Prévia do material em texto
SÍNTESE ESTRATÉGICA II NACIONAL DA MAGISTRATURA DO TRABALHO Olá, futuro(a) Juiz(íza) do Trabalho, tudo certo?! A prova objetiva do II Concurso Público Nacional Unificado para ingresso na Carreira da Magistratura do Trabalho está se aproximando, e, pensando em auxiliá-los na revisão dos principais temas nessa reta final, o Estratégia Carreiras Jurídicas elaborou a nossa primeira Síntese Estratégica: um material específico com os pontos que acreditamos serem mais relevantes para sua prova e que não podem deixar de ser revisados. O material abordará de modo direto, curto e objetivo os temas mais cobrados no concurso público para Magistratura do Trabalho, além daqueles pontos espinhosos do edital, das “decorebas” que precisam ser revistas logo antes da prova, incluindo também as nossas apostas. Tudo isso por meio de frases, tabelas, mapas mentais e outros meios para auxiliar na fixação do conteúdo e formação da memória de curto prazo. Ao final do estudo desse material, esperamos você possa garantir algumas questões a mais na prova vindoura. Passaremos por todas as fontes de conhecimento exigidas na prova da Magistratura do Trabalho, de acordo com a predileção de cobrança, segundo as estatísticas apresentadas no nosso Estudo Estratégico. Assim, citaremos trechos legislativos relevantes, especialmente selecionados, mas não deixaremos de relacionar conteúdos jurisprudenciais e doutrinários. Naturalmente, as disciplinas de Direito do Trabalho e Direito Processual do Trabalho ocuparão a centralidade do nosso conteúdo, pois esperemos, ao menos, 40% das questões focadas nessas disciplinas. Todas as matérias do edital serão revisadas proporcionalmente à incidência de cada uma na nossa prova. Para finalizar, sabemos que o treino é essencial em todas as fases dos concursos públicos. Nessa reta final, resolva muitas questões. Elas não apenas testarão seus conhecimentos, como ajudarão a raciocinar da maneira exigida pelo examinador, além de otimizar sua revisão e facilitar a fixação. Pensando nisso, elaboramos um caderno de questões para cada uma das matérias do conteúdo programático do edital, através do nosso Sistema de Questões. Para resolvê-las, basta clicar nos links respectivos abaixo: Matéria Link do caderno no SQ Direito Individual do Trabalho Caderno de Direito Individual do Trabalho Direito Coletivo do Trabalho Caderno de Direito Coletivo do Trabalho Direito Administrativo Caderno de Direito Administrativo Direito Penal Caderno de Direito Penal Noções gerais de Direito e Formação Humanística Caderno de Noções Gerais de Direito e Formação Humanística Direito Processual do Trabalho Caderno de Direito Processual do Trabalho Direito Constitucional e Constitucional do Trabalho Caderno de Direito Constitucional e Constitucional do Trabalho Direito Civil Caderno de Direito Civil Direito da Criança, do Adolescente e do Jovem Caderno de Direito da Criança, do Adolescente e do Jovem Direito Processual Civil Caderno de Direito Processual Civil Direito internacional e Comunitário Caderno de Direito Internacional e Comunitário Doutrina 9% Jurisprud ência 24% Lei 67% Geral - Valores Percentuais https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/52a47094-3a09-4ed1-b493-437f6bebdbf6 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/d3cf75bf-1bde-419d-a33b-00e045ecfc99 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/1a7aa4bd-454b-4d38-8e76-9cf64e4a6ba2 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/887c41f1-18b6-41dc-a087-e3839633593a https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/7503d133-da12-4a43-9016-5e5b74ee119b https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/9d7f8541-2a59-4804-8602-b35fecfd08d1 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/e5dd2dc0-86fb-4bdb-a623-36b0ad7f19dd https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/f562e779-1c43-4aa7-89eb-ea9ca6dac0c8 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/00a9bd07-3c30-4a94-8172-d84efe7feb74 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/a7cc69a9-2c75-46af-a572-45396aa2e12d https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/bf1432ad-853a-4b11-ac15-9fdbb473e60c Direito Previdenciário Caderno de Direito Previdenciário Direito Empresarial Caderno de Direito Empresarial Direitos Humanos e Direitos Humanos Sociais Caderno de Direitos Humanos e Direitos Humanos Sociais Por fim, para tornar sua revisão ainda mais completa, convidamos para assistir ao nosso Hora da Verdade, cuja programação e links podem ser encontrados no artigo abaixo: Hora da Verdade – II Nacional Magistratura do Trabalho Ainda, no sábado, véspera de prova, faremos nossa tracional revisão. Acompanhe em primeira mão, aqui: Revisão de Véspera – II Nacional da Magistratura do Trabalho Após a prova, faremos análise das questões, formando o nosso Gabarito Extraoficial. Acompanhe-o pelo link abaixo: Gabarito Extraoficial – II Nacional da Magistratura do Trabalho Na terça-feira, haverá ainda um quarto tipo de evento, o Termômetro Pós-Prova, cujo foco é repercutir a prova, verificar recursos, apontar nota de corte e disponibilizar a prova inteiramente comentada pelo nosso time de professores. Disponibilizaremos mais informações sobre o Termômetro em redes , em breve. Todos esses eventos serão transmitidos gratuitamente no nosso canal no Youtube. Inscreva-se e ative as notificações! Estratégia Carreira Jurídica - YouTube Esperamos que gostem do material e de todos os novos projetos que preparamos para que avancem rumo à aprovação. Por fim, desejamos uma excelente prova e que continuem dando o seu melhor até lá! Contem sempre conosco. Yasmin Ushara, Coordenação de Metas do Estratégia Carreiras Jurídicas. https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/0cdee369-a076-4831-bf1f-c272c07ceee6 https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/31e56467-b78f-4a24-aa28-e770aebf2d3c https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/8f207ec9-81d0-4855-b9b0-ffcd14d90c25 https://cj.estrategia.com/portal/hora-da-verdade-magistratura-do-trabalho/ https://cj.estrategia.com/portal/revisao-de-vespera-magistratura-do-trabalho/ https://cj.estrategia.com/portal/gabarito-extraoficial-magistratura-do-trabalho/ https://www.youtube.com/@EstrategiaCarreiraJuridica SUMÁRIO Direito Individual do Trabalho ............................................................................................................................................... 3 Direito Coletivo do Trabalho ................................................................................................................................................ 28 Direito Administrativo ........................................................................................................................................................... 40 Direito Penal ........................................................................................................................................................................... 57 Noções Gerais de Direito e Formação Humanística .......................................................................................................... 65 Direito Processual do Trabalho ............................................................................................................................................ 71 Direito Constitucional ............................................................................................................................................................ 94 Direito Constitucional do Trabalho ................................................................................................................................... 101 Direito Civil ...........................................................................................................................................................................108 Direito da Criança, do Adolescente e do Jovem ............................................................................................................. 119 Direito Processual Civil........................................................................................................................................................ 130 Direito Internacional e Comunitário .................................................................................................................................. 144 Direito Previdenciário .............................................................................................................................................................. 148 Direito Empresarial .............................................................................................................................................................. 167 Direitos Humanos e Direitos Humanos Sociais ................................................................................................................ 176 Considerações finais ........................................................................................................................................................... 188 DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO 1. O trabalho em perspectivas histórica e interdisciplinar. Trabalho desprotegido na sociedade histórica, em suas diversas dimensões: trabalho escravizado, trabalho sob servidão, trabalho livre, mas desprotegido. Função histórica do Direito do Trabalho e o trabalho protegido. Direito do Trabalho: conceito, características, divisão, natureza, funções e autonomia. #01 - Características do direito do trabalho A tendência à ampliação crescente; O fato de ser um direito de reivindicação de classe; De cunho intervencionista; O caráter cosmopolita, isto é, influenciado pelas normas internacionais; O fato de os seus institutos jurídicos mais típicos serem de ordem coletiva ou socializante; O fato de ser um direito em transição. 2. Fundamentos e formação histórica do Direito do Trabalho. Papel do Direito do Trabalho no sistema capitalista e na Democracia. Particularismo do Direito do Trabalho. Os desafios da reforma Trabalhista. 3. Fontes formais do Direito do Trabalho. Conceito, classificação e hierarquia. Conflitos e suas soluções. #02 - Fontes Fontes Formais: são os mecanismos exteriores e estilizados pelos quais as normas ingressam, instauram-se e cristalizam-se na ordem jurídica; Fontes heterônomas do direito do trabalho: são normas elaboradas pelo Estado, não havendo participação direta dos destinatários da mesma em sua produção, tais como: Constituição Federal, tratados e convenções internacionais, leis em sentido amplo, Decretos, etc; Fontes autônomas do direito do trabalho: são elaboradas pelos próprios destinatários, ou seja, os destinatários da norma regulamentam suas condições de trabalho, diretamente ou por meio de suas entidades representativas (sindicatos). Este é o caso das negociações coletivas de trabalho - CCT e ACT. 4. Interpretação, integração e aplicação das normas trabalhistas. O papel da equidade. Eficácia das normas trabalhistas no tempo e no espaço. Revogação. Irretroatividade. Direito adquirido. Segurança jurídica: dimensões. #03 - Métodos de Interpretação Interpretação gramatical: parte da análise literal do texto legal, inferindo-se o sentido da norma a partir das palavras utilizadas; Método lógico ou racional: procura identificar o pensamento contido na lei (a lógica da lei), a partir da lógica formal; Método sistemático: a partir da análise do sistema legal (Constituição, Leis ordinárias, Leis complementares etc.), busca-se o sentido da norma de modo que esta se harmonize com o restante do sistema jurídico; Método teleológico: teleologia significa, do grego, o estudo da finalidade de algo. Por meio deste método, portanto, busca-se entender o sentido da norma a partir dos seus fins, ou seja, do objetivo visado pela norma sob análise. A legislação privilegia o uso deste método (LINDB, art. 5º e CLT, art. 8º), ao dizer que “na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige (..)”. Método histórico: busca o sentido da norma a partir da análise das razões históricas e sociais que levaram à sua elaboração. #04 - Eficácia das normas trabalhistas no espaço No Direito do Trabalho, classicamente vigorou o princípio da territorialidade, segundo o qual a relação trabalhista é regida pelas leis vigentes no país da prestação dos serviços, não por aquelas do local da contratação (lex loci executionis). Ocorre que, a partir de uma alteração legislativa promovida em 2009, a territorialidade perdeu espaço para o princípio da norma mais favorável. #05 - Eficácia das Normas Trabalhistas no Tempo A aplicação das normas trabalhistas no tempo é regida pelos Princípios da Irretroatividade e do Efeito Imediato. Irretroatividade significa que a lei trabalhista não alcança os atos que foram praticados antes do início de sua vigência. Ou seja, a lei nova não se aplica aos contratos de trabalho já terminados. Apesar de não retroagir, a nova lei trabalhista é aplicada de modo imediato às relações trabalhistas em curso. Por exemplo, no curso de um contrato de trabalho, há o início da vigência de uma nova lei, os atos relacionados a este contrato, deverão ser praticados segundo as regras da lei nova. Parte da doutrina justrabalhista afirma que se deve considerar ainda o princípio da vedação ao retrocesso social. Para esta corrente doutrinária, caso a nova lei seja menos benéfica ao trabalhador, ela não seria aplicada aos contratos celebrados anteriormente à sua vigência e que estejam em vigor. #06 - Integração no Direito do Trabalho CLT. Art. 8º - As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por eqüidade e outros princípios e normas gerais de direito, principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse público. §1º O direito comum será fonte subsidiária do direito do trabalho. § 2º Súmulas e outros enunciados de jurisprudência editados pelo Tribunal Superior do Trabalho e pelos Tribunais Regionais do Trabalho não poderão restringir direitos legalmente previstos nem criar obrigações que não estejam previstas em lei. 5. Princípios do Direito do Trabalho. Princípios constitucionais do Direito do Trabalho. Princípios constitucionais do trabalho. Distinção entre princípio e regra. #07 - Princípios do direito do trabalho Princípio protetor: Nas relações empregatícias sempre existe o conflito entre o detentor do capital (o empregador) e o detentor da mão de obra, que é o empregado, e essa relação entre as partes, naturalmente, é desequilibrada em função do poder econômico dos detentores de capital. Para atenuar esse desequilíbrio existente entre o capital e o trabalho criou-se o direito do trabalho, que é alicerçado no princípio protetor. Parte da doutrina divide o princípio em outros três: Princípio da norma mais favorável: Segundo este princípio se deve aplicar ao caso concreto, havendo mais de uma norma em vigor regendo o mesmo assunto, a que seja mais favorável ao empregado. Os chamados “preceitos de ordem pública” (também conhecidos como “normas proibitivas estatais”) não exceções ao princípio da norma mais favorável. Segundo as regras da Lei da Reforma Trabalhista, as condições previstas em ACT “sempre prevalecerão” sobre aquelas previstas mediante CCT, segundo o art. 620 da CLT. Princípio da condição mais benéfica: está relacionado às cláusulas contratuais (constantes do contrato de trabalho ou regulamento da empresa), que, sendo maisvantajosas ao trabalhador, devem ser preservadas durante a vigência do vínculo empregatício. Princípio in dubio pro operario: diante de duas opções igualmente válidas, o intérprete do direito do trabalho deve aplicar a opção mais vantajosa ao trabalhador. Havendo dúvida do juiz em face do conjunto probatório existente e das presunções aplicáveis, ele deverá decidir em desfavor da parte que tenha o ônus da prova naquele tópico duvidoso, e não segundo a diretriz genérica in dubio pro operario. Princípio da inalterabilidade contratual lesiva: este princípio não impede alterações contratuais trabalhistas, que são comuns na prática; o que se restringe são as alterações lesivas nas quais o empregado é prejudicado. CLT, art. 468 - Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia. Jurisprudência importante! A estipulação, por mera liberalidade da empresa, de base de cálculo mais vantajosa que o salário mínimo para o pagamento do adicional de insalubridade configura direito adquirido dos empregados. Assim, não pode a empregadora, a pretexto de ajustar-se ao entendimento fixado pelo Supremo Tribunal Federal na Súmula Vinculante 4, passar a utilizar o salário mínimo como base de cálculo do adicional de insalubridade, em detrimento do salário básico anteriormente adotado, sob pena de haver alteração contratual lesiva, a que se refere o art. 468 da CLT, e afronta ao princípio da irredutibilidade salarial. (TST-EARR-11693-79.2015.5.18.0017, SBDI-I, rel. Min. Guilherme Augusto Caputo Bastos, 7/6/2018) Princípio da indisponibilidade dos direitos trabalhistas: "prevalece a restrição à autonomia da vontade no contrato trabalhista, em contraponto à diretriz civil de soberania das partes no ajuste das condições contratuais. Esta restrição é tida como instrumento assecuratório eficaz das garantias fundamentais ao trabalhador, em face do desequilíbrio de poderes inerentes ao contrato de emprego”. (Maurício Godinho) Os chamados “altos empregados”, que são aqueles com nível superior e que recebem salários superiores a duas vezes o teto do RGPS, poderão negociar diretamente com seus empregadores, sem intermediação pelo sindicato profissional (CLT, art. 444, parágrafo único). Princípio da primazia da realidade: Por meio deste princípio, busca-se, no direito do trabalho, priorizar a realidade em detrimento da forma. Princípio da continuidade da relação de emprego: Este princípio valoriza a permanência do empregado no mesmo vínculo empregatício, dadas as vantagens que isso representa. A Súmula 212 do TST é um exemplo de jurisprudência relacionada ao princípio da continuidade da relação de emprego: “O ônus de provar o término do contrato de trabalho, quando negados a prestação de serviço e o despedimento, é do empregador, pois o princípio da continuidade da relação de emprego constitui presunção favorável ao empregado”. Princípio da intangibilidade salarial: intangibilidade salarial abrange não apenas a irredutibilidade nominal do seu valor, mas também vedação a descontos indevidos, tempestividade no pagamento, etc. 6. Indisponibilidade de direitos. Renúncia e transação no Direito do Trabalho. Comissões de Conciliação Prévia. #08 - Flexibilização dos direitos trabalhistas: o Estado mantém sua intervenção nas relações de trabalho. O que acontece quando se autorizam regras menos rígidas, mas mantém-se o chamado “mínimo existencial” #09 - Desregulamentação dos direitos trabalhistas: observa-se um fenômeno mais radical, em que o Estado deixa de intervir nas relações de trabalho, deixando que as partes negociem livremente. #10 - Renúncia: ato unilateral da parte, através do qual ela se despoja de um direito de que é titular, sem correspondente concessão pela parte beneficiada da renúncia #11 – Transação: ato bilateral (ou plurilateral), pelo qual se acertam direitos e obrigações entre as partes acordantes, mediante concessões recíprocas (despojamento recíproco), envolvendo questões fáticas ou jurídicas duvidosas (res dubia). Mas a renúncia e transação são aplicáveis no direito do trabalho? Quanto à possibilidade de aplicação da transação no direito trabalhista, o Ministro Godinho estabelece, primeiramente, a distinção entre direitos de indisponibilidade absoluta e direitos de indisponibilidade relativa. Sobre estes últimos é possível se reconhecer o cabimento de transação, mas não em relação aos primeiros. Indisponibilidade absoluta Indisponibilidade relativa O direito enfocado merece uma tutela de nível de interesse público, por traduzir um patamar civilizatório mínimo firmado pela sociedade política em um dado momento histórico O direito enfocado traduz interesse individual ou bilateral simples, que não caracterize um padrão civilizatório geral mínimo firmado pela sociedade política em um dado momento histórico. Exemplos: direito à assinatura da CTPS, salário mínimo, normas de segurança e saúde no trabalho Exemplo: mudança da modalidade de pagamento de salário (salário fixo versus salário variável), desde que não resulte em prejuízo ao obreiro 7. Relação de trabalho e relação de emprego. Estrutura da relação empregatícia: elementos componentes e suas dimensões; natureza jurídica da relação de emprego. #12 - Relação de trabalho: é uma expressão ampla, que engloba os mais diversos tipos de labor do ser humano, a expressão abrange, por exemplo, as relações empregatícias, estagiários, trabalhadores avulsos, trabalhadores autônomos, etc. #13 - Relação de emprego: tem lugar quando estão presentes os seus pressupostos (elementos) fático- jurídicos indispensáveis. É uma espécie de gênero relações de trabalho. Elementos fático-jurídicos componentes da relação de emprego (art. 3º, CLT) Pessoa Física: Para que se possa falar em relação de emprego deve haver a prestação de serviço por pessoa física. Assim, se existe prestação de serviço de pessoa jurídica para pessoa jurídica, não caberá aplicação das normas justrabalhistas. "Obviamente que a realidade concreta pode evidenciar a utilização simulatória de roupagem de pessoa jurídica para encobrir prestação efetiva de serviços por uma específica pessoa física, celebrando- se uma relação jurídica sem a indeterminação de caráter individual que tende a caracterizar a atuação de qualquer pessoa jurídica. Demonstrado, pelo exame concreto da situação examinada, que o serviço diz respeito apenas e to somente a uma pessoa física, surge o primeiro elemento fático-jurídico da relação empregatícia". (Maurício Godinho) Pessoalidade: A pessoalidade tem lugar quando o prestador de serviços é sempre o mesmo, havendo, então, prestação de serviço intuitu personae. A pessoalidade se faz presente quando o prestador de serviços não pode se fazer substituir por terceiros, o que confere vínculo com caráter de infungibilidade. Subordinação: A subordinação é tida como o elemento mais marcante para a configuração da relação de emprego, e ela se verifica quando o empregador tem poder diretivo sobre o trabalho do empregado, dirigindo, coordenando e fiscalizando a prestação dos serviços executados pelo trabalhador. A doutrina já conferiu à subordinação, ao longo do tempo, as dimensões técnica, econômica e jurídica. A subordinação (ou dependência) seria técnica porque seria do empregador o conhecimento técnico do processo produtivo; seria econômica porque o empregado dependeria do poder econômico do empregador; por fim, seria jurídica porque o contrato de trabalho, assim como o poder diretivo do empregador, tem caráter jurídico. Atualmente há consenso doutrinário de que a subordinação da relação empregatícia tem viésjurídico. Onerosidade: Na relação de emprego o trabalhador coloca sua força de trabalho à disposição do empregador para receber contraprestação salarial. Deste modo, a relação empregatícia é onerosa. A legislação prevê diferentes possibilidades de contraprestação salarial: pagamento em dinheiro, pagamento em utilidades, parcelas fixas, parcelas variáveis, prazos de pagamento diário, semanal, mensal. Em todos esses casos poderemos identificar a onerosidade da relação empregatícia. Não eventualidade: Se a pessoa trabalha de modo apenas eventual, teremos uma relação de trabalho, mas não poderemos enxergá-la como relação de emprego. Este seria o caso de um trabalhador eventual, como veremos adiante, cujo labor é prestado de forma esporádica. Para configuração da relação de emprego a prestação laboral deve ser não eventual, ou seja, o trabalhador deve disponibilizar sua força de trabalho de forma permanente. Permanência (aludida no parágrafo anterior) não é sinônima de continuidade. Alteridade: se relaciona ao risco do negócio, que deve ser assumido pelo empregador. Nesta linha, não se admite que sejam transferidos ao empregado os riscos do empreendimento, pois estes devem ser suportados pelo empregador. 8. Relações de trabalho lato sensu: trabalho autônomo, eventual, temporário e avulso. Avulso portuário e avulso não portuário. Trabalhadores em portos brasileiros. Estágio. Cooperativas e suas relações com o Direito do Trabalho. Contratos de trabalho por equipe. Contratos de trabalho com entidades estatais. Trabalho voluntário. Pessoa jurídica unipessoal ou microempreendedor individual e pessoa jurídica: pontos e contrapontos perante a relação de emprego. O problema das zonas cinzentas nas relações de trabalho em face da relação de emprego. #14 - Trabalhador Autônomo O trabalhador autônomo labora sem subordinação, e a falta deste elemento fático-jurídico é que não permite falar-se em relação empregatícia. Ainda, no trabalho autônomo também não existe, em regra, o elemento pessoalidade. A Lei 13467/17 trouxe para a CLT a figura do trabalhador autônomo exclusivo: CLT, art. 442-B. A contratação do autônomo, cumpridas por este todas as formalidades legais, com ou sem exclusividade, de forma contínua ou não, afasta a qualidade de empregado prevista no art. 3º desta Consolidação [requisitos da relação de emprego]. #15 - Trabalho eventual Características do trabalho eventual: Descontinuidade da prestação do trabalho, entendida como a não permanência do empregado em uma organização com ânimo definitivo. Não fixação jurídica a uma única fonte de trabalho, com pluralidade variável de tomadores de serviços. Curta duração do trabalho prestado Natureza do trabalho tende a ser concernente a evento certo, determinado e episódico no tocante à regular dinâmica do empreendimento tomador de serviços. A natureza do trabalho prestado tenderá a não corresponder, também, ao padrão dos fins normais do empreendimento. Amauri Mascaro Nascimento cita os seguintes exemplos de trabalhador eventual: “Há exemplos que podem, de algum modo, facilitar a compreensão do conceito de trabalhador eventual: o “bóia- fria”, volante rural, que cada dia vai trabalhar numa fazenda diferente, ganhando por dia, sem se fixar em nenhuma delas; o “chapa”, que faz carga e descarga de mercadorias de caminhões, recebendo cada dia de um motorista diferente ou de uma empresa diferente dentre as muita para as quais, sem fixação, faz esse serviço e a diarista que vai de vez em quando fazer a limpeza da residência da família.” #16 – Trabalho avulso Assim como o trabalhador eventual, no caso dos avulsos não temos o elemento fático-jurídico não eventualidade, visto que o avulso presta serviços a diversos tomadores em curtos intervalos de tempo. Em outras palavras, no caso dos avulsos temos a eventualidade na prestação dos serviços. Uma diferença marcante na atuação dos avulsos é que estes realizam tarefas para os tomadores com a intermediação de uma entidade representativa, que é chamada de Órgão Gestor de Mão de Obra (no caso de operadores portuários), ou, no caso de trabalho avulso em regiões do interior, pelo sindicato da categoria. Jurisprudência importante!Tema 222 do STF, com repercussão geral - Extensão do adicional de risco portuário ao trabalhador portuário avulso. Tese fixada: Sempre que for pago ao trabalhador com vínculo permanente, o adicional de riscos é devido, nos mesmos termos, ao trabalhador portuário avulso. #17 – Trabalhador temporário Trabalho temporário é aquele prestado por pessoa física contratada por uma empresa de trabalho temporário que a coloca à disposição de uma empresa tomadora de serviços, para atender à necessidade de substituição transitória de pessoal permanente ou à demanda complementar de serviços. Será nula de pleno direito qualquer cláusula de reserva, proibindo a contratação do trabalhador pela empresa tomadora ou cliente ao fim do prazo em que tenha sido colocado à sua disposição pela empresa de trabalho temporário. #18 - Estágio - Lei 11.788/08: Conceito: ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo de educandos que estejam frequentando o ensino regular em instituições de educação superior, de educação profissional, de ensino médio, da educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da educação de jovens e adultos. Requisitos para que o estágio não crie vínculo empregatício: Matrícula e freqüência regular do educando em curso de educação superior, de educação profissional, de ensino médio, da educação especial e nos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da educação de jovens e adultos e atestados pela instituição de ensino; Celebração de termo de compromisso entre o educando, a parte concedente do estágio e a instituição de ensino; Compatibilidade entre as atividades desenvolvidas no estágio e aquelas previstas no termo de compromisso. Incumbências dos agentes de integração no estágio como auxiliares no processo de aperfeiçoamento do instituto de estágio I – identificar oportunidades de estágio; II – ajustar suas condições de realização; III – fazer o acompanhamento administrativo; IV – encaminhar negociação de seguros contra acidentes pessoais; V – cadastrar os estudantes. Jornada de atividade de estágio: Estudantes de educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional de educação de jovens e adultos 4 (quatro) horas diárias e 20 (vinte) horas semanais Estudantes do ensino superior, da educação profissional de nível médio e do ensino médio regular 6 (seis) horas diárias e 30 (trinta) horas semanais Cursos que alternam teoria e prática, nos períodos em que não estão programadas aulas presenciais Jornada de até 40 (quarenta) horas semanais Sempre devendo constar do termo de compromisso ser compatível com as atividades escolares Número máximo de estagiários em relação ao quadro de pessoal: 1 a 5 empregados 1 estagiário 6 a 10 empregados Até 2 estagiários 11 a 25 empregados Até 5 estagiários Mais de 25 empregados Até 20% de estagiários #19 - Cooperado O verdadeiro cooperado é um trabalhador autônomo, pois não é subordinado à cooperativa, havendo previsão legal expressa na CLT, art. 442, parágrafo único: Qualquer que seja o ramo de atividade da sociedade cooperativa, não existe vínculo empregatício entre ela e seus associados, nem entre estes e os tomadores de serviços daquela. Princípio da dupla qualidade: se relaciona à necessidade de que o filiado à cooperativa (o cooperado, no caso) tenha benefícios desta situação, ou seja, a cooperativa deve prestar serviços que beneficiem seus associados Nesta linha, o cooperado se utiliza dacooperativa para vender produtos ou serviços e também é cliente da própria cooperativa, no sentido de receber benefícios de tal condição. Princípio da retribuição pessoal diferenciada: é a diretriz jurídica que assegura ao cooperado um complexo de vantagens comparativas de natureza diversa muito superior ao patamar que obteria caso atuando destituído da proteção cooperativista. #20 – Trabalho voluntário Lei 9.608/98, art. 1º: Considera-se serviço voluntário, para os fins desta Lei, a atividade não remunerada prestada por pessoa física a entidade pública de qualquer natureza ou a instituição privada de fins não lucrativos que tenha objetivos cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de assistência à pessoa. Art. 2º O serviço voluntário será exercido mediante a celebração de termo de adesão entre a entidade, pública ou privada, e o prestador do serviço voluntário, dele devendo constar o objeto e as condições de seu exercício. 9. Empregado: conceito; caracterização. Altos empregados. Empregados exercentes de cargos de confiança. Os diretores e os sócios. Mãe social. Indígenas. Aprendiz. Empregado doméstico. Empregado rural. Os trabalhadores cartorários. #21 – Altos empregados Abrange as situações nas quais o pressuposto da relação de emprego subordinaçãoé mitigada, tendo em vista as peculiaridades do exercente das funções de chefia e/ou cargos de elevada fidúcia (confiança). Empregados com atribuições de gestão: Estes empregados possuem algumas atribuições de gestão, como a emissão de ordens a outros empregados, contratar, representar o empregador, etc. Gerentes: Estes possuem um poder de gestão mais elevado que o grupo anterior, deve haver poder de gestão e padrão salarial diferenciado. Diretores de S.A.: são recrutados externamente (fora da empresa) para dirigi-la ou, então, são empregados efetivos eleitos para geri-la. Há várias interpretações sobre as consequências da eleição do empregado a diretor, e a posição dominante é que, caso o empregado seja eleito e permaneça a subordinação jurídica caracterizadora da relação de emprego, o diretor manterá esta condição. Alto salário + nível superior: A Lei 13.467 (reforma trabalhista) criou uma outra distinção para os chamados “altos empregados”. Segundo a alteração promovida na CLT, empregados que percebem salário igual ou superior a duas vezes o teto dos benefícios do RGPS etêm nível superior terão relações contratuais regulamentadas, de forma preponderante, por simples acordo individual. #22 - Aprendiz Conceito: aprendiz é o maior de 14 e menor de 24 anos que celebra contrato de aprendizagem (a idade máxima não se aplica a aprendizes portadores de deficiência). Conforme artigo 428 da CLT, contrato de aprendizagem é o contrato de trabalho especial, ajustado por escrito e por prazo determinado, em que o empregador se compromete a assegurar ao maior de 14 e menor de 24 anos inscrito em programa de aprendizagem formação técnico-profissional metódica, compatível com o seu desenvolvimento físico, moral e psicológico, e o aprendiz, a executar com zelo e diligência as tarefas necessárias a essa formação. CLT, art. 428, § 1º: A validade do contrato de aprendizagem pressupõe anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social, matrícula e freqüência do aprendiz na escola, caso não haja concluído o ensino médio, e inscrição em programa de aprendizagem desenvolvido sob orientação de entidade qualificada em formação técnico-profissional metódica. Decreto 9.579/2018, art. 51: Estabelecimentos de qualquer natureza são obrigados a empregar e matricular nos cursos oferecidos pelos serviços nacionais de aprendizagem o número de aprendizes equivalente a cinco por cento, no mínimo, e quinze por cento, no máximo, dos trabalhadores existentes em cada estabelecimento cujas funções demandem formação profissional. § 1º Para o cálculo da porcentagem a que se refere o caput [5% a 15%], as frações de unidade serão arredondadas para o número inteiro subsequente, hipótese que permite a admissão de aprendiz. Aprendiz Estágio Relação De emprego De trabalho lato sensu (não é relação de emprego) Agentes envolvidos Aprendiz, empregador e entidade Estagiário, concedente de estágio e instituição de ensino Formalização Contrato escrito de aprendizage m (é contrato especial de trabalho) Termo de Compromisso CTPS Demanda registro na CTPS Não há registro em CTPS Cota Legal 5% a 15% Não há obrigatoriedad e legal Duração Não superior a 2 anos, salvo se Não poderá exceder 2 anos, salvo se aprendiz portador de deficiência estagiário portador de deficiência Regulamentaçã o CLT e Decreto 9.579/2018 Lei 11.788/08 #23 – Empregado doméstico Conforme a Lei Complementar 150/15, é considerado empregado doméstico aquele que presta serviços de natureza contínua e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à família no âmbito residencial destas. Enquanto no vínculo empregatício urbano e rural falamos em não eventualidade, aqui tem lugar a continuidade. A nova Lei definiu que será considerado doméstico aquele que trabalhar mais de dois dias por semana à mesma pessoa ou família, encerrando a divergência que havia a respeito. #24 – Empregado rural Lei 5.889/73, art. 2º: Empregado rural é toda pessoa física que, em propriedade rural ou prédio rústico, presta serviços de natureza não eventual a empregador rural, sob a dependência deste e mediante salário. 10. Empregador: conceito, caracterização. Empresa e estabelecimento. Grupo econômico para fins trabalhistas. Situações de responsabilização empresarial. Os Cartórios. Sucessão de empregadores. Consórcio de empregadores. Empregador doméstico. Empregador rural. #25 – Conceito de empregador – Art. 2º da CLT Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço. Para Maurício Godinho: “Empregador define-se como a pessoa física, jurídica ou ente despersonificado que contrata a uma pessoa física a prestação de seus serviços, efetuados com pessoalidade, onerosidade, não eventualidade e sob sua subordinação. A noção jurídica de empregador, como se percebe, é essencialmente relacional à do empregado: existindo esta última figura no vinculo laboral pactuado por um tomador de serviços, este assumirá, automaticamente, o caráter de empregador na relação jurídica consubstanciada" #26 – Grupo econômico Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra [grupo por subordinação ou vertical], ou ainda quando, mesmo guardando cada uma sua autonomia, integrem grupo econômico [grupo por mera coordenação ou horizontal], serão responsáveis solidariamente pelas obrigações decorrentes da relação de emprego Não caracteriza grupo econômico a mera identidade de sócios, sendo necessárias, para a configuração do grupo, a demonstração do interesse integrado, a efetiva comunhão de interesses e a atuação conjunta das empresas dele integrantes. #27 – Sucessão de empregadores Sinônimo de sucessão trabalhista e alteração subjetiva do contrato (pois se altera o sujeito do empregador). Os fundamentos legais da sucessão de empregadores são os artigos 10 e 448 da CLT: CLT, art. 10 - Qualquer alteração na estrutura jurídica da empresa não afetará os direitos adquiridos por seus empregados. CLT, art. 448 - A mudança na propriedade ou na estrutura jurídica da empresa não afetará os contratos de trabalho dos respectivos empregados. CLT, art. 448-A. Caracterizada a sucessão empresarial ou de empregadores prevista nos arts. 10 e 448 desta Consolidação, as obrigações trabalhistas, inclusive as contraídas à época em que os empregados trabalhavam paraa empresa sucedida, são de responsabilidade do sucessor. É possível a cláusula de não responsabilização na alteração de titularidade de empresas? No âmbito do direito do trabalho, entretanto, esta cláusula não possuirá validade, e o adquirente responderá pelas dívidas existentes, mesmo que originadas antes da transferência de propriedade (houve a sucessão de empregadores). Nestes casos, a empresa sucedida será subsidiariamente responsável pelos créditos trabalhistas existentes à época da mudança de propriedade. A empresa sucedida responderá solidariamente com a sucessora quando ficar comprovada fraude na transferência. Há a ocorrência de sucessão trabalhista envolvendo cartórios extrajudiciais? Existem duas correntes sobre o assunto: A primeira, acolhida por parte da doutrina e por alguns julgados, defende que a transferência da titularidade de cartório extraoficial não gera a sucessão trabalhista, já que o novo titular assumiria, por concurso público, o cargo, não o patrimônio do antigo empregador. Já a segunda, que tem prevalecido (inclusive pela jurisprudência do TST), é a de que é possível a sucessão trabalhista a cada modificação da titularidade do cartório extrajudicial. Para essa corrente, majoritária, ao continuar a prestação dos serviços, o notário assume os riscos do empreendimento, já que é uma atividade de caráter privado, por delegação do poder público. Sócio retirante é responsável pelas obrigações trabalhistas? CLT, art. 10-A. O sócio retirante responde subsidiariamente pelas obrigações trabalhistas da sociedade relativas ao período em que figurou como sócio, somente em ações ajuizadas até dois anos depois de averbada a modificação do contrato, observada a seguinte ordem de preferência: I - a empresa devedora; II - os sócios atuais; e III - os sócios retirantes. Parágrafo único. O sócio retirante responderá solidariamente com os demais quando ficar comprovada fraude na alteração societária decorrente da modificação do contrato. 11. Terceirização no Direito do Trabalho. Terceirização lícita e ilícita. Trabalho temporário. Entes estatais e terceirização. Responsabilidade subsidiária e solidária. #28 – Relação trilateral da terceirização Empregado Empregador (empresa prestadora de serviços - EPS) Empresa contratante de serviços Lei 6.019, art. 4o-A. Considera-se prestação de serviços a terceiros a transferência feita pela contratante da execução de quaisquer de suas atividades, inclusive sua atividade principal, à pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviços que possua capacidade econômica compatível com a sua execução. Requisitos para funcionamento de empresa de prestação de serviços Lei 6.019/1974, art. 4º-B. (...) I - prova de inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ); II - registro na Junta Comercial; III - capital social compatível com o número de empregados, observando-se os seguintes parâmetros: a) empresas com até dez empregados - capital mínimo de R$ 10.000,00 (dez mil reais); b) empresas com mais de dez e até vinte empregados - capital mínimo de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais); c) empresas com mais de vinte e até cinquenta empregados - capital mínimo de R$ 45.000,00 (quarenta e cinco mil reais); d) empresas com mais de cinquenta e até cem empregados - capital mínimo de R$ 100.000,00 (cem mil reais); e e) empresas com mais de cem empregados - capital mínimo de R$ 250.000,00 (duzentos e cinquenta mil reais). Jurisprudência importante! ADPF 324 - Decisão: O Tribunal, no mérito, por maioria e nos termos do voto do Relator, julgou procedente o pedido e firmou a seguinte tese: 1. É lícita a terceirização de toda e qualquer atividade, meio ou fim, não se configurando relação de emprego entre a contratante e o empregado da contratada. 2. Na terceirização, compete à contratante: i) verificar a idoneidade e a capacidade econômica da terceirizada; e ii) responder subsidiariamente pelo descumprimento das normas trabalhistas, bem como por obrigações previdenciárias, na forma do art. 31 da Lei 8.212/1993. Deve haver equivalência de slaávio entre os terceirizados e os empregados próprios do tomador? Não! Conforme artigo 4º-C, §1º, da Lei 6.019, o contratante e contratada poderão estabelecer, se assim entenderem, que os empregados da contratada farão jus a salário equivalente ao pago aos empregados da contratante. 12. Contrato de emprego: denominação, conceito, classificação, caracterização, morfologia e elementos integrantes. Obrigações principais e acessórias dos sujeitos contratantes. #29 - Caracterísiticas do contrato de trabalho Direito privado: A prestação de serviços é regida pelo direito privado. Sinalagmático: Existem obrigações recíprocas e contrapostas: o empregado oferece sua energia (prestação laboral) com a contrapartida remuneratória, a cargo do empregador. Consensual: Em regra, nãose exige forma solene para este tipo de acordo. Intuitu personae: Pessoalidade que atinge o empregado, sendo, inclusive, um dos elementos fático-jurídicos da relação empregatícia. De trato permanente: As obrigações das partes ocorrem de forma continuada no tempo, havendo, em regra, a indeterminação do prazo dos contratos de trabalho. De atividade: É uma prestação de fazer (o labor do empregado). Não é contrato de resultado Oneroso: Deve haver a contraprestação pecuniária, a cargo do empregador. #30 – Elementos essenciais do contrato de trabalho Aplicam-se aos contratos de trabalho os elementos de validade dos contratos em geral, conforme definido no Código Civil (Lei 10.406/02): I - agente capaz; II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável; III - forma prescrita ou não defesa em lei. OJ-SDI1-199 JOGO DO BICHO. CONTRATO DE TRABALHO. NULIDADE. OBJETO ILÍCITO É nulo o contrato de trabalho celebrado para o desempenho de atividade inerente à prática do jogo do bicho, ante a ilicitude de seu objeto, o que subtrai o requisito de validade para a formação do ato jurídico. #31 – Elementos naturais do contrato de trabalho Como mencionado acima, são elementos, embora não imprescindíveis à existência do contrato, são “comuns, recorrentes e quase inevitáveis em seu cotidiano concreto”. Na seara trabalhista, podemos citar, por exemplo, a jornada de trabalho. Em regra, os contratos de trabalho preveem uma jornada de trabalho a ser cumprida pelo empregado. #32 – Elementos acidentais do contrato de trabalho São aqueles que, embora circunstanciais, alteram a estrutura e os efeitos do contrato. Nesse sentido, tomando emprestados os ensinamentos civilistas, citamos o termo e a condição, embora raros na seara justrabalhista. Como exemplo de termo previsto contratualmente, citamos os contratos de trabalho por prazo determinado. Como exemplo de condição, cito a possibilidade (embora bastante rara) de condição resolutiva em um contrato de trabalho de trabalhador admitido especificamente para substituir outro empregado que se encontra afastado por razões previdenciárias (CLT, art. 475, §2º10). 13. Modalidades de contratos de emprego. Contratos por tempo indeterminado. Tipos de contratos a termo. Contrato de experiência e período de experiência. Contrato a tempo parcial. Contrato de Trabalho Intermitente. Contrato de emprego e contratos afins. Diferenças entre contratos de trabalho e prestação de serviços, empreitada, representação comercial, mandato, sociedade e parceria. Pré-contratações: requisitos para configuração, efeitos, direitos decorrentes, hipótese de perdas e danos. Profissões com regulamentação especial. #33 – Contratos por prazo indeterminado e determinado A regra no direito do trabalho é que tais ajustes tenham prazo indeterminado, somente havendo possibilidade de determinação de prazo nas hipóteses previstas legalmente. Esta característica do contrato de trabalho(em regra é indeterminado) se relaciona ao princípio da continuidade da relação de emprego. O contrato por prazo determinado só será válido em se tratando: de serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique a predeterminação do prazo; de atividades empresariais de caráter transitório; de contrato de experiência. É possível formalizar um contrato de experiência, prorrogá-lo, e, após o seu término dispensar o empregado, fazendo novo contrato de experiência, pouco tempo depois, com a mesma pessoa e para a mesma função? A resposta é negativa, pois esta conduta teria a intenção deliberada de fraudar a legislação trabalhista. CLT, art. 452 - Considera-se por prazo indeterminado todo contrato que suceder, dentro de 6 (seis) meses, a outro contrato por prazo determinado, salvo se a expiração deste dependeu da execução de serviços especializados ou da realização de certos acontecimentos. #34 – Trabalho intermitente CLT, art. 443, § 3º: Considera-se como intermitente o contrato de trabalho no qual a prestação de serviços, com subordinação, não é contínua, ocorrendo com alternância de períodos de prestação de serviços e de inatividade, determinados em horas, dias ou meses, independentemente do tipo de atividade do empregado e do empregador, exceto para os aeronautas, regidos por legislação própria. ELEMENTOS OBRIGATÓRIOS DO CTI ELEMENTOS FACULTATIVOS Identificação, assinatura e domicílio ou sede das partes Locais de prestação de serviços Valor da hora ou do dia de trabalho Turnos para os quais o empregado será convocado para prestar serviços Local e o prazo para o pagamento da remuneração Formas e instrumentos de convocação e de resposta #35 – Teletrabalhador Considera-se teletrabalho ou trabalho remoto a prestação de serviços fora das dependências do empregador, de maneira preponderante ou não, com a utilização de tecnologias de informação e de comunicação, que, por sua natureza, não se configure como trabalho externo. O comparecimento, ainda que de modo habitual, às dependências do empregador para a realização de atividades específicas, que exijam a presença do empregado no estabelecimento, nãodescaracteriza o regime de teletrabalho ou trabalho remoto. Alteração entre regime presencial e teletrabalho Bilateral: havendo mútuo acordo entre as partes, é lícita a alteração desde que se registre a alteração em aditivo contratual (CLT, art. 75-C, §1º); Unilateral (sem consentimento do empregado): a alteração somente pode se dar do regime de teletrabalho para o presencial (e não o inverso), sempre com registro em aditivo contratual (CLT, art. 75-C, §2º). 14. Invalidade do contrato de emprego: caracterização. Nulidades: total e parcial. Trabalho ilícito e trabalho proibido. Efeitos da declaração de nulidade. #36 – Trabalho ilícito X Trabalho proibido Segundo Valentin Carrion: “Os contratos de trabalho exigem para sua validade, além da capacidade do agente e forma especial, se prevista, que seu objeto não seja nem ilícito nem impossível. A doutrina e a jurisprudência assim também o entendem; e deixam de reconhecer quaisquer direitos ao empregado; (...) Há quem distinga a atividade ilícita, por si mesma, daquelas outras que não o seriam se se fizesse abstração da finalidade do empreendimento a que se destinam. A prostituta que exerce seu comércio carnal subordinada à proprietária da casa de tolerância é exemplo da primeira atividade; a arrumadeira ou o garçom da mesma casa é exemplo das segundas. Estas últimas atividades teriam proteção laboral; a primeira não.” Segundo Sergio Pinto Martins: “O trabalho do policial militar não é ilícito, em que iria se configurar contravenção penal, mas proibido. É o mesmo que ocorre com o trabalho do menor de 16 anos ou do menor de 18 anos em atividades insalubres ou perigosas, em que se reconhece o vínculo de emprego se estiverem presentes os requisitos legais ou paga-se o adicional respectivo. Não importa proibição do trabalhador de exercer outra atividade, pois, para esse fim, haverá a penalidade disciplinar prevista no Estatuto do Policial Militar.” 15. Trabalho da criança e do adolescente. Conceito e normas aplicáveis. Efeitos da contratação. Doutrina da proteção integral da criança e do adolescente. Tratamento constitucional e legal incidente. Jurisprudência importante! RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO ANTES DA LEI Nº 13.015/2014. AÇÃO CIVIL PÚBLICA – PROPAGANDA PUBLICITÁRIA – PARTICIPAÇÃO DE CRIANÇA – ENFOQUE NA GLOBALIZAÇÃO DO EMPREENDENDORISMO – AUSÊNCIA DE APOLOGIA AO TRABALHO INFANTIL – INEXISTÊNCIA DE ABUSIVIDADE (violação aos artigos 7º, XXXIII, 208 § 3º, e 227, caput, § 3º, I, da CF/88). A constatação de que a peça publicitária na qual houve participação de uma criança, juntamente com o pai, em ambiente aprazível e bucólico, vendendo limonada, com enfoque na globalização do empreendedorismo, cujo slogan apregoa que “Os mercados globais estão se abrindo para todos. No futuro até a menor das empresas será multinacional. Um mundo novo está emergindo. Faça parte dele”, não propaga o trabalho infantil e nem revela qualquer abusividade da propaganda. Não se afigura a hipótese de uma ponderação de princípios, mas, sim, da coexistência harmoniosa da liberdade de expressão artística e de comunicação com os ditames constitucionais que priorizam e impõe como dever do Estado, da sociedade e da família assegurar às crianças e adolescentes o direito à vida, à educação, à dignidade e à liberdade, sem discriminação, crueldade, exploração, ou qualquer outra forma de violência física ou mental. Recurso de revista não conhecido.” (TST-RR-221- 53.2012.5.09.0012, 7ª Turma, rel. Min. Renato de Lacerda Paiva, julgado em 23/2/2022.) 16. Normas de proteção ao trabalhador adolescente. Limites à contratação. Estágio e aprendizagem: conceito, distinções e características. Direitos do estagiário e do aprendiz. Requisitos para a adoção válida dos regimes de estágio e de aprendizagem. 17. Normas de proteção ao trabalhador imigrante. O princípio da igualdade e as medidas antidiscriminatórias e/ou inclusivas do trabalhador imigrante no contexto trabalhista: o enquadramento jurídico da diferenciação positiva. 18. Normas de proteção à pessoa da mulher e ao seu trabalho. O princípio da igualdade e as medidas antidiscriminatórias e/ou inclusivas da mulher no contexto trabalhista: o enquadramento jurídico da diferenciação positiva. Jurisprudência importante! EMBARGOS. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. OBRIGAÇÃO DE FAZER. SHOPPING CENTER. LOCAL DESTINADO À GUARDA E AMAMENTAÇÃO DOS FILHOS DAS EMPREGADAS DE LOJAS. Art. 389, §§ 1º e 2º da CLT. Lei nº 14.457/2022. Por se tratar de ente aglutinador de empregadores de interesses comuns e auferir parte dos lucros das lojas, o shopping center possui função social para com as empregadas que ali trabalham, ainda que sejam as das lojas do condomínio. Nesse contexto, conforme já pacificou a SBDI-I no julgamento do E-RR-131651- 27.2015.5.13.0008, incide ao shopping center a obrigação de assegurar, diretamente ou por outros meios, “local apropriado, onde seja permitido às empregadas guardar sob vigilância e assistência os seus filhos no período de amamentação”, nos termos do art. 389, § 1º, da CLT. Contudo, tal obrigação “pode ser suprida por meio de creches distritais mantidas, diretamente ou mediante convênios, com outras entidades públicas ou privadas, pelas próprias empresas, em regime comunitário, ou a cargo do SESI, do SESC, da LBA ou de entidades sindicais”, conforme previsto no § 2º, do art. 389 da CLT, e, no cumprimento da referida obrigação de fazer, devem ser observadas as disposições da Lei nº 14.457/2022. Sob esses fundamentos, a SBDI-I, por maioria, deu provimento aos embargos para restabelecer o acórdão regional quanto à obrigação disposta nos §§ 1º e 2º do art. 389 da CLT e que sejam observadas as disposiçõesda Lei nº 14.457/22. Vencido o Ministro Aloysio Corrêa da Veiga. TST-E-RR- 1686- 10.2012.5.09.0041, SBDI-I, rel. Min. Cláudio Mascarenhas Brandão, julgado em 24/11/2022. 21. Efeitos do contrato de emprego: direitos, deveres e obrigações das partes. Efeitos conexos do contrato: direitos intelectuais; invenções do empregado; indenizações por dano material, moral e estético; indenização por dano existencial. Os poderes do empregador no contrato de emprego: diretivo, regulamentar, fiscalizatório e disciplinar. #37 – Efeitos do contrato de trabalho Os efeitos próprios representam as obrigações do empregado e do empregador. A obrigação do empregador é de pagar o salário (obrigação de dar) e demais parcelas decorrentes do contrato, como o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS. Além disso, cabe também ao empregador registrar o empregado e preencher as informações devidas na Carteira de Trabalho e Previdência Social – CTPS (obrigação de fazer). A obrigação do empregado, por sua vez, é a obrigação de fazer: dispor de suas energias, prestar os serviços exigidos pelo empregador. Em decorrência do contrato de trabalho cabem, também, obrigações de conduta, como ser pontual e assíduo. O último efeito próprio do contrato de trabalho é o poder empregatício, por meio do qual o empregador coordena, dirige e fiscaliza a realização dos serviços prestados pelos seus empregados. Já os efeitos conexos podem ser definidos, por exclusão, como efeitos acessórios, que não se constituem em efeitos inerentes ao contrato. #38 – Poderes do empregador Poder Diretivo (ou poder organizativo ou de comando): se consubstancia nas prerrogativas inerentes ao empregador, que, utilizando-se de sua condição, estabelece os horários de trabalho, os horários de intervalos, o local de prestação dos serviços e a organização do trabalho em si (o modo operatório, divisão das tarefas etc). Poder Regulamentar: é o poder que o empregador possui para fixar regras que devem ser seguidas pelos empregados da empresa. Citam-se como exemplos a elaboração de regimento interno da empresa e, também, a emissão de ordens de serviço sobre segurança e saúde no trabalho. Poder Fiscalizatório (ou poder de controle): efetiva-se verificando o cumprimento, pelos empregados, das tarefas a eles atribuídas, dos horários determinados, utilização dos equipamentos de proteção individual (EPI) distribuídos, cumprimento das ordens de serviço emitidas, etc. Cuidado! É importante destacar que não se pode aplicar o poder fiscalizatório (assim como os demais) de forma desmesurada: Monitoramento de e-mail pessoal: diferentemente do monitoramento do e-mail corporativo, o TST não admite a fiscalização patronal sobre o e-mail privado do empregado – em geral, contas do gmail, yahoo etc. Revista íntima de empregada: trata-se de outra conduta não admitida sob o pretexto de fiscalização, vedada por lei: Submeter empregado ao polígrafo (detector de mentiras): trata-se também de exercício abusivo do poder fiscalizatório do empregador, combatido pela jurisprudência do TST. Poder Disciplinar: está relacionado à possibilidade de o empregador aplicar sanções aos empregados que descumpram obrigações decorrentes do contrato de trabalho. Nos casos em que o empregado cometa falta, e de acordo com a gravidade, existência de dolo ou culpa, etc. é possível a aplicação de advertência, suspensão (até 30 dias) e demissão por justa causa. 22. Duração do trabalho. Fundamentos e objetivos. Jornada de trabalho e horário de trabalho. Trabalho extraordinário. Tempo à disposição do empregador. Sobreaviso. Prontidão. Formas de controle da jornada. Trabalho extraordinário. Acordo de prorrogação e acordo de compensação de horas. Banco de horas. Horas in itinere. Empregados excluídos do direito a horas extras: hipóteses jurídicas; variações fáticas e jurídicas; situações excetivas. Jornadas especiais de trabalho de categorias profissionais. O bancário e sua função de confiança e influência na jornada. Trabalho em regime de revezamento e em regime de tempo parcial. Tratamentos jurídicos conferidos ao trabalho externo, ao trabalho em domicílio e ao teletrabalho. #39 – Tempo à disposição do empregador Em diversas circunstâncias, pelos mais variados motivos, o empregado permanece no centro de trabalho, mas não pode realizar suas tarefas. Nestes períodos o empregado não trabalha, mas permanece à disposição do empregador e, portanto, os períodos devem ser incluídos na jornada de trabalho. SUM-118 JORNADA DE TRABALHO. HORAS EXTRAS: Os intervalos concedidos pelo empregador na jornada de trabalho, não previstos em lei, representam tempo à disposição da empresa, remunerados como serviço extraordinário, se acrescidos ao final da jornada. Quando o empregado, por escolha própria, buscar proteção pessoal, em caso de insegurança nas vias públicas ou más condições climáticas, bem como adentrar ou permanecer nas dependências da empresa para exercer atividades particulares, entre outras: •I - práticas religiosas; •II - descanso; •III - lazer; •IV - estudo; •V - alimentação; •VI - atividades de relacionamento social; •VII - higiene pessoal; •VIII - troca de roupa ou uniforme, quando não houver obrigatoriedade de realizar a troca na empresa. Tempo in itinere A CLT, após a Lei 13.467/2017, não mais prevê o cômputo do tempo de deslocamento. Portanto, foi extinta a hora in itinere, qualquer que seja a situação. #40 - Sobreaviso Considera-se de "sobre-aviso" o empregado efetivo, que permanecer em sua própria casa, aguardando a qualquer momento o chamado para o serviço. Cada escala de "sobreaviso" será, no máximo, de vinte e quatro horas, e as horas de "sobre-aviso", para todos os efeitos, serão contadas à razão de 1/3 (um terço) do salário normal. Jurisprudência importante! SUM-428 SOBREAVISO. APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 244, § 2º DA CLT I - O uso de instrumentos telemáticos ou informatizados fornecidos pela empresa ao empregado, por si só, não caracteriza regime de sobreaviso. II – Considera-se em sobreaviso o empregado que, à distância e submetido a controle patronal por instrumentos telemáticos ou informatizados, permanecer em regime de plantão ou equivalente, aguardando a qualquer momento o chamado para o serviço durante o período de descanso. #41 - Prontidão Considera-se de "prontidão" o empregado que ficar nas dependências da estrada, aguardando ordens. A escala de prontidão será, no máximo, de doze horas e as horas de prontidão serão, para todos os efeitos, contadas à razão de 2/3 (dois terços) do salário-hora normal. #42 – Modalidades de jornada de trabalho Jornada padrão (normal) de trabalho: é de 8 horas por dia, com fundamento na atual Constituição Federal Turnos ininterruptos de revezamento: Para caracterização do turno ininterrupto de revezamento, além da jornada de 06 horas, é imprescindível que haja significativa alternância de horários de trabalho compreendendo dia e noite. Jurisprudência importante! OJ-SDI1-275 TURNO ININTERRUPTO DE REVEZAMENTO. HORISTA. HORAS EXTRAS E ADICIONAL. DEVIDOS. Inexistindo instrumento coletivo fixando jornada diversa, o empregado horista submetido a turno ininterrupto de revezamento faz jus ao pagamento das horas extraordinárias laboradas além da 6ª, bem como ao respectivo adicional. Bancários: a duração normal do trabalho dos empregados em bancos, casas bancárias e Caixa Econômica Federal será de 6 (seis) horas contínuas nos dias úteis, com exceção dos sábados, perfazendo um total de 30 (trinta) horas de trabalho por semana, ficando compreendida entre 7 e 22 horas, assegurando-se ao empregado, no horário diário, um intervalo de 15 (quinze) minutos para alimentação. Trabalhadores em minas de subsolo: a duração normal do trabalho efetivo para os empregados em minas no subsolo não excederá de 6 (seis) horas diáriasou de 36 (trinta e seis) semanais. Tripulantes de embarcações: entre as horas 0 e 24 de cada dia civil, o tripulante poderá ser conservado em seu posto durante 8 (oito) horas, quer de modo contínuo, quer de modo intermitente. #43 – Jornada extraordinária Também conhecida como sobrejornada ou horas extraordinárias, é o lapso temporal em que o empregado permanece laborando após sua jornada padrão (jornada normal). #44 – Acordo de prorrogação de jornada Além de prever a duração normal do trabalho (regra geral) de 08 horas diárias e 44 horas semanais, a CLT prevê a possibilidade de compensação, que ocorre quando o empregado trabalha algumas horas a mais em um (ou mais) dia(s) e menos em outro(s). É lícito o regime de compensação de jornada estabelecido por acordo individual, tácito ou escrito, para a compensação no mesmo mês. #45 – Banco de horas Outra possibilidade de compensação de jornada é o banco de horas, na qual a compensação extrapola o período de um mês. O banco de horas semestral pode ser estabelecido por meio de acordo individual escrito. Já em relação ao banco de horas anual, por força do disposto no §2º do art. 59, a CLT exige o ajuste mediante negociação coletiva. #46 – Compensação 12 X 36 horas CLT, art. 59-A: Em exceção ao disposto no art. 59 desta Consolidação, é facultado às partes, mediante acordo individual escrito, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, estabelecer horário de trabalho de doze horas seguidas por trinta e seis horas ininterruptas de descanso, observados ou indenizados os intervalos para repouso e alimentação. Parágrafo único. A remuneração mensal pactuada pelo horário previsto no caput deste artigo [12x36] abrange os pagamentos devidos pelo descanso semanal remunerado e pelo descanso em feriados, e serão considerados compensados os feriados e as prorrogações de trabalho noturno, quando houver, de que tratam o art. 70 e o § 5º do art. 73 desta Consolidação. 23. Períodos de descanso. Repousos intrajornada e interjornada. Repouso semanal e em feriados. Remuneração simples e dobrada. Descanso anual: férias individuais e coletivas. Remuneração das férias. Regras aplicáveis às férias. #47 – Intervalo intrajornada Concedido durante a jornada, para descanso e alimentação. Jornada Intervalo Igual ou menor de 4 horas Não há obrigatoriedade de intervalo Maior que 4 e igual ou menor que 6 horas 15 minutos Superior a 06 horas 1 a 2 horas Superior a 06 horas Superior a 2 horas somente se houver acordo escrito ou previsão em negociação coletiva Superior a 06 horas Inferior a 1 hora, somente se: negociação coletiva (mínimo de 30 min); ou houver autorização do MTb; ou doméstico (acordo escrito); ou motorista (negociação coletiva A não concessão ou a concessão parcial do intervalo intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o pagamento, de natureza indenizatória, apenas do período suprimido, com acréscimo de 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho. #48 – Intervalos intrajornada especiais Interior das câmaras frigoríficas (ou ambiente artificialmente frio) 20min de descanso para cada 1:40 de trabalho contínuo Digitador e serviços de mecanografia (datilografia, 10min de descanso para cada 90min de trabalho escrituração ou cálculo) Serviços de telefonia, radiotelefonia e radiotelegrafia - variáveis 20min de descanso para cada 3hs de trabalho contínuo Minas de subsolo 15min de descanso para cada 3hs consecutivas de trabalho #49 – Intervalo interjornadas É o espaço de tempo entre duas jornadas de trabalho, que não pode ser menor que 11 (onze) horas, como regra geral. Jurisprudência importante! OJ-SDI1-355 INTERVALO INTERJORNADAS. INOBSERVÂNCIA. HORAS EXTRAS. PERÍODO PAGO COMO SOBREJORNADA. ART. 66 DA CLT. APLICAÇÃO ANALÓGICA DO § 4º DO ART. 71 DA CLT. O desrespeito ao intervalo mínimo interjornadas previsto no art. 66 da CLT acarreta, por analogia, os mesmos efeitos previstos no § 4º do art. 71 da CLT e na Súmula nº 110 do TST34, devendo-se pagar a integralidade das horas que foram subtraídas do intervalo, acrescidas do respectivo adicional. #50 – Controle de jornada A regra geral é que haja controle da jornadanos termos do artigo 74 da CLT, visto que este controle ocorre em benefício do empregado, com o fito de fazer com que sejam respeitados os limites máximos das jornadas laborais. Para os estabelecimentos com mais de 20 (vinte) trabalhadores será obrigatória a anotação da hora de entrada e de saída, em registro manual, mecânico ou eletrônico, conforme instruções expedidas pela Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, permitida a pré-assinalação do período de repouso (CLT, art. 74, §2º). Jurisprudência importante! SUM-338 JORNADA DE TRABALHO. REGISTRO. ÔNUS DA PROVA I - É ônus do empregador que conta com mais de 10 (dez) empregados [já que a súmula foi aprovada antes da alteração no art. 74, §2º, pela Lei 13.874/2019] o registro da jornada de trabalho na forma do art. 74, § 2º, da CLT. A não-apresentação injustificada dos controles de frequência gera presunção relativa de veracidade da jornada de trabalho, a qual pode ser elidida por prova em contrário. II - A presunção de veracidade da jornada de trabalho, ainda que prevista em instrumento normativo, pode ser elidida por prova em contrário. III - Os cartões de ponto que demonstram horários de entrada e saída uniformes são inválidos como meio de prova, invertendo-se o ônus da prova, relativo às horas extras, que passa a ser do empregador, prevalecendo a jornada da inicial se dele não se desincumbir. Jornada não controlada Trabalhadores externos: No caso dos trabalhadores que exercem atividade externa incompatível com a fixação de horário de trabalho (inciso I) é de se notar que tal conceito alberga novas formas de prestação laboral que têm surgido – e se ampliado – na atualidade em face das inovações tecnológicas. Gerentes: em relação ao os gerentes (exercentes de cargos de gestão), eles somente serão excluídos do controle de jornada caso recebam uma gratificação igual ou superior a 40% do salário do cargo efetivo. Assim, caso recebam tal gratificação, os exercentes de cargo de gestão não terão direito a receber horas extras etc. Teletrabalhadores: Por fim, os teletrabalhadores (inciso III), embora não sejam considerados trabalhadores externos, foram também excluídos do controle de jornada pela reforma trabalhista, caso prestem serviço por produção ou tarefa. 24. Remuneração e salário: conceito e distinções. Gorjetas. Classificação do salário. Composição do salário. Modalidades de salário. Salário básico. Abonos. Adicionais. Gratificação. Comissões. Prêmios. 13º salário. Parcelas não salariais. Diárias. Ajuda de custo. Salário e indenização. Salário in natura e utilidades não salariais. Parcelas peculiares do contrato de atleta profissional. Participação nos lucros e resultados. #51 - Salário Entende-se como salário o conjunto das parcelas que o empregado recebe diretamente do empregador (é a contraprestação pelo trabalho prestado). No conceito de salário se incluem, além do valor pago em dinheiro, também as parcelas in natura. #52 – Remuneração A remuneração, diferente do salário, também compreende as gorjetas que são pagas pelos clientes. Jurisprudência importante! SUM-354 GORJETAS. NATUREZA JURÍDICA. REPERCUSSÕES. As gorjetas, cobradas pelo empregador na nota de serviço ou oferecidas espontaneamente pelos clientes, integram a remuneração do empregado, não servindo de base de cálculo para as parcelas de aviso-prévio, adicional noturno, horas extras e repouso semanal remunerado. #53 – Características do salário Caráter alimentar: o salário é a fonte de subsistência do trabalhador, do qual eledepende para prover o próprio sustento (e o de sua família), e por este motivo recebe proteções legais que o tornam impenhorável e irredutível. Caráter forfetário: o salário do empregado não depende do resultado da atividade empresarial, ou seja, o salário é definido de forma prévia. Mesmo que o empreendimento do empregador resulte em prejuízo, o salário deve ser pago, pois o risco do negócio é do empregador. Natureza composta: o salário pode ser composto de salário base e outras parcelas (adicionais, gratificações legais etc), constituindo um complexo salarial. Indisponibilidade: Por esta característica não se admite a renúncia ou transação de verbas salariais que sejam prejudiciais ao obreiro. Periodicidade: Como o salário é contraprestação a cargo do empregador, diz-se que o salário é de trato sucessivo, devendo ser pago na periodicidade acordada (mensalmente, quinzenalmente, etc.). Pós-numeração: Em regra, o salário é pago após o empregado ter prestado os serviços do período correspondente (exemplo: o empregado labora durante o mês e recebe o respectivo pagamento até o 5º dia útil do mês subsequente). Existem exceções, como os abonos (adiantamentos salariais) e as utilidades (alimentação, moradia, etc.) que são recebidas antes de se findar o período correspondente. Tendência à determinação heterônoma: o salário fixa-se, usualmente, mediante o exercício da vontade unilateral ou bilateral das partes contratantes, mas sob o concurso interventivo de certa vontade externa, manifestada por regra jurídica. Esta vontade externa pode originar-se de norma heterônoma estatal, como verificado com o salário mínimo, ou em contextos de regulação de escalas móveis de salário fixadas por lei. #54 – Parcelas salariais O salário é pago com intuito retributivo aos serviços prestados. A parcela, sendo considerada salarial, irá repercutir em outras verbas relacionadas ao contrato de trabalho, este efeito possui denominação de efeito expansionista circular. O salário básico (ou salário base) é o valor fixo que geralmente é estipulado como a contraprestação pecuniária a ser paga mensalmente ao empregado. O adicional de insalubridade é devido quando o empregado ficar exposto a algum agente insalubre(ruído contínuo, ruído intermitente, calor, radiações, etc.) acima dos limites de tolerância, conforme normatizado pelo então Ministério do Trabalho. O adicional de periculosidade é devido quando haja contato permanente com inflamáveis, explosivos ou energia elétrica e também roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial. Jurisprudência importante! SUM-364 ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. EXPOSIÇÃO EVENTUAL, PERMANENTE E INTERMITENTE. Tem direito ao adicional de periculosidade o empregado exposto permanentemente ou que, de forma intermitente, sujeita-se a condições de risco. Indevido, apenas, quando o contato dá-se de forma eventual, assim considerado o fortuito, ou o que, sendo habitual, dá se por tempo extremamente reduzido. O adicional de transferência tem lugar nos casos em que o empregador transfere o empregado provisoriamente para outra localidade, em caso de necessidade de serviço, mas, nesse caso, ficando obrigado a um pagamento suplementar, nunca inferior a 25% (vinte e cinco por cento) dos salários que o empregado percebia naquela localidade, enquanto durar essa situação. Gratificações legais: consistem em parcelas contraprestativas pagas pelo empregador ao empregado em decorrência de um evento ou circunstância tida com relevante pelo empregador (gratificações convencionais) ou por norma jurídica (gratificações normativas). #55 – Parcelas não salariais Precisamos visualizar que seu pagamento não decorre de contraprestação pelos serviços prestados: elas serão, geralmente, ressarcimentos, reembolsos em virtude de despesas em que o empregado incorreu para exercer sua função. A ajuda de custo é valor pago ao empregado a título de indenização de despesas em que este incorreu para a execução do contrato de trabalho. As diárias para viagens representam indenização ao empregado que incorreu em despesas nas viagens a serviço. A participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração. As gueltas, assim com as gorjetas, são parcelas pagas por terceiros, oferecidas aos empregados para que estes vendam produtos de determinado fornecedor. Abono era então conceituado como antecipação salarial concedida ao empregado, que recebe adiantamento de parte do salário de seu empregador. Com a reforma trabalhista, retirou-se a natureza salarial dos abonos, de sorte que atualmente não há consenso quanto à definição dos abonos. Os prêmios, liberalidades concedidas pelo empregador em decorrência de bom desempenho do empregado. 25. Formas e meios de pagamento do salário. Aumentos e reajustes. Proteção ao salário. Isonomia constitucional e legal e o princípio da igualdade de salário. Equiparação salarial. Desvio de função. Acúmulo de função. Proteções antidiscriminatórias. Salário- substituição. Trabalho terceirizado. #56 – Descontos salariais CLT, art. 462- Ao empregador é vedado efetuar qualquer desconto nos salários do empregado, salvo quando este resultar de adiantamentos, de dispositivos de lei ou de contrato coletivo. § 1º - Em caso de dano causado pelo empregado, o desconto será lícito, desde que esta possibilidade tenha sido acordada ou na ocorrência de dolo do empregado. #57 – Requisitos da equiparação salarial Identidade de função: A equiparação salarial só é possível se o empregado e o paradigma exercerem a mesma função, desempenhando as mesmas tarefas, não importando se os cargos têm, ou não, a mesma denominação. Identidade de empregador e de estabelecimento: Para que se possa falar em equiparação salarial a lei exige que o serviço seja prestado ao mesmo empregador. Além disso, após a reforma trabalhista, passou-se a exigir também que os empregados (equiparando e paradigma) trabalhem no mesmo estabelecimento. Igual produtividade e perfeição técnica: A produtividade se relaciona ao aspecto quantitativo, e a perfeição ao aspecto qualitativo do trabalho. Diferença de tempo de função não superior a 2 anos: a viabilização da pretensão equiparatória também possui previsão legal de limite temporal. Diferença de tempo de emprego não superior a 4 anos. Contemporaneidade no exercício da função: para que seja possível a equiparação salarial, a CLT passou a exigir prestação laboral contemporânea entre equiparando e paradigma, sob pena de equiparar-se o salário de trabalhadores que laboraram em épocas totalmente distintas. Inexistência de quadro de carreira ou de plano de cargos e salários. 26. Alteração do contrato de emprego. Princípios aplicáveis. Alteração unilateral e bilateral. Transferência do empregado. Adicional de transferência. Ajuda de custo. Remoção. Reversão. Promoção e rebaixamento. Alteração de horário de trabalho. Redução de remuneração. Readaptação profissional. Jus variandi. Direito de resistência do trabalhador. #58 – Princípios aplicáveis à alteração do contrato de emprego Princípio da inalterabilidade contratual lesiva CLT, art. 468 - Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia. Jus variandi “Em contraste com o princípio legal da imodificabilidade das condições de trabalho, a doutrina elaborou o princípio do jus variandi, que pode ser enunciado como o direito do empregador, em casos excepcionais, de alterar, por imposição e unilateralmente, as condições de trabalho de seus empregados. É desenvolvido pela doutrina italiana, como decorrência dopoder diretivo do empregador. O jus variandi fundamenta alterações relativas à função, ao salário e ao local da prestação dos serviços.” (Amauri Mascaro do Nascimento) Alteração subjetiva Refere-se a um dos sujeitos do contrato de trabalho, e neste aspecto o Direito do Trabalho diferencia-se do Direito Civil, pois na seara trabalhista somente é admitida a alteração do empregador. Alterações objetivas Podem ser agrupadas em alterações qualitativas, quantitativas e circunstanciais, de que são exemplos a alteração de função, de salário e de local de trabalho, respectivamente. Não se considera alteração unilateral a determinação do empregador para que o respectivo empregado reverta ao cargo efetivo, anteriormente ocupado, deixando o exercício de função de confiança, não assegurando o direito à manutenção do pagamento de gratificação (CLT, art. 468, §1º e 2º). Readaptação Alteração de função do empregado por motivo de deficiência física ou mental atestada pelo órgão competente da previdência social (CLT, ART. 461, § 4º). Alteração Lícita Reversão Retorno ao cargo efetivo após ser destituído do cargo em comissão (CLT, art. 468, § 1º). É prejudicial ao empregado, mas a lei considera como alteração lícita. Rebaixamento Retorno de empregado a função anteriormente ocupada (hierarquicamente inferior, ou com padrão remuneratório mais baixo) com finalidade punitiva. É alteração contratual ilícita. Retrocessão Retorno do empregado a cargo efetivo anteriormente ocupado. Alteração contratual ilícita. Jurisprudência importante! SUM-291 HORAS EXTRAS. HABITUALIDADE. SUPRESSÃO. INDENIZAÇÃO. A supressão total ou parcial, pelo empregador, de serviço suplementar prestado com habitualidade, durante pelo menos 1 (um) ano, assegura ao empregado o direito à indenização correspondente ao valor de 1 (um) mês das horas suprimidas, total ou parcialmente, para cada ano ou fração igual ou superior a seis meses de prestação de serviço acima da jornada normal. O cálculo observará a média das horas suplementares nos últimos 12 (doze) meses anteriores à mudança, multiplicada pelo valor da hora extra do dia da supressão. OJ-SDI1-159 DATA DE PAGAMENTO. SALÁRIOS. ALTERAÇÃO. Diante da inexistência de previsão expressa em contrato ou em instrumento normativo, a alteração de data de pagamento pelo empregador não viola o art. 468, desde que observado o parágrafo único, do art. 459, ambos da CLT. 27. Interrupção e suspensão do contrato de trabalho: conceito, caracterização e distinções. Situações tipificadas e controvertidas. #59 – Interrupção do contrato de trabalho O empregador continua obrigado pela legislação a pagar os salários decorrentes do contrato de trabalho e o período de interrupção contratual é, em regra, contado como tempo de serviço. Hipóteses de interrupção: Férias Descanso semanal remunerado - DSR Feriados Intervalos remunerados Faltas justificadas Afastamento previdenciário por doença ou acidente ≤ 15 dias Convocação da Justiça Eleitoral Lockout (locaute) Representações no Conselho Curador do FGTS e CNPS Participação em Comissão de Conciliação Prévia Licença-maternidade Redução da jornada no curso do aviso prévio Aborto comprovado por atestado médico oficial Causas do artigo 473 da CLT: I - até 2 (dois) dias consecutivos, em caso de falecimento do cônjuge, ascendente, descendente, irmão ou pessoa que, declarada em sua carteira de trabalho e previdência social [CTPS], viva sob sua dependência econômica. II - até 3 (três) dias consecutivos, em virtude de casamento; IV - por um dia, em cada 12 (doze) meses de trabalho, em caso de doação voluntária de sangue devidamente comprovada; V - até 2 (dois) dias consecutivos ou não, para o fim de se alistar eleitor, nos termos da lei respectiva. VI - no período de tempo em que tiver de cumprir as exigências do Serviço Militar referidas na letra "c" do art. 65 da Lei nº 4.375, de 17 de agosto de 1964 (Lei do Serviço Militar). VII - nos dias em que estiver comprovadamente realizando provas de exame vestibular para ingresso em estabelecimento de ensino superior. VIII - pelo tempo que se fizer necessário, quando tiver que comparecer a juízo. IX - pelo tempo que se fizer necessário, quando, na qualidade de representante de entidade sindical, estiver participando de reunião oficial de organismo internacional do qual o Brasil seja membro. X - até 2 (dois) dias para acompanhar consultas médicas e exames complementares durante o período de gravidez de sua esposa ou companheira; XI - por 1 (um) dia por ano para acompanhar filho de até 6 (seis) anos em consulta médica. XII - até 3 (três) dias, em cada 12 (doze) meses de trabalho, em caso de realização de exames preventivos de câncer devidamente comprovada. #60 – Suspensão do contrato de trabalho O empregador não continua obrigado pela legislação a pagar os salários decorrentes do contrato de trabalho e o período de interrupção contratual não é, em regra, contado como tempo de serviço. Hipóteses de suspensão: Faltas não justificadas Intervalos não remunerados Greve Afastamento previdenciário por doença ou acidente > 15 dias Aposentadoria por invalidez Suspensão disciplinar Prisão provisória Afastamento para inquérito de apuração de falta grave Afastamento para participação em curso ou programa de qualificação Empregado eleito para direção de empresa Empregado eleito para representação profissional ou sindical Serviço militar obrigatório Violência doméstica contra a empregada Jurisprudência importante! Segundo o STJ: Cabe ao empregador o pagamento dos quinze primeiros dias de afastamento da empregada vítima de violência doméstica e familiar e fica a cargo do INSS o pagamento do restante do período de afastamento estabelecido pelo juiz, com necessidade de apresentação de atestado que confirme estar a ofendida incapacitada para o trabalho e desde que haja aprovação do afastamento pela perícia do INSS, por incidência do auxílio-doença, aplicado ao caso por meio de interpretação analógica (REsp 1.757.775). 28. Término do contrato de emprego: causas e classificação. Rescisão unilateral pelo empregado ou pelo empregador; rescisão com e sem justa causa; natureza jurídica; limites. Aposentadoria. Força maior. Factum principis. Morte. Culpa recíproca. Rescisão indireta. Princípios. Espécies. Dispensa coletiva. Outras modalidades de extinção contratual. #61 – Dispensa sem justa causa A demissão sem justa causa, juntamente com o pedido de demissão, é caso de extinção voluntária imotivada do contrato de trabalho. Como a dispensa sem justa causa confronta o princípio da continuidade da relação de emprego o empregado demitido faz jus a saldo de salário (dias trabalhados no mês da saída), férias (inclusive proporcionais), 13º salário (proporcional), indenização do FGTS (multa rescisória de 40%) e requerimento de Seguro-Desemprego. #62 – Pedido de demissão O empregado tem o direito de pôr fim ao pacto empregatício sem que seja necessário motivo para tanto, e esta decisão configura o pedido de demissão. Nesta modalidade de extinção do contrato o empregado fará jus a saldo de salário (dias trabalhados no mês da saída), férias (inclusive proporcionais) e 13º salário (proporcional). #63 – Dispensa com justa causa Na dispensa com justa causa, também conhecida como despedida motivada por justa causa obreira, dispensa por justa causa ou simplesmente justa causa, o empregado praticou conduta tipificada pela CLT como motivadora de sua demissão. Nesta hipótese, serão devidas ao empregado apenas o saldo de salário e as férias, exceto se proporcionais. Requisitos da justa causa Objetivos Subjetivos Circunstanciais Tipicidade (deve haver prévia tipificação da conduta) Autoria Nexocausal entre a falta e a penalidade Gravidade (a infração do obreiro deve afetar francamente o contrato de trabalho) Dolo ou culpa no ato faltoso (o que inclui a imprudência, imperícia e negligência) Proporcionalidade (adequação entre a falta e a penalidade) Imediaticidade da punição (aplicação da penalidade tão logo se tome conhecimento da ação ou omissão) Singularidade da punição (ausência de dupla punição pela mesma falta) Ausência de discriminação Caráter pedagógico do exercício do poder disciplinar. Rol de condutas que constituem justa causa – Art. 482 da CLT Ato de improbidade: conduta faltosa do empregado que age de modo contrário à lei. Incontinência de conduta ou mau procedimento: A diferença entre as expressões é que incontinência de conduta se relaciona a comportamento incompatível com a moral sexual, enquanto o mau procedimento atinge as outras dimensões da moral (que não a sexual). Negociação habitual por conta própria ou alheia sem permissão do empregador, e quando constituir ato de concorrência à empresa para a qual trabalha o empregado, ou for prejudicial ao serviço. Condenação criminal do empregado, passada em julgado, caso não tenha havido suspensão da execução da pena. Desídia no desempenho das respectivas funções: é a falta culposa, e não dolosa, ligada à negligência. Embriaguez habitual ou em serviço. Violação de segredo da empresa: o empregado, indevidamente, repassa a terceiros, informações confidenciais da empresa. Ato de indisciplina ou de insubordinação: o primeiro se relaciona ao descumprimento de ordens gerais, enquanto o segundo diz respeito ao descumprimento de ordens individuais. Abandono de emprego: pode ser caracterizado como “o decurso de um período determinado de ausência ao serviço (elemento objetivo) e a intenção manifesta do empregado em romper o contrato (elemento subjetivo)”. Ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço contra qualquer pessoa, ou ofensas físicas, nas mesmas condições, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem. Ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensas físicas praticadas contra o empregador e superiores hierárquicos, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem. Prática constante de jogos de azar: exige a habitualidade da prática dos jogos de azar (apostas em corridas de cavalos, jogos de cartas, jogo do bicho, etc.) durante o horário de trabalho. Perda da habilitação ou dos requisitos estabelecidos em lei para o exercício da profissão, em decorrência de conduta dolosa do empregado. #64 – Rescisão indireta Na extinção do contrato de trabalho chamada de rescisão indireta o empregador é que comete falta grave, sendo esta modalidade reconhecida na Justiça do Trabalho. Desta forma, percebam que o empregado deve entrar com ação na Justiça contra o empregador, e é o Poder Judiciário que decidirá sobre o cabimento da rescisão indireta. Rol de condutas que autorizam a rescisão indireta – Art. 483 da CLT a) forem exigidos serviços superiores às suas forças, defesos por lei, contrários aos bons costumes, ou alheios ao contrato; b) for tratado pelo empregador ou por seus superiores hierárquicos com rigor excessivo; c) correr perigo manifesto de mal considerável; d) não cumprir o empregador as obrigações do contrato; e) praticar o empregador ou seus prepostos, contra ele ou pessoas de sua família, ato lesivo da honra e boa fama; f) o empregador ou seus prepostos ofenderem-no fisicamente, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem; g) o empregador reduzir o seu trabalho, sendo este por peça ou tarefa, de forma a afetar sensivelmente a importância dos salários. § 1º - O empregado poderá suspender a prestação dos serviços ou rescindir o contrato, quando tiver de desempenhar obrigações legais, incompatíveis com a continuação do serviço. § 2º - No caso de morte do empregador constituído em empresa individual, é facultado ao empregado rescindir o contrato de trabalho. § 3º - Nas hipóteses das letras "d" e "g", poderá o empregado pleitear a rescisão de seu contrato de trabalho e o pagamento das respectivas indenizações, permanecendo ou não no serviço até final decisão do processo. #65 – Rescisão por culpa recíproca A extinção do contrato de trabalho por culpa recíproca ocorre quando tanto empregador quanto empregado dão causa à extinção do contrato, ou seja, ambas as partes praticam condutas ensejadoras da rescisão. Como a culpa recíproca subentende culpa de ambas as partes, a Lei do FGTS prevê indenização de apenas metade do valor devido no caso de demissão sem justa causa, ainda o empregado tem direito a 50% (cinqüenta por cento) do valor do aviso prévio, do décimo terceiro salário e das férias proporcionais, mas não há direito ao seguro-desemprego. #66 – Rescisão por acordo A CLT, após a Lei 13.467, de julho de 2017, passou a prever uma nova modalidade de término do contrato de trabalho: rescisão do contrato de trabalho de comum acordo entre empregado e empregador, o chamado “distrato”. Quanto às verbas rescisórias devidas, há pagamento de metade do aviso prévio, se indenizado, e da multa compensatória do FGTS. Em relação a esta multa, como em geral ela é de 40%, metade dela resulta em uma multa de 20% na rescisão por acordo. As demais verbas (13º e férias, inclusive proporcionais) são devidas na integralidade Nesta modalidade o empregado não tem direito ao Seguro-Desemprego (já que o desemprego não é "involuntário"), mas pode sacar até 80% dos depósitos no FGTS. #67 – Fato do princípe (Factum principis) Consiste na paralisação do trabalho (temporária ou definitivamente), decorrente de uma determinação do poder público. Trata-se de uma espécie de força maior, em que há a presença da conduta estatal, impondo a paralisação das atividades da empresa, encontrando-se assim prevista na CLT: CLT, art. 486 - No caso de paralisação temporária ou definitiva do trabalho, motivada por ato de autoridade municipal, estadual ou federal, ou pela promulgação de lei ou resolução que impossibilite a continuação da atividade, prevalecerá o pagamento da indenização, que ficará a cargo do governo responsável. 29. Obrigações decorrentes da cessação do contrato de emprego. Indenização por tempo de serviço: conceito e fundamento jurídico. Indenização nos casos de contrato a termo. Aviso prévio. Multa do art. 477 da CLT. Procedimentos e direitos concernentes à cessação do contrato. Formalidades da rescisão do contrato. Situações de homologação rescisória. Quitação. Eficácia liberatória. #68 – Tríplice dimensão do aviso prévio “Aviso-prévio quer dizer comunicação que a parte que quer rescindir o contrato sem justa causa deve fazer à outra. Significa, também, o período durante o qual, após essa comunicação, o empregado ainda ficará trabalhando na empresa. Tem o sentido, finalmente, de pagamento em dinheiro". (Amauri Mascaro) #69 – Redução da jornada em aviso prévio CLT, art. 488 - O horário normal de trabalho do empregado, durante o prazo do aviso, e se a rescisão tiver sido promovida pelo empregador, será reduzido de 2 (duas) horas diárias, sem prejuízo do salário integral. Parágrafo único - É facultado ao empregado trabalhar sem a redução das 2 (duas) horas diárias previstas neste artigo, caso em que poderá faltar ao serviço, sem prejuízo do salário integral, por 1 (um) dia, na hipótese do inciso l, e por 7 (sete) dias corridos, na hipótese do inciso II do art. 487 desta Consolidação. SUM-230 AVISO PRÉVIO. SUBSTITUIÇÃO PELO PAGAMENTO DAS HORAS REDUZIDAS DA JORNADA DE TRABALHO: É ilegal substituir o período que se reduz da jornada de trabalho, no aviso prévio, pelo pagamento das horas correspondentes. #70 – Reconsideração do aviso Existe previsão legal de reconsideração do aviso, o que podeocorrer caso uma parte conceda aviso prévio à outra e, durante o período de aviso, esta mesma parte propõe manter o vínculo empregatício, mas à outra parte é facultado aceitar ou não a reconsideração. #71 – Natureza dos valores recebidos pelo aviso prévio A natureza dos valores recebidos decorre do fato de o aviso ser trabalhado ou indenizado. Sendo trabalhado (ou cumprido), o aviso prévio possui natureza salarial, já que se trata do simples recebimento do último período de trabalho. Assim, o aviso prévio trabalhado integra o cálculo das demais parcelas, quando couber. Por outro lado, se ele não for concedido pelo empregador, ele deverá ser indenizado, mas computa-se sua projeção para os cálculos rescisórios, como por exemplo, no cômputo das férias e décimo terceiro proporcional. #72 – Proporcionalidade do aviso prévio Lei 12.506/11, art. 1º. O aviso prévio, de que trata o Capítulo VI do Título IV da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1º de maio de 1943, será concedido na proporção de 30 (trinta) dias aos empregados que contem até 1 (um) ano de serviço na mesma empresa. Parágrafo único. Ao aviso prévio previsto neste artigo serão acrescidos 3 (três) dias por ano de serviço prestado na mesma empresa, até o máximo de 60 (sessenta) dias, perfazendo um total de até 90 (noventa) dias. A proporcionalidade, entretanto, se aplica a favor de empregado e empregador ou somente a favor do empregado? O tema é controverso, mas tem prevalecido o entendimento de que cabe a proporcionalidade do aviso somente quando este represente direito do empregado #73 – Procedimentos rescisórios Homologação da rescisão: Até a reforma trabalhista, havia necessidade de assistência na rescisão do contrato, em regra por parte do sindicato, em relação aos empregados com mais de 1 (um) ano de serviço. Assim, a rescisão somente era válida caso se desse perante o sindicato profissional, como regra geral. A reforma trabalhista extinguiu a exigência de homologação da rescisão junto ao sindicato da categoria para contratos com tempo de serviço superior a 1 ano. Forma de pagamento das verbas rescisórias: em dinheiro, depósito bancário ou cheque visado, conforme acordem as partes; ou em dinheiro ou depósito bancário quando o empregado for analfabeto. Prazo para pagamento das verbas rescisórias: A entrega ao empregado de documentos que comprovem a comunicação da extinção contratual aos órgãos competentes bem como o pagamento dos valores constantes do instrumento de rescisão ou recibo de quitação deverão ser efetuados até dez dias contados a partir do término do contrato. Caso o empregador descumpra o prazo legal ficará sujeito à multa prevista no artigo 477 da CLT, no importe de um salário do trabalhador. Jurisprudência importante! OJ 238. SDI-1. MULTA. ART. 477 DA CLT. PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO. APLICÁVEL. Submete-se à multa do artigo 477 da CLT a pessoa jurídica de direito público que não observa o prazo para pagamento das verbas rescisórias, pois nivela-se a qualquer particular, em direitos e obrigações, despojando-se do "jus imperii" ao celebrar um contrato de emprego. Entrega do Termo de Rescisão do Contrato de Trabalho - TRCT: é o documento elaborado pelo empregador onde estão consignadas as informações necessárias para o procedimento rescisório. SUM-330 QUITAÇÃO. VALIDADE. A quitação passada pelo empregado, com assistência de entidade sindical de sua categoria [não mais obrigatória], ao empregador, com observância dos requisitos exigidos nos parágrafos do art. 477 da CLT, tem eficácia liberatória em relação às parcelas expressamente consignadas no recibo, salvo se oposta ressalva expressa e especificada ao valor dado à parcela ou parcelas impugnadas. I - A quitação não abrange parcelas não consignadas no recibo de quitação e, conseqüentemente, seus reflexos em outras parcelas, ainda que estas constem desse recibo. II - Quanto a direitos que deveriam ter sido satisfeitos durante a vigência do contrato de trabalho, a quitação é válida em relação ao período expressamente consignado no recibo de quitação. 30. Estabilidade e garantias provisórias de emprego: conceito, caracterização e distinções. Formas de estabilidade. Teoria da nulidade da despedida arbitrária. Renúncia à estabilidade. Homologação. Despedida de empregado estável. Efeitos da dispensa arbitrária ou sem justa causa: readmissão e reintegração. Indenizações decorrentes da rescisão. Despedida obstativa. Despedida discriminatória. #74 – Estabilidade decenal A Constituição Federal de 1988 tornou obrigatório o regime do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para os empregados regidos pela CLT. Antes do FGTS ser obrigatório os empregados celetistas adquiriam a estabilidade decenal, ou seja, após 10 anos de serviços prestados à mesma empresa ele não poderia ser demitido sem justa causa. Este é, portanto, um tipo de estabilidade que somente foi alcançada pelos empregados celetistas que já possuíam mais de 10 anos de serviço na mesma empresa quando da promulgação da CF/88. Dado o lapso temporal já transcorrido, hoje são poucos os empregados nesta situação. #75 – Estabilidade da gestante A garantia de emprego da gestante encontra-se prevista no Ato das Disposições Constitucionais Transitórias – ADCT: ADCT, art. 10. Até que seja promulgada a lei complementar a que se refere o art. 7º, I, da Constituição: (...) II - fica vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa: (...) b) da empregada gestante, desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto Jurisprudência importante! OJ-SDC-30 ESTABILIDADE DA GESTANTE. RENÚNCIA OU TRANSAÇÃO DE DIREITOS CONSTITUCIONAIS. IMPOSSIBILIDADE. Nos termos do art. 10, II, "b", do ADCT, a proteção à maternidade foi erigida à hierarquia constitucional, pois retirou do âmbito do direito potestativo do empregador a possibilidade de despedir arbitrariamente a empregada em estado gravídico. Portanto, a teor do artigo 9º da CLT, torna-se nula de pleno direito a cláusula que estabelece a possibilidade de renúncia ou transação, pela gestante, das garantias referentes à manutenção do emprego e salário. O pedido de demissão da empregada não equivale à renúncia do direito à estabilidade, o que sequer seria admissível, mas sim à deliberada e consciente faculdade de não permanecer no trabalho (TST RR nº 1000987-93.2018.5.02.0038.) #76 – Estabilidade dos membros eleitos da CIPA Esta garantia de emprego recai apenas sobre os empregados eleitos (representantes dos empregados), conforme definido no Ato das Disposições Constitucionais Transitórias – ADCT, desde o registro de sua candidatura até um ano após o final de seu mandato. SUM-339 CIPA. SUPLENTE. GARANTIA DE EMPREGO. CF/1988. I - O suplente da CIPA goza da garantia de emprego prevista no art. 10, II, "a", do ADCT a partir da promulgação da Constituição Federal de 1988.II - A estabilidade provisória do cipeiro não constitui vantagem pessoal, mas garantia para as atividades dos membros da CIPA, que somente tem razão de ser quando em atividade a empresa. Extinto o estabelecimento, não se verifica a despedida arbitrária, sendo impossível a reintegração e indevida a indenização do período estabilitário. #77 – Estabilidade do empregado acidentado A estabilidade provisória do empregado acidentado está prevista no artigo 118 da Lei 8.213/91, nos seguintes termos: O segurado que sofreu acidente do trabalho tem garantida, pelo prazo mínimo de doze meses, a manutenção do seu contrato de trabalho na empresa, após a cessação do auxílio-doença acidentário, independentemente de percepção de auxílio-acidente. SUM-378 ESTABILIDADE PROVISÓRIA. ACIDENTE DO TRABALHO. ART. 118 DA LEI Nº 8.213/1991. CONSTITUCIONALIDADE. PRESSUPOSTOS. I - É constitucional o artigo 118 da Lei nº 8.213/1991 que assegurao direito à estabilidade provisória por período de 12 meses após a cessação do auxílio-doença ao empregado acidentado. II - São pressupostos para a concessão da estabilidade o afastamento superior a 15 dias e a conseqüente percepção do auxílio-doença acidentário, salvo se constatada, após a despedida, doença profissional que guarde relação de causalidade com a execução do contrato de emprego. III – O empregado submetido a contrato de trabalho por tempo determinado goza da garantia provisória de emprego decorrente de acidente de trabalho prevista no art. 118 da Lei nº 8.213/91. #78 – Dirigente sindical Os dirigentes sindicais têm garantida sua estabilidade pela própria Constituição Federal, que veda a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei. SUM-369 DIRIGENTE SINDICAL. ESTABILIDADE PROVISÓRIA. I – É assegurada a estabilidade provisória ao empregado dirigente sindical, ainda que a comunicação do registro da candidatura ou da eleição e da posse seja realizada fora do prazo previsto no art. 543, § 5º, da CLT, desde que a ciência ao empregador, por qualquer meio, ocorra na vigência do contrato de trabalho. II - O art. 522 da CLT foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988. Fica limitada, assim, a estabilidade a que alude o art. 543, § 3.º, da CLT a sete dirigentes sindicais e igual número de suplentes. III - O empregado de categoria diferenciada eleito dirigente sindical só goza de estabilidade se exercer na empresa atividade pertinente à categoria profissional do sindicato para o qual foi eleito dirigente. IV - Havendo extinção da atividade empresarial no âmbito da base territorial do sindicato, não há razão para subsistir a estabilidade. V - O registro da candidatura do empregado a cargo de dirigente sindical durante o período de aviso prévio, ainda que indenizado, não lhe assegura a estabilidade, visto que inaplicável a regra do § 3º do art. 543 da Consolidação das Leis do Trabalho. SUM-379 DIRIGENTE SINDICAL. DESPEDIDA. FALTA GRAVE. INQUÉRITO JUDICIAL. NECESSIDADE. O dirigente sindical somente poderá ser dispensado por falta grave mediante a apuração em inquérito judicial, inteligência dos arts. 494 e 543, §3º, da CLT. 32. Prescrição e decadência no direito de trabalho, inclusive sobre parcelas não trabalhistas: regras aplicáveis. #79 – Prescrições bienal e quinquenal O prazo de prescrição para o empregado urbano ou rural propor ação na Justiça do Trabalho é de dois anos a contar da cessação do contrato de trabalho. Observado esse prazo, é possível o empregado postular os direitos relativos aos últimos cinco anos a contar do ajuizamento da ação. SUM-308 PRESCRIÇÃO QÜINQÜENAL. I. Respeitado o biênio subseqüente à cessação contratual, a prescrição da ação trabalhista concerne às pretensões imediatamente anteriores a cinco anos, contados da data do ajuizamento da reclamação e, não, às anteriores ao qüinqüênio da data da extinção do contrato. II. A norma constitucional que ampliou o prazo de prescrição da ação trabalhista para 5 (cinco) anos é de aplicação imediata e não atinge pretensões já alcançadas pela prescrição bienal quando da promulgação da CF/1988. #80 – Prescrição intercorrente “A prescrição intercorrente é a que ocorre no curso da execução, depois do trânsito em julgado. É o caso de o processo ficar parado na fase de execução por muito tempo. Não se trata de prescrição que deva ser alegada na fase de conhecimento, mas de prescrição ocorrida na fase de execução, posteriormente à sentença. A prescrição intercorrente visa evitar a perpetuação da execução” (Sérgio Pinto Martins) CLT. Art. 11-A. Ocorre a prescrição intercorrente no processo do trabalho no prazo de dois anos. §1º. A fluência do prazo prescricional intercorrente inicia-se quando o exequente deixa de cumprir determinação judicial no curso da execução. §2º. A declaração da prescrição intercorrente pode ser requerida ou declarada de ofício em qualquer grau de jurisdição. 33. Saúde e higiene e Segurança do trabalho. Labor em circunstâncias agressoras à saúde e à segurança do empregado. Insalubridade e Periculosidade. A discriminação no contrato de trabalho e o meio ambiente do trabalho. Trabalho noturno. Promoção de meio ambiente saudável. Redução dos riscos inerentes ao trabalho. Obrigações patronais. #81 – Incumbências do órgão nacional competente em matéria de segurança e medicina do trabalho - - Art. 155 da CLT I - estabelecer, nos limites de sua competência, normas sobre a aplicação dos preceitos deste Capítulo, especialmente os referidos no art. 200; II - coordenar, orientar, controlar e supervisionar a fiscalização e as demais atividades relacionadas com a segurança e a medicina do trabalho em todo o território nacional, inclusive a Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho; III - conhecer, em última instância, dos recursos, voluntários ou de ofício, das decisões proferidas pelos Delegados Regionais do Trabalho, em matéria de segurança e medicina do trabalho. #82 – Competências das Delegacias Regionais do Trabalho – Aart. 156 da CLT I - promover a fiscalização do cumprimento das normas de segurança e medicina do trabalho; II - adotar as medidas que se tornem exigíveis, em virtude das disposições deste Capítulo, determinando as obras e reparos que, em qualquer local de trabalho, se façam necessárias; III - impor as penalidades cabíveis por descumprimento das normas constantes deste Capítulo, nos termos do art. 201. #83 – Competências das empresas – Art. 157 da CLT I - cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e medicina do trabalho; II - instruir os empregados, através de ordens de serviço, quanto às precauções a tomar no sentido de evitar acidentes do trabalho ou doenças ocupacionais; III - adotar as medidas que lhes sejam determinadas pelo órgão regional competente; IV - facilitar o exercício da fiscalização pela autoridade competente. #84 – Competências dos empregados– Art. 158 da CLT I - observar as normas de segurança e medicina do trabalho, inclusive as instruções de que trata o item II do artigo anterior; Il - colaborar com a empresa na aplicação dos dispositivos deste Capítulo; III - conhecer, em segunda e última instância, dos recursos voluntários ou de ofício, das decisões proferidas pelos Delegados Regionais do Trabalho em matéria de segurança e higiene do trabalho; Parágrafo único - Constitui ato faltoso do empregado a recusa injustificada: a) à observância das instruções expedidas pelo empregador na forma do item II do artigo anterior; b) ao uso dos equipamentos de proteção individual fornecidos pela empresa. #85 – Atividades insalubres Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus. SÚMULA Nº 460 do STF: Para efeito do adicional de insalubridade, a perícia judicial, em reclamação trabalhista, não dispensa o enquadramento da atividade entre asinsalubres, que é ato da competência do Ministro do Trabalho e Previdência Social. Adicional Base de cálculo Alíquota Insalubridade Salário mínimo 10% - grau mínimo 20% - grau médio 40% - grau máximo Periculosidade Salário sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou participações nos lucros da empresa 30% 34. Acidente de trabalho. Doenças profissionais e doenças do trabalho. Normas regulamentadoras do MTE. Perda da capacidade laboral do trabalhador. Responsabilidade do empregador: teoria; espécies subjetiva e objetiva. Nexo causal. Concausalidade.Culpa do empregador. Fato exclusivo do trabalhador. Caso fortuito. Força maior. Fato exclusivo de terceiro. Excludentes. Reparação do dano. Danos morais, materiais e estéticos. Pensionamento. Riscos ergonômicos. Jurisprudência importante! RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR. ACIDENTE DE TRABALHO. INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS. OBRIGAÇÃO DE CUSTEIO DE PLANO DE SAÚDE VITALÍCIO. Em atenção ao princípio da reparação integral, nos moldes dos artigos 949 e 950 do Código Civil, configura-se possível o deferimento de pedido atinente ao custeio de plano de saúde vitalício em favor de empregado vítima de acidente de trabalho, que tenha acarretado a incapacidade permanente para o exercício de seu ofício ou profissão, quando ficar comprovada nos autos a necessidade de tratamento médico de forma prolongada. Trata-se de obrigação decorrente do dever legal de reparação de dano material sofrido em decorrência do trabalho desenvolvido em prol do empregador. Entretanto, no caso concreto, sequer foi especificado qual seria o tratamento médico indispensável ao empregado e tampouco ficou demonstrada a necessidade de cuidados médicos permanentes, o que torna inviável a condenação pretendida. Sob esses fundamentos, a SBDI-1, por unanimidade, conheceu do recurso de embargos, por divergência jurisprudencial e, no mérito, negou-lhe provimento. TSTE-RR-907-68.2012.5.05.0493, SBDI-I, rel. Min. Cláudio Mascarenhas Brandão, 10/3/2022 35. Danos nas relações de trabalho. Assédio moral individual, plúrimo ou coletivo. Assédio sexual, assédio eleitoral ou assédio religioso no ambiente laborativo. Discriminação nas relações de trabalho: fase contratual, pré-contratual e pós-contratual; fatores discriminatórios: gênero, raça, idade, orientação sexual, origem, estado, entre outros fatores; efeitos jurídicos decorrentes. Responsabilidade do empregador. Reparações e indenização. A situação da perda de uma chance. Jurisprudência importante! PROFESSOR. DISPENSA IMOTIVADA NO INÍCIO DO ANO LETIVO. DANO MORAL CARACTERIZADO. TEORIA DA PERDA DE UMA CHANCE. Aplica-se a este caso a recente "teoria da perda de uma chance", construída a partir da responsabilidade civil prevista nos arts. 186 e 927 do CCB, segundo a qual a vítima é privada da oportunidade de obter certa vantagem, em face de ato ilícito praticado pelo ofensor, configurando-se um prejuízo material indenizável, consubstanciado na real probabilidade de um resultado favorável esperado. O Tribunal Regional, ao negar provimento ao recurso ordinário interposto pela Reclamante, assentou que "a autora não era detentora de qualquer garantia de emprego. Logo, não é considera ilícita a conduta da ré de despedir a autora poucos dias após início do ano letivo, na medida em que tal ato está compreendido no direito potestativo do empregador". A despedida de empregado sem justa causa encontra-se dentro do poder potestativo do empregador, não caracterizando, por si só, ato ilícito ou abuso de direito. No presente caso, entretanto, conforme se depreende do acórdão do Tribunal Regional, restou demonstrado o uso abusivo do exercício do direito de rescisão contratual por parte da Reclamada. Com efeito, a dispensa da Reclamante no início do ano letivo, quando ela já tinha a expectativa justa e real de continuar como professora da instituição de ensino reclamada, evidencia o abuso do poder diretivo do empregador de dispensa, notadamente pela dificuldade que a Reclamante teria em lograr vaga em outra instituição de ensino, tendo em vista o início das aulas. Cabível, portanto, a indenização por danos materiais, diante da manifesta perda de uma chance da Reclamante, tendo em vista que a iniciação do ano letivo gera sólida expectativa de manutenção do vínculo, havendo chances claramente reduzidas de reinserção no mercado de trabalho no curso de tal período. Julgados. Recurso de revista conhecido e provido . TST - RR: 1958020175120017, Relator: Mauricio Godinho Delgado, Data de Julgamento: 03/10/2018, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 05/10/2018 DIREITO COLETIVO DO TRABALHO 1. Direito Coletivo do Trabalho: conceito, evolução histórica, denominação, conteúdo e função. Fontes normativas. Princípios do Direito Coletivo do Trabalho. Os conflitos coletivos de trabalho e mecanismos para sua solução. #01 - O que é o direito coletivo do trabalho: "é o segmento do Direito do Trabalho encarregado de tratar da organização sindical, da negociação coletiva, dos contratos coletivos, da representação dos trabalhadores e da greve. O Direito Coletivo do Trabalho é apenas uma das subdivisões do Direito do Trabalho, não possuindo autonomia, pois não tem diferenças específicas em relação aos demais ramos do Direito do Trabalho, estando inserido, como os demais, em sua maioria, na CLT" (Sérgio Pinto Martins). #02 - Correntes doutrinárias sobre o conceito de direito coletivo do trabalho Corrente subjetivista: conjunto de leis sociais que consideram os empregados e empregadores coletivamente reunidos, principalmente na forma de entidades sindicais, dá-se o nome de direito coletivo de trabalho (Cesarino Júnior). Corrente objetivista: ramo da Ciência Jurídica referente à estrutura e organização das instituições resultantes do exercício da faculdade de associação profissional, assim como as normas emanantes de tais agrupações (Alberto José Carro Igelmo). Corrente mista: Amauri Mascaro Nascimento leciona que o direito coletivo do trabalho “é o ramo do direito do trabalho que tem por objeto o estudo das relações coletivas de trabalho e estas são as relações jurídicas que têm como sujeitos grupos de pessoas e como objetos interesses coletivos". #03 - Princípios do direito coletivo do trabalho Liberdade associativa e sindical: o trabalhador é livre para se associar ou para se filiar a sindicato. Autonomia sindical: garante que os sindicatos possam se organizar sem interferências do Estado e das empresas. Unicidade sindical: impossibilita a criação de mais de uma organização sindical na mesma base territorial, não inferior à área de um Município. Interveniência sindical na normatização coletiva: determina que a normatização coletiva, para ser válida, demanda a participação do sindicato representante dos trabalhadores. Equivalência entre os contratantes coletivos: assim como se reconhece a desigualdade entre as partes no Direito Individual do Trabalho, a doutrina reconhece, no Direito Coletivo do Trabalho, tratamento jurídico equivalente entre as partes. Lealdade e transparência nas negociações coletivas: a negociação coletiva deve transcorrer de forma leal e transparente, não se admitindo condutas que inviabilizem a formulação das normas jurídicas juscoletivas. Criatividade jurídica da negociação coletiva: negociação coletiva cria normas jurídicas (comandos abstratos, gerais e impessoais). Intervenção mínima na vontade coletiva: No exame de convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, a Justiça do Trabalho analisará exclusivamente a conformidade dos elementos essenciais do negócio jurídico. Parte da doutrina ressalta que não se pode cogitar que o exame judicial se dê somente quanto aos elementos do art. 104 do Código Civil. Adequação setorial negociada: as normas autônomas juscoletivas construídas para incidirem sobre certa comunidade econômico-profissional podem prevalecer sobre o padrão geral heterônomo justrabalhista desde que respeitados certos critérios objetivamente fixados. #04 - O que é conflito coletivo de trabalho? “litígio entre trabalhadores e empresários ou entidades representativas de suas categorias sobre determinada pretensão jurídica de natureza trabalhista, com fundamento em norma jurídica vigente ou tendo por finalidade a estipulação de novas condições de trabalho" (Mozart Victor Russomano). #05 - Conflitos coletivos stricto sensu Boicotagem: ação concertada e deliberadados trabalhadores com o objetivo de impedir ou dificultar a atividade empresarial, como a venda de produtos e a compra de mercadorias. Sabotagem: destruição ou inutilização de máquinas ou mercadorias pelos trabalhadores, como protesto violento contra o empregador, danificando bens da sua propriedade. Piquetagem: forma de pressão dos trabalhadores vinculada ao exercício do direito de greve na tentativa de dissuadir os recalcitrantes que persistirem em não suspender a atividade laboral durante o movimento paredista. #06 - Modalidades de resolução de conflitos coletivos Autocomposição: quando as partes coletivas contrapostas ajustam suas divergências de modo autônomo, diretamente, por força e atuação próprias, celebrando documento pacificador, que é o diploma 29 coletivo negociado. Trata-se, pois, da negociação coletiva trabalhista. Heterocomposição: quando as partes coletivas contrapostas, não conseguindo ajustar, autonomamente, suas divergências, entregam a um terceiro o encargo da resolução do conflito; ocorre também a heterocomposição quando as partes não conseguem impedir, com seu impasse, que o terceiro intervenha (casos próprios a dissídios coletivos). São fórmulas heterocompositivas a arbitragem e o processo judicial próprio ao sistema trabalhista brasileiro, chamado dissídio coletivo. (Maurício Godinho Delgado) 2. Relações coletivas de trabalho. Sujeitos do Direito Coletivo do Trabalho. A liberdade sindical: conceito e extensão: perspectiva individual e perspectiva coletiva. Unicidade e pluralidade sindical. Convenção nº 87 da OIT. Organização sindical. Modelo sindical brasileiro. Conceito de categoria. Categoria profissional diferenciada. Categoria econômica. Dissociação de categorias, quer a profissional, quer a econômica. Membros da categoria associados ao sindicato; membros não associados: consequências jurídicas. Enquadramento sindical. Representatividade. Desmembramento. Custeio das entidades sindicais. Avanços constitucionais de 1988 no Direito Coletivo do Trabalho; desafios contemporâneos do sindicalismo brasileiro. #07 - Liberdade sindical na convenção 87 da OIT Liberdade de organização e constituição de sindicatos; Liberdade de elaboração dos estatutos dos sindicatos de acordo com as leis gerais do país, que não podem estabelecer regras restritivas em relação a eles; Liberdade de escolha dos dirigentes do sindicato e de estipulação das normas de administração de acordo com seus estatutos e sem ingerência do estado; Liberdade de filiação e de desfiliação; Liberdade de constituição de órgãos de representação mais abrangentes, como federações, confederações e centrais sindicais; e vedação de dissolução dos sindicatos por via administrativa. Malgrado as normas constitucionais e legais brasileiras possuam certa similaridade com as normas nacionais (com as devidas proporções), o Brasil não ratificou a Convenção 87 da OIT! #08 - Liberdade sindical coletiva e individual Em seu viés coletivo, diz respeito à liberdade de um grupo para constituir sindicato a sua escolha. Em seu viés individual, diz respeito ao direito de se reunir, se filiar e se manter filiado às organizações sindicais (face positiva), bem como de se desfiliar a qualquer momento (face negativa). #09 - Critérios de agregação dos trabalhadores ao sindicato Categoria econômica: CLT, art. 511, § 1º - A solidariedade de interesses econômicos dos que empreendem atividades idênticas, similares ou conexas, constitui o vínculo social básico que se denomina categoria econômica. Categoria profissional: CLT, art. 511, § 2º - A similitude de condições de vida oriunda da profissão ou trabalho em comum, em situação de emprego na mesma atividade econômica ou em atividades econômicas similares ou conexas, compõe a expressão social elementar compreendida como categoria profissional. Categoria profissional diferenciada: CLT, art. 511, § 3º - Categoria profissional diferenciadaé a que se forma dos empregados que exerçam profissões ou funções diferenciadas por força de estatuto profissional especial ou em consequência de condições de vida singulares. #10 - Conflito de representação Em muitos casos, há mais de um sindicato que pode ser considerado como representante de determinada categoria. Nessas situações, o TST vem entendendo, a despeito de posição contrária mantida pelo Ministro Godinho, que deve prevalecer o critério da especialização ou da especificidade (Informativo TST nº 100). #11 - Dissociação de categoria CLT. Art 571. Qualquer das atividades ou profissões concentradas na forma do parágrafo único do artigo anterior poderá dissociar-se do sindicato principal, formando um sindicato específico, desde que o novo sindicato, a juízo da Comissão do Enquadramento Sindical, ofereça possibilidade de vida associativa regular e de ação sindical eficiente. #12 - Receitas sindicais Contribuição sindical: Anteriormente chamada de imposto sindical. A partir da reforma trabalhista, deixou de ser obrigatória para todos. Portanto, é devida apenas pelos trabalhadores que autorizarem prévia e expressamente; é recolhida anualmente, sendo regulada pelos artigos 578 a 610 da CLT. O STF confirmou a constitucionalidade do fim da contribuição sindical obrigatória, em julgamento de 29/6/2018, no âmbito da ADI 5794. Contribuição confederativa: Objetiva o financiamento da cúpula sindical (sistema confederativo); só pode ser exigida de empregados associados. Contribuição assistencial: É prevista na negociação coletiva e se destina a custear atividades 30 assistenciais do sindicato; só pode ser exigida de empregados associados. Mensalidade dos associados: É quantia paga mensalmente para custeio da associação; só pode ser exigida de empregados associados. #13 - Divisão da contribuição sindical – Art. 589 da CLT Entidades dos empregadores 5% Confederação 15% Federação 60% Sindicato 20% Conta Especial Emprego e Salário Entidades dos empregados 5% Confederação 10% Central Sindical 15% Federação 60% Sindicato 10% Conta Especial Emprego e Salário 3. Entidades sindicais: conceito, espécies, natureza jurídica, personalidade jurídica, retrospectiva histórica, estrutura, funções, requisitos de existência e atuação, prerrogativas e limitações. Garantias sindicais. Sistemas sindicais: modalidades e critérios de estruturação sindical; o problema no Brasil. Atividades do sindicato. Condutas antissindicais: espécies e consequências. #14 - Origem da estrutura sindical brasileira "Está a estrutura sindical brasileira baseada ainda no regime de Mussolini, em que só é possível o reconhecimento de um único sindicato em dada base territorial, que não pode ser inferior à área de um município. Um único sindicato era mais fácil de ser controlado, tornando-se obediente” (Sergio Pinto Martins). #15 - Evolução histórica sindicalismo no Brasil Final do séc. XIX e início do séc. XX: Cognominadas Ligas Operárias e sob forte influência dos trabalhadores estrangeiros que para cá migraram, surgiram no Brasil os primeiros passos do sindicalismo nacional; A Revolução de 1930: deu contornos mais precisos a respeito da nossa organização sindical, sendo que o Decreto 19.770, de 19.03.1931, estabeleceu distinção mais nítida entre sindicatos de empregados e de empregadores. A Constituição de 1934: garantiu a pluralidade e a autonomia sindicais. Carta de 1937: consagrou o sindicato único, cuja criação, organização e funcionamento eram regulados pelo Decreto 1.402, de 05.07.1939. Permitiu-se a intervenção estatal na vida sindical. A investidura sindical passou a ser conferida à associação mais representativa, a critério do Ministério do Trabalho. A greve era considerada infração penal. Constituição de 1943: reconhece o direito de greve, que foi regulamentado muito tempo depois (Lei 4.330,de 01.06.1964), e declara ser “livre a associação sindical”, mas as formas de constituição, organização, representação e exercício de funções delegadas do Poder Público serão reguladas por lei. Constituição Federal de 1988: o regime, de forte interferência estatal, cedeu lugar ao sistema da autonomia das entidades sindicais, sem que fosse, contudo, adotada a liberdade sindical plena. (Carlos Henrique Bezerra). #16 - Órgãos da estrutura interna dos sindicatos Assembleia geral: órgão soberano, que é constituída dos associados do sindicato, com direito a voto nas suas deliberações de sua competência; Conselho Fiscal: integrado por três membros eleitos pela assembleia geral, a quem compete a fiscalização da gestão financeira; Diretoria: órgão executivo na estrutura sindical eleito pela assembleia geral, é constituída de no mínimo três e no máximo sete membros, dentre os quais um será eleito, pelos demais diretores, presidente do sindicato. Súmula 369 do TST I – É assegurada a estabilidade provisória ao empregado dirigente sindical, ainda que a comunicação do registro da candidatura ou da eleição e da posse seja realizada fora do prazo previsto no art. 543, § 5º, da CLT, desde que a ciência ao empregador, por qualquer meio, ocorra na vigência do contrato de trabalho. II – O art. 522 da CLT foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988. Fica limitada, assim, a estabilidade a que alude o art. 543, § 3º, da CLT a sete dirigentes sindicais e igual número de suplentes. 31 III – O empregado de categoria diferenciada eleito dirigente sindical só goza de estabilidade se exercer na empresa atividade pertinente à categoria profissional do sindicato para o qual foi eleito dirigente. IV – Havendo extinção da atividade empresarial no âmbito da base territorial do sindicato, não há razão para subsistir a estabilidade. V – O registro da candidatura do empregado a cargo de dirigente sindical durante o período de aviso prévio, ainda que indenizado, não lhe assegura a estabilidade, visto que inaplicável a regra do § 3º do art. 543 da CLT. #17 - Associações sindicais de grau superior Federações: CLT, art. 534 - É facultado aos Sindicatos, quando em número não inferior a 5 (cinco), desde que representem a maioria absoluta de um grupo de atividades ou profissões idênticas, similares ou conexas, organizarem-se em federação. Confederações: CLT, art. 535 - As Confederações organizar-se-ão com o mínimo de 3 (três) federações e terão sede na Capital da República. #18 - Práticas antissindicais Contratos de cães amarelos (yellow dog contracts): trabalhador firma com seu empregador compromisso de não filiação a seu sindicato, como critério de admissão e manutenção no emprego. Sindicatos amarelos (ou company unions ou sindicatos de empresa): o próprio empregador estimula a organização do sindicato obreiro, mas controla, ainda que indiretamente, suas ações. Lista suja (mise à l’index): as empresas divulgariam entre si os nomes dos trabalhadores com atuação sindical significativa, com o fito de excluí-los do respectivo mercado de trabalho. Cláusula "closed shop": prática em que o empregador se compromete perante o sindicato profissional a admitir somente trabalhadores filiados. Cláusula "union shop":o empregador se compromete a manter como empregados somente aqueles que se filiarem ao sindicato após determinado período de tempo posterior à contratação. Cláusula "maintence of membership": empregados são obrigados a permanecerem filiados ao sindicato e nele permanecer durante toda a vigência da convenção coletiva, sob penda de serem dispensados (Carlos Henrique Berezza). 4. Negociação coletiva no Direito do Trabalho. Funções. Níveis de negociação. Instrumentos normativos negociados: acordo coletivo e convenção coletiva de trabalho. Definições. Distinções. Natureza jurídica. Limites. Efeitos das cláusulas dos ACTs e CCTs. Hierarquia. Cláusulas obrigacionais e cláusulas normativas. Cláusulas econômicas e sociais. Incorporação das cláusulas nos contratos de emprego. Poderes e limites da negociação coletiva trabalhista. Data base e utilização do protesto de conservação. #19 - Legitimidade para negociação coletiva Os Sindicatos representativos de categoria econômica ou profissional. Subsidiariamente, as Federações e, na falta desta, as Confederações representativas de categorias econômicas ou profissionais poderão celebrar convenções coletivas de trabalho para reger as relações das categorias a elas vinculadas, inorganizadas em Sindicatos, no âmbito de suas representações. As centrais sindicais (como a CUT) não possuem legitimação para negociações coletivas. Lei n. 11.648/08, que realizou, explicitamente, o reconhecimento formal das centrais sindicais, preferiu não estender a tais entidades os poderes da negociação coletiva trabalhista, sufragando, nesta medida, a restrição já consagrada na jurisprudência dominante no STF e TST. #20 - Funções da negociação coletiva Normativa: talvez a mais importante, pois tem por objeto a criação de instrumentos normativos que estabelecerão normas e condições aplicáveis aos contratos individuais de trabalho dos representados pelos sujeitos dos instrumentos coletivos correspondentes. Obrigacional: o objeto da função obrigacional repousa na fixação de regras diretamente para os sujeitos signatários dos instrumentos coletivos, sem repercussão para os contratos individuais de trabalho. Compositiva: estabelece mecanismos de autocomposição entre as partes, a fim de evitar a utilização de fontes heterônomas para a solução do impasse, principalmente a atuação jurisdicional, objetivando a paz social entre as partes conflitantes na relação de emprego. Política: a negociação coletiva tem também a função de democratizar as relações sociais, uma vez que favorece o diálogo entre as partes para que elas mesmas determinem os rumos da regulação aplicável às suas relações. Econômica: diz respeito à possibilidade de as partes, por meio do diálogo promovido pela negociação, definirem formas de distribuição de riqueza, finalidade esta que inevitavelmente possui um caráter econômico. 32 Social: permite a participação dos trabalhadores, através de seus representantes, na vida e no desenvolvimento da empresa, o que implica inúmeras consequência nas suas próprias condições sociais e de suas famílias. Ambiental: a negociação coletiva pode (e deve) incentivar a criação de cláusulas em convenções e acordos coletivos que disponham sobre prevenção dos riscos inerentes ao trabalho por meio de normas de higiene, medicina e segurança, bem como a proteção dos trabalhadores em face da automação, preservando, assim, a sadia qualidade de vida no ambiente do trabalho. Pedagógica: Tendo em vista a necessária periodicidade das negociações coletivas, pois elas são instrumento procedimental para a celebração de convenções e acordos coletivos, que têm vigência temporária, as partes da negociação terão que se aperfeiçoar cada vez mais em decorrência das novas e complexas formas de relações sociotrabalhistas que vão surgindo na sociedade pós-moderna. (Carlos Henrique Bezerra) #21 - Níveis (âmbitos) de negociação coletiva Âmbito das categorias: por meio de Convenção Coletiva de Trabalho, cujas cláusulas e condições alcançam apenas aos integrantes da categoria econômica e profissional. Âmbito da empresa: por meio de Acordo Coletivo de Trabalho, cujas cláusulas e condições são aplicáveis restritivamente aos trabalhadores da(s) empresa(s) que dele participaram. #22 - Convenção coletiva de trabalho Vejamos sua definição legal, no artigo 611 da CLT: É o acordo de caráter normativo, pelo qual dois ou mais Sindicatos representativos de categorias econômicas e profissionais estipulam condições de trabalho aplicáveis, no âmbito das respectivas representações, àsrelações individuais de trabalho. #23 - Acordo coletivo de trabalho Vejamos sua definição legal, no artigo 611, §1º, da CLT: É facultado aos Sindicatos representativos de categorias profissionais celebrar Acordos Coletivos com uma ou mais empresas da correspondente categoria econômica, que estipulem condições de trabalho, aplicáveis no âmbito da empresa ou das acordantes respectivas relações de trabalho. É possível a celebração de ACT sem a participação do sindicato? SIM! Art. 617. Os empregados de uma ou mais empresas que decidirem celebrar Acordo Coletivo de Trabalho com as respectivas empresas darão ciência de sua resolução, por escrito, ao Sindicato representativo da categoria profissional, que terá o prazo de 8 (oito) dias para assumir a direção dos entendimentos entre os interessados, devendo igual procedimento ser observado pelas empresas interessadas com relação ao Sindicato da respectiva categoria econômica. § 1º Expirado o prazo de 8 (oito) dias sem que o Sindicato tenha-se desincumbido do encargo recebido, poderão os interessados dar conhecimento do fato à Federação a que estiver vinculado o Sindicato e, em falta dessa, à correspondente Confederação, para que, no mesmo prazo, assuma a direção dos entendimentos. Esgotado esse prazo, poderão os interessados prosseguir diretamente na negociação coletiva até final. § 2º Para o fim de deliberar sobre o Acordo, a entidade sindical convocará Assembleia Geral dos diretamente interessados, sindicalizados ou não, nos termos do art. 612. #24 - Cláusulas obrigacionais x Cláusulas normativas As Regras jurídicas, ou Cláusulas normativas, geram direitos e obrigações que irão se integrar aos contratos individuais de trabalho das respectivas bases representadas. Consubstanciam a razão de ser da negociação coletiva, enquanto mecanismo criador de fontes normativas autônomas do Direito do Trabalho. Já as Cláusulas contratuais, ou cláusulas obrigacionais, criam direitos e obrigações para as respectivas partes convenentes (sindicato obreiro e sindicato patronal na CCT e sindicato obreiro e empresas pactuantes no ACT). Em geral, têm presença reduzida nos instrumentos coletivos. Há ainda parte da doutrina que elenca a existência de mais um tipo autônomo, as cláusulas de garantia, ou instrumentais, que cuidam de aspectos formais do instrumento coletivo. 384 do TST - MULTA CONVENCIONAL. COBRANÇA. I - O descumprimento de qualquer cláusula constante de instrumentos normativos diversos não submete o empregado a ajuizar várias ações, pleiteando em cada uma o pagamento da multa referente ao descumprimento de obrigações previstas nas cláusulas respectivas. II - É aplicável multa prevista em instrumento normativo (sentença normativa, convenção ou acordo coletivo) em caso de descumprimento de obrigação prevista em lei, mesmo que a norma coletiva seja mera repetição de texto legal. #25 - Cláusulas econômicas X Cláusulas de natureza social Essa distinção se faz importante na análise de dissídios coletivos em face de pessoa jurídica de direito público que mantenha empregados. A posição tradicional do 33 TST não admitia qualquer tipo de dissídio coletivo envolvendo servidores públicos. Contudo com a ratificação da Convenção 151 da OIT, houve mudança na jurisprudência do TST, que passou a admitir dissídios coletivos exclusivamente para apreciação de cláusulas de natureza social, ou seja, sem conteúdo econômico. #26 – Informações obrigatórias em CCT e ACT – Art. 613 da CLT I - Designação dos Sindicatos convenentes ou dos Sindicatos e empresas acordantes; II - Prazo de vigência; III - Categorias ou classes de trabalhadores abrangidas pelos respectivos dispositivos; IV - Condições ajustadas para reger as relações individuais de trabalho durante sua vigência; V - Normas para a conciliação das divergências sugeridas entre os convenentes por motivos da aplicação de seus dispositivos; VI - Disposições sobre o processo de sua prorrogação e de revisão total ou parcial de seus dispositivos; VII - Direitos e deveres dos empregados e empresas; VIII - Penalidades para os Sindicatos convenentes, os empregados e as empresas em caso de violação de seus dispositivos. #27 - Quorum para comparecimento e votação - artigo 612 da CLT Primeira convocação: 2/3 dos associados, no caso de CCT, ou dos interessados, no caso de ACT. Segunda convocação: 1/3 dos associados, no caso de CCT, ou dos interessados, no caso de ACT. Caso a entidade sindical tenha mais que 5000 associados, o quorum em segunda convocação será de 1/8. #28 - Teorias sobre a incorporação nos contratos individuais de trabalho - ultratividade Aderência irrestrita: As disposições dos CCT e ACT aderem de forma permanente nos contratos de trabalho dos empregados, não podendo mais ser suprimidos. É que por esta teoria, às disposições do instrumento coletivo se aplica o art. 468 da CLT. Aderência limitada pelo prazo: Em contraponto à teoria anterior, esta defende que as disposições de CCT e ACT somente surtem efeitos durante a vigência do diploma autônomo, não havendo aderência das disposições juscoletivas nos contratos de trabalho. Este foi o posicionamento adotado pela reforma trabalhista no §3º do artigo 614 da CLT. Aderência limitada por revogação: Esta é uma teoria intermediária, segundo a qual as regras instituídas pela CCT ou ACT vigoram até que sejam revogadas (expressamente ou tacitamente) por outro diploma negocial. Vinha sendo adotada pelo TST até antes da reforma trabalhista. #29 - Existe hierarquia entre CCT e ACT? Até a reforma trabalhista de 2017 não havia uma hierarquia decorrente apenas da forma do instrumento coletivo, prevalecendo aquele que fosse mais favorável. Com a reforma, houve alteração do artigo 620 da CLT, que agora possui o seguinte texto: "As condições estabelecidas em acordo coletivo de trabalho sempre prevalecerão sobre as estipuladas em convenção coletiva de trabalho". Tal artigo é criticado pela doutrina, vejamos: Evidentemente que adequações pontuais feitas pelo ACT em contraponto à CCT poderiam ser consideradas válidas, respeitados os critérios do princípio da adequação setorial negociada. Dessa maneira, a interpretação lógico-racional, sistemática e teleológica do preceito normativo enfocado tem de atenuar o risco precarizante contido na expressão linguística “sempre” inserida no novo texto do art. 620 da CLT. #30 - E se houver disposição contrária à cct/act em contrato individual de trabalho? CLT, art. 619. Nenhuma disposição de contrato individual de trabalho que contrarie normas de Convenção ou Acordo Coletivo de Trabalho poderá prevalecer na execução do mesmo, sendo considerada nula de pleno direito. #31 - Assuntos nos quais a negociação coletiva irá se sobrepor às regras legais - artigo 611-a da CLT - rol exemplificativo I – pacto quanto à jornada de trabalho, observados os limites constitucionais; II – banco de horas anual; III – intervalo intrajornada, respeitado o limite mínimo de trinta minutos para jornadas superiores a seis horas; IV – adesão ao Programa Seguro-Emprego (PSE), de que trata a Lei nº 13.189, de 19 de novembro de 2015; V – plano de cargos, salários e funções compatíveis com a condição pessoal do empregado, bem como identificação dos cargos que se enquadram como funções de confiança; VI – regulamento empresarial; VII – representante dos trabalhadores no local de trabalho [comissão para entendimento direto]; VIII – teletrabalho, regime de sobreaviso, e trabalho intermitente; 34 IX – remuneração por produtividade, incluídas as gorjetas percebidas pelo empregado, e remuneração por desempenho individual; X – modalidade de registro de jornada de trabalho; XI – troca do dia de feriado; XII – enquadramento do grau de insalubridade; XIII – prorrogação de jornada em ambientes insalubres, sem licençaprévia das autoridades competentes do Ministério do Trabalho; XIV – prêmios de incentivo em bens ou serviços, eventualmente concedidos em programas de incentivo; XV – participação nos lucros ou resultados da empresa; #32 - Constituem objeto ilícito a supressão ou a redução em negociação coletiva - artigo 611-b da CLT I – normas de identificação profissional, inclusive as anotações na Carteira de Trabalho e Previdência Social; II – seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário; III – valor dos depósitos mensais e da indenização rescisória do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS); IV – salário mínimo; V – valor nominal do décimo terceiro salário; VI – remuneração do trabalho noturno superior à do diurno [ou seja, o adicional noturno]; VII – proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa; VIII – salário-família; IX – repouso semanal remunerado; X – remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em 50% (cinquenta por cento) à do normal; XI – número de dias de férias devidas ao empregado; XII – gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal; XIII – licença-maternidade com a duração mínima de cento e vinte dias; XIV – licença-paternidade nos termos fixados em lei; XV – proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei; XVI – aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei; XVII – normas de saúde, higiene e segurança do trabalho previstas em lei ou em normas regulamentadoras do Ministério do Trabalho; Regras sobre duração do trabalho e intervalos não são consideradas como normas de saúde, higiene e segurança do trabalho para os fins do disposto neste artigo. XVIII – adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas; XIX – aposentadoria; XX – seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador; XXI – ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho; XXII – proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador com deficiência; XXIII – proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito anos e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; XXIV – medidas de proteção legal de crianças e adolescentes; XXV – igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso; XXVI – liberdade de associação profissional ou sindical do trabalhador, inclusive o direito de não sofrer, sem sua expressa e prévia anuência, qualquer cobrança ou desconto salarial estabelecidos em convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho; XXVII – direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender; XXVIII – definição legal sobre os serviços ou atividades essenciais e disposições legais sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade em caso de greve; XXIX – tributos e outros créditos de terceiros; XXX – as disposições previstas nos arts. 373-A [normas contra a discriminação da mulher no mercado de trabalho], 390 [limite de força da mulher], 392 [licença- maternidade], 392-A, 394 [rompimento de compromisso por mulher grávida], 394-A [afastamento da gestante/lactante em atividades insalubres], 395 [repouso por abordo não criminoso], 396 [descansos para amamentação do filho] e 400 [estrutura do local para amamentação] desta Consolidação. 5. Contrato Coletivo de Trabalho #33 - Afinal, o que é contrato coletivo de trabalho? Apesar de o sistema jurídico brasileiro fazer referência ao “contrato coletivo de trabalho” no bojo da CLT e em normas esparsas, não há um regramento legal sobre o conteúdo desse instrumento. 35 Para Jose Francisco Siqueira Neto, é a negociação de âmbito nacional e supracategorial que visa estabelecer regras básicas para os demais instrumentos coletivos. Assim, seria criada uma forma de rompimento com o sistema corporativo atual para adotar um novo regime sindical, prestigiando a autonomia privada coletiva, erigida esta a patamar constitucional. O contrato coletivo de trabalho seria, então, negociado, no Brasil, pelas centrais sindicais (Carlos Henrique Bezerra). Atualmente existem alguns entraves para plena aplicação dos contratos coletivos de trabalho no Brasil: A unicidade sindical e a obrigatoriedade da participação dos sindicatos nas negociações coletivas. Quais as matérias objeto do contrato coletivo: trabalhistas apenas ou políticas (de saúde, de previdência etc.)? Prevalência do princípio da norma mais favorável (relativizado pela Lei 13.467/2017); Possibilidade de supressão de direito adquirido. Já para Octavio Bueno Magno é o instrumento normativo pelo qual as “entidades sindicais representativas de uma ou mais categorias, ou de um ou mais ramos de atividade econômica, estipulam normas salariais e condições de trabalho, a serem aplicadas no âmbito das respectivas representações, às relações de trabalho”. Para Amauri Mascaro Nascimento “do modo como foi instituído o contrato coletivo é, como disse, um corpo sem rosto”. 6. Mediação e arbitragem no Direito do Trabalho. Poder normativo da Justiça do Trabalho: caracterização e regras aplicáveis; espécies de Dissídio Coletivo. Conciliação coletiva pré-processual. Comissão de Conciliação Prévia #34 - Arbitragem Mecanismo de solução de conflitos em que um terceiro (normalmente chamado de árbitro) é chamado a solucionar o conflito de forma permanente. Tem seu uso autorizado legalmente no Direito do Trabalho, tanto coletivo (§1º do artigo 114 da CF) como individual (artigo 507-A da CLT). #35 - Mediação Processo informal em que um mediador (um terceiro imparcial) ouve as partes e faz propostas a elas, com vistas a pôr fim ao processo. Assim, as partes poderão ou não acatar suas propostas e, caso as acatem, terá havido uma transação para pôr fim à lide. #36 - Comissão de conciliação prévia O objetivo das CCP é tentar conciliar os conflitos individuais do trabalho, com constituição facultativa, podendo ser constituídas por grupos de empresas ou ter caráter intersindical. Se instituída no âmbito da empresa será composta de, no mínimo, dois e, no máximo, dez membros (metade indicada pelo empregador e outra metade eleita pelos empregados, em escrutínio secreto, fiscalizado pelo sindicato de categoria profissional), com igual número de suplentes, para de um ano, permitida uma recondução. Se instituída no âmbito do sindicato terá sua constituição e normas de funcionamento definidas em convenção ou acordo coletivo. #37 - É obrigatória a tentativa de resolução do conflito pela ccp para somente depois poder-se acessar o poder judiciário? Embora o artigo 625-D da CLT traga uma obrigatoriedade, a jurisprudência do TST é firme no não acolhimento dessa obrigação. Ainda, o STF já se pronunciou pela inconstitucionalidade da obrigação, conforme ADIs 2139, 2160 e 2237, julgadas em agosto de 2018. Jurisprudência importante! ADIN 2237 "O Tribunal, por maioria e nos termos do voto da Relatora, Ministra Cármen Lúcia (Presidente), julgou parcialmente procedentes os pedidos, para dar interpretação conforme a Constituição ao art. 625-D, § 1º a § 4º, da Consolidação das Leis do Trabalho, assentando que a Comissão de Conciliação Prévia constitui meio legítimo, mas não obrigatório, de solução de conflitos, permanecendo o acesso à Justiça resguardado para todos os que venham a ajuizar demanda diretamente ao órgão judiciário competente, e para manter hígido o inciso II do art. 852-Bda CLT, no sentido de se considerar legítima a citação nos termos estabelecidos na norma". #38 - O termo de conciliação em CCP é título executivo? Sim, conforme artigo 625-E, parágrafo único, da CLT, será título executivo extrajudicial. #39 - Comissões de conciliação prévia admitidas legalmente Instituída no âmbito da empresa CLT, artigo 625-B Instituída no âmbito do sindicato CLT, artigo 625-C Instituída por grupos de empresas CLT, artigo 625-A 36 De caráter intersindical CLT, artigo 625-A, § único Núcleos Intersindicais de Conciliação CLT, artigo 625-H #40 - Procedimento a ser observado pela CCP – Art. 625-d da CLT A demanda será formulada por escrito ou reduzida a termo por qualquer dos membros da Comissão, sendo entregue cópia datada e assinada pelo membro aos interessados. Não prosperando a conciliação, será fornecida ao empregado e ao empregador declaração da tentativa conciliatória frustrada com a descrição de seu objeto, firmada pelos membros da Comissão, que devera ser juntada à eventual reclamação trabalhista. Em caso de motivo relevante que impossibilite a observância do procedimento previsto no caput deste artigo [submissão a CCP], será a circunstância declarada na petição da ação intentada perante a Justiça do Trabalho. Caso exista, na mesma localidade e para a mesma categoria, Comissão de empresa e Comissão sindical, o interessado optará por uma delas submeter a sua demanda, sendo competente aquela que primeiro conhecer do pedido. #41 - Poder normativo da justiça do trabalho Também conhecido como competência normativa, o poder normativo era a possibilidade constitucional de a Justiça Laboral estabelecer normas e condições, respeitadas as disposições convencionais e legais mínimas de proteção ao trabalho, para a solução do conflito coletivo de trabalho (art. 114, § 2º, CF, anteriormente à EC 45/2004). Com a EC 45, o poder normativo da Justiça Laboral, para parte da doutrina, deixou de existir, em primeiro lugar, porque a CF apenas passou a prever expressamente que, ajuizado o dissídio coletivo de natureza econômica, caberá “à Justiça do Trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas anteriormente”, não fazendo mais referência à possibilidade de o Judiciário Trabalhista “estabelecer normas e condições, respeitadas as disposições convencionais e legais mínimas de proteção ao trabalho”, como estava na redação original do § 2º, art. 114, CF. (Francisco Ferreira Jorge Neto e Jouberto de Quadros Pessoa Cavalcante). Na visão de Sebastião Antunes Furtado, “embora não tenha eliminado de uma vez por todas o poder normativo da Justiça do Trabalho, a referida Emenda Constitucional feriu-o de morte ao limitá- lo, quer ampliando os pressupostos de admissibilidade do dissídio coletivo, quer balizando os pressupostos para o seu julgamento, inclusive nas hipóteses de greve". 7. A greve no direito brasileiro. Evolução histórica e as inovações trazidas pela Constituição de 1988. Natureza jurídica. Conceito. Objetivos. Efeitos. Características. Distinções. Limites. Legitimidade. Direitos e deveres dos grevistas e do empregador. Greve no serviço público. Greve ambiental. Legislação e jurisprudência aplicáveis à greve #42 - Evolução histórica do direito de greve no brasil O Código Penal (1890) proibia a greve, e até o advento do Decreto 1.162, de 12.12.1890, essa orientação foi mantida. A Lei 38 de 04.04.1932, que dispunha sobre segurança nacional, conceituou a greve como delito. A Constituição de 1937 prescrevia a greve e o lockout como recursos antissociais, nocivos ao trabalho e ao capital e incompatíveis com os superiores interesses da produção nacional. O Código Penal, de 07.12.1940 (arts. 200 e 201), considerava crime a paralisação do trabalho, na hipótese de perturbação da ordem pública ou se o movimento fosse contrário aos interesses públicos. O Dec.-lei 9.070, de 15.03.1946, passou a tolerar a greve nas atividades acessórias, não obstante a proibição prevista na Constituição de 1937. Com a Carta de 1946 a greve passa a ser reconhecida como direito dos trabalhadores, embora condicionando o seu exercício à edição de lei posterior. Em 01.06.1964, entrou em vigor a Lei de Greve (Lei 4.330), que prescrevia a ilegalidade da greve em determinadas situações. A Lei 4.330/64 regulamentou, por muito tempo, o exercício do direito de greve, impondo tantas limitações e criando tantas dificuldades, a ponto de ter sido denominada por muitos juslaboristas como a Lei do delito da greve e não a Lei do direito da greve. A Constituição de 1967 assegurou o direito de greve, restringindo-o, contudo, em relação aos serviços públicos e às atividades essenciais. A Constituição de 1988 consagrou um amplo direito de greve. #43 - Limites ao direito de greve 37 Interesses a defender: A greve realizada por explícita motivação política, mesmo que por curto período de tempo, é abusiva, visto que o empregador não dispõe de poder de negociação para pacificar o conflito (TST-RO-1393- 27.2013.5.02.0000). Serviços ou atividades essenciais: A Lei 7.783/89 enumera os serviços ou atividades essenciais no seu art. 10: I - tratamento e abastecimento de água; produção e distribuição de energia elétrica, gás e combustíveis; II - assistência médica e hospitalar; III - distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos; IV - funerários; V - transporte coletivo; VI - captação e tratamento de esgoto e lixo; VII - telecomunicações; VIII - guarda, uso e controle de substâncias radioativas, equipamentos e materiais nucleares; IX - processamento de dados ligados a serviços essenciais; X - controle de tráfego aéreo; XI - compensação bancária; XII - atividades médico-periciais relacionadas com o regime geral de previdência social e a assistência social; XIII - atividades médico-periciais relacionadas com a caracterização do impedimento físico, mental, intelectual ou sensorial da pessoa com deficiência, por meio da integração de equipes multiprofissionais e interdisciplinares, para fins de reconhecimento de direitos previstos em lei, em especial na Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência); XIV - outras prestações médico-periciais da carreira de Perito Médico Federal indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. XV - atividades portuárias (MP 945/2020) Lei 7.783/89, art. 11. Nos serviços ou atividades essenciais, os sindicatos, os empregadores e os trabalhadores ficam obrigados, de comum acordo, a garantir, durante a greve, a prestação dos serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. Tentativa de negociação frustrada: Para que seja válido o movimento grevista, este deve suceder tentativa negocial frustrada, ou seja, para que se legitime a greve, inicialmente os pleitos devem ser apresentados ao empregador. Jurisprudência importante! OJ-SDC-11 GREVE. IMPRESCINDIBILIDADE DE TENTATIVA DIRETA E PACÍFICA DA SOLUÇÃO DO CONFLITO. ETAPA NEGOCIAL PRÉVIA - É abusiva a greve levada a efeito sem que as partes hajam tentado, direta e pacificamente, solucionar o conflito que lhe constitui o objeto. Pré-aviso do início da greve: Lei 7.783/89, art. 3º, parágrafo único. A entidade patronal correspondente ou os empregadores diretamente interessados serão notificados, com antecedência mínima de 48 (quarenta e oito) horas, da paralisação. Lei 7.783/89, art. 13. Na greve, em serviços ou atividades essenciais, ficam as entidades sindicais ou os trabalhadores, conforme o caso, obrigados a comunicar a decisão aos empregadores e aos usuários com antecedência mínima de 72 (setenta e duas) horas da paralisação. Deliberação em assembleia geral: Lei 7.783/89, art. 4º Caberá à entidadesindical correspondente convocar, na forma do seu estatuto, assembleia geral que definirá as reivindicações da categoria e deliberará sobre a paralisação coletiva da prestação de serviços. § 1º O estatuto da entidade sindical deverá prever as formalidades de convocação e o quórum para a deliberação, tanto da deflagração quanto da cessação da greve. § 2º Na falta de entidade sindical, a assembleia geral dos trabalhadores interessados deliberará para os fins previstos no "caput", constituindo comissão de negociação. Garantia de atividades mínimas na empresa: Lei 7.783/89, art. 9º Durante a greve, o sindicato ou a comissão de negociação, mediante acordo com a entidade patronal ou diretamente com o empregador, manterá em atividade equipes de empregados com o propósito de assegurar os serviços cuja paralisação resultem em prejuízo irreparável, pela deterioração irreversível de bens, máquinas e equipamentos, bem como a manutenção daqueles essenciais à retomada das atividades da empresa quando da cessação do movimento. Parágrafo único. Não havendo acordo, é assegurado ao empregador, enquanto perdurar a greve, o direito de contratar diretamente os serviços necessários a que se refere este artigo #44 - Abusividade da greve Lei 7.783/89, art. 14 Constitui abuso do direito de greve a inobservância das normas contidas na presente Lei, bem como a manutenção da paralisação 38 após a celebração de acordo, convenção ou decisão da Justiça do Trabalho. Parágrafo único. Na vigência de acordo, convenção ou sentença normativa não constitui abuso do exercício do direito de greve a paralisação que: I - tenha por objetivo exigir o cumprimento de cláusula ou condição; II - seja motivada pela superveniência de fatos novos ou acontecimento imprevisto que modifique substancialmente a relação de trabalho. Jurisprudência importante! SÚMULA 189 TST: GREVE. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. ABUSIVIDADE - A Justiça do Trabalho é competente para declarar a abusividade, ou não, da greve. #45 - Lockout (locaute) Lei 7.783/89, art. 17. Fica vedada a paralisação das atividades, por iniciativa do empregador, com o objetivo de frustrar negociação ou dificultar o atendimento de reivindicações dos respectivos empregados (lockout). Parágrafo único. A prática referida no caput assegura aos trabalhadores o direito à percepção dos salários durante o período de paralisação. #46 - Greve branca, "operação tartaruga", greve de rendimento, greve de zelo “A greve branca é greve, pois apesar de os trabalhadores pararem de trabalhar e ficarem em seus postos de trabalho, há cessação da prestação dos serviços. Entretanto, a “operação tartaruga”, ou greve de rendimento, em que os empregados fazem seus serviços com extremo vagar, ou a greve de zelo, na qual os trabalhadores se esmeram na produção ou acabamento do serviço, não podem ser consideradas como greve, pois não há a paralisação da prestação do serviço" (Sergio Pinto Martins). 8.Representação dos trabalhadores nos estabelecimentos e nas empresas: institutos e regras aplicáveis. #47 - Direito de participação em sentido amplo e estrito Em sentido amplo, repousa na ideia do pluralismo jurídico e tem por escopo principal a realização de uma reforma estrutural na empresa, dando-lhe uma função socioambiental, de modo a assegurar a valorização do trabalho e da livre-iniciativa. Em sentido estrito, diz respeito a participação nos lucros e resultados, a participação na gestão da empresa, a participação em comissões internas de prevenção de acidentes, participação em comissões de representação (empresas com mais de 200 empregados) (Carlos Henrique Bezerra). #48 - Representação para promover entendimentos diretos CF. Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados, é assegurada a eleição de um representante destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os empregadores A representação dos empregados, prevista originalmente pela Constituição Federal, foi regulamentada pela Lei 13.467/17, a qual trouxe inúmeros regramentos que dever ser de conhecimento de vocês. Composição da Comissão para Representação Empresas com 200 até 3000 empregados Três membros Empresas com mais de 3000 até 5000 empregados Cinco membros Empresas com mais de 5000 empregados Sete membros #49 - Atribuições da comissão de representantes – Art. 510-b da CLT I - representar os empregados perante a administração da empresa; II - aprimorar o relacionamento entre a empresa e seus empregados com base nos princípios da boa-fé e do respeito mútuo; III - promover o diálogo e o entendimento no ambiente de trabalho com o fim de prevenir conflitos; IV - buscar soluções para os conflitos decorrentes da relação de trabalho, de forma rápida e eficaz, visando à efetiva aplicação das normas legais e contratuais; V - assegurar tratamento justo e imparcial aos empregados, impedindo qualquer forma de discriminação por motivo de sexo, idade, religião, opinião política ou atuação sindical; VI - encaminhar reivindicações específicas dos empregados de seu âmbito de representação; VII - acompanhar o cumprimento das leis trabalhistas, previdenciárias e das convenções coletivas e acordos coletivos de trabalho. 9.Direitos e interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos na esfera trabalhista. A atuação do sindicato de trabalhadores e do 39 sindicato da categoria econômica. A atuação do Ministério Público do Trabalho #50 - Direitos ou interesses coletivos latu senso Direitos ou interesses Difusos: CDC, art. 81, par. único, I - “os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato”. Características básicas segundo Rodolfo Macuso: indeterminação dos sujeitos, indivisibilidade do objeto, intensa conflituosidade interna e duração efêmera, contingencial. Direitos ou interesses coletivos stricto sensu: CDC, art. 81, par. único, II - "os transindividuais, de natureza indivisível, tendo como titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base". Direitos ou interesses individuais homogêneos: CDC, art. 81, par. único, III - "decorrentes de origem comum". 10. Orientações Jurisprudenciais, Precedentes Normativos e jurisprudência aplicável do Tribunal Superior do Trabalho e do STF #51 - Súmulas e orientações jurisprudenciais do tst Jurisprudência importante! SUM-85, VI - Não é válido acordo de compensação de jornada em atividade insalubre, ainda que estipulado em norma coletiva, sem a necessária inspeção prévia e permissão da autoridade competente, na forma do art. 60 da CLT. SUM-202 - GRATIFICAÇÃO POR TEMPO DE SERVIÇO. COMPENSAÇÃO - Existindo, ao mesmo tempo, gratificação por tempo de serviço outorgada pelo empregador e outra da mesma natureza prevista em acordo coletivo, convenção coletiva ou sentença normativa, o empregado tem direito a receber, exclusivamente, a que lhe seja mais benéfica. SUM-264 - HORA SUPLEMENTAR. CÁLCULO - A remuneração do serviço suplementar é composta do valor da hora normal, integrado por parcelas de natureza salarial e acrescido do adicional previsto em lei, contrato, acordo, convenção coletiva ou sentença normativa. SUM-364, II - Não é válida a cláusula de acordo ou convenção coletiva de trabalho fixando o adicional de periculosidade em percentual inferior ao estabelecido em lei e proporcional ao tempo de exposição ao risco, pois tal parcela constitui medida de higiene, saúde e segurança do trabalho, garantida por norma de ordem pública (arts. 7º, XXII e XXIII, da CF e 193, §1º, da CLT). SUM-374 NORMA COLETIVA. CATEGORIA DIFERENCIADA. ABRANGÊNCIA - Empregado integrante de categoria profissional diferenciada não tem o direito de haver de seu empregador vantagensprevistas em instrumento coletivo no qual a empresa não foi representada por órgão de classe de sua categoria. OJ-SDC-5 DISSÍDIO COLETIVO CONTRA PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO. IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA - Em face de pessoa jurídica de direito público que mantenha empregados, cabe dissídio coletivo exclusivamente para apreciação de cláusulas de natureza social. Inteligência da Convenção nº 151 da Organização Internacional do Trabalho, ratificada pelo Decreto Legislativo nº 206/2010. OJ-SDC-17 CONTRIBUIÇÕES PARA ENTIDADES SINDICAIS. INCONSTITUCIONALIDADE DE SUA EXTENSÃO A NÃO ASSOCIADOS - As cláusulas coletivas que estabeleçam contribuição em favor de entidade sindical, a qualquer título, obrigando trabalhadores não sindicalizados, são ofensivas ao direito de livre associação e sindicalização, constitucionalmente assegurado, e, portanto, nulas, sendo passíveis de devolução, por via própria, os respectivos valores eventualmente descontados. OJ-SDC-36 EMPREGADOS DE EMPRESA DE PROCESSAMENTO DE DADOS. RECONHECIMENTO COMO CATEGORIA DIFERENCIADA. IMPOSSIBILIDADE - É por lei e não por decisão judicial, que as categorias diferenciadas são reconhecidas como tais. De outra parte, no que tange aos profissionais da informática, o trabalho que desempenham sofre alterações, de acordo com a atividade econômica exercida pelo empregador. OJ-SDI1-41 ESTABILIDADE. INSTRUMENTO NORMATIVO. VIGÊNCIA. EFICÁCIA - Preenchidos todos os pressupostos para a aquisição de estabilidade decorrente de acidente ou doença profissional, ainda durante a vigência do instrumento normativo, goza o empregado de estabilidade mesmo após o término da vigência deste. OJ-SDI1-322 ACORDO COLETIVO DE TRABALHO. CLÁUSULA DE TERMO ADITIVO PRORROGANDO O ACORDO PARA PRAZO INDETERMINADO. 40 INVÁLIDA - Nos termos do art. 614, § 3º, da CLT, é de 2 anos o prazo máximo de vigência dos acordos e das convenções coletivas. Assim sendo, é inválida, naquilo que ultrapassa o prazo total de 2 anos, a cláusula de termo aditivo que prorroga a vigência do instrumento coletivo originário por prazo indeterminado. DIREITO ADMINISTRATIVO 1. Direito Administrativo: conceito, fontes e sistemas administrativos. Princípios implícitos e explícitos da Administração Pública, no plano legal e constitucional. #01 – Regime Jurídico Administrativo O regime jurídico administrativo é o conjunto harmônico de normas (regras e princípios) que regem a atuação da Administração Pública em sua atuação, na relação com os administrados, na relação com os seus agentes, na prestação de serviços públicos e na sua organização interna, sempre em busca do interesse público. #02 - Princípios basilares da Adminsitração Pública Supremacia do interesse público sobre o interesse privado: Prevalência dos interesses da coletividade, tutelados pelo Estado, sobre os interesses meramente particulares, com objetivo de satisfação das necessidades coletivas e finalidades públicas. Dá ensejo às prerrogativas do Poder Público. Não é absoluto e não está presente em toda a atuação da Administração Pública. Indisponibilidade do interesse público: A Administração Pública, como simples gestora do interesse público (cujo titular é o povo), não pode dispor livremente dos bens e interesses coletivos, estando limitada à finalidade estabelecida pelo ordenamento jurídico. Dá ensejo às restrições aplicadas ao Poder Público e está presente em toda a atuação estatal. #03 – Princípios expressos na Constituição Princípio da legalidade: Consiste na limitação do Poder Público ao conjunto de normas (em sentido amplo) por ele editado. A reserva legal, por outro lado, estabelece que a atuação só é permitida diante da autorização de uma espécie normativa específica. Princípio da impessoalidade: a atuação da Administração Pública não pode ter caráter pessoal nem ser movida por sentimentos ou vontades pessoais do Administrador. Aspectos da impessoalidade Isonomia A atuação deve ser objetiva, sem subjetivismo Vedação à promoção pessoal As realizações da Administração Pública não podem ser divulgadas como feito pessoal do agente público, mas do órgão que ele representa Finalidade Toda a atuação da Administração Pública deve estar voltada para atingir o fim previsto no ordenamento jurídico. Princípio da moralidade: Os agentes públicos devem, além de respeitar as leis, atuar de forma honesta, proba, com lealdade e boa-fé e com fundamento nos padrões éticos de conduta. É uma espécie de moralidade jurídica (não se confunde com moralidade social, fundamentada no senso comum) e está relacionada à boa administração, devendo ser compreendida de forma objetiva, extraída do conjunto de normas relacionadas à atuação dos agentes públicos. Princípio da publicidade: Estabelece o dever de transparência em toda a atuação do Poder Público, tornando públicos os seus atos. Possibilita o controle popular sobre a Administração Pública. Princípio da eficiência: Determina a busca dos melhores resultados práticos (produtividade), por meio da melhor atuação possível, de forma célere e com redução dos desperdícios (economicidade). Possui dois aspectos essenciais, um voltado ao agente público e outro voltado para a organização interna da Administração Pública. #04 – Princípios implícitos Princípio da razoabilidade e proporcionalidade: estão ligadas à ideia de relação racional entre meios e fins, tanto na esfera Administrativa quanto na Legislativa. Razoável é a conduta que se insere dentro dos padrões de 41 normalidade aceitos pela sociedade. Proporcionalidade, por sua vez, relaciona-se com o excesso de poder e é analisada sobre três aspectos: Adequação/idoneidade: O meio empregado deve ser o mais adequado ou idôneo para atingir a finalidade pretendida. Necessidade/exigibilidade: Verificação de inexistência de meio menos gravoso (que implique em menor restrição aos direitos fundamentais) para atingir o objetivo pretendido. Proporcionalidade em sentido estrito: Ponderação entre o ônus imposto pela medida e o benefício trazido pelas suas consequências. Princípio da continuidade: A atividade administrativa deve ser prestada de forma ininterrupta, sem paralisações, especialmente no que concerne ao serviço público. Está umbilicalmente ligado à necessidade de prestação de serviços adequados. Há que se distinguir ainda necessidade absoluta de necessidade relativa. No primeiro caso, por se tratar de necessidades básicas dos cidadãos, deve ser prestado sem qualquer interrupção. Já quanto às necessidades relativas, não há necessidade de prestação de serviços em tempo integral, o serviço pode ser prestado em dias e horários determinados Princípio da autotutela: poder de a Administração Pública controlar os seus próprios atos, retirando-os do mundo jurídico quando necessário, para conferir regularidade às suas condutas. Princípio da motivação: Indicação expressa dos pressupostos fáticos e jurídicos e sua correlação lógica com a decisão proferida. Mais um instrumento de controle popular da atuação administrativa Princípio da segurança jurídica: princípio geral do direito, vetor indispensável ao Estado Democrático de Direito, consistente no direito dos cidadãos à ciência previa das leis que regem a vida em sociedade, bem como, de não serem surpreendidos por alterações repentinas ou pela retroatividade de determinadas leis. Seu objetivo é a pacificação social. Princípio da sindicabilidade: trata-se do poder de controle sobre a atuação estatal. O conceito abrange tanto o controle realizado pela própria Administração Pública sobre seus atos, quanto o controle externo realizado pelo Poder Judiciário e pelo Poder Legislativo com auxílio dos Tribunais de Contas. Princípio do contraditório e da ampla defesa: Direito de a) tomar conhecimento de todos osatos do processo administrativo ou judicial; b) oportunidade para se manifestar; c) produzir provas e formular requerimentos; d) oportunidade de influenciar no julgamento da autoridade. Permite que ambas as partes participem da condução do feito, tendo o poder de influenciar a autoridade julgadora na formação do seu convencimento. Princípio da hierarquia: Dever de uma organização estrutural dos órgãos da Administração Pública definindo uma relação de coordenação e subordinação entre eles, em que cada órgão possui competências próprias de acordo com a lei. 2.Ato administrativo: conceito, classificação, requisitos, atributos, extinção e convalidação. Vinculação e discricionariedade. O mérito do ato administrativo. Vícios do ato administrativo. Atos administrativos nulos, anuláveis e inexistentes. Teoria dos motivos determinantes. Controle interno e externo dos atos administrativos. #05 – Conceito de ato administrativo Ato administrativo é a manifestação ou declaração unilateral de vontade da Administração Pública, agindo nesta qualidade, ou de particulares que estejam no exercício de prerrogativas públicas, em conformidade com o interesse público, que produzem efeitos jurídicos na esfera administrativa, estando sujeitos ao regime jurídico de direito público e ao controle do Poder Judiciário #06 – Silêncio administrativo Em determinados casos, a manifestação de vontade ocorre por meio de uma atitude omissiva ou pela inércia dos responsáveis. Trata-se do denominado “silêncio administrativo”, que consiste na conduta omissiva da Administração que produz efeitos jurídicos no âmbito do Direito Administrativo. A inércia da Administração apenas implicará em efeitos jurídicos quando houver expressa previsão legal neste sentido (ex.: art. 26, § 3º, lei 9.478/97). #07 – Elementos do ato administrativo Competência: É a atribuição legal conferida ao agente público para o desempenho das funções específicas relacionados ao seu cargo público. A competência é definida pela lei ou diretamente pela própria constituição e não pode ser alterada pela vontade das partes. Vício de competência (excesso de poder): É sanável, desde que não se trate de competência exclusiva ou competência em relação à matéria, admitindo-se, desta forma, convalidação do ato. Finalidade: A finalidade é o objetivo que se busca alcançar com a prática do ato administrativo e pode ser dividida em finalidade geral (interesse público) e específica (fim pretendido). Forma: A forma é o modo de exteriorização do ato administrativo, determinada pela lei. Vício de forma: O vício no elemento forma do ato administrativo é sanável e, por este motivo, o ato é passível de convalidação na forma da lei. 42 Motivo: O motivo é a causa imediata, prevista em lei, que ensejou a prática do ato administrativo. É a situação de fato e de direito que determinou ou autorizou a prática do ato, ou seja, o pressuposto fático e jurídico que enseja a prática do ato. Objeto: O objeto é o efeito jurídico e material imediato produzido pelo ato administrativo. É o próprio conteúdo do ato administrativo. #09 – Atributos do ato administrativo Presunção de legitimidade e veracidade: Até prova em contrário, os atos administrativos presumem- se válidos e os fatos nele expostos presumem-se verdadeiros. Imperatividade: Os atos administrativos podem impor obrigações ou restrições aos particulares de forma unilateral e coercitiva, sem o consentimento de qualquer pessoa. Autoexecutoriedade: Os atos administrativos podem ser executados de forma direta e imediata, inclusive com o uso de força pública, sem prévia autorização do Poder Judiciário. Tipicidade: Os atos administrativos devem corresponder a uma figura previamente estabelecida em lei, sem a possibilidade de se praticar atos administrativos inominados. #10 – Espécies de ato administrativo Ato normativo: São atos dotados de generalidade e abstração (normatividade), não possuindo destinatários específicos. Não podem, em regra, inovar no ordenamento jurídico. Ato ordinatório: São atos administrativos internos que possuem a finalidade de organizar a atividade administrativa nos órgãos e entidades públicas. Decorrem do poder hierárquico. Atos negociais: São atos de consentimento da Administração Público ao pedido do administrado para exercer uma atividade ou direito de interesse dele ou a utilização de bem público. Trata-se de ato unilateral da administração. O ato negocial poderá ser vinculado ou discricionário. Características Interesse preponderante Licença Vinculado; Definitivo; Declaratório Interesse público. Permissão Discricionário; Precário; Interesse público Definitivo. Autorização Discricionário; Precário; Definitivo. Interesse privado Atos enunciativos: Os atos enunciativos podem ser definidos em dois sentidos: Sentido estrito: atos que contém um juízo de valor, uma opinião, uma sugestão ou uma recomendação para a atuação administrativa, podendo ser esta manifestação jurídica, técnica ou política (quanto ao interesse público). É o caso dos pareceres; Sentido amplo: além dos casos acima, abrange também os atos de conteúdo declaratório, sem qualquer emissão da opinião da Administração, tais como as certidões e atestados. Atos punitivos: São os atos por meio dos quais a Administração Pública impõe punições aos seus agentes públicos ou aos administrados de maneira geral quando atuarem em desconformidade com a ordem jurídica. Atos de controle ou de verificação: Espécie apontada por Rafael Oliveira, que consiste nos atos que controlam a legalidade e o mérito do ato administrativo já editado. ANULAÇÃO Anula um ato inválido Anula atos vinculados ou discricionários Em regra, é ato vinculado (será discricionários se houver possibilidade de convalidação) Produz efeitos retroativos (ex tunc) Pela Administração Pública, Poder Judiciário e Poder Legislativo Em regra, gera direito a indenização REVOGAÇÃO Revoga um ato válido 43 Revoga apenas atos discricionários É um ato discricionário em si Produz efeitos prospectivos (ex nunc) Apenas pela Administração Pública Em regra, não há direito a indenização #11 – Convalidação do ato administrativo É a correção ou regularização de ato que contenha defeito sanável, desde a sua origem (ex tunc), fazendo com que os efeitos já produzidos permaneçam válidos e que o ato continue no mundo jurídico de forma válida. 3. Organização administrativa. Concentração e desconcentração. Centralização e Descentralização. Administração Direta e Indireta. Autarquia. Sociedade de economia mista. Empresa pública. Fundação pública. Agências reguladoras e executivas. Outros entes vinculados ao Estado. #12 – Descentralização administrativa De modo geral, é a transferência de determinada atividade administrativa para uma outra pessoa, física ou jurídica, integrante ou não da estrutural organizacional do Estado. Neste sentido, a descentralização sempre pressupõe duas pessoas distintas. #13 – Desconcentração É a distribuição de atribuições, dentro de uma mesma pessoa jurídica, entre os órgãos internos, que não possuem personalidade jurídica. Este fenômeno decorre do poder hierárquico da Administração Pública, que pode atribuir funções dentro de sua estrutura organizacional, existindo uma relação de subordinação. #14 – Controle finalístico ou Vinculação Ausência de subordinação em relação ao Poder Público instituidor. Não há relação de hierarquia entre o ente federado instituidor e a entidade administrativa. A relação dessas entidades com o ente político instituidor é de vinculação. O ente político exerce apenas controle finalístico sobre as entidades de sua Administração indireta, também denominado tutela administrativa ou supervisão ministerial. #15 – Órgãos públicos São unidadesintegrantes da estrutura de uma mesma pessoa jurídica, que recebem parcela das competências da entidade que integram para exercício de forma especializada, por meio de agentes públicos. Trata-se de mero conjunto de competências agrupadas. #16 – Autarquias É uma pessoa jurídica, submetida ao regime jurídico de Direito Público, criada diretamente por meio de lei para desenvolver atividades típicas de Estado, integrando a Administração Público indireta. São dotadas de autonomia administrativa e financeira e patrimônio próprio. As principais características das autarquias são: Regime Jurídico de Direito Público; Criação e extinção diretamente por meio de lei; Personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios; Autonomia administrativa e financeira; Atividades típicas de estado (que exigem o exercício do poder de império); Integrantes da Administração indireta; Vinculadas (e não subordinadas) à Administração Direta. #17 – Fundações públicas São um patrimônio personalizado (a que é dado caráter de pessoa jurídica), que prestam atividade não lucrativa e com um objetivo social e interesse coletivo. #18 – Empresas estatais Empresa pública é a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com criação autorizada por lei e com patrimônio próprio, cujo capital social é integralmente detido pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios. Sociedade de economia mista é a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com criação autorizada por lei, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua maioria à União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios ou a entidade da administração indireta. #19 – Consórcios públicos (Lei 11.107/05) Pessoa jurídica formada exclusivamente por entes da Federação, na forma da Lei nº 11.107/2005, para estabelecer relações de cooperação federativa, inclusive a realização de objetivos de interesse comum, constituída como associação pública, com personalidade jurídica de direito público e natureza autárquica, ou como pessoa jurídica de direito privado sem fins econômicos. #20 – Agências executivas Qualificação dada para autarquia ou fundação pública, estando prevista no art. 51 da lei 9.649/98, enquanto o contrato de desempenho está previsto na lei 13.934/2019. Seus requisitos para a qualificação 44 são: a elaboração de Plano estratégico de reestruturação e de desenvolvimento institucional; e formulação de Contrato de desempenho (periodicidade mínima de 1 ano). #21 – Agências reguladoras Trata-se de autarquia criada com um regime jurídico especial que lhe confere maior autonomia técnica e maiores poderes administrativos para regular determinado setor relevante da sociedade (atividade econômica ou prestação de serviço público). Regulação não se confunde com regulamentação. A regulamentação é a atribuição conferida ao Presidente da República para editar decretos regulamentando a fiel execução das leis, prevista no art. 84, IV, CF Poder normativo das agências reguladoras O Legislativo não possui conhecimento técnico para estabelecer direitos e obrigações nos setores econômicos regulados. Por este motivo, tem-se atribuído, por meio de lei, essa função às agências reguladoras, que a exercem por meio de atos normativos infralegais. Essa atribuição normativa feita pela lei, que estabelece apenas os parâmetros (standards) a serem observados, tem sido denominada de deslegalização ou delegificação. #22 – Serviço social autônomo Os serviços sociais autônomos são pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, criadas por confederações privadas (representativas de categorias econômicas), após autorização prevista em lei, que recebem recursos oriundos de contribuição social de natureza tributária (art. 240, CF) e dotações orçamentárias do poder público. #23 – Organização Social (Lei 9.637/98) Organização Social é uma qualificação jurídica dada pelo Poder Público a pessoa jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, que atua na prestação de atividade de interesse público não exclusiva de Estado. De acordo com a referida lei, as organizações sociais foram criadas para “absorver” atividades não exclusivas de Estado que eram realizadas por entidades estatais a serem extintas (art. 20). #24 – Organização da Sociedade Civil de interesse Público (Lei 9.790/99) Trata-se de uma qualificação específica, concedida a entidades de direito privado sem fins lucrativos, constituídas e em funcionamento regular há, no mínimo, 3 (três) anos, que atuem em uma das atividades sociais previstas no art. 3º da lei 9.790/99, não exclusivas de Estado, e que pretendam celebrar parceria com o Poder Público para receber fomento e se submeterem a fiscalização por meio de termo de parceria. 4. Poderes da Administração: hierárquico, disciplinar, regulamentar e de polícia. Uso e abuso de poder. #25 – Poder Vinculado O poder vinculado é aquele em que a Administração Pública não possui liberdade de escolha em sua atuação ou a liberdade é mínima, devendo atuar nos estritos limites da lei. #26 – Poder Discricionário Consiste na liberdade de escolha que a lei confere ao agente público para escolher, dentro dos limites da lei, de acordo com a conveniência e oportunidade, praticar ou não o ato e/ou a forma como será praticado. O poder discricionário existe quando a lei o instituir e não é absoluto, mas encontra limitação na lei, nos princípios administrativos e nos direitos e garantias fundamentais. #27 – Poder Hierárquico O poder hierárquico decorre da própria estrutura organizada de forma escalonada na Administração Pública, com órgãos dispostos de forma verticalizada e consiste na atribuição concedida ao administrador para organizar e distribuir as funções de seus órgãos de maneira vertical, estabelecendo uma relação de subordinação. A hierarquia se verifica apenas no âmbito de uma mesma pessoa jurídica. #28 – Poder Disciplinar O poder disciplinar consiste na prerrogativa que a Administração Pública possui para investigar e punir os agentes públicos que praticarem infrações funcionais (estatutários e celetistas) e os demais administrados sujeitos à disciplina especial administrativa, após o regular procedimento administrativo pautado no contraditório e na ampla defesa. #29 – Poder Normativo ou Regulamentar É a prerrogativa da Administração Pública para a edição de atos administrativos gerais e abstratos com efeitos erga omnes (se aplicam a todos), ou seja, é a atribuição para a edição de normas gerais. A lei é ato normativo primário, enquanto os atos administrativos normativos são secundários, pois extraem seu fundamento de validade da lei e da Constituição. #30 – Poder de Polícia Poder de polícia é a prerrogativa que a Administração Pública possui para, na forma da lei, restringir, condicionar ou regulamentar o exercício de direitos, o uso de bens e a prática de atividades 45 privadas, sempre objetivando atingir o interesse público. #31 - Ciclos do Poder de Polícia Ordem de polícia: consiste na legislação que estabelece os limites e condições para o exercício da autonomia privada. Estará vinculada à lei, podendo existir ou não um ato normativo infralegal a regulamentando. Consentimento de polícia: A Administração Pública, fundamentada nas normas editadas na fase da ordem de polícia, concede ou não sua anuência para a prática de determinadas atividades privadas ou para a utilização de bens. Fiscalização de polícia: atividade por meio da qual se verifica se os particulares estão cumprindo as ordens de polícia. Sanção de polícia: Dever-poder que a Administração Pública possui de aplicar penalidades aos particulares que descumprirem as ordens de polícia. Jurisprudência importante! Recentemente o STF proferiu decisão, alterandoo seu posicionamento inicial, definindo que é constitucional a delegação do poder de polícia, por meio de lei, a pessoas jurídicas de direito privado integrantes da administração pública indireta de capital social majoritariamente público que prestem exclusivamente serviço público de atuação própria do Estado e em regime não concorrencial (RE 633.782). #32 – Atributos do Poder de Polícia Discricionariedade: A Administração Pública, em regra, dispões de uma liberdade razoável em sua atuação no exercício do poder de polícia. Embora a discricionariedade seja a regra, a lei pode estabelecer atos de polícia administrativo totalmente vinculados. Além disso, algumas fases do ciclo de polícia não são passíveis de valoração quanto à sua prática. Coercibilidade: Os atos de polícia impõem restrições ou condições que devem ser observadas de forma obrigatória pelos administrados. Autoexecutoriedade: Permite a execução direta, imediata e forçada, sem a necessidade de prévia autorização do Poder Judiciário, de um ato administrativo editado no exercício do poder de polícia., podendo, inclusive, utilizar de força pública. A doutrina vem reconhecendo a existência da autoexecutoriedade em duas situações: previsão em lei e situação de urgência. # 33 – Abuso de poder Excesso de poder Extrapola a competência legal Desvio de poder Contraria finalidade geral ou específica da lei Omissão Deixa de agir quando obrigado pela lei 5. Licitações. Fundamento constitucional. Legislação aplicável. Conceito, finalidades, princípios e modalidades. Obrigatoriedade, dispensa e inexigibilidade. Anulação e revogação. Pregão e consulta. Registro de preços. #34 – Âmbito de aplicação da Lei 14.133/2021 Ela se aplica aos seguintes órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: a) Administração Pública direta; b) Autarquias; c) Fundações; d) Fundos especiais; e) Entidades controladas direta ou indiretamente pela Administração Pública. #35 – Objetivos da Licitação – Art. 11 I – assegurar a seleção da proposta apta a gerar o resultado de contratação mais vantajoso para a Administração Pública, inclusive no que se refere ao ciclo de vida do objeto; II – assegurar tratamento isonômico entre os licitantes, bem como a justa competição; III – evitar contratações com sobrepreço ou com preços manifestamente inexequíveis e superfaturamento na execução dos contratos; IV – incentivar a inovação e o desenvolvimento nacional sustentável. #36 – Critérios de desempate Art. 60. Em caso de empate entre duas ou mais propostas, serão utilizados os seguintes critérios de desempate, nesta ordem: I – disputa final, hipótese em que os licitantes empatados poderão apresentar nova proposta em ato contínuo à classificação; II – avaliação do desempenho contratual prévio dos licitantes, para a qual deverão preferencialmente ser utilizados registros cadastrais para efeito de atesto de cumprimento de obrigações previstos nesta Lei; III – desenvolvimento pelo licitante de ações de equidade entre homens e mulheres no ambiente de trabalho, conforme regulamento; 46 IV – desenvolvimento pelo licitante de programa de integridade, conforme orientações dos órgãos de controle. #37 – Regimes de contratação Contratação integrada: compreende a elaboração e o desenvolvimento dos projetos básico e executivo. Além disso, compreende a execução de obras e serviços de engenharia, a montagem, a realização de testes, a pré-operação e todas as demais operações necessárias e suficientes para a entrega final do objeto (art. 6º, §XXXII). Contratação semi-integrada: não envolve a elaboração do projeto básico pelo contratado, apenas do projeto executivo. Para realização da contratação semi-integrada, é obrigatória a existência de prévio projeto básico. Entretanto, na contratação semi- integrada, o projeto básico poderá ser alterado, desde que demonstrada a superioridade das inovações propostas pelo contratado em termos de redução de custos, de aumento da qualidade, de redução do prazo de execução ou de facilidade de manutenção ou operação (art. 46, §5º). #38 – Modalidades de Licitação Pregão: passa a ser obrigatório para a contratação de bens e serviços comuns. Concorrência: obrigatoriamente utilizada nas contratações de bens e serviços especiais e obras e serviços comuns e especiais de engenharia. Concurso: será utilizado quando o objeto da contratação for trabalho técnico, científico ou artístico. O critério de julgamento será sempre o de melhor técnica ou conteúdo artístico. Leilão: qualquer hipótese de alienação de bens será realizada por leilão, não importando a origem ou o preço do bem. O critério de julgamento será sempre o de maior lance. Diálogo competitivo: modalidade de licitação para contratação de obras, serviços e compras em que a Administração Pública realiza diálogos com licitantes previamente selecionados mediante critérios objetivos, com o intuito de desenvolver uma ou mais alternativas capazes de atender às suas necessidades, devendo os licitantes apresentar proposta final após o encerramento dos diálogos. #39 – Sistema de Registros de Preços Sistema de registro de preços é o “conjunto de procedimentos para realização, mediante contratação direta ou licitação nas modalidades pregão ou concorrência, de registro formal de preços relativos a prestação de serviços, a obras e a aquisição e locação de bens para contratações futuras” (art. 6º, XLV). O art. 41, II, da lei 14.133/2021 estabelece que o sistema de registro de preços deve ser utilizado como a regra geral nas aquisições, sempre que pertinente. No entanto, o sistema não é utilizado apenas nas aquisições, poderá ser utilizado também para registro de preços relativos à prestação de serviços (inclusive de engenharia), a obras e à locação de bens (art. 82, §5º). #40 – Licitação dispensada (Art. 76, I e II) Aplicável nas alienações de bens da Administração Pública, quando se dispensará a licitação. #41 – Licitação inexigível - Art. 74 A licitação é juridicamente impossível por impossibilidade de competição em razão da inexistência de pluralidade de potenciais interessados. Casos de inexibiligade: Fornecedor exclusivo; Profissional do setor artístico Serviços técnicos especializados, predominantemente intelecutal; Credenciamento; Aquisição ou locação de imóveis com instalações ou localização necessárias. #42 – Licitação dispensável - Art. 75 A lei possibilita ao administrador dispensar a licitação, cabendo a este a decisão discricionária entre a sua realização ou não. #43 – Procedimentos auxiliares da Licitação I – credenciamento; II – pré-qualificação; III – procedimento de manifestação de interesse; IV – sistema de registro de preços; V – registro cadastral 6. Contratos administrativos. Legislação aplicável. Conceito e características. Inexecução. Extinção. Características gerais Formalismo moderado Bilateralidade e consensualidade Comutatividade e onerosidade Pessoalidade (intuito personae) Desequilíbrio 47 Instabilidade Mutabilidade #44 – Formalização dos contratos Necessidade de prévia licitação, salvo as hipóteses de dispensa e inexigibilidade previstas em lei (art. 37, XXI, CF); A minuta do contrato deve ser acostada ao instrumento convocatório da licitação (art. 18, VI); Forma escrita, salvo a possibilidade de contrato verbal para pequenas compras ou serviços de pronto pagamento (arts. 91, caput, e 94, §2º), juntando-se o contrato ao processo de licitação; Mencionar os nomes das partes e os de seus representantes, a finalidade, o ato que autorizou sua lavratura, o número do processo da licitação ou da contratação direta e a sujeição dos contratantes às normas desta Lei e às cláusulas contratuais (art. 89, §1º); Cláusulas obrigatórias (art. 92); Obrigatoriedade,em regra, do instrumento do contrato (art. 95); Publicação no Portal Nacional de Contratações Públicas (PNCP). #45 – Alocação de riscos (Matriz de riscos) A matriz de risco é uma ferramenta de gerenciamento que permite prever possíveis riscos do contrato, determinando quem deve suportar determinado prejuízo caso o evento prejudicial ocorra. A lei 8.666/93 não trazia essa disposição. No entanto, alguns doutrinadores já defendiam a necessidade de sua previsão e alocação. Para a alocação, deve ser considerado: Natureza do risco; Beneficiário das prestações a que ele se vincula; Capacidade de cada setor para melhor gerenciá- lo. #46 – Prazo de duração dos contratos Espécie contrato Duração máxima Serviços e fornecimentos contínuos 5 anos, prorrogável sucessivamente até 10 anos Aluguel de equipamentos e utilização de programas de informática 5 anos Contratação que gere receita ou contrato de eficiência que gere economia - sem investimentos 10 anos Contratação que gere receita ou contrato de eficiência que gere economia - com investimentos 35 anos Fornecimento e prestação de serviço associado Prazo do fornecimento + 5 anos de serviço associado Operação continuada de sistemas estruturantes de tecnologia da informação 15 anos Administração Pública como usuária de serviço público oferecido em regime de monopólio Prazo indeterminado #47 – Prerrogativas da Administração As cláusulas exorbitantes nos contratos administrativos decorrem diretamente da lei (ex lege), sendo desnecessária a sua previsão no edital de licitação e no contrato para que possam ser utilizadas pela Administração Pública. Alteração unilateral do contrato: do projeto ou especificações para melhor adequação técnica (qualitativa), ou do valor contratual por acréscimo ou diminuição do objeto (quantitativa). Regra geral: 25% do valor inicial atualizado; Exceção: 50% no caso particular de reforma de edifício ou de equipamento, apenas quanto aos acréscimos (no caso de supressão permanece o limite de 25%). Extinção unilateral do contrato - artigo 137 Art. 137. Constituirão motivos para extinção do contrato, a qual deverá ser formalmente motivada nos autos do processo, assegurados o contraditório e a ampla defesa, as seguintes situações: I - não cumprimento ou cumprimento irregular de normas editalícias ou de cláusulas contratuais, de especificações, de projetos ou de prazos; II - desatendimento das determinações regulares emitidas pela autoridade designada para acompanhar e fiscalizar sua execução ou por autoridade superior; 48 III - alteração social ou modificação da finalidade ou da estrutura da empresa que restrinja sua capacidade de concluir o contrato; IV - decretação de falência ou de insolvência civil, dissolução da sociedade ou falecimento do contratado; V - caso fortuito ou força maior, regularmente comprovados, impeditivos da execução do contrato; VI - atraso na obtenção da licença ambiental, ou impossibilidade de obtê-la, ou alteração substancial do anteprojeto que dela resultar, ainda que obtida no prazo previsto; VII - atraso na liberação das áreas sujeitas a desapropriação, a desocupação ou a servidão administrativa, ou impossibilidade de liberação dessas áreas; VIII - razões de interesse público, justificadas pela autoridade máxima do órgão ou da entidade contratante; IX - não cumprimento das obrigações relativas à reserva de cargos prevista em lei, bem como em outras normas específicas, para pessoa com deficiência, para reabilitado da Previdência Social ou para aprendiz. Fiscalização da execução do contrato: é um poder-deverda Administração Pública, que deverá designar 1 ou mais fiscais do contrato, preferencialmente dentre os servidores efetivos ou empregados públicos dos seus quadros permanentes (art. 117 e 7º), sendo permitida a contratação de terceiros para assisti-los e subsidiá-los com informações, o que não exime o fiscal de sua responsabilidade. Além disso, o fiscal deve ser auxiliado pelo órgão de assessoramento jurídico e de controle interno (§3º). Trata-se de novidade inserida na nova lei #48 – Equilíbrio econômico-financeiro do contrato Reajuste: é a cláusula prevista nos contratos administrativos que objetiva preservar o valor do contrato frente à inflação (arts. 6, LVIII). Trata-se de modificação no valor do contrato que ocorre periodicamente e se relaciona à perda do poder aquisitivo da moeda (inflação). O índice de reajuste (IPCA-E, IGPM etc.) deve ser previamente definidono contrato, conforme se extrai do conceito legal. Revisão: A revisão é a modificação das cláusulas econômico-financeiras do contrato em decorrência de fatos supervenientes e imprevisíveis ou previsíveis de consequências incalculáveis que modifiquem extraordinariamente os custos do contrato, devendo- se adequar as referidas cláusulas à nova realidade. Atualização financeira: Assim como o reajuste, a atualização financeira possui o objetivo de recompor a perda do poder aquisitivo da moeda decorrente da inflação. De acordo com o art. 92, V, o contrato deve prever a atualização monetária dos valores contratados desde a data final do período previsto para o adimplemento de cada parcela até o efetivo pagamento. Repactuação: é um instrumento disponível para as contratações de serviços contínuos com regime de dedicação exclusiva de mão de obra, tais como os serviços de limpeza e vigilância. Consiste na alteração das cláusulas econômicas e de preço para refletir a variação dos componentes dos custos do contrato. Trata-se de cláusula que deve ser ajustada no contrato administrativo, bem como somente poderá ser admitida a sua aplicação após 01 (um) ano contado da data da apresentação da proposta ou da última repactuação (art. 135, §3º). 7. Responsabilidade civil do Estado. Evolução histórica no Brasil. Teorias. Responsabilidade por ação e por omissão. Responsabilidade subjetiva e objetiva. Responsabilidade por ato do servidor e por ato judicial. Ação regressiva. #49 – Evolução da Responsabilidade civil do Estado Fase da irresponsabilidade Estatal: decorre do entendimento vigente à época de que o rei nunca cometia erros (“the king can do not wrong”). Nesta fase, o Estado se confundia com o próprio monarca (“o estado sou eu”, Luis XIV), sendo impossível a sua responsabilização, tendo em vista a impossibilidade de aquele governante cometer erros. Responsabilidade com previsão legal: o Estado somente poderia ser responsabilizado em casos pontuais, quando houvesse previsão legal específica no sentido da responsabilidade. Teoria da responsabilidade subjetiva: Com base nesta teoria, o Estado passou a ser responsabilizado na mesma medida que o particular. Era necessário demonstrar a intenção do agente público em causar o dano, ou seja, a sua culpa em sentido amplo (que abrange a culpa em sentido estrito e o dolo). Teoria da culpa do serviço (faute du service): também conhecida como culpa anônima, estabelecia que não era mais necessário comprovar a culpa do agente público, bastava a demonstração de uma das seguintes situações: O serviço foi mal prestado (não funcionou); O serviço foi prestado de forma ineficiente (funcionou mal); O serviço prestado com atraso (funcionou com atraso). 49 Teoria da responsabilidade objetiva: desnecessária a aferição de qualquer aspecto relacionado ao elemento subjetivo do agente público. No entanto, o Estado poderá se livrar da responsabilidade pelo ressarcimento dos prejuízos se comprovar a existência de uma causa excludente da responsabilidade. Teoria do risco integral:de acordo com esta teoria, o Estado deve ser uma espécie de “garantidor universal”, devendo ressarcir todos os prejuízos sofridos pelos particulares, desde que presente o nexo causal. Na teoria do risco integral não se admite queo Estado seja eximido da sua responsabilidade, ainda que comprovada uma cláusula excludente. #50 – Elementos da responsabilidade objetiva Conduta (fato administrativo): para que o Estado seja responsabilizado, é necessária a existência de uma conduta, comissiva ou omissiva, de seus agentes públicos atuando nesta qualidade ou quando a conduta tenha relação direta com o exercício da função pública. Dano: lesão a determinado bem jurídico da vítima, seja ele patrimonial ou extrapatrimonial. Nexo causal: é o vínculo entre a conduta e o dano. #51 – Causas excludentes da responsabilidade objetiva Culpa exclusiva da vítima: hipótese em que o dano é causado por fato da própria vítima (autolesão). Culpa exclusiva de terceiro (fato de terceiro): dano causado pelo fato de um terceiro que não possui vínculo jurídico com o Estado. Caso fortuito e força maior: eventos naturais ou humanos imprevisíveis ou previsíveis, porém inevitáveis, que causam danos às pessoas sem qualquer vínculo com a atuação do Estado. #52 – Responsabilidade civil por atos legislativos Em regra, não há responsabilidade civil do Estado por atos legislativos. O principal fundamento para esta conclusão é que as leis são atos de caráter geral, abstrato e erga omnes, não ensejando a produção de efeitos individualizados. São atos dirigidos à sociedade ou a uma comunidade específica, e não direcionados a particulares individualizados. Entretanto, a doutrina aponta três casos em que os atos legislativos podem acarretar a responsabilização estatal: a) leis inconstitucionais; b) leis de efeitos concretos; e c) omissão legislativa. #53 – Responsabilidade civil por atos dos Notários e Registradores O STF definiu o tema em sede de Repercussão Geral, ao julgar o RE 842846: Jurisprudêcia importante! Repercussão geral constitucional que assenta a tese objetiva de que: o Estado responde, objetivamente, pelos atos dos tabeliães e registradores oficiais que, no exercício de suas funções, causem dano a terceiros, assentado o dever de regresso contra o responsável, nos casos de dolo ou culpa, sob pena de improbidade administrativa. RE 842846, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 27/02/2019, PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-175 DIVULG 12- 08-2019 PUBLIC 13-08-2019. #54 – Prescrição da ação de reparação civil A prescrição é a extinção da pretensão de ressarcimento pelo decurso do tempo fixado na lei. A prescrição da ação de reparação proposta pela vítima em face do Ente Público é de 5 anos, a teor do art. 1º, do Decreto 20.910/32, art. 2º do Decreto-Lei 4.597/42 e art. 1º-C da Lei 9.494/97). São imprescritíveis as ações de ressarcimento ao erário fundadas na prática de ato doloso tipificado na Lei de Improbidade Administrativa (RE 852475/SP). 8. Bens públicos: conceito, classificação e características. Afetação e desafetação. Uso de bens públicos por particulares. #55 – Conceito O conceito legal se encontra no art. 98 do Código Civil, que considera públicos os bens que, de qualquer natureza ou a qualquer título, pertençam às pessoas jurídicas de direito público interno. Todos os demais bens são particulares. #56 – Domínio público X Domínio eminente O domínio público diz respeito aos bens móveis e imóveis destinados ao uso direto do Poder Público ou à sua utilização direta ou indireta pela coletividade, estando sujeitos à regulamentação pela Administração e submetidos ao regime jurídico de Direito Público. Já a expressão “domínio eminente” do Estado diz respeito ao poder geral do Estado sobre todos os bens que estejam no âmbito do seu território, ou seja, trata- se do poder decorrente de sua soberania que lhe garante a possibilidade de estabelecer ordens gerais ou individuais quanto aos bens situados em seu território, seja para intervir de forma branda. #57 – Classificação quanto à destinação Bens de uso comum do povo: bens que se destinam à utilização geral da coletividade, tais como os rios, mares, estradas, ruas, praças, parques, praias, dentre outros. 50 Bens de uso especial: se destinam a uma atividade específica da Administração Pública, ou seja, são utilizados na execução de um serviço administrativo ou um serviço público. São os bens que constituem os equipamentos materiais da Administração na busca do atingimento das suas finalidades. Bens dominicais: a noção de bens dominicais é residual, ou seja, todos aqueles bens que não são de uso comum do povo ou de uso especial da Administração devem ser considerados dominicais. #58 – Regime jurídico Alienabilidade condicionada: os bens de uso comum do povo e os de uso especial são absolutamente inalienáveis enquanto perdurar a condição de afetação. Por outro lado, os bens dominicais podem ser alienados, desde que observadas as exigências legais. Essas exigências legais, em regra, se encontram na lei 14.133/2021, especialmente em seus arts. 76. Impenhorabilidade: Os bens públicos não se sujeitam à penhora para satisfação dos créditos de credores da Fazenda Pública, razão pela qual são considerados impenhoráveis. Os pagamentos devidos pela Fazenda Pública, em virtude de sentença judicial, devem ocorrer mediante o sistema de precatórios ou por meio da requisição de pequeno valor (RPV), conforme o caso. Imprescritibilidade: A imprescritibilidade dos bens públicos estabelece que tais bens não podem ser adquiridos por usucapião, independentemente da categoria a que esses bens pertencem. A imprescritibilidade dos bens públicos é estabelecida pela própria Constituição Federal, além de ter sido confirmada no Código Civil de 2002 Não onerabilidade: A Administração Pública não pode conceder um bem público como garantia de direito real de uma dívida, tendo em vista que, caso não adimplida, seria o caso de execução direta, com a penhora do bem, para pagamento da dívida, o que viola a característica da impenhorabilidade dos bens públicos. #59 – Autorização de uso As características da autorização de uso, podem ser assim resumidas: Ato unilateral: depende apenas da manifestação de vontade da Administração Pública; Ato discricionário: o interessado não possui direito adquirido à utilização. A autorização depende do juízo de conveniência e oportunidade da autoridade administrativa; Precário: pode ser revogado a qualquer momento de forma discricionária; Em regra, sem prazo determinado; Atende, primordialmente, ao interesse particular; Não depende de lei nem de licitação. #60 – Permissão de uso As características da permissão de uso podem ser assim resumidas: Ato unilateral: depende apenas da manifestação de vontade da Administração Pública; Ato discricionário: o interessado não possui direito adquirido à utilização. A permissão depende do juízo de conveniência e oportunidade da autoridade administrativa; Precário: pode ser revogado a qualquer momento de forma discricionária; Em regra, sem prazo determinado; Atende ao interesse público e ao interesse particular de igual forma; Não depende de lei; pode depender de licitação se for possível e houver mais de um interessado. #61- Concessão de uso As características podem ser assim resumidas: Contrato administrativo (bilateralidade); Discricionário: o interessado não possui direito adquirido à utilização. A concessão depende do juízo de conveniência e oportunidade da autoridade administrativa; Definitivo: não pode ser revogado a qualquer momento de forma discricionária; Em regra, por prazo determinado; Não depende de lei; pode depender de licitação se for possível e houver mais de um interessado #62 – Alienação de bens As regras para alienação os bens da Administração Pública se encontram no art. 76 da Lei 14.133/2021 e são resumidas da seguinte forma: Desafetação: o bem público não pode estar “afetado” a uma finalidade pública,ou seja, deve ter caráter de bem dominical; Interesse público devidamente justificado; Avaliação prévia; Licitação (modalidade leilão, segundo a lei 14.133/2021); Autorização legislativa para os bens imóveis das pessoas de direito público. 51 9. Agentes públicos. Normas constitucionais. Servidor público e empregado público. Cargo, emprego e função pública. Direito de sindicalização e direito de greve do servidor público. Regime jurídico dos servidores públicos civis da União (Lei nº 8.112/1990). Processo administrativo disciplinar. #63 – Conceito O dispositivo legal que melhor expressa o conceito de agente público é o art. 2º da lei 8.429/92 (lei de improbidade administrativa):Para os efeitos desta Lei, consideram-se agente público o agente político, o servidor público e todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades referidas no art. 1º desta Lei #64 – Espécies de agentes públicos Agentes Políticos: são os agentes que exercem função política de Estado. Possuem cargos estruturais e inerentes à organização política do país, exercendo função diretiva e manifestando a vontade superior do Estado. Servidores Públicos: a expressão “servidor público” é gênero do qual são espécies: a) servidores estatutários; b) servidores trabalhistas (celetistas ou empregados públicos); e c) servidores temporários. Particulares em colaboração com o Poder Público: são os agentes públicos que atuam em situações excepcionais, em nome do Estado, mesmo sem perderem a condição de particulares e ainda que em caráter temporário ou ocasional e sem remuneração (embora possam ser remunerados). A condição de particular em colaboração independe do vínculo jurídico estabelecido. Esses particulares exercem função pública e podem ser divididos em quatro espécies: a) designados (ou honoríficos); b) voluntários; c) delegados; d) credenciados. Exceções ao princípio do concurso público Cargo em comissão (art. 37, II); Servidores temporários (art. 37, IX) Agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias (art. 198, §4º) Ministros do STF, STJ, TST, TSE e TSM (arts. 101, parágrafo único; 104, parágrafo único; 111-A; 119, II; e 123 parágrafo único); Ministros e Conselheiros dos Tribunais de Contas (arts. 73, §§ 1º e 2º; e 75); Magistrados que ingressam nos Tribunais pelo quinto constitucional Ex-combatentes que tenham efetivamente participado de operações bélicas na Segunda Guerra Mundial (art. 53, I, do ADCT). #65 – Regras referentes ao concurso público Prazo de validade: a constituição federal define os limites para que seja estabelecido o prazo de validade no art. 37, III: “o prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período;” Cláusula de Barreira: A cláusula de barreira nada mais é do que a “nota de corte”. O STF considera constitucional a cláusula de barreira; Classificação por regiões ou por áreas de especialização: a Corte suprema também considera válida a previsão editalícia de classificação dos candidatos por região ou por área de especialização Fase de apresentação de títulos: a exigência de títulos somente se justifica quando o cargo ou emprego público possuir atribuições que dependam de especial conhecimento técnico ou científico e deve ter caráter meramente classificatório; Curso de formação; Alteração do edital após a sua publicação: o STF só admite a modificação do edital após a sua publicação se verificados os seguintes requisitos: a) superveniência de lei; e b) concurso ainda não concluído e homologado; Direito ao acesso às correções e recursos; Controle judicial: ao Poder Judiciário cabe somente o controle da legalidade dos atos administrativos. Assim, é pacífico o entendimento de que não cabe ao Judiciário substituir a banca 52 examinadora para definir critérios de seleção, reavaliando provas e notas atribuídas aos candidatos. #66 – Disposições aplicáveis ao provimento originário - Lei 8.112/90 Nomeação: A nomeação é ato administrativo unilateral, não gerando obrigação para o nomeado, mas apenas direito subjetivo para tomar posse. Posse: A posse ocorre com a assinatura do “termo de posse” e, em âmbito federal, deve ocorrer no prazo de 30 (trinta) dias, improrrogáveis, contado da publicação da nomeação. No ato da posse, o servidor apresentará declaração de bens e valores que constituem seu patrimônio e declaração quanto ao exercício ou não de outro cargo, emprego ou função pública (art. 13, §5º). Exercício: O exercício é o efetivo desempenho das atribuições do cargo ou função pública. O prazo para o empossado entrar em exercício é de 15 (quinze) dias, improrrogáveis contados da data da posse. #67 – Formas de remoção - Art. 36, parágrafo único, da Lei 8.112/90 De ofício, no interesse da Administração. A pedido, a critério da Administração. A pedido, para outra localidade, independentemente do interesse da administração, nas seguintes hipóteses: Para acompanhar cônjuge ou companheiro, também servidor público civil ou militar, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, que foi deslocado no interesse da Administração; Por motivo de saúde do servidor, cônjuge, companheiro ou dependente que viva às suas expensas e conste do seu assentamento funcional, condicionada à comprovação por junta médica oficial; Em virtude de processo seletivo promovido, na hipótese em que o número de interessados for superior ao número de vagas, de acordo com normas preestabelecidas pelo órgão ou entidade em que aqueles estejam lotados. #68 – Indenizações As indenizações são as verbas pecuniárias pagas ao servidor público com o objetivo de ressarcir as despesas por ele efetuadas para desempenhar as suas atribuições. Ajuda de custo (arts. 53 a 57): destina-se a compensar as despesas de instalação do servidor que, no interesse do serviço, passa a ter exercício em nova sede, com mudança de domicílio de forma permanente. Diárias (art. 58 e 59): pagas ao servidor que se afastar a serviço de sua sede em caráter eventual ou transitório, para outro ponto do território nacional ou para o exterior. Indenização de transporte (art. 60): devida ao servidor que realizar despesas com a utilização de meio próprio de locomoção para a execução de serviços externos, por força das atribuições próprias do cargo. Auxílio-moradia (art. 60-A): ressarcimento das despesas comprovadamente realizadas pelo servidor com aluguel de moradia ou com meio de hospedagem administrado por empresa hoteleira. O pagamento é devido no prazo de um mês após a comprovação da despesa. #69 – Prescrição das penalidades 5 anos Quanto às infrações puníveis com demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e destituição de cargo em comissão 2 anos Quanto à suspensão 180 dias Quanto à advertência Prescrição da lei penal Quando as infrações disciplinares forem capituladas também como crime #70 – Fases do Processo Administrativo Disciplinar Instauração: se dá com a publicação do ato de constituição da comissão processante, composta, obrigatoriamente, por 3 (três) servidores estáveis. Jurisprudêcia importante! Súmula 641-STJ: A portaria de instauração do processo administrativo disciplinar prescinde da exposição detalhada dos fatos a serem apurados. Inquérito Administrativo: é a fase instrutória do procedimento, momento no qual ocorrerá a produção de provas (instrução), apresentação de defesa e elaboração do relatório pela comissão, sempre que obedecidos os princípios do contraditório e da ampla defesa. O inquérito é subdividido em instrução, defesa e relatório: Instrução: as provasserão produzidas por iniciativa da comissão ou a pedido do investigado. No entanto, o presidente da comissão poderá denegar pedidos considerados impertinentes, meramente protelatórios 53 ou de nenhum interesse para o esclarecimento dos fatos. Defesa:se o acusado for indiciado, será realizada a sua citação por meio de mandado expedido pelo presidente da comissão, abrindo prazo para defesa. Relatório: deverá ser conclusivo pela inocência ou responsabilidade do servidor. Neste último caso, serão indicados o dispositivo legal transgredido e as circunstâncias agravantes e atenuantes. Fase decisória: a decisão será proferida no prazo de 20 dias do recebimento dos autos (art. 167) pela autoridade instauradora. A alteração da capitulação legal imputada ao acusado não enseja nulidade, uma vez que o indiciado se defende dos fatos nele descritos e não dos enquadramentos legais (MS 015905/DF). #71 – Sindicância administrativa A lei 8.112/90 estabelece a sindicância administrativa como um processo administrativo simplificado, utilizado para a aplicação das sanções de advertência e suspensão de até 30 dias. Prazo: 30 (trinta) dias, prorrogáveis por igual período, e dela poderá resultar uma das seguintes conclusões: a) arquivamento do processo; b) aplicação de penalidade de advertência ou suspensão de até 30 (trinta) dias; c) instauração de processo disciplinar. #72 – Revisão A revisão do processo disciplinar somente poderá ser proposta quando se aduzirem fatos novos ou circunstâncias suscetíveis de justificar a inocência do punido ou a inadequação da penalidade aplicada. Devem existir elementos novos, ainda não apreciados no processo originário. O processo disciplinar poderá ser revisto a pedido ou de ofício. O requerimento de revisão do processo será dirigido ao Ministro de Estado ou autoridade equivalente. O processo revisional, o ônus da prova cabe ao requerente (art. 175). Prazo para conclusão do processo de revisão: 60 dias, improrrogáveis; Prazo para julgamento: 20 dias; Da revisão do processo não poderá resultar agravamento de penalidade. 10. Improbidade Administrativa. #73 – Retroatividade da Lei 14.230/2021 Jurisprudêcia importante! O STF definiu tese de repercussão geral sobre o tema, estabelecendo o seguinte: 1. É necessária a comprovação de responsabilidade subjetiva para a tipificação dos atos de improbidade administrativa, exigindo-se — nos artigos 9º, 10 e 11 da LIA — a presença do elemento subjetivo — DOLO; 2. A norma benéfica da Lei 14.230/2021 — revogação da modalidade culposa do ato de improbidade administrativa —, é IRRETROATIVA, em virtude do artigo 5º, inciso XXXVI, da Constituição Federal, não tendo incidência em relação à eficácia da coisa julgada; nem tampouco durante o processo de execução das penas e seus incidentes; 3. A nova Lei 14.230/2021 aplica-se aos atos de improbidade administrativa culposos praticados na vigência do texto anterior da lei, porém sem condenação transitada em julgado, em virtude de sua revogação expressa do texto anterior; devendo o juízo competente analisar eventual dolo por parte do agente; 4. O novo regime prescricional previsto na Lei 14.230/2021 é IRRETROATIVO aplicando-se os novos marcos temporais a partir da publicação da lei. #74 – Dos atos de improbidade administrativa que atentam contra os princípios da administração pública Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública a ação ou omissão dolosa que viole os deveres de honestidade, de imparcialidade e de legalidade, caracterizada por uma das seguintes condutas [rol taxativo]: III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão das atribuições e que deva permanecer em segredo, propiciando beneficiamento por informação privilegiada ou colocando em risco a segurança da sociedade e do Estado; IV - negar publicidade aos atos oficiais, exceto em razão de sua imprescindibilidade para a segurança da sociedade e do Estado ou de outras hipóteses instituídas em lei; V - frustrar, em ofensa à imparcialidade, o caráter concorrencial de concurso público, de chamamento ou de procedimento licitatório, com vistas à obtenção de benefício próprio, direto ou indireto, ou de terceiros; VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo, desde que disponha das condições para isso, com vistas a ocultar irregularidades; VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de terceiro, antes da respectiva divulgação oficial, teor 54 de medida política ou econômica capaz de afetar o preço de mercadoria, bem ou serviço; VIII - descumprir as normas relativas à celebração, fiscalização e aprovação de contas de parcerias firmadas pela administração pública com entidades privadas; XI - nomear cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas; XII - praticar, no âmbito da administração pública e com recursos do erário, ato de publicidade que contrarie o disposto no § 1º do art. 37 da Constituição Federal, de forma a promover inequívoco enaltecimento do agente público e personalização de atos, de programas, de obras, de serviços ou de campanhas dos órgãos públicos. § 1º Nos termos da Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção, promulgada pelo Decreto nº 5.687, de 31 de janeiro de 2006, somente haverá improbidade administrativa, na aplicação deste artigo, quando for comprovado na conduta funcional do agente público o fim de obter proveito ou benefício indevido para si ou para outra pessoa ou entidade. § 2º Aplica-se o disposto no § 1º deste artigo a quaisquer atos de improbidade administrativa tipificados nesta Lei e em leis especiais e a quaisquer outros tipos especiais de improbidade administrativa instituídos por lei. § 3º O enquadramento de conduta funcional na categoria de que trata este artigo pressupõe a demonstração objetiva da prática de ilegalidade no exercício da função pública, com a indicação das normas constitucionais, legais ou infralegais violadas. § 4º Os atos de improbidade de que trata este artigo exigem lesividade relevante ao bem jurídico tutelado para serem passíveis de sancionamento e independem do reconhecimento da produção de danos ao erário e de enriquecimento ilícito dos agentes públicos. § 5º Não se configurará improbidade a mera nomeação ou indicação política por parte dos detentores de mandatos eletivos, sendo necessária a aferição de dolo com finalidade ilícita por parte do agente. #75 – Penalidades Enriquecimento ilícito Dano ao erário Contra os princípios Perda de bens ou valores acrescidos Sim Sim Não Perda da função pública Sim Sim Não Suspensão dos direitos políticos Até 14 anos Até 12 anos Não aplica Multa civil Valor do acréscimo Valor do dano Até 24 vezes o valor da remuneração Proibição de contratar ou receber benefícios Até 14 anos Até 12 anos Até 4 anos #76 – Não se aplicam na ação de improbidade administrativa I - a presunção de veracidade dos fatos alegados pelo autor em caso de revelia; II - a imposição de ônus da prova ao réu, na forma dos §§ 1º e 2º do art. 373 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil); III - o ajuizamento de mais de uma ação de improbidade administrativa pelo mesmo fato, competindo ao Conselho Nacional do Ministério Público dirimir conflitos de atribuições entre membros de Ministérios Públicos distintos;IV - o reexame obrigatório da sentença de improcedência ou de extinção sem resolução de mérito #77 – Declaração de bens Lei 8.429/92, Art. 13. A posse e o exercício de agente público ficam condicionados à apresentação de declaração de imposto de renda e proventos de qualquer natureza, que tenha sido apresentada à Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil, a fim de ser arquivada no serviço de pessoal competente. § 2º A declaração de bens a que se refere o caput deste artigo será atualizada anualmente e na data em que o agente público deixar o exercício do mandato, do cargo, do emprego ou da função. § 3º Será apenado com a pena de demissão, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, o agente público que se recusar a prestar a declaração dos bens a que se refere o caput deste artigo dentro do prazo determinado ou que prestar declaração falsa. 55 12. Serviço público: conceito, princípios, características, classificação e garantias. Prestação direta e indireta de serviços públicos. #78 - Conceito Serviço público é a atividade prestada pelo Estado ou por seus delegados, essencialmente sob regime jurídico de direito público, voltada para o atendimento de necessidades essenciais e/ou secundárias da coletividade. #79 – Princípios Princípio da continuidade: a atividade administrativa deve ser prestada de forma ininterrupta, sem paralisações, especialmente no que concerne ao serviço público. Princípio da igualdade: a Administração Pública e seus delegatários devem prestar os serviços públicos, de forma igualitária, a todos os usuários, desde que estes tenham preenchido as condições técnicas e jurídicas. Princípio da mutabilidade ou atualidade: os serviços públicos devem se adaptar à evolução social e tecnológica, aprimorando-se para atender as necessidades atuais da coletividade e evitando a sua deterioração com o passar do tempo. Em virtude da mutabilidade, é possível a alteração unilateral dos contratos de concessão e permissão de serviços públicos por iniciativa da Administração. Princípio da generalidade ou universalidade: o serviço público deve ser prestado ao maior número possível de pessoas, devendo o poder público empreender esforços para que o serviço público alcance as pessoas que ainda não o recebem. Princípio da modicidade: no caso de cobrança de taxas ou tarifas, o valor a ser cobrado do usuário deve ser módico e proporcional ao custo do serviço, de forma a garantir a universalização de sua prestação. #80 – Concessão de serviço público A delegação de sua prestação, feita pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência ou diálogo competitivo, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado. #81 – Permissão de serviço público A delegação, a título precário, mediante licitação, da prestação de serviços públicos, feita pelo poder concedente à pessoa física ou jurídica que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco. #82 – Extinção da concessão e da permissão Advento do termo contratual. Encampação: A encampação é a extinção unilateral da concessão, por iniciativa do poder concedente, por motivo de interesse público. Deve obedecer aos seguintes requisitos: i) Interesse público; ii) Lei autorizativa específica; iii) Pagamento prévio da indenização. Caducidade: A caducidade é a forma de extinção da concessão por inexecução total ou parcial do contrato. Existem duas hipóteses para a extinção do processo por caducidade: i) Inexecução parcial ou total do contrato em geral; ii) Transferência de concessão ou do controle societário da concessionária sem prévia anuência do poder concedente. Rescisão: É a hipótese de extinção do contrato por iniciativa da concessionária ou permissionária. Ocorre por descumprimento das normas contratuais pelo poder concedente e somente por ação judicial intentada pelo contratado. Anulação. Falência ou extinção da pessoa jurídica. #83 – Modalidades de Parcecia Público-Privadas Concessão patrocinada: é a concessão de serviços públicos ou de obras públicas de que trata a Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, quando envolver, adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários, contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado (art. 2º, §1º); Concessão administrativa: é o contrato de prestação de serviços de que a Administração Pública seja a usuária direta ou indireta, ainda que envolva execução de obra ou fornecimento e instalação de bens (art. 2º, §2º). 13. Jurisprudência aplicável dos Tribunais Superiores #84 – Principais Súmulas dos Tribunais Superiores Princípios administrativos Súmula 633-STJ: A Lei nº 9.784/99, especialmente no que diz respeito ao prazo decadencial para a revisão de atos administrativos no âmbito da Administração Pública federal, pode ser aplicada, de forma subsidiária, aos estados e municípios, se inexistente norma local e específica que regule a matéria. Súmula vinculante 13-STF: A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na Administração Pública direta e indireta 56 em qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal. Súmula 473-STF: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial. Súmula 346-STF: A administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos. Súmula 6-STF: A revogação ou anulação, pelo Poder Executivo, de aposentadoria, ou qualquer outro ato aprovado pelo Tribunal de Contas, não produz efeitos antes de aprovada por aquele tribunal, ressalvada a competência revisora do judiciário. Organização administrativa Súmula 525-STJ: A Câmara de vereadores não possui personalidade jurídica, apenas personalidade judiciária, somente podendo demandar em juízo para defender os seus direitos institucionais. Súmula 8-STF: Diretor de sociedade de economia mista pode ser destituído no curso do mandato. Concurso público Súmula 552-STJ: O portador de surdez unilateral não se qualifica como pessoa com deficiência para o fim de disputar as vagas reservadas em concursos públicos. Súmula 266-STJ: O diploma ou habilitação legal para o exercício do cargo deve ser exigido na posse e não na inscrição para o concurso público. Súmula 377-STJ: O portador de visão monocular tem direito de concorrer, em concurso público, às vagas reservadas aos deficientes. Súmula 45-AGU: Os benefícios inerentes à Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência devem ser estendidos ao portador de visão monocular, que possui direito de concorrer, em concurso público, à vaga reservada aos deficientes. Súmula vinculante 44-STF: Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a cargo público Súmula 683-STF: O limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima em face do art. 7º, XXX, da Constituição, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido. Súmula 684-STF: É inconstitucional o veto não motivado à participação de candidato a concurso público. Súmula vinculante 43-STF: É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-se, sem prévia aprovação em concurso públicodestinado ao seu provimento, em cargo que não integra a carreira na qual anteriormente investido. Súmula 15-STF: Dentro do prazo de validade do concurso, o candidato aprovado tem o direito à nomeação, quando o cargo for preenchido sem observância da classificação.10 Súmula 466-STJ: O titular da conta vinculada ao FGTS tem o direito de sacar o saldo respectivo quando declarado nulo seu contrato de trabalho por ausência de prévia aprovação em concurso público. Prescrição Súmula 634-STJ: Ao particular aplica-se o mesmo prazo prescricional previsto na Lei de Improbidade Administrativa para o agente público. Súmula 443-STF: A prescrição das prestações anteriores ao período previsto em lei não ocorre, quando não tiver sido negado, antes daquele prazo, o próprio direito reclamado, ou a situação jurídica de que ele resulta. Súmula 85-STJ: Nas relações jurídicas de trato sucessivo em que a Fazenda Pública figure como devedora, quando não tiver sido negado o próprio direito reclamado, a prescrição atinge apenas as prestações vencidas antes do quinquênio anterior à propositura da ação. Súmula 383-STF: A prescrição em favor da Fazenda Pública recomeça a correr, por dois anos e meio, a partir do ato interruptivo, mas não fica reduzida aquém de cinco anos, embora o titular do direito a interrompa durante a primeira metade do prazo. 57 DIREITO PENAL 1. Introdução ao Direito Penal: conceito, características, funções e princípios básicos. Noções básicas de criminologia e política criminal #01 – Objeto Direito Penal tem por objeto o estudo das infrações penais e das suas sanções (penas e medidas de segurança). #02 – Elementos caracterizadores da disciplina Ramo do Direito Público; Possui institutos e normatividade próprios; Disciplina os crimes e contravenções penais; Regulamenta as penas e as medidas de segurança. #03 – Criminologia É a ciência empírica (baseada na observação e na experimentação) que busca analisar o crime, o criminoso, a vítima e os meios de controle social. Estuda o “ser”, os fatos #04 – Política criminal É a ciência que busca a aplicação prática dos estudos da criminologia, valorando-os, para a criação e reelaboração de estratégias de intervenção estatal na atividade da repressão dos delitos. Busca ser um instrumento para o Estado se utilizar dos estudos criminais para orientação da sua atuação, com elaboração das políticas públicas na área de segurança pública e no trato da população carcerária. #05 – Princípios penais Princípio do devido processo legal: reza ser necessário que se respeite todo o procedimento previsto nas leis para que, ao final de um processo condenatório, possa haver a justa punição do acusado. Princípio da dignidade da pessoa humana: preconiza que haja um tratamento à pessoa que não lhe prive do mínimo necessário para quer possa exercer sua capacidade de autodeterminação. Trata- se um princípio fundamental da República Federativa do Brasil. Princípio da intervenção mínima (ultima ratio): preconiza que o Direito Penal deve intervir minimamente na liberdade dos cidadãos. Princípio da culpabilidade: preconiza não haver responsabilidade penal objetiva, isto é, não haver responsabilidade penal sem dolo ou culpa. Também é denominado princípio da responsabilidade subjetiva. Princípio da individualização da pena: consiste na exigência de se respeitar a proporção entre a conduta praticada e a pessoa do autor. Veda-se, assim, a padronização de punições. Princípio da proporcionalidade: consiste na limitação da ação estatal, com base nos critérios da necessidade e da adequação, ponderando-se os meios utilizados e os fins pretendidos. O princípio pode se desdobrar em cinco elementos: necessidade, adequação, legitimidade do meio, legitimidade do fim (objetivo) e proporcionalidade em sentido estrito/ponderação. Princípio da presunção de inocência (ou da não culpa): orienta que nenhuma pessoa deve ser considerada culpada, senão após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória. 2. Categorias do Direito Penal aplicáveis ao Direito do Trabalho. Conceito de crime. Tipo e tipicidade. Dolo e culpa. Crime consumado e tentativa. Desistência voluntária e arrependimento eficaz. Excludentes de antijuridicidade: legítima defesa, estado de necessidade e exercício regular de direito. Culpabilidade. Autoria, coautoria e participação. Circunstâncias agravantes e atenuantes. Reincidência. Majorantes e minorantes. #06 – Conceito de crime Podemos extrair o conceito de crime do artigo 1º do Decreto-Lei 3.914/41, denominado de “Lei de Introdução do Código Penal e da Lei das Contravenções Penais”: Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente. #07 – Conceito analítico de crime Fato Típico: é a ação, ou conduta, que se amolda àquilo que a hipótese de incidência prevê. Isto é, é a ação ou omissão do agente que se encaixa naquilo que dispõe a norma penal, aquela que estipula o que é o tipo penal. Ademais, caso haja resultado naturalístico (modificação no mundo real), é necessário, além da sua ocorrência, que se constate um nexo ou um vínculo causal entre ele e a conduta praticada. Elementos do Fato Típico Conduta - dolo ou culpa 58 Resultado - natural ou normativo Nexo causal Tipicidade - formal e material Ilicitude ou antijuridicidade: é a contrariedade da conduta em relação ao ordenamento jurídico. Cuida-se da ilegalidade do ato. Não basta que o agente tenha praticado a conduta que se amolda ao tipo penal. Para haver crime, é imprescindível que tal conduta contrarie o que o Direito dispõe. Como exemplo, não há ilicitude se o indivíduo assim agiu em legítima defesa. Excludentes de ilicitude Estado de necessidade Legítima defesa Exercício regular de direito Estrito cumprimento de dever legal Culpabilidade: é a possibilidade de se atribuir a conduta praticada, bem como seu resultado, ao seu autor, com um juízo de censura. Cuida-se da análise da conduta realizada sob o ponto de vista da reprovação. Não é censurável, por exemplo, a conduta de quem age por estar embriagado, embriaguez que seja completa e decorrente de caso fortuito ou força maior. Ainda que a conduta seja típica e ilícita, a situação de embriaguez completa involuntária afasta a censurabilidade da ação humana. No caso de haver fato típico e ilícito, há uma conduta contrária ao ordenamento jurídico, sendo que a ausência de culpabilidade apenas faz com que o autor não seja punível por ausência de reprovabilidade. No entanto, uma atuação típica e ilícita pode ensejar, por exemplo, a legítima defesa de um terceiro, já que, mesmo que não seja reprovável (ausência de culpabilidade), o fato típico e ilícito demonstra que o agente atua de forma oposta às normas de conduta previstas pelo Estado. #08 – Desistência voluntária e arrependimento eficaz CP. Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados. Desistência Voluntária Previsão Legal Art. 15, primeira parte, do Código Penal. Conceito O agente, por vontade própria, deixa de prosseguir nos atos executórios. Momento Após o início dos atos executórios e antes de concluí-los. Requisitos Interrupção dos atos executórios + voluntariedade. Arrependimento eficaz Previsão Legal Art. 15, segunda parte, do Código Penal. Conceito O agente, tendo esgotado os atos executórios, voluntariamente impede a consumação. Momento Depois de concluídos os atos executórios e antes da consumação. Requisitos Impedimentoeficaz do resultado + voluntariedade. 3. Crimes contra a liberdade pessoal. #09 – Constrangimento ilegal Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. Aumento de pena § 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, quando, para a execução do crime, se reúnem mais de três pessoas, ou há emprego de armas. § 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as correspondentes à violência. § 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo: 59 I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de seu representante legal, se justificada por iminente perigo de vida; II - a coação exercida para impedir suicídio. #10 – Redução a condição análoga à de escravo Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto: Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena correspondente à violência. § 1o Nas mesmas penas incorre quem: I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho; II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apodera de documentos ou objetos pessoais do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho. § 2o A pena é aumentada de metade, se o crime é cometido: I – contra criança ou adolescente; II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem. #11 – Tráfico de pessoas Art. 149-A. Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir, comprar, alojar ou acolher pessoa, mediante grave ameaça, violência, coação, fraude ou abuso, com a finalidade de: I - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo; II - submetê-la a trabalho em condições análogas à de escravo; III - submetê-la a qualquer tipo de servidão; IV - adoção ilegal; ou V - exploração sexual. Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. § 1o A pena é aumentada de um terço até a metade se: I - o crime for cometido por funcionário público no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las; II - o crime for cometido contra criança, adolescente ou pessoa idosa ou com deficiência; III - o agente se prevalecer de relações de parentesco, domésticas, de coabitação, de hospitalidade, de dependência econômica, de autoridade ou de superioridade hierárquica inerente ao exercício de emprego, cargo ou função; ou IV - a vítima do tráfico de pessoas for retirada do território nacional. § 2o A pena é reduzida de um a dois terços se o agente for primário e não integrar organização criminosa. 4. Crimes contra o patrimônio: furto, roubo, extorsão, dano, apropriação indébita, estelionato e receptação #12 – Causas que qualificam o crime de furto com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa; com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza; com emprego de chave falsa; mediante concurso de duas ou mais pessoas; com emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum; mediante fraude e cometido por meio de dispositivo eletrônico ou informático, conectado ou não à rede de computadores, com ou sem a violação de mecanismo de segurança ou a utilização de programa malicioso, ou por qualquer outro meio fraudulento análogo; subtração de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior; subtração de semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração. subtração de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. #13 – Causas que majoram o roubo se há o concurso de duas ou mais pessoas; se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância; se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior; se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade; se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego; se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma branca; se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo; se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido; se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. #14 – Apripriação indébita previdenciária 60 Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional: § 1o Nas mesmas penas incorre quem deixar de: I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à previdência social que tenha sido descontada de pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do público; II – recolher contribuições devidas à previdência social que tenham integrado despesas contábeis ou custos relativos à venda de produtos ou à prestação de serviços; III - pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à empresa pela previdência social. § 2º É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara, confessa e efetua o pagamento das contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal. § 3o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que: I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição social previdenciária, inclusive acessórios; ou II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. § 4o A faculdade prevista no § 3o deste artigo não se aplica aos casos de parcelamento de contribuições cujo valor, inclusive dos acessórios, seja superior àquele estabelecido, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. #15 – Ação Penal para o crime de Estelionato A Lei 13.964, de 24 de dezembro de 2019, introduziu o parágrafo quinto ao artigo 171 do Código Penal. O dispositivo traz hipóteses em que a ação penal passa a ser pública incondicionada. Portanto, a regra é a ação penal pública condicionada à representação. A ação penal passa a ser incondicionada se o delito for praticado contra a Administração Pública, direta ou indireta; contra criança ou adolescente; contra pessoa com deficiência mental; contra maior de 70 (setenta) anos de idade ou contra incapaz. O estelionato contra incapaz é possível, por exemplo, se entendermos, como Cezar Bitencourt, que o crime pode ter dois sujeitos passivos: o que leva o prejuízo e o que é enganado. #16 – Fraude no comércio O núcleo do tipo é “enganar” (induzir em erro, mentir, iludir) o adquirente ou consumidor, no exercício de atividade comercial. O engano pode ocorrer de dois modos, sendo, portanto, crime de forma vinculada: Vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria que seja falsificada ou que esteja deteriorada; Entregando uma mercadoria por outra. Alguns doutrinadores entendem que houve revogação em razão do artigo7º, IV, da Lei 8.137/90, complementado pelo artigo 18, § 6º, do Código de Defesa do Consumidor. Entretanto, entende-se que não houve a regulamentação total da matéria, sendo que o conflito aparente de normas deve ser analisado caso a caso. 5. Crimes contra a honra. #17 – Calúnia A calúnia consiste na imputação falsa, ou na propalação ou divulgação de tal imputação, a respeito da prática de crime pela vítima. É importante observar que o tipo penal não abrange a falsa acusação de contravenção penal, mas apenas a de crime. Exceção da verdade: admite-se a prova da verdade, salvo: I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível; II - se o fato é imputado a Presidente da República ou contra chefe de governo estrangeiro; III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível. #18 – Difamação A conduta típica é a imputação de fato determinado que, não constituindo crime, é ofensivo para a vítima. A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções. #19 – Injúria 61 A conduta típica é ofender a dignidade ou o decoro de alguém, emitindo-se conceito negativo sobre o ofendido. A exceção da verdade não é admitida na injúria. 6. Crime de abuso de autoridade #20 – Dos sujeitos do crime Lei 13.869/19. Art. 2º É sujeito ativo do crime de abuso de autoridade qualquer agente público, servidor ou não, da administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de Território, compreendendo, mas não se limitando a: I - servidores públicos e militares ou pessoas a eles equiparadas; II - membros do Poder Legislativo; III - membros do Poder Executivo; IV - membros do Poder Judiciário; V - membros do Ministério Público; VI - membros dos tribunais ou conselhos de contas. Parágrafo único. Reputa-se agente público, para os efeitos desta Lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função em órgão ou entidade abrangidos pelo caput deste artigo. #21 – Efeitos da concenação por crime de abuso de autoridade tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime, devendo o juiz, a requerimento do ofendido, fixar na sentença o valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos por ele sofridos; a inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou função pública, pelo período de 1 (um) a 5 (cinco) anos; a perda do cargo, do mandato ou da função pública. Os efeitos previstos nos itens II e III são condicionados à ocorrência de reincidência em crime de abuso de autoridade e não são automáticos, devendo ser declarados motivadamente na sentença. 7. Crimes contra a Administração da Justiça. #22 – Denunciação caluniosa Com a superveniência da Lei 14.110, de 18 de dezembro de 2020, apenas o caput do artigo 339 do Código Penal teve sua redação alterada, com ampliação do seu âmbito de incriminação. Antes Agora Dar causa a instauração de Investigação policial Inquérito policial, procedimento investigatório criminal Processo judicial, de processo administrativo disciplinar, de inquérito civil ou de ação de improbidade administrativa Permaneceu igual Imputando- lhe Crime de que o sabe inocente Crime, infração ético- disciplinar ou ato ímprobo de que o sabe inocente Súmula 165 do STJ: Compete à Justiça Federal processar e julgar crime de falso testemunho cometido no processo trabalhista. 8. Direito Penal do Trabalho. #23 – Atentado contra a liberdade do trabalho Constrangimento voltado a compelir o sujeito passivo a: Exercer ou não exercer arte, ofício, profissão ou indústria, ou a trabalhar ou não trabalhardurante certo período ou em determinados dias. Neste caso, a pena será detenção, de um mês a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência. Ou seja, havendo violência, deve-se aplicar a regra do cúmulo material das penas. Abrir ou fechar o seu estabelecimento de trabalho, ou a participar de parede ou paralisação de atividade econômica. Neste caso, a pena é de detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência. A lei também determina o uso do cúmulo material de penas se houver violência. 62 Jurisprudência importante! Superior Tribunal de Justiça já decidiu que não há a atração, por si só, da competência da Justiça Federal: “(...) ATENTADO CONTRA A LIBERDADE DO TRABALHO. (...) No caso dos autos, o movimento grevista instaurado por servidores municipais, promovendo desordem, e impedindo, mediante ameaças e utilização de força física, o ingresso de servidores no local de trabalho, bem como a retenção de equipamentos necessários à execução dos serviços, sobretudo os essenciais, não configura crime contra a organização do trabalho. 2. Para a caracterização do crime contra a organização do trabalho, o delito deve atingir a liberdade individual dos trabalhadores, como também a Organização do Trabalho e a Previdência, a ferir a própria dignidade da pessoa humana e colocar em risco a manutenção da Previdência Social e as Instituições Trabalhistas, evidenciando a ocorrência de prejuízo a bens, serviços ou interesses da União, conforme as hipóteses previstas no art. 109 da CF, o que não se verifica no caso vertente. 3. Agravo regimental a que se nega provimento.” (STJ, AgRg no CC 62875/SP, Rel. Min. Og Fernandes, Terceira Seção, DJe 13/05/2009). #24 – Atentado contra a liberdade de contrato de trabalho O constrangimento, efetuado mediante violência ou grave ameaça, tem por fim levar a vítima – pessoa física – a celebrar contrato de trabalho. Cuida-se de delito cometido contra a liberdade de trabalho. Sujeito passivo é aquele que sofre a coação, mediante violência ou grave ameaça. Há lacuna legislativa quanto ao constrangimento efetuado para que não se celebre contrato de trabalho, o que não pode ser abrangido no tipo penal, sob pena de se admitir a analogia in malam partem. Resta, então, o crime subsidiário de constrangimento ilegal. No mesmo sentido de não se configurar o delito do artigo 198 do CP no caso de constrangimento para não celebrar contrato de trabalho, há a posição de Nelson Hungria, para quem se trataria de extensão da norma incriminadora por analogia. #25 – Boicotagem violenta O constrangimento, por meio de violência ou grave ameaça, tem por finalidade fazer com que o sujeito passivo não forneça a outrem ou a não adquira matéria-prima ou produto industrial ou agrícola. O bem jurídico tutelado é a normalidade das relações de trabalho. O sujeito passivo é quem sofre a coação e de quem sofre a boicotagem. #26 – Frustração de deireito assegurado por lei trabalhista Art. 203 - Frustrar, mediante fraude ou violência, direito assegurado pela legislação do trabalho: Pena - detenção de um ano a dois anos, e multa, além da pena correspondente à violência. § 1º Na mesma pena incorre quem: I - obriga ou coage alguém a usar mercadorias de determinado estabelecimento, para impossibilitar o desligamento do serviço em virtude de dívida; II - impede alguém de se desligar de serviços de qualquer natureza, mediante coação ou por meio da retenção de seus documentos pessoais ou contratuais. § 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço se a vítima é menor de dezoito anos, idosa, gestante, indígena ou portadora de deficiência física ou mental. 9. Crimes de falsidade documental: falsificação de documento público, falsificação de documento particular, falsidade ideológica, falsidade de atestado médico, uso de documentofalso e supressão de documento. #27 – Crime de omissão de anotação de vínculo empregatício na CTPS - Art. 297, § 4º, do Código Penal Segundo a doutrina, trata-se de uma hipótese de falsidade ideológica, equivocadamente inserida no art. 297, e não no art. 299 do Código Penal. Cuida-se de crime omissivo próprio, punindo quem deixe de inserir, nos documentos referidos no § 3º, qualquer das informações indicadas (nome do segurado e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do contrato de trabalho ou de prestação de serviços). Consuma-se com a omissão de alguma das informações relevantes descritas no tipo penal, sendo inadmissível a tentativa. Segundo o STJ, o sujeito passivo primário desse crime omissivo é o Estado, e, eventualmente, de forma secundária, o particular, terceiro prejudicado, com a omissão das informações, referentes ao vínculo empregatício e a seus consectários da CTPS. Cuida- se, portanto, de delito que ofende de forma direta os interesses da União, atraindo a competência da Justiça Federal, nos termos do art. 109, IV, da CF/88. Entretanto, vale destacar que a 1ª Turma do STF já decidiu que quando se trata de investigar a prática desse crime, a atribuição, para qualquer ação, é do Ministério Público estadual, e não do Federal, pois inexiste lesão a bem ou interesse da União bastante a potencializar a atração da competência da Justiça Federal, o que direciona à competência da Justiça Comum estadual para processar e julgar eventual ação penal, consoante, inclusive, enuncia o Verbete nº 107 da Súmula do Superior Tribunal de Justiça. 63 Ademais, seria possível a aplicação do princípio da insignificância, uma vez que o STJ já absolveu um réu com base neste princípio em situação na qual a falta de registro na CTPS referia-se a um prazo de apenas 2 (dois) meses de vínculo. Por fim, também segundo o STJ, a simples omissão de anotação na CTPS não configura, por si só, o crime de falsificação de documento público. Isso porque é imprescindível que a conduta do agente preencha não apenas a tipicidade formal, mas antes e principalmente a tipicidade material, ou seja, deve ser demonstrado o dolo de falso e a efetiva possibilidade de vulneração da fé pública. 10. Crimes contra a Administração Pública. #28 – Tipos de peculato Apropriação: Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo. Desvio: desviar, em proveito próprio ou alheio, dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que o funcionário público tenha a posse em razão do cargo. Culposo: Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem. Mediante erro de outrem: Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem. Concussão Excesso de exação Corrupção passiva Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida Funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem #29 – Definição de funcionário público para fins penais Quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. Equiparando-se quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública. #30 – Resistência Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio: Pena - detenção, de dois meses a dois anos. § 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa: Pena - reclusão, de um a três anos. § 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à violência. #31 – Desobediência Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público: Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa. #32 - Desacato Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. 11. Crimes contra a propriedade intelectual. #33 – Da violação contra os direitos autorais Tutela-se a propriedade intelectual. O direito do autor ou direito autoral se refere ao conjunto de direitos atribuídos ao responsável pela criação de uma determinada obra. Abrange direitos materiais e morais. Os direitos conexos são aqueles referentes à execução, transmissão e reprodução da obra, incluído o direito de arena. Este último consiste na prerrogativa exclusiva de negociar, autorizar ou proibir a captação, a fixação, a emissão, a transmissão, a retransmissão ou a reprodução de imagens, por qualquer meio ou processo, de espetáculo desportivo de que o indivíduo participe, conforme conceituação da Lei 9.615/98 (Lei Pelé). Jurisprudência importante! “TESE: É suficiente, para a comprovação da materialidade do delito previsto no art. 184, § 2º, do Código Penal, a perícia realizada, por amostragem, sobre os aspectos externos do material apreendido, sendo desnecessária a identificação dos titulares dos direitos autorais violados ou de quem os represente. (...)” (STJ, REsp 1485832/MG, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, Terceira Seção, DJe 21/08/2015). 64 12. Crimes de perigo comum. #34 - Incêndio Art. 250 - Causar incêndio, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem: Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa. Aumento de pena § 1º - As penas aumentam-se de um terço: I - se o crime é cometido com intuito de obter vantagem pecuniária em proveito próprio ou alheio; II - se o incêndio é: a) em casa habitada ou destinada a habitação; b) em edifício público ou destinado a uso público ou a obra de assistência social ou de cultura; c) em embarcação, aeronave, comboio ou veículo de transporte coletivo; d) em estação ferroviária ou aeródromo; e) em estaleiro, fábrica ou oficina; f) em depósito de explosivo, combustível ou inflamável; g) em poço petrolífico ou galeria de mineração; h) em lavoura, pastagem, mata ou floresta. Incêndio culposo § 2º - Se culposo o incêndio, é pena de detenção, de seis meses a dois anos. #35 - Formas "qualificadas" de crime de perigo comum - artigo 258 do cp Se do crime doloso de perigo comum resulta lesão corporal de natureza grave, a pena privativa de liberdade é aumentada de metade; se resulta morte, é aplicada em dobro. No caso de culpa, se do fato resulta lesão corporal, a pena aumenta-se de metade; se resulta morte, aplica- se a pena cominada ao homicídio culposo, aumentada de um terço. 13. Crimes contra a saúde pública. #36 - Exercício ilegal da medicina, arte dentária ou farmacêutica O artigo 282 do Código Penal pune a conduta de exercer (praticar, desempenhar) a profissão de médico, dentista ou farmacêutico sem autorização legal ou excedendo-lhe os limites. O crime se configura ainda que o exercício se dê a título gratuito. São duas as figuras típicas, portanto: Exercer a profissão de médico, dentista ou farmacêutico sem autorização legal. O sujeito ativo não tem a formação necessária ou não possui inscrição no conselho profissional. Exercer os limites da profissão de médico, dentista ou farmacêutico. Nesta modalidade, o agente possui a formação e a inscrição regular, mas se excede. Os limites de cada profissão estão previstos na legislação que regulamente seu exercício. Portanto,cuida-se de norma penal em branco. #37 - Curandeirismo O artigo 282 do Código Penal pune a conduta de exercer (praticar, desempenhar) o curandeirismo (que seria o exercício da arte de curar por métodos não científicos, grosseiros, sem a devida autorização legal). O crime, de forma vinculada, pode ser praticado de um dos seguintes modos: Prescrevendo (receitando), ministrando (dando, fornecendo) ou aplicando (injetando, utilizando, empregado), habitualmente, qualquer substância. O agente pode se utilizar de qualquer substância, seja ela farmacêutica, produto medicinal não autorizado ou mesmo produto sem finalidade farmacêutica, como sangue de animais; Usando (utilizando, fazendo uso de) gestos, palavras ou qualquer outro meio. Crimina-se, inclusive, o sujeito que diz curar por massagens, toque das mãos ou rituais de gesticulação. Aqui se torna mais nítida a questão da fé, que não deve ser incluída no âmbito de abrangência de norma penal incriminadora, salvo se exceder os limites religiosos para a promessa de cura milagrosa, como anúncio de método de cura que busca substituir a medicina e trazer risco à saúde pública. Claro que os limites são tênues e complicados. O juiz deve analisar na prática. Fazendo diagnósticos (realizando a constatação de doenças e enfermidades, é a atividade de identificação de problemas de saúde). 14. Crimes sexuais contra vulneráveis. Lenocínio. #38 - Mediação para servir à lascívia de outrem A ação nuclear típica é de induzir, ou seja, inspirar, provocar, incitar ou encorajar. A conduta recai sobre qualquer pessoa, não havendo limitação a determinadas vítimas. O induzimento se volta a que alguma pessoa satisfaça a lascívia de outra pessoa. A doutrina denomina a figura de lenocínio ou de lenocínio principal, por consistir em tipo penal de mediação para que se satisfaça a luxúria ou o desejo sexual de outra pessoa. Há, portanto, três figuras: o agente, que induz; a vítima, que é induzida; e o destinatário ou consumidor, cuja lascívia o agente quer ver satisfeita. 65 Formas qualificadas: o crime será qualificado se o agente for seu ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância. 15. Crimes contra a liberdade sexual. Assédio sexual. #39 - Assédio sexual De acordo com o MPT e a OIT, Assédio Sexual "é a conduta de natureza sexual, manifestada fisicamente, por palavras, gestos ou outros meios, propostas ou impostas a pessoas contra a sua vontade, causando- lhe constrangimento e violando a sua liberdade sexual. O assédio sexual viola a dignidade da pessoa humana e os direitos fundamentais da vítima, tais como a liberdade, a intimidade, a vida privada, a honra, a igualdade de tratamento, o valor social do trabalho e direito ao meio ambiente de trabalho sadio e seguro". Sob uma perspectiva SOCIOLÓGICA, não é exigido que o assédio sexual parta de um superior hierárquico para restar configurado. Entretanto, para fins PENAIS, exige-se a situação de superioridade hierárquica ou ascendência inerentes ao emprego, cargo ou função, nos termos do art. 216-A do Código Penal. Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função. Causa de aumento de pena: a pena é aumentada até 1/3 se a vítima é menor de 18 anos. Nesse caso, é infração de elevado potencial ofensivo, incompatível com os benefícios da Lei nº 9.099/95. Se a vítima é menor de 14 anos (ou pessoa que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato sexual, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência), o crime passa a ser de estupro de vulnerável (art. 217-A do Código Penal). NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA A) Sociologia do Direito. 1. Introdução à sociologia da administração judiciária. Aspectos gerenciais da atividade judiciária (administração e economia). Gestão. Gestão de Pessoas. 2. Relações sociais e relações jurídicas. Controle social e o Direito. Transformações sociais e Direito. 3. Direito, Comunicação Social e opinião pública. 4. Conflitos sociais e mecanismos de resolução. Sistemas não judiciais de composição de litígios. #01 - Ação comunicativa: Jürgen Habermas - conceitos fundamentais Ação comunicativa: emprego da linguagem (comunicação) com vistas ao entendimento entre os falantes – busca do consenso social. Razão comunicativa: o uso da linguagem como mecanismo de comunicação somente será racional (válido) se atender a alguns requisitos: (a) equidade discursiva, com iguais condições de debate; (b) linguagem inteligível, de modo que os interlocutores se entendam; (c) informação verdadeira, sem distorções. Princípio democrático: enseja ampla e livre participação de todos os membros da sociedade nos processos comunicativos norteadores dos acordos normativos (consensos) nos quais ocorre a formação da vontade popular (equidade argumentativa). Como já ressaltado: é necessário que os cidadãos possam conceber-se a qualquer momento e em qualquer lugar (não só geográfico, como de posição social) como autores do direito ao qual estão submetidos. Princípio do discurso: liga-se ao processo de elaboração das normas –“são válidas as normas racionais às quais todos os possíveis atingidos poderiam dar seu assentimento, na qualidade de participantes de discursos racionais. Racionalidade prática: argumentos racionais que fundamentam uma decisão prudente perante situações concretas, considerando todas as circunstâncias envolvidas (questão formulada por Kant: o que é a coisa certa a fazer?) – busca a resposta mais racional e útil possível. #02 – Principais métodos de resolução de conflitos Autotutela, isto é, a defesa privada, a justiça pelas próprias mãos. É fácil imaginar que este sistema, como mecanismo central, torna-se a mola propulsora de uma guerra sem fim de todos contra todos. Autocomposição, gênero cujas espécies são a renúncia (desistência – “deixa pra lá”), o reconhecimento do direito alheio (“deixa pra ele”) e a 66 transação (concessões mútuas – “abro mão disso e você abre mão daquilo”). Aqui, os litigantes resolvem seus próprios problemas, o que não é algo fácil, considerando estarem enleados pelo conflito: “Se os homens têm de ser juízes em causa própria. É fácil imaginar que quem foi bastante injusto para se tornar capaz de causar dano a um irmão dificilmente será justo o bastante para que condene a si mesmo por isso” (John Locke). Heterocomposição, a intervenção de um terceiro não interessado, objetivando induzir os litigantes à composição. Heterotutela, que é a imposição de uma solução por terceiro não interessado. É nessa senda que advém a jurisdição, o poder-dever de dizer o direito, de ditar o certo e o errado, modernamente colocado, em geral, nas mãos de JUÍZES estatais, que, se necessário, conseguem fazer cumprir suas decisões manejando todo o aparato de força estatal. B) Psicologia Judiciária 1. Psicologia e Comunicação: relacionamento interpessoal, relacionamento do magistrado com a sociedade e a mídia. 2. Problemas atuais da psicologia com reflexos no direito: assédio moral e assédio sexual. 3. Teoria do Conflito e os mecanismos autocompositivos. Técnicas de negociação e mediação. Procedimentos, posturas, condutas e mecanismos aptos a obter a solução conciliada dos conflitos. 4. O processo psicológico e a obtenção da verdade judicial. O comportamento de partes e testemunhas. #03 - Psicologia e Direito A psicologia e o direito parecem dois mundos condenados a se entender (Fernández Sobral), já que suas relações são umaquestão de justiça (Martins da Agra). A psicologia busca auxiliar o direito a ver, por um novo prisma, questões que pareciam dadas, óbvias, resolvidas: a execução de pena que se torna inócua ao psicopata, a relação familiar (divórcio, guarda, alimentos) tumultuada pela síndrome da alienação parental, o testemunho que levou à condenação injusta (falsas memórias, etc. #04 - Comunicação intraprocessual Como responsável pela presidência do processo, deve o juiz dirigir a marcha processual por meio de atos oficiais de comunicação (citação, intimação, notificação) e decisão (despachos, decisões interlocutórias e sentenças). Aqui a linguagem deve ser acessível, mas formal, sóbria, uma vez que quem está falando não é o juiz, mas o Estado (Poder Judiciário). #05 - Comunicação extraprocessual Casos, cada vez mais comuns (não sem alguma crítica) em que o magistrado se manifesta fora dos autos, para o mundo exterior, muitas vezes em razão da função (evento oficial) ou por desfrutar de opinião de autoridade (entrevista para a mídia). Dessa forma, o juiz acaba tendo um contato mais direto com a sociedade. Aqui mora o perigo. (Ano: 2012 Banca: FCC Órgão: TRF - 2ª REGIÃO Prova: FCC - 2012 - TRF - 2ª REGIÃO - Analista Judiciário) A articulação da Psicologia com o Direito teve origem Na a) Psicologia do Desenvolvimento. b) Psicologia Cognitiva. c) Terapia Familiar Sistêmica. d) Psicanálise. e) Psicologia do Testemunho. A Psicologia do Testemunho ajudou a consolidar a Psicologia Jurídica ao contribuir para a aferição da fidedignidade dos testemunhos, principalmente com o surgimento e aplicação dos testes psicológicos, em meados do século XX, bem assim com o desenvolvimento de estudos sobre os funcionamentos dos interrogatórios, falsos testemunhos e das falsas memórias. Logo, a assertiva E está correta. #06 - Assédio sexual em ambiente de trabalho. Jurisprudência importante! O quadro fático delineado é suficiente para denunciar a presença dos elementos essenciais à configuração do assédio sexual no trabalho. Com efeito, a presença da assediada e do assediador é indiscutível; o comportamento incômodo e repelido, bem como a reiteração da prática do assédio, traduzem-se não nas “cantadas”, mas no fato de o gerente ter abordado a reclamante “pelo menos dez vezes [...] algumas vezes pessoalmente e outras através do interfone”; e a relação de ascendência profissional também é inconteste, tendo em vista o cargo de gerente (do Banco do Brasil) ostentado pelo assediador, e a prestação de serviços de vigilância bancária, pela reclamante, por meio de contrato de terceirização. Sem contar a divulgação de suposto relacionamento amoroso entre a demandante e outro funcionário do banco, igualmente cometida pelo mesmo gerente e confirmada via testemunha. Nesse contexto, não há dúvida de que a reclamante se viu invadida na intimidade, na vida privada, na imagem, na honra e, em última análise, na dignidade da sua pessoa como trabalhadora. Contrariamente, portanto, a princípios e direitos fundamentais gravados nos artigos 1º, III e IV, e 5º, X, da Constituição da República. Recurso de revista conhecido e provido, no particular, para restabelecer a sentença de origem que condenara os reclamados, de forma subsidiária, ao pagamento de indenização por danos morais decorrentes da configuração de assédio sexual no trabalho (TST, RR nº 1900-69.2005.5.12.0006). 67 C) Ética e Estatuto Jurídico da Magistratura Nacional 1. Regime jurídico da magistratura nacional: carreiras, ingresso, promoções, remoções. 2. Direitos e deveres funcionais da magistratura. 3. Código de Ética da Magistratura Nacional. 4. Sistemas de controle interno do Poder Judiciário: Corregedorias, Ouvidorias, Conselhos Superiores e Conselho Nacional de Justiça. 5. Responsabilidade administrativa, civil e criminal dos magistrados. 6. Administração judicial. Planejamento estratégico. Modernização da gestão. #07 - Da promoção, da remoção e do acesso LC 35/79. Art. 80 - A lei regulará o processo de promoção, prescrevendo a observância dos critérios ele antigüidade e de merecimento, alternadamente, e o da indicação dos candidatos à promoção por merecimento, em lista tríplice, sempre que possível. § 1º - Na Justiça dos Estados: I - apurar-se-ão na entrância a antigüidade e o merecimento, este em lista tríplice, sendo obrigatória a promoção do Juiz que figurar pela quinta vez consecutiva em lista de merecimento; havendo empate na antigüidade, terá precedência o Juiz mais antigo na carreira; II - para efeito da composição da lista tríplice, o merecimento será apurado na entrância e aferido com prevalência de critérios de ordem objetiva, na forma do Regulamento baixado pelo Tribunal de Justiça, tendo-se em conta a conduta do Juiz, sua operosidade no exercício do cargo, número de vezes que tenha figurado na lista, tanto para entrância a prover, como para as anteriores, bem como o aproveitamento em cursos de aperfeiçoamento; III - no caso de antigüidade, o Tribunal de Justiça, ou seu órgão especial, somente poderá recusar o Juiz mais antigo pelo voto da maioria absoluta do seus membros, repetindo-se a votação até fixar-se a indicação; IV - somente após dois anos de exercício na entrância, poderá o Juiz ser promovido, salvo se não houver, com tal requisito, quem aceite o lugar vago, ou se forem recusados, pela maioria absoluta dos membros do Tribunal de Justiça, ou de seu órgão especial, candidatos que hajam completado o período. § 2º - Aplica-se, no que couber, aos Juízes togados da Justiça do Trabalho, o disposto no parágrafo anterior. Art. 81 - Na Magistratura de carreira dos Estados, ao provimento inicial e à promoção por merecimento precederá a remoção. § 1º - A remoção far-se-á mediante escolha pelo Poder Executivo, sempre que possível, de nome constante de lista tríplice, organizada pelo Tribunal de Justiça e contendo os nomes dos candidatos com mais de dois anos de efetivo exercício na entrância. § 2º - A juízo do Tribunal de Justiça, ou de seu órgão especial, poderá, ainda, ser provida, pelo mesmo critério fixado no parágrafo anterior vaga decorrente de remoção, destinando-se a seguinte, obrigatoriamente, ao provimento por promoção. Art. 82 - Para cada vaga destinada ao preenchimento por promoção ou por remoção, abrir-se-á inscrição distinta, sucessivamente, com a indicação da Comarca ou Vara a ser provida. Parágrafo único - Ultimado o preenchimento das vagas, se mais de uma deva ser provida por merecimento, a lista conterá número de Juízes igual ao das vagas mais dois. Art. 83 - A notícia da ocorrência de vaga a ser preenchida, mediante promoção ou remoção, deve ser imediatamente veiculada pelo órgão oficial próprio, com indicação, no caso de provimento através de promoção, das que devam ser preenchidas segundo o critério de antigüidade ou de merecimento. Art. 84 - O acesso de Juízes Federais ao Tribunal Federal de Recursos far-se-á por escolha do Presidente da República dentre os indicados em lista tríplice, elaborada pelo Tribunal. Art. 85 - O acesso de Juízes Auditores e membros do Ministério Público da Justiça Militar ao Superior Tribunal Militarfar-se-á por livre escolha do Presidente da República. Art. 86 - O acesso dos Juízes do Trabalho Presidentes de Juntas de Conciliação e Julgamento ao Tribunal Regional do Trabalho, e dos Juízes do Trabalho substitutos àqueles cargos, far-se-á, alternadamente, por antigüidade e por merecimento, este através de lista tríplice votada por Juízes vitalícios do Tribunal e encaminhada ao Presidente da República. Art. 87 - Na Justiça dos Estados e do Distrito Federal e dos Territórios, o acesso dos Juízes de Direito aos Tribunais de Justiça far-se-á, alternadamente, por antigüidade e merecimento. § 1º - A lei poderá condicionar o acesso por merecimento aos Tribunais, como a promoção por igual critério, à freqüência,com aprovação, a curso ministrado por escola oficial de aperfeiçoamento de magistrado. § 2º - O disposto no parágrafo anterior aplica-se ao acesso dos Juízes Federais ao Tribunal Federal de Recursos. Art. 88 - Nas promoções ou acessos, havendo mais de uma vaga a ser preenchida por merecimento, a lista conterá, se possível, número de magistrados igual ao das vagas mais dois para cada uma delas. D) Filosofia do Direito 1. O conceito de Justiça. Sentido lato de Justiça, como valor universal. Sentido estrito de Justiça, como valor jurídico-político. Divergências sobre o conteúdo do conceito. 2. O conceito de Direito. Equidade. Direito e Moral. 3. A interpretação do Direito. A superação dos métodos e interpretação mediante puro raciocínio lógico-dedutivo. O método de interpretação pela lógica do razoável. 68 #08 - Equidade “A equidade, no direito atual, aparece com três funções básicas: a) substitutiva; b) integrativa; c) interpretativa. Na sua função substitutiva, atribui excepcionalmente poderes ao juiz para decidir com liberdade, afastando-se das normas legais e declarando a solução justa para o caso. Na sua função integrativa, a equidade constitui um instrumento posto caso a caso pela lei à disposição do juiz para especificação em concreto dos elementos que a norma de direito não pode resolver em abstrato. Finalmente, em sua função interpretativa, busca estabelecer um sentido adequado para regras ou cláusulas contratuais em conformidade com os critérios de igualdade e proporcionalidade". (Paulo de Tarso Vieira Sanseverino) #09 - Da lógica formal à lógica do razoável Ricaséns Siches, pretendendo substituir a lógica formal pela lógica do razoável, ao argumento de que as leis formais do pensamento são inadequadas para resolver problemas humanos práticos, como os políticos e jurídicos. A atividade do intérprete, do juiz, não admite simplismos e automatismos. Considerar “norma, fato e decisão” como elementos condutores da solução de um problema social é tentar transformar um conjunto de fatores extremamente complexos em uma caricatura simplificada. Cabe ao juiz, nessa linha de pensamentos, avaliar com parcimônia múltiplos fatores – desde os fatos, as influências sociais, as circunstâncias de tempo e de espaço, as provas e ainda as normas a serem aplicadas. Não interessa interessar apenas a melhor interpretação genérica da lei; é preciso encontrar a melhor interpretação para o caso concreto. E) Teoria Geral do Direito e da Política 1. Direito objetivo e direito subjetivo. 2. Fontes do Direito objetivo. Princípios gerais de Direito. Jurisprudência. Súmula. Súmula vinculante. 3. Eficácia da lei no tempo. Conflito de normas jurídicas no tempo e o Direito brasileiro: Direito Penal, Direito Civil, Direito Constitucional e Direito do Trabalho. 4. O conceito de Política. Política e Direito. 5. Ideologias. 6. A Declaração Universal dos Direitos do Homem (ONU). 7. Agenda 2030 e os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. #10 - Afinal, o que é o direito? Para Aristóteles, o direito é aquilo que cria e que faz conservar a felicidade na comunidade política. Para São Tomás de Aquino, o direito é o ato de império, a lei, a norma agendi (direito objetivo). Para Kant, o direito é um conjunto de condições sob as quais as liberdades de uns e outros são harmonizadas. Para a dogmática (positivistas), o direito é o conjunto de normas que regula as condutas em sociedade, instituído por um ente soberano e imposto coativamente a todos. Para Robert Alexy, o direito é um sistema de normas que possui a pretensão de justeza e se compõe da totalidade das normas que pertencem a uma constituição socialmente eficaz, em termos gerais, e não são extremamente injustas. #11 - Conceito analógico de Direito Atenção, pois já foi cobrado em prova (TJSP/2014) - diz respeito a possibilidade de ampliação de seu sentido viabilizando a comunicação com outros ramos da ciência. Direito como JUSTO - o justo é o valor fundamental perseguido pelo direito. O objetivo final do direito é a realização do justo no caso concreto, a garantia da justiça nas relações pessoais. Direito como NORMA (norma agendi) - Confunde-se com o direito objetivo, ou seja, com as regras externadas pelas fontes do direito. Direito como FACULDADE (facultas agendi) = é a faculdade de agir, a prerrogativa estabelecida pelo direito objetivo, a possibilidade de efetivo exercício do direito por parte do sujeito. Direito como CIÊNCIA - a ciência jurídica (dimensão dogmática do direito) estuda, em especial, os ordenamentos jurídicos – a estruturação das fontes em um determinado sistema, comparando-as, encontrando os nexos e propondo medidas de coesão para que possa bem funcionar. Direito como FATO SOCIAL - aborda o direito do ponto de vista sociológico, analisando-o como estrutura social aliada a outros fatores (como os econômicos e políticos). #12 - Agenda 2030 e seus 17 objetivos de desenvolvimento sustentável Objetivo 1. Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares Objetivo 2. Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável Objetivo 3. Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades Objetivo 4. Assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos Objetivo 5. Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas Objetivo 6. Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todos 69 Objetivo 7. Assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia para todos Objetivo 8. Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todos Objetivo 9. Construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação Objetivo 10. Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles Objetivo 11. Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis Objetivo 12. Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis Objetivo 13. Tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima e seus impactos Objetivo 14. Conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável Objetivo 15. Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade Objetivo 16. Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis Objetivo 17. Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável F) Direito Digital 1. 4ª Revolução industrial. Transformação Digital no Poder Judiciário. Tecnologia no contexto jurídico. Automação do processo. Inteligência Artificial e Direito. Audiências virtuais. Cortes remotas. Ciência de dados e Jurimetria. Resoluções do CNJ sobre inovações tecnológicas no Judiciário. 2. Persecução Penal e novas tecnologias. Crimes virtuais e cibersegurança. Deepweb e Darkweb. Provas digitais. Criptomoedas e Lavagem de dinheiro. 3. Noções gerais de contratos Inteligentes, Blockchain e Algoritmos. 4. LGPD e proteção de dados pessoais. #13 - Quarta revolução industrial Empreendida no Século XXI, a ideia de uma quarta revolução foi cunhada pelo economista alemão Klaus Schwab, levando-se em conta a velocidade e a profundidade em que as mudanças no modo de viver e produzir estão acontecendo. E o traço marcante dessa novaera é, indiscutivelmente, uma revolução digital, ora caracterizada por uma Internet mais ubíqua e móvel, por sensores menores e mais poderosos que se tornaram mais baratos e pela inteligência artificial e aprendizagem de máquina. Para o autor, há 03 razões primordiais que denotam essa consolidação da revolução digital: 1ª razão: velocidade exponencial com que a tecnologia está evoluindo; 2ª razão: estamos modificando não apenas “o quê” e “como”, mas também “quem somos”; 3ª razão: impacto sistêmico. Transformação de sistemas de forma substancial #14 - O que é um blockchain? Conceito amplo dirá que se trata da tecnologia que permite a criação de blocos em cadeia, os quais dividem informações e se utilizam de criptografia assimétrica para aumentar o nível de confiabilidade. Conceito estrito diz que é possível denominar vários blockchain existentes, além de outros que estão em processo de construção e que brevemente se encontrarão disponíveis. #15 - Smart contracts Apesar de não haver um consenso entre a doutrina do que de fato seria um contrato inteligente, a definição mais aceita, segundo Lucas Uster, é a de que se trata de contratos cujas cláusulas são programadas previamente em um blockchain e que após celebrados se tornam independentes das ações humanas, a fim de que sejam cumpridos. Ou seja, podemos considerar os smart contracts, segundo Michael Solomon, programas que definem regras as quais controlam como os dados serão acrescentados e decifrados em um blockchain, de maneira que produzirão os mesmos resultados em cada instância na rede. Assim, torna-se dispensável a preocupação relacionada à confiança. #16 - Etapas da virada tecnológica no poder judiciário Primeira etapa - digitalização dos procedimentos - é cediço que o sistema jurídico brasileiro já se encontra em patamar avançado, Portanto, o cenário atual aponta para a consolidação natural da primeira etapa a caminho da implementação da chamada Justiça Digital. Segunda etapa da virada – a automação –, Dierle Nunes ressalta que as iniciativas brasileiras também são promissoras, vários tribunais estaduais já iniciaram o desenvolvimento de algorítmicos para a automatização de atos processuais, especialmente os repetitivos. A fim de concretizar essa onda de automatização, uma pesquisa orientada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) apontou que, em 2020, já existiam 72 projetos de IA no Judiciário. 70 A última etapa de implementação de tecnologia para alcance da Justiça Digital, ora denominada de transformação, também já conta com alguns exemplos de sua concretização na adaptação procedimental mediante tecnologia. G) Pragmatismo, Análise Econômica do Direito e Economia Comportamental 1. Função judicial e pragmatismo. Antifundacionalismo. Contextualismo. Consequencialismo. Racionalismo e Empirismo. Dialética. Utilitarismo. 2. Análise econômica do direito. Conceitos fundamentais. Racionalidade econômica. Eficiência processual. Métodos adequados de resolução de conflitos e acesso à Justiça. Demandas frívolas e de valor esperado negativo. Precedentes, estabilidade da jurisprudência e segurança jurídica. Coisa Julgada. 3. Economia comportamental. Heurística e vieses cognitivos. A percepção de Justiça. Processo cognitivo de tomada de decisão. 4. Governança corporativa e Compliance no Brasil. Mecanismos de Combate às organizações criminosas e Lavagem de Dinheiro. Whistleblower. #17 - Características do pragmatismo Antifundacionalismo: rejeita a existência de entidades metafísicas ou conceitos abstratos, estáticos e definitivos no direito, imunes às transformações sociais. Contextualismo: a interpretação jurídica é norteada por questões práticas e o direito é visto como prática social. Consequencialismo: as decisões devem ser tomadas a partir de suas consequências práticas (olhar para o futuro e não para o passado) #18 - O utilitarismo jurídico Para Fernando Herren Aguilar, tem-se desenvolvido no ramo jurídico uma extensão das ideias utilitaristas originadas no campo da política e da economia. Como regra geral, tais ideias servem para avaliar o impacto econômico (ou a eficiência econômica) de regras jurídicas, como, por exemplo, “a análise dos custos para a coletividade que representam os diversos elementos do sistema legal e judiciário existente, em relação aos benefícios que dele resultam. Em situações mais extremas, as ideias de eficiência econômica podem levar a propor um critério de julgamento da conveniência ou não de se seguir a norma positivada, aferida por cálculos utilitaristas. H) Direito da Antidiscriminação 1. Conceitos Fundamentais do Direito da Antidiscriminação. 2. Modalidades de Discriminação. 3. Legislação antidiscriminação nacional e internacional. 4. Conceitos Fundamentais do Racismo, Sexismo, Intolerância Religiosa, LGBTQIA+fobia. 5. Ações Afirmativas. 6. Direitos dos Povos indígenas e das comunidades tradicionais. Proteção legal no Direito Pátrio e Internacional. 7. Direitos do Trabalhador Imigrante. Proteção legal no Direito Pátrio e Internacional. #19 - Espécies/formas de racismo Racismo estrutural: "a formalização de um conjunto de práticas institucionais, históricas, culturais e interpessoais dentro de uma sociedade que frequentemente coloca um grupo social ou étnico em uma posição melhor para ter sucesso e ao mesmo tempo prejudica outros grupos de modo consistente e constante causando disparidades que se desenvolvem entre os grupos ao longo de um período de tempo". (Silvio de Almeida) Racismo institucional: Pela concepção institucional, o racismo não se resume a comportamentos individuais, mas sim, é tratado como o resultado do modo de funcionamento das instituições, que acaba por conferir desvantagens e privilégios a partir da raça. Racismo ambiental: consiste na existência de impactos negativos de maior força, oriundos da devastação ambiental, incidentes sobre as pessoas em situação de vulnerabilidade, mantendo ou agravando sua situação de inferiorização. Utiliza-se aqui o conceito de racismo em sua dimensão social, o qual se projeta para além de aspectos estritamente biológicos ou fenotípicos. (Andre de Carvalho Ramos) Racismo recreativo: "projeto de dominação que procura promover a reprodução de relações assimétricas de poder entre grupos raciais por meio de uma política cultural baseada na utilização do humor como expressão e encobrimento de hostilidade racial. O racismo recreativo decorre da competição entre grupos raciais por estima social, sendo que ele revela uma estratégia empregada por membros do grupo racial dominante para garantir que o bem público da respeitabilidade permaneça um privilégio exclusivo de pessoas brancas. A posse exclusiva desse bem público garante a elas acesso privilegiado a oportunidades materiais porque o humor racista tem como consequência a perpetuação da ideia de que elas são as únicas pessoas capazes de atuar como agentes sociais competentes". (Adilson Moreira) Racismo religioso: prática de perseguição às formas de expressão religiosa que cultivam formas de manifestação fundamentadas em valores e elementos pertencentes a povos não hegemônicos como negros, indígenas, ciganos, e que, por conseguinte destoam do paradigma de religião hegemônico. 71 DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 1. Direito Processual do Trabalho. Princípios. Fontes. Autonomia. Interpretação. Integração. Eficácia. Aplicação do Direito Processual Comum no Processo do Trabalho e a técnica da subsidiariedade e da supletividade. #01- Fases da Justiça do Trabalho A primeira fase histórica do direito processual do trabalho diz respeito à sua institucionalização. A segunda fase histórica do direito processual do trabalho é caracterizada pela constitucionalização da Justiça do Trabalho. A terceira fase histórica do direito processual do trabalho decorredo reconhecimento da Justiça do Trabalho como órgão integrante do Poder Judiciário. #02 - Fontes do direito processual do trabalho As fontes materiais do direito processual do trabalho são os acontecimentos responsáveis pelo nascimento da regra jurídica, ou seja, é o fato social, econômico ou político que inspira o legislador em um dado momento histórico. As fontes formais do direito processual do trabalho são as que lhe conferem o caráter de direito positivo. São aquelas que estão positivadas no ordenamento jurídico. Carlos Henrique Bezerra Leite divide as fontes formais do direito do trabalho em: Fontes formais diretas, que abrangem a lei em sentido genérico (atos normativos eadministrativos editadospelo Poder Público) e o costume. Fontes formais indiretas, que são aquelas extraídas da doutrina e da jurisprudência; Fontes formais de explicitação, também chamadas de fontes integrativas do direito processual, cujas expressões mais importantes são a analogia, os princípios gerais de direito e a equidade #03 - Integração No que tange às normas aplicáveis ao processo do trabalho é necessário distinguir a integração ocorrida na fase de conhecimento da ocorrida na fase de execução. NA FASE DE CONHECIMENTO – aplica-se inicialmente a CLT e legislação esparsa, mas, se não houver norma aplicável na legislação trabalhista, o intérprete poderá se socorrer do CPC, desde que haja compatibilidade com o direito processual trabalhista. NA FASE DE EXECUÇÃO - aplica-se inicialmente a CLT e legislação esparsa, mas, se não houver norma aplicável na legislação trabalhista, o intérprete poderá se socorrer dos preceitos que regem o processo dos executivos fiscais para a cobrança judicial da dívida ativa da Fazenda Pública Federal, desde que haja compatibilidade com o direito processual trabalhista. Desse modo, na fase de execução, havendo omissão na CLT, aplica-se a Lei de Execução Fiscal, que atualmente corresponde à Lei 6.830, de 22 de setembro de 1980. #04 - Princípios específicos do direito processual do trabalho Oralidade - consubstancia-se na realização de atos processuais pelas partes e pelo magistrado de forma oral. Embora este princípio também faça parte do direito processual comum, no Processo do Trabalho ele se acentua, com a primazia da palavra. A palavra falada possui grande prevalência, a começar pela previsão expressa da chamada reclamação verbal (art. 840, § 2º, da CLT), a possibilidade de defesa oral (art. 847 da CLT) e, ainda, as razões finais orais (art. 850 da CLT). Proteção - O princípio da proteção processual, também é conhecido princípio do protecionismo temperado ao trabalhador, deriva da própria razão de ser do processo do trabalho, o qual foi concebido para efetivar os direitos materiais reconhecidos pelo Direito do Trabalho, criado exatamente para compensar ou reduzir a desigualdade real existente entre empregado e empregador, naturais litigantes do processo laboral. Jurisprudência importante! REMESSA OFICIAL. DECRETO-LEI N. 779/69. LEI N. 10.352/2001. ART. 475, § 2º, DO CPC. LIMITAÇÃO A 60 (SESSENTA) SALÁRIOS MÍNIMOS. APLICABILIDADE AO PROCESSO DO TRABALHO. Aplica-se ao processo do trabalho as disposições constantes do § 2º do art. 475 do CPC, inseridas pela Lei n. 10.352/2001, que dispensa a remessa oficial nas condenações de valor não 72 excedente a 60 (sessenta) salários mínimos, tendo em vista a omissão existente na legislação processual trabalhista, que não contém limitação relacionada ao valor da condenação e, também, em face da compatibilidade com o processo laboral. Registre-se, ainda, que tal aplicabilidade vem ao encontro dos princípios que influenciam ou orientam o processo do trabalho, principalmente os princípios da proteção ao hipossuficiente, da razoabilidade, da celeridade e da economia processual. Remessa oficial não conhecida (TRT, 23ª R., AI e Recurso Ordinário de Ofício n.01284.2002.003.23.00-5, Rel. Juíza Maria Berenice, j. 2-12-2003, publ. 27-1-2004). Informalidade - permite que o processo do trabalho tenha maior flexibilidade, a revelar maior facilidade de acesso à justiça, bem como na prestação da tutela jurisdicional. Significa que o sistema processual trabalhista é menos burocrático, mais simples e mais ágil que o processo comum, com linguagem mais acessível ao cidadão não versado em direito. Dessa maneira, a prática dos atos processuais ocorre de forma mais simples e objetiva, propiciando maior participação das partes. Exemplos: Petição inicial e contestação verbais (arts. 840 e 846 da CLT); Comparecimento das testemunhas independentemente de intimação (art. 825 da CLT); Interposição de recurso por simples petição (art. 791 da CLT); Jus postulandi das partes (art. 791 da CLT); e Imediatidade entre o juiz e a parte na audiência. 2. Organização da Justiça do Trabalho. Composição, funcionamento, jurisdição e competência de seus órgãos. Os juízos de Direito investidos de jurisdição trabalhista. Corregedoria-Geral e Regional do Trabalho. Atribuições #05 - Organização da Justiça do Trabalho. Composição. CF/88. Art. 111. São órgãos da Justiça do Trabalho: I - o Tribunal Superior do Trabalho; II - os Tribunais Regionais do Trabalho; III - as Juntas de Conciliação e Julgamento. III - Juizes do Trabalho. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 24, de 1999) A Justiça do Trabalho está estruturada em três graus de jurisdição. No primeiro grau, funcionam as Varas do Trabalho (antes, EC n. 24/99, juntas de Conciliação e Julgamento), onde atuam os Juízes do Trabalho. No segundo grau, funcionam os Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs), onde atuam os Desembargadores do Trabalho. No terceiro grau, funciona o Tribunal Superior do Trabalho (TST), composto por Ministros. A Resolução 104 do CSJT - Conselho Superior da Justiça do Trabalho uniformizou os vocábulos de tratamento dispensados aos magistrados de 1ª e 2ª instâncias no âmbito da Justiça do Trabalho, que passaram a ser os seguintes: “Juiz do Trabalho Substituto”, “Juiz do Trabalho de Vara do Trabalho”, e “Desembargador do Trabalho” Composição do TST: 27 ministros; Brasileiros (natos ou naturalizados); Mais de 35 e menos de 65 anos; Com notável saber jurídico e reputação ilibada; 1/5 das vagas indicadas pelo quinto constitucional; 4/5 das vagas indicadas pelo TST para os juízes do TRT oriundos da magistratura da carreira; Aprovados pela maioria absoluta do Senado Federal; Nomeados pelo Presidente da República; Aos Tribunais Regionais do Trabalho compete, originariamente, processar e julgar as ações de sua competência originária (dissídios coletivos, mandados de segurança, ações rescisórias, etc) e em grau recursal (recursos das decisões de Varas do Trabalho e juízes de Direito com jurisdição trabalhista). O art. 112 da CF/88, em sua redação original, previa a existência de “pelo menos um Tribunal Regional do Trabalho em cada Estado e no Distrito Federal”. A Emenda Constitucional n. 45/2004, no entanto, suprimiu a obrigatoriedade da instalação de pelo menos um TRT em cada Estado e no Distrito Federal. Atualmente, nos termos do art. 674 da CLT, o território nacional é dividido em 24 regiões para efeito de Jurisdição dos Tribunais Regionais. Assim, existem 24 TRTs, sendo que o estado de São Paulo possui dois TRTs (2ª e 15ª Região, com sede em São Paulo e Campinas, respectivamente), a maioria dos estados possui seu próprio TRT, e alguns TRTs abrangem mais de um estado. O TRT da 10ª Região abrange o Distrito Federal e o estado de Tocantins, com sede em Brasília; o TRT da 14ª Região abrange os estados de Rondônia e Acre, com sede em Porto Velho; o TRT da 11ª Região abrange os estados do Amazonas e Roraima, com sede em Manaus; e o TRT da 8ª Região abrange os estados do Pará e Amapá, com sede em Belém. 73 O art.115 da Constituição determina que os Tribunais Regionais do Trabalho são compostos por, no mínimo, 7 juízes (atualmente denominados Desembargadores do Trabalho), recrutados nas respectivas regiões, quando possível, e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos. Assim como no TST, deve ser observado o quinto constitucional de membros oriundos da advocacia e do Ministério Público do Trabalho. Os demais membros são juízes do trabalho promovidos por antiguidade e merecimento, alternadamente. Composição dos TRTs: Mínimo de 7 ministros; Recrutados, quando possível, na mesma região; Mais de 30 e menos de 65 anos; 1/5 das vagas indicadas pelo quinto constitucional; 4/5 das vagas ocupadas mediante promoção de juízes do trabalho por antiguidade e merecimento, alternadamente; Nomeados pelo Presidente da República; #06 - Juízes de Direito investidos em jurisdição trabalhista Nas comarcas onde não existir Vara do Trabalho, a lei pode atribuir a função jurisdicional trabalhista aos juízes de direito. Conforme prevê o art. 112 da CF, com nova redação dada pela EC n. 45/2004: Art. 112. A lei criará varas da Justiça do Trabalho, podendo, nas comarcas não abrangidas por sua jurisdição, atribuí-la aos juízes de direito, com recurso para o respectivo Tribunal Regionaldo Trabalho. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) A competência funcional dos juízes de direito para processar e julgar ações de competência a Justiça do Trabalho é, pois, decorrente da inexistência de lei que estabeleça a competência territorial de Vara do Trabalho naquela comarca. Caberá ao juiz de direito, então, julgar a demanda, observando o sistema procedimental previsto na CLT, sendo que o recurso interposto em face de sua decisão será apreciado e julgado pelo respectivo TRT. Instalada a Justiça do Trabalho naquela comarca, cessa de imediato a competência do juiz de direito em matéria trabalhista, inclusive para a execução das sentenças já proferidas. #07 - Corregedoria geral e regional do trabalho No âmbito da Justiça do Trabalho, há duas corregedorias: a geral e a regional. A Corregedoria-Geral da Justiça do Trabalho – CGJT é órgão de direção do TST, juntamente com o Presidente e Vice-Presidente daquela Corte, tendo a função de fiscalizar, disciplinar e orientar administrativamente os Tribunais Regionais do Trabalho, seus juízes e serviços judiciários. A CGJT é dirigida por um Corregedor-Geral, eleito dentre os Ministros do TST para um mandato de dois anos, mediante escrutínio secreto e pelo voto da maioria absoluta, em sessão extraordinária do Tribunal Pleno (RITST, art. 33). Por sua vez, não há na CLT previsão da Corregedoria Regional como órgão autônomo. Prevê, sobre o tema, o art. 682, XI, da CLT, que “competem privativamente aos Presidentes dos Tribunais Regionais (...) exercer correição, pelo menos uma vez por ano, sobre as Varas do Trabalho, ou parcialmente sempre que se fizer necessário, e solicitá-la, quando julgar conveniente, ao Presidente do Tribunal de Apelação relativamenteaos Juízes de Direito investidos na administração da Justiça do Trabalho”. Contudo, embora a CLT estabeleça que a função de correição nos TRTs é exercida cumulativa pelos Presidentes do TRTs, por força do art. 96, I, a e b, da CF, os tribunais têm competência privativa para “eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regimentos internos, (...) dispondo sobre a competência e o funcionamento dos respectivos órgãos jurisdicionais e administrativos”, bem como “organizar suas secretarias e serviços auxiliares e os dos juízos que lhes forem vinculados, velando pelo exercício da atividade correicional respectiva”, o que permite que alguns TRTs possuam previsão regimental do cargo de Corregedor Regional exercido por Desembargador do Trabalho eleito pelo Tribunal Pleno ou Órgão Especial de forma autônoma em relação ao Presidente do Tribunal, com atribuições delineadas no respectivo regimento interno. 3. O Ministério Público do Trabalho. Organização. Competência. Atribuições. Lei Complementar nº 75/1993. Inquérito civil público de jurisdição trabalhista. Corregedoria-Geral e Regional do Trabalho. Atribuições. Mecanismos de atuação do Ministério Público do Trabalho com repercussão no Direito Processual do Trabalho. #07 – Carreira no MPT A carreira do Ministério Público do Trabalho inicia-se no cargo de Procurador do Trabalho, por meio de concurso público de provas e títulos, nos termos do § 3º do art. 129 da CF, e finda no de Subprocurador- Geral do Trabalho. O chefe do Ministério Público do Trabalho é o Procurador-Geral do Trabalho, nomeado pelo Procurador-Geral da República, dentre os membros da instituição com mais de trinta e cinco anos de idade e cinco anos na carreira, integrantes de lista tríplice 74 escolhida mediante voto plurinominal, facultativo e secreto, pelo Colégio de Procuradores, para mandato de 2 anos, permitida uma recondução, observado o mesmo processo. Caso não haja número suficiente de candidatos com mais de cinco anos na carreira, poderá concorrer à lista tríplice quem contar mais de dois anos na carreira. #08 – Formas de Atuação do MPT São duas as formas básicas de atuação do Ministério Público do Trabalho: judicial e extrajudicial. A atuação judicial, resulta da sua participação nos processos judiciais, seja como parte, autora ou ré, seja como fiscal da lei. Já a atuação extrajudicial ocorre, via de regra, no âmbito administrativo, mas pode converter-se em atuação judicial. Dentre as principais ações utilizadas pelo MPT, podem ser destacadas a ação civil pública, a ação anulatória de cláusulas de contrato individual, o acordo coletivo ou convenção coletiva, a ação rescisória (CPC, art. 967, III) e o dissídio coletivo nos casos de greve em atividades essenciais ou que atentem contra o interesse público. 4. Competência da Justiça do Trabalho: em razão da matéria, das pessoas, funcional e do lugar. Conflitos de Competência. #09 - Competência na Justiça do Trabalho O Artigo 114 da Constituição Federal deve estar colado na mente, pois sempre é cobrado em sua literalidade: Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: I as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios II as ações que envolvam exercício do direito de greve; III as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores; IV os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição; V os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista, ressalvado o disposto no art. 102, I, o; VI as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de trabalho; VII as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho; VIII a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a , e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir; IX outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei. § 1º Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão eleger árbitros. § 2º Recusando-se qualquer das partes à negociaçãocoletiva ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas anteriormente. § 3º Em caso de greve em atividade essencial, com possibilidadede lesão do interesse público, o Ministério Público do Trabalho poderá ajuizar dissídio coletivo, competindo à Justiça do Trabalho decidir o conflito. Jurisprudência importante! “A interpretação adequadamente constitucional da expressão “relação do trabalho” deve excluir os vínculos de natureza jurídico-estatutária, em razão do que a competência da Justiça do Trabalho não alcança as ações judiciais entre o Poder Público e seus servidores.” (STF. Plenário. ADI 3395, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 15/04/2020) (Info 984) “INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. CONTRATO DE ESTÁGIO. ENTES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. As relações de trabalho decorrentes de estágio se inserem na competência da Justiça do Trabalho, exceto quando a contratação envolve entes da administração pública. Incidência, por analogia, do entendimento firmando na ADI nº 3395.Assim, compete à Justiça comum processar e julgar ação civil pública que tem como objeto denúncia contra o Centro de Ensino Integrado Empresa e Escola (CIEE), em face do descumprimento do art. 37 da CF, pois não vem observando os princípios da publicidade e da impessoalidade na execução dos contratos para preenchimento de vagas destinadas a estágioem instituições públicas. Com base nessas premissas, a SBDI-I, por unanimidade, conheceu do recurso de embargos interpostos pelo Ministério Público do Trabalho, por divergência jurisprudencial, e, no mérito, por maioria, negou-lhe provimento. Vencidos os Ministros Lelio Bentes Corrêa, José Roberto Freire Pimenta e Hugo Carlos Scheuermann.” (TST-E-RR- 5500- 47.2010.5.13.0022, SBDI-I, rel. Min. Aloysio Corrêa da Veiga, 31.3.2016) 75 “Compete à Justiça comum processar e julgar controvérsias relacionadas à fase pré-contratual de seleção e de admissão de pessoal e eventual nulidade do certame emface da Administração Pública, direta e indireta, nas hipóteses em que adotado o regime celetista de contratação de pessoal.” STF. Plenário. RE 960429/RN, Rel. Min. Gilmar Mendes,julgado em 4 e 5/3/2020 (repercussão geral - Tema 992) (Info 968). "Preenchidos os requisitos dispostos na lei 4.886/65, compete à Justiça Comum o julgamento de processos envolvendo relação jurídica entre representante e representada comerciais, uma vez que não há relação de trabalho entre as partes." STF.Plenário. RE 606.003. (repercussão geral - Tema 550). Súmula Vinculante nº 23 do STF: A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar ação possessória ajuizada em decorrência do exercício do direito de greve pelos trabalhadores da iniciativa privada. “CONSTITUCIONAL. DIREITOS SOCIAIS. COMPETÊNCIA PARA O JULGAMENTO DA LEGALIDADE DE GREVE DE SERVIDORES PÚBLICOS CELETISTAS. JUSTIÇA COMUM. FIXAÇÃO DE TESE DE REPERCUSSÃO GERAL. 1. É competência da justiça comum, federal ou estadual, conforme o caso, o julgamento de dissídio de greve promovida por servidores públicos, na linha do precedente firmado no MI 670 (Rel. Min. MAURÍCIO CORRÊA, Rel. p/ acórdão Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, DJe de 30/10/2008). 2. As Guardas Municipais executam atividade de segurança pública (art. 144, § 8º, da CF), essencial ao atendimento de necessidades inadiáveis da comunidade (art. 9º, § 1º, CF), pelo que se submetem às restrições firmadas pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do ARE 654.432 (Rel. Min. EDSON FACHIN, redator para acórdão Min. ALEXANDRE DE MORAES, Tribunal Pleno, julgado em 5/4/2017). 3. A essencialidade dasatividades desempenhadas pelos servidores públicos conduz à aplicação da regra decompetência firmada pelo Supremo Tribunal Federal no MI 670, mesmo em se tratando deservidores contratados pelo Estado sob o regime celetista. 4. Negado provimento ao recurso extraordinário e fixada a seguinte tese de repercussão geral: “A Justiça Comum Federal ouEstadual é competente para julgar a abusividade de greve de servidores públicos celetistas daadministração direta, autarquias e fundações de direito público” (RE 846854, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Relator(a) p/ Acórdão: Min. ALEXANDRE DE MORAES, Tribunal Pleno, julgado em 01/08/2017, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-022 DIVULG 06-02-2018 PUBLIC 07-02-2018) “Compete à Justiça comum processar e julgar causas sobre complementação de aposentadoria instituída por lei cujo pagamento seja, originariamente ou por sucessão, da responsabilidade da Administração Pública direta ou indireta, por derivar essa responsabilidade de relação jurídico-administrativa.” Plenário, STF. RE 1265549 (RepercussãoGeral - Tema 1092) 5. Partes, procuradores, representação, substituição processual e litisconsórcio. Assistência Judiciária. Justiça Gratuita. Jus Postulandi. Mandato tácito. “PROCESSO CIVIL. SINDICATO. ART. 8º, III DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. LEGITIMIDADE. SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL. DEFESA DE DIREITOS E INTERESSES COLETIVOS OU INDIVIDUAIS. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. O artigo 8º, III da Constituição Federal estabelece a legitimidade extraordinária dos sindicatos para defender em juízo os direitos e interesses coletivos ou individuais dos integrantes da categoria que representam. Essa legitimidade extraordinária é ampla, abrangendo a liquidação e a execução dos créditos reconhecidos aos trabalhadores. Por se tratar de típica hipótese de substituição processual, é desnecessária qualquer autorização dos substituídos. Recurso conhecido e provido.” (STF-RE 193503/SP, Rel. Min. Carlos Velloso, Rel. p/ acórdão Min. Joaquim Barbosa, j. 12-6-2006, TP, DJe-087, div. 23-8- 2007, publ. 24-8-2007, DJ 24-8-2007, p. 00056). A defesa coletiva dos interesses individuais homogêneos realiza-se mediante legitimação extraordinária (ou substituição processual), uma vez que as pessoas jurídicas e os entes legalmente legitimados para a ação coletiva litigam em nome próprio, mas defendendo direitos (ou interesses) individuais alheios, cujos titulares poderiam, isoladamente ou formando litisconsórcio, propor ações individuais em defesa dos seus próprios interesses. Atualmente, nos casos de atuação do Sindicato como substituto processual, não se exige que o rol de substituídos seja juntado com a inicial, em razão da autorização genérica da Constituição Federal para a defesa dos direitos individuais homogêneos. Jurisprudência importante! Súmula n. 286 do TST: SINDICATO. SUBSTITUIÇAO PROCESSUAL. CONVENÇÃO E ACORDO COLETIVOS. A legitimidade do sindicato para propor ação de cumprimento estende-se também à observância de acordo ou de convenção coletivos. Na legitimação autônoma, a lei elege certos defensores de direitos metaindividuais, pois são caros à sociedade brasileira. É caso do Ministério Público. #10 – Jus Postulandi 76 Capacidade postulatória, também chamada de jus postulandi, é a capacidade para postular em juízo. Tratase de autorização reconhecida a alguém pelo ordenamento jurídico para praticar atos processuais. No processo civil, salvo exceções previstas em lei, a capacidade postulatória é conferida monopolisticamenteaos advogados. Nos domínios do processo do trabalho, a capacidade postulatória é facultada diretamente aos empregados e aos empregadores, nos termos do art. 791 da CLT. Ocorre que o TST possui entendimento que limita o jus postulandi dos sujeitos da relação de emprego. De acordo com a Súmula n. 425 do TST, o jus postulandi está restrito às Varas do Trabalho e aos Tribunais Regionais do Trabalho, não se aplicando nos casos de ação rescisória, ação cautelar, mandado de segurança e nos recursos de competência do TST. Divergência Doutrinária- Deve ser destacada a existência de doutrina (Carlos Henrique Bezerra Leite, dentre outros) que entende que a limitação do jus postulandi das partes apenas na instância ordinária viola a literalidade do art. 791 da CLT, segundo o qual empregado e empregador podem exercer a capacidade postulatória e “acompanhar as suas reclamações até o final”, por considerar que o TSTé órgão que compõe a cúpula da Justiça do Trabalho e a Súmula n. 425 do TST implica cerceio ao direito fundamental de acesso efetivo do cidadão a todos os graus da jurisdição trabalhista. #11 – Mandato Tácito Jurisprudência importante! OJ n. 286 da SBDI-1 do TST. I – A juntada da ata de audiência, em que consignada a presença do advogado, desde que não estivesse atuando com mandato expresso, torna dispensável a procuração deste, porque demonstrada a existência de mandato tácito. II – Configurada a existência de mandato tácito fica suprida a irregularidade detectada no mandato expresso. Tanto no mandato tácito, quanto na procuração apud acta o advogado terá mandato válido para atuar nos autos, podendo praticar todos os atos processuais de foro em geral, tais como petições, recursos, etc. Entretanto, o advogado com mandato tácito não poderá praticar atos que dependam de poderes específicos,como é o caso de receber citação, confessar, reconhecer a procedência do pedido, transigir, desistir, renunciar ao direito que se funda a ação, receber, dar quitação, renunciar ao direito sobre que se funda a ação, receber, dar quitação, firmar compromisso e assinar declaração de hipossuficiência econômica (art.105 do CPC). Exatamente por isso o TST considera inválido o substabelecimento de advogado investido de mandato tácito. #12 – Representação da Fazenda Pública no Processo do Trabalho Súmula n. 436 do TST. REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL. PROCURADOR DA UNIÃO, ESTADOS, MUNICÍPIOS E DISTRITO FEDERAL, SUAS AUTARQUIAS E FUNDAÇÕES PÚBLICAS. JUNTADA DE INSTRUMENTO DE MANDATO. I – A União, Estados, Municípios e Distrito Federal, suas autarquias e fundações públicas, quando representadas em juízo, ativa e passivamente, por seus procuradores, estão dispensadas da juntada de instrumento de mandato e de comprovação do ato de nomeação. II – Para os efeitos do item anterior, é essencial que o signatário ao menos declare-se exercente do cargo de procurador, não bastando a indicação do número de inscrição na Ordem dosAdvogados do Brasil. #13 – Justiça Gratuita O TST, a despeito da alteração realizada pela Lei nº 13.467/2017 (Reforma Trabalhista) ter exigido que para concessão do benefício da justiça gratuita o reclamante não pode receber remuneração superior a 40% do teto do benefício do RGPS, vem entendendo que a simples declaração de hipossuficiência de recursos basta para que seja concedido o benefício. Jurisprudência importante! "AGRAVO EM RECURSO DE REVISTA DO RÉU. LEI Nº 13.467/2017. BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA. COMPROVAÇÃO DE INSUFICIÊNCIA DE RECURSOS POR SIMPLES DECLARAÇÃO. TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA RECONHECIDA. Cinge-se a controvérsia a definir se a simples declaração de hipossuficiência econômica é suficiente para a comprovação do estado de pobreza da reclamante, para fins de deferimento dos benefícios da justiça gratuita, em ação ajuizada após a vigência da Lei n° 13.467/2017. Segundo o artigo 790, §§ 3º e 4º, da CLT, com as alterações impostas pela Lei nº 13.467/2017, o benefício da gratuidade da Justiça será concedido àqueles que perceberem salário igual ou inferior a 40% do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, ou àqueles que comprovarem insuficiência de recursos. Já o artigo 5º, LXXIV, da Constituição Federal consagra o dever do Estado de prestar assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos e o artigo 99, §3º, do CPC, de aplicação supletiva ao processo do trabalho, consoante autorização expressa no artigo 15 do mesmo Diploma, dispõe presumir-se 77 verdadeira a alegação de insuficiência deduzida por pessoa natural. A partir da interpretação sistemática desses preceitos, não é possível exigir dos trabalhadores que buscam seus direitos na Justiça do Trabalho - na sua maioria, desempregados - a comprovação de estarem sem recursos para o pagamento das custas do processo. Deve-se presumir verdadeira a declaração de pobreza firmada pela autora, na petição inicial, ou feita por seu advogado, com poderes específicos para tanto. Agravo conhecido e não provido" (Ag-RR-20796- 16.2018.5.04.0302, 7ª Turma, Relator Ministro Claudio Mascarenhas Brandao, DEJT 20/04/2023). 8. Dissídio Individual e Dissídio Coletivo. Distinção. Dissídio Individual: procedimentos comum e sumaríssimo. Petição inicial: requisitos, emenda, aditamento, indeferimento. Pedido. #14 – Dissídio individual e Dissídio Coletivo Na Justiça do Trabalho o acesso à jurisdição é feito por duas vias distintas: a via individual e a coletiva. O dissídio individual é aquele utilizado para solução de situações particulares, que interessam tão somente aos indivíduos em litígio, ainda que uma dessas partes seja um ente coletivo por natureza (sociedade empresária). Além disso, no dissídio individual a lide é concreta. O dissídio coletivo tem por fim solucionar lides coletivas por entes específicos e de forma abstrata: os sindicatos e os empregadores. Admite-se que o Ministério Público do Trabalho instaure dissídio coletivo em situação especialíssima, qual seja, em caso de greve em atividade essencial (Lei 7.783/89, art. 10), com possibilidade de lesão ao interesse público (CF/88, art. 114, § 3º). Somente os órgãos colegiados da Justiça do Trabalho possuem competência funcional para conhecimento e julgamento dos Dissídios Coletivos, no caso, os Tribunais Regionais e o Tribunal Superior do Trabalho, a depender da extensão do conflito coletivo (CLT, art. 677 c/c art. 7.701/88). #15 – Petição Inicial No Processo do Trabalho, a petição inicial também é chamada de reclamação trabalhista, nomenclatura oriunda de um tempo em que a Justiça do Trabalho era um apêndice do Poder Executivo Federal, pelo que não se falava em ações trabalhistas, mas sim em procedimentos administrativos de reclamação em face dos empregadores. A reclamação trabalhista pode ser apresentada de forma escrita ou verbal. Seus requisitos estão previstos no art. 840 da CLT, pelo que os requisitos dispostos no art. 319 do CPC são aplicáveis apenas no que omissa a CLT e no que for compatível com a justiça do trabalho. A petição inicial do inquérito para apuração de falta grave e do dissídio coletivo e devem ser necessariamente escritas! A nova redação do artigo 840, §1º, da CLT com a alteração realizada pela Reforma Trabalhista, passou a indicar que os pedidos na inicial devem ser certos, determinados e com indicação do seu valor. Várias empresas reclamadas levantaram a tese de que, pelo princípio da adstrição, o juiz estaria limitado a condenar pelos valores indicados na inicial pelo reclamante. O debate chegou ao TST, que assim vem entendendo: “RECURSO DE REVISTA DO RÉU. LEI Nº 13.015/2014. CPC/2015. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 40 DO TST. LEI Nº 13.467/2017. LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO AOS VALORES DOS PEDIDOS INDICADOS NA INICIAL. AÇÃO AJUIZADA NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017. REGISTRO DA MERA PROJEÇÃO QUANTO ÀS IMPORTÂNCIAS CONFERIDAS ÀS PRETENSÕES. INTERPRETAÇÃO TELEOLÓGICA E SISTEMÁTICA DO ARTIGO 840, §1º, DA CLT. OBSERVÂNCIA DOS ARTIGOS 322, 324 E 492 DO CPC. PRINCÍPIOS DA INFORMALIDADE E SIMPLICIDADE QUE REGEM O PROCESSO DO TRABALHO. TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA CONSTATADA. O artigo 840, §1º, da CLT, com a redação conferida pela Lei nº 13.467/2017, dispõe que: "Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do juízo, a qualificação das partes, a breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, que deverá ser certo, determinado e com indicação de seu valor, a data e a assinatura do reclamante ou de seu representante". O novel dispositivo contém importante modificação no que tange aos requisitos do pedido, exigindo, agora, sua determinação (pedido certo e determinado), inclusive, com a indicação dos valores pleiteados, nos processos submetidos ao rito ordinário, situação antes prevista, apenas, parao procedimento sumaríssimo (artigo 852- B da CLT). A mencionada regra deverá ser interpretada de modo consentâneo com os princípios que regem o Processo do Trabalho - em especial o da informalidade e simplicidade - , para que assim seja definida sua real finalidade. Além disso, sua aplicação não pode ser realizada de forma isolada, mas sim em conjunto com os demais preceitos constantes do ordenamento jurídico pátrio, a exemplo dos artigos 322, 324 e 492 do CPC, que auxiliam na 78 objetivação do sentido e alcance da norma. Desse modo, numa primeira análise literal do artigo 840, §1º, da CLT, notadamente da expressão "com a indicação do seu valor", enxerga-se, de fato, o intuito de estabelecer o ônus da parte em determinar o quantum pleiteado na lide trabalhista, sem que se obrigue, porém, a liquidação, com exatidão, dos pedidos. Outrossim, o próprio artigo 324 da lei adjetiva civil, com incidência no Processo do Trabalho, permite, em determinados casos, a formulação de pretensões genéricas (sem especificação da quantidade, qualidade ou valor). Em face desse preceito, e considerando as peculiaridades que permeiam o Direito e Processo do Trabalho, é possível vislumbrar situações em que o reclamante não esteja na posse de documentos, tal como cartões de ponto, que o impossibilite de precisar os valores dos objetos pretendidos (quantidade de horas extras, v.g .), cenário que se amolda à hipótese do item III da referida norma. Outro quadro factível é aquele em que a determinação da quantia dependa de cálculos contábeis complexos ou do estabelecimento da quantidade do bem almejado por prova pericial (como o percentual do adicional de insalubridade). Em tais circunstâncias, exigir do reclamante - por vezes destituído de condições econômicas para suportar as despesas naturais de uma demanda judicial - que ajuíze ação para produção antecipada de prova ou contratação de serviço contábil especializado, é ir totalmente de encontro aos supramencionados princípios e à dinâmica que permeia o Processo do Trabalho. Prejudica-se, com isso, o direito fundamental de acesso à Justiça. Frente a ocasiões que impossibilitem à parte a indicação precisa do valor do pedido, é razoável permitir sua delimitação por mera estimativa, com o intuito de atender a exigência contida no artigo 840, §1º, da CLT, desde que, para tanto, apresente justificativa no bojo da peça de ingresso, conforme ocorrido no feito. Na inicial ficou expressamente consignado que os valores atribuídos aos pedidos eram apenas estimados, e não liquidados, e os valores efetivos devem ser calculados quando da liquidação de sentença. Decisão convergente ao entendimento desta Corte. Recurso de revista não conhecido” (RRAg- 11069-14.2019.5.03.0015, 7ª Turma, Relator Ministro Claudio Mascarenhas Brandao, DEJT 20/04/2023). 9. Audiência. Arquivamento. Conciliação. Resposta do Reclamado. Defesa direta e indireta. Revelia. Exceções. Contestação. Compensação. Reconvenção. Intervenção de terceiros no processo do trabalho. #16 – Audiência Trabalhista Nas audiências trabalhistas, em regra, é exigida a presença obrigatória das próprias partes. Entretanto, a própria CLT traz exceções a essa regra em seu art. 843: CLT. Art. 843 - Na audiência de julgamento deverão estar presentes o reclamante e o reclamado, independentemente do comparecimento de seus representantes salvo, nos casos de Reclamatórias Plúrimas ou Ações de Cumprimento, quando os empregados poderão fazer-se representar pelo Sindicato de sua categoria. § 1º É facultado ao empregador fazer-se substituir pelo gerente, ou qualquer outro preposto que tenha conhecimento do fato, e cujas declarações obrigarão o proponente. § 2º Se por doença ou qualquer outro motivo poderoso, devidamente comprovado, não for possível ao empregado comparecer pessoalmente, poderá fazer-se representar por outro empregado que pertença à mesma profissão, ou pelo seu sindicato. (...) Art. 845 - O reclamante e o reclamado comparecerão à audiência acompanhados das suas testemunhas, apresentando, nessa ocasião, as demais provas. Com a Reforma Trabalhista, foi introduzida uma espécie de “sanção” para o reclamante que falta a audiência inicial sem motivo justificado: CLT. Art. 844. (...) § 2º Na hipótese de ausência do reclamante, este será condenado ao pagamento das custas calculadas na forma do art. 789 desta Consolidação, ainda que beneficiário da justiça gratuita, salvo se comprovar, no prazo de quinze dias, que a ausência ocorreu por motivo legalmente justificável. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) § 3º O pagamento das custas a que se refere o § 2o é condição para a propositura de nova demanda. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) O texto fala que mesmo o reclamante beneficiário da justiça gratuita recolherá essas custas. O debate chegou ao TST e firmou-se o entendimento de que tal previsão não fere os princípios constitucionais de acesso à justiça. Jurisprudência importante! "AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA DA AUTORA. LEI Nº 13.467/2017. AUSÊNCIA INJUSTIFICADA DO RECLAMANTE, BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA, À AUDIÊNCIA. AÇÃO AJUIZADA APÓS A LEI 13.467/2017. APLICAÇÃO DO ARTIGO 844, §2º, DA CLT. CUSTAS PROCESSUAIS. CONDENAÇÃO. POSSIBILIDADE. PRECEDENTES. TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA CONSTATADA. O artigo 844, § 2º, da CLT, incluído pela Lei nº 13.467/2017, prevê que "na hipótese de ausência do reclamante, este será condenado ao pagamento das custas calculadas na forma do art. 789 desta Consolidação, ainda que beneficiário da justiça 79 gratuita, salvo se comprovar, no prazo de quinze dias, que a ausência ocorreu por motivo legalmente justificável". Esta Corte Superior têm se manifestado no sentido de ser viável a aplicação do disposto no art. 844, §2º, da CLT, desde que a ação tenha sido ajuizada após a vigência da Lei nº 13.467/2017. Precedentes. No presente caso, a reclamação trabalhista foi ajuizada em 21/06/2018 e o reclamante deixou de comparecer à audiência inicial designada para 18/02/2019, o que ensejou o arquivamento do feito. Embora tenha lhe sido concedido prazo para justificar tal ausência, o demandante não justificou. Desta forma, correta a aplicação do artigo 844, § 2º, da CLT, e não se constata violação dos dispositivos invocados. Agravo de instrumento conhecido e não provido" (AIRR-1006- 38.2018.5.09.0001, 7ª Turma, Relator Ministro Claudio Mascarenhas Brandao, DEJT 06/05/2022). 10. Provas no processo do trabalho: princípios, peculiaridades, oportunidade e meios. Interrogatórios. Confissão e consequências. Documentos. Oportunidade de juntada. Incidente de falsidade. Perícia. Sistemática de realização das perícias. Testemunhas. Compromisso, impedimentos e consequências. Ônus da prova no processo do trabalho. #17 - Provas Após a apresentação da defesa pelo réu, inicia-se a instrução do processo, com a apresentação das provas. Prova é o meio utilizado para a demonstração no processo da veracidade dos fatos controvertidos. A CLT é bastante sucinta quanto às provas, logo, utiliza-se subsidiariamente o direito comum. O CPC não traz o conceito de provas, limitando-se apenas mencionar que os meios legais e os moralmente legítimos são hábeis para provar os fatos #18 – Princípios relacionados às provas Princípio do Contraditório e da Ampla Defesa– Apresentada em juízo a prova por uma parte, tem a parte contrária o direito de impugná-la pelos meios previstos em lei, inclusive podendo realizar contraprova. Trata-se de princípio constitucional explícito que deve ser observado em qualquer processo (CF, art. 5º, LV) judicial ou administrativo. Princípio da Igualdade de Oportunidades – As partes devem ter igualdade de oportunidades para apresentarem suas provas nos momentos processuais próprios. Princípio da Busca da Verdade Real – O princípio da busca da verdade real é extraído do art. 371do CPC e dos arts. 765 e 852-D da CLT, de onde se conclui que o juiz tem liberdade na condução do processo na busca de elementos probatórios que formem o seu convencimento sobre a alegação das partes a respeito dos fatos que tenham importância para a prolação de uma decisão fundamentada, adequada e justa. Princípio da Necessidade da Prova – As alegações das partes em juízo não são suficientes para demonstrar a verdade ou não de determinado fato controvertido. É necessário que a parte faça prova de suas alegações, pois os fatos não provados são inexistentes no processo. Princípio da Proibição da Prova Obtida Ilicitamente– As partes têm o dever de agir com lealdade em todos os atos processuais, mormente na produção de prova. O princípio se fundamenta no art. 5º, LVI, da CF, segundo o qual “são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos”. Princípio da Oralidade - No processo do trabalho, as provas devem ser realizadas, preferencialmente, na audiência de instrução e julgamento, isto é, oralmente e na presença do juiz. Princípio da Imediação – O princípio da imediação estabelece que o juiz, como diretor do processo (art. 765 e 852-D da CLT), é quem colhe, direta e imediatamente, a prova. Princípio da Aquisição Processual – A prova produzida, independentemente de quem a produziu, é adquirida pelo processo, ou melhor, pelos autos, dele não podendo mais ser retirada ou desentranhada, salvo em situações especiais legalmente autorizadas. Princípio do Convencimento Motivado – O ordenamento jurídico brasileiro adota o princípio do convencimento motivado. Esse princípio, na verdade, encerra a base de um sistema processual em que o juiz forma a sua convicção apreciando o valor das provas dos autos e motivando sua decisão. A CLT o contempla implicitamente no art. 765, que confere ao juiz ampla liberdade na condução do processo, e no art. 832, que determina constarem da sentença “a apreciação das provas” e “os fundamentos da decisão”. #19 – Do ônus da prova O ônus da prova é um encargo atribuído a um sujeito para demonstrar determinadas alegações de fato, sob pena de arcar com a situação de desvantagem advinda da não demonstração do fato. Ônus deve ser entendido como encargo, gravame ou fardo. O não cumprimento do ônus probatório apenas coloca em desvantagem a parte que deixou de fazê- lo. Em um segundo momento, as regras de ônus da prova são direcionadas ao juiz, que deve julgar 80 considerando as provas existentes e quem deveria provar aquilo sobre o qual não há provas. A relevância do ônus da prova somente é considerada quando ausentes provas nos autos ou quando a prova estiver dividida. Nesse caso, sendo vedado ao juiz o não julgamento (non liquet) da lide, ante a inexistênciade provas do fato, deverá julgar conforme a presunção do encargo de quem tinha o dever de produzir aprova e não o fez. Assim, na ausência de provas nos autos, o juiz deverá julgar a causa conforme a distribuição do ônus da prova dirigido a cada parte. O ônus da prova está relacionado a um questionamento: Quem deve provar? O art. 818 da CLT estabelecia textualmente que “o ônus de provar as alegações incumbe à parte que as fizer”. O tema foi alterado, contudo, pela reforma trabalhista, que passou a prever em seu caput a denominada DISTRIBUIÇÃO ESTÁTICA DO ÔNUS DA PROVA, segundo o qual as regras delineadas serão aplicáveis independentemente da natureza do processo ou dos fatosda causa. Súmulas e OJ’S indispensáveis ao assunto – Não chegue na prova sem saber Jurisprudência importante! Súmula nº 212 do TST. O ônus de provar o término do contrato de trabalho, quando negados a prestação de serviço e o despedimento, é do empregador, pois o princípio da continuidade da relação de emprego constitui presunção favorável ao empregado. Súmula n. 460 do TST. É do empregador o ônus de comprovar que o empregado não satisfaz os requisitos indispensáveis para a concessão do vale- transporte ou não pretenda fazer uso do benefício. Súmula n. 461 do TST. É do empregador o ônus da prova em relação à regularidade dos depósitos do FGTS, pois o pagamento é fato extintivo do direito do autor (art. 373, II, do CPC de 2015) Súmula n. 8 do TST. A juntada de documentos na fase recursal só se justifica quando provado o justo impedimento para sua oportuna apresentação ou se referir a fato posterior à sentença. OJ n. 278 da SBDI-I do TST. A realização de perícia é obrigatória para a verificação de insalubridade. Quando não for possível sua realização, como em caso de fechamento daempresa, poderá o julgador utilizar-se de outros meios de prova. OJ n. 165 da SBDI-I do TST. O art. 195 da CLT não faz qualquer distinção entre o médico e o engenheiro para efeito de caracterização e classificação da insalubridade e periculosidade, bastando para a elaboração do laudo seja o profissional devidamente qualificado. 11. Sentença nos Dissídios Individuais. Honorários periciais e advocatícios. Termo de conciliação e seus efeitos: perante as partes e terceiros #20 – Classificação das Sentenças Sentenças meramente declaratórias são aquelas que se limitam a declarar a existência de um fato, autenticidade ou não de documento, ou existência ou não de relação jurídica. É desprovida de sanção e execução, cujos efeitos são ex tunc (retroagem). Estas sentenças dispensam execução/cumprimento, já que seu conteúdo é suficiente para o autor. Sentenças constitutivas declaram a existência dos fatos ou do direito e acabam criando, modificando ou extinguindo uma relação jurídica. Seus efeitos são produzidos com o trânsito em julgado. A sentença condenatória, além de declarar o direito, impõe obrigação pecuniária; e, por excelência, a execução direta por expropriação de bens. Sentença executiva lato sensu é aquela que, além de declarar o direito, impõe obrigação de fazer, de não fazer ou de entregar alguma coisa. Trata-se de sentença que busca tutela específica do direito. Sentença mandamental é aquela que, além de declarar um direito e condenar a uma obrigação, expede uma ordem, isto é, o reclamado é forçado a cumprir a ordem judicial. Tal decisão não comporta execução, visto que tal medida é feita na própria sentença. #21 – Elementos essenciais da sentença No processo do trabalho, o art. 832 da CLT dispõe expressamente sobre os elementos que devem constar da sentença. São eles: o nome das partes; o resumo do pedido e da defesa; a apreciação das provas; os fundamentos da decisão; a respectiva conclusão. Já o art. 489 do CPC disciplina os elementos essenciais da sentença nos seguintes termos: CPC. Art. 489. São elementos essenciais da sentença: I – o relatório, que conterá os nomes das partes, a identificação do caso, com a suma do pedido 81 e da contestação, e o registro das principais ocorrências havidas no andamento do processo; II – os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito; III – o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões principais que as partes lhe submeterem O cotejo analítico dos dispositivos leva à compreensão de que os requisitos “o nome das partes, o resumo do pedido e da defesa”, da CLT, correspondem ao “relatório”, do CPC, a “a apreciação das provas, os fundamentos da decisão” equivalem aos “fundamentos”, e a “conclusão” corresponde ao dispositivo. Por serem requisitos essenciais da sentença, a ausência de qualquer um deles impõe o reconhecimento da Nulidade da sentença ou mesmo da inexistência do ato judicial. #22 - Fundamentação A fundamentação ou motivação constitui a base intelectual da sentença. Nela, o juiz revela todo o raciocínio desenvolvido acerca da apreciação das questões processuais, das provas produzidas e das alegações das partes, que são os dados que formarão o alicerce da decisão. A fundamentação detoda e qualquer decisão judicial ostenta dignidade de garantia constitucional, por encontrar residência expressa no art. 93, IX, da CF. A ausência de motivação ou fundamentação enseja negativa de prestação jurisdicional. Os §§ 1º e 2º do art. 489 do CPC passaram a exigir maior detalhamento da fundamentação, a chamada fundamentação exauriente ou fundamentação analítica, nos seguintes termos: CPC. Art. 489. (...) § 1º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: I – se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida; II – empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso; III – invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão; IV – não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador; V – se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos; VI – deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento. § 2º No caso de colisão entre normas, o juiz deve justificar o objeto e os critérios gerais da ponderação efetuada, enunciando as razões que autorizam a interferência na norma afastada e as premissas fáticas que fundamentam a conclusão. Na ADI 5.766 o Supremo Tribunal Federal declarou a constitucionalidade do artigo 791-A, acerca da cobrança de honorários advocatícios sucumbenciais do reclamante beneficiário da justiça gratuita. No entanto, restou claro na decisão que cabe à reclamada, provar que houve modificação no estado de hipossuficiência do autor no prazo de 2 anos a contar do trânsito em julgado da decisão. Nesse sentido é o precedente: "AGRAVO EM RECURSO DE REVISTA DO AUTOR. LEI Nº 13.467/2017. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS. PARTE BENEFICIÁRIA DA JUSTIÇA GRATUITA. APLICAÇÃO DA DECISÃO PROFERIDA NA ADI Nº 5.766. TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA RECONHECIDA. O exame atento da tese fixada pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento da ADI nº 5.766, no contexto dos debates travados durante todo o julgamento e, em especial, a partir do voto do Exmo. Ministro Alexandre de Moraes, Redator Designado do acórdão, revela que a ratio decidendi admitiu a condenação do beneficiário da justiça gratuita ao pagamento de honorários sucumbenciais, mas vedou a subtração dos valores dos créditos reconhecidos ao empregado na própria ação, ou mesmo em ação futura, por mera presunção de que a obtenção desses valores lhe retiraria a hipossuficiência econômica . Permanece a suspensão da exigibilidade pelo prazo de 2 anos a partir do trânsito em julgado da condenação. Agravo interno provido para conhecer e dar provimento parcial ao recurso de revista " (Ag-RR-1000228- 38.2019.5.02.0057, 7ª Turma, Relator Ministro Claudio Mascarenhas Brandao, DEJT 20/04/2023). 12. Sistema recursal trabalhista. Princípios, procedimento e efeitos dos recursos. Recurso ordinário, agravo de petição, agravo de instrumento e embargos de declaração. Recurso adesivo. Pressupostos de admissibilidade dos recursos. Juízos de admissibilidade e de mérito do recurso. #23 – Sistema Recursal Trabalhista Para José Carlos Barbosa Moreira, recurso é "o remédio voluntário idôneo a ensejar, dentro do 82 mesmo processo, a reforma, a invalidação, o esclarecimento ou a integração de decisão judicial a que se impugna". Desse conceito, é possível extrair 3 características dos recursos: Remédio voluntário - o recurso é um prolongamento do direito de ação, colocado à disposição das partes, do Ministério Público e de terceiros juridicamente interessados que desejem impugnar a decisão. Logo, trata-se de ato processual voluntário. Interposto dentro da mesma jurídico-relação processual - diferentemente das ações autônomas de impugnação (Ex: ação rescisória, mandado de segurança etc.), que se destinam a impugnar decisões proferidas em outro processo, o recurso consiste em meio processual de impugnação da decisão dentro da mesma relação jurídica-processual em que proferida, retardando seu trânsito em julgado. Enseja a reforma, invalidação, o esclarecimento ou a integração da decisão - os recursos se destinam a: reforma - modificação do mérito da decisão, ou seja, a parte alega erro de julgamento - error in judicando. invalidação - anulação de decisão judicial que contém um vício processual, vale dizer, um erro no procedimento - error in procedendo. esclarecimento ou integração - complementação da prestação jurisdicional, corrigindo suas lacunas, obscuridades ou contradições, por meio dos embargos de declaração. #24 – Classificação dos Recursos Carlos Henrique Bezerra Leite adota a seguinte classificação quanto aos recursos: Quanto à autoridade a quem se dirigem: a) próprio: julgados por órgão de jurisdição superior. Exemplos: recurso ordinário, recurso de revista, o recurso extraordinário etc. b) impróprio: dirigidos e julgados ao mesmo órgão prolator da decisão impugnada. Exemplos: embargos de declaração, os embargos infringentes; Quanto à matéria: a) ordinário: Destina-se à tutela do direito subjetivo das partes. Possibilita a rediscussão ampla da matéria fática e/ou jurídica da decisão recorrida. Trata-se de recurso de fundamentação livre, podendo estar baseado unicamente no inconformismo da parte com a decisão recorrida. Exemplos: recurso ordinário, apelação cível etc b) extraordinário: Tem por escopo a tutela do direito objetivo. Não admite o reexame de fatos e provas, nem se destina a corrigir eventual injustiça da decisão. Exemplos: recurso de revista, embargos, recurso extraordinário; Quanto à extensão da matéria: a) total: impugna todos os capítulos da decisão judicial; b) parcial: ataca apenas parte dos capítulos da decisão recorrida. Quanto à forma de recorrer: a) principal: interposto no prazo recursal, pela parte sucumbente, ainda que parcialmente. O recurso principal é autônomo e seu conhecimento está condicionado unicamente ao preenchimento dos respectivos pressupostos de admissibilidade. b) adesivo ou subordinado: interposto no prazo de contrarrazões, seu conhecimento está subordinado ao do recurso principal a que adere. Está previsto no artigo 997 do CPC, aplicável subsidiariamente ao processo do trabalho, por força do artigo 769 da CLT - Súmula 283 do TST. #25 – Princípios Recursais no Processo do Trabalho Princípio do duplo grau de jurisdição. O princípio do duplo grau de jurisdição implica a possibilidade do reexame de uma demanda pela instância superior, mediante interposição de recurso em face da decisão do órgão de instância inferior. Impõe aobrigatoriedade de, ao menos, duas instâncias. No processo do trabalho há um exemplo da não aplicação do princípio do duplo grau de jurisdição: trata-se dos dissídios de alçada (demandas submetidas à Justiça do Trabalho que não ultrapassam a dois salários mínimos), previstos no art.2º, § § 3º e 4º, da Lei n. 5.584/1970. Os dissídios de alçada serão julgados em instância única pelas Varas do Trabalho, não sendo admitido qualquer recurso, salvo se envolver matéria constitucional. Princípio da unirrecorribilidade. O princípio em questão não permite a interposição de mais de um recurso contra a mesma decisão. Assim, não podem ser utilizados vários recursos simultaneamente, mas, tão somente, sucessivamente. A doutrina aponta exceções ao princípio da unirrecorribilidade: interposição simultânea de recurso especial e recurso extraordinário, no processo civil, quando a 83 decisão contiver violação legal e constitucional,respectivamente, na forma do artigo 1.031 do CPC; interposição simultânea de embargos de divergência para a SbDI-1 e recurso extraordinário para o STF, no processo do trabalho, em face da decisão proferida por Turma do TST. Princípio da irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias. Na Justiça do Trabalho não cabe recurso imediato de decisões interlocutórias. Isso não quer dizer que não haja possibilidade de recurso à decisão proferida, mas que a impugnação deverá ser feita posteriormente, em recurso próprio, quando da decisão definitiva. O princípio da irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias tem por objetivo dar maior celeridade ao processo e prestigiar a autoridade do juiz. A base legal do princípio em estudo no direito processual do trabalho está no art. 893, § 1º, da CLT, segundo o qual os incidentes do processo serão resolvidos pelo próprio Juízo ou Tribunal, admitindo- se a apreciação do merecimento das decisões interlocutórias somente em recurso da decisão definitiva. Observa-se que, na seara laboral, o princípio da irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias tem aplicabilidade mais enfática, na medida em que a apreciação das impugnações contra as decisõesinterlocutórias somente será admitida em recursos interpostos contra decisão final. Importante observar que a admissão da impugnação da decisão interlocutória em recurso próprio contra a decisão final está condicionada ao inconformismo imediato do recorrente, quando da prolação da decisão interlocutória impugnada, conhecido como “protestos nos autos”, sob pena de preclusão. O princípio apresenta exceções, contudo, mesmo no processo do trabalho. A decisão interlocutória poderá ser impugnada imediatamente quando: contrariar OJ ou Súmula do TST; suscetível impugnação mediante recurso para o mesmo Tribunal; ou acolher exceção de incompetência territorial que acarreta a remessa dos autos para TRT distinto. É o que dispõe a Súmula nº 214 do TST: Súmula n. 214 do TST. DECISÃO INTERLOCUTÓRIA. IRRECORRIBILIDADE (nova redação) - Res.127/2005, DJ 14, 15 e 16.03.2005. Na Justiça do Trabalho, nos termos do art. 893, § 1º, da CLT, as decisões interlocutórias não ensejam recurso imediato, salvo nas hipóteses de decisão: a) de Tribunal Regional do Trabalhocontrária à Súmula ou Orientação Jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho; b) suscetívelde impugnação mediante recurso para o mesmo Tribunal; c) que acolhe exceção deincompetência territorial, com a remessa dos autos para Tribunal Regional distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado, consoante o disposto no art. 799, § 2º, da CLT Princípio da fungibilidade. Entende-se por fungível aquilo que pode ser substituído. O princípio da fungibilidade (ou conversibilidade) permite o conhecimento de um recurso impetrado (inadequado) ao invés do outro (apropriado), desde que preenchidos 3 requisitos: a) dúvida objetiva quanto à interposição do recurso cabível; c) inexistência de má-fé ou erro grosseiro; c) interposição dentro do prazo do recurso considerado correto. Entende-se por dúvida objetiva aquela que diverge a doutrina e a jurisprudência sobre o recurso adequado para atacar certas decisões, as quais o legislador não tenha estipulado recurso específico. Por sua vez, o erro grosseiro existe quando há recurso próprio determinado pela lei para atacar a decisão, mas o recorrente o ignora. OJ n. 152 da SDI-2 do TST. A interposição de recurso de revista de decisão definitiva de Tribunal Regional do Trabalho em ação rescisória ou em mandado de segurança, com fundamento em violação legal e divergência jurisprudencial e remissão expressa ao art. 896 da CLT, configura erro grosseiro, insuscetível de autorizar o seu recebimento como recurso ordinário, em face do disposto no art. 895, “b”, da CLT. OJ n. 412 da SBDI-I do TST. É incabível agravo interno (art. 1.021 do CPC de 2015, art. 557, §1º, do CPC de 1973) ou agravo regimental (art. 235 do RITST) contra decisão proferida por Órgão colegiado. Tais recursos destinam-se, exclusivamente, a impugnar decisão monocrática nas hipóteses previstas. Inaplicável, no caso, o princípio da fungibilidade ante a configuração de erro grosseiro. SUM-421 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CABIMENTO. DECISÃO MONOCRÁTICA DO RELATOR CALCADA NO ART. 932 do CPC DE 2015. ART. 557 DO CPC de 1973. (atualizada em decorrência do CPC de 2015) – Res. 208/2016, DEJT divulgado em 22, 25 e 26.04.2016 I – Cabem embargos de declaração da decisão monocrática do relator prevista no art. 932 do CPC de 2015 (art. 557 do CPC de 1973), se a parte pretende tão somente juízo integrativo retificador da decisão e, não, modificação do julgado. 84 II – Se a parte postular a revisão no mérito da decisão monocrática, cumpre ao relator converter os embargos de declaração em agravo, em face dos princípios da fungibilidade e celeridade processual, submetendo-o ao pronunciamento do Colegiado, após a intimação do recorrente para, no prazo de 5 (cinco) dias, complementar as razões recursais, de modo a ajustá-las às exigências do art. 1.021, § 1º, do CPC de 2015. OJ-SDI2-69 FUNGIBILIDADE RECURSAL. INDEFERIMENTO LIMINAR DE AÇÃO RESCISÓRIA OU MANDADO DE SEGURANÇA. RECURSO PARA O TST. RECEBIMENTO COMO AGRAVO REGIMENTAL E DEVOLUÇÃO DOS AUTOS AO TRT (inserida em 20.09.2000) Recurso ordinário interposto contra despacho monocrático indeferitório da petição inicial de ação rescisória ou de mandado de segurança pode, pelo princípio de fungibilidade recursal, ser recebido como agravo regimental. Hipótese de não conhecimento do recurso pelo TST e devolução dos autos ao TRT, para que aprecie o apelo como agravo regimental. Princípio da dialeticidade. O princípio da dialeticidade está relacionado com a fundamentação do inconformismo da decisão. A parte deve apontar as questões da decisão que pretende a reforma. Referida medida delimita a matéria aoTribunal, possibilita o contraditório e a efetividade da jurisdição recursal. A indicação dos capítulos impugnados da decisão recorrida permite saber, ainda, se outras partes ou capítulos não impugnados transitaram ou não em julgado. O art. 899 da CLT dispõe que os recursos serão interpostos por simples petição. Todavia, a fundamentação o recurso é fundamental para assegurar o princípio da ampla defesa e do contraditório, bem como para possibilitar que o tribunal analise as razões do inconformismo. Jurisprudência importante! A súmula n. 422 do TST também caminha no sentido da obrigatoriedade de fundamentação ao menos nos recursos: i) “para o TST”, isto é, aos recursos de natureza extraordinária; e, ii) ao recurso ordinário dirigido ao TRT cuja motivação for inteiramente dissociada dos fundamentos da sentença. Súmula n. 422 do TST. RECURSO. FUNDAMENTO AUSENTE OU DEFICIENTE. NÃO CONHECIMENTO. I – Não se conhece de recurso para o Tribunal Superior do Trabalho se as razões do recorrente não impugnam os fundamentos da decisão recorrida, nos termos em que proferida. II – O entendimento referido no item anterior não se aplica em relação à motivação secundária e impertinente, consubstanciada em despacho de admissibilidade de recurso ou em decisão monocrática. III – Inaplicável a exigência do item I relativamente ao recurso ordinário da competência de Tribunal Regional do Trabalho, exceto em caso de recurso cuja motivação é inteiramentedissociada dos fundamentos da sentença. Princípio da taxatividade. De acordo com o princípio da taxatividade, os recursos devem estar categoricamente previstos na legislação processual, em rol exaustivo (numerus clausus). Ademais, segundo o artigo 22, I, da Constituição Federal, compete privativamente à União legislar sobre direito processual. Desse modo, apenas os recursos tipificados na legislação federal são admitidos, sendo vedado aos Tribunais criar ou extinguir recursos.Dispõe o artigo 893, caput e § 2º, da CLT sobre o elenco dos recursos trabalhistas, in verbis: CLT, Art. 893 - Das decisões são admissíveis os seguintes recursos: I - embargos; II - recurso ordinário; III - recurso de revista; IV - agravo. [...] § 2º - A interposição de recurso para o Supremo Tribunal Federal não prejudicará a execução do julgado. Além desses recursos, são cabíveis os seguintes: embargos de declaração (CLT, art. 897-A) pedido de revisão (Lei n. 5.584/1970, art. 2º, § 1º); agravo regimental das decisões do Corregedor (CLT, art. 709, § 1º). Ademais, com base no artigo 769 da CLT, o TST editou a Súmula n. 283, entendendo ser compatível o recurso adesivo com o processo do trabalho, ao prever: SUM-283 RECURSO ADESIVO. PERTINÊNCIA NO PROCESSO DO TRABALHO. CORRELAÇÃO DE MATÉRIAS (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 O recurso adesivo é compatível com o processo do trabalho e cabe, no prazo de 8 (oito) dias, nas hipóteses de interposição de recurso ordinário, de agravo de petição, de revista e de embargos, sendo desnecessário que a matéria nele veiculada esteja relacionada com a do recurso interposto pela parte contrária. #26 – Efeitos dos recursos 85 Acerca dos efeitos dos recursos trabalhistas, dispõe o artigo 899 da CLT, in verbis: CLT, Art. 899 - Os recursos serão interpostos por simples petição e terão efeito meramente devolutivo, salvo as exceções previstas neste Título, permitida a execução provisória até a penhora. Dessa forma, de acordo com o dispositivo legal supratranscrito, os recursos trabalhistas terão efeito meramente devolutivo. Todavia, a doutrina aponta outros efeitos aplicáveis aos recursos trabalhistas: Suspensivo; Translativo; Substitutivo; Extensivo; Regressivo; Expansivo; Diferido. Efeito Devolutivo. O efeito devolutivo dos recursos decorre do princípio dispositivo (Art. 2º do CPC) e corresponde à delimitação das matérias transferidas ao juízo ad quem. Dessa forma, em princípio, o órgão ad quem somente poderá se manifestar sobre os capítulos da sentença impugnados nas razões recursais. Trata-se do brocardo tantum devolutum quantum appellatum. Acerca do efeito devolutivo em profundidade, o TST editou o item I da Súmula 393, cujo teor ora se transcreve: SUM-393 RECURSO ORDINÁRIO. EFEITO DEVOLUTIVO EM PROFUNDIDADE. ART. 1.013, § 1º, do CPC DE 2015. ART. 515, § 1º, DO CPC de 1973 - (nova redação em decorrência do CPC de 2015) - Res. 208/2016, DEJT divulgado em 22, 25 e 26.04.2016. I - O efeito devolutivo em profundidade do recurso ordinário, que se extrai do § 1º do art. 1.013 do CPC de 2015 (art. 515, §1º, do CPC de 1973), transfere ao Tribunal a apreciação dos fundamentos da inicial ou da defesa, não examinados pela sentença, ainda que não renovados em contrarrazões, desde que relativos ao capítulo impugnado. [...] Efeito Suspensivo. O efeito suspensivo dos recursos consiste no atributo de adiar os efeitos da decisão impugnada, não admitindo, portanto, a execução provisória do julgado. Na Justiça do Trabalho a regra é que os recursos sejam recebidos apenas no efeito devolutivo, admitindo-se a execução provisória do julgado até a penhora, conforme dispõe o artigo 899 da CLT, in verbis: CLT, Art. 899 - Os recursos serão interpostos por simples petição e terão efeito meramente devolutivo, salvo as exceções previstas neste Título, permitida a execução provisória até a penhora. Embora a lei preveja apenas uma situação de concessão de efeito suspensivo a recurso (Art. 14 da Lei n. 10192/2001), a jurisprudência tem admitido a suspensão dos efeitos da sentença, por meio de requerimento dirigido ao tribunal, ao relator ou ao presidente ou vice-presidente do tribunal recorrido, em caso de recurso ordinário interposto de sentença que ratifica ou concede tutela provisória. Esse é o teor da previsão contida na Súmula 414, I, do TST: SUM-414 MANDADO DE SEGURANÇA. TUTELA PROVISÓRIA CONCEDIDA ANTES OU NA SENTENÇA (nova redação em decorrência do CPC de 2015) - Res. 217/2017, DEJT divulgado em 20, 24 e 25.04.2017 I – A tutela provisória concedida na sentença não comporta impugnação pela via do mandado de segurança, por ser impugnável mediante recurso ordinário. É admissível a obtenção de efeito suspensivo ao recurso ordinário mediante requerimento dirigido ao tribunal, ao relator ou ao presidente ou ao vicepresidente do tribunal recorrido, por aplicação subsidiária ao processo do trabalho do artigo 1.029, § 5º, do CPC de 2015. [...] Efeito Translativo. Em princípio, o órgão ad quem somente poderá se manifestar sobre os capítulos da sentença impugnados nas razões recursais. Trata-se do brocardo tantum devolutum quantum appellatum. Isso ocorre porque o recurso é um prolongamento do direito de ação, estando igualmente sujeito ao princípio da inércia da jurisdição (Art. 2º do CPC), que impede que juízo ad quem profira julgamento aquém, além ou fora do contido nas razões recursais. No entanto, o sistema processual pátrio autoriza o Tribunal a decidir sobre questões de ordem pública, ainda que não tenham sido invocadas no recurso ou nas contrarrazões, sem que se configure julgamento ultra, citra ou extra petita, nem violação ao princípio da proibição da reforma em prejuízo. Portanto, o efeito translativo transfere ao tribunal questões de ordem pública, cognoscíveis de ofício em qualquer tempo e grau de jurisdição, relativas a: pressupostos processuais; perempção; litispendência; coisa julgada; condições da ação; 86 direitos intransmissíveis. Aplica-se o efeito translativo em relação aos recursos de natureza extraordinária? Para a doutrina majoritária, o efeito translativo aplica- se apenas em relação aos recursos de natureza ordinária. Isso porque, em relação aos recursos de natureza extraordinária (recurso de revista, embargos de divergência no TST, recurso extraordinário etc.), exige-se o prequestionamento, não sendo possível aos Tribunais Superiores conhecer de ofício de questões não impugnadas pelas partes, ainda que se trate de matérias de ordem pública. Nesse sentido, o TST editou a OJ n. 62 da SbDI-1, cujo teor ora se transcreve: OJ-SDI1-62 PREQUESTIONAMENTO. PRESSUPOSTO DE ADMISSIBILIDADE EM APELO DE NATUREZA EXTRAORDINÁRIA. NECESSIDADE, AINDA QUE SE TRATE DE INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA (republicada em decorrência de erro material) - DEJT divulgado em 23, 24 e 25.11.2010 É necessário o prequestionamento como pressuposto de admissibilidade em recurso de natureza extraordinária, ainda que se trate de incompetência absoluta. Efeito substitutivo. O efeito substitutivo dos recursos acarreta a substituição da decisão recorrida, nos limites da impugnação. Está previsto no artigo 1.008 do CPC, que dispõe, in verbis: CPC, Art. 1.008. O julgamento proferido pelo tribunal substituirá a decisão impugnada no que tiver sido objeto de recurso. Efeito Extensivo. Regra geral, somente se favorece com o recurso a parte que recorrer. Trata-se do princípio da pessoalidade dos recursos. Todavia, em algumas situações, o ordenamento jurídico permite que o recurso interposto por uma parte possa afetar a esfera jurídica de outra, que não recorreu. Tal é o que ocorre na hipótese prevista no artigo 1.005 do CPC, que dispõe, in verbis: CPC, Art. 1.005. O recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveita, salvo se distintos ou opostos os seus interesses. Efeito Regressivo. O efeito regressivo consiste na possibilidade de retratação ou reconsideração da decisão, pelo próprio juízo que a prolatou, como ocorre no Agravo de Instrumento interposto em face de decisão que denega seguimento a recurso. Da mesma forma, o artigo 485, § 7º, do CPC admite o juízo de retratação, no prazo de 5 dias, na hipótese de interposição de recurso de apelação em face da sentença que extinguiuo feito sem resolução de mérito, com fundamento em uma das hipóteses do artigo 485 do CPC. Cabe transcrever seu teor: CPC, Art. 485. [...] § 7º Interposta a apelação em qualquer dos casos de que tratam os incisos deste artigo, o juiz terá 5 (cinco) dias para retratar-se. Assim, caso o juiz entenda que se equivocou ao extinguir o feito sem resolução de mérito, poderá anular sua sentença anterior, e, estando o processo maduro para julgamento, proferir nova sentença. Caso contrário, deverá, após a anulação da sentença anterior, dar regular andamento ao feito. O artigo 3º, VIII, da IN. 39/2016 do TST reputa aplicável ao Processo do Trabalho o disposto no artigo 485, § 7º, do CPC, em face de omissão e compatibilidade com a CLT (Art. 769 do CPC). Efeito Expansivo. Para Carlos Henrique Bezerra Leite, o efeito expansivo do recurso permite que o tribunal, nos casos previstos no artigo 1.013, §§ 3º e 4º, decida desde logo o mérito (ao invés de encaminhar o processo ao primeiro grau para que o juiz profira nova sentença), se o processo estiver em condições de imediato julgamento. Cabe transcrever o artigo 1.013, §§ 3º e 4º, do CPC, in verbis: CPC, Art. 1.013 [...] § 3º Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o tribunal deve decidir desde logo o mérito quando: I - reformar sentença fundada no art. 485 ; II - decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limites do pedido ou da causa de pedir; III - constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que poderá julgá-lo; IV - decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação. § 4º Quando reformar sentença que reconheça a decadência ou a prescrição, o tribunal, se possível, julgará o mérito, examinando as demais questões, sem determinar o retorno do processo ao juízo de primeiro grau. Em todas essas hipóteses, se a causa estiver em condições de imediato julgamento - seja porque o processo envolve apenas matéria de direito, seja porque, tratando-se de matéria de fato, as provas são desnecessárias ou já foram produzidas - o Tribunal poderá desde logo decidir o mérito originalmente (Art. 1.013, § 3º, I, do CPC) ou proferir novo julgamento de mérito (nas demais hipóteses), ao invés 87 de encaminhar o processo ao primeiro grau para prolação de nova decisão. Acerca do aspecto, o TST editou o item II da Súmula n. 393, entendendo pela aplicação subsidiária do artigo 1.013, § 3º, do CPC ao processo do trabalho: Jurisprudência importante! SUM-393 RECURSO ORDINÁRIO. EFEITO DEVOLUTIVO EM PROFUNDIDADE. ART. 1.013, § 1º, do CPC DE 2015. ART. 515, § 1º, DO CPC de 1973 - (nova redação em decorrência do CPC de 2015) - Res. 208/2016, DEJT divulgado em 22, 25 e 26.04.2016 [...] II - Se o processo estiver em condições, o tribunal, ao julgar o recurso ordinário, deverá decidir desde logo o mérito da causa, nos termos do § 3º do art. 1.013 do CPC de 2015, inclusive quando constatar a omissão da sentença no exame de um dos pedidos. Efeito diferido. O efeito diferido dos recursos trabalhistas decorre do princípio da irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias, estando implicitamente consagrado no artigo 893, § 1º, da CLT, segundo o qual: CLT, Art. 893. [...] § 1º - Os incidentes do processo são resolvidos pelo próprio Juízo ou Tribunal, admitindo- se a apreciação do merecimento das decisões interlocutórias somente em recursos da decisão definitiva. A regra prevista o artigo 893, § 1º, da CLT posterga o recurso das decisões interlocutórias para o momento do recurso da decisão definitiva. Vale dizer, as decisões interlocutórias são recorríveis, só não o são de imediato, sendo a impugnação diferida, postergada. O TST consagrou o efeito diferido na OJ n. 92 da SBDI-2, cujo teor ora se transcreve: OJ-SDI2-92 MANDADO DE SEGURANÇA. EXISTÊNCIA DE RECURSO PRÓPRIO (inserida em 27.05.2002) Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial passível de reforma mediante recurso próprio, ainda que com efeito diferido. #27 – Prazos Recursais Recurso Ordinário 8 dias - Art. 895 da CLT Recurso de revista 8 dias - Art. 6º da Lei n. 5584/70 Embargos no TST 8 dias - Art. 894 da CLT Agravo de Instrumento 8 dias - Art. 897 da CLT Agravo de petição 8 dias - Art. 897 da CLT Agravo regimental 8 dias - Art. 1º, § 2º, da IN n. 39/2016 Agravo interno 8 dias - Art. 1º, § 2º, da IN n. 39/2016 Recurso Extraordinário 15 dias - Art. 1.003, § 5º, do CPC Embargos de declaração 5 dias - Art. 897-A da CLT Pedido de revisão do valor da causa 48 horas - Art. 2º, § 1º, da Lei n. 5584/70 Cabe ressaltar que os prazos recursais também são contados em dias úteis, segundo o artigo 775 da CLT (com a redação dada pela Lei n. 13.467/2017), que dispõe que “os prazos estabelecidos neste Título serão contados em dias úteis, com exclusão do dia do começo e inclusão do dia do vencimento”. A Fazenda Pública, o Ministério Público e a Defensoria Pública possuem prazos diferenciados para prática de atos processuais. Nesse sentido, o artigo 1º, III, do Decreto-lei n. 779/69 confere prazo recursal diferenciado para a FAZENDA PÚBLICA, dispondo, in verbis: Art. 1º Nos processos perante a Justiça do Trabalho, constituem privilégio da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e das autarquias ou fundações de direito público federais, estaduais ou municipais que não explorem atividade econômica: [...] II - o quádruplo do prazo fixado no artigo 841, "in fine", da Consolidação das Leis do Trabalho; III - o prazo em dobro para recurso; O artigo 12 do Decreto-lei n. 509/1969 estendeu os privilégios concedidos à Fazenda Pública à EBCT - Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, inclusive em relação aos prazos. No mesmo sentido, o TST pacificou sua jurisprudência, por meio da OJ n. 247 da SBDI-1/TST: OJ-SDI1-247 SERVIDOR PÚBLICO. CELETISTA CONCURSADO. DESPEDIDA IMOTIVADA. EMPRESA PÚBLICA OU SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. POSSIBILIDADE (alterada – Res. nº 143/2007) - DJ 13.11.2007 [...] II - A validade do ato de despedida do empregado da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) está condicionada à motivação, por gozar a empresa do mesmo tratamento destinado à Fazenda Pública em relação à imunidade tributária e à 88 execução por precatório, além das prerrogativas de foro, prazos e custas processuais. #28 – Custas Processuais Estão isentos de custas processuais: Beneficiários da Justiça Gratuita; União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e respectivas autarquias e fundações públicas que não explorem atividade econômica; Ministério Público do Trabalho; Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos; Massa falida; Pessoas jurídicas de direito público externo. Não estão isentos de custas processuais: Empresas em liquidação extrajudicial; Empresas em recuperação judicial, salvo se obtiverem os benefícios da Justiça Gratuita, mediante demonstração cabal de insuficiência de recursos - Súmula 463 do TST; Entidades fiscalizadoras do exercício profissional; Empresa pública e sociedade de economia mista. #29 – Depósito Recursal O valor do depósito recursal será reduzido pela metade para: entidades sem fins lucrativos; empregadores domésticos; microempreendedores individuais; microempresas; empresas de pequeno porte. CLT, Art. 899 - [...] § 9º O valor do depósito recursal será reduzido pela metade para entidades sem fins lucrativos, empregadores domésticos, microempreendedores individuais, microempresas e empresas de pequeno porte. Estão isentos do depósito recursal: beneficiários da justiça gratuita; as entidades filantrópicas; e as empresas em recuperação judicial. CLT, Art. 899 - [...] § 10. São isentos do depósito recursal os beneficiários da justiça gratuita, as entidades filantrópicas e as empresas em recuperaçãojudicial. Cabe destacar, quanto às empresas em recuperação judicial, que, embora haja isenção do depósito recursal, não houve o mesmo tratamento legal em relação às custas processuais. Vale dizer, as empresas em recuperação judicial NÃO estão isentas de custas processuais, salvo demonstração cabal de impossibilidade de arcar com as despesas do processo, hipótese em que poderá ser deferido o benefício da Justiça Gratuita - Súmula n. 463, II, do TST. Além das pessoas previstas no artigo 899, § 10 da CLT, também são isentos de depósito recursal as Pessoas Jurídicas de Direito Público, conforme previsão constante do artigo 1º, IV, do Decreto-lei 779/69, que estabelece: DL 779/69, Art. 1º Nos processos perante a Justiça do Trabalho, constituem privilégio da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e das autarquias ou fundações de direito público federais, estaduais ou municipais que não explorem atividade econômica: [...] IV - a dispensa de depósito para interposição de recurso; #30 – Embargos de Declaração Segundo a doutrina majoritária, os embargos de declaração são classificados como recurso impróprio, porque julgados pelo mesmo órgão prolator da decisão embargada. Além disso, têm fundamentação vinculada, já que suas hipóteses de cabimento estão previstas na lei (omissão, obscuridade, contradição, manifesto equívoco no exame dos pressupostos extrínsecos do recurso). O cabimento dos embargos de declaração no Processo do Trabalho rege-se pelo art. 897-A da CLT e, supletivamente, pelo Código de Processo Civil (arts. 1022 a 1025; §§ 2º, 3º e 4º do art. 1026), excetuada a garantia de prazo em dobro para litisconsortes (§ 1º do art. 1023) – Art. 9º da IN n. 39/2016 do TST. Admite-se a oposição de embargos de declaração na Justiça do Trabalho para impugnar: decisões interlocutórias; sentenças; acórdãos; decisões monocráticas do Tribunal. Conjugando-se as hipóteses de cabimento previstas no artigo 897-A da CLT com as normatizadas pelo artigo 1.022 do CPC, admite-se a oposição de embargos de declaração no Processo do Trabalho nos seguintes casos: Omissão; 89 Contradição; Obscuridade; Manifesto equívoco no exame dos pressupostos extrínsecos do recurso; Erro material. Embargos de declaração com fins de prequestionamento. Um dos pressupostos específicos de admissibilidade dos recursos de natureza extraordinária (recurso de revista, embargos de divergência etc.) é o prequestionamento. Segundo a Súmula 297, I, do TST, "diz-se prequestionada a matéria ou questão quando na decisão impugnada haja sido adotada, explicitamente, tese a respeito". Dessa forma, se o acórdão não tiver se pronunciado a respeito de matéria ou questão suscitada no recurso principal, incumbe à parte opor embargos de declaração a fim de sanar a omissão, antes de interpor recurso de revista ou embargos, sob pena de preclusão, conforme pacificado na Súmula 184 do TST: Jurisprudência importante! SUM-184 EMBARGOS DECLARATÓRIOS. OMISSÃO EM RECURSO DE REVISTA. PRECLUSÃO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 Ocorre preclusão se não forem opostos embargos declaratórios para suprir omissão apontada em recurso de revista ou de embargos. Nesses casos, os embargos de declaração servem a uma importante finalidade: obter o prequestionamento da matéria ou questão que será invocada no recurso de natureza extraordinária. No entanto, se, mesmo instado a sanar a omissão por meios dos embargos de declaração, o Tribunal rejeitá-los ou inadmiti-los, permanecendo silente a respeito de questão jurídica invocada no recurso principal, considerar-se-á prequestionada a matéria. Trata-se do prequestionamento ficto, previsto nos itens III da Súmula 297 do TST: SUM-297 PREQUESTIONAMENTO. OPORTUNIDADE. CONFIGURAÇÃO (nova redação) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 I. Diz-se prequestionada a matéria ou questão quando na decisão impugnada haja sido adotada, explicitamente, tese a respeito. II. Incumbe à parte interessada, desde que a matéria haja sido invocada no recurso principal, opor embargos declaratórios objetivando o pronunciamento sobre o tema, sob pena de preclusão. III. Considera-se prequestionada a questão jurídica invocada no recurso principal sobre a qual se omite o Tribunal de pronunciar tese, não obstante opostos embargos de declaração. 13. Recurso de revista. Pressupostos de admissibilidade. Prequestionamento. Matéria de fato. Efeitos. Juízo de admissibilidade. #31 – Recurso de Revista O recurso de revista é um recurso de natureza extraordinária, tal como o recurso especial para o STJ e o recurso extraordinário para o STF. Diferentemente dos recursos de natureza ordinária, que têm fundamentação livre e possibilitam a ampla rediscussão da matéria fática e jurídica debatida no processo, o recurso de revista tem por escopo primordial a tutela do direito objetivo e a uniformização da jurisprudência, resguardando apenas indiretamente o direito subjetivo das partes. NÃO se destina, portanto, tal medida excepcional, a corrigir eventuais injustiças da decisão recorrida. Ademais, os recursos extraordinários NÃO se prestam ao reexame de fatos e provas, de modo que o TST, ao apreciar o recurso de revista, deverá considerar verdadeiras as premissas fáticas consignadas no acórdão recorrido, podendo, contudo, dar-lhes um enquadramento diverso. SUM-126 RECURSO. CABIMENTO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 Incabível o recurso de revista ou de embargos (arts. 896 e 894, "b", da CLT) para reexame de fatos e provas. O recurso de revista se destina a impugnar decisões proferidas em grau de recurso ordinário pelos TRTs, em dissídio individual, nos casos previstos nas alíneas “a”, “b” e “c” do artigo 896 da CLT. Desse modo, é necessário que a demanda tenha se iniciado na Vara e que, em face da sentença terminativa ou definitiva proferida pelo Juiz do Trabalho, a parte interponha recurso ordinário para o TRT - Art. 895, I, da CLT. Diante do acórdão do TRT que aprecia o recurso ordinário, é que caberá o recurso de revista. NÃO cabe, regra geral, recurso de revista de ação de competência originária dos Tribunais, como, por exemplo, a ação rescisória e o mandado de segurança, já que o TRT não terá conhecido da matéria em grau recursal, mas sim em primeira instância. Também NÃO cabe recurso de revista em face decisões proferidas em dissídios coletivos, uma vez que o recurso de revista somente pode ser manejado em dissídios individuais. Além disso, o dissídio coletivo é ação da competência originária do TRT, razão pela qual também não poderia ser conhecido em grau recursal. 90 Súmulas indispensáveis em relação ao Recurso de Revista: SUM-333 RECURSOS DE REVISTA. CONHECIMENTO (alterada) - Res. 155/2009, DJ 26 e 27.02.2009 e 02.03.2009 Não ensejam recurso de revista decisões superadas por iterativa, notória e atual jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho. SUM-296 RECURSO. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL. ESPECIFICIDADE (incorporada a Orientação Jurisprudencial nº 37 da SBDI-I) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005 I - A divergência jurisprudencial ensejadora da admissibilidade, do prosseguimento e do conhecimento do recurso há de ser específica, revelando a existência de teses diversas na interpretação de um mesmo dispositivo legal, embora idênticos os fatos que as ensejaram. (ex-Súmula nº 296 - Res. 6/1989, DJ 19.04.1989) II - Não ofende o art. 896 da CLT decisão de Turma que, examinando premissas concretas de especificidade da divergência colacionada no ape-lo revisional, conclui pelo conhecimento ou desconhecimento do recurso. (ex-OJ nº 37 da SBDI-I - inserida em 01.02.1995) SUM-23 RECURSO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 Não se conhece de recurso de revista ou de embargos, se a decisão recorrida resolver determinado itemdo pedido por diversos fundamentos e a jurisprudência transcrita não abranger a todos. SUM-337 COMPROVAÇÃO DE DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL. RECURSOS DE REVISTA E DE EMBARGOS (incluído o item V) - Res. 220/2017 – DEJT divulgado em 21, 22 e 25.09.2017 I - Para comprovação da divergência justificadora do recurso, é necessário que o recorrente. a) Junte certidão ou cópia autenticada do acórdão paradigma ou cite a fonte oficial ou o repositório autorizado em que foi publicado; e b) Transcreva, nas razões recursais, as ementas e/ou trechos dos acórdãos trazidos à configuração do dissídio, demonstrando o conflito de teses que justifique o conhecimento do recurso, ainda que os acórdãos já se encontrem nos autos ou venham a ser juntados com o recurso. (ex- Súmula nº 337 – alterada pela Res. 121/2003, DJ 21.11.2003) II - A concessão de registro de publicação como repositório autorizado de jurisprudência do TST torna válidas todas as suas edições anteriores. (ex-OJ nº 317 da SBDI-I - DJ 11.08.2003) III – A mera indicação da data de publicação, em fonte oficial, de aresto paradigma é inválida para comprovação de divergência jurisprudencial, nos termos do item I, “a”, desta súmula, quando a parte pretende demonstrar o conflito de teses mediante a transcrição de trechos que integram a fundamentação do acórdão divergente, uma vez que só se publicam o dispositivo e a ementa dos acórdãos. IV – É válida para a comprovação da divergência jurisprudencial justificadora do recurso a indicação de aresto extraído de repositório oficial na internet, desde que o recorrente: a) transcreva o trecho divergente; b) aponte o sítio de onde foi extraído; e c) decline o número do processo, o órgão prolator do acórdão e a data da respectiva publicação no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho. V – A existência do código de autenticidade na cópia, em formato pdf, do inteiro teor do aresto paradigma, juntada aos autos, torna-a equivalente ao documento original e também supre a ausência de indicação da fonte oficial de publicação. SUM-221 RECURSO DE REVISTA. VIOLAÇÃO DE LEI. INDICAÇÃO DE PRECEITO (cancelado o item II e conferida nova redação na sessão do Tribunal Pleno realizada em 14.09.2012) Res. 185/2012 – DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012 A admissibilidade do recurso de revista por violação tem como pressuposto a indicação expressa do dispositivo de lei ou da Constituição tido como violado. OJ-SDI1-257 RECURSO DE REVISTA. FUNDAMENTAÇÃO. VIOLAÇÃO DE LEI. VOCÁBULO VIOLAÇÃO. DESNECESSIDADE (alterada em decorrência da redação do inciso II do art. 894 da CLT, incluído pela Lei n.º 11.496/2007) – Res. 182/2012, DEJT divulgado em 19, 20 e 23.04.2012 A invocação expressa no recurso de revista dos preceitos legais ou constitucionais tidos como violados não significa exigir da parte a utilização das expressões "contrariar", "ferir", "violar", etc. SUM-442 PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO. RECURSO DE REVISTA FUNDAMENTADO EM CONTRARIEDADE A ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL. INADMISSIBILIDADE. ART. 896, § 6º, DA CLT, ACRESCENTADO PELA LEI Nº 9.957, DE 12.01.2000 (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 352 da SBDI-I) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012. Nas causas sujeitas ao procedimento sumaríssimo, a admissibilidade de recurso de revista está limitada à demonstração de violação direta a dispositivo da Constituição Federal ou contrariedade a Súmula do Tribunal Superior do Trabalho, não se admitindo o recurso por contrariedade a Orientação Jurisprudencial deste Tribunal (Livro II, Título II, Capítulo III, do RITST), ante a ausência de previsão no art. 896, § 6º, da CLT. SUM-266 RECURSO DE REVISTA. ADMISSIBILIDADE. EXECUÇÃO DE SENTENÇA (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 A admissibilidade do recurso de revista interposto de acórdão proferido em agravo de petição, na liquidação de sentença ou em processo incidente na execução, inclusive os embargos de terceiro, depende 91 de demonstração inequívoca de violência direta à Constituição Federal. OJ-SDI1-119 PREQUESTIONAMENTO INEXIGÍVEL. VIOLAÇÃO NASCIDA NA PRÓPRIA DECISÃO RECORRIDA. SÚMULA Nº 297. INAPLICÁVEL (inserido dispositivo) - DEJT divulgado em 16, 17 e 18.11.2010) É inexigível o prequestionamento quando a violação indicada houver nascido na própria decisão recorrida. Inaplicável a Súmula n.º 297 do TST. SUM-459 RECURSO DE REVISTA. NULIDADE POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. (atualizada em decorrência do CPC de 2015) - Res. 219/2017, DEJT divulgado em 28, 29 e 30.06.2017 – republicada - DEJT divulgado em 12, 13 e 14.07.2017 O conhecimento do recurso de revista, quanto à preliminar de nulidade, por negativa de prestação jurisdicional, supõe indicação de violação do art. 832 da CLT, do art. 489 do CPC de 2015 (art. 458 do CPC de 1973) ou do art. 93, IX, da CF/1988. 26. Ação rescisória no processo do trabalho. Cabimento. Competência. Fundamentos de admissibilidade. Juízo rescindente e juízo rescisório. Prazo para propositura. Início da contagem do prazo. Procedimento e recurso. #32 – AÇÃO RESCISÓRIA Ação rescisória consiste em ação de rito especial destinada a desconstituir decisão judicial transitada em julgado, nas hipóteses legalmente previstas. Trata-se de ação autônoma de impugnação, capaz de gerar nova relação jurídico processual, distinta daquela em que se formou a coisa julgada que busca desconstituir. Sua natureza jurídica é constitutivo-negativa ou desconstitutiva. A ação rescisória, portanto, tem por finalidade desconstituir a coisa julgada formada em relação jurídico-processual distinta. Como é sabido, a coisa julgada está consagrada como garantia fundamental no artigo 5º, XXXVI, da Constituição Federal, segundo o qual "a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada". Todavia, embora a coisa julgada constitua garantia fundamental, embasada no princípio da segurança jurídica, a ação rescisória se legitima como meio de extirpar do mundo jurídico decisões eivadas de ilegalidade ou injustiça, nas hipóteses previstas no artigo 966 do CPC, a seguir analisadas. A CLT trata da ação rescisória no artigo 836 de forma insuficiente, fazendo remissão expressa ao Código de Processo Civil 1973, atualmente revogado. Diante da omissão e compatibilidade, aplicam-se ao processo do trabalho os preceitos do Código de Processo Civil que regulam a ação rescisória, previstos nos artigos 966 a 975 (Art. 3º, XXVI, da IN nº 39/2016). Há, porém, uma peculiaridade: o depósito prévio é de 20% do valor da causa, permitida a sua isenção quando houver prova de miserabilidade jurídica do autor. #33 - HIPÓTESES DE CABIMENTO O CPC/2015, no artigo 966, prevê as hipóteses de cabimento da ação rescisória. Trata-se de rol TAXATIVO, de modo que, somente se admite o corte rescisório de decisão transitada em julgado que apresente um dos vícios descritos nos incisos I a VIII do artigo 966 do CPC. Dessa forma, é passível de cote rescisório a decisão transitada em julgado que: se verificar que foi proferida por força de PREVARICAÇÃO, CONCUSSÃO ou CORRUPÇÃO DO JUIZ; for proferida por JUIZ IMPEDIDO ou por juízo ABSOLUTAMENTE INCOMPETENTE; resultar de DOLO ou COAÇÃO da parte vencedora em detrimento da parte vencida ou, ainda, de SIMULAÇÃO ou COLUSÃO entre as partes, a fim de fraudar a lei; ofender a COISA JULGADA VIOLAR manifestamente NORMA JURÍDICA for fundada em PROVA FALSA cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou venha a ser demonstrada na própria ação rescisória; obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado, PROVA NOVA cuja existência ignorava ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável; for fundada em ERRO DE FATO verificável do exame dos autos. SUM-408 AÇÃO RESCISÓRIA. PETIÇÃO INICIAL. CAUSA DE PEDIR. AUSÊNCIA