
Figura 01. Fatores relevantes para a escolha de um bem e sua respectiva quantidade
ESCOLHA 
DO BEM QUANTIDADE
INTERDEPENDÊNCIA
* Preço de mercado;
* Preço de produtos similares;
* Renda do consumidor;
* Gostos e preferências.
Vejamos cada um destes fatores individualmente.
Fonte: Elaborado pelos autores.
PREÇO DO BEM
De todos os fatores, talvez o preço 
seja o que possa ser melhor com-
preendido, pois a própria experiência 
prática nos diz que os consumidores, 
em sua ampla maioria, escolhem a 
quantidade que irão consumir a partir 
do preço do seu produto.
A relação entre quantidade e preço, 
na visão do consumidor, representa 
uma relação inversa, ou seja, quan-
do o preço de um produto aumenta, a 
quantidade demandada deste produ-
to diminui, e quando o preço do pro-
duto cai, a quantidade demandada 
deste produto aumenta.
Fonte: Elaborado pelos autores.
P é o preço e QD é a quantidade demandada de um 
produto.
ouP PQD QD
Preço Quantidade
Representado por: Representado por:
P QD
Figura 02. Relação entre quantidade e preço
Vejamos como isto acontece na prática. Quando o preço do tomate aumenta, os con-
sumidores evitam o consumo deste produto. Esta é a lógica da influência que o preço 
exerce sobre a quantidade demandada. Outro exemplo:quando o preço dos automó-
veis diminui para o consumidor, existe um aumento da procura por este produto.
38
2
Como os mercados funcionam? Fundamentos e reflexões sobre a microeconomia
Para essa situação de mercado, utilizamos a seguinte fórmula:
( )PfQd =
Portanto, podemos reafirmar a lógica de que a quantidade demandada de uma mer-
cadoria aumenta quando o preço diminui. Esta relação inversamente proporcional en-
tre estas duas variáveis é demonstrada graficamente por meio da curva de demanda 
negativamente inclinada (Fig.03).
Figura 03. (Gráfico) curva de demanda
30
20
10
1 2 3 4 5 6
0
Fonte: Elaborado pelos autores (2014).
Essa é a expressão da lei geral da demanda. O nível de preços pode ampliar 
ou reduzir a procura ou a venda de um determinado produto.
RENDA DO CONSUMIDOR
O segundo fator que influencia a demanda por um determinado produto é a ren-
da, que funciona como um elemento limitador à satisfação das necessidades dos 
consumidores, pois podemos considerar que a renda é um dos recursos escassos 
que precisamos alocar de forma eficiente. De maneira geral, podemos verificar 
que, sendo a renda escassa, se houver um aumento nesta renda, o consumidor 
deverá aumentar a aquisição de mercadorias.
Por exemplo, se uma pessoa é promovida no emprego, com impactos 
significativos em seus rendimentos, com certeza ela demonstrará isso por 
meio da mudança em seu estilo de vida, que refletirá nos bens que passará a 
consumir. Este efeito ocorre desta forma nos chamados bens normais.
2
Economia e mercado 39
Assim, os bens normais apresentam uma relação diretamente proporcional entre renda 
e quantidade demandada, como expresso no esquema abaixo:
↑R → ↑QD ou ↓R → ↓QD
Bens Normais e Bens de Luxo
Os bens normais são aqueles cujo consumo aumenta quando a renda aumenta, 
bem como a diminuição da renda provoca uma queda em seu consumo, ou 
seja, comportam-se normalmente em relação à renda.
Os bens normais podem ser classificados em bens necessários e bens 
de luxo. Os bens necessários são aqueles cuja variação no consumo é 
proporcionalmente menor que a mudança na renda, como, por exemplo, no 
caso dos alimentos: quando aumenta a renda, temos um aumento no consumo 
de alimentos, mas este aumento é proporcionalmente menor que o aumento 
na renda. Os bens de luxo, por sua vez, apresentam comportamento distinto, 
pois se a renda aumenta o consumo deste bem, ela sofre um incremento 
proporcionalmente maior e vice-versa. Como exemplo de bens de luxo temos 
os automóveis, os eletrodomésticos, as viagens, entre outros.
Graficamente, o efeito de um aumento da renda provoca um deslocamento da curva de 
demanda por um bem normal. Se for observado um aumento da renda, a curva de de-
manda se desloca para cima e para a direita; se a renda diminuir, a demanda se desloca 
para baixo e para a esquerda, como demonstrado no Fig. 4.
Figura 04. (Gráfico) Efeito da variação da renda sobre a curva de demanda: o caso dos bens normais
QuantidadeDemandada
Pr
eç
o
D1
D1
D2
D2
D3
D3
No Fig. 2, a linha (D1) representa a demanda inicial. Quando o consumidor experimenta 
um aumento na sua renda, a demanda por este produto aumenta e a curva de deman-
da desloca-se para cima, como na situação demonstrada pela curva (D2). Já quando 
ocorre uma situação contrária, ou seja, de queda na renda, o efeito é de deslocamento 
da demanda para baixo, como representado pela linha (D3).
Entretanto, no caso dos bens normais existe uma limitação a esta expansão do consu-
mo, pois se o produto já estiver sendo consumido no seu ponto de saturação, a mudan-
ça na renda não afetará seu consumo.
Fonte: Elaborado pelos autores (2014).
40
2
Como os mercados funcionam? Fundamentos e reflexões sobre a microeconomia
Esse é o caso dos alimentos. Se a pessoa já se alimenta com produtos na 
quantidade e com a qualidade adequada, dificilmente ela passará a consumir 
mais apenas porque isso dá uma “sensação de riqueza”, ou seja, isto é o que 
se costuma chamar de consumo saciado.
É o caso, por exemplo, do transporte coletivo na nossa sociedade: sempre que 
o indivíduo tem possibilidades financeiras, abre mão de se locomover por meio 
do transporte coletivo. Outro exemplo é a redução do consumo de refresco 
em pó, em que o indivíduo passa a utilizar outro produto similar que irá lhe 
transmitir sensação de aumento do bem-estar.
Outra situação que ocorre quando estamos analisando bens inferiores. 
Bens inferiores são aqueles que são considerados de menor qualidade ou com pos-
sibilidades limitadas de satisfazer o consumidor. Quando existe um aumento na 
renda do consumidor, este deixa de consumir esta mercadoria.
Sendo assim, sempre que o consumidor tem um aumento de renda que possibilite com-
prar bens melhores, ele deixa de consumir este produto. O esquema a seguir mostra 
como a renda se relaciona com os bens inferiores:
↑R → ↓QD ou ↓R → ↑QD
Convém enfatizar que esta classificação é relativa, pois o mesmo produto pode ser in-
ferior ou normal, para diferentes indivíduos, dependendo de sua renda.
A representação gráfica da relação entre renda e bens inferiores é semelhante ao que 
ocorre com os bens normais. Neste sentido, quando existe uma variação na renda do 
indivíduo, isso acarreta um deslocamento da curva de demanda. Contudo, o aumento 
da renda, ao provocar uma queda na demanda por um produto, irá fazer com que a 
curva de demanda se desloque para baixo e para a esquerda (da curva D1 para a Curva 
D3 - Fig. 4). Por outro lado, se houver uma queda na renda do consumidor, haverá um 
aumento na quantidade procurada de uma determinada mercadoria, provocando um 
deslocamento da curva de demanda de D1 para D2.
Figura 04. Efeitos de variação da renda sobre a demanda: o caso dos bens inferiores
QuantidadeDemandada
Pr
eç
o
D1
D2
D3
Fonte: Elaborado pelos autores (2014).
2
Economia e mercado 41
PREÇOS DE OUTROS BENS
O terceiro fator que interfere na demanda do consumidor por um bem é o compor-
tamento do preço de outros bens que podem afetar a demanda de duas formas, a 
partir da seguinte classificação: bens complementares e substitutos.
Bens complementares: são aqueles que são consumidos conjunta e 
simultaneamente, assim, é necessária a presença de um deles para que o consumo se 
realize. Sendo assim, quando observamos que o preço de um produto complementar 
aumenta, a quantidade demandada do produto que estamos analisando diminui.
Sendo assim, tanto quando tratamos dos bens normais quanto quando tratamos dos 
bens inferiores, a renda traz efeitos sobre a curva de demanda, alterando os hábitos de 
consumo da população em função do fato de que a demanda tem impacto de restrição 
no consumo da população. A renda, de acordo com a Teoria do Consumidor, pode ser 
chamada de restrição orçamentária, pois limita o consumidor na sua busca por satisfa-
zer seus desejos e necessidades.
Preço aumenta
Quantidade demandada diminui
Figura 06. (Gráfico) Curva de demanda do produto Y
QuantidadeDemandada
Pr
eç
o
A
B
C
D
E
F
Considerando o Fig. 6, podemos perceber que o produto Y, quando apresenta um au-
mento no seu preço, sofre uma queda da quantidade demandada do ponto C para o 
ponto B, por exemplo. Este aumento no preço de Y acaba por impactar na queda da 
quantidade demandada de X, de forma que serão consumidas menos unidades de X. 
Fonte: Elaborado pelos autores (2014).
42
2
Como os mercados funcionam? Fundamentos e reflexões sobre a microeconomia
Graficamente, isto significa que a curva de demanda de X irá se deslocar para baixo e 
para a esquerda (de D1 para D2), como demostrado no Fig. 7.
Figura 07. (Gráfico) Efeito da variação de preço do produto Y na análise da curva de demanda do produto X
QuantidadeDemandada
Pr
eç
o
D1
D1
D2
D2
Fonte: Elaborado pelos autores (2014).
Em termos práticos, podemos identificar exemplos de bens complementares 
na relação entre o consumo de combustível e óleo de motor: quanto menor o 
preço do combustível, maior será a utilização doveículo e, consequentemente, 
do consumo de óleo de motor.
Já na utilização de eletrodomésticos e de energia elétrica, quanto maior o 
preço da energia elétrica, maior a necessidade de se utilizar racionalmente 
os eletrodomésticos, evitando até mesmo a aquisição daqueles 
considerados desnecessários.
Bens substitutos: produtos que, em termos de funcionalidade ou utilidade, podem 
ser facilmente trocados um pelo outro. Neste caso, quando o preço de um produto 
substituto cai, a quantidade do produto que estamos analisando aumenta.
Consumo aumenta
Preço cai
De acordo com o Fig. 08, quando o preço do produto Y diminui, o consumidor aumenta o 
consumo de Y, expresso pela transição da posição B para o ponto C. Deste modo, este 
consumidor deixa de consumir X, já que a utilização dos dois é a mesma. 
2
Economia e mercado 43
Como exemplos para bens substitutos temos os combustíveis etanol e 
gasolina que, nos automóveis com motor flex, são escolhidos basicamente 
a partir do fator preço.
Outro exemplo é a escolha entre comprar um computador do tipo desktop 
ou do tipo laptop, visto que a escolha do preço é um importante fator de 
decisão, embora não seja o único determinante.
A
B
C
D
E
F
QuantidadeDemandada
Pr
eç
o
Figura 08. (Gráfico) Curva de Demanda do Produto Y
FONTE: Elaborado pelos autores (2014).
Já na Fig. 9 vemos que a diminuição do consumo X é explicado pelo deslocamento da 
curva de demanda de D1 para D2.
Figura 09. (Gráfico) Efeito da Variação de Preço do Produto Y na Análise da Curva de Demanda do Produto 
X
QuantidadeDemandada
Pr
eç
o
D1
D1
D2
D2
Fonte: Elaborado pelos autores (2014).
GOSTOS E PREFERÊNCIAS
O último fator que afeta a curva de demanda são os gostos e preferências. Este é um fator 
subjetivo, que depende de como o consumidor é afetado por hábitos e tradições, como 
as novas informações a respeito de como um determinado produto pode ser importante 
44
2
Como os mercados funcionam? Fundamentos e reflexões sobre a microeconomia
para melhorar o seu bem-estar. A utilização de propaganda por parte das empresas, por 
exemplo, pode afetar, e muito, a mudança de alguns hábitos dos consumidores. Todos 
estes elementos somados podem alterar ou não a demanda dos consumidores.
Em outras palavras, esta situação pode ser expressa da seguinte forma:
Suponhamos que seja feita uma grande campanha publicitária incentivando a 
população a beber mais leite. Nesta campanha se mostra o valor nutritivo do 
leite e os benefícios que ele traz para a saúde. O povo é despertado por esta 
propaganda e resolve tomar mais leite. O que ocorrerá com a curva de procura 
do leite? É fácil responder. A curva se deslocará para a direita. GREMAUD 
(2003, p. 138)
A Fig.10 mostra que o desenvolvimento de novas necessidades ou preferências dos 
consumidores faz com que a curva de demanda se desloque de D2 para D1, ou seja, a 
propaganda estimula o aumento das quantidades consumidas de determinado produto.
Figura 10. (Gráfico 10) Efeitos de variação dos gostos e preferências na análise da curva de demanda
QuantidadeDemandada
Pr
eç
o
D2
D2
D1
D1
Assim, observa-se no exemplo como os consumidores são influenciados a consumir 
novos produtos por meio do estímulo e criação de necessidades.
Inicialmente, toda a explicação a respeito do desenvolvimento da demanda aconteceu 
até aqui a partir da demanda individual, ou seja, da demanda de cada consumidor. En-
tretanto, para a análise do mercado no processo de decisão das empresas, é importan-
te que exista o conhecimento de como a totalidade dos consumidores reage ao estímulo 
de cada produto, ou seja, como, em média, os consumidores de determinado mercado 
se comportam. Neste sentido, a curva de demanda de mercado é obtida a partir do so-
matório das demandas individuais dos consumidores.
Na seção seguinte, discutiremos as características da curva de oferta.
1.2 LEI DA OFERTA
A oferta representa o desejo que as empresas possuem de organizar os fatores de pro-
dução para a geração de bens e serviços à sociedade. Assim, a transformação desse 
desejo em quantidade ofertada (Qs) implica em uma relação direta com o preço do bem. 
Veja, a seguir, a equação dessa relação:
( )PfQ =s
Fonte: Elaborado pelos autores (2014).
2
Economia e mercado 45
A curva de oferta mostra a quantidade de uma mercadoria que os produtores estão 
dispostos a vender a um determinado preço, considerando constantes outros fatores 
que possam afetar a quantidade ofertada. Essa relação entre preço e quantidade pode 
ser demonstrada pela equação a seguir, cuja representação gráfica é demonstrada na 
sequência (Fig. 11):
Figura 11. (Gráfico) Quantidade ofertada
QuantidadeOfertada
Pr
eç
o
Assim, a curva de oferta é formada a partir dos seguintes elementos:
Fonte: Elaborado pelos autores (2014).
 ` Preço do bem;
 ` Preço dos fatores de produção;
 ` Tecnologia disponível.
Da mesma forma que na análise da demanda, o preço também é a variável-chave para 
a compreensão da formação da curva de oferta. Assim, a variação de preço acaba fun-
cionando como estímulo (ou desestímulo) à produção na medida em que, se os custos 
permanecem inalterados quando há um aumento no preço, isso contribui para elevar a 
margem do empresário, fazendo com que aumente a produção desse bem. Na situação 
contrária, ou seja, quando o preço do produto cai, a empresa tende a reduzir sua oferta. 
A partir da análise da Fig.11, podemos identificar a evolução da quantidade ofertada a 
partir de modificações no preço.
Os preços dos fatores de produção também são fundamentais para entender o com-
portamento da oferta, pois são os elementos que compõem os custos de produção da 
empresa. Assim, quando os custos de produção se elevam, se os preços permanecem 
inalterados, temos como consequência a diminuição da margem do empresário, deses-
timulando a produção. Imagine que um fator externo à empresa provoque uma eleva-
ção no preço das matérias. Nesse caso, se o preço do produto se mantiver o mesmo, 
haverá uma diminuição da margem de lucro da empresa, desestimulando a produção, 
do ponto A para o ponto B na Fig. 12. Se, por outro lado, for possível uma elevação no 
preço, isso pode ocorrer mantendo-se o nível de produção no mesmo patamar, do ponto 
A para o ponto C na Fig. 12.
46
2
Como os mercados funcionam? Fundamentos e reflexões sobre a microeconomia
Figura 12. (Gráfico) Os efeitos que alterações nos custos provocam na curva de ofertas 
Quantidade Ofertada
01
AB
C
01
02
02
03
03
Pr
eç
o
De acordo com A Fig. 12, podemos observar que a curva de oferta inicial O1, ao sofrer 
um aumento em seus custos, sofre um deslocamento, tornando-se a curva O3.
O terceiro fator responsável por possíveis alterações na oferta de um bem é o tipo de 
tecnologia adotado pela empresa. Se a empresa optar por utilizar uma tecnologia pou-
padora de mão de obra ou capital, isto significa que, na prática, haverá uma redução 
dos custos de produção – e o efeito é o de um deslocamento da curva de oferta de O1 
para O2 (Fig. 12).
Fonte: Elaborado pelos autores (2014).
Tecnologia: Neste caso, o “tipo de tecnologia” está relacionado com a 
escolha do tipo de processo de produção que será utilizado pela empresa. 
Em outros termos, pode-se dizer que a empresa precisa definir, a 
partir do que pretende produzir, se a produção acontece a partir de um 
processo artesanal ou se a produção terá incorporação de inovações que 
racionalizem a utilização dos recursos produzidos.
Assim, após discutirmos as características das curvas de oferta e demanda, teremos 
condições de compreender como se processa o equilíbrio de mercado.
1.3 EQUILÍBRIO DE MERCADO
O equilíbrio de mercado pode ser determinado quando a quantidade ofertada (Qs) se 
iguala à quantidade demandada (Qd). Nesse instante, o preço de equilíbrio é determinado.
A existência de equilíbrio de mercado tem como pressuposto o mercado concorrencial. 
Deste modo, o equilíbrio é uma situação que atende tanto às necessidades da demandaquanto às exigências da oferta. A quantidade de equilíbrio é aquela que iguala a deman-
da e a oferta a um preço aceito tanto por consumidores quanto por produtores (Fig. 13).
2
Economia e mercado 47
Figura 13. (Gráfico) Equilíbrio de mercado
A lógica do Equilíbrio de Mercado pode ser facilmente compreendida quando 
pensamos nos mercados de produtos agrícolas. No caso da soja, por exemplo, 
seu preço é um preço internacional, definido a partir da oferta e demanda 
mundial de soja, ou seja, da existência de uma interação entre as informações 
sobre o total da safra mundial e a quantidade que está sendo demandada pelos 
consumidores em termos mundiais. Assim, qualquer dado que se apresente 
e que, de alguma forma, modifique as condições existentes, pode afetar o 
equilíbrio estabelecido. Este exemplo da soja é similar ao que acontece com o 
milho, café, minério de ferro, entre outros.
Quantidade
Pr
eç
o
Demanda Oferta
Quando o preço de mercado se situa em P1, acima do preço de equilíbrio (P0), isso im-
plica em excesso de oferta. Nesse caso, os produtores tendem a reduzir os preços e a 
quantidade demandada começa a aumentar, de Q1 na direção de Q3 enquanto a quanti-
dade ofertada começa a se reduzir, de Q2 na direção de Q3. Desta maneira, o mercado 
vai se ajustando até que o preço de equilíbrio seja alcançado. A Fig. 14 ilustra o pro-
cesso. Pois a um determinado preço as empresas estão dispostas a ofertar no ponto 
B e a este mesmo preço, considerado alto pelos consumidores, eles estão dispostos a 
comprar apenas a quantidade assinalada pelo ponto A.
Figura 14. (Gráfico) Excesso de oferta e excesso de demanda 
Fonte: Elaborado pelos autores (2014).
Demanda Oferta
Quantidade
A B
C D
Pr
eç
o P1
P0
P2
Fonte: Elaborado pelos autores (2014).
48
2
Como os mercados funcionam? Fundamentos e reflexões sobre a microeconomia
Já quando o preço de mercado se situa em P2, abaixo do preço de equilíbrio (Fig. 15), 
isso implica em excesso de demanda ou escassez de oferta. Nesse caso, os produtores 
tendem a aumentar os preços e a quantidade demandada começa a reduzir, de Q2 na 
direção de Q3 enquanto a quantidade ofertada começa a aumentar, de Q1 na direção de 
Q3. Dessa forma, o mercado vai se ajustando até que o preço de equilíbrio seja alcança-
do. A situação de excesso de demanda significa que, estando o preço abaixo do preço 
de equilíbrio, os consumidores desejam comprar uma quantidade maior do que as em-
presas estão dispostas a ofertar, ou seja, os consumidores estão dispostos a consumir 
no ponto D e os produtores desejam apenas ofertar no ponto C.
Continuaremos o estudo da disciplina, seguindo para o próximo tópico: Elasticidade.
2. ELASTICIDADE
Vimos no tópico anterior os fatores que afetam a curva de demanda, mas como pode-
mos saber o quanto a demanda é afetada por estes fatores? Como medir a influência 
destes fatores sobre as possibilidades de consumo dos indivíduos?
Esta necessidade de procurar medir a influência dos fatores sobre a demanda é resol-
vida por meio de um instrumento que é a elasticidade.
A elasticidade é um conceito que relaciona duas variáveis: uma dependente e 
outra independente.
Este é o conceito geral que se aplica em qualquer área da economia. O que nos inte-
ressa neste momento é discutir as elasticidades que medem os impactos das variáveis 
na economia. São elas:
Variável independente
Variável dependente
é a variável que motiva a mudança, é a causadora da mudança, e que não é determi-
nada por nenhum dos fatores envolvidos na análise, é considerada um dado do mode-
lo, isto é, a variável independente, não é gerada a partir de outras variáveis analisadas.
por outro lado, é afetada pela variável independente, as mudanças na variável de-
pendente são causadas diretamente pela variável independente.
Exemplo: no caso da função-demanda o preço é a variável independente e a quan-
tidade demandada é a variável dependente, ou seja, a quantidade demandada de 
uma mercadoria é definida a partir do preço vigente.
 ` Elasticidade-preço da demanda;
 ` Elasticidade-renda da demanda;
 ` Elasticidade-cruzada da demanda.
2
Economia e mercado 49
Vamos agora apresentar cada uma das elasticidades:
2.1 ELASTICIDADE-PREÇO DA DEMANDA
A elasticidade-preço da demanda demonstra o quão sensível é a demanda quando 
observamos a mudança nos preços ou, dito de outra forma, qual é o impacto que uma 
variação de preços exerce sobre a quantidade demandada de determinado produto.
Demanda: necessidade de algo.
Em cada período do ano e em cada região, existem ciclos de produção de 
determinadas frutas. Quando existe muita produção e os supermercados 
conseguem manter suprimento constante e abundante, o preço diminui e as 
pessoas passam a consumir muito mais aquele produto (frutas, verduras, 
grãos etc.).
Quando a produção diminui (por várias razões) os supermercados aumentam 
o preço para manter suprimento e, com isso, as pessoas diminuem o consumo 
do respectivo produto.
A elasticidade-preço da demanda é um coeficiente, ou seja, um número, que expressa 
o tamanho da variação da quantidade resultante do aumento ou diminuição do preço 
em um por cento.
Devemos ter em mente que como estas variações ocorrem em sentido oposto, quando 
aumenta o preço, a quantidade demandada diminui e vice-versa, a elasticidade-preço 
da demanda é sempre um número negativo.
Essa lógica pode ser calculada e, para isso, temos uma equação específica para expli-
car esse conceito que matematicamente é expressa da seguinte forma:
%
%
P
QE p ∆
∆
=
Em que ∆Q% representa a variação percentual da quantidade demandada, ou 
seja, a quantidade demandada no período final menos a quantidade demanda-
da no período inicial.
∆P% representa a variação percentual do preço, ou seja, o preço final descon-
tado o preço inicial.
EXEMPLO
Por exemplo, imagine que estamos tratando do consumo de gasolina, quando temos um aumento de vinte 
por cento (20%) na quantidade demandada de gasolina em resposta a uma diminuição de cinco por cento 
(5%) no preço da gasolina, podemos concluir que a elasticidade-preço da demanda deste produto é 4.
Mas como nem sempre temos diretamente os valores percentuais das mudanças ocor-
ridas nas quantidades e nos preços, precisamos calcular a elasticidade a partir dos 
valores disponíveis de preço e quantidade. Esse cálculo utiliza a fórmula da elastici-
dade no ponto, que representa a elasticidade considerando a sensibilidade da demanda 
50
2
Como os mercados funcionam? Fundamentos e reflexões sobre a microeconomia
em um determinado ponto representado por um par ordenado de preço e quantidade. A 
elasticidade preço da demanda no ponto é obtida da seguinte forma:
Sabendo-se que a elasticidade-preço da demanda é
P
QE p ∆
∆
=
%
E sabendo que ∆Q% = (Q1 – Q0)/Q0 e ∆P% = (P1 – P0)/P0
Podemos reescrever a equação da seguinte forma:
Ep = [(Q1 – Q0)/Q0]/(P1 – P0)/P0
Chegando finalmente à fórmula da elasticidade-preço da demanda no ponto:
( )
( ) 0
0
01
01 *
Q
P
PP
QQ
Ep
−
−
=
Para exemplificar esse cálculo, vamos utilizar os seguintes dados:
Tabela 01. Elasticidade-preço do ponto
PONTO P QD
A 1 75
B 2 60
C 3 48
D 4 39
E 5 33
F 6 30
Fonte: Elaborada pelos autores.
Aplicando a fórmula acima, temos a seguinte estrutura de cálculo para os pontos A e B:
EP = (60 – 75)/(2 – 1) * 1/75
EP = ( – 15)/(1) * 1/75
EP = – 0,2
2
Economia e mercado 51
Neste exemplo, podemos nos questionar sobre o significado do resultado e isto pode 
ser explicado pela classificação da elasticidade-preço. Podemos classificar a elasticida-
de-preço da demanda em três tipos:
 ` Primeiro, quando a demanda por um bem é inelástica;
 ` Segundo, quando a demanda possui elasticidade uni-
tária;
 ` Terceiro, quando a demanda é elástica.
Ao conceituarmos elasticidade-preço da demanda, observamos que o coeficiente 
resultante é sempre um coeficiente negativo. Mas um detalhe importante se 
apresenta quando precisamos classificar elasticidade da demanda, que é o fato 
de queprecisamos aplicar o módulo para facilitar nossa análise.
Matematicamente, quando utilizamos o módulo em um resultado, significa que estamos 
desconsiderando o sinal e usando apenas o algarismo ou coeficiente para elaborarmos 
uma conclusão do processo.
Vamos agora explicar a classificação das categorias em que a demanda pode ser clas-
sificada quanto à elasticidade-preço.
A primeira categoria é a Demanda Inelástica, que ocorre quando o preço afeta de 
modo pouco significativo a quantidade demandada, ou seja, a variação nos preços não 
é capaz de alterar a demanda por um produto ou a mudança na quantidade demandada 
é proporcionalmente menor que a variação nos preços.
∆Q% ∆ ∆P%
Neste caso, o módulo do valor da elasticidade-preço da demanda deve ser menor que 
um.
EP < |–1|
Ou seja, quando temos uma demanda inelástica, encontramos um valor entre zero e o 
módulo de menos um.
0 < EP < |–1|
No exemplo anterior, quando realizamos o cálculo da elasticidade, obtivemos um resul-
tado de EP = – 0,2. Aplicando o módulo,
EP = |–0,2|
EP = 0,2
52
2
Como os mercados funcionam? Fundamentos e reflexões sobre a microeconomia
A segunda categoria é a Demanda de Elasticidade Unitária. Neste caso, a variação 
nos preços de um determinado produto causa uma mudança de mesma proporção na 
quantidade demandada, mas em sentido oposto.
∆Q% = ∆P%
Assim, o resultado encontrado é igual à unidade, ou seja, quando o resultado da elasti-
cidade apresenta-se igual a 1, um aumento de 5% no preço de um produto causa uma 
queda de 5% na quantidade demandada.
E
P = |–1|
A terceira categoria é a Demanda Elástica. A Demanda Elástica, ocorre quando o impac-
to na variação da quantidade demandada é superior à mudança do preço que a causou.
∆Q% ∆∆P%
Desse modo, quando a demanda por determinado bem for elástica o resultado encon-
trado para o coeficiente é maior que o módulo de –1, observe:
EP > |–1|
Ou seja, quando o impacto do preço é, por exemplo, um valor igual a 5, significa que 
quando o preço aumenta, ou diminui, 1% causa uma diminuição, ou aumento, respecti-
vamente, de 5% na demanda de determinado bem.
Por exemplo, quando o preço de um pacote turístico internacional apresenta uma 
diminuição do preço da ordem de 5%, supõe-se que a quantidade da demanda 
apresente um aumento de 10%, configurando uma demanda elástica.
2.2 ELASTICIDADE-RENDA
A Elasticidade-renda mensura o impacto que as mudanças na renda do consumidor 
causam na demanda por determinado produto. O coeficiente gerado pelo cálculo da 
elasticidade-renda nos indica o tipo de bem que estamos analisando, classificados a 
partir da influência da renda sobre ele.
%
%
R
QER ∆
∆
= ou 
( )
( ) 0
0
01
21 *
Q
P
PP
QQEP −
−
=
Esta classificação está estruturada nas seguintes categorias:
2
Economia e mercado 53
Bens normais e Bens inferiores
Os bens normais, por sua vez, podem ser subdivididos em bens necessários e bens 
de luxo. Cada um deles será explicado, a seguir, a partir do viés da elasticidade-renda.
Os bens normais são aqueles que guardam uma relação direta com a renda, ou seja, 
quando a renda aumenta, o consumo destes bens aumenta, ou quando a renda diminui, 
o consumo diminui. Com relação à elasticidade-renda, podemos identificar que um pro-
duto é considerado um bem normal quando o coeficiente encontrado é positivo, assim:
ER> 0
Os bens normais podem ser divididos em bens necessários e bens de luxo. Os bens ne-
cessários são aqueles cujo impacto sobre a quantidade demandada, embora positivo, é 
proporcionalmente menor que a variação na renda, ou seja,
0 < ER < 1
Por sua vez, os bens de luxo são produtos cuja demanda é altamente influenciada por 
mudanças na renda, ou seja, a quantidade demandada varia em uma proporção maior 
que a renda.
ER > 1
Na contramão dos bens normais, temos os bens inferiores, que são aqueles cuja de-
manda diminui quando a renda aumenta e vice-versa. Os bens inferiores são considera-
dos de qualidade menor, isto explica porque seu consumo cai quando a renda aumenta. 
Assim, o coeficiente da elasticidade-renda é um valor negativo:
ER < 0
Temos, deste modo, que o cálculo da elasticidade-renda contribui para a identificação 
das categorias de bens descritas acima.
Bens normais: alimentos em geral, automóveis, eletrodomésticos, vestuário, 
entre outros.
Bens necessários: alimentos em geral, vestuário.
Bens de luxo: automóveis, eletrodomésticos, viagens.
Bens inferiores: transporte coletivo, entre outros bens que são avaliados como 
de baixa qualidade pelo consumidor.
2.3 ELASTICIDADE-CRUZADA DA DEMANDA
A elasticidade-cruzada da demanda mensura o quanto o preço de outros bens afeta 
o consumo do produto que estamos analisando. Quando tratamos da elasticidade-cru-
zada da demanda, estamos relacionando o comportamento de bens complementares e 
54
2
Como os mercados funcionam? Fundamentos e reflexões sobre a microeconomia
substitutos. Assim, o coeficiente da elasticidade-cruzada da demanda mostra o quanto 
a variação no preço de uma mercadoria afeta a quantidade consumida de outra merca-
doria. Em outros termos, podemos observar que:
%
%
Py
QxExy ∆
∆
= ou 
( )
( ) 0
0
01
01 *
x
xx
xy Q
Py
PyPy
QQ
E
−
−
=
Bens complementares: café com açúcar, goiabada com queijo, combustível e 
óleo de motor, xampu e condicionador.
Bens substitutos: gasolina e etanol, ônibus e automóvel, óleo de soja e óleo de 
canola, queijo e requeijão.
Quando o resultado do coeficiente for um valor negativo, podemos classificar este bem 
X como complementar, pois o aumento no preço do produto Y provoca uma redução no 
consumo de Y, e como X é consumido conjuntamente, a aquisição deste bem por parte 
dos consumidores também cai.
Exy < 0
Em sentido oposto, quando o coeficiente apresentar um resultado positivo, este produto 
X pode ser classificado como bem substituto, pois uma expansão no preço do Pproduto 
Y causa uma diminuição na quantidade demandada do bem Y, resultando em um im-
pacto positivo sobre o consumo de X, pois o bem X supre, como substituto, a queda do 
consumo de Y.
Exy > 0
Estes são os tipos de elasticidades relacionados à demanda. A seção seguinte tratará 
das elasticidades de curto e longo prazo.
2.4 ELASTICIDADES DE CURTO PRAZO E ELASTICIDADES DE 
LONGO PRAZO
Antes de começar a relacionar as elasticidades de curto e longo prazo, devemos de-
finir o significado de curto prazo e longo prazo. Estes conceitos não são definidos em 
unidades de tempo, mas, de acordo com Alfred Marshall (1842—1924), economista 
inglês, dependem da capacidade de produção da empresa e dos novos investimentos 
realizados. Em outros termos:
Durante o curto prazo, porém, pode-se variar a oferta de um produto alteran-
do-se alguns, mas não todos os insumos de fator necessários à produção. O 
longo prazo é um período durante o qual se pode variar a oferta de um produto 
alterando-se todos os insumos do fator. Só não estão presentes as mudanças 
2
Economia e mercado 55
em produção associadas a crescimento ou a declínio econômico. RIMA (1990, 
p. 344)
Quando Rima (1990) menciona o termo insumo de fator, ele está se referindo à quanti-
dade de fatores de produção, especialmente capital e trabalho, envolvidos no processo 
produtivo. Assim, quando ao menos um destes fatores permanece sendo utilizado no 
processo, mas sem alteração da quantidade aplicada, temos o curto prazo. Quando 
todos os insumos variam, temos o longo prazo.
Podemos perceber que as curvas de demanda, tanto no curto quanto no longo prazo, 
apresentam diferentes inclinações, e como a inclinação é que define a elasticidade: 
curto e longo prazo de uma determinada mercadoria representam diferentes valores 
para a elasticidade.
Para melhor identificar o comportamento da demanda em relação à elasticidade, temos 
que, em primeiro lugar, definir o que são:
Bens duráveis: 
são aqueles que podem ser utilizados por longos períodos de tempo, mantendo intac-
tas suas características, como veículos, móveis e equipamentos domésticos.
Bens não duráveis:são aqueles que podem ser utilizados por curtos períodos de tempo e que apresentam 
desgaste em função do seu uso. Três exemplos que possibilitam entender claramente 
este conceito são os produtos descartáveis, a alimentação e a energia, que ao serem 
consumidos deixam de existir. Podemos considerar também como exemplos de bens 
não duráveis vestuário e calçados, pois ao serem utilizadas passam a se desgastar e 
em certo tempo acabam por ser descartados.
Finalmente, vamos relacionar a demanda por bens duráveis e não duráveis às elastici-
dades-preço de curto e de longo prazo.
Quando analisamos os bens não duráveis, podemos perceber que a demanda é mais 
elástica no longo prazo que no curto prazo em função do fato que as pessoas demoram 
a modificar hábitos de consumo.
No caso dos bens duráveis ocorre o oposto, a curva de demanda é mais elástica no 
curto prazo, pois uma queda de preço estimula a antecipação do consumo dos bens e, 
como estes bens demoram a se desgastarem, acaba por afetar a demanda de longo 
prazo tornando-a inelástica.
3. ESTRUTURAS DE MERCADO
A tomada de decisões dos agentes econômicos, especialmente das empresas, é in-
fluenciada pelas características do mercado no qual a mercadoria está inserida. Cha-
mamos o conjunto destas características de estruturas de mercado.
56
2
Como os mercados funcionam? Fundamentos e reflexões sobre a microeconomia
Segundo Vasconcellos (2011), a caracterização de uma estrutura de mercado depende 
fundamentalmente de três fatores:
 ` Do número de empresas que concorrem no mercado;
 ` Do grau de diferenciação do bem (se as firmas fabricam produtos idênticos) ou 
diferenciados; e
 ` Se existem barreiras à entrada de novos concorrentes nesse mercado.
As estruturas de mercado existentes para o mercado de bens e serviços: neste sentido, 
os bens representam os bens tangíveis que podemos ver e tocar e os serviços, os bens 
intangíveis (VASCONCELLOS, 2011). São eles:
 » Concorrência perfeita;
 » Monopólio;
 » Oligopólio; e
 » Concorrência monopolística.
A seguir, trataremos de cada um desses modelos separadamente.
3.1 CONCORRÊNCIA PERFEITA
Para uma estrutura de concorrência perfeita, Vasconcellos (2011) aponta as seguintes 
premissas que compõem o modelo teórico de análise:
Mercado atomizado:
Produtos homogêneos:
mercado com infinitos produtores e compradores, de forma que um agente isolado 
não tem condições de afetar o preço de mercado. Assim, o preço de mercado é um 
dado exógeno para empresas e consumidores, sendo definido pela concorrência 
entre as firmas e os próprios consumidores, mas não influenciado isoladamente por 
nenhum deles (VASCONCELLOS, 2011).
todas as firmas oferecem um produto com características e funcionalidades seme-
lhantes. Não há diferenças de embalagem, qualidade, entre outros fatores, nesse 
mercado (VASCONCELLOS, 2011).
O mercado de commodities agrícolas costuma ser um bom exemplo de mercado 
atomizado, na medida em que o preço da soja é definido internacionalmente. 
Temos uma grande quantidade de compradores e vendedores e, individualmente, 
nenhum deles consegue afetar o mercado.
2
Economia e mercado 57
Mobilidade de firmas (empresas):
Racionalidade:
Transparência do mercado:
Não existem externalidades:
não há barreiras para o ingresso de novos concorrentes no mercado (VASCONCELLOS, 
2011). Esta premissa é importante porque significa que, em equilíbrio, o custo de oportu-
nidade entre diferentes mercados de diferentes mercadorias deve se igualar.
as firmas sempre maximizam o lucro e os consumidores maximizam satisfação ou utili-
dade derivada do consumo de um bem, ou seja, os agentes agem racionalmente (VAS-
CONCELLOS, 2011).
consumidores e produtores “têm acesso a toda informação relevante, sem custos, isto 
é, conhecem os preços, qualidade, os custos, as receitas e os lucros dos concorrentes” 
(VASCONCELLOS, 2011, p. 144).
o preço de determinado bem expressa todos os custos envolvidos no processo de produ-
ção, sem presença de externalidades. Externalidades são efeitos do processo produtivo 
que transbordam, vazam desse processo.
A soja citada acima é um bom exemplo, independente da fazenda, cidade ou 
país onde foi produzida, pois conserva as mesmas características biológicas, 
físicas, nutricionais e de funcionalidade.
Na concorrência perfeita não existem diferenças de rentabilidade do capital 
entre diferentes setores, bem como não há dificuldades técnicas ou segredos 
para a fabricação dos produtos, não se exigem um montante de investimento 
inicial muito grande e, finalmente, não existe uma regulamentação que impeça a 
entrada de concorrentes.
Ao agir racionalmente, uma empresa busca sempre lucrar o máximo com 
a venda de um produto. Se estiver praticando um preço abaixo do preço de 
mercado, apenas conseguiria diminuir seu lucro agindo de forma irracional.
Para facilitar o entendimento do conceito de externalidade, podemos utilizar “a 
poluição”, pois a poluição é um resultado do processo produtivo que não está 
presente nos custos da empresa, visto que a empresa “exporta” esse custo para 
a sociedade. Ao contrário, quando a empresa faz o tratamento dos resíduos de 
58
2
Como os mercados funcionam? Fundamentos e reflexões sobre a microeconomia
produção, acaba por arcar com estes custos que contribuirão para a formação 
de preços sem que a sociedade sofra com esses efeitos.
3.2 MONOPÓLIO
As características básicas de um monopólio são dadas pela existência de apenas uma 
firma (empresa) produtora atuando no mercado, não havendo bens substitutos próxi-
mos e com barreiras à entrada de novos produtores (VASCONCELLOS, 2011).
Em outros termos, “o monopolista é o mercado e controla totalmente a quantidade de 
produto que será colocada à venda” (PINDYCK; RUBINFELD, 2013, p. 352).
Quando tratamos de estruturas de mercado imperfeitas, isso significa que estamos ana-
lisando empresas com poder de monopólio ou poder de mercado, o que implica em 
verificar o quanto a empresa pode afetar a formação do preço de mercado do produto 
(PINDYCK; RUBINFELD, 2013).
Conforme apontado por Vasconcellos (2011), as barreiras à entrada de novos concor-
rentes podem ocorrer de várias formas, dentre as quais destacamos:
Exemplos: são monopólios naturais o 
fornecimento de energia elétrica, água, 
esgoto e transporte ferroviário.
A. Monopólio puro ou natural: “devido à alta escala de 
produção requerida, exige um elevado montante de inves-
timento. A empresa monopolística já está estabelecida em 
grandes dimensões e tem condições de operar com baixos 
custos. Torna-se muito difícil alguma empresa conseguir 
oferecer o produto a um preço equivalente à firma monopo-
lista”. (VASCONCELLOS, 2011, p. 161).
Exemplo: a fabricação de medicamentos é 
um exemplo bastante difundido da proteção 
de patentes.
B. Proteção de patentes: “direito único de produzir o bem”. 
(VASCONCELLOS, 2011, p. 161). Neste caso, o inventor 
tem a possibilidade de produzir a mercadoria de forma pro-
tegida para que possa recuperar o investimento realizado 
durante o período de pesquisa e desenvolvimento. No Bra-
sil, o prazo de patentes de invenção é de 20 anos, de acordo 
com o INPI (Instituto Nacional
da Propriedade Industrial).
Exemplo: podemos exemplificar esta bar-
reira citando “o controle das minas de bauxi-
ta pelas empresas produtoras de alumínio”. 
(VASCONCELLOS, 2011, p. 161).
C. Controle de matérias-primas chaves: a fonte das 
matérias-- primas é considerada uma forma de barreira à 
entrada, pois se a empresa monopolista é proprietária das 
jazidas, porque ela forneceria esta matéria-prima ao seu 
concorrente, quando poderia auferir um ganho maior bene-
ficiando o produto ela mesma?
Exemplo: as concessões rodoviárias são 
um exemplo deste tipo de barreira.
D. Monopólio estatal ou institucional: este tipo de bar-
reira ocorre quando o setor é protegido pela legislação e 
normalmente em setores estratégicos ou de infraestrutura.
A partir do conhecimento a respeito da existência de barrei-
ras, poderíamos suporque a empresa monopolista poderia 
cobrar qualquer valor que julgasse conveniente pelo produ-
to que estivesse fabricando. Porém, isto não acontecerá
2
Economia e mercado 59
Exemplo: as concessões rodoviárias são 
um exemplo deste tipo de barreira.
porque a empresa conhece o mercado consumidor e sabe 
que existe um limite para o preço que o consumidor está 
disposto a pagar por determinada mercadoria. Assim, o 
fato de existir apenas uma empresa no mercado aumenta 
o lucro; acima do lucro concorrencial, temos então lucros 
extraordinários.
O preço no mercado monopolista é definido, então, pela quantidade produzida que ma-
ximize os ganhos da empresa. Esta quantidade é definida pela condição de maximiza-
ção em monopólio, ou seja, o ponto em que o Custo Marginal iguala à Receita Marginal.
RMg = CMg
Definida a quantidade de monopólio, o preço unitário recebido pelo monopolista é de-
finido diretamente a partir da curva de demanda de mercado (PINDYCK; RUBINFELD, 
2013, p. 352).
3.3 CONCORRÊNCIA MONOPOLÍSTICA
Já a estrutura de concorrência monopolística é um “meio termo” entre a estrutura de 
concorrência perfeita e o monopólio. Em comum com a estrutura concorrência perfeita, 
existem muitas empresas, entretanto, os bens produzidos são diferenciados, mas com 
substitutos próximos. Desta maneira, cada empresa tem um certo poder sobre os pre-
ços, dado que os produtos são diferenciados, e o consumidor tem opções de escolha, 
de acordo com sua preferência (VASCONCELLOS, 2011).
Conforme apontado por Vasconcellos (2011), como não existem barreiras para a entra-
da de empresas, em longo prazo não há tendência para lucros extraordinários, “como 
em concorrência perfeita, ou seja, os lucros extraordinários a curto prazo atraem novas 
firmas para o mercado, aumentando a oferta do produto, até chegar-se a um ponto em 
que persistirão lucros normais, quando então cessa a entrada de concorrentes” (VAS-
CONCELLOS, 2011, p. 173).
Assim, no longo prazo, temos a coexistência de lucros normais e poder de monopólio.
Este poder de monopólio seria grande o suficiente para prejudicar os consumidores?
Para Pindyck e Rubinfeld (2013), este poder de monopólio não seria significativo, e teria 
como atenuante o fato de existir uma ampla variedade de produtos substitutos próxi-
mos, que conferem ao consumidor a sensação de terem livre escolha.
Exemplos de mercados em concorrência monopolística: salões de beleza, 
serviços médicos e odontológicos, estacionamento de veículos, produtos de 
higiene pessoal.
3.4 OLIGOPÓLIO
O oligopólio é a estrutura de mercado que apresenta maior dinamismo na economia.
60
2
Como os mercados funcionam? Fundamentos e reflexões sobre a microeconomia
É a partir do oligopólio que presenciamos a existência de grandes empresas, as 
quais operam com grande volume de investimentos em pesquisa e desenvolvimento 
de produtos. Essa estrutura utiliza as barreiras à entrada de forma intensiva, com a 
finalidade de manter seu poder de mercado.
Os mercados oligopolizados possuem algumas peculiaridades importantes:
 ` Com relação ao número de empresas, podem ser classificados em oligopólios 
concentrados ou oligopólios competitivos. Os oligopólios concentrados são aque-
les nos quais existe um pequeno número de empresas concorrendo no mercado, 
como no caso da indústria automobilística e da indústria siderúrgica. Os oligopó-
lios competitivos são aqueles nos quais “um pequeno número de empresas domi-
na um setor com muitas empresas” (VANCONCELLOS, 2011, p. 173). Exemplos: 
indústria de laticínios, indústria de bebidas, indústria farmacêutica.
 ` Com relação ao tipo de produto, temos os oligopólios puros e os oligopólios 
diferenciados. Os oligopólios puros são aqueles cujos produtos são homogê-
neos, ou seja, possuem as mesmas características. Como exemplo de oli-
gopólio puro temos a indústria do cimento. Os oligopólios diferenciados são 
aqueles que produzem mercadorias diferenciadas, como na indústria automo-
tiva e na indústria eletroeletrônica.
 ` Existem barreiras à entrada. Neste sentido, Vasconcellos (2011) aponta as 
seguintes características básicas: devido à existência de empresas dominan-
tes, essas têm o poder de fixar os preços de venda em seus termos, defron-
tando-se normalmente com demandas relativamente inelásticas em que os 
consumidores têm baixo poder de reação a alterações de preços.
Um dos fatores que diferencia a estrutura de oligopólio das demais é a interdependên-
cia entre as firmas atuantes no mercado. Essa interdependência faz com que a estraté-
gia de atuação de uma empresa influencie as demais firmas do mercado e, ao mesmo 
tempo, é influenciada pela estratégia das outras empresas. A atuação pode acontecer 
via concorrência, onde as firmas travam guerras de preços, ou através de cooperação, 
através de cartéis (VASCONCELLOS, 2011).
Quando falamos de oligopólios e cartéis, o grande exemplo que temos no 
mercado é o da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), 
que ficou famosa nos anos de 1970 ao promover uma diminuição na oferta de 
petróleo, levando a um aumento no preço do produto em escala mundial. Em 
relação aos oligopólios que competem travando até mesmo guerra de preços, 
temos o mercado de bebidas, especialmente o mercado de cervejas.
A formação de preços em oligopólios está relacionada com o grau de interdependência 
das empresas no mercado, mas existe uma regra prática para a formação de preços 
que é conhecida como regra de mark-up.
2
Economia e mercado 61
O mark-up representa a margem que a empresa aplica sobre o custo direto de produção 
com a finalidade de estabelecer o preço de venda (VASCONCELLOS, 2011). Assim, 
temos que:
p = C (1 + m)
Onde: p é o preço, C é o custo unitário direto ou variável e m é a taxa de mark-up.
O mark-up pode ser usado como uma forma de avaliar o grau de poder de monopólio 
de uma determinada empresa, o qual é chamado de Índice de Lerner. Sendo assim, 
quanto maior o Índice de Lerner, o coeficiente encontrado, maior o poder de monopólio 
da firma.
Conclusão
Nesta Unidade, você aprendeu sobre alguns fundamentos que regem os mercados. 
Aprendeu mais sobre as características e particularidades da oferta e demanda, e refle-
tiu sobre alguns fatores que podem influenciá-las. Você também viu as características 
de alguns produtos como os bens normais e inferiores, assim como analisou que alguns 
produtos podem ser substitutos ou complementares entre si.
Por fim, observou como funcionam algumas estruturas de mercados, conhecendo não 
apenas o mercado mais livre e competitivo, como o caso da concorrência perfeita, mas 
também observou que alguns mercados tendem a ser concentrados e gerar custos e 
consequências para toda sociedade.
Não se assuste com as fórmulas, tampouco com algumas expressões matemáticas: 
elas podem te ajudar a entender o conceito abordado. As releia e tente entender quais 
conceitos estas fórmulas querem te ajudar a entender.
E lembre-se: o grande objetivo desta Unidade é ajudá-lo a entender como o mercado 
funciona, e como você, como futuro profissional, pode se antecipar às possíveis conse-
quências ou gerar e criar novas oportunidades. Bons estudos!
Referências Bibliográficas
1. GREMAUD, Amaury Patrick. Manual de econo-
mia. São Paulo: Saraiva, 2003. MONTORO FILHO, 
André Franco. Teoria elementar do funcionamento do 
mercado. In:
2. Manual de economia. Equipe de professores da 
USP. 6 ed. São Paulo: Saraiva, 2011. RIMA, Ingrid 
Hahne. História do pensamento econômico. São 
Paulo: Atlas, 1990.
3. VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval de; 
GARCIA, Manuel Enriquez. Fundamentos de econo-
mia. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2004. 240 p.
4. PINDYCK, R.; RUBINFELD, D. Microeconomia. 
7. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2013.
5. _____. Microeconomia. 8. ed. São Paulo: Pear-
son Education do Brasil, 2013. VASCONCELLOS, M. 
A. S. Economia: micro e macro. 5. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2011.
62
3
A Macroeconomia: da crise de 1929 à Revolução Keynesiana
UNIDADE 3
A MACROECONOMIA:DA CRISE DE 1929 À 
REVOLUÇÃO KEYNESIANA
INTRODUÇÃO
Como já discutido em nossa disciplina, o problema econômico durante muito tempo 
foi analisado e estudado nas suas relações micro, além de se acreditar que a econo-
mia por si, sem interferência do Governo, conseguiria atingir seu próprio equilíbrio e 
melhor desenvolvimento.
Contudo, a partir da primeira metade do século XX tudo muda: a análise econômica 
passa do micro, da análise e estudo de mercado e agentes específicos, para análise 
macro, ou seja, indicadores agregados e que influenciam a economia como todo – 
como crescimento econômico, taxa de emprego, inflação etc. – passam a ter destaque 
na discussão do bem-estar econômico.
Outro ponto de inflexão é o papel do Poder Público na economia. Este, que até 
então deveria ficar afastado porque “atrapalhava” o desenvolvimento econômico, 
passa a ter papel de destaque e decisivo no combate dos efeitos das grandes crises 
do sistema econômico.
Tudo isso pode parecer um pouco confuso agora, não é? Fique tranquilo! Objetivo desta 
Unidade é entender os motivos que levaram a estas mudanças no paradigma econômi-
co, bem como conhecer as principais metas e instrumentos da macroeconomia.
1. MERCADO SE AUTOEQUILIBRA, PELO MENOS É O QUE 
PENSAM OS LIBERAIS
Conforme já discutido nesta disciplina, o paradigma que a economia tende ao equilíbrio, 
desde que livre e sem qualquer interferência exagerada do Estado, tal como defendia o pai 
do liberalismo, Adam Smith (1723 — 1790), que inovou muito na concepção sobre onde de 
fato estaria o valor das mercadorias e contrapôs fortemente os pilares do mercantilismo.
Para o filósofo, sem a exagerada interferência do Estado, a economia tenderia ao equilí-
brio e a sociedade atingiria seu melhor bem-estar, isto é, a plena liberdade (daí a origem 
do termo liberalismo) do agente econômico propiciaria que toda a sociedade atingisse 
seu melhor desenvolvimento e bem-estar econômico.
Para os pensadores liberais, a economia tende ao equilíbrio decorrente das relações 
microeconômicas, isto é, específicas de cada mercado. Por exemplo, se o mercado 
Visão Microeconômica
63
3
Economia e mercado
específico de trigo se equilibrar através das forças de mercado (oferta x deman-
da), os fatores de produção se alocarem livremente e obtiverem o melhor ganho/
remuneração possível, a economia como um todo atingirá seu bem-estar. Com cada 
mercado específico funcionando plenamente (por isso “visão microeconômica”), a 
economia como um todo se beneficiará. Ou seja, é do bom funcionamento específico 
de cada mercado, que a economia como um todo se desenvolverá.
Adam Smith traz uma concepção interessante acerca do que ele denomina “mão invi-
sível”, ou seja, a capacidade de o mercado alocar sua capacidade produtiva da melhor 
maneira possível, visando o melhor bem-estar de seus agentes econômicos.
Até as obras de Adam Smith, o valor residia no metalismo, isto é, na aquisição 
do ouro e da prata. Até o surgimento de suas ideias, uma nação rica era aquela 
que conseguia ter o máximo de ouro e prata.
Pesquise: Teoria do Valor-trabalho. 
Vamos a um exemplo para você entender melhor acerca do que seria esta “mão invisível”: 
imagine que em determinado momento o preço do milho aumentou devido a um aumento 
da exportação do grão para o mercado exterior. Desse modo, se o preço subiu e os pro-
dutores estão tendo um lucro superior ao da soja, o que você cultiva no momento?
Observando que o preço do milho está mais atrativo do que o da soja, o que você 
vai fazer? Já conhecendo a técnica da plantação do milho e analisando as possibi-
lidades futuras de ganho devido à perspectiva da abertura de novos mercados, vai 
decidir permanecer cultivando a soja ou se aventurar na cultura do milho?
Com certeza, a maioria dos produtores escolheriam se aventurar no cultivo do milho 
em busca de melhores ganhos. E por que neste momento o milho apresenta melhores 
ganhos do que a soja?
Porque a sociedade demanda (precisa) mais de milho que de soja no momento. No 
longo prazo, com a entrada de novos produtores de milho, o preço cairá devido a um 
aumento da oferta e seu mercado atingirá um novo equilíbrio.
Ou seja, em busca de seus próprios ganhos, no seu egoísmo de poder lucrar mais, a so-
ciedade atingirá o seu melhor bem-estar, isto é, vai ter a sua disposição uma quantidade 
maior do produto, fazendo com que o problema da escassez do produto seja resolvido.
Em tese, eram características como essas que Adam Smith defendia. Se o Estado não 
“atrapalhasse” o desempenho do mercado, se não interferisse no seu equilíbrio, se não 
praticasse atividades abusivas como cobrança excessiva de impostos, se não prevale-
cessem alguns grupos econômicos (práticas como autorizar que apenas uma empresa 
ou indivíduo forneça um tipo de produto, por exemplo, formação de monopólios) a eco-
nomia atingiria por si só seu equilíbrio, e por consequência, seu melhor bem-estar.
64
3
A Macroeconomia: da crise de 1929 à Revolução Keynesiana
Para Adam Smith, o Estado deveria continuar existindo sim, apenas para garantir com 
que as falhas de mercado não atrapalhassem a eficiência e equidade do mercado.
Entre as falhas do mercado descritas por Adam Smith, destacamos:
o Estado tem a obrigação de garantir que a propriedade privada seja defendida e que 
seu detentor seja sempre protegido e que possa fazer valer seu direito de propriedade;
Proteção da propriedade privada:
atuar para que o mercado não se concentre demais, isto é, que poucas empresas 
controlem a oferta de determinado produto, o que prejudicaria em muito a eficiência 
e equidade do mercado;
Atenuar o poder de mercado:
isto é, o Estado deve regular/legislar acerca das “regras do jogo”, punindo aquele 
agente que por acaso obtenha vantagens por meios ilícitos, ou que sua atividade 
atrapalhe a atividade econômica de outro agente, por exemplo.
Regular as externalidades:
O Estado deve atuar fortemente para que as atividades dos agentes não 
atrapalhem a “liberdade do outro”. Por exemplo, a fixação de uma empresa 
poluidora em de- terminado município pode prejudicar a atividade econômica 
de outro agente (agricultores ou pescadores, por exemplo) e a vida da 
população como um todo.
Diante das características apresentadas, surgem os pilares do que concebemos como 
liberalismo, escola econômica que, segundo Sandroni (1999), serviu de pano de fundo 
ideológico para os movimentos contra as monarquias absolutistas (Revolução Francesa 
e Independência dos Estados Unidos, por exemplo).
De acordo com o mesmo autor, o liberalismo defendia:
 ` A mais ampla liberdade individual;
 ` A democracia representativa com separação e independência entre três poderes 
(executivo, legislativo e judiciário); e
 ` O direito inalienável à propriedade;
 ` A livre iniciativa e a concorrência como princípios básicos capazes de harmonizar 
os interesses individuais e coletivos e gerar o progresso social.
Sendo assim, o liberalismo se baseava em princípios já defendidos pelos fisiocratas 
franceses, o “laissez faire, laissez passer”, isto é, “deixe fazer, deixe passar”: a livre 
iniciativa, bem como o livre trânsito e alocação dos fatores de produção, por si só faria 
com que a economia como um todo atingisse seu melhor bem-estar.
65
3
Economia e mercado
Diante de tal concepção acerca do movimento e do desenvolvimento econômico, não 
precisaria nenhum agente se preocupar com o planejamento das atividades produtivas, 
uma vez que as forças do mercado por si só eram suficientes para que a economia 
atingisse sua plena produtividade e ponto ótimo produtivo.
1.1 MUNDO MUDA: A TENDÊNCIA DO EQUILÍBRIO COLOCADA EM 
XEQUE
A concepção de que a economia livre e sem a interferência do Estado, e de que o 
mercado por si só atingiria o equilíbrio e o bem-estar, foi seguida por séculos: os ideais 
liberais estavam na mesa de cabeceira de qualquer governante e presente como mo-
delo ideal a ser seguido.
As ideias econômicas evoluíram muito desde as obras de Adam Smith: partindodo liberalismo e da visão microeconômica, a economia havia evoluído muito em 
modelos econométricos, o que desenvolvia ainda mais a ideia que as relações mi-
croeconômicas eram as que de fato importavam e tinham relevância econômica.
Com o passar do tempo, a Ciência Econômica desenvolveu ainda mais a Teoria do 
Valor-trabalho, da mesma maneira, já havia surgido a Teoria de Valor-utilidade, que veio 
complementar ainda mais os pressupostos da Teoria Econômica Liberal, dando melho-
res significados à visão microeconômica.
Contudo, o mundo não era mais o mesmo que Adam Smith havia presenciado: além 
dos desdobramentos produtivos decorrentes das duas fases da Revolução Industrial, 
bem como da difusão do poder da burguesia por todo o mundo, o capitalismo sofreu 
importantes modificações do século XVIII até meados do século XX.
O capitalismo que nos anos de Adam Smith ainda era comercial, de uma industriali-
zação que previa um capital inicial ainda não tão volumoso, onde os grandes capitais 
ainda não eram tão significativos assim, mudou muito: o capitalismo havia passado de 
comercial para industrial, e já entrava numa nova fase, do capitalismo financeiro.
[...] em fins do século XIX, o desenvolvimento de mercados de capitais mun-
diais e os progressos na produção e nos transportes provocaram imensas con-
centrações de poder industrial em corporações gigantescas, trustes e cartéis. 
Houve duas consequências importantes dessa maior concentração industrial: 
primeiro, a concorrência não regulamentada tornou-se extremamente custosa 
e prejudicial para essas empresas gigantescas. Segundo, a anarquia do mer-
cado ficou mais grave, porque as corporações gigantescas reduziram significa-
tivamente qualquer grau de flexibilidade e capacidade de ajuste que o mercado 
apresentava anteriormente (HUNT, 2005, p. 382).
O capital se concentrou muito e a sonhada concorrência defendida por Adam Smith 
como mecanismo de equilíbrio econômico começou a ser prejudicada pelas fusões e 
incorporações, surgindo cada vez mais monopólios e oligopólios por toda a parte.
O sonhado bem-estar econômico a cada dia era mais distante: sucessivas crises eco-
nômicas, empobrecimento da classe trabalhadora e conflitos internacionais decorrentes 
66
3
A Macroeconomia: da crise de 1929 à Revolução Keynesiana
do expansionismo imperial em busca de novos mercados. Enfim, o bem-estar econômi-
co decorrente do livre movimento do capital estava cada vez mais comprometido.
A crise de 1929
Considerada por muitos como a pior crise do capitalismo mundial até os dias de hoje, a 
Crise de 1929 colocou em xeque o modelo liberal perseguido até então.
O modelo liberal e a crença do autoajuste econômico já vinham sendo contestados 
décadas antes de 1929. Hunt (2005) comenta que cada vez mais empresas e grandes 
corporações recorriam ao Estado com intuito de tentar frear as consequências maléfi-
cas da “anarquia do mercado” e da concorrência desenfreada.
Contudo, a situação ficou mais grave no episódio conhecido como “quinta-feira negra”:
[...] a Bolsa de Valores de Nova York teve uma queda brusca nas cotações dos 
títulos, fenômeno que acabou destruindo toda a confiança na economia. Com 
isso, os empresários reduziram a produção e os investimentos, o que causou 
a diminuição da renda nacional e do número de empregos, diminuindo mais 
ainda a confiança na economia. Antes de encerrado o processo, milhares de 
empresas tinham ido à falência, milhões de pessoas tinham ficado sem empre-
go e tinha início uma das maiores catástrofes da História dos Estados Unidos 
(HUNT, 2005, p. 383).
Hobsbawn (2008) afirma que a consequência básica da Depressão foi o desemprego 
em escala inimaginável e sem precedentes, e por um tempo que as economias não 
haviam experimentado até então.
No pior período da Depressão, 22% a 23% da força de trabalho britânica e belga, 24% da 
sueca, 27% da americana, 29% da austríaca, 31% da norueguesa, 32% da dinamarquesa 
e nada menos que 44% da alemã não tinha emprego, segundo Hobsbawn (2008).
1.2 A VIRADA MACROECONÔMICA: A REVOLUÇÃO KEYNESIANA
Como já discutido anteriormente, a concepção de que a economia atingiria por si só o 
equilíbrio foi muito contestada pelos efeitos decorrentes da Crise de 1929.
Para os adeptos liberais, a economia estava apenas em desequilíbrio, ou seja, o de-
semprego era apenas tido como temporário, e, no longo prazo, pelas forças próprias 
do mercado, a economia atingiria novamente seu bem-estar e pleno emprego (ou seja, 
todas as pessoas que desejariam trabalhar estariam empregadas).
Keynes (1996) iria contrapor fortemente a noção defendida pelos liberais de que o mer-
cado se autoajustava. Para ele, a economia não tende automaticamente ao equilíbrio e 
precisa que um agente (no caso, o Estado) promova ações e políticas que façam com 
que a economia atinja o pleno emprego novamente. “A longo prazo, estaremos todos 
mortos”: esta frase é atribuída a John Maynard Keynes (1883 — 1946), que revolucio-
naria consideravelmente o que se esperava do movimento econômico até então.
Ele inverte uma ideia defendida pelos liberais, conhecida como Lei de Say, na qual a 
oferta cria sua própria demanda. Para os liberais, ao ofertar determinado produto ou 
67
3
Economia e mercado
serviço, acreditava-se que a produção de mercadorias geraria demanda suficiente para 
outras mercadorias, criando assim um círculo virtuoso.
A ideia de Say era mais ou menos essa: um investidor, ao decidir construir uma nova 
fábrica, demanda (precisa) contratar novos trabalhadores, comprar matéria-prima de 
seus fornecedores, pagar impostos de sua produção etc. A renda gerada por essa nova 
atividade econômica (o salário dos trabalhadores, renda dos fornecedores etc.) seria 
o suficiente para criar demanda em outros setores econômicos, que, no final, geraria 
renda para consumir/demandar os produtos da própria nova fábrica.
Contudo, Keynes (1996) analisa que a Lei de Say não previa crises de superprodução 
ou baixa expectativa do produtor em tempos de crise, isto é, a preferência do produtor/
empresário em reter seu capital (em moeda) por acreditar que no período seguinte a 
economia não cresceria ou entraria na recessão – o que o próprio Keynes (1996) deno-
minou como “preferência pela liquidez”.
Sendo assim, Keynes (1996) inverte a Ley de Say: não é a oferta que cria sua própria 
demanda, mas sim a demanda que cria sua oferta: isto é, o produtor (empresário), ao 
analisar e perceber que existe demanda (aumento de vendas) para seus produtos e 
serviços, decide realizar novos investimentos, que, por conseguinte, vão demandar a 
contratação de novos trabalhadores, bem como a compra de mais matérias-primas, 
criando assim um círculo virtuoso.
Figura 01. Círculo Virtuoso de Keynes: a demanda cria sua própria oferta
Criação da nova 
demanda
Contratação de 
trabalhadores, 
fornecedores etc.
Aumento da 
renda em 
circulação
Surgimento de 
novos investimen-
tos para atender a 
nova demanda
A obra de Keynes, ou Revolução Keynesiana como alguns concebem, vai dar um rumo 
totalmente novo ao manejo econômico: agora cabe ao Estado, ao agente governamental, 
Fonte: Elaborado pelo autor (2017).
68
3
A Macroeconomia: da crise de 1929 à Revolução Keynesiana
ser indutor e promotor da demanda agregada, e, consequentemente, da retomada do 
crescimento econômico.
Ao promover o gasto, principalmente o investimento, o agente Estado dá um novo im-
pulso à atividade econômica, que faz com que o agente produtor, prevendo aumento da 
demanda para seus produtos, realize novos investimentos na economia, que, por fim, 
aumenta a geração de novos postos de trabalho, alcançando novamente o ponto de 
pleno emprego.
Por ora, é necessário deixar bem claro para você que a ideia econômica mudou 
e muito: a liberdade, a não interferência do Estado pela economia, inverte-se, e o 
Estado de apenas coadjuvante passa a ter um papel muito importante na promoção 
do emprego e do desenvolvimento econômico.
Os déficits governamentais (istoé, os gastos do governo) passam a ser justificáveis 
para tirar a economia da crise econômica. Prova disso, foi o que os Estados Unidos 
fizeram para tirar o país da Crise de 1929, que ficou conhecido como New Deal (Novo 
Acordo, tradução literal).
E por falar em gasto, Keynes (1996) não se limita a qualquer tipo de gasto, mas dá ên-
fase a um tipo de gasto especial já mencionado anteriormente: o investimento. Para ele, 
é o nível de investimento da economia que vai determinar o seu volume de emprego.
O trabalhador contratado para construir novas fábricas, casas, prédios, pontes, obras 
diversas de infraestrutura, vai destinar parte de sua nova renda pessoal para consumir 
produtos produzidos por fábricas já instaladas e comercializadas por lojas já existentes 
e em funcionamento. Assim, formará um círculo virtuoso do crescimento econômico, 
gerando novos postos de trabalho.
O New Deal, colocado em prática pelo presidente americano Franklin Roosevelt (1882 
— 1945) e influenciado pelas ideias de Keynes, tinha como suas principais medidas:
 ` Desvalorização do dólar para tornar as exportações mais competitivas;
 ` Empréstimos aos bancos para evitar falências no sistema financeiro;
 ` Criação do sistema de seguridade social, com destaque para o seguro desempre-
go e a Lei De Seguridade de 1935;
 ` Direito de organização sindical;
 ` Estímulo à produção agrícola;
 ` Construção de uma grande quantidade de obras públicas, com destaque às hi-
drelétricas e rodovias.
Com essas medidas, o New Deal tinha como principal objetivo o fomento da demanda 
agregada americana e, por consequência, elevação na geração de novos postos de 
trabalhos, o que de fato aconteceu muito bem.
69
3
Economia e mercado
O New Deal teve muito sucesso e efetividade em suas políticas e ações, revigorando 
novamente o capitalismo americano, e levando a produção e alguns indicadores econô-
micos americanos a pontos anteriores aos da crise de 1929.
O sucesso da medida foi tão grande que o New Deal inspirou outros Estados e Go-
vernos a realizarem medidas semelhantes, o que ficou conhecida posteriormente à II 
Guerra Mundial como Welfare State que, em suma, são políticas de bem-estar social 
que proporcionaram o boom econômico do pós-guerra.
O Estado garantia uma distribuição menos desigual de renda e criava infraestruturas 
necessárias a uma vida digna para a maioria da população, investindo em saúde, edu-
cação e transporte.
Este Estado do Bem-estar Social (ou Welfare State) liderou as políticas econômicas até 
meados da década de 1970, quando foi contestado por uma nova onda liberal, que ficou 
conhecida como neoliberalismo.
A Macroeconomia – Objetivos e metas
Com a inversão da Teoria Liberal, a necessidade de haver estímulos para que a eco-
nomia atinja novamente o pleno emprego, bem como o Estado tendo um papel de 
suma importância, analisar a economia apenas pela visão microeconômica não é 
mais suficiente.
Segundo Vasconcellos (2011), a macroeconomia trata da economia “como um todo”, 
isto é, dos grandes agregados econômicos, tais como PIB, emprego, inflação, taxa de 
juros, balança comercial, dentre outros.
Segundo o mesmo autor, são metas de política macroeconômica:
 ` Alto nível de emprego;
 ` Estabilidade de preços;
 ` Distribuição de renda socialmente justa;
 ` Crescimento econômico.
Vou fazer a seguinte analogia para você entender melhor essas metas da política ma-
croeconômica: você já precisou de comparecer a um pronto socorro porque você ou seu 
acompanhante não estava se sentindo muito bem?
O que a equipe médica fez de imediato? No momento do atendimento, a equipe come-
çou a verificar alguns indicadores de seu corpo, tais como temperatura, pressão arterial, 
Para Sandroni (1999, p 160), é a “[...] quantidade de bens ou serviços que a 
totalidade dos consumidores deseja e está disposta a adquirir em determinado 
período de tempo e por determinado preço. [...] É a soma das despesas das 
famílias, do governo e os investimentos das empresas, consistindo na medida 
da demanda total de bens e serviços numa economia”.
70
3
A Macroeconomia: da crise de 1929 à Revolução Keynesiana
assim como escutou os pulmões, dentre outros exames, com intuito de tirar a melhor 
conclusão sobre o diagnóstico do paciente, visando o melhor tratamento a ser seguido 
para corrigir o problema verificado.
A mesma coisa acontece na economia: a equipe econômica do governo deve 
estar atenta para verificar se os indicadores acima descritos estão funcionando bem 
e se a economia está no caminho certo.
Verificar se a economia está no pleno emprego ou próxima a ele é de suma importância, 
pois a população precisa ter acesso ao trabalho e aumentar sua renda, para garantir, 
acima de tudo, a subsistência de suas famílias.
Já o nível dos preços precisa ser controlado com intuito de evitar a inflação, o que nada 
mais é do que o aumento generalizado dos preços. A inflação é nociva ao ambiente 
econômico, pois acarreta distorções principalmente sobre a distribuição de renda, as 
expectativas empresariais, mercado de capitais e sobre o balanço de pagamentos, den-
tre outros. No decorrer da nossa disciplina, voltaremos a discutir com mais propriedade 
os efeitos da inflação e seus desdobramentos.
Por fim, é necessária a manutenção do crescimento da economia e de sua distribuição 
equitativa, isto é, da distribuição de renda socialmente justa. O Brasil é um caso específi-
co e bem peculiar: foi um dos países que mais viu seu Produto Interno Bruto (PIB) crescer 
no século XX, contudo, desenvolveu uma sociedade com alta concentração de renda e 
socialmente muito injusta: não adianta apenas crescer, é necessário haver políticas que 
promovam uma distribuição de renda justa, promovendo assim condições para o surgi-
mento de uma sociedade mais desenvolvida no sentido mais lato de sua palavra.
Os instrumentos macroeconômicos
Voltando à analogia que fizemos acerca da ida ao pronto socorro, após a equipe médica 
diagnosticar o paciente, ela começa a medicá-lo, visando a correção dos indicadores 
examinados quando o paciente deu entrada no pronto socorro.
A macroeconomia também tem à sua disposição remédios, ou seja, instrumentos ma-
croeconômicos que podem ser utilizados visando o aumento do número de empregos, 
ou então, a estabilidades dos preços, por exemplo.
Entre os instrumentos macroeconômicos, destacamos:
A Política Fiscal;
A Política Monetária;
A Política Cambial e Comercial;
A Política de Rendas (controle de preços e salários).
71
3
Economia e mercado
A Política Fiscal
Definindo de forma resumida, a Política Fiscal trata dos mecanismos dos quais o gover-
no possui para arrecadar tributos (Política Tributária) e controlar suas despesas (Políti-
ca de Gastos).
As autoridades se utilizam da Política Fiscal para remediar problemas macroeconômicos, 
como o desemprego e a inflação. Caso o governo decida aumentar o nível de emprego, 
pode optar a aumentar seus gastos, o que gerará um aumento na demanda agregada da 
economia e, por consequência, gerará novos postos de trabalho, por exemplo.
Já se o problema é aumento da inflação, decorrente do aumento da demanda, o go-
verno pode reduzir seus gastos ou aumentar os seus impostos, o que ocasionará uma 
diminuição na renda disponível para consumo, e assim, os preços sofrerão menos pres-
são inflacionária.
São exemplos de Política Fiscal:
de automóveis, visando aumento de suas vendas.
Diminuição do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI):
redução de impostos incidentes sobre a folha, diminuindo o custo na contratação de 
funcionários, estimulando assim novas contratações.
Desoneração da Folha de Pagamento:
projeto do governo na realização de obras de infraestrutura (política de gastos), o 
que acarretará no aumento da demanda agregada da economia.
Programa de Aceleração do Crescimento (PAC):
Política Monetária
A Política Monetária trata das decisões do governo sobre a quantidade de moeda, de 
crédito e das taxas de juros. Os instrumentos disponíveispara tal são:
 ` Emissões (impressão) de moeda;
 ` Reservas Compulsórias (percentual sobre os depósitos que os bancos comerciais 
devem reter junto ao Banco Central);
 ` Open Market (compra e venda de títulos públicos);
 ` Redescontos (empréstimos do Banco Central aos bancos comerciais);
 ` Regulamentação sobre crédito e taxa de juros.
Vale ressaltar aqui o peso maior que Keynes deu à moeda. Antes de Keynes, para os 
liberais, a moeda servia apenas de “meio de troca”. Para Keynes, a moeda além de ser 
72
3
A Macroeconomia: da crise de 1929 à Revolução Keynesiana
utilizada como meio de troca, serve também como unidade de conta e reserva de valor, 
sua característica mais importante.
Sendo assim, a Política Monetária pode ser utilizada para elevação do produto e redu-
ção do desemprego, por exemplo. No decorrer de nossa disciplina, iremos analisar com 
mais detalhe as caraterísticas da Política Monetária.
Por ora, cabe a você ter a noção que tanto a Política Monetária quanto a Fiscal são ins-
trumentos importantes e que podem e devem ser utilizadas pelas autoridades visando 
alcançar as metas da política macroeconômica.
Segundo Vasconcellos (2011), a Política Fiscal consegue atuar na distribuição de renda 
de maneira mais eficaz do que a Monetária. Contudo, esta tem ação mais imediata que 
a outra, uma vez que a Política Monetária depende apenas de uma simples autorização 
das autoridades monetárias.
Uma vantagem frequentemente apontada da política monetária sobre a fiscal 
é que a primeira tem efeitos imediatos, dado que depende apenas de decisões 
diretas das autoridades monetárias, enquanto a implementação de políticas 
fiscais depende de votação do Congresso, o que aumenta a defasagem entre 
a tomada de decisão e a implementação das medidas fiscais. Ademais, as 
políticas fiscais só podem ser efetivadas no próximo exercício fiscal (ou seja, 
no ano seguinte a sua aprovação legal), conforme o chamado princípio da an-
terioridade ou anualidade (VASCONCELLOS, 2011, p. 194).
Alguns exemplos de Política Monetária:
Aumento da taxa básica de juros, visando o controle do nível de preços;
Diminuição da taxa de juros, visando o aumento do investimento no lado real da 
economia e, por consequência, gerando novos empregos;
Aumento na taxa de redesconto, visando diminuir o nível de preços.
Política Cambial e Comercial
As políticas cambial e comercial tratam da relação da economia doméstica e do setor 
externo da economia. A Política Cambial se refere ao câmbio, ao controle das autorida-
des em relação à moeda estrangeira (câmbio flutuante, fixo etc.).
Já a política comercial analisa as políticas de incentivo à exportação de produtos na-
cionais, bem como a fixação de limites em relação a remessas de lucros ao exterior, 
Balança Comercial, desestímulo das importações, dentre outros.
Tipos de Câmbio:
o Governo estabelece um valor fixo para a conversão da moeda nacional pela estran-
geira. Ex.: US$ 1,00 = R$ 1,00.
Câmbio fixo:
73
3
Economia e mercado
Política de Rendas
Ao lado dos outros instrumentos macroeconômicos, a Política de Rendas visa a redis-
tribuição de renda e justiça social. A Política de Rendas tem como objetivo ainda de 
controlar a remuneração dos fatores de produção, tais como salários, depreciações, 
lucros, dividendos e preços dos produtos intermediários e finais.
A característica especial é a de que, nesses controles, os agentes econômicos ficam 
proibidos de fixar seus preços e tomar decisões produtivas, levando em consideração 
apenas as influências econômicas normais do mercado.
Exemplo de Política de Rendas:
o Governo garante ao produtor uma remuneração mínima de sua produção agrícola, 
visando o fornecimento de alimentos, bem como a fixação do agricultor no campo.
o preço da moeda estrangeira é negociado livremente e seu preço é estabelecido por 
meio das forças do mercado (oferta versus demanda).
Preços mínimos:
Câmbio flutuante:
Neste tópico, você foi apresentado ao panorama histórico e social que permitiu o sur-
gimento da macroeconomia, assim como aos principais instrumentos e objetivos dela.
A macroeconomia é o resultado da confrontação das ideias liberais, as quais previam 
que o mercado tenderia por si só ao equilíbrio e que o Estado apenas existiria no mí-
nimo possível. Keynes confronta essas ideias e dá um novo significado ao papel do 
Estado: de apenas coadjuvante, passa a ter papel principal para retomada da demanda 
agregada e, por conseguinte, do crescimento econômico e Pleno Emprego.
Daremos seguimento ao nosso estudo com o tópico Contabilidade Social.
2. CONTABILIDADE SOCIAL
Para que a economia consiga atingir seus macro-objetivos, como discutido anterior-
mente, você precisa aprender a avaliar, isto é, identificar quais os instrumentos e aná-
lises existentes para verificar se uma economia está com bom nível de crescimento 
econômico, inflação controlada, gerando empregos, dentre outros.
Quem pode nos auxiliar nesta tarefa é a Contabilidade Social. Segundo Paulani (2013, 
p. 1), a Contabilidade Social:
[...] congrega instrumentos de mensuração capazes de aferir o movimento da 
economia de um país num determinado período de tempo: quanto se produziu, 
quanto se consumiu, quanto se investiu, quanto se vendeu para o exterior, 
quanto se comprou do exterior.
74
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A Macroeconomia: da crise de 1929 à Revolução Keynesiana
Os instrumentos e análises são muitos e os conceitos os mais diversos e distintos possí-
veis: tudo depende da “pergunta”, ou melhor, da análise que você quer fazer da economia.
Assim como o médico solicita exames de imagens ou laboratoriais para dar o melhor 
diagnóstico ao seu paciente, a macroeconomia nos disponibiliza uma infindável lista de 
relatórios, abordagens e análises dos agregados econômicos e de seus movimentos, 
com o intuito de analisar o movimento econômico da melhor maneira e alcançar o diag-
nóstico mais adequado para o problema econômico a ser estudado e analisado.
Lembre-se: a macroeconomia tem como objetivo analisar as variáveis 
macroscópicas, sempre analisando os denominados agregados econômicos, 
tais como o consumo agregado, o investimento agregado, o produto nacional 
e a renda nacional, dentre outros.
2.1 A CRIAÇÃO DO PRODUTO – O QUE É PRODUZIDO TOTALMENTE 
PELA ECONOMIA
Como bem demonstra Paulani (2013), a partir do final do século XVIII, questões acerca 
do crescimento econômico e da repartição do produto social começaram a ser discuti-
das, tanto pela produção acadêmica do período como pela sociedade em geral. Afinal, 
em tese, a economia deveria atingir o bem-estar da sociedade, isto é, promover o de-
senvolvimento econômico e social de toda a população.
Diante dos questionamentos sobre a economia e sua relação com a sociedade, foi 
constatada a necessidade de haver formas e metodologias que permitissem o cálculo 
do produto produzido, assim como se fizesse a previsão se tal riqueza estava sendo 
apropriada por toda a população.
De acordo com Vasconcellos (2011), é a partir de um sistema contábil que o país mede 
tudo o que foi produzido em determinado período de tempo, muito parecido com o total 
produzido por uma empresa, por exemplo.
O nome dado para esta medida é Produto Nacional Bruto (PNB), que, ainda segundo 
Vasconcellos (2011), é o agregado de tudo que é produzido em determinado país em 
um período de tempo.
O Produto Nacional Bruto (PNB), assim como os outros agregados macroeconômicos 
mensurados economicamente, é registrado através do princípio contábil também utiliza-
do pelas empresas privadas, conhecido como Método das Partidas Dobradas, isto é, 
em cada lançamento contábil, o valor total lançado nas contas a débito deve ser sempre 
igual ao total do valor lançado nas contas a crédito.
A produção econômica é bem complexa: uma economia produz uma série de produtos 
e serviços muito distintos entre si (desde a produção de um grão agrícola até a produ-
ção de um sofisticado satélite espacial, por exemplo) e todos estes produtos e serviços 
devem ser devidamentecontabilizados para que a economia consiga, com a melhor 
precisão possível, saber quanto ela produz em um determinado período.
75
3
Economia e mercado
No Brasil, para que a contabilização de todo o produto produzido seja registrada da 
melhor maneira, existe o que denominamos de Sistema de Contas Nacionais, gerido 
e mensurado pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Vasconcellos (2011) analisa que os produtos e serviços gerados por uma economia são 
produzidos através de um fluxo contínuo que se estabelece entre os chamados agentes 
econômicos (governo, famílias e empresas).
Um ponto muito bem assinalado por Paulani (2013) diz respeito ao papel da moeda: 
através de uma economia monetizada, conseguimos equiparar os mais distintos e com-
plexos produtos produzidos por uma economia em determinado período de tempo.
A moeda, segundo Paulani (2013), consegue avaliar e equiparar tudo o que é produzido 
na economia. Afinal, seja um serviço simples de capinação ou um conserto de uma son-
da petrolífera a milhares de metros na profundeza do oceano, tudo deve ser mensurado 
monetariamente, isto é, ter o valor em dinheiro determinado.
Diante desta característica das economias monetizadas, onde tudo pode ser avaliado 
através da moeda e do dinheiro, temos um importante princípio: o da identidade.
Ou seja, toda vez que você sai para comprar um produto num shopping ou mercado 
próximo de sua residência, automaticamente, alguém tem que estar vendendo este pro-
duto. Ou seja, muito simplificadamente, podemos conceber que uma compra = venda.
Apesar desta ideia ser simples e muito intuitiva, Paulani (2013) afirma que este mesmo 
princípio, o da identidade, é o que o Sistema de Contas Nacionais leva em consideração 
no momento da mensuração do PNB, por exemplo.
Sendo assim, da mesma maneira que você não pode comprar algum produto que não 
esteja à venda, a economia não pode produzir um produto que não gere um dispêndio, 
uma despesa, assim como não gere automaticamente uma renda.
PRODUTO ≡ DESPESA ≡ RENDA
Quando se analisa os agregados econômicos, a noção é a mesma: é natural esperar 
que a efetivação de um investimento seja decorrente da criação de uma poupança a 
priori, e que uma poupança gere um investimento, por exemplo.
Agregados econômicos: Termo empregado para designar os resultados da 
mensuração da atividade econômica considerada como um todo. A referência 
básica é a soma de todas as transações, realizadas por todos os agentes, 
na totalidade dos mercados. É a dimensão total, o todo, não as partes 
isoladamente consideradas. Ex.: PIB, renda nacional, inflação, dentre outros.
Nota-se que o princípio da identidade não é identificado pelo sinal de =, mas sim pelo ≡. 
A identidade, como bem aponta Paulani (2013), não gera uma noção de causa ou efeito, 
mas apenas uma existência de identidade.
Contudo, é a partir da identidade produto ≡ despesa ≡ renda que se deriva a ideia 
intuitiva de Fluxo Circular da Renda.
76
3
A Macroeconomia: da crise de 1929 à Revolução Keynesiana
2.2 ÓTICA DE PRODUTO, RENDA E DESPESA
Devido ao princípio de identidade entre produto ≡ despesa ≡ renda, é possível analisar 
a produção de uma economia de três maneiras distintas, procurando entender, em cada 
uma delas, como cada variável contribuiu para o desenvolvimento e formação de todo 
o produto produzido no interior da economia:
indica quanto cada setor ou etapa produtiva adicionou de valor ao produto; ótima 
maneira para identificar qual setor econômico (primário, secundário ou terciário, por 
exemplo) adicionou na etapa produtiva de um produto, ou o PIB inteiro de uma eco-
nomia em determinado período, por exemplo.
Ótica do Produto:
indica como está sendo distribuída a renda através de salários, ou então, remunera-
ção de capital, por exemplo. Excelente para analisar quais fatores de produção que 
se apropriaram do que foi produzido na economia naquele período e verificar como a 
renda de uma economia foi distribuída.
Ótica da Renda:
mostra a soma dos valores de todos os bens e serviços que foram produzidos em um 
determinado período e a maneira pela qual foram consumidos. Através dessa ótica, 
podemos analisar, por exemplo, quanto a economia investiu e quanto o Governo 
consumiu em determinado período.
Ótica do Dispêndio ou da Despesa:
Ficou um pouco confuso? Vamos discutir mais amplamente as três maneiras de se ana-
lisar a produção de uma economia. Para entendermos melhor como podemos analisar 
a produção econômica de três maneiras distintas, vamos imaginar que exista um país 
hipotético, o País A, com apenas três setores econômicos (primário, secundário e terci-
ário), que não estabeleça nenhuma relação com o mercado exterior, e que cada setor 
possua apenas uma empresa.
Imagine que você queira analisar quanto o setor primário deste país produziu em de-
terminando período, ou então, quer entender como se comportou o investimento da 
economia do País A no ano 01, na tentativa de analisar a expectativa do empresariado 
para o médio e longo prazo, por exemplo.
Figura 02. Produto do País A no ano 01
SETOR ECONÔMICO VALOR BRUTO DA PRODUÇÃO
VALOR ADICIONADO 
NA ETAPA PRODUTIVA
Setor Primário – Produção de Cacau 100,00 100,00
Setor Secundário – Fábrica de Chocolate 150,00 50,00
Setor Terciário – Loja de Chocolate 200,00 50,00
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Economia e mercado
SETOR ECONÔMICO VALOR BRUTO DA PRODUÇÃO
VALOR ADICIONADO 
NA ETAPA PRODUTIVA
Total do Produto 200,00 200,00
Fonte: Elaborado pelo autor (2016).
Observe a TAB. 1 nesta economia, o setor primário produz cacau, e todo ele é vendido 
para o setor secundário que fabrica o chocolate, que, por fim, vende ao setor terciário, 
que o comercializa.
A maneira mais fácil e prática de verificar quanto foi produzido por esta economia é ve-
rificar o produto final (a venda do chocolate), no caso da economia do país no ano 01, 
foi de $ 200,00. Sendo assim, se o desejo é perguntar quanto a economia produziu no 
respectivo ano (o PIB, por exemplo), devemos responder, portanto, $ 200,00.
Isso acontece devido ao fato de que, até chegar o momento de se comercializar o cho-
colate, foi necessário que o setor primário produzisse o cacau e que o setor secundário 
fabricasse o chocolate através da matéria-prima cacau.
Neste exemplo, não há sobras. Sendo assim, tudo o que foi produzido pelo setor primá-
rio e secundário desta economia não existe mais, já foi consumido, uma vez que tudo 
foi comercializado através da loja de chocolates.
Observe agora a coluna “Valor Adicionado” da TAB. 1. Ela indica quanto cada setor adi-
cionou ao produto. No caso, o setor primário foi responsável por adicionar $ 100,00, o 
setor secundário, assim como o setor terciário, adicionou $ 50,00, atingindo um produto 
total nesta economia de $ 200,00.
Esta maneira de olhar a produção da economia é a ótica do produto, que nos indica 
quanto cada setor ou etapa produtiva adicionou ao produto.
Contudo, às vezes, você, como tecnólogo, pode ter mais perguntas: quanto o País A 
distribuiu de salários ou lucros, por exemplo? E aluguéis, será que a economia do país 
A pagou alguma coisa?
De acordo com a disciplina Economia e Mercado, para se produzir qualquer bem na 
economia, é necessário remunerar os fatores de produção (terra, capital, tecnologia, 
lucro e trabalho).
Vamos retomar ao nosso exemplo: o País A no ano 01 produziu $ 200,00. Para chegar 
a este valor, sabemos intuitivamente que o setor primário, para adicionar $ 100,00, 
precisou pagar salários para os seus trabalhadores, bem como a fábrica foi obrigada a 
distribuir seus lucros para os acionistas, e assim por diante.
Tabela 02. Renda do País A no ano 01
FATOR DE PRODUÇÃO VALORES ($)
Salários 80,00
Aluguéis 20,00
Royalties/Licenças de Uso 30,00
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A Macroeconomia: da crise de 1929 à Revolução Keynesiana
FATOR DE PRODUÇÃO VALORES ($)
Juros 40,00
Lucros 30,00
TOTAL 200,00
Fonte: Elaborado pelo autor (2016).
Conforme demonstra a TAB. 2, o País A no ano 01 pagou em salários (somando todosos setores econômicos) $ 80,00 e distribuiu de lucros $ 30,00, por exemplo.
Esta maneira de se analisar o que um país produziu em um determinado período de 
tempo é denominada de ótica da renda. Com ela, podemos verificar como está sendo 
distribuída a renda através de salários, ou então, remuneração de capital, por exemplo.
Por fim, temos a ótica do dispêndio ou da despesa. Neste modo de análise, podemos 
verificar a soma dos valores de todos os bens e serviços que foram produzidos no perí-
odo e a maneira pela qual foram consumidos.
Nesta forma de análise, podemos verificar o que foi consumido pelas famílias e empre-
sas, ou então, o que esta economia gastou de investimento.
Voltando ao nosso exemplo do país A no ano 01: levando em consideração que este 
país não possui relação com o mercado externo e o setor público é inexistente, observe 
a tabela a seguir:
Tabela 03. Despesa do País A no ano 01
FATOR DE PRODUÇÃO VALORES ($)
(A) Consumo Total 150,00
Famílias 50,00
Empresas 100,00
(B) Investimento Total 50,00
Formação Bruta de Capital Fixo 50,00
Formação de Estoques -
TOTAL (A + B) 200,00
Fonte: Elaborada pelo autor (2016).
De acordo com a TAB. 3, o País A no ano 01 consumiu (famílias + empresas) $ 150,00 
e investiu $ 50,00 através da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) e não gerou ne-
nhum tipo de estoque.
2.3 INVESTIMENTO E DEPRECIAÇÃO: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Antes de continuarmos com nosso estudo sobre os agregados macroeconômicos, é 
necessário realizar algumas observações sobre o que a contabilidade social conceitua 
como investimentos, seu papel no processo produtivo, bem como a depreciação.
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Economia e mercado
Depreciação é “[...] a redução do valor ativo em consequência de desgaste pelo 
uso, obsolescência tecnológica ou queda no preço de mercado — geralmente 
de máquinas, equipamentos e edificações [...]” (SANDRONI, 1999, p. 165).
De acordo com Paulani (2013), investimento é tudo aquilo que é produzido e não é 
consumido num dado período de tempo. Ou seja, tudo aquilo que a economia produziu 
e será, em tese, consumido no período seguinte, ou melhor dizendo, no futuro.
A mesma autora define o investimento em dois tipos:
produtos e bens que o consumo se dará no tempo seguinte, futuro, de uma 
única vez.
Variação de estoques:
bens que não desaparecem após o consumo realizado uma única vez (única utiliza-
ção) e possibilitam a produção ao longo de um determinado período de tempo. Ex.: 
bens de capital em geral: máquinas, equipamentos, ferramentas etc.
Formação bruta de capital fixo: 
Contudo, as empresas, em tese, realizam investimentos continuamente para poder 
manter suas produções. Realizam reposição de máquinas e equipamentos, manuten-
ção de seus prédios, dentre outros.
Os investimentos, bens de capital em sua maioria, são produtos que demandam uma 
quantia considerável (são caros na sua grande maioria) e devem ser muito bem plane-
jados: não é razoável que a empresa substitua sua linha de montagem mensalmente ou 
destrua seus prédios civis anualmente, por exemplo.
Ou seja, os bens de capital, investimentos, são consumidos no futuro e isso nos gera 
um problema: um automóvel, por exemplo, após 1 mês de uso, por mais que tenha sido 
muito pouco usado, não tem o mesmo valor de um carro novo. Por quê? Porque neste 
curto espaço de tempo, ele foi depreciado.
A depreciação acontece em todos os setores econômicos e deve ser considerada após 
mensurar o total produzido naquele país em um determinado período.
É necessário considerar o total que esta economia perdeu com seus bens de capital 
(máquinas e equipamentos). Afinal de contas, não podemos esperar que uma máquina de 
5 anos de uso tenha a mesma produtividade de uma nova, ou então, que um prédio de 10 
anos de construção apresente o mesmo custo de manutenção que um recém edificado.
Deste modo, obtemos o Produto Líquido, isto é, em um determinado período, é neces-
sário deduzir do Valor Bruto da Produção a parcela destinada à reposição dos bens de 
capital desgastados no respectivo período.
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3
A Macroeconomia: da crise de 1929 à Revolução Keynesiana
Voltemos ao nosso exemplo hipotético: a economia do País A no ano 01 produziu um 
PIB de $ 200,00. Imagine que a mesma economia apresentou as seguintes deprecia-
ções por setor:
Tabela 04. Depreciação do País A no ano 01
SETOR ECONÔMICO
VALOR BRUTO 
PRODUÇÃO (VBP) 
$
DEPRECIAÇÃO
Setor Primário – Produção de Cacau 100,00 20,00
Setor Secundário – Fábrica de Chocolate 150,00 10,00
Setor Terciário – Loja de Chocolate 200,00 5,00
Total do Produto 450,00 35,00
Fonte: Elaborado pelo autor (2016).
Ao deduzir a depreciação acumulada no ano 01 de $ 35,00 com o total de depreciação 
registrada no período, obtemos o Produto Líquido, isto é, o total que aquela economia 
produziu num determinado período de tempo, já deduzindo o total de máquinas e equi-
pamentos (bens de capital) que foram substituídos no respectivo período.
Produto Líquido = Produto - Depreciação
2.4 IDENTIDADE CONTÁBIL: POUPANÇA ≡ INVESTIMENTO
Você pode estar se perguntando: se o princípio das partidas dobradas sugere 
que para comprar é necessário haver alguém que queira vender, como fica a 
questão do investimento?
Vamos lá: como você viu anteriormente, investimento é concebido por tudo aquilo que 
produzimos e não foi consumido num determinado período de tempo. Ou seja, o Inves-
timento Total realizado em um país em determinado período, por exemplo.
INVESTIMENTO (I) = Produto Nacional (PN) - Consumo (C)
Já a Poupança, segundo Sandroni (1999, p. 485), é “[...] parte da renda nacional ou 
individual que não é utilizada em despesas [...]”. Ou seja:
POUPANÇA (S) = Renda Nacional (RN) - Consumo (C)
Como já vimos, o total produzido pela economia pode ser analisado pela ótica do pro-
duto, renda e despesa (produto ≡ despesa ≡ renda), temos que Renda Nacional = 
Produto Nacional. Logo:
PN – C = RN – C
PN = RN
81
3
Economia e mercado
Sendo assim, temos:
INVESTIMENTO = POUPANÇA
Contudo, Vasconcellos (2011) alerta que esta ideia de Investimento = Poupança é uma 
notação apenas contábil. O autor comenta que o investimento de uma economia pode 
ser financiado por poupanças passadas, empréstimos exteriores etc., assim como a pou-
pança do período pode ficar depositada no banco, sem ser necessariamente investida.
2.5 O SETOR PÚBLICO E SEUS AGREGADOS
O Setor Público é essencial para manutenção da ordem e do desenvolvimento social. 
Disponibiliza para seus cidadãos serviços públicos, como educação, saúde e cultura, 
segurança, manutenção dos bens públicos, dentre outros.
O Setor Público também é o que detém o maior número de funcionários (servidores pú-
blicos), realiza os maiores investimentos (construção de estradas, portos, metrô, esco-
las, dentre outros) e sua despesa (consumo) é muito relevante para o desenvolvimento 
e desempenho de toda economia.
Neste momento de nossa disciplina, não vamos analisar se o Governo gasta muito ou 
não, esta análise será feita posteriormente, por ora, vamos analisar como devemos 
mensurar na Contabilidade Social e entender seus principais indicadores (agregados).
Segundo Vasconcellos (2011), devemos analisar o Governo através de suas Re-
ceitas e Despesas.
Vejamos:
Receitas Públicas: obtidas através da cobrança de impostos, contribuições, taxas, 
dentre outros. Visa financiar as despesas públicas.
Gastos do Governo: despesa para manutenção dos custeios dos órgãos públicos 
(despesa com salário de professores, manutenção de hospitais, dentre outros), despe-
sa das empresas públicas ou de economia mista (Petrobras, Eletrobras, por exemplo) e 
gasto com transferências e subsídios (bolsas de estudo, Bolsa Família etc.).
Pela ótica da despesa, inserindo agora o Setor Público, podemos mensurar o produto 
de toda a economia por meio da seguinte equação:
Y = P = C + I + G + XL
Onde:
Y = Renda
P = Produto
C = Consumo das famílias e empresas
I = Investimento
82
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A Macroeconomia: da crise de 1929 à Revolução Keynesiana
G =Gastos do Governo
XL = Exportações líquidas (exportações - importações)
2.6 AGREGADOS DO SETOR PÚBLICO
O Setor Público possui alguns agregados (indicadores) que devem ser considerados 
quando analisamos seu papel em determinada economia (responder como o setor pú-
blico se comporta em certo país, por exemplo).
Não vamos, neste momento, analisar profundamente estes indicadores: você deve ape-
nas entender tais conceitos e reflexos na sua vida profissional e particular.
Conforme anteriormente dito, o Governo, para financiar seus gastos, bem como conce-
der subsídios e transferências, lança mão dos tributos. Sendo assim, temos o que de-
nominamos de Renda Pessoal Disponível (RPD), isto é, de acordo com Vasconcellos 
(2011), mensurar o quanto do produto e renda produzido e gerado por um país fica em 
poder das famílias.
Este conceito é importante porque mede quanto fica disponível para as famílias con-
sumirem: quanto maior os impostos e taxas cobrados pelo Governo, menos recursos 
ficam disponíveis para consumir e vice-versa.
Este conceito fica fácil de entender quando recebemos nosso salário: o holerite, do-
cumento que registra o salário bruto com os respectivos descontos, traz relacionados, 
além de quanto você ganha, os descontos referentes às contribuições previdenciárias 
(INSS) e ao Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF). Quando é o caso, o holerite mos-
tra também outras contribuições confederativas e descontos diversos de sua empresa 
(vale transporte, ticket refeição, dentre outros). Após contabilizar todos os descontos, 
chega-se ao salário líquido, isto é, quanto de fato é depositado em sua conta salário, 
que você usará para comprar as mercadorias de sua necessidade e pagar suas contas, 
dentre outros usos de sua escolha.
Agora imagine que o Governo decida acabar com o IRPF. O que vai acontecer com seu 
salário líquido? Vai aumentar! E por quê? Porque não vai ser mais descontada a parcela 
correspondente a este imposto, permitindo assim que seu salário líquido fique maior. 
O recurso que serviria para pagar imposto poderia ser utilizado para consumo, ou seja, 
haveria mais dinheiro na sua conta, aumentando assim sua RPD.
É assim que funciona na economia: quanto menos impostos, mais renda ficará dis-
ponível para consumo. E o contrário também é verdade: quanto mais impostos são 
cobrados, menos recursos as famílias terão para consumir.
Lembre-se que a RPD leva em consideração também os subsídios e transferências de 
renda destinadas às famílias (bolsas de estudos e programas sociais, como o Bolsa 
Família, por exemplo).
Outro indicador importante é a Carga Tributária Líquida (CTL), que mede o peso dos tribu-
tos descontado dos subsídios e transferências governamentais realizadas ao setor privado.
83
3
Economia e mercado
2.7 O SETOR EXTERNO
Dificilmente, um país produz tudo o que precisa: sempre há a necessidade de se impor-
tar algum insumo para produção interna (petróleo, fertilizantes etc.) e também máquinas 
e equipamentos para aumento de sua capacidade produtiva, por exemplo.
Além da necessidade de importar, os países também exportam, isto é, vendem suas 
mercadorias para outras economias externas, sendo o mercado externo uma grande 
fonte de receitas e lucros, gerando emprego e renda.
Sendo assim, a demanda e a oferta de uma economia não se resumem apenas ao mer-
cado interno (doméstico), mas também ao externo: as relações econômicas cada vez 
mais estão voltadas ao movimento do capital externo, além das fronteiras nacionais, o 
que obriga que cada vez mais as economias se voltem ao mercado exterior.
Por ora, não vamos entrar em detalhes sobre o papel do Setor Externo para o desenvolvi-
mento econômico, mas entender como o país registra suas relações com o resto do mundo.
O mais importante instrumento que realiza o registro entre as relações econômicas in-
ternacionais é o Balanço de Pagamentos (BP). Segundo Paulani (2013, p. 173):
No balanço de pagamentos são registradas todas as transações econômicas 
que o país realiza com o resto do mundo, em um determinado período de tempo, 
permitindo avaliar sua situação econômica em relação às transações internacio-
nais. [...] Podemos avaliar quantitativamente, ou qualitativamente, as diversas 
transações que o país mantém com outros países, como a compra ou venda de 
mercadorias, a remessa de lucros para o exterior por parte de empresas estran-
geiras instaladas no país, a atividade de turismo, os empréstimos internacionais, 
os fluxos financeiros e os movimentos de capitais especulativos dentre outros.
Tabela 05. Estrutura balanço de pagamentos
A. BALANÇA COMERCIAL
 ` Importações FOB (free on board) (débito);
 ` Exportações FOB (crédito).
B. BALANÇO DE SERVIÇOS E RENDAS (SALDOS DE CONTAS: PODEM 
APRESENTAR TANTO DÉBITOS COMO CRÉDITOS)
 ` Viagens internacionais (turismo, negócios);
 ` Transportes (fretes);
 ` Seguros;
 ` Juros;
 ` Lucros e dividendos (inclusive lucros reinvestidos pelas multinacionais instaladas no país);
 ` Royalties e licenças;
 ` Serviços governamentais (embaixadas, consulados, representações no exterior);
 ` Outros serviços.
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A Macroeconomia: da crise de 1929 à Revolução Keynesiana
C. TRANSFERÊNCIAS UNILATERAIS CORRENTES
D. BALANÇO DE TRANSAÇÕES CORRENTES (OU SALDO EM CONTA 
CORRENTE DO BALANÇO DE PAGAMENTOS) (RESULTADO LÍQUIDO DE A + 
B + C)
E.CONTA CAPITAL E FINANCEIRA
 ` Investimento direto líquido (instalação e participação no capital de firmas estrangeiras no país);
 ` Reinvestimentos (reinvestimentos de uma firma estrangeira já instalada no país);
 ` Financiamentos (financiamentos de bancos oficiais, como o Banco Mundial, para promover o cres-
cimento);
 ` Empréstimos (para promover o comércio exterior);
 ` Amortizações de empréstimos e financiamentos;
 ` Empréstimos de Regularização do FMI (para resolver problemas de liquidez);
 ` Capitais de curto prazo (aplicações no mercado financeiro);
F. ERROS E OMISSÕES
G. SALDO DO BALANÇO DE PAGAMENTOS (RESULTADO LÍQUIDO DE D + E + 
F)
Fonte: Elaborado pelo autor (2016).
Todo registro realizado no BP é em dólar americano (US$), por ser a moeda estrangeira 
mais utilizada e aceita como meio de pagamento em todo o mundo.
Conforme demonstra o TAB. 5, a estrutura do BP possui as seguintes contas: Conta 
Corrente, Capital e Financeira.
registra toda transação comercial de bens e serviços, os pagamentos e os recebi-
mentos de rendas de capital e trabalho e transferências unilaterais entre os países e 
o resto do mundo.
Conta corrente:
registra as transferências de ativos reais e ativos financeiros ou ativos intangíveis; 
traz o registro dos fluxos de capitais entre o país e o resto do mundo.
Conta capital e financeira: 
conta que traz os ajustes contábeis em relação a erros e omissões. A conta corrente 
possui basicamente 4 subcontas:
Omissões e erros:
85
3
Economia e mercado
Balança comercial: mensura a compra de mercadorias (importações – débito) e a 
venda de mercadorias (exportações – crédito). Não leva em conta o valor dos fretes 
e seguros. As mercadorias são registradas em FOB – Free on Board.
Balanço de serviços e rendas: registra toda compra e venda de serviços entre o 
país e o resto do mundo.
Transferências unilaterais correntes: registram as doações interpaíses.
Balanço das transações correntes: corresponde ao saldo líquido entre os grupos 
1 + 2 + 3. Se positivo, indica que enviamos mais bens e serviços para o exterior, do 
que recebemos. Se o resultado for negativo, demonstra que o país aumentou seu 
endividamento externo, em termos financeiros, decorrente da aquisição de bens e 
serviços oriundos do exterior.
Segundo Paulani (2013), a conta corrente possibilita importantes análises econômicas 
para a economia de um país. Por exemplo, se o país envia mais recursos do que recebe, 
estes relacionados com as transações das quatro contas da conta corrente, temos um 
déficit em transações correntes. Evidentemente, o contrário representa um superávit.
Já conta capital e financeira mensura todomovimento capital e financeiro entre a eco-
nomia e o resto do mundo, tais como aquisição de empréstimos, financiamentos, inves-
timento direto externo, dentre outros.
Ficou um pouco confuso? O BP é um tanto complexo, mas, por ora, cabe a você en-
tender o que ele representa. Caso o saldo do BP seja negativo, isso indica que o país 
naquele período perdeu divisas (moeda estrangeira). O contrário também é verdade: 
caso o país apresente saldo positivo no BP, significa que o país recebeu mais divisas 
que enviou ao exterior.
CONCLUSÃO
Nesta Unidade, você foi apresentado ao panorama histórico e social que permitiu o sur-
gimento da macroeconomia, assim como aos principais instrumentos e objetivos dela.
A macroeconomia é o resultado da confrontação das ideias liberais, as quais previam 
que o mercado tenderia por si só ao equilíbrio e que o Estado apenas existiria no mí-
nimo possível. Keynes confronta essas ideias e dá um novo significado ao papel do 
Estado: de apenas coadjuvante, passa a ter papel principal para retomada da demanda 
agregada e, por conseguinte, do crescimento econômico e Pleno Emprego.
Na Unidade discutimos ainda a importância de se mensurar o produto total da econo-
mia, como também os conceitos macroeconômicos importantes, tais como investimento 
e depreciação, renda disponível, dentre outros. Analisamos como se mensura as rela-
ções econômicas entre um país e o resto do mundo.
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A Macroeconomia: da crise de 1929 à Revolução Keynesiana
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. HOBSBAWN, Eric. A era dos extremos. São Pau-
lo: Cia das Letras, 2008. HUNT, E. K. História do pen-
samento econômico. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.
2. KEYNES, John Maynard. A teoria geral do empre-
go, do juro e da moeda. São Paulo: Nova Cultural, 
1996.
3. MANKIW, N. Gregory. Macroeconomia. 8. ed. Rio 
de Janeiro: Grupo GEN, 2014.
4. PAULANI, Leda Maria. A nova contabilidade so-
cial: uma introdução à macroeconomia. 4. ed. São 
Paulo: Saraiva ,2013.
5. PINHO, Diva Benevides (Org.). Manual de Eco-
nomia: Equipe de professores da USP. 6. ed. São 
Paulo: Saraiva, 2011.
6. SANDRONI, Paulo. Novíssimo dicionário de Eco-
nomia. São Paulo: Best Seller, 1999.
7. VASCONCELLOS, Marco Antonio S. Economia: 
micro e macro. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2011.
87
3
Economia e mercado
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4
Moeda e mercado financeiro: Inflação e emprego, estado e políticas macroeconômicas
UNIDADE 4
MOEDA E MERCADO FINANCEIRO: INFLAÇÃO 
E EMPREGO, ESTADO E POLÍTICAS 
MACROECONÔMICAS
INTRODUÇÃO
A moeda faz parte de vários aspectos da sua vida: seja para adquirir uma mercadoria 
e serviço, medir o valor de uma apólice de seguro, ou mesmo para tentar comparar o 
valor de uma mercadoria em relação a outra. A moeda é uma maneira muito eficaz de 
se quantificar riquezas e transacionar mercadorias.
Nesta Unidade, iremos estudar o que é moeda, explorar algumas de suas característi-
cas importantes, assim como entender alguns aspectos básicos, mas de suma impor-
tância, que regulamentam e estruturam o Mercado Monetário Brasileiro.
Não só isso! Exploraremos ainda o conceito da inflação, do aumento generalizados dos 
preços, na economia e seu impacto no bem-estar econômico. Discutiremos seus dife-
rentes tipos e causas, bem como suas particularidades e consequências.
A Unidade analisa também questões acerca do mercado de trabalho, apresentando 
seus principais conceitos e indicadores. Por fim, a Unidade trata das políticas macro-
econômicas implementadas pelo Governo, além de pensar e repensar o real papel do 
Poder Público na economia nos dias de hoje.
O tema é vasto, mas também muito importante para você entender o ambiente e con-
juntura econômica.
1. MOEDA E MERCADO FINANCEIRO
A moeda faz parte de vários aspectos da sua vida: seja para adquirir uma mercadoria 
e serviço, medir o valor de uma apólice de seguro, ou mesmo para tentar comparar o 
valor de uma mercadoria em relação a outra. A moeda é uma maneira muito eficaz de 
se quantificar riquezas e transacionar mercadorias.
Neste primeiro tópico, iremos estudar o que é moeda, explorar algumas de suas carac-
terísticas importantes, assim como entender alguns aspectos básicos, mas de suma 
importância, que regulamentam e estruturam o Mercado Monetário Brasileiro.
1.1 A MOEDA
A necessidade de se estabelecer meios mais eficientes para facilitar a troca é muito an-
tiga e cada vez mais necessária entre os homens. Na Antiguidade, as diferentes socie-
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4
Economia e mercado
dades escolheram várias maneiras de estabelecer trocas entre si: há relatos que, entre 
9.000 e 6.000 a.C., existiam civilizações que utilizavam ovelhas, gado e até camelos 
para efetivarem suas trocas.
Talvez a mercadoria mais famosa utilizada para troca seja o sal: o sal marinho sempre 
foi muito requisitado pelas civilizações, seja pela sua característica mais geral de servir 
como tempero para alimentação ou pela sua propriedade de conservar alimentos.
A História da Moeda - Não deixe de pesquisar sobre a história da moeda tanto 
no Brasil quanto no mundo! Conheça a Casa da Moeda, instituição pública 
responsável pela fabricação da moeda no Brasil.
Com o passar do tempo, as civilizações passaram a realizar suas trocas com o que 
conhecemos hoje como moeda, isto é, geralmente metais (na sua grande maioria pre-
ciosos), de fácil aceitação pelas sociedades em geral e de grande durabilidade.
As moedas eram produzidas (cunhadas) através de metais nobres como ouro e prata 
e, com o passar do tempo, passaram a ser produzidas por metais de menor valor, até 
chegar no papel-moeda, as cédulas que conhecemos hoje, impressas pelos Bancos 
Centrais dos mais distintos países.
Cada país e/ou sociedade possui uma moeda utilizada para efetivação das trocas. En-
tretanto, seja qual for a moeda em questão, ela deve possuir as seguintes funções:
Meio de troca:
as moedas devem servir para facilitar as trocas no interior da sociedade.
Unidade de conta:
capacidade de a moeda servir para determinar o valor das mercadorias e serviços. 
Exemplo: quanto custa o quadro da Monalisa, de Leonardo da Vinci? E a apólice do 
seu seguro de vida? Tudo, praticamente, tem um valor monetário, isto é, capacidade 
de determinada mercadoria ou serviço ser mensurada em uma determinada moeda.
Reserva de valor:
atributo da moeda em armazenar poder aquisitivo no futuro. Exemplo: você poupa 
um recurso cada mês para adquirir um automóvel ou casa no futuro, por exemplo.
Seja a moeda que for, em tese, ela deve possuir as três funções anteriormente descritas 
para ter sua funcionalidade plena. Nem sempre as moedas possuem estas caracterís-
ticas ao mesmo tempo.
Contudo, além das três funções acima destacadas, a moeda é um ativo de maior liqui-
dez no mercado. Por liquidez da moeda, entende-se a capacidade desse ativo em ser 
trocado por outra mercadoria.
90
4
Moeda e mercado financeiro: Inflação e emprego, estado e políticas macroeconômicas
O ouro, a prata e metais preciosos também são ativos que são facilmente trocados por 
moeda ou outras mercadorias. Contudo, assim como qualquer ativo, a moeda precisa 
possuir liquidez.
1.2 OS BANCOS E A INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA
Os bancos surgiram com a finalidade de garantir a segurança dos detentores das mo-
edas. Por elas serem fáceis de carregar e possuir valor, a segurança sempre foi peça-
-chave para efetivação das trocas comerciais.
É muito mais seguro para um comerciante guardar parte de suas moedas em uma instituição 
que garanta sua segurança, como no caso dos bancos, por exemplo, do que guardar 
consigo mesmo grande quantidade de moeda e ficar mais suscetível a roubos e furtos.
Com o passar do tempo, os bancos foram adquirindo um papel muito mais complexo e 
importante do que simplesmente “guardar moeda”: passaram a ser meios seguros e de 
grande confiabilidade para servir como meio de pagamento.
Por exemplo, para realização de pagamentos, basta apenas emitir uma ordem de pa-
gamento ou transferência de valores entre uma conta corrente e outra. Seja através 
da emissão de um chequeou, no caso dos dias atuais, de uma autorização de débito, 
a transação é realizada entre o consumidor e o comerciante de maneira segurança e 
eficaz, sem nenhuma das partes precisar recorrer, pessoal e diretamente, aos bancos.
Figura 01. Fluxo monetário 
$$$
$$$
Produtos de 
investimentos
Pessoas físicas 
e jurídicas 
Superavitárias
Pessoas físicas 
e jurídicas 
Deficitárias
Instituições 
financeiras
Empréstimos e 
financiamentos
Além da questão de segurança e da contribuição para facilitar e promover meios de 
pagamentos confiáveis e sólidos, talvez o papel mais virtuoso dos bancos seja atuar 
como intermediário financeiro.
Em tese, os bancos atuam como intermediários entre os poupadores (aqueles que não 
utilizam totalmente seus recursos) e os deficitários (aquelas pessoas físicas ou jurídicas 
que necessitam de recursos de outrem para financiar ou fechar suas contas, por exemplo).
Fonte: Elaborada pelo autor (2016).
Spread Bancário - Spread bancário é a diferença entre os juros que o banco 
cobra ao emprestar e a taxa que ele mesmo paga ao captar dinheiro. O Brasil 
é famoso por ter um dos maiores spreads bancários do mundo.
Um pouco de atenção: não apenas os bancos atuam como intermediários 
financeiros, outras estruturas do Sistema Financeiro também atuam na 
intermediação entre poupares e deficitários.
91
4
Economia e mercado
Atente-se ao fato de que nem toda dívida pode ser tida como ruim, as empresas e 
até mesmo as pessoas físicas necessitam de recursos para financiar seus gastos. Por 
exemplo, a grande maioria das pessoas recorre ao Sistema Financeiro para financiar a 
casa própria, assim como uma pessoa jurídica (empresa) pode demandar crédito para 
pagar parte de seus fornecedores ou aumentar sua produção por meio da compra de 
novas máquinas e equipamentos.
Um Sistema Financeiro, quanto mais desenvolvido e eficiente, consegue colocar à dis-
posição daquele que desejar investir/consumir os recursos daqueles que, por algum 
motivo, não querem consumir naquele momento e optam por consumir no futuro.
Assim, tanto o investidor quanto o poupador ganham, visto que o primeiro consegue re-
cursos suficientes para realizar seus investimentos e consumo, e o segundo consegue 
que seu recurso (que iria ficar “parado”) lhe renda juros.
Concebemos a diferença da taxa que o banco paga ao poupador e cobra do tomador 
do crédito como spread bancário, que, em suma, nada mais é do que a remuneração 
do banco por este realizar a intermediação financeira.
Imagine o problema: se não houvesse um Sistema Financeiro eficiente, o recurso daquele 
que poupa ficaria parado, sem uso e sem render os juros da poupança; em contrapartida, 
a empresa da formatura não teria recursos suficientes para realizar a formatura a tempo.
1.3 O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL
O Sistema Financeiro Na-
cional (SFN) é um conjunto 
de instituições responsáveis 
pela gestão da Política Mo-
netária Nacional. Nada mais 
é do que a maneira pela qual 
as instituições brasileiras se 
organizam para efetivar a in-
termediação financeira, como 
mencionado anteriormente.
No Brasil, o SFN é dividido 
de acordo com o mercado fi-
nanceiro que cada um atua, e 
cada um destes mercados tem 
para sua regulação e funcio-
namento órgãos normativos, 
supervisores e operadores.
Observe a FIG. 2, que mostra 
a estrutura do SFN disponibi-
lizada no website do Banco 
Central do Brasil (BACEN). Como bem demonstrado na FIG. 2, os mercados do SFN são: 
(I) Moeda, Crédito, Capitais e Câmbio; (II) Seguros Privados; e (III) Previdência Fechada.
Figura 02. Sistema Financeiro Nacional
Fo
nt
e:
 B
A
C
E
N
 (2
01
6)
.
92
4
Moeda e mercado financeiro: Inflação e emprego, estado e políticas macroeconômicas
O mercado (I), Moeda, Crédito, Capitais e Câmbio, é o principal e mais complexo mer-
cado do SFN. Ele é responsável pelos seguintes mercados:
Mercado monetário:
responsável pelo fornecimento da moeda na sua forma de papel e escriturária, aque-
la disponível (registrada) na conta corrente dos bancos.
Mercado de crédito:
responsável pela disponibilização de recursos financeiros voltados ao financiamento 
do consumo de pessoas jurídicas e físicas.
Mercado de capitais:
sistema que permite que empresas captem recursos de terceiros, compartilhando 
seus ganhos e também riscos.
Mercado de câmbio:
sistema responsável pela compra e venda de moeda estrangeira.
Como demonstra a FIG. 2, o SFN também é responsável pelo ramo de Seguros Pri-
vados, instituições financeiras para quem busca a aquisição de seguros, previdência 
complementar e contratos de capitalização, e também pelo ramo de Previdência Fecha-
da, voltado às regras e gestão dos chamados Fundos de Pensão privados, voltados a 
funcionários e servidores de empresas específicas.
Este trabalho explorará apenas o ramo (I) Moeda, Crédito, Capitais e Câmbio, pois é o 
principal e mais complexo do SFN (divido entre os órgãos normativos e supervisores).
O órgão normativo e principal estrutura do SFN é o Conselho Monetário Nacional 
(CMN), órgão superior do Sistema Financeiro Nacional e que tem a responsabilidade 
de formular a política da moeda e do crédito, objetivando a estabilidade da moeda e o 
desenvolvimento econômico e social do País.
Banco Central (BACEN) e Mercado Monetário, Cambial e de Crédito
O SFN conta, além dos órgãos normativos, também com os supervisores, que, em 
suma, têm as funções de fiscalizar e gerir seus respectivos mercados.
Entre os supervisores, temos o BACEN (Banco Central do Brasil), que tem como suas 
principais funções, de acordo com Troster (2011):
Banco dos bancos: os bancos comerciais depositam recursos no BACEN, que 
também tem a função de transferir recursos de um banco para o outro, para com-
pensação dos pagamentos interbancários.
93
4
Economia e mercado
Dentre os agentes operativos, supervisionados pelo BACEN, existem as instituições 
bancárias e não bancárias, sendo que ambas têm a função principal de atuar na inter-
mediação financeira.
A diferença entre as instituições bancárias e não bancárias é que as primeiras podem 
receber depósitos à vista e podem realizar o multiplicador bancário. Já as não ban-
cárias não podem receber depósitos à vista e operam com ativos não monetários, tais 
como ações, CDB (Certificado de Depósito Bancário), títulos etc. Veja alguns exemplos:
Instituições bancárias (podem captar depósitos à vista e realizar o 
multiplicador bancário):
 ` Bancos comerciais: responsáveis pela captação dos depósitos à vista, têm como 
tarefa atuar no mercado de crédito de curto prazo, com base na captação dos 
depósitos à vista.
 ` Bancos múltiplos: bem como seu nome diz, realizam operações de um ban-
co comercial, de investimento e/ou de desenvolvimento, de crédito imobiliário, 
de arrendamento mercantil e de crédito, financiamento e investimento. O banco 
múltiplo deve ser constituído por, no mínimo, duas carteiras, sendo uma delas, 
obrigatoriamente, comercial ou de investimento, e ser organizado sob a forma de 
sociedade anônima.
Não bancárias (não podem receber depósitos à vista e nem realizar o 
multiplicador bancário).
 ` Financeiras: atuam no financiamento de crédito ao consumidor direto (pessoa 
física) e pequenas e médias empresas. Suas fontes de financiamento são a venda 
de Letras de Câmbio (LTN) e empréstimos.
 ` Bancos de investimento: sua função é ofertar de médio a longo prazo a aquisi-
ção de capital fixo ou de giro de empresas. Suas fontes de recursos são a emissão 
de CDBs e recursos externos.
 ` Sociedades de crédito imobiliários: têm como objetivo disponibilizar recursos fi-
nanceiros diretamente ao tomador do crédito imobiliário, ou então para os empre-
sários do ramo. Suas fontes de recursos são as Letras Imobiliárias, depósitos de 
poupança, repasses da Caixa Econômica Federal (CEF) e empréstimos externos.
Banco do Governo: grande parte dos recursos financeiros públicos são deposita-
dos no BACEN. Ele também é responsável por captar recursos através dos Títulos 
Públicos; é o agentefinanceiro do governo.
Executor da política monetária: responsável pelo controle da oferta de moeda 
através dos instrumentos da política monetária.
Executor da política cambial: depositário das reservas cambiais de moeda es-
trangeira.
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4
Moeda e mercado financeiro: Inflação e emprego, estado e políticas macroeconômicas
 ` Bancos de desenvolvimento: exclusivamente estatais, financiam operações espe-
ciais de fomento pelo repasse de fundos fiscais e de recursos captados no exterior.
 ` Sociedades corretoras e distribuidoras: instituições auxiliares do SFN que operam 
com a compra, venda de derivativos e títulos e valores mobiliários.
O Multiplicador Bancário
Acredito que você possa estar com dúvida sobre o que é afinal este “multiplicador bancário”. 
Pois bem, vamos lá: é a capacidade dos bancos comerciais em criar moeda escritural.
Ficou com mais dúvidas? Vamos explicar melhor: com o desenvolvimento das instituições 
bancárias, e pelo anseio de “mais segurança” na movimentação dos recursos financeiros e 
rapidez nas transações comerciais, a cada dia mais os agentes econômicos não precisam 
estar com a moeda em espécie em mãos para comprar um bem ou adquirir um serviço.
Cada vez menos você precisa ter dinheiro em mãos para realizar suas transações. 
Afinal de contas, realizar os pagamentos através de uma rede bancária é mais seguro 
e muito mais eficiente.
Pois bem, o que o banco comercial faz com seu salário quando seu patrão deposita? 
Registra em seu nome aquele montante devido e destina parte daquele recurso a ou-
tros agentes, que naquele momento estão deficitários, fazendo assim com que o banco 
comercial realize seu papel de intermediário financeiro.
Vamos dar um exemplo para facilitar a compreensão: imagine que você ganha mensal-
mente um salário de $ 100 e seu patrão o deposita no Banco A.
Figura 03. Multiplicador bancário
DEPÓSITO
$ 100
RESERVAS
$ 10
DISPONÍVEL PARA 
EMPRÉSTIMOS
$ 90
Banco A
DEPÓSITO
$ 90
RESERVAS
$ 9
DISPONÍVEL PARA 
EMPRÉSTIMOS
$ 81
Banco B
DEPÓSITO
$ 81
RESERVAS
$ 8,10
DISPONÍVEL PARA 
EMPRÉSTIMOS
$ 72,90
Banco C
Fonte: Elaborada pelo autor (2016).
O Banco A, no momento em que o depósito é realizado, registra esse valor em seu nome, 
vinculado à sua conta corrente, e reserva 10% do montante para as Reservas Compulsó-
rias que o Banco Central exige e coloca à disposição de empréstimos um total de $ 90.
O Banco A emprestou esse montante para uma pessoa física que estava querendo comprar 
um automóvel. Após tomar o empréstimo no Banco A, fez-se uma transferência eletrônica 
para o Banco B, banco no qual a concessionária tem sua conta corrente pessoa jurídica.
95
4
Economia e mercado
O Banco B registra os $ 90 em nome da concessionária, reserva os mesmos 10% que 
o Banco Central exige naquele momento de Reservas Compulsórias e, por sua vez, 
destina um montante de $ 81 para empréstimo de seus clientes.
Por fim, o Banco B empresta essa quantia para uma outra pessoa física que tomou 
crédito para financiar sua casa própria. Esta pessoa, ao receber essa quantia pelo em-
préstimo, transfere eletronicamente o montante para a conta corrente do vendedor do 
imóvel, que é o Banco C, que inicia o mesmo processo realizado pelos demais bancos.
Percebeu como a moeda se “multiplicou”? Um depósito de seu salário foi transferi-
do para financiar uma série de bens e movimentou (e muito) a economia. É dessa 
maneira que os bancos comerciais têm suas principais fontes para realização dos 
empréstimos e financiamentos.
A Política Monetária
Segundo Troster (2011, p. 374), “a política monetária se refere aos processos de 
oferta de moeda, aos instrumentos utilizados e aos mecanismos de transmissão de 
seus efeitos”.
Ficou um pouco confuso? Vamos tentar melhorar a explicação: a política monetária é 
composta por instrumentos que a autoridade monetária (no caso brasileiro, o BACEN) 
tem a sua disposição para ampliar ou reduzir a oferta de moeda (que podemos tam-
bém entender como meios de pagamento) dentro de uma economia.
Quando se amplia os meios de pagamento, entendemos que aquela política monetária 
é expansionista. Já o contrário, quando se restringe os meios de pagamento, entende-
mos que aquele tipo de política monetária é reducionista.
O que a economia faz com mais oferta de moeda a sua disposição? Gasta! E como? 
Na aquisição de bens e serviços, que, por sua vez, precisam ser produzidos nessa 
economia, gerando emprego e renda e criando, assim, um efeito virtuoso no interior 
dessa economia.
E quando a oferta de moeda reduz? A economia não gasta! Ou melhor, com a oferta 
de moeda reduzida, o custo para aquisição de recursos financeiros aumenta (aumen-
to da taxa de juros de um empréstimo, por exemplo), o que faz com que o consumo, 
em tese, diminua.
Diminuindo a demanda por bens e serviços, provoca-se a queda da demanda dessa 
economia e, sem demanda, o trabalho e o investimento do lado produtivo fica inviável, 
gerando perda nos postos de trabalho e, por consequência, queda na renda.
Ufa! Viu como a oferta de moeda influencia no lado produtivo da economia e ela é es-
sencial para que uma economia consiga se desenvolver e gerar emprego e renda para 
sua população?
O governo tem à sua disposição uma série de instrumentos para regular a oferta de 
moeda da economia. Vamos verificar um pouco destes instrumentos e consequências 
esperadas a seguir.
96
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Moeda e mercado financeiro: Inflação e emprego, estado e políticas macroeconômicas
A Emissão de Moeda
O BACEN é o único órgão que pode imprimir moeda em território nacional. Caso al-
guma nota ou moeda circule na economia e não tenha sido produzida pela Casa da 
Moeda, a moeda é falsa – algo que é tratado como crime contra o SFN.
O governo decide o quanto de moeda vai colocar à disposição da população. Em tese, 
como foi mencionado anteriormente, quanto mais moeda em circulação, mais a popula-
ção adquire bens e serviços.
A moeda é fundamental para que a economia consiga se estabelecer e se desenvolver 
da melhor maneira possível. Afinal de contas, tudo dentro da economia é comerciali-
zado através das moedas e estas devem estar à disposição da população para que o 
desenvolvimento econômico aconteça.
Se a oferta de moeda é tão importante, por que o governo não pode imprimir muita 
moeda e colocar à disposição da sua população o maior número de dinheiro possível?
Por causa da inflação, que nada mais é do que o aumento generalizado dos preços. 
Você precisa entender que quanto mais oferta de moeda numa economia, mais os 
agentes econômicos irão adquirir bens e serviços.
E o que acontece quando aumenta a demanda? O preço aumenta! Se mais pessoas 
desejam consumir certo produto, e a quantidade ofertada é limitada, apenas aqueles 
que destinarem mais recursos para a aquisição daquele bem poderão adquiri-lo. Esta 
relação entre oferta x demanda não é novidade para você.
O mesmo acontece quando analisamos a economia de maneira macroeconômica: 
quando a demanda aumenta (provocada pelo aumento da oferta de moeda, no nosso 
caso), o efeito nocivo desta medida, na grande maioria das vezes, resulta no aumento 
generalizado dos preços, que nada mais é do que a inflação.
Segundo Sandroni (1999, p. 604): “Título emitido e garantido pelo governo 
(União, Estado, município).
É um instrumento de política econômica e monetária que pode servir para 
financiar um déficit do orçamento público, antecipar a receita ou garantir o 
equilíbrio do mercado do dinheiro. De acordo com suas características, pode 
ter a forma de apólice, bônus ou Obrigação do Tesouro Nacional”.
Operações de Mercado Aberto (Open Market)
Outro instrumento importante para o governo que influencia na oferta de moeda são as 
Operações de Mercado Aberto (Open Market). Essas operações são nada mais do 
que os Títulos Públicos que o governo coloca à disposição do público para financiar 
suas atividades e para regular a oferta de moeda disponível para economia.
Vamos, por ora, apenas analisar como os Títulos Públicos regulama oferta de moeda 
numa economia. De acordo com Troster (2011), o BACEN compra e vende títulos públi-
cos diariamente com o objetivo de regular a oferta de moeda.
97
4
Economia e mercado
Como isso acontece? Simples! Vamos imaginar que o objetivo do BACEN seja aumen-
tar a oferta de moeda, visando aquecer a demanda. A ordem do BACEN é comprar 
naquele dia um certo volume de recursos públicos.
Ao comprar os títulos, o BACEN entrega ao seu dono um “cheque” correspondente ao 
valor devido. E o que o detentor do título vai fazer? Depositar a quantia no banco. O 
banco, por sua vez, realizará o procedimento do multiplicador bancário, explicado 
anteriormente, que disponibilizará um volume maior de recursos financeiros para reali-
zação de empréstimos, por exemplo.
O contrário também é verdade: imagine que no dia seguinte o governo tenha o diagnóstico 
de que a economia está inflacionada, isto é, os níveis de preço estão acima do desejado.
Uma das medidas que o governo pode tomar para remediar a inflação é vender títulos. 
Com essa medida, o BACEN recebe/recolhe certo volume de dinheiro, que, por sua 
vez, diminuirá o volume de moeda destinado para financiar empréstimos e novos in-
vestimentos. Isso diminuirá, em tese, a demanda desta economia e, assim, reduzirá o 
nível de preços.
A SELIC – Taxa Básica de Juros
No Brasil, a SELIC é a taxa básica de juros, isto é, a remuneração dos Títulos 
da Dívida Pública Brasileira. Em tese, nada nessa economia deve ter uma 
rentabilidade menor que essa taxa. Conheça mais sobre a SELIC e como ela 
afeta os negócios de toda a economia.
Não deixe de pesquisar mais na internet sobre ela!
Política de Redesconto
A Política de Redesconto é outro instrumento que os agentes monetários têm à sua 
disposição para controlar a oferta de moeda numa economia. Por ser o banco dos 
bancos, o próprio BACEN pode disponibilizar recursos aos bancos comerciais para que 
eles próprios disponibilizem aos seus clientes recursos financeiros para realização de 
empréstimos e financiamentos.
Se, por algum motivo, o desejo do BACEN for ampliar os meios de pagamento (au-
mentar a oferta de moeda na economia), este disponibilizará aos bancos comerciais 
recursos financeiros a uma taxa de juros de redesconto atrativa, para que os bancos 
comerciais disponibilizem aos seus clientes.
Já se a intenção for diminuir a oferta de moeda, o BACEN aumentará a taxa de juros 
do redesconto, que implicará no aumento de juros do tomador do empréstimo no banco 
comercial, que, por sua vez, se sentirá desmotivado a tomar um financiamento para 
realizar um investimento, por exemplo.
Reservas Compulsórias
As Reservas Compulsórias constituem um outro instrumento que o BACEN tem à 
sua disposição para controlar a oferta de moeda. O BACEN determina que parte dos 
98
4
Moeda e mercado financeiro: Inflação e emprego, estado e políticas macroeconômicas
depósitos à vista sejam destinados às reservas compulsórias, que nada mais são do 
que parte dos depósitos à vista que não poderão ser destinados para a realização de 
empréstimos e financiamentos.
O mecanismo é simples: se o desejo do BACEN é aumentar a oferta de moeda na 
economia, ele diminui a percentagem dos depósitos à vista que os bancos comerciais 
deverão destinar às reservas e, assim, aumenta a oferta de moeda.
O contrário também é verdade: se a orientação da autoridade monetária é diminuir a 
oferta de moeda, o BACEN aumenta a percentagem obrigatória das reservas, diminuin-
do a oferta monetária.
Considerações Acerca da Política Monetária
Até o momento, foram apresentados os principais instrumentos da política monetária, 
bem como suas principais ações e consequências esperadas, previstas e bem consoli-
dadas na Teoria Econômica de qualquer manual de macroeconomia.
Tabela 01. Instrumentos da política monetária – ações e consequências esperadas
Fonte: Elaborado pelo autor (2016).
INSTRUMENTOS AÇÃO OFERTA DE MOEDA/TIPO CONSEQUÊNCIAS ESPERADAS
Emissão de moeda Impressão/ cunhagem de moeda Aumento/ expansionista Aumento da demanda agregada/renda/ aumento no nível de preços (inflação)
Reservas 
compulsórias
Aumento na obrigatoriedade Diminuição/ reducionista Diminuição na demanda/renda/controle dos preços
Diminuição na obrigatoriedade Aumento/ expansionista Aumento da demanda agregada/ renda/aumento no nível de preços (inflação)
Open market
Compra de títulos Aumento/ expansionista Aumento da demanda agregada/ renda/aumento no nível de preços (inflação)
Venda de títulos Diminuição/ reducionista Diminuição na demanda/renda/controle dos preços
Taxa de redesconto
Aumento dos juros do redesconto Diminuição/ reducionista Diminuição na demanda/renda/controle dos preços
Diminuição dos juros do redesconto Aumento/ expansionista Aumento da demanda agregada/ renda/aumento no nível de preços (inflação)
A Tabela. 01 traz de maneira resumida as principais ações e consequências esperadas 
da implementação de certas ações da política monetária. Observe o que a autoridade 
monetária pode utilizar para atingir os resultados esperados.
Existem ocasiões em que por mais que a autoridade monetária diminua a taxa de juros 
e aumente consideravelmente a oferta de moeda na economia, a economia não se 
desenvolve e reaquece como o esperado, uma vez que os agentes econômicos, por 
mais que sejam influenciados a investir, não o fazem devido a uma baixa expectativa 
em relação ao futuro desta economia, por exemplo.
Sendo assim, cabe mencionar que a política monetária é mais um instrumento que pode 
se utilizar para que as metas da política macroeconômica sejam alcançadas.
Continuaremos o estudo da disciplina, seguindo para o próximo tópico Inflação — 
Causas e Consequências.
99
4
Economia e mercado
2. INFLAÇÃO – CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS
Inflação: com certeza você já escutou essa palavra. Seja nos noticiários, nos portais 
de notícias, ou nas conversas com seus amigos e parentes. Afinal de contas, quando 
você contesta alguém sobre o aumento de determinado produto ou serviço, a pessoa 
sempre te responde: o preço aumentou por causa da inflação! Então, afinal de contas, 
o que é inflação?
Podemos conceber que inflação é o aumento generalizado dos preços. Preste atenção: 
aumento generalizado, que nos indica que o processo inflacionário não é apenas quan-
do determinado produto aumenta, mas sim quando se verifica que o preço de vários 
produtos e serviços aumentaram em toda economia, por isso o termo geral.
E qual o problema da inflação? Ela prejudica as funções da moeda. As funções reserva 
de valor, unidade de conta e meio de troca, ficam severamente prejudicadas com a infla-
ção; resumidamente, a moeda perde seu poder aquisitivo, isto é, capacidade da moeda 
em ser trocada por bens e serviços.
Vasconcellos (2011) faz algumas considerações importantes acerca do problema in-
flacionário:
De início, podemos conceber que a inflação representa um problema distributi-
vo existente na economia mal administrada. Em outras palavras, a disputa dos 
diversos agentes econômicos pela distribuição de renda representa a questão 
básica no fenômeno inflacionário (VASCONCELLOS, 2011, p. 385).
É esta análise que Vasconcellos (2011) faz. Os preços tendem a aumentar devido, 
também, à atuação dos agentes econômicos ao disputarem a distribuição de renda 
(acesso aos produtos e serviços). Apenas o agente que destinar mais recursos financeiros 
para aquisição de um bem ou serviço poderá adquiri-lo. Nesse caso, a oferta desse bem 
ou serviço é limitada no curto prazo. Sendo assim, de maneira geral, podemos conceber 
que a inflação é um indicador que algo não vai bem nesta economia. De maneira geral, 
uma economia com processo de inflação acima do desejado apresenta um problema 
de desequilíbrio.
A inflação também acarreta outras distorções na economia. Verifique, resumidamente, 
alguns deles:
Distribuição de renda
O agente econômico, em um processo inflacionário, tem cada vez mais dificuldade em 
trocar moeda por bens e serviços, uma vez que estes ficam mais caros,devido ao fato 
de que o poder aquisitivo da moeda diminuiu.
Diferentemente dos capitalistas, que têm condições de repassar a inflação, temos os 
assalariados entre os mais prejudicados com esse processo, em especial os de bai-
xa renda, que gastam quase a totalidade de seus salários com despesas pessoais 
(alimentação, habitação, transporte, dentre outros), uma vez que o reajuste do salário 
dificilmente acompanha a evolução dos preços. Costuma-se afirmar que a inflação é um 
imposto sobre o pobre.
100
4
Moeda e mercado financeiro: Inflação e emprego, estado e políticas macroeconômicas
Balanço de pagamentos
Se em um país o processo inflacionário está acima da média verificada internacional-
mente, os produtos deste país tendem a se tornar menos atrativos que os produzidos 
internacionalmente: os produtos importados ficam mais baratos que os nacionais, pro-
vocando aumento das importações, prejudicando, assim, o saldo da Balança Comercial 
e das Reservas Cambiais.
O problema pode se tornar mais complicado se esta economia estiver vivenciando um 
déficit cambial, isto é, se o país estiver com problema de manter reservas seguras de 
moeda estrangeira.
Na tentativa de frear as importações e assim frear a “fuga de dólares” para o pagamento 
dos produtos importados, o Governo decide forçar a desvalorização da moeda, isto é, 
a moeda nacional passa a “valer menos”, fazendo assim com que o produto importado 
fique mais caro e o nacional mais barato, aumentando, em tese, o consumo deste.
Contudo, com essa medida adotada, o processo inflacionário fica mais grave: com o 
aumento da demanda dos produtos nacionais para exportação e substituição de impor-
tações, a demanda aumenta, aumentando o nível de preços desta economia.
Além disso, há outro problema: dificilmente um país consegue produzir todos os produ-
tos e insumos que necessita: petróleo, fertilizantes, máquinas e equipamentos precisam 
ser importados visando abastecimento desta economia. Com a moeda estrangeira mais 
cara, mais caro será importar estes produtos, e, portanto, mais caros serão os produtos 
produzidos com os insumos e equipamentos importados, prejudicando ainda mais o 
processo inflacionário.
Mercado de capitais
A inflação corrói o poder aquisitivo da moeda, fazendo com que esta se torne um ativo 
desvalorizado. Com isso, os investidores, com receio de perder sua riqueza com a des-
valorização da moeda, decidem aplicar seus recursos em outros bens no lado real da 
economia, tais como aquisição de residências, terrenos e imóveis em geral.
A correção deste problema tende a afetar ainda mais a economia: com o objetivo de 
frear a fuga de capitais, o mercado de capitais tende a oferecer aos seus investidores 
a correção monetária, isto é, indexação das aplicações financeiras aos índices de infla-
ção, visando assim corrigir o problema da inflação. É simples: ao aplicar seu dinheiro no 
mercado de capitais, o aplicador terá direito aos juros da aplicação, mais a percentagem 
decorrente da inflação.
A correção monetária parece ser até justa, uma vez que corrige a desvalorização 
da moeda, mas tem um efeito nocivo: ao garantir a correção monetária, os inves-
tidores tendem a destinar seus recursos financeiros mais ao mercado de capitais 
que aos investimentos do lado real da economia (tais como construção de uma 
fábrica e loja, por exemplo).
O processo inflacionário também tem outros efeitos importantes na economia. Entre eles, 
podemos citar a expectativa do futuro dos agentes em relação à própria inflação. Numa 
101
4
Economia e mercado
economia inflacionada, o setor empresarial tende a aguardar a decisão de novos inves-
timentos, visando expansão da capacidade produtiva, mas, com a inflação, tende-se a 
diminuir a taxa de emprego desta economia, diminuindo assim a renda, inviabilizando, 
portanto, a justificativa de novos investimentos.
Outro problema é que a inflação provoca, num primeiro momento, um ganho aos to-
madores de empréstimos. Os credores, aqueles que emprestaram os recursos, serão 
remunerados com valores que, em tese, não recuperarão a perda decorrente da desva-
lorização da inflação, prejudicando seus ganhos reais.
Contudo, no longo prazo nem o tomador nem o credor ganham: a inflação desarticula 
todo o sistema produtivo. Com o poder aquisitivo do trabalhador diminuído, ele tende a 
consumir menos, diminuindo, portanto, os lucros dos vendedores. Sem vendas, não há 
arrecadação de impostos, diminuindo assim os investimentos e os gastos do Governo, 
em saúde e educação, por exemplo, afetando assim todo sistema produtivo.
2.1 OS DIFERENTES TIPOS DE INFLAÇÃO
O processo inflacionário possui características distintas: existem, basicamente, três ti-
pos básicos de inflação. Vamos explorar um pouco o conceito de cada um deles.
Inflação de Demanda
Podemos considerar que a inflação de demanda é a do tipo mais comum: está relacio-
nada ao aumento da demanda agregada no curto prazo: toda vez que a demanda de 
certo produto aumenta e a oferta se mantém constante (no curto prazo), apenas aquele 
agente econômico que disponibilizar de mais recursos financeiros para sua aquisição 
poderá adquiri-lo (o produto fica mais caro).
Este tipo de inflação está muito relacionado ao uso da capacidade instalada da econo-
mia, isto é, tudo o que esta economia consegue produzir com os fatores de produção 
disponíveis naquele período. Em tese, em momentos de pleno emprego dos recursos 
(quando os recursos estão sendo utilizados em quase sua totalidade), um aumento da 
demanda agregada provocada por uma política fiscal expansionista provoca, em linhas 
gerais, um aumento no nível geral dos preços.
A Figura. 1 traz o indicador da utilização da capacidade instalada, mensurado pela Funda-
ção Getúlio Vargas (FGV), que serve de indicador para analisarmos se a economia está 
de fato utilizando amplamente seus recursos. De acordo com os dados disponibilizados, 
observa-se uma queda considerável da capacidade instalada a partir do último trimestre 
de 2014, atingindo o menor índice no quarto semestre de 2015, quando se verificou a utili-
zação de aproximadamente 77% da capacidade instalada, o que, em tese, não justificaria 
no terceiro trimestre de 2015 uma inflação do tipo de demanda, por exemplo.
Vasconcellos (2011) analisa que este tipo de inflação é combatido com Políticas Fiscais e 
Monetárias restritivas, ações que tenham como objetivo de conter a demanda agregada.
102
4
Moeda e mercado financeiro: Inflação e emprego, estado e políticas macroeconômicas
Figura 01. (Gráfico 1) Utilização da capacidade instalada geral (FGV)
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15
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.
Inflação de Custo
Inflação de custos é um tipo de inflação mais relacionada à oferta, isto é, relacionada 
aos custos de produção: os preços aumentam sem um aumento na demanda dos pro-
dutos, provocando, também, diminuição na oferta.
Vasconcellos (2011) apresenta as causas mais comuns:
Aumento salarial: por ser um fator de produção, aumentos salariais provocam o 
aumento do custo de produção, que são geralmente repassados ao preço do pro-
duto final.
Aumento do custo dos insumos: aumento provocado quando o custo de algum 
insumo encarece. Entre o exemplo mais claro deste tipo de inflação, podemos citar 
a desvalorização cambial (quando a moeda nacional perde valor). Como parte dos 
insumos são importados, uma desvalorização cambial provoca aumento nos custos 
de produção, uma vez que, com a moeda nacional desvalorizada, haverá necessi-
dade de mais moeda nacional para adquirir um insumo importado, o que faz com 
que aumente o custo do produto final.
Estrutura de mercado: relacionado à estruturado mercado no qual a empresa 
está inserida. Mercados oligopolizados e monopolizados tendem a elevar seus pre-
ços acima do custo de produção (empresas e corporações que controlam parte 
da oferta de seus produtos têm mais condições de fixar o preço destes e, assim, 
manter o aumento de seus lucros). Vasconcellos (2011) ressalta que este tipo de in-
flação também está relacionado aos lucros das empresas e ao fenômeno conhecido 
como estagflação, isto é, recessão econômica com inflação.
A estagflação ocorre quando se tem paralelamente taxas significativas de 
inflação e recessão econômica com desemprego. Isso pode ser devido ao 
fato de, em períodos de queda de atividade produtiva, as firmas com poder 
oligopolista terem condições de manter suas margens de lucros sobre custos 
103
4
Economia e mercado
(ou mark-up), ao aumentarem o preço de seus produtos finais. O nível de 
produto e de emprego está caindo e, mesmo assim, os preços estão subindo 
(VASCONCELLOS, 2011, p. 390).
Outros Tipos de Inflação
Além dos dois tipos mencionados, cabe lembrar que a Teoria Econômica conceitua 
também outros tipos de inflação, principalmente relacionados à experiência brasileira.
A inflação inercial
leva em conta a memória inflacionária que os agentes econômicos possuem em 
relação ao processo inflacionário. Pelo fato de a economia estar indexada (correção 
monetária), os agentes reajustam seus preços simplesmente porque o índice de pre-
ços aumentou, mesmo que seu produto não tenha apresentado aumento no custo 
ou na demanda.
A inflação de expectativas
é o aumento dos preços que acontece simplesmente porque os agentes acreditam 
que no futuro os preços vão aumentar, fazendo com que aumentem seus preços na 
tentativa de proteger seu negócio.
A inflação estrutural
diagnostica se a inflação brasileira é decorrente das tensões de custo da estrutura 
econômica brasileira. Luque e Vasconcellos (2011, p. 393) analisam que esta con-
cepção sobre inflação leva em conta a estrutura econômica brasileira.
[...] a inflação [estrutural] seria explicada principalmente por questões estrutu-
rais, como estrutura agrária, estrutura oligopólica de mercado e estrutura do 
comércio internacional. A agricultura não responderia ao crescimento da de-
manda de alimentos, devido à exigência de latifúndios pouco preocupados com 
questões de produtividade (oferta de produtos agrícolas inelástica a estímulos 
de preços de mercado). Isso levaria ao aumento de preços dos alimentos. Por 
seu turno, grandes oligopólios têm condições de sempre manter suas margens 
de lucro, repassando todos os aumentos de custos a seus preços. Finalmente, 
a inflação seria provocada pelas desvalorizações cambiais que os países sub-
desenvolvidos são obrigados a promover, para compensar o déficit crônico da 
balança comercial, gerado pela deterioração dos termos de troca no comércio 
internacional, contra países subdesenvolvidos, por exportarem produtos primá-
rios e importarem produtos manufaturados.
A concepção sobre inflação estrutural é explicada através da Escola Cepalina, criada 
pela CEPAL
– Comissão Econômica para a América Latina e Caribe, organismo da ONU sediada 
no Chile, criada no pós-guerra com objetivo de repensar o subdesenvolvimento latino 
americano.
104
4
Moeda e mercado financeiro: Inflação e emprego, estado e políticas macroeconômicas
2.2 INFLAÇÃO E POLÍTICA MONETÁRIA: O CASO BRASILEIRO
Como já vimos, uma das metas da política macroeconômica é o controle do nível de 
preços. Entre os métodos utilizados atualmente, destaca-se o Sistema de Metas de 
Inflação, implantado no Brasil desde 1999.
Este Sistema de Metas de Inflação é um sistema de controle dos preços desenvolvido 
e colocado em prática primeiramente através da Política Monetária criada na Nova Ze-
lândia e difundido posteriormente em diversos países por todo o mundo. Esse sistema 
funciona no Brasil da seguinte forma: o Banco Central estipula uma meta a cada dois 
anos e um limite mínimo e máximo que a inflação pode atingir em determinado período.
Este sistema leva em conta o Núcleo de Inflação, isto é, uma medida que o BACEN 
procura captar a tendência de evolução dos preços da economia brasileira, desconside-
rando distúrbios resultantes de choques temporários de oferta, tais como sazonalidade 
na agricultura decorrente da seca, por exemplo.
Caso o Núcleo de Inflação apresente aumentos consideráveis, acima da meta, a au-
toridade monetária pode se utilizar do aumento da taxa básica de juros e de outras 
medidas monetárias para controlar a demanda agregada e, assim, o nível de preços.
Figura 02. (Gráfico 2) Sistema de meta de inflação (1999 — 2005)
Fo
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20
15
No Brasil, o diagnóstico da inflação é realizado pelo Copom – Comitê da Política Mone-
tária, instituído em 1996, com o objetivo de estabelecer as diretrizes da política monetá-
ria e de definir a taxa de juros. Os componentes do Copom se reúnem ordinariamente 
8 vezes por ano e o resultado e as medidas acordadas pelo Comitê são divulgados 
através das Atas de Reunião.
Observe na Figura. 2 as metas de inflação brasileira estipuladas pelo BACEN no pe-
ríodo correspondente e os resultados reais de inflação mensurados. De acordo com 
o gráfico, durante a vigência do sistema, a inflação oficial brasileira esteve dentro do 
limite máximo da meta, contudo, observa-se que, no ano de 2015, a inflação registrada 
supera o teto máximo da meta estipulada para o ano, que é de 6,5% a.a.
105
4
Economia e mercado
Agora, observe no Figura. 03 a taxa SELIC de outubro de 2012 até a última reunião em 
dezembro de 2015. Neste período, observamos uma tendência de alta da SELIC, que 
passou de cerca de 7,25% para 14,25% a.a.
Figura 03. (Gráfico 3)Taxa SELIC – % a.a.
15,00
14,00
13,00
12,00
11,00
10,00
9,00
8,00
7,00
6,00
outubro - 12 maio - 13 novembro - 13
%
 A
.A
.
junho - 14 dezembro - 14 julho - 15 janeiro - 16
Se você analisar a inflação mensurada e a taxa SELIC, poderá observar uma relação 
quase direta: o BACEN lançou mão, no período de alta, na taxa de juros SELIC, para 
conter a inflação e tentar manter os preços nos limites fixados pela meta.
2.3 CALCULANDO A INFLAÇÃO – OS ÍNDICES DE PREÇO
A inflação é mensurada através dos índices de preços, isto é, números que represen-
tam os preços de determinada cesta de produtos. Cada índice de preços possui sua 
metodologia própria, bem como cada um possui uma cesta de produtos e ponderação, 
o que impossibilita, portanto, a simples comparação entre os diversos índices de preço.
Você já deve ter se perguntado várias vezes ao escutar a divulgação da inflação oficial: 
como a inflação subiu apenas 0,5% no mês se a energia elétrica subiu 8% e a gasolina 
subiu 5% no mesmo período, por exemplo?
Isso acontece porque os índices de preços possuem uma cesta de produtos, um con-
junto de itens que são observados com objetivo de se construir um índice geral. Cada 
item tem uma ponderação diferente, de acordo com a metodologia de tal índice e seu 
objetivo, o que permite que cada índice geral possua um resultado.
Existem índices com objetivos específicos, por exemplo: índice da Construção Civil, que 
visa apenas mensurar a evolução de preços deste setor econômico; índices que levam 
em consideração apenas a região de coleta dos dados (Regiões Metropolitanas), di-
vergindo também das fontes de coleta, tais como tipo e tamanho de pontos comerciais, 
setores pesquisados, além do período da pesquisa (mensal, quinzenal, trimestral).
Fo
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 B
A
C
E
N
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01
6,
 a
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.
106
4
Moeda e mercado financeiro: Inflação e emprego, estado e políticas macroeconômicas
No que se refere ao índice que orienta a política monetária, bem como traz um 
diagnóstico geral do processo inflacionário, temos os índices de Preços aoConsu-
midor e os Índices Gerais de Preço. No Brasil, o indicador de referência é o IPCA 
– Índice de Preço ao Consumidor Amplo, calculado pelo IBGE – Instituto Brasileiro 
de Geografia e Estatística.
É através do IPCA que o governo orienta seu Sistema de Metas de Inflação, bem como 
orienta a taxa de juros SELIC para combatê-la, conforme anteriormente visto.
No Brasil, existem outras instituições que mensuram a inflação além do IBGE, tais como 
a FGV – Fundação Getúlio Vargas, e a FIPE – Fundação Instituto de Pesquisas Econô-
micas, dentre outras.
2.4 MERCADO DE TRABALHO
Com certeza a mais virtuosa meta da política macroeconômica é a geração de postos 
de trabalho. É com ela que grande parte da população consegue sua renda para aqui-
sição de produtos e serviços de sua necessidade.
Para a macroeconomia, as características do mercado de trabalho são de suma impor-
tância para melhor entendimento acerca da geração de renda, da potencialidade da 
demanda agregada e do nível de preços.
A geração de novos postos de trabalho está diretamente relacionada ao desempenho 
econômico: economias com altas taxas de crescimento de seus produtos tendem a 
gerar mais empregos do que aquelas que crescem mais lentamente, ou outras que es-
tejam vivenciando um período de recessão econômica, isto é, quando o produto desta 
economia encolhe.
Tabela 02. Rendimento, produção e consumo das famílias (2002 — 2010)
Fonte: IPEADATA (2016, adaptado).
ANO SALÁRIOMÍNIMO REAL
MERCADO DE
TRABALHO 
FORMAL
PIB RENDIMENTO MÉDIO
CONSUMO 
FINAL
- FAMÍLIAS
2002 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
2003 100,7 84,7 101,1 90,8 100,7
2004 104,4 199,8 106,9 94,2 107,8
2005 111,7 164,5 110,3 96,1 111,5
2006 127,4 161,2 114,7 103,5 117,1
2007 135,1 212,1 121,7 110,5 124,8
2008 139,3 190,5 127,9 115,7 128,1
2009 149,3 130,5 127,5 114,7 137,8
2010 157,3 280,3 137,1 121,3 147,9
A Tabela. 02 confirma a relação entre mercado de trabalho, renda e crescimento do PIB: 
de 2002 a 2010, observa-se um crescimento de aproximadamente 180% dos postos 
de trabalho formais e do salário mínimo real de 57,3%, ou seja, já descontada a perda 
inflacionária do período.
107
4
Economia e mercado
Melhores indicadores do mercado de trabalho são responsáveis também diretamente 
pelo aumento do consumo e, consequentemente, do PIB: o consumo expandiu aproxi-
madamente 48%, enquanto o PIB cresceu no mesmo período em cerca de 37%.
Na sociedade capitalista, o fator de produção trabalho, assim como outros fatores de 
produção, é disponibilizado através do mercado. No caso específico do fator trabalho, 
os trabalhadores vendem sua força de trabalho aos empresários, sendo que estes re-
muneram os trabalhadores através dos salários a preços do mercado.
O mercado de trabalho pode ser dividido em dois tipos:
Mercado de trabalho formal
onde existe um contrato formal entre trabalhador e empregador, com garantias e 
deveres de ambas as partes (conhecido também como trabalho de carteira assinada 
e regido pela CLT – Consolidação das Leis do Trabalho).
Mercado de trabalho informal
onde não existe uma relação específica, tampouco existem garantias legais 
para o trabalhador.
Fator Trabalho – Alguns Indicadores e Conceitos
Para uma melhor análise acerca do mercado de trabalho, é necessário explorar 
alguns conceitos sobre ele. Afinal de contas, o mercado de trabalho é muito distinto 
e complexo: existem trabalhadores com várias habilidades, inseridos em distintos 
mercados de trabalho.
Alguns conceitos acerca do mercado de trabalho:
População em idade ativa: divide-se em população economicamente ativa e popula-
ção não economicamente ativa.
População economicamente ativa: compreende o potencial de mão de obra com que 
pode contar o setor produtivo, isto é, a população ocupada e a população desocupada, 
assim definidas:
População ocupada: aquelas pessoas que num determinado período trabalharam ou 
tinham trabalho, mas não trabalharam (por exemplo, pessoas em férias). As pessoas 
ocupadas são classificadas em:
 ` Empregados: pessoas que trabalham para um empregador ou mais, cumprem uma 
jornada de trabalho e recebem em contrapartida uma remuneração em dinheiro ou outra 
forma de pagamento (moradia, alimentação, vestuário etc.). Incluem-se entre as pesso-
as empregadas aquelas que prestam serviço militar obrigatório e os clérigos. Os empre-
gados são classificados segundo a existência ou não de carteira de trabalho assinada.
 ` Conta própria: pessoas que exploram uma atividade econômica ou exercem uma 
profissão ou ofício, realizando seu trabalho individualmente.
108
4
Moeda e mercado financeiro: Inflação e emprego, estado e políticas macroeconômicas
População desocupada: pessoas que não tinham trabalho no determinado período de 
referência da pesquisa, mas gostariam de trabalhar e procuraram trabalho de alguma 
maneira.
No que se refere aos indicadores do mercado de trabalho, temos, segundo Chahad 
(2011):
 ` Taxa de participação na força de trabalho: mensura o tamanho relativo da força 
de trabalho, fornecendo uma relação entre oferta de emprego imediatamente dis-
ponível na economia.
 ` Desemprego involuntário: ocorre quando o cidadão deseja trabalhar, mas não 
encontra trabalho. É também conhecido desemprego cíclico ou desemprego con-
juntural.
 ` Desemprego estrutural: acontece quando o padrão de desenvolvimento econô-
mico adotado exclui uma parcela dos trabalhadores do mercado de trabalho.
 ` Desemprego friccional: surge em decorrência do processo dinâmico que carac-
teriza o mercado de trabalho, no qual o sistema de informações sobre a oferta de 
vagas disponíveis no sistema produtivo é imperfeito.
 ` Desemprego sazonal: ocorre devido à sazonalidade de determinados tipos de 
atividade econômica.
Você já deve ter percebido que existe uma relação quase direta entre inflação e 
geração de empregos. Se você acha que sim, saiba que a ciência econômica já 
se desdobrou sobre o tema, com destaque para a Curva de Philips, que mostra 
uma relação inversa (um trade-off) entre inflação e desemprego. Não deixe de 
pesquisar mais sobre o tema em nossa bibliografia básica disponibilizada em 
nossa Biblioteca Virtual.
A Tabela. 03 traz dados recentes sobre alguns indicadores do mercado de trabalho 
brasileiro. De dezembro de 2010 a novembro de 2015, observamos que a taxa de par-
ticipação se mantém quase constante, oscilando entre 57 e 55,4%, e a informalidade 
caiu, passando de 23,4% do total de ocupados em dezembro de 2010 para 17,3% em 
novembro de 2015.
Tabela 03. Indicadores do mercado de trabalho no Brasil
DATA TAXA DE PARTICIPAÇÃO FORMAL INFORMAL DESOCUPADOS1 OCUPADOS1
Dez./2010 57,0% 66,3% 23,4% 100,0 100,0
Dez./2011 56,7% 69,1% 20,9% 90,6 101,3
Dez./2012 57,8% 69,6% 20,5% 90,8 104,4
Dez./2013 56,7% 71,4% 18,0% 84,8 103,9
Dez./2014 55,7% 71,8% 17,3% 84,0 103,4
Jan./2015 55,8% 71,8% 17,3% 103,0 102,5
Fev./2015 55,5% 71,8% 17,4% 113,4 101,4
109
4
Economia e mercado
DATA TAXA DE PARTICIPAÇÃO FORMAL INFORMAL DESOCUPADOS1 OCUPADOS1
Mar./2015 55,6% 71,7% 17,8% 119,4 101,2
Abr./2015 55,8% 71,8% 17,6% 124,5 101,4
Mai./2015 55,9% 71,8% 17,4% 130,5 101,5
Jun./2015 55,9% 71,7% 17,3% 134,8 101,4
Jul./2015 56,1% 71,6% 17,4% 147,4 101,4
Ago./2015 56,0% 71,5% 17,2% 148,4 101,2
Set./2015 55,9% 70,8% 17,6% 148,1 101,0
Out./2015 55,4% 71,2% 17,5% 152,9 100,0
Nov./2015 55,4% 71,3% 17,3% 146,5 100,3
¹ 100= Dez/2010
Fonte: IBGE (2016, adaptado).
Contudo, observa-se também o crescimento do desemprego, principalmente nos últi-
mos meses de 2015, apresentando em novembro um crescimento de aproximadamente 
46,5% em relação a dezembro de 2010.
Outra análise importante que deve ser levada em conta quando se analisa o mercado 
de trabalho é o ganho real da massa salarial. Isto é, verificar se os salários dos tra-
balhadores estão sendo repostos e se seu poder de compra (aquele que influencia a 
demanda agregada) estão sendo preservados e/ ou ampliados.
Daremos seguimento ao nosso estudo com o tópico Estado e Políticas Macroeconômi-cas.
3. ESTADO E POLÍTICAS MACROECONÔMICAS
Qual o papel do Estado na economia? O que o Estado deve fazer para que as metas 
de emprego, crescimento e nível de preços seja o mais adequado, visando sempre o 
desenvolvimento econômico e social de seus cidadãos?
Pois bem, só de ler estas perguntas, você já deve ter uma noção que elas não são tão 
simples de se responder. Ou melhor, suas respostas dependem muito de como os cida-
dãos veem o papel de seus governos e sua influência econômica.
3.1 SETOR PÚBLICO
No decorrer de nossa disciplina, você foi convidado a refletir acerca de algumas ações 
públicas: seja para conceituar o papel de Estado previsto por Adam Smith, que delimitava 
seu poder de atuação em assuntos específicos, seja para analisar a justificativa histórica 
da macroeconomia e o papel do Estado como condutor do desenvolvimento econômico.
Cano (1998) recorda que as sociedades humanas sempre tiveram, desde os primór-
dios, decisões superiores acerca de ordem, justiça, guerra, organização tomadas fun-
damentalmente por um chefe, que possuía um conjunto de atributos. Este poder do 
chefe era obtido através de consenso dos membros da comunidade, ou pelo uso da 
força ou transferidos pela hereditariedade.
110
4
Moeda e mercado financeiro: Inflação e emprego, estado e políticas macroeconômicas
Vasconcellos (2011) elenca uma série de fatores que contribuíram para o aumento da 
presença do Estado na economia: crescimento da renda per capita, mudanças tecno-
lógicas, mudanças populacionais, fatores políticos e sociais, mudanças da Previdência 
Social, dentre outros.
O autor destaca ainda algumas funções do Setor Público:
Função alocativa: está relacionado ao papel do Estado em fornecer bens e servi-
ços não oferecidos pelo sistema de mercado e à correção de externalidades (positi-
vas ou negativas) na produção ou consumo de alguns bens e serviços.
Função distributiva: capacidade do Estado em distribuir renda entre os fatores de 
produção através de tributos, retirando a renda dos mais abastados e transferindo 
aos menos favorecidos. Esta distribuição também acontece em relação a regiões de 
um país, isto é, regiões mais desenvolvidas transferem recursos para locais menos 
desenvolvidos e mais carentes da atenção pública. Além disso, o Estado deve se 
preocupar na educação e na formação de seus cidadãos, aumentando assim sua 
produtividade e, consequentemente, sua renda.
Função estabilizadora: corresponde à capacidade do Estado em agir na econo-
mia com intuito de elevar a geração de empregos ou então controlar os níveis de 
preço. Esta função está muito relacionada ao que você estudou até o momento 
nesta disciplina, através dos efeitos das políticas fiscais e monetárias, por exemplo. 
Vasconcellos (2011) destaca ainda o papel Função de Crescimento Econômico, 
que se refere ao investimento do Setor Público, isto é, o papel que este assume 
na condução do desenvolvimento econômico de seus países. Ex.: fornecimento de 
bens públicos, infraestrutura básica, visando o desenvolvimento de novos negócios 
(rodovias, portos, aeroportos etc.), subsídios fiscais e disponibilização de crédito 
para estimular os investimentos do setor privado, visando o crescimento econômico 
de longo prazo.
Giambiagi (2000) comenta que o Setor Público tem a importante tarefa de disponibilizar 
aos seus cidadãos bens e serviços que não seriam supridos pelo Setor Privado, por se 
tratar da oferta de bens públicos. Entre os mais importantes, destacados pelo autor, te-
mos os serviços de saúde, educação, defesa nacional, policiamento, regulação, justiça, 
assistência social, dentre outros.
Os Diferentes Papéis do Estado
Assim como analisa Cano (1998), o Estado, com o passar do tempo e com avanço das 
sociedades e aumento considerável da complexidade econômica e social, passou a 
ter diferentes papéis. De acordo com Giambiagi (2000), o Estado passou a exercer os 
seguintes papéis:
Estado condutor: verifica-se a capacidade do Estado em promover políticas eco-
nômicas com intuito de se chegar a um certo objetivo. Ele se utiliza de ferramen-
tas de intervenção econômica como contingenciamento de divisas, existências de 
111
4
Economia e mercado
câmbio múltiplo, isenções de tarifas aduaneiras, créditos subsidiados etc., medidas 
associadas e submissas a objetivos predefinidos. Aqui o Estado tem a capacidade 
de “ditar as regras”, ser o “comandante do jogo”; o Estado sabe o que quer e aonde 
quer chegar com suas políticas.
Estado regulador: papel do Estado está na sua capacidade de conciliar interesses 
da Sociedade Civil. O Estado regula questões como o Código Tributário, delibera 
sobre o grau de concentração econômica aceitável, delibera normas trabalhistas a 
serem atingidas, enfim, atua como um “atenuador de conflitos” da sociedade.
Estado produtor: nesse caso específico, o Estado atua como produtor e forne-
cedor de certos produtos e serviços. No caso brasileiro, destacamos a criação da 
Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), da Companhia Vale do Rio Doce, criação 
da central elétrica de Furnas, da Petrobras etc. A atuação do Estado na prestação 
destes serviços e produtos acontece principalmente quando o setor privado se torna 
ineficiente e incapaz de assumir certos compromissos.
Estado financiador: aqui o Estado atua como centralizador e direcionador de re-
cursos da sociedade para a promoção de certos objetivos a serem atingidos. Des-
taca-se o grande papel que o Banco do Brasil e o BNDES exercem como agentes 
fomentadores e disponibilizadores de aportes orçamentários e fundos parafiscais 
para concessão de empréstimos de longo prazo.
A Estrutura Tributária
O Estado demanda recursos financeiros para a manutenção de suas atividades, 
assim como utiliza os tributos para fazer valer suas funções econômicas, como 
anteriormente descrito.
Para que atinjam os resultados da melhor maneira, Vasconcellos (2011) analisa que é 
necessária a existência de princípios tributários, dentre eles:
Princípio da neutralidade:
princípio pelo qual os tributos não devem, ou melhor, devem impactar o mínimo pos-
sível, não alterando os preços relativos da economia e a eficiência do mercado, tam-
pouco interferindo nas decisões econômicas dos agentes de mercado.
Princípio da equidade:
os tributos devem ser formulados com o intuito de distribuir o seu ônus de maneira 
justa entre os indivíduos. A equidade leva em conta mais dois princípios, o Princípio 
do Benefício, que se relaciona ao fato de que o contribuinte paga ao Estado um valor 
correspondente aos benefícios que recebe do governo, e o Princípio da Capacidade 
de Pagamento, que considera que o valor pago pelo contribuinte deve levar em con-
ta sua capacidade de pagamento.
112
4
Moeda e mercado financeiro: Inflação e emprego, estado e políticas macroeconômicas
Giambiagi (2000) define a existência de dois tipos de impostos: diretos, aqueles que in-
cidem sobre indivíduo e estão associados à capacidade de pagamento de cada um dos 
contribuinte e indiretos, impostos que incidem sobre consumo, vendas ou posse de pro-
priedade, independente da característica e capacidade de pagamento do contribuinte.
Vasconcellos (2011) comenta que a estrutura tributária pode ser classificada regressiva 
quando os impostos são proporcionalmente menores que a renda dos contribuintes, ou 
seja, quando os tributos aplicados não levam em consideração a capacidade de paga-
mento do contribuinte. Já a estrutura proporcional ou neutra é o contrário, o sistema 
tributário leva em conta a renda do contribuinte e as alíquotas do imposto são propor-
cionais à renda do cidadão que o paga.
3.2 POLÍTICA ECONÔMICA
De acordo com Sandroni (1999), política econômica pode ser entendida como um:
Conjunto de medidas tomadas pelo governo de um país com o objetivo de 
atuar e influir sobre os mecanismos de produção, distribuição e consumo de 
bens e serviços. Embora dirigidas ao campo da economia, essas medidas obe-
decem também a critérios de ordem política e social — na medida em que 
determinam,por exemplo, quais segmentos da sociedade se beneficiarão com 
as diretrizes econômicas emanadas do Estado. O alcance e o conteúdo de 
uma política econômica variam de um país para outro, dependendo do grau 
de diversificação de sua economia, da natureza do regime social, do nível de 
atuação dos grupos de pressão (partidos, sindicatos, associações de classe 
e movimentos de opinião pública). Finalmente, a política econômica depende 
da própria visão que os governantes têm do papel do Estado no conjunto da 
sociedade (SANDRONI, 1999, p. 477), grifo nosso.
Sandroni (1999) afirma que os objetivos e medidas que as políticas econômicas pos-
suem dependem de país para país, de economia para economia, tudo dependendo de 
como os formuladores da política econômica pensam acerca do processo de desenvol-
vimento econômico.
No início desta disciplina, foram apresentadas a você discussões ainda na época de 
Adam Smith sobre quais seriam os papéis do Estado frente a economia: para Adam 
Smith, o Estado deveria atuar em questões mínimas e bem delimitadas. Com a publica-
ção da obra A riqueza das nações e a adoção da Teoria da Mão Invisível, onde a econo-
mia deixada por ela mesma (o famoso termo do laissez-faire) se conduz e se equilibra 
da melhor forma possível, a aplicação de política econômica foi deixada de lado.
Partindo desta concepção liberal, o uso de uma política econômica é desnecessário, 
uma vez que a própria economia traça seus próprios objetivos e encontra seus melho-
res caminhos. Porém, após os anos 1930 e as consequências da Grande Crise da Bol-
sa de Nova Iorque em 1929, a questão da adoção de medidas de intervenção do Estado 
na economia voltou a ser repensada e se tornou necessária para enfrentar a crise.
Após os trabalhos de Keynes (1996), como já visto anteriormente nesta disciplina, a 
política econômica começou a ser um meio para que os Governos tirassem suas eco-
nomias do caos e da crise implantada após a Crise de 1929. Keynes mudou o enfoque 
sobre a questão da intervenção do Estado na economia.
113
4
Economia e mercado
Políticas Econômicas: Objetivos, Limites e Considerações
A Política Econômica, bem como assinado por Sandroni (1999), busca encontrar a fór-
mula para que o bem-estar geral da população se estabeleça e aconteça.
Contudo, como afirma Lessa (1998), existe um problema metodológico ao conceber a 
ideia de bem-estar geral da população, pois como podemos chegar a ela através da 
somatória do bem-estar de cada indivíduo? Como a somatória do bem-estar individual 
(uma variável) pode criar o bem-estar geral (outra variável)? Assim, como denunciava 
Adam Smith (1996, p. 172), a grande capacidade do capitalismo é fazer com que “[...] 
o interesse particular de um partido — aliás, uma parcela subordinada da sociedade — 
represente o interesse geral da nação”.
Cardoso (2005, p. 577), ao analisar a intervenção estatal na economia, afirma que:
[...] só liberais antiquados e alguns neoliberais exaltados deixam de perceber 
que sem um Estado competente na regulação e no controle, embora não inter-
ferente na seara própria do mercado, o bom desempenho da economia não se 
sustenta no longo prazo [...].
Portanto, o papel do Estado neste processo de formulação da política econômica é de 
fundamental importância. O Governo tem como tarefa escolher os melhores objetivos 
e analisar os melhores instrumentos a serem utilizados para que tais objetivos sejam 
alcançados.
Assim, temos de um lado a necessidade de encontrar os objetivos que a economia pre-
cisa alcançar (objetivos “filtrados” por muitas variáveis não só econômicas, mas muito 
mais políticas e sociais) e analisar, com muito cuidado, quais os instrumentos a serem 
adotados, porque eles muitas vezes podem se chocar entre si e se exclui, mutuamente.
Vamos agora esquematizar, a partir da FIG. 4, o processo de formulação da política 
econômica:
Figura 04. Processo de formulação da política econômica
Fonte: Elaborado pelo autor (2016).
METAS GERAIS OBJETIVOS INSTRUMENTOS PROVIDÊNCIAS
Segundo Mankiw (2014), economistas divergem acerca de como o Estado deve agir 
para conseguir alcançar seus objetivos. Para o autor, alguns economistas, tais como 
Willian McChesney Martin, consideram a economia como inerentemente instável, isto 
é, a economia convive com frequentes choques, tanto na demanda quanto na oferta 
agregada, o que obriga os formuladores das políticas econômicas a atuar através dos 
instrumentos das políticas monetárias (política fiscal e monetária, por exemplo) para 
que a economia alcance o nível de emprego e de preços (inflação) desejado.
Mankiw (2014) também apresenta as ideias de outros economistas que pensam o con-
trário, isto é, que a economia é estável por sua natureza. Entre eles, destaca Milton 
Friedman, que analisa que as oscilações ineficientes pelas quais as economias as ve-
114
4
Moeda e mercado financeiro: Inflação e emprego, estado e políticas macroeconômicas
zes passam, tais como inflação e desemprego, por exemplo, devem-se à atuação “exa-
gerada” das políticas econômicas mal formuladas.
Este debate de como o Estado deve atuar ou não na economia é longo e ocorre há 
décadas. Por ora, os objetivos da política macroeconômica são, em termos gerais, de 
acordo com Vasconcellos (2011):
 ` Alto nível de emprego;
 ` Estabilidade dos preços;
 ` Distribuição da renda socialmente justa;
 ` Crescimento econômico.
Contudo, o que os formuladores, responsáveis pela formulação das políticas econô-
micas, devem fazer/praticar para que as suas economias atinjam os resultados acima 
descritos? Durante esta disciplina, discutimos algumas ações de política fiscal e mo-
netária que podem contribuir para que os objetivos da política macroeconômica sejam 
alcançados (por exemplo, diminuir a taxa de juros e ampliar os gastos do governo, se o 
desejo é ampliar a oferta de emprego no curto prazo).
Cabe atentar que existem outros importantes objetivos da política econômica. 
Kirschen (1975) levantou uma série de objetivos que as políticas econômicas 
têm tentado alcançar, tais como expansão da produção, satisfação das 
necessidades coletivas, melhoria na distribuição da renda e da riqueza, 
proteção e prioridades para determinadas regiões ou indústrias, dentre outros.
Não obstante, as consequências esperadas das políticas econômicas não são tão fá-
ceis e previsíveis como apresentado na Teoria Econômica. Mankiw (2014) elenca uma 
série de fatores que influenciam e dificultam, em certa medida, as ações previstas das 
políticas macroeconômicas:
Hiato de tempo entre implementação das políticas econômicas e seus efeitos: 
as políticas econômicas levam um tempo para serem formuladas e implementadas. 
Seus instrumentos possuem tempo de ação mais longos (política fiscal depende de 
autorização legislativa, o que a torna mais lenta que a política fiscal, por exemplo).
Difícil tarefa de Previsão Econômica: tendo em vista que as políticas econômicas 
demandam tempo para que seus efeitos sejam alcançados, quando se coloca em 
prática certa medida econômica, é de suma importância que seus implementadores 
tenham em mente como estará o nível de preços ou o saldo de emprego depois de 
passado 6 meses, por exemplo. Ou seja, o formulador da política econômica deve 
se antecipar aos acontecimentos, uma vez que os “remédios econômicos” não são 
tão rápidos assim e as consequências não tão simples de se prever.
Falta de conhecimento e o problema das expectativas: Mankiw (2014) comenta 
a dificuldade que a ciência econômica tem em “prever” o seu futuro. Para o autor, 
115
4
Economia e mercado
a economia é uma ciência econômica muito nova e existem muitos fatores econô-
micos que são desconhecidos, o que prejudica muito a formulação das políticas 
econômicas. Entre esses fatores desconhecidos, destaque para “expectativa dos 
agentes econômicos em relação ao futuro”, isto é, como as empresas e famílias se 
comportarão após a implementação de certas políticas econômicas: por mais que 
o Governo deseje e realize açõesvisando o aumento do consumo, por exemplo, 
as medidas por si só não são suficientes. É necessário tentar prever quais serão 
as expectativas dos agentes após as políticas econômicas implementadas, tarefa 
não muito fácil.
Outro debate macroeconômico é analisar se as políticas econômicas devem seguir 
regras pré-determinadas, ou então, ficar à disposição dos critérios de seus formulado-
res, isto é, das ações e objetivos de seus governos.
Mankiw (2014) traz que as políticas econômicas são conduzidas por regras, caso seus 
formuladores anunciem antecipadamente como reagirão a várias situações e se com-
prometam a seguir aquilo que foi acordado. Exemplo: as autoridades anunciam que 
aumentarão a taxa básica de juros caso a inflação atinja certo ponto percentual acima 
da meta estipulada pelo governo.
As políticas econômicas podem ficar à mercê do interesse de suas autoridades e formu-
ladores, isto é, as ações seguem os desígnios e intenções de seus criadores. Este po-
der discricionário, de se decidir o rumo das políticas econômicas se baseando em crité-
rios meramente políticos de seus formuladores, tem suas críticas na ciência econômica.
Os políticos, sabendo que serão reeleitos caso a economia esteja com bons índices, podem, 
artificialmente, promover políticas econômicas que terão efeitos positivos no curto prazo, con-
tribuindo para sua reeleição, mas, contudo, serão extremamente nocivas no longo prazo.
CONCLUSÃO
Analisamos nesta Unidade os conceitos básicos sobre moeda e seu papel no desenvol-
vimento econômico, além de termos refletido sobre a estrutura do Sistema Financeiro 
Nacional e seus principais órgãos. Estudamos o papel de cada instituição financeira no 
mercado monetário, bem como analisamos como a política monetária pode atuar para 
que o cumprimento das políticas macroeconômicas seja alcançado.
Entendemos o que é inflação, suas principais causas, tipos e seus efeitos e consequ-
ências na economia. Conhecemos os índices de preço, indicadores que têm como ob-
jetivo avaliar a evolução dos preços. Discutimos mercado de trabalho, sua importância 
econômica, analisando e conhecendo alguns conceitos e indicadores. Por fim, você foi 
convidado a refletir acerca do papel do Setor Público na seara econômica, assim como 
seus diferentes papéis assumidos pelo Estado na condução do sistema econômico e 
social. Conheceu de suas políticas econômicas, bem como atentou sobre os limites e 
possibilidades na sua execução e efetividades.
116
4
Moeda e mercado financeiro: Inflação e emprego, estado e políticas macroeconômicas
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	CAixas de destaque
	A economia no nosso dia a dia
	1. ESCOLHAS DOS SERES HUMANOS
	2 CIÊNCIA ECONÔMICA E SUAS METODOLOGIAS
	3 COMPORTAMENTOS ECONÔMICOS EM SOCIEDADE
	COMO OS MERCADOS FUNCIONAM? FUNDAMENTOS E REFLEXÕES SOBRE A MICROECONOMIA
	1. FUNDAMENTOS DE MICROECONOMIA
	2. ELASTICIDADE
	3. ESTRUTURAS DE MERCADO
	A Macroeconomia: da crise de 1929 à Revolução Keynesiana
	1. MERCADO SE AUTOEQUILIBRA, PELO MENOS É O QUE PENSAM OS LIBERAIS
	2. CONTABILIDADE SOCIAL
	Moeda e mercado financeiro: Inflação e emprego, estado e políticas macroeconômicas
	1. MOEDA E MERCADO FINANCEIRO
	2. INFLAÇÃO – CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS
	3. ESTADO E POLÍTICAS MACROECONÔMICAS
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	CAixas de destaque
	A economia no nosso dia a dia
	1. ESCOLHAS DOS SERES HUMANOS
	2 CIÊNCIA ECONÔMICA E SUAS METODOLOGIAS
	3 COMPORTAMENTOS ECONÔMICOS EM SOCIEDADE
	COMO OS MERCADOS FUNCIONAM? FUNDAMENTOS E REFLEXÕES SOBRE A MICROECONOMIA
	1. FUNDAMENTOS DE MICROECONOMIA
	2. ELASTICIDADE
	3. ESTRUTURAS DE MERCADO
	A Macroeconomia: da crise de 1929 à Revolução Keynesiana
	1. MERCADO SE AUTOEQUILIBRA, PELO MENOS É O QUE PENSAM OS LIBERAIS
	2. CONTABILIDADE SOCIAL
	Moeda e mercado financeiro: Inflação e emprego, estado e políticas macroeconômicas
	1. MOEDA E MERCADO FINANCEIRO
	2. INFLAÇÃO – CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS
	3. ESTADO E POLÍTICAS MACROECONÔMICAS

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