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DIREITO DO TRABALHO ÍNDICE Princípios e fontes do direito do trabalho............................................................................................................................................... 01 Direitos constitucionais dos trabalhadores (Art. 7º da Constituição Federal de 1988).......................................................... 04 Relação de trabalho e relação de emprego. Requisitos e distinção. Relações de trabalho lato sensu (trabalho autônomo, eventual, temporário e avulso).............................................................................................................................................. 04 Sujeitos do contrato de trabalho stricto sensu. Empregado e empregador (conceito e caracterização). Poderes do empregador no contrato de trabalho....................................................................................................................................................... 05 Grupo econômico. Sucessão de empregadores. Responsabilidade solidária. Contrato individual de trabalho. Conceito, classificação e características.................................................................................................................................................... 06 Alteração do contrato de trabalho. Alteração unilateral e bilateral. O jus variandi................................................................ 06 Suspensão e interrupção do contrato de trabalho. Caracterização e distinção....................................................................... 07 Rescisão do contrato de trabalho. Justa causa. Rescisão indireta. Dispensa arbitrária. Culpa recíproca. Indenização.... 09 Aviso prévio......................................................................................................................................................................................................... 10 Estabilidade e garantias provisórias de emprego. Formas de estabilidade. Despedida e reintegração de empregado estável.... 10 Duração do trabalho. Jornada de trabalho. Períodos de descanso. Intervalo para repouso e alimentação. Descanso semanal remunerado. Trabalho noturno e trabalho extraordinário. Sistema de compensação de horas..................... 13 Salário-mínimo. Irredutibilidade e garantia............................................................................................................................................ 16 Férias. Direito a férias e sua duração. Concessão e época das férias. Remuneração e abono de férias......................... 17 Salário e remuneração. Conceito e distinções. Composição do salário. Modalidades de salário. Formas e meios de pagamento do salário. 13º salário........................................................................................................................................................ 18 Equiparação salarial. Princípio da igualdade de salário. Desvio de função................................................................................ 20 FGTS........................................................................................................................................................................................................................ 24 Prescrição e decadência.................................................................................................................................................................................. 25 Segurança e medicina no trabalho. CIPA. Atividades insalubres ou perigosas......................................................................... 26 Proteção ao trabalho do menor................................................................................................................................................................... 40 Proteção ao trabalho da mulher. Estabilidade da gestante. Licença maternidade.................................................................. 41 Direito coletivo do trabalho. Convenções e acordos coletivos de trabalho.............................................................................. 41 Direito de greve e serviços essenciais........................................................................................................................................................ 47 Comissões de conciliação prévia................................................................................................................................................................. 54 1 D IR EI TO D O T RA BA LH O PRINCÍPIOS E FONTES DO DIREITO DO TRABALHO De acordo com Ives Gandra, os princípios são as dire- trizes essenciais que inspiram todo o sentido das normas trabalhistas, guiando todo o ordenamento jurídico e re- gulamentando as relações de trabalho, através das três funções básicas: (MARTINS FILHO, 2010, p.58). Função informadora: direciona o legislador na ela- boração de leis, usando os princípios como base. Função interpretativa: é utilizado como forma de melhor compreensão das normas positivadas, principal- mente quando há conflito de normas, fazendo prevalecer uma em relação à outra. Função normativa: quando há casos de brechas na lei, os princípios são utilizados como fonte secundária. Ainda assim, importante lembrar, que a Reforma Tra- balhista, inserida pela Lei n. 13.467/2017, trouxe profun- das e significativas modificações no Direito do Trabalho no Brasil, a ponto, de que, como se verá adiante, afetar concretamente alguns de seus princípios, enfraquecendo o alicerce cientifico dos princípios e relativizando muito de seus fundamentos. Os principais princípios do Direito do Trabalho, nas palavras de Plá Rodriguez, serão analisados a seguir: a) Princípio protetor - Esse princípio nos remetia ao protecionismo do tra- balhador, face ao contrato de trabalho com o em- pregador, tendo em vista, sua posição de elo mais fraco da relação. - Economicamente e, culturalmente falando, o em- pregado sempre esteve “abaixo” do patrão, e esse princípio trouxe a equiparação dos dois polos, para assegurar uma igualdade jurídica, bem como, evi- tar a exploração do elo mais frágil da relação. -Atualmente, com a nova redação da Lei nº 13.467/2017, permitiu a ampliação da autonomia individual do trabalhador, considerando válida a negociação direta entre este e o empregador, so- bre diversos aspectos, como, por exemplo, pac- tuação de compensação de jornada de trabalho através de banco de horas (art. 59, §5º, CLT), como também as regras do teletrabalho (art. 75-C, CLT), rescisão de contrato de trabalho sem necessidade de homologação (art. 477, CLT), extinção do con- trato de trabalho em comum acordo entre as par- tes (art.484-A, CLT). Nota-se, que a Reforma Traba- lhista, entendeu que o trabalhador tem condições de negociar diretamente com o empregador em diversas esferas, afastando portanto, o conceito de hipossuficiência do empregado. (ROMAR, 2018, p. 54) - Vale lembrar, que como a modificação da Leis Traba- lhistas são recentes, os magistrados e os ministros, estão adequando os princípios as novas normas. No caso concreto, há de se analisar a relação do empregador com o trabalhador levando-se em consideração tanto o princípio quanto a norma positivada, para que se possa atingir um equilíbrio entre as partes. - Ainda assim, o princípio em tela trouxe uma expan- são dos princípios, atribuindo ainda o in dubio pro operário, o qual, o interprete das normas, dian- te de todos os aspectos das normas, deverá op- tar para a norma mais favorável ao trabalhador. Já o princípio da norma mais favorável, remete ao caso de que, tendo mais que uma lei aplicável ao fato, será adotada a mais favorável ao emprega- do. E por último, a regra da condição mais be- néfica, consiste na aplicação da norma trabalhista mais benéfica ao trabalhador, a qual, engloba ao contrato de trabalhando não podendo ser retirada para obter efeitos inferiores aos já adquiridos pelo trabalhador. b) Princípio da irrenunciabilidade - Através desteprincípio o trabalhador ganha um pri- vilégio jurídico, que se reflete em uma eficaz tutela de seus direitos, afinal, os direitos são historica- mente conquistados, não podem ser renunciados ou transacionados e, caso o sejam, presume-se que referida renúncia fora viciada, restando fulmi- nada de nulidade. (LAPA; KERTZAMN, 2018, p. 82) - A aplicação deste princípio era expresso no artigo 9º da CLT, o qual considerava nulo os atos desti- nados a impedir, fraudar ou desvirtuar os preceitos trabalhistas. - Agora com a aplicação da Lei nº 13.467/2017, com a inserção do artigo 444, parágrafo único da CLT, considera-se o portador de diploma de nível su- perior, com renda mensal igual ou superior a duas vezes o limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social (hipersuficiência eco- nômica), a livre estipulação em relação ao rol de direitos previstos no artigo 611-A da CLT. (ROMAR, 2018, p. 58) - Conclui-se que, deste modo ficou permitido ao tra- balhador negociar dobre direitos trabalhistas me- nos benéficos, porém, sendo salvaguardados os direitos da Constituição Federal. c) Princípio da continuidade da relação de empre- go - Este princípio aborda a ideia da continuação do contrato de trabalho entre o empregador e o tra- balhador, o qual, ambos os polos ganham com o seguimento da relação empregatícia. - No âmbito do emprego, este princípio impede as despedidas, trazendo estabilidade ao empregado. Na função, ele impede o rebaixamento da posição do trabalhador e, no lugar, este princípio impede as transferências que causam alterações. (MAR- TINS FILHO; 2010, p. 63) - As alterações constantes de funcionários para as empresas, pequenos negócios ou comércios, tra- zem déficit na atividade exercida dentro do recinto de trabalho, ocasionando mais delongas no exercí- user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 2 D IR EI TO D O T RA BA LH O cio da função de cada trabalhador. Nesta perspectiva, o referido princípio traz benefícios para ambas as esferas contratuais. - Neste aspecto, importante atentar-se, que o presente princípio foi relativizado pela Reforma Trabalhista, como se verifica, por exemplo, com a previsão de rescisão de contrato de trabalho em comum acordo (art. 484-A, CLT). d) Princípio da primazia da realidade - O princípio da primazia da realidade visa proteger o trabalhador, já que seu empregador poderia, com extrema facilidade, obriga-lo a assinar documentos contrários aos fatos e aos seus interesses. Ante ao estado de sujeição do trabalhador, o mesmo se sujeita a ordens imperativas, das quais, muitas vezes, abdica-se de seus direitos. Preocupado com este fato, bem como, baseado no art. 112 do CC, preconiza que a intenção do princípio é trazer a verdade sem priorizar a formalidade. (CASSAR, 2017, p. 58). - Importante lembrar que, a aplicação do presente princípio, não vislumbra apenas evidenciar a realidade dos fatos, mas também, deixa presente o princípio boa-fé, o qual rege todos os contratos. - A Lei nº 13.467/17 trouxe algumas modificações acerca da interpretação de alguns artigos frente ao princípio. Como exemplo, temos as horas extras habituais, as quais não descaracterizam o ajuste de compensação de jornada conforme art. 59-B da CLT. Ora, se existe um contrato para compensar jornada e se este não cumprido porque o empregado faz, habitualmente, horas extras no dia de compensação, deveria prevalecer a realidade (o não cumprimento do acordo), mas a lei, alterando o entendimento da jurisprudência (sumula 85 do TST) pugna pela validade do acordado, sobre a realidade. (CASSAR, 2017, p. 59). e) Princípio da razoabilidade - O princípio em tela, não é exclusivo do Direito do Trabalho, mas próprio de todos os ramos do Direito, e funda- menta em critérios de razão e de justiça. Tal constatação, no entanto, não afasta a aplicação e a importância deste princípio no âmbito trabalhista, pois um determinado princípio não tem que ser privativo do Direito do Trabalho para ser considerada uma das principais diretrizes que inspira o sentido da norma. (ROMAR, 2018, p. 60) f) Princípio da boa – fé - O princípio da boa-fé está previsto no artigo 422 do Código Civil, o qual menciona: “Os contratantes são obriga- dos guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e da boa-fé”. - Em relação ao princípio da boa-fé Maria Helena Diniz assevera: - Segundo esse princípio, na interpretação do contrato, é preciso ater-se mais a intenção do que o sentido literal da linguagem, e, em prol do interesse social de segurança das relações jurídicas, as partes deverão agir com lealdade e confiança recíprocas, auxiliando-se mutuamente na formação e na execução do contrato. Daí está ligado ao princípio da probidade. (DINIZ, 2008). Nesse sentido, o princípio da boa-fé, estabelece em agir com justiça e lealdade com relação a terceiro, não apenas na celebração contratual, mas também na sua execução. Fontes do direito do trabalho As fontes do direito do trabalho são divididas em formais e materiais, e também entre heterônomas e autônomas. a) Fontes Materiais: no sentido material, as fontes do direito correspondem as ideais, fenômenos, que pressupõem ou antecedem a criação da norma jurídica. Seriam os fatores culturais, políticos, econômicos e sociais que con- dicionam a criação da norma. Como um exemplo de fonte material, temos as manifestações dos operários por si ou por seus sindicatos. (LAPA; KERTZMAN), 2018, p.43) b) Fontes Formais: são as próprias normas jurídicas trabalhistas, que ainda podem ser classificados como fontes heterônomas e fontes autônomas. As quais, passaremos ver a seguir: (ROMAR, 2018, p.66) b.1) Fontes Heteronômas: essas fontes seriam as originárias do estado, as leis, com forças imperativas. Ex: Constituição Federal, Leis, Medidas Provisórias, Tratados, Convenções Internacionais, Jurisprudência e Doutrinas. b.2) Fontes Autonômas: são provenientes da vontade dos próprios agentes sociais, estabelecem contratualmente ou unilateralmente as normas que irão disciplinar seu relacionamento e os direitos laborais além daqueles já previstos legalmente. (MARTINS FILHO, 2010, p. 77). Ex: Acordos Coletivos de Trabalho, Convenções Coletivas, Regulamento Empresarial, Costumes, Contratos de Tra- balho e Laudo Arbitral. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 3 D IR EI TO D O T RA BA LH O FIQUE ATENTO! É muito importante que os candidatos ao concurso do TRT 15ª Região, saibam quais fontes são conside- radas autônomas e quais fontes são consideradas heterônomas. Segue a baixo um quadro exemplifica- tivo para fácil memorização Quadro disponível em: https://www.estudegratis.com.br/dicas/fontes-do-direito-do-trabalho. HIERARQUIA DAS FONTES DO DIREITO DO TRABALHO Já no Direito do Trabalho, não se verifica a mesma disposição hierárquica, pois ele é norteado pelo Princípio da Norma mais Favorável, que fora criado com a finalidade de balancear a desigualdade existente entre o empregado e empregador, fortalecendo aquele através da possibilidade de aplicar-lhe a norma que mais lhe for benéfica e não necessariamente aquela que se encontra hierarquicamente superior a pirâmide normativa. (LAPA; KERTZMAN, 2018, p. 55). Neste mesmo diapasão, conclui-se que as normas a serem aplicáveis não tem um regramento explicito como nos demais direitos, ou seja, elas seguem preferencialmente em benefício do obreiro, ficando a norma mais favorável no topo da pirâmide e a norma menos favorável na base da pirâmide. Ainda assim, vale ressaltar, que atualmente com a nova redação da Lei nº 13.467/2017, conforme previsão no art.620 da CLT, o mesmo dispõe que, o que foi determinado no acordo coletivo, prevalecerá sobre a convenção coletiva de trabalho. Não obstante, por fim, mais uma exceçãoao princípio em tela, encontra-se nos “empregados hipersuficientes”. Isso porque as convenções, acordos e contratos destes, podem conter determinações menos favoráveis, mas que serão aplicadas no caso concreto. (LAPA; KERTZMAN, 2018, p. 56). user Realce user Realce 4 D IR EI TO D O T RA BA LH O DIREITOS CONSTITUCIONAIS DOS TRABALHADORES (ART. 7º DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988) Como sabemos, a Constituição Federal é a norma má- xima e obrigatória entre todos os cidadãos. Nela consis- tem as leis fundamentais que rege todo o funcionamento do Brasil. Assim, no art. 7º da CF, até o inciso XXXIV, contém os direitos básicos do trabalhador urbano e rural, que pas- samos a analisar a seguir: Os três primeiros incisos do art. 7º dispõe sobre o direito do trabalhador em ter sua relação protegida de dispensa arbitraria ou sem justa causa, promovendo ain- da, indenização compensatória e outros direitos, bem como, o direito a receber seguro desemprego e Funda de Garantia – FGTS. Do inciso IV ao VIII, o texto constitucional aborda o instituto do salário. Ou seja, fixa um salário mínimo (para assegurar a dignidade da pessoa humana), estabelece piso salarial, protege a redução do salário (podendo fa- zer apenas por acordo e convenção coletiva), tal como, o direito a percepção do 13º salário. Em continuidade aos dispostos nos incisos IX ao XV, eles abordam o direito do trabalhador noturno a receber superiormente ao diurno, protege ao salário do traba- lhador, a possibilidade do obreiro fazer parte nos lucros da empresa (conforme definido em lei), direito ao traba- lhador baixa renda de perceber salário família, protege a jornada do trabalhador de 8h diárias não superiores a 44h semanais (exceto por lei especial ou convenção/ acordo coletivo), estabelece jornada especial para os funcionários que trabalham em turno ininterrupto (6h diárias), como também, a garantia ao trabalhador ao re- pouso semanal remunerado - DSR. Já os incisos XVI ao XXI, dispõem sobre a hora extra a ser remunerado no percentual de 50% a mais da hora norma, direito ao gozo de férias remuneradas mais 1/3, concede a gestante o direito de licença maternidade de 120 dias remunerados, bem como, a licença paternidade, protege a mulher no mercado de trabalho e garante ao trabalhador o direito de receber aviso prévio proporcio- nal estabelecendo o mínimo de 30 dias. Mais adiante, os incisos XXII ao XXVIII, nos apresen- ta os direitos dos trabalhadores quanto a proteção do trabalhador por meio de normas de higiene e seguran- ça, adicional para atividades penosas, insalubres e peri- gosas, direito a aposentadoria, assistência educacional aos filhos de até 5 anos de idade a creches e pré-escola, conhecimentos das convenções coletivas e acordos co- letivos, proteção face a automação, como também, ao seguro contra acidentes. Por fim, os últimos 6 incisos que vão do XXIX ao XXXIV, garante ao trabalhador o direito de ação quanto aos créditos trabalhistas (prazo de 5 anos prescricional, até o limite de 2 anos do termino do contrato de tra- balho), coíbe a diferenciação de salário por distinção de sexo, idade, cor ou estado civil, proíbe qualquer discrimi- nação no tocante ao salário ou admissão do deficiente físico, impede a distinção entre trabalho manual, técnico, intelectual e outros, coíbe ainda o trabalho a menores de 18 anos em locais insalubres, perigosos ou noturnos (a não ser como aprendiz, a partir dos 14 anos) e por úl- timo, estabelece a igualdade entres os trabalhadores de vínculo permanente e o trabalhador avulso. Esses são os direitos trabalhistas compostos no art. 7º da CF. No entanto, importante ressaltar que os artigos 8º ao 11º também diz respeito aos trabalhadores. A título de informação, cabe uma leitura rápida com atenção nesses artigos fazendo referência a nova Reforma Trabalhista, pois, muitos deles adquiriram uma nova interpretação. RELAÇÃO DE TRABALHO E RELAÇÃO DE EMPREGO. REQUISITOS E DISTINÇÃO. RELAÇÕES DE TRABALHO LATO SENSU (TRABALHO AUTÔNOMO, EVENTUAL, TEMPORÁRIO E AVULSO) O conceito de relação de trabalho é amplo e abran- gente. Isto é, consiste em ser todo contrato de atividade em que participe o trabalhador, nas mais diversas mo- dalidades de serviços. A expressão engloba a relação de emprego, a relação autônoma de trabalho, a relação de trabalho eventual, de trabalho avulso e de trabalho tem- porário. (MEIRA, 2013) Nem toda relação de trabalho poderia ser considera- da como uma relação de emprego, mas toda relação de emprego pode ser considerada como relação de traba- lho. Esclarece-se que, somente a relação de emprego é especialmente protegida por normas trabalhistas e pela Consolidação das Leis do Trabalho, o que não ocorre nas demais relações de trabalho. Exemplo: Desenhista cria lo- gotipo para empresa. Esse profissional participa de uma relação de trabalho, visto que não preenche os requisitos do art. 3º da CLT. (MEIRA, 2013) Já a relação de emprego seria aquela protegida pela Consolidação das Lei Trabalhistas – CLT, conforme esta- belece o art. 3º da CLT, dispondo que toda relação de em- prego existe quando toda pessoa física presta serviços de natureza não eventual a um empregador, sob a depen- dência deste e mediante salário. Exemplo: operador de máquinas, que trabalha 5 dias por semana, 44 (quarenta e quatro) horas semanais, sob ordens e dependência de seu empregador, além de receber salário. - Relações de trabalho lato sensu O trabalho avulso é aquele em que o trabalhador presta serviços de curta duração para distintos beneficiá- rios, com intermediação de terceira entidade, SEM víncu- lo de emprego nos termos da CLT, PORÉM, se igualando em direitos com os trabalhadores com vínculo emprega- tício permanente. A relação de emprego é aquela em que pessoa física presta serviços de natureza não eventual e de forma pes- soal a empregador, sob a dependência e subordinação deste, mediante salário. user Realce user Realce user Realce 5 D IR EI TO D O T RA BA LH O O trabalho autônomo é aquele em que o trabalha- dor exerce as suas atividades por sua conta e risco, sem subordinação com o seu contratante. O trabalho eventual é aquele prestado ocasional- mente, para realização de determinado evento, em que o trabalhador, em regra, desenvolve atividades não coinci- dentes com os fins normais da empresa contratante, não se fixando a uma fonte de trabalho. Referidos institutos e seus conceitos foram retirados do concurso do TRT 20. em 2012. Houve exploração do tema através de questões elaboradas pela FCC. (Dispo- nível em: Fonte: <http://www.macetesparaconcurseiros .com. br/2015/07/relacoes-de-trabalho-lato-sensu.html . Aces- so em 22 de novembro de 2019).> SUJEITOS DO CONTRATO DE TRABALHO STRICTO SENSU. EMPREGADO E EMPREGADOR (CONCEITO E CARACTERIZAÇÃO). PODERES DO EMPREGADOR NO CONTRATO DE TRABALHO EMPREGADO De acordo com o que preceitua o art. 3º da CLT, o empregado é toda pessoa física que presta serviços de natureza não eventual ao empregador, sob dependência deste e mediante salário. Os requisitos básicos para identificar o empregado (configurar o vínculo empregatício) são: Pessoalidade – contrato é realizado por pessoa físi- ca, contratado por suas características, não podendo ser substituída na prestação dos serviços, salvo hipóteses excepcionais. Não Eventualidade (habitualidade) – assiduidade. c) Subordinação jurídica – prevista em lei, art. 2º da CLT, em respeito ao contrato de trabalho. d) Onerosidade – a principal prestação do laborador é desenvolver sua atividade profissional, ao passo que, a principal contraprestação do empregador é realizar o pagamento do trabalho prestado. São elementos não essenciais para caracterizar o Vín- culo: Exclusividade – a CLT não exige exclusividade, pode ter vários vínculos empregatícios, não precisa de baixa de carteira. Se o empregador exigir exclusividade, deve haver uma contraprestação para que compense a exclu- sividade. Localda Prestação do Serviço – qualquer local. Nível cultural/grau de escolaridade (art. 3º, CLT) – in- dependente do grau, tendo os requisitos do vínculo é empregado. Não pode abrir mão disto. Outros tipos de empregados: Empregado em domicílio – é o empregado em tele- trabalho. Empregado Doméstico – presta serviços contínuos à pessoa ou à família no âmbito residencial (motorista, babá, enfermeira contratada). Empregador Rural – aquele que trabalha para em- pregador rural independentemente da atividade por ele exercida. Empregador Em conformidade com o disposto pelo art. 2º da CLT, o empregador seria a empresa individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admi- te, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço. 1º – Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação de emprego, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as asso- ciações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como em- pregados. 2º – Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou ad- ministração de outra, ou ainda quando, mesmo guardando cada uma sua autonomia, integram grupo econômico, serão responsáveis solidaria- mente pelas obrigações decorrentes da relação de emprego. Princípio da Alteridade – o empregador assume ex- clusivamente os riscos da atividade econômica. Não divi- de os prejuízos com os empregados. Poderes do empregador no contrato de trabalho O empregador possui vários poderes em cima do tra- balhador que serão destacados entre eles: a) Poder de Direção – correspondência na subordina- ção jurídica do prestador. b) Poder de Organização – escolher o ramo de ativi- dade, delimitar o mercado, estabelecer linha hie- rárquica, definir a forma como o trabalho será rea- lizado. Ex: criação de um quadro de carreira. c) Poder de Controle – autoridade para realizar fisca- lização a prestação do serviço, com horário de iní- cio e fim, utilização de EPIs, fiscalização do correio eletrônico (e-mail corporativo), até mesmo a revis- ta dos Empregados (revistas íntimas são vedadas, e as revistas pessoais, sem que envolvam nudez, são admitidas desde que com cautela e razoabilidade). d) Poder Disciplinar – prerrogativa de aplicar penali- dades ou sanções ao trabalhador no caso de des- cumprimento do contrato de trabalho. Ex: adver- tência (verbal ou escrita), suspensão disciplinar. Art. 2º – Considera-se empregador a empresa, indivi- dual ou coletiva, que, assumindo os riscos da ativida- de econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 6 D IR EI TO D O T RA BA LH O Art. 474 – A suspensão do empregado por mais de 30 (trinta) dias consecutivos importa na rescisão injusta do contrato de trabalho. (Rescisão Indireta – por cul- pa do empregador – empregado ficará afastado das atividades, sem remuneração, tempo para férias, etc. Deverá receber todas as verbas como se tivesse sido dispensado sem justa causa). Fonte: https://rodrigotrt4.wordpress.com/trabalho/ dos-sujeitos-do-contrato-de-trabalho-stricto-sensu-do- -empregado-e-do-empregador-conceito-e-caracteriza- cao-dos-poderes-do-empregador-no-contrato-de-tra- balho/. Acesso em: 22 de novembro de 2019. GRUPO ECONÔMICO. SUCESSÃO DE EMPREGADORES. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. CONTRATO INDIVIDUAL DE TRABALHO. CONCEITO, CLASSIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS O art. 442 da CLT define o contrato de trabalho como um acordo tácito ou expresso, correspondente à relação de emprego. Isto é, o contrato de trabalho é um acordo de vontades, manifestado de forma expressa (verbal ou escrita) ou de forma tácita, por meio do qual uma pessoa física (empregado) se compromete a prestar serviços de forma subordinada a pessoa, mediante uma remunera- ção. (ROMAR, 2018, p. 264) De acordo com a Carla Teresa Martin Romar, o con- trato de trabalho apresenta as seguintes características: a) Contrato de Direito Privado; b) Natureza: privada; c) Celebração do contrato como fruto da autonomia das partes, os quais se obrigam reciprocamente; d) Pactua-se o Contrato conforme estipulações de ambos os lados – art. 444 da CLT; e) Contrato é consensual; f) Oneroso; g) Celebrado intuitu personae, obrigação pessoal; - Classificações I) O contrato de trabalho pode ser: - Expresso: quando é escrito, elaborado um docu- mento, ajustando direitos e deveres da relação tra- balhistas. - Tácito: ocorre quando há a falta deste documento, no entanto, o empregado está laborando para o empregador. Houve tacitamente um contrato rea- lizado entre os dois polos da relação trabalhista. II) Quanto sua duração: - Contrato por prazo determinado: essa modalidade de contrato tem previsão legal fundamentada no art. 443 da CLT, e é utilizada como exceção a regra. Levando-se em consideração o princípio da conti- nuidade da relação de trabalho, os contratos são realizados para durarem, por um período determi- nado. Ex: Atividades de caráter transitórias. Por essa modalidade de contratação ser excepcional, conforme o art. 445 da CLT, a duração máxima de um contrato com essa característica, não pode ultrapassar a 2 anos. No entanto, vale ressaltar, conforme súmula 188 do TST, o contrato por experiência não poderá ultrapas- sar a 90 dias. O contrato por prazo determinado QUALQUER que seja sua modalidade, poderá ser prorrogado apenas 1 (uma) vez, sobe pena de vigorar o contrato por prazo indeterminado, conforme art. 445, CLT. Após o fim do prazo do contrato de trabalho por prazo determinado, o empregador pagará as seguintes verbas: 13º proporcional, férias proporcionais acrescidas de 1/3, saldo salário e a liberação do FGTS sem multa de 40%. Ocorre que, algumas vezes essa modalidade de con- trato se extingue antes do prazo previsto. Ou seja, a res- cisão contratual poderá ocorrer por vontade do empre- gador, o qual será submetido á aplicação do art. 479 da CLT, pagando ainda saldo de salário proporcional, férias proporcionais acrescidas de 1/3 e liberação do FGTS. Se a rescisão contratual ocorrer por parte do empregado, o mesmo será compelido a efetuar o pagamento de even- tuais prejuízos que causar ao empregador, e poderá re- ceber apenas o saldo de salário e 13º e as férias propor- cionais acrescidas de 1/3 (art. 480, CLT). - Contrato por prazo indeterminado: essa modalida- de de contrato tem previsão legal na Súmula 212 do TST e é a espécie adotada como regra geral da celebração de contrato de trabalhado. ALTERAÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO. ALTERAÇÃO UNILATERAL E BILATERAL. O JUS VARIANDI A possível possibilidade de alteração no contrato de trabalho do empregado está fundamentada no artigo 468 da CLT, conforme podemos ver a seguir: Art. 468. Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia. Apesar da previsão legal de possibilidade de realiza- ção de alterações no contrato de trabalho pelo empre- gador, para sua validade, elas precisam obedecer às limi- tações como: mutuo consentimento e não pode resultar nenhum prejuízo de nenhuma ordem ao trabalhador. Essas são as alterações das quais o empregador não precisa do consentimento do empregado. Já outras al- terações, para que possam ser realizadas, necessitam da concordância do empregado, tais como: promoção (mo- dificação salarial e de responsabilidades), transferência de local de serviço (com mudança de domicilio), como também a alteração em quantidade de horas laboradas pelo trabalhador. Importante ainda destacar que, ainda há alterações que o empregadorpode realizar sem o consentimento do empregado, porém, ele deve manter a essência do contrato de trabalho. Exemplo: user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 7 D IR EI TO D O T RA BA LH O a) Alteração do local de trabalho desde que não haja a mudança de domicílio, b) Alteração do turno de trabalho (de manhã para tarde ou de noturno para diurno); c) Alteração de função, desde que não represente rebaixamento para o empregado; d) Transferência para localidade diversa da qual resultar do contrato no caso do empregado que exerça cargo de confiança; e) Transferência quando ocorre extinção do estabelecimento; f) Transferência do empregado para localidade diversa da qual resultar do contrato quando desta decorra necessi- dade do serviço, sob pagamento suplementar, nunca inferior a 25% do salário; g) Alteração da função, por motivo de atestado do INSS, no intuito de readaptar o empregado à alguma deficiência, física ou mental, ocorrida durante o contrato de trabalho. Além do mais, existem alterações que são totalmente proibidas, como: rebaixamento de função e redução de salá- rio, e todas sujeitas a consequências. ALTERAÇÃO UNILATERAL E BILATERAL De acordo com o art. 468 da CLT, somente é lícita a alteração contratual por mútuo consentimento, desde que não haja prejuízos diretos ou indiretos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente. Em regra, a alteração contratual unilateral (emanado do empregador), é ilícita, pois pressupõe arbitrariedade. Isso significa que, são lícitas apenas as alterações contratuais realizadas em concordância por ambas as partes. Ressalta-se que, a regra é proibição de alteração contratual por parte do empregador, porém, há casos previstos na lei, que possibilita a realizar mudanças nos contratos como consta no art. 469, §1º, 2º e 3º da CLT: Art. 469 - Ao empregador é vedado transferir o empregado, sem a sua anuência, para localidade diversa da que resul- tar do contrato, não se considerando transferência a que não acarretar necessariamente a mudança do seu domicílio. § 1º Não estão compreendidos na proibição deste artigo: os empregados que exercerem cargos de confiança e aqueles cujos contratos tenham como condição, implícita ou explícita, a transferência. § 2º É lícita a transferência quando ocorrer extinção do estabelecimento em que trabalhar o empregado. § 3º Em caso de necessidade de serviço o empregador poderá transferir o empregado para localidade diversa da que resultar do contrato, não obstante as restrições do artigo anterior, mas, nesse caso, ficará obrigado a um pagamento suplementar, nunca inferior a 25% (vinte e cinco por cento) dos salários que o empregado percebia naquela localida- de, enquanto durar essa situação. O JUS VARIANDI O jus variandi é o poder de direção exercido nos espaços em branco do contrato de trabalho, sendo por meio dele que o empregador introduz unilateralmente, mas sempre dentro de certos limites, variações em relação à prestação de serviços do empregado e à organização empresarial. (ROMAR, 2018, p. 483.) A aplicação desse instituto não afeta a matéria principal do contrato, apenas o seu desenvolvimento. Ainda assim, mediante ponderação e razoabilidade. Importante lembrar, que as cláusulas básicas do contrato não podem ser modificadas, pois a inalterabilidade con- tratual é a regra, sendo as alterações uma exceção prevista no art. 468 da CLT. Desta forma, o jus variandi do empregador não se confunde com as alterações do contrato de trabalho, mesmo ambas as situações referirem a possibilidade de modificações contratuais. (ROMAR, 2018, p. 484) SUSPENSÃO E INTERRUPÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO. CARACTERIZAÇÃO E DISTINÇÃO A suspensão no contrato de trabalho seria uma paralisação na execução do contrato, a qual ocorre de forma tran- sitória desobrigando as partes a cumprirem o que estava pactuado. Quando o empregado está suspenso, o mesmo não trabalha, não recebe salário e não há contagem de tempo de serviço para fins trabalhistas, isto é, há a suspensão dos efeitos do contrato, preservando ainda sua vigência. (ROMAR, 2018, p.503). Já a interrupção no contrato de trabalho, o empregado, por sua vez, deixa de prestar serviços, mas continua rece- bendo normalmente seu salário durante todo o período. O período de interrupção conta como tempo de serviço, como também, tem o recolhimento do INSS e FGTS. (LAPA KARTZMAN, 2018, p. 396) user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 8 D IR EI TO D O T RA BA LH O Suspensão Interrupção Salário Não existe Existe Trabalho Não existe Não existe Tempo de Serviço (INSS e FGTS) Não Conta Conta Quadro (LAPA, KERTZMAN, 2018, P. 396) - Efeitos no contrato Ao tocante nos efeitos do contrato de trabalho, o empregador é proibido de realizar a dispensa sem justa causa enquanto perdurar a suspensão e a interrupção, como também, os empregados são assegurados nas duas modalida- des, o retorno as atividades exercendo sua função, e de auferir todas as vantagens que tenha sido atribuídas em sua ausência, conforme art. 471 da CLT. - Hipóteses de interrupção a) Faltas Justificadas – nessa hipótese o empregado tem-se a necessidade de faltar do labor, no entanto, é justi- ficadamente, e devido a isso os dias em que o contrato estiver interrupto, ele receberá normalmente, de acordo com o art. 473 da CLT. Exemplo: 1- Falecimento do filho, irmão, esposa – interrupção de 2 dias consecutivos; 2- Casou – interrupção de 3 dias consecutivos; 3- Levar filho em consulta médica de até 6 anos – pode interromper 1 vez no ano. b) Férias, Feriados e Repouso Semanal Remunerado Nesses três casos, a lei tutela o trabalhador para poder não laborar e mesmo assim receber seu salário normalmen- te, bem como contar todo esse período como tempo de serviço. c) Lockout O lockout consiste em realizar greve contra o empregador, pois o mesmo, não fornece os instrumentos indispensá- veis para a realização da atividade laboral. Conforme prevê o art. 17 da Lei 7.783/89, em caso do empregado realizar a “greve”, ficará respaldado o direito dele a receber seu salário e contar como tempo de serviço esse período em paralisação. d) Incapacidade para o trabalho Quando o trabalhador esta doente, ou ocorre algum acidente que o impossibilita de laborar por até 15 dias, o contrato de trabalho do mesmo ficará interrupto por este prazo, e ele receberá normalmente seu salário, como também, esses 15 dias computará como tempo de serviço. e) Aborto não criminoso Nessa hipótese, não há atividade laboral, mas a empregada receberá salário-maternidade, que é diferente de salário (o que sai do bolso do empregador). Destaca-se que o salário maternidade é benefício previdenciário, no entan- to, para a maioria das doutrinas, essa hipótese continua sendo interrupção de salário. f) Licença Maternidade A licença maternidade é um direito da empregada gestante, de no mínimo 120 dias, cujo início poderá ocorrer entre o 28º dia antes do parto. (LAPA, KERTZMAN, 2018, p. 401) Conforme o item acima, esse beneficio também é previdenciário, porém, também configura hipótese de interrupção no contrato. - Hipóteses de suspensão a) Suspensão Disciplinar Ocorre quando o empregado comete uma infração média e o empregador o adverte aplicando uma suspensão disciplinar. Referida possibilidade tem previsão legal no art. 474 da CLT e informa que a suspensão pode ser de no máximo 30 dias. b) Falta injustificada Tendo em vista o empregado não ter fornecido uma justificativa plausível a falta, como o mesmo não laborou, não receberá salário. c) Afastamento de dirigente Sindical Conforme art. 543, §2º da CLT, ocorre a suspensão no contrato de trabalho o empregado eleito para cargo sindical ou representação profissional para que ele possa desempenhar suas funções. d) Participação em greve O artigo 7º da Lei de Greve dispõe que o empregadoque participar da greve, terá seu contrato de trabalho suspen- so, e não receberá seu salário no decorrer deste período. Insta salientar que quando, por estipulação de norma coletiva, laudo arbitral ou decisão da justiça, ocorrer o rece- bimento do salário, essa hipótese passará a ser considerada como interrupção. e) Empregado Eleito Diretor Nessa hipótese, o diretor é diferente do funcionário, pois o diretor participa da gestão da empresa, não sendo su- bordinado. Desta forma, não recebe salário, o que ele recebe é pro-labore, ao passo que o empregado recebe salário. Súmula 269 TST (LAPA; KERTZMAN, 2018, p. 406) user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 9 D IR EI TO D O T RA BA LH O f) Acidente e Doença com nexo Ocupacional Quando o empregado adoece ou se envolve em um acidente decorrido de suas funções laborais, e ne- cessita se afastar por mais de 15 dias, o contra- to de trabalho do empregado ficará suspenso, no entanto, será contado como tempo de serviço e o empregador precisa depositar as parcelas referen- tes ao FGTS. g) Acidente e Doença sem Nexo Ocupacional Ocorre quando o empregado adoece ou se envolve em um acidente sem qualquer conexão com suas funções laborais. Nessa hipótese não há contagem de tempo, nem o pagamento de parcelas referente ao FGTS. h) Serviço Militar Obrigatório Essa hipótese ocorre semelhante ao acidente e do- ença com nexo ocupacional, pois, apesar do em- pregado não laborar, pois está em serviço militar, há a computação do tempo de serviço, bem como, tem-se a necessidade do empregador efetuar o pagamento do FGTS. I) Aposentadoria por Invalidez Nessa hipótese, o trabalhador deixa de exercer suas atividades laborais em função de uma incapacida- de para o trabalho. Desta forma, há a interrupção no contrato de trabalho, e se perdura até enquanto permanecer a condição de incapacidade. Art. 475 da CLT. RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO. JUSTA CAUSA. RESCISÃO INDIRETA. DISPENSA ARBITRÁRIA. CULPA RECÍPROCA. INDENIZAÇÃO Essa modalidade de rescisão contratual ocorre quan- do o empregado comete alguma falta grave, conforme elencado no art. 482 da CLT que apresenta as seguintes hipóteses: - improbidade: ato lesivo ao patrimônio do emprega- dor. Ex: Roubo. - incontinência de conduta: comportamento irregular com a moral sexual. Ex: Acesso a site pornográfico. - mau procedimento: comportamento irregular. Ex: Adulteração de cartão de ponto. - negociação habitual ou em serviço: informa a clien- te da empresa que possui produtos com valores inferiores ou iguais ao do empregador, ou que tem outra loja que tem produto com menor custo. - condenação criminal sem sursis: é a condenação do empregado transitado e julgado, do qual ocorre a prisão sem o direito a suspensão da pena. - desídia: Falta de cuidado, zelo na realização das ati- vidades laborais. - embriaguez habitual ou em serviço: nessa hipótese só ocorre a dispensa quando a embriaguez não for considerada causa de doença. - violação de segredo da empresa: divulgação não autorizada de segredos da empresa. - indisciplina: descumprimento de ordem geral de serviço. - insubordinação: descumprimento de ordem pessoal de serviço. - abandono de empregado: ausência continuada no trabalho. - ato lesivo da honra e boa fama: empregado ofende por palavra ou gesto a qualquer um da empresa (não é justa causa quando for legítima defesa). - ofensas físicas: agressões físicas (não é justa causa quando for legitima defesa). - prática de jogos de azar: praticar jogos ilícitos. - perda da habilitação quando for inerente ao desen- volvimento da função: quando a função exigir car- teira de habilitação. Ex. Motorista. RESCISÃO INDIRETA A dispensa indireta define-se como uma forma de extinção do contrato de trabalho por iniciativa do em- pregado, provocada por ato faltoso do empregador. Trata-se de inexecução contratual por parte da empresa empregadora. O art. 483 da CLT apresenta as hipóteses de falta gra- ve do empregador que pode gerar a dispensa indireta do empregado: - Exigir do empregado serviços superiores às suas forças - Exigir serviços defesos por lei - Exigir serviços contrários ao bom costume - Exigir serviço alheio ao contrato - Tratar o empregado com rigor excessivo - Colocar o empregado em situação em que corra perigo manifesto de mal considerável - Não cumprir as obrigações contratuais - Praticar contra o empregado ou a sua família, ato lesivo da honra - Ofender fisicamente o empregado, salvo em legíti- ma defesa própria ou de outrem - Reduzir o trabalho do empregado de forma que afeta seu salário Deste modo, o empregador estará vinculado a efe- tuar o pagamento das seguintes verbas rescisórias: Saldo de Salário, aviso prévio, 13º salário proporcional, Férias vencidas (se houver) +1/3, férias proporcionais + 1/3 e a indenização de 40 % do FGTS. DISPENSA ARBITRÁRIA A rescisão contratual arbitrária, também chamada de “sem justa causa”, é a rescisão contratual unilateral por parte do empregador. Ou seja, o empregador não gostaria mais de ficar com o empregado, e desta forma, rescinde o contrato de tra- balho dele, indenizando-o de todos seus direitos, isto é, efetuará o pagamento das seguintes verbas rescisórias: Saldo de Salário, aviso prévio, 13º salário proporcional, Férias vencidas (se houver) +1/3, férias proporcionais + 1/3 e a indenização de 40 % do FGTS. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 10 D IR EI TO D O T RA BA LH O CULPA RECÍPROCA Este instituto é aplicado sempre quando houver a fal- ta culposa dos dois polos da relação trabalhista. Nos termos do art. 484 da CLT e da Súmula 14, a in- denização do FGTS que seria em 40% será efetuado em 20%, tendo em vista a rescisão contratual ter ocasionado por culpa do empregado e do empregador. Neste diapasão, o empregador terá que efetuar o pa- gamento das seguintes verbas rescisórias: Saldo de salá- rio, 50% do valor do aviso prévio, 50% do valor do 13º salário proporcional, Férias vencidas (se houver) +1/3, férias proporcionais + 1/3 e a indenização de 20 % do FGTS. INDENIZAÇÃO Quando o contrato de trabalho é rescindindo sem culpa do trabalhador, o empregador deve pagar a por- centagem de 40% dos depósitos realizados para o Fundo de Garantia de Tempo de Serviço. Esse valor é como se fosse uma multa da qual o empregador paga ao funcio- nário por dispensá-lo sem culpa. AVISO PRÉVIO O aviso prévio é o documento exigido nas rescisões contratuais sem justa causa ou pedido de demissões, o qual, o empregador ou o empregado, dá a outra parte, como ciência de que esta rescindindo o contrato de tra- balho, conforme previsão legal art. 487 à 491 da CLT. No Direito do Trabalho, existem duas formas de aviso prévio: a) Aviso Prévio Trabalhado: o empregado trabalha normalmente durante o período, não importando se a decisão de desligamento foi tomada por parte dele ou pelo empregador. b) Aviso Prévio Indenizado: a empresa dispensa o co- laborador e paga a ele o valor correspondente ao seu aviso prévio proporcional, de modo que o fun- cionário não precise trabalhar durante o período. Caso o empregado decida sair da empresa sem dar o respectivo aviso prévio, o mesmo deverá indenizar esse período o empregador. O aviso prévio vem com a finalidade de possibilitar ao empregador de achar um novo trabalhador, como tam- bém, dar a oportunidade do empregado achar um novo emprego. A duração do aviso prévio varia com o tempo que o trabalhador tem de serviço, isto é, se o trabalhadorlabo- rou na empresa por até 1 ano, para ele será concedido o aviso prévio de 30 dias. Nesse sentido, a cada 30 dias de aviso prévio, serão acrescido mais 3 dias a cada ano de trabalho, podendo chegar ao limite de 90 dias de aviso prévio. Ex: João tra- balhou na empresa “X” por 5 anos, receberá a titulo de aviso prévio, 42 dias. Importante ressaltar, que esse período de aviso pré- vio, também conta para efeitos de tempo de serviço. ESTABILIDADE E GARANTIAS PROVISÓRIAS DE EMPREGO. FORMAS DE ESTABILIDADE. DESPEDIDA E REINTEGRAÇÃO DE EMPREGADO ESTÁVEL “Estabilidade é o direito do trabalhador de perma- necer no emprego, mesmo contra a vontade do empre- gador, enquanto existir uma causa relevante e expressa em lei que permita sua dispensa” (Amauri Mascaro Nas- cimento). ESTABILIDADE E GARANTIA DE EMPREGO Estas duas figuras não se identificam embora seja muito próximas. Garantia de emprego é um instituto mais amplo que a estabilidade. Compreende, além da estabilidade, outras medidas destinadas a fazer com que o trabalhador obtenha o primeiro emprego e a manuten- ção do emprego conseguido. Relaciona-se com a política de emprego. São exemplos: o art. 429 da CLT, que impõe emprego a menores aprendizes; o art. 513 da CLT, que prioriza a admissão de trabalhadores sindicalizados, etc. A única estabilidade que realmente atingia o objetivo de manter o trabalhador no emprego é aquela adquirida aos dez anos de serviço na mesma empresa, prevista no art. 492 da CLT. Com a criação do FGTS (Lei 5.107/66) a estabilidade decenal só atingia aos não-optantes do sistema do FGTS. A CF/88, por sua vez, tornou o regime do FGTS obrigatório. Com isso só possuem estabilidade decenal aqueles que adquiriram 10 anos de serviço até 04.10.88, não sendo optantes do regime do FGTS. Desta forma a CF de 05.10.88 aboliu o regime da estabilidade absoluta, com exceção dos servidores pú- blicos civis da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, da administração direta autárquica e das funções públicas, em exercício na data da promulgação da constituição, há pelo menos cinco anos continuados, admitidos através de aprovação prévia em concurso pú- blico, na forma do art. 37 da Constituição, são considera- dos estáveis no serviço público (art. 19 do ADCT). Face ao exposto, alguns autores consideram a estabi- lidade decenal e a dos servidores públicos como absolu- ta, sendo as demais estabilidades provisórias, termo este criticado por alguns autores, tendo em vista que o termo estabilidade é contrário ao termo provisório. Classificação morfológica mais recente: a) estabilidade definitiva (absoluta): empregado de- cenal e empregado público. b) estabilidade temporária (provisória): dirigente sin- dical, representante dos trabalhadores no CNPS, dirigente de associação profissional; c) garantia de emprego (relativa): cipeiro e gestante; d) garantias especiais (híbridas): acidentado, menor aprendiz matriculado no SENAI ou no SENAC (DL user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 11 D IR EI TO D O T RA BA LH O 8.622/46), Lei 9.029/95 (art. 4) e NR-7, precedentes normativos 80 (empregado alistando), 85 (empre- gado aposentando), 77 (empregado transferido) e as garantias de emprego provenientes de Sen- tenças normativas, acordos coletivos e convenções coletivas. Diferença essencial entre estabilidade e garantia de emprego: o empregado estável só pode ser despedido quando cometer falta grave devidamente apurada atra- vés de inquérito judicial. O empregado detentor de ga- rantia de emprego pode ser despedido por justa causa, diretamente. HIPÓTESES DE ESTABILIDADE NO EMPREGO a) os empregados, urbanos e rurais, salvo os domés- ticos, não optantes do FGTS, que completaram dez anos de serviço na mesma empresa ou grupo de empresas, até 05 de outubro de 1998, também de- nominada estabilidade decenal. b) os empregados eleitos para órgãos de administra- ção das entidades sindicais (sindicatos, federações e correspondentes suplentes, desde o registro da candidatura até um ano após o final do mandato (art. 8º, VIII, da CF e o parágrafo 3º do art. 543 da CLT), inclusive os que atuam na atividade rural (pa- rágrafo único do art. 1º da Lei 5.889/73). c) os empregados eleitos por entidade sindical para representantes, e respectivo suplente da categoria, grupo ou ramo profissional em tribunal do traba- lho, conselho de previdência social ou colegiado de outros órgãos públicos (arts. Citados na alínea anterior). d) os empregados eleitos para o cargo de direção e representação (art. 511 da CLT), a partir do registro da candidatura até um ano após o final do manda- to (parágrafo 3º do art. 543 da CLT). e) os empregados eleitos diretores de cooperativas por ele criadas nas empresas em que trabalham (Lei 5.764/71); f) os servidores públicos civis da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, da adminis- tração direta, autarquias e fundações de direito público, admitidos sob o regime trabalhista (CLT – FGTS) e em exercício na data da promulgação da Carta Magna de 1988 há, pelo menos, cinco anos contínuos, ressalvada a hipótese de cargo, função ou emprego de confiança ou em comissão (art. 19 do referido ato). g) os titulares e suplentes da representação dos tra- balhadores no Conselho Nacional (da Previdência Social, até um ano após o término do mandato (art. 3º, parágrafo 7º da Lei 8.213/91). h) os titulares e suplentes da representação dos tra- balhadores no Conselho Curado do FGTS, até um ano após o término do mandato (art. 3º, parágrafo 9º da Lei 8.036/90). i) os titulares e suplentes de representação da CIPA, até um ano após o término do mandato (art. 10, II, a, do ADCT e 165 da CLT). j) à empregada, desde a confirmação da sua gravi- dez até cinco meses após o parto (art. 10, II, “b” do ADCT). l) ao empregado que sofreu acidente do trabalho pelo prazo de doze meses, após a cessação do au- xílio-doença acidentária da Previdência Social, independentemente da percepção de auxílio-aci- dente (art. 118 da Lei 8.213/91). ESTABILIDADE PROVISÓRIA DO DIRIGENTE SINDI- CAL Nos termos do art. 8, VIII da CF/88 e do parágrafo 543 da CLT: é vedada a dispensa do empregado sindicalizado, a partir do registro de sua candidatura a cargo de direção ou representação sindical até um ano após o final de seu mandato, caso seja, eleito, salvo se cometer falta grave, nos termos da Lei (art. 482 da CLT). Esta disposição es- tende-se aos trabalhadores rurais atendidas as condições estabelecidas pelo art. 1 da Lei 5.889/73. O empregado que renunciar à sua função de dirigen- te sindical, estará renunciando, consequentemente, sua estabilidade, ficando passível de dispensa arbitrária. Cumpre observar, ainda, que esta estabilidade abran- ge somente aos dirigentes sindicais da categoria a que pertencerem os empregados, não estendendo-se a cate- goria profissional diversa. O empregado dirigente sindical não poderá ser im- pedido de prestar suas funções, nem ser transferido para local ou cargo que lhe dificulte ou torne impossível o de- sempenho de suas atribuições sindicais. ESTABILIDADE RELATIVA (GARANTIA DE EMPRE- GO) DE EMPREGADO MEMBRO DA CIPA Para analisarmos esta hipótese de estabilidade provi- sória, faz-se necessário descrever dois dispositivos legais, senão vejamos: Dispõe o caput do art. 165 da CLT (decreto-lei n.º 5.452 de 1º.05.1943): «os titulares da representação dos empregados nas CIPA(s) não poderão sofrer despedida arbitrária, entendendo-se como tal a que não se fundar em motivo disciplinar, técnico, econômico ou financei- ro». Reza o inciso II, do art. 10 do ato das disposições constitucionais transitórias que “até que seja promul- gada a lei complementar a que se refere o art. 7º, I, da Constituição, fica vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa do empregado eleito para cargo de direção de comissões internas de prevenção de acidentes,desde o registro de sua candidatura até um ano após o final de seu mandato”. Lavra controvérsia sobre a extensão, ou não, dessa proteção aos suplentes dos membros empregados da CIPA. Predomina na jurisprudência atual o entendimento de que tal estabilidade entende-se ao suplente da CIPA fundamentando-se sobretudo porque se os suplentes forem dispensados livremente pelo empregador, surgirá impossibilidade de cumprir-se a lei no caso de um titular da CIPA ficar impedido de prosseguir no desempenho de seu mandato. O Enunciado n.º 339 do TST, de 22.12.1994, da guarida a este entendimento. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 12 D IR EI TO D O T RA BA LH O Destaca-se que essa garantia só favorece ao suplente do representante dos empregados. Outra questão acerca deste assunto que suscita dú- vida de interpretação da lei é em relação ao alcance da estabilidade a todos os membros titulares (art. 165 da CLT) ou somente aos que exercem cargos de direção (art. 10, II, “a” do ADCT) na CIPA. O entendimento predomi- nante a esse respeito, posiciona-se favorável ao alcance limitado aos membros eleitos para cargos de direção da CIPA, baseado no fato de não ter a CF/88 conferido ex- pressamente alcance a outros membros. GARANTIA DE EMPREGO (ESTABILIDADE HÍBRIDA) DO EMPREGADO QUE SOFREU ACIDENTE DO TRABA- LHO O art. 118 da Lei 8.213/91 garante ao empregado, ví- tima de acidente do trabalho, o emprego por 12 meses após a cessão do auxílio-doença acidentário. Quem se acidenta e volta ao serviço, nos primeiros quinze dias de afastamento remunerado pela empresa, não é contemplado com a garantia de emprego durante o período acima indicado. Assim é porque, nos termos da lei específica, o pressuposto da questionada garantia é a percepção do auxílio-doença acidentário a qual só se efetua a partir do 16º dia após o acidente. Esse assunto suscita dúvida pois o art. 7º, I, da CF/88 dispõe como direito do trabalhador urbano e rural “re- lação de emprego protegida contra despedida arbitrá- ria ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos”, sendo constantemente utilizado como tese de defesa ser carente de lei complementar, geralmente não obtendo êxito. GARANTIA DE EMPREGO DA EMPREGADA GESTANTE Dispõe o art. 10, “b”, do ADCT que possui garantia de emprego da confirmação da sua gravidez até cinco meses após o parto. Sinale-se que a base de início da estabilidade é a con- firmação da gravidez, e não sua comprovação, a garantia referida independe de ter, a empresa, ciência do alegado fato. Na prática, é bom dizer-se, a estabilidade da gestante tem muito de relativa, pois sua curta duração não per- mitirá a reintegração no emprego, se houver despedida injusta ou arbitrária pelo empregador, antes de sua ex- piração, dada a reconhecida demora na tramitação dos processos de dissídios trabalhistas. Assim, reconhecido o direito da empregada gestante, e estando terminando o prazo de garantia, sua reparação se resolve pelo paga- mento de salários e todas as demais vantagens corres- pondentes ao período do afastamento ilegal. Analisadas as hipóteses mais comuns de estabilidade, abordaremos alguns aspectos essenciais acerca deste as- sunto e que invariavelmente geram dúvidas. ESTABILIDADE E CONTRATO POR PRAZO DETERMI- NADO A estabilidade decorrente de contrato de trabalho por prazo indeterminado impede dispensa do emprega- do. Entretanto, no término normal de contrato por pra- zo determinado, inclusive de experiência que é o mais comum, o desligamento será possível no último dia do contrato, sem ônus para a empresa, porque a hipótese não será de dispensa, mas de desligamento decorrente da extinção normal do contrato, face à transitoriedade desta modalidade contratual. ESTABILIDADE E AVISO PRÉVIO É inadmissível a concessão de aviso prévio a empre- gado que goza de garantia de emprego, considerada a diversidade da natureza jurídica de ambos os institutos. O aviso prévio objetiva a procura de um novo empre- go e a estabilidade propicia tranquilidade ao empregado no sentido de que pode contar com o emprego atual, sendo, assim suas finalidades diversas e anatômicas. Assim, quando a empresa demiti-lo sem justa causa, deverá conceder-lhe o aviso prévio após o último dia de estabilidade, para não suprimir 30 dias de tempo de ser- viço do empregado. Quando à ocorrência do fato gerador da estabilidade no curso do aviso prévio, não é pacífico o entendimen- to no sentido de ser ou não devido o direito à garantia de emprego, face a inexistência de legislação específica a respeito. Todavia o entendimento predominante é de que a estabilidade adquirida durante o prazo de aviso prévio não impossibilita a rescisão do contrato de traba- lho respectivo eis que já sujeito a termo. APOSENTADORIA E ESTABILIDADE Outro aspecto que gera dúvida é se a aposentadoria do empregados estável extingue a estabilidade? Depen- de da continuidade ou não do contrato de emprego ce- lebrado. Se o empregado estável se aposentar mas perma- necer em vigor o mesmo contrato, ele continua estável. Entretanto, se com a aposentadoria extinguir-se o pacto laboral, sendo posteriormente recontratado o emprega- do não possui mais estabilidade. EXTINÇÃO DA ESTABILIDADE O direito de estabilidade no emprego visa a impe- dir, como já registramos, que o empregador, quando lhe convier, denuncie o respectivo contrato de trabalho, pa- gando, embora, ao empregado, a indenização proporcio- nal ao tempo de serviço. Daí dizer-se que o empregado estável tem direito ao emprego, não podendo dele ser despedido senão nas hipóteses expressamente previstas em lei, na forma e nas condições que ela estabelecer. Se o empregado estável praticar uma falta grave, seu em- pregador poderá demiti-lo, mas terá de provar, perante a Justiça do Trabalho, a prática dessa falta dela obter a prévia autorização para resolver o contrato de trabalho (arts. 494 e 652, letra “b”, da CLT). É importante ressaltar que se o empregador não sus- pender o empregado e requerer o inquérito judicial no prazo de até trinta dias, contados da suspensão, enten- de-se que há perdão tácito nos termos do art. 453 da CLT, decaindo tal direito Baseado no princípio fundamental do Direito do Tra- balho da Irrenunciabilidade de Direitos o empregado não pode renunciar direito de estabilidade. Mesmo quando user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 13 D IR EI TO D O T RA BA LH O ocorrer extinção do estabelecimento em que o estável trabalha e haverem outras filiais em funcionamento, o empregado só poderá transferi-lo sem a sua anuência, se ocorrer motivo de força maior (acontecimento extraor- dinário e imprevisível, que o empregador não der causa, ex.: incêndio, enchente), nos termos do art. 498 da CLT. Caso contrário o empregador deverá indenizá-lo em do- bro (art. 497 da CLT). Desta forma, só é válida a rescisão contratual de em- pregado estável quando o mesmo pede demissão sendo assistido por seu respectivo sindicato, ou se não houver, perante autoridade local competente do Ministério do Trabalho (Delegacias Regionais), ou pela Justiça do Tra- balho, na forma do art. 500 da CLT. É recomendável, na homologação final, fazer constar que o trabalhador tem ciência de que está abrindo mão dos direitos decorrentes da estabilidade, de forma a estar se demitindo conscientemente. Esta anotação, entretan- to, não se faz obrigatório, servindo apenas para evitar futura ação judicial com base em fraude. REINTEGRAÇÃO DO EMPREGADO Em se tratando de reintegração de empregado, a princípio deverá ser observado o disposto na própria sentença judicial, sendo que, na omissão desta, pode- rá haver a compensaçãodas verbas pagas em rescisão contratual, na forma de desconto a ser acordada entre as partes, computando-se todo o tempo posterior à dis- pensa, inclusive o período em que o empregado ficou parado aguardando decisão judicial. Na hipótese dos valores pagos a título de rescisão contratual serem insuficientes quando comparados aos salários que deveriam ter sido pagos durante o período em que o empregado ficou afastado aguardando a deci- são judicial, sobre a diferença a ser paga ao empregado haverá incidência previdenciária. Para que a reintegração se concretize, com todos os seus efeitos jurídicos, pouco importa que o empregador haja obtido outro emprego durante o afastamento ou que a empresa tenha sofrido alteração na sua proprie- dade. Entretanto, quando o Juiz verificar a impossibilidade de reintegração do empregado, poderá determinar a in- denização dos valores devidos a empregado durante ao longo do processo, caso seja formulado, obviamente, o pedido alternativo de reintegração ou indenização. Fonte: < https://jus.com.br/artigos/1197/estabilidade-e-ga- rantia-de-emprego> DURAÇÃO DO TRABALHO. JORNADA DE TRABALHO. PERÍODOS DE DESCANSO. INTERVALO PARA REPOUSO E ALIMENTAÇÃO. DESCANSO SEMANAL REMUNERADO. TRABALHO NOTURNO E TRABALHO EXTRAORDINÁRIO. SISTEMA DE COMPENSAÇÃO DE HORAS A jornada de trabalho é o tempo que o empregado fica a d isposição do empregador, aguardando ou execu- tando ordens em dado período (dia ou semana), como decorrência do contrato de trabalho. É o tempo máxi- mo previsto para a execução dos encargos decorrentes da relação de emprego, sem a prestação de serviços ex- traordinários. (SUSSEKIND, p. 812) Ainda assim, definida pela Constituição Federal, em seu art. 7º, XIII, a jornada regular de trabalho é de 8 horas diárias ou 44 horas semanais, com acréscimo máximo de 2 horas extras por dia. Importante ressaltar, que a Reforma Trabalhista trou- xe 2 grandes mudanças significativas quanto a esse tó- pico. a) Tempo a Disposição: Conforme previsão legal no art. 4º, §2º da CLT, não será mais considerado tem- po á disposição quando o empregador por escolha própria, buscar proteção pessoal (em caso de más condições climáticas ou de vias públicas perigosas) bem como, entrar ou permanecer na empresa para realizar atividades particulares como: lazer, des- canso, estudo, alimentação e etc. Ainda assim, no art. 58, §2º da CLT, o legislador aca- bou com as horas in itinere, não considerando mais o tempo despendido de casa ao trabalho como tempo a dis- posição em nenhuma hipótese. b) Livre estipulação da jornada de trabalho: Atual- mente com a inovação do texto legal que traz o art. 611-A da CLT, a jornada de trabalho poderá ser estabelecida através de acordo coletivo e con- venção coletiva de trabalho, pois esses documen- tos prevaleceram quanto a CLT. Ainda assim, no art. 611-B da CLT, passou adequar 50% sobre o valor da hora normal, em casos em que o trabalhador laborar no período noturno e também reali- zar horas extras. Com a implantação do art. 611-A da CLT, a jornada de trabalho alterou-se, principalmente, nesses seguimentos: 12x36 A possibilidade de adequar esse tipo de jornada a qualquer contrato de trabalho, a partir de convenção e acordo coletivo, é uma inovação que veio junto com a Lei nº 13.467/2017. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 14 D IR EI TO D O T RA BA LH O Jornada Parcial A jornada parcial, atualmente, possibilita através de acordo e convenções coletivas a aplicação do empregado labo- rar 30 horas semanais sem possibilidade de realização de horas extras, ou então, laborar por 26 horas semanais, com até 6 horas extras. Sobreaviso e prontidão O regime de horas de prontidão é previsto no art. 244, §3º da CLT e é caracterizado quando o trabalhador fica nas dependências da empresa aguardando ordens. A escala de prontidão não pode ultrapassar 12 horas, as quais serão remuneradas à base de 2/3 do valor da hora normal de trabalho. Já o regime de horas em sobreaviso, está previsto no art. 244, §2º da CLT e estabelece que o empregado aguardará eventual chamado em sua residência , de acordo com as escalas que o empregador realizar, não podendo ultrapassar 24 horas, as quais são remuneradas com 1/3 do valor da hora normal de trabalho. PERÍODOS DE DESCANSO O período de descanso do trabalho serve para o funcionário se recompor psicologicamente, fisicamente, bem como, manter a higiene pessoal e alimentação. Neste diapasão, além dos descansos comuns (intervalo intrajornada e interjornada) que veremos a seguir, em algu- mas profissões é obrigatório um intervalo diferenciado para a continuação e prosseguimento do trabalho. Veja abaixo o quadro ilustrativo, com alguns exemplos: ATIVIDADE DURAÇÃO DO TRABALHO DURAÇÃO DO INTERVALO Serviços de digitação 90 minutos 10 minutos Serviços de ambiente artificialmente frio 1 hora e 40 minutos 20 minutos Serviço em minas de subsolo 3 horas 15 minutos Jornada de Trabalho para menores Jornada normal 15 minutos Serviço de Telefonia 3 horas 20 minutos Amamentação _ 2 intervalos de 30 minutos INTERVALO PARA REPOUSO E ALIMENTAÇÃO Os períodos de repouso podem ser considerados tanto em relação a jornada diária de trabalho, como ao módulo semanal de jornada. No primeiro caso, abrangem os intervalos que devem ser concedidos durante a jornada de traba- lho (intervalo intrajornada), já no segundo caso, é o intervalo que separam de uma jornada de outra (intervalo inter- jornada). Na segunda hipótese, referem-se aos descansos semanais que devem ser concedidos entre uma semana e a outra de trabalho e, ainda, aos feriados que, por força de lei, excepcionalmente impõem descanso aos empregados. Por fim, também deve assegurar as férias aos empregados, que é dado anualmente. - Intervalo intrajornada Nos termos do art. 71 da CLT, em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda de seis horas, é obrigatória a concessão de um intervalo não remunerado para repouso ou alimentação, o qual será, no mínimo, de 1 hora e, salvo acordo escrito ou contrato coletivo em contrário, não poderá exceder à 2 duas horas. No entanto caso o trabalhador laborar entre 4h e 6h, ele terá 15 minutos de descanso. FIQUE ATENTO! O intervalo para repouso e alimentação poderá ser alterado para menos de 1h e no mínimo 30 minutos, ou até mesmo a cima de 2horas a partir de acordo ou convenção coletiva, conforme previsão legal no art. 611-A, III da CLT Em caso de supressão desse intervalo, o empregador deverá indenizar o trabalhador, de acordo com o art. 71, §4º da CLT, com acréscimo de no mínimo 50% sobre a hora normal. - Intervalo interjornada O intervalo interjornada está previsto no art. 66 da CLT, o qual tutela o direito do trabalhador em descansar o pe- ríodo de 11 horas consecutivo após uma jornada de trabalho. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 15 D IR EI TO D O T RA BA LH O Caso o empregador desrespeite esse intervalo, ele será compelido a pagar a integralidade das horas sub- traídas acrescidas de 50% da hora normal do empregado. Importante destacar que, existe situações excecionais como: regime de trabalho 12x36 e o de revezamento, que não dão direito a esse intervalo, pois são organiza- dos de outra forma. DESCANSO SEMANAL REMUNERADO Consagrado pelo art. 7º, XV da CF e art. 65 da CLT, é assegurado aos empregados um descanso de no mínimo 24 horas consecutivas, uma vez na semana, preferencial- mente aos domingos, recebendo a devida remuneração. Esse descanso é obrigatório, e em caso de supressão por parte do empregador, o mesmo deve fornecer outro dia de folga compensatória ou então, pagá-lo em dobro pelo trabalho exercido. Ainda assim, vale lembrar, que o art. 611 da CLT possibilidade a mudança conforme con- venção ou acordo coletivo. Importante destacar, as faltas injustificadas do em- pregado durante a semana,implicam na perca do direito ao descanso semanal remunerado, bem como em des- conto salarial do dia. Destaca-se, ainda, que em turnos específicos como: 12x36, a remuneração pactuada abrange o sistema men- sal, não sendo devida remuneração a cerca de eventual “supressão” (Art. 59-A, §1º da CLT). TRABALHO NOTURNO, TRABALHO EXTRAORDINÁ- RIO E SISTEMA DE COMPENSAÇÃO DE HORAS O trabalho noturno tem a tutela prevista em lei, e ocorre quando o empregado trabalho no período notur- no. EMPREGADO URBANO -Das 22h às 5h -hora noturna reduzia= 52´30´´ -Adicional de 20% EMPREGADO RURAL -Agricultura: 21h às 5h -Pecuária: 20h às 4h - Não há hora noturna reduzia -Adicional de 25% PORTUÁRIOS -Das 19h às 7h - Não há hora noturna reduzia -Adicional de 20% ADVOGADOS EMPREGADOS -Das 20 às 5h -Não há hora noturna reduzia -Adicional de 25% MENOR DE 18 ANOS Proibido Com a realização do trabalho noturno surge para o empregado o direito ao recebimento do adicional no- turno, o qual esta fundamentado no art. 73 da CLT, e sua remuneração terá um acréscimo de no mínimo 20%, so- bre a hora diurna. - Horas extras A jornada extraordinária é realizada além da jornada normal do trabalhador, seja máxima ou especial. A jor- nada extraordinária pode ocorrer tanto antes do início da jornada normal, como após o seu término, ou ainda, durante a jornada quando existir trabalho nos intervalos intrajornadas. (ROMAR, 2018, p. 363) A jornada extraordinária tem como cumprimento má- ximo 2 horas extras e deverá ser remunerada com acrés- cimo mínimo de 50% sobre a hora normal, aplicando-se os seguintes divisores: -jornada de trabalho de 44 horas semanais: divisor 220 -jornada de trabalho de 40 horas semanais: divisor 200 -jornada de trabalho de 6 horas diárias: divisor 180 Quanto a jornada em locais insalubres, é permitido ao trabalhador realizar hora extraordinária, no entanto, ten- do a licença prévia do Ministério do Trabalho, conforme art. 60 da CLT. Porém, o art. 611-A, XII da CLT, dá a possi- bilidade do empregador, através de convenção e acordo coletivo (afastando a prévia autorização do Ministério do Trabalho), poderão dispor sobre a realização de horas ex- tras em locais insalubres. Ainda assim, destaca-se, que para as jornadas 12x36 também fora permitida a realização de horas extras em locais insalubres de acordo com o parágrafo único do art. 60 da CLT. A realização de horas extras habituais, iraá integrar o salário do obreiro para todos os efeitos legais, refletindo em parcelas trabalhistas (13º salário, férias, fgts, dsr, avi- so prévio, parcelas previdenciárias, gratificações e inde- nizações por tempo de serviço. Súmulas 115 e 24 do TST) - Horas extras por força maior ou de serviços ina- diáveis Com previsão legal no art. 61 da CLT, é possível a realização de horas extras em decorrência de serviços inadiáveis, necessidade imperiosa e decorrente de força maior. Caso estejam presentes esses requisitos, o emprega- dor esta dispensado da obrigatoriedade de previsão em convenção ou acordo coletivo, bem como, comunicação prévia ao Ministério do Trabalho, podendo assim exigir do empregado o labor em jornada extraordinária, remu- nerando-o 50% a mais da sua hora normal. - Supressão de horas extras. Caso o empregado realize horas extras habituais, con- forme a súmula 291, o empregador que desejar retirá-las, deverá indenizar o obreiro em um mês para cada ano ou fração igual ou superior a seis meses de prestação de serviço acima da jornada normal. - Sistema de compensação de jornada O instituto da compensação de jornada surgiu para substituir o pagamento das horas extras que o trabalha- dor realizava dentro da empresa. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 16 D IR EI TO D O T RA BA LH O Assim, para haver a compensação, fora criado o “banco de horas semestral”, o qual esta previsto no art. 59,§5º da CLT e pode ser estabelecido por acordo individual escrito, e também, foi criado o banco anual, conforme rege o art. 611-A da CLT. Vejamos: CLT. art. 59º,§ 5º. O banco de horas de que trata parágrafo § 2º deste artigo poderá ser pactuado por acordo individual escrito, desde que a compensação ocorra no período máximo de seis meses. CLT, art. 611-A. A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho têm prevalência sobre a lei quando, entre outros, dispuserem sobre: (...) II- banco de horas anual; Outra mudança drástica fora quanto o entendimento sobre as horas extras, conforme traz o art. 59-B da CLT: CLT, art. 59-B. O não atendimento das exigências legais para a compensação de jornada, inclusive quando estabeleci- da mediante acordo tácito, não implica a repetição do pagamento das horas excedentes à jornada normais diárias se não ultrapassada a duração máxima semanal, sendo devido apenas o respectivo adicional. Ex: O empregado que trabalha com banco de horas que foi feito por acordo tácito, que não é permitido somente por acordo escrito, trabalhou durante 44 horas na semana sendo que, laborou alguns dias mais que oito horas e nos outros dias trabalhou de modo que completou às 44 horas da semana. Por mais que tivesse dias que ele trabalhou mais que 8 horas, ele não ultrapassou a duração máxima semanal de 44 horas. Portanto, ele não vai receber as horas que ele trabalhou a mais como extra, somente fará jus ao adicional de 50% sobre cada uma delas. (MELO SOUSA, 2017) A Lei nº 13.467/2017 também inovou com o art. 59-B, parágrafo único, CLT, afirmando que a prestação de horas ex- tras habituais não descaracteriza o acordo de compensação de jornada e o banco de horas. Indo com isso de encontro ao que era entendido na Súmula 85, IV, TST. (MELO SOUSA, 2017) SÚMULA 85, IV, TST. A prestação de horas extras habituais descaracteriza o acordo de compensação de jornada. Nesta hipótese, as horas que ultrapassarem a jornada semanal normal deverão ser pagas como horas extraordinárias e, quanto àquelas destinadas à compensação, deverá ser pago a mais apenas o adicional de trabalho extraordinário. Período de Compensação Forma do Acordo de Compensação Anual Convenção Coletiva ou Acordo Coletivo Semestral Convenção Coletiva, Acordo Coletivo ou Acordo individual escrito Mensal Convenção Coletiva, Acordo Coletivo ou Acordo individual escrito ou tácito. QUADRO (ROMAR, 2018, p. 368) Ainda assim, lembra-se, que existe a compensação de horas extras dentro da semana, ou no máximo, compensada dentro de uma semana para outra. Semana inglesa: ocorre quando o empregado realiza hora extra em um dia, e dentro daquela mesma semana, com- pensa aquela hora extra trabalhada. Ex: Trabalha-se 4 horas a mais de segunda a sexta, para poder no sábado tirar de folga. Semana espanhola: ocorre quando em uma semana o empregado labora a mais, para que possa compensar na outra semana. Ex: labora 48 horas semanais, nesta semana, pois, na próxima, ele irá laborar 40h. Esses dois tipos de compensações podem ser realizados através de acordo individual expresso ou tácito, entre o empregado e o empregador. SALÁRIO-MÍNIMO. IRREDUTIBILIDADE E GARANTIA Nos dias de hoje, o salário mínimo é regido pela Lei nº 12.382/2011 e foi criado com a finalidade de reduzir as ex- tremas diferenças de valores entre as regiões e categorias profissionais do país. Ainda assim, resguardado pelo art. 7, IV da CF/88, o salário mínimo é uma proteção do salário remuneratório do trabalhador, afim de se coibir valores absurdamente baixos em relações trabalhistas, no intuito de fornecer uma vida digna ao obreiro e sua família. Tendo sua previsão em lei, o salário mínimo é nacionalmente unificado, sendo proibido pagamento a menor e deve atender necessidades básicas como: moradia, alimentação, educação, lazer, higiene, transporte, vestuário e previdência social. (ROMAR, 2018, p. 454) user Realce user Realce userRealce user Realce user Realce user Realce user Realce 17 D IR EI TO D O T RA BA LH O Irredutibilidade e garantia O Princípio da Irredutibilidade Salarial está consagrado no art 7º, VI, da Constituição Federal, trazendo em seu texto normativo que o salário do trabalhador é irredutível, salvo convenção ou acordo coletivo que autorize essa redução. Deste modo, a possibilidade de redução salarial ressalva a autorização do sindicato, pois o princípio em tela, ansiava por proteção do salário do obreiro, afim de impossibilitar a instabilidade financeira. Contudo, importante lembrar, que o art. 611 da CLT, autorizou a ampla flexibilização e, apesar de ter enumerado as matérias que podem ser negociadas (reduzidas ou suprimidas), o seu caput aponta a expressão “entre outras”, permitin- do a ampliação dos direitos submetidos à negociação coletiva. (CASSAR, 2017, p. 60). FÉRIAS. DIREITO A FÉRIAS E SUA DURAÇÃO. CONCESSÃO E ÉPOCA DAS FÉRIAS. REMUNERAÇÃO E ABONO DE FÉRIAS O art. 7º, XVII da Constituição Federal, declara que todos os empregados tem o direito de férias remuneradas anual- mente, com pelo menos 1/3 de acréscimo no salário. O trabalhador adquirirá o direito de Férias, após laborar 12 meses, e terá o direito de tirar 30 dias de férias. As férias são períodos de descanso que devem ser usufruídos ao longo da vigência do contrato de trabalho, pois tem a finalidade de permitir que o empregado recomponha suas energias físicas e mentais, para que volte a sua função laboral revitalizado. Normalmente, o tempo de férias para o trabalhador que laborou por 12 meses, é de 30 dias de descanso. Caso o trabalhador faltou do trabalho justificadamente, nada se altera nesses dias, caso o trabalhador faltou injus- tificadamente, será aplicada as férias da seguinte maneira de acordo com o art. 130 da CLT. FALTAS INJUSTIFICADAS DURAÇÃO DAS FÉRIAS Até 5 faltas 30 dias De 6 a 14 faltas 24 dias De 15 a 23 faltas 18 dias De 24 a 32 faltas 12 dias Mais de 32 faltas Perde o direito de férias FIQUE ATENTO! Candidato, memoriza apenas a primeira linha do quadro que ensina até 5 faltas injustificadas. Para as linhas seguintes do quadro, basta observar que o número de faltas cresce de 09 em 09 dias, ao passo que a duração das férias diminui de 06 em 06. Se tiver familiares laborando dentro da mesma empresa, os mesmo poderão ter a oportunidade de gozar as férias juntos, se o evento não causar prejuízo para a empresa e se fizerem o pedido, conforme o art. 136, §1º da CLT. Ainda assim, importante destacar que o art. 136, §2º, informa que os estudantes possuem o direito de tirar férias junto com as férias escolares. #FicaDica Concessão e época das férias Após adquirir o direito das férias, o gozo das férias ocorrerá no período concessivo. O qual se encontra nos 12 meses seguintes. Conforme o art.136 da CLT, é o empregador quem escolhe quando o empregado ira tirar férias. No entanto, o mes- mo tem o dever de avisa-lo com antecedência mínima de 30 dias. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 18 D IR EI TO D O T RA BA LH O Remuneração e abono de férias O pagamento das férias será realizado 2 dias antes do início do descanso, conforme art. 145 da CLT, e será pago a título de férias, o valor correspondente ao salário do empregado, acrescido das demais verbas salariais com mais um 1/3 do salário. Ex: Funcionário ganha o valor de R$ 1000,00, e mais R$ 500,00 de outras verbas salariais. O salário do em- pregado totaliza R$ 1.500,00. Quando for sair de férias, o mesmo ganhará R$ 1.500,00 mais 1/3 do salário que é R$ 500,00, os quais totalizam uma verba de R$ 2.000,00. Em caso de rescisão contratual antes de completar 12 meses. O empregador deverá pagar férias proporcionais ao obreiro, na forma que tem-se que calcular o valor das férias, com o respectivo terço. Encontrado o valor, divi- de-se por 12 (número de meses do período aquisitivo) e em seguida multiplica-se pela quantidade de meses trabalhados (incluindo projeção do aviso prévio). (LAPA, KERTZMAN, 2018, p. 294). Já no caso do empregador não conceder as férias no período correto ou não conceder em período nenhum, o mesmo deverá efetuar o pagamento das férias em do- bro, conforme o art.134 e 147 da CLT. Após ter alcançado o período aquisitivo, o emprega- do entra no período concessivo. Nesse período conces- sivo de 12 meses, o empregador é obriga a conceder as férias ao funcionário, sob pena de efetuar o pagamento em dobro, conforme Sumula 450 do TST. - Fracionamento e Abono de Férias Com a Reforma Trabalhista, o instituto do fraciona- mento das férias alterou, e atualmente fundamentado pelo art. 134, §1º, trouxe a possibilidade de fracionamen- to das férias em 3 períodos. Deve-se atentar-se, que um desses períodos não podem ser menor que 14 dias, e o restante, não pode ser inferior a 5 dias. Neste mesmo diapasão, a Reforma Trabalhista revo- gou o §2º,134 da CLT, dando possibilidade de fraciona- mento das férias dos maiores de 50 anos e menores de 18 anos. Ainda assim, como uma inovação, o art. 134, §3º da CLT, vedou a concessão de férias aos trabalhadores em 02 dias que antecede feriado ou dia de repouso semanal remunerado. No tocando ao abono de férias, insta salientar, que o empregado tem a opção de converte 1/3 de suas férias em abono pecuniário, no valor da remuneração que lhe seria devido nos dias correspondentes. Importante ter em mente, que o abono terá de ser requerido com até 15 dias antes do término do período aquisitivo, e o valor pecuniário não pode ser superior a 20 dias, conforme dispões o art. 144 da CLT. SALÁRIO E REMUNERAÇÃO. CONCEITO E DISTINÇÕES. COMPOSIÇÃO DO SALÁRIO. MODALIDADES DE SALÁRIO. FORMAS E MEIOS DE PAGAMENTO DO SALÁRIO. 13º SALÁRIO a) Salário: é a remuneração correspondente à con- traprestação pecuniária paga ao empregado em decorrência da sua prestação de serviços. Isto é, o salário é uma das parcelas da remuneração, equivalente ao valor pago diretamente pelo em- pregador ao empregado como contraprestação da relação de emprego, abrangendo os períodos de interrupção do contrato de trabalho (art. 457, CLT). O valor do salário abrange as parcelas contra prestativas que o empregador paga ao emprega- do. (ROMAR, 2018, p. 403). b) Remuneração: seria o gênero do qual o salário é a espécie. A remuneração consiste em ser a totalida- de dos ganhos do empregado, pagos diretamente ou não pelo empregador. Composição do salário O art. 457, §1º da CLT, estipula os elementos que compõe o salário do trabalhador que são: salário base, gorjetas, comissões, porcentagens e gratificações pa- gas pelo empregador. Ainda no §2º, 457 da CLT, as importâncias habituais, pagas a título de ajuda de custo, limitando a 50% da re- muneração mensal, vedado ao pagamento em dinheiro, as diárias para viagens e os prêmios, NÃO INCORPO- RAM AO CONTRATO DE TRABALHO, NEM INTEGRAM REMUNERAÇÃO, E TAMBÉM NÃO CONSTITUEM BASE DE INCIDÊNCIA DE ENCARGO TRABALHISTA E PREVI- DÊNCIÁRIO. (ROMAR, 2018, p. 410). Ainda assim, a lei determina o pagamento de nature- za salarial para: 13º salário, adicionais de remuneração se pagos com habitualidade. O art. 458 da CLT, também traz PRESTAÇÃO IN NA- TURA, fornecidos ao trabalhador, por força do contrato de trabalho ou gerado pelo costume, também INTEGRA O SALÁRIO. Salário: salário base + comissões/porcenta- gens + gratificações ajustadas + diárias de viagem que ultrapassem a 50 % do salário + abonos + outras parcelas previstas em lei + parcelas salariais voluntariamente concedi- das pelo empregador + utilidades (ROMAR, 2018, p. 411). #FicaDica Importante lembrar, que com a Reforma Trabalhista, o acordo coletivo e convenção coletiva tem prevalência sobre a lei quando dispuserem sobre remuneração por user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realceuser Realce user Realce user Realce 19 D IR EI TO D O T RA BA LH O produtividade, incluindo as GORJETAS percebidas pelo empregado, e remuneração por desempenho individual (art. 611-A, IX, CLT) (ROMAR, 2018, p. 411). Modalidades de salário - Salário mínimo Nos dias de hoje, o salário mínimo é regido pela Lei nº 12.382/2011 e foi criado com a finalidade de reduzir as extremas diferenças de valores entre as regiões e catego- rias profissionais do país. Ainda assim, resguardado pelo art. 7, IV da CF/88, o salário mínimo é uma proteção do salário remuneratório do trabalhador, afim de se coibir valores absurdamente baixos em relações trabalhistas, no intuito de fornecer uma vida digna ao obreiro e sua família. Tendo sua previsão em lei, o salário mínimo é nacio- nalmente unificado, sendo proibido pagamento a menor e deve atender necessidades básicas como: moradia, ali- mentação, educação, lazer, higiene, transporte, vestuário e previdência social. (ROMAR, 2018, p. 454) - Piso salarial O piso salarial esta previsto no art. 7º, V da CF, com fundamento no parágrafo único do art. 22 da CF, que es- tabelece que a lei complementar poderá autorizar os Es- tados a legislar sobre questões especificas das matérias relacionadas no artigo, entre elas, Direito do Trabalho, Lei complementar nº 103/2000, autoriza Estados e o Distrito Federal a instituir, mediante proposta de iniciativa do Po- der Executivo respectivo, piso salarial para empregados que não o tenham fixado por lei federal ou norma coleti- va (ROMAR, 2018, p. 455). - Profissional O salário profissional fixado por lei, corresponde ao mínimo de salário que pode ser pago aos integrantes de uma determinada profissão regulamentada, assim considerada regulada por estatuto próprio, temos como exemplo, os médicos, dentistas, engenheiros e etc (RO- MAR, 2018, p. 456). - Normativo Tem como base a categoria profissional, e estabelece, através dos acordos e convenções coletivas ou senten- ças normativas, um valor base para que seja instituído na categoria e não podendo ser menor do que o pactuado. Respectivo salário, conforme OJ SDC 25 do TST, não fere o principio da isonomia salarial previsto no art. 7º, XXX da CF. Ainda assim, ressalta-se, que a PN 67 do TST, informa que o serviço contratado por produção, não poderá ter como remuneração o valor inferior da diária correspon- dente ao salário normativo. Formas e meios de pagamento do salário O salário utilidade ou salário in natura, conforme pre- visão no art. 458, CLT, prevê este modo como um meio de realizar o pagamento do salário ao empregado, porém, NUNCA através de drogas nocivas ou bebidas alcoólicas. Para a caracterização das prestações in natura, é necessário preencher os seguintes requisitos (ROMAR, 2018, p. 431): I) Habitualidade; II) A prestação deve ser considerada um ganho para o trabalhador; III) A prestação não é indispensável para a realização do trabalho; Ainda no art. 458, §2º da CLT, estabelece que os se- guintes itens fornecidos pelo empregador, não constitui salário in natura: I) Vestuários, equipamentos e outros acessórios for- necidos aos trabalhadores e utilizados no local de trabalho para a prestação do serviço; II) Educação, em estabelecimento de ensino próprio ou de terceiros, compreendendo os valores rela- tivos a matricula, mensalidade, anuidade, livros e material didático; III) Transporte destinado ao deslocamento do tra- balho, EM PERCURSO SERVIDO OU NÃO POR TRANSPORTE PÚBLICO; IV) Assistência médica, hospitalar e odontológica, prestada diretamente ou através de seguro-saúde; V) Seguros de vida e acidentes pessoais; VI) Previdência Privada; VII) Valor correspondente a Vale-Cultura; FIQUE ATENTO! Através do artigo 458, §2º, iii da clt, acabou o direito de “horas in itinere” VALE REFEIÇÃO: tem caráter salarial quando é fornecido por força de contrato de traba- lho. O qual passa a integrar o salário para todos os efeitos legais, conforme SUMULA 241 TST. ALIMENTAÇÃO FORNECIDA PELO PAT: Quando a refeição for fornecida pelo Pro- grama de Alimentação do Trabalhador (PAT), O VALOR NÃO INTEGRA O SALÁRIO DO TRABALHADOR, conforme OJ SDI-1 133, TST e OJ SDI-1 413, TST. #FicaDica Ainda assim, importante ficar em alerta, pois, o con- trato de trabalho realizado entre o funcionário e o em- pregador é de extrema importância quanto a forma, meio e dia do pagamento, sendo que ambos terão que seguir o que foi ajustado no documento. 13º salário O 13º salário ou Gratificação natalina (comumente denominada) corresponde ao montante da remuneração recebida pelo empregado no mês de dezembro, sendo que o cálculo levará em consideração não apenas o sa- lário base, mas sim todas as verbas de natureza salarial recebidas pelo empregado (Súmulas 45, 60 e 139 TST). (LAPA, KERTZMAN, 2018, p. 332). user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 20 D IR EI TO D O T RA BA LH O Nos casos em que o trabalhador não tenha laborado por 12 meses até o mês de dezembro, o valor do décimo terceiro será pago proporcional. Ex: Contrato de trabalho iniciou-se em Outubro. O 13º salário será pago na fração de 3/12 avos. Ainda assim, destaca-se, que se considera laborado 1 mês inteiro, se o trabalhador laborou a fração igual ou superior a 15 dias, se laborou a menor, não considera-se um mês para efeito de pagamento de 13º salário. O pagamento do décimo terceiro salário será efetua- do em duas parcelas: a primeira, à titulo de adiantamen- to, será pago uma só vez ao empregado entre os meses de fevereiro e novembro de cada ano. O seu valor será calculado à base de 50% do salário do mês anterior ao seu pagamento. A segunda parcela será paga ATÉ o dia 20/12 de cada ano, tomando-se por base a remuneração de dezembro e compensando-se o valor do adiantamen- to. (ROMAR, 2018, p. 472). EQUIPARAÇÃO SALARIAL. PRINCÍPIO DA IGUALDADE DE SALÁRIO. DESVIO DE FUNÇÃO Quando se inicia um estudo sobre os direitos traba- lhistas, a equiparação salarial, prevista no artigo 461 da CLT, apresenta como uma das normas jurídicas mais fá- ceis de serem compreendidas. A facilidade de seu entendimento ocorre principal- mente porque o conceito básico é o seguinte, trabalha- dores que fazem a mesma atividade para o mesmo em- pregador devem ganhar o mesmo salário. O que se quer proteger se torna ainda mais com- preensível quando admitimos que vivemos em um Es- tado democrático, regido por uma Constituição Federal que elencou a dignidade da pessoa humana como prin- cípio norteador de todo o ordenamento jurídico. A compreensão também é facilitada quando consta- tamos que nossa Constituição Federal visa promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. CONCEITO DE EQUIPARAÇÃO SALARIAL E PARA- DIGMA A equiparação salarial, além de compreendida en- quanto norma jurídica, também é entendida pelo próprio senso de justiça das pessoas, mesmo porque, a obriga- ção de pagar salários iguais a trabalhadores que desen- volvem atividades em iguais circunstâncias, certamente, evidencia uma questão de lógica. Por toda essa questão protetiva, a CLT, em seu artigo 461 estipulava que “sendo idêntica a função, a todo tra- balho de igual valor, prestado ao mesmo empregador, na mesma localidade, corresponderá igual salário, sem distinção de sexo, nacionalidade ou idade”. Assim, equiparação salarial pode ser definida como um instituto legal que garante aos trabalhadores o di- reito de receberem o mesmo salário desde que prestem serviços considerados de igual valor, estando previsto no artigo 7º, XXX da Constituição Federal e também no ar- tigo 461 da CLT. Outro conceito importante para se compreender a equiparação salarial é o de paradigma, que se refere ao valor do salário de determinadoempregado, em deter- minada função, que serve de equiparação para outro tra- balhador, na mesma função. Desta forma, para se pleitear a equiparação salarial na justiça do trabalho se faz necessário eleger um para- digma, ou seja, é essencial a indicação de um emprega- do para realizar a comparação, com salário superior que realize as mesmas funções daquele que pleiteia o direito. A EQUIPARAÇÃO SALARIAL ANTES DA REFORMA TRABALHISTA A equiparação salarial podia ser compreendida como um direito a não discriminação, em que sendo igual a função, prestando serviço para o mesmo empregador significava necessariamente em igualdade salarial. A lei, antes da reforma trabalhista, criava algumas res- trições para trabalhadores ter o direito de igualar salário com aquele que trabalhava para o mesmo empregador com salário superior. Para que pudesse ser consagrado o direito à equipa- ração salarial deveria ser adotada a premissa que traba- lho de igual valor deveria ser aquele realizado com igual produtividade e com a mesma perfeição técnica. Além dos preenchimentos dos requisitos acima a lei estipulava que a diferença de tempo de serviço não po- deria ser superior a 2 (dois) anos. Todos os requisitos legais pareciam lógicos, além de justos para aquilo que a lei visava efetivamente proteger. O fato é que apesar da clareza da lei e do que ela visa- va proteger, o dinamismo das situações praticas, aquelas que acontecem no dia a dia, obrigaram a Justiça do Tra- balho a sedimentar alguns posicionamentos que muitas vezes contribuíram para esclarecer a extensão da norma. Nesse sentido a justiça do trabalho, através de reite- radas decisões, realizou interpretações importantes para efetividade do direito a equiparação salarial. Uma posição bastante conhecida é o posicionamen- to firme dos tribunais para confirmar que era possível o trabalhador pleitear equiparação salarial mesmo se os cargos tivessem denominação diferente, pois o que o realmente importava era a igualdade de funções. Evidentemente que a posição da justiça do trabalho tinha como finalidade máxima a preservação protetiva da lei que era igualar salários daqueles que realizavam a mesma tarefa. Obviamente que algumas empresas que insistiam em deixar salários desiguais para trabalhadores iguais usavam da denominação do cargo para tentar se livrar das condenações na justiça. Enfim, o que realmente importava era a igualdade de funções e não nome que se dá ao cargo. Outra questão que restou enfrentada pelos Tribunais da Justiça do Trabalho foi o entendimento pacífico de que é irrelevante a circunstância do desnível salarial ori- ginado em decisão judicial que beneficiou o paradigma. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 21 D IR EI TO D O T RA BA LH O Com relação a isso é importante destacar que o en- tendimento jurisprudencial sempre adotou uma postura protetiva em favor do trabalhador contra toda e qual- quer forma de discriminação salarial. Apesar de não constar expressamente na lei, a juris- prudência entendeu que a razão do paradigma receber salário superior é irrelevante, o que importa para efeti- vação da equiparação salarial é apenas a identidade de funções e o tempo não superior a dois anos. Além disso, a Justiça do Trabalho enfrentou inúme- ras situações concretas acerca da equiparação salarial e em todos os posicionamentos interpretou a lei elevando e considerando a dignidade da pessoa humana, o valor social do trabalho e a repressão contra a discriminação salarial. O fato é que a equiparação salarial sempre foi um direito essencial tanto para classe trabalhadora quanto para a sociedade que tem na lei um instrumento contra a discriminação de todas as espécies. Por isso, o Tribunal Superior do Trabalho, órgão máxi- ma da justiça trabalhista editou a Súmula 6, para unificar todo entendimento acerca da equiparação salarial e nor- tear o julgamento nas instâncias inferiores, nos seguintes termos: EQUIPARAÇÃO SALARIAL. ART. 461 DA CLT (reda- ção do item VI alterada) – Res. 198/2015, republicada em razão de erro material – DEJT divulgado em 12, 15 e 16.06.2015 I - Para os fins previstos no § 2º do art. 461 da CLT, só é válido o quadro de pessoal organizado em carreira quando homologado pelo Ministério do Trabalho, ex- cluindo-se, apenas, dessa exigência o quadro de car- reira das entidades de direito público da administra- ção direta, autárquica e fundacional aprovado por ato administrativo da autoridade competente. (ex-Súmula nº 06 – alterada pela Res. 104/2000, DJ 20.12.2000) II - Para efeito de equiparação de salários em caso de trabalho igual, conta-se o tempo de serviço na função e não no emprego. (ex-Súmula nº 135 - RA 102/1982, DJ 11.10.1982 e DJ 15.10.1982) III - A equiparação salarial só é possível se o empre- gado e o paradigma exercerem a mesma função, de- sempenhando as mesmas tarefas, não importando se os cargos têm, ou não, a mesma denominação. (ex-OJ da SBDI-1 nº 328 - DJ 09.12.2003) IV - É desnecessário que, ao tempo da reclamação sobre equiparação salarial, reclamante e paradigma estejam a serviço do estabelecimento, desde que o pe- dido se relacione com situação pretérita. (ex-Súmula nº 22 - RA 57/1970, DO-GB 27.11.1970) V - A cessão de empregados não exclui a equiparação salarial, embora exercida a função em órgão gover- namental estranho à cedente, se esta responde pelos salários do paradigma e do reclamante. (ex-Súmula nº 111 - RA 102/1980, DJ 25.09.1980) VI - Presentes os pressupostos do art. 461 da CLT, é irrelevante a circunstância de que o desnível salarial tenha origem em decisão judicial que beneficiou o pa- radigma, exceto: a) se decorrente de vantagem pesso- al ou de tese jurídica superada pela jurisprudência de Corte Superior; b) na hipótese de equiparação salarial em cadeia, suscitada em defesa, se o empregador pro- duzir prova do alegado fato modificativo, impeditivo ou extintivo do direito à equiparação salarial em re- lação ao paradigma remoto, considerada irrelevante, para esse efeito, a existência de diferença de tempo de serviço na função superior a dois anos entre o recla- mante e os empregados paradigmas componentes da cadeia equiparatória, à exceção do paradigma ime- diato. VII - Desde que atendidos os requisitos do art. 461 da CLT, é possível a equiparação salarial de trabalho intelectual, que pode ser avaliado por sua perfeição técnica, cuja aferição terá critérios objetivos. (ex-OJ da SBDI-1 nº 298 - DJ 11.08.2003) VIII - É do empregador o ônus da prova do fato im- peditivo, modificativo ou extintivo da equiparação sa- larial. (ex-Súmula nº 68 - RA 9/1977, DJ 11.02.1977) IX - Na ação de equiparação salarial, a prescrição é parcial e só alcança as diferenças salariais vencidas no período de 5 (cinco) anos que precedeu o ajuizamento. (ex-Súmula nº 274 - alterada pela Res. 121/2003, DJ 21.11.2003) X - O conceito de “mesma localidade” de que trata o art. 461 da CLT refere-se, em princípio, ao mesmo município, ou a municípios distintos que, comprova- damente, pertençam à mesma região metropolitana. (ex-OJ da SBDI-1 nº 252 - inserida em 13.03.2002) Com uma simples leitura da Sumula 6 do TST trans- crita acima, pode-se perceber que a justiça do trabalho sempre se posicionou contra qualquer discriminação sa- larial e sempre adotou uma postura passível de elogios. É nítido na Sumula 6 do TST que o direito a equipa- ração salarial, como não poderia deixar de ser, sempre foi interpretado de forma ampliativa e nunca restritiva, ge- rando segurança aos trabalhadores e zelo por parte dos empregadores, que, conscientes do risco judicial de con- denação sempre mantiveram uma tendência de respeito a igualdade salarial entre funcionários que executava as mesmas funções. Da mesma maneira, devido às posições judiciais no sentido de proteção ao trabalhador e repressão à discri- minação, a adoção de planos de cargos e salários eram realizados de forma a que o desnívelsalarial tivesse am- paro e justificativas plausíveis. Vale mencionar que para evitar abusos em relação ao plano de cargos e salários e também evitar que as normas internas da empresa pudessem gerar discrimina- ções, era exigido, para sua validade, que esse plano fosse homologado pelo Ministério do Trabalho e Emprego. Tal exigência fazia parte da ampla proteção contra discriminação salarial existente antes da entrada em vigor na reforma trabalhista, que, indiscutivelmente, re- tirou proteções fundamentais nas relações contratuais trabalhistas. Enfim, o artigo 461 da CLT sempre representou muito mais que um direito individual do trabalhador, a possi- bilidade da equiparação salarial acaba sendo uma arma contra empresas que ainda insistem em discriminar tra- balhadores através de salários. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 22 D IR EI TO D O T RA BA LH O Ocorre que a Lei 13.467/2017 (Reforma Trabalhista) modificou inúmeros direitos trabalhistas previstos na CLT, também também implementou mudanças e novas regras na equiparação salarial. Em verdade, a reforma trabalhista altera o direito a equiparação salarial, criando novas regras, que nitida- mente visam enfraquecer o espirito de proteção contra a discriminação salarial. A EQUIPARAÇÃO SALARIAL APÓS A REFORMA E A IMPLICAÇÕES AOS TRABALHADORES DISCRIMINA- DOS Incialmente é necessário estabelecer que a refor- ma trabalhista – Lei 13467/2017 não pode ser encara- da como modernização da legislação. É nítido que essas alterações legislativas trouxeram um afrouxamento do rigor da CLT para proteger a dignidade do trabalhador. O fato é que a “nova” lei restringiu direitos que antes eram protetivos a classe trabalhadora, sendo a equipa- ração salarial um exemplo claro acerca dos verdadeiros interesses da “reforma” trabalhista. Inicialmente é importante destacar, conforme já visto no tópico anterior, que antes da reforma o parágrafo 2° do artigo 461 da CLT exigia que os planos de cargos e salários quando homologado pelo Ministério do Traba- lho. Ocorre que essa exigência que visava proteger exces- sos de normas internas quanto a formação de quadro de pessoal organizado foi simplesmente excluída, passando a ser permitido que as empresas realizem essas normas internas e sua validade independe do crivo dos órgãos estatais. O resumo desta alteração é simples, com a reforma as empresas vão poder criar normas internas com esti- pulação de cargos e salários, sem qualquer fiscalização e essas regras serão válidas sem o crivo da homologação estatal. Obviamente que esse plano de cargos e salários não pode sobrepor as leis, nem tão pouco podem estipular livremente a discriminação salarial, sendo perfeitamente passível de impugnação judicial. Da mesma forma, um plano de cargos e salários, aprovado internamente na empresa não retira do traba- lhador, que se sentir lesado, a possibilidade individual de pleitear uma reparação na Justiça do Trabalho. O proble- ma quanto a esta norma é que ela retira do Ministério do Trabalho o dever e a responsabilidade de fiscalizar as normas internas da empresa que estipulam as regras acerca de cargos e salários. Devido à reforma trabalhista, haverá uma maior di- ficuldade em se pleitear equiparação salarial quando o empregador tiver formulado plano de cargos e salários, haja vista que está dispensada qualquer forma de homo- logação ou registro em órgão publico. Isso pode ser entendido como o Estado abrindo mão de seu poder-dever fiscalizatório e dando poder quase absoluto para aqueles que deveriam ser fiscalizados. Por uma questão de avaliação lógica, podemos afir- mar que, com menor rigor na fiscalização, a tendência é flexibilizar a legislação que proíbe a discriminação sa- larial, o que contraria de forma veemente as previsões constitucionais de proteção ao trabalhador. Houve também substancial alteração no que tange aos requisitos para se pleitear equiparação salarial na justiça. Note-se que o atual § 1° do artigo 461 altera os re- quisitos na legislação anterior decretando que trabalho de igual valor consistirá naquele que for executado com igual produtividade e mesma perfeição técnica, entre pessoas cuja diferença de tempo de serviço para o mes- mo empregador não seja superior a quatro anos e a dife- rença de tempo na função não seja superior a dois anos. Claramente a reforma trabalhista criou novos requisi- tos que dificultam a luta contra a discriminação salarial. Não haverá possibilidade de pleitear a equiparação salarial quando a diferença de tempo de serviço prestado pelo equiparando e paradigma para o mesmo emprega- dor seja superior a quatro anos, bem como a diferença de tempo na função seja superior a dois anos (§ 1ª do artigo 461 da CLT). Tal regra não existia e sua criação teve um objetivo evidente, aumentar a possibilidade da existência de dis- criminação salarial, aumentar a competitividade interna e dificultar aos trabalhadores que se sintam injustiçados em pleitear o restabelecimento de seus direitos Justiça do Trabalho. Outro ponto que demonstra o real objetivo da refor- ma trabalhista também se encontra descrito no mesmo § 1° do artigo 461 no sentido de que a equiparação salarial só poderá ser permitida quando o serviço de igual valor for prestando para o mesmo empregador, excluindo as- sim, a possibilidade de ser pleitear equiparação salarial entre trabalhadores que tenham salários desiguais den- tro do mesmo grupo econômico. Nesse sentido existe ainda mais uma nova restrição aos trabalhadores, tendo em vista que, além de mesmo empregador, passou a exigir que o trabalho seja pres- tado no mesmo estabelecimento, estando teoricamente superado o que estava consagrado no item X da súmula 6 do TST editada antes da reforma trabalhista que estipu- lava: “O conceito de “mesma localidade” de que trata o art. 461 da CLT refere-se, em princípio, ao mesmo Muni- cípio, ou a municípios distintos que, comprovadamente, pertençam à mesma região metropolitana.” A reforma trabalhista a fim de criar mais um grave empecilho aos direitos dos trabalhadores, passou a im- pedir equiparação salarial fora do estabelecimento que o trabalhador executa suas funções. Utilizando a didática, com a reforma trabalhista, um funcionário, que trabalha para um empregador em São Paulo e supondo que esta empresa tenha outras filiais na mesma Cidade, não poderá equipar seu salário com outros empregados que trabalham em outros estabeleci- mentos, mesmo sendo na mesma Cidade, ou seja, quan- do o empregador tiver estabelecido na mesma Cidade, mas em estabelecimentos diferentes, será, teoricamente impossível pleitear a equiparação salarial, o que, clara- mente aponta para criação de legislação infraconstitucio- nal que vai em caminho contrário a Constituição Federal. Por fim e não menos importante, o § 5º do artigo 461 passa a estabelecer que somente será possível entre empregadores contemporâneos no cargo ou na função, estando proibido a indicação de paradigmas que tenham obtido a vantagem em ação judicial própria. user Realce user Realce 23 D IR EI TO D O T RA BA LH O Mesmo realizando um esforço interpretativo para en- tender esse tópico da reforma na legislação que trata a equiparação salarial, é impossível qualquer entendimen- to diferente do que a simples constatação de retirada explicita de direitos e a tentativa em esvaziar o instituto com um número substancialmente menor de reclama- ções trabalhistas que visam a igualdade salarial. Importante ressaltar que além de estipular o novo re- quisito para equiparação salarial no sentido de estabele- cer o critério de quatro anos para o mesmo empregador, a atual legislação manteve a determinação complemen- tar que o tempo na mesma função deve ser de no máxi- mo dois anos. Agora, além dos dois anos na mesma função deve o trabalhador demonstrar que não existe diferença su- perior a quatro anos para omesmo empregador, enfim, se somou uma exigência a mais para se desfazer uma injustiça em relação aos valores salariais. Para melhor entendimento de como a reforma tra- balhista tenta criar obstáculos à vontade constitucional, importante a comparação analítica entre o texto da re- forma trabalhista e a antiga legislação no que se refere ao artigo 461 da CLT (equiparação salarial): NOVO ARTIGO CLT Art. 461. Sendo idêntica a função, a todo traba- lho de igual valor, prestado ao mesmo empregador, no mesmo estabelecimento empresarial, correspon- derá igual salário, sem distinção de sexo, etnia, na- cionalidade ou idade. § 1º Trabalho de igual valor, para os fins deste Capí- tulo, será o que for feito com igual produtividade e com a mesma perfeição técnica, entre pessoas cuja diferença de tempo de serviço para o mesmo em- pregador não seja superior a quatro anos e a diferença de tempo na função não seja superior a dois anos. § 2º Os dispositivos deste artigo não prevalecerão quando o empregador tiver pessoal organizado em quadro de carreira ou adotar, por meio de norma in- terna da empresa ou de negociação coletiva, plano de cargos e salários, dispensada qualquer forma de ho- mologação ou registro em órgão público. § 3º No caso do § 2º deste artigo, as promoções pode- rão ser feitas por merecimento e por antiguidade, ou por apenas um destes critérios, dentro de cada cate- goria profissional. § 5º A equiparação salarial só será possível entre em- pregados contemporâneos no cargo ou na função, ficando vedada a indicação de paradigmas remo- tos, ainda que o paradigma contemporâneo tenha obtido a vantagem em ação judicial própria. § 6º No caso de comprovada discriminação por moti- vo de sexo ou etnia, o juízo determinará, além do pa- gamento das diferenças salariais devidas, multa, em favor do empregado discriminado, no valor de 50% (cinquenta por cento) do limite máximo dos benefí- cios do Regime Geral de Previdência Social. ANTIGO ARTIGO CLT Conforme pode ser verificado acima a reforma traba- lhista acrescentou o § 6° no artigo 461 que estipula multa no valor de 50% (cinquenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social em casos em que for comprovado que a discriminação por motivo de sexo ou etnia. Em que pese as novas regras do texto acrescido no artigo 461, é certo que em casos de discriminação sala- rial por sexo ou etnia nosso ordenamento já prevê pos- sibilidade de condenação por danos morais, em valores muito superiores a 50% do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, além de ser con- siderado crime pelo Código Penal. Assim, quando a reforma entrou num tema impor- tante no combate a discriminação, estipulou uma multa pífia diante da gravidade ocorrida na discriminação de um trabalhador em razão de sexo, etnia ou qualquer ou- tro motivo. Analisando o quadro comparativo acima entendemos que a nova legislação tem como objetivo inverter a pro- teção do empregado para o empregador, o que, contra- ria toda a sistemática da legislação trabalhista e também da Constituição Federal. A INTERPRETAÇÃO JUDICIAL DAS NOVAS REGRAS DA EQUIPARAÇÃO SALARIAL. O PAPEL DA JUSTI- ÇA DO TRABALHO NA REFORMA TRABALHISTA Em primeiro lugar é importante salientar que ainda é muito cedo para estabelecer como serão as decisões proferidas na justiça no que se refere a equiparação sala- rial, ou seja, como juízes e tribunais interpretarão a nova legislação. O que se sabe é que muitos estudos e teses jurídicas estão sendo formuladas por estudiosos do direito traba- lhista e do direito constitucional, sendo que muitas con- clusões apontam a inconstitucionalidade de vários pon- tos da reforma implementada na legislação trabalhista, o que, via regra, determinará que a justiça deixe de aplicar as alterações nos processos judiciais e continue a consi- derar o texto legislativo anterior a reforma. Uma prova desse possível e correto caminho é que a ANAMATRA (Associação Nacional dos Magistrados do Justiça do Trabalho) divulgou 125 enunciados sobre a interpretação e aplicação da reforma trabalhista, sendo muitos deles com consideração explicita sobre a incons- titucionalidade de vários pontos alterados pela reforma trabalhista. Em relação a equiparação salarial, o referido órgão, através do enunciado 25 concluiu o seguinte: “25 - Equiparação salarial. Restrições relacionadas ao tempo de serviço na função e ao local da prestação do trabalho: violação ao princípio da isonomia Equiparação salarial. Restrições relacionadas ao tempo de serviço na empresa. Violação ao princípio da isonomia. O artigo 461 da clt, ao vedar a equiparação salarial para empregados com diferença de mais de qua- tro anos de tempo de serviço na empresa, é contrário ao princípio da isonomia constante do artigo 5º, caput e 7º, user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 24 D IR EI TO D O T RA BA LH O xxx, da constituição federal. 2. Entende-se por estabele- cimento, para fins do artigo 461 da clt, o “complexo de bens organizado para exercício da empresa, por empre- sário ou por sociedade empresária”, nos termos do artigo 1.142 Do código civil. Conforme entendimento acima, algumas alterações discutidas nos tópicos anteriores, principalmente em re- lação as restrições relacionadas ao tempo de serviço na empresa, são consideradas inconstitucionais, por ofensa ao principio da isonomia, previsto nos artigos 5° e 7° da Constituição Federal. O fato é que somente com o tempo será possível constatar se a justiça do trabalho se submeterá a essas alterações perversas à dignidade do trabalhador brasi- leiro. NOTAS CONCLUSIVAS A legislação trabalhista brasileira sempre desempe- nhou um importante papel em equilibrar as relações do trabalho, através da proteção de direitos fundamentais do trabalhador, principalmente fazendo valer o principio constitucional da dignidade da pessoa humana. A proteção do trabalhador é fundamental em um es- tado democraticamente organizado, principalmente em um país com uma desigualdade social tão elevada. Essa proteção é importante para que a relação de trabalho seja harmônica, justa e que os excessos não sejam tole- rados. Entretanto, a reforma trabalhista vem na contra- mão dos interesses da classe trabalhadora, pois que cria barreiras aos direitos dos trabalhadores e também impedimentos que dificultam o acesso à justiça, o que, inapropriadamente viola princípios fundamentais da constituição federal. Em relação especificamente à equiparação salarial, verifica-se que houve claramente uma diminuição de di- reitos, houve uma flexibilização do que se deve ser rigo- roso. Evidente que como toda legislação antiga, algumas reformas devem ser realizadas para adaptar as realidades sócias contemporâneas, entretanto, valores como discri- minação, não mudam e não devem ser reformados. A luta contra a discriminação de qualquer espécie deve ser constante e qualquer norma ou diminua os pre- ceitos fundamentais dos trabalhadores, deve ser consi- derada nula e inconstitucional. Fonte :<https :// jus .com.br/art igos/63397/a- -equ iparacao-sa la r i a l -apos-a- re forma- t raba- lhista-lei-13-467-2017> FGTS O que é o FGTS O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) foi criado com o objetivo de proteger o trabalhador demi- tido sem justa causa, mediante a abertura de uma conta vinculada ao contrato de trabalho. No início de cada mês, os empregadores depositam em contas abertas na Caixa, em nome dos empregados, o valor correspondente a 8% do salário de cada funcio- nário. O FGTS é constituído pelo total desses depósitos mensais e os valores pertencem aos empregados que, em algumas situações, podem dispor do total deposita- do em seus nomes. Por que o FGTS foi criado Com o FGTS, o trabalhador tem a oportunidade de formar um patrimônio, que pode ser sacado em momen- tos especiais, como o da aquisição dacasa própria ou da aposentadoria e em situações de dificuldades, que po- dem ocorrer com a demissão sem justa causa ou em caso de algumas doenças graves. O trabalhador pode utilizar os recursos do FGTS para a moradia nos casos de aquisição de imóvel novo ou usa- do, construção, liquidação ou amortização de dívida vin- culada a contrato de financiamento habitacional. Assim, o FGTS tornou-se uma das mais importantes fontes de financiamento habitacional, beneficiando o ci- dadão brasileiro, principalmente o de menor renda. A importância dos recursos do Fundo para o desen- volvimento do país ultrapassa os benefícios da moradia digna, pois financiam, também, obras de saneamento e infra-estrutura, gerando melhorias na qualidade de vida, ao proporcionar água de qualidade, coleta e tratamento do esgoto sanitário. O FGTS tem sido a maior fonte de recursos para a Habitação Popular e o Saneamento Básico. Como foi criado o FGTS O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS foi criado pela Lei nº 5.107, de 13 de setembro de 1966 e vigente a partir de 01 de janeiro de 1967, para proteger o trabalhador demitido sem justa causa. O FGTS é cons- tituído de contas vinculadas, abertas em nome de cada trabalhador, quando o empregador efetua o primeiro depósito. O saldo da conta vinculada é formado pelos depósitos mensais efetivados pelo empregador, acresci- dos de atualização monetária e juros. Quem tem direito ao FGTS Todos os trabalhadores regidos pela CLT que firma- ram contrato de trabalho a partir de 05/10/1988. Antes dessa data, a opção pelo FGTS era facultativa. Também têm direito ao FGTS os trabalhadores rurais, os temporá- user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 25 D IR EI TO D O T RA BA LH O rios, os intermitentes, os avulsos, os safreiros (operários rurais, que trabalham apenas no período de colheita) e os atletas profissionais (jogadores de futebol, vôlei, etc.). O diretor não-empregado poderá ser equiparado aos de- mais trabalhadores sujeitos ao regime do FGTS. Foi facul- tado ao empregador doméstico recolher ou não o FGTS referente ao seu empregado até 30/09/2015, a partir de 01/10/2015 o recolhimento passou a ser obrigatório. A opção pelo recolhimento, quando facultado (antes de 01/10/2015), estabelece a sua obrigatoriedade enquanto durar o vínculo empregatício. O FGTS não é descontado do salário, é obrigação do empregador. Também têm direito ao FGTS: - Trabalhadores rurais; - Trabalhadores intermitentes (Lei nº 13.467/2017 - Reforma Trabalhista); - Trabalhadores temporários; - Trabalhadores avulsos; - Safreiros (operários rurais, que trabalham apenas no período de colheita); - Atletas profissionais(jogadores de futebol, vôlei, etc.); - Diretor não-empregado poderá ser equiparado aos demais trabalhadores sujeitos ao regime do FGTS e; - Empregado doméstico. Quem deposita O empregador ou o tomador de serviços faz o depó- sito na conta vinculada ao FGTS do trabalhador. O depó- sito pode ser feito até o dia 7 de cada mês. Qual o valor depositado O depósito equivale a 8% do valor do salário pago ou devido ao trabalhador, cujo contrato é regido pela CLT. No caso de contratos de menores aprendizes, o percen- tual é de 2%. Fonte: <http://www.fgts.gov.br/Pages/sou-trabalhador/o- -que.aspx> PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA DA PRESCRIÇÃO A prescrição é um instituto jurídico que ocorre em função do tempo. Ou seja, em razão da inércia do titular do direito, conduz à extinção nas relações jurídicas, con- sequentemente ao direto. A prescrição no Direito do Trabalho esta previsto no art. 11 da CLT e nos traz dois tipos de prescrições: a) Prescrição quinquenal Refere-se ao período de 5 anos que o empregado tem de pleitear sobre direitos trabalhistas não pagos pelo empregador. Ex: João trabalha para a empresa “X” a 7 anos e não recebe o adicional noturno que lhe é devido. João poderá pleitear o adicional noturno referente aos últimos 5 anos de trabalho, pois a prescrição já atingiu os 2 primeiros anos do contrato. b) Prescrição bienal Com o fim do contrato de trabalho, o empregado terá o tempo de 2 anos para entrar com ação judi- cial pleiteando seus direitos trabalhista acerca do contrato de trabalho. Ex: Maria teve seu contrato de trabalho rescindido em 10/10/2016. Maria po- derá requerer seus direitos trabalhistas até a data de 10/10/2018 de cinco anos para traz da data do ajuizamento da ação. FIQUE ATENTO! Para fins previdenciários não se aplica essas regras prescricionais. Conforme art. 11, §1º da CLT, pois esse direito é imprescritível. Ainda assim, cabe destacar, que quanto a prescrição total, ela ocorre quando há descumprimento em acordo pactuado (sem previsão legal) o prazo de prescrição é de 5 anos contados da data da supressão da parcela. Já em caso de prescrição parcial, ela é decorrente do não paga- mento de parcelas previstas em lei, o prazo a ser aplicado é de 5 anos da data do ajuizamento da ação. - Prescrição intercorrente A prescrição intercorrente é prevista pelo art. 11-A da CLT e diz respeito ao prazo prescricional que ocorre den- tro do processo quando uma das partes deixa de cumprir determinação judicial. O prazo para essa prescrição é bienal (2 anos), não podendo qualquer uma das partes deixar a ação sem o devido andamento processual. Caso não ocorra o cum- primento de determinação judicial por um lapso tempo- ral de 2 anos, configura-se a prescrição intercorrente. - Interrupção e suspensão da prescrição As causas de interrupção são aquelas decorrentes de fatos provocados pelas partes. Paralisam o curso prescri- cional já começado, sendo que o prazo será contado por inteiro após o termino da causa interruptiva, isto é, o pe- ríodo do prazo que já havia corrido antes da interrupção é desprezado. (ROMAR, 2018, p. 666) A interrupção da prescrição poderá ocorrer pelo ajuizamento da reclamação trabalhista, mesmo que em prejuízo incompetente, ainda que venha ser extinta sem resolução de mérito, mas somente produzirá efeitos em relação aos pedidos idênticos de acordo com ao art. 11, §3º da CLT. (ROMAR, 2018, p. 667) - Da decadência A decadência é causa extintiva de direito pelo seu não exercício no prazo estipulado por lei ou por vontade das partes. “É perda de um direito potestativo se sujeitar outrem a constituição, desconstituição, modificação ou user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 26 D IR EI TO D O T RA BA LH O extinção de uma relação jurídica, pela inércia do titular em exercita-lo, num determinado prazo, legal ou convencional.” (BELMONTE, Alexandre Angra, p. 191, através de ROMAR, 2018, p. 671) Como hipótese de decadência temos: a) Instauração de ação judicial de inquérito para apuração de falta grave: Tutelado pelas súmulas 62 do TST e 403 do STF, o prazo decadencial para a instauração de inquérito para apuração de falta grave é de 30 dias. Passado esse prazo, o direito esta decadente. b) Prazo para ajuizamento de ação rescisória: O prazo para entrar com ação rescisória é de 2 anos, conforme súmula 100 do TST. Atenção aos prazos para a configuração do instituto de decadência, pois são diferentes e são aplicados separada- mente conforme cada fato. Segue abaixo um quadro com as principais diferenças entre prescrição e decadência: PRESCRIÇÃO DECADÊNCIA Extingue a ação vinculada ao direito; extingue a pretensão para exercício do direito Extingue o próprio direito Dirige-se aos direitos subjetivos Dirige-se de preferencia, aos direitos potestativos A ação nasce depois do direito, após sua violação O direito da ação e do direito nascem juntos Flui desde o momento em que a pretensão é descumprida Flui no momento que nasce o direito Prazo prescricional fixado por lei Prazo decadencial pode ser fixado por lei, normas coletivas ou em regulamentos de empresas Prazo prescricionalpode ser interrompido ou suspenso Corre sem interrupção ou suspensão Deve ser arguida pela parte Pode ser decretada pela alegação da parte, Ministério Público ou de ofício pelo juiz. SEGURANÇA E MEDICINA NO TRABALHO. CIPA. ATIVIDADES INSALUBRES OU PERIGOSAS Segurança do trabalho (ou também denominado segurança laboral) é um conjunto de ciências e tecnologias que tem o objetivo de promover a proteção do trabalhador no seu local de trabalho, visando à redução de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais. É uma das áreas da segurança e saúde ocupacionais, cujo objetivo é identificar, ava- liar e controlar situações de risco, proporcionando um ambiente de trabalho mais seguro e saudável para as pessoas. Destacam-se entre as principais atividades da segurança do trabalho: Prevenção de acidentes Promoção da saúde Prevenção de incêndios No Brasil, a segurança e saúde ocupacionais são regulamentadas na forma do Serviço Especializado em Enge- nharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT). Este serviço está previsto na legislação trabalhista brasileira e regulamentado em uma portaria do Ministério do Trabalho e Emprego, por intermédio da Norma Regulamentadora nº 4 (NR-4). A Segurança do Trabalho estuda diversas disciplinas como Introdução à Segurança, Higiene e Medicina do Trabalho, Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações, Psicologia na Engenharia de Segurança, Co- municação e Treinamento, Administração aplicada à Engenharia de Segurança, O Ambiente e as Doenças do Trabalho, Higiene do Trabalho, Metodologia de Pesquisa, Legislação, Normas Técnicas, Responsabilidade Civil e Criminal, Perícias, Proteção do Meio Ambiente, Ergonomia e Iluminação, Proteção contra Incêndios e Explosões e Gerência de Riscos. O quadro de Segurança do Trabalho de uma empresa compõe-se de uma equipe multidisciplinar composta por Téc- nico de Segurança do Trabalho, Engenheiro de Segurança do Trabalho, Médico do Trabalho e Enfermeiro do Trabalho. Estes profissionais formam o que chamamos de SESMT - Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho. Também os empregados da empresa constituem a CIPA - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, que tem como objetivo a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador. Segurança do Trabalho é definida por normas e leis. No Brasil, a Legislação de Segurança do Trabalho compõe-se de Normas Regulamentadoras, leis complementares, como portarias e decretos e também as convenções Internacionais da Organização Internacional do Trabalho, ratificadas pelo Brasil. user Realce user Realce user Realce user Realce 27 D IR EI TO D O T RA BA LH O As Normas Regulamentadoras - NR, relativas à segu- rança e medicina do trabalho, são de observância obriga- tória pelas empresas privadas e públicas e pelos órgãos públicos da administração direta e indireta, bem como pelos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho - CLT. O não cumprimento das disposições legais e regula- mentares sobre segurança e medicina do trabalho acar- retará ao empregador a aplicação das penalidades pre- vistas na legislação pertinente. Constitui ato faltoso a recusa injustificada do empre- gado ao cumprimento de suas obrigações com a segu- rança do trabalho. Segurança e Medicina do Trabalho é regulamentada pela Lei 6.514/77 que alterou o Capítulo V do Título II da Consolidação das Leis do Trabalho, relativos à Segurança e Medicina do Trabalho. Vejamos: O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o CON- GRESSO NACIONAL decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1º - O Capítulo V do Titulo II da Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, passa a vigorar com a seguinte redação: “ CAPÍTULO V” DA SEGURANÇA E DA MEDICINA DO TRABALHO SEÇÃO I Disposições Gerais Art. 154 - A observância, em todos os locais de tra- balho, do disposto neste Capitulo, não desobriga as empresas do cumprimento de outras disposições que, com relação à matéria, sejam incluídas em códigos de obras ou regulamentos sanitários dos Estados ou Municípios em que se situem os respectivos estabeleci- mentos, bem como daquelas oriundas de convenções coletivas de trabalho. Art. 155 - Incumbe ao órgão de âmbito nacional com- petente em matéria de segurança e medicina do tra- balho: I - estabelecer, nos limites de sua competência, nor- mas sobre a aplicação dos preceitos deste Capítulo, especialmente os referidos no art. 200; II - coordenar, orientar, controlar e supervisionar a fis- calização e as demais atividades relacionadas com a segurança e a medicina do trabalho em todo o ter- ritório nacional, inclusive a Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho; III - conhecer, em última instância, dos recursos, vo- luntários ou de ofício, das decisões proferidas pelos Delegados Regionais do Trabalho, em matéria de se- gurança e medicina do trabalho. Art. 156 - Compete especialmente às Delegacias Re- gionais do Trabalho, nos limites de sua jurisdição: I - promover a fiscalização do cumprimento das nor- mas de segurança e medicina do trabalho; II - adotar as medidas que se tornem exigíveis, em vir- tude das disposições deste Capítulo, determinando as obras e reparos que, em qualquer local de trabalho, se façam necessárias; III - impor as penalidades cabíveis por descumprimen- to das normas constantes deste Capítulo, nos termos do art. 201. Art. 157 - Cabe às empresas: I - cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e medicina do trabalho; II - instruir os empregados, através de ordens de servi- ço, quanto às precauções a tomar no sentido de evitar acidentes do trabalho ou doenças ocupacionais; III - adotar as medidas que lhes sejam determinadas pelo órgão regional competente; IV - facilitar o exercício da fiscalização pela autoridade competente. Art. 158 - Cabe aos empregados: I - observar as normas de segurança e medicina do trabalho, inclusive as instruções de que trata o item II do artigo anterior; Il - colaborar com a empresa na aplicação dos dispo- sitivos deste Capítulo. Parágrafo único - Constitui ato faltoso do empregado a recusa injustificada: a) à observância das instruções expedidas pelo empre- gador na forma do item II do artigo anterior; b) ao uso dos equipamentos de proteção individual fornecidos pela empresa. Art. 159 - Mediante convênio autorizado pelo Ministro do Trabalho, poderão ser delegadas a outros órgãos federais, estaduais ou municipais atribuições de fisca- lização ou orientação às empresas quanto ao cumpri- mento das disposições constantes deste Capítulo. SEÇÃO II Da Inspeção Prévia e do Embargo ou Interdição, Art. 160 - Nenhum estabelecimento poderá iniciar suas atividades sem prévia inspeção e aprovação das respectivas instalações pela autoridade regional com- petente em matéria de segurança e medicina do tra- balho. § 1º - Nova inspeção deverá ser feita quando ocor- rer modificação substancial nas instalações, inclusive equipamentos, que a empresa fica obrigada a comu- nicar, prontamente, à Delegacia Regional do Trabalho. § 2º - É facultado às empresas solicitar prévia aprova- ção, pela Delegacia Regional do Trabalho, dos projetos de construção e respectivas instalações. Art. 161 - O Delegado Regional do Trabalho, à vista do laudo técnico do serviço competente que demonstre grave e iminente risco para o trabalhador, poderá in- terditar estabelecimento, setor de serviço, máquina ou equipamento, ou embargar obra, indicando na deci- são, tomada com a brevidade que a ocorrência exigir, as providências que deverão ser adotadas para pre- venção de infortúnios de trabalho. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realceuser Realce user Realce user Realce user Realce 28 D IR EI TO D O T RA BA LH O § 1º - As autoridades federais, estaduais e municipais darão imediato apoio às medidas determinadas pelo Delegado Regional do Trabalho. § 2º - A interdição ou embargo poderão ser requeri- dos pelo serviço competente da Delegacia Regional do Trabalho e, ainda, por agente da inspeção do trabalho ou por entidade sindical. § 3º - Da decisão do Delegado Regional do Trabalho poderão os interessados recorrer, no prazo de 10 (dez) dias, para o órgão de âmbito nacional competente em matéria de segurança e medicina do trabalho, ao qual será facultado dar efeito suspensivo ao recurso. § 4º - Responderá por desobediência, além das medi- das penais cabíveis, quem, após determinada a inter- dição ou embargo, ordenar ou permitir o funciona- mento do estabelecimento ou de um dos seus setores, a utilização de máquina ou equipamento, ou o pros- seguimento de obra, se, em consequência, resultarem danos a terceiros. § 5º - O Delegado Regional do Trabalho, independen- te de recurso, e após laudo técnico do serviço compe- tente, poderá levantar a interdição. § 6º - Durante a paralização dos serviços, em de- corrência da interdição ou embargo, os empregados receberão os salários como se estivessem em efetivo exercício. SEÇÃO III Dos Órgãos de Segurança e de Medicina do Traba- lho nas Empresas Art. 162 - As empresas, de acordo com normas a se- rem expedidas pelo Ministério do Trabalho, estarão obrigadas a manter serviços especializados em segu- rança e em medicina do trabalho. Parágrafo único - As normas a que se refere este arti- go estabelecerão: a) classificação das empresas segundo o número de empregados e a natureza do risco de suas atividades; b) o numero mínimo de profissionais especializados exigido de cada empresa, segundo o grupo em que se classifique, na forma da alínea anterior; c) a qualificação exigida para os profissionais em questão e o seu regime de trabalho; d) as demais características e atribuições dos serviços especializados em segurança e em medicina do traba- lho, nas empresas. Art. 163 - Será obrigatória a constituição de Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), de confor- midade com instruções expedidas pelo Ministério do Trabalho, nos estabelecimentos ou locais de obra ne- las especificadas. Parágrafo único - O Ministério do Trabalho regula- mentará as atribuições, a composição e o funciona- mento das CIPA (s). Art. 164 - Cada CIPA será composta de representantes da empresa e dos empregados, de acordo com os cri- térios que vierem a ser adotados na regulamentação de que trata o parágrafo único do artigo anterior. § 1º - Os representantes dos empregadores, titulares e suplentes, serão por eles designados. § 2º - Os representantes dos empregados, titulares e suplentes, serão eleitos em escrutínio secreto, do qual participem, independentemente de filiação sindical, exclusivamente os empregados interessados. § 3º - O mandato dos membros eleitos da CIPA terá a duração de 1 (um) ano, permitida uma reeleição. § 4º - O disposto no parágrafo anterior não se aplica- rá ao membro suplente que, durante o seu mandato, tenha participado de menos da metade do número de reuniões da CIPA. § 5º - O empregador designará, anualmente, dentre os seus representantes, o Presidente da CIPA e os empre- gados elegerão, dentre eles, o Vice-Presidente. Art. 165 - Os titulares da representação dos emprega- dos nas CIPA (s) não poderão sofrer despedida arbitrá- ria, entendendo-se como tal a que não se fundar em motivo disciplinar, técnico, econômico ou financeiro. Parágrafo único - Ocorrendo a despedida, caberá ao empregador, em caso de reclamação à Justiça do Tra- balho, comprovar a existência de qualquer dos moti- vos mencionados neste artigo, sob pena de ser conde- nado a reintegrar o empregado. SEÇÃO IV Do Equipamento de Proteção Individual Art. 166 - A empresa é obrigada a fornecer aos em- pregados, gratuitamente, equipamento de proteção individual adequado ao risco e em perfeito estado de conservação e funcionamento, sempre que as medi- das de ordem geral não ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes e danos à saúde dos em- pregados. Art. 167 - O equipamento de proteção só poderá ser posto à venda ou utilizado com a indicação do Certifi- cado de Aprovação do Ministério do Trabalho. SEÇÃO V Das Medidas Preventivas de Medicina do Trabalho Art. 168 - Será obrigatório o exame médico do empre- gado, por conta do empregador. § 1º - Por ocasião da admissão, o exame médico obri- gatório compreenderá investigação clínica e, nas loca- lidades em que houver, abreugrafia. § 2º - Em decorrência da investigação clínica ou da abreugrafia, outros exames complementares pode- rão ser exigidos, a critério médico, para apuração da capacidade ou aptidão física e mental do empregado para a função que deva exercer. § 3º - O exame médico será renovado, de seis em seis meses, nas atividades e operações insalubres e, anual- mente, nos demais casos. A abreugrafia será repetida a cada dois anos. § 4º - O mesmo exame médico de que trata o § 1º será obrigatório por ocasião da cessação do contra- to de trabalho, nas atividades, a serem discriminadas pelo Ministério do Trabalho, desde que o último exame user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 29 D IR EI TO D O T RA BA LH O tenha sido realizado há mais de 90 (noventa) dias. § 5º - Todo estabelecimento deve estar equipado com material necessário à prestação de primeiros socorros médicos. Art. 169 - Será obrigatória a notificação das doenças profissionais e das produzidas em virtude de condições especiais de trabalho, comprovadas ou objeto de sus- peita, de conformidade com as instruções expedidas pelo Ministério do Trabalho. SEÇÃO VI Das Edificações Art. 170 - As edificações deverão obedecer aos requisi- tos técnicos que garantam perfeita segurança aos que nelas trabalhem. Art. 171 - Os locais de trabalho deverão ter, no míni- mo, 3 (três) metros de pé-direito, assim considerada a altura livre do piso ao teto. Parágrafo único - Poderá ser reduzido esse mínimo desde que atendidas as condições de iluminação e conforto térmico compatíveis com a natureza do tra- balho, sujeitando-se tal redução ao controle do órgão competente em matéria de segurança e medicina do trabalho. Art. 172 - 0s pisos dos locais de trabalho não deve- rão apresentar saliências nem depressões que preju- diquem a circulação de pessoas ou a movimentação de materiais. Art. 173 - As aberturas nos pisos e paredes serão pro- tegidas de forma que impeçam a queda de pessoas ou de objetos. Art. 174 - As paredes, escadas, rampas de acesso, pas- sarelas, pisos, corredores, coberturas e passagens dos locais de trabalho deverão obedecer às condições de segurança e de higiene do trabalho estabelecidas pelo Ministério do Trabalho e manter-se em perfeito estado de conservação e limpeza. SEÇÃO VII Da Iluminação Art. 175 - Em todos os locais de trabalho deverá haver iluminação adequada, natural ou artificial, apropria- da à natureza da atividade. § 1º - A iluminação deverá ser uniformemente dis- tribuída, geral e difusa, a fim de evitar ofuscamento, reflexos incômodos, sombras e contrastes excessivos. § 2º - O Ministério do Trabalho estabelecerá os níveis mínimos de iluminamento a serem observados. SEÇÃO VIII Do Conforto Térmico Art. 176 - Os locais de trabalho deverão ter ventilação natural, compatível com o serviço realizado. Parágrafo único - A ventilação artificial será obrigató- ria sempre que a natural não preencha as condições de conforto térmico. Art. 177 - Se as condições de ambiente se tornarem desconfortáveis, em virtude de instalações geradoras de frio ou de calor, será obrigatório o uso de vestimen- ta adequada para o trabalho em tais condições ou de capelas, anteparos, paredes duplas, isolamento térmi-co e recursos similares, de forma que os empregados fiquem protegidos contra as radiações térmicas. Art. 178 - As condições de conforto térmico dos locais de trabalho devem ser mantidas dentro dos limites fi- xados pelo Ministério do Trabalho. SEÇÃO IX Das Instalações Elétricas Art. 179 - O Ministério do Trabalho disporá sobre as condições de segurança e as medidas especiais a se- rem observadas relativamente a instalações elétricas, em qualquer das fases de produção, transmissão, dis- tribuição ou consumo de energia. Art. 180 - Somente profissional qualificado poderá instalar, operar, inspecionar ou reparar instalações elétricas. Art. 181 - Os que trabalharem em serviços de eletri- cidade ou instalações elétricas devem estar familiari- zados com os métodos de socorro a acidentados por choque elétrico. SEÇÃO X Da Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais Art. 182 - O Ministério do Trabalho estabelecerá nor- mas sobre: I - as precauções de segurança na movimentação de materiais nos locais de trabalho, os equipamentos a serem obrigatoriamente utilizados e as condições especiais a que estão sujeitas a operação e a manu- tenção desses equipamentos, inclusive exigências de pessoal habilitado; II - as exigências similares relativas ao manuseio e à armazenagem de materiais, inclusive quanto às con- dições de segurança e higiene relativas aos recipientes e locais de armazenagem e os equipamentos de pro- teção individual; III - a obrigatoriedade de indicação de carga máxima permitida nos equipamentos de transporte, dos avi- sos de proibição de fumar e de advertência quanto à natureza perigosa ou nociva à saúde das substâncias em movimentação ou em depósito, bem como das re- comendações de primeiros socorros e de atendinento médico e símbolo de perigo, segundo padronização internacional, nos rótulos dos materiais ou substân- cias armazenados ou transportados. Parágrafo único - As disposições relativas ao transpor- te de materiais aplicam-se, também, no que couber, ao transporte de pessoas nos locais de trabalho. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 30 D IR EI TO D O T RA BA LH O Art. 183 - As pessoas que trabalharem na movimenta- ção de materiais deverão estar familiarizados com os métodos raciocinais de levantamento de cargas. SEÇÃO XI Das Máquinas e Equipamentos Art. 184 - As máquinas e os equipamentos deverão ser dotados de dispositivos de partida e parada e outros que se fizerem necessários para a prevenção de aci- dentes do trabalho, especialmente quanto ao risco de acionamento acidental. Parágrafo único - É proibida a fabricação, a importa- ção, a venda, a locação e o uso de máquinas e equi- pamentos que não atendam ao disposto neste artigo. Art. 185 - Os reparos, limpeza e ajustes somente pode- rão ser executados com as máquinas paradas, salvo se o movimento for indispensável à realização do ajuste. Art. 186 - O Ministério do Trabalho estabelecerá normas adicionais sobre proteção e medidas de se- gurança na operação de máquinas e equipamentos, especialmente quanto à proteção das partes móveis, distância entre estas, vias de acesso às máquinas e equipamentos de grandes dimensões, emprego de ferramentas, sua adequação e medidas de proteção exigidas quando motorizadas ou elétricas. SEÇÃO XII Das Caldeiras, Fornos e Recipientes sob Pressão Art. 187 - As caldeiras, equipamentos e recipientes em geral que operam sob pressão deverão dispor de vál- vula e outros dispositivos de segurança, que evitem seja ultrapassada a pressão interna de trabalho com- patível com a sua resistência. Parágrafo único - O Ministério do Trabalho expedi- rá normas complementares quanto à segurança das caldeiras, fornos e recipientes sob pressão, especial- mente quanto ao revestimento interno, à localização, à ventilação dos locais e outros meios de eliminação de gases ou vapores prejudiciais à saúde, e demais instalações ou equipamentos necessários à execução segura das tarefas de cada empregado. Art. 188 - As caldeiras serão periodicamente submeti- das a inspeções de segurança, por engenheiro ou em- presa especializada, inscritos no Ministério do Traba- lho, de conformidade com as instruções que, para esse fim, forem expedidas. § 1º - Toda caldeira será acompanhada de «Pron- tuário», com documentação original do fabricante, abrangendo, no mínimo: especificação técnica, dese- nhos, detalhes, provas e testes realizados durante a fabricação e a montagem, características funcionais e a pressão máxima de trabalho permitida (PMTP), esta última indicada, em local visível, na própria caldeira. § 2º - O proprietário da caldeira deverá organizar, manter atualizado e apresentar, quando exigido pela autoridade competente, o Registro de Segurança, no qual serão anotadas, sistematicamente, as indicações das provas efetuadas, inspeções, reparos e quaisquer outras ocorrências. § 3º - Os projetos de instalação de caldeiras, fornos e recipientes sob pressão deverão ser submetidos à aprovação prévia do órgão regional competente em matéria de segurança do trabalho. SEÇÃO XIII Das Atividades Insalubres ou Perigosas Art. 189 - Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerân- cia fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos. Art. 190 - O Ministério do Trabalho aprovará o quadro das atividades e operações insalubres e adotará nor- mas sobre os critérios de caracterização da insalubri- dade, os limites de tolerância aos agentes agressivos, meios de proteção e o tempo máximo de exposição do empregado a esses agentes. Parágrafo único - As normas referidas neste artigo in- cluirão medidas de proteção do organismo do traba- lhador nas operações que produzem aerodispersóides tóxicos, irritantes, alérgicos ou incômodos. Art. 191 - A eliminação ou a neutralização da insalu- bridade ocorrerá: I - com a adoção de medidas que conservem o am- biente de trabalho dentro dos limites de tolerância; II - com a utilização de equipamentos de proteção in- dividual ao trabalhador, que diminuam a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância. Parágrafo único - Caberá às Delegacias Regionais do Trabalho, comprovada a insalubridade, notificar as empresas, estipulando prazos para sua eliminação ou neutralização, na forma deste artigo. Art. 192 - O exercício de trabalho em condições in- salubres, acima dos limites de tolerância estabeleci- dos pelo Ministério do Trabalho, assegura a percepção de adicional respectivamente de 40% (quarenta por cento), 20% (vinte por cento) e 10% (dez por cento) do salário-mínimo da região, segundo se classifiquem nos graus máximo, médio e mínimo. Art. 193. São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco acentuado em virtude de exposição permanente do trabalhador a: (Redação dada pela Lei nº 12.740, de 2012) I - inflamáveis, explosivos ou energia elétrica; (Incluído pela Lei nº 12.740, de 2012) II - roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patri- monial. (Incluído pela Lei nº 12.740, de 2012) user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 31 D IR EI TO D O T RA BA LH O § 1º - O trabalho em condições de periculosidade as- segura ao empregado um adicional de 30% (trinta por cento) sobre o salário sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou participações nos lucros da empresa. (Incluído pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977) § 2º - O empregado poderá optar pelo adicional de in- salubridade que porventuralhe seja devido. (Incluído pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977) § 3º Serão descontados ou compensados do adicional outros da mesma natureza eventualmente já concedi- dos ao vigilante por meio de acordo coletivo. (Incluído pela Lei nº 12.740, de 2012). § 4o São também consideradas perigosas as ativida- des de trabalhador em motocicleta. (Incluído pela Lei nº 12.997, de 2014) Art. 194 - O direito do empregado ao adicional de in- salubridade ou de periculosidade cessará com a elimi- nação do risco à sua saúde ou integridade física, nos termos desta Seção e das normas expedidas pelo Ministério do Trabalho. Art. 195 - A caracterização e a classificação da insa- lubridade e da periculosidade, segundo as normas do Ministério do Trabalho, far-se-ão através de perícia a cargo de Médico do Trabalho ou Engenheiro do Traba- lho, registrados no Ministério do Trabalho. § 1º - É facultado às empresas e aos sindicatos das categorias profissionais interessadas requererem ao Ministério do Trabalho a realização de perícia em es- tabelecimento ou setor deste, com o objetivo de carac- terizar e classificar ou delimitar as atividades insalu- bres ou perigosas. § 2º - Arguida em juízo insalubridade ou periculosida- de, seja por empregado, seja por Sindicato em favor de grupo de associado, o juiz designará perito habilitado na forma deste artigo, e, onde não houver, requisitará perícia ao órgão competente do Ministério do Traba- lho. § 3º - O disposto nos parágrafos anteriores não pre- judica a ação fiscalizadora do Ministério do Trabalho, nem a realização ex officio da perícia. Art. 196 - Os efeitos pecuniários decorrentes do traba- lho em condições de insalubridade ou periculosidade serão devidos a contar da data da inclusão da respec- tiva atividade nos quadros aprovados pelo Ministro do Trabalho, respeitadas as normas do artigo 11. Art. 197 - Os materiais e substâncias empregados, manipulados ou transportados nos locais de trabalho, quando perigosos ou nocivos à saúde, devem conter, no rótulo, sua composição, recomendações de socorro imediato e o símbolo de perigo correspondente, se- gundo a padronização internacional. Parágrafo único - Os estabelecimentos que mante- nham as atividades previstas neste artigo afixarão, nos setores de trabalho atingidas, avisos ou cartazes, com advertência quanto aos materiais e substâncias perigosos ou nocivos à saúde. SEÇÃO XIV Da Prevenção da Fadiga Art. 198 - É de 60 kg (sessenta quilogramas) o peso máximo que um empregado pode remover individu- almente, ressalvadas as disposições especiais relativas ao trabalho do menor e da mulher. Parágrafo único - Não está compreendida na proi- bição deste artigo a remoção de material feita por impulsão ou tração de vagonetes sobre trilhos, carros de mão ou quaisquer outros aparelhos mecânicos, po- dendo o Ministério do Trabalho, em tais casos, fixar limites diversos, que evitem sejam exigidos do empre- gado serviços superiores às suas forças. Art. 199 - Será obrigatória a colocação de assentos que assegurem postura correta ao trabalhador, capa- zes de evitar posições incômodas ou forçadas, sempre que a execução da tarefa exija que trabalhe sentado. Parágrafo único - Quando o trabalho deva ser exe- cutado de pé, os empregados terão à sua disposição assentos para serem utilizados nas pausas que o ser- viço permitir. SEÇÃO XV Das Outras Medidas Especiais de Proteção Art. 200 - Cabe ao Ministério do Trabalho estabelecer disposições complementares às normas de que trata este Capítulo, tendo em vista as peculiaridades de cada atividade ou setor de trabalho, especialmente sobre: I - medidas de prevenção de acidentes e os equipa- mentos de proteção individual em obras de constru- ção, demolição ou reparos; II - depósitos, armazenagem e manuseio de combus- tíveis, inflamáveis e explosivos, bem como trânsito e permanência nas áreas respectivas; III - trabalho em escavações, túneis, galerias, minas e pedreiras, sobretudo quanto à prevenção de explosões, incêndios, desmoronamentos e soterramentos, elimi- nação de poeiras, gases, etc. e facilidades de rápida saída dos empregados; IV - proteção contra incêndio em geral e as medidas preventivas adequadas, com exigências ao especial revestimento de portas e paredes, construção de pa- redes contra-fogo, diques e outros anteparos, assim como garantia geral de fácil circulação, corredores de acesso e saídas amplas e protegidas, com suficiente sinalização; V - proteção contra insolação, calor, frio, umidade e ventos, sobretudo no trabalho a céu aberto, com pro- visão, quanto a este, de água potável, alojamento pro- filaxia de endemias; VI - proteção do trabalhador exposto a substâncias químicas nocivas, radiações ionizantes e não ioni- zantes, ruídos, vibrações e trepidações ou pressões anormais ao ambiente de trabalho, com especificação das medidas cabíveis para eliminação ou atenuação desses efeitos limites máximos quanto ao tempo de exposição, à intensidade da ação ou de seus efeitos sobre o organismo do trabalhador, exames médicos user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 32 D IR EI TO D O T RA BA LH O obrigatórios, limites de idade controle permanente dos locais de trabalho e das demais exigências que se façam necessárias; VII - higiene nos locais de trabalho, com discriminação das exigências, instalações sanitárias, com separação de sexos, chuveiros, lavatórios, vestiários e armários individuais, refeitórios ou condições de conforto por ocasião das refeições, fornecimento de água potável, condições de limpeza dos locais de trabalho e modo de sua execução, tratamento de resíduos industriais; VIII - emprego das cores nos locais de trabalho, inclu- sive nas sinalizações de perigo. Parágrafo único - Tratando-se de radiações ionizantes e explosivos, as normas a que se referem este artigo serão expedidas de acordo com as resoluções a respei- to adotadas pelo órgão técnico. SEÇÃO XVI Das Penalidades Art. 201 - As infrações ao disposto neste Capítulo relativas à medicina do trabalho serão punidas com multa de 3 (três) a 30 (trinta) vezes o valor de refe- rência previsto no artigo 2º, parágrafo único, da Lei nº 6.205, de 29 de abril de 1975, e as concernentes à segurança do trabalho com multa de 5 (cinco) a 50 (cinquenta) vezes o mesmo valor. Parágrafo único - Em caso de reincidência, embaraço ou resistência à fiscalização, emprego de artifício ou simulação com o objetivo de fraudar a lei, a multa será aplicada em seu valor máximo.” Art. 2º - A retroação dos efeitos pecuniários decor- rentes do trabalho em condições de insalubridade ou periculosidade, de que trata o artigo 196 da Consoli- dação das Leis do Trabalho, com a nova redação dada por esta Lei, terá como limite a data da vigência desta Lei, enquanto não decorridos 2 (dois) anos da sua vi- gência. Art. 3º - As disposições contidas nesta Lei aplicam- -se, no que couber, aos trabalhadores avulsos, as en- tidades ou empresas que lhes tomem o serviço e aos sindicatos representativos das respectivas categorias profissionais. § 1º - Ao Delegado de Trabalho Marítimo ou ao Dele- gado Regional do Trabalho, conforme o caso, caberá promover a fiscalização do cumprimento das normas de segurança e medicina do trabalho em relação ao trabalhador avulso, adotando as medidas necessárias inclusive as previstas na Seção II, do Capítulo V, do Título II da Consolidação das Leis do Trabalho, com a redação que lhe for conferida pela presente Lei. § 2º - Os exames de que tratam os §§ 1º e 3º do art. 168 da Consolidação das Leis do Trabalho, com a re- dação desta Lei, ficarão a cargo do Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social - INAMPS, ou dos serviços médicos das entidades sindicais cor- respondentes. Art. 4º - O Ministro do Trabalho relacionará o artigos do Capítulo V do Título II da Consolidação das Leis do Trabalho, cuja aplicação será fiscalizada exclusi- vamente por engenheirosde segurança e médicos do trabalho. Art. 5º - Esta Lei entrará em vigor na data de sua pu- blicação, ficando revogados os artigos 202 a 223 da Consolidação das Leis do Trabalho; a Lei nº 2.573, de 15 de agosto de 1955; o Decreto-lei nº 389, de 26 de dezembro de 1968 e demais disposições em contrário. Brasília, em 22 de dezembro de 1977; 156º da Inde- pendência e 89º República. ERNESTO GEISEL Arnaldo Prieto NORMAS REGULAMENTADORAS - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO “NR” significa “Norma Regulamentadora”. Elas foram instituídas pelo Ministério do Trabalho e Emprego, por meio da Portaria n. 3.214/78 para regulamentar a Lei n. 6.514, de 22 de dezembro de 1977. O seu objetivo é nor- matizar, ou seja, estabelecer normas de cuidados com a saúde e a segurança do trabalho. A Lei 6.514/77, por sua vez, alterou o Capítulo V, do Título II da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), introduzindo as leis trabalhistas uma série de exigências com relação à saúde, segurança e medicina do trabalho. Referida Lei determinou que o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) emitisse normas que regulamentassem com mais detalhes os assuntos que a própria lei abor- dava. Então, no ano seguinte, em 1978, o MTE editou a Portaria n. 3.214, com as Normas Regulamentadoras, que constituem diversos capítulos sobre segurança e medi- cina do trabalho. Até hoje, as NRs sofrem alterações, vi- sando adequar-se a novas profissões e riscos à saúde dos trabalhadores. As Normas Regulamentadoras - NR, relativas à segu- rança e medicina do trabalho, são de observância obriga- tória pelas empresas privadas e públicas e pelos órgãos públicos da administração direta e indireta, bem como pelos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT. O não cumprimento das disposições legais e regula- mentares sobre segurança e medicina do trabalho acar- retará ao empregador a aplicação das penalidades pre- vistas na legislação pertinente. Constitui ato faltoso a recusa injustificada do empre- gado ao cumprimento de suas obrigações com a segu- rança do trabalho. DA CIPA (Comissão interna de Prevenção de Aci- dentes) Surgimento no mundo: A Comissão Interna de Pre- venção de Acidentes - CIPA surgiu a partir da Revolução Industrial na Inglaterra, segunda metade do século XVIII, em decorrência da chegada das máquinas nas empresas e do aumento do número de acidentes e lesões, bem user Realce user Realce 33 D IR EI TO D O T RA BA LH O como da necessidade de um grupo que pudesse apre- sentar sugestões para corrigir possíveis riscos de aciden- tes no trabalho. Surgimento no Brasil: A CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes nasceu em 1944 mas precisa- mente no dia 10 de Novembro, durante o governo Ge- túlio Vargas. Coube a ela dar os primeiros passos para a implantação da Segurança do Trabalho no Brasil. Em empresas estrangeiras que prestavam serviço no Brasil já existiam CIPA como as de geração e distribuição de energia elétrica, Light and Power, em São Paulo e no Rio de Janeiro, então adotando esse modelo nasceu a CIPA no Brasil. Em 1953, a Portaria Nº 155, que regulamentou as Co- missões Internas de Prevenção de Acidentes de fato. Todas as empresas privadas, públicas, sociedades de economia mista, instituições beneficentes, cooperativas, clubes, desde que possuam empregados celetistas, de- pendendo do grau de risco da empresa e do número mí- nimo de 20 empregados são obrigadas a manter a CIPA. Este dimensionamento depende da Classificação Na- cional de Atividades Econômicas – CNAE, que remete a outra listagem de número de empregados. Seu objetivo é a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, tornando compatível o trabalho com a preservação da saúde do trabalhador. A CIPA é composta de um representante da empresa – Presidente (designado) e representantes dos emprega- dos, eleitos em escrutínio secreto, com mandato de um ano e direito a uma reeleição e mais um ano de estabi- lidade. Mesmo quando a empresa não precisar ter membros eleitos de acordo com o dimensionamento previsto. Ele deverá ter um membro designado pelo empregador. Esse membro responderá pelas ações da CIPA na empresa. Ela é composta de representantes dos Empregados e do Empregador, seguindo o dimensionamento estabele- cido, com ressalvas as alterações disciplinadas em atos normativos para os setores econômicos específicos. Sua atribuição consiste em identificar os riscos de execução da relação de trabalho, elaborar o mapa de risco, contando para isso, com a participação do maior número de trabalhadores, tendo a assessoria do SESMT para realizar suas atribuições. A CIPA tem como principal atividade à prevenção de acidentes e doenças ocupacionais, auxiliando o SESMT - Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho. A diferença básica entre esses dois órgãos internos da empresa reside no fato de que o SESMT é composto exclusivamente por profissionais es- pecialistas em segurança e saúde no trabalho, enquanto a CIPA é uma comissão partidária constituída por empre- gados normalmente leigos em prevenção de acidentes. O desenvolvimento das ações preventivas por parte da CIPA, consiste, basicamente, em observar e relatar as condições de riscos nos ambientes de trabalho; solicitar medidas para reduzir e eliminar os riscos existentes ou até mesmo neutraliz-a-los; discutir os acidentes ocorri- dos, solicitando medidas que previnam acidentes seme- lhentes e ainda, orientar aos demais trabalhadores quan- to à prevenção de futuros acidentes na SIPAT (Semana Interna de Prevenção de Acidentes). A NR-05 dispõe que, compete ao empregador pro- porcionar aos membros da CIPA os meios necessários ao efetivo desempenho de suas atribuições, garantindo tempo suficiente para a realização das tarefas de cipeiros constantes do plano de trabalho prevencionista. Conforme a NR-05, compete aos empregados: a) participar da eleição de seus representantes; b) colaborar com a gestão da CIPA; c) indicar a CIPA, ao SESMT e ao empregador situação de riscos e apresentação sugestões para melhoria das condições de trabalho; d) observar e aplicar no ambiente de trabalho as re- comendações quanto à prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho. Com relação ao processo eleitoral, o mesmo deverá: ser iniciado no prazo mínimo de 60 (sessenta) dias antes do término do mandato em curso; publicação e divul- gação de edital, em locais de fácil acesso e visualização, no prazo mínimo de 55 (cinquenta e cinco) dias antes do término do mandato em curso; inscrição e eleição indivi- dual, com período mínimo de 15 (quinze) dias; realização da eleição no prazo mínimo de 30 (trinta) dias antes do término do mandato da CIPA, quando houver; a eleição deverá ocorrer em dia normal de trabalho, em horário que possibilite a participação da maioria dos emprega- dos; voto secreto; apuração dos votos, em horário nor- mal de trabalho; guarda, pelo empregador, de todos os documentos relativos à eleição, por um período mínimo de 5 (cinco) anos; em caso de empate, assumirá aquele que tiver maior tempo de serviço no estabelecimento; os candidatos votados e não eleitos serão relacionados na ata de eleição e apuração, em ordem decrescente de vo- tos, possibilitando nomeação posterior, em caso de va- cância de suplentes. Todos os membros da CIPA, ou o designado, deverão ser treinados antes da posse, exceto nos casos de primei- ro mandato que será realizado no prazo máximo de 30 (trinta) dias, contados a partir da data da posse. O treina- mento terá carga horária de 20 (vinte) horas, distribuídas em, no máximo, 8 (oito) horas diárias e será realizado durante o expediente normal da empresa. Resumo esquemático: Para que serve a CIPA: O objetivo das ações da CIPA é “observar e relatar as condições de risco no ambiente de trabalho e solicitar medidas para reduzir até elimi- nar os riscos existentes e/ou neutralizaros mesmos. Por- tanto sua missão é preservar a saúde e integridade física dos trabalhadores. Seu papel mais importante é o de estabelecer uma relação de diálogo e conscientização, ela deve ser a pon- te que liga gerentes e empregados, e de forma criativa e participativa deve opinar na forma como os trabalhos são realizados, objetivando sempre melhorar as condi- ções de trabalho, visando à humanização do trabalho e conseqüente melhoria nas condições de trabalho. Como a CIPA é formada: É formada por representan- tes dos empregadores e dos empregados de forma pari- tária, ou seja, partes iguais, se existirem 3 eleitos, existi- rão 3 designados pelo empregador. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 34 D IR EI TO D O T RA BA LH O Essa formação tem que obedecer ao Quadro I da NR 5 como já foi dito. Depois do dimensionamento feito a partir do Quadro I começa todo o processo eleitoral e consequente im- plantação da CIPA. Casos de existência da CIPA: Diferente do que muitos imaginam constituir CIPA é obrigação de todas as em- presas. Para algumas empresas como é o caso das me- talúrgicas, basta ter 20 funcionários para ser necessário implantar uma CIPA. Mas e se essa mesma empresa só tiver 10? Vejamos o que o texto da NR 5.6.4: Quando o estabelecimento não se enquadrar no Quadro I, a empresa designará um responsável pelo cumprimento dos objetivos desta NR, podendo ser adotados mecanismos de participação dos empregados, através de negociação coletiva. Como mostrou o texto da NR, quando a empresa não se enquadrar no Quadro I, ou seja, não precisar ter pro- cesso eleitoral, a empresa deverá designar uma pessoa para cumprir as ações da CIPA, é o chamado “Designado de CIPA”. Como definir o número de membros da CIPA? O nú- mero de membros da CIPA é definido através do dimen- sionamento previsto na NR 5. Funcionário em período de experiencia pode se can- didatar a cargo de CIPA? Pode. Porém, já que o contrato de trabalho dele tem validade por causa do período de experiência (no máximo 90 dias segundo a CLT), a estabi- lidade só o alcançará após esse prazo. Então após con- cluir o período de experiência o contrato de trabalho passará a ser por tempo indeterminado, e com isso ele passará a ter estabilidade como todos os membros elei- tos. Por quantos mandatos o membro da CIPA pode ser reeleito? Pode ser reeleito apenas uma vez. NR 5 item 5.7. Quem pode ministrar treinamento da CIPA: O treina- mento da CIPA pode ser realizado pelo Técnico em Segu- rança do Trabalho,Engenheiro de Segurança do Trabalho, ou qualquer ou membro do SESMT, por entidade ligada ao sindicato da categoria, ou por profissional que possua conhecimento sobre os temas ministrados. Temas esses que estão listados na NR 5 item 5.32 A CIPA deve ser ouvida sobre quem ministrará o trei- namento e esse procedimento deve constar na Ata de Reunião Ordinária. Se o treinamento não atender aos itens mencionados o MTE poderá solicitar que sejam acrescentados os itens faltantes ou solicitar que seja ministrado outro curso (treinamento), NR 5.37. Principais atribuições da CIPA - Discutir e ajudar na investigação dos acidentes ocorridos, na empresa e de trajeto; - Sugerir medidas de prevenção e neutralização dos riscos no ambiente de trabalho, que se julguem necessárias; - Promover a divulgação e zelar pela observância das normas de segurança do Ministério do Trabalho, como as normas de segurança da empresa; - Promover o interesse dos empregados pela preser- vação de acidentes e doenças ocupacionais, ser contagiador das questões de segurança; - Realizar inspeções de segurança na empresa, seja por causa de denúncia dos empregados, do em- pregador ou iniciativa própria. Relatar os riscos encontrados ao empregador e SESMT para que os mesmos tomem as medidas de correção necessá- rias; - Promover anualmente em conjunto com o SESMT (onde houver) a Semana Interna de Prevenção de Acidentes – SIPAT; - Participar anualmente em conjunto com a empresa de campanhas de prevenção a AIDS; - Participar das reuniões ordinárias (mensais), e extra- ordinárias (quando houver caso de riscos eminente – risco de morte); - Registrar as reuniões mensais em livro próprio e en- tregar e entregar cópias aos membros da CIPA e empregador; - Solicitar cópia das CAT’s emitidas e discuti-las nas reuniões mensais; - Sugerir cursos, melhorias e adequações no ambien- te de trabalho sempre que necessário; - Participar com o SESMT (onde Houver) das investi- gações de acidentes de trabalho, causas e fontes de risco. E acompanhar a implantação das medidas corretivas; - Requisitar ao empregador e analisar informa- ções que tenham interferido na segurança e saúde dos trabalhadores; - Requerer do SESMT (onde houver) e do empregador a paralisação de máquina ou setor que conside- re haver risco grave e eminente (risco de morte) a saúde e vida do trabalhador; - Colaborar na elaboração e implantação dos progra- mas de saúde da empresa, PPRA, PCMSO e outros programas relacionados a saúde no trabalho; - Elaborar Mapa de Riscos da empresa em parceria com o SESMT (onde houver), na ocasião entrevistar funcionários sobre riscos encontrados no ambien- te de trabalho; Funções dos envolvidos na CIPA - Presidente: Representante do empregador e indica- do por ele; - Vice-Presidente: Representante dos empregados (eleito por voto direto); - Secretário e Vice-Secretário: São escolhidos em co- mum acordo entre os representantes dos empre- gados (votados) e do empregador (indicados); - Membros da CIPA: Representantes dos empregados (votados) e do empregador (indicados). O que faz o designado da CIPA? E sendo o designado a própria CIPA da empresa, é natural dizer que ele cumprirá as ações da CIPA. Com ressalva das reuniões, afinal, é impossível fazer reuniões sozinho. user Realce user Realce user Realce 35 D IR EI TO D O T RA BA LH O Mas as outras atribuições ele poderá executar natu- ralmente, ao invés de Ata de Reunião ele poderá docu- mentar as inconformidades no local de trabalho, ele de- verá coletar assinatura do empregador ou responsável no documento. Isso é ser atuante! Também é importante frisar que o designado da CIPA não tem direito a estabilidade no emprego, a estabilida- de é só para o membro eleito, segundo a NR 5.8. Antes de assumir a função o designado deverá passar pelo curso da CIPA. Curso esse que tem duração de 20 horas, segundo a NR 5.34. Deve-se protocolar a formação da CIPA no Ministé- rio do Trabalho? Isso não é mais necessário. Após a alte- ração na NR 5 toda documentação relacionada a CIPA deve ficar na empresa a disposição da fiscalização do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego). Só isso basta para cumprir a lei. Quando um membro eleito sai da CIPA pode colocar outro no lugar? Nesse caso poderá colocado um dentre os candidatos que foram votados e não eleitos. Deverá ser observado a ordem decrescente dos votos do pro- cesso eleitoral. O motivo da saída e da entrada deve constar na ata de reunião da CIPA. NR 5.31. Quando não tiver outros nomes dispostos na se- quencia deverá ser realizada outra eleição em processo extraordinário. Vale ressaltar que o mandato deverá ser compatibilizado com os outros membros. NR 5.31.3.1. Em quais situações se pode encerrar as atividades da CIPA? Somente quando a empresa for fechar ou seja, en- cerrar suas atividades, segundo nos mostra a NR 5.15. Atribuições dos funcionários na CIPA: Eles devem participar das eleições do cipeiros que são seus repre- sentantes. Comunicar a CIPA e a SESMT (onde houver) as situa- ções de risco que forem encontradas no ambiente de tra- balho. Devem propor melhorias para ajudar a encontrar as soluções necessárias. Devem ouvir e obedecer as orientações da CIPA no sentido de evitar acidentes de trabalho e o aparecimento de doenças ocupacionais. NR 5.18 Entendimentos Jurisprudenciais do TST a respeito da CIPA: Súmula nº 339 do TST.CIPA. SUPLENTE. GARANTIA DE EMPREGO. CF/1988 (incorporadas as Orienta- ções Jurisprudenciais nºs 25 e 329 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005 I - O suplente da CIPA goza da garantia de emprego prevista no art. 10, II, “a”, do ADCT a partir da promul- gação da Constituição Federal de 1988. (ex-Súmula nº 339 - Res. 39/1994, DJ 22.12.1994 - e ex-OJ nº 25 da SBDI-1 - inserida em 29.03.1996) II - A estabilidade provisória do cipeiro não constitui vantagem pessoal, mas garantia para as atividades dos membros da CIPA, que somente tem razão de ser quando em atividade a empresa. Extinto o estabele- cimento, não se verifica a despedida arbitrária, sendo impossível a reintegração e indevida a indenização do período estabilitário. (ex-OJ nº 329 da SBDI-1 - DJ 09.12.2003) Retribuição indenizatória do salário: adicional de in- salubridade, adicional de periculosidade A legislação trabalhista protege, por meio de nor- mas, todo trabalhador que executa suas funções em ati- vidades insalubres ou perigosas, de forma a amenizar o impacto destas atividades na saúde do trabalhador. São periculosas as atividades ou operações onde a natureza ou os seus métodos de trabalhos configure um contato com substancias inflamáveis ou explosivos, em condição de risco acentuada, como é o caso, por exem- plo, de frentista de posto de combustível, operador em distribuidora de gás, entre outros. São consideradas atividades ou operações insalubres as que se desenvolvem acima dos limites de tolerância previstos nos anexos à Norma Regulamentar nº 15, tais como poeira, som, ruído, agentes químicos, etc. O art. 189 e 193 da CLT assim definem estas ativida- des: Art. 189 - Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerân- cia fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos; Art. 193. São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco acentuado em virtude de exposição permanente do trabalhador a: (Redação dada pela Lei nº 12.740, de 2012) I - inflamáveis, explosivos ou energia elétrica; (Incluído pela Lei nº 12.740, de 2012) II - roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patri- monial. (Incluído pela Lei nº 12.740, de 2012) § 4o São também consideradas perigosas as ativida- des de trabalhador em motocicleta. (Incluído pela Lei nº 12.997, de 2014) Atenção, pois a CLT foi alterada em 2012 pela Lei 12.740 e não previa a segunda hipótese, de roubo ou outras espécies de violência nas atividades de segurança. Tal criação visou atender a prática em direito coletivo de se caracterizar como atividade perigosa também o traba- lho dos vigias e seguranças patrimoniais, o que não era previsto na CLT, mas amplamente discutido e aceito nas categorias relacionadas a tais atividades. Em 2014 também foi alterada para incluir como si- tuação de periculosidade o trabalho em motocicleta, ou seja, aquele desenvolvido com habitualidade dentro da jornada de trabalho sobre uma motocicleta. Enquanto a primeira alteração em 2012 não necessi- tou de regulamentação, sendo aplicada imediatamente, a segunda, de 2014, quanto ao trabalho “em motocicle- ta”, dependeu de regulamentação da matéria pelo Mi- nistério do Trabalho e Emprego, que assim o fez pela no 13/10/2014, por meio de sua Portaria 1.565, publicada no DOU, em 14/10/2014, acrescentando o anexo 5 à NR 16, a qual trata das “atividades e operações perigosas”. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 36 D IR EI TO D O T RA BA LH O De se notar que aludida regulamentação trouxe efe- tivos parâmetros necessários ao correto enquadramento das denominadas “atividades perigosas em motocicleta”, em consonância com o novo parágrafo quarto do art. 193 da CLT, introduzido pela lei 12.997/14. É certo que se tem notícia de que muitos sustenta- ram, à época, ser imediatamente devido o adicional de periculosidade aos trabalhadores em motocicleta. Para esse entendimento, desde o dia 18/6/2014, quando hou- ve a promulgação da citada lei 12.997/14, os trabalha- dores que atuavam no exercício da função de motoboy, mototransporte, mototaxista, motofrete, dentre outras, já fariam jus ao correspondente adicional. No entanto, parece caminhar melhor a posição da- queles que defendem que os efeitos pecuniários passa- ram a ser devidos somente a partir de 14/10/2014, data de inclusão da respectiva atividade nos quadros aprova- dos pelo Ministro do Trabalho e Emprego (CLT, art. 196 c/c NR-16, do MTE). Segundo o anexo 5 da NR-16: “ANEXO 5 - ATIVIDADES PERIGOSAS EM MOTOCI- CLETA 1. As atividades laborais com utilização de motocicle- ta ou motoneta no deslocamento de trabalhador em vias públicas são consideradas perigosas. 2. Não são consideradas perigosas, para efeito deste anexo: a) a utilização de motocicleta ou motoneta exclusi- vamente no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela; b) as atividades em veículos que não necessitem de emplacamento ou que não exijam carteira nacional de habilitação para conduzi-los; c) as atividades em motocicleta ou motoneta em lo- cais privados. d) as atividades com uso de motocicleta ou motoneta de forma eventual, assim considerado o fortuito, ou o que, sendo habitual, dá-se por tempo extrema- mente reduzido”. Quanto à teoria geral da matéria, é facultado às em- presas e aos sindicatos das categorias profissionais inte- ressadas, requererem ao Ministério do Trabalho a reali- zação de perícia em estabelecimento ou setor específico, com o objetivo de caracterizar e classificar ou delimitar as atividades insalubres ou perigosas. Nas perícias requeridas às Delegacias Regionais do Trabalho, uma vez comprovada a insalubridade, o peri- to do Ministério do Trabalho indicará o adicional devido, podendo ser, conforme art. 192 da CLT, de 10%, 20% ou de 40%. Por sua vez, conforme dispõe o § 1º do art. 193 da CLT, o trabalho realizado em ambientes periculosos as- segura ao empregado um adicional de 30% (trinta por cento) sobre o salário sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou participações nos lucros da empresa. Caso, por meio de perícia, se constate que a atividade exercida seja, concomitantemente, insalubre e perigosa, será facultado aos empregados que estão sujeitos à estas condições, optar pelo adicional que lhe for mais favorá- vel, não podendo perceber, cumulativamente, ambos os adicionais. Portanto, se em determinada atividade o perito indi- car que há insalubridade em grau médio (20%) e pericu- losidade (30%), o empregado não terá direito a perceber, cumulativamente, (50%) de adicional, já que a legislação trabalhista faculta ao empregado o direito de optar pelo mais favorável, ou seja, o de periculosidade. Esta opção, embora pareça ser óbvia quanto ao mais favorável (analisando os percentuais), não espelha a ver- dade quando analisamos a base de cálculo para a apura- ção do referido adicional. É o caso, por exemplo, de se dizer que o empregado que exerça a atividade em que há, simultaneamente, a insalubridade em grau máximo (40%) e a periculosidade, opte pelo adicional de insalubridade, por ter um percen- tual maior. Considerando que a base de cálculo do adicional de insalubridade (frente a toda controvérsia gerada pela Súmula Vinculante nº 4 do STF) ainda é o salário míni- mo, salvo disposição em contrário prevista em acordo ou convenção coletiva, e que a base de cálculo do adicional de periculosidade é o salário do empregado, a condição mais favorável poderá ser o de periculosidade, caso o sa- lário do trabalhador seja consideravelmente superior ao salário mínimo. “STF.Súmula Vinculante 4. Salvo nos casos previs- tos na Constituição, o salário mínimo não pode ser usa- do como indexador de base de cálculo de vantagem de servidor público ou de empregado, nem ser substituído por decisão judicial”. A base de cálculo de eventual adicional de insalu- bridade deve levar em conta o salário mínimo nacio- nal, nos termos do art. 192 da CLT e pelo que restou pacificado pelo C. STF, que suspendeu a vigência da Súmula 228 do E. TST. No ano de 2009, o Supremo Tribunal Federal suspen- deu liminarmente a nova redação da Súmula 228 do TST, na reclamação constitucional nº 6.266-0. Acerca de re- ferida decisão, o STF ainda afirmou que, conforme ficou decidido no RE 565.714/SP, não é possível que o judiciá- rio substitua o salário mínimo previsto no art. 192 da CLT como indexador, antes da edição de lei que o faça. Dessa forma, atualmente o Tribunal Superior do Tra- balho, acompanhando posição do STF, considera válida a utilização do salário mínimo como base de cálculo: “AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. BASE DE CÁLCULO DO ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. SÚMULA VINCULANTE 4 DO STF. SUSPENSÃO LIMINAR DA SÚMULA 228 DO TST.Nos termos do r. despacho do e. Presidente do excelso Pretório, fixando a inteligência do julgamento que ensejou a edição da Súmula Vincu- lante nº 4, “o adicional de insalubridade deve continuar sendo calculado com base no salário mínimo, enquanto não superada a inconstitucionalidade do art. 192 da CLT por meio de lei ou convenção coletiva”. (R-6266-DF). Pre- user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 37 D IR EI TO D O T RA BA LH O cedentes deste c. Tribunal. Agravo de instrumento a que se nega provimento. (TST- AIRR 706007120085120013 70600-71.2008.5.12.0013- Relator: Alexandre de Souza Agra Belmonte- Julgamento: 26/06/2013). Importante afirmar que o adicional de insalubrida- de pode ser eliminado, com fornecimento de aparelhos protetores aprovados pelo órgão competente do Poder Executivo, excluindo a percepção do respectivo adicional (Súmula 80 TST). O quadro de atividades insalubres será aprovado pelo Ministério do Trabalho, o qual adotara normas sobre cri- térios de caracterização da insalubridade, os limites de tolerância aos agentes agressivos, meios de proteção e o tempo máximo de exposição do empregado a esses agentes. Art. 190 da CLT). Art. 190 da CLT - O Ministério do Trabalho aprovará o quadro das atividades e operações insalubres e adota- rá normas sobre os critérios de caracterização da insalu- bridade, os limites de tolerância aos agentes agressivos, meios de proteção e o tempo máximo de exposição do empregado a esses agentes. Parágrafo único - As normas referidas neste artigo in- cluirão medidas de proteção do organismo do traba- lhador nas operações que produzem aerodispersóides tóxicos, irritantes, alérgicos ou incômodos. Para se configurar a existência do direito ao adicio- nal de insalubridade não basta apenas à perícia constatar que o ambiente é insalubre, é indispensável o enquadra- mento da atividade ou operação entre as insalubridade pelo Ministério do Trabalho, conforme súmula 460 do Supremo Tribunal Federal. STF Súmula nº 460 - Adicional de Insalubridade - Pe- rícia Judicial em Reclamação Trabalhista - Enqua- dramento da Atividade. Para efeito do adicional de insalubridade, a perícia judicial, em reclamação tra- balhista, não dispensa o enquadramento da atividade entre as insalubres, que é ato da competência do Mi- nistro do Trabalho e Previdência Social. A eliminação ou neutralização da insalubridade ocor- rerá com a adoção de medidas que conservem o am- biente de trabalho dentro dos limites de tolerância e com a utilização de equipamentos de proteção individual ao trabalhador, que diminuam a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância. Art. 191 da CLT - A eliminação ou a neutralização da insalubridade ocorrerá I - com a adoção de medidas que conservem o am- biente de trabalho dentro dos limites de tolerância; II - com a utilização de equipamentos de proteção in- dividual ao trabalhador, que diminuam a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância. Parágrafo único - Caberá às Delegacias Regionais do Trabalho, comprovada a insalubridade, notificar as empresas, estipulando prazos para sua eliminação ou neutralização, na forma deste artigo. O adicional de insalubridade habitual também integra a remuneração para todos os efeitos, na forma da Súmu- la 139, do TST. Já o adicional de periculosidade recebido habitualmente integra tão somente a indenização e cál- culo de horas extras, na forma da Súmula 132, do TST. Quanto ao tempo de exposição ao agente perigoso, o TST entende que é devido ao empregado “exposto per- manentemente ou que, de forma intermitente, sujeita-se a condições de risco. Indevido, apenas, quando o contato dá-se de forma eventual, assim considerado o fortuito, ou o que, sendo habitual, dá-se por tempo extremamente re- duzido”, na forma da Súmula 364, do TST. Não há direito adquirido ao recebimento do adicional de insalubridade, a Súmula 80 do TST menciona que a eliminação da insalubridade pelo fornecimento de apa- relhos protetores aprovados pelo Órgão competente do Poder Executivo exclui a percepção do adicional respec- tivo. TST SÚMULA nº 80 - Eliminação da Insalubridade - Aparelhos Protetores - Adicional de Insalubridade. A elimi- nação da insalubridade, pelo fornecimento de aparelhos protetores aprovados pelo órgão competente do Poder Executivo, exclui a percepção do adicional respectivo. O simples fornecimento do aparelho de proteção pelo empregador não o exime do pagamento do adicional de insalubridade, devendo tomar as medidas que condu- zem à diminuição ou eliminação da nocividade, dentre as quais as relativas ao uso efetivo dos equipamentos de proteção individual- EPIs, pelo empregado. Súmula nº 289 do TST. INSALUBRIDADE. ADICIONAL. FORNECIMENTO DO APARELHO DE PROTEÇÃO. EFEI- TO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003. O simples fornecimento do aparelho de proteção pelo empregador não o exime do pagamento do adicio- nal de insalubridade. Cabe-lhe tomar as medidas que conduzam à diminuição ou eliminação da nocividade, entre as quais as relativas ao uso efetivo do equipa- mento pelo empregado. O adicional será calculado a razão de 10%, 20% e 40% sobre o salário mínimo, respectivamente para os graus mínimo, médio e máximo. Art. 192 da CLT- O exercício de trabalho em condições insalubres, acima dos limites de tolerância estabeleci- dos pelo Ministério do Trabalho, assegura a percepção de adicional respectivamente de 40% (quarenta por cento), 20% (vinte por cento) e 10% (dez por cento) do salário-mínimo da região, segundo se classifiquem nos graus máximo, médio e mínimo. Caso o empregado seja removido do setor ou passe a trabalhar em outro estabelecimento perderá o direito ao adicional de insalubridade. Os efeitos pecuniários decorrentes do trabalho em condições de insalubridade ou periculosidade serão de- vidos a contar da data da inclusão da respectiva atividade nos quadros aprovados pelo Ministério do Trabalho. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 38 D IR EI TO D O T RA BA LH O Art. 196 da CLT- Os efeitos pecuniários decorrentes do trabalho em condições de insalubridade ou periculo- sidade serão devidos a contar da data da inclusão da respectiva atividade nos quadros aprovados pelo Mi- nistro do Trabalho, respeitadas as normas do artigo 11. Frise-se que o artigo 7º, inciso XXXIII, da CF/88 proíbe o trabalho noturno, perigoso ou insalubre ao menor de 18 anos e de qualquer trabalho ao menor de 16 anos, salvo na condição de aprendiz, a partir dos 14 anos. Art. 7º da CF/88- São direitos dos trabalhadores urba- nos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigosoou insalubre a menores de dezoito e de qualquer traba- lho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos. Atividades perigosas - O adicional de periculosidade incidirá no percentual de 30%, calculado sobre o salário base, sem acréscimo resultantes de gratificações, prê- mios, etc.(§ 1 artigo 193 da CLT). NR 15 - NORMA REGULAMENTADORA 15 ATIVIDADES E OPERAÇÕES INSALUBRES 15.1 São consideradas atividades ou operações insalu- bres as que se desenvolvem: 15.1.1 Acima dos limites de tolerância previstos nos Anexos n.º 1, 2, 3, 5, 11 e 12; 15.1.2 (Revogado pela Portaria MTE n.º 3.751/1990). 15.1.3 Nas atividades mencionadas nos Anexos n.º 6, 13 e 14; 15.1.4 Comprovadas através de laudo de inspeção do local de trabalho, constantes dos Anexos n.º 7, 8, 9 e 10. 15.1.5 Entende-se por «Limite de Tolerância», para os fins desta Norma, a concentração ou intensida- de máxima ou mínima, relacionada com a natu- reza e o tempo de exposição ao agente, que não causará dano à saúde do trabalhador, durante a sua vida laboral. 15.2 O exercício de trabalho em condições de insalu- bridade, de acordo com os subitens do item ante- rior, assegura ao trabalhador a percepção de adi- cional, incidente sobre o salário mínimo da região, equivalente a: 15.2.1 40% (quarenta por cento), para insalubridade de grau máximo; 15.2.2 20% (vinte por cento), para insalubridade de grau médio; 15.2.3 10% (dez por cento), para insalubridade de grau mínimo; 15.3 No caso de incidência de mais de um fator de insalubridade, será apenas considerado o de grau mais elevado, para efeito de acréscimo salarial, sendo vedada a percepção cumulativa. 15.4 A eliminação ou neutralização da insalubridade determinará a cessação do pagamento do adicio- nal respectivo. 15.4.1 A eliminação ou neutralização da insalubridade deverá ocorrer: a) com a adoção de medidas de ordem geral que conservem o ambiente de trabalho dentro dos li- mites de tolerância; b) com a utilização de equipamento de proteção in- dividual. 15.4.1.1 Cabe à autoridade regional competen- te em matéria de segurança e saúde do tra- balhador, comprovada a insalubridade por laudo técnico de engenheiro de segurança do trabalho ou médico do trabalho, devidamente habilitado, fixar adicional devido aos empregados expostos à insalubridade quando impraticável sua eliminação ou neutralização. 15.4.1.2 A eliminação ou neutralização da insalubrida- de ficará caracterizada através de avaliação pericial por órgão competente, que comprove a inexistên- cia de risco à saúde do trabalhador. 15.5 É facultado às empresas e aos sindicatos das ca- tegorias profissionais interessadas requererem ao Ministério do Trabalho, através das DRTs, a realiza- ção de perícia em estabelecimento ou setor deste, com o objetivo de caracterizar e classificar ou de- terminar atividade insalubre. 15.5.1 Nas perícias requeridas às Delegacias Regio- nais do Trabalho, desde que comprovada a insalu- bridade, o perito do Ministério do Trabalho indica- rá o adicional devido. 15.6 O perito descreverá no laudo a técnica e a apa- relhagem utilizadas. 15.7 O disposto no item 15.5. não prejudica a ação fiscalizadora do MTb nem a realização ex-officio da perícia, quando solicitado pela Justiça, nas loca- lidades onde não houver perito. Posição jurisprudencial sumulada do TST a respeito do tema: Adicional de insalubridade: Súmula nº 47 do TST. INSALUBRIDADE (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003. O trabalho executado em condições insalubres, em caráter inter- mitente, não afasta, só por essa circunstância, o direito à percepção do respectivo adicional. Súmula nº 80 do TST. INSALUBRIDADE (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003. A eliminação da insalubridade mediante fornecimento de aparelhos protetores aprovados pelo órgão competente do Poder Executivo exclui a percepção do respectivo adicional. Súmula nº 139 do TST. ADICIONAL DE INSALUBRIDA- DE (incorporada a Orientação Jurisprudencial nº 102 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005. Enquanto percebido, o adicional de insalubridade in- tegra a remuneração para todos os efeitos legais. (ex- -OJ nº 102 da SBDI-1 - inserida em 01.10.1997). Súmula nº 228 do TST. ADICIONAL DE INSALUBRIDA- user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 39 D IR EI TO D O T RA BA LH O DE. BASE DE CÁLCULO (redação alterada na sessão do Tribunal Pleno em 26.06.2008) - Res. 148/2008, DJ 04 e 07.07.2008 - Republicada DJ 08, 09 e 10.07.2008. SÚMULA CUJA EFICÁCIA ESTÁ SUSPENSA POR DECI- SÃO LIMINAR DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012. A partir de 9 de maio de 2008, data da publicação da Súmula Vinculante nº 4 do Supremo Tribunal Federal, o adicional de insalubridade será calculado sobre o salário básico, salvo critério mais vantajoso fixado em instrumento coletivo. Súmula nº 248 do TST. ADICIONAL DE INSALUBRIDA- DE. DIREITO ADQUIRIDO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003. A reclassificação ou a desca- racterização da insalubridade, por ato da autoridade competente, repercute na satisfação do respectivo adi- cional, sem ofensa a direito adquirido ou ao princípio da irredutibilidade salarial. Súmula nº 293 do TST. ADICIONAL DE INSALUBRIDA- DE. CAUSA DE PEDIR. AGENTE NOCIVO DIVERSO DO APONTADO NA INICIAL (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003. A verificação mediante pe- rícia de prestação de serviços em condições nocivas, considerado agente insalubre diverso do apontado na inicial, não prejudica o pedido de adicional de insalu- bridade. Súmula nº 448 do TST. ATIVIDADE INSALUBRE. CA- RACTERIZAÇÃO. PREVISÃO NA NORMA REGULA- MENTADORA Nº 15 DA PORTARIA DO MINISTÉRIO DO TRABALHO Nº 3.214/78. INSTALAÇÕES SANITÁ- RIAS. (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 4 da SBDI-1 com nova redação do item II ) – Res. 194/2014, DEJT divulgado em 21, 22 e 23.05.2014. I - Não basta a constatação da insalubridade por meio de laudo pericial para que o empregado tenha direito ao respectivo adicional, sendo necessária a classifica- ção da atividade insalubre na relação oficial elabora- da pelo Ministério do Trabalho. II – A higienização de instalações sanitárias de uso público ou coletivo de grande circulação, e a respecti- va coleta de lixo, por não se equiparar à limpeza em residências e escritórios, enseja o pagamento de adi- cional de insalubridade em grau máximo, incidindo o disposto no Anexo 14 da NR-15 da Portaria do MTE nº 3.214/78 quanto à coleta e industrialização de lixo urbano. Adicional de Periculosidade: Súmula nº 39 do TST. PERICULOSIDADE (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003. Os empregados que operam em bomba de gasolina têm direito ao adi- cional de periculosidade (Lei nº 2.573, de 15.08.1955). Súmula nº 70 do TST. ADICIONAL DE PERICULOSIDA- DE (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003. O adicional de periculosidade não incide sobre os triê- nios pagos pela Petrobras. Súmula nº 132 do TST. ADICIONAL DE PERICULOSI- DADE. INTEGRAÇÃO (incorporadas as Orientações Jurisprudenciais nºs 174 e 267 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005. I - O adicional de periculosidade, pago em caráter per- manente, integra o cálculo de indenização e de horas extras (ex-Prejulgado nº 3). (ex-Súmula nº 132 - RA 102/1982, DJ 11.10.1982/ DJ 15.10.1982 - e ex-OJ nº 267 da SBDI-1 - inserida em 27.09.2002). II - Durante as horas de sobreaviso, o empregado não se encontra em condições de risco, razão pela qual é incabível a integração do adicional de periculosidade sobre as mencionadas horas. (ex-OJ nº 174 da SBDI-1 - inserida em 08.11.2000). Súmula nº 191 do TST. ADICIONAL. PERICULOSIDA- DE. INCIDÊNCIA (nova redação) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003. O adicional de periculosidade incide apenas sobre o salário básico e não sobre este acrescido deoutros adicionais. Em relação aos eletrici- tários, o cálculo do adicional de periculosidade deverá ser efetuado sobre a totalidade das parcelas de natu- reza salarial. Súmula nº 361 do TST. ADICIONAL DE PERICULOSI- DADE. ELETRICITÁRIOS. EXPOSIÇÃO INTERMITENTE (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003. O trabalho exercido em condições perigosas, embora de forma intermitente, dá direito ao empregado a rece- ber o adicional de periculosidade de forma integral, porque a Lei nº 7.369, de 20.09.1985, não estabeleceu nenhuma proporcionalidade em relação ao seu paga- mento. Súmula nº 364 do TST. ADICIONAL DE PERICULOSI- DADE. EXPOSIÇÃO EVENTUAL, PERMANENTE E IN- TERMITENTE (cancelado o item II e dada nova redação ao item I) - Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011. Tem direito ao adicional de periculosi- dade o empregado exposto permanentemente ou que, de forma intermitente, sujeita-se a condições de risco. Indevido, apenas, quando o contato dá-se de forma eventual, assim considerado o fortuito, ou o que, sen- do habitual, dá-se por tempo extremamente reduzido. (ex-Ojs da SBDI-1 nºs 05 - inserida em 14.03.1994 - e 280 - DJ 11.08.2003). Súmula nº 447 do TST. SÚMULA Nº 447 ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. PERMANÊNCIA A BORDO DU- RANTE O ABASTECIMENTO DA AERONAVE. INDE- VIDO. Res. 193/2013, DEJT divulgado em 13, 16 e 17.12.2013. Os tripulantes e demais empregados em serviços auxiliares de transporte aéreo que, no mo- mento do abastecimento da aeronave, permanecem a bordo não têm direito ao adicional de periculosidade a que aludem o art. 193 da CLT e o Anexo 2, item 1, “c”, da NR 16 do MTE. Súmula nº 453 do TST. ADICIONAL DE PERICULOSI- DADE. PAGAMENTO ESPONTÂNEO. CARACTERIZA- ÇÃO DE FATO INCONTROVERSO. DESNECESSÁRIA A PERÍCIA DE QUE TRATA O ART. 195 DA CLT. (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 406 da SBDI-1) – Res. 194/2014, DEJT divulgado em 21, 22 e 23.05.2014. O pagamento de adicional de periculosidade efetuado por mera liberalidade da empresa, ainda que de for- ma proporcional ao tempo de exposição ao risco ou em percentual inferior ao máximo legalmente previs- to, dispensa a realização da prova técnica exigida pelo art. 195 da CLT, pois torna incontroversa a existência do trabalho em condições perigosas. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 40 D IR EI TO D O T RA BA LH O PROTEÇÃO AO TRABALHO DO MENOR O fundamento de todo o sistema de proteção ao tra- balho do menor reside em preservar a saúde e a integri- dade física da criança, no entanto, promovendo o seu desenvolvimento intelectual, moral e psicológico. A Constituição federal em seu artigo 7º, XXXIII res- guarda essa proteção, proibindo o trabalho a menores de 16 anos, salvo na condição de aprendiz. Na defesa aos interesses do menor, o Conselho Tu- telar é o órgão permanente e autônomo, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente conforme dispõe a Lei nº 8.069/90. Ainda assim, importante destacar, nos termos do art. 440 da CLT, ao trabalhador menor de 18 anos, não corre prazo de prescrição, só correrá prazo de prescrição quan- do o trabalhador tiver 18 anos ou mais. Tendo em vista o trabalhador não ter 18 anos, ou seja, ser um adolescente, o Estado promove uma proteção e colocam-se restrições quanto as formas/maneiras e tipos de trabalho que o menor pode realizar. Neste diapasão, o menor não poderá realizar os se- guintes trabalhos: a) Trabalho noturno Para o trabalho menor de 18 anos, é proibida a reali- zação de atividade laboral em período noturno, confor- me art. 7º, XXXIII da CF. b) Trabalho insalubre ou perigoso O art. . 7º, XXXIII da CF e o 405, I da CLT, proíbe o trabalho do menor de idade em locais perigosos e insalu- bres com o intuito de preservar sua saúde e integridade física. c) Impeça a frequência escolar Com fulcro no art. 403, paragrafo único da CLT, é proibida a realização de trabalho em horários e locais que impossibilita o menor de ir a escola. O empregador, pela força do art. 427 d CLT é obriga- do a conceder o tempo para a frequência às aulas. d) Limitação quanto a jornada de trabalho De acordo com o art. 411 da CLT e o art. 7º, XIII da CF, o empregado menor de 18 anos poderá ter sua duração de trabalho de 8 horas diárias e 44 semanais, podendo ser continuo ou dividido, porém, com intervalo interjor- nada não inferior a 11 horas (art. 412) Ainda assim, o art. 411 a 414 da CLT, traz as limitação do empregado menor, como por exemplo a vedação de fazer horas extras, sendo elas possíveis apenas por mo- tivo de força maior e remuneradas em 50% sobre a hora normal. e) Férias As férias do trabalhador menor de 18 anos deverão coincidir com as férias escolares. - Direito a profissionalização O art. 69 determina: Art. 69. O adolescente tem direito à profissionalização e à proteção no trabalho, observados os seguintes as- pectos, entre outros: I - respeito à condição peculiar de pessoa em desen- volvimento; II - capacitação profissional adequada ao mercado de trabalho. Tutelado por lei o direito à profissionalização e de- senvolvimento, o menor tem o incentivo do Estado ao trabalho, bem como, tem Lei especifica (Lei de Apren- dizagem) normatizada pela Lei nº 10.097 de 2000, que organiza e regulamenta as atividades laborais. A Lei nº 10.097/2000 assegura o ingresso do menor (14 anos à 16 anos) no mercado de trabalho ao mesmo tempo que lhe oferece garantias de direitos já estabele- cidos e condições especiais, tais como: máximo de dois anos de duração e não pode ultrapassar o limite de 24 anos de idade incompletos; a carga horária diária de tra- balho não pode exceder seis horas (para aqueles que não completaram o Ensino Fundamental); não pode haver prorrogação e compensação de horários, de conformi- dade com o artigo 432 da CLT, se o Ensino Fundamental já tiver sido concluído; o limite diário será de no máximo oito horas; são assegurados o contrato de aprendizagem com anotação na Carteira de Trabalho e Previdência So- cial – CNTPS. Será fiscalizada a frequência de curso de formação técnico-profissional para os casos em que já houver concluído o Ensino fundamental e, caso o apren- diz não tenha concluído o Ensino Fundamental, matrícula e frequência à escola. (MIRANDA, 2017) Ainda assim, a função de Aprendiz é estabelecida por meio de contrato especial, ajustado por escrito e por pra- zo determinado (pelo máximo de dois anos), pelo qual o empregador se compromete a assegurar ao maior de quatorze e menor de vinte e quatro anos, inscrito em programa de aprendizagem, formação técnico-profissio- nal metódica, compatível com o desenvolvimento físico, moral e psicológico, e o aprendiz, por sua vez, a executar com zelo e diligência, o que for necessário ao cumpri- mento de sua tarefa, sendo condicionado à sua validade a existência da assinatura da Carteira de Trabalho e Previ- dência Social, com o aprendiz devidamente matriculado e assíduo na escola (no caso de ainda não ter finalizado o Ensino Médio), e inscrito em programa de aprendizagem sob a orientação de entidade qualificada em formação técnico-profissional metódica, como disposto no Artigo 428 caput, §§ 1º e 3º da CLT. (LORENZETTI, 2016). user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 41 D IR EI TO D O T RA BA LH O PROTEÇÃO AO TRABALHO DA MULHER. ESTABILIDADE DA GESTANTE. LICENÇA MATERNIDADE Uma das consequências da Revolução Industrial foi o ingresso da mulher no mercado de trabalho. Porém, a exploração daí decorrente, caracterizada desde o paga- mento de menores salários em comparação aos homens, até a ausência de qualquer preocupação em relação à gestante e à maternidade, foi tão grande que levou a for- mação de um sistema de proteção à mulher. (ROMAR, 2018, p. 728) Diante do cenário discriminatórioem relação à mu- lher a Constituição Federal prevê em seu artigo 7º, inciso XX, a garantia de “proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei”. Ainda assim, foi instituído pela OIT (Organização In- ternacional do Trabalho) normas de proteção ao trabalho da mulher, adotando regras como: inserção da mulher ao mercado de trabalho, não discriminação no mercado de trabalho, proteção a gestante e a maternidade, bem como, o respeito às suas características físicas. Atualmente foram inseridas normas de proibição a discriminação da mulher no mercado de trabalho, como: - Anúncios de emprego não podem conter referência ao sexo, à idade, à cor ou situação familiar, exceto quando a natureza da atividade, pública ou noto- riamente o exigir, conforme art. 373-A da CLT. - Esses critérios acima não podem ser considerados para fins de remuneração, formação profissional e possibilidades de ascensão profissional, nem para recusa de emprego ou dispensa, como dispõe o art. 373-A da CLT. - Proibidas as revistas íntimas, solicitação de ates- tados ou exames para comprovar esterilidade ou gravidez, quer na admissão ou permanência no emprego, de acordo com art. 373-A da CLT. - Nos locais em que trabalham pelo menos 30 mulhe- res, com mais de 16 anos, é necessário local apro- priado onde seja permitida a guarda sob vigilância das crianças no período de amamentação (ou cre- che) Art. 389, §1º da CLT. Importante destacar, que atualmente a maioria dos direitos que eram apenas relativos aos homens, trans- cenderam a mulher também, aplicando-se a CLT para ambos os sexos. Estabilidade da gestante A garantia provisória a empregada inicia-se quando ela confirma sua gravidez e termina apenas 5 meses após o parto. Isto é, a empregada goza da garantia do empre- go e não poderá ter seu contrato rescindido (sem justa causa) até 5 meses após o parto. Se a gestante cometer ato grave, do qual, induz a dispensa por justa causa, o empregador poderá rescindir seu contrato de trabalho, no entanto, do contrario, caso o empregador dispensa a empregada grávida ou antes de 5 meses da criança, o mesmo deverá reintegra-la na empresa ou terá que efetuar o pagamento das verbas relacionado a este período. Sumula 244, II do TST. Caso a gestante sofra aborto espontâneo, a mesma só terá a garantia de emprego enquanto estava gravida, bem como, até o termino do período de licença de duas semanas assegurada pela Lei. Em caso de morte da criança após o parto, a empre- gada tem o mesmo direito de garantia de emprego se ela estivesse viva. Ainda assim, cumpre informar, que caso a emprega- da confirme a gravides no cumprimento do aviso prévio, o mesmo será “anulado” e a obreira gozará da garantia do emprego conforme art. 25 da Lei Complementar nº 150/2015. Já em caso de desconhecimento do estado gravídico por parto empregador, será aplicada a sumula 244 do TST, o qual deverá ainda efetuar o pagamento da indeni- zação decorrente da estabilidade. Licença maternidade Toda mulher gestante tem o direito a licença materni- dade de 120 dias, conforme art. 7º, XVIII, sem prejuízo de seu emprego ou do seu salário. A Lei nº 11.770/2008, ampliou a licença maternidade de 120 dias para 180 dias para os funcionários públicos federal que fazem parte do Programa Empresa Cidadã. Na esfera privada, possibilitou para as empresas que qui- sessem adotar para 180 dias a licença maternidade, o in- centivo fiscal. (ROMAR, 2018, p. 733) No período da licença maternidade, a gestante terá o seu salário assegurado pago através da previdência so- cial, a qual efetuará o ordenado igual a sua remuneração integral, equivalente a um mês, conforme art. 100 do De- creto n. 3.048/99. DIREITO COLETIVO DO TRABALHO. CONVENÇÕES E ACORDOS COLETIVOS DE TRABALHO Podemos dizer que o direito coletivo do trabalho (direito sindical do trabalho) tutela os conflitos de inte- resses existentes entre empregados e empregadores de forma coletiva, criando normas que regulam as relações de trabalho e as atividades dos empregados enquanto grupo organizado, que possuem autonomia perante os empresários e o Estado. Os trabalhadores e empresários são considerados de forma coletiva, ou seja, em regra, o direito coletivo do trabalho não leva em consideração conflitos individuais e casos isolados da relação laboral. As partes são reuni- das em grupos com interesses e funções semelhantes e se busca, nas negociações coletivas, sempre beneficiar o user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 42 D IR EI TO D O T RA BA LH O grupo e não um ou outro membro de forma individual. (Disponível em: http://chcadvocacia.adv.br/blog/saiba- -mais-sobre-o-direito-coletivo-do-trabalho/. Acesso em 27 de abril de 2018). O art. 8º da Constituição Federal tutela o direito sin- dical fundamentando na liberdade sindical, negociação coletiva de trabalho e o direito a greve. No caput do art. 8º e inciso V da CF, esclarece que é livre a associação profissional ou sindical, sendo que a lei não poderá exigir autorização do Estado para a funda- ção, bem como, abriga o direito do empregado em fazer parte ou não da categoria, pois o mesmo não é obrigado a filiar-se. No Brasil, é vedada a filiação em mais de um sindicato em qualquer grau, representativa de categoria profissio- nal ou econômica, no mesmo território (município), con- forme previsão no art. 8º, II da CF. Assim, tem-se que a Convenção nº 87 da OIT (norma internacional de sindicato) não foi aplicado no território brasileiro, pois a Convenção visa pluralismo sindical, di- ferente do que o Brasil adota que é a unidade sindical. Importante destacar, que a Reforma Trabalhista trou- xe fortemente o princípio da prevalência do negociado sobre o legislado, amparado pelo art. 611 da CLT, que busca deixar claro que no direito coletivo do trabalho, as partes estão em posição isonômica, não havendo que se falar em hipossuficiência do trabalhador, vez que o mes- mo sempre estará representado por seu sindicato. Neste diapasão, atualmente o direito coletivo expres- sado a partir de norma ou convenção coletiva terão sem- pre prevalência sobre a lei, quando dispuserem sobre os temas elencados no art. 611-A da CLT. Da Organização Sindical: conceito de categoria; cate- goria diferenciada. A categoria profissional diferenciada, conforme pre- ceitua o artigo 511 da CLT é aquela formada por empre- gados que exerçam profissões ou funções diferenciadas por força de estatutos profissionais especiais ou, em con- sequência de condições de vida singulares. Sendo assim, para estas funções ou categorias existem regulamenta- ções e normas específicas, ou seja, diferentes dos demais empregados da mesma empresa. Devido a estas diferenças, lhes é facultado celebrar convenções ou acordos coletivos próprios, diferente dos previstos para a categoria preponderante da empresa, a qual é aplicada como regra geral. CATEGORIAS DIFERENCIADAS NO DIREITO BRASILEI- RO Na época das Constituições brasileiras anteriores a de 1988, mais precisamente no período do Governo Provi- sório de Getúlio Vargas, na década de 30, os sindicatos possuíam um modelo corporativista, com as seguintes características: definição das categorias pelo Estado; Criação de categorias pelo reconhecimento estatal que definia o enquadramento sindical; e unicidade sin- dical. Dentro desse modelo, a criação da categoria antece- dia a criação do sindicato que a representaria, demons- trando a ausência de liberdade na determinação dos gru- pos e econômicos. O Estado tinha atuação direta em relação à organiza- ção e enquadramento sindical das categorias profissio- nais, era ele quem determinava a criação de cada uma delas, inclusive as diferenciadas. A unicidade sindical imposta pelo sistema corporati- vista permitia a criação de um único sindicato por base territorial, cabendo ainda aqui ao Estado, através do Mi- nistério do Trabalho, Emprego e Comércio, conceder a chamada“carta sindical” que reconhecia uma associação constituída nos moldes da legislação em vigor como en- tidade sindical. Com isso conclui-se que antes da Constituição Fede- ral de 1988, não poderia ocorrer à criação de novas cate- gorias sem o reconhecimento do Poder Público. CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 E AS CATEGO- RIAS DIFERENCIADAS A Constituição Federal de 1988 inovou em relação às relações sindicais, pois garantiu a autonomia para os sin- dicatos proibindo o Poder Público de intervir ou interferir nos assuntos sindicais quando, no artigo 8º, inciso I, citou que a lei não poderá exigir autorização do Estado para fundação de Sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical. Embora tenha trazido a autonomia sindical, a Cons- tituição Federal de 1988, de certa forma manteve a uni- cidade sindical, bem como a contribuição sindical com- pulsória, sendo contraditória a ideia de autonomia e liberdade sindical, conforme preceitua oartigo 8º, II e IV abaixo transcritos: Artigo 8º: É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: (...); “II - É vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de catego- ria profissional ou econômica, na mesma base territo- rial, que será definida pelos trabalhadores ou empre- gadores interessados, não podendo ser inferior à área de um Município”. (...); user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 43 D IR EI TO D O T RA BA LH O “IV - A assembleia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será desconta- da em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei”. Neste diapasão, nota-se que a Constituição Federal de 1988, mesmo inovando, adotou a unicidade sindical, não impedindo a existência de categorias profissionais diferenciadas. Todavia, mesmo com a criação das categorias dife- renciadas será admitida a implantação de um sindicato para cada uma delas. A Carta Magna recepcionou também a organização sindical anterior por categorias simétricas (profissional e econômica) e de categorias diferenciadas, acatando o previsto no artigo 511 da CLT, abaixo transcrito: “Artigo 511: É lícita a associação para fins de estudo, defesa e coordenação dos seus interesses econômicos ou profissionais de todos os que, como empregadores, empregados, agentes ou trabalhadores autônomos ou profissionais liberais exerçam, respectivamente, a mesma atividade ou profissão ou atividades ou profissões simi- lares ou conexas”. Assim, verifica-se que mesmo na atualidade, para fa- zer o enquadramento sindical ainda é levado em conta, primeiramente, a atividade preponderante do empre- gador/empresa. Melhor explicando, a empresa que está inserida em determinada atividade econômica e, por si- metria, enquadram-se todos os seus trabalhadores na categoria profissional respectiva (seja por identidade, similaridade ou conexidade). Há exceção para as categorias diferenciadas para as quais não se leva em conta a atividade preponderante da empresa, mas sim, a profissão do trabalhador, confi- gurando a sindicalização horizontal, pois fixa-se o crité- rio na identidade de condições de vida singulares ou na existência de estatuto profissional especial. ENQUADRAMENTO POR CATEGORIAS DIFEREN- CIADAS Preceitua o artigo 1º da Lei nº 7.316/85: “Artigo 1º: Nas ações individuais e coletivas de com- petência da Justiça do Trabalho as entidades sindicais que integram a Confederação Nacional das Profissões Liberais terão o mesmo poder de representação dos trabalhadores empregados atribuído, pela legislação em vigor, aos sindicatos representativos das categorias profissionais diferenciadas”. Com a redação do artigo supra, verificamos que a le- gislação trabalhista brasileira recepcionou os sindicatos dos profissionais liberais, os quais, quando vinculados empregados de uma empresa perdem sua condição de liberais, passando a serem representados pela categoria preponderante. Profissionais das categorias diferenciadas, por exem- plo, médicos, engenheiros, contadores, advogados, etc., por estarem disciplinados por estatutos e, em alguns ca- sos, por exercerem condições de vidas singulares, têm condições para formar categorias diferenciadas. Contu- do, devido à atual forma de enquadramento sindical, ain- da não são considerados categorias diferenciadas. Conforme preceitua a OJ-SDI 1 do TST nº 55, os em- pregados que são membros de categoria profissional diferenciada, cujos sindicatos obtiveram direitos espe- cíficos para os respectivos representados, não podem passar a usufruir de outros direitos que não decorreram da negociação entre estes sindicatos e o respectivo em- pregador. Sendo assim, por tais razões, e pelo fato de os profis- sionais liberais possuírem estatuto profissional específi- co, bem como condições de vida singulares, nos termos do artigo 511, § 3º da CLT, conclui-se que também consti- tuem os mesmos, categorias profissionais diferenciadas. Também podemos concluir que, não há necessidade de lei autorizando a criação de novas categorias diferen- ciadas, vez que estão vigentes em nosso ordenamento jurídico atual os artigos 511 e 570 da CLT e que a inexi- gência de previsão legal para criação de novas catego- rias diferenciadas encontra respaldo na liberdade sindical defendida no artigo 8º, inciso I, da Constituição Federal de 1988. RELAÇÃO CATEGORIAS PROFISSIONAIS DIFERENCIA- DAS Abaixo serão elencadas algumas categorias profissionais previstas em nossa legislação trabalhista. Aeronautas; Oficiais Gráficos; Aeroviários; Operadores de Mesas Telefônicas (telefonistas em geral); Agenciadores de Publicidade; Práticos de Farmácia; Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões (ce- nógrafos e cenotécnicos, atores teatrais, inclusive corpos de corais e bailados, atores cinematográficos e trabalha- dores circenses, manequins e modelos); Professores; Cabineiros (ascensoristas); Profissionais de Enfermagem, Técnicos, Duchistas, Massagistas e Empregados em Hospitais e Casas de Saú- de; Profissionais de Relações Públicas; Carpinteiros Navais; Propagandistas, Propagandistas-Vendedores e Ven- dedores de Produtos Farmacêuticos; Classificadores de Produtos de Origem Vegetal; Publicitários; Condutores de Veículos Rodoviários (motoristas); Radiotelegrafistas (dissociada); user Realce user Realce user Realce 44 D IR EI TO D O T RA BA LH O Empregados Desenhistas Técnicos, Artísticos, Indus- triais, Copistas, Projetistas Técnicos e Auxiliares; Radiotelegrafistas da Marinha Mercante; Jornalistas Profissionais (redatores, repórteres, reviso- res, fotógrafos, etc.); Secretárias; Maquinistas e Foguistas (de geradores termoelétricos e congêneres, exclusive marítimos); Técnicos de Segurança do Trabalho; Músicos Profissionais; Tratoristas (excetuados os rurais); Trabalhadores em Atividades Subaquáticas e Afins; Trabalhadores em Agências de Propaganda; Trabalhadores na Movimentação de Mercadorias em Geral; Vendedores e Viajantes de Comércio. LEGISLAÇÃO ESPECIAL Conforme citado no item 4 desta matéria algumas profissões destacam-se por terem condições de vida sin- gulares e serem regidas por estatutos profissionais pró- prios. Também há profissões e categorias que se diferen- ciam das outras em razão de seus horários diferenciados de trabalho, maior desgaste físico e intelectual, e maior sensibilidade à saúde dos profissionais, fatos estes que lhes propiciam peculiaridades em seus trabalhos, ga- rantindo-lhes tutelas diferenciadas. Por exemplo, temos como exemplo de categoria profissional diferenciada a profissão de advogado. ADVOGADO O advogado é regido pelo Estatuto da OAB, na for- ma da Lei nº 8.906/1994, a qual dispõe de um capítulo específico para o estudo do advogado na condição de empregado. O advogado pode ser empregado de um escritórioou até mesmo de uma empresa. Jornada de Trabalho Conforme reza o artigo 20 da Lei nº 8.906/1994 (Esta- tuto da Advocacia e da Ordem dos Advogados do Brasil - OAB) em comento, a jornada de trabalho do advogado empregado, não poderá ser superior a 04 horas diárias e a 20 horas semanais, salvo quando houver acordo ou convenção coletiva de trabalho regulando a matéria, ou regime de contratação do advogado em sistema de de- dicação exclusiva. Horas Extras O advogado empregado poderá ter sua jornada de trabalho diária prorrogada. Caso ocorra a referida pror- rogação, o adicional de horas extras será de, no mínimo 100% sobre sua hora normal de trabalho (artigo 20 e § 2º da Lei nº 8.906/1994). Sendo as horas extraordinárias habituais, integrarão o salário para todos os fins legais, constituindo base para cálculo de férias, 13º salário, aviso prévio e demais verbas remuneradas. Jornada Noturna Em relação à jornada noturna, conforme preconiza o artigo 20, § 3º, para as horas trabalhadas e compreendi- das entre as 22:00 horas de um dia e as 05:00 horas do dia seguinte, caberá o pagamento do adicional de 25%. Remuneração Conforme cita o artigo 19 do Estatuto da OAB, o sa- lário mínimo profissional do advogado será proveniente de sentença normativa ou ajustado em norma coletiva. Fonte: https://vitorpecora.jusbrasil.com.br/arti- gos/227678402/categorias-profissionais-diferencia- das. - Organização sindical A organização sindical está fundada na concepção coletiva da liberdade sindical. De fato, a conquista da liberdade sindical individual (titulada pelo trabalhador) pouco significa quando o sindicato, nas relações com o Estado, não desfruta de uma independência ou autono- mia efetivas, assim entendida a liberdade de organização e de funcionamento independente do Estado (aspecto coletivo da liberdade sindical). (ROMAR, 2018, p. 849) A organização Sindical Brasileira compõe-se de sin- dicatos, federações, confederações e centrais sindicais, devendo respeitar a regra de unicidade sindical e a base territorial mínima. Quanto a criação de um sindicato, a lei não obriga- da a autorização do estado, porém, para que a fundação seja realizada adequadamente, precisa-se do registro dos atos constitutivos no Ministério do Trabalho, o órgão competente. Ainda assim, o art. 513 e 514 da CLT dispõe sobre os deveres e direitos dos sindicatos, como: manter serviços de assistência judiciária para os associados, colaborar com o Estado para o desenvolvimento da solidariedade social como também, promover conciliação nos dissídios de trabalho. Atualmente com a implantação da Lei nº 13.467/2017, fora retirada a obrigatoriedade de pagamento da contri- buição sindical, conforme art. 578 e 579 da CLT, exigindo autorização prévia e expressa dos empregados, empre- gadores e profissionais liberais que estiverem vinculados a alguma categoria. - Categoria diferenciada As Categorias Profissionais são aquelas categorias formadas pelos trabalhadores que desenvolvem ativi- dades semelhantes, em situação de emprego na mesma atividade econômica ou em atividades econômica simila- res ou conexas, compondo a expressão social elementar compreendida como categoria profissional, conforme dispõe art. 511, §2º da CLT. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 45 D IR EI TO D O T RA BA LH O As categorias profissionais diferenciadas são aquelas caracterizadas através de empregados que exercem pro- fissões ou funções diferenciadas por força de estatuto profissional especial (lei própria) ou em consequência de condição de vida singulares. Art. 511, §3º da CLT Tendo em vista as diferenças nas atividades laborais, lhes é facultado celebrar convenções ou acordos cole- tivos próprios, diferente dos previstos para a categoria preponderante da empresa, a qual é aplicada como regra geral. Como exemplo de categorias profissionais diferencia- das temos: Professores, Músicos, Vendedores, Aeronau- tas, telefonistas em geral dentro outros. Convenções e acordos coletivos do trabalho A Convenção Coletiva de Trabalho é um acordo de caráter normativo (gera obrigações entre as partes) assi- nado entre o Sindicato dos Trabalhadores (empregados) e o Sindicato da Categoria Econômica (empregadores), obrigando todas as pessoas que compõem a base terri- torial dos respectivos sindicatos, conforme previsão legal art. 611 da CLT. Assim, a convenção coletiva de trabalho é um instru- mento negociado em nível de categorias econômicas e profissionais, representadas pelos respectivos sindicatos, aplicando-se suas cláusulas a todos integrantes. (RO- MAR, 2018, p. 899) Já o Acordo Coletivo, é um instrumento de caráter normativo (gera obrigações entre as partes), assinado entre o Sindicato dos Trabalhadores (empregados) e uma ou mais empresas individualizadas. Quando o sindicato de empregados e uma empresa, órgão ou instituição - em comum acordo - redigem um documento normativo (elenco de normas) sem a intervenção de alguma enti- dade patronal, isso é chamado de Acordo Coletivo de Trabalho. A diferença entre ambos os instrumentos, consiste exatamente nos sujeitos envolvidos, enquanto que no acordo coletivo é feito entre uma ou mais empresas e o sindicato da categoria profissional, nas convenções cole- tivas o pacto é realizado entre o sindicato da categoria profissional e o sindicato da categoria econômica. (SAN- TEJANO, 2004). De acordo com o art. 614, §3º, a convenção ou acor- do coletivo de trabalho, possuem duração máxima de 2 anos, isto é, caso não haja renovação dos direitos esta- belecidos nos instrumentos, os mesmos não poderão ser mais aplicados. Quando a hierarquização do acordo coletivo e da convenção coletiva, informa-se, que a Reforma Trabalhis- ta trouxe mudanças acerca desta matéria, estipulando a prevalência dos acordos coletivos sobre as convenções coletivas de trabalho. Da liberdade Sindical e a Convenção OIT nº 87. Princípio da Liberdade Sindical José Cairo Júnior leciona que no âmbito do Direito Coletivo do Trabalho, a liberdade sindical significa a ine- xistência de óbices legais para que patrões e emprega- dos possam se associar para a defesa dos seus interesses, sem qualquer intervenção do Estado. Para o autor, o princípio da liberdade sindical com- porta três níveis distintos: - Não pode haver, por parte do Estado, restrições para a criação, funcionamento, desmembramento ou extinção de uma organização sindical (liberda- de de constituição); - A lei não poderá obstar a filiação, permanência ou desligamento do associado a qualquer sindicato (liberdade de filiação); - Não se pode criar embaraço, de qualquer espécie, para o funcionamento, ou seja, para a sua organi- zação e administração (liberdade de organização). Princípio da Liberdade Sindical – Na Visão de Vólia Bomfim Cassar: O referido princípio é espinha dorsal do Direito Co- letivo representado por um Estado Social e Democrático de Direito. - É um direito subjetivo público que VEDA a inter- venção do Estado na criação ou funcionamento do sindicato. - A Convecção da OIT n. 87, NÃO ratificada pelo Bra- sil, informa que está liberdade consiste no direito dos empregadores e trabalhadores, sem distinção e intervenção estatal, de constituírem as organiza- ções que consideravam convenientes, assim como de se filiarem a essas organizações ou delas se desligarem. - Liberdade Sindical - possui duas faces, a saber: Coletiva: é a liberdade de o grupo constituir o sindica- to de sua escolha, com a estrutura e funcionamento que desejar, com ampla autonomia. Individual: Pode ser positiva ou negativa: Positiva: na positiva estão incluídos os seguintes di- reitos: 1- O direito dos trabalhadores e empregadores de se reunirem a companheiros de profissão ou a em- presas com atividades iguais ou conexas para fun- dar sindicatos ou outras organizações sindicais. 2- Direito de cada trabalhador ou empregador de se filiar a essas organizações e nelas permanecer.Negativa: a liberdade sindical individual abrange: 1-Odireito de se retirar de qualquer organização sin- dical quando quiser; 2-O direito de não filiar-se a sindicato ou outra orga- nização sindical. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 46 D IR EI TO D O T RA BA LH O - Também faz parte a liberdade sindical a pluralidade de sindicatos e sua total independência frente ao Estado. CLÁUSULAS QUE ATENTAM CONTRA LIBERDADE SINDICAL: 1-Mise à l’index: lista negra de NÃO associados. As empresas divulgam os nomes dos trabalhadores com atuação sindical significativa para excluí-los do mercado de trabalho. 2-Maintenance of Membership - manutenção de filia- ção – cláusula que obriga o empregado a preservar sua filiação a determinado sindicato durante o pra- zo de vigência da respectiva convenção coletiva, sob pena de perda do emprego. 3-Yellow Dog Contracts – o empregado compromete- -se a NÃO se filiar a nenhum sindicato depois que for admitido pela empresa. Quando o empregado é contratado concorda na NÃO filiação ao sindica- to correspondente à sua categoria. 4- Closed Shop – exige a filiação a determinado sin- dicato como condição ao emprego (proibida nos EUA), portanto, veda o acesso de trabalhadores NÃO sindicalizados por determinado sindicato. 5- Agency Shop – exige a contribuição sindical, mas NÃO sua filiação. 6-Union Shop – impõe a filiação como condição à continuidade do emprego; o empregado compro- mete-se a sindicalizar após certo tempo de admis- são, sob pena de ser despedido. NÃO se obstrui o ingresso de trabalhador NÃO sindicalizado, mas inviabiliza sua continuidade no emprego caso NÃO proceda, em certo período, à sua filiação sindical. 7-Prefential Shop – preferência pelos sindicalizado na admissão. O Brasil adotou essa cláusula - art. 522, I da CLT c/c OJ n. 20 da SDC. 8-Company Union – “Sindicatos de Empresa” ou “Sin- dicatos Fantasmas”. O próprio empregador esti- mula e controla (mesmo que indiretamente) o sin- dicato profissional. Princípio da Liberdade Associativa e Sindical – Na Vi- são de Mauricio Godinho Delgado - Postula pela ampla prerrogativa obreira de associa- ção e, por consequência, sindicalização. O referido princípio pode ser desdobrado em dois: a) liberda- de de associação “mais abrangente”; b) liberdade sindical. a) Princípio da Liberdade de Associação: assegura consequência jurídico-institucional a qualquer ini- ciativa de agregação estável e pacifica entre pesso- as, independentemente de seu segmento social ou dos temas causadores da aproximação. b) Principio Associativo: envolve as noções conexas de reunião e associação: Reunião: entende-se a agregação episódica de pes- soas em face de problemas e objetivos comuns; Associação: a agregação permanente (ou, pelo me- nos, de largo prazo) de pessoas em face de problemas e objetivos comuns. - A liberdade associativa tem duas dimensões: 1- Dimensão Positiva: prerrogativa de livre criação e/ ou vinculação a uma entidade associativa; 2- Dimensão Negativa: prerrogativa de livre desfilia- ção da mesma entidade. Adverte o autor que ao universo do sindicalismo, o princípio mais amplo especifica-se na diretriz da liberda- de sindical (ou princípio da liberdade associativa e sin- dical). Abrange desse modo, a liberdade de criação de sindi- catos e de sua autoextinção (com a garantia de extinção de extinção externa somente por intermédio de sentença judicial regularmente formulada). Abrange, ainda, a prer- rogativa de livre vinculação a um sindicato assim como a livre desfiliação de seus quadros. CLÁUSULAS DE SINDICALIZAÇÃO FORÇADA ou CLÁUSULAS DE SEGURANÇA SINDICAL - São controvertidas no que tange à sua compatibili- dade com o princípio da liberdade sindical. Exem- plo, cláusulas negociais coletivas: Closed Shop; Union Shop; Preferencial Shop; Maintenance of Membership: 1-Closed Shop: (empresa fechada), o empregador se obriga perante o sindicato obreiro a somente con- tratar trabalhadores a este filiados. Nos EUA consi- derado ilegal pela Lei Taft-Hartley, de 1947. 2- Union Shop: (empresa sindicalizada), o emprega- dor se compromete a manter apenas os empre- gados que, após prazo razoável de sua admissão, se filiem ao respectivo sindicato operário. Não se obstrui o ingresso de trabalhador não sindicali- zado, mas inviabiliza-se sua continuidade no em- prego caso não proceda, em certo período, à sua filiação. 3- Preferencial Shop: (empresa preferencial), que fa- vorece a contratação de obreiros filiados ao res- pectivo sindicato. 4- Maintenance of Membership: (manutenção de fi- liação), pela qual o empregado inscrito em certo sindicato deve preservar sua filiação durante o pra- zo de vigência da respectiva convecção coletiva, sob pena de perda do emprego. - Observa o autor que tais dispositivos de sindicaliza- ção forçada colocam em confronto, inegavelmen- te, liberdade obreira de filiação e/ou desfiliação e reforço da organização coletiva dos próprios tra- balhadores – em suma, liberdade individual versus fortalecimento sindical. No Brasil, tem prevalecido o entendimento denega- tório de validade às citadas cláusulas de sindicalização forçada. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 47 D IR EI TO D O T RA BA LH O PRATICAS ANTISSINDICAIS: - Sistemática de desestimulo à sindicalização e des- gaste à atuação dos sindicatos (denominadas Pra- ticas Antissindicais) que entram em claro choque com o princípio da liberdade sindical. Exemplos: 1- Yellow Dog Contracts (contratos de cães amarelos), o trabalhador firma com seu empregador compro- misso de NÃO filiação a seu sindicato como critério de admissão e manutenção do emprego. 2- Company Union (sindicatos de empresa – no Brasil, sindicatos amarelos), o próprio empregador esti- mula e controla (mesmo que indiretamente) a or- ganização e ações do respectivo sindicato obreiro. 3- 1-Mise à l’index: (clocar no index – no Brasil, lista suja), as empresas divulgariam entre si os nomes dos trabalhadores com significativa atuação sindi- cal, de modo a praticamente excluí-los do respec- tivo mercado e trabalho. - Tais cláusulas ou praticas (e outras congêneres) são, sem dúvida, inválidas, por agredirem o princípio da liberdade sindical, constitucionalmente assegu- rado. GARANTIAS À ATUAÇÃO SINDICAL - O princípio da liberdade associativa e sindical pro- pugna pela franca prerrogativa de criação e de- senvolvimento das entidades, para que se tornem efetivos sujeitos do Direito Coletivo do Trabalho. - Algumas dessas garantias já estão normatizadas no Brasil. A principal dela sé a vedação à dispensa sem justa causa do dirigente sindical (art. 8º, VIII da CF). Esta garantia conta, inclusive, com medida judicial eficaz do Juiz do trabalho, mediante a qual se pode determinar, liminarmente, reintegração obreira em contextos de afastamentos, suspensão ou dispen- sa pelo empregador (art. 659, X da CLT). - Conexa à presente garantia existe a intransferibilida- de do dirigente sindical para fora da base territorial de seu sindicato (art. 543 da CLT). - Diversas garantias essencial estão expressamentes consignadas em textos normativos construídos ao longo de décadas pela OIT (Convenções ns. 11, 87, 98, 135, 141 e151, por exemplo). Entre as Conven- ções citadas, apenas a n. 87 (sobre liberdade sindi- cal) não se encontra ratificada pelo Brasil. - O princípio da liberdade associativa e sindical deter- mina, portanto, coerentemente, o impedimento de regras jurídicas assecuratórias da plena existência e potencialidade do ser coletivo obreiro. Registre- -se, a propósito, que NÃO há qualquer antinomia entre a fixação de plena liberdade e autonomia ao sindicalismo com implemento de garantias legais a assecuratórias da mais larga e transparente repre- sentatividadesindical e o mais eficaz dinamismo reivindicatório das entidades sindicais obreiras. - Ao contrário, o implemento dessas garantias nor- mativas corresponde à exata observância do co- mando jurídico instigador contido no princípio es- pecial do Direito Coletivo do Trabalho. Fonte: https://daniellixavierfreitas.jusbrasil.com.br/noti- cias/340692207/principio-da-liberdade-sindical-aspec- tos-relevantes-concurso-publico-trabalhista DIREITO DE GREVE E SERVIÇOS ESSENCIAIS O direito de greve, apesar de ser um instituto jurídi- co antigo, só foi incorporado ao ordenamento brasileiro, como um direito fundamental, pelo artigo 9º da Consti- tuição da Republica Federativa do Brasil, promulgada no ano de 1988. Tal dispositivo constitucional trouxe, em seu parágrafo 1º, a possibilidade de esse direito ser exercido por aqueles que desempenham atividades essenciais à comunidade, sendo que, para ser posto em prática, ne- cessária foi a edição de uma lei específica que definisse quais são esses serviços. Com base nisso, editou-se a Lei 7.783/89 que cumpriu o papel de definir as atividades essenciais de nossa so- ciedade, bem como implementou algumas formalidades para que tal direito fosse exercido. Ocorre que, muitas vezes, essas formalidades retiram a eficácia dos movi- mentos paredistas. Nesse diapasão, esta pesquisa tem como tema o Di- reito de Greve nos Serviços Essenciais, pois analisou-se o tratamento dado pela referida lei ao direito de greve exercido dentro da categoria de atividades imprescin- díveis à sociedade, buscando resposta ao seguinte pro- blema: Qual a eficácia da Lei 7.783/89, para o direito de greve nos serviços essenciais? Sendo assim, tem-se que o objetivo maior desta pes- quisa é demonstrar que a ausência de regulamentação de um percentual fixo de manutenção das atividades nos serviços essenciais, durante a greve, enfraquece o movi- mento, e que o rol dos serviços essenciais, previsto na lei em comento, necessita de adequações. Para tanto, foi usada a pesquisa básica, por almejar a análise do tema do direito de greve nos serviços essen- ciais com a finalidade de serem obtidos conhecimentos claros e avançados sobre essa questão. Quanto à forma de abordagem, usou-se a pesquisa qualitativa, pois a premissa maior do trabalho desenvolvido é a interpreta- ção dos fenômenos sociais e observância das formalida- des que envolvem o exercício do direito de greve dentro do contexto destacado. Trata-se também de uma pesquisa explicativa, que identificou os fatores que contribuem para a eficácia ou não da lei de greve nos movimentos paredistas defla- grados nos serviços essenciais, para que, a partir disso, fossem apontadas soluções para eliminar as limitações dessa lei. user Realce user Realce user Realce user Realce 48 D IR EI TO D O T RA BA LH O Uma análise dessa natureza demandou igualmente o uso de pesquisa bibliográfica, uma vez que através da leitura de obras específicas sobre o tema foram obtidas as respostas necessárias para a solução do problema apresentado. Ressalta-se que quanto ao método de abordagem o mais acertado a este trabalho é o uso do método de- dutivo, uma vez que ele parte de teorias e leis gerais, o que no caso é representado pelo estudo da Constituição Federal de 1988, da CLT e da Lei 7.783/89, para que se possa entender a ocorrência de fenômenos particulares, como a greve nos serviços essenciais. Ademais, estudiosos como Delgado (2012), Martinez (2012), Martins (2000) e Nascimento (2011 e 1989), foram imprescindíveis para fundamentar o trabalho. Por conseguinte, estrutura-se o presente estudo na análise da evolução histórica do direito de greve; na con- ceituação jurídica da greve e dos serviços essenciais; na apreciação dos aspectos jurídicos da lei de greve e dos serviços essenciais; no exame da taxatividade e da neces- sidade de atualização do rol dos serviços essenciais; na análise da manutenção dos serviços essenciais e no estu- do do percentual de manutenção dos serviços essenciais, em comparação com a Itália. Isto posto, o artigo que se segue se justifica, na me- dida em que busca encontrar um padrão de manuten- ção dos serviços essenciais, durante a greve, que possa aliar as necessidades dos trabalhadores às necessidades da sociedade, havendo, assim, verdadeira ponderação de interesses entre os direitos fundamentais dos traba- lhadores grevistas, dos patrões desses funcionários e da sociedade, como um todo. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO DE GREVE A origem da palavra greve está vinculada a uma praça situada na cidade de Paris, local no qual se amontoavam gravetos carregados pelas cheias do rio Sena e onde os trabalhadores tinham o hábito de se reunirem, quando estavam descontentes com as suas condições de traba- lho. Sendo assim, da palavra graveto surgiu o vocábulo greve, que passou a designar o movimento que será me- lhor explicado a seguir. Seguindo essa linha de raciocínio, pode-se dizer que, apesar do uso do vocábulo acima exposto ser contempo- râneo, os movimentos de paralisação das atividades por parte dos trabalhadores é algo bem antigo e que remon- ta aos primórdios da história humana. Apoiando esta afirmação, temos o doutrinador Amauri Mascaro Nasci- mento, ensinando que “[...] a origem do vocábulo é rela- tivamente recente, o fenômeno não o é. Os movimentos de reivindicações sociais são uma constante da história. Em todos os tempos existiram grupos de pressão com objetivos determinados, de natureza profissional ou po- lítica” (NASCIMENTO, 2011, p. 1363). Sendo assim, tem-se ciência de que o antigo Egito, no século XII a.C., e Roma, no baixo império, foram as- solados por movimentos de natureza grevista, apesar de considerarem este tipo de movimento como um atenta- do à organização de suas civilizações. Percebe-se, porém, que os movimentos grevistas passaram a ter maior amplitude com a revolução Indus- trial, ocorrida na Europa, nos séculos XVIII e XIX, período em que surgiu a necessidade da criação de leis que ver- sassem acerca desse assunto. Sob esse prisma, nasce en- tão a Lei de Chapellier, criada na França no ano de 1791; a Combination Act, publicada na Inglaterra, no ano de 1799; o Código Penal Napoleônico, instituído na França, no ano de 1810; e o Sedition Meeting Act, editado na Inglaterra, no ano de 1817. Essas leis previam expressa- mente o movimento paredista como um crime. Com o passar dos anos, esses mesmos países, ao perceberem que era inútil proibir a greve, haja vista que as coalizões continuavam a ser deflagradas pela classe trabalhadora, criaram leis que descriminalizaram tal mo- vimento, época em que algumas nações começaram a considerar a paralisação feita pelos empregados como direito inerente à sua classe. Cumpre esclarecer, de acordo com os ensinamentos de Amauri Mascaro Nascimento, e não obstante a evo- lução acima demonstrada, que atualmente a situação da greve pelo mundo está disposta de modo que “[...] há países nos quais a greve é um direito, geralmente nos países democráticos; outros nos quais a greve é um de- lito; e outros nos quais é uma liberdade” (NASCIMENTO, 2011, p. 1366) No Brasil, a primeira regulamentação dada ao movi- mento foi feita pelo artigo 179, inciso XXV, da Consti- tuição do Império, outorgada em 1824. Posteriormente, tem-se o Código Penal, que entrou em vigor no ano de 1890, e que, igualmente, possuía artigos dedicados ao instituto da greve. Esses dois diplomas legais proibiam o movimento paredista. Essa situação de proibição perdurou até 12 de de- zembro de 1890, quando foi publicado o Decreto nº 1.162, que descriminalizou os movimentos paredistas. As Constituições de 1891 e 1934, nada estipularam sobre o assunto. Em 1935, foi publicada a Lei de Segurança Nacional que tratava a greve de forma bastante rígida. Nessa es- teira, veio a Constituição de 1937, que, em seu artigo 139, prescrevia que a greve era um recurso antissocial. Os De- cretos-Leis de nº 431 e 2.848, sendo este último o queinstituiu o Código Penal Brasileiro, e a CLT, em seus arti- gos 723 e 724, possuíam certa intolerância com as coali- zões grevistas, principalmente as que fossem de encon- tro ao interesse público. Segundo Luciano Martinez, para flexibilizar um pouco esse assunto, na vigência da Carta Magna de 1937 foi editado o “Decreto-Lei nº 9070/46, que admitiu a greve nos serviços acessórios” (MARTINEZ, 2012, p. 410). user Realce 49 D IR EI TO D O T RA BA LH O Com a Constituição Federal de 1946, o instituto em análise foi reconhecido como um direito dos trabalhado- res, o que culminou na Lei 4.330/64 que regulamentou e impôs limitações à greve. A Lei Maior de 1967, por meio de seu artigo 158, inciso XXI, manteve-a como sendo um direito, contudo, trouxe modificações, no sentido de que a permitiu apenas no setor privado, o que, por conse- quência, vedava sua utilização pelos trabalhadores do serviço público e de atividades consideradas essenciais. Esta posição também foi adotada pela Emenda Constitu- cional nº 1, de 1969. Tendo em vista que a última constituição citada no parágrafo anterior e a aludida emenda não disciplinaram o que eram os serviços essenciais, foi editado o Decreto- -Lei 1.632/78, que, conforme Sergio Pinto Martins, intitu- lou como atividades essenciais os “[...] serviços de água e esgoto, energia elétrica, petróleo, gás, e outros com- bustíveis, bancos, transportes e comunicações, hospitais, ambulatórios, farmácias e drogarias” (MARTINS, 2000, p. 744). Por fim, a atual Constituição Federal, promulgada em 1988, autoriza o direito de greve para os servidores da iniciativa privada, trabalhadores públicos civis, e empre- gados que exercem atividades essenciais, sendo vedado o exercício desse direito aos servidores públicos militares e integrantes das forças armadas. Da leitura dos ensina- mentos de Luciano Martinez verifica-se que, para regu- lamentar a Constituição Cidadã, de 1988 publicou-se a “Medida Provisória n. 50, em 27 de abril de 1989, e, em seguida, a Medida Provisória n. 59, em 26 de maio de 1989” (MARTINEZ, 2012, p. 410), sendo, por fim, criada a Lei 7.783/89, que é a lei de greve hodiernamente em vigor. CONCEITO DE GREVE E DE SERVIÇOS ESSENCIAIS O direito de greve ganha definições distintas, de acor- do com a lei de cada país. Dentro da realidade jurídica brasileira, com fulcro no artigo 2º da Lei 7.783/89, tem-se que a greve é definida como sendo “[...] a suspensão co- letiva, temporária e pacífica, total ou parcial, de prestação pessoal de serviços a empregador” (BRASIL, 1989). Com a proposta de dar um maior alcance a esta de- finição, temos importantes doutrinadores, a exemplo de Luciano Martinez, que conceitua a greve como: [...] um direito fundamental que legitima a paralisação coletiva de trabalhadores realizada de modo concerta- do, pacífico e provisório, como instrumento anunciado de pressão para alcançar melhorias sociais ou para fazer com que aquelas conquistas normatizadas sejam manti- das e cumpridas. (MARTINEZ, 2012, p. 410) Nessa mesma esteira, Sérgio Pinto Martins explica que “[...] a greve é, portanto, considerada um direito, um direito social dos trabalhadores, tratando-se de uma ga- rantia fundamental, por estar no Título II, ‘Dos Direitos e Garantias Fundamentais’, da Lei Maior” (MARTINS, 2000, p. 747). Adstrito a esse contexto, Maurício Godinho Delgado afirma que a greve é a “[...] paralisação coletiva provisó- ria, parcial ou total, das atividades dos trabalhadores em face de seus empregadores ou tomadores de serviços, com o objetivo de exercer lhes pressão, visando à defesa ou conquista de interesses coletivos, ou com objetivos sociais mais amplos” (DELGADO, 2012, p. 1426). Destarte, vislumbra-se que todos esses autores foram uníssonos em afirmar que a greve é um direito funda- mental conferido à classe trabalhadora, para que ela, agindo de forma organizada e com pacificidade, inter- rompa as suas atividades laborais, com a finalidade de conseguir melhores condições de emprego, com a coer- ção econômica exercida em seus patrões. No que diz respeito aos serviços essenciais, a Consti- tuição Federal de 1988, deixou a cargo da Lei 7.783/89, dentre outras funções, a árdua tarefa de definição e re- gulamentação desses direitos, bem como a disposição de formalidades para o exercício do direito de paralisa- ção dentro de tais atividades. Sendo assim, da leitura do parágrafo único do artigo 11 da supracitada lei, extrai-se que serviços essenciais são representados por aquelas atividades imprescindí- veis à continuidade das relações sociais, cuja interrupção resultaria em danos à vida, segurança e saúde de todas as pessoas que integram uma sociedade. Autenticando tal definição, Amauri Mascaro Nasci- mento afirma que “[...] atividade essencial deve ser o ser- viço cuja interrupção poderá colocar em perigo a vida, a segurança e a saúde das pessoas, em parte ou na to- talidade da população, e não simplesmente, os serviços cuja cessação possa causar mero incômodo ao cidadão” (NASCIMENTO, 1989, p. 106). Diante da análise das definições apresentadas, é plau- sível depreender que, para haver a greve nos serviços essenciais, é necessário conciliar o direito fundamental dos trabalhadores de realizarem suas paralisações, com o direito fundamental da população de ter uma assistência mínima, no tocante às suas necessidades, que envolvam a preservação da vida, da saúde e garantia de segurança, pois a parada dos trabalhadores, além do percentual que garanta a continuidade de tais serviços, constitui abuso do direito de greve, tornando o movimento ilegal, ao mesmo passo em que a fixação de um percentual ele- vado de continuidade das atividades essenciais torna as reinvindicações dos trabalhadores sem efeito. ASPECTOS JURÍDICOS DA LEI DE GREVE E DOS SERVIÇOS ESSENCIAIS Publicada no dia 28 de junho de 1989, a Lei de nº 7.783/89 foi editada para regulamentar o movimento pa- redista, definir os serviços essenciais e dispor sobre as necessidades inadiáveis da comunidade, razão pela qual foi intitulada Lei de greve. user Realce 50 D IR EI TO D O T RA BA LH O No que diz respeito à definição de quais são esses serviços essenciais, o artigo 10 da lei em questão, trouxe em seus incisos os que considera essenciais: Art. 10 São considerados serviços ou atividades essen- ciais: I - tratamento e abastecimento de água; produção e distribuição de energia elétrica, gás e combustíveis; II - assistência médica e hospitalar; III - distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos; IV - funerários; V - transporte coletivo VI - captação e tratamento de esgoto e lixo; VII - telecomunicações; VIII - guarda, uso e controle de substâncias radioati- vas, equipamentos e materiais nucleares; IX - processamento de dados ligados a serviços essen- ciais; X - controle de tráfego aéreo; XI compensação bancária. (BRASIL, 1989) É importante deixar fixado em mente que a lei em questão, quando foi criada, tinha por finalidade ampa- rar somente os trabalhadores da iniciativa privada, que realizassem os ofícios dentro das categorias supramen- cionadas. Dito isso, é imperioso informar que, a partir de en- tão, houve uma grande insegurança jurídica no Brasil, haja vista que aqueles serviços essenciais que fossem prestados diretamente pelo Poder Público não estariam abarcados pelos regramentos da lei em comento, pois o artigo 37, inciso VII, da Carta Magna Brasileira, que con- feriu aos servidores públicos civis o direito de greve, es- tipulou que isso seria feito nos limites definidos em lei específica. Desse modo, os servidores da iniciativa priva- da estavam sob a égide da Lei 7.783/89, enquanto os da iniciativa pública, como não fora criada nenhuma lei es- pecífica, ficavam sem amparo legal, quanto ao seu direito de realizar as paralisações grevistas. Isso notadamente é um absurdo, tendo em vista que, apesar dos agentes que prestam os serviços imprescindíveis à comunidade serem diferentes,a natureza da essencialidade de tais ativida- des para a garantia da sobrevivência, saúde e segurança da população permanece a mesma. Nesse contexto, a desordem começou a ser solucio- nada pelo uso da analogia, aplicando a referida lei de greve também aos servidores públicos civis, em virtude da natureza dos serviços essenciais. Sendo assim, no jul- gamento dos Mandados de Injunção nº 670, 708 e 712, o Supremo Tribunal Federal determinou que, em razão da omissão do Poder Legislativo, enquanto não fosse edita- da lei que disciplinasse o direito de greve dos servidores públicos civis, fosse aplicada a Lei 7.783/89 naquilo em que houvesse compatibilidade. Feita essa ressalva importante, mister se faz esclarecer que, apesar de ser um direito fundamental, o direito de greve nos serviços essenciais não é absoluto, o que faz com que a lei apresente algumas formalidades para o seu pleno exercício. Tais formalidades são a convocação para realizar, na forma dos estatutos de cada categoria, assembleia geral, ocasião em que deverá ser fixado um quórum mínimo para deliberação sobre a deflagração, ou não, da greve, bem como sobre sua interrupção. An- tes que seja iniciado o movimento paredista, é necessá- rio exaurir a negociação coletiva sobre o conflito com os empregadores. Uma vez decidido que irá ocorrer a greve, deve ser feita a comunicação prévia à parte contrária e à comunidade e, se se tratar de serviços essenciais, é im- prescindível a manutenção do atendimento das necessi- dades inadiáveis da sociedade. Comprovando a existência das formalidades supraci- tadas, há o artigo 11 o qual traz em sua redação o se- guinte trecho: Art. 11. Nos serviços ou atividades essenciais, os sindi- catos, os empregadores e os trabalhadores ficam obri- gados, de comum acordo, a garantir, durante a greve, a prestação dos serviços indispensáveis ao atendimen- to das necessidades inadiáveis da comunidade. Parágrafo único. São necessidades inadiáveis, da co- munidade aquelas que, não atendidas, coloquem em perigo iminente a sobrevivência, a saúde ou a segu- rança da população. (BRASIL, 1989) Com isso, logo se vê que é justamente esse artigo que dá azo para a fixação de um percentual de manutenção dos serviços indispensáveis às necessidades da comuni- dade. Ainda nesse sentido, há o artigo 12, com a previsão de que “No caso de inobservância do disposto no artigo anterior, o Poder Público assegurará a prestação dos ser- viços indispensáveis” (BRASIL, 1989). Outro preceito legal importante na comprovação das formalidades suscitadas é o artigo 13, o qual determi- na que “Na greve, em serviços ou atividades essenciais, ficam as entidades sindicais ou os trabalhadores, con- forme o caso, obrigados a comunicar a decisão aos em- pregadores e aos usuários com antecedência mínima de 72 (setenta e duas) horas da paralisação” (BRASIL, 1989). Essa previsão contempla o instituto denominado aviso prévio no direito de greve, que corresponde ao prazo fi- xado para o conhecimento dos empregadores e da po- pulação sobre a deflagração do movimento grevista. Com base nisso, é imperioso dizer que, caso essas formalidades não sejam seguidas, o movimento paredis- ta será considerado abusivo. Essa aferição é proveniente do artigo 14 da Lei de greve que dispõe: “Constitui abuso do direito de greve a inobservância das normas contidas na presente Lei, bem como a manutenção da paralisação após a celebração de acordo, convenção ou decisão da Justiça do Trabalho” (BRASIL, 1989). user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 51 D IR EI TO D O T RA BA LH O DA TAXATIVIDADE E DA NECESSIDADE DE ATUALI- ZAÇÃO DO ROL DOS SERVIÇOS ESSENCIAIS Conforme apresentado no início do tópico anterior, a lista dos serviços essenciais compreende onze incisos, sobre cuja taxatividade ou exemplificação de seu rol mui- to se discute, motivo pelo qual encontram-se fortes posi- cionamentos doutrinários nos dois sentidos. Para aqueles que admitem ser a lista dos serviços essenciais um rol taxativo, o ponto-chave da questão é referente à insegurança jurídica que um rol considerado exemplificativo poderia causar, ao dar margem para uma ampliação e inclusão exagerada de serviços dentro desse alistamento. Nesta senda, defendendo a taxatividade do rol dos serviços essenciais, Yone Frediani, em seu livro denominado Greve nos Serviços Essenciais à luz da Cons- tituição Federal de 1988, diz: A relação das atividades contidas no dispositivo é ta- xativa, o que significa asseverar que inobstante possam existir outros serviços ou atividades de igual grandeza e importância para a população, apenas as legalmente enumeradas é que ensejarão a observância do coman- do inserto no art. 11 do mesmo diploma legal, ou seja, as prestações de serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade (FREDIANI, 2001, p. 93) Aliado a seu pensamento está o Ministro do Superior Tribunal do Trabalho, Maurício Godinho Delgado, o qual, na decisão do recurso ordinário em dissídio coletivo de nº 548/2008-000-12-00.0, explanou: A lei de greve não inclui no seu rol taxativo de servi- ços ou atividades essenciais a atividade portuária. Dessa forma, como a referida lei, no que tange às atividades es- senciais, restringe um direito fundamental dos trabalha- dores em deferimento do interesse maior da sociedade, a interpretação de tal restrição não pode ser ampliativa, abrangendo, portanto, apenas aos serviços e atividades expressamente considerados essenciais pelo legislador (BRASIL, Tribunal Superior do Trabalho, 2009). Vê-se, portanto, da leitura dos ensinamentos desses dois grandes juristas, que a tendência de ser considerada a descrição do artigo 10 um rol taxativo é bastante alta, tudo isso pautado na busca de uma segurança jurídica em relação ao tema. Noutro prisma, porém, o Supremo Tribunal Federal, na oportunidade do julgamento do Mandado de Injun- ção nº 708, por meio do relator desse processo, o Minis- tro Gilmar Mendes, determinou que “Para os fins desta decisão, a enunciação do regime fixado pelos arts. 9º a 11 da Lei nº 7.783/1989 é apenas exemplificativa (numerus apertus)” (BRASIL, Supremo Tribunal Federal, 2007). Desse modo, é importante dizer que os dois pontos de vista parecem ser acertados, possuem justificativas complacentes e se fundam em uma brecha legislativa existente, em virtude da defasagem do rol dos serviços essenciais, contudo, parece ser mais coerente conside- rar a descrição do artigo 10 como sendo de numerus clausulus, tendo em mente que encará-lo como um rol exemplificativo ampliaria muito e dificultaria compreen- der quais são realmente os serviços classificados como essenciais, fator que contribuiria para o aumento das de- mandas judiciais, pois a sociedade e, até mesmo, os em- pregadores encontrariam um meio de ajuizar ações para declarar e exigir as formalidades dos serviços essenciais, nas greves existentes em ramos de atividades que guar- dassem semelhanças com os citados, o que prejudicaria o direito da classe trabalhadora. Outra hipótese que justifica ser a listagem dos servi- ços essenciais taxativa, é que ampliar o alcance da nor- ma existente corresponderia a simplesmente medicar o problema presente dentro da regulamentação dos servi- ços essenciais, sendo que, na verdade, o importante é a edição de uma lei que adeque esse rol às necessidades atuais da sociedade e que estabeleça, de forma mais cla- ra, as formalidades para o exercício da paralisação, como por exemplo, um mínimo fixo de manutenção dos servi- ços essenciais. Para se ter ideia do quanto a relação do artigo 10 está ultrapassada, os projetos de Lei 8010/10 e 7295/10, da Câmara dos Deputados, sugerem, respectivamente, in- cluir a atividade de lavanderias hospitalares e excluir a compensação bancária desse inventário. Nesse diapasão, o projeto de Lei 4497/01, procura es- tabelecer termos e limites ao exercíciodo direito de gre- ve pelos servidores públicos, e, em seu artigo 7º, com- plementa a lista do artigo 10 da Lei 7.783/89, incluindo como serviços essenciais: I – a representação diplomática do País no exterior e a recepção a representantes de governos estrangeiros ou de organismos internacionais, em visita oficial ao País; II – o exercício de qualquer espécie de poder de polícia; III – os serviços de carceragem e vigilância de presos e de segurança dos estabelecimentos do sistema pe- nitenciário; IV – os serviços de educação e saúde; V – os serviços de tributação, orçamento e finanças públicas; VI – os serviços do Poder Judiciário diretamente vin- culados ao exercício de suas funções legiferante e de fiscalização e controle. (BRASIL, Câmara dos Deputa- dos, 2001) Essa apresentação deixa notório que o poder legis- lativo até tenta criar as leis necessárias e regularizar as disposições atinentes ao direito de greve, atitude esta defendida por Mauricio Godinho Delgado, que, analisan- do o rol do artigo 10 da lei em estudo, informou: Note-se que não estão nesse rol, ilustrativamente, serviços bancários, exceto compensação, com o proces- samento de dados a ela vinculado; serviços de comuni- user Realce user Realce user Realce 52 D IR EI TO D O T RA BA LH O cação, exceto telecomunicações (e respectivo processa- mento de dados); serviços de carga e descarga, exceto transporte coletivo; escolas; serviços de correios. (DEL- GADO, 2012, p. 1435) Destarte, compreende-se que o rol dos serviços es- senciais é taxativo, razão pela qual precisa ser adequa- do aos anseios da sociedade moderna, incluindo, no seu regramento, atividades como educação, policiamento, serviços do Poder Judiciário, entre outros, porque é vi- sível que a paralisação total de tais atividades gera um enorme transtorno ao meio social, além do que, de uma forma geral, esses novos serviços também são essenciais para manter a saúde, a segurança e a sobrevivência de cada indivíduo na sociedade brasileira. DA MANUTENÇÃO DOS SERVIÇOS ESSENCIAIS Fora apresentado em linhas pretéritas que o artigo 11, caput, da Lei 7.783/89, determina que, durante a rea- lização do movimento paredista, nos serviços essenciais, devem os trabalhadores garantir a continuidade da pres- tação desses misteres. E é ai que mora o grande proble- ma da legislação que trata do assunto em análise, pois norma nenhuma estabelece um percentual fixo do quan- to deve ser mantido das atividades laborativas. Em razão disso, em primeiro momento, antes de ini- ciar a greve, as partes envolvidas no conflito até tentam constituir um percentual mínimo de manutenção dos serviços essenciais, todavia, como dificilmente chegam a uma decisão unânime, somado ao fato de a sociedade ser afetada sobremaneira por essa espécie de movimen- to paredista, o poder judiciário acaba sendo acionado para intervir na contenda, ficando ao seu arbítrio estabe- lecer um quantitativo mínimo. Como exemplo da interferência do judiciário nessa questão, tem-se a sentença prolatada pelo TRT da 23ª região, através do Juiz do Trabalho, Lamartino França, na ação trabalhista de nº 00607.2005.005.23.00-9, cuja parte autora era o município de Várzea Grande e a parte ré o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transpor- tes Terrestres de Cuiabá e Região, em que a postulante, notadamente, por não ter chegado a um acordo com o outro lado da relação grevista, requereu que 30% da fro- ta se mantivesse em operação, sob pena de pagamento de multa. Esse quantitativo requerido, aos olhos da classe trabalhadora corresponde a um percentual razoável, sen- do, inclusive, o valor que o senso comum acredita como o exigido para a manutenção das atividades essenciais. Não obstante isso, o juiz citado acima, ao sentenciar outra ação trabalhista de natureza semelhante àquela, mas agora registrada sob o nº 00610.2005.005.23.00-2, envolvendo como parte autora o município de Cuiabá e parte ré o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Terrestres de Cuiabá e Região e Associação Mato-grossense dos Transportadores Urbanos – MTU, deparou-se com a solicitação de que fossem mantidos em operação 70% da frota de ônibus, durante a greve. Logo se vê, portanto, que a falta de previsão de um mínimo legal de manutenção das atividades essenciais faz com que, em serviços com naturezas iguais, sejam re- queridos quantitativos diferentes. Além disso, caso esta última ação trabalhista fosse deferida pelo poder judiciá- rio, em razão do percentual elevado de manutenção que seria fixado, a classe trabalhadora se depararia com um movimento grevista sem efetividade. Para que se tenha ideia do quanto as ações judiciais fixando percentuais elevados são prejudiciais e não re- presentam casos isolados, o Tribunal Superior do Tra- balho, no julgamento do Recurso Ordinário em Dissídio Coletivo nº 95566/2003-900-02-00.5, de relatoria da Ministra Dora Maria da Costa, cuja parte recorrente era o Ministério Público do Trabalho da 2ª região, na greve perpetrada pelos motoristas e cobradores do Estado de São Paulo, houve a ratificação de uma liminar concedida pelo Juiz Vice-Presidente Administrativo do Tribunal Re- gional do Trabalho da 2ª região, que determinou o fun- cionamento de 80% das atividades de ônibus, durante o horário de pico e de 60%, nos demais horários, sendo que o descumprimento sujeitaria multa de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) à parte recorrida. Ainda neste contexto, o Tribunal Superior do Trabalho, por meio do Ministro Mauricio Godinho Delgado, na aná- lise do Recurso Ordinário nº RO-1369-34.2011.5.14.0000, interposto pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Em- presas de Transportes Urbano e com Característica de Metropolitano de Passageiros no Estado de Rondônia – SITETUPERON - em face do Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros de Porto Velho, ratificou a decisão liminar exarada por um Juiz do Tribunal Regional do Trabalho da 14ª Região, que impôs o percentual de 70% de manutenção da frota de ônibus, nos horários de pico e de 40 %, nos demais horários. Feitas essas considerações, é importante agora ser dito que, além de o poder judiciário retirar a eficácia so- cial do movimento grevista, nas decisões citadas, existem também alguns projetos de Lei, como o projeto de Lei 710, do ano de 2011, que disciplina o direito de greve dos servidores públicos, e que traz em seu artigo 18, caput, que, para os serviços descritos como essenciais, é obrigatório que seja mantido um percentual mínimo de 60% dos servidores exercendo suas atividades, sendo que esse percentual pode ser aumentado para 80%, con- forme o parágrafo único desse artigo. Na mesma trilha dessa proposta de lei, o projeto nº 3262, do ano de 2012, visa alterar a redação da lei de greve para estabelecer um percentual fixo de 70% de manutenção da prestação dos serviços essenciais. Desse modo, é latente que as decisões e os proje- tos de lei trazidos à baila, de forma alguma levam em consideração a garantia do direito das classes que traba- lham efetuando serviços caracterizados como essenciais, pois os percentuais delimitados são bastante elevados, ao ponto de que uma paralisação, por exemplo, de 30% dos servidores não representar nenhuma ameaça para user Realce 53 D IR EI TO D O T RA BA LH O os empregadores. Ve-se também que nessas decisões e projetos de leis não é levada em conta a ponderação de interesses entre o direito fundamental dos trabalhadores de exercerem a greve com o direito fundamental da so- ciedade de ter assegurada a continuidade dos serviços que tutelem sua saúde, segurança e sobrevivência. O PERCENTUAL DE MANUTENÇÃO DOS SERVIÇOS ESSENCIAIS EM COMPARAÇÃO COM A ITÁLIA Em linhas atrás, foi mencionado que a tutela do di- reito de greve não é universal em nosso planeta. Apesar disso, há países que se assemelham no modo como esse assunto é tratado, sendo um exemplo disso a Itália e o Brasil, razão pela qual é importante demonstrarcomo es- sas duas nações lidam com a questão da delimitação do percentual de manutenção dos serviços essenciais. Sobre esse enfoque, a legislação Brasileira optou, por meio do artigo 11 da Lei 7.783/89, em deixar por conta dos sindicatos, dos empregadores e dos trabalhadores, a negociação, durante a greve, sobre o percentual mínimo que deve ser fixado para a garantia da manutenção dos serviços essenciais, ou seja, de acordo com a lei brasilei- ra, no momento da deflagração do movimento grevista é que os envolvidos nessa relação devem convencionar sobre um quantitativo a ser seguido. Na Itália, até 12 de junho de 1990, a disposição sobre o mínimo para manutenção dos serviços essenciais era feita pelos próprios sindicatos, por meio de acordos co- letivos, códigos de autorregulamentação e regulamentos de serviços. À primeira vista, isso era uma boa solução. Acontece que a Itália, por ser um país signatário da convenção nº 87 da OIT, adota o pluralismo sindical e, em decorrência desse fato, surgiam diferentes regulamentações acerca do percentual de manutenção em um mesmo ramo de atividade essencial, o que fazia com que a população não tivesse noção de qual preceito normativo deveria ser adotado. Por esse problema, o poder legislativo italiano criou a Lei nº 146, posteriormente aperfeiçoada pela Lei de nº 83/2000, a qual passou a prever que, para os serviços es- senciais, o percentual de manutenção das atividades não poderá “[...] exceder a 50% das prestações normalmen- te fornecidas e não podem demandar mais de um terço dos trabalhadores que normalmente são utilizados para prestar o serviço” (SANTOS, 2013, p. 342). Diante disso, é possível depreender que o modelo adotado pela Itália é diverso daquele previsto no Bra- sil, pois estipula um quantitativo fixo e máximo para a continuidade dos serviços essenciais, enquanto, no Bra- sil, além de não ter um padrão de manutenção, o fato de a lei estipular que o percentual a ser fixado deve ser determinado, no instante da eclosão do movimento gre- vista, causa bastante insegurança, uma vez que essa é uma ocasião em que as partes estarão com os ânimos exaltados, por não terem chegado a um consenso que resolvesse o problema, sem que fosse necessária a para- lisação. Com isso, dificilmente irão estabelecer um ajuste no sentido de um percentual satisfatório para seus inte- resses e as necessidades da sociedade, como um todo, o que acaba justificando e dando margem para a inter- venção do poder judiciário, que, por meio do disparate em suas decisões agrava ainda mais a situação da greve. CONSIDERAÇÕES FINAIS Com base nas reflexões deste artigo, ficou evidente que a greve é um direito fundamental presente na Cons- tituição da Republica Federativa do Brasil, em seus artigos 9º, §§ 1º e 2º, e 37, inciso VII, que concede a prerrogativa para que os trabalhadores, agindo de forma organiza- da e com pacificidade, interrompam as suas atividades laborais, com a finalidade de conseguirem melhores condições de emprego pela pressão exercida sobre seus empregadores. Aliada em grau de subordinação com a Constituição, a Lei 7.783/89 surgiu para regulamentar esse instituto e impor algumas formalidades para o seu exercício, sendo que, de modo geral, preceitua a obrigação de convoca- ção de uma assembleia geral da categoria em que se irá discutir a deflagração ou não da greve. Uma vez decidi- do que irá ocorrer a greve, deve ser feita a comunicação prévia à parte contrária e à comunidade e, chegando-se a uma solução do conflito, não deve ser dada continuidade ao movimento paredista, sob pena de passar a ser abusi- va. Mister se faz não olvidar que, antes que seja iniciado o movimento paredista, é necessário exaurir a negocia- ção coletiva sobre o conflito com os empregadores. Com base nessas observações gerais e preliminares, compreendeu-se que o ponto mais controvertido des- sa temática diz respeito à greve nos serviços essenciais. A controvérsia notadamente é grande, em razão de sua importância para a realidade jurídica e social do Brasil, pois é um assunto que lida com direitos fundamentais e, por isso, é passível de causar enormes prejuízos para as partes envolvidas, caso não seja devidamente tratado. Conforme os dados já apresentados, existem proble- mas sérios, quando o assunto é greve nos serviços essen- ciais, consistindo na defasagem do rol dessas atividades e na falta de previsão de um percentual fixo para a ma- nutenção desses trabalhos. Em virtude disso, pode-se dizer claramente que a análise da eficácia da Lei 7.783/89 para o direito de greve nos serviços essenciais, resultou que esta norma, infeliz- mente, não mais atende às finalidades para as quais foi criada, uma vez que sua tutela não é eficaz para as mani- festações paredistas deflagradas dentro dessa categoria de atividades. A razão para essa resposta direta é que o rol das ati- vidades essenciais, presentes nos onze incisos do artigo 10 da lei em epígrafe, necessita de adequação, tendo em mente que atividades referentes à educação, ao policia- mento, aos serviços do Poder Judiciário, entre outros, 54 D IR EI TO D O T RA BA LH O são tão necessários para o Brasil como aquelas previs- tas na lei, e sua total paralisação também colocaria em risco os direitos fundamentais da sociedade. Para tentar solucionar esse problema, foram analisados os projetos de lei mais relevantes ao assunto, os quais evidenciaram a preocupação do poder legislativo com a defasagem e a precariedade do rol atual dos serviços essenciais, ao descrever outros serviços que precisam ser incorporados nessa lista. Aliada a isso, a falta de eficácia da lei em estudo se deve igualmente ao fato de que, na redação de seus ar- tigos, não há a imposição de um percentual fixo de ma- nutenção para os serviços essenciais, pois o legislador acreditou que os trabalhadores, os sindicatos e os em- pregadores seriam capazes de convencionar um quanti- tativo justo que atendesse aos seus anseios. Esse engano acarretou, portanto, uma grande inse- gurança jurídica, uma vez que, na maioria das vezes, o percentual fixado não é satisfatório para uma das partes envolvidas no conflito, e isso faz com que o poder judi- ciário seja provocado a intervir na contenda, determinan- do percentuais diversos para ramos de atividades iguais, bem como, na maioria das vezes, impõe que 70% e até mesmo 80% dos trabalhadores continuem prestando os seus serviços, sob pena de ser decretada a ilegalidade ou a abusividade do direito de greve, bem como na co- minação de multas que inviabilizam a continuidade das reivindicações. Diante disso, não é preciso ser nenhum especialista no assunto para depreender que decisões nesse sentido, as quais comumente são disseminadas pelo poder judiciário Brasil afora, desnorteiam e extir- pam a finalidade de prejuízo proposta pela paralisação dos trabalhadores. Desse modo, é claro que a situação atual da greve nos serviços essenciais é preocupante, mas jamais se pode esquecer que, dos dois lados da balança, estão presen- tes direitos fundamentais e, segundo as regras do or- denamento jurídico brasileiro, quando há o conflito de preceitos fundamentais, deve haver uma ponderação de interesses, para que seja possível atender às expectativas de todas as partes. Ciente disso, o mais justo para todos seria analisar a possibilidade de atualização do inventário dos serviços essenciais e, de uma vez por todas, criar um percentual fixo de manutenção dos serviços essenciais, sendo que, nesse ponto, a Itália poderia servir de exem- plo ao Brasil, adotando-se que não mais do que 50% dos serviços em estudo deveriam ser mantidos em funciona- mento, durante a greve, porque, assim, haveria um equi- líbrio na atenção dada às necessidades da sociedade, dos trabalhadores e dos empregadores. Fonte: h t t p s : / / g l e i d s o n m d . j u s b r a s i l . c o m . b r / a r t i - gos/558502138/direito-de-greve-nos-servicos-essen- ciais. COMISSÕES DE CONCILIAÇÃOPRÉVIA COMISSÕES DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA A Lei 9.958/2000, acrescentou e alterou artigos à CLT, instituindo as Comissões de Conciliação Prévia e permi- tindo a execução de título extrajudicial na Justiça do Tra- balho. Referidas Comissões foram regulamentadas pela Por- taria MTE 329/2002, posteriormente alterada pela Porta- ria MTE 230/2004. INSTITUIÇÃO As empresas e os sindicatos podem instituir Comis- sões de Conciliação Prévia, de composição paritária, com representantes dos empregados e dos empregadores, com a atribuição de tentar conciliar os conflitos indivi- duais do trabalho. As Comissões referidas poderão ser constituídas por empresa, grupos de empresas, por sindicato ou ter ca- ráter intersindical (no âmbito de mais de um sindicato). LIMITES A Comissão conciliará exclusivamente conflitos que envolvam trabalhadores pertencentes à categoria profis- sional e à base territorial das entidades sindicais que as tiverem instituído. COMPOSIÇÃO A Comissão instituída no âmbito da empresa será composta de, no mínimo, dois e, no máximo, dez mem- bros e conciliará exclusivamente conflitos que envolvam trabalhadores pertencentes à categoria profissional e à base territorial das entidades sindicais que as tiverem instituído. REMUNERAÇÃO OU GRATIFICAÇÃO DE MEMBROS A forma de custeio da Comissão será regulada no ato de sua instituição, em função da previsão de custos, ob- servados os princípios da razoabilidade e da gratuidade ao trabalhador. LOCAL E HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO O local e o horário de funcionamento da Comissão devem ser amplamente divulgados para conhecimento público. user Realce user Realce user Realce 55 D IR EI TO D O T RA BA LH O SESSÃO DE CONCILIAÇÃO TERMO DE CONCILIAÇÃO A conciliação deverá ser reduzida a termo, que será assinado em todas as vias pelas partes e membros da Comissão, fornecendo-se cópias aos interessados. Caso a conciliação não prospere, será fornecida ao Emprega- do e ao Empregador declaração da tentativa conciliatória frustrada, com a descrição de seu objeto, firmada pelos membros da Comissão. RESTRIÇÕES DE USO DE SÍMBOLOS ESTABILIDADE DOS REPRESENTANTES DOS EM- PREGADOS DEMANDA TRABALHISTA SERÁ SUBMETIDA A CO- MISSÃO – OBRIGATORIEDADE Qualquer demanda de natureza trabalhista será sub- metida à Comissão de Conciliação Prévia se, na locali- dade da prestação de serviços, houver sido instituída a Comissão no âmbito da empresa ou do sindicato da ca- tegoria, consoante o disposto no art. 625-D da CLT. A demanda será formulada por escrito ou reduzida a termo por qualquer dos membros da Comissão, sendo entregue cópia datada e assinada pelo membro aos in- teressados. CONCILIAÇÃO PRAZO PRESCRICIONAL NÚCLEOS INTERSINDICAIS DE CONCILIAÇÃO TRA- BALHISTA JURISPRUDÊNCIA COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA – PROPOSTA CONCILIATÓRIA – QUITAÇÃO GERAL DO CONTRATO DE TRABALHO. A legislação trabalhista, ao prever a possi- bilidade das partes recorrerem à Comissão de Concilia- ção Prévia, teve por escopo permitir que o empregado apresentasse suas reivindicações e as partes, sob a me- diação dos conciliadores firmassem um acordo. Foge ao objetivo do artigo 625-E da CLT a simples submissão do empregado à Comissão para o fim de receber valores de verbas incontroversas e, ato contínuo, dar plena e geral quitação do extinto contrato de trabalho, o que enseja o reconhecimento da nulidade da avença, com base no ar- tigo 9º da CLT e 171, inciso II, do Código Civil. PROCESSO TRT Nº 00060-2006-066-15-00-6 ROPS. Juíza Relatora ELENCY PEREIRA NEVES. Decisão N° 021277/2007. Fonte: http://www.guiatrabalhista.com.br/guia/comissoes_ conciliacao.htm. HORA DE PRATICAR 1. (EMAP– Analista Portuário - Área Jurídica – Nível superior – CESPE – 2018) Julgue o item que segue de acordo com a legislação e a jurisprudência trabalhista. Conforme entendimento pacífico do Tribunal Superior do Trabalho, será considerado como uma hora noturna qualquer período de sessenta minutos de trabalho que for realizado pelo portuário no horário de dezenove ho- ras de um dia a sete horas do dia seguinte. ( ) CERTO ( ) ERRADO 2. (EMAP– Analista Portuário - Área Jurídica – Nível superior – CESPE – 2018) Julgue o item que segue de acordo com a legislação e a jurisprudência trabalhista. A concessão das férias será noticiada ao empregado por escrito, e estas deverão se iniciar a qualquer tempo, salvo em dia de feriado. ( ) CERTO ( ) ERRADO 3. (EMAP– Analista Portuário - Área Jurídica – Nível superior – CESPE – 2018) Conforme as disposições da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), julgue o seguin- te item. A convenção coletiva de trabalho que dispuser sobre banco de horas anual, enquadramento de grau de insalu- bridade e modalidade de registro de jornada de trabalho terá prevalência sobre a lei. ( ) CERTO ( ) ERRADO 4. (EMAP– Analista Portuário - Área Jurídica – Ní- vel superior – CESPE – 2018) Caso exista comissão de conciliação prévia instituída na empresa Supermercados Onofre — fundada em acordo coletivo de trabalho e do- tada de composição paritária entre representantes dos empregados e do empregador —, a submissão da de- manda de Carla a esse colegiado não seria pressuposto necessário ao ajuizamento da reclamação trabalhista. ( ) CERTO ( ) ERRADO 5. (EBSERH– Advogado – Nível superior – CESPE – 2018) Julgue o item subsequente, relativo ao contrato de trabalho e aos direitos e deveres dele decorrentes. O período em que o empregado estiver afastado por motivo de acidente de trabalho é computado como tem- po de serviço para fins de indenização e estabilidade. ( ) CERTO ( ) ERRADO 6. (EBSERH– Advogado – Nível superior – CESPE – 2018) Julgue o item subsequente, relativo ao contrato de trabalho e aos direitos e deveres dele decorrentes. O tempo despendido para troca de roupa ou uniforme nas dependências da empresa será considerado como hora de trabalho, ainda que não exista a obrigatoriedade de realizá-la na empresa. ( ) CERTO ( ) ERRADO user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 56 D IR EI TO D O T RA BA LH O 7. (EBSERH– Advogado – Nível superior – CESPE – 2018) Julgue o item subsequente, relativo ao contrato de trabalho e aos direitos e deveres dele decorrentes. Havendo concordância por parte do empregado, as fé- rias poderão ser usufruídas em até três períodos, sendo um igual ou superior a quatorze dias corridos e os de- mais não inferiores a cinco dias corridos cada. ( ) CERTO ( ) ERRADO 8. (EBSERH– Advogado – Nível superior – CESPE – 2018) Julgue o item subsequente, relativo ao contrato de trabalho e aos direitos e deveres dele decorrentes. A prática de ato atentatório à segurança nacional devida- mente comprovado por inquérito administrativo enseja justa causa do empregado para rescisão do contrato de trabalho. ( ) CERTO ( ) ERRADO 9. (EBSERH– Advogado – Nível superior – CESPE – 2018) Julgue o item subsequente, relativo ao contrato de trabalho e aos direitos e deveres dele decorrentes. Em caso de extinção do contrato de trabalho por acordo entre empregado e empregador, deverá ser depositada na conta vinculada do FGTS a importância equivalente a 40% dos depósitos realizados no decorrer do contrato. ( ) CERTO ( ) ERRADO 10. (EBSERH– Advogado – Nível superior – CESPE – 2018) Julgue o item seguinte, no que tange a trabalho da mulher, segurança e higiene do trabalho, direito de greve e processo trabalhista. A confirmação de gravidez durante o aviso prévio inde- nizado impede a garantia de estabilidade provisória à gestante. ( ) CERTO ( ) ERRADO 11. (EMBASA – Contador/ analista de gestão (ciên- cias contábeis) – Nível superior – CESPE – 2017) Joana trabalha em uma padaria e, há algum tempo, o seu em- pregador vem demonstrando insatisfação com o serviço prestado por ela. Por sua vez, Joana também está insa- tisfeita com as medidas que vêm sendo adotadaspelo seu empregador. Por tais razões, o empregador e Joana decidiram, por mútuo acordo, extinguir o contrato de trabalho. Nessa situação hipotética, Joana terá direito a) à integralidade de todas as verbas trabalhistas. b) a metade do aviso prévio, se indenizado, além da ha- bilitação no programa de seguro-desemprego. c) a metade da indenização sobre o saldo do FGTS, além da movimentação da conta vinculada desse fundo, li- mitada a 50% do valor dos depósitos. d) a metade de todas as verbas trabalhistas, mas não terá direito a habilitação no programa de seguro-desem- prego. e) a metade da indenização sobre o saldo do FGTS, cuja conta vinculada poderá ser movimentada até o limite de 80%, e metade do aviso prévio, se indenizado, bem como à integralidade das demais verbas trabalhistas, mas não terá direito a habilitação no programa de seguro-desemprego. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 57 D IR EI TO D O T RA BA LH O GABARITO 1 CERTO 2 ERRADO 3 CERTO 4 CERTO 5 CERTO 6 ERRADO 7 CERTO 8 CERTO 9 ERRADO 10 ERRADO 11 E ANOTAÇÕES ________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ 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